SEMANA SEBRAE DO AGRONEGÓCIO 2010 Para quem quer plantar conhecimento e colher bons negócios
Expediente Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
Diretor-Técnico Carlos Alberto dos Santos
Presidente do Conselho Deliberativo Nacional Roberto Simões
Diretor de Administração e Finanças José Claudio dos Santos
Diretor-Presidente Paulo Okamotto
Sebrae SEPN Quadra 515, Bloco C, Loja 32 Brasília – Distrito Federal CEP: 70.770-900 – Tel.: (61) 3348 7100 www.sebrae.com.br
Gerente da Unidade de Agronegócios Paulo Alvim
Expediente Editorial Semana Sebrae do Agronegócio 2010 É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Distribuição gratuita. Coordernação Editorial Plano Mídia Comunicação (planomidia@ gmail.com) (61) 3244 3066/67 e 9216 5879 Editor Abnor Gondim Produção e Textos Anna Karina de Carvalho, Christiane Telles e Camilla Stivelberg Revisão Célia Curto Projeto Gráfico Vilson Mateus Diagramação Daniel Ribeiro/Gueldon Brito
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Responsável Técnico Newman Costa (coordenadora de Orgânicos, PAIS e Horticultura da Unidade de Agronegócios/Sebrae) O arquivo deste catálogo está disponível nos portais dos setores da Unidade de Agronegócios do Sebrae: • • • • • • • • • • • •
Agroenergia (http://www.sebrae.com.br/setor/agroenergia) Apicultura (http://www.sebrae.com.br/setor/apicutura) Aqüicultura e Pesca (http://www.sebrae.com.br/setor/aquicultua-e-pesca) Café (http://www.sebrae.com.br/setor/cafe) Carne (http://www.sebrae.com.br/setor/carne) Derivados de Cana (http://www.sebrae.com.br/setor/derivados-de-cana) Floricultura (http://www.sebrae.com.br/setor/floricultura) Fruticultura (http://www.sebrae.com.br/setor/fruticultura) Horticultura (http://www.sebrae.com.br/setor/horticultura) Leite e Derivados (http://www.sebrae.com.br/setor/leite-e-derivados) Mandiocultura (http://www.sebrae.com.br/setor/mandiocultura) Ovinocaprinocultura (http://www.sebrae.com.br/setor/mandiocultura)
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Sumário Abertura Semana do Agronegócio difunde conhecimento........................................................................................................................................................4 Sebrae deve melhorar gestão, acesso a mercados e serviços financeiros..................................................................................................................6 Acesso a Mercados Qualidade dos alimentos ganha mais atenção............................................................................................................................................................9 Agricultor deve mostrar diferencial............................................................................................................................................14 Experiências Inovadoras de Mercado Castanha de caju na Terra da Garoa............................................................................................................................................................................16 Embutidos viram caso de sucesso no interior gaúcho.................................................................................................................20 Capital brasileira da acerola.......................................................................................................................................................22 Farinha de qualidade na fábrica dos Anjos.................................................................................................................................24 O que é que a banana tem?........................................................................................................................................................25 Criadores de ovinos inovam e vencem a crise.............................................................................................................................27 A vez da manga ubá...................................................................................................................................................................29 Cooperativismo: ganho para todos ............................................................................................................................................31 Inovação no Agronegócio As cinco ferramentas de tecnologia do Sebrae...........................................................................................................................33 Inovação para o homem do campo............................................................................................................................................36 Experiências Inovadoras no Agronegócio O desafio da horticultura............................................................................................................................................................38 Vem aí o Shopping da Agricultura Familiar................................................................................................................................41 Aipim Chips, inovação está na receita que deu certo..................................................................................................................43 Pequi: fruta com sabor de empreendedorismo...........................................................................................................................45 Vale das Palmeiras: modelo de agroecologia para o País............................................................................................................47 Investir na felicidade das pessoas é inovar.................................................................................................................................50 Acesso a Serviços Financeiros Crédito Rural em condições excepcionais...................................................................................................................................52 Agricultura familiar faz parte do agronegócio............................................................................................................................54 Crédito Rural aumentou 26%.....................................................................................................................................................56 Banco do Brasil fortalece o crescimento do agronegócio............................................................................................................58 Banco do Nordeste orienta produtores nas comunidades...........................................................................................................60 Encerramento Micro e pequenos precisam crescer mais que a média nacional.................................................................................................62
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Evento
Semana do Agronegócio difunde conhecimento Presidente do Sebrae diz que é preciso discutir estratégias e investir em pesquisa para modernizar o setor e torná-lo cada vez mais competitivo
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rocar experiências, conquistar novos mercados, adotar inovação e prever possíveis cenários para o setor agrícola nos próximos anos. Esses foram os principais objetivos da Semana Sebrae do Agronegócio 2010, realizada de 4 a 6 de maio, em Brasília. “Precisamos de reflexões como essas para que possamos elaborar e disseminar cada vez mais conhecimento”, disse o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, durante a abertura do evento. Segundo ele, existem hoje no setor gargalos difíceis de serem resolvidos. “Temos de ficar atentos, por exemplo, aos setores que têm fortes oscilações no mercado, como o leite e o café”, afirmou. Okamotto anunciou que, em breve, o Sebrae, em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), irá intensificar atividades que levem conhecimentos sobre gestão para as propriedades rurais, transformando-as em empresas. O presidente ressaltou que a instituição precisa estar atenta a eventuais mudanças a serem enfrentadas pelo agronegócio nos próximos anos, como, por exem-
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GILMAR FÉLIX
Presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, durante a abertura da Semana Sebrae do Agronegócio 2010, em Brasília plo, o êxodo rural. “Precisamos discutir os instrumentos de mercado e de conhecimento, desenvolver estratégias, discutir políticas públicas e investir
em pesquisas para podermos sair da agricultura arcaica”, afirmou. Para o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, o evento é a oportunidade de dar
Precisamos discutir os instrumentos de mercado e de conhecimento, desenvolver estratégias, discutir políticas públicas e investir em pesquisas para podermos sair da agricultura arcaica. Paulo Okamotto, presidente do Sebrae
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voz e vez para os produtores e lideranças e de compartilhar experiências. “O evento representa um esforço de trabalho, com compartilhamento de reflexão e boas práticas”, disse. O diretor ressaltou ainda o crescimento que o setor teve no País em 2009 e apresentou a programação dos três dias de encontro. “Serão apresentadas, aqui, experiências inovadoras. São experiências concretas do que pode ser feito”. Ele também levantou a possibilidade de o evento acontecer anualmente. A diretora de TransferênSemana do Agronegócio contou com cerca de 300 participantes cia de Tecnologia da Emprecativo e importante para o setor. brae e as instituições similares do sa Brasileira de Pesquisa Agrope“A Semana Sebrae do AgroSenegal”, afirmou. cuária (Embrapa), Fátima Deane, negócio soma-se a outras ações falou da necessidade de o Sebrae gCartilha de Hortaliças e do Pronaf que vêm sendo conduzidas para o e a Embrapa se aproximarem ainda Ainda durante a solenidade de agronegócio”. mais. abertura do evento foi lançado o O embaixador do Senegal no “O futuro das duas instituições Catálogo Brasileiro de Hortaliças, Brasil, Fôdi Sick, ressaltou o impordeve estar mais entrelaçado”, disse que reúne as 50 espécies mais cotante relacionamento que seu país a diretora. mercializadas no País. A publicação tem com o Brasil na área de agriculPara o assessor especial do Mié resultado da parceria técnica entura em geral. Ele falou também sonistério da Agricultura, Pecuária tre Sebrae e Embrapa Hortaliças. bre a importância do Sebrae para o e Abastecimento (Mapa), Milton A seleção das espécies é basedesenvolvimento do País. Ortolan, que esteve na abertura ada em levantamento de vendas “Minha vinda ao Brasil é em representando o ministro Wagner das principais centrais de abastecibusca de aproximação entre o SeGonçalves Rossi, o evento é signifimento do País, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “O catálogo traz alternativas por região e por período. Trata-se de um produto de conhecimento, tecnologia e de forte impacto de mercado”, explicou o gerente da Unidade de Agronegócios do Sebrae, Paulo Alvim. No evento, também foi lançada a Cartilha de Acesso ao Pronaf. As publicações estão disponíveis para Publicações para download no portal do Sebrae em produtores rurais http://www.sebrae.com.br/setor/ foram lançadas no horticultura. (Regina Xeyla/Agência Seevento brae de Notícias e redação)
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Agronegócios
Sebrae deve melhorar gestão, acesso a mercados e serviços financeiros Entrevista, Paulo Alvim, gerente de Agronegócios, explica como a organização chega ao micro e pequeno produtor rural GILMAR FÉLIX
Paulo Alvim comemorou os resultados da Semana Sebrae do Agronegócio
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O
gerente da Unidade de Atendimento Coletivo – Agronegócios do Sebrae, Paulo Alvim, comenta os avanços do agronegócio de pequeno porte nos últimos anos e mostra quais os principais desafios da organização nessa área. Alvim comemora o sucesso da Semana Sebrae do Agronegócio 2010, que, além de levar conhecimento aos produtores que estavam presentes ao evento, trouxe grandes parcerias.
Como se faz a introdução da tecnologia e da inovação na agricultura pequeno porte? Cada vez mais, é necessário intensificar o uso de conhecimento em qualquer atividade econômica e definir mecanismos de difusão para levar às boas práticas, aliando produtividade e qualidade, independentemente do porte da atividade desenvolvida. Ser pequeno produtor não significa ser menos produtivo e ter pouca qualidade, pois assim ele fica fora do mercado. Nosso objetivo é identificar como incrementar a produtividade e a qualidade e incorporar componentes de inovação em pequenos negócios. Isso, inclusive no agronegócio, é um grande desafio. Existem parcerias importantes com a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] e universidades para conseguirmos chegar ao pequeno produtor. Caso contrário, ele vai trabalhar com ação assistencialista, com a lógica de subsistência. Não dá mais para viver em um ambiente assim. O que um produtor rural deve fazer hoje para produzir melhor e ter acesso ao mercado? Ele tem de estar aberto às boas práticas. A atividade agrícola é sempre vista como retrógrada. Os
Nós nos associamos a um conjunto de parceiros, a quem chamamos de difusores de tecnologia, que ensinam a esses produtores as formas corretas de se trabalhar. agricultores tendem a lembrar como os pais e os avós plantaram, e nós sabemos que isso não funciona mais, seja por questões de ordem climática, por conta das novas pragas ou do próprio meio ambiente que mudou. As demandas da sociedade hoje são diferentes, o que leva à necessidade de incorporarem-se novos conceitos. Cabe ao pequeno produtor estar aberto à chegada desse novo conhecimento. Além disso, é preciso ter todo um conjunto de estratégias para sempre levar o conhecimento ao produtor, pois, como ele está no campo, há uma enorme dificuldade de acesso à informação, além das dificuldades de aprendizado devido ao baixo índice de escolaridade. Existe um conjunto de barreiras naturais que tornam um grande desafio fazer uma transformação no campo. Como o Sebrae pode ajudar os pequenos produtores rurais? O papel do Sebrae é melhorar a gestão da propriedade rural e o acesso ao mercado. O primeiro passo é ensinar como fazer o cálculo certo de quanto custa produzir efetivamente um determinado produto. Orientamos em qual mercado ele deve atuar e como deve apresentar essa mercadoria, além dos cuidados com a higiene e o manuseio correto. O papel do Se-
brae é dar toda a orientação. O produtor precisa, também, ter boas práticas de produção e regras de manejo. Nós nos associamos a um conjunto de parceiros, a quem chamamos de difusores de tecnologia, que ensinam a esses produtores as formas corretas de se trabalhar. Qual é o balanço da atuação do Sebrae no agronegócio brasileiro? Nós começamos a atuar no agronegócio nos anos 1990, quando o Sebrae incorporou a clientela rural. Então, nos organizamos para atender a essa nova demanda, sempre pensando em grupos de produtores. O grande diferencial do Sebrae é o incentivo ao associativismo produtivo. Percebemos, também, que deveríamos adaptar, e até mesmo desenvolver, soluções para esse público. A linguagem tem de ser muito mais simples e lúdica, devido à dificuldade de escolaridade desse público. É preciso ensinar fazendo, não basta entregar uma cartilha. Por isso, o trabalho na área rural é totalmente diferente do da área urbana. Em contrapartida, os resultados são mais rápidos. No ano de 2010, estão sendo atendidos 570 projetos de 18 setores em todo o País. Isso envolve um público de 130 mil produtores rurais. Estamos investindo R$ 290 milhões. Nossa meta é atender a mais produtores rurais.
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Nós acreditamos que o dia em que o Sebrae estiver atendendo a 400 mil produtores rurais, faremos a diferença. Quais são os setores do agronegócio que estão em crescimento? O agronegócio tem um peso muito grande na economia brasileira. Estamos falando de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e quase 40% das exportações. Então, o agronegócio é responsável pelo superávit da balança comercial, o que significa uma situação positiva, pois está produzindo mais do que consome. O agronegócio de pequeno porte é responsável por 70% do consumo de alimentos no mercado interno, enquanto os grandes produtores têm vocação para a exportação. O pequeno produz fruta, flor, mandioca, hortaliças, entre outros produtos. E, se consideramos que o Brasil tem, hoje, uma economia sustentável, é graças ao mercado interno. Então, o pequeno produtor teve um papel fundamental na última crise econômica mundial, pois a economia do Brasil se voltou para o mercado interno. Com o aumento da renda e a busca de alimentos e produtos de melhor qualidade, os pequenos produtores puderam comemorar. Existem desafios, pois, como é um mercado pulverizado na produção, na estratégia de comercialização, ele hoje, ainda, não
Estamos desenvolvendo um projeto de utilização de envio de SMS por celular, visto que o aparelho chega ao campo e muitos produtores já utilizam essa tecnologia. é formador de preço, situação que pode fazer com que o produtor acarrete prejuízo. O Sebrae tem papel fundamental nos negócios dos pequenos produtores, tentando reverter a situação de o poder estar nas mãos da indústria e dos intermediários. As compras institucionais (de governo) deram uma grande alavancada e têm melhorado os preços praticados na agricultura familiar. Programas como Merenda Escolar e o Programa de Aquisição de Alimento (PAA) são alguns exemplos disso. Assim, o papel do Sebrae é importante em toda a articulação política, em parceira com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Hoje, 30% de toda merenda escolar tem de ser, por lei, comprada da agricultura familiar. Cabe ao Sebrae fazer com que os produtores estejam preparados para atender a essa demanda. Nosso esforço é engajar, cada vez mais, produtores que posteriormente se beneficiarão dessa lei.
A expectativa sinalizada pela diretoria é tornar esse evento [a Semana Sebrae do Agronegócio] anual e levar para os demais Estados 8
Qual foi a importância da Semana do Agronegócio? Quando começamos a construir a ideia, tínhamos a preocupação, junto com os colegas dos Sebraes de todas as Unidades Federativas (UFs), de mostrar ao País casos específicos de sucesso, focados em acesso a mercado, serviços financeiros e inovação. Esse era o objetivo principal. Depois, pensamos que a semana ganhou a forma de uma rede de formação de parcerias. Essa teia de relacionamento é crucial para conseguirmos atender com qualidade a um maior número de agricultores. A expectativa sinalizada pela diretoria é tornar esse evento anual e levar para os demais Estados. Quais as estratégias do Sebrae para levar conhecimento ao campo? Já usamos rádio nas comunidades e TVs com as alianças. Mas, temos percebido que precisamos inovar a fim de atingir nosso público rural. Estamos desenvolvendo um projeto de utilização de envio de SMS por celular, visto que o aparelho chega ao campo e muitos produtores já utilizam essa tecnologia. Estamos pensando em um grande projeto de inclusão digital no campo. Mas isso é uma política pública que não cabe unicamente ao Sebrae. Tem que chegar via Tecnologia da Informação (TI), conhecimento e oportunidades de negócios.
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Acesso a Mercados
Qualidade dos alimentos ganha mais atenção Diretor de Relações Institucionais do Grupo Pão de Açúcar destaca programas e projetos da rede de supermercados para atender o consumidor
GILMAR FÉLIX
Márcio Milan: a estabilidade econômica reduziu a preocupação dos consumidores com o preço dos produtos; a gerente Wang Ching, de Acesso a Mercados, foi moderadora do painel
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om a estabilidade econômica em que o Brasil está há 16 anos, o consumidor trocou a preocupação com os preços pela atenção redobrada quanto à qualidade dos produtos oferecidos. Atenta a isso, uma das maiores redes de supermercados do País, o Grupo Pão de Açúcar, reforçou suas ações em relação a esses ítens. “Segurança com sustentabilidade é uma preocupação de quem vende e de quem produz”, enfatizou Márcio Milan, diretor de Relações Institucionais do Grupo Pão de Açúcar, durante a Semana SEBRAE do Agronegócio 2010. Ele ministrou a palestra sobre “Cenários e Tendências de Mercado”, no painel sobre Acesso a Mercados, que teve como moderadora a gerente de Acesso a Mercados do Sebrae, Wang Ching . Há mais de 30 anos trabalhando no varejo, Milan contou que o consumidor de hoje quer segurança naquilo que está levando para casa. Quer qualidade não só do produto que está comprando, mas em todo o contexto que envolve a produção desse alimento. O diretor afirmou que já passou a época em que o consumidor era tido como tolo. Enganado, ele comprava 1 quilo de frango, mas levava pra casa apenas 600g, pois os outros 400g eram água. Oferecer segurança naquilo que o cliente compra é o que diferencia os supermercados, já que o preço não é mais o principal quesito avaliou. Antigamente, a diferença de preços entre mercados era enorme, mas, com a compe-
titividade, isso mudou e a qualidade dos produtos ganhou mais atenção do consumidor, apontou. “Hoje, a variação de preços é muito pequena”, lembrou Milan. Mas não cabe só ao varejo fazer esse trabalho de garantir a segurança e a qualidade dos alimentos. Ações antifraude, em conjunto com órgãos do governo, são essenciais para o equilíbrio entre qualidade e quantidade, gerando confiança entre consumidor e empresa, recomendou. Milan exemplifica essa mudança na cabeça do consumidor. “A Coca-Cola que você encontra no supermercado A é exatamente a mesma do supermercado B. A única diferença entre elas é o preço. Hoje, o consumidor que vai ao mercado não quer ver só a Coca-Cola, ele quer saber das frutas, dos legumes, dos peixes e das carnes que esse mercado vende, da preocupação que ele tem com produtos de boa qualidade, se está ligado com sustentabilidade e responsabilidade social. Esse, sim, é o grande diferencial entre os supermercados.” A preocupação hoje está girando em torno de algumas vertentes, segundo o gerente. “Aquele produto que o consumidor está consumindo é seguro pra ele? Quem vende e quem produz está preocupado com a saúde do consumidor?”
Na avaliação do diretor, a segurança vai além de responder essas perguntas. O desperdício, por exemplo, é outra preocupação que o supermercado deve ter, pois, além da perda do produto durante a operacionalidade, ele perderá sua competitividade, e essa perda recairá sobre o preço final. Milan contou que o produto campeão de desperdício dos supermercados é a banana, seguida pelo tomate, e dá números: por ano, quase 2 mil toneladas de banana são jogadas no lixo pelos supermercados. Isso equivale a 77 carretas cheias e que poderiam sustentar cerca de 20 mil famílias – números preocupantes e que começam a ser discutidos. De acordo com o diretor, o Grupo Pão de Açúcar trabalha com uma política de preço justo, o que significa ter produtos de qualidade nas gôndolas com critérios de rastreabilidade rigorosos, que certificam que seus fornecedores não usam mão de obra infantil e escrava, não empregam sem rigor defensivos agrícolas e apresentam preocupações ambientais. Ele lembrou o caso do café. É que o grupo foi a primeira rede de supermercados a vender cafés de qualidade diferenciada, tipo exportação. Porém, como pioneiro, aprendeu com os próprios erros. Ele contou que a empresa comprou a primeira safra premiada de café e colocou-a à venda sem dar o devido valor à informação agregada ao produto. O preço dos caros cafés
Preço é fácil de igualar, mas qualidade é difícil. São os atributos que fazem a diferenciação do produto.
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gQualidade e informação
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premiados podia chegar ao quádruplo do preço dos cafés tradicionais, quando colados nas prateleiras. Os consumidores, sem saber o motivo do preço mais alto, não davam importância ao novo produto. Percebido isso, o grupo passou a esclarecer aos consumidores que se tratava de um produto diferenciado, indisponível em estabelecimentos concorrentes. O resultado disso foi o aumento nas vendas e a adoção da mesma estratégia por parte da concorrência. O mesmo ocorreu com a carne suína. O Pão de Açúcar começou a separar as peças do animal e colocá-las à venda, mostrando para os clientes das lojas que existe também filé mignon suíno, alcatra suína, costela suína, etc.. Essas opções de carne de porco elevaram as vendas do produto. “Preço é fácil de igualar, mas qualidade é difícil. São os atributos que fazem a diferenciação do produto”, disse.
gCaras do Brasil
Uma promoção do Gupo Pão de Açúcar destacada pelo palestrante foi o programa Caras do Brasil, criado para trazer o pequeno produtor rural para perto das grandes redes varejistas usando a rastreabilidade e buscando a qualidade desde a origem. Nesse caso, o diretor explicou que a estrutura do Pão de Açúcar vai muito além das barreiras das lojas. O grupo visita seus fornecedores e orienta sobre como devem agir e administrar os agrotóxicos. Além disso, é emitido um código de rastreabilidade mapeado por meio da internet. Dessa forma, o produtor, o dis-
tribuidor e o consumidor conseguem identificar a procedência dos produtos. Márcio conta que, em 2009, o grupo analisou cerca de 4.500 frutas, legumes e verduras comercializados em suas lojas e investiu cerca de R$ 3 milhões no programa. “Por meio desses cuidados, o Pão de Açúcar procura saber se o volume de agrotóxico combinado com o produtor está sendo administrado corretamente”, observou. Nas palavras dele, qualquer lote que esteja acima do valor permitido, os instrutores e orientadores visitam a plantação e concedem
supermercado”, diferenciou. A rastreabilidade permite ao consumidor saber de onde o produto saiu, por onde ele passou e onde ele chegou, tudo isso por meio da segurança da informação sobre o produto que ele está levando para casa. “O consumidor consegue descobrir até quem foi o fornecedor do produto”, disse Milan. O reconhecimento desse trabalho de dois anos vai muito além da fidelização dos clientes. Milan conta que até os concorrentes, sabendo de todo esse esforço, descadastraram todos os seus fornecedores e cadastraram todos os produtos que estavam sendo vendidos pelo Pão de Açúcar. “Eles pensam: já que existe todo esse controle, eu estarei garantindo a mesma qualidade deles comprando os produtos do mesmo fornecedor”, relatou Milan.
Não adianta ter produtos de qualidade sem treinar e capacitar as pessoas que trabalham em nossos mercados. mais uma chance para o agricultor se regularizar. “Se o problema persistir, o agricultor é suspenso e entra em um regime de quarentena até se adequar ao procedimento de compra do grupo”, explicou. No Pão de Açúcar, acrescentou, o consumidor pode optar por comprar frutas, legumes e verduras embaladas ou a granel. Os produtos a granel não têm como receber um código específico, diferentemente dos embalados. “Os embalados têm um código de rastreamento por lote que identifica de onde vem o produto e o caminho percorrido até chegar ao
g Rastreabilidade para todos Com isso, ele disse que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) e o Pão de Açúcar assinaram um protocolo se comprometendo a, no final do ano de 2010, disponibilizar esse sistema para todo supermercado que quiser operar coligado. O Grupo Pão de Açúcar possui cerca de 78 mil supermercados espalhados pelo Brasil e conta com mais de 800 mil funcionários. Esse é outro desafio da empresa. “Não adianta ter produtos de qualidade sem treinar e capacitar as pessoas que trabalham em nossos mercados”, concluiu o diretor.
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Os grandes diferenciais são a rastreabilidade e a qualidade GILMAR FÉLIX
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m entrevista, o diretor de Relações Institucionais do Grupo Pão de Açúcar, Márcio Millan, identifica a importância da rastreabilidade, da parceria com instituições como o Sebrae e aponta a diferença da rede de supermercados em relação aos concorrentes. Qual o é o grande diferencial do Pão de Açúcar com outras redes de supermercados? O grande diferencial está na rastreabilidade dos produtos. No caso das frutas, legumes e verduras, nós começamos em 2008 e estamos evoluindo para outros tipos de produtos. Temos, hoje, uma parte da carne bovina que nós comercializamos está rastreada, desde a inseminação até chegar às gôndolas. Esse é um grande diferencial do agronegócio do Pão de Açúcar. Mesmo produzindo muito, o Brasil não é um grande consumidor de frutas, legumes e verduras. Qual a estratégia do grupo para atrair esse público? Além da rastreabilidade, o diferencial também é a garantia da qualidade. Hoje, nós somos os maiores vendedores de frutas do País. Como conseguimos fazer isso? Foi por meio dos festivais, das campanhas. Muitas vezes, nós não conseguimos vender mais porque não temos estrutura na área de venda para receber, porque a venda é muito concentrada naquele dia, naquela hora. Eu não posso deixar para vender no dia seguinte, quando o produto não terá a
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Milan: a meta é rastrear todos os produtos mesma qualidade. Então, nosso grande desafio passa a ser também a logística. Qual o grande desafio do grupo? O grande desafio é poder ampliar essa rastreabilidade para outros tipos de produto, como a carne bovina que estamos gerenciando, o peixe, a carne suína e o frango.
Qual a importância na busca de parceiros como o Sebrae? Essa parceria é de extrema relevância para o Pão de Açúcar. É importante ter o aval de uma entidade como o Sebrae, que pode não apenas estar junto, mas ajudar na melhoria e na fiscalização e mostrar, por meio de seus técnicos, como deve ser feito.
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Como as empresas podem e devem se preparar para entrar nesse mercado competitivo? Mostrar que o produto vem de uma fonte segura por meio do rastreamento. As informações fazem a diferença no dia a dia dos supermercados. O consumidor final consegue notar a diferença dos produtos orgânicos vindos da agricultura familiar, com alto valor agregado, ou os percebe apenas como produtos mais caros? Hoje, o Pão de Açúcar é o maior revendedor de produtos orgânicos do País. E, normalmente, esses produtos têm um custo diferenciado. Toda a questão de origem e rastreabilidade está na forma como o supermercado comunica isso ao consumidor. Acredito que, hoje, o consumidor consegue identificar essa diferença dos produtos que têm qualidade e uma diferenciação. Temos ainda que evoluir muito na comunicação com esse consumidor. Nós sentimos que os clientes querem mais informações além daquelas que estão no rótulo. Nas nossas lojas, percebemos que nossos consumidores veem esse preço mais alto como um produto diferenciado na loja. E é isso que o Pão de Açúcar quer buscar. Nossa loja no Shopping Iguatemi de São Paulo é uma das mais modernas do Brasil, da América do Sul e da América Latina. Não perde para nenhuma do País. Lá, você encontra produtos muito diferenciados. A batata que se vende lá é diferente da batata vendida em outras lojas, apesar de você ter a opção das duas. A exposição delas é pensada de forma a valorizar mais o produto. E, assim, o consumidor consegue notar essa diferença.
Como o Pão de Açúcar enxerga os produtos orgânicos? Acreditamos no crescimento expressivo desses produtos e estamos atentos às mudanças. Fora do Brasil, existem lojas especializadas que trabalham só com esse tipo de produto. A nossa preocupação está na certificação desses orgânicos, no crescimento desordenado, pois, se isso ocorrer, nós não daremos a segurança prometida ao consumidor de que o produto que ele está levando não contém nenhum aditivo agrícola. Dentro do Pão de Açúcar, temos pessoas para cuidar especificamente dos produtos orgânicos, ou seja, capacitadas, que estudam para manter exatamente a segurança e a qualidade desses produtos. Como o Pão de Açúcar trabalha com o desperdício? Para onde são levados os produtos considerados inadequados para o consumo? Nosso antigo presidente falava que desperdício é igual a unha, que tem de ser cortada periodicamente. Ele queria dizer com isso que, se nós não tivéssemos um programa sustentável, que se não trabalhássemos essas quebras, esses desperdícios, ora teríamos uma perda grande, ora perderíamos a venda. Toda vez que você aperta a questão do desperdício há uma retração nas vendas. O grande desafio é conseguir encontrar esse equilíbrio. Existe uma série de programas com esse objetivo. O dia a dia do supermercado é muito puxado porque você tem de fazer muitas manipulações. O desperdício que ocorre hoje é muito inferior ao de três, quatro anos atrás. Nós mexemos no tipo de equipamento em que era feito
o transporte dos alimentos e, a partir daquele momento, identificou-se também uma preocupação constante da indústria e do produtor. Com relação à destinação dos produtos, nós fazemos dois tipos de trabalho. Um deles é com algumas ONGs, que retiram dos nossos supermercados esses produtos, pois eles podem não estar bons para a venda, mas estão bons para o consumo. Outro programa que nós trabalhamos é o de compostagem. Todas as frutas, legumes e verduras que não forem utilizados por essas ONGs são transportados para um aterro de compostagem. Já temos um projetopiloto em um município de São Paulo que será futuramente implantado em todo o País, para garantir que 95% desses produtos vão para a compostagem para virar adubo. Quais as sugestões que uma rede como o Pão de Açúcar pode dar para que o pequeno produtor mostre o seu produto e a grande rede o perceba como diferenciado? A primeira colocação é a forma como o produtor traz esse produto. Se ele o leva como commoditie, ele vai ser recebido como commoditie. Se ele o leva como um produto diferente, vai ser visto de outra maneira. Outra coisa importante é a forma de embalar o produto. Essa pode ser uma maneira de seduzir o consumidor, exibir que o que ele está levando para casa tem maior qualidade. Revelar seus atributos também é uma forma de conquistar esse mercado. Mostrar que ele é produzido em uma região em que a água é tratada, revelar a maneira do cultivo, isso faz a grande diferença.
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Acesso a Mercados
Agricultor precisa mostrar diferencial Gerente do Sebrae assinala que o produtor precisa destacar suas vantagens e anuncia que em 2011 será lançado sistema sobre os produtos mais comprados no País
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m entrevista, a gerente da Unidade de Acesso a Mercados do Sebrae, Wang Ching, recomenda que o produtor tem que procurar fazer a diferença e conta que uma nova ferramenta de informações está sendo desenvolvida para ajudar os empreendedores a visualizarem as tendências de mercado. O que é fundamental para que o empreendedor entenda a tendência de mercado? É a quebra de paradigma. O produto agropecuário é ou não uma commodity? Ou seja, até recentemente pensávamos que ‘’todo melão é um melão’’, e a disputa acontecia por conta do preço. Essa era a lógica da commodity. O que vimos durante a Semana Sebrae do Agronegócio, em espe-
cial na palestra do senhor Márcio Milan , diretor de Relações Institucionais do Grupo Pão de Açúcar , foi a experiência bem-sucedida de como identificar as tendências do consumidor. O grupo consegue essa informação por meio dos formulários de pesquisa. O que se mostra é que nem todo produto é igual, que ‘’nem todo melão é igual ao outro’’. Na verdade, o que os consumidores procuram são melões que passem credibilidade, qualidade, procedência, certificação de orgânico. Nesse momento, o produto, aos olhos do consumidor, não está sendo analisado como commodities, só pelo preço. O supermercado transfere informações sobre o que o consumidor busca, e o pequeno produtor fica sabendo posteriormente se
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O pequeno agricultor tem que mostrar outras vantagens do produto, não somente o preço. Wang Ching: troca de informações com parceiros para alimentar inteligência de mercado
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o produto atendeu as normas de qualidade etc. O que fazer com a cultura dos produtores de negociar pelo preço? Sim. É importante que o pequeno produtor possa negociar de uma outra maneira e não somente com base no preço. Por isso, esse debate sobre tendências de mercado foi marcado pela seguinte informação: o pequeno agricultor tem que mostrar outras vantagens do produto, além do preço, porque, para a percepção do mercado, não é igual para todos. Resumindo: cabe ao pequeno agricultor mostrar qual é o diferencial do produto por ele apresentado. Ele não está apresentando uma ‘’commodity’’. Qual o primeiro desafio, nessa direção, a ser superado? O primeiro desafio para esse produtor é ter a consciência que existe algo diferente no mercado. Depois ele tem que saber o que ele mesmo tem como diferencial e começar a incorporar isso no discurso. Depois do feed back do comprador, ele vai saber o que mais ele pode apresentar para fazer a diferença. Obviamente, na hora que esse produtor começa a atender as classes A e B, ele terá mais trabalho no que tange à seleção, à apresentação do produto. Esse público exigente está disposto a pagar muito mais por um produto de
qualidade. Porém, se o produtor optar pela feira ao ar livre, aí sim o preço impera. A Unidade de Acesso a Mercados do Sebrae está desenvolvendo um programa para sistematizar informação para o pequeno empreendedor? Estamos trabalhando com um estudo que prima pela convergência de vários setores que detêm o conhecimento dos mercados e construindo um sistema de informação que não é somente uma plataforma tecnológica. A nossa pesquisa é feita de acordo com a demanda e, por isso, obteremos um resultado de produtos mais comprados, informações úteis a todos empreendedores, como, por exemplo, qual o estado aceita melhor tal produto, entre outras. Para esse resultado, fizemos vários workshops e seminários com o objetivo de mapear várias fontes de informação. No caso da fruticultura e orgânicos, mapeamos a Ceagesp [Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo]. Que tipo de informação cada um desses parceiros tem: fonte, natureza e de que forma ela chega. Também buscamos construir uma rede de parceiros com intuito de promover a troca de informações e alimentar o sistema. Com base nesse banco de dados, o programa consegue gerar tabelas e estatísticas para a nossa análise de
Em 2011, vamos ter esse programa [de inteligência de mercado] funcionando para captar, gerir e processar a informação.
mercado. Esses gráficos serão traduzidos por especialistas, que poderão concluir as tendências de mercado. Gera a inteligência de mercado. Atualmente, o estudo de mercado tem certa limitação, pois o universo do Sebrae é muito amplo? Conseguimos fazer até 20 estudos por ano, o que acaba não atendendo a todos. Demoramos de 4 a 6 meses para o projeto estar concluído e, assim que finalizamos, ele reflete um período passado. De forma que, quando o novo ciclo de plantação vai começar, a informação já pode estar defasada. Esquematizando tudo isso nesse sistema que citei anteriormente, teremos informações mais recentes. Enxergamos duas coisas principais: status quo, o raio-x do mercado, e também um mapeamento de tendências futuras. O produtor precisa conhecer o mercado em que ele está concorrendo, onde ele está inserido e também as tendências. Qual a previsão para que esse programa esteja em pleno funcionamento? Já trabalhamos esse programa no âmbito do fluxo e do mapeamento. Até o final do ano licitaremos o software e assim, em 2011, vamos ter esse programa funcionando para captar, gerir e processar a informação. Vale lembrar que a Unidade de Acesso a Mercado do Sebrae Nacional não trabalha diretamente com o produtor. Nós trabalhamos via projetos. Desenvolvemos produtos sabendo que tudo terá que ser simples e claro e que será material de trabalho para os especialistas, os gestores. O conteúdo é simples, mas precisamos dos gestores que irão ‘’traduzir’’ o material, e transferir o conhecimento para as diversas culturas.
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Experiências Inovadoras de Mercado
Castanha de caju na Terra da Garoa Cooperativa de cajucultores conquista o mercado paulista com o Piauí -Sampa e os produtos artesanais que estão dando novo sabor a sorvetes comercializados em São Paulo
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2006, o Piauí é o terceiro maior produtor de castanha de caju do Brasil, ficando atrás apenas do Ceará e do Rio Grande do Norte. Por enquanto. É que a agricultura familiar plantou e está colhendo frutos de um trabalho que levou seus produtos artesanais ao concorrido e exigente mercado de São Paulo. Em 2005, os produtores de caju do Estado do Piauí resolveram se unir e, de forma empreendedora, fundaram na cidade de Picos a Central de Cooperativas de Cajucultores do Estado do Piauí (Cocajupi). O principal objetivo da entidade é fortalecer a união dos agricultores familiares da cajucultura. A trajetória da entidade foi relatada pelo assessor comercial da entidade, Mário Lago, durante a Semana Sebrae do Agronegócio 2010, no bloco Experiências Inovadoras de Mercado. Trata-se de um trabalho solidário, em que todos os cooperados participam do processo produtivo
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Evento anual promovido pelo Sebrae-PI abre oportunidades em São Paulo
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Estamos conseguindo produzir as amêndoas de caju sem gordura e com menos sal. do caju. Hoje, a cooperativa conta com 500 produtores divididos em nove cooperativas singulares, formadas por pequenas associações de agricultores. Em 2007, a Cocajupi resolveu melhorar a estrutura da sua área comercial. Com a ajuda de parceiros, como o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a entidade participou de programas de qualidade, regularizou suas atividades junto ao Ministério da Saúde e ajustou seus produtos aos princípios éticos e ecológicos do Comércio Justo, um movimento internacional conhecido por
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FairTrade.
Nesse mesmo ano, a Cocajupi foi a São Paulo para Cocajupi ganha mercado no exterior com certificação de Comércio Justo participar, pela primeira vez, da balho da cooperativa. A partir daí, brae, foram feitos vários estudos. feira Piauí-Sampa – Terra do Sol na a Cocajupi começou uma pesquisa Durante esse período, a cooperaTerra da Garoa, promovida anualpara saber qual o tipo de embalativa passou por um processo de mente em São Paulo pelo Sebrae gem mais adequada, qual o tipo adaptação para encarar o desafio do Piauí. A ida ao evento fez a cende invólucro que o mercado queria de São Paulo. tral perceber que a embalagem e, por meio de consultorias do SeJá no Piauí-Sampa de 2008, a que utilizava não valorizava o tra-
Leonardo Chiappetta, da Sorveteria Chiapetta, localizada no Mercado Municipal de São Paulo, abriu grandes possibilidades para a cooperativa. 17
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Chiappetta criou sorvete em homenagem ao Piauí central vendeu seus produtos com sucesso. Ela inovou e diversificou embalagens e produtos, criando, por exemplo, pacotes de 50g de castanha dispostos estrategicamente ao lado dos caixas de supermercado e pacotes de 250g colocados à venda em hotéis ou mesmo para dar de presente. gDoce parceria A história não acaba aí. A Cocajupi conseguiu um grande parceiro para entrar no disputado mercado de São Paulo. O empresário Leonardo Chiappetta, da Sorveteria Chiapetta, localizada no Mercado Municipal de São Paulo, acreditou e investiu no empreendimento,
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abrindo grandes possibilidades para a cooperativa. O Empório Chiappetta é um dos maiores estabelecimentos de comercialização de gêneros alimentícios de São Paulo. Com 100 anos de atuação no mercado paulista, o empório possui lojas no Mercado Municipal, no Shopping Eldorado e um restaurante no bairro de Santa Cecília. Uma das metas da parceria é levar os produtos do Piauí também para a Itália. Nos planos do empresário, há também a possibilidade de abrir uma sorveteria na capital piauiense. Recentemente, Leonardo Chiappetta esteve no Piauí para visitar cooperativas apícolas e de cajucultores. O objetivo foi repassar técnicas, de produção da castanha e secagem de frutas típicas da região. “Com as técnicas, estamos conseguindo produzir as amêndoas de caju sem gordura e com menos sal”, disse Francisco Holanda, gerente de Agronegócios do Sebrae/PI. Segundo o gerente, o Empório Chiappetta tem sido um grande parceiro comercial dos produtores piauienses. “Em sete meses de negociação, já foram comercializados mais de R$ 40 mil só em castanhas para o estabelecimento.” Uma das ideias para começar a despontar no mercado paulistano
e fazer a marca ficar conhecida foi uma degustação da castanha de caju no ponto de venda dos representantes, com aula para os paulistanos sobre a diferença entre a castanha industrializada e a castanha feita artesanalmente. As vendas começaram a subir, mas o mercado paulista queria algo diferente. Chiappeta viajou até o Piauí e ensinou à cooperativa a técnica de fritura sem óleo da castanha – foi aí que a central despontou no comércio. Anteriormente, as castanhas vendidas eram desidratadas ou fritas e depois, com o novo procedimento, passou-se a torrá-las sem óleo. Além de agregar valor ao produto, a nova técnica foi responsável por um grande aumento nas vendas da Cocajupi. “O pacote de castanha torrada sem óleo custa mais caro do que o pacote de castanha frita. Mas, em compensação, o consumidor está levando um produto mais saudável”, contou o assessor comercial da Cocajupi, Mário Lago. “Nós fazemos visitas constantes ao comércio, vamos às feiras, pegamos os contatos e depois vamos atrás”, garante. O assessor contou ainda que uma das maiores satisfações da sua vida foi ver a Cocajupi ganhar, da Fundação Banco do Brasil, um carrinho de torrar castanhas. “Nós chegamos a uma feira e, com o carrinho, começamos a torrar as castanhas. Vendíamos um conezinho de 60g feito na hora e, quando o cheiro subia, as pessoas perguntavam de que era e até o comparavam ao de camarão e carne-de-sol. Depois, perguntavam como poderiam conseguir uma franquia do carrinho de castanha. É um espetáculo, nós ficamos muito orgulhosos”, detalhou.
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“Façam com amor”
O
conselho é o assessor comercial da Cocajupi , Mário Lago. Em entrevista, ele contou como a entidade descobriu o caminho do êxito nos negócios e na inclusão produtiva dos agricultores familiares. Qual a importância de parceiros como o Sebrae no trabalho da Cocajupi? É de fundamental importância. O Sebrae nos ajuda muito nas áreas de gestão e capacitação. Além disso, nos auxilia com espaços em feiras, no Comércio Brasil e até nos indica clientes. Sem os grandes parceiros, nós não estaríamos contando essa história de sucesso. Qual a dica que você daria para as cooperativas que estão começando? Que façam tudo com amor e que se dediquem àquilo em que realmente acreditam. As coisas não acontecem por acaso, só por meio de muito trabalho e dedicação que as coisas dão certo. Qual o aprendizado que a Cocajupi tira do que era a entidade e do que ela se tornou? Humildade acima de tudo. Você tem que fazer benchmarketing, olhar o que está dando certo e se adequar à realidade. Tem de olhar localmente e agir globalmente. É importante a adequação para o Comércio Justo (Fair Trade)? Adequação ao Comércio Justo é de extrema importância e é
GILMAR FÉLIX
Mário Lago, assessor comercial da Cocajupi, relata as parcerias concretizadas em São Paulo por meio de evento promovido pelo Sebrae-PI o foco do futuro. Hoje, as pessoas estão muito preocupadas com o meio ambiente, o que o Comércio Justo valoriza também. Além disso, existem pessoas do outro lado do oceano que só vão saber que o nosso produto é de agri-
cultura familiar pela certificação do Comércio Justo. Há um prêmio por essa certificação, e esse prêmio é todo revertido ao bemestar social da comunidade de cajucultores do Piauí.
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Experiências Inovadoras de Mercado
Embutidos viram caso de sucesso no interior gaúcho A fábrica da família Sprandel atingiu a qualidade exigida pela fiscalização e virou exemplo de bons negócios no município de Não-Me-Toque (RS) Bernardo Rebello/Agência Sebrae de Notícias
No interior do Rio Grande do Sul, o empresário Gércio Sprandel inovou e fez a diferença. Tornouse um orgulho de Não-Me-Toque, uma cidadezinha com pouco mais de 15 mil habitantes, a 280 km de Porto Alegre. Em nove anos, ele deixou de ser um produtor informal de embutidos suínos para virar caso de sucesso em agroindústria familiar na região. Há um ano, a família comemorou a inauguração da Casa de Carnes J. L. Sprandel & Cia. Ltda, o segundo empreendimento que montou após colocar o processo de produção dentro dos padrões do Sistema de Inspeção Municipal (SIM). Ele relatou a história da Casa de Carnes durante a Semana Sebrae do Agronegócio 2010, no bloco Experiências Inovadoras de Mercado. Tudo começou quando o produtor adquiriu o minimercado de seu sogro. Gércio não conhecia o ramo de carnes e, como muitos produtores rurais de Não-Me-Toque, plantava trigo e soja em sua propriedade. Quando o sogro adoeceu, ele tomou conta do peque-
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Gércio Sprandel: família e negócios unidos pela inovação
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no empreendimento da família e resolveu inovar. “Comprei dois suínos e vendi tudo em dois dias. Gostei do negócio”, contou o empresário. Com um olhar atento para o novo filão de negócios, o ex-agricultor percebeu que não havia concorrência à altura do seu empreendimento, pois os dois únicos açougues da cidade eram antigos e tinham parado no tempo. gPadrão superior Inicialmente, o abate das carnes era feito de modo precário, e a comercialização começou nos fundos do mercadinho, de forma ilegal e sem fiscalização. Assim, Gércio, com a ajuda de sua esposa e da sogra, deu início à bem sucedida produção de embutidos em Não-metoque. Daí passou a investir em salame e linguiça mista e de pura carne suína, alem de cortes de carnes para festas e eventos. Produtos coloniais têm atestado municipal de qualidade No ano de 2005, a Vigilância Sanitária apareceu em seu mercado para uma fiscalização de par efetivamente do mercado conrotina. A equipe de fiscais ficou imsumidor. Já em 2008, devidamente pressionada com as instalações e a regularizada, a Casa de Carnes JL maneira de produção. Um padrão Sprandel recebeu a visita da Secrede higiene e de operação dos protaria de Agricultura do município e dutos equiparável às empresas já ganhou selo de qualidade por proconsolidadas no mercado. A partir duzir dentro dos padrões exigidos. daí, a JL Sprandel procurou a formaOs produtos coloniais produlização. zidos pela família de Gércio e JoEm 2006, Gércio decidiu fazer raides Sprandel, no bairro de São cursos de capacitação com o auxíJosé do Centro, em Não-Me-Toque, lio do Sebrae (Serviço Brasileiro de já são bastante conhecidos no muApoio às Micro e Pequenas Emprenicípio e na região. Com o registro sas) do Rio Grande do Sul. Isso foi no Sistema de Inspeção Municipal, necessário para a empresa particia fábrica de embuticos suínos pas-
Antes de abrir meu negócio, eu era um pequeno agricultor. Hoje, com a Casa de Carnes JL Sprandel, sou um empresário. Prefeitura de Não-Me-Toque
sou a ser mais procurada para fornecer os alimentos que possuem selo de qualidade. O segredo para o sucesso, definiu o produtor, é ter coragem e não desistir, além da preocupação em atender sempre bem os clientes. “Antes de abrir meu negócio, eu era um pequeno agricultor. Hoje, com a Casa de Carnes JL Sprandel, sou um empresário. Somos a primeira indústria de embutidos da região. Nosso salame é um famoso produto colonial”, comemorou, orgulhoso.
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Experiências Inovadoras de Mercado
Capital brasileira da acerola Após o trocar o café por variedade resistente da nova fruta, produtores garantem título e selos de qualidade a Junqueirópolis (SP) O município de Junqueirópolis, situado a cerca de 640 km da capital paulista, localiza-se em uma região predominantemente agrícola. Além de produzir milho, algodão, café e frutas, o cultivo da acerola predomina – isso faz com que a cidade ganhe destaque como uma das maiores produtoras da fruta no País. Mas quem conhece a Junqueirópolis de hoje não sabe o quanto foi difícil chegar até esse patamar. Junqueirópolis sofreu muito com o êxodo rural no final da década de 1980, devido ao declínio da monocultura do café, situação que se agravou em virtude da ausência de organização dos agricultores locais. Além disso, a cidade enfrentou diversos outros desafios no cultivo da terra. O incessante uso da terra para a produção de café fez surgir um tipo de parasita, conhecido como nematóide, que deixa as plantas e a terra doentes e sem utilidade de consumo. A “estratégia de sobrevivência no campo” desenvolvida em Junqueirópolis foi relatada na Semana Sebrae do Agronegócio 2010 pelo presidente da associação de produtores do município, Osvaldo Dias. Ele detalhou o caso no bloco Experiência Inovadoras de Mercado, mostrando que as dificuldades forçaram a diversificação do plantio de café.
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Em 1990, os agricultores que restavam na região resolveram se unir e criaram a Associação de Produtores de Junqueirópolis. O princípio da entidade era a diversificação, ou seja, a introdução de novos tipos de cultura no município. Um ano depois de estruturada a associação, os produtores começaram a cultivar a acerola, uma fruta até então desconhecida por muitos. “O começo foi muito difícil, pois
a terra não dava frutos comercializáveis. A coloração era bem amarelada, o teor de vitamina C era baixo e o tamanho das frutas era muito irregular, sem contar a briga constante contra os nematóides, lembranças que ficaram dos tempos do café”, lembrou Dias. g“Olivier”: a salvação da lavoura Mesmo com todos esses desafios, os produtores não desistiram e procuraram conhecer melhor a acerola
Nós temos um bom produto, mas isso não seria nada sem um bom parceiro.
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GILMAR FÉLIX
e o mercado para a fruta. Depois de sorvetes, sucos, cremes e dede várias tentativas de plantio, os mais guloseimas. Boa parte dos cultivadores descobriram uma 175 hectares cultivados com variedade da acerola com todas acerola no município atende as características exigidas pelo ao mercado interno in natura, incluindo alguns programas, mercado consumidor. Ela foi baainda incipientes, de merenda tizada de “olivier” – nome dado escolar. Na colheita da fruta, à acerola plantada na região. A durante meses, ocupam-se 500 partir daí, começou a expansão pessoas. Fartura no emprego da cultura. “Foi um período de rural. adaptação e de tolerância”, conOsvaldo Dias contou com tou o presidente. muito orgulho que os seO título de capital brasileira los mudaram a vida dos proda acerola foi conquistado após dutores: “Depois da certificinco anos de trabalho, com a cação, o preço das vendas parceria do Sebrae (Serviço Brasubiu de R$ 0,60 para R$ 0,90”. sileiro de Apoio às Micro e PeOsvaldo Dias, presidente da associação agrícola As certificações abriram oporquenas Empresas) em cursos de local: estratégia de sobrevivência no campo tunidade de venda para os capacitação dos agricultores, a de Frutas (Ibraf ) certificou, para mercados europeu, asiático e gestão de qualidade ambiental o mercado nacional, a acerola de norte-americano. Aqui no Brasil, a e comprometimento dos envolviJunqueirópolis com o selo Fruta associação tem fornecimento exdos. Todo esse empenho garantiu Saudável, que tem como fundaclusivo para a Kibon. A empresa aos pequenos produtores rurais e a mento informar as condições de lançou uma nova linha de sorvetes suas famílias a permanência na atitrabalho, higiene e de meio amFruttare – Sabores do Brasil e um vidade, a melhoria da qualidade de biente ao consumidor. Esse certideles é o sabor acerola. Na embavida e, agregada a ela, lucratividaficado ainda garante a rastreabililagem do sorvete, consta a origem de. Mas o desafio não para por aí. dade e o controle contínuo da área do cultivo da fruta utilizada e um A associação queria explorar de produção. mapa mostrando a localização do todo o potencial da região, garanAs deliciosas acerolas de Junmunicípio produtor. tiu Dias. Em 2006, em parceria com queirópolis correm o mundo. São Dias lembrou que, mesmo seno Sebrae, começaram as buscas degustadas principalmente no do o terceiro município mais pobre por certificações que tornassem Japão. Da produção total da fruta, de São Paulo, Junqueirópolis, que a acerola um produto capaz de cerca de 60% segue exportada, em tem 20 mil habitantes, agora é coatender às exigências do mercado polpa congelada, para a fabricação nhecida internacionalmente. internacional. “Nós temos um bom produto, mas isso não seria nada sem um bom parceiro”, ponderou o presidente da associação. Essa conquista ocorreu em 2009, quando os produtores de Junqueirópolis receberam o registro GlobalGAp, selo internacional de qualidade que indica que a fruta é produzida de forma segura ao consumidor, A acerola tipo olivier praticamente não utiliza agrotóxicos no seu cultivo. com redução de insumos químicos e O teor médio de vitamina C nessa variedade é de 1.200mg/100ml de suco e trabalho realizado de forma respon1.400mg/100g de polpa. Tem 100 vezes mais vitamina C que a laranja ou o limão. sável, garantindo saúde e segurança Recentemente descoberta pelo mercado, a acerola, também conhecida como aos trabalhadores rurais. cereja das Antilhas, surpreende os consumidores em razão de elevado teor de A União Europeia exige o revitamina C. Para se ter uma ideia, apenas duas frutinhas por dia suprem o organisgistro para o ingresso de alimenmo humano desse nutriente elementar. Espanta a gripe e gera lucro. tos nos supermercados europeus. Fonte: Revista Brasileira de Fruticultura Vol. 24, ano de 2002. e Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo Além disso, o Instituto Brasileiro
Depois da certificação, o preço das vendas subiu de R$ 0,60 para R$ 0,90.
Vitamina C turbinada
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Farinha boa na fábrica dos Anjos Persistência e iniciativa marcaram a história da empresa que começou nos anos 1950 e hoje conquista mercado do Rio Grande do Norte Nos anos 1950, o avô e o pai do empresário Jânio dos Anjos, iniciaram uma pequena produção de farinha de mandioca na cidade de Vera Cruz, interior do Rio Grande do Norte. Em 2006, com o pai doente e afastado do trabalho, Jânio assumiu a empresa da família. “Quando meu pai começou, ninguém acreditava no trabalho dele. Eu era o único”, lembrou o produtor, ao expor sua experiência na Semana Sebrae do Agronegócio 2010. Com essa oportunidade nas mãos, Jânio resolveu empreender e mudar o trabalho com a mandiocultura. O empresário buscou as consultorias do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), participando de oficinas de capacitação e de cursos sobre inovação tecnológica. Mas seu grande problema foi enfrentar a família. “Eles não queriam inovar, mas eu acreditei, insisti e fui atrás”, contou. Começaram a ser feitos estudos de mercado e investimentos na empresa. A casa de farinha ganhou novos equipamentos, comprados por meio de financiamentos do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste. Os funcionários passaram a usar uniformes, e a fabricação da farinha aumentou seu nível de higiene e organização. Até o lavador de mandioca, inventado pelo
pai de Jânio, foi modernizado e adequado ao novo padrão da fábrica. O investimento fez a produção subir e o grande desafio, então, era buscar um diferencial competitivo. “No tempo do meu avô, eram fabricados 2 mil quilos de farinha de mandioca por mês. Meu pai fazia 20 mil. Hoje, eu produzo em média de 80 a 100 mil – quilos mensais”, comentou.
Jânio dos Anjos: empresário de sucesso gMais consultorias do Sebrae A Casa de Farinha dos Anjos estava pronta para inovar e, mais uma vez, fábrica está de portas abertas para o Sebrae entrou em cena. Os consulquem quiser conhecer e aprender tores levaram até Vera Cruz técnicos com a gente”, contou.A mudança foi especializados em mandiocultura e essencial para acabar com os atravesensinaram a tecnologia de produção sadores. Agora, a empresa tem uma de farinha temperada. Hoje, podemchance maior de negociar diretamense encontrar seis tipos de farinha por te com os supermercados. A indústria, lá: branca fina, branca média, amarela instalada no município de Vera Cruz, e as temperadas com calabresa, batambém faz parte do roteiro de turiscon, alho e cebola. A equipe do Semo rural da região. brae também ajudou a elaborar uma Jânio dos Anjos, hoje, é um emprenova embalagem que seguisse todos sário de sucesso. A Farinha dos Anjos é os padrões exigidos pela Agência Naa empresa de origem familiar de maior cional de Vigilância Sanitária (Anvisa) referência do Rio Grande do Norte e a e pelo Ministério da Saúde. mais vendida nos supermercados da “Antes eu tinha vergonha da miregião. “Deixamos de ser Casa de Farinha empresa. Hoje eu sinto orgulho. nha para ser a Indústria de Farinha dos E tudo isso graças ao Sebrae. Nossa Anjos. Só consegui isso pelo sonho de
Antes eu tinha vergonha da minha empresa. Hoje eu sinto orgulho. 24
Bernardo Rebello/Agência Sebrae de Notícias
querer mudar e, assim, transformamos a nossa história”, declarou Jânio, entusiasmado pelo seu empreendimento.
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Experiências Inovadoras de Mercado
O que é que a banana tem? Produtores de Bom Jesus da Lapa (BA) conquistaram o Brasil por meio de projeto do Sebrae que tem consultores para identificar novos canais de comercialização. GILMAR FÉLIX
A evolução dos fruticultores foi relatada pelo presidente da Associação de Produtores Banana da Bahia, Ervino Kogler (em pé), e pelo consultor do Sebrae Marsel Nogueira, do projeto Comércio Brasil. Eles foram apresentados pela técnica da área de mercado Márcia Thier, do Sebrae-RS (sentada).
C
om o apoio do projeto Comércio Brasil – Rede de Agentes de Mercado, desenvolvido pelo SEBRAE, a banana produzida na região de Bom Jesus da Lapa, no interior da Bahia, é co-
mercializada hoje nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Trata-se do maior produtor de banana do Nordeste do País. Em 2009, o cultivo alcançou uma produção de 270 toneladas por sema-
na e 14 mil toneladas por ano, o que gerou um faturamento superior a R$ 5 milhões Esse caso bem-sucedido é resultado de um esforço iniciado em 2005 por 15 pequenos fruticulto-
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res que decidiram apostar nessa região que, originalmente, tinha foco na produção de grãos. Nesse mesmo ano, surgiu o projeto Comércio Brasil, que conta com uma rede de consultores para identificar canais de comercialização para micro e pequenas empresas. Com apoio do Sebrae, eles compraram 1 milhão de mudas provenientes da Costa Rica e deram o ponta pé inicial. Hoje, já são 430 hectares dedicados ao cultivo de bananeiras, o que rende cerca de 270 toneladas de frutas por semana.
gTrabalho coletivo, benefício para todos
Para colaborar com a impulso da produção em Bom Jesus da Lapa, o Sebrae da Bahia lançou mão do modelo de Gestão Orientada para Resultados (GEOR) para orientar a organização dos produtores para o cooperativismo e associativismo. Além disso, na região, foi desenvolvido também o programa ‘Qualidade Total Rural – Fruticultura Irrigada’. Por meio dele, os produtores de banana e também de manga passaram a receber apoio para participar de feiras e missões empresariais. De acordo com o presidente da Associação de Produtores Banana da Bahia, Ervino Kogler, os produtores aprenderam a lição. Hoje, a comercialização da fruta é realizada em conjunto e o valor também é repartido por igual entre os produtores. “Temos um preço médio e prazo médio para que, de forma democrática, nenhum produtor seja prejudicado”, destacou, durante apresentação na Semana Sebrae do Agronegócio 2010. Do evento também participou o consultor Marsel Nogueira, do projeto Comércio Brasil. De acordo com Kogler, o gru-
po de comercialização coletiva de bananas reúne produtores que ganham escala e atendem melhor o mercado e que estejam dispostos a realizar investimentos em capacitação e na infra-estrutura de produção e pós-colheita. ‘“As condições naturais para a produção de bananas em Bom Jesus da Lapa, aliadas à qualificação que temos agora, faz da nosso produto referência de qualidade”, assinalou. “O bom negócio é trabalhar sempre para oferecer o melhor produto. Isso nos dá um grande diferencial. Depois de fazer a venda, é importante também ir até o local conhecer de perto o cliente e também saber como a mercadoria chegou ao consumidor”, aconse-
O principal deles, segundo Ervino Kogler, é fazer as frutas chegarem aos grandes centros sem desperdício e com o sabor desejado.
gDiversidade de frutas, mais marcado
Além do sucesso da banana, a região de Bom Jesus da Lapa possui uma oferta bastante diversificada. Manga, os citrus, o mamão, a uva e uma experiência inovadora de plantio de cacau no semi-árido são exemplos. O investimento mais recente está nas unidades de processamento de frutas, atividade que tende a se expandir. O mais novo projeto da associação é com o limão Tahiti, que tem um rápido crescimento, os frutos têm bom tamanho médio, formato arredondado, são de coloração verde escura e rugosos e possuem boa aceitação no mercado externo. “Estamos animados com o plantio do limão e a expectativa dos produtores são muito boas, já que a região tem vocação para culturas cítricas. Inicialmente será plantada uma área de 100 hectares. Dez produtores que fazem parte do grupo Banana da Bahia farão parte dessas primeiras experiências. No entanto continuaremos com a produção de banana. Queremos apenas diversificar e criar novas oportunidades de negócios”, explicou Kogler. “O limão Tahiti é adaptável aos solos da região de Bom Jesus da Lapa e pode gerar custos de adubação baixos. Entre os benefícios, podemos citar processo de colheita com menor custo; a certificação da cultura requer menos recursos que a certificação da banana; o processo de padronização e qualidade pode ser mecanizado e, portanto, oferece maior confiabilidade”, acrescentou.
Nossa banana é referência de qualidade
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lhou o presidente da Associação Banana da Bahia.
gAplicando mercados
Com bons resultados nos últimos anos, o otimismo dos fruticultores da Associação de Bananas está a todo vapor. Ainda mais depois de conquistar cada vez mais o mercado de São Paulo. Em 2009, eles conseguiram ampliar as vendas para aquele estado e fecharam negócios da ordem de R$ 864 mil, do total de R$ 1,2 milhão comercializado, para clientes prospectados por meio do Comércio Brasil. Vale lembrar que Brasília é o maior consumidor das bananas baianas e recebe cerca de 30 caminhões carregados com a fruta por semana. Porém, para continuar colhendo bons resultados, os produtores de Bom Jesus da Lapa devem vencer alguns desafios.
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Virada de foco
Criadores de ovinos inovam e vencem a crise Experiências bem-sucedidas no Rio Grande do Sul mostram resultados do investimento na qualidade da carne de carneiro
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nicialmente voltados para a produção de lã, os rebanhos ovinos do Brasil eram criados predominantemente na Região Sul e não eram atrativos para a produção de carne. Porém a tendência de queda dos preços internacionais da lã, ocasionada pelo aumento da quantidade e da qualidade das fibras sintéticas e outras matériasprimas alternativas ao tecido natural, provocou uma mudança no perfil dessa atividade, a partir da década de 1990, e deu novo impulso aos ovinos. Criadores foram levados a buscar novos padrões de animais que se enquadrassem na produção de carne. Assim, quem decidiu que ficar de braços cruzados não era a melhor opção diante da crise inovou e impulsionou seu negócio apostando na produção de carne de cordeiro. Mauro Soriano, de Quaraí, município distante 590 km de Porto Alegre, foi um dos inovadores do segmento, conforme relatou na Semana Sebrae do Agronegócio 2010. ”A cadeia produtiva baseada na produção de lã teve bastante desvalorização e o cordeiro era um subproduto que não tinha valor comercial que justificasse a produção de carne. O desafio era encontrar uma solução para dar a volta por cima”, conta. “É uma honra ser
um inovador em uma atividade na qual deveríamos ser professores”, lembrou o produtor gaúcho.
Thaís Araújo
gDescobrindo uma carne nobre
No entanto, para provocar uma mudança significativa na produção de carne ovina, era preciso apoio e incentivo. Foi então que, em 2007, o Programa Cordeiro de Qualidade, desenvolvido pelo Sebrae e pela Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), contribuiu de forma significativa para a construção de uma nova etapa para esse tipo de carne. O Cordeiro de Qualidade teve como seu maior parceiro o Programa Juntos Para Competir, do Sebrae do Rio Grande do Sul, em parceria com a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/RS) e a Associação Riograndense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS), o que estimulou a organização e o aprimoramento das cadeias produtivas do agronegócio no Estado em diversas frentes. Porém uma das mais significativas e inovadoras foi a ovinocultura. Com objetivo específico de aumentar a eficiência dos sistemas de produção e a promoção de estratégias de comercialização integrada, teve como mote básico grandes
Mauro Soriano, produtor gaúcho: a carne ovina deve ser redescoberta apostas: a diferenciação da carne de cordeiro com um certificado de qualidade e ações de marketing que valorizassem esse produto. ”A carne do cordeiro é saborosa e nobre. Mas, infelizmente, muitos ainda se recordam da carne com gosto desagradável da ovelha velha que era abatida depois de servir à extração da lã. Nesse sentido, contamos com ações de marketing para divulgar a qualidade e o sabor
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dessa carne”, contou Soriano. Ele explicou, ainda, que o programa objetiva acabar com a sazonalidade da comercialização da carne e com a oscilação dos preços. “Culturalmente, a carne de cordeiro é consumida mais em dezembro, o que também contribui para a valorização do preço apenas nessa época de festas. Mas nosso interesse é ter uma demanda constante, bem como um preço que também não apresente muita variação”. gSelo de qualidade: investimento e inovação “Temos a preocupação de que não haja apenas aumento de número de produtores, mas que, principalmente, eles primem pela qualidade. Tem produtor oportunista, mas esse não fica. A adesão está grande, porém a prioridade é melhorar a qualidade dos nossos rebanhos e não aumentar nosso grupo”, destacou. Vale lembrar que os animais incluídos no programa estão obrigatoriamente identificados por meio de brincos, estão cadastrados na Arco e, no momento do abate, devem ter peso mínimo entre 25 quilos e 40 quilos e índice de gordura entre 2,5 e 3,5 (a escala vai de 1 a 5). “A idade ideal para o abate do cordeiro é de até 13 meses de nascido. Para a comercialização, a idade é de cinco a seis meses”, explicou Soriano. Se for macho, deverá ser castrado ou, então, abatido com até sete meses de idade. O programa admite animais de todas as raças, independentemente de cruzamento. Atenção especial também ao manejo sanitário. Soriano alertou que só podem ser utilizados produtos regulamentados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além de garantia de instalações que visem o bemestar animal. gPassado: perseverantes não desistem na primeira queda No primeiro ano, em 2007, os
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A carne do cordeiro é saborosa e nobre. Mas, infelizmente, muitos ainda se recordam da carne com gosto desagradável da ovelha velha que era abatida depois de servir à extração da lã. produtores e seus funcionários receberam capacitação. Já a comercialização, que começou a dar fruto dentro do Programa Cordeiro de Qualidade, ocorreu em 2008, envolvendo 39 criadores de quatro municípios (São Gabriel, São Martinho, Dom Pedrito e Quaraí) e um rebanho de 5 mil cordeiros. As dificuldades foram muitas, a falta de experiência teve que ser superada e a motivação, renovada. ”Estávamos engatinhando e tivemos alguns erros de avaliação. No primeiro contrato de comercialização, buscamos preços baixos para abater. Esse foi um grande erro, pois nosso parceiro tinha o menor preço, mas não tinha condições de atender à demanda. Deixamos de cumprir com nossos acordos e tivemos uma boa parte da produção encalhada. Esse foi o ônus de começar algo novo”, relembrou Soriano. Ele contou que hoje ainda existem desafios. “Temos muito que avançar na organização dos produtores. É preciso trocar mais experiências, comprar insumos juntos para conseguir o menor preço e atingir um bom nível de cooperação para a comercialização. Afinal, diversas propriedades podem ajudar a completar um carregamento, por exemplo”, disse o produtor. Ele ressaltou que a elaboração de um banco de dados de todos os cordeiros e as dificuldades de transporte dos rebanhos também devem ser superadas. “Temos algumas perdas na hora de transportar os animais. Quando eles chegam
com hematomas, os frigoríficos os condenam e há uma perda para o produtor”, acrescentou. gFuturo: boas expectativas De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2005, o Brasil possui 15,5 milhões de cabeças ovinas distribuídas por todo o País, porém, concentradas em grande número no Estado do Rio Grande do Sul e na Região Nordeste. Destaca-se também o crescimento da criação ovina nos Estados de São Paulo, Paraná e na Região Centro-Oeste, áreas de grande potencial para a produção da carne ovina. E é bom que os produtores estejam cada vez mais atentos. Um estudo publicado em 2007, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), estima um crescimento anual de 2,1 % na produção de carne ovina durante o período de 2005 a 2014, registrando-se essa elevação principalmente em países em desenvolvimento. Por isso, aqui no Brasil, na pequena Quaraí, Soriano está otimista e disse que a expectativa é dobrar o número de cordeiros em relação a 2009, ano em que eles chegaram a ter quase 10 mil animais. O produtor gaúcho destaca que a consultoria técnica oferecida pelo Sebrae e por outros parceiros será fundamental para fortalecer a produção. “Não adianta nos preocuparmos apenas em produzir carne. Precisamos saber tocar a empresa”, apostou.
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Experiências Inovadoras de Mercado
A vez da manga ubá Boas práticas agrícolas revelaram que o valor da fruta é um grande filão que o mercado desconhecia
Thaís Araújo
Maria Emília Brumatti, presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares de Colatina (ES): articulação na cadeia produtiva
J
á diz a música: “Da manga rosa quero o gosto e o sumo”. Mas, desta vez, é a manga ubá que está fazendo sucesso. A espécie, que tem polpa macia e firme, fibras curtas e macias e gosto doce, está ganhando o mercado, levando desenvolvimento e gerando trabalho e renda para produtores do nordeste do Espírito Santo.
Por ser uma zona natural, que apresenta vastas áreas de terras quentes e secas, 60% da região é adequada ao plantio da fruta e, por isso, a produção chegou, em 2009, a quase mil toneladas no ano, beneficiando 140 famílias. A aposta na manga ubá veio com uma importante decisão dos produtores de café daquela
região: dividir a área de cultivo com a plantação de manga. Desde 2000, além da fruta, os produtores colhem resultados surpreendentes e dão exemplo em parcerias firmadas entre associações de agricultores, empresas, agroindústrias, instituições públicas e privadas que atuam de forma integrada. O cenário positivo de hoje é
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A fruta, que antes servia de ração para os animais, hoje é sinônimo de lucro para os produtores. consequência da preocupação de organizar melhor a cadeia produtiva. Para isso, foi criado, em 2003, o Pólo da Manga Ubá, por meio do Plano Estratégico para o Desenvolvimento da Agricultura (Pedeag), da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag). O pólo inclui a cidade de Colatina e municípios vizinhos que possuem condições climáticas favoráveis para o cultivo (Água Doce do Norte, Barra de São Francisco, Águia Branca, São Gabriel da Palha, São Domingos do Norte, Mantenópolis, Alto Rio Novo, Pancas, Marilândia, Baixo Guandu, Laranja da Terra, São Roque do Canaã, Itarana, Itaguaçu e Santa Teresa). A presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares de Colatina, Maria Emília Brumatti, faz parte dessa história. Ela conta que a cadeia produtiva era desarticulada e havia pouco preparo dos produtores para a comercialização da fruta, nativa da região. “Não tínhamos todo aquele cuidado com as embalagens, com as técnicas de conservação da fruta e não havia cooperação“, relatou. “A fruta, que antes servia de ração para os animais, hoje é sinônimo de lucro para os produtores”, contou Maria Emilia. O problema é que, antes, as mangas ubá não eram colhidas no momento certo. Era preciso orientação aos produtores sobre as boas práticas agrícolas necessárias durante o plantio, a colheita e a pós-colheita, para que a fruta chegasse com qualidade à indústria, disse ela. Com a criação do Pólo da
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Manga Ubá, a cadeia produtiva foi organizada e, hoje, os produtores interessados em integrar o grupo devem seguir uma série de recomendações técnicas, como estar localizados em área que possua condições de plantio, com covas prontas e controle eficiente de formigas; e permitir o acesso de técnicos para avaliações sobre o material genético plantado na sua propriedade. O produtor também deve acompanhar os treinamentos e as capacitações destinadas ao manejo e aos tratos culturais. Maria Emília lembrou que, em 2005, mesmo com muitas dificuldades, ocorreu a primeira venda de mangas – foram 40 toneladas comercializadas apenas pelos agricultores de Colatina, para a empresa Naturis, do município de Guaçuí, sul do Estado. “Entre 2003 e 2007, tínhamos muitas barreiras a superar: desconfiança dos produtores na aposta da manga ubá, falta de articulação e desconhecimento técnico. Além disso, a Naturis ditava o preço”, revelou. Após esse período, houve um trabalho, junto ao Sebrae, de reestruturação e avaliação do pólo, que culminou com a criação de um grupo gestor no ano passado, formado por várias entidades da área para mobilizar e discutir estratégias de melhorias – entre elas, capacitação de técnicos e produtores e comercialização integrada seguindo o modelo de Gestão Estratégica Orientada para Resultados (GEOR). Após colocar a gestão nos trilhos, as estratégias
foram postas em prática e, por meio de reuniões mensais, os resultados são avaliados e monitorados. “Agora, estamos mais preparados até mesmo para negociar de forma justa o preço de venda, que aumentou consideravelmente. Em 2008 e 2009, tivemos um aumento de 50% desse valor para o produtor. Toda manga que chega à indústria é articulada por um coordenador, para que tenhamos um controle certo sobre o dia da semana e a hora das entregas”, declarou Maria Emília. De acordo com o Novo Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba, a meta é que, em 2010, a produção de manga no Estado chegue a 4 mil toneladas e a área plantada alcance, aproximadamente, 1,4 mil hectares. O governo tem se mostrado parceiro dos agricultores, incentivando o cultivo da fruta. Uma das iniciativas, por exemplo, é a venda de mudas pelo governo, com valores mais baixos. Hoje, uma muda custa R$ 0,61 para os produtores. Porém, para atingir essa meta, Maria Emília lembra que é preciso avançar em pesquisas. “A safra da manga ubá é bianual e isso ainda causa prejuízos grandes. Mas, estamos vencendo as dificuldades e, apesar da bianualidade da safra, apresentamos crescimento: em 2007, por exemplo, entregamos para a agroindústria apenas 2% do que processamos. Já em 2008/2009, entregamos 16% e em 2009/2010, conseguimos 31%“, ressaltou.
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Experiências inovadoras de mercado
Cooperativismo: ganho para todos No Vale do Paraíba (SP), retomada da produção de leite vira exemplo de como, por meio de ações coletivas, é possível agregar valor e qualidade ao produto Thaís Araújo Por volta de 1960, com o declínio da cultura cafeeira no Vale do Paraíba, em São Paulo, o leite passou a ser o forte da economia local. Na década de 1980, eram produzidos cerca de 55 mil litros diários. Porém, com a ocorrência de outras crises, muitas pessoas foram obrigadas a abandonar suas terras e se mudar para a zona urbana ou mesmo para outras regiões. A pecuária leiteira diminuiu, com os produtores preferindo o gado de corte que Renato Pazzini, presidente da Cooperativa dos Produtores de Leite de Paraibuna (Cooplap): aumento da produção de 300% exige menos mão de obra. Inovadoras no Agronegócio, proo apoio que precisavam para criar Em um salto movido durante a Semana Sebrae a Cooperativa dos Produtores de na linha do tempo, no ano de do Agronegócio 2010. Leite de Paraibuna (Cooplap). 2007, um grupo de pequenos Desde então, o grupo passou “Não tínhamos alternativa de produtores encontrou motivação a integrar o programa Central de mercado na cidade e o valor do para retomar a atividade. Treze Negócios do Sebrae, que incentiva litro de leite era vendido muito deles, da cidade de Paraibuna, ações coletivas, por meio de baixo”, recordou o presidente da foram em busca de informações cooperativismo e associativismo, Cooplap, Renato Pazzini, ao aborno Serviço Brasileiro de Apoio às além de capacitação de gestão. dar a luta dos produtores da reMicro e Pequenas Empresas (SeAssim, foi possível que, em maio gião no bloco sobre Experiências brae) em São Paulo e encontraram
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de 2008, a cooperativa iniciasse suas atividades com produção de 37.378 mil litros por mês. Até o final de 2009, esse número saltou para quase 136 mil litros. A meta é chegar ao final de 2010 com mais de 150 mil litros por mês. Além do aumento de produção em 300%, nesse período, a valorização do preço do leite foi significativa. “Meu leite, que era vendido por R$ 0,43 o litro, hoje mantém a média de R$ 0,80 o litro”, comparou Pazzini. Recentemente, revelou, a cooperativa fechou contrato com um dos maiores grupos empresariais de alimentos do País, a Perdigão.
de, os produtores sabem que o mercado exige qualidade e quem não se adequar a essa exigência não conseguirá se manter nessa cadeia produtiva. Por isso, aconselhou, é preciso mudar o modo tradicional de produção de leite, buscando a inovação necessária. O dirigente da cooperativa destacou, ainda, que o grupo resolveu seguir uma estratégia diferente das grandes cooperativas locais. “Era preciso investir na infraestrutura e na capacitação dos pequenos produtores. A Cooplap reverte parte dos lucros nesses dois itens. Dessa forma, não há perda, pois as melhorias resultam em um ganho
As melhorias resultam em um ganho de valor agregado do produto e possibilitam aos associados um crescimento contínuo e sustentável. gGestão e diminuição de custos
Nada vem de graça e, por isso, os cooperados, que hoje já são 60 produtores, investiram em gestão e na produção diferenciada do leite, com processos mais sustentáveis que visam à diminuição do custo e a aposta na cooperação por meio do compartilhamento de tanques comunitários, a negociação conjunta de preços e a compra de insumos coletiva. “Quando fizemos a compra conjunta do saco de milho, tivemos uma economia de 27%. Já na aquisição de medicamentos e vermífugos, o preço saiu 78% mais baixo”, contou Pazzini. Além da economia no bolso, explicou o presidente da entida-
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de valor agregado do produto e possibilitam aos associados um crescimento contínuo e sustentável”, ressaltou. Isso tudo, depois de muito trabalho, como, por exemplo, um levantamento que identificou os pontos fortes e fracos de cada propriedade. Cada produtor recebeu o diagnóstico da sua área de produção, o que possibilitou a elaboração de um plano de ações junto a cada produtor propondo, de acordo com a necessidade individual, medidas para melhorar procedimentos, bem como aumentar o faturamento, a produção e a qualidade do leite. Com muita disposição e bons resultados, em pouco
mais de um ano de formação, a Cooplap conquistou a confiança e a adesão dos micro e pequenos produtores não só de Paraibuna, mas do município de Jambeiro. O mercado local se aqueceu, houve geração de emprego e renda e a qualidade do leite produzido abriu janelas de oportunidades, o que garante que o caminho está certo. Porém, após aprenderem a fazer uma gestão conjunta e eficiente, é o momento de investir em tecnologia.
gVaca Móvel
Em 2009, a cooperativa e o Sebrae-SP oficializaram a utilização do programa Sebraetec, modalidade de aperfeiçoamento tecnológico para a cadeia leiteira por meio de várias ações, como o laboratório itinerante Vaca Móvel, que possibilita a análise de qualidade e composição nutricional do leite. Os produtores recebem na hora o resultado da análise, com dados como características físico-químicas, temperatura, acidez, densidade e elementos que podem adulterar a qualidade do leite. O programa, realizado pelo Instituto BioSistêmico (IBS), terá atuação de seis meses e também desenvolverá ações como levantamento e visitas técnicas às propriedades, assessoria na organização da propriedade, assessorias de veterinários, zootecnistas e agrônomos, entre outros. O custo mensal para cada produtor é de R$ 750, sendo que 95% serão de responsabilidade do Sebrae em São José dos Campos e 5%, do produtor. Enfim, tudo isso para mostrar que, em Paraibuna, a vaca não foi pro brejo e está dando lucros para a cadeia leiteira.
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Inovação no Agronegócio
As cinco ferramentas de tecnologia do Sebrae Grupo teatral mostra programas que têm finalidade de melhorar o setor e mantê-lo cada vez mais competitivo THaís Araújo
Grupo de teatro Mapati encena peça que mostra a importância da tecnologia para o agronegócio de menor porte O grupo de teatro Mapati montou uma peça para despertar, de forma lúdica, uma reflexão sobre a evolução do agronegócio no Brasil. Também mostra os programas oferecidos pelo Sebrae para melhorar a qualidade da produção e a vida dos pequenos produtores rurais. A peça foi apresentada no segundo dia da Semana Sebrae do Agronegócio 2010 durante o Cir-
cuito da Inovação e Tecnologia no Agronegócio, cujas moderadoras foram a coordenadora de Horticultura da Unidade de Agronegócios do Sebrae, Newman Costa, e a gerente-adjunta da Unidade de Inovação e Tecnologia do Sebrae, Magaly Albuquerque. Destacaram o uso da arte para sensibilizar os produtores. Na peça, o grupo começa com uma breve explicação histórica so-
bre o surgimento do homem na Terra, sua evolução e o início da agricultura. Mostra que o homem, para se alimentar, aperfeiçoou materiais como ossos e pedras e os transformou em ferramentas, aprendeu a produzir e a usar o fogo. Assim, mudaram-se radicalmente os padrões de vida daquela época. Com a observação das ações da natureza, as estações do ano,
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A antiga roça virou agronegócio, e o JecaTatu transformou-se em empresário.Tudo isso devido à tecnologia. as mudanças do clima e o desenvolvimento da tecnologia humana, surgiram os primeiros sistemas de agricultura do planeta. Dessa forma, o homem se fixou em um território, deixando de ser nômade. As estações do ano são muito importantes. Atualmente, vive-se em um período de muitas mudanças climáticas e o produtor rural precisa estar preparado para entender isso. Na década de 1970, a agricultura era vista como um segmento marginal e tinha pouca importância para a sociedade da época. O que tinha valor naquele período era o café, a cana-deaçúcar e a soja, provenientes da monocultura, a grande atividade econômica então. A agricultura familiar era vista como pobreza e subdesenvolvimento. O homem do campo tinha como símbolo o personagem Jeca Tatu, doente, subnutrido, pouco inteligente e incapaz de tomar decisões eficazes para o gerenciamento de seu negócio. A indústria era o avanço; o campo, o atraso. O Brasil era visto como um país agrícola, e isso significava pertencer ao Terceiro Mundo. As sociedades pareciam esquecer que países como os Estados Unidos surgiram como nações agrícolas. A atividade rural também foi peça-chave no desenvolvimento do Brasil. Quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro provém do agronegócio. A balança comercial ficou positiva graças às exportações de produtos agrícolas. A antiga roça virou agronegócio e o Jeca
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transformou-se em empresário. Tudo isso devido à tecnologia. Todas essas mudanças e recordes de plantação e exportação ocorreram com a ajuda da inovação. Mudanças climáticas e a concorrência de produtos estrangeiros têm eleva-
do a competitividade e a adoção de novas tecnologias. O Sebrae se sente um dos responsáveis por esse novo cenário. gDurante a peça, foram apresentados os cinco programas tecnológicos do Sebrae 1. Programa Design É uma ferramenta de auxílio de desenvolvimento de produtos e serviços até a comercialização. O Sebrae tem esse programa como THaís Araújo
Newman Costa, coordenadora de Horticultura da Unidade de Agronegócios do Sebrae (à direita), e Magaly Albuquerque, gerente-adunta de Inovação e Tecnologia do Sebrae
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A identidade visual, a embalagem e o material promocional conquistam a preferência do cliente. uma das áreas prioritárias de ações nas micro e pequenas empresas – MPEs. Além disso, o Sebrae presta apoio em serviços de consultoria em design para as MPEs por meio da consultoria tecnológica do Sebraetec. As áreas em que atua são design gráfico, design de produto e design de embalagem. O objetivo do programa é ajudar a aumentar as vendas e a inserção do produto no mercado, além de auxiliar nos trabalhos de produção e marketing. A identidade visual, a embalagem e o material promocional conquistam a preferência do cliente. Para o Sebrae, o importante é fomentar a inovação e, para isso, a instituição conta com o auxílio de parceiros especialistas em designs nos centros e núcleos de inovação presentes em vários Estados do Brasil. 2. Programa Alimentos Seguros – PAS É um programa criado para se obter alimentos saudáveis preparados com segurança. Esse curso ensina o empresário e o funcionário do ramo da alimentação a cuidar dos produtos com dicas de manuseio, evitando, assim, a contaminação e os riscos a quem irá consumi-los, além de aulas de processo de preparação dos alimentos. Com essa oficina, o empresário melhorará a qualidade do seu serviço e evitará desperdícios. 3. Certificação de qualidade e indicação geográfica É uma certificação que garante a
procedência do produto. Esse programa traz benefícios ao produtor como ganho de mercado, melhoria do processo produtivo e no gerenciamento do negócio, resultando em produtividade e qualidade. É a melhor forma de garantir que os alimentos sejam produzidos em uma fonte segura. O programa de certificação de qualidade existe desde 2005 e o Sebrae financia 50% dos custos das certificações, tanto no processo inicial quanto na manutenção dos três anos seguintes. Além da certificação de qualidade, o Sebrae apoia a certificação de indicação geográfica, que tem por objetivo garantir a qualidade e a procedência dos produtos. Ela é dividida em dois níveis. 1. Indicação de procedência: o produto é reconhecido como produzido em determinada região. 2. Denominação de origem: as qualidades e características do produto se referem ao local geográfico onde ele foi produzido. No Brasil, existem seis indicações geográficas: café do cerrado mineiro, carne do pampa gaúcho, vinho do Vale dos Vinhedos, cachaça de Paraty, couro do Vale do Sinos e a manga e a uva do Vale do São Francisco. 4. Laboratório Móvel Programa que empresta ensaios e consultorias técnicas rápidas para as MPEs. O trabalho visa à melhoria da qualidade do produto e também à redução de perdas de
matéria-prima, além da calibração de equipamentos de produção. Hoje, o trabalho está sendo realizado em empresas dos setores de transformação plástica, alimentos e bebidas, couros e calçados, cerâmica, madeiras e móveis, fundição, têxteis e confecções e produção leiteira. Alguns Estados brasileiros contam com parceiros como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o que auxilia na análise da qualidade de produtos e alimentos e de estado de conservação dos produtos, além do controle de higienização dos equipamentos e de tudo o que entra em contato com o alimento. Outro quesito verificado é a qualidade da água, utilizada tanto na fabricação quanto na limpeza dos utensílios. Cada atendimento prestado pelo Laboratório Móvel é subsidiado pelo Sebrae. O empresário arca somente com 20% do custo do atendimento. 5. Plano de Melhoria do Desempenho Ambiental – PDMA Esse programa ensina práticas ambientais adequadas aos empresários e, com isso, diminui ou até mesmo elimina o desperdício. A metodologia já está disponível em todas as regiões do Brasil. Existem outras publicações que auxiliam as MPEs a efetuar sua gestão ambiental, como, por exemplo, a metodologia Sebrae Cinco Menos que São Mais. Esse sistema trata da redução de desperdício de uma maneira simples e rápida, podendo gerar grande ganho para as MPEs. Ela funciona da seguinte maneira: menos água, menos energia, menos matéria-prima, menos lixo e menos poluição, resultando em mais lucro, mais competitividade, mais satisfação do consumidor, mais produtividade e mais qualidade ambiental.
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Inovação no Agronegócio
Inovação para o homem do campo Em entrevista, Edson Fermann, gerente da área de Tecnologia e Inovação do Sebrae, comenta como essas atividades podem impulsionar a produção rural Gerente da Unidade de Acesso a Tecnologia e Inovação do Sebrae, Edson Fermann conta como foi a Semana Sebrae do Agronegócio, que uniu questões como inovação, mercado e acesso a serviços financeiros. Fermann fala ainda das surpresas e dos casos de sucesso que mais marcaram o evento de acordo com sua percepção e comenta os avanços que sua unidade tem conseguido nos últimos anos, levando soluções inovadoras para o empreendedor conquistar o mercado. Como foi a Semana Sebrae do Agronegócio no âmbito da inovação? Nós demos mais um salto qualitativo com relação à questão do agronegócio nas pequenas propriedades e nos pequenos empreendimentos rurais do agronegócio. Cada vez mais, os produtores rurais percebem a importância de agregar valor. Não adianta somente o produto ser bom, temos de inovar e olhar o mercado. Por meio do trabalho do Sebrae, esses agricultores não estão sendo olhados mais como “coitadinhos” e sim como empreendedores rurais com grande potencial de negócios. No caso de sucesso apresentado no evento, em que os assentados
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de Mato Grosso falaram sobre o Shopping da Agricultura Familiar, pudemos ver que em nenhum momento eles deixaram de desenvolver seus produtos. No caso dos produtores que inovaram com a criação do Aipim Chips, Janete Marcelino e João Soares contaram que os filhos já estavam estudando na escola técnica rural. Sentimos um salto qualitativo na vida desses agricultores. Quando essa geração voltar ao campo, ela vai introduzir tecnologia e novos métodos de gestão. O Sebrae ajuda a transformar a cara desse setor. Nosso intuito não é apenas gerar emprego no campo, mas renda no campo. A inovação vem para ajudar na melhoria de renda e fixação do homem no campo.
Como ocorre o trabalho do Sebrae para a melhoria de vida no campo? A unidade que eu gerencio foca duas áreas: inovação e acesso à tecnologia. Trabalhamos com as questões de embalagens, alimento seguro, abordagens de controle e indicação geográfica, soluções que o Sebrae desenvolve nacionalmente. Desenvolvemos, por exemplo, uma pesquisa para solucionar o problema do bicho barbeiro no açaí. Uma coisa é a solução que já temos e transferimos para o agronegócio, mas desenvolvemos novas pesquisas e trabalhos a partir das demandas que chegam dos produtores do agronegócio. Temos de desenvolver a solução. Fazemos um trabalho também de monitoramento do que há de
Teremos de impulsionar o pequeno empresário do agronegócio a utilizar a internet ou mesmo fazer o e-commerce (comércio eletrônico).
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inovação no mundo que possa auxiliar o trabalho no campo. Um bom exemplo é o de como a nanotecnologia pode influenciar no agronegócio e, ao mesmo tempo, ser sustentável, sem agredir o meio ambiente. Quais são as áreas de maior sucesso em inovação e tecnologia que o Sebrae vem apoiando? São diversos setores. Um bom exemplo é a área de mel. O impacto do Sebrae no setor da apicultura é enorme. Hoje, já conseguimos mensurar esse impacto. O Sebrae
tem ajudado muito no setor da floricultura, auxiliando na comercialização e na criação e confecção de embalagens. Outro exemplo de sucesso é a área da cachaça. Trabalhamos em padronização, normas e inteligência competitiva. Vale lembrar que inovação só tem essa denominação se o mercado a faz vitoriosa. Ele é o termômetro. O que está sendo feito na sua unidade em relação ao comércio de produtos do agronegócio pela internet? Estamos trabalhando e pensando o tempo todo que teremos de
GILMAR FÉLIX
impulsionar o pequeno empresário do agronegócio a utilizar a internet a fim de obter suas respostas. Ou até ele mesmo fazer o e-commerce (comércio eletrônico). Sei que esse trabalho é um desafio muito grande. Estamos caminhando a fim de atingir uma meta distante. Temos de mapear o trabalho do agronegócio da porteira para dentro e, depois, da porteira para fora. O olhar do Sebrae é sempre de que maneira conectaremos o agronegócio ao mundo digital. Pelo que percebemos, no agronegócio, não haverá uma solução única de inclusão digital para todas as áreas desenvolvidas. Teremos de discutir soluções regionais. Nesse trabalho, contaremos com a parceria das cooperativas. Sempre pensamos de maneira coletiva para atingirmos maiores resultados. Você faria um balanço da atuação da Unidade de Inovação no setor de agronegócio nos últimos anos? Posso dizer que, nos últimos dois anos, tivemos um crescimento significativo. Antes, não ouvíamos falar de avaliação de conformidade, área técnica, alimento seguro. Há uma crescente preocupação de colocar valor agregado por parte do pequeno agricultor. Isso se deve muito ao nosso trabalho. Hoje, o pequeno agricultor de agronegócio está antenado quanto aos avanços tecnológicos, que fazem toda diferença.
Edson Fermann apresentou casos de sucesso na Semana do Agronegócio, como a empreendedora rural Idalice Nunes, presidente da Cooperativa de Produção Agropecuária Canudos Assentamento 14 de Agosto (Coopac) – Campo Verde (MT)
Qual é o principal parceiro da Unidade de Acesso à Tecnologia e Inovação do Sebrae? Temos muito contato com a Embrapa, que é o grande celeiro de conhecimento no Brasil. Foi por meio do sistema e da capilaridade desse parceiro que passamos do estágio de agricultura rudimentar para o profissionalismo.
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Experiências Inovadoras no Agronegócio
O desafio da horticultura Entrevista com Paulo César Tavares de Melo, presidente da Associação Brasileira de Horticultura (ABH) sobre os novos rumos do segmento A horticultura, que é a exploração de hortaliças pela agricultura, é conhecida também por olericultura. No Brasil, essa prática está nas mãos dos pequenos agricultores, uma produção que corresponde a 12,4% do PIB do agronegócio brasileiro. Existem mais de cem espécies de hortaliças, mas o Brasil concentra sua produção principalmente em cinco delas: tomate, batata, melancia, cebola e cenoura. Paulo César Tavares de Melo, presidente da Associação Brasileira de Horticultura (ABH), doutor em genética e melhoramento de plantas e, também, professor da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (USP), conta: “Um hectare de plantação, um quadradinho verde visto pela imagem de satélite, é responsável pelo sustento de uma família inteira e pelo abastecimento de grandes áreas urbanas. É um setor que merece mais respeito”, declara o professor. Em entrevista, após participar da Semana Sebrae do Agronegócio,o presidente da ABH fala sobre inova-
ções na horticultura. Professor, primeiramente o que são as hortaliças? Nós temos uma certa dificuldade em conceituá-las. O que eu passo para os meus alunos é que hortaliças são um conjunto de plantas que têm características que se assemelham. A principal delas é que são plantas de ciclo curtos e são herbárceas. O consumo não é só de um fruto, são folhas, talos, brotos e flores. A confusão se dá com o melão, morango e a melancia, todas elas são hortaliças-frutos. Qual é a importância desses alimentos para a saúde do ser humano? Elas são essenciais para repor as vitaminas que o corpo humano não consegue armazenar. De 15 anos para cá, o que se explora são os componentes funcionais que as hortaliças têm. E tudo isso está ligado à cor. No tomate, por exemplo, a cor vermelha está ligada ao licopeno, que ajuda a prevenir câncer de próstata. Não existe novidade na impor-
A verdade é que o consumo de hortifrútis, na maioria dos países latino-americanos, é irrisória.
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tância desses alimentos. Um dos primeiros livros que tratava do assunto, no século I, na Grécia antiga, já mostrava a importância que as hortaliças têm. Hoje, que já temos estudos científicos, sabemos que as hortaliças que nós comemos são muito mais que alimentos, têm uma função terapêutica. Qual o problema encontrado hoje no Brasil no cultivo das hortaliças? Existem vários problemas que precisam ser tratados, como, por exemplo, a tecnologia de produção. Devem-se analisar bem as regiões que têm melhor qualidade para o plantio. Não dá para plantar tomate no deserto, até poderia, se tivesse tecnologia para isso. Precisa criar, desenvolver e melhorar as hortaliças no agroecossistema tropical e equatorial que nós temos aqui. Essa falta de tecnologia existe também porque o setor é muito grande, o Brasil tem uma dimensão enorme, é complicado que haja uma uniformidade em técnicas de manejo, técnicas culturais gerais, a tecnologia não chega a todos. O clima também é outro problema. A temperatura é muito diferente de um Estado para outro. O Sul do Brasil, por exemplo, tem época do ano que sofre muito com as geadas, enquanto no Nordeste se sofre com a seca. Nós temos que aprender a plantar hortaliças de janeiro a janeiro, independentemente do clima. Assim,
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existirá uma oferta maior e melhor e isso movimentará os preços e a circulação dos produtos. Qual a importância do cultivo de hortaliças no agronegócio brasileiro? Esse é o setor que mais coloca comida na mesa do brasileiro. Porém, ainda é negligenciado. A mídia dá pouca atenção à importância das hortaliças, tanto no quesito do agronegócio quanto na indispensável fonte de vitaminas. É o setor que mais emprega e o que mais produz, pelas mãos de milhares de famílias espalhadas por todo o Brasil. Qual a importância do sistema de rastreamento? GILMAR FÉLIX
Paulo César Tavares de Melo, presidente da (ABH): o setor merece mais respeito
É muito importante, pena que ainda os números no Brasil sejam insignificantes. Estamos melhorando, mas ainda é pouco. Os agricultores devem se unir, formar cooperativas, e atender aos protocolos internos. Quando as hortaliças são cultivadas para exportação, os produtores têm que seguir os padrões determinados pelos órgãos competentes e obrigatoriamente adotar o modelo de rastreabilidade. Fora do Brasil, como por exemplo na Europa, não se precisa de uma lei para haver a rastreabilidade de produtos. Eles já estão muito evoluídos nessa área, tanto que os consumidores nem se preocupam em saber se o produto é rastreado ou não, pois todos eles são. É um respeito muito grande da empresa com o consumidor. Os selos de rastreamento são mundiais. É uma certeza de segurança que a fruta que você está comendo está livre de agrotóxicos, como e por quem ela foi produzida. O melão e o morango são exemplos de hortaliças que têm rastreamento, porque são exportados para Europa e Japão. Precisamos fazer com que aconteça o mesmo com produtos produzidos para o mercado interno brasileiro, criar oportunidades, tornar a rastreabilidade uma coisa do cotidiano e não só fazê-la por obrigação a uma lei. O Brasil produz muito, mas a população come pouca hortaliça. O que fazer para mudar a mentalidade do brasileiro? A verdade é que o consumo de hortifrútis, na maioria dos países latino-americanos, é irrisória, ficando entre 100 a 150 g/habitante/dia, enquanto o mínimo recomendado pela OMS [Organização Mudial de Saúde] é de 400 g/ habitante/dia. Tais alimentos são, em geral, muito caros
principalmente para a população de baixa renda. No caso do Brasil, a situação se torna emblemática quando é feita a comparação dos preços dos hortifrútis com os dos gêneros alimentícios básicos, como feijão, arroz, macarrão e carne de frango. Em 2006, o gasto mensal domiciliar do brasileiro era de R$ 1369,00 e, desse total, o gasto médio mensal com alimentação correspondia a R$ 280,00, sendo que a compra de hortifrútis representava apenas R$ 36,00. Para isso, a horticultura vem inovando com produtos diferenciados, como os Mix Baby Leafs e comerciais cinematográficos da Hortifruti, além de produtos processados sem conservantes químicos, embalados para pronto consumo. Essa são maneiras de encontrar consumidores, inovando e mostrando praticidade e conveniência nesses alimentos. Outro fato é que o consumo de hortaliças e frutas, quando comparado aos de alimentos com alta densidade energética e ricos em sal, e de bebidas açucaradas, é muito menor, mas está mostrando vigoroso crescimento com a mudança da mentalidade. O que se constata hoje, é que o valor de mercado desses alimentos ultraprocessados, ou seja, aquilo que o consumidor está disposto a pagar por eles, depende muito mais da força de marketing do que de qualquer outro argumento. Além disso, o lançamento desses “novos” produtos em novas e atrativas embalagens ocorre de modo incessante e mediante estratégias de publicidade cada vez mais eficientes e sofisticadas, direcionadas a diferentes segmentos do mercado consumidor. No entanto, lamentavelmente, as crianças são o alvo principal. Para cada 500 dólares investidos pelos grandes grupos transnacionais da indústria alimentícia em propaganda de biscoitos, salgadinhos, fast food, guloseimas e refrigerantes entre outras comidas processadas, apenas um dólar é
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gasto para promover alimentos saudáveis, como frutas e hortaliças. Precisa-se investir em publicidade e em novos produtos que sejam tão atrativos quanto os outros alimentos para ganhar e disputar nesse mercado. O que se está fazendo para atrair esse público? Do ponto de vista dos canais de comercialização, ocorrem mudanças expressivas e a logística de toda a cadeia evoluiu para uma melhoria substancial no manuseio e na exposição dos produtos nos pontos de venda do varejo. O fato é que, nos últimos anos, a feira livre cedeu lugar às lojas das redes de autosserviços espalhadas pelo País que investem cada vez mais em ambientes modernos e limpos, com boa iluminação, decoração atrativa, climatizados e que oferecem outros serviços aos consumidores. Outra constatação relevante é que, nos últimos anos, os diversos setores da cadeia de hortaliças investiram na busca permanente por inovação tecnológica, que propiciou uma formidável segmentação varietal em resposta aos anseios dos consumidores, cada vez mais ávidos por novidades e exigentes em qualidade. Com efeito, verifica-se, nos pontos de venda, que o aumento da oferta de hortaliças diferenciadas do padrão convencional é uma estratégia para surpreender o cliente constantemente com novidades. No que diz respeito à necessidade de alavancar o consumo de hortaliças, isso jamais será atingido por meio de ações isoladas desse ou daquele setor. Essas iniciativas, em todo o mundo, para lograrem êxito, necessitam da articulação de esforços entre governo, setor privado e organizações civis. Tal convergência deveria ser entendida como um pacto numa área de interesse comum, a saúde da população. No que a tecnologia ajuda? No balanço da última década no
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Nós temos que aprender a plantar hortaliças de janeiro a janeiro, independentemente do clima. Brasil, o setor de hortaliças alcançou saldo positivo devido, principalmente, a investimento em inovações tecnológicas nos sistemas de cultivo, que resultaram em aumento da competitividade e novos patamares de desenvolvimento. Nos diversos agroecossistemas do território nacional, as hortaliças são produzidas, predominantemente, pelo sistema de cultivo convencional. Mas, nos últimos anos, tem se verificado um significativo crescimento de cultivos diferenciados, com destaque para aqueles em ambiente protegido e sob sistemas orgânicos. A adoção de tecnologia mais eficiente tem proporcionado significativos ganhos de produtividade nos principais cultivos em relação às médias nacionais. O uso da tecnologia tem contribuído também para aumentar a oferta e, consequentemente, derrubar os preços. A palavra da vez é sustentabilidade. Existe uma preocupação do setor com relação a isso? Sim. A preocupação com a sustentabilidade ambiental tem incentivado os produtores ao uso racional de agrotóxicos e de sistemas de irrigação mais eficientes quanto ao consumo de água, de modo a minimizar os impactos sobre o meio ambiente e garantir a segurança alimentar. O produtor está consciente de que, para atingir o consumidor final, fazer com que ele compre o produto, tem que haver uma preocupação com a natureza, boas práticas agrícolas que contribuam para agregação de valor à produção.
E os desperdícios? Um dos grandes gargalos da cadeia produtiva de hortaliças está nas perdas pós-colheita. Dados da Embrapa revelam que os níveis médios de perdas no Brasil atingem 35% a 40%, enquanto, por exemplo, nos Estados Unidos, não passam de 10%. Iniciativas para reduzir essas perdas vêm sendo adotadas, destacando-se embalagens alternativas às caixas de madeira e tecnologias de conservação pós-colheita. Outro desafio reside na inexistência de espírito associativista entre os produtores rurais, desde os que praticam a produção em escala familiar aos grandes produtores das novas fronteiras olerícolas. Nesse sentido, os produtores precisam ser incentivados a desenvolver maior senso de organização empresarial, ampliando suas competências em termos de conhecimentos, atitudes, habilidades, valores e na implementação de programas de promoção e marketing do agronegócio de hortaliças, bem como na gestão eficiente e eficaz dos recursos da propriedade. Qual a inovação precisa ser feita? Especialistas dizem que, para inovar, não precisa criar nada novo. Só precisa ter o produto e condiconá-lo no mercado de outra maneira, o que não deixa de ser uma inovação. O consumidor quer ser surpreendido. Assim como todo mês tem um modelo novo de carro sendo lançado no mercado, ele também quer ter inovação no setor de hortifrúti.
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Experiências Inovadoras no Agronegócio
Vem aí o Shopping da Agricultura Familiar Com o apoio da prefeitura e do Sebrae, grupo de agricultores assentados em Campo Verde (MT)impulsiona produção familiar por meio de novo canal de comercilaização THaís Araújo
Idalice Nunes, presidente da Cooperativa de Produção Agropecuária (Coopac), em Mato Grosso
“O nosso diferencial competitivo é fazer uma gestão bem feita. O nosso foco é nos negócios”. Essa afirmação poderia ser de uma empresária de um grande empreendimento, mas é de uma batalhadora e pequena produtora da agroecologia. Idalice Rodrigues Nunes, presidente da Cooperativa de Produção Agropecuária (Coopac) e produtora rural há 13 anos no assentamento 14 de Agosto, em Campo Verde (MT), oferece a todos um bom exemplo de inovação rural. A entidade vai inaugurar, em breve o Shopping da Agricultura Familiar, que promete ser um espaço de destaque no mercado de orgânicos. Nem sempre foi assim. “Nós comercializávamos de forma desorganizada e, por isso não enxergávamos as oportunidades que apareciam. Quando começamos uma parceria com a prefeitura, tivemos de pensar sobre para onde íamos e como ampliaríamos nosso negócio”, lembrou Idalice, ao contar, na Semana Sebrae do Agronegócio 2010, os avanços alcançados pelos produtores. Em 2005, o primeiro passo foi
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entender como a prefeitura pode“ ria incentivar o grupo de produtores e qual o papel de cada um. No anos seguintes, veio a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Mato Grosso e, em 2007, foi dado início ao projeto Agroeco – e novos parceiros foram chegando. “De lá pra cá, tivemos formação empreendedora e cooperativa e deixamos de ser apenas produtores para nos tornar empreendedores”, relatou Idalice, com entusiasmo.
g“Na Trilha dos Alimentos”
Além de cursos e oficinas de gerenciamento de competências, os agricultores aprenderam a trabalhar com novas culturas, como as flores tropicais e o morango. O turismo rural foi outra oportunidade encontrada para aumentar a renda familiar. “Criamos o projeto ‘Na trilha dos Alimentos’, em que é oferecido um café da manhã, com todos os produtos rústicos, e, depois, os turistas fazem uma trilha pela roça, onde os trabalhadores rurais mostram toda a produção. O pessoal vem conhecer tudo o que estamos organizando”, explicou Idalice. Com experiência e muitas expectativas, foi em fevereiro de 2010 que chegou a hora de famílias produtoras de sete assentamentos unirem força e conhecimento para criarem a Cooperativa Mista da Agricultura Familiar de Campo Verde (Cooperunião). Os primeiros 76 cooperados estão otimistas com as janelas de oportunidade que devem ser abertas futuramente e, por isso, querem estar preparados para os novos desafios. Os pequenos produtores já compreendem que a criação da cooperativa é importante não ape-
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Nossos produtos estarão bem bonitos, expostos adequadamente, com higiene e qualidade. nas para o fortalecimento da agricultura familiar, mas para facilitar a aquisição e a comercialização dos seus produtos. “Com a cooperativa, entramos em uma fase avançada de organização. Vamos contratar consultores para fazer a gestão. Queremos também ter uma assessoria especializada para criarmos uma marca própria e um excelente controle de inspeção”, destacou Idalice Nunes. De acordo com a produtora, a prefeitura vai fornecer equipamentos e infraestrutura necessária para o funcionamento da cooperativa, até que ela esteja forte o suficiente para caminhar sozinha. Além disso, a criação da cooperativa viabilizará juridicamente que a prefeitura possa comprar, em 2010, produtos da agricultura familiar para a merenda escolar. Outra boa notícia que chega junto com a criação da cooperativa é que, em 2010, alimentos como verduras, frutas e legumes, entre outros, deverão ser adquiridos de agricultores locais, atendendo a uma lei federal que determina a destinação de 30% do repasse à merenda do Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar (FNDE) para aquisição de alimentos dos pequenos produtores. Vale destacar que o apoio aos pequenos agricultores é fruto de diversas parcerias entre a prefeitura, o Sebrae e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ,
para promover capacitação técnica empreendedora para os agricultores familiares do município, dentro do Projeto de Desenvolvimento da Agroecologia da Região Sudoeste de Mato Grosso.
gShopping com produtos e serviços
Toda essa organização da Cooperunião será fundamental para preparar os produtores para bom funcionamento do Shopping da Agricultura Familiar. Localizado às margens da rodovia BR 364, o shopping terá espaços para comercialização dos produtos, salas e salões para serviços e para incentivar a produção, além de orientar e disciplinar a distribuição de hortifrutigranjeiros e outros produtos alimentícios de forma a atender à demanda do mercado. Idalice contou que o Shopping da Agricultura Familiar vai ajudar na agregação de valor à produção e impedir que atravessadores prejudiquem a comercialização dos pequenos produtores. Baseados no associativismo, os produtores familiares terão acesso aos supermercados, por intermédio da Cooperunião. “Hoje, 69% dos hortifrutigranjeiros vêm de fora do Estado do Mato Grosso. Queremos conquistar esse mercado e o shopping nos ajudará a alcançar esse objetivo. Nossos produtos estarão bem bonitos, expostos adequadamente, com higiene e qualidade”, enfatizou a líder dos assentados.
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Experiências Inovadoras no Agronegócio
Aipim Chips, inovação está na receita que deu certo Uma família de agricultores mostra como a força de vontade e a coragem para inovar transformam a realidade de quem vive no campo
Separe 1 kg de aipim (mandioca, macaxeira, como queira chamar), corte em rodelas bem finas. Lave novamente, seque com toalha de papel , deixe por 10 minutos ou até ficar bem seca. Leve ao fogo uma frigideira funda com 1 xícara (chá) de óleo até ficar bem quente. Frite, mexendo de vez em quando, cuidadosamente, até ficarem douradas e crocantes. Retire com uma escumadeira e coloque sobre toalha de papel. Polvilhe sal a gosto e distribua nos pratos. Está pronto o seu Aipim Chips. A receita parece fácil, não? Quem quiser saber mais deve procurar Janete Marcelino e João Soares, produtores rurais que vivem no assentamento Terra Tombada, no município de Morretes, no centro-sul do Paraná. Eles procuraram o caminho da inovação para descobrir uma nova fonte de renda, com a experiência de quem já trabalhou muito e sem retorno financeiro. Hoje, viraram empreendedores de sucesso. E o principal produto que gera renda para a fa-
Trabalhávamos muito e não víamos o dinheiro.
Os produtores rurais Janete Marcelino (em pé) e João Soares (sentado à direita), do Paraná, alcançaram o sucesso com a inovação
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mília de cinco pessoas é o Aipim Chips, o mesmo da receita acima, mas que tem que ser preparado com muito mais trabalho para abrir espaços contra o concorrente tradicional, a batata chips.
gIngredientes: força de vontade e conhecimento O casal descobriu a inovação depois de ter decidido buscar soluções para enfrentar as grandes dificuldades dos pequenos negócios rurais. “Quando ganhamos nosso pedaço de terra no assentamento, em 2001, começamos plantando e vendendo aipim e outras culturas para pessoas que comercializavam na Ceasa. Mas era incrível e, no final da venda da roça, não sobrava nem o dinheiro para preparar a terra para o próximo cultivo. Não víamos o dinheiro”, contou Janete Marcelino, durante participação na Semana Sebrae do Agronegócio 2010. Foi então que ela se deu conta de que, mesmo que muitos elogiassem a produção da família, dizendo que a terra dela era a melhor da região, alguma coisa estava errada e que deveria ter uma outra forma de ganhar dinheiro com seu trabalho. Depois de algumas tentativas com jambu e gengibre, em outras parcerias, o resultado não foi animador. Mesmo assim, a família não desistiu. “Em 2005, voltei a plantar mandioca, peguei umas máquinas emprestadas de um vizinho e comecei a produção industrializada. Dentro de casa, sem documentação, tudo errado, mas comecei”, relembrou. No ano seguinte, acessaram um recurso do programa Paraná 12 meses, do Banco do Brasil, e co-
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meçaram a melhorar a fabriqueta. Já naquela época, Janete e João iam de porta em porta para vender os pacotes de Aipim Chips. Daí veio a reviravolta. As coisas começaram a mudar. Vejam só o comparativo entre 2005 e 2009. “Um pacote de 70 gramas, que tinha um custo de produção de R$ 0,45, era vendido por R$ 0,65. Não dava pra nada. Nosso lucro era de R$ 0,20 apenas. Em 2009, com equipamentos adequados, com inovação, conseguimos ter um volume de 12 mil pacotes, vendendo cada a R$ 1,20, com o custo de produção menor), comparou.
gDe olho no futuro
Com um lucro mensal em média de R$ 10 mil, Janete e João estão satisfeitos, mas não acomodados. Os próximos passos incluem a parceria com o Sebrae do Paraná. “Vamos melhorar nossas embalagens e rótulo, compraremos mais um processador, uma fritadeira e uma seladora. Sabemos que é preciso fazer investimentos, tanto em equipamentos, quanto em inovação. Por isso, já temos diversificação dos nossos produtos”. Quem inova uma vez quer inovar sempre, ressaltou. Além do Aipim Chips, a família começou produzir a Banana Chips, assim como os pacotinhos com as opções salgada e doce. GILMAR FÉLIX
Aipim Chips é concorrente da batata chips
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Experiências no Agronegócio Agregação deInovadoras valor
Pequi: fruta com sabor de empreendedorismo Com inovação e investimento tecnológico, produtores do norte de Minas Gerais valorizaram a comercialização do fruto que é considerado símbolo do cerrado brasileiro Thaís Araújo
José Antônio dos Santos, presidente da Cooperjap: foco na variedade de frutas típicas do cerrado
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uem se delicia com uma refeição típica e regional feita com pequi geralmente não faz ideia de como aquele fruto amarelinho e saboroso foi parar ali no prato. Esse pequi pode ter vindo das mãos cansadas de produtores rurais que vencem muitos obstáculos para extrair a sua polpa. Muitos, por falta de um modelo produtivo organizado e de inovação tecnológica, podem ficar sem o lucro justo e necessário para o sustento das suas famílias. Porém, no melhor estilo “antes e depois”, há um bom exemplo de quem deu a volta por cima. “Antes, vendíamos uma caixa com 30 quilos de pequi por R$ 2,00. Hoje, a mesma caixa sai por R$ 25. Era aquela venda de estrada, beira de BR”, contou com orgulho José Antônio Alves dos Santos, presidente da Cooperativa dos Produtores Rurais e Catadores de Pequi de Japonvar (Cooperjap), localizada no norte de Minas Gerais. Contudo, para conquistar uma mudança tão significativa, foi preciso aprender a trabalhar de forma colaborativa e com inovação. Os primeiros cooperados, que hoje já são 210, deram um passo importante ao procurar orientação e começar a processar o fruto em núcleos comunitários de despolpa. Com isso, o extrativismo se transformou na principal fonte de
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renda dos produtores locais. g Incômodo necessário O início da organização em cooperativa foi em 1989, mas o grande impulso veio mesmo em 2005, com o apoio do Sebrae de Minas Gerais, por meio do projeto de Frutos do Cerrado na Região Norte de Minas Gerais. Os produtores rurais de Japonvar participaram de atividades para abertura de mercado, desenvolvimento de tecnologia de produção e de consultoria administrativa e financeira. No decorrer desse período, José Antônio conta que Cooperjap ganhou sua primeira usina de beneficiamento de pequi. “A nossa usina foi a primeira do mundo. É a Pequibrás”, brincou, ao expor o caso na Semana Sebrae do Agronegócio 2010. Ele contou que essa usina também foi viabilizada com o apoio do Sebraetec [Programa Sebrae de Consultoria Tecnológica], que orientou o tipo de equipamento mais adequado para aquela realidade. Dando continuidade ao trabalho de organização e capacitação, a Cooperjap também participou de projetos como oficinas de planejamento e Sebraetec. “Com o Geor [ Gestão Estratégica Orientada para Resultados, do Sebrae], nós conseguimos ampliar nossa visão de produção e alcançamos resultados muito positivos”, ressaltou José Antônio. Nas palavras dele, o Sebrae, considerado o braço direito da cooperativa, também era visto como um “incomodador”, no bom sentido. “A gente fazia o planejamento e tinha as ações e prazos que eram marcados com uma bolinha vermelha. Essa bolinha vermelha quase me matou”, rememorou. José Antônio lembrou também que foi nesse período que os rótulos e logomarcas presentes nas embalagens foram reformulados.“Antes, nossas embalagens eram bem simples, sem informação nutricional, data de
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validade e nem químico responsável. Agora temos tudo”, destacou. Nos próximos passos, os produtores serão capacitados no Programa de Alimentos Seguros e se preparam para a certificação em Comércio Justo. Atualmente, eles já mostram preocupação com o uso de boas práticas de produção, e com a preservação do cerrado, o que inclui o repovoamento de pequizeiro. g Mudança cultural e inovação “No meu ponto de vista, o maior desafio de inovar é a mudança cultural, pois antes, quando não havia orientação, a produção de pequi não era rentável e muitas pessoas se submetiam a trabalhar em carvoarias”, comparou o líder da categoria. “A força da produção de pequi fez com que as carvoarias praticamente desaparecessem da região, pois cresceu o trabalho social, econômico
vestimento em tecnologia, como a criação do desidratador e compra de uma câmara fria, por exemplo. Contudo, apesar de o pequi ser o principal fruto, a inovação da cooperativa é também a descoberta do trabalho com outros frutos da região. “O cerrado tem uma riqueza infinita. Já estamos nesse caminho há 11 anos e sei que ainda temos muito a aprender sobre o que ele tem a nos oferecer. Estamos trabalhando com o coquinho e com o fruto da faveira, que chamamos popularmente de favela ou fafa d’anta. É um antibiótico com grande potencial. Só no ano de 2008, nós produzimos 110 toneladas de favela e mandamos para a América”. De acordo com o produtor, a fruta também está sendo enviada para a Alemanha, onde há agregação de valor e volta para o Brasil como remédio. g Unindo forças José Antônio lembrou que está sendo criada a Central do Cerrado, em Brasília, reunindo todas as cooperativas extrativistas dos Estados que formam o bioma cerrado, para, a partir de Brasília, ganhar mercados em todo o País. Com mais de uma década de funcionamento, a Cooperativa de Japonvar é modelo nacional na agregação de ganhos. Hoje, cerca de cinco toneladas de polpa de pequi estão armazenadas na usina de beneficiamento da cooperativa, em bombas com água e sal, onde o produto pode ficar por até quatro anos. Ao lembrar do início, José Antônio sorri singelamente e fala que é recompensador ver a cara de satisfação das pessoas que hoje ganham seu sustento da produção do pequi e que podem viver uma vida justa e digna. Fazendo jus ao ditado “uma imagem vale por mil palavras”, ele mostra uma foto e diz: “Olha a cara de satisfação dessa mulher com a mão cheia de dinheiro. É bom demais ver isso, né?”, concluiu o produtor.
Ampliamos nossa visão de produção e alcançamos resultados positivos. e ambiental, que prevê que os trabalhadores tenham boas condições e ganhos suficientes, além do cuidado com o meio ambiente “, explicou. José Antônio destacou que foi preciso ganhar a confiança dos produtores e mostrar que é possível diversificar a oferta de produtos. “Antes, vendíamos o óleo de pequi em uma garrafa pet, com 2 litros, por R$ 10. Quando trabalhamos a marca, substituímos pela garrafinha de vidro, agregamos valor e comercializamos meio litro pelos mesmos R$ 10”, relatou. Além disso, a cooperativa não se contentou com pequenas mudanças e inovou criando uma linha completa e variada com mais de oito produtos que inclui creme, paçoca de pequi com carne de sol, farinha, maionese e óleo. Isso é possível, devido ao in-
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Experiências Inovadoras no Agronegócio
Vale das Palmeiras: modelo de agroecologia para o País Em sua fazenda, em Teresópolis (RJ), o ator Marcos Palmeira passou a interpretar com êxito o papel de produtor de alimentos sem o uso de agrotóxicos Thaís Araújo
Marcos Palmeira: sucesso na arte de praticar e difundir experiências de produção agroecológica
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á 15 anos, Marcos Palmeira resolveu dividir sua vida em dois papéis: a de ator e a de produtor orgânico. Proprietário da fazenda Vale das Palmeiras, locali-
zada no Estado do Rio de Janeiro, no município de Teresópolis, ele somou à carreira artística consagrada a sua veia ambientalista com a dedicação a produtos orgânicos.
“Comprei a fazenda e pensei que fosse fácil produzir alimentos orgânicos”, lembrou ele, ao participar da Semana Sebrae do Agronegócio 2010. “Imaginava que era só não co-
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O mundo está voltado para ecologia. O orgânico é um caminho para o futuro. locar defensivos agrícolas e colher as hortaliças”, iludia-se. Foram alguns anos de aprendizado e de persistência. “Achei que em seis meses iria conseguir fazer tudo”, contou Palmeira. Ele ainda recordou que o aconselhavam a desistir. Mas, com muita perseverança, ele seguiu em frente com seu sonho. Antes de começar a “mexer” na terra, Palmeira percebeu que precisava organizar a fazenda e melhorar o relacionamento com seus funcionários. “O pessoal da fazenda estava acostumado com o uso de veneno nas plantações. Fazê-los mudar esse conceito, que dava para produzir de uma forma orgânica, com qualidade, foi muito difícil”, contou. Com a ideia de ganhar a confiança dos trabalhadores e introduzi-los no universo orgânico, o ator decidiu aproximar-se oferecendo a eles uma melhor qualidade de vida. “Levei um amigo meu, dentista, para cuidar da saúde bocal de todos os meus empregados. Os funcionários quando me viam, saíam correndo de medo, pensando que era a vez de um deles sentar na cadeira do dentista”, lembrou. O empreendedor agroecológico passou a cobrar dos empregados o valor simbólico de R$ 2, fazendo com que eles se sentissem parte do processo. “Melhorei a autoestima deles. Hoje, o pessoal que antes não se aproximava nem para conversar, ou mesmo tirar dúvidas, quer parti-
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cipar e dar sua opinião”, relatou. Na parte física da fazenda, foi feito todo um trabalho de saneamento básico, melhoramento da estrutura hidráulica e construção de novos espaços. Após a organização da estrutura e a integração dos funcionários com a nova proposta de trabalho, o ator e empresário passou a procurar pessoas com experiência no plantio orgânico.
g Viabilidade econômica
Palmeira conseguiu apoio e parceiros na nova empreitada, mas faltava a viabilidade econômica. “Eu não podia ter um negócio que dependesse apenas do meu trabalho como ator”, revelou. Depois do assassinato, em 2000, do administrador da fazenda, Rildo Gomes, em um assalto, Palmeira pensou que não fosse ser capaz de encontrar alguém que substituísse o amigo e que acreditasse em suas ideias colocando-as em prática. Foi então que, em 2005, conheceu o senegalês Aly Ndiaye, hoje gerente de seu empreendimento. Ndiaye já tinha experiência em trabalho com pequenos produtores e com trabalhos sustentáveis. “Eu já conhecia o trabalho do Aly e sabia de sua vontade de colocar em prática algumas ideias. Ao mesmo tempo, precisava de alguém que compartilhasse desse ideal. Certo dia, encontrei com ele no hall de um hotel e perguntei: Aly, quer trabalhar comigo?”, lembrou o ator,
que acrescentou: “Aly foi para o Vale das Palmeiras e tornou a fazenda um empreendimento viável”. Apresentado à fazenda e introduzido em seu novo ambiente, Aly levou consigo seu grande projeto: a Produção Agroecológica Integrada Sustentável, o PAIS, uma tecnologia social que orienta o produtor a ter produção saudável de alimentos sem o uso de agrotóxicos. Juntamente com o apoio do Sebrae, da Fundação Banco do Brasil e do próprio Marcos Palmeira, o idealizador aplicou o programa e conseguiu difundir a ideia em vários pontos do País. Atualmente, o PAIS é um dos programas mais importantes para pequenas propriedades rurais. As principais vantagens são a dispensa no uso de agrotóxicos, a redução na aquisição de insumos e a alimentação saudável e barata para os agricultores familiares. É um método que utiliza um sistema de irrigação por gotejamento em hortas e pomares orgânicos. “O PAIS é uma maneira de conter o êxodo rural”, afirmou Palmeira. Hoje, o Vale das Palmeiras é um empreendimento que deu certo. Mas em desenvolvimento constante. “Não é eu gasto A, recebo B, e pronto, está acabado. A gente não para, o dinheiro que eu ganho volta para a fazenda na tentativa de se produzir mais”, lembrou o proprietário. Palmeira conseguiu unir seu so-
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Precisava garantir a sustentabilidade dos produtos orgânicos. Eu não podia ter um negócio que dependesse apenas do meu trabalho como ator. nho com a realidade. Tudo na fazenda funciona de forma harmônica, brinca o ator. Hoje em dia, ele contou que é um motivador do sistema orgânico e acredita na viabilidade da agricultura familiar. “Precisa-se usar a terra de um modo consciente. A terra é feita para plantar comida e não só soja. Quando você vai à casa de alguém, não te oferecem um prato de soja para comer”, disse Palmeira.
g Cara à tapa
Sobre seus produtos, revelou avanços até no marketing visual. “Melhorei a minha logomarca. A antiga não tinha visibilidade alguma”, comparou. O ator ainda disse que deu literalmente a “cara à tapa” colocando sua foto nos rótulos dos produtos. Palmeira concluiu que ser produtor é o lado da sua vida mais interessante e o que mais o motiva. E completa: “Nós estamos ajudando a fomentar a produção orgânica. O mundo está voltado para ecologia. O orgânico é um caminho para o futuro” finalizou.
Aly é idealizador do projeto PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável)
Copa Orgânica em 2014 Como em 2014 o Brasil sediará a Copa do Mundo, produtores orgânicos estão criando, em parceria com o Sebrae, a Copa Orgânica. A ideia é levar aos comitês, jogadores e ao público em geral produtos de procedência orgânica, ampliando o mercado dos fornecedores de alimentos saudáveis. “Esses produtos poderão integrar o gathering (fornecimento de alimentação) da Copa 2014”, afirmou Maria Beatriz Martins Costa, diretora do Planeta Orgânico – o primeiro portal sobre produção orgânica do Brasil (www.planetaorganico.org.br ). “O Sebrae é um grande parceiro desse sonho, que está se tornando realidade”, complementou. O ator e produtor agroecológico Marcos Palmeira está contente com a proposta. “Imagine a evolução que causaremos no mundo inteiro. Todos estarão se beneficiando. Vai ser a grande tacada do orgânico no território brasileiro”, avaliou. Para ele, será necessário superar a barreira política que pode surgir contra os produtos orgânicos.“ O problema não será reunir todos os produtores, para isso teremos tempo. O bloqueio político será o mais complicado”, analisou Palmeira.
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SEMANA SEBRAE DO AGRONEGÓCIO 2010 Para quem quer plantar conhecimento e colher bons negócios
Experiências Inovadoras no Agronegócio
Investir na felicidade das pessoas é inovar Empreendedor bem-sucedido em Joe Valle, da Fazenda Malunga (DF), diz que tecnologia tem grande valor, mas investir em recursos humanos é fundamental Inovar também é correr atrás da felicidade das pessoas. Pelo menos é assim que pensa Joe Valle, presidente da Associação de Orgânicos do Distrito Federal e proprietário da conhecida Fazenda Malunga, um polo de agroecologia e produtos sustentáveis encravado no Distrito Federal, a 70 km de Brasília. “Acredito que inovar é criar modelos de gestão com foco nas pessoas. Afinal, o que é importante? É sermos felizes. Por isso queremos investir na Felicidade Interna Bruta (FIB) de quem faz parte da Fazenda Maluga”, explicou Valle, durante palestra na Semana Sebrae do Agronegócio 2010. O produtor faz uma referência ao conceito de Felicidade Interna Bruta (FIB), criado em 1972, em um pequeno país do Himalaia, o Butão. Parece uma fábula, mas não é. Contam os divulgadores da FIB que ela surgiu um certo dia, quando o rei questionou se o Produto Interno Bruto (PIB), que soma as riquezas de um país, seria o melhor índice para determinar o desenvolvimento de uma nação. Desde então, a FIB foi desenvolvida por pesquisadores internacionais, com o apoio de Programa das Nações Unidas para o Desen-
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Márcia Gouthier/Agência Sebrae de Notícias
Produtos da Fazenda Malunga são vendidos em supermercados de Brasília volvimento (Pnud). Trata-se de um conjunto de índices para medir nove dimensões de desenvolvimento integral: bom padrão de vida econômica, boa governança, educação de qualidade, boa saúde, vitalidade comunitária, proteção
ambiental, acesso à cultura, gestão equilibrada do tempo e bem-estar psicológico. gProdutor feliz Que a Fazenda Malunga é um caso de sucesso não é novidade, mas vale relembrar alguns núme-
A Malunga divide 30% do lucro líquido entre os conselheiros, que são nossos trabalhadores.
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ros importantes: são 129 hectares de área total, 30 hectares onde se cultiva 46 espécies de hortaliças e uma produção de 20 toneladas de alimentos orgânicos por mês, o que inclui hortaliças, ovos, aves e lacticínios, gerando um bom faturamento. Resultado que não seria possível sem os mais de 150 trabalhadores contratados, com carteira assinada, que têm a oportunidade de integrar o conselho deliberativo e o conselho técnico da fazenda. “A Malunga divide 30% do lucro líquido entre os conselheiros, que são nossos trabalhadores. É uma aplicação prática do conceito de produtor feliz, remunerado de forma adequada pelo seu trabalho e uso de recursos defendidos pelos agricultores orgânicos”, contou Joe Valle. Além disso, existe toda a preocupação com o conforto para os trabalhadores nas diversas áreas de produção. “Nós desenvolvemos umas bancadas ergonômicas para as mulheres trabalharem com um conforto maior. Levamos fisioterapeuta até a fazenda e fizemos todo um trabalho para que a gente leve conforto e qualidade. O pessoal tem acesso a aulas de ioga e ginástica laboral”, disse o proprietário da Malunga. Segundo Joe Valle, pelo menos 10% do tempo dos funcionários é gasto com qualificação. “A cada 30 dias eu tenho três dias de cursos de qualificação. Alem disso, temos reuniões de planejamento estratégico todo mês, onde todos contribuem de alguma forma.”
“Na hora em que o consumidor comprar o produto no supermercado, ele vai conseguir falar com o técnico que estará aqui na lavoura. Isso é transparência. É a tecnologia como aliada de um bom serviço prestado ao consumidor”, contou com otimismo. Valle acrescentou que o cliente poderá entender melhor como funciona a produção e lembra características importantes: a fazenda é toda dividida usando uma tecnologia com plantas que produzem flores e plantas que produzem fruto e, sendo também adubo
verde, montando os corredores biológicos. “Usamos no terceiro andar a leucena e no andar intermediário a bananeira, reconstruindo uma condição de mata para que a gente tenha uma condição de cultivar e aumentar a produtividade.” Esses são apenas alguns exemplos de uma série de iniciativas de inovação da Malunga. Valle já contou várias vezes sua história, mas não se cansa de mostrar que é fundamental tentar fazer a diferença e produzir, fazer o bem para quem produz, para quem compra e para o meio ambiente. Thaís Araújo
g Link direto com o consumidor
Para o investimento na felicidade e satisfação do cliente, Valle apostou na tecnologia para fazer uma verdadeira “conexão com a roça” e aproximar o mercado consumidor do campo.
Para Joe Valle, da Fazenda Malunga, não basta inovação tecnológica. Deve haver comprometimento com as pessoas que trabalham no campo
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Acesso a Serviços Financeiros
Crédito Rural em condições excepcionais Em entrevista, Alexandre Guerra, gerente da unidade do Sebrae que orienta os empreendedores sobre finanças, afirma que o governo estimulou o acesso dos produtores rurais ao financiamento
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momento é propício para a tomada de crédito por pequenos produtores rurais e agricultores familiares. Quem recomenda é o gerente da Unidade de Acesso a Serviços Financeiros (Uasf) do Sebrae, Alexandre Guerra. Segundo ele, há oferta de crédito e regras favoráveis para os empreendedores do campo. Com a estabilidade econômica, a disponibilização de R$ 116 bilhões para a agricultura familiar e comercial e as baixas taxas de juros para o setor, prazos e carências, “o governo federal criou estímulos para que o produtor acesse o crédito em condições excepcionais”, afirmou. Na avaliação dele, uma das melhores linhas para o segmento é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), cujas taxas vão de 0,5% a 4% por ano, muito abaixo das praticadas no mercado financeiro. Como o senhor avalia a participação da Unidade de Acesso a Serviços Financeiros na Semana do Agronegócio? A parceria entre a Uasf e Uagro tem gerado bons frutos para o Sebrae e para os pequenos empreendimentos rurais. A participação da Uasf
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GILMAR FÉLIX
Alexandre Guerra: informações sobre acesso a serviços financeiros em 12 sites de agronegócio e em publicações
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na Semana do Agronegócio vem crescendo e mostrando a importância do tema no setor. Acredito que as palestras do doutor Adoniram Peraci, secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, e do doutor Marcelo Guimarães, coordenador de Análise Econômica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do gerente executivo Márcio Montella, da Diretoria de Agronegócio do Banco do Brasil, e do superintendente da Área de Agricultura Familiar e Microfinança Rural do Banco do Nordeste, senhor Luís Sérgio Farias Machado, sobre acesso a serviços financeiros no agronegócio, abrilhantaram o evento e levaram conhecimento para as lideranças do setor público em geral.
serviços financeiros pelos pequenos empreendimentos agropecuários.
Como o senhor avalia as alternativas de crédito disponíveis no mercado e, especialmente, com relação ao Pronaf? Os vários planos agrícolas e pecuários lançados pelo presidente Lula
Quais contribuições que o Sebrae pode oferecer ao produtor rural e ao agricultor familiar para ter acesso ao crédito? Com a parceria citada, o Sebrae disponibiliza informações de acesso a serviços financeiros em diversos meios de comunicação. São 12 sites de agronegócio com orientações e informações de acesso a serviços financeiros, linhas de crédito e informações sobre cooperativismo de crédito e microcrédito empreendedor [acesso pelo portal do Sebrae – www.sebrae.com.br]. Lançamos uma revista com o tema Agronegócio e duas cartilhas de acesso ao Pronaf, mostrando o que pode ser financiado, os grupos, as condições de enquadramento, o programa Garantia de Preços, os seguros, como acessar os créditos do Pronaf e outros. Além desses, buscamos a capacitação de disseminadores para que as informações possam chegar aos pequenos empreendimentos rurais de forma qualificada. Várias outras ações estão sendo planejadas, almejando-se a ampliação do acesso aos
permitiram que atingíssemos um nível satisfatório no que diz respeito às alternativas de crédito. Contemplam as diversas classes de produtores, disponibilizando crédito para investimento, custeio e comercialização, com as taxas mais baixas do mercado. O Pronaf, em especial, atua com taxas que vão de 0,5% a 4% a.a, com diversificadas linhas e grupos. Não trabalho diretamente com os pequenos empreendimentos rurais e não tenho condições de destacar casos de sucesso. Mas, com certeza, com as condições disponibilizadas pelo governo federal, devemos ter inúmeros casos de sucesso espalhados pelo País. A Uasf mantém convênios com outras instituições para facilitar o acesso ao crédito pelos pequenos produtores ou agricultores familiares? O Sebrae, por meio da Uasf, ce-
Como o senhor avalia a atual conjuntura econômica para a tomada de financiamentos pelos produtores rurais? Com a estabilidade econômica e a disponibilização de R$ 116 bilhões para a agricultura familiar e comercial, as baixas taxas de juros para o setor, prazos e carências, o governo federal criou estímulos para que o produtor acesse o crédito em condições excepcionais.
lebrou diversos convênios com instituições financeiras objetivando a melhoria do acesso aos produtos e serviços financeiros e a diminuição de custos. As micro e pequenas empresas que estão na cadeia do agronegócio podem acessar os benefícios resultantes dessas parcerias. De que forma organizações coletivas como cooperativas de crédito e sociedades de garantia de crédito podem facilitar o acesso ao crédito para os produtores rurais e agricultores? As cooperativas de crédito têm seu alcance no atendimento estrategicamente limitado a pequenas regiões e por isso conhecem melhor a realidade das pessoas físicas e jurídicas que nelas vivem. São instituições vocacionadas a um público específico e têm na sua grande maioria baixo custo de funcionamento, quando comparadas aos grandes conglomerados financeiros. Esses são fatores que contribuem significativamente para o acesso ao crédito a custos mais atrativos a produtores rurais, agricultores familiares, micro e pequenos empresários e empreendedores. As sociedades de garantia de crédito (SGCs), em pleno processo de constituição no País, visam a complementação das garantias de crédito junto às instituições financeiras parceiras, às quais os pequenos empreendimentos poderão se associar e receber as devidas orientações e garantias. Embora sejam concebidas para empreendimentos tipicamente urbanos, existe a possibilidade de empresas situadas ao longo da cadeia produtiva se associarem a essas entidades. Caberia ao empresário buscar informação junto ao Sebrae de seu Estado, para saber se existe alguma SGC em processo de constituição.
Com as condições disponibilizadas pelo governo federal, devemos ter inúmeros casos de sucesso espalhados pelo País.
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Acesso a Mercados
Agricultura familiar faz parte do agronegócio Secretário da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário afirma que 5 milhões de produtores rurais deixaram a linha da pobreza nos últimos anos
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agricultura familiar, como toda produção rural brasileira, também faz parte do agronegócio. É dessa forma que o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) enquadra a produção das pequenas propriedades rurais. A explicação foi ressaltada pelo secretário nacional da Agricultura Familiar do ministério, Adoniram Peraci, durante a abertura da palestra ‘Inclusão Financeira na Agricultura Familiar – Desafios e Perspectivas 2010/2011’, realizada durante a Semana Sebrae do Agronegócio 2010. Para o secretário, a agricultura é uma mola propulsora para a redução da pobreza no País especialmente no meio rural. Com base em dados do último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Peraci afirmou que, dos 33 milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza, 5,3 milhões são do meio rural. Entre os desafios para a agricultura brasileira nos próximos anos, ele destacou a redução dos custos de produção e
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Gilmar Félix
O secretário nacional da Agricultura Familiar, Adoniram Peraci, mostrou dados que mostram a importância do segmento na produção rural
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a conciliação entre agricultura e meio ambiente. “Nos últimos sete anos e meio, tempo do governo Lula, foram feitos grandes investimentos, principalmente em energias renováveis, como os biocombustíveis, na região Nordeste”, afirmou. Durante sua exposição, o secretário mostrou dados do Censo que reforçam o peso da agricultura familiar no agronegócio – o segmento é responsável por 38% do valor bruto de produção e 74,4% do pessoal ocupado no campo. Outro dado mostra o impacto social da atividade, que atende 15,3 pessoas em cada 100 hectares, enquanto que a agricultura não familiar atende apenas 1,7 pessoa na mesma área. Ele apresentou várias linhas de créditos disponíveis hoje nos programas coordenados pelo MDA, com destaque para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ), que financia projetos individuais ou coletivos de geração de renda para agricultores familiares e assentados da reforma agrária. Segundo o secretário, durante os últimos sete anos, o Pronaf realizou 2,5 milhões de contratos de crédito, com juros de 1% a 2% ao ano. Entre os anos 2000 e 2005, o volume de recursos concedido foi de R$ 2,3 bilhões. Já entre os anos de 2009 e 2010, o valor saltou para R$ 15 bilhões.
Peraci também destacou o Pronaf Custeio, linha destinada aos agricultores e suas cooperativas ou associações para que financiem as necessidades de custeio do beneficiamento e industrialização da produção própria e/ou de terceiros. O valor do crédito é de até R$ 5 milhões, com taxa de juros a 4% ao ano. Outra linha apontada pelo secretário foi o Pronaf Cota-Parte, que disponibiliza recursos para investimentos para a integralização de cotas-partes dos agricultores familiares filiados às cooperativas de produção ou para a aplicação em capital de giro, custeio ou investimento. Durante a Semana Sebrae do Agronegócio, as Unidades de Acesso a Serviços Financeiros e de Agronegócios do Sebrae lançaram uma cartilha sobre as linhas de crédito do Pronaf. A publicação destaca que o programa possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do país. Sustentação e mercado Nas palavras do secretário, o desenvolvimento do interior brasileiro passa por um conjunto de medidas que se articulam simultaneamente, na qual questões como preservação ambiental, agricultura familiar e segurança alimentar com política monetá-
ria ajustada ao abastecimento formam um pilar de sustentação importante. Outra medida necessária, afirmou ele, refere-se à reorientação dos bancos públicos, universidades, instituições de pesquisa, abastecimento, entre outros, que devem estar em sintonia com a agricultura familiar, estimulando a produção, controlando a inflação e gerando oportunidades de emprego e renda. Para complementar, uma terceira idéia defendida por Adoniran se refere ao conjunto de políticas públicas que podem alavancar a economia rural e valorizar iniciativas e que vão além da produção agropecuária, como, por exemplo, seguro da produção, serviços de assistência técnica rural, política de alimentação escolar, nova relação com mercados, turismo rural e agroindustrialização. Peraci afirmou que o meio rural deve ir além das atividades rurais e estimular outras iniciativas de produção e agregação de valor que transcendem as atividades agropecuárias. Para ele, o crédito rural e o serviço de assistência técnica e extensão rural não tem mais o mesmo peso político no direcionamento do desenvolvimento rural, apontando que o mercado será o grande responsável por direcionar o modelo de agricultura do futuro.
“Nos últimos sete anos e meio, tempo do governo Lula, foram feitos grandes investimentos, principalmente em energias renováveis, como os biocombustíveis, na Região Nordeste” 55
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Acesso a Serviços Financeiros
Crédito Rural aumentou 26% Ministério da Agricultura comemora avanços, mas também estuda reformulações em programas de financiamento previstos no Plano Agrícola e Pecuário 2010/11 Gilmar Félix
Marcelo Guimarães: maior aumento de crédito ocorreu nas operações de custeio e de comercialização
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crédito para o agronegócio no Brasil está cada vez mais acessível ao produtor. Mesmo em tempos de crise econômica mundial, no período de 2008 a 2009, o País conseguiu a proeza de aumentar em 26% a liberação de financiamentos rurais. “A liberação de recursos foi superior a R$ 7,2 bilhões em março, atingindo os melhores níveis desde a crise financeira mundial que também atingiu a agricultura comercial”, destacou o coordenadorgeral de Análises Econômicas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcelo Guimarães, um dos palestrantes na Semana Sebrae do Agronegócio 2010. Pelas contas do BB, no período acumulado entre julho de 2009 e março de 2010, os recursos aplicados em investimento, custeio e comercialização pela agricultura empresarial chegaram a R$ 44,8 bilhões, beneficiando também produtores que lançaram mão de linhas de crédito para estocagem. Guimarães ressaltou que, do total de R$ 14,7 bilhões para a comercialização, R$ 6,6 bilhões foram concedidos por meio de Empréstimo do Governo Federal (EGF). Já a Linha Especial de Crédito (LEC) responde por R$ R$ 628,5 milhões do total destinado ao reforço da comercialização de café, milho, lã, mel, carne suína e frutas. A linha de crédito para fruticultura, que incentiva a agroindústria de sucos de frutas e outros derivados, recebeu R$ 29 milhões para maçã, pêssego e goiaba. Outro dado relevante apontado pelo coordenador: entre julho de 2009 e março de 2010, o crédito
concedido pelo Programa de Incentivo à Produção Sustentável do Agronegócio (Produsa) foi de R$ 330 milhões, cinco vezes mais do que o volume empregado no mesmo período do ciclo agrícola. De acordo com Guimarães, a utilização de recursos do Programa de Geração de Emprego e Renda Rural (Proger Rural) superou R$ 2,2 bilhões, incluindo custeio e investimento, entre julho de 2009 e março de 2010. O programa é destinado ao produtor de médio porte, que foi beneficiado com quase cinco vezes mais recursos do que no mesmo período da safra 2008/2009.
gAinda há trabalho pela frente Apesar dos números positivos, ainda existem muitos desafios. Guimarães apontou que o Plano Agrícola e Pecuário precisa melhorar em aspectos relacionados ao aumento do volume de recursos, aumento ao apoio a comercialização, ampliação do seguro rural e fortalecimento das cooperativas, alem de incentivar práticas ambientais corretas, como a intergração lavoura-pecuária-floresta e o plantio direto. “Também é preciso solucionar os gargalos em infraestrutura e logística, principalmente no Centro-
Oeste. Não é raro que o governo use recursos do setor agrícola para compensar as deficiências em logística para o escoamento da produção”, pontuou Guimarães. O Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011, lançado em junho, prevê recursos para apoiar os agricultores brasileiros da ordem de R$ 116 bilhões, incluídos aí R$ 16 bilhões para a agricultura familiar. Na avaliação do coordenador, vale lembrar que, na safra 2009/2010, o governo disponibilizou R$ 108 bilhões aos produtores rurais, sendo R$ 93 bilhões para a agricultura empresarial e R$ 15 bilhões para a familiar. Do total, cerca de R$ 65 bilhões foram liberados entre julho de 2009 e março de 2010. Um ponto que merece maior atenção do governo, disse o cordenador, é o programa destinado à estocagem de etanol, que teve pouca procura. Segundo ele, o programa será reformulado com a redução dos juros cobrados. O governo também deve lançar, revelou Guimarães, um programa denominado “Agricultura de Baixo Carbono” para ampliar o apoio a práticas agrícolas sustentáveis, fortalecendo assim o conjunto de políticas públicas do setor aliadas à questão ambiental.
Não é raro que o governo use recursos do setor agrícola para compensar as deficiências em logística para o escoamento da produção. 57
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Banco do Brasil fortalece o crescimento do agronegócio Na safra 2009/2010, a instituição foi responsável por 56,5% do Crédito Rural concedido pelo Sistema Financeiro Nacional
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uando o assunto é investimento e inovação, logo se pensa em como conseguir o recurso. Nesse caso, a instituição bancária mais presente na vida do produto rural brasileiro é o Banco do Brasil, que representa um elo entre o governo e o segmento, atuando como o maior financiador do agronegócio brasileiro em todos os segmentos e etapas da cadeia produtiva, do agricultor familiar às grandes empresas agroindustriais. Na safra 2009/2010, o banco foi responsável por 56,5% de Crédito Rural concedido pelo Sistema Financeiro Nacional.
“Nós estamos investindo na difusão de tecnologia e treinamento para minimizar cada vez mais as dificuldades de acesso ao crédito por parte dos produtores”, afirmou Márcio Augusto Montella, gerenteexecutivo da Diretoria de Agronegócio do Banco do Brasil, durante sua exposição na Semana Sebrae do Agronegócio 2010. Segundo ele, o banco possui 3.364 agências que operam o Crédito Rural, sendo que quase 90%
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delas – 2.975 – operam com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ). “O saldo da carteira de crédito do agronegócio fechou o primeiro trimestre de 2010 em R$ 64,9 bilhões. Do total desembolsado para a safra 2009/2010 (R$ 26,4 bilhões), R$ 12,8 bilhões foram destinados para o custeio agrícola”, ressaltou Montella.
cresceu 21,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, com saldo final de R$ 18,9 bilhões, os quais correspondem a 29,1% da carteira.
gRiscos calculados
“O agronegócio brasileiro representa quase 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, gerando 33% dos empregos e, ainda, é responsável pelo superávit da balança comercial brasileira”, acrescentou.
A mitigação de riscos dos produtores e dos agentes financeiros é uma grande preocupação do Banco do Brasil e, de acordo com Montella, é fundamental que o governo aumente o prêmio do seguro rural. “Na safra passada, o valor previsto para o prêmio era de R$ 260 milhões e foi necessário solicitar verba complementar”, explicou.
De acordo com o executivo, o crédito com Pronaf/Proger Rural
O Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e a
O agronegócio brasileiro representa quase 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
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proteção de preços em bolsas de mercadorias e futuros são especialmente estimulados. “A utilização desses mecanismos de mitigação de risco possibilita aos produtores proteção contra os efeitos do clima em sua atividade e das oscilações de preços das commodities agropecuárias”, ponderou o gerente. O Banco do Brasil possui como seguradora a Aliança do Brasil, que assume 10% do risco, repassando 90% ao mercado. Para fazer uma apurada análi-
se de crédito, a instituição conta com 200 engenheiros agrônomos espalhados por todo o Brasil. Eles podem observar a condição de condução das lavouras em cada microrregião.
gPreparando o terreno Montella observou que, para a nova safra, 2010/2011, o banco também continuará investindo em automação, para conseguir ser mais eficiente na liberação do crédito. Também será fortalecido o Fundo Private Equity para
o agronegócio, que é um tipo de atividade financeira realizada por instituições que investem essencialmente em empresas que ainda não são listadas na bolsa de valores, com o objetivo de alavancar seu desenvolvimento. “Temos que continuar a fazer uma boa orquestração envolvendo todos os elos: empresas que compram, órgãos de assistência técnica e o próprio Sebrae, entre outros, para facilitar o acesso ao crédito”, acrescentou. GILMAR FÉLIX
Márcio Montella: mais integração entre instituições governamentais e privadas vai aumentar o acesso ao crédito rural
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Banco do Nordeste orienta produtores nas comunidades Programa AgroAmigo conta com assessores de crédito que vão aos locais onde vivem agricultores que estão abaixo da linha de pobreza É como se fosse um amigo que chega para aconselhar, alertar e, principalmente, para ajudar a entender as complicadas regras de um microcrédito. Assim atuam e vão atuar ainda mais os atuais e os novos assessores de crédito do programa AgroAmigo, do Banco do Nordeste (BNB), o segundo maior banco rural do Brasil, responsável por 80% dos créditos rurais da Região Nordeste. O AgroAmigo foi criado em 2005, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), para dar orientação a agricultores familiares classificados pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), pertencentes ao Grupo B, ou seja, produtores que possuem renda bruta de até R$ 6 mil por ano. “Estamos falando de uma boa parte de produtores que estão abaixo da linha de pobreza e, por isso, um dos principais objetivos do programa é melhorar o perfil socioeconômico deles por meio do incentivo à atividade rural sustentável”, destacou o coordenador do Programa de Microcrédito Rural do BNB, Luís Sérgio Farias Machado, um dos expositores da Semana Sebrae do Agronegócio 2010.
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gEducação financeira Machado explicou que o programa leva educação financeira para esses agricultores por meio de uma metodologia desenvolvida dentro da instituição que visa o crédito orientado e acompanhado. Esse trabalho é feito junto às comunidades por meio de assessores de crédito, que são treinados e contratados pelo Instituto Nordeste Cidadania. “Hoje, temos 600 assessores de crédito e deveremos expandir para 800 até o final de 2010. São técnicos agrícolas que vão até as comunidades para fazer um trabalho
É preciso não só identificar a necessidade de crédito, mas também a necessidade financeira, incentivar a criação de poupança, entre outros”, acrescentou. O coordenador detalhou que o trabalho de orientação financeira do assessor de microcrédito não termina com a conquista do crédito. O produtor terá auxílio desde o período de avaliação de proposta até o tempo de financiamento adquirido. Ou seja, o agricultor recebe assistência técnica e acompanhamento a um custo compatível com a sua receita. De acordo com Machado, o as-
Um dos principais objetivos do programa é melhorar o perfil socioeconômico desses produtores por meio do incentivo à atividade rural. explicativo sobre como funciona o microcrédito. Eles têm que atender os produtores nas comunidades. A cada dois meses, temos monitores em campo avaliando os resultados.
sessor elabora a proposta de crédito, mapeia as potencialidades da comunidade, orienta com relação a obrigações e direitos dentro do programa. Após a proposta de
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As inovações do AgroAmigo foram apresentadas pelo coordenador do Programa de Microcrédito Rural do Banco do Nordeste, Luís Sérgio Farias Machado crédito aprovada, ele passa para a fase de orientação de recebimento do recurso. O produtor recebe um cartão e toda a documentação necessária. O uso desse crédito também é orientado, para que haja uma administração eficiente. Outro objetivo é fazer com que os agricultores trabalhem com a diversificação de plantações, pois a agricultura nordestina ainda tem baixo valor agregado e é baseada em grãos de cerqueiro ou em pecuária de pequenos animais de baixa produtividade. “A credibilidade conquistada pelo programa se dá pela identificação das necessidades financeiras dos agricultores e a concessão de
créditos em condições compatíveis com a atividade financiada, além de uma relação de confiança e proximidade dos assessores e da presença local do BNB. Todas essas propostas fazem do AgroAmigo um grande sucesso com metas de ampliação”, afirmou Machado. O programa foi iniciado, em fase de teste, em 2004, em duas agências no interior do Piauí. Atualmente, o AgroAmigo já está presente em 158 unidades do banco e atende a mais de 1.736 municípios nordestinos, além do norte do Estado de Minas Gerais (dados de março de 2010). “Em 2009, tivemos 443 mil produtores atendidos e devemos
atingir 600 mil até o final de 2010. No acumulado de cinco anos do programa, devemos chegar em julho com 1 milhão de atendimentos. Também comemoraremos nosso índice de adimplência, que é de 97%, com meta de chegarmos a 98%”, complementou o coordenador. Machado destacou que toda essa inovação proporcionou ao BNB o prêmio “Boas Práticas nas Instituições Financeiras 2009”, concedido pela Associação Latino Americana de Instituições Financeiras para o Desenvolvimento. Uma espécie de atestado ao que está dando certo.
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Conjuntura
Micro e pequenos precisam crescer mais que a média nacional Diretor do Sebrae afirma que só assim o segmento aumentará a participação no Produto Intermo Bruto e contribuirá para melhorar a distribuição de renda
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á circulação de riqueza na base da pirâmide. Os valores, individualmente, são pequenos, mas muito expressivos no total. Com a estabilidade econômica, aumento do emprego e da massa salarial, além dos programas de transferência de renda, grandes varejistas e instituições financeiras traçam estratégias para conquistar, em definitivo, grandes nacos desse interessante mercado potencial”. Essas considerações foram feitas pelo diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, no encerramento da Semana Sebrae do Agronegócio 2010, em Brasília. “Não tenham dúvidas, não se trata de estratégias de marketing social. São estratégias fortes de ampliação de negócios”, afirmou, ressaltando que Sebrae e parceiros pretendem, por meio de ações abrangentes e integradas, que os pequenos negócios urbanos e rurais, naturalmente mais próximos desse chamado contingente de
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Consultorias privadas de renome indicam que o Brasil duplicará o PIB até 2020. A expectativa é que ultrapasse economicamente países como Itália e França. menor renda per capita, organizem-se para alavancar vendas não só no próprio território, mas também para atenderem nichos de maior renda, inclusive internacionais. Só essa maior abrangência mercadológica garantirá maior faturamento aos pequenos negócios, fundamental para que amparem o processo de distribuição da renda nacional, via maior faturamento, absorção de mão de obra e pagamento de melhores salários. Avaliações de consultorias privadas de renome indicam que o Brasil duplicará, até 2020, o seu Produto
Interno Bruto (soma de todos os bens e serviços produzidos em um país durante determinado período), hoje em R$ 3,1 trilhões. A expectativa é que ultrapasse economicamente países como Itália e França. A participação de micro e pequenas empresas no PIB é de 20%, apesar do segmento abrigar 98% dos 5,8 milhões dos negócios formais de todo o país e ser responsável por 60% dos postos de trabalho. “O importante é que os pequenos negócios faturem mais, por meio da inovação, para que o segmento cresça mais que a média dos de-
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GILMAR FÉLIX
Carlos Alberto dos Santos, diretor-técnico do Sebrae
mais porque só assim ampliará a participação no PIB”, explicou Carlos Alberto. O diretor fez questão de citar uma propaganda da PriceWaterhouse estampada na poltrona de um avião durante vôo do Rio de Janeiro para Brasília: “O Brasil será a quinta potência mundial na próxima década. Qual o benefício para sua empresa?” Obviamente, observou, a consultoria está falando para médias e grandes empresas. “Nós, do Sebrae, falamos para as micro e pequenas e trabalhamos para que também aproveitem este novo ciclo de crescimento que já é realidade hoje e se desenha para
os próximos anos.” Carlos Alberto fez questão de citar casos de sucesso como o da plantação de melão em estados do Nordeste que, por meio da certificação, consegue melhores preços no mercado interno e também ser exportado. O mesmo está acontecendo com o mel e a cachaça. “Temos
condição de produzir alimentos saudáveis e com atenção ao meio ambiente. São produtos com grande valor agregado que podem fazer a diferença em termos de faturamento para produtores e empresas individualmente e para o território, no geral”, concluiu. (Clara Favilla/ Agência Sebrae de Notícias)
Temos condição de produzir de alimentos saudáveis e com atenção ao meio ambiente. 63