7 minute read
Gratidão e missão: 50 anos da presença luterana na Amazônia
que todos saiam, somente os pais e os discípulos Pedro, Tiago e João devem permanecer. Jesus pegou a menina pela mão e disse a ela: Talitá cumi! – que quer dizer: Menina, eu digo a você: Levante-se! (v. 41). Todos ficaram admirados com o que aconteceu. Nesses dois milagres, mãos estivem presentes. A mulher tocou as vestes de Jesus na esperança da cura. Jairo pede que Jesus ponha as mãos sobre sua filha para curá-la, e Jesus a pega pela mão. Você, eu, nós somos parte desse grande milagre de existir. Nós fomos tocados pelas mãos cuidadosas e criadoras de Deus e chamados para a vida. Precisamos reaprender a arte do toque com fé, que restaura o gosto pela vida e pelo viver.
Pª Louvani Kuhn Hirt Rolante/RS
GRATIDÃO E MISSÃO
50 anos da presença luterana na Amazônia
Em 23 de julho de 1970, pessoas que desejavam viver seu Batismo constituíram a primeira comunidade organizada da IECLB na Amazônia Ocidental.
Nesse lugar novo, diferente, desconhecido e desafiador, pessoas migrantes chegaram buscando construir um futuro com dignidade e paz, oriundos de um lugar onde a situação era de sofrimento e pobreza, vítimas de exploração econômica. Entenderam que na Amazônia teriam alguma possibilidade de viver dignamente. A vinda para a região às margens do Rio Melgaço/RO começou a partir de 1968. Já muito antes, em Manaus/AM, no apogeu do ciclo da borracha, havia pessoas luteranas que foram cuidadas e pastoreadas esporadicamente. Foi na década de 1970 que iniciou a migração interna no país e pessoas foram se fixando na região ocidental da Amazônia. Essas pessoas, aqui chegando, decidiram se unir em comunidade de fé. Antes do dia da constituição da primeira comunidade, as pessoas já se reuniam em comunhão de fé. Uma comunidade não nasce só no dia em que se constitui oficialmente. Encontros missionários aconteceram até o dia do nascimento da comunidade. Ela foi sendo gestada pelo Espírito Santo. Desde aqueles dias houve e continua a existir povo de Deus que se reúne e ouve a sua Palavra, que busca orientação e consolo na Palavra da Vida, recebe ânimo e fortalecimento na comunhão da Santa Ceia e vive o Batismo.
Arquivo OASE
Uma comunidade em culto no Sínodo da Amazônia
Nesses 50 anos de fé e vida, muitas comunidades nasceram e se formaram. A ousadia das comunidades é perseverar – se reunir para ouvir a palavra de Deus e partilhar os sacramentos. Jesus termina seu ensino no sermão da montanha com uma parábola. Ele diz: Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e bateram com força contra aquela casa, e ela não desabou, porque tinha sido construída sobre a rocha (Mateus 7.24-25). Ouvir e praticar o que Jesus ensina nos faz permanecer. Ouvir e praticar o que Jesus ensina faz a comunidade permanecer. Somente por isso a comunidade permanece. O início dela, o lugar firme na qual está levantada, a rocha, é Jesus, ou seja, é o ouvir e o praticar o amor que ele ensinou e viveu, a ponto de dar a sua vida para nossa libertação, perdão dos pecados e salvação. É a força do Espírito Santo que nos faz compreender essa Palavra e nos transforma em pedras vivas, que agem, que na vida e no dia a dia exercem a misericórdia e o amor ao próximo. Há 50 anos não foi fácil iniciar comunidade aqui. Tudo novo, tudo diferente, muitas dificuldades na luta diária pela sobrevivência. Reunir-se em comunidade deu força e ânimo para enfrentar a realidade e construir suas vidas e seu futuro.
A comunidade pioneira – Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Pimenta Bueno/RO –, após dois anos de fundação, recebeu seu primeiro
pastor enviado pela IECLB, no dia 10 de junho de 1972. Ela se reuniu e decidiu que o primeiro culto do pastor não seria na comunidade. A comunidade enviou seu pastor para que celebrasse o primeiro culto ali onde estavam surgindo novas comunidades. O pastor seguiu de Pimenta Bueno até a localidade de Espigão do Oeste. Lá foi celebrado o primeiro culto, no dia 14 de junho de 1972, enviado pela comunidade missionária. O culto na comunidade com o pastor aconteceu só no dia 18 de junho. Uma comunidade que nasceu da missão – da fé das pessoas que, escolhidas por Jesus para darem fruto, deu seu testemunho da missão de Deus ao enviar adiante seu pastor. A primeira comunidade continua missionária ao abraçar o trabalho com adolescentes e jovens como uma de suas marcas, que estuda a Bíblia, que celebra o amor de Deus.
Se 50 anos atrás a comunidade perseverou na fé em meio a dificuldades e foi missionária, hoje não é diferente. Em 2020 e 2021, os desafios foram outros. Reunir comunidades por meio das mídias sociais, em celebração on-line, proclamar o evangelho, consolar, exortar, ouvir e pastorear o povo de Deus tem sido uma das maneiras de produzir os frutos do amor e da misericórdia. Ser comunidade missionária, permanecendo boa parte dos anos 2020 e 2021 sem se reunir presencialmente, foi o desafio enfrentado. Aos poucos e com cuidados reaprendemos a nos reunir presencialmente. Eu diria: formar comunidade, ser comunidade e permanecer comunidade – é a tarefa para a qual Jesus nos chama nestes anos de pandemia e nos anos pós-pandemia causada pelo vírus da Covid-19.
Gratidão e missão
Celebrar com gratidão a Deus os 50 anos da presença luterana na Amazônia em ano de pandemia nos fez ser ousados e criativos. Ao olhar a história desses 50 anos, o que marca é o envolvimento das lideranças nas ações comunitárias. Uma das principais ações no ano 2020 foi contar a história das comunidades através da série de vídeo Contando a nossa História, de uma série de cinco lives Refletindo a nossa História e da série de vídeos Minuto de Advento. (Você pode assisti-los na página do Facebok do Sínodo da Amazônia: <https:// www.facebook.com/sinodoamazonia/?ref=page_internal>). A missão assumida no Batismo continua a mesma: somos escolhidos e escolhidas por Jesus para frutificar. O sacerdócio geral de todas as pessoas que creem continuará sendo nossa marca. É preciso estudar a palavra de Deus e formar sempre e continuamente pessoas cristãs que sabem dar razão de sua fé. No ano de 2021, dedicamos dois templos ao serviço do Senhor – um bonito testemunho de fé das pessoas luteranas que se reúnem em comunidade.
68
A diaconia tem sido exercitada diariamente. O ensino cristão às novas gerações e o estudo da Palavra fortalece para viver o Batismo diariamente. A gratidão acontece e assim temos a sustentabilidade das comunidades e ações de amor ao próximo. A missão de Deus continua!
Proposta de encontro no grupo da OASE
Traga para o encontro elementos que são utilizados para construir uma casa (pedras, areia, tijolos, ferro, colher de pedreiro, martelo, serrote...) e elementos essenciais para a vida comunitária (Bíblia, pão e suco de uva – Santa Ceia, pia batismal ou lembrança de Batismo, uma cruz, Catecismo Menor, algo que simbolize a oração, a diaconia, o ensino...). Arrume esses elementos sobre a mesa ou no centro da roda. Leia o texto de Mateus 7.24-25 sob a perspectiva da missão. Leia o texto acima e faça uma roda de conversa: Você é pessoa missionária quando... Sua comunidade é missionária quando... O que você tem a agradecer a Deus pelos anos que já foram vividos por você em sua comunidade de fé? Quais os desafios superados por você e pela sua comunidade de fé durante a pandemia pelos quais somos gratos?
Para finalizar, com os elementos trazidos (que estão sobre a mesa ou no centro da roda) façam em conjunto uma arte (construir a casa sobre a rocha) que responda à pergunta: Minha comunidade é missionária quando...
Pª Vera Lucia Engelhardt Pastora sinodal do Sínodo da Amazônia Cacoal/RO
Arquivo OASE
Grupo de OASE em Cuiabá/MT
J U L H O
Datas importantes
01 – 1921 – Fundação do Instituto Pré-Teológico, Cachoeira do Sul/RS 15 – 1519 – Lutero excomungado pelo papa com a Bula 17 – 1505 – Lutero ingressa no Convento Santo Augustino, Erfurt/Alemanha 20 – Dia da Amizade 25 – 1824 – Primeiros imigrantes alemães chegam a São Leopoldo/RS 26 – Dia dos e das Avós 27 – 1914 – Início da Primeira Guerra Mundial, na Europa
Para aquele que está entre os vivos há esperança, porque mais vale um cão vivo do que um leão morto.
Eclesiastes 9.4