Encarte sobre Educomunicação - 1ª edição

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Muito Prazer!

Foto: Paulo Pepe

Especial

EDUCOMUNICADOR, Universidade de São Paulo lança curso de Educomunicação no próximo vestibular da Fuvest

educação

vestibular projetos compartilhar escrever comunicação informação

tecnologia

audiovisual

Revista Viração 63 64 29 9 Revista Viração• •Ano Ano8 8• Edição • Edição


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Foto: Paulo Pepe

Especial

Profissional do futuro O que faz um educomunicador? Saiba mais sobre a profissão nas próximas páginas

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ocê que está prestes a terminar o Ensino médio e está meio perdido, pois a profissão dos seus sonhos parece ainda não existir, já pode se informar sobre um novo campo de trabalho: a Educomunicação. no próximo vestibular da Fuvest, você já vai poder concorrer a uma vaga ao curso noturno de licenciatura em Educomunicação criado pela Escola de comunicações e Artes da universidade de são Paulo. Educomunicação é nosso jeitinho de se comunicar educando, ou seja, quando escrevemos, falamos ou fazemos algo com a intenção de mostrar, ensinar, trocar informações com alguém, garantindo o direito que todos nós temos à comunicação e à informação. Há muita gente que já trabalha com Educomunicação. A secretaria municipal de

são Paulo, por exemplo, abriu um edital em 2009 para contratar pessoas para o cargo de educomunicador. o Fundo das nações unidas para a infância (unicef) adotou a Educomunicação como metodologia de formação de adolescentes em uma iniciativa chamada Plataforma dos centros urbanos. o programa de ensino a distância mídias na Educação, do ministério da Educação, abre espaço para a discussão sobre Educomunicação entre os milhares de professores participantes. mas, afinal, o que faz um educomunicador? Essas perguntas estão respondidas pelos professores que vão dar aulas na licenciatura em Educomunicação e também por pessoas que atuam como educomunicadores. t oda a produção deste caderno especial contou com a participação de adolescentes de diferentes comunidades de são Paulo.

“o curso da usP é o reconhecimento da luta do movimento social pelo direito à comunicação. nesse sentido, fiquem tranquilos todos os que já estão na área, exercendo funções educomunicativas na mídia, na educação não formal e nas organizações sociais. o licenciado em Educomunicação virá para somar e ocupar espaço onde o diploma se fizer indispensável como ocorre no exercício do magistério (ensino médio), em atividades junto ao poder público (ministérios e secretarias) e em consultorias especializadas no t erceiro setor, em funções que exigem formação acadêmica específica.” Ismar de Oliveira Soares é o chefe do departamento de comunicação e Artes da EcA/usP, responsável pelo lançamento da l icenciatura em Educomunicação da EcA/usP

Expediente: Est E EsPEciAl Foi PRoduzido dE FoRmA col AboRAt iVA PoR Adol EscEnt Es comunicAdoREs, EducomunicAdoREs E PRoFEssoREs dA usP Escola de Comunicações e Artes/USP Professores doutores Adilson citelli, ismar de oliveira soares, Ricardo Alexino Ferreira, Roseli Figaro e Vinícius Romanini Viração Educomunicação Alan Vieira da silva, Alison cordeiro, cássio de Goes, Kariny sopranzi, l eonardo belo e sílvia Ariel, adolescentes comunicadores da Plataforma dos centros urbanos camila Andrade, t haís Vidal, do Virajovem são Paulo Ana Paula marques, carol l emos, cristina sayuri, danilo Asevedo, douglas l ima, Elisangela nunes, Eric silva, Gisella Hiche, izabel l eão, l ilian Romão, l uciano de sálua, maria Rehder, maurício silva, micaela cyrino, norma l emos, Paulo l ima, Rafael l ira, Rafael stemberg, sâmia Pereira, simone nascimento, sonia Regina, Vânia correia e Vivian Ragazzi, da equipe Viração

os depoimentos dos entrevistados podem ser conferidos na íntegra em www.viracao.org Paulo Pereira de Lima - coordenador Executivo da Viração – mt b 27.300


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Conheça o curso de Educomunicação Por ser mais um curso que a usP oferece, para ingressar na licenciatura em Educomunicação é necessário passar no vestibular da Fuvest. nas atividades teóricas, o aluno conhece as teorias da comunicação e da Educação; a epistemologia da Educomunicação (teoria do conhecimento); a gestão da comunicação. Em aulas práticas, poderá ter contato com a produção das diferentes áreas midiáticas e os processos comunicacionais. o perfil desejado do graduando é que ele tenha interesse pelas áreas de comunicação social e afins e a área de Educação, no sentido de pensar constantemente a interseção entre mídia e processos educacionais.

“A implantação desta licenciatura se reveste de importância por várias razões. Revela o caráter pioneiro da usP, da EcA e do ccA, no reconhecimento das demandas sociais evidenciadas por um mundo em transformação. indica a abertura de espaço de formação profissional, pesquisa, docência, prestação de serviços à comunidade, sintonizado com a perspectiva de que no mundo contemporâneo existem novas formas de produção, circulação e recepção do conhecimento e da informação. materializa o empenho de educadores que se envolveram na criação deste curso animados pela ideia segundo a qual é cada vez mais difícil pensar nos desafios da educação sem considerar os processos de comunicação.” Adilson Odair Citelli, doutor em l iteratura brasileira, é professor de l inguagem Verbal nos meios de comunicação

"no curso de licenciatura em Educomunicação, atuarei em duas frentes: na preparação do profissional para o trabalho com a linguagem verbal, sobretudo capacitando-o a percebê-la como fundamento das relações sociais, utilizando-a em seus diferentes níveis e normas; e em disciplinas voltadas às práticas educomunicativas seja no âmbito do desenvolvimento de projetos, seja no âmbito do aperfeiçoamento temático e conceitual na área específica da comunicação."

Licenciatura em Educomunicação Início do curso: 1º semestre de 2011 Duração: 8 semestres (4 anos) Número de vagas: 30 (período noturno) Inscrições para a Fuvest: 27/08 a 10/09, pela internet: www.fuvest.br Mais informações sobre o curso: http://www.cca.eca.usp.br/educom

“minha disciplina no novo curso será Práticas laboratoriais em multimídia: fundamentos teóricos. Ela discute os fundamentos da comunicação em ambientes educomunicativos a partir de uma visão sistêmica e complexa. introduz conceitos ligados à teoria da informação, da teoria do sistemas e da cibernética para mostrar como aparelhos, dispositivos e meios de comunicação transmitem informação e produzem um campo de possibilidades de significação." Vinícius Romanini, jornalista, doutor em ciências da comunicação, é professor da disciplina Práticas laboratoriais em multimídia: fundamentos teóricos

Foto: usP

Roseli Figaro, jornalista, doutora em ciências da comunicação, com pós-doutorado na área de comunicação e trabalho. Ela é professora da disciplina Epistemologia da Educomunicação

Escola de comunicação e Artes EcA/usP

Revista Comunicação & Educação A Revista comunicação & Educação, editada pelo curso de Gestão do departamento de comunicações e Artes numa parceria com as Edições Paulinas, é a fonte mais lembrada pelos pesquisadores da comunicação social de todo o País em suas dissertações e teses e uma referência teórica na área. sob a coordenação de maria Aparecida baccega, maria cristina costa e Adilson odair citelli, a revista divulga resultados de pesquisas, relatos de experiências e textos de reflexão de especialistas internacionais e nacionais. É reconhecida como o veículo que mais ajudou a sistematizar as referências em torno do conceito e das práticas educomunicativas em todo o País. Ver mais: www.eca.usp.br/comueduc.

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Especial

Mercado de Trabalho

Educação com autoria marcílio Rocha é mestre em Educação, doutorando em difusão do conhecimento, consultor de novas mídias e assessor de comunicação de uma empresa estatal. marcílio foi um dos responsáveis, em 2007, pela criação do departamento de Educomunicação da secretaria Estadual de Educação da bahia. marcílio também é um dos idealizadores do projeto cinemação, que promove a produção de filmes feitos com celulares na escola. “comecei a trabalhar com sindicatos, associações, assessoria de parlamentares e tornei-me também professor dos cursos de Jornalismo e Pedagogia. Percebi que a educação é um dos campos para fertilizarmos mudanças.”

Veet Vivarta, secretário-executivo da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (www.andi.org.br) “Ao iniciar minha vinculação profissional com a Agência de notícias dos direitos da infância (Andi), entrei em contato com ações ligadas à educação para a mídia, várias delas no campo da Educomunicação. A prática cotidiana me fez reconhecer a importância de incentivar o desenvolvimento de uma crítica dos conteúdos midiáticos desde os primeiros anos de vida – seja por meio de iniciativas ligadas à educação formal ou de oportunidades extracurriculares. É nesse sentido, também, que hoje a Andi inclui as estratégias de educação para a mídia entre os temas prioritários quando se discutem as políticas públicas de comunicação.”

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Comunicação na sala de aula Alexandre sayad atua como secretário executivo da Rede de comunicação, Educação e Participação (cEP), criada em 2004. sayad também atuou como coordenador de projetos de Educomunicação integrados ao currículo de escolas privadas de são Paulo, como o colégio bandeirantes, onde, por exemplo, sayad ministrou um curso de pré-jornalismo para alunos do Ensino médio. “não consigo pensar em produzir comunicação ou fazer educação de uma forma pura, porque uma precisa da outra. A Educomunicação bem planejada pode oferecer uma oportunidade para que a escola volte a ter importância na vida de uma criança ou jovem. É um respiro na educação formal.”

com os alunos Alexandre sayad eirantes do colégio band Foto: colégio bandeirantes

Fazer rádio, escrever, mobilizar pessoas. soa como função de jornalista, certo? sim, mas imagine fazer tudo isso de forma participativa, com o objetivo de educar ou fazer a diferença na vida das pessoas, garantindo que elas não só recebam a informação, mas também se comuniquem. conheça um pouco da prática de trabalho dos educomunicadores e veja se você se identifica com algum deles!

Gilberto Dimenstein é membro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz (www.aprendiz.org.br) “o curso pode ser uma grande chance de formar pessoas capazes de trabalhar comunicação em sala de aula. t ive formação bem tradicional de jornalista e chegou um momento em que achei que não deveria só informar, mas sim usar a comunicação de forma educativa. comecei a escrever livros a partir de reportagens minhas que foram usadas em escolas.”


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Foto: cEu Parque são carlos

Direto da escola pública Rodrigo Koprowski é formado em Educação Física e pós-graduado em ciências da Atividade Física. t rabalha no centro Educacional unificado (cEu) Parque são carlos, em são Paulo (sP), onde desenvolve diferentes programas de Educomunicação. Educadores e educandos contribuem para a produção de programas para a “Rádio t V cEu”, de textos para o “Jornal Gazeta clarear” e também para o “blog da Educomunicação”. “A Educomunicação na escola visa uma sociedade que preza valores essenciais na construção de um mundo de paz. conheci o Projeto Educomunicação no cEu e vi a alegria das crianças com o microfone, gravador, e a satisfação delas a cada edição. infelizmente, muitos vivem o 'pré-conceito' da qualidade da educação, porque não conhecem a iniciativa e criatividade dos Rodrigo e alunos projetos e dos profissionais”. do cEu Parque sã o carlos

Onde atuar? na escola, o educomunicador pode introduzir a comunicação, estimulando os alunos a organizar, discutir, produzir e avaliar conteúdos, utilizando como ferramenta revistas, jornal, rádio, vídeo, blog e outras tecnologias. Educomunicador é o profissional que assessora, implementa e executa projetos que buscam utilizar a comunicação e tecnologias da informação de uma maneira educativa. desta maneira atua em empresas privadas, escolas, onGs e no poder público. Além disso, o educomunicador pode trabalhar junto as empresas de comunicação. o educomunicador consultor atuará também como pesquisador, investigando a qualidade educativa nos meios de comunicação e a relação entre os meios de comunicação e o público.

Guilherme Canela, consultor da Unesco (www.unesco.org.br) “não é um campo tão novo. As práticas datam de mais de 60 anos, desde que a comunicação de massa começou a ganhar força. Esse campo (Educomunicação) vêm ganhando importância nas últimas décadas por conseguir fazer com que as pessoas realmente garantam o que eu chamo de direito à comunicação. minha trajetória profissional sempre buscou melhorar a relação da mídia com a garantia dos direitos humanos.”

Eugênio Bucci, jornalista e professor da ECA/USP “t enho grande respeito por professores que trabalham nesta área, sempre trazendo esse viés educativo. Acho muito positivo quando se vinculam esses dois pontos para chamar a atenção. não é uma nova forma, trata-se de uma consciência educativa de se fazer comunicação.”

Anna Penido, coordenadora do escritório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em São Paulo (www.unicef.org.br) “Estudei Jornalismo porque queria interagir com todo tipo de pessoa e porque queria que essa interação pudesse fazer diferença na vida delas. Foi então que comecei a trabalhar na Fundação odebrecht e no l iceu de Artes e ofícios da bahia, onde realizava oficinas com adolescentes para que produzissem jornais, cartazes, sobre temas importantes para sua vida. mais adiante, fundei a cipó - comunicação interativa, onde desenvolvemos metodologias de Educomunicação para melhorar a cobertura da mídia sobre os direitos da infância e adolescência, a qualidade do ensino-aprendizagem em escolas públicas, a formação e inserção de jovens no trabalho, a participação política e para que os jovens promovessem o desenvolvimento de suas comunidades. muitas dessas experiências vieram comigo para o unicef e influenciaram a metodologia da Plataforma dos centros urbanos.”

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Especial Paulo Nassar, jornalista, coordenador de Relações Públicas da ECA-USP e diretor-geral da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje)

Eric silva, de 19 anos, trabalha na Viração Educomunicação como educomunicador. seu primeiro contato com o tema foi na 7aª série, por meio do projeto Educom.Rádio (desenvolvido pela secretaria municipal de Educação e pelo ncE da usP, capacitando cerca de 12 mil pessoas em atividades educomunicativas em escolas da rede pública municipal de são Paulo), quando aprendeu a produzir pequenos programas radiofônicos. “mobilizamos adolescentes e jovens por meio de telefonemas, e-mails e redes sociais para pensar nos conteúdos da revista e do portal da Vira e possíveis ações nas regiões onde vivem. outra atividade são as formações que damos para os adolescentes que colaboram com a Viração. Vejo que o papel do educomunicador é muito importante para a sociedade, porque ele tem a função de construir coletivamente muitos conhecimentos por meio das ferramentas da comunicação.” Eric Silva, educomunicador da Viração Educomunicação (www.viracao.org) e estudante de Ciências Sociais

Edgard Patrício, jornalista pós-graduado em Educação, articulador institucional da Catavento Comunicação e Educação (www.catavento.org.br) “o conceito que se tem quando falamos de Educomunicação é a utilização de metodologias que articulem a educação pela comunicação. na catavento comunicação e Educação (onG que atua com o desenvolvimento humano e local por meio de práticas de comunicação e educação, em Fortaleza (cE), desenvolvemos projetos que buscam fazer essa ligação entre as duas áreas. um dos projetos que a gente desenvolve é o rádio-escola, na perspectiva de considerar o rádio como ambiente de aprendizagem sociocultural.”

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Foto: Acervo Viração

De jovem para jovem

“A Educomunicação no contexto das empresas, das instituições, tem muito a ver com o processo comunicacional. Para as pessoas mudarem de comportamento, é muito difícil. Produzem da mesma forma há muitos anos. mas, com a inovação tecnológica, são necessárias mudanças. É preciso que quem está emitindo a informação cheque se a informação chegou, se foi entendida, aceita e se virou um processo para a transformação. t em a ver também com a questão dos relacionamentos e a humanização no mercado de trabalho, sendo voltada para mudanças qualitativas. É um trabalho que exige muita paciência, que exige que você deixe ser ditador e se transforme em um ouvinte, para estabelecer o diálogo”.

Alexandre Schneider, secretário municipal de Educação de São Paulo

“na Rede municipal de Ensino de são Paulo, a Educomunicação é desenvolvida pelo programa nas ondas do Rádio, que oferece aos alunos a oportunidade de se expressar utilizando tecnologias. A escola se comunica mais e melhor com a comunidade e os estudantes se tornam protagonistas do conhecimento”.

Paulo Lima, diretor executivo da Viração Educomunicação (www.viracao.org) “A Educomunicação representa um campo fértil para se refletir criticamente e trabalhar com os meios, processos e ações de comunicação tendo como missão maior a transformação socioambiental. É aprender fazendo comunicação de forma colaborativa e à base da gestão democrática. isso porque cada processo comunicativo é por si só educativo, envolve aprendizagem e ensinamento, compartilhamento de saberes, prazeres e fazeres.”


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Pelo mundo afora

Foto:

Acervo

Angola “A Educomunicação é uma forma de darmos voz e vez a crianças e adolescentes para poderem dizer o que pensam e levarem suas preocupações a quem é de direito”. Anabela Pacheco, jornalista da Rádio Nacional de Angola, é realizadora do programa “Rádio Piô”, existente há 27 anos e que conta com a participação de crianças e adolescentes como correspondentes em todo o país abordando assuntos ligados à educação, saúde, lazer e direitos.

Cuba “Em nossas sociedades, centradas no adulto, uma pluralidade de vozes permanece silenciada ou deformada. As vozes da infância e da juventude são parte desse grande coro de ausentes. concebo a Educomunicação como a gestão de ecossistemas comunicativos que geram espaços para o exercício da liberdade de pensamento, opinião e expressão de setores que têm sido considerados como objetos e não sujeitos de direitos”. Pablo Ramos é coordenador da Rede Universo Audiovisual da Criança Latino Americana (Red Unial), em Cuba, projeto que possibilita a gestão por crianças e adolescentes de processos participativos de comunicação. A experiência, iniciada em1995, tem como centro a realização de oficinas de criação audiovisual nas quais se incentiva um processo de observação– reflexão-apreciação-expressão criadora que utiliza, como fio condutor, os problemas identificados pelas próprias crianças e adolescentes. As oficinas terminam com a realização de documentários curta-metragem que são exibidos e debatidos na comunidade.

.org.br w.futura Foto: ww

Viraçã

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Experiências em Educomunicação, Comunicação Educativa ou Educação para a Comunicação, como são conhecidas em alguns países, estão rolando em diversos lugares do mundo. Inspire-se com o que a galera anda fazendo!

Timor Leste - Brasil “À frente do Futura há 12 anos, essa vocação para atuar nas duas áreas se radicalizou de forma integral, na medida em que o canal atua diretamente com escolas e onGs. Para nós, a tela da televisão é o ponto de partida para a mobilização da sociedade, especialmente da educação, em torno de causas relevantes para a sociedade”. Lúcia Araújo é gerente geral do Canal Futura que é mantido por um pool de grandes empresas do Brasil e é umas das emissoras abertas às práticas educomunicativas. Anualmente a emissora oferece um curso de produção de vídeo para 200 jovens de várias partes do país. Desde 2008 o Canal Futura mantém parceria com a TVTL, televisão de Timor Leste. Funcionários dos dois canais em co-produção elaboram desde logomarca para programas de televisão, roteiros e séries veiculados nos dois países.

Chile “A Educomunicação é a chave para qualquer processo de aprendizagem, entendendo-a como um processo que é social e colaborativo que necessita dos outros, é para os outros e com os outros”. Ricardo González desenvolve no Chile, desde 1999, o programa de TV “Pintacuentos”, no qual um conto tradicional é narrado para crianças que, em seguida, fazem desenhos. Tudo é filmado e a equipe grava junto com as crianças os efeitos de som e ambiente.

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Especial

"Em contato com as organizações que trabalham na promoção da alfabetização em todo o país, apresentei um projeto de comunicação visual em forma de quadrinhos e os resultados foram encorajadores, pois foram levantadas várias questões de importância local. A ideia da metodologia Grassroots comics é simples e consiste em dar às pessoas comuns o poder de contar sua história, o que eles consideram ser importante. se a comunidade está empoderada, ela tem poder suficiente para comunicar uma mensagem e conscientizar os outros. A ideia é proporcionar a todos uma ferramenta para contar todas as histórias importantes em forma de quadrinhos. Este método ajuda as pessoas a contarem suas histórias por um meio diferente da mídia convencional”.

Foto: Acervo Viração

Índia

Sharad Sharma, jornalista e cartunista indiano, é o fundador do World Comics Network, projeto que utiliza a criação de histórias em quadrinhos como ferramenta de mobilização social em diversos países como Índia, Moçambique, Paquistão, Nepal, Finlândia e Brasil. Quem faz os quadrinhos são pessoas comuns que aprendem a técnica por meio de oficinas e apostilas, uma forma de permitir que qualquer pessoa, alfabetizada ou não, possa contar sua história e transformá-la em quadrinhos.

Angola www.rna.ao

Chile

Ìndia www.worldcomicsindia.com; www.worldcomics.fi

Equador www.aler.org

Brasil www.bemtv.org.br www.catavento.org.br www.ciranda.org.br www.futura.org.br www.matraca.org.br www.redeandi.org.br www.redecep.org www.usp.br/nce

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Equador

Foto:

Cuba www.habanafilmfestival.com

Aler

www.karinavega.com/pintacuentos www.fundaciónchulpicine.org www.youtube.com/user/portafolioRicardo

“A Educomunicação propõe a consciência, tanto para educadores como para comunicadores, de que todo ato educativo é comunicativo e todo ato comunicativo é educativo. isso, em todos os espaços da vida, em escolas e na educação informal, nos meios de comunicação e nas relações, mesmo as mais cotidianas, como a conversa de um pai com um filho. É a construção de conhecimentos, saberes, experiências e vivências de forma não autoritária, mas por meio do diálogo e do intercâmbio”. Fernando López atua na Secretaria Executiva da Associação Latinoamericana de Educação Radiofônica (Aler), no Equador, uma rede de 112 emissoras de rádios associadas de quase todos os países da América Latina, que se organizam para abordar temas como a questão indígena e LGBT, entre outras. A Aler apoia trabalhos de comunicação radiofônica e desenvolvem atividades de formação e capacitação em rádio para que toda ação comunicativa tenha um sentido educativo e incida politicamente em seu contexto social.


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