SAÚDE E BEM-ESTAR
A vida independente já “mora” em Guimarães O alargamento do financiamento dos projetos piloto do Modelo de Apoio à Vida Independente (MAVI) confirma a importância deste serviço de assistência pessoal às pessoas com deficiência em alternativa à institucionalização. Tanto Ângela Silva que deixou de frequentar o centro de dia da Casa do Povo de Creixomil e, desde o verão, beneficia deste serviço como a mãe Maria do Céu Silva se manifestam satisfeitas com esta alternativa encontrada. Texto: Sofia Pires Fotos: Gentilmente cedidas
amigos voltaram a insistir que faltava uma pessoa e os bombeiros foram procurar a Ângela e ela estava já em coma”, completa. Mesmo depois de um demorado processo de reabilitação - sessões que mesmo passados 22 anos do acidente mantém também para aliviar os problemas relacionados com a artrite reumatoide, doença autoimune que tem desde a infância – manifesta problemas de expressão verbal e dificuldades na locomoção e desequilíbrios provocados pela espasticidade que tem num dos braços. Quando, em março, a pandemia obrigou ao fecho de algumas valências das instituições de apoio social, Ângela Silva frequentava o centro de dia da Casa do Povo de Creixomil, em Guimarães. Maria do Céu Silva foi adiando o regresso da filha à instituição e entretanto tomou conhecimento da existência dos projetos piloto do Modelo de Apoio à Vida Independente (MAVI) que são viabilizados por vários centros espalhados pelo país que ficaram responsáveis pela gestão deste serviço que assenta na atribuição de assistência pessoal às pessoas com deficiência, promovendo a respetiva autonomia e autodeterminação. “Eu disse que era um desafio para mim, julgava que a ideia era levar a Ângela para o CAVI [Centro de Apoio à Vida Independente] e darem-lhe assistência lá e não em casa, mas começaram em julho e anulei a inscrição da Ângela no centro de dia”, conta Maria do Céu Silva. Ângela Silva tem um assistente pessoal responsável por a acompanhar às quartas, quintas e sextas das 14h às 18h, um apoio semanal que totaliza 12 horas de assistência pessoal e que também tem o objetivo de aliviar a carga física e emocional da mãe enquanto cuidadora principal. “E assim já vou a reuniões em grupo com os cuidadores, aproveito para fazer uma visita à minha mãe, fazer umas compras. Agora que está mais frio ficam em casa porque a Ângela gosta de ficar em casa, mas quando era mais quente iam até ao café, na Oliveira”, conta. “Ele é que a leva à casa de banho, é que lhe dá o lanche, a tira do carro e a acompanha à fisioterapia”, descreve ainda Maria do Céu Silva.
Ângela Silva teve um acidente de viação aos 18 anos que lhe causou um traumatismo crânio-encefálico. Às sequelas causadas por esta lesão cerebral soma as provocadas pela demora do socorro – como foi projetada, não foi logo procurada enquanto ocupante do carro e vítima do sinistro. “O carro despistou-se e caiu por uma ribanceira abaixo e andaram aos rebolões e ela foi cuspida e bateu com a cabeça. Eles tentaram procura-la mas era escuro e vieram para a estrada pedir socorro, na altura não havia telemóveis”, conta a mãe Maria do Céu Silva. “Já no hospital os 33