Jornal Marco - Ed. 262

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Oficina para o cuidado com o idoso é oferecida gratuitamente às terçasfeiras, para aqueles que possuem interesse na atividade. Pág. 6

ARTHUR LARA MOREIRA

GUSTAVO ANDRADE

MARCELO COELHO

Estudantes da 6ª série do Ensino Fundamental visitam a Assembléia Legislativa de Minas Gerais para compreender o que é política. Pág. 11

Região Centro-Sul de BH serve de palco para o Le Vélo, modalidade praticada por ciclistas que se reúnem para passeios noturnos. Pág. 9

marco jornal

Ano 36 • Edição 262 LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas Novembro • 2008

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Repórter de muitas histórias e apenas três certezas Correspondente da Guerra do Vietnã pela revista Realidade, José Hamilton Ribeiro teve sua trajetória pessoal e profissional marcada por um fato: a perda de parte de sua perna esquerda na explosão de uma mina terrestre. Em Belo Horizonte para relançar o livro “O gosto da Guerra”, que agora ganha complemento, ele conta histórias vividas em sua profissão e diz que muitas das matérias que fizeram dele o maior ganhador do Prêmio Esso do Século XX, foram movidas por um “medo sofisticado”: de ficar marcado como “repórter de uma só reportagem”. Página 16 GUSTAVO ANDRADE

MARCIO LACERDA BUSCA ACORDO SOBRERODOVIÁRIA GUSTAVO ANDRADE

Antes de retomar o processo de licitação para a construção do novo Terminal Rodoviário, que encontra-se suspenso, o prefeito eleito Marcio Lacerda (PSB) revela que vai cumprir a sua promessa de campanha e ouvirá as lideranças comunitárias da Região do Calafate, local da futura rodoviária, que continuam radicalmente contra o projeto. Ele observa que mudar o Terminal Rodoviário de Belo Horizonte é um de seus compromissos de governo, mas manifesta a expectativa de que possa haver um acordo com os representantes da comunidade. Lacerda considera que por ficar isolado da vizinhança, o lugar escolhido para a nova rodoviária não trará grandes impactos à população, especialmente ao que se refere ao trânsito. Apesar disso, o represent a n t e d o S O S B a i r ro s , G u i l h e r m e Neves, alega que o projeto é ilegal e atenta contra Belo Horizonte. “Se o Marcio Lacerda insistir na licitação vamos fazer com que ela mofe nos tribunais”, ameaçou o líder comunitário. Página 3 YONANDA DOS SANTOS

Vizinhos reclamam e governo tira ONG Há seis meses no Dom Cabral, a ONG Pauline Reichster, que abriga jovens entre 15 e 18 anos que cometeram pequenas infrações, terá de deixar a casa que ocupa no bairro em razão das constantes reclamações dos vizinhos. A instituição presta ajuda aos dez jovens em processo de recuperação que participam do Programa Semiliberdade. A comunidade alega que a casa não possui infra-estrutura adequada para realizar tal atividade na região e reclamam do comportamento que consideram agressivo dos meninos residentes no local. Com base nas reclamações dos moradores, a Secretaria de Estado de Defesa Social decidiu que os jovens terão de ser realojados. A coordenadora da ONG, Magda Ziviane, garante que a rejeição da comunidade é constante, independente do bairro, e atrapalha o processo de recuperação dos adolescentes infratores. Página 2

Profissionalização para a comunidade A falta de profissionais especializados em panificação motivou a professora Mauélia Teixeira (foto) a desenvolver um curso profissionalizante que ensinasse essa arte para a comunidade do Bairro Alto dos Pinheiros. Já o desemprego foi um motivo para levar muitas pessoas a participarem do curso, que está em sua segunda turma, formando 18 alunos ao todo. As aulas acontecem na escola profissionalizante Mário Linhares Cabral, do Centro Educativo Cândida Cabral, instituição fundada por Ivone Cabral. Página 10 GUSTAVO ANDRADE

Albergues são alternativas para hospedagem Opção mais econômica para quem viaja sem ter um lugar para se hospedar, os albergues a cada ano recebem mais frequentadores vindo dos diversos lugares do país. Com quartos triplos, duplos e individuais, o lugar se tornou referência

para quem vem visitar Belo Horizonte. O principal atrativo é o preço mais acessível quando comparado aos hotéis. Na capital mineira são quatro albergues, que oferecem, em sua maioria, café da manhã, acesso à internet, roupa de cama e escaRENATA MARINHO

Pessoas que se mudam para hospitais da capital Em busca de ajudar no tratamento de parentes, alguns familiares mudam-se para o hospital e alteram sua rotina de vida. Dividindo o mesmo ambiente que os doentes, os parentes abrem mão de suas atividades cotidianas para vivenciar a realização de exames e apoiar, de perto, o tratamento de seus entes. Em um ambiente tido por muitos como triste e sério, os acompanhantes passam o tempo como podem. Alguns levam aparelhos de televisão e todos investem no bom relacionamento com os demais pacientes e com os funcionários do hospital. nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaedição

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ninhos para guardar objetos de valor. Dono do Sorriso do Lagarto, Wellington de Oliveira aproveitou a onda de expansão dos negócios para abrir, há nove meses, um novo estabelecimento na histórica cidade de Ouro Preto. Página 7


2 Comunidade

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Novembro• 2008

EDITORIAL

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Busca por melhorias marca trajetória do cidadão de BH

ONG DO SEMILIBERDADE SAIRÁ DO DOM CABRAL Há seis meses no bairro, a casa de recuperação para jovens infratores é motivo de reclamações e por isso será trasferida YONANDA DOS SANTOS

n CÍNTIA REZENDE,

n CÍNTIA REZENDE,

7’’PERÍODO

7º PERÍODO

Ao longo dos seus 36 anos, o jornal MARCO tem sido testemunha da mobilização de moradores de Belo Horizonte para melhorarem suas condições de vida e também da comunidade. Melhorias que podem ser vistas hoje, tais como o Olho Vivo, que a após um ano da implantação das câmeras em alguns pontos no Coração Eucarístico, já traz segurança por meio da inibição e eficiência quanto à resolução dos crimes que acontecem no bairro. Outro exemplo de como a busca por melhorias tem vez e voz no jornal é o fato de o MARCO não se esquecer das reivindicações feitas pelos moradores da cidade quanto à construção da nova rodoviária no Bairro Calafate. Apesar de a licença para a construção do novo terminal rodoviário estar suspensa até o ano que vem, às discussões acerca das melhorias e dos benefícios que a transferência da rodoviária trará para a cidade continuam. Em uma das matérias desta edição o prefeito eleito, Marcio Lacerda, comenta como conduzirá este processo e diz que pretende ouvir as opiniões de toda a população. Outra manifestação da comunidade acontece no Bairro Dom Cabral em relação à permanência da ONG Pauline Reichster, que há seis meses desenvolve um trabalho com dez jovens entre 15 e 18 anos em regime de semiliberdade. Incomodados com o comportamento agressivo dos moradores da ONG, e também com a falta de infraestrutura para o funcionamento do local, a comunidade se mobilizou para retirada dos mesmos do bairro, fato que ocorrerá dentro de 30 dias, segundo parecer da Secretaria de Estado de Defesa Social. Assim como, às vezes, a mudança vem por meio da luta ou da mobilização da comunidade, ela também pode vir por mérito e esforço individual tal como acontece com os 18 alunos do curso profissionalizante de padeiro oferecido gratuitamente no do Centro Educativo Cândida Cabral, situado no bairro Alto dos pinheiros. A iniciativa desse curso, que surgiu a partir de um sonho de uma professora da instituição, hoje possibilita que seus alunos possam pensar no futuro a partir de uma profissão. E se a busca por melhores condições de vida se tornou uma sina, alguns destes personagens que são retratados nesta edição vestem a camisa quanto o assunto é o outro. Amenizar o sofrimento e proporcionar melhores dias a quem está doente é o objetivo de mães, pais e parentes que se mudam para o hospital de mala e tudo como forma de ajudar no processo de recuperação do seu familiar. A entrevista da página 16 deste mês foi feita com José Hamilton Ribeiro, jornalista que em mais de cinco décadas trabalhou em várias funções e é reconhecido como um dos mais importantes repórteres do país. Foi o único repórter brasileiro a cobrir a guerra do Vietnã onde perdeu uma perna, epsódio descrito em uma reportagem considerada uma das mais importantes do jornalismo brasileiro. Ganhador de sete prêmios Essos, que por si só já consagram a carreira de qualquer jornalista, José Hamilton Ribeiro também foi merecedor de outras premiações, fato que faz dele um grande nome do jornalismo. Na entrevista, este paulista de Santa Rosa de Viterbo conta suas aventuras na profissão, relata histórias que presenciou ao longo de sua trajetória e confirma seu profundo compromisso com a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.

EXPEDIENTE

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jornal marco Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: jornalmarco@pucminas.br Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920 Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286 Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Ivone de Lourdes Oliveira Chefe de Departamento: Profª. Glória Gomide Coordenador do Curso de Jornalismo: Profa. Maria Libia Araújo Barbosa Coordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª. Daniela Serra Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditor: Profa. Maria Libia Araújo Barbosa Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Editor de Fotografia: Prof. Eugênio Sávio Monitores de Jornalismo: Camila Lam, Cíntia Rezende, Diana Friche, Guyanne Araújo, Laura Sanders, Lorena Karoline Martins, Patrícia Scofield, Renard Vasconcelos, Alba Valéria Gonçalves (São Gabriel) Monitores de Fotografia: Gustavo Andrade e Yonanda dos Santos Monitor de Diagramação: Marcelo Coelho Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares

Com base nas reclamações feitas pelos dos moradores do Bairro Dom Cabral, a Secretaria de Estado de Defesa Social divulgou, por meio da sua assessoria de imprensa, que dentro de 30 dias a ONG Pauline Reichster, que atualmente assiste a dez jovens entre 15 e 18 anos do programa Semiliberdade, deverá mudar seu local de funcionamento para outro bairro. A decisão foi tomada pela Subsecretaria Sócio Educativa que hoje estabelece uma parceria com a ONG quanto ao processo de reabilitação de jovens que cometeram pequenas infrações. A reclamação também chegou a Assembléia Legislativa, no espaço chamado de pinga fogo, onde os moradores puderam, mais uma vez, expor sua insatisfação quanto a forma como a ONG funciona hoje no bairro. “A gente não tem nada contra estes meninos, a gente admira muito o trabalho desenvolvido pelo pessoal da ONG Pauline, só que está visível que não existe uma infra estrutura necessária para o funcionamento do local”, explica M.A.L, moradora do bairro há mais de 30 anos que, a exemplo dos outros moradores entrevistados, prefere não se identificar. Com base nos relatos dos moradores sobre a atuação da ONG e no depoimento dos responsáveis pelo local, a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa considerou que a ONG não está adequada para abrigar os jovens e sugeriu a transferência para um local apropriado. Outro motivo apontado pelo então presidente da comissão, deputado João Leite, foi o comportamento dos meninos em relação à comunidade local. “A comissão decidiu que os interesses da comunidade devem ser preservados e pelo que a ONG nos disse, ela já esta procurando um outro lugar para se instalar”, disse João Leite. INSATISFAÇÃO Mais uma ação realizada pelos moradores foi a reunião com a comunidade no dia 28 de outubro que, de acordo com o presidente da associação de moradores do Dom Cabral, teve a participação de mais de 50 pessoas. O objetivo era expor aos coordenadores da ONG a insatisfação da comunidade quanto ao comportamento dos meninos. “Eles gritam e xingam a gente na rua. Teve um que chegou a falar indecências para uma senhora aqui do bairro”, relata Armando Sandinha, morador do bairro há 37 anos. De acordo com a moradora E.S, uma das reclamações partiu de uma senhora que relatou que um dos meninos em processo de recuperação chegou a mostrar o orgão genital para ela. Ela relata também que, pelo fato da sua casa ser em frente a ONG, por diversas vezes em que ia varrer a rua, os meninos estavam de toalha na varanda e quando passava alguém, os mesmos mostravam o órgão genital. “Eu até parei de varrer a rua, agora deixo com a prefeitura”, desabafa. E.S avalia que o comportamento agressivo dos meninos se dá pelo fato de os mesmos não

Reunião de moradores do Dom Cabral demonstrou a insatisfação da comunidade em relação à presença da ONG irem a escola e também da falta de atividades que ajudem no processo de recuperação.“Eles tem o acompanhamento de três monitores, o que é pouco, tendo em vista que eles são dez. Outro fator que preocupa a comunidade é o fato deles também não estarem estudando e nem fazendo outras atividades conforme o pessoal da ONG havia relatado para gente”, explica. Outra moradora relata que próximo da casa onde os meninos ficam e que devido ao comportamento dos mesmos ela prefere deixar a filha de 12 anos com os avós enquanto trabalha. “Eu tenho medo deles invadirem a minha casa e fazer mal a minha filha”, desabafa. Quem também se disse incomodado com a postura dos rapazes foi o morador A.Q. Ele conta que devido ao medo de ser maltratada pelos meninos da ONG, sua filha de 12 anos prefere dar a volta no quarteirão quando volta da escola, a ter que passar em frente ao local. “Nosso direito de ir e vir foi cerceado a partir do momento que estes meninos vieram aqui para o bairro, desabafa. Ele ressalta que não é contra o projeto de reabilitação e sim com a forma como ele é conduzido. REJEIÇÃO Magda Ziviane Santiago, gerente do programa semiliberdade e coordenadora da ONG Pauline Reichster, conta que o problema é muito mais grave que a simples colocação dos meninos dentro do bairro. Ela ressalta que desde 2006, ano em que o projeto foi criado, o programa tem como objetivo socializar os meninos em fase recuperação por meio do contato com a comunidade, mas que a rejeição dos moradores tem prejudicado o andamento do processo. “Quando as pessoas ouvem que eles cometeram uma infração, elas logo pensam em assassinato e outros crimes graves, e a partir daí cria-se um preconceito”, conta. A coordenadora do local conta que antes de a casa se situar no Dom Cabral ela já era motivo de preocupações

entre os moradores que sempre atribuíam o trabalho desenvolvido pela ONG a problemas com a comunidade. “A nossa intenção não era incomodar os moradores do bairro, mas sim fazer o trabalho proposto pela ONG”, relata Magda. Apesar de ter conhecimento da insatisfação dos moradores quanto a permanência dos meninos no bairro, Magda admite que por agora, assim como a comunidade pediu, fica impossível transferi-los para outro lugar imediatamente. “A gente vai sair, só que por agora fica impossível de sair da noite para o dia”, explica Magda. Presidente da Associação de Moradores do bairro, Armando Sandinha relata que ficou sabendo da ONG após a instalação da mesma no bairro. Ele relata que chegou a visitar o local a convite de uma das coordenadoras da ONG, e que a partir daí constatou a falta de infra estrutura. O líder comunitário conta também que pelos relatos da coordenação deveriam ter uma equipe com pedagoga, psicóloga e outros profissionais que ajudassem no processo de recuperação, profissionais desconhecidos pela comunidade “ Não sou contra o trabalho realizado, sou contra a forma como estes meninos estão hoje, com poucos monitores, sem assistência alguma”, explica.

RECUPERAÇÃO A ONG Pauline Reichster realiza um trabalho de recuperação de jovens infratores por meio de um convênio com a Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS/MG) e a Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (SUASE), atividades previstas pelo artigo Art. 120 do Estatuto da Criança. A Coordenadora da ONG, Magda Ziviane Santiago conta que no ano de 2006 assinou um convênio com a Secretaria de Direitos Humanos para recebimento dos meninos. Hoje, além da unidade no Dom Cabral existe uma unidade no Taquaril onde são realizadas atividades de recuperação e profissionalização dos jovens infratores. Magda diz que antes da ONG Pauline realizar este trabalho, o mesmo era realizado somente pelo Instituto Salesiano. Segundo a coordenadora, no ano de 2006 o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescentes, o Conanda, decidiu que seriam reduzidas as verbas para criação de casas de internação para jovens infratores, a a partir daí foram firmadas parcerias, tais como a estabelecida com a ONG Pauline, para o recebimento destes jovens que muitas das vezes não cometerem crimes graves. Com isso, a ONG passou a fazer o atendimento de 20 jovens no sistema de semiliberdade com o objertivo de recuperá-los e reinserí-los na sociedade.

ESPAÇODOLEITOR

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Na página oito da edição de outubro notei um erro no título de uma matéria também freqüente em nossa imprensa em geral: "Roubo de cones, mania que traz problemas para a cidade". Na verdade o título deveria ser: "Furto de cones..." O roubo diz respeito a crime com uso da violência, o que não acredito que estejaocorrendo com a subtração de cones nas ruas. Já o furto é a subtração sem uso de violência. Por isso temos, por exemplo, a Delegacia de Furtos e Roubos. Que o Marco prossiga com sucesso às vésperas de seu 37º ano. Aloísio Morais Martins Belo Horizonte


Comunidade

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Novembro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

TERMINAL É META DO PREFEITO ELEITO O local de construção da nova rodoviária de BH será tema de discussões entre Marcio Lacerda e a comunidade, numa tentativa de se chegar a um acordo que beneficie a todas as partes STEFÂNIA AKEL

n STEFÂNIA AKEL, 2º PERÍODO

O prefeito eleito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), afirmou, em entrevista durante almoço de confraternização entre os prefeitos eleitos da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que a construção da nova rodoviária no Bairro Calafate, Região Oeste da capital, é um de seus compromissos de governo. No entanto, segundo ele, a prefeitura irá debater o assunto com a população, visando chegar a um acordo. “Vamos abrir uma discussão com a população, com as lideranças da região, para discutir não só a rodoviária, mas todos os projetos viários que interessam à região. Isso foi uma promessa de campanha e será cumprida”, garante. Lacerda explicou também que a licitação da nova rodoviária está suspensa até o ano que vem, quando ele pretende, logo após a sua posse, reiniciar as negociações com os moradores da região e

com as empresas que irão disputar a concessão em procedimento licitatório. Ele tomará posse no dia primeiro de janeiro de 2009. Em relação às freqüentes reclamações sobre o impacto que o novo terminal rodoviário terá sobre o trânsito da região, o novo prefeito lembrou que o novo local, entre a Via Expressa e a linha férrea, isolará a rodoviária da vizinhança, reduzindo possíveis impactos. Ainda assim, de acordo com o prefeito eleito, as vias no entorno da nova rodoviária serão reestruturadas para atender à demanda e não congestionar a área. “O próprio Corta Caminho que vamos implantar, que é o Viurbs (Programa de Estruturação Viária de Belo Horizonte), tem importantes obras que vão melhorar a circulação de veículos na região”, salienta.

ARGUMENTOS Guilherme Neves, presidente do SOS Bairros, entidade representante dos moradores dos Bairros Prado, Calafate, Gutierrez e

Marcio Lacerda garantiu que a construção do novo terminal rodoviário será discutida com as lideranças da região Barroca, não acredita que a reestruturação das vias no entorno da nova rodoviária será uma solução para o problema do trânsito na região. “Poderia ser uma solução se isso fosse possível de se fazer aqui. A estrutura do bairro não permite essa mudança. O excesso é enorme, temos que lidar

com a movimentação da PUC, do Expominas, da Silva Lobo, da Amazonas. Não existe milagre, não dá para fazer mágica. O ideal seria distribuir o trânsito daqui, e não acumular”, argumenta. Guilherme Neves alega ainda que o projeto para a construção da nova rodoviária é ilegal e atenta

contra Belo Horizonte, por desrespeitar o Estatuto das Cidades. “Não foi feito o Estudo de Impactos na Vizinhança. Isso é uma lei federal”, explica. Quanto à licitação que será aberta no ano que vem, Guilherme garante que ela não irá para frente. “Se o Marcio Lacerda

insistir na licitação, vamos fazer com que ela mofe nos tribunais. Mas se ela acabar acontecendo, eu quero ver qual empresa terá coragem de gastar milhões para administrar uma obra dessas”, observa. O presidente da SOS Bairros afirma entender a necessidade de uma nova rodoviária, mas considera inviável que ela seja no Calafate. Por isso, segundo ele, não há possibilidades de se fechar um acordo. Ainda assim, Guilherme deposita suas esperanças no novo prefeito. “Tomara que o Márcio Lacerda deixe os interesses políticos de lado e escute o povo, pois ele foi eleito para nos representar”, pontua. Ernani Ferreira Leandro, representante da Comissão de Moradores dos Bairros Gameleira e Nova Suíça, também acredita que Márcio Lacerda não irá ignorar a vontade da população. “Tenho certeza que ele vai escutar a comunidade. De qualquer forma, não aceitaremos a interrupção das discussões sobre esse assunto”, avisa.

Licitação suspensa até a posse de Marcio Lacerda O projeto de lei que transfere o Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro (Tergip), localizado no hipercentro de Belo Horizonte, para o Bairro Calafate, já está sendo discutido desde o ano passado. Ele foi aprovado pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, em segundo turno, em janeiro deste ano.

Em julho, ocorreu uma audiência pública na sede da BHTrans, na qual a população teve a oportunidade de se declarar contra o projeto. Foram ouvidos também especialistas do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), que argumentaram a respeito dos impactos da

transferência no trânsito e na infra-estrutura da região do Calafate. O presidente do SOS Bairros, Guilherme Neves, que esteve presente na audiência, explicou que houve problema com a ata. “A prefeitura simplesmente resumiu todas as declarações e subtraiu seus verdadeiros conteúdos. Além disso, ela se

nega a entregar cópias da fita da audiência que comprovam o que realmente foi declarado”, afirma. A licitação para a escolha da empresa que investirá nas obras do novo terminal rodoviário estava prevista para agosto. No entanto, ela se encontra suspensa até a posse do prefeito eleito, Marcio Lacerda, que já

anunciou que reiniciará as negociações. De acordo com o projeto de lei do atual prefeito, Fernando Pimentel (PT), nessa parceria público-privada, a empresa que vencer o processo licitatório será responsável pela construção, administração, manutenção e operação do novo termi-

nal. A concessão terá prazo máximo de 30 anos, prorrogável, por razões de interesse público, por até igual período. Os custos da obra estão estimados em R$ 55 milhões e a empresa vencedora será remunerada com as cobranças de estacionamento, tarifas de embarque e aluguel de lojas do novo terminal.

DIANA FRICHE

Evento marca dia de combate à dengue no Bairro Dom Cabral n DIANA FRICHE, LORENA KAROLINE MARTINS, 3º PERÍODO

No dia 21 de novembro, a Praça da Comunidade do Bairro Dom Cabral pôde conferir o evento realizado pelo departamento de zoonose da Regional Noroeste promovendo o Dia Nacional de Combate à Dengue. Além de microscópios disponíveis para visualização dos mosquitos e larvas, a Praça da Comunidade contou com uma casa, projeto da Secretaria Estadual de Saúde, que simulou as irregularidades freqüentemente encontradas em residências e que são causadoras da doença. O evento, que ocorreu das 9h às 17h, contou com a participação de cinco agentes e da coordenadora da zoonose da Regional Noroeste, Maria Aparecida Valadares. O público presente foi em grande parte

formado por crianças da região, já que em frente à praça estão localizadas a Escola Estadual Assis das Chagas e a Creche Bom Pastor. O cenário montado chamou a atenção das crianças, que aprenderam os cuidados básicos para deixar a casa e a vizinhança protegidas da dengue. Ângela Beatriz Nogueira, 7 anos, é moradora da região e aprovou a casinha. "Aprendi que não pode deixar o vaso sanitário aberto, por causa do mosquito", conta a menina. A mãe de Ângela, Maria Helena Nogueira, 54 anos, afirma que sua filha sempre aponta as irregularidades que atraem o mosquito. "Quem tem criança em casa tem que ter mais cuidado, tudo é necessário", completa. A coordenadora do evento, Maria Aparecida Valadares, 44 anos, conta que o objetivo principal do Dia Nacional de Combate a Dengue é eliminar a doença em todo o país. Em Minas Gerais, só neste ano,

12.670 casos foram detectados no estado. Na Região Noroeste da capital 21 casos foram constatados. Ela atribui os elevados números em Minas à falta de conscientização das pessoas, já que a informação é passada, mas falta atitude dos moradores em tomar os devidos cuidados para evitar a proliferação da dengue. "As crianças são como agentesmirins, fazem melhor a fiscalização do que os adultos. Nós orientamos as crianças para que elas orientem seus pais", revela. O agente de zoonose Davidson Fernando Castorino fez pela primeira vez o trabalho de combate à dengue na Regional Noroeste e ficou encarregado de mostrar às crianças o mosquito no microscópio, para que elas possam identificar suas características e acompanhar seu desenvolvimento. "As crianças tiveram mais interesse em ver, porque são mais atenciosas. Muitas identificam o mosquito e falam que é atleticano", brinca

Representantes da zoonose da Regional Noroeste ensinam às crianças os cuidados básicos para combater a dengue Davidson, referindo-se às listras pretas e brancas que o inseto possui. João Martins, 46 anos, foi com seus filhos conferir as atividades realizadas na praça. "Eventos como este com certeza são muito importantes. Devia ter mais eventos falando de saúde", propõe João. Como pai, ele acredita que o material dis-

tribuído ajuda as crianças a aprenderem sobre o tema de forma mais divertida e eficaz. A coordenadora ainda enfatiza que é necessária a conscientização dos moradores da região quanto aos cuidados com a água parada. "Muita gente desconhece que, para que a dengue não se desenvolva, a água limpa tem que ser tratada

com cloro, água sanitária ou desinfetante toda semana", alerta Maria Aparecida. Enquanto isso, a zoonose da Regional Noroeste continua com as visitações preventivas nas residências no período de dois em dois meses, identificando os principais problemas e entregando aos moradores um kit de prevenção da doença.


4 Comunidade

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• 2008

OLHO VIVO REDUZ CRIMINALIDADE Com a diminuição de 33% dos crimes cometidos, houve impacto positivo após implantação das câmeras do Olho Vivo há um ano, na Região Noroeste, melhorando a segurança no local GUSTAVO ANDRADE

n LAURA SANDERS PAOLINELLI,

to, é que eles aprendem a identificar atitudes suspeitas, com a ajuda de um supervisor. Segundo o sargento Sérgio Silveira, auxiliar da coordenação do Olho Vivo, os funcionários ficam de quatro a cinco dias nesse treinamento. “Eles aprendem a identificar suspeitos por comportamentos e não por características físicas, mas a aprendizagem é com o tempo”, afirma.

4º PERÍODO

Com 78 câmeras do Projeto Olho Vivo em atividade, a Região Noroeste registrou redução de 33% nos índices de criminalidade, de acordo com o tenente do 34º Batalhão da Policia Militar, Ademir Vieira, coordenador da sala de vídeo monitoramento. Ali se revezam 65 funcionários treinados especificamente para a função, divididos em quatro turnos de seis horas. No Bairro Coração Eucarístico, onde existem cinco câmeras em funcionamento, o sistema completou um ano. Para o tenente Vieira, a redução da criminalidade está relacionada tanto à segurança objetiva, que é facilitada com a ajuda das câmeras, como também de forma subjetiva. “Só o fato de a pessoa estar sendo vigiada, a sensação do criminoso de estar sendo vigiado, que vai ter uma câmera ali, já reduz”, afirma o militar. Segundo ele, houve uma aceitação surpreendente por parte da comunidade, que está atuando junto à polícia para prevenir a criminalidade. Isabel Miranda, proprietária de uma loja de roupas na Avenida Dom José Gaspar, onde uma câmera está instalada, acha ótima a medida de segurança. Ela conta que, logo que foram instaladas

Isabel Miranda acredita que após a implantação das câmeras Olho Vivo, o bairro passou a ter mais segurança as câmeras, houve um assalto perto da sua loja, quando um assaltante levou um carro. “Logo depois a polícia chegou e conseguiu prender o rapaz”, conta. Ela afirma que as pessoas relacionam a ação rápida da polícia à instalação das câmeras. A eficácia do “Olho Vivo”, no entanto, não é unanimidade. Para o pre-

sidente da Associação de Moradores do Bairro Coração Eucarístico, Iracy Firmino da Silva, o projeto não surtiu efeito prático nenhum, apenas psicológico. Ele diz que o gasto é muito alto e não há monitoramento constante porque não há efetivo suficiente. “Pelas notícias que chegam até aqui, não diminuiu a criminali-

dade, principalmente assalto à mão armada”, ressalta. Os funcionários responsáveis pela fiscalização das câmeras recebem treinamento em duas etapas. A primeira acontece no MGS (Minas Gerais Administração e Serviços SA), onde eles conhecem o equipamento. Depois, na sala de monitoramen-

Na sala de vídeo monitoramento do “Olho Vivo” cada funcionário monitora nove câmeras em uma mesma tela. Uma das câmeras pode ser monitorada em uma tela inteira, o que normalmente acontece quando alguma imagem apresenta situação suspeita. O tenente Vieira explica que, enquanto o funcionário monitora uma câmera, as outras ficam em sistema automático. Em todos os turnos há um policial militar que faz um acompanhamento de forma geral da sala. Eliane Maciel Ramos, moradora da Avenida Dom José Gaspar, acha que o número de câmeras poderia ser maior, principalmente devido ao comércio do bairro. Outra reclamação de Iracy Firmino é quanto ao patrulhamento da região. Ele se preocupa com o público flutuante em razão da PUC Minas. O tenente Vieira argumenta

que aumentar o número de câmeras e de funcionários seria inviável devido ao crescimento do custo. Mas, segundo ele, estão previstas mais 12 câmeras para implantação este ano.

IMAGENS Para recuperar uma imagem de assalto ou qualquer tipo de violência, o tenente Vieira recomenda que a vítima entre em contato com a polícia o mais rápido possível, em no máximo quatro dias. Ele explica que imagens importantes são removidas para um suporte com DVD, mas outras ficam no sistema de quatro a 11 dias, depois não são armazenadas, para não sobrecarregar o sistema. Segundo ele, as imagens capturadas são administradas de acordo com a lei. O tenente comentou que apesar da ajuda das câmeras, há algumas dificuldades. A prevenção de crimes no período da noite, por exemplo, é complicada devido à luminosidade e também pela falta do áudio. Além disso, ele diz que é difícil chegar a tempo em um caso de assalto, mas através da identificação muitas vezes eles ainda conseguem prender o criminoso em flagrante. A moradora Eliane Maciel acredita que o ideal é uma fiscalização constante. “Eu acho que eles estão empenhados nisso”, afirma.

Moradores conscientes na prática de exercícios MARCELO COELHO

n MARCELO COELHO DA FONSECA, 4º PERÍODO

Exercícios físicos como caminhadas e corridas são atividades saudáveis e muito indicadas para qualquer pessoa sem importar a idade. Porém, se praticado de maneira inadequada pode causar grande dor de cabeça devido às lesões prejudiciais à saúde. Na área de lazer da Via Expressa, na Região do Coração Eucarístico, cada vez mais as pessoas percebem essa realidade e evitam se expor a esse tipo de problema. Essa mudança de comportamento já é muito clara para o comerciante Jacob Mesquita, que trabalha no local há quatro anos. Ele conta que percebe cada vez mais que as pessoas estão muito conscientes da importância de praticar corretamente os exercícios. “O pessoal já vem bem preparado, com calçado certo e a grande maioria sempre alonga direitinho também. O

que eu observo aqui é que às vezes o pessoal vem para cá com outro objetivo, não o de correr ou caminhar, e acabam aproveitando para fazer a atividade. É uma mãe que traz o filho para brincar, ou alguém que está esperando por outra pessoa e resolve aproveitar o tempo”, conta Jacob. “Muitas pessoas acham que praticar caminhada é só sair andando por aí. Muitos não sabem que uma caminhada sem um prévio acompanhamento de um profissional da saúde e sem técnicas corretas em vez de beneficiar a saúde, é prejudicial”, conta a fisioterapeuta Ana Paula Lagares. Segundo ela, pessoas que possuem patologias prévias, como por exemplo cardiopatias, necessitam uma monitoração do esforço durante o exercício para que não haja nenhum imprevisto. Vitor Dias, que pratica regularmente as corridas no local, tem consciência da importância

de realizar corretamente seu exercício. “Antes eu sentia dores em algumas partes do corpo, depois que fui à fisioterapia passei a fazer de maneira mais correta, com alongamentos certos e isso me ajudou muito com as dores”, conta Vitor. Já Bruno Alves, outro freqüentador da pista, prefere não alongar antes de iniciar a atividade, porém, ele não desconhece a importância do alongamento. “Sei que é importante e, em outras atividades, outros esportes que exigem mais do meu corpo eu alongo sim, mas na caminhada eu não preciso não”, observa. Segundo o professor José Mauro Silva Vidigal, do curso de Educação Física da PUC Minas, é importante que se faça um aquecimento antes das atividades e o alongamento pode funcionar também como mais um exercício físico. “É interessante que se faça o alongamento como uma atividade comple-

Freqüentadores cada vez mais conscientes da importância da prática correta da atividade física para evitar lesões mentar, já que trabalha as articulações e melhora a flexibilidade”, conta. Ele também ressalta a importância de começar as atividades em um menor nível de exigência, mais moderado inicialmente e ir aumentando a intensidade gradativamente. “O organismo dever receber um estímulo crescente, através de atividades regulares

e condicionadas”, acrescenta. E para os caminhantes de plantão conselhos não faltam para a prática saudável do exercício. “Se liberado pelo médico, escolha um horário do dia em que o sol esteja mais ameno, utilize roupas confortáveis e leves e calçados adequados. Procure caminhar em um terreno plano e

nunca faça exercícios em jejum”, lembra Ana Paula Lagares. “É fundamental para qualquer pessoa que queira iniciar as atividades fazer uma avaliação do condicionamento físico antes. E principalmente que as pessoas também sintam prazer em realizar a atividade, isso ajuda muito na motivação”, afirma José Mauro.


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Novembro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

ESTUDANTES NAS ELEIÇÕES DOS EUA Programa da Embaixada Americana levou os alunos Frederico Silva e Paula Falci para acompanhar as eleições nos Estados Unidos e conhecer o funcionamento do sistema eleitoral do país GUSTAVO ANDRADE

n RAPHAEL NASCIMENTO, 5º PERÍODO

Dois alunos da PUC Minas tiveram a chance de acompanhar de perto as eleições para a presidência dos Estados Unidos, vencidas por Barack Obama. Selecionados pela Embaixada Americana para acompanhar as eleições nas cidades de Raleigh e Washington D.C., os alunos do curso de relações internacionais Frederico Silva e Paula Falci, estiveram naquele país entre 26 de outubro e 8 de novembro. Os dois estudantes participaram de eventos e atividades relacionados à disputa eleitoral entre os candidatos John McCain e Barack Obama. A viagem dos estudantes da PUC Minas começou por São Paulo, onde eles passaram quatro dias ao lado de outros 18 estudantes universitários de todo o Brasil, também selecionados para participar do programa. Durante este período, Frederico, atualmente cursando o 8º período do curso de relações internacionais, e Paula, atualmente no 7º período do mesmo curso, tiveram a oportunidade de ter aulas introdutórias sobre as eleições dos Estados Unidos e outros temas sobre o país. Após este período, o grupo de 20 alunos partiu no sábado, 25 de outubro, para a cidade de Raleigh, capital do estado da Carolina do

Frederico Silva, aluno da PUC, presencionou as eleições dos Estados Unidos Norte, onde se encontraram com os funcionários do governo estadunidense responsáveis pelo programa. Em Raleigh, Frederico, Paula e os outros estudantes selecionados, freqüentaram a Universidade do Estado da Carolina do Norte (NCSU). Ali, o grupo teve aulas sobre o funcionamento do colégio eleitoral do estado da Carolina do Norte, sobre as estratégias eleitorais dos candidatos e outros temas relacionados às eleições. Frederico afirma que o grupo foi muito bem recebido pela universidade e autoridades do estado. "Fomos recebidos pelo

reitor da NCSU, e também tivemos um café-da-manhã com a esposa do governador da Carolina do Norte", conta Frederico. Além disso, os alunos visitaram um centro de votação em Raleigh, onde puderam conversar com eleitores nas filas e também conhecer a cédula de votação, através da qual os cidadãos dos Estados Unidos votam em candidatos a diversos cargos do governo. "É uma folha frente e verso, na qual eles votam não apenas para presidente e governador, mas para um monte de cargos", explica Frederico. O grupo também participou de uma visita programada à

sede do partido Democrata, que foi o único disposto a recebê-los, já que a sede do partido Republicano não se mostrou disponível para visitas. Depois de permanecerem dez dias em Raleigh, o grupo partiu para Washington D.C., capital dos Estados Unidos, onde os estudantes tiveram quatro dias de atividades programadas, bem diferentes das desenvolvidas anteriormente. Paula esclarece que o período em Raleigh foi muito bom do ponto de vista acadêmico e do aprendizado, mas que o período em Washington foi interessante do ponto de vista cultural. "Em Raleigh assistimos a palestras e visitamos lugares que tinham a ver com as eleições. Já em Washington, também visitamos lugares interessantes, mais como turismo mesmo", explica a estudante. O grupo visitou, por exemplo, o Newseum, museu recém-inaugurado em Washington, com memórias da imprensa estadunidense. Na porta do museu, os estudantes tiveram a oportunidade de ver as capas do dia de jornais dos 50 estados daquele país, cobrindo a histórica vitória do candidato Barack Obama nas eleições, o primeiro homem negro a ser eleito presidente dos Estados Unidos. A viagem, incluindo o período de preparação na cidade São Paulo, teve duração total de 18 dias. Os alunos selecionados

para participar do programa tiveram que arcar apenas com os custos de passaporte e visto para os Estados Unidos, já que os custos com passagem, hospedagem e alimentação eram de responsabilidade da embaixada e do governo estadunidense.

O PROGRESSO Para participarem do programa, Frederico e Paula passaram pelo processo seletivo promovido pela Embaixada Americana, que permitia inscrições apenas de universitários matriculados nos cursos de ciências políticas, jornalismo e relações internacionais de todo o Brasil. O processo tinha como objetivo selecionar apenas 20 alunos de todo o país para a viagem. O processo seletivo consistia em analisar a proficiência em inglês, o histórico escolar e uma carta de intenções escrita pelos candidatos. Vera Galante, assessora cultural da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, uma das responsáveis pelo programa, conta que a carta de intenções foi o principal diferencial no momento da escolha. Segundo ela, o conteúdo da carta foi fundamental para escolher 20 dos 732 candidatos inscritos no processo seletivo. Paula explica que tomou a decisão de participar após receber um e-mail do departamento do curso de relações internacionais informando sobre o programa. "Tive

muita vontade de participar porque a viagem estaria dentro de meu perfil como estudante do curso", disse. Além disso, a estudante viu o programa como uma ótima oportunidade de sair do ambiente acadêmico e estar mais próxima de um acontecimento histórico. Já o aluno Frederico acredita que os alunos de jornalismo tiveram maior aproveitamento com o programa. Segundo ele, além de poder observar as eleições do ponto de vista político, como os alunos dos outros cursos, eles ainda tiveram a chance de atuarem como correspondentes internacionais, através de postagens em blogs na internet. A assessora da Embaixada, Vera Galante, explica que a escolha destes três cursos foi feita pensando em garantir um bom aproveitamento da viagem pelos alunos selecionados. "Estes cursos são os que mais tirariam proveito das eleições, já que as disciplinas dos cursos em questão têm interesse direto em temas internacionais", explica a assessora. Vera ainda conta que, durante o surgimento do programa, no final do ano passado, ela não imaginava que as eleições estadunidenses teriam tamanha importância histórica. "Não tinha nem noção que ia ser desse jeito. Quando o programa foi desenvolvido, o Obama ainda nem havia sido definido como candidato do partido Democrata", diz Vera.

Voluntariado mobiliza doadores de medula óssea n LEANDRO MARTINS HORTA, 3º PERÍODO

A segunda edição do projeto Salva-Vidas, responsável pelo cadastramento de doadores de medula óssea, obteve, em um mês de atividade – entre 4 de setembro e 4 de outubro –, 1.853 novos cadastros junto ao Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Na primeira edição do projeto, no ano passado, a campanha contabilizou mais de 300 cadastrados só no Bairro Coração Eucarístico. Este ano, a iniciativa teve sua abrangência ampliada para outros bairros e até municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O número de cadastros superou a estimativa dos organizadores. Eram esperados mil cadastros, mas não existia uma meta específica. O projeto Salva Vidas vem tentando sensibilizar a população com a ajuda de seus parceiros. O desejo é contribuir para o aumento significativo da quantidade de doadores de medula óssea. Em dois

anos de projeto, 2.123 pessoas passaram a integrar o banco nacional de doadores de medula óssea. Cerca de 400 voluntários estiveram trabalhando nesta campanha. O objetivo principal da iniciativa é contribuir para que pessoas que necessitam de uma doação tenham suas vidas salvas a partir de uma ação de voluntariado. Para se cadastrar, a pessoa precisa ter entre 18 e 55 anos. O candidato passa por uma coleta de 5ml de sangue para o teste de compatibilidade e neste momento será preenchido um cadastro com seus dados. Em seguida, este formulário é encaminhado ao banco nacional dos doadores. Caso surja um receptor compatível, posteriormente o voluntário será chamado para novos exames e, se confirmada a compatibilidade, o voluntário é consultado a decidir acerca da doação. A doação praticamente não oferece riscos para o doador, pois são retirados menos de 10% da medula óssea através de punção na região da bacia, sob efeito de anestesia e no dia

seguinte o doador é liberado para retornar às suas atividades. De qualquer forma, se cadastrar significa dar oportunidade de alguém sair da fila de espera pela doação. É muito simples oferecer esperança. “É muito simples se cadastrar e com esse gesto passo a dar mais esperança aos que estão na fila de espera. É um gesto de amor ao próximo”, afirma a aluna do curso de Ciências Biológicas Tábata Alves, uma das inscritas como voluntária para a doação. Algumas doenças afetam as células do sangue e requerem como tratamento o transplante de medula óssea: Anemia Aplástica Grave e alguns tipos de Leucemia como Mielóide Aguda, Mielóide Crônica e Linfóide Aguda. Para alguns pacientes, o transplante é uma das opções de tratamento. Para outros, esta é a única alternativa. Para encontrar um doador compatível buscase, primeiro, na família do paciente. Entre irmãos do mesmo pai e mesma mãe, as chances desse encontro são de 25%. No entanto,

apenas cerca de 40% dos pacientes encontram doadores compatíveis na família. Para o restante dos pacientes a solução é a busca de um doador compatível entre os grupos étnicos semelhantes, porém, as chances se reduzem a apenas 0,1%. Ações e iniciativas de organizações não-governamentais visando à conscientização e ao recrutamento de doadores têm contribuído para o aumento do número de

pessoas cadastradas afirma Dulce, mãe de Deywison, que aguarda na fila para a doação desde dezembro de 2007. Algumas dessas organizações, em parceria com hemocentros, têm organizado campanhas com sucesso, contando com unidades móveis para cadastramento. No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 1.200 pessoas estão cadastradas

aguardando um transplante de medula óssea. Atualmente, o número de doadores cadastrados no Redome ultrapassa cerca 687 mil. Apesar disso, há a necessidade de mais doadores em função da elevada miscigenação. Portanto, aumentar o número de representantes brasileiros no Registro significa oferecer maior diversidade genética para elevar as chances de ter doadores compatíveis com os pacientes.

CINTIA REZENDE

Manifestação durante a campanha de doação de medula óssea que aconteceu em frente à PUC Coração Eucarístico


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APRENDENDO A CUIDAR DOS IDOSOS Com o objetivo de capacitar pessoas para essa atividade domiciliar, a PUC Mais Idade e o Centro de Convivência Dia do Idoso oferecem oficinas preparatórias gratuitas a várias idades n GUYANNE ARAÚJO, 6º PERÍODO

Uma possibilidade de emprego para algumas pessoas, mas para outras, apenas a oportunidade de aprender a lidar com entes queridos. Esta atividade que requer paciência e dedicação vem se destacando atualmente com o envelhecimento da sociedade. Capacitar e preparar cuidadores de idosos domiciliares é o objetivo da Oficina do Cuidado, curso de extensão da PUC Minas, "PUC Mais Idade". A aluna do curso, Nairlea Colen Santiago, acredita que a oficina tem acrescentado e ajudado no lado psicológico. "Já cuidei da minha mãe, que faleceu, e hoje cuido da minha sogra que teve um AVC", relata. Ela procurou a oficina para verificar se está sabendo cuidar da sogra de forma correta em casa e também para orientar a família e mais uma pessoa que a ajuda nos cuidados com a sogra. A oficina acontece gratuitamente toda terça-feira e está em sua primeira turma. "Esse é um curso que ensina cuidados básicos com o idoso", esclarece a estagiária Jéssica Ferreira de Matos, que atua na oficina do cuidado. Segundo ela, o curso é ministrado por alunas, estagiárias voluntárias da área da saúde: psicologia, fisioterapia, nutrição, odontologia e fonoaudiologia. Por meio de palestras e dinâmicas, as áreas vão se alternando durante 14 dias de oficinas sem a repetição de temas. "O curso emite certificado, mas não é profissionalizante", afirma Jéssica. Ao todo são 50 pessoas que participam das aulas e a estagiária conta que elas têm todo o tipo de interesse. São pessoas que trabalham em casas de idosos, que cuidam de seus familiares ou até mesmo as que já trabalham em casas de repouso. Jéssica acrescenta que, desde o início do curso, dia 2 de setembro, 12 alunos largaram a oficina porque conseguiram emprego. "Já na primeira semana arrumaram trabalho. Já indicamos pessoas", ressalta.

Além do curso que acontece na PUC Minas, a mesma oficina é ministrada no Centro Dia do Idoso, no Bairro Dom Cabral. Segundo Jéssica, lá tem uma idosa com mais de 60 anos que freqüenta as aulas. Somando-se ao ensinamento passado aos alunos com os cuidados básicos dos idosos, o curso reforça o auto cuidado para quem faz o curso. Para a idealizadora do PUC Mais Idade e co-coordenadora da Oficina do Cuidado, Geisa Maria Moreira, o foco do curso é trabalhar a saúde e o lado psicossocial do idoso, bem como as potencialidades, singularidades, leis e direitos. EXPERIÊNCIAS Nairlea Colen conta que é importante saber como lidar com as pessoas mais idosas, principalmente quando envolve pessoas da família. "Não só para pessoas que cuidam, mas para a família. A gente que cuida fica mais sensível, percebe as dificuldades da pessoa. Pelo olhar, pela expressão, já sei se a agrada ou não, se é uma pessoa que ela quer ver ou não", argumenta. Essa proximidade torna a pessoa que cuida, alguém que

compreende melhor o que o idoso quer. Segundo ela, a família muitas vezes não consegue perceber alguns detalhes. Nairlea diz que quando uma pessoa está acamada a família não consegue lidar com isso, às vezes por não ter paciência. "A memória falha, não consegue lembrar. Aí, já falam com mais aspereza, você vê que a pessoa fica perdida", relata. Ela acha que a situação fica mais difícil para a família do que para o próprio idoso. "O curso fala que a pessoa idosa é mais resistente, tem que saber trabalhar com eles", comenta. Nairlea lembra que a respeito da sua sogra foi difícil para a família no início, mas que agora eles estão aceitando melhor. Com a experiência que já possui, Nairlea não descarta a possibilidade de trabalhar profissionalmente com idosos. Há um ano trabalhando em uma casa de repouso para idosos como técnica de enfermagem, Vanderleia Aparecida da Silva decidiu fazer o curso para se especificar em geriatria, área que muito a agrada. "Onde estou trabalhando exige o certificado de cuidadores de idosos. Até faxineira tem que

ter o curso, por causa de fiscalização e caso necessitem em alguma urgência", salienta. Vanderleia ressalta que despertou a vontade de trabalhar com idosos por já ter ajudado a cuidar de pessoas na família. Para ela, o curso tem acrescentado conhecimento para que aplique na prática. "Aqui tem mais instrução, especificação. Passamos a conhecer mais a necessidade do paciente. Quem é leigo não tem essa noção. O curso veio para mim assim: união de prática e sabedoria", afirma. Ela garante que realiza as atividades com mais perfeição sabendo o que está fazendo com mais certeza. Regina Kalil Wehbe conta que teve dificuldades em cuidar da mãe que já faleceu, na época em que a mãe tinha mal de Parkinson. "Foi muito doloroso, não sabíamos como lidar e nem procurar as pessoas certas para cuidar. Não tínhamos direcionamento", lembra. Regina comenta que optou em fazer o curso pois surgiu a oportunidade de melhorar e ampliar o conhecimento. Ela fala que os familiares não tinham conhecimento e, por ela estar mais próxima,

GUSTAVO ANDRADE

Durante as aulas da Oficina do Cuidado, alunas aprendem, por meio de dinâmicas de grupos, a lidar com os idosos

procurou auxílio em livros para tirar dúvidas. Ela se interessa em trabalhar profissionalmente ou como voluntária. "Tenho vontade de ajudar, na família ou não. Até para mim mesma, quando envelhecer, quando uma pessoa for cuidar de mim e eu for lúcida, vou esclarecer para ela se é assim ou não", esclarece. Para Regina, a melhor lição que ela leva do curso é saber prevenir. "Para ter uma qualidade de vida mais saudável e no futuro ter envelhecimento com dignidade", define. INTERESSE Luciana Mara de Araújo é psicóloga e cursa enfermagem na PUC Barreiro. Ela tem atuado como professora voluntária nas oficinas, passando cuidados com higiene e explicações sobre algumas doenças. "Os alunos têm bastante interesse e força de vontade, participam bastante fazendo perguntas, contando histórias. É uma conversa simples, sem distância com os alunos", afirma. Ela explica que o curso é uma forma de o leigo saber pelo menos o básico, pois, segundo ela, apesar de terem alunos que já trabalham ou ajudaram em casa com familiares, tem outros que não sabem como é esse cuidado. Luciana pondera que a maioria dos alunos cuidam mais de famílias que em forma de emprego. Outra vertente da oficina é promover o autoconhecimento. "Promover o auto cuidado do cuidador, para saber cuidar tem que saber se auto cuidar", explica. A professora Aline Ramos Niquini, que cursa nutrição na PUC Barreiro, conta que os encontros nas oficinas se tornam um bate-papo e uma constante troca de informações. "Há uma interação”, diz. Segundo ela, o espaço da sala acaba se tornando um ambiente adequado para que os alunos se abram e contem fatos da vida deles. "São orientados e colocam isso nas aulas", comenta. Para Alice, o conhecimento é dividido pelos participantes. "Lá no Dom Cabral tem pessoas entrando na terceira idade

que tomam o conhecimento para si e levam para o vizinho, distribuindo-o", avalia. Maria do Carmo Barbosa procurou a oficina para ela mesma, como conhecimento próprio, sem o intuito de trabalho. "A idade da gente vai chegando e devemos tomar os devidos cuidados para passar para a família", pondera. Ela conta que tem duas cunhadas idosas de 75 e 79 anos e que gosta de sair com elas. "Elas não precisam de cuidados não. Se precisar de mim, claro que vou ajudar", afirma. "Tudo que aprendo é sempre bom para a gente", acrescenta. Neuza Victor da Silva já cuidou de idosos profissionalmente, mas agora tem interesse mais familiar. "Profissional é muito cansativo", relata, apesar de não descartar possibilidades. Ela teve vontade de fazer um curso voltado para essa área, e atualmente cuida da mãe colocando em prática o que aprende. "Às vezes, a prática não é tanto, tão suficiente para saber lidar. Antes cuidava do jeito da gente. Hoje, depois das aulas, vi quanta coisa aprendi e que estava errado e aprendi a fazer o certo", comenta. Marcelo Palhares Costa cuida atualmente de seu padrinho e quis entender melhor a área de psicologia para aperfeiçoar o que faz com ele. "Vim por motivos familiares, mas também profissional. Acredito que essa área é uma boa área para ser explorada, com o envelhecimento muito discutido. Agora, já é uma função bem necessária e daqui a 10, 15 anos, mais ainda", garante. Pessoalmente, Marcelo quis aprofundar mais na questão psicológica para entender melhor a cabeça dos idosos, para poder ajudar mais. Ele conta que como cuida de um familiar, tem que saber separar o sentimento e a função. "O cuidador precisa de uma base forte. Estar ali na linha de frente, de choque, tem que lidar com as barreiras e ouvir, ter paciência", argumenta. A respeito das aulas, ele diz que quando trocam experiências sobre os problemas, fica mais fácil para esclarecê-los.

Oficina da PUC Minas apresenta lista de espera Idealizadora do PUC Mais Idade e coordenadora da Oficina do Cuidado, Geisa Maria Moreira revela que essa é a primeira oficina que acontece na PUC Minas, pois a demanda por cuidado com idosos foi aumentando. A princípio, eram desenvolvidas atividades em centros de convivência com idosos na cidade, no curso de memória e de inclusão digital – também realizado pelo programa PUC Mais Idade – focado na psicologia e fisioterapia. Desde 2004, havia a proposta da oficina e Geisa Moreira foi negociando com os cursos da área de saúde a possibili-

dade de os alunos darem as aulas. Segundo Geisa, essa era a maneira de os alunos participarem de um curso de extensão para trabalhar nessa área de forma complementar, já que ainda não há uma disciplina específica no currículos vinculada a essa questão e, de acordo com o estatuto do idoso, teria que ter. Geisa Moreira explica que a oficina é voltada para pessoas que já estejam cuidando de idosos, que sejam familiares e com poucos recursos. "No Brasil, a transformação social deve começar pela família, que é considerada a segunda maior que violenta os direitos dos

idosos, sendo a primeira o governo que negligencia e não dá recursos", informa. Segundo Geisa, a família deve desmistificar a idéia que idoso não aprende, não é útil, que só dá trabalho. A oficina, segundo ela, vai além da perspectiva de saúde. Trabalha a relação sujeito com ambiente, o próprio corpo e a relação psicosociais que envolve o idoso. "A família pode atrapalhar se não for orientada", diz. E ela dá um exemplo. "Se o idoso está acamado, mesmo assim deve escovar os dentes. São coisas mínimas, mas que necessitam de orientação. A tendência é falar pelo idoso sem levar em

consideração que precisa estimulá-lo para sobreviver", diz. Ela lembran que, segundo pesquisas do Datasus, no Brasil, a maioria dos cuidadores de idosos são informais ou são amigos, familiares ou vizinhos sem formação alguma para exercer tal auxílio, ou até mesmo uma empregada doméstica que realiza também a função de cuidadora. "Considerando-se que, no Brasil, o salário do idoso é em sua maior parte de até três salários mínimos, imagine o que isso acarreta", observa. De acordo com Geisa, o cuidador deve ser uma pessoa que possa lidar com o próprio envelhecimento,

que goste de cuidar de idosos e que quebre preconceitos. "Alguém que saiba lidar com isso e que seja tecnicamente preparada", esclarece. Geisa comenta que existe uma fila de espera de 40 nomes para o próximo, que acontecerá no ano que vem. PUC MAIS IDADE Além da Oficina do Cuidado, cursos como memória e elaboração de projetos de vida e inclusão digital são oferecidos para as pessoas a partir de 50 anos, com o objetivo de pensar o envelhecimento de forma preventiva. O curso/oficina da memória trabalha com a memória como cognição e como

reminiscência, ou seja, com a estimulação e com lembranças do passado. De acordo com Geisa Moreira, o PUC Mais Idade, que oficialmente existe desde 2004, é um programa de estudo, pesquisa e desenvolvimento de educação continuada para pessoa idosa. Segundo ela, os objetivos básicos são promover uma política de atenção ao idoso e a comunidade, ampliar relações, propiciar uma melhora no nível de escolarização, potencializar a pessoa idosa para transmitir cultura à outras gerações e ampliar o estudo e pesquisa do envelhecimento na universidade.


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Novwmbro • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

ALBERGUES ATRAEM PÚBLICO EM BH Com preço mais em conta e a possibilidade de conhecer novas pessoas, os albergues atraem os turistas que preferem a comodidade de se hospedarem em um lugar menos formal que um hotel YONANDA DOS SANTOS

n ANA LUÍSA AMORE, ISABELLA LACERDA, STEFÂNIA AKEL, 2º PERIODO

Viajar de bicicleta de São José dos Campos (SP) até Natal (RN) pode parecer difícil, mas para o professor de educação física Fernando de Souza, de 32 anos, isso já se tornou habitual. Hospedado no albergue Sorriso do Lagarto, localizado no Bairro São Pedro, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, ele afirma que esta é sua sexta viagem feita dessa maneira. Percorrendo a Estrada Real, o professor decidiu parar em Belo Horizonte para conhecer a capital. Em suas paradas, ele costuma se hospedar em albergues. “O mais importante de um albergue é o custo reduzido e a facilidade para conhecer outras pessoas. Como vou passar 60 dias viajando, procuro ficar em lugares baratos”, comenta. Um dos donos do Sorriso do Lagarto, Wellington Luís de Oliveira, 41 anos, concorda com Fernando e acrescenta que o clima familiar do albergue faz com que o hóspede se sinta em casa. “Quem já tem a cultura de albergues quer viajar barato e ter a facilidade de intercâmbio de conhecimento. Além disso, no albergue não tem aquela formalidade de um hotel. Aqui você fica como se estivesse em casa”, explica. O albergue, que tem capacidade para 35 pessoas, oferece quartos coletivos, triplos e individuais, separados por sexo, com preços de

Edilaine Conceição Machado trabalha no albergue Pousadinha Mineira, que possui capacidade para 200 hóspedes diária que variam entre R$ 25,00 e R$45,00, além de banheiros coletivos. A diária inclui internet, café-damanhã, cozinha disponível, roupa de cama e escaninhos para objetos de valor. “Na entrada dos hóspedes a gente avisa que não se responsabiliza por nada que sumir”, afirma o dono. De acordo com Wellington, o Sorriso do Lagarto existe há quatro anos em Belo Horizonte, e há nove meses inaugurou uma filial em Ouro Preto. “Funcionam bem. Acho que principalmente devido à propaganda, que é muito importante. Divulgamos nossos albergues em muitos sites que são mundialmente conhecidos”, explica. O irmão de Wellington, Washington de Oliveira, também dono do albergue, comenta que o local recebe hóspedes de diversas idades,

além de muitos estrangeiros que já estão acostumados com o esquema de albergues. “O perfil dos hóspedes muda muito dependendo da época. Vêm muitos franceses, ingleses, americanos”, diz. Ele acrescenta que também recebe intercambistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e turistas em geral. A localização também é um fator considerado importante pelos hóspedes. “Me falaram que esta é a melhor região de Belo Horizonte”, salienta Fernando. Ele conta que chegou a ligar na Pousadinha Mineira, albergue localizado no Centro da capital. Um amigo recomendou, entretanto, que não se hospedasse lá, devido à questão da localização. Para Edilaine Conceição Machado, funcionária da Pousadinha Mineira, a localização do albergue na ver-

dade é uma vantagem. “Aqui fica perto de tudo. Também é perto do Minas Tênis Clube, com o qual temos um convênio”, explica. Ela conta que recebe, durante todo o ano, atletas que disputam competições no clube. “São atletas do basquete, natação, judô, vôlei. Eles vêm do Rio, interior de Minas, Espírito Santo, e até mesmo do sul do Brasil”, comenta. Além dos atletas, o albergue recebe também estudantes e candidatos de concursos. É o caso de Darcy Leite, de 28 anos, que veio de Goiânia para um concurso da Polícia Militar. “É a primeira vez que fico em um albergue. Gostei do preço, da limpeza e do tratamento”, comenta. O Pousadinha Mineira, um dos quatro albergues da capital, que tem capacidade para 200 pessoas, oferece somente quartos e banheiros

coletivos, separados por sexo, com diárias a partir de R$ 16, sem roupa de cama. A cozinha não é aberta aos hóspedes, sendo disponível somente uma geladeira, mas o albergue também oferece café-da-manhã. Além disso, há um elevador, uma televisão e diversos escaninhos à disposição dos hóspedes, que podem ficar somente até sete dias. Segundo a administradora do albergue, Rozimárcia Vieira Rego, a Pousadinha tem 21 anos de funcionamento. “Começamos junto com esse projeto de albergues, logo no início, com a proposta de oferecer uma acomodação que fique em conta para o hóspede, sem dispensar o conforto”, revela. Ela conta que, juntamente com o marido, inspirou-se nos albergues norte-americanos quando moraram lá. “Os americanos preferem albergues. Para que gastar muito dinheiro em um lugar em que você só vai dormir?”, questiona. Os donos dos albergues acreditam que esse tipo de hospedagem está sendo mais procurado em Belo Horizonte, graças à maior infra-estrutura dada pelo governo à capital. “Belo Horizonte, há dois anos, era um lugar para se comer, dormir e seguir para as cidades históricas. Agora, os estrangeiros chegam a BH e ficam muito mais tempo. Sempre acabam voltando”, conta Wellington. Além do Sorriso do Lagarto e da Pousadinha Mineira, existem em Belo Horizonte mais dois albergues: Aconchego da Pampulha, na Região da

Pampulha, e Chalé Mineiro Hostel, em Santa Efigênia. HISTÓRIAS Em quatro anos de trabalho como funcionária da Pousadinha Mineira, Edilaine tem várias histórias para contar. “Já aconteceram tantas coisas que dá até vontade de escrever um livro”, brinca. Ela lembra que recebeu um grupo de índios para um intercâmbio cultural na UFMG. “É engraçado porque eles gostam de dormir no chão, não gostam de elevador e se vestem como índios mesmo. Os homens usam saias e se pintam”, conta. Personalidades também já visitaram a Pousadinha. O lutador Vítor Belfort e o ex-jogador da seleção brasileira de vôlei, Pelé, estiveram no albergue acompanhando atletas que se hospedaram no local. Já no albergue Sorriso do Lagarto predominaram as histórias de amor. “Aqui sempre tem esse tipo de história. Normalmente, são as meninas que se apaixonam pelos gringos, e eles prometem que as levarão junto com eles mas não levam nada”, conta Wellington. Mas não é sempre assim. De acordo com Wellington, algumas histórias tiveram um final feliz, como a de um francês que conheceu uma brasileira na Inglaterra, mas ela voltou para o Brasil. Quatro meses depois, ele resolveu fazer uma surpresa para ela vindo até o Brasil, porém ela já estava com outro. “Ele ficou muito chateado e a gente teve que animá-lo. Ele começou a sair com outros hóspedes do albergue e conheceu outra brasileira. Atualmente, ele está aqui em Belo Horizonte morando com a namorada”, relata.

GUSTAVO CAETANO

Aumentam lan houses nos bairros e no centro da capital n GUSTAVO CAETANO, ANDERSON FABIANO DE SOUZA, 1º PERÍODO

Recentemente, um fenômeno que tem alterado a paisagem das cidades é a multiplicação das lan houses. Esse tipo de estabelecimento, que oferece a possibilidade de jogos de computador em rede, tem se espalhado tanto no centro da cidade quanto nos bairros. Embora apresentem configurações espaciais semelhantes, ou seja, computadores ligados em rede controlados por um servidor, esses locais possuem vários aspectos que os diferenciam. O preço e o tipo de máquinas disponibilizadas são algumas das características que particularizam as “lans”, nome pelo qual as lan houses são conhecidas pelos usuários. O preço é o principal fator de atração de clientes. Na região central são encontrados os menores valores, que giram em torno de R$ 1 a hora em oposição aos bairros, nos quais os valores iniciam-se em R$ 2 e chegam à R$ 3,50 a hora. “Nosso preço é um dos menores, por isso estamos sempre lotados”, afirma Alana Duarte, funcionária da Lan House Maleta Net no centro

de Belo Horizonte. Outro fator não menos importante é o tipo de máquina disponibilizada. Na era das telas de LCD, processadores Dual Core e laptops, as empresas que estão na vanguarda se destacam. E, também nesse critério, os estabelecimentos da região central tomam a dianteira, pois apesar de as “lans” dos bairros oferecerem máquinas com forte apelo estético, as configurações ainda são muito básicas. “Tem cliente que fica na fila para usar o laptop, mesmo com computador normal (máquinas com monitores maiores) disponível vazio”, alega Geise Marta, funcionária de uma lan house no Edifício Maleta. Um critério que coloca em xeque as vantagens de alguns estabelecimentos centrais é a aparência do local. Nos bairros, há enorme preocupação em criar uma atmosfera agradável e sofisticada para atrair clientes, enquanto em boa parte dos estabelecimentos na área central, essa preocupação parece inexistir.“ O ambiente da lan house que freqüento no meu bairro é muito agradável, além de ficar longe do barulho típico da área central”, diz Gabriela Santana Coutinho, moradora e usuária de lan house no

Vista do Sol, Bairro da Região Nordeste da capital. Atualmente, as lan houses passaram a se tornar pontos de encontro. Mais que reunir grupos de jovens para jogar em rede, elas são o local em que diversas “tribos” (emos, metaleiros, skatistas, entre outros grupos) se reúnem. Além disso, o perfil do usuário se diversificou tanto que é possível encontrar pessoas das mais diversas faixas etárias. Leandro Rodrigues Rocha _ estudante de jogos digitais, afirma que vai à lan house pelo menos uma vez por semana, para se reunir com os amigos. “Tenho computador em casa, mas gosto de sair para participar de campeonatos de CS (Counter Striker, jogo muito comum em lans) e ver a galera”, conta o estudante. Um fator que aproxima as empresas desse setor é a diversidade de serviços oferecidos. É comum encontrar nesses locais: impressão, digitação de trabalhos, elaboração de currículos, retirada e pagamento de contas, entre outros. “Costumo freqüentar lan houses apenas para imprimir textos da faculdade”, diz Ana Paula Ramires, estudante do curso de direito. No entanto, duas atividades se sobrepõem às demais

José Roberto Lima, gerente da loja Alvo Video Lan, inovou ao instalar uma lan house junto à sua antiga locadora (até mesmo aos jogos em rede): o acesso a sites de relacionamento e utilização de programas para troca de mensagens instantâneas. “Na maioria dos casos, as pessoas que vêm para usar a internet estão interessadas em sites de relacionamento, como o Orkut, ou em conversar com amigos via MSN”, diz Elder de Souza Carvalho, funcionário da Micro Spaace Lan House no Vista do Sol, Bairro da Região Nordeste de Belo Horizonte. NOVO PERFIL O grande número de pessoas que adquiriram computadores, aliado à aprovação da lei que restringe a entrada de menores nas lan houses, fez com que alguns estabelecimentos passassem por mudanças. Atualmente, é comum encontrar lans que se fundiram à

sorveterias, locadoras de vídeo e copiadoras. Esse é o caso da Adventure Lan, empresa situada no Bairro Ipiranga, próximo à Faculdade Universo. De acordo com o funcionário Tiago Mendes, o local se encontra numa faixa de transição entre lan house e copiadora. “Com a lei que limita a entrada de menores, os jogos perderam seu lugar de destaque aqui na lan. Mas isso abriu espaço para um público proveniente da faculdade aqui perto. Agora fornecemos serviços de xerox e impressão de trabalhos”, afirma Ester Reis, também funcionária da Adventure Lan. Nesse cenário, observa-se que essas casas passam a funcionar, em alguns casos, como pontos de acesso a internet. Essa nova configuração permitiu sua associação a outros negócios, revitalizando-os. José Roberto Lima, gerente da Alvo

Vídeo Lan, localizada no Bairro Tupi, conta que antes da instalação da lan no mesmo espaço de sua locadora de vídeo os negócios não estavam bons. “O objetivo era fazer com que o público da lan house viesse para a locadora e que o da locadora fosse para a lan”, conta o gerente. Iniciativa semelhante aconteceu na Brother Games situada à Rua Curitiba, no centro de Belo Horizonte. Inicialmente, a loja era voltada para o setor de vídeo games, consoles e jogos, e com o tempo foi incorporada uma locadora (de filmes e jogos). Agora, possuem também um espaço que congrega jogos em consoles (Playstation3, XBOX) e jogos em PC, além do uso da internet. “A estrutura e o conforto são os principais fatores de atração de clientes”, afirma o gerente Tiago Batista.


8 Cidade

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• 2008

SETOR IMOBILIÁRIO MUDA SEU FOCO Em função da crise econômica mundial, imobiliárias acenam com mudanças de estratégia para o próximo ano e acreditam que haverá crescimento de comercialização de imóveis usados GUSTAVO ANDRADE

n DOUGLAS DORNELAS, 5º PERÍODO

Levado pelo crescimento econômico do país o mercado imobiliário aqueceu suas vendas nos últimos dois anos. Agora com a crise econômica mundial, o futuro é incerto para este setor. O certo é que as imobiliárias devem adotar novas estratégias para o próximo ano. Como é o caso de Eurico Santos, dono da Net Imóveis, imobiliária do Coração Eucarístico. Ele acredita que o foco agora deve ser os imóveis usados, pois estes sofrerão o impacto da crise, mas, posteriormente irão se recuperar. O motivo disto são pessoas que casam, se separam ou recebem heranças e precisam comprar ou vender os imóveis. A localização do Campus da PUC no Coração Eucarístico facilita o trabalho das imobiliárias que, constantemente, fecham negócios de venda de imóveis. De acordo com Dimas Santos, corretor da Fernando

Mendonça Imóvel, esta facilidade é motivada principalmente por pessoas vinculadas à faculdade. Segundo ele, geralmente são pais ou estudantes que vêm do interior para estudar e acabam se mudando para o bairro. O aumento dos créditos contribuiu para as vendas no setor imobiliário, pois grande parte dos clientes recorrem aos financiamentos na hora de comprar o seu imóvel. "O financiamento é a bola da vez, porque o cidadão paga os juros, mas o imóvel valoriza o equivalente a cobrir estes juros", explica Dimas Santos. Segundo a pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead), referente ao primeiro semestre de 2008, a média de preços em Belo Horizonte é a maior dos últimos anos: R$ 356.880, enquanto em junho do ano passado era R$ 299.640. O Bairro Coração Eucarístico, de acordo com a renda de seus habitantes, se inclui na classe

alta. Para esta categoria de bairro o preço de um apartamento convencional – dois quartos – custo em torno de R$ 74 mil a R$ 165 mil. A velocidade das vendas dos apartamentos aumentou, no mês de junho chegou a ser 27,32 no ano passado era 16,20. Este resultado é obtido através da soma entre o número de vendas, a quantidade de apartamentos ofertados no inicio do mês dividido pelas unidades de apartamentos que sobraram no final deste mês. O número de apartamentos ofertados em junho deste ano diminuiu para 1466 contra 1728 no final do primeiro semestre de 2007. Isto se deve ao fato de que as vendas aumentaram, em junho deste ano chegou-se a vender 551 apartamentos, já no ano anterior foram vendidas 334 unidades neste mesmo mês. Para João Henrique Garcia vice-presidente das Incorporadoras da CMI (Câmara do Mercado Imobiliário) o aumento dos preços imobiliários acom-

panha principalmente o do custo na construção civil. Os materiais de construção subiram, em destaque o aço que neste ano teve um aumento de 50%, e também o custo da mãode- obra. "Houve uma recuperação dos preços em um mercado que estava praticamente estagnado há uns dez anos. Realmente houve um aumento considerável no preço dos imóveis", explica Eurico Santos. Segundo ele, estes preços tendem a se estabilizar no próximo ano. EFEITOS DA CRISE Para João Henrique Garcia a atual situação econômica pode ser favorável ao mercado imobiliário. Acredita-se que o dinheiro que está aplicado nos bancos, será agora direcionado à compra de imóveis. O clima de insegurança pode levar as pessoas adquirirem imóveis como uma fonte de renda segura. Apesar disto a construção civil tende a dar certa paralisada no próximo ano, pois a

Vendas no mercado imobiliário estão aquecidas nos últimos dois anos no país demanda por imóveis estará afetada. Também porque neste ano já houve muitos lançamentos de imóveis novos. Contudo o mercado está com bastante dinheiro. Os bancos irão manter sua programação de empréstimos, mas ainda fazendo ajustes nos juros. As classes de renda média e baixa, onde existe um déficit

habitacional, ficarão sem condições de adquirir um imóvel, pois o prazo máximo de financiamento é de 20 anos e o custo deste imóvel aumentou. Estas pessoas não terão a renda mínima para poder financiar a casa própria. Segundo João Henrique, a solução é o governo aumentar o prazo de financiamento.

Grupo leva cursos e alegria para a terceira idade GUSTAVO ANDRADE

n GLÁUBER FRAGA, 4º PERÍODO

Com sede no Bairro 1º de Maio, o Grupo de Convivência da Terceira Idade Turminha Alegre, fundado em 1983, oferece para pessoas a partir de 45 anos diversas atividades; desde cursos de informática, alfabetização, teatro e dança, até trabalhos manuais. Além disso fornece gratuitamente atendimentos de fisioterapia, odontologia e psicologia. Ao todo são 870 pessoas cadastradas, sendo que a maioria delas idosos. A Turminha Alegre tem como objetivo desen-

Alunos do Grupo Turminha Alegre participam das aulas de dança oferecidas pelo projeto que atende à terceira idade

volver atividades para tirar seus alunos da depressão, dependência e poder trazer, através das oficinas de artesanato, uma fonte de renda. "Este grupo trouxe muitas coisas boas para minha vida. Nós passeamos muito, são várias excursões. Nós temos aulas de tapeçaria, crochê, são inúmeras atividades. Eu tenho 71 anos, e aqui temos trabalhos interessantes não só para pessoas da nossa idade, mas também para jovens", diz Nilta Carvalho, aluna do projeto. A entidade filantrópica administrada pela comunidade, sobrevive de convênios com a prefeitura,

realização de eventos, doações e grupos de geração de renda. Segundo a gerente administrativa, Rosina Pereira dos Santos, a Associação passa por dificuldades financeiras e acumula salários atrasados e, para ela, a necessidade de realizar mais eventos e conseguir novos doadores é grande. Rosina Pereira dos Santos ainda completa dizendo que a próxima meta do Grupo de Convivência Turminha Alegre é construir sua sede própria, evitando assim despesas com aluguel e, por conseqüência, poder investir em outros tipos de atividades e mais profissionais.

YONANDA DOS SANTOS

UFMG faz campanha para incentivar adoção de gatos n RAPHAEL VIEIRA PIRES, JOSÉ CÂNDIDO PEREIRA JR, 1º PERÍODO

A Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) iniciou em março deste ano um projeto de adoção de gatos por causa do grande número de animais que se encontram no local. Com a função de não deixar crescer a população de gatos, a Fafich realiza um programa de castração dos felinos enquanto não aparece ninguém interessado em adotá-

los. Com a finalidade de controle de zoonoses e evitar o extermínio dos animais, a adoção e conscientização dos alunos foi o caminho mais ético encontrado para a resolução do problema. Atualmente existem 25 gatos adultos e cinco filhotes, sendo 20 destes já castrados, vacinados e vermifugados. Para se adotar um felino a pessoa interessada assina um termo de compromisso e recebe instruções de como cuidar do animal. Tudo isso para manter certo controle e para preservar a integridade do animal. Desde março foram adotados cerca de 30 gatos. Uma das principais causas do grande número

de animais que estão na Fafich é o abandono. "As pessoas passam por aqui e deixam os animais. Já achei gatos dentro de caixas jogadas no chão. Quem não tem consciência e fica sabendo que aqui tem quem cuide e dê ração, acaba largando o animal aqui. É triste", explica Mailce Maria Mendonça Mendes, uma das coordenadoras do projeto. A verba utilizada para a castração, vacinação, ver mifugação e compra de ração é repassada pela diretoria da Fafich, que é a favor do projeto. De acordo com Mailce, a Fafich gasta cerca de R$ 500 por mês para manutenção do projeto.

"Nós temos sorte de a diretoria apoiar a gente, ajudam na divulgação e financiamento", diz Mailce. Porém daqui a um ano e meio a diretoria da Fafich irá mudar e o futuro do projeto e dos animais ainda é incerto. Quem adotou um gatinho confirma que é muito bom ter a companhia de um. Silvana de Souza, faxineira da Fa f i c h , não se arrepende. "Amo meu g a t o, a d o r o e s t a r e m companhia dele", afirma. E as pessoas que adotam apóiam e divulgam o projeto. "Apóio o projeto e espero que ele e x i s t a s e m p re " , a f i r m a Silvana. Poucos alunos entre-

A coordenadora Mailce Maria Mendonça teme pelo futuro do projeto vistados souberam da existência da adoção de gatos dentro da faculdade. O projeto atualmente precisa de ajuda na divulgação, doação de ração, algum veter i n á r i o q u e c a s t re o s

animais gratuitamente. Os coordenadores, com a ajuda de alunos e adotantes, estão montando um blog como intuito de divulgar mais a adoção de gatos dentro da Fafich.


Cidade Novembro• 2008

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PEDALADAS NOTURNAS PELA CIDADE Para quebrar a rotina, belo-horizontinos se reúnem todas as quartas-feiras para andar de bicicleta. É o Le Vélo, idéia que surgiu após uma viagem da jornalista esportiva Andréa Marcellini ARTHUR LARA MOREIRA

n GABRIEL DUARTE, ISABELLA LACERDA, 2º PERÍODO

O analista de sistemas Alexandre Hosken, 30 anos, todas as quartasfeiras, ao sair do trabalho, observava um grupo de pessoas pedalando pela Região Centro-Sul da cidade. Ele, que sempre foi sedentário, obeso e fumante, estava à procura de uma atividade que o tirasse de sua rotina. Ao descobrir que seu amigo de faculdade fazia parte do Le Vélo (a bicicleta, em francês), grupo que promove passeios de bicicleta por Belo Horizonte e cidades próximas, à noite, resolveu aderir a essa prática. Alexandre é adepto há um ano do Le Vélo e vê o esporte como uma ótima quebra de rotina. "A primeira vez foi no posto Chefão, e eu 'morri' no começo da pedalada. E na segunda vez foi a mesma coisa", conta. Ele explica que ficou três semanas sem ir ao Le Vélo, porque estava desmotivado, achando que nunca conseguiria. "Comecei a praticar pedaladas na Lagoa da Pampulha, dando voltas devagarzinho. Depois fui aumentando meu ritmo", comenta. Além desta dificuldade, o analista de sistemas acabou não contando com o apoio de sua esposa, que acredita que esse esporte é perigoso. "Tive que fazer um acordo com ela. Enquanto eu pedalo, ela vai para o bar com as amigas", diz. De acordo com o integrante do Le Vélo, além de ser uma prática saudável, o esporte possibilita a formação de novas amizades. "Nesse último ano conheci mais gente do que nos últimos dez anos", ressalta Alexandre. A jornalista especializada em esportes Andréa Marcellini, coordenadora e idealizadora do projeto, conta

Le Vélo incentiva prática de esportes

Integrantes do Le Vélo unem a prática de esporte com a diversão, através de passeios noturnos de bicicleta por BH que a idéia de criar esse passeio pela cidade surgiu há quatro anos, quando viajou pela Europa e percebeu que lá as pessoas utilizam bicicleta como meio de transporte para ir à padaria, shopping e escola. "Tive a idéia de formar um grupo de passeio quando voltasse à Belo Horizonte. O problema era que na cidade havia muitos morros e muita violência. Então em outubro de 2004 chamei 12 amigos para passear pela cidade à noite, e eles toparam e gostaram", relata. A partir daí, iniciou-se o Le Vélo, que atualmente tem de 100 a 120 integrantes. Segundo Andréa, o passeio ocorre com rotas préestabelecidas, como voltas na Lagoa da Pampulha, da BR O40 até o posto Chefão, e da Avenida Prudente de Morais ao Belvedere. Para que seja possível sua realização, é necessária uma grande infra-estrutura. "Só saímos se for com segurança e sem chuva. Temos acompanhamentos de carros de uma empresa de segurança e recebemos ajudas financeiras de duas lojas de bicicleta que nos dão ma-

nutenção", comenta. Além disso, a idealizadora diz que ao final dos passeios os atletas se reúnem para fazer um lanche.

DIFICULDADES Andréa explica que mesmo após esses quatro anos de existência, ainda encontra uma série de dificuldades. "O ciclista passa por duas dificuldades na cidade, uma é pelo trânsito perigoso e outra é a questão dos assaltos", conta. Dessa forma, têm que buscar maneiras de diminuir esses riscos. A coordenadora ressalta a questão do trânsito, quando os ciclistas encontram dificuldades em serem respeitados pelos outros motoristas. "Quando o Le Vélo começou a gente teve dificuldade de mostrar ao trânsito que nós fazíamos parte dele também", diz. O estudante de 14 anos, Gustavo Lodi, relata que seus pais não o apóiam nessa prática, pois a vêem como uma atividade perigosa. Ele, que pratica esportes radicais como o down hill e motocross,

também vê muito risco no Le Vélo. "Tem carro que quase atropela a gente. Porém, o Le Vélo é uma forma de se distrair, conhecer pessoas e ganhar resistência física para os outros esportes que pratico", justifica. Como auxílio aos integrantes, o Le Vélo conta também com a presença de monitores. Esse é o caso de Eduardo Miranda, 21 anos, que faz parte do grupo desde sua criação. Quanto às dificuldades, Eduardo, que também é vendedor de bicicletas, afirma que enfrenta problemas com os participantes. "O maior problema de ser um monitor é saber lidar com algumas pessoas que são inexperientes. É muito difícil trabalhar com pessoas que não têm experiência nesse esporte. São as pessoas que só sabem assentar e andar", ressalta. Entretanto, esse esporte também propicia o aprendizado mútuo entre as pessoas. "Já conheci muitas pessoas no meio e ensino e aprendo ao mesmo tempo com elas", complementa.

Devido ao grande número de integrantes do Le Vélo, passeio de bicicleta que acontece todas às quartas-feiras na parte da noite por alguns bairros e pontos turísticos da capital, a coordenadora e idealizadora do projeto Andréa Marcellini conta que as pessoas já estão aderindo ao hábito de andar de bicicleta e, o que era uma forma de quebra de rotina, está se tornando um costume entre as pessoas. "Tem muita gente que está começando a ir para o trabalho e para a escola de bicicleta", diz. De acordo com Andréa, não há dificuldades em fazer parte do Le Vélo. Basta fazer um cadastro assinando um termo de responsabilidade dizendo que a pessoa é saudável, que possui boas condições físicas e que se responsabiliza por seus atos. "Ao preencher o cadastro, a pessoa compra uma camiseta, que custa R$ 25, onde é possível guardar os objetos pessoais", explica. A melhor forma de garantir a saúde e segurança dos participantes, segundo a coordenadora, é um convênio que o grupo tem com um hospital de Belo Horizonte. "Nunca tivemos um acidente grave. Mas caso precisemos, temos um convênio com o hospital Vera Cruz", explica. Entretanto, Andréa acredita que acidentes graves não ocorrem devido a algumas regras nas quais os integrantes do Le Vélo devem seguir: o uso do capacete e do uniforme, circulação somente

pela faixa da direita e nunca ultrapassar o líder do grupo. Para evitar acidentes, as bicicletas também contam com uma luz traseira que facilita a visão dos motoristas que trafegam nos locais que os ciclistas utilizam, e que deve permanecer ligada durante o trajeto. Como o percurso é de 15 a 20 quilômetros, há o auxílio de uma pick-up para aquelas pessoas que não conseguem completar o percurso. "Essas caminhonetes são chamadas de febre-amarela, por serem amarelas e brancas", acrescenta Andréa. Além dessas regras, Andréa ressalta que existe o mínimo de idade para uma pessoa participar do Le Vélo, porém, não há um limite máximo de idade. O candidato deve ter no mínimo 12 anos e estar acompanhado pelos responsáveis. A partir dos 16 anos e até os 18, o integrante depende de uma autorização por escrito dos responsáveis para pedalar sozinho. A idealizadora afirma que fazem parte do grupo pessoas de todas as idades. "Temos jovens de 14 a 16 anos, e até pessoas de 60 anos", conta. Esse é o caso do estudante de 16 anos, Rodrigo Tomasi, que participa há apenas dois meses dessas pedaladas e que já conheceu inúmeras pessoas, além de ter melhorado sua forma física. "Isso é muito melhor do que perder tempo em casa. Às vezes fazemos até trilhas e coisas desse tipo", diz.

Trabalho de agentes que fiscalizam o centro divide opiniões n DANILO GIRUNDI, MARCOS FIGUEIREDO, 2ºPERÍODO

Em uma caminhada pelo centro de Belo Horizonte, em qualquer dia útil, é possível notar a presença, normalmente em duplas, de alguns homens vestidos com colete e boné azul da prefeitura da capital, com os seguintes dizeres nas costas: Fiscalização e Apoio. Mas o que será que eles fiscalizam? E o trabalho deles é conhecido e reconhecido pelos cidadãos? Willian Nogueira, gerente de Regulação Urbana da Regional CentroSul, explica que os auxi-

liares de fiscalização ficam espalhados pelo centro para descobrir e comunicar aos fiscais locais de venda de "toreros" (camelôs) e de estabelecimentos que não possuem alvará da prefeitura para funcionar. O número de auxiliares não é divulgado. “Para que não se perca o fator surpresa", justifica Nogueira. Quando questionado sobre possíveis conflitos durante autuações, o gerente de regulação urbana relata que é bastante rotineira, durante a apreensão, a resistência dos "toreros". "Eles ficam agressivos mesmo com a presença da Polícia Militar", comenta Nogueira. Os casos extremos são

presos e encaminhados para a Delegacia Especializada Adjunta ao Juizado Especial Criminal (Deajec), onde são analisados. O auxiliar Gilberto Ramos, 32 anos, diz que às vezes tem que chamar reforço dos auxiliares para conter os camelôs. "Às vezes dá até dó, mas a gente tem que pedir para eles se retirarem", comenta o colega Jefferson Carlos da Silva, 28 anos. A reportagem conversou com 15 pessoas que passavam na tarde de uma quinta-feira na esquina das Ruas São Paulo com Tupis e questionadas sobre a função dos auxiliares. Sete entrevistados não tinham idéia sobre a função exerci-

da por eles. A estudante pré-vestibulanda Jéssica Drummond, 17 anos, pensa que eles são da BHTrans. Para Daniela Bastos, estudante de cursinho pré-vestibular, de 20 anos, "eles são uns à toa da vida que não fazem nada". A entrevistada relatou que passa todos os dias no local e só os observa conversando e olhando para o alto. Já Gilberto Alves, eletricista de 30 anos, conhece a função dos auxiliares, mas não acredita que seu trabalho seja eficiente. “Eles ficam só andando, não fazem nada", comenta. Geraldo Vilas Boas, corretor de imóveis de 46 anos, por sua vez, acredita que o

trabalho deles é eficiente. "Creio que sim, porque estou vendo poucos vendedores ambulantes nas ruas", argumenta. O gerente da loja A Seresteira, localizada à Rua Curitiba 1022-loja nº8, Denílson Viana, 26 anos, relatou que o trabalho dos fiscais funciona algumas vezes. "Mas quase todo dia eles vendem com uma barraquinha perto do banco Itaú", diz o gerente, referindo-se aos ambulantes. Segundo ele, o movimento de camelôs diminuiu depois da abertura dos shoppings populares e com o início da fiscalização. Entretanto, os camelôs ainda aparecem devido à procura dos po-

pulares por mercadorias de preço mais baixo, mesmo sendo falsificadas.

TRABALHO Para a funcionária dos correios Eva Santos, 57 anos e para a manicure Berenice Aparecida Sousa, 48, o trabalho dos fiscais não é bom. “Por causa da oportunidade de trabalho que eles tiram de pessoas que precisam", comenta Eva. Ambas concordam que a saída encontrada pelos ambulantes não deveria ser repreendida pelos auxiliares. “Eles só ficam encostados ali prejudicando quem precisa trabalhar", diz Berenice.


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• 2008

OPORTUNIDADE PARA GERAR RENDA A falta de padeiros e confeiteiros no mercado de trabalho levou Mauélia Teixeira a oferecer curso de panificação básica para a comunidade por meio do Centro Educativo Cândida Cabral GUSTAVO ANDRADE

n GUYANNE ARAÚJO, PATRÍCIA SCOFIELD, 6º PERÍODO

Ovos, manteiga, farinha, sal, açúcar, água e fermento. Esses são os ingredientes que trazem perspectiva de emprego para 18 alunos de duas turmas da escola profissionalizante Mário Linhares Cabral, do Centro Educativo Cândida Cabral, no Bairro Alto dos Pinheiros, na Regional Noroeste da capital. Nos meses de agosto e outubro deste ano, gratuitamente e durante dez dias, os alunos aprenderem a panificação básica, a mais nova atividade do centro. Essa modalidade de panificação envolve o aprendizado dos pães: de sal, de cachorroquente, de hambúrguer, doce, sovado e recheado. “É difícil fazer pão, não é tão simples quanto parece. Buscamos produzir recursos, no futuro, para os alunos que estão trabalhando”, afirma a professora do curso de panificação Mauélia Teixeira da Silva. Conhecida no local como Maura, a professora conta que a iniciativa partiu do momento em que assistiu a uma matéria de um telejornal local que noticiou a falta de padeiros no mercado de trabalho. A partir disso, ela, que já tinha gosto pela tarefa de cozinhar, resolveu fazer o curso de panificação básica e o aperfeiçoamento oferecido pela Prefeitura de Belo Horizonte no Mercado da Lagoinha. “Seria uma boa coisa para a instituição

A professora Mauélia Teixeira da Silva dá aulas gratuitas de panificação básica no Centro Educativo Cândida Cabral (Cândida Cabral). Fiz o curso para poder ensinar”, revela a professora. A aluna Solange Maria Vieira, moradora do Bairro Alto dos Pinheiros, afirma que o desemprego a motivou a fazer esse curso. Ela pretende trabalhar em casa para cuidar de sua filha de cinco anos. Alaine de Oliveira e Silva, 18 anos, diz gostar de cozinhar e também quer crescer no campo profissional. Ela conta que soube do curso por meio do irmão, e que vai começar a ter aulas de informática no local, além de buscar fazer o Ensino Médio. “Os cursos de graça são muito importantes para quem não trabalha e quer sair daqui já com o emprego na mão”, consi-

dera Alaine, esperançosa. Guilherme Henrique Ribeiro Silva, aluno de 8ª série, explica que se interessou em fazer o curso de panificação porque a mãe dele não considera interessante o fato de ele ficar em casa sem ter o que fazer. “Estou adorando, achando ótimo. Além de aprender, posso sair com um emprego ou com uma chance de emprego”, diz, sorrindo. O colega de Guilherme, Joaquim Moreira Leal, pondera que vê nos telejornais que faltam padeiros e confeiteiros na cidade. “Estou em busca do primeiro emprego e quero enriquecer meu currículo para me capacitar para o mercado de trabalho”, salienta. A irmã de Joaquim participou

da primeira turma de panificação da escola profissionalizante Mário Linhares Cabral e atualmente não trabalha na área, mas sim em um supermercado, apesar de ter o interesse em atuar com panificação. Para fazer o pãozinho de sal, primeira receita ensinada por Mauélia Teixeira, o essencial, segundo ela, é o peso exato dos ingredientes. Mais importante que o fermento, a medida em peso pode atrapalhar a receita do pão, quando está em excesso ou em falta. A professora e a aluna Alaine revelam a receita. Primeiro, misturam-se todos os ingredientes, com exceção do fermento, no equipamento chamado massadeira. Depois de cinco minutos,

acrescenta-se o fermento e bate-se a massa por mais exatos cinco minutos. Daí a massa vai para o cilindro, com o intuito de ser torneada. O próximo passo é pesar e levar a mistura para a máquina divisora, que distingue o peso certo de cada pão – no caso do pão de sal, o peso médio é de 60 gramas. Deve-se então bolear (formar pequenas bolas homogêneas com a massa) e fazer o pão. Ele é levado para a estufa para crescer, e depois, ao forno. O ponto certo é verificado pela cor do pãozinho, de acordo com Mauélia. O aluno Rogério Cândido expressa o sentimento pelo qual passou ao fazer a primeira receita de pão de sal, no ambiente do curso. “Foi um espetáculo. Comi pão para danar, estava uma delícia”, assegura. Ele diz que recebe o apoio da família e parabeniza a escola profissionalizante pelo curso, “que é muito bem recomendado”. Rogério imagina vir a trabalhar nessa área, e se mostra satisfeito com a oportunidade de aprender uma nova profissão. O aluno trabalhou em indústrias de fundição e agora quer mudar o rumo da carreira dele, com o certificado de 40 horas/aula garantido pelo Centro Educativo Cândida Cabral. O curso é dividido em uma etapa teórica, que acontece no primeiro dos dez dias de aula e na fase da prática. No primeiro dia, cada um conta o obje-

tivo que o motivou a fazer o curso e Mauélia ensina sobre a importância de cada ingrediente nas receitas, bem como sobre a higienização pessoal. Ela destaca que é necessário usar sapato fechado, toca, avental e evitar jóias e o uso de barba e bigode, já que acumulam ácaros. Outro cuidado que a professora ressalta é a boa lavagem dos ovos, por exemplo. Já no segundo dia do curso, os alunos repetem a receita de pão de sal feita no dia anterior e aprendem a fazer pão doce. Assim segue-se a dinâmica da professora: a cada dia os alunos fazem novamente a receita aprendida na aula anterior e realizam uma nova modalidade de receita de pão. Para fixar os conhecimentos, cada aluno treina o que aprendeu em sala na cozinha de casa, e estuda a apostila adaptada por Mauélia, que é vendida a R$ 10, sendo que parte dessa quantia é destinada à compra de materiais para a receita do pão recheado, como mussarela e presunto. Os ingredientes básicos para se fazer o pão de sal são obtidos pela instituição por meio de doações. A professora esclarece que a única receita que seus alunos não podem fazer em casa é a do pão de sal, isso porque é preciso utilizar um forno com vaporização. “Os oito segundos de água deixam o pão ficar crocante”, explica Mauélia.

YONANDA DOS SANTOS

Ivone Cabral é exemplo de doação e vida na comunidade Alto dos Pinheiros A fundadora e presidente do Centro Educativo Cândida Cabral, Ivone Cabral, 95 anos, conta que a escola profissionalizante, que leva o nome de sua mãe, é o mais antigo da obra assistencial criada em 1962. "Aprender fazendo é muito melhor que só na teoria. A nossa finalidade maior é educar", ressalta Ivone. Ela defende a necessidade de melhorar a cultura da comunidade no entorno. "É difícil educar porque nem sempre os pais são educados (ela se refere à educação como um todo e não apenas a que se aprende com livros e em sala de aula), mas a gente vai dando conta", salienta a fundadora do centro. "Se você educa a criança, ela ajuda em casa", complementa. Neta de um dos secretários de Estado em Ouro Preto, na época em que a cidade era capital de Minas Gerais, filha de costureira de alta costura e de engenheiro civil, Ivone Cabral é a caçula de dez filhos. Quando criança, morou no estado de Mato Grosso, depois aqui em Minas Gerais. Desde os nove anos Ivone está envolvida com trabalhos sociais. Até os 15 anos, ela acompanhava as freiras do Colégio Sagrado Coração de Jesus, onde estudou, a levarem donativos, uma vez por semana, aos moradores de aglomerados urbanos. "O pessoal

recebia, ficava satisfeito, mas não dava bola", revela Ivone. Ela conta que "tinha prazer de ir" também para acompanhar "a rapaziada". Na década de 60, Ivone trabalhou no Posto de Puericulura Mário Campos, instituição que atendia crianças fornacendo-lhes leite, numa média de oito mamadeiras por dia, segundo a fundadora do Cândida Cabral. Ivone conta que certa época ganhou de um político que pretendia usar indiretamente o nome da obra na campanha dele um lote de quarteirão inteiro no Bairro Serra, para onde o lactário fora transferido. Segundo Ivone, o local era muito grande e não atendia nenhum dos moradores daquela região. "Era só gente de alto nível, com carro e TV em casa", comenta. Nesse momento, ela soube que a comunidade belo-horizontina, ainda de pequeno porte se comparada à de hoje, tinha organizado um abaixo-assinado para que a obra assistencial fosse transferida para o local atual, o Alto dos Pinheiros. "O povo não concordou que eu fosse para a Serra e vim para cá", afirma Ivone, relembrando que aquela era a única obra social na cidade, e que era destaque nos jornais Estado de Minas e Diário da Tarde, especialmente nos anos de 1947 e 1948, quando os registros históricos pes-

soais foram maiores. "O chão era de terra batida, e eu trouxe tudo do Posto de Puericultura para cá", explica Ivone, referindo-se também às palestras sobre o momento pré-nupcial ministradas na instituição. Nesse tempo, um lote no Alto dos Pinheiros era pouco valorizado, e a fundadora do Cândida Cabral comprou três lotes antes de se mudar para a região com o posto. Ivone, conhecida entre a elite intelectual e financeira da capital mineira, trabalhou no Colégio Pio XII, e foi proprietária e diretora da escola Doze de Dezembro. Já em 1962, Ivone assumiu as obras de construção que daria origem à sede atual, feitas por alunos do curso de pedreiro (dado, então, por um sobrinho de Ivone), e, segundo ela, isso influenciou outras colegas do colégio de freiras onde estudou quando mocinha a fazerem atividades sociais. "Eu pude vir para cá porque tinha carro. Aqui foi criado para trazer lazer, mas influenciamos e mandamos trazer luz e água também. Foi preciso abrir rua", conta Ivone. Nesse tempo, a Avenida Amazonas não seguia até a região, e apenas quem tinha carro podia desbravar o local de difícil acesso. Atualmente, o Centro

Educativo Cândida Cabral abrange cinco prédios, todos conquistados e construídos com o próprio dinheiro de Ivone, com cursos temporários e permanentes de confecção, informática, tratamento de beleza, construção, artesanato, prestação de serviços, culinária e projetos em parcerias nas áreas de lazer, esporte, saúde, música e cidadania, além de doar cestas básicas. Delma Vicentina Rocha, socióloga e professora de geografia do EJA do Cândida Cabral, comenta que a vida de Ivone sempre foi doar e buscar doações para a comunidade para melhorar a vida no bairro. Há dez anos trabalhando na Escola Cândida Cabral, e moradora do bairro há 20, Delma observa o respeito que a comunidade tem por Ivone. Um fato marcante para Delma foi quando Ivone doava 120 mamadeiras diariamente. “Minha tia, que hoje tem 52 anos, tomou do leite batido por Ivone”, conta, impressionada. O leite era batido com uma máquina que tinha sido doada para o centro, onde Ivone batia o leite em pó e fazia as mamadeiras. Outro fato que admira Delma é que Ivone destina o seu salário de aposentada e mais as rendas que tem com os imóveis revertendo-o para o centro educativo e para a comunidade.

Aos 95 anos, Ivone Cabral é fundadora e presidente do Centro Educativo Outro caso de que se recorda foi quando Ivone construiu banheiros para os funcionários que estavam trabalhando na construção da Gameleira, para que esses pudessem tomar banhos. Sérgio Roberto da Silveira, um dos diretores do Centro Educativo, trabalha com Ivone desde 1980, depois de ter crescido no bairro, estudado no Pituchinha – escolaEstadual localizada no Alto dos Pinheiros –, e ter feitos cursos profissionalizantes no centro. Sérgio lembra de ter conhecido Ivone nas horas dançantes realizadas por ela mesma em uma quadra de esportes em 78. Desde então até hoje, Sérgio, dono de uma equipe de som “Curte Som” animava as horas

dançantes – onde os jovens se encontravam - que hoje são as festas. “Até os meninos da minha família- sobrinhos- já trabalharam como dj para ela”, conta. “De 81 para cá, transformou numa família do bairro”, observa. Ele acredita que a maioria das pessoas do bairro estudaram no Pituchinha. “Só tinha ela no bairro, todo mundo queria estudar lá, era uma coqueluche”, garante. Segundo ele, no bairro é a melhor que tem, pois os meninos saem de lá aos cinco anos alfabetizados. “É uma escola modelo”, sugere.


11Cidadania

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• 2008

INCENTIVANDO FUTUROS ELEITORES O programa Educação e Cidadania abre as portas da Assembléia Legislativa para estudantes. A iniciativa tem como objetivo esclarecer dúvidas freqüentes e aproximar os jovens da política MARCELO COELHO

n MARCELO COELHO DA FONSECA, 4º PERÍODO

Quem não gosta de política? A resposta é unanimidade entre os 48 alunos da 6º série do Ensino Fu n d a mental da Escola E s t a d u a l d o B a i r ro Amazonas levantam a mão. Eles participam d o “ Pro g r a m a E d u cação pra Cidadania”, que leva estudantes para conhecer a Assembléia Legislativa de Minas Gerais. O programa, que existe há 11 anos, foi criado pelo setor de comunicação social da casa, devido à grande demanda dos grupos que visitavam o local. Surgiu então a idéia de iniciar um projeto que o rg a n i z a s s e e incentivasse as visitas, através de agendamentos antecipados durante todo o ano letivo. Alexandra Martins, monitora do programa há oito anos, não se surpreende com a atitude das crianças em re l a ç ã o a o d e s g o s t o pela política e pergunta logo em seguida “o que é fazer política?”. A dúvida é geral e nenhum aluno arrisca u m p a l p i t e . “ Fa z e r política, gente, é conversar, fazer acordos e debater. Tenho certeza que todos vocês fazem política todos os dias”, explica Alexandra.

Alunos encenam reunião no plenário

Os alunos da Escola Estadual do Bairro Amazonas ficaram satisfeitos em conhecer o funcionamento da Assembléia A visita segue para o Plenário da Assembléia, onde a monitora explica como funciona o trabalho dos parlam e n t a re s , contando s o b re a ro t i n a d a s reuniões e o processo de votações de projetos. A estudante Daiane Medeiros, 13 anos, apesar de não gostar nem um pouco de política, gostou do grande salão do plenário. “É um ambiente muito i n t e re s s a n t e esta sala, tudo bem arrumadinho”, conta. Logo em seguida eles se dirigem para o gabinete do deputado Antônio Júlio, ex-presi-

dente da Assembléia, que conta como iniciou a carreira política e quais são suas funções como parlamentar. Para ele, é muito ruim que grande parte da população não conheça como funciona a Assembléia Legislativa e as visitas com estudantes ajudam a reverter essa falta de conhecimento. “ Trazer os meninos aqui é fundamental, ajuda a despertar o interesse deles pela política, ver como as coisas funcionam. Porque muitos têm uma visão ruim da política, e não é assim, existem muitos erros, mas tem

muita gente boa trabalhando sério aqui”, conta o deputado. “A chei muito bacana a Assembléia, nota d e z o l u g a r. N u n c a tinha vindo aqui antes, mas foi muito legal ter conhecido esse lugar”, conta Cássio Henrique Santos, ao final da visita. Os alunos ainda conversam com Alexandra, que deixa uma mensagem para a re f l e x ã o d a t u r m a . “Quanto mais a gente participa, melhor fica. Tanto nas aulas como na política”,diz.

“Vamos trabalhar agora. Quem quer ser presidente da Assembléia?”, pergunta a monitora Alexandra Martins. A agitação toma conta do ambiente e depois de muita euforia são escolhidos pelos próprios alunos, sete para subir à mesa de direção do plenário para a demonstração prática de como ocorre uma reunião parlamentar. “Meu projeto é levar saneamento básico para os bairros. Arrumar os postos de saúde e melhorar os hospitais para as famílias”, anuncia o estudante Vitor Hugo Campolina Chaves, de 12 anos, no palanque do plenário para todos os seus colegas. O projeto é aprovado pela grande maioria. “O projeto está aprovado”, sentencia Matheus Coelho de Andrade, 13 anos, eleito presidente da mesa. “Foi muito emocionante ir lá em cima e sentar na mesa do presidente. Os políticos tem que ter muita coragem também, para decidir tanta coisa

importante para tanta gente”, conta Matheus. Para a professora Andréia Candido dos Santos, que acompanhou a turma na excursão, o principal objetivo tem que ser sempre de conscientizar os estudantes sobre o importância do exercício da democracia. “A encenação no plenário foi ótima, eles podem entender participando, sobre como são votadas as leis da cidade e como futuros eleitores isso pode fazer toda a diferença”, conta Andréia. “O mito sobre o que é política e os maus políticos deve ser combatido pela sociedade, ficar desanimado com o processo democrático e escolher não participar só piora a situação. O objetivo do programa é mostrar para os alunos que eles também fazem parte como cidadãos, e como tal, têm deveres e direitos, por isso esta participação mais ativa deve ser incentivada sempre”, conta Alexandra.

ERON RODRIGUES RIBEIRO

Deficientes visuais têm apoio e formação no Bairro Floresta n CARLOS HENRIQUE CAMPOS, ERON RODRIGUES RIBEIRO, 4º PERIODO

“Deficiente é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciência de que é dono do seu destino”. O trecho deste texto escrito por Mário Quintana serve de inspiração para 17 internas da Associação de Cegos Louis Braille, entidade sem fins lucrativos localizada no Bairro Floresta. A associação, que em 2008 completou 75 anos de existência, abriga mulheres cegas com idade superior a 18 anos, oferecendo a elas além de abrigo, uma preparação para o mercado de trabalho, auxílio nos estudos e encaminhamento para consultas e cirurgias oftalmológicas gratuitas. Porém, a falta de recursos técnicos e financeiros

da entidade fez com que as várias atividades e projetos antes realizados no local se reduzissem gradativamente com o tempo, se restringindo hoje, quase que somente às atividades já mencionadas. “O que mantém a casa são as doações de terceiros”, afirma Maria Aparecida Lopes da Silva, auxiliar de secretaria da associação. Além de doações, a entidade possui parcerias com a prefeitura, Juizado Criminal, Fórum, Copasa e Cemig. Outra forma através da qual a entidade arrecada fundos é com a realização de eventos, que contam com a participação das próprias internas, que também colaboram na divulgação e na venda dos ingressos. Entre os eventos organizados pela instituição estão festas juninas, festivais de sorvetes, bingos e rifas. E os feitos das “meninas”, como carinhosamente são chamadas por todos na instituição, vão

muito além da colaboração nos eventos. São elas que se organizam para a execução dos afazeres diários, tais como fazer e servir a comida e cuidar da limpeza do local. “Elas normalmente se organizam em duplas, sendo que cada dia da semana uma dupla fica encarregada de determinada tarefa”, explica Maria Aparecida. No que se refere aos estudos, os feitos são ainda mais impressionantes. Maria Izabel Ribeiro, uma das internas da associação, por exemplo, já possui dois livros de poesias impressos e tem dedicado seu tempo para os estudos, visando a entrada para a faculdade de Sociologia da PUC Minas. “Em breve, se Deus quiser, vou ser colega de vocês”, brinca. O sonho de ingressar numa universidade já é realidade para Juliana Ribeiro, que além de trabalhar como concursada da MGS é aluna do curso de direito na Faculdade

Associação de Cegos Louis Braille promove atividades que contribuem para a melhoria do bem-estar das pessoas Metropolitana de Belo Horizonte. Aliás, a mais recente concursada entre as internas é Luzia Geralda Araújo, que em 13 de outubro tomou posse do cargo de auxiliar de biblioteca da Prefeitura de Belo Horizonte. Já Efigênia Batista Mendes, por sua vez, além de participar do coral da Caixa Econômica Federal, ainda toca piano e acordeom. FAMÍLIA As atividades desenvolvidas pela asso-

ciação são reconhecidas pelas internas, mas o que contribui para a elevação do bem-estar dessas mulheres é a forma afetiva, aconchegante e fraternal com que elas são tratadas na associação. Despidos de qualquer preconceito, os funcionários conseguem muitas vezes suprir a falta da companhia dos familiares de muitas internas. “Eu sinto muita gratidão para com a associação, pois ela me

acolheu e me tratou muito bem, representando muitas vezes o lar e minha família”, afirma Luzia Miranda do Couto. A Associação de Cegos Luis Braille aceita qualquer tipo de voluntariado e doações. O telefone de contato é (31) 3273-5858. A entidade está localizada à Rua Geraldo Teixeira da Costa, 202, no Bairro Floresta.


12Saúde

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• 2008

MOVIMENTO PELO PARTO NORMAL Por meio de uma parceria, palestras e oficinas são promovidas em hospitais públicos com a finalidade de incentivar o parto normal, já que a demanda pela cesariana cresceu nos últimos anos YONANDA DOS SANTOS

n ELIENE MATOS, MARCELA PAIVA, VERÔNICA FERREIRA,

Campanha em prol da doação de leite

1º PERÍODO

A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, e mais 30 entidades, realizam o Movimento “BH pelo Parto Normal” desde o ano passado. Através de palestras e oficinas em hospitais e espaços públicos, o Movimento visa incentivar o parto normal mostrando seus benefícios com o objetivo de diminuir as cesarianas na cidade que, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, cresceram 6,8% entre 1999 e 2005. Projetos como o quarto PP (Trabalho de Parto e o Parto) ou PPP (PósParto ou Puerpério) onde as mulheres podem permanecer durante todo o trabalho de parto com conforto, são algumas das iniciativas do projeto, que além de auxiliar as mães, procura também incentivar os profissionais da saúde a contribuírem para uma melhor segurança durante o parto. As maternidades do Hospital Sofia Feldman e Risoleta Tolentino Neves já aderiram ao projeto. Além disso o movimento promove oficinas para quem queira ser um multiplicador e ajude na divulgação de informações nas comunidades, como as vantagens do parto normal,os riscos da cesariana e os cuidados que as gestantes devem

A Roda Bem Nascer é uma das atividades da campanha pelo parto nornal onde há troca de informações pelas gestantes ter durante a gravidez. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o índice de cesariana deve ser de 15%, sendo que em Belo Horizonte chega a ser de 80% nos hospitais privados e 35% nos hospitais públicos. Esse aumento segundo a coordenadora do “Movimento BH pelo parto normal” e da Gerência de Atenção à Criança e ao Adolescente, Sônia Lansky, se deve à supervalorização da estética e da falta de informação das pessoas. “Apesar da grande rede de informação que se obtém hoje, as pessoas não procuram se informar e se baseam em mitos para tomar decisões. Os profissionais da saúde deveriam alertar as mães sobre os riscos da cesariana, mas na maior parte prefere

não optar pelo parto normal por ser mais “prático” e mais “rentável” , disse. A dona de casa, Adriana Valéria Andrade, 32 anos, mãe de três filhos, todos nascidos por parto normal, diz não se arrepender de ter passado por essa experiência. “A recuperação foi muito mais rápida, a dor eu senti somente momentos antes do parto e as chances do meu bebê ter algum problema após o nascimento foram bem menores”, disse. Um dos pontos importantes do movimento é mostrar as vantagens do parto normal comparado com a cesariana: a recuperação é mais rápida; a amamentação é mais fácil; existem menos problemas respiratórios para o bebê; menor risco de o bebê nascer pre-

maturo; e menor tempo de internação. Outro ponto importante que é frisado pela campanha é acabar com os mitos em torno do parto normal, entre eles de que demora muito. Ele tem duração média de 8h a 12h variando de mulher para mulher. Outro mito desfeito com a campanha é que o parto normal “alarga” a vagina e atrapalha a vida sexual. Ele não alarga a vagina e não atrapalha a vida sexual. Toda mulher deve fazer exercícios de contratação dos músculos perto da vagina (períneo) para preservar a força e a musculatura. De acordo com Sônia Lasky, a cesariana não é mais segura. A cesariana programada está associada ao maior risco de mortalidade materna e infantil. Procedimentos básicos

O Ministério da Saúde promove desde 2003, o Dia Nacional de Leite Humano no dia primeiro de outubro. O objetivo da campanha é estimular mães saudáveis que estão amamentando a doarem leite e esclarecer a importância da amamentação até os seis primeiros meses de vida do bebê. Para Rogério Gomes de Aguiar, pediatra das unidades de emergência de Betim, Contagem e do hospital de Ibirité, o leite materno tem igual importância para o bebê quanto para a mãe. “O leite materno é importante para o bebê porque é rico em células de defesa, prevenindo doenças infecciosas, ajudando no sistema nervoso da criança. Além disso, contém quantidade adequada de proteínas e gorduras, evitando a desnutrição. Diminui o número de alergias e proporciona

para facilitar o parto normal, também são importantes durante o trabalho de parto. É recomendável que se tenha um acompanhante durante o trabalho de parto, o parto e pósparto, segundo a lei Municipal 9016 e Federal 2418 de 2005.

maior vínculo com a mãe”, diz. Para a mãe, funciona como um “contraceptivo natural, gerando emagrecimento mais rápido, reduz o aparecimento de câncer no útero e na mama”, informa. O leite coletado pelas mães vai para o Banco de Leite, onde é pasteurizado e distribuído. Em Belo Horizonte existe o Banco de Leite Humano da Maternidade Odete Valadares (MOV), que além de coleta e distribuição do leite, presta serviços de orientação para mães que têm dificuldade no amamentamento. O Banco de Leite da MOV funciona diariamente das 7h às 19h e as coletas são feitas de segunda à sexta das 8h às 17h. As mães interessadas em doarem ou que queiram orientações podem ligar para (31)33372448 ou 3337-5678.

Movimentar-se e ficar numa posição confortável também ajuda a aliviar a dor. Além de alertar, o movimento busca mudar o comportamento das pessoas com o objetivo de melhorar a saúde da mulher e da criança nesse momento importante da vida.

GUSTAVO ANDRADE

Instrumentos musicais são os aliados na terapia de pacientes n NATHIELE LOBATO, ISABELA MARTINS, 2º PERÍODO

Ainda que desconhecida por muitos, a musicoterapia é um tratamento que utiliza a música sob suas diversas manifestações e gêneros no tratamento de doentes e têm apresentado resultados potencialmente eficazes. O profissional da área, o musicoterapeuta lida com uma extensa e variada camada de pacientes. Entre eles, destacam-se crianças, jovens e idosos com dificuldades motoras e emocionais, deficientes mentais e portadores de doenças degenerativas. O tratamento mostra-se eficaz em todos os níveis etários, observando-se melhoras no comportamento psíquico e emocional do paciente. Por meio de instru-

mentos musicais, como piano, tambor, violão, bateria e outros, o especialista da área busca interagir a música com a pessoa em tratamento, visando o despertar consciente dela para os sons, conseqüentemente, para o mundo ao redor. Os frutos deste despertar permeiam entre um controle maior dos movimentos do paciente e um equilíbrio emocional mais focalizado, permitindo que ele sinta-se vivo e ativo. Maria Eugênia Albinati, 53 anos, é formada em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais, com especialização em Musicoterapia. Em junho de 2008 apresentou na Faculdade de Medicina da UFMG sua tese de doutorado que visou aprofundar os estudos sobre as razões na qual a música auxilia no trata-

mento de crianças e jovens doentes. Após quatro anos de intenso estudo e observação de pacientes, Maria Eugênia constatou que as várias vertentes da música, como ritmo, harmonia e os sons, agem em conjunto estimulando o corpo e a mente a vencer o mal do qual sofre. “O maior determinante da saúde é a consciência e o comportamento da pessoa”, afirma a musicoterapeuta Maria Eugênia. Pacientes que interagem com a música e/ou participam dela, respondem melhor ao tratamento médico de sua enfermidade. A música busca trabalhar a autoestima do paciente, para que ele acredite no poder da recuperação. “Quem tem cabeça boa melhora mais rápido”, completa a musicoterapeuta. É como se a música enviasse mensagens subliminares ao

A musicoterapeuta Maria Eugênia (ao violão) propõe um tratamento visando a melhoria emocional dos pacientes corpo e à mente para que ele reaja. Gustavo Prados, 10 anos, é exemplo de quem leva o tratamento a sério. O garoto sofre de uma doença progressiva que provoca um acúmulo de substâncias no cérebro e destrói a massa cinzenta e, há três anos, sua mãe, Elvira Prados, 43 anos, optou pela musicoterapia como tratamento alternativo. “Ele era uma criança

normal até os cinco anos de idade, depois ele passou a ter perdas cognitivas que levaram a uma desorganização motora e mudança de comportamento, tornando-se uma pessoa totalmente dependente”, explica Elvira. No início da doença de Gustavo, a família quase perdeu o controle sob o filho, pois o garoto não conseguia se expressar com clareza e nem demonstrava

emoções. “A gente tinha que adivinhar o que ele estava sentindo”, lembra a mãe. Gustavo sempre se animou com música e, com a musicoterapia, essa ligação ficou ainda mais forte, fazendo com que ele manifestasse melhoras no tratamento e na vida familiar. “Conseguimos com música melhorar a nossa comunicação. Ele gosta bastante do tratamento”, comenta a mãe.


Saúde

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Novembro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

DEDICAÇÃO MUITO ALÉM DA CASA Pacientes que precisam de tratamento médico constante mudam-se, muitas vezes, para os hospitais, alterando drasticamente a rotina de muitos de seus parentes que os acompanham RENATA LARA ALVES

n RENATA MARINHO, 4º PERÍODO

Há aproximadamente três meses, a vida da doméstica Beatriz de Paiva Gomes, 47 anos, mudou completamente. Ela descobriu que seu filho Luiz Fernando Gomes de Oliveira, 19 anos, era portador de um Linfoma, um tipo de câncer que se inicia a partir da transformação de um linfócito (são tipos de glóbulos brancos) no sistema linfático. Em alguns casos, os linfomas podem envolver a medula óssea, bem como sistema nervoso central, testículos, pele, entre outros. No caso de Luiz Fernando, o órgão atingido foi o fígado. A mãe conta que desde a internação do filho, ela o acompanha as 24 horas do dia no hospital. Sua rotina diária têm sido fazer companhia ao filho. Quando precisa ir em casa, o irmão de Luiz Fernando fica no lugar da mãe por dois ou três dias, já que a família reside em São Domingos do Prata, no interior de Minas. Beatriz conta que por causa do filho teve que abrir mão de sua própria saúde. “Quando voltarmos para casa e ele estiver bem, eu continuo meu tratamen-

to de saúde”, ressalta. Apesar de todos esses problemas, mãe e filho estão perseverantes e cheios de esperanças. Luiz Fernando precisará fazer um transplante de medula óssea e um doador compatível já foi encontrado. Ele agora aguarda a liberação por parte dos médicos para realizarem o transplante. Quando fala sobre os médicos e funcionários do hospital, Beatriz não poupa elogios e demonstra sua gratidão. “Aqui nós não encontramos médicos, foram anjos enviados por Deus que estão cuidando dele. Todos são muito atenciosos, são médicos maravilhosos”, conclui. Dividindo o mesmo quarto que Luiz Fernando, está internado há 20 dias Reginaldo Silva que descobriu ser portador de Sarcoidose, doença inflamatória granulomatosa (pequenos nódulos inflamatórios), caracterizada por manifestações sistêmicas em diversos órgãos. Desde então, ele vem sendo acompanhado por sua irmã Rita de Cássia Silva, 38 anos. Ela mora em Campinas, no estado de São Paulo, e fala sobre as mudanças ocorridas em sua vida a partir do momento em que decidiu acompa-

nhar o irmão. “Eu vim para cá ficar com ele. Deixei meu marido em Campinas e minha vida tem sido ir e vir para o hospital. Mudou tudo”, afirma. Rita atualmente está desempregada e, por esse motivo, ela fica o dia todo com o irmão, mas não dorme no hospital. À noite ela vai para uma pensão próxima ao local em que Reginaldo está internado. A irmã conta que de vez em quando vem um amigo de Reginaldo para passar o dia com ele, mas que a responsabilidade mesmo de acompanhá-lo durante todo o dia é dela. Reginaldo e Rita têm mais dois irmãos, que não puderam acompanhar o tratamento dele porque estão trabalhando em Campinas. Segundo Rita, o irmão ainda não tem previsão de alta.

SOLIDÃO Para o servente de pedreiro Ronivon Machado dos Santos, 31 anos, a situação é um pouco diferente. Ele descobriu ha três meses que tem Leucemia e desde então está internado. Ronivon passa o dia todo sozinho. Apenas à noite seu primo Alessandro vai ao hospital para lhe fazer companhia e dorme por lá mesmo. Segundo Ronivon, não ter

Luiz Fernando Gomes, paciente em tratameto de Linfoma, têm a companhia da mãe ou do irmão 24 horas por dia um acompanhante durante o dia não é complicado. “Nunca tive problema quanto a isso”, garante. No caso de Ronivon não será necessária a realização de um transplante de medula. Segundo ele, foram feitos alguns exames e sua irmã é compatível, mas os médicos disseram não haver necessidade de um transplante no momento. Durante os três meses de internação, Ronivon pôde sair do hospital por apenas

dez dias. Ele diz estar se sentindo bem e está tranqüilo. “Talvez daqui a 30 dias eu saia daqui”, comenta, esperançoso. A rotina desses pacientes e dos seus respectivos acompanhantes foi transformada de uma hora para outra. Apesar de todas as dificuldades e tristezas que a descoberta dessas doenças podem ocasionar, a esperança e o bom humor estão presentes nesse quarto de hospital. Beatriz, Rita e Ronivon

dão ênfase ao bom relacionamento com os funcionários e médicos, além de ressaltarem o excelente convívio entre eles, que de alguma forma estão ligados uns aos outros, não apenas por estarem no mesmo quarto de um hospital. O acompanhante adapta-se à rotina do doente, deixando de lado a sua própria vida, incluindo as obrigações e os momentos de descanso e lazer.

Socorro correto às crianças é ensinado em palestra YONANDA DOS SANTOS

n CÍNTIA REZENDE, 7º PERÍODO

Caso já houvesse assistido à palestra do pediatra Eduardo Carlos Tavares ministrada no dia 20 de outubro no Hospital São Camilo, no Bairro Horto, para orientar pais e demais interessados sobre os primeiros socorros em acidentes com crianças, a auxiliar de saúde Roberta Pessoa de Freitas Coutinho acredita que teria atuado com mais segurança em seu trabalho. Ela trabalha em um centro de atendimento às crianças e às famílias em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e lembra de uma vez que teve de atender uma criança que havia engasgado. “No final deu tudo certo. Eu cheguei a enfiar o dedo na boca da criança para retirar o objeto, porque ela chegou a ficar roxa”, relata. Segundo o pediatra, que ao longo da palestra esclareceu as mais diferentes dúvidas, o mais importante não é saber o que fazer após o acidente com a criança, mas sim o que não pode ser feito até a chegada do médico. Dentre as orientações ele conta que as pessoas devem abolir certos mitos como passar manteiga em caso de queimaduras, achar que bater nas costas da criança pode ajudar o objeto estranho a sair em um engasgo, dentre outras coisas que podem atrapalhar no atendimento médico. Para a berçalista e colega de trabalho de Roberta, Edir Souza de

O pediatra Eduardo Tavares ensinou que mais importante do que socorrer a criança é evitar primeiros socorros errados Araújo, que também compareceu à palestra, o aprendizado sobre o universo infantil será de grande valia para que diversos erros não se repitam no atendimento diário. “É um aprendizado que a gente pretende repassar às mães e aos funcionários em Ibirité”, diz. A preocupação com o cuidado dos filhos Maria Clara e Davi, gêmeos de apenas cinco meses, foi o que motivou o casal Flávia Ferreira Otoni, técnica de enfermagem, e Alexandre Sérgio Fernandes, técnico de eletrônica, a comparecerem ao evento. Ela conta que ficou sabendo da palestra por meio de um anúncio de jornal e que decidiu comparecer com o marido para que ele passe a ter mais conhecimen-

to dos cuidados com os bebês em caso de acidentes. “Eu trabalho e, na maioria das vezes, eu deixo os meninos com ele ou com a minha cunhada, por isso ele deve saber como lidar com as diversas situações”, explica Flávia. Com um filho de três anos que, segundo a técnica de segurança no trabalho, Sandra Costa Oliveia Silva, “graças a Deus” nunca sofreu nenhum acidente, a palestra vai permitir levar as informações aprendidas aos colegas de trabalho. “No final eu vou sugerir que ele (o pediatra) vá ao meu trabalho, porque o tema é muito importante e lá onde eu trabalho tem pais e mães”, conta Sandra. Os motivos que levaram Luiza Marilac Ribeiro a com-

parecer à palestra foram muitos. Diretora de uma escola com mais de 60 crianças, entre zero e seis anos, ela conta que parte dos acidentes citados na palestra fazem parte da rotina da escola onde trabalha e que os cuidados são constantes, sejam com os tombos ou até os engasgos e intoxicação. “Quero aprender mais sobre o assunto que pode me ajudar muito no dia-a-dia”, afirma. DESMITIFICAÇÃO “Entre os “mitos” que, segundo o pediatra Eduardo Carlos Tavares, ainda são considerados verdade e, por isso, cometidos pelos pais, está o fato de que quando a criança engasga, a melhor saída é bater nas costas dela. A pergunta que

gerou polêmica na platéia foi explicada por Eduardo através de uma ilustração “Quando a criança tem menos de um ano, a gente a induz a tossir para que o corpo estranho saia. Quando ela tem mais que um ano, a gente dá um abraço por trás, da forma correta, para pressionar a saída do objeto”, explica. O médico ressalta que, em caso de acidentes, a pessoa que prestar os primeiros socorros deve levar em consideração duas situações, quando a criança está consciente e quando a mesma está inconsciente. Eduardo ressalta que quando a criança esta consciente a pessoa que for socorrê-la pode remover a mesma. Já no caso de inconsciência, ele conta que a melhor saída é fazer a chamada manobra de reavivamento e a respiração boca a boca para que a criança retome a consciência. Outra dúvida esclarecida foi com relação às queimaduras, que de acordo com o pediatra, na maioria das vezes são combatidas com manteiga ou até com a chamada pasta d'água. “Mas não pode passar a pasta d'água não?”, questiona Flávia Ferreira Otoni. Para Eduardo, a única solução para este problema é “deixar a queimadura exposta em água corrente”. Eduardo explica que quando a queimadura é grave não se deve retirar a roupa da criança para que não haja retirada de pele. Quando o assunto são os olhos, o pediatra chama atenção para os cuidados que os pais devem ter com o fato

de se pingar o colírio anestésico. Ele relata que os olhos são uma das partes do corpo mais sensíveis e que passar qualquer remédio no local pode prejudicar o problema. “Antes, até eu achava que o ideal era pingar o colírio anestésico, só que aí a criança para de sentir dor e coça o olho, correndo o risco de aumentar a irritação e de contaminar com o corpo estranho”, acrescenta. Enumerado pelo pediatra como o recordista entre as crianças, acidentes domésticos como quedas e fraturas, são que mais preocupa aos médicos quanto aos primeiros socorros. Ele relata que nestes casos, quem for prestar os primeiros socorros deve ter muito cuidado ao imobilizar a vítima, tendo em vista o risco de alguma lesão. “A pessoa que for socorrer tem que mexer o mínimo possível com a criança que sofreu uma queda ou um acidente para não piorar a situação”, explica Eduardo. No final da palestra, Edir disse que conseguiu tirar suas dúvidas e que agora pretende orientar melhor as famílias em Ibirité. “Gostei muito, foi bem esclarecedor. Pretendo repassar também para outras colegas de trabalho”, acrescenta. Quem também aprovou a palestra foi Flávia Ferreira Otoni. “Aprendi muita coisa, pena que o tempo foi curto, mas já dá para a gente tirar proveito dos ensinamentos”, acredita.


14Comportamento

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Novembro• 2008

VOLUNTÁRIOS AJUDAM PAPAI NOEL O projeto Papai Noel dos Correios reúne voluntários e funcionários dos Correios para organizar e destinar as cartinhas de Natal escritas pelas crianças da Região Metropolitana de Belo Horizonte GUSTAVO ANDRADE

n PATRÍCIA SCOFIELD, 6º PERÍODO

Sala de leitura ampla, um som de manejo com papel, pessoas concentradas nas cartas que manuseiam. Esse é o ambiente em que voluntários e funcionários dos Correios trabalham às vésperas do Natal, para dar um destino às cartinhas escritas pelas crianças moradoras da Região Metropolitana de Belo Horizonte ao Papai Noel. "O trabalho é muito fácil de fazer e tem importância muito grande para os carentes", resume a voluntária Eunice Rodrigues Santana. Ela já trabalhou em outro departamento da instituição, mas é a primeira vez em que participa do projeto “Papai Noel dos Correios”, lendo as cartinhas selecionadas em etapas anteriores para grifar o pedido da criança. O coordenador do projeto, Fernando Roberto de Oliveira, esclarece que é nessa sala em que acontece todo o processo que antecipa a entrega do presente pelo carteiro à criança: abertura de envelopes; marcação de informações como idade, pedido e endereço do remetente; cadastramento do pedido e dos dados marcados anteriormente; geração de etiqueta com o código criado para identificar cada criança que escreveu ao "bom velhinho" e acoplamento das recomendações e da autorização de postagem à carta. "Cada carta que você pega e lê, tem vontade de atender", revela Eunice. A voluntária do projeto

Em uma das salas na agência da Av. Paraná, os voluntários separam as cartas que as crianças enviam a Papai Noel relembra que se emocionou com a carta escrita por uma menina de nove anos de idade, que pediu cesta básica ao Papai Noel. A menina contou, na carta, com tom triste, segundo Eunice, que não tinha pai, que a mãe é soro-positivo e desenvolveu a Aids e o irmão dela era neném, de 1 ano e 5 meses. Eunice afirma que percebe, por meio de relatos como esse, que "a dor do outro é maior". "A gente aprende a ser mais humano ainda", salienta a voluntária, com olhos cheios de lágrimas, alegando que se emocionou também pelo fato de sua mãe ter falecido recentemente. O contratado para trabalhar no projeto de Natal dos Correios, Anderson Luiz de Melo Teixeira, ressalta que há critérios para a carta ser selecionada para o futuro apadrinhamento. Segundo ele, o

remetente deve ter menos de 12 anos e só pode ser cadastrado uma vez. Há também restrições em relação ao presente a ser dado pelo padrinho, que não deve pesar acima de 30 quilos e são selecionados, pela equipe que ele compõe, presentes simples, de custo menor, como material escolar, roupas, ou calçados. Além desses critérios, é feita a recomendação a respeito do embrulho do presente, que deve ser de papelão ou em papel do tipo craft, que são mais resistentes à água da chuva. Anderson destaca que presentes cujo custo é maior são encaminhados para caixas específicas que ficam na sala de leitura das cartinhas, à espera de algum doador interessado em desembolsar um pouco mais, a exemplo de violão, teclado, videogame Play

Station, tênis com maior valor agregado, colchão ou móveis. Este ano, o primeiro em que Anderson trabalha nesta iniciativa, ele apadrinhou, junto com o cunhado, 30 cartas. Dentre os pedidos, estão bolas e bonecas. Houve um tempo, há três anos, em que o próprio padrinho entregava o presente de Natal para a criança. O coordenador do projeto Papai Noel dos Correios há cinco anos, Fernando Roberto de Oliveira, conta, dizendo-se emocionado, que ele mesmo já entregou vários presentes nesse tempo em que a demanda das crianças era menor, já que havia um volume reduzido de cartas a serem atendidas. "As crianças vibram, tem mães que choram e a gente sai com a sensação de dever cumprido. É indescritível o que se sente", destaca.

Fernando lembra que nessa época entregou muitas camas a pessoas carentes e ressalta que se impressionou com uma senhora que, há quatro anos, doou uma cesta básica para uma das crianças que escreveram ao "bom velhinho". "Você vê como que o mineiro é solidário. A senhora era muito pobre; na casa dela você via esgoto à céu aberto. Eu não sei o que a levou a fazer uma doação", revela o coordenador, dizendo estar arrepiado de emoção. Sobre a entrega do presente, Fernando conta ainda que o resultado final é "gratificante". "Não tem preço", resume, referindose à expectativa que é criada na criança, que não tem certeza se será atendida, nem quando. Em média, Fernando diz apadrinhar 15 cartas por ano, número que ele revela dar conta de atender sem apertar o orçamento doméstico. "Os padrinhos são fundamentais, eles querem a nossa atenção (dos funcionários dos Correios) e vêm de coração aberto", observa. Outra voluntária no projeto e funcionária da instituição, Ana Paula Guimarães Geraldi, diz estar “amando” trabalhar na iniciativa. “Li uma cartinha que me marcou muito pelo significado, que era de uma criança só com vontade de comer biscoito Passatempo”, relembra. Para Ana Paula, a tarefa que ela executa – cortar, grampear a carta e passar para o próximo colega lê-la – é “primeiramente um gesto de amor”. A voluntária acrescenta que acha interessante o conteúdo das cartinhas, que trazem

para ela crescimento pessoal, tendo em vista que pode passar a conhecer, pelos textos, a realidade de outras pessoas. “Se a chefe do meu setor me liberar, ano que vem eu volto para cá”, brinca, sorrindo. A opinião de Ana Paula é compartilhada pela colega Marta Helena dos Santos. “Tem muitos que falam como é a vida que levam”, conta, alegando que é possível perceber a realidade da criança que escreve para o Papai Noel, ou dos pais que escrevem em nome dos filhos, para os mesmos. Também iniciante nesse serviço temporário, o fotógrafo e cinegrafista Júnior Eustáquio concorda que a idéia de alimentar o sonho em torno das cartas ao “bom velhinho” é “interessante”. “O que eu faço hoje não aparece agora, mas eu posso realizar o sonho de uma criança”, pondera Júnior. Ele acredita que daqui a alguns anos as crianças presenteadas podem vir a ser padrinhos de outras em Natais futuros. O espírito natalino é incorporado inclusive pelo atendente que orienta os “candidatos a Papai Noel” e cadastra os dados dos mesmos. Isaac dos Reis Gonçalves instrui os padrinhos a escreverem uma cartinha resposta para ser entregue junto ao presente, com os dizeres: “para ele ser bom filho, estudar, porque ele pode escutar mais o Papai Noel que a família”. E completa: “É nesse espírito que a cartinha deve chegar ao seu destino”, ressalta Isaac, com alegria.

GUSTAVO ANDRADE

Betinha, a faxineira encantada com o mundo da literatura n DIANA FRICHE, LORENA KAROLINE MARTINS, 3º PERÍODO

Por trás do jeito tímido, o sorriso encantador desperta a atenção dos colegas de Maria Elizabeth Jaques da Costa. Faxineira da Rede Globo de Televisão há 12 anos, Betinha, como é conhecida, tem a leitura como hobby, característica que a distingue de todas as outras faxineiras. Betinha já foi homenageada por ser a funcionária que mais pegou livros na biblioteca da emissora. Segundo a bibliotecária responsável pelo Centro de Documentação (Cedoc), Maria de Lourdes Pereira Gomes, em 2005 foi feito um levantamento sobre o número de pessoas que utilizavam os livros do acervo e Be-

tinha foi a primeira da lista. A biblioteca, criada em 2002, contém cerca de 1300 livros de consulta, pesquisa e literatura. Atualmente, iniciou-se um acervo de CDs e DVDs, disponíveis para uso de funcionários. "Não temos a finalidade de fazer uma grande biblioteca, mas sim de atender os funcionários", explica a bibliotecária. Com 48 anos de idade, Betinha conta que o interesse pela leitura começou quando era pequena. "Quando eu estudava na escola, eu li um livro e fiquei ansiosa para saber cada pedaço da história e vi que gostei de ler. Aí eu fui lendo jornal, revista e fui criando o hábito de ler", conta. Hoje, com a biblioteca da emissora disponível a todos os funcionários, Betinha conta que pode ler mais

e que o acesso aos livros, para quem gosta de ler, é muito facilitado. Ao ser perguntada sobre quais são os seus autores preferidos, Betinha não ficou em dúvida ao responder Agatha Christie e Sidney Sheldon, dois representantes de um de seus gêneros prediletos, o suspense. Betinha também sempre lê livros espíritas e um dos livros que mais gostou de ler foi "Bem-vindo à vida", de Eduardo Aquino. "Lendo os livros, a gente aprende a falar, a conversar melhor, além das histórias que faz com que a gente dê mais valor a vida. Os livros têm ensinamento", acredita. "Depois que eu comecei a ler e todo mundo viu, mais pessoas estão pegando livros emprestados", alega Betinha. Foi o que aconteceu com Larissa Silveira, 23 anos,

cantineira de uma das lanchonetes da Globo. Ela conhece Betinha há quase dois anos e sempre pede conselhos de leitura à amiga. "Ela sempre me indica livros que são muito bons. Quando não sei qual pegar, ela me indica", assegura. Apesar de todos os seus colegas de trabalho conhecerem seu gosto pela leitura, Betinha prefere não ler no serviço. "Não gosto de ler com pessoas conversando, porque eu não me concentro. A única coisa que eu consigo ler é com o rádio ligado, bem baixinho. Gosto de ler na minha casa à noite, quando eu chego do trabalho, porque eu já estou relaxada", revela. Considerada uma "leitora compulsiva", Betinha comenta que s e m p re p ro c u r a a l g o para ler para ocupar as

A faxineira Betinha divide o trabalho de limpeza com a paixão pelos livros horas vagas. "Quando não tem livro perto de mim, eu procuro um j o r n a l , u m a re v i s t a , mas quero ler", revela. E ela afirma pretender

ler sempre e progredir com a leitura : "Não paro mais. É meio difícil de parar de ler quando a gente gosta",diz.


Economia • Esporte

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Novembro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas • jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

COFRES CHEIOS, MOEDAS EM FALTA Hábito de guardar dinheiro em cofrinhos pode ser uma boa maneira para poupar, mas diminui a circulação de recursos e dificulta o trabalho dos comerciantes na hora de dar troco GUSTAVO ANDRADE

n SÍLVIA ROCHA ESPESCHIT, 2º PERÍODO

Cofrinhos já se tornaram indiscutível lugarcomum na casa do brasileiro. Qualquer troco que vai parar no bolso de muitos cidadãos não tem chance alguma de permanecer na sua carteira, para poder ser repassado em futuras compras. Esse é o caso do comerciante José Ferreira Lopes, 55 anos, que há cerca de dez anos desenvolveu o hábito de guardar suas moedas em um cofrinho feito por ele mesmo. Para José Ferreira, essa é uma excelente forma de poupar um bom dinheiro, para viabilizar as suas férias de meio ou final de ano. “Tem semestre que dá pra guardar 800, 1000, 1500. Depende muito”, revela. Contudo, atualmente não é qualquer moeda que ganha espaço no cofre de José. “Hoje só guardo moeda de R$ 1. A menor ocupa muito espaço e o valor é mínimo”, conta o comerciante sobre seus requisitos mínimos para poupar. Por “praticar” essa atividade há tantos anos, José Ferreira já sente diferença na facilidade de encontrar moedas atualmente, em comparação há alguns anos. Segundo ele, hoje em dia conseguir receber moedas se torna tarefa cada vez mais difícil, uma vez que está “todo mundo guardando”. Ele ainda arrisca duas possibilidades para tal exercício: algumas pessoas poupariam por julgarem ser essa uma atividade “chique” e outras por necessidade. “Acaba que atrapalha no troco. Hoje, é muito difícil ver nota de

Desvalorização explica sumiço

Denner Hallais, sócio-proprietário da Copiadora Pingüim, padronizou os preços dos produtos com a falta de moedas um real. A moeda de um real é capaz de substituir, mas com esse costume das pessoas, de criança, acaba que tem muito dinheiro circulando e você não vê as moedas”, lamenta. Do outro lado da mesa, estão os proprietários de papelarias. Esse é um grupo que sente a todo o momento as dificuldades de se conseguir troco fácil, por trabalharem em ambientes com muitos produtos e serviços com preços inferiores a R$ 1. “Os clientes pagam tudo em nota grande. Me aperta demais”, diz Fernando Pacheco, sócio-gerente da Via Prudente, localizada à Avenida Prudente de Morais. Para ele, a falta de moedas em circulação se deve a constantes estímulos que os cidadãos recebem, para que poupem. “A Caixa Econômica Federal manda o pessoal poupar. Dá até cofrinho”, comenta. Sobre a moeda de um centavo, Fernando

rebaixa sua importância no dia-a-dia do estabelecimento, perante outras moedas de valor superior. “A moeda de um centavo não tem valor nenhum, nenhuma importância. Só de cinco pra cima”, expõe o comerciante, que não conta com as moedas de valor mínimo no comércio diário. BUSCA POR RECURSOS Denner Hallais França, sócio-proprietário da Copiadora Pingüim, na Cidade Nova, desde 2001, conformou-se com a escassez de moedas de um centavo assim como Fernando Pacheco, e procurou solução para o problema. “A de um centavo é até mais difícil (que a moeda de R$ 1). Padronizei meus preços aqui, que terminam em cinco ou zero”, revela. Denner aponta como motivos para a baixa circulação, o hábito de guardar as moedas em cofrinhos – visto para ele

como uma poupança para aqueles que não tem controle financeiro – e também a má vontade de clientes. “Se você não pede para facilitar o troco, as pessoas raramente facilitam automaticamente”, critica o mau hábito. Mesmo utilizando recursos como a padronização de preços, comerciantes como Denner ainda assim não escapam da falta de outras moedas. Denner afirma que solicita trocas em banco, mas que este nem sempre consegue atender à sua demanda. Assim, familiares e até “clientes mais amigos”, servem de ferramenta para reposição de moedas no caixa da copiadora, uma vez que levam moedas com o intuito de realizar trocas com Denner.

“Moeda de um centavo caída no chão, é lixo”, diz o chefe de divisão do Departamento do Meio Circulante do Banco Central, Eduardo Campos Borges, sobre a desvalorização da população diante da moeda. Tendo em vista a quantidade de estabelecimentos comerciais que utilizam preços não múltiplos de cinco, Eduardo declara que a importância dessas moedas para a economia é realmente o troco em situações como essas. Maria Bernadete Cavalcanti, analista do Banco Central e atendente do SAC (0800-979-2345), supõe que a falta de moedas, especialmente as de um centavo, se deve ao fato de os usuários não darem muita importância a elas. “O Banco Central entende que o que tem no mercado já é suficiente. O problema é que as pessoas não ligam”, diz ela sobre decisão de parada na produção dessas moedas, feita no fim de 2004, que mesmo assim não implica no recolhimento das que estão em circulação – não há perda de valor (elas continuarão valendo um centavo) e não serão recolhidas. Segundo ela, o recurso para os comerciantes que sentem falta do valor mínimo para troco é mesmo a solicitação de moedas no banco. “Ele (o comerciante) pede ao banco, previamente, que solicita ao Banco do Brasil, que é o repassador para os outros bancos”, comenta

Bernadete sobre o processo. UM REAL Ao contrário da moeda de um centavo, a escassez da moeda de um real tem outra explicação, segundo Maria Bernadete. De acordo com ela, pessoas em diversas regiões do Brasil começaram a poupar as moedas de um real que continham em uma das faces o rosto do ex-presidente Juscelino Kubitschek e as que possuem imagem da fachada do Banco Central. O boato era baseado na idéia de que o Banco Central estaria recolhendo essas moedas e pagando a quem lhes vendesse. Segundo ela, o Banco Central recebeu inúmeras ligações no último ano em decorrência desse boato e a todas elas foi respondido que estas são apenas moedas comemorativas, que não estavam sendo recolhidas, e que não valem mais do que o valor inscrito em uma das faces, um real. A respeito do valor “um real”, a analista comenta sobre a tendência de serem utilizadas cada vez mais moedas para representá-lo e cada vez menos as notas. “Decidiram que não há necessidade de nota, se há a moeda”, conta sobre o processo que é visto como uma uniformização. “A moeda pode durar até vinte anos. Já a vida útil de uma cédula de um real é de doze meses”, ilustra o chefe de divisão Eduardo Campos Borges, sobre a vantagem de uso da moeda no lugar da cédula.

Associação une Brasil e Itália em prol do esporte n CARLOS HENRIQUE CAMPOS, ERON RODRIGUES RIBEIRO, 4º PERÍODO

Inaugurado em fevereiro de 2005 e contando hoje com cerca de 280 alunos, o Centro Esportivo Padre Virgílio Resi da Associação Esportiva Brasil-Itália é hoje, além de uma referência entre as escolinhas de futebol da capital mineira, um exemplo de trabalho social. A entidade que está localizada no Bairro Floramar, tem por finalidade ensinar futebol para os garotos que moram no bairro e nas regiões vizinhas. A entidade surgiu quando o italiano Alessandro Pascucci, idealizador do projeto, conheceu a também italiana Rosa Brambilla, responsável pela Creche Comunitária Jardim Felicidade. A amizade entre os dois foi instantânea e então Alessandro decidiu dar seqüência ao projeto iniciado por Rosa, planejando a construção de uma quadra de futebol society ao lado da creche, num local onde havia

um lixão. O projeto contou com a colaboração da Prefeitura de Belo Horizonte, que cedeu o terreno, além de um alto investimento de Alessandro e de alguns de seus amigos italianos, especialmente Bruno Bertagnoli. O gasto estimado para a construção da quadra foi de cerca de 100 mil euros, além dos gastos que a entidade teve com materiais esportivos, telhas para cobrir a quadra , entre outros. “Não é todo dia que achamos um louco que se disponha a investir tanto dinheiro numa coisa que não dá retorno financeiro”, brinca Alessandro. Somente Bruno e Alessandro dispuseram desse valor para a construção, apenas depois outros italianos ajudaram para os demais gastos que envolveram acabamentos, por exemplo. O motivo para Alessandro e seus amigos investirem essa quantia é o fato de eles serem apaixonados por futebol e aparentarem possuir boas condições financeiras na Itália. Por isso, explicam, investiram em algo que não

tem fim comercial. A escolinha ainda nem sequer completou quatro anos de existência e já acumula uma série de títulos e troféus, incluindo vitórias fora do estado. Em 2006, por exemplo, a instituição foi escolhida pela Federação Mineira de Futebol (FMF) para representar o estado numa disputa contra a Federação Paulista, em um torneio realizado em São Paulo. E os meninos comandados por Alessandro voltaram da capital paulista com os troféus de vencedores das três categorias que disputaram. “A cada ano ganhamos em média sete ou oito títulos”, comenta ele. Mas a preocupação da associação Padre Virgílio Resi vai muito além de ensinar futebol aos garotos. Sempre ao entrarem na quadra, os garotos cumprimentam os treinadores e respondem à lista de chamada. Também são educados em relação ao uso do uniforme e a jogarem o lixo em uma das várias lixeiras localizadas ao redor da quadra. “Mais do que formar grandes jogadores, nos pre-

ocupamos em formar grandes homens”, afirma Alessandro. “Se alguns desses garotos virarem craques, ótimo. Mas o mais importante é que eles se tornem grandes pessoas”, conclui. Além dos 280 garotos que participam do projeto, exis-

tem cerca de 60 outros meninos na fila esperando uma vaga. Graças ao projeto, Alessandro Pascucci recebeu em 2006 o prêmio Wadson Lima, concedido pela Federação Mineira de Futebol às pessoas que deram sua contribuição ao esporte.

A instituição que já contou com visitas ilustres como a dos atacantes Giovanni (exjogador do Cruzeiro) e Euller (jogador do América), se mantém com o dinheiro recebido pelo aluguel da quadra durante os finais de semana.

ERON RODRIGUES RIBEIRO

Associação esportiva Brasil-Itália ensina futebol para 280 crianças do Bairro Floramar e já conquistou muitos títulos


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José Hamilton Ribeiro

Entrevista

JORNALISTA jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas.jornalmarco

AS CERTEZAS DO REPÓRTER DO SÉCULO n DANIELA GARCIA, RAQUEL RAMOS DE CASTRO, 4º PERÍODO

Na cozinha da Academia Mineira de Letras, localizada à Rua da Bahia, no Bairro de Lourdes, em Belo Horizonte, José Hamilton Ribeiro revelou em entrevista ao MARCO que possui uma lista “interminável” de pautas de reportagens que ainda pretende fazer."Tenho uma lista de 10, quando eu faço uma, tiro aquela e ponho outra", brinca o jornalista , ao redor de uma mesa estendida onde havia uma cesta de pães e uma garrafa de café, ambiente propício para o profissional de 73 anos, que vive de contar saborosas histórias. Uma delas, provavelmente a mais conhecida, aconteceu há 40 anos, quando ele perdeu parte da perna esquerda ao pisar numa mina terrestre. Isso aconteceu em 1968, quando José Hamilton Ribeiro cobriu a Guerra do Vietnã para a Revista Realidade, famosa publicação da época. "Guerra é ruim, agora, guerra sem jornalista é pior. Porque a presença do jornalista com uma câmera de televisão, mais ainda, inibe a violência, a crueldade, o abuso", revela. Por conta de um medo "meio sofisticado", José Hamilton não quis "ser carimbado como repórter de uma reportagem só", e venceu o desafio. Nesses mais de 50 anos de carreira, ganhou sete prêmios Esso, escreveu 15 livros e há 26 anos é repórter do Globo Rural. No próximo ano, espera lançar o livro "O ABC do Jornalismo Científico". O que levou o senhor a acrescentar mais detalhes nesse livro O Gosto da Guerra? A primeira edição do livro foi só sobre a Guerra do Vietnã e a minha participação na guerra. Aí quando foi de 68 para 95, 27 anos, 27 anos depois eu voltei ao Vietnã em paz, então eu pude comparar aquele país em guerra e com aquele país em paz. O quê tinha virado aquele país de um povo tão heróico vencido uma guerra tão badalada. A guerra do Vietnã contra os americanos, numa leitura bem ingênua, bem assim, bem primária, os pobrezinhos dos vietnamitas contra os tubarões americanos e os pobrezinhos venceram a guerra. Tudo bem, venceu, os americanos saíram de lá fugidos, humilhados, mas o quê que os vietnamitas fizeram com a paz? E o que eles fizeram com a vitória? Isso eu fui ver 27 anos depois. O que eu encontrei foi um povo heróico que tinha lutado contra os americanos e que passou a ser um povo escravizado, por um governo totalitário, um governo comunista de camisola, primário, primitivo, que transformou aquele povo heróico em um povo escravo. Então, foi muito dolorosa essa segunda visita, e aí eu faço um contraponto com o livro, que a guerra do Vietnã cheia de esperança para o mundo. E no fim o que deu. Um país que no ano que eu estive lá, o general Vo Giap, um grande líder militar dos vietnamitas contra os franceses, depois contra os americanos, dizendo 27 anos depois que o Vietnã venceu a guerra, que dos 200 países organizados do mundo, naquele momento, o Vietnã era o terceiro debaixo para cima, de pobreza, de miséria, de infelicidade. Como o senhor avalia a cobertura da mídia nas guerras do Vietnã, Afeganistão, Iraque? Sim, a guerra do Vietnã por circunstâncias especiais e históricas foi uma guerra que teve uma grande cobertura internacional. Foi a 1ª guerra que a televisão pôde fazer a cobertura, porque teve equipamento portátil, suficientemente leve que podia levar para casa, levar para lá, depois manda a fita que é uma coisinha pequenininha assim. Uma pessoa saía correndo com essa fita e arranjava um jeito de mandar essa fita, e essa fita chegava na televisão. Coisa que antes não tinha essa tecnologia, o equipamento de televisão era muito pesado. Não tinha cobertura de guerra em tv. Começou no Vietnã. Por um lado a tecnologia beneficiou a televisão, por outro lado a guerra do Vietnã foi uma guerra de terceiro mundo. Então, os americanos não estavam em guerra. Não era a guerra dos americanos. Americano não estava em guerra contra niguém lá. Estava ajudando um país que tinha sido agredido por outro e pediu ajuda internacional. Então, foram tropas americanas, canadenses, da Austrália, da Coréia do Sul, e até o Brasil teve a ponto de mandar. Então, o dono da guerra do Vietnã era o Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul, ambos dois países pobres. Com a diferença que o Vietnã do Norte era um país comunista, engatado na Rússia e na China e não deixava entrar jornalista, era proibido porquê no regime comunista não tem jornalista. E, não tem liberdade, e não tem independência. Então, não deixaram entrar jornalista independente lá do lado comunista. Então, jornalistas iam todos para o lado do sul. E os jornalistas que eram à favor dos americanos, que eram contra aos americanos, que eram à favor dos comunistas, contra os comunistas, ia todo tipo de jornalista para o Vietnã do Sul. De tal maneira, que em um certo momento, chegou a se ver lá 500 correspondentes estrangeiros ao mesmo

Tem algum assunto que o senhor não gosta de escrever? E qual assunto o senhor gostaria de fazer e ainda não fez? Os meus livros são subprodutos de reportagem. Todos eles. Inclusive do Vietnã, porque eu fiz a reportagem da guerra e um editor me procurou em seguida, Editora Brasiliense. Falou: “Ó Zé Hamilton vamos fazer um livro disso aqui, como é que pode ser?” Eu tinha um diário e ia anotando as coisas do dia-a-dia. Na reportagem eu aproveitei só parte do diário”. Então vamos pegar o diário inteiro” e aí, o livro foi feito na base do diário. Então, todos os meus livros são frutos de reportagem. São consequências de reportagem. E, como eu tenho uma lista de dez reportagens para fazer ainda. E toda vez que eu faço uma, eu ponho outra na lista. Então, eu tenho uma lista de dez permanentemente. Quem sabe eu escreva um livro para frente aí. Tem algum tipo de pauta que o senhor prefere fazer no Globo Rural? Prefiro pauta que envolva gente simples. Não gosto de trabalhar com milionário, com empresário poderoso, político vitorioso, esse pessoal do poder manipula muito o jornalista. Eu prefiro trabalhar mais com gente simples, que eles não vão me manipular, e também eu não vou manipular eles, que eu não tenho capacidade para isso. Então, ficamos em duas simplicidades.

tempo no Vietnã. Todos os jornais de todas as grandes cidades do mundo mandavam gente para o Vietnã. Um outro fator é que o Vietnã era uma guerra disforme. Não era uma guerra de trincheiras, era uma guerra aberta. Então, ela ocorria no país todo, o tempo todo. E, você, um jornalista independente, se infiltrava no meio do povo e acabava conseguindo informações da guerra. Porque a guerra estava rolando ali. Isso permitiu que jornalistas independentes, Quais são as suas qualidades que fazem do free lancers, assim aventureiros, chegavam senhor o Repórter do Século? lá e conseguiam um credenciamento para o Olha, esse título foi dado pelo prefaciador correspondente de guerra do livro do Ricardo por sua própria conta em Kotscho. Porque o livro risco. Muitos deles morfoi feito no começo reram lá no meio do agora do século 21. E, Vietnã. Inclusive um filho REFIRO PAUTA QUE ele invocou as reportado Errol Flynn, um artista ENVOLVA GENTE SIM gens que ganharam o de Hollywood, o Errol Prêmio Esso todas no PLES SSE PESSOAL Flynn Jr, jornalista indeséculo 20. Então, o pendente, foi ao Vietnã e DO PODER MANIPULA Kotscho fez uma linha sumiu. Nunca mais se dizendo que ninguém MUITO O JORNALISTA soube dele. Agora, você vê no século 20 ia me a Guerra do Iraque, o ultrapassar com o Afeganistão, são guerras Prêmio Esso. Então, de americano. Uma guerra dos americanos pegando o Prêmio Esso como referência significa briga de cachorro grande. Então, ninguém ganhou mais do que eu no século jornalista só entra em determinadas 20. Então, o título do livro pode ser condições. Só entra até um certo ponto, e Repórter Século 20. Mas, a editora achou ele tem que fazer a sua correspondência de que botando século 20 ia ficar parecendo guerra, ouvindo fontes. Militar ou de um uma coisa muito antiga. lado ou do outro, ele escolhe o lado que ele quer. Mas ele não tem a informação de Quais as qualidades que fazem do senhor um primeira mão então, de certa maneira é bom repórter? uma cobertura teleguiada, vamos dizer ‘Eu sou Zé de Santa Rosa animal de pouca assim. E é uma guerra mais tecnológica, fama. Eu tanto corro no seco quanto eu uma guerra de botão, uma guerra que se corro na lama. Quando o marido chega, eu decide em um quartel general, em sala de vou pra debaixo da cama’. (Risos geral) Só computador, não é uma guerra que se decide em campo. Como no Vietnã.

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que desses versos, só o primeiro que é meu, o resto é uma brincadeira do Paulo Vanzolini. O que faz que eu seja um repórter que ganha prêmio? Eu tenho uma resposta absoluta pra isso. Outro dia, eu fui ao cinema, numa estréia de um filme do Eduardo Coutinho, que é o maior documentarista do mundo. Ele fez o “Cabra Marcado para Morrer”, fez “Jogo de Cena”, “Edifício Master”. Cabra Marcado para Morrer foi considerado pelo Hector Babenco, um cineasta argentino, que fez filmes nos Estados Unidos, como o melhor filme do mundo, da história do cinema. E, o Eduardo Coutinho é meu amigo de infância. Outro dia eu o encontrei no lançamento do filme. Aí eu falei ‘Eduardo Coutinho, mas que coisa né? Nós era moleque, dois capial, a gente trabalhou junto um tempo. Nos éramos dois capial lá, depois de repente eu vejo, no jornal ‘Eduardo Coutinho ganha prêmio daquilo”. Ele falou: ‘Ó Zé Hamilton eu também vejo o ‘Zé Hamilton ganha prêmio disso, ganha prêmio daquilo’. Eu falei ‘comé que ce explica isso?’ ‘É que nós tamo é durando muito’. O jornalista que fica pouco tempo na profissão não tem tempo de ganhar prêmio, acaba não ganhando. E, agora eu tô mais de 50 anos, aí e ele também há mais de 50 anos no cinema. Naquele livro o Repórter do Século tem um anexo de dez perguntas que mais fazem para você. Essa repetição te incomoda? Olha, eu acho o seguinte que uma pessoa que é jornalista ou que está estudando jornalismo, que pretende ser jornalista eu acho que tem que fazer já sabendo algumas coisas. Se as dez perguntas já estão lá, não precisa perguntar de novo. Uma vez, o senhor foi à PUC Minas. O senhor foi patrono de uma turma, não foi? Foi O senhor falou que tinha duas certezas na vida. O senhor adquiriu mais uma certeza, além dessas duas? É (risos). Eu tenho mais uma Então, conta para gente Nesses 50 e poucos anos de jornalismo eu aprendi três coisas. Eram duas, agora eu aprendi mais uma. As duas: primeiro, a azeitona preta é tingida. A segunda é que nos banheiros a torneira quente é da esquerda. Terceira coisa: de ovo de cobra não sai canarinho. Pega um ovo de cobra e põe na galinha, num tem ilusão, dali não vai sair coisa boa, sabe?

GUSTAVO ANDRADE

O acidente que o senhor sofreu na guerra do Vietnã contribuiu de alguma maneira para que seu nome se popularizasse? Eu tenho uma pequena historinha. Na guerra do Vietnã, em função do meu acidente, eu vivi três medos sucessivos. O primeiro medo foi quando eu me vi ferido, muito ferido, um pedaço da cabeça aberta, uma perna machucada e imagine saindo sangue da perna. Uma veia grossa. Logo, em questão de segundos tinha poça de sangue do meu lado. Então, o primeiro medo foi o morrer, que durou uns três ou quatro dias. Depois, três, quatro dias no hospital, aí o médico falou você não morre mais. Porque aqui só morre no 1º dia, passou do 2º dia não morre mais. Porque a medicina americana de guerra é muito boa. O segundo medo foi o de me tornar uma pessoa incapaz, fisicamente, uma pessoa dependente, que não pudesse ganhar a vida com o meu trabalho. Contra esse medo eu lutei, ainda no hospital. Assim, que eu pude me mover na cadeira de rodas eu já comecei a fazer entrevistas com médico, ferido, enfermeiro, ia lá ver onde que estava o morto, o que eles faziam com o corpo. Fui atrás ali, e já comecei a trabalhar pra vencer esse segundo medo. Eu fiquei com medo de ser um repórter que mesmo que trabalhasse depois da guerra do Vietnã, fosse carimbado como o camarada que fez uma reportagem e depois não fez mais nenhuma coisa que prestasse. Então, quando voltei do Vietnã fazia reportagens com assuntos completamente diferentes. Entrei em vários concursos de jornalismo para ganhar prêmio sobre outros assuntos. E, aliás, não ganhei prêmio com a reportagem do Vietnã. Fui ganhar com outra reportagem para vencer esse terceiro medo. Um medo que era meio sofisticado, psicológico. Um amigo meu disse que é mais frescura de não querer ser carimbado como repórter de uma reportagem só.

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