PERFIL
Norberto Mourão – O pragmático que se superlativizou Descrevem-no como uma pessoa calma, um amigo, alguém muito focado e dedicado ao treino, um “exemplo”. Norberto Mourão esteve a milímetros de conquistar uma vaga para os Jogos do Rio de Janeiro em 2016, mas já conquistou Tóquio2021: quer a vaga, quer a pista… Por Paula Fernandes Teixeira Fotos: Gentilmente cedidas
“As pessoas que adquirem a deficiência, na minha perspetiva, passam por três fases: estado de nojo, agonia, têm perceção do que tiveram e a vida muda com choros ou não e com uma mudança radical de pensar ou não. A segunda fase: a pessoa retorna ao seu ambiente e tem de se adaptar ao dia a dia. E a terceira fase, que nem todos passam, é a superlativização: fazer mais do que faziam antes. O Norberto passou à terceira fase de uma vez só”, descreve o treinador Ivo Quendera que acompanha Norberto Mourão há dez anos. Em setembro, em Szeged, na Hungria, Norberto Mourão conquistou a medalha de prata na prova de VL2 200 metros da Taça do Mundo. Concluiu a final direta da prova com o tempo de 1.00,83 minutos, mais 1,26 segundos do que o vencedor, o russo Igor Korobeynikov, e batendo por quase três segundos o terceiro classificado, o húngaro Tamas Juhasz. Dias depois somou nova medalha, com o terceiro lugar em VL2 500 metros, atrás dos russos Igor Korobeynikov e Roman Serebryakov. E foi nesse mesmo palco que em 2019 conquistou a primeira vaga olímpica para a paracoagem portuguesa para os Jogos de Tóquio 2020 que a pandemia da covid-19 viria a adiar para setembro de 2021. Em Szeged, em agosto de 2019, Norberto Mourão sagrou-se vice-campeão na paracanoagem ao cumprir os 200 metros da categoria VL2 em 52,82 segundos. Só foi ultrapassado pelo brasileiro Luís Silva, campeão paralímpico, por 1,14 segundos. Antes também já tinha conquistado a medalha de bronze nos Europeus. Mourão é calmo e calado e reservado, como o descreve o colega de projeto Olímpico, Floriano Jesus. De uma calma que “até enerva” o também atleta de paracanoagem. “Focado e muito exigente” é, por sua vez, como os técnicos Dulce São José e Vítor Cruz o descrevem.
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