JESUÍTAS
Boletim . nº 352 outubro/dezembro 2014
Informação aos amigos
SIPEI Pedagogia e Espiritualidade Inacianas
JRS acompanhar, servir e defender
FGS ao serviço do desenvolvimento humano e integral
AO uma proposta para hoje e para todos
JESUÍTAS Informação aos amigos
LISBOA Boletim nº 352 outubro/dezembro 2014
BREVES DA PROVÍNCIA........................................ 3 DA COMPANHIA DE JESUS EM RESUMO........... 8 JRS - 22 ANOS A ACOMPANHAR, SERVIR E....... 9 DEFENDER9
boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Outubro/Dezembro 2014
FGS - 10 ANOS AO SERVIÇO DO .........................10 DESENVOLVIMENTO HUMANO INTEGRAL
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AO - UMA PROPOSTA PARA HOJE ......................11 E PARA TODOS SIPEI - SEMINÁRIO INTERCIONAL SOBRE .......12 PEDAGOGIA E ESPIRITUALIDADE INACIANAS MEIOS QUE UNEM O INSTRUMENTO COM DEUS ..................................15
Ficha Técnica Jesuítas – Informação aos Amigos – Boletim; Nº 352; outubro/dezembro 2014 Diretor: Domingos de Freitas, SJ • Coordenação: Ana Guimarães • Redação: Ana Guimarães; António Amaral, SJ; Avelino Ribeiro, SJ • Propriedade: Província Portuguesa da Companhia de Jesus • Sede, Redação e Administração: Estrada da Torre, 26, 1750-296 LISBOA (Portugal) • Telef.: 217 543 060; Fax: 217 543 071 • Impressão: GRAFILINHA - Trabalhos Gráficos e Publicitários; Rua Abel Santos, 83 - Caparide - 2775-031 PAREDE (Portugal) • Depósito Legal: Nº 7378/84 • Endereço Internet: www.jesuitas.pt • E-mail: ppcj@jesuitas.pt • Foto: Apostolado da Oração
Breves da PROVÍNCIA
Em carta de 17 de Dezembro de 2014, dirigida a toda a Província, o P. José Frazão Correia convocou oficialmente a Congregação Provincial da Província Portuguesa para o dia 6 de Abril de 2015, no Centro de Espiritualidade e Cultura, em Soutelo. Para além dos assuntos que o P. Geral pede para serem tratados, esta Congregação analisará os postulados, aprofundará alguns temas da vida da Província e elegerá o Delegado que, juntamente com o Padre Provincial, participará na Congregação Geral 36ª, cujo início está marcado para o dia 2 de Outubro de 2016, em Roma.
Novo destino e missões Em carta de 13 de Janeiro, o P. José Frazão Correia comunicou a toda a Província o novo destino e missão do P. Paulo Teia, após o período sabático recentemente terminado. Destinou-o, por um período inicial de três anos, à missão da Companhia na Província de Zimbabué-Moçambique IM-MOZ, a pensar, concretamente, no território de Moçambique. “Sendo ainda muito recente a decisão do P. Geral de separar juridicamente Moçambique de Portugal, e tendo o P. Domingos da Silva partido, há poucos dias, para o Pai, sinto consolação por ser possível concretizar esta forma de colaboração. Ao P. Paulo Teia agradeço a disponibilidade para partir.”, disse o P. Provincial. Respondendo ao pedido da Direção do Centro Social da Musgueira (CSM) de lhe indicar um jesuíta que pudesse assumir o cargo de Presidente da Direção, em substituição do P. Afonso Herédia, o P. Provincial apresentou o nome do P. Jorge Sena, a quem agradece pela disponibilidade manifestada.
Região de Moçambique unida à Província do Zimbabué Na sua carta datada de 7 de dezembro, o Padre Geral, Adolfo Nicolás, informa que suprimiu a Região de Moçambique, até então dependente da Província de Portugal, e que a uniu à Província do Zimbabué. A responsabilidade apostólica sobre Moçambique foi transferida da Província de Portugual para a nova Província Zimbabué-Moçambique. O Padre Geral agradeceu à Província de Portugal o seu generoso serviço em Moçambique.
Orações Pedem-se orações: - pelos PP. Afonso Herédia e Augusto da Silva (Comunidade do Centro Inaciano do Lumiar - Lisboa), pelo P. José Maria Azeredo (Comunidade da Brotéria -
Lisboa) e pelo P. Domingos Silva (Comunidade de Lifidzi, Moçambique) recentemente falecidos. - por um irmão do P. José Carlos Belchior (Comunidade do Noviciado - Cernache) e pelo pai do P. Marino Areias (Comunidade do CIL - Lisboa).
P. Afonso Herédia, SJ 11-5-1943 - 31-10-2014 O P. Afonso José de Herédia nasceu a 11 de Maio de 1943, em Mina de S. Domingos, Corte do Pinto, Mértola (Beja). Entrou na Companhia de Jesus na Casa da Torre, Soutelo, Vila Verde (Braga), a 7 de Setembro de 1964 e fez o seu tempo de Juniorado e Filosofia em Braga, na Faculdade de Filosofia, de 1966 a 1970. A sua etapa de Magistério teria lugar no Instituto Nun’Alvres, Caldas da Saúde, como Sub-Prefeito e Professor, durante dois anos (197072) e a Teologia na Universidade Gregoriana, em Roma (1972-77). Após os cinco anos de Teologia, regressou ao Instituto Nun’Alvres, Caldas da Saúde, onde foi Professor, Prefeito, Diretor do Ciclo Liceal, Consultor da Casa, Assistente de Zona dos Escuteiros e colaborador na Paróquia de Areias. Em 1984, veio para Lisboa, para o Colégio de S. João de Brito, como Espiritual dos alunos do 2º ciclo e professor de Religião, e em 1986 assumiu também a função de Ajudante da Administração do Colégio e Responsável da Manutenção do mesmo. No ano de 1985, assumiu a missão de Assistente Pastoral do Centro Social da Musgueira (Lisboa) e, dois anos mais tarde, seria nomeado Diretor do mesmo Centro Social. Em 1994, mudou para a Comunidade da Residência de S. Francisco Xavier, ao lado do Colégio, onde assumiu também o cargo de Adjunto do Ecónomo da Província. No ano seguinte (1995), seria nomeado Ecónomo da Comunidade, Diretor do Secretariado das Missões e Consultor da Casa. Entre 2000 a 2002, foi Coordenador do JRS (Serviço Jesuíta aos Refugiados) e de 2003 a 2005 Presidente do Conselho Administrativo da Fundação Gonçalo da Silveira (FGS). Em 2002, o P. Afonso regressou à Comunidade do Colégio de S. João de Brito, voltando a assumir o cargo de Ecónomo da Comunidade local e da Comunidade da Casa de Escritores (Brotéria), em Lisboa.
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Congregação Provincial
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Breves da PROVÍNCIA continuação
Na sua vida de sacerdote jesuíta, foi ainda Guia CVX, Assistente de Equipas de Casais de Nossa Senhora e Capelão de inúmeros Campos de Férias do Mocamfe, Camtil e Campinácios. A vida do P. Afonso ficou marcada por um forte testemunho de sentido sacerdotal na disponibilidade e no serviço pastoral. Incansável a responder prontamente aos pedidos de colaboração e preocupado em ajudar quem mais precisava, dedicou a sua vida ao serviço dos outros, especialmente dos mais pobres e desfavorecidos. Que a sua alma repouse em paz para sempre.
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P. Augusto da Silva, SJ 8-5-1929 - 02-11-2014
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O Padre Augusto da Silva nasceu em Areias, Ferreira do Zêzere (Santarém), no dia 8 de Maio de 1929. Frequentou durante cinco anos a Escola Apostólica de Macieira de Cambra, entrando na Companhia de Jesus no dia 7 de Setembro de 1947, na Costa, em Guimarães. Terminado o Noviciado, fez dois anos de Juniorado em Guimarães e um em Soutelo (Braga), seguidos da Filosofia, em Braga, entre 1952 e 1955. No Magistério, foi Prefeito em Macieira de Cambra (1955-1957) e um ano no Colégio de S. João de Brito, em Lisboa (1957-1958). Estudou Teologia em Comillas (Santander-Espanha), de 1958-1962, sendo ordenado sacerdote em Lisboa, no dia 30 de Julho de 1961. Depois da Terceira Provação, em Córdova (Espanha), no ano letivo de 1962-1963, formou-se em Ciências Sociais, em Roma, de 1963 a 1966. Em 1966, o Padre Augusto da Silva foi destinado à Residência do Espírito Santo, em Évora, então com um Instituto Superior anexo, orientado pela Companhia de Jesus. Foi professor do Instituto Superior Económico e Social de Évora até à Revolução Portuguesa, em 1974. Com a criação da Universidade de Évora, o Padre Augusto da Silva tornou-se professor desta Universidade, até ser jubilado por motivos de idade e de saúde. Foi Consultor da Província de 1968 a 1975; Vogal da Fundação Eugénio de Almeida de 1975-1993; Coordenador do GIAS (Gabinete de Investigação e Ação Social) desde a sua criação, em I976, e Diretor da Revista "Economia e Sociologia", desde 1978. A sua competência e dedicação, deram-lhe autoridade reconhecida no mundo universitário. Muito contribuiu, ao longo da vida, para a evangelização da cultura.
Que o Senhor, Mestre da vida, acolha o P. Augusto na eternidade, onde, na companhia de Deus, verá saciada toda a sua sede de saber.
P. José Maria Azeredo, SJ 11.9.1924 - 18-11-2014 O Padre José Maria de Azeredo Pinto nasceu em Ancede, Baião (Porto), no dia 11 de Setembro de 1924. Entrou na Companhia no dia 6 de Outubro de 1941, no Seminário da Costa, em Guimarães. Ali fez também o seu tempo de Juniorado. Os estudos de Filosofia fê-los na Faculdade de Filosofia de Braga (3 anos) e o Magistério na Escola Apostólica de Macieira de Cambra (3 anos). No ano letivo de 1952-53, iniciou os seus estudos de Teologia em Granada (Espanha), tendo recebido a Ordenação Sacerdotal em 15 de Julho de 1955. Fez a Terceira Provação em Salamanca (Espanha), no ano letivo de 1956-57. Em seguida, deu início à sua atividade apostólica em Portugal, sendo destinado para o Colégio de Cernache (Coimbra), como Prefeito e Professor, onde permaneceu durante cinco anos. Mais três anos no então lar da Imaculada Conceição, nas Caldas da Saúde, como Ministro da Casa, Espiritual e Professor de Religião e Moral. Em 1966, é nomeado Ecónomo da Província, sendo chamado para a Casa Provincial na Rua da Lapa, em Lisboa, cargo que desempenhou até 1984. Dedicou-se ao mesmo tempo a diversos ministérios pastorais, próprios de uma Residência da Companhia. De 1970 a 1973, acumulando com o cargo de Ecónomo da Província, exerceu o cargo de Reitor do Colégio de Cernache, passando parte do tempo em Cernache, parte em Lisboa. Em 1973, deixa o cargo de Reitor de Cernache e fixa-se em Lisboa, continuando a ser Ecónomo da Província, assumindo também a responsabilidade do cargo de Diretor da Livraria do Apostolado da Imprensa e responsável pela Delegação da mesma Livraria em Lisboa. Em 1980, deixa a direção da Livraria Apostolado da Imprensa e assume o cargo de Ministro da Casa. De 1984 a 1992, é nomeado Superior da Residência da Lapa, sendo ainda o Ecónomo da Casa, Administrador da Delegação do A.l. e ainda Assistente Espiritual do Movimento “Vida Ascendente”. Em 1992 assumiu a missão de Diretor do Secretariado das Missões e trabalhou como Adjunto do Reitor da Igreja de S. Roque, em Lisboa.
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Mateus DOC VIII – Infinito O Pe. Álvaro Balsas, SJ, proferiu uma comunicação com o título “O Infinito e a Busca de Fundamentos do Finito”, no encontro Mateus DOC VIII, este ano subordinado ao tema geral “Infinito”, que ocorreu de 28 a 30 de Novembro de 2014 na Casa de Mateus, Vila Real. A comunicação abordou alguns aspectos do infinito em matemática, física, metafísica e teologia, tendo outros intervenientes no encontro tratado o tema do infinito a partir das suas respectivas áreas de investigação: física, química, biologia, engenharia, arquitectura, direito, ciência política, artes performativas, literatura, história, filosofia e teologia. Os encontros Mateus DOC são promovidos pelo Instituto Internacional Casa de Mateus (IICM), criado pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, CRUP, e pela Casa de Mateus, Vila Real. O Mateus DOC é um programa de seminário dirigido a investigadores, doutorandos e pós-docs, de todas as áreas científicas, expressamente convidados, de universidades portuguesas e do norte da Galiza. O objectivo principal do programa consiste em estimular o diálogo interdisciplinar entre jovens investigadores de diferentes áreas, confrontando-os com temas de actualidade e interesse geral. Pretende-se, desta forma, habituar os participantes a encarar os seus temas de reflexão e investigação numa perspectiva alargada que inclua sistematicamente pontos de vista exteriores à área científica respectiva. Esta abordagem não só enriquece o trabalho científico através do estabelecimento de novas associações de método ou de conteúdo, como também abre novos horizontes culturais, ajudando a melhor posicionar, cultural e socialmente, o percurso pessoal de cada um. Por isso, a metodologia destes seminários integra comunicações seguidas de debates entre todos os participantes, numa atmosfera informal, que permite aos investigadores defender, re-equacionar e amadurecer as suas teses como forma de preparação para a redação final dos artigos, que
integrarão uma publicação posterior, a qual poderá também ser consultada no site do IICM: www.iicm.pt . Durante o seminário estiveram presentes os reitores da UM, da UBI e da UTAD. O Pe. Álvaro Balsas foi convidado, pelo Prof. António M. Cunha, presidente do Comité de Direcção do IICM e do CRUP, a participar nas próximas sessões do Mateus DOC. José Manuel Martins Lopes, SJ
P. Domingos Silva, SJ 30.11.1934 – 31.12.2014 “Combati o Bom Combate” O Padre Domingos José Rodrigues da Silva, natural de Chão Grande, freguesia de Santa Marta de Bouro, Amares (Braga), faleceu, no dia 31 de Dezembro de 2014, um dia antes da Região Moçambicana da Companhia de Jesus se unir à Província do Zimbabué e constituírem, na Companhia, uma só Província, a Província de Zimbabué-Moçambique. Esta união, iniciada em 1.1.2015, faz-se com intenção de maior aproveitamento dos recursos, quer humanos quer espirituais e materiais e de maior entre ajuda na missionação daquela parte de África. Mas não só. Ela é também, agora, ocasião para que, tanto a Região Moçambicana, como a Província do Zimbabué façam memória de tantos e tantos missionários jesuítas que gastaram as suas vidas e muitos, derramando até o seu sangue, por causa do Evangelho, nessa grande região de África. O Padre Domingos José Rodrigues da Silva faz parte dessa história e desse cortejo de testemunhos de vida, pelo seu zelo apostólico, pelo seu sonho de ser missionário que, desde que este sonho começou, em Macieira de Cambra, em 1950, nunca mais se extinguiu. Por esse ano 1950, sou testemunha desse sonho começado no Padre Domingos e em muitos de nós que então frequentávamos a Escola Apostólica de Macieira de Cambra, quando o Padre José João Gonçalves, missionário em Moçambique, de férias em Portugal, trazia consigo, um gravador, o primeiro que conhecemos e nele vinham gravadas as vozes dos jovens Escolásticos Miguel Ferreira da Silva e Augusto Gomes de Lacerda que então se encontravam em Moçambique. Todos nós, à volta duma mesa e da barba espessa do Padre José João, arregalávamos os olhos e afinávamos os ouvidos diante daquele dito instrumento falante, misterioso, e todos nos sentimos, então, entusiasmados a ir para Moçambique, por causa do entusiasmo das vozes dos Irmãos Escolásticos referidos que ressoavam de muito longe, sem sabermos bem donde. Ali nas-
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Encerrada a Residência da Lapa, em 2005, o P. José Maria de Azeredo mudou para a Casa de Escritores (Brotéria), em Lisboa, continuando como auxiliar do Reitor de S. Roque e como Assistente das ENS. Foi Consultor da Casa desde 2006. A partir de 2013, com as limitações da idade, deixou as atividades pastorais, passando a residir na Enfermaria do Colégio S. João de Brito, rezando pela Igreja e pela Companhia. Foi sempre amigo de ajudar, tanto no trabalho pastoral, como na administração de bens. Era um homem dedicado, meticuloso e fiel aos seus compromissos. Mesmo já na enfermaria, mantinha-se muito amigo, sorridente e cortês para com todos, em especial com os que o ajudavam e serviam. Que o Pai do céu receba o P. José Maria na sua companhia por toda a eternidade.
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ceu, me recordo, o ardor missionário do Padre Domingos que ele alimentou na Academia das Missões do Juniorado, em Soutelo (Vila Verde). Depois, da Filosofia, feita em Braga, no ano 1958-1961 e de um ano de Magistério, no Instituto Nun’Alvres, partiu para Moçambique, como foi sempre o seu desejo. Passou pela Missão da Fonte Boa, onde aprendeu o Chinhanja (Chichewe) de que foi mestre e de que sempre se serviu para estar mais próximo das gentes da Angónia. Depois da Fonte Boa, por Abril de 1963, substituiu-me na Escola Normal de Boroma (Tete) como professor e prefeito dos alunos. Ainda estive com o Padre Domingos durante o ano de Teologia que ele frequentou desde 1964-1965 em San Cugat del Vallés (Barcelona). Depois deste ano, partiu para Bogotá, na Colômbia completar os estudos de Teologia de 1965-1968. A razão porque foi então para a Colômbia era para colaborar na fundação duma Rádio-Escola que a Companhia de Jesus pensava instalar na Missão de Boroma (Tete) para alfabetização das gentes das margens do Zambeze e dos planaltos da Angónia e do Furancungo. Na Colômbia, o Padre Domingos teve contactos com a Rádio-Escola-Sotatenza e, mais tarde, de regresso a Moçambique, com a bagagem de conhecimentos adquiridos com esse contacto, melhor se pôde concretizar o pedido que então fizemos para nos ser concedida a licença oficial da montagem da Rádio-Escola de Boroma. Infelizmente, essa licença, nunca nos foi concedida pelo Governo Colonial Português. O Padre Domingos foi ordenado sacerdote pelo Papa Paulo VI, em 22 de Agosto de 1968, em Bogotá e, em 1969, é destinado, como sacerdote, para a Missão de Lifidzi, na Angónia. Depois da Terceira Provação feita em Sevilha, de 1972 a 1973, é destinado à Missão do Dómue, onde trabalhou até 1986. Aqui, durante os dois anos que precederam a independência, no tempo colonial, quando a Frelimo combatia a tropa portuguesa em toda a área do Distrito do Dómuè e da Macanga, nunca deixou de estar presente ao povo que sofria as consequências da guerra por pressão dos dois lados da barricada. Também nunca deixou de dialogar com uns e com outros, porque o que lhe interessava era a paz na região. Arrisco em comparar o zelo deste homem de Terras de Santa Marta do Bouro ao zelo do santo sacerdote Jesuíta Pedro Fabro dos começos da Companhia, pelo seu viver simples, sereno e o seu zelo sacerdotal pela casa de Deus, o seu amor a Jesus Cristo e à evangelização pelos meios que o próprio Jesus nos deixou: a Palavra e os Sacramentos. Tais meios, nas missões que foram confiadas ao Padre Domingos foram sempre o alimento e o entusiasmo da sua vida. Disto, damos testemunho no tempo que passou na Missão do Dómue e noutros lugares por onde andou. No Dómuè, deu continuidade ao acabamento duma bela residência iniciada pelo Padre Neto e construiu uma Igreja de raiz para acolher os milhares de cristãos da Missão. Aqui, se dedicou à formação de catequistas e muito desejou ver nascer uma Escola de catequistas que ficou pronta para acolher os catequistas e suas famílias e para ser inaugurada, no dia 3 de Junho de 1985, dia de S.
Carlos Lwanga e Companheiros. Mas este sonho não se chegou a concretizar, porque, uns dias antes, tinham sido raptadas pela Renamo, em Lifidzi, as irmãs de S. José de Cluny e a insegurança na zona, se tornou mais e mais evidente. No dia 19 de Junho de 1985, era o Padre Domingos Silva, juntamente com o Irmão Adelino Rodrigues que eram raptados e levados para a base da Renamo em Matenge (lugar situado entre Tete e Angónia e por onde seguiam os nossos padres no século XIX, a caminho de Lifidzi, na Angónia, antes de existir a estrada TeteAngónia, passando pelo Zóbuè). Em Matenje juntaram-se, os Jesuítas raptados no Dómué, Lifidzi e Ulóngue, as Irmãs de S. José de Cluny e as Irmãs Doroteias. Desde Junho até Setembro, data da libertação, segundo os seus testemunhos, foram bem tratados e até fizeram ali uma verdadeira escola de oração, com a admiração dos raptores, alguns dos quais rezavam com eles. Nos começos de Setembro, depois de uns dias de viagem pelo mato, a Renamo libertou-os, na fronteira de Moçambique com o Malawi. Em 1987, o Padre Domingos, depois de já ter sido libertado e de passar algum tempo em Portugal, foi destinado à Beira e trabalhou uns meses na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima. Mas o sonho do Padre Domingos era Moçambique e, em Moçambique, a concretização do seu sonho, era uma Missão num ambiente rural. Trabalhou ainda algum tempo em Vila Ulóngue para onde foi em 7 de Maio de 1991. Ofereceu-se num gesto de pura generosidade, depois de ter insistido com o P. Cirilo, então Superior Regional, para o deixar ir para lá sozinho (muitos jesuítas da Angónia tinham sido raptados ou mortos e nenhum, nessa altura vivia lá) pois o P. Domingos tinha pena de deixar os cristãos daquela região abandonados. Depois foi transferido para Lifidzi. Desde aqui, visitava, frequentemente, as comunidades da região do Furancungo, na Macanga, que haviam ficado sem os seus padres no tempo da guerra. A presença dum missionário católica na pessoa do Padre Domingos, não agradava a um senhor que se dizia profeta e inspirado por Deus para ser o chefe religioso da zona e, num dia de Domingo, estando o Padre Domingos a celebrar a Eucaristia, atacou-o, com uma seta, ferindo-o nas costas. Felizmente, o Padre pôde receber os primeiros socorros e não houve consequências maiores. Este acontecimento não impediu o Padre Domingos de continuar a prestar assistência à Macanga. Lifidzi, a Missão que os Jesuítas chamavam a Mãe das missões da Angónia, foi, certamente, para o Padre Domingos, a Missão do seu coração.
Boletim “Jesuítas” O boletim “Jesuítas” é enviado gratuitamente a familiares, amigos e colaboradores. Se desejar contribuir para as despesas de publicação e envio, pode fazê-lo por transferência bancária para o NIB 0033 0000 000000 700 41 84, Millennium BCP, ou mediante envio de cheque em nome de Província Portuguesa da Companhia de Jesus, para Estrada da Torre, nº 26 - 1750-296 LISBOA. Em ambos os casos, solicita-se referência ao Boletim Jesuítas.
Foi recompensado, por isso, pois no seu tempo de Superior da Missão, Lifidzi celebrou o seu centenário de existência, em 2009. Tive a graça de partilhar a alegria do Padre Domingos, porque participei na celebração do centenário, onde estiveram para cima de 7.000 pessoas, alguns Bispos de Moçambique, entre eles, D. Luís Gonzaga Ferreira da Silva e o Bispo de Diocese, D. Paulo Mandlate. Esteve ainda um representante da Nunciatura, vários sacerdotes jesuítas e não jesuítas e diversas delegações de todas as missões de Angónia e muita gente vinda do vizinho Malawi. Louvamos o Senhor por este sacerdote que soube avivar o dom de Deus que lhe foi concedido e oferecê-lo sempre para serviço dos Irmãos. Louvamos também a sua inteligência prática, metódica, que sempre argumentava com a razão, mas sem esquecer o coração. A ele devemos, os desenhos e os cálculos de engenharia em algumas obras que tivemos de fazer. Foi, em Lifidzi, que o Padre Domingos, depois de ter “combatido o bom combate”, fez a última oferta da sua vida ao Senhor, no dia 31 de Dezembro de 2014. P. José Augusto Alves de Sousa
Vede como eles trabalham “Vede Como Eles Trabalham”. Sentido e Critérios Cristãos na profissão: foi este o convite do encontro / retiro que decorreu no princípio de Novembro na Casa de Retiros do Rodízio. Fomos 17 os que quisemos ir “ver”, pôr em comum e rezar experiências concretas de quem se sente desafiado a incarnar os valores da fé cristã no mundo do trabalho. O nosso Deus é “um Deus que Trabalha”, e trabalha continuamente connosco para realizar em plenitude a Sua Incarnação através de nós na animação espiritual de todas as realidades. Este foi o mote de entrada que ao longo do fim-de-semana se foi desdobrando na apresentação sucinta de outros temas e desafios que se colocam de forma mais premente a todos os que sentem que o trabalho não pode deixar de ser uma espaço de eleição e discernimento para procurar e encontrar Deus e aí sentir-se enviado em missão. A ambição e o que nos move, a tensão e as relações, as decisões difíceis e viver insucessos e adversidades em chave cristã – as nossas travessias do deserto – foram outros temas que deixaram pistas para oração e reflexão pessoal, com momentos de partilha em pequenos grupos, e uma sessão rica e diversificada dum painel de testemunhos no sábado à noite. A inspiração inicial para este encontro e a sua concretização surgiu da partilha entre elementos da CVX - Comunidade de Vida Cristã e da ACEGE, com a sua experiência de trabalhar estes temas na iniciativa dos grupos “Cristo na empresa”. No final os participantes deixaram claro que valeu a pena, e que foi uma ótima primeira experiência e que vale a pena continuar e pensar em novas iniciativas nesta linha.
Mas falem agora alguns testemunhos: “A presença de Deus na plenitude das nossas vidas é uma certeza. Todavia, sobretudo no respeitante à faceta profissional, a maior parte das vezes, muitos de nós, não Lhe fazemos sentir que Ele entra nos nossos escritórios e está ao nosso lado no relacionamento pessoal, na execução das nossas tarefas mais comuns como nas decisões mais importantes. A cuidada e excelente preparação pelos orientadores, complementada pelo testemunho dos convidados e pelas partilhas dos participantes, constituiu uma preciosa ajuda para o reforço da tomada de consciência da presença de Deus no nosso posto de trabalho, dado que, independentemente de O lá colocarmos ou não, Ele está lá, ao nosso lado, a apoiar-nos e levar-nos para a frente.” (Paulo Silva) “O Retiro-Curso "Vede como eles trabalham", seguindo uma linha de pensamento de inspiração inaciana, deu uma grande ajuda a refletir de forma organizada sobre os percursos do trabalho (…) o retiro proporcionoume uma oportunidade excelente de crescimento interior e iluminação, permitindo ver de forma mais clara os meus próprios desafios.” (João Costa) “O encontro dedicado ao tema “Vede como Eles Trabalham” foi simultaneamente um momento de paragem para reflexão e partilha de experiências e uma oportunidade de conhecer pessoas com aspirações, desafios e conflitos internos semelhantes aos nossos. Sempre aprendi que ninguém atinge a salvação sozinho e no final deste encontro senti plenamente essa certeza de comunhão e apoio que se estabeleceu entre todos. Certamente Deus guiará os nossos percursos e projetos de vida, vida essa que é pessoal, profissional, familiar e sempre, sempre, atraída para Cristo.” (Sónia Neves) Ao dar conta a amigos do que vivemos neste fim-de-semana de recolhimento, tomei consciência de como fui confrontada com uma perspetiva diferente de viver a fé no trabalho que, apesar de ser uma área que ocupa uma parte tão grande na minha vida, vive afastado de um discernimento mais estruturado em sede de questões fundamentais (…) Mais do que trazer visões novas sobre fé ou sobre como olhar o trabalho, o que nos trouxe foi a conjugação de dois mundos que não são nada mais do que partes de uma mesma realidade...a nossa vida.” (Maria Manuel Seabra) “Foi um tempo de pausa, reflexão, paz e sobretudo de uma maior intimidade com Jesus, por Maria. Meditei nos trabalhos que o Senhor colocou na minha vida. Os bons, os maus, os espinhosos. Como os realizei! Como realizá-los com a TUA ALEGRIA, expressão de AMOR por Ti, pelo Irmão (…) Com a Tua Graça, Senhor, saberei pensar e falar, decidir e missionar, ser coerente na Fé, na palavra de Jesus Cristo, Deus Pai e Espirito Santo / Ser e estar. (…) Graças Senhor Te dou por esta intimidade Contigo.” (José Goarmon Pedroso) Miguel Villa de Freitas
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Da Companhia em RESUMO Nomeações do Papa Francisco
Santo Inácio angariador de fundos.
O Papa Franciso nomeou o Padre Pietro Bovati (ITA), secretário da Pontifícia Comissão Bíblica.
Desde há cerca de 500 anos, o trabalho dos jesuítas nas fronteiras da Igreja tem sido apoiado por donativos e legados deixados por fiéis generosos e clarividentes. Esses benfeitores são parte integrante da longa história de serviço dos jesuítas à Igreja. Santo Inácio foi um angariador de fundos eficaz e sempre grato para com os benfeitores que permitiram à Companhia de Jesus crescer e prosperar rapidamente no seu tempo. Santo Inácio é conhecido por ser o maior correspondente do século XVI. As mais de 800 cartas que chegaram até hoje são, na maioria, referentes a assuntos de finanças, angariação de fundos e pedidos de ajuda. Santo Inácio insistia para que os jesuítas lhe escrevessem regularmente, de modo a que pudesse dar a conhecer estas cartas aos benfeitores da Companhia. Santo Inácio aprendeu muito com homens de negócios. Ainda que desaprovasse os que trabalhavam apenas pelo lucro económico, apreciava o seu trabalho assíduo, a determinação e capacidade de gerir produtos, mercados e finanças com o intuito de maximizar o retorno e evitar desperdiçar recursos. Compreendia bem que os doadores quisessem saber se os seus dons eram utilizados com sabedoria. Santo Inácio quis que os jesuítas adotassem os mesmos meios para a gestão das suas obras e comunicação e por vezes repreendeu alguns jesuítas lembrando-lhes o exemplo do duro trabalho destes negociantes. Santo Inácio agradecia e mostrava grande respeito a quem o ajudava e fazia tudo o que podia para corresponder à amizade e generosidade dos seus amigos e colaboradores. A sua correspondência com os jesuítas é rica em instruções sobre esta matéria. Finalmente, Santo Inácio era meticuloso na manifestação do seu agradecimento não só a Deus como também aos colaboradores e benfeitores.
Nomeações do Padre Geral: O Padre Geral nomeou: - o P. Jean Baptiste Ganza Superior Regional da Região Ruanda-Burundi; - o P. John B. Mundu (JAM) Assessor para as relações com as religiões indígenas na Índia. - o P. Marc Rastoin (GAL) Assessor para as relações com o Judaismo.
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Mudanças no Governo da Companhia
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A 16 de novembro, depois da missa celebrada no Centro João XXIII, no Rio de Janeiro, foi lido o decreto de ereção da nova Província do Brasil, de que foi nomeado Superior Provincial o P. João Renato. Deste modo reuniram-se numa só Província as 3 existentes até então, a saber Brasil Meridional, Centro-Leste e Nordeste e Região Missionária (Amazónia). Através de um decreto de 30 de outubro, a Região da Jamaica foi incorporada na Província de Nova Inglaterra. A 3 de dezembro, as Províncias de Nova Inglaterra e de Nova Iorque uniram-se dando lugar à Província Norte-Oriental dos EUA (UNE). O Provincial da Província de Nova Iorque, P. John J. Cecero, foi nomeado Superior Provincial desta nova província. Na mesma data, o Padre Geral aprovou a constituição da Conferência dos Jesuítas do Canadá e dos Estados Unidos, de que foi nomeado presidente o P. Timothy Kesicki. A Região Independente de Porto Rico foi integrada na Província Central-Meridional dos EUA (UCS), a 3 de dezembro. Por sua vez, a 6 de dezembro, a Região de Moçambique - que dependia da Província Portuguesa foi suprimida e os seus membros, casas e obras passaram a fazer parte da nova Província Zimbabué-Moçambique (ZIM).
Convocação da Congregação Geral 36ª No dia 8 de dezembro, o Padre Geral Adolfo Nicolás decretou a Convocação da Congregação Geral 36ª. Esta iniciará com a Eucaristia na tarde de 2 de outubro de 2016, e a primeira sessão plenária terá lugar a 3 de outubro, Festa de São Francisco de Borja, na Cúria Geral, em Roma. Na sua carta de 20 de maio de 2014, o Padre Geral tinha informado toda a Companhia de Jesus de que tinha “chegado à convicção pessoal de que devia dar os passos necessários para submeter a sua resignação a uma Congregação Geral”.
Pozzo e o corredor de Santo Inácio São muito numerosos os peregrinos que visitam as Camerette de Santo Inácio, junto à Igreja do Gesù, em Roma, na antiga casa Professa dos jesuítas, onde Santo Inácio viveu os últimos anos da sua vida. Mas são poucos os que param para contemplar o corredor que leva às Camerette, obra da autoria do jesuíta Andrea Pozzo (1642-1709). Esta obra-mestra tem sido alvo de maior atenção depois da publicação da obra da professora Lydia Slviucci Insolera, intitulada Andrea Pozzo e o corredor de Santo Inácio, da Editora Artemide. Esta publicação evidencia a arte pictórica do Irmão Pozzo em que “o artifício, a ilusão visual, são conseguidos através de uma competência técnica sofisticada.” “O que mais fascina neste corredor, escreve Lydia Salviucci Insolera, é a engenhosidade de Pozzo para ser capaz de organizar uma ilusão de ótica que se desdobra numa série de trompe-l'oeil que de facto enganam os olhos do visitante sem interrupção. De facto, o visitante deixa de ser um mero observador, para se tornar profundamente envolvido ao admirar os frescos.
Sentir e SABOREAR
No dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, o Serviço Jesuíta aos Refugiados foi distinguido pela Assembleia da República com a atribuição de uma Medalha de Ouro comemorativa do 50º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Este galardão vem reconhecer os 22 anos de trabalho desta obra jesuíta em Portugal e no mundo em prol dos refugiados, deslocados à força e imigrantes em situação de particular vulnerabilidade. A 14 de Novembro de 1980, sentindo-se profundamente comovido com o drama dos “Boat people”, o Padre Pedro Arrupe, sj, lançou um desafio aos jesuítas de todo o mundo: estar ao lado dos mais vulneráveis e mais pobres onde quer que se encontrassem, de estar onde faziam mais falta e onde mais ninguém estava, com a missão que hoje mantemos, a de Acompanhar, Servir e Defender os refugiados, os migrantes e as pessoas deslocadas à força dos seus países de origem. Nascia assim o JRS-Jesuit Refugee Service na sua designação internacional – sendo que em 1992, doze anos depois da sua criação internacional, também em Portugal esta missão encontrou eco e terreno suficientemente fértil para crescer. É a partir de 1998, altura em que começam a chegar a Portugal milhares de imigrantes vindos não só de zonas do mundo culturalmente familiares mas também do leste europeu e da Ásia que assumimos uma intervenção mais direta com a população migrante. Desde então, temos vindo a desenvolver atividades de apoio aos migrantes, prestando aconselhamento, apoio psicológico e social, apoio jurídico, apoio à inserção profissional e a imigrantes qualificados, disponibilizando alojamento a migrantes em situação de particular vulnerabilidade (Centro Pedro Arrupe), prestando apoio médico e medicamentoso, formações em Língua Portuguesa, formando e sensibilizando para a promoção dos direitos humanos e do diálogo intercultural e interreligioso e concedendo também apoio a migrantes em situação de detenção.
Mais recentemente, o JRS tem sido uma das organizações parceiras do estado português no acolhimento de refugiados recolocados e no acolhimento e acompanhamento de refugiados reinstalados em Portugal. Desenvolvemos também iniciativas de advocacy sustentadas em ações no terreno, quer a nível nacional, quer a nível internacional em defesa dos direitos humanos dos migrantes. Atualmente, estamos presentes em 50 países, sendo que em 2013 foram acompanhados cerca de 500 000 migrantes em todo o mundo. No contexto europeu, possuímos delegações e pontos de contacto em 14 países, estando especialmente atentos ao drama atual que se vive nas principais portas de entrada no velho continente. Ao fim de 22 anos, esta distinção reconhece aquilo que muitos colaboradores e, especialmente, muitos voluntários têm feito pela missão do JRS, dando-nos força para continuarmos a estar onde mais ninguém está e onde fazemos mais falta, sempre animados pelo desafio lançado pelo Padre Pedro Arrupe, sj, e apoiando-nos nas suas palavras: “o hoje exige de nós o máximo, não para sermos mais que os outros, mas simplesmente para servir melhor.” Inês Braizinha responsável da comunicação
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22 anos a Acompanhar, Servir e Defender
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Sentir e SABOREAR Fundação Gonçalo da Silveira
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10 anos ao serviço do Desenvolvimento Humano Integral
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Ao longo de uma década, a Fundação Gonçalo da Silveira foi multiplicando os seus esforços, trabalho e resultados em prol daquela que é a sua visão orientadora: a construção de um mundo mais justo e mais humano, onde todos vivam dignamente, em liberdade e equidade, em harmonia e respeito pela natureza. Deste desejo, foram surgindo desafios, que deram origem a projetos dinamizados pela nossa equipa. Fomos crescendo em número de ações concretizadas, mas também na qualidade dessas ações, na experiência acumulada e na rede de parceiros de trabalho. Ilustrando o quão desafiante foram os últimos dez anos, há que referir os mais de 20 projetos implementados no campo da Cooperação e da Educação pela Cidadania Global, em diferentes geografias como Moçambique, Angola, Timor-Leste e Portugal. Internacionalmente, tem especial relevância a nossa intervenção nos setores da Educação e do Desenvolvimento Rural, destacando-se o apoio à construção de infraestruturas de ensino, a disponibilização de cursos de alfabetização e a formação e capacitação de professores comunitários. Em Moçambique, na zona rural de Nhangau, próxima à Cidade da Beira, a intervenção da FGS tem sido concretizada em parceria com o Centro de Investigação Santo Agostinho (CISA). Já foi possível a construção e o equipamento de duas escolas comunitárias e duas bibliotecas, garantindo o acesso ao ensino a mais de 2.000 pessoas. Ainda em Nhangau, apoiamos a dinamização de atividades económicas, garantindo uma fonte de rendimento às populações locais através da criação e apoio a associações de produtores locais. No campo da Ajuda Humanitária e de Emergência, participamos em processos de apoio à reconstrução quer no Haiti quer, mais recentemente, nas Filipinas. Através da Rede Xavier – a Rede Europeia de ONGD jesuítas – a FGS está a participar na reabilitação de infraestruturas e apoio a atividades de subsistência especificamente nas ilhas de Culion, local de presença histórica dos jesuítas.
Indissociável desta abordagem in loco, a FGS tem vindo a consolidar um eixo de atuação que visa promover a reflexão crítica sobre o mundo em que vivemos. Em parceria com outras ONG portuguesas, com instituições de ensino, com o setor público e privado, a FGS tem trabalhado em Portugal nos campos da capacitação e multiplicação e da sensibilização e da advocacia. Concretizamos oficinas e workshops, produzimos conteúdos para educadores, dinamizamos atividades pedagógicas junto de jovens e crianças e promovemos, em Portugal, iniciativas de Redes internacionais das quais somos membros, como a Rede Xavier e a Global Ignatian Advocacy Network (GIAN), do Secretariado do Apostolado Social e Ecologia, da Companhia de Jesus. O ano de 2015 marca o início de uma nova década de trabalho para a FGS. Na essência, mantemos o desejo revigorado por continuar a contribuir para um desenvolvimento humano integral e integrado – uma questão tão premente quanto antiga. “É necessário promover um humanismo total. Que vem ele a ser senão o desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens?” (Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum Progressio, de 1967). Em resposta aos desafios que nos são hoje colocados diariamente, esperamos que o trabalho colaborativo continue a pautar o nosso caminho e que consigamos superar o serviço já feito enquanto transmissores, por via da ação concreta, dos valores da Companhia Universal. Junte-se a nós por um mundo mais justo e mais humano e ajude-nos a dar continuidade à nossa missão. Donativos Por transferência bancária para o NIB 0036 0000 9910 5887 9216.3 (Montepio); Por cheque à ordem de Fundação Gonçalo da Silveira, enviado para Estrada da Torre, nº 26, 1750-296 Lisboa. IRS Para ajudar sem qualquer custo para si, consigne 0,5% do seu IRS à Fundação Gonçalo da Silveira. Para isso, basta que na sua declaração de IRS coloque um X e o nosso NIPC 507 002 130 no quadro 9 do anexo H.
Sentir e SABOREAR
O Apostolado da Oração (AO), Obra da Santa Sé confiada à Companhia de Jesus, assinalou os seus 170 anos de existência, em Dezembro. A data torna-se particularmente simbólica porque coincide com o fim de um processo longo e intenso de reflexão sobre a recriação do AO, levado a cabo por indicação do seu responsável internacional, o Padre Geral da Companhia de Jesus, Adolfo Nicolás. A recriação tem como objectivos actualizar e adaptar a proposta apostólica do AO e o modo de a apresentar, tornando-a mais acessível e atractiva aos cristãos de hoje, sobretudo às novas gerações. Este processo permitiu redescobrir o essencial do Apostolado da Oração, que se exprime na oração quotidiana, no compromisso eclesial, traduzido de modo particular na oração pelas Intenções do Papa, e no compromisso diário com a transformação da realidade vivida, que se deseja cada vez mais evangelizada. O AO tornou-se uma proposta de espiritualidade muito centrada no quotidiano, transversal aos vários movimentos apostólicos e aberta a todos os cristãos. Em Portugal, o Apostolado da Oração procurou, desde a primeira hora, acompanhar e contribuir para a reflexão do AO Internacional, consciente da necessidade de se renovar para responder aos desafios do presente e preparar o futuro, indo ao encontro daquilo que a Igreja e a sociedade precisam, no âmbito da sua missão específica: propor uma espiritualidade simples, fundada sobre a oração quotidiana que busca desenvolver uma relação pessoal com Jesus Cristo, capaz de transformar a vida à luz do Evangelho. Perante um conjunto de circunstâncias – a secularização e envelhecimento da sociedade, o dinamismo cada vez menor do AO nas paróquias, o desinteresse dos jovens por esta proposta – tornou-se inevitável uma mudança de paradigma, sobretudo na forma e nos meios de comunicar a fé e a importância da oração na vida quotidiana. Desde logo, foi feita uma grande aposta nos meios de comunicação digital. Hoje, o AO tem uma forte presença na rede, por onde passam milhares de pessoas, sobretudo jovens. O primeiro passo foi dado com toda a segurança e maior sucesso em 2010, com o "Passo-aRezar". Em 2014, deu-se o reforço em alta no mundo digital com o lançamento da plataforma multicanal "Click To Pray". Os conteúdos apresentam-se numa linguagem simples, credível e de proximidade, ajustados aos meios de comunicação e às necessidades e expectativas dos diferentes públicos. O objetivo é contribuir para dar corpo a uma verdadeira cultura cristã, alimentada pela oração quotidiana, simples e comprometida com a vida,
integrada numa rede mundial de oração, cada vez mais alargada e eclesialmente empenhada. As novas formas de comunicar a fé e a vida de oração do AO têm merecido os maiores elogios e felicitações por parte de várias personalidades e estruturas da Igreja. Além disso, os projectos do AO, diferentes e inovadores no seio da Igreja, têm sido mediatizados, com grande destaque e sempre pela positiva, por todos os órgãos de comunicação social nacionais (televisões, rádios, jornais e plataformas digitais).
Publicações AO com novo grafismo e conteúdos O processo de recriação motivou ainda a reformulação de toda a linha gráfica e respectivos conteúdos das publicações periódicas do Secretariado Nacional: Mensageiro, Cruzada, Clarim e Oração e Vida (Bilhetes Mensais). A revista Mensageiro tem agora um novo formato, uma nova linha gráfica, novos conteúdos e novos colaboradores, para além do painel já existente. A Cruzada mantém-se fiel ao seu público, até no tamanho que a distingue há mais de 80 anos, mas inclui secções novas, como por exemplo, "Grandes Vidas", uma secção inaugurada pela história de vida do Papa Francisco. Mensageiro e Cruzada estão agora também disponíveis em versão digital.
Novos canais on-line Os canais de comunicação on-line foram recentemente reforçados com o lançamento do Click To Pray, uma plataforma multicanal, que disponibiliza propostas de oração simples e breves, para três momentos do dia, durante os 365 dias do ano. Esta plataforma acessível no computador, no telemóvel e no tablet, apresenta ainda as intenções que o Papa confia mensalmente ao AO e funciona também como uma rede social de oração. O Click To Pray vem juntar-se ao Passo-a-Rezar, um projecto em registo áudio, que, em quatro anos, conquistou mais de 11 mil utilizadores diários e continua a ser uma forma excepcional de encontro com Deus, ajustada ao ritmo de vida de cada um. Elisabete Carvalho
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Apostolado da Oração - uma proposta para hoje e para todos
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Servidores da MISSÃO DE CRISTO SIPEI - Seminário Internacional sobre Pedagogia e Espiritualidade Inacianas É objetivo dos Colégios da Companhia de Jesus educar/formar alunos que sejam conscientes, competentes, compassivos e comprometidos. Este foi o mote, a partir de uma afirmação homóloga do P. Kolvenbach, que deu origem ao Seminário Internacional sobre Pedagogia e Espiritualidade Inacianas, realizado em Manresa, perto de Barcelona, de 2 a 8 de Novembro, no qual participaram 80 pessoas, jesuítas e leigos, de 28 países, espalhados pelos cinco continentes. Do encontro retenho algumas ideias que gostaria de partilhar.
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1. A pessoa consciente (Interioridade) – 3 Nov.
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George Nedumattam, sj, jesuíta indiano, proferiu a conferência sobre o aluno consciente. Descreveu a consciência como sendo aquela voz interior que interpela a viver de acordo com o espírito de Jesus Ressuscitado, que anima, regula e inspira as pessoas para uma vida reta. Para mostrar de que tipo de consciência se trata, deu o exemplo do Bom Samaritano. O sacerdote e o levita foram conscientes, viram o ferido à beira do caminho, mas não se comportaram como pessoas de consciência. Porque não responderam adequadamente, passando adiante fazendo de conta que não tinham visto nada, não eram pessoas de consciência. Ser consciente, à maneira inaciana, implica responder adequadamente àquilo de que somos conscientes. Foi o caso do samaritano da parábola. A consciência seria, então, a capacidade de analisar lucidamente o mundo/eventos, de modo a tomar decisões e a dar respostas corretas que nos ajudem a encontrar um sentido para a vida. Da parte da tarde, Ross Jones, jesuíta australiano, exemplificava como é que no Colégio onde trabalha educam os alunos para serem conscientes, à maneira inaciana. Todos os dias, a certa hora, toca um sino, e toda a gente sabe o significado desse toque: é o
momento de parar, fazer silêncio e fazer o exame de consciência Inaciano. Cinco minutos, todos os dias. Em resumo: tomar consciência é muito mais do que compreender. Ser pessoa de consciência é atuar sobre a realidade, transformá-la, influir, procurar ser arauto de justiça e de amor entre as pessoas. Ser consciente não é suficiente. É preciso ajudar a que os alunos sejam pessoas de consciência, que se deixem tocar e afetar pela realidade, e ajam, atuem consoante, em concordância, transformando a realidade. Partir para a ação a partir de um processo de interiorização, de escuta da voz interior, num mundo tão cheio de ruído, é um grande desafio para a educação de matriz inaciana.
2. A pessoa competente (Aprendizagem) – 4 Nov. O segundo dia deste Seminário Internacional foi dedicado ao segundo ´C` - Competente. A conferência inaugural foi pronunciada por Montserrat del Pozo, Superiora Geral das Missionárias Filhas da Sagrada Família. A pessoa competente seria aquela capaz de interagir com a realidade, capaz de se maravilhar, admirar, capaz de se interrogar, de resolver problemas dentro de um quadro de autonomia e de colocar ao serviço dos outros aquilo que aprende. Daqui surge a pergunta: que ecossistema educativo teríamos de ter para que a educação ministrada ao aluno lhe dê essa característica e o ajude a desenvolvê-la? A questão dos ecossistemas educativos permitiu perceber diferenças culturais nos intervenientes. Os norteamericanos falam muito de standards, enquanto os orientais e os europeus acentuam a perspetiva humanista: o êxito é ajudar cada aluno a potenciar e a fazer crescer os seus talentos, os talentos que Deus lhe concedeu. Mas como os alunos são tão diferentes, uma escola nunca pode parar no esforço por se adaptar a eles e fazer ajustamentos ao nível curricular, metodológico, e até da organização dos espaços, incluindo o da própria sala de aula, com vista a essa finalidade. Não se pode fechar os olhos face às mudanças da sociedade em que vivemos. Estar atento a essas mudanças para extrair delas linhas de força de uma reforma educativa que se ajuste e se adapte para melhor podermos corresponder. Dizer que já conseguimos bons resultados académicos pode ser encarado como uma desculpa para não querer mudar. O medo de mudar foi também bastante referido como sendo um obstáculo a vencer. Alguém dizia, e com razão, que o modelo de pessoa humana que queremos educar e atingir está ameaçado e posto em causa por uma sociedade marcadamente utilitarista. Por isso, as mudanças a implementar devem ter essa perspetiva em consideração para a saber contrariar e desmontar. Em síntese, é preciso liderar a mudança em vez de ir atrás das mudanças protagonizadas por outros.
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A partir daí, uma nova vida começa para Inácio: 3. Dia de Retiro espiritual – visita a “Que vida nova é esta que agora começamos?” Montserrat e Manresa – 5 Nov. Descentrado de si mesmo, centrado em Deus, deixa-se, finalmente, conduzir pelo Senhor, dando uma volta de 180 graus na sua vida.
4. A pessoa compassiva (Justiça Social) – 6 Nov. A conferência inaugural foi pronunciada por Peter McVerry, um jesuíta irlandês, que trabalha com semabrigo, em Dublin. Foi uma conferência toda ela carregada de emoção, uma vez que narrava as suas experiências de relação pessoal e de contacto diário com crianças e jovens adultos que dormem nas ruas de Dublin. Depois de alguns anos a trabalhar com eles, fundou um centro para os acolher e exercer a hospitalidade: Peter McVerry Trust: <www.pmvtrust.ie>. O que mais o anima neste trabalho é poder dizer aos sem-abrigo o quanto eles valem e significam, e fazê-los sentir dignos da humanidade que levam/trazem consigo, apesar de esta estar desfocada e fragmentada pela dureza da vida. Este gesto deveria marcar a educação jesuíta: transmitir aos outros o sonho de Jesus que quer formar uma única família humana e incluir a todos. Numa primeira abordagem, nunca lhes fala de Deus. Estes sem-abrigo estão nas ‘margens’, para quem Deus ainda é, muitas vezes, um juiz. Mas leva-lhes o Seu amor através de gestos de proximidade, acolhimento e amizade. No âmbito de um programa de imersão social, os alunos dos nossos Colégios em Dublin (Gonzaga College e Belvedere College) passam uma semana neste centro de acolhimento. Ao fim de dois dias, os alunos percebem que não têm muito para lhes dar, mas, afinal, têm tanto para receber da riqueza de vida dos sem-abrigo. Depois desta experiência, Peter McVerry ajuda os alunos a refletirem sobre a própria experiência de contacto com estas pessoas. A reflexão inaciana sobre a experiência vivida, a interiorização, ajuda a que a compaixão não permaneça um ato isolado, sem consequências para o futuro. A compaixão (paixão com, sofrer com) verdadeiramente cristã leva necessariamente à ação, como no caso do Bom Samaritano. É a resposta mais espontânea do coração quando é atravessado pelo eflúvio da graça. Educar os alunos para os outros e com os outros, a serem compassi-
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O terceiro dia foi de pausa e de retiro espiritual. Fizemos o percurso Inaciano de Montserrat e de Manresa. Tanto na ida para Montserrat, de autocarro, como no itinerário a pé pelas ruas antigas de Manresa, lemos e rezámos excertos da Autobiografia de Santo Inácio que diziam respeito aos lugares em que estávamos. A ideia era recuar no tempo, tentando entrar na pele de Inácio de Loiola, para o acompanhar e compreender o que ele viveu e experimentou naquelas terras. Mas sobretudo para compreender o seu percurso espiritual desde que tinha saído de Loiola, passando por Montserrat, até aos 8 meses de permanência em Manresa. Diz Inácio que, nessa altura, "Deus o ensinava como um professor ensina um aluno". Inácio parte de Loiola como um peregrino, com grande ânimo e liberalidade, mas ainda um tanto ingénuo, centrado em si mesmo, pensando no que haveria de fazer por amor de Deus, que feitos e façanhas Lhe haveria de oferecer. É assim como ele parte, com espírito conquistador, pensando que, com as suas próprias forças, conseguirá conquistar o homem novo. Começa a fazer penitências, a rezar sete horas diárias, a deixar crescer o cabelo, as unhas... mas também começa a ter imensos escrúpulos da vida passada, tentações e alucinações estranhas... Este gentil homem todo poderoso começa a descer às águas amargas do seu interior e percebe que "nada pode" sozinho. Ele, que comandava tropas militares, agora está disposto a seguir um cão de joelhos, desde que Deus tenha misericórdia dele e o salve dos escrúpulos e do asco da vida passada. O desespero é tão grande que chega, inclusive, a ter uma tentação de suicídio. Mas eis que o Senhor vem em sua ajuda e o desperta do sonho adolescente e quimérico da "omnipotência", do querer fazer tudo sozinho, apoiado unicamente na sua própria força e iniciativa. Então, o Senhor agracia-o, em Manresa, com várias experiências espirituais intensas, sendo a mais exímia a ilustração junto ao rio Cardoner: todo o seu olhar parecia ser novo pois lhe parecia que todas as coisas eram novas.
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vos, libertando ou aliviando o sofrimento de um ser humano que padece necessidade, eis mais um desafio. Concluindo: não queremos que os nossos alunos sejam ativistas sociais. Queremos que experimentem o amor de Deus por eles e que esse amor sentido e saboreado os leve/oriente para e com os outros através de ações concretas.
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5. A pessoa comprometida (Ação) – 7 Nov.
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A conferência de abertura sobre este tema esteve a cargo de Joseph Carver, um jesuíta norte-americano, especialista em ecologia. A sua reflexão, acompanhada por imagens, passou uma mensagem muito forte de compromisso por um mundo que também precisa ser amado: quantas vezes a contemplação de uma paisagem natural nos leva a Deus? Este mundo, criado por Deus, com a sua beleza, quer ensinar-nos algo, está a ensinar-nos a amá-lo. Este mundo já não consegue absorver as pegadas ecológicas que o ser humano deixa nele impresso e, por isso, como diz S. Paulo, geme, e nós precisamos escutar os seus gemidos. O mundo já não se refaz das nossas pegadas... E acima de tudo, quem sofre mais com esta forma de ser/estar destrutiva são sempre os mesmos: os pobres. Em certos países, as pessoas têm de andar a pé cada vez mais quilómetros para terem acesso à água potável. O compromisso com um mundo mais saudável é uma questão de justiça social. Como dizia Joe Arimoso SJ: "It is better to plant one tree and commit to watering it instead of planting 100 trees and letting them die." Pequenos gestos podem ser muito poderosos nesta mudança de atitude que se pretende consciente para desembocar em ações concretas. O tema da reconciliação com a Natureza deveria, por isso, ser trabalhado nos nossos colégios para que os alunos, a começar pelos mais pequenos, mudem os seus hábitos e ajudem os adultos a mudarem também. Obviamente que não se pode fazer tudo, mas pode-se sempre eleger um ou dois sinais que sejam proféticos, educativos e formativos, e que não deixem esquecer esta reconciliação desejada com a Natureza. O compromisso com a Natureza seria o paradigma de todos os outros compromissos. Como alguém dizia, a Terra continuará a existir; mas se não mudarmos nada nos nossos hábitos, a questão passa a ser se os seres humanos continuarão a existir. Necessitamos de uma visão ampla e deixar que a Terra nos ensine a viver para bem de toda a humanidade. Na escola onde Joseph Carver trabalha, oferecem aos alunos uma garrafa de água térmica, para que voltem a enchê-la de água e não tenham de ir comprar garrafas de água de plástico. Há ilhas enormes de plástico a boiar à superfície das águas no Oceano Pacífico... Partindo de gestos como este, tudo, então, é possível! Da avaliação do Seminário, emergiram alguns pensamentos orientadores para o futuro: a) Pequenos gestos podem ser poderosos;
b) É tempo de agir e de partilhar o que fazemos para sermos mais conscientes e nos motivarmos mutuamente a prosseguirmos este trabalho iniciado; c) Levar aos colégios um debate permanente, ao jeito do que aconteceu durante o SIPEI. Como dizia Gandhi, "Sê a transformação que gostarias de ver no mundo"; d) No encontro de Boston, há dois anos, falava-se muito em "networking"; no SIPEI falou-se mais de uma comunidade global, de uma família inaciana ligada aos colégios com uma missão global. No SIPEI acredita-se que as mais de 2000 escolas inacianas espalhadas pelo mundo podem fazer uma diferença, se nos unirmos numa comunidade/família que partilha e age em conjunto; e) A interseção possível entre educação jesuíta e espiritualidade inaciana passa, sem dúvida, pelo desenvolvimento do aluno consciente, competente, compassivo e comprometido; o ritmo quaternário e interligado dos 4 "C's" dá unidade à ação pedagógica e constitui um verdadeiro horizonte de sentido. f) Ousar acreditar na transformação que os Exercícios Espirituais produzem nas pessoas que os fazem. As fraquezas, quando atravessadas pela graça de Deus, tornam-se fonte de esperança. A finalizar o Seminário, Ciara Beuster apresentou o projeto EDUCATE MAGIS (www.educatemagis.org), uma plataforma que vai, finalmente, criar uma comunidade online formada por educadores de mais de 2000 Colégios jesuítas espalhados pelo mundo. Dos vários objetivos podemos referir estes: partilhar materiais e potenciálos; facilitar a conversação à distância e possibilitar visitas; possibilitar ainda uma colaboração entre pessoas que partilham a mesma visão e missão educativas. Começará a funcionar em março de 2015. Domingos de Freitas, SJ
Meios que unem O INSTRUMENTO COM DEUS
Janeiro
Março
Exercícios Espirituais
Exercícios Espirituais
3 DIAS 08 a 11 | em Soutelo, com o P. José Frazão Correia 08 a 11 | ao 3º dia ... para ver mais claro, mais fundo, em Soutelo, com Mariana Abranches Pinto 15 a 18 | no Rodízio, com o P. Mário Garcia 15 a 18 | em Soutelo, com o P. José Eduardo Lima 15 a 18 | no Rodízio, com o P. António Júlio Trigueiros 15 a 18 | Conhecer, no Rodízio, com o P. Sérgio Diz Nunes 15 a 18 | no Rodízio, com o P. António Vaz Pinto 22 a 25 | em Soutelo, com o P. José Carlos Belchior 29 a 01 | na Costa Nova, com o P. Nuno Branco
3 DIAS 05 a 08 | em Soutelo, com o P. Miguel Gonçalves Ferreira 12 a 15 | pé descalço, com o P. João Goulão 12 a 15 | no Rodízio, com o P. António Santana 12 a 15 | no Rodízio, com o P. Alberto Brito 12 a 15 | em Soutelo, com o P. Nuno Branco 12 a 15 | Comprometer-se, no Rodízio, com o P. Sérgio Diz Nunes 12 a 15 | pé descalço, em Soutelo, com o P. Miguel Almeida 19 a 22 | em Soutelo, com o P. Filipe Martins 19 a 22 | pé descalço, em Ourém, com o P. António Santana e Margarida Alvim 26 a 29 | em Soutelo, com o P. Manuel Morujão
Exercícios Espirituais 3 DIAS 05 a 08 | em Soutelo, com o P. Miguel Almeida 12 a 15 | Conhecer, em Soutelo, com o P. Sérgio Diz Nunes 19 a 22 | pé descalço, em Soutelo com o P. José Eduardo Lima 26 a 01 mar | em Soutelo, com o P. Vasco Pinto de Magalhães 4 DIAS 13 a 17, no Rodízio, com o P. Mário Garcia 5 DIAS 13 a 18 | em Soutelo, com Alzira Fernandes 6 DIAS 12 a 18 | em Palmela, com o P. Carlos Azevedo Mendes 7 DIAS 11 a 18 | em Soutelo, com o P. António Vaz Pinto 13 a 20 | no Rodízio, com o P. José Carlos Belchior 8 DIAS 02 a 10 | em Soutelo, com o P. Dário Pedroso
7 DIAS 26 a 02 abr | em Soutelo, com o P. Luís Maria da Providência 8 DIAS 05 a 13 | em Soutelo, com o P. António Costa Silva 27 a 04 | em Soutelo, com o P. Gonçalo Eiró
Abril Exercícios Espirituais 3 DIAS 16 a 19 | em Soutelo, com o P. António Santana 30 a 02 | no Rodízio, com o P. Manuel Morujão 30 a 03 | iniciação, em Soutelo, com o P. Vasco Pinto de Magalhães 30 a 03 | no Rodízio, com o P. António Júlio Trigueiros 30 a 03 | em Soutelo, com o P. Rui Nunes 30 a 03 | em Soutelo, com a Alzira Fernandes 30 a 03 mai | em Palmela, com o P. Carlos Azevedo Mendes 30 a 03 | A vida como liturgia, em Soutelo, com o P. Roque Cabral 8 DIAS 16 a 24 | em Soutelo, com o P. Luís Maria da Providência
Consulte o programa anual em www.jesuitas.pt
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Fevereiro
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