REVISTA Nยบ3 2015
Uma edição de:
Idealização e conceção gráfica: Amália Souto de Miranda Departamento de Comunicação e Marketing Imagem de capa: Viana do Castelo - Cidade, Rio Lima e Mar. Autor: Alexandre Parente - Vencedor do concurso Call for Sketches promovido pela PLANEAR. As restantes imagens são da autoria dos respetivos colaboradores. Porto, Março 2015
A equipa da PLANEAR
EDITORIAL É com grande sentimento de satisfação e dedicação que publicamos a terceira edição da revista semestral da PLANEAR - Núcleo de Arquitetura Paisagista do Porto, fruto de um esforço conjunto da nossa jovem equipa. Abrimos esta edição com a colaboração da Prof. Dr.a Teresa Andresen ao redigir uma nota biográfica sobre o Arquiteto Paisagista Ilídio de Araújo, uma das maiores figuras da Arquitetura Paisagista a nível nacional. Contamos ainda com testemunhos e uma breve visão sobre os eventos que ocorreram na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, nomeadamente a conferência anual do ECLAS 2015 intitulada “LANDSCAPE: A Place of Cultivation” e as 6as Jornadas AP.UP com o tema “Novos Caminhos... Novas Paisagens”. Do Equador e de Massachussetts chegam-nos relatos de uma experiência nas vozes das Arquitetas Paisagistas Ana Sofia Teles, Beatriz Castiglione e Ana Panoias que se aventuraram em continente Americano à procura de novas vivências. Descubra também vinda da Europa a experiência de um estágio no atelier VOGT em Zurique na Suíça relatado por Amália Miranda. Ainda nesta edição poderá ficar a par do novo Plano de Estrutura para a Frente Marítima do Porto, proposta apresentada pelos Arquitetos Paisagistas Marta Seabra e Rodrigo Barbosa que integraram a equipa vencedora do concurso público internacional promovido pelas Águas do Porto em Abril de 2014. Na edição deste ano do Prémio Jovem Arquiteto Paisagista foi atribuída uma Menção Honrosa, na categoria “Estudantes” a um projeto de Vítor Monteiro, Gustavo Silva, Igor Domingues, José Pedro Tavares e Paulina Piernik, estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Em Maio de 2015 é de salientar o Congresso World Urban Parks 2015 e 9º Congresso Ibero-Americano de Parques e Jardins Públicos - PARJAP Portugal 2015, com o tema “Parques e Jardins Inteligentes” a decorrer na Expolima - Ponte de Lima. Gostaria de agradecer, em nome de toda a equipa responsável por este projeto, a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para que este fosse possível de concretizar e aproveitar para convidar todos os interessados a participarem do mesmo. Carlos Dias, Presidente da Direção
COLABORADORES Teresa Andresen
Doutorada em Ciências Aplicadas ao Ambiente em 1992 pela Universidade de Aveiro, tendo concluído o curso de Engenheiro Agrónomo em 1982 e posteriormente o mestrado em Arquitetura Paisagista em 1994 pela Universidade de Massachussetts nos EUA, dedicou grande parte da sua carreira profissional ao ensino e investigação na área de atuação da Arquitetura Paisagista e Planeamento Regional e Urbano.
Ana Rita Lima
Arquiteta Paisagista, Licenciada e Mestre pela FCUP em 2013. Fez o seu estágio académico na GAIURB, Urbanismo e habitação EM, empresa municipal de Vila Nova de Gaia, onde estudou “O Património das Quintas do Centro Histórico de Gaia”. É actualmente Presidente da Mesa de Assembleia da PLANEAR.
João Archer
24 anos, a frequentar o primeiro ano do mestrado em Arquitetura Paisagista da FCUP e parte integrante do conselho fiscal da PLANEAR. Em 2013 fez um período de estudos na Holanda, na VHL University of Applied Sciences, ao abrigo do programa Erasmus.
Ana Panoias
22 anos, licenciada em Arquitetura Paisagista na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro em 2014. Desde Setembro de 2014 vive em Cambridge, Massachusetts e está atualmente a estagiar no gabinete Ground Inc em Somerville, Massachusetts.
Duarte Malho
26 anos, mestre em Arquitetura Paisagista pela FCUP em 2014, Tesoureiro da Planear (2011/2013) e Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Planear desde 2013 . Foi estagiário na GTL Landschaftsarchitekten em 2014. Atualmente trabalha como freelancer.
Ana Sofia Teles
24 anos, licenciada e mestre em Arquitetura Paisagista pela FCUP em 2014. Atualmente é Arquiteta Paisagista na Gustavo Gonzaléz & Asociados e Secretária da PLANEAR desde 2013. Realizou o estágio curricular na Câmara Municipal de Oeiras em 2013/2014 e na Câmara Municipal de Roterdão em 2012.
Beatriz Castiglione
Licenciada e mestre em Arquitetura Paisagista pela FCUP em 2013. Em 2014 foi bolseira de investigação pelo CIBIO e atualmente trabalha como Arquiteta Paisagista na empresa Gustavo Gonzáles & Asociados.
Marta Seabra
Licenciada e mestre em Arquitetura Paisagista pela FCUP no ano de 2013, conta com um período de estágio académico na cidade de Amesterdão no atelier Bureau B+B. Em 2013 vence o Prémio Jovem Arquiteto Paisagista na categoria de estudante. Atualmente colabora com o atelier Apload – Arquitectura Paisagista, Lda.
Rodrigo Barbosa
Arquiteto Paisagista, 25 anos, atualmente em estágio profissional na empresa Apload – Arquitectura Paisagista, Lda. Obteve o grau de Licenciado em 2011, e concluiu o Mestrado em Arquitetura Paisagista em 2013, tendo realizado o estágio curricular no atelier Breimann&Bruun, em Hamburgo, Alemanha.
Amália Miranda
Concluiu em 2014 o Mestrado em Arquitetura Paisagista na FCUP, tendo durante o mesmo realizado Erasmus na escola Van Hall Larenstein na Holanda. Quanto à experiência prática realizou entre outros, voluntariado no Parque de Serralves, estágio em Roterdão, em Berlim e por fim no atelier VOGT em Zurique, estágio curricular que lhe valeu a dissertação final de mestrado: Design e Representação em Arquitetura Paisagista.
ÍNDICE
CALENDÁRIO DE EVENTOS, p.6 Acontecimentos a não perder nos próximos meses
ÍLIDIO DE ARAÚJO, p.8 Nota Biográfica
PRÉMIO JOVEM ARQUITETO PAISAGISTA, p.10 Parque Produtivo da Ribeira de Atiães
ECLAS NUM RELANCE, p.12
LANDSCAPE: A Place of Cultivation
CADERNO DE VIAGENS, p.14 6as JORNADAS DE ARQUITETURA PAISAGISTA DO PORTO, p.18 Novos Caminhos... Novas Paisagens
E DEPOIS DA FACULDADE?, p.20 A paisagem equatoriana à primeira vista
PLANO DE ESTRUTURA PARA A FRENTE MARÍTIMA DO PORTO, p.22 ESTÁGIO AP NO ESTRANGEIRO, p.24 em VOGT Landschaftsarchitekten, Zurique
MARÇO 5-8 17ª Edição da Expojardim, Exposalão 20-22 Feira “Horta comigo. Evento
de Hortas-Jardins e Produtos Naturais”, Exponor | a decorrer em simultâneo com a Exposição Internacional de Orquídeas do Porto | 2€
- Batalha | a decorrer em simultâneo com a 3ª edição da Frutitec | 3.5€
6 Visita noturna “Serralves ao Luar,
com João Almeida, Diretor do Parque de Serralves”, Parque de Serralves | 9€
21 Maratona fotográfica no Jardim
Gulbenkian “A terra como um jardim”, Centro Interpretativo Gonçalo Ribeiro Telles | 7.5€
7 Oficina “Multiplicação de plantas -
enxertia e alporquia”, Parque de Serralves | 20€
21 Workshop “Compostagem caseira e
desperdício alimentar” | 0€ + Formação “Agricultura biológica I (certificado)”, de 12 horas, a decorrer nos dias 28/03 e 11/04, na Horta da Formiga, Lipor | 40€
14 Oficina “Calendário agrícola e as luas”,
Parque de Serralves | 20€
16 Data limite para submissão de
abstracts na plataforma online para o Congresso “Parques e Jardins Inteligentes” da World Urban Parks e da Associación Española de Parques y Jardines Públicos, a realizar-se de 26 a 30 de Maio em Ponte de Lima
27 I Seminário “O Património Edificado
do Bussaco”, Palace Hotel do Bussaco | 0€
28 Visita temática “As oleáceas do
parque”, Parque de Serralves | 4€
31 Data limite para participar no
concurso fotográfico da EuroNatur com o tema “European Treasures of Nature 2015” | 0€
ABRIL 8-12 Formação “3ds Max + V-Ray”,
24 horas, ARQCOOP, Porto | 230€
18 Visita sazonal “ A Primavera no Parque
de
de Serralves”, Parque de Serralves | 4€
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Workshop “C3 Currículos, cartas e cartões de visita”, Cidade das Profissões, Porto | 0€
17-19 Formação “Maxwell Render”,
15 horas, ARQCOOP, Porto | 150€
18 Formação “Marketing para Projetistas”,
de 6 horas, ARQCOOP, Porto | 70€
de 6
MAIO 2 Visita temática “As fagáceas do parque”,
26-30 Congresso World Urban Parks
Parque de Serralves | 4€ (inscrição prévia obrigatória)
2015 e 9º Congresso Ibero-Americano de Parques e Jardins Públicos - PARJAP Portugal 2015, com o tema “Parques e Jardins Inteligentes”, Expolima - Ponte de Lima | 100€ (preço de estudante para inscrição até 31 de Março)
17 Visita temática “As magnoliáceas do
parque”, Parque de Serralves | 4€
JUNHO 24
27 Visita temática “As cupressáceas do
3ª Edição das Conversas Florestais subordinada ao tema “O novo Regime Jurídico das arborizações e rearborizações florestais”, Auditório da Câmara Municipal do Cadaval | 0€
parque”, Parque de Serralves | 4€ (inscrição prévia obrigatória)
Nota: À exceção das feiras, os eventos indicados requerem inscrição prévia, ainda que sejam de participação gratuita.
+ eventos em
www.planear.fc.up.pt facebook.com/planear.porto 7
ÍLIDIO DE ARAÚJO Nota Biográfica por Prof. Dr.a Teresa Andresen
Ilídio de Araújo nasceu em Celorico de Basto, no planalto da Lameira. Desde a sua infância, Ilídio de Araújo foi um observador atento da natureza e da paisagem. Acompanhou, com olhar crítico, meio século de transformação da paisagem associada à urbanização, ao êxodo rural, à industrialização, tendo muitas vezes informado, e também denunciado, a falta de visão estratégica sobre os problemas do ordenamento da paisagem. Engenheiro agrónomo e arquiteto paisagista, licenciou-se em 1953 no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, tendo submetido como relatório final de curso: ‘Ordenamento paisagístico do lugar de Pedroso (Precedido de um estudo sobre a região serrana da Lameira)’. Foi um dos discípulos mais distintos e influentes de Francisco Caldeira Cabral (1908-1992) sobretudo no ordenamento do território, a par com Gonçalo Ribeiro Telles (n. 1925) e António Vianna Barreto (1924-2012), assim como na História da Arte dos Jardins tendo sido o autor de uma obra de referência nesta matéria intitulada ‘A Arte Paisagista e a Arte dos Jardins em Portugal’ (1962), editada pelo Centro de Estudos de Urbanismo. Ilídio de Araújo fez uma carreira na administração pública iniciada em Lisboa na Direcção Geral dos Serviços Agrícolas. Em 1957 transferiu-se para a Direção Geral dos Serviços de Urbanização que em 1968 sofreu uma restruturação tendo sido criado os Serviços de Ordenamento da Paisagem onde prosseguiu o seu trabalho. Uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian permitiu-lhe uma viagem a Inglaterra em 1963 para visitar gabinetes de planeamento regional. Fez outras viagens nomeadamente à Alemanha e Holanda em 1961 tendo esta dado origem à publicação de um relatório de viagem publicado pelo Centro de Estudos de Urbanismo e intitulado ‘Problemas da Paisagem Urbana’. Nos anos 60 passou a residir no Porto, continuando ligado aos Serviços de Urbanização. Entre 19721975 foi colaborador da Comissão de Planeamento da Região Norte (actual CCDR N) onde participou ativamente na criação de estudos de desenvolvimento urbano em função de uma rede de centros de prestação de serviços. Entre 1972-1980 colaborou no Gabinete do Plano da Região do Porto. Em 1980 foi Secretário de Estado do Ordenamento Físico e Ambiente após o que tomou posse como Chefe da Divisão de Ordenamento da Direcção Regional Agricultura Entre Douro e Minho até 1983, ano em que assume as funções de Subdiretor Geral da Direcção Geral de Ordenamento, cargo que exerceu até 1986 quando passou à situação de aposentado. Deixou publicada uma obra vasta, assim como uma grande diversidade de estudos, e proferiu inúmeras conferências. Os últimos 30 anos da sua vida foram sobretudo canalizados para a história do povoamento da paisagem mobilizando uma diversidade de áreas do saber tendo, por excelência, a proto-história como período de estudo. Seguiu com interesse a criação da Licenciatura de Arquitetura Paisagista na FCUP tendo participado em diferentes momentos. Nas 4as Jornadas AP.UP, no dia 24 de fevereiro de 2012, dirigiu-se aos alunos, ao corpo docente e convidados de uma forma inesquecível. A conferência perante um auditório cheio intitulou-se ‘As Gentes da Proto-História Ocidental e os seus Santos Patriarcas’. Homem discreto e afetuoso, gostava de estar entre os seus colegas partilhando o seu saber parecendo sempre inquieto para ‘correr’ para os seus trabalhos. A sua competência enquanto conhecedor, leitor e intérprete da Paisagem é uma referência e é sem dúvida uma das figuras maiores da Arquitetura Paisagista em Portugal. CONSULTAR: http://www.isa.utl.pt/ceap/index_files/memoria&prospectiva2.pdf
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PRÉMIO JOVEM ARQUITETO PAISAGISTA Parque Produtivo da Ribeira de Atiães por Ana Rita Lima
Foram entregues, no passado dia 12 de Fevereiro, os prémios da 11ª edição do Prémio Jovem Arquiteto Paisagista. Esta iniciativa, um concurso anual levado a cabo pelo Jornal Arquiteturas e pela Vibeiras teve, este ano, lugar no Museu da Água, em Lisboa. Na categoria de “Estudantes” o prémio foi arrecadado por três estudantes de Arquitetura Paisagista da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Ricardo Bessa, Sérgio Oliveira e Nelson Soares, com o projecto “Slow Down Seoul”. Esta proposta tinha como área de intervenção a cidade de Seul, na Coreia do Sul, onde o grupo propôs a requalificação de uma zona de auto-estrada no centro da cidade, com vista à devolução deste espaço à população como espaço público. A equipa desenhou assim um corredor verde, em consonância com a malha urbana envolvente, em que foram propostas diversas áreas, como zonas residênciais, hortas urbanas, praças e jardins de proximidade. Na categoria de “Jovens Profissionais” foram distinguidos os recém Arquitetos Paisagistas Ricardo Ventura, Bernardo Dias, Chiaki Yatsui e Qiuying Zhong com o projecto “Timescapes”. Houve ainda lugar à atribuição de uma Menção Honrosa, na categoria “Estudantes” a um projeto de Vítor Monteiro, Gustavo Silva, Igor Domingues, José Pedro Tavares e Paulina Piernik, estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Este projeto entitulado “Parque Produtivo da Ribeira de Atiães” e situado na freguesia da Madalena, em Vila Nova de Gaia, tem como finalidade a apresentação de uma solução de valorização dos espaços adjacentes à ribeira de Atiães. Este projeto resulta de uma vontade expressa da Câmara de Gaia em reabilitar os espaços da ribeira e, segundo os autores, “pretende a integração entre um parque de recreio e fruição da natureza, com um parque de produção agrícola, recuperando estruturas e requalificando os valores florísticos e fantásticos do ecossistema de proximidade à ribeira. Para que todo o projeto fizesse sentido foi desenvolvido, em paralelo, um modelo de gestão que com grande pragmatismo conseguisse viabilizar a gestão racional do parque e mobilizar a participação dos privados, detentores de parte da área de intervenção.”
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ECLAS NUM RELANCE ECLAS 2014 - LANDSCAPE: A Place of Cultivation por João Archer No passado mês de Setembro de 2014, durante os dias 21, 22 e 23, decorreu pela 25ª vez a conferência ECLAS - European Council of Lansdcape Architecture. Esta Conferência teve lugar no Porto, tendo sido organizada pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Este evento teve ínicio em 1989, em Berlim, como um encontro das diversas escolas de Arquitetura Paisagista da Europa, sendo um dos percursores do ECLAS. Dos oradores presentes nesta conferência, destacamos
Michael R. Van Gessel, Arquiteto Paisagista; Martha Fajardo, Arquiteta Paisagista, Membro do Comité da UNESCO/ IFLA ILC e Diretora da Iniciativa Latino-Americana da Paisagem; Tom Armour, Diretor Associado da ARUP; Jack Ahern, Professor de Arquitetura Paisagista e Planeamento Regional e Vice Reitor do Programa Internacional da Universidade de Massachusetts Amherst, USA; João Nunes, Fundador e Director da PROAP.
Participantes, oradores e organização do ECLAS.
Participantes a usufruir do bom tempo que dominou a conferência.
Simon Bell, Presidente do ECLAS.
Paulo Marques, Guilhermina Rego, António Fernando Silva, Simon Bell e Teresa Andresen na primeira Sessão de Plenário do ECLAS.
Tom Armour, Diretor Associado da ARUP.
Miguel Braula Reis, Simon Bell, Paulo Marques, António Guerner e Michael R. Van Gessel na Sessão de Abertura.
Convívio entre os participantes do Colóquio Doutoral.
A inspiradora e entusiasta, Martha Fajardo, monstra a evolução da Arquitetura Paisagista na Colombia.
A interessada assistência de uma das várias sessões do 25º ECLAS.
Jack Ahern discursa sobre resiliência e estratégias a aplicar no meio urbano.
Discussão entre os oradores, moderador e participantes.
Simon Bell, Teresa Andresen, José Lameiras, Renata Duarte e João Archer em pausa divertida entre gerações.
João Nunes fala sobre a relação entre a Arte e a Paisagem e como esta relação marca o Ser Humano.
Teresa Andresen, Paulo Marques, Maria José Curado e Cláudia Fernandes em momento informal de confraternização.
Voluntários e parte da organização: Rita Raposo, Maria José Curado, Beatriz Truta, Renata Duarte, João Archer e Margarida Gonçalves.
CADERNO DE VIAGENS por Ana Panoias
Aproveitando a oportunidade de estar a viver em Cambridge, disponho do privilégio de ter acesso à Universidade de Harvard diariamente, através de conferências ou mesmo assistindo a apresentação de projetos por parte de alguns alunos, o que é um fator bastante importante na minha estadia e na minha aprendizagem, uma vez que Harvard é a melhor universidade de Arquitetura Paisagista do mundo. Aqui foi introduzido o curso de Arquitetura Paisagista pela primeira vez nos Estados Unidos da América, pelo filho de Frederick Law Olmsted, Frederick Law Olmsted, Jr.
Sou recém-licenciada em Arquitetura Paisagista e, como todas as pessoas da minha idade, busco a aventura e mais ainda o conhecimento. Acabei a licenciatura em 2014. Espírito livre e vontade de querer mais. Foi então que surgiu a oportunidade de ir viver para Boston. Tive imediatamente vontade de me lançar nesta aventura, e… aí vou eu. Sozinha. As prioridades eram: aprender mais acerca da diversidade de culturas que iria encontrar; emancipar-me e capacitar-me na adaptação a novos e diferentes contextos; aprofundar o inglês e destinar algum tempo somente para mim.
Olmsted tem patente em Boston um dos seus projetos mais marcantes, Emerald Necklace, o qual pode ser equiparado ao Central Park, tanto a nível das dimensões como no impacto que este teve a nível social na cidade. Na verdade, este projeto é mais que um parque ou um jardim, é uma infraestrutura que mudou a cidade. Foi também a partir deste projeto que surgiu, pela primeira vez, a palavra “Landscape Architect”, porque até esta altura a palavra usada para descrever um profissional da área era: “Gardener”. Revelou-se igualmente importante em termos ecológicos e na preservação de aves. Houve uma grande quantidade de pessoas a querer mudarse para a zona em redor da infraestrutura, uma vez que esta acabou por ser uma área que deu vida à cidade e cujos
No primeiro mês, fui conhecendo a zona. Nada de grandes aventuras. Dei uns passeios mantendo sempre a minha zona de conforto. Falaram-me de umas aulas de inglês abertas ao público, na biblioteca municipal, para pessoas cujo inglês não era a língua materna, onde mais tarde comecei a ir esporadicamente. Aí, dava por mim rodeada de pessoas muito interessantes das mais diversas nacionalidades e etnias. Por vezes, o seu inglês não era o melhor, mas tudo se resolvia com um simples sorriso. Ultrapassada a fase de adaptação, comecei a explorar Boston/Cambridge e o que ambas as cidades me podiam oferecer a nível cultural.
| Emerald Necklace
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problemas de retenção de água foram contornados, através da maneira como Olmsted usou o rio para criar uma ligação favorável entre a natureza e a vida social, não optando por simples canalizações. Essa ligação também é notória com a inclusão de vias rodoviárias no parque. A segunda maior ligação ao Emerald Necklace é o Arnold Arboretum, também este desenhado por Frederick Law Olmsted, onde podemos encontrar uma vasta variedade de espécies arbóreas e arbustivas, assim como enormes espaços de recreio passivo e/ou ativo. Um pouco mais descentralizado mas igualmente de fácil acesso (tanto a nível de transportes públicos, como de
| North End Park
| Arnold Arboretum Outro projeto com uma enorme relevância para a cidade de Boston é o North End Parks, desenhado por Kathryn Gustafson, onde encontramos a parte histórica da cidade, zona esta que antes do planeamento do parque se escondia à sombra escura das estradas. Atualmente, isto já não se verifica, porque se conseguiu arranjar solução para que se interligassem as estradas com a construção do parque, partindo da ideia da criação de entradas subterrâneas e fazendo com que as estradas apareçam e desapareçam sem grandes imposições na dinâmica do espaço. Esta estratégia resulta num impacto visual muito menos caótico e mais agradável, fazendo uma ligação perfeita da zona histórica com o resto da cidade. Ao longo do parque podemos também deparar-nos com espaços de lazer e grandes campos verdes onde usualmente se encontram pessoas em recreio passivo. Aqui, particularmente, destaco uma característica muito peculiar dos parques em Boston, onde surgem imensas – as “minibibliotecas” – sítios onde encontramos livros para troca gratuita e aproveitamento social. Estes dois parques, ambos com enorme impacto na cidade, encontram-se bem situados e de fácil acesso para qualquer pessoa, quer seja visitante, quer seja morador da cidade.
| Minibibliotecas veículos privados, ou até mesmo de bicicleta) podemos visitar o Walden Pond, em Concord. Aconselho o uso de bicicleta uma vez que é uma prática que está bem implementada no quotidiano e nada mais agradável do que desfrutar de um passeio no Walden Pond e perceber o porquê de Henry Thoreau preferir aquele cantinho à agitação e normalidade/massificação da cidade. Deparo-me também diariamente com outros projetos paisagistas ou arquitetónicos importantíssimos, tais como Tanner Fountain de Peter Walker e Carpenter Center for the Visual Arts de Le Corbusier, respetivamente. Sendo o
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Carpenter Center for the Visual Arts o único edifício de Le Corbusier, nos Estados Unidos da América.
com que, de certa forma, nos sintamos bem acolhidos – faz com que nos sintamos “em casa”.
No que respeita a museus, considero Boston uma cidade muito completa. Existem três especialmente populares que abordam vários tipos de arte: Isabella Stewart Gardner Museum; Museum of Fine Arts e Harvard Art Museum, este último inaugurado no passado mês de Novembro. Em relação ao Isabella Stewart Gardner Museum, há algo que me atrai especialmente – realizam-se, casualmente, vários encontros sobre Arquitetura Paisagista, denominam-se “Landscape at the gardner”, abertos a toda a comunidade. De dois em dois meses decorrem também conferências importantíssimas sobre Arquitetura Paisagista. Eelco Hooftman e Teresa GalíIzard constam da lista de personalidades já convidadas.
Mais tarde, a vontade de almejar mais apoderou-se de mim e foi então que resolvi crescer também a nível profissional, conseguindo um estágio na Ground, Inc., um gabinete de Arquitetura Paisagista situado na zona de Somerville e onde diariamente contacto com resoluções atuais e projetos reais. Ao longo destes meses tenho aprendido que, para querermos algo, basta realizarmos a coisa mais simples que um ser humano pode fazer: comunicar. Questionar e não ter medo. Medo é uma palavra proibida. Não existem medos, os medos somos nós que os criamos quando não temos algo fascinante em que pensar. Medos são fantasmas. Se queremos, fazemos e conseguimos. Falar com as pessoas, conhecer o mundo e aproveitar o que ele tem para nos dar continua a ser a minha meta ou lema de vida.
Para aqueles que não são tão adeptos de Arte, podem, no entanto, visitar outros museus, como por exemplo: o Harvard Museum of Natural History; New England Aquarium; Museum of Science; Museum of African American History; entre outros.
Afasto a nostalgia de mim. Transformo-a em felicidade, e faço com que ela seja saudável e penso que sou uma privilegiada, tenho amigos e pais maravilhosos que, de certa forma, me libertaram.
É uma sociedade verdadeiramente culta e jovem e na minha opinião deve-se muito ao facto de Boston ser uma cidade universitária e onde se encontram duas das melhores universidades do mundo – Harvard University e o MIT (Massachusetts Institute of Technology). Daí que a vida aqui é bastante pacífica e civilizada. Respira-se Educação, Arte e Cultura. Existe uma diversidade enorme de culturas, o que é ótimo porque, acabamos por ser todos bem recebidos e faz
| Walden Pond
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| Walden Pond
| Universidade de Harvard
| Massachusetts Institute of Technology
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6as Jornadas AP-UP por Duarte Malho
Realizou-se no passado dia 20 de Fevereiro mais uma edição das Jornadas AP.UP, esta edição, a 6a deste género, teve como título este ano “Novos Caminhos… Novas Paisagens” e foi dedicada ao emprego e empreendedorismo na área de Arquitetura Paisagista, nomeadamente da identificação da realidade atual do panorama de emprego e de palestras de colegas que formaram a sua própria empresa ou estão atualmente a trabalhar no estrangeiro. A sessão de abertura foi dedicada à questão do emprego e dos “Novos Caminhos”, uma preocupação para muitos, tanto para os alunos como os recém-mestres e o corpo docente, que queria deste modo avaliar como estava o atual panorama. O estudo, apresentado pelos professores José Lameiras e Isabel Silva e realizado em colaboração com a Planear e com colegas do curso, reuniu informações sobre os alunos que terminaram o seu curso entre os anos de 2010 e 2014. As informações não se limitavam somente à empregabilidade mas abrangiam diversos elementos como se estaria empregado por terceiros, se teria criado a sua própria empresa, se teria prosseguido para investigação ou mesmo
para outros cursos ou se estivesse desempregado ou em áreas não relacionadas diretamente com a Arquitetura Paisagista. O panorama apresentado pinta uma imagem positiva em relação à questão do emprego, sendo demonstrado que grandes percentagens de colegas estão empregados na área e espalhados por todos os continentes do mundo. É de referenciar que as percentagens representam um estudo geral, que os anos mais recentes apresentam dados de desemprego superiores e que os dados da empregabilidade não diferenciam entre o facto de alguém estar empregado quer por conta própria quer por terceiros ou estar a abrigo de programas temporários como os estágios IEFP, sendo a distinção importante de fazer e tendo ficado assente que este estudo necessita de ser continuado para que seja possível oferecer uma visão mais discriminada sobre o panorama atual. Após terminar a apresentação sobre o emprego e a questão da empregabilidade e empreendedorismo foram apresentados exemplos de empresas criadas por alunos de Arquitetura Paisagista da FCUP, nomeada a Isabel Castro Freitas (Isabel Castro Freitas Arquitetura Paisagista), Tiago Gonçalves e Malvina Gonçalves (Habitat Paisagem) e Claudio Folha e Filipe Silva (IdealRipa). Esses colegas
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falaram do seu percurso, dos trabalhos realizados e das oportunidades e desafios que encontram neste seu contexto profissional tendo sido uma oportunidade para quem ainda está no curso ou acabou recentemente de ver como é que estas empresas se criaram e funcionam. A segunda parte das jornadas, “Novas Paisagens” foi dedicada aos colegas que saíram do país e foram trabalhar para as mais diversas partes do mundo. Deu-se início com um vídeo de Eunice Neves e a sua campanha crowdfunding “Permaculture Research Tour (Australia/USA)” que tem como objetivo estudar e aprofundar conhecimento sobre a permacultura e como esta é aplicada em exemplos práticos. De seguida viajamos até ao Qatar para falar com a Raquel Neves (Cracknell) e ficarmos a entender como é a realidade de alguém a trabalhar nessa parte do mundo onde ficamos a saber quais as linhas de pensamento para a realização de projetos, quais os desafios que alguém de fora pode experienciar nessa região e como isso tudo é equilibrado. De seguida falamos com os nossos colegas Nelson Vidal, Ana Sofia Teles, Beatriz Castiglione e Rita Raposo (Gustavo Gonzalez & Asociados) que estão no Equador e nos falaram de como é viver e trabalhar numa realidade tão distinta como a da América do Sul.
Para finalizar esta parte das jornadas tivemos a oportunidade de ouvir falar Vilma Silva, Andreia Quintas e Carla Gonçalves (Cotefis) e a sua experiência na realização do Plano Director Municipal para a região de Icolo e Bengo em Angola. Falaram de como é criar um PDM de raíz numa zona bastante isolada e com recursos muito limitados e como não só é importante o conhecimento técnico, mas também o presencial através do contato com as populações e as realidades do local, sendo fundamental para poder apresentar uma proposta sólida. O programa foi finalizado com a apresentação do livro “Morphology & Biodiversity in the Urban Green Spaces of the City of Porto: Book II – Habitat Mapping and Characterization” que faz parte de um estudo sobre a biodiversidade na cidade do Porto. O dia terminou com um cocktail de encerramento. Foi uma experiência bastante interessante para todos os envolvidos não só para quem foi assistir e conhecer novas e diferentes realidades mas para quem foi apresentar que teve a oportunidade de ter um showcase para os seus projetos e falar das suas experiências. Esperamos contar com a vossa presença na próxima edição das Jornadas AP.UP!
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E DEPOIS DA FACULDADE? A paisagem equatoriana à primeira vista por Ana Sofia Teles e Beatriz Castiglione
Muito perto de Cuenca está situado o Parque Nacional de Cajas. Com uma paisagem sem igual, com altitudes que atingem os 4000m de altitude, logo uma paisagem despida de vegetação arbórea, mas com os seus cantos e recantos, lagos, quebradas, cascatas, pequenos riachos, desde vales abertos e extensos a vales estreitos. Apesar de parecer uma zona árida habitam em si bastantes espécies animais, pela exuberância de água existente, como são os tão famosos Lamas.
Chegámos ao Equador há pouco mais de um mês, no dia 14 de Janeiro de 2015. O Equador é um país marcado por quatro regiões climáticas: a Costa, os Andes, as Galápagos e a Amazónia. Por enquanto, já estivemos em duas delas: na Costa, a desenvolver trabalho de campo para um projeto no qual estamos envolvidos; e nos Andes, local que agora é nossa residência, mais precisamente na cidade de Cuenca. Cuenca está localizada num vale entre as duas cordilheiras dos Andes, a uma altitude de 2500m. A altitude é algo que o nosso organismo mais sente, sendo necessário um dia ou mais para total recuperação da indisposição e dores de cabeça. Já o cansaço que se sente pelo pouco oxigênio que existe vai desaparecendo ao longo dos primeiros meses.
Desde as zonas altas dos Andes descemos até Mangahurco, pequena aldeia situada na fronteira com o Peru, e onde assistimos ao fantástico fenómeno natural que é a floração dos Guayacans (Tabebuia chrysantha). É uma espécie que cresce em bosque seco e que floresce logo após as primeiras chuvas e antes das folhas começarem a crescer. As flores têm uma coloração amarela intensa e apenas ficam na árvore durante aproximadamente uma semana, depois do qual começam a cair e a cobrir o chão, formando um manto amarelo por vários quilômetros deste tipo de bosque. Visto de longe é um cenário fascinante e incrível que, com o sol, é intenso e reluzente. Aqui o prato típico da região é o chamado “chibo al hueco”, ou seja, é feito um buraco no chão, no qual se acende uma fogueira e se coloca a panela com a carne de cabra e se cobre com terra para cozinhar. É servida com arroz e lentilhas. Os habitantes de Mangahurco são pessoas muito amáveis e que gostam de bem receber os visitantes que assomam à aldeia no mês de Janeiro para ver os Guayacans em flor.
O centro histórico de Cuenca é património mundial da UNESCO. Pelas suas características coloniais espanholas é uma cidade encantadora, com uma malha quadrangular e com comércio em todas as ruas. Apresenta uma catedral nova, imponente e uma antiga, mais modesta. Cada qual numa ponta da praça central de Cuenca, um jardim onde a sociedade se recria. Em Cuenca existem, também, vestígios da passagem dos Incas pelo Equador. Memória disso são o Parque e Museu Pumapungo. O museu leva-nos num passeio histórico desde o início do império Inca em território equatoriano e através das diferentes fases deste império, desde os seus hábitos quotidianos até aos seus rituais religiosos. O parque faznos reviver os seus momentos com as suas estruturas. É um parque que está muito bem mantido e, por isso, também é escolha dos equatorianos para passar uma tarde em família.
Para além dos Guayacans há outra espécie que se destaca pela sua forma e tamanho característica do bosque seco que
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é o Ceibo (Ceibo trichistandra).
tamanho e aproximadamente 2,5m de diâmetro.
Assim como em Mangahurco, em Puyango existe também um bosque seco. Neste bosque há uma área onde podemos encontrar árvores petrificadas. O Bosque Petrificado de Puyango encontra-se em alturas compreendidas entre os 360 e os 500 metros, tem uma temperatura média de 22,5ºC e está situado entre as províncias de El Oro e Loja. Este bosque cobre uma área de 2658 ha, com formações que datam do final do Cretáceo. Podemos encontrar fósseis de troncos, folhas, bivalves, amonites entre outros. As árvores petrificadas apresentam uma idade aproximada de 100 milhões de anos. A maior árvore aqui petrificada é uma Araucaria araucarioxylon, localizada a 360m, com 15m de
Na costa é onde o calor húmido e sufocante se faz sentir. É também onde a vegetação é mais exuberante, abundante, diversa e frondosa, assim como abunda a diversidade de fruta. Desde suculentas e doces mangas, a goiabas, cacau, papaias, granadilhas, muitas variedades de bananas, entre muitos outros que provavelmente ainda não conhecemos. Descrever um país nuns meros parágrafos não define de todo uma sociedade, uma cultura, nem um país. Estas são as nossas primeiras impressões depois de um mês e alguns dias neste país atravessado pela linha do equador, que provavelmente se irão alterar de mês para mês.
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PLANO DE ESTRUTURA PARA A FRENTE MARÍTIMA DO PORTO Por Marta Seabra e Rodrigo Barbosa
Em Abril de 2014 a Águas do Porto lança um Concurso Público Internacional para a elaboração de um Plano de Estrutura para a Frente Marítima do Porto. O Agrupamento Aqualogus/ Biodesign/ Apload foi a equipa selecionada para a elaboração do Plano. A área abrangida por este estende-se ao longo de cerca de 4 kms de frente marítima, desde a Rotunda da Anémona até ao final do Jardim do Passeio Alegre. Abrange 11 praias, as Avenidas de Montevideu e Brasil, a Rua Coronel Raúl Peres, Rua Senhora da Luz, Esplanada do Castelo, integrando a Rua do Passeio Alegre e Avenida D. Carlos I que encerram, com o Jardim do Passeio Alegre, o limite sul da área de intervenção. A oportunidade de fazer parte deste trabalho, no âmbito da integração da equipa de trabalho da APLOAD, Lda. (atelier de Arquitetura Paisagista, localizado na Maia – Porto), coordenado pela Arq. Luísa Almendra Roque representou para nós, enquanto habitantes e antigos estudantes de Arquitetura Paisagista da cidade do Porto, um prazer e um desafio profissional certamente único. Salientamos o fato de entre as temáticas e especificidades do Plano, a APLOAD ter ficado responsável pela elaboração e coordenação da Requalificação Urbana do Espaço Público.
papel pedonal a que se juntam a Rua da Sra. da Luz e a Avenida D. Carlos I.
Neste âmbito, após o trabalho de campo e pesquisa bibliográfica, consolidámos a fase de análise que nos permitiu a determinação de ”pontos críticos” de intervenção premente. Em consequência prosseguimos para a fase de proposta, na procura das soluções dos problemas detetados, dando resposta às solicitações do caderno de encargos do concurso. A proposta articulava espaço urbano, à cota alta (passeio marítimo das vias atlânticas e malha urbana) e cota baixa (praias e zonas balneares), tratando o espaço com sentido de unidade, mantendo uma linguagem de intervenção coesa assegurando as suas especificidades.
O reperfilamento das ruas e avenidas assegura as questões primordiais da mobilidade urbana, consagrando a diminuição do fluxo e da velocidade do trânsito viário, garantindo a articulação pedonal entre toda a frente marítima, cumprindo as melhores regras de acessibilidade. A inclusão generalizada foi um dos primeiros objetivos desta proposta. Face ao exposto, salientamos a ideia da pretensa reintrodução e integração da linha do elétrico, garantindo uma ligação contínua entre a baixa e a marginal ribeirinha e atlântica do Porto, no sentido do seu prolongamento até ao Porto de Leixões, no município de Matosinhos. O elétrico pára atualmente no final do Passeio Alegre. Na proposta defendida pela equipa a linha continuará para norte seguindo pelas vias pedonais Av. D Carlos I e Sra. da Luz, atravessando as Avenidas Atlânticas Brasil e Montevideu, prosseguindo pela Via do Castelo do Queijo até à Praça Cidade S. Salvador, popularmente conhecida como “Rotunda da Anémona”, prevendo-se a ligação ao Terminal do Porto de Leixões, em Matosinhos, que já se encontra preparado para receber a carismática “máquina”.
Tendo como ponto fulcral o aumento da área pedonal e as acessibilidades ao longo de toda a marginal, tanto ribeirinha como marítima, a proposta apresentada para a requalificação do espaço urbano passa pelo reperfilamento de grande parte das suas ruas e avenidas. A intervenção nas Avenidas Montevideu e Brasil passou pela proposta da redução de 4 para 3 vias de circulação, o rebaixamento parcial da Rua Coronel Peres com consequente alargamento do perfil da Rua da Praia (sua paralela) assegurando os dois sentidos viários de circulação. A Rua de Coronel Peres assume um
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A reestruturação da ciclovia, que se pretende contínua, foi demarcada ao longo de toda a área de intervenção assegurando uma rede ciclável, nomeadamente com a Frente Marítima de Matosinhos, Avenida da Boavista e Frente Ribeirinha do Porto. A ciclovia desenvolve-se ao longo da frente marítima do Porto paralelamente com a “faixa técnica” proposta, de localização, sempre que possível, de equipamentos e mobiliário urbano, permitindo maior organização do espaço e eficiência nas ações de manutenção. No âmbito da Requalificação Urbana, “à cota alta”, a APLOAD assegurou a articulação com a intervenção feita “à cota baixa”, nomeadamente com a proposta de equipamentos de apoio balnear, bem como garantindo a acessibilidade ao longo das 11 praias da Frente Marítima do Porto, elementos estes fundamentais para a classificação destas como “Praias de Bandeira Azul”. A questão das acessibilidades e dos espaços inclusivos assumiram particular relevância no entendimento da vivência urbana destacando-se os alargamentos de passeios sem obstáculos, os acessos em rampas verdadeiramente acessíveis, passadeiras sobreelevadas, as marcações de pavimentos e sinais sonoros entre outras sinaléticas a implementar em fase de projeto que permitam minorar qualquer redução de mobilidade (crianças e idosos, carrinhos de bebé, cadeiras de rodas, invisuais, surdos, ambliopes, etc).
| Circulação do elétrico nas avenidas Montevideu e do Brasil, permitindo também o aumento da zona pedonal disponível.
Estas foram algumas das soluções defendidas pelo consórcio vencedor do Concurso Internacional e que se submeteram a discussão pública e concertação das entidades no passado mês de Dezembro.
| Avenida D. Carlos I e Jardim do Passeio Alegre como uma unidade, toda ela pedonal.
| Rua Senhora da Luz convertida em pedonal, com passagem do elétrico, promovendo o passeio e o comércio de proximidade.
| Rua Coronel Raúl Peres e Rua da Praia intervencionadas – separação de circulação pedonal e automóvel, que ocorre agora a uma cota inferior – cota de soleira do edificado existente, permitindo uma maior abertura e melhoria das condições de salubridade na Rua da Praia.
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ESTÁGIO AP NO ESTRANGEIRO VOGT Zurique, Suíça por Amália Miranda
Vim para a Suíça estagiar no atelier VOGT em Zurique, estágio com o qual conclui o mestrado em Arquitetura Paisagista com o tema final “Design e Representação em Arquitetura Paisagista: casos em VOGT”. O facto de a Suíça ser um país económica e politicamente muito estável, não faz dele um país monótono ou desinteressante. De facto, desperta em mim uma certa curiosidade em entender a sua cultura e funcionamento. O país tem bastantes curiosidades muito “especiais”, vou enúmerar apenas alguns aspetos da cultura Suíça: A Suíça está dividida geográfica e administrativamente em 26 Cantões, cada um com bastante independência, no entanto, quando decisões nacionais ou de relações com o exterior são tomadas, todos os Suíços são chamados a votar, à boa maneira democrática. Isto pode dizer já bastante em relação à sua paisagem e ao seu caráter conservador. Aqui, falam-se 4 línguas: o alemão, o francês, o italiano e o romanche.
| Mapa de Rotas de caminhada e grau de dificuldade numa montanha em Zurique
Os Suíços vivem em estreita relação com a natureza. Cerca de 2/3 do seu território são zonas alpinas e sub-alpinas, algo que eles eximiamente incorporaram no seu estilo de vida. A super eficiente rede de comboios leva-nos a todo o lado, a qualquer hora. E vivendo neste enorme e bem preservado parque natural, é fácil entender que todos os fins de semana sejam tempo de caminhar pelas montanhas, andar de bicicleta, nadar, esquiar, etc… Existindo uma infrastrutura de atividades de desporto e lazer devidamente organizada e planeada. Desde tenra idade estão aptos a uma grande variedade de desportos de exterior. Vários debates podemos ter sobre este tema, mas julgo que este é um grande exemplo de conservação da paisagem pelo uso.
| Pistas de Snowboard em Arosa, por Matthew English
Outro aspeto interessante é a reciclagem. Em Zurique o lixo doméstico só pode ser colocado em sacos da cidade específicos para o efeito, sacos cujo preço é elevado. E destes sacos não consta o papel, o plástico, o cartão, o lixo orgânico, etc... sendo recolhidos em cada bairro num dia específico por mês. Não se admirem se estiverem por cá num dia em que o papel de cada casa se encontra à porta, estritamente dobrado em A4 e envolvido por uma corda. É toda uma logística doméstica.
| Caminhada pela montanha, por Peter Kennedy
Entsorgungs-Kalender 2015
Em Zurique existem 1200 fontes, todas elas de água potável e muito úteis quando andamos pela cidade. Trazem uma dinâmica de vivência de espaço público interessante, e ainda, os lagos e rios Suíços são muito limpos, o que permite, no Verão nadar em pleno centro da cidade no intrevalo para almoço. Considero a Arquitetura Paisagista na Suíça, no geral, conservadora e minimalista, clean e eficiente, como tudo o que é produzido neste país presta grande atenção ao detalhe.
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Burgwies Hirzenbach Letzigrund
Strassenverkehrsamt Tiefenbrunnen Tramdepot Hard 7.30 bis 14.00 Uhr Tramdepot Universität Irchel 11.30 bis 15.30 Uhr Wartau Wollishofen
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Annahmezeit: 15 bis 19 Uhr (Ausnahmen: Tramdepot Hard und Trampdepot Universität Irchel) WOCHENTAG
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| Mapa de recolha de lixos, “freguesia” 4
| Fonte em Lindenhof, Zurique
Tag der Arbeit
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Haltestellen und Fahrplan
| Grelhador eletrico público no parque Zürichhorn
8 Mo
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3 Sa
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| Parque Zürichhorn
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| Praça Sechseläute, em frente à ópera
| Praça Sechseläute, em frente à ópera
4.
Abfuhr Hauskehricht Im weiss-blauen Züri-Sack (gebührenpflichtig) und im Züri-Sack-Container vor 7 Uhr an den Abholort Abfuhr Bioabfall Nur mit Abo; im Bioabfallcontainer vor 7 Uhr an den Strassenrand; – Mitte Dezember bis Mitte März zweiwöchentlich – Mitte März bis Mitte Dezember wöchentlich Einzelleerung bestellen via Kunden Service Center oder online Papiersammlung Gebündelt und geschnürt vor 7 Uhr an den Strassenrand; nicht in Papiertragetaschen oder Kartonschachteln!
31 Do Silvester
Textilsammlung Im Textilsack (von der Post verteilt) vor 8 Uhr an den Strassenrand; nur tragbare, saubere Textilien Sonderabfallsammlung 8 bis 11.30 Uhr; gratis bis 20 kg pro anliefernde Person, für Giftiges, Chemisches und unbekannte Produkte
1 Parkplatz am Hirschengraben 13, vor dem kantonalen Obergericht Nicht geleerte Container oder liegengebliebene Textilsäcke, Papier- und Kartonbündel bitte melden.
Kartonsammlung Gefaltet, gebündelt und geschnürt vor 7 Uhr an den Strassenrand; nicht in Kartonschachteln oder Papiertragetaschen! Kunden Service Center Telefon 044 645 77 77 www.erz.ch/saubereszuerich
O atelier VOGT, tem sede em Zurique e outros dois espaços em Londres e Berlim, é um atelier com uma boa reputação na Europa, tendo tido origem numa parceria de Gunther Vogt com o também renomeado arquiteto paisagista Dieter Kienast. A filosofia do atelier contém um cariz minimalista em que a natureza é simultaneamente o tema e meio do trabalho diário, trabalho este constantemente suportado e reinventado através de investigação e experiência. Quanto ao espaço, considero este um atelier especial, não só pela fascinante presença de terrários de sapos, coleção de objetos interessantes e animais embalsamados, mas também porque possui uma cave dedicada especialmente à construção de maquetes, o workshop. Nele encontram-se inúmeros materiais e ferramentas que permitem um vasto tipo de testes e investigações de materiais e conceitos. A execução deste tipo de modelos está bastante presente no trabalho em atelier, desde a fase de conceção. Depois de trabalharmos desta forma realmente percebemos o quanto uma maquete onde são testadas ideias em fases iniciais do projeto tem uma positiva influência no processo e no resultado final. As maquetes são também usadas para apresentação ao cliente ou para serem fotografadas e apresentadas sob essa forma. Esta abordagem é realmente benéfica no diálogo com o cliente.
| Vitrines da entrada no atelier VOGT
Outra técnica frequentemente explorada no atelier VOGT é a aguarela, porque permite uma representação rápida, tosca e leve do conceito para apresentar diversas variantes ao cliente. Ao conviver com esta forma de trabalho, dou agora muito mais valor às ferramentas analógicas que quando devidamente integradas com as digitais contribuem para um desenvolvimento do projeto e diálogo mais eficiente e expedito.
| O workshop VOGT num dia de muito trabalho
Este processo tem grande potencial e julgo ser absolutamente crucial integrá-lo ao nível da aprendizagem da Arquitetura Paisagista, porque permite o desenvolvimento das capacidades concetuais de design e de comunicação rápida e eficaz de ideias, capacidades práticas e técnicas, avançando ao mesmo tempo o projeto para uma ideia de construção . Com o atelier, para além de ter integrado uma equipa onde trabalhei com várias escalas e em várias fases do projeto, tive a oportunidade de participar na exposição Wanderkammer, exibida em Zurique e que viajará até Nova Iorque. “Um wunderkammer é um dispositivo de classificação que resiste enfaticamente classificação: ocupa um submundo limiar entre móveis e ambiente, entre o natural e o artificial, entre o íntimo e universal. É um espaço onde co-evoluem uma emergente luxúria moderna para coleccionar, uma arquitetura ligada a domesticar a vastidão absurda do universo conhecido, e uma tentativa idiossincrática para detectar afinidades peculiares entre objetos improváveis. Como um atelier de Arquitetura Paisagista, alistamos esta tipologia como um meio de materializar as nossas preocupações actuais como designers. O WK oferece um espaço flexível. Os espaços do WK poderão ser vistos, como um livro na biblioteca. Os dispositivos - e em particular as geografias específicas que exploram e estratégias que eles testam - são concebidas para o indivíduo circular, fornecendo
| Exemplo de uma maquete, a fotografia pertence a VOGT
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uma impressão em tempo real da forma como trabalhamos. O resultado é uma paisagem que se desloca entre investigação e experimentação, um tesouro compartilhado proporcionando uma multiplicidade de perspectivas. Wunderlust/Wanderkammer irá formar-se de forma incremental em três etapas, constituíndo um espaço totalmente fechado dentro da área específica da Galeria 3A em Nova Iorque na primavera de 2015. Em cada instalação sucessiva, a peça transforma-se a partir de uma caixa, para um gabinete, a um quarto. Cada adição incluíra projectos relativos a um método de campo particular. Esta primeira iteração é sobre coleção.” A minha intervenção ou “prateleira” nesta exposição foi um “livro” de campo , elaborado e cosido por mim, de formato panorâmico em que cada página possui uma frottage ou decalque, do tronco de uma árvore, cuja espécie está respetivamente identificada. Representando assim uma possível forma de levantamento de campo e respetiva coleção.
| Wunderkammer, as fotografias pertencem a VOGT
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Dos projetos realizados pelo atelier que tive a oportunidade de visitar e que me permitiram realmente sentir o tipo de resultado do trabalho que realizamos em atelier são: Park am Moabiter Weder, em Berlim que visitei antes de trabalhar no atelier, e que me fascinou, uma promenade muito agradável, com umas cores Outonais fantásticas. O campus da farmacêutica Novartis, infelizmente não acessível ao público, conta com inúmeros edifícios de arquitetos premiados, como por exemplo Álvaro Siza. Este é um dos grandes projetos do atelier, onde a personalidade do mesmo no processo de desenvolvimento foi notória. Tendo tido a oportunidade de visitar o local, devo dizer que me impressionou, que estamos tão perto da cidade e da indústria e ao aproximarmo-nos do parque sentimos o cheiro da floresta, ao percorrermos os caminhos meandrizados sentimo-nos num bosque. O Zoo de Zurique é fantástico, diferente dos zoos a que estamos habituados, especialmente pela presença do Masoala Halle, uma floresta tropical, dentro de uma estufa, projetada pelo atelier. Quando entramos no Masoala estão 35ºC em Zurique, e há macacos, preguiças e morcegos, soltos à nossa volta. Para desenvolver este projeto Gunther Vogt foi a Madagáscar, onde escolheu algumas árvores que vieram para a floresta em Zurique. Em suma, quero dizer que recomendo a todos os que tenham oportunidade a ir para fora algum tempo, acima de tudo por isso possibilitar o contato com novas realidades, aumentando a nossa capacidade crítica e de resposta a problemas, autonomia e formas de pensar e trabalhar. Considero que com esta experiência amadureci enquanto pessoa e Arquiteta Paisagista. E, já sabem, visitem a Suíça!
| Park am Moabiter Weder
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| Parque Novartis
| Zoo de Zurique - Masoala Halle
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