Boletim maiset 2015

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JESUÍTAS

Boletim . nº 354 maio/setembro 2015

Campo de Viajantes Exercícios Espirituais a andar a pé

“Lembra-te de que és terra”

Informação aos amigos


JESUÍTAS Informação aos amigos

boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Maio/Setembro 2015

LISBOA Boletim nº 354 maio/setembro 2015

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BREVES DA PROVÍNCIA ..................................

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DA COMPANHIA DE JESUS EM RESUMO.....

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CAMPO DE VIAJANTES | EE A ANDAR A PÉ

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“LEMBRA-TE DE QUE ÉS TERRA”.................

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MEIOS QUE UNEM O INSTRUMENTO COM DEUS.............................

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Ficha Técnica Jesuítas – Informação aos Amigos – Boletim; Nº 354; maio/setembro 2015 Diretor: Domingos de Freitas, SJ • Coordenação: Ana Guimarães • Redação: Ana Guimarães; António Amaral, SJ; Avelino Ribeiro, SJ • Propriedade: Província Portuguesa da Companhia de Jesus • Sede, Redação e Administração: Estrada da Torre, 26, 1750-296 LISBOA (Portugal) • Telef.: 217 543 060; Fax: 217 543 071 • Impressão: GRAFILINHA - Trabalhos Gráficos e Publicitários; Rua Abel Santos, 83 - Caparide - 2775-031 PAREDE (Portugal) • Depósito Legal: Nº 7378/84 • Endereço Internet: www.jesuitas.pt • E-mail: ppcj@jesuitas.pt • Foto: AfterSun - Francisco Ferreira de Campos, SJ


Breves da PROVÍNCIA

O Padre Provincial, José Frazão Correia, nomeou o P. Pedro Rocha Mendes Promotor vocacional, dinamizador e coordenador de atividades de pastoral juvenil. O P. Pedro reside na Comunidade do Noviciado, em Cernache, e tomou posse em setembro.

Novo mandato de Diretor O Reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma), P. François-Xavier Dumortier, nomeou de novo o P. Nuno da Silva Gonçalves Diretor da Faculdade de História e Bens Culturais da Igreja, da Pontifícia Universidade Gregoriana, para o triénio 2015/2018.

Orações Pedem-se orações pelo P. Manuel Malvar da Fonseca (Com. FacFil/AO), por um irmão do P. Francisco Sales Baptista (Com. FacFil/AO-Braga), por uma irmã do Ir. Bernardino Paim (Com. FacFil/AOBraga), e por uma irmã do P. José Carlos Belchior (Com. Noviciado-Cernache), recentemente falecidos.

Novos destinos e missões O Padre Provincial, José Frazão Correia, deu as seguintes novas missões e destinos: Superiores: P. José Eduardo Lima, Residência de Nossa Senhora de Fátima, Porto; P. Sérgio Diz Nunes, Residência do Imaculado Coração de Maria, Soutelo. Director de Obra: P. João Goulão, Centro Universitário P. António Vieira (CUPAV), Lisboa. Outras missões e destinos: - I. Adão Rodrigues, Residência B. Inácio de Azevedo (Casa S. Pedro Claver), Caparica; Vice-Ministro, colaborador na Paróquia de S. Francisco Xavier de Caparica e no Centro Juvenil P. Amadeu Pinto; - P. Afonso Marques Pinto, Casa de Escritores de S. Roberto Belarmino (Brotéria), Lisboa; Ministérios sacerdotais; - P. Carlos Carvalho, Colégio S. João de Brito, Lisboa; - P. Carlos Maria Vasconcelos, Ajudante do Arquivista da Província; - P. Domingos Terra, passará a residir no Centro Inaciano do Lumiar (Colégio São João de Brito); - P. Francisco Correia, Arquivista da Província; - P. Frederico Cardoso de Lemos, Colaborador nas Paróquias de Nossa Senhora do Amparo, em Portimão, e de Nossa Senhora da Assunção, na Mexilhoeira Grande, em vista da criação da nova comunidade, a erigir no Verão de 2016; - P. Gonçalo Machado, Diretor do Centro Juvenil P. Amadeu Pinto, Caparica; Assistente Nacional dos Gambozinos. Durante o próximo ano, concluirá a “tesina” para a obtenção do título de 2º ciclo em dogmática sacramental (Ateneu Santo Anselmo, Roma); Residirá na Casa S. Pedro Claver; - P. Gonçalo Castro Fonseca, Director-Adjunto do

Centro Universitário P. António Vieira (CUPAV), Lisboa; Residirá na Casa Xavier; - P. Gonçalo Eiró, Ministérios (acompanhamento e formação humana e espiritual); Residirá na Casa Xavier, do Centro Inaciano do Lumiar; I. José Silva Almeida, Ministro da Comunidade da Faculdade de Filosofia e do Secretariado Nacional do Apostolado da Oração, Braga; colaborador na JOEMCA (“Jovens em Caminhada”); colaborador nos dias de reflexão e na catequese, no Colégio das Cadinhas; - P. Luís Maria da Providência, Diretor Espiritual da Comunidade Pedro Arrupe, Braga; - P. Marco Cunha, Colaborador no Secretariado Nacional do Apostolado da Oração (SNAO), Braga; Ministro da Comunidade Pedro Arrupe; - P. Miguel Gonçalves Ferreira, Revisor da Administração Provincial; - P. Mário Garcia, passará a residir na Residência de Nossa Senhora de Fátima, Porto; - P. Paulo Duarte, Colégio das Caldinhas, Areias de S. Tirso.

Ordenações 2015 No passado dia 11 de Julho, a Província Portuguesa da Companhia de Jesus acolheu com entusiasmo o dom de três novos sacerdotes: os padres Fernando Ribeiro, Francisco Campos e Francisco Martins. Natural de Ribeirão, concelho de Famalicão, o P. Fernando Ribeiro entrou na Companhia de Jesus em 2004, e presentemente completa o segundo ciclo de teologia na Universidade de Comillas, Madrid. Companheiro de noviciado do P. Fernando, o P. Francisco Campos é natural de Lisboa, e acaba de terminar estudos em espiritualidade inaciana também na Universidade de Comillas. Completará a Licenciatura Canónica em espiritualidade em Paris. O P. Francisco Martins é natural de Tomar e entrou na Companhia de Jesus em 2005; atualmente estuda Sagrada Escritura em Paris. A celebração decorreu na Sé Nova de Coimbra, um lugar de grande densidade simbólica para os jesuítas portugueses. Ali rezaram, e certamente celebraram as suas ordenações, várias gerações de jesuítas. A missa de ordenação foi presidida por D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, e concelebrada por várias dezenas de sacerdotes

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Promotor vocacional

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jesuítas, por sacerdotes diocesanos e provenientes de outras congregações religiosas. A numerosa assembleia, constituída por irmãos jesuítas, jesuítas em formação, familiares e amigos dos ordinandos, e por muitos amigos da Companhia de Jesus, participou com entusiasmo e em clima de oração neste momento tão significativo para a Província Portuguesa da Companhia de Jesus. Na sua homilia, o Sr. D. Virgílio convidou os ordinandos a agradecer o facto de Deus ter entrado na sua vida e os ter convidado a entrar confiantes no mistério da sua intimidade por meio da fé e pela marca do Espírito Santo prometido. “Diante do mistério do sacerdócio, que nos configura a Cristo, o Filho de Deus [continuou o Sr. D. Virgílio], só pode haver humildade, gratidão e louvor. Não há lugar para honras, afirmações de qualidade ou virtudes, exigências ou reivindicações, pois nós somos o nada, no qual Deus é tudo.” Finalmente, o bispo ordenante exortou os ordinandos a viver o seu ministério sacerdotal com verdadeira humildade e espírito de serviço: “Não sois vós o centro do mundo [afirmou], nem da Igreja, não sois vós a razão de ser das suas atividades, não sois vós o centro da liturgia a que vireis a presidir. Sereis criaturas amadas de Deus criador e servos dos homens e mulheres, irmãos a quem sois enviados, mas também eles criaturas como vós.” No final da celebração o Superior Provincial dos Jesuítas, P. José Frazão Correia, agradeceu às famílias e a todos os que colaboraram na preparação da celebração. Dirigindo-se aos novos sacerdotes, convidou-os a viver com radicalidade e total disponibilidade o voto de obediência, um dos aspetos fundamentais do carisma da Companhia de Jesus. A obediência, recordou o P. Provincial, permite abraçar a missão com total liberdade, e é garante de uma plena identificação com a missão de Cristo e da sua Igreja. A festa continuou no Colégio da Imaculada Conceição, onde uma equipa constituída por companheiros jesuítas e colaboradores da Companhia deu o melhor para preparar uma generosa refeição e proporcionar um belo espaço de celebração e confraternização. A Província Portuguesa da Companhia de Jesus conta, assim, com três novos sacerdotes, que estarão juntamente com toda a Companhia ao serviço da única Missão de Cristo. Bruno Nobre, SJ

Nova Faculdade da UCP No passado dia 5 de junho, em Braga, a Senhora Reitora, Profª Maria da Glória Garcia, deu posse ao Diretor, Prof. Miguel Gonçalves, e à Direção da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais, a nova Faculdade do Núcleo Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa. Esta nova Faculdade dá seguimento ao trabalho desenvolvido pela Faculdade de Filosofia e pela Faculdade de Ciências Sociais, continuando a preservar a especificida-

de de obra apostólica da Companhia de Jesus. A Faculdade de Filosofia foi fundada em 1947, pela Companhia de Jesus, sendo a instituição universitária mais antiga de Braga. Em 1967, tornou-se a primeira Faculdade da Universidade Católica Portuguesa, que se expandiu para Lisboa, Porto e Beiras. Ao longo do tempo, a Faculdade de Filosofia alargou o leque da formação de base em Filosofia e Humanidades às áreas da Psicologia, Ciências da Comunicação, Design, Artes e Património. A Faculdade de Ciências Sociais foi criada em 2001, como expansão da formação da Universidade Católica e dando origem ao Centro Regional da UCP em Braga. A área formativa incluía Serviço Social, Tecnologias, Ciências da Educação e Turismo. A reestruturação do Centro Regional de Braga resulta de uma decisão conjunta da UCP, da Companhia de Jesus e da Arquidiocese de Braga, tendo em conta a proximidade científica das áreas das duas faculdades e “a vantagem da unificação de esforços e recursos, perante os fortes desafios da internacionalização e da prestação de serviços à região”. A união das duas faculdades permitirá dar “continuidade à história e às características de cada uma”.

Primeiros Votos Foi no passado dia 26 de Abril que, na terra dos Arcebispos, João Moreira, sj fez os seus votos de Biénio, na capela do Sagrado Coração de Jesus. Numa cerimónia simples mas intensa, com a presença da sua família, amigos, colaborados e benfeitores da Companhia de Jesus, celebraram-se, em ação de graças, a vida, a vocação e a entrega do João. Esta foi presidida pelo Pe. José Carlos Belchior, sj, Superior da Comunidade do Noviciado, contando também com a presença de vários jesuítas das comunidades de Coimbra, Porto e Braga. Após a Eucaristia a festa continuou com o almoço no Centro Académico de Braga, obra da qual o João é colaborador, prolongando-se pela tarde que, apesar das tensões sentidas com antecipação pelo clássico BenficaPorto, foi um tempo de muita alegria e convívio. Agradecemos ao Senhor a sua alegria constante, o seu testemunho e a sua vontade de se fazer companheiro de Jesus, procurando no seu dia-a-dia seguir, cada vez mais de perto e à imagem de Santo Inácio, o Filho. Rezamos para que o Senhor lhe continue a alimentar o desejo de ser cada vez mais como Ele, concedendo-lhe de forma abundante as graças que mais precisa para até ao fim o cumprir. Carlos Miranda, SJ


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Com o entusiasmo e alegria próprios da região minhota, a Paróquia de Ribeirão, concelho de Vila Nova de Famalicão, celebrou no passado dia 12 de Julho a missa nova do recém-ordenado P. Fernando Ribeiro. A celebração teve início na capela de Santa Ana, de onde o cortejo litúrgico partiu, ao som de foguetes e do repicar dos sinos, em direção à Igreja Matriz. Além de algumas dezenas de sacerdotes, integraram o cortejo o agrupamento de escuteiros, várias confrarias e um grupo de crianças que transportavam cartazes alusivos ao tema do sacerdócio, muitos deles inspirados em discursos do Papa Francisco. Durante a celebração, a Paróquia de Ribeirão exprimiu de muitas formas o seu entusiasmo e o seu carinho pelo P. Fernando: na beleza da música, no belo tapete que deu cor ao cortejo litúrgico, na escultura – uma última ceia – que a comunidade quis oferecer ao P. Fernando como recordação, e nas palavras acolhedoras do Mons. Manuel Fernandes, Pároco de Ribeirão. Na sua homilia, o P. Fernando recordou como a vida cristã é marcada pelo mistério, o mistério de Deus, mas também o mistério das nossas vidas e das nossas vocações. No final da celebração realizou-se o tradicional gesto de beijar as mãos do novo sacerdote, que no dia da sua ordenação foram ungidas com o óleo do Crisma. Seguiu-se uma confraternização, marcada pela alegria e pela generosidade e abundância próprias das gentes do Minho. Bruno Nobre, SJ

O entusiasmo com que o P. Francisco, antes de entrar na Companhia de Jesus, colaborou com a paróquia de Santa Isabel reverberou no entusiasmo e alegria com que a comunidade preparou a celebração. O P. Francisco não celebrava a Eucaristia para uma assembleia anónima, mas envolto por uma rica teia de histórias e relações, o que nos lembra que as vocações cristãs não nascem do vazio, mas no contexto de uma experiência profunda de comunidade. Na sua homilia, o P. Francisco afirmou que pela sua ordenação se tornou pastor. Isto só foi possível, no entanto, graças aos muitos “pastores” – familiares, amigos, catequistas, sacerdotes – que o ajudaram no seu crescimento. Cada um de nós é convidado, afirmou, a recordar com gratidão os muitos “pastores” que cuidaram de nós ao longo da nossa vida. No final da celebração, o P. José Frazão Correia expressou a gratidão da Companhia de Jesus, que pode contar com mais um sacerdote, e revelou aos presentes que, dentro de um ano, o P. Francisco será enviado ao Algarve, onde integrará uma nova comunidade apostólica da Companhia. Por sua vez, o P. José Manuel Pereira de Almeida manifestou a alegria de toda a comunidade paroquial por poder acolher a celebração da missa nova do P. Francisco. Trata-se da segunda missa nova que a paróquia celebrou em cerca de três anos, o que é muito significativo no contexto de uma paróquia urbana da Diocese de Lisboa. Ao tradicional gesto de beijar as mãos do novo sacerdote, seguiu-se um tempo de festa e confraternização marcados pela alegria e por um inspirador sentido de comunhão. Bruno Nobre, SJ

“Recordar os nossos Pastores”

“Compadecer-se”

No passado dia 18 de julho, a Paróquia de Santa Isabel, em Lisboa, acolheu a Missa Nova do P. Francisco Campos. Concelebraram algumas dezenas de sacerdotes, entre os quais os dois companheiros que foram ordenados com o P. Francisco, o Pároco de Santa Isabel, P. José Manuel Pereira de Almeida, e o P. Provincial, P. José Frazão Correia. Além de ter presidido pela primeira vez à Eucaristia, o P. Francisco celebrou o batizado de uma criança, o seu sobrinho Vicente. Este momento marcou a celebração com a esperança e a frescura associadas aos começos da vida e do caminho cristão.

Na sóbria Igreja gótica de Nossa Senhora dos Olivais de Tomar, antigo panteão dos mestres da ordem dos Templários, o pequeno rebelde Francisco, que havia sido expulso da catequese há 25 anos, no dia 19 de Julho, voltou para celebrar a sua primeira missa. As paredes despidas e enrugadas daquele templo encheram-se de rostos e histórias: amigos, conterrâneos, companheiros, familiares, sacerdotes amigos, etc. Depois de um caminho longo, que passou pelo seminário e pela entrada na Companhia de Jesus, pelo estudo da filosofia e da teologia, o P. Francisco regressou à sua terra para dar graças com o povo

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“Vida cristã marcada pelo mistério”

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res migrantes em situação vulnerável e integrá-lo no mercado de trabalho, na área dos serviços domésticos. O galardão foi entregue pela primeira-dama, Maria Cavaco Silva. Além da formação teórica em Serviços Domésticos, Cuidados a Idosos, Cuidados a Crianças, Técnicas de Procura de Emprego, Técnicas Psicoeducativas e de Autoconhecimento, as formandas têm ainda a oportunidade de realizar um estágio em dois lares do concelho de Lisboa. O prémio, instituído em 2012, pretende ser “um incentivo ao reconhecimento do que se faz de bem em Portugal na área da responsabilidade social”. JRS Portugal

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de Deus pelo dom da amizade e do serviço sacerdotal. Poderíamos descrever a afinação do coro, que tanto nos ajudou a rezar, a beleza dos pequenos gestos de carinho, o sentido de serviço dos acólitos, ou ainda a forma como nos sentimos acolhidos por aquela comunidade na voz do seu pároco; contudo, a palavra que guardámos desta celebração vem-nos da homilia: «compadecerse» (mostrar misericórdia). Na sua partilha sobre os textos oferecidos pela liturgia à nossa oração, o P. Francisco, influenciado pelos seus recentes estudos das línguas antigas, realçou que o verbo hebraico «compadecer-se» (mostrar misericórdia) partilha a mesma raiz que a palavra «útero». Ora, segundo a sua interpretação, “ser misericordioso é ser uterino no seu amor, ou seja, é amar como só uma mãe pode amar aquele filho que não a conhece senão a ela”. Assim sendo, “Jesus, o Bom Pastor que se compadece das suas ovelhas, bem mais do que um Mestre ou um amigo, como nós gostamos de o chamar, é como uma jovem mãe cujas entranhas se comovem ao som do bater do coração do filho que vai nascer”. Todos os que ali estivemos nos sentimos compadecidos com a beleza e a profundidade da ação de Deus na vida do Francisco, chamado a ser bom pastor e a servir os seus irmãos e irmãs com misericórdia. A festa prosseguiu e prossegue, porque Deus fez, faz e fará maravilhas, e não desiste de nos chamar a dar a vida. Que o coração-útero de Deus inspire sempre ao P. Francisco gestos de misericórdia e sentimentos de gratidão. Carlos Carvalho, SJ

Casa em ordem O projeto ‘Casa em Ordem’, criado pelo Gabinete de Emprego do JRS-Serviço Jesuíta aos Refugiados, foi distinguido com uma Menção Honrosa do Prémio Maria José Nogueira Pinto em responsabilidade social, no dia 6 de julho, numa cerimónia que teve lugar no Grémio Literário, em Lisboa. O júri, presidido por Maria de Belém Roseira decidiu assim atribuir, além do primeiro prémio, quatro menções honrosas, entre as quais se encontra o projeto do JRS, criado em 2012 em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, com o objetivo de formar um grupo de mulhe-

Primeiro Ministro visita CCSC No dia 17 de junho, o Primeiro Ministro de Portugal, Dr. Pedro Passos Coelho, visitou o Centro Comunitário São Cirilo, no Porto, acompanhado do Sr. Dom António dos Santos, Bispo do Porto, e do P. Lino Maia, Presidente da CNIS-Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade. A visita decorreu de modo muito calmo, revelando o Primeiro Ministro muito interesse nas explicações fornecidas pelo Diretor, P. Filipe Martins, SJ. Enquanto ia visitando as instalações e se ia inteirando da lógica de capacitação implementada no Centro para os seus utentes, foi cumprimentando utentes e voluntários. Pelas 19 horas, deu-se início à sessão formal, com as boas vindas expressas pelo P. Filipe Martins, SJ. De seguida, falaram o P. Lino Maia, o Sr. Dom António e, finalmente, o Senhor Primeiro Ministro, que referiu a disponibilidade da Companhia de Jesus de estar onde faz falta. Acompanharam o Primeiro Ministro o Secretário de Estado e vários responsáveis da Segurança Social. Da assistência constavam vários Diretores de IPSS da cidade do Porto, assim como vários utentes do Centro, a equipa gestora do Centro, voluntários e ainda membros dos Corpos Sociais. No final, o Senhor Primeiro Ministro voltou a falar descontraidamente com algumas pessoas da casa, e saiu pelas 20h30.

Caravana 2015 – Do medo à confiança De 29 de junho a 6 de julho, cinquenta alunos dos três colégios portugueses da Companhia de Jesus – São João de Brito, CAIC e Caldinhas – fizeram de Loyola e Xavier sua casa. Escolhidos para esta peregrinação de entre os trezentos alunos do 11º ano – ou 2º ano do ensino profissional –, aceitaram o desafio de mergulhar nas vidas de Santo Inácio de Loyola e de São Francisco Xavier, percorrendo os espaços que estes habitaram, conhecendo melhor a sua vida e o Cristo que os encantou. Entrar na história de conversão de alguém é pedir para entrar na intimidade da vida de Deus, e tal só se faz tateando o caminho. Com tempos de oração e partilha


todos os dias, conversa espiritual e eucaristia, a Caravana é um descarado desafio a crescer em profundidade, em intimidade, e um atrevido acenar a que a sua vida dê fruto; ser despudoradamente apóstolo. Falando com os nossos peregrinos, rapidamente os vemos destacar dois momentos desta peregrinação: a missa na Capela da Conversão, em Loyola, naquele que foi o quarto de Inácio enquanto era iniciado no discernimento de espíritos; e a missa na capela do Cristo do Sorriso, onde, após comungarem, se deslocaram dois a dois até junto desta imagem e puderam expressar o seu agradecimento pela vida do outro. Um verdadeiro gesto de ação de graças. De que é feito um apóstolo? Das raízes fundas na sua relação com Cristo. A esperança da Pastoral dos Colégios é a de que esta seja uma entrada em profundidade na vida espiritual de cada um, olhando de perto as raízes de Inácio e Xavier. Que estes santos intercedam por todos nós, em particular por estes peregrinos de 2015. José Maria Brito, SJ

Encontro dos padres novos O encontro dos padres novos (padres que ainda não fizeram a Terceira Provação) decorreu em Cernache, em vésperas das ordenações do Fernando Ribeiro, do Francisco Campos e do Francisco Martins. Nestes dias, vivemos bons momentos de partilha tanto de recordações como de ideias para o futuro. Num misto de convívio, ora-

ção e reflexão, orientados pelo nosso assistente e delegado para a formação, o P. Miguel Almeida, partilhámos sobre o último ano, os regressos para quem esteve fora da Província e os desafios que cada um sente em relação ao futuro, nas distintas missões confiadas. Também tivemos um tempo em que, com a ajuda do P. Pedro Rocha Mendes, conversámos sobre a Pastoral Vocacional e Juvenil. Noutro momento, a partir da Carta que o P. Geral escreveu sobre o Apostolado Intelectual, partilhámos o nosso sentir e pensar sobre este tema. Em ambos os tempos, cada um de nós foi livremente comentando o que lhe parece de positivo e o que pensa que há a melhorar ou a modificar, tendo em conta os sinais dos tempos e a realidade da nossa Província. Numa das tardes, visitámos as novas instalações do CUMN, celebrando aí a Eucaristia. Um dos momentos altos foi a conversa que tivemos com o P. Provincial. O P. José Frazão partilhou connosco algumas ideias que poderão ajudar a viver bem as missões que nos são confiadas. Dentro da renovação da Província nos próximos anos com os regressos de muitos companheiros depois de terminar os estudos, incentivounos a continuar a cultivar o espírito de Corpo apostólico que somos. Para tal, há que ter presente dois elementos imprescindíveis: por um lado, o conhecimento interno de Jesus, que nos dá identidade, em humildade, entrega e serviço como e com Cristo; por outro, dentro da linha da identificação com Jesus, a abnegação do “nosso amor, querer e interesse” em nome do bem maior. O P. José Frazão recordou-nos que, ao recebermos seja qual for a missão, estamos ao serviço do corpo apostólico, tendo por isso a responsabilidade da comunicação do modo como estamos a vivê-la. Sabendo que enquanto humanos estamos sempre situados entre os desejos e as cobiças, não devemos descurar da oração e da direcção espiritual para ir afinando o nosso serviço e modo de entrega. Junto à oração, também ajudará ao equilíbrio vital da nossa vida apostólica o cultivo do silêncio, a leitura, a cultura da beleza, nesse lado contemplativo com gratuidade, e a vida fraterna, comunitária. Paulo Duarte, SJ

EJIF 2015 – Caminhar juntos para a Congregação Geral 36ª Hoje em dia, quando alguém entra no noviciado da Companhia de Jesus em Portugal, é-lhe chamada a atenção para o facto de que não está a entrar para a Província Portuguesa da Companhia de Jesus, mas sim para a Companhia de Jesus universal. O jesuíta deve ser perito em disponibilidade, campeão na agilidade de arrancar as suas raízes do local onde está e colocá-las em profundidade no local para onde é enviado, quer seja no seu país, quer seja em qualquer parte do mundo. “Para nascer, Portugal. Para morrer, o mundo.” já dizia o nosso querido P. António Vieira.

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É exatamente para trabalhar esta universalidade do corpo da Companhia que existe o EJIF-European Jesuits In Formation. O EJIF é o encontro anual dos jesuítas europeus que ainda estão em formação. Cada Província da Europa pode enviar ao EJIF dois jesuítas em formação, para que estejam, conheçam e rezem com outros jesuítas da europa durante cerca de um mês, e para que se sintam, cada vez mais, parte deste corpo que é a Companhia universal. O EJIF já teve variadíssimos formatos, desde conferências sobre um tema escolhido a visitas históricas e culturais ao país organizador do encontro, tendo sempre como ponto central 8 dias de Exercícios Espirituais (EE). Este ano o EJIF foi em Espanha sob o tema “Caminhar juntos para a Congregação Geral 36 ”. O mote nasceu da ideia de que uma boa forma de criar relação é passar tempo gratuito com o outro, e que uma peregrinação é a atividade ideal para concretizar isso. Assim, passámos o dia de Sto. Inácio em Bilbao e, no dia seguinte, fomos de autocarro até Irún, de onde começou a nossa caminhada até Loiola, terra natal do P. Inácio, nosso fundador. Para quem percebe de caminhadas, 72km em 4 dias é bastante leve, e a ideia era essa. Caminhámos pela costa norte de Espanha, junto ao mar. Que maravilha. Deus existe. Tudo isto com bastante tempo livre para descansar juntos, ir à praia. Falo por mim, foi tempo para ser eu próprio sem ter que estar numa conferência a parecer inteligente. Caminhámos juntos, cansámo-nos juntos, descansámos juntos, conversámos sobre tudo e sobre nada e sobre Deus, que Se deu a conhecer e nos deu a graça de nos conhecermos melhor, a nós próprios e uns aos outros. E chegados a Loiola o que conta é o caminho. Estar em Loiola é calmo, escava devagar. Inácio cresceu ali, converteu-se ali. Ali, naquele quarto, percebeu que alguém falava, sem perceber bem quem era e o que dizia. Mais ou menos como o russo e eu. Estar ali é silencioso, mas vai fundíssimo. Assim são os EE, e foi ali que os fizemos, ali onde Inácio os começou a fazer. Terminado o retiro, que “guardo no meu coração”, entrámos em força nos últimos três dias do encontro. Foi-nos lançado um desafio: “O que dirias aos eleitores que estarão presentes na Congregação Geral 36ª?”. Lemos, rezámos, conversámos e discutimos e escrevemos

sobre este assunto, trabalhámos em equipa. Foi um bom toque final para o encontro e foi uma ajuda importante para nos preparar para o grande momento que será a Congregação Geral. Penso que posso resumir este encontro com duas expressões bem inacianas, “amigos no Senhor” e “amor à Companhia”. Amigos no Senhor, posso dizer que foi o que fiz, ao conhecer irmãos que saíram de casa, que “largaram pai e mãe”, para vir viver comigo nesta mínima Companhia. O amor que tenho à Companhia cresceu, claro, depois de conhecer tanta gente tão boa, a trabalhar para o Reino, nesta mínima Companhia. Temos malta mesmo boa, tipos alegres e simples e misericordiosos, cheios de amor a Jesus. Voltei mesmo consolado, quero ser jesuíta. Peço ao Pai que haja mais quem queira. O EJIF de 2016 vai ser na Polónia e vai estar integrado no programa Magis e nas Jornadas Mundiais da Juventude. Aí será a Companhia de Jesus universal a sentir com a Igreja universal. Luís Palha, SJ

P. Manuel José Malvar da Fonseca Memória de um companheiro, amigo e apóstolo (N. 21 de Janeiro de 1942 – F. 07 de Agosto de 2015) Quem não recorda o Manuel Malvar, sempre bemhumorado, de porte simples e despretensioso, despreocupado consigo e intensamente solícito pelo bem dos outros? A sua apresentação, um pouco desalinhada, poderia dar a impressão de que do seu Nazaré não viria uma inteligência acima da média e um coração com densidade espiritual e intensa palpitação apostólica. Manuel Malvar nasceu em Mosteiro, Requião, Vila Nova de Famalicão, a 21 de janeiro de 1942, numa família profundamente religiosa. Depois de frequentar a Escola Apostólica em Macieira de Cambra, entrou na Companhia de Jesus em Soutelo, Vila Verde, a 7 de setembro de 1958. O seu Juniorado foi também em Soutelo, estudando Humanidades (1960-1963). Estudou filosofia na Faculdade de Filosofia de Braga (1963-1966). O seu Magistério foi feito em Roma, frequentando o curso de Ciências Sociais na Universidade Gregoriana (1966 1969). Preparando a sua tese em sociologia, passou um ano em Moçambique, sendo também professor na Escola Técnica da Beira (1969-1970). Nos anos 1970-1973, de novo viveu em Roma, estudando Teologia na Universidade Gregoriana, tendo completado os estudos teológicos na Universidade norte americana de Boston College (1973-1974).


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A Missa Exequial, na igreja do Carmo em Braga, foi presidida pelo Arcebispo Primaz D. Jorge Ortiga, com a presença de numerosos sacerdotes, diocesanos e jesuítas, de muitos familiares e amigos. Largas dezenas de paroquianos de Santo André, acompanhados pelo seu Pároco, P. Abílio Raposo, deslocaram se a Braga para esta despedida orante. O seu corpo ficou sepultado no cemitério de Santiago de Antas, Vila Nova de Famalicão. No Manuel Malvar admirámos o seu testemunho de virtudes humanas e cristãs: alegre e bem-humorado, trabalhador incansável com fina sensibilidade social, otimista e inspirador de confiança, pessoa com muitas qualidades mas discreto e humilde, homem de fé sólida e sacerdote zeloso inteiramente dedicado ao serviço das pessoas a quem era enviado em missão. Manuel Morujão, SJ

Encontro da Província No início do mês de Setembro, como tem vindo a ser habitual, teve lugar o Encontro da Província, na Casa da Torre, em Soutelo. Mais de noventa jesuítas, dispersos durante o ano nas mais variadas missões e pelos quatro cantos do mundo, vieram encontrar-se uns com os outros. Sobretudo isso: um tempo de encontro e (re)encontro entre jesuítas que partilham o carisma e a missão. Tendo em conta o Sínodo sobre a Família que se realizará no próximo mês de Outubro, em Roma, o primeiro dia do Encontro foi dedicado a este tema. O P. Rui Nunes, sj, comentou e contextualizou a Relatio da primeira parte do Sínodo, prosseguindo o P. Miguel Almeida, sj, que nos apresentou uma evolução histórica da posição das Igrejas Cristãs relativamente aos divorciados recasados. Na parte da tarde, decorreram uma série de workshops, ainda sobre o tema da família, nos quais os jesuítas presentes partilharam sobretudo as suas experiências pastorais, dificuldades e desafios. Ao final do dia, celebrámos a Eucaristia, presidida pelo P. Francisco Campos, sj – um dos padres recém-ordenados –, cuja homilia nos fez recordar como a identidade do jesuíta se centra na pessoa de Jesus.

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Foi ordenado presbítero a 14 de julho de 1973, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, no Porto, por D. Luís Ferreira da Silva, jesuíta bispo de Vila Cabral (Lichinga), Moçambique. A sua Profissão solene como jesuíta teve lugar a 5 de junho de 1982, em Vila Nova de Santo André. Em 1974, deu início à sua atividade na Província, sendo destinado à Residência de Évora, como Professor do Instituto Superior Económico e Social de Évora (ISESE). Em 1975, a obediência enviou-o para S. Tiago do Cacém, onde foi iniciada a presença da Companhia de Jesus naquela zona, com uma pequena casa em Santo André. O início de um grande empreendimento industrial em Sines começou a atrair muitas pessoas para o local e arredores. Começou como Professor no Liceu de Setúbal e trabalhando, ao mesmo tempo, na pastoral da zona de Sines. Em 1981, mudou de Escola, passando a ser Professor no Liceu de Sines. Em 1987, foi nomeado Pároco das Paróquias de Santa Maria e de Santo André, continuando como Professor no Liceu e na Escola Profissional. De 1993-1995, foi destinado ao Colégio de Cernache (Coimbra), como Superior da Comunidade, Professor e Pároco de Cernache. Em 1995, regressou novamente ao Alentejo, a Santo André. Assumiu novamente o cargo de Pároco das Paróquias de Santa Maria e de Santo André e, uns anos, de Melides. Colaborando diretamente no governo provincial, foi Consultor da Província, de 1994 a 2000. Fundador do jornal «O Leme», foi o seu diretor durante cerca de três décadas. Foi Presidente da direção do Centro Social de Santa Maria e membro do Conselho Presbiteral da Diocese de Beja. Em 2012 parecia que tinha chegado a hora de cumprir um seu antigo sonho: ser missionário, estando prevista a sua mudança para Moçambique. Mas surgiu uma doença que começou a limitar estruturalmente as suas capacidades. Assim, depois de cerca de um ano no INA, nas Caldas da Saúde, em 2013 passou a viver na Enfermaria da Comunidade dos Jesuítas da Faculdade de Filosofia e do Secretariado Nacional do Apostolado da Oração. Teve que percorrer penosa via sacra, pois a sua saúde foi-se deteriorando progressivamente, a ponto de lhe ser muito difícil comunicar nos longos últimos meses da sua vida. Não faltaram cireneus para o ajudar a levar a sua cruz, tanto a nível de enfermagem como a nível fraterno: família e jesuítas. A sua vida terrena terminou na madrugada do dia 7 de agosto deste ano da graça de 2015, estando acompanhado pelo Ir. Enfermeiro, César Francisco. Poderemos considerar que é partir cedo terminar a maratona desta vida aos 73 anos… O agravar se galopante das condições da sua saúde era iluminado por uma vida toda entregue a Deus e ao seu Reino: «Corro em direcção à meta, para o prémio a que Deus, lá do alto, nos chama em Cristo Jesus» (Fl 3, 14).

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O segundo dia foi dedicado a questões internas da Província, com várias breves intervenções de jesuítas ligados a um sector específico. Da parte da manhã, o P. Francisco Rodrigues, sj, atual Administrador Provincial, expôs-nos a situação económica da nossa Província. O P. Vítor Lamosa, sj, e o P. Casimiro Gaspar, sj, explicaram como as regiões de Angola e de Moçambique se estão a vincular às Províncias de África Central e do Zimbabué respetivamente. O P. Filipe Martins, sj, apresentou-nos o que se tem feito em relação ao Apostolado Social. O P. Nuno da Silva Gonçalves, sj, falou-nos da participação de dois jesuítas portugueses na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, uma das atuais prioridades da Companhia de Jesus. No final, o Luís Palha, sj, falou-nos do EJIF deste ano (encontro de jesuítas europeus em formação), no qual participou representando a Província Portuguesa. Pedro Portela expôs o seu testemunho, como leigo empenhado na missão, bem como a proposta “O Relógio da Família”: trata-se de um percurso, baseado nos Exercícios Espirituais, que permite aos casais aprofundar a sua vocação conjugal. Da parte da tarde, o Assistente do Padre Geral, o P. Joaquín Barrero, sj falou-nos, com esperança, dos desafios atuais da nossa missão num mundo cada vez mais secularizado, bem como da preparação que decorre para a Congregação Geral 36ª, que terá lugar em Outubro de 2016, em Roma. Depois, o P. José Frazão, sj, atual Provincial, apresentou-nos o resultado do processo de Avaliação das nossas obras apostólicas, bem como algumas mudanças que se irão realizar e os desafios que se colocam para o futuro. A Missa, presidida pelo Padre Provincial, foi celebrada juntamente com leigos que colaboram na missão e que estiveram presentes no processo de avaliação das nossas obras apostólicas. O Encontro terminou com um convívio no claustro de Soutelo. Foi sobretudo um tempo de encontro, de celebração e de partilha que nos encheu de esperança para enfrentar o futuro que nos é doado. Andreas Lind, SJ

Educadores peregrinam a Santiago Nos dias de 29 de Abril a 3 de Maio, um grupo de 33 educadores dos Colégios dos Jesuítas e alguns familiares e amigos, partiram a pé rumo a Santiago, pelo caminho português, na V Peregrinação a pé a Santiago de Compostela dos Educadores dos Colégios. Partimos de Arcade, em Espanha, de modo a caminharmos ao longo de três dias inteiros. Sempre debaixo de chuva, foram dias de convívio, oração e partilha entre todos. Deus também esteve connosco no caminho, foi-se metendo nas nossas vidas, entre os passos cansados e os silêncios, nas conversas e nas paragens. Tivemos oração pessoal de manhã, Terço em pequenos grupos à tarde e Missa ao final do dia.

O tema da Peregrinação foi “Não nos ardia o coração?”, inspirado no episódio dos discípulos de Emaús. Construiu-se entre o grupo de peregrinos um ambiente de verdadeira união e amizade. Todos se apoiaram nos momentos de mais desânimo ou cansaço. As paragens ajudavam a retemperar as forças, assim como a conhecer-nos melhor uns aos outros. A chegada a Santiago foi uma enorme alegria, sentindo os nossos corações a arder! Ficou a vontade nos peregrinos de repetir a experiência para o próximo ano, já que este tempo de caminho nos marcou individualmente e como grupo. P. Lourenço Eiró, SJ

RPF membro da "CrossRef" O P. Álvaro Balsas SJ, Director da Revista Portuguesa de Filosofia (RPF), informou a comunidade académica de toda a Universidade Católica Portuguesa (UCP) de um facto que se reveste de particular importância para a Faculdade de Filosofia de Braga e para a UCP: a ALETHEIA – Associação Científica e Cultural, proprietária e editora da RPF, foi admitida como sócio membro da CrossRef (Fundação norte-americana que administra e gere no mundo académico a emissão e atribuição a artigos académicos de DOI’s – Identificadores de Objectos Digitais –, a partir dos quais efetua um cruzamento de referências e de avaliação de artigos de investigação de elevadíssima qualidade). Refere o P. Álvaro Balsas SJ a este propósito: «A RPF passou a emitir DOI’s para todos os seus artigos, o que acaba de lhe conferir um incremento notável na sua visibilidade internacional, ultrapassando aquela que já detinha, em virtude das bases internacionais onde está indexada. Em face disto, nas últimas semanas, os artigos da Revista têm sido objecto de uma acentuada procura, por parte da comunidade académica internacional. [...] O estatuto de poder emitir DOI’s foi apenas alcançado por um número muito reduzido de revistas académicas portuguesas, sendo esse número consideravelmente menor na área das humanidades e, na área da filosofia, a RPF é a primeira a deter tal estatuto. [...] A qualificação da RPF como membro da CrossRef permite agora esperar, com fundada razoabilidade, uma decisão positiva da recente candidatura da RPF à Scopus, que uma vez acontecida nos permitirá iniciar o processo de candidatura à Web of Science, da Thomson Reuters, a qual nos contactou directamente por telefone, recentemente, como resultado da nossa assunção à CrossRef.» Ao P. Álvaro Balsas e à equipa que lidera, a ALETHEIA agradece o seu trabalho e dá os parabéns por este facto que beneficia e honra não somente a Faculdade de Filosofia e todos quanto nela trabalham, mas também a Universidade Católica Portuguesa no seu todo e a Província Portuguesa da Companhia de Jesus. José Manuel Martins Lopes, SJ


Encontro de Jesuítas em Formação

"Cuidar da Casa Comum”

Da noite de 12 de julho até dia 15 de julho, os jesuítas em formação da nossa Província juntaram-se em Vila Boa do Bispo, Marco de Canaveses, para o habitual Encontro de Verão. Este ano organizado pelo Carlos Miranda e pelo Samuel Afonso, a agenda apostava num ambiente de descanso com conversas oportunas, promovidas pelos nossos convidados: P. Pedro Rocha Mendes e o P. Provincial. No primeiro dia, o P. Pedro Rocha Mendes desafiou-nos a rezar e a partilhar a nossa própria história de vocação, a forma como Deus nos vai desafiando a aprofundar o mistério deste caminho de intimidade com o Senhor que é a Companhia de Jesus. A conversa que surgiu nessa tarde foi exemplo da esperança que depositamos na Companhia e da vontade que temos, à maneira de Inácio, a desafiar outros a assumir a missão. No segundo dia, o P. Provincial José Frazão convidou-nos a agradecer todos aqueles que têm sido mediadores de Deus na nossa vida, e a olhar em transparência os nossos grandes desejos no seguimento de Jesus, distinguindo de entre eles os que são divinamente inspirados dos meramente cobiçados. E a alegrar-nos, alegrar-nos por sermos sicómoros no caminho dos “Zaqueus” que querem ver Jesus, alegrar-nos com a condição de sermos servos do Senhor, e a não termos medo de acrescentar o adjetivo “inúteis”: é o Senhor que faz, que inspira e que convida; a nós, se não formos obstáculo, cabe-nos ser transmissão da graça. Neste encontro de 2015, foi notório em todos a alegria de estarmos juntos, de sonharmos juntos e o entusiasmo por trabalharmos juntos. Neste encontro tornou-se palpável a união de corações na dispersão que o Senhor nos pede, o sentido de corpo e o entusiasmo pela missão. Nadal, nos seus escritos, refere-se às três graças que um jesuíta recebe, sendo a última a que distingue a de todos os outros cristãos: a gratia societatis. Este é o tempo de agradecer ao Senhor pelo que vem fazendo em nós e na Igreja através da Companhia de Jesus. Que este tempo da graça seja alimento para todas as estações. Nelson Faria, SJ

"Cuidar da Casa Comum: que ecologia? Os desafios da nova Encíclica do Papa Francisco” foi um momento de reflexão, interiorização, tomada de consciência, alegria e preocupação que gera vontade de agir. Mais do que uma conferência, foi um tempo de partilha, de diálogo, de abertura, de dar a conhecer modos de viver de forma refletida, com atenção ao presente e ao futuro, fazendo uso de ensinamentos do passado. Por iniciativa de várias organizações, e porque muitas pessoas no mundo se sentem tocadas em profundidade pela bondade da criação, reuniram-se especialistas de várias áreas*, empenhados e ativos em áreas e de modos diferentes, com um grande Amor pela Terra em que vivemos. Refletiram em conjunto com uma assembleia de cerca de 140 pessoas sobre um texto redigido em linguagem simples, de enorme largueza de visão e capacidade de integração, que não pretende impor a visão da Igreja Católica e antes mostra o desejo de aceitar e integrar a diversidade dos intervenientes neste tema universal. A novidade deste documento está particularmente no tipo de registo, pois é um texto em linguagem normal, em modo de diálogo, dirigido a todas as pessoas da terra e àquelas que a hão-de habitar. O cuidado com os pobres e com a criação são expressão de uma relação de amor para com a terra que nos é dada e para com aqueles que têm menos oportunidades e piores condições de vida. Esta iniciativa consistiu numa chamada de atenção para a situação global, feita tal como se estivéssemos num contexto de família. É este tom de normalidade e acessível que torna o texto do Papa Francisco tão tocante e mobilizador. A forma clara e natural como o P. Michael Czerny enquadrou este documento pontifício no contexto de documentos anteriores e caracterizou com traços largos os papados de João XXIII, Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI apagou a ideia herdada de que os documentos da Igreja são impenetráveis. A grelha de leitura que apresentou suscita a vontade imparável de (re)ler a Laudato Sí. Trata-se de uma encíclica que de facto vai além do mundo católico. Como referiu Elena Lasida, em França, muitos políticos se referiram à Encíclica, para reforçar aquilo a que se sentem convidados e para sustentar que a crise ecológica é uma crise de sentido, moral. Também as seis maiores religiões identificam que a crise ecológica é uma crise de sentido. Por seu lado, o Prof. Filipe Duarte Santos sublinhou que esta encíclica é corajosa no que se refere à mudança climática sobretudo por ter posto em causa a solução de redução de emissões pela venda das emissões, por considerar que essa não é uma boa solução. Esta encíclica impele a Igreja e os cristãos a estarem implicados o que lhes lança desafios a vários níveis, tais como repensar uma teologia da criação, a pastoral, assim como tomar consciência dos impactos da sua forma de estar. A Igreja precisa de olhar para a forma como vive,

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JRS assiste PAR

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nomeadamente os edifícios, o estilo de vida, o consumo energético. Elena Lasida deu um exemplo concreto sobre os encontros promovidos pela Igreja e a sua “pegada”. Para além do lado positivo da união de pessoas, há que analisar os impactos e possíveis melhorias resultantes das deslocações, da alimentação, do tipo de embalagens utilizadas, etc. A Igreja necessita de ter um olhar mais atento, cuidador e responsável sobre os efeitos da forma como vive. *A conferência "Cuidar da Casa Comum: que ecologia? Os desafios da nova Encíclica do Papa Francisco", promovida pela Associação Casa Velha Ecologia e Espiritualidade, em parceria com a Fundação Fé e Cooperação (FEC), a Fundação Gonçalo da Silveira (FGS), a Agência ECCLESIA, a Rede Inaciana de Ecologia e a Rede CIDSE, teve lugar no dia 11 de setembro, no auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Os oradores convidados foram o padre jesuíta Michael Czerny, membro do Conselho Pontifício Justiça e Paz, e colaborador na redação da Encíclica; a investigadora Elena Lasida, Doutorada em Economia e Teologia, Professora do Instituto Católico de Paris, e autora de estudos nas áreas da economia solidária e desenvolvimento sustentável; e o Professor Filipe Duarte Santos, professor na Universidade de Lisboa e coordenador de projetos nacionais e internacionais nas áreas do ambiente e alterações globais. Moderaram a conferência o padre jesuíta Vasco Pinto de Magalhães, que se tem dedicado sobretudo à pastoral universitária e ao acompanhamento espiritual e que é membro da Associação Casa Velha, e a Drª Margarida Alvim, membro da família a que pertence a Casa Velha desde há quatro gerações. A “Casa Velha” pretende promover o contacto com a natureza e ser um espaço de encontro e desenvolvimento pessoal. Desempenha este papel mediante a organização de atividades culturais, sociais e espirituais que promovem o crescimento saudável das relações consigo mesmo, com Deus e com os outros, e o acolhimento de grupos ou pessoas individualmente. A “Casa Velha” tem uma identidade cristã, guiada pelos valores do Evangelho, e uma forte preocupação ecológica. Ana Guimarães

O JRS-Serviço Jesuíta aos Refugiados juntou-se a outras dezenas de organizações da sociedade civil para formar a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), cujo objetivo é unir esforços para dar resposta ao drama vivido por milhares de pessoas que se encontram a fugir de vários conflitos armados, como é o caso da população síria. A ajuda disponibilizada pela PAR, cujo Secretariado Executivo está a cargo do JRS-Portugal, vai dividir-se em duas iniciativas diferentes: PAR Famílias e PAR Linha da Frente. A PAR famílias é um projeto de acolhimento e integração de crianças refugiadas e das suas famílias em Portugal, em contexto comunitário, disperso pelo país, com o envolvimento de instituições locais (IPSS, Autarquias, Associações, Inst. Religiosas, Escolas,…) que assumam essa responsabilidade face a uma família concreta. A PAR Linha da Frente servirá para apoiar as missões da Cáritas e do JRS no Médio Oriente através da criação de uma conta bancária que será divulgada em breve. Neste momento, estão a ser centralizadas todas as ofertas de ajuda que têm chegado, quer estas sejam de alojamento, roupas e outros bens, ou de pessoas que se oferecem como voluntárias e como professoras de português. Todas as instituições que estiverem disponíveis para acolher as famílias, podem inscrever-se em www.refugiados.pt (Voluntariado - Como Fazer?) no formulário destinado às instituições . Quem pretender oferecer-se como voluntário e/ou doar alguns bens pode fazêlo acedendo ao link www.refugiados.pt/voluntariado e preencher o formulário. Muito obrigado a todos pela generosidade! JRS-Portugal

A CASA A CASA - Casa de Atividades Santo Afonso está instalada na antiga casa da Comunidade do Colégio da Imaculada Conceição, numa quinta ampla e verdejante, onde se situam também o Colégio da Imaculada Conceição e o Noviciado do SSmo Nome de Jesus. Foi “batizada” no dia 6 de Setembro, dia da canonização de Santo Afonso Rodrigues, irmão jesuíta porteiro durante mais de 40 anos no Colégio de Palma de Maiorca. Foi escolhido este nome não só porque a casa tem muitas portas de entrada (que recordam o Santo porteiro), mas também porque se trata de um Irmão que viveu a sua vida de modo simples e entregue. Esta designação é uma forma de recordar a todos os que por lá passarem, que a Companhia de Jesus é uma ordem de Padres e Irmãos que marcaram e marcam de forma indelével a história da Igreja e da humanidade. Os quartos, salas, capelas e outros espaços d’A CASA têm nomes que recordam os santos mártires jesuítas, havendo uma pequena referência biográfica em cada espaço. Nos dias que correm, a proposta de santida-


de e o exemplo dos santos pode ser um estímulo e um apelo a viver com maior radicalidade a fé e a entrega. É isso que se espera que aconteça a todos os que forem passando pel’A CASA. A CASA destina-se à realização de Exercícios Espirituais pé-descalço e atividades de cariz formativo e espiritual. Dispõe de 20 quartos, uma capela grande, um oratório, um bar 24 horas com uma pequena loja de livros, uma biblioteca e cozinha. Caso o grupo que utilize A CASA não tenha uma pessoa responsável pela cozinha, poderá recorrer a um serviço de catering que opera na zona. É necessário levar lençóis ou saco-cama e toalhas. No ano letivo 2015-2016, realizam-se os seguintes turnos de EE pé-descalço: - 18 a 21 de Fevereiro | para universitários e animadores de campos de férias - 22 a 25 de Abril | para jovens profissionais (até 30 anos) A CASA pode ser utilizada para atividades de obras dos Jesuítas assim como por outras ordens ou movimentos. Para mais informações, contactar: casadeactividadessantoafonso@gmail.com e consultar https://www. facebook.com/ACASA.

se entrega totalmente ao seguimento de Jesus Cristo é algo que nos enche de assombro e maravilha, é algo que restitui ao mundo a beleza original. Daí o nosso agradecimento ao Senhor, que continua a abençoar a sua Igreja, chamando e movendo ao desejo de O servir nesta “mínima Companhia”. Pedimos a Deus pelo António e pelo seu caminho como jesuíta. Pedimos também “ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe”! Miguel Gonçalves Ferreira, SJ

Votos António Lourenço

Ordenação diaconal

No passado dia 27 de Setembro tivemos em Cernache (Coimbra) a cerimónia dos votos religiosos do António Santos Lourenço, uma óptima maneira de comemorar os 475 anos da aprovação da Companhia de Jesus, ocorrida no mesmo dia, em 1540! A Eucaristia, presidida pelo P. José Carlos Belchior, foi celebrada na Igreja paroquial de Cernache, estando presente um bom número de padres, irmãos e jesuítas em formação. Também estiveram connosco vários familiares de jesuítas bem como a família e amigos do António. A seguir à Missa, as portas do noviciado abriram-se para uma refeição oferecida pela comunidade e adoçada com o contributo de vários amigos. Os votos do António representam o culminar de dois anos de noviciado e a sua entrega definitiva a Deus na Companhia de Jesus. Os votos configuram o modo como um jesuíta se disponibiliza a ser enviado em missão por Cristo, através do seu corpo que é a Igreja. Fazer voto de pobreza é reconhecer que os bens deste mundo são importantes, mas podem ser postos nas mãos de Deus. Fazer voto de castidade é reconhecer que formar uma família é importante, mas isso pode ser posto nas mãos de Deus. Fazer voto de obediência é reconhecer que a liberdade é importante, mas pode ser posta nas mãos de Deus. Os votos são assim uma forma radical de viver o “Tomai Senhor e Recebei”. Trata-se de reconhecer com simplicidade os dons recebidos e voltar a depositá-los com simplicidade e total confiança nas mãos de Deus! Foi muito bonito que a Missa tivesse sido vivida como um momento intenso de oração, ao qual muito ajudou a beleza dos cânticos! Na verdade, haver alguém que

A luz exterior que entra na Igreja de Santo Inácio, em Boston, passa por 12 janelas cujos vitrais dão cor à vida Santo Inácio. Esta originalidade iluminou a ordenação diaconal do Bruno Nobre e de mais nove jesuítas de diversas partes do mundo, no dia 3 de Outubro. A alegria da foi potenciada por um sentimento do corpo universal que é a Companhia de Jesus e a Igreja. Este sentido de comunhão, a luz e a alegria tocaram a família do Bruno, os jesuítas, as famílias e amigos. As palavras do Senhor Bispo Peter Uglietto foram de ânimo e um convite ao serviço e perseverança: percorreu as Sagradas Escrituras para demonstrar que uma das principais mensagens para os ordinandos naquele dia era “Não tenham medo!”. O Senhor Bispo levou a imaginação de todos ao “Senhor dos Anéis”, dando um exemplo de como Samwise Gamgee é imagem do Jesus Cristo cuja mão agarra e não larga o amigo. Finalmente, incitou os novos diáconos a aquecer os corações das pessoas com quem se cruzarão e que servirão e a acompanhá-

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las, com misericórdia, nas suas vidas concretas, tal como o Papa Francisco tem vindo a insistir. Antes do almoço no Boston College, o Reitor da comunidade jesuíta transmitiu claramente o enorme sentimento de gratidão que os homens ordenados diáconos devolvem ao Senhor, à Companhia de Jesus, às respetivas familias e a todos que os ajudam a viver a sua vocação e caminho até ao Sacerdócio. Pedro Cameira, SJ e Francisco Mota, SJ

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Rezar no Caminho de Santiago

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A última novidade do Passo-a-Rezar é o Caminho de Santiago, que consiste numa proposta de oração para os peregrinos de Santiago de Compostela. Com este acompanhamento, o Caminho promete tornar-se mais intenso mas também mais leve. Em "Passos para Mais" pode descarregar o "Caminho de Santiago", constituído por dez ficheiros que podem ser ouvidos a sós ou em grupo, durante uma peregrinação de oito dias a Santiago de Compostela. As meditações são da autoria do jesuíta espanhol José María Olaizola, que é sociólogo, teólogo e escritor, ligado ao projeto irmão do Passo-a-Rezar, "Rezando_voy", e adaptadas para a realidade portuguesa. A interpretação dos textos é dos atores Pedro Luzindro e Soraia Tavares. Também pensando nos peregrinos, a Editorial Apostolado da Oração lançou o GPS do Peregrino, que reúne as duas propostas de peregrinação do Passo-a-Rezar: Passos com Maria e Caminho de Santiago. Este pequeno volume inclui ainda conselhos práticos para preparar a peregrinação: o que levar, como ir, o que fazer ao chegar, orações e um espaço para anotar as impressões dos dias passados na estrada. Um verdadeiro guia para peregrinos em busca de si, enquanto caminham ao encontro de Deus. Esta é já a terceira obra que resulta do Passo-aRezar, um site da responsabilidade do Secretariado Nacional do Apostolado da Oração, que disponibiliza uma oração diária, em formato mp3, com cerca de 10 minutos, tendo como referência um dos textos da liturgia do dia. Além da proposta diária, o Passo-a-Rezar apresenta ainda um conjunto de “Passos para Mais” (retiro, viasacra, exame de consciência…), entre os quais se incluem as peregrinações agora reunidas no GPS do Peregrino. Desta forma, o Apostolado da Oração e o Passo-aRezar pretendem estar a caminho com todos os peregrinos. AG/AO

Passagem – Pasaxe O ensino jesuíta e a revista Brotéria entre Portugal e Galiza No passado dia 25 de agosto, a Câmara Municipal de Caminha apresentou o programa “Passagem – Pasaxe. O ensino jesuíta e a revista Brotéria entre Portugal e Galiza”. Deste programa constaram um conjunto de comunicações, a visualização do filme de Manoel de Oliveira,

“Visita ou Memórias e Confissões”, 1982 e a Exposição “Memórias do Colégio de La Guardia, 1916-1932.” "Com o início da 1ª Grande Guerra, em 1914, o INA muda-se para a Galiza, aproximando-se de Portugal, inicialmente para Pontevedra (Grande Hotel de los Placeres - Marim), e em 1916 para La Guardia, com instalações mais amplas e melhores, adquiridas ao jesuítas espanhóis do Colégio do Apóstolo Santiago, que entretanto se mudam para Vigo, onde fundaram um colégio mais central. O colégio, junto ao embarcadouro de Pasaxe, em La Guardia, fora fundado pelo Pe. Tomás Gomes Carral em 1875..." Rodrigo Pita de Meireles A exposição "Memórias do Colégio de La Guardia, 1916-1932", cuja montagem esteve a cargo da Biblioteca Municipal de Caminha, contou com espólio da Biblioteca do Colégio das Caldinhas e do Museu Padre José Carvalhais e de documentos de coleções particulares de José João Rio Tinto Azevedo (antigo aluno de S. João de Brito) e de Teresa Campos Pimenta. Teve como Comissário o Dr. Rodrigo Pita de Meireles (antigo aluno do INA). Do programa constaram, também, as seguintes comunicações: • "Caminha e o Colégio Jesuíta da Pasaxe e a Revista Brotéria", por Paulo Torres, Historiador, Caminha; • "As coleções científicas dos jesuítas exilados", por Francisco Malta Romeiras, Investigador do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia da Universidade de Lisboa; • "A Guarda, os guardenses e o Colégio Jesuíta da Pasaxe", por José António Uris, Historiador, A Guarda; • " A Educação dos Jesuítas Hoje" por José Manuel Martins Lopes, S.J., Diretor Geral do Colégio das Caldinhas. O encerramento das comunicações coube ao Presidente da Câmara Municipal de Caminha, Miguel Alves, que enalteceu a qualidade do programa e classificou as comunicações como "um momento extremamente enriquecedor (...) e o apelo à história comum A Guarda (...) que marca o que pretendemos para o concelho de Caminha...um concelho mais forte, mais inteligente, mais vivido...E é um orgulho receber o filme de Manoel de Oliveira para a sua 4ª. apresentação pública (…)". E a nós, Colégio das Caldinhas, muito nos honrou participar, apoiar e colaborar neste evento! Maria José Carvalho

Boletim “Jesuítas” O boletim “Jesuítas” é enviado gratuitamente a familiares, amigos e colaboradores. Se desejar contribuir para as despesas de publicação e envio, pode fazê-lo por transferência bancária para o NIB 0033 0000 000000 700 41 84, Millennium BCP, ou mediante envio de cheque em nome de Província Portuguesa da Companhia de Jesus, para Estrada da Torre, nº 26 - 1750-296 LISBOA. Em ambos os casos, solicita-se referência ao Boletim Jesuítas.


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O autor, regressado a Portugal há cerca de 11 anos por motivos de saúde, nunca deixou de sonhar o passado missionário sem deixar de o ser no presente e nas circunstâncias em que se encontra. Por isso, o livro agora apresentado, não se demarca tanto pelas ideias ou teorias, mas sim, pelo desejo de missão em ação, pela fé transformada em atos e pelos sonhos materializados em histórias construídas e partilhadas. O livro, de algum modo, espelha a bagagem afectiva e espiritual que o autor trouxe consigo, aquando do seu regresso a Portugal. Mas uma bagagem que não traduz só experiências pessoais, mas comunhão eclesial e compromisso social, daí que o autor, na composição do livro, procurou envolver tantos quantos se cruzaram com ele no tempo de missionação em Moçambique. Por isso, ainda que o livro tenha um só autor, na verdade são muitos os missionários e moçambicanos que se revêem nele e isso mesmo foi refletido na grande adesão de pessoas presentes na apresentação do livro. No dia 2 de dezembro, em local a acertar, a apre-

AfterSun O lado B da vida – Livres para decidir De 4 a 6 de Setembro, em Cernache, Coimbra, reuniram-se cerca de 500 jovens num grande encontro de juventude intitulado AFTERSUN (depois do sol). O AfterSun seguiu a linha dos anteriores “After” que celebraram São Francisco Xavier (AfterXav - 2003 e 2005), o ano Paulino (AfterPaul - 2008) e a visita do Papa Bento XVI a Portugal (AfterBen - 2010). O AfterSun foi a forma como em Portugal a Pastoral juvenil jesuíta celebrou o ano da vida consagrada oferecendo aos jovens presentes neste encontro “ferramentas” que permitissem alargar os horizontes da vida e fazer escolhas, segundo o evangelho. Do programa, diferenciado em quatro escalões etários entre os 17 e os 35 anos (Jota, Tota, Kota e Super Kota) constavam a abordagem de grandes temas, a saber: A “Santidade de Deus e a finalidade da nossa própria vida”; “Jesus e o seu estilo de vida”; A “Missão de servir e inflamar o mundo”, diversos painéis com testemunhos de jovens casais, religiosos e religiosas, tempos de silêncio e oração pessoal, conversas em grupo e uma tarde de 40 workshops à escolha, para além de momentos artísticos e musicais e duas grandes celebrações: vigília mariana com terço e procissão de velas e a grande missa final presidida pelo Padre Provincial dos jesuítas, José Frazão Correia. O espaço do colégio foi transformado para este momento, criando-se um grande salão/capela para as orações e celebrações comuns, um espaço próprio de recolhimento e adoração ao Santíssimo, um bar-livraria, um espaço “especial” ao ar livre para conversas e confissões, quatro auditórios, dormitórios por escalões etários, etc. Estiveram presentes mais de 30 jesuítas e um pequeno grupo de irmãs Doroteias e Escravas. Carlos Carneiro, SJ

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No dia 18 de Setembro de 2015, teve lugar no auditório do Hospital Pêro da Covilhã a apresentação do livro: “1960-2004: Memórias de um jesuíta Missionário em Moçambique” do Padre José Augusto Alves de Sousa. A razão de ser do local escolhido deve-se ao facto do padre Sousa ser capelão do referido hospital, desde há 11 anos e portanto, este ser a sua ‘segunda casa’ onde exerce os seus ministérios sacerdotais e passa a maior parte do tempo. O auditório do hospital fez-se pequeno para acolher tanta gente que quis assistir à apresentação de um livro de 830 páginas onde cada página espelha 44 anos de vida missionária em Moçambique. O livro foi apresentado pelo bispo da Guarda, D. Manuel Felício, o qual sublinhou e enalteceu o autor como semeador de comunhão eclesial nas encruzilhadas das convulsões sociais e politicas durante os períodos pré e pós-independência de Moçambique.

sentação do mesmo livro será feita em Lisboa, pelo jornalista José Pedro Castanheira. Parabéns e muito obrigado Padre Sousa! Francisco Rodrigues, SJ

c Francisco Ferreira de Campos, SJ

Memórias de um jesuíta Missionário em Moçambique

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Da Companhia em RESUMO Nomeações do Papa Francisco O Papa Franciso nomeou: - o Bispo Lionginas Virbalas, SJ, Bispo Metropolitano de Caunas, na Lituânia; - o P. Paolo Bizzeti (ITA) Bispo e Vigário apostólico da Anatólia (Turquia); será ordenado Bispo no dia 1 de novembro na Basílica de Santa Giustina, em Pádua, Itália. - o P. David E. Nazar (CDA) Reitor do Instituto Pontifício Oriental; - o Ir. Guy Joseph Consolmagno, Diretor do Observatório do Vaticano.

Nomeações do Padre Geral:

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O Padre Geral nomeou o P. Tomasz Kot (PMA) Assistente Regional para a Europa Oriental e Central e Conselheiro Geral. O P. Kot substituirá o P. Severin Leitner (ASR) que desempenhou essas funções até à sua morte em 7 de junho último. O P. Kot inicia a sua nova missão a 1 de outubro de 2015. - o P. Tomasz Michal Ortmann (PMA) Superior Provincial da Província da Polónia do Norte e Mazóvia (PMA); - P. Gian Giacomo Rotelli (ITA) secretário pessoal do P. Geral - o P. Edward S. Fassett (CFN) Secretário para a Colaboração.

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O desafio do Santo Padre No domingo 6 de setembro, o Papa Francisco expressou o seu desejo de “que cada paróquia, cada comunidade religiosa, cada santuário da Europa acolha uma família de refugiados e informou que as duas paróquias da Cidade do Vaticano acolherão cada uma família de refugiados. “Ante a tragédia de dezenas de milhares de refugiados que fogem da morte devido à guerra e à fome… o Evangelho chama-nos a ser próximos dos mais pequenos e abandonados”, disse o Papa, e pediu que o acolhimento das famílias de refugiados faça parte da preparação do próximo Ano Jubilar da Misericórdia que terá início no próximo mês de dezembro.

A crise dos emigrantes - desafios e respostas O JRS-Europa está já a ajudar dezenas de milhares de refugiados. Em Itália, ajuda mais de 30 000 refugiados por ano, servindo comida quente diariamente, oferecendo assistência médica e legal, proporcionando material escolar às crianças, organizando cursos de línguas, entre

outras coisas. Em Malta, uma ilha do Mediterrâneo onde desembarcam muitos refugiados, o JRS presta ajuda aos reclusos e aos que vivem em comunidade. Na Roménia, disponibiliza assistência legal, alojamento, aulas de línguas e outros serviços aos refugiados, entre eles aos refugiados da Síria. Na Macedónia, o JRS tem uma casa para as famílias de refugiados. Na Alemanha, oferece assistência legal aos ameaçados de deportação. O presidente da Conferência de Provinciais Europeus, P. John Dardis, convidou os jesuítas europeus a responder ao chamamento do Santo Padre para atuar durante a crise dos refugiados. Na sua carta, o P. John Dardis sugere passos concretos a dar e escreve: “Animo os Superiores Maiores a considerar a melhor maneira de promover uma política humana, solidária e aberta nos países das suas Províncias ou Regiões. Os Superiores podem convidar os jesuítas em formação para que sejam voluntários em albergues de refugiados como parte do seu apostolado semanal. Poderiam os nossos colégios preparar seminários de sensibilização para professores, pais e alunos e, em alguns casos, abrir as suas portas para albergar refugiados? Algumas das nossas universidades têm centros de direitos humanos e migrações, ou peritos em doutrina social da Igreja. Temos que utilizar esta experiência agora na nossa análise da situação. Poder-se-ia trabalhar em conjunto, talvez sob a coordenação do JRS, para refletir e planificar ações? As nossas paróquias poderiam organizar um “Domingo da solidariedade”, em que um refugiado ou um representante dos nossos gabinetes do JRS Europa fale nas Missas?”

Escola Secundária Loiola A 8 de setembro de 2015, a Escola Secundária Loiola, acabada de construir, abriu as suas portas a 144 novos estudantes. O Diretor da instalação da escola, P. Peter Henriot explica: “A escola foi construída em Kasungu, uma área rural pobre a 120 km da capital, onde há uma grande escassez de boas escolas. A Escola Secundária Loiola é parcialmente subvencionada pelo Governo do Malawi, que assegura o pagamento dos salários dos professores assim como alguns outros recursos. Isto permitirá reduzir as propinas para um valor muito mais baixo do que o de uma escola privada”. O P. Henriot acrescentou que “numa época em que a igualdade de género é tão essencial para o desenvolvimento integral, é uma escola mista onde se pretende que as vagas sejam repartidas equitativamente entre rapazes e raparigas. A educação de raparigas vai incidir sobre muitas famílias pobres. Sendo um internato, o objetivo é disponibilizar 25% das vagas aos rapazes e raparigas da área local de Kasungu. Esperamos que muitos destes venham da escola primária subvencionada que a nossa paróquia de jesuítas abriu recentemente para oferecer aos mais pobres da zona a oportunidade de estudarem.


De mochila às costas e com o coração nas mãos de Deus... O Campo de Viajantes foi um “mix” que incluiu, em simultâneo, a experiência de peregrinação e os Exercícios Espirituais, ou seja, peregrinámos e exercitámo-nos espiritualmente. Durante estes dias, peregrinar foi muito mais do que fazer um caminho, do que chegar a um santuário. Foi mesmo mais do que experimentar a simplicidade do despojamento e a liberdade que nos escapa diariamente nos stresses e na emergência do banal de cada dia. Foram dias de um exercício em que cada um se envolveu totalmente, o corpo e o espírito, para que fosse o homem todo a fazer a peregrinação e não apenas o seu corpo ou apenas a sua alma. Tudo aconteceu “esmagados” pelo esplendor das paisagens do País Basco, desde o dia 26 até ao dia 31 de julho. O caminho inaciano, percurso assim batizado, tem 1000 Km, dura cerca de 1 mês e vai de Loiola (País Basco) até Manresa (Barcelona). Reproduz o itinerário que o próprio S. Inácio fez, “só e a pé”, procurando a vontade de Deus para a sua vida. Nós fizemos apenas quatro etapas deste caminho (76 Km ao todo: Alda – Araia; Araia – Arantzazu; Aranztazu – Zamurriaga; Zamarriaga – Loiola), andando ao contrário, para chegarmos a Loiola e festejar, nesta terra, o dia de Santo Inácio, a 31 de julho. Para proveito de todos, S. Inácio não guardou só para si tudo o que foi vendo, pensando, sentindo, humana e espiritualmente, ao longo do seu caminho. As suas notas, os textos que foi rezando, as parábolas que inventou, etc., tudo o que foi anotando naquele Caderninho e em particular as notas tiradas durante a sua estadia em Manresa, deram origem ao livro dos exercícios espirituais. Também nós seguimos os passos de S. Inácio e fizemos os Exercícios Espirituais, orientados pelos Padres Carlos Carneiro, Miguel Almeida e Pedro Rocha Mendes: quatro tempos de oração diários, em silêncio total, precedidos de uma breve proposta espiritual, celebração da Eucaristia e o exame de consciência inaciano depois do jantar. De manhã, éramos lançados ao caminho com uma oração dirigida pelo E. João Moreira,SJ e, ao longo do dia

apoiados pelo Ir. Miguel Bacalhau, SJ e pelo E. António Pamplona, SJ. Por um lado, cada um caminhou por si mesmo, experimentou o silêncio total e até a solidão; por outro, ninguém foi sozinho e todos fomos convidados a deixar as nossas seguranças e os nossos amigos para nos abrirmos aos desconhecidos com quem caminhávamos e certamente por quem Deus nos quis falar. Mas a grande abertura, que só o silêncio permite, foi ao próprio Deus que nos moveu por dentro e por fora, enchendo-nos de moções e emoções. Mas porque fomos fazer estes EE? Simples! Quisemos calcorrear os caminhos de Iñigo, caminhos que o levaram a escrever o tal livrinho. Assim, já com este enorme património, pudemos também nós deixar que Jesus escrevesse o nosso próprio livrinho, permitindo-nos fazer, tal como Santo Inácio, um caminho interior. No fundo, para darmos oportunidade ao nosso coração de perceber o que Deus faz em cada pessoa quando encontra em cada um abertura e disponibilidade. Durante o tempo que estivemos em Loyola, particularmente na capela da Conversão e no hospital da Madalena, verificámos como Inácio conseguiu entregar as suas “feridas” a Deus. Para ele, o caminho não foi só busca, nevoeiro, cansaço. Foi encontro, luz, cura. Foi assim também que cada um de nós entregou a Deus todas as ataduras das suas batalhas e a partir de Loiola começou um caminho que não tem data de acabar. Para mim, que estive na equipa logística do encontro, fui bebendo das partilhas dos caminhantes, uma vez que não pude fazer o caminho. Ainda assim, foi uma experiência muito bonita de serviço e de sentido de corpo e cheia de graças a dar. A equipa de jesuítas foi uma bênção e durante o caminho respirámos Companhia de Jesus. Acho que nós os seis podemos dizer que foi uma alegria muito grande sonhar e concretizar este Campo de Viajantes, seja pelo bem que pudemos fazer nos leigos, seja pelo bem que recebemos nós, uns dos outros, fortalecendo este grande corpo da nossa mínima Companhia. Ficam aqui quatro testemunhos de quatro “viajantes” que se foram abandonando ao longo do caminho. António Pamplona, SJ

c Débora Duarte

Campo de Viajantes | EE a andar a pé

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Sentir e SABOREAR

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Sentir e SABOREAR continuação

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No início, a proposta parecia simples: fazer exercícios espirituais trilhando os caminhos calcados pelo próprio Santo Inácio nos arredores de Loyola, quando partiu em busca da sua conversão. Para um amante da natureza e das montanhas, como eu, e admirador da vida de Inácio de Loyola, estavam reunidas as condições ideais para uma grande peregrinação. A alguns dias da partida para o País Basco, interroguei-me, no entanto, se esta não seria uma proposta contraditória. Se por um lado íamos fazer o caminho ao contrário (o óbvio seria ir na direção de Barcelona), por outro lado éramos convidados a uma fazer a experiência interior de encontro com Deus que Santo Inácio viveu e nos deixou num livro escrito nas grutas de Manresa, ou seja, no final da sua grande caminhada. Parecia que estávamos a fazer tudo ao contrário. Afinal, para imitar Santo Inácio, deveríamos sair de Loyola e apontar para a Terra Santa… Não podia estar mais enganado, em tanta coisa ao mesmo tempo, e cedo percebi que o caminho exterior e o caminho interior coincidiam na perfeição e esta complementaridade tornou a experiência inesquecível. Os Exercícios Espirituais resultam de um “caminhar na direção oposta”, numa retrospetiva da Vida com o olhar de Deus. Apontar para Loyola significava entrar nesta lógica de voltar atrás e perceber onde e como tudo começou na vida deste homem. Para ajudar a rezar não houve a habitual serenidade de uma casa de retiros, mas uma envolvência paisagística e humana feita à medida de cada ponto de oração. Percursos austeros, subidas difíceis, horizontes relvados infinitos, testemunhos de hospitalidade e de Fé, estes quatro dias tocaram e transformaram a vida de 47 peregrinos, a minha incluída. A proposta revelou-se exigente, mas gratificante: fazer exercícios espirituais trilhando os caminhos de Fé já calcados e abrindo novas portas para uma grande conversão. João Melo, Coimbra c Tiago Gualdrapa Soares

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c Débora Duarte

Já há vários meses que o “bichinho” de fazer este caminho com Ele foi surgindo nos nossos corações. Na abertura do CAB, o Campo de Viajantes apresentou-se já como uma proposta para o Verão de 2015 e, sem saber muito bem do que se tratava, “pelo sim pelo não”, as agendas ficaram com esta data bloqueada. A experiência dos Exercícios Espirituais tem marcado as nossas vidas e, nos últimos anos, tornouse imprescindível pararmos, para que Ele faça nossa, a Sua Vontade. Deste modo, o gosto pela aventura e pela natureza aleou-se à necessidade que cada um tinha em estar a sós com Deus. Partimos para a aventura no dia 26 de Julho com um só desejo: poder crescer um pouco mais no Amor de Deus. Às 8h, no CREU, juntamente com as nossas famílias, foi tempo de agradecer esta oportunidade com uma eucaristia, e entregar-Lhe esta nossa aventura. Foram várias as etapas, Alda, Araia, Arantzazu, Zamurriaga e, por fim, Loiola. Todas elas com nomes difíceis de decorar, mas com paisagens e histórias que dificilmente sairão das nossas memórias. O caminho nem sempre foi fácil, escalando montanhas interiores e exteriores. A experiência foi nova para todos e aos poucos Deus foi-se revelando, criando uma cumplicidade no grupo difícil de traduzir. Tendo chegado a Loyola, lugar onde S. Inácio começou o seu caminho, este revelou-se o nosso novo ponto de partida. A pequenez sentida no quarto de S. Inácio é tal, que nos impele a uma só atitude: agradecer, agradecer e agradecer ainda mais! A Ele, em primeiro lugar, e depois a todos os que sonharam e tornaram possível esta experiência. Não sabemos se esta aventura se voltará a proporcionar, mas uma coisa é certa, valeu muito a pena arriscar, colocar a mochila às costas e o coração nas mãos de Deus. Crescemos interiormente e estamos prontos a continuar o caminho com Ele. Obrigado! Olga Couto e Paulo Cardoso, Famalicão


Sentir e SABOREAR continuação

c Tiago Gualdrapa Soares

"Uma peregrinação até Loiola? Nunca fui a Loiola, e não consegui ir à peregrinação dos centros! Ótimo!”. Era este o meu pensamento quando me inscrevi… Quando soube o que realmente era, sofri por antecipação: não sei rezar a andar, não me apetece andar em silêncio, não quero estar uma semana calada! Eram Exercícios Espirituais a andar a pé e eu com vontade negativa. Apesar de não me apetecer, fui na mesma. Decidi que, para além de ir, queria ir de coração aberto. E assim foi. Entrei muito bem: no principio um bocado dispersa mas fui-me consciencializando que estava a pisar caminho que Sto. Inácio pisou e isso ajudou-me muito a focar. No fim de cada hora de oração, anotava apenas as conclusões e/ou palavras-chave daquilo que tinha estado a rezar e gostei imenso! Enquanto andava, a cabeça ia dando nós e desfazendo outros. Passei por consolações e desolações e finalmente chegámos ao albergue onde íamos ficar, em Loiola. Foi uma imagem incrível: um jardim muito bem arranjado e muito calmo, a acabar na Basílica de Santo Inácio. Tudo à boa maneira jesuíta: muito simples, mas incrível por ser tão simples! A partir desse momento tudo foi uma emoção: a oração e a nossa missa no quarto de Sto. Inácio, a visita guiada à casa, o fogo-de-artifício das festas em honra a Santo Inácio, a missa na basílica com a comunidade (com os "nossos" padres a concelebrar) … Olhando agora para o que vivemos nesta semana, só consigo agradecer a Deus a vida deste homem que era “louco por Cristo”, a Companhia de Jesus na minha vida e esta organização espetacular! Cuca Andrade e Castro, Santarém

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c Tiago Gualdrapa Soares

Começaram os preparativos….mochila (apenas o essencial): check! Caderno e caneta: check! Vontade de encontrarme com Deus neste caminho: check! A viagem pôde dar início! Com espírito aberto, vontade firme e desejo de Deus, pus-me a caminho. Até onde? Loiola, claro! O caminho inaciano reproduz o itinerário que o próprio S. Inácio fez, “só e a pé” procurando a vontade de Deus para a sua vida. Por isso, só e bem acompanhada, fiz esta experiência de peregrinação e Exercícios Espirituais. Neste caminho experimentei o silêncio total e até a solidão, olhando em redor e ver-me apenas a mim e ao mundo, sentindo viva a presença de um Deus que quer trabalhar em mim. Mas neste percurso não estava sozinha, pois todos fomos convidados a deixarmos as nossas seguranças, as nossas férias, os nossos amigos e família para nos abrirmos aos desconhecidos com quem peregrinámos e certamente por quem Deus nos quer falar, ajudando-nos uns aos outros e pondonos a servir nas horas de maior cansaço. Mas a grande abertura veio do silêncio que escuta, do encontro que me moveu por dentro e por fora, enchendo-me de imensas emoções. Sentir-me peregrina, como Santo Inácio, chegar à terra do homem que se designava a si mesmo como o peregrino e fez milhares de quilómetros à procura de Deus e da sua vontade; poder encontrar Deus em tudo o que me rodeava: nas dificuldades do caminho, na brisa suave que me refrescava, na imensidão do lago azul, nas folhas que pisava, no nevoeiro que me envolveu no cimo da montanha ou na mão de um amigo que me dá força para continuar o caminho, encheu-me o coração de paz e de alegria. Como foi bom este reencontro com Deus, de escuta profunda que me leva a um desejo de mudança e de compromisso na minha vida e oração pessoal do dia-a-dia. Como foi tão bom poder confirmá-lo no mesmo sítio onde Santo Inácio se entregou a Deus, dizendo apenas: “Tomai Senhor e recebei!” E assim termina esta viagem, apenas nas montanhas dos Países Bascos. Creio que, como eu, todos estes peregrinos continuam uma caminhada interior, vivendo e desejando viver como Santo Inácio: em tudo amar e servir. Marta Cardoso, Évora

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Servidores da MISSÃO DE CRISTO “Lembra-te de que és terra”

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formando o modo como compreendemos e habitamos a realidade. Mudou a forma como nos entendemos a nós mesmos e nos situamos diante da criação, dos outros e, naturalmente, de Deus. Como defendeu Walter Ong, linguista e jesuíta, a tecnologia é interiorizada pelo ser humano a ponto de transformar a sua consciência. Daí ser tão importante escutar o alerta feito pelo Papa: É preciso reconhecer que os produtos da técnica não são neutros, porque criam uma trama que acaba por condicionar os estilos de vida e orientam as possibilidades sociais na linha dos interesses de determinados grupos de poder (LS 107). Como surgiu o paradigma tecnocrático? De que modo contribuiu para a crise ecológica, antropológica, mística, social e económica denunciada pelo Papa Francisco na sua encíclica?

Legado da modernidade e da pós-modernidade c Franco Origlia

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Um pedaço de terra. O sopro criador vindo de Deus (cf. Gn 2, 7). Assim se descreve, num dos relatos bíblicos da criação, o começo da aventura humana. Logo depois, o ser humano é colocado num lugar em que deve trabalhar e de que deve cuidar: o jardim do Éden (cf. Gn 2, 15). Ao confiar-lhe esta missão, Deus estabelece um limite ao ser humano, ordenando-lhe que não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal (cf. Gn 2, 16). Contemplando a realidade de um mundo com acentuados desequilíbrios sociais, ambientais e económicos, não é difícil concluir o quanto nos elevamos acima da terra, o quanto passámos de cuidadores a usurpadores com tiques de senhorio e o quanto nos custa assumir com humildade o limite próprio de sermos criaturas e não o Criador. Parece ser esta a inquietação que levou o Papa Francisco a publicar a primeira Carta Encíclica do seu magistério totalmente escrita pelo seu punho. Laudato Si – Louvado Sejas - (LS) insere-se na tradição de documentos papais em que se desenvolve a Doutrina Social da Igreja. Tradição que foi iniciada, no final do século XIX, pelo Papa Leão XIII. Sem iludir a raiz e o horizonte teológico da sua proposta, o Papa Francisco dirige-se a cada pessoa que habita neste planeta (LS 3). Salta os muros da Igreja. Procura sensibilizar a humanidade para a necessidade de cuidarmos de uma casa comum habitada por todos.

c Ana Rita Fernandes

Sobre a Carta Encíclica Louvado Sejas

Problema e Suas Origens O que terá levado o ser humano a esquecer-se que é terra? A encíclica LS explica como o paradigma tecnocrático tem vindo a moldar a consciência humana. A tecnologia não é um simples conjunto de ferramentas com o qual agimos sobre a realidade. Desde os utensílios de recoleção e caça, passando pela escrita e seus apetrechos, chegando aos sofisticados telemóveis com que hoje comunicamos, a tecnologia tem sido uma forma do ser humano estender os seus limites. Não se trata apenas de dominar uma superfície mais ampla de território, de armazenar mais informação ou de ser capaz de comunicar de um modo mais eficaz. Cada uma destas tecnologias foi trans-

A Filosofia própria da Idade Moderna (em especial a partir do século XVII) ajudou-nos a valorizar a liberdade e a autonomia e com isso teve um papel importante na defesa da dignidade do ser humano e dos seus direitos. Mas, ao mesmo tempo, contribuiu parcialmente para que a natureza fosse entendida como um mero objeto, objeto esse cada vez mais manipulável e passível de ser circunscrito pela ciência e pela técnica. Simplificando, podemos dizer que, na modernidade, a natureza foi perdendo o encanto que a revestia de uma certa aura. Habitando-a, o ser humano reconhecia a presença do mistério, mantendo reverência diante dela e servindo-se dos seus bens com alguma sobriedade. São Francisco de Assis é o expoente máximo deste modo reverente de se situar diante da criação. Contudo, como sugere o Papa, o ser humano deixou de estender a mão para receber o que a natureza lhe dá, para passar a impor a sua mão à natureza extraindo dela recursos que imagina infinitos, sem se dar conta da realidade limitada que tem à sua frente (cf LS 106). A isto se associa a ideia de um progresso e cresci-


São variadas as consequências desta mentalidade míope a que o Papa alude e que está na origem de muitos dos desequilíbrios ambientais por ele referidos. Por um lado, centrado em si mesmo, o ser humano age sem uma real consciência dos seus próprios limites e não usa o seu poder de forma suficientemente responsável. (Cf. LS 105). Tal poder é-lhe conferido pela técnica, pela ciência e pelo controlo de mecanismos financeiros e económicos. Todos estes instrumentos humanos, quando mal orientados, podem provocar consequências nefastas. O consumo exagerado de bens, a exploração de recursos naturais de países mais frágeis, o desperdício de água e a sua progressiva privatização, a perda da biodiversidade, a emissão descuidada de gazes poluentes, os problemas em torno do aquecimento global são alguns dos exemplos apontados pelo Papa Francisco. Tudo isto tem contribuído para um modelo de desenvolvimento que leva ao aumento da injustiça social e ao aumento do fosso entre os paí-

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Que consequências?

ses economicamente mais ricos e aqueles a quem é negado o acesso a um desenvolvimento harmonioso e sustentado em que a vida humana se possa desenvolver de um modo digno. Efetivamente, lembra-nos o Papa, “há uma verdadeira «dívida ecológica», particularmente entre o Norte e o Sul, ligada a desequilíbrios comerciais com consequências no âmbito ecológico e com o uso desproporcionado dos recursos naturais efetuado historicamente por alguns países” (LS 51). Por outro lado, este antropocentrismo é acompanhado por um crescente desprezo no que respeita à dignidade da vida humana. O ser humano tanto se coloca em bicos de pés, como sofre de uma assombrosa amnésia no que respeita à sua dignidade. E mesmo os maiores defensores da natureza não estão imunes a tal esquecimento. O documento pontifício manifesta o seu espanto quanto ao facto da defesa da natureza não ser, muitas vezes, acompanhada pela defesa da vida humana no momento de maior vulnerabilidade: o embrião (cf. LS 120). O texto papal chama ainda a atenção para a necessidade da dignidade da vida humana ser defendida de um modo integral e transversal. Numa abrangência desafiadora e pouco usual, o Papa Francisco refere aspetos como a defesa do património cultural, a necessidade de criar cidades habitáveis (cf. LS

c Nuno Silva Gonçalves, SJ

mento económicos ilimitados entendidos como solução para todos os problemas da humanidade. A dessacralização da natureza foi parcialmente aprofundada na pós-modernidade em que vivemos. Este período tende a valorizar a cultura e os valores aí acordados como instância única de criação e avaliação da realidade, da natureza e da própria pessoa. Assim sendo, as sociedades contemporâneas têm uma enorme dificuldade em reconhecer a existência do “livro da natureza (…) único e indivisível” (Bento XVI citado em LS 6) com uma lei própria que não foi criada por nenhum ser humano ou cultura. A pós-modernidade tem uma crescente incapacidade de aceitar que “o homem não se cria a si mesmo (idem)” mas que é parte da natureza e que está sujeito à lei dessa mesma natureza. Deste modo, é fácil compreender a razão pela qual o Papa considera existir uma raiz humana para a crise ecológica (cf. Capítulo II LS).

c K Connors

Servidores da MISSÃO DE CRISTO continuação

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Servidores da MISSÃO DE CRISTO continuação

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Caminho e Desafios

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Partindo da Sagrada Escritura, o Papa desafianos a procurar uma resposta à crise ecológica coerente com a visão cristã. Deste modo, recordando-nos que somos imagem de Deus, alerta-nos para a impossibilidade de reduzirmos o ser humano à categoria de um objeto manipulável e desprovido de dignidade (cf. LS 81). Toda a criação entendida como um “dom que vem das mãos abertas do Pai de todos, como uma realidade iluminada pelo amor que nos chama a uma comunhão universal (LS 76) ” deve estar a salvo de uma atitude altiva que a reduza a um objeto de análise, compreensão e gestão. É necessário habitar a criação de um modo novo. A Encíclica Louvado Sejas coloca-nos a caminho desse novo paradigma: “o ser humano, dotado de inteligência e amor e atraído pela plenitude de Cristo, é chamado a reconduzir todas as criaturas ao seu Criador (LS 83).” Iluminados pelo olhar de Jesus, somos convidados a referir toda a realidade ao Pai, a perscrutar na natureza o ritmo do reino, a aprender a relação justa com os bens criados, a agradecer a abundância dos dons de Deus, a assumirmo-nos como seres de comunhão interdependente. É possível sintetizar em três, os desafios lançados pelo Papa como forma de percorrer este caminho de conversão. Um primeiro desafio é o de uma mudança de estilo de vida que não se resuma a aderir à reciclagem. Precisamos de cultivar uma vida humilde e agradecida. Os bens da criação são-nos confiados, não nos pertencem. A propriedade privada deve estar subordinada ao destino uni-

versal dos bens (cf LS 93), garantindo que todos recebem o que a sua dignidade exige. Para ajudar a cultivar este hábito de gratidão e partilha, o Papa propõe aos crentes que retomem a bênção da mesa, como modo de reconhecer a sua dependência de Deus e necessidade de cuidar dos mais pobres (cf. LS 227). Outro desafio é o de avaliar o mundo globalizado partindo de uma ecologia integral que abranja as múltiplas dimensões do ser humano e afirme a realidade do dom. Importa que as diferentes áreas do saber (da economia à tecnologia) se perguntem como esta ideia do dom as pode moldar e transformar. Desta forma, pode também emergir um novo paradigma de ação política, enquanto forma de cuidado pelo bem comum e de abertura ao diálogo. (cf LS 189-198). Finalmente, é possível identificar um desafio lançado à educação: ser motor da conversão ecológica. Isto implica a reeducação de padrões de consumo sabendo que o meu próximo também é o que está longe e é afetado pelo meu modo de comprar. Como lembra o Papa, precisamos de aprender um equilíbrio que seja simultaneamente interior, solidário, natural e espiritual (cf. LS 209 e 210). Desta forma, a educação ambiental pode “predispor-nos para dar este salto para o Mistério, do qual uma ética ecológica recebe o seu sentido mais profundo” (LS 210). Para percorrer este caminho reaprendendo a ser terra, importa reouvir o apelo do Patriarca Ecuménico Bartolomeu que o Papa Francisco menciona logo no começo da sua Encíclica: “Passar do consumo ao sacrifício, da avidez à generosidade, do desperdício à capacidade de partilha, numa ascese que «significa aprender a dar e não simplesmente a renunciar». É um modo de amar, de passar pouco a pouco do que eu quero àquilo de que o mundo de Deus precisa” (LS 9). José Maria Brito, SJ

c Diego Chicaiza

143) e de defender a especificidade de cada cultura (cf. LS 144). São significativas as referências à urgência de proteger o acesso a um trabalho digno que permita uma relação justa com toda a criação. (Cf. p. ex. LS 127; 128; 183.)


Meios que unem O INSTRUMENTO COM DEUS

Outubro

Dezembro

Exercícios Espirituais

Exercícios Espirituais

3 DIAS 01 a 04 | pé descalço, com o P. Nuno Branco 01 a 04 | em Soutelo, pé descalço, com o P. António Valério 15 a 18 | no Rodízio, pé descalço, com o P. Gonçalo Castro Fonseca 15 a 18 | no Rodízio, com o P. Gonçalo Eiró 15 a 18 | em Soutelo, com o P. Mário Garcia

3 DIAS 04 a 07 | no Rodízio, com o P. Hermínio Vitorino 17 a 20 | no Rodízio, com o P. António Vaz Pinto 17 a 20 | em Soutelo, pé descalço, com o P. Carlos Carneiro e o E. João Sarmento, SJ 18 a 21 | pé descalço, com o P. João Goulão 18 a 21 | em Soutelo, pé descalço, com o P. Miguel Almeida

4 DIAS 14 a 18 | no Rodízio, com o P. José Maria Brito

4 DIAS 04 a 08 | no Rodízio, com o P. Hermínio Vitorino 04 a 08 | no Rodízio, com a Ir. Isabel, a Ir. Lisete e o P. Manuel Morujão, SJ

Novembro Exercícios Espirituais

EE de discernimento em comum; sairá programa próprio

04 a 08 | em Palmela, com o P. Carlos Azevedo Mendes 04 a 08 | em Soutelo, com o P. Carlos Carneiro 18 a 22| em Soutelo, com o P. Vasco Pinto de Magalhães 5 DIAS 26 a 31 | em Soutelo, com o P. Rui Nunes

3 DIAS 05 a 08 | em Soutelo, com o P. Fernando António 12 a 15 | na Casa Velha, com o P. António Sant’Ana e Engª Margarida Alvim 12 a 15 | no Rodízio, com o P. António Júlio Trigueiros 12 a 15 | no Rodízio, com P. Nuno Tovar de Lemos 12 a 15 | em Soutelo, com o P. José Maria Brito 12 a 15 | em Soutelo, com o P. Marco Cunha 26 a 29 | em Soutelo, com o P. Filipe Martins

6 DIAS 26 a 01 jan | no Rodízio, com o P. Gonçalo Eiró

4 DIAS 11 a 15 | no Rodízio, com o P. Domingos de Freitas

Exercícios Espirituais

8 DIAS 07 a 15 | em Soutelo, com o P. Luís Maria da Providência

8 DIAS 10 a 18 | em Soutelo, com o P. Fernando António

Janeiro 3 DIAS 14 a 17 | Soutelo, com o P. José Frazão Correia 21 a 24 | no Rodízio, com o P. António Júlio Trigueiros, 21 a 24 | no Rodízio, com o P. António Vaz Pinto 21 a 24 | no Rodízio, com o P. Mário Garcia 21 a 24 | em Soutelo, com o P. José Carlos Belchior 21 a 24 | em Soutelo, com o P. António Valério 28 a 31 | em Palmela, com o P. Nuno Tovar de Lemos 28 a 31 | na Costa Nova, com o P. António Sant’Ana 8 DIAS 04 a 12 | em Soutelo, com o P. Marco Cunha

Consulte o programa anual em www.jesuitas.pt

boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Maio/Setembro 2015

8 DIAS 15 a 23 | em Soutelo, com o P. Luís Maria da Providência

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