Pequenos Segredos de Vidas Felizes

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C O LE Ç Ã O

Z V IDA FE LI


Coordenação Setor de Vida Consagrada e Laicato Ir. Joaquim Sperandio – Diretor Fabiano Incerti Fábio Viviurka Correia João Luis Fedel Gonçalves Agradecemos às pessoas que generosamente colaboraram com o seu testemunho de vida. Projeto Comitê de Animação Vocacional Capa e Diagramação Karen Tortato Revisão sintática e estilística Ir. Virgílio Josué Balestro Impressão Editora FTD Av. Senador Salgado Filho, 1651 Guabirotuba 81510-001 Curitiba – PR setorvcl@marista.org.br Dados

Internacionais de Catalogação na Publicação (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Pequenos segredos de vidas felizes, volume 2 / Marista-Setor de Vida Consagrada e Laicato. -1. ed. -- São Paulo : FTD, 2010. -(Coleção vida feliz) ISBN 978-85-322-7278-2 1. Conduta de vida 2. Histórias de vida 3. Irmãos Maristas - Educação 4. Vida cristã I. Marista-Setor de Vida Consagrada e Laicato. II. Série.

10-03248

CDD-370.1 Índices para catálogo sistemático: 1. Educação marista

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370.1

(CIP)


Pequenos Segredos de

Vidas Felizes


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Introdução

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Não sonho! Projeto o futuro!

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O tal ser humano é complicado!

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Política é coisa de “cara pintada”

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A vida é mais além

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Dizer SIM é uma alegria!

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Muitos modos de viver a vocação cristã

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Jogador de talento e sucesso

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Difícil hora de escolher

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Semente boa Toda vocação é serviço

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Feliz quem ama o que faz

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Nada é para sempre. Ou não? Deixar minha marca

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O exemplo de Marcelino Champagnat

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Por que escolhi ser padre

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E agora? O que fazer?

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Gosto do que faço

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Um mau exemplo no Evangelho Compromisso com a vida

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Ser e Fazer

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Você já se deparou com alguma pergunta que parece não ter resposta? Aquela do tipo que “pega” você quando está no quarto ou na lan house, ouvindo música baixinho, conversando no MSN, alterando o perfil do Orkut, com a mão no rosto e a cabeça “viajando”? Se isso já aconteceu, não se preocupe. “Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas”. Sem querer desanimá-lo, mas algumas perguntas não têm resposta mesmo. Para outras, porém, há respostas surpreendentes, quase incompreensíveis. Veja alguns exemplos. Após vinte e sete anos na prisão, Nelson Mandela foi libertado e ajudou no processo de superação do apartheid, regime de separação étnica que vigorou na África do Sul até o começo da década de 1990. Teve chances de sair antes da cadeia, se renunciasse as suas convicções e ideais e entregasse os nomes dos seus amigos de luta para a polícia. Não aceitou. Preferiu o caminho da reconciliação e do perdão, que, para ele, é o único eficaz contra a violência, a segregação e o ódio. O jovem casal não teve dúvida. João Antônio, com pós-graduação em Ciência Política, e Marilei, com pós em História, deixaram o Rio Grande do Sul em 2008, em direção a Rio Branco, capital do Acre. Voluntários no projeto Os Anjos da Arte, ligado à Instituição Marista, ajudam na formação de catequistas e jovens da região. Sentem-se muito motivados em ajudar as pessoas daquela região: “Realizar um trabalho social junto com os Irmãos Maristas é antes de tudo um compromisso nosso enquanto casal. Acreditamos que a união e o amor podem ajudar a transformar o mundo”. O francês Pascal Kleiman, morando na Espanha há 26 anos, é DJ. Pascal nasceu sem os braços devido a uma malformação fetal. A deficiência física não o impediu de tentar a carreira de DJ, depois de abandonar o curso de Direito: “Aprender a usar os pés foi uma resposta natural”, diz. Quando criança, aprendeu a ler e escrever com o avô e compreendeu cedo que poderia superar sua limitação. Seus dois filhos, que têm braços, já treinam com o pai a mixar as músicas usando os dedos do pé. Toda manhã Maria José abre o jornal para saber as principais notícias de seu país, a Índia, e do mundo. Depois se recolhe na capela para oferecer suas orações e sofrimentos pelas necessidades do mundo. Radha Krishnan, como era seu nome, era de família brâmane, a casta das famílias mais ricas. Converteu-se ao cristianismo e se tornou irmã carmelita descalça. Ou seja, ela vive em clausura, sem contato com o mundo. Tomou essa decisão quando era uma jovem rica e bem sucedida professora em Mumbai, na Índia. No começo, a família a rejeitou. Com o tempo, ela conseguiu reconciliar-se com todos e, assim, colocar a compaixão acima das diferenças religiosas. Quatro histórias tão diferentes. E, no entanto, há algo que se repete. Em todas, a vida fala mais alto, para além dos sofrimentos, das dificuldades, das incompreensões. Em todas, o tamanho do horizonte não é ditado pelo tamanho dos problemas, mas pela coragem de dar à própria vida um sentido. Se você é do tipo curioso e quer saber mais sobre essas pessoas e suas incríveis histórias, faça uma pesquisa na internet. Se conhecer outras histórias interessantes, acesse o nosso blog e poste seu texto ou o seu comentário. A pergunta é inevitável: que pretende fazer com sua vida? É sobre isso que queremos conversar. Um papo sobre projeto de vida e vocação. A ideia é conhecer alguns “pequenos segredos” de pessoas que souberam fazer da própria vida uma resposta aos desafios de seu tempo, de sua história. Você encontrará também algumas reflexões que lhe podem ser úteis. Leia, acrescente, descarte, comente, escolha. Faça sua história!

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Histórias de Vida

Não sonho! Projeto o futuro!

Olá, meu nome é Marciano. Tenho 32 anos, sou natural de Sergipe, mas me criei em Campina Grande, Paraíba. Tenho formação superior em Ciências Biológicas e Administração, dois mestrados pela PUCPR – em Administração e em Educação –, e estou concluindo o doutorado em Educação na PUCSP. Comecei a estudar aos 3 anos. Desde então não parei, nem pretendo parar. Estudar, além de alimentar o cérebro, é importante para me revitalizar cada dia. Muito pequeno, já sabia o que iria ser quando crescesse. Nasci e cresci dentro de salas de aula. Ser professor é algo que aconteceu de forma natural. Comecei a carreira muito precocemente. Aos 11 anos – acreditam? – dava aula de geometria na 4ª série, na sala em que minha mãe era professora. Aos 15, no 2º ano do Ensino Médio, assumi uma turma de alfabetização. Ministrava aulas na escola dos meus pais. Posso afirmar que foi também minha grande escola profissional. Fiz vestibular aos 16 anos, iniciei a Universidade aos 17 e, logo no segundo semestre do curso de Ciências Biológicas, comecei a dar aulas de Biologia numa escola pública, substituindo um professor. Fazia faculdade e trabalhava. Com 20 anos, volto como professor dos meus colegas de escola, com quem, quatro anos antes, jogava vôlei. Na hora do intervalo, ia para a sala de professores e me encontrava com todos os meus ex-professores, que agora eram colegas de profissão. Legal, não é? Logo que terminei a faculdade, senti a necessidade de fazer pós-graduação. Queria conhecer outros lugares, outras universidades, outros professores; enfim, ampliar horizontes. Inscrevi-me no processo de seleção da Universidade Estadual do Ceará. Fui selecionado. Viajava 840 km durante um ano e meio, todas as sextas-feiras à noite, para assistir à aula no sábado, e outro tanto para voltar no sábado à noite. Ao concluir a Especialização, queria mais. Ir mais longe! Foi então que me inscrevi na seleção do mestrado em Administração da PUCPR, em Curitiba. Recebi a ligação numa sexta-feira para eu participar, na segunda-feira seguinte, do processo de seleção. Fui, sem conhecer absolutamente ninguém. Durante a entrevista, uma professora da banca perguntou se eu não sonhava demais. Eu disse: “Professora, eu não sonho, eu projeto o futuro”. Cá para nós, acho que foi esse o ponto decisivo da seleção. Fui realmente muito audacioso. Era eu! Ali começava um novo ciclo na minha vida. Desliguei-me das escolas em que trabalhava e, em 9 de fevereiro de 2001, embarquei para o Paraná. Estudei, fiz amizades, conquistei e fui conquistado por pessoas, instituições, autores, professores. Ao longo do mestrado comecei a fazer o que hoje faço, ou melhor, sempre fiz: sou professor da PUCPR.

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Sinto-me um profissional pleno. Entusiasmado. Dou aulas no curso de Administração e em cursos de pós-graduação, e trabalho com o Núcleo de Empregabilidade e Oportunidades da Escola de Negócios da Universidade. Que é que você acha? Ser professor é para ele profissão ou vocação? Melhor, é só o fazer que serve para ganhar dinheiro, ou é também o jeito de ser e de entender a própria vida? Consegui fazer uma parceria com a Pastoral Universitária e juntos evangelizamos mediante a realização de atividades de superação de limites, trabalho em equipe e reflexão sobre o perfil pessoal e profissional dos futuros gestores. Gosto do ser humano. Acredito na sua bondade e trabalho para me tornar cada vez melhor. A família foi o fator decisivo. Meu pai e minha mãe não medem esforços para ver seus filhos bem. Tenho dois irmãos e três irmãs, para quem procuro ser exemplo e apoiá-los nas decisões. Escrevo de Montreal, no Canadá, onde estou realizando uma parte dos estudos de doutorado. Uma conquista! Estou tendo a oportunidade de uma experiência internacional. Mais uma vez lhes digo: planejei estar aqui há três anos. Aconteceu. Experiências mil. Hoje, por exemplo, conheci a neve! Que emoção! Sejam do bem! Estudem! Estabeleçam objetivos, persigam-nos e, principalmente, deem o seu melhor na construção de uma humanidade justa. É isso que faço, sempre, sendo professor. Agradeço a Deus a oportunidade da vida e tenho Nossa Senhora de Fátima como minha protetora incondicional. Abraço a todos. Marciano de Almeida Cunha Professor

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O tal ser humano é complicado! Você já deve ter notado em si mesmo uma sensação incômoda. De um lado, está a vontade de ser você mesmo, de ter autonomia e liberdade, de poder dizer que é alguém com personalidade, diferente de todas as outras pessoas. De outro, toma consciência das próprias limitações, da dependência e necessidade do apoio de muita gente. Deseja ser útil ao mundo, resolver os problemas sociais e econômicos, promover a paz e a compreensão mútuas. Mas depois se pega em atitudes bem egoístas, infantis, quase de sobrevivência.

São sinais claros de que essa é a hora de você pegar a própria vida nas mãos e dar-lhe rumo, direção e sentido. Para onde ir? Qual estrada e qual destino? Antes de olhar para frente, é preciso entender de onde viemos, quem nos criou, para que estamos no mundo. Não pedi para nascer! Uma hora ou outra quase todo adolescente e jovem solta essa frase, como se esta o livrasse da responsabilidade sobre quem você é e, principalmente, sobre quem vai ser. Vamos combinar: essa escolha realmente não foi sua. Mas isso não é ruim. A vida é, em primeiro lugar, um dom, verdadeiro presente. A principal escolha, que cabe a cada um, é o como viver esse dom e que fazer da própria vida. Pense bem! Você já está dentro da vida, já está existindo há bom tempo. Esta é a primeira vocação humana: o chamado à vida. A Bíblia usa de duas imagens muito bonitas para falar da vida como dom. Na primeira, Deus aparece criando, dia a dia, com sua palavra, todas as coisas do mundo, até chegar ao ser humano, o último a ser criado. Aliás, a Sagrada Escritura não fala de uma pessoa, mas do casal: “homem e mulher Deus os criou”. E Deus dá uma tarefa aos dois: “crescei e multiplicaivos, enchei a terra e dominai-a” (Gn 1,27-28). A segunda imagem, ademais, é bem conhecida. Ao criar o homem, Deus pega um pouco de argila, o modela e sopra em suas narinas o sopro da vida. Mas o homem se sente sozinho, e Deus procura então uma parceira para ele. Primeiro cria os animais e pede que o homem lhes dê nome. Não é suficiente. São bons, certamente, mas não preenchem a necessidade humana de comunhão, de comunicação. Por fim, Deus faz a mulher de uma costela do homem. Ele reconhece: “Esta, sim, é carne da minha carne!” (Gn 2,23). Como todas as outras coisas de nossa realidade, somos criaturas de Deus. Ter a vida já é um fato magnífico. Veja a energia bonita que há numa semente que rompe o solo para poder crescer sob o sol. Viver é muito bom, e isso inclui as dificuldades, as crises e o sofrimento. Pense no seu corpo, nas suas habilidades, na inteligência, na coragem de existir. Nossa existência é um imenso presente.

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A vida humana, como vimos nas duas imagens bíblicas, não se esgota no que você rece-


beu pronto. A existência só alcança o sentido completo, se você realizar a tarefa que lhe compete: o cuidado da própria vida, da vida da outra pessoa e da vida de todos os seres. E isso deve ser feito junto com os outros seres humanos. Quando assumimos a vida como dom, como chamado de Deus, e respondemos cuidando dela, estamos dizendo “sim” ao Criador. Não escolhemos nascer, mas podemos escolher como viver. Somos livres para cuidar de nós e do mundo. Somos livres para amar e construir relações verdadeiras com as pessoas. Somos livres para nos comunicar com Deus. Temos autonomia até para estragar a nossa vida. Um provérbio chinês diz: “somos livres para semear o que queremos, mas somos obrigados a colher o que semeamos”. Daí a importância de fazer as escolhas certas, de semear coisas bonitas que dêem bons frutos. Dizer sim à vida é a principal vocação do ser humano. isso é ser gente com letra maiúscula!

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Política é coisa de “cara pintada”

Histórias de Vida

Posso dizer, pela experiência que vem de longe, que os alicerces de minha formação cultural foram sedimentados pelos princípios da filosofia marista. Sou do tempo em que os colégios não só ensinavam, mas educavam e tinham a família, a escola e a igreja como os principais pilares da construção da vida. Exatamente como nos ideais das instituições maristas: “articular fé, cultura e vida”. Estudei no Colégio Rosário, em Porto Alegre, desde as primeiras letras. Depois, cursei a Faculdade de Direito da PUCRS. Meus filhos seguiram o mesmo caminho. Hoje, o caçula, Pedrinho, freqüenta o Colégio Marista de Brasília. São heranças que me dão orgulho no melhor dos sentidos. Foi na PUCRS que se construiu o degrau que me levou à política. Fui presidente do Centro Acadêmico e integrante da Junta Governativa da União Nacional dos Estudantes. O envolvimento continuou: fui vereador em Caxias do Sul, deputado estadual, governador do Estado do Rio Grande do Sul, ministro de Estado da Agricultura e, por quatro mandatos, senador da República. Posso afirmar, com certeza, que a filosofia marista me indicou os caminhos da fé e da política. Ética, solidariedade, humanismo, amor ao próximo e trabalho em equipe são princípios que me conduziram à política como profissão e como sacerdócio. O senador não está exagerando quando diz que a política para ele é um sacerdócio? Que quis ele dizer com isso? Que acha dessa visão? Não foi fácil essa travessia. Ao contrário. Fui testemunha ocular e participei de momentos sensíveis da história brasileira. Sem dúvida, a ditadura militar foi o maior deles. A boa política é incompatível com a lei do silêncio. A história é conhecida e tem que ser lembrada, para não ser repetida. Centenas de estudantes e de trabalhadores foram presos, muitos deles mortos exatamente por defenderem a democracia. Também muitos deles ainda encontram-se insepultos. Mas nada disso foi em vão. A liberdade não seria retomada sem a ação dos estudantes, nas ruas e nas praças de todo o País. Neste caso, a herança de uma geração inteira, uma herança que incluiu as eleições diretas para presidente da República, depois de mais de duas décadas. Hoje, são outras as barreiras nas raias da política. Não nego certa dose de desalento, quando percebo que a ética já não é lição de casa, nem quando se trata do recurso público que falta nas filas dos hospitais e na escuridão do analfabetismo. Os estudantes voltaram às ruas na década de 90 de “caras-pintadas”. Recuperada a liberdade, eles saltaram novas barreiras, agora no campo da ética. Barreiras, entretanto, que se têm mostrado móveis no tempo. É hora, portanto, de a juventude brasileira sentir-se emancipada. O discurso da “geração do futuro” não deixa de ter um viés de acomodação, para que os jovens não participem, diretamente, dos destinos do Brasil, para que aguardem o seu tempo, para que

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nada mude. Eu tenho reiterado que nada mudará “de fora para dentro”. É preciso que a juventude participe, desde logo, da política. Você sabe quem foram os “caras-pintadas”? Não se trata dos índios. Procure conhecer mais pela internet ou pergunte a algum “jovem” de 30 anos ou mais. Fiz Direito e segui na política. No direito, não há dúvidas sobre os avanços. Na política, nem tanto. Recuperada a liberdade, é preciso que ela seja plenamente exercida, para resgatar, agora, a ética. É hora, portanto, de os “caras-pintadas” voltarem à cena. A enorme perda dos valores e das referências dos nossos dias está a exigir, ainda mais, que se reforcem os princípios éticos de educar e de viver. Pedro Simon Senador da República

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A vida é mais além Existe em você algo que supera o corpo físico, que está além das coisas que o rodeiam. A ciência até que tenta, mas não consegue captar tal realidade com instrumentos de mediação ou transformá-la em fórmula. Por isso alguns preferem dizer que não há nada fora deste mundo. Mas muitos outros reconhecem que existe esse “mais além”, isto é, a dimensão de transcendência no ser humano. A Bíblia diz que somos feitos à “imagem e semelhança de Deus”. Para ser gente, não basta viver. É preciso viver voltado para o infinito, para Deus. As religiões são caminhos para compreender e viver melhor essa dimensão transcendente. Com um conjunto de doutrinas, de ritos e de modos de agir, cada uma delas revela o Sagrado e ajuda a compreender o sentido da vida. Se você é católico, é bem provável que tenha sido batizado ainda bebê. Seus pais quiseram que você recebesse a graça da filiação divina e começasse a fazer parte da Igreja. Se é de outra Igreja cristã, talvez tenha sido batizado com mais idade. Não importa. Assim como a vida, o batismo é o dom que Deus nos oferece por meio de seu filho Jesus Cristo. É também o chamado à santidade. Jesus diz no evangelho: “Sede santos como vosso Pai do céu é santo” (Mt 5,48). Ser santo? Isso mesmo. A vocação cristã, em primeiro lugar, é vocação para a santidade. Isso significa deixar que o Espírito Santo aja em sua vida, de forma a torná-la sempre mais perfeita em todos os sentidos: física, mental, afetiva e espiritual. Quanto mais perfeito e parecido com Jesus Cristo você for, tanto mais será sinal do amor de Deus para si e para o mundo. Para aprender como ser santo, você precisa olhar para Jesus. Ele é o exemplo perfeito da vocação à santidade. Jesus estava sempre ligado ao Pai. “Eu e o Pai somos um” (Jo 17,22), dizia aos discípulos. Em vários momentos, saiu para rezar em lugar deserto (Mc 1,35), ou no monte das Oliveiras, antes de ser preso (Mc 14,32-41). Ensinou a oração do Pai-nosso (Mt 6,9-14) e disse que era preciso pedir com confiança (Mt 7,7-8). Para descobrir o que Deus espera de você é preciso, antes de tudo, ter intimidade com Ele, rezar, gastar tempo em sua presença. O amor de Jesus pelo Pai não ficou guardado para si. “Eu vim para que todos tenham vida” (Jo 10,10), afirmou. Desde o seu batismo no rio Jordão, Jesus dedicou-se a anunciar o Reino e trazer vida para as pessoas que viviam desoladas: pobres, famintos, crianças, doentes, desprezados. Do mesmo modo, o cristão é santo quando manifesta o amor de Deus às pessoas e ajuda a transformar o mundo num lugar melhor para viver. Você sabia como sua religião é bonita e cheia de sentido? Quem convive com você sabe a que religião você pertence? Uma das tarefas do cristão é comunicar às pessoas que somos filhos e filhas de Deus, que Ele nos ama desde toda a eternidade e que Ele preparou para nós uma vida ainda mais plena e bonita que esta. Isso é viver a santidade do batismo. Que tal conhecer um pouco mais das diferentes religiões e crenças? Leia a respeito e comente em nosso blog!

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Dizer SIM é uma alegria!

Histórias de Vida

Há vinte e três anos sou consagrada e faço parte do Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. Consagrada é pessoa que assume compromisso especial, chamado “profissão religiosa”. Faz votos de pobreza, castidade e obediência em uma congregação ou instituto. A mulher consagrada também é chamada irmã religiosa. Na adolescência sempre busquei refletir sobre o sentido da vida. Queria descobrir para que Deus me havia criado. Olhava para muitos jovens e percebia como alguns viviam sem sentido e faziam coisas que não os deixavam felizes. Eu não queria ser assim. Sempre fui muito voltada à dança, ao esporte, e levava o estudo bem a sério. Trabalhava na lavoura e tinha muitos amigos. Como filha de agricultores, sonhava estudar muito e tornar-me professora. Meus pais eram católicos fervorosos e praticantes, e sempre me ensinaram o amor a Deus e a caridade para com os pobres. Aos 13 anos fui conhecer as religiosas do colégio de minha cidade. Algum tempo depois ingressei no Aspirantado e, gradativamente, fui gostando daquele estilo de vida e percebendo que Jesus me queria ali. Aspirantado é a casa em que as jovens que querem ser religiosas são acolhidas inicialmente, para estudar e se preparar para as fases seguintes de formação. Em geral, fazem o Ensino Médio ou, se já terminaram, um ano preparatório. As irmãs que me acompanharam nos primeiros anos foram me mostrando o ideal de ser Apóstola, segundo o carisma de Madre Clélia Merloni. Amor ao Coração de Jesus, trabalho alegre e dedicado às pessoas, oração, convivência fraterna com outras irmãs, o serviço na Igreja: foram experiências que fortaleceram a minha escolha. Carisma é o dom do Espírito Santo, dado à Igreja em favor das pessoas e da comunidade, por meio de um fundador ou fundadora. É um modo especial de viver a espiritualidade e a missão cristã. Após alguns anos de estudos e convivência, chegou a hora da decisão: assumir ou não para sempre esse estilo de vida? Meus amigos diziam que eu era louca e que, pelo meu jeito de ser, não conseguiria aguentar a vida disciplinada e “fechada” do convento. Orava e pedia a Deus que desse algum sinal que me deixasse segura da decisão. Acredito que todos os jovens passam por isso: tomar uma decisão sempre muda os rumos da história. A maior preocupação sempre foi: será que vou conseguir ser fiel até a morte? No campo da fidelidade não há certezas, pois precisamos fazer as contas com nossa fraqueza. Há confiança e perseverança todo o dia, na certeza de que Deus não nos abandona.

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Hoje sou Apóstola, educadora e assistente social, e percebo quantas maravilhas Deus realizou em mim. Amo o trabalho com crianças e adolescentes, especialmente os mais pobres, e procuro despertar neles a busca do sentido da vida. Percebo que uma tendência dos adolescentes e jovens é serem imediatistas e buscarem satisfação e prazer no momento presente. Muitos, por falta de orientação e oportunidades, enveredam por caminhos que levam à morte. Sofro muito quando me encontro com jovens assim. Sofro também diante da desigualdade e da injustiça que tornam nosso mundo tão desumano. Amo trabalhar com os jovens e sei que a cada dia, Deus, me envia no meio deles para criar espaços de formação, reflexão e oportunidades. A Igreja é chamada a desempenhar esse papel mediador. Muitas pessoas seriam mais felizes se as tivéssemos ajudado a refletir sobre a própria vocação quando eram jovens. Sem projeto de vida, a pessoa não sabe para onde vai. Fica aqui o desafio para aqueles jovens que se sentem inquietos e constantemente interpelados por Deus a fazer algo pela humanidade. Ele precisa de nós, da nossa força, da nossa criatividade, dos nossos dons para continuar sua obra criadora. Perguntemos, todos os dias, como o apóstolo Paulo: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 9,6). Ele nos mostrará o caminho. Ir. Anete Giordani Apóstola do Sagrado Coração

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Muitos modos de viver a vocação cristã A comunidade cristã de Corinto, na Ásia Menor, era muito dinâmica mas tinha dificuldades de convivência, disputas internas, um querendo ser mais que o outro. Isso está no Novo Testamento. O apóstolo Paulo, que havia fundado a comunidade, escreve aos cristãos, pedindo que sejam unidos no Espírito mas que saibam também respeitar a diferença: “Há diversidade de dons mas um mesmo é o Espírito. Há diversidade de serviços mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades mas um mesmo é Deus, que realiza todas as coisas em todos” (1Cor 12,4-6). Ser cristão não é ser tudo igual. Por isso, ao escolher que caminho tomar na vida, você deve pensar em como realizar o projeto que Deus tem para você. Se fizer isso, certamente fará a escolha certa e será feliz.

A seguir, vamos apresentar alguns desses modos de ser cristão.

Você nasceu numa família. Ela é o primeiro lugar onde carinho de Deus por cada um de nós se manifesta. Ao se unirem no matrimônio, homem e mulher se entregam um ao outro no amor de Deus, promovem a vida e ajudam na construção do mundo. O casal cristão não está junto só porque quase todo mundo faz assim ou porque é costume cultural. Mulher e homem respondem ao chamado divino de ser “uma só carne, um só coração” (Gn 2,24). Para eles, o matrimônio é o modo de ser “sal e luz” (Mt 5,13) na sociedade, no mundo do trabalho e da política, e na comunidade eclesial. Casar é opção e não falta de escolha. Nem todos se casam, porém. Tem gente que escolhe não se unir em matrimônio. Alguns vivem a própria vida como solteiros, trabalham, desenvolvem atividades, assumem tarefas na sociedade. Outros sentem-se chamados a uma forma mais radical de seguir a Deus e consagrarem a sua vida a Ele. São os religiosos e as religiosas. As religiosas e os religiosos fazem votos publicamente de viver os conselhos dados por Jesus no Evangelho: pobreza, castidade e obediência. Vivem em comunidade e trabalham na Igreja e no mundo segundo diferentes jeitos de ser, chamados de carismas. Por exemplo, há o carisma franciscano, que é o modo de ser pregado e vivido por são Francisco de Assis. Mais adiante, vamos apresentar a você o carisma marista. Jesus chamou os apóstolos para o seguirem, enviou-lhes o Espírito Santo e deu-lhes a tarefa de guiar a comunidade cristã e de instruí-la segundo o Evangelho. Na Igreja Católica, os bispos são os sucessores dos apóstolos. Para isso, recebem uma consagração especial, chamada sacramento da ordem. Outras Igrejas cristãs usam essa denominação ou outra para pessoas que guiam e orientam a comunidade.

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Os padres e os diáconos participam dessa consagração e também são ordenados. Cabe a eles santificar a comunidade cristã pela Eucaristia e pelos outros sacramentos, e orientar o povo de Deus em sua caminhada de fé. Os pastores e outros líderes religiosos também se sentem vocacionados, isto é, chamados a exercer a função dentro da comunidade em que atuam. Quem é melhor: o casado, o leigo solteiro, o religioso, o pastor ou o padre? A resposta é óbvia: melhor é a forma de vida que a pessoa escolhe livremente, buscando responder ao chamado de Deus para si. Todos são chamados a viver a santidade em diferentes maneiras de ser. Isso é vocação.

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Jogador de talento e sucesso

Histórias de Vida

Sou o Chico, o jogador mais antigo do time de futsal profissional Malwee da cidade de Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Nasci em Florianópolis e comecei a jogar futebol em minha cidade natal. Não demorou para ter meu talento reconhecido. Sempre com forte apoio e incentivo dos pais, treinadores e companheiros, fui desenvolvendo cada vez mais o dom de jogar futsal. A convite do Ir. Adilson, mudei em 1995 para Jaraguá do Sul, para estudar e jogar pelo Colégio Marista São Luís. Estava com 15 anos. Esse foi um passo fundamental, para começar a construir um futuro de sucesso. A participação nas OLIMACAs (Olimpíada Marista Catarinense) e nas OLICHAMPs (Olimpíada Marista Champagnat) abriram muitas portas para mim. O esporte é muito valorizado nas escolas e obras sociais, como forma de educação e formação integral das crianças e jovens. Foi a vez de a prefeitura de Criciúma, em Santa Catarina, convidar-me para jogar no time da cidade, com a possibilidade de continuar os estudos no Colégio Marista. Na época, tive de deixar a namorada Dayane em Jaraguá do Sul. A saudade dela acabou sendo o grande motivo para retornar à cidade em 1999, já como jogador profissional no Breithaup. Em 2001, esse time se tornou o atual Malwee. Hoje Dayane é minha esposa, mãe do Zayon e de outro filho que está chegando. Ela é a grande companheira, que abdicou de muitas coisas para que eu estivesse sempre bem física e psicologicamente nas quadras. A formação Marista foi fundamental: pude assimilar os valores essenciais, me preparar para todas as etapas da vida, enfrentar os obstáculos e conseguir vencer. Aprendi a ser uma pessoa melhor, a respeitar o próximo e a valorizar muito a família, seja de sangue ou de coração. Como perdi minha mãe com apenas 14 anos, fui “adotado” pela família da minha esposa. Jogo na Seleção Brasileira de Futsal há cinco anos. Meu maior sonho é vencer o Mundial de Clubes pela equipe Malwee e disputar, em 2012, a Copa do Mundo pela Seleção Brasileira. Pretendo encerrar a carreira em 2013, completamente realizado, e me dedicar à grande paixão, minha família. Algumas profissões têm vida curta. Em geral, são as que exigem muita capacidade física e muscular. Mas há quem se identifica tanto com o esporte, por exemplo, que continua a exercer, depois de encerrada a carreira, outras atividades semelhantes. Meu lema é acreditar sempre, ter muita força de vontade, me dedicar 100%. Realmente me entrego ao que estou fazendo e procuro estar sempre focado em alcançar meus objetivos. Francisco Alberto Gonçalves de Paula Jogador da Seleção Brasileira de Futsal

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Díficil hora de escolher

Você já sabe que, ao receber o dom da vida, foi amado e escolhido por Deus. Sabe também que o batismo faz de você um seguidor de Jesus, que veio mostrar a todos o caminho da vida e da felicidade. Agora cabe a você escolher que caminho tomar na vida. Mas já deve ter percebido, também, que boa parte da crise pela qual todo adolescente e jovem passa é causada pela dúvida a respeito do que ser: onde devo procurar? Como saber se estou no caminho certo? Primeiro, damos quatro dicas de onde fazer essa busca. 1. Diálogo com Deus. Se é Deus quem chama você, é preciso saber o que Ele está propondo. Onde encontrá-lo? Principalmente dentro de você, em seu íntimo. Ali, no mais profundo de nós mesmos, o Senhor se manifesta e nos fala ao coração. Por isso a importância de dar tempo a si mesmo, encontrar espaços de silêncio, procurar momentos de oração em que possa falar com Deus e ouvir o que ele tem a dizer. No mundo barulhento em que vivemos, essa não é tarefa muito fácil, mas é fundamental para quem quer levar a sério a decisão vocacional. 2. Bíblia. Para os cristãos, a Bíblia é a forma mais importante e direta de Deus se revelar. Não somente porque traz as verdades da fé e a maneira de vivê-las, mas pelo modo como Deus age na história da humanidade, convocando pessoas, como Abraão, Moisés e os profetas, para conduzir o povo e ajudá-lo a ser fiel à sua vocação de santidade. Jesus é ponto mais alto da história da salvação: Ele revela o verdadeiro rosto de Deus Pai e nos dá o Espírito Santo, que nos ensina realmente a rezar. A Palavra de Deus é luz para meu caminho! (Sl 119,105). 3. Outras pessoas. Há outras vozes que podem ajudar você na busca vocacional: pessoas especializadas, algum padre ou pastor, leigos, alguma pessoa amiga, nossos pais. Talvez um bom livro, o conselho de pessoas que são importantes para você, ou de alguém que apenas viu falando na TV. Fundamental é a atitude de abertura, de busca constante, estar de ouvidos atentos. 4. Acontecimentos. Há fatos, particulares ou sociais, que podem despertar um apelo especial: encontro com alguém, alguma desilusão, doença ou acidente, participação em certo evento, experiência de trabalho voluntário. Deparar-se com a situação de miséria das pessoas, sentir-se desafiado pela solidariedade, propor-se a ajudar algum grupo necessitado, sentir-se fortemente envolvido com alguma pessoa: todas essas são ocasiões em que Deus pode chamar você para determinada vocação. Mas ainda fica a dúvida: como escolher? Mais dois passos importantes. 1. Acompanhamento pessoal. Nem sempre conseguimos perceber o chamado de Deus sozinhos. Daí a necessidade da ajuda de outra pessoa: os pais, um amigo mais velho, um professor ou professora, a catequista, o padre ou pastor, alguém mais experiente que a gente. Deixar-se ajudar é também um desafio. É importante buscar alguém que saiba escutá-lo e que o ajude a discernir qual a vontade de Deus a seu respeito. Mas atenção: embora um amigo possa dizer

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coisas significativas, é melhor buscar ajuda de uma pessoa mais experiente e que já tenha feito sua escolha vocacional. 2. Discernimento. Aqui está o centro da própria busca vocacional: escolher. Ninguém, absolutamente ninguém, poderá fazer isso por você. Nem Deus! Ele o chama na liberdade e espera sua resposta igualmente livre. Essa resposta não é dada só com a boca, mas envolve toda a vida humana: pensamentos, desejos, sexualidade, ações, amizades, relações, projetos. Também é muito importante conhecer bem o caminho escolhido. Além disso, o processo de discernimento não termina simplesmente quando fazemos a escolha. Estamos sempre em processo, corrigindo e confirmando nossas opções. Se você se sente chamado a fazer algo novo, experiências diferentes ou tem boas idéias de como fazer isso, entre em contato conosco. O modelo está em nosso blog.

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Semente boa

Histórias de Vida

Eu frequentava a terceira série primária na escola multisseriada de Ribeirão Pequeno, em Taió, Santa Catarina. Numa manhã, faltando apenas 10 minutos para o término das aulas, entrou na sala o Irmão Aurélio. Era alto e magro, e vestia uma batina preta. Sua figura inspirava respeito e admiração. A escola multisseriada continha uma única sala, na qual ficavam os alunos de todas as séries do Ensino Fundamental, orientados por uma professora. Autorizado por dona Maria, nossa professora, falou-nos dos Irmãos Maristas enquanto mostrava um álbum com fotos das obras maristas. Falou de estudo, de futebol, de passeios, de servir a Jesus e a Maria, do trabalho bonito que os Irmãos faziam junto a crianças e jovens do mundo inteiro. A conversa não passou de cinco minutos. Quanto mais ele falava, mais eu ficava impressionado com aquilo tudo. Recordei o nome de um primo que era Irmão Marista, mas que nunca tinha visto, só sabia estar morando em Curitiba. O depoimento do Irmão Aurélio, as fotos atraentes, a possibilidade de estudar, de viajar, de conhecer novos lugares distantes, de “ser da família de Jesus e de Maria”, me balançaram. Bem no finalzinho da aula, ele fez o convite explícito: “Alguém de vocês quer ser Irmão marista?”. Não resisti, disse sim. À tarde, o Irmão esteve em casa conversando com meus pais. E o namoro entre a Congregação Marista e eu começou. Depois de ano e meio de visitas, cartas e outras formas de acompanhamento vocacional, chegou o grande momento de deixar tudo e partir. Em 6 de fevereiro de 1961 ingressei no Juvenato de São Bento do Sul, Santa Catarina. Éramos 125 meninos dos quatro cantos do Estado. Acompanhado por Irmãos competentes, devagar e mansamente fui superando as dificuldades, desenvolvendo qualidades, aprendendo coisas novas. O ambiente alegre e acolhedor do Juvenato e dos outros centros de formação por onde passei ajudou-me a crescer como pessoa, religioso e marista. Juvenato é a casa de formação destinada aos adolescentes e jovens que, naquela época, queriam ser Irmãos maristas, mas que ainda estavam cursando o Ensino Fundamental e Médio. Depois de alguns anos, já rodado nas estradas da vida, ao participar do retiro em preparação aos votos perpétuos, perguntei-me seriamente: “Afinal, Joaquim, por que mesmo você acha que deve ser Irmão Marista? Quais são os sinais na sua vida que mostram ser você um escolhido de Deus, consagrado ao serviço do Reino através da educação da Juventude?” Meditei por um tempo. Cheguei à conclusão de que escolhi esta vocação por motivos bem simples, mas suficientemente fortes para me deixarem feliz até hoje.

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Votos perpétuos são o compromisso por toda a vida de assumir a pobreza, a castidade e a obediência na Congregação Marista, com dedicação exclusiva a Deus e ao projeto de “tornar Jesus Cristo conhecido e amado”. Em primeiro lugar, está a fé cristã herdada de meus pais. Eram pessoas bastante religiosas e encontravam na religião o sentido de suas vidas. Eu queria ser como eles: amigo de Deus e, por isso, feliz. Outro motivo foi o desejo de ser alguém na vida, útil aos outros e à sociedade. Ainda pequeno percebi que a pessoa egoísta, fechada sobre si mesma, incapaz de fazer o bem aos outros, é infeliz. Eu não queria ser como uma pessoa do bairro onde minha família morava. Ela só pensava em dinheiro, trabalho e festas, mas era odiado por todos por sua arrogância. Era um chato e um infeliz. Sempre ouvia dizer que muitas pessoas passavam fome, não podiam estudar, eram maltratadas, e tantas outras coisas. Em meu coração de criança, e mais tarde de adulto, imaginei que poderia fazer algo, que poderia dedicar toda a vida a ajudar essas pessoas.

O sofrimento dos outros sempre me deixou inquieto. Ficar sem fazer nada me deixa sem graça.

E, finalmente, tinha a oportunidade de trabalhar numa profissão interessante: educação de crianças e jovens. Lidar com esse público dá muito trabalho, mas é gratificante. Já me aconteceu de encontrar uma pessoa e ela me dizer: “Irmão, você foi importante para a minha vida. Devo muito ao senhor por aquilo que me ensinou quando eu era jovem”. Saber que fiz a diferença na vida de alguém traz uma satisfação imensa. O sonho de menino da roça tornou-se realidade. O “sim” dado a Deus de forma tímida e pouco pretensiosa aos 11 anos e sustentado ao longo do tempo por certa dose de esforço pessoal frutificou. Aliás, Jesus e Maria fizeram frutificar em mim esta boa semente. Eles e eu somos bons parceiros até hoje. Ir. Joaquim Sperandio Irmão Marista

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Toda vocação é serviço Sinceramente, tente pensar: que é que motiva você nas escolhas futuras? Que critérios leva em conta? Muita gente direciona os maiores esforços da vida para conseguir dinheiro e para ter poder. Outras pessoas pensam principalmente na própria satisfação, em viver bem. Há também quem se esconda, prefira a tranquilidade de nada fazer, ou então vai atrás do que os outros dizem. Não raro, todas essas pessoas, mais adiante, ficam frustradas com as escolhas que fizeram. E aí pode ser tarde. Bom critério para saber se você está fazendo a escolha certa é verificar seu grau de satisfação profunda diante da opção feita ou por fazer. Se há tristeza e desapontamento, é sinal de que a coisa não anda bem. Se a escolha não for feita com liberdade e convicção, o risco de frustração é grande. Outro critério: a capacidade de pensar nos outros, de colocar as qualidades e virtudes a serviço. Quem se casa não está pensando só em si. Um matrimônio assim logo acabaria. É preciso haver doação, compromisso de ajuda mútua, compreensão das duas partes. A religiosa, o padre e o pastor que se consagram ao serviço de Deus ou a alguma causa social não podem fazer isso apenas por satisfação pessoal. Mas devem colocar-se a serviço da missão e da comunidade. Quem busca a felicidade, sem servir a ninguém, não a encontrará jamais. E se a encontrar, será por pouco tempo. Tente lembrar-se de pessoas próximas a você que se preocupam com outras pessoas, sobretudo com aquelas que mais precisam: doente, necessitado, alguém desanimado. Já percebeu que geralmente são pessoas felizes? Por outro lado, é muito importante desenvolver as aptidões e encontrar tempo para atividades pessoais que fazem você se sentir bem. O que você é, suas habilidades e competências, assim como os sonhos e os projetos, fazem parte do “pacote” que Deus dispõe para que você possa realizar sua vocação. Esta palavra que encontramos na primeira carta de Pedro mostra claramente o sentido da vocação como serviço: “O dom que cada um recebeu, ponha-o a serviço dos outros, como bons administradores da graça multiforme” (1Pd 4,10).

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Feliz quem ama o que faz

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Penso que poderia figurar hoje na galeria dos grandes campeões da natação brasileira. Na década de 1970, cheguei a integrar a Seleção Brasileira de Natação. Nasci em São Paulo, em 6 de janeiro de 1961, numa família de imigrantes bascos, que trouxe do Norte da Espanha a tradição de produzir armas. A região basca que abrange parte do norte da Espanha e do sul da França, com língua e costumes próprios. Do esporte, levei para a vida profissional a personalidade competitiva e a capacidade de aprender com a derrota, transformando-a no estímulo para a consagração do desafio seguinte. Aliando o espírito competitivo a uma extraordinária habilidade para a matemática e o raciocínio lógico, consegui destacar-me nas empresas em que atuei, a ponto de me tornar diretor de uma delas com apenas 28 anos. Naquela época, o típico gestor de Recursos Humanos era psicólogo ou advogado. Eu me diferenciava pelo raciocínio lógico e conhecimento aprofundado dos números. Era um perfil que já interessava às organizações. Ponto para mim. Você conhece essa área profissional? As habilidades exigidas são bem diversificadas. Procure saber mais. Vai surpreender-se com as muitas possibilidades dessa área no mercado de trabalho. O esporte também acabaria dando, anos mais tarde, uma contribuição fundamental, ainda que inesperada. Num domingo de 1996, viajava de moto, uma de minhas paixões, numa rodovia perto de Itu, São Paulo. Sofri um acidente gravíssimo. Perdi a perna esquerda. Há muitos tipos de paixões: por um carro, pela família, pelo time de futebol, pela juventude. Quais as suas paixões? Apesar da gravidade das lesões, a recuperação foi espantosa, segundo os médicos. Os que me atenderam disseram que só sobrevivi, porque um dia tinha sido atleta e ainda conservava capacidade pulmonar e cardíaca invejáveis. Fiquei apenas 38 dias internado e, quatro meses depois, voltei ao trabalho, usando uma prótese no lugar da perna amputada. O primeiro emprego, antes dos 20 anos, foi na área de crédito imobiliário. A facilidade de relacionamento, comunicação e a habilidade no trato com as pessoas levaram o presidente do banco a me convidar para trabalhar no Departamento de Pessoal da empresa. Nascia uma paixão tão intensa quanto a que havia desenvolvido pela natação na adolescência. Em 1983, aos 22 anos, fui contratado como gerente de Relações Industriais de um grupo holandês da área química, que estava por se instalar no Brasil.

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Em 1989, fui recomendado para o cargo de diretor de RH para a América do Sul de uma indústria química norte-americana, que estava criando sedes regionais. Além das habilidades na área, a fluência em espanhol e inglês era uma necessidade para uma empresa com sede nos Estados Unidos e que possuía fábricas em todos os países da América do Sul. Quatro anos depois, uma cervejaria buscava no mercado um gestor de RH capaz de dar suporte aos seus planos de expansão. Após sondagens no mercado, chegou ao meu nome. Em 2003, transferi-me para Curitiba, como diretor de RH de uma grande multinacional. Ocupei a função até 2005, quando um novo desafio se colocaria à minha frente. A Pontifícia Universidade Católica do Paraná estava realizando uma reestruturação completa em seu sistema de gestão. O convite foi feito e eu aceitei. Depois de trabalhar em tantas empresas e já ter uma carreira sólida, sentia necessidade de levar os conhecimentos que acumulei para uma corporação cujo “produto” fosse o ser humano. Na verdade, “sonhava” fazer isso na aposentadoria. Essa hora chegou, bem antes. E estou feliz com o desafio. Carlos Alberto Echeverria Diretor de RH

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Nada é para sempre. Ou não? A quantidade de informação transmitida pela internet em 2009 foi de 800 hexabytes. Isso equivale ao volume aproximado de 134 trilhões de bíblias. Verdade que muita coisa é repetida ou é “lixo”. Mesmo assim, é muita informação, não acha? Isso dá uma ideia de como o mundo está mudando rapidamente: novos aparelhos, novas descobertas, novas modas, nova linguagem. Estão mudando também costumes, valores, concepções de verdade e percepções da realidade. Como em quase tudo na vida, há mudanças positivas e outras nem tanto. A mulher deixou de ser apenas a “dona de casa” e a “auxiliar” do homem. Assume papéis na política, no mundo dos negócios, nas comunidades religiosas. Quem é do sexo feminino sabe como isso tem sido importante. Essa mudança é seguramente positiva. As relações entre as pessoas estão mais frágeis. Acreditar cegamente na palavra de alguém não é aconselhável. Os contatos crescem mais no mundo virtual, em que nem sempre existe compromisso verdadeiro com quem está do outro lado da rede. Coisas pouco positivas. Como fazer uma promessa que dure para toda a vida, num mundo que muda constantemente e onde nada parece ser para sempre? Os antigos também já sabiam que a realidade é passageira, que pode reverter-se como o clima no tempo do verão. Mesmo as pessoas mais próximas podem nos surpreender com viradas inesperadas. O único que não muda é Deus. Ele permanece fiel à sua palavra e mantém as suas promessas. Quem assume um compromisso por toda a vida, o casal que faz a promessa de fidelidade mútua, o Irmão religioso que faz os votos perpétuos, cumpre isso confiando na ajuda de Deus. Precisa igualmente retomar “dia a dia” o empenho e renovar o compromisso. Pessoas fiéis aos seus compromissos são mais estimadas e procuradas pelos outros.

A promessa é para sempre, mas o jeito de vivê-la e de ser fiel vai mudando, conforme você muda também. Isso faz parte da criatividade humana e de sua capacidade para reinventar a vida.

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Deixar minha marca

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Pensar em vocação é pensar em algo a que fomos chamados, alguma coisa que nos sentimos impelidos a executar no mundo. Acredito que cada um de nós tem sua contribuição a dar, ou marca para deixar no mundo, nova folha no grande livro da vida a ser escrita. A grande dificuldade é descobrir como fazer isso. Para tal é necessário nos conhecermos, percebermos nossas potencialidades e nossas dificuldades. Lógico que as características pessoais abrangem diversas opções de profissão, devendo, ser analisadas em conjunto com tantas outras. Lembro-me de que, desde cedo, me sentia levada a lutar contra qualquer tipo de injustiça. Indignava-me com situações que colocavam o ser humano em conjuntura com a humilhação ou a injustiça. Percebia com facilidade o sofrimento das pessoas que tentavam ajudá-las. Já na adolescência, tive o primeiro contato com a Ação Católica, grupo de jovens típico da época. Foi um período muito bom, aprendi muito sobre o ser humano. A participação na AC durou alguns anos, até meu casamento. Você já ouviu falar em Ação Católica? Faça pesquisa e descubra como era a participação dos jovens na década de 1960. Precisei, então, me mudar para outra cidade, adaptar-me a outras responsabilidades. Passei a colaborar em obras de caridade que existiam na cidade e, junto com meu marido, comecei a atuar ministrando cursos para noivos e fazendo reuniões com casais. Foi um tempo rico em aprendizagem. Em certa ocasião havíamos conseguido, com a ajuda dos Vicentinos, quantidade muito expressiva de alimentos e brinquedos, que seriam distribuídos no Natal. O padre perguntou, já adivinhando a resposta: “Você deve estar muito feliz com isto, não?” Sem pestanejar, respondi: “Não! Quero fazer algo que perdure e que não acabe em um dia”. Logo veio a oportunidade de mudar para Belo Horizonte e a chance de voltar a estudar. Não tive dúvidas ao escolher a profissão: psicóloga. Além de ser boa ouvinte, eu inspirava confiança nas pessoas. Era comum entrar em uma loja e certa pessoa, totalmente desconhecida, vir conversar comigo. Meu marido e meus filhos logo brincavam: ela já vai fazer mais uma chorar. E era fato. As pessoas começavam a desabafar e, lógico, começavam as lágrimas. Eu precisava preparar-me melhor para fazer aquilo a que já estava sendo requisitada. Foi um tempo de luta, mas era isto que precisava e queria fazer. Sabia que estava no caminho certo e que o esforço valeria a pena.

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Está vendo como o estudo é fundamental? Testes vocacionais, apoio de profissionais e conhecimento de si próprio podem ajudar você a fazer escolhas. Após cursar a faculdade, a opção foi ficando cada vez mais forte. Tendo formação cristã e ficando atenta às oportunidades, fui caminhando de acordo com o que acreditava e defendia. Muitas vezes, durante o curso, ficava indignada com a atitude de alguns professores. Quando se falava em Deus, diziam: isto não é assunto desta disciplina. Como falar do homem sem pensar no seu Criador?! Dei-me conta de que podia aprender com eles e, depois, acrescentar a “minha marca”, o toque pessoal que fui chamada a dar perante Deus. Tem sido muito bom! Acreditem: é preciso perseguir nossos sonhos, lutar para torná-los realidade. Não podemos desanimar nem colocar a responsabilidade de nosso fracasso nos outros. Vânia Pimenta Psicóloga

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O exemplo de Marcelino Champagnat Talvez você já tenha estudado algo da Revolução Francesa, no século 18. Novos ideais de igualdade, fraternidade e liberdade conviviam com situações de ignorância e pobreza. Marcelino Champagnat (1789-1840) viveu nesse tempo de profunda crise na sociedade e na Igreja. Marcelino era filho do chefe da guarda nacional local (tipo prefeito da cidade). Com 16 anos era praticamente analfabeto. Tinha deixado a escola por causa da atitude agressiva do professor. A convite de um padre, decidiu ser sacerdote. A caminhada não foi nada fácil. Precisou de muito esforço para completar cada uma das etapas. Depois de ordenado sacerdote, foi nomeado pároco de La Valla, povoado francês de 2 mil habitantes. O povo dessa região montanhosa vivia isolado e fora das preocupações da elite que governava o país. Mesmo na Igreja, havia pouco interesse pelo cuidado pastoral das crianças e dos jovens. Ainda seminarista, Marcelino tinha tido uma idéia: fundar uma congregação religiosa que se ocupasse da formação humana e cristã de crianças e jovens, por meio da educação. Como pároco, conseguiu que dois jovens viessem trabalhar com ele na educação e evangelização das crianças e jovens da paróquia. O projeto deu certo. Logo, outros se juntaram ao grupo. A fim de prepará-los para a missão, formou-os para serem professores. Ensinou-lhes também a rezar e a viver o Evangelho no cotidiano, e a serem mestres e religiosos educadores. Eles iam aos lugarejos mais afastados da sua paróquia para ensinar às crianças e aos adultos os rudimentos da religião, da leitura, da escrita e da aritmética. Nasceu, assim, o Instituto dos Irmãozinhos de Maria, ou Irmãos Maristas. Quando Marcelino morreu, em 6 de junho de 1840, o Instituto que havia fundado contava com 290 Irmãos, que mantinham e coordenavam 48 escolas primárias. Hoje, os Irmãos Maristas atuam em 78 países dos cinco continentes. Milhares de leigos e leigas cristãos ajudam os Irmãos na educação e na promoção humana e cristã de mais de um milhão de crianças e jovens. A semente plantada no coração de Marcelino, e cultivada com carinho e esforço, tornou-se árvore que beneficia muitas pessoas. Você é uma dessas pessoas beneficiadas. Vêm da Instituição Marista as páginas que você está lendo. E saber que tudo começou com um “sim” a Deus dado na juventude, por um menino do interior da França! Um “sim” que mudou e continua a mudar a vida de muitas pessoas, principalmente crianças e jovens como você.

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Por que escolhi ser padre

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Sou de uma família de 11 irmãos. Família de operários na cidade de Brusque, Santa Catarina. Meus pais se conheceram a caminho da fábrica. Por causa dessas características, desenvolvi fortemente o senso do coletivo como forma de organização e de sobrevivência. Já na infância, aprendi a colocar tudo em comum, a viver com o necessário. Esse foi um dos elementos que muito me atraiu e influiu na minha opção pelo sacerdócio. No percurso dos meus estudos secundários, encontrei uma literatura que vinha ao encontro dos meus desejos e desse sonho do coletivo: o movimento dos Padres Operários da França, liderado por Abbé Pierre. A partir de 1975, esse caminho me ligou a outro, o das comunidades eclesiais de base e da teologia da libertação. Surgiram na década de 1960. Têm algumas características: surgem em geral nas periferias, nascem da Palavra de Deus, promovem o sentido da Igreja como povo de Deus, celebram a fé e a vida, e atuam em favor dos mais pobres. A vivência nas comunidades eclesiais de base me ajudou a compreender o grito de um Deus crucificado e abandonado na pessoa de Jesus. Sendo Deus, Ele experimentou o drama de ser homem. Viver essa experiência, tocando a outra pessoa todos os dias, foi clareando os passos para que eu fizesse a opção do sacerdócio, entendido como o lava pés a um povo sofrido. Como nos diz Jesus: “Tudo o que fizeres a um dos meus pequenos é a mim que fazes” (Mt 25,40). Descobri no grito do abandonado que nos questiona hoje, no lugar em que vivo e trabalho, a cultura do ressuscitado. Essa cultura leva-me continuamente à Trindade como modelo de toda comunidade. Aqui está o alicerce de minha missão no mundo dos empobrecidos. Compreendo que o movimento social é o movimento de Jesus, porque traz a força da justiça e abre janelas para a partilha do bem comum. Para entender a missão do padre hoje, acho legal comparar com o avental de nossas mães, de Maria, ou de Jesus quando celebrou a Eucaristia. O avental lembra a gratuidade, a força que move todas as nossas ações diárias. É assim que vivo o sacerdócio. A melhor forma de responder aos complicados problemas da sociedade é o diálogo e a construção de projetos em rede e redes de projetos. Só assim pessoas diferentes – ricos ou pobres, com ou sem estudos, brancos ou negros – terão condições de se encontrar e construir juntas uma sociedade justa e fraterna, onde as pessoas que moram na periferia tenham o real direito de participar dos bens produzidos por todos.

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Moro e trabalho, praticamente desde que fui ordenado, no Morro da Caixa, em Florianópolis. Com a comunidade, desenvolvo vários projetos dirigidos à população mais pobre. Ajudei a criar uma rede de solidariedade, que atende a milhares de jovens e crianças necessitadas. Desenvolvo ainda muitos outros projetos, sempre com o apoio da comunidade e com a participação de diferentes grupos sociais. Procure saber mais sobre os projetos desenvolvidos pelo padre Vilson e sua comunidade. Você vai surpreender-se! Como padre, compreendi que a união com Deus passa pelo irmão e pela sua dor. Nesse sentido, tocar a dor do outro é tocar Jesus. Por isso minha consagração diária é pelos crucificados e abandonados, porque neles está o Cristo Ressuscitado. O desejo de transformar a vida de quem mais precisa mantém viva em mim, há vinte e oito anos, essa aventura de suscitar a beleza da esperança e do pão partilhado. Só assim, as pessoas se sentirão amadas por Deus como filhas e filhos do seu bem querer. Pe. Vilson Groh Padre diocesano

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E agora? O que fazer? O trabalho dá ao ser humano a possibilidade de ser criador com o Criador, de desenvolver as potencialidades e perceber-se útil à sociedade. Daí a importância na escolha da futura profissão. Mas é provável que você se sinta inseguro sobre o que fazer no futuro, que profissão ter, qual carreira seguir. Não se assuste. Isso é o mais normal para a grande maioria dos jovens. Veja a seguir algumas dicas para ajudar nessa escolha. Descarte o que não achar útil para você. 1. Procure sinais em sua história pessoal que possam ajudar na escolha: gostos pessoais, traços de personalidade, interesse por determinada área de conhecimento, afinidade com o trabalho de algum parente ou amigo, habilidades pessoais. O autoconhecimento continua sendo um dos melhores recursos para a decisão profissional. 2. Liste os motivos que o levam a escolher determinada profissão: condição financeira, gosto pessoal, habilidades, projetos futuros, entre outros. Escolha levando em consideração principalmente os aspectos positivos, mas lembre-se de que toda a atividade tem seus desafios e dificuldades. 3. Seja realista na hora da escolha. Certas profissões exigem altos investimentos financeiros ou intelectuais. Veja se você tem estes recursos, ou se a sua família pode suportar “a conta a ser paga”. Sonhar, sim. Mas com os pés no chão. Pode acontecer de você fazer um curso menos exigente financeiramente agora e, mais tarde, quando este lhe trouxer algum dinheiro, poderá fazer o dos seus sonhos. 4. Não confunda interesse com proposta de vida. Você pode ter interesse em história e filosofia, mas não vai querer estudar isso a vida inteira. O simples interesse não é suficiente para fazer de você um profissional dedicado e totalmente comprometido para o resto da vida. Uma profissão que se aproxima da vocação é sempre mais realizadora. Veja os exemplos neste livreto! 5. Tenha presente que o mundo todo está em constante mudança. Cada dia há profissões que desaparecem e outras que surgem. Áreas que eram muito badaladas anos atrás hoje não encontram tanta saída. Em quase nenhuma área sobrou o profissional “puro”. Quanto mais diversificados forem seus conhecimentos, mais chances terá de se adaptar às novas exigências. 6. Não pense só no benefício próprio, mas em como pode ajudar a sociedade. A profissão trará alegria e felicidade quando beneficiar outras pessoas. Por isso é importante perguntar na hora da escolha: onde posso ser útil aos outros? Além disso, leve em conta seus princípios éticos. Não deixe o dinheiro comprar sua consciência.

7. Pesquise, informe-se, busque conselho de profissionais, faça testes vocacionais, ganhe

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experiência. Você não tem desculpa para não saber o que cada profissional realiza. Depois de escolher, saiba que é possível mudar. Mas isso dá trabalho e custa. Aprenda a arcar com as consequências de suas escolhas. De qualquer forma, não existe profissão melhor ou pior. Existe, sim, dedicação maior ou menor por parte que quem a exerce, ou maior ou menor consciência do sentido que dá ao que se faz. Você já imaginou como seria nossa vida sem os garis que limpam a cidade, ou sem os agricultores que produzem alimentos, ou sem motoristas de ônibus ou caminhões, ou sem padres ou pastores que alimentem nossa fé e utopias? Vocação e profissão têm tudo a ver entre si. Uma ajuda a entender a outra e se complementam. Ambas permitem viver melhor a vocação humana e cristã, quando estão fundadas nos mesmos valores. Ser útil aos outros e feliz naquilo que faz: eis um bom projeto de vida.

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Gosto do que faço

Sou bisneto, neto e filho de agricultores. Quarto filho de uma família de seis irmãos, nasci, criei-me e moro na roça. Meus pais poderiam ser chamados de “agricultores familiares”. Aprendi desde cedo o trabalho do campo. Meu pai tinha poucos estudos, mas era homem prático e administrador eficiente. Levava a família como levava os negócios. Cada um de nós tinha sua função dentro da propriedade: cuidar da casa, das vacas, dos porcos, das galinhas, dos cachorros, fazer o pasto para os animais, varrer os arredores da casa e dos galpões. Dessa forma, fomos formados para o trabalho, a responsabilidade e a partilha. Cada um de nós sabia o que fazer e quais as consequências se não fizesse o combinado. Enquanto éramos pequenos, os trabalhos mais pesados e difíceis ficavam para meus pais. Na medida em que fomos crescendo, íamos assumindo responsabilidades maiores. Trabalhávamos muito, mas nunca de forma exagerada. As horas de descanso e algum lazer eram garantidos. Posso dizer que minha família era uma das mais bem sucedidas entre os agricultores da região. Meu pai exercia certa liderança, reconhecida por todos, mesmo que procurasse isso. Quando éramos pequenos, muitos agricultores diziam que mandar os filhos para a escola, era perda de tempo. Meu pai também pensava do mesmo jeito. Mesmo assim, todos nós tivemos a oportunidade de terminar o Ensino Médio, frequentando as aulas durante o dia e não à noite, como era costume. Por conveniência e praticidade, e também para estudar junto com minha irmã, fiz o curso de Magistério, preparando-me para ser um futuro professor primário. Confesso que não gostava da profissão mas reconhecia no curso uma forma de estudar e me preparar para a vida. Hoje, aplico muitos dos ensinamentos do magistério na condução da minha família. Casei-me com Irani Boes. Temos três filhos. Ainda moramos no campo, trabalhando na agricultura. Quanto a meus filhos, não sei o que eles farão na vida. Eu e minha esposa procuramos dar-lhes boa educação, incentivamos os estudos, transmitimos valores humanos e cristãos. Mas o futuro deles só depende deles mesmos. Devem escolher o que acharem importante. Eu fiz as minhas opções. Eles que façam as deles. Não faltarão conselhos, mas também não farei pressão para que sigam determinada carreira. Gn 1,28: “Sede fecundos e multiplicai-vos!”. O casal realiza sua vocação quando vive o amor recíproco, gera filhos e filhas e ajuda a sociedade a se desenvolver. E por que na minha juventude não tentei ser professor e preferi continuar na roça? Pensando bem, acho que tinha alguns motivos fortes que me levaram a esta escolha.

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Em primeiro lugar, o exemplo de meu pai. Ele era agricultor bem sucedido e feliz na profissão que herdara do meu avô. Papai adorava a roça. Ver as plantas crescerem e a colheita chegando o enchiam de alegria. Seus olhos brilhavam quando falava tanto dos seus grandes planos como dos pequenos negócios. Outro motivo é a liberdade. Na roça não se tem a cobrança das fábricas. Levanto cedo e durmo quando termino o trabalho. Se um dia não quero trabalhar, faço o necessário e pronto. Não tenho patrão fazendo cobranças e descontando o dia não trabalhado. Se chega uma visita, suspendo tudo e converso. Na cidade, trabalhando numa fábrica, não me encontrariam em casa. Também acho que a vida na roça é mais saudável. Plantamos e sabemos o que colhemos e comemos. O contato com a natureza deixa a gente mais forte. O trabalho braçal substitui a ginástica. Os horários são mais naturais, seguindo o tempo da natureza e não o do relógio. Gosto de pescar e de andar por aí. Sinto-me livre. A liberdade é uma das principais sensações de quem está realizado vocacionalmente. É possível ser livre em qualquer lugar, em qualquer situação. A vida é dura, trabalha-se muito e em serviços sujos, mas muitas das porcarias da cidade não temos aqui: ganância, estresse, roubos, assaltos, solidão, maus exemplos, violência e tantas outras coisas. Se a gente tivesse uma política de preços justos e um pouco mais de honestidade de muitas lideranças políticas, a profissão de agricultor seria um paraíso. Mas onde não existem problemas? Confesso que já pensei em ir embora daqui e morar na cidade. Mas, quando penso nisso, logo concluo: gosto do que faço e não troco assim facilmente de profissão. Afinal, vivo feliz, apesar de todos os problemas. Liberdade e felicidade a gente não troca por coisa alguma. E eu me sinto livre e feliz. Que mais eu quero? Alvino Sperandio Agricultor

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Um mau exemplo no Evangelho Você se lembra da história de Abraão? E a de Moisés? A Bíblia conta que Deus os chamou para saírem de onde estavam (os dois se encontravam fora de sua pátria, em terra estrangeira) e irem realizar uma tarefa nova, bem diferente do que estavam fazendo. Os dois obedeceram e foram cumprir a missão que lhes cabia. Jesus também chamou vários homens e mulheres para o seguirem. As histórias mais conhecidas são as dos primeiros discípulos, que eram pescadores. Os evangelhos narram que Jesus passou às margens do lago de Genesaré e chamou Pedro e seu irmão André. Logo depois foi a vez de Tiago e João. “Venham, vou fazer de vocês pescadores de homens” (Lc 5,10). Para nenhuma das personagens bíblicas a coisa foi fácil. Abraão passou por muitas dúvidas e dificuldades. Moisés teve que enfrentar a revolta do povo e não entrou na terra prometida. Os apóstolos demoraram muito para entender o que Jesus lhes queria dizer. Na verdade só o entenderam depois da sua morte e ressurreição. Apesar disso, todos eles acreditaram. Souberam superar as dificuldades, limitações e medos, e foram realizar a missão que Deus tinha assinalado a cada um. Além disso, sabiam que tinham a força de Deus e de seu Espírito. Mas há um caso em que o chamado ficou pela metade. A história está contada nos três evangelhos sinóticos: Mateus (19,16-25), Marcos (10,17-27) e Lucas (18,18-24). Aproxima-se de Jesus um jovem com muita boa vontade e pergunta ao mestre: “Que devo fazer para alcançar a vida eterna?”. Jesus responde com simplicidade: observa os mandamentos! Jesus lhe diz apenas o que já estava prescrito no Antigo Testamento e que todo judeu deveria observar. Os Dez Mandamentos, segundo a Igreja Católica, são: 1) Amar a Deus sobre todas as coisas. 2) Não tomar seu santo Nome em vão. 3) Guardar domingos e festas. 4) Honrar pai e mãe. 5) Não matar. 6) Não pecar contra a castidade. 7) Não roubar. 8) Não levantar falso testemunho. 9) Não desejar a mulher do próximo. 10) Não cobiçar as coisas alheias. O rapaz responde que isso ele já faz, que é um judeu praticante. Poderia ser um cristão, ou muçulmano, ou de qualquer religião. Jesus, vendo-lhe a boa vontade, o desafia: “Ainda falta a você uma coisa: vai e vende tudo o que tem e dê aos pobres, depois venha e siga-me”. A proposta foi frustrante para o jovem e para Jesus. O Evangelho diz que o jovem foi embora triste, porque era muito rico e não queria deixar seus bens. Preferiu ficar com suas coisas, colocou a felicidade no ter, mais que no ser. É fácil imaginar que também Jesus ficou triste, não por ele, mas pelo jovem. Este o tinha procurado e queria fazer alguma coisa mais radical. Mas não conseguiu desapegar-se das riquezas.

O jovem poderia ter sido muito mais generoso e, seguramente, mais feliz.

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Histórias da Vida

Compromisso com a vida

Primavera de 1939. Iniciava-se o maior conflito mundial na Europa. As andorinhas estavam chegando à cidade para a sua faina de todos os anos. Com a atiradeira em mãos, não resisti ao ver uma delas bem na cumeeira de minha casa, e disparei um pelotaço certeiro. Às cambalhotas caiu-me aos pés. Tentei reanimá-la, mas o pobre pássaro estava morto. Enterrei-o no quintal e fiz uma cruz com gravetos. Em lágrimas, entendi que meu compromisso tinha que ser com a vida. Em alguns lugares é conhecida como estilingue, funda ou setra. Viu só como uma palavra pode ser designada de outra forma! Ainda adolescente, aprendi com minha mãe a aplicar injeções, mesmo endovenosas. Ela possuía habilidade natural para as “coisas médicas”, ótima em curativos e imobilizações de pernas e braços avariados. Possuía um livro, Conselheiro médico do lar, que descrevia doenças comuns, intoxicações e acidentes domésticos, e a conduta de atendimento nos primeiros momentos dessas intercorrências. Cansei de folheá-lo. Certamente influiu em minha decisão de ser médico. O interesse pelo fenômeno da vida, no sentido mais amplo, é desenvolvido pela Biologia. Quando nos restringimos aos seres humanos, temos a Medicina e as demais áreas, como a Odontologia e a Fisioterapia. Quanto mais se aprofunda uma área do conhecimento, mais é preciso separá-la em diferentes especialidades. No caso da Medicina, para entendermos melhor os mecanismos que mantêm o fenômeno da vida humana e as interações com o meio físico e com outros seres vivos mais simples, lançamos mão das demais ciências básicas. Algumas dessas ciências são: Anatomia, Histologia, Microbiologia, Fisiologia, Citologia. Pergunte para seu professor de Biologia ou pesquise sobre cada uma dessas palavras. Entendendo as modificações ocasionadas por essa relação, identificamos por meios físicos, químicos e de observação os desvios da normalidade dos atos vitais, bem como o modo do restauro dessa normalidade. A extensa relação da Medicina com as demais ciências possibilita que o médico quase não tenha limites para a escolha de especializações e atividades práticas nessa profissão. Avanços na genética, nas neurociências, na informática, entre outros, têm possibilitado o surgimento de outras especialidades dentro da Medicina. No exercício da clínica, quando sua atuação é pessoal, o médico participa da intimidade e também do constrangimento dos clientes. Ele assume uma situação social especial, que deve ser preservada como ponto de honra, jamais prejudicando material e espiritualmente as pessoas que essa profissão lhe confia. Após mais de cinquenta anos de trabalho como médico e professor, e algum tempo como

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pesquisador, já com idade que não esperava alcançar, tenho ainda o privilégio de atuar em meu consultório, beneficiando-me de uma sensação inigualável que, acredito, nenhuma outra profissão me proporcionaria: ajudar a resgatar a saúde e o bem-estar do próximo. Alberto Accioly Veiga Médico e professor

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Ser e Fazer Você deve ter reparado que as histórias de vida, trazem pessoas falando da própria profissão, da carreira, do que fazem para “ganhar a vida”, isto é, para poder sustentar a si e a família. Mesmo o Irmão Marista e a Irmã Apóstola falaram do trabalho que realizam e da formação profissional. Além disso, é possível ter conhecimentos em mais de uma área, adquirir novas competências, mudar de profissão. Um atleta certamente precisa pensar nisso, pois as habilidades físicas não duram para sempre. Dá para dizer, assim, que a profissão não ocupa necessariamente toda a nossa vida. Mas a profissão pode ir além da função ou do tempo que ela ocupa. Aliás, para todas as pessoas que deram o testemunho, não se trata apenas do fazer, mas de um jeito de ser: ser professora, ser agricultor, ser jogador, ser médico. Se isso não acontece, o trabalho não pode ser realizador, é apenas “ganha-pão”. A profissão é fonte de alegria e realização, quando leva a pessoa a crescer em suas capacidades e quando permite que ela ajude outras pessoas por meio das competências e habilidades. O bom profissional, sem dúvida, transforma o mundo num lugar melhor para viver. A vocação é aquilo que unifica nossa vida, que lhe dá sentido. Por sua importância, abrange diferentes dimensões: vocação humana, vocação cristã (ou de outra denominação religiosa), vocação matrimonial ou vida consagrada, vocação ao serviço. O projeto de vida é um modo de planejar a existência aliando o que você quer ser com aquilo que você já traz em si, equilibrando desejos pessoais com compromissos sociais. Sobretudo, é responder com liberdade ao chamado de Deus: venha ser gente!

Quando estiver em casa, sem muita coisa para fazer, escreva seus compromissos no papel, em duas colunas: o que gosto de fazer e o que quero fazer para os outros. Isso ajuda a pensar nas coisas que vai fazer no futuro.

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De que história você mais gostou? Por quê? Use o espaço abaixo para contar a sua história ou fazer os seus comentários e enviá-los no endereço anexo, ou poste-os em nosso blog. Sua narração pode entrar no próximo livro. Quem sabe?

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Você na web:

Poste a sua história ou conte outras histórias em nosso blog. Todos os meses, uma equipe de Maristas escolherá a mais interessante para publicar na internet. Acompanhe para saber mais novidades. Você também pode contribuir, dando suas sugestões em nosso site:

www.vidamarista.org.br

Se quiser enviar correspondência, escreva para: Setor de Vida Consagrada e Laicato Av. Senador Salgado Filho, 1651 – Guabirotuba 81510-001 Curitiba – PR

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Se desejar conhecer mais sobre vocação e sobre os Irmãos Maristas, entre em contato conosco: CAÇADOR – SC Centro Educacional e Social Marista – CESMAR Rua Herculano Coelho de Souza, 1157 – Reunidas 89500-000 Tel.: (49) 3563-6379 CAMPINAS – SP Noviciado Marista – Centro de Formação Maria Mãe da Igreja Rua Santa Rita do Passa Quatro, 175 – Jardim Nova Europa 13040-108 Tel.: (19) 3278-0131 CHAPECÓ – SC Centro Educacional e Social Marista – CESMAR Rua São Nicolau, 360-D – São Pedro 89806-290 Tel.: (49) 3322-2549 CURITIBA – PR Setor de Vida Consagrada e Laicato – Animação Vocacional Av. Senador Salgado Filho, 1651 – Guabirotuba 81510-001 Tel.: (41) 3015-9333 DOURADOS – MS Aspirantado Marista Rua Haiti, 330 – Parque das Nações I 79841-190 Tel.: (67) 3424-2030 DOURADOS – MS Centro Social Marista – CESOMAR Rua Haiti, 280 – Parque das Nações I 79804-970 – Caixa Postal 1031 Tel.: (67) 3424-1311 FLORIANÓPOLIS – SC Escolasticado Marista – Centro de Formação Champagnat Rua Evaldo Shaefer, 493 – Jardim Atlântico 88095-350 Tel.: (48) 3240-0904 ITAPEJARA D’OESTE – PR Centro Educacional e Social Marista – CESMAR Rua Marcelino Champagnat, 308 85580-000 Tel.: (46) 3526-1387

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JARAGUÁ DO SUL – SC Pré-Postulado – Centro de Formação Marista Rua Irmãos Maristas, 513 89252-120 Tel.: (47) 3275-0328 JARAGUÁ DO SUL – SC Centro Educacional e Social Marista – CESMAR Av. Marechal Deodoro da Fonseca, 520 89251-700 Tel.: (47) 3372-3892 JOAÇABA – SC Centro Educacional e Social Marista – CESMAR Rua Frei Rogério, 596-A – Centro 89600-000 Tel.: (49) 3522-1144 LONDRINA – PR Postulado – Centro de Formação Marcelino Champagnat Rua Manoel Joaquim Gregório, 99 – Jardim Bancários 86062-060 Tel.: (43) 3328-3520 PONTA GROSSA -- PR Centro Social Marista Santa Mônica Rua Roma, 360 – Jardim Santa Mônica 84016-658 Tel.: (42) 3238-2122 POUSO REDONDO – SC Centro Educacional e Social Marista – CESMAR Rua Max Bichels, 45 89172-000 Tel.: (47) 3545-1104 RIBEIRÃO PRETO – SP Centro Social Marista Ir. Rui Leopoldo Depiné – CESOMAR Rua Julio Ribeiro, 3451 – Parque Ribeirão Preto 14031-550 Tel.: (16) 3919-3939

Mais informações no site: www.vidamarista.org.br/vocacional Ou no e-mail: setorvcl@marista.org.br

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