Revista do Comando de Preparo Nº 2 - Setembro de 2021

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EXPEDIENTE Comandante de Preparo Ten Brig Ar Sergio Roberto de Almeida

SUMÁRIO Chefe do Estado-Maior do COMPREP Maj Brig Ar Raimundo Nogueira Lopes Neto &KHIH GD 6XEFKH¿D GH $YDOLDomR H 'RXWULQD GR COMPREP Brig Ar Alessandro Cramer

EDITORIAL_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 04

&KHIH GD 'LYLVmR GH 'RXWULQD Ten Cel Av Lucas Sousa Dantas de Araujo

INTERCEPTAÇÃO TÁTICA PARA O ACCEPTABLE RISK LEVEL ESTABELECIDO_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 05

Editor-Chefe Ten Cel Av Anderson Gomes do Rosario Werneck (GLWRUHV $VVLVWHQWHV Maj Av Raphael Efísio da Silva Maj Av Humberto Baldessarini Pires Maj Av Hélio Maciel Kiyohara dos Santos Maj Esp Fot Robert Cardoso Fernandes de Almeida Maj Av Peterson Flávio Lima de Souza Maj Av Otávio de Carvalho Spiller &RQVHOKR (GLWRULDO &LHQWt¿FR Cel Av Juliano Barros Cota Cel Av R1 Gilson Jerônimo Nantes Gonzales Cel Inf R1 Jorge Andre Carneiro da Cunha Ten Cel Av Tiago Josué Diedrich Ten Cel Felipe Bombarda Guedes Ten Cel Av Marcio Rassy Teixeira Ten Cel Av Reinaldo Alves da Silva Maj Av Fabrício Ferreira de Sá Maj Av Ivo Cheregati &DSD $UWH

SO BET R1 Antonio Carlos do Nascimento

COLABORATIVIDADE E FONTES ABERTAS: INTELLIPEDIA, UM CASO DE SINERGIA A SERVIÇO DA INTELIGÊNCIA_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 09

SGDC: UM ESTUDO DE CASO PARA OTIMIZAÇÃO DE MANOBRAS DE EVASÃO_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 16

ATUAÇÃO DO KC-390 NAFAB: INSTRUMENTALIZAÇÃO DO PODER AEROESPACIAL_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 21 INFLUÊNCIA DO RECURSO DE AGILIDADE EM FREQUÊNCIA NO ALCANCE DE DETECÇÃO RADAR _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 27 O AUMENTO DA CONSEQUÊNCIA SITUACIONAL DA GERÊNCIA DE SAFETY COM A IMPLANTAÇÃO DO LOSA _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 32 GESTÃO DE RISCO: APLICAÇÃO NA ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA DE UMA ORGANIZAÇÃO MILITAR_ _ 38

'LDJUDPDomR 3º Sgt SIN Thamires Louzada de Souza CÁLCULO AUTOMÁTICO DAS ALTITUDES MÍNIMAS DE SEGURANÇA PARA VOOS MILITARES_ _ _ _ _ 44 Os conceitos e opiniões emitidos nas colunas e artigos são de responsabilidade exclusiva de seus autores. Estão autorizadas transcrições, integrais ou parciais dos trabalhos publicados, desde que mencionados o autor, a fonte e remetido um exemplar para o COMPREP. Para informações e submissões de artigos, envie um email para: revistapreparo@gmail.com

O EMPREGO DE AERONAVES REMOTAMENTE PILOTADAS ARMADAS NO BRASIL: UMA BREVE ANÁLISE CURRICULAR _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 50 KC-390 E PROJEÇÃO DO PODER AEROESPACIAL BRASILEIRO: COOPERAÇÕES BILATERAIS NA AMÉRICA DO SUL_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 57


(',725,$/

Tenente-Brigadeiro do Ar Sergio Roberto de $OPHLGD, Comandante do COMPREP..

Caro leitor, ³3UHSDUDU PHLRV GH )RUoD $pUHD VRE VXD UHVSRQVDELOLGDGH D ¿P GH PDQWHU D VREHUDQLD GR HVSDoR aéreo e integrar o território nacional”. (VVD p D QREUH H GHVD¿DGRUD PLVVmR GR QRVVR &RPDQGR GH 3UHSDUR &2035(3 H HP GHFRUUrQFLD disto, estabelecemos a nossa visão de futuro: “Organizações Militares subordinadas ao COMPREP FDSDFLWDGDV D UHDOL]DU $o}HV GH )RUoD $pUHD HP FHQiULRV HVSHFt¿FRV QD GLPHQVmR DGHTXDGD H QR PRPHQWR oportuno”, inspirando e motivando todas as nossas organizações rumo à consecução dos objetivos setoriais e ao cumprimento de suas tarefas. Jamais podemos nos esquecer dela, a guerra, em suas complexas multifaces. Moderna e, muitas YH]HV LQXVLWDGD H[LJH TXH R SUHSDUR GDV IRUoDV VHMD UHDOL]DGR GH PDQHLUD FDGD YH] PDLV FULDWLYD H H¿FLHQWH O COMPREP, bem como suas unidades subordinadas, após a reestruturação da FAB, agora FRQVROLGDGR HP VHXV SURFHVVRV H PDLV IRFDGR QR IDWRU RSHUDFLRQDO EXVFD PDLRU H¿FLrQFLD QR DGHVWUDPHQWR PRVWUDQGR PDLRU HIHWLYLGDGH jV DWLYLGDGHV GH LQVWUXomR H 35(3$52 UHÀHWLQGR HP XPD PHOKRU TXDOL¿FDomR da tropa e maior economicidade nos meios empregados. A Força Aérea Brasileira transformou-se profundamente nos últimos anos, adquirindo novas DHURQDYHV LQFRUSRUDQGR WHFQRORJLDV H LPSODQWDQGR VLVWHPDV TXH PRGL¿FDUDP D IRUPD GH HQWHQGHU H GH aplicar o Poder Aeroespacial. Aeronaves como o P-3AM e o H-36 Caracal, seguidas pelos novos F-39 Gripen e o KC-390 já são uma realidade em nossa Força Aérea. Estas plataformas de combate, equipadas com armamentos e sensores adequados, nos colocam na vanguarda do que há de mais moderno em termos de tecnologia no mundo. &RQWXGR UHVVDOWDPRV TXH HVWDV FRQTXLVWDV UHÀHWHP DTXLOR TXH D QRVVD LQVWLWXLomR WHP GH PDLV valioso: os nossos recursos humanos, que devem estar motivados, doutrinados e permanentemente bem treinados. A produção desta revista, com enfoque operacional, resultado do esforço irrestrito dos nossos homens e mulheres, indubitavelmente, contribui para que possamos cumprir a nossa missão institucional e PDQWHUPRV R 35(3$52 GRV QRVVRV FRPEDWHQWHV FRP IRFR H[FOXVLYR QD QRVVD DWLYLGDGH ¿P “Lembrai-vos da Guerra!” Tenente-Brigadeiro do Ar Sergio Roberto de $/0(,'$

Comandante de Preparo

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,17(535(7$d­2 7È7,&$ 3$5$ 2 ACCEPTABLE RISK LEVEL (67$%(/(&,'2 TACTICAL INTERPRETATION FOR THE ACCEPTABLE RISK LEVEL ESTABLISHED

Ten Cel Av Thiago 5RPDQHOOL Rodrigues 3ULPHLUR (VTXDGUmR GR 'pFLPR 4XDUWR *UXSR GH $YLDomR *$Y

Concluiu o CFOAv em 2001. Realizou o Curso de Tática Aérea pelo Grupo de Instrução Tática H (VSHFLDOL]DGD R &XUVR GH 3LORWR GH &DoD QR *$Y R &XUVR GH /tGHU GH (VTXDGULOKD GH &DoD QR *$9 D HOHYDomR j /tGHU GH 3DFRWH GH 'HIHVD $pUHD ± $'3/ QR *$Y R 0%$ HP *HVWmR 3~EOLFD SHOD 8QLYHUVLGDGH )HGHUDO )OXPLQHQVH R &XUVR GH $SHUIHLoRDPHQWR GH 2¿FLDLV SHOD (VFROD GH $SHUIHLoRDPHQWR GH 2¿FLDLV GD $HURQiXWLFD H R &XUVR GH &RPDQGR H (VWDGR 0DLRU SHOD (VFROD GH &RPDQGR H (VWDGR 0DLRU GD $HURQiXWLFD $WXDOPHQWH p R &RPDQGDQWH GR *$Y Contato: romanellitrr@fab.mil.br

RESUMO

$%675$&7

Em toda a missão aérea de emprego ar-ar, os líderes devem planejar suas táticas de combate de acordo com as intenções de Comando. Dentre estas, faz VH SUHVHQWH R $FFHSWDEOH 5LVN /HYHO ± $5/ 1tYHO GH 5LVFR $FHLWiYHO TXH EXVFD PROGDU DV GHFLV}HV dos pilotos durante o planejamento e a execução de cada ação. O nível decisório operacional transmite o $5/ SRU PHLR GH RUGHQV H QHOH ¿FDP H[SOtFLWRV VRmente os dados a respeito da aceitabilidade de possíveis perdas. Tais informações, apesar de relevanWHV DFDEDP VHQGR LQVX¿FLHQWHV SDUD TXH RV OtGHUHV SRVVDP UHDOL]DU XPD DGHTXDGD UHÀH[mR SDUD PRQWDJHP GH VXDV Do}HV $ ¿P GH GHPRQVWUDU SDUkPHWURV tangíveis para os planejadores, esse trabalho teve o intuito de apresentar ideias com relação à interpretação dos limites táticos correspondentes ao nível de ULVFR GH¿QLGR SHOR &RPDQGR 6XSHULRU $OpP GLVVR mostrou-se as possibilidades de estabelecimento de uma Razão de Targeting, a qual permita, por meio da relação entre o número de radares dos caças F-5M versus a quantidade de aeronaves inimigas, saber se será possível cumprir os objetivos estabelecidos para o voo ou se a missão deverá ser abortada ou replanejada, por ter um risco mais elevado que o ARL estabelecido.

In every air-to-air mission, leaders must plan their tactics according to Command’s intentions. Among these, the Acceptable Risk Level – ARL, which seeks to shape the decisions of the pilots during the planning and execution of each action, is presented. The operational level transmits the ARL by means of orders and in it only the data regarding the acceptability of possible losses are made explicit. Such informaWLRQ KRZHYHU UHOHYDQW DUH LQVXႈFLHQW IRU WKH OHDGHUV WR FDUU\ RXW DQ DGHTXDWH UHÀHFWLRQ WR VHW XS WKHLU DFtions. In order to demonstrate tangible parameters for the planners, this work had the intention to present ideas regarding the interpretation of the tactical liPLWV FRUUHVSRQGLQJ WR WKH OHYHO RI ULVN GH¿QHG E\ WKH Superior Command. In addition, it has been shown as a possibility to establish a Targeting Ratio, which allows, through the relationship between the number of F-5M’s radars versus the number of enemy aircraft, to know if will be possible to achieve the goals IRU WKH ÀLJKW RU LI WKH PLVVLRQ VKRXOG EH DERUWHG RU re-planned, due a higher risk than established at the ARL.

3DODYUDV &KDYH Nível de Risco Aceitável. Planejamento de Missão AR-AR. Limites táticos. Razão de Targeting.

.H\ZRUGV Acceptable Risk Level. Planning AIR-TO-AIR mission. Tactical Limits. Targeting Ratio. PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 5


, ,1752'8d­2 O planejamento de uma missão aérea ar-ar é um processo que exige dos líderes a capacidade de executar uma grande análise de todos os aspectos relevantes para o voo e, pautando-se na ordem receELGD GR QtYHO VXSHULRU 2SHUDFLRQDO HODERUDU WiWLFDV que permitam o cumprimento de todas as tarefas sob sua responsabilidade. Devido à exiguidade de tempo disposto para que os pilotos elaborem o melhor plano, os planejamentos de cada missão são costumeiramente nuFOHDGRV QR PpWRGR GRV 7¶V 7DVN 7DUJHW 7KUHDW H 7DFWLFV XPD YH] TXH ³> @ D UD]mR SDUD XVDU RV 7¶V p SRUTXH R WHPSR p FXUWR QXQFD KDYHUi WHPSR VX¿ciente para fazer o plano perfeito. Os 4 T’s permitem às equipagens uma adequada estrutura para o planejamento da missão, além de acelerar o processo.” > @ 'HQWUR GR SULPHLUR 7 7DVN TXH UHSUHVHQWD D DQiOLVH GD WDUHID UHFHELGD R REMHWLYR GD PLVVmR há uma vasta quantidade de informações relevantes que devem ser levadas em consideração pelos OtGHUHV D ¿P GH SHUPLWLU TXH RV SUy[LPRV SDVVRV GR processo de planejamento possam ser executados. Dentre tais fatores, existe a necessidade de entenGLPHQWR GR $FFHSWDEOH 5LVN /HYHO ± $5/ 1tYHO GH 5LVFR $FHLWiYHO HPLWLGR SHOR &RPDQGDQWH GH XPD 2SHUDomR R TXDO WHP D LQWHQomR GH ³> @ FRPXQLFDU para os subordinados o objetivo que deve estar inserido em suas mentes quando forem executar as RUGHQV ´ > @ Mais precisamente, o ARL busca estabelecer ³> @ XPD GLUHWLYD GR &RPDQGDQWH SDUD PROGDU DV GHcisões durante o planejamento e a execução, especi¿FDQGR TXDO QtYHO GH SRVVtYHLV SHUGDV VmR DFHLWiYHLV SDUD DOFDQoDU RV REMHWLYRV GD PLVVmR ´ > @ ³2 $5/ p VXEGLYLGR HP 1HJOLJLEOH ,QVLJQL¿FDQWH /RZ %DL[R 0RGHUDWH RU 0HGLXP 0RGHUDGR RX 0pGLR +LJK $OWR H ([WUHPH ([WUHPR > @´ > @ 7DLV FODVVL¿FDo}HV VmR HPLWLGDV DRV SODQHMDGRUHV SRU PHLRV GDV $LU 7DVN 2UGHUV ± $72 2UGHP GH 7DUHID $pUHD RX PHVPR QDV 2UGHQV GH 2SHUDo}HV Exercícios, para que não haja dúvidas sobre as inWHQo}HV GR &RPDQGDQWH QtYHO RSHUDFLRQDO SDUD a elaboração dos planos aéreos táticos. No Brasil, assim como em outros países, o nível operacional utiliza somente os ARL High, Medium e Low. 7DEHOD , $5/ GD &58=(; > @

1Ë9(/ High Medium Low

'(),1,d­2 As perdas são esperadas. As perdas são aceitáveis. As perdas não são aceitáveis.

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0,66­2 OCA, Striker e RECCE. Airlift.

Tomando por base a Ordem de Exercício (;2325' GD &58=(; FRPSURYD VH WDO IDWR LGHQWL¿FDQGR VH TXH HP VHX $QH[R & $LU 2SHUDWLRQV Ki R HVWDEHOHFLPHQWR GHVVHV WUrV QtYHLV GH ULVFR GH¿QLGRV H HVWLSXODGRV SDUD FDGD PLVVmR D VHU executada pelos participantes, conforme a tabela anterior. (P FDGD $72 HPLWLGD Ki D FRQ¿UPDomR RX D alteração destes ARL inicialmente apresentados na EXOPORD, para permitir que os líderes executem o planejamento de cada missão a ser executada. Contudo, apesar de o risco ter sido devidamente estabelecido pelo nível operacional, perceEH VH TXH D GH¿QLomR p LQFRPSOHWD HP UHODomR D GHWDOKHV H HVSHFL¿FLGDGHV $R VH FRQVLGHUDU TXH VRmente saber se as perdas são esperadas, aceitáveis RX QmR DFDEDP VHQGR LQVX¿FLHQWHV FRPR JXLD SDUD D UHÀH[mR WiWLFD GH XP OtGHU QR FDVR SLORWR GH ) 0 durante o processo de planejamento de uma missão ar-ar. Dessa maneira, surgem relevantes questões a serem analisadas pelos planejadores no nível tático: como os pilotos deverão utilizar o ARL estabelecido, para o planejamento de cada missão? De que forma seria possível maximizar o potencial ofensivo das táticas, enquanto mantém uma capacidade deIHQVLYD VX¿FLHQWH SDUD PDQWHU DV SHUGDV HP FRQVRQkQFLD FRP R QtYHO GH ULVFR HVWDEHOHFLGR" 8PD VLPSOHV DGHTXDomR GDV 7KUHDW 5HDFWLRQV PDQREUDV GHIHQVLYDV FRQWUD HPSUHJR GH DUPDPHQWRV Mi VHULD VX¿FLHQWH SDUD GLIHUHQFLDU DV WiWLFDV DVVRFLDGDV D cada ARL? $ SDUWLU GH WDLV LQTXLULo}HV ¿FD H[SOtFLWR TXH há a necessidade de se estabelecer limites de agressividade de cada tática baseada no ARL designado. Para se conseguir pautar o sucesso de cada missão ar-ar aos níveis de perdas estipulados, faz-se mister D FDGD /tGHU 7iWLFR /7 H /tGHU GH 3DFRWH GH 'HIHVD $pUHD $'3/ EUDVLOHLUR FRQKHFHU RV OLPLWHV GH exposição e de enfrentamento às ameaças aéreas inimigas. ,, /,0,7(6 7È7,&26 %$6($'26 12 $5/ Conhecer os limites durante a operação, saber qual é “a última fronteira” em que uma missão planejada pode ser executada em acordo com o ARL é mandatório para o cumprimento das intenções de Comando estabelecidas. “É importante reconhecer que esses limites táticos só estabelecem balizas superiores para gerenciar quanto risco podemos assuPLU ´ > @ $ DXVrQFLD GH SDUkPHWURV WDQJtYHLV SRGH WUD]HU SUHMXt]RV j UHÀH[mR WiWLFD GR OtGHU GXUDQWH R planejamento da missão, o qual poderá extrapolar os limites impostos por cada nível de risco, ou até PHVPR ¿FDU PXLWR DEDL[R GRV PHVPRV TXDQGR YRando sob um ARL High, por exemplo. Tais situações


GHQRWDP D GL¿FXOGDGH QDWXUDO GRV SODQHMDGRUHV GH QmR FRQVHJXLUHP HODERUDU SODQRV GLVWLQWRV R VX¿ciente para atender o requisito de cada nível de risco em missões ar-ar. “Como maneira de deixar mais concreto os limites para táticas ar-ar, nucleados no ARL designado SDUD XP GHWHUPLQDGR YRR > @´ > @ SURS}H VH XP PRGR GH FRUUHVSRQGrQFLD FRQIRUPH H[SOLFLWDGR QD tabela abaixo: 7DEHOD ,, /LPLWHV GDV WiWLFDV $5 $5 EDVHDGR QR $5/ > @

1Ë9(/ '( 5,6&2 $&(,7È9(/ $5/

Low

Medium

High

'(),1,d­2

/,0,7(6 7È7,&26 $5 $5

Evite Merge FUXzamento com a Somente DPHDoD TXDQGR engajamentos possível. Aceite favoráveis são Merge somente aceitos. As com razão de Merperdas não ge superior. Use são aceitátáticas Launch & veis. Leave* ou Launch & Decide* como desejado. Engajamentos Merge com razão neutros ou em igual são aceitos. desvantagem Use táticas Launch são aceitos; & Decide se requeabandonos rido. Recolhimento para preserde aeronaves tem var forças são maior prioridade previstos. As que o objetivo da perdas são missão. aceitáveis. Perdas são Merge com razão inferior são aceiesperadas tos. Use táticas para se alcançar o objetivo; Launch & Decide prioritariamente. preservação de forças Recolhimento das FDSDFLGDGHV aeronaves se posIXWXUDV VH VtYHO HYLWH SDQHV ³VHFDV´ possível.

*Táticas “Launch and Leave” são aquelas em que o caça efetua o lançamento do armamento, abandonando a arena de combaWH QD VHTXrQFLD GH IRUPD D HYLWDU XPD DSUR[LPDomR 'LIHUHQtemente das táticas “Launch and Decide”, situação em que o caça pode inclusive manter-se ofensivo até o cruzamento com a ameaça dependendo do comportamento da mesma ou situação tática.

“O Merge é aceito quando não se é mais possível realizar defesa cinemática na Weapon EngagePHQW =RQH ± :(= =RQD GH HQJDMDPHQWR GR DUPDPHQWR GR LQLPLJR´ > @

&RQWXGR D GH¿QLomR GH UD]mR GH 0HUJH VXperior, igual ou inferior é bastante subjetiva, uma vez que tal índice está diretamente relacionado às caSDFLGDGHV H SUR¿FLrQFLDV GRV HTXLSDPHQWRV H GRV pilotos tanto amigos quanto oponentes. Uma possibilidade mais simples para expressar essa razão de Merge, para um piloto de F-5M, pode ser obtida por meio da Razão de Targeting, que é a relação entre o número de radares dos referidos caças versus a quantidade de aeronaves oponentes. De maneira prática, aponta-se que tal razão é a capacidade de um F-5M realizar o target de um grupo LQLPLJR TXH FRQWpP XP ORFN RQ XP DYLmR GHYLGR jV atuais capacidades radar e de armamento do supracitado vetor. Uma vez ciente da Razão de Targeting para o nível de risco estabelecido para uma determinada missão, o líder tem condições de saber se será possível cumprir os objetivos estabelecidos para o voo ou, em caso negativo, se a missão deverá ser abortada ou replanejada, por ter um risco mais elevado que o ARL estabelecido. A condição de ingressar em uma situação de Merge a partir de uma Razão de Targeting adequada caberá a cada piloto, também de acordo com o gerenciamento do risco. Para efeito de demonstração do núcleo da ideia descrita acima, aponta-se a necessidade de HODERUDomR GD VHJXLQWH WDEHOD D ¿P GH TXH R OtGHU de uma missão ar-ar possa utilizá-la no planejamento da tática do voo, balizando a execução, por meio de dados tangíveis, entre o ARL e a Razão de Targeting, os quais possibilitarão a decisão de GO ou NO-GO: Tabela III - Razão de Targeting com de acordo com o ARL para o F-5M.

1Ë9(/ '( 5,6&2 $&(,7È9(/ $5/

Low Medium High

5$=­2 '( 7$5*(7,1* *(1e5,&$

2:1 3:2 4:3

As razões elencadas na Tabela III servem como exemplos, principalmente se levarmos em consideração que, mesmo respeitando-se D LGHLD SULQFLSDO GH FDGD $5/ TXDO VHMD /RZ – engajamentos favoráveis, Medium – engajamentos neutros com preservação de forças e +LJK – Merge FRP UD]}HV LQIHULRUHV H SHUGDV VmR DFHLWRV &RP isso, há a necessidade de adequar tais taxas a partir dos índices de desempenho da aeronave F-5M em missões ar-ar, bem como executar uma análise de desempenho comparativa para cada tipo de avião adversário. Porém, deve-se ser entendido que TXDQWR PDLRU D TXDQWLGDGH GH UDGDUHV GRV FDoDV sobressalentes, maior será a possibilidade de obter vantagem nos engajamentos e na aplicação das táticas Launch & Leave e/ou Launch & Decide. PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 7


Todavia, mesmo ainda requerendo um PHOKRU WUDWDPHQWR FLHQWt¿FR RV OLPLWHV WiWLFRV H D Razão de Targeting estabelecidos nas Tabelas II e III apresentam um complemento mais tangível e HVSHFt¿FR SDUD TXH RV /tGHUHV 7iWLFRV H RV $'3/ possam planejar suas missões. Para tanto, é QHFHVViULD XPD FRUUHWD UHÀH[mR GH PRGR D UHGX]LU o nível de subjetividade costumeiramente presente QDV GH¿QLo}HV GH $5/ FRQWLGDV QDV RUGHQV HPLWLGDV pelo nível operacional. ,,, &21&/86­2 Aponta-se que a elevada carga de trabalho e o exíguo tempo disponível para um piloto planejar PLVV}HV GH HPSUHJR DU DU VmR RV JUDQGHV GHVD¿RV a serem enfrentados. Dessa maneira, a utilização de uma correta estrutura e de balizadores diretos no planejamento são requisitos fundamentais para o sucesso em cada missão. Dentro do método padrão de preparo de missão, os 4 T’s, existe uma lacuna entre os níveis opeUDFLRQDO H WiWLFR 7DO KLDWR FRQVLVWH QD GL¿FXOGDGH GRV líderes em utilizarem o nível de risco aceitável estabelecido pelo Comandante na elaboração de suas táticas para que sejam mais adequadas para cada YRR ,VWR RFRUUH SRUTXH DV GH¿QLo}HV GRV $5/ HVWmR OLJDGDV VRPHQWH jV SRVVLELOLGDGHV GH SHUGDV QtYHO RSHUDFLRQDO QmR WUDWDQGR VREUH RV OLPLWHV PDLV WiWLcos. $ DXVrQFLD GH WDLV QRUWHDGRUHV WRUQD PDLRU a possibilidade de falhas no processo de preparo e execução das ações aéreas, que tenderão a não cumprirem os objetivos delimitados pelo escalão superior. Baseado nisso, o intuito desse trabalho foi propor uma forma de dirimir tal subjetividade na tarefa dos pilotos de F-5M, por meio do estabelecimento de uma interpretação tática para cada ARL. AdicioQDOPHQWH GH¿QLX VH D LGHLD GH 5D]mR GH 7DUJHWLQJ para os líderes terem condições de terem um índice objetivo, que suportará a decisão de GO ou NO-GO HP FRQVRQkQFLD FRP R QtYHO GH ULVFR DVVXPLGR Devido à variedade de capacidades e de desempenho de equipamentos e de pilotos, as razões DSRQWDGDV QD 7DEHOD ,,, QmR GHYHUmR VHU ¿[DV H requererão uma correta análise de especialistas para que sejam valores que possam apoiar precisamente as ações táticas em cada missão. Sabe-se que, por maiores que sejam os subsídios objetivos para os planejadores, ainda assim pode-se apontar que o trabalho dos LTs e dos ADPLs de F-5M na elaboração e execução de táticas em missões ar-ar permanecerá complexo. 1R HQWDQWR FRPR R UHÀH[R GR GHVHPSHQKR GH FDGD ação tática tem impacto direto nos níveis estratégicos e operacionais, faz-se mister proporcionar aos pilotos as melhores condições de entendimento sobre as 8 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

LQWHQo}HV GRV UHIHULGRV HVFDO}HV D ¿P GH TXH RV objetivos traçados possam ser alcançados. “O Poder Aéreo é uma força intrinsicamente estratégica.” A segunda proposição do Coronel Phillip 6 0HOOLQJHU GD 86$) Mi LGHQWL¿FDYD D LPSRUWkQFLD do emprego do mais pesado do que o ar. Porém, para que tal efeito seja atingido, a execução de cada voo deverá ser bem conduzida desde os primórdios do planejamento. 5()(5Ç1&,$6 > @ 68e&,$ 6ZHGLVK $UPHG )RUFHV &KDSWHU 0LVsion Planning and Evaluation. In: Suécia. *5,3(1 773 Estocolmo: Sid 1, 2010. Cap. 3. p. 1-117. > @ :,*+7 /HH 7 2SHUDWLRQDO &RPPDQGHU¶V 5LVN $VVHVPHQW +RZ 0XFK &DQ <RX 5HDOO\ $ႇRUG WR /RVH" Newport: Naval War College, 1997. 40 p. > @ .(//< 0DUN -XVW *LYH 0H 7KH *XLGDQFH $QG ,¶OO *LYH <RX 7KH 7DFWLFV Seymour Johnson: Flying Safety, 2004. 6 p. > @ %5$6,/ &58=(; )/,*+7 ([HUFLVH 2SHUDWLRQ 2UGHU (;2325' Natal, 2018.


&2/$%25$7,9,'$'( ( )217(6 $%(57$6 INTELLIPEDIA, 80 &$62 '( 6,1(5*,$ $ 6(59,d2 '$ ,17(/,*Ç1&,$ &2/$%25$7,9,7< $1' 23(1 6285&(6 ,17(//,3(',$ $ &$6( 2) 6<1(5*< ,1 7+( 6(59,&( 2) ,17(//,*(1&(

Cel Av Breno 'LRJHQHV Gonçalves 6HFUHWDULD GH (FRQRPLD )LQDQoDV H $GPLQLVWUDomR GD $HURQiXWLFD 6()$

Concluiu o CFOAv em 1996. É piloto de asas rotativas e de transporte especial, totalizando mais GH KRUDV GH YRR 3RVVXL RV FXUVRV GH 6DOYDPHQWR H 5HVJDWH 0LVVLRQ &RPPDQGHU &KHIH &RQWURODGRU 0%$ HP *HVWmR 3~EOLFD SHOD 8QLYHUVLGDGH )HGHUDO )OXPLQHQVH 6XSHUYLVRU GH *XHUUD (OHWU{QLFD $YDQoDGR GH $QiOLVH GH ,QWHOLJrQFLD FHUWL¿FDomR HP HVWXGRV GH WHUURULVPR QD 8QLYHUVLW\ RI 6W $QGUHZV H PHVWUDGR HP $GPLQLVWUDomR 3~EOLFD H *RYHUQDELOLGDGH QD $PpULFD /DWLQD QD 8QLYHUVLWDW 3RPSHX )DEUD $WXDOPHQWH p R Chefe da Seção de Análise Remuneratória da SEFA. Contato: diogenesbdg@fab.mil.br

RESUMO

$%675$&7

,QWHOLJrQFLD LQRSRUWXQD p PDQFKHWH GH MRUQDO ,QWHOLJrQFLD QmR FRQ¿iYHO VXUSUHVD QR FDPSR GH EDWDOKD O presente artigo busca introduzir o conceito de colaboratividade na metodologia de produção do conheFLPHQWR 03& GH ,QWHOLJrQFLD HVVD ~OWLPD LQGLVVRciável da realidade atual da era da informação, onde o volume colossal de fontes abertas pode ser útil ao planejamento e à condução das operações militares. Nesse intuito, é proposta uma adaptação do conceito da Intellipedia, ferramenta utilizada há mais de uma GpFDGD SHOD FRPXQLGDGH GH LQWHOLJrQFLD GRV (VWDGRV 8QLGRV GD $PpULFD (8$ FRP R REMHWLYR GH GLIXQGLU FRQKHFLPHQWRV GH LQWHOLJrQFLD HP UHVSRVWD jV novas ameaças do cenário de Defesa.

Inopportune intelligence is newspaper headline. UnUHOLDEOH LQWHOOLJHQFH VXUSULVH RQ WKH EDWWOH¿HOG 7KLV article seeks to introduce the concept of collaborative LQ WKH PHWKRGRORJ\ RI NQRZOHGJH SURGXFWLRQ 03& of Intelligence, the latter inseparable from the current reality of the information age, where a colossal volume of open sources can be useful in the planning and conduct of military operations. In this sense, it is proposed an adaptation of the concept of Intellipedia, a tool used for more than a decade by the intelligence FRPPXQLW\ RI WKH 8QLWHG 6WDWHV RI $PHULFD 86$ with the objective of spreading intelligence knowledge in response to the new threats of the Defense scenario.

3DODYUDV &KDYH ,QWHOLJrQFLD &RODERUDWLYD ,QWHOOLSHdia. Fontes Abertas e Produção do Conhecimento.

.H\ZRUGV Collaborative Intelligence. Intellipedia. Open Sources and Knowledge Production. PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 9


, ± ,1752'8d­2

a Copa das Confederações da FIFA em 2013; a Copa do Mundo FIFA em 2014; os Jogos Olímpicos A visão estratégica da Força Aérea dos Es- em 2016; a Intervenção Federal 2018, e o provável WDGRV 8QLGRV 86$) VREUH R VHWRU GH Intelligence, emprego dos meios da FAB em missões de paz da Surveillance, and Reconnaissance ,65 DSUHVHQWD 2UJDQL]DomR GDV 1Do}HV 8QLGDV 218 Com esse amplo foco de emprego, o preos seguintes princípios como essenciais para a ativiGDGH D LQWHOLJrQFLD p LQGLYLVtYHO D LQWHOLJrQFLD p XP sente artigo proporá uma concepção preliminar de domínio neutro, centrada em capacidades e efeitos, metodologia colaborativa para a produção do coQmR HP SODWDIRUPDV H D LQWHOLJrQFLD p XPD RSHUD- QKHFLPHQWR GH LQWHOLJrQFLD XWLOL]DQGR VH GDV DWXDLV estruturas computacionais, focada no aproveitamenomR QmR DSHQDV VXSRUWH > @ -i VRE R SRQWR GH YLVWD LVUDHOHQVH SDUD <RVVL to qualitativo do volume colossal de fontes abertas Kuperwasser, ex-chefe da divisão de pesquisas da existentes no espaço cibernético. LQWHOLJrQFLD PLOLWDU GH ,VUDHO RV DWDTXHV WHUURULVWDV GH 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, e a ,, ± )217(6 $%(57$6 $ (92/8d­2 '$6 *(subsequente falha em encontrar armas de destrui- 5$d®(6 ção em massa no Iraque levaram a essa concepção Em um relatório de 2018, os autores Heather QRUWH DPHULFDQD VREUH ,65 > @ <RVVL D¿UPD DLQGD TXH HQTXDQWR RV SUR¿V- J. Williams e Ilama Blum publicaram o estudo: DeVLRQDLV GH LQWHOLJrQFLD VH DGDSWDP D HYHQWXDLV UHIRU- ¿QLQJ 6HFRQG *HQHUDWLRQ 2SHQ 6RXUFH ,QWHOOLJHQFH mas, eles continuam a enfrentar um problema pere- 26,17 IRU WKH 'HIHQVH (QWHUSULVH > @ Eles alertam como a OSINT começou orienne e de difícil solução: a compreensão limitada dos tada para a defesa, quando os Estados Unidos esGHFLVRUHV VREUH R SURFHVVR GH LQWHOLJrQFLD (P IDFH GHVVD UHDOLGDGH QR ¿QDO GRV DQRV tabeleceram o Serviço de Monitoramento de Trans D OLGHUDQoD GD LQWHOLJrQFLD GH ,VUDHO FRQVLGHURX missões Estrangeiras, em 1941, para monitorar e necessário reformular os conceitos, as percepções analisar a propaganda do Eixo. Desde então, os líderes da Comunidade de H DV SUiWLFDV GH LQWHOLJrQFLD Mi TXH DV PHWRGRORJLDV existentes não abordavam, com amplitude, a cres- ,QWHOLJrQFLD &, UHFRQKHFHP TXH RV GHVD¿RV H D cente complexidade do ambiente de segurança e as GLQkPLFD GR VpFXOR WUDULDP PDLV GHPDQGD SRU OSINT, não menos. ameaças emergentes. Por exemplo, no )LUVW ,QWHUQDWLRQDO 6\PSR (QWUH DV UD]}HV LGHQWL¿FDGDV SDUD HVVD UHIRUVLXP RQ 2SHQ 6RXUFH, em 1992, o então vice-direma, estavam: as mudanças nas características das guerras e na doutrina militar dos inimigos; o impacto tor da CIA, Almirante William Studeman, exigiu uma da era da informação; a relação entre o pessoal de ampla reforma na abordagem da comunidade de inLQWHOLJrQFLD H RV GHFLVRUHV H D UHODomR HQWUH DQDOLV- WHOLJrQFLD TXDQWR D JHVWmR D FROHWD R SURFHVVDPHQto e a difusão das fontes abertas. WDV H DJHQWHV > @ Já em 2004, um grupo de trabalho do Sub (VSHFL¿FDPHQWH VREUH RV LPSDFWRV GD HUD GD informação, o Center for Strategic and International VHFUHWiULR GH 'HIHVD SDUD ,QWHOLJrQFLD HQFRQWURX GHStudies &6,6 LGHQWL¿FRX R UDGLFDO LQFUHPHQWR QD ¿FLrQFLDV QD SROtWLFD QD GRXWULQD QR WUHLQDPHQWR H exploração das fontes abertas, como uma importan- no gerenciamento de fontes abertas. Além disso, os te e necessária razão para as reformas nas meto- requisitos de fontes abertas do Departamento de DeGRORJLDV DGRWDGDV SHOD FRPXQLGDGH GH LQWHOLJrQFLD IHVD GRV (8$ 'R' HVWDYDP VXE UHSUHVHQWDGRV H VXE¿QDQFLDGRV GHQWUR GD &, (VVDV GHVFREHUWDV OHJOREDO > @ A partir dessa conjuntura global e tecnológi- varam ao estabelecimento do Conselho para Fontes ca, emerge uma questão para o preparo e emprego $EHUWDV GH 'HIHVD 'HIHQVH 2SHQ 6RXUFH &RXQFLO GD )RUoD $pUHD %UDVLOHLUD )$% TXDO D PHWRGROR- '26& (P R 'LUHWRU GH ,QWHOLJrQFLD 1DFLRQDO gia para lidar com esse volume colossal de dados QR kPELWR GH RSHUDo}HV FRQMXQWDV H VLQJXODUHV QRV criou o 2SHQ 6RXUFH &HQWHU 26& H GHVLJQRX D &,$ como seu agente executivo, posteriormente desigFHQiULRV DWXDLV RX IXWXURV GRV FRQÀLWRV DUPDGRV" Faz-se premente a busca por tal resposta, na nando-o como o gerente funcional. $ FULDomR GR 26& FXPSULX FRP D H[LJrQFLD medida em que o Estado Brasileiro tem incrementa- GD /HL GH 5HIRUPD GD ,QWHOLJrQFLD H 3UHYHQomR DR GR D SDUWLFLSDomR GH VXDV )RUoDV $UPDGDV )$ HP operações ou missões nas quais a ameaça não re- 7HUURULVPR D TXDO H[LJLD HVSHFL¿FDPHQWH D gular tem representado um dos principais cenários, FULDomR GH XP FHQWUR GH LQWHOLJrQFLD GHGLFDGR j FRFRPR SRGH VHU FRPSURYDGR SHOD DWXDomR RX SODQH- OHWD DQiOLVH SURGXomR H GLIXVmR GH LQWHOLJrQFLD GH MDPHQWR GH DWXDomR HP HYHQWRV FRPR D 0LVVmR GH Fonte Aberta. Além da produção de 2SHQ 6RXUFH 3D] GR +DLWL 0,1867$+ GH D RV -RJRV Intelligence 26,17 RV REMHWLYRV GR 26& LQFOXtDP 0XQGLDLV 0LOLWDUHV HP D &RQIHUrQFLD 5LR o treinamento na exploração e na análise de fonte em 2012; a Jornada Mundial da Juventude em 2013; abertas, o desenvolvimento de ferramentas e a tes10 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO


tagem de novas tecnologias. Já em 2015, o OSC foi renomeado para 2SHQ 6RXUFH (QWHUSULVH 26( H IRL LQFOXtGR QD UHcém-criada Diretoria de Inovação Digital da CIA. Embora a CI dos EUA tenha estado envolviGD HP 26,17 SRU PDLV GH DQRV VXD GH¿QLomR H VXD WLSL¿FDomR FRPR XPD GLVFLSOLQD GD LQWHOLJrQFLD ainda estão sujeitas a debate. A Internet e a ascensão das mídias sociais complicaram ainda mais essa questão. A OSINT está se tornando mais complexa em termos de fontes e métodos de coleta. As pessoas estão disponibilizando informações de formas nunca antes existentes, incluem expressões on-line de sentimentos, fotogra¿DV H DFRQWHFLPHQWRV SHVVRDLV UHGHV VRFLDLV H SUR¿VVLRQDLV HWF Certamente, o aprendizado de máquina, os algoritmos de computador e os raciocínios automatizados expandem ainda mais a capacidade de processar essas informações e encontrar aplicações FRP YDORU SDUD D LQWHOLJrQFLD Tendo em vista a natureza mutável das informações publicamente disponíveis, os pesquisadores Williams e Blum sugerem que o período atual seja considerado como a segunda geração da OSINT. Incidentes como a Revolução Verde Iraniana de 2009 representam um exemplo de como o uso das novas PtGLDV VRFLDLV IRUQHFHUDP XPD LPDJHP GH LQWHOLJrQcia, em tempo real, de um ambiente negado. Os autores estabelecem 2005 como o ano de nascimento da segunda geração da OSINT, pois, segundo eles, foi neste ano que a CI criou o 2SHQ Source Center. Simultaneamente, a Internet também estava se transformando nessa época, com a maior parte do conteúdo on-line evoluindo para páginas GLQkPLFDV FRP FRQWH~GRV JHUDGRV SRU XVXiULRV H mídias sociais. Essa transição é descrita como o surgimento da Web 2.0. Nesse sentido, os autores concluem que as JHUDo}HV GD LQWHOLJrQFLD GH IRQWHV DEHUWDV VHULDP esquematizadas em ondas, conforme a representaomR GD ¿JXUD

)LJXUD $V JHUDo}HV GDV IRQWHV DEHUWDV GH LQWHOLJrQFLD )217( :LOOLDPV H %OXP S > @

Em resumo, uma primeira geração construída sobre os pilares da tradução e do acesso físico, que avança na direção de uma segunda geração de acesso virtual e coleta constante, construída pela capacitação técnica de explorar e produzir conhecimento, na velocidade da era da informação, mas que

tem o seu futuro na terceira geração, onde se enfatiza o aprendizado das máquinas, focadas na coleta e disseminação de conhecimentos criptografados, a serem protegidos do acesso inoportuno dos elemenWRV DGYHUVRV GR PRGHUQR FHQiULR GH 'HIHVD KDFNHUV WHUURULVWDV FULPLQRVRV 3RU ¿P LGHQWL¿FDGDV DV JHUDo}HV GH LQWHOLJrQFLD EDVHDGD HP )RQWHV $EHUWDV SDUWH VH SDUD entender a caracterização do ciclo de produção do conhecimento e de como ele é similar na comunidaGH GH LQWHOLJrQFLD JOREDO VHMD QD $FDGHPLD QRV 2UJDQLVPRV ,QWHUQDFLRQDLV 2, RX QRV yUJmRV HVWDWDLV ,,, ± 352'8d­2 '2 &21+(&,0(172 80$ '2875,1$ 48$6( */2%$/ Adotando-se a metodologia dedutiva para se comprovar a similaridade das Metodologias de ProGXomR GR &RQKHFLPHQWR 03& HPSUHJDGDV SHOD &, global, a análise avança desde a doutrina utilizada pela ONU; passa pelas doutrinas de países como (8$ H )UDQoD H ¿QDOPHQWH FKHJD DR FHQiULR EUDsileiro, onde serão expostos os ciclos da MPC de yUJmRV FRPR D $JrQFLD %UDVLOHLUD GH ,QWHOLJrQFLD $%,1 R 0LQLVWpULR GD 'HIHVD 0' H D )RUoD $pUHD %UDVLOHLUD )$% Iniciando-se pela ONU, sua Policy of PeaFHNHHSLQJ ,QWHOOLJHQFH > @ GHVFUHYH TXH R FLFOR GD MPC, em operações de manutenção da paz, é comSRVWR SHODV IDVHV UHWUDWDGDV QD ¿JXUD

)LJXUD )DVHV GR FLFOR GH SURGXomR GD LQWHOLJrQFLD GD 218 FONTE: United Nations S > @

A cada novo ciclo de MPC, deve ser respeitaGR R QtYHO KLHUiUTXLFR GDTXHOHV TXH WrP DXWRQRPLD para iniciá-lo e o foco mantido em 03 aspectos centrais: apoiar um quadro operacional comum, fornecer DYLVR DQWHFLSDGR GH DPHDoDV LPLQHQWHV H LGHQWL¿FDU riscos e oportunidades. Descendo do nível supraestatal para o estatal, os EUA editaram, em 2012, a Air Force Doctrine Document ʊ *OREDO ,QWHJUDWHG ,QWHOOLJHQFH 6XUveillance & Reconnaissance ,65 2SHUDWLRQV – na qual o conceito de operações ISR evolui para uma LQWHJUDomR JOREDO GH GDGRV > @ Nesse novo conceito, é mantido o ciclo de ISR, compreendendo um amplo espectro de operao}HV IDVHV GLYLGLGDV HP Planning and Direction; &ROOHFWLRQ 3URFHVVLQJ DQG ([SORLWDWLRQ $QDO\VLV DQG PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 11


yUJmR FHQWUDO GR 6,17$(5 6LVWHPD GH ,QWHOLJrQFLD GD $HURQiXWLFD HGLWRX D 0&$ VREUH D 0HWRGRORJLD SDUD D 3URGXomR GR &RQKHFLPHQWR > @ RQGH é preconizado que as fases da MPC são: Planejamento; Reunião; Análise e Síntese; Interpretação e )RUPDOL]DomR H 'LIXVmR )DVHV LGrQWLFDV jV GH¿QLGDV SHOD $%,1 yUJmR FHQWUDO GR 6,6%,1 6LVWHPD %UDVLOHLUR GH ,QWHOLJrQFLD De todo o exposto sobre as fases das MPC GH LQWHOLJrQFLD FRQFOXL VH TXH DV PHVPDV DLQGD que recebam denominações ligeiramente distintas dentro da CI global, guardam uma ampla similaridade em sua concepção. Isto é, buscam responder as perguntas: Para que? Como? Para quem? Dessa forma, se as fases da metodologia são comuns, como seria possível aperfeiçoar uma metodologia que se encontra tão bem enraizada? Talvez a resposta para essa pergunta resida nas ferramentas que venham a comprimir a linha temporal de uma ou muitas dessas fases da MPC, ou seja, UHGX]LU R FLFOR 22'$ 2EVHUYDU 2ULHQWDU 'HFLGLU H Figura 3 - Fluxo das operações de ISR na USAF. $JLU GR WHyULFR DPHULFDQR -RKQ %R\G FONTE: Air Force Doctrine Document S > @ É nesse ponto, que uma metodologia colaborativa de produção do conhecimento, centrada em $WUDYHVVDQGR R $WOkQWLFR QR FRQWH[WR IUDQFrV R SHVTXLVDGRU -RVHSK +HQURWLQ HP VHX DUWLJR ± OSIF, pode representar uma das chaves para o suLes mutations du renseignement militaire. Dissiper le FHVVR GHVVD HPSUHLWDGD SRU XPD ,QWHOLJrQFLD FRQ¿iEURXLOODUG GH OD JXHUUH" ± FODUL¿FD TXH D ,QWHOLJrQFLD vel, oportuna e indivisível. não é informação, nem mesmo conhecimento, mas a produção desse conhecimento para orientar a toma- ,9 ± &2/$%25$7,9,'$'( $ 6,1(5*,$ (0 352/ '$ ,17(/,*Ç1&,$ GD GH GHFLVmR > @ Para Herotin, a MPC é um ciclo no qual cada Para o Phd Richard J. Hackman, em sua obra uma das fases é essencial para a realização do todo. &ROODERUDWLYH ,QWHOOLJHQFH Using Teams to Solve 2 SULPHLUR SDVVR p D GH¿QLomR GH XP REMHWLYR HP +DUG 3UREOHPV > @ j PHGLGD TXH DV WHFQRORJLDV VHJXLGD FKHJD D KRUD GD FROHWD GH GDGRV VLJQL¿FDWLYRV SDUD WDO REMHWLYR R WHUFHLUR SDVVR p D YHUL¿FDomR eletrônicas para comunicação tornaram-se mais poFUX]DGD H D DQiOLVH H ¿QDOPHQWH R ~OWLPR SDVVR p GHURVDV R WUDEDOKR HP HTXLSH j GLVWkQFLD HVWi VH dedicado à divulgação da informação ao decisor e tornando mais a regra do que a exceção, o que faz sua exploração pelo comando e unidades operacio- com que as equipes estejam em toda parte na CI. Na sua teoria, Hackman defende que o númenais. ro de potenciais adversários dos EUA proliferou para Saindo do contexto internacional para o namuito além da antiga União Soviética. Ao mesmo FLRQDO D (VFROD GH ,QWHOLJrQFLD (6,17 GD $%,1 descreve as fases da MPC como: Planejamento; tempo, novas tecnologias e métodos de coleta, asReunião, Análise e Síntese; Interpretação e, por úl- sociados a uma enxurrada de informações de código timo, Formalização e Difusão. Ou seja, fases muito aberto, incrementaram a quantidade de dados que similares as já descritas e analisadas no contexto ex- ÀXL SDUD RV yUJmRV GH LQWHOLJrQFLD $FRPSDQKDU HVVD FRQMXQWXUD WHP VLGR GHVD¿DGRU SDUD D &, GRV (8$ terno ao brasileiro. 2 &HQWUR SDUD R (VWXGR GD ,QWHOLJrQFLD &(, Nessa mesma linha, segue a Doutrina de Operações Conjuntas – MD30-M-01 – Volume 3, ao da CIA chegou a uma conclusão semelhante à de GHWDOKDU R &LFOR GH ,QWHOLJrQFLD D VHU XWLOL]DGR QDV Hackman: fracassos analíticos derivam de comportaRSHUDo}HV FRQMXQWDV GR 0LQLVWpULR GD 'HIHVD 0' PHQWRV H SUiWLFDV GLVIXQFLRQDLV GHQWUR GDV DJrQFLDV tendo como objetivo atender às Necessidades de In- da CI e, provavelmente, não serão remediados, seja WHOLJrQFLD 1, 3DUD WDO D DWLYLGDGH GH LQWHOLJrQFLD por mudanças estruturais na organização, seja pelo militar adota uma metodologia chamada de Ciclo de aumento da autoridade dos líderes de tais entes. O mais frustrante e, infelizmente, o problema ,QWHOLJrQFLD TXH FRQVLVWH GDV VHJXLQWHV IDVHV 'LUHPDLV FRPXP HQIUHQWDGR SHODV HTXLSHV GH LQWHOLJrQomR 5HXQLmR 3URGXomR H 'LVVHPLQDomR > @ Por último, no nível subsetorial, onde se cia acontece quando a informação necessária está HQFRQWUD R &RPDQGR GD $HURQiXWLFD &20$(5 disponível em outro órgão de sua CI, porém a equipe R &HQWUR GH ,QWHOLJrQFLD GD $HURQiXWLFD &,$(5 QmR WHP VXFHVVR HP REWr OD Production; and Dissemination 3&3$' Porém, as semelhanças conceituais resumem-se às fases, pois, nessa nova doutrina, a MPC não é linear ou cíclica, mas uma rede de operações VLPXOWkQHDV H LQWHU UHODFLRQDGDV TXH SRGHP D TXDOquer momento, alimentar e serem alimentadas, como SRGH VHU LGHQWL¿FDGR QD ¿JXUD

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Para Hackman, tanto a programação de software livre quanto as ferramentas do tipo wiki aproveitam ao máximo as tecnologias de informação SDUD DMXGDU RV SUR¿VVLRQDLV GH LQWHOLJrQFLD D PRQtar, aprimorar e compartilhar conhecimento. Eles se engajam, coordenam e ponderam, adequadamente, DV FRQWULEXLo}HV GDTXHOHV TXH WrP R FRQKHFLPHQWR ou a habilidade para realizar uma tarefa coletiva, de PDQHLUD D PLQLPL]DU DV FKDQFHV GH UHXQLU LJQRUkQFLD ou difundir erros sobre um tema. $WXDOPHQWH R WUDEDOKR GH LQWHOLJrQFLD p FDGD YH] PDLV GHVHQYROYLGR SRU SUR¿VVLRQDLV GLVSHUVRV SRU UHJL}HV JHRJUi¿FDV RX IXVRV KRUiULRV GLVWLQWRV Isso implica que a interação face a face seja suplantada, paulatinamente, pelo uso de tecnologias eletrônicas para comunicação e coordenação. Algumas das ferramentas úteis para as equipes da CI dos EUA acessarem bancos de dados de FRQKHFLPHQWRV RX SDUD EXVFDUHP DVVLVWrQFLD GH RXWURV SUR¿VVLRQDLV GH LQWHOLJrQFLD LQFOXHP D ,QWHOOLSHdia PRGHODGD QD :LNLSHGLD R $ VSDFH H R & VSDFH LQVSLUDGRV QR 0\6SDFH A teoria de Hackman é reforçada pelo Dr. Ben Green, Phd em formação pela Havard University, TXH GH¿QLX HP VHX DUWLJR ± Testing and Quantifying Collective Intelligence > @ ± D ,QWHOLJrQFLD FROHWLYD como a capacidade de um grupo de agentes de melhorar sua capacidade em uma determinada tarefa, pelo compartilhamento de informações e pela incorporação de sugestões. Outro resultado interessante obtido por Green é que, embora grupos grandes superem grupos pequenos em todas as tarefas, a taxa de melhoria diminui à medida que o tamanho do grupo aumenta. (QTXDQWR JUXSRV GH VXSHUDP VLJQL¿FDWLYDPHQWH um agente individual, grupos de 20 executam apenas um pouco melhor a tarefa do que os grupos de 10. O autor sugere que existe um número crítico de LQGLYtGXRV SDUD FDGD WDUHID GH LQWHOLJrQFLD FROHWLYD De toda forma, o ganho de conhecimento e o sucesso na consecução da tarefa ocorrem quando os membros da equipe desenvolvem um padrão de interação que promova o aprendizado mútuo, incrementando o total de conhecimento disponível para o trabalho.

Figura 4 - Símbolo da Intellipedia. FONTE: :LLSHGLD > @

Nessa sintonia, a Intellipedia é um sistema on-line para compartilhamento colaborativo de dados usado pela CI dos Estados Unidos. Foi estabelecida FRPR XP SURMHWR SLORWR QR ¿QDO GH H IRUPDOPHQte anunciada em abril de 2006. A ,QWHOOLSHGLD FRQVLVWH GH WUrV ZLNLV HP H[HFXomR FRQFRPLWDQWH QDV UHGHV GD &, -:,&6 IntelliSHGLD 76 ± 7RS 6HFUHW 6,351HW ,QWHOOLSHGLD 6 Secret) H ,QWHOLQN 8 ,QWHOOLSHGLD 8 ± VHQVLEOH EXW QRW classify Cada um dos wikis é usado por indivíduos GDV DJrQFLDV GD FRPXQLGDGH GH LQWHOLJrQFLD GRV EUA, além de outras organizações relacionadas à segurança nacional, incluindo comandos combatentes e órgãos federais. Obviamente, os wikis não são abertos ao público. A versão secreta é direcionada, predominantemente, ao DoD e ao pessoal do Departamento de (VWDGR 2V XVXiULRV GDV UHGHV QmR FRQ¿GHQFLDLV podem acessar a Intellipedia remotamente, por meio de uma VPN, assim como de suas estações de trabalho. A Intellipedia nasceu inspirada em um artigo HVFULWR SDUD R 3UrPLR *DOLOHR FRPSHWLomR GH UHGDomR FULDGD SHOD &,$ TXH HQFRUDMDYD R HIHWLYR GDV DJrQFLDV GH LQWHOLJrQFLD D DSUHVHQWDU QRYDV LGHLDV para melhorar o compartilhamento de informações. O ensaio vencedor foi o de Calvin Andrus, diretor de tecnologia do Center for Mission Innovation da CIA, intitulado: 7KH :LNL DQG WKH %ORJ 7RZDUG D &RPSOH[ $GDSWLYH ,QWHOOLJHQFH &RPPXQLW\ Andrus argumentava que o poder da Internet vinha do boom da auto publicação e observou como a política de portas abertas da Wikipedia permitia que, rapidamente, nela fossem incluídos assuntos de interesse SDUD D LQWHOLJrQFLD 9 ± '$ 7(25,$ ¬ 35È7,&$ ,17(//,3(',$ ( 2 Nessa mesma direção os autores Arnaud de &21&(,72 '( 7,1 Borchgrave, Thomas Sanderson e Jacqueline Harned do Center for Strategic and International Studies Muitos podem imaginar que tais teorias &6,6 SXEOLFDUDP R HVWXGR )RUFH 0XOWLSOLHU )RU nunca foram transladadas para o ambiente prático LQWHOOLJHQFH &ROODERUDWLYH 2SHQ 6RXUFH 1HWZRUNV e operacional da CI. É nesse ponto que iniciativas onde colocaram o conceito da colaboratividade à como a Intellipedia e as Trusted Information Network prova, durante 01 ano de projeto, no qual as Trusted 7,1 UHYHODP D HYROXomR GD WHRULD SDUD D SUiWLFD QD Information Networks 7,1 JDQKDUDP FHUWL¿FDomR SURGXomR FRODERUDWLYD GH LQWHOLJrQFLD DFDGrPLFD > @ Nada mais emblemático do que explicar a InNesse projeto, os pesquisadores explanaram WHOOLSHGLD SRU PHLR GD :LNLSHGLD > @ TXH GXDV IRUoDV VmR FRQYHUJHQWHV R FUHVFHQWH ÀX[R PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 13


de informações e as ameaças transnacionais que GHVD¿DP RV JRYHUQRV FRPR SRXFRV DGYHUViULRV R ¿]HUDP QR SDVVDGR 2V GDGRV VLJQL¿FDWLYRV HVWmR disponíveis, mas a cultura organizacional e as suas práticas ainda são obstáculos para uma transformaomR H¿FLHQWH GHVVHV GDGRV HP FRQKHFLPHQWR ~WLO SDUD D LQWHOLJrQFLD O projeto TIN do CSIS provou ser um modelo de trabalho bem-sucedido para uma rede colaborativa de código aberto, espaço onde especialistas não-governamentais colaboravam na construção de FRQKHFLPHQWR RSRUWXQR H ~WLO j LQWHOLJrQFLD Quanto às lições aprendidas sobre a colaboratividade na CI norte-americana, Nancy M. Dixon e Laura A. McNamara publicaram o artigo: 2XU ([SHULHQFH ZLWK ,QWHOOLSHGLD $Q (WKQRJUDSKLF 6WXG\ DW WKH Defense Intelligence Agency > @ Os resultados das autoras sugerem que a Intellipedia já está impactando nas práticas de trabalho dos analistas. Entre as conclusões do estudo, a Intellipedia demonstra que, quando os analistas recebem um espaço acessível para compartilhar informações, eles fazem isso com entusiasmo. 3RU ¿P DV DXWRUDV YHHP D ,QWHOOLSHGLD FRPR uma tecnologia de potencial profundamente disruptivo. Ainda que não esteja claro se a Intellipedia é uma mera distração ou uma contribuição real para a SURGXomR GH LQWHOLJrQFLD %XVFDQGR FODUL¿FDU WDO GXELHGDGH R &6,6 YROWD D VH GHEUXoDU VREUH D LQWHOLJrQFLD FRODERUDWLYD por meio do artigo 1HZ 7RROV IRU &ROODERUDWLRQ 7KH ([SHULHQFH RI WKH 8 6 ,QWHOOLJHQFH &RPPXQLW\, de *UHJRU\ ) 7UHYHUWRQ > @ Para Treverton, trabalhar envolvido em culturas organizacionais marcadamente distintas e fortes p XP GHVD¿R SDUD D &, 2 DXWRU D¿UPD TXH HVWXGRV externos reforçam o papel dos obstáculos da disSHUVmR JHRJUi¿FD GD GHSHQGrQFLD HOHWU{QLFD H GD HVWUXWXUD GLQkPLFD FRPR OLPLWDGRUHV GR DXPHQWR GD SURGXWLYLGDGH PDV UHIRUoDP D FRQ¿DQoD FRPR IDWRU crucial na mitigação desses óbices. $ ¿JXUD UHYHOD TXH D ,QWHOOLSHGLD p UHVSRQViYHO SRU HVWDEHOHFHU DV UHODo}HV SUR¿VVLRQDLV PDLV fortes entre os integrantes de uma CI. Cenário que se deseja consolidar nas operações de ISR, sejam elas singulares, sejam conjuntas.

O CSIS aponta, ainda, que os principais óbices às ferramentas colaborativas são: a cultura organizacional, que não incentiva a colaboração; a falta GH FRQ¿DQoD HQWUH RV XVXiULRV D IDOWD GH LQFHQWLYRV SDUD FRODERUDU H DV GL¿FXOGDGHV SUiWLFDV QD RSHUDção das ferramentas colaborativas. 3RU ¿P DSyV PDLV GH XPD GpFDGD GH ,QWHOOLSHGLD QD &, GRV (8$ QDVFHULD R GHVD¿R GH WUDQVladar o conceito dessa MPC colaborativa para a realidade das operações conjuntas e singulares no %UDVLO RQGH R GHVD¿R FXOWXUDO H RUoDPHQWiULR VmR centrais no processo de adaptação. Nesse intuito, as novas ameaças, estatais e não estatais, vivenciadas pelo setor de Defesa, imSHOHP RV VHWRUHV GH LQWHOLJrQFLD QD GLUHomR GH XQLU tal colaboratividade com as fontes abertas, ao focar na redução do ciclo OODA para o preparo e o empreJR GR FRQKHFLPHQWR GH LQWHOLJrQFLD 9, ± &2/$%25$7,9,'$'( 1$6 23(5$d®(6 6,1*8/$5(6 ( &21-817$6 80$ 3523267$ ¬ *8,6$ '( &216,'(5$d®(6 ),1$,6

Esse artigo chega ao seu objetivo central, ou seja, propor uma MPC, utilizando-se das atuais estruturas e capacidades quanto aos aspectos cibernéticos e computacionais, inspirada no conceito da Intellipedia. Para tanto, ele não se arrisca a ser conclusivo, mas propositivo, pois em um estudo de caráter DFDGrPLFR TXH YLVD LGHQWL¿FDU XPD VROXomR DGDSWDtiva, seria audacioso atingir uma verdade absoluta. Assim, tal proposta aborda, primeiramente, a realidade do Ministério da Defesa, onde sua Doutrina para Operações Conjuntas estabelece que o 3ODQR GH 2EWHQomR GH &RQKHFLPHQWRV 32& p XP GRFXPHQWR LQWHUQR GH XPD VHomR GH LQWHOLJrQFLD TXH UHJLVWUD DV 1HFHVVLGDGHV GH ,QWHOLJrQFLD 1, QmR atendidas pelo próprio banco de dados e que, por FRQVHTXrQFLD GHYDP VHU DWHQGLGDV SRU PHLR GH 3HGLGRV GH ,QWHOLJrQFLD 3, GLUHFLRQDGRV D yUJmRV externos ao seu nível de responsabilidade. É na metodologia para responder a esse pedido e no tempo que se gasta em tal processo, que reside um dos focos da abordagem colaborativa. ,PDJLQHP VH RV DQDOLVWDV GH LQWHOLJrQFLD IRVsem demandados diretamente por meio do Portal GH ,QWHOLJrQFLD 2SHUDFLRQDO 3,2S GR 0' VLVWHPD computacional de compartilhamento de dados e conhecimentos, que integra os elos do Sistema de ,QWHOLJrQFLD 2SHUDFLRQDO 6,2S RQGH R GHPDQGDQWH VHMD XPD IRUoD VLQJXODU RX FRPDQGR FRQMXQWR ³SRVWD´ XPD WDUHID ZLNL GR WLSR ,QWHOOLSHGLD HP PHLR j TXDO RV HORV GR 6LVWHPD GH ,QWHOLJrQFLD GH 'HIHVD 6,1'( LQWHUDJHP FRODERUDWLYDPHQWH SDUD SURGX]LU R GRFXPHQWR GH LQWHOLJrQFLD VROLFLWDGR UHGX]LQGR )LJXUD ± 'LDJUDPD GH QtYHLV GH UHODFLRQDPHQWR SUR¿VVLRQDO segundo as mídias sociais, em meio a um processo colaborativo. R FLFOR 22'$ GD LQWHOLJrQFLD 5HGXomR QR WHPSR )217( 7UHYHUWRQ SJ > @ DSOLFDomR RSRUWXQD H FRQ¿iYHO 14 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO


'DQGR VHTXrQFLD DR UDFLRFtQLR GH DJLOLGDGH H FRQ¿DELOLGDGH VHUi TXH RV GDGRV SDUD D FRQVROLGDção do conhecimento estão indisponíveis para o uso pelos analistas? Segundo o que foi visto, academiFDPHQWH DR ORQJR GR DUWLJR H SHOD H[SHULrQFLD GRV yUJmRV GH LQWHOLJrQFLD RV TXDLV TXDVH VHPSUH VmR LPSHGLGRV OHJDOPHQWH GH FRQGX]LU EXVFDV LVWR p D FROHWD GR GDGR QHJDGR p DOWDPHQWH SURYiYHO TXH DV OSINT representem o cerne dos dados a serem processados na produção desse conhecimento. -i QR kPELWR GR &20$(5 TXmR iJLO QmR seria se os elos da mais alta hierarquia do SINTAER FRQVHJXLVVHP GHPDQGDU WDVNHDU SRU PHLRV GH IHUUDPHQWDV FRODERUDWLYDV ,QWHOOLSHGLD ou tarefas :LNL RV GHPDLV HORV IRUPDQGR HTXLSHV GH DQDOLVWDV voltadas para a produção de um conhecimento de LQWHOLJrQFLD HVSHFt¿FR" 0XLWR SURYDYHOPHQWH IHUUDPHQWDV JUDWXLWDV ZLNL LQVWDODGDV QD UHGH PHUF~ULR proveriam o ambiente seguro para o processamento coletivo dessa tarefa. Independente da solução a ser adotada, a colaboratividade por meio de fontes abertas representa o futuro para as operações singulares ou conjuntas das FA Brasileiras, não somente porque são XWLOL]DGDV QD FRPXQLGDGH GH LQWHOLJrQFLD GRV (8$ mas, principalmente, em face da velocidade da era da informação, componente indissociável de qualTXHU UHDOLGDGH FRQÀLWLYD DWXDO RX IXWXUD 5HVWDULD D cada país decidir se tal velocidade representará uma oportunidade ou um óbice. 5()(5Ç1&,$6

> @ +(1527,1 - /HV PXWDWLRQV GX UHQVHLJQHPHQW militaire. Dissiper le brouillard de la guerre?, )RFXV 6WUDWpJLTXH, n° 71, Ifri, Jan. 2017. > @ %5$6,/ 0,1,67e5,2 '$ '()(6$ 0' 0 ± 9ROXPH 'RXWULQD GH 2SHUDo}HV &RQMXQWDV 1ª ed. Brasília, DF, 2011. > @ %5$6,/ &20$1'2 '$ $(521È87,&$ 0&$ 200-24: 0HWRGRORJLD SDUD 3URGXomR GR &RQKHFLPHQWR &HQWUR GH ,QWHOLJrQFLD GD $HURQiXWLFD &,$(5 Brasília, DF, 19 jun. 2017. > @ +$&.0$1 - 5 &ROODERUDWLYH ,QWHOOLJHQFH 8VLQJ 7HDPV WR 6ROYH +DUG 3UREOHPV San Francisco: Berrett-Koehler Publishers, 2011. > @ *5((1 % 7HVWLQJ DQG 4XDQWLI\LQJ &ROOHFWLYH ,QWHOOLJHQFH LQ &ROOHFWLYH ,QWHOOLJHQFH 6DQWD &ODUD &$ >V Q @ > @ :,.,3(',$ Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Main_Page>. Acesso em: 02 maio 2018. > @ ',;21 1 0 0&1$0$5$ / $ 2XU ([SHULHQFH ZLWK ,QWHOOLSHGLD $Q (WKQRJUDSKLF 6WXG\ DW WKH 'HIHQVH ,QWHOOLJHQFH $JHQF\ DIA KnowledJH /DERUDWRU\ 3LORW 3URMHFW >6, @ > @ 75(9(5721 * ) 1HZ 7RROV IRU &ROODERUDWLRQ 7KH ([SHULHQFH RI WKH 8 6 ,QWHOOLJHQFH &RPPXQLW\ Jan. 2016. Washington: CSIS, 2016.

> @ BBBBB $LU )RUFH ,65 'HOLYHULQJ 'HFLVLRQ $GYDQWDJH USAF Headquarters. Washington, D.C., 2013. > @ .83(5:$66(5 < /HVVRQV IURP ,VUDHO¶V ,QWHOOLJHQFH 5HIRUPV Analysis Paper, nº 14, October 2007. Washington, D.C: The Saban Center, the Brookings Institution, 2007. > @ %25&+*5$9( $ 6$1'(5621 7 +$51(' J. )RUFH 0XOWLSOLHU )RU LQWHOOLJHQFH &ROODERUDWLYH 2SHQ 6RXUFH 1HWZRUNV Jul. 2007. London: CSIS, 2007. > @ :,//,$06 + - %/80 , 'H¿QLQJ 6HFRQG *HQHUDWLRQ 2SHQ 6RXUFH ,QWHOOLJHQFH 26,17 IRU WKH 'HIHQVH (QWHUSULVH Santa Monica: RAND Corporation, 2008 > @ 81,7(6 1$7,216 81 'HSDUWPHQW RI 3HDFHNHeping Operations. 3ROLF\ RI 3HDFHNHHSLQJ ,QWHOOLJHQFH 1HZ <RUN 8 6 GH PDLR GH > @ 86$) 6HFUHWDU\ RI WKH $LU )RUFH $LU )RUFH 'RFWULQH 'RFXPHQW , Washington, D.C., 06 jan. 2012. PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 15


6*'& 80 (678'2 '( &$62 3$5$ 27,0,=$d­2 '( 0$12%5$6 '( (9$6­2 6*'& $ &$6( 678'< )25 ',67$1&( 0$1(89(56 OPTIMIZATION

Maj Eng ,JRU Machado Alves &RPDQGR GH 2SHUDo}HV $HURHVSDFLDLV &20$(

Concluiu o EAOEAR em 2008. Possui graduação em Engenheira Elétrica pela Universidade de 0LQDV *HUDLV H 0%$ HP *HVWmR GH 3URMHWRV SHOD 8QLYHUVLGDGH GR 9DOH GR 5LR GRV 6LQRV $WXDOPHQWH p R¿ FLDO $GMXQWR j &pOXOD GH $QiOLVH 2UELWDO GR &20$( Contato: igorima@fab.mil.br

Ten Cel Av Rafael de Almeida 'XTXH &RPDQGR GH 2SHUDo}HV $HURHVSDFLDLV &20$(

Concluiu o CFOAv em 2002. Possui mestrado em Operações de Sistemas Espaciais pela Naval 3RVWJUDGXDWH 6FKRRO HP $WXDOPHQWH p R¿ FLDO &KHIH GD &pOXOD GH $QiOLVH 2UELWDO GR COMAE. Contato: duquerad@fab.mil.br

RESUMO

$%675$&7

Com o início da operação do Satélite GeoestacionáULR GH 'HIHVD H &RPXQLFDo}HV (VWUDWpJLFDV 6*'& em 2017, novas capacidades se tornaram necessárias à Força Aérea Brasileira. O planejamento e a execução de manobras de evasão tornaram-se uma realidade no Comando da Aeronáutica quando assumiu o controle dual do SGDC. Em menos de um ano de operação, duas situações distintas demandaram a execução de manobras de afastamento de objetos FRP GLVWkQFLDV GH DSUR[LPDomR LQIHULRUHV D NP 2 presente estudo de caso sobre a aproximação ocorrida em setembro de 2017 entre os satélites SGDC e GOES-13 propõe a otimização de manobras evasivas objetivando alcançar valores seguros de operação com baixo consumo de combustível e reduzido impacto na operação do SGDC.

With the beginning of operation of the Geostationary Satellite of Defense and Strategic Communications 6*'& LQ QHZ FDSDELOLWLHV EHFDPH QHFHVVDU\ to the Brazilian Air Force. The planning and execution of collision avoidance maneuvers became a reality in the Aeronautics Command when it assumed the dual control of the SGDC. In less than a year of operation, two unique situations required the execution of collision avoidance maneuvers of objects with close approach less than 10 km. The present case study relates to an approach between the SGDC and GOES-13 satellites on September of 2017. It proposes the optimization of collision avoidance maneuvers in order to achieve safe distance operating values with low fuel consumption and low operations impact on SGDC.

3DODYUDV &KDYH Otimização de manobras. Manobras Evasivas. Satélite Geoestacionário. SGDC. &RQVFLrQFLD 6LWXDFLRQDO (VSDFLDO 66$ 16 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

.H\ZRUGV Evasive Maneuvers. Geostationary Satellite. Optimization. SGDC. Space Situation Awareness. SSA.


, ± ,1752'8d­2

Devido a mudanças no planejamento inicial do GOES-13, durante o cálculo das manobras O Satélite Geoestacionário de Defesa e Co- de manutenção de órbita do SGDC foi constatado PXQLFDo}HV (VWUDWpJLFDV 6*'& ODQoDGR HP PDLR TXH D GLVWkQFLD PtQLPD HQWUH RV GRLV VDWpOLWHV VHULD de 2017 e operado no Centro de Operações Espa- inferior a 8 km, em 11 de setembro de 2017. Uma FLDLV &23( GR &RPDQGR GH 2SHUDo}HV $HURHVSD- nova estratégia de evasão foi adotada obtendo um FLDLV &20$( HP %UDVtOLD IRL IDEULFDGR SHOD HPSUH- afastamento mínimo de 12,2 km. Entretanto, as masa 7KDOHV $OHQLD 6SDFH, na França, e seus principais nobras realizadas resultaram em maior consumo de objetivos são fornecer comunicações estratégicas ao combustível e manobras não nominais. O presente estudo apresenta uma proposta sistema de defesa brasileiro e banda larga em todo de otimização de manobras de evasão para o SGDC. R SDtV 7(/(%5$6 $ )LJ PRVWUD R 6*'& em fase de construção na Empresa Thales Alenia Este estudo propõe uma estratégia que poderia ter 6SDFH Em agosto de 2017, o SGDC encontrava-se sido utilizada com vistas para reduzir o consumo, colocalizado com outros dois satélites: GOES-13 e manter o cronograma inicial de manobras e aumenWDU D GLVWkQFLD HQWUH VDWpOLWHV GDGR XP FXUWR SHUtRGR StarOne C3. de tempo para cálculo e execução. I, ± $ 23(5$d­2 '2 6*'& A operação da plataforma SGDC é feita de forma dual entre o COMAER, através do Comando GH 2SHUDo}HV $HURHVSDFLDLV &20$( H D empresa pública Telecomunicações Brasileiras SA 7(/(%5$6 H[FHWR SHOR HPSUHJR GRV SD\ORDGV GD Banda X, exclusivamente operada por militares, e da Figura 1 - SGDC em fase de construção. Banda Ka, de operação exclusiva da TELEBRAS. O FONTE: VISIONA Tecnologia Espacial satélite está inserido em uma órbita geossíncrona &RP D ¿QDOLGDGH GH UHPRYHU R *2(6 GH com inclinação máxima de 0,05º, localizada a sua posição orbital, a National Oceanic and Atmos- aproximadamente 35.796 km da superfície terrestre. SKHULF $GPLQLVWUDWLRQ 12$$ RSHUDGRUD GR *HRV- O SGDC deve permanecer em sua posição orbital tationary Operational Environmental Satellite System GH : HP ORQJLWXGH XPD YH] TXH R *2(6 SODQHMRX H H[HFXWRX PDQREUDV TXH ¿]HUDP mesmo encontra-se colocalizado com dois outros com que o GOES-13 cruzasse os limites de longi- VDWpOLWHV *2(6 GD 12$$ DWXDOPHQWH LQVHULGR WXGH GR 6*'& 1$7,21$/ $ )LJ PRVWUD QD SRVLomR HP VXEVWLWXLomR DR VDWpOLWH *2(6 H R a propagação da longitude da órbita do GOES-13 C3 da StarOne. passando pelos limites de controle em longitude A estratégia de manutenção da órbita do do SGDC no período entre 21 e 29 de setembro de SGDC baseia-se num ciclo de 14 dias, com mano2017. Todo o planejamento de manobras do SGDC EUDV QD GLUHomR 1RUWH 6XO PDQREUDV 16 RX 6XOfoi baseado nos dados orbitais do GOES-13, forne- 1RUWH PDQREUDV 61 QR GLD H PDQREUDV QD GLUHcidos para um período de aproximadamente 60 dias omR /HVWH 2HVWH PDQREUDV (: QR H GLDV GR de propagação. ciclo. As manobras NS e SN visam corrigir a inclinação da órbita, cujo valor máximo estabelecido para a operação é de 0,05º norte e 0,05° sul. As manobras EW são executadas com o objetivo de corrigir o desvio em longitude, mantendo o SGDC entre -74,9ºW e : 7+$/(6 A Fig. 3 mostra a decolagem do vôo VA236 realizado pelo foguete Ariane 5 da empresa Arianespace responsável por colocar o SGDC em órbita.

Figura 2 - Longitude do GOES 13 e ddo SGDC. FONTE: STK, AGI Inc.

Figura 3 - Decolagem do Ariane 5 carregando o SGDC. FONTE: Arianespace. PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 17


$ $OHUWD GH FROLVmR A TELEBRAS é participante da 6SDFH 'DWD Association 6'$ TXH HQWUH RXWURV REMHWLYRV WHP SRU ¿QDOLGDGH JDUDQWLU PDLRU VHJXUDQoD QD RSHUDomR de satélites através do envio de alertas de aproxiPDomR 6'$ 'DGD D RSHUDomR HVWDEHOHFLGD para o SGDC, os alertas recebidos da SDA informam sobre aproximações inferiores a 50 km e previstas para um período de 30 dias, permitindo a adoção de PHGLGDV TXH YLVDP QmR DIHWDU VLJQL¿FDWLYDPHQWH QD operação do SGDC. Durante o primeiro ano de atividade do SGDC sob o controle do COMAE, foram recebidos mais de 30 alertas de detritos com aproximações inferiores a 50 km. De junho a dezembro de 2017, em duas situações distintas, foram executadas manobras de evasão de dois objetos com afastamentos mínimos previstos inferiores a 10 km. Para os demais objetos com aproximações mínimas superiores a 10 km e inferiores a 50 km, o COMAE mantém apenas um registro. A colocalização do SGDC com o satélite da NOAA e o satélite da StarOne favorece a interação entre os Centros de operação e o envio de dados orbitais de seus respectivos satélites. O compartilhamento de informações sobre o posicionamento e manobras proporciona uma operação mais segura aos agentes envolvidos. % (VWUDWpJLD GH HYDVmR GH VHWHPEUR GH Nos meses anteriores à passagem do GOES13 pela posição orbital do SGDC, os operadores da NOAA encaminharam ao COPE os dados orbitais do GOES-13 com as manobras previstas a serem executadas por ocasião de seu reposicionamento orbital. Essa informação foi utilizada pela equipe do COMAE e TELEBRAS na elaboração de uma estratégia de afastamento. Em 11 de setembro de 2017, durante o plaQHMDPHQWR GD PDQREUD 16 YHUL¿FRX VH TXH VH D estratégia inicialmente traçada para o SGDC fosse PDQWLGD D GLVWkQFLD PtQLPD GH DSUR[LPDomR HQWUH os satélites ocorreria em 27 de setembro de 2017 e seria inferior a 8 km. Assim, o limite mínimo estabelecido pelos operadores do SGDC, que é de 10 km, seria ultrapassado. Uma nova estratégia de evasão foi planejada e executada, inclusive utilizando-se GH XPD PDQREUD QD GLUHomR 2HVWH /HVWH PDQREUD :( $ UHDOL]DomR GH PDQREUDV :( QmR VmR QRPLnais no início da vida útil do SGDC. I,, ± 0$12%5$6 27,0,=$'$6

2V SDUkPHWURV SDUD PRGHODJHP H XP YHWRU de posição inicial do SGDC foram inseridos no sofWZDUH 67. D ¿P GH VLPXODU D SURSDJDomR GD yUELWD $GHPDLV RV SDUkPHWURV RUELWDLV GR *2(6 IRUQHcidos pelo operador da NOAA também foram inseriGRV QR 67. &RP R 67. p SRVVtYHO FDOFXODU D GLVWkQcia entre os satélites. O software MATLAB foi utilizado para execução do algoritmo de otimização para encontrar os valores de uma ou mais manobras de evasão. O algoritmo patternseach, método clássico de solução não linear do MATLAB foi escolhido para aperfeiçoar uma função cujo objetivo principal seria aumentar a GLVWkQFLD HQWUH VDWpOLWHV 0$7/$% A função alvo da otimização possuía como entradas os horários das manobras e as variações ¿QDLV GH YHORFLGDGH LPSRVWDV SHOD H[HFXomR GDV PDQREUDV GHOWD 9 $ VDtGD FRQVWLWXtD VH GD VRPD SRQGHUDGD GRV YDORUHV HP TXH RV OLPLWHV GH¿QLGRV SDUD RV SDUkPHWURV RUELWDLV HUDP H[FHGLGRV WDLV como: excentricidade máxima, inclinação máxima, ORQJLWXGH Pi[LPD ORQJLWXGH PtQLPD H GLVWkQFLD Ptnima entre satélites. Em linhas gerais, o MATLAB otimizou uma IXQomR FXMRV SDUkPHWURV HUDP SURYHQLHQWHV GR FiOculo de propagação de órbita realizada pelo STK. O procedimento empregado consistiu em manter os dias de execução das manobras mais próximas da agenda do satélite, alterando-se o delta-V, limitado aos valores usualmente empregados durante a operação nominal. O objetivo foi aumentar o afastamento mínimo entre os satélites com o menor LPSDFWR VREUH D RSHUDomR GR 6*'& *09 $R ¿QDO GD RWLPL]DomR DV H[FHQWULFLGDGHV H RV kQJXORV GH LQFOLQDomR REWLGRV SDUD FDGD PDQREUD foram inseridos nos módulos INCLON e SOLONG do software FocusGEO da GMV para cálculo dos valores das manobras EW e NS. O software FocusGEO é utilizado na operação do SGDC para as atividades relativas a análises e geração de produtos orbitais. A metodologia aplicada consistiu em: D &ULDU XP FHQiULR QR 67. LQFOXLQGR R VDWpOLWH 6DW simulando a órbita do SGDC,e o satélite Sat2, com dados de efemérides fornecidos pelo operador do GOES-13. Para a propagação da órbita de Sat1, foi utilizado o módulo Astrogator do STK. O Astrogator é um módulo capaz de modelar órbitas, incluindo manobras. E 8WLOL]DU XP VFULSW GR 0$7/$% SDUD FDUUHJDPHQWR GR FHQiULR 67. FRP RV SDUkPHWURV H OLPLWHV LQLFLDLV empregados na otimização.

3DUD GH¿QLomR GD HVWUDWpJLD FRP PDQREUDV F $ IXQomR D VHU RWLPL]DGD FXMRV SDUkPHWURV HUDP otimizadas utilizou-se os softwares STK da empresa provenientes da propagação de órbita do STK, foi inserida no MATLAB. AGI e o software MATLAB da empresa MathWorks. 18 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO


G 2 DOJRULWPR SDWWHUQVHDUFK do MATLAB foi usado para otimizar a função implementada e obter os meOKRUHV SDUkPHWURV GH PDQREUD DWHQGHQGR DRV UHquisitos estabelecidos. 3DUD R SUHVHQWH HVWXGR GH FDVR IRUDP GH¿QLdos os seguintes requisitos: D $V HQWUDGDV GD IXQomR FRQVLVWLUDP QR KRUiULR GH início e delta-V, na direção principal das manobras. 'H¿QLX VH TXH DV PDQREUDV RWLPL]DGDV VHULDP DV executadas nos dias 12, 15, 19 e 26 de setembro de 2017, sendo as manobras dos dias 12 e 26 na direção NS e as dos dias 15 e 22 na direção EW. A Fig. 2 ilustra a agenda do SGDC indicando os dias das manobras otimizadas.

Figura 4 - Agenda de manobras otimizadas do SGDC.

E 2V OLPLWHV HVWDEHOHFLGRV SDUD RV LQtFLRV GDV PDQRbras foram 24 horas antes e 24 horas após as 00:00h UTC do dia da manobra, com exceção da manobra do dia 12 de setembro, que devia começar dentro de 24 horas após 00:00h do mesmo dia. Para delta-V das manobras, os limites na direção NS foram de -0,5 m/s e 0 m/s e na direção EW de -0,04 m/s e 0 m/s.

Tabela II - Resultados obtidos com as estratégias executada e otimizada.

'(6&5,d­2 (;(&87$'$ Número de 14 0DQREUDV Delta-V Total GH 0DQREUDV 0,6402 m/s na Direção EW Delta-V Total GH 0DQREUDV 0,1100 m/s na Direção WE Delta-V Total GH 0DQREUDV 6,7543 m/s na Direção NS Delta-V Total 7,5045 m/s Distância Mínima entre 12,2 km Satélites Inclinação 0,073º Máxima 8OWUDSDVVRX os limites de SIM longitude?

27,0,=$'$ 14

0,1776 m/s

-

6,9932 m/s 7,1708 m/s 14,2 km 0,082º NÃO

Em relação à direção das manobras, não haveria a necessidade de se realizar a manobra WE. Embora as manobras na direção NS sejam maiores na estratégia otimizada, a quantidade de delta-V na direção EW é superior na estratégia executada. A estratégia otimizada proporciona uma redução de 5,5% no delta-V total das manobras. Manobras que exigem menor delta-V estão diretamente relacionaF 2 UHVXOWDGR GD IXQomR RWLPL]DGD FKDPDGR GH das a um menor consumo de oxidante e combustível SHVR IRL GH¿QLGD FRPR D VRPD SRQGHUDGD GRV YD- propelente que se traduzem num aumento da vida ORUHV TXH H[FHGLDP RV OLPLWHV GRV SDUkPHWURV GH¿QL- útil do satélite. dos, conforme Tabela 1. $ GH¿QLomR GRV OLPLWHV GH GHOWD 9 IRUQHFH uma solução dentro dos valores operacionais nomi7DEHOD , /LPLWHV HVWDEHOHFLGRV SDUD SDUkPHWURV RUELWDLV nais do SGDC para uma estratégia otimizada. A esFROKD GRV SDUkPHWURV XWLOL]DGRV QD FRPSRVLomR GR peso da função otimizada forneceu uma solução que '(6&5,d­2 9$/25(6 manteve o SGDC dentro dos limites de operação, Longitude máxima -74,8º exceto pelo valor da inclinação. Priorizou-se o ganho Longitude mínima -74,9º no distanciamento entre satélites aliado ao baixo delInclinação máxima 0,05º ta-V em detrimento da ultrapassagem do limite estaExcentricidade máxima 0,00035 belecido para inclinação. A inclinação acima dos limites operacionais é Distância mínima entre satélites 15 km MXVWL¿FDGD SHOR DXPHQWR GD GLVWkQFLD HQWUH VDWpOLWHV para valores considerados seguros pelos operado$ 5HVXOWDGRV H GLVFXVV}HV res do SGDC. Em ambas as estratégias, o limite de A Tabela 2 apresenta uma comparação entre inclinação foi excedido, no entanto, ao contrário do os resultados obtidos com as manobras executadas executado, a estratégia otimizada não excedeu os limites de longitude. e as sugeridas com a otimização. PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 19


4XDQWR j H[SHULrQFLD GR RSHUDGRU DR FRQWUirio da maneira como fora calculada a estratégia executada, todos os passos seguidos para determinação da estratégia otimizada foram escritos de forma a serem executados independentemente da familiaridade do operador com o tipo de manobras evasivas a serem executadas. Assim, a melhor solução para uma estratégia de evasão poderá ser encontrada até PHVPR SRU XP RSHUDGRU FRP SRXFD H[SHULrQFLD HP conjunções de satélites. Outro fator relevante em relação à utilização de um procedimento para otimização de manobras GH HYDVmR IRL R WHPSR JDVWR FRP D GH¿QLomR GD estratégia. O tempo total despendido com modelagem e cálculo na estratégia otimizada não ultrapassou 30 minutos, sendo muito inferior às 4 horas utilizadas para determinação da estratégia executada. I,, ± &21&/86­2 Neste estudo, foi apresentada uma proposta de otimização com o objetivo de reduzir o consumo de combustível, mantendo o cronograma nominal do SGDC e sem ultrapassar a variação de velocidade nominal das manobras, delta-V. A otimização encontrou propostas de manobras que, após serem implementadas no software de operação, atendeu a todas as premissas sugeridas e forneceria uma economia de delta-V na ordem de 5,5% em relação às manobras realizadas em setembro de 2017. Outro ponto a ser considerado é a redução no tempo gasto para encontrar a melhor opção de afastamento entre satélites.

20 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

5()(5Ç1&,$6 GMV. &ROOLVLRQ DYRLGDQFH VHUYLFH EDVHG RQ -6SR& 63 &DWDORJXH Apresentação realizada em 05 jun. 2018 na TELEBRAS para os Engenheiros de Voo do COPE. NATIONAL OCEANIC AND ATMOSPHERIC ADMI1,675$7,21 12$$ 6DWHOOLWH DQG ,QIRUPDWLRQ 6HUYLFH 12$$ 5HWLUHV *2(6 6DWHOOLWH $IWHU <HDUV RI 6WHOODU 6HUYLFH Disponível em: https:// www.nesdis.noaa.gov/content/ noaa-retires-goes-13-satellite-after-10-years-stellarservice. Acesso em: 23 nov. 2018. MATLAB. 0DWK *UDSKLFV 3URJUDPPLQJ Disponível em: https://www.mathworks.com/products/ matlab.html. Acesso em: 25 jun. 2018. 63$&( '$7$ $662&,$7,21 6'$ $ERXW 6'$ 2YHUYLHZ Disponível em: https://www.space-data. org/sda/about/sda-overview/. Acesso em: 25 jun. 2018. STK ASTROGATOR. $ERXW 67. $VWURJDWRU Disponível em: http://help.agi.com/stk/Content/gator/ astrogator.htm. Acesso em: 23 nov. 2018. TELEBRAS. 6*'& 7KH %UD]LOLDQ VDWHOOLWH 7KH %UD]LOLDQ 6DWHOOLWH Disponível em: http://www. telebras.com.br/sgdc/?lang=en. Acesso em: 15 jun. 2018. THALES ALENIA SPACE. 6*'& 0LVVLRQ 0DQXDO 3DUW 0LVVLRQ 3UR OH 22& : 4 Jan. 2017.


$78$d­2 '2 .& 1$ )$% ,167580(17$/,=$d­2 '2 32'(5 $(52(63$&,$/ KC-390 AT FAB: INSTRUMENTALIZATION OF AEROSPACE POWER

Ten Cel Av Luiz Fernando Rezende )HUUD] Estado-Maior da Ala 2 &RQFOXLX R &)2$Y HP 3RVVXL 0%$ HP ,QWHOLJrQFLD &RPSHWLWLYD QD 83,6 especialização em Gestão Pública e Emprego da Força Aérea na Universidade da Força Aérea HVSHFLDOL]DomR HP *HVWmR (VWUDWpJLFD QD 8QLYHUVLGDGH (VWiFLR GH 6i H R &XUVR GH &RPDQGR H (VWDGR 0DLRU $WXDOPHQWH p &KHIH GR (VWDGR 0DLRU GD $OD Contato: ferrazlfrf@fab.mil.br

Ten Cel Av Bruno $PpULFR Pereira *UXSR GH 7UDQVSRUWH GH 7URSD *77 Concluiu o CFOAv em 2003. Possui especialização em Análise de Ambiente Eletromagnético no ,QVWLWXWR 7HFQROyJLFR GH $HURQiXWLFD HVSHFLDOL]DomR HP *HVWmR 3~EOLFD H (PSUHJR GD )RUoD $pUHD QD 8QLYHUVLGDGH GD )RUoD $pUHD H PHVWUDGR HP &LrQFLDV $HURHVSDFLDLV QD 8QLYHUVLGDGH GD )RUoD $pUHD $WXDOPHQWH p &KHIH GD 6HomR GH 2SHUDo}HV GR *77 Contato: americobap@fab.mil.br

RESUMO

$%675$&7

O Brasil não pode prescindir da capacidade militar de dissuasão e do preparo para defesa contra ameaças externas. Esta pesquisa analisa a atuação do KC-390, no Poder Aeroespacial Brasileiro, como instrumentalização da capacidade da estratégia de dissuasão. Portanto, por meio da aeronave KC-390 se buscou compreender como um acontecimento, FRQ¿QDGR DR UHHTXLSDPHQWR GDV )RUoDV $UPDGDV pode aprimorar a instrumentalização do Poder Aeroespacial. Buscou-se, neste trabalho, utilizar a técnica de triangulação segundo Triviños, por meio do qual se estabelece um constante diálogo entre os dados coletados. Como encadeamento lógico do texto, realizou-se uma análise das capacidades de operação do KC-390, estipuladas na fase de desenvolvimento do projeto. Por meio dessa análise, foi constatado que a futura aeronave terá a capacidade de cumprir diferentes Ações de Força Aérea por meio GR HPSUHJR H¿FLHQWH GRV VHXV VLVWHPDV WHFQROyJLFRV embarcados. Desta forma, foi possível demostrar que o KC-390 contribui para a estratégia de dissuasão e para a instrumentalização do Poder Aeroespacial, como componente do Poder Militar, contribuindo para o suporte à Política de Defesa.

Brazil can’t dispense with the military capacity for deterrence and preparation for defense against external threats. This research analyzes the performance of the KC-390, in the Brazilian Aerospace Power, as instrumentalization of the capacity of the deterrence strategy. Therefore, through the aircraft KC-390, it was sought to understand how an event, limited to the reequipment of the Armed Forces, can improve the instrumentalization of Aerospace Power. In this paper, Triviños’ triangulation technique was used to establish a constant dialogue between the collected data. As a logical linking of the text, an analysis of the KC-390’s operating capabilities, stipulated in the development phase of the project, was carried RXW 7KURXJK WKLV DQDO\VLV LW ZDV YHUL¿HG WKDW WKH future aircraft will have the capacity to accomplish GLႇHUHQW $LU )RUFH $FWLRQV WKURXJK WKH HႈFLHQW use of its embedded technological systems. In this way, it was possible to demonstrate that the KC390 contributes to the strategy of deterrence and to the instrumentalisation of Aerospace Power, as a component of the Military Power, contributing to support the Defense Policy.

3DODYUDV &KDYH Poder Aeroespacial. Dissuasão. KC-390.

.H\ZRUGV Aerospace Power. Deterrence. KC-390. PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 21


, ± ,1752'8d­2

suporte logístico necessário ao preparo e ao emprego da Força Aérea, direta ou indiretamente, em 'RXKHW > @ YLVXDOL]DYD TXH R DYLmR VHULD R qualquer área de interesse no território nacional e no grande protagonista do século com seu potencial HQWRUQR HVWUDWpJLFR LQÀXHQFLDQGR R ULWPR D GXUDomR WUDQVIRUPDGRU $ D¿UPDWLYD GHVWH WHyULFR SHUPDQHFH e a intensidade das operações militares, garantindo válida até os dias de hoje, visto o emprego de aero- a sustentabilidade e potencializando a capacidade naves em ações do Poder Aeroespacial por diversos operacional da Força. países ou coalizões de países ao redor do mundo. A Possui teto de serviço de 36.000 ft, velociXWLOL]DomR GH DYL}HV QR HVWDGR GD DUWH HP FRQÀLWRV dade máxima de cruzeiro de 470 KTAS/Mach 0.80, de alta intensidade, como o da Síria, um dos atuais VHQGR FDSD] GH RSHUDU FRP GLYHUVDV FRQ¿JXUDo}HV focos mundiais de tensão, é um exemplo desta atua- internas, tais como: ção. D RLWHQWD PLOLWDUHV HTXLSDGRV SDUD GHVHPEDUTXH A política de defesa, que se expressa por convencional; meio do poder militar, constitui um elemento impresE VHVVHQWD H TXDWUR SDUDTXHGLVWDV cindível para a condução da política externa de um completamente equipados; (VWDGR SHULIpULFR FRPR R %UDVLO > @ 1R HQWRUQR JHRF WUDQVSRUWH GH FDUJDV SDOHWL]DGDV DWp VHWH político imediato brasileiro, o modelo nacional da esSDOHWHV / HP RULHQWDomR GH ´ FLQFR QD FDELQH tratégia militar, no contexto da Política e da EstratéH GRLV QD UDPSD JLD 1DFLRQDO GH 'HIHVD 31' H (1' p D GLVVXDVmR G FDSDFLGDGH GH DFRPRGDU VHWHQWD H TXDWUR Embora se tenha vivido uma situação relatimacas, com respectivos suportes para soro e YDPHQWH SDFt¿FD QD UHJLmR VXO DPHULFDQD DV SRXR[LJrQLR H TXDWUR DWHQGHQWHV H cas crises com possibilidade de escalada para o H WDQTXH V GH UHDEDVWHFLPHQWR HP YRR 5(92 FRQÀLWR EpOLFR WrP VLGR SRXFR GLYXOJDGDV QDV ~OWLPDV SDOHWL]DGR V FRQHFWDGR V DR VLVWHPD GH GpFDGDV > @ combustível da aeronave por meio de conexões As Forças Armadas na atuação do Poder rápidas, aumentando a autonomia da aeronave ou Aeroespacial devem ser capazes de enfrentar situpermitindo a realização de missões de destanqueio ações com graus variados de complexidade, para e reabastecimento de combustíveis em bases as quais as soluções encontradas encerram sempre terrestres remotas. algum grau de incerteza. Devido à complexidade das DPHDoDV DR (VWDGR %UDVLOHLUR ³R SUHSDUR >«@ GHYH Além de ampliar a mobilidade tática e estraser orientado para atuar no cumprimento de variadas tégica das Forças Armadas, o novo meio aéreo será missões, em diferentes áreas e cenários, para resequipado com um avançado sistema de autoproteSDOGDU D DomR SROtWLFD GR (VWDGR´ > @ ção, possuindo também defesa balística de áreas Assim, a chegada das aeronaves KC-390 críticas, o que aumentará sua capacidade de sobreHVWi HP FRQVRQkQFLD FRP D DWXDO HVWUDWpJLD SDUD D YLYrQFLD HP DPELHQWHV KRVWLV > @ Defesa Nacional, pois as Forças Armadas deverão Este vetor está preparado para atuar em ceser equipadas desde os tempos de paz, segundo as nários de alta densidade eletromagnética, elevando diretrizes do Ministério da Defesa. “Para dissuadir, é sua capacidade operacional em um Teatro de OperaSUHFLVR HVWDU SUHSDUDGR SDUD FRPEDWHU´ > @ o}HV 72 KRVWLV SRLV LQFRUSRUDUi HTXLSDPHQWRV GH O objetivo deste artigo é analisar a atuação autodefesa de última geração, permitindo-o detectar do KC-390, no Poder Aeroespacial brasileiro, como e reagir a diversas ameaças. instrumentalização da capacidade da estratégia de Nas novas aeronaves constam sistemas de dissuasão. *XHUUD (OHWU{QLFD *( GH GHWHFomR H GHFODUDomR Buscou-se neste trabalho, para a análise FRPR RV VHQVRUHV GH DOHUWD UDGDU 5:5 VLVWHPD geral de todos os dados da pesquisa, utilizar a técniGH DOHUWD GH DSUR[LPDomR GH PtVVHLV 0$:6 H ca de triangulação, por meio da qual se estabelece VLVWHPD GH DOHUWD ODVHU /:6 1R SURMHWR WDPEpP XP FRQVWDQWH GLiORJR HQWUH RV GDGRV FROHWDGRV > @ consta o sistema lançador de contramedidas passiYDV &0'6 FKDႇ H ÀDUH H R VLVWHPD GLUHFLRQDO LQIUDI, ± $ $(521$9( .& ( 68$6 &$3$&,'$'(6 YHUPHOKR GH FRQWUDPHGLGDV ',5&0 Além das funções de comunicação, navegaO KC-390 foi projetado para suportar as conomR H FRQVFLrQFLD VLWXDFLRQDO R VLVWHPD DYL{QLFR GR dições de frio e calor de regiões hostis como a AnKC-390 permite a apresentação integrada de infortártica ou a Amazônia. Seu caráter multimissão atenmações táticas. GH DV GLYHUVDV ¿QDOLGDGHV H[LJLGDV SHOD )$% H ³>«@ O compartimento de carga do KC-390 possijuntamente com seu avançado nível tecnológico, no bilita o transporte de pessoal e material, como paraHVWDGR GD DUWH WRUQD R DYLmR tPSDU >«@ SDUD D LQG~Vquedistas, passageiros, macas, viaturas, armamenWULD GH GHIHVD QDFLRQDO´ > @ to, sistemas de apoio de pista, cargas paletizadas e A aeronave poderá prever, prover e manter cargas para lançamento aéreo. 22 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO


A capacidade volumétrica do compartimento GH FDUJD H D FDSDFLGDGH GH TXLFN FKDQJH FRQYHUVmR UiSLGD GDV FRQ¿JXUDo}HV SDVVDJHLUR FDUJD GR KC-390 facilitam o embarque de cargas diversas, como o helicóptero H60L Black Hawk, Fig. 1.

Figura 1 - Carregamento em RIG do Helicóptero H-60L Black Hawk em 16 de maio de 2018 no mock-up do KC-390 na 2SHUDomR *XDUDQL )DVH )217( (PEUDHU

A compatibilidade para o voo com óculos de visão noturna e a possibilidade de comunicação segura contribuirão também para a redução da susceptibilidade e da vulnerabilidade das aeronaves KC TXDQGR RSHUDQGR HP XPD ]RQD GH FRPEDWH > @ O avião dispõe de um computador de bordo equipado com um sistema que facilita a disposição e a precisão do lançamento aéreo. O software analisa a velocidade e a altitude do avião, o peso da carga H D SRVLomR JHRJUi¿FD SRU PHLR GH *36 DOpP GDV características balísticas dos paraquedas, indicando o ponto ideal do lançamento da carga ou pessoal. O KC-390 terá a capacidade de efetuar lançamento aéreo de cargas, Fig. 2, de até 42.000 lbs e lançamento de Container Delivery SysteP &'6 single ou dual stick GH DWp YLQWH H GRLV SDFRWHV A-22.

Esse novo vetor da FAB será equipado com XP GLVSRVLWLYR (OHWUR ÏWLFR H ,QIUDYHUPHOKR 32' (2 ,5 (2 ,5 Litening. Este dispositivo removíYHO SURYr DR SLORWR DTXLVLomR H UDVWUHLR DXWRPiWLFR de alvos, bem como a designação e marcação de objetos por meio de emissão laser, possibilitando o guiamento de bombas inteligentes. Dentre outras utilidades, o POD EO/IR Litening será utilizado para a LGHQWL¿FDomR GLXUQD H QRWXUQD GH DOYRV GXUDQWH XPD missão de Busca e Salvamento. A aeronave KC-390 é equipada também com o radar tático Gabiano T-20N. Radar de última geração, capaz de proporcionar alta precisão nas misV}HV ,95 LQWHOLJrQFLD YLJLOkQFLD H UHFRQKHFLPHQWR H EXVFD H VDOYDPHQWR WHUUD H PDU Este equipamento é capaz de trabalhar em YiULDV IUHTXrQFLDV GD %DQGD ; RX VHMD WHP D FDSDFLGDGH GH VHU XP UDGDU GH YLJLOkQFLD VHQVRULDPHQWR remoto e meteorológico. O radar vem equipado com um conjunto de PRGRV LQFOXLQGR YLJLOkQFLD DU PDU FRP Track While Scan 7:6 PDSHDPHQWR GH VROR GH DOWD UHVROXomR PRGRV 6WULS e 6SRW 6$5 H QDYHJDomR FRP PDSHamento de terreno, além de ser capaz de detectar e acompanhar alvos em movimentos, com os seus modos de *URXQG 0RYLQJ 7DUJHW ,QGLFDWRU *07, H *URXQG 0RYLQJ 7DUJHW 7UDFN *077 Possui capacidade de Electronic Counter &RXQWHUPHDVXUHV (&&0 SURSRUFLRQDQGR JDQKR operacional no TO por ser capaz de se proteger contra interferidores eletromagnéticos, com capacidade de /RZ 3UREDELOLW\ RI ,QWHUFHSW /3, DOpP GH HQYLDU pulsos de supressão para o receptor RWR ou qualquer outro sistema de EODQNLQJ instalado na aeronave. A aeronave traz consigo capacidades e conceitos operacionais inéditos, os quais estão alinhados com as diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa e as orientações contidas na Doutrina Básica da FAB, DCA 1-1, trazendo novas possibilidades que colocam, mais uma vez, a Força Aérea Brasileira em elevados níveis operacionais no contexto mundial. I,, ± (035(*2 '2 .& 80$ 9,6­2 35263(&7,9$

Além da capacidade esperada do KC-390 de propiciar elevado apoio logístico à Força Aérea, no que se refere à sua mobilidade, sua principal característica será a de levar o combate ao inimigo, sobretudo em ações de Assalto Aeroterrestre, o que VH UHÀHWH QD DWXDOLGDGH HP PRELOLGDGH WiWLFD H Figura 2 - Lançamento de cargas pelo método Container Delivery System &'6 H SHOR PpWRGR /RZ 9HORFLW\ $LUGURS 'HOLYHU\ estratégica. /9$' HP GH IHYHUHLUR GH GD $HURQDYH .& QD À medida que o desenvolvimento do Projeto 2SHUDomR *XDUDQL )DVH avança e novas capacidades de emprego são )217( (PEUDHU acrescentadas, torna-se relevante citar as Ações de Força Aérea relacionadas a cada funcionalidade instalada. Inicialmente, as aeronaves KC-390 PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 23


poderão executar ações de Assalto Aeroterrestre, Busca e Salvamento, Controle Aéreo Avançado, (YDFXDomR $HURPpGLFD ([¿OWUDomR $pUHD ,Q¿OWUDomR $pUHD /RJtVWLFD 2SHUDo}HV 3VLFROyJLFDV Patrulha Marítima, Posto de Comunicação no Ar, Reabastecimento em Voo, Reconhecimento Aéreo e Transporte Aéreo Logístico. Como Ações Complementares pode-se cumprir ainda Combate a ,QFrQGLR HP 9RR H 6RFRUUR HP 9RR Muitas dessas Ações de Força Aérea serão realizadas nas operações conjuntas com o Exército H 0DULQKD HP SURO GD LQWHURSHUDELOLGDGH UDWL¿FDQGR este instrumento que pode proporcionar as Forças $UPDGDV XPD PDLRU FDSDFLGDGH > @ 3DUD 0HDUVKHLPHU > @ D GLVVXDVmR FRQYHQcional é estabelecida em função da capacidade de negar a um agressor a consecução dos objetivos no seu próprio campo de batalha por meio do emprego de forças convencionais. Um exemplo, da capacidade dissuasória do avião KC-390 no Poder Aeroespacial brasileiro, é a possibilidade de ser empregado em proveito das tarefas de Exploração da Informação, Interdição do Campo de Batalha, Projeção Estratégica do Poder Aeroespacial e Sustentação ao Combate, negando a um agressor a consecução dos objetivos em um TO. Para tanto, deve-se analisar, cautelosamente, o cenário de emprego, bem como as ameaças existentes no TO, sendo essencial a condição de situação aérea favorável ou superioridade aérea, tendo a necessidade de estar associado à missões de escolta e varredura e/ou Supressão de Defesa $pUHD ,QLPLJD 6'$, GHSHQGHQGR GR FHQiULR HP que estiver inserido. $ FDSDFLGDGH GH SHUPDQrQFLD H YLJLOkQFLD GH uma grande área de interesse, aliado com as capacidades dos sensores embarcados, velocidade, raio de alcance e sistemas de autodefesa, pode ser considerado um diferencial no resultado da missão. O uso combinado do radar tático e do POD Litening SHUPLWLUi GHWHFWDU H LGHQWL¿FDU alvos em movimento e alvos sensíveis ao tempo. Posteriormente, ainda poderá ser realizada a ação GH &RQWUROH $pUHR $YDQoDGR &$$ YHWRUDQGR as aeronaves de caça e iluminando o alvo para o emprego do armamento aéreo, conforme Fig. 3.

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Figura 3 - Visualização pictorial de possível emprego do KC-390. FONTE: Os autores.

Destaca-se, ainda, a possibilidade de realizar, no mesmo cenário citado acima, a Ação de Reabastecimento em Voo em proveito das aeronaves de caça e de asas rotativas, ressaltando desta forma o emprego multimissão do KC-390. Para ações de Patrulha Marítima este vetor poderá ser empregado com o objetivo de detectar, ORFDOL]DU LGHQWL¿FDU H DFRPSDQKDU DOYRV PDUtWLPRV de superfície, permitindo o acompanhamento de forças navais e a coordenação com as forças amigas QDV Do}HV WLSL¿FDGDV FRPR GH YLJLOkQFLD FRVWHLUD RX controle de tráfego mercante. Dessa forma, vislumbra-se a execução de atividades de Patrulha Marítima pela aeronave KC390 com aplicação de medidas de policiamento do mar, negando o uso da Zona Econômica Exclusiva por embarcações não autorizadas. Adicionalmente a dissuasão convencional de 0HDUVKHLPHU > @ D (VWUDWpJLD 1DFLRQDO GH 'HIHVD pressupõe dois processos básicos para o aumento da capacidade dissuasória nacional: a modernização RWLPL]DQGR DV FDSDFLGDGHV H[LVWHQWHV QDV )RUoDV H D WUDQVIRUPDomR GHVHQYROYLPHQWR GH QRYDV FDSDFLGDGHV A chegada do novo vetor aéreo é um processo bottom-up para o desenvolvimento da doutrina e mitigação da lacuna doutrinária formada. As equipagens de combate serão obrigadas a se aprimorar, repensando e atualizando suas técnicas e práticas individuais, principalmente com relação a utilização e emprego dos sistemas tecnológicos embarcados, quando operando em um cenário hostil. &RP D ¿QDOLGDGH GH DMXGDU D DWLQJLU R REMHWLYR estipulado neste artigo, sintetizando os dados coletados durante o estudo, foi elaborada a Tabela I que ilustra o relacionamento entre as aeronaves C-130 e o futuro vetor aéreo.


Tabela I - Comparação entre as aeronaves C-130 e KC-390 da FAB.

&$7(*25,$6 5(/$& &,21$'$6 &DSDFLGDGH Não possui À\ E\ ZLUH Máximo de Decolagem 155.000 Ib Normal Sistemas de Incompleto Autodefesa (TXLSDPHQto de AutoNão possui defesa (TXLSDPHQto de Visão Não possui Noturna Data Link Não possui &DSDFLGDGH REVO diurREVO diurno no e noturno e noturno reaFRP 19* UHbastecedor DEHVWHFHGRU H UHFHSWRU POD Eletro-Ótico e Não possui Infravermelho Sistema de Cálculo SUHFLVR GR Não possui SRQWR GH lançamento de material Radar tático Não possui

.& Possui 164.000 Ib Integrado nos aviões Possui

Possui Possui REVO diurno e noturno reabastecedor e receptor

Ao analisar esta tabela, observou-se que a nova aeronave da FAB possui novos sensores embarcados, maior capacidade de carga, capacidade de ser reabastecida em voo e equipamentos autodefesa que podem representar as principais ferramentas para que a aeronave KC-390 seja capaz de cumprir um rol variado de Ações de Força Aérea, em prol de diferentes Tarefas de Força Aérea. Por conseguinte, conclui-se que o KC-390 amplia o Poder Aeroespacial brasileiro, pois representa atualmente o incremento da capacidade de Mobilidade Estratégica e Tática, que é uma capacidade estabelecida na Estratégia Nacional de Defesa e é uma das bases do poder de combate. Levando em ponderação a dissuasão convencional de Mearsheimer, pode-se mencionar que o KC-390 terá a capacidade de negar a um agressor a consecução dos objetivos no seu próprio campo GH EDWDOKD SRU PHLR GR HPSUHJR H¿FLHQWH GRV VHXV diversos sistemas tecnológicos embarcados. $WLQJLQGR SRU ¿P R REMHWLYR GHVWH WUDEDOKR pode-se concluir que o KC-390 contribui para a estratégia de dissuasão e para a instrumentalização do Poder Aeroespacial, como componente do Poder Militar, contribuindo para o suporte à Política de Defesa. 5()(5Ç1&,$6

Possui

Possui

Possui

Fonte: Os autores.

I9 &21&/86®(6 O advento do vetor aéreo como arma de guerUD QRV FRQÀLWRV SURYRFRX PXGDQoDV VLJQL¿FDWLYDV QD condução e na delineação das batalhas, reestruturou pensamentos e criou teorias sobre seu emprego. Face a essas novas alternativas concedidas pelas aeronaves, também foram ampliados meios e armamentos com o objetivo de se contraporem à ameaça aérea. O surgimento dos radares, mísseis de guiagem infravermelho e sistemas de detecção são alguns exemplos. &RP D ¿QDOLGDGH GH DMXGDU D DWLQJLU R REMHWLvo, estipulados neste estudo, foi elaborada a Tabela I que ilustra o relacionamento entre as aeronaves C-130 e o futuro vetor aéreo.

> @ '28+(7 *L~OLR , SUREOHPL GHOO¶DHURQDYLJD]LRQH 7LSRJUD¿D´ 5RPD´ GL $UPDQL H 6WHLQ > @ $/6,1$ -Ò1,25 - 3 6 3ROtWLFD ([WHUQD H 3RGHU 0LOLWDU QR %UDVLO 8QLYHUVRV 3DUDOHORV Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. > @ -Ò1,25 - ' 'LVVXDVmR &RQYHQFLRQDO QD $PpULFD GR 6XO 2 FDVR GD 7UtSOLFH )URQWHLUD 9HQH]XHOD %UDVLO *XLDQD 2010. 146f. Dissertação 0HVWUDGR HP (VWXGRV (VWUDWpJLFRV 8QLYHUVLGDGH Federal Fluminense. Niterói, RJ, 2010. > @ %5$6,/ 0LQLVWpULR GD 'HIHVD (VWUDWpJLD 1DFLRQDO GH 'HIHVD PLQXWD END. Brasília, DF, 2016. > @ 0('(,526 ),/+2 2VFDU (QWUH D FRRSHUDomR H D GLVVXDVmR SROtWLFDV GH GHIHVD H SHUFHSo}HV PLOLWDUHV QD $PpULFD GR 6XO 2010. 240f. DissertaomR 'RXWRUDGR HP &LrQFLDV 3ROtWLFDV 8QLYHUVLGDde de São Paulo. São Paulo, SP, 2010. > @ 0$57,16 & & % $YDOLDomR GR 3URJUDPD .& ; A aeronave KC-390 como uma resposta às necessidades da Força Aérea Brasileira.In: Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos de Defesa, 9., 2016, Florianópolis. $QDLV HOHWU{QLFRV Rio de Janeiro: 2016.

PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 25


FLICKR FAB

> @ <,/',5,0 =HNL 6HOI GHIHQVH RI ODUJH DLUFUDIW > @ 0($56+(,0(5 -RKQ &RQYHQWLRQDO GHWHUUHQFH I 'LVVHUWDomR 'RXWRUDGR HP (QJHQKDULD GH 6LV- Cornell University Press, 2017. WHPDV GH *XHUUD (OHWU{QLFD (VFROD 1DYDO GH 3yV-Graduação, Monterey, CA, 2008. > @ %5$6,/ &RPDQGR GD $HURQiXWLFD (VWDGR-Maior da Aeronáutica. Portaria nº 278/GC3, de 21 > @ 3$3( 5 7KH WUXH ZRUWK RI DLU SRZHU )RUHLJQ de junho de 2012. Aprova a reedição da Diretriz que $ႇDLUV 1HZ <RUN Y LVV 0DU $SU S dispõe sobre Doutrina Básica da Força Aérea Brasi130. leira: '&$ Brasília, DF, 2012.

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,1)/8Ç1&,$ '2 5(&8562 '( $*,/,'$'( (0 )5(48Ç1&,$ 12 $/&$1&( '( '(7(&d­2 5$'$5 ,1)/8(1&( 2) )5(48(1&( $*,/,7< 5(6285&( 21 RADAR DETECTION RANGE

Cap Esp Com )iELR Pinto Machado 6HomR GH 6LPXODGRUHV $OD

Concluiu o CFOE em 2013. Possui Especialização em Ambiente Eletromagnético, pelo Instituto 7HFQROyJLFR GD $HURQiXWLFD $WXDOPHQWH p &KHIH GD 6HomR GH 6LPXODGRUHV GD $OD Contato: fabiofpm@fab.mil.br

RESUMO

$%675$&7

O presente artigo foi confeccionado com o objetivo de analisar o impacto no alcance radar gerado a parWLU GR FRPSRUWDPHQWR GLQkPLFR GD 6HomR 5HWD 5DGDU 5&6 GH XP DOYR $ SULPHLUD SDUWH WUD] XPD LQWURdução rápida sobre como ocorre a variação de RCS GR DOYR H VXD LQÀXrQFLD QR DOFDQFH Pi[LPR GH GHtecção. Em seguida, são apresentados exemplos de como um mesmo alvo poderá apresentar diferentes valores de RCS, bem como métodos para a prediomR GHVVH UHVXOWDGR $R ¿QDO R DUWLJR WUD] UHVXOWDGRV de simulações realizadas em alvos complexos, bem como o impacto operacional no alcance de detecção radar, que advém da aplicação correta dos dados observados na simulação.

The present article was prepared to analyze the impact on the radar range generated from the Radar &URVV 6HFWLRQ 5&6 RI D WDUJHW 7KH ¿UVW SDUW SURYLGHV a quick introduction on how the RCS variation of the WDUJHW RFFXUVDQG LWV LQÀXHQFH RQ WKH PD[LPXP GHtection range. Examples are described below of how WKH VDPH WDUJHW PD\ SUHVHQW GLႇHUHQW 5&6 YDOXHV as well as methods for predicting this result. Finally, the article brings results of simulations carried out on complex targets, and the operational impact on detection range, which results from the correct application of the data observed in the simulation.

3DODYUDV &KDYH Seção Reta Radar. Agilidade em IUHT rQFLD $OFDQFH 5DGDU H 6LPXODomR

.H\ZRUGV Radar Cross Section. Frequency agility. Radar range and Simulation. PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 27


, ± ,1752'8d­2 A Seção Reta Radar de um alvo, representa a quantidade de energia eletromagnética que retorna ao radar após ser re-irradiada por esse alvo. Pode VHU H[SUHVVD HP WHUPRV GH Pð RX GHFLEHO SRU Pð G% RX G%VP $ HQHUJLD UH LUUDGLDGD p REWLGD SHOD VRPD vetorial dos sinais eletromagnéticos gerados pelos diversos elementos espalhadores que compõe o DOYR H GHSHQGH GR FRPSULPHQWR GH RQGD GR VLQDO Ȝ GR kQJXOR GH DVSHFWR GR D]LPXWH ș H GD JHRPHWULD GR DOYR > @ Como os vetores gerados podem estar em fase ou fora de fase, a RCS resultante indicará valores acima ou abaixo de uma média calculada. Assim, de acordo com a soma vetorial dos sinais reirradiados, um alvo de grandes dimensões poderá UHÀHWLU XP VLQDO GHSHTXHQD LQWHQVLGDGH HQTXDQWR XP GH SHTXHQDV GLPHQV}HV SRGHUi UHÀHWLU XP VLQDO GH JUDQGH LQWHQVLGDGH > @ Uma aeronave em aproximação, ao ser engajada por um radar que utiliza agilidade em IUHTXrQFLD FRPR PHGLGD GH SURWHomR HOHWU{QLFD apresentará um valor diferente de RCS para cada IUHTXrQFLD LQFLGHQWH 3RU RXWUR ODGR PHVPR SDUD UDGDUHV TXH HPLWHP HP IUHTXrQFLD ~QLFD GXUDQWH D DSUR[LPDomR GD DHURQDYHR kQJXOR GH DVSHFWR SDUD D LQFLGrQFLD GR VLQDO VRIUH PXGDQoDV R TXH WDPEpP resulta em diferentes valores de RCS. 2 YDORU LQVWDQWkQHR GH 5&6 DSUHVHQWDGR SHOR DOYR SRVVXL HQWmR XP FDUiWHU GLQkPLFR e,conhecendo-se as características de emissão do radar e a variação de RCS da aeronave quando engajada por esse radar em um cenário tático, tornase viável em um planejamento de missão aérea, HVWLPDU XP SHU¿O GH YRR FDSD] GH LPSHGLU RX UHWDUGDU a detecção por parte do radar, através da redução de RCS da plataforma aérea. Conhecer a variação de RCS de uma aeronaYH WDPEpP p ~WLO SDUD R HPSUHJR H¿FLHQWH GRV HTXLpamentos radar, a partir da possibilidade de escolha GD IUHTXrQFLD GH HPLVVmR TXH FRPELQDGD FRP R kQJXOR GH DVSHFWR H D]LPXWH GD DHURQDYH HP FDGD instante, resultará em um maior valor de RCS e, em FRQVHTXrQFLD DXPHQWDUi R DOFDQFH GH GHWHFomR A intensidade de energia re-irradiada tamEpP VRIUH LQÀXrQFLD GLUHWD GDV FDUDFWHUtVWLFDV GRV materiais que compõe a estrutura da aeronave, que absorvem em maior ou menor quantidade parte da energia incidente, porém esse fator não é objeto de análise nesse artigo. ,, ± 5&6 &202 9$5,È9(/ ',1Æ0,&$ Apesar de muitas fontes apresentarem dados sobre o alcance de detecção dos mais variados radaUHV GL¿FLOPHQWH TXHP DFHVVD HVVH FRQWH~GR TXHVtiona o valor de RCS para qual a informação é válida. 28 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

Dizer que determinado radar detecta a partir de 200 NM, por exemplo, é uma informação válida apenas se estiver acompanhadado valor de RCS esperado GR DOYR 7DPEpP D D¿UPDomR GH TXH XPD DHURQDYH possui RCS de 20 m² deve estar associada com os GDGRV GH IUHTXrQFLD kQJXOR GH DVSHFWR H D]LPXWH em que o resultado é esperado. A determinação exata da RCS resultante, para alvos em movimento, não é tarefa simples. PriPHLUR GHYLGR jV PXGDQoDV GH kQJXOR GH DVSHFWR que ocorrem durante as fases do voo. Segundo, porque alvos complexos podem ser visualizados como XP FRQMXQWR GH HOHPHQWRV UHÀHWRUHV GLVWULEXtGRV pela superfície do alvo, e que contribuem de forma LQGLYLGXDO SDUD R UHVXOWDGR ¿QDO GD 5&6 > @ &RP D ¿QDOLGDGH GH HVWLPDU FRPR RFRUUHUi D variação de RCS em uma plataforma, de acordo com RV SDUkPHWURV HOHQFDGRV QD LQWURGXomR p SRVVtYHO o uso de softwares de simulação eletromagnética. A simulação serve para prever possíveis resultados, que devem posteriormente ser validados em avaliações operacionais reais, utilizando-se os PHVPRV SDUkPHWURV DSOLFDGRV j VLPXODomR 3DUD RV REMHWLYRV GHVVH DUWLJR ID] VH UHIHUrQFLD DR software de simulação da empresa Altair, chamado FEKO, utilizado por indústrias de telecomunicações, DHURHVSDFLDLV H GHIHVD PLOLWDU > @ $ ¿J H[HPSOL¿FD R UHVXOWDGR GH XP processo de simulação realizado no FEKO, a partir GD LQFLGrQFLD GH XP VLQDO GH IUHTXrQFLD ¿[D FRP kQJXOR GH DVSHFWR H D]LPXWHV YDULiYHLV HP UHODomR a um alvo. Os valores de RCS encontrados são DSUHVHQWDGRV HP HVFDOD ORJDUtWPLFD G%VP GH acordo com a legenda de cores, em que os tons mais próximos do vermelho representam os maiores YDORUHV GH 5&6 > @ 3DUD HVVD VLPXODomR REWHYH VH do alvo valores entre 15 e -30 dBsm de RCS.

Figura 1 - Medida de RCS em um alvo. )217( $GDSWDGR GH > @

Com os valores de RCS obtidos na simulaomR p SRVVtYHO HVWLPDU HP TXH GLVWkQFLD XPD DHURQDYH VHUi GHWHFWDGD TXDQGR HP XP SHU¿O GH YRR DGRWDGR FRP RV SDUkPHWURV VHPHOKDQWHV DR XWLOL]DGR QD VLPXODomR EHP FRPR YHUL¿FDU SHOD YDULDomR


sua RCS na trajetória, se em algum instante haverá perda de detecção por parte do radar. Para esses cálculos, pode-se utilizar a ferramenta computacional MATLAB, que além de efetuar os cálculos necesViULRV WDPEpP p FDSD] GH DSUHVHQWDU JUD¿FDPHQWH os resultados. $ ¿J UHSUHVHQWD XP JUi¿FR JHUDGR HP MATLAB, com uso dos dados obtidos pela simulação no FEKO de um alvo qualquer. A linha vermelha possui o valor médio da RCS calculada para o alvo. Ao analisar a curva preta, que representa a variação GD 5&6 GHIRUPD GLQkPLFD GH DFRUGR FRP R kQJXOR de aspecto adotado, nota-se que algumas medidas estão muito abaixo e outras muito acima da média. Para o engajamento do radar a 90º da aeronave, por exemplo, existe um aumento de 30 dBsm em relação j 5&6 PpGLD > @

$SOLFDQGR HVVH UHVXOWDGR D TXH UHSUHVHQWD GH IRUPD VLPSOL¿FDGD R DOFDQFH Pi[LPR GH GHWHFomR UDGDU YHUL¿FD VH TXH SDUD XP DXPHQWR OLQHDU GH YH]HV QR YDORU GD 5&6 ı REWpP VH XP JDQKR GH 77% no alcance de detecção desse radar.

Na equação, o alcance máximo está exSUHVVR HP WHUPRV GH SRWrQFLD GH WUDQVPLVVmR 3W JDQKR GD DQWHQD WUDQVPLVVRUD * FRPSULPHQWR GH RQGD GR VLQDO WUDQVPLWLGR Ȝ SRWrQFLD PtQLPD GH VLQDO QHFHVViULD QD HQWUDGD GR UHFHSWRU 3U H 5&6 ı GR DOYR &DEH UHVVDOWDU TXH WRGRV RV WHUPRV GD HTXDomR FRP H[FHomR GD 5&6 VmR GH GRPtnio exclusivo de quem opera o radar. Dessa forma, R DOYR WHP D SRVVLELOLGDGH GH LQÀXHQFLDU QR DOFDQFH máximo de detecção do radar, na medida em que o SHU¿O GH YRR DGRWDGR LQÀXHQFLDUi QR YDORU LQVWDQWkneo da RCS. ,,, ± *$1+2 12 $/&$1&( 5$'$5 3(/2 862 '( $*,/,'$'( (0 )5(48Ç1&,$

)LJXUD 9DULDomR GH 5&6 HP IXQomR GR kQJXOR GH DVSHFWR GR alvo. )217( $GDSWDGR GH > @

-i QD ¿J XPD DHURQDYH IRL VXEPHWLGD j emissão eletromagnética de um radar pulsado com IUHTXrQFLD GH *K] HP XP kQJXOR GH DVSHFWR ¿[R HP H D]LPXWH ș YDULiYHO GH D 2 YDORU obtido de RCS está apresentado em uma escala de D G%VP 3DUD D LQFLGrQFLD IURQWDO GD HPLVVmR ș WHP VH XP YDORU PHGLGR SUy[LPR D G%VP 3DUD LQFLGrQFLD ODWHUDO DSUR[LPDGDPHQWH 100º, obteve-se 35 dBsm para o valor de RCS. Esse DXPHQWR GH G%VP VLJQL¿FD XP DXPHQWR GH YH]HV HP HVFDOD OLQHDU SDUD R YDORU GH 5&6 > @

Figura 3 - Medida de RCS em uma aeronave. )217( $GDSWDGR GH > @

A partir da análise dos dados obtidos em VLPXODomR YHUL¿FD VH TXH p SRVVtYHO REWHU GLIHUHQWHV valores de RCS para o mesmo alvo, e dessa forma, o alcance de detecção de um radar poderá ser maior ou menor do que o esperado para o equipamento. 3DUD PD[LPL]DU R DOFDQFH D HPLVVmR GH IUHTXrQFLDV deve ser programada para ocorrer de acordo como kQJXOR GH DVSHFWR DGRWDGR SHOR DOYR HP FDGD LQVWDQWH QHVVH FDVR FRP R XVR GDV IUHTXrQFLDV TXH fornecerão a maior RCS possível. $ ¿J UHSUHVHQWD XP HVSHFWURJUDPD GD 5&6 HP IXQomR GR kQJXOR GH DVSHFWR H GD IUHTXrQFLD obtido a partir do FEKO. A simulação utilizou uma aeronave da Força Aérea Brasileira ao ser engajada por um radar. Por motivo de sigilo de dados, os YDORUHV GH IUHTXrQFLD XWLOL]DGRV QHVVH DUWLJR IRUDP alterados em relação aos valores reais aplicados na simulação. Ainda, estão omitidos nesse artigo, RXWURV SDUkPHWURV XWLOL]DGRV SDUD D REWHQomR GRV resultados, como azimute da aeronave em relação DR UDGDU FRQ¿JXUDomR GH RSHUDomR GR UDGDU H SHU¿O devoo da aeronave.

)LJXUD 5&6 HP IXQomR GD IUHTXrQFLD H kQJXOR GH DVSHFWR )217( $GDSWDGR GH > @ PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 29


1R HVSHFWURJUDPD p SRVVtYHO ¿[DU XP kQJXOR GH DVSHFWR SDUD D LQFLGrQFLD GR VLQDO H LGHQWL¿FDU D IUHTXrQFLD TXH GHYHUi VHU XWLOL]DGD SHOR UDGDU SDUD D REWHQomR GD PDLRU 5&6 GR DOYR 3DUD XP kQJXOR GH DVSHFWR HP SRU H[HPSOR XPD IUHTXrQFLD XP pouco menor do que 6,32 Ghz fornecerá um maior YDORU GH 5&6 LGHQWL¿FDGR QD ¿JXUD SHOD FRU PDLV próxima ao vermelho. Já com um alvo engajado no PHVPR kQJXOR GH DVSHFWR R XVR GH IUHT rQFLDV próximas a 6,29 Ghz, não será uma boa escolha, pois serão apresentados valores baixos de RCS, LGHQWL¿FDGRV SHODV FRUHV HP WRQV GH D]XO R TXH FHUWDPHQWH PLQLPL]D R DOFDQFH GH GHWHFomR > @ O espectrograma fornece informações sobre a variação da RCS do alvo que podem ser úteis em XP SODQHMDPHQWR GH PLVVmR 1D VLPXODomR GD ¿J para aumentar o ganho de detecção, o radar deve HQJDMDU D DHURQDYH HP XP kQJXOR GH DVSHFWR GH XWLOL]DQGR XPD IUHTXrQFLD SUy[LPD D *K] Em contrapartida, se a aeronave pretende reduzir o DOFDQFH GR UDGDU VXJHUH VH TXH HOD DGRWH XP SHU¿O GH YRR FRP R kQJXOR GH DVSHFWR SDUD YDORUHV GH QR máximo 10º, condição em que a simulação resultou HP EDL[RV YDORUHV GH 5&6 SDUD WRGDV DV IUHTXrQFLDV XWLOL]DGDV SHOR UDGDU > @ Com a simulação, é possível conhecer as IUHTXrQFLDV TXH PD[LPL]DP D 5&6 GR DOYR R TXH implicará em ganho no alcance de detecção, e também as que minimizam a RCS, não devendo ser utilizadas pelo radar já que resultarão em perda no alcance. Os resultados podem ser comparados através de valores numéricos extraídos do espectrograma. Um exemplo resumido está apresentado nas Tabelas I e II. Tabela I - Dados que maximizam a RCS.

$$ 10º 15º 20º 25º 30º 35º 40º

)UHT *K]

6,2975 6,3330 6,3100 6,3100 6,3200 6,3470 6,3175

5&6 G%VP

5,556 15,818 13,037 14,886 30,010 17,413 15,002

Tabela II - Dados que minimizam a RCS.

$$ 10º 15º 20º 25º 30º 35º 40º

)UHT *K]

6,2885 6,3180 6,2945 6,3390 6,2800 6,3265 6,3225

5&6 G%VP

-11,192 -6,782 -4,457 -9,772 -8,490 -12.782 -1,668

)217( $GDSWDGR GH > @

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O impacto no alcance é observado compaUDQGR VH RV JUi¿FRV GDV ¿J H ¿J JHUDGRV QR 0$7/$% HP TXH SDUD R SHU¿O GH YRR XWLOL]DGR QD simulação, a curva vermelha representa o alcance calculado a partir da RCS média e a azul o alcance a SDUWLU GD 5&6 GLQkPLFD SDUD XPD SUREDELOLGDGH GH detecção de 50%.

Figura 5 - Alcance radar com RCS maximizada. )217( $GDSWDGR GH > @

Figura 6 - Alcance radar com RCS minimizada. )217( $GDSWDGR GH > @

1D ¿J D DHURQDYH IRL GHWHFWDGD SHOR UDGDU HP XPD GLVWkQFLD GH 10 2 FiOFXOR IRL realizado a partir da RCS maximizada pelo uso das PHOKRUHV IUHTXrQFLDV (P FRQWUDSDUWLGD R FiOFXOR GD ¿J D SDUWLU GD DJLOLGDGH FRP DV IUHT rQFLDV TXH UHGX]HP D 5&6 SDUD R PHVPR SHU¿O DGRWDGR GH YRR UHVXOWRX HP DOFDQFH GH DSHQDV 10 > @ A diferença de 6,62 NM, ainda que pequena, SRGH VHU GHFLVLYD SDUD D H¿FLrQFLD GH XPD PLVVmR Uma aeronave a 200 nós, por exemplo, seria detecWDGD SHOR UDGDU TXH PD[LPL]RX D 5&6 ¿J DSURximadamente 2 minutos antes de um mesmo radar TXH XWLOL]RX DJLOLGDGH FRP DV SLRUHV IUHT rQFLDV ¿J SDUD R PHVPR SHU¿O GH YRR > @ $ ¿JXUD REWLGD D SDUWLU GD PHVPD VLPXODomR DSUHVHQWD XP JUi¿FR TXH GH¿QH FRPR GHYHUi RFRUUHU R VDOWR GH IUHTXrQFLD HP IXQomR GR kQJXOR de aspecto adotado pela aeronave, para que o radar VHMD FDSD] GH XWLOL]DU FRP H¿FLrQFLD R UHFXUVR GH DJLlidade e aumentar o alcance de detecção. A curva D]XO UHSUHVHQWD R VDOWR DWp R kQJXOR GH DVSHFWR GH


FDOFXODGR QR )(.2 SRUpP SDUD R SHU¿O GH YRR 5()(5Ç1&,$6 simulado, o salto ocorreu até pouco mais de 30º, > @ 1(5, ) ,QWURGXFWLRQ WR (OHFWURQLF 'HIHQVH FRQIRUPH DSUHVHQWDGR QD FXUYD YHUPHOKD > @ 6\VWHPV SciTech: Raleigh, NC, 2006. 639 p. > @ 0$+$)=$ % 5 5DGDU 6LJQDO $QDOLV\V DQG 3URFHVVLQJ 8VLQJ 0DWODE Huntsville: CRC Press, 2009. 500p. > @ ;,$2)(1* :$1* &+(1 :$1* <8$1 /,8 5&6 &RPSXWDWLRQ DQG $QDO\VLV RI 7DUJHW 8VLQJ )HNR UG $VLD 3DFL¿F &RQIHUHQFH RQ $QWHQQDV DQG Propagation, 2014. Pp 822 -825. > @ $ 0 3(,;272 ³,QÀXrQFLD GD 5&6 GLQkPLFD QD DYDOLDomR GD SUREDELOLGDGH GH GHWHFomR´ Curso de Especialização em Análise de Ambiente Eletromagnético, Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, 2016.

Figura 7 - Alcance radar com RCS maximizada. )217( $GDSWDGR GH > @

,9± &21&/86®(6 Este artigo abordou a análise da RCS de um DOYR GH IRUPD GLQkPLFD HP TXH GH DFRUGR FRP D IUHTXrQFLD kQJXOR GH DVSHFWR H D]LPXWH GR VLQDO incidente, diferentes valores de RCS são encontrados. A predição desses valores pode ser realizada a partir do uso de ferramentas computacionais de simulação e cálculo matemático, o que pode ser útil para antecipar resultados, que devem posteriormente ser validados em avaliações operacionais reais. A partir dos resultados obtidos nas simulações DQDOLVDGDV YHUL¿FRX VH D SRVVLELOLGDGHGH XPD DHURQDYH DGRWDU XP SHU¿O GH YRR FDSD] GH PLQLPL]DU D RCS visualizada pelo radar. Com a RCS minimizada, o alcance radar sofre degradação. Essa degradação HP XP FHQiULR GH FRQÀLWR SRGH VHU VX¿FLHQWH SDUD R FXPSULPHQWR H¿FD] GD PLVVmR DpUHD Já para o operador de um radar, a possibilidaGH GH SURJUDPDU XPD DJLOLGDGH HP IUHTXrQFLDV TXH maximiza a RCS do alvo, resultará em maior alcance de detecção. O ganho obtido no alcance permitirá uma detecção antecipada. Para um radar de defesa anti-aérea, por exemplo, os 2 minutos de antecipaomR SDUD D GHWHFomR REWLGRV FRP RV FiOFXORV GD ¿J SRGHP VHU GHFLVLYRV SDUD R HPSUHJR H¿FLHQWH GD artilharia. A aplicabilidade prática da agilidade em freTXrQFLDV FRPR UHFXUVR SDUD DXPHQWDU R DOFDQFH de detecção radar, requer o desenvolvimento de um sistema que seja capaz de sincronizar o salto de freTXrQFLDV GH DFRUGR FRP R kQJXOR GH DVSHFWR H R azimute do alvo em cada fase do voo.

> @ 6.2/1,. 0 , ,QWURGXFWLRQ WR 5DGDU 6\VWHPV HG 1HZ <RUN 0F *UDZ +LOO S > @ 3 0 )È%,2 ³$QiOLVH GR $OFDQFH 5DGDU GDV $HURQDYHV ) 0 H $ 0 EDVHDGR QD 5&6 'LQkPLFD $SOLFDQGR D $JLOLGDGH HP )UHTXrQFLD GR 5DGDU 6DEHU 0 ´ Curso de Especialização em Análise de Ambiente Eletromagnético, Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, 2018.

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2 $80(172 '$ &216&,Ç1&,$ 6,78$&,21$/ '$ *(5Ç1&,$ '( SAFETY &20 $ ,03/$17$d­2 '2 LOSA 7+( ,1&5($6( 2) 6$)(7< 6,78$7,21$/ 0$1$*(0(17 CONSCIOUSNESS WITH LOSA IMPLANTATION

Cap Av Ronan 6LOYDQR *UXSR GH 7UDQVSRUWH (VSHFLDO *7(

Concluiu o CFOAv em 2012. Possui graduação em Administração com Ênfase em Administração Pública e especialização em Gestão e Direito Aeronáutico pela Universidade do Sul de Santa &DWDULQD $WXDOPHQWH FRPS}H R HIHWLYR GR *UXSR GH 7UDQVSRUWH (VSHFLDO *7( Contato: silvanors@fab.mil.br

RESUMO

$%675$&7

O presente artigo analisa uma forma de aumento da segurança operacional por meio da observação HP YRR /26$ ± Line Oriented Safety Audit GD DSOLFDELOLGDGH GR &50 Crew Resource Management SURFHGLPHQWRV QRUPDLV H DV FRQVHTXrQFLDV GH XP processo decisório no teatro em que são tomadas. Foram expendidos o conceito, fundamento, funções e critérios para que essa auditoria seja inócua ao ambiente esterilizado que requer um cockpit aeronáutico. A previsão da atuação de um elemento quaOL¿FDGR R REVHUYDGRU UHTXHU LQWHLUD UHVSRQVDELOLGDde em se manter alheio a todas as decisões tomadas a bordo, bem como toda tripulação deve admitir sua atuação, sem o peso de uma submissão hierárquiFD RSHUDFLRQDO H GLVFLSOLQDU jTXHOD ¿JXUD ,QGHSHQdente da condição do que foi sucedido na cabine, o responsável pela segurança de voo, por meio de UHODWRV URWHLUL]DGRV ¿pLV H VHP DEVROXWR FDUiWHU SXQLWLYR FRQVHJXLUi LGHQWL¿FDU SRVVtYHLV SRQWRV FUtWLcos da doutrina de operação; do processo decisório e CRM; ou situações de perigo, que por uma grata VHTXrQFLD GR GHVWLQR SDVVDUDP GHVSHUFHELGDV PDV FRQ¿JXUDP VH ULVFRV ODWHQWHV $ REVHUYkQFLD UHDO GR gerenciamento positivo do capital humano dentro de um FRFNSLW de uma aeronave é, portanto, a oportunidade real e concreta para sedimentar informações preditivas de fraquezas ou potenciais de operação.

The present article analyzes a way to increase opeUDWLRQDO VDIHW\ WKURXJK /26$ /LQH 2ULHQWHG 6DIHW\ $XGLW DSSOLFDELOLW\ QRUPDO SURFHGXUHV DQG WKH FRQsequences of a decision-making process in the theater where they are taken . The concept, foundation, functions and criteria were made available so that this audit is innocuous to the sterilized environment that requires an aeronautical cockpit. The prediction RI WKH SHUIRUPDQFH RI D TXDOL¿HG HOHPHQW WKH REVHUver, requires full responsibility to remain oblivious to all decisions made on board, as well as all crew must admit their performance, without the weight of a hierarchical, operational and disciplinary submission to WKDW ¿JXUH 5HJDUGOHVV RI WKH FRQGLWLRQ RI ZKDW KDSSHQHG LQ WKH FRFNSLW WKH UHVSRQVLEOH IRU ÀLJKW VDIHty, through scripted reports, faithful and without any punitive character, will be able to identify possible critical points of the doctrine of operation; decision making and CRM; or situations of danger, which by a grateful sequence of fate have gone unnoticed, but there are latent risks. The actual observance of the positive management of human capital within an aircraft cockpit is therefore the real and concrete opportunity to sediment predictive information of weaknesses or potential operation.

3DODYUDV &KDYH LOSA. Segurança Operacional. CRM.Auditoria de Segurança de Voo. 32 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

.H\ZRUGV LOSA. Operational Safety. CRM. Flight Safety Audit.


, ± ,1752'8d­2

WL¿FDQGR RV SRQWRV IRUWHV GD RSHUDomR"

1R SUHVHQWH WUDEDOKR REMHWLYDU VH i D GH¿QLomR e a análise dos benefícios da observação in loco da conduta em uma cabine: a /LQH 2SHUDWLRQ 6DIHW\ Audit /26$ $QDOLVDU VH i VXDV FDUDFWHUtVWLFDV seu caráter não punitivo e preditivo de acidentes e incidentes aeronáuticos, por meio de apreciação da condução de situações normais ou anormais à operação. A segurança nos domínios da aviação ultrapassou o simples conceito de necessário. Ela visa à garantia do bem tutelado de maior valor para o ordenamento do código legal brasileiro: a vida humana. A preocupação ininterrupta em operar consoante às orientações de respeitadas instituições ligadas à aviação é a garantia do capital intangível mais valoUL]DGR HP XPD RUJDQL]DomR DpUHD D FRQ¿DQoD GR contratante, usuário ou colaborador. Durante as eras em que caminhou a aviação QHVVHV PDLV GH FHP DQRV GH GHVD¿R j LQFDSDFLGDGH humana de voar, transcorreu-se diversos campos de evolução. Quanto ao voar seguro, inicialmente, a atenção era toda voltada ao mecanismo do voo. Muitos acidentes martirizaram heróis cujo sonho de voar ceifou suas próprias vidas. Posteriormente, já com o advento da aerodiQkPLFD H VHXV FRPSOH[RV FRQFHLWRV HQUDL]DGRV QRV projetos, procedeu-se a uma segunda fase onde os acidentes eram, na maioria das vezes, explicados SHOD IDOKD HVWUXWXUDO RX PHFkQLFD GRV FRPSRQHQWHV da aeronave. As manutenções baseadas na automobilística e indústria naval não tinham a resposta SUiWLFD VX¿FLHQWH SDUD GHWHU D LQH[RUiYHO PDUFKD GD demanda aérea e sua peculiar sensibilidade às condições da natureza. -i FRP D HYROXomR GD PHFkQLFD S{GH VH considerar a ação humana na condução das máquiQDV $V IDOKDV PHFkQLFDV Mi QmR HUDP FDWDVWUy¿FDV e regulares. O treinamento era cada vez mais necessário e mecanizado. Ainda em evolução, em uma era informatizada, os aviônicos modernos resolveram a maioria dos procedimentos antes decorados exaustivamente. Todavia não existem sistemas perfeitos. É nessa imperfeição, então, que o estudo do processo GHFLVyULR D GRXWULQD GH RSHUDomR H R &50 Crew Resource Management DJHP QD SUHYHQomR GH XPD tragédia; e, antes disso, na prevenção de uma situação potencial de perigo. Em uma aeronave que decola e pousa em segurança, os erros podem não ser percebidos, mas como a atividade é dependente da ação humana, sabe-se que existem, que são latentes. A partir desse contexto, o trabalho propõe responder: como extrair das situações que ocorreram em um voo normal dados para análise gerencial de ações tomadas mediante erros e acertos, predizendo fraquezas e iden-

,, ± 7+5($7 $1' (5525 0$1$*(0(17 Primeiramente, é necessário tratar do gerenciamento do erro. Ele está fortemente relacionado à doutrina de voo seguro e é considerado como uma evolução do gerenciamento de recursos QD FDELQH Crew Resource Management &50 Essas duas apostilasquebraram paradigmas antes dispostos como que incompatíveis com a atividade, respectivamente: que o erro era fruto do despreparo do tripulante; e que a tripulação devia XPD VXEVHUYLrQFLD LQTXHVWLRQiYHO j GHFLVmR GH XPD única pessoa a bordo, o comandante. A quebra dessas orgulhosas condutas dos pioneiros na aviação foi fruto do entendimento que, SDUD XP YRR VHJXUR H H¿FLHQWH HUD QHFHVViULR D FRPpleta sinergia de uma tripulação, onde a hierarquia continuava existindo, mas em que não se encontra espaço para vaidades e orgulho. A doutrina abriu os horizontes da psicologia na aviação, que encontrou maior espaço para o estudo daquilo que a comunidade aeronáutica se convenceu de ser o maior risco GD DYLDomR PRGHUQD R HUUR :,(*0$11 Segundo o jurista Cezar Roberto Bitencourt S R HUUR SUR¿VVLRQDO p HP SULQFtSLR XP DFLGHQWH HVFXViYHO MXVWL¿FiYHO H GH UHJUD imprevisível, que não depende do uso correto e RSRUWXQR GRV FRQKHFLPHQWRV H UHJUDV GH FLrQFLD Considera típico de acidente não decorrer uma aplicação equívoca e deliberada de regras e princípios recomendados. Mas deve-se à imperfeição, característica inerente ao comportamento humano. O Threat and Error Management 7(0 IRL fruto dessas conclusões. Ora, se o erro é característica intrínseca do homem, aceitar que o tripulante vai errar é o primeiro passo para desenvolver estratégias para que se evitem tragédias. Essa doutrina de atualização do CRM propõe que ameaças, erros e estados indesejáveis da aeronave são eventos afetos à operação normal. As tripulações de voo devem manter a segurança ainda mediante uma performance degradada por esses fatores. Portanto, supõe-se que os times que gerenciam com sucesso esses eventos, independentemente GD RFRUUrQFLD WHP PDLRU SRWHQFLDO SDUD PDQWHU as margens de segurança adequadas. É essa noção que fornece o objetivo abrangente do TEM: fornecer o melhor suporte possível para tripulações no gerenciamento de ameaças, erros e estados indesejados de aeronaves. Uma vez entendida a inevitabilidade do erro e que ele deve ser gerenciado, torna-se assaz novas abordagens de treinamentos, que simulem ambientes compatíveis com a operação e que tragam à simulação a maior realidade possível. Para isso, correlacionar-se-á captação de safety data TXH PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 33


GHYH VHU LQWLPDPHQWH OLJDGR DR SURJUDPD j GH¿QLomR em si do LOSA e os treinamentos projetados na doutrina do TEM, em lofts e em simuladores. Começando, então, pelo processo de aquisição de dados para serem transformados em LQIRUPDo}HV FRQYpP TXDOL¿Fi OR FRPR XPD WDUHID FRPSOH[D 3DUD HQWHQGHU D GLQkPLFD GD DWLYLGDGH p necessário conhecer a evolução da proteção ao voo de forma macro. O safety SRGH VHU GLVWULEXtGR HP WUrV etapas de evolução temporais, quais sejam: a era técnica; a dos fatores humanos; e a organizacional ,&$2 $ HUD WpFQLFD DWp R ¿QDO GRV DQRV IRL essencialmente preocupada com os fatores materiais do acidente aéreo. A segunda era, ligada aos fatores humanos, citava a performance humana como o principal fator da grande maioria dos acidentes aéreos, acompanhando a evolução material do modal que nessa época já era o meio de transporte mais seguro. Já a terceira e atual era, iniciada no QRYR PLOrQLR DQDOLVD GH XPD IRUPD PDLV PDFUR DV YDULiYHLV TXH SRGHP LQÀXLU HP XP LQFLGHQWH RX acidente, considerando também o meio em que atua WRGR R FLUFR GD DYLDomR ,&$2 Pode-se ainda, na conjuntura da terceira era, GLYLGLU D DWLYLGDGH HP WUrV YHUWHQWHV FRH[LVWHQWHV H complementares relacionadas, temporalmente, com o fato objeto do que se quer evitar. A vertente reativa, em que os conhecimentos DGTXLULGRV GH XP IDWR Mi RFRUULGR DFLGHQWHV FRQVXPDGRV VmR LQYHVWLJDGRV SDUD TXH QmR RFRUUDP QRvamente; a preventiva, na qual os fatos são relatados e, a partir de uma interpretação, são direcionados os esforços para que sejam evitadas situações iguais ou similares que poderiam causar um acidente; e, ¿QDOPHQWH D SUHGLWLYD 1HVVD ~OWLPD DV LQIRUPDo}HV coletadas constroem uma base de dados: o safety data $ SDUWLU GHVVDV LQIRUPDo}HV p SRVVtYHO LGHQWL¿car fraquezas para recuperá-las, e fortalecer potencialidades de uma instituição em evitar ameaças e oportunidades de erros dos vários colaboradores do HVTXDGUmR %5$6,/ ,,, ± /,1( $1' 23(5$7,216 6$)(7< $8',7 Nesse teatro evoluído de segurança de voo, com proteção absoluta de sigilo e não punibilidade, GH¿QH VH R /26$ FRPR D REVHUYDomR GH RSHUDo}HV correntes por um tripulante na cabine, sem função DERUGR R TXDO UHODWD SRU PHLR GH XPD ¿FKD padronizada, o que aconteceu no ÀLJKW GHFN durante o voo. 'HSRLV GH DQRV GH H[LVWrQFLD GHVVD atividade, ainda é muito comum perceber uma aversão corporativa, principalmente durante a fase de implantação. A preocupação dos membros de uma cabine pode ser explicada:consideram que é um elemento estranho à operação sentado no MXPSVHDW 34 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

É dever do gerente do programa afastar essa ideia. 2 REVHUYDGRU p XPD ¿JXUD WRWDOPHQWH DOKHLD jV decisões na cabine. Às vezes, nem mesmo existe certo ou errado em um processo decisório real. Quem é avaliado pelo LOSA é a própria organização, quem é diagnosticada como fraca ou forte é a doutrina e a instrução, antes da tripulação entrar na cabine ./,1(&7 1mR p XP LQVWUXWRU XP HVSLmR muito menos um conselheiro a bordo. Também a ideia do CVR só foi aceita 7 anos após sua invenção por David Warren, na Austrália, em 1953. Segundo os comandantes mais conservadores à época, elas exporiam os acidentados ou, na melhor das hipóteses, poderiam ser usadas pelos gerentes como provas, uma fábrica de “justa-cauVDV´ )$8/.1(5 É fato que nada disso veio à realidade agora, 66 anos após. O que pode ser visto é uma legião de vidas salvas porque o sacrifício de várias tripulações não foi em vão. A investigação conclusiva de seus acidentes foi crucial para que outros iguais não ocorressem. Sem a “caixa preta”, seria impossível desvendar o mistério da maioria dos acidentes. Felizmente, com o LOSA, não se precisa ir tão longe, muito pelo contrário. A intenção do programa é justamente determinar as fraquezas da operação antes mesmo que elas se tornem ameaças. O LOSA antecede o RELPREV na prevenção, sem UHIHUrQFLD j LPSRUWkQFLD PDV j FURQRORJLD &RP EDVH QD H[SHULrQFLD GH GHVHQYROYHGRUHV RULJLQDLV GR /26$ p SRVVtYHO HVFODUHFHU D GH¿QLomR e a explicitação de dez características operacionais que são essenciais para seu sucesso em longo prazo. O processo foi, então, sumarizado pela FAA Federal Aviation Administration DWUDYpV GD Advisory Circular S HP GHWDOKHV QHVVDV dez características operacionais fundamentais: 1. Observações do MXPSVHDW durante as operações normais de voo. Os voos observados devem ser aqueles mais rotineiros da organização. Não devem constituir escopo da observação voos cuja carga emocional seja muito pronunciada, como instruções e cheques, ou operações que não são comuns no dia-a-dia. &ROHWD GH GDGRV DQ{QLPRV FRQ¿GHQFLDLV H EDVHDdos na não punibilidade. 1HQKXP GDGR TXH SRVVD LGHQWL¿FDU D WULSXlação deve ser registrado. A intenção deve ser os dados de Safety, não a punibilidade, ou mesmo qualquer constrangimento pelo que ocorreu no voo. 3. Participação voluntária da tripulação de voo. Ao embarcar em uma aeronave para realizar a observação, o observador deve questionar a tripulação se estão de acordo com a proposta. Caso negativo, ele deve sair imediatamente sem questionar


RX WHQWDU FRQYHQFr ORV GR FRQWUiULR 2 Q~PHUR GH de forma criteriosa, acessorando corretamente o declinações indica a aceitação real do programa. comando durante o processo decisório relacionado ao aumento da operacionalidade, dentro dos padrões 4. Gestão conjunta/associação pelos tripulantes. aceitáveis de segurança de voo. O projeto não deve ser comprado apenas O desenvolvimento do programa, como sapela alta administração. Se as tripulações não se lientado durante todo o artigo, deve ser baseado nosentem à vontade em serem observadas, nos termos estudo de relações humanas, suas atitudes normais do que é previsto, o processo deve ser pausado até e, principalmente, sua atuação diante do erro e da que o endosso do grupo seja conquistado. ameaça. $ UHODomR GH FRQ¿DQoD QD QmR SXQLELOLGDGH H 5. Formulário de coleta de dados direcionados à se- VHQVtYHO H H[FOXVLYR FRPSURPHWLPHQWR FRP D VHJXgurança. rança operacional, devem ser observados pelos auO formulário deve ser desenvolvido de acor- ditados, independente do escalão a que pertençam. do com as normas internacionais. Fichas inventadas Portanto, o primeiro elemento que deve acreditar são perigosas, podem gerar dados incorretos e levar no programa é o Comandante da Unidade Aérea. a alta administração a tomar decisões equivocadas, 2V EHQHItFLRV GH LPSODQWDo}HV VmR GH LPSRUWkQFLD baseadas em informações incorretas. ~QLFD SULQFLSDOPHQWH SDUD R 269 R¿FLDO GH VHJXUDQoD GH YRR 6. Observadores treinados e calibrados. 6HGLPHQWDGDV HQWmR DV GH¿QLo}HV VREUH R 2 SULPHLUR GHVD¿R GD RUJDQL]DomR p VHOH- campo de aplicação do programa, é possível discorcionar pilotos comprometidos e respeitados interna- rer sobre a relação estreita entre a observação da mente. Após constituir um time de observadores, o conduta da cabine e o gerenciamento dos erros e treinamento deve ser bem estruturado para que as ameaças em um ÀLJKW GHFN. observações sejam “calibradas”, livres de impresAs colaborações das situações observadas, sões individuais. durante o LOSA, garantiriam que os conceitos de TEM permaneçam relevantes e atualizados. 7. Arquivamento de dados. 'HYHP IRUQHFHU XP TXDGUR FRPXP GH UHIHUrQFLD 2V GDGRV FROHWDGRV WrP TXH VHU GHYLGDPHQWH e terminologia para todas as partes interessadas DUTXLYDGRV FRPR LQIRUPDo}HV FODVVL¿FDGDV em entender o desempenho da tripulação de voo de interesse da alta administração. Assim, a durante as operações normais. E os programas FRQ¿GHQFLDOLGDGH SRGH VHU JDUDQWLGD se complementam, pois o LOSA fornece situações a serem treinadas em LOFT e simulador para 8. Seleção e limpeza de dados. o gerenciamento do erro; o estudo desse Alguns dados podem representar exceções gerenciamento, por sua vez, forneceria ao LOSA na operação. Ou seja, podem não demonstrar o pontos sensíveis que deveriam receber maior querealmente quer se prevenir. A equipe de Safety atenção dos observadores. GHYH SULPHLUR UHDOL]DU XP ¿OWUR SDUD H[FOXLU ³GDGRV (VVH WLSR GH YLVmR EHQH¿FLD WDQWR QR QtYHO sujos”, antes de transformá-los em informações. das organizações aéreas, quanto a do Comando de Preparo. Para os operadores, o LOSA fornece 9. Metas derivadas de dados para aprimoramento. um diagnóstico de pontos fortes e fracos do $ PHVPD HTXLSH SRGH YHUL¿FDU SRVVLELOLGD- desempenho, sem depender de eventos de des de implementações urgentes, baseadas em re- segurança adversos para tais informações. Para petições de situações consideradas críticas, ou de- os comandos superiores, auxilia na prevenção e ÀDJUDQWH HUUR RUJDQL]DFLRQDO QD SUHGLomRGH RFRUUrQFLDV IRUQHFHQGR GDGRV GH desempenho do TEM, coletados em seu contexto 10. )HHGEDFN de resultados aos tripulantes. natural, corroborando na supervisão e na assessoria Para garantir a vida longa do programa, é ne- de decisões operacionais. cessário o IHHGEDFN do que foi observado às tripuNa última etapa do LOSA é confeccionado lações. Elas não querem ver somente o resultado, um relatório formal, apresentando as conclusões mas também quais os planos retirados da observa- gerais da auditoria. O relatório deve ser conciso e ção, objetivando a melhoria do sistema e da unidade DSUHVHQWDU DSHQDV DV WHQGrQFLDV PDLV VLJQL¿FDWLYDV como um todo. observadas. Juntamente com os resultados, o O Manual de Prevenção de Acidentes Aero- relatório deve fornecer uma lista inicial de metas para QiXWLFRV %UDVLOHLUR 0&$ S LQFHQWLYD aprimoramento. Os alvos precisam ser focados em HQYLGDU HVIRUoRV GR VWDႇ SVLFROyJLFR GH XPD RUJDQL- Do}HV H RULHQWDGRV SRU GDGRV (67$'26 81,'26 zação na implantação e que seja maciça a participa- '$ $0e5,&$ ção no programa de auditoria operacional em voo. Alguns exemplos de alvos que podem surgir A implantação do LOSA deve ser realizada de um LOSA incluem: PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 35


D 5HGX]LU DSUR[LPDo}HV QmR HVWDELOL]DGDV E 7RUQDU PDLV H¿FD] DV OLVWDV GH YHUL¿FDomR condensadas. F 5HGX]LU HUURV DR H[HFXWDU R 6WDQGDUW 2SHUDWLRQ Procedure. G (QWHQGHU H H[SOLFDU RV HUURV GH DXWRPDomR HP uma frota recém adquirida. H (ODERUDU HVWXGRV RULHQWDQGR RSHUDo}HV HP determinados aeródromos. I 0HOKRUDU D JHVWmR GH DPHDoDV FOLPiWLFDV adversas. J 5HGX]LU RV HUURV FRP RSHUDo}HV GXUDQWH despacho de aeronave e preparo de solo. K 'HVHQYROYHU XP JXLD LQWHUQDFLRQDO GH RSHUDo}HV de voo. L 'HVHQYROYHU PyGXOR GH HUURV LQWHQFLRQDLV SDUD upgrade de comandantes, e inclusão desses no CRM. M 0HOKRULDV QR /2)7 H QDV DXODV WHyULFDV GR &50

6REUH R SULPHLUR SURFHGLPHQWR XP FRPLWr GH ação de aproximações não estabilizadas é formado. Fazendo a análise do que estava sendo feito, foi concluído que essa atitude, mesmo simples, era um erro organizacional e que poderia deteriorar a doutrina e fazer com que mais desvios nas funções a bordo pudessem ser criados. Introduziram-se, então,aulas semanais de reforços na doutrina de aproximação, com apresentação de estatísticas H HVWXGRV TXH SURYDP D LPSRUWkQFLD GD SOHQD determinação de funções dentro de um ÀLJKW GHFN na segurança de voo.

Um LOSA bem conduzido e bem analisado LGHQWL¿FD IRUoDV H YXOQHUDELOLGDGHV QDV RSHUDo}HV )RUQHFH HVVDV LQIRUPDo}HV GH IRUPD TXDQWL¿FiYHO FRQWUD DV TXDLV RV DOYRV SRGHP VHU HVSHFL¿FDGRV H DV PHOKRULDV SRGHP VHU PHGLGDV &5$,* 2 H[HPSOR ¿FWtFLR D VHJXLU LOXVWUD EUHYHPHQWH D LQWHgração passo a passo dos dados LOSA no processo de mudança de segurança.

$ RUJDQL]DomR FRQFOXLX TXH D LQWHUFHVVmR QD operação foi bem-sucedida. Ao revisar os resultados do segundo LOSA, a organização se compromete com uma nova meta: fortalecer a doutrina de separação de funções a bordo criada; agora com a estratégia de aumentar os treinamentos de LOFT e simulador já realizados.

2V UHVXOWDGRV GR /26$ GH XPD RUJDQL]DomR aérea indicaram que em 90% dos voos em uma aeURQDYH ¿FWtFLD IRL REVHUYDGR XP HUUR GH H[HFXomR em dois procedimentos: um que deveria ser realizado pelo PF sendo realizado pelo PM, e outro feito pelo PF, mas que era função do PM. Foi concluído que os desvios eram não intencionais, ou seja, violações. Devido à facilidade de acesso ergonômico, muitos SLORWV À\LQJ realizavam o short-cut de aceder os faróis de pouso ao ser comandado pelo SLORW PRnitoring durante a leitura do check-list. Da mesma IRUPD XP FDOO RXW UHDOL]DGR QD ¿QDO SDUD SRXVR H[Lgia do PF observar se um determinado FLUFXLW EUDNHU estava saltado; pela comodidade, o PM realizava HVVD YHUL¿FDomR $SyV EULH¿QJV GH JHUHQFLDPHQWR HVWXGR GR SOP, contato com o fabricante e ampla discussão, foi sugerido ao comando superior responsável a possibilidade de realizar uma mudança na doutrina do segundo dos procedimentos citados. A mudança era baseada no 6DIHW\ $OHUW IRU 2SHUDWLRQV 6$)2 nº15011, da Federal Aviation Administration S R 3) p R UHVSRQViYHO SHOD FRQGXomR GR YRR GD DHURQDYH PHVPR TXDQGR D DHURQDYH HVWi VRE R FRQWUROH GR SLORWR DXWRPiWLFR H GHYHP VHU evitadas tarefas ou atividades que o distraiam desse envolvimento.

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8PD UHSHWLomR GH /26$ IRL UHDOL]DGD XP DQR após a primeira. Os dados, uma vez agregados e analisados, mostraram que os erros observados na edição anterior foram suprimidos; um por adequação na doutrina, outro por intervenção teórica no treinamento dos pilotos.

,9 ± &21&/86­2 Foi demonstrado durante todo trabalho a relação de um exercício ativo do aproveitamento da observação de procedimentos dentro de um cockpit de uma aeronave e a execução de uma melhoria na H¿FLrQFLD GD JHUrQFLD GH VHJXUDQoD GH YRR A quebra do orgulho, típico da natureza humana, na aviação permitiu reconhecer o erro como parte da atividade. Tanto ele como a ameaça, deveriam ser trabalhados, não somente no sentido de ser evitados, mas de gerenciados. O Crew Resource Management chegou, com o TEM, à conclusão de não considerar somente os recursos GLVSRQtYHLV D ERUGR PDV DV FRQWLQJrQFLDV JHUDGDV pela própria tripulação ou oferecidas pelo ambiente, aeronave, relevo. O LOSA é o elemento que melhora o treinamento dessa doutrina. Essa quebra de paradigmas só foi conseguida com conhecimentos sedimentados às custas de sacrifícios de vidas humanas perdidas em acidentes. 2FRUUrQFLDV TXH QmR IRUDP HP YmR 'DV LQYHVWLJDções surgiram diversas orientações e determinações que, através da prevenção reativa, reduziram as RFRUUrQFLDV DR ORQJR GRV DQRV WRUQDQGR R PRGDO DpUHR FDGD YH] PDLV VHJXUR H H¿FLHQWH 5HFRQKHFHX VH D LPSRUWkQFLD GD QmR SXQLELlidade na coleta de dados, deixando-a para outras áreas. Nesse sentido, o programa representa uma nova evolução da doutrina de prevenção de aciden-


tes aeronáuticos. Teoria que um dia, em sua longa caminhada paralela à história da aviação, preocupouVH DSHQDV FRP D PHFkQLFD KRMH DQDOLVD FRP GDGRV factuais o comportamento humano, descrevendo-o como primordial às operações. Os dados colhidos na cabine permitem a WUDGXomR GH VLWXDo}HV LVRODGDV HP WHQGrQFLDV 3HUPLWH D JHUrQFLD GH Safety aumentar VREUHPDQHLUD VXD FRQVFLrQFLD VLWXDFLRQDO melhorando o assessoramento aos demais diretores e comandantes, direcionando recursos e esforços para áreas que apresentam maiores vulnerabilidades e determinando potencialidades que podem ser mais bem exploradas sem qualquer ônus para a organização. 3RU ¿P D Line Oriented Safety Audit deve ser executada de maneira responsável e com FRQ¿GHQFLDOLGDGH GH GDGRV VHJXLQGR RV SUHFHLWRV que, de maneira bastante referenciada, foram desenvolvidos e aplicados nas grandes organizações DpUHDV PXQGLDLV $ DWLYLGDGH FRQ¿JXUD VH FRPR XPD IHUUDPHQWD GH H[WUHPD H¿FiFLD DSOLFDGD SDUD H[WUDLU das situações que ocorreram em um voo normal dados paraanálise gerencial de ações tomadas mediante erros e acertos, predizendo fraquezas e LGHQWL¿FDQGR RV SRQWRV IRUWHV GD RSHUDomR 5()(5Ç1&,$6 %$''(/(< $ ' -RXUQDO RI +XPDQ 3HUIRUPDQFH LQ ([WUHPH (QYLURQPHQWV 6HOHFWLYH $WWHQWLRQ DQG 3HUIRUPDQFH LQ 'DQJHURXV (QYLURQPHQWV Vol. 5: Artigo 9. Disponível em: <http://docs.lib.purdue.edu/jhpee/vol5/iss1/9> Acesso em: 28/05/2018.

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*(67­2 '( 5,6&2 $3/,&$d­2 1$ (675$7e*,$ '( 6(*85$1d$ '( 80$ 25*$1,=$d­2 0,/,7$5 5,6. 0$1$*(0(17 86( ,1 7+( 6(&85,7< 675$7(*< 2) $ 0,/,7$5< 25*$1,=$7,21

Cel Inf Luís Marcelo 6RWRULYD %ULJDGD GH $UWLOKDULD $QWLDpUHD %'$$(

Concluiu o CFOInf em 1996. Realizou MBA em Gestão Publica pela Universidade Federal )OXPLQHQVH 0HVWUDGR HP *HVWmR (VWUDWpJLFD FRP rQIDVH HP *HVWmR GH 5LVFRV SHOD 3RQWLItFLD 8QL YHUVLGDGH &DWyOLFD GR 3DUDQi H HVSHFLDOL]DomR HP &LrQFLDV 0LOLWDUHV $HURHVSDFLDLV FRP rQIDVH HP 3UHSDUR H (PSUHJR GD )RUoD $pUHD SHOD 81,)$ $WXDOPHQWH é Chefe de Estado-Maior da 1ªBDAAE. Contato: sotorivalms@fab.mil.br

RESUMO

$%675$&7

Para prevenção de ataques contra Organizações Militares, o planejador da segurança dispõe basicamente de duas possíveis estratégias: ofensiva ou preventiva. Assim, esta pesquisa tem por objetivo avaliar comparativamente se existem GLIHUHQoDV VLJQL¿FDWLYDV HQWUH D SHUFHSomR GH ULVFR de um potencial agressor diante das estratégias de defesa ofensiva e de defesa preventiva nas ações de segurança de instalações militares, por meio da mensuração da utilidade esperada da ação em cada uma dessas estratégias, considerando-se que a probabilidade de agressão é tanto maior quanto maior a utilidade esperada pelo agente agressor com VHX DWR 2V UHVXOWDGRV PRVWUDP XPD VLJQL¿FDWLYD diferença entre as utilidades das estratégias de segurança. A estratégia ofensiva apresentou utilidade de aproximadamente 2,25 vezes menor que a da preventiva, na visão do potencial agressor.

To prevent attacks against Military Organiza-tions, the security planner has basically two poss-ible straWHJLHV RႇHQVLYH RU SUHYHQWLYH 7KH SXU SRVH RI WKLV research is to evaluate comparatively whether there DUH VLJQL¿FDQW GLႇHUHQFHV EHWZHHQ WKH SHUFHSWLRQ RI ULVN IRU D SRWHQWLDO DJJUHVVRU IDFLQJ RႇHQVLYH GHIHQse and preventive defense strategies in the security of military installations, by measuring the expected utility of the action in each of these strategies, considering that the greater the utility expected by the aggressor agent with his act, the greater the probability RI DJJUHVVLRQ 7KH UHVXOWV VKRZ D VLJQL¿FDQW GLႇHUHQce between the utilities of security strategies. The offensive strategy showed utility of approximately 2.25 times less than that of the preventive, in the view of the potential aggressor.

3DODYUDV &KDYH Análise conjunta. Gestão de Riscos. Princípio da utilidade. Teoria da opção racional. 38 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

.H\ZRUGV Joint analysis. Risk management. Principle of utility. Rational choice theory.


, ± ,1752'8d­2 $ JHVWmR GH ULVFR SURFXUD LGHQWL¿FDU SHULJRV avaliar riscos e implementar controles para reduzir o risco associado à execução de funções de negócios GD HPSUHVD 6$1726 Os responsáveis por realizar as ações de segurança das instalações da Força Aérea baseiam VXDV GHFLV}HV QD SUySULD H[SHULrQFLD HP OHJLVODo}HV internas ou na literatura que trata desse assunto. Um desses marcos balizadores é o livro “Da Guerra”, de autoria do General Carl von Clausewitz, publicado originalmente em 1832-1837. Nessa obra constam diversos princípios de guerra, alguns dos quais fazem parte, por exemplo, da Doutrina Básica da )RUoD $pUHD %5$6,/ Quando se trata de defesa, Clausewitz SUHFHLWXD TXH D PHVPD GHYH VHU H[HFXWDGD RIHQVLYDPHQWH D¿UPDQGR TXH QmR EDVWD DR GHIHQVRU conter o golpe do inimigo, sendo necessário retribuílo. Nesse sentido, assevera: “A forma defensiva da guerra não é, portanto, um simples escudo, mas sim um escudo formado por golpes habilmente GHVIHULGRV´ &/$86(:,7= S (VVH DXWRU FODVVL¿FD FRPR SDVVLYLGDGH XPD HVWUDWpJLD em que as batalhas defensivas somente sirvam para conter a ação inimiga, sem que ocorra uma tentativa de retribuição dos golpes. %UDVLOLDQR DSUHVHQWD XPD PHWRGRORJLD para mensurar os perigos aos quais a empresa está VXMHLWD H LPSODQWDU PHGLGDV DQWHFLSDWyULDV D ¿P GH reduzir os possíveis impactos negativos dos mesmos. Um ponto central do trabalho é a elaboração de uma matriz de vulnerabilidade, em que os impactos são PXOWLSOLFDGRV SHOD SUREDELOLGDGH GH RFRUUrQFLD R TXH é usado para avaliar os riscos que se deve procurar eliminar de forma imediata e quais podem ser tratados com menos prioridade. Essa metodologia, apesar de consagrada e amplamente utilizada, apresenta algumas limitações. As probabilidades são estimadas com base em eventos passados, que não necessariamente voltarão a ocorrer; ou na avaliação GRV SUR¿VVLRQDLV GH VHJXUDQoD TXH SRGHP QmR WHU uma visão real dos riscos existentes. Um aperfeiçoamento dessa técnica pode ser feito, levando-se em conta outras teorias. Considere-se o conceito de utilidade, que é um julgamento GR YDORU GD SUHIHUrQFLD GH XP LQGLYtGXR VREUH GDGR REMHWR SURGXWR VHUYLoR RX LGHLD UHODFLRQDGR j VXD capacidade de proporcionar benefício, vantagem, prazer e felicidade. Espera-se que o tomador de GHFLVmR SURFXUH PD[LPL]DU D XWLOLGDGH R SURYHLWR D VDWLVIDomR GH VXDV HVFROKDV (VVH FRQFHLWR IRL GH¿QLGR QR VpF ;9,,, H YHP VHQGR EDVWDQWH XWLOL]DGR %(17+$0 %(5167(,1 +$,5 -81,25 HW DO Em 1968, Gary S. Becker apresenta a teoria da opção racional, na qual emprega o princípio da

utilidade ao estudo de atividades criminosas. Segundo esse autor, uma pessoa comete um delito se a utilidade esperada para esse indivíduo excede a utilidade que poderia obter usando seu tempo e recursos em outras atividades, ou seja, quanto menor a utilidade esperada da ofensa, menor a probabilidade GH R LQGLYtGXR FRPHWr OD 'HVVH PRGR R DXPHQWR na probabilidade de punição ou na intensidade da mesma, na medida em que aumentam o “preço a pagar” pelo delito e, consequentemente, o risco da ação, reduzem a utilidade esperada do crime; porWDQWR WHQGHP D GLPLQXLU R Q~PHUR GH GHOLWRV %(&.(5 A análise conjunta, segundo Hair Junior et DO S p XPD PHWRGRORJLD TXH SHUPLWH HQWHQGHU FRPR LQGLYtGXRV GHVHQYROYHP SUHIHUrQFLDV por determinado objeto, baseando-se na utilidade do mesmo. A utilidade é mensurada por meio GD DYDOLDomR GRV DWULEXWRV FDUDFWHUtVWLFDV PDLV relevantes do objeto, os quais, por sua vez, são subdivididos em níveis. O princípio da utilidade e a teoria da opção racional servem como pilares do desenvolvimento desta pesquisa. Considera-se, de acordo com a visão GH %HFNHU TXH WDQWR PDLRU p D SUREDELOLGDGH de agressão quanto maior for a utilidade esperada pelo agente agressor com seu ato, em comparação com o risco envolvido na ação. Retornando-se à matriz de vulnerabilidade GH %UDVLOLDQR SRGH VH HQWmR DSHUIHLoRDU D avaliação de risco com base em dados históricos ou conceitos subjetivos. O cálculo da utilidade esperada da ação pode ser empregado para estimar a probabilidade da agressão. Desse modo, quando o gestor de segurança elaborar a estratégia para prevenir um ataque, deverá enfatizar as escolhas que reduzam a utilidade para o agressor e, consequentemente, aumentem seu risco de perda. O objetivo do trabalho é avaliar FRPSDUDWLYDPHQWH VH H[LVWH GLIHUHQoD VLJQL¿FDWLYD entre a percepção de risco de um potencial agressor diante das estratégias de defesa ofensiva e de defesa preventiva nas ações de segurança de instalações militares, por meio da mensuração da utilidade esperada da ação em cada uma dessas estratégias. I, ± 0(72'2/2*,$ Na análise conjunta, o pesquisador descreve o objeto em torno das suas características mais importantes, no que se refere à formação da SUHIHUrQFLD GR GHFLVRU (VVDV FDUDFWHUtVWLFDV VmR chamadas de fatores. A marca ou o preço são exemplos de fatores. Cada fator é descrito por dois ou mais níveis. Para o fator marca, são exemplos de níveis: genérico ou marca x; para o fator preço: R$ 1,05 ou R$ 2,18. Quando o pesquisador combina níveis de diferentes fatores, forma-se um estímulo. PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 39


Na coleta de dados, os estímulos são ordenados ou DYDOLDGRV SHORV UHVSRQGHQWHV +$,5 -81,25 HW DO Uma vez que as utilidades parciais de fatores e níveis tenham sido estimadas, pode-se utilizar a análise conjunta para simular escolhas em diferentes conjuntos de estímulos reais ou hipotéticos que VHMDP HVSHFL¿FDGRV SHOR SHVTXLVDGRU (VVD WDUHID permite estimar como os respondentes reagiriam HP FHQiULRV VLPXODGRV +$,5 -81,25 HW DO 250( A unidade de análise da presente pesquisa IRL XPD 2UJDQL]DomR 0LOLWDU 20 GD )RUoD $pUHD Brasileira. Grupos foram escolhidos entre indivíduos que participam da segurança da organização para GH¿QLomR 3DUD WDO WRPRX VH SRU EDVH RV VHLV IDWRUHV GH ULVFR DSUHVHQWDGRV SRU %UDVLOLDQR D PHLRV RUJDQL]DFLRQDLV QRUPDV GH URWLQD H GH HPHUJrQFLD SROtWLFD GH WUDWDPHQWR GH ULVFRV H GRXtrina de emprego dos meios de segurança; E UHFXUVRV KXPDQRV GD VHJXUDQoD QtYHO GH TXDOL¿FDomR TXDQWLGDGH H SRVLFLRQDPHQWR GD equipe; F PHLRV WpFQLFRV SDVVLYRV UHFXUVRV ItVLFRV FRPR OD\RXW GD SRUWDULD UHVLVWrQFLD GDV SDUHGHV H LOXPLQDção de proteção; G PHLRV WpFQLFRV DWLYRV VLVWHPDV HOHWU{QLFRV FRPR FLUFXLWRV IHFKDGRV GH WHOHYLVmR VLVWHPDV GH LGHQWL¿cação e alarme, podendo ser incluídos equipamentos de comunicação, viaturas, cães e armamento; H DPELHQWH LQWHUQR QtYHO GH UHODFLRQDPHQWR HQWUH RV FRODERUDGRUHV SHUWHQFHQWHV RX QmR jV HTXLSHV GH VHJXUDQoD H D HPSUHVD I DPELHQWH H[WHUQR OHYDQWDPHQWR GRV tQGLFHV GH FULPLQDOLGDGH DPELrQFLD GR HQWRUQR FRQWDWR FRP DV forças de segurança e com o judiciário. Na fase seguinte do estudo, os estímulos elaborados com base nos fatores e níveis selecionados foram apresentados a militares da OM. Cada estímulo é descrito em um cartão contendo um nível de cada um dos fatores examinados. Foi apresentada ao respondente uma situação-problema: o mesmo seria designado para uma missão de invadir uma base inimiga e de lá retirar armamento e determinado material de valor. Cada respondente recebeu um conjunto de doze cartões com os estímulos contendo níveis que correspondem às estratégias de defesa ofensiva e preventiva e foi orientado a ordená-los em uma HVFDOD GH GLIHUHQFLDO VHPkQWLFR TXH FRQWLQKD HP uma extremidade, os termos “VOCÊ TEM SUCESSO 40 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

armamento do quartel inimigo e é capturado ou morto durante a missão”. No total, foram respondidos 255 questionários de coleta de dados. Para proceder à análise quantitativa dos dados obtidos foi empregado o módulo de análise conjunta do programa Statistical Package for the SoFLDO 6FLHQFHV 6366 YHUVmR SDUD :LQGRZV II, ± $35(6(17$d­2 ( $1È/,6( '( '$'26 Nesta seção são descritos os fatores e níveis utilizados no instrumento de coleta de dados, bem como os resultados obtidos por meio da mesma. $ 'H¿QLomR GRV IDWRUHV H QtYHLV Sobre os Meios Organizacionais, foi dito que regras de engajamento escritas, que estabeleçam claramente como e quando empregar a força contra XP DJUHVVRU SURSLFLDP FRQ¿DQoD DRV DJHQWHV de segurança, pois lhes dão garantia jurídica para atuar, mesmo caso tenham que tirar a vida de um indivíduo que esteja cometendo uma ação contra a organização. Segundo o julgamento dos grupos, a H[LVWrQFLD GHVVH GRFXPHQWR p IDYRUiYHO j VHJXUDQoD em uma estratégia ofensiva. 'H RXWUR PRGR D H[LVWrQFLD GH QRUPDV TXH estipulem o controle ao acesso às informações sigilosas, como quantidade e localização do DUPDPHQWR H[LVWHQWH QD RUJDQL]DomR GL¿FXOWD o planejamento da ação por parte do agressor, contribuindo positivamente para a estratégia preventiva. Tratando-se dos Recursos Humanos da Segu-rança, os grupos optaram por mesclar os WUrV DWULEXWRV GR IDWRU TXDQWLGDGH TXDOL¿FDomR H SRVLFLRQDPHQWR D ¿P GH UHSUHVHQWDU DV GXDV estratégias de segurança. Dessa forma, uma equipe pequena, com alto grau de treinamento, posicionada próxima dos pontos sensíveis da organização, em condições de revidar a um ataque, representa a estratégia ofensiva. Já uma equipe relativamente grande, com médio treinamento e posicionada ao longo do perímetro da organização, pode desestimular um agressor que seria detectado logo que desse inicio à ação. Isso representa a estratégia preventiva. Em relação aos Meios Técnicos Passivos, a H[LVWrQFLD GH XP PXUR FHUFDQGR D RUJDQL]DomR IRL considerada como sendo o atributo para representar a estratégia preventiva, pois estabelece o limite legal da organização, serve como obstáculo ao ingresso e a visão do agressor, restringindo seu acesso a LQIRUPDo}HV VREUH D RUJDQL]DomR H GL¿FXOWDQGR sua ação. Representando a estratégia ofensiva, foi escolhida a presença de concertina, instalada sobre muros ou lançada no solo, delimitando áreas de interesse. Entendeu-se que esse material tem


grande poder de intimidação devido aos ferimentos que pode causar a um invasor e pelo próprio impacto visual que causa. No que se refere aos Meios Técnicos Ativos, a posse de armamento pelos integrantes das HTXLSHV GH VHJXUDQoD IRL GH¿QLGD FRPR R SRQWR mais importante, pelo fato de que o armamento é capaz de causar danos, inclusive letais, ao agressor. Nesse fator, a presença de militares armados de fuzis e pistolas denota uma estratégia ofensiva, enquanto que a presença somente de pistolas e WRQIDV VLJQL¿FD XPD HVWUDWpJLD SUHYHQWLYD Quanto ao Ambiente Externo, a estratégia ofensiva foi representada pela realização de patrulhas externas à Organização. Tais atividades, se realizadas em uma viatura potente, com militares adequadamente equipados e treinados, serviriam como uma demonstração de preparo e força, o que pode intimidar possíveis agressores. Com relação à estratégia preventiva do fator Ambiente Externo, foram escolhidos os eventos sociais em que se busca angariar a simpatia da comunidade, por meio de ações como prestação de serviços de saúde. O Ambiente Interno pode ser entendido como os comportamentos que, se encontrados no efetivo da organização, colaboram para a segurança. A disciplina foi escolhida como representante da estratégia ofensiva, pois uma equipe de segurança disciplinada, diante de uma agressão, seguiria as normas e ordens. Dessa forma, procuraria reagir e neutralizar o agressor. Com relação à estratégia preventiva, foi frequente o entendimento de que o mais importante seria a discrição no trato de informações sigilosas, principalmente considerandose assuntos que poderiam despertar interesse de indivíduos intencionados em atacar à organização. % 5HVXOWDGRV GD DQiOLVH FRQMXQWD Na Tabela I pode-se observar, para a totalidade da amostra estudada, as estimativas das utilidades parciais de cada nível dos atributos que foram DQDOLVDGRV EHP FRPR D LPSRUWkQFLD UHODWLYD GH FDGD fator. 7DEHOD , 8WLOLGDGHV SDUFLDLV SDUD DV HVWUDWpJLDV RIHQVLYD H SUHYHQWLYD DOpP GR SHUFHQWXDO GD LPSRUWkQFLD GRV IDWRUHV SDUD D WRWDOLGDGH GD DPRVWUD

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1Ë9(/ (675 2)(1

Meios Organizacionais

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1Ë9(/ (675 35(9

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Normas de controle de aces- 0,006 so a informações

13

)$ 725

Recursos Humanos

1Ë9(/ (675 2)(1

87,/ 1Ë9(/ 3$5 (675 1Ë9 35(9

87,/ 3$5 1Ë9

30 hoPHQV médio 10 treinahomens mento DOWR SRVLtreinacionaPHQWR mento posicio0,419 0,419 nas namento vias de nos acesso pontos e realisensízando veis rondas no perímetro

Meios TécniConcer0,025 Muro - 0,025 cos tina Passivos Meios Téc05 pis10 fuzis nitolas -0,985 0,985 cos pistolas Atitonfas vos AmCultura bide conente Discipli-0,074 train0,074 Inna formaterção no AmEvenbiPatrilhas tos ente Externas Sociais -0,28 0,28 ExMotoricom a terzadas comuno nidade

,03 )$7

23

12

32

9

11

FONTE: O autor.

Cabe destacar que existe visível diferença entre os níveis das duas estratégias em quatro dos seis fatores avaliados: Recursos Humanos; Meios Técnicos Ativos; Ambiente Interno e Ambiente ([WHUQR FRQIRUPH SRGH VHU REVHUYDGR QR JUi¿FR da Figura 1, onde estão representadas as utilidades parciais de cada nível dos fatores das estratégias de segurança. Nos fatores Meios Organizacionais e Meios Técnicos Passivos, os únicos em que a PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 41


estratégia preventiva se mostra menos atrativa ao agressor, a diferença entre os valores referentes às duas estratégias é bastante reduzida.

que ambos devam ser utilizados em conjunto. Essa suposição se baseia no fato de que a organização pesquisada é cercada por um muro que possui concertina na sua parte superior. 2V GRLV IDWRUHV FRP PHQRU LPSRUWkQFLD UHODWL va foram o Ambiente Externo e Interno, indicando SRXFD LPSRUWkQFLD DWULEXtGD D HVVHV IDWRUHV SHOD população do estudo. Observa-se que os níveis representativos da estratégia de defesa ofensiva foram, na maioria das vezes, os que apresentaram as menores utilidades. Isso repercute na utilidade total de cada estratégia, que é calculada adicionando-se as utilidades parciais de cada fator com uma constante, a qual representa a utilidade de atacar-se a organização, se não for considerado nenhum dos fatores de segurança que Figura 1 - Comparação entre as utilidades parciais dos níveis estão sendo estudados. Para o total da amostra, das estratégias. calculada pelo software utilizado pela análise de )217( 2 DXWRU dados, essa constante é 4,5. A soma dos níveis da O fator considerado como sendo o mais estratégia ofensiva totaliza -1,727, enquanto a soma relevante foi, de forma destacada, o referente das utilidades parciais da estratégia preventiva DRV 0HLRV 7pFQLFRV $WLYRV FRP D LPSRUWkQFLD atinge 1,727. Desse modo, a estratégia de defesa relativa de 32,133%. O armamento foi considerado ofensiva propicia a utilidade total estimada de 2,773, o principal meio de impedir um ataque. Ou seja, para os respondentes, o acréscimo da quantidade VLJQL¿FDWLYDPHQWH PHQRU TXH D HVWUDWpJLD SUHYHQWLYD H GD SRWrQFLD GH IRJR GR DUPDPHQWR GD HTXLSH que tem utilidade total estimada de 6,227. Ressaltede segurança tem grande capacidade de reduzir a se que, de acordo com a teoria da opção racional de utilidade esperada da ação de um potencial agressor, %HFNHU TXDQWR PHQRU IRU D XWLOLGDGH HVSHUDGD uma vez que aumenta o risco de perdas relevantes da ação, menor também é a probabilidade de que a ação criminosa ocorra. durante a ação. O segundo fator mais relevante foi o Recursos Humanos. Uma equipe bem treinada II, ± &21&/86®(6 e posicionada próxima aos pontos de maior Este artigo teve por objetivo geral avaliar LPSRUWkQFLD GD RUJDQL]DomR SURSRUFLRQD PDLRU capacidade de dissuasão que outra, ainda que com FRPSDUDWLYDPHQWH VH H[LVWH GLIHUHQoD VLJQL¿FDWLYD o triplo da quantidade de militares, tendo esses entre a percepção de risco de um potencial agressor indivíduos menos treinamento, sendo posicionados diante das estratégias de defesa ofensiva e de de nos acessos e realizando rondas ao longo do muro fesa preventiva nas ações de segurança de instalações militares, por meio da mensuração da utilidade externo da organização. 2V TXDWUR IDWRUHV UHVWDQWHV WrP esperada da ação em cada uma dessas estratégias. $ ¿P GH YHUL¿FDU HPSLULFDPHQWH D H[LVWrQFLD LPSRUWkQFLDV UHODWLYDV EDVWDQWH VLPLODUHV 2V 0HLRV dessa diferença, foi empregada, principalmente, a 2UJDQL]DFLRQDLV TXH UHSUHVHQWDP D H[LVWrQFLD análise conjunta, a qual permitiu avaliar a utilidade de determinadas normas na organização, o que é das duas estratégias. coerente com o fato de, nas OM, tradicionalmente, 3DUD D SUHVHQWH DPRVWUD REVHUYRX VH VLJQL¿ os procedimentos serem altamente normatizados. cativa diferença entre as utilidades das estratégias Apesar de o nível representativo da estratégia de segurança. A estratégia ofensiva apresentou preventiva ter apresentado uma utilidade menor, a pequena diferença entre os dois níveis propostos, utilidade cerca de 2,25 vezes menor que a da regras de engajamento com 0,006 e normas de preventiva para o potencial agressor. Segundo os controle de acesso a informações com -0,006, pressupostos da teoria da opção racional, isso indica LQGLFD TXH DPERV VmR FRQVLGHUDGRV FRP UHOHYkQFLD que a probabilidade de ataque a uma organização que empregue a defesa ofensiva é menor do que a bastante similar para a segurança da organização. Raciocínio similar pode ser seguido no fator outra que empregue a preventiva. Meios Técnicos Passivos. Também foi percebida pouca diferença entre os dois níveis, concertina e 5()(5Ç1&,$6 muro. Talvez, no caso da amostra pesquisada, esse IDWR QmR VLJQL¿TXH TXH R XVR GH XP RX RXWUR QtYHO BECKER, Gary S. Crime and punishment: an tenha o mesmo resultado para a segurança, mas sim economic approach. Journal of Political Economy, 1.2

0.4

-1.2

)$725(6

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0.8

ESTRATÉGIA OFENSIVA ESTRATÉGIA PREVENTIVA


Chicago, v. 76, n. 2, p. 169-217, 1968. Disponível HP ZZZ KRPHRႈFH JRY XN UGV SUJSGIV ISUV pdf>. Acesso em: 5 mar. 2010.

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PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 43


&È/&8/2 $8720È7,&2 '$6 $/7,78'(6 0Ë1,0$6 '( 6(*85$1d$ 3$5$ 9226 0,/,7$5(6 &$/&8/$7,21 2) 7+( 0,1,080 6$)(7< $/7,78'( )25 0,/,7$5< )/,*+76

1º Ten Av Jean Marcel Knapp dos Santos 3ULPHLUR (VTXDGUmR GR 7HUFHLUR *UXSR GH $YLDomR *$Y

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RESUMO

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Este artigo teve como objetivo desenvolver um método que dispensasse o piloto de calcular manualmente as altitudes mínimas de segurança no planejamento da navegação de um voo militar. Foi possível calcular a altitude mínima de segurança de cada trecho da rota de voo a partir de um mapa digital de elevação do planeta. O mapa foi carregado mediante a técnica de byte-swapping e armazenado na memória do computador. Em seguida, determinam-se áreas no WHUUHQR TXH HQJOREDVVHP GHWHUPLQDGD GLVWkQFLD GD rota de voo para buscas de pontos de elevação e, mediante equações utilizadas para determinar se um SRQWR HQFRQWUD VH GHQWUR GH XP WULkQJXOR IRL SRVVtvel calcular a elevação mais alta nas redondezas de cada trecho da rota. Com a elevação encontrada, a critério dos Esquadrões Aéreos, foi acrescentado de D IW GH DOWLWXGH DR YDORU HQFRQWUDGR D ¿P de garantir a segurança efetiva dos voo quando não há contato visual com o terreno. Foi possível reduzir, para cada hora de voo, até 3 minutos o tempo necessário para o planejamento de uma missão aérea militar, além de eliminar os erros de cálculos.

The objective of this article was to develop a method that frees the pilot from manually calculating the miQLPXP VDIHW\ DOWLWXGHV RI D PLOLWDU\ ÀLJKW URXWH ,W ZDV possible to calculate the minimum safety altitude in each route leg based on a digital elevation map of the planet. The map is loaded through the byte-swapping method and is stored in the computer memory. Afterwards, a search area for elevation points is settled, and, through triangulation equations, it was possible to calculate the highest elevation nearby each route leg. To the resulted elevation, in accordance with the Air Squadrons, it’s added 1000 to 2000ft of altitude to LQVXUH WKH ÀLJKW VDIHW\ ZKHQ WKHUH LV QR YLVXDO FRQtact with the terrain. It was possible to decrease, for HDFK ÀLJKW KRXU XS WR PLQXWHV WKH UHTXLUHG WLPH WR plan a military air mission, as well as to eliminate all calculation errors.

3DODYUDV &KDYH Altitude mínima de segurança. MAS. Automação. HGT. SRTM. Missão Aérea. 44 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

.H\ZRUGV Minimum safety altitude, MSA, Automation, HGT, STRM, Air Mission.


, ,1752'8d­2 A Doutrina Básica da Força Aérea Brasileira estabelece diversas Ações de Força Aérea, dentre elas Ações de Ataque, Apoio Aéreo Aproximado, Escolta e Supressão de Defesa Aérea Inimiga. Estas missões, ao serem designadas a um comandante de aeronave ou a um líder de formação, passam a ser denominadas Missões de Força Aérea. A partir de então, o comandante da aeronave ou o líder da formação tem como responsabilidade planejar e executar a missão. O intervalo de tempo desde a designação da Ação pode variar entre 4 a 24h, na maioria dos casos. A utilização adequada desse tempo, seja para realizar o planejamento, para preparar as tripulações, para estudar a missão, ou até mesmo para um descanso prévio destes, é essencial para o sucesso da missão. Durante o planejamento, o piloto confecciona um mapa que contém a rota a ser voada pela esquadrilha. Essa rota contém diversos pontos de controle que precisam ser sobrevoados e deve incluir também, para cada trecho entre os pontos de controle, qual a altitude mínima a ser voada, denominada AltiWXGH 0tQLPD GH 6HJXUDQoD GR LQJOrV 0LQLPXP 6DIHW\ $OWLWXGH 06$ SDUD TXH FDVR R SLORWR QmR REtenha contato visual com o terreno, não colida com este. Essa altitude é calculada por meio da análise de cartas de navegação visual, procurando o ponto de elevação mais alto no trecho em um raio de 10NM para cada lado da rota planejada. À elevação mais alta encontrada são adicionados 1000ft para terrenos planos ou 2000ft para terrenos montanhosos, o que fornece uma margem de segurança às equipaJHQV FRPR DSUHVHQWDGR QD )LJ VHWDV DPDUHODV

Assim, este artigo tem como objetivo desenvolver um método que permita o piloto calcular automaticamente as MSA da rota de voo. Para avaliar a H¿FLrQFLD H D H¿FiFLD GR PpWRGR VHUi SURJUDPDGD a extração de cinco rotas de 01 hora de voo, com 6 trechos de 10 minutos de voo cada, voados a 210kt, planejadas no programa PMA II, da Força Aérea Brasileira, para que sejam calculadas automaticamente as MSA e estas sejam comparadas com o que os pilotos calcularam manualmente. Será avaliado também o tempo gasto para o cálculo automático e para o cálculo manual, bem como a precisão dos cálculos dos pilotos comparados com as informações extraídas automaticamente. Outrossim, será avaliado se é possível reduzir a carga de trabalho no planejamento das missões ao retirar a etapa de cálculo das MSA para que estas sejam calculadas automaticamente por um computador. ,, &21&(,78$d®(6 $ $OWLWXGH 0tQLPD GH 6HJXUDQoD $ $OWLWXGH 0tQLPD GH 6HJXUDQoD $06 p XPD UHIHUrQFLD EiVLFD TXH IRUQHFH DR SLORWR D VHJXUDQoD GH SRGHU OLYUDU WRGRV RV REVWiFXORV GD URWD ,,, )RUoD $pUHD 2 FiOFXOR p HIHWXDGR DWUDYpV GD YHUL¿FDomR GD PDLRU HOHYDomR HP XP UDLR GH 10 da rota. Adiciona-se a essa elevação 1000ft, se o terreno for plano, ou 2000ft se o terreno for montanhoso YDULDomR PDLRU TXH IW HQWUH DV HOHYDo}HV PDLV EDL[D H PDLV DOWD &DVR R YDORU QmR VHMD P~OWLSOR GH 100, arredonda-se para cima até tornar-se múltiplo. B. Shuttle Radar Topography Mission Em fevereiro de 2000, foi lançada ao espaoR D 6KXWWOH 5DGDU 7RSRJUDSK\ 0LVVLRQ 6570 2 equipamento embarcado realizou uma varredura da maior parte das superfícies da Terra e adquiriu dados VX¿FLHQWHV GXUDQWH VHXV GH] GLDV GH RSHUDomR SDUD obter um banco de dados de alta resolução da topoJUD¿D GD 7HUUD 1$6$ A SRTM, apresentada pela Fig. 2, referese a um projeto internacional comandado pelas organizações estado-unidenses National Geospatial Intelligence Agency e National Aeronautics and Space Administration.

Figura 1 - Exemplo de planejamento de Missão de Atque. )217( 30$ ,,

Figura 2 - Mapa de cobertura dos modelos de elevação DEM3. )217( KWWS ZZZ YLHZ¿QGHUSDQRUDPDV RUJ PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 45


I,, '$'26 ',6321Ë9(,6

Com uma resolução de 1201, o arquivo HGT contém 1.442.401 informações de elevação. Como 8P DUTXLYR FRP D H[WHQVmR +*7 DEUHYLD- cada informação possui 2 bytes, cada arquivo contém omR GH KHLJKW p XP DUTXLYR GH GDGRV GD 6570 2V 2.884.802 bytes ou cerca de 2.75MB. Considerando DUTXLYRV +*7 FRQWrP PRGHORV GLJLWDLV GH HOHYDomR o mapeamento completo da terra, existem 64.800 que representam imagens 3D de uma superfície, no arquivos HGT, o que totalizaria cerca de 174GB de caso, da Terra e são nomeados de acordo com os informação carregada na memória. Todavia, o mapehemisférios e graus de latitude e longitude às quais amento foi realizado apenas nas superfícies de terra pertencem, conforme Fig. 3. Por exemplo, o arquivo ¿UPH SRUWDQWR HVVH YDORU DSHVDU GH QmR PHQVXUiYHO N33W177 compreende o modelo de elevação entre sem baixar o banco de dados completo, tem tamaas latitudes 33N e 34N e entre as longitudes 177W e QKR VLJQL¿FDWLYDPHQWH PHQRU TXH R HVWLSXODGR Para efetuar o processamento dos 64.800 : )LVKHU arquivos é necessário um tempo de execução por DUTXLYR GH 2 6H R DUPD]HQDPHQWR IRU realizado em um HD com velocidade de leitura de 150MB/s, levaria aproximadamente 20min para realizar o carregamento total das informações. Para a FRQYHUVmR GRV E\WHV SRU ¿P FRP XP SURFHVVR GH 2.9GHz, o tempo total de conversão seria de cerca de 64s. Porém, conforme observado anteriormente, HVVH WHPSR VHULD UHGX]LGR VLJQL¿FDWLYDPHQWH GHYLGR à quantidade expressiva de superfície aquática no planeta. Figura 3 - Arquivo HGT colorizado. )217( *OREDO 0DSSHU

O modelo de elevação SRTM3 contém 1201 linhas e 1201 colunas. Essa unidade a mais consiste das bordas do arquivo, que se sobrepõem com os arquivos adjacentes. As informações são armazenadas nos arquivos HGT mediante dois signed integer bytes. Os bytes estão na ordem Motorola big-endian, o que VLJQL¿FD TXH R E\WH PDLV LPSRUWDQWH YHP QD IUHQWH Os computadores atuais usam o formato little-endian para leitura de bytes, onde o byte mais importante vai por último. Com isso, para efetuar a correta leitura dos arquivos, é necessário realizar uma operação de byte-swapping, que, ao converter o byte para integer, deve-se ler o par de bytes de trás para frente, conforme é apresentado na Fig. 4.

Figura 4 - Extrato do arquivo N00W056.hgt. )217( 6KXWWOH 5DGDU 7RSRJUDSK\ 0LVVLRQ

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I9 &È/&8/2 $8720È7,&2 '$ $/785$ 0Ë1,0$ '( 6(*85$1d$ $ 'HWHUPLQDomR GD iUHD GH EXVFD GD HOHYDomR PDLV DOWD SRU WUHFKR Considerando um trecho de voo em linha reta, o segmento de reta de cada trecho é determinaGR SRU GRLV SRQWRV XP SRQWR LQLFLDO 3, H XP SRQWR ¿QDO 3) &RQIRUPH R FiOFXOR GD 06$ SUHFLVDPRV determinar uma área que abranja todos os pontos D PHQRV GH 10 GD URWD 'H IRUPD VLPSOL¿FDGD pode-se determinar um quadrilátero com os vértices 9 9 9 H 9 GH kQJXORV UHWRV FXMR ODGR PHQRU meça 20NM e cujo lado maior meça o comprimento do trecho somando 20NM, sendo que este trecho deve estar centralizado no quadrilátero, conforme Fig. 5.

Figura 5 - Quadrilátero da área de busca da elevação mais alta por perna. )217( 2 DXWRU


Para determinar os vértices V1, V2, V3 e V4, FRQVLGHUD VH kQJXORV GH HP UHODomR DR VHJPHQWR GH UHWD FRP GLVWkQFLDV LJXDLV D ¥ 10 6HQGR ș R kQJXOR HQWUH 3L H 3I HQFRQWUD VH RV YpUWLFHV 9 V2, V3 e V4 utilizando as fórmulas de senos e cosVHQRV GRV kQJXORV ș ș ș H ș respectivamente. O resultado obtido é uma lista de quatro coordenadas representando o quadrilátero de busca.

Para analisar a elevação de cada ponto da área de busca, analisam-se recursivamente cada SRQWR GD VHJXLQWH IRUPD YHUL¿FD VH R SRQWR SHUWHQFH D XP GRV GRLV WULkQJXORV GD iUHD GH EXVFD FRPpara-se a elevação deste ponto com a elevação mais alta já encontrada; se for o primeiro ponto analisado, a elevação deste será a elevação mais alta; e a partir do segundo ponto, compara-se com a elevação mais alta registrada e a substitui pela elevação encontrada, se a deste ponto for maior. $ SDUWLU GRV YpUWLFHV 9 9 9 GH XP WULkQ% &DUUHJDPHQWR GRV DUTXLYRV +*7 gulo é calculado se um ponto P pertence a este triPara evitar o processamento desnecessá- kQJXOR &DOFXODP VH DV HTXDo}HV GDV UHWDV H GHWHUrio de arquivos HGT que não sejam relevantes ao mina-se o ponto inscrito na interseção destas retas. Para fazer o cálculo da elevação em determiplanejamento, é necessário determinar os limites de latitude e longitude da navegação para o carrega- nada coordenada, basta acessar o modelo digital de mento dos arquivos. Utilizando as fórmulas de má- elevação já carregado e extrair os dados da posição ximos e mínimos, é possível determinar as latitudes correta. A partir dos vértices V1, V2, V3 e V4 de um e longitudes máximas e mínimas para posterior processamento. O resultado é outro quadrilátero, este UHWkQJXOR GHWHUPLQD VH D HOHYDomR PDLV DOWD GHVVH alinhado com os eixos NS e WE, determinando os UHWkQJXOR FDOFXODQGR DV H[WUHPLGDGHV ODWHUDLV H YHUlimites latitudinais e longitudinais para carregamento ticais da área de busca e, a partir dessas extremidades, analisar se o ponto pertence ao quadrilátero dos arquivos HGT. Para realizar a leitura do arquivo HGT é ne- de busca. Caso positivo, registra-se a elevação mais FHVViULR SULPHLUR GH¿QLU XP WDPDQKR GH EXႇHU 2 alta e mais baixa encontradas. WDPDQKR GH EXႇHU p D TXDQWLGDGH GH E\WHV TXH VmR lidas do arquivo por vez. Não existe um valor ideal ' &iOFXOR ¿QDO GD 06$ para todas as máquinas, sendo necessário um teste Com as informações de elevação mais alta LQLFLDO HP FDGD VLVWHPD SDUD YHUL¿FDU TXDO R WDPDQKR e mais baixa no trecho analisado, calcula-se a diideal. Para retornar cada ponto de elevação, faz-se ferença entre esses dois valores. Caso o resultado a leitura de dois bytes; após, é feita a inversão e, por seja igual ou inferior a 1000ft, ou seja, o terreno seja ¿P D FRQYHUVmR SDUD XP IRUPDWR GH Q~PHUR LQWHLUR plano, acrescenta-se 1000ft à elevação mais alta enFRQWUDGD D ¿P GH VH REWHU D 06$ &DVR R UHVXOWDGR & &iOFXOR GD HOHYDomR PDLV DOWD GD iUHD GH EXVFD seja superior a 1000ft, considera-se terreno montanhoso, acrescentando então 2000ft à elevação mais Com a determinação da área de busca e com alta para obter a MSA. o carregamento apenas dos arquivos HGT que serão utilizados, observa-se, conforme Fig. 6, que é redu- 9 $3/,&$d­2 ( 5(68/7$'26 ]LGR GH IRUPD VLJQL¿FDWLYD R XVR GD PHPyULD SDUD DUPara realizar o teste do sistema, fez-se um mazenar as informações de elevação, bem como do tempo de processamento, visto que será analisada programa que realizou a leitura de uma rota criada no Sistema PMA II , e calcula as MSA para a rota, apenas a área de busca. conforme se apresenta na Fig. 7.

Figura 6 - Pontos de busca da elevação mais alta. )RQWH 2 DXWRU

Figura 7 - Programa MSA Calculator. )RQWH 2 DXWRU PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 47


O cheque da acuracidade do programa foi feito por meio da comparação dos resultados obtidos com as altitudes mínimas de segurança calculadas manualmente em planejamentos de missões de Ataque e Supressão de Defesa Aérea do Esquadrão Escorpião. As coordenadas e MSA calculadas autoPDWLFDPHQWH IRUDP SRVWHULRUPHQWH YHUL¿FDGDV PDnualmente em cartas visuais, o que foi constatado que as informações estão corretas. Quaisquer valores de MSA calculados pelos pilotos que sejam diferentes das MSA calculadas automaticamente estão incorretos, como vistos na Tabela I.

MSA.

Observou-se, todavia, que os pilotos de caça WrP HQWUH D K SDUD UHDOL]DU R SODQHMDPHQWR GH XPD missão. Assim, com o prazo mais longo é possível confeccionar sem pressa um planejamento mais detalhado, de forma a contribuir para a segurança de voo. Destarte, quando o prazo é curto, com um tempo disponível de planejamento de cerca de 2 horas e meia, cada minuto economizado é importante para o piloto. Para isso, encontrar etapas do planejamento que possam ser suprimidas, reduzidas, ou, como no caso deste artigo, automatizadas, reduz a carga de trabalho do piloto e permite que este utilize o tempo Tabela I - Comparação entre o planejamento dos pilotos e o cál- de preparo em outros aspectos mais relevantes, culo automático das MSA. como o estudo do objetivo, proteção de alvos, dados GH LQWHOLJrQFLD GRXWULQD HPHUJrQFLDV HQWUH RXWURV O método apresentado demonstrou o cálculo 3/$&È/$&85$- (),&,&È/&8/2 1(-$- &8/2 &,'$'( Ç1&,$ da MSA de cada trecho de uma rota a partir de um $8720Èmapa digital de elevação do planeta. Carregou-se 0(1- 0$180$180$7,&2 o mapa mediante a técnica de byte-swapping e ar72 $/ $/ 18$/ mazenado na memória do computador. Em seguida, 2 min 05 s 33% 3% 1 determinaram-se as áreas de buscas de pontos de 55 s elevação e, por meio de equações, para se determi4 min 2 05 s 66% 2% nar um posicionamento triangular aferido, foi possí5s vel calcular a elevação mais alta nas redondezas de 2 min cada trecho da rota. Com a elevação encontrada, a 3 05 s 33% 3% 52 s critério dos Esquadrões Aéreos, foi acrescentado de 3 min 1000 a 2000ft de altitude a mais para garantir a se4 05 s 66% 2% 27 s gurança efetiva dos voos militares. Para planejamentos de missões com duração 2 min 5 04 s 33% 3% de aproximadamente 1 hora de voo, com uma veloci28 s dade média de 210kt, foi observado que o tempo de PLQ Média V planejamento reduziu aproximadamente 03 minutos. V Apesar de aparentar pouco tempo, um período equivalente é representado no tocante ao trecho Ponto )217( 2 DXWRU GH ,QLFLR 3, DWp R $OYR QXPD PLVVmR GH HPSUHJR A Tabela I compara o planejamento dos R TXH SRGH VLJQL¿FDU R VXFHVVR QXP DWDTXH EHP VXpilotos e o cálculo automático das MSA. Cada cessivo ou a vida do piloto em questão. 3RU ¿P DSUHVHQWRX VH XP PpWRGR SDUD UHplanejamento contém uma rota de aproximadamente duzir o tempo de planejamento de missões. Como o 01 hora de voo, a 210kt de velocidade, com 6 planejamento possui ainda várias etapas manuais, trechos de aproximadamente 10 minutos cada. Foi possível observar um tempo de cálculo manual e com a tecnologia existente de processamento de médio de 03 minutos e 09 segundos, comparado a dados e processamento de linguagem natural, é pro05 segundos que um computador levou em média YiYHO TXH RXWUDV HWDSDV SRVVDP VHU VLPSOL¿FDGDV RX para fazer a mesma tarefa. Com base das MSA automatizadas, como a seleção de pontos de concalculadas pelos pilotos, observou-se uma taxa trole, planejamento da dispersão de aeronaves para de acerto de aproximadamente 50% em relação lançamento de armamento ar-solo, desvio de rota ao esperado. Considerando o tempo gasto como em virtude do posicionamento de radares inimigos, DVSHFWR GH H¿FLrQFLD REVHUYRX VH GRV SLORWRV XP HVFROKD GD WiWLFD SRVLFLRQDPHQWR GR VRO SHU¿O GH aproveitamento de 03% do tempo, ou seja, levaram ataque, entre outros. Logo, observa-se que a autoem média 37 vezes mais tempo que o computador matização desses processos poderá um dia permitir que o piloto não precise mais planejar uma missão para desempenhar a mesma tarefa. de navegação, de ataque ou de escolta, sendo neFHVViULD DSHQDV D LQVHUomR GH GDGRV HVSHFt¿FRV GD 9, &216,'(5$d®(6 ),1$,6 missão para que o computador confeccione o plaO presente artigo teve como objetivo desen- nejamento assertivo, dando ao piloto tempo para se volver um método que acelerasse o planejamento de preocupar com outros aspectos relevantes. missões aéreas militares no aspecto de cálculo das

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5()(5Ç1&,$6

USGS (DUWK 5HVRXUFHV 2EVHUYDWLRQ DQG 6FLHQBRASIL. Comando da Aeronáutica. '&$ 'RX- FH &HQWHU Disponível em: <https://dds.cr.usgs.gov/ WULQD %iVLFD GD )RUoD $pUHD %UDVLOHLUD >%UDVtOLD@ srtm/version2_1/Documentation/Quickstart.pdf>. 2012. Acesso em: 26 fev. 2018. BRASIL. Comando da Aeronáutica. 0DQXDO GD $YLDomR GH &DoD >%UDVtOLD@

BRASIL. Comando da Aeronáutica. 30$ ,, Acesso em: 26 fev. 2018.

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2 (035(*2 '( $(521$9(6 5(027$0(17( 3,/27$'$6 $50$'$6 12 %5$6,/ 80$ %5(9( $1È/,6( &855,&8/$5 7+( 86( 2) $50(' 5(027(/< 3,/27(' $,5&5$)7 ,1 %5$=,/ $ %5,() &855,&8/80 $1$/<6,6

Maj Av Hugo 6ODYH] Filho 3ULPHLUR (VTXDGUmR GR 'pFLPR 6HJXQGR *UXSR GH $YLDomR *$Y Concluiu o CFOAV em 2005. Possui todos os cursos de carreira. Após uma profícua trajetória na Aviação de Caça, onde contribuiu com a formação de quatro gerações de caçadores e uma breve passagem pelo 3º/10º GAv, foi voluntário para integrar o projeto de RPA do 1º/12º GAv. Atualmente é o primeiro e único piloto interno e externo do Brasil e desempenha a função de Chefe da Seção Administrativa do ELOG-4. Contato: slavezhsf@fab.mil.br

RESUMO

$%675$&7

$ SURSRVWD GHVWH DUWLJR p LGHQWL¿FDU HP TXH PHGLda o currículo dos pilotos de caça brasileiros, por meio dos Cursos de Especialização Operacional &(2&$ H &XUVR GH )RUPDomR GH /tGHUHV GH &DoD &)/(& GHVHQYROYH DV FRPSHWrQFLDV QHFHVViULDV para o emprego de RPA armadas. Assim, alicerçada SRU PHWRGRORJLD FRQVDJUDGD 0pWRGR 'HOSKL H DQilise documental dos currículos mínimos dos CEOCA H &)/(& HVWD SHVTXLVD FLHQWt¿FD IRL FRQGX]LGD H fundamentada por referencial teórico. Em um primeiro momento, pilotos especialistas em emprego de armamento aéreo e também operacionais em RPA IRUDP FRQVXOWDGRV VREUH DV FRPSHWrQFLDV TXH MXOgaram ser essenciais aos pilotos de RPA armadas. Duas rodadas foram conduzidas para estabelecimento de consenso, chegando-se a 24 conhecimentos, 21 habilidades e 24 atitudes. Logo após análise GRFXPHQWDO WRGDV DV FRPSHWrQFLDV YDOLGDGDV IRUDP confrontadas com aquelas desenvolvidas pelo currículo da Aviação de Caça. Portanto, foi possível LGHQWL¿FDU TXH R FXUUtFXOR DWXDO GRV SLORWRV GH FDoD é adequado, ainda que às vezes por semelhança, e desenvolve 87,5% dos conhecimentos, 95,2% das habilidades e 100% das atitudes desejadas, o que WRWDOL]D GDV FRPSHWrQFLDV QHFHVViULDV DR SLloto de RPA armada, conforme descrito na seção de análise de dados.

The purpose of this article is to identify the extent WR ZKLFK WKH FXUULFXOXP RI %UD]LOLDQ ¿JKWHU SLORWV by means of the Operational Specialization CouUVHV &(2&$ DQG WKH 7UDLQLQJ &RXUVH IRU )LJKWHU /HDGHUV &)/(& GHYHORSV WKH QHFHVVDU\ VNLOOV IRU the use of armed RPA in the 1st/12th GAV. Thus, by PHDQV RI D FRQVHFUDWHG PHWKRGRORJ\ 'HOSKL 0HWKRG DQG GRFXPHQWDU\ DQDO\VLV RI WKH PLQLPXP FXUULFXOD RI &(2&$ DQG &)/(& WKLV VFLHQWL¿F UHVHDUch was conducted, based on theoretical reference. $W ¿UVW SLORWV VSHFLDOL]LQJ LQ WKH XVH RI DLU ZHDSRQV and also graduated in RPA were consulted on the competencies that they thought were essential to the armed RPA pilots. Two rounds were conducted for consensus-building, reaching 24 knowledge, 21 skills and 24 attitudes. Soon after documentary analysis, all the validated competences were confronted with those developed by the curriculum of Fighter Aviation. Therefore, it was possible to identify that the curUHQW FXUULFXOXP RI ¿JKWHU SLORWV LV DGHTXDWH DOEHLW E\ similarity, and develops 87.5% of knowledge, 95.2% of skills and 100% of desired attitudes, which totals 94.2% of skills required by the RPA pilot as described in the data analysis section.

3DODYUDV &KDYH Aeronaves Remotamente Pilotadas Armadas. RPA de Combate. CEOCA. CFLEC. 50 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

.H\ZRUGV $UPHG 5HPRWHO\ 3LORWHG $LUFUDIW &RPEDW 53$ &(2&$ &)/(&


, ± ,1752'8d­2 Durante a Segunda Grande Guerra Mundial, a humanidade presenciou o emprego massivo de aeronaves que indubitavelmente mudaram toda D FRQFHSomR GRV FRQÀLWRV DUPDGRV DWp HQWmR $ evolução desses meios aéreos foi tamanha, que ao ¿QDO GD JXHUUD Mi VH GHWLQKD D WHFQRORJLD GH PRWRUHV a jato e, também, a base da aviação remota com o 3URMHWR $IURGLWH % WHOHJXLDGRV QmR FKHJDUDP D VHU HPSUHJDGRV 3RUpP PHVPR UDWL¿FDQGR VHX UHDO valor em combate, o Comandante da Força Aérea do Exército americano fez uma previsão inusitada sobre o uso dos aviões no futuro: $FDEDPRV GH JDQKDU XPD JXHUUD FRP PXLWRV KHUyLV YRDQGR GH DYLmR SRU Dt $ SUy[LPD JXHUra VHUi WUDYDGD SRU DHURSODQRV VHP WULSXODQWH DOJXP 3HJXHP WXGR R TXH DSUHQGHUDP VREUH D aviação de guerra, joguem na lata de lixo, e vamos investir na aviação de amanhã. Será diferente de WXGR R TXH PXQGR Mi YLX *HQHUDO +HQU\ ³+DS´ $Unold, Força Aérea do Exército dos Estados Unidos, 'LD GD 9LWyULD QR -DSmR . (MCCURLEY, 2015, S JULIRV GR DXWRU

Pouco menos de um século após a fatídica pressuposição, o mundo presenciava as primeiUDV DSDULo}HV GH 5HPRWO\ 3LORWHG $LUFUDIW 53$ QD *XHUUD GR .RVVRYR PDV VHXV HIHLWRV FRQWXQdentes foram notados somente na Guerra do AfegDQLVWmR $ SDUWLU GH HQWmR WRUQDUDP VH XP diferencial estratégico, conforme foi observado nos FRQÀLWRV VXEVHTXHQWHV FKHJDQGR jV *XHUUDV FRQWUD R 7HUURU H DWHVWDQGR GH¿QLWLYDPHQWH VXD LPSRUWkQFLD RSHUDFLRQDO :$<1( &+$33(//( HW DO Diante das relevantes missões realizadas pelos Sistemas de Aeronaves Remotamente PilotaGDV 6$53 H VHX DOWR YDORU HVWUDWpJLFR Mi PHQFLRnado, o Presidente da República aprovou em 2008 a (VWUDWpJLD 1DFLRQDO GH 'HIHVD (1' $ (1' GH¿QLX diretrizes estratégicas para as Forças Armadas, sendo uma delas voltada ao avanço nos programas GH 53$ SHOD )RUoD $pUHD %UDVLOHLUD )$% FRP IRFR SULPiULR QD YLJLOkQFLD H GHSRLV HP FRPEDWH VHP H[SRU YLGDV KXPDQDV 7DPDQKD IRL D LPSRUWkQFLD dada a essas instruções, que foram mantidas na HGLomR PDLV UHFHQWH GD (1' %5$6,/ S No ano seguinte, para se alinhar às determinações do Governo Federal, a FAB aceitou uma proposta de cessão temporária, sem ônus, de dois sistemas não tripulados: Hermes - 450 da empresa Israelense Elbit Systems. E, no dia de 14 de dezembro de 2009, foi criado o Grupo de Trabalho Victor *79 SRU PHLR GD 3RUWDULD 1 & (0*$5 DR TXDO IRL DWULEXtGD D LQFXPErQFLD GH GHVHQYROYHU a atividade de RPA no Brasil sob coordenação do (VWDGR 0DLRU GD $HURQiXWLFD (0$(5 &RQVHTXHQWHPHQWH SLORWRV H PHFkQLFRV DSyV TXDOL¿FDomR HP VHGH FRPR RSHUDGRUHV H PDQ-

tenedores, foram enviados a Israel para se familiarizarem com o Sistema de Aeronaves Remotamente 3LORWDGDV 6$53 $VVLP R *UXSR GH $YLDomR foi ativado no dia 29 de abril de 2011, com a missão de capacitar o seu efetivo em ações básicas de REC 5HFRQKHFLPHQWR GH &$$ &RQWUROH $pUHR $YDQoDGR H GH 3&20 $U 3RVWR GH &RPXQLFDo}HV QR $U D ¿P GH FRQWULEXLU SDUD R SUHSDUR GDV XQLGDGHV GD então, III FAE. Uma vez criado, o Esquadrão Hórus rapidamente foi engajado nas operações de grande vulto que ocorreram no país, dentre elas: as Ágatas I e 9, 6$%5( 5,2 &RSD GDV &RQIHGHUDo}HV e do Mundo, e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Todas elas serviram de alicerce para consolidação de doutrinas e novas táticas de emprego, como as PLVV}HV GH *DUDQWLD GD /HL H GD 2UGHP */2 Porém, mesmo já especializada em missões GH 5(& &$$ 3&20 $U */2 H 6$5 HP PHQRU HVFDOD D )$% DLQGD QmR VH GHVHQYROYHX QRV SURJUDmas das RPA de combate, indo de encontro às previsões da segunda diretriz da END. Assim sendo, será IXQGDPHQWDO FRPSUHHQGHU R VLJQL¿FDGR GR WHUPR combate que é substancialmente utilizado, tanto na (1' TXDQWR QD 'RXWULQD %iVLFD GD )$% '&$ para que se possa vislumbrar a próxima geração de RPA no Brasil. 6HJXQGR D GH¿QLomR GH +RXDLVV FRPbate sugere uma luta, de porte menor que a batalha, entre forças militares, um corpo a corpo. Portanto, será considerado combate, durante o desenvolvimento desta pesquisa, o emprego do RPA ativamente como plataforma d’armas dentro de um Teatro ou Área de Operações. A exemplo da sua utilização na Guerra de Kosovo e as Guerras contra o Terrorismo: QR $IHJDQLVWmR QR 3DTXLVWmR H QR ,rPHQ D RQGH FXPSULUDP LQFHVVDQWHV PLVV}HV GH 5HF $H H $S$$ FRP VXFHVVR VHJXQGR 0F&XUOH\ Diante da hipótese de emprego atual das RPA na FAB, que não contempla o seu uso em combate, foi criado um cenário hipotético, plenamente plausível e realizável a curto prazo, no qual a FAB adquire RPA armados. Dessa maneira, seriam atendidas as previsões contidas na END, além de tornar SRVVtYHO HVWH HVWXGR FLHQWt¿FR SLRQHLUR QD iUHD GDV RPA armadas no Brasil. 'H¿QLGR FRPEDWH H FRPSUHHQGHQGR TXH os RPA serão utilizados como armas, o Esquadrão Hórus seria o responsável pela implantação e formulação de doutrina por meio de suas equipagens. Atualmente o quadro de pilotos da UAe é composto SRU XP SLORWR RULXQGR GD $YLDomR GH 3DWUXOKD WUrV GD Aviação de Reconhecimento e nove da Aviação de &DoD (VVHV DYLDGRUHV VHUmR GHVD¿DGRV D HPSUHgar armamento a partir de aeronaves não tripuladas, WHQGR FRPR UHIHUrQFLD R FRQKHFLPHQWR DGTXLULGR HP VXDV DYLDo}HV GH RULJHP UHIHUrQFLD MXQKR GH Frente ao cenário apresentado, tendo em PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 51


vista que não existem estudos conduzidos pela FAB UHODFLRQDGRV jV FRPSHWrQFLDV QHFHVViULDV DRV SLORtos de RPA armadas e que um currículo de aprendizado precisa ter como fundamento aquelas características que se objetiva desenvolver, como: o emprego de armamento, surgiu-se a necessidade de encontrar o tripulante ideal para a implantação dos letais vetores. Assim sendo, intrínseco à nova realidade percebida, surgiu o seguinte problema de pesquisa: Em que medida o conteúdo curricular dos pilotos de FDoD GR *$9 GHVHQYROYH DV FRPSHWrQFLDV necessárias para o emprego de RPA armadas? $ ¿P GH VH HVWDEHOHFHU XPD UHVSRVWD DR SURblema supracitado, foram elaboradas as seguintes TXHVW}HV QRUWHDGRUDV 41 QN1. Quais são, segundo os especialistas, DV FRPSHWrQFLDV QHFHVViULDV SDUD R HPSUHJR GH RPA armadas? 41 4XDLV DV FRPSHWrQFLDV GHVHQYROYLGDV no currículo do piloto de caça para o emprego de RPA armadas do 1º/12º GAV? Também, com o objetivo de oferecer soluções a tais questionamentos, estabeleceu-se para HVWD SHVTXLVD FLHQWt¿FD R VHJXLQWH 2EMHWLYR *HUDO ,GHQWL¿FDU HP TXH PHGLGD R FRQWH~GR FXUULFXODU GRV pilotos de caça do 1º/12º GAV desenvolve as compeWrQFLDV QHFHVViULDV SDUD R HPSUHJR GH 53$ DUPDdas. Ainda, visando atingir o Objetivo Geral, fez-se necessário estabelecer os seguintes objetivos espeFt¿FRV 2( 2( ,GHQWL¿FDU MXQWR DRV HVSHFLDOLVWDV DV FRPSHWrQFLDV QHFHVViULDV DRV SLORWRV GH 53$ SDUD seu emprego como plataforma d’armas; e 2( ,GHQWL¿FDU DV FRPSHWrQFLDV GHVHQYROYLdas pelo currículo do piloto de caça para o emprego de RPA armada no 1º/12º GAV. 3RU ¿P SDUD YLDELOL]DU D UHDOL]DomR GHVWD obra, fez-se necessário restringir o universo dos pilotos estudados àqueles oriundos da Aviação de Caça, devido à sua maioria na UAe, conforme exposto a partir do questionamento. Dessa forma, existirá possibilidade de estudos futuros abrangerem os pilotos das demais aviações, utilizando-se dos resultados que aqui serão apresentados. II ± 5()(5(1&,$/ 7(Ï5,&2 &RP R ¿WR GH HPEDVDU HVWH WUDEDOKR IRUDP XWLOL]DGRV GH¿QLo}HV H FRQFHLWRV GDV REUDV GH 3HUUHQRXG R TXDO UHIHULX VH j FRPSHWrQFLD FRPR VHQGR ³> @ R SRGHU GH DJLU FRP H¿FiFLD HP uma situação, mobilizando e combinando, em tempo real e de modo pertinente, os recursos intelectuais H HPRFLRQDLV´ 3(55(128' S 3HUUHQRXG DVVRFLRX DLQGD HP VXD REUD DQWHULRU D LQWHUGHSHQGrQFLD GRV GRV UHFXUVRV LQHUHQWHV DV 52 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

FRPSHWrQFLDV R TXH VLJQL¿FD GL]HU TXH QHQKXP GHOHV p H[FOXVLYR GH XPD FRPSHWrQFLD DSHQDV SRdendo ser mobilizado por outras. Essa qualidade auxiliará o entendimento do universo estudado, tendo HP YLVWD D QmR H[LVWrQFLD GH SLORWRV H 53$ DUPDGDV QD )$% SUHYDOHFHQGR VH GDV FRPSHWrQFLDV GHVHQvolvidas, até então, pelos tripulantes oriundos da aviação de caça, que ora integram o 1º/12º GAV. Corroborando com o pensamento, a compeWrQFLD HVWi DVVRFLDGD DR ID]HU VHP SHQVDU R TXH não a torna um mero hábito ou habilidade, tampouFR PHQRV FRPSHWHQWH VHX DJHQWH 3(55(128' S 2 VRFLyORJR WDPEpP XWLOL]RX D GH¿QLomR GH %DVWLHQ FLWDQGR R VHJXLQWH SHUtRGR “Quanto mais especialista, menor o raciocínio e maior o apelo para conhecimentos pertinentes e funFLRQDOPHQWH HVWUXWXUDGRV´ %$67,(1 $SXG 3(55(128' S &DUDFWHUtVWLFDV HVWDV consideradas essenciais para o desenvolvimento de uma atividade complexa, tal qual o emprego de armamento aéreo, em que o tempo de resposta é crucial para o sucesso ou fracasso de uma missão 0&&85/(< Outrossim, partindo do entendimento de )OHXU\ D IRUPDomR GD FRPSHWrQFLD SDUD FRQsecução de resultados almejados, é feita por meio de um conjunto de determinadas condições assim expressas: conhecimentos, habilidades e atitudes, que nominar-se-ão CHA no decorrer desta obra. )/(85< $SXG 3(55(128' $LQGD baseando-se nos conceitos previamente citados, o GHVGREUDPHQWR GD FRPSHWrQFLD HP WUrV GRPtQLRV possibilitaram estudá-las em categorias de análise. Assim, torna-se possível relacionar o conheFLPHQWR FRP ³R VDEHU´ FRQKHFHU D JHRPHWULD GH HPprego, conhecer tipos e características do armamenWR HWF D KDELOLGDGH FRP R ³VDEHU ID]HU´ XWLOL]DomR prática dos conhecimentos – detectar, reconhecer H LGHQWL¿FDU R DOYR UHDOL]DQGR WRGDV DV IDVHV FRP HIHWLYLGDGH SRU H[HPSOR H D DWLWXGH FRP R ³TXHUHU ID]HU´ p FRPSRUWDPHQWDO TXDQGR VH DSOLFD QD prática os conhecimentos e habilidades – ter responsabilidade com a missão, ter disciplina, entre ouWURV 'HVVD PDQHLUD QD HVFROKD GDV HTXLSHV SDUD PRELOLDUHP RV QRYRV YHWRUHV p GH VXPD LPSRUWkQFLD FRQVLGHUDU DV FRPSHWrQFLDV GDTXHOHV SLORWRV SULQcipalmente por se tratar de uma atividade sem preFHGHQWHV H FRP HOHYDGR JUDX GH HVSHFL¿FLGDGHV H SURWRFRORV GH VHJXUDQoD 0&&85/(< Porém, a análise dos CHA unicamente não VH ID] VX¿FLHQWH SDUD VXVWHQWDU DV FRPSHWrQFLDV QHcessárias ao piloto de RPA armada, mesmo a despeito de estudos realizados pela USAF, os quais determinaram todos os aspectos requeridos para essa IXQomR QDTXHOH SDtV 86$) S JULIR GR DXWRU 3RLV R FXUUtFXOR p ³> @ R FRQWH[WR GD SUiWLFD ao mesmo tempo em que é contextualizado por ela > @´ 6$&5,67È1 S UHSUHVHQWDQGR DOpP


questionários previamente elaborados. O objetiYR GHVWHV p GHWHUPLQDU DV FRPSHWrQFLDV MXOJDGDV necessárias ao piloto que empregará a RPA como plataforma d’armas, de acordo com as categorias de análise em estudo, sendo elas os CHA. Frente à vasta gama de métodos existentes, o Método Delphi foi eleito devido sua facilidade de aplicação e garantia de imparcialidade, diante da opinião dos especialistas. Sobre o cenário atual da FAB, no qual não existem pilotos de RPA armados, foram consideraGRV FRPR PDLV HVSHFLDOLVWDV DTXHOHV SUR¿VVLRQDLV RULXQGRV GD $YLDomR GH &DoD FRP TXDOL¿FDomR PtQLma de Líder de Esquadrilha de Caça e operacionais em RPA, por dois motivos. O primeiro deles é corroERUDGR SRU 3HUUHQRXG VHJXLQGR R SULQFtSLR de sequenciamento continuado para estabelecimenWR GH FRPSHWrQFLD QHVWH FDVR R HPSUHJR GH DUPDmento por pilotos de caça. 2 RXWUR UHIHUH VH j H[SHULrQFLD DGTXLULGD como piloto operacional de RPA que, associadas àquelas relacionadas ao emprego convencional, os WRUQDP RV PDLV TXDOL¿FDGRV SDUD GLVFRUUHUHP VREUH R assunto atualmente, segundo entendimento do autor com base nos referenciais adotados. Do universo total de vinte e seis pilotos de RPA formados desde a criação do 1º/12º GAV, quatorze são procedentes da aviação caça, sendo um deles o autor desta pesquiVD LQVWUXWRU GH FDoD QR &(2&$ H &)/(& H SLORWR RSHUDFLRQDO GH 53$ R TXDO SRU UD]}HV PHWRGROyJLcas, absteve-se de opinar. Então, com auxílio do aplicativo Survey Monkey, foram confeccionados e entregues os TXHVWLRQiULRV YLD LQWHUQHW OLQN H H PDLO DRV WUH]H respondentes, pilotos de caça e de RPA, integrantes ou ex-integrantes do 1º/12º GAV. Após a resposta integral das arguições, um amplo arcabouço de opiniões distintas foi obtido para análise posterior. Acompanhando as instruções preconizadas pelo Método Delphi, procedeu-se ao primeiro quesWLRQiULR FRPSRVWR SRU WUrV SHUJXQWDV DEHUWDV FXMDV respostas foram discorridas por cada especialista em termos de conhecimentos, habilidades e atitudes julgadas necessárias aos pilotos de RPA armadas, mantendo o sigilo e a não comunicação com os dePDLV FRODERUDGRUHV SULPHLUD URGDGD (P VHJXLGD as semelhanças e repetições foram excluídas, redu]LQGR DV D WUrV OLVWDV TXH JHUDUDP DV PDWUL]HV GH FRPSHWrQFLD SRU WLSR GH &+$ Na segunda rodada, as matrizes de compeIII ± 0(72'2/2*,$ WrQFLDV SURFHVVDGDV IRUDP HQFDPLQKDGDV j DSUHFLDComo ferramenta para consecução do OE1, ção de cada especialista, que respondeu se concorfoi empregado nesta obra o Método Delphi por roda- dava ou não com cada item listado. 'H DFRUGR FRP 6DQWRV R FRQVHQVR p das, conhecido também como método de especia- OLVWDV GH DFRUGR FRP 6DQWRV &RPR SULQFtSLR considerado aceitável entre os especialistas quanbásico, esta técnica se fundamenta nas respostas GR RV &RH¿FLHQWHV GH &RQFRUGkQFLD VmR LJXDLV RX FROKLGDV FRP EDVH QD H[SHULrQFLD GRV HVSHFLDOLV- PDLRUHV TXH &F -XQWDQGR VH HVVHV WDV LQGLYLGXDOPHQWH VHP LQWHUIHUrQFLD GH RXWUHP D WUrV DVSHFWRV &+$ DV FRPSHWrQFLDV QHFHVViULDV da relação de conteúdos intelectuais, mas um esquema de formação social e cultural das Escolas. Então, observa-se, que o currículo complementa as ideias anteriores relacionadas ao desenvolvimento, não apenas do conhecimento, como também das haELOLGDGHV H DWLWXGHV DOLQKDGDV FRP XP UHVXOWDGR ¿P Em síntese, o que pode ser adequado para um país, conforme o exemplo da USAF, pode, e provavelmenWH VHUi LQDGHTXDGR SDUD RXWUR %UDVLO )$% WHQGR em vista todas as diferenças curriculares inerentes à formação de seus pilotos. Dessa forma, a estruturação dos currículos YROWDGD SDUD R GHVHQYROYLPHQWR GH FRPSHWrQFLDV QHFHVViULDV D GHWHUPLQDGD WDUHID VHUi PDLV H¿FLHQWH que outras menos direcionadas, culminando diretaPHQWH QD TXDOLGDGH GRV SUR¿VVLRQDLV DVVLP IRUPDGRV ,PSRUWkQFLD HVWD TXH p GHIHQGLGD SRU 6DFULVWiQ DR GHVFUHYHU R YDORU UHODWLYR GD DQiOLVH FRQVtante dos conteúdos didáticos para melhorar currículos escolares. Outro conceito importante para a compreensão da metodologia adotada, refere-se à necessidade de um processo contínuo de aprendizado, isto VLJQL¿FD TXH VHJXQGR R UHIHUHQFLDO DGRWDGR ³> @ R WUDEDOKR GH XPD FRPSHWrQFLD UHTXHU XP VHTXHQciamento de processo continuado de, no mínimo, WUrV DQRV > @´ 3(55(128' S JULIRV GR DXWRU R TXH VXJHUH XPD LGHLD GH SURJUDPD GH formação duradouro, podendo ser de médio a longo prazo, como o currículo dos pilotos de caça. É importante destacar que, para ser declarado piloto de caça, o aviador deverá concluir com aproveitamento o Curso de Elevação Operacional GD $YLDomR GH &DoD &(2&$ SUHYLVWR SHOD ,&$ %UDVLO FRP GXUDomR DSUR[LPDGD GH XP ano, contemplando o emprego armado. Porém, a formação do caçador somente estará completa após a conclusão do Curso de Formação de Líder de EsTXDGULOKD GH &DoD &)/(& QRUPDWL]DGR SHOD 0&$ %UDVLO FRP GXUDomR PtQLPD GH GRLV anos e previsão de emprego armado em ambos. 3RUWDQWR SUHWHQGH VH LGHQWL¿FDU HP TXH PHGLGD DV FRPSHWrQFLDV QHFHVViULDV DR SLORWR GH 53$ armada são desenvolvidas pelo currículo atual dos pilotos de caça, com o objetivo de prover dados para estudos futuros, bem como o desenvolvimento da doutrina de emprego armado a partir de plataformas não tripuladas e possíveis sugestões.

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DR SLORWR GH 53$ DUPDGD IRUDP LGHQWL¿FDGDV H assim, pôde-se responder à primeira questão. Por conseguinte, com base na análise documental do Currículo Mínimo do CEOCA previsto pela ,&$ %UDVLO H GR &)/(& QRUPDWL]DGR SHOD 0&$ %UDVLO D LGHQWL¿FDomR GDV FRPSHWrQFLDV GHVHQYROYLGDV SHORV SLORWRV GH FDoD foi possível. Contudo, para se chegar a conclusão e com isso atingir o objetivo geral da pesquisa, todas DV FRPSHWrQFLDV DYHULJXDGDV SRU PHLR GD DQiOLVH documental dos cursos de caça submeteram-se a comparação com aquelas levantadas pelos especialistas, a partir de opiniões manifestadas nas duas URGDGDV GR 0pWRGR 'HOSKL 6DQWRV $R ¿QDO da análise dos dados colhidos, a reposta para o proEOHPD GHVWH WUDEDOKR IRL GHYLGDPHQWH FODUL¿FDGD H R objetivo geral proposto atingido. ,9 ± $1È/,6( Ao término da primeira rodada de questionáULRV FKHJRX VH D XPD OLVWD GH WRGDV DV FRPSHWrQcias tidas como essenciais ao piloto de RPA armada. (VVHV UHVXOWDGRV IRUDP GLVSRVWRV HP WUrV UHODo}HV divididas em 29 Conhecimentos, 29 Habilidades e 27 $WLWXGHV &+$ EXVFDQGR VH LGHQWL¿FDU DTXHODV FDracterísticas intrínsecas ao piloto que desenvolverá DWLYLGDGHV FRPSOH[DV FRP PDLRU H¿FiFLD %$67,(1 $SXG 3(55(128' Na rodada seguinte, tais CHA foram avalizados e validados excluindo-se aqueles com conFRUGkQFLD LQIHULRU D SHUPDQHFHQGR DR ¿QDO GR processo 24 conhecimentos, 21 habilidades e 24 atiWXGHV WRGDV DV WDEHODV SRGHP VHU VROLFLWDV DR DXWRU SRU PHLR GR H PDLO VODYH]KVI#IDE PLO EU A pesquisa documental foi realizada, analisando-se o currículo Mínimo do CEOCA e do CFLEC, D ¿P GH LGHQWL¿FDU DV FRPSHWrQFLDV SRU HOHV GHVHQYROYLGDV ( FRPR R SHUtRGR GH WUrV DQRV GRV FXUVRV somados, atinge-se a meta mínima de assimilação GH FRPSHWrQFLDV SURSRVWD SRU 3HUUHQRXG Os resultados obtidos nas etapas anteriores da pesquisa possibilitaram correlacioná-los. Contudo, para uma melhor compreensão dessa análise, foi necessário ajustar a apresentação dos dados curriculares. Sobre o ajuste, destaca-se a similaridade de ambos os cursos, no que diz respeito as fases de voo, aulas e aprontos, razão pela qual analisou-se DV IDVHV HP FRPXP MXQWDPHQWH VHP UHGXQGkQFLDV entre os cursos. Mas, há um importante diferencial entre os dois currículos, enquanto o CEOCA desenYROYH FRPSHWrQFLDV SDUD R SLORWR GHVHPSHQKDU FRPR Ala Operacional suas atribuições, o CFLEC habilita-os como líderes da aviação, aumentando o grau de responsabilidade e desenvolvendo a capacidade liderança. E, ainda, somente os pilotos do Curso de Liderança possuem pré-requisitos para obtenção do 54 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

&DUWmR GH 9RR SRU ,QVWUXPHQWRV &9, VHUHP GHFODUDGRV 3LORWRV 2SHUDFLRQDLV GH 'HIHVD $pUHD 32'$ e realizarem o módulo de ApAA, todos relacionados FRP D H[SHULrQFLD TXDQWL¿FDGD SRU KRUDV GH YRR Diante dessa correlação dos resultados com RV FXUUtFXORV FKHJRX VH D 0DWUL] GH &RPSHWrQFLDV Comparadas ao Currículo da Aviação de Caça, conIRUPH SRGH VHU YHUL¿FDGR QD 7DEHOD , 7DEHOD , 0DWUL] GH FRPSHWrQFLDV FRPSDUDGDV DR FXUUtFXOR GD aviação de caça.

48$17,'$0$75,=(6 '( '( (/(1&$&203(7Ç1'$ 3(/26 &,$6 (63(&,$/,67$6

'(6(192/9,'$6 3(/$ $9,$d­2 '( &$d$

Conhecimentos

24

+DELOLGDGHV Atitudes Total

21 24 69

&+$

FONTE: O autor.

Considerando cada um dos CHA separadamente, observa-se que na esfera dos conhecimentos ocorreu a porcentagem mais baixa de adequação curricular às necessidades do piloto remoto armado 3RUpP WDO DVSHFWR HP YLUWXGH GH VXD DOWD HVSHFL¿FLGDGH QmR VXJHUH PXGDQoDV QR FXUUtFXOR mínimo do CEOCA, tampouco do CFLEC, pois, “conhecer os princípios e procedimentos da pilotagem remota” e o “conhecer o funcionamento do sistema de armamento da SARP” farão, obrigatoriamente, parte do programa de formação operacional do *$9 63)2 D H[HPSOR GR PDUFDGRU ODVHU FRQIRUPH 3URMHWR GH $WLYLGDGHV 2SHUDFLRQDLV 3$23 do 1º/12º GAV. No entanto, o item “compreender os procedimentos legais necessários ao emprego de armamento comandado remotamente”, apesar de atualmente não ser desenvolvido na FAB, precisará de ajustes no momento da aquisição das novas 53$ DUPDGDV SRU PHLR GH LQWHUFkPELR FRP SDtVHV GH UHIHUrQFLD QHVWH WLSR GH HPSUHJR (VWDGRV 8QLGRV ,QJODWHUUD RX ,VUDHO H QRYRV HVWXGRV VHJXQGR entendimento do autor. No campo das habilidades, apenas uma “gerenciar o formulário de armamento da RPA e otimizar as funcionalidades do sistema” não foi compatibilizada, conforme a análise. Contudo, adotando o mesmo raciocínio acima descrito, essa habilidade se viabiliza por semelhança no SPFO do 1º/12º GAV. Pois o JHUHQFLDPHQWR GH IRUPXOiULRV TXH QDGD PDLV VmR TXH LQWHUIDFHV HQWUH R SLORWR H D 53$ p XP SULQFtpio básico de pilotagem das mesmas. Dessa forma, o formulário de armamento seria apenas mais um a ser gerenciado, sem maiores implicações, a exemplo GR 606 GDV DHURQDYHV GH FDoD PRGHUQL]DGDV $


$ 0 H ) 0 Também, pôde-se visualizar que o currículo atual dos pilotos de caça é totalmente alinhado com as necessidades julgadas essenciais ao piloto de 53$ DUPDGD HP WHUPRV GH DWLWXGHV &RPR já exposto, algumas fases desenvolvem a totalidade dos CHA necessários, devido a organização proJUHVVLYD GDV FRPSHWrQFLDV GR FXUVR GH FDoD DVVLP XP SLORWR QmR VHUi TXDOL¿FDGR SDUD IDVH VHJXLQWH HQTXDQWR QmR DWLQJLU D SUR¿FLrQFLD PtQLPD QD IDVH HP que se encontra. Dessa forma, pode-se concluir que o curso de Caça, isto é, CEOCA e CFLEC juntos desenvolvem aproximadamente noventa e quatro por cento GDV &+$ HVVHQFLDLV DR SLORWR GH 53$ DUPDdas, segundo criterioso julgamento baseado na exSHULrQFLD GRV HVSHFLDOLVWDV

WRGDV DV FRPSHWrQFLDV HOHQFDGDV VmR DERUGDGDV pelo currículo dos pilotos de caça. Dessa forma, pode-se se inferir que, fundamentado na atual base curricular do CEOCA E CFLEC, os pilotos de caça desenvolvem as compeWrQFLDV QHFHVViULDV SDUD R HPSUHJR GH 53$ DUPDGDV WHQGR DSHQDV TXH FRQFOXLU FRP r[LWR R FXUVR de pilotagem de aeronaves remotamente pilotadas, o que ocorrerá naturalmente no momento de sua lotação no 1º/12º GAV. É imprescindível, ao revelar os resultados dessa pesquisa, mencionar a exponencial evolução no uso de RPA como plataforma d’armas pelo mundo, VHMD HP PLVV}HV GH LQWHOLJrQFLD RX GH FRPEDWH 2Xtrossim, a integração de armamento em RPA suscita discussões complexas sobre os atuais programas de formação das tripulações do 1º/12º GAV, o que poderia demandar necessidades ainda não concebidas 9 ± &21&/86­2 em outras aéreas. 3RU ¿P HVWH WUDEDOKR WHP D LQWHQVmR GH WRUO papel das aeronaves foi decisivo para nar-se precursor para estudos de outras vertentes o desfecho da Segunda Guerra Mundial. Suas ca- do RPA armado, tais como: a responsabilidade dos UDFWHUtVWLFDV LQWUtQVHFDV HOHYDUDP D LPSRUWkQFLD GD tripulantes e tomadores de decisão; a carga psicolóGuerra Aérea a patamares superiores àquelas até gica e emocional envolvida neste tipo de emprego; então conhecidas. Dessa forma, a Força Aérea ra- DVSHFWRV ORJtVWLFRV MXUtGLFRV RX PpGLFRV ¿VLROyJLWL¿FRX VHX SDSHO IXQGDPHQWDO QD HVWUDWpJLD QDFLRQDO FRV GHQWUH YiULRV RXWURV TXH FHUWDPHQWH HPHUJLUmR de defesa de praticamente todas as nações e exigiu H TXH VmR WmR QHFHVViULRV SDUD R ¿HO FXPSULPHQWR constante evolução tecnológica da indústria aero- GD VHJXQGD GLUHWUL] GD (1' %5$6,/ TXDQWR náutica. R REMHWR ¿P GHVWH HVWXGR Tal desenvolvimento fez com que novas doutrinas e conceitos de emprego tornassem realidade. 5()(5Ç1&,$6 Dentre eles, o emprego de RPA armadas. Ao redor do mundo, grande parte do orçamento destinado as BRASIL. Ministério da Defesa. 3ROtWLFD 1DFLRQDO GH Forças Armadas já é aplicado em projetos não tri- 'HIHVD (VWUDWpJLD 1DFLRQDO GH 'HIHVD EMAER, SXODGRV HP GHWULPHQWR GRV FRQYHQFLRQDLV :$<1( 2012. &+$33(//( HW DO 3ULQFLSDOPHQWH SRU QmR exporem vidas, além de seu poder estratégico in- ______. Comando da Aeronáutica. 3(0$(5 3ODQR contestável, aliado a seu baixo custo de operação, (VWUDWpJLFR 0LOLWDU GD $HURQiXWLFD o Brasil incluiu o desenvolvimento dos RPA de com- PCA 11-47. EMAER, 2016. EDWH FRPR XPD LPSRUWDQWH PHWD QD (1' VHJXQGD GLUHWUL] ______. 'RXWULQD %iVLFD GD )RUoD $pUHD %UDVLOHLEm alinhamento com as diretrizes de defesa, ra. DCA 1-1. Brasília, DF, 2012. a FAB criou uma unidade de vanguarda para o desenvolvimento da doutrina e emprego de aeronaves ______. Comando de Preparo. Currículo 0tQLPR GR remotamente pilotadas, o 1º/12º GAV – Esquadrão &XUVR GH (VSHFLDOL]DomR GD $YLDomR GH &DoD ICA Hórus. Então, diante das instruções contidas na se- 37-550. Brasília, DF, 2018. gunda diretriz da END, o presente trabalho foi motivado, tendo em vista que a aquisição das RPA arma- ______. Terceira Força Aérea. 3ODQR GH DYDOLDomR GDV GH FRPEDWH WmR VRPHQWH QmR VDWLVIDUi GLVWLQWD GR 3URJUDPD GH )RUPDomR H (OHYDomR 2SHUDdiretriz. Pois, para serem implantados, os vetores FLRQDO QDV 8QLGDGHV $pUHDV 6XERUGLQDGDV GR necessitarão de pilotos familiarizados com a siste- *UXSR GH $YLDomR MCA 37-174. Brasília, DF, 2016. mática do emprego aéreo, tais quais os pilotos de caça. ______. 3URJUDPD GH (OHYDomR 2SHUDFLRQDO 54 Confrontando-se todos os dados colhidos nas H 54 IINPREP/PEVOP 20 e 21. Brasília, etapas, à luz dos referenciais teóricos que balizaram 2018. D LPSRUWkQFLD GH DGHTXDomR FXUULFXODU jV QRYDV GHmandas, descritas ao longo deste artigo, foi possível analisá-los detalhadamente e concluir que 94,2% de PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 55


______.______.______.______. 3URMHWR GH $WLYLdades Operacionais PIMO do 1º/12º GAV. Brasília, 2019. CHAPPELLE, Wayne; MCDONALD, Kent; MCMILLAN, Katharine. ,PSRUWDQW DQG FULWLFDO SV\FKRORJLFDO DWWULEXWHV RI 86$) 04 3UHGDWRU DQG 04 5HDSHU SLORWV DFFRUGLQJ WR VXEMHFW PDWWHU H[SHUWV SCHOOL OF AEROSPACE MEDICINE WRIGHT PATTERSON AFB OH AEROSPACE MEDICINE DEPT/AEROSPACE MEDICINE CONSULTATION DIV, 2011. GIL, A. C. &RPR HODERUDU SURMHWRV GH SHVTXLVD 5ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GH 0HWRGRORJLD &LHQWt¿FD. 5ª Ed. São Paulo: Atlas, 2003. 0F&85/(< 7 0 &RPR RV 'URQHV UHYROXFLRQDUDP D *XHUUD FRQWUD R 7HUURU +XQWHU .LOOHU Trad. Vargas, B, 2015. PERRENOUD, P. &RQVWUXLQGR DV FRPSHWrQFLDV GHVGH D HVFROD Porto Alegre: Artmed, 1999. PERRENOUD, P. 'HVHQYROYHU FRPSHWrQFLDV RX HQVLQDU VDEHUHV" $ HVFROD TXH SUHSDUD SDUD D YLGD Porto Alegre: Penso, 2013.

FLICKR FAB

SACRISTÁN, J. G. 2 &XUUtFXOR XPD UHÀH[mR VREUH D SUiWLFD Trad. Ernani F, da F. Rosa, v. 3, HOUAISS, Antônio. 0LFKDHOLV GLFLRQiULR SUiWLFR 2000. GD OtQJXD SRUWXJXHVD Melhoramentos, 1998. SANTOS, A. C. 2 XVR GR PpWRGR 'HOSKL QD FULDomR GH XP PRGHOR GH FRPSHWrQFLDV Revista de LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. )XQGDPHQWRV Administração, v. 36, n.2, p-25-32, 2001.

56 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO


.& ( 352-(d­2 '2 32'(5 $(52(63$&,$/ %5$6,/(,52 &223(5$d®(6 %,/$7(5$,6 1$ $0e5,&$ '2 68/ KC-390 AND PROJECTION OF THE BRAZILIAN AEROSPACE POWER: BILATERAL COOPERATIONS IN SOUTH AMERICA Maj Av Flávio 'LQL] Pereira *UXSR GH 7UDQVSRUWH GH 7URSD *77

Concluiu o CFOAv em 2005. Possui especialização em Gestão Pública e Emprego da Força Aérea na Universidade da )RUoD $pUHD 3RVVXXL PHVWUDGR HP &LrQFLDV $HURHVSDFLDLV SHOD 8QLYHUVLGDGH GD )RUoD $pUHD &RQWDWR dinizfdp@fab.mil.br Dra. Patrícia de Oliveira Matos 8QLYHUVLGDGH GD )RUoD $pUHD 81,)$ 3RVVXL GRXWRUDGR HP &LrQFLDV $HURHVSDFLDLV SHOD 81,)$ PHVWUDGR HP (FRQRPLD $SOLFDGD SHOD 863 H JUDGXDomR HP &LrQFLDV (FRQ{PLFDV SHOD 8)9 e SURIHVVRUD GH QtYHO VXSHULRU $VVRFLDGR GD 81,)$ PLQLVWUDQGR as disciplinas Economia de Defesa e Metodologia da Pesquisa no PPGCA. Atualmente, é vice-coordenadora do Mestrado 3UR¿VVLRQDO HP &LrQFLDV $HURHVSDFLDLV GD 81,)$ Contato: pomatos@hotmail.com Ten Cel Av Bruno $PpULFR Pereira *UXSR GH 7UDQVSRUWH GH 7URSD *77 Concluiu o CFOAv em 2003. Possui especialização em Análise de Ambiente Eletromagnético no Instituto Tecnológico GH $HURQiXWLFD HVSHFLDOL]DomR HP *HVWmR 3~EOLFD H (PSUHJR GD )RUoD $pUHD QD 8QLYHUVLGDGH GD )RUoD $pUHD H PHVWUDGR HP &LrQFLDV $HURHVSDFLDLV QD 8QLYHUVLGDGH GD )RUoD $pUHD $WXDOPHQWH p &KHIH GD 6HomR GH

Operações do 1° GTT. Contato: americobap@fab.mil.br

RESUMO

$%675$&7

As incertezas sobre os relacionamentos entre os Estados colocam os interesses particulares dos países como base para as iniciativas nas Relações Internacionais. Nesta ótica, defesa e segurança ganham prioridade na agenda dos Estados e o Brasil, frente aos seus vizinhos na América do Sul, e entendenGR D LPSRUWkQFLD GR 3RGHU $HURHVSDFLDO QD GHIHVD nacional, poderá vislumbrar uma oportunidade ímpar com a recente aquisição das aeronaves reabastecedoras KC-390 pela Força Aérea Brasileira. A cooperação militar poderá projetar o Poder Aeroespacial %UDVLOHLUR H DXPHQWDU D FRQ¿DQoD HQWUH RV HVWDGRV sul-americanos, ao mesmo tempo em que permite maior proteção das áreas de interesse comum entre RV SDtVHV (VWD SHVTXLVD EXVFRX YHUL¿FDU D SRVVLELlidade de uma cooperação entre os países da América do Sul a partir da aeronave KC-390 e sua caSDFLGDGH GH UHDEDVWHFLPHQWR HP YRR 5(92 3RU meio das teorias do Poder Aéreo dos pensamentos de Douhet, Trenchard e Mitchell, junto a uma pesquisa documental em sites da FAB e nas políticas nacionais de defesa de países da América do Sul, foi possível compreender que a capacidade REVO da aeronave KC-390 pode ser um caminho para o estabelecimento de uma cooperação militar com a Bolívia, o Equador e o Peru na proteção da AmazôQLD H FRP R 8UXJXDL QD SURWHomR GR $WOkQWLFR 6XO

The uncertainties of relationships between states place particular interests of countries as the basis for initiatives in International Relations. In this perspective, defense and security gain priority in the agenda of the states and Brazil, in front of its neighbors in South America, and understanding the importance of Aerospace Power in national defense can glimpse a unique opportunity arising with the recent acquisition of the refueling aircraft KC-390 by the Brazilian Air Force. Military cooperation could project Brazilian $HURVSDFH 3RZHU DQG LQFUHDVH FRQ¿GHQFH DPRQJ South American states, while allowing greater protection of areas of common interest between countries. This research sought to verify the possibility of a cooperation between the countries of South AmeULFD IURP WKH .& DLUFUDIW DQG LWV LQ ÀLJKW UHIXHOLQJ FDSDELOLW\ 5(92 7KURXJK $LU 3RZHU WKHRULHV of the thoughts of Douhet, Trenchard, and Mitchell, with a bibliographical and documentary research of sources of the FAB, national defense policies of South American countries, the researchers was able to understand that the REVO capability of the KC390 aircraft may be the way to the establishment of military cooperation with Bolivia, Ecuador and Peru in the protection of the Amazon and with Uruguay in the protection of the South Atlantic.

3DODYUDV &KDYH Aéreo. KC-390.

.H\ZRUGV Bilateral Cooperation. Air Power. KC390.

Cooperação

Bilateral.

Poder

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, ± ,1752'8d­2

E 7UHQFKDUG H 0LWFKHOO SRU VXD YH] DGRWDUDP D arma aérea como principal meio para vencer a guer $ $PD]{QLD H R $WOkQWLFR 6XO VmR SRQWRV FKD- ra e admitiram uma postura ofensiva da arma aérea ves para a soberania brasileira e ante a qualquer HP FRPEDWH > @ possibilidade de ameaça externa, um caminho que Baseado nesses teóricos pode-se considerar se mostra viável é a cooperação entre os países da a arma aérea como o principal meio de garantia dos América do Sul. interesses nacionais e do poder nacional. Neste senNeste artigo, vislumbra-se a possibilidade de tido, é admissível que a aeronave KC-390 seja enque uma das alternativas para a cooperação no con- tendida como um meio para se atingir a projeção do tinente possa ocorrer por meio da aeronave KC-390. poder nacional brasileiro e, considerando a vocação Os KC-390 tem a capacidade de realizar inú- SDFt¿FD GR %UDVLO D IRUPD SRVVtYHO GH FRQFUHWL]DU meras missões militares, sendo, portanto, conheci- essas pretensões seria através de acordos de coodos por serem plataformas multimissão. Dentre as peração com outros países no contexto da América potencialidades do avião, a possibilidade de trans- do Sul. ferir combustível para outra aeronave em voo, chaO KC-390, de fabricação nacional, reserva PDGD GH UHDEDVWHFLPHQWR HP YRR 5(92 p D TXH SRWHQFLDOLGDGHV TXH FRQWULEXLUmR VLJQL¿FDWLYDPHQWH possui maiores implicações no aumento da potencia- para o maior proveito das missões de REVO em lidade tática de um vetor de defesa aérea, podendo suporte às ações de defesa aérea e em prol da ser utilizada em conjunto com aeronaves brasileiras projeção do Poder Aeroespacial Brasileiro. ou estrangeiras. Neste artigo foram listadas algumas das ca 2V SRQWRV GH FRQYHUJrQFLD GH LQWHUHVVHV VH- racterísticas diferenciais do KC-390 em relação à ULDP D $PD]{QLD H R $WOkQWLFR 6XO 2 TXHVWLRQDPHQWR atual plataforma REVO da FAB, as aeronaves KCpertinente seria porque uma aeronave como o KC- 130 Hércules. 390 poderia ser um caminho para a cooperação? Neste escopo, o presente artigo aborda a Tabela I - Comparativo de capacidades entre o KC-390 e o KC130. questão da defesa nacional, quanto à proteção da $PD]{QLD H GR $WOkQWLFR 6XO DR PHVPR WHPSR HP que levanta a possibilidade de projeção do Poder &$3$&,'$'(6 .& .& Aeroespacial Brasileiro por meio do emprego do KCTanques de WUrV 390 como plataforma REVO para estados sul-ameriFRPEXVWtYHLV GRLV WDQtanques, canos, o que aumentaria a autonomia das aeronaves internos do ques, cada um cada um com de defesa aérea daqueles países. A partir desses FRPSDUWLPHQWR com capacidade capacidade HOHPHQWRV GH¿QH VH R VHJXLQWH REMHWLYR SDUD HVWD de carga da de 12.000 lb de 11.000 lb SHVTXLVD LGHQWL¿FDU VH D FDSDFLGDGH GH 5(92 GD aeronave aeronave KC-390 pode representar um elemento Velocidade de 120 KT a 210 KT para a projeção do Poder Aeroespacial Brasileiro na UHDEDVWHFLPHQWR Mach 0.72 cooperação militar entre países da América do Sul. &DSDFLGDGH GH Para estabelecer a conexão entre os temas, UHFHEHU FRPPossui Não Possui neste artigo recorreu-se à metodologia de pesquisa EXVWtYHO HP YRR ELEOLRJUi¿FD GRFXPHQWDO H DWUDYpV GH IRQWHV DEHUWDV &DSDFLGDGH GH como o Military Balance 2017 e os Livros Brancos de autodefesa em Possui Não Possui Defesa de países da América do Sul disponíveis na DPELHQWH KRVWLO Internet. &DSDFLGDGH ,, ± 2 5($%$67(&,0(172 (0 922 ( $ $(52de REVO com Possui Não Possui 1$9( .& HTXLSDPHQWR GH visão noturna 6HJXQGR 6HYHUVN\ > @ R SRGHU GH XP SDtV FONTE: Os autores. era medido pelo seu poderio aéreo. CompartilhanGR HVVH SHQVDPHQWR LGHQWL¿FD VH R FDUiWHU SULQFLSDO A Tabela I mostra, resumidamente, uma cadesta potencialidade de uma nação. Outros autores pacidade maior de reabastecimento do KC-390, convergiram também para este entendimento: além da capacidade de autodefesa e voo com equiD 'RXKHW > @ DSRQWRX D LPSRUWkQFLD GD DUPD DpUHD pamento de visão noturna. O KC-390 ainda possui “Se existem nações que não podem ser atingidas a seu favor a capacidade de também poder ser reaSHOR PDU QmR H[LVWH QHQKXPD TXH QmR SRVVD Vr OR bastecido em voo, característica inexistente no KC130. A velocidade maior na realização do reabastepelo ar”; e cimento em voo facilita as manobras das aeronaves 58 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO


recebedoras durante o REVO, devido à estabilização da mangueira deste sistema, conforme a Fig. 1.

Figura 1 - Reabastecimento em voo no KC-390. )217( 'HIHVD $pUHD H 1DYDO > @

As capacidades diferenciais implicam nos seJXLQWHV JDQKRV RSHUDFLRQDLV > @ D D PDLRU FDSDFLGDGH GH WDQTXHV LQWHUQRV SHUPLWH o abastecimento de um número maior de aeronaves em voo; E D FDSDFLGDGH GH VHU UHDEDVWHFLGR DXPHQWD R WHPSR GH SHUPDQrQFLD HP YRR GD DHURQDYH .& tópico importante em um cenário de combate; e F D FDSDFLGDGH GH YRR FRP HTXLSDPHQWR GH YLVmR noturna possibilitará o reabastecimento das aeronaves em ambientes de escuridão total, evitando a GHVRULHQWDomR HVSDFLDO FHQiULR SURYiYHO QR SHUtRGR QRWXUQR GH YRR QD $PD]{QLD RX VREUH R $WOkQWLFR Sendo assim, o KC-390 reserva potencialidades que FRQWULEXLUmR VLJQL¿FDWLYDPHQWH SDUD R PDLRU SURYHLWR das missões de REVO em suporte às ações de defesa aérea e em prol da projeção do Poder Aeroespacial Brasileiro. ,,, ± $ $0$=Ð1,$ 2 $7/Æ17,&2 68/ ( $ &223(5$d­2

R LQWHUFkPELR FRP DV )RUoDV $UPDGDV GH RXWURV SDíses, sobretudo daqueles que compõem o entorno estratégico do Brasil. Ao longo dos anos a cooperação entre as nações sul-americanas assumiram variados contornos, inicialmente sob a égide dos Estados Unidos, e após, através de inúmeras iniciativas de acordos bilaterais e multilaterais com objetivos diversos, seja QR LQWHUFkPELR HQWUH HVFRODV PLOLWDUHV VHMD QR HVWXdo de assuntos estratégicos ou nos exercícios militares conjuntos, o Brasil buscou sempre seu papel de OLGHUDQoD SRU PHLR GD FRRSHUDomR > @ Cooperação não faz sentido se não existem interesses compartilhados. Como já nos são conhecidos os objetivos nacionais brasileiros sobre a Ama]{QLD H VREUH R $WOkQWLFR 6XO UHVWD REVHUYDU R PDSD GHVVDV UHJL}HV H LGHQWL¿FDU QR FRQWLQHQWH VXO Dmericano, quais os países que compartilham tais interesses em seus territórios. 1DVVHU H 0RUDHV > @ GHVHQYROYHUDP XP HVWXGR sobre o entorno estratégico do Brasil e destacaram a LPSRUWkQFLD GD $PD]{QLD EUDVLOHLUD FRQVLGHUDGD SRU HOHV FRPR D EDUUHLUD YHUGH H R $WOkQWLFR 6XO GHQRminado barreira azul, ambos detentores de recursos naturais com grande capacidade econômica para o país. De forma rápida, poderíamos imaginar que, no tocante a Amazônia, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia poderiam compartilhar os mesmos interesses brasileiros, assim como Uruguai e $UJHQWLQD R VHULDP HP UHODomR DR $WOkQWLFR 6XO 3DUD YHUL¿FDU HVVDV SRVVLELOLGDGHV IRUDP levantados os documentos referentes à Política de 'HIHVD GRV SDtVHV VXO DPHULFDQRV FLWDGRV D ¿P GH LGHQWL¿FDU VH UHDOPHQWH D $PD]{QLD H R $WOkQWLFR 6XO são prioridades de defesa, bem como a percepção sobre a forma de resguardar esses objetivos nacionais. A leitura e posterior análise das políticas de defesa da Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, 9HQH]XHOD 3HUX H 8UXJXDL SHUPLWLX LGHQWL¿FDU TXDLV GHOHV HQWHQGHP D $PD]{QLD RX R $WOkQWLFR 6XO FRPR suas prioridades de defesa, conforme a Tabela II:

O idealismo político torna a busca pela paz Tabela II - Países e prioridades na Política Nacional de Defesa. XP SURFHVVR GLQkPLFR H SHUPHDGR QXP FRQMXQWR GH 35,25,'$'(6 '(&/$5$'$6 ações recíprocas, cujo objetivo é mitigar as percep1$ 32/Ë7,&$ '( '()(6$ 3$Ë6 ções difusas e as discórdias existentes entre EstaAMAZÔNIA ATLÂNTICO SUL dos pela revelação das intenções políticas. O caminho para a paz se constrói através de um ambiente Argentina NÃO SIM GH GHIHUrQFLD GLSORPiWLFD LQWHJUDomR GHSHQGrQFLD Bolívia SIM NÃO UHFtSURFD FRRSHUDomR H FRQ¿DQoD P~WXD > @ &RO{PELD NÃO NÃO Cooperação é a palavra que orienta a Política Equador SIM NÃO 1DFLRQDO GH 'HIHVD 31' %UDVLOHLUD ³$ FRQYHUJrQcia de interesses poderão contribuir para o incremenVenezuela NÃO NÃO to da cooperação entre os países Sul-americanos, o Peru SIM NÃO TXH SURPRYHUi D FRQVROLGDomR GD FRQ¿DQoD P~WXD H Uruguai NÃO SIM D H[HFXomR GH SURMHWRV GH GHIHVD´ > @ e LPSRUWDQWH TXH VHMDP LQWHQVL¿FDGDV DV SDUFHULDV HVWUDWpJLFDV H )217( > @ > @ > @ > @ > @ > @ H > @ PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 59


Da Tabela 2, pode-se admitir que Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Uruguai constituem possíveis parceiros na defesa dos recursos naturais comuns. Os cinco países considerados adotam a premissa de estabelecer cooperações com os demais (VWDGRV GD UHJLmR VXO DPHULFDQD D ¿P GH JDUDQWLU um ambiente de paz. O Poder Aeroespacial, como expressão militar decisiva para a garantia da defesa nacional, exibe, através da capacidade de REVO da aeronave KC-390 brasileira, a oportunidade de prover um caminho para a cooperação entre o Brasil e esses países Sul-americanos. Para tanto, cabe avaliar como o REVO contribuiria para o ganho operacional das aeronaves de defesa aérea dos cinco Estados vizinhos, através do aumento do alcance das aeronaves militares. ,9 ± $ &$3$&,'$'( 5(92 '2 .& &202 0(,2 '( &223(5$d­2 A Defesa Aérea compreende os meios aéreos capazes de prover o controle do espaço aéreo e a sua supremacia. Ela remete à capacidade de Comando e Controle, à artilharia anti-aérea, aos radares e às aeronaves de defesa aérea. De forma direta, quando um radar detecta uma aeronave desconhecida no território nacional, uma série de medidas de policiamento é adotada para que o avião seja LGHQWL¿FDGR H FDVR VH DSUHVHQWH KRVWLO jV LQLFLDWLYDV da aeronave de defesa, seja submetido aos procedimentos adequados e, se for necessário, abatido. O grande dilema vivenciado pelas aeronaves GH GHIHVD DpUHD p TXH VXD H¿FLrQFLD QD PLVVmR GHpende da matemática entre combustível e armamento. Como toda aeronave possui um peso máximo de decolagem, cada acréscimo de combustível implica na retirada de armamento devido ao peso. Fica, portanto, compreendido que se a aeronave necessitar atuar em uma área distante de sua base de decolagem, ela deverá acrescentar mais combustível em seus tanques e, ao mesmo tempo, reduzir sua capacidade de fogo. Desta forma, a maneira de manter o poder de fogo da aeronave seria colocar a quantidade de armamento que a missão exigir, decolar com o combustível que foi possível abastecer devido à limitação do peso e, após a decolagem e em um ponto previamente estabelecido, realizar o reabastecimento em voo. Considerando a relação entre as aeronaves de defesa aérea e o reabastecimento em voo, neste artigo busca-se analisar, recorrendo ao relatório constante no The Military Balance, os possíveis países colaboradores do Brasil na defesa dos inteUHVVHV QD $PD]{QLD H GR $WOkQWLFR 6XO 3DUD LVWR IRL elaborada a Tabela III com os seguintes itens: D DHURQDYHV GH GHIHVD DpUHD GH FDGD XP GRV SDt60 / 2021 - 2ª Ed. / PREPARO

ses da análise; E FDUDFWHUtVWLFDV GHVVDV DHURQDYHV GH GHIHVD DpUHD UDLR GH DomR H DXWRQRPLD H F DHURQDYHV GH UHDEDVWHFLPHQWR HP YRR TXH RV SDíses possuem. Tabela III - Aeronaves de Defesa Aérea e Reabastecedores.

5$,2 '()(6$ $/&$1&( 3$Ë6 $d­2 5(92 $e5($ KM KM KCArgentina A-4AR 3.220 -130H Bolívia K-8WB 2.250 NIL CHEE2.600 1.300 TAH Equador NIL KFIR 655 / C10 / 680 C12 MIG-29 2.100 1.430 MIRRA3.335 1.550 GE 2000 Peru NIL A-37B 1.480 740 SU-25A 3.200 750 Uruguai A-37B 1.480 740 NIL FONTE: The Military Balance > @

A comparação entre o alcance das aeronaves de defesa aérea com o seu raio de ação já deixa claro o impacto da relação combustível e armamento para a realização de uma missão. 3RU ¿P D ~OWLPD FROXQD PRVWUD TXDLV GDV Forças Aéreas possuem aeronaves capazes de realizar o reabastecimento em voo. Assim, a Tabela I SHUPLWLX LGHQWL¿FDU RV VHJXLQWHV SDtVHV FDUHQWHV GH aeronaves reabastecedoras: Bolívia, Equador, Peru e Uruguai. Associando esses dados com a política de defesa dos países Sul-americanos, sendo a cooperação entre os Estados vizinhos a base para a manutenção da paz no continente, e ainda, com a visão FRQFOXVLYD GH 6HYHUVN\ > @ VREUH R FDUiWHU GHFLVLYR GR SRGHU DpUHR SHUFHEH VH TXH D FDUrQFLD GH DHronaves reabastecedoras das Forças Aéreas da Bolívia, do Equador, do Peru e do Uruguai representa uma possibilidade de cooperação para o Brasil, através da aeronave reabastecedora da FAB, o KC-390. 3RUWDQWR LGHQWL¿FD VH D DomR GH 5(92 XWLOLzando a aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira em cooperação com as Forças Aéreas dos países vizinhos, como o caminho ideal para promover o auPHQWR QDV PHGLGDV GH FRQ¿DQoD HQWUH RV SDtVHV DSRQWDGD SRU 6LTXHLUD > @ DR PHVPR WHPSR HP TXH projeta o Poder Aeroespacial Brasileiro na América


do Sul. A cooperação pode ser moldada através de DFRUGRV ELODWHUDLV R TXH UHVSRQGHULD D XPD WHQGrQcia da política brasileira na área de defesa, conforme mostra a Tabela IV: Tabela IV - Países e prioridades na Política Nacional de Defesa.

3$Ë6

Bolívia

Equador

Peru

Uruguai

$&25'26 I Reunião de Conversações entre a Força Aérea Brasileira e Força Aérea Boliviana II Reunião de Conversações entre a Força Aérea Brasileira e Força Aérea Boliviana Reunião de Conversações entre a Força Aérea Brasileira e Força Aérea Equatoriana I Reunião do Grupo de Trabalho Bilateral de Defesa *7%' %UDVLO (TXDGRU II Reunião do Grupo de Trabalho Bilateral de DeIHVD *7%' %UDVLO (quador

$12 RES3216È9(/ 2009 FAB

2015 FAB

2012 FAB 2013 FAB 2015 FAB

AnualI a VII Reunião entre os mente de Chefes de Estado-Maior 2008 a da Força Aérea Brasileira e 2017 Força Aérea Peruana FAB Reunião de Conversações 2014, entre o Comando Conjunto 2015 e das Forças Armadas do 2017 Peru e do Estado-Maior MinisConjunto das Forças Arma- tério da GDV GR %UDVLO (0&)$

Defesa Reunião de entendimento referente ao estabelecimento das Normas Reguladoras para a Elaboração e 2008 Execução dos Programas FAB de Atividades Bilaterais entre a Força Aérea Brasileira e Força Aérea Uruguaia I Reunião de Conversações entre a Força Aérea 2010 Brasileira e Força Aérea FAB Uruguaia )217( (0$(5 > @

A Tabela IV foi montada segundo dados disponíveis no site de acesso interno da Força Aérea Brasileira. Na análise dos acordos vigentes foi posVtYHO YHUL¿FDU TXH Mi H[LVWH FRRSHUDomR PLOLWDU HQWUH os países citados. O Peru se mostra como o vizinho com maiores potencialidades de desenvolver, pioneiramente, a doutrina de operação conjunta de REVO com o Brasil, utilizando as aeronaves KC-390 da Força Aérea Brasileira. O objetivo seria apoiar os aviões de defesa dos dois países na proteção dos interesses nacionais comuns, neste caso, a Amazônia. ,9 ± &21&/86®(6 A aeronave KC-390 é um caminho para a projeção do Poder Aeroespacial Brasileiro através da cooperação militar com os países vizinhos. Por meio de acordos bilaterais, o novo reabastecedor multimissão fabricado pela Embraer poderá estabelecer uma cooperação militar entre os países da $PpULFD GR 6XO PHGLDQWH D FRQ¿DQoD P~WXD Esta possibilidade foi analisada a partir das perspectivas do ambiente da América do Sul quanto às suas Políticas de Defesa, bem como quanto ao potencial dos países na utilização de aeronaves reabastecedoras. Tais informações permitiram apresentar pontos de interesse em defesa, comuns entre alguns países da América do Sul e o Brasil. Após elencar os países que fazem fronteira com o %UDVLO QDV UHJL}HV VHQVtYHLV $PD]{QLD H R $WOkQWLFR 6XO EXVFRX VH DQDOLVDU FDGD XPD GDV SROtWLFDV QDFLRQDLV GH GHIHVD GHVWHV D ¿P GH SHUFHEHU VH R HQtendimento sobre vulnerabilidade e cooperação era similar à PND brasileira. Unindo os conceitos de Defesa e de Poder Aéreo, segundo as perspectivas de Douhet, TrenFKDUG H 0LWFKHOO ¿FRX DVVLQDODGD D FDUDFWHUtVWLFD pioneira e decisiva da arma aérea, o que levou a considerá-la como ponto chave na defesa dos interesses nacionais dos países Sul-americanos. Dentro desta ótica, o reabastecimento em voo e sua capacidade de garantir maior potencialidade às aeronaves de defesa aérea foram vistos como meio para a cooperação entre os países da América do Sul e o Brasil. Os dados constantes no The Military BallanFH SHUPLWLUDP LGHQWL¿FDU GHQWUH RV SDtVHV DQDOLVDGRV aqueles que, além de compartilharem os interesses comuns de defesa com o Brasil, possuem aeronaves de defesa aérea capazes de serem reabastecidas em voo, sem, no entanto, possuírem outras capazes GH UHDEDVWHFr ODV ,VWR SRVWR IRUDP LGHQWL¿FDGRV %ROtYLD (TXDdor, Peru e Uruguai como possíveis países para a realização de acordos bilaterais com o Brasil, no qual o reabastecedor KC-390 da FAB poderá garantir maior alcance para as aeronaves de todos os países envolvidos. PREPARO / 2021 - 2ª Ed. / 61


3RU PHLR GH GRFXPHQWRV R¿FLDLV H[LVWHQWHV GR 0LQLVWpULR GD 'HIHVD H GD )$% IRUDP LGHQWL¿FDdos vários acordos militares entre o Brasil e os países listados. Tais acordos já se encontram em andamento e, se aprofundados, poderão corroborar com a possibilidade de sucesso da iniciativa de utilização do REVO nas aeronaves KC-390 da FAB em cooperação militar com a Bolívia, o Equador e o Peru na proteção da Amazônia e com o Uruguai na proteção GR $WOkQWLFR 6XO 5()(5Ç1&,$6 > @ 6(9(56.< $ 3 $ YLWyULD SHOD )RUoD $pUHD Coleção Aeronáutica. Rio de Janeiro: Itatiaia. Instituto Histórico Cultural da aeronáutica. 1988. > @ '28+(7 *L~OLR 2 'RPtQLR GR $U Coleção aeronáutica. Vol 2. .Rio de Janeiro: Itatiaia. Instituto Histórico Cultural da aeronáutica,1988. > @ 6$1726 0XULOOR (YROXomR GR SRGHU $pUHR Coleção Aeronáutica. Rio de Janeiro:Itatiaia. Instituto Histórico Cultural da aeronáutica, 1989. > @ 'HIHVD $pUHD H 1DYDO 9HUVmR RQOLQH Matéria intitulada “KC-390 realizando testes de REVO com o F-5M”, de 16 de março de 2017. Disponível em:< https://www.defesaaereanaval.com.br/defesa/video-kc-390-realizando-testes-de-revo-com-o-f-5m>. Acesso em: 05 abr. 2019.

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FLICKR FAB



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