Quem somos Contribuiram para esta edição: Pérola, Bruno Machado, Estéfany Rocha, Maysa (@meumundocaiu), Douglas Lira, Jussara Nunes, Lorena Kaz, Diego Luís e Jair, o cara do podrão que faz um sanduíche de meio quilo, que olha, vai durar em nossos estômagos, e corações, até a próxima edição.
Editorial Bota’cara, menó! A Pheha completa por esses dias - não pergunte qual um ano de existência! Sim, há um ano que nós usamos o jornalismo responsável e a seriedade do processo editorial como desculpa para nos reunirmos, beber de forma pouco civilizada e escrever um monte de bobagem! E ainda convencemos um monte de gente a participar disso, dá pra acreditar? Depois desse primeiro ano, percebe-se que continuamos fiéis a nossa proposta inicial do binômio álcool+baboseira. Por esse maravilhoso ano, gostaríamos de agradecer a todos os nossos colaboradores e entrevistados, além dos parentes que aturaram nossos fechamentos sem reclamar muito. Donos de bares, frentistas de posto de gasolina, vendedores de amendoim na Lapa, também não esquecemos de vocês! Obrigado a Maluh de Albuquerque, nossa mentora, que possibilitou tudo isto. E especialmente, obrigado a todos em quem pisamos em nossa escalada rumo à fama. SEUSLINDO! O leitor mais atento perceberá que mesmo a Pheha sendo
uma revista mensal, não temos doze edições, apesar de nosso primeiro aniversário. Esse mesmo leitor pode aproveitar o ensejo para finalmente aprender a pronunciar no nome de nossa publicação. Vamos lá, crianças, de novo: PHEHA: P-H-E-H-A. Pronúncia: semelhante à palavra FERRA, verbo Ferrar conjugado na terceira pessoa do presente do indicativo. Aplicação numa frase: Não pheha minha paciência. Entendeu? Bom. Espero não ter que aturar ninguém me perguntando sobre quando saia próxima Peia de novo. Peia é o que a tua avó anda precisando. Para os próximos doze meses, prometemos mais edições cremosas cheias de sensualidade, com matérias sobre tudo aquilo que nós quisermos, entrevistas reveladoras, muita emoção, suspense, e também melhorias nos setores de transporte, saúde e educação. Fique ligado, pois quem sabe este ano finalmente alguém - provavelmente o Eduardo Paes - resolve nos processar. Faz carão pro mugshot, byatch! E como em um ano dá pra aprender a folhear uma revista, não vamos ficar dando spoilers sobre o que tem dentro. Por isto, beijos para todos e até a próxima Pheha!
Economizou muito minha beleza. Bem, são 3h da manhã e eu não consigo dormir unicamente pq minha mente fervilha. Rever vcs, como sempre, foi muito bom. E sempre que a gente se encontra eu penso: Pq raios estamos estagnados, sendo que somos tão bons? Sério! Não vou ser modesto não. O Júlio é um gênio, um cara que eu com certeza vou ouvir falar muito nessa vida e vou ter orgulho de dizer que eu conheço-o. Murilo eu não preciso comentar como ele é bom em tudo que faz, mas ele é bom textualmente, graficamente e intelectualmente. A Morgana é boa. Ponto,além, lógico, de ser uma artista incrível. E eu, tomando duas xícaras de humildade, escrevo bem, falo bem, e tenho até umas boas ideias uma vez ou outra. Aí eu paro e penso: Why, Jesus? Why?! E assim como nós quatro (eu com ela, eu sem ela), também devem existir vários garotos e garotas com vinte e poucos anos, que tem um mundo de coisas legais pra expor e não tem espaço, just 'cause. Pq a mídia nao se abre, pq eles são bobos-feio-caras-de-mamão, ou por qq outra questão. Enfim, onde eu quero chegar com toda essa baboseira? Eu tive uma ideia enquanto me programava a dormir e ela não me deixa fechar os olhos até que eu clique em ENVIAR neste e-mail: A casa de ferreiro pode virar uma REVISTA! Yeah! uma revista! Após ver todo o esforço de vcs com projetos paralelos e como vcs estão sendo descartados e ao me ver sem muita perspectiva, eu pensei que tá na hora d'a gente dar uma porrada na mesa e lançar uma revista da Casa de Ferreiro. E olha como eu pensei em (quase) tudo, gente. Eu sou incrível, pode falar: "Ah, João Márcio, sua bicha gorda, a gente não tem dinheiro pra investir em algo que nao sabemos se vai dar certo, duh!" Aí vem a melhor parte! Não precisamos de dinheiro unicamente pq a revista NÃO SERÁ IMPRESSA! A gente vai fazer uma revista mesmo, bem bonitinha, com uma diagramação moderninha (eu faço questão de fazer), uma linguagem bem supimpa e colocar em .PDF pra download. Quem quiser que faça a impressão, foda-se. Pra começar, a revista poderia ter 16 páginas (como um teste). Sim Júlio, eu queria que fossem 14, mas publicação em esquema de rotativa tem que funcionar em múltiplos de 4, ou seja... no Miolo teremos 14 páginas, mais a capa e a contra-capa. :D Mas digamos que a revista dê certo, quem sabe em um ano a gente até tire um trocado com essa experiêcia. Além de ser uma boa no portifólio dos 4. Na revista a gente mandaria. Faríamos as matérias em sessões bem bacaninhas, como musica, quadrinhos, filmes, tv... cultura pop em geral, que é o que consumimos e gostamos de produzir. É um ótimo canal pra que possamos expor nossos trabalhos, desde gravuras a fotografias. Além disso, podemos contar com a ajuda de convidados, mas quem manda é a cúpula do trovão (eu, murilo, julio e morgana). Além disso, teremos sempre uma boa desculpa pra uma reunião regada a cerveja, musica ruim e debates pouco edi-ficantes, para que possamos fechar a edição. É uma boa pra não ficarmos tão longe um do outro assim ^^ Como vamos investir num publico que não necessariamente nos lê na casa de ferreiro (uma vez que o julio tem o Anti-Ambiente, eu tenho o Retiro, a Morgana tem o Azul da Prússia e tals) a gente faz um nome que remeta ao coletivo e ao mesmo tempo seja neutro. Eu pensei em um nome bem travesti e sem qualquer significado: PHEHA. (lê-se Ferra mesmo). E ai moça e rapazes, menina e meninos... o q vo6 achäo qqqq//? Estou animado com a ideia que a gente possa produzir algo nosso. Bjs na pixoca.
Murilo Souza 24 anos, flamenguista e botafoguense, sagitariano, nerd, mĂope e surdo. @eu_tu_itter
Julio de Castro 29 anos, botafoguense, afrovisigodo, libriano, alĂŠrgico a abacaxi e rabugento. @antiambiente
We are Pheha Julio, Murilo, João e Morgana. Quatro jovens desocupados phehando a sua vida há um ano!
João Márcio Dias 24 anos, torcedor do Ameriquinha, gay e obeso, aquariano, sedento por popularidade. @joaomarcio
Morgana Mastrianni 22 anos, odeia futebol, antissocial, ariana, orelhas pontudas. @morganamesmo
Galileu e a (G)Astronomia:
Pizza Portuguesa como X-Tudo plano
C
erta vez, num divertido e botequinesco bate-papo com o caro João Márcio, levantamos diversas semelhanças e diferenças existentes entre a pizza portuguesa e o x-tudo, em níveis sensoriais, históricos e filosóficos, e, pasmem, percebemos que as semelhanças são muito maiores que qualquer eventual diferença. Para começar, é importante entender que o título desta matéria não deve ser levado ao pé da letra, sob pena de concluir que se você abrir um x-tudo e cortá-lo em oito partes ele, automaticamente, se tornará uma pizza portuguesa. Não se trata disso, mas de uma corrente do pensamento gastronônico, baseado na filosofia cosmológica socrática praticada contemporaneamente ao próprio, que afirma que todo e qualquer alimento possui quatro atributos fundamentais (seco, molhado, quente e frio) e que o bom alimento é aquele que equilibra esses quatro atributos. Dentro desta forma de pensamento, o sabor é resultado de todo um processo de construção sensorial, no qual o cozinheiro é o protagonista. Por outro lado, há quem prefira “deixar no chuchu o gosto do chuchu”, a despeito desse prostituido vegetal não ter sabor algum. Esse raciocício de composição gastronômica, que ganhou força na idade média e resiste até hoje, diferente do anterior já que defende a experiência gastronômica como a de multiplos sabores na mesma refeição. Essa maneira de praticar, aliás,
por Julio de Castro
enxergar a... ahn... interação com sua comida, viabiliza diversas dinâmicas sociais, todas muito peculiares. Entre tantas, vale lembrar a que, dentro de um paradigma gastro-socio-litoplasmático, valoriza a chuchuzície do chuchu, é o ambiente perfeito para a proliferação indiscriminada dessa gente que é chata para comer e que tem mais é que tomar... chá. :) Mas, o que de fato importa tanto no caso da pizza portuguesa quanto do x-tudo não é o sabor individual de cada ingrediente, mas o que resulta do todo. Inclusive porque o que vai sobre a massa ou dentro do pão varia (às vezes de forma louca e desesperada) dependendo da região e/ ou época do ano além de, claro, quem os prepara. Por fim, o que acredito nublar a percepção popular para essa profunda verdade da existência é o uso excessivo desses molhos desesperados e desesperadores, como catchup, maionese e mostarda (contudo, mostarda em pó é coisa linda de deus o/) que acaba com qualquer resquício de sabor do prato original e só servem para tornar tragável comida ruim. Julio “antiambiente” de Castro é afrovisigodo, rebugento, botafoguense e, em breve, vai abrir uma franquia de fastfood especializada em pastéis de batata e chuchu, com mostarda, catchup ou maionese. Aguardem o “Maionese Delivery”.
Tudo que é bom é ilegal, imoral ou engorda A
por Estéfany Rocha
frase acima já foi utilizada diversas vezes pelos mais diversos tipos de pessoas. Discute-se muito sobre o que comer, o que fazer e o que vestir. O que é saudável e o que não é. E no final de tudo resta o certo e o errado. O oito ou oitenta. Porém nossos antepassados gregos, os mesmos que inventaram a idéia de civilidade moderna, sabiam, desde muito tempo, que o caminho do meio, o métron, era a melhor escolha para se seguir. Não precisamos forçar uma barra para comer produtos naturais se estamos perfeitamente saudáveis. Não precisamos ir a academias se nos sentimos bem com nosso próprio corpo. Exercícios são importantes quando você realmente precisa deles e hoje em dia tem se espalhado a idéia de que todo mundo precisa de tudo. Todos precisam ser atléticos, ricos, charmosos e gostosos. Todos precisamos ser populares, bons de cama e invejados. Toda essa pressão gera níveis absurdos de estresse. Pessoas fechadas e calmas aparecem um dia na escola e matam metade do corpo estudantil. Vestibulandos pulam de prédios por terem falhado no que é considerada a maior prova de suas vidas. Não poderia haver valores tão deturpados numa sociedade em que se pode tudo, em que tudo é válido. Ou será o contrário? Discute-se muito sobre uma revolução de valores, sobre voltar a ter os mesmos valores que seus avós tinham, que na época deles tudo era mais feliz, mais simples. Existiam regras e você as seguia, mas isso seria regredir. E defendo alguns tipos de regressão. Defendo a volta das boas maneiras, defendo a volta do diálogo aberto dos hippies. Defendo a idéia do sexo com amor e do sexo por prazer, não do sexo inseguro, sexo despreparado, sexo imaturo. Defendo também a liberdade de expressão, mas uma expressão com conteúdo, com ideologia, com inteligência e ética de preferência. Muito é discutido sobre a coisa da liberdade. Que hoje temos a liberdade de sermos o que quisermos, de
vestirmos o que queremos. Mas não é bem assim que funciona. Os veículos de informação nos dizem o que é bom e o que é ruim, os melhores nos dão no máximo três opções de escolha. Você quer ser considerado revolucionário? Vista isso. Quer ser considerado parte de sua camada social? Vá a esse tipo de lugar. A sociedade atualmente padronizou tudo, até o amor. Se você ama de verdade tem que fazer isso em no máximo três meses, se você quer ser amado pra sempre, basta se casar. Se casar e não gostar, é só se divorciar e ter novamente a sua liberdade de volta. E pensar que a camisinha já foi considerada libertária, e hoje é tão condenada pela geração saúde, geração do prazer instantâneo. Os gregos certamente não eram perfeitos, achavam que somente homens sadios, de certa camada social e com mínimo de cultura e participação social poderiam votar. Mulheres eram tratadas como objetos de valor reprodutivo. Obviamente era a convenção social e provavelmente havia muitas exceções a essa regra. Com todos os seus defeitos, era um tempo onde a cultura era importante para crescimento pessoal, não para exibicionismo barato. A intenção não é ser purista, sexista, moralista nem nada disso. A intenção aqui é incentivar uma posição mais crítica das pessoas que lerem esse artigo. É mostrar que no meio de muitas opções você pode acabar se perdendo. E quando você se perde, você procura um padrão pra se guiar. Só que esse padrão não é mais seu pai ou sua mãe. Seu padrão é o artista famoso, é aquele que é tudo que você quer ser, só que com dinheiro e com a genética perfeita. Na falta de um bom padrão ou de um grau de informação suficiente para julgar o que seria um bom padrão, você se apega ao mais difundido na massa de gente e acaba virando parte da estatística. Fazer parte de um grupo de pessoas com as mesmas idéias que você é saudável. Porém não é preciso um rótulo pra coisa ser legal. Se você cria suas próprias regras e elas funcionam com você e os seres que se relacionam com você, ótimo. Despeço-me por aqui não por quê não existe mais nada para ser dito, mas por que tudo um dia acaba. Seja por falta de tempo, de espaço, de dinheiro ou de paciência mesmo.
Ma che inf창mia!
Família Pheha, celebrai, rebolai, esperneai, bebei e temei: EU VOLTEI! Mui saudosa estou de todos vocês, queridos leitores, que não me abandonam nem quando acordo mais louca que o Chuck Norris após uma filmagem na selva. RÁ! Gostaria de aproveitar essa rocambolesca oportunidade para deixar consignado que, entre um birináite esperto aqui e acolá, tenho aproveitado meu tempo livre para frequentar São Paulo. Melhor dizendo, para me aboletar na casa da nonna mais amada do Twitter, a Nair Bello (@nairbello). Temos muitas coisas em comum, saibam todos vocês. Gostamos de um tremoço pimpão enquanto bebericamos, colecionamos latinhas de laquê e também fazemos campeonato de bambolê. Quando uma de nós consegue chegar ao final de qualquer rodada sem colocar as tripas para fora, é claro. Vocês nem vão acreditar, mas até bichinho de estimação temos juntas. Ele se chama Cramunhão e vive dentro de uma garrafa mexicana de tequila. Até entendo que vocês se perguntem por qual motivo, razão ou circunstância eu me locomova, a bordo de minha inseparável Brasília azul, até a Mooca, mas eu explico. Meu mausoléu, oops, digo, mansão em Maricá é uma coisa finíssima. Mas vocês bem sabem que eu, sempre muito pra frentex, não nasci para ver minha morada servindo de hospedaria quando parentes distantes (lê-se: NORA) decidem me visitar de surpresa, me matando (pela segunda vez) de susto quando a campainha toca e escuto “RÁ!” de quem bate à minha porta. É por isso que tenho me tornado praticamente uma paulistana e feito verdadeiras loucuras pela Mooca. O Padre da Paróquia San Genaro até disse que celebraria uma missa em minha memória para ver se eu sossegava o facho um pouco. Que INFÂMIA! Eu lá sou homem para ter FACHO? Fique o senhor sabendo, seu Padre, que eu sou uma mulher muito feminina e que, no máximo, o que eu posso fazer quando ligeiramente sóbria, é sossegar minha periquita e olhe lá, hein? O quarto de hóspedes na casa da nonna é muito quentinho porque, como São Paulo tem invernos muito rigorosos, ela tricota bastante e faz umas colchas de lã que a gente até pode vender na feira de malhas de Serra Negra ou Jacutinga. Defender um troquinho a mais orçamento e garantir o dinheirinho do birináite sagrado, né, é uma dica de economia doméstica muito importamente, minha gente. É ou não é ou não é? É! A nonna me leva para passear em muitos lugares batutas e, por esses dias, demos uma volta na avenida Paulista. Achei um espetáculo. Aquele vão do MASP é perfeito para treinar voadoras na boca dos Hare Krishna que aparecem semi-nus no frio e tocando musiquinhas pouco rebolativas. RÁ! Sempre voltamos pra Mooca de metrô e eu acho um luxo. Nunca tinha andado naquilo porque, né, morri antes de ele existir. Considero o último grito da feminilidade poder treinar pole dance naquelas barras todas e ainda aproveitar o remelexo natural dos vagões. Quando chegamos ao sobrado da nonna, estávamos jogando conversa fora, esperando a novela começar para podermos falar mal da falta de depilação do Tony Ramos, e tivemos a conversa abaixo. Vamos acompanhar, leitores da Pheha!
Maysa: Nonna, é verdade que o seu nhoque da sorte ajuda a ganhar na Mega-Sena, perder peso e arrumar paqueras super prafrentex? Nair Bello: Não, senão eu seria rica, magra e casada com o Francisco Cuoco. Deve dar sorte para a Dayana, que sempre rouba o dinheiro que eu coloco embaixo dos pratos. Nair Bello: Você diz que adora pintar, mas nunca ninguém viu nada que você pintou. Você pinta o 7, pinta silgo ou só gosta de segurar o pincel? Maysa: Olha, nonna, sem querer desrespeitar a sua nobre pessoa sexagenária de 80 anos, eu gosto mesmo é de segurar no pincel como se não houvesse amanhã. Mas tudo em nome da tarde, é claro. Afinal de contas, o Bôscoli fazia música e me ensinou o que era apreciar uma boa sinfonia na calada da noite. RÁ! Maysa: Estou prestes a lançar um novo hit, o "Gagarena", com influências latinas e inspirado em sexagenárias de 80 anos que não lembram da "Macarena". A senhora pode me ajudar a coreografar esse sucesso de ouro? Nair Bello: Bambina, toda vez que você bebe você tem o que eu chamo de “Síndrome da Dançarina do Faustão”. Quer coreografar tudo. Está sempre sorrindo e fazendo movimentos robóticos com as mãos enquanto alguém canta um sucesso do rádio. Eu mal consigo levantar da cadeira por causa da dor nas costas e você quer que eu dance?! Ma Che! Outro dia tocou “Volare” no Rádio, eu fiquei toda alegre, me urinei um pouco e levantei para chacoalhar o esqueleto. As costas travaram e se não fosse por Dayana estaria até agora na posição em que Napoleão perdeu a 2ª Guerra. Nair Bello: O que você faz em Maricá, esse lugar atrasado que nem tem bingo clandestino? Maysa: Nem eu sei responder. Tanta coisa boa eu tinha pra pensar e fazer, mas não, me entoquei nesse cheio de gente que corre na praia de manhã. INFÂMIA! Eu só corro dos Alcoólicos Anônimos e olhe lá! E também onde já se viu essa coisa ridícula de acordar cedo? A manhã foi feita pra dormir! É por isso que prefiro a Mooca. Dá pra comer esfiha no Juventus a qualquer hora. Isso sim é vida! Maysa: Rugol, Leite de Colônia ou Castanha da Índia Atalaia: qual o verdadeiro segredo da longevidade? Nair Bello: Maysa, bella, o verdadeiro segredo da longevidade você deve perguntar para a Dercy Gonçalves. Mas se quiser saber os segredos da tranca, pode conversar comigo. De toda forma faz anos que não encontro Castanha da Índia Atalaia, você tem para vender? Nair Bello: O que é pior: ser uma webcelebridade ou um ex-BBB? Maysa: A webcelebridade, sem dúvida. O ex-BBB vai acabar merecidamente tragado pelo mundo real, cheio de conteúdo decente que Big Loser nenhum tem competência para absorver. Já a webcelebridade fará de tudo até conseguir estar no BBB ou em qualquer programinha dotado dessa mesma boçalidade. Daí
surge todo um círculo vicioso, onde a webcelebridade fará do Youtube uma arma e do Twitter o seu palácio. Maysa: Comprei uma panela de pressão, só pra ver se cozinho mais depressa. Sou viúva, não tenho compromisso. Se lavo ou se cozinho, ninguém tem nada com isso. O que a senhora pensa a respeito? Nair Bello: Penso que ter atitude é muito importante para quem quer vencer na vida. Nas minhas palestras (não que eu dê palestras, mas hoje em dia quem não dá palestras é quase um ser humano de 2ª classe, então eu finjo que as dou) eu sempre digo que as pessoas precisam ter força para bancar suas escolhas. Eu escolhi beliscar crianças, e daí? Ninguém paga minhas contas. Ora ora... Bye bye Johnny, bye bye Alfredo, quem é da nossa gangue não tem medo! Nair Bello: Eu vi você jogando sapato em alguém enquanto cantava na churrascaria. Aprendeu essa moda comigo, que jogava tamancos? Maysa: Olha, na verdade, a minha intenção era sair por aí distribuindo garrafa nos cornos de quem me irrita. Mas, né, a birita tá pela hora da morte, o mundo vive uma crise econômica e essa moda de atirar sapatos, veja a senhora, começou porque eu estava com um pisante invocado, comprado no crediário do Mappin, e que deixou meus pés cheio de bolhas. Falando nisso, agora me ocorreu que nunca paguei nenhuma parcela do carnê de compras. Deve ser por isso que o Mappin faliu. RÁ! Maysa: O maior perigo dos bingos clandestinos é a polícia aparecer subitamente, algum maledeto gritar "CINQUINA!" antes da senhora ou o grande prêmio ser um combo das Facas Ginsu + Meias Vivarina? Nair Bello: Essas perguntas com várias opções confundem a Nonna porque quando você termina de falar eu já nem lembro mais qual era a primeira opção. Eu adoro os bingos clandestinos. Na minha idade não existem muitas opções de lazer para quem não enlouquece. Então você me perguntaria: “Mas Nonna, para os velhos que enlouquecem há mais opções de lazer?” Ma Che! A resposta é sim! Toda sexagenária de 80 anos pode fazer tudo o que uma jovenzinha de 45 faz. O grande problema é o estigma que essa senhora carregará para o resto da vida. Tenho amigas que são conhecidas como a “Vovó do Surf” ou a “Vó do Crack”... Cazzo. A gente só quer viver... Nair Bello: Será que a Marina Silva pode me dar Dicas de Jardinagem? Maysa: Temei! A virilha da Marininha deve fazer inveja ao Slash! Longe de mim querer fazer fofoca, mas meu maior medo, sabe, é que a Marina resolva posar num ensaio sensual pra “Casa Cláudia – Edição Especial Jardins”. Me tremelico toda de pavor! Maysa: Nonna, minha bella, te amo mais que sardela e alichela. Meu coração bate per te na Mooca, em Maricá e em qualquer lugar. Beijoca etílica, muaaaah! Nair Bello: Amo você minha parceira de tranca, de Domecq e de vida. Não te conheço dessa vida, mas de outras. Só não lembro muito bem porque estávamos bêbadas, mas sei que já te vi em algum lugar. Bacio da Nonna.
A ASTROLOGIA REAL, SEGUNDO O A
vida é o exercício do inesperado em sua forma mais pura, sem direito a roteiro ensaiado ou fórmula de sucesso. Você, por exemplo, sai de casa sem guarda-chuva e, subitamente, um temporal desaba, sem que você tenha onde se esconder ou carona para pegar no guarda-chuva de alguém gentil. Muitos atribuem esse movimento ao acaso. Outros sequer pensam na sua existência. Alguns poucos buscam respostas que não sejam óbvias e tampouco se percam na escuridão da ignorância. Logo, a vida se torna um exercício de livre arbítrio, cercada por muitas energias emanadas e absorvidas, onde você pode correr para casa e se esconder da tempestade ou, alternativamente, encarar a chuva como um sorriso da natureza e nela se expor sem medo, mesmo que isso encharque seu par preferido de sapatos. Torna-se clara, assim, uma tríade que você deve conhecer e, se possível não esquecer: 1) acasos não existem; 2) o Universo emite sinais para os que puderem enxergá-los e 3) o seu destino, em grande parte, é direcionado por você. O poder da mudança, aliado ao livre arbítrio e a espontaneidade da vida, é sempre capaz de romper estagnações diversas e empreender novo ritmo ao organismo em formatação. Papo viajante? Atmosfera cósmica demais? Balela? Horóscopo? Simpatia? Oráculo milagroso? Melhor se acalmar e desarmar. Até porque você não caiu aleatoriamente nessa página da revista. É com prazer que as cortinas desse observatório improvisado se abrem para Oscar Quiroga, astrólogo e psicólogo, responsável – desde a década de 80 – pela coluna “Astral”, do jornal “O Estado de São Paulo” e membro catedrático de Letras Astrológicas (desde 2007), na Academia de Letras do Distrito Federal. Se a vida opera por caminhos inesperados, essa pode ser a sua chance de se auto-conhecer, suprir algumas de suas inquietações e encontrar conforto no conhecimento de nosso ilustre convidado. Pheha: Você abandonou os paradigmas de uma rotina comum para desvendar a astrologia, fazendo dela o centro da sua vida. Como eram as crenças do Oscar antes de suas descobertas místicas? Oscar Quiroga: Houve uma transfiguração sim, do pensamento aristotélico para o abstrato subjetivo, mas o mais interessante dessa não seria relatar a você o que Eu era antes, mas o fato de que uma vez processada a transfiguração da mente o passado simplesmente deixa de existir, é absorvido completamente pela visão adquirida nessa espécie de iniciação. Apesar de poder detectar uma ou duas grandes transfigurações, estas continuam se multiplicando ao longo dos anos e dos dias, às vezes, resultando em que continua sendo para mim
muito mais excitante aquilo que ainda não compreendi do que aquilo que supostamente pareço saber. Conheço a ordem e me agarro a ela, mas minha mente e meu coração são flexíveis o suficiente para aceitar o que desconheço. P: A astrologia é tida como ciência apenas em partes. Isso se dá pelas muitas vertentes esotéricas existentes ou porque, assim como a homeopatia, a astrologia demandará mais tempo para ser reconhecida? OQ: A Astrologia e o conhecimento em geral de nossa supostamente moderna civilização sofreram severas contenções e distorções ao longo da história, algumas dessas intencionalmente estabelecidas por meio de Concílios e Assembléias catedráticas. Por isso, hoje em dia parece natural considerar certos assuntos científicos e outros não, assim como também o próprio sequestro da palavra ciência pela ideologia que hoje estrutura o saber acadêmico. Que a Astrologia seja considerada ciência ou não, isso não diminui nem aumenta seu valor intrínseco. Ao mesmo tempo, é raro encontrar quem realmente entenda a verdadeira natureza da Astrologia, o quê ela pode ou não pode transmitir e pesquisar. Quando se parte do princípio de que todas as partes que constituem o Universo são separadas e se unem apenas por casualidades remotas, então a Astrologia não terá nada a dizer e não fará o mínimo sentido. Agora, quando se começa a perceber que o buscador, o objeto da busca e o próprio ato de buscar constituem uma unidade viva, então a Astrologia fará todo sentido. Há o tempo, há o número e há os cálculos que colocam em relação o número e o tempo, assim nasce a Astrologia. P: É correto dizer que somos um resultado de energias simbióticas? Por exemplo: o universo nos emite sinais de acordo com o que pensamos ou desejamos muito. OQ: Este pensamento é autocentrado, fruto de uma civilização que ainda está a meio caminho de começar a entender algo do Universo. Somos criativos, isso não se pode negar, mas somos esculachadamente egoístas também e isso nos coloca numa posição errada de nos convencer de que tudo que acontece é fruto de nossos pensamentos, desejos e emoções. Isto é apenas uma meia verdade, já que o Universo existia de muito antes de a humanidade existir e continuará vivendo até muito depois de o último humano deixar de respirar. Quando queremos entender o Universo partindo de nós mesmos como centros críticos desse, então ficaremos sempre com meias verdades. A partir do momento em que começamos a nos entregar ao Ser que É em nós, então experimentamos a verdade. Nunca se deve confundir o “Poder que Vê” com o “Poder de Ver”. P: Como começa a sua jornada de trabalho? Qual o seu modus operandi para orientar, correta e diariamente, os nativos de cada signo? Seu trabalho é solitário? Como você se prepara? OQ: Eu pulo da cama todos os dias às 4 horas, para iniciar a meditação por volta das 5 horas e finalizá-la por volta das 6h, para então iniciar o trabalho de astrólogo, especificamente
OSCAR QUIROGA por Pérola
o de escritor. Faço isso porque não me atreveria a dar orientações que eu mesmo não aplicasse concretamente em minha rotina. Grandes transformações devem iniciar-se na rotina e se alguém pretender crescer e ficar do tamanho do Universo então terá de introduzir hábitos e rotinas que com a ação do tempo a longo prazo revertam nessas grandes transformações procuradas. Se meu trabalho é solitário? A solidão é boa amiga, mas gosto de seres humanos, os observo e me relaciono o tempo inteiro, de preferência com as pessoas mais simples, que têm a alma mais aberta e menos mascarada. P: Com a globalização vieram os “oráculos instantâneos”, ou seja, uma demanda imensa de pseudoesotéricos-sensitivos que se proliferam em redes sociais. Na maioria das vezes, a astrologia é desmerecida em decorrência desses falsos “oráculos”. Como instruir – ou até discernir - o joio do trigo? Como identificar o que é inconsistente? OQ: O discernimento é imprescindível, não meramente para diferenciar bons e maus orientadores. O discernimento é tão imprescindível que se todos o tivéssemos bem lubrificado e em pleno desenvolvimento, provavelmente não precisaríamos de nos consultar com ninguém, veríamos claramente os sinais que o Universo emite constantemente para orientar quem quiser enxergá-los. Bons e maus profissionais existem em todas as áreas e isto é assim porque também existem os bons e maus clientes, os clientes que realmente buscam respostas para perguntas profundas e há também os clientes que perguntam porque perguntam, sem nem sequer ouvir de suas próprias bocas as tolas perguntas que fazem e que não merecem respostas. P: A astrologia pode ser vista como uma aliada poderosa do autoconhecimento? Por exemplo: direcionar os prós de cada signo e tentar aplacar os contra - e seus respectivos efeitos colaterais. OQ: O amor da Astrologia é que não há certo ou errado na sua descrição. O planeta Terra é um lugar de experiência e nascemos porque ansiamos experimentar, o que haveria de errado nisso? Afinal, nada nos livrará de desamarrar e redimir tudo que tivermos experimentado e amarrado. O que semearmos, colheremos, assim de fácil e simples. Por isso, se pode fazer o que você quiser neste planeta e me parece que a prova disso é observável largamente. Agora, a relação com o corpo desta estrela que chamamos Sol é bem peculiar a cada um de nós, esta relação define nossa experiência de Ser. Somos, experimentamos e nos movimentamos no corpo do Sol, o Sistema Solar, e o único e fatal erro que podemos fazer é deixar de ser quem somos para tentar ser quem não somos. Um erro que é mais comum do que possa parecer. http://www.quiroga.net
por João Márcio Dias
Quem são os 10 paladinos da justiça que querem a sua preferência no dia 3 de outubro? A Pheha psquisou, cavucou e matutou até jogar no ventilador o perfil dos nossos candidatos a Presidência da República. Prepare seu estômago, separe seu título de eleitor e documento com foto e participe dessa orgia da democracia!
Dilma - 13
Nome: Dilma Vana Rousseff Twitter: @DilmaBR Partido: PT Idade: 62 anos (mas depois da plástica não há quem diga) Origem: Belo Horizonte - MG Herança: Economista burguesa, nascida em uma família tradicional de origem búlgara, foi guerrilheira e presa política durante a ditadura militar. Apesar de ser mineira, sempre foi ligada a política gaúcha. Apesar de hoje representar o Partido dos Trabalhadores, Dilma foi uma das fundadoras do PDT, junto com Leonel Brizola. Foi responsável pela equipe de transição da Era FHC para o Governo Lula e assumiu o Ministério de Minas e Energia em 2003. Após os escândalos do mensalão de José Dirceu em 2005, foi convidada a recuperar a Casa Civil, o ministério mais importante da república de bananas. Quem raios é: Tecnicamente Dilma não tem qualquer tipo de experiência eleitoral, tampouco esboça preparo para sentar na poltrona de manda-chuva deste país. Mas até aí, Lula também não tinha e está há oito anos como síndico dessa mãe gentil. Dilma foi responsável por diversos setores das administrações gaúchas, administrando suas secretarias de fazenda (tanto a municipal, quanto a estadual) com mãos de ferro, cortando gastos, enxugando as sobras e desagradando muita gente, principalmente os profissionais terceirizados. Provavelmente a razão de sua baixa popularidade naquelas bandas. A linha de pensamento é muito simples: se você aprova o Governo Lula, acha bacana e quer ver o barbudo por mais alguns anos no poder, vote em Dilma. Nada de novo promete acontecer nos próximos quatro (quiçá, oito) anos de administração nas mãos da nossa Odete Roitman Cover. Em verdade, em verdade vos digo: é bem capaz que tenhamos Lula como o presidente e Dilma unicamente como boi de piranha. Se você fizer parte dos 80% de brasileiros felizes com a administração atual, dia 3 de outubro é só digitar 13 e mandar ver. Dilma merece ser presidente por ter aguentado, com louvor, o rojão da Casa Civil após as trapalhadas dos primeiros anos de poder do PT. Assumir aquele ministério tão devastado por jogos políticos e mensalões (lembrando que isso foi meramente um continuísmo da Era FHC). Além disso, o Brasil precisa ser governado por um macho de verdade, e Dilmão é esse cara. A escolha de seu vice, Michel Temer, o grande nome do PMDB, foi adicionado a chapa unicamente pra honrar o maior partido do Brasil. Alianças são necessárias, ainda mais em um país onde o povo não entende que o sistema eleitoral tende a privilegiar a legenda e não o nome do candidato. Michel Temer como vice é a garantia de uma base aliada forte, apesar de ser cheia de vontades, o que azeda boa parte dos projetos do PT.
Serra - 45
Nome: José Serra Twitter: @JoseSerra_ Partido: PSDB Idade: 68 anos Origem: São Paulo - SP Herança: José Serra foi Ministro da Saúde no governo de Fernando Henrique Cardoso, sendo indicado para sucedê-lo em 2002, derrotado por Lula no segundo turno. Formado em administração (apesar de jurar que é economista), Serra foi governador de São Paulo e prefeito da capital, além de deputado federal, senador e ministro de Planejamento e Orçamento, acumulando uma vasta experiência política. Curiosamente, todos os cargos executivos para qual foi eleito foram igualmente renunciados para concorrer a outro cargo em esfera superior. Na juventude, quando a Arca de Noé ainda estava sendo montada, foi presidente da UNE, com apoio do Partido Comunista Brasileiro. Foi exilado político após o Golpe Militar, fugindo do Brasil com medo de ataques por sua posição de destaque. Quem raios é: José Serra é o retorno do poderio de Fernando Henrique Cardoso a Brasília. Serra tem nas costas o estado de São Paulo com uma administração que podemos qualificar como um generoso prato de jiló: uns acham uma bosta, outros amam. Ou seja, não é algo muito definido. Apesar de ser um partido elitista, hoje prega sua origem simples, assim como Lula fez no início de sua carreira. Serra, diferentemente de sua maior opositora nessas eleições, Dilma Rousseff, tem uma série de feitos em seu histórico, como o projeto de privatização da Vale da Rio Doce, alegando que era uma empresa que só dava prejuízo ao país, sendo hoje uma das maiores empresas do mundo, a venda das telefônicas nacionais a grupos estrangeiros, aumentando o acesso a telefonia no país (e automaticamente as reclamações no PROCON), e programas como Multirão da Saúde, que tem caráter meramente ilustrativo, uma vez que não existe uma continuídade no tratamento, tendo suas ações baseadas em cirurgias simples de catarata; o Brasil em Ação, uma espécie de PAC que nunca deu em nada; implantou um programa exemplar de combate e tratamento a AIDS, sendo elogiado pela ONU; quebrou patentes para a lei dos medicamentos genéricos; proibiu a publicidade de tabaco no país, crente que adiantaria de alguma coisa; e outros feitos que são esperados de alguém com tantos anos de vida pública. A pergunta que não quer calar é: você sente falta de Fernando Henrique? Caso você tenha balançado a cabeça afirmativamente, lembrando da época que o Kinder Ovo custava só R$ 0,90 e o lanche na cantina não passava de cinquenta centavos, chumba 45 na urna eleitoral e seja feliz. Assuma seu lado pequeno burguês, neo-liberal, capitalista até morrer e fique com o nosso sósia oficial do Sr. Burns. Mas, caso você tenha plena convicção que dever o tanto que deviamos ao exterior não é legal, desista da ideia. José Serra é o lado menos socialista da força, o que é um paradoxo, afinal, seu partido da social democracia, prega outras coisas em suas bases. Outra questão pouco lembrada é sua coligação, que não carrega as flores mais perfumadas desse jardim eleitoral. Tal aliança inclui o DEM, que antigamente atendia pelo nome de PFL, o mesmo dos escândalos em Brasília, o mesmo de pessoas bem intencionadas como César Maia, além de contar com o PTB, partido de Roberto Jefferson. Ou seja, só gente bacana e da pele boa está urubuzando o pobre menino rico da capital paulistana.
Marina - 43 Nome: Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima Twitter: @Silva_Marina Partido: PV Idade: 52 anos Origem: Rio Branco – AC (também conhecido como “aquele anexo da Bolívia”) Herança: Marina é ambientalista (como se ganha dinheiro com isso?) e pedagoga, originalmente petista, tendo se revoltado contra o partido após se demitir do cargo de Ministra do Meio Ambiente, entregando-o a Carlos Minc, e reassumindo seu cargo de senadora pelo vigésimo sexto estado mais importante do Brasil, pelo Partido Verde. Marina foi a vereadora mais votada de Rio Branco, após uma derrota na corrida para a câmara dos deputados acrianos, cargo que assumiria em 1990. Marina é defensora ferrenha da Amazônia, tratando-a como patrimônio intocável. Quem raios é: Nascida em uma aldeia de seringueiros no interior do Acre, Marina é, dentre os que ainda apresentam visibilidade política, a mais ufanista de todos os candidatos. Certa como dois e dois são cinco que pode mudar o país através da Amazônia, Marina trava lutas entre a sustentabilidade e o progresso do Brasil. Sua plataforma além dos direitos da mata são um tanto quanto rasos, mas ela pode se tornar uma pedra no sapato dos gigantes Dilma e Serra. Aclamada por um movimento apartidário de jovens que acreditam nas propostas de Marina Silva, sua proposta a presidência foi abraçada pelo PV com ordens dos diretórios europeus. O Partido Verde esquematizou sua campanha assegurando subssídios para a candidatura presidencial. Muito mais como um voto de protesto, Marina Silva deve ter noção que sua expressividade hoje ainda é baixa e precisará comer muito arroz com feijão para se tornar alguém nesse país. Provavelmente sua postura amena (e anêmica) não passam a cofiança necessária para o povo ergue-la até o trono. O que é uma incoerência, uma vez que seu nome é aplaudido fora do Brasil por sua luta pelo meio-ambiente. Mas, infelizmente, o Brasil não se preocupa desta maneira, tratando assuntos como ecologia, por exemplo, como pautas menores. O que importa por aqui é saúde, educação e fim. O resto, Deus proverá. Marina seria a candidata predileta de 10 em cada 9 jovens brasileiros, assim como Fernando Gabeira é no Rio de Janeiro. Seria, se não fosse uma série de equívocos em sua campanha. Primeiramente assumir sua visão religiosa e deixar interferir em seu comportamento político. Não se mistura política e religião. Jamais. Expressar seus anseios de justiça divina não condiz com alguém que pretende reger um país tão plural como o Brasil. São 190 milhões de pessoas com 190 milhões de ideias diferentes. No máximo a gente se arrisca nos genéricos, como, todo mundo gosta de chocolate. Sei lá. Em seguida cometer erros imbecis no Twitter, como dar RT em respostas fascistas para que todos vejam sua resposta no tweet seguinte, perdendo completamente o contexto. E por último, mas não menos importante, seu vice é o dono da Natura, um dos homens mais ricos do Brasil, descaracterizando completamente a sua origem humilde e campanha pobre. Digase de passagem, na prestação de contas, sua declaração era de 150 mil reais, enquanto de seu vice de 1 bilhão e meio de reais. Todo um abismo social. Com isso fica a dúvida: até onde existe a boa vontade do PV em colocar Marina Silva no poder? Não seria Guilherme Leal, seu vice, o real objetivo eleitoral dos Verdes?
Plínio - 50 Nome: Plínio Soares de Arruda Sampaio Twitter: @PlinioDeArruda Partido: PSOL Idade: 80 anos (melhor pensar no vice na hora de votar, porque esse aí não vai durar muito) Origem: São Paulo - SP Herança: Plínio Arruda foi deputado constituinte, promotor público e atualmente preside a Associação Brasileira de Reforma Agrária, tornado essa sua maior bandeira. Filiado ao PSOL desde sua fundação, após a revolta da chibata do PT em 2004. Sofreu, e muito, com as mazelas da ditadura militar, sendo exilado e torturado, sendo um dos primeiros brasileiros a perder seus direitos políticos graças ao AI-1 de 1964. Plínio não possui experiência em cargos executivos, tendo sua vida política baseada em secretarias e mandatos como deputado. Seu projeto mais ousado é o fim de propriedades privadas com mais de 1.000 hectares, destinando a terra para a reforma agrária, questão polêmica que poderia destruir boa parte da economia do país por um capricho social. Quem raios é: Plínio é o cara que se sente perseguido e, por isso, demonstra revolta em todas as suas falas. Não só Plínio, mas todos os candidatos do PSOL aos cargos executivos tem uma postura extremamente combativa e esquerdista, atacando gratuitamente seus opositores. Até os candidatos menos expressivos, como Marina Silva, que não são o foco do debate, merecem suas alfinetadas. Plínio diz que a mídia não o privilegia, por isso seu risível 1% das pesquisas de intenções de voto. Seu comportamento perante as câmeras beira o fanfarronismo e a infantilidade, coisas que não esperamos de um candidato que já está muito além da terceira idade. Este enrugado candidato segue bem a cartilha do PSOL, destruindo todo o carisma ao partido que Heloísa Helena plantou na eleição de 2006. Bater em uma única tecla nas suas propostas para governo, chutar cachorro morto dos adversários e virar o bebê chorão que ninguém ama e ninguém quer virou o lugar comum de um partido que parecia ser a salvação da pátria. O PSOL entrou com força pra mudar o país, basta analisar que sua aprovação popular foi altíssima e seu registro no TSE se deu em pouquíssimo tempo. Mas de nada adianta um partido com um nome bonito, se não sabe como manter o jogo. Plínio fala ora como quem está em um muro das lamentações, ora como quem vai atirar pedras em Maria Madalena. Sua postura é utópica, num Marxismo que nunca deu e nunca dará. Ou você acha que Cuba, Coreia do Norte, China e Vietnam são boas opções de vida, igualdade, liberdade e fraternidade? A grande verdade é que Plínio não entendeu que deveria se recolher e tornar-se um personagem histórico, mantendo o respeito por sua imagem, e não desgastando-a sem qualquer necessidade. Disputa presidencial é briga de cachorro grande e não porta de igreja para se pedir esmola e atenção. Seu histórico de lutas e sua experiência poderia ser muito bem aproveitados caso entendesse que o mundo evolui que não estamos mais na ditadura, onde quem não está comigo, está contra mim. Esqueçam ideais políticos. Isso virou lenda.
Zé Maria - 16
Nome: José Maria de Almeida Twitter: @ZeMaria_PSTU Partido: PSTU (também conhecido como Pistú) Idade: 52 anos Origem: Santa Albertina - SP Herança: Zé Maria é um dos fundadores do PSTU. Metalúrgico, assim como o seu ex-companheiro Luís Inácio, foi preso político durante os anos de ferro da ditadura (mas quem não foi, não é mesmo minha gente). Fundou, ao lado de Lula, o Partido dos Trabalhadores e a CUT, que hoje recrimina por suas supostas visões neo-liberais. Sua experiência política nunca passou de greves, sindicatos e outras manifestações esquerdistas. Ocupa a quinta posição nas pesquisas de intenção de voto, sendo dentre os candidatos nanicos, o mais expressivo, com variação de 1,0% a 1,9%. Quem raios é: Então você se pergunta: gente, mas eu conheço esse cara de onde? Eu te respondo, amiga dona de casa, você o conhece de outros carnavais e pleitos presidenciais. Contra burguês, vote 16 é seu lema desde que o mundo é mundo, e provavelmente você já viu esse rosto sofrido, porém guerreiro (oi, Verônica Costa, eu te amo por esse slogan, viu?) em outras propagandas eleitorais e, possivelmente, verá outras vezes. O PSTU é um partido que mantém expressividade unicamente em universidades, com discursos inflamados e rancorosos, pregando a filosofia trotskista que nunca deu em nada nesse país.
Ivan Pinheiro - 21 Nome: Ivan Martins Pinheiro Twitter: @IvanPinheiroPCB Partido: PCB Idade: 64 anos (Só ano que vem vai poder usar o RioCard Sênior e ir de graça pra Copacabana) Origem: Rio de Janeiro - RJ Herança: Ivan Pinheiro é dirigente comunista e secretário geral do PCB. Iniciou sua carreira política no Colégio Pedro II, sendo preso devido ao ativismo político. Não traz em sua memória política grande representatividade, tampouco experiência frutíferas. É um dos grandes responsáveis pela quebra do PCB com o Governo Lula, ainda no primeiro mandato, e a nãoanexação do PCB ao PcdoB. Quem raios é: Ivan Pinheiro patina suas intenções de voto na casa do 1% ou menos. Não promete grandes desgraças ao pleito, e não tende a ser uma ameaça ao meio de campo, ainda mais em um ano de disputa polarizada como este. Estudou direito na UEG, atual UERJ, e foi bastante atuante no Sindicato dos Bancários, uma vez que era funcionário do Banco do Brasil. Sua luta eleitoral se vale muito mais pra garantir a existência do PCB legalmente do que qualquer outra coisa. Sim, o Brasil tem dessas coisas.
Eymael - 27 Nome: José Maria Eymael Twitter: @Eymael Partido: PSDC Idade: 70 anos Origem: Porto Alegre - RS Herança: Eymael, como ficou conhecido nacionalmente, foi deputado constituinte, assim como José Serra e Plínio de Arruda. Fundou o PSDC após um quiprocó sem tamanho de extinção do seu partido, o PDC, em 1965, reorganização do partido em 1985, fusão com o PDS, formando o PPR, que transformou-se no PPB de Paulo Maluf e logo depois no Partido Progressista. Sua história política traz a criação de propostas aprovadas na constituição como o aviso prévio ao trabalhador, alíquotas flutuantes do ICMS dependendo de seu grau de necessidade e o incentivo ao turismo. Quem raios é: Sem sobra de dúvidas o maior feito na carreira desse democrata-cristão foi a criação do seu divertidíssimo jingle “Ey, ey, Eymael, um democrata-cristão”. Um marco na história política de nosso país. Isso sem contar sua medida inclusiva de fazer versões em axé, samba, milonga e sertanejo. Um gesto nobre deste empresário bem sucedido. Com o slogan “Pela família e pela nação”, não espere ideias revolucionárias e muita ousadia do mais querido dos nanicos. Eterno candidato, Eymael é muito mais ridicularizado do que levado como um candidato de verdade. Não só Eymael, como todos do seu partido. Um belo exemplo da total ineficiência de sua legenda é o seu histórico zerado. Na última corrida eleitoral, concorreu com 25 candidatos a governador e 17 senadores, não elegendo um concorrente sequer. Melhor assistir o filme do Pelé.
Levy Fidélix - 28 Nome: José Levy Fidélix da Cruz Twitter: @LevyFidelix Partido: PRTB Idade: 58 anos Origem: Mutum - MG Herança: Levy Fidélix acumula apenas tentativas frustradas a cargos como prefeito e governador de São Paulo e deputado federal. Sua maior proposta de governo é a criação do Aero-Trem, um trem de alta velocidade que cortaria o estado de São Paulo, desafogando o trânsito da capital. Antes de sua empreitada política, Levy apresentou o primeiro programa de televisão sobre informática da TV Brasileira, além de ter trabalhado em agências de publicidade, foi professor no Espírito Santo, escreveu para jornais e revistas cariocas e fundou o PL e o PRTB. Quem raios é: Por Deus, quem ainda acredita na candidatura de Levy Fidélix a qualquer coisa? O homem não tem qualquer experiência administrativa, quiçá política. Se fosse indicado a síndico do meu prédio, eu não votaria. Há pelo menos 16 anos vejo esse bom moço falando do tal do aerotrem. Agora que o Governo Federal colocou em prática o Trem-Bala que ligará Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro, o cara vem com a idéia brilhante de falar que esse projeto é dele, só que com um outro nome. Aham, Cláudia, senta lá. Levy Fidélix, o candidato mais bonito deste pleito [/ironia], pretende informatizar as escolas, modernizar os transportes de massa, gerar uma melhor distribuição de renda aléme alguns outros clichês.
Rui Costa - 29 Nome: Rui Costa Pimenta Twitter: Isso é coisa de burguês. Partido: PCO Idade: 53 anos Origem: São Paulo - SP Herança: Oi, quem? Desculpa, eu não estava prestando atenção. Estava contando nuvens, bem mais relevante. Quem raios é: Eu confesso que tenho um certo afeto PCO. É o único partido de extrema-esquerda, beirando a cegueira, no Brasil. Além disso, é o menor partido deste país, contando com pouco mais de 2 mil afiliados, nunca colocando um vereador sequer no poder, denotando todo seu poder político, coisa e tal. Além disso, o PCO, tem plena certeza que jamais elegerá um monitor de turma da terceira série primária, utiliza seus preciosos 56 segundos na TV para promover seus ideiais que beiram o fascismo. Pregam que o PSTU e o PSOL são partidos burgueses e que não representam os ideais socialistas. Oi, o PSTU e o PSOL, que são esquerdistas até irritar Dalai Lama são pequenos burgueses na visão inclusiva do PCO. Mas sejamos justos, e vamos falar do Rui (por sinal, você sabia que a pronúncia “Rui” em russo significa caralho? Vivendo e apredendo), assim como falamos dos outros... Ah, vamos falar de coisa boa, vamos falar da Iogurteira Top Therm que está numa promoção agora, não é mesmo Aracy?
Narcisa Tamborindeguy - 14 Nome: Narcisa Tamborindeguy Twitter: @NarcisaOficial (é fake, mas vale a pena) Partido: PAU Idade: Nunca pergunte isso! Origem: Copacabana Palace - RJ Herança: Se tem alguém nessa lista que leva a sério a palavra herança, essa pessoa é Narcisa. Filha do empresário Mário Tamborindeguy, que era amigo pessoal de Jucelino Kubitscheck. Além disso, trás consigo a sua irmã, Alice Tamborindeguy, deputada estadual pelo PSDB. Seu histórico abriga casamentos de sucesso com Carlos Johannpeter, herdeiro do Grupo Gerdau, e José Bonifácio Filho, o Boninho, famoso diretor global. Narcisa estudou na tradicional escola Le Mesnil na Suíça, na Universidade de Nova York, além de ser formada em direito e jornalismo por tradicionais instituições particulares cariocas. E é sempre importante salientar seu belíssimo trabalho social, o Lar de Narcisa, onde, segundo suas palavras, suporta 750 crianças. Quem raios é: Pela sua história de vida e seu trabalho em todos esses anos, Narcisa merece ser presidente do Brasil. Ela já mostrou que tem capacidade e não virá sozinha para essa disputa. Trás ao seu lado, o seu mentor político, Amaury Jr como vice-presidente, para abrilhantar Brasília. Narcisa venceu preconceitos, livrou-se das drogras e mostra sua capacidade de superação em seus livros, onde relata a realidade do povo do Leblon, essa gente colorida que tanto sofre e não recebe a merecida atenção. De sua varanda, localizada na Praia de Copacabana, sempre que possível lança alimentos a população carente que passa em sua calçada, como ovos e tomates maturados, demonstrando seu amor ao próximo.
A vida imita The Sims
Ou Por que as pessoas que jogam The Sims estão mais preparadas para a vida? por Morgana Mastrianni The Sims, para quem não conhece, é um simulador de vida (termo correto?) da Electronic Arts. A sua continuação foi muito esperada e já está a venda a um ano, porém, escreverei baseada no 2 porque é a versão que conheço melhor e cheguei a jogar com todas as atualizações. No jogo, cria-se um sim ou família de sims para controlar e cuidar em todos os sentidos: é preciso fazê-los comer, ir ao banheiro, aprender habilidades, arranjar um emprego, estabelecer relacionamentos, ter filhos etc. Claro que a vontade própria pode ser ligada para as necessidades básicas. O meu ponto é que esse jogo besta simula muito bem o comportamento humano. Tão bem que depois de umas vinte horas de jogo o jogador já é capaz de ver as barrinhas de necessidades das pessoas reais, e os cristais sobre suas cabeças. Mais alguns dias e o jogador percebe que a vida faz muito mais sentido agora, ele conta uma piada ruim e já vê os sinais de menos saindo da cabeça da pessoa para quem contou. 1- Jogadores de The Sims não tem pressa de ter filhos se você tinha qualquer vontade cruel de pôr nomes ridículos nos seus filhos, pode descarregá-la no jogo abusando de nomes como Kiberson, John Lenon da Silva e Volverinny. Não existe motivo para atormentar uma criança real com isso. Sem falar que você também pode aproveitar para ter seis filhos com pessoas diferentes no jogo para também descarregar a curiosidade de com que cara ele poderia sair. A vida real NÂO serve para esse tipo de experimentação, pessoal. Escolham a felicidade. 2- Jogadores de The Sims já sabem que não terão respeito como universitários O sim adolescente faz aniversário crente que se tornará um adulto, mas a universidade faz com que ele se torne algo diferente, uma espécie de aberração. Durante toda a duração da universidade o sim permanece como jovem adulto. É um ser sem vida que só faz estudar. Trabalhar só é possível ganhando uns trocados. 3-Aspirações No jogo aprendemos que, pasmem, nem todo mundo precisa ter as mesmas aspirações. O que é importante para alguém pode ser idiota para outra pessoa. Temos seis aspirações básicas e desejos para toda vida: família, conhecimento, dinheiro, romance, popularidade, e prazer. A partir da aspiração é designado ao sim um desejo pra toda vida, então, mesmo dentro da mesma aspiração o sonho da vida de duas pessoas pode ser diferente.
4- Não tem essa de dieta The Sims ensina uma importante lição alimentar: se quer emagrecer, faça exercício. Se ficar sem comer, MORRE. 5-Você é um cocô, falei. Não importa o que você fez na adolescência, ao iniciar uma carreira você será capacho. Se seu sonho é ser cheff você começa como lavador de pratos e se é ser cientista louco você começa como cobaia. Não se iluda. 6- Conforto é essencial Se sua casa é suja, mal decorada, com móveis vagabundos e eletrodomésticos quebrados isso vai sim influenciar no seu humor, e muito. Um ambiente sujo e molhado com um bebê chorando pode acabar com um sim. 7- Dançar é ridículo A diferença é se você está se divertindo ou não. Ninguém que esteja realmente se divertindo numa festa liga pro que as outras pessoas estão fazendo. Ficadika. É isso. Reflitam e absorvam. E o mais importante: NÃO joguem esse jogo do demônio porque o dano causado é irreversível. Sem se dar conta, você estará cuidando de três cidades com vinte famílias cada, e todas já na quinta geração. Perceberá então que a sua barra de relacionamento com todos os seus conhecidos está no zero, menos a da sua mãe que te dá comida, e que você não fez absolutamente nada de útil durante meses enquanto todos os seus sims chegavam ao nível máximo de habilidade em criatividade (que abrange pintura e música), culinária, lógica(xadrez), limpeza e mecânica. PS: Mesmo sob controle (jogo deletado e cds de instalação devidamente destruídos) a autora da matéria correu grave risco de recaída ao visitar o site da EA.
Curiosidade Tem ótimos vídeoclipes feitos com o jogo no youtube. Um deles é a versão de Simile, de Lily Allen, em simlish (o idioma falado pelos sims no jogo http:// www.youtube.com/watch?v=rJsZhiOhUVg) , feita pela EA como divulgação para a expansão Estações, mas há também videos de fãs muito bons, como o videoclipe de Skater Boy, de Avril Lavigne(http://www.youtube.com/ watch?v=yR96CQOW1DU).
Jay Vaquer é aquilo que você bem entender por Pérola
Tudo é muito convidativo em Jay Vaquer. O falar muito manso, a forma de gesticular freneticamente e até os sotaques dignos de um carioca que – ao soltar seu inglês afiado – tem tom (e sacadas) de gringo inveterado. Entre a faculdade de publicidade e a escola de artes dramáticas, saiu de um musical de sucesso, “Cazas de Cazuza”, para imprimir marca e criar sua história. Mas não se engane. Você não o conhece. Pelo menos não o suficiente até agora. Em Julho de 2010, Jay comemorou dez anos de carreira. Minha primeira entrevista com ele foi logo no início dessa jornada, quando “A Miragem” (do álbum de estréia “Nem Tão São”), seu primeiro vídeo-clipe, desbancou os Backstreet Boys do topo do Disk MTV e, por semanas a fio, permitiu que a boy band comesse muita poeira. Para tal façanha, Mr. Vaquer vendeu o carro e roteirizou o clipe. O mote? Ele como observador onipresente de uma menina que sonha com dias melhores. Enquanto conversava comigo, Jay rabiscava uma folha de sulfite, quase até vará-la com o grafite do lápis, como se esquadrinhasse seus pensamentos. Papo vem, papo vai, já era notório que o artista (e arteiro) estava interessado apenas em vender sua música, nunca a si mesmo. Jabá para tocar nas rádios? Playback em programas cafonas de TV? “Ilha de Caras” e flagras exclusivos? Nunca, jamais e em tempo algum. Nem nessa e muito menos na próxima encarnação. Assim sendo, o tempo passou.
E
m 2004, Jay ressurgiu trazendo consigo riffs de guitarra mais pesados, álbum e vídeo-clipe novos.Reinventando-se, lançou “Vendo A Mim Mesmo”, questionando se queria ver, vender ou vendar-se diante de que o cercava. Roteirizando e co-dirigindo “Pode Agradecer”, apresentou um clipe com maçãs venenosas, mas originalmente feitas apenas com glacê, e um rebanho de seguidoras capazes de qualquer loucura por uma vaga no “Tempo Sagrado Portal do Éden”. No ano seguinte, novamente buscando um novo rumo no mapa, Jay lançou seu terceiro álbum, “Você Não Me Conhece”, e, junto com ele, “Cotidiano De Um Casal Feliz”, como primeiro vídeo/single. O mote? Mr. Vaquer, retomando seu observador onipresente, mas dessa vez suspenso no ar por cabos de aço. Um certo ar de Trent Reznor? Talvez. Não pelo aparato do vídeo ou pela somatória das composições do álbum. Um pouco pelos acordes ainda mais marcados das guitarras. Muito mais pela audácia de Jay em não omitir-se ao rasgar o que é socialmente indigesto. Com garras afiadas e sem medo de cutucar feridas, veio “Formidável Mundo Cão”, em 2007, quarto álbum de Mr. Vaquer, com o senso de urgência típico de quem quer falar tudo ao mesmo tempo: amor, perdão, perda, lentidão, loucura, razão, fogo e reparação. Sem vídeo-clipes para o referido álbum, Jay percorreu o caminho contrário ao do abatimento e, em sua escala evolutiva visionária, lançou “Alive In Brazil” (de 2009), seu primeiro dvd ao vivo. Já é de costume nosso artista se multiplicar no palco, assim como também é comum você se pegar pensando, durante o show, como Jay Vaquer, sem efeitos supersônicos, soa ainda melhor – e mais surpreendente - ao vivo.
Abrem-se as grandes cortinas de veludo vermelho e Mr. Vaquer começa o show preso num enorme caixote de madeira, ladeado por homens-porco um tanto assustadores. Mas nada detém ou amedronta quem aprendeu a remar contra a maré. Alguém como Jay Vaquer. A convidada de honra? Megh Stock, vocalista da banda Luxúria, dividindo os vocais de “Estrela de Um Céu Nublado”. E, em mais de vinte faixas, sem perder o fôlego, Jay imprime sua marca visceral de bravura e ímpeto, num misto de nitroglicerina pura com glicose discreta. Se você me perguntar, eu direi que pouca coisa mudou entre minha primeira entrevista com Jay, dez anos atrás, e essa segunda, onde ele é capa e recheio da Pheha. Antes, nosso artista rabiscava enquanto falava, era flameguista inflamado, usava uma camiseta creme, com a inscrição “Columbine High School”, não temia espíritos de porco e tampouco se preocupava com o que se esperava (ou se pensava) dele. Agora, no entanto, Jay Vaquer continua não resistindo ao encanto de uma folha em branco, torcendo para o mesmo time (mesmo em jogos não muito clássico, como contra o Ceará, por exemplo) e fazendo cara de paisagem para os que tentam rotulá-lo. As diferenças? A camiseta creme que se aposentou e os antigos espíritos de porco, agora astutamente tratados por Jay como suínos fofinhos, que ganham, vez ou outra, um sarcasmo singelo como afago. De fato você não o conhecia suficientemente. Mas não se acanhe. Delicie-se com o abrir de cortinas peroladas nessa celebração dos dez anos de carreira de Jay Vaquer.
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Pheha: Você é um dos melhores letristas que vi nessa sua geração. É sagaz, coeso e certeiro, mas com precisão cirúrgica, sem excessos ou desgastes. Isso tudo é uma constante no seu trabalho, mesmo que ele seja uma cadeia evolutiva, onde o próximo projeto sempre soa independente do anterior. Em nome desse curriculum vitae todo, qual foi o gosto de lançar o dvd “Alive in Brazil”? Jay: Obrigado por pensar assim.O dvd foi importante. Pude registrar - para sempre - um ótimo momento, acompanhado por uma banda ótima. Um show que infelizmente não é a minha realidade. Não posso viajar pelo Brasil apresentando aquele espetáculo. As necessidades, a estrutura toda necessária, em função dos altos custos, é coisa para um artista já consolidado, que consiga lotar grandes espaços por todas as cidades do país. Não consigo. Mas ele está registrado, dando uma boa ideia do que pode ser o meu show potencialmente. Não é exatamente o “registro de uma noite no Rio de Janeiro” e sim o registro de um conceito, de uma proposta artística, com uma narrativa que flerta com a ópera-rock, preservando a quarta parede e pinçando canções de todos os cd’s lançados até então. Gosto muito do resultado e isso me satisfaz, ainda que eu tenha que tolerar decepções pela falta de seriedade, responsabilidade e respeito de algumas pessoas na hora da divulgação do produto. Ele não foi divulgado como poderia e merecia. Pheha: O palco é seu laboratório, já que, ao vivo, os arranjos das músicas ficam muito intensos. Como isso é elaborado? É pra quebrar a rotina das turnês? Parte de você, da banda ou até do seu público essas reciclagens? Jay: O palco é na verdade onde tento transmitir a vibe das canções. Adoro a proximidade com o público, a entrega, a troca e a catarse, mas trabalhando sempre com aquilo que é possível. Minhas limitações não são poucas porque, para poder viabilizar os shows financeiramente, não posso levar uma equipe técnica e não levo nem roadie (risos)!
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Teve gente que queria me matar porque não quis seguir a trilha ‘fácil’.
Também não posso levar todos os músicos que eu gostaria e não posso tanta coisa (risos). Fora que as casas menores, invariavelmente, não estão preparadas adequadamente para a demanda de meu tipo de som que é específico. Não é “barulho e gritaria”. Há nuances,
dinâmicas, melodias trabalhadas e letras que precisam ser entendidas. Também não é aquele show “uma voz e um violão”. Há a cultura da esculhambação do “vai assim mesmo de qualquer jeito, foda-se” e isso impera pelas condições dos palcos de porte pequeno/médio Brasil afora (risos). Pheha: Tem como a gente dizer que “Vendo a Mim Mesmo” é o divisor de águas da sua carreira? Sua discografia não é linear e, esse álbum em particular, sempre soa como um ranger de dentes seu, aquela coisa de catalisar energia para o triunfo. Jay: “Vendo a mim mesmo” começou num processo ainda em 2002. Interrompi porque queriam me transformar em algo que eu não era. Abortei a missão original e recomecei do zero, logo os dentes deviam estar rangendo mesmo, tanto de raiva quanto de fome. Teve gente que queria me matar porque não quis seguir a trilha “fácil”. Fui conseguir lançar o cd em 2004, depois de muita batalha e, ainda assim, o cd foi engavetado e não trabalhado pela gravadora. Lembro de gente dizendo que um artista desconhecido não poderia fazer aquela capa, mas eu ignorava completamente tais teorias. Aquilo era exatamente o que eu tinha vontade de expressar. Pheha: Chamar você de “outsider” é “blasé” isso não combina contigo. Tem como te considerar um “bastardo inglório”? Até porque você é um filho da música brasileira, com coração de gladiador, mas que não se rende aos encantos sórdidos da comodidade do so-called “mercado fonográfico”. Jay: Cada vez mais, desconheço e ignoro isso. O mercado fonográfico, para mim, é a lojinha que monto em meus shows e em breve, em meu site. Os nazistas do moribundo mercado fonográfico já estão rendidos, com as suásticas devidamente cravadas nas respectivas testas sebosas, velhas e obtusas. Pheha: Você co-dirigiu “Pode Agradecer” e senti uma pegada Mark Romanek, total catapultando o seu conceito visual pra uma coisa bem menos lírica do que os vídeos de “Nem Tão São”. O roteiro “Pode Agradecer” é seu? Jay: Adoro o Mark Romanek. Sim, o roteiro de “Pode Agradecer” é meu. Aliás, são meus todos os roteiros dos clipes que realizei. As idéias são sempre minhas. Pheha: Os vídeos de “Pode Agradecer” e “Cotidiano de um Casal Feliz” geraram comentários absurdos no seu blog, eras atrás. Gente burra sugeria nuances de misoginia em “Pode Agradecer” e mais outros tantos losers criaram embate religioso por você mencionar a Seicho-No-Ie em “Cotidiano de um Casal Feliz”. Isso te instiga a criar mais e melhor? Jay: Sou indiferente aos comentários estúpidos. Quero saber de ficar satisfeito com o resultado, dentro do que é possível, sempre levando em consideração as limitações de verba que tenho. Adoraria criar e criar para outros clipes, mas, infelizmente, não tenho conseguido grana para realizar outros vídeos. Estive numa produtora com uma ideia para a música “Longe Aqui”. Expus o que eu gostaria de realizar, eles orçaram
e era algo impossível para mim. Não teria como bancar aquilo e, então, alguns meses depois, para meu espanto, a minha ideia tinha sido executada pelos bandidos para outro artista (risos). Então, não faço um clipe desde 2006. Infelizmente, o cd “Formidável Mundo Cão”, de 2007, ficou sem clipe, uma enorme pena. Pheha: Você sempre fala em coletividade quando se refere ao seu trabalho, mesmo sendo um artista solo. Como é logística da sua banda? Vocês somatizam idéias? Jay: Componho sozinho. É um processo absolutamente solitário e preciso que seja assim. É como funciono, meu modus operandi. Penso na canção e, quase sempre, já tenho o caminho delineado para os arranjos. Os músicos que tocam, sempre muito competentes e talentosos, trazem ideias também e muitas são aproveitadas. Pheha: Você se formou no Célia Helena e essa porção ator se limita aos seus vídeos. Depois de “Cazas de Cazuza”, surgiu convite pra outro musical ou para peças e afins? Aliás, já que você escreve bem e se expressa tão nitidamente, não tem vontade de escrever roteiros? Jay: Dou vazão ao lado teatral nos shows, mas, depois do “Cazas”, recebi alguns convites sim, alguns até bem interessantes. Poderia ter trabalhado com Gabriel Vilela e também com Fauzi Arap, mas exigiam de mim um tempo e uma dedicação que eu não estava disposto a dar na época. Obrigado por me considerar assim. Já fui mais ambicioso nesse sentido, mas tenho um musical que venho escrevendo aos poucos. Pheha: Como é se manter no arame, sem pesar a mão e nem se omitir como artista, na MTV, diante dessa “audiência família Restart”? Embora seja um público diferente do seu, não dá a impressão que a emissora desperdiça espaço com quem não tem valor nenhum agregar? Jay: Se a MTV me der um espaço para divulgar meus projetos, ficarei feliz e grato. Se eu não interessar para a programação, tentarei entender que eles atendem desejos de uma audiência específica e, de repente, meu trabalho já não esteja mais inserido nesse universo que julgam interessante para o canal e, tudo bem, compreendo. Pheha: A facilidade do mp3, sem a balela de direitos autorais, ganhou a vazão merecida ou ainda faltam ajustes? No seu caso, existe alguma parte negativa nessa facilidade? Jay: Nenhuma parte negativa. Está tudo certo É a internet que me dá segurança. Sei que sempre terei meu blog/site para poder divulgar o que estou fazendo. Pheha: Porque a música pop no Brasil é sempre fadada ao ridículo? Jay: Nosso pop é a banda Calypso, duplas sertanejas das trevas, Luan Santana, “Chicleteiros”, em geral, e padres nefastos (risos). Mas também tem muita porcaria brega lá fora e muita coisa linda feita por aqui que, se não é pop, talvez seja porque nosso mercado tem outro tamanho.
Pheha: Você é muito feliz com participações nos seus shows, como Paula Marchesini e Isabella Taviani, cantando “Você não me conhece”, em ocasiões diferentes. Recentemente, a vocalista do Luxúria apareceu no seu dvd. Vocais femininos agregam mais valor pras suas composições? Como você escolhe essas parcerias ocasionais? Jay: Já fiz participações com cantores também. Linox, Apoena, entre outros. Minha mãe gravou um cd com minhas composições e convidou várias vozes masculinas que ficaram lindas naqueles arranjos: Jorge Vercillo, Pedro Mariano e Milton Nascimento. Busco belos timbres que possam trazer beleza ao resultado.A Megh Stock, por exemplo, em “Estrela De Um Céu Nublado”, me pareceu perfeita pela capacidade de interpretação que ela possui. Ela é muito versátil e sagaz. A canção pede esse “deboche sutil”, essa coisa delicadamente cáustica, e ela fez isso brilhantemente. Pheha: É uma marca registrada sua contra a maré, rechaçando jabá, produções mal feitas e pseudoartistas-fingidamente-visionários. Você já foi “censurado” por isso? Jay: Sim, já fui censurado, muito prejudicado e boicotado por conta do que escrevo no blog, mas não me arrependo. I’m alive (risos). Pheha: Quanto tempo seu dvd levou para ser preparado? Jay: Fiquei o ano de 2009 inteiro ralando e muito em todas as etapas de um processo que foi árduo sim (risos). A escolha foi minha, a iniciativa foi minha e a decepção por não encontrar um filho da puta que fizesse a parte da divulgação, foi minha também (risos). Pheha: Rotina de shows e ensaios atrapalha seus processos criativos? Jay: Não sei dizer porque nunca estive realmente numa turnê. Sempre faço shows relativamente espaçados e não me atrapalham em nada, a não ser quando dão “preju”. Aí sim me atrapalham, mas é na hora de pagar o condomínio, o plano de saúde e etc (risos). Pheha: Já sei que um cd inédito está sendo pensado. Você já está em estúdio? Jay: O hd já está passeando por aí (risos). Serão 10 músicas inéditas e próprias. Pheha: O Dunga foi ou não infeliz na escalação da seleção? Dá pra chamá-lo de burro ou ser eliminado da Copa foi uma infelicidade que independe dele? Jay: Nesse país todos são técnicos de futebol e quase todos são cantores. Quem é que não “canta” (risos)? Eu não sou técnico de futebol, mas sei que o Dunga deve ter desejado o melhor para a seleção brasileira. Acho que Copa do Mundo passa muito por sorte também. Cruzamento das chaves, erros de arbitragem, penalidades, fatalidades e acasos. O imponderável se faz presente em boa medida. Se Zico não foi campeão mundial com a seleção brasileira, é porque esse trem não tem muita lógica e nem é muito justo. Penso assim. Pheha: Quais sons você tem no i-Pod e o que você tem lido?
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Nosso pop é a banda Calypso, duplas sertanejas das trevas, Luan Santana, “Chicleteiros” em geral e padres nefastos.
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Você não me verá cantando algo como ‘Do Leme ao Pontal, não há nada igual...’ ou ‘Pois bem chegueeei, descobridor dos 7 mares. Bla,bla,bla...’
Jay: Tenho ouvido bastante o “Scratch My Back” do Peter Gabriel. Acho lindo demais, um primor, cheio de momentos arrebatadores. Tenho lido “O Eu profundo e os outros Eus”, de Fernando Pessoa. Pheha: Como compositor, você, invariavelmente, aparece como cronista onipresente que narra o que desperta nojo e antevê desfechos ora trágicos, ora mágicos. "Formidável Mundo Cão" amplifica esse senso de urgência em faixas que misturam sua gana, rasgam suas verdades e, de quebra, desvendam os olhos de quem vê a ignorância como refúgio. Em qual esfera exatamente o álbum se encaixa ou ele é um misto de ambas as ansiedades? Jay: São 4 músicas no álbum com tais características. E são 4 assim, porque no álbum anterior, "Cotidiano de um casal feliz" fez sucesso, e quando mostrei meu material, a gravadora acabou selecionando todas as minhas canções que apresentavam características semelhantes. Topei porque gosto do material e acredito nele. Acontece que é apenas uma faceta de meu trabalho e muitos acabam percebendo como se fosse o todo. Não é. Curiosamente, muitos jornalistas fizeram resenhas sobre meu trabalho abordando apenas essa característica, que definitivamente não é o todo. Me lembro de um jornalista cínico de um importante jornal do RJ, me chamando de "pessimista" em função do discurso dessas canções. "Pessimista"?! Se falo sobre pais que jogam a filha pela janela, sobre filhos que matam os pais na base de pauladas, sobre ídolos que transformam amantes em ração para rotwiellers, sou um cronista de um mundo cão, mas real. Se existe uma característica em meu trabalho, presente desde o primeiro cd, é o fato dele nunca ser "solar". Nunca foi, nunca será. Você não me verá cantando algo como : "Do Leme ao Pontal, não há nada igual...” ou "Pois bem chegueeei, descobridor dos 7 mares. Bla,bla,bla...". Isso não vai rolar porque não sou assim.
relacionados ao acaso. São 10 anos de uma carreira que levo aos trancos e barrancos, com muitas dificuldades, mas muitas alegrias e conquistas também. Sei que já tenho o material do próximo cd e espero conseguir lançá-lo o quanto antes. Pheha: Sua mãe gravou um álbum com composições se sua autoria. Foi uma compilação de músicas que não fizeram parte dos cd's ou canções feitas exclusivamente para que ela
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Pheha: Você estava relendo Bukowski enquanto compunha "Breve Conto do Velho Babão"? Jay: Verdade (risos). Há um pouco de Henry Chinaski na canção, assim como Hugh Hefner, políticos diversos que adoram desfilar com suas piriguetes (risos). Enfim, ele é um retalho de um personagem recorrente. Pheha: Tirando a distância entre "Nem Tão São" e "Vendo a Mim Mesmo", os demais trabalhos têm um gap de 2 anos cada. Esse prazo tem a ver mais a ver com seu processo criativo ou com o respaldo financeiro para conceber os álbuns? Jay: O "Nem tão são" foi gravado em 1999 e só consegui lançar o trabalho no ano seguinte. O "Vendo a mim mesmo" começou em 2002, interrompi o processo, retomei quase um ano depois por dificuldades financeiras e só fui conseguir lançá-lo em 2004. Ainda assim, o lançamento foi abortado e aí, em 2005 veio o "Você não me conhece". O único que começou com uma estratégia de marketing, com um trabalho correto, estava indo muito bem e acabou sendo abreviado por problemas dentro da EMI, que mudou de presidente. Veio o "Formidável Mundo Cão" em 2007 e nada fizeram. Imaginei que um dvd pudesse me catapultar para uma situação mais confortável. O lancei no final do ano passado e nesse primeiro semestre, constatei: ledo engano (risos). Esses períodos estão
Se existe uma característica em meu trabalho presente desde o primeiro cd, é o fato dele nunca ser ‘solar’. Nunca foi, nunca será
cantasse? Vocês decidiram sobre o repertório juntos ou partiu dela escolher as faixas?” Jay: Ela gravou sim e escolheu canções de meu repertório. Foi uma honra. O cd está lindo, com várias participações especiais. As canções ganharam versões em inglês, mas não fiz tais versões, mesmo que eu fale inglês. Não moro no exterior e não me senti apto a fazer algo no nível que tinha que ser. Pheha: Já que suas composições parecem pequenos contos ou crônicas, você pensa em trabalhar num songbook? Caso rolasse, como seria o projeto? Jay: Algumas sim. Penso no songbook e ele trará todas as minhas composições, cifras, letras, fotos e curiosidades. Também penso nisso para depois do próximo cd. Já existe bastante material para justificar a empreitada, e gente interessada também, claro (risos). Pheha: Os festivais brasileiros acabam, invariavelmente, por celebrar música ruim e artistas posers. Essa é uma tendência mundial ou nossos festivais é que são fracos? Jay: Os festivais desejam e precisam de público. Os patrocinadores querem público. Então o line-up acaba sendo constituído pelas atrações que são sinônimo de muito público interessado.A qualidade artística vem em segundo plano. Aliás, em terceiro plano, porque a gravadora por trás, o empresário do artista, os esquemas com as rádios, as "costas quentes", isso tudo é que formata o "segundo plano" (risos).
>DiscoArena Amiguinhos da Pheha, sejam bem vindos ao primeiro ringue musical, uma disputa meramente ficticia onde dois álbuns concorrem a absolutamente nada, demonstrando a total ineficiência de nossos editores a imparcialidade, mas trazendo muita coisa batuta para você ouvir durante o seu cinzendo mês. Ninguém pediu nossa opinião, e sabemos muito bem que gosto é igual cu, cada um tem o seu, mas a expomos assim mesmo porque temos essa coisa meio Nana Gouveia de mostrar as nossas particularidades para todo o Brasil. Na nossa primeira Arena temos de um lado Kele, um negão de tirar o chapéu, daqueles que você não pode dar mole senão ele créu, contra Christina Aguilera, a representante oficial dos latinos no universo das vadias do pop. Não vale da golpe baixo e seja o que Deus quiser!
Christina Aguilera
O pop rendeu-se de vez ao electro. Em 2007. Ap electro com Lady Gaga e Britney Spears, gravar B não foi a ideia mais inteligente da vida de Christina um dos melhores de sua carreira, não surpreend vale-se pela quebra com sua terrível mania de q o quão boa cantora é. “Bionic” vem com nom produção, como Ladytron e M.I.A. Neste disco vo por gritinhos, notas que duram 6 horas pra termi dramáticas como em discos anteriores. Agu simplismo do electro e reduz suas falas. A faix CD, “Elastic Love” e “Glam” são as pérolas do sive, traz uma evidente proposta de ser a vers Mas nem tudo são flores, jovem gafanhoto. equívocos, principalmente nas fracas músicas colabora com o restante do disco, quebrando o tudo. Isso sem contar a vergonha alheia que momentos do álbum, como em “Vanity”, onde ela quando ela resolve forçar uma barra dizendo que beija homens e mulheres, e que todo mund ela. Aguilera, você já é mãe, respeita sua famíli meus ouvidos, francamente!
Kele - The Boxer
- Bionic
pós a massificação do Bionic provavelmente a Aguilera. Seu álbum, de musicalmente, mas querer provar a todos mes de peso na sua ocê não pode esperar inar ou interpretações uilera se entrega ao xa que dá o nome ao disco. A última, inclusão 2010 de “Vogue”. O CD é repleto de lentas, onde ela não o clima e estragando sentimos em alguns a faz uma ode a si, ou que está bem louca, do é piranha, inclusive ia, mulher! E respeite
O vocalista do Bloc Party decidiu entrar na moda da carreira solo e lançou o CD “The Boxer” nas últimas semanas, trazendo um álbum que brilha no eletrônico e foge da mesmice. O mais louvável em sua obra é como ele consegue empregar muito bem uma carga emocional fortíssima em músicas que tinham tudo para ser uma série de composições que passariam desapercebidas. Kele resolve quebrar com seu trabalho anterior, recriando-se e não deixando qualquer rastro de sua passagem pela banda que decepcionou em VMBs anteriores. “The Boxer” é um disco brilhante, com um acabamento fino e um projeto audaz. Destaque para “Everything You Wanted”, que traz uma letra emocionante, arranjos elaborados e um refrão que certamente você vai cantar, se identificar e chorar. “Tenderoni” pede pra você tirar tudo do caminho e dançar louca e desesperadamente como se não existisse amanhã. “Rise” apresenta uma estrutura deliciosa, onde começa como mais uma baladinha e termina de maneira primorosa, com batidas frenéticas e o refrão penetrante e em clima de auto-ajuda entoando “You are stronger than you think” ad infinitum. Destaque também para a faixa que abre o disco, “Walk Tall” que é um ótimo cartão de visitas pro CD, com um beat acelerado e o coração ligado. Disputa ali, nas cabeças, como um dos melhores discos do ano. Ouça “The Boxer” e queira esse homem na sua casa todos os dias gritando que ele é tudo que você sempre quis, tudo que você precisa! Vale conferir o seu primeiro clipe solo, “Everything You Wanted”. Tenha certeza que você vai lembrar de “Nothing Compares 2 U” da Sinead O’Connor. Espere e verás!
PARATY COM CHEIRO DE LIVRO NOVO por Pérola
A
FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty – de 2010, em sua oitava edição, tinha não só a incumbência de destrinchar a obra de Gilberto Freyre, mas, inclusive, comunicar-se diretamente com faixas etárias que nem sempre estão presentes nas mesas centrais do evento. O homenageado, sociólogo e autor do clássico “CasaGrande & Senzala” (de 1933), era tido por muitos, inclusive por mim, como um anti-semita involuntário, ou seja, alguém que mantinha resquícios arcaicos de sua ascendência e, consequentemente, de sua criação superprotetora. Gilberto tinha c u i d a d o s especiais da família que não o considerava normal, uma vez que ele não lia ou escrevia na m e s m a cadência que as demais crianças de sua idade. Estudou nos Estados Unidos, sendo que por lá t a m b é m defendeu sua tese de mestrado e, de quebra, fez parte da Academia de Artes e Ciências de Tel Aviv, onde certamente não seria aceito caso a suspeita anti-semita (mesmo que involuntária) permanecesse. Sua obra é complexa e com muitos desdobramentos antropológicos, dignos de colocar em xeque o conhecimento de qualquer sábio ávido por resoluções. Mas voltemos a começo do evento mais nobre da literatura brasileira. Tudo começou no dia 4 de agosto, quarta-feira, onde, pouco antes das sete da noite, uma pequena horda de manifestantes, dizendo agir em nome da memória de Saramago, tentou evitar que Fernando Henrique Cardoso abrisse o evento. Talvez não tenham entendido que, embora protestar seja
legítimo, posicionamentos políticos não cabem num evento que tem a literatura como sua única finalidade. Iniciada a conferência de abertura, Fernando Henrique, diante da Tenda dos Autores lotada, tratou de esmiuçar não só “CasaGrande & Senzala” e desmistificar Gilberto Freyre. Logo, ficou clara a ideia de que o homenageado da FLIP era um patriarcalista, fruto do meio onde nasceu e cresceu, ou seja, a lavoura, e que, como um homem do campo não digeria facilmente o que destoava de sua paisagem cotidiana. Freyre chamava de “amarelo” quem fosse pálido, franzino e raquítico, tal como Ruy Barbosa e Santos Dummont, não por considerálos inferiores, mas porque, pela aparência frágil, eles dificilmente estariam aptos aos trabalhos braçais. F e r n a n d o Henrique também esclareceu que o autor era naturalmente ambíguo, contudo, não buscava o deslocamento industrial do Nordeste para o Centro-Sul. Explicado o básico acerca de Gilberto Freyre e desfeito o mal-estar que ele eventualmente pudesse despertar, a Festa Literária Internacional de Paraty oficialmente teve início. Na quinta-feira, dia 5 de agosto, ao cair da tarde, surgiu Isabel Allende, tagarela inveterada, autora de “A Casa dos Espíritos” e um dos maiores expoentes latinos no mercado literário. Isabel, entre elucidações sobre ditadura, política e seus métodos de criação, falou sobre sua vida e sua família, como se colocasse cada espectador do evento na sala de sua casa para o lanche da tarde. Intrépida como você não imaginaria uma senhora de meia-idade marcada por mazelas diversas, Isabel é segura ao falar e, maiormente, ao expor-se.
O dia 6 de agosto chegou e, com ele, o ápice da FLIP 2010. Com um ligeiro atraso, Salman Rushdie apareceu para conduzir o melhor debate do evento. Era a segunda passagem de Mr. Rushdie no Brasil, uma vez que a FLIP de 2005 marcou o lançamento mundial do seu “Shalimar, o Equilibrista”. Nesse ano, seu novo rebento em questão era “Luka e o Fogo da Vida”, sendo este um lançamento mundial em solo tupiniquim. O indiano, eleito três vezes (1981, 1993 e 2008) como melhor livro por “Filhos da Meia-Noite” (de 1980) pelo júri do Prêmio Booker, ganhou repercussão mundial quando, de maneira equivocada, seu clássico “Versos Satânicos” (de 1989) despertou a fúria iraniana de Aiatolá Khomeini. Esperava-se que o debate fosse conduzido por Silio Boccanera, mas, por motivos alheios à sua vontade, Salman puxou as rédeas da conversa, uma vez que, visivelmente monotemático, Boccanera questionava sobre os embates político-religiosos com os muçulmanos, como se o autor não tivesse um livro novo para lançar durante o evento. Deixando claro que sua única restrição é contra o fundamentalismo islâmico, Mr. Rushdie cortou o mediador por duas vezes, pediu para somente falar sobre literatura e, assim, dividiu com uma platéia extasiada a premissa de que qualquer pai deve lançar livros que seus filhos tenham vontade de ler. “Luka” narra a história de um filho que, para salvar a vida do pai, deve conseguir o mais inalcançável elemento: o fogo da vida. Nada mais digno de se preceituar. A manhã de Sábado, 7 de agosto, renderia uma saia justa aos espectadores da FLIP. O mediador? Novamente o arrastado Silio Bocannera. O convidado? Terry Eagleton, crítico literário que funde trabalho com sua visão política desfocada e, assim, emite juízos de valor no lugar de avaliações legítimas. Reiterando tal impressão, no dia anterior, Salman Rushdie chamou Eagleton de “mentiroso”, uma vez que o crítico, acusou o indiano de pertencer à direita conservadora americana, ou seja, ao legado de George Bush.
Desnecessário dizer que essa foi a manhã mais longa e enfadonha do evento inteiro. No Domingo, último dia de evento, o homenageado da Festa foi denominado por Peter Burke, professor emérito de Cambridge, em português fluente (aprendido com a esposa brasileira e pesquisadora da referida universidade), como um precursor na arte de preservar nossos conceitos mestiços, repletos de referências e facetas. Contudo, Burke esclareceu que Gilberto Freyre repelia a americanização não por preconceituá-la, mas por acreditar que a cultura nacional continha vertentes ricas demais para se deixar influenciar. Assim sendo, chegava ao fim a oitava edição do evento mais nobre da literatura brasileira, com o saldo de debates incríveis, mesmo contando com mediadores eventualmente perdidos, tendo em pauta o legado de Freyre e sua coexistência com autores de seguimentos opostos, tais como Salman Rushdie, e, mais ainda, a criação da Flipinha e da Flipzona, ramificações da Festa voltadas aos pequenos e já sedentos por cheio de livro novo. A única frustração fica por conta de Ziraldo que declinou o convite para estar na Flipinha por não gostar de diminutivos desmerecedores e, mais ainda, por não ter paciência com oficinas, uma vez que seu maior comprometimento é despertar nas crianças o hábito da leitura. Não obstante, Ziraldo alegou que, caso J.K.Rowling recebesse o mesmo convite, também se sentiria tão ofendida quanto ele. Sem entrar no mérito de Ziraldo ter ou não cabedal para discutir Gilberto Freyre com os demais convidados da FLIP, resta apenas uma dúvida: se o autor acha que diminutivos são ofensivos, porque batizou seu protagonista de maior sucesso de “O Menino MALUQUINHO?”. Talvez seja para parecer mais maroto e dar pinta ao lado de uma piriguete paraguaia na festa da Playboy. Até porque esse público é mais digno e merecedor de oficinas do que crianças que lêem os livros de Ziraldo na escola, não é mesmo?
Com mãos ensanguentadas,
Macbeth meconfiedisse: no destino por Bruno Machado
N
ão sou ator, poucas vezes fui ao teatro. Minhas investidas nos palcos se resumem às experiências, tanta vezes traumáticas, poucas vezes felizes, oferecidas pela vida escolar. Cheguei a adaptar alguns contos , ensaiei uma sofrível transposição de João Cabral de Melo Neto – que numa entrevista, sem saber, deu-me a lição ao dizer que “Morte e vida severina” prescindia de adaptações por ser um texto pronto para ir ao tablado – e nunca tive muita sorte com os papéis para os quais eu era escalado.
Ela, Lady Macbeth, o personagem-quase-mito da dramaturgia mundial, parece ter encontrado sua intérprete brasileira insuperável: Sorrah é uma medusa, uma bruxa, uma Lilith que se esconde no rosto e nas formas lânguidas e trêmulas de uma Eva. Ele, Macbeth, é o homem dividido, aquele que quanto mais lava suas mãos, mais as tem tingidas de rubro – a cor da traição –, não menos impecavelmente encarnado por Dantas. Os protagonistas se completam em cena, ora nas falas e gestos robustos, ora na fragilidade e loucura de que compactuam as personagens.
Nos “Saltimbancos”, colocaram-me as orelhas do jumento; apareceram-me, certa vez, com uma versão musicada de “Alice no País das Maravilhas” no qual eu seria… a porta. Em “A Cartomante” de Machado de Assis, eu era o marido duplamente traído que, no final (habemos spoiler), matava a tiros a esposa e o melhor amigo. O mais triste de tudo: eu assinei o texto, eu ensaiei o grupo e eu dei a mim mesmo tal miserável papel. Mais triste ainda: na cena do assassinato, o revólver de brinquedo decidiu-se a não sair do bolso do imenso paletó a que se obrigava o personagem.
Dantas e Sorrah em cena: a maquinação de um crime O palco, por sua vez, consegue absorver aquilo que de melhor Shakespeare deixou para o teatro. FreireFilho observa bem a lição do inglês e de seus críticos ao montar uma cena despida de tempo, mas que consegue, com desenvoltura, avançar e retroceder na cronologia da vida e dos fatos. Rústico, honesto, o tablado se compõe apenas de quatro mesas que são, ao mesmo tempo, o salão de chá de três distintas senhoras vitorianas (as bruxas irmãs que mostram o futuro a Macbeth), o gabinete do rei (habemos spoiler) assassinado pelo herói-vilão, a alcova de um castelo medieval, a densa floresta na qual espreitam salteadores, e por fim, pequenos palcos nos quais os solilóquios, diálogos e embates adquirem força dentro da grande cena.
Essa introdução é apenas um pretexto para dizer que minha voz será insignificante, talvez desprovida de qualquer conteúdo relevante ou agregador à fortuna crítica da obra de um dos maiores gênios de nossa raça: William Shakespeare. O que é a opinião de um Bruno Machado quando um Harold Bloom ou um Jorge Luís Borges já devassaram a obra do dramaturgo inglês? Que seja; essa será uma opinião leiga e já corrompida pelo imenso talento de Daniel Dantas e Renata Sorrah – o casal Macbeth –, na competente e ágil montagem de Aderbal Freire-Filho que, após apresentações no Rio de Janeiro, acaba de encerrar a temporada no SESC Pinheiros, em São Paulo. Eu poderia tecer intermináveis linhas – das quais nem o meu mais dedicado e paciente leitor conseguiria chegar ao fim com uma ideia geral e plausível do espetáculo – mas prefiro me deter nos detalhes mais importantes, ou que pelo menos, mais me impressionaram.
Destino: bem-feitor ou carrasco? Em “Macbeth”, o tempo e o espaço estão latentes dentro dos próprios atores-personagens que, numa espontânea coreografia, vão moldando a cena nos seus figurinos e adereços às vezes brutos, às vezes modernos. A música, uma única faixa rude e industrial, que a cada execução vai ganhando mais elementos sonoros, por sua vez, além de realçar a atemporalidade do espetáculo e da sua mensagem, alimenta uma progressiva tensão: um crime político está sendo engendrado. E qual é a mensagem que Macbeth nos deixa? Ele é herói ou vilão de sua tragédia? Pois o percurso que esse homem faz, de braços dados com sua lady
diabólica, é traçado por um impiedoso e cruel destino – o mesmo que obrigou Édipo a furar os olhos e Antígona a cometer o suicídio. Não menos ambíguo que o nobre imaginado por Shakespeare é o destino que o guia e o tem como marionete. Ao tomarmos o protagonista como herói, fatalmente, o antagonista passa a ser o seu próprio destino. No entanto, no genial mecanismo criado pelo dramaturgo, tais posições são perfeita e constantemente cambiantes. Assim, o que talvez haja de mais perturbador e instigante nesse texto é a pergunta: Macbeth foi o altivo senhor de seu destino, guiando-o inexoravelmente como quem conduz a embarcação pelo leme ou foi apenas uma vítima, um mero espectador de sua própria tragédia? O que quero perguntar (ou Shakespeare quis perguntar) é: somos sujeitos ou objetos de nossos destinos? Responder a essa questão pode empobrecer uma obra de arquitetura tão intrincada (seja ela o texto teatral ou nossas biografias), de maneira que prefiro simplesmente repetir a pergunta: que lição nos deixa um nobre sanguinário – assassino voraz de quem se impõe em seu caminho –, que perde a razão em nome de uma desenfreada fome pelo poder? A mim, Macbeth ensinou a confiar no futuro. Não confiar numa cigana que me para na rua e pede para ler minha mão; não confiar num charlatão qualquer que diz vislumbrar a sorte na borra do café e trazer de volta a pessoa amada em sete dias – confiar no destino. Seja ele um bem-feitor ou um carrasco, é o títere que nos conduz. Quais serão seus desígnios, seu escrúpulos ou seus planos? – a sondagem é inútil (mas irresistível). Para Macbeth, o destino foi ao mesmo tempo generoso e implacável: permitiu-lhe ler as linhas de um livro que é proibido à maioria dos mortais. Seu futuro – e que reluzente futuro! - já estava escrito, mas o nobre e sua perversa esposa preferiram tomá-lo nas mãos, se certificar da sua concretização. E para isso, sublinharam com sangue as linhas escritas pelo destino. Ao intervir na obra daquilo que lhes governava, cometeram um erro irreversível (habemos spoiler) que lhes custou a sanidade e a vida. Portanto, confia (meio que subserviente) no destino, me disse Macbeth, com as mãos ensanguentadas. Confia no destino quando ele ligar e perguntar “o que você vai fazer essa noite?”; quando a vitória parece certa e – coup de théatre –, o fracasso lhe bate à porta. O descer do pano pode trazer consigo grandes desgraças ou grandes alívios, mas não há como adivinhá-los. Portanto, confie no destino, e não ouse mexer numa vírgula sequer do texto que ele febrilmente maquina em sua oficina. O preço a pagar por isso (inominável ousadia!) pode ser alto demais.
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esde que o mundo é mundo e Bram Stoker, brilhantemente, concebeu o primeiro vampiro romântico da literatura, foram muitos os que tentaram reinventar o conceito de Drácula. A variedade é tanta que até Wes Craven, em 2000, aventurou-se ao apresentar sua versão onde a sombria personagem, na verdade, era Judas sendo amaldiçoado por ter traído Cristo. Claro que há também versões menos imaginativas e mais cômicas, tal como a de Mel Brooks que, em 1995, fez Leslie Nielsen se aventurar na pele do conde sanguinário. Há ainda os vampiros afetados de Anne Rice e até os que se tornam híbridos quando cruzados com lobisomens, como na saga de filmes “Underworld”. Mas é claro que nada supera os intrigantes vampiros biodegradáveis de Stephenie Meyer que, além de brilharem no sol, se reproduzem com humanos e, não obstante, se alimentam, em sua maioria, apenas de animais. Eis que, em meio a pasmaceira de vampiros cintilantes, surge Charlaine Harris, uma interiorana do Mississipi, que resolveu escrever livros sobre seus conterrâneos rednecks e, junto deles, inserir vampiros, lobisomens e mais um punhado de criaturas mitológicas. O resultado disso foi True Blood, série adaptada para a TV americana por Alan Ball e que, contrariando o que se propagou equivocadamente, não é soft-porn vampiresco. A trama se passa na pequena e religiosa Bon Temps que, entre seus curiosos e poucos habitantes, tem a destemida telepata Sookie Stackhouse como garçonete do Merlotte, o bar mais requisitado da região. A moça é irmã mais nova de Jason Stackhouse, sátiro desmiolado, que acredita no Pé Grande, mas tem bom coração e é responsável pela construção de estradas na região. Ambos são netos de Adele Stackhouse, uma velhinha rechonchuda e corada, e por ela são criados desde a morte dos pais num suposto acidente. Enquanto Jason se destaca na vizinhança por seu sex appeal, Sookie é motivo de chacota e, invariavelmente, evitada por quem a considera uma aberração. O clima abafado de Bon Temps, no entanto, torna-se ainda quente mais quando numa noite qualquer Bill Compton aparece no Merlotte para um drink, sendo este, veja bem, uma garrafa de True Blood. Vampiros, tais como humanos, adquiriram direitos civis, uma vez que não são mais considerados tão ameaçadores desde a invenção japonesa do sangue sintético que supre suas necessidades básicas. Obviamente, o encontro de Sookie e Bill gera um romance arrebatador, sendo que ela não o teme como monstro e ele, em contrapartida, não pode ter seus pensamentos lidos pela moça. Contudo, os fios dourados do cabelo de Sookie também são desejados por Sam, um metamorfo dono do
Sangue Bom por Pérola
Merlotte e que, ao longo da história, envolve-se com Tara, a fiel melhor amiga de Sookie, que, entre outros predicados, tem gênio irascível e verborragia constante. Tara é prima de Lafayette, o cozinheiro do Merlotte que, nas horas vagas, ainda trabalha como michê e traficante de várias iguarias. No entanto, a droga mais poderosa e cara do mercado é o V, ou seja, sangue de vampiro que, se consumido por humanos, gera efeitos alucinógenos, aumenta a libido e também multiplica sua força física. Quanto mais antigo for o vampiro, mais forte e caro é o V; quanto mais True Blood o bloodsucker consumir, mais fraco e menos valioso se torna o seu sangue. Tal como entre humanos, há muita politicagem entre os vampiros. A diferença, no entanto, é que cada distrito americano tem seu xerife e este, por sua vez, é nomeado pelos reis e rainhas vampiros dos condados estadunidenses. Um desses xerifes, responsável pela área 5, é o plácido Eric Northman, um antigo viking que, entre outras atividades, lutou na Segunda Guerra Mundial e, quando cansado dos campos de batalha, criou o Fangtasia, casa noturna vampira e que também recebe os humanos que por lá se aventuram. Sem garantir que estes deixem o local vivos ou inteiros, é claro. Eric é um dos vampiros mais antigos da trama, assim como o Magistrado, inquisidor responsável não só por manter seu mundo noturno longe da anarquia, mas, principalmente, caçar e punir vampiros que estejam envolvidos no tráfico de V. Nesse ínterim, a relação de Sookie e Bill ganha contornos complicados, uma vez que Bon Temps se inflama com o romance e, não obstante, a moça cai nas graças de Eric não só por sua telepatia. No enredo, todo vampiro é subordinado a seu criador até que este decida libertá-lo. Aproveitando esse mote, nosso casal central passa a ser infernizado por Lorena, a criadora de Bill por ele rechaçada e que, no pior estilo Glenn Close em “Atração Fatal”, não tolera a rejeição sofrida. Acha que isso é tudo? Então espere só até descobrir que, além de telepatas, vampiros, metaformos e seres mitológicos, lobisomens surgem com seus dorsos nus e peludos, uns caçando Sookie e Bill, outros caindo de amores somente pela garçonete, como é o caso de Alcides. O detalhe curioso é que nossa protagonista, além de escutar pensamentos, se exposta a grandes perigos, consegue se defender – involuntariamente – com raios saídos diretamente das mãos. Não está satisfeito? Então imagine qual será a sua surpresa até descobrir que Sookie, diferentemente de qualquer humano, não pertence a nenhum grupo sanguíneo. Se a Miss Stackhouse é meramente humana ainda não se
sabe, contudo, do que se tem certeza é True Blood é uma das maiores audiências da grade americana e está renovada por, pelo menos, mais uma temporada. Inicialmente, houve quem considerasse a série uma ode aos peitinhos de fora, no entanto, True Blood é um trabalho televisivo dignamente executado, com roteiro engenhoso e direção de arte precisa. O elenco é de fato deslumbrante, com direito a figurinos que salientam rostos e corpos belíssimos e, caso isso seja um problema para você, sintonize no “Show da Fé” diariamente e deleite-se com todas aquelas beldades de pele incrivelmente ruim, dentes amarelados, cabelos deprimentes e, obviamente, diante de tanta feiúra, aquele humor típico do cão chupando manga de boca aberta em noite de Halloween. Sobre a sensualidade presente na trama, uma dica: se humanos – em seu estado normal – têm a libido à flor da pele, imagine um vampiro que, entre outras habilidades, tem a sedução natural como sua maior característica. É por isso que True Blood reúne os maiores referenciais deixados por Bram Stoker: vampiros que viram fuligem em contato com a luz do dia, dotados força e agilidade descomunais, beleza estonteante, vulnerabilidade a prata e madeira, com sexualidade exalando pelos poros e, maiormente, a possibilidade de transformar um humano somente se este beber sangue vampiro suficiente para tal façanha. Drácula inaugurou o dualismo entre o grotesco e o belo, paradigma presente não só no romance de Sookie e Bill, mas, principalmente, na ideia de que um vampiro pode apresentar facetas humanas, independente de quantos litros de sangue humano ou sintético ele consuma no jantar. É importante ressaltar que a trilha sonora pinça verdadeiras pérolas da southern music, passa por clássicos como Bob Dylan e mistura tais referências aos contemporâneos Beck, Ryan Adams, Elvis Costello, Damian Rice e a surpreendente mezzo-rockabilly/ mezzo-diva-soul Imelda May. Desnecessário comentar que Jace Everett e sua “Bad Things”, música-tema da série, já fazem parte do cotidiano de quem se considera vizinho(a) de Bon Temps. Agora, assim como em True Blood se preceitua, do real bad things. No entanto, se você for uma planta com aspirações humanas, recomendo, novamente, o “Show da Fé” como seu companheiro diário. Até porque não custa tentar exorcizar o exu da feiúra e da frigidez antes que você vire pichorra nas mãos de alguma criatura sobrenatural, não é mesmo?
Quando será a vez
?
das artes
por Morgana Mastrianni
C
omecei e parei esse artigo no meio diversas vezes. Algumas porque achava tão difícil alguma coisa mudar que não faria sentido sequer reclamar. Mas como sempre faz sentido reclamar eu voltei. Pensava que as oportunidades estão aí e os artistas é que deveriam se impor mais como parte importante da sociedade. Eu pensava isso até ouvir Cristina Magaldi, pesquisadora brasileira radicada nos EUA, no I Simpósio de Musicologia oferecido pela UFRJ, dizer, referindo-se a ela e outros pesquisadores presentes, “Nós, que somos a elite social e cultural, precisamos perceber que nossas decisões tem implicações históricas”. Ao ser questionada pelos colegas, que se sentiram desconfortáveis com a afirmação, dizendo que essas pessoas não tomam decisões, mas prestam consultoria, ela respondeu “Consultoria que em última análise influencia a decisão. Dizer que porque você sugeriu mas não decidiu significa que não tem poder não é uma realidade.” Essa afirmação traz toda uma nova visão ao atual quadro das artes. Foi a primeira vez que ouvi alguém dizer que todos precisam fazer a sua parte sem significar que o povo deve trabalhar de graça. Ou como aqueles cartazes cara de pau do Metrô Rio dizendo “Se cada um fizer a sua parte, tudo se encaixa”, como resposta às reclamações de superlotação dos poucos carros oferecidos para a linha 2 nos horários de pico. Dessa vez, queria dizer que TODOS precisam contribuir. Que o papel do governo é dar apoio, o das elites é escolher bem no que investir, já que isso é uma ação cultural, e o da sociedade é mostrar que a arte faz falta. Isso é o que mais nos falta no Rio. O descaso com as artes não é novidade no Brasil. Não se sabe mais sobre a primeira ópera brasileira do que o seu título. Está completamente perdida. Outras tem trechos espalhados. Pergunte a Lydio Bandeira de Mello, que encontrou uma pintura premiada sua boiando numa poça d’agua da Cinelândia na remoção da Escola de Belas Artes do seu prédio original durante a ditadura pelo governo militar. Pra quem não conhece, esse prédio ó e Museu de Belas Artes, que foi montado com nosso acervo, deixando para a escola apenas estudos e telas inacabadas. E foi assim que a EBA foi atirada na Ilha do Fundão, ocupando, com todos os seus cursos, três andares da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, e lá permanece até hoje, sem nunca ter ganho um prédio próprio. Na época da implantação do RioCard, as escolas técnicas de arte perderam o passe livre, restringindo seu acesso. O argumento apresentado foi que apenas as escolas que ensinassem matérias “normais” como matemática e física poderiam ter passe livre para seus estudantes. A Escola de Música Villa Lobos, a Escola Estadual de Teatro Martins Penna e a Escola Nacional de Circo foram as instituições afetadas por essa decisão. Hoje temos uma Cidade da Música, que em si já era uma idéia de merda, não a idéia da estrutura em si, pois dizer que uma sala de concertos com 1.800 lugares adaptável para ópera, uma sala secundária com 800 lugares, uma sala de música de câmara com 500, 13 salas de ensaios, 13 salas de aula e 3 salas de cinema reunidas num mesmo
lugar são uma idéia ruim é meio difícil. Porém desestruturar o pólo musical que hoje se encontra no centro do Rio, seria péssimo, já que a Barra da Tijuca não é um lugar de tão fácil acesso e é distante das outras escolas de música. No fim os estudantes de música sofreriam do mesmo mal dos de artes visuais. Por que essa estrutura não poderia ter sido dividida em duas ou três menores e fazer parte da revitalização a zona portuária? Teremos um museu de ciências, um aquário, um novo museu mas não uma nova sala de concerto? Mas o pior dessa história é que nisso já foram gastos R$600 milhões e nada de terminar. Começo a desconfiar de que essa demora é para instalar os explosivos, que serão detonados num dia de casa cheia acabando de vez com o público de música erudita do Rio de Janeiro. Vai ter gente aplaudindo. Aí dizem, ah, mas existe investimento na tecnologia e não nas artes porque elas não dão retorno. Como assim não? Aqueles manés ficam em laboratórios testando coisas que só darão retorno em 30, 50 anos. Enquanto isso as artes estão presentes em cada produto que eles tocam. Tudo que existe teve que ser desenhado por alguém antes. Todos os móveis, garrafas, rótulos, logos, as ilustrações das revistas e das capas dos livros, os quadrinhos nas bancas, tudo. E isso falando só das artes visuais. Como dizer que não dá dinheiro? Dá, o problema é pra onde vai. Porque encontramos empresas roubando ilustrações da internet sem pagar aos artistas, ou fazendo concursos culturais onde estes cedem todos os seus direitos em troca de exposição. O número de mitos e estereótipos relacionados às carreiras artísticas é tão assustador - é absurdo o número de pessoas que acredita em dom divino - que muitos desistem por não conseguir vislumbrar as possibilidades de desdobramento dessas atividades (com o que trabalhar? Como ganhar dinheiro?). Não é que não existam gênios, filhinhos de papai e “escolhidos”, mas os velhos amigos esforço e estudo ainda operam os maiores milagres. Além do simpósio de Musicologia, ocorreu essa semana um Colóquio sobre mercado de arte no Parque Lage, e em dado momento dos dois eventos, foi indispensável a alguns palestrantes dizer “Para onde vão todos os estudantes que se formam semestralmente nas nossas escolas? Como eles serão absorvidos?” Infelizmente, muitos acabam escolhendo sair do país, buscando locais onde são mais valorizados profissionalmente, depois de se cansarem da falta de incentivo. Sem falar que depois de ter desenvolvido carreira lá fora, a recepção aqui é outra. Governantes, quando irão começar a facilitar a nossa vida em vez de atrapalhá-la? A classe artística tem muito a oferecer a essa cidade e ao país. Quando será que essa classe irá experimentar um pouco de respeito e reconhecimento? Quando é que a palavra "artista" deixará de ser relacionada a celebridades que fazem pontas na tv e terá seu significado restituído? O da pessoa que tem na arte o seu trabalho e o seu estudo, estudo de uma vida inteira? Aguardo ansiosa pelo dia em que zelar pelas artes e pela continuidade do seu estudo deixará de ser tarefa de ongs e pessoas isoladas e passará a ser trabalho do governo, das empresas e da sociedade como um todo. Essa responsabilidade precisa ser assumida.
Meu piru em 3D
Murilo Souza
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epois do sucesso retumbante de Avatar 3D de James Cameron, até que demorou um pouco além do esperado para começar a enxurrada de filmes habilitados com a nova tecnologia, uma frente que já vinha sendo explorada pelo Deus diretor Robert Zemeckis em Expresso Polar e Beowulf. O surpreendente (para não dizer irritante) é que os diretores de Hollywood não parecem satisfeitos em lançar filmes em 3D, como também desencavar velharias, enfiar umas gambiarras 3D e relançar. Bom, eu nem me dei ao trabalho de pesquisar muito isto para não me aborrecer, mas espero que seja mentira. No entanto, esta onda toda de 3D está me dando no saco. Nem tanto pelos filmões, já que a ida ao cinema ainda é uma espécie de ritual. O que já me esgotou é essa palhaçada de televisão em 3D. As empresas de televisores estão loucas para fazer uma graninha em cima dos deslumbrados com a tecnologia dos alienígenas azuis. No entanto, se a oferta de filmes em 3D para reprodução doméstica já é escassa, que dirá da programação dos canais? Vamos combinar que se o Britto Jr. já é horroroso em duas dimensões, para que dar mais uma ao desgraçado, só para ele poder ser 50% mais feio? Alguém aí tem vontade de se sentir mais pertinho da Ana Maria Braga logo de manhã? Acho que não. Fora as complicações práticas das quais ninguém se preocupa em informar aos clientes, uma vez que isto interferiria na capacidade dos mesmos em transferir seu suado dinheiro aos bolsos estufados dos fabricantes das Bravias da vida. Por exemplo, sabia que qualquer inclinadinha na cabeça já manda o 3D para a cucuia? Para desfrutar sua TVLCD3DFULLHDFROMHELL no conforto de sua casa, você terá de pôr sua poltrona direitinha em frente ao aparelho e ter postura de bailarina, nada de assistir escornadão no sofá com um saco de Ruffles por cima da pança e um litrão de guaraná entre as pernas. Até porque assistir com o rabo do olho (ou o olho do rabo) também não vai ser uma opção, já que sairá do campo visual permitido pelos óculos especiais. E como ensina a história da humanidade, toda boa invenção acaba sendo usada em algum momento para foder com alguém. A HustlerTV este ano resolveu investir em paródias “adultas” de diversos seriados e filmes famosos, como Twilight, The Office, Glee, True Blood... Nessa esteira de sucesso, foi gerado o imperdível This Ain’t Avatar XXX 3D, que é provavelmente um dos mais caros filmes da história do gênero, uma vez que será totalmente adaptado para o tão aclamado Imax3D. Contando com atores fielmente caracterizados, de pele azulada, rastafaris e plugs neurais USB saindo da nuca, a película promete jorrar todo o vigor e potência da tecnologia 3D direto sobre os espectadores, numa narrativa é-pica. Tudo isto envolto em um clima de muito sexo e sedução.
O que mais detesto nos quadrinhos por Morgana Mastrianni
L
er quadrinhos é muito bom, e aqui na Pheha já demonstramos o quanto apoiamos este saudável hábito que integrou o processo de alfabetização de tantos com os gibis da turminha da Mônica e do Zé Carioca. Conforme se cresce, a exigência em relação ao que se lê aumenta, queremos coisas melhores e mais complicadas, e ficamos muito mais críticos em relação àquilo que estamos lendo. Até porque eles passam a sair do nosso bolso, em vez de serem o presente que a mamãe trouxe voltando do trabalho. E apesar de adorarmos histórias em quadrinhos, tem certas coisas que não dá para engolir.
Couché Deixem-me contar uma história triste: em maio de 2005, a Ediouro lançou no Brasil a hq francesa Aquablue. Essa edição, segundo o review do Universo HQ, fora impressa num papel "um pouco menos nobre que o usual (na verdade, o mesmo utilizado nas revistas Coquetel), mas a impressão e o trabalho gráfico são excelentes. Tudo isso faz com que o preço realmente acessível de R$ 5,90 permita ao público a real possibilidade de tomar contato com esta importante obra dos quadrinhos franceses". Era realmente ótimo: uma boa história de aventura numa edição em conta. Mas infelizmente a editora mudou de idéia e a terceira edição veio no temido papel couché e, o que é pior, com uma impressão desregulada. A revista parecia ter sido lavada com água sanitária. Cheguei a mandar um e-mail reclamando do ocorrido, mas a editora não voltou atrás: o couché persistiu. Na verdade no quarto número a editora pôs um gentil recadinho avisando que a série tinha sete edições mas apenas essas quatro seriam publicadas. Beijo. Um dia entreouvi a resposta para esse questionamento: "Eles não poderiam cobrar esse preço se não fosse o couché..." Afinal qual é a tara com o couché? Sabemos que esse papel vindo diretamente do inferno agrega valor às publicações por ser considerado um papel luxuoso. Luxuoso? Ele fede! Ele reflete a luz! Ele dá dor de cabeça no metrô! Narrativa cagada Sabe quando você abre uma hq, franze as sombrancelhas, aperta os olhos e pensa: "Mas que p..." Pois é, é um desses casos. Se tem um coisa que irrita ao ler uma hq é esbarrar com uma diagramação completamente caótica que precisa de setas para ser compreendida. Setas? Qual foi? Se viu que estava difícil de ler porque não redesenhou a página? Lembrando que esse caso exclui o Chris Ware. Ele pode porque Jimmy Corigan é incrível, nós da PhehaHQ amamos, e porque ele cria um padrão de leitura, não tem a ver com o caos do qual estamos falando aqui.
Pintura Digital doente Acho a pintura digital uma técnica interessante, rica de efeitos e limpa. Porém, algumas vezes, e não é difícil de acontecer, nos deparamos com exemplos de excesso de saturação que faz doer os olhos. Vamos cozinhar essas cores, pessoal. Mas esse não é o único problema, às vezes se soma a isso confusão de pinceladas, texturas bregas e outros efeitos tudo junto misturado. Bons (ou no caso, maus) exemplos: Os tupiniquins Ronin Soul e Victory. Too Much Information! Nosso tio Scott McCloud ensinou muito bem em seu livro Desvendando os Quadrinhos "Crianças, compliquem o texto OU o desenho, please". Infelizmente nem todos conhecem mandamento fundamental da arte sequencial e nos brindam com incríveis confusões visuais. Ex: qualquer história com texto do Alex Ross. Ele trabalha tanto a imagem que se alguém disser mais de uma frase já é confusão visual. Extras Ah, os extras. Há quem ame, mas eu simplesmente não suporto. Não existe nada mais traumático do que pagar caro numa hq que vem em capa dura e depois descobrir que um terço das páginas estão recheadas de extras. Qual é o problema? O problema é que dificilmente eles interessam. Normalmente são curiosidades, rascunhos e textos que ajudam na compreensão da história, ou seja, coisas que você preferiria ver na internet e não pagar caro para ter impresso na sua casa para sempre. Se querem acrescentar um extra interessante, ponham um pôster! Isso sim é legal, não uma página de hq que o autor desenhou aos seis anos com uma caneta bic. Interrupção de títulos Historinha: No meio dos anos 2000, década essa que só termina ano que vem, pra quem não sabe, a frase mais temida por uma parcela considerável dos adolescentes era "alcançou a edição japonesa". Com alguma frequência essa frase assombrou os coitadinhos. Claro que ela não significa (sempre) cancelamento, mas ninguém gosta de esperar uma vida só pra ler um quadrinho. Temos os encadernados Vertigo que mudam de padrão, preço e editora o tempo todo, séries que são canceladas por falta de público e também casos como o do mangá One Piece, que lá fora continuou enquanto aqui necas por longos intervalos. Tudo isso faz com que os fãs se joguem loucamente nos scans porque não querem ser os últimos do planeta a ler as histórias, porque não querem ficar com a coleção incompleta e descaracterizada ou porque se vêem impedidos de colecionar. Tios da editoras, nós só queremos ler quadrinhos. Não dificultem a nossa vida.
Morgana Mastrianni
Lorena Kaz
Murilo Souza
Jussara Nunes
Douglas Lira