SAÚDE E BEM-ESTAR
Covid-19: A inclusão e o regresso à escola O Fórum Municipal das Pessoas com Deficiência de Guimarães voltou a falar com Miguel Abreu, Sónia Silva e Eduarda Azevedo: O professor de educação especial, a mãe da Carlota que tem paralisia cerebral e frequenta o primeiro ciclo e a estudante universitária de música foram entrevistados em abril. Agora, passado um mês do início do ano letivo 2020/21, em jeito de balanço do funcionamento do ensino à distância, retratam também o regresso às escolas em contexto de pandemia por covid-19. Texto: Sofia Pires Fotos: Gentilmente cedidas
Miguel Abreu é professor de educação especial e o ano passado trabalhava com seis alunos no Centro de Apoio à Aprendizagem (C.A.A) do Agrupamento de Escolas da Abação. Durante o período de ensino à distância, com os três alunos que comunicavam foram realizadas atividades por videochamada, tais como, yoga, contar histórias e praticar exercício físico. Com os outras três crianças com multideficiências profundas, o professor fazia videochamadas com as respetivas famílias para conversar um pouco sobre rotinas, comportamentos, alimentação e atividades a desenvolver. “No entanto, nenhuma máquina substitui um professor. Educar é um ato relacional. O cérebro vai à escola, mas também vão o corpo e as emoções”, acrescenta o docente que no atual ano letivo está numa Sala de Ensino Estruturado (SEE) do Agrupamento de Escolas Fernando Távora a acompanhar cinco rapazes com transtorno do espetro do autismo, com idades compreendidas entre os 8 e os 10 anos. Miguel Abreu diz que, apesar da falta de tempo para se prepararem para a realidade do ensino à distância, “os professores portugueses revelaram o seu profissionalismo e capacidade de adaptação, tentando fazer sempre o melhor pelos seus alunos”.
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Um elogio que Sónia Silva não consegue estender à professora titular da filha Carlota que frequentava o primeiro ano do ensino básico numa escola do Agrupamento de Escolas Professor Abel Salazar. Foi em junho que esta mãe entregou uma exposição à escola a relatar as ocasiões em que sentiu que a filha tinha sido discriminada durante todo o ano letivo por ter paralisia cerebral e por precisar de um acompanhamento pedagógico diferenciado dos colegas. Foi instaurado um processo disciplinar que ainda decorre, mas com o ano letivo seguinte à porta e sabendo que a professora titular ia dar seguimento à turma, Sónia Silva preferiu mudar a Carlota de escola, estando neste momento a frequentar um estabelecimento de ensino do Agrupamento de Escolas das Taipas. Sónia Silva enquanto aguarda pela decisão do referido processo disciplinar respira de alívio por perceber que no balanço das primeiras duas semanas de aulas, a filha tem tido uma boa experiência junto de toda a comunidade educativa: “Está muito feliz. Vem e vai todos os dias muito feliz. Assim que me vê conta logo as coisas que achou importante, a música, o que comeu. Não estou nada arrependida, foi a melhor decisão que tomei”, assegura.