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CAPA
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80 anos
Emblema Comemorativo
Na face frontal, temos o fundo em dourado, representando a vibração elevada, vigor, inteligência e nobreza com detalhes em azul escuro representando a Aeronáutica. O coração contém a inscrição “80 anos”, com o número zero retratando o globo terrestre, evidenciando o continente americano. As bordas são cingidas por folhas de carvalho, que remetem à comemoração dos 80 anos da Unidade festejados no ano de 2021, além de ser uma árvore que com sua robustez e majestosidade relaciona-se à força e à resistência. No centro da ponta, o símbolo do GTE com a inscrição “1941-2021”, o período celebrado. No centro do chefe, uma reprodução de um Lockheed 18 Lodestar, primeira aeronave operada pela então Seção de Aviões de Comando, com a denominação de VC-66, em alusão aos primórdios do Grupo. Já na face dorsal, com fundo e borda nas mesmas cores, observamos nas laterais três pares de estrelas douradas, cada par indicando um dos três esquadrões pertencentes ao Grupo. Partindo do centro do chefe seguindo o sentido horário, temos um A319 ACJ (VC-1), EMB 135 (VC-99B), H135 (VH-35), H225 (VH-36) e EMB 190 (VC-2), reproduzindo todas as aeronaves operadas pelo GTE atualmente. Ao centro do chefe, destaca-se em argento um gládio alado símbolo da Força Aérea Brasileira. No centro, a face remanescente do globo terrestre, contendo a Europa, África, Ásia e Oceania, referindo-se à versatilidade do Grupo de operar em todo o mundo. Finalmente, sobre o globo, a epígrafe do GTE “Conduzindo os que Conduzem” em referência às autoridades transportadas pelo Grupo, bem como ao glorioso papel desempenhado pelo Grupo de Transporte Especial ao longo de sua história, em proveito das atribuições constitucionais do Comando da Aeronáutica, da integração Nacional e da projeção do Governo Brasileiro no país e no mundo.
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Sumário Editorial ......................................................................................................................................06 Mensagem do Presidente da República .........................................................................................08 Mensagem do Comandante da Aeronáutica ...................................................................................10 Mensagem do Chefe de Gabinete do Comandante da Aeronáutica....................................................12 Missão, Visão, Valores................................................................................................................... 14 Heráldica ..................................................................................................................................... 15 GTE ao longo dos anos ................................................................................................................ 16 Países visitados na última década ..................................................................................................18 Aeronaves de ontem ......................................................................................................................20 Aeronaves de hoje ........................................................................................................................22 Galeria de Ex-Comandantes do GTE .............................................................................................. 28 Você sabia?....................................................................................................................................34 Contexto atual................................................................................................................................40 GTE-1..............................................................................................................................................41 GTE-2 ...........................................................................................................................................42 GTE-3 ............................................................................................................................................44 Histórias marcantes ......................................................................................................................46 GTE do futuro ...............................................................................................................................56 Expediente ...................................................................................................................................59 5
GTE -
80 anos
Editorial Grupo de Transporte Especial - 80 anos “Legado de Excelência” O ano de 2021 reveste-se de características especiais para o Comando da Aeronáutica por marcar os 80 anos de sua criação e também das suas mais tradicionais Unidades, que, em razão de sua importância, tiveram a sua implementação priorizada pelos novos responsáveis pela condução da aeronáutica brasileira. Sob o Comando do então Capitão Aviador Nero Moura, foi criada, em 04 de junho de 1941, a Seção de Aviões de Comando, que deu origem ao que hoje conhecemos como Grupo de Transporte Especial (GTE). Ao longo desses 80 anos, os militares que por aqui passaram deixaram um legado de qualidade e excelência, o qual até hoje inspira gerações de integrantes do GTE que, acima de tudo, carregam o orgulho e a honra de integrar esta distinta Unidade da Força Aérea Brasileira. Nós, atuais integrantes do GTE, em profundo respeito às gerações de militares que legaram a nós a responsabilidade de voos cada vez mais seguros e eficientes, rendemos, com esta “Revista GTE 80 anos”, uma homenagem com base no reconhecimento e respeito aos abnegados militares que contribuíram para esses especiais 80 anos de sucesso. Com a natural vocação de relevância do GTE, a Revista GTE 80 anos traz em suas primeiras páginas as palavras do Presidente da República, do Comandante da Aeronáutica e do Chefe do Gabinete do Comandante da Aeronáutica, reafirmando o que de Especial este Grupo traz em seu nome. Em seguida, nossos fundamentos institucionais são apresentados, também de forma destacada, já que nos são alicerces que nunca devemos perder de vista no cumprimento da nossa Missão. A equipe de editorial trabalhou com afinco para retratar, de forma harmônica e fluida, um pouco do GTE ao longo dos anos, um verdadeiro desafio para uma Unidade cercada de grandes momentos históricos, entre os quais destacamos a operação das aeronaves do GTE pelo mundo. Como é bom falar de aeronaves! Em fotos e textos curtos procuramos trazer um pouco mais das nossas aeronaves de ontem e de hoje, o que para nós, da família aeronáutica, é sempre uma grande alegria. Na seção “Você sabia?”, procuramos despertar o interesse de nossos ilustres leitores para o processo de formação dos tripulantes do GTE (sim, há muito conhecimento e estudo por trás da operação de aeronaves!), bem como para missões relevantes, como as UTI Aéreas e o transporte de Chefes de Estado. Missões distintas, em ambos os sentidos da palavra, que nos levaram a um detalhamento dos três Esquadrões que compõem o Grupo (isso mesmo, há no GTE três Esquadrões de voo, cada um responsável por missões específicas). Ainda que este Comandante tenha trabalhado por mais de cinco anos no GTE, o profissionalismo e a excelência peculiar de cada Esquadrão continuam a me impressionar. Confira. Nas páginas seguintes da Revista GTE 80 anos, abordamos o pioneirismo da participação de militares do sexo feminino na Unidade, bem como a marcante história da Operação Regresso à Pátria Amada, que sintetiza os conceitos de operacionalidade, pronta resposta, dedicação, amor ao Brasil e aos brasileiros, típicos de nós militares da Força Aérea Brasileira. Ao final, o ilustre leitor poderá conhecer um pouco do GTE do Futuro, matéria em que foram apresentadas perspectivas de modernização das aeronaves e aperfeiçoamento das tripulações, de forma a manter o GTE em sua posição de vanguarda na aviação. De forma especial, saúdo a todas as gerações de militares pelo que nos foi legado ao longo desses 80 anos de história, uma Organização Militar de referência em profissionalismo e dedicação, competência técnica e segurança operacional. Ao GTE o meu profundo respeito e admiração. Tem sido um enorme desafio, e sobretudo uma grande honra, a condução das ações do GTE no presente. Uma boa leitura a todos!
Tenente-Coronel Aviador WALLACE GONÇALVES TEIXEIRA Comandante do GTE
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Mensagem do Presidente da República Dirijo minhas palavras ao épico Grupo de Transporte Especial GTE – Organização Militar, vinculada à Força Aérea Brasileira – que atravessou oito décadas cumprindo a vívida missão de transportar quem conduz os destinos do Brasil. Neste contexto histórico, cabe reconhecer o trabalho honrado e os elevados índices de segurança que o Comando da Aeronáutica, por intermédio do GTE, vem assegurando ao Presidente da República, ao Vice-Presidente da República, aos Ministros de Estado e às altas autoridades nacionais e estrangeiras, em seus deslocamentos, no exercício de suas missões institucionais, tanto no Brasil quanto no exterior. Nesta data especial, rendo minha condigna homenagem aos homens e mulheres, de ontem e de hoje, que triunfam com renovado entusiasmo, abnegação, profissionalismo e patriotismo, inspirados na fecunda trajetória de seus antecessores no desempenho de suas funções; reafirmando, pois, o relevante e inconfundível papel histórico da nossa Força Aérea Brasileira (FAB). Estou seguro de que o Brasil continuará a contar, em todos os momentos, com o prestígio e a credibilidade do GTE que, sem descuidar de satisfazer as rigorosas exigências de sua missão, ao cumpri-la, atende, antes de tudo, às inúmeras necessidades e aspirações da Nação brasileira. Minhas congratulações a todo o efetivo que integra o Grupo de Transporte Especial – GTE!
JAIR MESSIAS BOLSONARO Presidente da República Federativa do Brasil
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Mensagem do Comandante da Aeronáutica Comemorar o aniversário de uma organização é sempre um momento especial, pois relembramos as origens e ressaltamos as conquistas e as realizações de nossas valorosas instituições do Comando da Aeronáutica. A história do Grupo de Transporte Especial confunde-se com a própria história da Força Aérea Brasileira, uma vez que há 80 anos, em 04 de junho de 1941, iniciava-se a brilhante trajetória desta peculiar Unidade Aérea. É evidente que, para atingir o nível de excelência que o GTE apresenta hoje, este seleto Grupo contou com o legado deixado por nossos antecessores e os feitos de importantes personalidades de nossa Força Aérea Brasileira, dentre elas, o primeiro Comandante do GTE - o então Capitão Aviador Nero Moura, Patrono da Aviação de Caça Brasileira. Ao longo dos anos, o Grupo de Transporte Especial demonstrou, em toda a sua operação, elevados índices de segurança de voo e, hoje, conta com uma expressiva marca que ultrapassa 530.000 horas de voo. Sob suas versáteis asas, são conduzidas as mais altas autoridades brasileiras para os mais diversos rincões do país e do mundo. Ademais, vale ressaltar que, além de assegurar o transporte aéreo do Presidente e do Vice-Presidente da República, dos Ministros de Estado e das altas autoridades nacionais e estrangeiras, o Grupo de Transporte Especial realiza, ainda, missões de caráter humanitário. Representativo exemplo disso foi a “Operação Regresso à Pátria Amada Brasil”, na qual a FAB utilizou aeronaves da frota do GTE para repatriar brasileiros localizados em Wuhan, China, considerada à época o epicentro global do novo coronavírus. Nesse contexto, tenho o prazer de congratular, como Planalto Honorário nº 105, este importantíssimo Grupo formado por pilotos, mecânicos, comissários, mantenedores e tantos outros homens e mulheres abnegados e dedicados a atender, com excelência, não só às demandas da alta cúpula governamental, mas, também, às diversas missões de interesse do Comando da Aeronáutica e de apoio à sociedade brasileira como um todo. Por derradeiro, parabenizo todos os mais de 250 integrantes do efetivo do GTE que atuam, com eficiência e profissionalismo, “Conduzindo aqueles que Conduzem o Destino da Nação”. Continuem a estudar e se aprimorar, pois, dessa forma, garantirão uma jornada ainda mais segura rumo ao futuro. Parabéns ao Grupo de Transporte Especial pelas oito décadas de continuada excelência profissional! Sejam todos muito felizes!
Tenente-Brigadeiro do Ar CARLOS DE ALMEIDA BAPTISTA JUNIOR Comandante da Aeronáutica
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Sargento Johnson Barros / Força aértea Brasileira
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Mensagem do Chefe de Gabinete do Comandante da Aeronáutica A celebração de mais uma década de existência é um marco para a história de uma Unidade Aérea. Nesta data, temos a possibilidade de recordar conquistas, trabalhar o presente e preparar para o futuro. Hoje, 04 de junho, comemoramos o octogésimo aniversário do Grupo de Transporte Especial – berço de homens e mulheres que servem à Força Aérea “Conduzindo aqueles que Conduzem o Destino da Nação”. Nos oitenta anos de história, assistimos ao vertiginoso trabalho iniciado por nossos veteranos, que, com muito profissionalismo e dedicação, criaram uma sólida base, permitindo que o GTE conquistasse o reconhecimento, o respeito e a satisfação de todas as autoridades que usufruem das deferências desses profissionais do ar. Nesse ensejo, gostaria de aproveitar a ocasião e agradecer o privilégio que tive, há exatos vinte e quatro anos, de ingressar nesta família composta por militares comprometidos e abnegados, com os quais dividi experiências gratificantes, quer sejam na área operacional, a bordo das aeronaves HS-125 (VU-93) e Boeing 737-200 (VC-96), quer sejam no dia a dia das funções administrativas. Esses momentos incríveis de minha trajetória profissional considero um dos mais valiosos presentes que a Força Aérea me proporcionou. Caros integrantes do Grupo de Transporte Especial de hoje e de sempre! Sintam-se orgulhosos do azul que vestem; sejam exemplos vivos de competência profissional, de comprometimento e de abnegação. O Brasil está certo em poder contar com os Senhores e com as Senhoras. Recebam, nesta data, a minha mais expressiva e mais sincera manifestação de orgulho em estar à frente daqueles que, diuturnamente, cruzam os céus, conduzindo, com segurança, aqueles que conduzem o Brasil. Parabéns a todos os integrantes do Grupo de Transporte Especial, de ontem e de hoje, pelos oitenta anos dedicados à arte de voar! Que a saúde e a sabedoria nos sejam agraciadas por bênçãos de Deus em nossas vidas!
No céu, no chão, cumprindo a missão! Levando os que conduzem o destino da Nação! GTE!!!
Major-Brigadeiro do Ar ARY SOARES MESQUITA Chefe do Gabinete do Comandante da Aeronáutica
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Missão Assegurar o transporte aéreo do Presidente da República, do Vice-Presidente da República, dos Ministros de Estado e de altas autoridades nacionais e estrangeiras, bem como realizar Evacuação Aeromédica, com equipamento do tipo Unidade de Terapia Intensiva Aérea do COMAER, e missões em apoio às demais Organizações do COMAER, quando determinado pelo Comandante da Aeronáutica.
Visão Manter-se como referência nacional de excelência no transporte aéreo de autoridades, com foco nos mais elevados padrões de segurança de voo, empenho pela excelência e doutrina.
Valores Excelência
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Profissionalismo
Comprometimento
Espírito de Equipe
Operacionalidade
Heráldica
O Grupo de Transporte Especial está representado por um escudo francês, chefe em Campo, tendo à destra o gládio alado em Jalne (amarelo), partido em Barra por duas contracotias, em Sinopla (verde) e Jalne (amarelo), representando as cores nacionais, sobre o campo em Prata (branco). No Coração, um Escudete Brocante, o tradicional símbolo do GTE, representado por um Escudo Português e chefe em Campo com a seguinte descrição: Campo em Blau (azul ultramar), representando o céu da Pátria - local de atuação de nossa Força Aérea - carregando no coração a sigla do Grupo de Transporte Especial “GTE”, em Prata (branco), e contornada por um filete em Jalne (ouro). O ouro simboliza a força, a constância, a sabedoria e a firmeza características dos tripulantes que guarnecem as aeronaves do Grupo. Sobreposta à sigla da Unidade figura um gládio alado estilizado em Jalne (ouro), símbolo da Força Aérea Brasileira. Brocante sobre o todo, encontra-se o traçado estilizado de uma figura geométrica tetraédrica, símbolo de um pilar do Palácio da Alvorada, em Jalne (ouro), caracterizando peculiarmente Brasília, sede da Unidade, que foi a primeira a instalar-se na nova capital. A base é carregada com um disco ostentando a constelação do Cruzeiro do Sul em Blau (azul ultramar) e Prata (branco), representando em todo o seu esplendor a nobre missão do GTE: o transporte de altas autoridades da República. O contrachefe é circundado extremamente pela divisa “Grupo de Transporte Especial”, em campo Blau (azul ultramar) com as letras em Prata (branco). Contorna o Escudo Francês um filete em Jalne (amarelo), evidenciando o nível de comando da Organização, Oficial-superior.
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GTE ao longo dos anos
Sgt Sousa e Cruz Em 4 de junho de 1941, foi criada a Seção de Aviões de Comando, predecessora do GTE, sediada no Campo do Calabouço - atualmente Aeroporto Santos Dumont. Teve como seu primeiro comandante o Cap Av Nero Moura e operava as aeronaves VC-60, VC-66 (Lockheed 18 Lodestar) e VC-45 (Beechcraft E-18S).
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Em 1954, foi renomeado para Esquadrão de Transporte Especial, sendo subordinado ao Gabinete do Comandante da Aeronáutica. Em 1956, passou a utilizar a denominação Grupo de Transporte Especial, sediado no QG da 3ª Zona Aérea. Em 1957, foram adquiridas duas aeronaves Vickers Viscount (modelos V-742D e V-789D) e foram designadas VC-90. Em 1960, ocorreu a transferência para Brasília e apenas o Segundo Esquadrão permaneceria no Rio de Janeiro. Em 1967, foi inaugurado o hangar do GTE e nesse mesmo ano, ocorreu a transferência do Segundo Esquadrão para Brasília e a incorporação de três helicópteros Bell 206. Em 1968, o GTE recebeu os jatos BAC One Eleven (VC-92) e os HS-125 (VU-93).
Em 1976, os VC-92 foram substituídos por duas aeronaves Boeing 737-200, que foram designadas VC-96. Em 1986, o KC-137 do 2°/2° GT foi configurado VIP para transportar o Presidente da República. Em 1987, o GTE recebeu helicópteros Esquilo, designados VH-55; também nesse mesmo ano, foram incorporadas novas aeronaves Gates LearJet , designadas VU-35. Além disso, recebeu um avião, modelo Embraer 120RT (VC-97), que passou a fazer parte da Unidade, porém foi utilizado brevemente, pois em 1988 ele foi transferido para o 6° Esquadrão de Transporte Aéreo.
Em 1993, o GTE comemorou Jubileu de prata do HS-125. Em 1998, o GTE recebeu uma aeronave Gates Learjet 55, designada VU-55C. No ano de 2004, ocorreu o recebimento do helicóptero Aerospatiale AS332M1, designado VH-34 Super Puma, incorporado ao Terceiro Esquadrão. Em 2005, o GTE recebeu uma nova aeronave presidencial, um Airbus A319 ACJ, designado VC-1, que foi incorporado ao Primeiro Esquadrão para substituir os Boeing 737-200. Em 2006, incorporaram ao Segundo Esquadrão, jatos da Embraer (dos modelos 145, 135 Shuttle, Legacy 135 BJ e Legacy 600) designados VC-99, substituindo os HS-125. Em 2008, helicópteros EC-135, designados VH-35, substituíram os VH-55 Esquilo. No ano de 2009, o GTE atingiu a marca de 400.000 horas voadas, e nesse mesmo ano recebia duas aeronaves EMB190, designadas VC-2.
Em 2012, os VU-35 Learjet foram transferidos para o 6º Esquadrão de Transporte Aéreo. Em 2012 e 2013, o Terceiro Esquadrão recebeu duas aeronaves Eurocopter EC-725 Caracal (também chamado de Super Cougar), que foram designadas VH-36. No ano de 2017, mais especificamente em abril, o GTE completou 500.000 horas voadas. Em dezembro desse mesmo ano, o VH-34 foi desativado de operação. Em 2018, iniciou-se a Operação Acolhida, que foi instituída para promover ações de apoio aos imigrantes e refugiados venezuelanos que ingressavam no país pelo Estado de Roraima. O GTE colaborou, empregando aeronaves VC-99A para transportar materiais e também para a interiorização dos imigrantes que desejavam se estabelecer em outros estados brasileiros.
Nesses 80 anos de existência, o Grupo de Transporte Especial operou diversas aeronaves, realizou milhares de voos cortando os ares do nosso imenso Brasil e também os céus de outros países, seja realizando missões de transporte presidencial, transporte das mais diversas autoridades, UTI aérea, transporte de órgãos... ...independente de quais forem as missões, o GTE continuará a cumpri-las com elevados índices de segurança.
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Países visitados na última década
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Aeronaves de ontem
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Aeronaves de hoje
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VC-2
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VC-99
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Galeria dos Ex-Comandantes do GTE
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Cap Av Nero Moura De: 04 de Junho de 1941 Até: 23 de Dezembro de 1943
Maj Av Geraldo Guia de Aquino De: 23 de Dezembro de 1943 Até: 03 de julho de 1944
Cap Av Carlos Faria Leão De: 03 de Julho de 1944 Até: 09 de Janeiro de 1945
Ten Cel Av Atila Gomes Ribeiro De: 01 de Abril de 1952 Até: 11 de Março de 1954
Ten Cel Av Deoclécio Lima de Siqueira De: 11 de Março de 1954 Até: 08 de Junho de 1954
Maj Av Felix Celso Hiendlmayer de Macedo De: 08 de Junho de 1954 Até: 31 de Agosto de 1954
Cap Av Gabriel Athayde De: 31 de Agosto de 1954 Até: 08 de Janeiro de 1955
Cap Av Nicholson Chastenet Halfeld De: 08 de Janeiro de 1955 Até: 14 de Novembro de 1955
Maj Av Fernando Durval Lacerda De: 14 de Novembro de 1955 Até: 02 de Abril de 1956
Cap Av Francisco de Assis Lopes De: 30 de Julho de 1956 Até: 31 de Dezembro de 1956 Maj Av Francisco de Assis Lopes De: 01 de Janeiro de 1957 Até: 12 de Fevereiro de 1957
Ten Cel Av Renato Goulart Pereira De: 05 de Fevereiro de 1958 Até: 16 de Dezembro de 1958
Ten Cel Av Rui Barbosa Moreira Lima De: 16 de Dezembro de 1958 Até: 03 de Janeiro de 1961
Ten Cel Av Clóvis Pavan De: 10 de Março de 1961 Até: 26 de Setembro de 1961
Ten Cel Av Othon Correia Netto De: 26 de Setembro de 1961 Até: 12 de Dezembro de 1963
Ten Cel Av Marion de Oliveira Peixoto De: 03 de Fevereiro de 1964 Até: 10 de Abril de 1964
Ten Cel Av Pedro Vercillo De: 10 de Abril de 1964 Até: 17 de Dezembro de 1965
Maj Av Ismael da Motta Paes De: 02 de Abril de 1956 Até: 30 de Julho de 1956 Ten Cel Av Ismael da Motta Paes De: 12 de Fevereiro de 1957 Até: 05 de Fevereiro de 1958
Ten Cel Av Waldir de Vasconcelos De: 17 de Dezembro de 1965 Até: 29 de Abril de 1966
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Ten Cel Av José Magalhães Rabiço Júnior De: 01 de Junho de 1966 Até: 10 de Março de 1967
Ten Cel Av Nelson Pinheiro de Carvalho De: 28 de Março de 1967 Até: 05 de Setembro de 1967
Ten Cel Av Gerseh Nerval Barbosa De: 05 de Setembro de 1967 Até: 21 de Julho de 1970
Ten Cel Av Tarso Magnus da Cunha Frota De: 21 de Julho de 1970 Até: 25 de Junho de 1972
Ten Cel Av Luiz Antônio Cruz De: 25 de Junho de 1972 Até: 05 de Fevereiro de 1975
Ten Cel Av Luiz Carlos Picorelli Figueiredo De: 05 de Fevereiro de 1975 Até: 28 de Janeiro de 1977
Ten Cel Av Mauro José Miranda Gandra De: 28 de Janeiro de 1977 Até: 14 de Fevereiro de 1979
Ten Cel Av Hélio Bernd De: 14 de Fevereiro de 1979 Até: 10 de Novembro de 1980
Ten Cel Av Flávio Largura De: 10 de Novembro de 1980 Até: 03 de Fevereiro de 1982
Ten Cel Av Mauro Silva Moral De: 02 de Setembro de 1983 Até: 26 de Março de 1985
Ten Cel Av Júlio Bezerra Filho De: 26 de Março de 1985 Até: 21 de Janeiro de 1987
Ten Cel Av Mauro Flávio Gomes Berto De: 21 de Janeiro de 1987 Até: 23 de Janeiro de 1989
Ten Cel Av Atheneu Francisco Terra de Azambuja De: 23 de Janeiro de 1989 Até: 24 de Janeiro de 1991
Ten Cel Av Cleonilson Nicácio Silva De: 24 de Janeiro de 1991 Até: 21 de Janeiro de 1993
Ten Cel Av Aprígio Eduardo de Moura Azevedo De: 21 de Janeiro de 1993 Até: 18 de Janeiro de 1995
Ten Cel Av Louis Jackson Josuá Costa De: 18 de Janeiro de 1995 Até: 15 de Janeiro de 1997
Ten Cel Av Orlanil Mariano Lima de Andrade De: 15 de Janeiro de 1997 Até: 15 de Janeiro de 1999
Ten Cel Av Henrique Marini e Souza De: 03 de Fevereiro de 1982 Até: 02 de Setembro de 1983
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Ten Cel Av Francisco Lopes Neto De: 15 de Janeiro de 1999 Até: 30 de Janeiro de 2001
Ten Cel Av Univaldo Batista de Sousa De: 21 de Janeiro de 2005 Até: 22 de Dezembro de 2006
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Ten Cel Av Antônio José Mendonça de Toledo Lobato De: 30 de Janeiro de 2001 Até: 16 de Janeiro de 2003
Ten Cel Av Mario Augusto Baccarin De: 22 de Dezembro de 2006 Até: 22 de Janeiro de 2009
Ten Cel Av Marcelo Kanitz Damasceno De: 16 de Janeiro de 2003 Até: 21 de Janeiro de 2005
Ten Cel Av Geraldo Corrêa de Lyra Júnior De: 22 de Janeiro de 2009 Até: 13 de Janeiro de 2011
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Cel Av Marcos Aurélio Vilela Valença De: 17 de Dezembro de 2014 Até: 05 de Janeiro de 2017
Ten Cel Av Marcello Lobão Schiavo De: 10 de Janeiro de 2013 Até: 17 de Dezembro de 2014
Ten Cel Av Emílio Carlos Ambrogi De: 13 de Janeiro de 2011 Até: 10 de Janeiro de 2013
Ten Cel Av Celso Eurico Fleck De: 05 de Janeiro de 2017 Até: 10 de Janeiro de 2019
Ten Cel Av Allan Domingues de Mendonça De: 10 de Janeiro de 2019 Até: 07 de Janeiro de 2021
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VOCÊ SABIA? Cap Av Leopoldo ...que o Grupo de Transporte Especial, além de “conduzir os que conduzem a Nação” tem como atribuição executar missões de Evacuação Aeromédica por meio da instalação de Unidade de Terapia Intensiva – UTI Aérea – adequando as aeronaves VC-99 para o transporte de até dois enfermos no mesmo voo? Para o cumprimento desse tipo de missão, após ser acionado, o GTE é capaz de preparar uma aeronave em até 4 horas antes da decolagem. Além da tripulação padrão, passam a integrar a equipe, no mínimo, dois enfermeiros e um médico responsável pelo acompanhamento do paciente. Como exemplo de operacionalidade e capacidade de prontidão, pode-se mencionar o envolvimento do GTE em 2019 quando, após uma explosão ocorrida numa embarcação em Cruzeiro do Sul-AC, o Grupo foi acionado para auxiliar no transporte de vítimas com queimaduras graves. Para conseguirem atendimento especializado e eficaz, algumas vítimas precisaram ser transportadas para Rio Branco-AC e, em seguida, Belo Horizonte-MG. A operação durou 3 dias e contou com médicos, enfermeiros, fisioterapeuta e técnicos de enfermagem do Hospital de Força Aérea de Brasília (HFAB). O episódio também ajuda a ilustrar um dos lemas fomentados na cultura organizacional do GTE, “Eu não, nós...” Os sentimentos de patriotismo e dever cumprido também surgem no GTE quando o Grupo é acionado para cumprir missões de perfil diferenciado, como por exemplo, a Operação Acolhida, iniciada em 2018. Na ocasião, o Governo Federal mobilizou diferentes órgãos para o cumprimento das tarefas desse processo de apoio humanitário aos migrantes e refugiados da Venezuela. Durante mais de 2 anos a pequena parcela de contribuição que coube ao Grupo de Transporte Especial foi auxiliar no transporte de militares e de equipamentos entre Brasília-DF e Boa Vista-RR, além do apoio aéreo aos migrantes venezuelanos. Nessa etapa, os voos partiam de Boa Vista e conduziam os assistidos para as demais regiões do país a fim de concluírem o processo de interiorização.
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VOCÊ SABIA?
Cap Av Silva ...que o GTE já conseguiu contribuir com as autoridades além do apoio aéreo? Durante uma viagem em apoio ao Presidente da República para Londrina-PR, a bordo da aeronave VC-96 FAB 2116, o presidente derramou refrigerante em sua calça. Para cumprir os compromissos de sua agenda, ele trocou de calça com um comissário de bordo do voo. “Esse fato ocorreu devido a uma inesperada turbulência. Logo depois, o Ajudante de Ordens da Presidência me procurou e avisou que eu precisaria emprestar minha roupa para que o evento pudesse ocorrer normalmente”, comentou o 1º Sargento QTA Sabino Galdino Neto. Essa calça se encontra atualmente em posição de destaque no salão histórico do Grupo, conhecida como a “Calça do Sabino”. Por essa atitude e por meio desse símbolo, podem ser observados os valores de Comprometimento e Profissionalismo, que são inerentes aos militares do GTE e da FAB.
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VOCÊ SABIA? Cap Av Silva e Cap Av Leopoldo ...que o Grupo de Transporte Especial transportou 3 pontífices em visitas oficiais no Brasil? O primeiro deles foi o Papa João Paulo II, que em julho de 1980 percorreu 11 estados brasileiros durante sua visita ao país, estando a bordo do VC-96 FAB 2116. O avião, atualmente fora de atividade, prestou serviço de 1976 a 2010. Já o pontífice Bento XVI embarcou no helicóptero VH-34 8735 em maio de 2007. O voo ocorreu no estado de São Paulo e a agenda principal de Sua Santidade era inaugurar a Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho. “Participar da missão de transportar o Papa foi uma oportunidade ímpar na minha carreira e a atmosfera era muito especial”, comentou o SO BMA João Batista Crispim de Souza, tripulante da aeronave. O terceiro a voar nas asas do GTE foi o Papa Francisco. Em agosto de 2013, o Chefe do Vaticano contou com o apoio aéreo no deslocamento para o interior de São Paulo e, em seguida, para o Rio de Janeiro. A visita oficial teve como motivação a XXVIII Jornada Mundial da Juventude de 2013.
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VOCÊ SABIA? Maj Av Beal ...que o GTE já enfrentou condições extremas em missões pelo mundo? No início dos anos 2000, os VC-96, aviões mais longevos no transporte de nossos Presidentes, mostravam-se pouco adequados aos avanços da diplomacia, que demandavam maior presença no exterior. Soluções alternativas eram buscadas nos KC-137 ou no fretamento de aeronaves. Em 2002, o transporte dos Escalões Avançados da Presidência da República à Ucrânia e Rússia seria feito pelo KC-137. Porém, na tarde do dia 4 janeiro, o GTE-1 foi informado de que deveria cumprir as missões, pois os B707 estavam em pane. Era uma sexta-feira e os voos estavam previstos para o domingo. Mesmo com todas as dificuldades de planejamento, ambos os VC-96 decolaram na hora marcada. Chegando em Moscou, tabelas nos auxiliavam a converter níveis e velocidades: o controle usava metros e Km/h, mas nossos instrumentos trabalhavam apenas com pés (ft) e nós (kt). A operação era em QFE. O ATIS indicava boa visibilidade, vento de 8 m/s e temperatura de -20°C... A curta estada nos deu o necessário descanso para nos preparar para o retorno. A temperatura continuava caindo e alguns colegas não suportaram mais do que uns poucos minutos ao ar livre. Na saída de Vnukovo, ao lado do “Boeinguinho” montanhas de neve escondiam velhos Tu-154, reconhecidos pela empenagem. Sopradores de ar quente foram usados para derreter o gelo que impedia a abertura das portas. Dentro, o frio fez descolar todo o revestimento do teto. Na cabine, a resina do painel de instrumentos ficou destruída, despedaçando-se como um vidro quebrado. Tentávamos agilizar a saída, pois fazia -31ºC e um piloto e um comissário haviam sido isolados por sinais de hipotermia. O maior problema era o Plano de Voo, que foi recusado, porque estávamos no BRS2115, mas a autorização era para o BRS2116. Com muita conversa, permitiram novo Plano com o call sign BRS 2116. Iniciamos o voo de regresso com cobertores sobre as pernas. Com cerca de trinta minutos de voo, já no nível de cruzeiro de 10.600 metros, a tranquilidade era maior - não só pela temperatura, que finalmente alcançava níveis “normais”, mas principalmente pela recuperação dos nossos companheiros que haviam se sentido mal por causa da hipotermia. O último obstáculo surgiu na FIR Varsóvia: o Eurocontrol questionou se fazíamos um voo em formação, “pois já existia um BRS 2116 em seu espaço aéreo”. Logo notamos que o problema havia sido causado pela única solução que permitiu a saída de Moscou: usávamos o mesmo código do VC-96 que, pouco antes, havia decolado de Kiev. Mudamos para BRS 2115 e o restante da viagem transcorreu sem problemas. Mesmo com todas as dificuldades, o GTE cumpriu (e continua cumprindo), com segurança e profissionalismo, desafiantes missões. Essa é a característica que marca a Unidade que ora completa 80 anos; uma cultura organizacional que, nos anos 2000, um de seus pilotos carinhosamente apelidou de “a monótona eficiência do GTE”.
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80 anos
VOCÊ SABIA? Maj Av Capuchinho ...que, mesmo submetidos a um processo de seleção bastante criterioso para ingresso no GTE, os tripulantes também passam por um rigoroso programa de formação? O senso de profissionalismo e responsabilidade, embora sejam naturais à Força Aérea Brasileira, são levados ao extremo no cotidiano do GTE. Estes valores institucionais são transmitidos aos novos integrantes logo nos primeiros meses, nas instruções teóricas e práticas acerca da aeronave para qual foi designado para compor o Quadro de Tripulantes. Não apenas conhecimentos técnicos são transmitidos, mas, principalmente, uma forma de trabalhar buscando a plenitude da excelência no cumprimento da missão. Assim, praticamente todo efetivo se envolve com as diversas etapas da formação dos novos tripulantes, a qual inicia-se em sala de aula, passa por treinamentos práticos no solo e termina com a instrução em voos reais. Pilotos, mecânicos, comissários de bordo e operadores de comunicações passam por programas de treinamentos específicos, de acordo com cada projeto operado pelo Grupo. O leitor mais atento já deve ter percebido o tamanho do desafio. Guardadas algumas peculiaridades descritas adiante, tratam-se de quatro especialidades distintas, para serem capacitadas em cinco diferentes tipos de aeronaves, em dois tipos de aviação, asas fixas e asas rotativas! Após a formação teórica, os pilotos iniciam o treinamento em simuladores de voo. Tecnologias modernas garantem a estes enormes “video-games” a imersão em um voo simulado muito próximo ao real, sendo possível treinar situações críticas de serem realizadas em um avião em voo, como emergências graves, porém com total segurança. Além disso, o treinamento é mais econômico que a formação na própria aeronave. Aprovados no voo simulado, os pilotos prosseguem para a formação prática na própria aeronave. Os mecânicos de voo, atuantes em todos os projetos do GTE, precisam também ser adestrados em como manutenir as aeronaves que passarão a tripular. Para isso, a instrução teórica engloba tanto conhecimentos relativos às principais
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ações de manutenção a serem realizadas nas aeronaves, como os procedimentos a serem realizados para os mecânicos, seja na preparação, seja no próprio voo. Comissários de voo tripulam somente as aeronaves de asas fixas, ou seja, os VC-1 e VC-2 do GTE-1 e os VC-99 do GTE-2. Sua formação prática envolve não apenas o serviço de bordo, mas ainda toda condução dos passageiros em situações de emergência. Essa tarefa, cuja prontidão exige muito de nossos comissários se mostra importantíssima para garantir a integridade das autoridades e passageiros em situações adversas, como pousos forçados e evacuações de emergência. Os operadores de comunicações tripulam somente as aeronaves do GTE-1. Sua formação prática envolve a operação dos complexos sistemas aviônicos, planejamento de voo, transmissão de planos de voo e comunicação com estações táticas. São, portanto, responsáveis por aumentar a segurança dos voos presidenciais, garantindo maior confiabilidade a estas missões. O GTE tem plena consciência da relevância de sua missão e a capacitação de seus tripulantes é peça chave nesta complexa engrenagem. Essa é a principal razão por termos voado com os mais altos índices de segurança operacional ao longo dos últimos 80 anos.
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Contexto atual
CONTEXTO ATUAL
Assegurar o transporte aéreo do República, do Vice-Presidente da República, dos Ministros de Estado A estrutura doPresidente Grupo dedaTransporte Especial é dividida, operacionalmene de altas autoridades e estrangeiras, bem como realizar Aeromédica, com equipamento do tipo te, emnacionais três Esquadrões. Cada um deles, comEvacuação suas características e capaciUnidade de Terapia Intensiva Aéreaintegram do COMAER, e missões em apoio às demais a Organizações do COMAER, quando dades distintas, um Grupo coeso e operacional fim de formar um determinado peloconjunto Comandante da Aeronáutica. eficaz no cumprimento da missão principal, o transporte especial
com segurança e excelência. A seguir, uma breve descrição de cada Esquadrão e seu retrato do presente momento:
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GTE-1 O Primeiro Esquadrão do Grupo de Transporte Especial (GTE-1) é responsável pelo transporte do Presidente da República e de sua comitiva, além de cumprir missões de interesse do Gabinete do Comandante da Aeronáutica. Para cumprir sua missão, o GTE-1 conta atualmente com três aeronaves de dois modelos distintos: um Airbus A-319 CJ, de designação militar VC-1,
utilizado exclusivamente para o transporte do Presidente da República, e duas aeronaves Embraer 190 PR, de designação militar VC-2, utilizadas principalmente para o transporte da comitiva de apoio presidencial, além de servir como aeronave reserva do VC-1. A necessidade de operação nas mais variadas localidades do globo terrestre faz do GTE-1 um Esqua-
drão dinâmico e versátil. A customização das aeronaves permite o cumprimento de missões intercontinentais sem escalas intermediárias para abastecimento. Com a premissa da segurança em primeiro lugar e o conforto dos passageiros como ação também essencial, o 1° Esquadrão vem há 80 anos cumprindo sua missão de forma eficiente, segura e responsável.
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GTE-2 Com uma frota de 10 aeronaves, o GTE-2 tem a capacidade e a atribuição de cumprir, além de Missões de Transporte Especial, as seguintes missões: de Misericórdia (transporte de enfermos, UTI aérea e transporte de órgãos); de Verificação do Sistema de Defesa Aérea; e Missões que têm por finalidade atender às necessidades operacionais e logísticas da
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própria Força Aérea (translado, treinamento, instrução, manutenção e verificação). As aeronaves, tipo ERJ-145 e ERJ-135, são de origem nacional fabricadas pela EMBRAER e amplamente utilizadas ao redor do mundo, com foco na aviação regional e executiva. Na Força Aérea Brasileira, recebem a designação
de VC-99 A, B ou C (dependendo da versão e configuração). O projeto, de reconhecido sucesso mundial, completa 15 anos de serviço no GTE e já voou aproximadamente 120.000 horas, cumprindo com maestria suas missões em função de sua elevada versatilidade, agilidade, conforto e segurança, operando em diferentes configura-
ções que permitem o transporte de comitivas de 12 (doze) até 50 (cinquenta) passageiros, instalações de macas para UTI Aérea e operação em aeródromos com pistas de dimensões a partir de 1500m. Tais características permitiram pousar em diversas cidades espalhadas pelos 26 (vinte e seis) Estados do Brasil e 95 (noventa e cinco) países.
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GTE-3 O 3° Esquadrão do Grupo de Transporte Especial foi criado em 2005 a partir da estrutura existente no 1° Esquadrão do GTE. Dotado apenas de aeronaves de asas rotativas, possui como principal missão o transporte do Senhor Presidente da Repú-
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blica. Caracterizado por ser um grupo bastante diversificado em termos de experiência, é majoritariamente constituído de pilotos e mecânicos oriundos dos diversos Esquadrões de Asas Rotativas da Força Aérea Brasileira. Desde sua origem, vem empre-
gando as mais modernas e seguras aeronaves existentes. No passado, operou as aeronaves VH-55 Esquilo Biturbina e o VH-34 Super Puma. Atualmente, emprega as aeronaves VH-35 (EC135 P2+) e VH-36 (EC225), ambas configuradas na categoria VIP.
A primeira, com peso máximo de decolagem de 2900kg e autonomia de três horas, permite o transporte de 04 (quatro) passageiros e pouso nos mais diversos helipontos das grandes capitais brasileiras. A segunda, dotada da mais avançada aviônica
presente, com peso máximo de decolagem de 11 toneladas e autonomia de 03:50h, é utilizada nas missões de grande raio dentro e fora do país, possibilitando o transporte de até 10 passageiros. A busca pela excelência, o afinco
na manutenção da segurança de voo e o entusiasmo no cumprimento da missão fazem parte da doutrina do efetivo do GTE-3, garantindo a pontualidade e a segurança no transporte do Presidente da República aos mais remotos locais do Brasil.
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Histórias marcantes Pioneirismo
Cap Av Malta Falar, no ano de 2021, sobre o espaço da mulher no mercado de trabalho já não é um assunto inovador. Entretanto, cabe um destaque especial nos registros da Força Aérea Brasileira (FAB) àqueles que, nos primórdios, buscaram a inovação e a abertura das primeiras portas para o segmento feminino na Aviação Militar. Criado em 1941, inicialmente designado Seção de Aviões de Comando, foi sediado na antiga capital federal (Rio de Janeiro). Unidade específica para o transporte presidencial e de altas autoridades, foi denominado Gru-
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po de Transporte Especial (GTE), em 1957, e foi transferido para o planalto central junto com a nova sede do governo. Em mais um 04 de junho, mesmo após 80 anos de sua criação, esta distinta organização segue fiel a uma de suas características congênitas: o PIONEIRISMO. A inclusão das mulheres em seu quadro de tripulantes ocorreu em 2010, quando o Grupo abriu um processo seletivo para receber as primeiras comissárias de voo. As militares selecionadas qualificaram-se como comissárias de bordo em uma escola de aviação civil, em Campinas-SP, e concluíram sua formação operacional na Unidade. Ainda no efetivo do GTE, a 2º Sargento BEI Tânia Gabriela de Borba
Marinho, uma das comissárias pioneiras, realizou seu último voo em 2018, após oito anos no quadro de tripulantes. “Foi uma experiência maravilhosa, tanto profissional quanto pessoal, pois atuei desde o planejamento e controle da aeronave presidencial, passando pela manutenção e pela execução da missão em si, como tripulante. Poder ingressar no quadro de tripulantes acrescentou, em muito, meus conhecimentos técnicos.” Durante o período em que foi aeronavegante, a militar teve a oportunidade de conhecer 36 países em missões presidenciais, conduzindo com profissionalismo e excelência as suas atividades. “Todas as comissárias da turma concordam que foi uma experiência desafiadora. Graças ao nosso esforço
e dedicação, foi possível que outras militares seguissem os nossos passos. Temos muito orgulho deste pioneirismo e de termos deixado esse legado.” Legado que foi além e rompeu barreiras. A 2º Sargento BEI Germana Cristina de Lacerda Davi chegou no GTE em 2008, diretamente da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR). Atuou inicialmente na manutenção das aeronaves VU-35A Learjet e, posteriormente, nas aeronaves VC99 Legacy. Sua trajetória no GTE foi marcada por grandes conquistas, sendo escolhida graduada padrão no ano de 2016. Em 2017, exercendo a função de mantenedora do GTE-2, subiu mais um degrau em sua vida profissional, passando a atuar como Inspetora de Manutenção.
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80 anos A incansável mantenedora, que sempre apresentou dedicação e vibração em todas as suas ações, escreveu mais uma página do pioneirismo: ingressou no quadro de tripulantes, como mecânico de voo, em abril de 2019. A função requer ainda mais disponibilidade e competência, uma vez que o militar pode atuar, muitas
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vezes, sozinho e sem apoio na solução de problemas durante as missões fora de sede. Dessa forma, mais uma vez o GTE e a FAB mostraram que capacidade e empenho são atributos primordiais para o cumprimento da missão, independente de gênero. “O GTE me concedeu a oportunidade de iniciar as atividades de voo,
aperfeiçoando mais o meu conhecimento em relação à manutenção e operação das aeronaves. Não poderia deixar de citar também as missões realizadas e as verdadeiras e duradouras amizades que conquistei nesses 13 anos de Esquadrão.” – diz a Sargento Cristina. O Grupo de Transporte Especial fez
parte também da progressão operacional da Major Aviadora Carla Alexandre Borges Garcia. Oriunda da Aviação de Caça, foi movimentada para Brasília em 2014 e passou a voar a aeronave VC-99. Em 2016, já como efetivo do Grupo, realizou o curso da aeronave VC-1, Airbus A-319. Hoje, instrutora de voo, possui mais de 850
horas nas asas do GTE e relembra: “é muito além do que eu imaginava. Estou orgulhosa de ter chegado aonde eu cheguei. É uma conquista muito grande para mim.” O GTE não só relembra e destaca o pioneirismo das comissárias, aviadoras e mecânicas de voo que fizeram parte dessa história, mas também
enaltece as 20 mulheres que, atualmente, compõem os diversos quadros de tripulantes. O espírito de vanguarda do Grupo se manteve intacto ao longo dos seus 80 anos, abrindo portas e mostrando que dedicação, profissionalismo e responsabilidade continuam sendo os principais atributos de seus integrantes.
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Histórias marcantes Operação Regresso à Pátria Amada Brasil Nos Bastidores da Missão Maj Av Lacerda Dezembro de 2019. O mundo se viu assustado com as incertezas do surgimento de um novo vírus na China. Redes sociais disseminavam notícias de pânico e vídeos de pessoas gravemente acometidas. O vírus estava no ar, no esgoto, nas calçadas e sufocava os doentes em questão de horas... Esse foi o clima de incerteza da virada do ano de 2019. Enquanto muitos países ainda celebravam o
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início de 2020 sem ter a exata noção da gravidade dos fatos, a China começava a implantar regimes de isolamento e quarentena. Com o mundo integrado e globalizado, não demorou para que o SARS-CoV-2 chegasse ao outro lado do planeta. Fevereiro de 2020. A realidade da nova doença COVID-19 começou a bater na porta do Ocidente. Fronteiras foram fechadas, a circulação entre os países ficou restrita e os blocos econômicos começaram a desfalecer. O ve-
lho mundo assistiu à contaminação desenfreada e ao colapso do sistema de saúde da Itália. A crise havia chegado. No meio desse cenário, o Grupo de Transporte Especial figurava como opção para um eventual resgate de 38 brasileiros isolados em Wuhan (China), que tinham o regresso à pátria amada como uma luz de esperança. Com as fronteiras fechadas e a malha aérea suspensa, os voos de repatriamento de nacionais tornaram-se a única forma viável para
sair do epicentro da pandemia e cruzar o mundo em direção ao Brasil. Nesse momento, entraram em cena os militares. Especificamente os homens de azul que juraram defender a pátria com o sacrifício da própria vida. As aeronaves que executam o transporte especial foram os vetores escolhidos para cumprir a missão. Afinal, existia transporte mais especial do que esse? Se cruzar o mundo em direção ao Oriente já é um desafio em condições
normais, imagine em meio às restrições que foram impostas? Como cruzar o globo sem pernoitar em nenhum país e com diversas nações se recusando até mesmo a receber aeronaves estrangeiras para reabastecimento técnico? Os setores de operações aéreas dos Esquadrões do GTE, bem como o Estado Maior da Aeronáutica (EMAER) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) iniciaram uma série de planejamentos para possibilitar a execução da missão em segurança,
e obter as autorizações necessárias. Inicialmente as rotas deveriam passar pela África e Oriente Médio, pois a Europa era a região com as maiores restrições. O tempo era nosso inimigo. A decolagem deveria ser realizada em menos de 24 horas. Mas decolar para onde? Qual seria a rota a ser voada? A única certeza: uma rota rumo a um vírus desconhecido, que, naquele momento, assombrava a todos. Como evitar a contaminação de nossos tripulantes e garantir a todos os brasileiros
que não estaríamos buscando o vírus junto com os nossos conterrâneos? Juntos somos mais fortes. Um trabalho interministerial entre os Ministérios da Defesa, Saúde, Relações Exteriores e Agências Governamentais criou a “Operação Regresso à Pátria Amada Brasil”. A Força Aérea Brasileira como protagonista da operação passava a enfrentar esse desafio. Percebeu-se que seria necessário um esforço conjunto: 2 aeronaves VC-99B Legacy, do 2° Esquadrão do
GTE, fariam o transporte antecipado de 4 tripulações completas de 2 aeronaves VC-2, do 1° Esquadrão do GTE. Tal ação permitiria o revezamento das equipagens e uma condução segura da missão. Varsóvia, no frio da Polônia, foi a cidade escolhida como base para toda a movimentação. Mas como foi essa preparação? Na madrugada do dia 03 de fevereiro de 2020, executando um planejamento conjunto, os militares do GTE-1 e GTE-2 chegaram à conclusão que
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eram necessários 14 pilotos, 8 mecânicos, 16 comissários e 4 operadores de comunicações da aeronave VC-2 para o cumprimento da missão, devido ao tamanho do envolvimento: cruzar o globo, ida e volta, com duas aeronaves, ininterruptamente. Todos os tripulantes internos e externos foram acionados! Férias canceladas, militares que já estavam fora de sede foram convocados a retornar, planos modificados por um motivo maior. O esforço máximo foi empregado e a essência do dever militar foi posta em prática: sacrifício dos interesses pessoais em prol dos interesses da nação. Além disso, a estrutura do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI-PR) foi integrada para
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coordenar todo o apoio de solo necessário às aeronaves ao longo das localidades. O Instituto de Medicina Aeroespacial da Aeronáutica (IMAE) foi acionado para compor as tripulações com equipes médicas capacitadas em Defesa Química Biológica Radiológica e Nuclear (DQBRN) que fariam a triagem e o acompanhamento dos passageiros, bem como a preparação das aeronaves e tomariam as medidas de proteção aos demais tripulantes. Junto com representantes do Ministério da Saúde, eles foram os responsáveis pela contenção do vírus e isolamento dos passageiros. Termos como TYVEC (traje especial de proteção), filtro HEPA (filtro a bordo da aeronave que é capaz de reter e diminuir
a circulação do vírus), zona quente, zona morna e zona fria (áreas da aeronave com risco alto, médio e baixo de contaminação) passaram a figurar no vocabulário de nossos militares. O risco era iminente... a missão era real. No dia 04 de fevereiro de 2020, as aeronaves FAB 2583 e FAB 2584 decolaram de Brasília transportando 22 tripulantes de VC-2. Após escala em Fortaleza, Ilha do Sal (Cabo Verde) e Lisboa (Portugal), a equipe precursora aterrissou no Leste Europeu. Primeira etapa concluída, tudo certo? Nem tanto. O FAB 2584 apresentou problema de pressurização e teve que completar o trecho Lisboa-Varsóvia no FL 250, gerando a necessidade de um replanejamento
e análise dos dados de voo. Após o pouso, mais um desafio: fazer a manutenção da aeronave e prepará-la para a volta em meio ao frio polonês. Enquanto isso, em Brasília, no dia 05 de fevereiro, em cerimônia que contou com a presença do Presidente da República e do Ministro da Defesa, as aeronaves FAB 2590 e FAB 2591 decolaram. Foi dada a largada oficial em busca dos nossos conterrâneos, mas o GTE já estava do outro lado do Oceano Atlântico preparando o caminho. No dia 06 de fevereiro às 06 horas (UTC), as aeronaves VC-2 aterrissaram na Polônia. A baixa temperatura começou a castigar os tripulantes. Não existia o número de trajes de frio necessários para uma missão
desse vulto com tantos militares envolvidos ao mesmo tempo. Os mecânicos do GTE desafiaram as baixas temperaturas tirando, além da pane de pressurização do FAB 2584, uma pane de APU do FAB 2591. Nesse momento seria realizada a troca dos tripulantes de VC-2 pelos que haviam sido transportados pelo GTE-2 nas aeronaves VC-99B. Podíamos prosseguir? Negativo... ainda não existia autorização para o pouso na China. A decolagem de Varsóvia foi, portanto, atrasada em 21 horas devido à janela de autorização de pouso na China para às 16 horas (UTC), do dia 07 de fevereiro. Antes do pouso em Wuhan, foi necessário um pouso técnico no frio
intrépido de Urumqi (China). Houve atraso nos procedimentos de solo, que duraram cerca de 3 horas, devido à necessidade de imigração, preenchimento de formulários e procedimentos de De-Icing e Anti-Icing (retirada e prevenção de gelo) das aeronaves. Próxima parada: Wuhan. O tempo de solo em Wuhan foi relativamente rápido. Foi realizada uma avaliação clínica dos passageiros pelas equipes médicas da FAB para que os embarques fossem autorizados. Dentre os repatriados, conforme coordenação diplomática entre o Brasil e a Polônia, país que abriu as portas e permitiu que toda a operação pudesse ser realizada, embarcaram 2 poloneses. A primeira etapa esta-
va concluída ... restava toda a volta. O pouso técnico de regresso em Urumqi, já com os repatriados a bordo das aeronaves, foi mais ágil. Apenas o mecânico de cada aeronave, utilizando o traje de proteção TYVEC foi autorizado a desembarcar. As aeronaves prosseguiram de volta a Varsóvia. Após o pouso na Polônia, as aeronaves não foram autorizadas a ingressar no pátio, estacionando na própria pista do aeródromo, que foi interditada. Foi necessária uma intensa coordenação diplomática para a viabilização desse pouso, visto que o governo polonês queria redirecionar as aeronaves para uma base militar longe de Varsóvia, o que dificultaria a troca dos tripulantes e, não foi possível, devido
à necessidade de maior autonomia de combustível para as aeronaves. Os mesmos tripulantes que haviam conduzido em segurança as duas aeronaves VC-2 no trecho Brasília-Varsóvia seriam os responsáveis pelo regresso. Todos tiveram que passar por um sítio de descontaminação preparado pelos poloneses, procedimento de segurança essencial mas que retardou a decolagem. As autorizações de sobrevoo eram constantemente atualizadas devido aos atrasos e evoluções, gerando um esforço incessante do EMAER e das Aditâncias Militares envolvidas. Quando tudo estava pronto para o regresso, surgiu a restrição de não sobrevoar o espaço aéreo da Áustria. Foi necessário
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80 anos um desvio passando pelos territórios da Alemanha e da França para que as aeronaves seguissem em rota. Próxima parada: Las Palmas. Após o pouso, mesmo com todas as coordenações prévias, não foi autorizada a descida dos mecânicos das aeronaves. Uma equipe técnica local, familiarizada com o EMB-190 seria a responsável pelo reabastecimento. Porém, foram abastecidos apenas os tanques principais das aeronaves. As aeronaves VC-2 possuem tanques adicionais incorporados à fuselagem, que as diferem das demais aeronaves de seu modelo. Foram necessárias diversas tratativas que
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culminaram na necessidade dos comandantes das aeronaves redigirem uma carta de próprio punho declarando que apenas um representante desembarcaria, com traje especial, para realizar o abastecimento, bem como todas as medidas de segurança seriam respeitadas e que não existiam pessoas a bordo das aeronaves com sintomas de “coronavírus” (jargão inicialmente utilizado na pandemia). Todo o processo durou 04 horas e 30 minutos com as aeronaves em solo. Em Fortaleza, após 85 horas e 30 minutos da saída do Brasil, foi autorizado apenas o reabastecimento das aeronaves. A decolagem foi progra-
mada em direção à Base Aérea de Anápolis, localidade escolhida e preparada para receber os envolvidos na operação Regresso à Pátria Amada Brasil e proporcionar todo o apoio médico e medidas sanitárias necessárias: a famosa quarentena. Na chegada em SBAN (código designativo utilizado na aviação correspondente ao aeródromo de Anápolis), as condições meteorológicas estavam muito degradadas. As duas aeronaves arremeteram no procedimento ILS da pista 24R (direita) e não conseguiram realizar o pouso. Após 90 horas de missão, um dos últimos desafios: utilizar o recolhimento PAR, nome dado à aproxima-
ção radar de precisão que é utilizada somente pelos pilotos militares, com o suporte de controladores de voo habilitados. Mais uma vez todo o preparo, dedicação, empenho e operacionalidade da FAB foram testados: após o procedimento PAR da pista 06L (esquerda) da Base Aérea de Anápolis, os pilotos do FAB 2590 e 2591 visualizaram a pista e concluíram a missão: todos os repatriados desembarcaram em segurança. E o mais importante: após exames e quarentena, foi concluído que nenhum tripulante ou passageiro havia sido infectado. O momento foi de euforia. Todos sabiam que a missão seria concluí-
da. Porém, durante o desembarque, a alegria e o orgulho de ser brasileiro estavam marcados no semblante dos repatriados. A bandeira do Brasil era conduzida por um deles e a satisfação do dever cumprido tomava conta de todos que assistiam na televisão o momento tão importante. Uma vitória que não foi somente dos homens de azul, da Força Aérea Brasileira, do Governo Federal e todos os órgãos e ministérios envolvidos. Uma vitória que foi da nação, da pátria amada, que cruzou o globo em busca de seus filhos. Mas e as aeronaves FAB 2583 e 2584 que conduziam os tripulantes que efetivamente pousaram na Chi-
na, conduzindo as aeronaves VC-2 e desembarcaram na Polônia? Enquanto o clima era de festa celebrando a vitória e a missão cumprida, essas aeronaves e seus militares cumpriam o dever em silêncio, em um demorado retorno ao Brasil... pane no solo em Cabo Verde com avaria leve no para-brisa, 6 horas de solo dentro do avião aguardando o nascer do sol e a autorização de regresso pelos elos logísticos da FAB em coordenação com o fabricante da aeronave, em níveis de voo baixos com a aeronave despressurizada, sobre o Oceano Atlântico, foram apenas detalhes ... que não comprometeram o sucesso
da missão. Após 111 horas e 45 minutos de envolvimento, o FAB 2584 aterrissou em segurança em Fortaleza. A Operação Regresso à Pátria Amada foi um grande sucesso, muito embora tenha sido apenas a primeira batalha na guerra contra a COVID-19, que persiste até hoje. Nos meses seguintes, a FAB voaria mais de 5.000 horas no transporte de enfermos, respiradores, cilindros de oxigênio, profissionais de saúde, outras missões de repatriamento e todas as ações necessárias para o enfrentamento à pandemia. Uma guerra que ainda não acabou, mas que conta incessantemente com o apoio dos homens de azul.
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80 anos
GTE DO FUTURO Cap Av Freitas, Cap Av Junqueira, Cap Av Calenzani e Cap Av Felipe Malta Planejar o futuro é uma ação imprescindível para se manter um status de excelência no tempo presente. É dessa forma que o GTE vem constantemente se adaptando e inovando no transporte especial, tanto na assessoria para aquisição de aeronaves e equipamentos, quanto no aprimoramento de capacidades e doutrina de voo. O GTE possuiu em sua e
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frota
aviões
helicópteros
com tecnologia avançada, porém
Para o AIRBUS A319-133CJ, o
pacote para a realização dos proce-
sempre há espaço para melhorias
nosso VC-1, vislumbra-se a aquisi-
dimentos de aproximação RNP (AR)
e adequações. Por exemplo, recen-
ção do FANS A+B ou FANS C (Future
- Required Navigation Performance
temente as aeronaves VC-2 e um
Air Navigation Systems). Tal sistema
(Authorization Required), possibilita-
exemplar do VC-99B receberam a
permite a comunicação entre aerona-
ria a realização de aproximações IFR
instalação do sistema ADS-B, vi-
ve e órgão ATC, em áreas remotas
em uma gama maior de aeródromos,
sando aprimorar a comunicação
ou continentais, por meio de mensa-
sob condições específicas de terreno
entre aeronaves e controladores,
gens de texto, sendo mais confiáveis
e meteorologia, elevando nossa ca-
possibilitando maior eficiência e se-
que as mensagens de voz, usual-
pacidade operacional.
gurança no tráfego aéreo, principal-
mente adotadas. Já o HUD (Head Up
Para os VC-2, EMBRAER E-190,
mente em rotas internacionais; em
Display) é uma possibilidade comple-
espera-se, num futuro próximo, au-
breve, outro VC-99B também con-
mentar à aviônica existente, sendo
mentar ainda mais a consciência
tará com essa tecnologia.
totalmente integrado ao cockpit, for-
situacional dos pilotos através da
Em termos de aquisições e atualiza-
necendo a trajetória real da aeronave
instalação do SVS (Synthetic Vision
ções, alguns estudos estão andamento
e aumentando a consciência situa-
System), que utiliza banco de dados
para cada projeto voado, por exemplo:
cional do voo. Por fim, a aquisição do
de terreno, obstáculos, hidrológicos
entre outros, armazenados a bordo
naves PRAETOR 600, também fabri-
tar até 12 passageiros, com autono-
redução da carga de trabalho da tri-
da aeronave e que transmite estas
cadas pela nacional EMBRAER e que
mia para voar até 450 NM com 20
pulação, acurada consciência situ-
informações por meio do sistema
surgem como uma revolução da bem
minutos de reserva, e, velocidade de
acional e redundância de sistemas,
de navegação da aeronave, direta-
sucedida linha Legacy. Vantagens re-
cruzeiro de 160 kt, sendo capaz de
com piloto automático nos 4 eixos e
mente nas telas de navegação dos
lativas à capacidade de navegação,
operar em Categoria A, CAT – A, em
capacidade de realização de procedi-
pilotos. Uma solução que permite
maior conforto, maior autonomia e
todas as fases do voo. Em termos de
mentos RNP-AR.
visualizar em 3D o ambiente de voo.
menores custos de operação podem
tecnologias, o VH-X terá uma redu-
Por fim, destacam-se como atitu-
Na linha EMBRAER E-135, os
ser vistos como uma substituição efi-
ção no seu nível de ruídos em 50%,
des majoritárias do efetivo do GTE,
ciente dos vetores aéreos.
quando comparado aos modelos atu-
o entusiasmo com o cumprimento da
VC-99 operados pelo GTE-2, além da iniciada instalação do sistema
Quanto aos helicópteros, que ope-
ais, e redução dos níveis de vibração
missão, a observância constante da
ADS-B, avançam os estudos quanto
ram vetores modernos e eficazes, há
comparados ao de jatos executivos.
segurança de voo e o foco no apri-
à renovação de interiores para pro-
um projeto para unificar as capacida-
A aviônica do VH-X será a primeira
moramento contínuo, independente-
porcionar maior conforto e moderni-
des que o VH-35 e VH-36 oferecem
totalmente desenvolvida e integrada
mente dos meios e recursos disponí-
dade aos passageiros.
num único vetor, que poderia ser cha-
por uma fabricante de aeronaves de
veis. A busca pela melhoria contínua
Uma outra opção de modernização
mado de VH-X. Teria como principais
asas rotativas, que proverá elevados
faz parte desta organização que tra-
ou substituição da frota, seriam aero-
requisitos a capacidade de transpor-
padrões de segurança, expressiva
balha com foco na excelência.
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GTE -
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80 anos
Comandante da Aeronáutica Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior Chefe do GABAER Major-Brigadeiro do Ar Ary Soares Mesquita Comandante do GTE Tenente Coronel Aviador Wallace Gonçalves Teixeira
Produção: Major Aviador Luiz Dircineu Lacerda Junior Capitão Aviador Leopoldo Augusto de Almeida Luz Capitão Aviador Mateus Henrique Rodrigues de Oliveira Capitão Aviador Luiz Henrique Lima da Silva Sargento BMA Luiz Paulo de Sousa e Cruz Projetos gráficos: 1º Tenente QOCON Wander Marcel Barros Chaves
Revisão gramatical: Efetivo GTE Fotografia: Acervo FAB Apoio: CECOMSAER
Diagramação: Suboficial Cláudio B. Ramos Suboficial Leandro Augusto dos Santos Leite Sargento Polyana Rithielly Santa Rosa da Silva
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