Piatan Lube|26 anos EspĂrito Santo- Brasil Viana 2012
Entre - Saudades e Guerrilha Edital 11 SECULT-ES|2011 Edital arte e Patrimônio 2009/MINC-IPHAN- Paço Imperial RJ
Caminho das águas Florianópolis SC/Vitória ES
8ª Bienal do mar/Vitoria - ES Projeto “Caminho Das águas” Exposição individual:
Caminho das águas capela Santa Luzia cidade alta- 2010 - Vitória ES Renascente: Galeria de Arte Casarão 2012-Viana-ES
Exposições coletivas: Quanto mais arte melhor 2007/02-UFES Ócio e ofício 2008/01- UFES Deslocamentos-in-território Galeria de arte e pesquisa da UFES “2008/02 Transcendências: Palácio Anchieta- Vitoria – ES. Obra prospecções 2010-1011
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Inicio esse texto com uma lembrança de meu filho Henrique no ano de 2002 aos doze anos. Depois de uma caminhada que fazíamos diariamente pelo bairro, fomos matar a sede e nesse dia em especial antes de virar o copo com o precioso liquido ele disse em voz alta as seguintes palavras: - Esta água que já foi rio, geleira, nuvem, mar e xixi de muitos bichos agora vão para dentro de mim. Fiquei com essa imagem como um presente, algo que mesmo de forma ingênua afirmava uma relação que estamos sempre esquecendo que as diversas matérias desse planeta possuem seus ciclos, seus percursos sobre a terra e se renovam sempre como matéria simbólica quando atentamos para o fato de que sobre elas o tempo age construindo às vezes de forma irrecuperável sua historia. A memória da água, esse talvez seja o tema, a lógica de tudo que estamos vendo a volta, as plantas que Piatan Lube propôs como ligadura entre o humano e este elemento vital como determinação de um lugar. A partir destes implantes ao considerarmos quatros fontes então quatro lugares preferem afirmar que estes se fazem compor num mesmo lugar, a fonte onde floresce a origem dessa ideia. Tão fluido quanto água é o pensamento que é capaz de estruturar arquiteturas dentro de uma racionalidade previsível e ao mesmo tempo não manter-se sempre no mesmo leito, assim como um rio vai encontrando os obstáculos com os quais redesenha sempre suas margens. Vamos recordar a guerrilha que foi o inicio desse projeto de residência que tinha tão certo como meta a interferência na paisagem de Viana. Assim como um rio as águas/pensamento foram alterando seu curso, encontrando outras vazantes. Na sala de vídeos podemos flagrar estes instantes, ali o processo da obra torna a obra em si, leito alterado, olhar deslocado da paisagem da sua forma convencional de horizonte para uma busca da intimidade de um olhar obliquo sobre a superfície da água brotando da terra num fluxo tão singelo, mas potente o suficiente para alterar de forma irreversível o entorno. Nessa matéria flui nossa experiência no inconsciente, recolhemos
com cuidado na palma da mão uma porção dessas memórias quando encontramos com os proprietários destas terras, na lida diária com esse elemento reconfiguramos sua dimensão simbólica, agora no trato da terra na extensão desses veios, na forma de uma artéria que sustenta cada sitiante, sua fixação no lugar. Estas relações renascentes buscam dar a memória o frescor das fontes. O ciclo prossegue e as águas encontram seus continentes dentro e fora das famílias ali reunidas, então é o afeto que se mostra produzindo sentidos, nomina seu lugar. As plantas ainda imberbes são fixadas ao solo na esperança que venham a fazer parte desses guardiões num futuro, protetores daquela que os alimenta numa troca favorável que envolve a memória dentro deste gesto, eu te alimento você me alimenta numa troca incessante de fluidos. A obra não trata do replantio destas áreas, mas o que nesta vivência transcende a função destas futuras arvore, o plantio real dá-se na troca entre os seres envolvidos na tarefa de juntos mentalmente construir esta nova hidrografia sentimental, na relação com o espaço agora constituído em lugar construído no ciclo do habitar”.
Renascente - A memória da água. Julio Tigre 2012
Nos territórios Viana, Birirícas, Peixe Verde, Piapitangui, Jatitá, subsequentes de
intervenção artística, que se consolidam no plantio de 3000 mudas de árvores nativas no entorno de nascentes: que se encontram nas áreas rurais limítrofes do município de Viana: criando um plano de ação em Quatro NASCENTES, olhos d’águas, origem da idade primeira do mundo, afluentes de vários rios que cortam o território explorado pela obra tendo a região é a matéria de criação desta guerrilha artística. São dispositivos humanizadores do corpo da obra que são, por tanto Esculturas Sociais. Construídas com as famílias da região (voluntários, amigos, ativistas, artistas) Três intervenções foram realizadas com o plantio de 2000 árvores nativas em volta dos olhos d’água (rememória da vivência dentro do espaço
expositivo) paisagens afetivas, comunicadas a mim no convívio e na crença de construção de obra de arte. E o quarto elemento virou fonte.
Técnicas- Deslocamento | cultivo| Instalação- áudio Visual
Trata-se de uma instalação artística. Que desloca para dentro do espaço expositivo uma manilha cultiva na superfície musgos retirados de grotas d’águas , do entorno de Viana quando nas investidas do projeto de intervenção. Grotas d’ água: Normalmente lugares onde tenha uma umidade alta,e águas passando.Musgo um indicador de vida e nutriente daquele território qualidade de vida. Com a negativa do projeto pirmeiro ouve a necessidade de se fazer uma instalação expositiva, ou uma nova forma de ocupação do espaço galeria. Imediatamente o ir às nascentes, foi uma movimentos de duas mãos. Intervenção externa brotaria o contato cá na residência. elo já de marcado para a continuidade da poética. Mapeamento de uma memória afetiva. Na ação da galeria que já fora casa, sapataria, mercearia entre tantas importâncias para a cidade, este símbolo fora se mistificando ao imaginar a possibilidades do aterros que assolara a área em que a galeria esta inserida, um relato de fonte desconhecida anuncia a construção da galeria sobre um lago numa área baixa e pantanosa do vale onde a cidade se construiu. A água fora o elemento mais evidência em elementos de primores para manuseio poético nesta intervenção. Logo um poço artesiano fora esquematizado para dar visibilidade a estas paisagens subterrâneas
Instalação fotográfica nas portas do primeiro piso da galeria Casarão.A proposta original era abrir tais portas deixando o ar e as pessoas circularem no espaço expositivo, vedado também pelos seus coordenadores, limitamos nossa ação ao comum da artes, a simulação.
Enterramento. Liberação do território para ação artística implementada em pareceria com o Instituto Tomie Ohtake, que realizou nesta data um curso de arte contemporânea . São 14 pinturas e duas esculturas e um livro, objetos enterrados na criação do site territografias.
Rubi Maya- 2010 Vitoria ES No presente oportunidade de proposta sobre o “caminho das águas” é redimensionada a abarcar tanto a capital de Vitória como de Florianópolis. Cria-se uma inter-relação que joga com duas realidades similares, porém singulares. Nas linhas deste dispositivo, vemos como possibilidade de produção de agenciamentos dos mais diversos. Este além de comunicarem um contorno de ilha que pouco se assemelha a dos anos atrás coloca em questão a invenção de outras cartografias sobre as cidades. Esta percebida num sentido macro por um contexto da fluidez das águas que perderam seu lugar nos últimos anos e micro pelos diversos encontros que foram se constituindo ao longo da sua constituição de pintura-linha-território. Ativação de falas emudecidas pelo tempo. Temos uma nova orientação: captura demarcada a ser explorada, percorrida, sentida, narrada. Afetos que ganharam passagem. Nosso lugar de habitante sedentário perde lugar para a retomada do nomadismo. Percorrer esta linha é partir em busca de saber sobre o mar, a cidade, o tempo, sobre tudo aquilo que estamos deixando de ser. “A fluidez é provavelmente o fenômeno mais característico dos líquidos” e é desta forma que somos acionados a estes espaços... Caminhantes a seguir por uma cidade que se desmancha sobre si mesma, flui e vive. “E quando falo em fluidez, penso não apenas na fluidez mecânica, ou seja, nos deslocamentos”, mas nas inúmeras possibilidades de dissolução que remetem a outras vias de acesso as ideias de transformações e mudanças na forma de operar com a vida. (JÚNIOR 2006, p. 159). Trazendo a Arte para nossa história aos saltos as turbulências, a que nos remeteria hoje uma criação artística que urge pelas ruas, pela diversidade, pelos encontros e que sai em busca dos possíveis? A que estas experimentações em constante processo disparam em nossas vidas? Caminho das Águas convoca justamente formas outras de pensar nossas posses sobre mundo. Há como disparador, sobretudo a invenção de uma nova cartografia. Dizemos então, de uma linha que não cabe mais em sua horizontalidade, mas que justamente pelo vento que faz soprar, faz formar ondas que vão de encontro ao jogo de forças que habitam a cidade, sua população e sua memória. Sua ação se desloca por variações, ora se encontra na restauração do sentido histórico e patrimonial, ora faz arrancar gritos legítimos de um mar furioso que teve seus espaços invadidos. Ecos de Iemanjá. Somos então forçados a pensar, que os habitantes da cidade são também como os “humanos demasiado humanos” , espíritos livres, que habitam em total inter-relação com a terra, o mar, as pedras, o céu, os morros, as casas, os prédios e todas as possíveis “coisas” que formam nossas composições de convívio. Sendo assim, como viver junto? Ao dispor a ação Caminho das águas, neste ensaio, surge a problematizarão que faz apelo a esta escrita. Ao operarmos com novas estéticas pelas cidades, na produção e criação de Arte em espaços e contextos urbanos estaríamos compondo outras possibilidades de ativação em nossos corpos de habitantes, o atravessamento das intensidades e transformações sobre vivido? Seria possível pensar no despertar de olhares mais transversalizados, através da potência destes dispositivos que transformam o “comum” da cidade em poética? Sair de certa anestesia para a proposição de novos paradigmas? Humano Demasiado Humano. Referência à Nietzsche. Temática da 27° Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
Com Caminho das águas, Piatan Lube dá à memória a forma discreta de uma linha contínua de um azul-claro bem vive pintada sobre o chão, com trinta centímetros de largura: os limites originais da cidade, as beiras naturais da terra e do mar. Quem hoje sabe disso? Pergunta o artista. Aterramos o mar com a mesma inevitabilidade com que sepultamos nossos heróis, nossos traidores, nossos antepassados mais anônimos, enfim, as vozes e feitos daqueles que nos precederam, tenham sido eles dignos ou não, pouco importa. Recobrimos o território, ampliamos o nosso chão, aproveitamos a docilidade dos mangues e braços internos de mar para transformá-los em calhas funcionais, sem ao menos extrair a lição de que tudo isso serviu a propósitos mutáveis como o tempo, como nós mesmos. Andamos por nossa cidade sem a consciência das outras cidades que jazem adormecidas debaixo dela. Ignoramos todo o enorme trabalho despendido, toda a carga de desejos que animou todas essas modificações sem que com isso percebamos que estamos nos condenando a sermos igualmente descartados.
Traços da intervenção Vitória-ES Arte e patrimônio 2009
Edificada no século XVI, na Cidade Alta, em pedra e cal de ostra sobre rocha, possui traços arquitetônicos em estilo colonial, e frontão e altar barrocos. É a Igreja mais antiga da cidade e foi a capela particular da fazenda de Duarte Lemos. Segundo consta, Lemos teria mandado construí-la em suas terras para incentivar a devoção e aprimorar a educação de seus familiares e escravos. Além da capela, a fazenda estaria constituída de uma residência, um engenho de açúcar e um quitungo para fazer farinha; um conjunto expressivo, se considerada a brevidade da estadia de Duarte Lemos na capitania, já que em 1550 ele retorna à Bahia, de onde viera. Assim percebo o espaço fisico que transborda de memoria afetiva , um espaço fisicamente posicionado a ponto de ver estática ali no alto da cidade alta toda a transformação da cidade hoje abriga a prospecção e os diálogos possíveis sobre memória ilha e obra.
Clipping:Projeto Cainho das รกguas