NOTAER - Abril 2010

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Arquivo Público / DF

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Noticiário da Aeronáutica Ano XXXIII - nº 6 - 15 abr 2010

Os homens e aviões da Força Aérea Brasileira chegaram ao Planalto Central antes da construção da capital do país

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terra era vermelha. O céu, sempre imenso e azul. A poeira subia do chão, mas não chegava aos céus. Dos ares, a grande estrada, era possível ouvir com frequência os aviões de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB) que ajudaram construir a cidade planejada, a capital desejada, o museu a céu aberto, a “nova civilização”,

a integração para o oeste de um país continental. Brasília completa 50 anos neste mês. Nas próximas páginas, vejas as histórias dos militares da FAB que chegaram ao Planalto Central antes da inauguração da capital do país. Conforme se imaginava, Brasília fez com que o Brasil olhasse para dentro de si mesmo. Nenhuma outra obra na

história nacional foi tão ousada. Nenhuma obra arrancou (e arranca até hoje) os suspiros incrédulos de quando se lembra que toda essa terra era apenas “mato e poeira”. Quem chegou para ajudar a construir este lugar, diferente de qualquer outro para ser uma capital federal, sabe muito bem como foi difícil. Leia mais nas páginas 3, 4 e 5.


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Estado-Maior da Aeronáutica tem novo chefe Tenente-Brigadeiro-do-Ar Cleonilson Nicácio Silva assumiu (26/3) a chefia do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), em substituição ao Tenente-Brigadeiro-do-Ar Antonio Pinto Macêdo. O Ministro de Estado da Defesa, Nelson Jobim, presidiu a solenidade de passagem de comando realizada no Salão Nobre da Base Aérea de Brasília. Estiveram presentes à cerimônia o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do- Ar Juniti Saito, e o Comandante do Exército, General-de-Exército Enzo Martins Peri, além de autoridades do Alto Comando da Força Aérea Brasileira (FAB), e ministros do Superior Tribunal Militar. O Tenente- Brigadeiro-do-Ar Cleonilson Nicácio Silva ingressou na FAB em 20 de março de 1965. Declarado aspirante a oficial-aviador em 18 de dezembro de 1970, assu-

Fotos: Sd Silva Lopes / CECOMSAER

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miu diversos cargos de destaque ao longo de sua carreira, entre eles, o de Diretor do Departamento de Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa, Chefe do Estado-Maior de Defesa e Presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO). “A Chefia do Estado-Maior é o último cargo para um oficial-general do quadro de oficiais-aviadores da ativa e são poucos os que conseguem alcançá-lo. É o último degrau de uma carreira na qual a gente procurou trabalhar e fazer o melhor possível pela Força Aérea. Portanto, para mim, é um prazer enorme ter chegado a esse ponto e poder ajudar o Brigadeiro Saito ao longo dos próximos 12 meses. É sempre um

novo desafio”, afirmou o TenenteBrigadeiro Nicácio. Em seu discurso de despedida, o Tenente-Brigadeiro-do Ar- Antonio Pinto Macêdo salientou o aprendizado de vários preceitos desde o início de sua carreira quando ingressou na Escola Preparatória de Cadetes do Ar até chegar à Chefia do Estado-Maior da Aeronáutica. “Aprendi que o oficial da Força Aérea é formado valorizando a ética, a justiça, a honestidade, a verdade, a coragem e o exemplo. Aprendi também que esta formação propicia as maiores riquezas do militar e que a melhor maneira de nos preparamos para o futuro é concentramos todo o nosso entusiasmo, motivação e tenacidade na execução perfeita do trabalho de cada dia”, ressaltou.

NOTAER é uma publicação quinzenal do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER). Está autorizada a transcrição parcial ou integral dos artigos publicados, com o devido crédito e remessa ISSN 1518-8558. Tiragem: 6.000 exemplares Chefe Interino do CECOMSAER: Cel Av Jorge Antonio Araújo Amaral Chefe da Divisão de Produção e Divulgação: Ten Cel Av Marcelo Luis Freire Cardoso Tosta Chefe da Divisão de Conteúdo: Ten Cel Av Paulo César Andari Edição: 1º Ten QCOA CSO Luiz Claudio Ferreira, 1º Ten QCOA JOR César Eugênio Guerrero e 1º Ten QCOA JOR Alessandro Paulo da Silva

Jornalista Responsável: 1º Ten QCOA CSO Luiz Claudio Ferreira Revisão: 2º Ten QCOA JOR Flávio Hisakasu Nishimori Arte Gráfica e Diagramação: 3S SDE Renato de Oliveira Pereira e 3S SAD Jéssica de Melo Pereira Internet: www.fab.mil.br - E-mail: redacao@fab.mil.br. Endereço: Esplanada dos Ministérios - Bloco “M” - 7º andar - 70045-900 Brasília-DF - Telefone: (61) 3966-9665 - FAX: (61) 3966-9755.

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Há 54 anos, voo histórico levou o presidente JK para onde seria construída Brasília

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Brasília, falei que, se Deus quisesse, um dia eu seria brasiliense. Deu tudo certo. Sou, para sempre, brasiliense e da FAB Foram 35 anos de serviços.” Ele ingressou na FAB em 1946 e participar dessa missão para a nova capital foi o maior desafio da longa carreira. “Voávamos todos os dias transportando profissionais e materiais. Muito também para a construção da estrada Belém-Brasília. Fazíamos levantamento topográfico. Era muita coisa”. O sonho de integrar o Brasil saiu do papel e se fez concreto e poesia com o êxito dos trabalhos na ligação Norte-Sul do Brasil, com a construção da Rodovia BelémBrasília. Por inúmeras vezes, a FAB realizou o traslado de pessoal e óleo diesel utilizados durante a obra. O negócio era sério. “Ficávamos de prontidão inclusive nos finais de semana e feriados. Quando saíamos, tínhamos que indicar onde seríamos

facilmente encontrados para vestir a farda e decolar. Quanto mais se aproximava a inauguração da cidade, maior era a ansiedade de todos. Nem acreditávamos no que víamos crescendo a nossa frente todos os dias”, lembra. Ele especializou-se em radiotelegrafia e contabilizou mais de seis mil horas de voo, muitas delas na aeronave C-47 Douglas, aeronave de transporte da FAB que apoiou a construção de Brasília.

Arquivo FAB

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história de avanço ao oeste começa com um voo da Força Aérea Brasileira (FAB). Uma decolagem que mudaria para sempre a história contemporânea do Brasil. Os motores da aeronave DC-3 foram ligados perto das oito horas da manhã do dia 2 de outubro de 1956. O avião taxiou na pista do Aeroporto Santos-Dumont, no Rio de Janeiro, a caminho do ponto no interior de Goiás onde seria erguida Brasília. A pista de 200 metros para pouso tinha sido construída na véspera. O então presidente Juscelino Kubitschek definiu o que viu como “a vastidão desconcertante do vazio”. No ano seguinte, o Sargento Irman Ferreira Correia chegou à “cidade-avião” quando não existia nada. Ele foi um dos pioneiros do Núcleo de Base Aérea de Brasília. “Nada” não é a palavra mais apropriada, segundo ele mesmo. Existia um sonho que era comungado por todas aquelas pessoas envolvidas em construir uma cidade inteira em três anos. Civis e militares fariam aquilo acontecer contrariando a previsão dos mais céticos. Um delírio? De forma alguma. “Quando cheguei a

Divulgação

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Destacamento de Base Aérea de Brasília foi criado antes da construção da capital urante a construção da nova capital, o Presidente Juscelino Kubitschek criou pelo Decreto n.º 42.697, de 27 de novembro de 1957, o Destacamento de Base Aérea de Brasília, unidade que daria origem à atual base aérea. Militares fizeram parte da equipe designada para selecionar terreno para uma base, pista para aviões de grande porte e toda infraestrutura necessária para um lugar que dependeria de transporte aéreo. O primeiro comandante da base foi o Major-Aviador Francisco de Assis Lopes. O objetivo da organização era o de apoiar as aeronaves e tripulações da Força Aérea que frequentemente chegavam à região transportando pessoal e material em apoio à construção da nova capital. Quem recorda daqueles tempos também é um dos pioneiros dessa grande aventura profissional, o então Sargento Ítalo da Silva, mecânico do C-47. “Não parávamos nunca. Foi uma grande experiência que nunca esqueceremos”, diz o hoje Suboficial aposentado com 85 anos de idade. “Quando via a cidade, e imaginava o que iria se tornar, já era muita emoção para todos nós”. Segundo a lembrança do antigo militar, o momento exigia o empenho de todos que compartilhavam do esforço.

Fotos: Arquivo Público / DF

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Empenho era tamanho que o mecânico somou nada menos do que 9,8 mil horas de voo em sua carreira. “Voamos muito naquela época com os C-47 (de matrículas 2066 e 2067). Particularmente envolvidos com as obras da rodovia Belém-Brasília”. A base receberia mais tarde outras duas aeronaves do mesmo modelo (2074 e 2075). Aliás, aeronaves deste modelo, fora de operação desde 1983 na FAB, podem ser visitadas no Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro, e na Base Aérea de Belém. Nessa rota em prol da rodovia, uma das principais paradas era na cidade de Açailândia (MA), onde uma imensa árvore foi apontada por Jus-

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celino como o único obstáculo entre Brasília e o norte do País. A memória privilegiada de Silva, que reside até hoje na capital federal, faz com que ele recorde de detalhes dos cenários à época, como o caminho do Eixo Rodoviário (o Eixão), ainda em obra, para se chegar ao centro da cidade a partir da base aérea. “Eram quatro avenidas apenas na cidade inteira. Para chegarmos ao centro passávamos por uma pinguela. Foram anos maravilhosos aqueles”, entusiasma-se. Após a inauguração da cidade, o suboficial entregou-se de corpo e alma ao Grupo de Transporte Especial (a primeira organização do destacamento) no transporte de autoridades e também em missões do Correio Aéreo Nacional. Com a inauguração de Brasília, o então Ministério da Aeronáutica saiu do Rio de Janeiro. Contingentes de militares e civis chegaram à época da inauguração para fazer a transferência. “Foi um grande privilégio participar daquele momento”, lembra o suboficial aposentado Manoel Guimarães, hoje com 91 anos.


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Fotos: Cb Júnior / CECOMSAER

Na inauguração, a Esquadrilha da Fumaça deu início a uma tradição

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o país redescobria o seu interior, uma nova rota de crescimento e expansão. “Foi uma alegria indescritível”, lembra o Suboficial Ítalo da Silva. Alegria e emoção de assistir à demonstração da Esquadrilha da Fumaça, que tinha entre os seus pilotos o lendário Tenente Braga, pilotando as históricas aeronaves T-6. As aeronaves cortaram a Esplanada dos Ministérios, riscando o céu com fumaça branca. Pelo menos dois livros e algumas pessoas consultadas repetem uma versão para essa demonstração que parece uma lenda. Após a exibição para as milhares de pessoas, inclusive para o presidente JK, que teria se emocionado, um arco-íris abriu-se no céu de Brasília. Era uma coincidência simbólica e inexplicável para dar boas-vindas à capital da esperança. A cada 21 de abril, desde então, a Esquadrilha da Fumaça volta e abre o coração no céu imenso da capital.

www.brasilia.com

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o dia 21 de abril de 1960, uma quinta-feira, vários militares da Força Aérea voaram para cumprir missões de transporte. A inauguração da capital do país atraiu uma multidão para a planejada Brasília. Quem estava no chão, porém, viu uma festa única na história contemporânea do país, principalmente pelo significado. Finalmente, o projeto saía do papel e

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Fotos: Ten Guerrero / CECOMSAER

Esquadrilha da Fumaça é destaque em feira de aviação no Chile

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Força Aérea Brasileira teve uma participação destacada na Feira Internacional de Aeronáutica e Espaço (FIDAE 2010) realizada de 23 a 28 de março em Santiago do Chile. Entre as diversas atrações do evento figuravam aeronaves como os F-16 Fighting Falcon do Chile, os F-22 Raptor e C-17 Globemaster da Força Aérea norte-americana e o Esquadrão de Alta Acrobacia da Força Aérea Chilena, Halcones. Muitos se emocionaram ao ver a Esquadrilha da Fumaça riscar no céu as palavras “Levantemos Chile!”, uma mensagem de esperança depois do terremoto de 27 de fevereiro. No total, foram seis apresentações para um público estimado de mais de 100 mil pessoas.

“Eu fiquei muito impressionado com a Esquadrilha da Fumaça, a hora em que as aeronaves se cruzam parece realmente que elas vão se chocar”, disse o contador Juan Gonzáles. Após a apresentação, o público pôde ter contato com os pilotos da esquadrilha brasileira. “Depois de tudo que aconteceu recentemente no Chile, é muito bom poder trazer um pouco de alegria ao povo daqui”, afirma o Capitão Alexandre de Carvalho Ribeiro, um dos pilotos da esquadrilha. Além dos T-27 Tucano da Fumaça, a FAB levou aeronaves turboélice A-29 Supertucano, C-105A Amazonas, A-1, E-99 e R-99. “A participação das nossas aeronaves nas buscas pelo vôo AF-447, aumentou o interesse do público. Muita gente quis conhecer o R-99 por causa disso”, afirma o Tenente Coronel Paulo Sérgio Dutra Vila Lima, comandante do Esquadrão Guardião, que opera as aeronaves E-99 e R-99 da FAB. As pessoas fizeram fila para poder tirar uma foto perto do C-105 Amazonas. “Acho que a pintura camuflada com verde é um grande atrativo para eles, pois o Chile utiliza outro padrão de camuflagem”, avalia o Tenente Davi Pavelec, um dos pilotos que levaram a NOTAER nº 6 - 15 abr 2010

aeronave do Esquadrão Onça, da Base Aérea de Campo Grande até Santiago do Chile. Os A-1 do esquadrão Adelphi e os A-29 do esquadrão Flecha também foram muito procurados pelo público do evento. Com 90 mil metros quadrados de área ao ar livre, 20 mil metros quadrados de estandes e 400 expositores, a FIDAE é o maior evento aeronáutico da América Latina. A travessia da cordilheira com seus picos de até seis mil metros de altura oferece uma emoção a mais para os participantes brasileiros.


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Emoção na despedida de um vitorioso

N Fábio Ricardo de Lara

a segunda demonstração da Esquadrilha da Fumaça depois do retorno ao Brasil, em Lages, Santa Catarina, um acidente com o T-27 número sete causou a morte do Capitão-Aviador Anderson Amaro Fernandes, de 33 anos. O acidente aconteceu no dia 2 de abril. Anderson era piloto da Fumaça havia 4 anos e já contava mais de 200 apresentações. Deixou a esposa e uma filha de três anos. Militar exemplar, com profundo bom humor e senso de companheirismo, Anderson marcou a vida de todos os que tiveram o privilégio de conhecê-lo. A família agradeceu às diversas manifestações de solidariedade recebidas pela ocasião da morte do piloto. “Meu Filho morreu em pleno exercício da profissão dele,

que era a coisa que ele mais gostava. Morreu como um vitorioso”, afirmou Luciano Fernandes, pai do militar. Pela internet, diversas pessoas enviaram mensagens de conforto para a Esquadrilha da Fumaça. Nos comentários das notícias, muitos homenagearam o piloto e o esquadrão, que já realizou mais de 3,3 mil apresentações no Brasil e em diversas partes do mundo. “Era uma pessoa muito alegre, tinha a maneira alegre do povo cearense e isso cativava muito todo mundo. É uma situação muito triste, porque estamos vivendo esse luto, mas isso irá passar porque ele iria querer que continuássemos com o trabalho da esquadrilha”, disse o Comandante da Fumaça, Tenente-Coronel-Aviador José Aguinaldo de Moura.

a semana em que completou 40 anos, o Primeiro Esquadrão do Nono Grupo de Aviação (1º/9º GAV), Esquadrão Arara, adicionou mais uma operação de peso ao seu extenso rol de missões: apoiou a Esquadrilha da Fumaça no deslocamento para a FIDAE, no Chile. Os militares, já acostumados a enfrentar as condições de voo da Amazônia, tiveram pela frente o desafio da Cordilheira dos Andes. Uma missão muito diferente do dia-a-dia e da paisagem vista pela unidade que está sediada em Manaus. “Pudemos demonstrar toda a operacionalidade do Esquadrão, afirma o MajorAviador Juraci Muniz de Santana, comandante do C-105. Para cumprir a missão, militares treinaram no simulador de voo do C-105. “Desde que soubemos sobre

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Esquadrão Arara chega aos 40 anos de história com travessia dos Andes N

a missão passamos a utilizar o equipamento para treinar as condições de voo no trajeto”, diz o TenenteAviador Bruno Américo Pereira. O esquadrão Arara, que já foi equipado com os lendários aviões C-115 Bufalo, utiliza atualmente o C-105 Amazonas. No regresso, os ASAS QUE PROTEGEM O PAÍS

militares trouxeram na bagagem a experiência do voo com a esquadrilha da Fumaça sobre a bela e inóspita região Andina. “É incrível poder voar lado a lado com a Fumaça em plena Cordilheira dos Andes”, diz o Tenente-Aviador Daniel Barbosa Amâncio, piloto do Arara.


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Reprodução

FAB celebra 65 anos do 22 de Abril

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capítulos mais interessantes da FAB na Segunda Guerra Mundial. Uma história de bravura e heroísmo, escrita com sangue e suor. Na prática, a resposta brasileira significava voar mais, num esforço físico cada vez maior. A todo custo, os aliados tinham de dominar a região do Vale do Pó para impedir que o exército nazista, em retirada, formasse uma nova linha de resistência. Apenas em abril, os pilotos brasileiros quebraram recorde de missões na campanha da Itália: 135 em apenas 30 dias, o equivalente a 31% do total de saídas nos seis meses anteriores. Em 22 de abril, num único dia, realizaram 11 missões, data que até hoje simboliza a aviação de caça brasileira. Já se vão 65 anos desse feito heróico. “Só quem esteve em combate sabe o que é voar mais de

Fotos: Arquivo FAB

o alcançar os quatro meses de combate na Itália, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA) teve de desativar uma de suas quatro esquadrilhas por falta de pilotos. A unidade tinha agora metade do efetivo de aviadores que desembarcara em Nápoles no ano anterior. Mortes e baixas por saúde exigiam cada vez mais empenho. Pior, os aliados estavam para lançar a mais importante ofensiva contra o nazismo naquela região. Preocupado com a situação, o comando americano ao qual a unidade da Força Aérea Brasileira (FAB) estava subordinada chegou a sugerir a distribuição de seus homens pelos demais grupos de outros países. Não, responderam de forma unânime ao serem consultados pelo então Tenente-Coronel Nero Moura, comandante do grupo. A decisão levaria a um dos

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Fotos: Arquivo FAB

Data em que os pilotos brasileiros voaram número recorde de missões marca até hoje o Dia da Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira

uma missão no mesmo dia”, afirma o Major-Brigadeiro-do-Ar Rui Moreira Lima, veterano do 1º Grupo de Caça, em seu livro “Senta a Pua!”. 22 de abril - Dezenove pilotos acordaram escalados para as 11 missões do dia, esforço que exigira voar duas, até três vezes em um intervalo de poucas horas. Nessa nova etapa da guerra, de fato, a intensa maratona durava dias e ainda seguiria por mais tempo. Para entender o que isso significa, basta imaginar que, a cada missão de duas horas, um piloto perdia até dois quilos, em razão do forte calor e do desgaste. A maioria deles chegaria ao final da guerra com mais de 50 missões sem descanso - um piloto americano retornava aos Estados Unidos depois de 35 saídas, ficando fora de combate por seis meses, ou voava até completar no máximo cem missões, quando encerrava sua participação na guerra.


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