Aborto - Atrás das portas

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Atrás das portas Jornal PIBIC IFG—Senador Canedo—GO | Abril—2016 N° 01

Aborto


Atrás das portas

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Vamos falar de aborto! Neste texto não venho dizer se o aborto é certo ou errado, mas sim, discutir qual o efeito deste em nossa sociedade. Sabemos que aborto é a interrupção da gravidez, ou seja, a expulsão prematura do feto. Este pode ser induzido ou expontâneo. Por ser proibido em nossa constituição que defende o direito à vida (exceto em casos de estupro, anencéfalos e risco de vida à gestante) , o aborto é realizado ilegalmente por mulheres que procuram clínicas clandestinas ou tomam rémedios por conta própria para abortar, trazendo risco à sua vida. Por ser realizado desta forma, clandestinamente, em nosso país, não se sabe precisamente o número de mulheres que realizam este processo, todavia se sabe que é realizado. Trago agora ao texto o termo de biopolítica, utilizado por Michel Foucalt. A biopolítica tem como alvo o conjunto dos indivíduos, a população, sendo um suporte de regulação e estatísticas dos processos biológicos, como o nascimento, taxa de mortalidade, etc. E não será o aborto uma forma de biopolítica, já que é uma regulação a sua proibição ou não? O biológico reflete-se no político. O que falta em nossa sociedade é a discussão e a informação sobre este assunto, que, apesar de estar presente em nossa sociedade, é pouco discutido. E mesmo sendo proibido não podemos ignorar o fato de que o aborto ocorre e está presente entre nossos convívios e que milhares de mulheres morrem, e se não morrem, ficam com sequelas para o resto da vida. Parece algo tão distante da nossa realidade, contudo está mais perto do que

imaginamos. Mulheres recorrem ao aborto por diversos motivos, seja por problemas financeiros, por imposição de seu cônjuge, pressões familiares, de instituições religiosas, e entre mil outros motivos. Aborto se discute sim! Não há necessidade de mais mulheres morrerem para tomarmos alguma decisão. “Aborto é um processo dolorido, clandestino, muitas vezes repleto de culpa e julgamento e que envolve riscos e traumas físicos e psicológicos à mulher.” Devemos refletir a respeito e agir conscientemente e não reforçar os préconceitos que existem em nossa sociedade, ignorar não vai fazer com que um problema se resolva. Como seres racionais e pensantes que somos, dialogar e refletir sobre este assunto talvez seja a melhor saída, é claro, sempre respeitando as diversas opiniões que existem acerca deste, o que é essencial. Gabriella Rodrigues


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PRINCIPAIS MOTIVAÇÕES E DADOS ESTATÍSTICOS DO ABORTO Existem várias motivos para uma mulher optar pela realização do aborto. Pesquisas realizadas nos EUA, com 1.209 mulheres, em onze grandes clínicas abortivas, apontaram como motivações para o aborto (dadas pelas próprias mulheres) as seguintes razões:

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27% Não estou pronta para ter uma criança;

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21% Não tenho condições financeiras;

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13% Não quero ser mãe solteira;

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11% Não sou madura o suficiente para cuidar de uma criança;

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1,0% Um bebê iria interferir na minha carreira/ educação;

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1,5% Eu não quero que os outros saibam que eu tive relações sexuais;

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1,5% Meu(s) pais/ namorado querem que eu aborte;

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5,0% Problemas de saúde;

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1,0% Sou vítima de estupro ou incesto;

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9,0% Outras razões.

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Consequência de abortos clandestinos 

Insuficiência do colo uterino, favorecendo abortos sucessivos;

Infecção e obstrução das trompas, causando esterilidade;

Perigo de lesão no intestino, bexiga e trompas;

Necessidade de transfusão de sangue;

Possibilidade de morte da gestante;

Infecções graves por causa da presença de corpo estranho;

Ablação do útero, se a hemorragia não for estancada;

Entre outras.

Samilla Alves Fonte: https://jus.com.br/artigos/18658/ aborto-causas-consequencias-e-alternativas


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MICROCEFALIA VS ABORTO Abortar ou não?

Atualmente, com os surtos de Zika, reacendeu-se as discussões referentes ao aborto devido à anomalia cerebral denominada por microcefalia. Esta, supostamente relacionada com o vírus Zika é transmitida pelo mosquito A edes aegypti, oriundo do Egito, na África.

microcefalia no bebê.

A relação entre o Zika e a microcefalia não é totalmente conhecida. A hipótese aceita é de que o vírus ao ser ‘protegido’ pelo sistema imune pode atravessar a barreira placentária, chegando ao bebê.

Um braço de direitos humanos da ONU (Organização Internacional das Nações Unidas) chegou a pedir que países afetados pelo vírus considerassem esse direito das mulheres de interromper a gravidez. O aborto, mesmo diante deste vírus, foi rechaçado e considerado um “mal absoluto” pelo papa Francisco, que admitiu, porém a hipótese do uso de métodos contraceptivos.

A microcefalia é uma má-formação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Ela pode ter diferentes origens, como substâncias químicas, radiação e agentes biológicos (infecciosos), como bactérias e vírus, sendo um deles o Zika vírus. A população brasileira, marjoritariamente, considera que as mulheres infectadas pelo vírus Zika não deveriam ter o direito de abortar , mesmo que confirmada a

Segundo uma pesquisa do Datafolha, 58% das pessoas acham que as grávidas que tiveram Zika não deveriam ter a opção de interromper a gravidez, contra 32% que defendem esse direito, enquanto os outros 10% não tem uma opinião formada.

Apesar da desaprovação da maioria da população ao direito de interromper a gravidez diante do Zika e da microcefalia, os índices são inferiores aos de pesquisa Datafolha, de novembro do ano passado, sobre a legislação do aborto de modo geral, sem estar relacionado à essa doença. Na ocasião, 67% defendiam manter a punição à prática, contra 16% que eram favoráveis à ampliação do aborto legal para mais situações e 11% que defendiam a prática em qualquer hipótese. Thainá O. de Sena Fonte: http://www.tuasaude.com/zika-virus -pode-causar-microcefalia/


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Microcefalia, aborto e a disputa política sobre a deficiência

Uma reflexão sobre a linguagem e o modo como as pessoas com deficiência são significadas pelo discurso.

Diante do ressurgimento do debate sobre a autorização do aborto em razão das informações nebulosas sobre a ligação do Zika vírus com a microcefalia, é importante pensarrmos sobre alguns sentidos que estão por trás dessa questão. Apesar de a microcefalia ser uma deficiência, ela vem sendo tratada , silenciosamente, como uma doença. No entanto, quando se associa a microcefalia à necessidade do aborto, porque ela seria “incurável”, esse dizer produz alguns efeitos, entre eles o de que a deficiência é algo que deve ser evitado e até combatido, como se as pessoas com microcefalia, ou com qualquer outra má formação, fossem a própria deficiência; como se as crianças com microcefalia

tivessem dado errado, num suposto mundo que abriga as pessoas que “deram certo”. Para pensarmos sobre o modo como as pessoas com deficiência são representadas é muito importante interrogarmos, afinal: o que significa alguém com deficiência? Não se trata de uma tarefa fácil, uma vez que ter ou não deficiência se apresenta como uma questão óbvia. Mas, seria tão evidente assim? Se pensarmos no que constitui o sujeito, chegaremos à linguagem, isto quer dizer que a pessoa com deficiência não é o que ela é em si, porque esse “em si” é uma falsa questão, mas o que se diz sobre a pessoa com deficiência , ou seja, como ela é compreendida.

Para ficar mais claro, podemos pensar na posição aluno. Ninguém nasce aluno, mas torna-se aluno. Do mesmo modo, uma pessoa não nasce com deficiência, mas se torna , num processo de significação e identificação, em que participam o Estado, a medicina, a mídia etc. Em outras palavras: não existe a deficiência em si, mas um processo linguístico sobre o que é a deficiência.

Fonte: http:// www.cartacapital/ aborto-microcefaliadeficiencia.htlm


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Algumas opiniões “Eu sou contra aborto, porque no momento em que a mulher engravida já existe uma vida. Não interessa se ela está grávida há uma ou duas semanas. Há muitos meios para prevenir uma gravidez.” - Sílvia Sander da Silva, 54 anos, dona de casa _____________________________________ “Eu sou contra em casos de irresponsabilidade, de gravidez indesejada. A partir do momento em que você teve relação sexual, precisa arcar com as consequências. Em caso de estupro, eu sou a favor, porque a pessoa violentada não tem culpa da consequência do ato. Em outros casos, sou contra o aborto como alternativa.” - Fabiano Machado, 24 anos, estudante de física _____________________________________ “Eu sou contra o aborto , porque acho que só Deus tem o direito de impedir que alguém possa nascer.” - Janete Ferreira, 42 anos, artesã _____________________________________ “Cada caso precisa ser estudado individualmente. É necessário uma política de educação de prevenção da gravidez indesejada. A população de baixa renda, que não tem acesso à educação ou a uma saúde pública de qualidade, deve ser informada sobre como prevenir a gravidez indesejada e ser instruída a ter um planejamento familiar. Cada caso deve ser avaliado com cuidado e respeito, pensando nas condições psicológicas, econômicas e de saúde. O aborto não deve ser usado como método contraceptivo.” - Janaína Antunes, 32 anos, estudante de psicologia

“Eu tinha 19 anos e trabalhava em casa de família. Lá eu conheci meu primeiro namorado e engravidei. Ele não quis saber da criança. Eu sabia que a dona da casa onde eu trabalhava iria me demitir e que minha mãe não iria deixar eu voltar para casa grávida. Desde o começo, eu sabia que não dava para ter um filho assim. Pedi ajuda, então, para a dona da casa onde eu trabalhava. Ela me levou a um médico, que me receitou um abortivo. Disse que era para eu tomar e ficar trancada no quarto sem sair porque podia doer. Assim que cheguei em casa eu tomei. Tive uma cólica forte. Eu nunca me arrependi, porque não iria poder criar aquele filho, que seria mais uma criança triste no mundo.” - Tereza, 63 anos, aposentada _____________________________________ “É fácil proibir o abortamento, enquanto esperamos o consenso de todos os brasileiros a respeito do instante em que a alma se instala num agrupamento de células embrionárias, quando quem está morrendo são as filhas dos outros. Os legisladores precisam abandonar a imobilidade e encarar o aborto como um problema de saúde pública, que exige solução urgente.” - Dr. Dráuzio Varella


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