Portugal em Destaque - Edição 15

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ÍNDICE

LOUSÃ PAG 18

SANTARÉM

PAG 42

FOZ CÔA PAG 67

EDITORIAL A primeira revista do ano traz o objetivo e propósito que sempre nos tem pautado desde o primeiro número da sua revista mensal, Portugal em Destaque: dar a conhecer um país sem igual. Nesta edição, fomos conhecer as PME Líder 2016 de Mafra, um exemplo de empreendedorismo e sucesso que pautam, não só a região, mas também o país. Seguimos viagem até à Lousã, reconhecida pelo seu infindável património cultural e logo ao lado, visitamos Penela. Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Nova de Foz Côa fazem também parte do nosso roteiro de fevereiro. Até porque é já preciso começar a preparar uma visita sem igual à amendoeira em flor. Rumo a Famalicão, que se autointitula ‘um concelho com marca’, seguimos viagem por Guimarães, a cidade-berço de Portugal. Em Macedo de Cavaleiros e Mirandela provamos das melhores iguarias nacionais, e terminanos a nossa viagem na cidade nortenha da Maia. É este o país que faz de nós, Portugal em Destaque, uma publicação diferente, fresca e inovadora. Boas leituras! A direção editorial Diana Silva

FICHA TÉCNICA | PROPRIEDADE: FRASES CÉLEBRES, LDA | DIRETOR: FERNANDO R. SILVA DIREÇÃO EDITORIAL: DIANA SILVA (REDACAO@PORTUGALEMDESTAQUE.PT) | CORPO REDATORIAL: ELTON MALTA, TERESA MATA | OUTROS COLABORADORES: CATARINA FERREIRA, DANIEL MOREIRA, JOANA QUINTAS, MELANIE ALVES, TERESA TEIXEIRA | DIREÇÃO GRÁFICA: TIAGO RODRIGUES | SECRETARIADO: PAULA ASSUNÇÃO (GERAL@PORTUGALEMDESTAQUE.PT) | DEP. COMERCIAL: JOSÉ ALBERTO, JOSÉ MACHADO, JOSÉ VARELA, LUÍS BRANCO, MANUELA NOGUEIRA, MARIA JOSÉ MOREIRA, MARÍLIA FREIRE, PEDRO DUARTE (COMERCIAL@PORTUGALEMDESTAQUE.PT) | REDAÇÃO E PUBLICIDADE: RUA ENGº ADELINO AMARO DA COSTA Nº15, 6ºANDAR, SALA 6.1 4400-134 – MAFAMUDE / +351 223 263 024 | DISTRIBUIÇÃO: DISTRIBUIÇÃO GRATUITA COM O JORNAL EXPRESSO / DEC. REGULAMENTAR 8-99/9-6 ARTIGO 12 N.ID | NÚMERO DE REGISTO NA ERC: 126615 | PERIODICIDADE: MENSAL | EDIÇÃO DE FEVEREIRO ‘17 ESTATUTO EDITORIAL: A Portugal em Destaque é uma edição mensal que se dedica à publicação de artigos que demonstram a realidade do país | A Portugal em Destaque é uma edição independente, sem qualquer dependência de natureza política, ideológica e económica | A Portugal em Destaque define as suas prioridades informativas por critérios de interesse às empresas nacionais, de relevância e de utilidade da informação | A Portugal em Destaque rege-se por critérios de rigor, isenção, honestidade e idoneidade | A Portugal em Destaque faz distinção entre os seus artigos de opinião, identificando claramente os mesmos e estes não podem confundir-se com a matéria informativa.



ESPECIAL MAFRA O Estatuto PME Líder é um selo de reputação de empresas, criado pelo IAPMEI para distinguir o mérito das PME nacionais com desempenhos superiores, e é atribuído em parceria com o Turismo de Portugal e o conjunto de Bancos Parceiros, tendo por base as melhores notações de rating e indicadores económico-financeiros. O Estatuto PME Excelência foi criado também pelo IAPMEI com o objetivo de sinalizar, através de um instrumento de reputação, o mérito de pequenas e médias empresas com perfis de desempenho superiores. Em 2014, no Concelho de Mafra destacaram-se 55 empresas ao obterem o estatuto de PME Líder, tendo 10 delas acumulado ainda o título PME Excelência. Em 2015 o número de PME Líder aumentou para 67 empresas, das quais 9 mereceram ainda o título de PME Exclência. Em 2016, Mafra continua a destacar-se pelas suas empresas ‘destaque’ e referência. Conheça alguns exemplos nas próximas páginas.

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Uma empresa de família que pôs as mãos na massa!

LEONEL ACÚRCIO, FUNDADOR DO PÃO REAL

Os fundadores do Pão Real, experientes na arte de fazer e vender pão, bons conhecedores das tradições que estão na raiz do Pão de Mafra, são uma parte fundamental desta história.

História do Pão Real O nascimento do Pão Real não se pode dissociar da história e do contexto da própria região de Mafra, terra de moinhos de vento, de moleiros e, naturalmente, de bom pão. A aventura do Pão Real começa, formalmente, em 1980, com a abertura da sua primeira padaria na aldeia do Carvalhal. Mas a história em si começa há várias décadas, com Leonel Acúrcio e a mulher, Maria Gertrudes, também conhecida por Quitas. O pão caseiro Desde os 12 anos que Quitas cozia pão. Numa altura de escassos recursos e de muitas bocas para alimentar, nesta região, tradicionalmente, existia em cada casa um forno de lenha. Cozer pão em casa era atividade rotineira e necessária, e a jovem Quitas cedo aprendeu a amassar e a cozer. Primeiro porque era preciso alimentar uma casa com mais nove irmãos; e depois, porque o pão que cozia começou a ganhar fama na região. Tratava-se de pão de trigo e centeio, feito com as farinhas que vinham dos pequenos moinhos de vento que encimavam os montes das aldeias saloias. Na década de 1960 Foi um cunhado de Maria Gertrudes, dono de uma mercearia em Mem-Martins, que estreou o negócio da 6 | PORTUGAL EM DESTAQUE

venda de pão na família, na década de 1960. Tratava-se então de uma atividade semi-clandestina, devido à proibição de venda de pão proveniente de fornos sem alvará sanitário e feito com farinha artesanal vinda dos moinhos. Mas foi para este cunhado que Quitas começou a cozer pão em maior quantidade: o chamado pão caseiro, também conhecido fora do concelho de Mafra por ‘pão saloio’ ou ‘pão de Mafra’. Quem comprava o pão, lá para os lados de Sintra, gostava e perguntava onde era feito. Sendo Carvalhal uma pequena aldeia desconhecida da maior parte, por afinidade começou a ganhar fama o nome Pão de Mafra. Uma padaria com saber e sabor Alguns anos mais tarde, já o 25 de abril se tinha dado, Quitas e o marido, Leonel, decidiram entrar também na venda de pão. Regressados de mais de uma década de vida em França com as duas filhas, aventuraram-se na criação de uma padaria. Começaram do zero. Mas tinham em casa todo o saber que era necessário: a habilidade e a experiência de Quitas nas artes de amassar e cozer o pão tradicional da região. Por essa altura, Leonel Acúrcio sabe que tem nas mãos um produto vencedor. O pão era de qualidade, e as capacidades comerciais de Leonel levaram-no ainda mais longe. Nas suas voltas para entregar pão ia pelas mercearias da região e oferecia o pão a provar a quem entrava. Assim foi, pelo paladar, cativando as pessoas e gerando mais encomendas.


CLÁUDIO LUZ, NETO DE LEONEL ACÚRCIO

De geração em geração Tendo começado com apenas dois fornos a lenha, ao longo das últimas décadas a padaria foi sendo aumentada e modernizada para corresponder à crescente procura. Hoje, a marca Pão Real conta com cerca de 60 trabalhadores, e continua a ser uma empresa familiar, agora feita de várias gerações. Começou com Leonel e Quitas e, mais tarde, a gestão passou para um dos genros. Os netos também metem a mão na massa. Até os moleiros continuam a ser os mesmos desde há mais de três décadas,

fornecendo as farinhas artesanais que caracterizam o Pão Real e garantem que o pão se mantém fiel às suas origens. Tradição e inovação O sucesso do Pão Real passa, sem dúvida, pela qualidade das farinhas usadas, por conhecer e entender os ingredientes, e por respeitar os tempos da natureza, apurando a arte de fazer um pão equilibrado e pleno de sabor.

Utilizamos no nosso Pão de Mafra, de forma exclusiva, farinhas que provêm da moagem de cereais em mós de pedra, fornecidas localmente. Permitimos tempos de fermentação longos das nossas massas e criamos o nosso próprio fermento. Os nossos fornos em alvenaria, construídos por nós, segundo um saber fazer da região, contribuem para as características únicas dos nossos pães, formas, sabores e aromas únicos.

PÃO DE MAFRA EM FORNO A LENHA

Sendo um dos pães mais emblemáticos da cultura Portuguesa, qual a origem do genuíno Pão de Mafra? O Pão de Mafra começou por ter uma origem caseira, mas foi a partir de 1974 que a sua fama se alastrou e começou a ganhar a preferência dos lisboetas, começando a ser vendido em grande escala. Inicialmente o pão era feito nas aldeias da região e depois levado para vender na capital, onde era muito apreciado pelo seu sabor e aspeto rústico. Para além do pão que era cozido em casa, na década de 1950 começaram a surgir na região de Mafra as primeiras padarias que se dedicavam a produzir pão para comercializar. PORTUGAL EM DESTAQUE | 7


PÃO DE MAFRA

Ao longo dos anos seguintes estas padarias ganharam um certo protagonismo, pois devido às greves de padeiros e à escassez de pão na capital, os padeiros começaram a levar o Pão de Mafra em maior escala para os mercados de Lisboa. Foi aqui que o Pão de Mafra começou a ganhar mais visibilidade. No final da década de 1960 surge, porém, uma regulamentação governamental que proíbe a comercialização de pão proveniente de fornos sem alvará sanitário. Esta lei faz com que a venda de pão caseiro, feito com farinha artesanal proveniente dos moinhos, seja proibida. Apenas se podia usar farinha proveniente das grandes moagens nacionais e as grandes padarias industriais tiveram assim oportunidade de crescer, produzindo pães como o “pão de cabeça” e o “papo-seco”. Mas a conhecida “esperteza saloia” contornava esta proibição. Estamos numa altura em que chegar a Sintra e a Lisboa era já relativamente rápido, tanto de carro como de comboio, e muitas eram as pessoas que, cozendo pão em casa com farinhas artesanais, o transportavam depois escondido com artimanha para o vender, nos mercados e até junto às estações de comboio. É já depois do 25 de abril de 1974, com o fim da ditadura imposta pelo Estado Novo, que o comércio de pão de mistura é completamente liberalizado e o Pão de Mafra passa a poder ser vendido livremente noutras regiões. O Pão de Mafra já havia conquistado clientes quando era levado às escondidas para os mercados de Lisboa, e o seu sabor e qualidade passam a ser cada vez mais reconhecidos. A tradição encontra a inovação do Pão Real. Quais os vários tipos de pães que fabricam? Todo o tipo de pão tradicional português, sendo o nosso produto de referência o Pão de Mafra, que já é marca registada. Produzimo-lo em vários tamanhos e formas, desde pequenas unidades redondas de 80 gramas, ao 8 | PORTUGAL EM DESTAQUE

formato tradicional alongado e com cabeça característica que conhecemos, a um pão bastante grande de 2 quilos que vendemos ao peso. Recentemente criámos um novo produto, o Pão de Mafra em Forma. Mantivemos todas as características do nosso pão de Mafra e colocámos numa forma de modo a ser mais prático para sandes e tostas. O feedback dos nossos consumidos tem sido bastante positivo e já é um dos nossos produtos de destaque. Produzimos também Pão Redondo Saloio, Broa de Milho, Pão de Isco (com fermentação muito longa com massa mãe), Pão Integral, Pão de Leite, Pão de Hambúrguer artesanal, Pão com Chouriço, Papo-seco, as tradicionais bolinhas de água, entre outros… O Pão de Mafra é uma marca registada, regulada pela Secção de Panificação da ACISM. Quais são as exigências que esta entidade impõe? O uso da designação “Pão de Mafra” implica, pois, obedecer a um rigoroso processo de certificação, que significa cumprir todos os parâmetros definidos no Caderno de Especificações do Pão de Mafra, criado em 2010 pela ACISM. O nome Pão de Mafra é uma marca registada pertencente à ACISM e está em curso o processo de certificação IGP (Indicação Geográfica Protegida). Este processo de candidatura foi iniciado em 2010 pela Câmara Municipal de Mafra em conjunto com as empresas produtoras do Pão de Mafra da região. Para que o pão possa obter esta certificação é obrigatório cumprir um conjunto de critérios na confeção: utilizar farinhas moídas em mós de pedra e de moleiros da região de Mafra, ser cozido em fornos de lenha, ter uma hidratação superior a 80% e respeito pelos tempos de fermentação, não utilizar qualquer tipo de aditivos e ser produzido dentro dos limites do concelho de Mafra. Quem procura o Pão Real encontra facilmente, ou não fosse a vossa embalagem identificativa. O que nos


Forma de Mafra, uma inovação com o selo Pão Real

podem dizer acerca disso? Estamos a apostar na modernização da nossa imagem, com o objetivo de comunicar de forma mais clara com o consumidor final sobre quem nós somos e sobre as características dos nossos pães. Pães artesanais, produzidos e entregues nas lojas todos os dias, no mesmo dia de confeção e que seguem a verdadeira tradição portuguesa. Onde podemos encontrar o vosso pão? Atualmente em toda a Grande Lisboa, toda a região Oeste,

NOVAS EMBALAGENS PÃO REAL

Ribatejo e margem Sul até Sesimbra. Na nossa padaria e pastelaria “Pão Real”, na Rua da Bela Vista, Nº13, em São Marcos, Sintra. Nas lojas que apostam na qualidade dos seus produtos, tanto em mercados tradicionais, como em supermercados, nomeadamente nos Supermercados “Pingo Doce”. Quem nunca provou a vossa especialidade, o que pode esperar? Um pão saboroso, saudável e único.

www.paoreal.pt | www.facebook.com/paorealmafra PORTUGAL EM DESTAQUE | 9


NA LINHA DO CONFORTO Foi em 2007 que o fundador e atual sócio gerente, Luis Filipe Cardoso Graça, iniciou esta aventura. Depois de uma experiência de nove anos na área da climatização e refrigeração em Toronto, Canadá. Em 1994 regressa a Portugal, tendo-se integrado nos quadros técnicos da empresa EMIAC (hoje VEOLIA) e três anos mais tarde na empresa Woresmar Portugal até 2007.

FROSTLINE

Com início da atividade em Maio de 2007, estabelece sede na Venda do Pinheiro, Mafra e desde então, tem exercido a atividade com uma equipa, que se caracteriza pela pro-atividade e capacidade de inovação, conta com 52 colaboradores que diariamente se empenham na obtenção do mais alto nível de produção, bem como na satisfação de clientes com elevado grau de exigência. Em 2007, começa a desenvolver atividade na área da climatização, com uma ocupação quase a 100 por cento para o Grupo Jerónimo Martins, o sucesso da Frostline estará sempre ligado a este Grupo, graças a esta parceria foi possível desenvolver uma atividade sustentada e profissional, “o crescimento da Frostline estará sempre relacionado com este cliente que nos bons e maus momentos nos acompanharam. Com o crescimento foi necessário

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adaptar-nos ao mercado, estar dependente de um só cliente era ‘confortável’ mas muito arriscado, ouvindo e lendo as entrevistas de Soares dos Santos (Grupo J.M.) “entendi a mensagem e decidi que estava na hora de procurar outras alternativas, foi isso que defini como objetivo em 2010. Com um País em recessão, empresas a fechar portas, aumento de desemprego, toda uma situação desfavorável para investir, decidi avançar, enquanto outros recuavam, nós avançámos e desta forma conseguimos chegar ao final de 2016 como o melhor ano de atividade”, recorda. “Hoje conseguimos ter um leque de clientes diversificado, um corpo técnico de engenharia e equipas profissionais que todos os dias desenvolvem a sua atividade de forma exemplar. O sucesso desta empresa estará sempre ligado ao Grupo Jerónimo Martins e aos profissionais que integram a equipa Frostline. Com dois departamentos, um de Produção (instalação) que desenvolve toda a actividade de projecto, preparação, desenvolvimento e instalação, e um de Manutenção que desenvolve programas de manutenção preventiva, serviços de garantia e Pós-Venda, considero que temos as condições necessárias para continuar”.


Luís Graça confessa que ao procurar outros mercados foi obrigado a “passar o deserto”, neste mercado o grande drama é o recebimento. Quando uma empresa não paga, “a lei protege muito mais os que não cumprem do que os que cumprem”, sendo

que mesmo nos casos de insolvência ou PER, este já teve de pagar os impostos correspondentes ao valor que lhe ficou em dívida. Ao fim de dez anos de atividade, o balanço que o fundador faz é positivo, 2016 representou o melhor ano da história da empresa com um volume de faturação na ordem das 7.7 milhões de euros, a mudança para instalações próprias e a garantia de um conforto e qualidade para os seus colaboradores. Esta empresa surgiu num momento de crise quando muitas outras estavam a despedir funcionários, e o próprio fundador refere este facto como crucial: “quando toda a gente estava a despedir pessoas, estava eu a contratá-las. E se hoje o corpo técnico da Frostline tem qualidade, é devido a pessoas que vieram de outras empresas. Algumas delas tinham muito bons profissionais, hoje estou rodeado deles. Esta é a relação ideal para podermos responder às exigências dos nossos clientes. Não investimos em publicidade, apenas o logótipo na fachada do edifício e nas carrinhas que todos os dias circulam de norte a sul deste País, fora isso é a “passa palavra”, afirma Luís Graça. “Os objetivos para 2017-2020 passam por manter a faturação, a qualidade que nos

orgulha, o corpo técnico que assumimos, a procura por novos desafios e uma constante preocupação no desenvolvimento da empresa. Todos os dias pensarmos a empresa e vivê-la de forma intensa, sem esta postura não é possível chegar aos objectivos pretendidos. O cliente como parte fundamental do nosso negócio será sempre a prioridade”, adianta. Visão e estratégia A Frostline tem como visão, garantir os clientes como parceiros, de forma a potenciar uma estreita coordenação de interesses. A formação, motivação, participação e envolvimento dos colaboradores, com enfâse na inovação, qualidade e segurança, são os pilares da empresa. Cumprimento da legislação, regulamentos e boas práticas do sector, de modo a atingir a máxima qualidade com toda a segurança. Ter as questões ambientais, como um fator essencial na política de gestão. “Esta é a FROSTLINE, a empresa que fiz nascer, represento e me enche de orgulho, um homem não resume uma empresa, é um facto, apenas posso agradecer a todos os que chegaram até aqui comigo, muito obrigado”, conclui.

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“DISTINGUIMO-NOS PELA APRESENTAÇÃO E QUALIDADE” Começou com uma empresa em nome próprio, corria o ano de 1994. Carlos Ginja e Madalena Ginja iniciaram a atividade de distribuição de produtos congelados, já lá vão 22 anos. A experiência adquiriram-na noutra firma, onde Carlos Ginja trabalhou. Obtiveram câmaras frigoríficas, começaram a envolver-se na importação, construíram um armazém e contrataram funcionários, seis na altura. Desta forma, a pouco e pouco, foram crescendo. Hoje já contam com 12 colaboradores. GINJA GEL

EQUIPA O ano de 2002 marca uma viragem de capítulo: nasce a Ginja Gel e o casal orienta-se para o Brasil na procura de alternativas de negócio. Encontraram o que procuravam, nomeadamente um parceiro de negócios através do qual começaram a trabalhar o tamboril. “Temos uma representação muito significativa neste aspeto”, refere o gerente. O país já referido e África do Sul são o principal foco dos negócios da Ginja Gel, apesar de também marcarem presença no Quénia, em Moçambique, na Tanzânia, Indonésia e até alguma representação na Índia. De referir, ainda, os parceiros de negócio em terras lusas. “Entrar nos mercados estrangeiros foi muito difícil”, confessa, “no entanto, atualmente, já estamos bem sedimentados”. A forma de trabalho desta empresa mafrense consiste na importação, armazenamento e distribuição de produtos alimentares congelados. Estes são adquiridos na origem, sem intermediários e, mais tarde, distribuídos por grosso, a armazenistas e por retalho. Em relação a esta última forma de venda, Carlos Ginja explica que têm “um pequeno mercado” nos arredores de Mafra. Para além desse aspeto, a instituição vende a armazenistas que, de seguida, fornecem as grandes superfícies. Todos os produtos alimentares existentes são passíveis de serem comercializados pela Ginja Gel. “Temos 730 referências”, afirma o nosso entrevistado, “peixe, legumes, marisco, refeições pré-cozinhadas”. A mercadoria chega dos outros países “em bloco” e é transformada em Portugal. “Somos muito procurados”, admite, “apresentamos um produto de 12 | PORTUGAL EM DESTAQUE

excelência”. Ora, se há bastante concorrência, infere-se que o setor esteja a passar por uma boa fase, o que Carlos Ginja confirma. O mercado é competitivo e o “produto em si é quase todo igual”, assim sendo, o cliente é exigente, mas a empresa corresponde às expectativas: “Temos aqui o nosso nicho de mercado, distinguimo-nos pela apresentação, pelo corte e pela qualidade”. Um bom trabalho já o fazem, empenham-se, portanto, em fazer cada vez melhor: “Temos de ser flexíveis com os clientes, proceder a uma boa gestão nas entregas e na receção da mercadoria e garantir sempre a qualidade do produto. Assim consegue-se”. Sim, conseguem, e a prova disso mesmo é a distinção PME Líder, atribuída desde 2014. O prémio em si trouxe bastantes benefícios e é uma questão de orgulho para toda a equipa. Todos os anos mais algum crescimento, os objetivos são atingidos com distinção. Um dia, talvez, a Ginja Gel seja uma empresa unicamente dedicada à importação, se a vontade for feita ao gerente. Para já, o futuro traz modernização e o lançamento de uma embalagem própria da empresa, desenhada para um produto nacional que será exportado. Sobre este projeto mais não podemos revelar: é esperar para ver.


“O NOSSO CRESCIMENTO DEVE-SE MUITO AO ESFORÇO E DEDICAÇÃO DOS COLABORADORES” A atuar na área do comércio de produtos de higiene e limpeza, servindo as necessidades de empresas e instituições, a Higiex conta com 16 anos de experiência, e espera continuar a crescer de forma sustentada. Em entrevista à Portugal em Destaque, Vítor Rodrigues explica quais as bases do êxito da empresa, assim como as principais caraterísticas que definem o mercado. HIGIEX

Considerada pelo primeiro ano como PME Líder, a Higiex vê nos colaboradores o seu principal ativo, e a base do seu crescimento. De acordo com Vítor Rodrigues, “a empresa tem crescido devagar, e tem procurado que as pessoas se desenvolvam em áreas onde anteriormente nunca lhes tinham sido dadas oportunidades. O nosso crescimento deve-se muito ao esforço e á dedicação dos colaboradores”. Tendo como objetivo “continuar a crescer de forma sustentada”, Vítor Rodrigues vê a concorrência como oscilante. “As empresas tentam implementar-se, no entanto, os mercados ditam um conjunto de regras e, ao fim de algum tempo, vai-se notando o equilíbrio das coisas. Há uma ânsia muito grande de fixarem terreno, em primeiro lugar, as novas empresas sentem que há muitas lacunas mas depois quando chegam ao ativo apercebem-se de que não há tantas assim, que o mercado está relativamente completo, surgindo aí a necessidade de baixar preços. Nós, como estamos há muitos anos no mercado, fomos caminhando passo a passo”, procurando melhorar e introduzindo novas soluções de encontro à satisfação dos nossos Clientes, afirma Vítor Rodrigues. A pensar no futuro e nos desafios que estão para vir, Vítor Rodrigues conclui explicando que o principal objetivo da Higiex é continuar a crescer “de forma sustentada”, melhorando as condições para colaboradores e clientes.

VÍTOR RODRIGUES Principais áreas de atuação da Higiex Sediada no concelho de Mafra a Higiex tem duas principais representadas. A SCA uma multinacional sueca que produz artigos de papel, “comercializando nós a gama de papéis tissue , como papéis higiénicos e de limpeza”, e a Diversey que produz produtos químicos. Estão presentes num campo que, segundo o seu gerente, “abrange muita gente”. Apostando na comercialização de produtos ligados às áreas de higiene e limpeza, fornece não só materiais consumíveis, mas também equipamentos. “Temos uma série de complementos ligados a essa área, que vão desde as embalagens, aos tapetes, passando por equipamentos de proteção e de uma vasta gama de acessórios de apoio à limpeza propriamente dita”, explica Vítor Rodrigues. Contando com dez colaboradores, quatro comerciais e os restantes nas áreas administrativas e de distribuição, a Higiex marca presença em setores distintos, de cariz público e privado, como a restauração, a hotelaria, servindo instituições como escolas ou lares. Atua ainda no setor agro-alimentar, distribuindo os produtos da Diversey, empresa de químicos americana e “um dos principais parceiros e fornecedores” que, como explica Vítor Rodrigues, “tem um peso muito interessante”. Para além disso, a Higiex tem ainda uma área de negócio em franco crescimento, a revenda de artigos de papel, “a nossa representada é o líder mundial do sector, e oferece-nos condições para distribuir o produto em para diversos pontos do país”. A distinção como PME, o presente e o futuro da empresa. PORTUGAL EM DESTAQUE | 13


INOVAÇÃO E CRESCIMENTO NA RESTAURAÇÃO DA ERICEIRA A Ekatik foi fundada em 2000 como uma sociedade que gere hoje dois restaurantes na Ericeira, o ‘Tik-Tak’ e o ‘Tik-Tapas’. Os dois sócios-gerentes e irmãos João Gaspar e Francisco Gaspar foram entrevistados pela Portugal em Destaque, onde falaram sobre a criação dos dois conceitos, o desenvolvimento do negócio, os desafios atuais e os planos futuros da sociedade.

FRANCISCO E JOÃO GASPAR

O primeiro passo e o primeiro conceito, em 2000 “O ‘Tik-Tak’ surgiu a pensar muito no ambiente: luzes coloridas, música selecionada e mais alta do que é habitual num restaurante e com DJ presente. A cozinha promovia uma mistura de sabores tradicionais e internacionais. Por acaso, até começámos com um chefe inglês e a partir daí fomos evoluindo. Aliás, parte do staff era internacional. O ‘Tik-Tak’ foi o primeiro restaurante da Ericeira a ter, na altura, três andares a funcionar. Também por aí rompemos com aquilo que era habitual na zona e, por isso, foi motivo de destaque, bem como, na aposta na música, na cor e na forma diferente de apresentar os pratos. O nome surge na procura de nome temático. No princípio, eram dois espaços, dois irmãos. À falta de outra opção, ficámos com o nome”.

Como surgiu a ideia “A sociedade surge em 2000, a partir de uma experiência anterior de um ano na restauração. Nessa altura, achámos que a Ericeira precisava de um conceito diferente do restaurante tradicional. E assim surge o ‘Tik-Tak’. A aposta em pratos de carne surge pela experiência anterior do nosso pai, que foi dono de um talho, e pela abundância de restaurantes de peixe na Ericeira”.

A concorrência do ‘Tik-Tak’ e o aumento da procura na Ericeira “Esta zona tinha pouco movimento quando abrimos o ‘Tik-Tak’. Agora não é bem assim, por isso continuamos a apostar em conceitos diferentes. A conjuntura obriga-nos a

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isso. A ir ao detalhe, a trabalhar com qualidade, a procurar receitas diferentes, com ingredientes diferentes. É um desafio diário. O aumento global da oferta acabou por atrair mais procura, o que nos favoreceu. Quando chegámos, esta era uma rua triste e com pouco movimento. Hoje, com a chegada de muita restauração e muito espaço para esplanadas, este é o coração da Ericeira. Quantos mais restaurantes, melhor esta zona trabalha. As pessoas chegam, param o carro e têm tudo à volta: pizza, sushi, peixe, marisco, carnes, bares, esplanadas.” O sucesso do modelo do negócio “A aposta na inovação trouxe grande sucesso. Na altura em que abrimos o ‘Tik-Tak’, não havia grandes alternativas para quem queria comer carne. E começamos por aí, por inovar. Por exemplo, o ‘magret de pato’, que não havia em Portugal, tínhamos de importar. Temos caminhado bem. No ‘Tik-Tak’ apostamos hoje numa ementa variada, de carne e peixe, que é sempre de acordo com a oferta do dia na lota de Peniche. Se não há peixe na lota, não sai na ementa”. O crescimento, até nos conceitos, em 2005 “Em 2005, surgiu uma oportunidade de abrir novo restaurante, o ‘Tik Tapas’. Procurámos criar novo conceito, neste caso das tapas, que, na altura, estava apenas a começar. Neste caso, mais do que um aperitivo, servimos uma redução da quantidade de pratos principais para degustação. O próprio conceito de ‘vinho em copo’, onde insistimos bastante, também não era habitual. Hoje cerca de 90 por cento dos nossos clientes consomem vinho dessa forma. No nome, também original, tentámos manter uma associação à primeira casa”.

A concorrência do ‘Tik Tapas’ e o aumento da procura na Ericeira Algo semelhante também acontece com o ‘Tik Tapas’. “Vimos dois polos a crescer. O ‘Tik Tapas’ abriu numa zona sem restauração. Nada se passava… Hoje a zona cresceu, e tem bares e restaurantes. É verdade que foi sempre um risco, mas sentimos confiança que, se abríssemos um espaço nosso, as pessoas apareciam. Sentíamos que podíamos chamar as pessoas. E a publicidade foi sempre ‘boca-a-boca”. O perfil do cliente “A Ericeira ainda é uma terra de ‘fim de semana’ e de turismo para o português, dependente sempre do bom tempo, mas a história mostra um caminho de uniformização. O mês de janeiro de 2017 foi o melhor da nossa história. Para isso, contribuiu o sol que se fez sentir durante grande parte do mês. Além disso, nota-se uma maior confiança dos portugueses. Por outro lado, os habitantes da Ericeira procuram muito mais o jantar mais tarde, por isso apostámos numa cozinha aberta até pelo menos às 23h00 no ‘Tik-Tak’, e até à 01h00 no ‘Tik Tapas’. Só abrimos ao almoço durante o fim de semana”. A dupla de irmãos “Qualquer discussão é resolvida na hora. Temos personalidades muito diferentes, mas elas acabam por se complementar. Quando éramos donos apenas do ‘Tik-Tak’, cada um seria uma sala e comunicávamos com walkie-talkies. Agora com dois restaurantes, embora exista uma separação física, mantemos a sociedade. O dia a dia é gerido por cada um, mas as grandes decisões são tomadas a dois”.

tar pessoal. A Ericeira deveria ter alguma escola hoteleira, que atraísse os jovens para esta zona, que é turística. Por isso mesmo, alugar uma casa ao ano aqui no centro é muito difícil e muito cara. Isso condiciona, por exemplo, a contratação de um chef. Todos os empresários sentem essa limitação aqui na Ericeira. Como não vivem cá, não consomem cá, sobrecarregam os parques, com custos acrescidos, e isso afeta a sustentabilidade do setor. Falta esta visão de pensar o turismo no seu todo, com todas as partes envolventes”. O futuro da Ekatik “Estamos sempre a reinvestir, e também por isso somos PME Líder. O que lucramos normalmente é investido no prédio para expandir o negócio. O nosso pai adquiriu o prédio do ‘Tik-tak’ e queremos criar alojamento local no piso superior, pois é um mercado em crescimento. Ao mesmo tempo, também estamos a ponderar criar um espaço que permita, de certa forma, albergar os colaboradores a um custo menor do que a Ericeira exige, facilitando a contratação”.

Tik Tapas Ericeira Rua do Ericeira, nº15 Ericeira-Mafra Tlf. 261 869 235 Tik Tak Ericeira Rua 5 de Outubro nº7 Ericeira-Mafra Tlf. 261 863 246

As limitações da Ericeira “Existe uma enorme dificuldade em contraPORTUGAL EM DESTAQUE | 15


ONDE O MARISCO E A QUALIDADE SE ENCONTRAM Sediados em Ribamar, em Mafra, a Estrela do Mar é um restaurante dedicado à organização dos mais diversos eventos festivos como casamentos e baptizados, ocupando-se de todos os pormenores que estejam relacionados com o serviço solicitado, tornando-o único, como o cliente o idealizou. Em entrevista à Portugal em Destaque, Mónica Milharado e Bruno Carvalho, proprietários da empresa, juntamente com Maria Guilhermina Milharado e Carlos Pedro Milharado , dão-nos a conhecer a vasta oferta de serviços que disponibilizam e as estratégias que têm vindo a utilizar para vingar no mercado.

RESTAURANTE ESTRELA DO MAR

O casal começa por contar que o projeto surge depois de se terem conhecido enquanto estudavam em conjunto. Mais tarde, resolvem partir para uma nova etapa e abrir um espaço que pertenceu, em tempos, ao pai da entrevistada, o restaurante Estrela do Mar. “Passei parte da minha infância neste restaurante, e, uma vez que a minha formação está ligada a esta área, fazia todo o sentido dar continuidade ao trabalho que o meu pai iniciou”. Atualmente, a Sopa Rica do Mar, o peixe fresco, os croitons de pão, as cataplanas, o arroz de marisco, a mariscada quente e a açorda de ouriços, bem como alguns pratos de carne fazem as delícias de quem por lá passa, sendo notória, a enorme variedade de pratos disponíveis e, apesar de estar aberto durante todo o ano, é no verão que ganha uma nova dinâmica. “Temos mais clientes na altura do verão, nota-se uma grande diferença em termos de afluência de pessoas. No inverno fechamos dois dias para folga e nos outros dias há sempre coisas para fazer, nós somos polivalentes”, confessam. Quando questionados sobre o público que frequenta o espaço e os seus serviços, Mónica Milharado é perentória em afirmar: “O nosso público não é jovem, talvez de média idade, maioritariamente vindos de Lisboa. O marisco não é propriamente uma coisa 16 | PORTUGAL EM DESTAQUE

muito barata. Quem cá vem sabe que vem pela qualidade e tem de estar disposto a pagar o correspondente”, explicam, admitindo que a concorrência dentro desta área e nesta região é saudável. “Já temos os nossos clientes fidelizados e por isso não temos que temer a concorrência. O importante é garantir qualidade nos serviços que prestamos”. Com o intuito de garantir uma oferta de serviços capaz de satisfazer as necessidades e expectativas dos seus clientes, o restaurante disponibiliza ainda serviços de catering, mantendo parcerias com algumas quintas, tais como a Tapada de Mafra, Quinta dos Leitões e Tapada de Ajuda, de forma a prestar um serviço mais completo em qualquer tipo de evento. “Todos os detalhes merecem a nossa atenção, elaboramos um leque de ementas de sabores requintados e dispomos de equipas especializadas e de equipamentos adequados a todo o tipo de eventos”, acrescenta Bruno Carvalho, admitindo que o balanço não poderia ser mais positivo. “Temos de olhar para a frente, se voltasse atrás acho que faria tudo igual. Se alguma coisa está mal temos que modificar, não adianta olhar para trás. Fomos distinguidos este ano, pela primeira vez, com o estatuto de PME Líder, mas o o nosso maior prémio é o cliente vir todos os dias e mostrar-se satisfeito”. Futuramente, os empresários anseiam continuar o bom trabalho que têm vindo a desenvolver até então, tanto neste restaurante como num outro que atualmente exploram, o restaurante Adega do Convento, não descartando a possibilidade de ingressarem por outras áreas, ponderando sempre a sua viabilidade.


A PENSAR NOS UTENTES No concelho de Mafra, em plena Estrada Nacional 116, no Sobreiro, encontramos a Farmácia Costa Maximiano, um estabelecimento que é PME Líder desde 2013. A Farmácia tem dupla Certificação em Boas Práticas de Farmácia e Sistema de Gestão da Qualidade desde 2001. À conversa com o gerente, Miguel Maximiano, inteiramo-nos do percurso da sua farmácia e do estado do setor a nível nacional.

FARMÁCIA COSTA MAXIMIANO

te o público nem sempre opta pela opção mais económica, (medicamentos genéricos) apesar de o princípio ativo ser o mesmo do medicamento de marca. Novas tecnologias aplicadas à saúde As inovações tecnológicas já chegaram à área da saúde: receitas electrónicas, que podem ser enviadas através de SMS ou suporte papel. Quisémos saber a opinião de Miguel Maximiano sobre estas novidades, a qual é favorável, já que permite aos utentes “aceder a várias farmácias para levantar uma receita, quando uma não tem pode ir a outra”. Também para os farmacêuticos há vantagens: “A receita vai via eletrónica para o Centro de Conferência de Receituário, o que representa muito menos gasto de tempo e papel no fim do mês”. O gerente apenas acautela em relação à população mais idosa, a qual nem sempre compreende os sistemas novos. Dispensadores conscientes de medicamentos Como explicar a um utente que não tem receita médica, que a farmácia não pode vender a medicação pretendida? “É sempre difícil”, desabafa Miguel Maximiano, “porque o público acredita que se eles estão para comprar nós estamos para vender. A ética não nos permite sermos dispensadores automáticos de medicamentos. Somos, sim, dispensadores conscientes de medicamentos”. O nosso entrevistado considera que é importante esclarecer os utentes de que quando os farmacêuticos dizem “não” estão a pensar no bem da pessoa em primeiro lugar. A Farmácia Costa Maximiano procura distinguir-se pelo serviço prestado, “embora nunca se possa agradar a toda a gente e lidar com o público é sempre complicado”, termina. Em Outubro de 2016, assinou o Compromisso Pagamento Pontual a fornecedores, passando a ser parte ativa deste movimento de responsabilidade social na promoção de uma cultura de pagamento pontual e da competitividade da economia portuguesa.

Fundada num espaço mais pequeno do que o atual, corria o ano de 1984, a Farmácia Costa Maximiano acolheu algumas transformações ao longo dos anos, a mais recente em 2011. “Na altura não foi equacionada a crise”, revela Miguel Maximiano, “fizémos um investimento de grande valor, com a compra de um robô, aumento do espaço e criação de gabinetes. Desde então que temos conseguido manter a nossa estrutura financeira e fazer uma gestão equilibrada”. Hoje, o estabelecimento alberga 12 colaboradores. Está aberto no horário habitual e fazem turnos de cinco em cinco dias, com as outras farmácias do concelho, nos quais permanecem abertos 24 horas. Esta é uma forma de garantir aos mafrenses os medicamentos que estes possam necessitar. Para além do acesso ao medicamento, o utente tem à sua disposição, serviços como podologia, nutrição, cosmética, determinação de parâmetros bioquímicos e fisiológicos, tais como tensão arterial, peso , colesterol , glicémia, triglicéridos, ácido úrico, hemoglobina, etc. e aconselhamento farmacêutico, entre outros. Crise no setor “O setor não passa pelos seus melhores dias” admite o gerente. A crise também se sente na saúde: “Sobretudo devido ao abaixamento de preços, que foi muito notório”. O nosso entrevistado faz denotar que, a nível geral, as farmácias lutam no dia a dia com alguma dificuldade. Já a nível particular expõe que “quem não dá um passo maior do que a perna consegue usufruir de estabilidade financeira”. Talvez de forma surpreendenPORTUGAL EM DESTAQUE | 17


LOUSÃ Localizado no setor central de Portugal, o Município da Lousã traz consigo imagens de grande riqueza natural. Entre paisagens de serra e um variado património histórico, esta região torna-se numa atração turística por natureza. Com uma área de 138,4 km2, o território municipal subdivide-se nas freguesias de Foz de Arouce e Casal de Ermio, União das Freguesias da Lousã e Vilarinho, Serpins e Gândaras. Quanto às bases físicas do território, que são naturalmente de montanha, demonstram a influência que esta tem e sempre teve na própria ocupação humana nesta zona ao longo dos tempos. Quanto ao crescimento, é nas relações funcionais com diversos municípios e em especial de Coimbra, que se compreende a evolução demográfica e económica recente deste território. Quanto às atividades económicas, são as de setor secundário e terciário as que mais se destacam, dando-se uma contínua diminuição de importância das atividades agrícolas. No setor secundário existe ali um riquíssimo enlace entre a tradição e a modernidade: por um lado estão os trabalhos em xisto e em madeira, a fabricação de cestos, a costura, a cerâmica, e a transformação de papel. Por outro, estão os vinhos, os licores, os doces, o azeite e as plantas. Serviços e comércio representam também uma força da região. O turismo é ainda outra fonte de negócio e de desenvolvimento do município. As visitas são imensas, bem como as ofertas que a zona proporciona: do Castelo da Lousã às praias fluviais, passando pelas encantadoras Aldeias de Xisto, tais como Casal Novo, Chiqueiro ou Talasnal. Mas há muito além de toda esta beleza. Convidamo-lo então a acompanhar-nos nesta visita ao município, através de paisagens, histórias e empresas que em seguida lhe apresentamos.

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UM CONCELHO PARA DESFRUTAR Em entrevista à Portugal em Destaque, Luís Antunes deixa uma apresentação do município da Lousã. Eis um território com argumentos turísticos, gastronómicos e empresariais de sobra para ver, conhecer e reconhecer.

MUNICÍPIO DA LOUSÃ

LUÍS ANTUNES 20 | PORTUGAL EM DESTAQUE

Inserido no distrito de Coimbra e estendendo-se por uma área de 138 km2, a Lousã corresponde a um município onde é possível “desfrutar de uma série muito gratificante de experiências”. Desde logo, e tal como salienta o presidente da Câmara Municipal, Luís Antunes, existe um amplo “património natural” proporcionado pela incomparável Serra da Lousã que, por seu turno, é complementado pelas cinco aldeias do xisto aqui situadas. É, efetivamente, neste prodígio natural que o repouso, a qualidade de vida e os desportos de natureza são elevados a uma experiência verdadeiramente diferenciadora que, cada vez mais, merece o reconhecimento de novos adeptos. Importa salientar, todavia, que não faltam motivos “um pouco por todo o concelho e pelas quatro freguesias” que justifiquem uma interessada visita pela Lousã. A título de exemplo, o autarca destaca “os edifícios classificados da zona histórica, os espaços museológicos, o castelo de Arouce, as piscinas naturais e o complexo religioso da Senhora da Piedade”. Já a pensar na estação mais quente do ano, existem as belas praias fluviais. Todos estes são argumentos que, quando somados, ajudam a explicar o porquê de o município ser “cada vez mais procurado em termos turísticos”. Relativamente a este aspeto, o executivo camarário é claro: “Queremos continuar a afirmar a Lousã como destino de turismo de qualidade e excelência, consolidando e diversificando a nossa oferta”. Esta, por sua vez, não ficaria completa sem uma referência à gastronomia típica do concelho, na qual o cabrito e a chanfana convivem com iguarias tão deliciosas como o mel DOP Serra da Lousã, o vinho Quinta de Foz de Arouce, ou o famoso Licor


Beirão aqui produzidos. “Temos desenvolvido festivais gastronómicos e incentivado o aparecimento de produtos endógenos de qualidade”, considera Luís Antunes. Uma força empresarial Descrito como um município marcado por uma forte dinâmica socioeconómica, a Lousã pode orgulhar-se da “capacidade que os seus empresários têm demonstrado”. O presidente da Câmara Municipal mostra-se confiante, efetivamente, “pela resiliência e pela capacidade empreendedora dos lousanenses” que, “mesmo em contraciclo, conseguiram aumentar os seus negócios e componente de exportação”, enaltecendo o concelho. Pontuado por uma heterogeneidade de indústrias – que vão do setor elétrico à transformação de papel, sem esquecer os ramos agroalimentar e de bebidas – o tecido empresarial da Lousã tem merecido uma particular dose de atenção e apoio por parte do atual executivo. “Na área industrial, temos feito um acompanhamento muito próximo das atividades desenvolvidas”, assegura Luís Antunes. “Criámos medidas de incentivo ao investimento e, no que diz respeito à área industrial, concretizámos a ampliação – com toda a infraestruturação inerente – da zona industrial do Alto do Padrão, permitindo assim melhores condições, quer para a ampliação de negócios existentes, quer para futuros negócios que aqui se possam instalar”, especifica o nosso interlocutor. Estes correspondem, de resto, aos esforços de um executivo que tem também privilegiado o apoio aos serviços e ao comércio. As pessoas como prioridade “A prioridade absoluta têm sido as pessoas”, afirma o nosso entrevistado quando questionado sobre as linhas-mestras que melhor têm definido o seu mandato. “Essa prioridade tem um reflexo transversal em toda a atividade da Câmara Municipal”, prossegue. A comprovar esse mesmo aspeto, Luís Antunes destaca o conjunto de ações e projetos que levaram a Lousã a ser premiada em 2016 – pelo quinto ano consecutivo – como a Autarquia Mais Familiarmente Responsável. “Desde a área da edução aos apoios sociais, passando pelo desporto, temos um conjunto de apoios financeiros, logísticos e de outras naturezas que nos levam a ser premiados pelas nossas boas práticas”, contextualiza. As intenções futuras passam, de resto, pelo aprofundar desta mesma estratégia, estando a ser ponderadas “novas medidas de apoio às famílias no sentido de se contribuir, de forma mais substantiva, para a coesão social”, na tentativa de ver também

as populações mais jovens a fixarem-se no concelho. Observando, em retrospetiva, “um mandato muito desafiante e marcado por bastante imprevisibilidade”, Luís Antunes descreve como “muito relevante” o trabalho levado a cabo pela sua equipa, em nome da Lousã. “Achamos que a obra material e imaterial que desenvolvemos tem significado”, acrescenta o presidente, antes de salientar que o município recebeu, no ano passado, o prémio ECOXXI, associado às boas práticas de desenvolvimento sustentável. Estes correspondem a méritos que “conferem orgulho e reconhecem o esforço e trabalho desenvolvido por diversos agentes do concelho”. Pensar o futuro Não escondendo que há uma série de desafios a enfrentar, o futuro é assumido com determinação e otimismo. Assim sendo, na lista de prioridades elenca-se o imperativo da acessibilidade. Nesse âmbito, o autarca aponta a necessidade de se reivindicar uma solução de transporte coletivo no ramal da Lousã, aspeto que “reforçará a atratividade” do território. Igualmente agendado para o futuro encontra-se um ambicioso processo de reabilitação urbana que se assumirá não apenas numa dimensão pública, mas também privada. Em causa estarão, deste modo, a requalificação de espaços e equipamentos públicos, à medida que a Câmara Municipal desenvolverá uma série de benefícios e incentivos na tentativa de estimular também a recuperação do edificado privado. Outra grande ambição do executivo passará pelo lançamento, já este ano, de um concurso público, tendo em vista a preservação e a acessibilidade do cas-

telo da Lousã, potenciando ainda mais a oferta turística da região. Serão também iniciadas as obras de modernização do cine-teatro municipal, reforçando-se assim a riqueza cultural de um concelho que, de forma contínua e assertiva, continuará a pautar-se pela diferença.


TIPICAMENTE HISTÓRICAS Assim podemos caracterizar as duas localidades que compõem a União de Freguesias de Foz de Arouce e Casal de Ermio. Presididas por José Padrão (doze anos à frente da Freguesia de Foz de Arouce e três à frente da agora União de Freguesias), residem nestes lugares factos da história de Portugal bem como uma beleza ímpar que merece ser conhecida, divulgada e visitada. Com este intuito, esteve a Portugal em Destaque à conversa com o autarca que partilhou os projetos já realizados e os que estão por realizar na sua freguesia. UNIÃO DE FREGUESIAS DE AROUCE E CASAL DE ERMIO das grandes batalha entre as forças anglo-lusas e os exércitos de Napoleão. Segundo o nosso entrevistado, esse parque vai ter autocaravanas, campo de jogos, mesas e bancos, um bar, um percurso pedonal e uma piscina. Relativamente ao percurso pedonal, pretende-se que este ligue as duas freguesias que compõem esta União, ou seja, um percurso que ligue Foz de Arouce a Casal de Ermio. Em Casal de Ermio também têm sido muitas as intervenções feitas pela Junta de Freguesia. “Temos feito vários investimentos na praia fluvial localizada em Casal de Ermio porque fizemos lá uma ponte pedonal, prolongamos o bar e fizemos melhoramentos vários para que a bandeira azul fosse garantida todos os anos”, garantiu. Pelo que a Portugal em Destaque pôde apurar, a qualidade da água da Praia Fluvial da Bogueira é inquestionável e o local possui uma beleza ímpar, onde o espaço é muito aprazível para umas férias em família.

JOSÉ PADRÃO Tudo começou quando em 1998 José Padrão aceitou presidir uma comissão de angariação de fundos para a reabilitação da igreja da freguesia de Foz de Arouce que havia sucumbido a um incêndio. Assim, a sua popularidade levou a que em 2005 fosse convidado pelo então presidente da Câmara Municipal para encabeçar uma lista nas eleições autárquicas, as quais venceu e onde se manteve até à atualidade. Ao longo dos seus mandatos muitos foram os projetos que realizou e muitas foram as necessidades às quais deu resposta. “Foi feita a reabilitação total do espaço envolvente da sede da Junta de Freguesia, fizemos uma grande intervenção na freguesia ao nível rodoviário pois agora somos uma freguesia com boas acessibilidades. Reabilitámos o cemitério, reconstruímos o açude, colocamos relvado sintético no campo de futebol e tornamos o recinto da Senhora da Pegada num espaço agradável para ser visitado. Pavimentámos ruas à beira rio com parque de merendas, prolongámos a luz pública a vários locais mais distantes e apoiamos, sempre, todas as coletividades da freguesia”, enumerou o presidente. Como projetos ainda a realizar, destaca-se um novo espaço de lazer que consistirá num parque junto à ponte onde se deu uma 22 | PORTUGAL EM DESTAQUE

A Batalha de Foz de Arouce Junto à ponte de Foz de Arouce é recriada, todos os anos, em março, a grande batalha mencionada acima: “A história é muito interessante porque o que consta é que o exército francês vinha de retirada quando dois generais se desentenderam provocando a divisão do grupo francês. Aqui, as nossas tropas já estavam entrincheiradas à espera deles quando, de repente, o exército francês, por engano, se ataca um ao outro. Conta-se que se mataram mais uns aos outros do que propriamente nós a eles”, contou-nos José Padrão. Este é um evento organizado pela Junta de Freguesia com o apoio da Câmara Municipal da Lousã e o resultado tem sido


muito positivo porque, segundo o presidente, este evento tem atraído muitas pessoas. Os produtos e os locais a visitar na União Com cerca de 24 quilómetros quadrados de área e 1.300 habitantes, nestas freguesias o número de nascimentos tem contrariado o envelhecimento da população presenciado nos últimos anos e, até os estrangeiros, reconhecem nestes locais, um bom lugar para viver: “Temos uma comunidade inglesa aqui a residir e também alguns holandeses”, confidenciou o nosso interlocutor. Em Foz de Arouce produz-se um dos melhores vinhos do mundo, um azeite fantástico – da Quinta de Foz de Arouce, um mel de excelente qualidade – produzido por uma das maiores empresas deste setor na região e, ainda, enchidos tradicionais. Foz de Arouce e Casal de Ermio possuem, também, a maior extensão de

viveiros de plantas para exportação do mundo. No que a festividades diz respeito, José Padrão admitiu que a sua freguesia participa, todos os anos, nas Festas de S. João de Lousã mas, a par disso, realiza-se em Foz de Arouce, no segundo fim-de-semana de setembro, a festa em honra da Nossa Senhora da Pegada e, em Casal de Ermio, a Festa de Santo António. Em final de conversa ficou o convite: “Aconselho a que as pessoas venham visitar-nos nas nossas festividades e no verão também porque temos uma boa gastronomia e muitos locais a visitar. Por aqui passam para ir para as aldeias serranas ou “aldeias de xisto” tão conhecidas na Lousã”, disse o presidente, concluindo com o balanço do seu trabalho ao longo dos últimos anos à frente destas freguesias: “O meu trabalho tem sido de total dedicação às freguesias, sei que dei o meu melhor dentro daquilo que podia”, finalizou.

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FREGUESIAS DA LOUSÃ PROMOVEM DIÁLOGO E CONHECIMENTO Lousã e Vilarinho formam uma União de Freguesias que congregam 74 por cento do concelho (17.000 habitantes) e cerca de 60 por cento do seu território. É, assim, uma União extensa, presidida por António Marçal, e com muitos projetos em desenvolvimento.

UNIÃO DE FREGUESIAS DE LOUSÃ E VILARINHO

Largo Alexandre Herculano, 20 3200 - 220 Lousã

telefone: 239 991 232 fax: 239 244 689

geral@jf-lousanevilarinho.pt www.jf-lousanevilarinho.pt

ANTÓNIO MARÇAL Processo de Agregação de Freguesias mal estruturado A conversa com o presidente da União de Freguesias de Lousã e Vilarinho começou pela recente reestruturação da divisão do território nacional. O autarca mostrou-se descontente com a medida, afirmando que esta não foi pensada tendo em conta a realidade territorial do nosso país: “Em termos de população, esta União é maior do que o município de Góis, de Vila Nova de Poiares ou de Miranda do Corvo e isso não tem sentido nenhum. Portanto, isto em termos de pensar o território a favor das pessoas exige que a reforma seja inteligente e não foi isso que foi feito”, afirmou perentório. Gestão Participativa e Território Educativo O executivo desta União de Freguesias 24 | PORTUGAL EM DESTAQUE

aposta num modelo de gestão participativa e, para isso, são postas em prática um conjunto de medidas que incentivam a participação dos cidadãos lousanenses naquela que é a gestão do seu próprio património. O ‘Conselho dos Lugares’ é um dos exemplos: “Nós chamamos as pessoas para, com regularidade, serem discutidas as necessidades dos vários lugares das freguesias”, explicou o presidente. A par disso existem, ainda, as ‘Conferências da Serra’, onde várias áreas são abordadas, desde a política ao poder local, passando pela justiça, o direito e o território, onde a ideia passa por fazer as pessoas pensar de uma forma estruturada aquilo que são as terras onde vivem, sensibilizando-as para aquilo que é o trabalho das juntas de freguesia e as suas responsabilidades.

Os ‘Jogos da Freguesia’ são outro dos exemplos e já vão na décima edição. Constituem um momento anual de preservação da memória dos jogos, atividades lúdicas e de socialização dos antepassados locais, através da recriação dos mesmos, ao ar livre, pelas crianças do primeiro ciclo e do ensino básico. Ensinar aos mais pequenos que as plantas são seres vivos, que precisam de cuidados, ainda mais quando se está rodeado de floresta, é uma medida educativa que pretende a consciencialização dos mais novos numa vertente de educação ecológica. E esta medida surge a propósito de a grande aposta do concelho da Lousã ter sido, nos últimos anos, a educação. Luta-se por ter um território educativo com uma sociedade de conhecimento que exige que desde o berço até ao falecimento haja transmissão de conhecimento e, por isso, António Marçal define o trabalho do seu executivo da seguinte forma: “A nossa forma de estar na política é uma forma de governança, é um conceito em que nós estamos aqui na autarquia, mas o que pretendemos fazer é dirigi-la em cooperação com todas as forças envolventes, criando uma rede de trabalho que julgamos fundamental. Aqui não há espaço para o combate partidário, só há espaço para o diálogo”, concluiu.


“É bom viver aqui” Este é o slogan da União de Freguesias da Lousã e de Vilarinho e muitas são as medidas para que este desígnio se materialize todos os anos. ‘Abrigar o Futuro’, por exemplo, é um projeto que consiste na recuperação e reabilitação de habitações degradadas de famílias carenciadas e que, neste momento, se encontra a avançar para outra fase num processo de aquisição de imóveis nas aldeias da União de Freguesias onde se pretende promover a fixação de pessoas através de arrendamentos sociais: “Mas não vão ser casas que vão ser entregues de ânimo leve, vai existir um contrato de arrendamento em que não é abordado apenas o valor da renda, mas sim um conjunto de parâmetros que pretendem promover a cidadania bem como a construção da dignidade da pessoa em causa”. O ‘Microninho’ é um projeto que também se

insere na vertente social porque a visão deste projeto é a criação de uma comunidade onde se entende que não basta ajudar o empreendedor mas sim, também, toda a família.

Largo Alexandre Herculano, 20 3200 - 220 Lousã

telefone: 239 991 232 fax: 239 244 689

Marca Serra da Lousã Terra de pequenas e médias empresas, durante muito tempo predominavam indústrias ligadas à floresta e aos têxteis. Hoje, por outro lado, destacam-se: o Licor Beirão, novas indústrias do papel e uma cooperativa, a Lousãmel. Produtos e indústrias de excelência que aguçam o apetite daqueles que têm incrementado o turismo na região e daqueles que têm cimentado e lutado por uma marca denominada de Serra da Lousã. A juntar aos produtos enumerados acima, encontram-se as festividades. Sobre este tema, o autarca da União de Freguesias

de Lousã e Vilarinho salientou as Festas em Honra de Nossa Senhora da Piedade por considerar que estas juntam o sagrado e o profano: “Quando a procissão traz a imagem da Santa desde a serra até à vila e depois o seu regresso são momentos que congregam muitos forasteiros. Esta festa é realizada, anualmente, em abril ou maio. De salientar, ainda, que, o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, juntamente com o restaurante O Burgo e o Castelo formam um triângulo muito importante a ser visitado na nossa União”, aclarou o presidente. O comboio na Lousã A retirada do comboio do concelho da Lousã não foi uma medida bem aceite pela população e constitui, ainda, um problema por resolver. Para o autarca desta União de Freguesias, o comboio não foi apenas um meio de transporte para a Lousã, mas sim um meio de mobilidade social pois funcionava como um meio de acesso à saúde, à cultura e ao ensino: “Esta é, sem dúvida, a maior necessidade dos lousanenses. Eu estou convencido de que nós teremos que ter um sistema de mobilidade que ligue Serpins a Coimbra, que seja ecológico, sustentável e que permita devolver às pessoas esta faculdade de mobilidade social”, finalizou esperançado.

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SERPINS APOIA PROJETO ‘METRO DO MONDEGO’ Situada nas margens do rio Ceira, a cerca de nove quilómetros da vila de Lousã, a freguesia de Serpins é um dos mais antigos aglomerados populacionais do concelho. Tem cerca de 2000 habitantes e é presidida por João Pereira, com quem estivemos à conversa por forma a conhecer esta localidade e os projetos que nela têm sido desenvolvidos.

JUNTA DE FREGUESIA DE SERPINS

JOÃO PEREIRA As razões que levaram João Pereira a candidatar-se por quatro vezes à Junta de Freguesia de Serpins (já completou 16 anos há frente da freguesia) foram enumeradas no início da conversa: “O que me fez candidatar foi algum espírito de aventura e de dedicação à causa pública. E, também, uma série de necessidades que eu me apercebia de que precisavam de respostas. Desde logo, umas novas instalações para os bombeiros, visto que as antigas se encontravam precárias e degradadas. Havia também alguma necessidade de implementar, no aspeto turístico, um desenvolvimento da praia fluvial, criando-se uma estrutura de lazer que não existia”. Uma recandidatura nas eleições que se irão realizar, ainda este ano, está a ser ponderada pelo autarca que, durante a entrevista, afirmou ainda não se ter decidido: “Ainda não decidi nada até porque também defendo que é necessário novas pessoas para trazerem novas ideias”, confidenciou. Um facto histórico, amargo e ainda não esquecido A realidade de Serpins é uma realidade diferente de todas as outras freguesias da Lousã. Isto porque Serpins já foi sede de concelho e, com a reforma de Paços Manuel, passou a ser uma freguesia integrada no concelho da Lousã. Existe, portanto, um sentimento de perda que, segundo o autarca de Serpins. “Torna complicado relações com a Lousã, por exemplo. E, a minha luta, tem 26 | PORTUGAL EM DESTAQUE

sido diluir um pouco esse sentimento negativo. Também é por este facto que aqui não celebramos o dia da freguesia, porque, na verdade, esse é um dia que simboliza uma diminuição. Para fazer face a essa lacuna, foi criado em 2016 o dia da freguesia, que se celebra a 28 de fevereiro, data em que D. Manuel I assinou o nosso foral, concedido em 1514 à nossa vila”, explicou João Pereira. A relação desta Junta de Freguesia com a Câmara Municipal assume-se boa mas reivindicativa e o nosso entrevistado explicou a razão. “Existe a ideia de que Serpins é uma freguesia rica, devido ao território que possui, no entanto, temos despesas enormes com o pessoal, onde o dinheiro é quase todo escoado. E, por vezes, esses factos não são vistos por quem de direito”, reiterou. Na verdade, o papel das juntas de freguesia é um papel muito importante para uma localidade e para a sua estabilidade mas pode ser, também, um papel ingrato: “As freguesias são a “cabeça do touro”, somos nós que damos a cara. Isto é um sacerdócio e uma convicção. Eu estou convencido que, da minha freguesia, muito raramente, vai alguém à Câmara, isto porque nós resolvemos quase tudo aqui”, disse convicto o presidente. A principal necessidade de Serpins consiste na construção de uma Estrutura Residencial para Idosos mas, para isso, é necessário investimento privado. “Estão algumas ideias em avaliação e estou convencido de que chegaremos a um consenso. Isto porque a Junta de Freguesia adquiriu um terreno e só necessitamos de um investidor que construa o equipamento”, disse. Visitar Serpins Como locais a visitar contam-se: a Praia Fluvial, o Parque de Campismo de Serpins, a Igreja Matriz e a paisagem que dali se observa, algumas capelas antigas e a Mata do Sobral, onde está a ser desenvolvido um projeto para criar um percurso pedestre que percorra a mata. Existe, ainda, o Açude do Boque e o Cabril, locais naturais com uma beleza única. As Festas em Honra de Nossa Senhora do Socorro, realizadas em agosto, e a Feira e Festa de S. Brás, realizadas no primeiro domingo de fevereiro são os principais eventos da freguesia e


constituem momentos de atração muito importantes para a localidade. O metro do Mondego Segundo João Pereira, o desenvolvimento do projeto ‘Metro do Mondego’ a ser concretizado alteraria o panorama nesta região, isto porque “para se fazer essa estrutura ferroviária, denominada ‘Ramal da Lousã’ entre Serpins e Coimbra, foi precisa muita coragem dos então governantes e, por isso, torna-se agora necessário que os atuais governantes tenham não só a mesma cora-

gem como a vontade política para terminar o que foi iniciado há cerca de sete anos. E não se pode pensar só na rentabilidade do projeto, nós acreditamos que um transporte público não pode, em lugar nenhum do mundo, ansiar o lucro, porque se tiver, alguma coisa está errada. O desenvolvimento que uma estrutura destas implica não é mensurável e, portanto, não pode ser medida só em termos de rentabilidade direta”, elucidou-nos. Ainda sobre este polémico assunto, João Pereira acrescentou: “Nós devemos lutar pelo que acreditamos e se nos disserem que

o que queremos não é possível é preciso darem-nos uma alternativa viável. Acredito que a obra vai ser terminada porque é de uma insensatez enorme não se aproveitar o que está feito”, concluiu o nosso entrevistado. Em final de conversa, ficou o convite: “Se vierem uma vez, estou convencido de que quererão voltar ou até por cá ficar, porque já temos cá pessoas de diversas nacionalidades”, finalizou.

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SOLUÇÕES ELÉTRICAS DE EXCELÊNCIA E QUALIDADE Fundada há 39 anos, a EFAPEL é uma empresa de referência a nível nacional e internacional. Com uma equipa de 340 colaboradores distribuídos por unidades industriais modernas, a empresa é uma das maiores empregadoras do concelho da Lousã. Em entrevista ao administrador, Américo Duarte revelamos o percurso da empresa e as expectativas da EFAPEL para o futuro. EFAPEL

Como e quando surgiu a EFAPEL? Em meados da década de 70, na sequência do 25 de Abril, a produção de aparelhagem elétrica caiu e a oferta não respondia às necessidades da procura. Perante este facto, um conjunto de oito pessoas, aproveitando uma conjuntura favorável, decidiu dar forma à ideia de produzir aparelhagem elétrica. E assim, em 12 de dezembro de 1978, nasceu a EFAPEL. E, uma vez no mercado, rapidamente se percebeu que a qualidade, preço e serviço constituíam os fatores de sucesso. Foi portanto decisivo optar por conceber e fabricar produtos de qualidade que correspondam às necessidades e expectativas do mercado, servir o nosso cliente do modo mais rápido e eficaz, oferecendo uma boa qualidade a preços competitivos. Entretanto fomos alargando a gama de 28 | PORTUGAL EM DESTAQUE

produtos, a produção, e fomos também otimizando o sistema de gestão e o desempenho, com a ambição não só de ser uma boa empresa, mas também de ser a melhor empresa do setor. Fabricar soluções elétricas requer uma equipa extremamente bem formada. É fácil arranjar mão de obra qualificada? O sucesso da EFAPEL só é possível com a competência, dedicação e trabalho em equipa dos nossos colaboradores. Consideramos que o ativo mais valioso da EFAPEL são as pessoas. A EFAPEL tem apostado na contratação de jovens, tendo sobretudo, nos últimos anos, efetuado recrutamento de recém-licenciados, bem como promovido estágios profissionais. Porém, não podemos deixar também de referir a nossa aposta na experiência e na maturidade dos nossos quadros, bem como, no recrutamento de candidatos com experiências profissionais consolidadas. Consideramos que o recrutamento deve ser efetuado em ambas as vertentes, visto que desta forma obtemos equipas polivalentes, multidisciplinares e, muitas vezes, com pontos de vista diferentes, o que naturalmente conduz a uma maior eficácia e eficiência na abordagem das diferentes situações. Em termos de retenção de talentos, a EFAPEL cuida da qualificação contínua dos seus colaboradores, promovendo o acesso à aquisição de novos conhecimentos e competências. O que distingue a EFAPEL das demais empresas do setor? Tal como referi anteriormente, a estratégia da EFAPEL é muito simples: produtos de qualidade, um serviço eficaz e eficiente e uma boa relação qualidade/preço. Para além disso, diferenciamo-nos no mercado pela nossa ética comercial (transparência e seriedade) e por nos relacionarmos com os nossos clientes como parceiros de negócio. Tal conduziu-nos a uma posição de notoriedade no mercado elétrico. Atualmente disputamos em pé de igualdade o mercado com as principais empresas multinacionais do setor. Com 340 profissionais a laborar na em-

presa, a EFAPEL assume-se como sendo muito importante para o concelho da Lousã. Sente essa responsabilidade? Como avalia a importância da empresa para a comunidade lousanense? A EFAPEL é uma empresa de referência no concelho da Lousã e assumimos de forma empenhada a nossa responsabilidade social perante a comunidade da nossa região. A EFAPEL é uma empresa sólida económica e financeiramente. A cultura da organização (de rigor e redução de custos) e a estratégia definida conferem confiança e segurança aos nossos colaboradores relativamente ao futuro. Também apoiamos anualmente eventos e projetos locais de âmbito cultural e desportivo, tentando de algum modo retribuir o esforço e a dedicação dos nossos colaboradores. Qual o peso da exportação na faturação da empresa? Existem novos mercados em vista? As vendas da exportação representam um terço da faturação da EFAPEL. Em 2016, o mercado externo cresceu 12 por cento. Este crescimento deve-se essencialmente ao bom desempenho em mercados europeus como França, Alemanha, República Checa, Áustria, Polónia e Espanha e ainda em alguns mercados do Médio Oriente (Irão e Arábia Saudita). Nos últimos cinco anos, a EFAPEL investiu na internacionalização, em média, cerca de 12 por cento


das vendas do mercado externo. Tendo em mente a conjuntura do setor da construção civil em Portugal, sabemos que se pretendemos continuar a crescer, temos de exportar. Para a EFAPEL, esta realidade foi sempre clara. A estratégia de internacionalização da EFAPEL passa pela procura de parceiros certos de negócios (preferencialmente grossistas de material elétrico), que tenham conhecimento do mercado, uma boa reputação, uma rede de distribuição abrangente e uma boa carteira de clientes “internos”, resumidamente, que tenham experiência e implantação no mercado. Quais os principais constrangimentos/dificuldades com que se deparam no exercício da vossa atividade? A disciplina e o rigor na gestão da organização e a redução de custos e desperdícios permitem-nos atravessar a crise do setor da construção civil sem grandes sobressaltos. Na EFAPEL, encaramos os desafios como oportunidades. Em termos de produto, é necessário respeitar os requisitos e as normas de qualidade instituídos em cada país, o que a EFAPEL faz e pretende continuar a fazer. Todos os produtos são concebidos, fabricados e testados em estreita conformidade com todas as normas que lhe são

aplicáveis, respondendo aos requisitos de cada país aos quais se destinem (ex: Certif -Portugal, NF-USE (França), VDE (Alemanha), KEMA KEUR (Holanda), GOST (Rússia), CEBEC (Bélgica), entre outros). Em termos comerciais, tal como referi anteriormente, é muito importante encontrar os parceiros certos de negócios. Naturalmente que o sucesso no mercado leva o seu tempo e os parceiros comerciais assumem um papel importante, devido aos fatores já referidos. É necessário disponibilizar o produto na cadeia de distribuição e só depois se pode criar a necessidade junto dos público-alvo. É necessário algum tempo e trabalho de promoção para se poder colocar uma marca na mente dos consumidores / público-alvo. Encontra-se em construção um novo pavilhão. Qual será a sua finalidade? Quando estará a obra concluída? Irão recorrer ao recrutamento de mais pessoal? O novo edifício tem como objetivo centralizar as áreas administrativas e aumentar as áreas de armazenamento e logística. Tal irá possibilitar a ampliação de determinadas áreas nos edifícios atuais, nomeadamente IDI (Investigação, Desenvolvimento e Inovação de Produto), Qualidade e Produção.

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Está prevista a finalização das obras no final de 2017 e, tendo em conta o crescimento sustentado da EFAPEL e os investimentos em curso, irá ser necessário o reforço da equipa. Por onde passa o futuro da EFAPEL? Para os próximos anos, vamos manter a nossa estratégia e “fazer mais do mesmo”. O futuro da EFAPEL irá passar por uma aposta decisiva na internacionalização, consolidando a nossa presença em mercados estratégicos para onde já exportamos, efetuando um apoio eficiente e personalizado aos clientes e procurando novos parceiros de negócios. Para além da diversidade de produtos existentes, estão previstos lançamentos de novas gamas de produtos que irão ajudar certamente à manutenção do crescimento sustentado da EFAPEL. Vamos apostar no crescimento da marca em Portugal e na expansão do mercado externo.

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O UTENTE EM PRIMEIRO LUGAR De portas abertas desde 1996, a Fisiolousã é um centro de reabilitação física que nasceu da vontade de “desenvolver uma mais-valia para a Lousã”, numa filosofia que – segundo as palavras da gerente, Lurdes Oliveira – se mantém volvidos 20 anos.

FISIOLOUSÃ

LURDES OLIVEIRA

EQUIPA

Proporcionando um leque de serviços particularmente amplo, que vai da fisioterapia e da fisiatria à ortopedia – sem esquecer especialidades como a psicologia, a terapia da fala, a otorrinolaringologia ou a medicina geral – a Fisiolousã desenvolve “um trabalho que é direcionado para o utente”, partindo sempre à procura “das suas necessidades”. O aliar de diferentes conhecimentos e especialidades corresponde, de resto, a um dos elementos que melhor diferencia o profissionalismo aqui exercido a cada dia. Efetivamente, “os fisioterapeutas são credenciados, mas vão adquirindo várias formações ao longo do tempo”, constata Lurdes Oliveira, até porque “a pessoa é um todo” e, por vezes, “para além da fisioterapia, precisa de uma palavra, daí a iniciativa dos próprios utentes, em conjunto com a equipa, realizarem jantares convívios e atividades”. Neste âmbito, a Fisiolousã terá sido das primeiras entidades a valorizar o papel do auxiliar de fisioterapia (Luísa Henriques), responsável por “conhecer o utente, recebê-lo, acarinhá-lo, deslocá-lo e falar com ele”, antes de ser efetuado o tratamento. Claro está que a prestação de um serviço tão cuidado e sensível apenas se torna possível com o auxílio de uma equipa de excelentes profissionais, cimentada ao longo dos anos. Nesse contexto, a nossa entrevistada partilha o seu apreço pelo trabalho realizado pela diretora clínica, Celeste Gonçalves, bem como pelo restante grupo de especialistas, constituído por António Neri (ortopedista), Francisco Alves (medicina geral e familiar), Tiago Domingues (fisioterapia), João Malho (fisioterapeuta) e Vera Correia (secretária clinica). Também a colaborar com a Fisiolousã está um conjunto de médicos que assume funções

nos hospitais da Universidade de Coimbra, reforçando-se, deste modo, a qualidade do atendimento e do serviço diferenciador e sensível que aqui se desenvolve. “A nossa filosofia sempre foi tratar as pessoas com a dignidade que elas merecem”, atesta Lurdes Oliveira. Não se coibindo de desenvolver parcerias com o maior leque de entidades quanto possível, a nossa entrevistada cita o Decreto-Lei 139/2013 para reivindicar uma necessidade, em nome dos utentes. “Acho que deve haver direito a uma segunda escolha – o que está explícito na Lei de Bases da Saúde –, mas ela não existe na Lousã”, denuncia. Posto isto – e lembrando que, no seu espaço, os utentes podem optar por qual profissional desejam ser atendidos – a porta-voz salienta a importância de as Administrações Regionais de Saúde emitirem convenções, em territórios com menos de 30 mil cidadãos eleitores residentes, de modo a garantir essa mesma liberdade de escolha à população. Seguindo este raciocínio, Lurdes Oliveira questiona o motivo pelo qual apenas a ARCIL – “uma instituição que eu respeito imenso” – usufrui do Serviço Nacional de Saúde na Lousã. Apontando, inclusivamente, para o problema das elevadas listas de espera que assim se proporcionam, a nossa entrevistada relembra que também nos concelhos limítrofes não existe um verdadeiro direito de opção. “Não entendo por que isto acontece”, finaliza a gerente, antes de sublinhar que continuará a lutar por um direito de livre escolha que se assume como de particular importância em qualquer contexto democrático.

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A ARTE DE CRIAR SORRISOS Em entrevista à Portugal em Destaque, Joana Duarte (diretora clínica) e Pedro Carvalho (administrativo) apresentam-nos a Louzan Smile, uma clínica onde a qualidade do tratamento, o profissionalismo da equipa, o visual inovador e o cuidado com os mais novos sorriem mais alto.

LOUZAN SMILE

Fundada em 2009, a Louzan Smile é um espaço de medicina dentária que sempre procurou demarcar-se pela diferença. Essa mesma distinção começou, tal como lembram os nossos entrevistados, pela vontade de abrir “uma clínica de rés do chão”, que fosse particularmente “acessível” à população. Apostando também num visual particularmente atrativo, amigável e inovador, cedo a clínica conquistou o coração e o sorriso dos lousanenses. Não admira, por isso, que o projeto que começou com duas colaboradoras reúne – volvidos quase oito anos – “um grupo jovem e dinâmico” de nove médicos dentistas, seis assistentes, um administrativo, um pediatra, uma terapeuta da fala e uma terapeuta ocupacional. Claro está que, ao ritmo desta evolução e sucesso, também as instalações da Louzan Smile se ampliaram, estando hoje a clínica dotada de uma área de aproximadamente 240 metros quadrados,um gabinete médico e quatro gabinetes dentários em funcionamento (estando planeada para breve a abertura de

importância de haver um horário de funcionamento bastante alargado (de segunda a sábado, das 9h às 22h), proporcionando, inclusivamente, serviços de urgência. Colocando a tónica num atendimento familiar ao paciente – e na importância de se compreender as suas sensibilidades – a clínica tem uma série de protocolos estabelecidos com empresas e seguradoras, assumindo

EQUIPA mais um consultório). Acreditando no verdadeiro valor do trabalho em equipa, este é um espaço que não subestima a importância de ter um corpo clínico altamente heterogéneo e especializado. Posto isto, à sua espera, os utentes terão um amplo leque de serviços, que vão da dentisteria, ortodontia e implantologia à periodontologia, ou à odontopediatria, sem esquecer outras especialidades como, por exemplo, a reabilitação oclusal. Esta variedade de respostas é acompanhada pela constante aposta em novas tecnologias e equipamentos que garantem o serviço, especializado, moderno e humano. Sempre a pensar nas necessidades dos seus utentes, a Louzan Smile valoriza, também, a

uma excelente (e acessível) relação qualidade-preço. Já a pensar nos mais novos, a clínica apostou, há cerca de dois anos, num espaço inovador: A “Louzan Smile Kids”. Centrando-se num cenário bastante colorido e interativo, conta com um consultório especial, onde os serviços de odontopediatria são complementados por outras especialidades médicas. Constatando que “as crianças aderem facilmente aos tratamentos” e que “se sentem calmas e tranquilas”, a Louzan Smile promete continuar a marcar a diferença e investir em novas tecnologias e formações, fazendo – ao passar de cada dia – aquilo que melhor sabe: prevenir, cuidar e fazer sorrir miúdos e graúdos.

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“CAMINHAR NO SENTIDO DE FAZER MAIS E MELHOR” FARMÁCIA TORRES PADILHA

funções como técnicos de saúde, estando sempre disponíveis para frequentar formações e atualizações em horário laboral ou pós-laboral, com vista a uma contínua melhoria do desempenho no atendimento. Quero realçar o apoio desta excelente equipa, jovem e dinâmica, que tem sabido responder a novos desafios e sem a qual seria difícil caminhar no sentido de fazer “ mais e melhor “. Este é o nosso lema. Das equipas, depende o sucesso de uma empresa, considero esta uma pequena família.

EQUIPA Fale-nos um pouco sobre o seu percurso profissional até chegar à Farmácia Torres Padilha. Após a minha licenciatura, a única oportunidade que me surgiu no imediato foi a de lecionar no Ensino Secundário, onde permaneci durante cinco anos. Experiência de que muito gostei. Há quanto tempo existe esta farmácia? Como a descreve? Requeri e obtive um alvará, para instalar uma farmácia na freguesia de Serpins, deste concelho em 1989, onde exerci a profissão durante 20 anos. Por alteração da legislação, foi-me dada a possibilidade de fazer a transferência da localização para a Lousã, o que aconteceu em junho de 2009. Penso que esta farmácia, é um espaço convidativo, moderno, com boas instalações, tendo uma variada oferta de produtos em várias áreas de saúde e bem estar, dispondo de dois gabinetes de apoio ao utente. Preocupamo-nos com o aconselhamento, acompanhamento e vigilância dos produtos cedidos. Temos um espaço animal, com apoio de um veterinário, para esclarecer dúvidas que possam surgir, telefonicamente. Há uma boa relação com os médicos das Unidades de Saúde e outros profissionais, sempre que exista alguma dúvida relacionada com os doentes. Quantos funcionários fazem parte da farmácia? Como avalia a importância da formação nesta atividade? Fazem parte do quadro da empresa, quatro farmacêuticos, dois ajudantes técnicos e uma licenciada em Gestão de Empresas, que concluiu o ano passado o curso de Técnica Auxiliar. Todos estão conscientes, da importância e responsabilidade das sua

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Quais os serviços prestados por esta farmácia? Dispomos de vários serviços, como determinação da T.A. glicémia, colesterol, ácido úrico, INR, testes de gravidez, despiste de infeções urinárias, administração de vacinas, recolha de medicamentos fora de uso (Valiormed), troca de seringas e orientação da medicação semanal. Temos ainda sessões de Nutrição (dieta EasySlim), Podologia, Psicologia, reiki e cessação tabágica. Fazemos vendas online e entregas ao domicílio. Por vezes somos solicitados a fazer determinações analíticas em casa dos doentes. O que diferencia esta farmácia das demais do concelho? Temos dado o nosso contributo em escolas, por meio de palestras, feiras e workshops, promovendo um estilo de vida saúdavel, realizando rastreios de modo a detetar situações que devam ter acompanhamento médico. Apoiamos várias instituições de cariz social e humanitário e também alguns casos particulares. Deparamo-nos no nosso dia a dia com algumas situações dramáticas a que não podemos ficar alheios. O utente é um todo, que deve ser tratado com todo o respeito que merece. É nossa preocupação fazer um atendimento individual e personalizado, sempre. Por onde passa o futuro da Farmácia Torres Padilha? Espero que o futuro passe cada vez mais por um maior envolvimento com a população, no sentido de promover a saúde, prevenindo a doença, partilhando responsabilidades. Temos conhecimento que as Unidades de Saúde Familiares da Lousã, estão a desenvolver modelos de trabalho conjunto com as farmácias, através de rede informática, com base em projetos piloto em áreas como a obesidade, diabetes e consumo excessivo de medicamentos. Estamos ansiosos por abraçar e cooperar, no sentido de aumentar a eficiência, do nosso sistema de saúde, para maximizar cada vez mais as nossas competências como farmacêuticos, tendo como preocupação central e sempre o doente.


UM PAPEL PARA O MUNDO Sediada na Lousã, no distrito de Coimbra, a Louzanpel é uma empresa com 20 anos de atividade, dedicada ao setor de transformação de papel. Em entrevista à Revista Portugal em Destaque, António Ventura e Orlando Ferreira, fundadores desta empresa, falam-nos sobre o percurso da mesma até aos dias de hoje e sobre os projetos definidos, com o objetivo de alargar fronteiras.

LOUZANPEL

Ainda não tinha 18 anos quando, António Ventura começou a laborar numa empresa de transformação de papel, concretamente papel-higiénico, que estava sediada em frente à casa onde residia. Posteriormente começou a trabalhar numa fábrica de collants e foi nessa mesma empresa que conheceu Orlando Ferreira, Engenheiro Químico, que mais tarde viria a ser seu sócio. Fábrica essa que, anos mais tarde, acabaria por fechar imprevisivelmente e a vontade de criarem um negócio em conjunto, tomava assim novos contornos. “Trabalhei um ano na EPAPEL e o Orlando Ferreira no Ensino mas, sempre com o bichinho por esta área. Conversamos, acabamos por nos juntar e lançamos a empresa. Em outubro do ano passado, comemoramos 20 anos de atividade, sendo que na altura foi um projeto bastante empreendedor”, começa por nos explicar, António Ventura. De início, o principal objetivo passava por construir uma empresa diferente e, como os próprios admitem, conseguiram até determinada altura. “Ser diferente, na altura, passava por desenvolver guardanapos com impressão. Lançamo-nos com essa ideia: guardanapos com uma impressão standard, com mensagens personalizadas, como, por exemplo, de restaurantes, e a nossa empresa distinguia-se por isso. Conseguimos desenvolver projetos bastantes interessantes e importantes”, frisa. Após dois anos de atividade, a Louzanpel, era já a única fornecedora da EXPO 98, demonstrando assim o reconhecimento por parte das entidades, como uma empresa de qualidade e de garantia. “Foi um projeto relativamente difícil, nomeadamente, por causa da cor porque os guardanapos eram impressos com o símbolo da Unicer, da SuperBock e da Vitalis e neste tipo de papel não é fácil. Foram dias de muitos ensaios, mas conseguimos e no evento só eram utilizados guardanapos da nossa empresa. Para além dessa parceria, fomos também a única empresa na Península Ibérica com contrato para produzir guardanapos para a Walt Disney”, ressalva, satisfeito, Orlando Ferreira. Porém, como admitem, ao longo dos anos o mercado foi sofrendo alterações mas, a internacionalização é uma das principais apostas por parte da Louzanpel.

“O mercado mudou desde que começamos a laborar há 20 anos. O restaurante que gostava de ter guardanapos personalizados, hoje em dia já faz contas e já utilizam um tipo de guardanapo diferente, apesar da qualidade ser a mesma. Apesar disso, ainda se faz muita personalização nomeadamente para França, Espanha e inclusive no nosso país. Estamos a apostar muito na internacionalização e fora da Europa, atuamos em S. Tomé e Príncipe e Angola. Só exportamos produto de valor acrescentado essencialmente porque, sendo um produto de grande volume, o custo logístico é elevado. Produzimos cerca de 200 toneladas de papel por mês. Temos marca própria e fazemos marcas para outros clientes. Quando fazemos a personalização dos guardanapos usamos tintas devidamente certificadas para a indústria alimentar. Certificação ambiental e de qualidade, que acaba por ser uma mais-valia para quem trabalha connosco e para os nossos clientes”. Como projetos de futuro, os empresários pretendem brevemente alargar as suas instalações. “Pretendemos aumentar a nossa área em mais 600 metros quadrados, neste momento tem 1900 metros quadrados, ainda este ano pois em termos de armazenamento necessitamos urgentemente de mais espaço. Hoje, trabalhamos com empresas transportadoras, o que em termos de logística de armazenamento se torna complicado. Acreditamos que este setor, apesar de ser concorrencial, possui margem de progressão, nomeadamente no mercado nacional”, conclui Orlando Ferreira.


BONS MOMENTOS EM FAMÍLIA Sabendo de antemão o ofício que se encontra por detrás do setor da restauração, fomos desvendar a história da churrasqueira Tó dos Frangos. António Martins, acompanhado por Anabela Martins e Tânia Martins, mulher filha, respetivamente, fala-nos sobre um sonho de criança que teve a possibilidade de concretizar em vida adulta.

TÓ DOS FRANGOS

ANTÓNIO, TÂNIA E ANABELA MARTINS “No início não tinha meios financeiros para investir num negócio por conta própria, mas a ideia de abrir um espaço já vinha de há muito tempo atrás”, começa por recordar António Martins. Anos depois, ele e a sua mulher decidiram começar a trabalhar neste projeto, trazendo para a sua vida uma missão muito diferente daquela que até ali tinham tido. Hoje 15 anos volvidos desde a implantação, a família sabe que apesar dos riscos corridos, o espaço entrega diversão, confraternização e um espírito de equipa, que dificilmente deixa alguém indiferente. Procurado por clientes habituais, forasteiros, ou simples curiosos, intensificam-se relações numa experimentação de sabores que vai muito para além do frango de churrasco. Aqui podemos deliciar-nos com outros pratos tão portugueses como o bacalhau à lagareiro e a chanfana, ou receitas simples, mas repletas de sabor como a cataplana de marisco, ou ainda o surpreendente bife Terra e Mar. “Temos uma oferta muito diversa. E apesar dos bifinhos de veado terem muito procura só é preparado em momentos especiais, pois de outro modo não faria sentido”. Em matéria de sobremesas, a sugestão do pudim de Licor Beirão brinda com afeto as gerações de uma terra muito portuguesa. Nunca descaracterizando a cozinha tradicional, o Tó dos Frangos regista familiaridade e união, revitalizando todo o património gastronómico com todo o valor que ele alcança. Atualmente, dispõem de duas salas, que lhes permite acolher, de uma só vez,

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aproximadamente 80 pessoas. “Um cliente para nós é um amigo”, ressalvam. Com a valência do serviço take-away conseguem cativar outros públicos, dando a oportunidade de transportar experiências para outros lugares. No entanto, a singularidade não fica por aqui, pois todos os meses (habitualmente numa sexta-feira) o espaço convida a presenciar as nossas tradições: “temos jantares de fados, em que a ideia é as pessoas sentarem-se, apreciarem a comida e passarem uma noite relaxante”. Esse apelo às nossas raízes não deixa porém escapar elementos tão importantes como o dinamismo e a inovação. O Dia dos Namorados está aí à porta e agora a cozinha prepara-se para trabalhar uma ementa específica, que irá tornar o momento especial para todos os corações românticos e apaixonados. “Todos os anos aproveitamos essa oportunidade para lançar uma sobremesa nova”, sublinham. Existem assim degustações, que pertencendo muito ou pouco ao nosso paladar habitual, se vão concretizando em novas descobertas de intensos aromas. Futuro e ambição Os nossos entrevistados, assumindo os desafios da restauração, reconhecem que a motivação das pessoas é uma das virtudes fundamentais para se distinguirem e crescerem. Em 2015 receberam o prémio de PME líder e vêm aí um incentivo para estimularem a sua qualidade e dedicação. Com a colaboração dos seus dez colaboradores, a família Martins traz consigo elos cada vez mais fortes, ampliando assim o conceito de ‘família’ em outros níveis e dimensões. “A satisfação do cliente será sempre a nossa satisfação”, garante Anabela Martins.


DA NATUREZA PARA A SUA MESA! Este é o slogan que evidencia a qualidade incorruptível e natural do mel produzido pela Apimel, uma exploração apícola com quase quatro décadas de existência e méritos reconhecidos a nível nacional e internacional pela excelência do seus produtos. A Portugal em Destaque esteve na Lousã com os proprietários da marca, Fernando e Ismael Ventura, pai e filho, que nos elucidaram sobre os meandros da apicultura. APIMEL

em 1980 com a família para o interior, estabelecendo a quase totalidade dos seus apiários na Serra da Lousã, tornando-se o único apicultor profissional da região. Várias décadas volvidas desde sua origem, a empresa preserva a sua matriz familiar, liderada por uma nova geração e afirmando-se como a maior produtora de mel de urze da região, seu principal produto e imagem de marca. A Apimel soube apesar disso, desde a sua origem, diversificar a sua oferta, tirando partido das características florais da região, mantendo colheitas variadas de mel que representam as principais tipologias da Região das Beiras: “A diferença está nos sítios onde as colmeias estão colocadas. Temos colmeias espalhadas desde o alto da Serra da Lousã quase até à Serra da Estrela, pois é aí que se encontra a flor de Urze que resulta num mel escuro e forte, típico desta região. O rosmaninho produz-se na zona de Castelo Branco e consiste num mel mais doce e claro. O multifloral é daqui da zona de Soure e o mel de eucalipto é colhido na Figueira da Foz”. Na opinião dos produtores, a região centro do país proporciona condições excecionais para a prática da apicultura. “Trata-se de uma vasta área geográfica com extensas zonas de floração silvestre em situação ecológica privilegiada. Do litoral ao interior, a região desdobra-se numa paisagem de escassa densidade urbanística e praticamente inexistente actividade agrícola ou industrial. O generalizado estado de pureza e diversidade floral da região tornam-na um território de exceção para o exercício da atividade apícola”. Os interessados em provar estas variedades de mel e outros produtos Apimel como pólen ou geleia real, poderão encontrá-los em lojas gourmet e casas de produtos naturais de norte a sul do país.

ISMAEL MARTINS, FERNANDO VENTURA E DAVID MARTINS É nas belíssimas montanhas da cordilheira central que a Apimel encontra o local de trabalho ideal para desenvolver a sua atividade. Dizem-nos os proprietários que “este é um trabalho de grande devoção pela natureza” e que o segredo do sucesso da marca “passa por uma dedicação irrepreensível à qualidade do produto”. O seu mel, variadíssimas vezes premiado, é colhido longe de zonas urbanas ou agrícolas, por isso, livres de poluição. Os seus apiários são meticulosamente estabelecidos nas zonas mais remotas e de elevada altitude, proporcionando às abelhas as mais vastas extensões de floração silvestre, selecionadas de forma a produzir um mel de qualidade e sabor excepcionais. Tudo começou como um hobby. A apicultura contava já com uma tradição de várias gerações na família, mas foi em inícios dos anos 70 que o fundador da empresa, natural de Lisboa e ainda residente no Estoril, decidiu dar os primeiros passos no sentido da profissionalização. Aprofundou os seus conhecimentos através de vários cursos e acções de formação que incluíram o curso completo de apicultura, na época, ministrado pelo Ministério da Agronomia. As poucas colmeias que inicialmente possuía foram-se multiplicando e, a sua profunda paixão pela cultura e geografia da região montanhosa do centro do país, aliada à ânsia de viver uma vida mais saudável longe do ruído da cidade, fizeram-no mudar-se PORTUGAL EM DESTAQUE | 35


SERVIÇOS DE ENGENHARIA INTEGRADOS A DCRS - Engenharia, Lda., - é uma empresa que se dedica prioritariamente à execução de projetos de Engenharia e avaliações imobiliárias. A Portugal em Destaque esteve à conversa com o David Silva, engenheiro e administrador da empresa, que nos atualizou sobre a realidade do setor ao mesmo tempo que tecia uma apresentação sobre a DCRS – Engenharia.

DCRS - ENGENHARIA

DAVID SILVA A empresa surgiu em 2010, como forma de potenciar o Knowhow adquirido pela sua equipa com diversos trabalhos anteriores, ao nível de projetista e direção de obra. É seu objetivo estratégico assumir a coordenação de todas as especialidades inerentes à realização dos projetos, garantindo a sua exequibilidade e otimização dentro do Budget pré-definido. A empresa possui um vasto currículo no domínio dos projetos de engenharia e serviços complementares, atestados pelas muitas realizações dispersas por todo o país bem como no exterior. E possui, igualmente, uma secção dedicada exclusivamente a avaliações imobiliárias com uma experiência acumulada ao longo dos últimos 15 anos. Novo projeto Começaram, agora, a fazer a preparação de estruturas metáli-

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cas, com software específico, que permite fazer o transporte do que é projetado para ficheiros que permitem às metalomecânicas produzir o que se faz por esta empresa, com muito rigor: “Sem derrapagens em termos de custos, o que é muito importante para o cliente porque o que é projetado é exatamente aquilo que é produzido”, explicou o nosso entrevistado. Tendo iniciado atividade no auge da crise que abalou o tecido empresarial da construção civil, a DCRS – Engenharia, Lda., viuse obrigada a fazer, também, uma grande aposta no mercado externo: “Se contássemos apenas com o mercado nacional já tínhamos fechado. O mercado internacional implica, sempre, um período de aprendizagem. Inevitavelmente, esses países, trabalham de forma diferente de nós e nós temos que nos adaptar”, confidenciou. Contam-se assim, no mercado estrangeiro países como: Angola, Moçambique, Dubai e França. Já no que diz respeito ao mercado nacional, esta empresa realiza trabalhos desde o Algarve até ao Norte. A DCRS – Engenharia, Lda., trabalha diretamente com arquitetos, empreiteiros, Câmaras Municipais e outros clientes institucionais e garante que o seu principal trunfo e característica diferenciadora das demais empresas do setor é a atenção e proximidade que mantem com os seus clientes a par da panóplia diferenciadora e completa de serviços que tem ao dispor dos mesmos, nunca esquecendo o cumprimento de prazos e do caderno de encargos transmitido pelos clientes, que é respeitado na íntegra. Formação e futuro “Nunca conseguimos contratar alguém especificamente para aquilo que queremos porque ninguém vem especializado precisamente no que pretendemos. Por isso, temos que ser nós a direcionar a formação dessas pessoas”, revelou-nos David Silva. E, é como prova da vasta qualidade e formação dos colaboradores da DCRS – Engenharia, Lda., que, atualmente, esta empresa se encontra a realizar um projeto com a Universidade do Minho, respeitante ao desenvolvimento de um novo material.


25 ANOS DEDICADOS À ARQUITETURA E URBANISMO O gabinete de arquitetura e urbanismo Carlos Santos, completa este ano 25 anos de atividade, mas a sua equipa conta com mais experiência no setor. Em entrevista ao responsável e arquiteto Carlos Santos, traçamos a história da empresa, bem como, os projetos de futuro.

CARLOS SANTOS ARQUITETURA E URBANISMO

CARLOS E PEDRO SANTOS O gabinete é composto por dois sócios, Carlos Santos e Ana Cristina Santos, que se dedicam a áreas diferentes, mas que se complementam. O entrevistado trabalha na vertente do projeto, enquanto a sócia é arquiteta paisagista. O interlocutor nascido e criado em Lisboa, mudou-se para a Lousã, devido sobretudo, à paixão pela região centro. Carlos Santos formou-se na Escola Superior das Belas Artes, em Lisboa e iniciou a sua atividade profissional em 1978. Até 1992, era responsável, juntamente com outro sócio, de um gabinete de grande envergadura, em Lisboa, onde chegaram a trabalhar “cerca de 25 arquitetos, mais tarde, criámos uma extensão do gabinete na zona Centro onde eu era responsável”, revela. Para além da vasta experiência no setor, o interlocutor possui um vasto conhecimento na área, devido às funções que desempenha enquanto docente universitário, “fui professor na Universidade Técnica de Lisboa. Quando surgiu a Universidade Lusíada no Porto e em Famalicão, fui convidado para ser o diretor do curso. Nesse ano, 1992, deixei Lisboa definitivamente e criei o gabinete de arquitetura na vila da Lousã”. A empresa de arquitetura e urbanismo Carlos Santos, possui um vasto portefólio, dedicando-se atualmente “à elaboração, coordenação e fiscalização de projetos de construção civil para edifícios, es-

paços públicos e zonas verdes de proteção, lazer, desporto e recreio, bem como, projetos de Planeamento e Ordenamento do Território”, explica o interlocutor. O vasto portefólio inclui obras nas áreas de ensino, como a Escola Superior de Saúde de Leiria, desporto, indústria, turismo, entre muitos outros, sobretudo na zona centro e norte do país. Questionado sobre o que diferencia a atuação deste gabinete, o interlocutor explica “que tem muito a ver com a forma como a arquitetura é encarada. No nosso caso, a vertente da investigação é fundamental, o facto de ser professor universitário, exige que tenha de estar permanentemente atualizado, leciono em específico na vertente de projeto de arquitetura o que exige muito estudo. Neste momento, estou a fazer um hospital para a demência, um projeto que nunca foi feito em Portugal, um projeto inovador, que está ainda na fase de estudo”, destaca. Carlos Santos faz questão de salientar que “a arquitetura tem duas grandes componentes, a forma e a função. Podemos ter um edifício fabuloso, mas que depois pode não funcionar, um dos elementos a que dou privilégio é o conforto, nas suas diversas vertentes. Do ponto de vista formal, temos de fazer a ponte com a cultura local, percebendo a forma e o contexto”, ressalva. Como professor universitário e conhecedor da realidade, o entrevistado aconselha “os novos arquitetos a irem para o estrangeiro, neste momento, não há trabalho para todos no nosso país e a Europa tem 500 milhões de habitantes. Agora, as deslocações são muito facilitadas ir de Lisboa a Berlim demora apenas três horas e meia, ir para o estrangeiro não pode ser um drama. Dado a nossa realidade atual, é fundamental um jovem fazer um estágio no estrangeiro, por vários motivos: aumenta a auto-confiança e, hoje em dia, as universidades portuguesas formam tão bem quanto as estrangeiras e o nosso conhecimento é muito valorizado”. No que diz respeito ao futuro, o arquiteto explica que está nas mãos do sucessor, o arquiteto Pedro Santos, filho, que também estudou arquitetura, se bem que Carlos Santos refere que “provavelmente nunca se vai reformar, porque gosta muito daquilo que faço”, finaliza.

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PENELA Penela é uma vila portuguesa no Distrito de Coimbra, região Centro e sub-região do Pinhal Interior Norte, com cerca de 3300 habitantes. Situa-se a cerca de 20 quilómetros a sul da capital do distrito. É sede de um município com 132,49 quilómetros quadrados de área e 5983 habitantes, subdividido em 4 freguesias. O município é limitado, a norte, pelo município de Miranda do Corvo, a leste por Figueiró dos Vinhos, a sudoeste por Ansião, a oeste por Soure e a noroeste por Condeixa-a-Nova. É uma cidade muito bonita pelo seu castelo que anualmente tem o presépio mais bonito e maior do país. É, também, dos castelos mais importantes de Portugal. No contexto da formação da nacionalidade, a povoação recebeu o seu primeiro foral em julho de 1137, concedido por D. Afonso Henriques, constituindo-se portanto num dos Municípios mais antigos do país. A este facto (a concessão do foral) não terá sido alheia a grande importância estratégica de Penela, visando os privilégios então concedidos aos seus moradores atrair mais população. O seu castelo é, depois do Castelo de Montemor-o-Velho, o mais amplo e forte que atualmente nos resta da linha defensiva do Mondego. Tomado pelos Muçulmanos já depois de 1137, veio a ser definitivamente reconquistado em 1148. Será, contudo, Sancho I de Portugal quem, em 1187, deu nova vida a Penela, mandando-a repovoar e reparar o seu castelo. A torre de menagem do castelo foi mandada erigir por Dinis I de Portugal, aquando de uma nova reparação do castelo. Da história do concelho ressalta um episódio frisante do apoio popular com que contou D. João, Mestre de Avis, na crise de 1383—1385 em Portugal: sendo senhor de Penela o conde de Viana do Alentejo, D. João Afonso Telo de Meneses, partidário de D. Beatriz, casada com João I de Castela, decidiu o povo defender e apoiar o seu rei amotinando-se, sendo célebre um tal Caspirro, por ter assassinado o Conde. Logo a seguir, Penela enviou os seus representantes às Cortes de Coimbra de 1385, a fim de elegerem o Mestre, futuro D. João I. Este ao fazer doações aos seus filhos, criou o título de duque de Coimbra para o seu filho D. Pedro, destinando-lhe Penela e o seu termo. Muita história, beleza e paisagens para ver, a par de empresas muito bem-sucedidas que revitalizam Penela e os seus habitantes, é o que pode encontrar nas páginas seguintes.


“VENHAM DESFRUTAR DA CULTURA E DO PATRIMÓNIO” Este foi o convite deixado aos nossos leitores por Rui Seoane, Presidente da União das Freguesias de São Miguel, Santa Eufémia e Rabaçal. A Portugal em Destaque constatou a beleza destas regiões, pertencentes ao concelho de Penela, e do seu incomensurável legado histórico. UNIÃO DAS FREGUESIAS DE SÃO MIGUEL, SANTA EUFÉMIA E RABAÇAL

RUI SEOANE Três foram as freguesias que se uniram. Nessa junção calcula-se mais de 3.600 habitantes, já o potencial em turismo histórico e patrimonial é incalculável. Entrevistamos o chefe do executivo que nos demonstrou parte do muito que há para visitar: “No Rabaçal, deliciarem-se com a vista para o Vale a partir do miradouro de Chanca”, aconselhou, “de seguida, recomendo passar no museu romano, nas ruínas e espaço arqueológico das mesmas. Em Penela

existem as grutas Talismã e na Serra do Espinhal temos outro tipo de paisagem – o Xisto”. Depois de regalar a visão, chega a altura de fazer o mesmo com o paladar, ou não fosse a Feira de São Miguel, ou das Nozes o ex-libris da região, o qual tem direito a um feriado municipal no final de setembro. Todos os anos, igualmente, realiza-se o Mercado do Queijo e dos Romanos no Rabaçal. Por entre as várias igrejas e castelos também abertos ao público, os visitantes são aconselhados a aderir à Festa à Vinha, festividade organizada pela junta e pelo centro cultural local, com o apoio do município, desde há seis anos. Consiste numa recriação histórica da vindima tradicional. Uma tarde simbólica e cultural bem passada para os visitantes, que também cumpre um papel de divulgação junto dos produtores, no sentido de melhor aproveitamento das vinhas. “Há sempre algo a acontecer, daqui até abril não há uma única aldeia que aos fins-de-semana não tenha algum evento cultural a decorrer”, referiu Rui Seoane – é o chamado Inverno Cultural. Associativismo Um ponto de partida acordado entre o atual executivo foi facilitar a proximidade do mesmo com os fregueses. Assim sendo, procuram dar apoio às associações que “mantêm as aldeias a funcionar”, uma vez que são elas que “fazem girar a máquina”. Reconhecem que o maior foco é “apoiar e impulsionar a atividade” das associações e, desta forma, “participar na vida ativa da comunidade”. Dentro das suas limitações, comuns entre os reduzidos orçamentos das juntas de freguesia, vão-se fazendo algumas obras necessárias. De referir a reabilitação de uma escola primária que estava em perigo de demolição, readaptada para a realização de atividades com os idosos: “Estas dinâmicas trazem vida às aldeias, há que aproveitar o que existe”. A população da União de Freguesias de S. Miguel, Sta. Eufémia e Rabaçal não é muito carente a nível social, facto que é justificável pela existência de empresas fortes a nível concelhio. A crise foi causa de alguma despovoação, “felizmente quem ficou e aguentou está a experienciar um crescimento exponencial, os pequenos construtores que resistiram hoje estão com muito trabalho”, elucida-nos o presidente. Ser presidente Questionado sobre como tem sido o seu mandato à frente das três juntas, Rui Seoane admite que é “complicado”, até porque “é uma situação nova”. A área a seu cargo representa 60 por cento do concelho de Penela em área e população mas, como diz o ditado, «quem trabalha por gosto não cansa». “Sempre gostei muito da minha terra e sempre estive ligado a vários movimentos associativos, de forma a estar integrado na vida da comunidade em si. Convidaram-me para me candidatar a este cargo e eu aceitei. Foi um ato bem refletido”. A relação entre a União de Freguesias e a Câmara Municipal “é boa e recomenda-se”, visível pela quantidade de colaborações realizadas entre as suas entidades. “Com esta sinergia”, conclui Rui Seoane, “conseguimos concretizar inúmeros projetos”.

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ESCOLA DE TODOS E PARA TODOS O Agrupamento de Escolas Infante D. Pedro de Penela é já reconhecido por ser pioneiro em projetos relacionados com o empreendedorismo. Com quase 500 alunos, este agrupamento do distrito de Coimbra pretende que a comunidade se envolva no funcionamento do sistema de ensino transversal e inovador.

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS INFANTE D. PEDRO DE PENELA

AVELINO FERREIRA DOS SANTOS

Avelino Ferreira dos Santos tem um percurso ligado à gestão escolar há mais de 25 anos e sempre defendeu o sistema ‘escola aberta’. Quando assumiu o cargo de diretor do Agrupamento de Escolas Infante D. Pedro de Penela, há uma década, manteve a visão de envolver a comunidade, os pais, as instituições e as empresas. O agrupamento é composto por uma escola com 2º e 3º ciclo, tal como a antiga escola básica integrada. Além do jardim-de-infância no Rabaçal, é constituída por dois pólos educativos, um na freguesia do Espinhal e outro na Cumeeira. Ao todo, somo cerca de 480 alunos e casos de sucesso. A inovação faz parte do percurso deste grupo, tendo sido um dos primeiros a abraçar o empreendedorismo escolar. “Em 2009 ganhamos um prémio nacional de 25 mil euros, por sermos pioneiros neste projeto. Hoje é uma das alavancas de todas as escolas, faz parte dos temas que se devem privilegiar em todos os ciclos de ensino, nomeadamente do 1º ao 3ºciclo”, refere o diretor. Além dos projetos tradicionais como o Eco-Escolas e o Ciência Viva, tem ainda vários clubes, entre eles o Europeu, Música e Fotografia. O desporto é também privilegiado e por isso conta com modalidades menos comuns, como a escalada e a natação. Com excelentes condições, o pavilhão desportivo é de uso exclusivo da escola e o desporto escolar tem apresentado bons resultados. No entanto, é a música e os instrumentos de corda que assumem uma posição

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de destaque e revela a parceria com o poder local. “Penela tem já duas filarmónicas, com instrumentos de sopro e percussão. Mas não tinha nada na área das cordas, por isso resolvemos apostar num projeto transversal, em horário escolar mas não letivo, que funciona dois dias por semana. Temos já mais de 50 alunos a tocar viola, bandolim, cavaquinho e tudo o que é corda”, elogia Avelino Santos. A iniciativa foi alargada aos pais, professores e funcionários da escola e vai já no terceiro ano, com atuações públicas. O município de Penela é reconhecido pela integração dos refugiados sírios e o Agrupamento um símbolo no ensino do português. “No espaço de um ano, crianças dos 4 aos 14 anos estão totalmente integradas e falam português fluentemente. São sete alunos e temos condições para receber mais”, afirma. O sucesso resulta da boa relação do Agrupamento com a Câmara Municipal de Penela, que em conjunto tentam perceber as necessidades e os interesses dos jovens após a formação académica, bem como as áreas de empregabilidade, através de um projeto pioneiro. “A nível pedagógico temos agora um outro professor a ajudar o professor titular, em tempo real, e a acompanhar os alunos com dificuldades. Conseguimos ter bons resultados com este método e queremos continuar. Este ano, no 1ºciclo já temos resultados acima das médias nacionais”, reforça. Para o futuro, Avelino Santos pretende continuar a apostar no projeto educativo local e avançar com alguns conteúdos temáticos direcionados para uma aprendizagem diferenciada. “A Feira Medieval, o Festival da Canção e o Dia do Patrono são iniciativas de sucesso que preservamos. Queremos que os pais e alunos vejam a escola como uma comunidade que funciona em parceria, de forma participativa e dinâmica”, conclui.


“UM SABER E UM SABOR QUE FICA” Com o objetivo de criar um espaço que juntasse a cozinha tradicional da região de Penela, com novas correntes gastronómicas, Carlos Zuzarte reabre em 2009, o D. Sesnando Restaurante. Em entrevista à Revista Portugal em Destaque, o empresário apresenta-nos este espaço que aposta na arte de bem servir e na organização de eventos de degustação que dinamizem o concelho.

RESTAURANTE D.SESNANDO

DELMINDA BALTAZAR E CARLOS ZUZARTE

Sabores serranos num espaço elegante e descontraído A família de Carlos Zuzarte esteve sempre ligada à área da restauração, daí aos seus 16 anos ter começado a liderar e a trilhar um novo caminho nesta área. Na companhia da mãe, Dona Minda, o responsável foi consolidando a sua experiência e conhecimentos no ramo, até que em 2010 reabriu no centro histórico de Penela, o D. Sesnando Restaurante, um projeto criado e pensado, para dar forma aos seus conhecimentos adquiridos ao longo do tempo. É neste espaço que Carlos Zuzarte passa os seus dias de corpo e alma, de forma a por em prática a arte de bem receber. “A ideia passa por criar um espaço em Penela de referência gastronómica em que valorize os produtos endógenos e a identidade local. Esses, são os “pilares” do D. Sesnando Restaurante”. Acérrimo defensor da cultura e da tradição do território, o gerente do D. Sesnando Restaurante, explica que a região tem uma multiplicidade de produtos que, apresentados de forma tradicional ou reinventados pelas mãos experientes de um chefe, podem revelar toda a sua riqueza. “A referência gastronómica da região é sem dúvida o Queijo Rabaçal.

Mas este território é mais do que o Queijo, uma diversidade enorme de produtos de qualidade e frescura que fazem toda a diferença: o vinho Terras de Sicó, o mel da serra da Lousã, a noz de Penela, o cabrito, o borrego, a chanfana, o chícharo, o grão preto, entre outros.” Disfrute de sabores únicos É pelas mãos da mãe do proprietário, Dona Minda, cozinheira de longa data, e responsável pelos sabores do D. Sesnando Restaurante, que ganham forma alguns dos pratos mais emblemáticos do espaço, como o Queijo Rabaçal gratinado com mel, o Cabrito assado, o bucho recheado, a chanfana e o bacalhau na telha, o leite- creme, entre outras. Uma carta elaborada e pensada de forma variada e equilibrada, como nos explica Carlos Zuzarte. Para além do serviço de restaurante, o D. Sesnando Restaurante apresenta também uma agenda de eventos muito variada. Um conceito desenvolvido por Carlos Zuzarte, com o objetivo de proporcionar experiências gastronómicas diferenciadoras e que dinamizem o espaço. “Jantares temáticos à volta dos produtos endógenos, convidando casas de referência nacional vínicas, jantares concerto e convidando chefes executivos do nosso panorama nacional fazem deste espaço uma referência no território“. Uma região que convida A sala de ambiente agradável com amplas janelas e uma esplanada que convida a refeições ao ar livre em dias solarengos, sobre o casario com a serranice em pano de fundo, o D. Sesnando Restaurante é com certeza um espaço de bem receber para quem visita Penela e a região. “A simpatia do saber receber, é para nós uma arte. Saber receber com arte, é também um prazer. Visite-nos e sinta-se em casa”. Reconhecendo as grandes alterações que o setor sofreu nos últimos 20 anos e as dificuldades inerentes ao mesmo, Carlos Zuzarte acredita contudo estar a traçar o caminho certo, assente na divulgação gastronómica da região – objetivo consolidado pelas parcerias que desenvolve, nomeadamente com as Aldeias de Xisto, entre outros. Para o futuro, pretende continuar a ter o D. Sesnando Restaurante como referência gastronómica no território, deixando um convite a todos: “Visitem Penela, visitem as Aldeias de Xisto, visitem as Terras de Sicó, com certeza que se não se vão arrepender. Visitem o D. Sesnando Restaurante, e será para nós uma honra recebê-los para que possam saborear as iguarias que a Dona Minda prepara com muito amor”, finaliza.

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SANTARÉM

RICARDO GONÇALVES PRESIDENTE MUNICÍPIO DE SANTARÉM

Santarém é a dinâmica capital da sub-região da Lezíria do Tejo, pertencente à região de Lisboa e Vale do Tejo. Ao contrário do Alentejo, este distrito é formado por vastas planícies verdejantes que se estendem pelo horizonte e são muitas vezes inundadas pelo rio Tejo – daí a designação de “Lezíria”. Entre as orgulhosas tradições da região contam-se a criação de cavalos e de touros, sendo Santarém igualmente famosa pelas suas touradas e pela Feira Nacional de Agricultura. Santarém acolhe um conjunto de igrejas interessantes e o popular Jardim das Portas do Sol – rodeado pelas muralhas medievais da cidade, que oferecem vistas magníficas sobre as planícies e o rio Tejo. Erguido sobre um castro por onde passaram fenícios, gregos, romanos, visigodos e árabes, o castelo foi conquistado e reformado no reinado de D. Afonso Henriques, e acrescentado e restaurado ao longo dos séculos seguintes, até à época das lutas liberais. Os troços de muralha envolvem o planalto sobranceiro ao Tejo, onde se ergue a cidade de Santarém e das oito portas

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que existiam restam apenas duas: a de Santiago e a do Sol. Esta está situada na zona da antiga alcáçova, transformada no jardim público e miradouro conhecido por Portas do Sol. A Igreja da Graça localiza-se no Largo Pedro Álvares Cabral, em pleno centro histórico da cidade de Santarém. A igreja, inserida no conjunto do convento dos Eremitas Calçados de Santo Agostinho, é um dos monumentos mais emblemáticos da cidade, constituindo um dos mais importantes exemplares da arte gótica no país. A Igreja de Santa Clara constitui um dos monumentos mais emblemáticos do gótico mendicante da cidade de Santarém, situando-se na proximidade do Convento de S. Francisco, outro exemplar marcante deste estilo arquitectónico. A igreja é a parte remanescente do antigo convento das clarissas, aqui estabelecido em 1264. Actualmente, encontra-se rodeada por um amplo espaço, onde antes se encontravam as dependências conventuais, demolidas no início do século XX, e nas quais se incluía um claustro maneirista. O edifício está classificado como Monumento Nacional desde 1917. Santarém é uma cidade digna de visita que apresenta belos exemplos de arte manuelina, renascentista e barroca. Importa referir ainda a gastronomia local, dominada pelos sabores do rio e da lezíria ribatejana, bem como pelos vinhos regionais, verdadeiros néctares dos deuses. O que está à espera para ir até Santarém, a capital do gótico?


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UMA REFERÊNCIA NA FORMAÇÃO, NA CULTURA E NA INVESTIGAÇÃO O Instituto Politécnico de Santarém é uma instituição de ensino superior politécnico público, ao serviço da sociedade, empenhada na qualificação de alto nível dos cidadãos, destinada à produção e difusão do conhecimento, criação, transmissão e difusão do saber de natureza profissional, da cultura, da ciência, da tecnologia, das artes, da investigação orientada e do desenvolvimento experimental, relevando a centralidade no estudante e na comunidade envolvente.

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JORGE JUSTINO O Instituto Politécnico de Santarém (IPSantarém) tem-se afirmado como uma referência no Ensino Superior Politécnico. Quais os principais pilares que permitem o reconhecimento como um polo de desenvolvimento e uma referência na formação, na cultura e na investigação desenvolvidas na região? O Instituto Politécnico de Santarém tem tido alguns indicadores de qualidade que permitem a sua afirmação como uma instituição de referência no Ensino Superior Politécnico, nomeadamente na formação, cultura e investigação, que são áreas prioritárias em termos de sustentabilidade de uma instituição, na região. Ao nível da formação, o número global de alunos tem-se mantido e tem sido nossa preocupação ministrar-lhes um ensino de qualidade, de forma a dar-lhes competências para a sua inserção na atividade profissional. Acrescem os bons resultados na empregabilidade, no impacto socioeconómico do instituto na região, no empreendedorismo e na inovação. Em termos culturais temos feito um esforço importante, no sentido de preparar estudantes não só em termos profissionais, mas também para uma integração fácil na sociedade do conhecimento; “devem estar preparados para a vida”. Por último, foi publicada no Diário da República a inscrição Salvaguarda Urgente das “Artes e Saberes da Construção e da Bateira Avieira no Rio Tejo” (Caneiras, Santarém) no Inventário 44 | PORTUGAL EM DESTAQUE

Nacional do Património Cultural Imaterial e estamos, presentemente, a preparar a candidatura a Património Mundial, Cultural e Imaterial da Unesco. Em termos de Investigação foi criada a Unidade de Investigação, do Instituto Politécnico de Santarém e o Centro de Investigação em Qualidade de Vida, uma parceria com o Instituto Politécnico de Leiria. Temos tido produção científica em várias áreas da ciência, com publicações em revistas com arbitragem científica, registo de patentes e participação em Encontros Científicos. Com estes indicadores penso que se com-


Defende uma direção dinâmica e um desenvolvimento institucional de qualidade, bem como um Instituto interveniente e com capacidade de resposta às exigências do ensino superior. Na prática como se podem verificar e aplicar estes pressupostos? Como é do conhecimento geral as instituições do Ensino Superior, na generalidade, estão subfinanciadas. Há que superar esta situação com antecipação às dificuldades que irão surgir, criando estabilidade institucional, com uma direção dinâmica e empenhada no sucesso da instituição.

prova toda a atividade relevante, desenvolvida pelo Instituto Politécnico de Santarém. O Instituto Politécnico de Santarém integra atualmente cinco escolas superiores, quatro na cidade de Santarém e uma na cidade de Rio Maior. A transversalidade da oferta formativa assume-se como uma mais-valia? A transversalidade da oferta formativa é como uma mais-valia. Presentemente, as várias áreas, pedagógicas e científicas, estão interligadas, numa perspetiva de olhares cruzados e de mestiçagem de saberes.

Defende também um reforço da internacionalização. Para que países e em que áreas? A internacionalização tem sido desenvolvida dentro e fora da Europa, nomeadamente nos Países Lusófonos e da América Latina. Tem sido desenvolvida em várias áreas, nomeadamente na formação, investigação e desenvolvimento, mobilidade, cultura e desporto. Em termos de investigação e desenvolvimento, que trabalho tem sido feito e que objetivos existem neste capítulo? A investigação é uma área importante para qualquer instituição do Ensino Superior. Em termos de cooperação regional e nacional, tem sido orientada para o desenvolvimento e com

Quais as principais linhas estratégicas assumidas para elevar e valorizar cada vez mais a instituição? As principais linhas estratégicas, em termos de qualidade, são: - Formação, Investigação e Desenvolvimento, Internacionalização, Cooperação, Mobilidade, Cultura e Desporto. Temos que acompanhar a evolução do Ensino Superior, em termos de produção de valor acrescentado para o instituto e cada vez mais intensificar a cooperação com a comunidade, numa perspetiva de Transferência de Conhecimento. Qual é a sua estratégia para atrair novos alunos para o Instituto Politécnico de Santarém? Que balanço faz das medidas levadas a efeito? A atratividade, em termos de captação de estudantes, é a principal estratégia. Neste contexto, deve o Instituto Politécnico de Santarém ocupar um lugar cimeiro, com reconhecimento ao nível do Ensino Superior. Os cursos devem ser atrativos e orientados para as necessidades da região e do país, em termos de empregabilidade. Também abrimos as fronteiras do nosso Instituto, não só ao espaço nacional, mas também ao mundo global. Para esse efeito, criou-se a International School que apoia a captação de estudantes estrangeiros no Instituto Politécnico de Santarém. Quais os maiores desafios de ser Presidente de uma Instituição de Ensino Superior? Desenvolver a instituição com credibilidade e reconhecimento de qualidade no espaço do ensino superior. Gerir conflitos e assumir princípios humanitários no apoio à comunidade institucional. “Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito mas um hábito”. É esta excelência que pretende construir no Instituto Politécnico de Santarém? A qualidade ou a excelência de uma instituição não se adquire através de situações esporádicas. Deve ser uma realidade contínua, confirmada pelos bons indicadores alcançados. No entanto, este objetivo não é uma responsabilidade pessoal, mas sim de todos os que se empenham no sucesso da mesma.

transmissão de conhecimento para a comunidade, consoante as necessidades das regiões. Ao nível internacional temos desenvolvido vários projetos, nomeadamente o Academic International Network com o objetivo do desenvolvimento de intercooperação em várias áreas, incluindo a investigação e desenvolvimento, com oito instituições dos seguintes países: Portugal, Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Bolívia. Outro objetivo importante é a captação de receitas próprias para o instituto. Em termos de futuro, que projetos e iniciativas estão no horizonte do Instituto Politécnico de Santarém? Alguns projetos já foram referidos anteriormente, nomeadamente a candidatura da Cultura Avieira a Património Mundial, Cultural e Imaterial da Unesco. Outro projeto, em parceria com a Câmara Municipal de Rio Maior, é a construção de uma residência de estudantes na cidade de Rio Maior. Dois projetos importantes em termos de sustentabilidade do IPSantarém são a centralização de mais alguns serviços e o aumento das receitas próprias até cerca de 35 por cento do Orçamento Global. Finalmente, é importante que o IPSantarém venha a ministrar doutoramentos.

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O MELHOR DA NATUREZA PARA OS SEUS PROJETOS Fornecer o mercado com produtos de elevada qualidade, respeitando e satisfazendo clientes, colaboradores e fornecedores e assegurar resultados que permitam a expansão e a excelência da atividade é a missão assumida pela Mármores Rosal, uma empresa de referência e mérito, sediada na freguesia de Alcanede, concelho de Santarém.

MÁRMORES ROSAL

VÍTOR ALMEIDA A Mármores Rosal está no mercado há mais de duas décadas, tempo que lhe permitiu reunir um capital de experiência e know-how, que fazem da empresa uma marca de referência no setor. Fundada em 1983 por Vitor Manuel de Jesus Almeida, Manuel Antunes Bernardino e José Manuel Rosa Alves, ao longo dos anos, esta empresa de extração, exploração e transformação de calcários tem vindo a crescer, granjeando um sucesso assinalável, sendo reconhecida nacional e internacionalmente. Valorizando o passado, vivendo o presente e pensando no futuro, a Mármores Rosal adota uma filosofia vanguardista, estando sempre um passo à frente do seu tempo, tendo como linhas orientadoras para a prossecução dos seus objetivos, a simplificação de processos de trabalho, a cumulação de conhecimentos e a criação e disponibilização de soluções de qualidade. Estes ideais expressam a sua determinação em oferecer as soluções mais avançadas que vão ao encontro das necessidades de uma sociedade em constante mudança e evolução, valores que se encontram representados na manifestação do seu empenho em continuar um percurso de contínua inovação. Em entrevista à revista Portugal em Destaque, Vitor Almeida, advogado e sócio-gerente, dá a conhecer algumas das páginas da história da Mármores Rosal, salientando que a empresa foi constituída em 1993, através de uma sociedade tripartida com um capital social de 15 mil euros. Nessa altura, o core business da empresa era apenas a exploração de pedreiras, que comercializava blocos no mercado nacional. “A empresa possuía dois ou três clientes fundamentais, que escoavam toda a produção, uma vez que consideravam a nossa pedra como a melhor dos calcários existentes em Portugal”, salienta o nosso entrevistado, acrescentando que a Mármores Rosal tem vindo a reestruturar-se ao longo dos anos, para desenvolver 46 | PORTUGAL EM DESTAQUE

cada vez mais e melhor, soluções que vão ao encontro das necessidades do seu mercado, “que cada vez mais se caracteriza por uma procura baseada na rapidez de execução, de qualidade e de avanço tecnológico, fatores que fazem parte integrante da filosofia da nossa empresa”, refere. Neste percurso, importa realçar o pioneirismo e a visão estratégica, nomeadamente com a aquisição de máquinas inovadoras, como aconteceu com o primeiro serrote em Portugal da marca Fantini, que veio permitir um desenvolvimento muito acentuado da extração. “Seis meses depois da primeira aquisição, adquirimos outra, dada a rentabilização e a maximização dos resultados, porque o trabalho que se fazia em três semanas passou a ser feito em três dias”, explica Vitor Almeida, destacando o contínuo investimento em tecnologia que definitivamente colocou a empresa noutro patamar. O passo seguinte foi a criação de uma fábrica para valorizar a matéria-prima extraída, que começou a laborar em 2007, altura em que, “tínhamos um engenho, um talha blocos, uma máquina de ponte e uma máquina de cinta”. A progressão da Mármores Rosal foi se sentindo cada vez mais, até que em 2010, dá-se uma alteração societária na empresa, ficando como sócios José Manuel Rosa Alves e Vitor Almeida, que


produtos, garantindo a máxima satisfação dos nossos clientes”, advoga o sócio-gerente. Em termos de futuro, a competitividade da Mármores Rosal está assegurada, assumindo-se cada vez mais como uma empresa de referência no setor onde gravita, granjeando excelentes resultados e altos padrões de excelência, por isso os pressupostos assumidos são a coerência na prossecução dos objetivos, a consistência da gestão e a visão estratégica.

tomou “as rédeas do negócio”, o que permitiu e desencadeou um novo patamar de crescimento e desenvolvimento. Acrescenta o nosso entrevistado que a Mármores Rosal deixou de ser uma empresa fornecedora de matérias-primas para ser uma empresa fornecedora do produto acabado. “Detentores de uma moderna fábrica de transformação, equipada com a mais avançada tecnologia, garantimos a resposta eficaz às nossas encomendas. Temos uma elevada capacidade de produção de chapa, ladrilho e produtos cortados sob medida, e temos como compromisso a transformação e fornecimento de produtos de elevada qualidade aos nossos clientes”, sublinha o sócio-gerente. Um leque diversificado O crescimento registado pela Mármores Rosal impôs uma reorganização, sendo dado maior ênfase à fábrica de transformação. A empresa adquiriu novas pedreiras, no sentido de diversificar o leque de produtos a oferecer aos seus clientes, e “ir ao encontro das novas exigências e inovar no que respeita às pedras”, consubstancia Vítor Almeida.

Novos horizontes A Mármores Rosal elaborou uma candidatura a apoios comunitários, a qual foi aprovada e está em fase de implementação. De acordo com Vitor Almeida, este projeto consiste na aquisição de várias máquinas inovadoras, designadamente para aproveitamentos de pedra, mas essencialmente máquinas de corte, uma polidora de ladrilho e um engenho. “O investimento contempla ainda a construção de um edifício na retaguarda do atual, com cerca de 1500 metros quadrados, em que uma parte se destina à armazenagem do produto acabado e a outra à ampliação da área fabril”, revela o gestor, sublinhando que estes investimentos são cruciais para continuar a satisfazer as encomendas dos clientes da Mármores Rosal. “Os nossos princípios são servir bem, com qualidade e excelência e, para tal, contamos com uma equipa profissional e equipamento topo de gama. A qualidade dos nossos serviços viaja de mãos dadas com os nossos

Internacionalização Com um caminho de crescimento e consolidação, a Mármores Rosal decidiu apostar na internacionalização, exportando atualmente para mais de 30 países, entre os quais China, Polónica, Vietname, Rússia, Inglaterra, Irlanda, França, Espanha, Marrocos, México, Bolívia, Brunei, Colômbia, Estados Unidos e, mais recentemente, o Canadá. “Para acompanhar os desafios da internacionalização, marcamos presença em várias feiras internacionais, designadamente no China, Itália, Rússia, Estados Unidos da América e México, entre outros”. PORTUGAL EM DESTAQUE | 47


AFIRMAR E VALORIZAR SANTARÉM Foi com um verdadeiro espírito de missão e com uma vontade positiva de servir a freguesia e a sua população, que Carlos Marçal assumiu a gestão da União de Freguesias da Cidade de Santarém, tendo em conta que é um homem de convicções e de trabalho. UNIÃO DE FREGUESIAS DA CIDADE DE SANTARÉM

CARLOS MARÇAL Volvidos três anos de mandato à frente da nova mega freguesia da cidade de Santarém – que juntou as antigas quatro freguesias urbanas – o presidente da Junta de Freguesia, Carlos Marçal revela que apesar de não ser uma questão consensual a nível nacional, “temos dado provas que a união de freguesias foi muito útil para a cidade de Santarém”. Em entrevista à revista Portugal em Destaque, o autarca considera que foi alcançada uma dinâmica completamente diferente e que o atual orçamento, “muito superior ao que cada uma das freguesias detinha, permite-nos alcançar economias de escala muito vantajosas”, afirma, destacando que, desta forma, conseguimos “fazer obra”, estabelecer protocolos de cooperação com a Câmara Municipal de Santarém e até concorrer a projetos de âmbito comunitário. Por outro lado, Carlos Marçal lembra que “estamos num centro populacional em que as pessoas dizerem que são de Marvila ou de S. Nicolau é um pouco indiferente, porque são de Santarém. E é esse caracter identificativo que queremos criar e consolidar”, acrescenta, lembrando que se trata de um desafio e uma responsabilidade maiores, mas juntamente com a sua “excelente equipa” pretende consolidar esta união das freguesias. Obras e investimentos Em entrevista à revista Portugal em Destaque, o autarca deu conta do protocolo estabelecido com o Município de Santarém, que contempla a intervenção em todas as escolas do 1º ciclo e jardins-de-infância, no âmbito da limpeza e da manutenção, mas também nos espaços públicos da cidade. Para além disso, “acabámos a pavimentação de três ruas e estamos a desenvolver as obras de remodelação da escola primária de Nossa Senhora da Saúde que fechou quando abriu o Centro Escolar Salgueiro Maia. Trata-se de um investimento de 150 mil euros, que vai permitir a criação da delegação de S. Salvador, contemplando um serviço de correios e um multibanco, tendo em vista o sentido da proximidade junto dos ci48 | PORTUGAL EM DESTAQUE

dadãos”, refere, acrescentando que a abertura da delegação está prevista para junho ou julho de 2017, aproveitando um edifício que se encontrava devoluto e sem utilidade. Outra obra que vai ser iniciada é a capela mortuária na Ribeira de Santarém, para que as pessoas desta localidade tenham um espaço condigno para velar os seus entes queridos, uma obra que, segundo Carlos Marçal, era inalcançável pela anterior Junta de Freguesia. O presidente da União de Freguesias da Cidade de Santarém dá conta ainda da grande obra do Centro Desportivo da Ribeira, no qual Município e União de Freguesias assinaram um protocolo de cedência do direito de superfície do campo, para que a Câmara colocasse um relvado sintético neste espaço desportivo, ao qual se junta um pavilhão para a canoagem, edificado pela freguesia liderada por Carlos Marçal. A relação de proximidade como o fator diferenciador das Juntas Carlos Marçal, que se define como um homem de ação de rua e próximo das pessoas justifica que as Juntas de Freguesia num ambiente urbano constituem uma enorme mais-valia porquanto são os seus autarcas que ouvem as pessoas e resolvem os seus problemas com maior rapidez e eficiência. São ainda veículos transmissores das reivindicações à Câmara, com quem diz ter as melhores relações e um apoio recíproco. O que falta fazer Um dos grandes problemas sentidos pela comunidade da cidade de Santarém refere-se à instabilidade das barreiras. O seu desabamento em agosto de 2014 provocou o encerramento da EN114 e, consequentemente, um problema de acesso à Ribeira de Santarém e de escoamento do trânsito para Almeirim. “As obras rondam os cinco milhões de euros de investimento e estão praticamente em fase de consignação” pela Camara Municipal, avança


o autarca. Outro dos problemas apontados por Carlos Marçal é a indefinição do desvio da linha do Norte, uma vez que esta separa a cidade do rio e, por outro lado, a vibração dos comboios interfere com a estabilidade das barreiras. O limite da capacidade do cemitério de Santarém e a desertificação do centro histórico, essencialmente pela mudança de hábitos da população, à semelhança do que acontece em muitas outras cidades, foram outras questões abordadas pelo presidente da União de Freguesias da Cidade de Santarém. Turismo: um conceito integrado Quem visita Santarém, não pode deixar de conhecer o Santuário do Santíssimo Milagre, o segundo do país com mais visitantes estrangeiros, mas também a Igreja da Graça, o Jardim das Portas do Sol, a Torre das Cabaças, a Sé Catedral ou o recente Museu Diocesano. Mas visitar Santarém pode proporcionar uma viagem de emoções e experiências, por isso mesmo Carlos Marçal defende um conceito integrado em termos turísticos, que torne a cidade um ponto de encontro e de estadia e não apenas um ponto de passagem para Fátima ou para Lisboa. Uma das ideias seria afirmar a cultura avieira e desenvolver atividades turísticas e de lazer recorrendo a um conjunto de intervenções que combinam a qualificação de um conjunto de recursos imateriais (saberes) com a qualificação física de recursos, com a promoção/fixação de iniciativas de animação e produtos turísticos visando a fruição do território como um todo. Neste momento, está a ser implementado o projeto ‘Revitalizar os Caminhos do Tejo’ que integra todos os municípios banhados por este rio e que visa criar condições para o turismo ligado à natureza. Carlos Marçal entende ainda que no próximo mandato autárquico se impõe que a Câmara e a União de Freguesias devem desenvolver esforços para potenciar a gastronomia como âncora da atração turística, aliada à história de liberdade, à arte campina e ao vasto património, de forma a promover a estadia de pessoas na cidade.

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PODER DE PROXIMIDADE AO SERVIÇO DA POPULAÇÃO Situada na encosta de um monte rodeado de arvoredo e banhada pelos rios Centeio e Alviela, a freguesia de Pernes dista 20 quilómetros da sede do concelho de Santarém. Pernes é uma povoação muito antiga, anterior mesmo à fundação da nacionalidade portuguesa, que sempre se destacou no seio do concelho. Moagens, torneados e até mesmo uma central elétrica deram à vila no passado uma forte personalidade industrial.

JUNTA DE FREGUESIA DE PERNES poluição do Rio Alviela, os moinhos acabaram por ser abandonados, tendo este facto feito nascer em Pernes, o primeiro movimento ecologista denominado CLAPA - Comissão de Luta Anti-Poluição do Alviela. Mas falar de Pernes, é também falar na tradicional indústria de torneados de madeira que, ao longo dos tempos garantiu emprego e deu a conhecer o nome da freguesia. “O cozinheiro britânico Jamie Oliver usa tábuas de cozinha made in Pernes, por uma empresa que já vai na sexta geração”, refere o autarca. Luís Duarte e Adélia Veneno, presidente e secretária do executivo de Pernes, salientam ainda que no percurso histórico da freguesia destaca-se a eletricidade em 1913, a partir de um aproveitamento hidroeléctrico do Alviela, antes ainda da sede do concelho.

ADÉLIA VENENO E LUÍS DUARTE Um pouco de história Pernes é uma pequena freguesia com uma vasta riqueza histórica, constituindo assim uma povoação bastante antiga, anterior à fundação da nacionalidade, cujos relatos referem a conquista de Santarém aos Mouros, no século XII. “A memória mais antiga relacionada com a vila encontra-se registada na «Monarquia Lusitana» e na «Crónica de Cister», aliás, nesta última, podemos ler que as hostes de D. Afonso Henriques quando conquistou Santarém aos Mouros, assentaram arraiais nas matas de Pernes”, salienta Luís Duarte, o presidente da Junta de Freguesia. O desenvolvimento e a importância de Pernes, durante toda a Idade Média, levaram a que o Rei D. João I determinasse que o tribunal da Vila de Alcanede se deslocasse a Pernes um dia por semana, para efeitos de julgamento. A importância da vila é atestada pela instituição da Santa Casa da Misericórdia, em 1587. Era notória a importância de Pernes, onde é instalado um Cartório Notarial em 1619. No século XVIII, o italiano Pedro Schiappa Pietra, mestre de teares na fábrica do Rato, foi autorizado a criar uma fábrica de serralharia e limas no rio Alviela, junto à queda de água. Esta instalação estimulou o aproveitamento dos moinhos para outros fins: fábrica de verrumas, pás e outros instrumentos, oficinas de torneiros e almofaças e moagens de ramas. Face ao aumento da 50 | PORTUGAL EM DESTAQUE

Motivos para uma visita Terra de tradições, usos e costumes, Pernes é uma pequena freguesia recheada de encantos singulares e muitos motivos para uma visita, desde logo o Mochão Parque, um verdadeiro cartão de visita, a Torre do Relógio, o Largo do Rossio, a Igreja Matriz, a Capela de Santo António e o Miradouro da Misericórdia. Eis um conjunto de razões que aumenta o interesse turístico pela freguesia, a par da Festa de Santo António, da Procissão dos Passos, que congrega centenas de pessoas todos os anos e, claro, os Pastéis de Santo António, um delicioso exemplo da doçaria regional da freguesia de Pernes. Mandato autárquico Luís Duarte sempre esteve ligado ao movimento associativo, in-


clusivamente fundou a Associação Cultural e Desportiva de Pernes, para além de ter exercido funções directivas em tantas outras colectividades emblemáticas da freguesia. Até que em 2005, resolveu candidatar-se à Junta de Freguesia de Pernes, mas estas eleições ditaram a sua derrota e eleição como presidente da Assembleia de Freguesia. Volvidos oitos anos, voltou a candidatar-se e ganhou, assumindo o objectivo de “ajudar a comunidade e encontrar soluções que vão ao encontro das necessidades e exigências das pessoas. O balanço a fazer sinceramente é negativo, quer em termos financeiros, quer em termos organizacionais”, adianta Luís Duarte, ressalvando que, dentro das limitações existentes, tem desenvolvido o seu trabalho juntamente com o seu executivo, no sentido de catapultar Pernes para um desenvolvimento mais sustentável. Em termos de capacidade de emprego, a freguesia tem as instituições de ensino, os bombeiros, a Santa Casa da Misericórdia e a área dos serviços. Por isso mesmo, Luís Duarte destaca a necessidade de um polo de atração de empresas e pessoas, ressalvando a importância da criação de uma zona de desenvolvimento económico em Pernes, aproveitando a sua localização estratégica e as boas acessibilidades. Ainda neste contexto, a Junta de Freguesia “apresentou uma candidatura para um espaço do cidadão, visto que esta valência permitiria atrair mais pessoas e promover a dinamização económica”, esclarece o presidente. Luís Duarte gostaria ainda de ver concretizado um pavilhão desportivo para que a Escola Básica Manuel I e as associações da freguesia pudessem desenvolver as suas actividades. A terminar a entrevista, Luís Duarte deixa uma mensagem de optimismo e esperança no futuro, mostrando-se disponível para uma eventual recandidatura, no sentido de continuar a levar Pernes mais além.


PELA SUA SAÚDE

A farmácia Santos Leal abriu as portas ao público em Dezembro de 2004. Desde sempre, sublinha a proprietária e directora técnica, Rita Santos, o foco de trabalho foi centrado no utente. Rapidamente, nos apercebemos que a simpatia com que nos recebeu é a sua maneira de estar. Todo o ambiente envolvente deste espaço, bem como, de todos os colaboradores, transmite, exatamente, o acolhimento que nos demonstrou. Com uma equipa composta por jovens profissionais, dinâmicos e atentos às necessidades da população, a farmácia privilegia um atendimento profissional, especializado e personalizado de cada utente. É sinónimo de uma farmácia moderna, dinâmica, completa e atenta à comunidade, assumindo-se como o espaço de eleição da população desta freguesia, no âmbito da promoção da saúde e prevenção de doença. As diretivas da diretora técnica foram, desde sempre, implementar um conceito diferente da tradicional farmácia comunitária, colocando em primeiro plano a satisfação do utente, são “utentes satisfeitos que nos trazem, diariamente, o retorno do nosso investimento, do nosso tempo e da nossa dedicação e isso, é muito gratificante para nós, quer a nível profissional quer a nível pessoal, principalmente e tantas vezes veiculado pelos próprios utentes” refere. A atualização de conhecimentos e a formação contínua são por isso um pilar desta empresa. Com este foco, estabelecem-se relações de confiança entre farmacêutico e utente, bem como, com os restantes profissionais de saúde. A farmácia dos dias de hoje, há muito que deixou de ser apenas o balcão de dispensa do medicamento, função meramente comercial e redutora, como muitos a continuam a ver e perpetuar, erradamente, segundo a diretora técnica. Afirma já praticamente não ter conhecido esses tempos, em que muitos proprietários não reconheciam o potencial que têem nos seus espaços. Mas, “infelizmente ainda existe” reitera. É em valor acrescentado em saúde e em qualidade de vida que hoje e no futuro, a nossa profissão é uma mais-valia. Um correto e isento aconselhamento ao utente, o esclarecimento claro e objetivo da utilização de medicamentos e de terapêuticas, tanto em situações agudas como em patologias crónicas, a promoção de adesão à terapêutica, a promoção de saúde e prevenção da doença são o objeto de trabalho desta farmácia. Salienta a diretora técnica, “interessa-nos avaliar os indicadores de saúde da população que nos visita e perceber a sua melhoria com a nossa atuação profissional. A nossa parceria no projeto das Farmácias Holon, surge em grande escala nesse sentido, trabalhamos em rede, não apenas com medicamentos ou produtos mas com projetos abrangentes, a uma escala nacional, de impacto a nível da Saúde, e, obviamente na qualidade do apoio prestado a doentes com patologias como DPOC, Diabetes ou patologia cardiovascular”. Ainda nesse sentido, a farmácia Santos Leal disponibiliza à comunidade um 52 | PORTUGAL EM DESTAQUE

conjunto de serviços integrados na sua prática diária e que complementam a atuação dos profissionais que nela trabalham. Falamos do serviço de Nutrição, normalmente associado à perda de peso, mas cujo conceito nesta farmácia, não se restringe apenas a isso. Pretende-se auxiliar os utentes na reeducação alimentar, visando o controlo de patologias como dislipidémias (alterações de colesterol, triglicéridos), diabetes, entre outros, cuja evolução pode ser modificável pelo regime alimentar. Diz-nos Rita Santos que “a nutrição aqui não é restrição mas reestruturação, aqui ninguém passa fome”. Outros serviços disponibilizados são a Podologia (engloba problemas nos pés e unhas), a Dermofarmácia (relacionada com alterações do estado da pele, couro cabeludo, cabelo e indicação dos produtos mais adequados a determinado tipo de pele, acneica, sensível, desidratada, envelhecida, com o auxílio de aparelho específico). Também a avaliação do perfil lípidico é prática corrente no dia a dia da farmácia, inclui colesterol total, HDL e LDL (ditos bom e mau colesterol), triglicéridos. A pensar nos utentes mais idosos, menos capacitados ou polimedicados, a Santos Leal disponibiliza o serviço de Preparação Individualizada da Medicação onde, periodicamente, o farmacêutico separa e acondiciona em embalagem própria, os diversos medicamentos do utente garantindo que sejam tomados no dia, quantidade, hora e refeição estipulada. Vários são também os projetos desenvolvidos, por exemplo, atividades nas escolas, a fim de sensibilizar os futuros adultos para temáticas inerentes a um estilo de vida saudável, ou, os rastreios realizados, como a possibilidade de deteção precoce de cancro colo-retal, através da pesquisa de sangue oculto nas fezes, realizado anualmente nesta farmácia, ou a realização de espirometrias, avaliando parte da capacidade respiratória, envolvida em patologias respiratórias. Todas as atividades desenvolvidas com grande rigor e com os utentes que cumpram critérios de inclusão. De um modo sólido, consistente e sustentável, a farmácia Santos Leal pretende continuar a trilhar o caminho de uma farmácia dinâmica na sua missão de prestação de um serviço de excelência à comunidade de Pernes e localidades vizinhas, baseado num modelo inovador, que a tem caracterizado, sempre atento à evolução no setor da saúde. Para tal, termina a diretora técnica, “contamos e agradecemos a todos os utentes, a toda a comunidade, o reconhecimento que nos têm dado, são, sem dúvida, o nosso motor. Um agradecimento especial à minha atual equipa, pela competência e amizade e aos diversos intervenientes na nossa atividade diária, quer a jusante quer a montante do nosso espaço, pois sozinhos não seríamos o que somos”.



430 ANOS A CUIDAR COM BONDADE Sem olhar a trabalhos, sacrifícios, contrariedades e renúncias, eis que Pernes mostra com justificado orgulho a existência de uma instituição que veio dar satisfação à generosa e filantrópica intenção com que sonharam os seus fundadores. A comemorar 430 anos, a Santa Casa da Misericórdia de Pernes continua a difundir o bem que se espelha num dos mais puros sentimentos do homem – o amor ao próximo.

MISERICÓRDIA DE PERNES

reconhecem a nossa tradição de intervenção social, bem como o trabalho desenvolvido em prol dos outros e fazem da Misericórdia de Pernes a sua tutora. E na verdade o nosso conceito passa por constituirmos a família que os nossos utentes não têm e dar-lhes o amor e o carinho que merecem”, advoga. Alice Rodrigues, diretora técnica do Lar de Idosos, acrescenta ainda que a instituição distingue-se das suas congéneres pela confiança e pelo trabalho que desenvolve, que se assume muito próximo e humano. “É esta proximidade que marca a diferença, a par do carinho que é fruto da dedicação dos nossos colaboradores. Mas para haver dedicação é necessário haver exemplo e presença”, reflete Alice Rodrigues, sublinhando que essa é a cultura da instituição, porque a prioridade são os utentes e os que mais precisam, daí a máxima “Cuidar com bondade”.

MANUEL MAIA FRAZÃO Manuel Maia Frazão é o atual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Pernes e num périplo pelas suas memórias, em entrevista à revista Portugal em Destaque, deu a conhecer a génese da instituição, as valências e dos projetos que gostaria de ver concretizados. A Misericórdia de Pernes como hoje é conhecida e reconhecida, assenta a sua história num conjunto de homens bons que nesta vila iniciaram a Misericórdia através da união de três confrarias, construindo a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pernes. A partir daí a instituição teve atividade ininterruptamente, assumindo como princípio basilar a prática das obras de misericórdia, granjeando o reconhecimento e a confiança das pessoas. “As pessoas, muitos deles beneméritos, 54 | PORTUGAL EM DESTAQUE

A pensar nas crianças e jovens A Santa Casa da Misericórdia de Pernes é uma instituição do concelho de Santarém que visa satisfazer carências sociais através de um acompanhamento personalizado e contínuo. Na área da infância e juventude, a instituição enquadra as valências de creche, ATL, residências universitárias e o Prémio de Estudo Comendador José Gonçalves Pereira. “Entrou em funcionamento no passado mês de novembro a nossa creche, com capacidade para 26 crianças”, lembra Alice Rodrigues, salientando que a nova valência chama-se Berço do Alviela, funciona na Quinta da Torre e é resultado da atenção que o Provedor e a sua equipa têm dedicado à infância. Já Manuel Maia Frazão lembra que a instituição assumiu criar esta resposta social, contribuindo para que Pernes se torne cada vez mais apelativa, de forma a fixar novos casais na freguesia. Outra das respostas é o projeto de atividades de tempos livres (ATL) para crianças e jovens com idades compreendidas entre os 6 e os 16 anos proporciona atividades lúdicas e pedagógicas nos tempos de interrupções de aulas. As residências universitárias são o resultado da aposta da Misericórdia de Pernes em contribuir para apoiar a comunidade pernense de uma forma transversal. Sendo detentora de um conjunto de edificado em Lisboa, junto ao Instituto Superior Técnico de Lisboa, “transformámos apartamentos em residências universitárias, proporcionando aos pais um conforto financeiro nos custos desses quartos e, por outro lado, maior confiança e segurança”, avança Manuel Maia Frazão. A Misericórdia atribui ainda anualmente um prémio pecuniário denominado ‘Comendador José Gonçalves Pereira’, grande benemérito da vila, a alunos que ingressam o ensino superior no ano letivo corrente, como forma de dar mais um estímulo na prossecução de uma formação académica.


Fazer mais, por quem já fez tanto Uma das mais recentes valências dedicadas à terceira idade é o Lar São João de Deus, um espaço vocacionado para pessoas com demências. Com capacidade para 10 pessoas, esta unidade completa as respostas de apoio à terceira idade nesta freguesia do concelho de Santarém. “Foi a necessidade que nos conduziu à ação”, disse o provedor, destacando o esforço de uma “equipa comprometida” com “o cuidar com bondade” aqueles que mais precisam. Manuel Maia Frazão chama ainda a atenção para o projeto Vidas – Valorização e Inovação em Demências da União das Mise-

ricórdias Portuguesas e para o apoio determinante do Fundo Rainha D. Leonor. Esta resposta social “surgiu da identificação de uma necessidade que há muito vinha a ser sentida na instituição e na comunidade”. A par desta, a instituição enquadra ainda as valências de centro de dia, duas casas seniores, serviço de apoio domiciliário, estrutura residencial para idosos, lar de grandes dependentes e residências assistidas a funcionar na Quinta da Torre.

Em prol da comunidade A Misericórdia de Pernes tem uma tradição de intervenção social inestimável com grande transversalidade nas respostas que presta à comunidade. Assim sendo, para além das valências dedicadas à infância e terceira idade, importa realçar o apoio aos carenciados, a cantina social, o apoio aos peregrinos, o banco de ajudas técnicas, o apoio associativo e a distribuição alimentar através do Fundo Europeu de Apoio aos Carenciados. Por último, o serviço de Rede Local de Intervenção Social de Santarém (RLIS) abrange uma franja do concelho mais desfavorecida, as famílias mais carenciadas e problemáticas. O trabalho da instituição passa por sinalizar essas famílias e os problemas e tentar intervir por forma a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Momentos importantes Em entrevista à revista Portugal em Destaque, Manuel Maia Frazão e Alice Rodrigues destacaram algumas das atividades desenvolvidas pela Misericórdia de Pernes que têm como objetivo promover o envelhecimento ativo, bem como o intercâmbio intergeracional, entre as quais, a Festa dos Saberes, Sabores e Tradições, tendo como desiderato permitir aos idosos o reavivar memórias de outros tempos e favorecer o convívio e aproximar diferentes instituições e parceiros. A secular Procissão do Senhor dos Passos é outra das iniciativas levadas a efeito pela Misericórdia de Pernes. Manuel Maia Frazão revela que “a cada ano que passa, tem sido gratificante poder assistir ao

empenhamento da comunidade na organização, dinamização, participação e concretização desta vivência religiosa”. Novos horizontes A Misericórdia de Pernes vai avançar com o projeto de requalificação e ampliação do Lar de Idosos, com o alargamento da capacidade total para 90 camas. Esta nova estrutura residencial está pensada com preocupações de ordem ambiental, sustentabilidade e de eficiência energética, e permitirá oferecer melhores condições aos utentes e colaboradores e, simultaneamente potenciar o desenvolvimento das respostas sociais da instituição. A terminar, Manuel Maia Frazão entende que a Misericórdia de Pernes terá sempre novos desafios, mas certamente terá capacidade de resposta, dando continuidade à tradição de intervenção social consagrada na sua matriz.

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DEUS QUER, O HOMEM SONHA, A OBRA NASCE O Centro Social Interparoquial, criado em 1985, é constituído por cinco unidades dispersas pela cidade de Santarém, Azóia de Baixo e Ribeira de Santarém, designadas Padre Borges, D. António Francisco, S. Domingos, Gualdim e João Arruda. A instituição tem as valências de creche, jardim de infância, lar de idosos, centro de dia e apoio domiciliário, num universo de 700 utentes (400 crianças e 300 idosos) e cerca de 200 funcionários, assumindo-se hoje como uma das mais importantes instituições de apoio social no concelho.

CENTRO SOCIAL INTERPAROQUIAL DE SANTARÉM

FRANCISCO RUIVO Sendo uma obra católica, no exercício das suas atividades terá sempre presente o conceito de pessoa humana e o respeito pela sua dignidade, trabalhar no sentido do aperfeiçoamento cultural, espiritual e moral de todos os paroquianos, mantendo sempre um espírito de convivência e solidariedade social, tendente à valorização integral dos indivíduos e respetivas famílias. É um serviço da paróquia, como comunidade cristã, devendo assim, proporcionar, com respeito pela liberdade de consciência e formação cristã aos seus utentes. O Centro Social Interparoquial de Santarém nasceu em 1985 e enquadra as valências de creche, jardim de infância, centro de dia lar e apoio domiciliário, desenvolvendo o seu trabalho em prol da comunidade. O padre Francisco Ruivo é o diretor da instituição e, em entrevista à Portugal em Destaque, conta-nos a génese da instituição e o seu desenvolvimento. Há apenas quatro anos na liderança da instituição, Francisco Ruivo destaca que o grande sonhador deste projeto foi o seu antecessor, “o padre Manuel Francisco Borges, uma das figuras mais marcantes dos últimos 50 anos em Santarém. Aos 85 anos de idade, pode orgulhar-se de deixar uma das mais relevantes obras sociais de Santarém”, salienta o nosso entrevistado. A avançada idade do padre Borges exigia uma mudança na liderança da instituição, por isso mesmo “o bispo D. Manuel Pelino Domingues lançou-me o desafio para o suceder. Aceitei o desafio, desconhecendo em absoluto o percurso e a vida da instituição, mas entreguei-me de corpo e alma à missão que o Centro Social Interparoquial personifica”, afirma, realçando a importância da equipa que o tem acompanhado e a confiança que nela deposita. 56 | PORTUGAL EM DESTAQUE

Valências e respostas sociais De acordo com o padre Francisco Ruivo, as instituições de solidariedade social, como o Centro Social Interparoquial, detêm “um papel insubstituível e fundamental no trabalho social nas comunidades, no apoio às famílias e aos indivíduos, e de indubitável importância no combate à pobreza e à exclusão social”. Através das respostas sociais que desenvolve, com espírito solidário e humanista dos seus 200 funcionários, a instituição coloca os seus recursos ao serviço dos que mais necessitam, promovendo os direitos, a qualidade de vida, a inclusão e a cidadania dos indivíduos e das suas famílias. Quanto às valências dedicadas às crianças, o pároco revela que é impreterível que os pais se sintam confiantes no local onde deixam os seus filhos, por isso todas as valências asseguram não só o bem-estar como também proporcionam atividades lúdi-


co-pedagógicas importantes para o desenvolvimento global das crianças. “A instituição tem dois jardins de infância completamente lotados, um com mais de 200 crianças e outro com mais de uma centena, desde o berçário, creche e o pré-escolar até aos cinco anos”, avança. “As valências dedicadas à terceira idade têm como desiderato a melhoria das suas capacidades de comunicação e de relação com os outros, aumentar a qualidade de vida dos idosos, incentivando-os a manterem-se ativos, bem como a prestação de cuidados personalizados no domicílio”, esclarece o padre Francisco, sublinhando que a instituição tem dois lares, um com 60 utentes e outro com 30. Já os dois centros de dia contam com cerca de 45 utentes. O Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) é uma resposta que consiste na prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicílio. Este serviço permite ao idoso um acompanhamento, sistemático a diversos níveis, desde o fornecimento, apoio alimentar, higiene pessoal, limpeza habitacional, tratamento

de roupa e, inclusive, a facilitação de tarefas quotidianas. “A nossa preocupação também passa por trazer estes idosos à instituição para conviver com os restantes, minimizando a sua solidão”, afirma o padre, lembrando que este serviço tem que ser muito mais, realçando a importância de projetos como o ‘Vamos adotar um Avô’, que promove o intercâmbio intergeracional entre as crianças e os seniores. Outra das preocupações assumidas pela instituição é o voluntariado, “talvez o nosso maior desafio”. De acordo com o presidente da instituição, uma das dificuldades identificadas é a dispersão das suas valências, o que significa a multiplicação de valências como sendo as cozinhas e as lavandarias, o que a longo prazo se torna insustentável. “Assim sendo, estamos a equacionar a reestruturação de algumas das unidades no que diz respeito a lavandarias e o passo seguinte será ao nível das cozinhas”, revela, acrescentando que outro dos desafios que se coloca é que a instituição se sinta como uma comunidade e uma só família e não como cinco famílias já que esta se dispersa por cinco espaços diferentes. Este espírito de comunidade e de família vai ao encontro dos grandes valores instituição que tem trilhado um percurso de reinvenção permanente. E neste contexto, o padre Francisco Ruivo não deixou de destacar o carinho, a estima e o amor que os funcionários da instituição dedicam aos seus utentes. “São pessoas de uma ternura inexcedível, tornando-se a família que muitos dos utentes não têm e encontram aqui uma semente de carinho”, lembra. O Centro Social Interparoquial de Santarém, no futuro, pretende continuar a ser uma instituição com uma tradição de intervenção social inestimável, uma protagonista do presente e “uma casa de afetos”, por isso um dos objetivos passa pelo alargamento ou criação de uma nova creche, bem como pela reestruturação das unidades para garantir a sustentabilidade da instituição.

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AZEITES COM IDENTIDADE A Agri-Mendes foi criada com o objetivo produzir e promover o azeite da região ribatejana, reforçando a qualidade de um produto tradicionalmente português. Atuando em parceria com os olivicultores da região para a obtenção da melhor matéria-prima, a fim de obter a melhor qualidade no produto final. Possuindo lagar e linha de embalamento próprios, controla todas as fases do processo produtivo e a qualidade do produto final. AGRI-MENDES

A história dos Azeites Mendes teve início em 1968 quando Agostinho Mendes instalou o seu lagar, no lugar de Comeiras de Baixo, equipando-o com cinco prensas e um moinho com quatro pedras cónicas. Anos mais tarde, em 1973, o seu filho Manuel Joaquim Mendes, que seguiu o caminho do pai, decidiu introduzir algumas inovações, com o intuito de rentabilizar o negócio. Já em 1990, o testemunho foi passado aos netos do fundador, Manuel Agostinho, Agostinho José e Maria João que constituíram a Agri-Mendes. Decididos a honrar o legado familiar, em 1998 remodelaram o lagar com um sistema contínuo ecológico de extração de azeite, que na altura laborava 1500 quilos à hora. “O lagar tornou-se assim, na região, um dos pioneiros com sistema contínuo e a laborar mais azeitona, obtendo assim azeite de melhor qualidade”, avaliaram os sócios-gerentes, em entrevista à revista Portugal em Destaque. Sempre com a preocupação de melhorar o desempenho do lagar, com um produto de elevada qualidade, e de dar resposta às cada vez maiores exigências do mercado, em 2007 foi adquirido um novo sistema contínuo de extração de azeite com equipamentos que permitem triturar maior quantidade de azeitona e com melhor qualidade. Assumindo já uma posição de destaque no mercado, a empresa Agri-Mendes tem procurado constantemente melhorar a qualidade dos seus produtos, alargando o número de clientes que confiam no lagar, entregando-lhe a sua azeitona para processamento. Tendo até hoje, continuado sempre a inovar, com máquinas mais modernas e com maior potência, de forma a conseguir triturar sempre cada vez mais azeitona em menor espaço de tempo, “criámos ainda uma outra sala de trituração, tudo isto tem como finalidade, conseguir oferecer uma resposta eficaz e mais rápida a todos os clientes que procuram a nossa empresa”. Além disso, é firme compromisso deste lagar processar a azeitona no máximo, num prazo de 24 horas, para garantir a maior qualidade do produto final e a 58 | PORTUGAL EM DESTAQUE

maior frescura do azeite produzido. A Agri-Mendes tem ainda um sistema de recepção e limpeza que permite limpar e lavar as azeitonas para conseguir obter azeites com melhor qualidade. A empresa comercializa azeite em garrafas de 0.75 cl, 0.5 cl e 0.25 cl, tendo igualmente garrafões de 3 e 5 litros e faz venda directa ao público no seu espaço próprio na aldeia de Comeiras de Baixo, na freguesia de S. Vicente do Paúl. “Produzimos azeite virgem e extra virgem, que comercializamos e ainda detemos um galheteiro que se encontra nas mesas de vários restaurantes pelo país, tendo tido uma boa aceitação no mercado”, sublinham os sócios gerentes da empresa. “A filosofia da Agri-Mendes passa uma aposta forte na qualidade e em servir o melhor possível o nosso cliente, só desta forma conseguimos fidelizar e captar novos clientes”, acrescentam. Valorização do caroço azeitona Em 2011, esta PME Líder começou a comercializar embalagens de caroço de azeitona, um subproduto da azeitona que, depois de passar por um processo de secagem, pode ser utilizado para combustível de caldeiras de aquecimento. Esta é uma atividade que tem progredido muito e está cada vez mais em expansão. O caroço de azeitona é um importante subproduto da extração de azeite. O principal uso desta biomassa é a combustão, ideal para produzir energia elétrica ou calor. Novos horizontes A par da produção de azeite, a Agri-Mendes também está vocacionada para a área dos transportes e do comércio de palhas para os animais, no sentido de poder trabalhar durante todo o ano. Os sócios-gerentes da Agri-Mendes desvendam que têm vários projetos em mente e prometem continuar a trabalhar no futuro com os pressupostos de experiência, tradição e conhecimento passados de geração em geração , que assume serem os segredos para a qualidade do azeite produzido na Agri-Mendes.


Olitrem S.A. Indústria de Refrigeração

Conservação

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OS SABERES E SABORES DA TRADIÇÃO RIBATEJANA A Taberna do Quinzena é um restaurante com ambiente e gastronomia tipicamente ribatejana. Fundada pelo bisavô do atual proprietário, Fernando Batista, há 147 anos, a Taberna do Quinzena mantém o ar castiço de sempre com mesas corridas, toalhas aos quadradinhos, decoração alusiva às corridas de touros, com a arte de bem servir à boa maneira da região. TABERNA DO QUINZENA

FERNANDO BATISTA

Bem-vindos à Taberna do Quinzena, o restaurante em Santarém que oferece o que de melhor e mais saboroso tem a cozinha tradicional ribatejana e portuguesa, proporcionando-lhe uma viagem de sensações e de sabores únicos, combinados com um ambiente familiar e acolhedor. Com um ambiente cheio de energia é um lugar onde uma refeição significa prazer: prazer de comer, de gostar de estar com amigos e de beber um bom vinho. O anfitrião Fernando Batista recebe-nos com grande simpatia e sempre com um sorriso na face, dá-nos a conhecer a história daquela que é a ‘catedral’ da boa comida tipicamente ribatejana desde há 147 anos. “A Taberna do Quinzena nasceu com o meu bisavô em 1870 e era um ponto de encontro dos homens de Santarém, que aqui falavam, petiscavam, bebiam vinho e jogavam às cartas”. Passaram-se os anos e a casa foi passando de geração em geração

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até chegar a Fernando Batista, a quarta geração Quinzena, que herdou o restaurante do seu pai há 22 anos. Na altura do seu pai, só se faziam almoços por encomenda e à tarde os petiscos, mas Fernando Batista entendeu começar a preparar os petiscos logo ao almoço. O sucesso foi sendo construído, a par de obras de remodelação, nunca desvirtuando, no entanto, a traça e o espírito que caracterizam a Taberna do Quinzena. “Este era o único espaço e para muitas pessoas continua a ser o único”, sublinha o


nosso anfitrião. Com um percurso em franco crescimento, em 1998, a Taberna da Quinzena começou a participar em Festivais Gastronómicos, “o que nos dava a oportunidade de dar a conhecer o que é nosso ao país inteiro”, revela Fernando Batista, sublinhando que nos anos seguintes estiveram presentes na Bolsa de Turismo na FIL em Lisboa, mas também em feiras internacionais, para além de feiras gastronómicas no norte do país, nomeadamente em Penafiel, onde todos os anos está marcado o ponto de encontro com clientes e amigos. Os espaços Quinzena Com dedicação, amor e entrega, Fernando Batista apostou na expansão do negócio, por isso em 2006 abriu o segundo Taberna do Quinzena, num espaço com capacidade para 30 pessoas e, cinco anos

volvidos, o terceiro restaurante. A par destes, o Santarém Hotel hospedou um outro espaço Taberna da Quinzena, “um desafio completamente diferente” que há seis anos tem permitido chegar a outro público, cativando-o também para os outros espaços. Entretanto há quatro anos, “mudámos a Taberna do Quinzena II para um espaço com capacidade para 150 pessoas”, refere, destacando que os bons resultados refletiram-se também na abertura de dois espaços self-service, um no Continente e outro no E.leclerc, ambos na cidade de Santarém. Apesar da expansão, o proprietário assegura que a base é a genuína gastronomia ribatejana e portuguesa. “A Taberna do Quinzena tem hoje três vertentes, uma tradicional com comida ribatejana e portuguesa, outra mais requintada onde a aposta na gastronomia regional e portuguesa se mantém e outra mais de fusão, que é o caso do Quinzena Hotel, além da vertente low-cost nos dois hipermercados em regime de self-service”, salienta. A Taberna do Quinzena esconde um universo gastronómico, um verdadeiro desfile de sabores, dos quais destacamos o magusto com bacalhau assado, o ensopado de borrego, as queixadas de porco assadas no forno, o pernil assado no forno, o entrecosto com arroz de feijoca e naco de

toiro bravo. Ao que se come, alia-se sempre o vinho de qualidade de produtores locais. “À excepção do Quinzena Hotel, em todas as casas só utilizamos vinhos do Ribatejo”. E depois de uma excelente refeição, deixe-se deliciar com as sobremesas como a trouxa de ovos, o pudim, a pêra bêbada ou o leite creme. A experiente equipa da Taberna do Quinzena, composta por cerca de 70 colaboradores, terá todo o prazer em proporcionar-lhe uma refeição ideal, com sabores deliciosos, servidos com arte, simpatia e dedicação. Novos horizontes E que surpresas reserva o futuro à Taberna do Quinzena? Fernando Batista acalenta o sonho de abrir um restaurante em Lisboa, não quer dizer que não venha a acontecer, mas o nosso anfitrião não sabe se será este ano. E porquê? Porque perto, “estamos a pensar em ter um grande projeto, juntando duas ou três vertentes num mesmo espaço”, destaca o proprietário da Taberna do Quinzena, realçando que estes dois projetos vão ser concretizados entre 2017 e 2018. Mas por agora, não deixe de conhecer e experimentar as delícias dos vários cantinhos da Taberna do Quinzena e leve consigo o melhor que o Ribatejo tem.

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FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO Entranhado no coração da região do Riba Côa, o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, apresenta grande riqueza de património edificado, onde assume papel de destaque Castelo Rodrigo, uma das mais belas e marcantes Aldeias Históricas de Portugal. Entre os monumentos que acrescentam valor ao património histórico são de destacar as velhas muralhas, as ruínas do palácio de Cristóvão de Moura, o Pelourinho quinhentista, a igreja matriz, a cisterna medieval e os vestígios que atestam a presença de uma importante comunidade de cristãos-novos. Durante mais de 600 anos, a povoação foi vila e sede de concelho. Em vários momentos da história nacional, os seus habitantes destacaram-se pela sua coragem e lealdade à coroa. Não obstante desta grande riqueza patrimonial, o concelho apresenta outras grandes potencialidades. O mítico Convento de Santa Maria de Aguiar, a magnífica Serra da Marofa, as deslumbrantes vistas do Alto da Sapinha, as imponentes Igrejas do Concelho ou a Reserva da Faia Brava, são algumas das mais-valias deste concelho, que merecem uma visita. Mas falar do património de Figueira de Castelo Rodrigo é também falar de turismo e gastronomia. Quem passa pelo concelho não pode deixar de saborear um dos pratos marcantes da região: o Borrego da Marofa. De salientar que existem também, boas propostas ao nível da hotelaria e restauração. Figueira de Castelo Rodrigo é sem dúvida uma cidade a visita. Provar o bom vinho, o bom queijo, o bom azeite, e desfrutar de todas as coisas boas que este Concelho, tem para lhe proporcionar. Figueira de Castelo Rodrigo espera por si!

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EQUILÍBRIO ENTRE TRADIÇÃO E INOVAÇÃO Pertencente à Região Demarcada da Beira Interior, Figueira de Castelo Rodrigo possui fortes raízes ancestrais em termos de cultura da vinha e produção de vinho de alta qualidade. Neste sentido, fomos conhecer a Adega de Figueira de Castelo Rodrigo, pelas palavras do seu presidente, António José Madeira.

ADEGA DE FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO

A Adega de Figueira de Castelo Rodrigo comemora este ano o seu 60.º aniversário. Fale-nos um pouco sobre a história e evolução da adega ao longo dos anos. Somos uma adega com muita história e com um cariz vincadamente cooperativo, o que nos orgulha em ser uma das maiores associações de produtores da Beira Interior e a maior do nosso concelho. Nessa iminência, e porque somos um grupo muito numeroso, dedicado exclusivamente à viticultura, a apetência da adega nos últimos tempos, tem sido focada para a produção de produtos de qualidade. Enquanto direção, e desde há três anos, tem sido uma batalha dura que queremos assente na sustentabilização da viticultura dos nossos associados, uma vez que só recebemos e transformamos uvas exclusivamente provenientes das nossas vinhas, não compramos uvas nem vinho a terceiros. A adega, orgulha-se de conseguir distribuir no ano vitivinícola, o excedente cooperativo resultante aos seus associados. Esta prática operacional está em curso desde 2014, sendo ponto de honra desta direção. Apesar de não ser uma prática muito comum no setor cooperativo, quisemos com esta medida aumentar o fluxo de uvas recebidas, disponibilizar mais rapidamente valor aos nossos associados para que assim possam também produzir mais e melhor, bem como, melhorar a valorização predial do seu património vitícola. A nível internacional, quais os mercados em que atuam? A Adega Castelo Rodrigo é a entidade que leva mais longe os nomes do nosso património concelhio. As marcas Marofa, Torre de Aguiar, Castelo Rodrigo e Convento de Aguiar prosperam já nos mercados intracomunitários e fora da Europa. Temos distribuição em países como a Suécia, Holanda, Polónia, Bélgica, Suíça, Espanha, França e Reino Unido. Fora da Comunidade Europeia, conseguimos penetrar nos mercados norte americanos, Brasil, Bissau, Guiné, Angola e em menor escala, China. Estamos em

negociação com o mercado das Caraíbas e em vias de exportar para o México. Estamos com uma grande possibilidade em adquirir posição no mercado japonês, tendo já desenvolvido os primeiros contactos. Com um posicionamento de mercado em franca expansão e como exemplo, no segmento dos vinhos Premium, da marca Convento de Aguiar e espumante Castelo Rodrigo, assiduamente entramos em rutura de stock. Uma vez que que pretendemos manter a consolidada qualidade desta gama de produtos, um aumento na cadência de produção, que não seja consistente com o que atualmente oferecemos aos nossos consumidores, não está para já nos nossos horizontes comerciais. Em termos de vendas, têm sentido um crescimento gradual? A Adega tem uma variedade de produtos de qualidade muito significativa, mesmo dentro da gama dos acessíveis, no caso das marcas Marofa e Torre de Aguiar. Outro dado muito importante para a adega foi a segmentação dos mercados, não só a nível nacional, como internacional. De 2014 até 2015 as vendas cresceram 18.5 por cento, de 2015 para 2016, cerca de 28 e o último balanço que fizemos, em dezembro de 2016, constatámos que o valor vendido em termos de produto engarrafado superou os 31 por cento. Neste momento, estamos quase a atingir a fasquia de 50 por cento em engarrafados, do total produzido. Relativamente ao espumante, conseguimos consolidar já a marca Castelo Rodrigo Bruto nos mercados, contando também com a ajuda das inúmeras distinções que temos obtido em concursos nacionais e internacionais onde temos participado. Quais as novidades para o futuro? Vai ser lançado este ano, sendo notícia em primeira mão, um vinho diferente, feito de uvas brancas, resultado de um protocolo entre a parte de Enologia da adega e a Universidade de Trásos-Montes e Alto Douro. Está este novo produto vínico registado com patente internacional, com uma publicação em científica no Journal Of Agricultural And Food Chemistry, publicado nos EUA. Ainda adiantamos que é um produto inovador e singular, bastando imaginar um vinho rosé de cor rosa salmão, feito de uvas brancas, sem necessidade de aditivos ou complementos enológicos. Relativamente às comemorações do nosso aniversário, vamos realizar uma festa simbólica com os nossos associados e convidados, pelo que temos previstas algumas obras com cariz mais direcionado para receber visitas de grupos. Está já projetada a implementação de um espaço de exposição e vendas, onde se poderão degustar os nossos néctares e restantes produtos endógenos da região. A referida obra, terá já inicio em meados de fevereiro e conclusão prevista em final de março aquando da celebração das comemorações do nosso 60º aniversário.

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ESCALHÃO, A BELEZA DA FRONTEIRA Situada na margem esquerda do rio Águeda, a freguesia de Escalhão, em Figueira de Castelo Rodrigo, apresenta-se como a maior freguesia do concelho. Jacinto Branco, presidente da junta, fala-nos desta terra ainda por descobrir.

FREGUESIA DE ESCALHÃO

JACINTO BRANCO Freguesia com história, Escalhão teve um papel determinante na resistência aquando da tentativa da invasão da Beira pelo Duque de Alba em 1642, papel esse que lhe valeu o título de honra concedido pelo rei D. João IV em fevereiro de 1648, sendo elevada a vila apenas dois anos depois. A Igreja Matriz, também conhecida como ‘Igreja Fortaleza’, foi um dos principais palcos destes acontecimentos e, por essa razão, é, ainda hoje, um dos locais mais importantes e que merece um especial destaque na freguesia. Caracterizada pelo seu imponente templo, “a nossa Igreja Matriz é a maior igreja do distrito da Guar-

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da”, diz Jacinto Branco, “com 22 metros de altura e dona de frescos únicos”, arriscando-se mesmo a comparar a igreja a uma catedral. Com sete altares em talha dourada antiga, a Igreja Matriz de Escalhão foi classificada em 1978 como Imóvel de Interesse Público. Não podemos esquecer o Museu de Artes e Ofícios, pertença da Casa da Freguesia, um museu “como não há nenhum no país” e que vale a pena visitar, bem como as minas de cal. Mas falar do interior do país é falar, obrigatoriamente, de desertificação e de elevadas taxas de mortalidade em detrimento da natalidade. E Escalhão não passou impune à evolução natural das coisas. Ao longo dos tempos a freguesia foi perdendo a grande densidade populacional que a caracterizava e, se outrora atingiu os 3.000 habitantes, hoje conta com cerca de 700, incluindo o lugar da freguesia Barca d’Alva. Inserida na área do Parque Natural do Douro e situada num bonito vale na margem esquerda do Rio Douro, Barca d’Alva oferece paisagens naturais de rara beleza sendo, por isso, ponto de final de viagem dos cruzeiros do Douro Azul. “Com os poucos recursos que temos tentamos fixar as pessoas aqui na terra”, garante o presidente, “tentamos dar-lhes o apoio que precisam e temos tempo para tudo”. A Junta de Freguesia abre as portas ao público todos os dias, no horário das 14.30 horas às 17 horas e são realizados protocolos e acordos pontuais com a Casa da

Freguesia, no sentido de haver sempre pessoal disponível para os serviços. No que diz respeito ao apoio à população, a freguesia de Escalhão conta com um lar de idosos com cerca de 50 utentes, uma fisioterapeuta e serviços de enfermagem uma vez por semana de forma gratuita, tal como aulas de zumba, também uma vez por semana. Além destes importantes apoios, a freguesia conta com um multibanco, havendo outro na anexa Barca d’Alva, uma extensão dos correios, um pavilhão e uma piscina que se mantém aberta de 1 de julho a 31 de agosto e que faz as maravilhas da pequenada e de quem por lá passa, vindos de outras localidades. “Todos os anos realizamos um programa: o ‘Verão desportivo’, destinado a miúdos entre os cinco e os 13 anos”, explica Jacinto Branco, “onde realizamos diversas atividades, oferecendo, gratuitamente aos pequenos todas as refeições durante as três semanas que dura o programa”. Terra de festas e romarias, Escalhão será palco de uma Montaria ao Javali nos próximos dias 11 e 12 de fevereiro, uma festa tradicional que atrai caçadores de todo o país, mas que este ano tem novos contornos, uma feira de produtos regionais no pavilhão da freguesia, que espera seja bastante concorrida. Já no mês de março, nos dias 4 e 5, é a vez da típica Festa do Almendro em Barca d’Alva, uma das mais importantes da zona. Feita entre pessoas vindas de várias regiões do país e de Espanha, esta festa atrai milhares de visitantes cujos feirantes ocupam todo o espaço disponível nas ruas da localidade. A terminar o primeiro mandato, Jacinto Branco faz um balanço positivo do trabalho levado a cabo nestes últimos anos. Desta forma, o presidente espera ver uma freguesia mais forte e com mais conquistas, deixando uma mensagem a quem ainda desconhece os encantos da terra: “Aconselho vivamente a que nos visitem!”.


PRESERVAÇÃO E VALORIZAÇÃO DAS TRADIÇÕES CULTURAIS A União das Freguesias de Freixeda do Torrão, Quintã de Pêro Martins e Penha de Águia estende-se por uma área de 57,73 km², no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, e surge no âmbito de uma reforma administrativa nacional, pela agregação das antigas freguesias de Freixeda do Torrão, Quintã de Pêro Martins e Penha de Águia. Numa visão generalizada sobre as freguesias e sobre o contexto político e social em que se inserem, o presidente Paulo Jorge da Cruz Baptista, faz o balanço das atividades da autarquia e aborda os mais diversos temas que se vivem atualmente na região. UNIÃO DAS FREGUESIAS DE FREIXEDA DO TORRÃO, QUINTÃ DE PÊRO MARTINS E PENHA DE ÁGUIA

PAULO JORGE BAPTISTA Prestes a terminar o seu primeiro mandato, Paulo Jorge da Cruz Baptista, começa por contar que o seu primeiro ano como presidente foi “especialmente complicado”, uma vez que não conhecia na totalidade a realidade das zonas rurais das três freguesias. “Foi com bastante dificuldade que me adaptei mas penso que neste momento estamos no bom caminho”, assegura, admitindo que não viu vantagens no processo de agregação das freguesias. Na opinião do autarca, “as populações ficaram pior servidas com o atual formato governativo. Penso que cada vez mais é necessário existir um poder local mais próximo da população”. Enquanto presidente, está consciente da importância que assume, tanto para a freguesia como para o concelho, a criação de condições que constituam um atrativo para a população. Pela sua parte, e apesar de lutar diariamente contra a desertificação e o abandono rural, está comprometido com o objetivo de desenvolver e dinamizar

as suas freguesias, procurando promover diversas atividades e eventos culturais durante todo o ano. “Organizamos e damos apoio às nossas associações para organizarem eventos culturais, desde festas populares a passeios pedrestes para atrair pessoas e manter as tradições das freguesias. Na Freixeda ainda vamos conseguindo combater o problema da desertificação uma vez que existem muitas crianças mas na Penha e na Quintã estamos a sentir muito o peso deste despovoamento. Infelizmente é um problema que afecta muito o interior”. Os setores de atividade oscilam da agricultura às pedreiras, com vista a empregar a população local e a contribuir desta forma para o desenvolvimento económico das freguesias. Porém, falar nesta União de Freguesias é falar também no associativismo. A dinâmica associativa em diversas áreas, que vão desde a cultura à ação social, do turismo rural ao lazer, da atividade física ao desporto fazem destas freguesias, locais que merecem ser inquestionavelmente visitados. No que diz respeito ao património, há muito a visitar na Freixeda, começando pela Igreja Matriz e acabando na Torre dos Metelos, constituída por duas áreas distintas, uma correspondente ao torreão medieval, outra ao solar seiscentista. No âmbito da ação social, destaca-se o constante apoio prestado pela Junta de Freguesia a instituições e associações locais, dedicando especial atenção a Penha de Águia, uma vez que, segundo o nosso interlocutor, “é a zona mais carenciada”. Em jeito de despedida, o presidente aproveitou para deixar uma mensagem aos naturais das freguesias e seus familiares que compõem esta união. “Venham visitar as vossas origens. Temos eventos marcados que certamente não vão querer perder”, adianta, assumindo que o balanço que faz destes últimos três anos não poderia ser mais positivo. “Estamos a pensar cumprir com cerca de 95 por cento daquilo a que nos propusemos, o que é bastante positivo”, conclui, elogiando o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por todo o executivo. “O secretário e o tesoureiro têm sido incansáveis desde o início”, remata.

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Localizada no Parque Nacional, a Quinta de Pero Martins é uma unidade de turismo rural de referência do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. Com uma decoração moderna, possui uma vista panorâmica para o Vale do Côa e o Rio Douro, e dispõe de cinco modernos quartos, com casa de banho privativa, com o nome de aldeias da região, nomeadamente: Colmeal, Luzelos, Milheiro, Penha d’Águia e Algodres. Para além disso, dispõe ainda de uma sala de refeições, sala de estar e cozinha. No exterior, podemos desfrutar de uma paisagem rural e verdejante, em perfeita harmonia com a natureza, com espaços de lazer como o relvado, ideal para a realização dos mais variados jogos e ainda uma piscina que convida a momentos únicos. Com uma localização priveligiada, a propriedade prima pela qualidade dos seus serviços, deixando várias facilidades e equipamentos ao dispor dos seus clien66 | PORTUGAL EM DESTAQUE

tes, ideal para férias ou uma simples escapadela de fim-de-semana. Aqui, poderá visitar as gravuras rupestres do Vale do Côa a escassos 20 km, na Penascosa, e ainda descobrir a Reserva Natural de Faia Brava. A comida caseira tradicional como a sopa à lavrador, o arroz de lebre ou de pombo, o naco de vitela, as migas e as saladas com legumes das hortas vizinhas, fazem as delícias da casa. O pequeno almoço, no inverno, é servido na sala junto à salamandra de lenha. No verão e sempre que o tempo permite, a mesa é posta no exterior, com vista para os campos e o Vale do Côa. Inclui, para além de tudo o que é habitual numa boa primeira refeição, bolos e tartes de fabrico caseiro, sumos naturais e queijos e enchidos da região.


FOZ CÔA Vila Nova de Foz Côa é um município situado no Distrito da Guarda, e marca-se em grande parte pelos vestígios de arte rupestre. Sinais da vontade do homem paleolítico, que apesar dos modestos instrumentos, deixou plasmadas as suas ambições espirituais e materiais na dureza do xisto. Ao longo de 17 quilómetros, o Rio Côa merece sem dúvida alguma ser visitado pelas suas cinco dezenas de pontos onde se pode encontrar esta arte. Representa uma rara concentração de arte rupestre, e nele se podem encontrar gravuras em pedra datadas do Paleolítico Superior, o que faz deste o registo de atividade humana de gravação mais antigo do mundo. Deste modo, este santuário se tornou Património da Humanidade, visto ser o maior museu de arte rupestre que existe ao ar livre. Na região, tanto Foz Côa como Meda e Pinhel nos brindam com estes vestígios. E também ali se encontra o Parque Arqueológico do Vale do Côa, considerado como um dos vestígios de arte rupestre mais importantes do mundo. Ainda neste concelho vale a pena visitar os seguintes monumentos: o Pelourinho de Foz Côa, o Castelo de Numão e a Igreja Matriz. Uma autêntica viagem no tempo através duma riqueza histórica, artística e cultural únicas. Assim se pode definir a visita a esta região. Tudo isto perfeitamente conciliado com a beleza natural, e foi com este cuidado e respeito que se foi concebido o museu, perfeitamente integrado na paisagem. Quanto à gastronomia, tem um papel muito importante junto do turismo. Dos pratos de caça até aos enchidos, passando pela pescaria e pelo pão, a comida torna-se num bom motivo para definir Foz Côa como destino turístico. Mas os motivos vão muito além disto. Na nossa visita levaremos o leitor a viajar não só pela história e cultura, mas também através do tecido empresarial da região. Boa viagem.


UM CONCELHO, DOIS PATRIMÓNIOS MUNDIAIS Repleto de paisagens únicas e detentor de um património histórico vasto e distinto, o concelho de Vila Nova de Foz Côa, está integrado na sub-região do Douro Superior, fazendo fronteira com o rio Douro. Em termos de desenvolvimento, este perspetiva-se em dois fatores: a excelência dos seus recursos endógenos, como o vinho, a amêndoa, o azeite e o xisto, e, no turismo, numa vertente essencialmente cultural. Assim, em entrevista à Portugal em Destaque, Gustavo de Sousa Duarte, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, falou-nos sobre as potencialidades e os projetos delineados para o futuro do seu concelho, o único que ostenta dois patrimónios mundiais: o Douro Vinhateiro e as Gravuras Rupestres do Vale do Côa. MUNICÍPIO DE VILA NOVA DE FOZ CÔA

GUSTAVO DE SOUSA DUARTE Alvo de uma problemática geral em todo o país, a desertificação, o concelho de Vila Nova de Foz Côa adotou uma estratégia dinâmica para reverter essa situação, a organização de eventos: “Existe uma série de fatores que pode, a curto prazo e no futuro, alavancar um crescimento que nós esperamos que permita combater um dos principais problemas desta região há vários anos: a desertificação. Para isso, criámos ao longo do ano vários eventos no concelho que permitam, por um lado, captar turistas e visitantes ao concelho e, por outro, auxiliar a restauração e a hotelaria local”, começou por nos explicar o autarca. Já este mês, irá realizar-se a XXXVI edição do Festival da Amendoeira em Flor, um evento já consolidado e de cariz popular, considerada a maior festividade do concelho. Em maio acontecerá o Festival do Vinho do Douro Superior, um certame que atrai, durante o fim de semana, entre seis a sete mil pessoas. Em finais de agosto realizar-se-á, também, a Festa da Juventude, um evento que cresce todos os anos e em outubro/novembro, o Cinecôa, um festival de cinema internacional, onde já estiveram presentes figuras de renome do panorama artístico mundial. Como aposta na cultura existe ainda um protocolo com a Or68 | PORTUGAL EM DESTAQUE

questra do Norte tornando, assim, Vila Nova de Foz Côa num dos municípios que faz parte do projeto ‘Ópera no Douro’. E, fazendo jus aos dois patrimónios que neste município estão inseridos, a cultura é um fator fundamental no qual o atual executivo da Câmara Municipal quer apostar no presente e no futuro do concelho: “O nosso maior e mais recente projeto é o Centro de Alto Rendimento do Pocinho, inaugurado em julho do ano transato, considerado pelos atletas e pelas equipas que nos visitam, como um dos melhores do mundo, bem equipado e aliado à excelência do plano de água da barragem do Pocinho. Assim, estão reunidas todas as condições para treinos de canoagem e remo e para outras modalidades para atletas de alta competição”, revelou-nos Gustavo de Sousa Duarte. No vinho e na agricultura, bem como no azeite e na amêndoa tem-se assistido a um crescimento exponencial no concelho. Segundo o nosso entrevistado, nos últimos cinco/seis anos, só nesta área, investiram-se mais de 50 milhões de euros no concelho de Vila Nova de Foz Côa. “Todos os dados têm sido positivos para o concelho e os investidores, a população e a autarquia estão a fazer o que é possível para que Foz Côa seja uma referência no interior”, garantiu. Para além do Centro de Alto Rendimento construiu-se, também, o pavilhão ExpoCôa, direcionado para certames, exposições e feiras. Investiu-se também uma verba avultada na reabilitação urbana de Foz Côa, dando-lhe uma nova imagem. Neste momento, existem outros projetos em curso, como a reabilitação de um edifício com alguma dimensão na zona histórica, onde se pretende retratar a história de Foz Côa, e a remodelação do mercado municipal. Encontra-se, ainda, a ser construído o Centro de Saúde/Serviço de Urgência Básica, em protocolo com o Ministério da Saúde, que estará concluído em dezembro deste ano. Pretende-se, ao mesmo tempo, dinamizar o Museu do Côa e projetá-lo a nível internacional. Admitindo recandidatar-se nas próximas eleições, o presidente do concelho de Vila Nova de Foz Côa deixou um convite a todos os leitores: “Desfrutem de uns dias na região e da Festa da Amendoeira em Flor, que se realizará brevemente, pois será uma ótima oportunidade para estar no único concelho com dois patrimónios mundiais”, finalizou.



DIFERENCIAÇÃO E INOVAÇÃO COMO BASE DE SUCESSO É a partir da freguesia de Almendra, em Vila Nova de Foz Côa, que a empresa CARM – Casa Agrícola Reboredo Madeira, S.A, transforma as matérias primas das suas quintas (Bispado, Calabria, Côa, Marvalhas, Urze e Verdelhas), criando produtos de alta qualidade, com reconhecimento internacional nos vários mercados onde atua. Em entrevista à revista Portugal em Destaque, Celso Madeira, fundador da CARM, apresenta-nos a sua empresa naquele que é um puro testemunho da sua paixão pela terra e do respeito pela natureza, sendo que esta, já em 1993, foi uma das empresas pioneiras em Portugal da agricultura biológica com dimensão relevante.

CELSO MADEIRA 70 | PORTUGAL EM DESTAQUE

Com o objetivo inicial de aumentar e potenciar as propriedades da família, Celso Madeira, engenheiro civil, natural do Porto mas, filho de gentes da terra, decide, após se reformar, fazer da agricultura o seu trabalho a tempo inteiro e dedicar-se ao desenvolvimento das suas terras. Posteriormente, a aposta recaiu sobre a transformação e comercialização das matérias-primas próprias, dando assim origem à CARM, em 1999. “A CARM surge como uma ferramenta que permitiu, não só a rentabilização da produção, mas também como colocar no mercado, a preços acessíveis, produtos de alta qualidade diferenciadores e em grande parte derivados de produção biológica”, começa por contar o nosso entrevistado. Em 1997 foi construído o lagar de azeite e, em 2004, construída a nova adega, unidades dotadas de equipamento e tecnologia de alta qualidade. Atualmente a atividade da CARM continua a focar-se, essencialmente, no vinho e azeite. A produção de vinho representa 90 por cento da faturação geral da empresa. Em termos de área, esta gere mais de 600 hectares de propriedades, que englobam, 150 hectares de vinha, 210 de olival e 60 de amendoal, em modo de produção biológica. “Os mercados externos foram desde logo a nossa aposta. Não descuramos o mercado nacional mas, o nosso objetivo principal e a nossa estratégia é internacionalizar o mais possível os nossos produtos e atingir cerca de 80 por cento, em termos de exportação”. O empresário refere ainda, que a decisão de iniciar a atividade com a produção de azeite resultou do bom conhecimento das ne-


cessidades e gostos do mercado internacional, a principal aposta da CARM desde o início da sua atividade. No azeite, a produção própria é de cerca de 250 mil garrafas/ano derivada das suas azeitonas, todas em cultivo biológico, e de outras, da região, cujo processo produtivo é rigorosamente controlado. Os azeites comercializados e presentes no mercado são todos extra virgens de muito alta qualidade e DOP Trás os Montes; os inúmeros prémios nacionais e internacionais isso reconhecem. Quanto ao vinho, com uma produção atual de 800 mil garrafas/ ano (os investimentos em curso deverão permitir atingir 1.300.000), mantem-se o mesmo elevado padrão de qualidade igualmente reconhecido por também inúmeras distinções. Em termos de vinhos, foi em 2000, que saiu o primeiro rótulo de vinho com a marca CARM e Celso Madeira considera que o sucesso dos vinhos produzidos se deve essencialmente a dois fatores: um a muito boa relação qualidade/preço e outro, a nível de produção, o emprego de uma tecnologia que permite obter vinhos com a tipicidade do Douro, mas diferentes e inovadores, de como é exemplo, o vinho “CARM SO2 Free”, sem sulfitos adicionados. Para tal, muito contribuiu o trabalho desenvolvido e dedicação de todos os colaboradores da firma, particularmente por Filipe Madeira, responsável pelo departamento de comercialização e marketing e, sem dúvida, pelo enólogo, António Ribeiro. A estratégia comercial assenta assim na oferta de produtos de elevada qualidade a custo relativamente contido. A qualidade tem sido amplamente reconhecida e, prova disso mesmo, são as distinções in-

ternacionais obtidas, em que, e por exemplo o “CARM Reserva”, um vinho com um preço muito apelativo, foi já incluído por duas vezes, na lista dos “100 Most Exciting Wines of The Year” pela Wine Spectator, sendo que numa delas, ficou também na lista dos “Top 10 of The Year”. Para além do azeite, do vinho e da amêndoa, a CARM criou também uma linha de especialidades “gourmet”, e conta este ano lançar um vinagre a partir de uvas Touriga Nacional do Douro e um mel biológico, reafirmando assim a sua aposta nos produtos endógenos de alta qualidade da região do Douro Superior. “A zona de Vila Nova de Foz Côa é muito rica em produtos como o vinho, o azeite e a amêndoa. O próprio nome da freguesia onde estamos sediados, Almendra, de raiz árabe, é a tradução de amêndoa em espanhol (no início do seculo 20, o maior produtor, a nível mundial, de amêndoa era de Freixo de Espada à Cinta, um concelho vizinho). Somos uma região com grandes potencialidades relativamente à qualidade, particularmente, porque as condições climatérias são as adequadas, muito frio no inverno e muito quente no verão, disso resultando que as vinhas e os olivais sejam pouco atacadas por doenças”, frisa. Para o futuro, os projetos delineados, são desafiadores, como o próprio nos confidencia. “Temos quatro projetos de razoável dimensão em curso, focados, fundamentalmente, no marketing e alargamento dos mercados exteriores, na área de pesquisa e inovação, no aumento da capacidade produtiva e no potenciamento do enoturismo, com a criação de uma nova guesthouse”, finaliza Celso Madeira.

Rua da Calabria 5150-021 Almendra Telefone: 279 718 010 Fax: 279 718 011 www.carm.pt PORTUGAL EM DESTAQUE | 71


PASSADO E PRESENTE EM SINTONIA Pertencente ao concelho de Vila Nova de Foz Côa, Castelo Melhor é uma das freguesias mais emblemáticas da região, pelo seu núcleo de gravuras rupestres do Paleolílico Superior e pelos seus vestígios pré-históricos em geral, essencialmente ligados ao rio Côa. Aqui, a população da freguesia dedica-se de modo especial à agricultura, à produção de amêndoa, azeite, vinho fino (do Porto) e de mesa. Pelas palavras do presidente da Junta de Castelo Melhor, José Fernandes Paulo, ficamos a conhecer melhor esta terra histórica, que por ano, recebe milhares de visitantes.

FREGUESIA DE CASTELO MELHOR

JOSÉ FERNANDES PAULO 72 | PORTUGAL EM DESTAQUE

“Em termos de património, somos uma freguesia com muita história e com dois pontos de interesse: o nosso castelo e as gravuras rupestres, que dão nome e reconhecimento ao nosso concelho, Vila Nova de Foz Côa, e que as pessoas podem aqui conhecer. Por ano, passam pela freguesia milhares de pessoas, o que nos permite ter uma maior dinâmica, o que acontece tanto de verão, como de inverno. No concelho, temos também o Museu do Côa, onde estão expostas várias gravuras e pinturas rupestres mas, aqui na freguesia os visitantes podem ver no terreno e o próprio museu promove essas visitas, criando uma ligação muito importante, para além das visitas particulares”, começa por nos contar o autarca. Questionado sobre quais as festividades e romarias de destaque que se realizam na freguesia, o nosso entrevistado explica: “costumamos realizar duas por ano, uma em honra do Arcanjo São Gabriel, que tem lugar na capela histórica da freguesia na segunda segunda-feira de Páscoa. Consiste numa procissão que sairá da sede de freguesia até à saída do povo, a procissão acaba e depois as pessoas deslocam-se a pé até ao Anjo São Gabriel, onde é rezada uma missa. Este ano, em meados de agosto iremos também retomar uma festividade que esteve parada durante vários anos, em honra da Nossa Senhora do Rosário. Para a realização destas festividades, é nomeado um mordomo, que fica responsável pela organização do evento ao longo do ano, que pode, ou não, mudar no ano seguinte. Com estas festividades, queremos manter as nossas tradições e também por causa dos nossos emigrantes, que principalmente no verão, se deslocam até à nossa freguesia”. Com uma população maioritariamente idosa, muitas iniciativas da Junta de Freguesia passam por criar melhores condições de apoio a esta classe. “Disponibilizamos na sede de freguesia, todas as segundas-feiras desde as 9 até às 13horas, ou mais tarde, caso seja necessário, consultas médicas para as pessoas não tenham que se deslocar. A população da freguesia é muito envelhecida e este tipo de apoio é essencial. Antes, a médica só consultava de duas em duas semanas, num período de duas horas mas, falei com com o chefe do centro de saúde


de Vila Nova de Foz Côa e consegui que viesse cá mais tempo e mais vezes, depois de algum tempo de espera. Disponibilizamos também na sede de freguesia, uma caixa de correio para que as pessoas possam deixar as suas receitas de medicação, que depois envio por fax para a farmácia e assim quando me desloco até Vila Nova de Foz Côa para ir buscar a medicação, esta já está pronta. Muitas vezes, desloco-me de propósito porque as pessoas precisam da medicação e eu faço questão de o fazer desde que sou presidente da junta de freguesia”, frisa. Neste sentido, o autarca revela estar satisfeito com o trabalho que tem desenvolvido em prol da freguesia e revela alguns dos projetos delineados para o futuro. “Não sou político e aceitei este desafio porque gosto de servir as pes-

soas nas suas necessidades e ajudá-las no que puder. Acordo bastante cedo e desde cedo estou aqui na junta de freguesia por isso mesmo. Estou contente, satisfeito e com vontade de fazer mais. Um dos projetos que estamos a desenvolver é a construção de um cemitério novo para além do que já existe. Foi um processo longo, durante quatro anos tentamos comprar o terreno mas, conseguimos e já esta em construção. Quero também criar um acesso do cemitério novo para o antigo pois estão muito próximos e assim facilita a deslocação das pessoas. Outro dos projetos que este executivo quer desenvolver é a iluminação no Anjo de São Gabriel pois, já o conseguimos no castelo e consideramos que é importante”, finaliza.

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FREGUESIA NATURALMENTE HISTÓRICA Situada no concelho de Vila Nova de Foz Côa, Almendra assume-se como sendo uma freguesia carregada de monumentos e marcos históricos que cativam todos os que por lá passam. António João Afonso é o atual presidente desta Junta de Freguesia, com quem a Portugal em Destaque esteve à conversa por forma a descobrir o que ela tem para oferecer aos nossos leitores.

JUNTA DE FREGUESIA DE ALMENDRA

ANTÓNIO JOÃO AFONSO As origens de Almendra devem remontar à Idade do Ferro. O que é hoje a área envolvente da Igreja Matriz deve ter-se constituído como núcleo fortificado no I milénio antes de Cristo. Numa área para Norte da mesma Igreja, no denominado ‘Chão do Morgado’, consta ali ter existido um castelo ou fortificação que muitos dizem ser medieval ou tardo-medieval (a exemplo do castelo de Foz Côa). Muitos vestígios de pedra de aparelho, fragmentos de tégula, imbrices e dolium, certificam ali a existência de uma provável ‘Villa Romana’ senão de uma ‘vicus’. Outros vestígios de Villae romanas ou simples casais encontram-se espalhados pelo termo de Almendra. Já foi, em tempos, sede de concelho mas agora encontra-se desertificada a par da maioria das freguesias do interior do país. É, portanto, naturalmente histórica esta freguesia com cerca de 380 habitantes e 55 quilómetros quadrados onde o azeite e a exploração vinícola é, atualmente, a principal atividade económica registada. “Todo o vinho que se tem feito no douro superior é alvo de prémios e destaque e Almendra não fica atrás. É para nós um sinal de orgulho ter, na nossa freguesia, vinhos com tanta qualidade e tão reconhecidos”, afirmou o autarca. Mandato ativo Estando, ainda, no seu primeiro mandato, são já muitas as iniciativas, obras e atividades promovidas pelo executivo de Almendra. “Estamos um pouco distantes da sede de concelho (19 quilómetros de Vila Nova de Foz Côa) e, portanto, juntamente com a Câmara Municipal foi inaugurado o Espaço do Cidadão, no 74 | PORTUGAL EM DESTAQUE

sentido de responder a muitas necessidades dos nossos fregueses, Requalificamos o Parque Infantil do Prado Pequeno, dotando-o de equipamentos bio-saudáveis que favorecem o bem estar físico para todas as faixas etárias. Estamos neste momento num processo de regeneração e ampliação do cemitério. Temos feito vários calcetamentos e gradeamentos e apostamos, também, numa técnica inovadora no que diz respeito aos bebedouros dos animais, revestindo-os de inox, com boias que controlam a água despendida. Ampliamos a rede elétrica e aumentamos a sinalética na freguesia e temos, ainda, uma rede de fontanários que sofreram também intervenções de requalificação”, enumerou. Apesar das imensas obras realizadas, o presidente da Junta de Freguesia de Almendra afirmou que a principal obra que concretizou não é visível exteriormente. “As obras de cimento são importantes mas a obra de que mais me orgulho é uma obra de papel porque conseguimos regularizar a maior parte dos lotes de Prado Pequeno, que era uma grande preocupação minha, em situação irregular há mais de 30 anos. Fica aqui também o agradecimento à Conservadora que foi incansável connosco na resolução deste assunto”, reiterou. Tradições e festividades Como festividades desta freguesia contam-se: a Festa de S. Sebastião, realizada em Janeiro, e a Festa de Nossa Senhora do Campo, que é feita no fim-de-semana a seguir à Páscoa é considerada a maior festa da freguesia e quiçá do concelho. “O dia


principal da festa é a segunda-feira, com missa campal e as tradicionais merendas, embora no domingo de Páscoa já haja celebrações que invocam essa festa. É uma festa que aconselho a presenciar, regressam muitos almendrenses, espalhados pelo mundo, que se reúnem e convivem para celebrar esta data”, contou-nos o nosso entrevistado. A festa da Flor de Amendoeira, tão característica da região, estava um pouco adormecida na freguesia, mas, durante o atual mandato do novo executivo, a situação alterou-se. “Era uma falha enorme a nossa freguesia não participar no cortejo alegórico relacionado com a flor de amendoeira. Portanto, no primeiro ano, a Junta de Freguesia participou com um carro alegórico e, nos anos seguintes, delegamos essa atividade à Comissão de Festas da Senhora do Campo”, reiterou António João Afonso. Em agosto, temos também o Dia de Almendra, festa feita pela Junta de Freguesia, para todos os almendrenses, residentes, emigrantes e amigos da nossa freguesia, a qual tem atividades culturais e o tradicional lanche. Desenvolvimento e futuro Em final de conversa o presidente partilhou com a nossa revista os projetos que pretende desenvolver, se renovar o seu mandato. “Para o próximo mandato, pretendemos a recuperação do Posto da GNR, dando-lhe, também, um fim cultural. Isto porque temos algum espólio sobre a freguesia no Museu do Côa mas, se houvesse um espaço museológico ou cultural na freguesia, esse espólio poderia ser alvo de interação para as pessoas da freguesia. No entanto, o que eu gostaria mesmo de construir era um Hostel porque, sendo esta uma região muito turística, um Hostel seria muito bem-vindo para a freguesia”, concluiu. À despedida, houve ainda tempo para um convite final. “As pessoas que gostam de monumentos irão ficar deslumbradas com a

nossa freguesia, desde a Casa dos Viscondes do Banho, que é uma casa feita toda em cantaria e que só de história nos preenche à igreja matriz, de Nossa Senhora dos Anjos, passando pelo Pelourinho de Almendra, pelo Calvário, pela Capela da Misericórdia, pela Capela de S. Sebastião e, ainda, pelas várias casas quinhentistas e pela Casa dos Condes de Almendra, todos são bons motivos para nos visitarem”, finalizou.

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VALORIZAÇÃO E PROMOÇÃO DO PATRIMÓNIO REGIONAL Com cerca de 4.000 habitantes, Vila Nova de Foz Côa é uma freguesia portuguesa do concelho de Vila Nova de Foz Côa, que se estende por uma área de 90,17 km². No âmbito de uma reforma administrativa nacional, foi-lhe anexado em 2013 o território das então extintas freguesias de Mós e Santo Amaro, sendo que a agricultura desempenha desde sempre um papel fundamental no desenvolvimento da economia local. Em entrevista à Portugal em Destaque, Fernando Augusto, atual presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Foz Côa, aborda os mais diversos temas que se vivem na região e dá-nos a conhecer os projetos que têm vindo a ser desenvolvidos pela autarquia ao longo deste mandato. FREGUESIA DE VILA NOVA DE FOZ CÔA

FERNANDO AUGUSTO Natural de Vila Nova de Foz Côa, Fernando Augusto assume-se “um bairrista por natureza”. Prestes a terminar o seu terceiro mandato como presidente da Junta, começa por contar que a política inicialmente não estava nos seus planos. “Foi um antigo presidente de Junta que me incentivou a aceitar este desafio e, embora tenha ficado apreensivo inicialmente, resolvi aceitar. Já vou no meu terceiro mandato e estou muito satisfeito com todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido até então”, confessa. Nos tempos livres, dedica-se à agricultura, numa pequena exploração agrícola, atividade essa que é transversal à população residente e que desempenha um papel de relevo na economia local e social. “A atividade da nossa freguesia é essencialmente agrícola e a nossa ação prende-se essencialmente no apoio a este setor, na vertente onde é possível tornar esta atividade menos penosa, nomeadamente para os pequenos agricultores, não esquecendo o apoio às associações locais de caráter cultural, desportivo e social. A caça tem também alguma importância na nossa zona mas é a área da viticultura que mais se destaca na região”. A fixação de novas empresas, algumas já

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conceituadas, relacionadas com a produção de vinhos, tem contribuído para o desenvolvimento deste setor que, ao longo dos anos, tem adquirido grande notoriedade e projeção além-fronteiras. “Têm sido atribuídos prémios de topo a vinhos com origem no concelho neste sentido é com satisfação que vemos que estamos a ser reconhecidos dentro desta área, fator que se deve essencialmente à potencialidade do sol e do clima”, admite, assegurando que esta forte aposta na agricultura, despertando o interesse de grupos e pessoas apostadas em investimentos na área agrícola. Mas outros fatores têm o seu peso na economia local como a extração de esteios de lousa (xistos do Poio), comércio, serviços, e indústrias de panificação e mobiliário. No que diz respeito ao património, é de salientar as gravuras rupestres bem como os locais de caráter histórico/religioso, têm tido um papel fundamental e pode no futuro potenciar o desenvolvimento cultural da freguesia. “É importante preservar estes artefactos da história local que felizmente estão cada vez mais na moda. A nossa freguesia tem diversas capelas, assim como uma igreja classificada de património nacional, além de paisagens deslumbrantes” . Em 2014, a Junta de Freguesia de Vila Nova de Foz Côa, com o apoio da Santa Casa da Misericórdia e da Câmara Municipal e com a colaboração de alguns estudiosos dos valores fozcoenses, elaborou um livro intitulado, ’Foz Côa da Pobra à Cidade’, com o objetivo de divulgar a história e histórias “de gentes da terra”, interessados na investigação e divulgação dos valores locais, dos costumes e tradições. É com este espírito e determinação que a Junta de Freguesia tem vindo a construir condições para que esta região “se mantenha viva”, trabalhando com honestidade em prol de um objetivo comum: “assegurar o bem estar e promovendo a qualidade de vida da população”. Fazendo um balanço positivo desde que assumiu o cargo, Fernando Augusto deixa uma mensagem aos mais curiosos: “Temos paisagens fantásticas, uma gastronomia interessante, essencialmente relacionada com a amêndoa, e uns vinhos fantásticos por isso venham visitar-nos. Vale a pena visitar Vila Nova de Foz Côa”, conclui.



FAMALICÃO Situada estrategicamente entre as cidades de Braga, Guimarães e Porto, Famalicão é uma cidade de referência no Baixo Minho e no Vale do Ave. Os castros no cimo dos montes, as pontes que abraçam as margens dos rios, as igrejas que reflectem espiritualidade, a nobreza das casas solarengas, os usos e os costumes do amanho da terra, a riqueza do artesanato e da gastronomia são um testemunho vivo de uma comunidade que constrói o futuro a cada momento. Mas Famalicão é também uma terra do presente, destacando-se pelo dinamismo da sua política cultural, nomeadamente através da programação contemporânea da Casa das Artes e da Fundação Cupertino de Miranda. Para além disso, a cidade aposta também na preservação e valorização do património histórico-cultural, de que, para além da Casa-Museu de Camilo, são exemplos os outros doze equipamentos culturais que compõem a Rede de Museus do concelho. A riqueza patrimonial de Vila Nova de Famalicão revela-se ainda através dos raros e belos exemplares da arte românica, de que as igrejas de Santa Eulália do Mosteiro de Arnoso, igreja do Mosteiro de Landim e igreja de S. Tiago de Antas são o expoente máximo. Já o Parque da Devesa, composto por cerca de 27 hectares, é o “pulmão verde” da cidade. Um espaço de recreio e lazer, ideal para a realização de atividades culturais, já que é em pleno parque que se encontra a Casa do Território, um novo espaço cultural que se abriu à cidade. Terra do escritor Camilo Castelo Branco, Vila Nova de Famalicão é sem dúvida um concelho a conhecer.



“O OBJETIVO NÃO SÃO AS RUAS, SÃO AS PESSOAS” A Freguesia de Landim, concelho de Vila Nova de Famalicão, tem como presidente Avelino Freitas da Silva que em entrevista revela as riquezas e potencialidades da região. despejo de fossas semanalmente, por um valor simbólico.

FREGUESIA DE LANDIM

AVELINO FREITAS DA SILVA

Landim tem cerca de 3.000 habitantes. Como os descreveria? Qual a sua preocupação enquanto presidente? A freguesia de Landim é considerada uma freguesia com uma população envelhecida. Desta forma, a minha política é virada para o combate às dificuldades que as pessoas sentem no seu dia a dia. Como presidente de junta tenho tido a preocupação de ajudar a população a todos os níveis. Como tal tenho a preocupação de fazer obras, tais como saneamento, pois é uma necessidade básica no quotidiano de todas as pessoas, mas também outras obras para melhorar a qualidade de vida. Nas ruas que ainda não conseguimos chegar com o saneamento, temos um serviço de 80 | PORTUGAL EM DESTAQUE

Quais são os pontos fortes da região? Tento preservar todos os monumentos que temos na nossa freguesia, sendo exemplo disso a requalificação da Fonte dos Travassos, uma fonte em eminência de ruir, que foi requalificada e que nos dias de hoje trás segurança a todas as pessoas que ainda hoje vão lavar aos tanques instalados na fonte. Tenho a máxima responsabilidade com o bem-estar das nossas crianças, pois elas são o nosso futuro e a alegria dos nossos idosos. A Junta de Freguesia é responsável pela manutenção das instalações da nossa escola primária. Como presidente, quais os projetos que já conseguiu concretizar? No início do meu mandato uma das primeiras coisas que fiz, foi comparticipar com o lanche escolar, hoje todas as crianças têm um lanche igual, sem desigualdades, sem nenhuma se sentir constrangida em mostrar o seu lanche ou simplesmente não ter lanche. Todas têm um lanche oferecido pela Junta de Freguesia e pela Camara Municipal de Vila Nova de Famalicão sem encargos. Tomei esta decisão quando me apercebi que algumas crianças chegavam à escola em jejum, sem forças para participarem nas aulas de educação física que tanto gostam. Sinto-me satisfeito com o trabalho que tenho feito para ajudar as nossas crianças. Como já mencionei, a freguesia de Landim tem uma população envelhecida, neste sentido a obra que mais me orgulho de fazer neste meu mandato foi e é a nível social. A compra de uma carrinha de transporte de pessoas para fins sociais. O intuito da compra desta viatura foi proporcionar às pessoas mais carenciadas um apoio no transporte aos serviços públicos, que por muitas vezes têm que comparecer e não têm possibilidades. A Junta de Freguesia tem auxiliado, em média quatro vezes por semana, pessoas carenciadas sem recursos financeiros para se deslocarem aos centros de saúde, hospitais, IPO, entre outros serviços de repartições públicas. Neste sentido, é a obra que me enche de orgulho, pois vejo nos rostos e corações das pessoas a alegria e consolo de conseguir não faltar aos seus compromissos, de não ter que desistir de um tratamento por falta de recursos. Quais os eventos que se realizam na freguesia ? A Junta de Freguesia também apoia todas as associações da nossa terra. Realizamos todos os anos, no dia 1 de maio, uma prova de atletismo, da qual nos orgulhamos. É uma atividade que conta já com 200 participantes, servindo para apoiar o desporto. Realiza-se ainda no mês de junho a Mostra Associativa. É uma festa que conta com a presença e colaboração de todas as nossas associações e com o apoio do Município. Cada associação divulga a sua função e atividades realizadas durante o ano. O dia da Mostra Associativa é preenchido com atividades, tais como, torneios de futebol, cartas, malha, petanca, música, entre outros. No final do dia temos o cheirinho a S. João, com petiscos, sardinha assada, um grupo musical e fogo de artifício. Não esquecendo ainda


a festa mais antiga da freguesia, a Feira da Senhora das Candeias, a realizar todos os anos a 2 de fevereiro, organizada pela Confraria da Santas Chagas. É uma feira de gado com desfile do mesmo e concurso, esta feira anual atrai milhares de pessoas à nossa freguesia. A região de Landim têm-se desenvolvido? De que forma? Tenho assistido ainda ao interesse dos empresários para se instalarem na nossa freguesia. O que me trás uma grande satisfação, pois permite-nos combater o desemprego. Preocupo-me sempre em conhecer os nossos empresários e incentivá-los a contratarem pessoas da nossa

freguesia, um exemplo recente é a empresa CM Socks, nasceu em 1995, produtores de meias e peúgas de desporto para homem, senhora e criança. Possui duas unidades fabris, uma na Carreira e outra na nossa freguesia, atingiu em 2016 um volume de negócios de cerca de 9 milhões de euros. Esta empresa instalou-se na nossa freguesia em 2013, já possuindo instalações com uma área total de 34 mil metros quadrados. Tudo isto se deve à qualidade dos produtos e à vasta certificação que possui. As meias desportivas Pureco, marca do grupo Peúgas Carlos Maia, Lda., exporta para praticamente toda a Europa e também para o Dubai, Indonésia, Tailândia, Panamá, Perú, Equador, África do

Sul, Uruguai, Chile e Austrália. Estão num novo investimento em novas tecnologias, na ordem dos 2 milhões de euros. Pela qualidade e inovação foi congratulada no ano de 2016 com o selo Made IN Visão 25, oferecido pelas mãos do Presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha. O que ainda ambiciona executar até ao final do mandato? Tenciona recandidatar-se? Neste contexto e visualizando que a nossa freguesia ainda necessita de mais obra a todos os níveis, irei recandidatar-me para continuar o meu projeto de desenvolvimento da freguesia. O objetivo primordial não são as ruas, são as pessoas, é a qualidade de vida das pessoas e o gosto de viverem em Landim, de se sentirem bem na sua freguesia e sentirem que podem ver no Presidente de Junta um amigo e apoio constante.

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REQUIÃO, UMA BELEZA PARA CADA ESTAÇÃO Em entrevista à Portugal em Destaque, o presidente João Pereira apresenta-nos um retrato da freguesia de Requião enquanto partilha, ao mesmo tempo, um convite a todos os leitores para uma visita à freguesia que representa.

FREGUESIA DE REQUIÃO

tras atividades económicas relevantes na indústria de carnes, na construção civil ou no comércio. Uma terra de paisagens e encanto Pese embora Requião seja uma terra muito bem equipada no que aos elementos patrimoniais diz respeito (havendo uma igreja e várias capelas dignas de nota), o presidente da Junta de Freguesia deixa um desafio a todos os leitores: “façam uma visita geral porque temos paisagens muito belas, sob os vários ângulos do território”. Este corresponde a um privilégio raro que assegura idílicas vistas, quer nos encontremos nos pontos mais altos da freguesia, quer nos concentremos na sua zona mais histórica. “Gosto muito do nosso centro, que está bem conjugado”, orgulha-se João Pereira, acrescentando que “por ano, temos quatro paisagens fabulosas e muito diferentes”. É nesse contexto que o chefe do executivo convida todos os céticos a visitar Requião não apenas em plena primavera, como também durante o decorrer do outono. Tudo isto, recorrendo apenas “àquilo que a natureza nos dá” e que, por seu turno, poderíamos redefinir como “um dos centros mais maravilhosos do concelho de Vila Nova de Famalicão”, garante o nosso entrevistado.

JOÃO PEREIRA Inserida no concelho de Vila Nova de Famalicão e estendendo-se por uma área de 841 hectares, Requião caracteriza-se por ser uma freguesia ‘sui generis’, sendo dona de uma beleza muito própria, que é presenciável – sob diferentes perspetivas – consoante a estação do ano em que a visita lhe seja feita. Contando com um total de 3381 habitantes (censos 2011), é com agrado que se constata a presença de uma importante fatia “de muita gente jovem” a residir no território. Mas esta é também uma terra que se distingue pela forma como “a aldeia e a cidade são misturadas”, ou não se encontrasse Requião a escassíssimos quilómetros do centro urbano. No que ao seu tecido económico diz respeito, esta é uma freguesia que poderá, como bem poucas, orgulhar-se do valor e prosperidade da sua vinicultura. De facto, “cerca de 50 por cento do nosso território é composto por vinha”, explica João Pereira. Não admira, posto isto, que aqui se encontrem várias quintas dedicadas à nobre atividade que colocou Requião em plena Rota dos Vinhos Verdes. A título de exemplo, podem enumerar-se a Casa Agrícola de Compostela, bem como a Quinta do Xisto, a Quinta da Lage ou a Quinta de Fafião. Por outro lado, encontramos ou82 | PORTUGAL EM DESTAQUE

Uma obra, em nome das pessoas “Somos uma freguesia enorme em termos territoriais”, contextualiza João Pereira, quando questionado sobre as principais necessidades identificadas em Requião. Uma delas corresponde àquela que é uma das principais revindicações do presidente: a conclusão da rede de saneamento. Esta corresponde a uma missão relativamente à qual não tem sido poupado, ao longo dos anos, o esforço dos próprios habitantes e, inclusivamente, da Câmara Municipal, correspondendo, por isso, a uma obra em constante progresso.


Uma missão para continuar Assumindo-se como uma presidente sem vencimentos, João Pereira revela que aquilo que o move é, pura e simplesmente, “a terra de que sempre gostei”. Não se contentando, todavia, com a obra já feita, o nosso entrevistado considera ter ainda causas por que lutar nos próximos anos: “conseguir todo o saneamento na freguesia e garantir que ela tenha uma qualidade de vida excecional”, à medida que se esforçará por continuar “a prestar um serviço mais profundo e concreto de apoio às pessoas”. Em consonância com tudo isto, o porta-voz deseja também que, nos próximos anos, possa ver “as pessoas de Requião felizes”, naquela que caracteriza como a mais importante dádiva. Por fim, e numa mensagem a todos os leitores, fica o convite para que venham visitar a freguesia e se deixem levar não apenas pelos já mencionados argumentos paisagísticos, como também pelas “simples, agradáveis e acolhedoras pessoas” que por cá habitam. Paralelamente – e num contexto onde já existem as infraestruturas mais importantes para a garantia de uma ótima qualidade de vida – há a urgência de assegurar que “as pessoas nunca sejam descuradas”. Tem sido, efetivamente, um imperativo da Junta de Freguesia monitorizar as principais carências e garantir que elas sejam devidamente atendidas. Não admira, assim sendo, que o próprio executivo tenha decidido redefinir a lógica de funcionamento das lojas sociais, através de uma valiosa rede de parcerias. Mais concretamente, a Junta de Freguesia assumiu uma colaboração com instituições tão relevantes quanto a Conferência Vicentina, o Centro Social Paroquial de Requião, a Associação de Pais ou a ACIP, que permitirá a cada uma destas entidades referenciar novos casos de necessidades sociais, prometendo-se assim um auxílio mais direcionado e adaptado às carências de cada requionense, combatendo novas injustiças sociais.

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“O PILAR ESSENCIAL NA POLÍTICA SÃO AS PESSOAS” No rescaldo de quatro anos de mandato, Jorge Amaral, presidente da União de Freguesias de Arnoso de Santa Maria, Santa Eulália e Sezures, no concelho de Famalicão, fala à Portugal em Destaque dos principais desafios que enfrentou e projeta novos objetivos que ainda pretende alcançar, deixando em aberto uma nova candidatura nas próximas eleições autárquicas. UNIÃO DE FREGUESIAS DE ARNOSO DE SANTA MARIA, SANTA EULÁLIA E SEZURES

JORGE AMARAL

A realidade da união das freguesias marcou o primeiro mandato de Jorge Amaral. Numa altura em que muitos contestavam esta decisão, sobretudo as populações visadas, foi preciso assumir a liderança e colocar mãos à obra. “Há aquele primeiro impacto, uma situação que ninguém gosta, muito conturbada, e aparecer alguém de fora a dirigir os destinos das outras freguesias deixou as pessoas um pouco cépticas. Da parte de um presidente de junta isso implica um esforço pessoal, nomeadamente na presença e participação em todas as festas e movimentos associativos, basicamente, em tudo o que se faça em qualquer uma das freguesias. Isso obrigou a muita disponibilidade”, explica Jorge Amaral. No entanto, e fazendo um balanço deste período, considera que teve, sobretudo, aspetos positivos, até porque acaba por haver mais capital para gerir, que 84 | PORTUGAL EM DESTAQUE

permite fazer investimentos que de outra forma, com orçamentos mais limitados, não seriam possíveis. Diferentes características e especificidades De modo a manter a harmonia entre as recém-unidas freguesias, foi preciso respeitar as características e especificidades de cada uma. Para Jorge Amaral, esta questão é fundamental. “As freguesias são tratadas como se fossem individuais, respeitando as suas diferenças. Podemos dizer que temos uma freguesia com três paróquias e cada uma delas trata as suas coisas à sua maneira”, esclarece, aproveitando para enunciar o que de mais notório as distingue: “Arnoso de Santa Maria, que é a maior, é uma freguesia com alguma indústria e que acaba por exigir muito mais do que


as outras, dado o seu tamanho e população. É também aquela onde existe menos bairrismo, as pessoas vão-se dispersando e acabamos por ter que trabalhar mais o aspeto da união da população porque, parecendo que não, isso também é necessário. Em Santa Eulália e Sezures, que são mais pequenas, nota-se que há mais união. Em Santa Eulália, por exemplo, é onde o movimento associativo mais se nota, onde se encontram aquelas raízes mais profundas da freguesia e onde esta questão da união teve mais dificuldade em se impor”. Infraestruturas e património Orgulhoso do percurso que tem feito e consciente do que ainda é preciso fazer, Jorge Amaral enumera à Portugal em Destaque as principais infraestruturas desta União de Freguesias. “Em Arnoso temos uma associação que surgiu a nível social, a ‘Engenho’, que tem centro de dia, lar, jardim de infância e pré escolar. Temos também em Arnoso uma escola básica, um jardim de infância e o mesmo em Santa Eulália. A nível do que perdemos pelo facto de sermos uma freguesia de periferia, e dados os novos moldes do nosso sistema de saúde, foi um centro de saúde que deixamos de ter devido à nova filosofia das Uniões de Saúde Familiares”. Também no que diz respeito ao património, Jorge Amaral tem aspetos a destacar: “Temos um património muito rico, com o mosteiro de Santo Amaro, em Santa Eulália, o Cruzeiro da Quinta em Arnoso e um dos pontos mais bonitos do concelho, que é o Monte de São Vicente, em Sezures, com uma vista fenomenal e que é um espaço que ao longo destes quatro anos nós mudamos completamente, junto com uma comissão de festas”, remata o presidente.

Balanço e novos objetivos Olhando para este percurso de quatro anos, é fácil apontar mudanças que foram conseguidas, sobretudo no que diz respeito a infraestruturas básicas para a população, como o saneamento, água e acessos. Para Jorge Amaral, o “pilar essencial na política são as pessoas” e tudo o que lhes permite melhores condições de vida, pelo que apresenta com satisfação os resultados que atingiu: “a cobertura de saneamento na zona de Sezures era zero por cento e irá ficar com cerca de 70 por cento. Arnoso tinha à volta dos 35 por cento e iremos deixar com cerca de 80 por cento de água e saneamento. Em Santa Eulália, onde tínhamos cerca de 40 por cento de água, deixaremos à volta de 70 por cento e quanto ao saneamento, que tínhamos a rondar os 20 por cento, deixaremos também com cerca de 70 por cento”. Quanto a novos desafios e objetivos, Jorge Amaral aponta três pontos diversos. “Primeiro, deixar de ver caminhos e estradas em terra batida. Depois, a melhoria de espaços verdes e de espaços centrais, dando importância às igrejas e ao seu espaço envolvente. Por fim, aumentar o nível de cultura das pessoas, tendo um local onde haja espaço para eventos culturais, um espaço onde as associações pudessem aí fazer e ensaiar espetáculos”. Todos estes projetos culminam num outro ponto: a recandidatura. “É um trabalho que eu quero continuar. Foi o primeiro mandato e estou ainda com muita força e vontade para continuar, pelo menos nos próximos quatro anos, enquanto me sentir útil e capaz”, termina Jorge Amaral.

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EM VISITA POR FRADELOS Fradelos situa-se a sudoeste do concelho de Famalicão e encontra-se entre os limites dos concelhos de Póvoa de Varzim e de Vila do Conde, pertencentes ao distrito do Porto. Está a nove quilómetros da sede do concelho – Famalicão, a 23 quilómetros da sede de distrito – Braga e a 340 quilómetros da capital do nosso país – Lisboa.

JUNTA DE FREGUESIA DE FRADELOS

AVELINO REIS A área total desta freguesia, presidida por Avelino Reis, é de 17,1 quilómetros quadrados que se dividem em 70 por cento de área de cultivo e em 30 por cento de área populacional. É sabido que, na freguesia de Fradelos, o setor primário tem um papel predominante, visto que a superfície agrícola é de 1.043,32 ha. A produtividade do labor e da dedicação dos habitantes de Fradelos, aliada à sua dimensão geográfica e às suas características agrícolas, alcunharam esta terra como “o celeiro do distrito de Braga”. A posição geográfica de Fradelos e a facilidade de acessos a cidades dimensionadas, tornaram a freguesia apetecível, para quem naqueles aglomerados presta a sua atividade profissional e pretende, nas horas de lazer, trocar o rebuliço citadino pela calma, pela paz, pela tranquilidade e pela segurança que a localidade oferece, em contacto com a natureza campestre. A freguesia está a 18 quilómetros das praias e do litoral do país, banhado pelo oceano Atlântico. A sã hospitalidade dos fradelenses, aliada

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à sua fraternal forma de receber, tem sido fator determinante de fixação de pessoas de localidades limítrofes. A visitar nesta freguesia encontramos pelo menos sete destinos: A Casa da Cultura, a Igreja Paroquial, a Capela do Espírito Santo, a Capela de S. Bento, a Capela da Senhora das Neves, a Capela de São José e a Casa do Povo. Símbolos de uma freguesia monumental, histórica e rústica que, em Famalicão, merece ser visitada. A freguesia realiza vários eventos de cariz profano e religioso. No domínio do religioso, tem destaque a festa da padroeira, Santa Leocádia, realizada anualmente, e a festa do divino Espírito Santo, realizada de quatro em quatro anos e que tem a duração de três dias. Baseado na crença popular que toda a mãe que beber, quando o filho amamentar, a criança virá a sofrer do “mal da gota” (epilepsia), a festa tem um cerimonial que consiste na participação das crianças em darem, ao colo do pai, umas voltas à capela do Santo e, depois da procissão, passarem por debaixo do andor do Espírito Santo e nele baterem três vezes a cabeça, para se prevenirem do mal. No domínio do profano, são de especial relevância, os festivais folclóricos, realizados anualmente e promovidos pelas duas agremiações existentes na freguesia e a realização do galheiro, tradição secular, promovida, pela altura do carnaval, pelas pessoas dos vários lugares para comemorarem o entrudo. Nos últimos anos, o corso carnavalesco, que consiste num desfile de carnaval com vários quadros satírico-burlescos de escárnio e maldizer, ao longo da principal artéria da freguesia, tem catapultado a localidade. Não obstante, o forte pendor agrícola que lhe granjeou o epíteto de “celeiro”, hodiernamente, as novas características de desempenho da agricultura e o desenvolvimento técnico e industrial, aliados à construção civil, impedem de visionar a localidade de Fradelos numa vertente agrícola tradicional. Fradelos é zona em franca expansão, com grande espírito associativo e com uma forte densidade juvenil que, a curto prazo, mudarão o modus videndi para uma freguesia empreendedora e dinâmica, com predominância para as áreas de confeção e de vestuário, com marcas de certificação mundial, do comércio e dos serviços, da metalomecânica e dos transportes.


“UMA APOSTA NAS PESSOAS” UNIÃO DE FREGUESIAS DE FAMALICÃO E CALENDÁRIO

ESTELA VELOSO Estela Veloso, em forma de apresentação da sua União de Freguesias, começa por destacar os pontos de paragem obrigatória para quem visita a cidade, bem como, as festividades que se realizam ao longo do ano. “Como pontos de interesse, em Famalicão, temos os vários parques da cidade (Sinçães, 1º de Maio, Dª Maria) e porque não o Parque da Devesa, situado fora do limite da freguesia mas, tão central e tão dos famalicenses. Em Calendário, temos o Monte de Santa Catarina, zona muito bonita, propícia à realização de piqueniques e convívio entre famílias e amigos, temos ainda São Miguel-O-Anjo, situado numa zona também muito bonita e com um espaço envolvente que convida a uma visita. Em termos de festividades, realizamos quatro ao longo do ano: em Calendário, em honra de Nossa Senhora dos Remédios, que se realiza em maio, São Miguel-O-Anjo, em setembro e Santo Catarina, em junho. Em Famalicão, realizam-se também festividades em honra de Santo Adrião, no primeiro domingo de outubro. Não podia esquecer a nossa excelente gastronomia, com restaurantes de excelência com pratos variadíssimos, sendo o rojão o mais típico desta zona do país. O movimento associativo é muito forte e são mais de 30 as associações. Temos ainda três ranchos folclóricos, que se interajudam, apesar de considerar que se deviam unir e dar lugar a um rancho mais forte e mais rico, a exemplo do que já aconteceu com outras associações da freguesia, pois cada vez mais escasseiam as pessoas para fazerem parte deste tipo de atividades. Contudo, é nosso lema apoiar todas as associações sem qualquer tipo de reserva, tendo em atenção a atividade mais ou menos forte de cada uma”. A dar a cara pela Junta de Freguesia desde os anos 80, em executivos anteriores, Estela Veloso revela que a base para desenvolver um bom trabalho no seu cargo, passa essencialmente pela humildade, sinceridade, respeito pelas pessoas e pela vontade de ajudar o próximo. “Tentei sempre ser o rosto do executivo junto da população, tratar do que fosse necessário, transmitir-lhes as preocupações dos cidadãos, pondo-os sempre a par de todas as situações, mas claro que a resposta final passava pelo executivo. Hoje, continuo muito presente junto das

pessoas, mas não posso dizer que vou transmitir ao sr. Presidente. É um cargo de maior responsabilidade e hoje, juntamente com os meus colegas, as decisões têm de ser tomadas. Os fregueses querem ouvir na hora o sim ou o não e estes têm de ser ditos com clareza, simplicidade e muita verdade. É um desafio constante”, revela. Questionada sobre os principais projetos desenvolvidos ao longo do seu mandato, é perentória em enumerar os cruciais, ligados sobretudo à ação social, ao apoio às associações e às escolas. “Enquanto União de Freguesias, temos uma vertente nova, que não tínhamos na freguesia de Calendário, que passa pelo apoio social a famílias mais carenciadas. Apoiámos as famílias, com a ajuda de vários parceiros, oferecendo, por exemplo, refeições, apoio na medicação e no pagamento de uma ou outra fatura de luz, água, e gás. Temos um regulamento interno e depois de um estudo feito à situação da família em questão, procedemos a esse pagamento. No ano passado, conseguimos trazer para a freguesia um balcão com o serviço de Espaço do Cidadão e estamos a finalizar outro, com serviços dos correios. É este tipo de serviços, que facilitam a vida no dia a dia das pessoas, que queremos trazer para a freguesia”. Sobre o futuro, muitos são os projetos traçados no sentido de potenciar ainda mais a região e prestar um melhor apoio às pessoas, sendo esta a principal premissa e aposta deste executivo. “As nossas preocupações não passam pelas grandes obras. O foco passa pelo apoio social, pelo apoio às associações, às escolas, contudo sabemos que para estas pessoas se sentirem bem precisam de espaços acolhedores, de ruas e jardins bem tratados. Neste momento, está praticamente concluído aquilo a que nos propusémos realizar no início do mandato. Existem ainda algumas ruas sem saneamento, mas estamos a providenciar junto da câmara, a resolução desta situação o mais rapidamente possível e acredito que este ano esta obra ficará concluída. Iremos inaugurar o novo espaço cedido também pela câmara e onde edificaremos o nosso auditório. Fica situado numa zona central da freguesia e aqui poderemos realizar as nossas sessões, partilhar espaço com as nossas associações de forma mais condigna. Iremos construir também um espaço destinado a homenagear os combatentes, numa zona bonita da freguesia e que irá embelezar ainda mais aquele local. Queremos melhorar pavimentos e passeios de algumas ruas, e se possível concluir outras, como por exemplo, a rua junto ao cemitério”. No entanto, Estela Veloso, revela que ainda existe vontade de fazer mais e melhor, não confirmando ainda a sua recandidatura. “Não tenho receio algum de continuar como presidente desta União de Freguesias. Tenho uma boa equipa, que muito me apoia e gostava de continuar mais algum tempo, pois sinto que ainda posso dar mais à freguesia. Pretendo dar continuidade ao trabalho que temos desenvolvido e um dia gostaria de ser lembrada na freguesia, pelo serviço honesto que prestei, pelo querer fazer mais e melhor pela minha freguesia e pelo carinho e humildade com que tratei todos os que se cruzaram comigo”, finaliza.

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Guimarães continua a ser o concelho mais industrial do país, com cerca de 40.000 postos de trabalho no setor secundário. A tradição industrial de Guimarães já é antiga e assenta em múltiplos setores industriais, com produção de qualidade, com inovação e fortemente exportadora. O setor dominante é os têxteis-lar, mas são também relevantes a confeção, o calçado, as cutelarias, a metalomecânica, os equipamentos de frio, a ourivesaria e o material ortopédico. O saldo entre o que o concelho exporta e o que importa é largamente positivo – é o 4º concelho com maior saldo. A Associação Comercial e Industrial de Guimarães tem, ao longo dos seus 150 anos de existência, desenvolvido a sua atividade na defesa dos interesses dos empresários e empresas de Guimarães, dinamizando o seu tecido económico e social. Segundo esta Associação: “Espera-se e deseja-se que se fortaleça a cooperação entre a Universidade do Minho – nomeadamente o pólo de Guimarães – e as Empresas, por iniciativa e com proveito para ambas”. Mas, é natural e necessário, que se aproveite mais o potencial excecional do setor turístico: o Centro Histórico Património da Humanidade - único a norte do Douro - os cerca de 750.000 visitantes (em 2016), o Paço dos Duques e o Castelo. Saberemos aumentar o número daqueles que, além de nos visitar, acabam também por pernoitar na cidade ou no concelho. De salientar, ainda, a qualidade e diversidade da oferta museológica – 7 Museus – e a dinâmica cultural, centrada no Centro Cultural Vila Flor, acolhendo atividades próprias e de três outros promotores, que têm feito de Guimarães um destino cultural de referência. As expetativas de crescimento, nomeadamente das indústrias exportadoras e da fileira do turismo, continuam animadoras, como poderemos ver nas páginas seguintes.



“GERAÇÕES DE MÃOS DADAS” Com mais de 20 anos de história, o Centro Paroquial de Moreira Cónegos é uma instituição prestigiada, de créditos firmados, com uma tradição de intervenção como poucos se podem orgulhar de ter. A comprovar isso mesmo está o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido por esta instituição em todas as suas respostas sociais.

CENTRO PAROQUIAL DE MOREIRA DE CÓNEGOS

DIREÇÃO Moreia de Cónegos é uma freguesia do concelho de Guimarães com cerca de cinco mil habitantes. O Centro Paroquial de Moreira de Cónegos, IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) fundada em 1995, nasceu da intervenção direta da paróquia no sentido colmatar as necessidades sociais da sua população. O centro foi fundado, ainda, sobre a direção do anterior Pároco da freguesia, P.e Álvaro Joaquim Nogueira tendo iniciado com as respostas sociais de Creche, Pré-Escolar e Atividades dos Tempos Livres (ATL). O atual presidente do centro, o padre António Matos Fernandes Pereira, chegou em 1997 para assumir o comando da paróquia e a responsabilidade enquanto Presidente da Instituição, em entrevista à revista Portugal em Destaque dá a conhecer a história desta instituição de grande intervenção social, cujo papel se assume de grande importância junto da comunidade. “Na génese do centro paroquial estão as respostas sociais à primeira infância no entanto, passado um ano do início da sua atividade com as crianças verificou-se a necessidade de expandir os serviços prestados para as pessoas idosas”, revela o padre António Matos Fernandes Pereira, sublinhando as alterações da estrutura física inicial para o Centro de Dia e Serviço de Apoio Domiciliário (SAD). Com o intuito de dar resposta às novas exigências decorrentes do envelhecimento da população, em 2009 o Centro Paroquial candidatou-se ao POPH para a criação de uma nova resposta social – o Lar de Idosos atualmente designado por Estrutura Residencial para pessoas idosas (ERPI), tendo este sido aprovado em Novembro do mesmo ano e após duas candidaturas ao Programa PARES sem ter sido contemplado. “Graças a Deus e a todo o trabalho realizado por várias pessoas, passámos do sonho à realidade. O prédio foi totalmente remodelado e aumentado e fizemos um novo piso destinado à área residencial. Todo o investimento só foi possível graças à nossa direção, que é muito competente e dedicada, aos paroquianos, que colaboram muito bem com os seus donativos e com o apoio financeiro do programa POPH 6.12.”, expli92 | PORTUGAL EM DESTAQUE

ca. A referida remodelação foi antecedida de obras de restauro da Igreja Paroquial e da construção de um novo Centro Pastoral, que serve de apoio às atividades dos vários movimentos da Paróquia e do Centro Paroquial, pontualmente serve, também, para atividades da freguesia e do próprio Município de Guimarães. Foram vários anos de sacrifício para toda a comunidade de Moreira de Cónegos, comparticipando com o que lhes foi possível. Atualmente, dispomos de equipamentos adequados e com ótimas condições de funcionamento, refere o presidente. O edifício do Centro Pastoral acolheu todas as respostas sociais do Centro Paroquial enquanto foram realizadas as obras de ampliação e remodelação do edifício do Centro Paroquial. Em finais de 2013, a atividade do Centro Paroquial regressou às suas instalações, com a abertura da Resposta Social ERPI, com capacidade de resposta para 46 utentes. “Como apoio social, atualmente, temos para as criancinhas a Creche e Pré-escolar; para os nossos queridos idosos temos o centro de dia, o SAD e o Lar. A existência da nova resposta social na nossa comunidade foi crucial, numa relação direta de apoio preventivo da institucionalização ou no contexto institucional, como decisivos no sentimento de bem-estar físico e psicológico, rompendo com o isolamento social, solidão e minimizando o estado de doença, pobreza e exclusão social de muitos dos nossos idosos”, realçou o nosso entrevistado. A servir as necessidades dos utentes Com uma ligação forte à Igreja, a intervenção do centro paroquial é sempre norteada pelos princípios da tradição católica. P.e António Matos Fernandes Pereira, enquanto pároco e presidente do Centro Paroquial, faz um acompanhamento diário à Instituição e intervém de forma direta em várias atividades organizadas com os idosos e as crianças. “Todos os dias rezamos aqui o terço. Temos também uma sala, chamada a sala de recolhimento,


da Educação, uma voluntária na área do apoio espiritual, e um professor de ginástica sénior (parceria com o Moreirense Futebol Clube), os professores de natação da Tempo Livre, dois professores da Escola de Dança e Música de Vizela – Dançando com as Artes (Música e Ballet Clássico) e uma professora de yoga para as actividades extracurriculares do Pré-Escolar. O Centro Paroquial conta ainda com técnicos de Fisioterapia, Terapeuta da Fala e Fisiatra face à Parceria que mantem com a Clinica Esfera Saúde. A liderança da instituição é garantida por cinco membros, que operam em regime de voluntariado, sustentando a sua acção numa gestão rigorosa e sustentável.

onde às vezes é celebrada missa. No caso das criancinhas as Educadoras ensinam-lhes as primeiras orações” explica o responsável. Quer na área da Infância quer na Terceira Idade, para além das atividades já referenciadas, são planificadas e executadas atividades diárias de acordo com os planos individuais, projetos pedagógicos, plano de actividades ocupacionais e de desenvolvimento pessoal e do projeto sócio-educativo comum a toda a Instituição. Nas respostas da terceira idade são prestados os cuidados médicos e de enfermagem de acordo com as necessidades de cada utente. “De salientar que, na sua grande maioria, os utentes/clientes da terceira idade, são oriundos da freguesia e/ou áreas limítrofes e são visitados por familiares, amigos e vizinhos realizando-se eventos que facilitam encontros intergeracionais e com membros da comunidade local”, destaca o P.e António Matos Fernandes Pereira. Na esfera da primeira infância, as respostas sociais têm como objectivo organizar um conjunto de experiências a partir das quais as crianças aprendam, desenvolvendo competências pessoais e sociais tendo em vista a inserção plena da criança na sociedade como ser autónomo, livre e solidário. “As respostas sociais da infância funcionam durante os dias úteis, 11 meses por ano, com a abertura às 07:30 horas e encerramento às 18:30 horas”, adianta, salientando que, desta forma podem dar uma resposta mais cabal às necessidades das crianças da freguesia de Moreira de Cónegos e limítrofes. Tendo o privilégio de trabalhar e conviver com diferentes gerações, o Centro Paroquial privilegia ainda o aprofundamento e enraizamento das relações intergeracionais, das quais destacamos a Festa de Natal, Carnaval e de Fim de Ano.

Dinâmica e intervenção social O Centro Paroquial de Moreira de Cónegos aposta na excelência como forma de estar, investindo em todos os serviços que presta à comunidade, na capacidade dos seus dirigentes e colaboradores, na busca de soluções que permitam uma integração mútua de objetivos, visando antecipar necessidades, procurando exceder expectativas. Atualmente, a instituição dá apoio a 80 beneficiários nas respostas sociais da terceira idades e mais de 100 nas respostas dedicadas às crianças. Com a capacidade de acolhimento na ERPI totalmente esgotada, o P.e António Matos Fernandes Pereira refere, contudo, ainda existir espaço para acolher mais alguns utentes na infância e alargar a o SAD a um maior número de utentes. “Queríamos desenvolver o apoio domiciliário mais integrado e a um maior número de utentes”, refere o nosso entrevistado. Para o desenvolvimento da sua actividade, o Centro Paroquial de Moreira de Cónegos possui equipa de colaboradores (cerca de 50 pessoas) distribuídos pelas várias respostas sociais. Acresce ainda a este grupo uma Educadora de Intervenção Precoce destacada pelo Ministério

Um futuro de melhoria contínua O trabalho desenvolvido pelo Centro Paroquial de Moreira de Cónegos reveste-se de um carácter especial para o pároco da freguesia. Desde cedo, muito envolvido no trabalho da instituição, o P.e António Matos Fernandes Pereira acredita que o apoio social fornecido assume uma componente especial pela sua ligação aos valores católicos. “Acho que a Igreja vem completar e abençoar a obra que fazemos aqui. Qualquer entidade pode fazer trabalho social, mas ligada à Igreja ganha outro sentido, nomeadamente, o da misericórdia e da caridade, que são valores importantes”, consubstancia. Por isto mesmo, o grande objetivo do responsável é poder continuar a desenvolver e melhorar os serviços que prestam aos seus utentes, para que nada de fundamental falte a quem está ao abrigo do centro. “Queremos criar mais meios de conforto aos nossos idosos e que tenham tudo nas melhores condições. Acho que já temos tudo muito bem, mas há sempre coisas a melhorar”, menciona, sublinhando que a instituição pretende respeitar o passado, viver com qualidade o presente e construir de forma sustentada o futuro, dando resposta aos desafios de uma sociedade em constante mutação.

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SÉNIORES ATIVOS NO CORAÇÃO DE SÃO TORCATO O Centro Social da Irmandade de São Torcato iniciou a sua atividade em 2011. Com o objetivo de dar apoio à terceira idade, o projeto “Envelhecer Melhor” arrancou com três valências: lar de idosos, centro de dia e serviço de apoio domiciliário. Mais tarde alargou o serviço à cantina social e ao banco de apoio social. Em entrevista à diretora Graça Raposo, ficámos a conhecer melhor esta instituição.

CENTRO SOCIAL DA IRMANDADE DE SÃO TORCATO

GRAÇA RAPOSO O que move este centro é proporcionar um envelhecimento ativo, mas acima de tudo bem sucedido. Com imensas estratégias nesse sentido, estas variam entre visitas culturais, atividades físicas e diferentes ateliês. Os princípios estão definidos: proporcionar estímulos, estreitar a proximidade relacional e fazer nascer no utente um sentimento de utilidade. Apostar no envolvimento e convívio como forma de atrasar a incapacidade ou falta de mobilidade. Com uma localização privilegiada, os utentes podem facilmente visitar de forma espontânea o tão procurado Santuário de São Torcato, bastando atravessar a rua. Com uma lotação de 36 utentes no lar de idosos, 25 no centro de dia, e 27 no serviço de apoio domiciliário, o centro está lotado. Junto das famílias o sentimento é de contentamento, pela forma como os seus idosos se sentem e são tratados. Outra característica deste centro é o alargamento do lar a pessoas com idade inferior a 65 anos, em situação de vulnerabilidade social, tendo uma percentagem elevada de utentes bastante jovens. Conta também com utentes com patologias que não são fáceis de aceitar em qualquer centro de dia, por necessitarem de pessoal mais especializado e com mais recursos humanos desde trissomia 21 à oligofrenia, este centro canaliza os seus esforços rumo à integração e inclusão na comunidade. Com um quadro de recursos humanos composto por 24 pessoas profissionais e uma equipa técnica formado por cinco elementos, a diretora adjetiva-a como fantástica. Existe uma técnica responsável por cada uma das três valências e a diretora garante a supervisão das mesmas. A animação centra-se em atividades inovadoras, proporcionando experiências novas e 94 | PORTUGAL EM DESTAQUE

enriquecedoras que motivam a forte participação no dia a dia de grande parte dos utentes. Para além da educação física, é também muito apreciada a dança, a modelagem e as peças de teatro. Entre as visitas obrigatórias estão os museus de Guimarães, o Castelo, o Palácio dos Duques, o Santuário da Penha, mas também ao Santuário de Fátima. A participação nestas atividades proporciona grande alegria! Visitas ao jardim zoológico, ao Sealife e ao World of Discoveries representam experiências diferentes para estas pessoas. “Muitas vezes surpreendemo-nos com as reações porque não imaginamos que sejam tão importante para eles.” Sendo a Câmara de Guimarães extremamente dinâmica e que inclui as instituições da comunidade, este Centro participa em todas essas atividades. Ao nível das instalações, trata-se de uma instituição moderna, com imensa luz e cor, quartos com janelas rasgadas e varandas viradas para o santuário. Pensado para ser pequeno, o espaço divide-se em três pisos, havendo em cada um deles


uma sala de estar como espaço alternativo de convívio. Cada quarto conta ainda com uma casa de banho privativa. Para o futuro, fica a garantia de uma segunda carrinha, adaptada com elevador para transportar pessoas em cadeira de rodas. A longo prazo, fica o desejo de poder alargar o espaço de modo a poder responder a todos os pedidos que ali chegam diariamente, assim como criar um grande centro de atividades ocupacionais para pessoas com algum tipo de problema que não tenham resposta na comunidade.

quela que é a sua terra. No entanto, sendo a génese desta irmandade tão antiga, não é uma instituição fechada nem parada no tempo. Respondendo sempre a novos desafios e atualizando-se, assim se mantém jovem. E foi deste espírito de missão e de adaptação aos novos tempos que nasceu o Centro Social, assim como também inúmeros parques e infraestruturas para acolher os peregrinos, num território que é um dos maiores centros religiosos da região. Seguindo o exemplo de São Torcato, que segundo a história sacrificou a sua vida pela população, estas pessoas estendem o seu exemplo de vida à prática através da solidariedade, pelo Centro Social. Esta é uma instituição que se orgulha do seu passado e do seu presente, projetando o seu futuro numa linha de continuidade sempre baseada no lema “a servir São Torcato”.

A Irmandade A Irmandade de São Torcato nasceu em 1693 como Confraria de Devotos de São Torcato. Ao espírito de serviço que a caracterizou foi-lhe conferido o lema: “a servir São Torcato”. Esta devoção sempre envolveu os crentes na criação de infraestruturas onde se pudesse praticar o culto e a veneração ao santo. Mais tarde, já no século XIX, deu-se início à construção do Santuário. Como é tradição no concelho de Guimarães, existe em São Torcato um forte vínculo das pessoas à sua terra e um enorme sentimento de pertença. Uma grande reverência às tradições e valores da-

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“UMA ESTRUTURA DE BEM SERVIR OS OUTROS” Fundada em 2004, a Liga dos Amigos do Hospital da Senhora de Oliveira, EPE, Guimarães, é uma associação de voluntários, que tem como objetivo apoiar e melhorar as condições dos utentes do Hospital da Senhora da Oliveira, em Guimarães. Em entrevista a Alves Pinto, presidente da instituição, damos a conhecer o exemplo de solidariedade.

LIGA DOS AMIGOS DO HOSPITAL DA SENHORA DE OLIVEIRA

respondem a necessidades emergentes e significativas do hospital e tem um alcance inquestionável: colocação de plasmas em todo o hospital, doação de uma viatura para criação do serviço de apoio domiciliário, doação de um aparelho de novíssima tecnologia (Fibrosan) para diagnóstico de várias doenças (no país, só cinco hospitais estão dotados deste equipamento), etc. Em termos de benefícios, quais os concedidos pela Liga ao Hospital e aos seus doentes carenciados? Já referimos vários apoios que concedemos ao hospital e aos nossos doentes. Não vou entrar em mais detalhes. Uma garantia: estamos disponíveis para responder a todas as solicitações que nos cheguem. Contudo, há um serviço que nós acarinhamos e que julgamos do maior interesse para a comunidade: a nossa disponibilidade para estarmos presentes junto dos doentes, para lhe endereçarmos uma palavra amiga, para conversarmos um poucochinho com quem sofre e sofre muito mais quando está só.

ALVES PINTO Fale-nos um pouco sobre quais as motivações que levaram à formação desta associação. A Liga dos Amigos pretende contribuir para que o hospital cumpra mais eficazmente a sua função e, com a irreverência, capacidade de iniciativa e sentido de serviço aos outros que é apanágio dos seus membros, pretende contribuir para que o nosso hospital seja um espaço simpático, humano, bem equipado, servido por profissionais competentes, diligentes, cuidadosos e afetuosos. Promover a saúde ou colaborar da melhor forma com os utentes, aprofundando diferentes formas de entreajuda e solidariedade, são alguns dos propósitos a que se dedicam. Quais os maiores desafios que enfrentaram ao longo deste percurso? Todos os dias somos confrontados com diferentes desafios, todos igualmente relevantes: é um equipamento que falta, é um doente carenciado que não tem dinheiro para adquirir meios materiais para convalescer, é um doente que está internado e que não tem o amparo de nenhum familiar, é a necessidade de levarmos os nossos doentes e o nosso hospital às escolas e à sensibilidade das crianças e dos jovens, por aí adiante… Quais as iniciativas ou projetos que mais se orgulham de ter desenvolvido em prol dos utentes desta unidade hospitalar? As nossas iniciativas regulares têm uma significativa e apreciada projecção comunitária: a atribuição de camas articuladas, de próteses capilares, de cadeiras de rodas e outras, são uma imagem de marca da Liga. As nossas contribuições não regulares, 96 | PORTUGAL EM DESTAQUE

Qualquer pessoa pode ser associada da Liga dos Amigos do Hospital da Senhora de Oliveira, Guimarães? Como o pode fazer? Não há reservas, condições ou limitações para que as pessoas se constituam sócias da Liga. Basta que se dirijam aos nossos serviços, preencham a ficha de inscrição e logo serão admitidas com grande satisfação.


Tendo um vasto currículo e experiência em áreas distintas, quais as suas aspirações enquanto presidente desta associação? De que mais se orgulha? A única ambição da direcção da Liga é prosseguir o caminho que tem trilhado e que a tem afirmado como uma estrutura de bem servir os outros, sem esperar gratidão, elogios ou galardões, que são sempre efémeros e em nada contribuem para debelar as fragilidades e as privações que assolam grande parte dos nossos concidadãos. Não temos orgulho de nada. Temos a consciência de que trilhamos e desbravamos caminho ruim, mas também temos consciência de que o itinerário é longo e de que está quase tudo por fazer. Em termos de futuro, quais os projetos delineados que gostariam de cumprir a médio/longo prazo? Qual o balanço que faz destes quase 13 anos de atividade? Sempre insatisfeitos, embora com obra já concretizada, prontificamo-nos a manter toda a nossa atividade nas áreas tradicionais e estamos recetivos a contribuir para tudo quanto for necessário e nos for reportado, nomeadamente para o descongestionamento do hospital, também através de apoio à criação de uma unidade de cuidados paliativos.

Liga dos Amigos do Hospital da Senhora de Oliveira Rua dos Cutileiros Hospital Nossa Senhora da Oliveira 4935 - 044 Creixomil-Guimarães Telemóvel: 91 5303171 E-mail: ligachaa@gmail.com

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TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS Nas sociedades atuais a entrega das pessoas que se dedicam às causas sociais nem sempre são reconhecidas, recompensadas ou valorizadas. A revista Portugal em Destaque foi visitar a APCG, Associação de Paralisia Cerebral de Guimarães, com a intenção de dar a conhecer o fabuloso trabalho que se faz neste tipo de instituições. A sensação que se tem ao entrar nestas instalações é de trabalho feito, de trabalho cuidado, com amor e entrega a uma causa tão nobre. Desde as instalações, cuidadosamente estimadas, passando pelos profissionais, detentores de uma incrível simpatia, aos amáveis utentes, que nos recebem com um enorme sorriso. Neste espaço, todos são diferentes e todos são iguais.

ASSOCIAÇÃO DE PARALISIA CEREBRAL DE GUIMARÃES

JOAQUIM OLIVEIRA

O atual presidente da Associação de Paralisia Cerebral de Guimarães, Joaquim Oliveira começou por ser o responsável da contabilidade da instituição, posteriormente passou pela vice-presidência, mas a sua dedicação a esta causa rapidamente o levou a assumir a presidência desta instituição. Esta caminhada como presidente começou há dez anos e continuará até que o próximo objetivo esteja concluído, a construção de um novo edifício, já projetado e que espera os respetivos apoios para que finalmente se realize em 2017. Este projeto também será apoiado pela Camara Municipal de Guimarães. “O presidente da Câmara Municipal sempre nos disse que tendo em conta as possibilidades do 98 | PORTUGAL EM DESTAQUE

Município tudo o que a APCG precisar poderá contar o seu apoio”, reforçou Joaquim Oliveira. Esta associação é um modelo, na região, de trabalho realizado com rigor, organização, estrutura e o crescente empreendedorismo faz com que seja uma referência. O novo edifício irá permitir no Centro de Atividades Ocupacionais mais 50 pessoas com deficiência e um lar residencial, que será para mais 24 a 36 pessoas o que reduziria, mas não eliminaria a atual lista de espera. O novo edifício irá permitir que a associação possa dar resposta aos pais que nos procuram. “Sinto que devemos lutar por este novo edifício, pois temos vários pais idosos com filhos portadores de deficiência, sem retaguarda familiar e não têm com quem os deixar quando já não conseguirem cuidar deles”, comentou o atual Joaquim Oliveira. Prevê-se que as verbas que estão para chegar possam permitir que 70 por cento do capital esteja garantido para a realização deste novo edifício. O restante valor será conseguido através de beneméritos, que normalmente são empresas da região que solidariamente têm apoiado esta e outras associações do município. A maior parte destas associações não tem os apoios necessários. Os pais que têm filhos com algum tipo de deficiência, principalmente quando veem a idade a avançar, e não tem com quem os deixar, sentem uma enorme preocupação, já que não sabem quem irá cuidar dos seus filhos quando eles já não conseguirem. Até à atualidade não existem apoios para estas famílias, as entidades competentes não prestam apoios necessários aos lares de pessoas com deficiência. Por isso, a importância que tem as associações como a APCG é imensurável, o seu trabalho está muitas vezes na sombra, mas é de uma relevância extrema. As necessidades das pessoas portadoras


de paralisia cerebral ou outro tipo de deficiência têm que ser tidas em conta na hora de criar ou organizar os espaços. Por exemplo, as creches devem corresponder com alguns critérios que nem sempre as creches públicas têm. Reforça o presidente que “nós temos uma dificuldade muito grande porque nos aparecem muitos casais que têm um filho com deficiência e não têm a quem os deixar. Nós não temos meios para responder as estas necessidades.” Todos os síndromes que vão aparecendo e não são identificados, ou seja, quando não se sabe se determinada síndrome é paralisia cerebral ou não ficam nesta as-

sociação, daí a enorme lista de espera que tem na atualidade. Normalmente, estas pessoas ou crianças são integradas numa das seguintes valências: centro de reabilitação, dos 0 aos 16 anos; o centro de atividades ocupacionais, quando já não tem idade escolar; e o lar residencial, que tem doze camas, mas não corresponde às necessidades atuais. Recentemente, a associação fez um protocolo com a Segurança Social, integrando a ELI (Equipas Locais de Intervenção) de Guimarães que consiste na intervenção em contexto escolar e familiar. O presidente da APCG, Joaquim Oliveira

dedica-se a esta causa há mais de 10 anos, sente uma grande realização em ser útil ao próximo, sobretudo em conseguir com que esta associação cresça e consiga chegar a mais pessoas que precisam destes serviços. As necessidades que tem estas crianças, jovens e adultos são de difícil compreensão para quem não vive de perto esta situação num familiar próximo ou direto. Por isso, a intervenção e apoio destas associações é fundamental para as famílias e os utentes. A sensibilização é outra forma de intervenção da associação e por isso, a caminhada anual faz parte desta iniciativa de inovação e reconhecimento social que todas as entidades de cariz social precisam para que seja uma referência municipal, regional ou até nacional. A APCG é uma IPSS cujo objetivo principal é a criação de condições para aumentar a participação dos deficientes na vida social, promovendo deste modo uma política de prevenção, tratamento, reabilitação e integração da pessoa com Paralisia Cerebral. Esta caminhada sensibiliza a opinião pública para o direito à igualdade e à não discriminação da pessoa deficiente, bem como, a divulgação do tema “Pessoas Diferentes, Direitos Iguais”.

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FREGUESIA EM EVOLUÇÃO CONSTANTE Na freguesia de Brito, a voz ‘de comando’ é feminina. Fátima Saldanha é a presidente da Junta de Freguesia, a terra onde nasceu e que, nas palavras da própria, adora! Conheça um pouco melhor este misto entre o rural e o urbano.

FREGUESIA DE BRITO

FÁTIMA SALDANHA

A Freguesia de Brito é um misto entre o urbano e o rural, estando perto do centro de Guimarães. Neste sentido, quais são os pontos fortes da freguesia, em termos de património, gastronomia e tradições? Falar de Brito é falar numa vila que progrediu e evolui muito. A sua elevação a vila aconteceu a 19 de abril de 2001 e permi100 | PORTUGAL EM DESTAQUE

tiu uma posição estratégica e fundamental no seu desenvolvimento. Com muito empenho, esta vila tem vindo a aumentar o número de habitantes, conforme testemunham os censos realizados em 2011. Situada a poucos quilómetros da cidade de Guimarães, as sua atividades económicas, são comércio e serviços. São tradição os festejos em honra do padroeiro de Brito, que é São João Baptista e que se festeja a 24 de junho. A celebração da festa da Abadia em honra de Nossa Senhora do Rosário, a 15 de agosto, cuja administração é exercida por uma confraria criada nos princípios de século XVII mais precisamente em 1609. Dos patrimónios dignos de visita, sobressaem a Igreja Matriz, a Capela de Santa Helena, as capelas particulares da Casa do Ribeiro e da Casa do Couto, os Cruzeiros, e os Pontilhões. A requalificação da antiga carreira de tiro, agora denominada ’Espaços Criativos’ é uma infraestrutura com excelentes condições para acolher vários espetáculos culturais ou outros eventos já que dispõe de um edifício requalificado, bem como, um espaço ao ar livre, com parque de merendas, onde se pode fazer várias atividades. Que associações culturais e desportivas existem e qual o papel que desempenham na freguesia? Apesar de não existir uma associação para fins culturais, a Junta de Freguesia apostou na cultura, pois entendemos ser este meio de promover o acesso da população a vários eventos que provavelmente de outra forma não o teriam. Orgulhosamente trouxémos à nossa vila, o teatro, música, exposições entre outros. Destaco alguns dos eventos que aconteceram e que engradeceram muito a nossa vila, como a atuação da Orquestra do Norte, o Quarteto de Cordas de Guimarães, a exposição de pintura da nossa conterrânea Silvana Violante, a exposição de arte em madeira, pelo artesão Avelino Dias, diversas peças de teatro entre outros. Envolvemos sempre a comunidade, convidando-os a participar, fazemos convites a todas as instituições e associações. Ainda a nível cultural temos feito anualmente um evento denominado ‘Encontro de Reis’ pelo terceiro ano consecutivo, entre as várias instituições da vila de Brito, a fim de manter as tradições. Ainda o Festival Vivências – Artes de Palco que se realiza anualmente desde 2005. No âmbito cultural, existe em Guimarães um projeto denominado Excentricidades – Outros Palcos Mais Cultura, que a Câmara Municipal de Guimarães tem vindo a implementar no concelho e que este ano será integrado na vila de Brito. A nível desportivo temos o Brito Sport Club que é um grande impulsionador do futebol, principalmente pela dinamização a nível das camadas mais jovens. Temos ainda as piscinas - Aquabrito com a prática desportiva de natação, ginásio, karaté. A área social é uma das nossas grandes preocupações, por vezes desconhecida, mas na verdade ainda existem famílias carênciadas. A criação da Loja Social, em 2014, foi uma promessa eleitoral, da qual muito me orgulho de ver concretizada. Não seria possível sem ajuda


de diversos voluntários. Contamos também com ajuda de algumas empresas de Brito e do concelho, sobretudo na época de natal, que ajudam com contribuições de bens para atribuição dos cabazes. Sendo mulher e estando no primeiro mandato, qual o balanço que faz? Quais foram os principais desafios ao longo dos últimos anos? Faço um balanço positivo. Sou mulher, mãe, esposa e quando me candidatei, uma das minhas preocupações foi perceber como a população iria reagir, no entanto, fui tão bem acolhida que não senti qualquer receio. Posso dizer que quer seja um homem, quer seja uma mulher, sendo eleita ou eleito, a escolha da população é por si uma imposição. No geral sinto - me respeitada e apoiada pelo sexo oposto, não se trata de ser mulher, mas sim da competência e da dedicação às causas. Posso afirmar que há exeções, mas felizmente são muito raras e com motivações muito específicas, pelo que acredito que estamos a evoluir nesse aspeto. O maior dos desafios foi sem dúvida gerir uma Junta de Freguesia com poucos recursos financeiros e isso exige um maior esforço na gestão. Brito neste momento dispõe de várias infraestruturas, que estão à disposição da população, como tal existe obra feita e não menos importante

que a obra feita é saber cuidar e manter. Que projetos gostaria de concretizar até ao final do mandato? Pavimentações de algumas ruas, tais como Rua Vasco da Gama, Rua D. Afonso Henriques, Rua de São José, entre outras. Outra obra muito importante é a requalificação da Escola Primária de Casais, assim como o pavilhão desportivo. Dado que somos uma freguesia que cresceu muito nos últimos anos, agora temos responsabilidades acrescidas, e mais importante que fazer obra, é preservar, manter e melhorar as diversas infraestruras da freguesia. Claro que a par disto temos muitos projetos ou ideias que queremos concretizar e estamos a trabalhar para que isso aconteça. Tenciona recandidatar-se? Sim, sem dúvida. Sou a favor da limitação de mandatos, o meu é o primeiro, pelo que o projeto que tenho para a minha vila está por concluir. Sentir que a população está contente com o trabalho desenvolvido é uma motivação para continuar, assim como o sentido de dever cumprido. Para terminar, pode descrever a sua freguesia em duas ou três palavras. A terra onde nasci e que adoro!

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INOVAÇÃO BANHADA A OURO A empresa José Carlos & Filhas Joalheiros Lda, surge no mercado português como resultado de um espírito empreendedor e lutador que o seu fundador, José Carlos Santos levou a cabo nos últimos 20 anos. Aos 15 anos, José Carlos foi para Paris e, durante três anos, tirou o curso de ourivesaria na Escola Profissional de Ourivesaria. Foi no final deste período de tempo que se revelou um futuro promissor para este profissional português. Após finalizar o curso voltou para Portugal e começou a trabalhar na mais importante empresa de ourivesaria portuguesa da época, onde esteve durante oito anos.

JCF JOALHEIROS

JOSÉ CARLOS O espírito sonhador deste homem não permitiu que o seu propósito ficasse por ali e resolveu estabelecer-se por sua conta, criando uma pequena empresa onde contava somente com as suas mãos para o trabalho diário. Durante os dois anos que se seguiram dedicou-se aos consertos de peças, no entanto o sonho chamava por ele. Foi então que José Carlos decide começar a fazer de raiz pequenas peças. Com este objetivo em mente contrata para trabalhar consigo mais oito pessoas e começa o sonho de ser uma referência, a nível nacional, no mercado do fabrico de ourivesaria. Atualmente, a empresa tem 47 trabalhadores que se dedicam à produção de

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peças em prata ouro e platina, o processo que segue a concretização do produto final é moroso e de extrema dedicação. Depois das várias empresas enviarem o esboço, a empresa de Guimarães inicia todo o processo de fabrico. Com o esboço os profissionais formados nesta especialidade desenvolvem o desenho em 3D, que posteriormente várias máquinas criam de forma física o desenho, em cera. Esta peça em cera é de seguida fundida em prata ou em ouro e vai à banca para que lhe sejam aplicados os pormenores. Os joalheiros fazem o apuramento da peça, limar e lixar a peça, que depois deste processo passe para o polimento. Na fase seguinte as peças são enviadas a contrastaria, ou seja, para a Casa da Moeda, e é neste local a fica com uma marca de garantia de qualidade. As peças voltam para a empresa, passam para a parte de gravação e, de seguida, dáse-lhe o toque final. A finalização implica lustrarem as peças e dar-lhes os banhos. Cada peça deverá ter obrigatoriamente duas marcas, uma da empresa que cria a peça de ouro ou prata e outra da Casa da Moeda. Esta última marca é uma “forma de garantia que o consumidor final tem de que o produto de adquire tem real valor”, como descreve o empresário. Hoje, os principais clientes são empresas estrangeiras que apostam na garantia de qualidade que lhes é oferecida por esta premiada empresa do concelho de Guimarães. Ainda assim, a vontade de trabalhar no mercado português mantém-se e, por isso, continuam a trabalhar com o mercado nacional, com empresas de referência no sector da ourivesaria. A empresa está no auge da inovação do setor em Portugal, tendo sido a primeira empresa portuguesa a ter uma máquina

de fundição em platina, permitindo assegurar este trabalho a muitas outras empresas. Este caratér empreendedor não fica por aqui. A empresa está constantemente a reinventar-se e a apostar em novas tecnologias, uma das mais recentes aquisições está relacionada com equipamento de recuperação de resíduos. De acordo com José Carlos Santos, a sua empresa nesta área é competitiva, mesmo quando comparada com outros países europeus. Quer seja o fabrico, os equipamentos, tem a mais-valia da qualidade e o pormenor que a sua empresa consegue dar às peças que fabrica. Apostar na inovação, na qualidade do seu produto, será sempre uma prioridade, assim como o compromisso de acompanhar as inovações do mercado. Por outro lado, continuará a empenhar-se na formação dos profissionais e dar oportunidade aos novos profissionais. Com o objetivo de criar estas oportunidades, a empresa criou em parceria com o Cindor, em Gondomar, a possibilidade de alunos da escola poderem praticar os seus conhecimentos. A forte componente de modernidade é um dos principais focos da empresa José Carlos & filhas Joalheiros e por isso, procura nas feiras, sobretudo internacionais, a divulgação e atualização dos seus produtos e serviços.


MACEDO DE CAVALEIROS Inserido no distrito de Bragança e propagando-se por uma área de aproximadamente 699 km2, Macedo de Cavaleiros é um concelho muito jovem (datado de 1853), usufruindo das vantagens da posição bastante central que assume no contexto do Nordeste Transmontano. Pese embora o seu recente estatuto administrativo, importa ressalvar que este corresponde a um território riquíssimo quer em património edificado, quer imaterial, afirmando-se cada vez mais como um polo de passagem obrigatório para um amplo leque de turistas. Não admita, posto isto, que em Macedo de Cavaleiros os edifícios religiosos ou as pontes medievais convivam – numa atemporal harmonia – com tradições tão importantes da cultura regional como os Caretos de Podence ou os Pauliteiros de Salselas. Festividades como a Feira da Caça e do Turismo ou o Entrudo Chocalheiro testemunham, pelo vigor da sua essência, uma afluência turística portuguesa e estrangeira que beneficia das excelentes acessibilidades com que o território está equipado. Já no que ao património natural diz respeito, o concelho tem o raro dom de nos presentear com espaços de beleza e encanto incomparáveis, tais como a Praia Fluvial do Azibo ou as Serras da Nogueira e de Bornes. Mas porque Macedo de Cavaleiros é também uma terra de sabores, importa realçar o estatuto e excelência de produtos tão díspares quanto o vinho, o azeite, o mel, o fumeiro ou as carnes. Nesse âmbito, é obrigatório provar os pratos de caça, a posta mirandesa, o cabrito assado ou as casulas secas com butelo.


“UMA TERRA PEQUENA, MAS ACOLHEDORA” Em entrevista à Portugal em Destaque, Edgar Fragoso deixa uma apresentação da freguesia de Macedo de Cavaleiros, um lugar onde a história convive em plena harmonia com a beleza natural e a arte de bem receber.

FREGUESIA DE MACEDO DE CAVALEIROS

EDGAR FRAGOSO

Estendendo-se por uma área de 15,34 km2 e abrangendo um universo de aproximadamente 6000 habitantes, a freguesia de Macedo de Cavaleiros corresponde a um território “que cresceu muito depressa ao longo da sua breve história” – recorde-se que o município data de 1853 –, “pois estava numa encruzilhada de vários caminhos, que correspondia ao centro geográfico do distrito de Bragança”, introduz Edgar Fragoso. Fazendo jus ao estatuto de freguesia mais central do concelho, é numa miríade de atividades (com destaque para o comércio tradicional, os serviços, ou a pequena indústria) que Macedo de Cavaleiros encontra as suas fontes de sustento. Neste âmbito, é importante salientar o trabalho desenvolvido no setor agrícola, que se exprime na produção de castanha, azeite e vinho. Mas também digno de nota é o crescimento que o presidente da Junta de Freguesia tem sentido, nos últimos anos, relativamente à abertura de novos negócios, nomeadamente na área do pequeno comércio. Já no que ao património diz respeito, destaca-se a diversifica-

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da oferta museológica, que se traduz na existência de espaços onde é possível apreciar não apenas a história do concelho e da freguesia (Museu Municipal Martim Gonçalves), mas também os vestígios arqueológicos que ajudam a caracterizar o território (em exposição no Museu Municipal de Arqueologia) ou as mais refinadas obras (disponíveis no Museu de Arte Sacra). Mas quem estiver de passagem por Macedo de Cavaleiros em época carnavalesca poderá participar em nada mais, nada menos do que um dos entrudos mais vivos, interessantes e autênticos de todo o país. Engana-se, todavia, quem pensar que isto é tudo o que a freguesia tem para oferecer. Afinal, outro dos grandes argumentos turísticos encontra-se na esplendorosa gastronomia que cá se pode saborear. Da posta mirandesa ao arroz de cabidela, passado pelas casulas, o javali ou a feijoada à transmontana, o leque de opções é bastante variado e recomendável. Até porque é em pleno centro de Macedo de Cavaleiros que se podem encontrar “alguns dos melhores restaurantes do distrito”, assegura Edgar Fragoso. Atualmente no primeiro mandato enquanto presidente da Junta de Freguesia, o nosso entrevistado considera que, paralelamente aos esforços de equilíbrio financeiro, o imperativo da proximidade se assumiu como uma das grandes prioridades. “Somos uma importante porta de encaminhamento para a câmara municipal, pois detetamos os problemas sociais mais rapidamente”, assegura o nosso interlocutor, que tem procurado também “apoiar as escolas”. Igualmente notável, porém, tem sido o empenho da Junta de Freguesia em assegurar que todos os caminhos – e, em especial, os mais rurais – se mantenham limpos e acessíveis. Assim sendo, e perante um contexto em que Macedo de Cavaleiros tem visto a sua vocação turística reforçada, Edgar Fragoso partilha uma mensagem de otimismo, “fé e coragem” aos habitantes da freguesia. Entretanto, a todos os que ainda não tenham aproveitado a oportunidade de conhecer o território, o nosso interlocutor deixa um convite: “venham visitar-nos, não se vão arrepender. Esta é uma cidade pequena, mas acolhedora”, garante.


VEM AÍ MAIS UMA FESTA DO TORDO E DOS PRODUTOS DA TERRA MANUEL DOS SANTOS

Realizar-se-á nos próximos dias 18 e 19 de fevereiro uma festa dedicada ao tordo e aos produtos endógenos de Ala. Ala e Vilarinho do Monte (oficialmente União de Freguesias de Ala e Vilarinho do Monte) é uma freguesia portuguesa do concelho de Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança, com 40,77 km² de área e cerca de 600 habitantes. A Portugal em Destaque esteve com o presidente desta União de Freguesias, Manuel dos Santos, por forma a conhecer o que tem sido feito nesta localidade do interior do país bem como o que marcará esta edição da Festa do Tordo e dos Produtos da Terra.

UNIÃO DE FREGUESIAS DE ALA E VILARINHO DO MONTE

A União de Freguesias de Ala e Vilarinho do Monte foi criada aquando da reorganização administrativa de 2012/2013, resultando da agregação das antigas freguesias de Ala e Vilarinho do Monte. O atual presidente, empresário na área da construção civil e nosso entrevistado nesta edição, Manuel dos Santos, encontra-se ainda no seu primeiro mandato, no entanto, está consciente do que é necessário fazer pela evolução da sua freguesia. “Temos procurado fixar jovens através dos projetos para jovens agricultores mas, mesmo assim, tem sido difícil”, lamentou. A par das tentativas de fixação de jovens nas freguesias, também a manutenção dos caminhos agrícolas, vias rodoviárias e apoio aos cidadãos são obrigações do executivo desta União de Freguesias: “fazemos limpezas de rua e temos, também, um gabinete de apoio ao cidadão aberto diariamente”, esclareceu.

Uma necessidade urgente Satisfeito com o trabalho por si realizado até ao momento, o autarca da União de Freguesias de Ala e Vilarinho do Monte mostrou-se descontente com os constrangimentos impostos à construção daquele que diz ser um projeto extremamente necessário para estas localidades: uma Estrutura Residencial para Idosos. “Esta aldeia de Ala é a maior aldeia da freguesia e tem a população muito envelhecida. Temos, por isso, um projeto que consiste na construção de um Centro de Dia mas que ainda não se conseguiu concretizar”, confidenciou. Fevereiro em Festa Organizada pela Associação de Caça e Pesca de Ala, Meles, Brinço e Carrapatinha, a Festa do Tordo e dos Produtos da Terra vai realizar-se no terceiro fim de semana de fevereiro e contará com muita animação e produtos de excelente qualidade, numa exposição onde os conterrâneos de Ala serão os anfitriões. “Serão expostos produtos da terra, onde as pessoas da freguesia costumam participar. De entre muitos outros produtos teremos: azeite, nozes, batatas, alheiras, enchidos e diversos produtos agrícolas e de caça”, enumerou o presidente. O evento terá lugar no Largo de Ala e, no dia 19 (domingo), os caçadores juntar-se-ão num almoço-convívio onde todos os habitantes da União de Freguesias de Ala e Vilarinho do Monte são convidados a participar.

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90 ANOS AO SERVIÇO DA COMUNIDADE A Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros é liderada há 43 anos pelo provedor Alfredo Castanheira Pinto. Fundada em 15 de março de 1926 tinha na altura como única valência a saúde. No presente, os desafios são diferentes e a ação da misericórdia centra-se sobretudo no apoio aos idosos.

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MACEDO DE CAVALEIROS

ALFREDO CASTANHEIRA PINTO 106 | PORTUGAL EM DESTAQUE

No início a instituição estava voltada em exclusivo para a área da saúde, começa por explicar o provedor da Santa Casa da Misericórdia, referindo que “o hospital pertencia à misericórdia e esta tinha como única valência a saúde. Na altura em que tomo posse, o hospital pertencia à instituição, até que em 1976 foi nacionalizado. Por força da nacionalização, as instituições que não tivessem mais valências a não ser os hospitais perdiam, a favor do Estado, o direito das suas propriedades. Na altura, tivemos de pensar bem e econtrar uma solução. Resolvemos então criar um pequeno lar de idosos, quando o hospital passou para a alçada do Estado, era diretor do hospital e provedor da misericórdia, isto permitiu-nos uma a transição pacífica”. Hoje em dia a principal atividade da Misericórdia de Macedo de Caveleiros é o apoio à terceira idade, com as valência de lar de idosos, centro de dia e serviço de apoio domiciliário. O interlocutor revela que “o Lar de Macedo de Cavaleiros tem 83 lugares e presta apoio domiciliário a 79 lugares, temos ainda a valência de centro de dia com dez pessoas. Na cantina social servimos 55 refeições. Temos o RSI (rendimento social de inserção) que tratamos para o nosso concelho e concelho de Alfândega da Fé. Na zona sul do concelho, no lugar do Lombo, temos um lar com 55 lugares, mas o acordo de cooperação com a Segurança Social contempla apenas 20 utentes. Neste equipamento te-


mos ainda a possibilidade de prestar apoio domiciliário a 40 pessoas, o que ainda não se concretizou porque ainda não nos concederam o apoio de cooperação. O Lar do Lombo nasceu porque a Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros verificou que a zona sul do concelho de Macedo estava desprotegida de qualquer apoio a este nível”. Recentemente, a instituição agregou mais um serviço de grande importância para a qualidade vida dos utentes “um serviço de fisioterapia itinerante ao domicílio”. Intervenção social local Alfredo Castanheira Pinto, que foi também um dos fundadores da União das Misericórdias revela que uma das mais-valias da instituição é ter terrenos com produção própria de hortícolas, afirmando que “90 por cento destes produtos que consumimos são produção própria”. A instituição tem também nos 100 hectares existentes na Quinta do Lombo, produção de vinho e azeite destinados ao consumo

prórpio e à comercialização, contribuindo para a sustentabilidade da misericóridia. A vertente agrícola levou também à contratação de pessoal só para aquela área, a instituição é assim um dos maiores empregadores do concelho, sendo responsável por 130 postos de trabalho que muito contribuem para o desenvolvimento e sustentabilidade da região. O interlocutor destaca que ao longo dos tempos a instituição contou sempre com o apoio do Município, “houve sempre uma colaboração estreita na resolução de todos os problemas sociais do concelho. É muito importante e vantajoso o trabalho em sintonia, a câmara não faz nada na área social que não nós consulte e nós não fazemos faço nada sem consultá-la. Temos vários projetos com a câmara municipal, como o Programa Contrato Locais de Desenvolvimento Social (CLDS), de apoio às populações na parte da sustentabilidade e do empreendedorismo, que dá emprego a cinco técnicos, sendo financiado pelo Estado”.

Comemoração dos 90 anos A Santa Casa da Misericórdia de Macedo de Cavaleiros irá festejar no próximo mes de março, dias 17 e 18 os 90 anos da instituição. O interlocutor revela que “a 17 de março haverá uma missa celebrada pelo bispo em memória dos benfeitores e dos irmãos e um jantar de receção aos convidados. No dia 18 haverá um seminário seguido de almoço com todos os participantes. A conferência vai contar com a participação de três pessoas distintas, que foram presidentes da Assembleia Geral da União das Misericórdias, são elas: o padre Vítor Melícias, Maria de Belém Roseira e José Silva Peneda, todos eles foram amigos da Misericórdia, conhecem-na, trabalharam connosco e ajudaram-nos muito. Consegui juntar os três precisamente por terem sido presidentes”.

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O SEU HOTEL NO CORAÇÃO DE TRÁS-OS-MONTES A apenas 15 minutos da Albufeira do Azibo – e assumindo uma posição central em Trás-os-Montes – o Hotel Alendouro é o local ideal para quem se encontra de visita a uma das regiões mais bonitas de Portugal. À sua espera, encontrará um espaço acolhedor e um ambiente genuinamente familiar.

HOTEL ALENDOURO

MARISA ALENDOURO Situado em pleno centro de Macedo de Cavaleiros, o Hotel Alendouro é o culminar de um “negócio de família” que começou há cerca de 25 anos. Na origem deste projeto esteve “um pequeno restaurante” gerido por Otília e Norberto Alendouro que, com o progredir do tempo, se converteu na famosa Residencial Avenida, amplificando o potencial turístico que a gastronomia transmontana e a arte de bem servir proporcionavam. Já em 2011, e fruto dos imperativos associados ao setor, a casa reinventou-se enquanto Hotel Alendouro, à medida que a segunda geração – composta pelos irmãos Marisa e Vítor – foi assumindo cada vez maior responsabilidade na liderança do negócio. Caracterizada por um visual moderno e bastante arrojado, esta corresponde a uma unidade hoteleira com 25 quartos (em regime single, duplo ou twin), ideal não apenas para umas relaxantes férias em família, mas também em contexto de negócios ou trabalho. A aposta numa apresentação diferente do habitual corresponde, de facto, a um dos traços que melhor caracterizam o Hotel Alendouro que, através das suas paredes, nos demonstra muito sobre

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as histórias e tradições de Macedo de Cavaleiros. Tal como explica Marisa Alendouro, “tentamos decorar o hotel com elementos alusivos à nossa terra, como a estação de comboios, a albufeira do Azibo, os caretos de Podence ou as ceifas transmontanas”. A ideia passa, claro, por transmitir um pouco da riqueza desta cultura a todos os que se encontrem de visita. Claro está que um visual tão cuidado como este de pouco serviria se não existisse, a complementá-lo, uma atitude tão amiga, familiar e próxima no acompanhamento de cada visitante. “Fazemos questão de que todos se sintam como se fizessem parte da nossa casa”, esclarece a porta-voz. Mas os mimos não se ficam por aqui; também fulcral para o sucesso do projeto tem sido o bar e o restaurante integrados no Hotel Alendouro. Abertos ao público exterior, estes são espaços de excelência para um agradável convívio com o melhor que a gastronomia transmontana pode oferecer. Significa isto que, por aqui, não faltarão propostas como a costeleta de vitela, o cozido à portuguesa, o butelo, os salpicões ou a alheira, entre outras iguarias regionais. E são, efetivamente, delícias como estas que perduram na memória não apenas do turista português, como também de um amplo público espanhol, que aproveita datas marcantes como a Feira da Caça ou o Carnaval para visitar Macedo de Cavaleiros. O facto de o Hotel Alendouro se situar nesta cidade transmontana corresponde, de resto, a uma “mais-valia”, sentida por quem aqui se encontrar de passagem. “Embora Macedo de Cavaleiros não tenha muitos pontos turísticos, as pessoas gostam de cá ficar porque este é um lugar central, com fácil acesso para os diferentes pontos da região de Trás os Montes”, conclui Marisa Alendouro. Todos são, por isso, muito bem-vindos!


ONDE SE SERVE O MELHOR DE MACEDO DE CAVALEIROS Numa terra onde a gastronomia é diversificada, o restaurante ‘O do Mercado’ apresenta-se como uma referência e local de paragem obrigatória para os mais curiosos e apreciadores dos pratos característicos da cozinha transmontana. RESTAURANTE O DO MERCADO

VERA E RUI ROCHA

como o arroz de cabidela feito com frango do campo, apenas disponível através de reserva. Além do serviço de restauração normal, ‘O do Mercado’ confeciona e vende fumeiro como a alheira, o salpicão, a linguiça ou a chouriça doce e azedos, produtos de elevada qualidade e com uma taxa de sucesso em constante crescimento. “Nós escolhemos e trabalhamos a melhor carne”, explica Vera Rocha, “e esse é nosso o segredo”, ao mesmo tempo que a preparação da carne é feita, ainda, de forma tradicional, ou seja, é colocada a salgar no sentido de se manter conservada. N’ ‘O do Mercado’, o cliente, além de provar o fumeiro tradicional caseiro, tem, também, a oportunidade de adquirir esses produtos diretamente no restautante, perpetuando, desta forma, a sua experiência gastronómica. Esta faceta do restaurante conta, ainda, com uma página de Facebook que se dá pelo nome de ‘Sabores Regionais Vera Rocha’ e é a própria que nos dá a garantida de que “ao levarem os nossos produtos, podem ter a certeza que a qualidade é a melhor”. O futuro passa, agora, pela expansão do espaço num todo. A ideia é conseguir, num único projeto, ter no mesmo espaço uma cozinha para o restaurante e outra para a produção do fumeiro, com uma loja para a sua venda. “Este é um projeto que queremos efetuar a curto prazo, estamos apenas à espera do momento certo para avançar”, termina.

“Este foi sempre um negócio familiar”, conta Vera Rocha que juntamente com o marido, Rui Rocha, gere o restaurante. “Tudo começou com a venda de fumeiro feita pela minha sogra”, continua, “que, mais tarde, quis abrir um restaurante e decidiu, então, confecionar alheiras para uso próprio do estabelecimento”. Desde esse momento, a produção de alheiras nunca mais parou, aliando, assim, a restauração e a venda de fumeiro numa simbiose perfeita que dá a fama a este restaurante com mais de 20 anos de existência. E quando falamos na gastronomia de Macedo de Cavaleiros, falamos em pratos típicos da região como a casula. ‘O do Mercado’ é perito neste prato que tem atraído cada vez mais fãs e que, sendo parecido com o cozido à portuguesa, “dá algum trabalho”, tendo na base da sua confeção as carnes gordas do porco e as casulas em vez da típica couve. Mas nem só dos pratos típicos da região vive este restaurante, tendo na sua ementa, também, outros pratos característicos da cozinha tradicional portuguesa

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MIRANDELA

Mirandela é uma cidade da Região Norte, sub-região de Terras de Trás-os-Montes, situada nas margens do Rio Tua. O turismo e a gastronomia e vinhos são ofertas convidativas à experiência de conhecer novos lugares e em Mirandela isso não é excepção. A gastronomia local é uma prática cultural, onde o concelho oferece ao visitante a harmonia dos seus pratos tradicionais e o acolhimento em visitar a oferta cultural. A cidade oferece assim um vasto leque de opções gastronómicas e de produtos endógenos, onde a alheira representa a identidade do povo, tornando-se num símbolo local. Mirandela oferece também um vasto conjunto diversificado de atividades que permitem dar a conhecer o que de melhor tem o concelho. Para além das suas gentes, o concelho é rico em gastronomia e em património cultural e natural. A nível cultural realizam-se vários eventos, como feiras, passeios pedestres, sessões de cinema, exposições culturais, entre outros. Existe, em todo o concelho, um vasto património arqueológico, arquitetónico, histórico e religioso. São exemplo disso, os vestígios de povoamento pré-histórico, exemplificado nos diversos monumentos megalíticos e castros, alguns reveladores da imensa atividade mineira de exploração de cobre, arsénio e ouro, praticada pelos povos da idade do bronze e perpetuada pelos romanos que deixaram também marcas da sua ocupação na região. São também exemplo os pelourinhos, as pontes, as igrejas e os monumentos históricos. Para além do património cultural e edificado, o concelho de Mirandela é rico em património natural, do qual destacamos a área do Parque Natural Regional do Vale do Tua, da Reserva da Biosfera Transfronteiriça da Meseta Ibérica, do Sítio de Interesse Comunitário de Romeu, os locais com interesse geológico, a beleza natural e paisagística. Estas são mais que razões suficientes para se deixar encantar por esta terra, repleta de tradições e costumes.



INTEGRAR A REGIÃO Vieram da capital para Trás-os-Montes em 2008 e desde então que o Intermarché de Mirandela regista um sucesso notável. Vítor e Carla Bento abraçaram este projeto de vida em conjunto. INTERMARCHÉ MIRANDELA

CARLA E VÍTOR BENTO

“A Carla estava ligada à engenharia química, eu era professor de educação física”, começou por nos explicar Vítor Bento, administrador do Intermarché de Mirandela. O casal não tinha nenhuma experiência anterior com o grupo ‘Os Mosqueteiros’. Foi através de um familiar que o desafio surgiu, numa altura em que ponderavam apostar num empreendimento completamente oposto. Após considerar cuidadosamente, aceitaram a sugestão. No primeiro ano e meio receberam formação e procuraram a loja que seria sua dentro daquelas novas ou disponíveis. O casal visitou Mirandela sabendo que essa loja estava disponível com o simples intuito de a conhecer. Vítor Bento chega a relatar que na altura repararam no potencial inaproveitado do estabelecimento. A proposta da loja Mirandela proveio do próprio grupo. A beleza natural da cidade atraiu-os, bem como a vertente do comércio. É um “negócio que dá trabalho, mas para quem tem vontade e gosto é interessante”. No fundo, é um projeto “pessoal e nós mudamos a nossa vida completamente”, denotaram. Deixaram para trás a vida agitada de Lisboa, bem como amigos e restante família. Vieram os três, com uma filha de oito anos. Agora, já são quatro. 112 | PORTUGAL EM DESTAQUE

As várias partes do todo Apesar de pertencerem a um mesmo grupo, toda e cada uma das lojas têm a sua própria identidade, perpetuada pelos administradores. “As nossas lojas são adaptadas ao público onde estamos inseridos, aliás, a nossa insígnia destaca-se por causa disso. Aqui trabalhamos para os transmontanos”, declararam Vítor e Carla Bento. Neste caso, a especificidade mais evidente será a alimentar. “Por exemplo, no Natal também há bacalhau, mas o polvo é muito forte. O folar aqui de Mirandela é muito popular. Nós estávamos habituados ao folar doce e aqui é salgado, é feito com carne”. É um facto conhecido que em “Mirandela come-se muito bem”. Desta forma, o casal teve a oportunidade de conhecer novos pratos. De facto, a única dificuldade que encontraram, desabafam, foi o frio. Boa alimentação, ar puro, espaços verdes, pouco ou nenhum trânsito… Até o ritmo de vida difere. “Isso também é bom, numa grande cidade o boom de compras é sexta, sábado e domingo. Aqui temos um ritmo constante, as pessoas acabam por vir diariamente às compras. É uma forma diferente de estar.” Para complementar os serviços da loja existem as galerias com variados tipos de serviço, desde cafetaria, estética, tecnolo-


gia, entre outros. O objetivo é atrair os clientes, que encontram todos os serviços concentrados numa única área, para sua melhor conveniência. Uma empresa na aldeia grande Já lá vão nove anos de atividade “sem arrependimentos”. O negócio vai de vento em popa, “praticamente triplicamos a faturação desde que chegamos”. O reconhecimento externo também vai chegando. Na semana anterior à nossa entrevista, o Intermarché Mirandela foi destacado como uma das 500 melhores empresas em Trás-os-Montes, nomeadamente no trigésimo lugar. Segundo lugar só em Mirandela. Os nossos entrevistados referem a importância da população mirandelense compreender que este Intermarché é, efetivamente, uma empresa de Mirandela. “Pagamos os nossos impostos aqui, contribuímos para o comércio local, comemos nos restaurantes, vamos às compras, compramos uma casa, a nossa filha está cá no infantário... Envolvemo-nos por completo na região. Trabalhamos com fornecedores locais, frutas e legumes, carnes, iogurtes, entre outros. Até optamos por empresas de limpeza e de segurança locais. É a nossa forma de trabalhar. Há uma envolvência”. Envolvem-se e são envolvidos, os mirandelenses rapidamente acolheram a família lisboeta. Da mesma forma, também eles acolheram os 30 colaboradores que já aqui trabalhavam quando chegaram, uma família que rapidamente se expandiu para os 55. Vítor e Carla Bento admitem que os seus funcionários foram imprescindíveis para a sua adaptação e ajudam em tudo o que podem, inclusive a nível do negócio, oferecendo dicas que só quem é local sabe. “Foram muito bons para nós, orientaram-nos. O crescimento da loja também se deve a eles, é um trabalho de equipa, há muita dedicação e sentimos que os nossos colaborares estão do nosso lado” referem.

Para concluir a nossa conversa, o casal falou-nos do futuro, no qual pretendem continuar com “muito trabalho, sempre a melhorar e evoluir”. Em primeiro lugar é necessário “consolidar o que temos, estabelecer ainda mais a nossa presença aqui”. Parar não faz partes dos planos.

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“QUALIDADE E EFICIÊNCIA EM TUDO O QUE FAZEMOS” Fundada em 2014, a Quinta Elizabete dedica-se à produção de mirtilos, uma atividade agrícola ainda pouco desenvolvida em Portugal, mas que se encontra atualmente em franco crescimento no nosso país, acompanhando assim a tendência internacional. Com cerca de dois hectares de área útil, a empresa possui a sua exploração agrícola em Mirandela, uma região com clima húmido e com um número de horas de frio invernal adequado para a produção destes frutos silvestres. Em entrevista à Portugal em Destaque, Elizabete Batista e Delfim Pereira, dãonos a conhecer as dificuldades encontradas ao longo dos anos, as estratégias que têm vindo a adoptar para vingar no mercado e ainda perspetivas futuras.

QUINTA ELIZABETE

DELFIM PEREIRA E ELIZABETE BATISTA A cultura do mirtilo tem vindo a ganhar um interesse crescente por parte de consumidores e produtores. As suas qualidades organoléticas e os benefícios que o seu consumo trazem para a saúde têm provocado uma procura crescente por estes pequenos frutos. Desta forma, a Quinta Elizabete vem preencher uma lacuna no mercado português, dedicando-se ao cultivo do mirtilo. Com uma experiência profissional de vários anos, Elizabete Batista e Delfim Pereira decidem pôr em prática todo o seu conhecimento e partir para uma nova aposta que conta já com mais de dois anos de existência. “Fizemos um estudo do mercado e decidimos apostar no mirtilo uma vez que não existiam muitas respostas dentro desta área. Adquirimos o terreno e obtivemos resultados incríveis em dois anos”, começam por contar, realçando que neste momento estão reunidas excelentes condições climáticas para que se produzam milhares de mirtilos, cujo cultivo reflecte a realidade actual de uma agricultura rentável. Quando questionado sobre as vantagens do consumo deste fruto, o casal escla-

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rece que “o mirtilo é rico em vitaminas e minerais, sendo muito utilizado na prevenção das mais variadas doenças. Em média as pessoas deveriam consumir entre 100 a 200 gramas de mirtilos por semana”. Na medida em que a produção do mirtilo está condicionada à ocorrência de frio, há que ter em conta as horas de frio necessárias para cada cultivo. Para além disso, é necessário existir um controlo adequado de pragas para evitar problemas futuros. “Dedicamos grande parte do nosso tempo a esta atividade. Temos que aproveitar o nosso clima e os nossos sólos férteis mas tem que existir também uma grande dedicação da nossa parte para garantir que tudo corre da melhor forma”, explicam, lamentando o facto de existerem falta de apoios nesta área que, em anos recentes, se tem revelado como “nada fácil”. Tudo porque, na ótica de Delfim Pereira, não existem incentivos à produção agrícola em Portugal que se conseguiam fazer sentir e provocar a diferença. “Os subsídios são bons, mas não resolvem nada porque posteriormente surgem novos problemas”. Futuramente, Elizabete Batista e Delfim Pereira, pretendem continuar a crescer, de forma sustentada, mas garantem que neste momento “é importante consolidar o negócio e zelar por aqueles que são os nossos principais objetivos, garantir qualidade e eficiência em tudo o que fazemos”, garantem, admitindo que as expectativas de produção para este ano se avizinham promissoras “Se o ano passado foi produtivo, este ano será ainda melhor”, rematam.



MAIA A Cidade da Maia é considerada como um importante centro cultural na região sendo de realçar variadas atividades ligadas ao teatro, à música, às artes plásticas e às tradições locais como as manifestações etnográficas visíveis nas festas religiosas que se realizam ao longo do ano. Também o Jardim Zoológico, o único do norte devidamente organizado, é ponto de encontro para muitos visitantes. A história deste município está, também, intimamente ligada à fundação da nacionalidade. Alguns autores defendem mesmo que o príncipe Afonso Henriques terá sido aqui educado, junto à família dos Mendes da Maia, a que pertenciam o arcebispo de Braga D. Paio Mendes e o famoso guerreiro Gonçalo Mendes da Maia, o ‘Lidador’, assim chamado por ter entrado em constantes lutas destemidas contra os sarracenos.

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QUALIDADE E INOVAÇÃO SÃO A CHAVE DO SUCESSO Fundada em 2014, a Instanteneutro é uma empresa dedicada à montagem de quadros e estruturas metálicas para projetos de instalações elétricas, sendo a sua mais recente aposta a pintura eletrostática. Com sede na Maia, possui profissionais altamente qualificados para todas as suas áreas de atuação, utilizando equipamentos e materiais com um elevado índice tecnológico para satisfazer as necessidades de todos os seus clientes. Em entrevista à Portugal em Destaque, Alfredo Santos e Luís Ferreira, sócios gerentes da empresa, dão-nos a conhecer a vasta oferta de serviços que disponibilizam e as estratégias que têm vindo a utilizar para vingar no mercado. INSTANTENEUTRO

ALFREDO SANTOS E LUÍS FERREIRA A cada dia, surgem novas tecnologias assim como surgem também, novos tipos de produtos e serviços no mercado. Foi nesse sentido e de forma a prestar um serviço mais completo aos seus clientes que, Alfredo Santos e Luís Ferreira, decidiram pôr em prática todo o seu know-how e partir para uma nova aposta que conta já com dois anos de existência, a Instanteneutro. “Achamos que o nosso trabalho se complementava e que seria benéfico para ambas as partes criar uma empresa que oferecesse um serviço mais completo. Desta forma, simplificamos o processo e conseguimos maior rentabilidade”, começam por contar, admitindo que dentro desta área “estabelecer estratégias que assegurem a fidelização e a lealdade dos clientes é cada vez mais importante”. Tendo como principais atividades, a montagem de estruturas metálicas para quadros elétricos, a empresa dispõe de modernas instalações equipadas com tecnologia de ponta, capaz de oferecer as melhores soluções para cada projeto de execução para que, dentro do orçamento e prazos previstos, possam oferecer a

melhor solução chave na mão aos seus clientes. É neste sentido, e de forma a alargarem o seu portfolio de produtos e serviços, que resolveram introduzir recentemente a pintura eletrostática, uma aposta estratégica que tem como finalidade o revestimento do ferro, chapa ou outros metais com uma película de polímero termo-endurecível colorido. “Queremos continuar a apostar fortemente na pintura eletrostática. Oferecer este serviço complementar é sem dúvida uma mais valia porque fazemos tudo dentro das nossas instalações e somos mais rápidos na entrega. Em dois ou três dias entregamos o produto final”. Com o compromisso de fornecer serviços inovadores e de qualidade, a Instanteneutro conta com seis colaboradores qualificados e experientes que trabalham diariamente para garantir a satisfação dos seus clientes. Quando questionados sobre o “segredo” para o sucesso do negócio, os empresários admitem que “é preciso ter uma estrutura muito bem montada para vingar neste ramo. Cada empresa tem o seu método de trabalho e as suas ferramentas. No nosso caso, penso que o segredo está diretamente relacionado com a qualidade dos serviços, preço e rapidez na entrega”. No fomento da investigação e desenvolvimento interno, procuram alargar o seu leque de produtos, suportados pela inovação nos processos, métodos de construção, e ainda pela utilização de novos materiais. Futuramente, Alfredo Santos e Luís Ferreira pretendem continuar a crescer, de forma sustentada, mas garantem que neste momento “é importante consolidar o negócio e zelar por aqueles que são os nossos principais objetivos e propósitos iniciais”, rematam.

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PRESENÇA NACIONAL E PROJEÇÃO INTERNACIONAL Fundada em março de 1997, a Compact Records é uma distribuidora de discos de música que nasceu da paixão de Abílio Silva pela música e pelo CD. Responsável pelo renascimento da Tubitek, a loja icónica de discos da Praça D. João I, no Porto, Abílio Silva esteve em entrevista com a Portugal em Destaque, onde descreveu o nascimento, os desafios ao longo da sua história, a conjuntura atual e a visão futura da empresa. COMPACT RECORDS Como surgiu a Compact Records “A empresa surgiu quase como uma brincadeira. Tinha o meu emprego na construção civil e era, e sou, um colecionador nato de CDs. Em 1997, a minha coleção já se estendia para além das 2.000 unidades. Todos os sábados corria as lojas do Porto e comprava dezenas de CDs. Entretanto, soube de um distribuidor holandês que, pela integração na Comunidade Europeia, podia vender-nos 50 discos por mês a preços de revenda. Por essa razão, e pela paixão que tinha, decidi abrir uma empresa de revenda de discos e comecei a importar. Essencialmente para mim, mas também para amigos”.

ABÍLIO SILVA 118 | PORTUGAL EM DESTAQUE

Da brincadeira ao crescimento da empresa “A minha mãe era dona de uma papelaria


e foi aí que começou a venda ao público. O passo seguinte foi publicitar a empresa, através de um poster num bar de um amigo, que originou dois contactos e encomendas de cerca de 2000 discos, com retorno significativo. A partir daí, deixei de passar os sábados à procura de discos, mas sim a percorrer o país à procura de novos clientes. A atividade de importação não criou, de início, a melhor reação no mercado, quer das editoras portuguesas, quer dos nossos competidores. Mas conquistámos o nosso espaço no mercado e o respeito das editoras”. A Compact Records atualmente “Começámos de fora para dentro, mas hoje é o contrário. Mesmo o que importo acabo por exportar. Neste momento é necessário compreender que o negócio tem de ser bom para as duas partes, pois isso é garantia de que vamos continuar a fazer negócios. O negócio da música não foge a essa regra e passou mal também por causa disso. Felizmente, hoje a ctividade está a crescer. Fazemos o lançamento de artistas em Portugal e estamos autorizados a distribuir mais de 50 editoras internacionais e mais de 200 projectos e editoras nacionais”.

isso, apostam em utilizar o espaço de venda para jogos ou eletrodomésticos. Neste momento, nós mantemos um esforço adicional no lançamento de grupos nacionais”. A visão de futuro para a Compact Records “Neste momento, a exigência dos avanços tecnológicos obriga-nos a um investimento elevado na área para mantermo-nos a par, pois as mudanças são rápidas e rapidamente os programas informáticos ficam desatualizados. Queremos também manter a postura atual da Compact Records: oferecer aquilo que o cliente quer e tratar da melhor forma possível os fornecedores. Se compramos bem, vamos certamente vender bem, e assim não faltarão clientes. De momento, além da conclusão da ampliação das nossas instalações, estamos a estudar a viabilidade da abertura de duas novas lojas, em Coimbra e em Lisboa”.

A reabertura da Tubitek, na Praça D. João I. “Recuperámos a Tubitek e reabrimos a loja em julho de 2014. A Tubitek era um dos sítios que mais visitava antes de criar a Compact Records. Como disse, o negócio da música passou mal, mas neste momento regista um crescimento. O vinil deu o primeiro passo, mas até o CD já vende mais, e a Tubitek é prova disso mesmo. O volume de negócios cresceu sempre desde que abrimos. Em 2016, o volume de faturação cresceu 35 por cento. Nos dias de hoje, ninguém acreditaria nisto para uma loja de discos, mas é verdade, e até o turismo contribui para este crescimento. O desafio é manter a sustentabilidade da loja, apostando num modelo de negócio capaz de, em primeira instância, garantir a sua rentabilidade. Além da Tubitek, em Portugal, também temos loja em Leiria”. A conjuntura atual da atividade “A atividade continua a crescer, mas está perto do limite onde se pode chegar. Enfrentamos muitos desafios e limitações, por estarmos aqui no Porto, e não em Lisboa, onde está tudo concentrado. No caso dos DVDs, os selos são emitidos apenas em Lisboa, não há forma de os recolher no Porto e, ou fazemos a viagem e os vamos buscar, ou temos de pagar o seu transporte. No caso da sua visualização, é uma situação semelhante. As próprias grandes superfícies também reduziram o seu espaço de música, pois o principal foco é a maximização do lucro, e, por

www.compactrecords.com

A projeção da Compact Records e da música portuguesa no estrangeiro “Trabalhamos com todos as grandes plataformas de venda online internacionais e criámos processos de atualização dos stocks e um catálogo oficial semanal, destacando todas as novidades nacionais. Saindo um disco novo em Portugal, ele fica de imediato disponível para venda. Exportamos para muitos países, dentro e fora da União Europeia. Temos uma filial em Londres que também nos dá outra visibilidade e permite-nos contacto direto com fornecedores e clientes do país”.

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10 ANOS SOBRE RODAS A Carfrio celebra 10 anos de existência. A empresa fundada pelo pai de Nuno Almeida, atual gerente, tem na sua génese o gosto pelas viagens e pelos camiões. À conversa com Nuno Almeida, a Portugal em Destaque encontrou uma empresa que, passado uma década, continua sobre rodas. CARFRIO

Do pai herdou o gosto pela condução, pelas viagens e, claro está, pelos camiões. Cresceu neste meio, primeiro tendo o pai como motorista de camiões e, mais tarde, como gerente de uma empresa de transportes internacionais, a Carfrio. “Esta empresa nasceu há dez anos, pelas mãos do meu pai. Depois de vários anos a trabalhar como motorista de pesados, em 2007 sentiu que era a altura ideal para criar a sua empresa nesta área de atividade”, refere o nosso interlocutor. O nome vem da génese da empresa, que “inicialmente fazia apenas transportes em frio, só mais tarde é que expandimos para carga geral”. O nome manteve-se e a frota foi crescendo, tendo já contado com dez camiões que percorriam toda a Europa. Há menos de um ano, Nuno Almeida foi surpreendido pelo destino. Com o falecimento precoce do seu pai, vítima de doença, o nosso interlocutor teve que deixar o volante e as estradas para aga-

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rrar com unhas e dentes a empresa outrora criada pelo seu pai e mantê-la no ativo. “Não podia simplesmente deixar desaparecer aquilo que o meu pai criou. Tive também um grande acidente numa viagem de trabalho e senti que estes aconteimentos eram um sinal para eu abandonar a estrada e me dedicar à gestão da empresa”. Atualmente, a estratégia da Carfrio é diferente, “até porque os tempos mudaram e a economia também”, esclarece Nuno Almeida. Hoje em dia, a Carfrio conta com três camiões que viajam maioritariamente na Península Ibérica. “Se necessário, fazemos também transportes para outros países, nomeadamente França. Contudo, viajar apenas na Península Ibérica tem sido a nossa estratégia, muito por questões económicas. Atualmente, com os preços que são praticados, tanto a nível de combustível como de portagens. Em solo francês, com as portagens que são praticadas, conseguimos facilmente pagar 90 euros apenas numa se-

mana. Chega a ser insustentável”, diz o atual gerente. Recentemente, neste país foi aprovada uma lei que estipula que qualquer motorista que faça transportes, cargas e descargas em solo francês tem, obrigatoriamente, que receber de ordenado francês para esta categoria. “É óbvio que as transportadoras estrangeiras não pagam aos seus funcionários o que é obrigatório pela lei francesa, pois eles são funcionários de outros países. São estas mudanças que vão dificultando, cada vez mais, esta profissão e, nomeadamente, as transportadoras nacionais”. Contudo, Nuno Almeida revela aguma esperança no setor com a chegada do gasóleo profissional, “que tornará a atividade mais competitiva e rentável. Pelo menos assim espero”, diz, confiante no futuro. E foi também a pensar no futuro que a Carfrio mudou recentemente as suas instalações para Gueifães, no concelho da Maia. Num espaço maior, a Carfrio proporciona agora aos seus clientes a vertente de logística. “Atualmente, somos capazes de fazer a divisão de carga no nosso próprio espaço. Carregamos a mercadoria no cliente e dividimos a carga já no nosso armazém. Desta forma, conseguimos prestar um melhor serviço ao cliente, pois não precisamos do seu espaço para executar esta tarefa, além de que conseguimos rentabilizar melhor cada viagem, uma vez que num só camião podemos carregar diferentes cargas que tenham o mesmo destino”. Questionado sobre o futuro, Nuno Almeida confessa que este anos à frente dos comandos da Carfrio, ao lado da sua mãe, se tem revelado um enorme desafio, mas “não baixarei os braços e continuarei empenhado no sucesso da Carfrio”, termina.






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