Abr/Mai/Jun - 2021 Nº 268- Ano 48
ENTREVISTA
CULMINATING
TREINAMENTO
Novo Comandante da Aeronáutica fala sobre principais diretrizes e desafios nos 80 anos da FAB
Em treinamento operacional nos EUA, KC-390 Millennium alça novos voos
Na Suécia, pilotos de Caça da FAB realizam formação operacional do F-39 Gripen
Aerovisão
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3 ARTE: Subdivisão de Publicidade e Propaganda / CECOMSAER
Plano de voo Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
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Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Edição nº 268 Ano 48 Abril / Maio / Junho - 2021
ENTREVISTA
Novo Comandante da Aeronáutica Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior fala sobre desafios, projetos prioritários e futuro da FAB.
OPERACÃO COVID-19 Guerra contra inimigo invisível
Há um ano, FAB atua em prol da nação brasileira. Desde a Operação Regresso à Pátria Amada Brasil, as Asas que Protegem o País dedicam esforços de seu efetivo – 24 horas por dia e sete dias por semana.
EXPEDIENTE Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER). Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar CEP: 70045-900 - Brasília - DF
Tiragem: 18 mil exemplares. Período: Abril / Maio / Junho 2021 - Ano 48 Contato: redacao@fab.mil.br
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Chefe do CECOMSAER: Brigadeiro do Ar Adolfo Aleixo da Silva Junior
Diagramação: Suboficial R/1 Cláudio Bomfim Ramos
Vice-Chefe do CECOMSAER: Coronel Aviador Luis Felipe da Silveira E Eliseu
Revisão Ortográfica e Gramatical: Sargento SST Rogerio Braga Bandeira
Chefe da Divisão de Comunicação Integrada: Coronel Aviador João Gustavo Lage Germano
Estão autorizadas transcrições integrais ou parciais das matérias, desde que mencionada a fonte.
Chefe da Subdivisão de Produção e Divulgação: Tenente-Coronel Aviador Igor Correa da Rocha
Distribuição Gratuita Acesse a edição eletrônica: www.fab.mil.br/publicacao/listagemAerovisao
Edição: Tenente Jornalista Flávia Rocha (MTB - 1354/PI) Tenente Jornalista Cristiane dos Santos (MTB - 35288/SP)
Aerovisão
Impressão: Edigráfica.
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
Veja a edição digital
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FAZENDA DA AERONÁUTICA Modelo de produção agroindustrial
Com 72 anos, a Fazenda da Aeronáutica de Pirassununga é referência na produção diversificada, segura e sustentável de alimentos.
TREINAMENTO Militares realizam capacitação na Suécia Pilotos de Caça da FAB participam de formação operacional da aeronave Gripen, em Såtenäs.
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OPERACIONAL
Exercício Culminating
Com participação inédita em um treinamento internacional com cenários de combate, o KC-390 Millennium avançou ao cumprir Ações de Força Aérea de alta complexidade.
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1º GDA
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VOO MENTAL A futura Lei Geral do Espaço Instrumento legal irá regular, por exemplo, a exploração da atividade comercial espacial. Por Ian Grosner
METEOROLOGIA Estações que informam e geram economia
Novas Estações Meteorológicas de Altitude Automáticas serão implantadas para capturar e transmitir informações meteorológicas e gerar previsões úteis para a aviação.
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Aos Leitores
ASAS EM ALERTA As Asas que Protegem o País não adormecem diante do cenário que presenciamos e desafiamos. A cada dia, a Força Aérea Brasileira, representada por seus homens e mulheres, registra e estampa sua história em nossas páginas, com muita garra e empenho. Todo aparato utilizado nas missões transforma-se em força para ajudar, salvar, amparar e superar todos os obstáculos impostos pelo decorrer do tempo. Nada mais justo que retratar, nesta edição da revista Aerovisão, o trabalho que vem sendo executado na FAB. Trazemos o esforço de guerra no combate ao novo Coronavírus, registrado pelas lentes das câmeras que, em seus cliques, marcam os principais momentos da Operação COVID-19, além de um overview das ações realizadas nos últimos 12 meses. A você, leitor, detalhamos as atividades realizadas no Exercício Culminating, ocasião que o KC-390 Millennium participou pela primeira vez de um treinamento internacional, em conjunto com o Exército e a Força Aérea dos Estados Unidos e o Exército Brasileiro. Explicamos, também, como a tecnologia do avião possibilita a operação em parceria com outras Forças Armadas e registramos o lançamento noturno de paraquedistas. Explanamos, ainda, o passo a passo da capacitação operacional dos pilotos de caça que estão na Suécia, na preparação para a chegada dos F-39 Gripen. Ainda dando destaque para a tecnologia, você conhecerá as Estações Meteorológicas de Altitude Automáticas (EMA-A), que serão implantadas em Fernando de Noronha (PE) e em Uruguaiana (RS), e entenderá a funcionalidade delas e a geração de economia que proporcionarão. Esta publicação traz, ainda, entrevista com o novo Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, que fala, dentre outros assuntos, sobre as ações, administrativas e operacionais, durante o seu Comando. Orgulho é o sentimento que compartilho com você, leitor, que acompanha nossa trajetória, que neste ano completou oito décadas cumprindo a nossa missão com excelência. Desejo uma ótima viagem pelas páginas da Aerovisão! Boa leitura!
Brigadeiro do Ar Adolfo Aleixo da Silva Junior Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
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“Nossa capa: Esta edição fala sobre o comprometimento e o profissionalismo da Força Aérea Brasileira, que, irmanada com a Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro, demais instituições e profissionais de saúde, colocaram-se na linha de frente do combate à COVID-19. Em nossa capa, uma aeronave KC-390 Millennium, transportando isocontainer com oxigênio líquido, prepara-se para mais um voo rumo ao enfrentamento à pandemia no nosso País (Foto de autoria do 1º Tenente Aviador Dantoniele Damião Augusto de Paula/7º ETA).
Palavras do Comandante
DO PREPARO AO COMBATE, CORAGEM Quando iniciamos o ano de 2020, e estava sob a minha responsabilidade o Comando-Geral de Apoio (COMGAP), não esperávamos transpor dias tão desafiadores, uma verdadeira guerra. Um inimigo invisível avançou sobre o mundo e a nossa Nação, exigindo que homens e mulheres da Força Aérea Brasileira tornassem seus esforços maiores que eles próprios. Fomos acionados para integrar a Operação COVID-19, para levar alívio e conduzir suprimentos que abasteceriam as mais diversas necessidades dos nossos compatriotas nesse árduo combate. Há mais de um ano, transportamos diariamente em nossas asas a esperança de tempos melhores. Nosso espírito forjado para a batalha, aliado à capacidade de pronta-resposta de nossos equipamentos, foram peremptórios para completarmos aproximadamente 5.000 horas de voo em apoio às ações de combate ao novo Coronavírus. As aeronaves da FAB levaram vacinas aos pontos mais remotos do País, conduziram milhares de toneladas de oxigênio aos nossos irmãos da Região Norte e transportaram centenas de pacientes que esperavam por socorro médico para diversas cidades brasileiras. Agora, como Comandante da Aeronáutica, reafirmo os nossos compromissos com a Pátria e, ao mesmo tempo, ratifico que a elevação operacional de tropas e meios é condição indispensável para estarmos preparados para tempos desafiadores como esses que estamos enfrentando. Logo no início de 2021, a FAB empregou uma de suas aeronaves KC-390 Millennium no Exercício Operacional Culminating, nos Estados Unidos, um treinamento em conjunto com o Exército Americano, o Exército Brasileiro e a Força Aérea dos Estados Unidos. Também em terras internacionais, pilotos do Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA) – Esquadrão Jaguar iniciaram, em janeiro, a formação operacional da aeronave F-39 Gripen, o novo vetor multimissão da FAB. Aliado à estruturação física da Ala 2, em Anápolis (GO), os esforços dos nossos aviadores em Såtenäs, na Suécia, balizam um momento importante e decisivo no processo da implantação dessa aeronave na Força. Cada vez mais temos a certeza de que nossos obstáculos são superados pelo entusiasmo e vocação de homens e mulheres para o combate. Lutamos hoje e continuamos nos preparando para o amanhã. Diante de um altruísmo indubitável em prol do cumprimento da missão, trabalhamos abnegados para superar os mais imponentes óbices e ter como resultado certo uma Força Aérea e um Brasil cada vez mais fortes.
Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior Comandante da Aeronáutica
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ENTREVISTA
TUDO PRONTO PARA A NOVA DECOLAGEM Dia 21 de maio de 2021 encerraria um período de 46 anos do TenenteBrigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior como militar da ativa da Força Aérea Brasileira (FAB). No entanto, o Oficial-General teve que mudar o “plano de voo” ao ser chamado para assumir uma nobre missão: tornar-se o novo Comandante da Aeronáutica; deixando o cargo de ComandanteGeral de Apoio, função que exercia desde fevereiro de 2020. Para falar sobre essa experiência no campo operacional e logístico, bem como os principais desafios nos 80 anos da FAB, no contexto das missões relacionadas ao combate à pandemia da COVID-19, e, ainda, sobre a importância dos trabalhos dos militares para que, na ponta da linha, decolem os aviões, entrevistamos o Tenente-Brigadeiro Baptista Junior, que recebeu o mais alto cargo no Comando da Aeronáutica no dia 12 de abril de 2021. Confira!
TENENTE JORNALISTA FLÁVIA ROCHA
A RECEBER FOTOS E TEXTOS DA DEFESA 8
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Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
A solenidade de Transmissão de Cargo de Comandante da Aeronáutica, no dia 12 de abril, na Ala 1, em Brasília (DF), também marcou a despedida do Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, que esteve à frente da Instituição desde janeiro de 2019.
O senhor acaba de assumir o Comando da Aeronáutica. A Transmissão de Cargo ocorreu durante cerimônia em Brasília no dia 12 de abril. Quais são as principais diretrizes à frente dessa nova responsabilidade? A Força Aérea Brasileira (FAB), criada há 80 anos, é a Força Armada responsável por manter a soberania nacional do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vista à Defesa da Pátria, missão que irá orientar todas as ações, administrativas e operacionais, durante o meu comando. A partir do trabalho edificado por aqueles que nos antecederam, seguiremos em nosso processo de evolução contínua, adaptando a estrutura organizacional à estratégia estabelecida, caminhando do possível ao necessário e melhorando nossa eficiência, para que recursos da atividade-meio sejam disponibilizados para o que nos é imprescindível como poder aéreo. Ou seja, por um lado, os meios pessoais, representados por nosso efetivo; por outro lado, pelos meios materiais necessários ao cumprimento de nossa missão: aeronaves, mísseis, munições, infraestrutura de operação e de controle do espaço aéreo. Além disso, amparados pela contínua parceira com a indústria aeroespacial e pelas atividades de Ciência e Tecnologia, nossos projetos estratégicos serão prioritários, pois apenas eles nos permitirão elevar o patamar de operacionalidade da FAB. O senhor encerraria, no dia 21 de maio deste ano, um período de 46 anos de serviços prestados à FAB. No entanto, teve que mudar o “plano de voo” ao ser chamado para realizar uma nova e grande missão. Como o senhor encara essa virada no rumo da carreira do senhor ao assumir o Comando da Aeronáutica? Possivelmente por entender o desperdício de um pouso final “quando há tanto combustível no tanque”, a Divina Providência resolveu prolongar este meu voo, a partir de agora como Comandante da Força Aérea
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Tenente-Brigadeiro Baptista Junior acumula milhares de “horas de voo” em cargos de liderança: no comando, na chefia e na direção de diversas Organizações da FAB
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
Brasileira, cujos portões cruzei, pela primeira vez, com apenas 14 anos. Novamente, a “roda da fortuna” girou, direcionando-me para a mais importante e desafiadora missão da minha vida. Sinto-me realizando o sonho de qualquer Oficial a quem isso é possível. Honrando essa confiança e dentro das previsões legais, exercerei as responsabilidades inerentes ao cargo, ao qual entregarei meus conhecimentos, habilidades e esforço, sempre com base nos valores comuns à Instituição militar, que represento
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Uma Força Aérea moderna e eficaz exige recursos humanos capazes de lidar com sistemas de alto nível tecnológico, fazendo nossos processos de formação e aperfeiçoamento serem contínuos e caros, tornando o desafio de alocar “o homem certo no lugar certo” prioritário em nossas decisões.
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pelo Código de Honra do Cadete da Aeronáutica: Coragem, Lealdade, Honra, Dever e Pátria. Com milhares de “horas de voo” no comando, na chefia e na direção de diferentes Organizações da FAB, tenho certeza de que estamos prontos para esta nova decolagem, a serviço da população brasileira e dentro dos nossos limites de autoridade e responsabilidade. O senhor assumiu o Comando da Aeronáutica após deixar o Comando-Geral de Apoio (COMGAP), Organização da FAB que compete assegurar a consecução dos objetivos da Política Aeronáutica Nacional, no âmbito do Aerovisão
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Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea
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Nossa Força Aérea opera aeronaves e sistemas com alto grau de complexidade e sofisticação tecnológica, por até cinquenta anos, o que nos exige superar os desafios das obsolescências logísticas.
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Apoio Logístico de Material e Serviço. Uma das principais diretrizes que o senhor estabeleceu quando assumiu aquele Comando, teve como foco a qualidade dos recursos humanos. Diante do novo cargo, como o senhor encara a relação entre meios pessoais e materiais? Uma Força Aérea moderna e eficaz exige recursos humanos capazes de lidar com sistemas de alto nível tecnológico, fazendo nossos processos de formação e aperfeiçoamento serem contínuos e caros, tornando o desafio de alocar “o homem certo no lugar certo” prioritário em nossas decisões. Cuidemos, pois, dos homens e mulheres que integram nossa Força Aérea. Afinal, eles são os nossos TRIPULANTES. Certa vez, em uma Base Aérea bem distante,
li na parede de um hangar de aeronaves: “Primeiro os Homens; a missão, sempre”. Da mesma forma como sugere essa frase, teremos o apoio ao nosso efetivo como atividade prioritária, como por sinal acontece costumeiramente, mas não o faremos sobrepujando ou colocando em risco nossa capacidade de realizar nossos objetivos. No meu comando, cumprir a missão ou apoiar nosso efetivo será apenas um falso dilema. Ademais, manteremos o foco no gerenciamento das competências individuais, objetivando encontrar o militar certo para cada função, sem que isso afete a manutenção da qualidade do ambiente organizacional, característica vital para manter o moral elevado e garantir a alta produtividade.
Simulador permite melhor preparo e treinamento aos pilotos
* Foto tirada antes da pandemia
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A partir da eficiência demonstrada nas operações conjuntas (mais de uma força armada) e combinadas (mais de um país) durante a Primeira Guerra do Golfo, ficou clara a necessidade de nossas Forças Armadas abrirem mão de parte de sua independência e apoiarem o preparo e emprego conjunto, em prol de maior eficiência operacional e de recursos.
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Os mais de 20 anos de experiência na área operacional e logística permitem que o senhor entenda a importância do apoio para que, na ponta da linha, decolem os aviões. Diante da experiência do senhor à frente do Comando-Geral de Apoio, como a Força Aérea atua no suporte logístico tanto às novas aeronaves incorporadas bem como às recentemente modernizadas? Nossa Força Aérea opera aeronaves e sistemas com alto grau de complexidade e sofisticação tecnológica, por até cinquenta anos, o que nos exige superar os desafios das obsolescências logísticas. Manter uma aeronave adquirida nas décadas de 1960/1970, como nossos F-5 e C-130, exige-nos gerenciar a aquisição e reparo de suas milhares de peças, com dezenas de fornecedores que, por vezes, não têm mais interesse em fabricá-las ou repará-las. Esse é o grande desafi o
Sargento Bruno Batista / Agência Força Aérea
Apoio na adequação da infraestrutura necessária,como hangares,pátios, pistas e paióis
da Logística. Com o fito de manter seus meios disponíveis para emprego, a FAB trabalha com o conceito de ciclo de vida dos materiais e sistemas, e não de problemas pontuais ou conjunturais. Com base nesta visão, o COMGAP, como Comando Logístico da FAB, participa de todas as fases do ciclo de vida das aeronaves novas ou modernizadas, desde a definição dos requisitos, passando pelo desenvolvimento, implantação, suporte à operação e, também, sua desativação e descarte. Além disso, atua na adequação da infraestrutura necessária, como hangares, pátios, pistas e paióis, dentre tantas instalações exigidas para a operação da frota, bem como na disponibilização dos sistemas TI operacionais e logísticos, cada vez mais necessários nos modernos sistemas aeronáuticos.
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Em adição a esta mudança doutrinária, a criação do Ministério da Defesa do Brasil, em 1999, iniciou uma sequência de exercícios, planejamentos de emprego e operações conjuntas, responsáveis em grande parte pela integração atual de nossas Forças
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Durante todo o período
pandemia, nossos homens e mulheres trabalharam arduamente para cumprir a missão atribuída à Força
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Aérea Brasileira.
Armadas, como temos testemunhado nas operações Ágata, Pantanal, Verde Brasil 1 e 2, além da COVID-19. Em que pese o incremento da interoperabilidade no campo operacional, penso que muito ainda precisa ser realizado no campo logístico, onde a gestão das frotas dos helicópteros EC725 do Projeto H-XBR, feita por um escritório logístico conjunto, já pavimentou um futuro promissor. Como visão de futuro próximo, vejo a possibilidade de contratação conjunta de diversos serviços e materiais, como aquisição de material bélico e combustíveis, com redução de custos e do pessoal envolvido nessas atividades. Tais possibilidades nos motivam aos desafios futuros, fortalecendo o conceito de que #JuntosSomosMaisFortes. O Comando da Aeronáutica completou 80 anos em 2021. Enquanto isso, vale destacar que o senhor já testemunhou muitos fatos históricos Divulgação: Elos do Sistema de Comunicação da Aeronáutica (SISCOMSAE)
Com o apoio de militares da FAB, KC-390 Millennium transporta Hospital de Campanha para Porto Alegre (RS) na madrugada do dia 12 de março deste ano
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desta lamentável
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Em várias operações ao longo da história da FAB, ficou evidenciada a relevância da interoperabilidade no âmbito das Forças Armadas. No que se refere aos resultados alcançados, como o senhor avalia essa interação entre Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira no campo logístico? Por décadas, a Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira conceberam seu preparo e emprego de forma independente e isolada, com reflexos nas suas áreas logísticas. A partir da eficiência demonstrada nas operações conjuntas (mais de uma força armada) e combinadas (mais de um país) durante a Primeira Guerra do Golfo, ficou clara a necessidade de nossas Forças Armadas abrirem mão de parte de sua independência e apoiarem o preparo e emprego conjunto, em prol de maior eficiência operacional e de recursos.
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durante as mais de quatro décadas de experiência em diversos cargos na FAB. Quais foram os maiores desafios da Força Aérea ao longo desse período e como eles foram superados, sobretudo, na área logística, campo que o senhor esteve mais fortemente ligado nos últimos dois anos, quando comandou o COMGAP, Organização Militar da FAB que atualmente está sendo comandada pelo Major-Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic? Sem dúvida alguma, o maior desafio foi se estruturar para apoiar o aumento significativo da tecnologia embarcada em nossos meios aéreos, simultaneamente com a redução da frota de aeronaves. Nos primeiros vinte e cinco anos (1941 - 1966), nossa frota de aeronaves era numerosa, formada por centenas de aviões doados após a Segunda Guerra Mundial, que exigiam uso intensivo de mão de obra mecânica. Como essa fase coincidiu com o nascimento do parque industrial brasileiro, os de-
safios logísticos foram vencidos com a “internalização” das atividades de manutenção em nossas Organizações Militares, principalmente nos Parques de Material Aeronáutico, que receberam investimentos em ferramental, máquinas e pessoal qualificado. A segunda fase penso estar balizada pela chegada das primeiras aeronaves C-130 Hércules (1966) e pelo recebimento dos primeiros A-1 (1991). Nesse período, também incorporamos os caças F-103 Mirage e F-5 Tiger II, todas plataformas com um nível de complexidade eletrônica substancialmente superior ao que estávamos acostumados. Para vencer os desafios da época, nossas Organizações Militares mantiveram-se como atores importantes no suporte logístico da frota, mas foi necessário buscarmos parcerias com fabricantes e oficinas externas à FAB, no Brasil e no exterior, exigindo-nos a modernização dos sistemas de controle das atividades. Foi nessa fase que inserimos um alto grau de informatização em nossos processos de suprimento e
manutenção, outra importante característica desse quarto de século. A partir da implantação das aeronaves A-1, primeiro sistema aeronáutico com alto grau de eletrônica embarcada e uso intensivo de unidades modulares intercambiáveis – LRU (do Inglês Line Replaceable Unit), a utilização das oficinas dos fornecedores e fabricantes passou a ocupar lugar importante na cadeia de suprimentos da FAB, exigindo planejamento acurado, a fim de que todos os materiais estivessem disponíveis a tempo e no local necessário aos serviços de manutenção. Nessa fase, passamos a controlar todas as atividades com o Sistema Integrado de Logística de Material e de Serviços (SILOMS), um sistema informatizado desenvolvido por nossos militares e civis, e que atualmente é a base dos processos administrativos e logísticos do Comando da Aeronáutica. Como as ações dos militares da FAB contribuem para o andamento das diversas atividades relacionadas
Sargento Bianca Viol / CECOMSAER
A cerimônia militar de transmissão do cargo de Comandante-Geral de Apoio do Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior ao Major-Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic foi realizada no dia 16 de abril, em São Paulo (SP). Ao assumir o Comando-Geral de Apoio, o Major-Brigadeiro Farcic comentou sobre o novo desafio. “Estou extremamente honrado por assumir o COMGAP, uma Instituição responsável por todo o Apoio Logístico da Força Aérea, que tem uma missão estratégica para o nosso País. É um trabalho de grande importância e nos dá muito orgulho de realizar”, frisou.
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um conjunto de todo eficaz, como registrado na Canção do Especialista da Aeronáutica. O senhor poderia delinear um panorama de como será o futuro da Força Aérea Brasileira em prol do cumprimento da missão da FAB? Importante lembrar que a FAB protege o País por meio das ações de Controlar, Defender e Integrar. Na vigilância diária e na superação de grandes desafios na Defesa do Brasil, é imprescindível a atuação dos Grandes
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Para vencer tais desafios, e a exemplo do que ocorreu nos oitenta anos passados, confiamos na constante capacitação e no comprometimento de todos os profissionais que integram a Força Aérea Brasileira, nossos parceiros da indústria, nossos fornecedores e a tantos quanto entendem a importância de nossa missão.
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ao combate ao novo Coronavírus? Durante todo o período desta lamentável pandemia, nossos homens e mulheres trabalharam arduamente para cumprir a missão atribuída à Força Aérea Brasileira. Em cada decolagem de nossas aeronaves, levando cilindros de oxigênio, transportando doentes, vacinas ou hospitais de campanha, para citar apenas algumas missões cumpridas pela FAB durante a Operação COVID 19, a participação de muitos militares esteve silenciosamente presente. Para que a FAB pudesse voar em esforço máximo, mantivemos uma adequada disponibilidade dos meios aéreos e realizamos as necessárias ações de manutenção, sempre presenciais, com os cuidados previstos para a proteção de nossos recursos humanos. Com certeza, o povo brasileiro foi testemunha da brilhante participação da nossa Força Aérea neste esforço de guerra. Possibilitar que grande parte do efetivo da FAB passasse a cumprir suas atribuições em regime de home office exigiu a disponibilização de sistema de videoconferência e acesso seguro aos inúmeros sistemas corporativos, base para as atividades administrativas, operacionais e logísticas da Instituição. Essas foram realizações importantes, liderada pela Diretoria de Tecnologia da Informação – Organização subordinada ao COMGAP – e demais elos sistêmicos. Embora a utilização das aeronaves e das ferramentas de TI tenham tido maior visibilidade, há que serem destacadas as ações levadas a efeito pelas demais Organizações da Aeronáutica, que cuidaram da infraestrutura, obtenção e transporte logístico. Por exemplo, a atuação integrada e coordenada de todos os integrantes da área logística da FAB me enche de orgulho como ex-Comandante-Geral de Apoio. Juntos, os militares de todas as Organizações dos seis Grandes Comandos da Aeronáutica são realmente
Comandos que compõem o organograma da Instituição bem como uma visão estratégica acerca do nosso presente e do nosso futuro. Nesse contexto, amparados pela contínua parceira com a indústria aeroespacial e pelas atividades de Ciência e Tecnologia, nossos projetos estratégicos serão prioritários, pois apenas eles nos permitirão elevar o patamar de operacionalidade da Força Aérea Brasileira. Nesse sentido, os projetos F-39 Gripen e KC-390 Millennium, que se constituirão na espinha dorsal da FAB, no ambiente aéreo, pelas próximas
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décadas, conviverão com o incremento do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), que teve na assinatura do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas com os Estados Unidos da América um marco histórico. Ainda sobre esse importante projeto, rogo que consigamos eliminar rapidamente os óbices que se apresentam, como as possíveis indefinições nos limites de autoridades e responsabilidades dos atores envolvidos, sem o que não recuperaremos o tempo perdido nas últimas três décadas. Também na área espacial, temos a oportunidade de não sermos apenas “o País do futuro”. A exemplo do que entendo para o futuro das instituições e organizações, o porvir da Logística na FAB obedecerá a um processo de evolução contínua, acelerado pelo desenvolvimento tecnológico e, consequentemente, ciclos cada vez menores de obsolescência. Como ocorre com nossos computadores pessoais e smartphones, que se tornam obsoletos muito rapidamente, nossos sistemas aéreos, nossas ferramentas de TI e nossa infraestrutura operacional exigirão processos permanentes de atualização para se manterem disponíveis e eficazes. Não imagino, para as aeronaves F-39 Gripen e KC-390 Millennium, por exemplo, processos de modernização de meia vida (os MLU – Mid-Life Upgrade) custosos e de grande amplitude, como fizemos com as frotas de F-5 e A-1, mas intervenções menores e em ciclos curtos (certamente inferiores a cinco anos). O mesmo ocorrerá com nossos sistemas corporativos de TI, infraestrutura de apoio (pistas, pátios, hangares, etc.) e processos de suprimento. Para vencer tais desafios, e a exemplo do que ocorreu nos oitenta anos passados, confiamos na constante capacitação e no comprometimento de todos os profissionais que integram a Força Aérea Brasileira, nossos parceiros da indústria; nossos fornecedores; e a tantos quanto entendem a importância de nossa missão.
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
O novo Comandante é filho do Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista (na foto, entre o filho e o Presidente da República), que foi Comandante da Aeronáutica, no período de 1999 a 2003
“Vê-lo assumindo a mais relevante posição na carreira, meu peito se enche de orgulho” Ex-Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos
De olho no futuro, novo Comandante da Aeronáutica lembra que a FAB protege o País por meio das ações de Controlar, Defender e Integrar
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Almeida Baptista, pai do novo Comandante
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OPERACÃO COVID-19
FORÇA AÉREA BRASILEIRA NA GUERRA CONTRA O CORONAVÍRUS A nova aeronave multimissão da FAB, o KC-390 Millennium atua na Operação COVID-19, transportando equipamentos e insumos para a população brasileira
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Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea
Desde que as ações contra o novo Coronavírus foram deflagradas pelo Ministério da Defesa, em cooperação com o Ministério da Saúde, a Força Aérea Brasileira (FAB) intensificou sua atuação em prol da nação brasileira. Com a Operação Regresso à Pátria Amada Brasil, que ocorreu em fevereiro de 2020, as Asas que Protegem o País têm realizado diversas missões da Operação COVID-19. Cada acionamento tem o objetivo principal de minimizar os impactos do novo Coronavírus. Confira as missões que a Força Aérea tem cumprido desde que o Brasil passou a atuar na guerra contra o vírus. TENENTE JORNALISTA LETÍCIA FARIA ASPIRANTE RELAÇÕES PÚBLICAS WANESSA LIZ
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Divulgação: Elos do Sistema de Comunicação da Aeronáutica (SISCOMSAE)
Transporte de vacinas Depois da aprovação do uso emergencial da vacina contra a COVID-19 no Brasil e com a chegada do primeiro lote oriundo da Índia, no início de janeiro de 2021, ocorreu a distribuição das doses. Levando o insumo para os estados, aeronaves da FAB passaram a cumprir diversas missões, com os helicópteros H-36 Caracal e H-60L Black Hawk e o avião C-98A Caravan, que transportaram vacinas para populações indígenas e outros moradores de localidades de difícil acesso.
Divulgação: Elos do Sistema de Comunicação da Aeronáutica (SISCOMSAE)
Transporte de pacientes Defender a Pátria é uma das funções precípuas das Forças Armadas. Nesse sentido, a Força Aérea Brasileira tem atuado no enfrentamento à pandemia, mediante demandas do Ministério da Defesa. Com base nisso, em janeiro de 2021, a FAB passou a atuar no transporte de pacientes internados em hospitais de Manaus (AM) para outras unidades da federação. O sistema de saúde daquele estado enfrentava dificuldades e, para minimizar os impactos, centenas de pacientes foram removidos, a bordo das aeronaves C-105 Amazonas, C-99 e C-97 Brasília, para cidades como Teresina (PI), São Luís (MA), João Pessoa (PB), Natal (RN), Goiânia (GO), Brasília (DF), Belém (PA), Vitória (ES), Maceió (AL), Recife (PE), Uberaba (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Palmas (TO), Florianópolis (SC), Santa Maria (RS), Rio de Janeiro (RJ), Campina Grande (PB), entre outras.
Base Aérea de Brasília – Hub de distribuição de oxigênio Com a necessidade de mitigar a crise de falta de oxigênio do Amazonas, a White Martins, empresa que abastece a cidade de Manaus (AM) com o insumo, transferiu o seu hub para a Base Aérea de Brasília (DF). Trata-se de um ponto de referência para que as aeronaves possam fazer o carregamento e descarregamento dos tanques e a devida distribuição para fornecimento de oxigênio para Manaus e outras cidades do estado. Aerovisão
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Transporte de oxigênio Ainda com foco no atendimento ao sistema de saúde do Amazonas, as aeronaves C-130 Hércules, C-105 Amazonas e KC-390 Millennium passaram a realizar, diariamente, missões para Manaus (AM) e outras localidades do estado. Desta vez, a carga a bordo eram cilindros de oxigênio, tanques de oxigênio líquido e, também, usinas de oxigênio. Em uma dessas missões, em janeiro de 2021, o KC-390 realizou pela primeira vez o transporte de cinco tanques de oxigênio líquido – cerca de 5.500 kg de carga – da Base
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Aérea de São Paulo (BASP) para a Base Aérea de Manaus (BAMN), na capital amazonense. A aeronave conta com uma válvula de alívio instalada, sendo possível o cumprimento do transporte de tal carga com toda a segurança necessária. A fim de atender a demandas em locais onde a distância e a falta de estrutura dificultam ainda mais o socorro aos doentes, em janeiro e fevereiro, usinas geradoras de oxigênio foram transportadas para a cidade de Parintins, segunda cidade mais populosa do Amazonas. Aerovisão
KC-390 Millennium transportou, de Belém (PA) para Manaus (AM), oxigênio líquido armazenado em isocontainer. A missão exigiu utilização de recursos e capacidades da aeronave em um carregamento complexo por conta das grandes medidas e peso do material.
Divulgação: Elos do Sistema de Comunicação da Aeronáutica (SISCOMSAE)
Divulgação: Elos do Sistema de Comunicação da Aeronáutica (SISCOMSAE) Divulgação: Elos do Sistema de Comunicação da Aeronáutica (SISCOMSAE)
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Transporte de respiradores Com o avanço da pandemia no Bra- serem transportadas. Outras aerosil, o Ministério da Saúde, por meio do naves, como o C-95 Bandeirante, Ministério da Defesa, passou a solici- atuaram na Operação, levando tar à FAB o transporte de respiradores equipamentos para manutenção, para equipar hospitais do País. Uma com apoio do Serviço Nacional de aeronave do Grupo de Transporte Aprendizagem Industrial (SENAI) Especial (GTE) foi adaptada, a fim e, em seguida, distribuídos para de ampliar a capacidade de cargas a unidades hospitalares pelo Brasil.
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médica e insumos para auxiliar a população, a missão conta também com o apoio à vacinação contra a COVID-19. Além do transporte de pessoal de Saúde, também são levadas máscaras, macacões de proteção, luvas, álcool
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em gel, kits de teste para malária e COVID-19, medicamentos e cestas básicas. As ações ocorrem por meio dos helicópteros da Força Aérea, capazes de chegar a locais distantes e de difícil acesso para pousos e decolagens.
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Apoio a populações indígenas A Força Aérea Brasileira (FAB) mantém o apoio no Transporte Aéreo Logístico para realizar Ação Cívico-Social em comunidades indígenas, desde o início da pandemia do novo Coronavírus. Levando assistência
Sargento Johnson Barros / Agência Força Aérea Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Operação COVID-19 ganha um forte aliado: o KC-390 Millennium A nova aeronave multimissão da FAB, o KC-390 Millennium passou a atuar na Operação COVID-19, e uma das primeiras missões durante o enfrentamento ao novo Coronavírus foi o carregamento de uma ambulância. O avião decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ), para a Base Aérea de Manaus (AM), transportando 6,9 toneladas. O objetivo era atender ao Sistema de Saúde da região. Após essa atuação, o KC-390 Millennium cumpre, de maneira constante, missões solicitadas pelo Ministério da Defesa, prestando apoio aos brasileiros, com o transporte de equipamentos, suprimentos, veículos, etc.
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Transporte de Equipamentos de Proteção Individual Ainda no primeiro semestre de 2020, a Força Aérea cumpriu diversas missões de Transporte Aéreo Logístico, carregando Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), entre eles, luvas, aventais, álcool em gel, máscaras do tipo face shield. Os destinos dos suprimentos eram as Secretarias de Saúde de diversos estados do Brasil para atender pacientes e, também, profissionais da linha de frente do combate à COVID-19. Efetivos do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Civil receberam os EPIs, que eram doados por diversas empresas. Para o transporte, a FAB empregou aeronaves como o C-130 Hércules, C-98 Caravan e C-105 Amazonas.
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Divulgação: Elos do Sistema de Comunicação da Aeronáutica (SISCOMSAE) Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
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Desinfecção de locais públicos Concomitante às diversas missões que a Força Aérea realizava, desde o início da Operação COVID-19, também ocorriam em todo o Brasil ações de desinfecção e descontaminação de locais públicos, como hospitais, praças, portos, aeroportos, aeronaves, pontos turísticos, escolas e outras instalações. A iniciativa teve como objetivo diminuir as possibilidades de transmissão do novo Coronavírus visto que a desinfecção ocorre em áreas com grande circulação de pessoas.
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Distribuição de refeições Nas ações da Operação COVID-19, a Força Aérea Brasileira realizou, em maio de 2020, a produção e a distribuição de refeições para caminhoneiros que trafegavam pela SP-055, em local próximo ao Porto de Santos, no litoral paulista. Uma estrutura foi montada, de modo que fosse realizado o preparo da comida, armazenamento e a distribuição. A intenção foi oferecer uma opção aos caminhoneiros devido à restrição de funcionamento dos postos de serviço localizados às margens da rodovia, fazendo a entrega dos alimentos.
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Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Apoio com profissionais de saúde Profissionais de saúde da Força Aérea Brasileira, das mais distintas especialidades, que atuam na linha de frente do combate à pandemia, têm dedicado suas atenções e esforços no atendimento a vítimas da COVID-19. O Comando da Aeronáutica montou Unidades Celulares de Saúde (UCS) – uma espécie de mini hospitais de campanha – no Rio de Janeiro (RJ), em Natal (RN) e em Campo Grande (MS), no ano de 2020; além de 16 barracas que serviram de enfermarias no Hospital Estadual Delphina Aziz em Manaus (AM) e outras UCS nos postos de vacinação montados no Museu Aeroespacial (MUSAL) e na Base Aérea do Galeão, ambas no Rio de Janeiro (RJ), em 2021.
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Divulgação: Elos do Sistema de Comunicação da Aeronáutica (SISCOMSAE)
Divulgação: Elos do Sistema de Comunicação da Aeronáutica (SISCOMSAE)
Campanha de Doação de Sangue Em setembro de 2020, a FAB promoveu, voluntariamente, dentro das suas Organizações Militares, mais uma fase da Campanha “Você era a gota que faltava. Doe Sangue. Doe Vida!”. O objetivo foi incentivar militares, civis e dependentes para a doação de sangue, especialmente dentro do atual cenário de combate ao novo Coronavírus e em razão das necessidades constantes de abastecimento dos hemocentros de todo o Brasil. A ação contou, ainda, com o apoio de integrantes do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), também conhecido como Esquadrilha da Fumaça, que encantam com suas manobras a bordo do A-29 Super Tucano pelos céus do Brasil e do mundo. Eles reforçaram o apoio ao banco de sangue do Hemocentro da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
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Divulgação: Elos do Sistema de Comunicação da Aeronáutica (SISCOMSAE) Divulgação: Elos do Sistema de Comunicação da Aeronáutica (SISCOMSAE)
Confecção de máscaras Intensificar os cuidados de prevenção à COVID-19. Com esse objetivo, foram confeccionadas máscaras de proteção facial por militares Especialistas em Equipamento de Voo dos efetivos dos Parques de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), do Galeão (PAMA-GL), de Lagoa Santa (PAMA-LS) e do Parque de Material Aeronáutico e Bélico do Rio de Janeiro (PAMB-RJ). Houve, ainda, uma parceria com o SENAI do Rio Grande do Norte, para a confecção de três mil máscaras de tecido para o enfrentamento à disseminação da COVID-19 no Estado.
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Soldado Wilhan Campos / Agência Força Aérea Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea Divulgação: Elos do Sistema de Comunicação da Aeronáutica (SISCOMSAE)
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
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Campanhas de Solidariedade Durante o ano de 2020, a FAB realizou, em suas Organizações Militares, campanhas de arrecadação de alimentos, roupas e produtos de higiene. Com o cenário de isolamento social por conta da pandemia do novo Coronavírus, muitas famílias ficaram em situação de vulnerabilidade. Desta forma, a distribuição desses kits teve o objetivo de amenizar algumas das principais necessidades sofridas por elas. O envolvimento dos militares da FAB foi expressivo, auxiliando quem precisava de apoio. A ação fez parte, também, do Programa Forças no Esporte (PROFESP), do Ministério da Defesa, que atende crianças e adolescentes em todo o País e teve as atividades interrompidas por conta da pandemia.
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Sargento Marcos Poleto / Agência Força Aérea Sargento Marcos Poleto / Agência Força Aérea
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Repatriação de brasileiros na Venezuela e no Peru Em abril de 2020, um C-130 Hércules da Força Aérea atuou na repatriação de brasileiros da representação diplomática que estavam na Venezuela. A operação foi realizada em conjunto com o Ministério da Defesa. De Caracas, a aeronave transportou 50 brasileiros. Ocorreu, ainda, o resgate de 66 cidadãos que estavam retidos em Cuzco, no Peru, impedidos de retornarem ao Brasil por conta do fechamento das fronteiras em razão da pandemia. A bordo de um C-130 Hércules, os passageiros seguiram para o destino final, a Base Aérea de São Paulo (BASP), em Guarulhos (SP).
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Sargento Marcos Poleto / Agência Força Aérea
Operação Regresso à Pátria Amada Brasil A FAB colocou duas aeronaves VC-2 à disposição, em fevereiro de 2020, para resgatar 34 brasileiros e familiares estrangeiros que estavam em Wuhan, na China, epicentro do novo Coronavírus. As aeronaves contavam com tripulantes, além de profi ssionais da área de saúde, sendo médicos militares e do Ministério da Saúde. Ao retornarem para o Brasil, as pessoas ficaram em quarentena, na Ala 2, em Anápolis (GO), onde receberam apoio, como hospedagem, alimentação, realização de exames, Brasileiros repatriados de volta ao País após voo da primeira missão da FAB de combate à COVID-19 além de cuidados médicos.
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Soldado Anderson Soares / Agência Força Aérea
Efetivo envolvido A Força Aérea continua atuando diuturnamente para ajudar àqueles que necessitam de apoio. Desde que as primeiras ações foram realizadas, como a Operação Regresso à Pátria Amada Brasil e a Operação COVID-19, militares de todo o Brasil estão em prontidão atendendo às demandas. E, enquanto a guerra contra o Coronovírus não acabar, os brasileiros poderão sempre contar com a FAB para as mais diversas ações de enfrentamento à pandemia.
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OPERACIONAL
KC-390 MILLENNIUM DEIXA MARCA EM TREINAMENTO NOS ESTADOS UNIDOS Com participação inédita em um treinamento internacional com cenários de combate, o KC-390 Millennium, que está em processo de implantação na FAB, avançou ao cumprir Ações de Força Aérea de alta complexidade e fundamentais dentro da concepção do projeto da aeronave, que é a espinha dorsal da Aviação de Transporte da Instituição. Esses novos passos ocorreram durante o Exercício Operacional Culminating, realizado em Louisiana, envolvendo o Exército Brasileiro, o Exército Americano, a Força Aérea Brasileira e a Força Aérea dos Estados Unidos. TENENTE JORNALISTA IRIS VASCONCELLOS
KC-390 no pátio do Aeroporto Internacional de Alexandria. A cidade, localizada em Louisiana, nos Estados Unidos, foi a base da aeronave no Exercício Culminating.
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Realizar voos de formatura tática com outros países é sempre um grande desafio, uma vez que a doutrina deve estar compatível e a barreira da língua também é um fator a ser considerado
Tenente-Brigadeiro do Ar Luiz Fernando de Aguiar
Aumentando ainda mais a complexidade do treinamento, a missão foi realizada no período noturno, em conjunto com mais 13 aeronaves da Força Aérea dos Estados Unidos, do inglês United States Air Force (USAF), – o C-130J e o C-17. O KC-390 operou em formatura tática, integrando duas missões que culminaram no lançamento de cerca de 1.600 paraquedistas na Zona de Lançamento do Exercício. Somente o KC-390 Millennium lançou cerca de 120 paraquedistas, todos do Exército Brasileiro. Para o Comandante de Preparo (COMPREP), Tenente-Brigadeiro do Ar Luiz Fernando de Aguiar, realizar voos de formatura tática com outros países é sempre um grande desafio, uma vez que a doutrina deve estar compatível e a barreira da língua também é um fator
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Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
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m cenário novo para o KC390 Millennium. A aeronave, recebida em setembro de 2019 pela Força Aérea Brasileira, foi testada em ambientes de combate no Exercício Operacional Culminating. Por 25 dias, os militares do Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1° GTT), Esquadrão Zeus, realizaram treinamentos com o objetivo de executar o Assalto Aeroterrestre, ou seja, a Ação de Força Aérea que consiste em empregar Meios Aeroespaciais para introduzir forças paraquedistas e seus equipamentos, prioritariamente por lançamento e eventualmente por meio de pouso, em áreas de interesse no Teatro de Operações, com o objetivo de mover forças estratégicas para a consecução dos objetivos das Forças de Superfície.
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tíveis com as utilizadas pela FAB. Isso representa também uma atualização doutrinária fundamental para a geração de recursos do Comando de Preparo (COMPREP), assim como o fomento de técnicas em conjunto com as demais Forças Armadas do Brasil.
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O KC-390 avançou no processo de certificação. Realizou o lançamento de paraquedistas em conjunto com outras aeronaves já consagradas no cenário mundial e também demonstrou o seu potencial ao ser colocado em situações desafiadoras
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a ser considerado. “Apesar de o período noturno ser um complicador, além da proximidade entre as aeronaves, todos esses fatores tiveram o efeito reduzido devido aos recursos disponíveis na aeronave KC-390, que possui uma gama completa de sistemas embarcados que trazem segurança ao trabalho da tripulação”, destacou. Esse panorama positivo também fez parte da avaliação do Comandante da Ala 2, unidade que sedia o 1° GTT, Coronel Aviador Gustavo Pestana Garcez. Segundo ele, a participação do KC-390 no Exercício Culminating possibilitou corroborar que a aeronave é compatível com cenários altamente complexos. “Foi um importante feedback para verificarmos o trabalho de mapeamento de competências na seleção dos primeiros tripulantes da aeronave”, pontuou. A participação da aeronave no Exercício trouxe à tona táticas, técnicas e procedimentos empregados pelas Forças Armadas dos Estados Unidos da América. Essas estratégias são compa-
Brigadeiro do Ar Sergio Barros de Oliveira
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
Segundo o Chefe da Subchefia de Avaliação e Doutrina do COMPREP, Brigadeiro do Ar Sergio Barros de Oliveira, a participação do KC-390 Millennium no Exercício Operacional Culminating possibilitou uma aceleração no processo de capacitação da Unidade Aérea. “O KC-390 avançou no processo de certificação. Realizou o lançamento de paraquedistas em conjunto com outras aeronaves já consagradas no cenário mundial e demonstrou o seu potencial ao ser colocado em situações desafiadoras”, afirmou o Brigadeiro Sérgio. Essa comprovação das potencialidades da aeronave também foi evidenciada por uma das maiores autoridades da área de Defesa dos Estados Unidos, o Comandante do Comando Sul dos EUA, Almirante Craig S. Faller. “O KC-390 é uma aeronave extremamente bem construída e de alta capacidade”, ressaltou. Segundo ele, o trabalho entre os dois países é de suma importância. “O Brasil é um grande aliado e um
A aeronave realizou o lançamento dos paraquedistas em cenário noturno. Os voos começaram por volta de 00h em uma temperatura de aproximadamente 6° C
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Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
Momento inédito: Essa foi a primeira vez que o KC-390 realizou o lançamento de paraquedistas no exterior com uma tripulação composta apenas por militares da FAB
bom amigo, com forças extremamente capacitadas”, complementou. Um dos desafios da participação do KC-390 no Exercício Operacional Culminating foi a coordenação da atividade aérea envolvendo 14 aeronaves com o lançamento de uma grande quantidade de paraquedistas. A complexa operação foi coordenada
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pelos militares da FAB com o Oficial de Ligação de Mobilidade Aérea, Capitão Kyle Hormann, da Força Aérea dos Estados Unidos. De acordo com o piloto da USAF, atualmente as principais operações militares são realizadas por coalizões, e participar de voos com o KC-390 representa uma oportunidade de treinar
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com um aliado como o Brasil. “Esse treinamento realmente nos dá uma chance de melhorar nossa integração e avançar nossas capacidades de combate”, ressaltou. Para a Força Aérea Brasileira, o balanço da missão foi positivo, especialmente porque a aeronave KC-390 apresentou alta capacidade e
O primeiro voo do KC-390 no Exercício Operacional Culminating foi um voo de familiarização para reconhecer o espaço aéreo e a zona de lançamento
bom desempenho em uma operação internacional, no mesmo nível que aeronaves já consolidadas no mundo: o C-130J e o C-17. “A importância desse cenário para a FAB é poder comprovar que as tripulações e a aeronave estão bem treinadas e no mesmo nível dos países que têm participação na Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN)”, explicou o piloto do 1° GTT, Major Aviador Daniel Elias Souza, um dos participantes do exercício. A aeronave de transporte multimissão, que explorou principalmente a capacidade de Assalto Aeroterrestre, possui também vertentes que serão incrementadas após o Exercício Culmi-
nating “O KC-390 pode fazer Transporte Aéreo Logístico, Combate a Incêndios em voo, entre outras ações. Nesse cenário, existem diversos desafios que ainda podem ser explorados e nós, certamente, vamos atingi-los com excelência à medida que forem sendo implantados”, finalizou o Capitão Aviador Anderson Dias Santiago.
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A tripulação do KC-390 Millennium prepara-se para voo, no Aeroporto Internacional de Alexandria
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Militares do 1º GTT participaram do Exercício Operacional Culminating, nos Estados Unidos
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Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
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Aeronave KC-390 dividiu o pátio do aeroporto de Alexandria com os helicópteros H-60 Black Hawk do Exército Americano
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Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
Sargento Bianca Viol / Agência Força Aérea
O então Ministro da Defesa do Brasil, Fernando Azevedo e Silva, e o Comandante do Comando Sul dos Estados Unidos, Almirante Craig S. Faller, visitaram as tropas antes do salto das aeronaves
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FAZENDA DA AERONÁUTICA Sede Administrativa da Fazenda da Aeronáutica de Pirassununga (FAYS) na Academia da Força Aérea (AFA)
FAZENDA DA AERONÁUTICA DE PIRASSUNUNGA: MODELO DE PRODUÇÃO AGROINDUSTRIAL Com 72 anos de existência, a Fazenda da Aeronáutica é um importante centro de produção alimentícia que atende cerca de 10 mil pessoas. SARGENTO CLARA AVELINO
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excedentes são comercializados. Essas ações são possíveis graças ao trabalho de 79 militares e 95 civis que mantêm a eficiência da cadeia produtiva da Fazenda. A FAYS, inaugurada no dia 04 de junho de 1948, tornou-se um complexo agroindustrial de alta produtividade gerenciado por uma equipe qualificada. Dispõe, também, de equipamentos de tecnologia de ponta que aprimoram a produção. O Diretor da FAYS, Coronel Intendente Breno Gandour Silva, destaca que o diferencial é a relação qualidade-eficiência dos processos produtivos. “A Fazenda desenvolve todas as
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Divulgação: Fazenda da Aeronáutica de Pirassununga
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om a finalidade de ocupar, por meio de atividades agropecuárias, a área de 6.502 hectares aos arredores da Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), no interior paulista, um estabelecimento de ensino em nível superior da Força Aérea Brasileira (FAB), a Fazenda da Aeronáutica de Pirassununga (FAYS), é referência na produção diversificada, segura e sustentável de alimentos. Os seus produtos suprem Unidades da FAB sediadas em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. Os itens também abastecem o efetivo da própria Guarnição, por meio de um serviço de reembolsável. Já os
fases de sua cadeia produtiva, desde o cultivo da terra para a plantio de milho, passando pela fabricação de ração para alimentação dos animais, finalizando com a produção industrial dos derivados do leite e da carne. Ao dominar essa complexa cadeia, bem como toda logística envolvida até a entrega dos insumos nas diversas organizações, a FAYS consegue basear suas atividades sob regime de melhoria contínua, não apenas dos produtos, mas também na gestão dos processos, buscando, cada vez mais, garantir o uso eficiente dos recursos públicos alocados na Unidade”, disse o Diretor. Entre as medidas sustentáveis que a Fazenda adota, estão as boas práticas agronômicas aplicadas nas áreas de cultivo, como o Sistema de Plantio Direto (técnica de semeadura na qual a semente é colocada no solo sem
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Bonivocultura: O melhoramento genético é um diferencial do setor. Todos as vacas são inseminadas artificialmente com sêmens de touros norteamericanos e holandeses
prévia aração - usando semeadeiras especiais) e o plantio consorciado (quando o agricultor tem condições de plantar simultaneamente duas ou mais variedades agrícolas na mesma área). Segundo o Chefe da Seção de Produção Vegetal, Tenente Engenheiro Agrônomo Glauber Henrique Pereira Leite, as práticas elevam a capacidade agrícola aliando ao menor uso de produtos químicos, assim diminuindo o custo. “Os benefícios de tal prática é, dentre outros, proporcionar melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo, auxiliando no
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Laboratório de laticínios: Inspecionado pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), a FAYS é capaz de distribuir seus produtos, com a garantia de qualidade, para várias cidades do Brasil Suinocultura: O resultado do trabalho do setor é a frigorificação, composta por cortes tradicionais de carne suína congelada, linguiça, pernil e de produtos defumados como bacon, costela e lombo
O casarão que abriga a sede administrativa da FAYS foi construído no final do século XIX
controle de plantas daninhas, doenças e praga”, afirma o Tenente. Na Bovinocultura de Leite, os animais são tratados com uma dieta balanceada. As fêmeas em lactação respondem a uma média de ordenha diária de 2.742 kg de leite cru. O insumo é destinado à pasteurização, envase e para a produção de derivados como queijo, iogurte, doce de leite e sorvete. A Chefe da Seção de Laboratório, a Aspirante a Oficial Veterinária Julia Pompeu de Mendonça, conta que o processo de produção da FAYS segue as normas exigidas pela legislação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). “Diariamente, são realizadas análises Físico-Químicas e Microbiológicas da água, do leite cru, do leite pasteurizado e dos demais produtos lácteos industrializados. Os produtos são liberados para o consumo após confirmação dos resultados dessas análises, garantindo a segurança alimentar do consumidor”, disse. Além da produção de grãos, leite e derivados, a FAYS possui um criadouro de suínos. A Suinocultura é de ciclo completo, ou seja, abrange todas as fases da vida do animal – desde a preparação da fêmea para a reprodução, o nascimento e crescimento do leitão, até atingir o peso ideal para o abate. A Unidade de Terminação, composta pela soma de todas as categorias de criação de suínos (leitões de maternidade, creche, crescimento e terminação) registra uma média de 1.500 animais por mês. Os cuidados são baseados nas práticas de bem-estar animal. Desde a reprodução, onde as fêmeas destinadas são alojadas em baias coletivas, e não em gaiolas individuais, até o período de descanso antes do abate, durante o qual são seguidas as técnicas humanitárias de manejo de animais previstas para a espécie. Aerovisão
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TREINAMENTO
PILOTOS DE CAÇA DA FAB REALIZAM CURSO OPERACIONAL DO GRIPEN Capacitação ocorre em Såtenäs, na Suécia, e integra a implantação do novo caça na Força Aérea Brasileira (FAB). TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS ADAUTO FRAGA
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NOVO CAÇA - O avião é chamado no Brasil de F-39 Gripen
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inco pilotos do Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA) – Esquadrão Jaguar – iniciaram, em 18 de janeiro deste ano, a formação operacional da aeronave Gripen, em Såtenäs, na Suécia, onde está situada a F7 Wing, unidade da Força Aérea da Suécia. Os aviadores da Força Aérea Brasileira (FAB) realizarão o curso durante,
aproximadamente, seis meses, no local onde ocorre a formação de pilotos na aeronave JAS-39 Gripen C/D. Os futuros pilotos do F-39E Gripen realizarão o Convertion Training (do inglês, Treinamento de Conversão) e o Combat Readiness Training (do inglês, Treinamento de Prontidão para Combate) nas aeronaves JAS-39 C/D. A
atividade operacional está dividida em três módulos, sendo os dois primeiros realizados na Suécia nas aeronaves Gripen C/D. Concluída essa etapa, os pilotos retornarão ao 1° GDA para realizar o último módulo da capacitação, agora nos simuladores do F-39 Gripen da FAB, que serão instalados ainda neste ano na Ala 2, em Anápolis (GO).
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PILOTOS GRIPEN – Aviadores que participam da capacitação do F-39 Gripen em Såtenäs, na Suécia. Abaixo, Comandante da Ala 2, Coronel Aviador Gustavo Pestana Garcez
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É o maior salto operacional da FAB desde a criação do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), envolvendo os esforços do Comando de Preparo (COMPREP), do Comando-Geral de Apoio (COMGAP) e do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Além de um orgulho, é uma grande responsabilidade para a Ala 2 ter em sede a primeira Unidade Aérea a implantar o mais novo vetor de caça brasileiro
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Coronel Aviador Gustavo Pestana Garcez
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Com o recebimento das primeiras aeronaves previsto para o último trimestre de 2021, os pilotos do 1° GDA estarão qualificados e prontos para cumprirem as primeiras missões na FAB. “É o maior salto operacional da FAB desde a criação do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), envolvendo os esforços do Comando de Preparo (COMPREP), do Comando-Geral de Apoio (COMGAP) e do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Além de um orgulho, é uma grande responsabilidade para a Ala 2 ter em sede a primeira Unidade Aérea a implantar o mais novo vetor de caça brasileiro”, destaca o Comandante da Ala 2, Coronel Aviador Gustavo Pestana Garcez. Para o Comandante do 1° GDA, Tenente-Coronel Aviador Leandro Vinicius Coelho, a formação operacional de pilotos de F-39 Gripen é um marco
contratual importante e decisivo no processo de implantação dessa aeronave na FAB. “Estamos qualificando aqueles que serão os primeiros pilotos operacionais de F-39 na FAB. Será uma jornada de desafios, dedicação e, certamente, de muito sucesso”, afirma.
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NA SUÉCIA – Alunos do curso de formação recebem instrução teórica
CURSO F-39 – Pilotos da FAB durante rotina de estudos Aerovisão
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SML – GRIPEN - Piloto realiza preparação no simulador de voo do Gripen F-39
Teoria e prática a bordo no Gripen O futuro piloto do F-39E Gripen e integrante da primeira turma de capacitação, o Major Aviador Vítor Cabral Bombonato, conta que houve um treinamento intercalado de conhecimento teórico e execução para facilitar o processo de aprendizagem. “No curso de sobrevivência no mar, executamos, de forma simulada, os procedimentos após uma ejeção sobre a terra e sobre a água, com um impressionante grau de realismo”, diz. Já no exercício da centrífuga, eles conheceram a técnica para a realização da Manobra Anti-G (do inglês, AGSM, Anti-G Strain Maneuver). “Em seguida, pudemos colocar os ensinamentos em prática sob efeito de um fator de carga 9 G (nove vezes a força da gravidade). Em geral, diversas lições sobre os sistemas da aeronave Gripen e os procedimentos a serem realizados em voo são sucedidos de treinamentos em simulador”, relata o Oficial.
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Preparação para receber as aeronaves F-39 Gripen A Ala 2, sediada na cidade de Anápolis (GO), que vai receber as aeronaves F-39 Gripen no segundo semestre deste ano, vem se preparando a fim de poder implantar o
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sistema Gripen em toda a sua capacidade. Além da preparação física, intelectual e operacional dos pilotos, quase toda a infraestrutura da organização vem sendo reformada ou atualizada. As obras estão em andamento na Guarnição de Aeronáutica de Anápolis,
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como a construção de uma usina fotovoltaica; construção de Próprios Nacionais Residenciais (PNR) para oficiais e graduados; ampliação do pátio de aeronaves; reforma do sistema de água e esgoto da Ala 2; reforma do sistema de iluminação
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das pistas; reforma da rede elétrica; reforma de toda a rede lógica da Guarnição; reforma da rede de telefonia da Guarnição; reforma e ampliação do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Anápolis (DTCEA-AN); construção de um novo sistema de ilumina-
ção do pátio de aeronaves; reformas dos hangaretes e dos dispersivos de alerta; reforma do prédio que receberá as unidades de F-39 (1º GDA e 1º/16ºGAV), bem como no prédio do simulador; e reforma do Hangar de manutenção de aeronaves de Caça.
Para todas essas obras, diversos critérios de segurança orgânica bem como de aspectos operacionais vêm sendo adotados para que se tenha uma organização segura para a perfeita implementação de todo o Sistema Gripen.
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ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS: AUTOMATISMO NA GERAÇÃO DE DADOS E ECONOMIA DE RECURSOS Duas novas Estações Meteorológicas de Altitude Automáticas serão implantadas em Uruguaiana (RS) e em Fernando de Noronha (PE) para capturar e transmitir informações meteorológicas e gerar previsões úteis para a aviação mundial. TENENTE JORNALISTA RAQUEL ALVES
Estação Metereológica de Altitude Automática em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul
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maioria das atividades que realizamos no dia a dia depende da meteorologia. Para viajar, vestir, plantar, colher, dentre outras, precisa-se saber se o clima e o tempo estão favoráveis. Na aviação não é diferente: para garantir a segurança de um voo, é essencial ter conhecimento profundo da situação do tempo. Uma série de fenômenos meteorológicos afeta diretamente a estabilidade dos voos, como nuvens, rajadas de vento, trovoadas e nevoeiros, dentre outros. O Serviço de Meteorologia Aeronáutica no Brasil é de responsabilidade do Comando da Aeronáutica (COMAER), por intermédio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Nesse cenário, a operação das Estações Meteorológicas de Superfície (EMS), das Estações Meteorológicas de Altitude (EMA), e dos radares meteorológicos compõem o insumo básico para a prestação do Serviço de Meteorologia Aeronáutica. As Estações Meteorológicas de Altitude Automáticas (EMA-A) estão sendo implantadas, uma em Uruguaiana (RS) já em funcionamento desde abril deste ano e outra em Fernando de Noronha (PE), com previsão também para 2021. Elas serão incorporadas ao Sistema de Meteorologia Aeronáutica do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Essas estações de sondagem trazem, de forma pioneira, a funcionalidade de automaticidade e atuarão com o mais alto nível de efi ciência operacional e confiabilidade ao SISCEAB. O conceito EMA-A representa o lançamento automático de balões de látex inflados por hidrogênio, portando verdadeiros laboratórios
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Estação Meteorológica de Altitude Automática (EMA-A) realiza o lançamento do balão, portando um laboratório compacto
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compactos, com radiossondas que capturam e transmitem durante sua ascensão, entre outras informações, pressão, temperatura, velocidade, umidade e direção do vento em diversos níveis de altitude. Essas informações alimentam grandes bases de dados internacionais que, por meio de algoritmos complexos, fazem previsões úteis para aviação mundial. Os balões são lançados automaticamente duas vezes por dia, e podem atingir a altura de 10.000 a 15.000 metros e se deslocar até 300 quilômetros do local de lançamento, dependendo da velocidade do vento e direção, ainda com capacidade de serem monitorados pelo Sistema de Processamento em solo. As Estações destinam-se a coletar e processar os dados meteorológicos, especialmente de temperatura, de umidade e de pressão, desde a superfície até níveis superiores da atmosfera, utilizando-se de sinais enviados por uma radiossonda lançada e acoplada a um balão meteorológico. Os valores de direção e de velocidade do vento, nos diversos níveis da atmosfera, são calculados a partir do posicionamento dele em função do tempo e das coordenadas vertical e horizontal. Esse processo chama-se radiossondagem, que é a principal fonte de dados do ar superior para a previsão de vento e temperatura em altitude, de turbulência, de formação de gelo, da ocorrência de trovoadas, de formação de nuvens, de trilhas de condensação, de avaliações de
No DTCEA-UG, em Uruguaiana (RS), a EMA-A já foi instalada e está preparada para operar
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As EMA-A oferecem uma maior eficiência operacional para o Sistema de Controle do Espaço Aéreo
Redução de custos “As EMA-A instaladas oferecem uma alta capacidade de sondagem autônoma, podendo ficar até quatro semanas desassistidas. Por meio do sistema de monitoração e controle remotos, os técnicos controlam as sondagens e realizam diagnósticos a distância, resultando na redução dos custos operacionais do sistema” , destacou o Chefe da Divisão Técnica da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), Tenente-Coronel Engenheiro
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As estações de sondagem trazem, de forma pioneira, a funcionalidade de automaticidade no lançamento destes balões e atuarão em locais geograficamente remotos, de difícil acesso e nas condições mais adversas, com o mais alto nível de eficiência operacional e confiabilidade
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movimento e da dispersão de nuvens radioativas e de cinzas vulcânicas, bem como para emprego na área de pesquisa e de modelagem numérica do tempo, constituindo-se a principal fonte de informações para previsões meteorológicas.
Major-Brigadeiro do Ar Sérgio Rodrigues Pereira Bastos Junior
Gustavo Erivan Bezerra Lima. Segundo o Presidente da CISCEA, Major-Brigadeiro do Ar Sérgio Rodrigues Pereira Bastos Junior, trata-se de um importante passo para o SISCEAB, pela disponibilidade, qualidade e precisão dos dados meteorológicos. “As estações de sondagem trazem, de forma pioneira, a funcionalidade de automaticidade no lançamento destes balões e atuarão em locais geograficamente remotos, de difícil acesso e nas condições mais adversas, com o mais alto nível de eficiência operacional e confiabilidade”, pontuou. As EMA-A das localidades de Uruguaiana (RS) e Fernando de Noronha (PE) são monitoradas a partir do Segundo e do Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (CINDACTA II e III, respectivamente).
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Arcevo pessoal
Os artigos publicados nesta coluna são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente a opinião do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
A FUTURA LEI GERAL DO ESPAÇO Por IAN GROSNER O autor é Procurador Federal, Mestre em Direito Aeronáutico e Espacial pela Universidade de Leiden (Holanda), Vice-Presidente da Comissão de Direito Aeronáutico, Aeroportuário e Espacial da OAB-DF e lotado na Subchefia de Assuntos Jurídicos da Presidência da República.
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Contudo, em razão da crescente comercialização das atividades espaciais, alguns países passaram a adotar legislações nacionais em complemento às normas internacionais do espaço. Destacam-se neste cenário: Estados Unidos da América, Luxemburgo e Emirados Árabes Unidos.
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Procurador Federal Ian Grosner
s atividades espaciais produzem impactos globais, por sua natureza. O Direito Espacial surgiu como ferramenta para regulamentar as condutas desejáveis e indesejáveis no âmbito das referidas atividades. Os fundamentos do Direito Espacial internacional repousam no período de guerra fria e da corrida espacial entre os Estados Unidos da América e a União Soviética. Entre 1967 a 1979 surge a chamada era de ouro dos tratados do espaço, destacando-se o Tratado sobre Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Cósmico, inclusive a Lua e demais Corpos Celestes, incorporado ao ordenamento jurídico pátrio pelo Decreto nº 64.362, de 1969. Contudo, em razão da crescente comercialização das atividades espaciais, alguns países passaram a adotar legislações nacionais em complemento às normas internacionais do espaço. Destacam-se neste cenário: Estados Unidos da América, Luxemburgo e Emirados Árabes Unidos. Em razão desta nova realidade posta, o Comitê de Desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro – CDPEB constituiu Grupo Técnico (GT-12) com a complexa tarefa de elaborar a Lei Geral do Espaço, com fundamento no inciso X do art. 22 da Constituição Federal. Em 30 de setembro de 2020, o Comitê, em sua reunião plenária, aprovou o relatório final do GT-12, dando início
para a aprovação de uma almejada e necessária lei geral do espaço no Brasil. Tal instrumento legal irá regular, dentre outros, a exploração da atividade comercial espacial em nosso país. Esse futuro diploma legal trará, não há dúvida, maior segurança jurídica aos investidores internacionais e nacionais que queiram desenvolver suas atividades no setor espacial, tais como lançamentos, criação de produtos e prestação de serviços com aplicações em diferentes campos, que vão desde a transmissão de dados e previsões meteorológicas até o controle de tráfego aéreo e à defesa nacional. A minuta de projeto de lei sugerida pelo GT-12 conta com 67 artigos, divididos em nove capítulos: Capítulo I - Das Disposições Gerais; Capítulo II - Dos Ativos da Infraestrutura Espacial; Capítulo III Da Exploração das Atividades Espaciais e da Previsão de Garantias; Capítulo IV - Da Regulação das Atividades Espaciais; Capítulo V - Das Atividades de Apoio; Capítulo VI - Dos Incentivos para as Atividades Espaciais; Capítulo VII - Das Responsabilidades; Capítulo VIII - Das Taxas; e Capítulo IX - Das Disposições Finais e Transitórias. Buscou-se abarcar todas as normas necessárias para uma regulação que leve em conta, entre outros, o aspecto dual da atividade espacial: civil e militar. Cabe ressaltar que a minuta elaborada pelo GT-12 teve por base o chamado Guia de Sofia1, incorporado à Resolução nº 68/74, da Assembleia Geral das Nações Unidas.
1 O Guia de Sofia foi batizado com este nome em razão do resultado dos estudos realizados pelo Comitê de Direito Espacial da Associação Internacional de Direito (International Law Association), durante o 75º Congresso Bienal da entidade, realizado em Sofia, Bulgária, em 2012.
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