BG PRESS
Noticiário da Aeronáutica Ano XXXIII - nº 10 - 15 jul 2010
A nossa Força contra a tragédia no
Nordeste
Resgates, transportes de mantimentos e atendimentos de saúde fazem parte da missão
A
casa, que tinha móveis, fotos e histórias, foi inundada. A criança, que brincava de sonhos simples, reconheceu o pesadelo na superfície. Os adultos, que trabalhavam na terra ou iam de carroça até mais adiante, avistaram a desesperança numa onda forte e permanente. Os olhos de todos eles não enxergavam mais nada. Eram apenas espelhos retorcidos da água que corria, corria mesmo, em barulho devastador, lá embaixo. Como em uma tsunami. A destruir bem mais do que paredes. A carregar olhares perdidos. Janelas também submergiram. São pelas janelas que se olha para o mundo. Apoiados em telhados ou em galhos de árvores, os olhares, em dor, acostumaram-se também a observar o céu. Não só para pedir
clemência às nuvens, mas também por saber que a ajuda poderia vir dos ares. Os rotores dos helicópteros ajudaram a mudar o som da tragédia. Em Pernambuco e Alagoas, as enchentes resultaram, no final de junho, em pelo menos 41 mortes, 115 mil desabrigados, 24 cidades em estados de calamidade pública e tantos outros desesperos incontáveis. Atuações de militares e civis ajudaram a minimizar a dor de tanta gente. A partir do momento seguinte às cheias, a FAB empregou meios de vários locais do País, criando um corredor aéreo humanitário que atuou na urgência para resgatar 94 pessoas e depois na atuação com as consequências da enchente. Os profissionais de saúde da Aeronáutica já haviam atendido mais
de três mil pessoas. Segundo os médicos, entre os assistidos destacam-se crianças e vítimas de cortes nas pernas e nos pés. Além deles, tripulações de diferentes esquadrões participaram do transporte de alimentos e remédios para cidades completamente isoladas com a destruição de acessos terrestres. Os militares, como havia ocorrido em Santa Catarina (2008), no Maranhão e no Piauí (2009), entregaram-se completamente à causa. Eles ficaram impressionados com a situação e não esquecerão o rosto das pessoas. “Só quem passou por lá e colocou a bota naquela lama é que pode dizer qual foi o sentimento e a dor que eles tiveram”, disse o Comandante da Operação, Major-Brigadeiro-do-Ar Hélio Paes de Barros Júnior.