Edição set/out

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O seu condomínio em revista

Sim, eles podem Seu animal e seu vizinho unidos pelo bem-estar comum

DECORAÇÃO A madeira presente em todo os espaços da sua casa

CRÔNICA O arremesso do gato

Distribuição gratuita Ano 8 . Nº 86 Set/Out de 2010



EDITORIAL

ÍNDICE

Expandindo os horizontes

*A decoração entalhada

Para escrever a reportagem de capa dessa edição, pensamos em trazer uma pessoa que tem no sangue a percepção do new journalism – um gênero que mistura a narrativa jornalística com a literária – para o Portal dos Condomínios. O objetivo é oferecer qualidade técnica e envolvimento do leitor, buscando uma verdade mais ampla e não simplesmente uma simples constatação do fato. Captamos na medida a escolha por Márcio Lestingi para retratar, o que ele carinhosamente intitulou como “cãovivência”. Márcio percorreu condomínios, buscou advogados, psicólogos, veterinários, adestradores, moradores e mais moradores de condomínios em Jundiaí e até especialistas em acessibilidade.

tioga-SP, trazendo para a editoria “Quatro Cantos” mais um ‘mito’ gastronômico. Ambos tiveram suporte de especialistas para enriquecer o conteúdo da revista. Esta que, nesta edição, está com quatro páginas a mais, e teve aumento de tiragem com mais 500 exemplares. O objetivo é suprir uma necessidade de atingir um público também fora de condomínio, que solicita os nossos exemplares. Já as páginas extras são resultados da confiança em novos anunciantes, que respeitam e admiram a forma de trabalho imparcial do Portal dos Condomínios. * Durante a produção da revista pudemos participar do Encontro Secovi do Mercado Imobi-

O resultado é um incrível texto que preenche cinco páginas do especial de capa, elucida e leva o leitor a refletir sobre a sua atitude no dia a dia quando vê ou simplesmente pensa na cachorra da vizinha. Completando a nova equipe de colaboradores do Portal dos Condomínios, Talita Rocca investiu em diversas áreas e garimpou madeiras e caminhos trazendo um espetáculo de imagens e informações na editoria de Decoração & Design, sem falar que ela se deu bem e provou o famoso pastel do Trevo, em Ber-

liário de Jundiaí e Região e presenciar a discussão sobre o alto ritmo de crescimento do mercado. É importante destacar o posicionamento do Secretário Municipal de Planejamento e Meio Ambiente, Jaderson Spina, lembrando os empresários do setor que é necessário ter cautela nesse momento e agir com consciência e responsabilidade. A observação do Secretário foi muito bem colocada em um momento de valorização do mercado imobiliário em Jundiaí e na qual a cidade precisa crescer, mas também seguir seu plano diretor (ou revisálo!?) e respeitar os limites ambientais.

PARTICIPARAM DESTA EDIÇÃO Márcio Lestingi, autor do blog notatico10.wordpress.com

Talita Rocca, estudante de jornalimos, da PUCCAMP

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na madeira *A lei dos animais

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*Capa - cãovivência

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*Acessibilidade e cães-guias 15 *O sabor de Bertioga

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*Redes sociais

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* Umidificadores

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*ABC do condomínio

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*Ikebana

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*Arremesso de gato

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EVENTOS * 6ª Mostra de Espumantes Brasileiros em Jundiaí Data: 1° de outubro de 2010 11 4521-8020 ou 8338-1954 (Marcos) * Casa Cor Trio Casa Boa Mesa, Casa Office e Casa Entretenimento Data: 8/11/10 a 30/11/10 www.casacor.com.br/casacortrio/casacortrio.htm

EXPEDIENTE Redação: Rua Bela Vista, 650 - Bela Vista CEP.13207-780 - Jundiaí / - Tel: 4522-2142 contato@condominioemrevista.com.br

constantes em cadastro do Portal dos Condomínios. Caso ainda não receba e queira o exemplar em seu condomínio, ligue para 11. 4522-2142.

A revista é um produto da io! comunica CNPJ: 06.539.018/0001-42 www.iocomunica.com.br

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Jornalista Responsável: Rodrigo Góes. MTB: 41.654 Designer Gráfico: Paloma Cremonesi Arte Final: Paloma Cremonesi Reportagens: Rodrigo Góes Atendimento e Logística: Sérgio Porcari Filho Tiragem: 7.000 exemplares. Entrega: Mala direta e direto em caixa de correio, mediante protocolo para moradores de condomínios

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade do autor e não representam o pensamento do jornal.

PARA ANUNCIAR 11 4522.2142 11 4521.3670

NA WEB Portal dos Condomínios . Set/Out 2010

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DECORAÇÃO & DESIGN

A decoração

Fotos: Talita Rocca

Por Talita Rocca A estrutura básica de uma casa é composta por pisos, pilares, paredes, telhados e móveis. O que poucos sabem é que a madeira pode estar presente em todos os espaços, desde a construção até a decoração final. A psicopedagoga, Alda Maria Carrara, aproveitou o seu gosto por móveis rústicos e acrescentou em sua casa “toques” de madeira. “Ao construir minha casa pensei em cada detalhe. Utilizei além dos móveis, madeira nos degraus da escada e nos pilares da varanda”, afirma. Para quem quer “brincar” com os enfeites de casa, uma sugestão é utilizar móveis com a mínima interferência no desenho original das toras, pois esse design preserva as qualidades naturais da matéria-prima, além de agregar valor ao produto. Essas peças podem ser feitas com madeira maciça como ipê, pequiá e muiracatiara. A madeira bruta e rústica pode ser combinada com outros materiais, como vidro, acrílico e ferro. Além disso, ela traz um clima de aconchego. E quem gosta de rusticidade não precisa, necessariamente, se sentir em

A presença da madeira pode estar em todos os ambientes internos e externos, como na casa da Alda, no condomínio Canto da Natureza.

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um cenário country para desfrutar de uma decoração especial. “Os móveis de madeira tornam minha casa um refúgio para meu marido, meus filhos e eu. Quando chego, me sinto como hóspede de uma pousada”, conta a moradora do condomínio Canto da Natureza. “Na hora de decorar vale o que a imaginação permitir, sem pecar por excesso e levando sempre em consideração o bom gosto”, define a arquiteta Juliana Frigeri Reis. Segundo a especialista, para utilizar os artigos de madeira como enfeites deve-se tomar cuidado. “Como se tratam de peças pesadas em relação à presença que estas denotam no espaço e que mudam o aspecto do ambiente, elas devem ser utilizadas como um objeto de destaque em um canto da residência”, explica. “Normalmente, na decoração se usa uma ou, no máximo, duas peças, mas que essas venham com a intenção de destacar, iluminar o espaço sem fazer dela um chamariz exclusivo”, dá a dica. Mesmo sem ajuda de um especialista, a psicopedagoga soube unir materiais rústicos com modernos. “Escolhi as cores branca, amarela e ver-


entalhada na madeira melha para contrastar com a madeira. Os lustres também foram escolhidos a dedo para não fugir muito do padrão da casa”, completa. Churrasqueiras e varandas são ambientes que combinam com móveis rústicos. Nesses casos, a preocupação com a aparência pesada do espaço pode ser deixada de lado. Aproveite para abusar do tamanho dos móveis nesses locais. “Uma grande mesa de centro e bancos compridos são muito bem vindos. Além da beleza o que conta é a utilidade do material”, ressalta a arquiteta. Para a moradora, os móveis tornam a residência menos sistemática. “Essa decoração nos deixa mais a vontade para minha família e eu aproveitar-

“Ao adquirir qualquer produto, feito de madeira ou outros produtos naturais, vale a pena garantir que estes seOutra árvore muito procurada por ser de jam feitos com materiais certificados, para que essa grande porte é a Tabebuia, mais conhecida mantenha um caráter de preservação”, alerta a arqui- como Ipê. teta. Esses produtos podem ser encontrados em lojas localizadas a beira da estrada que liga Jundiaí a Itatiba, madeireiras e marcenarias da cidade.

mos o nosso espaço”, completa Alda.

venezianas. Já o Cedro é utilizado para as obras internas, como forros e acabamentos para a decoração. Além disso, existe também a Cerejeira, que é muito usada para a confecção de balcões, molduras e painéis decorativos. Pequiá, por possuir tronco tortuoso, e Muiracatiara, em função de sua durabilidade, são responsáveis pela fabricação de móveis.

Pensando no meio ambiente É sempre importante lembrar que as origens da madeira são de extrema importância, ainda mais quando se trata de uma matéria tão explorada no meio ambiente. Essa exploração, na maioria das vezes, é feita de maneira ilegal ou sem nenhum pensamento que remete à preservação, principalmente, quando se trata de espécies raras.

Diferentes tipos Na hora da compra pode-se optar pela Andiroba, por exemplo, que é um tipo moderadamente resistente e usado para a fabricação de esquadrias de porta, rodapés e

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VIVER EM CONDOMÍNIO

A lei e os animais nos condomínios Já se foi o tempo em que o cão era o melhor amigo do homem. De alguns anos para cá, o cachorro divide a primeira posição com os gatos e outros animais exóticos como lagarto, cobra, iguana, tartaruga e furão. Mas devemos lembrar que para possuir animais exóticos em casa, é preciso estar dentro da lei. O Ibama e a Polícia Federal são os órgãos fiscalizadores da compra e venda de animais silvestres, mas não basta ter animais síveis poderão tomar contornos registrados para estar dentro da lei. É importante, também, estar ciente das regras do condomínio onde menos significativos e as multas reside e respeitá-las. previstas na Convenção e Regimento InApesar das mudanças na lei, ainda existem alguns casos de conflito que envolvem animais terno já serão suficientes para a satisfação dos de estimação em condomínios, isso porque existem bichos mais agitados ou animais que addiversos interesses. quirem um distúrbio de comportamento e passam a incomodar as outras pessoas. Muitas Existem leis municipais que determinam um número vezes, a permanência de um bicho em apartamento é mantida em segredo e quando limite de animais por residência e as condições em que esses o fato é desvendado, começa a confusão! animais devem ser mantidos (seja casa ou apartamento). Em certos países já existem leis específicas nesse sentido, como por eNo município de São Paulo, por exemplo, a lei diz que não é xemplo, a França onde a lei foi modificada para considerar não escrita toda permitido criar, alojar e manter mais de dez animais em residência estipulação tendente a interditar a permanência de animais domésticos particular sejam cães, gatos ou cães e gatos somados. Essa lei ainda nas residências, salvo quando prejudiquem a higiene, a salubridade e define que cabe aos proprietários cuidar para que seus animais tenham o sossego dos moradores. condições adequadas de alojamento, alimentação, saúde, higiene e bemPor aqui, algumas Convenções/Regulamentos simplesmente estar, criando-os em locais compatíveis com seu porte e ao abrigo de intempéries não abordam a questão, caso isso ocorra, os moradores climáticas. poderão solicitar ao síndico a convocação de uma assembléia Em Jundiaí há disciplinamento sobre a criação, propriedade, posse, guarda, uso e para tratar desse assunto disciplinando a manutenção dos transporte de cães e gatos na lei nº 6320/2004. animais, reservando essa hipótese para os que sejam O assunto já foi tratado por vários tribunais estaduais e chegou até ao Superior Tricertamente domésticos e mansos, determinando em bunal de Justiça que decidiu que somente animais que causem incomodo ou risco a seguquais locais do condomínio esses animais poderão ter rança e saúde dos condôminos é que não podem ser mantidos nos apartamentos. acesso e, como, quando e por onde, poderão ser Caso o síndico insista na proibição, o morador poderá obter uma ordem judicial ou até transportados. Acreditamos que as ocorrências posmesmo uma tutela da UIPA (União Internacional Protetora dos Animais). Podemos concluir que a lei não veda diretamente à manutenção de animais domésticos em condomínios, algumas Convenções/ COLABORADORES: Regulamentos é que o fazem, bem por isso a dis* Newton Nery Feodrippe de Sousa cussão está longe de encontrar seu final. Neto, advogado especializado em direito condoSalientamos, porém, que minial e de vizinhança, assessor especial da presidência há de prevalecer o bom da 33ª Subsecção da OAB de Jundiaí, presidente da Comissão senso. Cultural da 33ª Subsecção da OAB de Jundiaí gestão 2007/2009, Síndico de Condomínio, pós-graduando em Direito Civil e Processo Civil, colaborador do programa Viver em Condomínio da Rádio Difusora Jundiaí. * Carlos Eduardo Quadratti, advogado especializado em direito condominial e de vizinhança, diretor tesoureiro da 33ª Subsecção da OAB de Jundiaí, membro da Comissão Cultural da 33ª Subsecção da OAB de Jundiaí gestão 2007/2009, membro associado da ProEmpi (Associação das Empresas e Profissionais do Setor Imobiliário de Jundiaí e Região), representante da 33ª Subsecção da OAB de Jundiaí no Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de Jundiaí, colaborador do programa Viver em Condomínio da Rádio Difusora Jundiaí, possui ainda formação técnica em administração de empresas.

Se o leitor ainda tiver dúvidas ou desejar sugerir novos assuntos para abordagem desta coluna, poderá encaminhar “e-mail” para o endereço especialmente criado para esta finalidade: viveremcondominio@uol.com.br

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Capa

Cãovivência harmoniosa

em condomínios Seu animal e seu vizinho unidos pelo bem-estar comum

Fotos: Márcio Lestingi

Por Márcio Lestingi Quem não se divertiu e se emocionou (ou conhece alguém que o fez) com os recentes sucessos de bilheteria “Marley e eu” e “Sempre ao seu lado”? Os mais antigos certamente se lembrarão da série e dos filmes da Lessie, do Rin Tin Tin, do Beethoven, do Benji e também do K9 – um policial bom pra cachorro. Não importa. Todos eles tiveram grande importância na cinegrafia canina e na composição do passatempo de milhões de pessoas mundo afora. É fato que os animais de estimação

Eliane com a cachorrinha Lilica em cãovivência harmoniosa no condomínio.

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têm sido mais importantes para a evolução da espécie humana que imagina nossa vã filosofia ou que fazem crer as megaproduções comerciais da sétima arte. De tal forma que pode-se dizer que, por estarem re-presentados na maioria das pinturas rupestres encontradas, contribuíram para a evolução humana – mas de que jeito? A troco de quê? Na Inglaterra, a BBC mostrou em junho que a cadela Shirley já é capaz de avisar a pequena e diabética Rebecca Farrar quando sua taxa de açúcar no sangue cai abaixo do permitido – fruto do intenso trabalho de treinamento da entidade beneficente Cancer & Bio Deteccion, que habilitou dez cães para sentir uma mudança de odor exalado pelos diabéticos no momento em que se dá a hipoglicemia. “Ela salva minha vida e é minha melhor amiga” – diz Rebecca, que vive com o cachorro faz seis meses. Sabe-se que os animais – especialmente os cães – acabaram selecionando os seres humanos mais generosos e que estavam dispostos a adotar um animal, oferecendo em troca auxílio na sobrevivência, colaboração na caça e proteção às suas casas, e que hoje vão muito além do que o protocolo estabelecido por anos e anos de cãovivência. “As pessoas querem encontrar o lugar delas no mundo e os animais também” – afirma a psicóloga jundiaiense, Rosângela Mota Ligieri Nunes que há três anos trabalha com T.A.A - Terapias Assistidas por Animais. Nas T.A.As, comumente usadas para se recuperar a sociabilidade de dependentes quími-

cos e alcoólatras, os pacientes – ainda sem os animais - formam círculos de terapia para falar sobre suas experiências cotidianas, sob orientação das psicólogas. O resultado quase sempre é nulo ou pouco proveitoso. Na sequência, como num passe de mágica, os animaizinhos – em sua maioria cães que foram vítimas de maus tratos e passaram por tratamento de ressociabilização – são liberados das coleiras pelos adestradores e, sem que os pacientes percebam, circulam entre suas pernas e mãos, formando uma roda de energia positiva, que os estimula a falar e a interagir com outros grupos, em diferentes níveis. Incentivados por essa parceria, o homem aprendeu a se comunicar para poder gerenciar seus novos aliados nas atividades que realizavam juntos. Faltava consolidar essa estrondosa relação que se iniciava com um toque de nossa mão exploradora, alterando a genética dos animais intencionalmente, selecionando os mais dóceis, induzindo-os a mudar seu comportamento. “Ter um animal de estimação é um ato de amor, que pede ao dono que dedique um momento do seu dia só para cuidar dessa relação. A pessoa tem que levá-lo para passear e brincar” – explica a médica veterinária, Camilla Maria Kubtizza Valente. A cada ano, no Brasil – que segundo dados preliminares do IBGE referentes ao censo de 2010 é composto por 193 milhões de habitantes - aumenta o número de cachorros e gatos de estimação. De tal forma que nos últimos quinze anos o número de cães triplicou, chegando a 32 milhões, e o número de gatos quadruplicou, chegando a 16 mi-lhões, a partir do que se deduz que inevitavelmente um deles chegará a você. Assim, entenda que não é possível saber o que é conviver com um cachorrinho, gatinho, peixinho ou até mesmo tartaruguinha até que você possua um, mesmo que já tenha assistido a todos os clássicos do mundo animal domesticado. Ter um animal de estimação é realmente um ato de amor que exige desapego integral e irrestrito das mazelas mundanas e de toda a rotina just-in-time dos nossos dias.


Num mundo onde o mercado dos singles – pessoas que vivem sozinhas e possuem hábitos de comportamento e de consumo próprios – cresce a cada dia, e que as pessoas se refugiam em apartamentos ou condomínios fechados de alto padrão – ter um animalzinho passa a ser sinônimo de qualidade de vida. O carinho incondicional revelado por esses bichinhos pode fazer toda a diferença no bem-estar das pessoas, especialmente nas de terceira idade. Estudos realizados em diversos países apontam que os proprietários de cães e gatos, nesse período de vida, sofrem menos de depressão, problemas relacionados à pressão sanguínea, frequência cardíaca e capacidade motora. Esses benefícios são reflexos das atividades físicas realizadas ao passear ou brincar com um animal de estimação. No Brasil, as vantagens são pouco exploradas. Pesquisa inédita realizada pela Comissão de Animais de Companhia (COMAC), com representantes de classes econômicas A, B e C em oito municípios, identificou que apenas 30% dos lares formados por pessoas na terceira idade possuem animais de estimação. Olhando de maneira ainda mais ampla, segundo acompanhamento anualmente atualizado da Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação - ANFALPET - apenas 1/3 dos donos de animais de estimação dispensam aos mesmos os cuidados médico-veterinários e de alimentação adequados. Mas o que é preciso saber para se ter um animalzinho de estimação em seu condomínio? O que dizem os veterinários e especialistas em comportamento animal? Se você nada conhece sobre animais de estimação, faça uma pesquisa com seus familiares, vizinhos, outros condôminos, veterinários e entenda qual o espaço por eles ocupado na vida das pessoas – o que inclui quanto tempo por dia se passa em contato com o mundo animal – e qual o sentido de vida busca quem

adquire um bichinho. “Nem todos os animais estão adaptados a apartamentos”, anuncia Camilla e completa: “Gatos são melhores que cães para apartamentos e de nada adianta fazer um estudo minucioso se a pessoa não tiver tempo para dar atenção ao animal”. Os gatos possuem ainda algumas características comportamentais que facilitam sua adaptação em condomínios, horizontais e verticais, em qualquer nível. De acordo com o adestrador comportamentalista, Henrique Rodrigues de Oliveira, os gatos não necessitam ser levados para se exercitar ou passear, e não são tão dependentes dos afagos dos donos, requisitando-os apenas quando lhes convém. “Quando se trata de gatos, a castração e a disponibilização da caixa de areia são suficientes para torná-los aptos a viver em um apartamento”. Caso a opção seja pelos cãezinhos, é importante saber que algumas raças são mais adaptáveis que outras. “Para a vida em prédios de apartamentos, as raças mais recomendadas são Maltês, Yorkshire Terrier, Shih Tzu e Lhasa Apso, além dos gatos persas”, continua Camilla, que também relata que o tipo de cliente que mais procura um filhote para criar é o casal novo, formado por homens e mulheres entre 25 e 35 anos, que ainda não teve o primeiro filho e que, por isso, o substitui por um cachorrinho. Já Henrique não deixa dúvidas na hora de justificar a raça de cães mais indicada para se ter em apartamentos: “O Shit Tzu não late muito, é um cão fácil de se ensinar e não sofre demais quando o dono sai. Já o Yorkshire Terrier é um cão de caça, que por seu instinto e

natureza usa o latido com mais frequência na hora de se comunicar”. É importante salientar que seja qual for o perfil do neodono, o cuidado e a atenção não podem ser exagerados para não gerar dependência extremada do filhote por seu dono. “Às vezes os donos de cachorros e gatos tratam melhor seus animais que seus filhos”, conclui Camilla. Por isso, antes de entrar no mérito do que a administração do seu condomínio permite, é importante estudar a raça mais adequada ao seu perfil comportamental e à sua disponibilidade de tempo. O que diz a legislação e o que podem os condomínios? A legislação não proíbe a posse de qualquer animal de estimação, mas estabelece claramente os limites nos quais esse direito deve se harmonizar, com os demais direitos, como o de propriedade e o de vizinhança. Por isso, antes de citar as boas práticas de gestão e harmonia entre condomínio e condôminos para a posse e a presença de animais de estimação, é preciso entender qual a hierarquia legal tem que ser antes respeitada, que princípios e dispositivos de lei se manifestam primeiro. “Se antes havia muita rejeição, hoje o animal faz parte da família”, explica o advogado Vladimir Mamzatto, e dessa maneira ele deve ser contextualizado e entendido para que as pessoas atinjam o bem-estar comum em sua convivência com os vizinhos que possuem e que não possuem animais. Em qualquer organização humana – seja um clube, um prédio, uma rua ou uma ong - em que se discuta a harmonização entre as diferentes partes que ali convivem, convencio-

“Nos últimos quinze anos o número de cães triplicou, chegando a 32 milhões, e o número de gatos quadruplicou, chegando a 16 milhões, a partir do que se deduz que inevitavelmente um deles chegará a você”

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nou-se internacionalmente que a constituição de um país é a lei maior a ser respeitada. Depois, conforme orientação mais recente do Supremo Tribunal Federal, seguem os acordos internacionais de direitos humanos com status supralegal – isto é, abaixo da constituição mas acima das leis federais - como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ao passo que sua correspondente Declaração Universal dos Direitos dos Animais, especialmente por ser o Brasil país signatário, tem status de lei federal. As leis acima citadas fornecem para o estudo do nosso caso os marcos conceituais e reguladores do direito de liberdade e do direito de propriedade, entre outras coisas. Continuando na apresentação da legislação que afeta o direito de posse de um animal de estimação, seguem o Novo Código Civil, que delibera sobre o direito de vizinhança e, na base da pirâmide legal, a lei federal 4591/64, a lei dos condomínios, de cujo texto é importante destacar as seguintes linhas em seu artigo 19:

“Cada condômino tem o direito de usar e usufruir, com exclusividade, de sua unidade autônoma, segundo suas conveniências e interesses, condicionados, umas e outros, às normas de boa vizinhança, e poderá usar as partes e coisas comuns de maneira a não causar dano ou incômodo aos demais condôminos ou moradores, nem obstáculo ou embaraço ao bom uso das mesmas partes por todos” A essa altura você já percebeu que para viver em paz em sua rua, apartamento e ou condomínio é importante atentar para a maior de todas as leis: o bom-senso. Dessa forma, mesmo que o estatuto do condomínio ou seu regulamento interno - ou ainda qualquer assembléia ordinária ou extraordinária que se realize - não tenha força de lei no que tange ao direito de propriedade de animais de estimação, ele serve para criar pequenas regras que zelem pela manutenção do bem-estar comum. O condomínio residencial Real Ville, situado

“Após concluir a compra de seu apartamento, a dona de um animal de pequeno porte, possuidora do mesmo fazia sete anos, foi proibida pela zeladora de incluir na mudança o seu pequeno companheiro”

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na Vila Rami, em Jundiaí, estabelece, por exemplo, que o livre trânsito de animais não é permitido nos halls sociais, garagens ou demais parte comuns, acrescentando ainda que os mesmos devem ser transportados no colo nos trajetos que ligam a portaria ao veículo ou ao apartamento. “O direito universal de propriedade de um cãozinho não pode afetar a tranquilidade e segurança dos demais vizinhos”, afirma Mamzato, ressaltando que se uma cláusula votada em assembléia do condomínio for abusiva ou restritiva de liberdade, a mesma pode ser anulada através do ajuizamento de uma ação declaratória de nulidade por parte dos lesados. Em Jundiaí conhece-se o caso do processo 676/10 – tanto condomínio como condômino pediram para não serem citados nesta matéria – registrado na 2ª Vara Cível. Sabe-se que no início do ano, após concluir a compra de seu apartamento, a dona de um animal de pequeno porte, possuidora do mesmo fazia sete anos, foi proibida pela zeladora de incluir na mudança o seu pequeno companheiro, com base no regulamento interno de um dos prédios do condomínio. Sem chance de reação, a moradora foi surpreendida no dia seguinte pelo livre trânsito e posse de animais de estimação no segundo prédio do mesmo


condomínio. O aparente contrassenso das duas medidas fez com que a proprietária ingressasse com uma medida cautelar pedindo a ineficácia do proibitivo regimento, ao que o juiz responsável prontamente proveu deferimento. “A jurisprudência sobre o tema tem sido amplamente favorável ao dono do animal”, ensina o advogado Newton Nery Feodrippe de Sousa Neto, especialista em direito condominial, mas adverte “Nos casos em que o condomínio tem ganho a ação contra o dono do animal, a principal causa da reclamação é o barulho, seguida do mau cheiro, sujeira ou desordem em áreas comuns”. Há ainda alguns casos em que o aparente conflito entre o apartamento que serve de morada ao animalzinho e seus vizinhos se resolve através de uma conversa civilizada entre as partes, podendo-se até fazer uso de mediadores legais para legitimar os acordos. “O síndico sempre seguirá sua convenção, de modo que a mediação funcionará bem nos locais em que é permitida”, conclui Newton.

“O treinamento de um cão-guia pode levar até dois anos mas os resultados são pra lá de satisfatórios. O cão-guia sabe que ficará alerta 24 horas por dia, a serviço do seu dono e seu auxílio”

O que dizem os donos de animais? “Vou-me embora para Pasárgada, lá tenho o animal que quero, no prédio e andar que escolherei”. Manuel Bandeira que me perdoe, mas o uso da paródia é inevitável neste caso. O condomínio Pasárgada, localizado na rua

do Retiro, é um dos mais liberais em termos de permissibilidade de animais. No entanto, a condômina Eliane Villa da Silva reconhece que precisa haver regras para boa convivência de todos. “Aqui no residencial é necessário carregar no colo minha cachorrinha Lilica da porta do apartamento até a garagem ou até a portaria. Só depois de passada a portaria, é possível colocá-los no chão”, afirma Eliana, destacando que em todo o condomínio vários moradores tem gatos ou cachorros de estimação. O adestrador e também criador Henrique, pede espaços mais adequados aos animais de estimação dentro dos condomínios. “Falta um cachorródromo ou um playground para cachorros”, e ainda completa: “Em dois condomínios de casas que visitei para trabalhos de adestramento me chamou a atenção que os cães eram proibidos de circular, sob a alegação de que deixavam dejetos nas áreas comuns. Dessa maneira as pessoas deviam carregar seus animais no colo até as dependências externas do residencial. No entanto, ao saírem às ruas vizinhas para passear, não vi ninguém recolher os dejetos de seus animaizinhos”. Por isso, a conscientização é um oceano de educação que deve invadir nossas vidas, extrapolando os limites de nossa convivência e permitindo o bem-estar comum.

o mundo dos animais em condomínios, é necessário voltar à Roma Antiga e à Lei das doze tábuas – também conhecida como Lex Duodecim Tabularum, está na origem do direito romano e formava o cerne da constituição da república romana. Esse conjunto de leis, que continha definições de diversos direitos privados, foi inicialmente escrito em doze tabletes de madeira e fixado no Fórum Romano, de maneira a que todos pudessem lê-las e conhecê-las. Por elas, por exemplo, todo o pai tinha direito de matar a criança disforme ou deficiente, que nunca chegava à fase adulta. No pós-guerra do século XX, a história e a legislação sobre os deficientes já havia mudado, porém preocupava saber qual ocupa-

Elevador de serviço é o indicado para a movimentação de animais dentro do condomínio, desde que eles estejam no colo.

Acessibilidade Para se entender o que é acessibilidade e sua relação com

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ção se daria aos mutilados e aposentados por invalidez que ainda contribuiriam e muito para a sociedade na qual passariam a viver. “A mudança mais importante para se integrar um deficiente à sociedade é o rompimento da barreira atitudinal”, explica o consultor e especialista em acessibilidade, Paulo Eduardo Moretti, ao que prontamente emenda: “O Brasil é o país da América Latina com a legislação mais avançada na questão de inclusão dos deficientes, mas falta vontade política para lidar com os mesmos, o que explica o fato de nem todos os edifícios terem feito ainda a adaptação de suas áreas comuns para uso coletivo”. As adaptações de que fala Moretti – como provimento de rampas e elevadores para cadeirantes, sinalização em braile e adaptação do mobiliário - estão nas leis federais 10048/00 e 10098/00, enquanto os prazos Qual o animal devo escolher? Gatos ou cachorros? para adequação estão no decreto federal 5296/04 . Já os Os gatos vira-latas são mais agressivos que os gatos de raça, mais ligados ao detalhes de construção e engenharia para eliminação das dono sem perder a independência, por isso mesmo os últimos têm sido amplamente barreiras arquitetônicas estão na norma técnica da ABNT preferidos. Segundo Henrique, o gato persa tem um comportamento mais tranNBR 9050/2004 que, por força do decreto acima citado, foi quilo, é mais dócil e pede mais carinho. Independentemente, a recomendação alçada à categoria de lei. dos especialistas para quem procura um companheiro de estimação é descoSegundo Moretti, que também é presidente do Conselho brir os canis e gatis que tenham uma histórico de criação adequada. “ Um Municipal da Pessoa com Deficiência, a dificuldade é conscientizar animal adquirido longe do criador pode ter um comportamento diferente as pessoas de que as mudanças na estrutura arquitetônica dos prédo que se conhece para aquela raça”, mas também recomenda quando dios, casas e empresas beneficiarão a todos e não apenas aos deficipossível a visita à feiras de adoção de animais que sejam mantidas entes. “Um elevador que tenha largura para receber o cadeirante, trará por ONGs ou entidades séries e respeitadas. Em ambos os casos, também mais conforto e dignidade ao obeso. Um bebedouro mais baixo, o primeiro passo após a aquisição é levar o bichinho a um veficará acessível às crianças e aos anões”, exemplifica Moretti. terinário de confiança, para danos à saúde do dono, de seus Mas o que a acessibilidade tem a ver com o tema animais em confamiliares e do novo integrante do lar doce lar. Depois, o domínios? “A acessibilidade é o instrumento arquitetônico da dignidade”, brada carinho e uma boa alimentação são ingredientes essenciais o consultor. Um deficiente visual precisará de uma rota tátil para facilitar sua lopara uma ótima parceria. “Se o animal apresentar um comoção e de áreas comuns adaptadas ao trabalho dos cães-guias, de acordo com o comportamento agressivo ou estranho, procure um estabelecido na lei federal no 11.126/05. adestrador ou um comportamentalista animal. O O cão-guia pode ser uma ferramenta importante não só para o deficiente visual, mas adestrador poderá ensinar comandos úteis e também para o deficiente auditivo, para o cadeirante e para a criança portadora da Síndrome funcionais, enquanto o comportamentade Down. “O treinamento de um cão-guia pode levar até dois anos mas os resultados são pra lá de lista corrigirá atitudes equivocadas do satisfatórios. O cão-guia sabe que ficará alerta 24 horas por dia, a serviço do seu dono e seu auxílio, dono e do animal, eliminando além da condução segura do deficiente visual por rotas desconhecidas, passa por ações como encostar o os distúrbios”, esclarece focinho no dono ao ouvir o telefone, pegar objetos na prateleira para o cadeirante e avisar o seu guiado da Henrique. (veja mais presença de um orelhão”, diz Henrique, que será o primeiro adestrador a treinar um cão-guia na cidade de Jundiaí. em nosso blog) Sabe-se que em Jundiaí existem dois cães-guia, pertencentes a uma senhora e a um radialista, não por caso ambos da raça Golden Retrieval. “O treinamento para um animal com essa importância social é muito diferente do adestramento. É preciso educá-lo a não receber recompensas, como petiscos e afagos. O cão-guia sabe que sua função é um trabalho cuja recompensa é o bem-estar do dono”, explica o adestrador.


ARTIGO

Acessibilidade nos condomínios e cães-guias Recentemente o Brasil se emocionou com a história da cadeirante Luciana na novela das 21h, na rede “plim plim” de televisão. O que levou a essa emoção foi mostrar uma personagem, linda e rica, sofrendo por algo que todos sabem que existe, mas ninguém acredita que possa acontecer com ela. O drama mostrava as dificuldades e a superação da personagem, depois que ficou paraplégica em decorrência de um acidente de trânsito. O trânsito atualmente no Brasil é responsável por cerca de 150 mil pessoas que tornam-se deficientes todos os anos em razão de acidentes automobilísticos. Diante disso, todos que circulam no trânsito, seja dirigindo ou não, são “deficientes em potencial”. Hoje em dia, principalmente nos grandes centros urbanos, muitas pessoas moram em condomínios, que em sua esmagadora maioria não são adaptados, não tem acessibilidade, seja porque são antigos, ou quem os projetou desconhecia a lei 10098/00, que determina que todas as áreas de uso comum dos edifícios de uso privado possuam acessibilidade. Quando falamos de deficiências, logo vem à nossa mente o cadeirante, até porque o S.I.A (Símbolo Internacional de Acesso) é também o símbolo do cadeirante. No entanto essa deficiência atinge 4% das pessoas com deficiência e, o que poucos sabem, é que a visual é a maior delas com cerca de 19% das

pessoas com deficiência. E estas têm duas formas de circular com independência: a bengala e o cão guia. Pela polêmica que ainda causa, o cão-guia será o foco desse artigo. O Brasil tem a legislação mais avança da da América Latina sobre os direitos das pessoas com deficiência, no entanto, como a fiscalização é frouxa, quase nada é respeitado. Porém a lei está e deve ser cumprida. A utilização do cão-guia é regulamentada pela lei federal 11.126/05, e pelo decreto 5.904/06, inspirada pela minha amiga Taís Martinez, do Instituto IRIS. O art. 1º da lei diz “É assegurado à pessoa portadora de deficiência visual usuária de cão-guia o direito de ingressar e permanecer com o animal nos veículos e nos estabelecimentos públicos e privados de uso coletivo, desde que observadas as condições impostas por esta lei”. Algumas pessoas pouco esclarecidas acreditam que a convenção de um condomínio, por ser aprovada em assembleia, assinada por um advogado e registrada em cartório, tem poder para regulamentar a vida de todos, inclusive indo contra as disposições de leis. Não é verdade. As convenções de condomínio não podem contrariar ou alterar dispositivos de lei. Isso já é matéria pacificada nos tribunais. Prevendo controvérsias desse tipo, o decreto

5.904/06 traz textualmente em seu artigo 1º, §6º: “A pessoa com deficiência visual e a família hospedeira ou de acolhimento poderão manter em sua residência os animais de que trata este decreto, não se aplicando a estes quaisquer restrições previstas em convenção, regimento interno ou regulamento condominiais. (grifo do autor). Os cães-guia são extremamente dóceis e educados, até mais do que certos “anjinhos” que habitam as áreas de lazer dos condomínios e são treinados durante dois anos com famílias acolhedoras e nos centros de treinamento. Na fase final é que seu dono é treinado para utilizá-lo. Só comem e fazem suas necessidades no local e na hora certos, encarando com extrema seriedade seu trabalho. Esses cães são os olhos de seus donos. Como vamos pedir a alguém que deixe seus olhos na portaria? Pensem nisso e vamos ter um comportamento cada vez mais inclusivo e despido de preconceitos.

Paulo Eduardo Moretti, é Bacharel em Direito, palestrante, consultor de acessibilidade para empresas, associações e poder público, presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência e assessor técnico do secretário de transportes e do diretor de transportes coletivos de Jundiaí. morettipe@hotmail.com

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QUATRO CANTOS

O sabor de Bertioga Fotos: Talita Rocca

Donizete, o responsável pela fama

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Por Talita Rocca Pastel existe em vários lugares, de inúmeros sabores, mas será que todos são tão apetitosos e grandes quanto aos do “Pastel do Trevo”? A fama é tanta que a equipe de reportagem foi até Bertioga, litoral norte de SP, conferir. Carne, queijo, pizza, bauru, palmito, frango, camarão, bacalhau e bacon. Entre tantas opções é difícil escolher apenas um sabor para experimentar o famoso “Pastel do Trevo”. Em 1988, o mineiro, Donizete Aparecido da Silva, chegou à cidade de Bertioga e decidiu instalar, no cruzamento da Avenida 19 de Maio com a Rodovia Rio-Santos, uma barraca de pastel e caldo de cana. “Os pastéis que algumas lanchonetes ofereciam Brasil afora eram pequenos demais”, conta o empresário. Na época, o “Pastel do Trevo” funcionava em uma antiga perua Kombi em condições precárias. Água, energia elétrica e asfalto ainda não existiam no local, mas não foi empecilho para o sucesso de Donizete. Espírito empreendedor, dedicação e talento foram fundamentais para a expansão do empreendimento e, o que era considerado apenas “ganha pão”, tornou-se ponto de encontro na cidade.

No decorrer dos anos, com o crescimento do turismo no município e a criação de novos sabores de pastéis, a barraca foi substituída por um trailer. O crescimento do empreendimento tornou o ambiente mais amplo e agradável para atender e conquistar, principalmente, a população paulistana. Propaganda é a alma do negócio sim, mas o empreendedor não precisou se preocupar com anúncios. “A minha principal propaganda é feita de boca a boca. O tamanho e o sabor do pastel impressionam as pessoas que indicam minha pastelaria para amigos e familiares”, diz, satisfeito. Segundo Donizete, o segredo dos pastéis está na produção da matéria-prima. “Além dos 29 funcionários que trabalham no atendimento ao cliente, tenho seis pessoas na fazenda, responsáveis pela produção dos ovos, cheiro verde e cana-de-açúcar. O que me dá garantia de oferecer aos clientes um produto de ótima qualidade”, explica. Entre as pessoas que foram conquistadas pelo sabor do pastel está Maurício Pereira. “Não gosto muito de fritura, mas pela fama do local, valeu a pena experimentar. O pastel é delicioso”, ressalta. A paixão por pasteis é antiga. “Sempre gostei de cozinhar, e aos sete anos de idade já preparava bons pratos para minha família. Deixei de lado meu emprego na indústria para me dedicar a essas delícias e não me arrependo”, relembra o proprietário. Hoje, Donizete expandiu o negócio e tem franquias espalhadas por todo país. “Conto com representantes em São Paulo, Santana de Parnaíba, São Bernardo do Campo e Mauá. Que levam o nome do estabelecimento e a marca do pastel”, relata. Além desses locais, o empresário tem outro “Pastel do Trevo” em Bertioga e um na cidade de Porto Seguro, na Bahia.


EDUCAÇÃO

Redes Sociais: superficialidade ou profundidade? Dianir Clari Mariani Colégio Divino Salvador Neste momento histórico-midiático em que vivemos, com tantas possibilidades de conexões sociais através de orkut, facebook, blog, MSN, e outras mais, uma questão permanece imanente: qual a dimensão de comunhão e vínculos construídos entre as pessoas em suas relações? Sabemos que as redes sociais vieram para ficar. Sabemos que funcionam como facilitadoras de um contato ágil e disponível a qualquer instante que se pretende estabelecer alguma conexão com a sua comunidade virtual. Sabemos quão simples e corriqueiro é deletar ou jogar na lixeira o que e quem não queremos. Sabemos que a grande maioria de nossos jovens, e porque não dizer alguns adultos também, está visceralmente conectada quase 24 horas por dia para interagir, divertir-se, trocar experiências, fotos e informações. Que os celulares falem por si mesmos... Diante de tudo isso, retomemos o questionamento anterior, acrescentando outros tantos que, muitas vezes, ficam sem respostas. Vale

substituir relacionamentos reais pelos virtuais? Onde encaixaríamos os famosos versos da canção de Chico Buarque “Olhos nos olhos, quero ver o que você faz....Olhos nos olhos, quero ver o que você diz.”? Vinícius de Moraes, nosso grande poeta, soube muito bem cantar a importância e o significado do olho no olho nas relações “Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar. Ai! Que bom que isso é meu Deus!” “Meu coração, não sei por que bate feliz quando te vê...” Pesquisas já existem comprovando o quanto o toque, o contato físico, a proteção, o abraço, os gestos concretos de amorosidade favorecem o desenvolvimento físico, psíquico, cognitivo e espiritual do ser humano. Perante às variadas conexões virtuais, estariam os nossos víncu-

um scrap substitui um abraço? Será que 140 caracteres valem mais que uma boa conversa? Será que a sua rede virtual recebe mais do seu tempo do que aqueles que convivem com você em casa? Com certeza sabemos o remédio para fortalecer nossos vínculos. Não percamos tempo economizando amor presencial para com todos que nos cercam: pais, filhos, alunos, companheiros de trabalho e amigos. Tenhamos como propósito o que nos aconselha o grupo Legião Urbana “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”e Ana Carolina confirma “Eu não vou parar de te olhar”.

los reais anêmicos? Será que

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UTILIDADES DOMÉSTICAS

*Fumar causa câncer no pulmão

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FIQUE POR DENTRO metam a estrutura do edifício nem prejudiquem os outros moradores. As áreas de uso comum não podem ser alteradas salvo aprovação de todos os condôminos. Fachada - A legislação de condomínio proíbe qualquer alteração que modifique a fachada do prédio, salvo se for obtida autorização de todos os condôminos. Os infratores estão sujeitos a uma multa prevista na convenção e podem ser obrigados a desfazer a alteração. Atenção - A instalação de grades ou redes protetoras não constitui alteração de fachada, pois visa à segurança, especialmente de crianças. Garagem - A utilização de garagem em espaço de uso comum pelos moradores pode ocasionar atritos. Por isso, convém que a convenção estipule regras, como: - identificação para entrada do veículo (selos, cartões, chaves de acionamento, zelador, etc.); - demarcação da vaga (fixa, por chegada, por rodízio ou sorteio); - a definição de vagas pelo tamanho do veículo; - necessidade de manobras (pelo morador ou funcionário do condomínio);

ABC DO

CONDOMÍNIO PRINCIPAIS ITENS DA CONVENÇÃO E DO REGIMENTO INTERNO Animais – A permissão ou proibição de animais de estimação no condomínio deve estar prevista na convenção ou no regulamento interno. Construções e obras - Reformas ou alte-rações nas áreas internas privativas são permitidas, desde que estejam dentro do estabelecido em legislação específica para edificação, convenção, não compro-

- responsabilidade sobre furtos e danos; - permissão ou não de lavagem de carros na garagem; - possibilidade ou não de locação de vagas para terceiros, estranhos ao condomínio; - utilização da garagem por visitantes; - normas de segurança (sinalização, iluminação, extintores, demarcação etc.); - forma jurídica da garagem, se área privativa ou comum. Horário – A convenção, o regimento interno ou as assembléias, em função da conveniência da maioria dos condôminos, determinam os horários para realização de mudanças, uso do salão de festas e de jogos, do playground, da piscina, do fechamento das portas de acesso, de uso da garagem, etc. Ninguém, síndico, administradora ou condômino, pode determinar, unilateralmente, os horários. Piscina – As regras para a utilização da piscina, como o horário e época de funcionamento, o exame médico, o uso por visitantes, a contratação de pessoal para segurança e a manutenção são itens que devem ser regulados pela convenção ou regimento interno. Salão de festas - O uso do salão deve ser previsto na convenção ou no regimento interno, no que diz respeito a forma de sua utillização (custo, limpeza, horário, equipamentos etc.). Fonte: Secovi

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BEM-ESTAR

Ikebana: entre Por Talita Rocca

rar a Verdade, o Bem e o Belo em todas as

Abrir a porta de

atividades humanas.

casa e sentir um cheiro

bom

vo é cultivar e aumentar a sensibilidade estéti-

ar. Proporcionar

ca de quem pratica e de quem aprecia a Arte

o bem-estar, por

do Ikebana, a partir das qualidades da flor.

meio da decora-

“Quando se faz o Ikebana, a pessoa coloca

ção e de aromas

o seu sentimento e a gratidão no arranjo. O

pode tornar o

que é feito com amor nos traz tranquilidade

lar mais tranquilo e agradável, tanto Fotos: Talita

Rocca

ecessário: n l ia r e t a M

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e harmonia”, completa.

para quem mora como para as visitas. E que

O estilo Sanguetsu une o sentimento hu-

tal conhecer uma técnica que proporciona

mano à força da natureza, a fim de valorizar

essa sensação e ao mesmo tempo dar as

o equilíbrio entre as flores utilizadas. A rela-

boas-vindas à primavera?

ção entre o homem e a natureza assume uma

- Vaso; lantas xador de p fi : ê m o d a - Han a ser de ador precis x fi o d a lh (a esco do vaso e o o h n a m ta o acordo com alhos); peso dos g m água; - Vasilha co quena; - Toalha pe e poda; - Tesoura d - Flores.

Segundo a professora Lidia Vani, o objeti-

no

Ikebana é a arte de arranjar flores,

dimensão acima da questão material. “Não

ramos e galhos em uma composi-

podemos esquecer que para desenvolver o Ike-

ção que evidencia a beleza na-

bana, temos que respeitar as flores. É preciso

tural. O método teve início na

trazê-las para dentro de casa sem agredí-las”,

Índia, com o propósito de

A arte de arranjar flores é originária de

ficos da religião budista.

uma religião, mas hoje conquistou pessoas

A arte da Vivificação

de diversas crenças. “Eu utilizo Ikebana em

Floral existe no Japão há

todos os cômodos da minha casa, inclusive

muito tempo e hoje conta

nos sanitários. É uma sensação muito diferente

com três mil estilos pra-

quando coloco esses arranjos, os ambientes

ticados no oriente. Entre

ficam mais frescos e agradáveis”, relata a ca-

tantos modos de arranjo

tólica, Rosemary Martins Esteves.

está a Ikebana Sanguetsu

Os praticantes do Ikebana também uti-

(Montanha e Lua) criado por

lizam a arte para presentear as pessoas que

Mokiti Okada que visa incorpo-

ANÚNCIO DA EMSEG

ressalta a professora.

expressar conceitos filosó-

os cercam.


pétalas e galhos Aprenda a montar um Ikebana Estudo de linhas Estudo das linhas simples e retas utilizando os espaços e a altura. Essa expressão tem como característica a firmeza, a solidez e a força. Suas medidas são de acordo com

dade e tridimensionalidade; * Poda: tirar as folhas (no caso de material com ramificações laterais) para não prejudicar a nitidez das linhas

a característica do material, mas devem estar em perfeita harmonia com as flores, os complementos, o vaso e o ambiente. Pontos importantes: * Expressão para ser vista de frente (o arranjo deve ser montado sempre de frente para você); * Não se devem usar ramos muito baixos nas laterais da vivificação; * Não se deve dar muita diferença de comprimento entre um ramo e outro; * Atentar para que a altura das flores não prejudique as linhas; * Na expressão paralela, deve-se manter a nitidez das linhas retas, pois o impacto principal da vivificação é a beleza das linhas voltadas para cima. É necessário fixar as linhas mantendo as plantas afastadas desde a base e não permitir que elas se cruzem; * Determinar a direção por meio da colocação das flores (direita e esquerda); * Variar o espaço, utilizando profundi-

Modo de fazer: 1. Coloque água no vaso até a metade; 2. Corte o caule das flores dentro da vasilha de água, para que não entre ar nas folhas proporcionando maior durabilidade para o arranjo; 3. Posicione o hanadomê no local que escolher; 4. Lave as folha e sequeas com a toalha para tirar as impurezas; 5. Coloque as flores que escolher no fixador (lembre-se que elas não podem se cruzar); 6.

Adicione

as folhas e outras

flores

desejar.

que

Alguma dic plantas? a sobre Qu nos envia e tal r sugestão sua para a próxima revista. 11 4 522-214 2

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CRÔNICA

Arremesso de gato Atire a primeira pedra aquele que não teve uma empregada doméstica desastrada, daquele tipo que quebra mais copos do que toma coca-cola e que acabou com todos os jogos de cristal. E pratos então? Sobrava apenas um de cada tipo para tomar a historia. Ah, e sempre não era ela que quebrava. O copo escorregava das mãos e, pimba! No fundo da pia ou no chão, lá se ia mais um. E bibelô, de porcelana, não sobraram nenhum. Já os de cristal era comum aparecerem sem pescoço ou sem rabo, mas pela lógica não quebraram, apenas brigaram em cima da cristaleira. Maria do Socorro, mas todos conheciam por HELP, conhecia todas as empregadas e sabia da vida de todo mundo. Quem havia separado, quem havia brigado com quem, em fim, era a maior fofoqueira do prédio. Mas quem gostava de falar mal da vida alheia, ia tomar do próprio veneno. Certa manhã, limpando uma das janelas, não observou que Brut, o gato persa da família, tomava sol no parapeito da janela, daquelas janelas que é só empurrar que a ela se abre para fora. Pois bem, como sempre estava no mundo da lua, não observou que o bichano estava no parapeito e ao forçar a janela, arremessou o felino do quarto andar para baixo, para sorte do gato e azar de HELP, uma vizinha, do andar de cima viu toda cena, porém o felino caiu sobre um caminhão baú e foi embora. HELP não contou nada à patroa e até ajudou a procurar o

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bichano pelo apartamento, até que desesperado colocou uma foto de Brut no mural na entrada do elevador. No mesmo dia a vizinha do andar de cima interfonou e contou a verdade, sem fazer fofoca. Os moradores ficaram espantados com a frieza de HELP e como fora dissimulada em ajudar a procurar sabendo que o bichano havia voado da janela para o teto do caminhão baú. Na manhã seguinte a patroa esperou HELP chegar e foi logo questionando sobre o paradeiro de Brut. Esta mais uma vez tentou se safar inventando que desde o dia do desaparecimento procurava o bichano em locais do prédio onde ele poderia estar escondido. Foi dispensada na mesma hora e desmascarada diante de toda a família que já sabia de toda a verdade. Porém a mesma vizinha que viu o acidente, lembrou de que no baú do caminhão estava pintado o nome da empresa: Paulão Mudanças. Todos do prédio começaram um movimento para tentar localizar o Paulão e, consequentemente, o Brut. Na manhã do dia seguinte foram até um ponto onde vários caminhões de frete e mudança se reuniam para começar o trabalho, e procuraram por Paulão, que naquele dia não estava, mas seus colegas informaram seu endereço na periferia da cidade. Graças ao GPS encontraram a casa e dormindo na garagem encontraram Brut que feliz, voltou para casa, enquanto HELP demorou muito tempo para arrumar novo emprego, pois sua referência era: trabalhava muito bem, mas quebrava a casa e ainda arremessava gatos pela janela.

Por Dr. José Miguel Simão Advogado e cronista




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