Boletim Jesuítas

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JESUÍTAS

Boletim . nº 345 abril/junho 2012

Informação aos amigos

“A Colaboração no Centro da Missão” Magis Exercícios Espirituais na Vida Quotidiana


LISBOA Boletim trimestral | nº 345 abril/junho 2012

JESUÍTAS BREVES DA PROVÍNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 DA COMPANHIA EM RESUMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 MAGIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS NA VIDA CORRENTE . . . . . . . . 12

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MEIOS QUE UNEM O INSTRUMENTO COM DEUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

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Ficha Técnica Jesuítas – Informação aos Amigos – Boletim; Nº 345; Abril/Junho 2012 Diretor: Domingos de Freitas, SJ • Coordenação: Ana Guimarães • Redação: Ana Guimarães; António Amaral, SJ; Avelino Ribeiro, SJ • Propriedade: Província Portuguesa da Companhia de Jesus • Sede, Redação e Administração: Estrada da Torre, 26, 1750-296 LISBOA (Portugal) • Telef.: 217 543 060; Fax: 217 543 071 • Impressão: Grafilinha – Trabalhos Gráficos e Publicitários; Rua Abel Santos, 83 Caparide - 2775-031 PAREDE • Depósito Legal: Nº 7378/84 • Endereço Internet: www.jesuitas.pt • E-mail: ppcj@jesuitas.pt • Foto: Magis - Via Sacra em Cabeceiras de Basto


Breves da PROVÍNCIA

O P. Geral nomeou o P. José Frazão Correia Consultor da Província Portuguesa.

Novos destinos O P. Lourenço Eiró, recentemente regressado da Terceira Provação em Dublin, na Irlanda, foi destinado à Comunidade de Cernache, trabalhando na Pastoral do Colégio da Imaculada Conceição. O P. Filipe Martins, regressado da Terceira Provação em Salamanca, foi destinado à Comunidade do Porto, onde colabora no CREU-ILe no Centro São Cirilo. O P. Fernando António fará a Terceira Provação em Dublin (Irlanda), de Setembro a Maio próximos. O P. João Norton de Matos iniciará o Doutoramento em Teologia no Centre Sèvres, em Paris, em Setembro. O P. Pedro McDade fará o Master of Science in Philosophy of Social Sciences, na London School of Economics and Political Science, durante o próximo ano letivo, como preparação para o Doutoramento em Filosofia. O P. Afonso Seixas Nunes fará o Master of Human Rights, na London School of Economics and Political Science,durante o próximo ano letivo, como preparação para o Doutoramento. O E. Marco Cunha fará o Atelier di teologia “Cardinal Špidlík”, no Centro Aletti, em Roma. Iniciam os estudos de Teologia no próximo ano letivo, os EE. André Lind e Pedro Ferreira da Silva, em Roma, o E. António Ary, em Madrid, o E. Bruno Nobre, em Boston (EUA), e o E. Francisco Sassetti da Mota, em Londres. Iniciam o magistério os EE. Rui Fernandes, em Timor, Samuel Beirão, no Colégio das Caldinhas e João Brandão, no Colégio São de Brito.

Orações - pelo P. Arsénio Castro Silva (Comunidade de Évora, Portimão) e pelo P. Evaristo de Vasconcelos (Comunidade do CIL - Lisboa); - por um irmão do I. Carlos Sivano (teologia em Roma); - por um irmão e um tio do P. Virgílio Arimateia (Superior Regional de Moçambique); - por uma irmã do P. Manuel Vaz Pato (Comunidade da Covilhã), recentemente falecidos.

Exercícios Espirituais para Jesuítas - no Rodízio, de 22 a 30 de Julho, com o P. Luís Maria da Providência; - em Soutelo, de 20 a 28 de Agosto, com o P. Lourenço Eiró;

- no Rodízio, de 15 a 23 de Outubro, com o P. Sérgio Diz Nunes As inscrições devem ser feitas na própria casa onde é feito o retiro, que começa na noite da primeira data indicada.

Encontro da PPCJ 2012 O Encontro da Província 2012 decorrerá em Soutelo de 29 (ao jantar) a 31 de Agosto de 2012. O tema do encontro "Cristologia para hoje" será apresentado pelo P. Gabino Uríbarri Bilbao, Decano e Professor de Teologia da Universidade Pontifícia de Comillas.

Um sacerdócio para os pobres A 14 de Maio passado, faleceu em Alcalar (Mexilhoeira Grande, Portimão), o Padre Arsénio Castro da Silva. Natural de Santo Adrião, Vila Nova de Famalicão, tinha 73 anos de idade e 55 de jesuíta. Dedicou praticamente toda a sua vida sacerdotal e religiosa à Comunidade Paroquial de N.ª Sra. do Amparo (Portimão) e à Rádio Costa D’Oiro, num sacerdócio todo virado para a atenção aos pobres. Em 1957, entrou na Companhia de Jesus, no Noviciado de Soutelo, onde também estudou Humanidades durante mais três anos. Cursou a seguir a Faculdade de Filosofia, em Braga, de 1962-1965. O estágio de “magistério” foi realizado no Colégio das Caldinhas, de 1965 a 1968, iniciando a teologia, em Lisboa, fazendo parte do primeiro grupo de alunos que inaugurou a Faculdade de Teologia da UCP. Findo o 1.º ciclo (1968-1971), foi completar os dois anos seguintes a Paris, (4º Ano em Teologia e 5.º Ano em Pastoral Catequética). Ao fim do 4.º Ano, recebeu a Ordenação Sacerdotal, na Covilhã, a 30 de Julho de 1972. De 1973 a 1975, foi capelão militar, na “Guerra do Ultramar”, em Moçambique. No regresso, foi enviado para Portimão, com o Padre Domingos Monteiro da Costa. Em 1983, fez a “Terceira Provação”, proferindo os “Últimos Votos”, em Portimão, a 8 de Janeiro de 1984. Iniciou o seu trabalho pastoral em Portimão, em 1975, como padre-operário na Lota de Portimão, durante

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Nomeação do Padre Geral

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cerca de um ano, e Assistente da Obra Pastoral dos Ciganos. A partir de 1976, começou a leccionar (religião e moral) no Liceu e, mais tarde, também na Escola Técnica, enquanto se responsabilizava pelo trabalho pastoral no “Salão-Capela”, lançando ali as raízes do Vicariato Paroquial de N.ª Sra. do Amparo (1983-1986), que, em 1990, seria elevado a Paróquia. Com a mesma dedicação, se entregou à missão dura e difícil, dada pelo Bispo, de construir uma igreja nova, empenhando-se a seguir na construção e no funcionamento do Centro Social Paroquial de N.ª Senhora do Amparo (1995). Em 2008, recebeu a Medalha de Mérito Municipal da cidade de Portimão. No seu funeral, entre a multidão de mais de mil pessoas que fizeram procissão até ao Cemitério Municipal, foram vários os ‘pobres’ a manifestar-se, com os olhos rasos de lágrimas: “Perdemos um grande amigo; era um grande amigo dos pobres!” João Caniço, SJ

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Conselho Colegial do Colégio das Caldinhas

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No passado dia 18 de abril, pelas 16h, teve lugar no Colégio das Caldinhas, mais um encontro do Conselho Colegial, subordinado ao tema: “Colégio das Caldinhas, perspetivas e desafios para os próximos 10 anos”. O Diretor Geral do Colégio das Caldinhas, P. José Manuel Lopes deu as boas vindas aos presentes e fez uma breve resenha histórica do Instituto Nun’ Alvres, embrião do que é hoje o Colégio das Caldinhas, com as suas várias escolas e públicos-alvo e a visão do que deve ser a Missão de Colégio da Companhia, hoje. Seguiu-se uma apresentação de pequenos vídeos que mostraram “por dentro” o Colégio, nas suas variadas vertentes - o Jardim de Infância, o Instituto Nun’ Alvres, a Oficina e a ARTAVE/CCM. Seguiu-se um pequeno intervalo, durante o qual os alunos do 1º ano do curso profissional de restaurante e bar, do INA, serviram um “coffee break”. A segunda parte do Conselho foi preenchida com as intervenções dos convidados. A moderação esteve a cargo da da Dra. Sofia Mendes, psicóloga da Oficina. A primeira intervenção coube à Eng.ª Ana Maria Ferreira, vice-presidente e vereadora da educação da Câmara de Santo Tirso que deu o mote para a importância da formação como meio de combater o desemprego da região, através do empreendedorismo e da criação de autoemprego. O Dr. Leonel Rocha, vereador da educação da Câmara de Famalicão, enfatizou o papel que a autarquia tem vindo a desenvolver nas diferentes áreas de formação, da aposta clara no ensino profissionalizante e em desafios ligados ao empreendedorismo. A Reitora da Universidade Lusíada de Famalicão (Professora Doutora Rosa Moreira) chamou a atenção para a importância da formação integral dos alu-

nos e relembrou a existência da “Agenda 2020”, a promoção do crescimento inteligente, apostando na inovação sustentável e no desenvolvimento inclusivo, como “armas” para o combate contra a pobreza. O Professor Doutor Joaquim Azevedo, Presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica, reforçou que o Colégio das Caldinhas, pelo seu passado ao serviço da educação de muitas gerações de alunos, deve insistir no seu papel de assegurar a transmissão da herança cultural, assim como a atenção ao aluno e a formação para os valores. O P. Mário Martins, Arcipreste de Famalicão, em representação de D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga, transmitiu aos presentes a mensagem do senhor Arcebispo, realçando a importância da educação para a vida em comunidade paroquial, para os valores da solidariedade e para a atenção ao próximo. Os representantes do Centro de Emprego e da Associação Comercial e Industrial de Santo Tirso (ACIST), assim como da Associação Comercial e Industrial de Famalicão (ACIF) também colocaram a tónica na educação para o empreendedorismo. O Eng. António Peixoto da ACIF fez questão de dar a sua perspetiva como antigo aluno do Colégio das Caldinhas mas, também ele, enfatizou a questão da inovação, da criatividade, do trabalhar com inteligência e do trabalho em rede dos parceiros educativos, empresariais e sociais da região. Seguiu-se um momento em que o público colocou aos oradores algumas questões pertinentes que enriqueceram, ainda mais, a sessão que foi encerrada com uma breves palavras de agradecimento do Diretor Geral do Colégio das Caldinhas, P. José Manuel Martins Lopes. Virgínia Ferreira

Exercícios Espirituais online A Universidade de Creighton, (EUA), através do Departamento de Ministérios Colaborativos, tem uma proposta de Exercícios Espirituais na Vida Quotidiana ao longo de 34 semanas. Foi recentemente disponibilizada a versão em português do Brasil, efetuada pela tradutora Edite Faial.. Consulte em http:// onlineministries.creighton.edu/CollaborativeMinistry/Portugues Deixou de pertencer à Companhia de Jesus o Esc. Vasco Themudo (Comunidade das Caldinhas-Santo Tirso).

Boletim “Jesuítas” O boletim “Jesuítas” é enviado gratuitamente a familiares, amigos e colaboradores. Se desejar contribuir para as despesas de publicação e envio, pode fazê-lo por transferência bancária para o NIB 0033 0000 000000 700 41 84, Millennium BCP, ou mediante envio de cheque em nome de Província Portuguesa da Companhia de Jesus, para Estrada da Torre, nº 26 - 1750-296 LISBOA. Em ambos os casos, solicita-se referência ao Boletim Jesuítas.


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De 27 a 30 de Abril cerca de 80 pares de sapatos caminharam na Peregrinação dos Centros Universitários da Companhia de Jesus em Portugal. Caminharam em direcção ao Santuário de Fátima, partindo de Penela (perto de Coimbra) sob a orientação de uma equipa de sapatos de apoio organizada pelo CUMN (Cento Universitário Manuel da Nóbrega Coimbra) e com a certeza de pisar muitas poças de água, pois a previsão antevia muita chuva. Estes 80 pares de sapatos não são os sapatos instalados do dia-a-dia, não são os “mocassins” do trabalho, nem são os chinelos quentinhos que há lá em casa. São sim aqueles sapatos incertos da aventura de conhecer Aquele que os move e de se conhecerem a si mesmos.

Durante a caminhada, a cada passo que dão, é possível a estes sapatos conhecerem as suas fraquezas e as suas debilidades. Percebem que, passo a passo, vão ficando gastos e molhados. Dão graças pelo conforto que têm em casa onde podem ser chinelos. Percebem que é mais fácil caminhar junto a outro par de sapatos já conhecido ou “de marca” do que acertar o ritmo com um par de sapatos mais sozinho e perdido. Percebem que, ás vezes, não acertam com o caminho por onde Aquele que os move os quer levar. A consolação vem quando dão conta de que Aquele que os move os ama, os quer tal como são e conta amorosamente com eles para o caminho. É também tempo de conhecerem intimamente Aquele que os calça. Conhecem-No na natureza e beleza do caminho, conhecem-No no trabalho escondido dos sapatos de apoio, conhecem-No nos tempos de oração e na partilha com os outros pares de sapatos com quem caminham lado a lado. Ouvem a história de quando Ele caminha sobre as águas e, caminhando sobre as águas de uma forte chuvada, sentem-se como Ele e com Ele e a chuva torna-se Anjo. Sabem que Aquele que os calça sofreu apaixonadamente para os calçar e, assim, conhecem-No também nas dificuldades e dores do caminho. As bolhas nas solas são um incentivo a parar, mas nada que a incansável equipa de sapatos médicos não resolva com uma agulha.

E durante todo o caminho vão sentindo cada vez mais a presença viva d’Aquele que os move, d’Aquele que os calça. Mentalizados para a chuva, qualquer raio de Sol é presença viva. Em cada gargalhada, em cada música, no gozo de cada passo rezado, em cada Missa celebrada Ele ali esteve, Ele ali está. E a Fátima - sabendo agora que Fátima é uma nova partida - os 80 pares de sapatos chegam sujos e gastos por fora, mas muito mais ajustados Àquele que os calça e prontos para caminhar em direcção à meta que só se define ao sabor de cada passo. Luís Palha, SJ

EE para os “Amigos da Rua” do Porto Decorreram, de 1 a 3 de Junho, em Soutelo, pelo segundo ano consecutivo, os chamados Exercícios Espirituais (adaptados) para os sem-abrigo, ou, como gosto mais: para os «Amigos da rua do Porto». (Na verdade não são sem-abrigo estritamente falando, já que nenhum dorme na rua). Foi um fim de semana cheio e uma experiência que a todos marcou. Houve tempo para tudo: oração, partilha, convívio, passeio, descanso, boas refeições. A equipa coordenadora foi constituída pela Teresa Olazabal, Helena Sarmento, o Salvador Olazabal e eu (José Luís sj). O objectivo era proporcionar um tempo diferente naquelas vidas marcadas por tantas dificuldades e sofrimentos, passando a ideia de um Deus próximo, que é Pai, que nos ama infinitamente e que está especialmente presente nas dificuldades. Senti Deus realmente presente e a tocar nos corações de cada um. As mágoas e os infortúnios estiveram presentes, mas também a esperança de que uma caminhada com Deus torna a vida mais suave e com mais sentido. Por vezes, as palavras eram poucas, mas o sentimento forte. O estarmos juntos, por vezes em silêncio, criou um espírito fraternal. Foi bom ver as pessoas a descobrirem a beleza e fecundidade desse silêncio. Foi um privilégio poder servir estes irmãos, com quem vamos mantendo contacto sobretudo mensalmente

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Dar corda aos sapatos...

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na oração da Trindade (todas as primeiras quartas-feiras do mês há uma oração com os sem-abrigo junto à igreja da Trindade, no Porto, seguida da distribuição de comida e convívio). Agradecemos profundamente aos amigos que nos ofereceram tudo o que de material precisámos para este retiro e a quem nos foi lembrando na sua oração. José Luís Artur, SJ

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Irmão Armando Tomaz Acúrsio

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Apenas convivi com o Irmão Acúrcio a partir de Setembro de 2011, precisamente quando se lhe declarou o cancro no pulmão, pelo que o meu conhecimento a seu respeito é muito limitado. Dos seus dados biográficos vou sublinhar aqueles aspetos que o marcaram como homem e jesuíta. Nasceu a 9 de Fevereiro de 1940, em Bom Velho de Baixo, Condeixa-a-Velha, Condeixa-a-Nova. Entrou na Companhia de Jesus em Soutelo, Vila Verde (Braga), com 22 anos e passados dois anos fez os Primeiros Votos no dia 8 de Setembro de 1964, dia da Natividade de Nossa Senhora. Permaneceu na mesma comunidade como encarregado do refeitório até 1967, ano em que foi para a Residência da Rua da Lapa, em Lisboa, ajudar nas várias tarefas da casa. Passados dois anos foi enviado para a Comunidade da Faculdade de Filosofia como Alfaiate e encarregado da capela e das roupas da casa. No ano de 1973, foi de novo para Soutelo fazer a Terceira Provação e após ter emitido os Últimos Votos teve como missão integrar a Comunidade do Pontifício Instituto Oriental, em Roma. Regressou a Portugal em 1975 para fazer parte da Comunidade e do Colégio da Imaculada Conceição, em Cernache. No Colégio exerceu o cargo de Prefeito dos alunos, responsável pela Casa das Mimosas, em S. Romão, e muitas outras funções ao longo de muitos anos. Fez grandes amizades com os Educadores do Colégio e com os Alunos. Era com ele que muitos vinham conversar sobre os problemas que viviam. Simultaneamente, foi nomeado Ministro e Consultor da Casa durante 21 anos e a partir de 1996 exerceu também o cargo de Enfermeiro da Comunidade. Mas a sua atividade não se limitava à Comunidade e ao Colégio, pois ajudou em trabalhos pastorais em várias Paróquias e lugares de culto, foi chefe dos Escuteiros de Cernache e de Condeixa-a-Nova, colaborou ativamente com a Caritas e não regateou o tempo e a dedicação com os doentes e idosos de Cernache. Apesar do seu temperamento forte, pude verificar durante a última doença a estima e o reconhecimento que muitas pessoas lhe dedicavam. Os seus irmãos e sobrinhos foram também uma presença muito forte e que muito o ajudou na última etapa da vida. O Irmão Acúrcio foi um homem que soube criar

profundos laços de amizade a testemunharem um coração generoso e dedicado. Desde Setembro de 2011 até 23 de Fevereiro de 2012, data em que partiu para o Pai, foi, de facto, um tempo de purificação para o encontro com o Senhor que tanto o amou. José Carlos Belchior, SJ

Delegados europeus do apostolado social reúnem em Malta De 12 a 14 de Abril, reuniram em Malta os delegados do apostolado social das Províncias jesuítas da Europa. Estiveram representadas 15 Províncias - incluindo o P. Paulo Teia, SJ, representante de Portugal - aos quais se juntaram o Diretor do JRS-Europa, o Secretário da Cúria Romana para a Justiça Social e Ecologia e o Presidente da Conferência de Provinciais da Europa, o P. John Dardis. O encontro começou com uma apresentação da atual situação do sector social em cada Província. Depois discutiu-se sobre o futuro da Semana Social, a preparação de uma reunião a ter lugar em Novembro de 2012 com o objetivo de pôr em comum as diferentes experiências das comunidades em que jesuítas e leigos vivem em conjunto com imigrantes, refugiados ou marginalizados. Discutiuse, igualmente, sobre a recetividade do documento “Curando um mundo partido” nas diferentes Províncias, sobre o próximo congresso do Eurojess-2013 e sobre as principais opções estratégicas do JRS-Europa. Crucial neste encontro foi a visita ao centro de detenção de refugiados e imigrantes e a oportunidade de partilhar a experiência de John Mauki e Jaroslay Mikuczenwski, dois jovens jesuítas da Tanzânia e Polónia, respetivamente, que trabalham no JRS-Malta, no projecto conjunto das Conferências Jesuítas de África e Europa.

Capela de S João Batista restaurada A Capela de São João Batista, na Igreja de São Roque, foi submetida a importantes obras de restauro durante aproximadamente um ano e meio. Um estudo aprofundado, realizado há cerca de cinco anos, revelou conclusões concretas sobre o nível de conservação dos materiais e sobre a inegável necessidade de intervenção. As cores muito esbatidas dos mosaicos e do chão faziam esquecer o colorido e a luminosidade original que está de novo patente aos olhos dos visitantes. Esta intervenção trouxe informações várias e curiosas, tais como: os elementos metálicos da decoração que se pensava serem de bronze dourado são, afinal, de latão; foram identificadas 24 variedades de mármore assim como os diferentes vernizes e ceras que foram sendo aplicados e vieram a alterar o aspeto da capela.


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Muito provavelmente não poderei ter uma visão precisa da personalidade do P. João Silva uma vez que vivemos apenas alguns meses em conjunto no Colégio e na Comunidade de Cernache. No entanto, é com gosto que vou escrever um pouco sobre o seu percurso de vida. Era natural de Casegas, Covilhã, onde nasceu a 29 de Março de 1943. Foi através da então Escola Apostólica de Macieira de Cambra e também de Cernache que se preparou academicamente para entrar na Companhia de Jesus, o que aconteceu em Soutelo, Vila Verde, a 7 de Setembro de 1959. Passados dois anos emitiu os Primeiros Votos, no dia da Natividade de Nossa Senhora, e permaneceu na mesma casa mais três anos a frequentar humanidades, etapa habitual na formação. De 1964 a 1967 tirou a Licenciatura na Faculdade de Filosofia, em Braga. Antes da Teologia fez o estágio de pastoral, como professor, no Colégio de S. João de Brito, em Lisboa, e em Braga como Adjunto do Diretor do Centro Académico de Braga (CAB). Frequentou a Teologia em San Cugat del Vallés, Barcelona, entre 19711975. Recebeu a Ordenação Sacerdotal a 20 de Julho de 1974. No ano de 1975-1976 estudou Pastoral Catequética em Bruxelas. A sua primeira atividade, após a formação, foi com os jovens em Braga, onde permaneceu apenas um ano, pois, em 1977, foi-lhe dada a missão de trabalhar como Diretor do Centro de Catequese de Nossa Senhora de Fátima na Residência do Porto. Este foi, sem dúvida, o trabalho pastoral que mais o entusiasmou: preparou e acompanhou espiritualmente jovens catequistas que ao longo dos anos se foram sucedendo. Simultaneamente, deu Exercícios Espirituais, acompanhou grupos de casais, colaborou, mais ou menos longamente, no Secretariado Diocesano de Catequese do Porto, no Secretariado da Educação Cristã (Lisboa), no Colégio do Rosário, na Escola Superior de Educação “Paula Frassinetti” e foi também Diretor Espiritual no Seminário Diocesano do Porto. Em 1994, foi nomeado Superior da Residência da Póvoa de Varzim, tendo assumido no ano seguinte o cargo de Reitor da Basílica do Sagrado Coração de Jesus e Diretor do Centro de Catequese da mesma Residência. Continuou com algumas atividades pastorais no Porto, nomeadamente, como Diretor do Centro de Catequese de Nossa Senhora de Fátima. Passados quatro anos, em 1998, foi lhe dada a missão de ajudar na Pastoral da Residência e Paróquia de S. Pedro da Covilhã. E em 2001, é enviado para a Comunidade e para o Colégio da Imaculada Conceição em Cernache, Coimbra. Começou por ser Professor de Religião e integrar a Equipa de Pastoral do Colégio; mais tarde, assume o cargo de Diretor Espiritual no Colégio e de Bibliotecário na Comunidade. Prestou ainda ajuda aos Párocos vizinhos.

O P. João Silva soube fazer profundas amizades entre os Educadores do Colégio, mas foi sobretudo com os jovens catequistas do Centro de Catequese de Nossa Senhora de Fátima do Porto que ele manteve sempre uma forte ligação. A testemunhar estes laços humanos e pastorais estão as muitas comunicações que com eles mantinha e a visita mensal ao Porto e a Lisboa, onde acompanhava grupos de reflexão. Depois de uma forte pneumonia bilateral cuidada no Hospital Universitário de Coimbra, quando já se encontrava em franca recuperação na enfermaria da Comunidade da Faculdade de Filosofia em Braga, o seu coração não aguentou. Faleceu a 29 de Março, dia em que completou 69 anos de idade. Que o Senhor o tenha no seu amor! José Carlos Belchior, S.J.

Oração na Cidade A CVX sentiu-se chamada a criar em Lisboa um espaço de oração regular, no meio do dia e no meio do bulício, aberto a toda a cidade e destinado a ajudar cada um (sobretudo os menos familiarizados com as rotinas da oração) a cultivar a sua relação com Deus, crescendo na intimidade com o Senhor. São apenas 20 minutos de oração, das 13.10 às 13.30 de todas as quartas-feiras úteis, com excepção do período de férias de Verão. O nosso objectivo é ir chegando aos que não rezam e aos que se sentem excluídos (ou simplesmente não atraídos) por formas de oração mais ritualizadas ou mais tradicionais. Pretendemos, aos poucos, ir mostrando a cada pessoa que venha rezar connosco, pela experiência própria, que rezar é simples e bom e que Deus não está só no Céu: permanece no coração daqueles que n’Ele permanecem também. Consulte http://oclx.wordpress.com/

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P. João Costa da Silva

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Da Companhia EM RESUMO Nomeações do Padre Geral O P. Adolfo Nicolás, Superior Geral da Companhia de Jesus e grande chanceler da Universidade Pontifícia de Comillas, com a confirmação da Santa Sé, nomeou reitor da Universidade Pontifícia de Comillas o P. Julio Luis Martínez Martínez, SJ, professor da Faculdade de Teologia e vice-reitor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. O Padre Geral fez ainda as seguintes nomeações: - Superior Regional da Região de Kohima (Índia), o P. Susaimanickam Arul; - Provincial do Canadá inglês o P. Peter J. Bisson;. - Provincial de Patna (Índia), o P. José Vadassery; - Provincial dos jesuítas holandeses o P. Johan Verschueren. O P. Verschueren tomará posse em 15 de Agosto de 2012, sucedendo ao P. Jan Bentvelzen, Superior da Província dos Países Baixos desde 2006 e ao P. Fons Swinnen, Superior da Província da Bélgica Setentrional, desde 2009.

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Comissão para os estudos de Filosofia e Teologia

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O P. Adolfo Nicolás, Superior Geral, criou uma Comissão Internacional ad hoc para estudar alterações a introduzir nos estudos de filosofia e de teologia dos jesuítas, com o objetivo de melhor os preparar para assumir a missão da Companhia de Jesus nas próximas décadas. Esta comissão é composta pelos PP. Yvon Elenga (África), George Pattery (Ásia Meridional), Bienvenido Nebres (Asia Pacífico), João Batista Libânio (América Latina), Jean-Marie Carrière (Europa), e Richard G. Malloy (Estados Unidos), sendo coordenador o P. Nebres, e desenvolverá o seu trabalho até Fevereiro de 2013. A Comissão apresentará um plano de estudos que prepare os jesuítas para “a defesa e proclamação da fé, que nos conduz a descobrir novos horizontes e a atingir novas fronteiras sociais, culturais e religiosas” (cfr CG 35ª, D. 1, n. 6-7).

FACSI 2011 O FACSI-Fundus Apostolicus et Caritativus Societatis Iesu distribuiu, no ano de 2011, 801 539 € (em 2010 foram 908 794€) por 29 projetos em diversas Províncias e continentes, envolvendo várias obras e iniciativas da Companhia de Jesus. Foram recebidas 48 propostas tendo a Comissão de análise rejeitado vários projetos, uns por falta de fundos, outros por não se enquadrarem nos propósitos do FACSI. Considerando os tipos de apostolados, a educação e o apostolado intelectual estão no topo da lista, com 10 projetos aprovados recebendo 42% dos fundos do FACSI disponíveis. O setor pastoral está em segundo lugar, com 10 pro-

jetos aprovados recebendo 25% dos fundos. O setor social obteve 22% dos fundos, distribuídos por sete projetos. Dois projetos que envolvem a comunicação social receberam 10% dos fundos, para além de outros de diferentes tipos. Por seu lado, a ajuda de emergência foi atribuída às áreas afetadas na Tanzânia e nas Filipinas.

Educação Superior Jesuíta A Comissão Internacional para a Educação Superior Jesuíta reuniu-se em Roma de 2 a 4 de maio. Este encontro anual foi uma oportunidade para os seis diretores regionais, o Secretário para a Educação Superior e vários outros consultores avaliarem o desempenho do ano anterior na educação superior e no apostolado intelectual. Áreas como o desenvolvimento da educação superior em África, a educação para a sustentabilidade e a justiça, colaboração em programas de empreendedorismo social e a planificação de diversas comemorações, tais como a Restauração da Companhia de Jesus (1814-2014), foram tópicos para a reflexão. A Comissão Internacional recebe relatórios sobre o desenvolvimento do Jesuit Commons e do seu projeto com o JRS que está a introduzir a educação superior em alguns campos de refugiados. O encontro anual é também uma oportunidade para analisar tendências e orientações estratégicas na educação superior e para encorajar a colaboração por meio das Conferências e entre as instituições jesuítas.

Colóquio para Novos Provinciais O Colóquio para novos Provinciais de língua inglesa teve lugar em Roma, de 30 de Abril a 12 de Maio. O objetivo deste encontro era fomentar a oportunidade de reflexão sobre importantes aspetos do governo provincial. Os assuntos tratados incluíram a conta de consciência, o acompanhamento pessoal, a dinamização da vida comunitária, a inserção na realidade da Igreja local, a missão nas fronteiras e colaboração interprovincial e internacional. O Padre Geral participa nestes colóquios que têm também o aspeto prático de dar a conhecer aos novos provinciais os serviços e espaços da Cúria Geral, proporcionando contactos pessoais com a equipa de trabalho do Padre Geral no governo da Companhia universal, nomeadamente o Secretário, o Procurador-Geral, o Ecónomo, os secretariados e o JRS. São também abordados assuntos relacionados com as diversas casas romanas internacionais. O Colóquio tem um carácter internacional conferido pelos 18 participantes pertencentes a seis conferências jesuítas. Como sinal de profundo compromisso com o carisma e a missão da Companhia de Jesus, os provinciais visitaram e celebraram a Eucaristia nos quartos de Santo Inácio, no final do Colóquio.


Servidores DA MISSÃO DE CRISTO MAGIS Como nasce o MAGIS?

Quem são os elementos do MAGIS? Pessoas com vidas normais. Com os seus empregos, com as suas famílias, com os seus amigos. E algo em comum: o desejo de ir ao encontro dos outros, levando a alegria da experiência que é este encontro com Jesus, o encontro único de cada um com o Senhor, o encontro transformador, o encontro que dá forma à existência de cada um! Ao longo destes sete anos, o número de elementos variou muito. Neste momento, somos oito pessoas. Como nos caracterizar? Jovens com maturidade e exigência a nível espiritual. Leigos que vivem a espiritualidade Inaciana. Uma experiência em Igreja, uma forma de estar em comunidade. Experiência de leigos na vida diocesana corrente. Pessoas que desejam, em cada dia, dar corpo ao Evangelho na vida do quotidiano, aí, onde Deus Se diz, onde Deus Se dá, onde Deus Se expõe, onde Ele habita!

Primeira comunidade E, como o fizemos, concretamente? Na Celebração da Palavra em diferentes lugares, na dinamização de momentos de oração de várias comunidades, na visita aos que estão mais sós ou doentes, na orientação de retiros para os mais jovens, na vivência da Páscoa numa das comunidades, acompanhando Jesus, bem de perto, ao longo dos dias do tríduo Pascal..

A adesão das pessoas… De um modo geral, a adesão foi positiva. Ser Igreja é algo com bastante sentido para estas pessoas e poderem reunir-se à volta da Palavra na presença daquele que é O nosso Senhor traz alegria e força. Claro que a esta pronta adesão não é alheio o facto de termos sido apresentados pelos párocos e por eles termos sido indicados como enviados pelo Senhor Arcebispo, em nome de Jesus, em nome da Igreja. Sabemos, hoje, que para grande parte destas pessoas que assim servimos, participar nestes momentos tinha como alternativa ‘assistir’ à Eucaristia pela televisão. Por isso, é com o sentimento de uma grande consolação que, no final de cada Celebração da Palavra, acolhíamos os seus sorrisos, os seus abraços, as suas mãos… como que a dizerem-nos que foi importante aquele

Qual é o contributo do MAGIS? Da apresentação ao Senhor D. Jorge, surge o destino de missão: Cabeceiras de Basto. Servir com os padres José Augusto e Jorge Agostinho em Abadim, Cavez, Pedraça e Riodouro. Durante cinco anos, foram muitos os encontros… são inúmeros os nomes daqueles que, com as suas vidas, com a sua solidão, com a sua entrega, com o amor que colocam naquilo que fazem nos falaram e falam de Deus. E receber este amor, gratuitamente, em tantos momentos, fez-nos desejar responder também com entrega, com generosidade, com paixão, feznos desejar partilhar o que somos e o que temos.

O Magis em Cachopo

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Da experiência da Páscoa de 2005, surge o desafio: formar um grupo que aceitasse dar um fim-de-semana por mês, colocando-se ao serviço de uma comunidade rural, onde houvesse necessidade de um maior apoio a nível espiritual. Algum tempo para deixar amadurecer o desafio e dar corpo a este projecto e, em junho de 2005, no CAB – Centro Académico de Braga – nasce o MAGIS. O “mais” de Santo Inácio de Loiola, a resposta do homem a Deus, uma resposta sem limites, uma entrega total e sem reservas para “inteiramente cumprir Sua santíssima vontade”, uma resposta do homem para louvor e serviço do Senhor. O pedido feito por Jesus a Maria Madalena – ‘Vai dizer aos Meus irmãos que Eu estou vivo!’ – foi experimentado por cada um de nós e o Magis é também o espaço que encontrámos para lhe dar resposta. Querendo estar onde fosse mais urgente e necessário, apresentámo-nos ao Senhor Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, a fim de sermos enviados se e para onde achasse por bem.

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momento. Ao dizer isto, recordo o toque do sino de cada capela no momento em que parávamos o carro em cada chegada, a convidar a este estarmos juntos, em nome do Senhor. Fruto da avaliação de um ano com os párocos com quem trabalhámos e, depois, na reunião anual que temos com o Senhor Arcebispo, nasce a ideia de começar a passar a animação das comunidades para pessoas das próprias comunidades. Para isso, propusemo-nos durante os dois últimos anos de presença em Cabeceiras de Basto a fazer uma caminhada conjuntamente com os párocos e com as pessoas por eles indicados, partilhando a nossa experiência e, assim, de alguma forma, colaborar na formação destes animadores de comunidades. Terminada a presença de cinco anos em Cabeceiras de Basto, estivemos, os dois últimos anos na cidade de Braga, propondo (em conjunto com D. António Couto) catequese de adultos, na paróquia de S. José de S. Lázaro, e o Dia dos Sobrinhos – um dia em Soutelo, com os mais pequenos, num convite a que Jesus vá entrando e permanecendo nas suas vidas.

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Em que consistia um fim-de-semana do MAGIS.

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O fim-de-semana tipo do Magis começava no Sábado de manhã com a partida para Cabeceiras de Basto, pelas 8h30min. Aí chegados, e depois de um café, tínhamos um momento de oração. A preparação deste momento ficava, rotativamente, a cargo de um dos elementos do Magis que, nessa altura, indicava a proposta dos pontos de oração. Individualmente, rezávamos durante uma hora, finda a qual partilhávamos o que foi este tempo. Após este momento, era altura de ir para Abadim (local onde fica a casa onde estávamos alojados) e preparar o almoço. Cerca das 14h, cada um dos grupos seguia para dois dos lugares que nos foram entregues. Aí acontecia o encontro com as pessoas, a Celebração da Palavra, a visita a alguém que estivesse sozinho ou doente e o estar simplesmente à conversa com os mais idosos e na brincadeira com os mais pequenitos, aproveitando a beleza de um espaço único.

Pormenor de um espaço de oração, em Cachopo Habitualmente, a tarde terminava no convite a entrarmos numa das casas para um café e umas bolachas. Cerca das 18h era o regresso a casa (a Abadim) para prepararmos o jantar, pois às 20.30h começaria (em qualquer uma das paróquias Abadim, Cavez, Pedraoça ou Riodouro) o serão, que poderia ser a dinamização de um momento de oração para a comunidade ou o encontro com o Grupo de Jovens (uma ressalva para referir que com estes Grupos de Jovens, nos cinco anos em que estivemos em Cabeceiras, estivemos de forma especial no retiro de fimde-semana que, anualmente, para eles preparámos). Chegados a casa (e porque habitualmente o frio apertava!) um chá e o avaliar do dia, entre dois dedos de conversa. No Domingo, às 9.30h apresentávamo-nos em mais dois lugares para repetir aquilo que fizemos na tarde de Sábado nos outros dois lugares. Um pouco antes da hora do almoço era o regressar a Abadim para arrumar tudo e voltar a Braga, ainda a tempo do almoço com a família.

E, agora, sem estes fins-de-semana.

Catequese de adultos

Além daquilo que fazemos regularmente na cidade de Braga, e que atrás referi, temos várias colaborações pontuais como a dinamização e orientação de uma manhã de oração pensada para os adultos das paróquias da cidade de Braga que se preparam para receber o sacramento da Confirmação, orientação de fins-de-semana de retiros para jovens, colaboração em alguma sessão de catequese para adultos organizada por paróquias da cidade e dinamização de momentos de oração também em


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“Deus na Arte”

E dentro do MAGIS? Todas e cada uma destas actividades exigem de nós uma implicação total. Ao longo de todo o ano, vamos preparando cada um dos momentos. Para isso, em cada mês, para além das actividades que atrás referimos, temos ainda dois momentos para nós – um serão de oração (Actos 2, 42) e uma reunião de avaliação/preparação das actividades do mês. Há ainda lugar para uma peregrinação que fazemos em cada ano.

Um desafio! O acolhimento que aquilo que propomos encontra junto das pessoas é, também, um desafio a cada um de nós. Um desafio a conhecermos intimamente, cada vez mais, Jesus, para mais O amarmos e servirmos. E, assim, dá-Lo a conhecer.

E o futuro do MAGIS? Sonhos… Projectos… O futuro será, de certeza, uma busca constante, numa dinâmica de Magis. Neste momento, estamos a avaliar a presença mensal numa nova comunidade. Gostaríamos muito, também num futuro próximo, de participar numa reflexão a nível diocesano sobre o desafio que é colocado à Igreja de recuperar esta ligação, de que atrás falávamos, entre a fé e os lugares do humano, com espaço a cada um - rural, citadino, artístico, cultural, económico - renascendo pela força do Espírito. ‘Vai dizer aos Meus irmãos que Eu estou vivo…’ O MAGIS é o desejo de responder SIM a este convite, com todo o nosso ser, desejando fazê-lo cada vez mais à imagem do nosso Senhor… ao Seu estilo! Margarida Corsino da Silva

Na Capela da Árvore da Vida, em Braga

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diferentes paróquias e no CAB. Nos últimos três anos, promovemos e organizámos os encontros dos Movimentos de Leigos da Diocese de Braga. Este ano, fomos um dos grupos organizadores do Fé e Arte II – Dar Corpo à Graça, que teve lugar em Braga e propusemos e dinamizámos o Páginas Tantas, no CAB, que consistia na leitura e comentário do livro Introdução ao Cristianismo de Joseph Ratzinger. Mais uma vez, resultado de uma entrega ao D. Jorge, temos celebrado o Tríduo Pascal nalgumas paróquias da diocese – este ano fizemo-lo em S. Cosme do Vale, Vila Nova de Famalicão. Durante dez dias, no mês de Agosto, procuramos ser presença viva da Igreja em locais onde a presença da Igreja institucional é menos forte ou nalgum sítio onde vejamos que a nossa presença pode ser mais necessária. O que aí fazemos é um repetir a experiência de Cabeceiras, mas desta feita em dez dias consecutivos. Cachopo – na Serra Algarvia –, Alqueidão da Serra e o Magis 2011 foram os destinos destes últimos anos.

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Servidores DA MISSÃO DE CRISTO Exercícios Espirituais na Vida Corrente Casa de Oração Stª Rafaela Maria, Palmela A ideia surgiu como resposta a muitos pedidos de pessoas ligadas à espiritualidade inaciana e sedentas de “mais”: uns, desejosos de aprofundar a sua relação com Deus, ganhar hábitos de oração e progredir na sua vida espiritual; outros, a precisarem de tomar decisões importantes e a quererem fazer um discernimento sério nas suas vidas; outros, ainda, animadores de CVX ou doutros grupos de espiritualidade inaciana, a quererem conhecer melhor a estrutura dos Exercícios Espirituais e a necessitarem de ‘ferramentas’ que facilitassem o seu trabalho nos grupos; e ainda aqueles que tanto desejavam fazer EE mas que, por diferentes circunstâncias, não conseguiam tirar uma semana para fazer um retiro. No ano de 2003 - 2004 deu-se início à experiência, com uma Equipa de pessoas de diferentes estados e vocações (Leigos e Leigas, Jesuítas, Religiosas Filhas do Coração de Maria e Escravas do Sagrado Coração de Jesus). A proposta é fazer Exercícios Espirituais, ao longo de todo um ano letivo (mais ou menos de Outubro a Junho). Os EEVC são marcados pela exigência que procura dar resposta ao desejo de “mais”: 45 minutos de oração diária mais 15 minutos de exame inaciano; acompanhamento espiritual de 15 em 15 dias; um encontro mensal, em que são dados os pontos de oração para o mês e em que há tempo para a partilha em grupos pequenos e para a celebração conjunta da Eucaristia. Tudo isto a partir da Casa de Oração das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, em Palmela. Ao longo destes nove anos, já lá vão nove edições, com cerca de 225 participantes. A Equipa vai-se renovando e remodelando, o esquema é avaliado e aberto a mudanças. Os resultados são ótimos, fruto do Espírito Santo!

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A experiência contada na 1ª pessoa

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Quando em Julho de 2003 ao terminarmos a Escola de Exercícios Espirituais em Soutelo, a Ir. Maria Vaz Pinto aci lançou o desafio para a experiência dos Exercício Espirituais na Vida Corrente (EEVC) provavelmente nenhum dos envolvidos poderia prever os efeitos destas nove edições dos EEVC em Palmela. E refiro-me à experiência nesta iniciativa da Casa de Oração de Santa Rafaela Maria não só enquanto elemento da equipa, mas também como exercitante. Nestes nove anos fizeram a experiência dos EEVC (desde a última edição a designação passou para EEVQ – Exercícios Espirituais na Vida Quotidiana) mais de duas centenas de participantes e para nós, enquanto acompanhantes, tem sido uma graça poder sentir como o Senhor vai tocando e trabalhando quem nele confia e a Ele se abandona. Desde o início que para mim não fazia muito sentido ser acompanhante sem ter passado pela experiência de exercitante. Daí que a meio do percurso tenha também passado por ela. Dizer que foi marcante é pouco. Quem tem experiência anual de EE, prática diária de oração pode pensar que será apenas juntar dois em um, mas

não é! A fidelidade de uma hora de oração num dia que tem vinte e quatro, a disponibilidade de uma tarde de domingo por mês, os encontros com o acompanhante duas vezes por mês, são apenas aparentemente simples mas na prática são extremamente exigentes e pedem ao exercitante uma grande capacidade de entrega e de fidelidade ao compromisso assumido. Os frutos vão sendo apercebidos ao longo da vida e não se limitam ao imediato. Não é em vão que durante um mês rezamos na vida o amor incondicional de Deus por cada um de nós, pecadores perdoados porque muito amados, que durante três meses aprendemos a conhecê-Lo melhor para mais O amarmos e seguirmos respondendo ao convite que nos faz, que O acompanhamos na entrega por cada um e também na alegria da Ressurreição. Quando chegamos ao fim do percurso assalta-nos a duvida: e agora? Agora é que tudo começa, agora que fomos acompanhados durante este tempo resta-nos responder na vida ao convite pessoal, que Jesus faz a cada um, a segui-Lo na intimidade (cumplicidade pessoal) e na Missão (vem trabalhar comigo). José João Henriques[na Equipa Orientadora desde o início; Exercitante em 2006-07]

Ir. Marina Santos, aci, José João Henriques, Miguel Villa de Freitas e P. Domingos de Freitas, SJ - alguns dos formadores da edição de 2011-12


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Foi um processo dinâmico em que precisei de me libertar de todos os apegos desordenados e egoístas. Depois, liberta e indiferente a tudo, colocar-me nas mãos de Deus para que esta liberdade interior me levasse a buscar e a descobrir de forma apaixonada a Vontade de Deus para comigo. A partilha de impressões, movimentos do espírito, as dificuldades encontradas e o resumo do fruto de oração pessoal de cada elemento do meu grupo de partilha foi, também, muito importante. Ouvir e ver como o Espírito Santo atuava em cada um, deixava-me animada no caminho que faltava percorrer. Tive oportunidade de aprofundar, reforçar e explicitar a minha fé que já existia dentro de mim, ajudandome a viver mais plenamente as minhas capacidades humanas. Foi uma experiência pessoal e bem viva de Deus na oração, que se traduziu na oração pessoal, oração e partilha comunitária, na direção espiritual e na vivência do quotidiano. Os EEVC foram para mim um instrumento de leitura da minha vida e da realidade que me envolvia, de modo a ir encontrando a Vontade de Deus e assim, O poder melhor servir na realidade do mundo e da Igreja. Terminados os nove meses, saboreio tudo o que vivi e experimentei, recorrendo frequentemente aos textos rezados durante aquele período. Entrei para uma Cvx reforçando a minha caminhada e desejo de amar a Deus. Katya Rafael [EEVC 2010-2011]

Os EEVC foram fundamentais como oportunidade de progredir na vida espiritual e cristã. Foi um tempo privilegiado onde fui experimentando e descobrindo o que me ajudava a avançar no caminho de abertura a Deus e que ainda hoje é essencial para viver em atitude de escuta da vontade de Deus. A primeira novidade introduzida foi na agenda! Se até aqui tentava incluir Deus nos inúmeros acontecimentos do dia, agora tinha de organizar tudo o resto em função do tempo de oração. A fidelidade a este tempo não foi fácil, ter de forçar a paragem a determinada hora para introduzir um espaço de contemplação, resultava como um sentimento de “castigo”. Passados três meses este esforço transformou-se em desejo interior de encontro com Deus. Foi uma mudança essencial que tornou a minha oração mais gratuita, silenciosa e descentrada de mim. Na oração já não me ocupava só dos meus interesses, mas colocava o olhar Nele e isso abriu-me à novidade da Sua presença na minha vida e no mundo. Os efeitos sentiam-se no dia a dia, no modo de estar na vida e, acima de tudo, de me relacionar com os outros, principalmente no trabalho! A avaliação de cada momento de oração e o exame de consciência no final do dia, ajudaram-me a cair na conta de que sou eu que imponho limites à presença de Deus e não Ele. É um trabalho de afinar a sensibilidade que nos torna mais capazes de O reconhecer no pequeno e escondido de cada “coisa”. O acompanhamento espiritual, que ainda hoje mantenho, revelou-se fundamental para aprender a ler a história que Deus vai escrevendo comigo. Entretanto, fui percebendo que não podia viver apenas da Memória deste tempo, mas que era imperativo contrariar o ritmo vertiginoso da vida e atualizar cada dia o centro do meu querer e interesse! Isto só é possível dando à oração um espaço real em cada dia! Os EEVC foram, sem dúvida, uma escola para ordenar a vida a partir e em direção ao essencial! Teresa Cancela de Abreu [EEVC 2005-2006]

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Conhecendo pouco a espiritualidade inaciana, o que me cativou a realizar esta “viagem” maravilhosa ao longo de nove meses foi uma reforma de vida profunda! Iniciei os EEVC com muita expetativa mas sobretudo com grande ânimo em oferecer a Deus todo o meu querer e liberdade de forma a encontrar a Sua Vontade. Ordenar a Vida! Claramente, nos EE, houve três personagens: eu, Deus e a minha diretora espiritual. Foi ela que me abriu e facilitou o encontro pessoal com Deus. Acompanhoume! Ajudou-me a descobrir, através de um diálogo espiritual/interpessoal, do esclarecimento dos meus sentimentos e moções interiores, as maravilhas de Deus, o Seu infinito Amor por mim, a nossa recíproca intimidade (eu e Deus), a Sua Realeza…

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Preencher a inscrição nos Exercícios da Vida Corrente para mim foi como tirar o passaporte para uma peregrinação ao coração. Uma peregrinação lado a lado com Cristo, durante um ano, percorrendo as etapas da Sua vida, e a aprender com Ele como viver a minha própria vida. Fez-me sair da minha zona de conforto… mergulhar a fundo na minha própria história… olhar para os bens e talentos que me foram confiados e avaliar que uso faço deles (“tantoquanto”?)… experimentar a alegria de me sentir profundamente amada e querida por Deus... passar por períodos de desolação em que nada parecia fazer sentido… até à notícia por que tanto esperava. Os meios que nos foram colocados à disposição foram preciosos para continuar, mesmo quando havia “bolhas”: - os pontos de oração e os instrumentos propostos por uma equipa cheia de Deus e a oração diária, onde me cabia pôr os meios (tempo e disponibilidade), pedindoLhe a graça para O conhecer internamente; - o exame de consciência, que tanto me ajudou a reconhecer a Sua presença constante. Marcou-me especialmente uma semana em que cheguei a casa cansada, com o sentimento de que tinha sido uma semana terrível. Ao reler as anotações desses dias, caí na conta da injustiça do que acabara de pensar: na realidade tinha imensas razões para agradecer e uma contrariedade de última hora quase prevalecia…;

- o acompanhamento do P. Luís Rocha e Melo, pelo carinho e disponibilidade com que sempre me acolheu nos seus últimos meses de vida. Um testemunho-vivo de Cristo; - a riqueza das partilhas do meu grupo, feito de pessoas entre os vinte e os setenta anos de idade, com percursos tão diversos… “amigos improváveis” verdadeiramente unidos, quais apóstolos. Foi um tempo para aprender a confiar… que o impossível, com Ele, é possível! Que a vida prometida é para valer. Ficou o desejo de me continuar a fazer ao caminho e ir contando àqueles que encontro - o que (vi)vi pedindo-Lhe a graça de o fazer menos por palavras e mais por gestos… e assim construir a minha felicidade. Magda Cardoso Matos [EEVC 2008-2009]

A proposta dos EEVC veio como um daqueles acasos, que Deus coloca na nossa vida. Andava inquieta a sentir que precisava de dar uma volta qualquer à minha vida, quando um amigo me falou dessa experiência que iam começar em Palmela. O percurso completo dos Exercícios de Santo Inácio, durante oito meses, com o compromisso diário de 45 minutos de oração, mais 15 minutos para o Exame Inaciano. Pertencendo à CVX há vários anos, fazia regularmente EE e procurava ter alguma experiência de oração na vida quotidiana, mas nada que se parecesse com aquele compromisso. Seria capaz da fidelidade requerida? Com medo, mas confiando no desejo que sentia crescer em mim, lancei-me naquela que viria a ser uma experiência verdadeiramente fundante na minha vida. Lembro-me de várias coisas práticas que hoje me enternecem, como o cuidado com que preparava o lugar

onde ia rezar, a música que escolhia para me ajudar a parar, ou o entusiasmo com que ia no caminho para casa a pensar no encontro com Jesus. Mas o mais relevante foi o que esse encontro foi realmente fazendo em mim. Um encontro real, depois de um dia de trabalho, de relações nem sempre fáceis, dia após dia. Deixar que Deus entrasse em todas as dobras da minha vida, do que sou e do que faço, das fragilidades mas também dos desejos e sentir o Seu trabalho em mim. Perceber quem sou e para onde quero ir, como uma promessa em que posso confiar, foi a graça alcançada, aonde tantas vezes regresso, para recuperar a energia quando ela parece faltar. Um dos frutos da experiência dos EEVC foi poder voltar a ela, agora integrando a Equipa que os orienta. Se por um lado tem sido uma oportunidade para aprofundar a potencialidade da proposta de Santo Inácio, por outro lado abriu-me à aventura do acompanhamento, com o que isso implica de aceitar viver na tensão entre a imensidão do que me é pedido e a pequenez das minhas capacidades. Poder acompanhar a história que Deus vai construindo com cada um, não só é um enorme privilégio que alimenta a minha própria vida espiritual, como vai concretizando numa missão concreta a graça recebida na minha própria experiência dos EEVC, que então intuíra como uma promessa em que podia confiar. Teresa Cardoso [Exercitante em 2003-2004; na Equipa Orientadora desde 2009-2010]


Meios que unem O INSTRUMENTO COM DEUS

Agosto

Setembro

Exercícios Espirituais

Exercícios Espirituais

3 DIAS

8 DIAS 01 a 09 | no Rodízio, com o P. Nuno Branco 01 a 09 | no Rodízio, com o P. António Valério 11 a 19 | em Soutelo, com o P. Mário Garcia 12 a 20 | em Fátima, com o P. António Costa Silva 20 a 28 | em Soutelo, com o P. Francisco Rodrigues

09 a 12 | em Soutelo, com o P. Carlos Carneiro

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8 DIAS 01 a 09 | em Soutelo, com o P. António Valério 06 a 14 | em Soutelo, com o P. António Santana 16 a 24 | em Soutelo, com o P. João Santos 16 a 24 | em Soutelo, com o P. Manuel Morujão 21 a 29 | em Palmela, com o P. António Vaz Pinto

Consulte o programa anual em www.jesuitas.pt

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