Boletim janeiro maio 2014

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JESUÍTAS

Boletim . nº 350 janeiro/maio 2014

Informação aos amigos

Noite XL As voltas que a vida dá

JC:HEM Ensino superior em campos de refugiados

P. José Frazão Correia Memória e horizonte


JESUÍTAS Informação aos amigos

LISBOA Boletim trimestral | nº 350 janeiro/maio 2014

BREVES DA PROVÍNCIA ..........................................3 DA COMPANHIA DE JESUS EM RESUMO...........11 NOITE XL: AS VOLTAS QUE A VIDA DÁ ............13 JC: HEM - ENSINO SUPERIOR EM CAMPOS .....14 DE REFUGIADOS

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P. JOSÉ FRAZÃO CORREIA - MEMÓRIA E .........16 HORIZONTE

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MEIOS QUE UNEM O INSTRUMENTO COM DEUS ..................................18

Ficha Técnica Jesuítas – Informação aos Amigos – Boletim; Nº 350; janeiro/maio 2014 Diretor: Domingos de Freitas, SJ • Coordenação: Ana Guimarães • Redação: Ana Guimarães; António Amaral, SJ; Avelino Ribeiro, SJ • Propriedade: Província Portuguesa da Companhia de Jesus • Sede, Redação e Administração: Estrada da Torre, 26, 1750-296 LISBOA (Portugal) • Telef.: 217 543 060; Fax: 217 543 071 • Impressão: GRÁFICA, Lda. Praceta José Sebastião e Silva, Lote 20, Parque Ind. Seixal - 2840-072 Aldeia de Paio Pires (Portugal) • Depósito Legal: Nº 7378/84 • Endereço Internet: www.jesuitas.pt • E-mail: ppcj@jesuitas.pt • Foto: Via Sacra na Casa de Exercícios de Santo Inácio - Ana Guimarães


Breves da PROVÍNCIA

O Padre Geral, Adolfo Nicolás, nomeou: - o P. Miguel Almeida Reitor da Comunidade Pedro Arrupe, Braga; acumulará este serviço com o de Delegado do Provincial para a formação; Adjunto do Promotor Vocacional, Diretor do Centro Académico de Braga (CAB). - o P. António Júlio Trigueiros Reitor da Casa de Escritores S. Roberto Belarmino (Brotéria), Lisboa. - o P. Manuel Morujão,Reitor da Comunidade da FacFil/AO, Braga; - o P. José Carlos Belchior Reitor da Comunidade do Noviciado . O Padre Provincial, José Frazão Correia, fez as seguintes nomeações: Superiores e Reitores: - P. Alberto Brito, Superior da Residência do Espírito Santo, Évora. - P. Alberto Sousa, Superior da Comunidade do Colégio das Caldinhas, Caldas da Saúde. - P. António Costa e Silva, Superior da Residência do Sagrado Coração de Jesus, Póvoa de Varzim. - P. Dário Pedroso, Superior da Residência B. Inácio de Azevedo, Charneca da Caparica. P. Rafael Morão, Superior da Residência do Sagrado Coração de Jesus, Covilhã, e Pároco in solidum da Paróquia de S. Pedro. Diretores de Obra: - P. António Valério, Secretário Nacional do Apostolado da Oração e Diretor das editoriais e revistas ligadas à Obra. - P. Carlos Carneiro, Diretor do Centro Reflexão e Encontro Universitário Inácio de Loiola (CREU-IL), Porto, e Promotor Vocacional. - P. José Eduardo Lima, Diretor-Adjunto do CREU-IL. P. Nuno Branco, Diretor-Adjunto do Centro Universitário Manuel da Nóbrega (CUMN), Coimbra, passando a Diretor no primeiro semestre de 2015. Outras missões: - P. António Vaz Pinto, Reitor da Igreja de S. Roque e Capelão da S. Casa da Misericórdia de Lisboa. P. Henrique Rios dos Santos, colaborador nos ministérios da Paróquia de S. Pedro, Covilhã; residirá na respetiva Comunidade. - P. Francisco Correia, ArquivistaAdjunto da Província; residirá na Casa de Escritores de S. Roberto Belarmino (Brotéria), Lisboa. - P. Gonçalo Castro Fonseca, Terceira Provação, no Chile, no primeiro semestre de 2015. P. Pedro Rocha Mendes, Terceira Provação, em Salamanca, a partir de Setembro de 2014. P. Gonçalo Eiró, colaborador na Casa da Torre, Soutelo; residirá na respetiva Comunidade. - P. Hermínio Vitorino, Pároco da Paróquia de S. Francisco Xavier, Caparica; residirá na casa S. Pedro Claver, Caparica. - P. João Caniço, Pároco da Paróquia de S. João Batista do Lumiar, Lisboa. - P. José Pires Nunes, Pároco da Paróquia da Charneca da Caparica; residirá na Residência B. Inácio de Azevedo, Charneca da Caparica. - I. José Silva Almeida, Centro Juvenil Padre Amadeu Pinto; residirá na Casa S. Pedro Claver, Caparica. - P. José Venâncio Pina, Comunidade do Colégio das Caldinhas,

Caldas da Saúde. E. João Goulão, Adjunto do Diretor do Centro Universitário P. António Vieira (CUPAV), Lisboa, durante o ano letivo de 2014/2015, residindo na Casa Xavier. - P. Jorge Oliveira, Comunidade do Colégio das Caldinhas, Caldas da Saúde, ministérios vários e colaboração na pastoral do Colégio. - P. Luís Ferreira do Amaral, Vigário paroquial das Paróquias de Nª. Srª. da Assunção, na Mexilhoeira Grande, e de Nª. Srª. do Amparo, em Portimão. - Iniciam o segundo ciclo de Teologia, em Madrid, os EE. Fernando Ribeiro, em Teologia Moral, e Francisco Campos, que fará o Master Inaciano, seguido de outro ano para a obtenção da licenciatura canónica em Espiritualidade. - Iniciam o primeiro ciclo de Teologia os EE. Miguel Melo e Samuel Beirão, em Madrid, e João Brandão, em Roma; - Iniciam o Magistério o E. António Pamplona, no Colégio de S. João de Brito, em Lisboa, integrando a respetiva Comunidade; o E. Francisco Ferreira, no Projeto de Educação Jesuíta, em Timor; o E. Nelson Faria, no Colégio das Caldinhas, integrando a respetiva Comunidade e o E. Ricardo Dias, no Centro S. Cirilo e no CREU-IL, no Porto, que fará parte da Comunidade da Residência de Nossa Senhora de Fátima. - O E. Rui Fernandes fará mais um ano de Magistério, na mesma Obra onde colaborou nos últimos dois anos, em Timor.

Novo consultor do Provincial O Padre Geral, Adolfo Nicolás, nomeou Consultor da Província o P. António Júlio Trigueiros.

Suspensão da Comunidade de Cernache O P. Provincial José Frazão Correia, mediante autorização do vigário Ad Tempus James Grummer, procedeu à suspensão da Comunidade do Colégio da Imaculada Conceição de Cernache. Os membros desta comunidade integrarão a Comunidade do Noviciado, passando a residir na sua casa atual.

Novo Assistente Nacional da CVX O P. Provincial, José Frazão Correia, nomeou Assistente Nacional da CVX em Portugal o P. Sérgio Diz Nunes. Substitui o P. Hermínio Rico, que assumiu este cargo durante dez anos.

Ordenações presbiterais Serão ordenados presbíteros pelo Bispo de Coimbra, Dom Virgílio Antunes, na Sé Nova de Coimbra, no dia 5 de julho, os EE. Carlos Carvalho, Frederico Cardoso de Lemos, Gonçalo Machado, João Goulão de Oliveira, Paulo Duarte e Pedro Cameira.

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Nomeações e novas missões

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Breves da PROVÍNCIA continuação

Exercícios Espirituais para Jesuítas Realizam-se dois turnos de Exercícios Espirituais para jesuítas: - em Soutelo, de 21 a 29 de julho, com o P. Fernando António; - no Rodízio, de 19 a 27 de outubro, com o P. José Eduardo Lima.

Orações Pedem-se orações: - pelo P. José Belarmino de Araújo (Comunidade do Centro Inaciano do Lumiar- Lisboa); pelo P. Narciso Aguiar (Comunidade de Soutelo - Braga); - pelo Pai do P. José Pires Nunes (Comunidade da Charneca); - pelo Pai do P. Domingos Terra (Comunidade da Brotéria); - por um Irmão do P. Sebastião Faria (Comunidade de Soutelo - Braga); - pela Mãe do Ir. José Fonseca (Comunidade do CIL - Lisboa), - por uma irmã do P. Miguel Almeida (Comunidade do Porto); - por um Irmão do P. Francisco de Sales Baptista (Comunidade da Faculdade de Filosofia - Braga), recentemente falecidos.

Encontro da Província O encontro da Província decorre em Soutelo de 30 de julho a 1 de agosto. De modo particular, a comemoração do Bicentenário da Restauração da Companhia de Jesus é celebrada com a reunião dos jesuítas portugueses na festa de Santo Inácio.

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P. Narciso Aguiar - Memória

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(Rio Tinto, Gondomar, 23.01.1927 – Braga, 22.12.2013) Teríamos de reduzir a muito poucas linhas o curriculum vitae do P. Narciso Aguiar, se houvéssemos de cingir-nos ao que ele gostaria. Era a sua invulgar modéstia e voluntário escondimento de todos os palcos a exigirlhe essa atitude. Mas, sem qualquer intenção de contrariar a que seria a vontade de um santo e um sábio companheiro de viagem de tantos anos e a quem tanto devo, atrevome a seguir outro caminho: circunstanciar um pouco os dados do seu percurso de jesuíta a tempo pleno, e deixar que o leitor conclua por si acerca do fundamento dos breves considerandos que ao final proponho. Feitos os estudos preparatórios, primários e secundários, o P. Aguiar deu entrada no Noviciado na Costa em Guimarães (07.09.1943) e na mesma Casa fez os três anos de Juniorado, vindo depois para Braga estudar os três anos de Filosofia na que é hoje Faculdade de Filosofia e na altura se chamava Instituto B. Miguel de Carvalho. Entre 1951 e 1953 encontramo-lo no Instituto Nun’Alvres, Caldas da Saúde, a fazer o que chamamos de Magistério, leccionando sobretudo na área das Ciências. A Teologia vai estudá-la em Granada (Espanha), entre 53 e 57, vindo a ordenar-se de sacerdote, como era costume, ao fim do terceiro ano, ou seja em 15 de Julho de 1956. A

chamada Terceira Provação fê-la em Salamanca no ano lectivo de 57-58. A partir de 1958, final do chamado período de formação, inicia a actividade apostólica na Província, começando na Escola Apostólica (Cernache) como Professor e Ecónomo por um ano. Cedo percebeu que precisava de maiores conhecimentos contabilísticos para o melhor desempenho de Ecónomo, e foi frequentar o Curso de Contabilidade na U. de Coimbra, obtendo o respectivo Diploma. De seguida, entre 1959-63 transita para o Lar da Imaculada Conceição, um prolongamento da Escola Apostólica adstrito ao Colégio das Caldas da Saúde, e aí exerce os cargos de Professor, Ministro e Ecónomo. Entre 1963 e 1968 temo-lo como Professor, Ministro da Casa e Sócio do Mestre de Noviços no Noviciado/Juniorado em Soutelo. De caminho passa ainda um ano a exercer os cargos de antes no Lar da Imaculada Conceição, seguindo de novo para Cernache a retomar os cargos de Ministro, Ecónomo e Professor, sendo nomeado Reitor em1973. Terminado o mandato em Cernache regressa em definitivo a Soutelo em 1980 para Ministro da Casa, entregando-se intensamente ao trabalho apostólico, sobretudo na ajuda aos Párocos da região. A Casa entrementes deixou de ser Casa de Formação de Jesuítas, e como é normal reina aqui, por breve tempo alguma indefinição, enquanto não se instala o Centro de Espiritualidade e Cultura (CEC) do ciclo presente. Mas a acção do P. Aguiar essa é que não sofre pausa e é nomeado Superior da Comunidade, entre 1981 e 1987. Terminada esta missão, de novo é designado Ministro e Ecónomo (1987-92), para a partir deste ano de 92 ser forçado a acumular os pouco suaves encargos de Superior, Ministro e Ecónomo também do CEC – como se houvesse de sofrer um “castigo” por haver desempenhado tão bem as funções de até aqui. Dá-se então breve interregno no respeitante ao superiorado (Out. 96-Out. 2000); mas logo nesse mês (01.10.2000), por mais um ano teve de retomar o mesmo cargo, acumulando com as demais funções, das quais nunca foi por inteiro dispensado. Talvez devido à grande austeridade e sobriedade com que sempre se houve, por ex., na alimentação, gozou de uma saúde quase inalterável – até há uns sete anos em que, por razões exógenas, teve uma quebra repentina, da qual não mais recuperou por completo. De há uns dois, três anos a esta parte, por circunstâncias de vária ordem, incompreensões e mal-entendidos, foi-se tomando de algum sofrimento, sobretudo anímico, e que lhe acentuou a debilitação das defesas de um organismo já um tanto fragilizado. Nos últimos meses vários factores convergiram para uma deterioração mais acelerada e, apesar de sempre muito bem assistido, irreversível. Até que em 22 de Dezembro último foi chamado a ocupar na Casa do Pai o lugar tão fielmente preparado, na entrega diária ao serviço de todos. Na doença, muito inacianamente, soube confiar-se por inteiro nas mãos dos clínicos, mesmo quando, ao que nos parecia, estava já a pressentir com clareza o apro-


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Tomada de Posse No dia de São José, 19 de março, o P. José Frazão Correia tomou posse como Superior Provincial dos jesuítas em Portugal, na Eucaristia celebrada na Igreja do Colégio São João de Brito, presidida pelo seu antecessor, P. Alberto Teixeira de Brito.

A celebração foi animada pelo GRAPA - Grupo de Apoio à Pastoral, do Colégio São João de Brito e alguns antigos alunos. No final da Eucaristia, o Padre Sócio - Domingos de Freitas - leu o decreto do Padre Geral da Companhia de Jesus, Adolfo Nicolás, que nomeia o P. José Frazão Correia Superior Provincial da Província Portuguesa desta mesma Companhia. O novo Provincial sublinhou a centralidade de Jesus na vida de todos, de modo particular na vida desta Companhia que tem o Seu nome, que indica a pertença a Jesus e ao Seu modo de proceder, sublinhando também a importância da abertura à Graça, "ao sobressalto da Graça, aos caminhos inéditos que se abrem". Manifestou a sua intenção de viver a simplicidade e grandeza do Evangelho convidando a que todos dediquemos ao Evangelho o melhor de nós mesmos, "tudo para a Glória do Senhor e o bem dos irmãos”. Terminou com a leitura de um poema de Daniel Faria: Este é o dia novo. Sei-o pelo desejo. Muitas foram as pessoas que participaram nesta Eucaristia, unindo-se em oração às intenções da Província Portuguesa da Companhia de Jesus, rezando de modo particular pelo P. José Frazão Correia e pelo provincialato que agora inicia. Estiveram presentes jesuítas da região de Lisboa e do Sul e de vários pontos do país, o Reitor do Santuário de Fátima - P. Carlos Cabecinhas-, o ViceReitor da Universidade Católica Portuguesa - P. José Tolentino de Mendonça -, familiares do P. José Frazão Correia, colaboradores e benfeitores da Companhia de Jesus em Portugal, membros da CVX e de várias congregações religiosas. Seguiu-se um jantar de confraternização oferecido aos jesuítas, familiares, benfeitores e alguns colaboradores.

Ordenação diaconal em Paris 12 (doze). Curioso número: recorda as tribos de Israel, recorda os Apóstolos. No sábado, 5 de Abril, 12 companheiros jesuítas de 9 nacionalidades foram ordenados diáconos na igreja de Santo Inácio, em Paris. De algum modo dão seguimento a essas tribos e a parte da missão apostólica: a universalidade em Deus, junto com o serviço no anúncio da Boa-Nova de Jesus Cristo. Entre os 12 estava o “nosso” Francisco Martins.

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ximar do fim. Aquela bondade sorridente e essa bonomia dos tempos de saudável manteve-as inalteradas, e se lhe perguntávamos como andava a bizarria e a saúde, a resposta era: “e a sua, como vai?” Aos familiares e tantos conhecidos que vinham de longe não se esquecia de perguntar pela saúde dos restantes familiares. Habituara-se desde muito cedo a viver apenas em função dos outros. E ponto final neste esmiuçar de um curriculum, que por vontade do seu titular, estou em crer, se havia de resumir em quatro palavras: nascimento, dia da entrada na Companhia, Ordenação sacerdotal e falecimento. Então por que o contrariamos, com todas estas minudências? – É que não se trata de minudências, e porque me dirijo a bons entendedores acho-me agora dispensado de pormenorizar sobre os tantos fundamentos da grandeza deste homem. Mesmo ao bom Religioso não será fácil aguentar toda uma vida em lugares de mando, e manter sempre em crescendo a bonomia e lhaneza de trato, num acolhimento caloroso de quem vive a certeza cristã de que o verdadeiro poder está em servir a todos como irmãos. Era assim este excelente guia e companheiro de viagem, a cuja presença no dia-a-dia, por décadas, aqui nos ativemos como à de um coluna insubstituível. Agora, vamo-nos desabituando, a duras penas. Ainda uma última notação, por sobre o muito que seria preciso dizer: era o P. Aguiar, no aspecto físico, de estatura menos que meã, e mais pequeno ainda no que respeita a vaidades e ambições humanas; mas um jesuíta enorme em muito diferenciados campos, porque dotado de sensibilidade, inteligência humildade e sensatez bastante acima da média. Por aí compreendemos que no desempenho de todos os cargos que lhe foram atribuídos – sempre de não pequena complexidade – tenha conquistado, sem nunca o ter procurado de maneira reflexa, um imenso caudal de simpatia. Impossível depararmo-nos com alguém que do seu convívio não tenha conservado as mais gratificantes recordações. Muito discreto e pouco efusivo, quase alérgico a popularidades fáceis, – e no exercício de funções como as que desempenhou não é fácil evitar a natural tendência – soube este homem, tão parco e austero consigo mesmo como amplo e generoso com os demais, ser para todos os membros da Comunidade um amparo e um estímulo diário ao viver alegre a vida religiosa. Por tudo isto, e por tudo o mais que aqui não cabe, muito bem avisados andaremos olhando agora como intercessor junto de Deus este servo bom e fiel já na posse da Herança prometida. P. J. Alves Pires, SJ.

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INA ganha concurso "Liberdade de Expressão e Redes Sociais"

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A celebração decorreu com muita serenidade. Logo ao início, após as boas vindas a todos em várias línguas por parte do Provincial de França, P. Jean-Yves Grenet, os candidatos à ordem dos diáconos foram apresentados ao D. Eric de Moulins-Beauforts, bispo auxiliar de Paris, pelos respectivos Superiores. Numa pequena resenha biográfica, recordaram a vocação de cada um, nesse sim ao caminho de serviço como diáconos e futuros padres da Igreja Universal. Tal como era a assembleia da celebração, composta por familiares, companheiros e amigos vindos dos Camarões, da Eslováquia, de França, da Índia, do Líbano, do México, da Polónia, de Portugal e do Zimbabué. Na homilia, D. Eric recordou, entre outras coisas, que a partir do momento da ordenação nunca deixarão de ser diáconos e assim permanecerem sempre, à semelhança de Cristo, na atitude de serviço. Esta atitude é representada, de forma especial, no momento de humildade em que os ordinandos se prostram no chão, enquanto se evocam os santos e santas, e quando recebem das mãos do bispo o Evangelho que são chamados a viver e a anunciar. No dia seguinte em ambiente mais “tuga” na Missa presidida pelo nosso Provincial, P. José Frazão Correia, o Francisco proclamou pela primeira vez o Evangelho, servindo de seguida ao altar. Todos, junto com o Francisco, sentimos a gratidão ao Senhor por esta consagração diaconal. Paulo Duarte, SJ

Site do Museu Padre José Carvalhaes É com enorme satisfação que o Colégio das Caldinhas dá a conhecer o site do Museu Padre José Carvalhaes. Foi criado durante o ano letivo 2012.13 como projeto de Prova de Aptidão Profissional de alunos do INA e da OFICINA e apresenta-se como o cartão de visita do museu. Agora, à distância de um clique, todos poderão visitar e ficar a conhecer a história, a coleção e as atividades dinamizadas pelo Museu Padre José Carvalhaes em: http://museupjosecarvalhaes.wix.com/museupjosecarvalhaes Esperamos por si! Maria José Carvalho

A SIC Esperança, em parceria com a Rede de Bibliotecas Escolares, promoveu o concurso “Liberdade de Expressão e Redes Sociais” que teve como objetivo suscitar a reflexão e o debate sobre a importância da liberdade de expressão e sobre o contributo das redes digitais do século XXI no alargamento do acesso à informação. O Instituto Nun’Alvres, por iniciativa da Biblioteca Geral, participou neste concurso através de três trabalhos de alunos do 11º ano, sob a orientação do Prof. de Filosofia, Alberto Jerónimo, sendo um deles premiado. O júri, constituído por Francisco Pinto Balsemão (presidente do grupo Impresa), Mercedes Balsemão (presidente da Sic Esperança), Isabel Alçada (escritora), Teresa Calçada (Coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares) e Henrique Monteiro (Coordenador Editorial do grupo Impresa), selecionou como vencedores seis trabalhos, distribuídos pelos escalões definidos: 3º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário. Na categoria Ensino Secundário, o Júri atribuiu o 1º lugar ao trabalho em vídeo “Liberdade de Expressão e Redes Sociais” da autoria de um grupo de alunos do 11º D – Curso de Línguas e Humanidades (Ana Pinto, António Silva, Catarina Azevedo, Daniela Ferreira, Helena Tinoco, Mariana Salazar, Pedro Veloso, Rita Carvalho, Vera Azevedo e Viviana Ferreira). O trabalho pode ser visionado através do blogue da Biblioteca Geral. Nos dias 24 de abril e 8 de maio, os alunos rumaram a Lisboa para receber o tão almejado prémio: “Um dia na SIC”. Recebidos de forma magnífica pela Drª. Patrícia Farinha, em representação da SIC Esperança, acompanhados de modo tão solícito por credenciados jornalistas e acarinhados por todos os profissionais contactados fizeram, deste dia, um dia de múltiplas e gratificantes aprendizagens. Todos os espaços foram percorridos: Redação, Caracterização, Central Técnica, Sala de Edição, Estúdios, participação na Reunião de Diretores para a programação do alinhamento do "Jornal da Noite" e presença no programa "Boa tarde". Terminou-se a visita, assistindo, na régie, ao "Jornal da Noite, do qual se tinha acompanhado o alinhamento. Um dia longo, mas intensamente vivido que ficará, para sempre, na memória de todos! Um dia grande que se tornou num grande dia! Maria José Carvalho e Alberto Jerónimo

Boletim “Jesuítas” O boletim “Jesuítas” é enviado gratuitamente a familiares, amigos e colaboradores. Se desejar contribuir para as despesas de publicação e envio, pode fazê-lo por transferência bancária para o NIB 0033 0000 000000 700 41 84, Millennium BCP, ou mediante envio de cheque em nome de Província Portuguesa da Companhia de Jesus, para Estrada da Torre, nº 26 - 1750-296 LISBOA. Em ambos os casos, solicita-se referência ao Boletim Jesuítas.


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O primeiro par de horas foi alegremente dedicado a explicar que o curso de liderança inaciana não era nada disso. Eram Lições Inacianas de Liderança – LIL . Foi bom haver tanta gente a querer frequentar o curso, mas não era um curso; ficou logo claro que afinal eram LIÇÕES, o que é muito diferente. Lições são coisas que se ensinam e coisas que se aprendem. Em geral, há um mestre que cuida de ensinar aos seus aprendizes aquilo que ele próprio aprendeu. Partilhar conhecimento e experiências … não, não era mesmo um curso. Eram Lições! E não se tratava de liderança inaciana (coisa que nem sei se existe), tratava-se de ver a liderança com os óculos de Inácio de Loiola (… sim eu sei que o problema de Stº Inácio foi na perna, não na vista, ele até via as coisas muito bem!!). Liderar servindo?!? Servir liderando?!? … um bocado estranho!! Estávamos todos com expetativas variadas e muito curiosos. E o P. Hermínio Rico olhava-nos com aquele ar de mestre que ama os seus aprendizes, com aquela tranquilidade de quem sabia que aquelas pessoas iriam ser profundamente tocadas pela aprendizagem experimentada nesse fim-de-semana. Para começar, nada como perceber que quem aspira a saber sobre liderança, deve ter consciência de qual é o verdadeiro princípio, de qual é o fundamento da vida de um cristão que se inspira em Stº Inácio de Loiola: se a Criação fosse uma empresa … o Princípio e Fundamento era o mission statement de Deus! Trabalhámos os fins e os meios, a liberdade para mudança e criatividade, as regras de sabedoria aplicadas ao mundo da liderança organizacional … interessante! Sentia-se o grupo a abrir-se, a entregar-se à acção do Espírito Santo. Os trabalhos de grupo, ao serem apresentados em plenário, tornaram-se bons momentos de partilha sentida e sincera. Estávamos a começar a entender que a liderança que dá frutos, passa pela alma da pessoa que lidera. E, sem darmos muito por isso, Ele andava por ali connosco! Ao almoço, os brilhantes aprendizes de líderes, aprendiam uns com os outros e fomos ficando a saber o que fazemos no dia-a-dia! Coisas pequenas e grandes, fantásticas, de entrega e de dedicação ao próximo. Que alegria! Que bom que foi, ir percebendo que ser líder à maneira Inaciana só se consegue com uma mente orientada para servir … e que há muita gente que o faz, discretamente. A nossa mestra Isabel Diz Nunes ia falar-nos da Meditação das “Duas Bandeiras”. Claro que tinha toda a lógica, lá na empresa há uns que são os bons … e do outro lado estão os maus! Seria? Recordámos os Exercícios Espirituais, as “Duas Bandeiras” e os critérios de felicidade: 1 - a bandeira do “que tira a luz” - riquezas; apegos desordenados às coisas; ter; estar preso

aos bens; PRISÃO - vã glória; honrarias; prestígio; vaidade; FALSIDADE - soberba; orgulho; estar no centro do mundo; egocentrismo; PODER 2 - a bandeira de Jesus Cristo: - pobreza de espírito; dependentes de Deus; agradecidos pelos dons recebidos; tudo pertence a Deus; LIBERDADE - humilhações; opróbrios; desprezo do mundo; vida simples; confiança no amor de Deus; VERDADE - humildade; descentrados de nós; virados para Deus; virados para o próximo; SERVIÇO O problema é que na vida diária e nas organizações, as coisas não aparecem assim tão arrumadas e evidentes, frequentemente tudo é confundido pelo stress e pela insegurança. Entretanto, tudo começou a fazer sentido quando foi projetado o primeiro slide, as "duas bandeiras": - critérios de decisão; - ambiente hostil e de vulnerabilidade (stress, pressão, urgência, cansaço); - dinâmicas construtivas vs dinâmicas destrutivas. Organizámos as "duas bandeiras" usando outras palavras e tudo ficou muito mais evidente. A bandeira da dinâmica destrutiva / o ego ganha poder: - estratégias de curto prazo; procura-se a competição; panaceias em vez de soluções; dão-se ordens; ficamos à defesa e facilmente se parte para a agressividade; atribuímos culpas ao “bode expiatório”. PRISÃO, FALSIDADE E PODER. A bandeira da dinâmica construtiva / o eu tem lugar: - aceitamos a fragilidade, nossa e dos outros; assumimos responsabilidades; abertura à mudança; explicamos e ensinamos; comunicamos clara e atempadamente; somos flexíveis; procuramos soluções; consciência de missão. LIBERDADE, VERDADE E SERVIÇO. Os trabalhos de grupo atingiram um nível muito elevado e as sessões plenárias foram verdadeiras partilhas em amor. O Espírito Santo andava por ali tão contente que, quem estivesse um pouco mais atento, até sentia o Seu sorriso. No fim destas Lições Inacianas de Liderança, todos saímos do Rodízio agradecidos e tocados profundamente por esta pequena comunidade em que vivemos durante este fim-de-semana. Não foi P. Hermínio? Não foi Isabel? Orlando Neto da Silva

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Lições Inacianas de Liderança -

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"Realismo e Localidade em Mecânica Quântica"

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O P. Álvaro Balsas, SJ, Professor na Faculdade de Filosofia da UCP, acaba de publicar o seguinte livro: Realismo e Localidade em Mecânica Quântica. Co-edição da EDUEPB, Editora da Universidade Estadual da Paraíba e da Livraria da Física, Campina Grande-PB / São Paulo-SP, Brasil, 2014, 466 pp. (ISBN 9788578612399), o qual pode ser adquirido no seguinte site: https://www.livrariadafisica.com.br Depois de proceder a uma análise crítica da interpretação ortodoxa da Mecânica Quântica (MQ) e de alguns dos seus paradoxos, do debate Einstein-Bohr, do argumento EPR, da incompletude dessa teoria e das teorias de variáveis escondidas, o autor centra-se no estudo do Teorema de Bell – quer formulado em termos da desigualdade CHSH, quer em termos das igualdades GHZ ou de Hardy –, usado pela maioria dos físicos para refutar o realismo local em MQ, para sustentar a posição oposta: as experiências de tipo Aspect com partículas em estados emaranhados (cujos resultados concordam com as previsões estatísticas da MQ), que visam invalidar o Teorema de Bell, não o fazem realmente e, por isso, não invalidam o realismo local em MQ. O autor sustenta ainda que as correlações encontradas nas experiências que visam testar o teorema de Bell não carecem de ser explicadas em termos de ações instantâneas à distância, mas, efetivamente, como correlações locais e deterministas, resultantes de efeitos geométricos e topológicos.

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Últimos Votos O P. Luís Ferreira do Amaral fará a Profissão Solene, no dia 31 de julho, em Soutelo, durante o encontro anual dos jesuítas portugueses.

Rezar com Daniel Faria e Maria Gabriela Llansol Dia 21 de Março, Dia da Poesia, fim de tarde, os participantes começaram a chegar. Para a maioria que já tinha participado em alguma atividade, o regresso à Casa da Torre foi como que um voltar a casa no dia seguinte. Logo a seguir ao jantar, a primeira sessão de trabalho. Essencialmente, o objetivo do Padre Mário Garcia foi levar os participantes a mergulhar no universo singular da escritora Maria Gabriela Llansol (1931-2008) e do poeta Daniel Faria (1971-1999). Distribuiu textos, uns dos «poetas-escritores» e outros sobre eles, e depois de uma introdução feita através de leitura (uma leitura especialíssima…) estratégica e comentada de alguns excertos, o mundo de Maria Gabriela Llansol e de Daniel Faria come-

çou a ser também um pouco nosso. Assim, a partir desta primeira sessão, começou a nossa peregrinação: caminhar com eles.. O Sábado foi intenso. Duas sessões pela manhã, duas sessões pela tarde e a comunhão com os dois «poetas-escritores» foi acontecendo pela revelação da palavra: Maria Gabriela Llansol através de excertos dos seus livros «Amar um cão», «Paresceve. Puzzles e Ironias» e, essencialmente, «Amigo e Amiga. Curso de Silêncio»; Daniel Faria através de poemas dos seus livros «Explicações das Árvores e de Outros Animais», «Homens que são como Lugares mal Situados» e «Dos Líquidos». Daniel Faria e Maria Gabriela Llansol não têm uma linguagem fácil, por isso é precioso o apoio do especialista em Literatura para apreender toda a riqueza do texto e ainda mais o apoio de alguém que nos ajude a descobrir a profundidade da sua mensagem espiritual … e o Padre Mário ao realizar essa dupla função, facilitou-nos a caminhada, tornando-a aliciante... À medida que o tempo avançava, à maneira do cego de Betsaida, tudo ficou mais nítido - linguagem e espiritualidade. Na manhã de Domingo, imediatamente após o pequeno-almoço, debruçámo-nos essencialmente sobre excertos do «Livro do Joaquim» de Daniel Faria e, mais uma vez, se referiu a proximidade da sua mundividência com a de Maria Gabriela Llansol. Os tempos livres do curso permitiram o encontro pessoal e a interiorização da linguagem e, essencialmente, da mensagem do que tínhamos ouvido…. É esta travessia silenciosa que cada um fez que explica o título do curso «Rezar com Daniel Faria e Maria Gabriela Llansol». Na verdade quem consultar as palavras ditas, as palavras escritas, os entendimentos alcançados, só poderá estranhar que quem as disse e quem as leu e entendeu, não fosse chamado a rezar. Partiu-se para a caminhada das vidas pessoais com uma vontade: queremos continuar... Participantes do curso 2014


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Entre os dias 14, 15 e 16 de fevereiro decorreu, na Casa de Exercícios de Santo Inácio, Rodízio, o fim-desemana sobre a Pedagogia Inaciana. Num grupo de aproximadamente 15 pessoas, orientado e dinamizado pelo P. Domingos de Freitas e pelo P. Lourenço Eiró, debruçámo-nos sobre a pedagogia inaciana que tem marcas fortes da educação jesuíta, e a qual emerge e está profundamente enraizada nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loiola. Foi este o nosso ponto de partida, que nos levou à descoberta desta pedagogia inaciana, começando por fazer analogia com a pedagogia dos Exercícios Espirituais. Durante estes dias, trabalhámos em pequenos grupos e vivemos uma experiência de aprendizagem partilhada. Esta experiência proporcionou conversas interessantes, desafiadoras e motivadoras. Além disso, passar por esta formação significou criar laços de proximidade, apoio e intimidade, o que me ajudou a sentir que pertencia a cada um deles sobre este pano de fundo que é a ação de educar, no verdadeiro sentido da palavra. Foi também pela oportunidade de trabalharmos em grupos que nos pudemos deter com mais profundidade sobre conceitos e fundamentos que edificam esta pedagogia, indo mais fundo e ao encontro do essencial através das experiências individuais de cada um de nós. A maior aprendizagem, e aquela que poderá, para mim, resumir estes dias é de que a proposta pedagógica inaciana oferece um ensino e uma aprendizagem voltados para a vida, isto é, onde os valores humanos e espirituais são construídos para dar sentido à experiência, e são-no para toda a vida. Assim, de uma forma esquemática podemos sintetizar a Pedagogia Inaciana a partir dos seguintes elementos: contexto, experiência, reflexão, ação e avaliação que constituem o Paradigma Pedagógico Inaciano (PPI), o qual se apresenta como o caminho mais difundido atualmente para a concretização da Pedagogia Inaciana. Durante o tempo de exposição teórica na formação, assim como no tempo de reflexão e partilha ou até no convívio em momentos informais, pude constatar como as tendências pedagógicas atuais, modelos e quadros teóricos sócio-construtivistas - presentemente válidos na formação inicial de professores e educadores, e à qual pertenço – ressoam especificamente no PPI. Foi assim que me deslumbrei e me senti desafiada a aplicar esta metodologia, e no futuro poder confrontá-la com o modelo pedagógico do Movimento da Escola Moderna, o qual, na minha ótica, partilha pressupostos, princípios e conceções pedagógicas. Neste sentido, uma das mensagens que mais me marcou, que vivi, e que me faz continuar a desejar conhecer melhor esta pedagogia foi a de que “mesmo aqueles que não partilham da fé podem recolher valiosas experiências (…) porque a pedagogia inspirada por Santo Inácio é profundamente humana e consequentemente universal.” Por fim, apenas partilho o que ainda ecoa em mim no que diz respeito a esta minha descoberta da

Pedagogia Inaciana: "A pedagogia, arte e ciência de ensinar, não pode ser reduzida à mera metodologia: ela inclui uma perspetiva do mundo e uma visão de pessoa humana ideal que se pretende formar". Ana Marta Cardoso

CIF - Curso Intensivo de Fé O Papa Francisco realça a importância da Igreja ser uma Igreja "em saída" (1), sempre pronta a aceitar a chamada da “saída” missionária saindo da própria comodidade para alcançar os que precisam da luz do Evangelho. Por isso a alegria do evangelho é forçosamente uma alegria missionária, um sinal de que o Evangelho foi anunciado e está a frutificar superando previsões iniciais e quebrando esquemas mentais. O Curso Intensivo de Fé (CIF) que fizemos com o P. António Vaz Pinto nesta Quaresma de 2014 é um bom exemplo deste dinamismo evangelizador de “saída”. Fomos acolhidos na Casa de Retiros de Santo Inácio numa sexta-feira à noite e aí permanecemos até domingo, com os dias divididos entre, na sua maioria, sessões de esclarecimento orientadas pelo P. António, e sessões de trabalho em grupo onde respondíamos a questões e depois levávamos as respostas a todos através de um porta-voz. O grupo foi muito enriquecedor nas diferentes experiências de vida quotidiana e espiritual que trazia, e surpreendentemente homogéneo na faixa etária – predominavam as pessoas a rondar os 40s e 50s. Tínhamos também um “benjamim” heróico, que foi sozinho e por pé próprio fazer o curso aos 20 anos de idade. O vigor missionário e a clareza evangelizadora do P. António tornaram-se bem visíveis nas inúmeras questões básicas e mais complexas que foram sendo abordadas ao longo do fim-de-semana. Pudemos perceber que muitas vezes um longo caminho espiritual faz-se deixando pontas soltas e que é importante parar e atá-las – a fé aumenta pois torna-se mais esclarecida e consistente. Começámos por tomar nota que a fé é a resposta do homem à revelação, e que pressupõe, por isso, o conhecimento da revelação. De seguida expressa-se numa relação pessoal de confiança e de amor iluminada pelo Espírito Santo, o que pressupõe adesão e escolha. Depois entendemos no coração algumas questões particulares: que é enganador dizer-se que Jesus morreu para nos salvar, pois nesta frase fica-se sem o essencial da realidade. Jesus ressuscitou para nos salvar! A morte por si só não salva; assim como o sofrimento por si só não salva ninguém pois o que conta é o amor com que sofro. Falou-se sobre a parábola do filho pródigo e entendemos bem que o arrependimento do filho que volta para casa é condição suficiente para anular eventuais patamares de misericórdia parcial no coração do Pai – a misericórdia é imediata e total. Aprofundámos também a consciência de um Deus Criador, infinitamente bondoso na preparação do mundo para o homem com a sua habitual pedagogia divina de

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Pedagogia Inaciana

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gradualismo: foi criando-confirmando-criando. Entendemos que a grande infidelidade de Israel à Aliança teria de trazer inevitavelmente uma séria rotura, mas que essa rotura foi ocasião propícia para a Nova Aliança através da misericórdia de Deus. A propósito do mal e do pecado, foi-nos explicado que as tentações não são más em si mesmas, pois ajudam-nos a crescer em liberdade e em escolha. Deus põe-nos a tentação e dá-nos a graça para não cairmos, mas faz-nos ir à procura dessa graça. Exige-nos o tal dinamismo de “saída”. Assim se faz o crescimento interior, seja qual for a idade exterior - em ganhos de fidelidade; fidelidade a Deus, a mim próprio e aos outros. Por fim ficámos mais tranquilos em saber que o mal é afinal um pequeno buraco na grande massa, que leveda, do bem. Muito mais aprendemos, mas o limite de texto não nos permite aqui relatar. Ficaram também algumas indignações, sobretudo relativas a uma Igreja que por vezes põe os cânones em frente da vida. O CIF é útil a qualquer pessoa que tenha dúvidas de fé e muito útil a quem julga já não ter dúvidas de fé. Não pela dúvida/certeza mas pelo benefício da abordagem integrada que é transmitida. Santo Inácio de Loiola fundou a Companhia de Jesus há cinco séculos atrás introduzindo uma exigência de formação elevada, sobretudo aos padrões da época, aos seus sacerdotes. Esta exigência de uma fé instruída estende-se em convicção a qualquer leigo ligado à Companhia de Jesus, nomeadamente através da CVX, pois ajuda a formar cristãos retos. Teresa e José Luís Vasconcelos e Sousa CVX Sarça Ardente

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(1) Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 24 Novembro de 2013, 19-49

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Fé e Arte III Fé e Arte. Corpo e Espírito. Em Elogio dos Sentidos. As palavras que deram mote à terceira edição do Fé e Arte – 5 de abril, na Aula Magna da Faculdade de Filosofia, Braga, organizado pelo CAB e pelo Seminário Conciliar de Braga – permitiram que os cerca de trezentos participantes pudessem dar tempo e espaço a este diálogo através do olhar e do pensamento de artistas e pensadores, crentes e não crentes. Stella Morra (teóloga italiana) e Asbjorn Andersen (escultor norueguês) ofereceram-nos duas conferências marcadas pela força da vida que gera arte e da arte que gera vida. De Stella Morra ficam as ressoar as palavras «Os nossos sentidos trazem-nos um mundo aberto e entregam-nos a um mundo aberto. Para estarmos à altura do que recebemos, devemos re-dizer cada momento. Sentir é ser-se tocado.» Asbjorn Andersen referiu a dúvida como parte da nossa fé e da nossa vida espiritual – «A arte estimula os sentidos. A arte de ver/ouvir é um conhecimento novo. A arte é ouvir os outros com responsabilidade.» José Tolentino Mendonça (teólogo e poeta), na conversa com Manuel Fúria (cantautor), em Sentidos em

Diálogo, apresenta-nos o ouvir e o paladar. «Ouvir é ser poeta. O poeta não inventa. O poeta revela o mundo. A poesia é o saber escutar, o ouvido dá-nos a musicalidade do mundo.» E as suas palavras faziam-nos regressar a Stella Morra «é preciso sermos pobres para reconhecermos o sabor do pão. O cristianismo aprende-se comendo – Deus chega-nos através do paladar e a nossa humanidade também.» Paula Moura Pinheiro (jornalista), Ruy de Carvalho (ator), Nuno Júdice (poeta), Luísa Jacinto (pintora) e João Sarmento, sj (estudante), em Sentidos em Círculo, convidaram-nos a olhar «o lugar do artista como o da fidelidade». A terceira edição do Fé e Arte convocou inteligência e sentidos, afecto e imaginação. Convocou-nos «a fazer das nossas vidas lugares de beleza». Agradecidos pelos gestos e palavras que preencheram este dia, aprendemos, um pouco mais, a melhor habitar o espaço grande e muito antigo que se desenha entre fé e arte. Pela frequentação da vida real. Pela criação. Pelo pensamento. Pela humana compaixão. Margarida Corsino da Silva

Ordenações diaconais em Roma Terça-feira de Pascoela, como é habitual em Roma, na Igreja do Gesù, como não podia deixar de ser, oito companheiros de (quase) todas as partes do mundo (entre os quais o Fernando Ribeiro e o Francisco Campos) foram ordenados diáconos. A quantidade de “milagres” que se “juntaram” naquela tarde é impressionante e não me deixam escrever apenas uma notícia neutral sobre os factos ocorridos, sobre o ambiente festivo, sobre a homília do Arcebispo Cyril Vasil e sobre a alegria dos ordenados. Estar dentro da Igreja do Gesù é estar literalmente dentro da história da Companhia, de facto, nas duas extremidades do transepto elevam-se os altares de Santo Inácio e de São Francisco Xavier. E foi mais ou menos a meio caminho entre este dois altares que estes companheiros foram ordenados. É o fruto de uma história muito maior do que os seus anos de vida e que os levou até àquele preciso momento e uma esperança que se abre na história a que continuam a dar vida cada dia. Para o provar,


para o tornar quase palpável, pedimos a intercessão de todos aqueles que percorreram o mesmo caminho antes. Este é o primeiro milagre. O segundo milagre vê-se na cor da pele e nos quilómetros que separam Roma do país de cada um dos oito novos diáconos. A universalidade da Companhia e da Igreja é fascinante e naquela tarde esta universalidade esteve tão bem representada talvez para nos recordar de que a diversidade da Igreja está longe de ser uma ameaça, que é, pelo contrário, uma riqueza que nada poderá substituir. Mas ainda que não existisse uma história tão cheia como esta em que vivemos e ainda que todos os oito ordenados viessem do mesmo país, o facto de existir alguém que voluntariamente, conscientemente e cheio de alegria entrega a sua vida ao Senhor é por si só um milagre descarado. A missão que lhes é confiada é exigente e não menos bonita: “Recebe o Evangelho de Cristo, que tens missão de proclamar. Crê o que lês, ensina o que crês e vive o que ensinas.” Duarte Rosado, SJ

Tríduo Pascal O Amor de Deus revisita-nos. Sem marcação. Por muito que se queira e deseje, não se determina - não se programa. Mas o tempo é propício. Assim o é, também, o lugar. O silêncio, a escuta, abrem-nos ao reencontro d'Aquele que espera por cada um de nós. O tempo Maior da nossa fé. Da Igreja que somos. Quinta-feira. A chegada, sempre acolhedora! Rostos novos e rostos conhecidos, amigos reencontrados de outros anos, de outras páscoas. Dentro de três dias, novos amigos e companheiros. Percorro alguns espaços da Casa conduzido pela memória sensível, marcada por estados e emoções aqui vividos. Entretanto, os preparativos para a adoração na sala grande do primeiro andar, onde cada vela é minuciosamente colocada, sob a perfeita e exigente coordenação do Hermínio. O efeito das faixas vermelha e amarela, a fonte de luz que ilumina a Cruz e o aparente improviso dos tijolos de vidro... Ainda os tempos e momentos de meditação que um casal prepara, pela primeira vez, para a vigília. Na Capela Grande ensaiam-se os cânticos. De Évora recebemos a música e a voz sublime de Marta aqui, certamente, também Maria. Serenamente, sempre disponível, o Pe. Domingos Freitas interrompe as suas tarefas sempre que alguém chega para se confessar. A Via Sacra, como todo o Tríduo, é muito especial no Rodízio. Percorremos os jardins da casa. A caruma dos pinheiros criou uma almofada que amortece os nossos passos. Entre cada estação um novo cireneu, homem ou mulher, procura aliviar a cruz do Senhor - rito e símbolo que nos une e abre ao Mistério da Salvação. Os textos remetem-nos para o drama atual. Interpelam-nos, aqui e

agora, para este Cristo que quis encarnar e, por nós, "foi obediente até à morte e morte de cruz". Tempo para recolhimento, para encontro e oração pessoal que os Pontos propostos pela Isabel ou pela reflexão do Hermínio podem ser de partida, na direção a um encontro que se quer a dois. Deus e a sua criatura, sempre muito amada. Agora, é o horto que me procura. Imagino o lugar, os personagens, eu próprio lá, também. Sofrimento não procurado; aceite na confiança absoluta no Pai. Abandono n'Ele, nunca desistência. A não resposta. Desconcertante. Com Ele, aceito o tempo de Deus. Comungo, com Maria, no eco vazio ao sofrimento do Filho do Homem, silêncio cósmico, além de todos os limites. Sinto o medo real, a fraqueza que impede qualquer movimento ou testemunho. Quem sou eu, para que ouse merecer um pequeno vislumbre do Amor de Deus? Sim, por isso o deserto da secura na alma, a tentação do abandono da Vida - pois, sem sentido, que é a vida senão deserto? Mais que todas as palavras é o sentir profundamente o absurdo, o sem sentido. Mesmo conhecendo este estado, em tantas outras páscoas na vida de todos os dias, aqui está uma vez mais, por inteiro - nem o seu conhecimento pensado, refletido, antecipado, anula esta secura. Que mistério, meu Deus! Noite de sábado, Vigília Pascal. A grande celebração: faltam 15 minutos e as pessoas já encheram a Igreja. Muitos rostos de anos anteriores. Quantas Páscoas? As vozes do Teu povo. Que espera por Ti 20 séculos depois da Promessa renovada. Que se faz em cada um de nós, em todos os que Te queremos acolher. Em humildade. Verdadeiramente. Como grão de mostarda, cresces e nos conformas a Ti, ao ritmo e nos tempos do Pai. Chegas de novo. Que alegria serena! Já não precisas de bater à porta. A decisão por Ti é tão firme quanto nos implica por inteiro. Esta casa é Tua. Mas, mesmo assim, entras docemente. A Tua Paz é fonte e responsabilidade. O Teu Amor não permite cercas, condomínios privados. As fronteiras chamam-Te com urgência. Em cada um de nós, que escolhemos aceitar o Teu Abraço. Rui Andrade

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Da Companhia em RESUMO Nomeações do Papa Francisco: O Papa Francisco nomeou: - o P. Ernesto Giobando Bispo de Appiaria e Bispo auxiliar de Buenos Aires (Argentina); - Consultores da Congregação das Igrejas Orientais os PP. Massimo Pampaloni (ITA), Philippe Luisier (HEL), Michael Kuchera (MAR) e Georges Ruyssen (BSE).

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Nomeações do Padre Geral:

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O Padre Geral nomeou: o P. Jacques Gebel Vice-Provincial de França (GAL); - o P. George Mutholil Provincial de Kerala (KER), India; o P. Marianus Joseph Kujur Provincial de Ranchi (RAN), Índia; - o P. Varghese Pallippalakatt Provincial de Dumka-Raiganj (DUM), India; - o P. George Fernandes Provincial de Jamshedpur (JAM), India; - o P. Kalyanus Minj Provincial de Madhya Pradesh (MAP), India; - o P. Dany Younès Provincial do Próximo Oriente e Magrebe (PRO); - o P. Javier Vidal González Provincial das Antilhas (ANT); - o P. Patrick Magro Provincial de Malta (MAL); - o P. Paramasivam Stanislaus Amalraj Provincial da Província de Andhra Pradesh (AND) India; - o P. Stanislaus J. D'Souza Provincial da Província de Karnataka (KAR), India.;- o P. Bernhard Bürgler Provincial da Áustria (ASR); - o P. Ivan Bresciani Provincial da Eslovénia (SVN); - o P. Arturo Marcelino Sosa Abascal (VEN), Delegado para as Casas Internacionais de Roma; - o P. José Francisco Magaña Aviña Provincial do México (MEX); - o P. Brian McCoy Provincial da Austrália (ASL); - o P. Rudolf Uher Provincial da Eslováquia (SVK); - o P. Osvaldo Chirveches Provincial da Bolívia (BOL); - o P. John J. Cecero, da Província de Maryland, Provincial de New York (NYK); - o P. Robert M. Hussey, Provincial de Maryland (MAR); - o P. Francis Parmar, Provincial of Gujarat (GUJ), India; - o P. Rolando López Alvarado, Provincial da América Central (CAM) e o P. Gianfranco Matarazzo Provincial de Itália

Reestruturação de Secretariados O Padre Geral Adolfo Nicolás decidiu reestruturar os Secretariados para o Serviço da Fé e para a Colaboração com outros. Na carta que dirigiu aos Superiores Maiores em 24 de abril, explica: “É minha firme convicção, e também das Congregações Gerais recentes que a nossa missão hoje tem de envolver três dimensões fundamentais: o serviço da fé, a promoção da justiça e a colaboração com outros em obras de fé e justiça. Qualquer que seja o ministério ou apostolado em que os jesuítas estejam

empenhados, estas três dimensões têm de estar presentes de forma ativa” Depois de recordar a experiência dos últimos três anos com os dois Secretariados, o P. Geral acrescenta: “Em vez de se centrar nos Secretários, ou seja nos jesuítas encarregues de dinamizar estas dimensões, será mais eficaz organizar secretariados, ou seja, grupos de trabalho compostos por representantes de cada Conferência que, em conjunto, cooperem para estreitar e aprofundar estas dimensões da missão nos nossos ministérios”. O P. Jammes Grummer, Conselheiro Geral, foi nomeado coordenador destes “Secretariados dimensionais”.

Congregação Geral 36ª Em cartada dirigida a toda a Companhia de Jesus, datada de 20 de maio, o Padre Geral Adolfo Nicolás anunciou que no final do ano 2014 convocará a Congregação Geral 36ª. Esta realizar-se-á no final de 2016.

P. Van der Lugt assassinado na Síria No dia 7 de abril de manhã, vários homens armados e de rosto coberto tiraram o P. Frans van der Lugt da residência jesuítas de Homs (Síria) e mataram-no a tiro. De origem holandesa, o P. Frans nasceu em 1938, entrou na Companhia de Jesus em 1958 e foi ordenado sacerdote em 1971. Encontrava-se na Síria desde o 1960. Apesar do perigo, tinha decidido espontaneamente permanecer na cidade de Homs como expressão da sua solidariedade pelas pessoas que não tinham podido deixar a cidade.

Portal interativo de oração As Províncias da Irlanda e da China uniram esforços para dar à China a possibilidade de aceder, pela primeira vez, ao portal internacional interativo de oração guiada, Sacred Space (Lugar Sagrado). Dezenas de milhares de pessoas acedem ao site em 20 idiomas, mas dois problemas impediam o acesso ao número crescente de cristãos da República Popular da China não lhes permitindo aprofundar, por este meio, o seu compromisso com Deus. A utilização de caracteres simplificados e o alojamento num URL que não incomoda as autoridades chinesas foram as soluções para o livre acesso aos contéudos. Todos os meses mais de meio milhão de pessoas segue a proposta do Exame de Consciência e nos dias feriados são mais de 20 000 os acessos à oração . Este site tem ainda uma versão coreana e uma versão em língua bahasa da Indonésia.


Noite XL - “As voltas que a vida dá” Na noite de 21 de Março, cerca de 1000 jovens das diversas Paróquias, Colégios, Centros Universitários e Movimentos ligados à Companhia de Jesus, assim como outros amigos, participaram na 2ª edição da Noite XL celebrando os 200 anos da restauração da Companhia de Jesus cujo tema agregador foi: “As voltas que a vida dá”. A noite começou pelas 22h nas ruínas do Convento do Carmo, animada pelo CAB, com o acolhimento e apresentação do novo Provincial, P. José Frazão Correia. A céu aberto, num cenário magnífico, debaixo de alguma chuva, todos puderam ver um filme feito pela Maria Ferreira Silva: Nascer: - todas as histórias começam com um sim. Este primeiro momento terminou com uma oração proposta pelo Francisco Ferreira, filósofo sj, finda a qual todos vestiram a camisola da noite XL. Foi o “plano B” para uma noite que, em condições normais, teria começado com um concerto Gospel com coro e orquestra, realizado pelo Estúdio 34; este teve lugar em S. Roque, em formato reduzido, depois da Missa. O segundo momento da noite – Crescer: os amigos são para sempre - deu lugar à celebração da Eucaristia na Igreja de S. Roque presidida pelo P. Nuno Tovar de Lemos e animada pelo CUPAV, à qual se juntaram muitos outros amigos. Na homilia, o P. Nuno, inspirado pela coincidência desta noite com o evangelho do dia, a parábola dos vinhateiros, fez-nos entender, à luz da fé, as muitas “voltas” que a Igreja e a Companhia de Jesus deram, ajudando-nos a integrar todos os “paradoxos” inesperados e incompreensíveis e a construir na confiança, a esperança da fé a que todos somos chamados. O terceiro momento foi no Cais de Sodré. Fomos recebidos na estação por um grupo de alunos do Colégio S. João de Brito que, liderados pelo P. Luís Onofre e pelo João Brandão sj, nos ofereceram, além de um miminho de chocolate, um bilhete “original” para poder viajar. Tratava-se de um bilhete que nos lembrava como estamos constantemente a fazer escolhas e a vencer obstáculos, esquecendo-nos muitas vezes de incluir Deus nas nossas decisões. A viagem de comboio até S. Amaro de Oeiras foi o momento para muitos se conhecerem, trocarem ideias sobre as suas escolhas, as suas ligações à Igreja e à Companhia de Jesus. O grupo reuniu-se de novo na praia de S. Amaro de Oeiras pelas 2h da manhã, numa noite milagrosamente quase estrelada. Aí, como numa “aplicação dos sentidos”, experimentámos a bonança depois da tempestade, tocando as velas acesas na própria mão, vendo ao fundo a ponte sobre o Tejo iluminada, ouvindo o ruído do mar e, sob o odor de uma suave maresia, escutámos o som de um clarinete tocado por uma animadora do CREU, preparandonos o coração para as pistas que o P. Miguel Almeida nos deixou para uma hora de oração. E assim aconteceu. Ao longo do passeio marítimo de Oeiras, num silêncio absoluto, 1000 jovens rezaram intensamente para consolidar a

sua fé na certeza de que ser fiel aumenta a liberdade. A chegada à Fortaleza de S. Julião foi o momento mais esperado desta peregrinação. O P. Gonçalo Castro Fonseca tinha preparado, com a ajuda de voluntários ligados ao CAMTIL e ao CUMN, uma “performance” artística intitulada levar o mundo ao coração de Cristo. Por causa do mau tempo que se fez sentir durante a tarde, este momento teve que ser substituído por uma simples apresentação deste forte, destacando-se a sua evocação dramática. Já dentro da fortaleza, por volta das 4h da manhã, todos puderam usufruir de uma ceia preparada pelo Noviciado e servida pelos alunos do CAIC, liderados pelo P. Lourenço Eiró e pelo João Manuel Tinoco sj. Pelas 5h da manhã, fomos conduzidos à Cisterna do forte onde um pequeno grupo de cordas tocava músicas de camara e uma jovem solista cantava diante de uma enorme cruz de velas. Aí, assistimos a um momento intenso de oração intitulado: Faz sentido dar a vida pela fé? O grupo “Janela”, animadores das GVX do CUMN, liderado pelo P. António Santana, preparou uma narrativa que contava o julgamento e prisão de muitos dos jesuítas que sucumbiram em S. Julião da Barra. Tudo foi apresentado sem ódios, rancores ou ressentimentos. Foi um momento muito “forte”, concluído com uma visita às celas da prisão onde, num realismo cenográfico, os animadores do “Janela” recriavam a dor, tortura e morte dos que, ali, deram a vida por Jesus. A noite terminou na praia de Carcavelos, enquanto o dia despertava e um grupo de alunos do Colégio das Caldinhas, liderado pelo P. Pedro Rocha Mendes e pelo Samuel Beirão sj, nos oferecia o momento conclusivo. Tal como na madrugada da Ressurreição, a proposta foi a de renascer. Apoiados na fortíssima devoção inaciana a N. Senhora, fomos convidados a restaurar a vida sabendo que o futuro faz-se ao colo de Maria. A noite terminou com uma inesperada sessão de fogo-deartifício. A noite XL foi uma viagem espiritual e histórica, julgo que única, no panorama das celebrações que a Companhia de Jesus se propõe celebrar ao longo deste ano em todo o mundo. Carlos Carneiro, SJ

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JC:HEM – Ensino superior em campos de refugiados

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Em Abril de 2010, num congresso sobre Educação Superior da Companhia de Jesus que teve lugar na cidade do México, o Padre Geral Adolfo Nicolás referiu-se à importância que a formação tem no mundo de hoje, chamando também a atenção para as novas desigualdades criadas entre os que conseguem ter acesso à educação e os que não conseguem. E acrescentou concluindo: “…Temos por isso de perguntar: Quem beneficia do conhecimento que é gerado nas nossas instituições e quem é que não beneficia? Quem tem necessidade do conhecimento que podemos oferecer e como é que o podemos partilhar de uma maneira mais efetiva com aqueles para quem esse conhecimento pode verdadeiramente fazer a diferença, especialmente os pobres e os excluídos?” Na sequência desse mesmo congresso, um conjunto de universidades da Companhia de Jesus dos Estados Unidos resolveu juntar esforços e lançar uma iniciativa comum de ensino à distância. É assim que nasce o JC:HEM - Jesuit Commons: Higher Education at the Margins: um projeto que, através da internet, oferece a possibilidade de educação superior em campos de refugiados. O JC:HEM foi lançado em parceria com o JRS (Serviço Jesuíta aos Refugiados), organização que dispõe de larga experiência de ensino primário e secundário no terreno. Na verdade, e ao contrário do que talvez se possa pensar, muitas pessoas passam longos períodos da sua vida em campos de refugiados: por vezes até quinze ou vinte anos. Pelo que a questão da educação é uma das graves dificuldades com que essas populações se debatem. O projecto-piloto do JC:HEM foi lançado em 2010 em três países diferentes: Quénia, Malaui e Síria. Devido à guerra civil entretanto começada, porém, o programa da Síria teve pouco depois de ser transferido para a Jordânia. Os alunos do programa JC:HEM são selecionados através de provas de acesso feitas localmente, e admitidos independentemente do país de origem ou do credo religioso. O serviço aos outros – em especial à

comunidade local – é porém uma dimensão que é sublinhada desde o início, num programa que visa declaradamente formar “homens e mulheres para os outros”. A oferta de ensino do JC:HEM é disponibilizada de duas formas: 1 - através de curso mono-temáticos individuais de quatro meses de duração (chamados CSLT – Community Service Learning Tracks); 2 - Através de um percurso académico em Artes Liberais (Diploma in Liberal Studies) de três anos e com um currículo inter-disciplinar de quinze módulos de oito semanas de duração cada. Os alunos que tenham completado os três anos do Diploma receberão no final um certificado emitido pela Universidade norte-americana de Regis (em Denver, nos EUA). Esse certificado é automaticamente reconhecido por todas as outras universidades participantes no projecto (e certamente por muitas outras universidades espalhadas pelo mundo). Caso um aluno venha no futuro a prosseguir os seus estudos noutro lugar – para licenciatura ou mestrado –, ser-lhe-ão então reconhecidos 45 créditos já feitos. Para além da importante missão de ajudar a formar quadros no presente e preparar o futuro, o programa JC:HEM tem também um outro impacto mais imediato e não menos importante: de ajudar a oferecer esperança – algo de essencial para a vida de qualquer ser humano, mas mais ainda para os que vivem em situação de refugiados.


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Depois de ter sido lançado no Quénia, no Malaui e na Jordânia, o programa começou em 2013 a funcionar também na Tailândia e no Afeganistão. Para 2014 esperase que inicie também no Chade (junto à fronteira com o Darfur/Sudão). E se Deus quiser o projeto poderá mais tarde vir a expandir-se para outros Países ainda. Luís Ferreira do Amaral, SJ

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Os CSLT são ensinados recorrendo a um tutor local, que é acompanhado à distância por um professor universitário. Já o ensino do Diploma é totalmente feito à distância, através da internet, por docentes de universidades dos EUA (e que o fazem em regime de voluntariado). Recentemente docentes de universidades de outros Países começaram a participar também no programa. Cada módulo do programa do Diploma é ministrado por uma equipa de quatro ou cinco docentes, trabalhando muitas vezes esses docentes em universidades diferentes (ou até países diferentes). Por seu lado, cada turma de alunos

pode ser também composta por pessoas que vivem em diferentes campos de refugiados. Os alunos são acompanhados pessoalmente pelos professores, sendo a avaliação na maior parte das vezes feita através de trabalhos escritos (papers). Ainda que certamente se façam adaptações ao contexto e à problemática local, o grau de exigência académica para com os alunos do programa JC:HEM tem sido basicamente o mesmo que vinha sendo aplicado a estudantes norte-americanos de ensino on-line das universidades Jesuítas. O número total de estudantes JC:HEM nos diversos Países – CSLT e Diploma – é actualmente de cerca de quatrocentos; o que apesar de implicar já consideráveis desafios (financeiros, organizacionais e logísticos) não é certamente mais do que uma pequena gota num enorme oceano de necessidades de pessoas que, no nosso mundo de hoje, não têm qualquer possibilidade de acesso a ensino superior.

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Servidores da MISSÃO DE CRISTO P. José Frazão Correia - memória e horizonte

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O P. José Frazão Correia tem 44 anos de idade. É o quarto filho de uma família numerosa e tradicionalmente católica de Alqueidão da Serra, Porto de Mós. Antes de entrar na Companhia de Jesus, fez um percurso vocacional no Instituto dos Missionários da Consolata, durante o qual fez a licenciatura em Teologia. Em 1995 entrou no Noviciado da Companhia de Jesus, em Coimbra. Após os dois anos, fez dois anos de estudos filosóficos na Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Braga, seguidos de dois anos de magistério no Colégio da Imaculada Conceição, em Cernache, onde foi professor de Educação Religiosa e Moral e trabalhou na pastoral do Colégio. Em 2002, fez um ano de Teologia na Pontificia Universidade Gregoriana (PUG), em Roma, e nos anos seguintes fez o segundo ciclo em Teologia Fundamental, no Centre Sèvres, em Paris. Foi ordenado sacerdote em 2004, em Coimbra, e foi Diretor do Centro Académico de Braga (CAB), de 2004 a 2006. A partir de 2006, fez a preparação do Doutoramento, na PUG, em Roma, que concluiu em 2010. Seguiu-se a Terceira Provação – a última etapa da formação jesuíta -, em Dublin, terminada em maio de 2011, após o que regressou a Braga, onde fez os últimos votos, nesse mesmo ano. Aí foi Superior da Comunidade Pedro Arrupe e Professor na Faculdade de Filosofia da UCP, até tomar posse como Superior Provincial.

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A sua nomeação como Provincial de Portugal data de 4 de janeiro. Na véspera, na Igreja do Gesù, em Roma, o Papa Francisco presidia à celebração da Eucaristia, em ação de graças pela canonização de Pedro Fabro, e que também deu início às comemorações dos 200 anos da Restauração da Companhia de Jesus. Na homilia, o Papa Francisco referiu quatro importantes aspetos: “ir às fronteiras”, “zelo missionário”, “sair da zona de conforto” e “santa inquietude”. De que maneira estas quatro ideias-chave estão presentes no seu espírito, ao iniciar o seu provincialato? Acolho a força das expressões do Papa Francisco, antes de mais, como apelo à liberdade do Evangelho de Jesus. Nos Exercícios Espirituais chamamos-lhe indiferença – na confiança de que Deus é o nosso maior bem, dispomo-nos inteiramente ao Seu amor, querer e interesse, em favor da construção do Seu Reino. Ao iniciar esta missão, o meu primeiro desejo passa por recordar que temos aqui algo de essencial. Convém-nos muito regressar, sem cessar, a esta exercitação espiritual e apostólica, porque é ela que determina a nossa identidade e modo de proceder, enquanto Jesuítas. Gera e fortale-

ce, antes de mais, o reconhecimento da paixão de Deus por nós. É este o contínuo princípio da nossa biografia, a verdade mais íntima de cada momento das nossas vidas. Comovidos, compreendemos a nossa existência real, também os próprios limites e pecados, no amor pessoal que o Pai nos tem. Depois, orienta o desejo de amar e servir Jesus, aprendendo com ele, sobretudo, a compaixão para com os irmãos e, entre estes, por aqueles que o Evangelho chama “pequeninos”. Por fim, fortalece a generosidade e a alegria da entrega. Em Seu nome, queremos estar onde o Senhor nos chama. Assim crescerá a liberdade, seja diante dos medos e inseguranças interiores, seja diante das inseguranças e ameaças exteriores. E assim se afinará a arte da leitura da realidade e do discernimento dos apelos que, por ela, o Senhor nos faz. O desprendimento evangélico e a coragem profética não se improvisam de forma voluntariosa, nem se planeiam, como simples estratégia. Como graça e estilo de vida que são, acolhem-se e exercitam-se diariamente, no reconhecimento humilde do dom recebido e no grande desejo de estar com Jesus, segundo o seu estilo de vida, e de lhe dar testemunho, como seus companheiros.


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ções, será, seguramente, uma oportunidade única para tornar real este discernimento e motivar opções futuras. Desejo muito que, concretamente para a nossa Província, este processo de avaliação que teremos que iniciar se torne um momento de realismo humilde, mas, também, de ousadia apostólica. O panorama europeu apresenta um crescente secularismo e uma forte redução no número das vocações consagradas. A união de Províncias e a centralização da formação em casas internacionais são uma resposta à formação algo isolada e também uma melhoria na gestão de recursos. Estas realidades poderão significar uma ameaça de perda de identidade ou, pelo contrário, um reforço da universalidade da missão? A tensão entre o universal e o particular faz parte da identidade da Companhia de Jesus. Quando iniciamos o Noviciado, a porta de entrada para a Companhia universal é a de uma Província concreta. Do mesmo modo, quando se

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Os 200 anos da Restauração da Companhia de Jesus são um momento de ação de graças, mas também uma oportunidade de avaliação. Na carta que dirigiu em fevereiro a toda a Companhia de Jesus, o Padre Geral, Adolfo Nicolás, propôs cinco temas para oração, reflexão e discernimento dos jesuítas durante o ano. São eles: a “fidelidade criativa”, o “Amor ao nosso Instituto”, o “companheirismo fraterno”, a “missão universal” e a “fé na Providência”. Que lugar tem a “fidelidade criativa” na vida diária de um jesuíta e na visão estratégica a mais longo prazo de quem governa a Província? A fidelidade evangélica é criativa, assim como a criatividade que nasça do Evangelho é fiel. Como cristãos, vivemos de uma promessa de vida, a do Espírito de Jesus Ressuscitado. Não somos guardiães de uma relíquia antiga, nem conservadores de museu que guardam um objeto valioso do passado. Somos, sim, testemunhas da graça que salva em Jesus de Nazaré. É a este dom que somos fiéis. É este o dom, sempre novo e tão fecundo, que nos encoraja a ser criativos, aqui e agora, pela sensibilidade e pela inteligência, pelas artes, os ofícios e tantas realizações, para que a vida de Deus seja a vida que faz viver cada um. Por isso, e como recorda S. Paulo, é este o momento favorável para dar corpo real à promessa do Senhor. Dito isto, percebemos que o caminho está sempre por percorrer. É uma graça extraordinária, esta, da confiança na promessa do Senhor. E é um custo grande, porque a sua realização pede o empenho contínuo do melhor de nós mesmos, tantas vezes reiniciando, possivelmente, de outro modo, noutras direções – a arte de saber recomeçar pede a difícil arte de saber deixar. A fidelidade ao Senhor levar-nos-á, seguramente, a procurar a Sua vontade para este momento da nossa história, no concreto das pessoas reais e dos seus apelos. A carta que o P. Geral enviou, no início de fevereiro, a todos os Superiores da Companhia, encorajando-nos a uma avaliação efetiva da vitalidade apostólica das nossas institui-

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entra numa Província, a portuguesa, por exemplo, é da Companhia universal que se começa a fazer parte. Por diferentes motivos, assistimos, hoje, à unificação de Províncias, ao esforço de colaboração interprovincial em muitos setores do nosso apostolado, ao fortalecimento de redes de cooperação. Nestes processos, há claramente o incremento do sentido e do alcance do que é mais universal, permitindo, ao mesmo tempo, corrigir a possível estreiteza de horizontes em que pode cair a concentração excessiva no que é nacional, regional, particular a um só grupo. Porém, e para que a tensão entre universal e particular não perca a sua força própria, creio ser particularmente importante o cuidado pelo enraizamento do universal no que é cultural, linguística e socialmente particular. Neste sentido, será muito relevante para a nossa missão, concretamente na Europa, a visibilidade da Companhia em rostos de jesuítas concretos, reconhecidos como tal e que vivem em casas identificáveis e acessíveis pelo comum das pessoas. Nos tempos atuais, a busca de espiritualidade é inegável, mas o contexto em que nasce é cada vez menos o ambiente tradicional cristão ou católico. A linguagem de Santo Inácio representa uma abertura e uma novidade para muitas pessoas e a relação com Deus reata-se em novos moldes. Que desafios e riscos se desenham no renascer da fé num Deus sensível, presente, acolhedor? Que desafios representa isto na formação dos jesuítas e na resposta que a Província procura/e dar? No livro que publiquei dias antes da minha tomada de posse intitulado Entre-tanto – a difícil bênção da vida e da fé, pude, de algum modo, refletir sobre este tema que muito me toca. O tempo que vivemos e os lugares onde vivemos pedem-nos grande delicadeza e generosidade. Antes de mais, na forma como os olhamos e os descrevemos. Depois, no exercício de pressentir e de entrever os sinais da presença do Senhor ressuscitado, os apelos do seu Evangelho. O que quer de nós, neste momento real da nossa história, com as suas forças e possibilidades, os seus sofrimentos e abismos? A nossa leitura, precisamente

enquanto crente, não poderá deixar de respeitar a complexidade do nosso momento cultural e eclesial, assim como da vida concreta de cada pessoa, evitando a precipitação em soluções demasiado fáceis e inconsistentes ou, então, tão idealizadas que parecerão irrealizáveis. A fé em Jesus não simplifica a vida. Pelo contrário, implica-a e atravessa-a radicalmente. No percurso dos Exercícios Espirituais, o olhar convertido traduz-se na graça de poder reconhecer e de amar Deus em todas as coisas e de as conhecer e amar, a todas, em Deus. Não é ingenuidade. É limpidez do olhar iluminado pelo amor de Deus que olha, assim, para toda a humanidade e o mundo inteiro. Creio que a força profética da nossa vida não será menor se partir desta benevolência originária. Neste horizonte, a longa formação de um jesuíta deveria fortalecer o amor real pelo Evangelho de Jesus e o amor real pelos homens e mulheres a quem a missão, hoje, os envia. Deste mesmo amor, nascerão, não direi respostas, mas caminhos, percorridos, talvez, de outros modos. O Evangelho não perdeu a força do sal, nem o brilho da luz para este nosso tempo. Caberá, a nós, a honra e o ónus de o testemunhar. Coordenação Ana Guimarães


Meios que unem O INSTRUMENTO COM DEUS

Junho

Julho

Exercícios Espirituais

Exercícios Espirituais

3 DIAS 07 a 10 | pé descalço, em Soutelo, com o P. António Valério 12 a 15 | no Rodízio, com o P. António Júlio Trigueiros

3 DIAS 10 a 13 | em Soutelo, com o P. Rui Nunes 17 a 20 | no Rodízio, com o P. António Santana 17 a 20 | no Rodízio, com o E. Fernando Ribeiro, SJ

4 DIAS 06 a 10 | em Soutelo, com o P. Carlos Carneiro 06 a 10 | na Costa Nova, com o P. António Santana 09 a 13 | em Palmela, com o P. António Vaz Pinto

7 DIAS 13 a 20 | vocacionais, com o P. Nuno Tovar de Lemos 17 a 24 | em Palmela, com o P. Vasco Pinto de Magalhães 22 a 29 | em Soutelo, com o P. António Vaz Pinto

7 DIAS 08 a 15 | pé descalço, com o P. Nuno Branco 06 a 13 | pé descalço, com o P. José Eduardo Lima 8 DIAS 05 a 13 | em Soutelo, com o P. Luís Maria da Providência 06 a 14 | em Fátima, com o P. António Coelho 18 a 26 | em Fátima, com o P. José Carlos Belchior 20 a 28 | em Soutelo, com o P. Rui Nunes RETIROS 08 a 12 | Retiro para Sacerdotes, no Rodízio, com o P. Roque Cabral 20 a 22 | Retiro Theillard de Chardin, no Rodízio, com o P. Vasco Pinto de Magalhães

8 DIAS 01 a 09 | em Soutelo, com o P. João Carlos Onofre Pinto 01 a 09 | em Fátima, com o P. Gonçalo Eiró 01 a 09 | em Soutelo, com o E. Fernando Ribeiro, SJ e o P. Luís Maria da Providência 18 a 26 | em Fátima, com o P. Hermínio Vitorino 21 a 29 | em Soutelo, com o P. Nuno Branco 21 a 29 | em Soutelo, com o P. José Eduardo Lima 22 a 30 | no Rodízio, com o P. Hermínio Rico 22 a 30 | no Rodízio, com o P. Luís Maria da Providência

Agosto Exercícios Espirituais 3 DIAS 14 a 17, em Soutelo, com o P. Carlos Carneiro 5 DIAS 02 a 07 | em Soutelo, com o P. Carlos Carneiro 8 DIAS 04 a 12 | em Soutelo, com a Drª Alzira Fernandes e o P. José Carlos Belchior 05 a 13 | em Soutelo, com o P. António Sant'Ana 14 a 22 | em Soutelo, com o P. Manuel Morujão 22 a 30 | em Soutelo, com o P. Mário Garcia 30 DIAS 01 a 31 | em Soutelo, com o P. Luís Maria da Providência

Consulte o programa anual em www.jesuitas.pt

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6 DIAS 08 a 14 | no Rodízio, com o P. Domingos de Freitas



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