Boletim junset 2014

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JESUÍTAS

Boletim . nº 351 junho/setembro 2014

Informação aos amigos

Visita do Padre Geral Os duzentos anos da Restauração da Companhia de Jesus


JESUÍTAS Informação aos amigos

LISBOA Boletim nº 351 junho/setembro 2014

BREVES DA PROVÍNCIA........................................ 3 DA COMPANHIA DE JESUS EM RESUMO........... 9 VISITA DO PADRE GERAL.....................................10 OS DUZENTOS ANOS DA RESTAURAÇÃO DA COMPANHIA DE JESUS ...................................12

boletim da PROVÍNCIA PORTUGUESA Junho/Setembro 2014

MEIOS QUE UNEM O INSTRUMENTO COM DEUS ..................................15

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Ficha Técnica Jesuítas – Informação aos Amigos – Boletim; Nº 351; junho/setembro 2014 Diretor: Domingos de Freitas, SJ • Coordenação: Ana Guimarães • Redação: Ana Guimarães; António Amaral, SJ; Avelino Ribeiro, SJ • Propriedade: Província Portuguesa da Companhia de Jesus • Sede, Redação e Administração: Estrada da Torre, 26, 1750-296 LISBOA (Portugal) • Telef.: 217 543 060; Fax: 217 543 071 • Impressão: GRÁFICA, Lda. – Praceta José Sebastião e Silva, Lote 20, Parque Ind. Seixal- 2840-072 Aldeia de Paio Pires (Portugal) • Depósito Legal: Nº 7378/84 • Endereço Internet: www.jesuitas.pt • E-mail: ppcj@jesuitas.pt • Foto: Porto de Honra dos animadores do CREU com o Padre Geral


Destinos e nomeações - P. Carlos Carneiro, Promotor Vocacional; - P. Carlos Maria Vasconcelos, Assistente Religioso do Círculo de Espiritualidade e Cultura (CEC), de Lisboa; P. António Santana: Assistente Nacional do Camtil; P. Manuel Vaz Pato, Assistente Regional da CVX-Beira Interior; P. Miguel Gonçalves Ferreira, Assistente Regional da CVX-Beira Litoral e Assistente Local dos Leigos para o Desenvolvimento. - P. Domingos Terra, Ministro da Comunidade da Casa de Escritores S. Roberto Belarmino (Brotéria), Lisboa; P. Fernando António, Ministro da Comunidade da Faculdade de Filosofia e do AO, Braga, colaborador nos “Jovens em Caminhada” e na Basílica do S. Coração de Jesus, Póvoa de Varzim. P. João Carlos Onofre Pinto, Prefeito de estudos dos Juniores-Filósofos para a Filosofia; E. Nelson Faria, Administrador Local da Comunidade do Colégio das Caldinhas, Areias de S. Tirso; E. João Manuel Silva, Administrador Local da Comunidade do Noviciado do Santíssimo Nome de Jesus, Cernache. I. Rogério Leal, Administrador dos bens da casa da Comunidade de Cernache, por motivo da Suspensão da comunidade (cf. PQ 193). - P. Estêvão Jardim, colaborador na Capelania da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, passando a fazer parte da Comunidade da Casa de Escritores S. Roberto Belarmino (Brotéria), Lisboa; - P. Francisco Rodrigues, colaborador na Paróquia de S. João Baptista do Lumiar, Lisboa; - P. Nuno Branco, Coordenador do “essejota.net”.

Orações Pedem-se orações: - pelo P. Honório Santos (Comunidade da Charneca da Caparica), recentemente falecido.

Ordenações presbiterais e missas novas Cinco de julho foi dia de alegria, louvor e ação de graças para a Companhia de Jesus e para a Igreja. Pelas quatro da tarde, a Sé Nova de Coimbra encheu-se de luz, de amigos e de festa para a Ordenação Sacerdotal do Pedro Cameira, do Gonçalo Machado, do Carlos Carvalho, do Frederico Cardoso Lemos, do João Goulão e do Paulo Duarte. O Senhor D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, impôs as mãos sobre estes jesuítas, que têm passado os últimos anos a estudar Teologia, na Europa e nos Estados Unidos da América. Na sua homilia, lembrou os seis Companheiros que tivessem num “lugar muito especial os pobres e os pecadores, todos os que se veem abatidos pela dureza da vida, pelo peso da consciência, pela

ausência de amor e, por isso, mais necessitados de sentir a presença alegre e amiga de Deus e dos homens”. E ainda os desafiou a “ser cristãos e padres à maneira de Santo Inácio, a alma seduzida pela alegria da Boa Nova de Jesus Cristo e pelo apelo imperioso a evangelizar”. A Eucaristia foi concelebrada por dezenas de sacerdotes jesuítas portugueses e estrangeiros, diocesanos e de outros institutos religiosos, além das centenas de familiares e amigos que se quiseram associar a este dia de alegria. Nos dias seguintes, os novos sacerdotes celebraram as suas primeiras Missas. Em cada uma, o mesmo clima de festa e ação de graças. Todos quiseram que o Senhor por quem entregam as suas vidas fosse o centro da celebração e, por se terem entregado assim, em cada uma pudemos entrever um pouco das suas personalidades. Logo no dia seis, o P. Pedro celebrou a sua primeira Missa na Sé Velha de Coimbra, cidade de onde é natural. Junto dos seus familiares e amigos, falou-nos do descanso: saber quando descansar e saber como descansar, para nos podermos cansar ao serviço dos outros. Depois, o CUMN abriu as suas portas para receber todos os que quiseram partilhar a alegria do P. Pedro. No dia doze, fomos até Leça da Palmeira e depois da animada procissão desde casa da Família do P. Gonçalo até à Igreja Paroquial, aprendemos com as suas palavras que a lógica de Deus é diferente da nossa. Deus semeia em todo o tipo de terrenos, sem olhar a quem, onde, nem a quanto. Não descrimina pessoas nem locais, nem tem medida, dando em abundância e fartura. A lógica da Sua gratuidade e não descriminação são fascinantes. Foi no CREU que continuou a festa. Continuámos pelas praias do Norte e, no dia treze, a Basílica do Sagrado Coração de Jesus, na Póvoa de Varzim, encheu-se de festa para receber o P. Carlos, que ali já ajudava à Missa e deu os primeiros passos na fé, ainda criança. Na homilia, o P. Carlos contou-nos que as palavras podem vir do silêncio ou do barulho, que o nosso celeiro está cheio das graças de Deus. Foi na escola da terra que os seus convidados continuaram o convívio. O fim-de-semana seguinte foi de festa a sul. No dia dezanove, o P. João recebeu os seus convidados e celebrou a sua primeira Missa no Colégio de Santa Doroteia,

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Breves da PROVÍNCIA

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em Lisboa, onde estudou em pequeno. Lembrou-nos a importância de ser pacientes para podermos ver crescer o trigo que plantamos nos terrenos das nossas vidas. O P. Frederico celebrou, no dia vinte, na Igreja do Colégio de S. João de Brito a sua Missa Nova. Num ambiente de alegria serena disse-nos que o trigo e o joio crescem juntos, apesar do semeador ter semeado apenas semente boa. O amor que o dono do campo tem a cada planta é claro; por isso foi Ele a semear. A seguir, abriramse as portas do CUPAV para continuar a festa. Finalmente, no dia vinte e seis, a festa foi em Portimão. O P. Paulo voltou à terra onde nasceu e celebrou Missa numa Matriz a transbordar. Segundo ele, devemos reconhecer a nossa História pessoal tal qual como ela é e vê-la como possibilidade de empurrão para ir para diante. Para isso, devemos pedir a Deus um coração que escuta e assim saber escutar bem o que nos circunda, pois Deus pode-nos falar no extraordinário e no quotidiano; a nossa atitude deve ser a da busca constante e a da alegria nos encontros. Todos seguiram, depois, para o salão dos Bombeiros, onde a festa seguiu. Alegramo-nos todos com este mês de celebrações! Fica a certeza de que mais que o número de novos Sacerdotes, podemos contar com mais seis Companheiros de Jesus que se entregam inteiramente ao serviço do Reino, para a maior glória de Deus. Samuel Beirão, SJ

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P. José Belarmino Araújo - Memória

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10 de novembro de 1942 - 4 de maio de 2014 O P. José Belarmino de Araújo nasceu a 10 de Novembro de 1942, em Parada de Gatim, Vila Verde (Braga). Entrou na Companhia de Jesus a 7 de Setembro de 1960, no Noviciado de Soutelo, Vila Verde (Braga). Aí fez também o Juniorado, de 1962 a 1964, seguindo-se os estudos de Filosofia em Braga, de 1964 a 1967. Nesse ano, partiu para Moçambique, onde fez o Magistério, na Fonte Boa, até 1970. Até 1974, estudou Teologia em S. Cugat (Barcelona, Espanha) e foi ordenado sacerdote no Colégio das Caldas da Saúde (Santo Tirso), em 20 de Julho de 1974. Regressou a Moçambique nesse mesmo ano, onde esteve até 1979, nas Missões do Chiritse e de Lifidzi. Em consequência da situação política em Moçambique, após a sua independência, vários Missionários tiveram que regressar às suas origens. Também o P. José Araújo regressou a Portugal e, por motivos de saúde, foi destinado a Santo André, Santiago do Cacém, onde permaneceu até 1989. Para além do trabalho pastoral e paroquial, foi professor nas Escolas Preparatórias de Santiago do Cacém e Santo André e Secundária de Santo André. Em 1982, foi nomeado

Vigário do Vicariato Paroquial de Santa Maria (Santo André) e de Melides, continuando como professor. Em 1984, ficou pároco só de Melides, assumindo, durante oito anos, a Capelania do Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz. Durante os anos de 1988-89, passou algum tempo sabático em Madrid (Espanha), fazendo uma reciclagem teológica e catequética com os Irmãos de La Salle. Em 1989 mudou para Lisboa, para a Residência de S. Francisco Xavier ,assumindo o cargo de Ministro da Comunidade até 2001. Foi também professor de religião e português no Colégio de S. João de Brito, no qual desempenhou ainda o cargo de director da Primária (1992-96) e de assistente do Curso Noturno. Prestou ainda colaboração na Paróquia da Charneca da Caparica e seus locais de culto: Sobreda, Vila Nova e S. José. Em 2001, passou a residir no Colégio e, em 2002, foi nomeado Ministro, continuando a colaborar no Colégio e nas Paróquias de S. João Batista do Lumiar e Ameixoeira. O seu estado de saúde, com altos e baixos, foilhe retirando as forças e, como consequência, foi deixando os seus ministérios. No entanto, nunca perdeu a sua boa disposição e o seu sentido de humor que a todos alegrava. O Senhor chamou-o para Si na tarde do dia 4 de Maio de 2014. Paz à sua alma!

Novos párocos No dia 3 de Agosto, o Senhor Dom Manuel Quintas, Bispo do Algarve, presidiu à Eucaristia da tomada de posse do P. Luís Ferreira do Amaral como pároco in solidum das paróquias da Mexilhoeira Grande e Nossa Senhora do Amparo, em Portimão, sendo moderador o P. Domingos Monteiro da Costa. O P. Luís Ferreira do Amaral sucede ao P. Arsénio Castro Silva, pároco durante cerca de 30 anos, e o P. Estêvão Jardim, que o substiutuiu durante dois anos. No primeiro fim de semana de Setembro, o Senhor Bispo de Setúbal, Dom Gilberto Reis, deu posse da Quasi-paróquia de São Francisco Xavier de Caparica ao P. Hermínio Vitorino, no dia 6 de setembro, e da Paróquia da Charneca da Caparica ao P. José Pires Nunes, no dia 7. O P. Hermínio Vitorino sucede ao P. José Pires Nunes que, por sua vez, sucede ao P. Honório Santos, pároco durante cerca de 40 anos e falecido no final de agosto. Também no dia 7 de Setembro, na Paróquia de São João Baptista do Lumiar, em Lisboa, o Padre João Caniço tomou posse como pároco, na missa presidida pelo Senhor Bispo Auxiliar de Lisboa, Dom Joaquim da Silva Mendes. O P. João Caniço sucede ao P. Alberto Sousa, que foi pároco durante 6 anos.


Encontro dos jesuítas portugueses De 30 de Julho a 1 de Agosto de 2014, decorreu mais um Encontro Anual dos jesuítas portugueses, na Casa da Torre, em Soutelo. Por ser ano de Jubileu, o Bicentenário da Restauração da Companhia, quisemos antecipar a data do encontro para podermos celebrar a Festa de Santo Inácio de Loiola, a 31 de Julho, como Província e Amigos no Senhor. O Encontro teve início com o jantar, a 30 de Julho, seguindo-se uma intervenção do P. António Júlio Trigueiros: 2014: que celebramos na Companhia Universal e na Província Portuguesa da Companhia de Jesus?, que nos ajudou a contextualizar o Jubileu da Restauração da Companhia. O dia terminaria com uma apresentação orante, da responsabilidade do P. Gonçalo Castro Fonseca, no claustro da Casa, um espetáculo de luz e cor, de som e imagem, de agradecimento a Deus pelos muitos dons recebidos ao longo da história da Companhia. No dia 31 de Julho, depois da oração de laudes próprias de Santo Inácio, tivemos o privilégio de escutar a comunicação do Dr. Nuno Olaio, intitulada O P. Carlos Rademaker e a restauração da Província Portuguesa. O Dr. Nuno Olaio fez uma apresentação do P. Rademaker e da sua importância na restauração da Província Portuguesa, pondo em relevo as suas qualidades humanas e espirituais que colocou, com muito empenho e dedicação, ao serviço do regresso dos jesuítas a Portugal, alguns anos após a Restauração (7 de Agosto de 1814). No intervalo da manhã, na sala contígua ao Auditório, foi inaugurada uma exposição bibliográfica com o título Da supressão à Restauração, da responsabilidade do P. António Júlio Trigueiros. A manhã desse dia seria brindada com outra comunicação de qualidade, desta vez a cargo do Dtr. Francisco Malta Romeiras, intitulada A restauração da Companhia de Jesus em Portugal e o ensino científico. O Dtr. Francisco Romeiras procurou mostrar como a restauração da Companhia, em Portugal, esteve associada ao ensino e à cultura, pondo em relevo o Colégio de Campolide, em Lisboa, como um colégio de referência, apetrechado com vários laboratórios a fim de proporcionar um ensino na base da experiência pessoal. Após o almoço, a tarde desse dia teve início com uma nova comunicação do P. António Júlio Trigueiros, em que procurou Trazer à memória os benefícios recebidos: origens da atual presença dos Jesuítas em Portugal. Ajudou-nos a compreender, de alguma forma, porque estamos onde estamos atualmente, recordando as origens históricas da implementação de um bom número das nossas atuais comunidades e obras. Depois do lanche, rumámos a Braga, para uma visita ao Colégio de S. Paulo, atual Seminário Conciliar e antigo Colégio de S. Paulo, a cargo da Companhia de

Jesus. Visitámos o claustro e a igreja, sempre acompanhados pelas explicações oportunas do P. António Júlio Trigueiros. Foi na Igreja de S. Paulo que, em comunidade de companheiros jesuítas, amigos, colaboradores e familiares do P. Luís Ferreira do Amaral, celebrámos a Eucaristia festiva de S. Inácio de Loiola, durante a qual o P. Luís pronunciou os seus Últimos Votos, que o incorporam definitivamente no Corpo Apostólico da Companhia universal. A seguir ao jantar, em Soutelo, o Ensemble de Flautas, da nossa escola profissional e artística do Vale do Ave, a ARTAVE, brindou-nos com um sarau musical, no Claustro da Casa da Torre, ao qual se seguiu uma pequena ceia, partilhada por todos os que assistiram ao Sarau, incluindo amigos e familiares. A manhã do último dia do Encontro, 1 de Agosto, foi dedicada à Avaliação Apostólica das Obras da Província Portuguesa, com uma intervenção de fundo do Padre Provincial, José Frazão Correia. No seguimento da carta do P. Geral, de 2 de Fevereiro, em que pedia à Companhia universal uma avaliação das nossas obras, o P. Provincial salientou a importância desta avaliação como um exercício espiritual de confiança e de liberdade interior para mais fecundamente se encontrar a vontade de Deus a respeito da nossa Província. Reforçou a ideia de que esta avaliação é um instrumento apostólico para o bom governo da Província; por fim, deu a conhecer o calendário, com início a 1 de Outubro, por ocasião da reunião de Superiores e Diretores de Obra, estando prevista a sua conclusão a 15 de Julho de 2015. No próximo Encontro da Província de 2015 procurar-se-á fazer uma síntese do trabalho realizado e concluir formalmente o processo de avaliação. O P. Hermínio Rico foi nomeado Delegado do P. Provincial e coordenará, juntamente com os PP. Carlos Carneiro e Luís Onofre Pinto, as comissões de avaliação. O Encontro da Província terminou com a celebração da Eucaristia na qual demos graças a Deus pelos 50 anos de sacerdócio dos PP. José Carlos Belchior, João Santos, Estêvão Jardim e João Batista Magalhães. Domingos de Freitas, SJ

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Breves da PROVÍNCIA continuação

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“Porque não basta sentir, é preciso saber” Memória P. Honório Santos Realizou-se na Casa da Torre, em Soutelo, a 4ª edição da Academia de Verão. Esta iniciativa juntou cerca de 60 jovens ligados aos quatro centros universitários do país, para aprofundarem a sua fé. Partindo da premissa “porque não basta sentir, é preciso saber” a proposta consistiu numa semana de aulas, visitas de estudo, tempos de oração, noites culturais e de convívio onde esteve garantida a aprendizagem, em formato diversificado. (cfr. www.jesuitas.pt)

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Encontro de Escolásticos

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Este encontro anual teve este ano um formato diferente do habitual. No contexto da celebração do 2º centenário da restauração da Companhia de Jesus, este encontro teve um caráter itinerante. Os escolásticos, ou melhor dizendo, os jesuítas em formação que ainda não foram ordenados sacerdotes, estiveram em lugares emblemáticos da história da Companhia no centro e sul do país, a saber Santarém, zona de Lisboa e Evora. Nestes dias, visitaram a Sé de Santarém, a igreja de S. Roque, o ‘Coleginho’, o Noviciado da Cotovia e a Fortaleza de S. Julião da Barra, a Universidade e a Igreja do Espírito Santo, em Évora. Como momentos particulares, registam-se a conversa com o P. José Frazão Correia, Provincial, a instituição do Carlos Miranda e do Samuel Afonso como leitores, e do António Pamplona, do Francisco Ferreira, do Ricardo Baptista Dias e do Nelson Faria como acólitos. (cfr. www.jesuitas.pt)

8 Julho de 1936 - 31 Agosto de 2014 O Padre Honório Santos nasceu em Sendieira, Freiria, Torres Vedras (Lisboa), em 8 de Julho de 1936. Após os estudos preparatórios na então Escola Apostólica de Macieira de Cambra, entrou no Noviciado de Soutelo, Vila Verde (Braga), no dia 7 de Setembro de 1955. Fez o Juniorado em Soutelo, a Filosofia em Braga e o Magistério em Moçambique, na Missão da Fonte Boa e na Missão de Boroma (1964-1966), como Professor de Ciências e de Educação Física, Prefeito, Diretor dos Escuteiros e colaboração na revista “Escola e Missão”. A Teologia fá-la-ia em San Cugat, Barcelona (Espanha), tendo recebido a Ordenação Sacerdotal em 29 de Junho de 1969. Deu início à sua atividade apostólica, como Capelão Militar no antigo Ultramar Português, de 1970 a 1973, ano em que regressou a à Missão da Fonte Boa, onde foi Diretor Espiritual dos alunos e dos jesuítas, responsável pela Missão de Santo Inácio de Msaladzi e Professor no Centro Escolar da Fonte Boa. De 1982 a 1984 esteve na cidade da Beira, de 1984 a 1986 em Satemwa, e de 1987 a 1989, em Tete, como Responsável da Zona Pastoral da Angónia, tendo em 1989, mudado para a Beira, como Pároco de Matacuane. Em 1991, assumiu também o cargo de Superior, Assistente da Paróquia de Sena e Diretor das “Escolinhas” (obra de sua iniciativa). Regressou definitivamente a Portugal, em 1997, por motivos de saúde. Depois de algum tempo de descanso, foi destinado à Residência da Charneca da Caparica (margem sul de Lisboa) como Vigário Paroquial local, tendo sido, em 1998, nomeado Superior da Residência, cargo que desempenhou até 2003. Em 1999, foi nomeado Pároco da Charneca da Caparica. Depois de um internamento prolongado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, viria a falecer, no mesmo hospital, na manhã do dia 31 de Agosto de 2014. Só Deus saberá recompensá-lo por tanto bem feito, como missionário, em Moçambique, e como pároco, na Charneca. Um grande obrigado, P. Honório, pelo seu testemunho como jesuíta, pela sua entrega e dedicação ao serviço do povo de Deus e da Igreja de Cristo. Paz à sua alma!

Boletim “Jesuítas” O boletim “Jesuítas” é enviado gratuitamente a familiares, amigos e colaboradores. Se desejar contribuir para as despesas de publicação e envio, pode fazê-lo por transferência bancária para o NIB 0033 0000 000000 700 41 84, Millennium BCP, ou mediante envio de cheque em nome de Província Portuguesa da Companhia de Jesus, para Estrada da Torre, nº 26 - 1750-296 LISBOA. Em ambos os casos, solicita-se referência ao Boletim Jesuítas.


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Qualquer missão que nos seja confiada é dom de Deus para nós. E passar três semanas em Roma dedicadas a rememorar o centenário do re-estabelecimento da Companhia de Jesus, com outros jesuítas em formação, é um daqueles dons que, de imediato, o reconhecemos como fruto da misericórdia divina. De trinta de julho a dezoito de agosto, perto de três dezenas de jesuítas de toda a Europa debruçaram-se sobre a nossa história nos conturbados tempos da supressão e restauração. Pudemos compreender como estes jesuítas da Restaurção se foram empenhando e comprometendo em espaços geográficos para além do seu território de origem, ultrapassando todo o tipo de preconceitos e barreiras na busca da maior glória de Deus. Para nos orientar e alargar a nossa visão, contámos com o contributo dos historiadores Jim Grummer – Assistente do Geral – e Robert Danieluk – jesuíta encarregue dos arquivos da Cúria, um talento escondido da Companhia. Durante este verão na cidade de Pedro, tivemos também oportunidade para entregarmos tempo aos exercícios espirituais de ano em Galloro, sob a orientação do Provincial da Irlanda Tom Layden, bem como um encontro com o P. Geral e missa com o Papa Francisco. Deixo duas citações, nas quais deposito a esperança de produzirem grande proveito espiritual. A primeira, do Geral da Companhia, o P. Adolfo Nicolás, que reconhecendo o auditório de jesuítas em formação nos disse para não acreditarmos que o estudo é um apostolado, mas sim que é a preparação para grandes apostolados: «Jesuítas que não estudam não dão bons apóstolos. Não entendem o custo do estudo, e alimentam-se de senso comum… e o senso comum esgota-se rapidamente! São repetidores de trivialidades, repetem-se até à exaustão.» Quanto ao Papa Francisco, desafiou-nos a caminhar e crescer em oração, proximidade e discernimento: «não andem extraviados pelo caminho, andem farejando. Um jesuíta discerne em terra de Deus e em terra do Diabo». Nelson Faria, SJ

Encontro de Homenagem ao P. Alfredo Dinis, SJ No bem passado dia 21 de Setembro recordámos o nosso querido P. Alfredo Diniz, SJ. O P. Alfredo foi, nos últimos tempos, professor e diretor da Faculdade de Filosofia do polo de Braga da Universidade Católica Portuguesa, bem como Filósofo interessado no encontro entre fé e razão, religião e ciência. Um encontro. Nos passados 20 anos, viveu na Comunidade Pedro Arrupe, juntamente com os Jesuítas estudantes de Filosofia, a quem bem formava e mimava, procurando o encontro entre exigência e misericórdia, firmeza e doçura. Outro encontro. Também a sua terra é terra de encontros. Onde o Sul se encontra com o Norte, mesmo ali ao lado de onde o rio Zêzere se encontra com o Tejo, fica o Tramagal. A vila do Tramagal é conhecida como “Vila Convívio”, vila de encontros. Foi lá que nos encontrámos nesse dia, para homenagear o nosso Padre dos encontros. A homenagem começou com o grande encontro da Eucaristia, como não podia deixar de ser. Celebrámos Missa na Igreja de Nª Sra. da Oliveira, presidida pelo P. José Carlos Belchior. Uma assembleia cheia de irmãos, amigos e alegria, que contou também com a presença do Agrupamento de Escuteiros do Tramagal e de um coro do Movimento dos Focolares. Este Movimento tem como carisma “que todos sejam um” (Jo 17, 21). É este o motivo da vida das pessoas que lhe são próximas. Poderíamos chamar a este Movimento o “Movimento do Encontro”. E o P. Alfredo era-lhe muito próximo. Celebrada a Eucaristia e depois de um animado almoço, dirigimo-nos para a antiga Escola Primária do Tramagal. Por vontade da Câmara Municipal de Abrantes e da Junta de Freguesia do Tramagal, esta escola foi reinaugurada nesse dia como Edifício Municipal Alfredo Dinis, SJ, onde agora funciona a sede do Agrupamento de Escuteiros daquela vila. Nada melhor do que um local de encontros para receber o nome do nosso querido P. Alfredo. Após algumas breves e quentes palavras do Pároco e do Presidente da Junta de Freguesia da sua terra, o P. Alfredo pôde ser lembrado num momento cultural e de lançamento de um livro intitulado "Alfredo Dinis, SJ - O MUNDO É PARA SER AMADO: textos de filosofia e ciência". O livro é publicado com o apoio da editora Aletheia e reúne alguns artigos do P. Alfredo, que se vão encontrando entre as páginas com palavras e histórias contadas por amigos e irmãos. Este encontro teve lugar no Salão da Sociedade Artística Tramagalense (SAT) e foi iniciado com um momento musical e testemunhos emocionados de um amigo do P. Alfredo e de sua irmã, Etelvina Dinis. Palavras intimas, juntamente com fotografias da vida do P. Alfredo que iam sendo projetadas, que nos deram a conhecer um pouco mais daquele que já homenageávamos. Seguiram-se breves intervenções do P. José Carlos

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EJIF - Restaurar a Companhia de Jesus

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Belchior, presente em representação do P. Provincial da Província Portuguesa da Companhia de Jesus, do Prof. Doutor Miguel Gonçalves, atual Diretor da Faculdade de Filosofia, da Presidente da Câmara Municipal de Abrantes e do Presidente da Junta de Freguesia do Tramagal. No final tivemos o prazer de ser presenteados com a atuação do Coro da SAT, que nos brindou com dois temas muito bem interpretados. Deixo propositadamente para a conclusão – porque a conclusão marca fortemente a memória – o enorme amigo Prof. Dr. João Paiva, “Nini”, já que a informação é aos amigos. O Nini é o grande responsável por toda esta homenagem, por todo este dia, por todo este encontro. Se chamo ao querido P. Alfredo o Padre dos encontros, então não posso deixar de chamar ao Nini o Amigo dos encontros. Escreveu o Nini um dia: ”Nada mais valioso do que o olhar, o abraço, o encontro real... que nem sempre consigo, mas que desejo“. Pois neste dia desejou, e conseguiu. Luís Palha, SJ

Jesúitas Irmãos na Europa

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O Encontro Europeu de Irmãos Jesuítas, com o tema Nas fronteiras da missão hoje, realizou-se na Cúria Geral, em Roma, de 26 a 29 de Setembro. No total estiveram presentes 34 Irmãos .

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O dia 27, “Quem somos nós?”, iniciou com a exposição de três experiências de vida: o Ir. Ernö Nagy; o Ir. José da Silva e o Ir. Michael Shöpf. A manhã terminou com a conferência do P. Magadia (PHI), que centrou a sua exposição na identidade jesuítica dos Irmãos. A tarde do dia 27 foi dedicada à celebração, no Gesù, de um “Te Deum” para assinalar os 200 anos da Restauração da Companhia, tendo sido presidido pelo Papa Francisco. O dia 28, “Os nossos ministérios – o que fazemos?”, iniciouse com a exposição do P. John Dardis, que abordou o tema “A Companhia de Jesus na Europa: as fronteiras da missão hoje”. A manhã terminou com a conferência do Ir. Alan Harison (BRI) sobre “A relação dos Irmãos e os Exercícios Espirituais”. No dia 29, “As nossas esperanças: a vocação de Irmão no futuro”, o P. José de Pablo apresentou os resultados do inquérito previamente enviado aos Irmãos delegados. No final da manhã o Padre Geral deixou-nos algumas reflexões: i) A vocação de Irmão é essencial para Companhia e para a vida religiosa. ii) É bom reduzir as diferenças, mas não suprimi-las, pois a diferença é essencial ao ser humano. iii) Por fim, o P. Geral reiterou que a vocação de Irmão é um vínculo especial com o mundo, mais próximo deste, com carência das “distrações” do sacerdócio e distinguindo-se deste. O Encontro concluiu-se com a Eucaristia presidida pelo P. Geral, Adolfo Nicolás. (cfr. www.jesuitas.pt) José Silva Almeida, SJ


Da Companhia em RESUMO

O Papa Francisco nomeou: - o P. Gilberto Alfredo Vizcarra Mori, Vigário Apostólico de Jaén (Peru); - o P. Robert Geisinger Promotor da Justiça para a Congregação da Doutrina da Fé; - os Padres Peter Dubovský (SVK), Bernard Pottier (BML) e Gabino Uribarri Bilbao (ESP) membros da Pontifícia Comissão Teológica Internacional.

Nomeações do Padre Geral: O Padre Geral nomeou: - os PP. Miguel Cruzado Silveri (PER) Conselheiro Geral e Assistente da América Latina; o P. Douglas W. Marcouiller (MIS) Conselheiro Geral e Assistente da Região dos Estados Unidos; - o P. Arturo Sosa (VEN) Conselheiro Geral; o P. Gabriel Ignacio Rodríguez Tamayo (COL) Assistente ad providentiam; o P. Fernando Mendoz Vargas (COL) Procurador Geral interino até à tomada de posse do P. Benoît Malvaux, em novembro. - o P. John Chong Che-chon Provincial da Coreia (KOR); o P. George Pattery Provincial da Ásia do Sul (POSA); - o P. Oduor Joseph Afulo Provincial da Província de África Ocidental; o P. Carlos Eduardo Correa Jaramillo Provincial da Colombia; o P. Juan Carlos Morante Buchhammer Provincial do Peru; o P. João Renato Eidt Provincial da nova Província do Brasil. - o P. Thomas H Smolich, da Província da Califórnia (CFN) Diretor Internacional do Jesuit Refugee Service (JRS); - o P. Patrick Mulemi, da Província da Zambia-Malawi, diretor do Gabinete de Comunicação e de Relações Públicas na Cúria Geral em Roma; .

Ação de Graças com o Papa Francisco No sábado 27 de setembro, o Papa Francisco presidiu à celebração de ação de graças na Igreja do Gesù, em Roma, por ocasião do encerramento do bicentenário da Restauração da Companhia de Jesus, a 7 de agosto de 1814, pela bula Sollicitudo omnium ecclesiarum do Papa Pio VII. A cerimónia, reservada aos jesuítas e a um pequeno número dos seus colaboradores leigos mais próximos, realizou-se em grande simplicidade e num ambiente familiar. Um momento de forte simbolismo foi a colocação de sete velas frente ao ícone de Nossa Senhora da Estrada, diante do qual rezaram Santo Inácio e os seus primeiros companheiros e a cuja intercessão se confiam os padres e irmãos jesuítas que partem em missão para qualquer sítido do mundo. As sete velas representam as seis conferências mundiais: África e Madagáscar, América latina, Ásia meridional, Ásia-Pacífico, Europa e Estados Unidos; a sétima representa a Cúria Geral.

Numa breve alocução, o Padre Geral agradeceu ao Papa e renovou a disponibilidade da Companhia de Jesus para o serviço da Igreja e do Vigário de Cristo, o soberano Pontífice. Ao terminar a celebração, o Papa Francisco fez a entrega simbólica do livro dos Evangelhos nas mãos do Padre Nicolás, renovando deste modo a sua missão de anunciar a Boa Nova no mundo inteiro.

Jesuítas no Sínodo da Família - Mons. Ján Babiak (SVK), Arcebispo de Prešov dos Católicos de rito bizantino e Presidente do Conselho da Igreja da Eslováquia; - P. Adolfo Nicolás, Superior Geral da Companhia de Jesus em representação da União dos Superiores Gerais; - P. François-Xavier Dumortier (BSE), Reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma; - P. Antonio Spadaro (ITA), Editor de La Civiltà Cattolica; - P. George Henri Ruyssen (BSE), do Pontifício Instituto Oriental de Roma; - P. Federico Lombardi (ITA), Diretor do Serviço de Comunicação da Santa Sé; - P. Bernd Hagenkord da Radio Vaticano.

Encontro dos Presidentes das Conferências Realizou-se de 15 a 18 de setembro, em Roma, o Encontro do Padre Geral com os Presidentes das Conferências. Este encontro tinha por objetivos aumentar o sentido do caráter universal da Companhia de Jesus, alcançar um melhor entendimento das prioridades globais da Companhia e colaborar com o Padre Geral no desenvolvimento da cooperação regional e global (CG 34, decreto 21, n° 25). Os temas de discussão incluiram o apostolado intelectual, a reestruturação da Companhia ao serviço da missão, a formação intelectual dos Jesuítas, o voto de castidade e a proteção de menores.

Papa Francisco visitou a Cúria Geral A Comunidade da Cúria Geral teve a alegria de receber o Papa Francisco para o almoço do dia da Festa de Santo Inácio, 31 de julho. A decisão do Papa foi comunicada bastante em cima da hora, tendo-se tratado de uma visita privada e em total simplicidade. Depois do almoço, ao café na sala da comunidade, o Papa cumprimentou e conversou com as pessoas presentes. Nesse dia estavam presentes familiares do P. Paolo Dall’Oglio, convidados antes de se saber da presença do Papa. O Papa Francisco aproveitou a oportunidade para exprimir a sua preocupação e simpatia pelo seu familiar raptado, na Síria, há mais de um ano e do qual não se tem mais notícias.

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Nomeações do Papa Francisco:

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Sentir e SABOREAR

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Visita do Padre Geral

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O Padre Geral, Adolfo Nicolás, visitou a Província Portuguesa da Companhia de Jesus de 1 a 4 de junho passados. Ao longo da visita, foi acompanhado pelo Assistente da Europa Meridional, P. Joaquín Barrero, pelo Padre Provincial, José Frazão Correia, assim como pelo PP. Domingos de Freitas – Sócio do Provincial – e Francisco Rodrigues – Administrador Provincial. Em Lisboa, no dia 1 de junho, o Padre Geral participou na reunião dos consultores da Província, durante a qual recebeu informação pormenorizada sobre o estado da Provincia. Seguiu-se o almoço, no refeitório do Colégio São João de Brito, com os jesuítas residentes na zona de Lisboa e sul do país, no qual participaram também os diretores das obras do Centro Inaciano do Lumiar. Na parte da tarde, no auditório do Colégio, perante uma assembleia composta essencialmente por adultos e jovens ligados ao Colégio, à Companhia de Jesus, à Espiritualidade Inaciana e membros da CVX, o Padre Geral desenvolveu com muita calma e bom humor o tema A colaboração no centro da Missão. Como imagem inesquecível e desafiante para a vida diária ficou a proposta de ser como a girafa que tem um olhar de cima e um coração grande. O Padre Geral referiu a necessidade de descentramento, afirmando que “o jesuíta participa numa missão que vai para além da sua obra apostólica e por isso tem de ser descentrado. Descentrar-se é deixar de se centrar em algo para se centrar em Cristo”, e supõe a necessidade de mudança na aproximação a problemas concretos, nomeadamente a identidade jesuíta, especificamente nas Obras da Companhia de Jesus. Numa ligação muito prática à realidade, o Padre Geral referiu a importância do papel dos Centros Universitários que são “centros pastorais, com o objetivo de acompanhar os universitários, de os ajudar a integrar o que estudam com a vida”, e lançou aos membros da Comunidade de Vida Cristã o desafio de “encontrarem na sua vida concreta a dimensão que os abre aos outros, não imitando os religiosos mas descobrindo a sua vocação profissional”. A missa das 7h da tarde, no Colégio, estava ainda mais cheia do que habitualmente e na homilia o Padre Geral interpelou de modo particular os pais na tarefa da educação dos filhos para a autonomia e a independência. Fazendo referência às espécies de aves em que a

própria mãe empurra a cria para fora do ninho para a obrigar a voar sozinha, reforçou que as famílias saudáveis educam os filhos para que saiam, que partam para as suas próprias vidas. No dia 2 de junho, o Padre Geral participou na sessão inaugural do Simpósio sobre a Restauração da Companhia de Jesus, no Auditório da Fundação Oriente, em Lisboa; a seguir deslocou-se para Coimbra. Depois do almoço com jesuítas e alguns colaboradores leigos, houve um encontro informal com os jesuítas. O Padre Geral deu uma visão global sobre a reestruturação da Companhia de Jesus em todo o mundo, falou da importância de tempos de reflexão para maior profundidade e melhor qualidade dos apostolados e falou dos casos concretos do Líbano e da Síria. De seguida, realizou-se um encontro com os educadores do Colégio da Imaculada Conceição, de Cernache. Depois da Eucaristia, a que presidiu na capela da Comunidade do Colégio, o Padre Geral teve um tempo de conversa com os três noviços da Província portuguesa centrado essencialmente sobre a etapa de formação do noviciado. O Padre Adolfo recomendou que “não tivessem pressa para nada, as coisas importantes levam tempo e acrescentou: há muitas coisas para aprender e a primeira é como entendemos as pessoas, a vida de família, de trabalho, e a sociedade”. O Padre Geral referiu ainda que a Igreja espera dos jesuítas três atitudes fundamentais: a profundidade, “porque estamos num mundo muito superficial e a Igreja é também tentada a ser superficial”; a criatividade “porque as perguntas novas são inéditas e há que procurar respostas onde não se procurava antes”, e a vida no Espirito, “porque se não temos vida no Espírito, se não estamos afinados com o Espírito, vamos perder muitas oportunidades de servir e de ir mais além”. Depois do jantar, no auditório da Universidade de Coimbra, teve lugar a conferência sobre Liderança, com a presença de cerca de 700 pessoas. O Padre Geral iniciou referindo as três dimensões da liderança: espiritual, sábia e prática, porque “a liderança parte de um caminho interior; usa as fontes normais de aprendizagem; e porque, se não é prática, não serve”. Apontou como aspetos principais da liderança a visão e as pessoas, dizendo que “o líder é uma pessoa que vê não só o presente, mas o futuro, e que a visão é uma condição básica para que um líder tenha credibilidade entre os seus seguidores”. Quanto à visão do líder, alertou que “necessita de


cuidados contínuos” e que é necessário que o líder recorde com regularidade à sua equipa a visão que os orienta, o que contribui também “para que os outros participem na missão com o nosso mesmo entusiasmo”. O Padre Nicolás referiu igualmente a necessidade de formação “correspondente às suas responsabilidades”, que muitos leigos têm requerido, reforçando que não é possível “exigir a uma pessoa que responda a uma série de desafios sem antes lhe dar a formação e os instrumentos adequados para os enfrentar profissionalmente”. Abordando o segundo fator, as pessoas, o P. Geral vincou que “o líder não funciona sozinho” e que uma das suas primeiras ações “é criar uma equipa e trabalhar com outros”, pois é necessário criar uma comunidade, “um grupo de pessoas que querem caminhar todas em conjunto e na mesma direção”. Chamou a atenção para o equívoco sobre liderança que não significa limitar a liberdade, nem impor, nem tão pouco organização. No dia 3 de junho, o P. Geral apresentou cumprimentos ao Sr. Dom António Francisco dos Santos, Bispo do Porto, no Paço Episcopal; no mesmo dia, o P. Geral almoçou no Colégio das Caldinhas com jesuítas, administradores do Colégio e representantes da Associação de Pais. Seguiuse um encontro informal com os jesuítas, um encontro com os educadores do Colégio e uma conferência aberta sobre Educação, no Auditório 1. O Padre Geral apresentou o que entende por educação, aludindo ao compromisso que a Companhia de Jesus tem com este apostolado e com os cerca de 2 000 000 de estudantes dos colégios de espiritualidade inaciana, dirigidos por jesuítas ou por leigos, ou em redes, como é o caso na América latina e na Índia. O Padre Nicolás explicou que a razão de os

jesuítas estarem envolvidos com a educação se prende com a visão de Santo Inácio de que “o melhor serviço que podemos prestar à humanidade é contribuir para o crescimento e a transformação das pessoas, e o sítio melhor para essa transformação é a educação. A educação não planta, mas retira de dentro da criança. É deixar que de tudo o que a educação deixa na pessoa, no cérebro, no coração, na sensibilidade, saia o melhor”. O objetivo da educação nos colégios é que haja um processo de crescimento que leve a uma transformação de valores, de visão, de sentimentos, e proporcione o desenvolvimento e o crescimento da pessoa como pessoa de qualidade. E busca-se a excelência, expressa pela palavra latina magis que corre o risco de ser interpretada como mais prestígio, mais sucesso ou mais performance. De facto, trata-se de “mais na excelência pessoal, no crescimento e na proximidade ao nosso ideal, Cristo”. Ao final do dia, o Padre Nicolás presidiu à celebração da Eucaristia, em Cedofeita. Depois do jantar na comunidade jesuíta, houve um animado Porto de Honra com os animadores do CREU e a conferência sobre a “Colaboração no Centro da Missão”, na Igreja de Nª Srª de Fátima. No dia 4 de junho, o Padre Geral visitou o Sr. Arcebispo de Braga. Depois, no auditório da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa, o P. Nicolás abordou o tema “Fé e Cultura”. Referindo a diversidade e algumas características das várias culturas do mundo, o P. Geral afirmou: “A cultura dá-nos respostas, modos de responder à realidade, aos outros, a uma série de situações conflitivas da vida humana, portanto é uma grande ajuda para responder e para viver”. Mas, sendo cada uma limitada pelas suas próprias características e preconceitos, são precisas todas as culturas para encontrar um certa plenitude da vida humana. O Padre Geral sublinhou a grande busca de toda a cultura pela sabedoria de viver juntos. “Creio que a grande aventura da humanidade é a aventura de encontrar um modo de viver juntos em que todas as pessoas possam viver humanamente e em paz, uma paz ativa, uma paz dinâmica onde se estão sempre a buscar caminhos humanos de viver. A grande busca da humanidade é a sabedoria”. Referindo os valores principais das várias grandes culturas – a vida em África e na América Latina; o caminho ou o “como” na Ásia; a verdade ou o “quê” na Europa e na América do Norte, recordou a necessidade de a comunicação e a evangelização serem inculturadas, adaptadas às características e limitações culturais. Depois da conferência, o Padre Geral presidiu à missa na capela S. Barnabé e almoçou com os jesuítas do norte e com colaboradores leigos. A visita terminou com uma conversa informal com os jesuítas. A visita do P. Geral à Província Portuguesa foi uma bênção. Desejamos que produza frutos em ordem a um serviço sempre maior e mais fiel à Igreja e ao mundo, particularmente num ano em que se inicia a avaliação inaciana de todas as obras apostólicas. Ana Guimarães

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Servidores da MISSÃO DE CRISTO Os duzentos anos da Restauração da Companhia de Jesus

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O que celebramos em 2014?

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Celebramos, em 2014, os duzentos anos da bula Sollicitudo omnium ecclesiarum com a qual o papa Pio VII, a 7 de agosto de 1814, restaurou universalmente a Companhia de Jesus, revogando a decisão de a suprimir que tinha sido tomada pelo papa Clemente XIV em 1773. Na verdade, com a decisão de 1814, completou-se um processo gradual de reconstituição da Companhia de Jesus que, pouco a pouco, com base nos jesuítas que se tinham mantido na Rússia por vontade da czarina Catarina II, foi regressando ou oficializando a sua presença noutros países. O próprio papa Pio VII refere estas várias etapas, quando declara na bula de restauração universal da Companhia: “ordenamos e estabelecemos que todas as concessões e todas as faculdades que Nós concedemos apenas para o Império Russo e para o Reino das Duas Sicílias, agora se estendam a todo o Nosso Estado Eclesiástico e a todos os outros Estados e Governos”. Ficava restabelecida, deste modo, a universalidade da Companhia de Jesus, característica essencial que Santo Inácio e os seus companheiros tinham vivido de um modo muito concreto quando decidiram colocar-se à disposição do papa Paulo III com a intenção de serem enviados para onde ele considerasse mais necessário, em qualquer parte do mundo. Esta disponibilidade universal ficou consagrada na Fórmula do Instituto, aprovada por Paulo III em 1540, onde se declara a obrigação dos jesuítas de irem “sem demora para qualquer região” para onde os quiserem mandar, “sem qualquer tergiversação ou escusa”.

preponderante na sua expansão inicial, particularmente fora da Europa, e foi precursor e protagonista do seu processo de extinção. Quando se tratou da restauração da Companhia, o papel de Portugal viria a ser tardio e não isento de contradições. É o que veremos sucintamente de seguida.

Da expulsão pombalina de 1759 à supressão da Companhia de Jesus em 1773 Em Portugal, o crescimento da Companhia de Jesus foi extraordinariamente rápido, graças à proteção generosa de D. João III e da família real e de outros numerosos benfeitores. Estes apoios permitiram a criação de uma rede apostólica diversificada, em Portugal mas também nos territórios de além-mar. De facto, depois da fundação da Província de Portugal, em 1546, e à medida que a consolidação das estruturas e o número de evangelizadores o permitiam, criaram-se novas províncias ou vice-províncias: Goa, Brasil, Malabar, Japão, China e Maranhão que formavam a denominada Assistência de Portugal que, em 1759, contava 1698 jesuítas, dos quais 789 estavam na Europa e os restantes espalhados pelo mundo. Esta vastíssima rede apostólica foi posta em questão e suprimida, durante o reinado de D. José, num processo delineado por Sebastião José de Carvalho e Melo, Secretário de Estado do Reino, conde de Oeiras e futuro marquês de Pombal. As razões que levaram a uma tal decisão são de grande complexidade e nem sempre inteiramente claras. De facto, Pombal teve excelentes relações pessoais com alguns jesuítas, no princípio da sua carreira pública, nomeadamente durante a sua permanência em Londres e em Viena como representante diplomático de Portugal. A aversão que manifestou quando chegou ao poder está em contradição com essas relações iniciais e parece ter origem, sobretudo, em motivos de natureza ideológica e política. A Companhia de Jesus passou a ser vista como um obstáculo ao projeto político que Pombal queria implementar: um sistema que considerava mais moderno, centralizado no Estado e submetido à vontade do soberano. Era o sistema do absolutismo iluminado que se pretendia impor, sem escrúpulos quanto aos meios usados e sem fazer caso da resistência das forças sociais do País.

Bula Sollicitudo omnium ecclesiarum

A partir destas breves referências, percebemos que, em 1814 - há precisamente duzentos anos - a Igreja voltou a oferecer à Companhia de Jesus aquilo que lhe era essencial: a possibilidade de se reconstituir num só corpo, disponível para trabalhar num horizonte apostólico universal e capaz de olhar para lá das fronteiras culturais ou linguísticas de cada um dos seus membros. Na história longa e complexa da Companhia de Jesus, Portugal teve um papel relevante e contraditório: foi

Retrato do Marquês de Pombal por Louis Michel van Loo


Servidores da MISSÃO DE CRISTO continuação

Villa ou Poggio Imperiale di Pesaro, onde foram alojados desde 1767, 140 jesuítas portugueses

poder político. Nas prisões, acabaram por morrer cerca de 70 jesuítas e uns 40 durante as viagens. Em 1777, ano da subida ao trono de D. Maria I e do afastamento de Pombal, encontravam-se ainda encarcerados no forte de S. Julião da Barra, na foz do Tejo, 45 jesuítas que foram libertados nessa ocasião. No final do processo de expulsão, cerca de 1100 jesuítas tinham sido enviados para Itália e acolhidos nos Estados Pontifícios, onde viveram como verdadeiros refugiados, muitas vezes em condições de grande privação. Num livro recentemente publicado, resultado de uma ampla e meticulosa investigação, o P. António Júlio Trigueiros e a Prof.ª Mariagrazia Russo fornecem-nos os principais dados biográficos sobre 1105 jesuítas expulsos de Portugal que, para sobreviverem, se integraram na vida das dioceses italianas ou se dedicaram ao ensino, sobretudo no seio de famílias nobres. Deve-se lembrar, finalmente, que a luta de Pombal contra a Companhia de Jesus não se limitou aos domínios da Coroa portuguesa. Prolongou-se, em conjunto com outras cortes europeias, com destaque para a França e a Espanha, até alcançar o fim pretendido: a extinção da Companhia de Jesus em todo o mundo, decretada pelo papa Clemente XIV com o breve Dominus ac Redemptor de 21 de julho de 1773.

Em Portugal: restauração tardia e nova expulsão A 7 de agosto de 1814, data da restauração universal da Companhia de Jesus, seriam cerca de vinte os sobreviventes portugueses da perseguição pombalina de 55 anos antes. Segundo o representante diplomático de Portugal em Roma, José Manuel Pinto de Sousa, o número destes “ex-jesuítas” ia diminuindo todos os dias, achando-se em situação de pobreza extrema, “decrépitos em razão da sua idade, e sem meios de poderem granjear a sua subsistência, não podendo muitos deles já nem dizer Missa”. Com grande diligência, logo no dia 8 de agosto, o representante português enviou para a Corte, então no Rio de Janeiro, cópia do documento pontifício de reconstituição da Companhia de Jesus que seria publicado, em tradução portuguesa, na Gazeta de Lisboa, a 12 de outubro de 1814. Por esses dias, o representante pontifício em Lisboa, monsenhor Macchi, recebeu várias manifestações de regozijo de que informou os seus superiores em Roma. Posição contrária foi a do governo português que comunicou oficialmente ao papa Pio VII a sua estranheza pela decisão tomada sem qualquer consulta, acrescentando que estava decidido a não readmitir a Companhia de Jesus nos seus domínios e a manter em vigor a legislação pombalina. A alteração desta resolução veio a acontecer, contudo, no reinado de D. Miguel. Nessa altura, eram os jesuítas franceses, proibidos de ensinar no seu País, os que se encontravam em melhores condições para reiniciar as atividades da Companhia em Portugal. Na sequência de um

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Os jesuítas dominavam quase por completo o sistema de ensino em Portugal e nos seus territórios extraeuropeus, possuíam um grande influxo cultural e eram conhecidos pela sua ligação especial a Roma. Por isso, para as autoridades políticas, não foi difícil passar a considerá-los uma ameaça para um sistema absolutista que ambicionava controlar todos os aspetos da vida social. Neste contexto, a campanha montada por Pombal contra os jesuítas levou à formulação de uma série de acusações publicitadas em toda a Europa em sucessivas edições da obra Dedução cronológica e analítica. Entre essas acusações, encontravam-se: a resistência dos jesuítas à aplicação do Tratado de Madrid, celebrado entre Portugal e a Espanha para a delimitação de fronteiras na América do Sul; a oposição, no Brasil setentrional, às leis que regulavam a administração das povoações de índios; o exercício de atividades comerciais proibidas a religiosos; a decadência dos jesuítas portugueses; a difamação do rei no estrangeiro; e a participação pelo menos moral no atentado contra D. José e na revolta popular do Porto ocorrida em 1757. O processo gradual de perseguição teve início em 1757, com a expulsão da corte dos cinco jesuítas que aí trabalhavam como confessores e mestres dos príncipes, e culminou, a 3 de setembro de 1759, com a publicação do decreto de desnaturalização e expulsão que abrangia os jesuítas de toda a Assistência de Portugal. Apesar do vasto elenco de acusações, o único jesuíta a ser objeto de um julgamento formal foi o P. Gabriel Malagrida, italiano, acusado de heresia e condenado à morte, em 1761, num processo que aproveitou a debilidade mental de um ancião enfraquecido e já transtornado. A concretização da expulsão foi um processo complexo e moroso. Nos territórios não europeus, principalmente em zonas não abrangidas pela administração portuguesa, alguns jesuítas conseguiram permanecer nos lugares de missão. Foi o caso, por exemplo, de Pequim, onde os jesuítas portugueses e de outras nacionalidades puderam continuar os seus trabalhos. Houve, também, um certo número de abandonos da vida religiosa, principalmente por parte de jovens jesuítas que aceitaram a dispensa dos votos proposta pelas autoridades eclesiásticas coniventes com o

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pedido oficial, chegaram a Lisboa, a 13 de agosto de 1829, oito jesuítas que traziam como superior o P. Filipe José Delvaux e se instalaram no “Coleginho”, outrora conhecido pelo nome de Santo Antão-o-Velho, que tinha sido a primeira casa lisboeta dos antigos jesuítas. Neste edifício, abriram o noviciado e começaram as suas atividades apostólicas com a população da capital e dos arredores. Em 1832, D. Miguel entregou aos jesuítas o Colégio das Artes, em Coimbra, mas, devido à guerra civil, as aulas só tiveram início em fevereiro do ano seguinte. A 9 de maio de 1834, o exército liberal ocupou Coimbra e os jesuítas do Colégio das Artes foram presos e escoltados até Lisboa. Estiveram presos em S. Julião da Barra até que, em princípios de julho, por insistência do encarregado de negócios da França, foram libertados e embarcaram para Itália. Igual sorte tinham sofrido os jesuítas de Lisboa quando, em julho de 1833, D. Pedro IV entrou na capital e os mandou embarcar em navios para Itália e Inglaterra. Para além do reinício das atividades educativas e pastorais, que não tiveram continuidade, este período de regresso efémero, que contou com a presença de 24 religiosos, ficou também marcado pelo empenho dos jesuítas na assistência aos feridos da guerra civil e às vítimas da epidemia de cólera ocorrida em 1833. Não chegou a ter efeito a restituição do Colégio do Espírito Santo, em Évora, que fora decidida em 1832. Sob o ponto de vista legal, é de assinalar, neste período, a autorização para o regresso dos jesuítas a Portugal, concedida oficialmente a 10 de julho de 1829 e, sobretudo, o decreto de 30 de agosto de 1832 que restabelecia oficialmente a Companhia de Jesus, em termos que, embora não revogassem completamente o conteúdo dos decretos pombalinos, o P. Delvaux não hesitou em classificar de “verdadeiro prodígio".

A restauração que vem até aos nossos dias O protagonista do regresso dos jesuítas a Portugal - num processo que teve continuidade até aos nossos dias, apesar da interrupção causada pela Primeira República foi o português Carlos João Rademaker, entrado na Companhia de Jesus em Itália na Província do Piemonte, em 1846. Em 1848, a perseguição obrigou o noviciado a dispersar-se e Rademaker veio para Portugal onde foi ordenado sacerdote em 1851. Só em 1857, pondo-se em contacto com os jesuítas espanhóis, terminou oficialmente o noviciado e pronunciou os seus primeiros votos, sendo ani-

Colégio de Campolide

mado pelos superiores a trabalhar na restauração da Província Portuguesa. Em 1858, o P. Rademaker deu início ao colégio de Campolide, em Lisboa, contando com a colaboração de mais dois jesuítas: o Ir. Martinho Rodrigues, sobrevivente da missão francesa, e um irmão espanhol. Nos anos seguintes, foram-se juntando novos elementos, vindos principalmente de Itália, o que permitiu, em 1860, abrir o noviciado, P. Karl Rademaker no lugar do Barro, perto de Torres Vedras, a que se seguiu, em 1861, a responsabilidade pelo Seminário das Missões de Cernache do Bonjardim. Apesar das campanhas na imprensa contra os jesuítas, em setembro de 1863 constituiu-se oficialmente a Missão Portuguesa que teve como primeiro superior o P. Francisco Xavier Fulconis, italiano. Os religiosos existentes em Portugal eram, então, 44. No outono desse mesmo ano, os jesuítas encarregaram-se do Orfanato de S. Fiel, na Beira Baixa, que transformaram em colégio de renome. A expansão continuou nos anos seguintes: em 1864, abriu-se uma residência em Lisboa; em 1870, no Porto; em 1871, em Coimbra e na Covilhã; em 1875, teve início a residência de Braga que se tornou um centro importante de exercícios espirituais para o clero; em 1876, abriu um externato em Setúbal e, em 1879, instalou-se uma pequena residência em Castelo Branco. No princípio de 1880, a Missão Portuguesa contava nove casas independentes com 137 jesuítas (49 sacerdotes, 38 irmãos e 50 estudantes). Esta situação levou o P. Geral Pedro Beckx a considerar que estavam reunidas as condições para que fosse finalmente restaurada a Província Portuguesa da Companhia de Jesus, o que veio a acontecer com decreto de 25 de julho desse ano, tendo sido nomeado provincial o P. Vicente Ficarelli, italiano, que governava a Missão desde 1866. Concluía-se, deste modo, o processo longo e tardio de refundação daquela que tinha sido a primeira província da Companhia de Jesus. Nuno da Silva Gonçalves S.J.


Meios que unem O INSTRUMENTO COM DEUS

Outubro

Novembro

Exercícios Espirituais

Exercícios Espirituais

3 DIAS 16 a 19 | no Rodízio, com o P. Hermínio Rico 16 a 19 | em Soutelo, com o P. Mário Garcia 16 a 19 | em Soutelo, pé descalço, com o P. Carlos Carneiro 16 a 19 | no Rodízio, com o P. António Vaz Pinto 30 a 02 | no rodízio, com o P. Mário Garcia 30 a 02 | em Soutelo, com o P. Carlos Carneiro e o E. João Sarmento, SJ 30 a 02 | no Rodízio, EE temáticos Viver do Pai Nosso, com o P. Roque Cabral

3 DIAS 13 a 16 | no Rodízio, com o P. Jorge Oliveira 13 a 16 | no Rodízio, com o P. Alberto Brito 13 a 16 | pé descalço, com o P. Nuno Tovar de Lemos 13 a 16 | no Rodízio, temáticos Confiar, com o P. Sérgio Diz Nunes 13 a 16 | em Soutelo, com o P. Nuno Branco 13 a 21 | em Soutelo, com o P. Gonçalo Eiró 20 a 23 | em Soutelo, temáticos Confiar, com o P. Sérgio Diz Nunes

8 DIAS 15 a 23 | em Fátima, com o P. Luís Maria da Providência 23 a 31 | em Soutelo, com o P. Gonçalo Eiró RETIROS 19 | em Palmela, "Parar para arrancar" - dia de retiro, c com os PP. Carlos Azevedo Mendes e Nuno Tovar de Lemos 20 | em Palmela, "Parar para arrancar" - dia de retiro, com os PP. Carlos Azevedo Mendes e Nuno Tovar de Lemos

RETIROS 22 | em Palmela, Pré-Advento - Dia de Retiro, com os PP. Carlos Azevedo Mendes e Nuno Tovar de Lemos 23 | em Palmela, Pré-Advento - Dia de Retiro, com os PP. Carlos Azevedo Mendes e Nuno Tovar de Lemos 29 | no Rodízio, Retiro de Advento, com o P. António Vaz Pinto

Dezembro Exercícios Espirituais 3 DIAS 05 a 08 | em Palmela, com o P. Carlos Azevedo Mendes 05 a 08 | no Rodízio, com o P. Dário Pedroso 05 a 08 | no Rodízio, com o P. Carlos Carneiro 05 a 08 | em Soutelo, com o P. António Valério 18 a 21 | em Soutelo, com o P. Vasco Pinto de Magalhães 18 a 21 | pé descalço, com os PP. João Goulão e Nuno Tovar de Lemos 18 a 21 | em Soutelo, com o P. João Carlos Onofre Pinto 18 a 21 | em Soutelo, pé descalço, com o P. Filipe Martins 4 DIAS 04 a 08 | em Soutelo, com o P. Gonçalo Eiró 5 DIAS 26 a 31 | em Soutelo, com o P. Rui Nunes 6 DIAS 26 a 01 | no Rodízio, com o P. Hermínio Rico 8 DIAS 02 a 10 | em Soutelo, com o P. Luís Maria da Providência

Consulte o programa anual em www.jesuitas.pt

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4 DIAS 29 a 02 | no Rodízio, com o P. Hermínio Rico

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