A autoconstrução na RMBH diálogos entre moradores e universidade: Ocupação Eliana Silva O grupo PRAXIS objetiva investigar as condições contemporâneas de projeto, produção e uso do espaço urbano, mapear criticamente aspectos das dinâmicas sócio-espaciais das cidades brasileiras e desenvolver práticas compartilhadas através da mediação entre tecnologia, projeto, c o n s t r u ç ã o, i n f o r m a ç ã o, vivência e criatividade em torno dos agentes envolvidos nesses processos.
ESPAÇO PÚBLICO COM AS CRIANÇAS Com a consolidação da ocupação, surgiu por parte dos moradores a demanda de se pensar um espaço público para as crianças. Isso tornou necessário revisarmos nosso conhecimento sobre as formas de organização e uso do espaço por parte das crianças adquirido o longo do tempo de parceria com a comunidade e traçar novas estratégias para estudar o território vivido por elas e engajá-las no projeto do espaço comunitário. Em nossas visitas seguintes passamos a observar e registrar suas práticas espaciais, focando nas brincadeiras, que depois inventariamos. CARTOGRAFIAS CRÍTICAS
ELIANA SILVA Belo Horizonte
Barreiro, Belo Horizonte 1ª E. Silva
Barreiro
2ª E. Silva
Abril de 2012. (CRÉDITOS: Tiago Castello Branco)
• 1ª ocupação: abril/2012. • despejo: maio/2012. • 2ª ocupação: agosto/2012. • terrenos com pendências jurídicas. • 200 famílias organizadas pelo Movimento de Luta Nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). • hoje, mais de 300 famílias.
Julho de 2013. (CRÉDITOS: Marcilio Gazzinelli)
DIÁLOGOS ELIANA SILVA • Apresentar soluções urbanísticas e arquitetônicas adequadas à demanda das famílias. • Investigar os meios possíveis de comunicação entre os envolvidos, promovendo uma relação interativa, compartilhada, adequada e desejada. • Garantir a prevalência das decisões dos próprios moradores. • Desfazer as hierarquias existentes entre os saberes científicos e não científicos. ESCOLA DE ARQUITETURA ESCOLA DE ARQUITETURA
DIÁLOGOS DIÁLOGOS
PARCEIROS PROEX
PROEX
PRÓ-REITORIA RÓ-REITORIA DE EXTENSÃO
DE EXTENSÃO
Em seguida, optamos pelas ferramentas de cartografação, buscando maneiras de fazer emergir características espaciais que não são evidentes em um primeiro momento e envolver os agentes que atuam no território. Desse processo derivou a disciplina ofertada como optativa no curso de Arquitetura e Urbanismo - Diurno: Cartografias Críticas Urbanas. Alguns alunos da disciplina, junto aos bolsistas, iniciaram então um processo de mapeamento coletivo da ocupação segundo o ponto de vista das crianças, em duas etapas: uma oficina de desenho e uma oficina audiovisual. Escolhemos o desenho por ser uma ferramenta com que as crianças estão familiarizadas. Foi proposto que elas desenhassem a ocupação para alguém que nunca tivesse estado lá, e que representassem a maneira como costumavam brincar. Os mais velhos utilizaram réguas e esquadros, apresentando uma preocupação maior com a precisão, como a largura das ruas e locação correta das edificações, e alguns apresentaram certa resistência à atividade, dizendo que não sabiam desenhar. Nos desenhos das crianças menores, a variedade de temas foi maior, algumas delas retratando a própria família, outras fugindo completamente da proposta. Houve desenhos envolvendo elementos da luta por moradia e do MLB. Nossa intenção era filmar uma apresentação dos desenhos no final, mas essa atividade não interessou à maioria crianças, que ficaram acanhadas e se dispersaram. O vídeo foi pensado como ferramenta de empoderamento para as crianças, buscando evidenciar as peculiaridades de suas visões para os demais agentes com quem compartilham o território. Além disso, por ser uma construção coletiva, a elaboração de um filme necessita de negociação entre todos os envolvidos. As crianças ficaram responsáveis por produzir seus próprios vídeos, usando câmeras amadoras e participando do processo desde a elaboração do roteiro até a atuação e a filmagem. Para construir a narrativa, propomos uma situação similar à da outra oficina: e se uma criança nova chegasse à ocupação, como vocês a apresentariam a ela? As crianças, espontaneamente inseriram à história elementos da militância política, propondo a encenação de um protesto contra o racismo, e apontaram nessa conversa quais os lugares e elementos da ocupação que consideram mais importantes, em sua maior parte já esperados (creche, horta, a recém construída lixeira comunitária), além de uma casa verde de dois pavimentos das mais bem acabadas na ocupação. As próximas etapas da pesquisa devem levar a uma inclusão das crianças na negociação com os adultos em defesa de características territoriais que elas consideram interessantes: muní-las de argumentos para que possam debater sobre o espaço de forma igualitária.
PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO Na disciplina do curso de Arquitetura e Urbanismo Noturno OFIAUP - Problemas de Requalificação e Urbanização de Assentamentos Precários, os alunos fazem propostas para os espaços comunitários da ocupação e as executam em mutirões geridos em conjunto com os moradores e o grupo PRAXIS.
Mapeamentos coletivos. (Março/2013)
Confecção de lixeiras. (Agosto/2013)
Recuperação de erosão. (Agosto/2013)
Execução da horta comunitária. (Agosto/2013)
ESGOTO O tratamento de esgoto não é fornecido pelo poder público e as famílias utilizam um banheiro comunitário. O grupo PRAXIS propôs dois sistemas alternativos de esgotamento: o círculo de bananeiras para tratar águas cinzas e o tanque de evapotranspiração (TEVAP) para tratar águas negras. As soluções foram executadas em mutirões com a participação da comunidade, dos pesquisadores e dos alunos da OFIAUP. bananeira
poço de visita terra areia brita pedra pneu
TEVAP: Os rejeitos são deposiatos no interior dos pneus, onde sofrem decomposição. A água evapora, e as partículas sólidas ficam retidas nas camadas de diferentes granulometrias.
bananeira bananeira gravetos e folhas gravetos galhos brita
TEVAP em funcionamento
Círculo de bananeiras em funcionamento
CÍRCULO DE BANANEIRAS: Os troncos, galhos e folhas ltram as impurezas e a bananeira absorve grande parte da água. O restante, já tratada, infiltra no solo.
Os sistemas propostos foram adotados por grande parte da comunidade. Preocupados com a sua correta execução, elaboramos cartilhas explicativas que podem reproduzidas a baixo custo, para serem distribuídas por toda a ocupação.
OUTRAS ATIVIDADES • Concurso Internacional EME3 - TOPIAS: Utopias Becoming Real. • Atualização do blog Diálogos Eliana Silva [dialogoselianasilva.wordpress.com] • Assessoria técnica no projeto de reforma e ampliação da creche da ocupação Eliana Silva. • Oficina de mosaicos para placas de rua da ocupação.
autora: Milena Lara Reis Ferreira coordenadora: Denise Morado Nascimento área: Ciências Sociais Aplicadas instituições financeiras/parceiras: FAPEMIG