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Duas grandes obras que ajudam a colocar em perspetiva os vários lados de uma guerra

No dia 24 de fevereiro assinalou-se já um ano de guerra, desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. Neste triste contexto histórico, apresentam-se dois romances poderosos e fortíssimos, ambos de autores nascidos na Ucrânia, que lançam luz sobre aquele território que volta a ser palco de guerra.

Bábi Iar, de Anatóli Kuznetsov, é um relato na primeira pessoa da desumana ocupação de Kiev pelos alemães. Stalinegrado, de Vassili Grossman, traça um ambicioso fresco da Rússia soviética, com incidência nos anos da Segunda Guerra Mundial, na ofensiva alemã e na defesa e, depois, na contraofensiva soviética, que culminou na libertação de Stalinegrado e dos territórios ocupados pelos nazis. Em Stalinegrado é inclusivamente possível ler uma passagem onde se refere Bábi Iar e se descreve o momento em que as tropas soviéticas abandonam a capital da Ucrânia, depois de testemunharem a destruição causada pelos soldados nazis: “Era terrível o choro das mulheres, a tácita pergunta nos olhos dos velhos, o desespero nas caras de centenas de pessoas…” (p. 222)

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Estas duas grandes obras aqui propostas são testemunhos históricos e leituras de tirar o fôlego que ajudam a colocar em perspetiva os vários lados de uma batalha onde, no confronto de poderes, quem perde é sempre o povo.

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