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Um testemunho sobre a vida da Schwester Martha – uma parteira em ação

UM TESTEMUNHO SOBRE A VIDA DA SCHWESTER MARTHA UMA PARTEIRA EM AÇÃO

A vida da diaconisa (Schwester) e parteira Martha Elisabetha Kunzmann era para servir e assim gostava de se definir: uma serva do Senhor. Nasceu a 11/10/1901 em meio à numerosa família, no município de Eisingen/Baden, localizado a 7 km a noroeste de Pforzheim no atual estado de Baden-Württemberg. Tinha hábito de leitura e isso certamente lhe proporcionou alguma reflexão sobre a forma de concretizar a sua fé na vida diária. De sua formação sabe-se que, com 28 anos, ingressou como estagiária na Casa Matriz das Irmãs de Wittenberg e, dois anos antes, já tinha formação de parteira.

O envio ocorreu pela Casa de Wittenberg: veio para o Brasil, especificamente para Blumenau. Nessa cidade, na década de 1930, não havia parteiras, o que era uma necessidade premente, e não havia ainda serviço social, tudo era muito precário. Em outubro de 1936, com 35 anos de idade, a diaconisa Martha vem para Blumenau e permanece na região do Garcia até o ano de 1961. Por mais de 25 anos serviu como diaconisa e parteira; para atendimentos distantes, mais para o interior, deslocava-se com uma bicicleta. A diaconisa Martha não se poupava, o trabalho era imenso dia e noite. Estava sempre pronta para ajuda e atendimentos urgentes.

Testemunhos dessa época: Uma senhora de 93 anos resgata de sua memória que Schwester Martha era uma pessoa bem querida na comunidade; outro testemunho de uma cura de febre tifoide, ressalvado que o jovem estava desenganado pela medicina tradicional; meus dois irmãos e uma irmã nasceram pela parteira Martha. Outro testemunho dá conta de uma senhora que não conseguia encontrar a diaconisa Martha em casa para fazer uma visita, então resolveu acompanhá-la em um atendimento para o qual havia sido chamada e assim poderem dialogar durante o deslocamento até chegarem ao local, que era na encosta de um morro em uma casa de madeira, onde a parturiente morava em condições bastante precárias. Ao nascer o bebê, queria dar um banho, mas a água disponível era escassa, assim Martha colocou-o numa bacia com água e, de lado, numa caixa velha cheia de trapos de pano, procurou alguns mais limpos para cobrir o recém-nascido. Se alguma pessoa queria demonstrar gratidão, dizia para dar a honra a Deus e que a Ele seja agradecido por poder servir. No ano de 1937, um ano após sua chegada, em outubro, há uma estatística: 67 partos, 1.705 visitas a doentes, 1.090 trabalhos de assistência, 1.001 consultas e 54 vigílias noturnas. Não há registro de todos os anos, mas certamente esses números, para maior ou menor, se repetem nos anos seguintes. Embora o Hospital Santa Catarina já estivesse ativo desde 1920, o atendimento era restrito, tinha na época apenas 50 leitos e contava com o trabalho de seis diaconisas; a Maternidade Elsbeth Koehler só iria surgir a partir de 1951. Consta que, em 1952, o pastor Johannes Raspe e a Irmã Margarete visitaram os diversos campos de serviço das irmãs (Schwestern) e no seu relatório consta: “Em Garcia nos alegramos que Schwester Martha pode reservar um tempo para nós. Pois sempre está muito atarefada como Schwester desta comunidade, cuja população é, na maioria, operária. Em geral, neste setor da assistência comunitária ainda há muito para fazer no Brasil”.

Pela sua atuação por 25 anos na região, ficou conhecida de forma carinhosa como o “anjo branco”. Em 16 de abril de 1961, recebeu a bênção do pastor Johannes Raspe juntamente com a diaconisa Frida Claus pelo Jubileu de Prata da sua consagração como diaconisa. A Câmara Municipal de Blumenau lhe concedeu postumamente o título honorífico de “cidadã blumenauense” em reconhecimento aos serviços prestados à comunidade. Em 1961, a Irmã Martha retornou à Alemanha, tendo que deixar o seu trabalho diaconal que tanto amava. Em seu país, serviu por alguns meses na

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