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Reinventar-se e seguir

Assim também cantemos com o hino 75 do LCI:

Como água cristalina, de um rio que vai pro mar, a minh’alma vai a ti, só pra te adorar. E cantar tua bondade, meu Senhor meu bom Jesus. Aleluia, ó minh’alma ao Senhor louvai!

Assim como a relva verde, na encosta da montanha, o meu amor diante de ti, do mesmo modo se esparrama. Se apegando em tua grandeza, minha rocha meu Senhor Aleluia, ó minh’alma ao Senhor louvai!

Como a abelha necessita do néctar de uma flor, eu não sobreviveria longe de ti, ó meu Senhor. Pois tu és o meu auxílio, minha vida e minha paz. Aleluia, ó minh’alma ao Senhor louvai!

Pª Mª Cristina Scherer Bad Fallingbostel, Alemanha

REINVENTAR-SE E SEGUIR

Nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir Israel. Mas, depois de tudo isto, já estamos no terceiro dia desde que essas coisas acontecerem (Lucas 24.21). Essa parte do conhecido texto dos discípulos no caminho de Emaús revela o desânimo e a “esperança frustrada” dos discípulos de Jesus após a crucificação. É provável que fosse um casal voltando para casa, naquele domingo de Páscoa. Percebe-se que eles tinham a esperança em Jesus, de que ele seria o libertador do povo, o Salvador. Faziam parte do grupo de pessoas que seguiam Jesus, confiantes de que ele tomaria uma atitude com relação a todo o sofrimento que eles vinham enfrentando. Contudo, eles já haviam traçado um caminho, um percurso até a salvação. Nas expectativas deles, Jesus se autoproclamaria rei e revelaria o poder de Deus

Arquivo pessoal

derramando a ira sobre os opressores e trazendo a glória ao seu povo. E eles vinham caminhando por esse caminho, alimentando essa expectativa cada dia mais, até que surge o inesperado: a morte de Jesus na cruz. Isso não estava nos planos deles. Como Jesus, esse homem fraco, que se A Igreja de Jesus Cristo depende da gente se reinventar e seguir entrega à morte, poderia se tornar o rei? Os discípulos desanimam a tal ponto que esquecem de tudo o que Jesus tinha ensinado, e mais, até mesmo do que os profetas haviam ensinado a respeito do Messias. Naquele mesmo dia da caminhada, Jesus aparece para eles. Os olhos deles se abrem na comunhão, no partir do pão. Jesus os faz enxergar o caminho da esperança novamente, mesmo após a sua morte. Dali começa todo um movimento em que os seguidores de Jesus precisam se reinventar, pois Jesus fica apenas 40 dias com eles, ainda fazendo aparições espaçadas. Depois da Ascensão de Jesus, o evento que segue é o Pentecostes, ou seja, a vinda do Espírito Santo. O mesmo Espírito que mantém acesa a chama da fé no coração daqueles discípulos do caminho de Emaús depois de perceberem que Jesus havia desaparecido da mesa deles (v. 31). Inicia-se, então, a igreja cristã. Trazendo essa realidade até os dias atuais, talvez seja possível pensar em como nós passamos inúmeras vezes por momentos como esse: de nos reinventar. Sonhos frustrados, o desânimo nos abate. Afinal, nós já traçamos o caminho que queremos percorrer. Sempre imaginamos que nossos planos seguirão seu curso. Mas, nesse caminho, geralmente não se prevê a morte de alguém próximo e amado. Também não se preveem a perda do emprego, a doença grave, uma pandemia de tão longa duração etc. É claro que nem sempre as surpresas são apenas ruins. Também experimentamos situações inesperadas que acabam sendo boas, como o nascimento de um filho, uma mudança forçada de cidade, que acaba se revelando providencial e melhor para nossa vida. O diferencial está sempre no modo como nós lidamos com as situações inusitadas.

Nosso desafio é parecido com o desafio dos discípulos de Jesus após a ressurreição: “nos reinventar”! E seguir! Afinal, já sabemos o que o próprio Jesus nos ensinou, reafirmando os ensinamentos dos profetas, seguidos, mais

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tarde, pelos apóstolos etc. Nossa esperança continua viva! Não podemos desanimar! É preciso uma readaptação constante. A Igreja de Jesus Cristo, a unidade da família, as realizações profissionais e muitas pessoas dependem do nosso movimento de adaptação e adequação. O que temos experimentado hoje em matéria de facilidades e melhora de vida tem a ver com os esforços daqueles e daquelas que vieram antes de nós. E o que as gerações futuras irão colher depende do que nós estamos plantando hoje. E a história segue seu curso. A pergunta é: estamos plantando? – Se sim, o que estamos plantando? Quais são nossos sonhos? Nossas esperanças? Se não, o que aconteceu? Será que fomos tomados por um tipo de cegueira, que nos faz hoje pessoas sem esperança. Um tipo de desânimo generalizado. A gente se pergunta: “de que adianta?” e afirma: “o meu sonho nunca vai se concretizar mesmo!”. Quantos sonhos tínhamos. E nossos pais, nossas mães, e avós, quantos sonhos!? Como você tinha sonhado que seria o mundo? O que se realizou e o que não se realizou? Conversem sobre isso! Como estamos hoje? Como está a nossa igreja hoje? Por acaso algum dos nossos planos e sonhos realizados teria soado como delírio no passado? Se o mundo acabasse amanhã, você ainda plantaria uma árvore? Teremos uma mistura de sentimentos. Por que há sim o que ser comemorado! Muita coisa foi conquistada! Muito foi realizado! Podemos observar como há coisas ruins hoje em dia. Mas garanto que a maioria das pessoas não gostaria de voltar no tempo quando lembra do quanto já foi superado! Por outro lado, há sonhos frustrados! Tanta coisa que gostaríamos de ter feito, mas, não deu! Aí podemos listar tudo o que nos impediu! Todas as dificuldades que enfrentamos.

Vamos continuar plantando! Vamos continuar sonhando! Mesmo que as coisas não tenham acontecido como imaginávamos, Deus ainda tem um plano para nós. Ele não nos abandona, nunca! Ele caminha junto conosco. Que Deus, por meio do Espírito Santo, nos inspire e faça arder nossos corações. Amém!

P. Adriel Raach Cuiabá/MT

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