Um ano depois da Olimpíada, a FAB incrementa sua participação no apoio ao esporte de alto rendimento no País Brasil assume controle do SGDC
‘Hzão’ completa cinquentenário na FAB
Novas regras para operação de drones
Preparação para coberturas jornalísticas de conflitos
FAB na corrida espacial
Aspirante a oficial Wander Marcel Barros Chaves / SubdivisĂŁo de Publicidade e Propaganda
Prepare seu plano de voo Cb André Feitosa / Agência Força Aérea Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
Edição nº 253 Ano 44 Julho / Agosto / Setembro - 2017
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Um ano depois
FAB utiliza espaços costruídos para os Jogos Olímpicos Rio 2016 no treinamento de atletas de alto rendimento e no apoio a projetos sociais que atendem crianças e adolescentes
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ENTREVISTA
FAB projeta o Brasil no espaço
Vice-diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial fala sobre próximos passos da FAB na projeção espacial do País
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REGULAMENTAÇÃO
Drones sob controle
Instituições responsáveis pela regulamentação das Aeronaves Remotamente Pilotadas lançam novas regras para operações desses equipamentos
EXPEDIENTE Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Antonio Ramirez Lorenzo Vice-Chefe do CECOMSAER: Coronel Av Flávio Eduardo Mendonça Tarraf Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER).
Coronel Av José Frederico Júnior
Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte.
Ten Cel Av Rodrigo José Fontes de Almeida
Impressão: Gráfica Pallotti.
Contato: redacao@fab.mil.br
Aerovisão
Período: Julho / Agosto / Setembro 2017 - Ano 44
Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação:
(Jornalista Responsável - 16128/RS)
Jul/Ago/Set/2017
Tiragem: 18 mil exemplares.
Distribuição Gratuita Acesse a edição eletrônica: www.fab.mil.br/publicacao/listagemAerovisao
Edição: Tenente Gabrielli Dala Vechia
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Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar CEP: 70045-900 - Brasília - DF
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Fumaça já
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Caprichoso e Garantido
HISTÓRIA
Para comemorar os 65 anos da Fumaça, completos em 2017, veja os principais fatos dessa trajetória em cinco fotos históricas
FAB NOS BASTIDORES Força Aérea monta estrutura especial de controle de tráfego aéreo que garante um dos principais eventos folclóricos do País: o Festival de Parintins
Publicitário Ricardo Kunssunda
Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea
Veja a edição digital
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REESTRUTURAÇÃO
Ensino renovado
Escolas de aperfeiçoamento e pós-formação da FAB passam por reestruturação
Veja na FAB TV (youtube.com/portalfab) CONEXÃO FAB
Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea
A última edição do Conexão FAB trouxe como destaque a participação da Esquadrilha da Fumaça na F-Air – a principal feira aeronáutica da Colômbia.
CLIPE 30 MIL HORAS DO BLACK HAWK No mês de julho, o helicóptero H-60L Black Hawk completou 30 mil horas de operação na Força Aérea Brasileira – onde atua desde 2006. Para comemorar a marca, a FAB TV fez um videoclipe comemorativo mostrando os diferentes empregos da aeronave na Força. Aerovisão
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Aos Leitores
A Força do legado Fazer parte do grupo de instituições mais confiáveis do País é algo que imputa enorme responsabilidade a qualquer organização. E é com esse viés em mente, que a Força Aérea Brasileira, componente aéreo das nossas Forças Armadas, trabalha diuturnamente nas mais diversas áreas em prol do bem-estar e segurança do povo brasileiro. Destacamos nesta edição da nossa revista todo o esforço da FAB para efetivar um legado olímpico digno do investimento realizado. São centenas de jovens que hoje vislumbram uma oportunidade na vida por meio do esporte e que podem um dia se tornar não só ídolos nacionais, mas principalmente uma referência a ser seguida. Voltando nossos olhos mais para o alto, mas bem mais para o alto mesmo, chegaremos a uma conquista tecnológica que deve ser motivo de orgulho para todos os brasileiros: o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas, o SGDC, que, agora posicionado a incríveis 36.000 km de altitude, garante comunicações militares seguras às Forças Armadas brasileiras e, em breve, deve ampliar significativamente a disponibilidade de banda larga no País.
Entretanto, nem só de inovação vive a FAB. Ela também rende suas homenagens a um integrante cinquentenário que muito já fez pelo Brasil e que agora atinge o momento da merecida aposentadoria. O “HZÃO”, helicóptero de eficiência inquestionável e barulho inconfundível, encerra neste ano sua operação na FAB, com uma história repleta de glórias e conquistas. Enfim, são muitas aventuras ao longo das nossas páginas, as quais encerramos com uma novidade. A partir de agora, apresentaremos artigos de especialistas em diversos assuntos de interesse da Força, sempre com o intuito de ampliar os horizontes dos nossos leitores. Aproveitem ao máximo e não se esqueçam de nos ajudar a melhorar nosso trabalho por meio do endereço eletrônico redacao@fab.mil.br, onde estamos sempre à disposição de críticas e sugestões.
“Nossa capa: A foto, de autoria do Sargento Johnson Barros e arte do Aspirante a oficial Wander Marcel Barros Chaves, mostra a infraestrutura construída para a Olimpíada revelando futuros atletas
Boa Leitura! Brigadeiro do Ar Antonio Ramirez Lorenzo
Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
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ENTREVISTA
Major-Brigadeiro Fernando defende que aspectos como PIB, posição geográfica, população e espaço territorial do Brasil reforçam a importância do investimento na área espacial
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“Precisamos investir, progressivamente, em meios satelitais e espaciais que vão nos proporcionar ferramentas para a Força Aérea do futuro”. Com essa frase, o Vice-Diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Major-Brigadeiro Engenheiro Fernando Cesar Pereira Santos, resume os próximos passos do Brasil em relação aos engenhos espaciais. Após o lançamento do primeiro satélite geoestacionário brasileiro, que já serve à comunicação militar e governamental e vai atuar na inclusão digital dos brasileiros (leia mais na página 50), a Força Aérea articula os próximos passos no fomento à questão espacial, em parceria com outros órgãos governamentais. Designada pela Estratégia Nacional de Defesa, a Força é responsável, no âmbito do Ministério da Defesa, por encabeçar a corrida brasileira rumo ao domínio de tecnologias espaciais. De acordo com o entrevistado, é no Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), que prevê aquisição e desenvolvimento de uma constelação de satélites, que está o futuro da Força. “O Brasil tem um plano para a área espacial e nós estamos perseguindo esses objetivos”, afirma. TENENTE JORNALISTA IRIS VASCONCELLOS
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Sargento Alexandre Manfrim / Agência Força Aérea
FAB projeta o Brasil no espaço
Por que o Brasil precisa ter acesso ao espaço? O País já tomou uma decisão, a de investir nessa área, e isso não é de hoje. Desde o momento em que foram criadas as estruturas básicas, na década de 1960, com a criação do INPE [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais], do CLBI [Centro de Lançamento da Barreira do Inferno] e IAE [Instituto de Aeronáutica e Espaço], além da legislação que as regula, estava decidido que isso é importante para o Brasil. O País tem um plano para a área espacial e nós estamos perseguindo esses objetivos. No meu ponto de vista, esse é um aspecto de importância indiscutível, um investimento que precisamos fazer. Eu avalio que quatro aspectos da geopolítica brasileira não nos permitem ficar de fora dessa busca pelo domínio espacial: PIB, posição geográfica, população e espaço territorial. É preciso também observar e procurar entender por que os países desenvolvidos têm investido tanto nisso.
A riqueza do conhecimento é a maior que podemos ter. Países que foram destruídos por guerras continuam ricos e influentes em função dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação. Países
“A riqueza do conhecimento é a maior que podemos ter”
que eram essencialmente agrícolas e pouco desenvolvidos, se transformaram em Estados pujantes pela mesma razão. Qual a relação da Força Aérea Brasileira com essa questão? Para nós, é uma questão de futuro. Nos próximos anos, quem dominar o espaço vai dominar importantes aspectos de defesa. O poder aéreo precisa desse arcabouço de equipamentos e tecnologias para fazer frente a novos cenários que se descortinam. Nós precisamos, de uma forma progressiva, investir em meios satelitais e meios espaciais que vão nos proporcionar ferramentas para a Força Aérea do futuro. Por outro lado, também há uma designação legal para fomentar a questão espacial: pela Estratégia Nacional de Defesa, assim como o Exército ficou responsável pela área cibernética e a Marinha pela área nuclear, nós fomos indicados para, em conjunto com outros órgãos civis que já atuam nessa área, incrementar a projeção do Brasil no espaço.
Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
Miniatura do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) e, ao fundo, antena localizada em Brasília (DF), que já está sendo usada para monitorá-lo
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Sargento Alexandre Manfrim / Agência Força Aérea
O Major-Brigadeiro Fernando é Vice-Diretor do DCTA, que gerencia mais de cem projetos. Um deles é o míssil A-Darter, que vai equipar o caça Gripen NG
O que a FAB tem feito pela questão espacial? Recentemente, atuamos, junto com a Telebras, no lançamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas. Ele foi lançado no início de maio lá de Kourou [na Guiana Francesa]. Nós compramos o satélite de um fabricante estrangeiro e ele foi lançado de uma base francesa. A aquisição prevê cláusulas de off-set para absorção de conhecimento e a operação do satélite já está sendo feita pela Força Aérea Brasileira por meio do COPE [Centro de Operações Espaciais], que é uma estrutura interna ao Comando de Operações Aeroespaciais. Os primeiros satélites vão ser assim. Na sequência dos trabalhos, teremos o nosso satélite e o nosso lançador, em parceria com o INPE. Primeiro vamos comprar, depois vamos desenvolver e lançar.
“Como todo projeto de Estado, a sociedade – e quando eu digo sociedade, eu não me refiro só ao governo – tem que estar engajada em um projeto como esse ”
Isso tudo está previsto no PESE, o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais, que é uma das frentes que a Força Aérea está encabeçando. Trata-se de uma constelação de satélites, todos eles de uso dual – ou seja, servem tanto à defesa quanto às áreas do meio ambiente, da agricultura, à Polícia Federal. Essa dualidade é muito importante. Qual a finalidade dos satélites previstos no PESE? Já estamos trabalhando na especificação deles. Em um primeiro momento, faremos uma licitação para alugar um satélite de órbita baixa, que permite a observação da superfície da Terra. Hoje em dia, vários órgãos governamentais compram a mesma imagem e nós vamos otimizar esse procedimento. Aerovisão
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Lá na CCISE [Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais] estamos trabalhando fortemente para procurar todos os possíveis interessados no uso das imagens geradas pelo satélite que vamos alugar. Nós vamos procurar todos os clientes; a minha equipe já está em campo trabalhando nisso. Essa iniciativa deve trazer economia de recursos? Existem recursos já alocados pelos Ministérios para diversas empresas, que poderiam ser canalizados a esse satélite. E existe uma demanda reprimida, que é o quanto se precisaria e não
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está sendo atendido. A Polícia Federal, o Ministério da Agricultura, para citar apenas alguns exemplos, precisam de muito mais imagens do que eles dispõem, e essa parceria vai trazer não só economia, mas vai ampliar o espectro de demandas. Embora o envolvimento da FAB na questão espacial tenha ganhado proporções maiores nos últimos anos, com o SGDC e o PESE, o envolvimento da instituição é bem mais antigo. Quando começou? Desde a década de 1950, temos pessoal e uma estrutura pronta para
assumir este tipo de desafio. Temos, no DCTA ,112 projetos em andamento. As coisas estão acontecendo. A área de ciência e tecnologia demanda recursos e a velocidade dos projetos é proporcional à aplicação deles. Mas nós estamos andando, progredindo. Nós já temos o principal, que é a estrutura, que poucos países do mundo detêm. Acompanhei a inauguração de um espaço do ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica] no Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP). O ITA possui uma incubadora de novas empresas de tecnologia, a Incubaero, e, na ocasião, uma das empresas estava
Empresa Altave / internet
Suboficial Edmilson / Subdivisão de Publicidade e Propaganda
Arte representa a constelação de satélites previstos dentro do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE). Eles terão uso dual - civil e militar
A empresa Altave nasceu dentro do DCTA e hoje compete no cenário internacional, com soluções de monitoramento na área de segurança pública
“Nós precisamos, de uma forma
deixando de ser incubada e passando para o parque – a Altave. É uma empresa que vendeu serviços para a Olimpíada, um balão que produz imagens para a área de segurança, de alta tecnologia. Uma empresa de sucesso hoje. Quais os desafios para o desenvolvimento da área espacial no Brasil? Eu não gosto de reclamar de falta de recursos humanos e financeiros, mas esta é uma área que requer vultosos investimentos e equipes especializadas. Precisa-se aportar um grande volume de recursos ao longo de muito tempo. E também tem outro aspecto impor-
progressiva, investir em meios satelitais e meios espaciais que vão nos proporcionar ferramentas para a Força Aérea do futuro”
tante: as empresas da área de ciência e tecnologia são muito instáveis. Essas empresas precisam ser apoiadas e receber carga de trabalho a longo prazo. O que o Sr. entende que poderia contribuir para a projeção do Brasil no espaço? Nós temos os meios, que é o mais difícil. Como todo projeto de Estado, a sociedade – e quando eu digo sociedade, eu não me refiro só ao governo – tem que estar engajada em um projeto como esse. Ele precisa do apoio e respaldo da sociedade. Os brasileiros precisam afirmar: “eu preciso ter acesso ao espaço”. Por exemplo, a Índia bateu um recorde: lançou 104 satélites em um só foguete, em fevereiro deste ano. Foi uma decisão daquela sociedade e eles evoluíram rapidamente. Aerovisão
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SEGURANÇA DE VOO
Segundo a ANAC, o Brasil tem hoje mais de 8 mil drones cadastrados. Número representa 40% em relação às aeronaves convencionais - que são por volta de 20 mil
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Luiz Eduardo Perez / DECEA
Drones sob controle O crescente número de drones pelo País vem exigindo atualização em legislações para garantir a segurança das pessoas e do espaço aéreo ASPIRANTE JORNALISTA CRISTIANE DOS SANTOS
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Estados com maior número de Drones
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inegrafia, fotografia, busca e salvamento, monitoramento de fronteiras, estradas e florestas, auxílio em plantações. Essas são apenas algumas das utilidades dos drones. As potencialidades oferecidas pelos equipamentos vêm atraindo cada vez mais adeptos, tanto pela população, quanto pelos órgãos públicos e segurança pública. Levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), realizado em maio deste ano, indica 8.027 aeronaves cadastradas. O total de operadores é ainda maior, são 10.659. Existem ainda as aeronaves operadas pelas Forças Armadas, que não são contabilizadas pela ANAC. Os números impressionam, uma vez que a frota de aeronaves brasileiras convencionais, incluindo as que estão suspensas, gira em torno de 20 mil. O estado com mais drones é São Paulo, com 2.799 aeronaves. Em seguida está Minas Gerais, com 814, e Rio de Janeiro, com 765. O termo drone vem da tradução do inglês “zangão”. O apelido surgiu do zumbido que o aparelho emite quando está sobrevoando. Embora o termo seja reconhecido mundialmente, institucionalmente, o aparelho é chamado de Aeronave Remotamente Pilotada (ARP). Outro diferencial é que a ARP é uma aeronave não tripulada, controlada a partir de uma estação de pilotagem remota, com finalidade que não seja recreativa, tais como comercial, corporativa e experimental. Ela se diferencia do aeromodelismo, que é toda aeronave não tripulada com finalidade de recreação. Neste caso, o aeromodelo ainda tem limite de peso de até 250 gramas. As exigências para operar uma ARP são relativamente simples. Se a aeronave tiver peso entre 250 gramas e 25 quilos, sobrevoar altitude máxima de 400 pés - cerca de 121 metros- e manter distância de 30 metros de pessoas, é preciso ter mais de 18 anos, fazer um cadastro da aeronave e do operador na ANAC e estar de acordo com as
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São Paulo 2.799 Minas Gerais 814 Rio de Janeiro 765 condutas recomendadas. Para as aeronaves com mais de 25 quilos, é preciso registro no Sistema Aeronáutico Brasileiro, como ocorre com as aeronaves tripuladas. Os cadastros devem ser atualizados a cada dois anos. Com tantos atrativos e facilidades, está justificado o crescente número de aeronaves remotamente pilotadas. Surgiu daí a necessidade de regular o uso de forma conjunta com outros órgãos públicos. No Brasil, as primeiras discussões voltadas para regulação do uso dos drones originaram-se em 2011, após demanda do Departamento da Polícia Federal que tinha interesse em usar uma aeronave não tripulada de grande porte em suas operações. Desde então, a Agência Nacional de Aviação Civil e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), órgão vinculado ao Comando da Aeronáutica, atuam, de
Tenente-Coronel Jorge Humberto Vargas, Chefe da Seção de Planejamento de Operações Militares do DECEA
Fábio Maciel Tenente-Coronel Vargas / DECEA
O termo drone vem do inglês ‘zangão’ devido ao zumbido que o aparelho emite. A forma mais adequada de denominar é ARP - Aeronave Remotamente Pilotada
forma concomitante e complementar frente à regulação da operação de ARP. Antes disso, o DECEA já havia publicado legislação em 2009 a respeito do uso do espaço aéreo brasileiro por aeronaves remotamente pilotadas. No mundo, as primeiras tratativas são de 2004 e partem da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), da qual o Brasil faz parte desde 2009. A regulamentação brasileira segue a linha de ação adotada pela OACI, com base nas emendas aos anexos da Convenção de Chicago. “Quando o Brasil ingressou neste grupo, começamos a entender o que os Estados haviam apresentado como erro, quais eram os grandes obstáculos e quais eram as boas práticas para que pudessem ser aplicadas aqui”, explica o chefe da Seção de Planejamento de Operações Militares do DECEA, Tenente-Coronel
Jorge Humberto Vargas. Dada a natureza dinâmica da atividade e dos avanços tecnológicos recorrentes, é necessária constante revisão e adequação da legislação. A última atualização do DECEA foi publicada em fevereiro deste ano. “Em 2015 publicamos a primeira versão da ICA 100-40, que é o Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada e Acesso ao Espaço Aéreo Brasileiro. Assim como o restante da aviação, as ARPs também passam por uma grande evolução tecnológica, com surgimento de novas tecnologias. E este surgimento nos obriga a não fazer um documento estático, mas sim o que podemos chamar de documento vivo. Esta demanda de novas tecnologias, assim como demandas de novos usurários, fez com que fizéssemos uma nova revisão no ano de 2016, que foi publicada em março deste ano. Com todo este desenvolvimento tecnológico, a regulação vai ter que passar por constantes revisões”, explica o Tenente-Coronel Vargas. Ele acredita que o grande desafio ao regulamentar as aeronaves não tripuladas no Brasil está ligado ao desconhecimento total do público sobre a categoria do ARP como componente de aviação. “Há uma diferença muito grande entre pessoas que desejam se tornar pilotos, que recebem instruções e tiram o brevê, daqueles que operam as aeronaves remotamente pilotadas. Muitas pessoas não enxergam a ARP como aeronave e, por isso, acabam tendo comportamentos e atitudes que não são os mais adequados”, ressalta. Segundo o Superintendente de Aeronavegabilidade da ANAC, Roberto José Silveira Honorato, a preocupação inicial era com as aeronaves grandes. “De certa forma, nos últimos anos, o nosso foco se inverteu. Hoje estamos muito mais preocupados com as aeronaves pequenas que envolvem questões muito mais críticas. Um aparelho grande será operado em um aeroporto, certamente, por alguém que tem cultura aeronáutica”, explica. O SuperintenAerovisão
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dente esclarece que a regulação do uso de uma ARP de porte grande, acima de 25 quilos, se assemelha a regulação convencional de uma aeronave tripulada. “As pessoas que estão procurando atualmente as aeronaves remotamente pilotadas não têm conhecimento de aviação, pois não precisam de aeroporto para operar um equipamento como este”, explica Honorato. Mesmo com as preocupações que acompanham o crescente número de drones no Brasil, a ANAC buscou ponderar as exigências da regulação. “Precisamos ter uma sensibilidade para equilibrar o rigor. Na visão da ANAC, a regulação deve ser minimizada. O controle do Estado deve ser assertivo, tratar o que realmente é importante para resguardar o bem. No nosso caso, a segurança. Se a gente impuser um rigor muito pesado na regulação pode gerar problemas”, considera o Superintendente de Aeronavegabilidade.
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Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
“As pessoas que estão procurando atualmente as aeronaves remotamente pilotadas não têm conhecimento de aviação, pois não precisam de aeroporto para operar um equipamento como este”, disse Roberto José Silveira Honorato, da ANAC
Legislação é mais antiga do que parece Embora a regulação do uso de drones pareça recente, as limitações às aeronaves remotamente pilotadas já vêm da década de 40 no Brasil, no Decreto-Lei de Contravenção Penal. Utilizando de dispositivo jurídico, a ANAC e o DECEA aproveitaram “norma penal em branco” para dar entendimento às regras que tratam do uso sem prévia autorização de aeronave remotamente pilotada e operação de equipamentos em áreas não previstas em suas legislações. O Código Brasileiro de Aeronáutica, publicado em 1986, também
já proibia operações deste tipo. “A regulação já existia, nos sentido de bloquear qualquer acesso ao espaço aéreo”, explica Honorato. Até então, as permissões da ANAC ocorriam apenas para ações especificas como pesquisa, desenvolvimento de tripulação ou ações com contexto social, por exemplo, uso por prefeituras em operações de combate a dengue. “A partir da regulação, temos mecanismos mais claros para todas as variantes de atividades”, complementa o Superintendente de Aeronavegabilidade da ANAC.
Entenda a legislação da ANAC:
Veículos acima de 25 kg: registro na ANAC; Veículos entre 250 gramas e 25 kg: cadastrado no site da Anac; Veículos com peso inferior a 250 gramas: não precisam ter cadastro.
Quem pode pilotar? No caso de drones para uso não recreativo (ARP), o piloto deve ter mais de 18 anos, independente do peso do equipamento. Para os drones de maior porte, acima de 25 quilos, será exigida habilitação especial para o piloto com Certificado Aeronáutico e também registro de voo.
O uso de drones para fotos em eventos públicos, como passeatas e shows, é proibido, a não ser que os equipamentos sejam de órgãos de segurança pública. Quem for flagrado usando drones em desacordo com as normas aprovadas pela ANAC pode responder a processo administrativo, civil e penal. O piloto pode até ser preso se for considerado que o uso do equipamento coloca aeronaves em perigo, ou que traz risco direto à vida ou à saúde de outras pessoas. Aerovisão
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COMUNICAÇÃO
Notícia em área de conflito Estar onde está a notícia, não raramente, leva equipes de imprensa a se colocarem em meio a situações de conflito, sem estarem preparadas para isso. Com o objetivo de treiná-las para este tipo de cobertura, o Centro Conjunto de Operações de Paz no Brasil oferece, anualmente, um curso voltado à atuação desses profissionais ASPIRANTE JORNALISTA RAQUEL TIMPONI
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ombas de gás, spray de pimenta, tiros, gritaria. O cenário, em um primeiro momento assustador, mostra a rotina vivida por muitos profissionais da comunicação na cobertura do fato. Em exercícios simulados e aulas práticas e teóricas, um curso anual do Centro Conjunto de Operações de Paz no Brasil (CCOPAB) pretende preparar jornalistas para atuação em áreas de conflito. Com duração de uma semana, a sétima edição do curso ocorreu em junho deste ano, na unidade do Exército batizada de Sergio Vieira de Mello, no Rio de Janeiro. O curso das Forças Armadas, sob responsabilidade do Exército Brasileiro, tem como objetivo realizar a preparação de profissionais da mídia para exercerem coberturas jornalísticas em zonas de conflito internacionais e em ambientes hostis. A ênfase do treinamento é nos procedimentos de segurança pessoal, além do relacionamento dos jornalistas com as forças militares e demais organizações atuantes em terrenos de conflito.
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Como funciona o curso Com foco no público civil, em média 40 vagas anuais são oferecidas para jornalistas realizarem um estágio teórico-prático. Na parte teórica, os profissionais da notícia participam de palestras e depoimentos de atuações em áreas de conflito. Temas como comunicação e negociação em conflitos, avaliação do cenário, análise e progressão em áreas de riscos, efeitos químicos de bombas de gás lacrimogêneo, equipamentos e máscaras, impacto de calibres de armas, ação em campos minados são alguns dos aprendizados. Já a parte prática do curso realiza exercício de inserção dos jornalistas em um cenário de guerra – em um país fictício onde está ocorrendo uma missão de paz da ONU, é dada aos alunos a missão de progredir, em grupo. Em situações adversas na área de risco, os profissionais do jornalismo devem produzir um jornal com notícias sobre a guerra, simulando sua rotina profissional. Segundo avalia o coordenador do curso, Major de Engenharia Anderson
Comunicação CCOPAB
Profissionais de comunicação registram atividade no estande de tiro durante treinamento no CCOPAB Aerovisão
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Proteção da vida: uma política diferente do impulso e emoção pela notícia A experiência do curso fez o repórter ficar mais atento aos diversos atores de um ambiente. “Hoje, em qualquer parte do mundo, em regiões de conflito de guerra ou não, faço uma varredura
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Arquivo pessoal / Ari peixoto
Félix Geraldo, ocorre um ingresso gradual dos jornalistas na avaliação das áreas de risco. “Antes do curso, os jornalistas entram em comunidades, sem avaliar as possíveis consequências, expondo-se a perigos, em nome da notícia. Após o treinamento, passam a refletir mais, analisar os riscos e agir com mais segurança”, conta. O experiente jornalista Ari Peixoto, atualmente repórter especial da Editoria Rio, da TV Globo, foi um dos profissionais a realizar o curso do CCOPAB, em 2015. Atuou como correspondente internacional na Argentina (de 2007 a 2009) e no Oriente Médio. Em Israel (2009-2011) cobriu diversas manifestações populares. Este ano, tendo participado como palestrante da edição do CCOPAB de 2017, avaliou a importância do curso de formação de jornalistas para atuação em áreas de conflito. “Antes do curso, aprendi por tentativa e erro. No Egito, durante a Primavera Árabe, para fixar minha imagem no vídeo, gravei uma passagem da matéria nos ombros de um manifestante no meio da Praça de Tahir, no Centro de Cairo”, conta. Já em outros momentos, se viu em situações em que agiu com atenção. “Em Israel, na cidade árabe Ramallah estava ocorrendo um conflito entre a polícia e os manifestantes populares. Eu e o cinegrafista nos vimos cercados, de um lado, por uma chuva de pedras lançada pelos manifestantes, e, do outro, ‘bailarinas’ eram atiradas pelo governo”, conta. Segundo explica o jornalista, são espécies de projéteis de traçado irregular que batem no chão e quicam em diversas direções. “O cinegrafista teve que parar de gravar para buscarmos proteção”, lembra.
Arquivo pessoal / Ari peixoto
Ari Peixoto, da TV Globo, participou do curso oferecido pelas Forças Armadas em 2015. Acima, no Egito, e, ao lado, entrevistando moradores de um prédio atingido por bombas israelenses na Faixa de Gaza, em 2009
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“Lendo o título ‘Jornalistas em áreas de conflito’, imaginamos logo guerra, situações extremas”, diz a jornalista Anna Cristina
Flavio Froner
coberturas de conflitos. Aqui no estado do Pará temos problemas com conflitos agrários extremamente sérios, que envolvem tiroteio entre a polícia e as pessoas do campo”, explica. A repórter conta como em 2015, antes de realizar o curso, esteve próxima de ser refém de um grupo de sem-terras em Belém (PA), quando se propôs a fazer uma cobertura jornalística para uma emissora de TV local, sem aguardar apoio policial. “Fui até o acampamento dos sem-terra para conseguir uma entrevista com um líder do movimento. Pelo fato de vários veículos terem a rejeição de movimentos sociais, quando olharam meu microfone, começaram a me cercar e a perguntar o que estava fazendo ali, com autorização de quem. Me senti acuada. Aos poucos fui conversando, explicando que estava ali para ouvir o lado deles e dar voz a eles. Após vinte minutos, consegui falar com uma liderança e gravar. A argumentação e negociação foram elementos
Rodrigo Baldoino
Alunos do curso realizando instrução de progressão no terreno - técnica que também pode ser utilizada em coberturas sobre violência urbana, por exemplo
do ambiente, em análise do cenário. Não importa se é uma manifestação pacífica, pois ela pode começar pacífica e acabar em violência. É preciso observar movimentos de pessoas infiltradas nas manifestações com o objetivo de violência. Aprendi também que a precaução e o medo nos deixam alerta”, explica o jornalista Ari Peixoto. Outra profissional que realizou o curso do CCOPAB na edição de 2016 é Anna Cristina Campos. Atualmente freelancer, Anna Cristina acredita que as técnicas aprendidas no curso possam ser aplicadas na atividade diária dos jornalistas que trabalham em áreas de conflito urbano. “Lendo o título ‘Jornalistas em áreas de conflito’, imaginamos logo guerra, situações extremas. Mas é possível adaptar as técnicas na realidade do jornalista do Brasil. Como nem sempre estamos envolvidos em questão de guerra, conseguimos colocar os procedimentos em prática na nossa rotina de trabalho, mesmo em pequenas
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“Uma casa estava pegando fogo e fomos escalados para fazer a cobertura jornalística. A mídia chegou antes dos bombeiros. Chegamos para gravar, mas não entramos, porque o fogo já estava muito forte. Percebemos que tinha uma pessoa dentro da casa que chegou até a queimar a mão. Do lado de fora, acabei orientando o rapaz, atuando como socorrista, ao lembrar das técnicas aprendidas no curso”, conta Alexandre Gonçalves (à esquerda, na foto)
importantes para me defender. Após o curso, percebi que jamais poderia fazer uma cobertura sozinha, sem uma equipe e sem proteção. Deveria esperar a autoridade policial para negociar e somente depois tentar conseguir uma entrevista”, finaliza. Rayan Cardoso, atual repórter da TV Record SP, realizou o curso em 2015 por indicação de um colega, em razão de atuar em coberturas jornalísticas de operações policiais contra traficantes em favelas. O jornalista, que trabalhou em programas como “Balanço Geral”, e “Cidade Alerta”, no RJ, após a experiência do curso, também aplicou os conhecimentos adquiridos na rotina de trabalho. “Em uma cobertura jornalística de uma operação policial conjunta na Baixada Fluminense – realizada pela Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar, Polícia Civil do Rio de Janeiro, em retaliação
à morte de um policial de UPP por um traficante - a equipe de jornalismo da TV Record foi escalada para cobrir a ação. A polícia já tinha entrado na região do Complexo do Alemão e começou o tiroteio. Lembrei das técnicas passadas durante o curso de como progredir em território hostil para diminuir a possibilidade de impacto, e de correr atrás do agente de segurança (cercado por um policial na linha de frente e protegido por outro na retaguarda). Após a realização do curso, a didática utilizada com atividades simuladas me fez lembrar, em momento posterior, o passo a passo a ser seguido em uma situação de conflito, mesmo em zonas urbanas no país”, revelou Rayan. Atitudes a serem tomadas ao adentrar-se em um ambiente hostil foram destacadas pelo repórter. “O jornalista de notícias policiais trabalha como em um campo minado. De
forma inesperada pode aparecer um conflito. A atitude a ser tomada é ter calma e analisar a situação e, durante um tiroteio repentino, procurar abrigo e sair da linha de tiro”, explica. O cinegrafista de programas de jornalismo de ação da TV Record, Alexandre Gonçalves, conseguiu aplicar o aprendizado do curso em uma reportagem que atuou como herói. “Uma casa estava pegando fogo e fomos escalados para fazer a cobertura jornalística. A mídia chegou antes dos bombeiros. Chegamos para gravar, mas não entramos, porque o fogo já estava muito forte. Percebemos que tinha uma pessoa dentro da casa que chegou até a queimar a mão. Do lado de fora, acabei orientando o rapaz, atuando como socorrista, ao lembrar das técnicas aprendidas no curso”, contou o repórter cinematográfico da TV Record. Aerovisão
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REESTRUTURAÇÃO
Força que se renova na educação Conheça as principais alterações do ensino nos cursos de formação dos oficiais intermediários e superiores da FAB. O novo plano metodológico inclui participação mais ativa dos alunos pela educação a distância, além do planejamento de uma formação continuada, visando maior qualificação e um perfil mais analítico dos militares ASPIRANTE JORNALISTA RAQUEL TIMPONI
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omo parte do projeto maior de reestruturação institucional, a Concepção Estratégica “Força Aérea 100”, o ensino da Força Aérea Brasileira (FAB) passa por um processo de reformulação, trazendo transformações para a Universidade da Força Aérea (UNIFA) e as escolas de pós-formação. As principais alterações são a introdução da Educação a Distância (EaD), com metodologia participativa, além do plano de uma
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formação continuada para os militares de carreira com estudos concentrados na área de gestão. Segundo avalia o Comandante da UNIFA, Brigadeiro Arnaldo Augusto do Amaral Neto, a medida pretende formar militares mais qualificados, com um perfil analítico e uma postura mais ativa. “Variáveis exigem que o oficial seja um líder diferenciado e que não tenha postura passiva. Como perfil desejado, o militar deve questionar, ter a capaci-
dade de analisar problemas e, através de metodologia ativa, buscar soluções. E esse processo é possível através da educação”, contextualiza. Principais alterações estruturais no ensino da FAB Na nova estrutura, os Grupamentos de Apoio (GAPs) centralizam os encargos administrativos, de orçamento e gestão, atuando em atividades que antes demandavam tempo considerável das sub-
divisões de ensino. Com o alinhamento processual, a UNIFA e demais escolas da FAB agora podem se concentrar no exercício da atividade-fim. A criação de uma Coordenadoria Acadêmica e das vice-reitorias militar e acadêmica congrega atividades específicas do ensino, ligadas aos cursos de pós-formação da UNIFA, com subordinação direta à Diretoria de Ensino (DIRENS), que substitui o antigo Departamento de Ensino da Aeronáutica (DEPENS).
As escolas também passam por alterações pedagógicas, que afetam a metodologia de ensino, o tempo de realização dos cursos e o projeto político pedagógico dos cursos de pós-formação da UNIFA, com destaque para alterações nos cursos da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Aeronáutica (EAOAR), e da Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica (ECEMAR). O comandante da UNIFA, Brigadeiro Arnaldo, explica o que seria a meto-
dologia participativa, que possibilita a formação continuada na carreira. “Saímos de uma postura mais passiva dos oficiais alunos para maior interação, o que será possível por meio do modelo da ‘sala de aula invertida’. Nesse processo, o aluno debate as temáticas em sala de aula, sendo o professor um facilitador da aprendizagem”, informa. A mudança de postura também busca uma especialização gradual na carreira. “No novo modelo são analisadas quais devem ser Aerovisão
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Cabo Andre Feitosa / Agência Força Aérea
Fachada da Universidade da Força Aérea (UNIFA). Organização está passando por reformulações no ensino, assim como as escolas de pós-formaçáo da FAB
Papel da EaD nas escolas EAOAR e ECEMAR Na EAOAR, o que muda na estrutura dos cursos de capitães é a ampliação no tempo de formação do já existente curso de aperfeiçoamento oferecido a capitães, que aumenta de quatro meses presenciais, para um ano e quatro meses, sendo o primeiro ano realizado por módulos de Educação a Distância. A ideia é que a EaD acrescente conteúdos para o já existente curso de lato sensu, que tem validade de MBA. O comandante interino da EAOAR, Tenente-Coronel Aviador Helmer Barbosa Gilberto, avalia como o ensino à distância possibilita melhorias para a pós-formação dos oficiais intermediários. “O ensino a distância irá complementar o curso presencial. Serão dois módulos a distância, na especialização de ‘Gestão de Projetos e Processos’. O primeiro módulo será realizado por uma universidade contratada. Já o segundo, de ‘Metodologia Científica e Produção Textual’, tem o objetivo de promover o pensamento crítico do aluno e será gerenciado pela própria UNIFA, por meio do novo Núcleo do Centro de Ensino a Distância (NUCEAD), órgão recém-criado pela FAB para atender à demanda de uma formação continuada nas escolas da UNIFA”, completa. Já na ECEMAR, responsável pelos cursos de formação de oficiais superiores, as principais mudanças ocorrem no Curso de Comando do Estado-Maior (CCEM) e no Curso de Altos Estudos Militares (CAEM), este último criado para substituir o antigo Curso de Política e Estratégia Aeroespaciais (CPEA).
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Mudanças no CCEM Ainda atendendo à ideia de educação continuada na formação de oficiais superiores, em um nível mais estratégico, o CCEM permanece. Porém um novo curso realizado a distância, o Curso Básico de Comando e Estado-Maior (CBCEM), surge em substituição ao antigo estágio preparatório (EPCCEM), que ocorria em momento anterior ao CCEM. O CBCEM passa a contemplar um MBA de “Planejamento e Gestão Estratégica” como novidade. Terminada a etapa do CBCEM, o oficial estará apto a realizar o curso presencial, que inclui o módulo de Doutrina Básica da Força Aérea. No período presencial do CCEM, a grande mudança é a proposta que envolve a parceria com o Programa de Pós-Graduação em Ciências Aeroespaciais (PPGCA), da UNIFA. Agora os alunos têm a opção de realizar disciplinas do primeiro ano do mestrado profissional, de forma conjugada com o CCEM. Ao final do segundo ano do CCEM, os alunos que se interessarem pelo mestrado podem se submeter a uma seleção e, após o desenvolvimento da dissertação, obter o grau de mestre pela FAB, em um programa credenciaBrigadeiro Arnaldo, Comandante da UNIFA, defende que o novo currículo pedagógico deve especializar os militares em análise de problemas e busca por soluções
do pela CAPES. Na nova estrutura, os demais alunos do CCEM que não se interessarem pelo mestrado, cursam no mesmo período uma especialização em Ciências Aeroespaciais. Segundo o Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, Coronel Aviador Hudson Ávila Diniz, “para 2019, sincronizamos os calendários do PPGCA com o da ECEMAR. A ideia é que, enquanto os alunos do CCEM estiverem fazendo a nova especialização em Ciências Aeroespaciais, os voluntários para o mestrado estejam fazendo o mestrado juntamente com outros militares que passaram no processo seletivo em 2018”, explica. O comandante da ECEMAR, Brigadeiro do Ar Ricardo José Freire de Campos, avalia as principais vantagens na modificação do curso CCEM. “A principal diferença em relação à formação anterior é que atualmente o aluno passa por uma formação anterior de um ano à distância, em um curso básico dentro de um processo de MBA, podendo já chegar na ECEMAR qualificado com um diploma de MBA. Outra novidade é que no final do período do ensino a Cabo Andre Feitosa / Agência Força Aérea
as capacidades introduzidas no momento pertinente da carreira, para que o oficial possa ocupar determinadas funções. As competências vão ascendendo no campo operacional, estratégico, até chegar nos campos político e tático, próprios do curso de altos estudos militares”, complementa o Brigadeiro Arnaldo.
Cabo Andre Feitosa / Agência Força Aérea
Com a reestruturaçåo do ensino, o ensino a distância será uma das principais diretrizes, em complemento às aulas presenciais
distância, ainda tem a possibilidade de submeter à ECEMAR um projeto de mestrado, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Ciências Aeroespaciais, possibilitando que os militares saiam atualizados e melhor qualificados, com um perfil cada vez mais analítico”, finaliza. Para o Chefe da Divisão de Ensino da ECEMAR, Coronel Aviador Flávio Luiz de Oliveira Pinto, com essa prática “a coordenadoria acadêmica da ECEMAR quer tornar o conteúdo acadêmico cada vez mais realista e operacional, visando uma participação cada vez maior do aluno no constructo do conhecimento, na sala de aula. O conhecimento prévio, angariado nos esquadrões e organizações, permite que o aluno possa trazer experiências e contribuir com diferentes competências na construção do conhecimento coletivo, nivelando, ao final, os alunos na busca de um melhor profissional da guerra”, enfatiza. Além do CCEM presencial, para militares pertencentes a outros quadros, como médicos e engenheiros, entre outros, será oferecido o CCEM semi-presencial. Na segunda etapa do
curso, esses oficiais serão reunidos aos demais alunos do CCEM presencial, nas disciplinas de formação militar, como Doutrina, Emprego da Força e Exercícios Simulados de Guerra. CAEM Outra modificação é a criação do CAEM, curso em substituição do antigo CPEA, destinado a preparar o oficial a desempenhar funções de alto-comando e de nível estratégico e político. Na reformulação, o CAEM, realizado em um ano, passa a ser composto de três etapas. A primeira é a realização do Estágio de Política e Estratégia Aeroespaciais (EPEA) – resultado da opção de agregar ao Curso de Altos Estudos em Política e Estratégia (CAEPE), conteúdo específico da Força Aérea. A segunda é a etapa de realização conjunta do curso com as três forças, o que pode acontecer na Escola Superior de Guerra (ESG), numa escola congênere ou no exterior. E a terceira fase é um curso de extensão em “Alta Gestão Executiva”, em EaD. A alteração significa o primeiro passo para a interoperabilidade, de maneira
conjunta com outras Forças e, ao final, o oficial recebe o certificado dos dois cursos (CAEPE e CAEM). Investimento na língua estrangeira inglesa e criação da PROEEI O interesse da FAB na melhoria no conhecimento de seu efetivo pode ser aplicado também nas escolas de formação de base. Neste sentido, a Academia da Força Aérea (AFA) e a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR) estão implementando uma nova metodologia de ensino presencial da língua inglesa, agora com duração de sete anos. O objetivo é dar subsídio processual para essas mudanças e fazer com que os militares de carreira atinjam níveis preconizados pelo Quadro Comum Europeu de Referência para Línguas. Essa ação de complementação de conteúdo faz parte da estratégia integrada da formação continuada. O antigo Centro de Instrução Especializado da Aeronáutica (CIEAR), no Rio de Janeiro, se transforma em uma Pró-Reitoria Acadêmica de Ensino Especializado em Idiomas e demais cursos de extensão migram para o Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), em Minas Gerais. Aerovisão
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LEGADO OLÍMPICO
Alunos de projeto social utilizam as instalações do Centro de Treinamento Olímpico da FAB construído para a Rio 2016. Após o término da competição, os espaços são utilizados diariamente para treino em diversas modalidades
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assado um ano do maior evento esportivo realizado no Brasil – os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, a Força Aérea Brasileira (FAB) continua abrindo suas portas para incentivar e apoiar atletas e futuros atletas. Aproximadamente 200 participantes de projetos sociais, confederações ou clubes, além de mais de 400 militares das três Forças Armadas utilizam as instalações do Centro de Treinamento Olímpico pertencente à Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA), lo-
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calizada no Campo dos Afonsos (RJ). A unidade conta com uma piscina olímpica e uma pista de atletismo - ambas homologadas pelas respectivas federações internacionais - um ginásio poliesportivo, um alojamento com capacidade para 142 pessoas, e o Instituto de Ciências da Atividade Física (ICAF). Lá, a qualquer hora do dia podem ser encontradas pessoas de todas as idades, atletas, treinadores, professores, futuros atletas, além de mães e pais que acompanham os treinamen-
tos das crianças. Em comum, todos têm a convicção de que o esporte faz uma grande diferença na vida de cada envolvido. Eles vislumbram resultados variados – melhorar o condicionamento físico, descobrir talentos, transmitir valores, ser um atleta de ponta – que culminam em um só objetivo fi nal: representar o Brasil por meio do desporto. O presidente da CDA, Brigadeiro do Ar Arnaldo Augusto do Amaral Neto, explica que a organização militar cumpre com sua responsabilidade de
Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
Todo o dia é dia de olimpíada Na Força Aérea Brasileira, esporte é coisa séria com ou sem Olimpíada. Um ano depois dos Jogos Olímpicos Rio 2016, mais de 600 pessoas, entre crianças e adolescentes de projetos sociais, atletas, paratletas e militares, utilizam as áreas de treinamento olímpico construídas em quartéis da FAB na cidade do Rio de Janeiro. Todos os dias, brasileiros usufruem da estrutura que ficou como legado olímpico e vão construindo aquele que será o pódio verde-amarelo no Japão, em 2020 TENENTE JORNALISTA EMILIA MARIA
disponibilizar a infraestrutura para uso da sociedade. “Estamos preocupados com a manutenção e a utilização do legado olímpico, por isso procuramos estabelecer parcerias com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), confederações, clubes e escolas. Queremos que tenham acesso às instalações de alto nível, contribuindo na formação física de crianças, adolescentes e jovens, bem como para o desenvolvimento do desporto nacional e descobertas de novos talentos”, afirma. O Brigadeiro Arnaldo acredita, en-
tretanto, que a responsabilidade da instituição vai além da cessão dos espaços para treinamento. “É muito importante conseguirmos transmitir, dentro do nosso ambiente, questões de valores e de ética associadas à parte do esporte. Trazer essas crianças da periferia para que tenham esse contato conosco em uma atividade que vai afastar de drogas, buscar um objetivo de vida, identificar perspectivas de profissão e, principalmente observar e intensificar valores, além de atitudes também ligadas ao esporte, como coragem, determinação
e disciplina”, explica o oficial-general. Segundo ele, a utilização da estrutura pode ser, inclusive, mais explorada. “Acreditamos que, conforme os resultados começarem a aparecer, naturalmente vai reverberar nas escolas e a possibilidade de utilização vai ser difundida, alcançando mais alunos”, diz, demonstrando a expectativa de que a CDA passe a receber cada vez mais atletas e futuros atletas. Conheça nas próximas páginas alguns dos brasileiros que estão usufruindo do legado olímpico. Aerovisão
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Os veteranos
Ormandino Rodrigues de Barcelos tem mais de 50 anos de atletismo. A primeira vez que entrou numa pista para competir ficou em penúltimo lugar. Perseverou e, no ano seguinte, foi recordista brasileiro. Hoje é o criador do Instituto Ideal Brasil, responsável por um projeto social que abrange cerca de 200 crianças e adolescentes por ano. Segundo ele, os cinco pilares do instituto são: preenchimento saudável das horas ociosas das crianças e adolescentes; prevenção à criminalidade; inclusão social por meio do desporto; seleção e treinamento de atletas de alto rendimento. “É muito importante não só o aprendizado, mas também a filosofia do atletismo. Quando você está num bloco de partida para sair, se sair adiantado ou atrasado você perde. Quantas vezes na nossa vida temos que reagir no momento certo? O esporte também mensura, por exemplo, se você dá um salto em altura de 1,50m no treinamento e na competição salta 1,60m, mesmo que seja o último colocado, você se superou”, explica. “O atletismo não discrimina, por exemplo, crianças altas que, teoricamente não jogariam futebol, mas que podem fazer salto em altura. Nós vamos pegando essas filosofias que o atletismo oferece e vamos agregando ao processo de formação desses jovens. Esse é o maior legado que podemos deixar e esse legado só é possível por termos um local onde treinar e oferecer tudo isso”, completa o treinador reconhecendo a importância do espaço em que os jovens treinam.
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Carlos Alberto Lanceta é professor de Educação Física e coordenador técnico do Centro Nacional de Atletismo no Rio de Janeiro. Sua relação com a Comissão de Desportos da Aeronáutica iniciou em 1964, quando ainda estava na escola e tinha a prática de atletismo naquele local. Depois, já na vida acadêmica, participou de cursos de especialização oferecidos pelos militares, tanto na condição de aluno quanto de professor. “Hoje me sinto muito orgulhoso de estar de volta às minhas origens, trabalhando no local onde comecei minha vida no atletismo, isso é muito gratificante. Sou um apaixonado pelo atletismo, faço isso com amor, com comprometimento e, sem dúvida, a Força Aérea tem nos dado um apoio bastante significativo e tem contribuído para o esporte de uma maneira geral”, revela Lanceta. O professor finaliza: “O legado que muitos falam e criticam, ele existe, e aqui estamos tendo a oportunidade de aproveitar. Poucos espaços como esse existem no Brasil. As pistas são de alta qualidade, existem equipamentos de alto nível, oportunizando melhor treinamento aos atletas de alto rendimento e aos jovens de projetos sociais que são a base do atletismo do futuro”.
Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
Marta Magalhães dos Santos Marcuso é treinadora de velocidade e salto do Projeto Social Futuro Olímpico desde 2012. Está há 37 anos no atletismo, começou a treinar aos 11 anos de idade, é formada como professora há 25 anos e treinadora há 10 anos. O projeto de que ela participa atende cerca de 150 crianças ao longo da semana, em dias e turnos diferentes. “Trabalhar em um projeto que está cuidando do futuro dos atletas do País é uma das melhores coisas do mundo, apesar de achar que o Brasil precisa evoluir muito. Mas você dá às crianças a oportunidade de um futuro melhor, uma vida melhor”, relata ela. Segundo a professora, o objetivo do projeto é que, além de serem bons atletas, as crianças também se tornem bons adultos. “Quero que eles sejam espelhos de outras pessoas, de suas famílias, pra ver que vale a pena ser do bem, ser correto e fazer a coisa certa”, diz. Ela acredita, ainda, que o tema deveria ser mais explorado pelos veículos de comunicação. “Acredito que todos os esportes deveriam ser melhor divulgados. Trabalhei na Olimpíada como voluntária e o que mais ouvi foram pessoas dizendo que nunca sabiam quando aconteciam as competições fora da Olimpíada”, finaliza.
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Juliana de Almeida Santos é uma atleta de 18 anos que compete em provas de 3000m com obstáculos. Começou no atletismo aos 10 anos, ainda na escola, e tem a expectativa de participar da próxima Olimpíada. Ela treina na CDA com o Instituto Ideal Brasil. “Fiz um teste de corrida e me saí bem, então comecei a competir e fui alcançando vários primeiros lugares. Fora a questão física, o esporte melhorou muito minha vida, no raciocínio, educação, comecei a estudar mais. Estou fazendo curso de enfermagem e, se Deus quiser, ano que vem vou fazer minha faculdade de Educação Física”, conta ela empolgada em aproveitar tudo o que o esporte tem a oferecer, inclusive mais possibilidades de estudo.
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Felipe Gomes é paratleta e foi o primeiro a conseguir quatro medalhas na mesma edição dos Jogos Paralímpicos. Ele conquistou três medalhas de Prata nas provas individuais de corrida de 100, 200 e 400m para deficientes visuais e uma medalha de Ouro no revezamento 4x100m. É um dos três melhores do mundo nas três provas em que compete. “Essa é uma pista vitoriosa, em que treinam muitos atletas olímpicos e paralímpicos. A Aeronáutica sempre nos abriu as portas para fazermos nossa preparação aqui. Eu utilizo a pista e logo ao lado tem a academia. Se não fosse esse espaço, não teríamos outro lugar para treinar no Rio de Janeiro”, diz ele sobre a área da CDA. Treinando para o mundial de Londres em julho, Felipe demonstrou sua vontade de vencer. “A gente está aqui treinando de segunda a sexta, debaixo de sol e de chuva, para conseguir a vaga e sempre com a mesma vontade de ganhar”, ressaltou.
Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
As promessas
Tamara Alexandrino de Sousa é militar da FAB, do Quadro de Sargentos Convocados (QSCON), desde julho de 2016. Ela começou no atletismo quando tinha 7 anos e sua prova é o heptatlo – corrida de 100m com barreiras, salto em altura, arremesso de peso, corrida de 200m, salto em distância, lançamento de dardo e corrida de 800m. Na FAB, ela compete em provas de salto com vara e acredita que pode se classificar para a próxima Olimpíada. “Para mim está sendo muito bom, é uma oportunidade única. Até 2020 ainda tem muita coisa pra acontecer, mas venho treinando muito bem com essa estrutura”, conta. Ela começou a treinar em um projeto social depois que uma professora percebeu o potencial dela. Participou de competições pré-mirim, mirim e de olimpíadas escolares em que foi campeã brasileira e selecionada pra disputar o Sul-Americano na Colômbia, onde foi campeã. Em 2011, com 17 anos, procurou uma estrutura melhor de treinamento e conquistou muitos títulos, qualificando-se para ingressar na FAB como atleta de alto rendimento.
Wesley Caetano Martins é soldado da FAB desde março de 2015. No segundo semestre de 2014 começou a treinar na CDA, ainda como civil, com a equipe de atletismo do Vasco da Gama. “Na época, fui observado por alguns militares aqui como alguém com potencial para ser um atleta promissor e representar a FAB. Em março de 2015, ingressei como soldado, cumprindo todas as minhas obrigações como militar, como recrutamento e curso de formação, depois fui transferido para a CDA. Aqui posso realizar treinamentos mais profissionais com o intuito de alcançar um objetivo grande e representar a FAB de forma mais expressiva”, conta.
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Ian Soares dos Santos tem 14 anos e faz parte do Projeto Futuro Olímpico. De segunda a sexta, ele vai até a CDA para praticar salto em distância, corrida, revezamento 4x75 e 1000 metros. Aparentemente, um menino muito jovem e tímido, mas quando começa a falar do esporte demonstra maturidade e espírito de atleta. “Pretendo participar da Olímpida quando tiver uns 18 anos. Tenho certeza que vou representar o Brasil e mostrar que sou bom”, diz ele. (Abaixo, Ian e seu pai, sr. Orni )
Luzinete da Silva Soares é mãe de Darlan da Silva Soares, que treina na CDA com o Instituto Ideal Brasil. Ela conta que o filho nasceu com vários problemas de saúde e o esporte o ajudou a superá-los. “Ele nasceu de sete meses, com sopro no coração, artéria do coração estreita, tinha alergia a tudo e pé torto. Fez duas cirurgias, aos oito dias e aos dois anos, uma em cada pé. Hoje ele tem 19 anos e é corredor”, relata. A mãe levou o filho para a CDA, aos 16 anos, por indicação de amigos. “Com 15 anos ele já estava se envolvendo com amigos que estavam perdidos. Quando cheguei aqui vi que o projeto
Orni Neres dos Santos é pai do menino Ian e acredita que as atividades que ele pratica são importantes para o seu desenvolvimento, para ser um atleta disciplinado e uma pessoa melhor. “Tem questões de educação que a criança aprende em casa, mas que são reforçadas e aplicadas aqui e isso foi a melhor coisa que aconteceu pra ele.
Houve uma boa evolução nas notas da escola e incentivou o crescimento dele de maneira geral”, explica. O pai destaca, em relação ao treinamento, que o maior benefício do projeto é o filho ter uma boa base. “Ele começando cedo como foi e gradativamente crescendo, com certeza pode chegar a ser um grande atleta”, prevê.
era de corrida e não natação que era o que ele costumava fazer. Achei que não ia servir pra ele. Conversei com os professores e eles falaram ‘vamos tentar’. Levei ele ao cardiologista e ao ortopedista e eles apoiaram. Com o incentivo de todos ele foi se identificando e se aprimorando”. Além da questão física, segundo Luzinete, o filho melhorou a interação em grupo, a comunicação e conheceu um mundo diferente. “Espero que ele consiga ver que aqui dá pra crescer, mudar a vida profissional e ajudar outras pessoas que não têm conhecimento lá na nossa comunidade”, completa.
Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
Os torcedores
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ESQUADRILHA DA FUMAÇA
Alunos do Colégio Militar de Manaus vibram com apresentação da Esquadrilha da Fumaça em junho deste ano
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Um dos grupos de acrobacias aéreas mais antigos do mundo, a Esquadrilha da Fumaça carrega em sua bagagem experiências ímpares de sua longa e nobre história. Entre os vários fatos inesquecíveis, foram elencados cinco momentos singulares que ajudam a compreender melhor todo esse tempo em que a Esquadrilha da Fumaça tem representado a Força Aérea Brasileira. Veja, em fotos, os cinco momentos mais marcantes na história da Fumaça TENENTE JORNALISTA FLÁVIA COCATE Aerovisão
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Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea
Há 65 anos, olhos vidrados nos céus do Brasil
Arquivo Esquadrão de Demonstração Aérea
1 - Reativação da Esquadrilha da Fumaça em 1980 É compreensível que, em uma longa história de 65 anos, uma instituição tenha atravessado momentos de incerteza. Em 1977, os integrantes da Esquadrilha da Fumaça passaram a mantê-la viva somente por meio de divulgação com materiais institucionais. Não havia mais o elemento essencial para as demonstrações aéreas, os aviões. Na época, as aeronaves utilizadas para demonstrações saíram de operação. O T-6 Texan atingiu a sua fadiga, e o T-24 Fouga Magister não foi considerado muito adequado à missão da Esquadrilha por precisar de pistas pavimentadas e possuir baixa autonomia. Assim, a Fumaça ficou estagnada por um período, sem perspectiva de volta. Até que em 1980, duas novas possibilidades de ressurgimento da Fumaça reacenderam a chama da esperança sobre a volta de uma Esquadrilha de Demonstração. Em Natal, a chamada Esquadrilha Allouette começou a treinar acrobacias com seis aviões Xavante. Mas, foi em Pirassununga, na Academia da Força Aérea, que a Esquadrilha da Fumaça voltou efetivamente. O grupo de instrutores de voo, utilizando aeronaves de instrução de Cadetes - os T-25 Neiva - chamados de “Cometa Branco”, foi o responsável pelo reaparecimento da Fumaça. Dessa forma, a história de exibições aéreas com o intuito de divulgar o trabalho da Força Aérea Brasileira foi retomada com o mesmo sentimento de patriotismo que habita o coração dos Fumaceiros e de todos que admiravam a Esquadrilha da Fumaça.
2 – Três recordes mundiais da Fumaça (1996|2002|2006)
Fabio Lara
Estabelecer o recorde mundial de maior quantidade de aeronaves em voo de dorso já é uma notável conquista na história da Esquadrilha da Fumaça. E saber que a mesma instituição já quebrou seu próprio recorde por duas vezes trata-se de uma conquista ainda mais relevante pela sua importância inédita no mundo. A Esquadrilha da Fumaça estabeleceu seu primeiro recorde em 1996 com dez aeronaves voando de ponta cabeça por três mil metros durante trinta segundos. Em 2002, o número de aviões aumentou para onze, batendo seu próprio recorde. E em 2006, a sua última marca foi superada com o voo de doze aeronaves de cabeça para baixo. Todos os feitos foram realizados na Academia da Força Aérea, em Pirassununga, São Paulo.
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Em 1983, quando a Esquadrilha da Fumaça começou a operar os T-27 Tucano, na primeira pintura escolhida para os aviões, foram utilizadas cores fortes que muito se destacavam no céu. Após um longo estudo feito pela equipe da época, o vermelho e o branco foram selecionados para representar a Fumaça. Apesar de a pintura ter sido muito elogiada na época, e até hoje fazer relembrar bons tempos de quem acompanhou as atividades da equipe quando os aviões possuíam aquelas cores, os integrantes da Fumaça sentiram a necessidade de colorir as aeronaves com cores mais representativas de seu país. Já que a missão da Esquadrilha é representar a Força Aérea Brasileira e, consequentemente, o Brasil, nada melhor do que utilizar as cores da Bandeira nacional na pintura do avião. Até os dias de hoje, a Esquadrilha da Fumaça usufrui desta mesma ideia criada há 17 anos. E desde 2013, um dos Símbolos Nacionais Brasileiros, a Bandeira Nacional, passou a ficar mais em evidência ao ser pintada no leme das aeronaves. É a Fumaça evidenciando o orgulho de ser brasileiro em todo território nacional e fora do país.
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Suboficial Waldemar Pietro / Esquadrão de Demonstração Aérea
3 - Pintura dos aviões T-27 Tucano com as cores da Bandeira do Brasil (2000)
4 – Reestreia com os aviões A-29 Super Tucano (2015)
Cabo Diego / Esquadrão de Demonstração Aérea
Por dois anos consecutivos, a equipe da Esquadrilha da Fumaça se comprometeu com a implantação das aeronaves A-29 Super Tucano nas atividades operacionais da instituição. Após meses de treinamento dos pilotos, adequação de todos do grupo com relação às características operacionais e logísticas demandadas pelos novos aviões, o grupo fez sua reestreia na Academia da Força Aérea (AFA), em 2015. O recomeço das demonstrações aconteceu em frente aos Cadetes da Força Aérea Brasileira, na cerimônia de entrega de espadins aos Cadetes cursando o primeiro ano da AFA. A data e o local não poderiam ter sido melhores, pois a Esquadrilha nasceu com o principal intuito de incentivar os Cadetes a acreditarem em suas aptidões e habilidades para o voo. Reestreiar para eles foi mais uma oportunidade de estimulá-los a seguir a carreira aeronáutica com muito orgulho e patriotismo.
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Pela primeira vez na história da instituição, a Esquadrilha da Fumaça participou da Olimpíada e pôde representar a Força Aérea Brasileira em um evento esportivo de grande repercussão mundial. Essa foi a primeira vez que os Jogos Olímpicos aconteceram no Brasil e na América do Sul. Por três vezes, as aeronaves da Esquadrilha da Fumaça estiveram presentes em momentos relevantes da programação da Olimpíada. Enquanto se iniciava o revezamento da Chama na Esplanada dos Ministérios no dia 3 de maio de 2016, as aeronaves escreveram no céu de Brasília a frase “Rio 2016” ao lado dos tão conhecidos anéis olímpicos. Logo depois, os aviões partiram para a manobra “Barril”, dando início à demonstração aérea que culminaria na mais famosa acrobacia, o Coração, condecorando a chegada da Tocha Olímpica ao Brasil. Em julho desse mesmo ano, as aeronaves da Esquadrilha também sobrevoaram a chegada da Tocha na capital mais populosa do país, a cidade de São Paulo. Os aviões receberam o revezamento da Tocha durante sua passagem pelo Parque do Ibirapuera. E durante a realização dos Jogos Olímpicos, em agosto de 2016, o público diversificado - formado por brasileiros e estrangeiros de todas as partes do mundo - teve a oportunidade de assistir a demonstrações, sobrevoos e escrita pelo céu no Rio de Janeiro. Mais de 250 mil pessoas acompanharam a participação da Esquadrilha da Fumaça nos Jogos Olímpicos. Após liderar as aeronaves da Fumaça em homenagem aos Jogos Olímpicos no Brasil, o Comandante Tenente-Coronel Líbero Onoda Luiz Caldas comentou: “as conquistas das medalhas e o esforço de cada atleta brasileiro na Olimpíada foram comemorados com as passagens e os voos das aeronaves da Fumaça que carregam, em sua pintura, as cores da Bandeira do Brasil, representando o sentimento de patriotismo tão forte e vivo naqueles dias de Jogos. Além do sucesso da participação dos atletas brasileiros nos eventos, também devemos destacar o êxito e a eficiência de toda a equipe de militares envolvida na organização, segurança e defesa do evento”, disse.
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Sargento Marco Ribeiro / Esquadrão de Demonstração Aérea
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HISTÓRIA
O ‘Hzão’ cinquentenário Há 50 anos, a Força Aérea Brasileira recebia o primeiro exemplar do helicóptero H-1. Na instituição, a aeronave foi empregada pelas unidades aéreas de Asas Rotativas de Norte a Sul do Brasil, realizando transporte, ataque ao solo, atualização de cartas de navegação, levantamento de riquezas naturais da Amazônia, operações de vacinação, demarcação de fronteiras e ajudas humanitárias. Além disso, destacou-se pelas inúmeras missões de busca e salvamento (SAR) nas quais esteve envolvida, ajudando a salvar vidas no País e no exterior TENENTE JORNALISTA EVELLYN ABELHA
Recebimento do primeiro H-1 (que, à época, era UH-1D, devido ao tipo de motor), em 1967. Após 50 anos, o helicóptero está prestes a ser aposentado
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Helicóptero chegou desmontado a bordo de um cargueiro C-130 Hércules
Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
le chegou ao Brasil a bordo de um C-130 Hércules em 25 de junho de 1967. Já no dia seguinte a sua chegada, passaria por seu batismo na Força Aérea Brasileira: foi engajado para o resgate das 25 vítimas do acidente com uma aeronave da FAB modelo C-47 de matrícula 2068, no qual apenas cinco pessoas sobreviveram. No local, ele provou a que veio, cumprindo uma de suas principais funções: ajudar a salvar vidas. De lá para cá, 50 anos se passaram e o helicóptero H-1 (versões D e H) acumulou centenas de missões ao atuar nas cinco regiões do País e a compor a frota de vários esquadrões de Asas Rotativas da FAB. “É um helicóptero que traz memória afetiva para quem teve a oportunidade de experimentar o voo nessa máquina”, explica a Capitão Marília Landgraf Malta, piloto de H-1H. Em sua primeira missão de busca e salvamento a bordo da aeronave, ela e a tripulação conseguiram resgatar seis sobreviventes de uma queda de avião em Porto Velho (RO). “Foi uma missão muito marcante para mim. Com a aeronave, a gente se sente capaz de ajudar em muito mais coisas do que a gente ajudaria normalmente. Chegar ao local, poder estar junto a esses sobreviventes e ver o sorriso deles dentro do helicóptero, felizes e comemorando porque eles estão indo para casa, isso deixa a gente com uma sensação de satisfação e dever cumprido muito grande. Torna a gente mais humano. É como se o seu braço ficasse mais longo para que você possa estendê-lo e ajudar uma pessoa”, revela. Essa é apenas um das inúmeras missões que a aeronave cumpriu em cinco décadas. Apelidado de ‘Hagazão’ ou ‘Sapão’, o H-1 acumula em seu currículo participação em resgates históricos e marcantes.
Capitão Marília Landgraf Malta, piloto de H-1H, no comando de sua aeronave e em pleno voo
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Acervo CECOMSAER
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Ao lado, destroços do avião da Varig, que realizou pouso forçado na floresta Amazônica. Abaixo, Suboficial Fusquine, que ajudou no resgate de 44 sobreviventes, operando a partir do UH-1H
Terremoto no Peru - 1970 Foi a 3.500 metros de altitude, na cordilheira peruana, que dois UH-1D atuaram no resgate, transporte e apoio às vítimas do terremoto que atingiu o Peru em 1970. “Foi uma catástrofe muito grande. Nós pousamos em um lugar chamado Yungay, a cidade de cerca de 15 mil pessoas foi totalmente soterrada”, relembra o Suboficial Osvaldo Bergamaschi. Os mais de 40 dias de missão naquele país estão registrados em um diário que o militar guarda até hoje. O desafio dos tripulantes da FAB era transportar o máximo de pessoas ou material que pudessem, sem comprometer a segurança dos voos. Para isso, o Suboficial explica que somente os assentos dos pilotos e a
Acidente Varig voo 254 – 1989 O dia três de setembro de 1989 ficou marcado para sempre na história do Brasil e na memória do Suboficial João Batista Fusquine. Isso porque, na data, um Boeing 737 da Varig realizou um pouso forçado, por falta de combustível, em meio à floresta Amazônica na região de São José do Xingu (MT). As equipes de resgate da FAB decolaram em duas aeronaves Bandeirante e um helicóptero UH-1H em busca do avião desaparecido. “Essa missão marcou muito a minha pessoa particularmente. Levamos dois dias para chegar ao local”, relembra o militar. O helicóptero era o único vetor disponível capaz de realizar o resgate devido às difíceis condições de acesso. “Conseguimos descer de rapel no local do acidente. Quando você desce em uma corda e se vê em meio a mortos e feridos, com a responsabilidade de realizar uma triagem e saber quem você atende primeiro, isso nos oferece a recompensa de todo um trabalho, de toda uma dedicação à instrução”, destaca o Suboficial Fusquine. Doze pessoas faleceram no acidente e 44 foram resgatadas com vida. “Foi uma missão complicada que se sucedeu no limite da máquina, das suas
caixa de ferramentas do mecânico foram mantidos no helicóptero a fim de aumentar a autonomia e a capacidade da aeronave. “Naquela altitude, o motor perde eficiência, então, tudo era calculado milimetricamente para não dar nenhum problema”, diz. Os helicópteros ajudavam a levar os feridos até o hospital de campanha do Exército peruano para que recebessem os primeiros socorros. “Nessa missão do Peru, nós fomos agraciados com a medalha Jorge Chávez Dartnell, pioneiro da aviação peruana, e, quando chegamos a São Paulo, a FAB nos presenteou com a Medalha Mérito Santos-Dumont. São coisas que marcaram profundamente a vida da gente. O H-1 foi uma grande máquina, eu tenho muita saudade”, comenta.
Suboficial Osvaldo Bergamaschi Aerovisão
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H-1H foi um dos helicópteros da FAB empregados no resgate às vítimas do voo 1907, em 2006, que caiu após se chocar com outra aeronave em pleno voo
Resgate do voo Gol 1907 - 2006 “Eu estava de alerta nesse dia, nós fomos deslocados até Cachimbo, no Pará. Chegamos tarde da noite, fizemos os preparativos para, no dia seguinte, começarmos a missão”. O relato do Suboficial Ricardo de Oliveira Rocha, especializado em missões SAR, retrata o início daquela que seria a maior operação de busca e resgate já realizada no Brasil: a procura pelo voo 1907, da Gol, desaparecido no dia 29 de setembro de
2006, com 154 passageiros. Logo nas primeiras horas da manhã, no dia 30, um C-130 Hércules localizou o local do acidente. A partir daí, entravam em ação os helicópteros da FAB, entre eles o H-1H, pois a mata fechada não permitia o pouso de aeronaves. Foi por meio de guincho que os homens de resgate desceram em busca de sobreviventes, mas, devido à gravidade do acidente, os militares perceberam que não existiriam passageiros ou tripulantes vivos.
Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
capacidades. O calor era muito grande, a potência e a altura do helicóptero ficavam restritas, mas nós fizemos o resgate dessas 44 pessoas, sem problema algum com o UH1-H”, reforça. O Suboficial explica que a sua própria história e a do helicóptero se confundem, já que o militar se dedicou por mais de 30 anos à busca e salvamento. “Ao longo desse tempo, nós cumprimos muitas missões com o UH-1H. Ele me tornou uma pessoa melhor, pude participar de ajudas, de contribuições, do crescimento da FAB. Até hoje, eu me vejo dentro da cabine, atendendo, prestando algum socorro, lutando pela vida de um sobrevivente”, enfatiza.
Acervo CECOMSAER
A participação do H-1H no resgate do voo 1907 foi retirar as vítimas dos pontos de içamento e levar até uma clareira maior, de onde outros helicópteros faziam o transporte. Também era a partir dele que as equipes desceram para abrir a clareira
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O Suboficial Rocha explica que os `resgateiros’ da FAB abriram clareiras para que os helicópteros pudessem pousar e transportar as vítimas até a fazenda Jarinã – ponto de apoio para a missão. “A participação do H-1H nesse evento foi basicamente tirar as vítimas dos pontos de içamento e levar até uma clareira maior, de lá outros helicópteros levavam as vítimas para a fazenda, onde os técnicos aguardavam para fazer a identificação”, detalha. Operação Serrana no Rio de Janeiro - 2010/2011 O H-1H esteve presente na ajuda humanitária a um dos piores desastres naturais ocorridos no Brasil. No fim do ano 2010 e início de 2011, a região Serrana do Rio de Janeiro sofreu com fortes chuvas e deslizamentos de terra que tiraram a vida de mais de 900 pessoas e afetaram cerca de 300 mil. “Era período de férias e nós fomos acionados para cumprir a missão de apoio àquela tragédia. Partimos com um helicóptero H-1H para a região. Quando chegamos, o cenário era de caos, muitas famílias desabrigadas, muita gente sem ter o que comer. Prontamente, a FAB montou uma estrutura de apoio e utilizou o helicóptero para retirar pessoas de áreas isoladas,
“Olhei para cima e vi a aeronave [...], pensei: estou salvo” “A minha história com o famoso ‘Sapão’ aconteceu em 2011, quando o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, juntamente com a Força Aérea Brasileira, participou de um combate a incêndio na Serra da Bodoquena (MS). O helicóptero estava lá como um transportador de tropa, que nos levava até os focos e depois nos retirava do local. Em um desses combates, eu estava, juntamente com um piloto [civil], sobrevoando a área em uma aeronave agrícola que estava sendo utilizada para lançar água nos focos de incêndio. Porém, o nosso avião teve uma perda de altitude, nós caímos e batemos em um dos morros da serra. E o ‘Sapão’, que antes estava configu-
Sargento Paulo Rezende / Agência Força Aérea
Sargento Paulo Rezende / Agência Força Aérea
levar equipes de saúde para atender em locais deslocados”, relembra o Suboficial Lailson Lopes Hancio, tripulante do H1-H e um dos 200 militares da FAB que atuaram na missão. As equipes ficavam sediadas no distrito de Itaipava, onde também foi montado um Hospital de Campanha. De lá, o H-1H e outras aeronaves da FAB partiam em socorro às vítimas. “Transportamos muitos víveres. A gente sentiu na população, toda vez que chegávamos com um apoio desses, um sorriso de esperança em agradecimento. E o helicóptero deu conta do recado, se não tivesse um meio aéreo para atender aquela população que estava carente de atendimento, poderíamos, provavelmente, ter perdido mais vidas. Havia pessoas doentes precisando de atendimento médico e por meio terrestre não teria como eles chegarem a esse apoio de uma maneira breve”, comenta. Ao final da Operação Serrana, a FAB contabilizou 120 missões, 47 toneladas de carga e 787 passageiros transportados, incluindo 62 pessoas resgatadas em área de risco.
Cenário de atuação do H1-H na Operação Serrana, no Rio. Foram 47 toneladas de carga, 787 passageiros transportados, inclusive 62 pessoas resgatadas de áreas de risco rado para transporte de tropa, teve que ser adaptado para servir como resgate. Depois de algumas horas, o helicóptero nos identificou. Eu ouvi o tradi-
cional barulho do H-1H, do bater das pás. Olhei para cima e vi a aeronave em cima de mim, isso me trouxe muita alegria, pensei: estou salvo. Depois veio
a angústia, porque a aeronave saiu e o barulho acabou. Imaginei: foram embora, não me viram e eu morri. Mas eles estavam procurando um local para descer. Foi uma operação complicada, a equipe dos bombeiros teve que derrubar algumas árvores, porque a aeronave não conseguia pousar. E foi em uma manobra arriscada que o piloto, com muita destreza, conseguiu arranjar um pedacinho de espaço no meio da mata para me embarcar e me retirar daquela situação. Hoje, depois de 16 anos, eu posso dar esse depoimento e agradecer essa ação da aeronave, chego até a ficar emocionado”. Testemunho do Tenente-Coronel Bombeiro Frederico Reis Pouso Salas, do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, único sobrevivente da queda. Aerovisão
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Espaço verde-amarelo Concluído o período de testes, Força Aérea Brasileira assume o controle do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) e passa a operar o segmento espacial de Comando e Controle do Ministério da Defesa
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ASPIRANTE JORNALISTA ALINE FUZISAKI
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No detalhe, Comandante da Aeronáutica, Ministro da Defesa e Comandante de Operações Aeroespaciais (da esquerda para a direita) durante a primeira videoconferência utilizando o SGDC em missão operacional
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Brasil deu um grande passo no campo das operações seguras ao colocar em órbita o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). Lançado no dia 4 de maio de 2017, a partir do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, o SGDC é um projeto que envolveu transferência de tecnologia entre França e Brasil, em uma parceria entre os Ministérios da Defesa e da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações com um investimento estimado em R$ 1,7 bilhão. Passada a grande expectativa do lançamento, que foi acompanhado em tempo real por diversas autoridades civis e militares nas dependências do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), em Brasília (DF), o SGDC entrou em uma fase de ajustes e testes orbitais sob a coordenação de militares das três Forças Armadas e engenheiros da fabricante do satélite, a empresa francesa Thales Alenia Space. Concluído esse período, no dia 30 de junho, o Brasil assumiu efetivamente o controle do SGDC. Uma videoconferência deu início às operações do satélite. A ação foi realizada no dia 5 de julho, na sede do COMAE, e marcou o primeiro enlace da Operação Ostium - uma das maiores operações de combate a tráfegos aéreos ilícitos na fronteira - por meio do SGDC. O Ministro da Defesa, Raul Jungmann, acompanhado pelo Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, do Comandante do COMAE, Tenente-Brigadeiro do Ar Gerson Nogueira Machado de Oliveira, e demais autoridades, estiveram em Vilhena (RO), para a inauguração das transmissões do satélite. “É uma emoção estar participando desta primeira transmissão, histórica, e ver que nós estamos operando o satélite, que é o primeiro sob total controle do Brasil, devidamente criptografado. O que eu quero dizer é que isso é um
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À esquerda, veículo Ariane 5 carregado com o SGDC (na extremidade superior, é possível ver a Bandeira Nacional). Acima, miniatura do satélite que já está em órbita e sob comando de brasileiros
imenso passo em termos de soberania, em termos de defesa dos interesses do Brasil”, afirmou Jungmann durante a videoconferência. Agora, a operação e o monitoramento do SGDC estão sob responsabilidade da Força Aérea Brasileira, já que, de acordo com a Estratégia Nacional de Defesa, cabe à FAB o desenvolvimento da área espacial no País. Para isso, foi criada uma seção especializada dentro do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), o Centro de Operações Espaciais (COPE), em Brasília (DF), onde foi instalada uma antena responsável por esse controle. É de lá também que os profissionais das três Forças Armadas irão se revezar para dar suporte ao funcionamento do satélite, 24 horas por dia. Além da estrutura do COPE, uma antena auxiliar foi instalada no Centro de Operações Secundário, localizado no Rio de Janeiro (RJ). “Trata-se de uma estrutura que, muitas vezes, não aparece, mas, sem ela, ainda que parcialmente, a operação do SGDC é inviável. Foi instalada uma antena de 13 metros de diâmetro em Brasília, dentro da área da Ala 1. Foi criado o COPE, subordinado ao COMAE e localizado junto a este. Ao mesmo tempo, toda essa estrutura foi replicada no Rio de Janeiro, no COPE Secundário (COPE-S), dentro da Estação Rádio da Marinha do Brasil. Em operação de satélites, redundância é lei, devido aos altos investimentos”, explica o Comandante do COPE, Coronel Marcelo Vellozo Magalhães. Comunicações seguras Posicionado a 36 mil quilômetros da superfície da Terra, o SGDC pesa 5,8 toneladas, e cobre todo o território brasileiro e o oceano Atlântico. Sobre a Banda X, o Vice-Chefe do COPE, Coronel Aviador Sidney César Coelho Alves, explica que é uma faixa de frequência destinada exclusivamente ao uso militar, que possibilita comunicações mais seguras. “É uma comunicação Aerovisão
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TECNOLOGIA segura, porque é uma rede segregada, só nossa. O satélite é controlado aqui pelo COPE, então ninguém tem acesso àquelas comunicações”, afirmou o Coronel Sidney. De acordo com ele, a função do satélite é tramitar informações em locais em que não é possível chegar por meio terrestre. Ao oferecer uma comunicação segura, o SGDC amplia a capacidade operacional e a interoperabilidade das Forças Armadas. “Por meio do satélite, é possível trafegar dados, voz e imagem. O que vamos fazer aqui é ser o grande enlace e levar essa rede, que é chamada rede operacional de defesa, a todos os pontos que forem necessários. Então, vamos supor que exista uma operação acontecendo agora e eu preciso colocar um ponto remoto no Oiapoque. O Exército vai lá e coloca um ponto de comando e controle, que vai estar ligado a sua força componente, que, por sua vez,
Sala de onde militares e civis realizam o controle e o monitoramento do SGDC, que fica nas instalações do Comando de Operações Aeroespaciais, em Brasília (DF)
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vai estar ligada ao seu comando operacional, que vai estar ligado Ministério da Defesa ou ao próprio Presidente da República. Então, essa cadeia toda, que a gente chama de estrutura militar de defesa, ela tem que ser interligada. É isso que o segmento espacial faz. Ele leva, complementa, a rede operacional de defesa onde ela não consegue chegar por meios terrestres. Então, se ela não consegue chegar em um ponto remoto ou precisa de um backup, nós entramos com o segmento espacial em proveito do comando e controle”, relatou. Interoperabilidade das Forças Ao assumir o controle do satélite, o Brasil não tem mais a necessidade de alugar equipamentos de empresas privadas, gerando economia aos cofres públicos. No entanto, as Forças Armadas ainda continuarão utilizando os satélites C2 e C3, da StarOne, perten-
centes à multinacional Embratel. “Hoje, nós temos o C1 e o C2 utilizados para a banda X e o C3 na banda KU, que é uma banda que tem a frequência mais alta, utilizada para uma operação bastante específica da Marinha do Brasil. Então, a intenção do Ministério da Defesa é tirar o C1 e ficar só com o C2 e o C3. O C2 será o backup do SGDC”, explica o Major Luis Felipe De Moura Nohra, engenheiro de satélite do COPE. Segundo o militar, o controle dos satélites StarOne já era feito por militares do Destacamento de Telecomunicações por Satélite (DTS), do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). “O que muda é que agora isso vai para dentro da estrutura do COPE: o controle do C2 e do C3”, diz. Além de toda a estrutura criada para o gerenciamento do satélite, os envolvidos no projeto receberam treinamento em operação de sistemas espaciais
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Momento simbólico em que técnicos adesivam a parte externa do foguete lançador com a Bandeira do Brasil. O SGDC foi lançado no início de maio e, após todos os testes orbitais, o País assumiu totalmente o controle do satélite
para estarem aptos a realizarem as intervenções necessárias. A Thales Alenia Space proporcionou cursos técnicos e operacionais do satélite, qualificando 18 militares, que participaram do Programa de Absorção de Tecnologia, na França. O efetivo aprendeu sobre o SGDC e ajudou a escrever os manuais do satélite. Militares das três Forças Armadas também receberam treinamento prático no Centro de Operações do Satélite RADARSAT-2, no Canadá, e no Centro de Operações do Satélite FASat, no Chile, e realizaram visitas técnicas em diversos centros de operação de satélites no Brasil, na Itália, França, Canadá, Israel e Estados Unidos. Após o lançamento do satélite, um militar permaneceu na França para acompanhar os
testes em órbita. Para o controle e monitoramento do SGDC, 74 militares da Aeronáutica, Marinha e Exército, e 25 civis da Telebras, distribuídos entre Brasília e Rio de Janeiro, irão se revezar em turnos para manter a operacionalidade do satélite 24h por dia, garantindo a segurança e a eficiência do SGDC. De acordo com o Chefe da Divisão de Controle de Satélite do COPE, Capitão de Fragata Kleber Leandro Pizolato Someira, o controle é feito por meio de telecomandos enviados por rádio até o satélite, envolvendo o trabalho de toda a equipe. “Parece simples, mas existem milhares de combinações de telecomandos e telemetrias possíveis de serem manipuladas, além de complexos softwares, exigindo uma grande especialização da equipe. No caso do SGDC, são milhares de telecomandos diferentes para utilização
da carga útil, manobras de correção de órbita e ações corretivas e de manutenção dos subsistemas do satélite. Também são dezenas de milhares de telemetrias que devem ser analisadas para se garantir a operação durante os 18 anos da vida útil do SGDC. Desta forma, não existe um ‘piloto’ de satélite, a ‘pilotagem’, literalmente, é fruto da ação de toda equipe”, explica. Embora a gestão do SGDC esteja sob responsabilidade da Força Aérea Brasileira, Exército Brasileiro e Marinha do Brasil irão operar conjuntamente a dimensão espacial, e o SGDC atenderá às necessidades das três Forças. “Isso significa a materialização do que foi estabelecido na Estratégia Nacional de Defesa e pelo Ministério da Defesa, delegando para a FAB a responsabilidade pela área espacial”, explica o Coronel Magalhães. Aerovisão
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CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO
Missão Parintins: FAB nos bastidores A Força Aérea Brasileira monta uma estrutura especial para que o Aeroporto de Parintins possa receber o público para um dos maiores festivais folclóricos do País. Em dez dias de operação, o número de movimentos aéreos aumenta mais de 1.200% . Uma missão que começa cerca de dois meses antes do Festival TENENTE JORNALISTA JOÃO ELIAS
Todos os anos, o Festival Folclórico de Parintins reúne em torno de 100 mil pessoas em uma arena conhecida como ‘Bumbódromo’
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Jornalista Geane Fernandes / SSP-AM
udo se originou com a lenda do boi: Pai Francisco mata o boi preferido do amo para satisfazer sua esposa, Mãe Catarina, que está grávida e tem o desejo de comer a língua daquele boi. Só que o patrão descobre e Pai Francisco é capturado. Um médico confirma a morte do boi e é chamado um padre que, com seus rituais, consegue ressuscitar o animal, o que vira motivo de festa. Pai Francisco e Mãe Catarina são, então, perdoados pelo patrão. Todo ano, o Festival de Parintins reconta essa história, a população da cidade dobra com a chegada de turistas e o lugar se transforma em um enorme palco onde, durante três noites, ocorre o duelo dos bois Garantido e Caprichoso. A cidade de Parintins (AM) está localizada à margem direita do Rio Amazonas e a principal forma de transporte entre a cidade e os demais municípios é o fluvial. Só para se ter uma ideia, em uma viagem de barco de Manaus a Parintins é preciso percorrer a distância de 369 quilômetros e pode durar 24 horas. Outra opção de transporte é o avião. No aeródromo Júlio Belém-Parintins (SWPI), o volume de tráfego aéreo, cerca de cinco dias antes do festival folclórico e três dias após o término, atingiu, neste ano, a marca de 309 voos registrados, divididos em 10 dias. Foi uma média de 30 tráfegos controlados por dia de operação, um acréscimo de 1.263% de movimentos aéreos. Mais de 12 mil passageiros foram transportados nesse período.
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“O principal meio de transporte no Festival Folclórico de Parintins é o avião. O Quarto Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo [CINDACTA IV] faz esse papel importante, trabalha em silêncio e proporciona a segurança necessária para aqueles que escolhem Parintins como destino e querem conhecer o festival”, ressaltou o vice-prefeito de Parintins, Tony Medeiros. Necessidades técnicas e operacionais O trabalho da Força Aérea Brasileira na localidade começa bem antes dos dias do festival. Todos os anos, é montada uma equipe de militares após a solicitação de apoio ao CINDACTA IV pelo Governo do Estado do Amazonas e aprovação por parte do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA).
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Cerca de dois meses antes do início do deslocamento da equipe técnica, é realizada uma missão precursora, onde são levantadas todas as necessidades técnicas e operacionais. Um relatório é enviado à administração aeroportuária local com as medidas a serem tomadas pela Prefeitura e outro relatório é encaminhado às Divisões do CINDACTA IV para as providências necessárias. “No tocante aos aspectos operacionais, antes do início das atividades, é realizada uma Reunião de Coordenação Geral da Operação Parintins no CINDACTA IV, com a participação de todos os operadores, administrador aeroportuário local, Prefeitura Municipal de Parintins, Secretaria de Segurança Pública e demais órgãos afins. Essa reunião tem por objetivo apresentar todas as publicações relativas ao funcionamento dos serviços de controle durante o festival,
CINDACTA IV
Pitter Freitas / Prefeitura Parintins
Nos dias que precedem e sucedem o festival, o tráfego aéreo aumenta 1.200% no aeroporto local. Para isso, militares do CINDACTA IV trabalham em conjunto. A torre de controle de tráfego aéreo se transforma para dar vazão e segurança ao fluxo aéreo incomum à localidade
padronizar os corredores visuais de saída e chegada na localidade de Parintins, possíveis restrições, os pontos de navegação e os auxílios a serem disponibilizados para uma operação segura, coordenada e gerenciada”, explicou o Comandante do CINDACTA IV, Coronel Aviador Gil Lessa Amaral de Carvalho. Este ano, após as providências da Prefeitura Municipal de Parintins e do CINDACTA IV, o deslocamento com a equipe técnica, contendo 11 militares das mais diversas especialidades, como eletrônica, elétrica e redes de informática, foi realizado no dia 12 de junho de 2017, por uma aeronave C-105 Amazonas do Esquadrão Arara (1º/9º GAV). No mesmo dia, também foram transportadas ao local duas viaturas e cerca de 2.500 Kg de material técnico, entre eles uma Estação Meteorológica de Superfície (EMS-2). Em um primeiro momento, a mis-
Ao lado, a torre de controle de tráfego aéreo já transformada para o evento. Abaixo, militares checando o sistema de comunicação
municação de rota, equipamento reserva e nos equipamentos utilizados para comunicação usando a EACEA. Além das verificações em voo, foram checadas as comunicações em pontos extremos do aeródromo, nos pátios de estacionamento e pista de táxi. Foi disponibilizado um transceptor HF (Alta Frequência, em inglês) para operar na frequência 8.855 MHz, com o intuito de realizar a comunicação em caso de degradação dos transceptores VHF-AM (Frequência Muito Alta, em inglês) e foram realizados testes do equipamento com a Sala HF do CINDACTA IV, em Manaus. Antes do início efetivo das operações, diversas coordenações com os demais órgãos envolvidos são realizadas com intuito de serem harmonizados os procedimentos durante o Festival.
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rádio VHF para o Serviço de Controle de Tráfego Aéreo (ATC). Além disso, foi mantido um transceptor na frequência 121,50 MHz (emergência) e outro na frequência 123,45 MHz, a qual é utilizada para a coordenação entre aeronaves que realizam pouso e decolagem, quando da inexistência do Serviço ATC naquele aeródromo. Uma semana antes do festival, o Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV) realizou o voo para inspecionar estas frequências, emitindo parecer favorável nos itens comunicação de terminal, coCINDACTA CINDACTA IV IV
são consistiu-se em realizar instalações, manutenções e testes dos equipamentos na Torre de Controle, Sala AIS (Serviço de Informação Aeronáutica, em inglês), Sala Administrativa, Casa de Força, sistemas de auxílio à navegação (VOR e NDB), EMS-2 e Auxílios Luminosos. O tempo necessário para a realização de todos os processos técnicos foi de nove dias de trabalho ininterruptos. Durante cerca de 20 dias, nos períodos anteriores e posteriores ao festival, foram disponibilizadas frequências de
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montagem de todos os equipamentos necessários ao funcionamento seguro dos serviços prestados, seja de controle de tráfego ou meteorológico. A equipe operacional é composta de 17 militares, divididos da seguinte maneira: três militares especialistas em meteorologia, quatro militares encarregados das Informações Aeronáuticas lotados na Sala AIS da localidade de Parintins e dez militares controladores de tráfego aéreo, sob regime de escala operacional. A Sargento Carolina Ribeiro de Souza Mendes participou este ano, pela primeira vez, do Controle de Tráfego Aéreo durante o Festival de Parintins. “Mesmo tendo passado nove anos em um dos maiores Controles de Aproximação do País, em volume de tráfego, no Rio de Janeiro, eu nunca havia tido a oportunidade de operar em um órgão de controle não radar, prestando simultaneamente o serviço de torre, em uma localidade com aeronaves de diferentes performances, disponibilidade controlada
de vagas no pátio, interação direta com a administração aeroportuária, presença constante de pássaros na vizinhança do aeroporto e condições meteorológicas de massiva interferência nas operações. Esses desafios só puderam ser superados com o apoio de uma equipe que disponibilizou todos os meios e ferramentas necessários para a execução do nosso trabalho e com o time de profissionais das mais diferentes áreas, sem os quais seria impossível manter seguro e ordenado o tráfego aéreo local”, constatou a militar. O funcionamento dos serviços se dá a partir de seis dias antes do festival, das 7h às 19h. Cerca de dois dias antes do Festival, o horário de funcionamento é estendido e acontece 24 horas, até três dias após o encerramento do evento. E, durante todo o período do festival, técnicos são mantidos em regime de sobreaviso para sanar quaisquer anormalidades nos equipamentos, com o intuito de manter constante todos os serviços prestados pela equipe deslocada do CINDACTA IV.
O duelo entre o boi Garantido (vermelho) e o Caprichoso (azul) é um dos principais espetáculos folclóricos do País
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Aguilar Abecassis / @parintinsoficial
Um trabalho de equipe No total, foram deslocados 32 militares em dois períodos. “Para realização de um gerenciamento seguro das operações, é preciso que o coordenador-geral mantenha um controle completo de todas as ações dos membros das equipes técnicas e operacionais, não permitindo a existência de lacunas entre as duas áreas. Ao mesmo tempo, faz-se extremamente necessário o constante contato com administração aeroportuária e Prefeitura Municipal de Parintins, solicitando as ações para o pleno funcionamento dos serviços durante o festival, como por exemplo, a disponibilização de combustível para o grupo gerador do aeródromo, responsável pelo suprimento de energia elétrica em caso de falha do fornecimento comercial”, especificou o coordenador-geral da missão, Major Felipe de Figueiredo Marques. A equipe técnica, normalmente, é composta por dez militares, os quais são responsáveis pela
Pitter Freitas / Prefeitura Parintins
Além da equipe de militares, foi preciso transportar mais de 2 ton de equipamentos para apoiar a missão em Parintins
FAB na história do Festival A participação da FAB no Festival começou em 1996, a fim de garantir o fluxo seguro de aeronaves de diversas localidades do País para a cidade. Em 1999, pousou o primeiro Boeing 737 no Aeroporto de Parintins, aumentando o número de turistas, tornando-se necessários novos equipamentos e pessoal mais especializado que, já no ano seguinte, começaram a atuar. O ano de 2002 caracterizou-se pela utilização da internet, permitindo um fluxo mais rápido e eficaz das informações operacionais disponibilizadas em auxílio à segurança e ao controle do espaço aéreo. “A FAB, ao transitar entre a instalação de um equipamento de menor alcance para outros de alta tecnologia, além da construção de uma moderna
torre de controle, utilizou pessoal altamente especializado e passou do ontem para o hoje com internet e manutenção preventiva e corretiva de ponta”, disse o Coronel da reserva João de Matos Suzano, autor do livro “Brincando de Boi em Parintins”, que, durante 14 anos, participou das operações na cidade e chegou a ser coordenador geral da missão. Todas as medidas preventivas tomadas antes do festival garantem a segurança operacional, não tendo sido registrada, desde o início das atividades há mais de 20 anos, nenhum tipo de ocorrência envolvendo os serviços prestados pelo CINDACTA IV. Um trabalho realizado para que o público possa vibrar durante as apresentações dos Bois Caprichoso e Garantido nos três dias de festa. Aerovisão
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AERONAVE HISTÓRICA
AT-6 North American Texan
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Conhecido como o mais famoso e melhor avião produzido para o treinamento de pilotos em todos os tempos, o North American AT-6 foi também o que operou em maior número na Força Aérea Brasileira. De 1942 até 1976, quando ocorreu a desativação da última unidade, 427 aeronaves de três versões do T-6 voaram no Brasil. No início das atividades, as aeronaves foram utilizadas em missões de patrulhamento da costa nordestina, além de serem empregadas na fase de treinamento avançado de pilotos na Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos (RJ), e em Esquadrões de Reconhecimento e Ataque. No entanto, de todas as missões realizadas pelo T-6 Texan na FAB, a mais notável foi na Esquadrilha da Fumaça, onde realizou 1.225 demonstrações durante 24 anos de atividade.
Acervo Esquadrão de Demonstração Aérea
Ficha técnica Envergadura: 12,80m Comprimento: 8,83m Altura: 3,56m Peso máximo: 2.404kg Velocidade máxima: 337km/h Alcance: 1.006km
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VOO MENTAL Othon Gama – Autor do livro ‘O código da mudança’ (Gênios Editora, 2017), recém lançado na Europa, é palestrante sobre processos de transformação pessoais e organizacionais.
Mudança: a importância de evoluir e se adaptar
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ós somos a única espécie que pensa, tem consciência que pensa e uma das capacidades que mais chamam a atenção quando se trata de seres humanos é a de se adaptar. Costumo provocar minhas plateias nas conferências que faço no Brasil e exterior com a seguinte questão: se voltarmos no tempo e lembrarmos dos nossos pensamentos e atitudes de alguns anos atrás, podemos perceber o quanto mudamos e evoluímos, seja por motivadores emocionais ou racionais, mas ir adiante sempre exigiu de nós um novo estímulo. E isso não é verdade apenas para pessoas, mas também para corporações e a sociedade. Um exemplo esclarecedor é uma grande mudança racional que ocorreu na década passada. Andar sem cinto de segurança e dirigir sob efeito do álcool era comum, mesmo que todos os dados indicassem que era uma combinação perigosa, mesmo que isso custasse centenas de milhares de vidas em todo o planeta, até que um fator externo, neste caso uma lei, mudou o jogo. No início, o número de pessoas andando sem cinto e consumindo bebida alcóolica continuava alto, mas os bons resultados foram aparecendo e houve uma conclusão: aquilo era o melhor para todos. Em pouco tempo, o Brasil se adaptou, passamos
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a ter ações diferentes e nós evoluímos enquanto indivíduos e enquanto sociedade. Aquilo que há pouco tempo era tão comum, hoje não faz mais sentido e causa revolta quando vemos alguém com esse tipo de atitude. Vocês lembram que era permitido fumar nos aviões? É. É isso mesmo. Um absurdo sem tamanho. Como aguentamos tanto tempo?
“Evoluir é também uma questão de sobrevivência “ Por que seria diferente nas grandes corporações e empresas? Durante muitos anos, viajar de avião era muito além de usar um meio de transporte, mas viver uma experiência. Cadeiras espaçosas, canapés finos, bebidas clássicas e uma sensação de que o próprio voo era a grande sensação. Dessa forma, a VARIG consagrou-se a gigante do seu ramo durante décadas, até que o mercado passou a exigir rapidez, pois as pes-
soas passaram a ir e vir todos os dias, os assentos ficaram mais apertados e o cardápio resumido a amendoins, biscoitos e um suco industrializado. O avião passou a ser apenas mais um meio de transporte, mas a VARIG, dona do mercado, não entendeu que era hora de evoluir e hoje resume-se a uma bela história a ser contada de uma massa falida que cruzou os ares de todo o planeta. E as geniosas máquinas de datilografia? Ocupavam espaços nos escritórios, casas, repartições públicas e eram a revolução em forma de produto. Quando surgiram os computadores, as grandes marcas não reagiram, e ao invés de se reinventarem e buscarem ocupar o novo espaço, resolveram dizer que aquilo era passageiro, muito caro e as pessoas não deixariam as famosas máquinas de escrever. A queda foi meteórica, o computador se tornou cada vez mais popular e a resistência em se adaptar foi tão grande que em 2009 a Godrej & Boyce, sobrevivente do ramo, produzia entre 10 e 12 mil máquinas por ano e em 2011 fecharam as portas da sua última fábrica, por falta de encomendas. Restaram apenas algumas máquinas no seu armazém, que hoje são exibidas em alguns museus. Assim é a dinâmica da vida, a realidade que durante tanto tempo fez sentido, amanhã pode gerar em nós a percepção de que é algo a ser superado. Por isso, quando os propósitos são nobres e necessários, não devemos ter medo ou vergonha de mudar de rota, realinhar os lemes, quebrar paradigmas e seguir na direção certa. Logicamente devemos preservar princípios e valores que norteiam nossas vidas e também nossas corporações, mas respeitá-los e ter orgulho dos nossos símbolos não significa imobilismo. E nunca devemos nos esquecer que a natureza requer mudança e evoluir é também uma questão de sobrevivência das organizações, para que o tempo não as engula e faça delas apenas belas histórias ou fragmentos do quem eram.