Monitor do Déficit Tecnológico Análise Conjuntural das Relações de Troca de Bens e Serviços Intensivos em Tecnologia no Comércio Exterior Brasileiro
1º trimestre de 2013
Monitor do Déficit Tecnológico • 1º trimestre de 2013
1. Resumo
O
Déficit Tecnológico contabilizou US$ 28,5 bilhões no 1º trimestre de 2013. O resultado do indicador considerou US$ 21,9 bilhões referentes aos grupos tecnológicos (alta intensidade e média-alta intensidade tecnológica) e US$ 6,6 bilhões aos serviços tecnológicos (computação e informação, royalties e licenças e aluguel de equipamentos). Em comparação ao 1º trimestre de 2012, o Déficit Tecnológico apresentou um crescimento de 10,4%. O crescimento do déficit em transações comerciais nos grupos de alta e médiaalta intensidade tecnológica foi de 11,7% e nos serviços tecnológicos de 6,4%. A corrente de comércio - soma das exportações e das importações – foi de US$ 106,8 bilhões no primeiro trimestre do ano, o que comparado ao primeiro trimestre do ano anterior significou uma queda de 0,8%. O resultado foi impactado pelo desempenho das exportações que de janeiro a março de 2013, contabilizaram US$ 50,8 bilhões ante US$ 55,1 bilhões nos três primeiros meses de 2012 (queda de 7,7%). Já as importações tiveram comportamento diferente, registrando um aumento de 6,3%. Assim, as importações totalizaram, aproximadamente, US$ 56 bilhões em 2013 ante US$ 52,7 bilhões no mesmo período de 2012. Desta forma, o País saiu de uma condição de superávit comercial, no primeiro trimestre de 2012, de US$ 2,4 bilhões, para um déficit de US$ 5,2 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o que gera uma expectativa pessimista com relação ao desempenho do comércio internacional em 2013.
Evolução do Déficit Tecnológico 40.000
28.475,56
30.000 25.781,00 23.029,89 18.060,99
20.000 12.314,65
10.000
12.532,39
7.075,12
0 1º tri/2007
1º tri/2008
1º tri/2009
1º tri/2010
1º tri/2011
1º tri/2012
1º tri/2013
Fonte: AliceWeb 2 - MDIC, BACEN. Elaboração própria.
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2. Conceitos básicos O indicador Déficit Tecnológico foi criado pela Protec para verificar a competitividade dos segmentos industriais brasileiros de maior intensidade tecnológica no comércio exterior de mercadorias e serviços. O número indica o saldo comercial dos grupos de produtos de alta e de média-alta intensidade tecnológica, somado ao saldo comercial das contas de serviços tecnológicos (“royalties e licenças”, “computação e informação” e “aluguel de equipamentos”).
Déficit Tecnológico
= saldo comercial de produtos de alta intensidade tecnológica
+ saldo comercial de produtos de média-alta intensidade tecnológica
+ saldo comercial de serviços tecnológicos A metodologia utilizada pela Protec segue os parâmetros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que classifica os produtos pelos seguintes grupos de intensidade tecnológica: • Alta – setores aeroespacial e aeronáutico; farmacêutico; material de escritório e informática; equipamentos de rádio, TV e comunicação; e instrumentos médicos de ótica e precisão. • Média-alta – setores de máquinas e equipamentos elétricos; automobilístico; químico; equipamentos para ferrovia e material de transporte; e máquinas e equipamentos mecânicos. • Média-baixa – setores de construção e reparação naval; borracha e produtos plásticos, petróleo refinado e combustíveis; e produtos minerais metálicos e não-metálicos. • Baixa – setores de produtos reciclados (sucata metálica e não metálica); manufaturados não específicos (jóias, instrumentos musicais, bens esportivos, brinquedos etc), além dos grupos de madeira, papel e celulose; de alimentos, bebidas e tabaco; e de têxteis, couro e calçados. • Produtos não industriais – não utilizam processos industriais. 3
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3. Resultado do comércio internacional por intensidade tecnológica
3.1 – Alta intensidade tecnológica – O desempenho do comércio internacional de bens classificados como de alta intensidade tecnológica ficou abaixo da média do primeiro trimestre de 2012. A queda no valor exportado foi de 7,8% nos primeiros três meses de 2013, o equivalente a US$ 1,8 bilhão ante US$ 2 bilhões em 2012. As importações totalizaram US$ 9,97 bilhões, crescimento de 6,3% em comparação ao ano anterior. Assim o grupo apresentou um déficit de US$ 8,1 bilhões, aumento de 4,2% sob a mesma base de comparação. Na comparação do primeiro trimestre de 2013 com o mesmo período de 2012, o setor de aviação e aeroespacial teve queda de 12,7% das exportações, contabilizando US$ 859 milhões em comparação aos US$ 984 milhões do ano anterior. Em relação às importações houve um aumento de 1,6%, que contabilizou o total de US$ 1,17 bilhão no primeiro trimestre. O setor de equipamentos de telecomunicações segue a tendência de queda do desempenho exportador e aumento do importador. De janeiro a março de 2013 o setor exportou US$ 189,5 milhões e importou US$ 3,6 bilhões, resultando em um déficit de US$ 3,4 bilhões. Já o setor farmacêutico desde 2007 – observado o primeiro trimestre – vinha numa trajetória de crescimento das suas exportações tendo alcançado em 2011 o total de US$ 481 milhões. Porém, em 2012 este valor caiu para US$ 478 milhões e em 2013 para US$ 466 milhões. Entretanto, as importações não apresentaram a mesma tendência das exportações e no primeiro trimestre de 2013 registraram um aumento de 9,5%, tendo contabilizado no trimestre o total de US$ 2,4 bilhões.
Exportação
Alta tecnologia
Importação
(milhões US$ FOB)
1º tri/2011
1º tri/2012
1º tri/2013
1º tri/2011
1º tri/2012
Aviação e aeroespacial
822,53
984,43
859,16
1.044,53
1.151,53
1.169,72
Farmacêutico
481,42
477,88
466,24
1.918,98
2.172,43
2.379,30
Material de escritório e informática
65,08
75,04
87,51
954,92
1.130,51
961,33
Equipamentos de telecomunicações
331,68
211,18
189,52
3.353,22
3.595,99
3.614,18
Instrumentos médicos de ótica e precisão
207,08
228,52
221,14
1.551,85
1.752,70
1.852,90
1.907,79
1.977,06
1.823,57
8.823,50
9.803,15
9.977,43
ALTA TECNOLOGIA
1º tri/2013
Fonte: AliceWeb 2 - MDIC, elaboração própria
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3.2 – Média-alta intensidade tecnológica – Este é o grupo que apresenta a maior corrente de comércio dentro da estrutura de comércio internacional brasileira. No primeiro trimestre de 2013, o grupo exportou US$ 8,6 bilhões – queda de 12,5% –, e importou US$ 22,3 bilhões, representando um aumento de 3,5%. No balanço, o período contabilizou um déficit de US$ 13,7 bilhões, um aumento de 16,7% com relação a 2012. O setor de produtos químicos registrou queda de 6,5% nas exportações em comparação ao mesmo período de 2012, atingindo o valor de US$ 2,46 bilhões ante US$ 2,63 bilhões do ano anterior, e as importações cresceram 7,2%, contabilizando US$ 7,7 bilhões. Neste setor, a importação de insumos para a produção de fertilizantes tem grande peso, uma vez que o Brasil é um grande produtor agrícola e ainda não possui capacidade interna de suprir a demanda do setor agrícola nacional. Os principais insumos relativos à produção de fertilizantes foram responsáveis por 17,2% do total importado pelo setor, o equivalente a US$ 1,3 bilhão. A indústria automobilística, um importante setor para a indústria de transformação brasileira vem passando por um momento desfavorável no comércio internacional. O setor acumula déficits na balança comercial desde 2009. No primeiro trimestre deste ano, o déficit havia sido de US$ 332 milhões enquanto no primeiro trimestre de 2013 o setor encerrou o período com US$ 2 bilhões, tendo exportado o total de US$ 3,2 bilhões e importado US$ 5,2 bilhões. No setor de máquinas e equipamentos mecânicos a queda registrada foi de 25,7% nas exportações enquanto as importações decresceram 1,4% em comparação ao primeiro trimestre de 2012. As exportações totalizaram US$ 2,1 bilhões e as importações US$ 6,5 bilhões. Desta forma, o setor contabilizou déficit de US$ 4,4 bilhões o que significa um aumento de 16,7%.
Exportação
Média-alta tecnologia (milhões US$ FOB)
Importação
1º tri/2011
1º tri/2012
1º tri/2013
1º tri/2011
1º tri/2012
686,97
788,07
733,35
2.079,49
2.202,77
2.458,49
Indústria automobilística
3.299,65
3.485,12
3.192,96
4.844,19
5.195,76
5.221,18
Produtos químicos, excl. farmacêuticos
2.476,47
2.632,98
2.462,81
6.472,20
7.175,41
7.694,84
163,69
64,98
81,09
506,19
380,53
415,00
2.414,20
2.817,64
2.094,48
6.005,07
6.610,23
6.520,88
9.040,97
9.788,79
8.564,69
19.907,15
21.564,70
22.310,38
Máquinas e equipamentos elétricos n.e
Equip. para ferrovia e material de transporte n.e Máquinas e equipamentos mecânicos n.e MÉDIA-ALTA TECNOLOGIA
1º tri/2013
Fonte: AliceWeb 2 - MDIC, elaboração própria
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3.3 – Média-baixa intensidade tecnológica – O grupo encerrou o período com um déficit de US$ 1,4 bilhão no trimestre. O resultado foi influenciado pela dependência observada da importação de combustíveis. Assim, o setor de derivados do petróleo contabilizou déficit de US$ 2,9 bilhões. Exportação
Média-baixa tecnologia (milhões US$ FOB) Construção e reparação naval Borracha e produtos de plástico Produtos de petróleo refinado e outros combustíveis
Outros produtos minerais não metálicos Produtos metálicos MÉDIA-BAIXA TECNOLOGIA
Importação
1º tri/2011
1º tri/2012
1º tri/2013
1º tri/2011
1º tri/2012
1º tri/2013
5,44
412,92
817,31
62,86
68,87
86,59
757,75
801,80
676,30
1.376,53
1.461,73
1.556,79
2.385,80
3.011,61
2.415,38
3.191,10
4.539,46
5.317,87
395,70
412,66
419,84
500,85
569,16
560,84
5.530,78
5.753,69
5.098,65
3.460,29
3.565,71
3.300,16
9.075,47
10.392,68
9.427,47
8.591,62
10.204,94
10.822,24
Fonte: AliceWeb 2 - MDIC, elaboração própria
3.4 – Baixa intensidade tecnológica – O grupo que compreende a indústria de alimentos e bebidas foi o único que obteve superávit nas transações comerciais no primeiro trimestre do ano. O resultado foi de US$ 8,2 bilhões, um crescimento de 8,9% comparado ao mesmo período de 2012. O setor de alimentos e bebidas, isoladamente, representou um superávit de aproximadamente US$ 7,6 bilhões. Exportação
Baixa tecnologia (milhões US$ FOB)
Importação
1º tri/2011
1º tri/2012
1º tri/2013
1º tri/2011
1º tri/2012
371,46
373,20
366,56
436,39
462,71
516,59
Madeira e seus produtos, papel e celulose
2.251,14
2.134,07
2.115,60
623,62
600,65
537,03
Alimentos, bebidas e tabaco
8.701,75
8.883,20
9.419,03
1.505,04
1.979,82
1.763,97
Têxteis, couro e calçados
1.215,03
1.102,50
1.133,71
1.551,82
1.869,54
1.965,72
12.539,38
12.492,97
13.034,91
4.116,87
4.912,72
4.783,31
Produtos manufaturados n.e e bens reciclados
BAIXA TECNOLOGIA
1º tri/2013
Fonte: AliceWeb 2 - MDIC, elaboração própria
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4. Serviços tecnológicos
O comportamento geral dos serviços foi de crescimento, porém em um nível menor que o observado em períodos anteriores. No primeiro trimestre de 2013, os serviços cresceram 6,4% em comparação ao mesmo período de 2012, contabilizando US$ 6,6 bilhões distribuídos em: • Computação e informação: déficit de US$ 1,3 bilhão - crescimento de 26% em comparação ao primeiro trimestre de 2012. • Royalties e licenças: déficit de US$ 761 milhões - queda de 6,7% em comparação ao primeiro trimestre de 2012. • Aluguel de equipamentos: déficit de US$ 4,5 bilhões - crescimento de 4,1% em comparação ao primeiro trimestre de 2012.
Déficit dos Serviços Tecnológicos
7.000
6.000
5.000
US$ milhões
4.000
3.000
2.000
1.000
0 1º tri/2007
1º tri/2008
1º tri/2009
1º tri/2010
1º tri/2011
1º tri/2012
1º tri/2013
Fonte: Banco Central do Brasil
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EDITORIAL Coordenação Roberto Nicolsky Supervisão Fernando Varella Produção André Leone Mitidieri Projeto gráfico e editoração eletrônica Ricardo Meirelles Jessica Gama Revisão: Jessica Gama