Monumentos de amor ao Rio Doce SECULT-ES, 2018 Piatan Lube
Ao contrário dos monumentos construídos de forma a permanecer como objetos constantes, o Monumento aqui instituído é um monumento afetivo, relacional e que permanece inerente a memória afetiva e a identidade cultural das populações que possuem uma íntima relação com o Rio Doce. Este projeto também faz uma crítica à ideia de monumento tradicional enquanto marco territorial rígido, uma arte pública que nem sempre é acolhida no coração do povo. Enquanto proposta sintonizada com a arte contemporânea, Monumentos de Amor ao Rio Doce faz uso de uma materialidade da obra de arte que ousa superar qualquer tentativa comparativa histórica da arte, dando vez a instauração do diálogo e pensamento como matéria prima da criação - práticas engajadas na partilha do processo criativo, no diálogo intuitivo, na comunhão e na coletividade. Ainda em 2018, o projeto também fará intervenções desse tipo na Vila de Regência Augusta, situada na foz do Rio Doce.
A Vila de Regência Augusta recebe o projeto Monumentos de Amor ao Rio Doce Os moradores serão convidados a escreverem cartas para o Rio Doce como forma de manifestarem seu descontentamento com o crime ambiental cometido pela Samarco em 2015 Desta quarta-feira (07) até a próxima segunda-feira (12), em diferentes pontos da Vila de Regência Augusta, em Linhares, serão dispostas mandalas de frutas para serem trocadas por cartas de amor ao Rio Doce. Sob a condução do artista Piatan Lube, essas intervenções fazem parte do projeto Monumento de Amor ao Rio Doce, residência artística que visa dar vazão à memória afetiva das comunidades ribeirinhas que foram impactadas pelo crime ambiental de 2015. Ao longo desses dias, Piatan irá interagir com os moradores para que eles explicitem por meio de cartas os laços afetivos que eles possuem com a biodiversidade das margens e do estuário do Rio Doce. Essa iniciativa já teve um primeira etapa realizada em julho deste ano em Baixo Guandu, município capixaba também situado às margens do Rio Doce e que faz divisa com Minas Gerais, onde recolheu cerca de 200 cartas. Com essas ações, o projeto Monumentos de Amor ao Rio Doce tem registrado os sentimento de nostalgia e de uma sensação de saudade intensa por parte dos trabalhadores e comunidades ribeirinhas.
Baixo Guandu recebe intervenções do projeto Monumentos de Amor ao Rio Doce Os moradores serão convidados a escreverem cartas de amor dedicadas ao Rio Doce como forma de manifestarem seu descontentamento com o crime ambiental cometido pela Samarco em 2015 Em uma época de diálogos instantâneos por meio de textos ou de imagem e som, corresponder-se afetivamente por meio de cartas parece ser algo ultrapassado e nostálgico. E é justamente esse sentimento de nostalgia ou de uma sensação de saudade intensa por um ente querido que o projeto Monumentos de Amor ao Rio Doce pretende registrar por meio de suas ações. Sob a condução do artista Piatan Lube, essa iniciativa realizará intervenções urbanas que consistem em mandalas de frutas para serem trocadas por cartas de amor dedicadas ao Rio Doce. A proposta quer dar vasão à memória afetiva comunitária, materializar nos escritos os laços afetivos que os habitantes das margens do rio têm com a biodiversidade e explicitar como essas comunidades ribeirinhas foram impactadas pelo crime ambiental de 2015. De terça-feira (17) até domingo (22), quatro mandalas de frutas serão dispostas em diferentes pontos da cidade Baixo Guandu, localizada no Centro-Oeste Capixaba e às margens do Rio Doce. Ao longo desses dias, os moradores locais serão mobilizados, especialmente por meio de organizações comunitárias e de trabalhadores com relação direta como o rio, como pescadores e agricultores, para atenderem ao convite “Leve uma fruta e deixe uma carta de amor ao rio doce”.
Aimores (MG), ResidĂŞncia artĂstica julho de 2018
Mascarenhas, ResidĂŞncia artĂstica julho de 2018