O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, é um local estratégico para lançamentos espaciais, situado próximo à linha do Equador. Veja mais imagens como esta no canal Flickr da FAB.
ENTREVISTA
O Diretor-Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, Tenente-Brigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros, destaca as principais iniciativas e avanços recentes do Departamento, assegurando que o Brasil esteja na vanguarda das tecnologias de defesa, aviação e exploração espacial.
PIONEIRO VISIONÁRIO
O Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho, fundador do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), foi um dos principais responsáveis por transformar o Brasil em um polo de inovação aeroespacial. Seu legado continua a inspirar o desenvolvimento tecnológico no País.
28 INOVAÇÃO ACADÊMICA
O ITA Ceará, em fase de criação, será uma nova unidade do ITA que expandirá a excelência no ensino de engenharia no Nordeste. Esta iniciativa visa fortalecer a formação de profissionais para o setor aeroespacial e de defesa.
TECNOLOGIA AEROESPACIAL
O Parque Tecnológico Aeroespacial, em construção na Bahia, impulsionará a inovação no setor aeroespacial brasileiro. Liderado pelo CIMATEC, o projeto fomentará pesquisas avançadas e o desenvolvimento de tecnologias de ponta para aviação e defesa.
44 SOBERANIA ESPACIAL
A FAB conduz projetos estratégicos espaciais, como o VLM-1 para lançamentos de microssatélites e o IFFM4BR para identificação segura de aeronaves. O TR 5000 busca desenvolver um motor a gás nacional e infraestrutura de testes de turbinas.
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LEGADO AERONÁUTICO
A EMBRAER, que celebrou 55 anos, é uma referência mundial na indústria aeronáutica. A empresa brasileira é conhecida por sua inovação contínua e pelo impacto significativo no mercado global de aviação. 54
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66 VOO MENTAL
Laysa Peixoto Sena Lage, jovem inventora, cientista e piloto que descobriu o asteroide LPS0003, é reconhecida pela Forbes Under 30 e atua como ProjectInvestigator no NASA L’SPACE Academy. Em treinamento para se tornar a primeira mulher brasileira e latino-americana astronauta, ela escreve sobre o desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro, destacando as capacidades e contribuições da Força Aérea Brasileira neste setor.
EXPEDIENTE
Publicação oficial da Força Aérea Brasileira, a revista Aerovisão é produzida pela Agência Força Aérea, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER).
Esplanada dos Ministérios, Bloco M, 7º Andar
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Editor-Chefe:
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Impressão: Teixeira Digital
O LEGADO DE CASIMIRO MONTENEGRO FILHO E OS AVANÇOS DO SETOR AEROESPACIAL BRASILEIRO
Nesta edição da revista Aerovisão, destacamos a trajetória do Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho, fundador do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), que desde 1950 tem sido fundamental para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, formando profissionais altamente qualificados para liderar o setor aeroespacial. Casimiro também foi responsável pela criação do Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), hoje conhecido como Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), e do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), instituições essenciais para a inovação e o progresso tecnológico no país.
A visão de Casimiro evoluiu ao longo das décadas e se materializa na construção do ITA Fortaleza, uma nova unidade que ampliará o ensino de engenharia de ponta no Brasil. Com essa iniciativa, a Força Aérea Brasileira (FAB) reafirma seu compromisso com a educação e a formação de novos talentos, essenciais para o progresso tecnológico nacional.
Sob a coordenação do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), o Brasil tem se consolidado como um competidor global no setor aeroespacial. A Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER), que celebrou 55 anos em 2024, é um exemplo de sucesso, destacandose com inovações como a aeronave multimissão KC-390 Millennium, cem por cento brasileira e amplamente utilizada.
Entre os projetos estratégicos da FAB, o desenvolvimento do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1) merece destaque. O VLM-1 busca ampliar as capacidades do Brasil no lançamento de satélites de pequeno porte, fortalecendo a presença do país no setor de lançamentos espaciais. A expansão do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) também reforça o papel do Brasil na corrida astronáutica, ampliando o acesso ao lançamento de veículos orbitais. Esses avanços refletem o legado de Casimiro Montenegro Filho e o compromisso contínuo da FAB com a inovação, assegurando um futuro promissor para o Brasil no setor astronáutico.
“Sempre pronta, sempre presente, sempre FAB.”
Brigadeiro do Ar
Daniel Cavalcanti de Mendonça
Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica
PalavrasdoComandante
O
FUTURO DO SETOR AEROESPACIAL BRASILEIRO: INOVAÇÃO,
SOBERANIA E PROTAGONISMO GLOBAL
É com imenso orgulho que testemunho o contínuo avanço do setor aeroespacial brasileiro, fruto do esforço coletivo de instituições, empresas e profissionais comprometidos com a inovação e a excelência. A Força Aérea Brasileira tem desempenhado um papel fundamental nesse processo, promovendo o desenvolvimento científico e tecnológico que fortalece a soberania nacional e posiciona o Brasil como protagonista global. O trabalho colaborativo entre as diversas instituições e a indústria demonstra claramente o potencial do Brasil em liderar avanços na indústria aeroespacial. Este setor não apenas contribui para o crescimento econômico do país, mas também para a segurança e defesa nacionais.
Estamos comprometidos em continuar fomentando a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação, garantindo que o Brasil permaneça na vanguarda das tecnologias aeroespaciais. A história nos mostrou que, com visão e determinação, somos capazes de superar desafios e alcançar novos patamares de sucesso. A integração entre o governo, a academia e a indústria é essencial para consolidarmos esse caminho de progresso, e é nossa missão fortalecer ainda mais esses laços para o benefício de toda a sociedade brasileira.
Ao olhar para o futuro, vejo um horizonte repleto de oportunidades para o setor aeroespacial. Temos o potencial para liderar iniciativas pioneiras que impactarão não apenas o Brasil, mas o mundo. A Força Aérea Brasileira continuará a apoiar e promover todas as ações que visem a elevar o país a novos níveis de excelência tecnológica e científica, honrando o legado daqueles que vieram antes de nós e inspirando as futuras gerações a continuar essa trajetória de sucesso.
Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno
Comandante da Aeronáutica
GESTÃO E INOVAÇÃO
LocalizadoemSãoJosédosCampos(SP),oDepartamentode CiênciaeTecnologiaAeroespacial(DCTA)éumainstituição estratégica do Brasil. A Organização Militar, vinculada ao Comando da Aeronáutica (COMAER), dedica-se à pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor aeroespacial e desempenhaumpapelfundamentalnaconduçãodepesquisas avançadas em tecnologias aeronáuticas e espaciais. Nesta entrevista, o Diretor-Geral do DCTA, Tenente-Brigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros, aborda a responsabilidade da instituição em fortalecer a indústria nacional e a defesa do país.
TENENTE
JORNALISTA GABRIELLE VARELA
Fotos: Sargento Vanessa Sonaly / CECOMSAER
Nesses mais de 83 anos de vida da Força Aérea
Brasileira, o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) sempre teve papel primordial no desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no seio de nossa Nação, destacando-se por estar na vanguarda e ser importante vetor propulsor, tanto no que se refere à Academia, quanto no que tange à Indústria. Nesse contexto, como o Senhor poderia descrever essa vocação do nosso DCTA?
O DNA da inovação está arraigado no DCTA desde a sua origem, fruto da determinação e da perseverança de seu fundador, o Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho. A vocação propulsora de unir esforços do ensino de engenharia de excelência com a aplicação na indústria nacional bem ilustra a visão de futuro de Montenegro ao decidir criar o DCTA no final da década de 1940, em contexto no qual o Brasil apenas montava bicicletas, para ilustrar o estágio de industrialização da época. Vinte anos após, nascido no berço do DCTA, decolava o Bandeirante, primeira aeronave a ser fabricada em série no país e que se tornaria referência na aviação regional, propiciando o surgimento da EMBRAER. Esse mesmo DNA da inovação continua atuante até hoje, como podemos atestar na aeronave multimissão KC-390 Millenium, projetada no Brasil segundo especificações da FAB e que se consolida como um sucesso mundial. Na área espacial, há vários exemplos de como o DCTA exerce seu papel de propulsor de projetos.
No cenário mais específico de melhor compreender o trabalho desenvolvido pelo DCTA, a quem compete planejar, gerenciar e executar as atividades relacionadas à ciência, tecnologia e inovação, no âmbito do Comando da Aeronáutica, o Senhor poderia esclarecer melhor como desenvolvem-se estas ações para que as entregas sejam sempre na qualidade que testemunhamos ao longo de todos estes anos?
Conhecedores da complexidade que envolve projetos de tecnologia de ponta, o emprego correto de ferramentas de Governança torna-se essencial para o atingimento dos objetivos de cada projeto. Assim, o DCTA exercita o binômio Governança e Gestão de forma rotineira no relacionamento com as Organizações Militares subordinadas, responsáveis pela condução dos projetos de Ciência, Tecnologia e Inovação, com reflexos diretos para a sociedade brasileira. Outro ponto que exerce grande influência no sucesso do modelo é o fato de o DCTA poder percorrer, em seus institutos, toda a escala de nível de maturidade tecnológica (TRL, em inglês), desde a pesquisa básica, pesquisa avançada, prototipagem, até o produto pronto para industrialização, em arquitetura na qual as Organizações militares trabalham de maneira coordenada. Nesse aspecto, o apoio prestado pelas demais OM do DCTA – Comissões, Grupamento de Apoio, Prefeitura – é fundamental para que a qualidade das entregas seja mantida.
Fotos: Sargento Vanessa Sonaly / CECOMSAER
Bem sabemos que uma Instituição renomada e reconhecida por estar sempre na vanguarda, ao longo de sua história, mormente em se tratando de CT&I, só é capaz de assim permanecer pela qualidade de seus recursos humanos, o bem mais precioso e verdadeira força motriz desse desenvolvimento. O Senhor poderia qualificar melhor esta característica organizacional de nosso DCTA?
Desde a concepção do então CTA, a preocupação de Montenegro com a excelência da qualificação do pessoal tornou-se uma referência. A base dos projetos de CT&I são os pesquisadores de alto nível, o que fica evidenciado pelo destaque que o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) conquistou como um dos melhores cursos de Engenharia do mundo. Nesse sentido, a frase de Casimiro de que “antes de produzirmos aeronaves, precisamos produzir engenheiros” perpassa toda a nossa história. Destaco ainda a visão holística de Montenegro ao buscar, desde o início, o amparo do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva da Aeronáutica (CPORAER) para garantir que a formação de todos os jovens engenheiros do ITA – independentemente se seguirem a carreira militar ou não – fosse alicerçada em valores morais e éticos, pois é preciso termos “técnicos competentes e cidadãos conscientes”, citando mais uma célebre frase de Montenegro.
Atualmente, a manutenção não apenas da qualidade elevada, mas também da quantidade adequada de pesquisadores é um dos grandes desafios do DCTA. Investimentos em capacitação, intercâmbios no Brasil e no exterior e valorização dos profissionais são algumas iniciativas que trazem um retorno extraordinário, porém a abertura de concursos públicos para repor as aposentadorias de servidores civis é uma necessidade premente.
Em se tratando de pessoas que estiveram à frente de seu tempo, é impossível não trazer à memória o Marechal Casimiro Montenegro, que se destacava por um espírito de inquietude poucas vezes visto, além de uma vontade quase inabalável de construir grandes obras.
Foi dessa forma que vimos nascer o embrião do então CTA e com ele o que viria a ser a hoje pujante indústria aeronáutica brasileira. O Senhor poderia falar um pouco mais desse brilhante e visionário brasileiro?
Primeiramente, destaco a honra de comandar o DCTA no ano em que celebramos o 120º aniversário de nascimento de Casimiro Montenegro Filho, esse notável cearense que mudou o rumo da Ciência e Tecnologia no Brasil. Sua visão de futuro, coragem e perseverança, retratadas em várias biografias com riqueza de detalhes e passagens pitorescas, é digna do mais alto nível de admiração por todos os brasileiros.
Ao abordar o DCTA, naturalmente falamos de Montenegro, como já o fiz em perguntas anteriores, tamanho foi o seu legado para o Brasil.
Pioneiro do Correio Aéreo Militar no primeiro voo em 1931, que posteriormente viria a ser transformado no Correio Aéreo Nacional (CAN), ele empregou altas doses de energia e entusiasmo para criar o CTA e seus institutos, sendo o primeiro deles o ITA, em concepção inovadora e moderna. Referenciado no modelo do Massachussetts Institute of Technology (MIT), conseguiu convencer dezenas de professores estrangeiros a lecionarem no recém-criado Instituto, estabelecendo um padrão de excelência que permanece imaculado até hoje.
Pessoa extremamente carismática, Casimiro continuou a exercer sua liderança baseada nos cinco “H” – Humildade, Habilidade, Honestidade, Humor e Humanidade – até seu falecimento em 2000. Nesse mesmo ano, como forma de homenagear figura tão distinta, Montenegro foi escolhido como Patrono da Engenharia da Aeronáutica.
O Marechal Casimiro Montenegro Filho, como verdadeiro herói brasileiro, é fonte eterna de inspiração a todos os que trabalham com Ciência, Tecnologia e Inovação.
Pode-se vislumbrar, de forma muito cristalina, a maneira equilibrada e harmoniosa com que o DCTA conduz e incentiva, naquilo que lhe compete,
a integração institucional no que tange ao conceito da tríplice hélice, onde Governo, Academia e Indústria trabalham integradamente, sempre com o fito de encontrar soluções científico-tecnológicas para fortalecer nossa base industrial de defesa. O Senhor poderia detalhar um pouco mais sobre o papel fundamental que o nosso DCTA tem nesse cenário?
O modelo posto em prática aqui em São José dos Campos é seguramente um dos melhores exemplos de sucesso do conceito da tríplice hélice. Contudo, a
implantação dessa ideia é extremamente complexa, pois depende de reunir condições adequadas, no tempo certo e com os três elementos em equilíbrio em termos de desenvolvimento, criando um ecossistema que efetivamente gere resultados concretos para a sociedade e se retroalimente de forma sustentável.
Assim, o cluster aeroespacial que foi estabelecido com a criação do DCTA é uma referência internacional, na qual o Departamento é o principal agente governamental e responsável pelo amálgama com a academia – primorosamente
representada pelo ITA e outros centros de ensino da região – e com a indústria, que possui a EMBRAER como a terceira maior fabricante de aeronaves do planeta, motivo de orgulho para todos nós brasileiros. Novamente, a história nos lembra o quão difícil foi essa caminhada, quantos momentos de incertezas, e quantas pessoas merecem ter o nosso reconhecimento, e aqui cito o Tenente-Brigadeiro Paulo Victor da Silva, o qual, ao lado de Ozires Silva, exerceu protagonismo na consolidação da empresa em setor tão competitivo. As parcerias com a base industrial de defesa
são um fator primordial, pois o objetivo do DCTA não é fabricar um produto em escala comercial, mas sim desenvolver o conceito e o repassá-lo para as empresas. No mundo moderno em que vivemos, onde a Sociedade do Conhecimento dá saltos impressionantes em espaços de tempo cada vez menores, o desafio de manter-se na vanguarda científico-tecnológica requer extremo esforço institucional, conjugado com uma visão de futuro que possa permitir à nossa Força Aérea alçar voos jamais imaginados e que sejam capazes de
Fotos: Sargento
sustentar-se ao longo dos anos vindouros. O Senhor poderia descrever alguns dos principais projetos em andamento que nos permitirão sustentar estes voos?
O DCTA é o responsável por conduzir a maioria dos projetos estratégicos do Comando da Aeronáutica, sempre com alinhamento institucional muito robusto, em estreita coordenação com o EMAER. Em cenário de limitações orçamentárias e avanços tecnológicos cada vez mais dinâmicos, um dos maiores desafios é escolher em qual caminho investir. Citarei apenas alguns projetos que ilustram a riqueza e diversidade de áreas de atuação.
Começo pelo demonstrador de conceito de propulsão hipersônica aspirada no projeto Prophiper, pelo uso de motores scramjet, algo disruptivo e dominado por pouquíssimos países no mundo.
No mundo moderno, o uso de simulação e de inteligência artificial é fundamental, o que se comprova no projeto Ambiente de Simulação Aeroespacial (ASA) que, com base em dados reais de vetores aéreos, radares e armamentos, será uma ferramenta essencial para treinamento e análise de força.
Ainda na área de inteligência artificial e melhorias na interação homem-máquina em ambiente aeroespacial, há vários projetos do programa Air Domain Study, em parceria com a Suécia.
Na área de propulsão, o DCTA possui vários projetos: propulsão para foguetes espaciais, com o motor S-50 (propelente sólido) e o projeto do Motor Foguete à Propulsão Líquida (MFPL), que gerarão empuxo para o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM). Ainda na área de propulsão, voltado para uso dual tanto como gerador de energia em localidades remotas, como para uso em veículos não tripulados de médio porte, há o projeto do turborreator TR-5000.
Cito o projeto Link BR-2, sistema de enlace de dados genuinamente nacional para emprego em aeronaves e sistemas de Comando e Controle em terra. Desenvolvimento em fase avançada em indústria nacional, trará autonomia tecnológica para o país em área muito sensível.
Destaco, ainda, duas iniciativas que aliam desenvolvimento tecnológico com o melhor aproveitamento de áreas do Comando da Aeronáutica: O Campus do ITA no Ceará e o Parque Tecnológico Aeroespacial da Bahia. O primeiro projeto visa ampliar o número de vagas do ITA em área da Base Aérea de Fortaleza, por meio inicialmente de três novos cursos: Engenharia de Energia, Engenharia de Sistemas e Bioengenharia. As obras já estão em andamento e o potencial de revolucionar o ensino é enorme, motivo pelo qual agradeço a parceria com o Ministério da Educação
nesse projeto. Já o Parque Tecnológico Aeroespacial da Bahia ocupará área da Base Aérea de Salvador, propiciando ambiente agregador para ensino, pesquisas avançadas e inovação em aeronáutica, espaço, defesa e mobilidade aérea autônoma, representando um novo cluster no modelo da tríplice hélice. Ao olharmos para o futuro, impossível não pensar e imaginar uma Força Aeroespacial como produto de todas as ações que ora desenvolvemos. Acompanhamos uma corrida acelerada para a conquista do espaço, lançamentos de satélites e microssatélites com diferentes motivações e finalidades. Vislumbrando o cenário espacial e suas potencialidades, sabemos que há um esforço
concentrado que envolve diversos atores, para além da FAB, como AEB, INPE, dentre outros, para o desenvolvimento do Complexo Espacial Brasileiro (CEBRA). O Senhor poderia esclarecer como o CEBRA contribuirá para atingir estas potencialidades? Vivenciamos nas últimas décadas um grande desenvolvimento mundial no setor espacial, impulsionado pela entrada de atores não estatais, em fase histórica denominada “New Space”. Se no setor aeronáutico o Brasil é um dos destaques mundiais, pelo sucesso na implantação do modelo de tríplice hélice comentado anteriormente, no setor espacial o caminho a ser percorrido ainda é grande até atingirmos o apogeu que nosso país tem
condições e merece alcançar. O objetivo da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB) é ainda um desafio: usar um veículo lançador brasileiro para colocar em órbita um satélite projetado no país, a partir de um centro de lançamento no território nacional. Para avançarmos, é fundamental aprimorarmos a governança no setor, com a participação de todas as organizações estatais envolvidas, no claro entendimento de que as iniciativas precisam ter o tratamento de projeto do Estado Brasileiro, e não apenas com recursos da FAB e da Agência Espacial Brasileira, com investimentos de longo prazo e previsíveis, priorização alicerçada em seu caráter estratégico e aproveitamento das grandes potencialidades
que o Brasil oferece.
Replicar o modelo de sucesso do setor aeronáutico para o setor espacial não é tarefa simples, mas o ingresso no país em mercado sideral bilionário, de uso dual, é uma necessidade.
Atualmente, o Complexo Espacial Brasileiro (CEBRA) engloba estruturas de todo o Estado Brasileiro e dispõe de facilidades nas três vertentes (centros de lançamento, veículos lançadores e satélites), sendo: dois centros de lançamento – Alcântara no Maranhão, e Barreira do Inferno no Rio Grande do Norte; o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) tem protagonismo em projetos de veículos lançadores; e há várias iniciativas tanto no
governo (ITA e INPE, por exemplo) como em empresas nacionais em projetos de satélites de pequeno porte. A Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE) tem papel importante ao realizar as interações com empresas estrangeiras para lançamentos comerciais em nossos centros de lançamento. Dessa maneira, a estrutura atual do CEBRA propicia condições de expansão das atividades, com participação nacional e internacional, atraindo novos investimentos.
Bem sabemos que a gestão de algo tão grandioso como a área espacial e de CT&I como um todo requer esforços capazes de fazer frente a complexas
soluções a serem confrontadas, mormente pelos altos investimentos necessários, em se tratando da área espacial, mas também pelos vultosos desafios da governança corporativa que se faz necessária. Nesse cenário, a Força Aérea Brasileira vislumbra criar uma empresa pública dedicada à gestão e à governança para o desenvolvimento de projetos aeroespaciais no país?
O modelo de gestão na área de CT&I precisa combinar robustez e agilidade. Nesse sentido, uma empresa pública pode alavancar em muito os projetos.
Assim, acompanhamos com satisfação a assinatura no último dia 3, pelo Presidente da República, do Projeto de Lei de criação da Alada, uma empresa pública vocacionada para o desenvolvimento de projetos e equipamentos aeroespaciais. Tal iniciativa certamente acelerará a busca pela autossuficiência tecnológica em áreas críticas e impulsionará o segmento espacial no país, com grandes benefícios para a sociedade brasileira.
Que mensagem o Diretor-Geral do DCTA gostaria de transmitir nesse alvissareiro cenário que a nossa Força Aérea ora está inserida?
Sinto-me muito honrado em comandar o Departamento responsável pela condução da Ciência, Tecnologia e Inovação no Comando da Aeronáutica. Se almejamos uma Força Aérea de grande capacidade dissuasória, operacionalmente moderna e atuando de forma integrada para a defesa dos interesses nacionais, precisamos investir em pesquisa e desenvolvimento de projetos customizados para as nossas demandas, contando com o espírito criativo e resiliente do povo brasileiro. Aos civis e militares que labutam nessa área, meu penhorado agradecimento por todo o esforço e dedicação na superação das adversidades. Tenham todos a certeza de que o futuro nos reserva muitas conquistas, com a conclusão de nossos projetos aeroespaciais.
Fotos: Sargento Vanessa Sonaly / CECOMSAER
CASIMIRO MONTENEGRO FILHO:
O VISIONÁRIO QUE IMPACTOU O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO
DO PAÍS
Nascidoem29deoutubrode1904,emFortaleza(CE), o Marechal do Ar Casimiro é uma das figuras mais influentes da história da aviação e da engenharia aeronáutica no Brasil. Desde jovem, demonstrou um forte interesse pela aviação, que se tornaria uma paixão central em sua vida.
TENENTE RELAÇÕES PÚBLICAS WANESSA LIZ
Durante a Revolução de 1930, Montenegro se destacou como piloto, o que lhe garantiu reconhecimento como um líder estratégico. Um marco significativo de sua carreira ocorreu em 1931, quando, ainda como Tenente aviador, desempenhou um papel crucial na criação do Correio Aéreo Militar. Este serviço, que mais tarde evoluiria para o Correio Aéreo Nacional, foi fundamental para a integração do Brasil, permitindo a conexão de regiões remotas por meio de rotas aéreas. O primeiro voo do Correio Aéreo Militar, realizado em 12 de junho de 1931, ligou o Rio de Janeiro a São Paulo, demonstrando sua capacidade de liderança e inovação.
Em 1941, sua formação acadêmica avançou ainda mais ao se graduar na primeira turma de Engenharia Aeronáutica pela Escola Técnica do Exército, que mais tarde se incorporou ao Instituto Militar de Engenharia. Este passo foi fundamental para solidificar sua carreira e contribuições futuras no setor aeroespacial. Na imagem, abaixo, Casimiro Montenegro é o segundo militar da esquerda para direita.
Montenegro ascendeu a várias patentes ao longo de sua carreira na Força Aérea Brasileira (FAB), refletindo seu compromisso e suas contribuições significativas. Após a criação do Ministério da Aeronáutica em 1941, foi transferido do Exército Brasileiro (EB) para a FAB. Começou sua trajetória como Tenente Aviador, destacando-se rapidamente por suas habilidades de liderança. Com o tempo, foi promovido a Tenente-Coronel, onde teve um papel decisivo na estruturação da aviação militar no Brasil. Sua trajetória culminou na patente de Marechal do Ar, a mais alta da FAB, cargo que ocupou até seu falecimento em 2000. Na imagem, abaixo, aeronave Curtiss Fledgling K263.
Fotos: Arquivo CECOMSAER / Força Aeréa Brasileira
O Marechal Montenegro estabeleceu uma visão clara de que o desenvolvimento tecnológico era essencial para a soberania nacional. Entre 1943 e 1944, fez visitas ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde encontrou a inspiração para criar uma instituição de ensino superior, dedicada à engenharia aeronáutica no Brasil. Impressionado pela estrutura educacional e pelas inovações observadas, visualizou a necessidade de um centro semelhante que desenvolvesse profissionais qualificados.
Com o apoio do professor Richard Harbert Smith, do MIT, Montenegro elaborou diretrizes para essa nova instituição. Ao longo da década de 1940, ele se envolveu ativamente na fundação do ITA e do CTA, estabelecendo um novo padrão de excelência em educação e pesquisa. Essas instituições tornaram-se pilares fundamentais para o desenvolvimento do setor aeroespacial no Brasil. Na imagem, à direita, Engenheiros Aeronáuticos - 1944 - Washington, D.C. - U.S.D.- da esquerda para a direita: Ten.Cel. Guilherme Aloisio Telles Ribeiro; Cel. Casimiro Montenegro Filho; Brigadeiro Ivan Carpenter Ferreira e Cel. Joelmir Campos de Araripe Macedo.
A fundação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 1950, é um dos legados mais duradouros de Montenegro. Inspirado no modelo do MIT, o ITA foi concebido como um centro de excelência em pesquisa e educação, destinado a formar engenheiros que impulsionariam o desenvolvimento tecnológico da FAB e da indústria aeronáutica brasileira. Montenegro acreditava que o ITA deveria ser uma instituição pública de alta qualidade, acessível a toda a sociedade.
Sob sua liderança, o ITA rapidamente se tornou uma das universidades de engenharia mais respeitadas do mundo, formando engenheiros que desempenharam papéis cruciais na criação de tecnologias de ponta. A Embraer, fundada em 1969 por ex-alunos do ITA, é um exemplo concreto do impacto dessa formação no Brasil e no mundo. Na imagem, à esquerda, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica na década de 50.
Montenegro defendeu incansavelmente a autossuficiência em tecnologia, especialmente no setor militar. Ele compreendeu que, para garantir a soberania nacional, o Brasil precisava de sua própria capacidade de projetar e produzir aeronaves, além de treinar engenheiros qualificados. Sob sua liderança, a FAB modernizou suas operações, desenvolvendo aeronaves e sistemas de defesa avançados. O impacto desse trabalho é profundo e continua a ser sentido. A FAB, com o apoio das instituições fundadas por Marechal Montenegro , passou a operar com mais eficiência, utilizando aeronaves e sistemas de defesa de fabricação nacional. Sua visão também criou as bases para uma geração de engenheiros altamente qualificados, que moldam o futuro da aviação e defesa brasileiras.
Leia a matéria sobre a homenagem ao Marechal do Ar Casimiro Montenegro realizada no Congresso Nacional.
Em toda minha vida profissional,jamais acrediteiemmessianismo, estrelismo,concentração dopoderedomérito em um só indivíduo.
Sempretrabalheiem equipe.Esealgum merecimento tenho, é o detersabidodespertar emmeuscompanheiros oentusiasmo,delegarlhes autoridade com responsabilidade,exortálosaoplenousode suaspotencialidadese qualidades,emproveito dopovobrasileiro.
“
Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho
A Comissão de Organização do Centro Técnico de Aeronáutica (COCTA), liderada pelo então Coronel Casimiro Montenegro Filho, foi criada para executar o plano do professor Richard Harbert Smith, aprovado em 1945.
Fotos: Arquivo CECOMSAER / Força Aeréa Brasileira
Montenegro foi mais do que um militar notável — ele foi um visionário. Sua contribuição para a FAB e para o Brasil é incalculável, e seu impacto vai muito além do campo militar. Ele compreendia que o desenvolvimento de novas tecnologias e a formação de engenheiros de excelência eram essenciais para a soberania do Brasil. Seu legado é visível na infraestrutura educacional e tecnológica que ainda hoje beneficia o país. O Marechal Montenegro deixou um legado duradouro que continua a influenciar a FAB, a indústria aeronáutica e a ciência no
Brasil. Suas realizações transformaram o país em uma referência internacional na engenharia aeronáutica. Sua visão de um Brasil autossuficiente em tecnologia serve de inspiração para as gerações futuras.
A implementação dos planos de Montenegro enfrentou resistências políticas, burocráticas e financeiras. No entanto, sua determinação garantiu que o ITA e o CTA se estabelecessem como referências internacionais, impactando a ciência e tecnologia. Sua habilidade em formar parcerias, dentro e fora do Brasil, foi crucial para o sucesso de suas iniciativas.
Casimiro acreditava que o verdadeiro poder de uma nação reside no conhecimento e na educação de seu povo. Sua filosofia norteou suas iniciativas e é perpetuada pelo ITA e pelo DCTA, que continuam a formar engenheiros e líderes que guiam o Brasil no caminho da inovação tecnológica. Sua vida e obra provam que determinação, conhecimento e visão estratégica podem transformar uma nação e colocá-la entre os líderes globais em tecnologia e inovação. Na imagem, abaixo, estátua de Casimiro Montenegro Filho localizada na entrada do DCTA, em São José dos Campos (SP).
A EXPANSÃO DE UM SONHO:
NOVA UNIDADE DO ITA NO CEARÁ REPRESENTA A CONSOLIDAÇÃO
DO FUTURO
Unidade receberá três novos cursos que devem fomentar o desenvolvimento social e tecnológico da região.
TENENTE JORNALISTA LEONARDO ALVES
Há cerca de 75 anos, o sonho de um grande brasileiro, dotado de forte otimismo e grande visão, começou a se concretizar. O objetivo era construir um centro de ensino, pesquisa e inovação que formasse uma elite capaz de promover e apoiar uma ampla política de desenvolvimento das atividades aeronáuticas do país. Assim, pela inspiração do Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho, foi criado o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), que, ao longo dos anos, consolidou-se no Brasil e no mundo como referência em formação
de excelência em graduação e pós-graduação. Agora, um novo desafio se apresenta: expandir essa experiência de sucesso com uma nova unidade, na capital do estado do Ceará, Fortaleza, com a criação de três novos cursos: Engenharia de Energia, Engenharia de Sistemas e Bioengenharia.
A escolha de São José dos Campos, no interior de São Paulo, como sede do ITA, em 1950, não foi casual. Alberto Santos Dumont, pai da aviação e Doutor Honoris Causa do Instituto, já havia pressagiado essa necessidade em seu livro “O que eu vi, o que nós veremos”, de 1918.
Ao escrever sobre a necessidade de “se instalar uma escola de verdade em um campo adequado”, Dumont apontou que “margeando a linha da Central do Brasil, especialmente nas imediações de Mogi das Cruzes, avistam-se campos que me parecem bons”. E assim, a história se fez, a localização do Campus do DCTA dista cerca de apenas 60 quilômetros da região citada pelo Pai da Aviação, um pequeno ajuste em vista das dimensões nacionais. No sonho atual, a distância transformou-se em milhares de quilômetros. Como romper essa barreira? A resposta está no trabalho.
Fotos: Sargento Müller Marin / CECOMSAER
Desde que a Força Aérea Brasileira (FAB) iniciou as discussões sobre reestruturações de suas Bases Aéreas, a possibilidade de ampliar as capacidades do ITA no território nacional com a instalação de uma nova unidade se fez presente. A Base Aérea de Fortaleza (BAFZ) foi identificada como um local ideal para essa expansão, trazendo de volta as raízes do ITA ao Nordeste, onde tudo começou.
Marechal Montenegro, quem plantou a semente que hoje espalha seus frutos, é natural de Fortaleza. Pioneiro do Correio Aéreo Nacional (CAN), esteve à frente da Primeira Comissão de Organização do Centro Técnico de Aeronáutica (COCTA), criada em 1946, para colocar em execução o Plano Smith, uma inspiração vislumbrada durante uma visita ao Massachusetts Institute of Technology (MIT). “Antes de produzirmos aeronaves, precisamos produzir engenheiros”, ele disse, ao retornar, ciente de que o progresso da nação dependia da qualidade da formação de seus cientistas.
Atualmente, o Nordeste contribui significativamente para o ITA com muitos de seus aprovados provenientes de estados como Ceará, graças a uma rede educacional especializada no vestibular do Instituto.
E diante do desafio, dar um novo salto histórico a partir do desdobramento do Instituto, foi criado o Grupo Multidisciplinar de Acompanhamento da Implantação (GMAI) do Campus do ITA no Ceará, com representantes de diversas organizações militares da Força Aérea Brasileira que são, de alguma forma, relacionadas ao sucesso do projeto. Na mais recente reunião, realizada em agosto no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), as atividades foram presididas pelo Vice-Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, Major-Brigadeiro do Ar Valter Borges Malta, que destacou a complexidade da implantação do Campus do ITA na BAFZ, e o acompanhamento de perto pelo Ministério da Defesa (MD) e pelo Ministério da Educação (MEC). “O que foi planejado em relação às necessidades para o atendimento do campus, começa, agora, a entrar em fase de execução. Temos praticamente todos os setores do Comando da Aeronáutica envolvidos nessa atividade, devido à importância desse projeto para o país”, comentou o Oficial-General.
Parte da estrutura histórica da Base Aérea de Fortaleza, construída na década de 1930, será adaptada para receber o ITA. As obras do prédio de transição, que deve abrigar atividades administrativas a partir de 2026, estão prestes a começar. Mas, além da já existente, uma nova e grande infraestrutura precisará ser construída. São novos prédios para as Engenharias, auditórios, biblioteca e laboratórios, assim como alojamentos, arena esportiva, academia e até espaços de convivência, tudo desenhado no projeto inicial para atender às demandas do novo campus.
A Diretoria de Economia e Finanças da Aeronáutica (DIREF), a Diretoria de Infraestrutura da Aeronáutica (DIRINFRA), o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), o Comando-Geral de Pessoal (COMGEP), o DCTA, entre outros órgãos da FAB, seguem empenhados para a conclusão das metas. Na imagem, à direita, vista aérea da BAFZ.
FORTALEZA
Assim como São José dos Campos abriga hoje um cluster aeroespacial, nutrido pelos cursos de graduação do ITA, Fortaleza deverá replicar esse modelo. O Governo do Ceará, o MD, o Comando da Aeronáutica (COMAER), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI - Ceará) assinaram um Acordo de Cooperação Técnica preparatório para a instalação de um Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) vinculado ao SENAI, dentro do campus cearense do ITA. Será realizado um plano diretor, que fomentará as iniciativas voltadas ao ensino, à pesquisa e à inovação, contribuindo para o desenvolvimento da indústria na região.
Durante o lançamento da parceria, o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, destacou a importância da continuidade da chamada Tríplice Hélice da inovação: uma interação entre a indústria, academia e governo. “A indústria agora se coloca como mais um parceiro na criação do Centro de Inovação e Pesquisa Tecnológica no ITA, que faz com que, além da formação do aluno, que é a parte metódica, tenham conhecimento , também , com a industrialização, com a manufatura e com a inovação”, destacou o Tenente-Brigadeiro Damasceno.
Durante uma missão aos Estados
Unidos, quando teve a oportunidade de visitar o MIT e se inspirar para implantar a mesma metodologia no Brasil, Marechal Montenegro conheceu o chefe do Departamento de Engenharia Aeronáutica do Instituto americano, Richard Harbert Smith, que o ajudou a desenvolver as diretrizes para a criação do ITA. Esse fato foi fundamental, para compreender os padrões de excelência mundiais e adaptá-los à realidade brasileira.
Honrando o passado e revisitando a história, uma comitiva liderada pelo Reitor do ITA, Professor Doutor Antonio Guilherme de Arruda Lorenzi, retornou aos Estados Unidos em agosto, para analisar os currículos acadêmicos das principais instituições de ensino superior do país, como, além do próprio MIT, a Harvard University, a George Mason University,aUniversityofIllinoisUrbanaChampaigneaPurdueUniversity.
inovação e pesquisa. Com esse novo campus, temos a oportunidade de reiterar ainda mais nossos valores, criando novos cursos e fortalecendo novas bases tecnológicas”, avaliou.
A nova unidade do ITA representa, na verdade, a extensão do trabalho realizado durante décadas no interior do estado de São Paulo. As características construídas pela FAB e que são responsáveis pela excelência na formação profissional de Engenheiros, serão mantidas na nova unidade. Abrangendo esses aspectos estão salas de aula, laboratórios, biblioteca, auditório e toda a infraestrutura que faz parte da rotina dos corpos docente e discente. Mas, para além disso, é preciso cautela especial com um aspecto construído com afinco ao longo do tempo: a cultura de ser iteano.
O Professor Guilherme Lorenzi agradeceu ao Governo Brasileiro pelo empenho em expandir o modelo de sucesso do Instituto. “O ITA foi construído pelo sonho do Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho, com o objetivo de formar técnicos competentes e cidadãos conscientes, colocando o Brasil no protagonismo mundial do desenvolvimento por meio do ensino,
O Centro Acadêmico Santos Dumont (CASD), órgão representativo dos estudantes de graduação do ITA junto à reitoria, foi criado em 1950, simultaneamente à fundação do Instituto. O CASD tem como principais objetivos assegurar que questões relacionadas à moradia e à vida acadêmica sejam bem atendidas, além de preservar a tradição e os valores Iteanos, como a Disciplina Consciente (DC), transmitida de geração em geração. Na ilustração, abaixo, a maquete eletrônica do futuro ITA.
Com a chegada da próxima turma no ano que vem no ITA São José dos Campos, a responsabilidade de transmitir esses valores tornase ainda mais crucial, já que ela será a primeira a ocupar a nova sede do ITA. É essencial que as tradições e a Disciplina Consciente sejam compreendidas e preservadas. Um dos fatores que contribuirá para essa transmissão de valores é o contato que os estudantes do novo campus terão com os alunos veteranos durante o início da graduação, pois, ao ingressarem, todos os aprovados cursarão o período fundamental juntos. Apenas ao final de 2026 serão definidos aqueles que cursarão Engenharia de Sistemas ou Engenharia de Energia, os dois primeiros cursos a serem implantados no novo campus.
Fotos: Suboficial Johnson / CECOMSAER
Fotos: Sargento Müller Marin / CECOMSAER
A presidente do CASD, Aspirante Brenda Figueiredo, aluna do curso de Engenharia Eletrônica, explica que “em janeiro, como é tradição, nos organizaremos para realizar a Comissão de Recepção (CR), um período de 21 dias em que os alunos abrirão mão de suas férias para se dedicarem a receber e instruir os calouros”. “Durante este tempo, os veteranos apresentarão os valores, as tradições e os depoimentos de ex-alunos formados, além de mostrar as instalações do ITA e do alojamento estudantil (H8), que se tornarão o lar de muitos dos novos estudantes pelos próximos anos –dois anos para os que seguirão para o Ceará e cinco para os que permanecerão”, comenta.
A recepção é organizada pela CR sob a supervisão do CASD, garantindo que tudo ocorra em conformidade com os princípios que sempre guiaram a comunidade de alunos. Esse compromisso com a transmissão de valores é um dos aspectos que mantém viva a identidade do ITA, perpetuando a Disciplina Consciente e outras tradições entre as futuras gerações.
O Vestibular do ITA de 2025, cuja primeira fase deve ocorrer em 13 de outubro e a segunda fase entre 05 e 08 de novembro, incluirá vagas destinadas aos alunos que ingressarão na primeira turma da nova unidade.
Leia a matéria sobre o novo campus do Instituto Tecnológico de Aeronáutica no Ceará.
PARQUE TECNOLÓGICO AEROESPACIAL Bahia ganhará um
A Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou, em janeiro deste ano, a criação de um Parque Tecnológico Aeroespacial nas instalaçõesdaBaseAéreadeSalvador(BASV), comoobjetivo de impulsionar a inovação e o desenvolvimento científico e tecnológico nos setores de defesa e aviação. Na ilustração, abaixo, maquete eletrônica do futuro Parque Tecnológico.
TENENTE JORNALISTA SUSANNA SCARLET
O projeto, que conta com parcerias estratégicas entre o Governo Federal, o Estado da Bahia e o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Cimatec) , visa fortalecer a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias aeroespaciais avançadas, promovendo o crescimento da indústria aeroespacial nacional. A Bahia se consolidará como um polo de tecnologia e inovação no setor aeroespacial , marcando um avanço significativo no desenvolvimento da indústria aeroespacial brasileira e reforçando a colaboração entre as esferas pública, militar e acadêmica.
O Comandante da Base Aérea de Salvador, Coronel Aviador Vinícius Guimarães Nogueira , destacou que os documentos estão em fase final de tramitação, mas as obras já foram iniciadas. “No final do mês de agosto, houve o lançamento do curso de PósGraduação em Engenharia Aeronáutica na Universidade Senai Cimatec. O objetivo do curso é capacitar engenheiros de todas as áreas para que se adaptem e conheçam a parte aeronáutica, sendo aproveitados como
mão de obra no Parque Tecnológico. É a Força Aérea Brasileira participando, mais uma vez, do fomento e incentivo ao desenvolvimento da nossa indústria aeroespacial”, afirmou o Comandante.
O Parque Tecnológico Aeroespacial da Bahia ficará sediado na Base Aérea de Salvador e será um ambiente dedicado ao fomento do ensino, à realização de pesquisas avançadas e à promoção da inovação no campo aeroespacial. O complexo viabilizará pesquisas e inovação no setor e fomentará o ensino. A expectativa é que sejam investidos R$650 milhões na construção do parque e um valor equivalente em equipamentos e laboratórios, por meio de parcerias entre governos federal, estadual e a iniciativa privada. O projeto tem como objetivo o avanço de soluções em ciência, educação, tecnologia e inovação.
A implantação do Parque viabilizará o atendimento à indústria nacional, e a previsão é que, no primeiro semestre de 2025, já seja possível ter operações no local.
O Parque Tecnológico Aeroespacial da Bahia ocupará cerca de 800 mil metros quadrados, com mais de 100
mil metros quadrados de construções. O local contará com diversos prédios de engenharia, além de pista para pouso e decolagem de aviões. O foco será o desenvolvimento de tecnologias de ponta para a aviação, defesa e exploração espacial, contando com o apoio técnico e estratégico da FAB. O projeto é visto como um catalisador para o desenvolvimento de tecnologias que podem transformar não só o setor de defesa, mas também a indústria civil, colocando o Brasil em um novo patamar no cenário global.
Com o lançamento do Parque Tecnológico Aeroespacial , a Força Aérea Brasileira reafirma sua vocação em fomentar o campo tecnológico e aeroespacial, contribuindo para a inovação tecnológica nacional e para o desenvolvimento da Bahia.
Para o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, o empreendimento será um centro de excelência em pesquisa e desenvolvimento, onde a Força Aérea e a indústria privada poderão trabalhar juntas para criar inovações que fortalecerão a soberania nacional e a competitividade do Brasil no cenário aeroespacial internacional.
A criação do Parque Tecnológico Aeroespacial na Bahia é um passo crucial para fortalecer a capacidade tecnológica e de inovação da nossa Força Aérea, permitindo o desenvolvimento de soluções avançadas para a defesa do país e consolidando o Brasil no setor aeroespacial. Estamos caminhando em direção à inovação tecnológica, uma nova era de progresso para a região Nordeste “
Tenente-Brigadeiro do Ar
Marcelo Kanitz Damasceno Comandante da Aeronáutica
SENAI CIMATEC
Senai Cimatec, instituição gestora do novo centro, é um dos mais avançados centros de tecnologia e inovação do Brasil, referência em atividades de pesquisa e soluções para a indústria. A entidade integra uma Escola Técnica, um Centro Universitário e um Centro Tecnológico, que atuam em conjunto. Fundado em 2002, além da sede em Salvador, o órgão opera o Complexo Industrial Cimatec Park, em Camaçari (BA) , e os recém-lançados campi Cimatec Sertão e Cimatec Mar.
A criação do Parque Tecnológico Aeroespacial na Bahia marca uma
nova era para a indústria aeroespacial brasileira. Com isso, a Bahia se posiciona não apenas como um novo polo de tecnologia e inovação, mas também como protagonista no fortalecimento da defesa e da indústria aeroespacial do Brasil.
A criação do Parque foi formalizada em uma cerimônia em Salvador, em janeiro deste ano, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na cerimônia, o Ministério da Defesa, o Comando da Aeronáutica, o Estado da Bahia e o Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia do Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Cimatec) assinaram o acordo de parceria. Também foram assinados memorandos de entendimento com instituições privadas. Na imagem , abaixo, estão o Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho; o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno; o Governador da Bahia , Jerônimo Rodrigues Souza; o Presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Carlos Henrique Passos; o Diretor-Geral do Senai Cimatec, Leone Andrade, além de demais autoridades.
Leia a matéria sobre a implantação do Parque Tecnológico na Base Aérea de Salvador.
Fotos: Sargento Müller Marin / CECOMSAER
A Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), localizada em Barbacena (MG), conquistou o primeiro lugar no IDEB de 2023, consolidando-se como a melhor instituição de ensino médio entre as escolas públicas do Brasil. Assista ao video sobre a rotina dos alunos da EPCAR.
PROJETOS ESTRATÉGICOS: IMPULSIONANDO A INOVAÇÃO NO SETOR AEROESPACIAL
O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) é um pilar estratégico no fortalecimento do Brasil como uma potência emergente no setor aeroespacial.
TENENTE JORNALISTA JOHNY VASCONCELOS
O DCTA, situado em São José dos Campos (SP), é o coração da pesquisa e inovação tecnológica da FAB, com foco em áreas essenciais como desenvolvimento de aeronaves, veículos espaciais e sistemas avançados de defesa. A missão do DCTA é desenvolver soluções científico-tecnológicas no campo do Poder Aeroespacial, a fim de contribuir para a manutenção da soberania do espaço aéreo e a integração nacional.
Um dos principais objetivos do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) é o avanço do Programa Espacial Brasileiro, destacando-se projetos como o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1). Este projeto posiciona o Brasil entre os poucos países com a capacidade de realizar lançamentos espaciais de forma independente.
O VLM-1 é um projeto fundamental para o lançamento de pequenos satélites, tornando o Brasil um concorrente direto no crescente mercado de microssatélites. Além disso, o DCTA também gerencia o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), um dos locais mais estratégicos do mundo para lançamentos espaciais, devido à sua localização próxima à linha do Equador, permitindo à FAB otimizar o consumo de combustível e aumentar a eficiência dos lançamentos. Essa infraestrutura oferece novas oportunidades de cooperação internacional, criando um ambiente
favorável para parcerias e acordos com outras nações e agências espaciais.
A educação e a formação de recursos humanos são outras frentes de atuação do DCTA , que abriga o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Reconhecido mundialmente por sua excelência acadêmica, o ITA forma engenheiros e cientistas altamente qualificados, capacitados para liderar projetos de alta complexidade no Brasil e no exterior. Esses profissionais , com uma formação de ponta , são fundamentais para a manutenção da competitividade tecnológica do Brasil e para o contínuo desenvolvimento de soluções inovadoras que garantem a independência tecnológica e a segurança do país.
Assim, a FAB, por meio do DCTA, promove o avanço da indústria aeroespacial, o fortalecimento da defesa nacional e a ampliação das capacidades
científicas e tecnológicas do Brasil. Essas instituições visam não apenas à excelência técnica, mas também ao protagonismo do país no cenário global, assegurando que o Brasil ocupe uma posição de destaque na exploração e utilização do espaço para fins pacíficos e estratégicos.
O DCTA é composto por diversas organizações que atuam no desenvolvimento de tecnologia aeroespacial no Brasil:
Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE): Focado no desenvolvimento de veículos lançadores de satélites, foguetes de sondagem e tecnologias espaciais.
Instituto de Estudos Avançados (IEAv): Realiza pesquisas de ponta em áreas como hipersônica, física aplicada, inteligência artificial, energia dirigida e lasers, contribuindo para inovações tecnológicas de defesa.
Instituto de Fomento e Coordenação
Industrial (IFI): Responsável pela certificação e homologação de produtos aeroespaciais e de defesa, garantindo padrões de segurança e qualidade em equipamentos militares e aeronaves.
Instituto de Pesquisa e Ensaios em Voo (IPEV): Executa ensaios em voo para testar aeronaves e sistemas aeroespaciais, verificando desempenho e segurança para novas tecnologias.
Centro de Lançamento de Alcântara (CLA): Realiza lançamentos de foguetes e satélites, aproveitando sua localização estratégica próxima ao Equador para maior eficiência em missões espaciais.
Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI): Apoia o CLA , realizando lançamentos suborbitais e testes de mísseis e foguetes de pequeno porte, além de monitorar satélites. O DCTA possui diversos projetos estratégicos em andamento , entre os quais:
O Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), em Natal (RN), é uma base estratégica brasileira para lançamentos espaciais e monitoramento de satélites.
Fotos: Sargento Vanessa Sonaly / CECOMSAER
O Projeto Sistema IFF Modo 4 Nacional (IFFM4BR) - Fase 2, lançado em 2019, busca desenvolver todos os componentes necessários para integrar esse sistema ao Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA). O IFF (Identificação Amigo ou Inimigo) tem como principal função identificar, de forma rápida e segura, plataformas militares aliadas, como aviões, navios e veículos. Isso aumenta a eficiência das operações, melhora a visão geral do campo de batalha (mapa tático), permite o uso seguro de armamentos de longo alcance e evita acidentes relacionados a fogo amigo.
O Sistema IFF Modo 4 Nacional é composto por três partes: o Criptocomputador Nacional , em desenvolvimento pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) com o apoio da empresa Kryptus EED; o KeyLoader, dispositivo que carrega as chaves de criptografia; e uma Suíte de Aplicativos responsável pela geração e distribuição dessas chaves. O Centro de Computação da Aeronáutica de São José dos Campos (CCA-SJ), em parceria com o IAE, está desenvolvendo essa suíte.
A grande vantagem do sistema é a interoperabilidade. O Criptocomputador será conectado aos transponders e interrogadores em aviões, navios, veículos terrestres e radares. O interrogador envia um sinal criptografado ao alvo , e , se o transponder do alvo tiver o Criptocomputador com a mesma chave criptográfica , ele responderá corretamente , identificando-o como aliado.
O projeto está em pleno andamento. Em 2023 , o IAE entregou o primeiro Criptocomputador com tecnologia nacional à empresa Saab , para integração com o caça F-39 Gripen. Os próximos passos incluem a qualificação do Criptocomputador para voo , do KeyLoader e a entrega final dos aplicativos. A previsão é que o sistema comece a ser implementado na Força Aérea a partir de 2026.
O VLM-1 (Veículo Lançador de Microssatélites) tem como objetivo colocar microssatélites em órbitas baixas (LEO) , utilizando três estágios propulsivos com propelente sólido. Os dois primeiros estágios usam o motor S50 , com 12 toneladas de propelente, enquanto o terceiro, que faz a inserção orbital, usa o motor S44, com 800 kg de propelente. O foguete pode transportar até 150 kg de carga útil, atendendo à demanda por lançamentos rápidos e de baixo custo.
Parceria binacional
O Veículo é desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) em parceria com o DLR-Moraba, da Alemanha. Essa cooperação visa reduzir riscos técnicos e financeiros, além de promover troca de conhecimento. O projeto apoia os objetivos do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), que busca garantir a autonomia do Brasil no setor espacial e fortalecer a indústria nacional.
Veículo suborbital VS-50 e infraestrutura de apoio
Como parte do projeto, o foguete suborbital VS-50 foi criado para testes de sistemas que serão usados no VLM-1. O VS-50 utiliza o motor S50 no primeiro estágio e o S44 no segundo, permitindo testar componentes em voo real. Esse veículo valida sistemas como o motor, sistemas de controle e navegação, e infraestrutura de lançamento no CLA, Maranhão.
Indústria nacional e participação internacional
O projeto VLM-1 visa aumentar a participação da indústria nacional no setor espacial, desde o desenvolvimento até a fabricação. Apoiado pela Agência Espacial Brasileira (AEB) , o projeto fortalece a competitividade do Brasil no cenário global. A cooperação com a Alemanha também promove inovação tecnológica e o compartilhamento de experiências no setor espacial.
Planejamento e lançamentos
O IAE e o DLR-Moraba planejam dois lançamentos do VS-50 antes do voo inaugural do VLM-1. O primeiro teste do VS-50 será em 2026, com outro em 2027. O lançamento do VLM-1 está previsto para 2028, marcando um avanço importante para o Programa Espacial Brasileiro e demonstrando sua capacidade de lançar microssatélites.
Fotos:
Sargento Vanessa
Sonaly
PROJETO TR5000
O projeto TR5000, desenvolvido pelo IAE, busca criar um motor do tipo turbina a gás totalmente nacional e montar uma infraestrutura de ensaios para turbinas. Financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) , do Ministério da Ciência , Tecnologia e Inovação (MCTI) , o projeto envolve também o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a empresa Aero Concepts. Foram investidos R$ 55 milhões, sendo cerca de 70% destinados ao complexo de bancos de ensaios do DCTA/IAE.
A tecnologia de desenvolvimento de turbinas a gás é dominada por poucos países, o que dificulta a troca de conhecimento. Por isso, todas as etapas
do desenvolvimento do motor — desde o design até a fabricação e os testes — foram realizadas no Brasil, garantindo ao país independência tecnológica.
O motor TR5000 pode ser usado tanto em propulsão aeronáutica quanto na geração de energia. Com empuxo de 5.000N, pode equipar mísseis, como o Míssil de Cruzeiro de Longo Alcance (MICLA) da Força Aérea Brasileira (FAB). Na geração de energia , sua potência de 1,2MW é suficiente para abastecer cerca de 5.000 casas, sendo útil em áreas isoladas, como fronteiras e plataformas de petróleo. Ele também pode usar combustíveis alternativos, como etanol.
Como desdobramento do projeto,
foi firmada uma parceria entre o IAE e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para estudar propulsão híbrida elétrica para aviação, colocando o IAE na vanguarda dessa tecnologia.
O Laboratório de Ensaios de Turbinas a Gás (LETG), onde o TR5000 é testado, já está em operação. Além disso, estão sendo instalados bancos de ensaios para os componentes do motor, como compressor, câmara de combustão e turbina. Essa infraestrutura, única na América Latina, será essencial para otimizar o desempenho do motor e poderá ser usada por empresas da Base Industrial de Defesa (BID), fortalecendo a independência tecnológica do Brasil nessa área.
Fotos:
Suboficial Johnson / CECOMSAER
Você sabia que a Força Aérea Brasileira já realiza experimentos com velocidade hipersônica desde 2009? Mas o que é velocidade hipersônica e por que a FAB se envolve em um projeto desse tipo?
A busca humana por superar limites sempre foi uma força motriz por trás de grandes inovações. No campo da aviação, essa busca culminou na conquista do voo supersônico, quebrando a barreira do som e abrindo portas para viagens mais rápidas do que nunca. A partir da segunda metade do século XX, aeronaves militares e de pesquisa começaram a voar a velocidades superiores à do som (Mach 1, aproximadamente 1.235 km/h), impulsionadas por avanços em aerodinâmica, propulsão e materiais. O icônico Concorde, um dos poucos aviões supersônicos comerciais do mundo, transportou passageiros entre continentes em tempo recorde, simbolizando o auge dessa era. No entanto, desafios como o estrondo sônico e altos custos operacionais limitaram a expansão do voo supersônico.
Com a busca por velocidades ainda maiores, a corrida aeroespacial agora se volta para o voo hipersônico, que ultrapassa 5 vezes a velocidade do som (Mach 5, aproximadamente 6.175 km/h). Essa nova fronteira apresenta desafios ainda mais complexos , como o intenso calor gerado pelo atrito com o ar e a necessidade de materiais e sistemas de propulsão revolucionários.
Apesar disso , o potencial do voo hipersônico é imenso. Diferentemente dos foguetes e motores que operam em atmosferas rarefeitas (acima de 30 km de altitude) e precisam transportar, tanto o combustível, quanto o oxigênio para a propulsão , os veículos hipersônicos aproveitam o oxigênio da atmosfera, permitindo uma queima mais eficiente e, ao mesmo tempo, utilizam o ar rarefeito nessa altitude para minimizar o atrito aerodinâmico. Atualmente, apenas 13 países, incluindo o Brasil, investem em pesquisas e desenvolvimento de tecnologias hipersônicas. Os ganhos com essa tecnologia podem ser maximizados ao combinar o aproveitamento do oxigênio atmosférico com combustíveis verdes, como o hidrogênio, representando uma economia significativa de recursos e uma alternativa mais sustentável em comparação
Fotos: Sargento Vanessa
Sonaly / CECOMSAER
aos foguetes tradicionais. Além disso, esses motores poderão ser reaproveitados para outros lançamentos. A FAB, inspirada pela tradição de inovação do Marechal do Ar Casimiro Montenegro, por meio do Instituto de Estudos Avançados (IEAv) – um dos institutos do DCTA –, busca novamente colocar a indústria aeroespacial brasileira na vanguarda mundial com o projeto estratégico “Propulsão Hipersônica” (PROPHIPER). Este projeto reúne engenheiros, físicos, químicos e técnicos para desenvolver e comprovar as tecnologias hipersônicas necessárias para aprimorar o lançamento de satélites. Em parceria com universidades e empresas nacionais, está sendo desenvolvido um protótipo de aeronave hipersônica brasileira, o 14-X. Assim como na década de 1970, quando a FAB transferiu a tecnologia da aeronave Bandeirante para a consolidação da EMBRAER (hoje uma das maiores montadoras de aeronaves do mundo), o conhecimento adquirido dentro do DCTA mais uma vez proporcionará à indústria nacional a capacidade de explorar o promissor mercado da hipersônica, seja na construção de veículos lançadores de satélites ou no transporte de carga e pessoas.
Prever os resultados de confrontos entre diferentes forças é uma demanda militar desde a formação dos primeiros exércitos. Embora o uso de computadores nesse contexto não seja recente, a crescente capacidade computacional e a evolução da Inteligência Artificial (IA) expandiram significativamente as possibilidades, destacando as simulações computacionais como ferramentas cruciais para a tomada de decisão.
O Ambiente de Simulação Aeroespacial (ASA) surgiu na FAB para fornecer uma ferramenta nacional de apoio à decisão no campo da Modelagem e Simulação, capaz de gerar dados para prever possíveis resultados em cenários de interesse da Defesa. Esse tipo de ferramenta é usado para selecionar cursos de ação, desenvolver táticas e doutrinas, treinar decisores em jogos de guerra, avaliar novas aquisições e prospectar tecnologias.
O protótipo do ASA está em fase final de desenvolvimento no IEAv. Desenvolvido como um framework de simulação, o ASA é uma estrutura de software que oferece uma base para criar, configurar, executar e analisar modelos e cenários simulados. As ferramentas podem ser acessadas online por meio de um portal seguro, permitindo acesso remoto com a devida autorização.
A arquitetura modular do ASA permite criar e modelar componentes e agentes, como aeronaves, armamentos e radares, que podem ser configurados com diferentes parâmetros para compor uma variedade de cenários. O sistema permite variações de parâmetros e repetições de simulações para avaliar a melhor configuração possível. Os dados gerados são armazenados em bancos de dados e podem ser analisados usando técnicas de Ciência de Dados.
A modularidade e a flexibilidade do ASA permitem que outros desenvolvedores criem funcionalidades ou modelos específicos para diferentes necessidades, podendo atender às demais Forças Armadas e até mesmo ser licenciado para empresas da Base Industrial de Defesa.
As aplicações do ASA são diversas. Em nível estratégico, ele pode avaliar as capacidades atuais da Força e identificar soluções para deficiências. Como ferramenta na metodologia de Aquisição Baseada em Simulação, o ASA pode estimar os impactos operacionais de novos equipamentos. Em nível operacional, nas Operações Aéreas Militares, o ASA pode definir cursos de ação, permitindo testar e escolher cenários promissores. Em nível tático, pode servir para estabelecer centros de simulação com cockpits de baixo custo em rede, facilitando o treinamento e a exploração de novas táticas. Além disso, a integração homem-máquina com IA é essencial para preparar o piloto para cenários inesperados. Finalmente, no campo da pesquisa, o ASA pode ser uma plataforma para análise de cenários de defesa e desenvolvimento de algoritmos de IA para plataformas militares. O ASA já foi utilizado com sucesso no Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias Espaciais (PG-CTE) do ITA, permitindo que alunos realizassem análises de cenários de Defesa por meio de simulações computacionais.
A ALADA, concebida pelo Comando da Aeronáutica, como uma empresa pública não dependente do orçamento, surge com o objetivo de atuar como Escritório de Negócios em três eixos estratégicos: lançamento de veículos espaciais, gerenciamento de projetos aeroespaciais e comercialização de produtos e serviços aeroespaciais.
No escopo desses três eixos a empresa será capaz, além de prover serviços de lançamento, de desenvolver tecnologias aeroespaciais, gerenciando projetos como o do Veículo Lançador de Microsatélites (VLM), Motores Aeronáuticos para aplicação em Veículos Aéreos Não-tripulados (VANT), Sistemas de Controle do Espaço Aéreo, além de explorar economicamente os diversos laboratórios de pesquisas aeroespaciais existentes no Departamento de Ciência e Tecnologia da Aeronáutica (DCTA), atuar no rastreamento de foguetes, desenvolver know-how em contratos de compensação tecnológica bem como em registro, acompanhamento e obtenção de patentes no setor aeroespacial, o que a capacitará a explorar economicamente tais atividades.
Com isso, a ALADA busca promover o desenvolvimento socioeconômico do país no setor aeroespacial, com a geração de empregos, renda e arrecadação de tributos, além de impulsionar a indústria nacional por meio de iniciativas de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica.
A consolidação da ALADA proporcionará a geração de benefícios como novas fontes de receita e arrecadação tributária, redução de despesas orçamentárias, fortalecimentos de tecnologias críticas de alto valor estratégico e desenvolvimento mais eficaz do setor aeroespacial. Ademais, trará maior flexibilidade administrativa para operações no setor.
A. iniciativa resulta de interações técnicas entre a Força Aérea e diversas outras organizações e atores governamentais, especialmente os Ministérios da Defesa, da Fazenda, da Gestão e Inovação, Planejamento, Casa Civil e AEB, marcando um importante avanço para a autonomia tecnológica do Brasil, o que levará o país a uma posição de relevância no cenário aeroespacial global.
À medida que o Brasil avança no desenvolvimento de seu programa espacial, o Complexo Espacial Brasileiro (CEBRA) se reafirma como um pilar fundamental para o sucesso dessas iniciativas. Com instituições nacionais estratégicas e parcerias internacionais sólidas, o CEBRA está pronto para se tornar uma referência global em lançamentos espaciais. Os preparativos para 2025, liderados pela FAB, Centro de Coordenação e Integração do Sistema Espacial (CCISE), DCTA e a empresa INNOSPACE, parceira internacional do Brasil em diversas missões espaciais, mostram que o país está comprometido em consolidar seu papel no setor espacial e em contribuir significativamente para o progresso científico e tecnológico mundial. No dia 10 de julho deste ano, o Senado Federal aprovou o Projeto de Lei 1.006/2022, a Lei Geral das Atividades Espaciais, que regulamenta as atividades espaciais no Brasil e permite a participação privada. O Comando da Aeronáutica será responsável por autorizar lançamentos espaciais e fiscalizar ações relacionadas à segurança e defesa nacional, enquanto o Ministério da Defesa monitorará dados sensíveis. A Agência Espacial Brasileira (AEB) cuidará das atividades civis, e a Anatel supervisionará outras atividades relacionadas. Em operações civis e militares simultâneas, AEB e Aeronáutica atuarão em conjunto.
Calendário de Lançamentos Espaciais do CEBRA 2025.
CEBRA
EMBRAER E FAB: UMA PARCERIA DE 55 ANOS
NA VANGUARDA DA AVIAÇÃO
Emcolaboraçãocontínuadesde1969, aForçaAéreaBrasileira(FAB) e a Embraer têm fortalecido significativamente as capacidades aeroespaciais do Brasil. A aeronave KC-390 Millennium, operada pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) – Esquadrão Gordo – e pelo Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT) – Esquadrão Zeus, destaca-se como um cargueiro multimissão, oferecendo capacidades avançadas para transporte de carga e pessoal, reabastecimento em voo e suporte a operações especiais (foto).
TENENTE
A Embraer nasceu de um sonho: o sonho de Ozires Silva, um nome que faz parte da história da aviação brasileira. Ele foi Major Aviador da Força Aérea Brasileira (FAB) e alçou voos até chegar ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica , o ITA. Porém , sua trajetória é marcada por um questionamento inquietante: como o Brasil, berço de Alberto Santos Dumont, não produzia suas próprias aeronaves?
Ozires, após formar-se com êxito no ITA, uniu-se a outros engenheiros e mecânicos para revolucionar a indústria aeronáutica brasileira em um projeto estratégico: a construção de uma aeronave robusta, capaz de atender às demandas de transporte em todas as regiões do Brasil. Em 1968, essa ambição se concretizou com a criação da aeronave Bandeirante, que decolou de uma pista de terra improvisada, representando
um marco na aviação nacional. Com o êxito do Bandeirante, Ozires e sua equipe conseguiram convencer o Governo Federal da necessidade de uma empresa nacional dedicada ao desenvolvimento e fabricação de aeronaves. Assim, em 1969, nascia a Embraer, marcando o início de uma nova era na aviação brasileira. Na imagem, o criador Ozires Silva e sua criação, o Bandeirante.
Desde sua fundação, a Embraer tem sido um pilar fundamental no desenvolvimento da aviação nacional. A parceria entre a Embraer e a FAB completa, agora, 55 anos, marcada por uma colaboração contínua que resultou no desenvolvimento de aeronaves militares de ponta: T-27 Tucano, A-29 Super Tucano, VC-2, P-95 Bandeirulha, C-97 Brasília, C-99 e o imponente KC-390 Millennium, que, em cinco anos desde sua incorporação, elevou o nível estratégico e operacional da FAB.
A história dessa colaboração remonta ao início da década de 1970, quando a Embraer começou a fornecer aeronaves de treinamento e transporte para a FAB. Um exemplo notável é o Embraer EMB 312 Tucano (T-27), uma aeronave de treinamento militar que se destacou por sua eficiência e versatilidade, sendo utilizada por várias forças aéreas ao redor do mundo.
O T-27 Tucano, fruto de uma parceria entre a Embraer e a FAB nos anos 80, foi criado para substituir o T-37, utilizado na formação de pilotos na Academia da Força Aérea (AFA). Lançado em 1983, o “Embraer 312 Tucano” tornou-se um dos melhores
treinadores militares do mundo, com 637 unidades produzidas e exportadas para diversos países, como França, Argentina e Egito. Em 29 de setembro de 1983, a FAB recebeu os primeiros exemplares, distribuídos entre a AFA e a Esquadrilha da Fumaça, reativando o Esquadrão de Demonstração Aérea. Em novembro de 2023 a aeronave T-27 Tucano, fundamental na formação dos cadetes da Força Aérea, completou quatro décadas de operação.
Com o passar dos anos, a Embraer continuou a inovar e fornecer soluções tecnológicas avançadas para a FAB. O Embraer EMB 314 Super Tucano (A-29 Super Tucano), por exemplo, consolidou-se como uma aeronave de combate leve amplamente utilizada em missões de ataque tático, reconhecimento e patrulha. Além disso, aeronaves como o Embraer EMB 145 AEW&C (R-99A) e o EMB 145 Multi Intel (R-99B) desempenham papéis fundamentais em missões de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR), oferecendo capacidades estratégicas para monitoramento e controle do espaço aéreo brasileiro. Na imagem, aeronaves T-27 Tucano.
Leia a matéria sobre a celebração dos 40 anos da aeronave T-27 Tucano na FAB.
O KC-390 Millennium representa um marco no desenvolvimento conjunto entre a Embraer e a FAB. Projetado para atender às demandas modernas de transporte e reabastecimento aéreo, o KC-390 combina inovação tecnológica com robustez operacional. Ele é capaz de transportar carga, tropas e realizar missões de evacuação aeromédica , além de reabastecimento aéreo e ajuda humanitária. Recentemente, em virtude das fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul (RS), o KC-390 transportou toneladas de donativos e material de apoio. Além disso , a aeronave , quando equipada com o Sistema Modular Aerotransportável
de Combate a Incêndios (MAFFS, do inglês Modular Airborne Fire Fighting System), realiza o lançamento de água em regiões afetadas por incêndios. Desde junho de 2024, vem atuando na região do Pantanal, já tendo alcançado a significativa marca de mais de 1 milhão de litros de água lançados. Atuou na região sudeste, no interior de São Paulo (SP), com mais de 60 mil litros de água despejados. Dessa forma, a aeronave multifuncional amplia significativamente as capacidades da FAB em diversas frentes estratégicas. O longo e profícuo relacionamento da Embraer com a Força Aérea, no desenvolvimento conjunto de produtos,
ajuda a garantir a soberania nacional e se destaca no mercado internacional, projetando a indústria brasileira de defesa no exterior e gerando importantes divisas para o Brasil.
“O KC-390 Millennium é o mais novo representante deste legado, uma aeronave de transporte multimissão de nova geração , desenvolvida em parceria com a FAB, que tem ganhado espaço no mercado internacional e está estabelecendo um novo padrão no seu segmento ao oferecer uma combinação imbatível de desempenho, tecnologia e produtividade, com custos de operação reduzidos”, revela o Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança.
Além de fortalecer as capacidades da Força Aérea , a colaboração entre a Embraer e a FAB tem um impacto econômico substancial no Brasil , por meio da geração de empregos qualificados e do desenvolvimento de tecnologia de ponta. Internacionalmente, o sucesso do KC-390 Millennium tem atraído atenção global , consolidando a reputação da Embraer como líder no setor de aviação militar. Dessa forma, a aeronave reforça a posição do Brasil como um player-chave no mercado global de defesa. Um exemplo disso é o estudo conjunto das duas empresas para o desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para missões especiais.
De acordo com a Embraer, o estudo será focado em missões de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR) da FAB. As plataformas a serem utilizadas já são operadas pela Força Aérea Brasileira, como o avião de transporte militar KC390 Millennium.
O Comandante da Aeronáutica , Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, destacou a importância dessa parceria estratégica para enfrentar os desafios futuros da FAB e para evoluir as tecnologias que sustentam suas missões críticas. “Esta colaboração não apenas fortalece nossa capacidade de defesa, mas também promove a inovação tecnológica crucial para manter a soberania nacional”, afirmou o comandante.
A cooperação entre a FAB e a Embraer não se limita ao desenvolvimento de aeronaves avançadas , mas também engloba programas de treinamento, suporte logístico e modernização de equipamentos, garantindo que as Forças Armadas brasileiras estejam sempre na vanguarda da tecnologia aeroespacial. Com projetos como o KC-390 Millennium e o estudo conjunto em IVR, a parceria entre a FAB e a Embraer continua a escrever um capítulo de sucesso na história da aviação militar brasileira, reforçando não apenas a defesa nacional, mas também a posição do Brasil como líder global em inovação e tecnologia aeroespacial. Na imagem, a aeronave KC-390 Millennium.
Assista ao vídeo em comemoração sobre os 5 anos de operação do KC-390 Millennium na FAB.
A cooperação entre a FAB e a Embraer continua a escrever um capítulo de sucesso na história da aviação militar brasileira, reforçando a defesa nacional e posicionando o Brasil como um líder global em inovação e tecnologia aeroespacial.
Um exemplo desta cooperação é o ERJ-145. Na FAB, designada como C-99 , a aeronave é marcada por inúmeros feitos, incluindo operações
humanitárias e apoio logístico em desastres naturais, além de ter apoiado missões de paz e de interesse nacional em todas as Américas, projetando a capacidade da Força Aérea Brasileira além de nossas fronteiras. Primeira unidade aérea da FAB a operar o C-99A, o Esquadrão Condor, sediado na Base
Aérea do Galeão, utiliza o vetor em favor do povo brasileiro em diversas missões, com destaque para evacuações
aeromédicas, transporte aerologístico e transporte de orgãos.
Operando por duas décadas , a aeronave continua a ser uma peça essencial no arsenal da aviação militar brasileira, acumulando mais de 50 mil horas de voo e garantindo que a FAB esteja pronta para os desafios do presente e do futuro. Na imagem, um KC-390, dois
A-1 AMX, um C-99A, um E-99 e um R-99, todos de fabricação nacional.
PARCERIA DE SUCESSO
ALGUMAS DAS AERONAVES PRODUZIDAS PELA
EMBRAER E OPERADAS PELA FORÇA AÉREA
Sempre buscando a excelência em cada projeto e atendendo às necessidades do país e da Força Aérea Brasileira, a Embraer se destaca por conquistar os céus de todo o planeta e transformar a maneira como as pessoas voam. Hoje, é consolidada como uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo e a principal exportadora de valor agregado do Brasil.
O Comandante da Aeronáutica destacou a importância da parceria histórica entre a Embraer e a FAB, ressaltando como essa colaboração tem sido essencial para o fortalecimento da defesa nacional e para o desenvolvimento de tecnologias de ponta que colocam o Brasil na vanguarda da indústria aeroespacial.
“É com grande satisfação que celebramos dois significativos marcos na nossa história: os 120 anos do nascimento do Marechal do Ar Casimiro Montenegro Filho e os 55 anos da Embraer. Reafirmo o compromisso do Comando da Aeronáutica em fortalecer ainda mais o enriquecedor
relacionamento com a empresa , assegurando que nossas instituições continuem em um voo ascendente, lado a lado, rumo a um futuro brilhante e promissor”, afirmou o Comandante.
Para o presidente da Embraer , Francisco Gomes Neto, a trajetória da empresa ao longo de mais de cinco décadas é motivo de orgulho para o Brasil. Ele ressaltou como a Embraer se tornou uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, desempenhando um papel importante no progresso da aviação civil e militar.
“Esta ocasião não é apenas uma comemoração da trajetória de sucesso da Embraer, mas um tributo aos pioneiros
Leia a matéria sobre a celebração dos 55 anos da Embraer.
que transformaram o sonho de voarem em realidade. Agradeço a confiança que a Força Aérea deposita na empresa”, destacou o presidente. Na imagem, da esquerda para a direita, à frente do VC2: Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato (ex-Comandante da Aeronáutica), João Bosco da Costa Junior (CEO da Embraer Defesa e Segurança), Tenente-Brigadeiro do Ar Lélio Viana Lôbo (ex-Ministro da Aeronáutica), Francisco Gomes Neto (presidente da Embraer), Tenente-Brigadeiro do Ar Juniti Saito (ex-Comandante da Aeronáutica) e Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno (Comandante da Aeronáutica).
VOO MENTAL
O Brasil é um país de voos audaciosos, elevando constantemente os parâmetros do que é possível. Durante minha preparação para me tornar a primeira mulher brasileira astronauta reflito com imenso orgulho sobre o extenso legado aeroespacial brasileiro. Este legado começou com pioneirismo e se mantém com a alta capacitação das operações da Força Aérea Brasileira (FAB) que tem o potencial de colocar o Brasil entre as principais potências espaciais.
A FAB desempenhou um papel essencial na criação do Programa Espacial Brasileiro (PEB), operando centros de lançamento desenvolvendo satélites e coordenando missões espaciais. A fundação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a instalação do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) são exemplos desse papel fundamental das asas que protegem o Brasil. Próximo ao Equador, o CLA oferece uma vantagem única ao Brasil, um impulso adicional aos lançamentos que a FAB tem reforçado ao investir na modernização dessas instalações, visando aumentar a capacidade de
Laysa Peixoto Sena Lage, de 21 anos, é uma cientista, inventora e piloto, reconhecida pela Forbes Under 30. Nascida em Belo Horizonte, MG, destacou-se como um prodígio acadêmico, acumulando medalhas e prêmios desde o ensino médio. Com sua expertise em TI (Tecnologia da Informação), que envolve o uso de sistemas computacionais para o processamento e análise de dados, Laysa fez sua primeira grande descoberta: o asteroide LPS0003, que passou despercebido pelos sistemas automáticos da NASA. Hoje, atua como ProjectInvestigatornoNASAL’SPACEAcademy, desenvolvendo tecnologias inovadoras para a exploração espacial. Além disso, está em treinamento para se tornar a primeira astronauta brasileira e latino-americana.
lançamentos e atrair parcerias internacionais. A colaboração entre a FAB e a Agência Espacial Brasileira (AEB) alimenta a visão de um futuro em que o Brasil produza e lance tecnologias cem por cento nacionais em seu território e nos faz sonhar com um cenário de frequentes lançamentos de satélites foguetes e telescópios espaciais com a bandeira brasileira, presente nas missões à Estação Espacial Internacional e estendida na superfície lunar.
O Brasil privilegiado, tanto geograficamente, quanto tecnologicamente, tem visto o programa espacial como uma estratégia fundamental para seu progresso. O avanço tecnológico proporcionado pelo programa espacial impacta o país a curto médio e longo prazo, além de formar engenheiros, cientistas e técnicos altamente qualificados. A integração de novas tecnologias , o fortalecimento de parcerias internacionais e o investimento contínuo em infraestrutura e pesquisa são passos essenciais para consolidar o Brasil como líder na exploração espacial. Cada voo é um passo adiante, provando que podemos ir além , especialmente quando o Brasil coloca suas mentes brilhantes e talentosas no centro do avanço científico-tecnológico. É crucial que essas mentes vejam no
próprio país um lugar de apoio e investimento. Nosso desenvolvimento espacial, além de estratégico, é vital para transformar, inovar e inspirar, o que a FAB tem demonstrado com excelência em seus programas. Em Alcântara, temos a natureza a nosso favor, e a capacidade de inventar e criar coisas novas, característica evidente do povo brasileiro, é inegável. Sabemos olhar para o alto e desafiar o impossível.
Santos Dumont disse que as invenções são fruto de trabalho teimoso. O mesmo vale para o Programa Espacial Brasileiro: ele é resultado de sacrifícios, conquistas e aprendizados, guiados pela persistência que nos levará a fincar a bandeira brasileira na Lua e em Marte, enviar a primeira mulher brasileira ao espaço e inspirar uma nova geração de astronautas que representarão os interesses brasileiros e da humanidade no espaço. É quando estamos próximos de grandes realizações que devemos ter o máximo de determinação. Com a continuidade desse trabalho que carregamos com orgulho, o Programa Espacial Brasileiro se aproxima do papel de destaque que sempre lhe coube, contribuindo para o avanço científico e o fortalecimento da soberania nacional. Portanto, que possamos olhar para cima, sem temer a altura do voo.