Uma publicação da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica
ANO II Nº 6 - junho/agosto 2011
Inovação Tecnológica para estancar o déficit mil
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Desenvolvimento de tecnologia nacional pode frear a invasão de produtos importados
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X ENCONTRO NACIONAL DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
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Obrigado por participar deste movimento!
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setor produtivo discutiu no X Enitec como o Brasil pode contornar o risco de de s i ndust r ial i zação e r e du zir a dependência tecnológica.
Resultado O X Enitec teve como resultado imediato o levantamento de propostas das entidades setoriais da indústria e das agências de fomento do governo para reduzirem o risco de desindustrialização no Brasil e para aperfeiçoarem os mecanismos de incentivo à inovação tecnológica. Agora, vamos dar um passo além: as propostas levantadas vão ser enviadas para o Governo Federal.
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editorial
Uma publicação da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica
Impactos econômicos da inovação .
Sociedade Brasileira Pró-InovaçãoTecnológica Presidente:
João Carlos Basilio Vice-presidentes: Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, Jorge Lins Freire, Paulo Skaf, Robson Braga de Andrade e Rodrigo Rocha Loures Conselheiros: Armando Monteiro Neto, Carlos Alexandre Geyer, Franco Pallamolla, Celso Antônio Barbosa, Humberto Barbato, José Manuel de Aguiar Martins, Luiz Aubert Neto, Luiz Guedes, Luiz Amaral, Merheg Cachum, Paulo Godoy e Paulo Okamotto Diretoria: Roberto Nicolsky, Marcos Oliveira, Fabián Yaksic e Joel Weisz Pró-Inovação é a revista trimestral da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica Expediente Coordenação editorial: Natália Calandrini Textos: Natália Calandrini Fernanda Magnani Luciana Ferreira Colaboração: Luciana Ferreira Projeto e produção editorial: Ricardo Meirelles Diagramação: Jessica S. Gama Estagiário: Luís Felipe Baltazar Comercial e Marketing: Alexandre Nicolsky
As importações têm afetado o setor produtivo brasileiro com uma intensidade que cresce a cada dia. No setor de máquinas e equipamentos, por exemplo, mais da metade da produção vêm de fora, e mesmo as máquinas "brasileiras" são em boa parte feitas com componentes do exterior. O déficit comercial do setor já chega a US$ 15 bilhões. A área de informática também sofre com as importações. A fabricação de computadores se reduz à montagem e o custo incidente, relativo à mão de obra, é de apenas R$ 40, enquanto o preço médio da máquina é de R$ 1.500. No setor farmacêutico o cenário não é diferente. Cerca de 95% dos fármacos usados para a produção de medicamentos no País são importados, e o déficit chega a US$ 5,5 bilhões. Uma política estruturada de apoio ao desenvolvimento de tecnologia nacional e à inovação tecnológica é a melhor resposta que o Brasil pode dar a seus competidores, evitando que a concorrência estrangeira provoque o esvaziamento do nosso parque industrial. O compartilhamento de risco entre Estado e indústria pela via da subvenção econômica é um dos mais eficientes mecanismos de apoio à inovação, mas a importância do uso das compras governamentais não deve ser subestimada. Há muito que o País necessitava de uma lei que tornasse o poder de compras do Estado uma importante ferramenta para alavancar o desenvolvimento tecnológico em setores estratégicos. Nos últimos anos, várias tentativas foram realizadas para se modificar a Lei das Licitações. Na página 3 desta edição da revista Pró-Inovação, a PROTEC apresenta um panorama dos setores e uma proposta de regulamentação da Lei 12.349, que prioriza, nas compras públicas, empresas que desenvolvem tecnologia. Outros mecanismos de incentivo ao desenvolvimento de novos produtos são abordados em uma entrevista com o diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Biolab, Marcio Falci, na página 6. O diretor enumera os resultados do investimento em inovação tecnológica. Falci toca em um ponto chave quando diz que o Governo muitas vezes só entende como inovação o desenvolvimento de um medicamento revolucionário quando, na verdade, o acúmulo de várias melhorias incrementais pode produzir mais impacto econômico do que uma descoberta radical. O Governo ainda tem um caminho longo a trilhar para apoiar de fato o desenvolvimento de tecnologia nacional. Ouvir com mais atenção as empresas é um primeiro passo importante. Nestes tempos de perda crescente de mercado para produtos importados, é fundamental que o investimento em inovação tenha reflexos imediatos na economia. Se o Governo direcionar os recursos que retira do setor produtivo para financiar o desenvolvimento de tecnologia na indústria nacional, já será um bom começo.
Circulação: 2.500 exemplares
João Carlos Basilio Presidente da Protec
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Protec - Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica Av. Churchill, 129 - Grupo 1101 - Centro Rio de Janeiro - RJ CEP 20020-050 Tel.: (21) 3077-0800 Fax.: (21) 3077- 0812 revista@protec.org.br www.protec.org.br
Sumário Notas............................................................................................................................................
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Capa – Compras Públicas: estímulo à tecnologia nacional pode frear importações..............................3 Entrevista – Biolab comemora os resultados positivos do investimento contínuo em inovação...........6 Espaço Rets................................................................................................................................... 8
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Foto: André Telles
editorial
notas notas
Pesquisador na Empresa
As inscrições para o Edital Rhae Pesquisador na Empresa, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), estão abertas até o dia 2 de setembro de 2011. O objetivo do edital é apoiar atividades de pesquisa tecnológica e de inovação, por meio da inserção de mestres ou doutores em empresas de micro, pequeno e médio porte. O valor máximo por projeto é de R$ 300 mil, somente em bolsas, com vigência limitada a 24 meses. Podem concorrer empresas dos setores de Tecnologias de Informação e Comunicação, Nanotecnologia, Biotecnologia, Bens de Capital, Aeroespacial, Naval e de Cabotagem, Aeronáutico, Têxtil e de Confecções, Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, Madeira e Móveis, Transformados Plásticos, Agroindústria, Construção Civil, Complexos produtivos do Bioetanol e do Biodiesel, de Mineração, Siderurgia, Celulose e Carnes, bem como dos Complexos Industriais da Defesa, do Petróleo, Gás e Petroquímica, Energia Nuclear, Saúde, do Couro, Calçados e Artefatos, Automotivo e de Serviços. O edital está disponível no site www.cnpq.br
Prêmio Finep de Inovação
Propriedade Intelectual
Empresas inovadoras já podem se inscrever, até 14 de outubro, no Prêmio Finep de Inovação 2011. As micro, pequenas e médias empresas devem se inscrever na etapa regional do prêmio para concorrer a recursos não reembolsáveis nos valores de até R$ 500 mil (para as micro e pequenas) e até R$ 1 milhão (para as médias). Os vencedores da etapa nacional recebem mais R$ 500 mil ou R$ 1 milhão, de acordo com o porte da empresa. As grandes concorrem somente à etapa nacional e a vencedora tem direito a até R$ 2 milhões em recursos não reembolsáveis para serem investidos em desenvolvimento tecnológico. Nos últimos três anos, as ganhadoras do Prêmio Finep de Inovação foram a Engineering Simulation Scientific Software (SC), Angelus Indústria de Produtos Odontológicos (PR) e Softwell Solutions em Informática (BA) na categoria Pequena Empresa; Scitech Produtos Médicos (GO), Opto Eletrônica (SP) e Treetech Sistemas Digitais (BA) na categoria Média Empresa; e Brasilata Embalagens Metálicas (SP), Natura Cosméticos (SP) e Embraco-Whirlpool (SC) na categoria Grande Empresa.
Nos dias 22 e 23 de setembro, a cidade do Rio de Janeiro vai receber o 14° Encontro de Propriedade Intelectual e Comercialização de Tecnologia para discutir a inserção da propriedade intelectual (PI) em estratégias de negócios e políticas de inovação. No programa, temas como o impacto econômico da PI na agenda do desenvolvimento, redes de PI na América Latina e plataformas de cooperação, a internacionalização de centros P&D no Brasil, a disputa judicial das patentes e casos de sucesso de ativos intangíveis em empresas brasileiras. A Rede de Propriedade Intelectual, Cooperação, Negociação e Comercialização de Tecnologia (Repict) organiza o encontro.
Monitor do Déficit Tecnológico
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e de 2011
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Serviços ológicas nos Trocas Tecn Exterior Brasileiro e no Comércio
O déficit tecnológico brasileiro deve bater o recorde e chegar a US$ 100 bilhões em 2011. Este indicador, criado pela Protec para verificar a competitividade tecnológica do Brasil no comércio exterior, é composto pelo saldo comercial das contas de serviços tecnológicos somado ao saldo comercial dos grupos de produtos de alta e de média-alta intensidade tecnológica – como os dos setores aeroespacial, farmacêutico, de material de informática, instrumentos médicos de ótica e precisão, máquinas e equipamentos elétricos, químico e automobilístico, entre outros. Para acompanhar a evolução dos números, a Protec lançou o Monitor do Déficit Tecnológico – Análise Conjuntural das Trocas Tecnológicas nos Serviços e Comércio Exterior Brasileiro, um boletim trimestral que pode ser baixado em PDF no link Publicações do site da Protec (www.protec.org.br) ou na página do Deficitômetro Tecnológico (www.deficitometrotecnologico.org.br).
Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 6 - junho/agosto 2011
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Inovação Tecnológica: Setor de Máquinas e Equipamentos .
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De acordo com João Alfredo Delgado, diretor de Tecnologia da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o setor de máquinas e equipamentos inverteu sua participação no mercado interno. Hoje, a relação é de 60% para os importados, contra 40% de produtos nacionais. Mas as máquinas "brasileiras" são em boa parte feitas com componentes do exterior antes o conteúdo nacional girava em cerca de 90% e, agora, está no limite de 60% exigido pelo BNDES para liberação de recursos pelo Finame. O déficit comercial do setor que em 2004 era de US$ 600 milhões, no ano passado passou para US$ 15 bilhões. Segundo Delgado, uma indústria brasileira do setor de máquinas e equipamentos tem custo tributário de 43%, superior à média de um fabricante alemão, por exemplo. "Ou seja, é um ambiente árduo para inovar. Antes disso, precisamos vencer muitos obstáculos", diz. O diretor comenta que até os importadores encontram dificuldades nas vendas no País, uma vez que a indústria nacional está importando produtos já prontos, abrindo mão da fabricação local.
Indústria Elétrica e Eletrônica .
Foto: Divulgação/Protec
déficit tecnológico brasileiro deve chegar a US$ 110 bilhões neste ano, superando em 30% o resultado negativo de US$ 85 bilhões registrado no ano passado. Elaborado pela Sociedade Brasileira PróInovação Tecnológica (Protec), o levantamento mostra o saldo das trocas comerciais entre o Brasil e outros países envolvendo apenas produtos de alta e média tecnologias, conforme classificação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O indicador inclui ainda serviços tecnológicos, como licenciamento de patentes e locação de equipamentos tecnológicos. Para acompanhar o desempenho brasileiro nesta balança, a Protec lançou, durante o X Encontro Nacional da Inovação Tecnológica (Enitec), ocorrido em maio de 2011, o Deficitômetro Tecnológico, que pode ser visto no site www.deficitometrotecnologico.org.br Segundo Roberto Nicolsky, diretor-geral da Protec, o aumento das importações de produtos de alta intensidade tecnológica pode transformar o País em mero montador de componentes vindos de fora. “O País está em um processo de desindustrialização pela perda de conteúdo tecnológico em sua produção. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) cresce em média 3,5% ao ano, o setor tecnológico cresce cerca de 2% ao ano. Portanto, o setor está perdendo conteúdo”, alerta.
Para Nelson Freire, diretor de Tecnologia da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), de 2009 para 2010 a participação de bens finais no mercado interno subiu de 20,4% para 21,6%. Apesar da Lei de Informática ter aumentado o investimento local em P&D, ela não superou o efeito câmbio e ainda 60% dos fabricantes do segmento recorrem às importações. Segundo Freire, este é um dos que contam com mais baixa agregação de valor. Tanto que a fabricação de computadores se reduz à montagem e o custo incidente, relativo à mão de obra, é de apenas R$ 40, enquanto o preço médio da máquina é de R$ 1.500. Outro ponto levantado como barreira à inovação e à produção é a falta de engenheiros no País. Nelson Freire afirma que o custo do engenheiro brasileiro está igual ou superior ao de um americano, sob influência do câmbio, dos custos trabalhistas e do aumento salarial provocado pela escassez de profissionais. Para ele, com todos os entraves encontrados, o Brasil entrou em um ciclo depressor em que a baixa competitividade e a baixa taxa de inovação se estimulam mutuamente.
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estímulo ao desenvolvimento de tecnologia nacional pode frear importações
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Setores farmoquímico e farmacêutico
Já no setor farmoquímico, o caso é de desindustrialização desde os anos 90, a partir da abertura comercial. Até 2008, foram 517 unidades fabricantes fechadas no Brasil. A importação de medicamentos e vacinas também cresce nos últimos anos, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina e suas Especialidades (Abifina). Juntando os setores farmoquímico e farmacêutico, o déficit comercial é de US$ 5,5 bilhões. Cerca de 95% dos fármacos usados para a produção de medicamentos no Brasil são importados. No segmento de defensivos agrícolas - também ligado à química fina -, empresas estão fechando. Segundo Dante Alario, presidente do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Medicamentos (IPD-Farma), ao mesmo tempo em que o Governo fala de estimular a inovação, o programa Farmácia Popular representa a morte da indústria farmoquímica e farmacêutica, pois o Governo é o comprador e define o preço de compra. Isso obriga a indústria a reduzir o preço ao limite de sua sobrevivência, impossibilitando os investimentos em inovação.
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Compras Públicas .
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desenvolvem atividades de pesquisa e desenvolvimento no País devem ter tratamento preferencial nas compras do Poder Público. No fim de 2010, o Governo sancionou a Lei 12.349, que institui margem de preferência, em compras governamentais, de até 25% para produtos e serviços de empresas que realizem atividades de pesquisa e desenvolvimento no Brasil. A lei, no entanto, ainda não foi regulamentada.
Petróleo e gás .
Os altos investimentos da Petrobras garantem boa parte das compras locais, também determinadas pela missão institucional e política de suprimentos da empresa. Só o plano de negócios para 2010/2014 prevê a aplicação de US$ 224 bilhões. E o documento será revisado em breve, uma vez que a empresa superou os US$ 42 bilhões de investimentos previstos para 2010, situação que tem ocorrido anualmente. Segundo o gerente da gestão de relacionamentos da Unidade de Materiais da Petrobras, Ronaldo Martins, a política de apoio ao desenvolvimento tecnológico de fornecedores locais contempla contratações de longo prazo com requisitos de conteúdo local crescente; o uso de apoio público a projetos com universidades; e a aplicação de recursos diretamente em fornecedores. Neste momento, a Petrobras aposta em um projeto de desenvolvimento de válvulas, produto hoje importado. De acordo com Martins, a companhia registra uma taxa de sucesso de 95% nas iniciativas de inovação, focadas principalmente em exploração e produção em águas profundas.
Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 6 - junho/agosto 2011
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“Quando uma empresa inova, ela aumenta seu faturamento e o maior beneficiado é o Governo, já que a carga tributária da indústria é de 37%”, explica Roberto Nicolsky, da Protec. Para ele, é fundamental que o Governo compartilhe com a indústria o risco da inovação, para que ela tenha confiança em se lançar em um processo contínuo e permanente de agregação de inovações. Além da subvenção econômica, mecanismo mais indicado para países sem um histórico consistente de desenvolvimento de tecnologia, o Governo pode usar outras ferramentas para estimular a inovação, compartilhando o risco do desenvolvimento tecnológico com a indústria. O uso das compras governamentais é um mecanismo importante, amplamente utilizado em todo o mundo para alavancar setores fornecedores de atividades de Estado como Saúde e Defesa. Este mesmo mecanismo pode ser usado na ocasião de compras efetuadas por grandes empresas estatais, como é o caso, no Brasil, da Petrobras, Eletrobrás, Embrapa e Farmanguinhos, por exemplo. Embora sozinho o poder de compras não vá resolver a situação de déficit tecnológico do Brasil, o mecanismo pode ser uma forte contribuição para a diminuição das importações e sua substituição pela produção nacional. No inciso IV do artigo 27 da Lei 10.973 de 2004 (Lei da Inovação) é estipulado que as empresas que
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Defesa e segurança .
Na área da defesa, o Governo planeja investir US$ 39 bilhões em 2011. Mas quanto desse valor será comprado da indústria brasileira? O questionamento de Carlos Afonso Pierantoni, vice-presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), resume o dilema do setor frente à lei 12.249, que estabelece preferência de produtos e serviços com tecnologia nacional nas compras públicas. Pierantoni afirma que as empresas locais têm tecnologia para atender o Governo. O problema é que hoje elas tomam conhecimento das licitações públicas pelos editais, enquanto precisariam participar da própria elaboração dos projetos para terem condições de se preparar. "Ninguém tem um produto de defesa e segurança na prateleira", explica. "A Abimde tentará estar presente desde o início da concepção dos projetos do que o Governo vai comprar".
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Kellen dos Santos Rezende, assessora da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, lembra que as compras de medicamentos são diferenciadas, pois estão sujeitas às normas de regulação. "O poder de compras do Sistema Único de Saúde (SUS) chega a R$ 3,3 bilhões ao ano. Mas a Lei 8666 nos engessa muito, o que nos obriga a dar preferência a produtos importados. O ministério aguarda um decreto que regulamente a nova lei de compras públicas, mas já trabalhamos internamente para definir quais seriam as margens ideais de preferência para o produto nacional". A assessora afirma que há uma clara perda de competitividade da indústria brasileira. Segundo dados do ministério, o déficit comercial do setor de saúde chegou a US$ 9,35 bilhões em 2010. De acordo com Kellen, as parcerias entre o setor público e privado são a forma de reverter esse quadro. "Esses acordos estimulam a produção nacional de medicamentos de alto valor agregado. A transferência estimula o desenvolvimento tecnológico dos laboratórios públicos e possibilitam o desenvolvimento dos laboratórios privados", comenta Kellen. "Estimamos que cada uma das 24 parcerias firmadas até agora vai nos gerar uma economia média de R$ 390 milhões por ano".
A Protec apresenta sua sugestão Há muito que o País necessitava de uma lei que tornasse o poder de compras do Estado uma importante ferramenta para alavancar o desenvolvimento tecnológico dos segmentos da indústria de manufaturas em que as compras do poder público desempenham um papel relevante no mercado setorial. Esse é o caso de setores estratégicos como a saúde, as telecomunicações, petróleo e gás, energia
elétrica, defesa e segurança e outros. Nos últimos anos, várias tentativas foram realizadas para se alcançar essa lei e modificar a Lei das Licitações (Lei no 8.666/1993), criando uma prioridade nas compras públicas para empresas que desenvolvessem tecnologia, posto que esse é, em si mesmo, um fundamental objetivo estratégico do País. A única que foi alcançada foi a introdução do despre-
tensioso inciso IV no artigo 27 da Lei de Inovação no 10.973/2004. O texto do inciso apenas exigia “dar tratamento preferencial, na aquisição de bens e serviços pelo Poder Público, às empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País”. A primeira versão dessa lei foi finalmente sancionada em dezembro de 2010. Trata-se da Lei 12.349.
Proposta de regulamentação da Lei 12.349 25% na margem de preferência para a compra de produto fabricado no Brasil com agregação de valor de, no mínimo, 50%. 20% na margem de preferência para a compra de produto fabricado no Brasil com agregação de valor de, no mínimo, 40%. 15% na margem de preferência para a
compra de produto fabricado no Brasil com agregação de valor de, no mínimo, 20%. . 5% na margem de preferência para a compra de medicamentos embalados no Brasil, restrita a dois anos e mediante comprometimento de incorporação de novas etapas de integração produtiva no País que representem, no mínimo, 20% de agregação de valor.
Além de regulamentar a lei, o Governo poderia efetivar outras ações como: Implantar efetivamente e incentivar o uso do sistema de encomendas tecnológicas para a fabricação de produtos como previstas pelo artigo 20, da Lei 10.973 de dezembro de 2004, assegurando a garantia de mercado sem aumento ou, até mesmo, com redução de preço.
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entrevista
Marcio Falci
Persistente, Biolab comemora os resultados positivos do investimento contínuo em inovação
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Biolab Sanus, quarto maior laboratório de capital 100% nacional, carrega em seu DNA a vocação para a pesquisa como um caminho indispensável para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. Desde a sua fundação, a empresa optou por não trabalhar com genéricos, investindo no desenvolvimento de medicamentos sob prescrição médica. O trabalho de pesquisa é realizado em duas frentes importantes: a Interna, realizada no Centro de P,D&I próprio da empresa e a de Inovação Aberta, por meio de parcerias com centros de pesquisas, universidades, fornecedores, órgãos públicos e outras indústrias farmacêuticas. Os números revelam resultados positivos da estratégia da Biolab de investir em P&D. A empresa aumentou seu tamanho em dez vezes nos últimos dez anos ao investir no desenvolvimento de fórmulas consideradas inovadoras. O laboratório encerrou 2010 com receita de mais de R$ 600 milhões - 30% provenientes de novas apresentações e novos produtos lançados nos últimos quatro anos. A previsão para 2011 é fechar com um faturamento em torno de R$ 680 milhões. Veja, a seguir, a entrevista com o diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Biolab, Marcio Falci. Como a Biolab percebe o ambiente de inovação no Brasil? Márcio Falci: O Brasil está cheio de entraves burocráticos e isso causa impedimentos para as empresas inovarem. Na área de fármacos, a inovação se faz por etapas e a cada nova etapa é uma inovação que se introduz. Muitas vezes o
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Foto: Divulgação/Biolab
entrevista
Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 6 - junho/agosto 2011
Governo só entende como inovação o desenvolvimento de um medicamento revolucionário, o que não é a realidade. O acúmulo de várias inovações incrementais produz, muitas vezes, mais impacto econômico do que uma inovação radical. A introdução de uma inovação no processo produtivo do fármaco, por exemplo, pode reduzir seu custo de fabricação em até 50%. Quais são os principais entraves que a empresa encontra para desenvolver P&D? Falci: O pior obstáculo hoje é o controle feito pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) responsável pela regulamentação dos preços dos medicamentos. Eles têm uma legislação antiga, que não privilegia os investimentos em inovação feitos por empresas brasileiras. A legislação usada funcionava nos anos 1990, quando se acreditava que tecnologia se comprava no exterior, mas agora vivemos uma outra realidade no setor. Na hora de fixar um preço máximo para o produto, o órgão leva em conta apenas o custo da matéria-prima e não o esforço tecnológico da empresa. O controle de preços é atualmente um grande obstáculo à inovação, pois impede que a empresa consiga recuperar os altos investimentos feitos em P&D. E, em um mercado competitivo como o nosso, não há necessidade de que este controle seja feito. Temos uma indústria farmacêutica rica e pesquisadores qualificados, porém ainda passamos por
entrevista
O Sr. acha que os mecanismos de incentivo brasileiros funcionam? Falci: Sim, temos mecanismos importantes com a Lei do Bem que permite abater o investimento feito em inovação no Imposto de Renda. Porém, as financiadoras brasileiras como a Finep, por exemplo, só fazem financiamentos de curto prazo, o que só cobre o primeiro passo para o desenvolvimento de um medicamento, que é longo e tem alto custo. Dessa forma, seria necessário que esses mecanismos de fomento fossem melhor adaptados para a realidade da indústria farmacêutica, que necessita de investimentos a longo prazo. Acredito também que falta uma coesão dos órgãos governamentais que atue na diminuição da burocracia que muitas vezes dificulta ou impossibilita o uso dos recursos adequadamente. A pesquisa e a inovação no setor de fitoterápicos, por exemplo, que envolvem o acesso à biodiversidade brasileira, precisam de autorização específica e sofrem com a insegurança jurídica, com os entraves regulatórios e com a falta de regras claras e bem definidas estabelecidas por parte do Governo. Órgãos como a Anvisa, o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) e o Ibama deveriam priorizar as análises dos protocolos da indústria nacional e criar mecanismos de diálogo mais eficazes com as empresas. Qual a importância das parcerias com instituições de pesquisa nacionais e estrangeiras no desenvolvimento dos produtos? Falci: A inovação aberta, através de parcerias com universidades e centros de pesquisa, é fundamental para o investimento da Biolab em inovação. A empresa investe em projetos com pesquisadores de universidades para aumentar o seu portfólio de produtos. Como exemplo bem sucedido destas parcerias podemos citar o protetor solar PhotoProt, lançado em 2009, que foi criado em conjunto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e apoiado pela Finep, e hoje é um dos destaques da empresa. A Biolab e a Finep
financiaram o projeto e a universidade participou com o conhecimento gerado dentro dos laboratórios. Parcerias com empresas estrangeiras também foram firmadas nos últimos anos para o desenvolvimento e comercialização de medicamentos, além da agregação de tecnologia à companhia. Qual a importância das Parcerias Público Privadas (PPP) para incentivar o desenvolvimento tecnológico na indústria nacional da saúde? Falci: Acredito que este pode ser um caminho importante para a inovação na indústria de medicamentos. A Biolab já teve um exemplo de sucesso, a Enpak (endogenous pain killer), substância analgésica à base de veneno de cascavel desenvolvida
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O acúmulo de várias inovações incrementais produz, muitas vezes, mais impacto econômico do que uma inovação radical. A introdução de uma inovação no processo produtivo do fármaco, por exemplo, pode reduzir seu custo de fabricação em até 50%
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esse tipo de situação em que o custo final do produto não compensa o investimento da empresa. Outras categorias como a de cosméticos, por exemplo, hoje se desenvolvem, pois podem praticar preço livre.
em parceria com o Instituto Butantã e com a Fapesp. O consórcio fica responsável pelo financiamento de todas as pesquisas necessárias para que as moléculas possam se transformar em um novo medicamento e chegar ao mercado efetivamente. Em março deste ano, a Biolab iniciou também uma parceria com a Fapesp para apresentação de projetos com o objetivo de gerar resultados aplicáveis no desenvolvimento de novos medicamentos. Que resultados a empresa espera colher? Falci: Esta parceria também demonstrou que o interesse dos pesquisadores é enorme, mas ainda temos que avaliar a
viabilidade da execução e o potencial para o uso da inovação dos projetos recebidos. Temos a expectativa de obter três bons projetos que gerem resultados que possam ser aplicados no desenvolvimento de medicamentos inovadores e fomentar a pesquisa brasileira. A empresa participa ou já participou do Programa Profarma, do BNDES? Falci: Sim, já fizemos um empréstimo de R$ 50 milhões com o BNDES, mas tivemos que devolvê-lo integralmente, pois, mais uma vez, esbarramos na inviabilidade de comercialização do produto, devido aos limites de preço impostos pelo Governo. Que produtos desenvolvidos pela empresa foram frutos de inovação? Falci: Em nossos laboratórios são desenvolvidos projetos de inovação incremental que geram novas aplicações para moléculas já existentes e também de inovação radical. Podemos citar como exemplos importantes o DTN-Fol, produto de patente exclusiva, lançado em 2009, indicado para mulheres que desejam engravidar, contendo em sua fórmula ácido fólico e vitamina E, na medida considerada ideal pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta combinação, além de contribuir para a correta nutrição feminina durante a idade fértil, previne a má formação do tubo neural em fetos. E o PhotoProt 100, primeiro protetor solar brasileiro desenvolvido com nanotecnologia, que se diferencia dos demais pelo alto fator de proteção, indicado para ser usado por pessoas que se submeteram a tratamentos clínicos, estéticos ou cirúrgicos. Por que a Biolab adotou a estratégia de ter a inovação tecnológica como seu diferencial? Falci: A empresa sempre buscou ser uma referência na área de inovação em saúde. Desde seu surgimento, em 1997, a ideia da empresa era criar produtos para prescrição médica, em vez de focar em genéricos. Assim, a evolução natural seria o investimento em pesquisa para o desenvolvimento de medicamentos inovadores para o país. Como esta opção tem elevados custos e riscos, além de longo prazo para execução, a empresa investe cerca de 7% de seu faturamento em Pesquisa e Desenvolvimento de fórmulas inovadoras. E os resultados mostram que vale a pena.
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ENIFarMed .
Associados da Rets
O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Produtos Farmacêuticos (IPD-Farma) vai lançar uma premiação de Reconhecimento Técnico para os melhores trabalhos apresentados na sessão de pôsteres do 5º Encontro Nacional de Inovação em Fármacos e Medicamentos (ENIFarMed). O evento, que será realizado de 29 a 31 de agosto de 2011 na Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, vai tratar de temas como compras e encomendas governamentais; parcerias públicoprivadas; marco regulatório e regulação sanitária em biotecnologia; estruturação de parcerias e transferência de tecnologia; nanotecnologia e o desenvolvimento de novos produtos; perspectivas da fitoterapia; doenças negligenciadas; vacinas; farmoquímicos e excipientes, entre outros. O programa completo pode ser encontrado no site www.ipd-farma.org.br.
Abimo – Associação Brasileira das Indústrias de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos
Inovação em Máquinas e Equipamentos
Abiquim – Associação Brasileira da Indústria Química
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O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Máquinas e Equipamentos (IPD-Maq) vai implantar um Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação para prestar serviços de inovação para empresas do setor. A organização do núcleo será apoiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que aprovou o projeto do IPD-Maq em junho. Entre as ações previstas, estão o desenvolvimento de um programa de capacitação com cursos de curta e média duração; o serviço de diagnóstico de empresas em relação à inovação; a obtenção de informações junto as indústrias de Bens de Capital para subsidiar a elaboração de projetos de gestão da inovação das empresas e a assessoria empresarial para elaboração de planos de gestão da inovação.
Automação em destaque .
Um seminário e um congresso sobre automação, ambos em São Paulo, no segundo semestre de 2011, vão movimentar pesquisadores, indústrias, fabricantes, distribuidores e demais profissionais do setor. O primeiro, de 20 a 22 de setembro, é o 15° Seminário de Automação e TI Industrial, promovido pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM). Mecatrônica e robótica; inteligência computacional; simulação e otimização de processos industriais; e utilização da web na automação são alguns dos temas de discussão. Já em novembro, do dia 8 ao dia 10, acontece a 15ª edição do Brazil Automation – Congresso Internacional de Automação, Sistemas e Instrumentação. O evento, organizado pela Associação Sul-Americana de Automação, tem o apoio de entidades como a Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção (Abendi) e da Associação Brasileira da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
Abifina chega aos 25 anos .
Em junho, a Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina) comemorou 25 anos de existência com um jantar que reuniu associados e autoridades que ajudaram a construir a entidade e fizeram parte de sua história. Durante os discursos foram lembradas, entre as várias ações da Associação, seu envolvimento nas discussões sobre a legislação de propriedade industrial, nos anos 90, seu papel na mobilização empresarial para a construção das parcerias públicoprivadas e seu compromisso permanente com o estímulo à fabricação local e à inovação tecnológica.
Abendi – Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção Abifina - Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades
ABM – Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração Abraco – Associação Brasileira de Corrosão Abravest – Associação Brasileira do Vestuário Abripur – Associação Brasileira da Indústria do Poliuretano ABTCP – Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel CT-Dut - Centro de Tecnologia em Dutos FBTS – Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem IBTeC – Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos IPDEletron – Instituto de Gestão de Pesquisa e Desenvolvimento para a Indústria Elétrica e Eletrônica IPD-Farma – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento de Fármacos e Produtos Farmacêuticos IPD-Maq - Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Máquinas e Equipamentos ITeB – Instituto Tecnológico da Borracha Itehpec – Instituto de Tecnologia e Estudos de Higiene Pessoal, Perfurmaria e Cosméticos
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Pró-Inovação em Revista - Ano II - nº 6 - junho/agosto 2011
P r ê m i o I n o v a r p a r a A C r e s c e r
PROTEC escolheu o Dia da Inovação, em 19/10, para homenagear as principais personalidades que transformaram o país através inovação tecnológica e também as empresas que fizeram da inovação um instrumento estratégico de conquista de mercados ao longo de sua história, valorizando a busca cotidiana do aperfeiçoamento de seus produtos e processos de forma sustentável.
V e m a í a 7 ª E d i ç ã o
19 de outubro - Dia da Inovação Em sua 7ª edição, a cerimônia de entrega do Prêmio Inovar para Crescer será realizada em um jantar exclusivo para convidados, refletindo o prestígio que o evento adquiriu ao longo dos anos. O local escolhido foi o salão nobre do Clube Hebraica, em São Paulo, sede da 6ª edição. O evento apresentará, em paralelo, uma exposição com um pouco da história da inovação tecnológica no país e painéis com informações sobre o Dia da Inovação, reforçando o aspecto conceitual do evento.
Saiba mais sobre o evento em www.premioinovarparacrescer.org.br Realização
Alberto Santos Dumont, em 19 de outubro de 1901, ganhou em Paris o Prêmio Deutsch ao conseguir contornar a Torre Eiffel e voltar ao ponto de partida no tempo fixado. Para isso, o seu balão Brasil nº 6 incorporou diversas inovações aos balões anteriores. É esse o conceito de inovação que se deseja difundir: a agregação de melhorias no produto ou processo para alcançar mais competitividade com sustentabilidade ambiental.
5º Encontro Nacional de Inovação em Fármacos e Medicamentos
"CIS: estratégico no acesso a medicamentos”
A fórmula que mais combina com você!
O
ENIFarMed é o fórum privilegiado de articulação entre indústria, governo e academia para a inovação. O programa, focado no tema "CIS: complexo industrial da saúde estratégico no acesso a medicamentos", vai apresentar o cenário mundial através de convidados internacionais renomados. O debate vai envolver a platéia e servirá para embasar estratégias conjuntas para aumentar a competitividade do país.
29, 30 e 31 AGOSTO 2011 Centro de Convenções Rebouças Fundação Faculdade de Medicina da USP, São Paulo - SP
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