Série The Saints#01
SINOPSE Minha mãe me disse que o Paraíso bateria na minha porta um dia. Que eu seria tirado do inferno em que vivia. Ela estava certa sobre uma coisa e tão errada sobre a outra. O Paraíso veio na forma de um anjo exatamente como ela disse. Bonita. Perfeita. Um anjo. E depois. Minha vida se tornou um inferno. Ela se foi. Desapareceu. Eu parti. Fui para a guerra. Morto. Tudo por ela. Todo rosto era o do homem que a levou. Todo sonho preenchido com ela. Por doze anos eu existi no inferno. Respirei o fogo do purgatório. Até ela, a mulher na praia fora da minha casa. Cativante. Encantadora. Hipnotizante. Não poderia ser minha Cora, meu anjo, meu paraíso na terra. Ela estava morta. Não estava?
Tradução: Kayra/Camila/Helo Revisão Inicial: Anfitrite/Nix Revisão Final: Cristina Leitura Final: Cibele
Formatação: Kytzia Disponibilização: Grupo Rhealeza Traduções
08/2018
PRÓLOGO —Você acredita em paraíso na terra, Riddick? —Minha mãe sussurra em seu leito de morte. Há muito tempo ela está doente e agora está morrendo e não posso fazer nada para ajudá-la. Eles lhe deram pílulas e aplicaram uma injeção em seu braço, tentando fazê-la melhorar, o que não funcionou. Isso fez seu cabelo cair e seu rosto ficar com uma tonalidade estranha. Parecia que alguém a tinha golpeado. Odeio quando isso acontece, especialmente quando ela volta para casa com contusões em seus braços, maiores do que as que eu consigo quando caio da minha bicicleta ou luto com algum dos meus amigos. Ela disse que não doem, no entanto, sei que não é verdade. Ela simplesmente não quer que eu fique triste ou chore. O que é realmente triste, pois eu me preocupo com ela o tempo todo. No momento ela está deitada em sua cama parecendo pior do que nunca. Toda vez que eu a abraçava, ela ficava com contusões pelas marcas dos meus dedos, num horrível tom de roxo enegrecido, em seus braços ou ombros. Por conta disso, meu pai me disse para parar de tocá-la. Ele não disse por maldade, é claro. Disse por que não quer que ela sinta dor. Não entendo nada disso. Tudo que sei é que odeio tudo isso. Eu sou uma criança, e as crianças deveriam ter um pai e uma mãe, então por que minha linda mãe tem de estar doente o tempo todo? Aos dez anos, eu sabia que o céu era bom e que o inferno era ruim. Mas quando você está olhando para os olhos brilhantes e avermelhados da única pessoa boa, você não tende a acreditar em qualquer coisa senão o inferno. Se o céu é bom, então por que está levando uma mãe adorável, atenciosa e amorosa como a minha para longe de mim? Morrendo de um câncer que a atingiu fortemente. Eu nem sei o que é câncer. Tudo que sei é que o odeio tanto quanto
aos médicos que disseram que não poderiam mais ajudá-la. Eles podem ir direto para aquele lugar chamado Inferno, eu não me importo. Contanto que minha mãe permaneça viva. —Sim. —Minto para ela. Seu pescoço fino contrai lentamente quando ela vira seu rosto para me olhar nos olhos. Oh, droga! Ela sabe que estou mentindo, aqueles olhos lacrimejantes me encaram conscientemente. Ela não gosta de mentiras. Dizia que não importa o que aconteça, eu sempre deveria ser sincero, doa a quem doer. Não me importei de mentir, não hoje. Pelo menos não estou machucando minha mãe. É uma merda dolorosa. Meu peito dói a cada vez que olho para os seus olhos tristes ou para as lágrimas que não param de cair deles. —Você pode até não acreditar nisso, minha doce criança, mas prometo que um dia irá. Um dia, quando menos esperar, um anjo lhe tirará do inferno e logo você encontrará o seu paraíso. —Ela engasga com suas palavras. Um ruído estranho sai da sua boca. Seus olhos parecem que vão chorar. Mais uma vez. —Mãe? —Sussurro. Nenhum movimento. Sem pestanejar. Sem chorar. —Mãe! —Eu pulo, com as lágrimas rolando pelo meu rosto e caindo em sua mão. —Pai. Tem alguma coisa errada. Papai! —Chamo através dos meus gritos. —Eu te amo, mamãe. Por favor, não vá. Você não me explicou o que quis dizer com ―um anjo‖. Mãe? Me diz! —Grito através das lágrimas de dor. —Ela se foi, filho. —Meu pai chora, me abraçando. —Meu anjo celestial se foi! —Grita, enquanto o seguro com força.
Vivi por vĂĄrios anos na terra, antes de descobrir o que minha mĂŁe quis dizer. Eu tive um anjo uma vez, e agora vivo o inferno na terra.
CAPÍTULO UM Cora Dezessete anos de idade
Esta foi à primeira vez na minha vida que senti como se estivesse experimentado aquele momento crucial, onde sua vida passa diante dos seus olhos. Em algum lugar entre sua primeira doce lembrança até seu último momento, em ordem cronológica. Seu primeiro dia na escola, primeiro amor, aniversários, Natal. O nascimento de seu filho. Testemunhar ele andando e falando pela primeira vez. Todas essas memórias armazenadas dentro do seu coração morrerão com você quando der o último suspiro. Não existe nada mais valioso que ser mãe. Rir sobre coisas bobas, a alegria de existir simplesmente por causa deles. São todas as experiências de vida que transformam uma mulher na pessoa que ela deveria ser. Eu sou jovem. Alguns diriam que muito jovem para ser mãe de alguém. Eu discordaria de todos, se me fosse dada a oportunidade. Por algum motivo desconhecido, este é o meu destino. Vivo no inferno com meu paraíso tão próximo e ainda assim tão distante que não importa o quanto eu me estique, ainda não consigo segurálo firme o suficiente para nunca deixá-lo ir. Assim como a minha vida neste exato momento. Em um minuto estava fazendo o meu próprio jantar e no próximo estava sendo chamada para o escritório do meu irmão que fica há cerca de três quilômetros abaixo da estrada onde vivi toda a minha vida. Ao invés de me chamar como faz normalmente ou entrar com uma rajada fria de vento atrás dele, desta vez foi diferente. Fui escoltada porta a fora e enfiada na parte de trás de um SUV escuro, após ter minhas mãos e pés amarrados
até ficar enrolada em uma posição de ioga da qual não posso me mover. Quando chegamos ao seu escritório, estou gritando e exigindo saber o que diabos está acontecendo. Minha garganta está seca, meus pulsos sangrando e vasculho minha memória tentando descobrir o que fiz de errado. Não fiz nada de errado para o melhor amigo do meu irmão, Cutter, me arrastar para fora da minha casa para algum lugar onde não quero ir. —Cala a boca antes que eu faça você calar chupando meu pau, Cora. —Me calei, enojada. Cutter sempre me deu arrepios pela forma como me olhava de cima á baixo, para meus seios e boca, mas ele nunca tentou algo ou falou sobre seu desejo. Meu estômago embrulha e sinto algo desagradável entre as pernas. Prefiro ser picada por mil abelhas lá do que tê-lo me tocando. Toda vez que ele olha para mim, sinto-me suja. Esfrego fortemente minha pele na primeira chance que tenho, toda vez que ele encosta em mim. O homem é nojento. O pensamento de fazer qualquer coisa com ele me faz querer vomitar. Nem ele nem meu irmão saberiam como tratar uma dama mesmo que sacudissem seus cérebros e os esmurrassem na cara. As ameaças de Cutter deveriam me fazer querer cala a boca, mas não fazem. Farei todo o barulho do mundo para descobrir por que sinto que estou sendo arrastada para a morte. Oh Deus, por favor, me diga que eles não sabem! Sem aviso, Cutter agarra meus cabelos, puxando-me para fora do meu lugar no canto, arrastando meu traseiro sobre o cascalho duro com um forte baque. As pedras afiadas penetram na carne das minhas costas. Grito em agonia enquanto este homem agressivo aperta minhas bochechas, com força o suficiente para tirar sangue com suas unhas penetrando minha carne. Eles irão me matar. —Você finalmente terá a chance de ir embora daqui. Se estragar tudo, vou matá-la, entendeu? O que? Ignoro seu comentário sobre ir embora. O embrulho no estômago começa a aumentar,
ficando fora de controle até que trava em meu peito, tornando difícil respirar. Eu sei exatamente a quem ele está se referindo, e o pensamento me faz querer que ele enfie seu pau na minha boca, então poderei morder a pequena coisa repulsiva. Ele está falando sobre Riddick. Cutter acena a cabeça para mim usando suas mãos imundas, com unhas tão sujas que estremeço com a visão. Mãos que me fazem encolher cada vez que me tocam, deixam meu rosto e voltam ao meu cabelo e me puxa por trás para o outro lado do estacionamento enquanto abafo meus gritos de dor, não apenas do cascalho arranhando e entrando em minha pele, mas sim pelas palavras que ele disse, como se fosse uma ocorrência cotidiana me ameaçar com a única coisa que poderia roubar minha alma. Esta foi a primeira vez que ele me machucou fisicamente, o que me fez perceber que a situação é pior do que eu esperava. Minha vida não é mais minha, pertence ao meu irmão e estou enlouquecendo por causa disso. Eu vivo dentro da minha própria mente, falando sozinha, fingindo que estou conversando com a única pessoa que quero o tempo todo: Riddick. Olho para as paredes por horas e horas durante todo o dia, sonhando com uma vida melhor no meio da praia, onde poderei andar livremente. Sentindo a maré balançando com o vento, meu cabelo voando do meu rosto enquanto respiro o ar salgado. Estas fantasias são como conto de fadas de uma jovem mulher que todos desejam tornar realidade. Riddick sabe o quanto morar na praia significa para mim. Ele matará a todos só por pensarem que podem colocar suas mãos nojentas em mim. Será a última guerra de gangues de rua, onde meu irmão parece achar que é o rei. As pessoas temem Jesse Barrick por uma razão. Ele é maníaco. E independente de quais sejam seus motivos para me maltratar, ele deve ter enlouquecido ao ponto de me colocar à beira do abismo.
Ninguém sabe sobre mim e Riddick, então como poderia Jesse ter descoberto? É a única justificativa que consigo encontrar para esse comportamento abusivo e indisciplinado. Claro, somos jovens e influenciáveis e Riddick tem seu destino traçado para ele. O bom é que seu pai é um homem amoroso. Ele vai deixar Riddick iniciar sua própria divisão dos Hells Angels em qualquer lugar que queiramos ir logo que eu me formar no ensino médio. Mesmo que ele nunca admita, não acho que está em seu sangue assumir a gangue do seu pai um dia. Este é o Riddick, no entanto. Leal, bondoso e tem o maior coração entre todos que eu conheço. Riddick Murdock e eu estamos secretamente juntos há um ano. Ele é dois anos mais velho que eu e é a única pessoa com quem meu irmão me proibiu de ter alguma relação. Ambos sabíamos que teríamos problemas nesta cidade, uma guerra começaria se meu irmão descobrisse sobre nosso relacionamento. Isso não importava para qualquer um de nós. Estávamos apaixonados. Nos conhecemos no primeiro dia de aula, quando ele quase esmagou meus dedos dos pés com sua moto no estacionamento da escola. A culpa foi minha por ficar nervosa e não prestar atenção enquanto caminhava apressada, tentando chegar a tempo na aula. Pensei que tivesse tempo suficiente para atravessar com segurança, mal sabia eu que ele também estava atrasado, pilotando pela multidão rapidamente em seu jeans escuro, com tatuagens em seus braços e cabelos caindo nos ombros. Naquele momento, o considerei o adolescente mais gostoso que já vi. Então ele puxou os freios e derrapou para o lado, congelando-me no lugar. Não pelo som alto dos seus pneus ou pelo constrangimento. Fiquei enraizada no meu lugar com o queixo caído. O menino mais bonito que eu já tinha visto tirou o capacete preto e me deixou imóvel. Desnorteada. Me apaixonei ali mesmo. Na verdade, não, mas naquela época senti como se tivesse. A luxúria
em forma de ―eu tenho que conhecê-lo‖ me atacou quando seus olhos azuis me encararam. Ele sabia meu nome, onde morava e fez-me sentir desejada, tudo em questão de semanas após o nosso primeiro encontro. Secretamente nos apaixonamos quando não deveríamos e agora estou sendo arrastada para Deus sabe onde, minha boca está seca e estou com raiva das pessoas culpadas por me deixarem apodrecer nesse inferno. Meus pais. Eu sou filha do famoso Bernardo Barrick, ex-líder da gangue dos Almighty Sinners que agora está morto junto com a minha linda mãe, Meredith Stelle. Ambos foram mortos na frente da nossa casa há dez anos. Um gângster atirou. Lembro-me claramente deles como um céu azul. Os risos, a alegria, e ao contrário do meu irmão, me amavam e o amavam também. Eles morreriam novamente se testemunhassem isso. Eles fizeram coisas horríveis, coisas que eu odiava ouvir, coisas que eu era jovem demais para entender. Eu sabia que eles não eram pessoas agradáveis fora de casa, as crianças da escola me diziam. Eles roubavam, negociavam drogas e governaram a nossa pequena cidade. Apesar disso, eles nunca, nem uma só vez maltrataram a mim ou ao meu irmão. Não sabia o porquê de o meu irmão ter se voltado contra mim após a morte de nossos pais. Talvez eu nunca saiba. Na verdade, não me interessa. Ele me disse para ficar longe dele, e que faria o mesmo comigo, e praticamente tem feito isso. Até agora. Inclusive depois que meus pais morreram, eu me cuidava na maioria das vezes. Jantava congelados e cereais, almoçava na escola, assistia televisão e comprava minhas roupas nos bazares. Não me importava com nada disso, apenas com o fato de estar sozinha, sem ninguém para conversar, ninguém para se importar. Até Riddick.
Os assassinos dos meus pais nunca foram pegos. No entanto, testemunhas e rumores surgiram por aí de que eram os Hells Angels que estavam por trás disso. Nossos rivais. Testemunhas até identificaram o líder deles através de várias fotografias que foram mostradas. Todos eles juraram que era o pai de Riddick, Robert e seu grupo de capangas. Assim, para encurtar a história, essa é a razão pela qual Riddick é proibido e porque meu irmão está constantemente irritado, pois mesmo que as pessoas tenham dito que viram o pai de Riddick no carro naquele dia, não havia mais provas para confirmar sua história. Ele foi levado para interrogatório, depois liberado por seus álibis, que alegaram que o mesmo estava fora da cidade. Não acredito que ele teve algo a ver com isso, sempre achei que meu irmão planejou tudo para incriminá-lo. Esse é o tipo de idiota que ele é, sua mente é doentia e distorcida. Tão ganancioso e demente que estou surpresa por não ter tentado me matar antes de hoje. —Sobre o que ele está falando, Jesse, e pelo amor de Deus, por que estou amarrada? —Exijo uma resposta através de gritos tão altos que poderia acordar os mortos quando sou levada através da porta do seu escritório. —Eu te odeio. Você não é nada para mim. Está me ouvindo? Nada, Jesse! —Minha voz soa estridente, até para os meus próprios ouvidos. Eles destruirão mais de mim do que qualquer coisa se me fizerem sair daqui. Pelos sorrisos desonestos em seus rostos, eles sabem disso também. Bastardos. De qualquer forma, essa merda não vai me tirar do caminho. Eu cuido de mim mesma. A única coisa que meu irmão faz é me dar um maço de dinheiro uma vez por semana. Ele nunca conversa comigo, como irmãos fazem. Vive reclamando sobre eu ser um incômodo. Bate à porta e não se incomoda comigo se estiver bêbado ou preguiçoso para trazer o meu dinheiro. Quando isso acontece, Cutter traz. Só que esse verme
demora demais para o meu gosto. Porco fodido. Estes dois têm um plano para mim, eu sei que eles têm. —Vou libertar você, mana. Em troca de sua liberdade, você vai ficar bem longe de Riddick Murdock. —Meu irmão fala, sério. Eu quero rir do absurdo em seu tom mandão. No entanto, sei que é melhor não rir, principalmente quando seu rosto está me mostrando a raiva e repulsa que ele sente por mim. Não me importo com o que ele sente, é Riddick a quem protegerei até meu último suspiro. Eu não vou ceder sem lutar para proteger nosso amor. Esta é a segunda vez em poucos minutos que minha vida passa diante dos meus olhos, só que desta vez é o meu futuro com Riddick, o futuro em que planejamos ficar juntos. Não posso permitir que meu irmão tire isso de mim. —Fodam-se os dois. Não vou fazer isso. Você quer vingança por algo que nós sabemos que são rumores e mentiras, e você quer que eu pague o preço? Como se atreve! —Eu grito bem alto do meu lugar no chão. Os olhos de Jesse inflamam e a próxima coisa que sei, é que estou sendo chutada no estômago. Meu intestino está revirando com dor. Eu respiro pelo nariz. Sugo meu último suspiro antes da dor me fazer perder o ritmo da respiração, tornando-a fora de controle. Eu odeio ser fraca, não ser capaz de enfrentar a minha própria carne e sangue. Não deveria ser necessário, ele é meu maldito irmão. Fecho meus olhos, tentando recuperar minha respiração, envolvendo meus braços trêmulos ao redor do meu estômago. Para proteger. Tudo o que vejo é o jovem que amo. Seu cabelo escuro como a noite, olhos azuis brilhantes que podiam facilmente misturar-se ao oceano. Eu quero uma vida melhor para mim. Eu faria qualquer coisa para garantir que eu receba uma. Mas isto, isto é algo que não sei honestamente se posso fazer. —Você vai fazer isso, sua puta do caralho. Você vai deixá-lo ou Cutter vai te matar. Juro por Deus, Cora, você vai embora! —Meus ouvidos estão zumbindo, eu tento recuperar o fôlego. Giro
a cabeça violentamente para avaliar a reação de Cutter ao que Jesse está dizendo. Seu rosto está contorcido em um ousado olhar de puro prazer, e aquele olhar diz tudo. Diz eu te desafio a desafiá-lo. Ele inclina a cabeça muito lentamente, puxa sua faca e me olha da maneira mais horripilante. Estes homens são esquisitos. Que tipo de homem ameaça mandar matar a própria irmã? Um doente, é o que ele é. Então, me forcei a aceitar a verdade. É morrer de coração partido ou morrer estripada se eu não sair dessa situação. Não importa o quanto eu queira sair daqui, o pensamento de deixar meu namorado para trás sem lhe dizer o que ele tem direito de saber é o suficiente para me matar. Eu quis fugir com Riddick mais vezes do que poderia contar nestes últimos poucos meses, mas sempre falava para mim que ainda não estávamos prontos. Pelo menos é o que eu dizia para mim mesma. A verdade é que eu estava com medo do que Jesse faria, e agora que o medo quer me fazer partir, não faz mais sentido. Como diabos iria recomeçar quando estou apavorada que eles possam encontrar uma maneira de me rastrear? Não posso ir para a polícia ou o FBI por medo de que estejam na folha de pagamento de Jesse, ou pior ainda, todos eles encontrariam uma maneira de tirar a única pessoa que importa para mim. A única pessoa que me ama. O engraçado é, como eles conseguiram me derrotar neste louco jogo de gato e rato? Com o qual eles não se importam, e de nenhum modo minha consciência me deixará partir sem implorar para que Riddick, vá também. —Eu não vou fazer isso. Não, a menos que Riddick venha comigo. —Digo tão bravamente quanto eu posso. Há risadas obscenas ao meu redor. É terrivelmente doloroso. Uma dor tortuosa instala-se no meio do meu peito.
—Você é mais burra do que parece, Cora. De jeito nenhum você vai embora com esse imundo. Já é ruim o suficiente que eu possa sentir o cheiro dele em você, maldita vagabunda. Deus, você fede ele. Eu deveria ter feito Cutter tirar a sua roupa e te limpar. Mas eu não vou, e ambos sabemos por que, não é, sua puta estúpida? Você vai fazer o que eu digo, ou vou te queimar viva. Você me entende, Cora? —Me sinto doente. Visivelmente entorpecida escutando ele ameaçar deixar um homem me purificar de outro. Meus lábios tremem. Deus, por que isto está acontecendo comigo? Quero lhe dizer para ir em frente e me queimar. Colocar meu corpo em uma cruz e me matar. Já estou com o pé na cova de qualquer maneira. O diabo estava na minha casa há alguns minutos, arrastandome para o seu trono. O diabo trouxe-me até aqui e está de pé atrás de mim, adorando o rei deste palácio terrível que de alguma forma descobriu meu segredo. Se eu morrer, talvez encontre paz, esse velho ditado de um pedaço do paraíso. E ainda não consigo tirar essas palavras da minha boca, e ele sabe disso. Meu irmão está na minha frente com aquele ódio familiar queimando em seus olhos. Sua vingança em direção aos Murdock é tudo que posso ver. Isso me leva de volta ao porquê dele o odiar tanto. Não houve provas. O pai de Riddick jura até hoje que não teve nada a ver com isso. No entanto, sei que é melhor não questionar a qualquer um deles algo relacionado a esta guerra de gangues. Não é o direito de uma mulher saber dessa merda, o direito dela neste buraco de merda é ficar de costas, sendo forçada a fazer coisas que não quer fazer. Violada, torturada e espancada. Pode ser uma coisa insensível para eu pensar, mas agradeço a Deus por ser a filha do fundador. Meu pai sempre dizia que sou intocável. Se qualquer um deles colocar as mãos em mim, eles seriam assombrados de seu túmulo.
—Cutter, acredito que minha irmã pensa que estamos fazendo apenas ameaças. Vai buscar o pequeno punk, ela pode me assistir cortar seu pau fora. Meu Deus. Eles têm Riddick? Aqui? Levo uma fração de segundo para me tornar ingênua em acreditar que ele está blefando antes que eu explodisse em lágrimas com a chance do destino em um ouvido e a chance de acordo no outro. —Não, Jesse. Não! NÃO! —Eu grito com todo amor que tenho por Riddick. —Não faça isso, Jesse. Desculpa. Não vou dizer nada, vou desaparecer, eu prometo. —Grito. Minhas lágrimas estão obscurecendo minha visão. Eu me agito pressa as cordas. Meus pulsos estão sangrando, queimando. —Onde ele está? —Eu exijo em voz alta. Eu vou levar porrada por ter agido como se estivesse fora de mim. Eu sei, mas no momento não me importo. Preciso saber onde ele está. —Foda-se, sua puta inútil. Não preciso te dizer coisa alguma, esse garoto vai pagar por ter colocado as mãos sobre você, por reivindicar algo que ele não tinha o direito de tocar. Ele é o maldito inimigo, Cora. E agora olhe para você. Você está carregando um filho desse bastardo imundo. Mudei minha opinião sobre ele, eu vou matá-lo por tocar em você, fazê-lo pagar por marcar você com a semente do filho do homem que matou nossos pais. Isso deixa você com nenhuma escolha em tudo, sua vadia inútil, a menos que queira ter Cutter matando você e seu filho bastardo. Estou te fazendo um favor, irmãzinha, por deixá-la viver. Deixar-me viver? O que ele está dizendo? O matarei por chamar meu filho assim, também. Um dia, eu juro que vou. —Não toque nele, por favor, eu preciso dele e ele precisa de mim. Ambos precisamos um do outro. —Eu lamento. Deus, o que eu fiz? Eu quase matei o homem que eu amo. —Meu Deus, está ouvindo a si mesma? Necessito, quero. Me dá! Me dá! Eu tenho cuidado de você por muito tempo. Você pensou que poderia brincar de casinha pelas minhas costas, ficar
grávida e ainda viver às minhas custas? A coisa não funciona desse jeito, Cora. Você é uma merda, sendo você mulher ou não. —Jesse cospe por todo o lado. Estou com medo, sozinha e sem poder respirar, mas não vou me acovardar diante de qualquer um deles. Deixei sair algumas últimas palavras antes de minha vida cair nos poços do inferno. Até que não tivesse escolha. —Foda-se você. Eu vou. Apenas deixe-o em paz. —É tudo o que eu posso dizer antes dele colocar a mão sobre minha boca para me silenciar. —Oh, você vai sair, tudo bem, e viver o resto da sua vida sabendo que é por sua causa que o pai do seu bebê está morto. Mais uma coisa, menina, se você voltar aqui ou tentar ir à polícia, vou te caçar e matar os dois, você e esse garoto que está carregando, porra. Me entendeu, irmã? —Oh meu Deus, não acredito que meu próprio irmão faria isso. —Eu não vou! Eu prometo! Só não machuque Riddick! —Eu grito e suplico para que ele solte Riddick, o tempo todo ouvindo-o falar que não pode, que estará morto no momento em que eu sair. A próxima coisa que eu sei, é que estou voando pelo ar e caindo de costas com um estalo forte e a mandíbula latejando. Eu deito lá toda torcida como um pretzel deformado, minha mente girando no caos. Encontro satisfação em saber que estes dois apodrecerão no inferno por ter machucado a mim e ao meu filho por nascer. Você é meu paraíso na terra, meu anjo, sua voz alta vibra através de meus ouvidos enquanto caio na escuridão. Essas palavras que amo ouvir dele cada vez que nos separamos são as últimas de que lembro.
CAPÍTULO DOIS Riddick Doze anos depois
—Quem é essa? —Meu amigo e colega de trabalho, Tyson, suprime um estremecimento, sua voz estrondosa ecoando sob meu capacete, onde estacionamos nossas motos, como se ele tivesse visto um fantasma ou alguma merda assim. Não vejo nada na praia, a não ser ondas fortes. Claro, meus olhos estão turvos por usar esta proteção sobre eles por tantas horas, o que me fez suar pra caramba. Não importa que hora do dia seja, somos obrigados a usá-lo. Não podemos correr o risco de ter algum filho da puta nos reconhecendo e separando nossas cabeças dos nossos corpos e jogando-as estrada abaixo. Prender pessoas é o nosso trabalho, não ter uma bizarra rachadura na nossa cabeça por rancor em retaliação porque matamos ou prendemos seu cafetão, ou a esposa de um membro de gangue que tentou substituir o seu sutiã de bojo, comprando seios de silicone com dinheiro roubado ou do tráfico de drogas. Há algumas pessoas fodidas lá fora que farão qualquer merda quando você tomar o que eles pensam ser deles. Eles não se importam se é certo ou errado. Se podem cultivar, vender, atirar, cheirar, fumar ou ficar chapado lambendo tudo da boceta de alguma puta, eles vão fazer isso. Malditas drogas. Odeio-as. Nós somos monstros debaixo da cama para os criminosos. Prontos para explodir seus paus, limpar seu corpo, descendo eles do seu pedestal apenas para trazê-los para a terra dos mortos. Bemvindos ao inferno, filhos da puta.
Eu sou um executor. Um homem com um bom histórico de ser conhecido por fodê-los. Então, basicamente a minha vida, as vidas dos meus amigos, e não se esquecendo das vidas dos criminosos do estado da Califórnia, pertencem ao departamento de narcóticos. Sou conhecido como detetive da polícia de Santa Barbara. Posso ser invisível quando se trata de esgueirar-me e prender ou matar alguém, mas claro que ainda não estou pronto para conhecer o meu criador. Morrer não está na agenda, pelo menos não por muito tempo se eu puder evitar. Então, sim, usamos um capacete feio à prova de balas. A morte tem suas garras em torno dos meus pulmões desde que me lembro, tem bebido de minhas veias, encaixando-se em meus ossos, mas ainda não me tirou a vida. Não que os líderes do mal ainda não tentaram. Eles tentaram, mais vezes do que posso contar. Não é incomum Tyson ir para a praia como ele está fazendo agora. Eu juro que ele ama mais do que eu. Estou surpreso que o desgraçado ainda não tenha se despido. Cara louco. Ele é uma das três pessoas neste mundo em quem confio cem por cento, o outro é Jude, um agente como nós, que o conhecendo como conheço, deve estar com seu pau enterrado em alguma boceta agora. Tudo isto significa que um cara como eu toma todas as precauções possíveis. Especialmente quando você tem inimigos. E cara, eu tenho. Muitos, na verdade. Só não fazem ideia de quem eu realmente sou e eu vou levar meu último suspiro para manter assim. Meu passado é apenas isso, meu passado. Fim da porra da história. Assisto Tyson até ele virar a esquina e sair fora da minha vista, então rolo meus ombros doloridos e olho para o mar azul profundo. Lembrando. Não vá lá, Riddick. Não pense nela. Ela se foi.
Nós estamos dirigindo por horas de Seattle até minha casa em Santa Barbara, chegando à rota um do Estado da Califórnia e voando livres como um pássaro ao longo da costa em nossas motos. Estou esgotado e preciso dormir na minha cama e esse charlatão está vendo merda. Tem sido uma semana longa com os Hells Angels em Seattle após a morte de seu Presidente, Big, um urso grandalhão de um metro e oitenta de altura. Um dos melhores homens que tive a honra de conhecer. Leal ao meu pai e sua gangue desde que aprendi a ficar em pé para dar uma mijada. Inferno, antes de eu nascer, para ser honesto. Maldito desperdício de uma boa alma. Morreu de ataque cardíaco antes mesmo de cair no chão. Exatamente numa importante reunião da igreja. Bem, cada reunião da igreja é importante para eles, eu acho. Não importa quando ou como ele morreu, o que importa é que ele se foi e não há nada que eu possa fazer sobre isso. Diabos, tivemos que ficar à distância para não sermos vistos em seu funeral. Se a notícia de que eu apareceria lá se espalhasse, eu seria um homem morto agora. Big era a terceira pessoa que eu confiava e uma das poucas que sabiam que estive no exército e trabalho para o governo. Não somente para minha segurança, mas de Tyson e Jude também, e assim precisa permanecer. —Jesus Cristo, ele realmente se foi. —Sussurro para mim mesmo. Eu ainda não consigo acreditar. Cinquenta gangues em vinte e oito Estados e um dos melhores presidentes está morto quando podíamos usá-lo mais. Foda-se, com certeza não é culpa dele, mas maldição, toda a merda vai por água abaixo no norte do estado com todas essas gangues aplicando fogo uns contra os outros, disputando território, eles realmente poderiam usar seu bom senso agora. Esses idiotas na verdade estão arrebentando com as pessoas nessas cidades. Quão estúpidas as pessoas são? Loucamente estúpidas na minha opinião.
Meu pai, Riddick Murdock sênior, fundou a gangue Hells Angels há quarenta anos, na cidade de Nova York. Papai era um homem esperto para um tipo que cresceu em East Harlem. Seus pais nunca deram a mínima para saber se o filho deles tinha comida para comer ou não, roupas para se vestir ou um lugar para viver na maior parte do tempo. Ele era o esperto das ruas. Ele queria ajudar os outros como ele, cuidar dos desajustados, por assim dizer. Tudo começou, com ele e alguns de seus amigos dirigindo pelas ruas, fazendo brincadeiras, roubando carros, armas e tudo o que eles pudessem pôr as mãos e depois penhorar a fim de ganhar dinheiro suficiente para pagar um dos torneios de pôquer ilegal que aconteciam fora de seu bairro. Ele pagou dez mil de entrada como lhe disseram que precisava. Todos eles queriam fisgar um imbecil com seu talento e ele saiu ganhando não apenas meio milhão naquela noite, mas também ganhou respeito. Aos dezoito anos de idade, ele era um jovem punk que andava fazendo o trabalho sujo para estes homens. Todos sabiam que ele era um pequeno criminoso inútil. Porém isso não o impediu de fazer o que ele queria ou receber o que precisava. Ele ganhou sua reputação por direito como um dos melhores tubarões do lugar, depois daquela noite. Aquele homem poderia contar cartas enquanto estava olhando para a pessoa do outro lado da mesa. Ele costumava me dizer que era um talento divino, a única coisa que Deus deu a ele e não pegou de volta, além de mim. Ele roubou o dinheiro e investiu na construção de sua gangue desde o início. Tudo começou a partir daí. As perspectivas, as mulheres, as viagens por todo os Estados Unidos, plantando suas raízes em algo que acreditava enquanto ele e seu grupo de amigos formavam laços confiáveis de amizades e alianças que levaram a segurar e a chegar aonde estão hoje. Um inferno de uma família que lida com apostas ilegais.
Mas eu não dava a mínima para toda essa merda, esse foi o show do meu pai, não meu. Essa vida acabou há muito tempo para mim. Não quero participar dessa atividade criminosa. Pode ser errado de minha parte deixá-los continuar fazendo o que fazem, mas não me importo desde que eles não machuquem pessoas inocentes e permaneçam longe de mim. Tudo isso teria sido meu também, se minha vida não tivesse ido para o inferno há doze anos. Se a minha vida e a dela não tivessem sido roubadas. A dela foi arrancada por algum doente querendo vingança por algo que meu pai jurou que não tinha nada a ver. Sei que seu irmão a matou. Suspiro, porque não há volta agora que meu sangue está esquentando, com cada batida do meu pulso as bolhas do meu sangue estouram e entram em erupção. Seu assassinato foi à razão pela qual busquei a legalidade, mudei de ideia naquele instante sobre estar no lado errado da lei. Ela morreu por nenhuma outra razão do que a vingança contra mim e meu pai. Cristo! Eu a amava. Eu ainda amo. Graças a Deus meu pai certificou-se de manter meu nariz limpo quando eu estava crescendo. Ele poderia não ter dado a mínima para mim ou se importar se terminei a escola. Talvez ele soubesse lá no fundo que eu não iria seguir seus passos. Porra, eu não sei. Só estou feliz por que ele me deixou fazer o que eu precisava para sobreviver depois daquele dia terrível que rasgou minha alma, transformando-me em um nada. O que me irrita mais sobre os Hell´s Siners é que eles sempre pensaram que a grama do vizinho era mais verde, quando eu sei que por baixo de cada pedaço de grama há uma pilha marrom de merda. Se eu pudesse, ficaria mais que feliz em meter uma bala em suas cabeças e enterrá-los sob a folhagem verde que eu encontrasse na floresta, deixando-os apodrecer no chão frio e escuro. Se ela ainda estivesse viva, se eu não estivesse no outro lado da lei. Se eu tivesse a prova que seu irmão e seu comparsa, Cutter a mataram.
Jesse tinha vivido em Redding, onde cresci. Eu quis matá-lo desde o dia que ele arrancou minha alma do meu peito. Matou minha garota e cuspiu no seu túmulo. O filho da puta nojento. Ele vai ter o que está guardado para ele. É tudo o que tenho pensado há anos, durante cada assassinato que cometi no exército, imaginei que seria o dele. Balancei a cabeça quando pensamentos dela começaram a rastejar para a camada mais externa da minha mente. Na verdade, não se passa um dia sem que eu pense nela. Especialmente recentemente. Seu aniversário está chegando e estou com medo desse dia mais do que nunca. Ela foi meu anjo, inocente e doce. Ela pertencia a mim como eu era dela e nunca mais fui o mesmo desde aquele dia e nunca serei. Meus pulmões enchiam de tristeza a cada respiração. Ela me fez ver as coisas que nunca tinha pensado antes. Como seus olhos que brilhavam quando falávamos sobre nosso futuro ou do jeito que ela olhava timidamente para mim quando queria um beijo. Para abraçar. Para viver. Ela era uma luz brilhante em um mundo onde só existia escuridão. Uma rotina diária de repetição. Escola, trabalho, trem. Monótono. Cora me mudou, ela me fez querer ser um homem melhor, simples e forte. Ela queria que eu tivesse a vida que eu desejava e não uma que alguém tinha planejado para mim. E droga, eu queria tanto isso. Todas as coisas, com ela. Mas ela morreu aos dezessete anos de idade e nunca teve a chance de viver suas fantasias ou a vida dela. Comigo. Eu só descobri esta semana que Jesse Barrick, o irmão de merda da minha querida Cora, esteve preso por quatro anos em San Quentin depois que atirou nos pneus do carro da mãe do Slayer há uns anos atrás. Slayer é presidente de uma das gangues do meu pai. Sua mãe tem sessenta e cinco anos de idade, estava cuidando de sua própria vida e a próxima coisa que soube era que estava de cara com a morte enquanto dirigia na estrada. A sorte é que ela estava em um
estacionamento quando isso aconteceu, então ela foi assaltada ao invés de ter seus pneus estourando e levando-a para fora da estrada. Ele poderia tê-la matado se quisesse. Mas aquele filho da puta não a queria morta, ele queria enviar uma mensagem, dizendo-lhes que estava atrás deles, que iria encontrá-los, custasse o que custar. O fodido era procurado por tantas acusações de delitos que uma testemunha o reconheceu ao vê-lo. O mandaram para a cadeia por assalto à mão armada, agravado por danos corporais por três anos. Mais de um ano para todos os seus pequenos crimes. Ele deveria estar no corredor da morte. Não sei o que diabos ele pensou que ia acontecer tentando dominar diversas gangues nos Estados Unidos, mas ele tem um alvo garantido em sua cabeça agora. A palavra na rua é que o amigo dele, Cutter, está fazendo todo o trabalho sujo e ilegal, enquanto ele está se escondendo em algum lugar depois que saiu da prisão. Ele finalmente sabe que está ferrado por mexer com a mãe de alguém e vai pagar quando sair, mesmo gritando e implorando por perdão que nunca conseguirá. Quando chegar o momento, farei tudo o que puder para ajudar a encontrá-los, permitir que saibam exatamente que tipos de homens são e as coisas que eu acredito que são capazes de fazer. Jesse vai morrer. Só posso desejar estar na posição de ser capaz de puxar o gatilho. Odeio o bastardo, mas amo meu trabalho. Estou onde eu deveria estar, do lado correto da lei e mesmo sendo aquele filho da puta, não vale a pena perder algo que sei que faria Cora ter orgulho de mim. Não importa se ela está aqui comigo ou não. Uma semana depois de Cora ter sido assassinada, fui até o meu pai e lhe disse que não podia continuar. Não conseguia ficar lá e ser o homem que ele queria que eu fosse. Aquele homem morreu com ela. Mesmo querendo me deixar seu legado, para me tornar como ele, papai sabia que eu a amava, que tinha planos de casar com ela um dia, ter uma família, viver na praia, como ela queria e
dominar as ruas, mas ele me deixou ir. Ele permitiu que eu me tornasse o homem que sou hoje. Dói-me o peito pensar nela e em todas as coisas que ela perdeu. Eu daria qualquer coisa para poder falar com ela, sussurrar doces palavras em seu ouvido, ouvir sua voz. —Você precisa tirá-la da sua cabeça, homem. Ela não vai voltar. —Fecho meus olhos, tentando esquecer e pensar no dia que conheci meus amigos. Alistei-me no exército, algumas semanas depois de sua morte, fui para o campo de treinamento no Kentucky, implantado para três viagens de oito meses no Iraque, enquanto mantive contato com meu pai por meio de cartas e telefonemas. Para sua segurança e a minha reputação, continuei mantendo distância dele, amava-o de longe. Mesmo quando saí e decidi que queria continuar a servir meu país de uma forma diferente, mantivemos nossas visitas em segredo. A lei sabia exatamente quem era meu pai. Para eles, ele era um criminoso. Para mim, ele era meu pai, meu amigo. Por isso mantive sua identidade em segredo. Sentia falta dele como um louco, ainda sinto, mas ele me amava, deixou-me ir para ser quem eu queria, apesar de não concordar com as minhas escolhas. No exército conheci dois dos meus melhores amigos. Ambos eram militares como eu. Vimos mais mortes em nossas vidas do que qualquer pessoa pode imaginar. Matamos muitos, também. Nós três queríamos servir ao povo quando voltamos para casa, então nos inscrevemos para a Academia de Polícia, atravessamos todo o repulsivo, exigente e rigoroso treinamento que levou a nos tornarmos agentes da polícia, senti que estava no campo de batalha novamente e agora estamos pegando alguns criminosos implacáveis. Abaixo minha cabeça e olho para minhas botas quando penso que foi por causa dela que comprei esse lugar. Uma casa que ela nunca verá. Ela não sai da minha cabeça. Usei uma parte do dinheiro que meu pai insistiu para que eu aceitasse dele para transformar essa casa em um lar perfeito para uma família. Levou
um ano para reformar e transformar num lugar que ela teria adorado. Eu tinha começado antes do meu pai morrer de ataque cardíaco há alguns anos. Minha casa de mil quinhentos e vinte e quatro metros está localizada na praia. No começo, pensei que odiaria estar aqui sem ela, aquelas noites tranquilas, passadas na praia sozinho sonhando com Cora, desejando que ela pudesse compartilhar o cenário das nuvens mudando do branco ao cinza quando uma tempestade começasse ou a relaxante sensação de paz ao ouvir as ondas. É o que acontece, quando o sonho de uma pessoa é viver próximo ao oceano. Eu prometi a ela que teríamos um lugar bem próximo à água. Ela sonhou, desejou e eu daria tudo para que ela visse esse lugar. Estar aqui comigo. Para deixá-la orgulhosa. Me dói viver aqui sem meu paraíso na terra, sem o meu anjo. Mas por algum motivo, sinto-me perto dela aqui. Mesmo agora posso senti-la, seu cabelo soprando ao vento, suas pernas longas, carregando seu corpo curvilíneo na areia, brincando com nossos filhos na praia enquanto eu pego uma onda e depois ao voltar para a costa capturo sua boca pecaminosa com a minha. Eu preciso parar de pensar em algo que nunca vai acontecer. Ela se foi há anos. Levanto minha cabeça. Curiosamente, meus olhos pousam na casa ao lado da minha que tinha estado à venda nos últimos seis meses. Foi vendida há algumas semanas antes de eu partir. Há mobília lá agora e sobre a mesa da cozinha um vaso cheio de margaridas. Estou curioso para ver quem mora lá. Contanto que não seja uma mulher intrometida que esteja à procura de outro marido rico para ficar com a herança, com os lábios cheios de colágeno, seios falsos e um rosto moldado por plástica, então estarei pronto para ir. Não suporto pessoas falsas ou putas que se unem a um homem trabalhador, vivendo dos sonhos de alguém que nunca se tornará uma realidade. Todos pensam que há um príncipe encantado quando isso não é o que somos. Elas conseguem o que me dão.
Nenhuma delas irá capturar um coração que simplesmente não está disponível. Acredite, já tentaram. Nenhuma delas teve êxito. Nenhuma delas vai ser o meu paraíso na terra. Meu paraíso foi roubado de mim, teve curta duração e agora vivo no inferno. Não há nada, além do balanço da água na areia e as gaivotas chamando. É tranquilo em comparação com a vida caótica que levo, desta forma, essa casa é muito grande para um homem solteiro. Quem dá à mínima? É minha. Eu mereço. Eu só queria que ela estivesse aqui para compartilhá-la comigo. Ela teria adorado este lugar. Sou um cidadão moderno, bom vizinho, um homem de sangue frio que doa dinheiro para muitas instituições de caridade, abrigos e até mesmo a polícia local. Porra, eu praticamente financio seu maldito baile de caridade por aqui. Faço isso anonimamente por razões que ninguém precisa saber. Tudo isso em memória de minha mãe. Meu pai deixou-me mais dinheiro do que eu vou precisar na minha vida. Portanto, dou a quem precisa. Tenho um fraco por qualquer instituição de caridade que tenha a ver com câncer. Não importa que tipo, câncer é câncer, se é você quem está lutando por sua vida, ou vê a pessoa que ama morrer por causa dessa doença maldita, você é uma vítima dele também. Todo o dinheiro do mundo e ainda não há uma cura. Eu odeio isso. A doença que roubou minha mãe, então a minha escolha é doar para quem precisa. Toda vez que meu pai mencionou para mim sobre o seu talento de contar carta como sendo a única coisa que Deus não tirou dele, eu sabia que ele estava falando da minha mãe. Ele a amava, ela o amava e ambos me amavam. Eles se conheceram quando meu pai estava na estrada montando uma nova divisão em Phoenix. Não me lembro de todos os detalhes sobre como ele conseguiu fazê-la ir para a Califórnia com ele, só sei que a minha mãe odiava este estilo de vida, chamava de inferno. No entanto, ela nos amava mais. Ficou
ao lado do meu pai e foi a melhor esposa e mãe. Sempre cozinhando e limpando, fazendo com que todos se sentissem à vontade. Claro, ela ficou doente quando eu tinha oito anos, morreu quando eu tinha dez, deixando-me com as memórias de uma ótima infância e palavras de despedida, que entendi no dia em que conheci meu anjo. A mulher que se tornou meu paraíso na terra. Meu pai nunca mais foi o mesmo depois da morte da minha mãe. Francamente, nem eu fui. Enquanto ele descontava em bebidas e bocetas, eu construí um campo de tiro no nosso quintal, praticando todos os dias depois da escola. Conforme a vida progredia, comecei a estabelecer alvos nos bosques atrás de seu complexo norte. Até que conheci Cora. Aquele dia mudou todos os aspectos da minha vida. Me apaixonei por aquela garota. Uma linda garota com quem eu queria compartilhar minha vida. Nós fazíamos as coisas que amávamos. Continuei a fazer o que era esperado de mim, mas meu coração não estava em um clube. Meu coração estava vivo com uma arma na minha mão, enfileirava latas e atirava enquanto fingia que era um cara mau. Independentemente de quão fodido isso pareça, era a verdade. Hipocrisia no mundo de hoje? Provavelmente. Estou preocupado? Com certeza não. No dia que completei dezoito anos procurei meu pai e disselhe o que eu queria, mas não da forma que ele queria. Ambos sabíamos que eu tinha talento com um olhar rápido como ele, apenas num sentido diferente. Onde ele poderia contar cartas, eu poderia acertar um alvo há um quilômetro e meio de distância. Espécie de conceito fodido quando seu pai lhe dá o sim, se torna uma perspectiva passar por todas as besteiras de trabalho pesado como todos os outros para demonstrar seu valor. Ele não me deu um tratamento especial. Eu também não queria isso. Trabalhei para provar que podia atirar uma faca pelo ar ou atirar em alguém entre os olhos, se necessário. Claro, a luta, o tiro ao alvo e os resultados
finais eram falsos. Desnecessário seria dizer, eu sabia que teria que matar. Nunca esperei que, quando estivesse no caminho para chamar minha garota e lhe dizer que eu estava pronto, receberia o telefonema que me despedaçou. Que quebrou meu coração em pedaços irreparáveis. Ela estava morta, assim como seus pais, tinha levado um tiro. Supostamente. Morri junto com ela naquele momento. Implorei ao seu irmão, Jesse, que me deixasse vê-la, que permitisse me despedir. Eles me disseram para sair da porra da sua propriedade, que eles já tinham cremado seu corpo e eu poderia dizer adeus no seu túmulo. Meu pai estava louco quando voltei para casa, implorei para que ele me ajudasse. O que diabos ele poderia fazer para ajudar? Ela estava morta. Eu saí porra. Não suportava estar lá. Todos os lugares que fui me lembraram dos longos cabelos loiros e olhos verdes esmeralda de Cora. Minha menina, meu amor. —Está me ouvindo, Riddick? —Tyson, me chama pelo nome. Viro minha cabeça para o lado para olhar para ele. Ele nunca me chama por esse nome a menos que seja grave. Todos os meus amigos me chamam de Murdock. Sua voz é alta sobre o barulho do oceano. Minha lógica está tentando limpar minha mente para o fato de que estou em casa. Posso ouvir minha cama chamando meu nome por cima de sua voz estrangulada. Pelo que parece, ele está me dizendo que vai demorar um longo tempo antes de eu subir minha bunda nela. Ele está ofegante, branco como um fantasma e mais agitado do que qualquer um de nós quando bombas disparavam no Afeganistão. Tiro meu capacete e balanço minhas pernas doloridas, o som das ondas me implorando que eu me sentasse na praia à distância. Isso não vai acontecer.
—Que merda você está falando? —Minha indignação começando a aumentar. Ela diminui no instante que vejo uma pitada de incerteza por todo seu rosto pálido. Sacudi o meu corpo para trás, cada parte de sua aparência chocada me bate com força total. —Enquanto você estava sentado aqui durante os últimos cinco minutos pensando sobre Deus sabe o quê, eu estava olhando para um fantasma lá na praia. Juro por Deus, Riddick. Irmão, você vai precisar de algo além de todos aqueles malditos charutos que fumamos para ver isso. O que diabos ele viu? Antes que minha mente registrasse o que ele disse, vejo-o descer através do gramado, seus longos e largos passos vacilantes na beirada onde a grama se encontra com a areia e claro como o dia, assim que coloco o meu capacete no assento da motocicleta, escorrego meus óculos de sol e balanço a cabeça para meu amigo bobo, eu também fico chocado com o que vejo. Sigo atrás dele, com as minhas botas batendo na grama e a minha mente cambaleando. Há uma mulher bonita na praia com cabelo longo, louro, pernas longas, peitos e bundas que gritam: foda-me. Ela está falando com um jovem rapaz de cabelos escuros, molhados. —Jesus Cristo. Meu paraíso, meu anjo? —Eu digo desesperadamente, questionando nossa sanidade. As minhas pernas fraquejam e eu caio de joelhos na areia. —É ela. Juro por Deus, que essa mulher é a cópia da mulher em todas as fotos que você tem irmão. É Cora e aquele garoto tem o olhar exatamente igual o seu. —Seu tom é tão instável quanto eu me sinto. —Se é ela e está viva, isso significa que tenho um filho. Que porra é essa? —Eu sussurro.
CAPÍTULO TRÊS Cora —Henley disse que tem meia hora extra. Vamos, mãe, por favor? Ethan, meu querido filho de onze anos de idade, me implora pela décima vez para o tempo extra que o seu instrutor de surf sempre parece lhe dar. Ouço o riso escondido na sua dica de brincadeira toda vez que ele me pede. Repetidamente. Não acho nada disso engraçado hoje, é por isso que estou enrolando em lhe dar uma resposta que ele sabe qual vai ser. Não é como ele faz, como quando me olha com seu sorriso torto e aqueles olhos de cachorrinho adorável. Não durmo há dois dias, devido ao meu trabalho exigente no hospital. No entanto, ele sabe que vou ceder. Eu sempre cedo. Portanto o sorriso e a ligeira risada saindo daquela boquinha sorrateira. O pequeno pirralho é fofo. —Bem. Depois comemos, entramos e você me deixa dormir. — Levanto minhas sobrancelhas para ele por cima dos meus óculos de sol, sua expressão animada me tem sufocando meu próprio riso. Deus, ele é a cara do pai de todas as maneiras possíveis. Mesmo a maneira cativante que olha para mim, a maneira gentil que pede as coisas. Se eu não soubesse do fato que dei à luz a esta criança, juraria que ele não era meu. A expressão dele lembra-me demais de seu pai, conforme fica mais velho, mais ele me mostra que me tem aonde quiser. Sempre cedo a ele. O merdinha. —Esta onda é para você, mãe! —Ele grita de costas para mim quando se afasta com sua prancha para o instrutor que contratei para suas aulas particulares de surf. O cara é muito gato em seu estilo surfista. Cabelo loiro e longo, descolorido, magro e peito e
abdômen definidos. Ele é o tipo de cara que uma mulher apreciaria, tenho certeza disso. Aposto que ele quebraria o coração dela em seguida, também tenho certeza disso. Apagando a visão do seu belo corpo da minha mente, volto a sentar na minha cadeira de praia, mergulhando os dedos dos pés na areia e apreciando a vista do meu filho e não a do instrutor gostoso. Meu olhar oscila entre o deus da praia e assistir Ethan fazer a única coisa que ele adora. Surfar. Observá-lo sempre foi um dos meus hobbies preferidos. Mesmo que eu seja tendenciosa quando se trata de vê-lo, sei que o garoto é muito bom nisso. Aprendeu imediatamente. É como se ele fosse feito para isso ou algo assim. Tipo de gene herdado dos Murdock como um talento dado por Deus. É uma loucura se você me perguntar. Riddick teria ficado orgulhoso. Assisto ele acenar com a cabeça, prestando atenção ao detalhe meticuloso de sua postura, confiança e talento. Ele é incrível. Vê-lo também tem feito meu pensamento voltar para os anos em que Jesse e Cutter me enviaram com uma passagem só de ida, dois olhos pretos, um lábio cortado, costelas machucadas e quinhentos dólares no bolso. Acima de tudo, me mandaram embora sem saber se meu bebê ia sobreviver à surra que meu irmão me deu. Ele tinha tudo planejado. O homem sabia que eu não seria capaz de sobreviver com a mísera quantidade de dinheiro que me deu. Ele simplesmente não se importava. Ele me queria longe por razões que ainda não entendo. No entanto, como gosto de ver meu filho se divertindo, agradeço que ele não tenha se importado. Não sabia o que ia fazer. Tudo o que sabia era que tinha de encontrar um médico na primeira oportunidade que tivesse. Precisava ter certeza de que meu bebê estava vivo depois que Jesse me chutou no estômago. Meu filho era uma parte de Riddick e minha, ele ou ela tinha que estar bem. Acreditei nisso com toda a minha alma, depois de tudo que Deus tinha tirado de mim, ele não
seria tão cruel a ponto de tirar a única coisa que eu teria do homem que eu amava. Um filho dele. Nosso. Se eles realmente tinham Riddick, eles iriam matá-lo. Uma parte de mim queria acreditar que era um monte de mentiras por parte do meu irmão para me mandar embora de lá, então ele poderia continuar com sua atividade ilegal, sem ter que se preocupar comigo. Para continuar a viver como se eu nunca tivesse existido, sem ter que reconhecer que eu estava lá. Todos esses anos me perguntei se Riddick morreu naquele dia. Mesmo agora com vinte e nove anos de idade, eu ainda estou demasiadamente assustada para procurar o nome dele ou voltar lá. Até alguns anos atrás, meu irmão continuou a me lembrar uma vez por ano o que estava em jogo se eu decidisse mostrar meu rosto pela cidade em que cresci. Não tenho certeza por que eles pararam de vir, Apenas pararam. O cartão que recebo todos os anos no meu aniversário, lembrando-me de que meu filho viveu outro ano é todo o lembrete de que preciso. Quase perdi meu filho uma vez pelas mãos daquele monstro e até que Ethan tenha idade suficiente para fazer suas próprias escolhas, vou sacrificar minha curiosidade, meu coração e minha vida para mantê-lo seguro. Vou continuar a protegê-lo até a idade adulta, isso é simplesmente o que uma mãe faz. Há dias que fico extremamente ansiosa ao ponto de ficar fisicamente doente querendo saber onde Jesse está agora ou se ele vai aparecer do nada para aterrorizar-me novamente. Mas olhar para o jovem garoto que preciso proteger é toda a cura que preciso. Vou proteger Ethan até o meu último suspiro, simples assim. A importância da sua felicidade, segurança e saúde são o que sempre vence no final. No começo foi uma luta diária para deixar aquela vida para trás. Eu tive que ser forte para a segurança da minha preciosidade que agora está remando em minha direção para pegar uma onda.
Não mencionei ainda quanto eu amo esse garoto. Talvez eu tenha, não significa que eu não possa fazê-lo novamente. Nós nos conhecemos bem, é por isso que ele sabia que eu iria ceder quando me pediu esses trinta minutos extras. Também sei que ele vai trancar as portas e ficar no quarto pelo resto da noite, enquanto durmo. Ele é um bom garoto. Respeitoso. Fomos apenas nós dois esses anos todos. Bem, isso não é inteiramente verdade. Nós temos os Shepards e Vivian. Minha família incrível. Além de Ethan, meu pequeno milagre que obviamente sobreviveu ao ataque brutal do meu irmão, eu os tenho.
Minhas preces foram atendidas aproximadamente uma hora depois em minha viagem de ônibus, quando uma garota alegre, de cabelos negros com a mesma idade que eu, sentou-se no banco vazio ao meu lado, como se fôssemos melhores amigas. Mascando seu chiclete e falando sobre os rapazes gostosos que ela viu na praia. Eu a ignorei inicialmente, revirando os olhos aflitos, escondendo o rosto. Só queria ser deixada sozinha. De luto, para chafurdar na minha autopiedade e repetir as mesmas palavras para Deus, pedindo-lhe que, por favor, salvasse meu bebê. Apesar de que estava escuro, meu rosto machucado não era difícil para ela perceber. Ainda que eu tenha sido capaz de embarcar no ônibus, entregar-lhes minha passagem, com a cabeça baixa e óculos escuros, segurando meu estômago pelo resto da viagem. Essa garota, porém, estava perto, perto demais para o meu gosto. Eu estava nervosa. Com vergonha. Com medo. Demorou menos de cinco minutos para ela esticar o braço e puxar os óculos do meu rosto. Ofeguei em estado de choque, enquanto ela disse. —Aqui não é Hollywood, este é o país do vinho, eles não usam óculos escuros à noite aqui. —Eu sorri, o que fez com que meu lábio arrebentasse e começasse a
sangrar novamente. Eu sabia que não devia ter rido do seu comentário e quando vi o olhar compreensivo em seu rosto, encolhi meu corpo no pequeno canto tanto quanto consegui. Desmanchando o sorriso. Ela viu meu rosto. —Mãe! —A garota gritou. Ela levantou-se e inclinou a metade superior do seu corpo sobre o assento em sua frente. Engasguei novamente. Balancei minha cabeça em negação, mas ela não podia me ver. Ela já estava sussurrando para a senhora à minha frente. —Oh, meu Deus! O que aconteceu com você? —A senhora perguntou de forma carinhosa, uma vez que se virou para ver sobre o que sua filha estava falando. Meus lábios tremiam. Eu continuava a balançar a cabeça por medo de que eles me entregassem. Que eu fosse encaminhada para o sistema, que meu bebê fosse tirado de mim. Ela estava a mil por hora. Perguntando sobre meus pais, minha família, e se eu estava sozinha. Olhei fixamente. Incapaz de falar. Minha cabeça estava prestes a explodir. Até hoje, não sei por quanto tempo ela me perguntou. Parecia uma eternidade até que cheguei ao meu destino. Quase pulei sobre a garota, corri pelo corredor, recuperando minha sacola do bagageiro do ônibus e comecei a me afastar quando ouvi ambas chamando. —Espere, por favor? Prometemos não te machucar. —Parei de tão cansada, virando-me, elas estavam ali com os braços abertos para ajudar e me abraçar. —Eu sou médica, por favor, deixe-me examinar você. —Sua voz era suplicante, os olhos implorando. Deixei minhas pernas cederem debaixo de mim, meu corpo esgotado dos terríveis acontecimentos do dia. Acordei em um quarto amarelo brilhante, com lençóis de algodão macio e uma mulher sorridente que rapidamente se tornou minha mãe. Minha nova família, a minha nova casa com meu filho crescendo com segurança dentro de mim.
Eles me acolheram e me ajudaram a criá-lo. Bem... Agora, eu e Vivian alugamos esta casa dos nossos pais, que a compraram há um mês. Nós duas sempre quisemos viver na
praia, mas nenhuma de nós podia pagar por isso. Não com o nosso salário. Somos ambas pagas com salários acima da média que nossa ocupação recebe normalmente, mas não o suficiente para pagar por isso. Somos enfermeiras na clínica voltada para o público feminino dos nossos pais, os médicos Ron e Sylvia Shepard, obstetras e ginecologistas. Eu diria que foi irônica a forma que todos nós nos conhecemos. Foi o destino, um milagre. Como aquele que acabou de cair da prancha. Seus riso ecoa sobre o barulho das ondas. Deus, como ele se parece com seu pai. Entristece-me. Queria que ele estivesse aqui. Suspiro pesadamente. Ethan sabe sobre toda a curta história de amor minha e de Riddick. Ele sabe que acredito que ele esteja morto e que meu irmão tenha algo a ver com isso, ele só não sabe as razões por trás disso. Espero ser forte o suficiente para lhe contar tudo quando chegar o dia que ele questionar. Alguns podem pensar que ele é jovem demais para entender, mas ele não é. Na verdade, ele é muito experiente para seu próprio bem, mas sei que vai lhe doer saber que fui espancada, é algo que simplesmente não posso contar ainda. Cerca de um ano atrás, depois que parei de ver meu namorado, Seth, com quem eu namorava há alguns anos, Ethan começou perguntar sobre seu pai, então eu disse a verdade. Doeume ter que fazê-lo, especialmente quando repeti em voz alta, apenas pela segunda vez desde o dia em que o deixei, a frase que Riddick sempre me dizia, como ele me chamava de seu paraíso na terra, seu anjo. Eu queria que Ethan conhecesse seu pai, ele o teria adorado, teria valorizado cada momento com ele. Ele faz a mesma pergunta que me faço todos os dias. Por que ainda não tentei descobrir se Riddick está vivo ou morto? Prometi-lhe que um dia faríamos isso quando ele estivesse velho o suficiente. Ele me prometeu que não o procuraria sozinho. Não conversamos sobre isso desde então. Não
suportarei tudo novamente, se eu descobrir que ele está realmente morto. Ignorei seu interesse no sumiço súbito de Seth. Senti-me péssima terminando com ele. Mas o relacionamento não iria a lugar nenhum, ele sabia disso e eu também. Nós tentamos, e no final, fui eu quem tive a coragem de dizer que nenhum de nós merecia estar em um relacionamento que estava fadado ao desastre. Seth permanece em nossas vidas como um grande amigo em vez do homem que partilha a minha cama, quando ele liga ou passa por aqui, é mais por causa do Ethan do que por minha causa. Agradeço a Seth sempre que posso por não desaparecer da vida do meu filho. Ethan merece ter uma figura paterna com quem ele possa contar. Ele tem o seu avô, Ron, que o adora, mas surfar e jogar basquete não é coisa para ele. Ele prefere assistir. Diabos, meu pai tentou. Mas não é habilidoso com uma prancha de surf. Seth, por outro lado, obtém certo êxito lá fora e surfa com ele. Seth é um bom homem, ele só não é o homem para mim. —Esse garoto tem um dom natural, Cora, você realmente deveria pensar em deixá-lo entrar em uma competição local. —Ah, porra. Ainda bem que estou usando óculos de sol escuro para Henley não poder ver o branco dos meus olhos transformando em quinhentos tons de vermelho. Ethan têm me deixado louca por mais de um ano, para deixá-lo entrar numa dessas coisas. Estou com medo de ceder. Medo de que ele vai esquecer seus trabalhos escolares e se transformar em um vagabundo de praia. Meus pais me dizem que eu deveria deixá-lo participar, que Ethan não é o tipo de garoto que deixaria a escola. Ainda que eu esteja aqui sentada acenando a cabeça, ouvindo cada palavra que esse cara está me dizendo, na verdade estou pensando numa forma de atrasar esse acontecimento. No entanto, Ethan parecia pacifico até agora com a minha reação.
—Então, mãe? Podemos procurar na Internet, talvez ir até a escola de surf e conversar com algumas pessoas, por favor? —Ethan enfia sua prancha na areia, cai de joelhos e coloca as mãos em posição de oração. O merdinha está me ganhando, e ele sabe disso. Ugh. Este menino... —Bem. Chamaremos Seth para ir com a gente. —Eu disse, lamentando as palavras no momento que elas saem de minha boca. Deveria ser Riddick fazendo essas coisas com seu filho. —Eu te disse que tenho a melhor mãe do mundo. —Viu? Assim como seu pai, suas palavras doces derretem meu coração. Os dois fazem um cumprimento de punk hippie com as próprias mãos, batendo no peito e na batendo cabeça. Completamente alheios à tristeza que me rodeia como uma nuvem negra. —Tenho que ir andando. Kinko tem aula em uma hora, tenho que tomar conta da loja. Vou deixar todos na escola saberem que você vai passar um tempo por aqui. —Diz Henley. Seus olhos estão olhando do meu peito para o meu rosto, pelo menos ele faz sem que meu filho veja. Que idiota. —Parece ótimo. Obrigada. —Digo através de um bocejo, virando meu corpo para longe dele para recolher minhas coisas. Preciso ir para a cama. Passar duas noites ajudando a entregar os bebês no hospital me deixou fisicamente esgotada. —Você realmente é uma ótima mãe, sabe. —Ethan me disse quando dobrei minha cadeira, peguei minha bolsa e nos dirigimos para casa. —Oh, eu sei que sou e você faria de tudo para eu não esquecer disso também. —Respondo provocantemente enquanto andamos pela areia molhada para nossa casa.
—Puta merda! Quero dizer porcaria. Olha o cabelo daquele cara! Paro de andar e olho para os dois homens. Vejo vagamente aquele com cabelo comprido que Ethan está falando. Tudo o que vejo é o homem que está ao lado dele com um jeito severo e exigente. Juro por Deus há uma corda invisível que está me puxando em sua direção. Meus pensamentos somem e minha mente fica nebulosa. Praticamente babo e arrepios disparam do meu pulso até meu sexo, que dói com intensidade ao ver o lindo homem com os braços completamente tatuados. Seus olhos estão escondidos por óculos escuros como os meus. Ele é de longe o homem mais sexy que já vi. Seus braços são enormes, como as suas coxas. Caramba, este homem define as palavras quente e gostoso. Ele é material de orgasmo instantâneo. Quero colocar minhas mãos em minha calcinha e sonhar com sua ―sexy‖ língua em mim. Bom senhor. Os pensamentos sexuais que estão sendo executados pela minha mente são quase assustadores, pior ainda, estou tendo esses pensamentos pervertidos sobre esse cara na frente de meu filho, que é um local muito inapropriado para minha mente vagar. Especialmente quando momentos atrás eu estava mentalmente castigando Henley por fazer a mesma coisa. Desviando o olhar, ajusto os meus óculos e endireito a minha espinha. —Ethan. Olha o linguajar. —Eu digo severamente. Mais com raiva de mim mesma do que dele. —Desculpe mãe. Foi sem querer. —Sem querer, o caralho. Eu não sou ingênua. Sei que você xinga pelas minhas costas. Apenas mantenha nas minhas costas, você sabe, mantenha por trás de minhas costas junto com qualquer outra coisa que você possa fazer que eu não goste. Sem drogas, sem sexo ou eu vou acabar com você. —Digo-lhe o que deveria estar dizendo a mim mesma. A parte do não sexo especialmente. Drogas só em medicamentos. Xingar é algo que sempre farei.
—Mãe, você está xingando. Além disso, tenho onze anos, sei o que é sexo, e é nojento. E quanto a drogas, não há nenhuma maneira que eu esteja fazendo isso. Se eu precisar ter uma conversa, vou fazer isso com o vovô e não com você quando for à hora. Falar sobre sexo com a senhora seria totalmente estranho. Agora, olha o cabelo dele, é como eu quero o meu. —Meu olhar segue o dedo do meu filho, apontando para o outro homem que acontece de estar do mesmo jeito. Ele não é como o ―senhor sexo sobre pernas‖, mas ele também não é ruim de se olhar. Até eles estão me olhando com se estivessem tentando me reconhecer de algum lugar. Não pude deixar de olhar para o outro, a armadilha em seus olhos me diz que está trabalhando na sua tentativa de me seduzir quando levanta as sobrancelhas e vira sua cabeça para o lado. Recebo a sensação mais estranha que me percorre da cabeça aos pés e que não posso explicar. Seja o que for me faz querer arrancar os óculos da sua cara. Eu o conheço? Suas pernas são longas, seu corpo tonificado por baixo de sua camiseta que está esticada ao máximo através de seu peito largo. Aquele cabelo grosso e preto como tinta. Meu Deus, ele é perfeito. Uma coisa é certa, é como se já o tivesse visto antes. Provavelmente o reconheceria se ele tirasse esses óculos para que eu pudesse ver seus olhos. Me envergonho pela nossa troca de olhares. Fico constrangida por estar tendo estes pensamentos por um homem que poderia ser meu vizinho, isso é ridículo. Deus abençoe os Estados Unidos se tiver que pegar algo emprestado todos os dias. —Tão legal. —Ethan diz do meu lado. —É claro. —Eu concordo. Meus olhos estão analisando o cabelo do outro cara que cai no meio das suas costas, fios longos e retos que balançam na brisa. Não posso deixar de memorizar o resto dele. Ele é enorme e bonito em suas botas de motoqueiro em couro
preto. Botas que coincidem com as do deus ao seu lado. Vivian e eu poderíamos estar em todos os tipos de problemas. —Vamos nos apresentar? —Ethan pergunta, tirando-me de minhas fantasias sexuais. —Acho que acabaram de chegar. Não vemos atividade naquela casa desde que nos mudamos. Talvez em alguns dias. —Talvez ambos morem lá. Diabos, eu não sei. Continuo caminhando com a bolsa em meus ombros, frustrada e com raiva de mim mesma. Vizinho ou não, eu não vou trazer outro homem para a vida de Ethan, até ele ter a resposta que merece saber. Não é justo com ele. Preciso ter coragem para procurar Riddick. Descobrir se ele ainda está vivo, não importa se é casado ou tem uma família, ele tem o direito de saber sobre seu filho, assim como Ethan merece conhecer seu pai. Estou mandando para o inferno as ameaças do meu irmão. Enfim faz anos que não escuto uma palavra dele. Eu não sou aquela garota de dezesseis anos de idade com medo que fui uma vez. Tenho conexões, pessoas e proteção contra ele agora, não preciso mais me esconder. Isto fará Vivian e ―meus pais‖ felizes. Estão em cima de mim por mais de um ano pedindo que eu contrate um detetive particular para saber o que está acontecendo com Jesse. Talvez ele esteja morto e Riddick esteja vivo. Não sei o que esperar. Só tenho que apertar o cinto e fazer isso. Buscar a verdade de uma vez por todas. —Você pode fazer bolo de arroz para eles. —Ethan ri enquanto fala. Minha mente está evitando o que vou fazer assim que eu fechar a porta do meu quarto esta noite. Sorrio, subo as escadas, abro e seguro a porta de tela para ele entrar. —Estamos supondo que um ou ambos são nossos vizinhos, garoto. Ambos sabemos que se eu fizer essa guloseima, eles teriam sorte se conseguissem apenas um pedaço. —Olho para baixo, alguns
centímetros separam a nossa altura, para observar meu filho. O sorriso dele é enorme como sempre. —Você me conhece bem. —Ele diz. —Conheço. Eu te amo também. —Eu digo, com sinceridade. —Eu amo você também, mãe. —Viu? Doce.
CAPÍTULO QUATRO Riddick —Sinto muito, cara, isso foi uma péssima forma de lhe dizer. Eu deveria tê-lo feito entrar antes de dizer alguma coisa. —Tyson pede desculpas em voz baixa. Eu zombo dele. Aqui está ele, se desculpando comigo, quando deveria ser ela rastejando no chão implorando meu perdão. —Você está em choque tanto quanto eu, irmão. Fez a coisa certa em me avisar. —Digo a Tyson suavemente. Ele e Jude sabem tudo sobre ela, seu rosto está tão incorporado em suas memórias quanto na minha. Eles testemunharam quebrar-me numa poça de lágrimas, que me deixou num estado depressivo ao qual não sabia como sair. Inferno, depois de tanto tempo, ainda estou. Os pesadelos, suores frios e a inegável incapacidade de dar o meu coração à outra mulher. Porque ele foi enterrado com ela. Fiquei lá na beira da minha propriedade e assisti a minha menina, minha Cora, subir as escadas para a casa de uma vez. Andou como se fosse à dona da propriedade, uma das mãos tremendo quando ela falava alegremente com o garoto. Ela parecia contente, cheia de paz e feliz. Enquanto vivi uma vida no exterior, em luto pela perda dela, ela estava aqui criando uma criança que é minha, meu menino. Tem que ser. Cora tinha meu bebê. Temos um filho. Bem, tecnicamente Cora tem, porque pela maneira que vejo as coisas, com certeza ela não quer que eu saiba sobre ele. Será por isso que ela me deixou? Ela estava com medo de me contar que estava grávida? Eu não acho. O que penso é que ela é tão louca como seu irmão, uma puta egocêntrica que criou o jogo perfeito, para me punir pela morte dos seus pais. Cora queria arrancar meu coração e me deixar sangrar para o resto da minha vida.
—Por que, Tyson? O que diabos pode ter acontecido para fazê-la mentir para mim, para fazê-la fugir? Não consigo entender isso. Sinto-me doente, como se eu estivesse num maldito sonho. Isso está me destruindo, cara. —Eu disse segurando meu cabelo. O quarto charuto que coloquei na minha boca desde que entramos pela porta há uma hora está todo mastigado e jogo fora. Cuspo no chão, uma vez o gosto amargo do tabaco facilita o seu caminho para a minha língua e gengivas. O instinto me faz buscar outro, apenas para descobrir que o bolso da camisa está vazio. Foda-se, meu corpo está muito adormecido para me mover alguns passos e pegar o estojo de charutos, presente do meu pai. Meu pai. Jesus, ele estaria quebrando a cabeça junto comigo se estivesse aqui para testemunhar esta merda inacreditável. Não tenho ideia do que fazer. Meu coração me diz para correr para ela. Para certificar-me que não é uma piada de mal gosto, onde uma mulher que se pareça com Cora, passa a ser minha vizinha com um garoto, que por acaso, se parece comigo. Que porra está acontecendo agora? Ela deveria estar morta. Essa mulher está muito viva e sinto que tem estado esse tempo todo. Eu a reconheceria em qualquer lugar. Seu cabelo, sorriso e o corpo que transformou-se no de uma mulher que tem respirado ar este tempo todo. Porra, estou feliz que ela esteja viva, e ainda quero matá-la pelo que ela fez, ou beber até ter um coma alcoólico por dias. Para o resto da minha vida miserável. Perguntas difíceis por responder e que poderiam ter respostas catastróficas estão rondando minha mente. Aquelas que poderiam acabar comigo, fazer-me cair de joelhos imaginando como ela conseguiu viver sua vida nos últimos doze anos, criando meu filho, saindo da minha vida e me deixando acreditar que ela foi assassinada. Por que, diabos, ela faria isso? Cora me amava, ela
queria sair daquela porcaria de vida que o irmão estava querendo para ela. Ela odiava aquele filho da puta. Então, por quê? Ela me destruiu. Me mandou direto para o inferno. Não estou falando apenas em minha mente, na vida também. Não fui capaz de seguir em frente. De deixar alguém entrar na minha vida, exceto alguns amigos próximos. Acreditei esse tempo todo que o que minha mãe me disse em seu leito de morte foi de curta duração para mim, tal como foi para o meu pai. Que tinha encontrado meu paraíso, ela poderia não ter batido na minha porta como minha mãe disse que bateria, mas ela era minha. Meu anjo. Meu futuro. Me alistei no exército para fugir, na esperança de ser capaz de me concentrar em salvar a vida dos outros, para defender o meu país, para compensar por não ter sido capaz de salvar a vida dela e mesmo que eu amasse sacrificar-me para manter a liberdade no solo em que nasci, não havia uma maldita coisa para preparar-me para aquilo que vi ali. Matei pessoas por ela. Fingi que cada um desses homens era seu irmão, torcendo e rezando para que a cada último suspiro, eles seriam aqueles que iriam libertar minha alma, e que eu poderia, finalmente, encontrar uma maneira de viver novamente. Foram todas as formas fodidas para continuar a vida, chutando algum canalha sujo, que teria me matado primeiro se tivesse a chance. Não tinha como evitar, eu precisava disso, ansiava por isso. Nenhuma morte foi suficiente para tirar da minha mente a imagem do rosto sorridente do irmão de Cora quando me disse que ela estava morta. Cada parte do meu corpo é incapaz de se mover, exceto minha mente. Move-se mais rápido que a velocidade da luz, rodas girando de forma imprudente. Travando perigosamente uma densa nuvem de fogo, incendiando dentro da minha cabeça, ameaçando explodir. Ela está viva. —O que vamos fazer? Quero dizer, porra, você não pode apenas ir até lá, bater em sua porta e dizer ―Bem-vinda ao bairro‖.
—Esfrego os dedos entre meus lábios, me perguntando a mesma coisa. Só que meus pensamentos estão espalhados por todo o lugar. Ela é casada? E aquele menino que é claramente meu, chama outra pessoa de pai? Ele sabe sobre mim? —O que quero fazer é ir lá, bater em sua porta e obter respostas. O que devemos fazer é chamar Jude e trazê-lo aqui. —Por causa do meu filho, preciso fazer isso do jeito certo. Jude é a espinha dorsal do nosso trio. Ele pode hackear, encontrar e entregar tudo que uma pessoa precisa com seu jeito nerd em torno de um computador. —Já chamei. Chame isso de instinto, conhecendo você da maneira que conheço. —Ele dá de ombros, e um sorriso tímido tenta puxar o canto da sua boca. —Obrigado, cara. —Agradeço suavemente, tomando um gole da minha cerveja. Caminho para a cozinha quando paro estarrecido em meu caminho, a garrafa de cerveja vazia na minha mão escorrega dos meus dedos, bate na bota antes de cair para Deus sabe onde, no meu chão de azulejos. —Jesus Cristo. —Fixo as minhas mãos na ilha, no meio da cozinha. Minhas pernas estão lutando e tremendo para me segurar. —Merda, ele tem a mesma aparência que você. —Tyson sussurra ao meu lado. Maldição, olho para ele com um sentimento estranho dentro de mim, em seguida, olho para trás para a cena fora da janela do canto, onde fica o meu cantinho de café da manhã. Lá está o garoto com uma mulher diferente desta vez. O cabelo dele tem uma tonalidade escura que é idêntico ao meu e está puxado para trás em um rabo de cavalo pequeno, mostrando seu rosto. Ele se parece comigo, mas também se parece com Cora. Seu
sorriso revela de fato que ele é seu filho. O resto dele é a definição de um mini eu. —Puta que pariu. Eu tenho um filho. Todo este tempo uma criança tem andado nesta terra com meu sangue correndo em suas veias. O que diabos eu vou fazer, cara? Como é que evito ir lá e estrangulá-la até conseguir descobrir a verdade? Aquele garoto é meu e ela o manteve longe de mim. Não foi o suficiente arrancar o coração do meu peito, pisá-lo e jogar o amor que pensei que tínhamos no esgoto. Estive no inferno por causa dela por muito tempo e agora ela está aqui no meu maldito quintal, com meu filho vivendo e rindo enquanto há dias eu não consigo sequer um sorriso. Que tipo de pessoa de dezessete anos de idade seria capaz de tramar um jogo tão perverso? Destruir alguém que a amava? Eu não entendo. —Enfatizo com tanta raiva que ouço minha voz falhar. —Não sei, Riddick. Não acredito que a mulher que você falava, o faria passar por isso. Tem que haver uma explicação. —Tyson responde calmamente. —Ela teve anos para me contar, se houvesse. Não há uma coisa que ela possa dizer para me convencer do contrário. Não, ela mentiu. Me fez acreditar que estava morta. Eu vou lhe mostrar que estou muito vivo. Foda-se essa espera por Jude. —Libero o aperto de mão do granito, abro a geladeira duplex preta e pego outra cerveja, tiro a tampa e dou vários goles longos. Limpo a minha boca com as costas da mão. Não quero assustar o garoto, mas que se foda esta merda. Não vou desperdiçar mais nenhum segundo da minha vida sem ele. Ela pode ir para o inferno se acha que pode me parar. —Droga, Riddick, não se atreva a ir lá fora. Você vai assustar o garoto até a morte se você pisar lá, impondo sua presença e exigindo respostas para perguntas que talvez você nem esteja pronto para ouvir. Ele é uma criança, cara. Sente-se e Acalme-se. Use a cabeça, não o coração. Além disso cara, sem querer ofender, à maneira como você está, não se parece com o homem que ela se
lembra. Você vai assustá-la. Tyson aperta meu ombro com um aperto firme. Tudo o que ele disse é verdade. Odiaria machucar aquele garoto de alguma forma. No que diz respeito a minha aparência, pareço um criminoso durão. Um enorme criminoso bombado, até mesmo um traficante de drogas. —Você está certo, mas porra, isso está me matando. É foda, não consigo tirar meus olhos dele. Ele é tudo o que ela e eu sonhamos, e está concentrado na criação de um telescópio com outra mulher, Tyson. Deveria ser eu a ajudá-lo a configurar esse telescópio, não quem diabos seja essa mulher. Maldita seja. Preciso de algo além de cerveja. —Resmungo, ignorando o olhar que ele me deu para me acalmar. Ele que se foda... E o fato de que ele está certo sobre a minha aparência. Isso me levou a um inferno cheio de bocetas. Só que nenhuma delas era a dela. Será que ela gostaria da minha barba rala acariciando suas coxas enquanto minha língua se enterraria em sua boceta? Sacudo minha cabeça tentando afastar esse pensamento e sento-me na cadeira de madeira perto da mesa. Tyson pega uma garrafa de Jack do armário onde guardo as minhas bebidas. Duvido que haja o suficiente para amenizar a dor dentro do meu peito ou o medo que sai de todos os buracos e que estão perfurando minhas entranhas. —Beba. —Ele me deu a garrafa já sem a tampa, só esperando por mim. Olho fixamente para o líquido escuro que deveria ajudar, mas sei que não vai. Tyson também sabe, devido à quantidade de uísque em que tentou afogar seu próprio passado. Nesse exato momento, Jude entra com seu laptop na mão, os óculos de armação preta, boné para trás. Maldito nerd. —Porra. Sinto muito, cara. Isto é uma loucura. Vamos obter respostas, Riddick. —Jude coloca o laptop na mesa, a mão descansando no meu ombro. —Em primeiro lugar, tem certeza que é ela? —É ela. Eu a reconheceria em qualquer lugar. Ela mora aqui e aqui. —Aponto para o meu peito e cabeça. Olho para trás, observo
pela janela uma última vez enquanto eles se afastam. Gostaria de saber onde está Cora. A mulher de cabelos escuros é a babá? Ela poderia estar fora num encontro com o marido? Namorado dela? Ela é uma mulher bonita. Com seus seios, bunda e pernas. Os lábios carnudos que são reais. O rosto que consegue dobrar um homem, quebrá-lo e fodê-lo até ele sangrar até a morte. Esse é o tipo de mulher que ela é. Jude está mexendo em seu computador e me mostra o que estava fazendo. —Alguma coisa? —Pergunto, franzindo a testa. A necessidade do ardor do Jack me atinge no estômago enquanto viro a garrafa em minha boca, tomando um gole flamejante muito necessário. Ardem a minha garganta e as laterais da boca, mas não faz nada pela combustão que inflama a minha alma. —Claro que não está morta. Posso confirmar isso. Ela se formou no ensino médio na escola Santa Barbara Providence, recebeu seu diploma de enfermagem na U.C. e trabalha para um casal de médicos numa Clínica da Mulher. —Ele vira o computador para que eu possa olhar. É tudo que pude suportar, sem escorregar da cadeira e desintegrar no chão. Lá está ela. Seu sorriso é contagiante através de cada foto que vejo. Na formatura do colégio e faculdade. Fotos dela e aquela mulher que vi antes. —Por que há tantas fotos dela aqui? E quem é esse casal com ela? — Eu vou sufocar. Não vou esconder o fato de que as lágrimas ardem meus olhos quando vejo fotos de um casal mais velho ao lado dela. O cavalheiro está segurando meu filho. Não fiquei tão emocionado desde o dia que me disseram que ela morreu. —Médicos Ron e Sylvia Shepard. Parece que eles a acolheram ou alguma merda assim. Grandes obstetras por aqui, pelo que dizem. Não há sinal de adoção. —Ele fala como se este fosse apenas o trabalho dele ao invés da informação mais importante que pedi na minha vida. Eu sei, não é nada. É, sou eu, e a forma com que sinto como se cada palavra que ouço fosse acender o pavio e queimar
meu maldito coração, transformando-o em um monte de cinzas. Para poder escorregar por entre os dedos com mais facilidade para o chão, assim como ela fez. —Aperte o botão voltar e, em seguida, o segundo link. —Eu faço o que ele diz. Minhas mãos estão tremendo, olhos turvos ao ler a manchete do jornal alegando que as filhas dos dois ginecologistas locais seguiram no campo da medicina dos pais famosos. —Filha? —Pergunto com desconfiança. —O que diabos isso significa? Seus pais foram assassinados. Nada disto faz sentido, exceto que ela tem estado perto de mim o tempo todo. Fico doente de pensar, que ela prosseguiu com sua vida sem dar a mínima para mim ou para minha mente corrompida pela a insanidade. Pensando sobre a forma como ela morreu, se estava com dor, se sofreu. O pacote completo. Filha da puta. —Eu rosno e começo a bater meu punho contra o peito. —Ela me deixou. Ela fugiu, caralho, e me abandonou, fazendo-me acreditar que estava morta. Que se foda. Eu vou lá. Não dou a mínima para o que vocês dizem. Eu mereço saber. —Eu levanto abruptamente da cadeira fazendo ela bater no chão. Ouço os gritos pedindo para que eu pare, me dizendo que é um erro, que eu deveria pensar no garoto. Bem, isso é exatamente o que estou fazendo. Pensando em meu filho, na vida que esta mulher egoísta roubou de nós dois. Ela vai pagar por isso. —Cora. —Sussurro quando chego ao final da grama no portão que separa os limites das duas propriedades. Ela está parada há aproximadamente vinte metros de distância de mim, sua silhueta visível na claridade deixada pela suave luz do entardecer. Fico com água na boca ao vê-la. Seu cabelo em uma trança grossa arremessada por cima do ombro nu, onde sua camiseta cinza pende fora dele. Jeans apertados estão encobrindo uma bunda firme. Seus braços estão envolvendo seu corpo elegante enquanto ela olha para a água. Meu pau dói ao vê-la. Porra. Meu paraíso, meu anjo.
—O que aconteceu para fazer você me deixar? —As palavras saem de minha boca suavemente, e ela ainda não me ouve e fica lá parecendo perdida em pensamentos. Ela não sabe que estou tão somente há dez metros de distância. Não sei se devo chamar seu nome novamente ou esperála. Não tenho tempo para pensar nisso, quando ela se vira ao som de seu nome sendo chamado em voz alta por uma mulher. Corro como uma criança. Escondido nas sombras atrás da uma palmeira solitária no meu quintal, grato por não tê-la cortado. Quase fiz por medo de obstruir a vista do oceano. Deus, eu poderia envolver meus braços em torno da madeira escamosa e abraçá-la agora por bloquear-me de ser visto. Estava prestes a cometer o maior erro da minha vida. Porra. —Você me destruiu, Cora. Eu preciso saber, por quê?
CAPÍTULO CINCO Cora Cada vez que as palavras educadas “Olá, Cora. Como está hoje?” Atingiam meus ouvidos, fingia sorrir. Simulava estar ótima, que a vida era boa e que estava feliz. Era uma mentira. Não que não tivesse felicidade em minha vida, por que tinha. Todos os dias sob a forma de um ser humano minúsculo que me trouxe mais amor do que ele jamais saberá. Até hoje, sei que eu teria desistido se também o tivesse perdido. Uma criança não é afetada por suas maneiras resilientes de prestar atenção aos detalhes, graças a Deus. Caso contrário, não teria havido nenhuma forma de eu conseguir esconder a solidão que meu coração sentia sempre que pensava em seu pai. O que era diariamente. Mesmo com Seth, pensava nele. É triste admitir, mas é verdade. Depois que Ethan e eu entramos na casa, enquanto ele foi tomar banho, pedi pizza. Uma vez entregue, peguei uma fatia lhe dei um beijo de boa noite, tranquei as portas e subi para tomar banho. Sei que ele ficará bem até que Vivian chegue em casa. Ela enviou uma mensagem me avisando que a mãe e o bebê recém-nascido que ela tinha ajudado a nascer estavam maravilhosos, e que ela estaria em casa mais cedo do que pensava. Ela então me informou que cedeu e comprou para Ethan o telescópio que ele estava pedindo, e até pagou para montarem, tendo em vista que ambas somos incrivelmente incapazes, quando se trata de montar coisas. A parte maternal em mim quer brigar, dizer para ela parar de mimá-lo, mas minha mente está focada em outro lugar. Eu respondo com ―divirtam-se‖, desligo meu celular e crio coragem. Eu preciso fazer isso, não importa quão doloroso possa ser.
Olho ao redor do quarto enorme até os meus olhos pousarem no meu laptop no meio da cama king size, contra a parede lavanda. Uma pessoa poderia se perder neste quarto enorme que fica no último nível da casa de três andares. Este quarto e o banheiro são os dois únicos cômodos que usamos aqui. A vista do oceano a partir das janelas do chão ao teto é serena e calma. As portas de vidro deslizantes que se situam no meio me convidam quase todas as noites a sair e desfrutar da brisa da noite, olhar para o céu negro e fazer um pedido a uma estrela. Há um quarto de bebê no corredor com um banheiro que não será usado por Vivian, nem por mim, então o usamos para empilhar caixas cheias de nossos romances. Vivian e eu poderíamos passar horas lendo, perdendo-nos em conto de fadas, apenas desejando que fossemos nós naqueles livros em vez das sortudas que amamos porque elas sempre conquistam os caras. Um feliz para sempre. Fechando a porta, suspiro. Em seguida caminho até a cama. Sento de pernas cruzadas sobre os lençóis de cor lavanda, a brisa entra através da porta deslizante que deixei aberta anteriormente. Olho lá fora, depois suspiro, mais uma vez, quando lembro sobre as noites que passei sentada pensando em Riddick. Odiando estar aqui sem ele, ainda que amando o fato de que Ethan está tendo o momento de sua vida aqui. Eu estava e ainda estou cheia de todos os tipos de emoções misturadas. A mais forte delas é o medo, mas por Deus, eu vou fazer isso. —Não importa se você é casado e tem uma casa cheia de crianças, espero abrir isso e te encontrar vivo. —Digo através do nó que existe na minha garganta há anos. Agarrando o edredom marrom escuro do chão onde joguei com raiva no outro dia quando meu alarme disparou, envolvo-o em volta dos meus ombros. Esta era a cor preferida do Riddick, a minha é lavanda. Daí a razão pela qual meu quarto e o banheiro
adjacente estão cheios destas duas cores. Inclinando-me para o lado na minha cama, ligo o interruptor na parede ao lado da mesa de cabeceira de madeira escura para a lareira a gás na parede à minha esquerda. Ele energiza a vida, trazendo o calor necessário para minha pele fria e úmida. Minha mão trêmula levanta a tela preta do computador. Absolutamente assustada sobre o que eu poderia encontrar neste pequeno aparelho, ao ponto de sentir a bile aumentando, agitando os conteúdos do meu estômago com todas as emoções frágeis conhecidas pela humanidade. —Estou com medo. —Sussurro. Mesmo sabendo que não existe nenhuma maneira de Jesse poder entrar no meu computador, seus lembretes anuais ainda persistem. Uma vez que o computador liga, meus dedos pairam sobre os botões para digitar seu nome. Tremendo. Houve mais vezes ao longo dos anos do que posso contar em que tentei reunir forças para fazer isso. Nunca chegando tão longe, sempre com medo de encontrar seu nome enterrado durante anos nos obituários. Eu senti isso antes, e estou sentindo agora. Estou vulnerável. Assustada e perto de dar aquele salto gigantesco para o mundo da desintegração de volta para as profundezas do inferno. Durante doze anos, caí um pouco nesse poço sem fundo todos os dias; e uma vez eu bati no fundo. —Apenas faça isso. —Congelo essas emoções, sufoco um soluço, depois escrevo seu nome completo enquanto engulo a massa de medo na minha garganta, fecho e depois abro meus olhos, não preparada para as imagens olhando para mim. Afastei o laptop do meu colo como se fosse uma cobra venenosa prestes a me picar. —Não. Isso tem que ser uma mentira. —Digo, Atordoada e confusa. Lágrimas estão caindo pelo meu rosto, pingando no meu pescoço, minha camisola, meu coração. —Ele está vivo, ou pelo menos estava até alguns anos atrás. —Murmurei para mim mesma. Uma foto de um jovem Riddick no Redding Paper depois do campo
de treinamento do Exército olha para mim novamente, várias fotos dele recebendo a Medalha de Honra por suas missões no Afeganistão. —Ele é um herói americano. —Pressiono meus dedos em meus lábios para abafar o suspiro que escapa da minha boca. Eles voluntariamente movem-se para tocar seu rosto na tela. —Oh, Riddick. —Eu choro. Não poderia parar os soluços incontroláveis que atravessam meu corpo nem se Ethan entrasse pela porta naquele momento. Inclino minha cabeça para trás, olhando para o ventilador de teto em forma de folha girando como minha vida estava. Passando por essa vida infinita. Choro por anos de perda, por tantas coisas que ele poderia ter visto, testemunhado e experimentado conosco. É uma conduta imperdoável e equivocada de estupidez da minha parte. Como eu pude acreditar neles quando disseram que o tinham? Que o matariam se eu não o abandonasse? Eu acreditava que ele estivesse morto. Me sinto doente. O ódio por mim mesma vem à tona, o maior que já senti. Não mereço ser chamada de mãe desse menino. Traí os dois por ser fraca, por ser uma garota assustada que deveria ter feito isso há muito tempo. Simplesmente não há desculpa para isso. —Duvido que ele soubesse, ele deve achar que estou no céu e sou um anjo agora. Deus, Riddick e Ethan, como é que qualquer um de vocês vai me perdoar por ser o pior tipo de pessoa que existe? Fiquei ali deitada por não sei quanto tempo com a tristeza fluindo. Dor cortando minha pele como uma facada. Sento-me, de repente sobrecarregada, puxo o laptop de volta para mim. Meus dedos estão clicando nos poucos links mostrando o nome dele. Não há nada sobre ele desde 2014. Esses artigos não dizem mais nada sobre ele, são vagos sobre o seu paradeiro, onde está agora, ou se está vivo, ainda no exterior ou casado. Nada. Acordei sentindo sua falta no dia seguinte que meu irmão me forçou a sair. Senti todos os dias desde então. Certamente, Deus não
vai me punir dessa forma cruel por reavivar minhas esperanças de que o homem que eu amo e que há poucos dias estava vivo, possa ter sido morto nas mãos dos inimigos do nosso país. Só o diabo poderia fazer isso. Meu Deus, ele está de volta, em algum lugar? Ele está morto? Me recuso a acreditar. O diabo reside dentro de meu irmão e de Cutter. Por que não pode se vingar deles pelo meu desaparecimento? Deus, cada memória que enterrei porque causaram muita dor começam a inundar a minha mente. Aquelas que só aparecem quando é seu aniversário ou Natal. Imagino seu rosto sorridente quando se esgueirava pela floresta para minha casa, como o azul dos seus olhos tornava-se escuro como sua calça jeans, quando ele estava excitado, a sensação de sua língua deslizando pelo meu lábio inferior. Suas grandes mãos acariciando minha pele. Éramos tão jovens, no entanto, a cada minuto com ele eu me sentia viva, admirada e adorada. Não sei se tenho forças para fazer a coisa certa e rastrear o paradeiro dele. É óbvio que Jesse sabe onde estou. Nunca mais o vi, mas ele está lá, sempre estará. Ele tinha motivos para me mandar embora, razões que não me importam mais. Simplesmente não posso fazê-lo. A vida do meu filho é mais importante do que a minha felicidade. Eu deveria pedir a Vivian para vir ao meu quarto. Contar-lhe tudo que descobri. Ela tentaria convencer-me a encontrá-lo, e dizer que Riddick nos protegeria se ele soubesse. É uma situação mais fácil de dizer do que de fazer. Você deve passar pelo mesmo que outras pessoas, antes que possa compreender o terror que elas sentem, causados por cicatrizes invisíveis que lançam uma sombra mortal sobre seu senso de raciocínio. Simplesmente não é assim tão fácil. Não vamos esquecer que Riddick é um homem mudado. Provavelmente me odeia mais do que tudo. Deus, ele está mais
bonito do que costumava ser. Ele envelheceu bem com seu queixo quadrado e olhos profundos. Imagino que seu corpo também. Musculoso, em forma e poderoso. Ou ele está enterrado a sete palmos da terra. —Não. Pare de pensar nisso. —Digo ao demônio que está tentando levar-me de volta a escuridão. Meu estômago continua a revirar com esse pensamento de desespero profundo e sombrio. —Deus, o que faço agora? Ajudeme aqui. Preciso de um sinal, algo para mostrar-me a coisa certa a fazer. —Gaguejei. De repente, o ar se torna denso demais para respirar. Empurro o laptop de lado, abandono o edredom e salto da cama. Abro a porta do quarto, corro pelo corredor até a porta, descendo os degraus que me levam até a entrada da minha casa. Respiro profundamente enchendo meus pulmões de ar, as lágrimas caindo cada vez mais rápido conforme corro em direção à praia. Corro pela grama úmida, até chegar a areia e paro quando as águas escuras chamam meu nome como em um sonho. E agora, o silêncio rodeia minha mente caótica. Envolvo meus braços na cintura, e meus ombros cedem. Minutos, horas poderiam ter passado comigo aqui fora incapaz de me mover. Lembrar dele está me destruindo, meu coração está despedaçado. Não sei o que fazer, aonde ir a partir daqui. Tudo que sei é que por causa de Ethan, pela minha sanidade e para saber a verdade, tenho que descobrir. Finalmente. —Cora, o que diabos você está fazendo aqui? —Vivian. Oh Deus. Preciso dela mais do que no dia em que nos conhecemos. —Que porra é essa? Você está tremendo e chorando. O que está acontecendo? —Ela para na minha frente, com o rosto preocupado. —Eu... eu o encontrei. —Eu consegui sussurrar. —O que? Quem? Você está falando sobre Riddick? Onde? E por que diabos você não me deixou saber que estava planejando
procurá-lo? Meu Deus, Cora. Onde ele está? Está vivo? —Ela me enche com suas perguntas. Não sei por onde começar, então sento com ela na areia fria. Seus braços instantaneamente me puxam para perto. Começo pelo princípio, com Ethan e eu na praia hoje, sem deixar nada de fora. Dizendo a ela sobre como a combinação dos eventos de hoje me fizeram perceber que era hora de procurá-lo. Era hora de ser adulta e buscar a verdade. —Ele é um herói, Vivian. Todo esse tempo eu realmente acreditei que ele estivesse morto, que eu havia iniciado uma guerra. Você sabe melhor do que ninguém que foi por isso que nunca assisti ao noticiário ou prestei atenção às fofocas sobre gangues ou clubes. Eu não queria saber. O conhecimento sobre qualquer coisa que se relacione a violência neste mundo me assusta. Você viu como agi quando te conheci e agora... agora, e se ele está preso em algum lugar com PTSD1 ou algo assim? E se ele estiver se perdendo? Ele tem estado em guerra todo este tempo, apenas mudou de um lugar para outro. Meu Deus, Vivian, e se ele estiver morto ou desaparecido? Minha mente não para, Vivian. Se ele estiver viajando como fez todos estes meses depois que saí de lá. Não sei de nada mais, além disso. É como se a vida dele estivesse acabado há alguns anos. Temos que ligar para o papai. Contratar um detetive particular. Eu... Eu tenho que encontrá-lo. —Falo como se ela tivesse todas as respostas, enquanto ela se senta lá comigo em seus braços, os dedos deslizando suavemente pelo meu cabelo. Seus soluços são misturados com os meus. —Você sabe como encontrar o pai dele? —Indaga, beijando o topo da minha cabeça. Ela se levanta da areia e me ajuda, meu corpo ficando rígido.
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Transtorno de Estresse Pós-Traumático
Balanço a cabeça. —Não sei se serei bem-vinda, mas uma ida até lá me daria respostas. —Sigo seu exemplo e limpo a areia na parte de trás das minhas calças com as mãos tremendo. —Você sabe que não pode ir até lá. Não você mesma. E se você encontrar Jesse? —Ela questiona. —Então vou matá-lo. —Respondo. —Isto é tudo culpa dele. Todos os dias mais dolorosos que vivi, todos os dias em que foi negada a presença do pai a Ethan. —Cora, você está se ouvindo? Você precisa ser racional, pensar com a cabeça fria. Sei exatamente o que você precisa. Venha. Vamos pegar um copo de vinho para ajudá-la a dormir, vamos para a cama e podemos chamar mamãe e papai logo pela manhã. Você sabe que podemos resolver isto como uma família. —Ela passa seus braços através dos meus quando começamos a caminhar em direção a casa. Por alguma razão olho para a casa do meu vizinho. Inspiro profunda e silenciosamente quando vejo dois homens em frente a uma janela, seus olhos no mesmo nível olhando para o lado de fora. Um deles é o cara cabeludo, sexy, de mais cedo. O outro parece Clark Kent. Ambos são pecaminosamente deliciosos. Todos os pensamentos de quão lindo achei o homem de mais cedo se apegam em mim como a maresia. Possivelmente posso ter me mudado para a casa ao lado de alguns homens "sexys", mas nenhum deles se compara com o homem na minha cabeça. O homem que vi vestido em seu uniforme azul do exército, faixas, medalhas, condecorações. Estou curiosa para descobrir tudo que puder sobre o exército, exatamente o que Riddick fez lá. Como sobreviveu e onde está agora. Paro há uns metros da nossa porta, olhando nos olhos da minha irmã e admito os meus sentimentos devastadores em voz alta. —Ele deve me odiar por deixá-lo. Sempre imaginei quais mentiras de merda que lhes disseram sobre minha partida repentina.
Uma parte de mim sabia que disseram que eu estava viva e que o tinha deixado antes que eles o matassem. Mas agora que eu sei que era mentira, me mata pensar que tipo de merda saiu de suas bocas para convencê-lo a não me procurar. Riddick não teria desistido de me encontrar, Vivian. Ele não teria escolhido a saída covarde como fiz. Ele não teria. Nós nos amávamos tanto, eu ainda o amo. Sofro por ele agora mais do que nunca. Ele me fez sentir inteira, Vivian e agora não sei o que fazer, o que pensar disso tudo. Expiro profundamente, em seguida, inspiro, repetindo esta técnica várias vezes, até que sinto minha frequência cardíaca estabilizar e meus nervos se acalmarem desse frenesi. —Você não escolheu a saída dos covardes, Cora. Você foi ameaçada por alguém que deveria ter protegido você. A vida do seu filho estava em perigo. Depois de tudo que passou como diabos poderia ficar lá e se chamar assim? Você salvou as suas vidas, deixando-o. Foi uma armadilha, uma ameaça que você levou a sério. Você amou os dois o bastante para fazer isso. Você acabou de dizer que a culpa foi de Jesse. Não ouse ficar aqui e tentar se convencer do contrário. —Ela segura meu queixo para que eu possa olhá-la nos olhos. —Deus, estou tão feliz que você sentou-se ao meu lado no ônibus. Não faço ideia de onde Ethan e eu estaríamos hoje se não fosse por você. —Deixo mais lágrimas cair quando ela me puxa nos seus braços reconfortantes. Essa mulher inteligente, carinhosa e eu passamos por muitas coisas juntas. A lista é longa demais para ser escrita. Estamos uma do lado da outra para tudo. Empurrando isso de lado, estou vivendo o presente, onde minha irmã, amiga e madrinha do meu filho agarra-se obstinadamente a mim como se o meu sofrimento fosse dela. E de certa forma é, quando duas pessoas se conhecem e se tornam tão próximas como nós. Destino. É um laço selado que não se rompe. Vivian e eu somos irmãs que nunca
brigam e sempre tentam ajudar uma a outra em momentos de necessidade. —Você seria a mesma pessoa que você é agora, a mãe de um menino maravilhoso. —Suas palavras são verdadeiras. Desde o dia que descobri que estava grávida, tentei fazer o melhor por ele. Proteger, ensinar e apoiá-lo. O amo com todo meu coração. Ela começa a chorar outra vez junto comigo. Vivian não é chorona. Ela expõe sua raiva e dor para fora ao inventar seu próprio vocabulário de palavras fodidas que despeja aleatoriamente. Chorando agora ela está me dizendo que sente todas essas emoções profundas que mexem comigo. —Eu não posso fazer isto por mim, tem que ser por Ethan e como ele vai lidar com isso. Nós não podemos mencionar uma palavra a ele ainda, não até que tenhamos respostas. —Digo enquanto levanto minha cabeça e olho em seus olhos cheios de lágrimas. —Se você está procurando respostas, Cora, eu as tenho. Você tem respostas para mim? —Fiquei assustada, incapaz de me mover. Aquela voz. Eu sei. Apesar de ser mais profunda do que era. Meu Deus! Minhas mãos que estavam segurando em Vivian deslizam para os meus lados, minhas pernas viram mingau, mal sendo capaz de permitir que eu fique em pé. O único momento que ouço essa voz é nos meus sonhos. —Meu Deus! —Vivian exclama. Tenho medo de me virar, medo de que esta noite inteira não seja real, que eu esteja presa em algum tipo de ―Era uma vez‖, onde uma garota conhece um rapaz, eles se apaixonam, e são felizes para sempre. Um sonho se tornado realidade.
—Vire-se para que eu possa te ver, por favor? Ah Deus, não pode ser ele, pode? Meu coração vacila, meus dentes tremem e minha mente chacoalha dentro da minha cabeça. Sinto as minhas pernas fraquejarem, mas antes de atingir o deck de madeira, sinto um par de mãos fortes familiares me envolverem pela cintura. O doce cheiro de algo novo e diferente misturado com um perfume que estou bem familiarizada. —Riddick. — Conseguir dizer o nome sem perder a voz, sem chorar descontroladamente. Nós podemos estar respirando o mesmo ar, estar no mesmo espaço agora, mas estou achando difícil colocar ar em meus pulmões. A respiração quente do Riddick bate na minha orelha, e pela primeira vez em doze anos, eu quero virar e dar uma boa olhada no meu passado.
CAPÍTULO SEIS Riddick Mesmo que eu esteja do lado de fora, à céu aberto, sinto como se o universo estivesse sobre mim. Meus pulmões comprimem, meu coração aperta, e de repente não aguento mais. Minhas pernas tremem e meus joelhos se dobram, e antes que eu perceba, já cedi à dor, meu corpo caindo até desabar no chão. O som da sua voz me leva de volta para os dias mais felizes da minha vida. Mas ela não parecia aflita, ela não estava lutando para respirar da maneira que parece fazer agora. Ela estava feliz, cheia de vida, era a parte mais brilhante do meu dia. Meu paraíso, meu anjo. Agora ela está sofrendo de uma forma que me tem em suas mãos e de joelhos, dedos cavando na areia, como se fosse minha maldita tábua de salvação, porque não consigo começar a compreender o que ela passou, ou como ela vai reagir se eu sair e provar para ela que estou vivo e tão arrependido, por não ter exigido que o meu pai vasculhasse por todos os lados para descobrir se aqueles bastardos estavam mentindo para mim. Eu acreditei neles, assim como ela fez. Acreditei que ela foi morta a sangue frio, porque, ei, vamos encarar os fatos aqui. Gangues e clubes atiram uns nos outros o tempo todo. Não é incomum ligar a televisão em um noticiário e ver a violência nas ruas, às zonas de guerra nos bairros. Especialmente aqui, onde o crime está em seu ponto mais alto. As pessoas vão atirar em você por uma goma de mascar. Mesmo naquela época acontecia. Todos os dias. A vingança fica presa na cabeça das pessoas fazendo não pensarem em mais nada, exceto atacar em um ponto que sabem que deixarão você sangrando pelo resto de sua vida. Sou grato por ela ignorar toda essa merda. Sangue, tripas e miolos por todo o lado. As pessoas simplesmente não dão a mínima para os outros.
A realidade é uma merda quando a pessoa que você ama está a poucos metros de distância de você, derramando suas entranhas e estraçalhando um coração já quebrado em pequenos fragmentos. Deus Todo Poderoso, quero correr para ela, pegá-la no colo e dissolver sua agonia com a minha boca colada à dela. Levá-la para o meu quarto e mostrar que não importa quanto tempo se passou entre nós, ela é sem um pingo de dúvida o amor da minha vida. Ela é dona da minha alma. Quero segurá-la, tocá-la e senti-la de maneiras que farão a terra tremer sob nós. Nossas almas estão entrelaçadas desde a primeira vez que dissemos ―Eu te amo‖ um para o outro. Após todos estes anos, nós estamos ainda nos juntando bem no lugar que nos faz vivos. Nossos corações. É um capricho do destino. Um paradoxo cheio de negações, perguntas, respostas e uma linda criança sentada bem no meio. Porra! Mandem todos para o inferno. Quero conhecer aquele garoto, quero ouvi-lo me contar sobre sua vida, sua paixão, seus objetivos. Preciso ouvi-lo me chamar de pai, ver o rosto dele se iluminar quando eu atravessar a porta. Tudo o que perdi na sua vida se desmorona como uma tempestade, pronta para me varrer. A raiva que senti há pouco está se afogando na parte mais profunda do oceano atrás de mim. Ela não me deixou por escolha, Cora foi forçada a sair. Jesus Cristo, isso é tão louco como a vida pode ser. Toda raiva que sentia por ela está indo com o vento, banhada pelas ondas e arrastada para o fundo do oceano. Eu duvidei dela. Ela falou porque me deixou sem nenhuma explicação. E agora que ouvi coisas que não deveria ter ouvido, ao me esconder atrás de uma árvore, pela primeira vez me sinto livre em anos, livre para ir até esta mulher e lhe contar tudo. Conhecer meu filho e começar do zero, se for preciso. Cada palavra que sai da sua boca é difícil de ouvir e tem um gosto amargo de sujeira. O seu irmão nos destruiu. Fez-me acreditar
que ela estava morta e pelo que parece, ela também acreditava que eu estava. Jesus Cristo. Como diabos alguém pode fazer uma coisa dessas? Filho da puta imundo. Não aguento mais isso. Preciso aliviar sua dor. Escuto, esperando para ver se elas vão sair. Quando ouço sua amiga lhe dizer que é hora de vinho e cama, me levanto, me limpo e saio da sombra. Nada irá me impedir desta vez. Olho para os caras em pé na janela, me observando. Eles provavelmente vão aparecer quando virem eu me movendo em direção a ela. Eu não me importo. Não vou deixar ela dormir mais uma noite sem saber. Temos muito tempo para conversar sobre isso. Neste momento, estou feliz por meu treinamento furtivo, meu trabalho de ser capaz de manter ritmo, com uma astúcia inédita. Paro na beira da sua casa, a vista dela mais dolorosa agora com ela no meio de seu deck derramando ainda mais o seu coração, me deixando ali para pegá-la e colocá-la de volta onde ela pertence. Ao meu lado. Me movo. Ela está tão perto. —Se você está procurando respostas, Cora, eu as tenho. Você tem respostas para mim? —Digo com um ligeiro gaguejar. Todo o seu corpo fica duro como uma tábua. Mãos caindo, cabeça baixando e pela primeira vez em anos, estou respirando o mesmo ar que ela. Aceno para sua amiga, inalando o aroma de Cora. O cheiro dela. Estou perto o suficiente para que quando as pernas dela cedem, instintivamente seguro-a em torno da cintura para impedi-la de cair. Deus, seu cheiro e o calor do seu corpo me consomem. Me cativa e me prende, me assombra e me acalma ao mesmo tempo. Parece a eternidade multiplicado por cinco desde que a peguei. Anos de sonhar em ser capaz de levá-la a um encontro, para ser o cara que todos os homens na sala teriam ciúmes porque eu tinha a
mulher mais impressionante nos meus braços. Ser romântico, sussurrar coisas bonitas no ouvido dela que o meu eu adolescente ainda não tinha aprendido. Quero deixar tudo isso escapar da minha boca, aqui e agora. Nenhum desses sonhos se compara a realidade de tê-la sob as minhas mãos. Ela é tão pequena comparada a mim. No entanto, sempre nos encaixamos. Cora é a mulher para mim. Toda minha frente doí com uma sensação de calor e plenitude por tê-la em meus braços. Segura e pacífica. É a melhor sensação do mundo. Isso, até ela começar a lutar para me afastar. Eu seguro ela mais apertado. Porra, eu sei que ela está surtando agora com seus gemidos ficando mais altos. Ela está sofrendo. Confusa. Eu não me importo. Ela precisa se acalmar antes que seu filho, nosso filho, nos ouça ou entre na cozinha e veja sua mãe presa nos braços de um homem estranho. Não é assim que quero que ele me encontre. —Você é meu paraíso na terra, meu anjo. Por favor, pare de lutar comigo. —Eu disse calmamente. —Essas palavras... —Ela sussurra. —Ele foi o único que já disse isso para mim. Ah meu Deus, Vivian. Eu... eu sinto como se não pudesse respirar, meu peito dói e minha cabeça parece que vai explodir. Me diz que realmente é ele, diga-me que não estou sonhando. Diga-me, Vivian. —Sua voz fica mais alta, sua dor se estende a cada sílaba, cada palavra excruciante e penetrante que ela diz. —Cora, pare! É ele. Eu juro que é. Ele parece diferente, mas eu juro que é ele. Você precisa se acalmar, respire fundo, vire-se e olhe para ele. Cora suga uma respiração, os músculos do seu abdômen se contraem. Agradeço a esta mulher calma, porque tenho certeza que nem eu e nem Cora estamos, especialmente depois de nos vermos pela primeira vez, depois que a vida que tínhamos planejado juntos foi levada por aquele bastardo. Ela pode parecer a mesma, mas eu certamente não, isso é uma coisa que posso
concordar. A maioria das pessoas me olha de cima a baixo como se eu fosse uma aberração com meu cabelo preto, tatuagens e um rosto envelhecido, desgastado pelo sol do deserto. —Não sei se posso. Estou com medo. Isto é demais para suportar. Meu Deus. Ethan. Você precisa vê-lo, mantê-lo no quarto dele. Ele... ele não pode vir aqui. Ele não pode me ver assim ou encontrá-lo aqui. —Tem certeza? Eu posso ficar aqui se você precisar de mim. —Vivian aproxima-se a um centímetro do rosto de Cora. —Tenho certeza. —Cora responde com a voz quase inaudível. A última coisa que quero é que meu filho me veja segurando sua mãe enquanto ela luta para escapar de meus braços que estão envolvidos firmemente ao seu redor. Eu a deixo ir, minhas mãos sentindo sua falta quando pacientemente a solto. Seu corpo mole para de se mover assim como o meu. Nós três ficamos ali, rígidos. Os únicos sons são seus soluços abafados misturados com minha respiração pesada. —Eu vou, contanto que você me diga que vai ficar bem. Vivian não olha para Cora quando ela pergunta isso. Ela olha diretamente para mim. Os olhos protetores dela estão fixos no meu, me dizendo que é melhor que eu seja de verdade. Melhor eu não dizer nada para machucá-la, ou ela irá me matar. Eu simplesmente aceno e assisto ela puxar Cora para os seus braços. Meu anjo vai voluntariamente. Nunca estive tão grato em toda minha vida que minha garota encontrou alguém que a ama tanto quanto eu. Me mata que esta mulher teve esses doze anos com ela que deveriam ter sido meus. No entanto, estou feliz que ela não ficou sozinha. —Não, estou bem. Só mantenha Ethan ocupado. Eu lhe disse que iria procurar uma daquelas coisas de competição de surf, talvez você possa descobrir o que precisamos fazer. —Sua voz é tão suave que mal consigo ouvi-la. Ouvi o bastante para um largo sorriso
aparecer em meu rosto, sabendo que Ethan pegou amor pelo surf. Lembro vagamente agora de vê-lo carregando uma prancha hoje cedo. Minha mente estava muito preocupada com o fato de estar vendo-a e descobrir sobre ele no momento, ao invés de prestar atenção em qualquer outra coisa. —É claro. E para constar, estou feliz que você finalmente cedeu sobre deixá-lo ir. Começou a ficar ridículo ele falando sobre isso pelas suas costas. —Acredito que seu comentário sobre falar pelas costas era uma piada, só que ninguém está rindo. Sua amiga toca o rosto de Cora. Com ternura. —Vá. Sentem-se na praia e conversem. Você tem muito para dizer a ele. —Os olhos dela estão suplicantes, à procura dos de Cora. —Podemos conversar aqui mesmo. Por favor, mantenha Ethan ocupado. Ele não pode me ver assim. —Eu vou. Eu te amo. —Vivian segura e aperta a mão dela. Qualquer um pode ver que o vínculo que estas duas têm é impenetrável. Pode lê-lo na tensão que sai do corpo de Cora, pode vê-lo da maneira que o rosto de Vivian mostra sinais de familiaridade diferente de qualquer um que eu já tenha visto antes. Não a vejo ir, quando ela parece ficar satisfeita. Meus olhos estão colados na parte de trás da cabeça de Cora. Seu cabelo está todo emaranhado pelo vento. Eu daria qualquer coisa para correr meus dedos naqueles fios brilhantes, alisá-los e recolhê-los na minha mão, puxar sua cabeça para trás e foder sua boca com a minha língua. Em breve, cada parte tentadora do seu corpo sedutor estará sob ou sobre mim enquanto a faço minha novamente. Se ela não estiver envolvida com outra pessoa. Um momento depois, Vivian desaparece. Os pés de Cora estão profundamente enraizados no deck e seu corpo é iluminado
pelas luzes que denunciam que em breve estará escuro sob as tábuas do assoalho. Ela é deslumbrante. —Você mora ao lado? Foi você hoje pela manhã, o homem observando-me? —Ela sussurrou de repente. Um som angelical tão doce aos meus ouvidos que eu poderia chorar. —Eu moro, e sim. —Respondo com sinceridade. Percebi que ela não havia me reconhecido hoje. Suas palavras me confirmaram. Cristo, espero que ela goste do que vê. Vi seu olhar para mim quando passou, fingindo que não estava interessada, escondendo o olhar por atrás de seus óculos escuros como os meus. Mesmo assim eu queria correr para ela, dizer-lhe que era eu, mas não conseguia mover meus pés e minha mente fodida me dizia para esperar, certificar-me que era realmente ela e não uma miragem ou fantasia como as que eu tinha enquanto estava no calor insuportável do deserto. —Você foi ferido? —Ela faz uma pausa. Minhas sobrancelhas estão aprofundando em confusão pela mudança repentina de questionamento. Merda, quero dizer sim, eu estava mais do que ferido. Estava destruído até os meus ossos. Meu corpo entorpecido até hoje cedo, quando percebi que ela estava viva. Existindo, mas não vivendo. Percebo que não foi isso que ela quis dizer, então, o que ela diz em seguida, sai de sua boca de uma forma que atinge meu peito e começa a preencher os buracos. Obviamente, ela fez algumas pesquisas sobre mim, assim como fiz sobre ela. Um sentimento de orgulho combinado com pitadas de raiva corre pelas minhas veias, me perguntando se só agora ela descobriu sobre mim ou se já sabia por algum tempo. Baseado em sua conversa com Vivian há poucos minutos na praia, rapidamente contenho essa raiva. As duas são próximas, até um cego pode sentir. Vivian não teria lhe feito às perguntas que fez, se ela soubesse que eu estava vivo todo esse tempo. —Quero dizer, quando você estava na guerra. Você se machucou? Tiro? Ferido? —Porra, eu queria olhar para seu
rosto bonito enquanto falamos. Ela precisa de tempo. Eu por outro lado, preciso vê-la com tanta urgência, que meu coração não cicatrizará até que o faça. —Não. Cheguei perto algumas vezes. Eu estava lá, Cora. Fiz o meu trabalho para defender nosso país. Sempre mantive uma foto sua na minha carteira, acreditando que seu espírito me manteria seguro. —Admiti. —Mantê-lo seguro contra o inimigo, contra mim ou meu irmão? —Ela pergunta. É a coisa mais louca para falarmos, sobretudo ela, especificamente por ser sua primeira linha de questionamento. Até hoje, ela vive com medo de seu irmão, também. A maneira como ela pediu para Vivian jurar que era eu. Como no inferno lhe digo às coisas que ele disse para mim, às coisas que ele fez para se certificar que eu acreditasse que ela estava morta? Fecho meus olhos, porque a última coisa que quero fazer é lhe causar mais dor do que ela já passou. Cora não merece a merda que o irmão dela fez com ela. Porra, nem eu, mas tem que ser dito. Precisamos ficar livres do homem que nos separou, em primeiro lugar. Pelo menos por agora, até eu formular um plano para matar aquele mentiroso desgraçado. Nunca menti para ela. Não vou começar agora. Não com anos de compensação e uma criança que nos une. Não acredito que Cora tenha medo de mim, é esta situação toda, ela não sabe como lidar, está em pé como uma estátua de pedra envelhecida com rachaduras se balançando, pronta para desmoronar ao chão. —Certamente você não é. O inimigo. —Digo, então continuo com palavras que precisam ser ditas. —Cristo, anjo. Jesse me disse que você estava morta, que foi assassinada como seus pais. Ele supostamente havia cremado você, enterrados seus restos no jardim
de flores da sua mãe ao lado deles. Passei todos estes anos, pensando que estava... —Não. —Ela corta meu fluxo de palavras. Seu tom áspero e movimentos lentos me fazem tropeçar para trás conforme seu perfil aparece. Jesus Cristo, ela é linda pra cacete. Tão perfeita que eu não consigo conter as lágrimas que caem pelo meu rosto. —Riddick. —Sua voz sussurra baixinho. —Cora. Meu Deus, eu... —Estou sem palavras. Nem nos meus sonhos mais loucos eu imaginei isto. Ela. Há centímetros de distância de mim. Seus olhos estão brilhando com as lágrimas, o rosto dela ainda se parece com um anjo. Puro. Delicado. Seus cílios aveludados piscam e um pequeno suspiro escapa de sua boca sensual. Dou o último passo que me separa dela. Levanto ambas as mãos trêmulas para o seu rosto. Sua pele suave como seda sob as minhas mãos enquanto eu acaricio suavemente seu rosto angelical. —Quando te perdi, fechei minha vida em vingança. Os únicos que permiti entrar foram alguns de companheiros do exército. Cristo, isto é tão surreal que ainda não consigo acreditar. Temos tanto para falar, mas pela primeira vez desde que te vi, essa porta está magicamente aberta, anjo. É você mesmo. Você está viva. —Sua perfeição acalma meus nervos, envia meu mundo numa massa estupefata de querer. —Então é você. —Ela diz. Suas mãos estão atentamente tocando, circundando as tatuagens em meus braços, movendo-se lentamente até que ela atinge o meu rosto. Os dedos estão percorrendo minha barba rala e desalinhada, seus olhos viajando do meu cabelo para os meus olhos. Estudando. Lembrando e analisando os traços um do outro, é o que estamos fazendo. Vejo a minha garota, ela me vê jovem. Vemos um ao outro. Mais sonhos e possibilidades.
—Não faço ideia se você tem outra pessoa em sua vida agora. Não me importo se você tenha. Ou talvez, seja esperança. Inferno, não sei mais o que pensar. Tudo que sei é que ninguém vai nos impedir desta vez. Nem nunca mais. Vou matar qualquer um que tentar ficar entre nós. Juro por Deus, eu vou. A julgar pela maneira que Cora passa um dedo em meu lábio inferior de forma tão sensual que tem meu pau desejando ser ele que estivesse sendo adorado, eu diria que ela sente o mesmo. Foda-se a conversa por um minuto. Preciso provar esses malditos lábios perfeitos. Deslizo minhas mãos na sua nuca. Puxo-a para frente firmemente, nossos corpos se tocando, corações acelerados, pensamentos voando e anos para compensar. Inclino-me e a beijo interrompendo o suspiro alto que escapa de sua doce boca. Hesitante no início até que a língua dela reconhece a minha. Então eu fico louco, a paixão inflama, o nervosismo maior do que no dia em que tirei sua virgindade. Minha boca explora a dela enquanto Cora deleita-se com a minha. Nossas línguas se chocam. O oceano se eleva. E respiro meu anjo em meus pulmões, em minha alma e em todas as outras partes do meu corpo. Desesperado para tê-la tão perto de mim quanto possível, esmago seu delicioso quadril contra o meu, estou duro. Gemidos dolorosos escapam de seus lábios. E se eu tenho algo a dizer sobre eles, é que estarão inchados por dias. Meu coração acelera, minhas mãos suadas embalam a cabeça dela. Sou um caso perdido, um homem em uma missão de satisfazer-se com a única coisa que mais ansiava. Ela.
CAPÍTULO SETE Cora Algumas pessoas acreditam em chance, outras, em destino, fortuna ou simplesmente sorte quando encontram sua alma gêmea. É uma emoção misteriosa, idealista e real, se apaixonar profundamente por uma pessoa e permanecer com aquele amor fortemente para o resto da sua vida. Nunca pensei que o veria novamente. Este homem, que imaginei que reconheceria se o visse em qualquer lugar, é meu vizinho. Nunca em toda minha vida acharia que o homem de hoje cedo fosse ele. Riddick mudou tanto. Seu rosto está sério. Cada parte visível dele está coberta de cores intrincadas de tatuagens. Acima de tudo, ele está vivo, um homem caminhando na vida real. Não está morto, não está ferido, ele está aqui. Comigo. E doce menino Jesus, ele está me beijando como se fosse nossa primeira vez, como se nossas almas ainda não tivessem sido destruídas, como se nossos corações não tivessem sido virados do avesso em nosso peito. Não termos fracassado pelas coisas destrutíveis que nos foram feitas pela pessoa que arquitetou um plano grandioso para nos separar e nos rasgar em pedaços, é um milagre. —Riddick. —Digo, separando minha boca da sua. Eu tenho tanto para lhe dizer. Não sei por onde começar ou qual será a hora certa. Ele tem que saber que Ethan é filho dele. Que todo esse tempo tive uma parte dele comigo. —Eu sei, anjo. Confie em mim, eu sei. Nós não nos conhecemos mais. A menos que você vá me dizer que está casada ou tem alguém na sua vida, deixe-me segurar você por um minuto
mais, por favor? —Ele implora. Seus olhos estão suplicando e lágrimas estão caindo pelo seu rosto asperamente bonito. Eu sorrio. —Envelheci, Riddick, não mudei. Ainda sou a mesma mulher que era antes. Não há ninguém na minha vida também. —Eu declaro. —Estou feliz em ouvir isso. Tudo isso. —Ele exprime. Quero perguntar-lhe a mesma coisa, só que minha mente está paralisada com a verdade de que meu Riddick me tem em seus braços, suas mãos deixando a minha nuca e descendo pelas minhas costas de uma maneira suave e amorosa. Pela primeira vez em doze anos, sinto-me realmente segura. Sem ter que olhar por cima do ombro para ver se Jesse ou Cutter estão lá, esperando para roubar meu filho ou me matar. Não me lembro qual foi a última vez que me senti tão segura, para ser honesta, desde que percebi que era realmente ele, é como se meu passado estivesse morto e enterrado. Onde deveria estar. Suspiro e envolvo meus braços em volta da sua cintura, apoiando minha testa contra o seu tórax enorme. Cada parte dele é dura ao meu toque suave. Este homem que eu amo é o mesmo cara que poderia me encantar com palavras doce ou poemas. Ele mudou, também. Sua personalidade parece rude com todo esse estereótipo masculino. Um homem forte, brutal e feroz do lado de fora, mas ainda o mesmo amoroso Riddick Murdock de sempre. E ele está em meus braços. Deus, uma camisa é tudo o que me separa de sentir cada centímetro de seu corpo quente. Ele está vivo. —Adoro suas tatuagens. —Digo em seu tórax, que começa a tremer com o seu riso baixo, silencioso. Quero lhe dizer que nosso filho vai amá-las, também, mas as palavras estão presas na minha garganta. —Estou feliz em ouvir isso, porque elas estão tatuadas permanentemente na minha pele. Como você. —Suas palavras
aprisionam e aquecem cada parte de mim. Prendendo-me em sua tentativa de relembrar o amor que tivemos. O amor que tenho por ele. —Presumo que não está mais no exército? —Levanto a cabeça para vê-lo olhando, contemplando e deleitando seus olhos sobre mim. Ele balança a cabeça. —Servi por quatro anos. A maioria deles no Afeganistão. Eu não podia aguentar mais, então eu e dois amigos terminamos nossa viagem, voltamos para cá e fomos para a Academia de Polícia do Estado de Santa Barbara. Sou oficial da narcóticos. —Afirma com orgulho, enquanto meu subconsciente decide ir à frente da minha mente prevendo as coisas que ele deve ter visto, o perigo que vivenciou na vida cotidiana. Independentemente de como me sinto sobre ele ter posto sua vida em risco todos os dias durante todos esses anos, lhe digo o que cada homem ou mulher que tenha servido deveria ouvir. —Obrigada por ter servido. Por ainda servir. Você deve se orgulhar de si mesmo, Riddick. Aposto que seu pai está incrivelmente orgulhoso de você. —Ele estremece e afasta a parte superior do corpo, seu comportamento aflito envia um calafrio devastador através do meu corpo. —Ele tinha orgulho de mim. —Ele diz tristemente. Tinha? —Oh, Riddick, sinto muito. —Sei pela agonia que atravessa seu rosto que o pai dele faleceu. Dói-me ainda mais por ele. Os dois eram próximos. —Está tudo bem. Ele era um bom homem. O melhor pai que eu poderia ter pedido. Gostaria que ele estivesse aqui. Ele não está, mas ele me amava. Ele foi capaz de me ver comprar esta casa, de consertá-la e viver o nosso sonho nesta praia.
Nosso? Penso comigo mesma. Ele está tentando dizer que se mudou para cá por mim, da mesma forma que fiz por ele e Ethan? Não faço ideia de quanto dinheiro ele ganha, nem me importo. Como eu, não há nenhuma maneira de que ele pudesse pagar uma casa de dezenas de milhões de dólares na praia com o salário de policial. Também sei que Robert Murdock adorava seu filho, e o fez trabalhar duro para as coisas que ele queria. Ele não dava cargas de dinheiro ou carros luxuosos a Riddick. Ensinou-lhe como ser um homem. Como cuidar de si mesmo e fazer o bem para os outros. É isso que importa para mim. Dinheiro nunca foi relevante e nunca será. O que importa é a batida constante do seu coração. O jeito amoroso com que está olhando para mim e o amor que sinto transbordando na atmosfera ao meu redor. Ele. Deus, eu poderia cair aos seus pés agora e contar-lhe tudo, mas antes de chegarmos ao horrível pesadelo e aos eventos que mudaram nossas vidas, ele precisa saber da pessoa mais bonita e incrível que já surgiu. Guardando seu comentário na minha mente, me afasto para longe dele e vou para o sofá de vime marrom que minha mãe insistiu para que tivéssemos. Ela se apaixonou por ele quando ela, Vivian e eu fomos às compras. Nós três estivemos fora todo o dia comprando tudo que precisávamos para esta casa. Ele é confortável e combina perfeitamente com o revestimento marrom da casa e com as duas cadeiras e o verde hortelã das almofadas que realçava os tons de terra na lareira ao lado. —Pode levar dias para falarmos sobre tudo. Mas tenho algo para te dizer que precisa ser o primeiro. É uma coisa que descobri pouco antes de ser forçada a sair. Naquele dia eu deixei... —Engoli, mantenho meus olhos fixos no chão. —...aquele dia começou sendo o dia mais feliz da minha vida. Eu queria te dizer pessoalmente, ao invés de usar o telefone. Culpei-me muitas vezes ao longo dos anos por não tê-lo chamado naquele dia, pedindo que
viesse ao meu encontro. Se eu tivesse feito, nada disto teria acontecido. Mas não posso mudar o passado. Ninguém pode. O que posso fazer é ser honesta com você e te dizer que nós temos um filho de onze anos. Seu nome é Ethan. Ele é um bom garoto, Riddick. Ele... ele ama a praia, surfa muito, tira boas notas. E... Coloco minhas mãos nas minhas coxas, esfregando-as, tentando obter algum conforto. —Ele sabe tudo sobre você, exceto por hoje, quando finalmente ganhei coragem e tentei te procurar, para ver se realmente estava morto, como Jesse disse que estava. Ethan pensa que você está morto. Espero que ele fique furioso, grite e me pergunte por que demorei tanto tempo para procurá-lo. Ele não faz nada disso. Em vez disso, se ajoelha na minha frente e coloca as mãos na minha, apertando suavemente. —Você precisa olhar para mim, anjo, quando fala comigo sobre o nosso filho. —Minha cabeça se eleva. Seu apelo está exigindo minha atenção. Não há nenhuma maneira que alguém não seja capaz de ver a semelhança entre os dois. Mesmo que uma parte de mim saiba que ele tinha que ter conhecimento que Ethan é dele, é bom finalmente dizer ao homem que amei por tanto tempo que ele tem um filho. —Descobri isso quando os vi hoje. Eu poderia dizer quão saudável ele é, como a ama, apenas observando vocês dois juntos. Você cuidou muito bem dele. —Ele afirma. —Estou chocado, animado e principalmente com medo e louco para conhecê-lo. Uma coisa que não estou é com raiva, não de você, nunca de você, Cora. Por favor, nunca me veja e pense em raiva. Lembre-se do homem que eu era e olhe para o homem que sou hoje. Sou um homem que só fará o bem a vocês. —Ele levanta-se, senta-se ao meu lado, coloca um braço ao redor de meus ombros e coloca-me em seu colo.
—Obrigada. —Digo, aceitando graciosamente seu elogio. Meus braços estão automaticamente deslizando em seu pescoço, os dedos tocando as pontas do seu cabelo. Nunca vou deixá-lo ir. —Há uma explicação para a verdadeira razão pela qual você deixou de fazer o que acabou de me confessar. Uma que nós discutiremos em detalhes amanhã. Está ficando tarde e Deus me ajude, não quero deixá-la, mesmo que esteja na casa ao lado. Mas tenho que fazer isso. Estou acordado há mais de vinte e quatro horas. Preciso clarear minha cabeça, e acho que você também. Amanhã é um novo dia, um novo começo, e antes de tudo, quero conhecer meu filho. Não consigo imaginar como foi difícil para você falar com ele sobre mim. Agora você precisa lhe dizer que estou vivo. A decisão é sua, você me diz o horário, e estarei bem aqui. —Ele está certo sobre como foi difícil dizer a Ethan. Suspiro e espalmo uma mão sobre seu peito, sentindo sua pulsação estável sob as pontas dos meus dedos. Agradecendo a Deus que ele está verdadeiramente vivo. —Você está certo. Eu mesma deveria ir para a cama. —Digolhe sem acrescentar nada mais. Preciso ligar para os meus pais, falar com Vivian e tomar providências para que estejam aqui quando eu for contar para Ethan. Este momento é fundamental para eles conhecerem o que certamente vai mudar a vida do meu filho para sempre. Conhecendo meu filho, sei que ele terá milhões de perguntas para Riddick. Ele estará excessivamente animado para ter um homem em sua vida que nunca irá deixá-lo. Riddick é desses caras que é mais do que os olhos veem. Ele não tem segundas intenções, pelo menos não acredito que tenha. Não comigo de qualquer forma. —Aqui. —Ele me coloca em pé e levanta-se me dando uma visão da sua bunda dura como aço. Um anjo travesso rosna para mim, me desafiando a mordê-la só para ver se é tão firme quanto parece. Rapidamente olho para cima quando ele começa a se virar
para ficar de frente para mim, tirando do bolso detrás da calça jeans um cartão de visitas azul marinho. —Aqui tem meu número. Também tem o número do departamento em que trabalho. Programe-os em seu telefone e me mande uma mensagem, então terei seu número também. —Ele é casual quando fala, não parecendo estar afobado ou dormente como estou porque estamos conversando e nos beijando, sentados no deck em minha casa de praia, depois de doze anos. —Vou contar a ele pela manhã. —Digo. —Estarei esperando. —Ele pega em meu rosto, contornando meu queixo, seus dedos acariciando, seus olhos memorizando meus traços. —Ainda não acredito que está aqui. —Ele diz, em seguida, tira a mão. Eu o vejo ir embora. Ouço algumas vozes masculinas do outro lado da cerca. Devem ser os homens na janela. Seus amigos. Doze anos se passaram, ele conheceu novas pessoas, viveu uma vida inteira sem mim. Suspiro. Minha respiração é uma bagunça incontrolável, minha mente obcecada e à deriva. —Você está bem? —Desvio meu olhar fixo do lugar onde vi Riddick em pé pela última vez, para Vivian, que está se aproximando com aquele copo de vinho que há muito tempo está esperado. —Vou ficar. Ainda não acredito que é ele. Eu não os apresentei. Desculpe-me. —Tomo um gole do meu vinho. O doce sabor aquece meu corpo instantaneamente. —Sério, Cora, eu não acredito que você poderia ter feito uma apresentação adequada nem se você tentasse. Vou conhecê-lo em breve. Quando ele vai voltar? —Ela senta-se e passa o braço através do meu. Desta vez, é ela quem descansa a cabeça no meu ombro. Eu sorrio.
—Eu tenho que dizer a Ethan sobre ele. Mamãe e papai, também. —Digo a ela quando minha mente começa a vagar com o pensamento de que pai e filho se encontrarão pela primeira vez amanhã.
*** —Bom dia, querida. —Minha mãe entra no meu quarto, no momento em que eu estou terminando os últimos retoques da maquiagem. Demorei aproximadamente uma hora para adormecer, depois de terminar o nosso vinho ligamos para nossos pais e chorei como um bebê no telefone com os dois. Tudo o que conseguia pensar era no homem que dormia ao lado. O que passava pela sua mente? Como reagiria ao encontro com Ethan? Como Ethan reagiria ao encontro com ele? —Durma um pouco. —Vivian finalmente disse para mim. E eu fiz. Aconcheguei-me á minha irmã, assim como anos atrás, quando nos conhecemos. Só que desta vez não havia pesadelos assolando meus sonhos, sem suor ou gritos de uma mulher apavorada. Apenas paz. —Bom dia. —Eu digo de volta. —Está lindo lá fora, um dia claro. Dia perfeito para um milagre, eu diria. Não é? Ah, Cora, você está linda, querida. —Ela entra exclamando alegremente no banheiro, envolve seus braços ao meu redor e olha nos meus olhos pelo espelho. —Estou vestindo shorts e um top. Dificilmente eu iria dizer que isso é bonito, mãe. —Rindo de sua tolice, apertei a tampa do
meu rímel e me virei para encará-la apertando suavemente suas mãos. —Não estou me referindo ao que você está vestindo. Estou falando sobre o seu rosto, seus olhos, seu sorriso, menina. Você está em paz. —Eu estava quando acordei. Agora, estou completamente nervosa. Sinto que poderia vomitar, e fiquei aqui em cima por muito tempo. É hora de dizer a Ethan. Cada segundo que demoro é um a mais que ele passa sem saber sobre Riddick. Tenho que lhe contar agora. —Estou apavorada... —Digo —Aposto que você está. É o seguinte, Cora. O homem que você ama, pai do seu filho está vivo e mora ao lado. Se isso não é um ato de Deus, então não sei o que é. Agora, nosso menino está na praia com o seu pai. Não vamos perder mais nenhum minuto. —Ela é tão tranquila. Até ontem à noite depois que disse a eles, ela ficou serena... Enquanto eu chorei, cada palavra que eu disse, registrando anos de exaustão reprimida sendo drenada do meu corpo em forma de lágrimas. Ela sempre está certa, sempre tinha todos os nossos melhores interesses em mente. Sylvia Shepard é o modelo perfeito. Ela tem essa aura sobre ela que te atrai. Sempre procurando até encontrar o lado positivo em qualquer situação. Fecho meus olhos, digo a mim mesma que posso fazer isso, calço meus chinelos e verifico o bolso de trás, procurando meu celular pela centésima vez. Salvei o número do Riddick nele. Quase mandei uma mensagem de boa noite. Mudei de ideia após me lembrar que ele havia dito que estava cansado. Segurei a mão da minha mãe, permitindo que ela me guiasse pelo corredor, pelas escadas e direto para a praia, onde Ethan está com sua prancha enquanto papai observa. —Bom dia, dorminhoca. —Ethan e meu pai dizem ao mesmo tempo.
—Oi, pai. Bom dia, garoto. —Eu digo nervosamente. Meu pai me dá um abraço muito necessário, olhos atentos, sussurra palavras de encorajamento no meu ouvido. —Você consegue fazer isso. Sua mãe e eu estaremos no deck com Vivian. —Me viro para vê-la de pé no deck com sua xícara de café na mão, um sorriso largo se espalhando no seu rosto. Deus, ela tem feito isso durante toda a manhã. Eu juro que seu sorriso ficou mais amplo, cada vez que ela veio ao meu quarto para me ver. Agora está claro em seu rosto, fazendo-a parecer ridiculamente Boba. —Ei, amigo, sente-se aqui. —Digo a Ethan depois que vejo meu pai andar para encontrar minha mãe que estava parada a beira da grama. —Procurou a escola de surf? —Indaga. —Ainda não, amigo. Eu vou, prometo. Tenho algo a te dizer e é muito importante que você me escute, tudo bem? Uma expressão de preocupação atravessa seu rosto bronzeado. Ao invés de sentar, ele fica na minha frente, deixa cair sua prancha e diz: —Está tudo bem? —Sim, está tudo bem. Ethan, lembra quando te falei sobre seu pai? Que ele... que acreditava que ele estava morto? —Perguntei timidamente. Minha voz tão instável que quase não a reconheci. —Bem, sim. Como poderia esquecer? —O marca entre suas sobrancelhas aprofunda em confusão. Preciso apenas dizer, arrancar o curativo desgastado que tem estado em torno de meu coração por anos e lhe dizer. —Você se lembra dos dois homens de ontem? —Pergunto. —Mãe, o que você está... —Ele para no meio da frase. Desvia o olhar de mim e os direciona para a minha direita. Sinto-o. Riddick. Ele está aqui.
—Olá, Ethan. —Aquela voz profunda faz meu coração disparar, fazendo com que eu sinta suas batidas na garganta. Meu estômago está dando voltas e meus pulmões expandem. —Mãe. —Ethan fica ali, desnorteado. Um pouco em pânico. —Querido, este é o seu pai. Riddick Murdock. Ele não está morto, Ethan. —Ele é meu pai? O meu pai de verdade? Você é meu pai? —Ethan o olha de cima à baixo. Todas essas perguntas feitas uma após a outra. Os olhos do Ethan estão arregalados, ele balança a cabeça como se não acreditasse. Eu também não acredito. —Eu sou. —Responde Riddick. —Você mora ao lado? —Sim. —Merda, cara, você é enorme. —Ethan xinga.
CAPÍTULO OITO Riddick —Bem, merda, ele diz. —Não tenho certeza se devo sorrir ou esperar para ver se Cora o repreende pela sua explosão. Quando ela não faz nada, começo a dar os últimos passos para meu filho, olhos arregalados, peito subindo e descendo com cada batida rápida do coração. Sua aparência é melhor do que o vislumbre que tive dele ontem. Nosso filho é incrível, autoconfiante e muito protetor com Cora. Vejo isso na forma que ele muda a sua postura, quando olha para baixo com olhos amorosos para certificar-se de que ela está bem. —Estou bem, Ethan. Desejei isso para você por toda a sua vida. Ele é real, Ethan. Ele é seu pai. —Parando no meio do caminho, eu espero. Vou esperar para sempre por esse garoto surpreendente me receber. Eu o amo tanto. Passos de bebê. Deixe-o assumir a liderança, Riddick. Não consegui dormir na noite passada, tudo que eu pensava era sobre estar dormindo sob o mesmo teto que eles. Na cama dela. No minuto que passei pela porta, tive que responder mais perguntas do que perguntamos em um interrogatório, antes que Jude e Tyson finalmente fossem embora. Ambos estavam à beira de se desfazerem junto comigo depois que eu disse sobre Cora e eu decidirmos que a coisa mais importante e que deveria ser feita em primeiro lugar era Ethan e eu nos conhecermos. Para ele saber que estou vivo e quero muito conhecê-lo. Chorei como uma porra de um bebê, enquanto eles ficavam ali em estado de choque absoluto, sabendo que a única coisa que protegia meu coração de amar estava viva. Agora, estou aqui com duas pessoas donas de todo o meu coração, mas de formas diferentes. É inexplicável, indescritível e me sinto tão vivo, que não sei o que diabos fazer com tudo isso.
Meu foco deveria ser Ethan, e é. No entanto, estou farto de pensar que todas as mentiras, engano e traição tem que esperar. Já sabemos a verdade e a espera acabou. Quero esclarecer tudo entre nós dois, lidar com isso e tentar seguir em frente com a minha família enquanto crio secretamente um plano bom o suficiente para destruir o homem que nos deixou meramente existindo. Vou lhe dizer meus planos, mas meu filho nunca saberá que planejo matar o homem com minhas próprias mãos. Não enquanto eu viver, de qualquer forma. Enfim, eles são pilhas de merda que estão em todo lugar e precisam ser levadas para o esgoto, aonde pertencem, mas estou disposto a começar do zero, se ela estiver. Cora não sabe disso ainda, nossa conversa acontecerá esta noite. Não vou esperar mais tempo para reunir a minha família. Especialmente depois que ela me disse que não há ninguém na vida dela. O choque de ontem à noite provavelmente foi à razão pela qual ela não perguntou se eu estava com alguém. Eu queria muito que ela me perguntasse, só assim eu poderia dizer-lhe que nunca houve e que nunca haverá outro amor para mim. Espero que ela saiba que eu não a teria beijado avidamente se estivesse envolvido com outra mulher. Ainda mais agora, depois de estar tão perto da melhor coisa que essa mulher poderia me dar. Uma parte dela e de mim. Minha carne e sangue. Deus, mal posso esperar para tê-lo em meus braços, para lhe pedir desculpas por não estar presente em tudo que ele realizou até agora, para lhe dizer que ele tem um amigo para a vida. Em mim. —Acredito que a resposta correta deva ser sem merda. —Digo para romper o silêncio frio entre nós três, limpar meus pensamentos e progredir. Ethan sorri, enquanto Cora não se move. Sua postura está rígida nesta fração de segundo. Acho que não posso culpá-la. Não sei o quanto ela lhe disse sobre mim. Só sei que
meu olhar estava focado neste garoto desde que coloquei os olhos nele há meia hora. Sentei-me à mesa da cozinha por horas, minha mente em caos, meus olhos oscilando entre olhar a janela da cozinha e a praia, esperando e pensando com impaciência quando Cora ou Ethan iriam aparecer na minha frente em vez de apenas na minha mente. Desde o minuto que o vi com o homem que cuidou de Cora, meus olhos permaneceram fixos no meu filho. A forma como ele caminhou, a maneira como ele tranquilamente deslizou a prancha sobre a água como um profissional. Cada movimento que ele fez preenchendo todas as partes do meu corpo com amor e carinho. Esse garoto é meu. —Desculpe pelos palavrões, mãe. —Ele desvia o olhar para sua mãe. —Está tudo bem. Só não faça disso um hábito. —Ela diz. Ela se vira e olha para mim com os olhos cheios de lágrimas não derramadas. —Me desculpe, não aguentei esperar. —Digo a ela honestamente. Flashes de ontem à noite me atingiram, de como a beijei quando olho de sua boca para seus olhos verdes impressionantes. Ela é mais bonita à luz do dia. Mais inebriante do que qualquer coisa nesta terra e se nosso filho não estivesse aqui ou se a família dela não estivesse nas nossas costas, muito provavelmente, prontos para atacar, com suas unhas de fora da mesma forma que um grupo selvagem de gatos vadios, caso eu faça ou fale algo errado, então iria colocá-la por cima do meu ombro e levá-la para um lugar onde pudesse tomar meu tempo devorando-a. Cada maldito centímetro desta mulher que é a dona de cada parte da minha vontade de sobreviver. Viver de novo. Sentir. —Está tudo bem. Realmente está. Vou dizer à minha família, que eles podem ir embora se quiserem. Isso nos dará tempo para
conversar. Está tudo bem para você, Ethan? —Ela olha para ele. Cristo, ele é quase tão alto quanto ela. Definitivamente vai estar maior que ela em pouco tempo. —Sim. —Ele responde um tanto incerto. —Eu já volto. —Nós dois a assistimos se afastar. Só posso imaginar como ela está destruída, e quão preocupada sobre como ele está levando isso. Sei que neste momento estou em pânico, por estar perto dele pela primeira vez em nossas vidas. Aposto que ele está também. Silêncio se arrasta pelo que parece uma eternidade, até que ele levanta a cabeça e me pergunta. —Você sabe onde está o irmão da minha mãe? Ele virá atrás dela? —Bem, porra. Ele é mais parecido comigo do que eu imaginava. Protetor com a mulher que nos uniu. Cora tem feito um bom trabalho com este menino. —Não vou deixá-lo chegar perto de você ou dela, te prometo que ele nunca vai machucar sua mãe de novo. Repito, nunca. —Morrerei primeiro, de verdade desta vez. —Minha mãe não sabe que eu sei, então você não pode contar para ela. Acho que ele a machucou antes que ela fugisse. Acho que ela ainda tem medo dele, também. Ele a fez partir, você sabe, disselhe que ia te matar se ela não o fizesse. Ela é... Bem, minha mãe pensou que você estivesse morto. Como você escapou? Por que não veio nos encontrar? —Sinto como se as minhas pernas estivessem ficando moles. Minha boca quer contar tudo, mas minha mente é lógica, quando me diz que devo esperar Cora voltar antes que eu fale demais. Ela nem sabe o paradeiro do irmão dela ainda, pelo menos eu não acredito que saiba. Diabos, não sei o que ela quer que Ethan saiba e o que ela não quer. Um soco bate em meu peito quando penso que para o meu filho eu deveria ser capaz de dizer qualquer coisa e que o irmão dela me tirou isso. O doente.
—Ele mentiu para ela e para mim. —Digo-lhe e vejo sua testa enrugar em uma expressão confusa. Ele não entende, porque ela ainda não lhe disse o meu lado da história. —Há algo de errado? —Cora pergunta, parando ao lado dele, levanta seu rosto com um dedo, para que ele não tenha escolha a não ser olhar para ela. —Não. Eu só quero saber onde ele esteve esse tempo todo. Não estou bravo com ele, mãe. Você me disse que não foi culpa dele. Que seus pais foram mortos, que seu irmão era o diabo e a forçou a ir embora. Você disse que ele ameaçou matá-lo e que você estava com muito medo de ver se era verdade. Fico irritado como um filho da puta com a raiva fluindo através de mim rapidamente. Minha mente está completamente estupefata. Um borrão confuso de fúria está obscurecendo minha visão. —Ele fez o que? —Pergunto o mais calmamente possível sem ensinar para este jovem palavrões, que enviariam a palavra 'merda' para o oceano. Desfrutarei de cada minuto enquanto extrairei a vida daquele filho da puta por fazer isto conosco, a cada segundo. A mão dela se move do queixo trêmulo de Ethan para envolver em seu pescoço, puxando-o para perto dela. Dentro de mim estou lutando para me conter e não arrastar os dois para meus braços. Para protegê-los da dor, para interromper essa tortura que meu filho está sentindo em uma idade onde não deveria ter compreensão de tudo isso. —É verdade. —Ela diz. —No início ele me disse que machucaria nosso bebê, e então te mataria. —Ela confirma enquanto tenta ficar forte. Sua voz falha com o menor sinal de dor, enquanto meu coração continua batendo mais forte no meu peito, ignorando minhas súplicas para resolver essa merda antes de explodir.
—Eu amo você mais que tudo, Ethan. Você não precisa ouvir tudo isso, não agora. Talvez nunca. O que você precisa saber é que Riddick pensou que eu estava morta o tempo todo. Foi-lhe dito que eu estava morta. Preciso que você me diga que está bem, que entende que este homem diante de você é a pessoa que sempre tentei manter em seu coração. Caso contrário, peço-lhe para sair até que você decida quando estrará pronto para falar com ele. A escolha é sua, Ethan, não farei isso por você. Por favor, apenas saiba que no minuto que ele descobriu sobre você, ele te amou. Ele é um bom homem. Não deixe que as coisas que aconteceram tirem seu direito de conhecê-lo. Foco no positivo. Seu pai nos encontrou, ele te quer e essa deve ser a única coisa que importa. –Se eu não tivesse certeza do amor que tenho por ela antes, teria certeza agora. É transparente o quanto ela o ama, o quanto ela me ama, e quão certa é sobre o que ele deve e não deve ouvir. Como fala com ele com segurança, sinceridade e honestidade. A forma como ela permite que ele faça sua própria escolha, uma decisão que pode me destruir, mas que vou aceitar se tudo isso for demais para ele neste momento, se ele disser que não está pronto para falar comigo ou simplesmente ficarmos juntos. Parece que ele pressentiu que estou uma pilha de nervos, quando seus olhos encontram os meus, a expressão em seu rosto é um pouco nervosa. —Quero sair com ele. Você gosta de surfar? —Indaga com um sorriso tão brilhante que ilumina todo o rosto. —Em todas as oportunidades que tenho. —Respondo, sorrindo também. Meu coração explode no peito. Deus, ele é um milagre. E quer sair comigo. —Que legal! Mãe posso levar minha prancha? —Ele olhou para ela, com olhos suplicantes.
—É claro. —Ela responde com lágrimas se formando em seus olhos mais uma vez. —Sim! —Com seus punhos para cima no ar, ele salta dando a volta, mas depois para e vira de volta para mim. —Eu tenho duas pranchas, se você quiser pode pegar uma emprestada. Embora você seja meio grande para ela. —Eu tenho uma. —Digo, não negando a felicidade que está estourando no meu coração. Que estava presa por tanto tempo. E agora, em menos de vinte e quatro horas, finalmente foi libertada. Para sempre. —Cara, isso é tão legal. Eu tenho dois pais fodões. Desta vez não consigo controlar meu riso, nem mesmo com as palavras de bronca que Cora grita o ameaçando enquanto ele corre para a sua casa sem parar. —Você fez um bom trabalho com ele, anjo. Ele é perfeito. —Digo no minuto que ele desaparece dentro de casa. —Ele é. Exceto por xingar. —Eh. Não me importo com ele me chamado de fodão, não é? —Eu rio. —Eu me importo quando isso sai de sua boca. —Porra, se ele te chamasse de fodona pra caralho, então me preocuparia. —Digo, permitindo que mais risos escapem, depois viro para estudar seu rosto carrancudo. —Não lhe ensinei nada disso. —O menino se preocupa muito com você para te desrespeitar assim, anjo. Não é difícil ver que você significa o mundo para ele e vice-versa. Algo me diz que ele sabe até onde pode forçá-la. Ele te ama. Não poderia ter pedido um filho melhor, você cuidou dele
sozinha, e eu passei apenas cinco minutos com ele. Ele também é muito protetor com você, eu também sou. Sem dar tempo para ela responder, continuo o que tenho que dizer. —Não vou esperar para conversarmos, Cora. Se você estiver livre hoje à noite, pode me encontrar aqui? Quero tudo esclarecido. Tudo isso. Ela fecha os olhos, a respiração tornando-se rápida. Quando os abre eles estão cheios de arrependimento, remorso e apreensão. Tanto que me faz agarrar a mão dela e puxá-la para mim. Jesus Cristo, a sensação é tão boa, contra mim, no lugar onde ela pertence. —O que está errado? —Pergunto. Aqueles olhos verdes assombrados causando em mim uma certa ansiedade. —Nunca vou me perdoar por não ter pesquisado sobre você. Não tem ideia de quantas vezes tentei e me acovardei. Sinto muito, Riddick. Você nunca entenderá o quanto eu sinto. —Pare! —Falo de uma forma mais dura do que pretendia. —Eu poderia ter feito à mesma coisa. Eu sabia a cobra mentirosa que ele poderia ser. Porra, Cora, o meu trabalho é encontrar pessoas. Um dos meus melhores amigos é um gênio em encontrar pessoas que estão tão bem escondidas, que acham que nunca serão encontradas. Ontem, quando vi vocês dois, demorou menos de uma hora para descobrir que você veio para cá e de alguma forma estava conectada com os Shepard. Que você deu à luz uma criança sete meses depois que desapareceu. Que se formou no colegial, que foi para a faculdade e tornou-se uma enfermeira. Há muitas coisas que poderíamos ter feito, mas a única coisa que nós não faremos será nos culpar por algo que seu irmão fez. Ele é o culpado e assim que encontrá-lo, ele pagará. Suavemente deslizo uma mão para o centro de suas costas e puxo levemente o cabelo inclinando sua cabeça, forçando seus olhos a olharem para cima, assim eles podem se encontrar com os meus. Quero que ela olhe para mim enquanto falo com ela. Não há nada para se envergonhar. Isso é uma bobagem e eu quero que ela pare.
—Não esconda seus olhos de mim, Cora. Não, nunca mais. Preciso vê-los. Eles são muito mais fascinantes na vida real do que em qualquer sonho. Você entendeu, anjo? —O olhar dela se amplia. Sim, ela me entende. Acho que ela gosta de ser mandada por mim. Espere até chegar na cama. Quero ela se contorcendo, implorando enquanto faço todos os tipos de coisas sujas para meu doce anjo. Meu pau dá sinal de vida e quer começar agora. Controlo a meu anseio e direciono a atenção para a beleza nos meus braços. —Você viu Jesse depois de tudo? —Pergunto. Ela balança a cabeça. Cristo, agora não é hora para sorrir, mas eu não consigo evitar que os cantos da minha boca se inclinem em um leve sorriso. Ela respondeu uma das minhas principais perguntas sem nem mesmo perceber. Ele não a contatou, qualquer que seja a fodida razão que o cretino doente teve para ameaçá-la com a minha vida e a do nosso filho, ele simplesmente deixou-a ir. Sei que não foi porque ele se preocupava com ela, aquele filho da puta se preocupa apenas com ele mesmo. Então, dado que a sorte está do nosso lado, somada ao fato de eu ter todos os recursos conhecidos pelo homem a minha disposição, vou descobrir o que ele tem feito todos esses anos, por que ele queria que ela se fosse. Tudo isso aponta um caminho obscuro. Aquele idiota não podia matá-la por alguma razão. —Ele não entrou em contato com você também? —Pergunto, a necessidade de ouvir as palavras para ter certeza. Ela suspira, e seus olhos tristes ficam pesados. Puta que pariu, algo não está certo. Antecipo a merda toda. Esse desgraçado tem contato com ela. —Sim. Ele entra em contato através de um cartão de aniversário todos os anos. Ele, hum... Ele me lembra de que Ethan e eu estamos vivos por mais um ano. Durante os primeiros anos, sempre o procurava nas minhas costas, me perguntando se ele teria alguém nas sombras me observando, certificando-se de que eu
permanecia fiel à minha promessa, ou se haveria um desesperado telefonema da escola informando que meu filho se foi. Que Jesse veio e roubou meu bebê. Ethan tinha dois anos quando eu e meus pais nos sentimos seguros para sair de casa com ele. Ainda odeio têlo fora das minhas vistas, mas não posso estar com ele o tempo todo. Seus olhos perdem o foco, sua mente indo para um lugar onde eu nunca vou poder me juntar a ela. Cora está se lembrando de sua vida quando Ethan era um bebê. Posso ver nos olhos dela. Culpa. Terror. Tantas emoções passando através daqueles lindos olhos verdes. Ambos somos consumidos pela culpa. Nunca voltarei aos cruciais dias que perdi, mas posso visualizá-los através dela. Ver que ele foi e ainda é a pessoa mais importante na vida dela. O que posso fazer é garantir que esse filho de uma... —Ainda tem os cartões? —Sigo com meu interrogatório, considerando que minha mente está fervendo de raiva. Aquele filho da puta me deu mais motivações para fodê-lo de maneira que ele nunca se recuperará. Eu quero sua alma negra sangrando. É o desejo que tenho dentro de mim. —O que? Não, joguei fora. Não podia correr o risco de Ethan encontrá-las. Foi difícil o suficiente contar parte da história. Se ele encontrasse, ele não entenderia. O estranho, porém, é que não as recebo há dois anos. — Ela sussurra as palavras. Ouço alto e claro sobre o barulho do oceano. O que apenas acende o pavio do fogo dentro de mim que quer o subjugar pelas chamas. Para carbonizar a sua alma até não restar nada, além de suas cinzas contaminadas. —Jesse está em San Quentin no momento, sob acusação de assalto à mão armada, ainda tem alguns anos para cumprir. Eles monitoram tudo que entra e sai de lá. Esse é o meu palpite sobre o porquê você não recebeu. Isso é tudo que sei sobre ele. Tudo o que me interessa saber. Vou cuidar dele quando descobrir o que ele tem feito nos últimos doze anos. —Digo, e quero dizer exatamente isso.
—Sério? —Ela sussurra. —Ele deveria ficar preso pelo resto de sua vida pelo que fez. Tem que haver alguma lei sobre forjar a morte de alguém. —Existem leis. Mas quando eu disse que cuidaria dele, não foi isso que quis dizer, Cora. —Vejo seus olhos ampliarem, o queixo cair. Sim, agora ela entendeu. —Você é um policial, Riddick. Precisa ter cuidado. —Ignoroa, porque francamente, agora, não dou a mínima para quem eu sou. Tudo que me importa é que ela e meu filho fiquem seguros. —Precisamos esclarecer algo aqui. Ninguém e eu quero dizer ninguém, vai fazer o que ele fez para nós três e ficar livre. Ele tem que pagar. Ele nos tirou doze malditos anos, anjo. Tirou direitos que eram meus. Tirou anos da vida do meu filho comigo. Não dou a mínima para o que terei que fazer para que ele se arrependa do que praticou. Farei isso. Você não precisará se preocupar com nada. Não há quem levará vocês dois para longe de mim outra vez. Solto-a e dou um passo para trás quando vejo Ethan vindo em nossa direção. Mesmo que eu não tivesse intenção de começar nossa conversa agora, uma parte de mim ficou feliz por termos feito. —Tenho contatos, amor. —É tudo o que digo, piscando-lhe os olhos antes de virar-me na direção do meu filho. Sei que ela irá se preocupar e se perguntará o que tenho planejado até que tenhamos a chance de voltar a conversar. Cristo, não tenho a mínima ideia do que vou fazer com todas essas sensações passando através de mim. Mas agora, preciso pegar minha prancha e conhecer o meu filho. —Eu já volto. Deixe-me pegar minhas coisas. —Falo para ele quando se aproxima sem fôlego, com a prancha em uma mão e o que parece ser uma câmera fotográfica na outra. Meu coração dispara quando penso que ele vai querer uma foto ou gravação, em seguida para completamente, acena para mim e olha para sua mãe e pede.
—Tudo bem, legal. Vou estar pronto. Será que você pode ficar aqui e tirar fotos, talvez fazer um vídeo, mãe? Esta é a primeira vez que faço algo com meu pai. Quero uma lembrança. —Ele caminha mantendo um grande sorriso no rosto. Eu deveria estar agradecendo a Deus que ele não esteja ficando louco sobre mim. Em vez disso, tudo o que consigo pensar é sobre ele ter me chamado de pai. Para um homem que nunca pensou em ter filhos porque a mulher que possuía o seu coração não foi capaz de lhe dar e agora sabendo que ela o fez, não haverá um dia na minha vida que eu vá me cansar de ouvir meu filho me chamar assim. —Bela prancha. —Ethan diz quando volto dez minutos mais tarde. Teria estado aqui há cinco minutos, só que me dei uma maldita conversa mental para não me precipitar, para tentar levar as coisas de forma lenta e constante com meu filho. —A sua também. —Digo, olhando sua prancha azul e branca, em seguida fazendo o meu melhor para manter meus olhos incólumes. Não consigo parar de olhar a mulher ao lado dele. Meu anjo tirou a roupa e agora está adaptando a lente da câmera. Não é a câmera que tem minha atenção e sim o maiô azul claro sem alças que ela está vestindo. Modesto o suficiente para cobrir-lhe o corpo, mas justo o suficiente para mostrar suas curvas femininas, o decote expondo seus seios que estão muito maiores do que me lembro. Sua bunda firme está modestamente coberta, e posso ver que ela se cuida muito bem. A bunda dela é dura e sou um homem apaixonado por cada parte dela, mas uma bunda como a sua em uma mulher linda como ela, é um deleite para um pobre pecador como eu. Leveme para o inferno, a bunda dela é tão tentadora quanto o restante do corpo pecaminoso que possui. Cubro meu pau duro com a minha prancha, tiro meus olhos dela e pergunto a Ethan se ele está pronto, ao mesmo tempo que agradeço ao inventor dos óculos de sol, porque esse garoto estaria definitivamente pirando se visse a forma como os meus olhos estão fodendo sua mãe agora.
Quando me deito para remar, meu pau já se acalmou, mas minha mente não. Ainda posso ser um doce quando se trata dela, mas não sou um jovem adolescente na cama. Eu preciso foder essa mulher, com força e muitas vezes. —Esteve em algum campeonato de surf? —Quando ele sorri, não consigo deixar de sentir que meu coração vai parar completamente. Esse garoto é contagiante, e ele é meu. —Algumas vezes. —Digo enquanto seguro minha prancha. —E você? —Ainda não. Estou tendo aulas agora. Tentando convencer mamãe a me deixar entrar na competição de surf no próximo mês. Essa seria minha primeira vez. Henley, o cara que me dá as aulas, acha que eu poderia ganhar. —Tenho certeza de que você pode, ou no mínimo começar a ficar mais experiente para os campeonatos maiores e melhores. Talvez nós três possamos ir assistir ao ―US Open of Surf‖ no próximo mês. Se você e sua mãe quiserem ir, é claro. Ele pisca várias vezes, até que seus olhos se ampliam, sua boca abre, gaguejando. Eu sorrio. Acho que estamos no caminho certo. Algo bom. Memórias de uma vida. —Você faria isso? Quer dizer, levar a mim e a minha mãe lá? Isso seria tão legal. —Quero dizer-lhe que o levaria em qualquer lugar que ele quisesse ir. Que faria qualquer coisa a fim de passar um tempo com ele, mas não. De qualquer forma ainda não. —Claro que sim. Você acha que ela gostaria de ir? —Olho em direção à praia, onde Cora está de pé com a câmera em seu rosto, seu corpo em plena exibição, e meu coração incha com a esperança de que ela esteja gravando nós dois sentados em nossas pranchas, nossos corpos balançando para cima e para baixo com as pequenas ondas. Não é um bom dia para surfar. Na verdade, esta área não é tão ruim, em comparação com algumas das praias mais comuns, mas
hoje é o melhor dia de surf da minha vida, estar sentado aqui com o sol batendo em mim e o garoto mais legal do mundo ao meu lado. —Ela iria com certeza, ela também não tem um namorado, você sabe. Ela tentou uma vez, o Seth. Ele é legal. Ela não o amava, porém, não como ela ama você. —Ele me informa. Eu quase gaguejo, não sei o que dizer. Respondo com a única coisa que posso pensar. —Você está me dizendo que não há problema se eu convidála para um encontro? Porque eu vou falar uma coisa para você de homem para homem. Nunca deixei de amá-la também, filho. —Você me chamou de filho. Eu... Minha mãe é a única que tem me chamado assim até hoje. Cara, isso é legal. —Ele diz, os olhos observando para ver o que eu vou dizer. —É legal. —Me estico e aperto o seu ombro. Flutuamos, conversamos, rimos e no momento em que voltamos para a praia, dissemos tanto um para o outro, que sinto que o conheço bem. Agora preciso familiarizar-me com a sua mãe.
CAPÍTULO NOVE Cora —O que é tão engraçado? —Pergunto para Ethan, alisando seu cabelo desgrenhado, quando nos sentamos para jantar. Vivian chegou em casa do hospital com meus pais logo atrás dela e acabaram envolvidos com algum arquivo cerca de uma hora depois que viemos para dentro. Agora, nós cinco estamos aqui sentados para jantar depois que papai grelhou sua famosa galinha picante. Ethan não parou de falar sobre Riddick o tempo todo em que eles estão aqui. Seu rosto está iluminado, sua expressão é impagável, então todos nos sentamos e o ouvimos falar sobre ter um pai policial. Isso aquece cada parte do meu corpo, ver este menino notável completamente cativado pelo homem que me ajudou a fazê-lo. Precisei de todas as minhas forças para não pedir a Riddick que se juntasse a nós, depois que ele e Ethan voltaram. Soube imediatamente que meu filho não ficou entusiasmado com a notícia de que seríamos apenas nós esta noite, pela forma como alterou a voz quando lhe disse. Sinto-me culpada por isso. Mas como mãe, se ele tem perguntas, quero respondê-las sem interrupções. Por mais egoísta que possa ser, isso inclui Riddick. —Creio que papai vai convidá-la para sair. —Disse ele, e eu engasgo com a comida descendo pela minha garganta. Tomo um gole do meu vinho, viro para o meu filho sorridente e pergunto. —É mesmo? E como sabe disso? —Mamãe. Já te disse que eu me lembrava de tudo. Isso inclui você dizer-me que ainda o amava, que sempre o amaria. —Não posso acreditar que ele revirou seus olhos para mim como se isso não fosse grande coisa. É realmente uma grande coisa. Mesmo que
eu adorasse a ideia de Riddick bater em minha porta e me convidar para sair, a coisa toda não está perto do fim. Temos muito caminho a percorrer. —Ethan. Você não disse isso? —Questionei. —Não é grande coisa, mãe. Ele disse que também te ama, e que ia te convidar para sair, mas somente se eu concordasse. —Meu garfo para no meio do caminho para minha boca. Vivian e meu pai estão sorrindo enquanto minha mãe abre a ―barragem Hoover2‖ de lágrimas escorrendo pelo seu rosto. —Falei que concordava. Que ele deve levá-la ao cinema ao ar livre. Aquele que fomos ano passado no meu aniversário. Lembrase? Nós deitamos na traseira da caminhonete do vovô e assistimos. Isso foi legal. Meu pai tem uma caminhonete, uma motocicleta... E mãe, ele prende as pessoas por causa de drogas. Pergunto-me se ele já atirou em alguém ou bateu neles. Vou perguntar a ele. Posso ir lá? Estou entorpecida. Incapaz de superar a parte do cinema ao ar livre. Minha família toda me encarando, com olhos e bocas abertas, a represa agora está transbordando com o fluxo de lágrimas nos rostos de todos três. É melhor que não sejam lágrimas de riso sobre o cinema ao ar livre, ou vou estrangulá-los. Não sei se devo rir, chorar ou dizer que não haverá nenhuma caminhonete de Riddick indo me buscar para um cinema ao ar livre. O último sendo uma mentira, desde que tivesse a oportunidade iria voluntariamente. Digo-lhe sem expressar os outros dois, porque, bem, meu filho está animado, está feliz, e quem sou eu para lhe tirar o direito de estar com seu pai? —Talvez você deva ligar e ver se ele está em casa. Ele disse que tinha que ir para o departamento por um período. —Riddick mencionou que tinha que fazer o check-in depois de estar fora por um tempo. Queria perguntar-lhe onde havia ido, mas ele se antecipou dizendo que estava no funeral de um dos 2
É uma represa localizada entre os estados de Nevada e Arizona, a personagem faz uma alusão, entre a grande passagem de água da represa e a grande quantidade de lágrimas no rosto de sua mãe.
sócios de seu pai. Disse-lhe sinceramente que sentia muito, o que é verdade. No entanto, deixei por isso mesmo. Não tenho nenhuma vontade de levar minha vida para nada criminoso. Não com uma criança curiosa, que em questão de horas acha que o pai dele é foda. Bem, ele é. —Ele está de volta. Eu o vi chegar, seus amigos estão com ele. Vamos, mamãe. Ele disse que eu poderia ir à hora que quisesse. —Ele implora adoravelmente. —Tudo bem. Vou me lavar, depois me encontro com vocês. —Digo. —Você é a melhor. —Ele desce da cadeira e sai pela porta sem dar tchau a ninguém. —Você acha que é hora de falar sobre os pássaros e as abelhas? —Minha mãe pergunta presunçosamente. —Doce Jesus. Gostaria de saber se seus amigos são tão quentes quanto ele. —Diz Vivian. —Preciso conhecer este homem. —Diz meu pai. —Vocês são ridículas. —Bebo o restante de vinho do meu copo, pego a garrafa e engulo mais alguns goles do Chardonnay. Uns minutos de silêncio se passam antes de eu pular ao ouvir a voz sincera do meu pai. —Você está bem? —Ele coloca as mãos sobre meus ombros seu queixo descansando no topo da minha cabeça. —Sim. É impressionante como há vinte e quatro horas, pensei que ele estivesse morto e agora não só ele é meu vizinho, mas está com nosso filho. Acho que não preciso perguntar a Ethan como ele está lidando com isso, pois já provou para mim que está feliz. —Falo alegremente. —Disse para Riddick sobre os cartões? —Meu pai pergunta.
—Sim. Falamos brevemente na praia. Ele quer continuar a conversa hoje à noite. —Bem, a minha opinião é, ele é um policial. Tem recursos. Também pode oferecer proteção se for necessário, apesar de achar que não precisamos. Te disse isso cada vez que um cartão chegava pelo correio, e vou dizer outra vez. Se Jesse quisesse te prejudicar mais do que fez, ele já teria feito. Não deixe suas covardes ameaças ficarem no caminho da sua felicidade. Se Riddick é metade do homem que acredito que ele seja irá chegar ao fundo disto. Sua voz não vacila. Há tanta verdade no que ele revela. Sei disso tudo, no entanto isso não significa que posso baixar a guarda. Nunca vou deixá-la baixa, não quando se trata da segurança do meu filho. —Eu sei. —Respondo, meu tom firme. Não posso deixá-los mais preocupados do que estão. Eles se preocupam comigo desde o dia em nos conhecemos. É hora de tentar ser o mais forte possível. Agora, fingir ser forte é a única escolha que tenho. Aprender como ser forte será a parte mais difícil. —Não se esqueça que ele vai te convidar para o cinema ao ar livre. Você sabe o que acontece na traseira de uma caminhonete, certo? —Vivian, mostra seu humor solene para mim, enquanto minha mãe revira os olhos terminando de encher a máquina de lavar louça. —Não quero ouvir isso. —Meu pai observou. Semicerro os meus olhos para ela, porém não a impede de continuar dizendo o que está planejando falar de sua cadeira. Desesperadamente. —Eles fodem. —Ela sussurra. —Vivian, olhe essa boca. —Meu pai logo censura. —Cora, basta ir, querida. Vá ficar com eles. Já te tivemos durante anos, é hora de reunir a sua família.
—Você está certa, mamãe. —Paro, mostro a língua para minha irmã, como se fosse uma criança, volto para abraçar meu pai e minha mãe, e caminho para a porta. —Peça para ver sua caminhonete. —Vivian fala quando passo por ela. —Cale-se, vadia. —Abro a porta e desço as escadas pensando que foi o jantar mais estranho que tive em minha vida.
*** —Você deveria ver o terraço, mãe. —Ethan resmunga, sem tirar sua atenção do videogame que ele está jogando na televisão de tela plana gigante dentro da casa de Riddick. Estou em sua casa, no seu ambiente. Tenho estado nas duas últimas horas, conversando com ele e com seus amigos, Jude e Tyson. Não é difícil ver a proximidade dos três. Tyson e Riddick são parceiros no trabalho, enquanto Jude é a mente por trás de um computador em sua equipe tática. Ainda há outros dois caras que formam o departamento de narcóticos. Lincoln e Jericho. Todos eles estão solteiros. Se os outros dois se parecerem com estes três aqui, então posso estar com sérios problemas quando Vivian colocar os olhos sobre eles. —Leve-a. Nós o temos. —Jude pausa o jogo na vez dele, sorri presunçosamente, levanta uma sobrancelha e volta ao jogo. —O que foi aquilo? —Pergunto seguindo Riddick em sua cozinha. Amo minha cozinha com piso em azulejo branco, armários de madeira claro, aroma de lavanda e utensílios em aço inoxidável, mas a sua cozinha é um sonho. Parece que estamos em uma casa escondida na floresta ao invés de uma na praia. Uma revelação rústica.
Paredes revestidas com linhas de tijolo atrás e dos lados do fogão preto, da geladeira e da máquina de lavar louça. Armários de madeira marrom escura, uma ilha com duas pias no meio e pisos de madeira. E a maior janela que já vi se estende por toda a parede com vista para o oceano. Ela fica de frente para minha casa, posso ver Vivian passando na nossa cozinha daqui. —Deus, isso é lindo. —Você usa isso? Parece... Não sei. Novo. —Pergunto, passando a mão pelo balcão liso. —Isso foi Jude sendo o espertinho que ele é. E, raramente. Diabos, eu dificilmente entro na metade destes cômodos. Comprei este lugar, porque prometi a você que teríamos uma casa na praia. A reformei com a ajuda de um arquiteto amigo de Jude. Fizemos a cozinha e o quarto principal com minha visão do que você gostaria em ambos. Minha mão para de se mover. Minhas pernas ficam moles. Sinto-me tonta. Não esperava que ele respondesse com essa honestidade brutal que quase me faz cair de joelhos. Olho para ele. Há diversão em seu rosto. Apreciação no meu. —Riddick. —Aproximo-me lentamente, minhas pernas bambas que de alguma forma, me colocam na frente dele. Ele coloca seus braços ao meu redor, me segura perto, aconchegando a cabeça na curva do meu pescoço. —Eu sei, Cora. É muito, muito cedo. Desculpa. É só... —Ele afasta a cabeça para olhar bem fundo nos meus olhos. O que ele está procurando, eu não tenho ideia, mas ele vai ver uma mulher feliz e cheia de amor olhando para ele. —Vamos lá. Deixe-me mostrar o terraço para você. O sol vai se pôr em pouco tempo. A vista lá em cima é fenomenal. —Quero perguntar o que ele ia dizer. Em vez disso, continuo subindo os degraus de madeira para o seu terraço, sentindo seu olhar na minha bunda o tempo todo. Isso envia um calor que só ele pode acalmar entre as minhas pernas, uma dor nos meus mamilos e um desejo em
meu núcleo, que se nosso filho não estivesse lá em baixo, iria jogar toda a cautela ao vento, mandar para o inferno o ―conhecer novamente um ao outro‖ e iríamos transar enlouquecidamente. —Oh meu Deus. —Suspiro. Todos aqueles pensamentos sujos ganham mais vida. Este é o lugar perfeito para que um homem convença uma mulher a fazer qualquer coisa que ele queira. Ficar de joelhos, se curvar e abrir as pernas. Pura sedução. —Esse local foi ideia de Tyson. Acredite ou não, por baixo de todas aquelas tatuagens, existe um cara romântico. —Ele disse enquanto me envolvia em seus braços, por trás. Tenho certeza que Riddick usou esse local para romantizar muitas mulheres. Não é da minha conta e não vou perguntar ou agir como uma mulher ciumenta. Não tenho esse direito. O que faço é apreciar a vista, observar ao meu redor e guardar em minha memória. Paredes de vidro envolvem todo o local. Móveis de vime preto, sendo uma das peças uma cama, bem como uma longa lareira de tijolos que fica diante de uma enorme banheira de hidromassagem no canto. Há até um bar. —O uso como meu quarto para fumar. —Ele diz e, em seguida, se afasta de mim, agarra minha mão e leva-me para o sofá, onde sentamo-nos. Então ele puxa um charuto, morde a ponta, coloca sobre a mesa e o acende. O aroma é doce, não o reconheci quando inalei seu cheiro ontem à noite. Aquele charuto sortudo, minha boca enche de água. Gemo. —Você está corando, Cora. —Ele sussurra, soprando o doce perfume aromático de cedro e maçã. —Você fica sexy quando fuma. —Posso ter gemido isso também. Ou choramingado. Não tenho certeza. Tudo que sei é que o charuto já não está em suas mãos. Eu não estou mais sentada no
sofá. Estou sendo puxada para seu colo, minhas pernas enfiadas sob suas costas e suas mãos puxando meu cabelo. —Oh, inferno. —Eu murmuro. —Paraíso, anjo. Você é definitivamente o paraíso, o inferno não existe aqui. —Quero me alegrar, gritar a plenos pulmões. Não tenho chance, sua boca está na minha. O aroma está enchendo minha boca com cada golpe de sua língua na minha. Sinto sua grossa ereção debaixo de mim. O instinto natural me fazendo moer como uma mulher selvagem, ofegante, gemendo e desejando mentalmente que estivéssemos sem nossas roupas. Sinto-me como se estivesse sendo lançada numa paixão em potência máxima a cada toque e mordida em meu lábio. Devolvo com o mesmo fervor, o que faz com que ele siga adiante. Avidamente. —Riddick. —Começo a gemer. Precisamos parar antes que eu diga para ele me levar para a cama para que eu possa fodê-lo. Nua e molhada. —Eu sei, anjo. Meu Deus, isso me mata. Vamos começar a conversar para tirar isso da mente, porque, querida, se estou te lendo corretamente, você quer isso tanto quanto eu e juro pela minha vida que terei você sob meu corpo se contorcendo de necessidade mais cedo do que você pensa. Para sempre, se eu puder decidir isso. Ah querido, se estou pronta para isso? Meu corpo diz ―Deus, sim‖ minha mente e meu coração falam mais alto. Há tanto tempo entre nós. Tanta dor, angústia e perdão. —Por onde começamos? —Pergunto saindo de seu colo e olhando para o céu em tons de laranja. —Você estava fazendo lição de casa à última vez que nos falamos. Começamos a partir daí.
—Certo. Não sei como Jesse descobriu sobre nós, ou que eu estava grávida. Eu não disse a ninguém. Você precisava ser a primeira pessoa a saber. Talvez ele suspeitasse ou encontrou o teste de gravidez positivo no lixo. Não sei, mas ele sabia. Eu estava fazendo o jantar naquela noite. Você e eu tínhamos nos falado umas horas antes. Eu estava bem. Então ele mandou Cutter ir me pegar. Cutter me amarrou e me levou para o complexo. Jesse me deu uma surra e disse que mataria você, eu e o bebê, se eu não saísse e nunca mais voltasse. Implorei a ele até que minha garganta estivesse ferida para deixar você em paz. Ele não me deu ouvidos. Disse que tinha pego você e que você pagaria por me tocar. Eu estava muito assustada. Tudo o que conseguia pensar era que tinha perdido você, e precisava fazer o que fosse necessário para salvar nosso filho. Ele me deu quinhentos dólares, uma surra que me deixou com uma contusão no rosto e um corpo ferido, mas não tirou o nosso filho. Faço uma pausa breve para recuperar o fôlego. Não falo essas palavras há muito tempo. A dor que ele me causou sempre estará lá. Ele não tirou apenas Riddick de mim, ele também me deixou sem nenhum dos pertences dos meus pais. Minhas memórias são tudo o que tenho. Riddick está de pé ao meu lado agora, sem dizer uma palavra. O cheiro de seu charuto circula ao meu redor. A ponta que está em chamas tem a mesma cor do sol quando ele dá uma tragada e sopra a fumaça na direção oposta. Laranja. Vibrante. Vivo. —Hábito? —Pergunto, brincando. —Sim. Peguei no Afeganistão. —Ele responde enquanto inclina seus braços sobre a borda da grade. —Eu não trago, enfermeira Barrick. —Ele brinca. —Aprovado então. —Digo sarcasticamente, então volto para minha história.
—Conheci Vivian e Sylvia no ônibus. Ali estava eu, assustada e sofrendo, quando Vivian sentou ao meu lado, como se nos conhecêssemos. Resumindo a história, quando ela finalmente deu uma boa olhada no meu rosto, ela chamou a atenção de sua mãe. Eles me acolheram, Riddick, e nenhuma vez me trataram de forma diferente de sua própria filha. Acabei me formando um ano mais tarde do que deveria. Não por ter um bebê, mas por não sair em público. Eu estava com medo de encontrar Jesse ou Cutter, com medo de que iriam acabar comigo ou roubar a única parte de você que eu ainda tinha. —Eles se tornaram seus pais adotivos. Correto? —Sim e não. Estive com eles por um pouco mais de um mês quando o Ron me perguntou se eu queria ficar com eles, então tivemos que fazer a coisa certa, fomos para os tribunais. Eu era menor de idade sem os pais, uma criança que deveria ter ido para o sistema. Implorei para me deixarem ficar, ou eu iria fugir. Não queria que Jesse me encontrasse ou fosse aos tribunais para ficar com a minha tutela. Falei que ele era um homem mau e não queria nada com ele. Eu não tinha ideia que Jesse sabia onde eu estava todo o tempo. Não até que uma enfermeira me trouxe um cartão anonimamente deixado pelo correio no dia que Ethan nasceu. Esse foi o primeiro que recebi. Todo os outros vieram no meu aniversário, o que eu achei estranho depois de receber o primeiro. Mesmo que eu não tenha recebido há alguns anos, ainda tenho pavor de ir à caixa de correio no aniversário do Ethan, que é dia 8 de novembro. —Os Shepard’s são a nossa família, nunca serei capaz de retribuir o que fizeram por mim e Ethan. Se eu soubesse que você estava vivo, eu teria voltado. Nunca manteria Ethan longe de você. Juro que eu estou dizendo à verdade. —Ele ouvia atentamente, ainda sem dizer nada. Por estar imerso em tudo, suponho.
Vejo o sol desaparecer no oceano, respiro sentindo o ar mais frio sobre nós. Não acredito que estou aqui com ele, esperando por sua resposta. O que não esperava é a pergunta que ele me faz. Depois de tudo que confessei é chocante. Prova-me ainda mais o quanto ele ama nosso filho. —Sei que você não o manteria longe de mim. Posso fazer uma pergunta? —Ele parece incrivelmente triste, e odeio isso por ele. Odeio que ele esteja sofrendo e que eu não possa fazer nada para tirar a sua dor. —Pergunte-me qualquer coisa. —Digo-lhe com segurança. Não tenho nada a esconder. —Qual é o nome completo do Ethan? —Ah. Eu sorrio. É como se Deus estivesse ouvindo atentamente meus pensamentos sobre maneiras de tornar Riddick feliz. —Ethan Riddick Murdock. —Digo-lhe com um sorriso estampado em meu rosto. Avalio sua reação, vendo se é a mesma de todas as vezes em que eu sonhei que contava a ele sobre nosso filho. Só que o rosto dele não está iluminado, como eu tinha sonhado. Ele flexiona os músculos do seu maxilar, esmaga o charuto com as mãos, e eu assisto o tabaco juntamente com o papel descascado cair lentamente no chão, a ponta ainda queima brilhantemente. —Jesus Cristo. Ele te tocou de uma forma que nenhum homem deveria. Ele roubou meu direito de testemunhar o nascimento do meu filho. Um filho que tem o meu nome. —Ele bate com os punhos no peito. Vacilei. Não por medo. —Porra. Desculpe-me, Anjo. Esta merda é um maldito pesadelo. Mas você, querida, é a fantasia dentro dele. —O tom do
Riddick é áspero, ainda cheio de remorso. Não quero mais falar sobre isso. Não agora, nem nunca.
CAPÍTULO DEZ Riddick Por meses eu rolava na cama, me perguntando se ela tinha sofrido quando morreu. Se estava caída em uma poça do seu próprio sangue. Os pesadelos duraram anos, eles se tornaram ainda piores no Afeganistão. Prejudicial para o meu estado de espírito. Ainda ponderei sobre a morte. E toda vez que eu via sangue, pensava nela. Assumi a raiva, matar se tornou a minha missão, minha paixão. Minha vida. Entreguei-me com tudo. Agora, minha visão está clara e minha vida está se movendo na direção que a minha mãe esperava. Deus, se ela estivesse aqui para ver como minha vida está se encaixando como ela sempre desejou. Sinto falta dela e do meu velho também. Independentemente de quão feliz estou, ainda tenho que lidar com seu irmão e com Cutter. Eles tocaram nela, a machucaram. E mesmo que ela esteja viva, vou ficar lá muito tempo depois de matálos, assistindo com gratificante expressão no meu rosto, sabendo que sangraram até a morte. Suas almas engolidas inteiras. Direto para o inferno. Seu irmão e o torcido joguinho que ele esteve jogando. Ameaçando-a todo ano em seu aniversário é o suficiente para me fazer querer encontrar o filho da puta. Vou matá-lo. Bastardo doente. Guardo aquelas imagens na minha mente. Por agora. Existem algumas coisas que preciso saber antes que este dia perfeito acabe. —Já te contei sobre a minha história. Gostaria de saber mais sobre Ethan. Comece com o primeiro dia de sua vida. Digo isto enquanto coloco minha mão sobre a dela, erguendo a mão do parapeito e puxando-a para a cama atrás de mim. Minhas intenções
não são sexuais. Quero ficar lado a lado, olhando para o céu escurecido e absorver tudo o que ela me diz. Cora está quieta a princípio, dura como uma tábua até que a puxo para mim, a cabeça deitada no meu peito. Assustei-a com meu surto de raiva. —Desculpe minha explosão. Sinto-me honrado, que ele tenha meu nome. Obrigado. —Beijo no topo da sua cabeça. O ar ao meu redor está cheio de orgulho. —Ele adora, também. Quando contei que ele que tinha o teu nome ele pensou que o nome era fodão. —Não posso ignorar a maravilha que a confissão dela me faz sentir, ou como o calor do seu corpo se infiltra no meu. Minhas intenções eram puras até o corpo dela aconchegar-se ao meu. Eu quero agir por instinto, virá-la de costas e despi-la. Porra, ela está sem fôlego. Ela puxa meu foco de volta para Ethan com o jeito amoroso que fala sobre ele crescer. Absorvo cada pedacinho que ela fala, fecho os olhos e deixo minha imaginação assumir. —Os primeiros anos foram difíceis comigo indo para a escola. Sua segurança e saúde era tudo que me preocupavam quando estava longe dele. Ron e Sylvia foram maravilhosos. Eles fizeram isso tão fácil para mim, ficando com ele quando eu tinha que estudar. No hospital que eles trabalhavam tem uma creche. Verificavam-no todas as oportunidades que tinham. Ele era perfeito. Começou a andar logo após seu primeiro aniversário. Tinha a cabeça cheia de cabelos, falava o tempo todo. Amava a água. Um garoto descontraído com tudo a sua volta. Teve sua quota de problemas como a maioria das crianças. Valentões, crianças malvadas. Ele sempre esteve pronto para lutar. Nunca os deixava chegar até ele. Ele é um bom garoto, educado e lindo. Tem um grande coração. Ele é tudo para mim e para eles. E vai fazer você cair de amor por ele sem nem tentar. Suas
palavras me emocionam. Visões atravessam minha mente de um menino correndo, rindo e brincando com carros. Seus olhos estão descobrindo novas aventuras. Travesso. —Deve ter sido difícil para você terminar o ensino médio, ir para a faculdade com uma criança. Estou orgulhoso de você, Cora. —Digo. —Foi sim. Todos os dias, eu odiava deixá-lo, imaginando se aquele seria o dia em que Jesse me procuraria. Tirá-lo de mim. Mesmo sabendo que ele estava seguro e que todos naquele hospital morreriam antes de deixar alguém chegar até ele ou qualquer um dos garotos, eu ainda me preocupava. O tempo passou, as coisas tornaram-se mais fáceis e eu consegui, Riddick. Tive que conseguir por causa dele. Não queria protegê-lo da vida. Disse a mim mesma que mataria Jesse antes que o deixasse tocar no meu filho. Eventualmente, coloquei tudo para fora. Exceto você. Eu nunca te esqueci. Eu suspiro puxando ela sobre mim. —Tão linda. É meu dever proteger os dois agora. Você deixa? —Sim. —Ela me assegurou, virando seu corpo e quando olho para baixo a encontro sorrindo. —O quê? —Minha voz engrossa. Mesmo no escuro, posso sentir seus olhos analisando meu rosto. Seu coração começa a bater rapidamente, fazendo com que o meu acelere a fim de acompanhar o dela. —Beije-me. Porra, essas são as palavras mais doces, os sons mais satisfatórios que já ouvi em muito tempo. Isso é, até que ouvi o baque resistente de sapatos subindo as escadas e uma voz gritando as palavras. —Mamãe e papai! —Cora e eu pulamos, me movo rapidamente para o sofá, enquanto ela caminha até o topo da escada. —Ei, amigo. —Ela espalma as mãos pelo seu cabelo.
—Jude e Tyson estão saindo. —Ele olha para Cora. Avaliando, observando, estudando para ver se ela está bem. Quando ele esboça um sorriso torto para ela, vejo-o colocar os braços ao redor da cintura dela e abraçá-la por razões que só ele conhece. Os braços dela vão ao redor dele, também, por vontade própria. Não sei o que me faz pegar meu telefone no bolso. Eu, porém, tiro a primeira foto que espero ser de muitas, rapidamente tornando-a meu plano de fundo do celular.
*** —Que diabos você está fazendo aqui, Murdock? —Meu Sargento senta-se na beira da minha mesa, cruza os braços sobre o peito e me olha. Tenho estado aqui trabalhando com Jude e Tyson, enquanto ele e os outros dois detetives da nossa equipe estavam fazendo uma detenção. —Oh, não sei. Talvez passando por alguns desses arquivos para possíveis indicadores de atividade de drogas. E quanto a você? —Inclino-me em minha cadeira, dobrando os braços na minha nuca e sorrio de volta. Sei o que ele está fazendo. Já tive todos fazendo praticamente a mesma coisa que ele durante toda a manhã. As notícias correm rápido por aqui com Jude e sua boca grande. Se ele não fosse um rapaz tão bonito, eu poderia danificar um pouco seu rosto. Não que eu me importe que ele esteja falando, ele só precisa ver para quem ele diz. Odiaria que fosse dito algo para alguém relacionado com meu passado, eles descobririam o que faço ou onde estou. Isso poderia levar Cora e Ethan a um monte de problemas. —Isso acontece nos filmes, Murdock, não na cidade de Santa Bárbara e com certeza isso não acontece com um dos meus homens. Agora, dê o fora daqui. Vá encontrar seu filho e sua mulher e deixe esses relatórios, não volte aqui pelo resto da semana. Entendeu?
—Ele grunhe, desloca-se da minha mesa e me deixa parecendo um maldito maricas com a boca aberta. —Vai idiota. Eu te cubro por aqui. —Jude fala da mesa dele atrás de mim. —Obrigado, irmão. Diga a Tyson que chamarei vocês mais tarde. Temos que começar a procurar o irmão dela. —Contrariado, levanto minha bunda da cadeira e caminho para a rua. Subo em minha moto, coloco o capacete e faço meu caminho para casa. Para eles. —Cora, Ethan! —Chamo na porta de sua casa, após trocar minhas roupas de trabalho compostas por jeans, botas de combate e uma camisa por uma sunga de praia na esperança de pegar uma onda com Ethan. —Eles não estão aqui. —Reconheço a voz da Vivian antes que ela entre na minha linha de visão, do outro lado da porta. —Entra. —Ela acena com a mão indicando para eu fazê-lo. —Vivian. —Ela diz, oferecendo a mão para eu apertar. —Riddick. —Respondo, apertando sua mão. —Eu sei. É bom conhecê-lo oficialmente. Eles saíram para a praia. —Ela responde sem soltar a minha mão ou desviar do meu olhar. Um sorriso presunçoso quer escapar dos confins da minha boca. Possessividade e necessidade de proteger Cora está escrito como uma doce poesia no rosto dela. Espero que me diga o que parece estar perturbando essa beldade de cabelos escuros. Estou dando cinco segundos para ela derramar suas preocupações, ou estou soltando sua mão e educadamente dizendo isso para ela. Ela pode ser família para os dois, mas para mim, ela não é quem eu quero conversar neste momento.
—Ela viveu anos pensando que sua morte foi culpa dela. Não lhe faça mal. Espalhe suas asas de anjo e deixe-a voar com você, com Ethan. Por favor. Odiaria ter que acabar com você. —Aí está. Por um segundo pensei que a atitude dela era uma fachada, mas esta mulher tem coragem. Eu gosto dela. Ela é durona, um tipo de mulher sem rodeios. Seu comportamento forte enfraquece antes que eu responda, ela derrama uma única lágrima no seu rosto bonito. —Só quero amá-los. Nunca vou machucá-los. —Prometo-lhe. Reparei que ela acredita em mim no minuto em que seu rosto ameniza e um olhar doce substitui seu olhar feroz, aflito. —Então vá. Ele estava doido para te dizer alguma coisa durante toda a manhã. —Ela libera seu domínio, ergue o queixo e acena em direção da praia. —Obrigado. —Digo, imaginando o que ele tem para me dizer, depois me viro e olho para fora, para a praia, onde Ethan já está na água. Corro escada abaixo e por toda a grama e quanto mais perto fico da mulher deitada de barriga sobre uma grande manta redonda, mais meu pau cresce, mais difícil se torna respirar uma vez que todo o meu sangue escorre para meu pau. Ele está afiado nela, liderando o caminho e contorcendo-se como um touro para ser liberto. Jesus Cristo Todo Poderoso. Não é seu maiô que estou olhando. É o ápice entre as coxas dela, não há como evitar. As pernas estão dobradas para cima, afastadas um pouco e balançando para frente e para trás. Pelo amor de Deus, ela é uma mulher perigosamente sexy. Meu Deus. Ajeito o meu pau para trás e paro boquiaberto. Imóvel. Puta que pariu. A bunda, as costas, todo o corpo dela. Ela é provocadora mesmo sem saber. E é toda minha.
Eu fico parado admirando-a completamente. O cabelo amontoado em cima de sua cabeça, deixando seu pescoço delicado exposto, sua pele bronzeada brilhando da parte superior da coluna até a curva de sua bunda. Minha boca enche de água para lamber, provocar e observar ela se contorcer. Estou me esforçando para evitar sua boceta tentadora. Quando cada parte de sua carne exposta enfurece ainda mais meu pau, olho para Ethan, cuja manobra é perfeita na curva da onda. Meu pau esmorece lentamente quando ele me olha e cai da prancha. —Papai! —Ele grita o que faz com que Cora desloque o corpo de volta para ele, apoiando seus cotovelos na areia. Raios me partam. Meu pau dá sacudidas novamente. Seios perfeitos, pernas longas e aquele maiô... Ele não faz nada para esconder as pontas dos seus mamilos. Juro por Deus que eles endurecem mais, por minha causa. —Você com certeza não se parece com um anjo nesse momento. Jesus Cristo, Cora. Se ele não estivesse aqui, eu tiraria essa coisinha de você. Porra. —Ela não diz nada. Um sorriso se espalha em seu rosto. É cruel e calculista. —Peço desculpas. —Sua boca faz beicinho. Mentirosa. Se não a conhecesse, diria que ela está sendo tentadora de propósito. Seu olhar percorre lentamente meu corpo, sua boca se abre e um pequeno suspiro escapa de seus lábios quando ela vê meu pau dolorido que está morrendo de vontade de sair livremente para fora da minha sunga de praia. Sim, anjo, ele está pronto para atacar! Deixo seu pequeno show de mexer mais a bunda na areia até estarmos sós. Ela está tentando se aliviar. Lentamente balanço a cabeça, meus pensamentos refletem-se nos meus olhos, dizendo para ela que isso não irá adiantar, não haverá alívio para qualquer um de nós, até que meu rosto esteja enterrado entre as pernas dela, até que ela grite com meu pau substituindo minha língua, uma vez que já tenha gozado com tudo no meu rosto. Antes disso, porém, minha mão vai
espancar essa bunda rosada, tornando-a bonita e vermelha por simplesmente me tentar. —Pensei que você tinha que trabalhar o dia todo? —Ethan corre pingando água por todo o corpo de Cora, que se assusta e pula, fazendo seus seios saltarem o suficiente para me fazer babar. Sentei minha bunda na areia para esconder meu pau doloroso, evitando assustar meu filho mais uma vez. Se eu não a tiver em breve, vou começar a andar com uma ereção permanente com um cartaz pendurado onde se lê ―pau naturalmente excitado‖ e uma seta apontando para ela. Maldito inferno. —Trabalhei. Graças a Jude dizendo a todos na delegacia sobre vocês dois, meu chefe me deu a semana toda de folga. —Mantenho meus olhos treinados nele, de jeito nenhum estou olhando para ela. Nem se eu tentasse conseguiria me mexer. Sua excitação está explodindo de dentro dele. —Mamãe, temos que fazer alguma coisa já que a vovó e vovô disseram para você tirar a semana de folga, também. —Bem, caralho. —Nós três temos toda a semana? Obrigado Deus. —Qualquer coisa que você e sua mãe decidam fazer, está bem para mim. Você quer que eu vá pegar minha prancha? O mar está bom hoje. —Ergo meu queixo para as águas agitadas. —Ela não se importa com o que fazemos desde que estejamos juntos. Certo, mãe? —Hum. Bem. —Ela responde um pouco aturdida. Eu rio internamente. Ela se agita rapidamente para repreendê-lo com uma ameaça, que tenho certeza que ele não irá gostar. —No entanto, você não vai fazer nada além de chamar Henley e dizer que você não irá participar do Ocean Fiesta em duas semanas se não tiver cuidado com a língua. Lá está ela. Meu palpite é que isso é o que ele queria me dizer. Posso não saber muita coisa quando se trata de crianças, mas ele precisa ter cuidado com a sua língua, parece ser um
hábito que ele está desenvolvendo. Permaneço calado, sabendo que ainda não estou em posição para dizer-lhe algo assim. No entanto, levanto uma sobrancelha para ele, deixando-o saber que pode ser bom ele querer obedecer. —Sinto muito. Vou parar. Podemos nos trocar e ir comer no ―Stern’s Wharf‖? —Ele me olha esperando uma resposta, então assumo a liderança e com prazer respondo. —Claro. Que tal Char West? —Pergunto enquanto fico de pé e ofereço minha mão para ajudá-la a se levantar. Adoraria puxá-la para mim, esmagar minha boca na dela e fodê-la por dias. Em vez disso, a deixo reunir suas coisas enquanto concentro minha atenção em Ethan. —O campeonato é em duas semanas, certo? —Pergunto. —Sim, mal posso esperar. Mamãe me inscreveu. E pagou por duas aulas extras com Henley para mim, também. —O garoto está tão animado que mal consegue se conter. Estou emocionado, também. Mal posso esperar para ver o que ele é capaz de fazer na prancha e ser feliz fazendo isso. —Dê-me a programação quando conseguir e estarei lá. —Digo-lhe sem deixar que a queimadura não intencional de suas palavras machuque meu coração. Deveria ser eu a pagar essas aulas, cuidando dele. Porra, Cora e eu deveríamos estar fazendo isso juntos. —Vocês estão prontos? —Cora diz interrompendo meus pensamentos. —Podemos ir na sua caminhonete, pai? —Absolutamente. —Respondo, com o coração curado da queimadura agora pelo orgulho por ele continuar a me chamar de pai. Um título que pretendo cumprir com o melhor da minha capacidade.
—Sua caminhonete é legal. —Ethan diz com um alto nível de energia e emoção uma vez que estacionamos junto ao cais. Cora e eu permanecemos relativamente calmos durante a curta viagem até aqui, tudo que fizemos foi responder a cada pergunta que Ethan fez, o que beirava uma centena. Uma coisa que rapidamente descobri sobre ele é a sua curiosidade. A criança quer saber tudo. Do tipo de caminhonete que dirijo até quando podemos ir aos campeonatos. Quase bati na traseira de um carro quando ele me falou sobre todos eles indo ao cinema ao ar livre no ano passado e que eu deveria levar Cora lá num encontro. Cora ficou rígida em seu assento, enquanto meu pau cresceu mais uma vez. Minha visão ficou turva com imagens de Cora nua, espalhada atrás da minha caminhonete enquanto a fodo, em seguida, imagens da lua brilhando em seu cabelo preso em um rabo de cavalo, seios perfeitos saltando com cada impulso forte do meu pau. Ele me contou sobre o filme do cinema ao ar livre no outro dia, e como ele adorava ir lá. Agora estou bastante certo de que é ele quem quer ir novamente, pois continua falando sobre isso. Sua inocência é contagiante, enquanto a minha mente está longe de ser inocente. Foi direto para fodê-la até cair de lado, como acontece agora, enquanto vejo a bunda dela balançar debaixo desse vestido azul claro curto como a porra. Eu estou sendo torturado. Porra, estou sendo fisicamente atormentado pelo meu próprio filho e ele não tem nenhuma ideia de que está fazendo isso. Mas ela sabe. Cada balanço dos seus quadris é um convite. É melhor ela segurar firme, porque estou longe de ser o adolescente de que ela se lembra. Vou fodê-la até cair. Fazê-la esquecer do passado, e a única coisa que a sua mente lembrará será meu nome. —Posso te levar ao campeonato na minha caminhonete legal amanhã. —Dirijo minha frase mais para Cora do que para ele, quando paramos na frente do restaurante, abro a porta e a mantenho aberta, permitindo que os dois entrem. Cora mal tem
falado desde que ele falou sobre o cinema ao ar livre. A tensão sexual que saí dela é mais forte do que o cheiro do seu perfume. Ela está tão afetada quanto eu. Sua voz. Anjo, deixe-me ouvir a tua linda voz. —Eu posso ir. Não é, mãe? —Uma coisa que já percebi é que Cora não pode resistir a esse garoto. Ela tem que falar agora. Preciso ouvir a voz dela, por alguma razão ela me acalma. Minhas mãos estão suadas enquanto espero sua resposta. Rezando como um filho da puta para que ela diga que sim. Que confia em mim para levar nosso filho sozinho. —Claro que pode. Acho que será maravilhoso para vocês passar esse tempo juntos. —Suas palavras são como brisa, em combinação com o cheiro delicioso de comida ao longo do cais. Deliciosa. —Mesa para três? —Graças a Deus, uma jovem anfitriã interrompe os pensamentos rápidos e a fricção caótica e vibrante ao nosso redor. Quando Cora responde, nós a seguimos para uma mesa com vista para o mar. Meus olhos estavam focados na bunda de Cora em toda a caminhada pelo cais. —O que gosta de comer, papai? Eu amo peixe e batatas fritas. Você vai de camarão, mamãe? —Deus, esse garoto é fora do comum. Ele é contagiante. Tão fora de sintonia com o que se passa entre mim e sua mãe, e tão em sintonia com o que ele gosta e o que ela gosta. Ele é perfeito, como ela disse que era. —Peixe e batatas fritas para mim, também, amigo. São os melhores da cidade. —Respondo sua pergunta sem nem pegar meu cardápio. —O de sempre para mim, também. —Cora finalmente fala. Os olhos dela fixam nos meus enquanto fala. Eles estão tão escuros, tão nublados de desejo que poderiam proteger do sol ofuscante. Sim, esta refeição será uma tortura para nós dois. Bloqueio isso e descanso meus cotovelos sobre a mesa, sabendo que nós não
estamos intencionalmente tentando tornar isso difícil um para o outro. É um desejo, uma ânsia que nenhum de nós pode conter. Cada parte de mim chama por ela da mesma forma que ela chama por mim. Podemos ficar aqui a noite toda dizendo um para o outro sobre os nossos desejos e necessidades apenas com as ações dos nossos corpos. Preciso mostrar a Cora que ela realmente significa muito para mim.
CAPÍTULO ONZE Cora Estou explodindo em chamas internamente quando chegamos em casa. Minha pele está quente, minha calcinha está encharcada e minha cabeça está tentando contornar o fato de que este homem, que tem um cheiro divino, está tão perto de mim, que, neste momento, nada mais importa além dele. Pode, por favor, me provar em todos os lugares e me submeter a sua vontade? —Você está bem com isso, Cora? —Riddick pergunta com uma risada casual que não tem humor nenhum para mim, como se ele não estivesse sendo afetado pelo cabo de força que fica nos puxando o tempo todo. Mudei de ideia. Deixe-me estapeá-lo em vez disso. —Claro. —Respondo, sem ter a menor ideia com o que concordei. Tenho certeza que tem algo a ver com os dois passarem o dia juntos amanhã, o que está tudo bem para mim. Eles merecem todo o tempo que quiserem. Além disso, vou ter tempo para visitar minha mãe. Preciso desesperadamente dos seus conselhos sobre a rapidez com que sinto que isso está se movendo. Estou apavorada com tudo isso, mas não o suficiente para trair o desejo do meu corpo, e ele quer Riddick. —Boa noite, mamãe. Vejo você pela manhã, papai. —Boa noite, Ethan. —Falamos em uníssono, nossas cabeças virando para olhar um para o outro. Olhos arregalados de choque. —Porra. Ainda não acredito que ele é nosso. —Riddick sussurra pensativamente. O homem é tão perfeito quanto um pai pode ser. A maneira que ele presta atenção com precisão, imerso em
cada palavra que Ethan diz, tal como o sol absorve a água. É cativante e doce vindo deste homem grande e bombado. —Você já significa o mundo para ele. —Me inclino na ponta dos pés para dar-lhe um beijo na bochecha. É o mais doce dos beijos com a mais pura das intenções. Riddick dá um passo adiante. Na verdade, ele praticamente cruza a linha de chegada, quando me agarra, me leva até as escadas do deck para o lado da casa e silenciosamente sobe os degraus para o topo sem derramar uma gota de suor. —Onde fica o seu quarto, anjo? —Ele pergunta com uma voz profunda e sedutora. Não posso falar, minha língua está presa, minha mente em curto circuito e meu pulso vibrante em meus ouvidos. De alguma forma consigo levantar meu membro fraco e apontar para a direita. Não tenho ideia de como, quando meus nervos estão tentando fazer ligação direta para minha mente funcionar. Isso está realmente acontecendo? —Oh, Deus! —Gemo quando uma mão desliza pela minha coxa, tocando meu sexo, me fazendo tremer. —Riddick. — Cantarolo quando ele desliza um longo dedo através de minha calcinha, diretamente para baixo da fenda da minha boceta e volta para cima novamente. Está acontecendo, está tudo bem e ele não está perdendo tempo. —Como uma seda molhada. —Ele geme ao mesmo tempo que minha cabeça cai para trás enquanto meu corpo treme com seu toque. —Tire tudo, menos isto, Cora. Fique no quarto de costas para mim e com as mãos no corrimão. Estarei de volta em cinco minutos. —Me diz com uma voz rouca, em seguida, me coloca em pé com minhas pernas trêmulas, antes de sair do meu quarto. —Que diabos? Cinco minutos? —Sussurro para minhas quatro paredes. Eu devo estar hipnotizada, olhando para aquela porta fechada onde ele saiu por todo esse tempo, isso, ou seus cinco
minutos só acabaram por ser um, porque as botas estão apressadamente batendo no chão com seus passos, fazendo meu interior tremer, coincidindo com as minhas pernas. —Oh, merda. —Rapidamente levanto meu vestido por cima da minha cabeça e abro o sutiã, deixando ambos no chão junto com meu chinelo. Ando para o meio do deck, assim que escuto o barulho da fechadura da porta. Engulo. Com força. —Riddick. —Digo, inclinando a cabeça para o lado, quando não ouço nada atrás de mim. Seu perfil sem camisa entra na minha linha de visão. Meu Deus, ele é perfeitamente esculpido. Cada tatuagem é sombreada e tudo que quero fazer é virar e lambê-las. Meu corpo inteiro começa a tremer, minhas mãos apertando o corrimão firmemente. Ele é lindo. Ainda mais do que estava hoje na praia quando estávamos fazendo as preliminares mentalmente. Inclino ainda mais minha cabeça, a visão dele é de tirar o fôlego, deixando a respiração em meus pulmões num ar seco e pesado. O formigamento no meu pescoço e a umidade entre minhas pernas se intensificam quando torno a observá-lo sob a luz do luar. Estou absolutamente admirada com seu quadril magro. O peito dele é suave como o cetim da minha calcinha. Ombros que aparecem nítidos em ângulos de noventa graus perfeitos, braços bem definidos. Meu olhar percorre os braços que me trouxeram até aqui, ofegante quando vejo algo brilhante em uma de suas mãos. —Vire-se. —Oh, caralho. Estou com sérios problemas aqui. Faço o que me mandou. Longe está o homem cujas palavras me fazem querer derreter. Ele é substituído por um Deus do sexo dominador, um homem que vai me conduzir da forma selvagem que quiser. Sinto-me louca, e ele ainda nem me tocou. Até agora, quando o calor do seu peito nu contra minhas costas me causa um estremecimento.
Tudo se encaixa quando ouço o click das algemas em torno de um pulso e depois do outro. Ele me tem presa, me algemou ao corrimão. Estou incapaz de tocá-lo. —Essa bunda estava me enlouquecendo hoje. —Ele segue com um dedo ao longo da minha espinha, enganchando em minha calcinha, descendo-a pelas minhas pernas, batendo em cada pé para eu levantar. Estou exposta para ele pela primeira vez em anos. Deveria estar nervosa, com medo e talvez intimidada por este homem, que obviamente sabe o que diabos está fazendo. Eu não estou. Sinto-me segura, valorizada e adorada. Mesmo com minhas costas voltadas para ele, posso sentir sua admiração, seu amor e a besta selvagem que está tentando controlar. Deus me ajude, eu quero que ele se torne o homem. Doce, carinhoso, dominante, controlador. Não me importo. Simplesmente o quero. Todas as partes dele. —Não se contenha, Riddick, por favor. Mostre-me o homem que se tornou. Leve-me como você me quer. —Sussurro. —Eu pretendo. Estou tentando decidir se quero provar sua boceta primeiro ou se quero te envolver em torno do meu pau. —Ele fala essas palavras sensuais meticulosamente devagar. —Puta merda. Quero que você tenha os dois. —Tento seduzir e provocar com um ligeiro movimento da minha bunda. —Ah, anjo. Você não faz ideia do que está passando pela minha mente agora. Eu não pensei em mais nada durante todo o dia. Como eu queria que você sentasse no meu pau. Como imaginei transar com você, mas agora, depois de ter você nua, você não tem escolha. Estou uma bagunça quente aqui. —O tapa seco na minha bunda me fez suprimir um grito que permaneceu preso na minha garganta. —Você é todo homem. —Consigo falar em vez de gritar, e é a pura verdade. Especialmente quando posso sentir sua grande
masculinidade roçando em minhas costas. Sua mão forte apertar a minha bunda. —Você me destrói de uma maneira que nunca quero que acabe. —Ele sussurra no meu ouvido e então mordisca minha orelha. Minha boca seca e meu olhar cai para o chão com suas palavras. Minha respiração pesada se mistura com o som das ondas, meu gemido torna-se claro quando ele aperta minhas nádegas com as palmas de suas mãos. —Oh meu Deus. —Porra. —Ele rosna. As mãos dele deixam minha bunda, serpenteando através da minha cintura e seguindo até meu sexo nu. Ele não perde tempo correndo mais uma vez um dedo na minha fenda. Me tortura deixando-me aquecida até encontrar minha abertura e colocar um dedo dentro. Sinto-o em todos os lugares. O dedo começa a mover-se, lentamente. Minha cabeça cai para trás, meus braços se agitam, e eu estou presa em sua rede magistral, não sendo capaz de tocá-lo. Estou ofegante com cada toque do seu polegar em meu clitóris, cada batida dentro de mim quer me fazer cair sobre este corrimão, estou resmungando palavras que não me lembro de ter falado antes. Desabo em seus braços, gozando em sua mão. Poderoso. Excruciante. Entorpecente. Perco o calor de seu corpo, sinto a perda de sua mão no segundo que o meu orgasmo termina. Rapidamente substituído por suas mãos fortes pressionando minhas coxas separadas e então, porra, a língua dele está em mim, ele está lambendo, chupando cada pedaço de mim. Implacavelmente invadindo a minha boceta. Eu chamo seu nome. Puxando e tocando as algemas. Estou. Em. Chamas. Convulsiono, desmorono e mentalmente agradeço por ele estar segurando minhas pernas. Se ele está destruído, então estou despedaçada.
—Caralho, anjo. Sonhei e desejei isto. Nunca pensei que seria capaz de te tocar, cheirar ou provar novamente. Nunca parei de te amar. Nenhuma vez esqueci do seu sabor, do seu cheiro ou como sua pele sedosa ficava sob meus dedos. Você me possui. Você, querida, é a resposta para cada oração que fiz. —As palavras saem de seus lábios sem esforço. Ele me ama. —Quero mais. —Falo, no meu estado de euforia. —Quero tudo. —Ele diz enquanto libera as minhas mãos, o som do metal batendo no corrimão com um baque surpreendente. Sou girada ao redor e, em seguida, ele me levanta e ataca brutalmente minha boca enquanto me carrega para a cama, onde caímos e nos entrelaçamos. Seu corpo grande sobre mim, sua boca consumindo a minha, minha língua, experimentando avidamente seu gosto misturado com o meu. Sua calça jeans é a única barreira que nos separa. —Riddick, por favor! —Eu imploro. —Você está tomando anticoncepcional? —Pergunta, ergue-se e me dá a melhor visão de seu corpo esculpido. Minhas pernas se espalham por conta própria. Quero-o tanto que sinto nos meus ossos, no mais profundo do meu interior. Ele é meu. Meu peito dói de uma forma boa. Assim como o dele. Posso ver em seus olhos. A luta para acreditar na diferença entre o aqui e agora e um passado agonizante. —Sim. —Respondo. Não estou preocupada em perguntar-lhe se ele está limpo. Sei que ele nunca faria nada para me machucar ou comprometer o que está se reconstruindo entre nós. Seus olhos estão semicerrados, quando ele examina meu corpo. Suas mãos estão tremendo tanto quanto as minhas quando ele abre o zíper, sua calça jeans caí e me dá prazer ao ver seu pau grosso. Maior do que me lembrava. Ainda mais gostoso, também.
Ele é o único homem que pode saciar a minha sede. Transformar em uma pecadora a mulher que ele chama de anjo. Deus me ajude, porque neste momento não me sinto como um anjo. Quero que ele me foda, que faça amor comigo, permita-me tocá-lo, quero senti-lo em todos os lugares. —Cristo, não aguento isso. Meu coração parece estar lutando para se manter dentro do meu peito. Cora, meu Deus. —Venha aqui, Riddick. —Meus braços estão levantando para ele vir até mim. Ele vem. Realidade é uma coisa inconstante. Duas pessoas que foram dilaceradas, ambas acreditando que a outra estava morta. A realidade torna-se uma bela existência quando você percebe que foi tudo uma mentira, que seu amor ainda é forte, que seu amor criou uma criança. —Sempre pertenci a você. Me faça sua. Estamos realmente juntos. —Ele fica respirando no meu pescoço por muito tempo, não falando, só me segurando apertado. Nossos corpos estão alinhados, respiramos envolvendo nossas almas, nossas mentes e nossos corações. —Preciso ver você toda. —Ele murmura de repente, então nos vira, levando-nos para a cabeceira da minha cama. Quando ele senta-se completamente, suas costas firmes contra a cabeceira, suas longas pernas esticadas ao longo da cama. —Mmm. —Eu digo quando vejo sua ereção apontando para cima. —Monte-me. —Ele comanda, aproximando-se. —Posso querer te provar primeiro. —Desafio. —Não desta vez. Preciso sentir você. —Você quer dizer isto?
Começo a me mover para frente e para trás, revestindo-o com o meu desejo. Ele rosna, elevando uma sobrancelha e aí é quando sei que ele está falando sério. Não haverá nenhuma conversa mole mais, não haverá mais arrependimentos. Sem mágoa. Desejo assume o controle. A necessidade prevalece. Envolvo minha mão em torno do seu comprimento sedoso. Alinho ele e afundo lentamente em seu eixo longo e duro. Suspiro de prazer quando ele me provoca girando seus quadris. Deixo um gemido longo, demorado e abafado escapar. A sensação de ser preenchida pelo homem que eu amo quando estou ainda mais apertada e sensível me enlouque de prazer, meus músculos ficam tensos e o corpo coberto com uma camada de suor. É tão dominante que lágrimas se formam e escapam, mas não faço nada para detê-las. Me movo para cima e para baixo lentamente. Emocionantemente, gentilmente. —Eu te amo. —Digo através de um longo e profundo movimento de meus quadris. Ele coloca suas mãos em meus seios e um suspiro escapa de sua boca. —Idem. —Ele responde. Nos tocamos, nos movemos. Seus dedos circulam meus seios, enquanto eu levanto e desço, gemo e sussurro. A preocupação com o que a sociedade pode chamar de incapacidade de duas pessoas ainda se amarem após tudo o que passamos voa para fora da minha janela, enquanto fazemos amor de uma maneira que nunca fizemos antes. Forte e rápido num minuto. Suave e lento no próximo. —Você precisa gozar, anjo. Preciso vê-la desmoronar. Preciso sentir você gozar. —Ele nos vira. Meus joelhos se dobram em cima da cama. Ele está tão profundo, tão intenso com cada golpe feliz. Corro as minhas mãos pelo seu cabelo. É incrivelmente sedoso. Quando seguro seu rosto para capturar seus olhos, as palavras não saem de sua boca quando ele tenta falar. Meu coração incha em meu peito. Ele está chorando. Este homem grande e forte não tem medo de me mostrar através de suas lágrimas que em todos esses anos o
seu coração estava preso e agora ficou livre para me amar mais uma vez. —Eu te amo pra caralho. —Ele sorri torto. É uma coisa linda de ouvir, uma bela frase. Pisco os olhos cheios de lágrimas. Levanto meus quadris e gozo com ele ainda dentro de mim, o calor do seu prazer derramando, misturando-se com o meu.
*** —Você está bem? —Os olhos de Riddick piscam para mim. Ainda é de manhã cedo, o sol quase não levantou. A brisa quente está soprando. Nenhum de nós dormiu. Nós conversamos, fizemos amor, falamos mais e, então, ele me fodeu com força, deixando-me tão dolorida que não quero sair da cama. Ele me explicou o que ele e Ethan estavam falando quando eu estava perdida em pensamentos. Eu estava certa, tinha a ver com eles irem para o campeonato de surf. Ele riu quando lhe perguntei o que disseram. Eles estavam combinando sobre a hora de ir, enquanto fiquei ali sonhando com sexo. Ele também sabia que minha mente estava pensando nele em vez de prestar atenção à conversa. Depois que levou um duro soco no peito de mim, ele perguntou se eu queria ir. Recusei, feliz. Eles precisam de tempo juntos, para criar uma ligação. Precisam se conhecer. Este é o tempo de Riddick e Ethan. —Não poderia ser melhor. —Ele curva uma sobrancelha sugestivamente, como se pudesse pensar em algo melhor do que eu deitada nua em seus braços. —O quê? —Questiono. Remoendo o misterioso brilho em seus olhos, a sensação macia de sua barba
quando ele tinha o rosto enterrado entre as minhas coxas ontem à noite e hoje de manhã. Droga, ele parece incrivelmente sexy. Totalmente comestível com quase cada centímetro de seu corpo coberto de tatuagens coloridas, um lindo rosto e peito viril, um brilho nos olhos e braços duros como aço que estão me segurando firme. Ele está tramando alguma coisa. —Você percebe que nunca estivemos em um encontro? —Ele sorri para mim, e meu estômago flutua. Riddick está certo, nós não estivemos. Não podíamos sair em público quando éramos mais jovens, uma vez que fomos proibidos. E agora podemos, podemos fazer o que quisermos. Ir a qualquer lugar. Simplesmente assim. É como se o tempo estivesse congelado por uma fração de segundo. Uma conversa semelhante a esta aparece em minha mente. Ele disse o mesmo para mim uma vez. Como ele queria que pudéssemos sair e sermos vistos. Dizer a toda a cidade que, apesar dos rumores de que seu pai havia matado os meus pais, erámos dois adolescentes apaixonados e se conseguimos superar, então eles, como adultos, deveriam também. Nunca tivemos essa chance. —Oh. Isso significa que você está me convidando? Quer dizer, já provei que te darei o que quiser, então namoro é irrelevante neste momento, não acha? —Ele geme, me ergue sobre ele. Sua dureza está ansiosa em meu estômago. Coloco as mãos no seu peito, meus olhos tremulando para demonstrar inocência. —A tentação te deixou fodida ontem à noite. Não me tente, meu anjinho travesso. Ou vou te foder até que a única escolha que você tenha seja sair desta cama rastejando. Então, sim, estou te convidando para sair. Só eu e você. —Ok. Onde vamos? —Aceito. Meu interior está se retorcendo enquanto assisto ele esticar o braço acima da cabeça antes de trazê-los para baixo para pegar na minha bunda. Suspiro. Faíscas internas prontas para explodir com o meu clitóris sendo o botão detonador.
—Você vai ver. —Ele profere com a voz firme, afirmando que é um segredo. Tanto faz. Eu vou para onde quer que ele vá, enquanto estivermos juntos. —Me conte sobre isto? —Pergunto enquanto passo o dedo pela tatuagem em torno de um de seus mamilos. Ele ri. Eu fico carrancuda. —Estou falando sério. Alguma delas tem um significado especial?— Pergunto séria desta vez. —Aposto que eu poderia gozar só por estar assistindo você lavá-las durante o banho. —Falo sedutoramente. —O mesmo vale para mim assistindo você arquear suas costas, seus seios deliciosos com esses mamilos cor de rosa, me implorando para sugá-los enquanto lava o cabelo. —Ele levanta a mão, puxa meu cabelo, deixando meu pescoço exposto. —Nenhuma delas tem um significado em particular. Comecei com a intenção de a primeira ser a última. Uma levou a outra então, antes que eu percebesse, eu já tinha um braço completo. Sou viciado em obtê-las assim como sou viciado em você. —Ele fala bruscamente. Beijo-lhe, então, suas mãos acariciando minhas costas, sua dureza, pressionando para dentro de mim. A língua assume o controle. Sinto os músculos do seu abdômen contraindo e relaxando sob mim enquanto cada parte minha gira em espirais de necessidade. Quero tocá-lo, prová-lo mais do que fiz ontem à noite. Quero explorá-lo, senti-lo e vê-lo perder a cabeça. Levemente, mordisco seu lábio inferior, traçando minha língua pelo seu maxilar, sua barba fazendo cócegas, quanto mais distante eu chegava. —Anjo. —Sua voz baixa, alertando. Ignoro-o Completamente. Essa é a minha missão, e quero provar tudo antes de chegar ao destino que prova o quanto de um homem ele é. Lambo através de um mamilo, rastreando o caminho para o outro, a trilha salpicada de
pêlos no peito, ao mesmo tempo ouvindo suas alegações silenciadas para eu parar. Minha mão pega seu pau inchado. Seu pau se agita com meu toque. —Porra, cacete. —Diz ele. Puxa meu cabelo, esfregando seus quadris. —Toma, Anjo. —Tenho toda intenção. No minuto em que meus lábios tocam seu pau, nossos olhares se cruzam. Vê-lo olhando para baixo me estimula no fundo da minha alma. Tento levar ele todo na minha boca, agitando, lambendo e desfrutando o sabor almiscarado do sexo. Eu e ele. —Porra. —Ele grunhi. Me sinto viva. Alegre, livre e incrivelmente excitada sabendo que estou trazendo o único homem que amei ao êxtase. Minha mão se move para cima e para baixo em um movimento circular, minha cabeça imitando os movimentos. Sinto-o tenso, seu pau pulsando quando lenta e deliberadamente lambo e mordisco acima da veia grossa sob o seu eixo. É tudo que preciso para colocar os meus lábios em volta da sua cabeça, sugando avidamente, às pressas, até seu gozo encher minha boca. Suas maldições enchem meus ouvidos. Engulo avidamente, depois me sento com um sorriso de satisfação. —Um anjo com uma boca malvada. —Ele fala com os olhos vidrados de satisfação. —Não se esqueça disso. —Me levanto, indo em direção ao chuveiro, meu dedo chamando-o, convidando-o a me seguir. Ele segue, direto para o chuveiro, onde gozo com força enquanto lavava meu cabelo.
—Eu odeio ir. —Riddick corre o dedo na minha bochecha depois que tomei banho. —Eu sei. Eu também. Vá. Ele logo irá subir e estará na sua porta. —Uma mistura de felicidade e medo passam em seu rosto bonito. Seu pomo de Adão sobe e desce. Ele está assustado. —Merda. Há alguma coisa que eu preciso saber sobre ele? Alergias, coisas assim? —O desejo de ir com eles agarra os meus sentidos. Não por mim, mas por Riddick. Ele está nervoso, quando não deveria estar em tudo. Mas eu não vou. Eu estou dando isto a ele. —Não. Ele não tem alergias. Ele tem onze anos, Riddick, não dois. Eu disse a você ontem à noite que ele te adora. O que você está fazendo com ele hoje, ele nunca esquecerá. Faça memórias. Siga seu coração. Deixe-o ver o homem compassivo, bondoso que você é. Estar com seu filho vem naturalmente, Riddick. Nem todas as crianças têm a sorte de ter alguém como você, que o amou no momento que descobriu sobre sua existência. Você o ama, você ficará bem. Coloco as minhas mãos sobre seu rosto coberto de barba dando suaves beijos em seu maxilar e sussurro em seu ouvido. —Ele é seu filho. Vá desfrutá-lo.
CAPÍTULO DOZE Cora —Sua putinha! Você transou! Não, retiro o que disse, você foi completamente fodida. —Cambaleio para trás, perplexa e reviro os olhos quando Vivian e minha mãe entram na cozinha, interrompendo meus pensamentos agradáveis, após Vivian trabalhar a noite toda. Me senti mal por não verificar meu celular ontem para ler as mensagens delas. Quando o fiz e vi uma mensagem da minha mãe perguntando como foi meu dia, respondi rapidamente, pedindo-lhe para vir esta manhã. Então li a de Vivian, onde ela dizia que iria ajudar meu pai em uma cesariana de emergência, o que fez com que me sentisse culpada por faltar ao trabalho. Essa culpa foi rapidamente se dissipando quando tudo o que foi dito e feito entre Riddick e eu ontem à noite me atingiu fortemente. Queria deitar em seu peito e ouvir seus batimentos cardíacos o dia todo. Para me familiarizar com suas feições, passar os dedos pelo seu cabelo, adormecer em seus braços. Experimentar muitas coisas importantes que um casal faz juntos, que não fomos capazes de fazer todos esses anos. Então ele foi se arrumar, enquanto me afoguei numa poça de culpa, sabendo que poderíamos ter isto desde o princípio se eu tivesse enfrentado meu irmão. Não importa o que eu faça ou diga, nunca me perdoarei por ter sido fraca, por não ter procurado alguém para me ajudar. Vou viver com essa culpa para o resto da minha vida. No entanto, viver com a culpa, a vergonha e o desgosto que eu poderia ter evitado é melhor do que viver sem Riddick. Então guardo esse sentimento. Decido que é hora de ser feliz e digo a mim mesma que merecemos compensar o tempo perdido. Que
merecemos estar juntos, que sou digna do perdão deste homem. Mesmo eu sendo incapaz de me perdoar. —Vivian, você é terrível. Um dia desses, sua boca vai te colocar num monte de problemas. —Minha mãe a empurra para o lado, batendo em seu ombro, quando passa e mostra a língua enquanto se diverte ao colocar a senhorita atrevida em seu lugar. —Ah, eu gostaria de ver alguém tentar. —Ela contesta. Suas feições demostrando desgosto. Ainda quero ver um homem que possa colocar essa mulher impetuosa em seu lugar. Ela é uma daquelas pessoas que sempre tem que ter a última palavra. Nós a conhecemos tão bem que a deixamos ter. Seria uma cena e tanto ver um homem bater de frente com ela. Eu até pagaria para ele dobrá-la sobre seus joelhos e espancar sua bunda. Conhecendo Vivian, isso iria irritá-la, o que levaria a um novo desastre. —Apesar de tudo, ela tem razão. Você fez, não fez? —Sorrio, ignorando minha irmã mexendo a boca e envolvo meus braços ao redor da pequena cintura da minha mãe. Um barulho escapa da sua garganta enquanto faço isso. —Sinto muito. É realmente engraçado quando uma mãe está feliz que sua filha transou. —Zomba Vivian, jogando a bolsa em cima da mesa, pegando uma caneca e derramando café nela. De alguma forma o sorriso no meu rosto irrompe numa gargalhada. Os ombros da minha mãe tremem, seu riso misturado com o meu e a próxima coisa que sei é que Vivian se junta a nós. As três paradas em círculo, os braços em volta uma das outras, lágrimas nos olhos, rindo incontrolavelmente. —Bem, o que posso dizer? —Ela dá de ombros. —Vi as fotos que você tirou no outro dia. O homem é incrivelmente bonito e aquele corpo... Meu Deus! Da próxima vez, porém, tire uma foto da sua bunda. Aposto que é a parte do corpo que faz uma mulher
querer ficar de cabeça para baixo, só para olhá-lo por todos os ângulos. —Mãe! —Falo horrorizada. Meu queixo cai com sua sinceridade. Sua bunda é perfeita de todos os ângulos. Dura e definida. —Estou brincando. Não olhei para a bunda dele, pelo menos não com você presente. Seus amigos, por outro lado, especialmente aquele com óculos. Agora, aquele homem tem uma bunda. —Ela está dizendo a verdade. Francamente, todos têm. Eu sei porque dei uma espiada quando Riddick não estava olhando. Não que ele se importasse. O cara não é do tipo ciumento. —Vivian, você está bem? —Pergunto quando ela engasga com seu café, o líquido marrom escorrendo por seu queixo. —Sim. —Ela responde bruscamente. Analiso-a. Ela está longe esta manhã. Algo parece estar incomodando-a. Ela parece cansada, mas não é isso. Suas mãos tremem quando ela derrama o resto do café na pia, em seguida, fica de costas para nós, fingindo lavar a caneca. —Eu não preciso saber os detalhes. Só quero saber que você está feliz e pela expressão em seu rosto brilhante, eu diria que sim. —Declara minha mãe, beijando minha testa e depois, pega uma xícara de café. Completamente alheia a sua outra filha que está de pé ao lado, à beira das lágrimas. —Vou tomar um banho. Quero todos os detalhes depois que ela se for. —Vivian tenta brincar. Vejo perfeitamente através dela. A aparência que tenta manter. Ela vai me contar o que diabos a transformou em uma mulher irreconhecível para mim. Parece que vai chorar. —Tudo bem, querida, aproveite para dormir um pouco também. —Mamãe fala docemente.
—Eu vou. Não se esqueça, quero os detalhes. —Ela finge sorrir antes de sair da cozinha, deixando um rastro frio no ar atrás dela. Nós com certeza não estaremos falando sobre mim quando conversarmos. Algo a está perturbando. Terrivelmente. Ela não é o tipo de garota que beija e conta, e francamente, sou muito chata no departamento de detalhes, restando o único outro homem que tive na minha vida para falar. Seth. Ah Deus, Seth. Tenho que lhe contar tudo. Ele aparece sempre que quer ver Ethan. Eu odiaria que ele aparecesse sem saber o que diabos está acontecendo. Quero que ele saiba que Ethan ainda precisa dele, também. Sua amizade significa muito para Ethan e sei que ele se preocupa muito com meu filho. Vou ligar para ele assim que acabar de conversar com estas duas. —Então... —Mamãe diz calmamente, quando Vivian está fora do alcance de sua voz. —Sobre o que você queria falar? Ethan? E a propósito, aonde ele está? Geralmente, ele desce as escadas correndo quando chego aqui. —Ela vira a cabeça para olhar as escadas, me fazendo sufocar uma risada. Coloco uma mão sobre meu peito, pego minha caneca e sento-me à mesa a sua frente. —Bem. —Eu digo. —Ethan foi passar o dia com Riddick. Eles foram surfar. Você deveria tê-lo visto, mãe. Ele nunca esteve tão animado com qualquer coisa. Ele... ele ficará bem. Seu pai está vivo e meu filho está mais feliz do que eu já vi. —Respiro, e uma vez que a primeira lágrima de felicidade cai, as outras seguem em um fluxo interminável. Choro lágrimas de alegria, com um coração tão cheio que é impossível de ignorar. Impossível acreditar. —Oh, querida. Liberte todas as emoções reprimidas. Chorar é bom para a alma. Especialmente quando está lavando tudo o que é feio, com cada nova lágrima que você derrama um banho de beleza substitui à antiga. Vem cá, querida. —Ela abre os braços, me encontrando no meio do caminho.
—Mãe, estou tão feliz que chega a ser assustador. —Choro em seus braços. —Aposto que sim. Só você sabe como se sente, o que fazer. Se me chamou aqui para pedir a minha aprovação, então você a tem. Você sempre a teve, Cora. Se você queria falar comigo porque o homem que você ama de repente apareceu depois de todo esse tempo em que você pensava que ele estava morto, e vocês escolheram continuar de onde pararam, isso é algo que não posso responder. Só você pode. Mas se você está preocupada com o que os outros possam pensar, então não. Esta é sua história, sua vida. Dele. Ethan. Qualquer outra pessoa pode ir se foder. A opinião de vocês dois são as únicas que importam e pelo que ouvi, bem como a maneira que seu rosto estava radiante quando entramos aqui, eu diria que você respondeu todas as suas questões por conta própria. Ah Deus. Ela está certa. Acenei em concordância, em seguida, a segurei apertado, fechando meus olhos. Me pergunto o que meus pais biológicos achariam. Eles ficariam felizes por mim? Eu costumava ficar zangada com eles por morrer, pela vida que eles levaram para que alguém quisesse matá-los. Agora sei que tudo acontece por uma razão. Pertencer a uma gangue que, de forma direta realiza atividades ilegais ou dá as cartas em uma cidade não era uma vida para mim, ou um lugar onde eu gostaria de criar meu filho. Mesmo desejando que eles ainda estivessem vivos, acredito que estou bem aonde eu queria estar. Nos braços de uma mulher sábia que me ama. —Estou realmente tentando não me preocupar com Jesse, e com o que ele poderia fazer. Você sabe que ele vai descobrir. — Contei tudo à minha família. Infelizmente, a maioria das vezes tem sido por telefone. Temos que falar sobre isso sem Ethan por perto e mamãe tem razão, quanto a ele amá-los tanto, que no minuto em que vê que os avós estão aqui, ele corre em sua direção.
—Acho que o idiota sabe que não pode mostrar a cara por aqui. Riddick não é um menino, nem você é mais uma menina. Ele é um policial, querida. Era do exército. Se ele pode proteger o seu país e esta comunidade com sua vida, pode imaginar o que faria se o homem que te tirou dele aparecer aqui? Ele o mataria. —Bem, eu penso comigo mesma. É exatamente isso que eu tenho medo. Não que Jesse não mereça morrer. Ele merece. É a repercussão do que vai acontecer com Riddick se ele fizer isso que me assusta. —Você está certa. —Expresso o suficiente para apaziguar sua preocupação. —Claro que estou. Tenho que ir. Eu te amo. Me chame se precisar de alguma coisa. —Eu vou. Também te amo. —Fui abençoada por tê-los. —Esteja segura. Estou preocupada com todos nós. —Sussurro para a porta quando ela fecha atrás de mamãe. —Mamãe já foi? —Vivian pergunta ao entrar na cozinha com o rosto lavado. Os olhos dela estão procurando aquela mosca na parede que não está lá. O que ela está aprontando? —Sim, ela foi para casa começar o assado que está fazendo para o jantar. Você sabe como ela é. —Respondo sua pergunta, que parece estar carregada. Minha irmã tem algo a dizer e não quer que nossa mãe saiba. —Você está ok? —Pergunto, um pouco confusa e preocupada. O que quer que esteja passando pela cabeça dela, ela não quer me olhar. —Vivian, o que diabos está acontecendo? Mamãe pode não ter percebido a sua mudança de humor, mas eu percebi. —Digo, dando-lhe a oportunidade de falar antes que eu tenha que tirar isso dela. É mais por preocupação do que qualquer coisa.
—Você conheceu os amigos do Riddick, certo? Jude e Tyson, não foi? —Sim. —Respondo, mais confusa do que nunca. —Prometa ser mente aberta quando eu contar isso, porque você sabe que eu não tinha ideia, certo? —Sento-me na cadeira, minha mente está dizendo que eu vou precisar. Nunca a vi assim. Devastada. Esgotada. —Vivian, o que está acontecendo? Você não sabia sobre o quê? —Pego sua mão e a puxo para baixo na cadeira ao meu lado. —Eu dormi com Jude. —Ela anuncia em voz alta. Tento engolir e falar ao mesmo tempo, meu rosto formando aquele olhar surpreso que tenho quando leio o prólogo de um livro. Um choque. —Quando? —Suspiro. Ela olha através de mim, seus olhos não piscam durante vários segundos. Não sei o que pensar sobre isso, exceto observar o rosto dela, mostrando uma expressão traumatizante que me faz questionar se há mais nessa história do que os dois dormindo juntos. —Na sexta-feira passada. —Meu queixo cai. Se realmente houvesse uma mosca na parede, ela não teria problema para encontrar seu caminho em minha boca aberta. Fecho a boca rapidamente. —Ele é o babaca sujo, idiota, que você me falou? Aquele que te chamou de prostituta, depois de terem feito sexo? —Murmuro em torno de um riso fraco. Isso não é engraçado, mas meio que é. Foi apenas á uma semana que isso aconteceu. Não vou esquecer a reação de Vivian ao entrar no meu quarto às quatro horas da manhã, sacudindo-me do sono gritando e praguejando, que tive que a sacudir para que se acalmasse e pedir que diminuísse o tom de voz
antes que acordasse Ethan, cujo quarto é no segundo andar na parte da frente da nossa casa. Distante do meu. Isso é o quão fora de controle ela estava. —Ele mesmo. —Ela diz. —Uau. Estou chocada. O homem que conheci é extremamente descontraído com o mundo. Eu amo muito esta mulher, mas, e este é um grande ―mas‖ que vou guardar para mim neste momento vital para ela. Vivian, às vezes, pode ser dramática. Ela é independente. E também não está procurando um relacionamento. Ela foi machucada uma vez, afirma que os homens são bons para uma coisa, e metade deles não são bons nem mesmo para isso. No entanto, ela disse que Jude foi bom. Repetindo isso várias vezes durante seu discurso delirantemente furioso, balançando as mãos por todo lado, puxando o cabelo, olhos saltando em seu rosto, enquanto sentei-me na cama segurando o riso tão vigorosamente que pensei que meu estômago ia explodir. —Ele é um cretino. Esperava nunca vê-lo novamente. —Ela esclarece. —Presumo que você o viu no outro dia com Riddick? —Pergunto. —Sim. Não. De certa forma, eu acho. —Suas palavras se arrastando em um pouco de pânico. —Estava indo para o meu carro quando ele estava chegando. Pensei que ele tivesse me encontrado, vindo se desculpar ou algo assim. Estacionou no lugar errado. Eu não sei. Fiquei ali olhando para ele como uma tola, esperando que dissesse algo. Ele não disse uma palavra. Apenas inclinou a cabeça para o lado e sorriu. Ele sorriu para mim, Cora, porra. Então tirou seus óculos de sol e os substituiu por aqueles estúpidos óculos que ele usa. Agiu como se não soubesse quem eu era. Então, ele bateu na porta e entrou na casa do Riddick. Não sabia que ele era um dos seus companheiros, não até que Ethan me
contou sobre ele e seu amigo, Tyson. Sinto muito. Apenas, bem, queria que você soubesse. —Eu sinto muito, Vivian. Ouça-me. Os homens são idiotas, ok? E agora, bem, agora que me contou. Se você está preocupada que isto causará problemas entre mim e Riddick, pare por aí mesmo. Somos todos adultos, Vivian. Se vocês dois não se dão bem, então fale com ele, ou pelo menos seja cordial. Mate-o com bondade. As pessoas odeiam isso. Ou finja que nada aconteceu. Quanto a ele não te reconhecer, você não disse nada a ele também. Não sei mais o que dizer sobre a situação. Sei que o homem que conheci no outro dia estava louco sobre Ethan e eu. Ele adora Riddick como Vivian me ama. Sei que ele manterá o que aconteceu entre eles para si próprio. Não tenho dúvidas sobre isso. Mas Vivian com sua boca grande e temperamento, terei que ficar atenta. —Sim, bem, é o tipo de coisa mais fácil de dizer do que fazer. Ele me tratou como uma puta. Basicamente, me chamou de uma. Eu nunca faria nada para machucar você ou Ethan. Mas se aquele filho da puta me olhar errado, não sei o que vou fazer. Provavelmente sacar sua arma e atirar na sua cabeça. —Isso seria um crime. O cara tem uma cabeça bonita. Para não mencionar que é um policial, o que significa prisão federal para você, irmã. E você não fica bem de laranja. Essa é a sua pior cor. —Tremo só de pensar na cor brilhante, berrante. Eca. Também estou tentando fazê-la relaxar. Isso realmente está incomodando-a. —Estou brincando. Vou jogar limpo. Talvez você queira contar sobre isso para o seu homem. Duvido que aquele imbecil vá lhe dizer algo. —Ela fala com um ligeiro sorriso. —Imbecil? —Rio, em seguida, pego meu livro de cima da mesa, fico de pé e a arrasto para o andar superior. —Eu te disse que chutei suas bolas antes de sair pela porta. O idiota caiu no chão. Eu estava com aqueles seus Louboutin
vermelhos. —Falou apontando os dedos para os sapatos. —Você sabe, aqueles que você tinha que ter, mas nunca mais usou. Oh, isso é certo. Esqueci desse pedacinho de informação. Ela falou tanto naquela noite que suas palavras começaram a se misturar. No entanto, minto para apaziguá-la. —Lembro. Preciso deles de volta, por favor. Em breve. Riddick me convidou para um encontro. —Aproveito a oportunidade de mudar o assunto agora que posso ver a preocupação deixando seu rosto. —Oh meu Deus. Esse é o seu primeiro encontro. Aposto que ele quer te levar para o cinema ao ar livre. —Vá para a cama, Vivian. —Digo, segurando o livro no meu peito. Revirando os olhos. —Tem certeza que não está zangada? Estava brincando sobre a parte de atirar nele. —Por que eu estaria? Você é uma linda mulher solteira, Vivian. O homem lhe deve um pedido de desculpas pelo que disse. Talvez ele estivesse tão chocado ao vê-la, como você ao vê-lo. Dê tempo ao tempo. Tudo ficará bem. —Menti mais uma vez. Ela não deixará isso para lá. Sei que não. Não até que o faça pagar por humilhá-la. —Ok, então. Se você tem certeza, então vou para a cama. Bom livro a propósito. Romance de segunda chance. Conveniente. —Ela pisca , beija minha bochecha e vai em direção ao seu quarto. Nossos quartos são idênticos. Eu teria escolhido aquele no mesmo andar que Ethan escolheu o dele, mas é todo rosa e branco. Romântico e feminino. Como ela. —Vivian. —Eu a chamo. —Sim? —Ela responde. —Obrigada por me contar. Eu te amo, não esqueça disso.
Ela força um sorriso. Posso dizer que isso ainda está lhe incomodando. Não posso ajudá-la. Ela tem que lidar com isso sozinha. Talvez seja uma lição para não pegar um homem aleatório num bar. —Eu também te amo. Suspiro, estou satisfeita e surpresa ao mesmo tempo. Tranquila, porque conheço minha irmã, ela pode ter uma boca grande, mas nunca faria nada para me causar dor. Estou sobrecarregada, então pego meu celular no balcão e começo a caminhar em direção à porta. Preciso ligar para Seth, e mesmo que tenha passado um tempo desde que estivemos juntos, não era uma aventura sórdida ou casual, não que eu já tive uma dessas. Nunca tive. Realmente me importava com Seth. Ele simplesmente não era Riddick. Quando Ethan era mais jovem, eu não tinha tempo para namorar, muito menos pensar em sexo. Sempre que pensava nisso, minha mente vagava para Riddick. Não pude deixar de sentir como se o estivesse traindo de alguma maneira, se permitisse que outro homem me tocasse. Não consegui. Meu coração simplesmente não permitiu. Não foi até que comecei a namorar Seth que percebi que minha vida estava desaparecendo, que o homem que eu amava se foi e que nunca voltaria para mim, então contei-lhe tudo. Ele respeitava as minhas limitações, parava quando lhe pedia e quando me senti preparada, ele fez-me sentir viva. Mas não como Riddick. E definitivamente não como ontem à noite. Após pegar minha bolsa de praia na porta, caminho descalça através da grama e da areia quente. Espalho meu cobertor na areia, puxo a camisa pela minha cabeça, retiro os shorts e os jogo de lado. Pego meu telefone, sento e com uma respiração instável começo discar o número dele, me sobressaltando quando ouço a voz de Seth dizer olá pessoalmente e não pelo telefone.
—Meu Deus. Você me assustou pra caramba. —Suspiro enquanto o observo. O sorriso genuino no rosto, o constante olhar ―gostaria que tivéssemos dado certo‖ que percorre seus olhos. O peito bronzeado e musculoso. —Desculpa. Deveria ter ligado antes. —Diz ele, entrando na minha frente para impedir que o sol bata nos meus olhos. Foi quando percebi que estou semicerrando os olhos. Tenho tantos pares de óculos de sol, no entanto, deixei tudo em casa. Culpo Vivian e sua surpreendente confissão por esquecê-los. Ainda não me aprofundei. É irônico, como o inferno, que ela e Jude ficaram juntos. Quanto mais penso sobre isso, mais eu chego à conclusão de que uma bomba vai cair entre os dois antes que tenham a chance de estabilizar sua situação. —Sente-se. —Digo-lhe, indicando o lugar ao meu lado. Preciso esquecer essa situação e lidar com meus problemas primeiro. —Só tenho algumas horas livres, então pensei que Ethan e eu poderíamos pegar umas ondas. —Seth. —Digo, com compaixão na minha voz. Sei que ele ficará feliz por nós, mas também irá machucá-lo. É como amarrar na ponta de uma corda um dente mole, e a outra ponta no puxador da porta, e então, balançando a porta de um lado para o outro com um esforço nervoso para fechá-la, arrancando o dente de uma só vez. —Riddick está vivo, Seth. Meu irmão mentiu sobre tudo. Agora, por favor, pode se sentar?
CAPÍTULO TREZE Riddick Precisei de toda a minha coragem para deixá-la esta manhã, com o cabelo úmido solto em suas costas, olhar pacífico e um sorriso largo. Eu coloquei aquele sorriso lá, como o que venho usando durante todo o dia com meu filho. Só que o meu desapareceu no minuto em que passei pela minha porta. E não posso dizer que ela não me desencorajou. Ela fez isso, e eu não daria a mínima para quem soubesse disso. Não podia ser mais verdadeiro do que isso. Daria qualquer coisa para voltar à noite passada onde Cora e eu conversámos ao invés de estar de pé no meio da minha sala, onde meus dois melhores amigos esperavam por mim como lhes pedi. Devo-lhes muito por arriscarem seus empregos ao iniciarmos nossa própria investigação. Fico lá por um minuto pensando sobre ontem e hoje. Por mais estranho que possa parecer, Cora e eu conversamos tanto em uma única noite. Ela falou sobre seus medos acerca de Jesse, enquanto eu continha a minha raiva. Por agora. Prometi que não iria mantê-la no escuro, se ela prometesse parar de ter medo, se ela me deixasse lidar com ele. Consequentemente, essa é a razão pela qual esses caras estão aqui. É hora de começar a trabalhar, e todos nós sabemos que não vou me arriscar usando o tempo ou o dinheiro do departamento para criar um plano para derrubar esses dois filhos da puta nojentos. Não quando eu me proponho a fazer sem que jamais saibam meu nome, para começar. Irei abatê-los como os pedaços de merda que são.
Coloco minhas mãos no meu rosto e as mantenho lá. Porque bom Deus, ontem à noite e hoje deveriam ter sido a minha vida todo esse tempo. Eu deveria voltar para casa com eles, não ficar nessa merda. Ethan e eu deveríamos contar um para o outro todos os tipos de coisa sobre as loucuras que fizemos até hoje. O riso enquanto ele me disse como um de seus amigos literalmente fez xixi em outra criança, que afirmou que foi picado por uma água-viva, quando na verdade ele pisou em uma concha ou quando contei a ele sobre as fossas que tivemos que usar no Afeganistão. Nunca ri tanto na minha vida, e essas histórias não eram nem a metade disso. Nunca soube que um amor tão natural assim existia. Claro, meu pai me amava e eu o amava. Ele me colocou acima de tudo. Mas o homem era um criminoso, tinha funções em seu clube, seu povo, e nenhuma vez quis esconder isso de mim. Cresci vendo essa merda. Não é uma coisa que uma criança deveria ver na minha idade. Drogas. Sexo. Bebida. Diabos, eu possuía todo tipo de arma imaginável quando tinha dezesseis anos. Vi tudo, amava e odiava ao mesmo tempo. A verdade é que você honestamente não tem ideia de que um amor assim pode encher seu coração até que está transbordando com orgulho, tragando cada palavra que derrama da sua boca. Que a vida não é mais sobre você. Que a saúde e felicidade do seu filho são mais importantes do que a sua. Que você ajudou a fazer com que o mundo ao seu redor pare naquele instante, porque nada significa mais para você do que ele. Toda a minha vida mudou, tudo por causa de uma criança que é minha. Vou estar ao seu lado e lhe mostrar que o que ele quiser fazer ou ser estará bem para mim, desde que ele esteja verdadeiramente feliz. Contanto que ele saiba o quanto eu o amo. Não tenho medo de admitir que já sou um homem mudado. Que o meu futuro com eles é claro pela primeira vez na minha vida.
Surfar é o que o faz feliz. Ele é muito bom, também. Sua coordenação motora é impecável. O equilíbrio é perfeito. A única coisa que ele precisa é construir sua força corporal e então combinar todas estas coisas juntas. Sou grato por que é algo que posso ajudálo sem ofender seu instrutor. Posso lhe mostrar alguns exercícios básicos, agachamentos e chutes que vão fortalecer suas pernas permitindo que seus músculos desenvolvam e cresçam da forma natural. Fizemos isso hoje enquanto rimos, brincamos e criamos laços e porra, agora... agora, estou prestes a mergulhar em um passado que vai estragar nossas vidas. Posso sentir isto. —Cara, estou quase com inveja de você. Quase. —Confessa Tyson. Eu sorrio, em seguida, rapidamente apago o sorriso da minha face quando observo dois laptops abertos na mesa de café, e outro fechado, esperando por mim. Sinto um peso através de mim, sabendo que esta pode ser mais uma noite de insônia. Com certeza não será tão agradável ou memorável quanto à noite passada, quando estive me reaproximando do meu anjo. A primeira noite que fomos capazes de estar na cama juntos por mais de uma hora, e não dormimos nada. Não que eu tenha me importado, muito menos meu pau ou meu coração. Estou grato que ela me disse esta manhã que iria visitar seus pais esta noite, porque o que descobrimos sobre Jesse vai privá-la de abandonar seus medos dele. Sei que sim. Ele escondeu algo dela. Algo que ela tem o direito de saber e não vou parar até descobrirmos o que é. —Você não saberia o que é inveja nem se ela mordesse a porra da sua bunda. Vocês dois vão enfiar seus paus em qualquer buraco. Surpreende-me que nenhum de vocês tenha alguma psicopata doida batendo em sua porta, com uma réplica sua ao lado dela. —Provoco balançando a cabeça, me aproximo, pego o laptop e
sento no sofá de couro frio, esperando ouvir alguém disparar o primeiro comentário espertalhão de volta para mim. —Foda-se, Riddick. Esta cidade precisa de mais alguns de mim por aqui. E, para sua informação, não tenho culpa se os buracos espalham-se ao meu redor. Não posso evitar o fato de que querem em sua cama o menino bonito com cabelos como cachinhos dourados ao invés do menino mau, tatuado, com um peito do tamanho do Grand Canyon e um pau pequeno que tem cada mulher gritando que o tamanho realmente importa. —Tyson inclina-se na cadeira, coloca o charuto apagado na boca e balança a cabeça. —Irmão, não vou sentar aqui e conversar com você sobre o tamanho do meu pau. —Eu rebati. —Esse comentário me prova que você não tem nada para falar. —Ele aponta um dedo e inclina a cabeça em minha direção. Fodido idiota. —Que porra é essa, Tyson. Pensei que eu era o menino bonito. Trabalhei duro por esse título. Este aqui não precisa fazer nada, apenas flexionar os braços e os buracos estarão ao seu redor. Ele é apenas mais cuidadoso com os que ele escolhe, do que nós. —Suprimi um gemido quando olhei para ver que a expressão de Jude é muito séria. — Irmão, amarre um daqueles preservativos de bebe que você usa na língua e cale a boca. —Tyson vocifera. Eu bufo, enquanto Jude levanta os dedos do meio e o polegar em posição de arma e aponta diretamente para Tyson. —Como é que —Pergunto seriamente.
começamos esta conversa estúpida?
—Foi você quem comparou uma boceta com um buraco. —Retruca Jude.
—Bem, vou pôr um buraco na sua cabeça, se não parar com essa merda. —Falo provocantemente. Isto apenas o tenta a fazer mais um comentário inteligente. Idiota. —Concordo. Preciso encontrar um buraco para me perder esta noite. De preferência um que seja escuro e apertado para entrar. —Ele ressoa. Nosso riso pelo seu comentário paira no ar tempo suficiente para aliviar minha mente perturbada. —Jesus Cristo, eu tenho um idiota, um idiota do caralho como amigo. É sério, Murdock, estamos felizes por você. Isto não podia ter acontecido com uma pessoa mais merecedora. Cora mora bem ao lado e está viva com seu filho. Você é um sortudo filho da mãe. —As palavras do Tyson acertam-me no peito. A única parte que ele se enganou em sua declaração é que não sou a pessoa mais merecedora para encontrar a felicidade. Ele está ali comigo. A única mulher que ele amou o deixou uma noite antes do casamento. Desapareceu sem deixar rastro. Isso é tudo que sabemos sobre ela, exceto o seu nome. Lynne. Isso o destruiu, o fez se alistar para se afastar e para não saber onde ela estava, ou o que estava fazendo. Ele se recusou a falar sobre ela. Jude e eu nunca o forçamos a falar sobre isso. Essa merda deve destruir alguém mais profundamente do que qualquer outra coisa. Eu sobrevivi, porque pensei que Cora estivesse morta, mas Tyson... O amor de sua vida está lá fora, e mais do que provável vivendo feliz com outra pessoa, enquanto ele está aqui na minha casa dizendo o quão sortudo eu sou. —Certo. Obrigado. —Essa palavra de gratidão tem um significado bem maior por trás dela, e todos sabemos disso. Estes dois podem se esconder por trás de suas máscaras tanto quanto quiserem. Não há nenhuma maneira de eles amarem estar sozinhos. Merda, eu odiava. Odiava as mulheres aleatórias, odiava que não me importasse com nenhuma das que levei para minha cama, tudo porque nenhuma delas era Cora.
Silêncio corrói o humor de alguns momentos atrás. Tyson com seus olhos confusos olhando para o nada. Jude é mais do que provável estar lembrando dos pesadelos infernais que nos acordava quando Tyson gritava o nome dela. Deus, essas memórias trouxeram a devastação para todas as nossas almas. —Vamos levar isto para o terraço, tomar uma cerveja, um charuto, encontrar Cutter e planejar essa merda. —Limpo minha garganta, minha mente, e rezo para que isto tire Tyson desta tristeza. Aquela mulher não merece ocupar um pingo de seus pensamentos. Não mais. Não se eu puder evitar. —Preciso de algo mais forte que cerveja! —Tyson grita. —Você sabe onde está. Você também sabe onde é o quarto de hóspedes, porque se for afogar suas mágoas, sua bunda fica aqui. —Deixo-o saber antes de me levantar. Então eu o encarei com um olhar firme e consciente e me afastei. Tyson faz umas merdas fodidas quando se enche de bebidas pesadas. Estou falando de duas ou três mulheres de uma só vez. Não há nenhuma chance, dele tomar um gole dessa merda e partir daqui. Não quando ele quer tentar tirá-la do seu sistema. Eu já passei por isso, todas as vezes que transei com uma mulher. Essa merda não funciona. Nada faz, senão a pessoa real. Foi só quando eu soube que era ela, que percebi que a única coisa que eu sabia de verdade na minha vida é que quando você compartilha o passado com alguém, amando tão profundamente que estando morto ou vivo, seu coração lhes pertence e suas almas estão destinadas a estar eternamente juntas. Não há qualquer coisa que você possa fazer para tirá-los de suas veias. A tinta pode cobrir quase todas as partes do meu corpo, mas não havia como esconder o monstro que vivia dentro de mim, ou a mulher que entupiu minha alma. Permanentemente. Suspiro visivelmente quando sinto o ar úmido do entardecer. É tão surreal porra, sinto-me inesperadamente abençoado por que Cora e eu nos encontramos novamente. —Farei isso dar certo para
nós três, anjo. —Sussurro, coloco o laptop debaixo do braço e subo as escadas. Eu sei que eles não estão em casa, mas isso não me impede de olhar para lá quando chego ao topo, perguntando-me se ela espera que eu vá vê-la hoje à noite. Estarei lá ela querendo que eu esteja ou não. Não há nenhuma maneira no inferno que planejo dormir outra noite sem ela ao meu lado, aonde ela pertence. Hoje à noite, estarei puxando seu traseiro sexy para mim, segurando-a toda maldita noite enquanto durmo. Não estou apenas exausto, mas a ideia de acordar ao lado dela é algo que quero fazer para o resto da minha vida. É hora de vivermos as vidas que estávamos destinados a ter. Juntos. —Cara. Estou prestes a quebrar minha fodida promessa e encontrar aquela mulher. —A afirmação de Jude me deixa perplexo. —Porra. Ele vai ficar fodido. Eu deveria ter visto isso vindo há quilômetros de distância. Eu também seria desencadeado por isso, se fosse ele. Eu simplesmente não sei se encontrá-la vai lhe fazer qualquer bem. Se quisesse ser encontrada, então ela não teria desaparecido. Deixe-a ir. —Encolho os ombros, não querendo discutir isso mais. Se Tyson quiser tocar no assunto, então ele pode. Eu tenho minha própria merda para me preocupar e não inclui encontrar uma mulher que fodeu com a vida do meu amigo. —Você procurou o filho da puta? —Pergunto enquanto pego algumas cervejas na geladeira abastecida, uma caixa de charutos para nós três e nos sentamos no sofá. Eu disse a eles tudo o que havia pelo celular. Suas respostas foram exatamente as que eu sabia que seriam. Furioso e pronto para matar Jesse. Jude especialmente. Ele tem um meio-irmão de treze anos que significa tudo para ele. Se alguém fosse ameaçá-lo de qualquer maneira, todos estaríamos sentados fazendo tudo o que pudéssemos para rastrear o filho da puta. Uma ligação entre irmãos deve ser indestrutível. Não existe uma fodida versão da ideia de Jesse Barrick de cuidar de sua
irmãzinha, permitindo que ela cuidasse de si mesma ou destruindo sua vida. —Ainda não. Achamos que você gostaria de fazer as honras. —Jude bate o dedo na parte externa do meu computador. —Sim, bem, não me mate se o que eu encontrar aqui me fizer tirar minha arma e explodir o computador. —Eu sorrio. Jude franzi o cenho. Nerd Fodido. —Estou brincando, idiota. —Seja como for. —Ele responde secamente. —Vocês querem um? —Tyson aparece na parte superior dos degraus com a minha garrafa de seiscentos dólares de Scotch Glenfiddich em sua mão. Ele derrama vários dedos, toma um gole e fica na cadeira oposta a nós. —Não. É tudo seu, irmão. —Digo. Jude não suporta a coisa. Portanto, não esperamos que ele responda. —Verifique todos os seus recursos, cara. Aquele traste tem que estar em algum lugar. Você também pode verificar no site do Departamento de Justiça, descobrir exatamente quanto tempo Jesse ainda tem a cumprir? —Encorajo Jude a trabalhar sua magia enquanto escrevo Ryan McNeal, como Cutter, no mecanismo de busca do Google. Olho na direção de Tyson enquanto espero que o Google trabalhe sua mágica, vejo-o de pé com seu copo agora vazio na mão, olhando para a água. Sei onde está sua mente, e não é aqui. Fiquei olhando a água muitas vezes me perguntando por que eu ou por que ela, me culpando e pensando o mesmo que ele. Sempre me perguntando quando a chave que abre as correntes envolta do meu coração iria girar e desbloquear, permitindo que as correntes enferrujadas caim, para permitir que toda a dor desapareça. Nunca faz mal, porque estamos tão perdidos em nossa própria mente que não percebemos que o bloqueio está fodido.
—Que porra é essa? —Jude rugi tão alto que meu corpo estremece e Tyson gira, fugindo de seus pensamentos conturbados. Meu interior se aperta. O olhar no rosto de Jude é assustador. Algo não está certo. Na verdade, a forma como seu rosto fica pálido e seus olhos me procuram, o que foi encontrado vai mudar tudo. —O quê? Aperto meus dentes, meus punhos fecham-se firmemente ao redor do computador. —Jesse está fora. Solto há um mês atrás. —Como? —Perguntei, confuso pra caralho. O impacto de ele estar livre envia um traço evidente de loucura pela minha espinha. Sede de sangue se arrasta nas minhas veias. Eu quero a cabeça do filho da puta. —Não diz. Com superlotação e essas merdas, meu palpite é bom comportamento. Pelo que nos contou ao longo dos anos sobre ele, ele é verme. Tenho certeza que bajulou alguém lá dentro. Sabendo que se a oportunidade surgisse, ele estaria fora. —Filho da puta. Temos que encontrar esse desgraçado. Não só para aliviar a mente de Cora, mas porque ele poderia causar sérios danos. Ele vai se vingar de Slater. Porra. —Fico em pé, jogo o computador na mesa e passo minhas mãos pelo meu cabelo. —É melhor você avisar os seus amigos, então eles estarão preparados. Depois é melhor você dizer a ela. —O escrutínio de Tyson sobre mim é forte, exigente, até. Suas sobrancelhas estão se levantando de uma forma desconcertante que me faz pensar se não há um significado oculto por trás de sua frase. Ele desviou os olhos com rapidez e essa culpa que praticamente vejo atravessando seus ombros caídos, tremendo com a exalação de fôlego é quando eu sei que ele ou Lynne esconderam algo um do outro, o que os custou todos esses anos separados. Ele sabe exatamente por que ela o deixou. E está muito envergonhado para admitir isso. O segredo ou o problema que os separou era demais para ela lidar.
—Vou ligar e eu vou dizer a ela no momento em que a vir. Talvez você faça o mesmo, irmão. —Cora é uma mulher forte. Uma sobrevivente, uma vítima e sofreu durante anos por palavras que eram uma mentira. Mentiras tão grandes que teriam destruído os fracos, espalhadas de todas as formas possíveis para destruí-los até que desabassem. Mas não ela, ela lutou a batalha, e agora vou ganhar a maldita guerra. Eu realmente quero matar seu irmão, o idiota do seu amigo e qualquer outra pessoa que tente se meter no meu caminho para garantir que ninguém jamais cause esse tipo de conflito, de envenenamento mental nela novamente. Tudo que tenho que fazer é aguardá-lo. Ele vai aparecer, ele virá encontrá-la. Eu sei que ele vai. No entanto, não posso pedir-lhe para viver com isso. Deitar na cama à noite com um homem que matou alguém por vingança seria como se ela o matasse. Ela pode ser forte, mas no final, algo como isso a destruiria. Sou eu que tenho que domar o monstro dentro do meu corpo, o homem que quer usar cada tipo de treinamento que tem e sair por ai e mutilar esse desgraçado de uma forma que nunca um homem já foi. Para proteger o que é meu e dizer foda-se a tudo e á todos. Quero arrancar o coração do seu peito enquanto fico de pé e bato no meu, sabendo que fui eu, a fazê-lo ter seu último suspiro, eu sou quem o derrotou. Não trará de volta o tempo que perdemos, no entanto, fazer a coisa certa para ela dará ao nosso futuro a paz de espírito que merecemos. Sabendo que ela e meu filho estão seguros, que eles me amam, e que ela pode me olhar nos olhos todos os dias é o suficiente para eu recuar para que esses dois desapareçam sem deixar rastro. Depois de encontrar as informações sobre ele, ligo para Slater, que acabou por saber sobre a saída de Jesse. Ele me convence de que está preparado para enterrá-lo vivo se ele mostrar seu rosto por lá. Em seguida, vamos para casa de Jude em vez de permanecer na
minha, um lugar onde Ethan ou Cora pode nos ouvir ou decidir aparecer quando chegarem em casa. De forma alguma estou preparado para contar a ela até ter todos os fatos. Toda maldita coisa que possa desenterrar daquele filho da puta. E bem, nós a encontramos. Encontramos evidências suficientes sobre Jesse e Cutter para enviá-los para a pena de morte ou a prisão perpétua. Para não mencionar que ele fingiu a morte dela. Tecnicamente, isso não é um crime, porque na nossa pesquisa não há registro de uma certidão de óbito, nem pedidos de seguro fraudulentos. Ela simplesmente desapareceu. Toda a cidade assumiu que estava morta. Foi uma coisa fodida. É uma coisa boa que o xerife em Redding, que auxiliou este plano bem pensado de assassinato fictício estaja morto, ou eu gostaria de matá-lo também. Quero dizer, nenhuma investigação, sem perguntas. Apenas a palavra de um filho da puta faminto por dinheiro. Independentemente do meu status de estar no lado correto da lei, a prisão perpétua para ambos não será punição suficiente para mim. Preciso vê-los sofrer, fazê-los pagar. Se eles podem cobrir seus rastros, esconder-se atrás da lei, então também posso. Tenho certeza que o diabo não se importará se as coisas derem errado durante essa investigação e suas cabeças forem acidentalmente explodidas. Pelo menos, Cora poderia dormir à noite sabendo que passei pelos meios adequados para derrubá-lo. E Jude empurrou um maldito espinho do tamanho do Texas em mim. Esse bastardo tem sorte, eu me importo com o idiota estúpido. Ele fodeu a chance de todos nos reunirmos para um bom churrasco de vizinhança com a merda que causou depois que dormiu com Vivian. O cara pode pensar rapidamente com a mente, mas seu pau e boca são estúpidos pra caralho. O que tenho toda a intenção de falar com Cora. Isso pode esperar ou nunca ser levado para o que me preocupa. É uma besteira ser grosseiro com uma mulher só porque ela não está pronta para sair da sua cama logo que
você acabou de fodê-la. Foi exatamente isso que o idiota fez. Jude precisa resolver o problema. Com certeza não é meu para me envolver. É a menor das minhas preocupações.
CAPÍTULO QUATORZE Riddick A lua ilumina o suficiente para que eu possa vê-la dormir. Suas pálpebras estão fechadas sobre um par de olhos verdes que roubam minha respiração, que me olham com aquela centelha íntima de me despir de muitas maneiras. Não só intimamente, mas com o poder de me destruir, a profunda conexão da confiança, envolvendo-se num vínculo profundo e penetrante, que cada mancha, traço e cor dessas esferas verdes são a boca que liga nossas almas. Minha garota, ou devo dizer, minha mulher, é uma visão agora. Seu rosto em paz e seus ombros sexies á mostra, seu peito subindo e descendo naquela lenta e profunda liberdade de conflitos. Seu corpo enrolado está relaxado, sua mente se preparando para os eventos do dia. Outra parte está armazenando as memórias de hoje e de dias anteriores. Odeio acordá-la quando precisa de seu descanso, então espero. Absorvo minha própria lembrança desta mulher pacífica e bonita, que procuro proteger, amar e adorar até eu finalmente exalar meu último suspiro. Eu a amo pra caralho e chega a ser fisicamente doloroso. —Riddick. —Ela se agita, seus olhos piscando para se ajustar ao escuro. —Ei, anjo. —Sussurro da cadeira no canto, onde estive sentado durante a última hora, tentando decidir entre deslizar ao lado dela e fazer amor com ela antes de lhe contar tudo ou segurá-la forte e esperar até acordarmos. Estou além do domínio da exaustão. Estou mentalmente esgotado. Emocionalmente fodido e inseguro. Se eu pudesse esconder meus problemas em um copo de bebida, faria isso. Os planos do meu pau superaram todo o resto agora. Preciso amá-la, para mostrar a ela de uma forma lenta e sensual, que
apesar das dificuldades que vão machucar seu coração, estarei lá para ela. Para fazer as coisas certas. —Você sabe. —Eu digo enquanto puxo minha camiseta sobre a cabeça antes de enganchar meus dedos no cós do meu shorts e deixá-los cair no chão. Meu pau parece granito e está incrivelmente pronto. —Você não deve deixar as portas do seu quarto abertas à noite, você nunca sabe quem pode decidir se deitar ao seu lado na cama. —Um gemido faminto escapa de seus lábios. Ouço sua respiração acelerada, rápida e sexy em meus ouvidos, quanto mais perto chego de sua cama. Mais dois passos, e me encontro deslizando ao lado dela, puxando seu corpo quente e nu, ansiando pelo meu. Maldita seja, a sensação dela contra mim é tão boa. —Eu sabia que você viria. —Ela sussurra. —Eu virei sempre se estiver tudo bem para você. —Minha voz está rouca, meu pau dolorosamente duro, minhas bolas latejantes. —Estou falando sério, porém, me dê uma chave e mantenha essas portas trancadas. Esta casa é enorme, você está aqui sozinha. Podemos abri-la quando eu chegar aqui, ok? —Sim, senhor. —Ela diz, grogue. Ela me chamando de "senhor" deixa meu pau em um frenesi. Se eu não quisesse amá-la agora mesmo, essa fera estaria com algum papel importante aqui. Eu teria o prazer de torturá-la até que seu ―Sim, senhor‖ se transformasse em gritos enquanto eu a fodesse até que ela me implorasse para permitir que ela gozasse. —Porra. Senti sua falta hoje. —Eu a rolo sobre suas costas até eu estar por cima. Suas longas e bem torneadas pernas espalhadas, seu calor, seus seios, todo o seu corpo sob mim onde ela pertence. —Também senti sua falta. Como foi sua noite? —Não estou pronto para relembrar minha noite ou qualquer outra coisa além dela agora. Eu a silencio com um beijo. Tão poderoso que sinto que
me atingiu em todos os lugares. O gosto de sua boca, a ponta da língua tocando a minha. Nosso beijo se intensifica quando passo minha mão pelos lados de seu corpo macio. Um gemido profundo ecoa pela garganta enquanto tomo e dou mais. Passando a mão pelo seu quadril, trilho a parte superior da coxa. Quando mergulho um dedo em sua boceta quente, meu pau está gritando que ele poderia ficar dentro dela para sempre e nunca mais amolecer. Cristo Todo-Poderoso, ela está convidativa e doce. Provoco seu clitóris, varrendo meu polegar ao redor da protuberância sensível. Ela respira quando me afasto. Eu rio na sua boca, mordisco seu lábio inferior e roço minha boca pelo seu pescoço, plantando beijos em todos os lugares. Ela se contorce. Seu corpo se torna vivo, ajustando-se à perfeição. Enquanto meus dedos empurram para dentro e fora de sua boceta, minha boca agarra um mamilo, sugando, puxando suave a forte. A fragrância de sua excitação enche meu nariz, fazendo com que a pressão dos meus dedos aumente mais rápido em seu calor úmido e escorregadio. Ela geme, arqueia suas costas, e eu toco seu clitóris quando ela me dá o orgasmo que se desfez em um suave suspiro. —Shh! —Eu digo em sua boca. Nossos lábios suficientemente próximos para respirar um na boca do outro. —Eu amo você. —Diz ela. —Eu também te amo. —Então minha boca está sobre a dela novamente. Esmagando. Torturando. Levanto meus quadris, alinho meu pau e memorizo a sensação de seu aperto se expandindo ao meu redor enquanto ela se ajusta ao meu tamanho. É a segunda melhor parte do sexo, sendo o primeiro quando ela goza em meu pau.
—Sinta, Cora. —Digo quando retiro minha boca dela, aperto minhas mãos nos lados da sua cabeça e afundo todo o comprimento para dentro. Me afasto e empurro de volta em seu corpo esguio, sua boceta molhada, seus músculos apertando com seus quadris para cima. —Porra, nunca senti nada tão incrível assim na minha vida. Você é como seda. Perfeita. Então eu estou movendo-me avidamente dentro dela. Suas pernas longas e bem torneadas estão envolvidas ao meu redor, me agarrando com força. Os sons de nossos corpos se conectando levam meus movimentos a uma necessidade primordial de ouvi-los. Acelero meus golpes, longos e profundos. Poderoso e constante. Com meu peso cobrindo-a, meus olhos estão observando seu rosto levemente claro. Meu pau pulsa, sua boceta contrai e eu devoro com minha boca os sons ruidosos que escapam da sua, enquanto ela me aperta com força, drenando e sucumbindo-me á um sono perfeito e exausto. E pela primeira vez desde que coloquei os olhos sobre essa mulher, dormimos a noite toda comigo segurando-a apertadamente em meus braços. —Acorda, bela adormecida. Nós precisamos conversar. —Me levanto, meu corpo renovado e pronto para acabar com essa merda. Eu a segurei em meus braços durante toda a noite. Dormi melhor do que tenho dormido em anos, sabendo que quando eu acordasse ela estaria ao meu lado. É o melhor sentimento do mundo adormecer com ela em meus braços, acordando com seu corpo quente, seu rosto lindo sendo a primeira coisa que vejo. Exceto que ela não está aqui. —Cora. Onde diabos você está? —Gritei, olhando para o relógio, pulando da cama quando percebo que são quase nove horas. —Jesus. Merda. Caralho. —Eu puxo meu jeans, ponho a camiseta que trouxe comigo na noite passada sobre minha cabeça e começo a sair de seu quarto como um maldito perseguidor. Esta merda acaba
hoje. Não me importo se foi um dia, uma semana ou anos. Eu não vou mais ficar com ela escondido. Precisamos contar a Ethan sobre nós. Não tenho ideia de como, mas é algo que podemos descobrir. No entanto, vai acontecer logo. —O que você está fazendo? —Ela passeia vestindo shorts pretos curtos pra caralho, uma camisola de alças que tem a palavra Flawless3 cobrindo seus seios duros e o cabelo em uma trança. Ela é uma fantasia foda e perfeita. —Eu estava indo para casa, mas agora que vejo você nisso... —Aponto para sua roupa —O único lugar onde estou indo será para dentro de você. —Meus olhos a examinam audaciosamente. O suor irrompe na minha testa, e meu pau fica enlouquecido, enquanto tenta abrir caminho através do meu zíper. —Oh. Bem, não me deixe impedi-lo de ir embora. —Ela me insulta com uma elevação ridiculamente desafiadora de suas sobrancelhas. Sim, foda-se essa merda. Ela precisa de uma lição. Com um grunhido que assustaria um leão, pulei nela quando ela se vira para sair. Meu corpo prendendo o dela na parede no corredor, as pernas flexionando o suficiente para mostrar a ela o quão duro estou quando pressiono contra sua bunda. —Eu não tenho problema em fodê-la aqui, Cora. Na verdade, se você correr de mim novamente, e vou te foder com a minha língua até você implorar para eu parar. —A fera apareceu momentaneamente. Provoco, lambendo sua orelha e gemendo minha vontade por essa mulher. —Não tenho problema em implorar. —Ela mostra um sorriso malicioso sobre seu ombro. —Estou contando com isso. —Prometo, mordendo com ternura em seu ombro. 3
Flawless= Perfeito
—Onde está Ethan? —Pergunto esfregando levemente os quadris em sua doce bunda. —Ele ficou com meus pais na noite passada. Por mais que adoraria vê-lo, ela me dizendo que ele não está, foi tudo que precisei para agarrar sua trança, puxar sua cabeça para trás e segurar seu rosto para que ela não tenha outra escolha além de olhar profundamente em meus olhos escuros. —Você pode começar a implorar agora. —Eu chupo e lambo seu pescoço, deslizando minha outra mão sob sua blusa e aperto um seio. Seus seios são perfeitos. Seus mamilos estão duros, e porra, posso ser o único implorando antes que este maldito festival de sexo termine no corredor. Estas são os tipos de memórias que deveríamos ter incorporado em nossas mentes nos anos que perdemos. Tempos divertidos que se transformam em ações. Nossos corpos escorregadios com desejo. Minhas mãos ásperas estão sobre ela, capturando-a, enquanto me delicio com cada centímetro dela. Tanta coisa para compensar. Estou decidido a dar esses momentos preciosos a ela e a mim. Meu único objetivo na vida é apreciar essa mulher, seja fodendo-a ou fazendo amor com ela. O objetivo final é fazê-la desmoronar, dar-lhe o que quiser. Eu. O mundo. Amor. —E Vivian? —Pergunto. Desesperadamente esperando que ela tenha ido, também. Quero ouvi-la gritar alto o suficiente para assustar as gaivotas. —Trabalhando. Louvado seja Deus. Cora geme enquanto rolo seu mamilo nos dedos. —Você quer que eu te foda aqui no corredor, contra esta parede? —Eu aperto sua trança com mais força. —Sim.
—Tire seus shorts, coloque suas mãos acima de sua cabeça, e mostre-me essa bunda dura. —Ela faz como eu disse, esfregando sua bunda em minha calça jeans. Caralho, sua bunda é perfeita. Essa palavra em sua camisa deve ser tatuada na parte de trás dela. Droga. O meu pau precisa sair agora. Solto seu cabelo, abro o botão e abaixo meu zíper, sem parar minha tortura em seu seio. —Vou te foder agora. Profundamente e com força. —Suas pernas abrem-se como se ela quisesse isso, sua cabeça inclina para trás, e eu golpeio meu pau em sua boceta úmida e então começo a fodê-la por trás, deslizando minha outra mão ao seu redor para acariciar o outro seio. E a fodo. É selvagem, rigoroso. Parece tão certo, tão bom. —Oh Deus, Riddick! —Ela grita. Seus deliciosos seios estão saltando em minhas mãos. Sua cabeça se debatendo. Sim, eu amo vê-la perder o controle. —Eu nunca quis algo tanto assim. Jesus, você me faz querer preencher sua boceta com meu pau todo o maldito dia. Porra! —Gritei, libertei seus seios, peguei seus quadris e golpeei. Temos muito a discutir. Tanta devastação e preocupação que estarão na vanguarda de sua mente até que tudo esteja resolvido. Ela vai surtar quando eu lhe contar. Mesmo sabendo que ela confia em mim para mantê-la e a Ethan seguros, não me impede de pensar que ela vai querer fugir. Desaparecer como antes. —Estou gozando! —Ela grita, as mãos escorregando pela parede, sua bunda me empurrando para trás. Ajusto meus pés para nos impedir de cair. Minha bunda nua bate na parede oposta quando ela se inclina na minha frente enquanto continuo meu assalto por trás à sua boceta viciante. Com a coluna ereta, a cabeça erguida e meu pau enterrado profundamente em sua boceta, ela começa a convulsionar, espremer
os músculos. Cora sabe o que diabos está fazendo quando se trata de drenar meu pau. Sei que esta fora desse mundo estúpido desejar que seu controle de natalidade falhe e que eu plante outro bebê dentro dela. Ver a mulher que amo grávida, me deixaria de joelhos, levando-a comigo. Um dia em breve. Bato implacavelmente, minhas pernas começando a queimar. Não consigo parar de foder essa mulher. É um feito sem fim que vai durar o resto da minha vida. Ela é minha, e farei o que tiver que fazer para ter certeza de que ela nunca sinta a necessidade de fugir novamente.
CAPÍTULO QUINZE Cora Riddick volta para sua casa para tomar um banho e trocar de roupa após me atacar no corredor. Uma ocorrência sexual que agora me tem dolorida e necessitando do castigo fervilhante que ele prometeu me dar no outro dia. Preciso de alguns dias para me recuperar da forma como ele me devastou. Não que eu esteja reclamando. Nunca fui fodida com tanta força, um desejo que ondulou através do meu corpo com cada centímetro grosso dele. Suas mãos ásperas estavam sobre meus seios, prestando especial atenção aos meus mamilos, que doíam de forma satisfatória. O homem não conseguia ter o suficiente, e eu como uma mulher que ficou sem o amor e a atenção do homem que ela ama, também não consigo. Ele disse que precisamos conversar antes de fazermos planos para o dia. Passar o dia inteiro fazendo o que quisermos. Este será o nosso encontro. Para explorar, estar juntos pela primeira vez em público, sozinhos. É bobo uma mulher adulta querer caminhar por uma calçada movimentada, segurando a mão do seu homem ou parar apenas para dar um beijo em sua bochecha. Muitas vezes eu via pessoas fazendo todas essas coisas amorosas e normais e o ciúmes me corroía todas às vezes. Meu relacionamento com Seth era normal, confortável. Dávamos-nos as mãos, conversávamos e caminhávamos. Mas não era o mesmo. Não quando minha mente desejava que o homem com quem estivesse fosse outro. Posso dizer honestamente que nosso relacionamento não era nada parecido com o que tenho com Riddick. Tinha tudo a ver com sentir como se estivesse com meu melhor amigo, em vez do homem que eu amava. Eu me preocupo
muito com Seth. Ele sempre será uma parte da minha vida e de Ethan. Riddick e eu não conversamos muito sobre ele. Disse a ele na outra noite que namorei um cara que ainda está em nossas vidas como amigo. Ele pareceu aceitar bem isso. Realmente espero que ele esteja bem com isso, porque não importa o que aconteça, eu não tiraria Seth da vida de Ethan. Me recuso a tirar os direitos do meu filho em escolher seus amigos, e é exatamente isso que Seth é. Ele é seu amigo e o ama. Seth ficou chocado e feliz por nós quando finalmente sentouse na praia ontem. Contei a ele toda história do começo ao fim. Ele acabou cancelando todos os compromissos do dia, ficou na praia comigo por horas enquanto eu lhe contava a incrível história de Riddick morando na casa ao lado. Seth não merece nada além da verdade, portanto, a única parte que deixei de lado foram os nossos momentos íntimos. Ele foi jantar com a gente na casa de meus pais, e assim como eu pensava, sentou-se com Ethan, contando a ele o quão feliz estava por ele, por mim, e que queria permanecer em sua vida. E agora, enquanto coloco a última panqueca de mirtilo na bandeja, pego o prato com bacon e sento-me, esperando Riddick voltar, minha mente se preocupa com o medo. Não sobre a forma como Riddick vai lidar com as notícias de Seth. Essa não é minha preocupação. Ele ama nosso filho e nunca afastaria alguém que seja importante para ele. Especialmente depois de termos sido afastados um do outro sem direito de escolha. Meu medo é Jesse. O olhar de Riddick antes de sair pela porta me disse que ele tem novidades e essas notícias vão me machucar. A situação entre Vivian e Jude é um suave chute na areia em comparação ao que ele vai me dizer. —Senti o cheiro dessas panquecas no momento que eu cheguei no topo das escadas. —Olho para cima, fazendo uma pausa no meio do gole do meu café. Santo Deus. Ele pode sentir o cheiro
do café da manhã, mas eu não posso. Tudo que eu sinto é o cheiro dele. Um cheiro que ficou trancado por anos. Misture o cabelo molhado puxado para trás, com pequenas gotas de água escorrendo pelo peito bronzeado e sem camisa, com o cheiro de um homem que acabou de tomar banho e você tem o cheiro de Riddick Murdock. Todo homem. Poderoso. Meu. Um livro hot que ganha vida. —Café ou suco? —Limpo minha garganta, dizendo a minha mente para puxar as rédeas que controlam meu corpo. Para fazê-lo se calar e se contentar por um maldito dia. —Suco. Eu pego, no entanto. Você come. —Ele aponta para o meu prato. Quero dizer-lhe que não estou com fome. Que temo que o que ele vai me dizer me faça vomitar qualquer coisa que eu coloque no estômago. No entanto, eu preciso comer, praticar o que prego. Pego uma panqueca, coloco-a no meu prato, despejo um pouco de calda e dou uma mordida. —Isso parece ótimo. Obrigado. —Ele diz, coloca várias panquecas em seu próprio prato, pega um pouco de bacon e come logo após despejar metade da garrafa de calda sobre eles. Mordo meus lábios enquanto comemos. Apavorada, nervosa e ansiosa para descobrir o que ele tem a dizer. —Ei. Olhe para mim. —Seu tom é franco e incisivo. —Não importa o que aconteça, vou proteger você, anjo. Juro por Deus, porra, protegerei todos nós. Venha aqui, por favor. —Ele declara. Este homem pode ser sensível e todos os tipos de durão na mesma frase. Não importa, porque meus pés se dirigem para ele de qualquer maneira. Tudo que eu quero fazer é estar com ele, por ele. Só ele. —Seth parou para ver Ethan ontem. Falei sobre você. —Entrego a parte mais fácil do peso em meus ombros.
—Isso é ótimo. Ethan fala muito dele. Estou ansioso para conhecê-lo. —Ele responde com a boca cheia de comida. Viu? Fácil. Sem ciúmes. Sem luta. —Você descobriu algo sobre meu irmão. Vamos, fale. —Falar a verdade sobre os meus nervos e o fato dele não ser tão bom em manter sua preocupação sob controle, como ele pensa que faz. Suas mãos estão tremendo agora que me colocou cuidadosamente em seu colo. —Descobrimos por que ele te mandou embora anos atrás. A questão foi o dinheiro. O seu dinheiro. Ele queria, e conseguiu. Metade do valor, de qualquer maneira. —Meu dinheiro? Do que você está falando? —Gaguejo, suas palavras é uma enorme bagunça dando voltas em minha cabeça. Ele me maltratou e abusou. Ameaçou matar meu filho por dinheiro. Como? Por quê? Eu não entendo. Saio do seu colo com a necessidade de andar, e conseguir algum tipo de sentido através do sangue bombeando em meus ouvidos. Minha mente está lenta, e eu não compreendo. Por que meu irmão faria isso? —Seus pais deixaram o clube e um monte de dinheiro. Eles sabiam que você não iria querer uma maldita coisa sobre estar numa gangue. Essa era a merda deles, não sua. Era a vida de Jesse. Ele queria isso. Você não. Então, resolveram estabelecer um valor para você caso alguma coisa acontecesse com eles. Duvido muito que eles acordaram pela manhã pensando que este seria o dia em que morreriam. Pela maneira como você falou sobre eles, como a mantiveram intocada e principalmente fora de vista, era porque sabiam que você não era o tipo de garota que queria esse estilo de vida. Esse dinheiro teria permitido que você fizesse o que quisesse com sua vida. —Uau. Não tenho certeza se quero rir ou chorar por tudo isso. Teria dado a meu irmão até o último centavo desse dinheiro se
soubesse sobre isso. Tudo o que eu queria era sair de suas asas. Ficar longe dele para sempre. —Há mais, não é? —Digo de forma questionadora. A incerteza está flutuando através das minhas veias sobre o que ainda está por vir. Ele concorda. O olhar que me dá provoca uma injeção de dor na minha coluna. —Isso teria nos trazido paz. Estava programado para você herdar a primeira parte quando fizesse dezoito anos. Como seu familiar mais próximo, ele teria acesso a tudo se você morresse. —Ele esclarece. Deus, dói que minha carne e meu sangue forjou a minha morte, roubou meu dinheiro e disse uma das maiores mentiras que alguém poderia dizer. Ele é uma fraude, um bastardo que me enoja. Toda minha infância me foi roubada por causa dele. Meus pais foram assassinados, mortos a sangue frio, e tudo o que sempre quis foi que ele me consolasse, que me dissesse que tudo ficaria bem. Que se tornasse uma pessoa melhor e fosse o irmão que eu esperava que fosse. Não só ele me traiu com sua besteira fraudulenta, mas também traiu nossos pais. Enganou-os da pior forma. Não faço ideia de quanto tempo andei de um lado para outro no chão frio, de azulejos, minha mente correndo, meu sangue fervendo a cada novo passo que eu dava. Eu costumava me dizer que iria agradecê-lo se o visse novamente por me deixar partir, por me permitir escapar da reputação suja que seguia atrás dele, da mesma forma que um avião deixa uma longa linha branca que persiste e se espalha por quilômetros. Sua decisão maliciosa de roubar o dinheiro que meus pais me deixaram poderia ser facilmente tratada de forma correta. Eu teria dado cada centavo se ele tivesse sido sincero comigo, deixado viver minha vida com Riddick. Se ele simplesmente me esquecesse. Mas não, ele não permitiu. Ele tinha que me apunhalar pelas costas até quebrar minha espinha, não me deixando nada da minha infância. Meu irmão me destruiu por ciúmes que poderia ter sido evitado se ele apenas me amasse. Se
tivesse sido correto com meus pais. O odeio mais do que pensei que poderia odiar uma pessoa. Quero ele destruído. E aquele maldito clube, também. —Espera. —Paro e inclino minha cabeça cautelosamente quando uma fria explosão de ar escapa dos meus pulmões. Sinto o sangue se esvair do meu rosto, minhas pernas tremem e meus dentes rangem. Riddick deve sentir minha inquietação, porque se levanta e me acolhe em seus braços. A força de seus braços e o amor que vejo em seus olhos são as únicas coisas que me mantêm na posição vertical. —Você disse metade. Quando eu deveria receber o restante? —No instante que pergunto, um arrepio se prende a minha coluna, me atingindo com uma descarga surpresa, aquela injeção contorcendo seu caminho em minhas veias. Conheço a resposta antes dele deixá-la sair de sua boca. Fico lá petrificada, olhando para ele esperando que ele confirme o que vai me destruir. Faz-me perder a raiva e a amargura, eu sinto se transformando em um pânico que eu não sentia há muito tempo. —No seu trigésimo aniversário. —Ele confirma. Eu desmorono. O ar na minha casa rapidamente se torna frio, congelando ao ponto de apertar o meu peito e de repente tenho certeza de que a vida do nosso filho e a minha estão em perigo. Estou revivendo o pesadelo. O pânico envolve-me. Isso me sufoca ao ponto em que tenho certeza que estou prestes a desmaiar na horrível conversa que Riddick e eu estamos prestes a ter. —Isso será em menos de duas semanas. E se... Oh meu Deus... E se ele vier atrás de mim, e se ele realmente me matar dessa vez? É por isso que você disse que nos protegeria, não é? Ele está na prisão, então vai enviar Cutter ou outra pessoa, certo? Não vou me curvar a ele desta vez. Você é um policial. Quero prestar queixa. Ele deve ter forjado uma certidão de óbito para receber esse dinheiro. Quero que ele fique atrás das grades para o resto de sua vida, Riddick. Não quero nada desse dinheiro. Nenhum centavo. O que
quero é que você me mostre o testamento. Eu preciso ver. Tem que haver testemunhas, outras pessoas que o ajudaram. Cutter. Onde ele está? —Divago, e ele permite. Seria bom se ele me dissesse que Cutter está morto, mas sei que não está. Aqueles dois destruíram minha vida por anos. Fizeram-me, sem saber, viver uma mentira. Tantas delas que minha mente está dando voltas. Eles cometeram crimes que certamente deveriam prendê-los pelo resto de suas vidas. Quero a cabeça de cada pessoa que os ajudou. Não há como dois estúpidos, filhos da puta planejar isso por conta própria. —Você precisa sentar, esfriar a cabeça e me escutar. —Ele me diz severamente enquanto desliza suas mãos para segurar meu rosto. Suas palavras cheias de confiança. Seus traços faciais suavizam ao estudar meu rosto com tanto amor que meu coração dói, meu estômago se aperta e todo o meu interior comprime enquanto se transformam em um grande feixe de nervos esmagados. —Por favor, Cora. —Ele implora. —Bem. Vou sentar. Mas não consigo me acalmar. Nunca ficarei calma, não até que isso finalmente termine. Não posso viver isso novamente. Também temos que pensar em Ethan. —Minha voz sobe dramaticamente. Deixo cair lentamente o meu olhar do dele, me movo para a mesa e preparo-me para o próximo golpe que sairá de seus lábios. Mal posso esperar o dia em que eu nunca mais terei que ouvir o nome de Jesse novamente. Prefiro ouvir meu filho dizer cada maldito palavrão pelo resto dos meus dias do que ouvir o homem que amo derramando veneno por sua boca. Veneno que se infiltrará em minhas veias queimando minha pele. —Agora, preciso que você ouça com atenção. O que estou te dizendo não pode ser repetido. Nem para Vivian ou seus pais. Ninguém, Cora. —Sinto o pânico começar a se infiltrar no meu sistema enquanto ele está tão calmo, que está começando a me irritar. Eu evito dizer isso. Seguro-me para não descarregar nele porque ele é Riddick. Eu o conheço. Ele deve estar com medo. No
entanto, seu treinamento, seus anos no Exército lhe ensinaram como controlar seus medos e quando o inimigo ataca, mostrar força e determinação. Desejo que quaisquer pensamentos repetitivos que ele tenha agora, seja dito para mim antes que eu perca completamente minha sanidade por esse castigo traiçoeiro e cruel. Inalo profundamente e deixo sair o ar, prometendo fazer o meu melhor para permanecer quieta, para não interromper. —Ok, mas eles têm o direito de saber sobre tudo isso. Não vou esconder deles. Eles cuidaram de nós, nos amaram como se tivéssemos o mesmo sangue. Se Jesse está de alguma forma vindo atrás de mim, certamente irá atrás deles também. Eles são minha fraqueza, Riddick. —Respiro fundo e fecho meus olhos para conter as lágrimas que eventualmente caem. Minha mente se pergunta se isso em algum momento acabará. Se finalmente serei permitida viver a felicidade que mereço. Se meu filho estará salvo para sempre de um homem que de alguma forma conseguiu obstruir a lei. Lei que deveria proteger, e tudo que fez naquela época foi ajudá-lo a cometer crime após crime e sair impune. Tenho certeza de que foi o xerife e seus subordinados imbecis que o ajudaram. Todos merecem apodrecer no inferno. No entanto, tenho a lei do meu lado desta vez. Não é como lá, onde ninguém me ajudaria porque todos estariam assustados ou trabalhando para o meu irmão. Riddick me olha com atenção. Seu olhar intenso faz com que meu coração acelere e o amor se espalhe por todo meu corpo. Ele está adorando-me de novo, adorando-me apenas com a intensidade de seus olhos hipnotizantes. Ele balança a cabeça, fica de pé e então se ajoelha ao meu lado, coloca as mãos nas minhas bochechas e as mantém ali. O instinto me faz inclinar em seu toque. O nervosismo me faz pensar por que ele sente a necessidade de prender-me no lugar. Não que eu me importe de estar presa a ele. Apenas desejava que não fosse nessa situação.
—Nós não temos ideia de onde Cutter está. Jude está procurando por ele. Isso precisa ser feito do meu jeito, anjo. Uma vez que tenhamos todas as provas, a evidência que precisamos, iremos ao FBI. Não vou mentir para você e dizer-lhe que estou feliz por fazer isso da maneira correta. Sei muito bem que a punição que eles lhe darão não será bom o suficiente para mim, para você, ou para Ethan. Vou fazer isso pelos olhos da lei. No entanto, se ele foder até mesmo um centímetro, eu explodirei seu coração negro e o removerei de seu peito. Você me entende? —Meus olhos se abrem. Flashbacks das poucas vezes que Riddick me disse que queria matá-los tropeçam em minha visão em rápida sucessão. Violência. Sangue. Morte. Guerra. Está tudo lá em seus olhos. Ele realmente quer matá-los sozinho. —Me desculpe. —Digo de forma significativa. —Sei que deve ser difícil para você controlar o desejo de fazer justiça com suas próprias mãos. Sei que você está fazendo o que é certo por mim e por nosso filho. Nunca deixarei de te agradecer por isso. Queria que eles ficassem presos por um longo tempo. Houve momentos em que os queria mortos. Não conheço a lei como você. Forjar a morte de alguém e roubar sua herança é um crime federal? Existem evidências para condená-los a pena de morte? Sem contar que eles tiveram que pagar muitas pessoas para conseguir o apoio que necessitavam. —Digo suavemente. —Eles tiveram ajuda. O cara está morto, Cora. Assassinado há dez anos quando tentou separar uma briga de gangue. A nuvem negra que paira sobre minha cabeça subitamente criando um caos em minha mente. Uma tempestade vertical rouba minha respiração, obscurece meus sentidos, e acima de tudo me faz querer fugir para me proteger. —Oh, Deus. —Minha mente vacila pelas fortes inundações. —Eles o mataram, não foi? —Eu inspiro à medida que minha mente tenta retornar às suas condições normais.
—Estamos verificando isso. Há burocracia em todos os lugares. Leva tempo. Mas acho que sim, um deles o matou. —Ele diz isso como se fosse uma ocorrência diária, para ele é. Para mim, é um pesadelo do qual não consigo escapar. —E a minha certidão de óbito? Você disse que eles falaram que fui cremada. Certamente, eles precisaram de alguém para assinála. —Pergunto, orando a Deus, que quem colocou seu nome em um documento falso ainda esteja vivo. —Não havia um. Não legalmente registrado. —Jesus. Acho que estou em estado de choque. Essa tem que ser a história mais louca que já existiu. Uma que um canal de notícias adoraria colocar as mãos. Durante anos, meu irmão provavelmente desperdiçou sua vida, colocou meu dinheiro em sua gangue, mentiu para pessoas sobre pagá-las quando tinha toda a intenção de matá-las enquanto se deleitava com a glória de saber que eu vivia com a culpa, pensando que o sangue de Riddick estava sobre minhas mãos. Uma pessoa decente agradeceria que um bastardo doente como ele os deixasse viver. A verdade é, agradeço a ele, porque consegui viver a maior benção que uma mulher pode ter. O direito de ser mãe. Mas isso não significa que agora sabendo o que ele fez, que não deseje que ele sofra da pior forma possível. Eu quero. Mas não com a possibilidade de Riddick perder a vida que construiu para si mesmo. Jesse e sua gangue não valem a pena. —Graças a Deus, você recuperou o bom senso sobre não matá-lo sozinho. Quase acabou comigo pensar que você estava morto. Agora, se alguma coisa te acontecer, me destruiria. Eu não sobreviveria e Ethan também não. Ele não pode destruir o que estamos construindo dessa vez. Comigo viva, ele não tem chance de conseguir esse dinheiro. A única coisa que ele conseguirá é ver a vida atrás das grades. Cutter também, uma vez que for encontrado. —Recupero o fôlego, os sinais iminentes de uma enxaqueca causada pela tensão se formando atrás de meus olhos cansados e suplicantes.
Vou me colocar de joelhos para implorar se tiver que fazê-lo, para que ele entenda que pode ficar aqui e nos proteger enquanto permite que alguém investigue esse crime. Não quero que meu filho se apaixone por seu pai, para ter que dizer-lhe que ele foi ferido ou pior, morto por minha causa. Já é ruim o suficiente que uma vez que a realidade afunde e Riddick retorne ao trabalho, que os perigos de sua profissão me atormentem como uma doença contagiosa. Não conheço os prós e contras do seu trabalho. Imagino que traficantes de drogas sejam pessoas extremamente perigosas para lidar. Riddick pode estar sentado aqui me dizendo que fará a coisa certa. No entanto, se a oportunidade surgir, ele tentará matar Jesse se tiver a chance, assim como ele disse. E Jesse e Cutter são bombas a ponto de explodir. Eles não vão desistir sem lutar. —Cora, eu vou protegê-la, isso é uma promessa. O que não farei é ficar de braços cruzados enquanto espero um telefonema para me dizer que acabou. Estou ajudando-os. Você precisa me dar isso. Confie em mim quando digo que minha motivação para buscar vingança supera a vontade deles por todo o dinheiro do mundo. Eles me tiraram a oportunidade de ver meu filho entrar neste mundo, vê-lo respirar pela primeira vez, engatinhar, falar e andar. Eles despojaram-me, porra. E por isso, meu amor, eles merecem morrer, seja pelas minhas mãos ou pela câmara de gás. Eles vão pagar com suas vidas. Do meu jeito será muito pior. Eles os levaram para longe de mim. Roubaram você de debaixo do meu nariz. Mentiram. Transformaram-me num homem amargo. Então, porra não, não vou ficar parado. Quero que eles sofram. Quero que eles gritem meu nome enquanto os vejo morrer. É hora de eles pagarem pelo que fizeram e, apodrecer em uma maldita cela, não será suficiente para mim. É inútil discutir com o homem que está agora na minha frente, que num piscar de olhos tornou-se uma pessoa completamente diferente. Seus olhos que brilharam nos últimos dias agora se
transformaram numa intensa sombra de ódio. Eles estão cuspindo fogo. Suas mãos estão apertadas pela raiva. Sua voz estrondosamente alta, então suas palavras são abafadas pelo relâmpago que quebra atrás de sua cabeça. Misturado com a nuvem sombria logo acima. —Bem, então. —Me levanto e encontro o seu olhar, meus nervos tensos. Meu coração amargo. Estou dura. Como uma estátua. —Como você vai cuidar do meu irmão enquanto ele estiver na prisão? Certamente, as provas contra ele são suficientes para um julgamento. Que o mandará diretamente para a morte? —Inclino minha cabeça para o lado. A determinação para acertar as contas está ao meu favor. Entendo onde Riddick quer chegar. Honestamente entendo. Se eu tivesse uma grama da coragem que ele tem, eu mesma puxaria o gatilho para Jesse. —Jesse não está mais na prisão, anjo. —O que você disse? —Suas palavras estão se registrando na minha cabeça. No entanto, tudo que ouço e vejo é a voz de Jesse, seus olhos vazios quando começa a gritar suas ameaças, me golpeando no rosto e meus ouvidos ressoam o medo que ele incutiu em mim, meu coração acelera. Não consigo respirar. Escuridão.
CAPÍTULO DEZESSEIS Riddick —Caralho, Cora. Você me assustou! —Peguei ela antes que seu corpo macio caísse no chão. Levanto seu queixo para que ela me veja. Os olhos geralmente brilhantes estão sem vida. Seu lindo rosto está calmo quando olha com olhos arregalados para além de mim, provavelmente lembrando de coisas que só ela pode ver. A mulher entrou em choque. Jesus, me sinto um idiota. Ela parecia estar lidando bem com as informações que eu havia revelado. Até quando disse a ela que não há chance no inferno, que eu permita que alguém além de mim, mate esses desgraçados. Prometi nunca mentir para ela, e quis fazer isso. Agora, queria ter mantido minha maldita boca fechada sobre Jesse estar livre. Exceto pelo que todos sabemos, que ele a vigiou esse tempo todo, o que basicamente significa que ele sabe onde ela mora e, sendo o espertinho que ele acha que é, sabe que estamos juntos, o que a coloca num perigo maior. Ele é um filho da puta corrompido, que não vai parar até colocar as mãos nesse dinheiro. Isso inclui matar sua irmã se ele ao menos suspeitar remotamente que ela saiba o que ele fez. Me recuso a permitir que minha mente pense no que ele fará com meu filho. Ethan pode conhecer os motivos por que Cora foi embora, mas Jesse... Ele tem um detonador enfiado no traseiro e essa merda está prestes a explodir. O garoto é inteligente e protetor com Cora, como deveria ser. E se tenho algo a dizer sobre isso, o que tenho, ele sempre permanecerá no escuro acerca dos espancamentos que Jesse infligiu a sua mãe. Com toda a informação que conseguimos
desenterrar sobre Jesse e Cutter, não me surpreenderia nem um pouco se eles também tentassem ir atrás de Ethan. Afinal, legalmente, o menino é o parente mais próximo. Se alguma coisa acontecesse com Cora, esse dinheiro seria dele. Cora não quer saber desse dinheiro. É dinheiro de sangue. Manchado por um homem corrupto. Foda-se, ela provavelmente deixaria que ele o tivesse se a sua palavra de que a esqueceria valesse até mesmo um centavo. Não vale. Nunca valerá. O testamento dos pais dela foi fácil de encontrar. Antes que uma pessoa morra, está selado, a menos que a pessoa deixe o arquivo com os tribunais para salvar o incômodo e besteira do processo de inventário. Que foi exatamente o que seus pais fizeram. Os registros públicos estavam ali para que Jude fizesse cópias. O testamento nos deu todas as respostas sobre o porquê seu irmão fez o que fez. Estou surpreso e grato por que ele não a matou, como fez com todos os outros envolvidos. O único que continua vivo é o advogado que elaborou o testamento. Temos toda a intenção de trazer seu traseiro para ver o que ele sabe. Se ele estiver envolvido de alguma forma, ele vai cair. Ainda não vou contar a Cora. Acredito que o homem esteja envolvido, já que é um advogado criminalista famoso em Los Angeles com uma fila de clientes corruptos de um quilômetro de comprimento. Quem diabos sabe ou se importa nesse momento? Meu principal objetivo é encontrar Jesse e Cutter antes que se fortaleçam, enlouqueçam suas cabeças e decidam que matá-la de verdade agora seja melhor do que a possibilidade de serem pegos por deixá-la viva. Especialmente quando essa escória já passou um tempo atrás das grades. Tenho certeza de que está desesperado o suficiente para não correr o risco de voltar pra lá. —O que diabos está acontecendo aqui? —Me viro do meu lugar na mesa para ver seu pai parado na porta. Merda.
—Papai. —Cora chama seu nome. Sua voz está trêmula, seus olhos agora cheios de lágrimas. —Onde está Ethan? Ela levanta, limpa o suor de sua testa e olha para trás com os olhos arregalados. Graças a Deus que ela está voltando a si e graças a Deus ainda mais que Ethan não apareceu com ele. —Vivian levou-o para a aula. —Ele responde, levantando as sobrancelhas. Ele está preocupado. Eu também estaria se entrasse e visse minha filha da forma como ela está. Seu rosto está pálido em comparação ao restante de seu corpo bronzeado, seu corpo tenso, seus olhos nervosos. Mechas de cabelo soltaram da sua trança, uma vez perfeita. A mulher está no limite. Qualquer um que a conheça pode vê-lo claramente e este homem a conhece bem. Espero em Deus que ela mantenha a parte privada de nossa conversa para si mesma como eu disse para fazer. Não estou pronto para expor mais ninguém a essa merda, não até eu conversar com meus superiores. —E mamãe? —Ela pergunta, confusa. —Trabalhando, Cora. Temos pacientes o dia todo. Você de todas as pessoas deve saber disso, sendo que você geralmente é a única no consultório que conhece o cronograma melhor do que qualquer outra pessoa. Agora, alguém vai me dizer por que diabos minha filha parece não saber em que dia da semana estamos? O que diabos está acontecendo aqui? Tenho o direito de saber por que ela parece estar com medo de morrer. Seus olhos me encaram. Ótimo. Não foi assim que planejei conhecer o homem a quem agradeço por cuidar da minha família. —Papai. Seja o que for que você esteja pensando, não é verdade. Riddick me chocou com algo que disse. Estou bem. —Ela sorri. Sei que ela está longe de estar bem. Ela está chocada, e não há uma pitada de verdade por trás de seu sorriso geralmente bonito. —Riddick. —Digo, levantando minha mão para apertar a dele, fazendo meu melhor para distraí-lo dela. Se recomponha, anjo. Ele
coloca uma bolsa de papel marrom na mesa antes de segurar minha mão, agitando-a. Firmemente. —Ron Shepard. É um prazer conhecê-lo finalmente. Agora, você se importa em me dizer a verdade, já que Cora parece estar mentindo para mim por algum motivo? —Amo o quão protetor ele é com ela. Não é o suficiente para dizer-lhe a verdade, no entanto. O exército me treinou para mentir. Não costumo fazê-lo, mas quando o faço, geralmente é suficiente apaziguar meu alvo. Este homem não é um alvo, porém. Ele é um santo. Um que ajudou a refazer a vida de Cora. Aquele que a ama incondicionalmente. A porta que Cora abriu faz com que esse seja um problema de fácil resolução, isto é, até ele voltar para a porta e todo o céu vir abaixo com o que estou prestes a dizer. Levarei minhas chances, no entanto, pelo menos deveria aliviar seu humor. Se alguma coisa, fará com que ela ria. —Eu a pedi em casamento. —Revelo com um rosto sério. —O quê? —Ele fala enquanto meu anjo fica ainda mais branca. Ela estará brotando chifres do diabo antes que essa conversa acabe. Eu quase ri. —Jesus Cristo. Foram apenas alguns dias. Você não acha que deveriam se conhecer novamente ou algo assim? Foda-se, o que realmente quero dizer é, não é um pouco rápido? —Ele olha de mim para ela. Eu a enviei para um novo choque, um dos quais ela não pode se recuperar. Pelo menos até ele sair. —Sonhei em pedir-lhe por doze anos. Sempre acordando com a certeza que esse dia nunca viria, então, para responder a sua pergunta, não, não é muito cedo. Já é tarde demais, se me perguntar. —Respondo sua pergunta com a verdade. Me casaria com esta mulher amanhã se ela dissesse que sim. É verdade o que eu disse sobre o amor que temos um pelo o outro. Não há outra mulher nesta terra que a substitua ou a substituirá. Independentemente de
nossas vidas terem tido diferentes caminhos ao longo desses anos, eu sei com todo o meu ser, que a amarei pelo resto da minha vida. —Você disse sim? —Ele finalmente olha para Cora, cuja boca está aberta. Aqueles olhos que há pouco tempo atrás estavam sem foco, viram lentamente para olhar dentro dos meus. Eu sorrio. Faça isso, anjo. Você vai dizer sim quando eu perguntar, de qualquer maneira. —Não. Eu não disse. Você entrou logo depois que ele me perguntou. Minha mente ainda está absorvendo isso. —Ela diz, mordendo os lábios. Eu amo isso. Deixando aquela faísca escondida por seus olhos se iluminarem, deixando entrar em mim. Eu vou arrancar sua raiva. —Desculpa interromper, então. —Diz ele educadamente. — Sua mãe e eu nos casamos dois meses depois de nos conhecermos, então, quem sou eu para dizer para esperar? Também vou deixar você contar para ela. —Ele pisca para Cora com ternura, depois mexe na bolsa e tira um enroladinho de canela. Ele com certeza está incrivelmente alheio as ondas de tensão saindo de Cora. Deve ser o enroladinho de canela no qual ele agora dá uma grande mordida. — Estes são para você, recém assados. Sua mãe me pediu para deixálos em meu caminho para o consultório. Ela também pediu para dizer-lhe para trazer este cara aqui para jantar muito em breve e não se preocupar com Ethan voltando para casa novamente essa noite. Sim, bem, nenhuma chance no inferno que isso vai acontecer. Não deixarei nenhum dos dois fora da minha vista, até pegar aqueles dois. Ele não precisa saber nada disso agora. —Você não interrompeu, pai. Riddick e eu podemos conversar sobre isso mais tarde. Certo, Riddick? —Ela diz. —Na primeira chance que tivermos. —Respondo sarcasticamente. —Não querendo ser um pé no saco, no entanto, eu tinha planos de levar Cora e Ethan para o cinema ao ar livre. Alguma chance de vocês poderem ficar com ele numa outra noite?
—Minto, esfregando minha nuca num esforço para parecer desapontado. Além de mudar o assunto pelo qual Cora planeja meu próprio assassinato agora. Estou realmente aborrecido. Um dia sem vê-lo é muito para mim. —Não é necessário alterar seus planos por nossa causa. Ethan adora esse lugar. Para não mencionar, que vocês três merecem uma noite em família. Entendemos completamente. Ligarei para Vivian, que o trará após a aula. Ele está entusiasmado com o torneio de surf. O garoto só fala disso. Ele também não para de falar sobre você. Ele parece exatamente como você. Sinto como se estivesse aqui falando com a versão adulta do meu neto. —Ele dirige sua atenção para mim. Porra. Esqueci do torneio. Preciso arrumar as coisas para que ele possa competir. De jeito nenhum vou decepcionar aquele garoto. Aqueles dois não tirarão isso dele. Simplesmente não permitirei isso. —Esse é um elogio que sempre vou lembrar. Meu filho roubou meu coração na primeira vez que coloquei meus olhos nele. Todos vocês o criaram direito. Se puder influenciá-lo para crescer sendo um homem carinhoso como você, então ele será um homem melhor do que sou. —Minhas palavras verdadeiras obviamente atingiram um nervo compassivo enquanto permaneço lá e observo os olhos vidrados deste homem. —Ninguém é melhor para um menino do que seu pai, Riddick. Nem nos olhos deles de qualquer maneira. Lembre-se disso, bem como do conhecimento de que não fui eu quem o criou. Foi a mãe dele. Uma das razões pelas quais acredito que ele te ama tanto, foi porque ela o manteve vivo em seu coração. Se alguém merece o crédito para o jovem que ele se tornou, é Cora. Tenho que ir ao consultório. Espero voltar a vê-lo em breve, Riddick. Bemvindo à nossa família, filho. Um sorriso agradável preenche sua boca enquanto levanta uma mão para apertar meu ombro.
Aceito seu elogio e devolvo um dos meus. Este homem ganhou o direito de receber. —Iremos acabar em breve. Gostaria também de agradecer por tudo que você fez por eles. Isso acalma minha mente sabendo que eles estavam bem cuidados. Com todo o respeito, gostaria de ter a honra de cuidar do que é meu, mas você, senhor, tem a minha lealdade e respeito. Nunca poderei lhe agradecer ou a sua esposa o suficiente por amá-los como vocês fazem. Ele respira fundo, ergue os ombros e, embora eu seja alguns centímetros maior que ele, não o impede de me olhar nos olhos. —Eu faria qualquer coisa pelos dois. Ela não precisa que meu sangue corra em suas veias para ser minha filha. Seu grande coração, sua capacidade de avançar nos dias mais difíceis de sua vida foi o que fez com que a amasse. Tenho certeza que você entende isso melhor do que qualquer um de nós, Riddick. Agora, faça-me um favor, encontre aquele filho da puta e quebre todos os dedos dele, então ele será incapaz de enviar a minha filha outra das suas cartas de aniversário fodidas novamente. Meu peito queima por suas palavras de homem para homem. Agradecido por ele não entrar numa palestra paterna sobre nós dois, que não estamos prontos para ficarmos juntos. Cora e eu temos algo raro. Ela sabe disso e eu também. O mesmo acontece com Ron. Imagino que sua mãe também saiba. O que aconteceu e que ainda está acontecendo conosco, quebraria a maioria das pessoas, acabaria completamente com elas. Nossas vidas não são perfeitas. Elas nunca serão. Temos uma situação de merda à nossa frente. Não posso deixar isso escapar. A saída mais fácil seria dar todas as provas ao meu sargento, colocando-os em medida protetiva. Não há nenhuma chance no inferno que eu poderia ficar longe dos dois. Nem meu coração nem minha consciência permitirão. Com toda a honestidade, meus dedos estão coçando pra caralho para puxar o maldito gatilho enquanto o cano é empurrado por sua garganta. Sou um homem que não pode viver sabendo que seu irmão ainda estaria respirando o mesmo ar que ela, Ethan ou eu.
—Eu entendo, e vou cuidar bem de ambos. No que diz respeito a Jesse, é uma certeza. —Eu prometo. —Obrigado. —Ele olha para mim de forma solidária, com umidade nas bordas dos olhos. —Falo com você mais tarde, querida. —Ele solta meu ombro, a puxa para perto dele e beija o topo da cabeça de Cora. —Teremos alguém atrás deles em breve. —Dou-lhe esse pouco de informação no momento em que a porta se fecha atrás dele e sei que ele não pode me ouvir. —E eu precisarei que um dos funcionários dos meus pais examine sua cabeça! —Ela grita. Alto. Coloca as mãos nos quadris. Meu pau se agita com a sua rebeldia. —Agora, pelo amor de Deus. O que você queria que eu lhe dissesse? —Aceno na direção da porta pela qual ele acabou de sair. —Qualquer coisa além disso. —Essa doeu. Dou uma boa olhada nela. Ela está chateada. Não por causa do que eu disse. Mas por causa do seu irmão. Ela está transtornada. Mas não podia se importar menos com o que eu disse. Ela quer brigar. Culpar alguém por sua dor. Eu não farei isso. —Você realmente quer brigar comigo agora? —Eu pergunto, depois pego ela pelo cós do seu short. Ela está longe do meu toque por tempo demais. —Não. —Ela diz. —O que quero é saber como é andar pelas calçadas enquanto seguro sua mão. Poder te beijar em público, tocálo, e deixar estranhos olharem para nós com inveja enquanto pensam consigo mesmos que tenho uma bela família. Quero que as mulheres tenham ciúmes de mim pelo simples motivo de você me beijar ou abrir a porta para mim. Quero ver seus queixos caírem quando olharem para o seu rosto bonito e então para o meu, para que eu possa sorrir enquanto viro a cabeça para pegá-las olhando
sua bunda linda e musculosa, deixando-as saber que ―sim, ele pertence a mim‖, "sim, ele é o pai do meu filho", e "sim, eu sei quanta sorte tenho ". É o que eu quero fazer. Poder fazer tudo isso com Ethan. Levá-lo aonde ele quiser ir. Então podermos ir ao cinema. Preciso de um dia, um dia para ser normal. Para ser livre. Por favor, não me diga que tenho que ficar dentro de casa. Que Ethan não pode ser uma criança. Não consigo suportar esse pensamento. Agora eu sei, o que na verdade esta mulher notável tem em mente. Ela quer um dia tranquilo, sem as ações que virão para mantê-la segura, sem ser seguida para onde quer que ela vá. Se é isso que ela quer, então é isso que ela terá. Eu vou lhe dar, porra. Vou dar isso aos dois. —Você acha minha bunda bonita? Vamos lá, você pode fazer melhor do que isso. Você tem alguma ideia de quão duro trabalhei para ter esses glúteos? —Eu a provoco e aperto minha bunda quando ela desliza as mãos para segurá-la. —Estou falando sério. Sem falar sobre Jesse e, definitivamente, sem falar sobre o casamento. —Fico quieto por alguns segundos, observo seus ombros relaxarem no momento em que reconhece que ficaria feliz por passar o dia com os dois. Meus olhos contam uma história diferente quando se trata de falar sobre casamento. —Não posso deixar de te dizer que desde o momento que coloquei os olhos em você soube que fomos feitos um para o outro. Não estou perdendo tempo, Cora. —Shh. Vamos falar sobre isso em outro momento, ok? —Ela se inclina e beija a base da minha garganta, e então repousa a cabeça no meu peito. —Porra, certo, nós vamos. —Inteligentemente seguro-a tão perto de mim quanto consigo.
Agradeço a Deus que ela não pode ver a verdade refletida no meu rosto agora, quando fecho meus olhos e inspiro seu cheiro. Estou tentando esconder, tentando encobrir. Tenho a sensação de que Jesse está muito mais perto do que pensamos.
CAPÍTULO DEZESSETE Cora —Não tenho que ir até a casa de Aaron, mamãe. Posso ir com você e com o papai. —Ethan consegue liberar sua boca o suficiente para falar. Ele está no segundo enroladinho de canela desde que entrou pela porta há cinco minutos. Costumo tentar conter a quantidade de açúcar que ele ingere o máximo que posso. Ultimamente, ele tem comido tudo à vista. Estou me acostumando a seus anos pré-adolescentes, ao fato de ele estar crescendo. No entanto, hoje, não me importaria que ele comesse todos os enroladinhos de canela. Não importa o que eu faça ou diga, minha mente não está no lugar certo. Não estará novamente até saber que Jesse e Cutter foram encontrados. Trancados para sempre onde eles pertencem. Abri mão há muito tempo de Jesse como meu irmão. No que diz respeito ao meu coração, eu não tenho um irmão. Nunca tive. Realmente pensei que tinha tudo sob controle. Que tinha superado a maneira como meu irmão me tratou como se eu não significasse nada para ele. Não superei. Não tenho certeza se algum dia farei, se for sincera. Ele me enganou da pior maneira possível, e eu desprezo a pessoa que ele se tornou. Destruiria meus pais saber que seu filho acabou assim. Atualmente, o ódio que sinto por ele tornou-se tão profundo que não vou descansar até que ele seja encontrado. Não posso controlar o caos do sentimento de destruição que me consome. O que posso fazer é mudar a energia negativa, a autodestruição da minha própria mente.
Eu estava em agonia até Riddick me contar que irá agir pela lei. Eu realmente pensei que ele iria encontrá-lo e matá-lo sozinho. Ele é capaz disso, com certeza. Nunca é errado fazer o bem, e o homem provou mais para mim do que as palavras podem dizer. Ele me mostrou sem mesmo ter que dizer. Seu amor por Ethan e por mim é mais forte que o ódio que ele tem por Jesse. Como uma mulher não cai aos pés de um homem com palavras, olhares ou sussurros que te curam em questão de segundos, está além de mim. Eu sabia que o amava com todo meu coração. Agora sei com certeza que o amo com toda a minha alma. Uma alma que viverá após meu último suspiro. Eu não me importo com o dinheiro. Não quero parte disso. Nada disso. Quando tudo acabar, farei uma doação à Sociedade Americana de Combate ao Câncer em homenagem à mãe de Riddick. Não quero nenhuma parte dessa vida de merda que tentei deixar no passado, e que agora está me dando uma bofetada no rosto. Repetidamente. —Mãe, você me ouviu? —Ethan interrompe meus pensamentos. Deus, essa criança significa o mundo para mim. Se alguma coisa acontecesse com ele, eu morreria. —Ouvi, docinho. Você pode ir para Aaron. Nós três temos muito tempo para fazer coisas juntos. Está tudo bem para você, Riddick? Pergunto-lhe de maneira tensa, o que o faz tirar a atenção do seu celular. Sei o que ele está fazendo. Ele pensa que não sei que ele está contatando Jude ou Tyson para que alguém nos acompanhe. Para observar qualquer vestígio de alguém suspeito. Um pequeno arrepio de medo passa por mim quando seu olhar captura o meu. O pensamento de perder ele ou alguém que amo nas mãos desesperadas de meu irmão quase me leva às lágrimas. Permaneço firme apesar dos meus medos. Meus olhos estão procurando os seus, dizendo-lhe que esta decisão é tanto dele quanto minha.
No instante em que seus olhos se suavizam, a faísca atrás deles me agradece por tê-lo incluído nessa conversa, é o momento em que me sinto respirando novamente. Ele deve ser incluído. Não só deixaremos o nosso filho fora de nossa vista por um dia inteiro e uma noite, mas nossos planos também serão jogados para o inferno. Confio que o homem por quem estou profundamente apaixonada possa manter nosso filho seguro enquanto nós fazemos o que planejamos. Além disso, sei que meu filho e seu amigo estarão escondidos no quarto de Aaron para jogar videogames o tempo todo. Para não mencionar que eles vivem em Montecito, que é um dos locais mais ricos e seguros do país. Quase todas as casas são fechadas. A segurança está em toda parte pelo fato de muitas pessoas famosas terem casas nas extensas colinas verdes. Nunca me importei com as pessoas com mais dinheiro do que podem gastar, até agora. —Claro que você pode ir, amigo. Desde que você ligue para sua mãe, se for para qualquer lugar. Só para ela saber onde você está. Ele toca esse pequeno segredo compartilhado entre nós dois no final. Bela jogada, quero dizer. Eu sorrio, viro as costas para os dois e suspiro porque este dia começou perfeitamente, e atualmente sinto que se eu fizer um pequeno progresso em qualquer direção, eu submergiria minha cabeça nas águas que continuam me puxando para baixo lentamente até que a luz acima de mim se torne escurecida, as águas abaixo mais escuras, deixando-me com nada exceto meus próprios pensamentos negativos. Depois de anos e tudo o que lutei para trazer a minha vida de volta aos trilhos, vejo que Jesse se manteve fiel à sua palavra. Provavelmente foi a única vez em sua vida que ele não mentiu. E, no entanto, estou aqui, minha mente inundando com a possibilidade dele dizer "para o inferno com tudo" e fazer mais danos para mim do que fez naquela época.
Faço uma carranca por me sentir assim, ao mesmo tempo que sou grata pelo homem que me ama com tudo o que ele tem. Que é capaz de nos proteger. Seis que seus amigos fiéis, que ficarão ocultos, também se sacrificarão. Estou com medo por todos eles. Nenhum deles conhece Jesse ou Cutter como eu. Ambos são loucos. Só a morte os impedirá de obter o que querem. E meu irmão me quer. Eu sei que ele quer. —Você está pronto para ir, garoto? —Vivian se aproxima, vestida com requinte com short de couro preto, botas de couro combinando e um top de seda florido preto e branco. Onde diabos ela está indo vestida desse jeito, no meio do dia? —Uau. Tia Vivian tudo que você precisa é de uma jaqueta de couro, e você poderia andar na garupa da moto de alguém. Você não pode andar com meu pai, já que ele já tem uma old lady4, mas Tyson ou Jude não tem. Aposto que eles a levariam. —Afirma Ethan inocentemente. Meu queixo cai. Onde é que Ethan está obtendo esse conhecimento? Vivian se apoia no encosto da cadeira e o telefone de Riddick cai de sua mão, batendo na borda da mesa antes de desabar no chão. —Morda essa língua. —Digo para ela. Ela está pronta para falar alguma merda. Posso ver na forma como ela muda o peso de um pé para o outro, com a menção inofensiva do nome de Jude. Não tenho certeza de qual parte do que Ethan falou devo abordar primeiro. A parte da old lady ou Vivian andando na garupa de uma das motos dos caras. Eu não preciso. Paro para observar quando Riddick executa sua primeira sessão paternal e eu estou fazendo isso enquanto sorrio.
4
Mulher de um motoqueiro.
—Aonde você aprendeu o termo ―old lady"? Riddick pergunta enquanto se inclina para pegar seu telefone. Seus olhos permanecem em contato com os de Ethan. Há humor estampado por todo o seu rosto. Quero lhe dar uma bofetada para tirar esse olhar presunçoso. Isso não é engraçado. Eu não me importo com a parte da old lady. O que me interessa é como ele obteve a noção de que eu sou a old lady de Riddick. Ethan encolhe os ombros antes de responder à pergunta. Na maioria das vezes, sua expressão ingênua não me interessaria. É o significado de suas palavras que me faz sentir náuseas. —Eu queria aprender as falas dos motociclistas para conversar como você. Então pesquisei, é claro. Existem alguns apelidos para as mulheres que viajam na garupa das motos de seus namorados. A mãe não é velha, mas é definitivamente pequena demais para ser uma garupa quente, então vou com old lady. —Ele diz sem saber. Uma garupa quente? Que tipo de nome é esse? Estúpido. —Bem, merda. Estou lisonjeado que você queira falar como eu. No entanto aqui está a coisa. Só porque ando de moto não significa que eu tenha uma old lady. E se tivesse, não a chamaria dessa forma. —Ele faz uma pausa, olha para mim com um leve brilho nos olhos. Eu reviro e estreito meus olhos. Mentiroso! —Como você chamaria minha mãe, então? Sua namorada? Porque Jude disse que é o que vocês são. Ele também tentou fazer com que Tyson apostasse que vocês dois estariam casados até o final do verão. —Oh, Jesus. Vou chutar a bunda de Jude. Meus olhos vão de estreitos a arregalados em meio segundo, apontando diretamente para Riddick, indicando que era melhor ele não estragar isso fazendo o mesmo que fez com meu pai, ou chutarei sua bunda antes de chutar a de Jude. —Eu, hum. Bem. Primeiro, não nos casaremos. Ainda. —Riddick começa a gaguejar, mas você pode apostar, ele
aproveitará outra oportunidade para jogar essas merdas sobre casamento por aí. Estou começando a pensar que está falando sério. Eu preciso intervir. Colocar um fim nisso. Descobrir exatamente onde Ethan está indo com tudo isso. Quanto ele sabe sobre Riddick e eu. Fizemos tudo que era humanamente possível para sermos normal a sua volta. Obviamente, nós erramos em algum lugar. Merda. —Ethan. Acredito que esse tipo de conversa é para uma gangue ou um clube. Seu pai não está em um. Nem Jude ou Tyson. E quanto a nos casarmos, isso não acontecerá até o final do verão. —Digo a ele, olhando para Riddick e dando-lhe o olhar cala a boca, eu assumo daqui. Pelo menos espero que eu esteja. —Eu sei disso. Gangues são para idiotas. Eles são maus e valentões. Fazem coisas ruins. Quero ser legal como meu pai, de modo que, quando eu for mais velho e tenha uma garota na minha moto, saberei como chamá-la. —Ethan se vira em minha direção depois de dirigir-se a seu pai, seu rosto ainda mostra uma aparência infantil. —Tudo bem, Ethan, bem, espero que demore muito tempo antes de você ter uma namorada e quando tiver deve chamá-la pelo nome. Qualquer outra coisa não é legal. —Ele ergue as sobrancelhas para mim com curiosidade. Acho que estou piorando essa situação, ao invés de melhorá-la. Vou falar novamente quando Riddick me impede. Respondendo e perguntando de uma só vez e estou assumindo que ele queria perguntar tanto quanto eu, apenas não em um momento em que não estamos preparados. —Eu amo sua mãe, Ethan. Sempre amei. Você está bem com ela sendo minha namorada? Com a possibilidade de eu estar por aqui todos os dias? —Estou de pé, com pernas trêmulas e a mente confusa. Tudo está se movendo tão rápido que tem feito minha cabeça girar. Meu filho está agindo mais como adulto do que eu
estou nesse momento, enquanto espero a sua resposta, como se estivesse em uma cama com agulhas me picando por todos os lados. —Já sei que ela é sua namorada. Vocês dois me disseram que ainda se amam. Além disso, vocês parecem tão estranhos entre outras coisas, a maneira como você está olhando para o papai agora, mãe. Posso ser uma criança, mas não sou burro. E antes de vir toda maternal, mamãe, como não me deixar ir para casa do Aaron agora porque você está preocupada que eu esteja pirando ou o que quer que seja, eu não estou. Quero que sejamos uma família. Uma família de verdade como a do Aaron, como a dos meus outros amigos. —Eu não estou olhando estranho para ele. —Falei, atônita. —Sim você está. Seu rosto está assim. —Eu fico lá de boca aberta observando enquanto meu filho imita o olhar de um cachorrinho abandonado, e seus lábios se contraem na forma de um beijo. —Ethan Riddick Murdock. Você está muito encrencado. —O riso irrompe como um trovão. Do baixo estrondo de Riddick ao riso de Ethan que combina com o sorriso torto de seu pai. Até Vivian, que ficou paralisada durante todo este tempo, junta-se com a risada aguda que ela tanto odeia, alegando que ela parece tensa como se estivesse à beira de sufocar. Enquanto eu sempre pensei que era o melhor tipo de risada, que me aquecia e me acalmava tantas vezes, sorrio e de repente meu riso se transforma em lágrimas, suspiros imparáveis com risadinhas tão necessárias enquanto meu coração deixa todo a preocupação e se enche de felicidade, começando a bater normalmente mais uma vez. Tudo pela inocência de um pequeno menino. —Isso foi fácil. —Vivian olha para as unhas, esfrega-as em sua camisa como se a bruxa tivesse lidado com a situação. Ethan corre para seu quarto para pegar o videogame que esqueceu de colocar em sua bolsa, dando-nos alguns minutos para conversar.
—Não graças a você. Que ficou parada como uma pedra enquanto eu tentava encontrar o que dizer. —Enfatizo em uma voz elevada. —Oh, não. Eu amo aquele garoto como se ele fosse meu. Mas essa conversa foi para vocês dois, não para mim. Comece a trancar a porta do seu quarto à noite, no entanto. Você nunca sabe. —Os cantos de seus lábios se levantam num sorriso conhecedor quando a putinha não sabe de nada. —Você lidou bem, por sinal, Riddick. — Ela resmunga, me ignorando totalmente. Sei por que ela manteve a boca fechada. Ela ficou atordoada em silêncio pelo que Ethan disse sobre andar na garupa de uma moto. Realmente acho que o que aconteceu entre ela e Jude a está afetando mais do que ela está demostrando. Posso ver pela forma como o calor de seus olhos desapareceu. A maneira como eles mantêm a solene verdade que sua compostura está tentando esconder. Ela está chorando internamente. Machucada. Isso me faz pensar se mais palavras foram ditas entre os dois depois que conversamos. Eu lhe dou um sorriso encorajador, inquestionável para que ela saiba que tudo ficará bem. —Sim, parece que foi bem. Você está bem, anjo? Não saí da linha ou fodi qualquer coisa, não foi? —Riddick move-se para minhas costas e envolve seus braços ao redor da minha cintura, com a cabeça no meu ombro. —O que? Não. Pelo contrário, você fez tudo certo. Eu disse que se tornar pai vem naturalmente. Fui eu quem agi como uma idiota. —Não. Você não agiu como um idiota. Você agiu como uma mãe preocupada. —E essa é a minha deixa para ir. Chegarei em casa tarde.
—Você se parece com a garota de um motoqueiro. Para onde está indo? —Pergunto, curiosa. Não quero que ela faça algo estúpido como ficar com um cara aleatório. —Me encontrar com algumas enfermeiras do trabalho. Há um concerto no Bowl esta noite. Nós vamos fazer compras, caminhar e entrar em todos os tipos de problemas. —Ela está mentindo. Ela pode estar saindo, mas não é com as meninas do trabalho. Eu a conheço. Ela está cheia de problemas. —Vivian. —Eu aviso. A última vez que saiu com um cara, seu problema acabou machucando-a. —Não é esse tipo de problema. Parei com os homens. Sem ofensas para você, é claro. —Ela agita minha preocupação com uma mão. —De forma alguma. —Divirtam-se hoje. Vocês dois merecem. —Com isso, ela coloca sua bolsa de couro sobre o ombro. Fiquei ali, incapaz de me mover até que ouvi Ethan gritar seu adeus. —Voltarei logo. —Digo, então saio da sala. Sei que Ethan me disse para não sufocá-lo e eu não vou. Só preciso de um minuto para realmente ter certeza de que ele está bem com tudo isso. —Ethan, espere um segundo. —Eu grito para ele antes que suba naquela armadilha mortal que é o carro que Vivian possui. —Em primeiro lugar, ponha o cinto quando entrar no carro da tia Vivian. Em segundo lugar, você me contaria se você não estivesse bem com tudo o que aconteceu na semana passada, certo? Quero dizer, você e eu, não tivemos a chance de falar sobre nada disso. Eu te amo, Ethan. Acho que você é o melhor garoto do mundo. Sei que pareço estar estranha, como você tão descaradamente apontou, e talvez eu esteja. Isso também é novo para mim. Agora não é sobre mim. É sobre você e o homem que
me deu você. O que eu realmente estou tentando dizer é, você está honestamente bem com a ideia de que ele estará por aqui o tempo todo? Eu sempre tentei dar um bom exemplo para você, ser sincera com você sobre tudo. Eu deveria ter conversado imediatamente com você sobre tudo isso. Diga-me que você entende. Minhas palavras saem apressadas. Estupidamente. Sei que ele está feliz. Acho que, como sua mãe, precisava perguntar a ele, então ouvi-lo falar com suas próprias palavras. Também sinto Riddick atrás de mim. Não importa o que Ethan me diga agora. Ainda precisarei sentir seus braços fortes ao meu redor, me consolando, me dizendo que sou uma boa mãe. Que a opinião do meu filho significa mais para mim que qualquer coisa. Quero que ele me veja. Que valorize a si mesmo e aos outros. Meu filho de onze anos de idade deve sentir o pânico que estou sentindo. Ele deixa cair sua bolsa no chão do carro e volta para ficar na minha frente. Neste momento crucial para mim como sua mãe, sinto nossos papéis invertidos. Que ele é o pai com todas as respostas, enquanto eu sou a criança esperando por essa grande explicação para me sentir melhor. —Mãe, eu sou uma criança. Estou feliz. Quero conhecer meu pai assim como conheço você. Também sei mais do que você pensa que eu sei. Prometo a você que não vou me assustar se ele passar a noite aqui ou se um dia vocês se casarem, então deixe de agir estranha sobre as coisas. Ele me prometeu que ele nunca iria machucar você ou eu. Ele quer cuidar de nós, mãe. Estou bem, mãe, realmente, eu estou. Também quero que você seja feliz. Quero que todos nós sejamos felizes. Você precisa parar de se preocupar comigo. Coloque-se em primeiro lugar por uma vez. Acho que você merece. Não preciso chorar mais para ter uma visão clara desse garoto de onze anos que falou comigo como se tivesse vinte anos. Quero que ele me respeite como sempre. Quero que ele e Riddick
aprendam um com o outro no seu próprio ritmo. Sobretudo, quero que meu filho entenda que, não importa como, sua felicidade, suas necessidades sempre virão antes das minhas. —Posso ir agora? Realmente quero jogar videogame, mãe. —Depois de uns minutos comigo parada ali, olhos piscando para conter as lágrimas de alegria por ter sido abençoada com o melhor garoto do mundo, eu o deixei ir. —Sim, filho, você pode ir para a casa de Aaron. Vá, seja uma criança. Eu acho que você merece.
CAPÍTULO DEZOITO Riddick Nunca pensei que seria possível amar essa mulher mais do que eu amo. Permanecer aqui, ouvindo-a simplesmente é o epítome do amor. Ela é dócil, mas poderosa. Zelosa, mas respeitosa. Vejo seus ombros relaxarem, sua respiração se estabilizar, após Ethan lhe falar o que ela precisava ouvir. Esse gesto me fez reconhecer que essa incrível mulher é tão altruísta como dizem. Também me deixou orgulhoso de ser pai desse menino. Um garoto, que disse a sua mãe que ela merecia ser feliz. Um menino, que como sua mãe, é tão atencioso quanto uma pessoa deve ser. —Acho que nosso filho está mais em sintonia com o que está acontecendo do que eu. Cora confirma o que já sei. Eu sabia disso quando ele falou de sua estranheza na cozinha. Ele percebe mais coisas do que ela pensa. Sua imitação dela foi a coisa mais engraçada que já vi. —Sim, eu concordo. Embora, quando chegar a hora, penso que ele precisa ser educado sobre como beijar. Fazer biquinho como um peixe morto não vai cair bem com uma menina. —Eu brinco. —Certo. —Ela diz, suas costas ainda para mim, enquanto nós assistimos o carro levando nosso mundo para um lugar onde ele estará seguro até que o busquemos. Vejo a caminhonete familiar sair da calçada para segui-los antes de falar novamente. —Jude está seguindo-os. Uma vez que ela o deixar, tenho um par de caras em quem confio vigiando a casa até o buscarmos. Ele estará seguro. —Seus ombros ficam rígidos. Ela vira-se, e se antes tinha um sorriso em seu rosto, agora foi substituído com preocupação.
—Era isso que você estava fazendo no seu celular? Eu sabia. Obrigada. Tenho que lhe dizer, porém, é melhor esperar que ela não o veja. Esses dois têm uma história. —Ela informa, todo o estresse e desconforto de antes drenado de seu belo rosto, substituído por muita seriedade para o meu gosto. Diante das circunstâncias entre Jude e Vivian, ele me disse o que já percebi. Precisamos ficar longe disso, tanto quanto estou preocupado. —Ele se ofereceu. Não vamos deixar nosso filho ir a qualquer lugar desprotegido. Não até encontrarmos esses bastardos. Não importa o que aconteceu entre ele e ela, Jude daria sua vida para proteger os dois. Posso te garantir isso. Não estou envolvido em sua merda. O que ele fez foi errado. É imperdoável, se você me perguntar. Mas isso é entre eles. Você e eu, por outro lado, temos um encontro. E sim, eu também tenho alguns homens para nós. Prometo-lhe, no entanto, Jesse não está por perto. Ele não tem ideia de que sabemos o que ele fez. Passaram-se muitos anos para ele desconfiar. Vamos pegar os dois antes mesmo de saberem o que os atingiu. Estou tentando não soar confiante ou pretensioso aqui. Sei que os covardes fodidos estão lá fora comprando sua liberdade. Sou bom no meu trabalho, assim como meus amigos e também os dois investigadores particulares que, por acaso, estão dispostos a aproveitar a chance de deixar os casos habituais de fraude em que trabalharam. Você também precisa saber que não quero ficar falando sobre os dois. Especialmente hoje no nosso primeiro encontro oficial, e com a evidência sendo compilada à medida que falamos, será nosso último até que isso acabe. Eles podem resolver isso sozinhos. Jude é fodido, e ele sabe disso. É o problema dele para solucionar. Não nosso. —OK. Confio em você, Riddick. Podemos falar sobre tudo isso esta noite. Como você disse, nós temos um encontro, e mesmo que eu não queira me tornar sua old lady, quero dar um passeio na sua moto.
Meu pau vai de mole a duro em questão de segundos. Desejei muitas vezes enquanto cruzava a estrada que ela estivesse na minha moto. Que nós dois estivéssemos cruzando a costa. Nenhuma palavra sendo falada entre nós, apenas a sensação de seus braços ao meu redor. Seu peito pressionado contra minhas costas, suas pernas sobre as minhas. Livres. —Temos muitas coisas para falar mais tarde. A única coisa que não discutiremos é sobre os dois. Nós ficaremos fora disso. Não vou deixar a bagunça deles tomar nem mesmo um segundo do meu tempo com você. Compreende? Agora, por favor, mude suas roupas. Eu não serei útil para nenhum de nós, se estiver sentado atrás das grades por bater em todos os homens que olharem para seus seios nesse top. —Observo seu corpo mais uma vez. Se eu encarar as pernas, os seios ou a boceta por muito tempo, não iremos a nenhum lugar, exceto para uma das nossas camas. —Tanto faz. Eu não sou uma MILF5, e eu já disse a Vivian que vou ficar de fora dessa. —Ela revira os olhos, divertida. —Peço desculpas, mas não concordo. Você definitivamente é uma MILF, e se não mexer sua doce bunda, você se tornará uma MIWF6. —Deslizo minhas mãos para baixo e seguro sua deliciosa bunda em minhas mãos. —É MILF com L, seu louco varrido. —Sua voz oscila. —Não, no meu vocabulário, não é. Você é uma mãe que eu vou foder. Agora vá. —Eu bato nas duas nádegas gostosas, forte. —Ai! —Ela grita. —Jeans está bom? Não tenho nada de couro.
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MILF: é um acrônimo em inglês que significa “Mother I'd like to Fuck": “Mamães que eu gostaria de foder”, e refere-se a um fetiche sexual com mulheres mais velhas com idade suficiente para serem mães de determinados parceiros mais jovens 6 MIWF: O oposto de MILF
Porra. Meu pau está tão duro e viciado nela quanto um mau hábito, só de pensar nela vestida em couro, e essa mulher é, sem dúvida, um hábito. Um bom. Do qual eu nunca vou me livrar. —Jeans está bom. —Quero dizer-lhe que ela pode ficar sem a calcinha debaixo dos jeans, exceto que eu ficaria de pau duro o dia todo e hoje não é sobre foder sua pequena boceta. Trata-se de mostrar ao mundo que estamos juntos. Dez minutos depois, ela apareceu em sua sala de estar, na qual não havia prestado muita atenção até agora. É feminina pra caralho. Bonita, mas não para um menino. Eu decido ali enquanto encaro as cadeiras turquesas, o sofá branco de dois lugares com vários travesseiros cor de rosa, que quando tudo acabar eu, realmente, irei pedir que ela seja minha esposa, e nos mudaremos para minha casa. Uma casa que ela ainda não viu na íntegra. Também decidi que esta noite vamos ficar lá. Quero ela na minha cama. Minha casa. Minha cozinha. Tudo foi projetado com ela em mente, eu quero que ela veja o restante. Para senti-la e conhecê-la. —Para onde vamos? —Pergunta com admiração em seus olhos cintilantes. Com os pensamentos perversos do que eu adoraria fazer com ela correndo por minha mente, vou direto para o inferno. Quero dizer a ela. —Vamos para a cama. —Para que eu possa livrá-la desses jeans apertados e essa camiseta branca lisa que mostra seu sutiã branco com renda por baixo e fodê-la até seus joelhos cederem. Ela acha que não é uma MILF, porra. Ela é a definição disso. Jesus Cristo, estou virando na direção errada novamente sobre o que hoje deve ser. Isso é importante para ela, então preciso controlar minha mente. Dizer a ela minha intenção de levá-la na garupa da minha moto. —Eu daria qualquer coisa para subir a costa com você na garupa da minha moto. Por hoje, vamos ficar por perto. Apenas
passear. Comer um lanche da tarde na praia, andar por aí. — Coloque isso. —Entrego um capacete extra. Uma vez que ela o tem em sua cabeça, ajudo-a a ajustar as tiras, levantando a viseira para que eu possa ver seu rosto requintado. —É um pouco grande. Vou comprar um para você e Ethan quando puder. —Eu rio. Ela parece ridícula e deslumbrante ao mesmo tempo. Ela enlouqueceria se soubesse que essas coisas são à prova de balas. As poucas distrações que tivemos foram fantásticas e por fim conhecer seu pai depois que disse a ela tudo o que sabia sobre Jesse, porém isso iria chateá-la e o filho da puta não tem espaço aqui hoje. Hoje é tudo sobre nós dois. —Ótimo. A primeira vez que ando na garupa de sua moto, e pareço tão absurda quanto este capacete. —Ela agita sua mão com desdém. —Venha, garoto motociclista, leve-me para um passeio. — Ela abaixa a viseira do capacete, gentilmente se exibindo ao lado da minha moto, e tudo o que posso fazer é ver sua bunda se movendo de uma maneira injusta para o meu pau latejante. Aqui estou, preocupado em proteger sua cabeça quando há uma entre minhas pernas que precisa de cuidados. Porra. —Você vai me montar mais tarde, então tudo bem. —Digo, quando ela se vira para me encarar com as mãos plantadas em seus quadris. —Veremos. —Murmura através da viseira. —Vou ver, tudo bem. Verei sua doce boceta deslizando para cima e para baixo no meu pau. Isso é o que vou ver. Agora ponha a sua bunda na porra da minha moto antes que eu tenha que levá-la para cima e deixar o romantismo de lado e foder você. —Subo na moto, e ajusto o retrovisor, em seguida, aceno para que ela suba. —Eu vejo de onde Ethan tirou a boca suja. —Ela responde. Eu sorrio.
—Tal pai tal filho. Agora suba na moto, anjo. —Os olhos dela se arregalam, sua boca abre sob o escudo levemente matizado. É preciso todo o autocontrole agora para não agarrá-la pela cintura, levantá-la e posicionar seu corpo na minha frente para que ela abrace a mim ao invés dessa moto sortuda. Quando ela coloca a bunda no assento e se empurra para frente, gemo internamente, pego meu próprio capacete no guidão, coloco na minha cabeça, então percebo que estou dando a garota dos meus sonhos um passeio com seus peitos pressionados contra as minhas costas, suas pernas espalhadas pelo couro da minha moto. Quente. Com Firmeza. As mãos agarram os lados da minha camisa com os punhos fechados. Em contrapartida, mantenho a conexão entre nós dois. Está quente. Mais quente do que os tubos ao longo dos lados desta Harley. Acelero e saio. Seu corpo está ficando mais perto. Merda. Vai ser um passeio longo e difícil. Nós cruzamos para fora da cidade para um campo agradável, fazendo nosso caminho com facilidade pelo lado leste do município. Cora desloca seu corpo no ângulo perfeito quando fazemos uma volta pelas estradas sinuosas como se estivesse na garupa da minha moto há anos, movendo seu corpo na direção certa, como deveria. Eu adoraria poder pisar no acelerador e andar por quilômetros. Infelizmente, hoje não é o dia para isso. Verifico o tempo, dou a volta e retornamos pela estrada até chegar às ruas da cidade movimentada. Meu corpo antes relaxado está agora em alerta. Todas as pessoas nas calçadas, nos carros e ao nosso redor tornam-se um possível serviçal para Jesse. Ignorância ou negação de uma ameaça que conheço vai nos matar. Eu quis dizer isso quando falei que ele não estava chegando para ela, ainda. Isso não significa merda nenhuma para mim, no entanto. Aquele bastardo tem alguém que sabe o que está fazendo. Eu sei que ele tem. Isso aumenta o perigo que ela e Ethan estão correndo. Foi por isso que tomei todas as precauções como fiz para
tornar o nosso tempo seguro para ela. Ele quer esse dinheiro mais do que qualquer coisa, e não vai parar por nada para se certificar de que ele chegue a tempo. Especialmente com as suas restrições, que fizeram com que a sua arrecadação fosse mínima nos últimos anos. O filho da puta deve redescobrir todos os seus rastros. Pôr as merdas dele em ordem, apenas para cobri-los novamente. —Vamos lá? —Cora grita no meu ouvido quando paramos para permitir que vários pedestres atravessem a faixa. Meus olhos examinam cada pessoa enquanto elas passam na nossa frente. Alguns estão cuidando de seus próprios negócios, enquanto outros olham de nós dois para a minha moto. Ela me mostra com um aperto nos meus lados, tirando-me dos meus pensamentos, para me informar que podemos ir. Essas habilidades mentais são um hábito quando sei que o perigo está à espreita. Uma porra de necessidade quando se trata de protegê-la, minha missão mais importante até o momento. Aceno com a cabeça, guio para um local de estacionamento vazio, desligo o motor e coloco minhas mãos em suas pernas, dando-lhes um aperto suave. Desamarro e tiro meu capacete, ofereço minha mão para que ela a tome. Ela desliza e eu a sigo. — Deixe-me ajudá-la a tirar isso. —Eu começo a dizer, mas sou pego de surpresa e completamente fascinado por sua excitação quando ela grita, praticamente voa da moto e pula diretamente em meus braços. Suas pernas estão envolvendo minha cintura, seu capacete ainda em sua minúscula cabeça. —Tire essa coisa de mim, então poderei te beijar. —Ela balbucia alegremente por baixo de seu capacete. Posso sentir os olhares em nós de todas as direções. Nenhum deles importa quando vejo a expressão feliz e sedutora em seu rosto depois de desamarrar o capacete e puxá-lo da sua cabeça enquanto ela me agarra como um macaquinho á sua mãe, sua trança toda desarrumada. Seus olhos um tanto astutos.
—Eu o amo. —Cora afirma em voz alta. Tudo o que vejo é a jovem mulher por quem me apaixonei. Seus olhos inocentes enquanto olhavam os meus. Esperando, desejando e orando por nossos planos de sermos livres. Para sermos dois jovens adolescentes apaixonados e demonstrarmos livremente. Mesmo para os habitantes da região em nossa pequena comunidade. Nenhum deles significava merda nenhuma para mim. Para ela, eles significavam. Ela queria uma vida simples. Normal. E agora, enquanto ela toca seus lábios suaves nos meus, sua língua serpenteando para assumir o controle de nosso beijo, eu deixo o capacete no chão, coloco minhas mãos em sua bunda e a beijo como se fosse a nossa primeira vez. Avidamente. —Você pode me soltar agora, Tarzan. —Cora anuncia suavemente com uma risadinha que manda meu coração ao alto. Não acho que me cansarei de ouvir sua risada. —Porra. Você queria reviver nossa adolescência, então é isso que estamos fazendo. —Posicionei seu corpo nas minhas costas, dando-lhe um passeio genuíno para o outro lado da rua, descendo à calçada, depois plantando seus pés firmemente no chão em frente à loja Harley Davidson que ela apontou anteriormente. Nossas mentes devem estar pensando a mesma coisa, já que eu tinha certeza de onde queria ir. Não vou dizer a ela. A ideia de ela querer um acessório de motociclista misturado com a deliciosa chegada de uma Cora feliz é suficiente para eu permitir que ela pense que escolheu entrar nessa loja sozinha. Também é de propriedade de um exfuzileiro naval que passou a fornecer ao departamento o equipamento de proteção que precisamos através de sua empresa de balística de bilhões de dólares. Eles fazem de tudo, desde janelas à prova de balas até quartos seguros, coletes e muito mais. Ele será o mais discreto possível quando eu lhe pedir que me forneça mais alguns capacetes.
O cara também está carregado. Puro conhecimento intelectual. Ele é a razão pela qual me sinto seguro o bastante para que Ethan e Cora fiquem comigo até que seja seguro o suficiente para eles irem para casa. Algo me diz que Vivian não vai gastar muito tempo na minha casa por enquanto, ou chamaria ela. Ela estará segura com seus pais, se for lá que ela decida ficar. —Estou assumindo que é aqui que você queria vir? —Brinco, sabendo muito bem que é. —Sim. —Ela responde como uma criança. Olhos arregalados, mostrando os dentes enquanto sorri e aproxima-se para colocar um breve beijo na minha bochecha. —Venha, querida, deixe-me levá-la para ver algumas peças em couro, para que eu possa tirá-las no instante que chegarmos à minha casa. —Ela ofega enquanto abro a porta para ela entrar. —Quero você na minha cama hoje à noite. —Eu sussurro em sua orelha, bato em sua bunda provocante e levanto meu queixo para Dane, que está a caminho. —Murdock. Você, filho da puta. Como diabos você está? —Dane ergue as sobrancelhas de uma maneira questionadora quanto mais perto ele chega de nós. O bastardo não pode tirar os olhos da minha mulher. —Estou melhor do que tenho estado em anos. —Digo a ele. Ele também ouviu a história da morte de Cora e como isso me afetou por várias noites, enquanto eu estava bêbado. O homem está muito familiarizado com a minha dor, pois ele também perdeu a mulher que ama uma vez. A puta o traiu enquanto ele estava no exterior. Agora ele é como eu costumava ser. Mulheres aleatórias quando você precisa delas. Guardar seu coração contra todas as beldades fodidas que vão arrancá-lo sem cuidado. Suas sobrancelhas se estreitam quando ele chega à nossa frente.
—É uma longa história. Uma que prometo lhe contar, irmão. Esta é Cora. Ela está viva, cara. —Derramarei a notícia rapidamente. —Jesus Cristo. Você é Cora? —O cara gagueja enquanto estica sua grande mão para sacudir a dela. —Oi. —Diz Cora, suavemente. Seu humor se foi. A confusão tomou seu lugar. —É um prazer, Cora. Ouvi falar muito sobre você ao longo dos anos. Tudo o que posso dizer é que estou chocado e feliz. Não vou me intrometer, mas você me deve uma conversa, irmão. —Ele afirma, solta sua mão e fica parado parecendo tão chocado quanto o resto de nós. —Eu sei. No entanto, agora, preciso de alguns capacetes. Um pequeno e um médio, e a Cora precisa de couro. —Explico. —Bem, vamos então. Posso pedir que Janice lhe arrume tudo o que precisa. —Diz ele, ainda impressionado. Ainda parecendo um idiota. Nós o seguimos através das filas de motos na parte de trás da loja, onde ele apresenta Cora a Janice. Enquanto ela se aproxima para obter o que quer, eu dou a Dane um breve aceno enquanto meus olhos nunca a deixam até ela entrar no vestiário. Não preciso pedir sua ajuda. Ele oferece sem hesitação. Outra fase do meu plano está completa. Agora, preciso levar minha bunda ao departamento para obter um maldito plano de como fazer isso da maneira correta e esperar como uma puta, ele falhar. Prometi a ela que eu faria isso de forma legal. Nunca prometi que não o mataria enquanto o fizesse.
CAPÍTULO DEZENOVE Cora Hoje é um sonho se realizando em muitos aspectos. É uma tarde perfeita. Nunca vou esquecer o olhar de adolescente no rosto de Riddick quando ele pegou minha mão na dele e caminhamos silenciosamente pelo cais, parando de vez em quando para que pudéssemos olhar nossas palmas pressionadas juntas. Toda vez que fazemos, ele as leva até seus lábios e gentilmente beija as pontas dos meus dedos. Um arrepio percorre minha espinha quando beijo aqueles lábios com uma força que derruba toda a minha racionalidade sobre fato de estarmos em público. Eu o beijo toda vez que ele faz uma pausa. Profundo e Forte. Mais forte do que nunca. Mais profundamente do que fiz depois de estar inegavelmente boba após andar totalmente livre em sua moto. Tudo porque, por um dia, fomos capazes de mostrar as pessoas ao nosso redor que somos um casal apaixonado. Há tantas mulheres neste mundo que simplesmente querem a atenção do homem que amam e nunca a recebem. Não da maneira que elas realmente desejam. Um braço simples em volta do ombro, um olhar amoroso, um toque terno. Esses gestos pequenos vão nos dois sentidos num relacionamento onde você não se importa com o que os outros pensam, porque a única pessoa com quem você se preocupa está de pé na sua frente. Quero gritar para os casais que caminham nas calçadas, entrando e saindo das lojas sem se tocar, sem falar com o outro, os maridos ou namorados fazendo um aceno confortável ao fazer uma pergunta, e perguntarlhes: por quê? Por que você está aqui tomando um ao outro como garantido? Você não se importa que sua opinião signifique algo para ela? Que seu aceno simples ou seu rolar de olhos é um desperdício
de seu tempo precioso? Que aquele homem, aquela mulher que você toma por garantido, poderia ter encontrado seu novo amor. E onde você estaria então? Você estaria morto por dentro. Você gostaria de ter dito a ela que o seu vestido ficou lindo. Ou que você daria qualquer coisa para segurar sua mão apenas mais uma vez se ela estivesse lá para você fazê-lo. Vivi por anos e confie em mim, é um lugar muito melhor para estar do lado da cerca onde não há zona de conforto. Há apenas tempo. Tempo precioso para Deus. Claro, não digo nada disso. Mas foi assim que eu senti. Como sentirei até que esteja velha, enrugada e lutando por meu último suspiro, porque não quero soltar a mão deste homem, o coração desse homem novamente. Nem mesmo para tomar a menor coisa como garantida. Também comprei roupas, hoje. Que nunca antes pensei em vestir. Devo dizer que Riddick as comprou para mim. Ele sussurra no meu ouvido que nunca foi capaz de me dar nada antes e agora ele quer me dar tudo. Digo-lhe que tudo o que preciso é ele. Um homem que sei que quer cuidar de mim e Ethan, então gentilmente, deixei. As roupas na loja Harley foram apenas o começo das muitas coisas que ele comprou para mim. É bom que vivamos perto da cidade para que possamos voltar para pegar tudo amanhã, incluindo o presente extravagante que ele comprou para Ethan hoje. Não posso esperar para apreciar a expressão em seu rosto quando ele vir. Todas as minhas preocupações e medo da manhã foram varridos para o mar hoje. Gostaria que ficassem lá, jogados nas trincheiras mais profundas do oceano. Eles não irão, ou melhor, não o farão. Eles vão aparecer como uma rede emaranhada de algas marinhas apenas para envolver minha garganta e me sufocar enquanto lentamente se arrastam com a maré. Por enquanto, no entanto, estou em pé na enorme sala de cinema na casa de Riddick, com a minha boca aberta e admirada pelo que ele fez. —Oh, meu Deus. —Minhas palavras são um pouco agudas. Estou impressionada quando caminhamos pela porta do que deve
ser a sala de cinema privativa de Riddick. Faço meu coração acalmar seus batimentos instáveis enquanto observo a sala á minha frente. Nunca vi uma sala mais impressionante na minha vida, Quem precisa ir a um cinema ao ar livre quando se tem isso? —Você gostou? —Ele me observa de onde se posicionou a poucos metros ao meu lado, com a cabeça inclinada para o lado, estudando meus movimentos. Ele está encostado na parede, com as mãos nos bolsos, um pé apoiado na parede e um olhar presunçoso em seu rosto bonito. —É notável. Ethan nunca vai querer deixar esta sala. —Reconheço com sinceridade. Uma parede está coberta com uma grande tela para filme. Um sofá em madeira marrom fica no meio da sala, de frente para a tela. Duas cadeiras reclináveis de grande porte estão trás. Há uma pequena barra de madeira escura com alguns painéis acinzentados na parede ao lado. Eles são lindos. A sala dos sonhos de um homem. Mas nenhum deles se aproxima do que vejo nas duas prateleiras de vidro ao lado do bar. Medalhas. Prêmios. Meus pés se movem em direção a elas, rapidamente. Meus olhos estão brilhando com lágrimas. —Eu as vi em seu uniforme quando te procurei. Riddick, elas são... Estou orgulhosa de você. —Meus dedos deslizam delicadamente sobre o vidro. Há uma medalha de valor, distintivo de fuzileiro, prêmios de equipe e prêmios de funcionários individuais. Deve haver mais de cem delas aqui. —Você já falou sobre o seu tempo lá? As coisas que você fez ou viu? —Pergunto, ainda estudando suas realizações. —Na verdade não. É uma parte de mim que nunca vou esquecer. Uma parte que me orgulha ter feito, mas falar sobre isso... Não. Tenho a sorte de me lembrar do meu tempo em guerra. Conheço muitos homens que não tiveram. Homens dedicados e leais que abriram mão de suas vidas pelo nosso país. Isso é algo que
vou manter guardado. Ele encolhe os ombros, as mãos ainda nos bolsos, enquanto também olha para as prateleiras por vários minutos. Recordando uma parte de sua vida que talvez eu nunca saiba. Uma parte que me entristece. Uma parte que me leva de volta aos meus pensamentos de hoje. A vida é muito curta. Mas não precisa correr. Caminhe a um ritmo constante. Viva como se hoje fosse seu último dia, e se você tiver sorte de ter mais, então repita. Diariamente. —Ethan vai amar aqueles. —Digo, puxando uma de suas mãos do bolso para segurar. —Ele viu brevemente na outra noite. Na verdade, ele entrou e saiu de cada cômodo, exceto um. —Isso parece com ele. Ele é um garoto agitado. Um dia você poderá nos contar sobre cada um desses. —Articulo. Adoraria ouvir esta parte de sua vida se ele estiver disposto a compartilhar. Ironicamente, ao vê-lo focar sua mente em uma parte difícil de seu passado, suas características severas, seus olhos treinados, em um certo ponto, ele me faz lembrar de Ethan. Ambos se concentram em qualquer objeto que detenha seu interesse. É uma parte dos dois que eu amo. —É louco da minha parte dizer que sinto que posso falar com ele sobre qualquer coisa? —Sua resposta alarga meu sorriso. —Não. Eu disse que a paternidade é natural para alguns, e confie em mim, você tem o que é preciso para ser um ótimo pai. Você provou isso desde que descobriu pela primeira vez sobre ele. —Digo claramente. —Eu o amo de uma maneira indescritível. Viro meu pescoço para olhar para ele. Sua voz é tão baixa e profunda. Fico parada, sem palavras quando vejo lágrimas brilhando em seus olhos.
—O seu amor por seu filho é extraordinário, Riddick. É toda a prova que você precisa para si mesmo. Para ele, você não precisa provar nada. —Sim. E você, anjo? Existe alguma coisa que preciso provar para você? —Fico agitada quando ele trava seus olhos aquecidos nos meus. Imediatamente excitada, esqueço tudo sobre o mundo exterior, quando seus lábios quentes beijam a minha nuca. Acalentando tudo sempre tão gentilmente. Seduzindo enquanto faz seu caminho até minha orelha, puxando o lóbulo entre os dentes. O amor que tenho por esse homem afeta meu corpo das mais prazerosas formas. Calorosa. Tirando o meu fôlego. —Não. Você estar vivo é toda prova que eu preciso. Agora, você vai me mostrar esse quarto do qual você estava falando? —Minhas palavras são quase imperceptíveis. Tenho certeza que é o quarto dele. Aquele que ainda tenho que ver. Aquele no qual ele ainda não fez amor comigo. —Meu coração bate por você, Cora. Vou mostrar-lhe esse quarto. Se é isso que você quer. —Cada uma dessas palavras envia um arrepio impaciente através de mim. Isso, somado a maneira como ele pressiona sua ereção nas minhas costas e me agarra pela mão. Ele desliga a luz rapidamente e me puxa pelo corredor, onde me mostra brevemente seu escritório, outro banheiro e um enorme quarto de hóspedes. Em seguida, subimos as escadas até o segundo pavimento. Suspiro alto, perco o equilíbrio, quase caindo no chão, quando vejo que todo o andar superior da casa parece ser o quarto dele. Isso roubou meu fôlego. Pisos de madeira brilhante. Uma área de treino completa com esteira, pesos livres e todas as outras máquinas que você veria em uma academia. A imagem do peito musculoso de Riddick pingando suor passa como um flash na minha mente, minha imaginação o visualiza correndo na esteira sem camisa, com o calção pendurado. Sexy pra caralho.
Há uma área com sofá e cadeira. Uma lareira com um tapete marrom com espirais em lavanda. Fotos. Tantas fotos estão cobrindo a parede. Dele, minha, nossa. Meu corpo congela. Sinto somente o ritmo acelerado do meu coração parecendo que quer saltar do meu peito e posicionar-se dentro de cada uma dessas fotos. —Oh, meu Deus, Riddick. Estas... aquelas... —Tropeço em minhas palavras uma vez que compreendo o que ele fez. Ele profissionalmente fez isso de alguma forma. Tudo isso foi tirado em uma câmera antiga. Eu aponto para as fotos em pequenas linhas limpas. Minhas palavras ficam presas na garganta. —Elas são tudo, anjo. —A maneira como ele diz meu apelido, tão baixo, tão doce, tão cheio de desejo, faz com que eu coloque minhas mãos em meu peito para retardar os batimentos erráticos do meu coração. Tenho memórias fotográficas agora. Não aquelas que viveram na minha cabeça. Quero rir e chorar ao mesmo tempo. Ficar de joelhos e agradecer a todos que ouvirem. Essas fotos me desfazem e enfraquecem meus joelhos, permitindo que eu desabe. Eu não toco no chão como esperado. Como eu poderia quando ele me carrega em seus braços e me leva pelo seu quarto para a cama? O edredom, travesseiros e tapetes combinados também têm o mesmo design. Castanho com lavanda. Ele fez isso por mim. Tudo isso. Gentilmente, ele me coloca na cama. Ajoelha-se diante de mim para remover minhas novas botas de couro. Uma vez que ele se livra delas, simplesmente me pressiona na cama, seu corpo forte sobre mim. Nossos olhares estão trancados. Nossas memórias viram realidade. Não precisamos das palavras do nosso passado para corromper o que compartilhamos. As reminiscências ruins das escassas noites roubadas. Os breves olhares no corredor da escola. As fugas. Nada disso significa mais nada coisa quando o que temos é o aqui e agora. Nosso filho. Nosso amor. Juntos. Essa parede de fotos significa mais para mim que qualquer palavra que qualquer um
de nós possa dizer. Adormeci em seus braços depois de chorar como um bebê, e ele permitiu.
*** Acordei há algumas horas com uma dor requintada entre as pernas. Depois de chorar até dormir na outra noite, Riddick me despiu das minhas roupas. Fizemos amor lentamente e mais uma vez na manhã seguinte. Na noite passada, ele me fodeu na parte de trás do sofá com minhas mãos algemadas novamente enquanto ele me adorava com sua língua, me deixando louca e fora da minha mente. Ele parece assumir seu papel como policial ao extremo com aquelas algemas. Eu disse isso a ele. Também o lembrei que dois podiam jogar esse jogo e chegaria o dia em que o pegaria na cama para torturá-lo, evitar que ele me toque como ele me fez. Ele me desafiou a tentar, e eu farei. Passei tanto tempo sem tocá-lo que a necessidade de fazê-lo, a qualquer possibilidade que tenho está arraigada profundamente em mim. É o mesmo para ele, no entanto. A necessidade, o desejo de amar e agradar. Descobrirei uma forma de prendê-lo na minha armadilha, seduzi-lo, deixá-lo selvagem até que não tenha escolha senão implorar-me para tirar as algemas. E agora, estou aqui, sentada, olhando das escadas para o relógio. O tempo realmente está zombando de mim, enquanto o observo passo as mãos lentamente pelo lado de Riddick na cama. Faz dois dias que passamos nosso momento de diversão. Duas noites ficando aqui, saindo e sendo uma família. Nossos dias passados na praia com Dane surfando e nos protegendo enquanto Riddick trabalha, nossas noites passadas aninhados nesta casa. E dois dias mais próximos do meu aniversário. Você pensaria que temo chegar aos trinta. Todavia, estou temendo esse dia por razões
que estão assumindo o controle da minha existência. Destruindo meu coração e minha mente. Também estou me repreendendo por mentir. Eu posso ter mantido as coisas escondidas de Ethan para protegê-lo, mas nunca menti para ele. Ou seja, até a manhã passada, quando o buscamos da casa de Aaron. Nós dissemos a ele que íamos mudar para a casa de Riddick no ritmo de Ethan, gradualmente. Bem, sem o meu conhecimento, o ritmo do meu filho é mais veloz que o animal mais rápido do planeta. Ele estava pronto antes de Riddick e eu termos terminado de lhe contar nossa mentira. Agora estou me consumindo com a culpa. Pensando que, a forma que decidimos lidar com a situação, foi um erro, que devíamos ter continuado nos escondendo, mas Riddick não me daria ouvidos. Sua decisão sobre pararmos de esconder nosso relacionamento foi tomada pois a última pessoa de quem deveríamos esconder é nosso filho. Entendo o que ele está dizendo. O que não consigo fazê-lo compreender é que estou preocupada que tudo isso seja demais para Ethan. Meus pais, Vivian e até mesmo Riddick me disseram que não é. No entanto, mamãe me disse que pensaria que eu havia perdido meu toque materno se não me preocupasse. Então, agora, estou aqui, querendo me enrolar em uma bola, enquanto Riddick e Ethan têm a conversa de pai para filho, ou seja o que for que eles estejam fazendo, enquanto observo de olhos arregalados como uma galinha pronta para ter a cabeça cortada. Temos que manter a verdade com Ethan. Então, devido às nossas circunstâncias atuais, lhe dissemos o que pensamos que ele gostaria de ouvir. Claro, deixei de lado a parte de seus pais dormindo no mesmo quarto. Minha vida no momento está um caos. Totalmente preenchida com ele. Estou sendo puxada em muitas direções. Enlouquecendo sobre tudo isso até o ponto em que me sinto fisicamente doente.
Obviamente, escondi de todos. As palmas suadas, o aumento da minha frequência cardíaca. Minhas mãos e pés esfriam toda vez que Riddick sai pela porta para se encontrar com o FBI, só para ele ligar ou voltar me dizendo coisa alguma. É assunto da polícia agora. O momento para dar minha declaração virá em breve, pelo menos foi o que ele disse. Também será a primeira vez que ele encontrará minha mãe. Em uma maldita delegacia de polícia, dentre todos os lugares. Eles querem a lembrança de cada membro da família daquela noite terrível no papel. Mamãe, papai e Vivian sabem de tudo agora. Tudo foi feito por telefone mais uma vez. Agradeço que estivessem ocupados no hospital, onde a segurança é reforçada. Vivian também ficou ali, todos dormindo entre os partos. Quero isso tudo feito e acabado, para que eu possa voltar ao meu trabalho, meus pacientes. Minha vida. Ajudar a trazer uma criança para este mundo tem sido algo que desejei fazer desde o dia em que Ethan nasceu. Me enche de alegria ver um recém-nascido dar o primeiro suspiro. Ver o olhar de amor puro e incondicional no rosto da mãe quando segura seu filho pela primeira vez. As lágrimas de alegria, a promessa de proteção do pai. O FBI quer que minha mãe e Vivian deem declarações amanhã. Vou odiar reviver aquela noite horrível detalhadamente quando eu lhes der a minha, especialmente na frente de Riddick, mas a força que tenho para trazer a justiça compensa as horríveis lembranças que nunca esquecerei, não importa o que aconteça ao meu irmão. É terrível admitir para mim mesma que espero que ele morra. Que leve um tiro em seu peito sombrio e que pague no inferno pelo que fez. E não esqueçamos que preciso provar através das minhas impressões digitais que sou quem digo que ser. É uma besteira que tenhamos que atravessar essa bola gigante de burocracia antes de procurar um idiota sem valor. Estou tão louca por isso que minha fúria habitualmente confinada, provavelmente irá acender como um
monte de fogos de artifício defeituosos e disparar na direção de qualquer oficial que pegue minhas impressões. Idiotas. —Mamãe. Henley está aqui para a minha aula. —Ethan grita do topo da escada, me tirando da depressão sombria. Pulo da cama antes que ele possa me alcançar. Arrumo minha camiseta e short e aliso meus cabelos ainda úmidos. —Uau. Este quarto é lindo. —Ele anda direto para os pesos, luta enquanto tenta levantar um, apenas para deixá-lo no lugar. Cubro a boca para sufocar minha risada. Meu filho não é perfeito, mas é adorável. —Sim. É bastante incrível. —Digo. —São você e papai? —Ele aponta para as fotos na parede. —Sim, somos nós. —Cara, olhe para seus braços nus. Ele fica melhor com tatuagens, não é? —Ethan leva seu tempo olhando cada foto. Admiro suas características. Tão jovem, tão cheio de vida. —Concordo. Mas o amaria, não importa como ele se parecesse, Ethan. É sobre amar alguém, amigo. É sobre aceitá-los por quem são. O exterior de uma pessoa pode ser lindo. Sem falhas. No entanto, se for uma pessoa feia por dentro, então acabará sozinha pelo resto da vida. —Respondo, enquanto envolvo meus braços sobre meu peito e me pergunto se devo dizer algo sobre a conversa ou não. Decido contra isso. O que acabei de dizer foi um pouco profundo para uma criança de onze anos. —Como seu irmão? —Ele valida o que eu disse com essas palavras. —Assim como ele. —Respondo, então sorrio para o estado de alerta do meu filho.
—Papai me disse que você estaria dormindo aqui. —Ele diz com um encolher de ombros. —Oh! —Digo, atordoada, observando-o por quaisquer sinais de incômodo. Ele está calmo. Muito sábio para sua idade. Ele poderia diminuir a velocidade a qualquer momento. Não me importaria nem um pouco. —Disse a ele que estava bem com isso, você sabe. Porque eu estou, mãe. Já lhe disse isso. —Ele encolhe os ombros porque não é grande coisa. —Você tem certeza, amigo? Quero dizer, se você não está... —Você está feliz, mãe? —Ele me interrompe. Seus olhos viram para mim com propósito. Sua expressão não é nada como eu já vi na minha criança despreocupada antes. —Muito feliz, Ethan. Eu o amo. Eu também te amo. —Eu também te amo, mãe. Podemos ser apenas uma família agora? Não quero mais que você se preocupe comigo. Isso meio que me deixa louco. —Sempre vou me preocupar com você, Ethan. Me preocupar com sua saúde e felicidade fazem parte de ser sua mãe. Mas, para responder a sua pergunta, sim, vou tentar, contanto que você me prometa uma coisa? —Levanto minha sobrancelha enquanto ele me considera em confusão. —Se é para parar de xingar, eu já disse que vou parar. —Ele parece tão sério que não posso deixar de rir desta vez. —Não é isso. Embora você possa parar com isso, também. Quero que você prometa que você virá a mim se houver algo sobre essa situação que o torne desconfortável. Quero dizer isso, Ethan. Você pode não entender isso agora, mas espero que algum dia você faça. Você é a pessoa mais importante da minha vida. Não quero
que você sinta que não pode falar comigo, ou com seu pai sobre esse assunto, sobre qualquer coisa. Não importa o que seja, Ethan, ok? —Tudo bem, mamãe. Podemos ir à praia para a minha aula agora? Preciso praticar, se eu quiser ganhar essa competição. E aí você tem isso. O tempo para novamente da maneira mais bonita.
CAPÍTULO VINTE Riddick —É melhor você começar a falar, caralho, ou vai junto com eles. —Verbalizo como um fodido fato, já que com certeza este é um advogado que se engasgou com seu próprio veneno. Richard Chapman, o advogado que elaborou o testamento dos pais de Cora, é um pé no saco, uma arma letal neste caso, e ele sabe disso. Precisou de uma ameaça do FBI para arrastá-lo e a sua comitiva de advogados de alto padrão para o que ele chama de nossa pequena delegacia policial miserável. Não tenho certeza de quem ele pensa que é por não cooperar, mas ele está prestes a cair, mesmo que não tenha nada a ver com isso, ou talvez tenha, e seja a ligação que falta. Vou matá-lo aqui mesmo, se seu rosto presunçoso se contrair. Ele mostrou documentos que são tão falsos quanto os seios da única advogada com ele. Aquela que está deixando claro que ela está me fodendo em sua mente. A puta. Eu não tocaria seu corpo por nada no mundo. —Acalme-se Murdock, ou você estará fora daqui. —O agente do FBI, McGraw, tenta me repreender. Não teve essa sorte, amigo. —Me acalmar porra nenhuma. —Ele pode estar no comando aqui, mas porra, ele sabe que estamos falando do meu mundo inteiro. Se ele pensa que vou sentar-me aqui e ficar de conversa fiada com esse homem, que de alguma forma conseguiu salvar a própria pele, então ele está tão equivocado quanto Jesse quando cometeu o enorme erro que destruiu a vida de Cora. —Agora, onde eu estava?
—Levanto minhas sobrancelhas para McGraw, em seguida, inclino minha cabeça, golpeio meu punho na mesa e tomo esse interrogatório em minhas próprias mãos. —Estamos há pouco mais de uma semana de distância do aniversário de Cora, o que significa que o fodido virá vê-la. Agora, entendo que você é um homem ocupado, idiota. —Enfatizo esse nome, porque é exatamente o que ele é: um idiota. Um sem as malditas bolas. —O que me leva a acreditar que ele já agendou um compromisso com você ou um de seus associados. Tudo o que você precisa fazer é nos informar a hora e o lugar, e estaremos a caminho. Poderei voltar para casa para minha mulher e meu filho, e você poderá voltar á limpar a sujeira das pessoas para debaixo do tapete. O que vai ser? Essas pessoas agem como se não tivessem nenhuma responsabilidade, no entanto, entendem exatamente o que estou falando. —Olhe, detetive. Não consigo nem imaginar que tipo de vida isso tem sido para qualquer um de vocês. Você sabe tão bem quanto eu que não posso divulgar esse tipo de informação. O que posso dizer é isso. Sinta-se livre para ter oficiais disfarçados do lado de fora do meu prédio no aniversário dela. Eu o cortei antes que ele tivesse a chance de insultar minha inteligência. —Foda-se. Quão estúpido você acha que eu sou? Seu aniversário é sábado. Sei muito bem que você gasta seus sábados enterrado entre as pernas desta cadela em vez de em seu escritório. —Aponto meu dedo na direção de sua associada ou quem quer que ela seja nesse inferno para ele. Porcos fodidos. Ambos. Este babaca é casado, tem três filhas crescidas e está fodendo esta cadela escondido de sua esposa. Quero esbofeteá-lo até que se encolha no canto por não levar seus votos conjugais a sério. Idiota. —Você está nos espionando? —“Senhorita eu fodo com qualquer um” começa a falar. Suas palavras só confirmam o que eu disse. Respondo sua pergunta enquanto ignoro seu maxilar levantado e seus olhos arregalados e abordo esse idiota mais uma
vez. —Sou um maldito detetive, é assim que funciona. Estivemos ralando há dias para encontrar cada informação que pudéssemos encontrar para derrubá-lo, no caso de você decidir não cooperar. Lenore, sua esposa ou suas filhas sabem que você fode essa puta há mais de um ano? Caso contrário, não tenho nenhum problema em mostrar-lhes a evidência. Tenho certeza de que elas ficariam tão orgulhosas de saber que você é um mentiroso e enganador. —Não tenho ideia de onde suas filhas estão ou seus nomes se isso importa. Na verdade, não me importo. Mas se este homem pensa que não vou mostrar as fotos da sua bunda nua enquanto ele fode essa boceta por trás na mesa, então ele está muito enganado. Essas imagens de sua bunda peluda estão queimadas na minha memória. Eu odiaria fazer o mesmo com eles, mas vou fazer o que for preciso para chegar ao homem que preciso desesperadamente derrubar. —Experimente e veja que tipo de processo eu posso levantar contra você e todo esse departamento. —Ele rosna. —Ameaçar um policial é crime. Ameaçar um suspeito que poderia estar envolvido em um crime é meu trabalho, amigo. —Eu digo com vingança derramando da minha boca. Estou a ponto de agarrar seu pescoço. Jesus, e essas pessoas devem ser bons advogados? Do jeito que vejo, a única pessoa decente em seu escritório é sua secretária, que estava feliz em ceder à informação que precisávamos. Nós já sabemos que Jesse está indo para uma reunião às nove horas no dia 25 de julho, aniversário de Cora. Nós simplesmente não sabemos aonde será a reunião. O fodido ganancioso quer esse grande e gordo cheque. Pedimos a Richard para nos encontrar com a esperança de que ele cooperasse. Veja o mal que foi feito aqui. Obviamente, os rumores de quão implacável e cruel ele é são verdadeiros. Ele pode ser um negociador filho da puta no tribunal, mas aqui ele é um peão. Um covarde que está caindo. Eu vou arrastar sua bunda daqui para a
eternidade, se necessário. Não me importo se destruir sua inocente família no processo. —Vazamento de informações que você não tem prova é um crime, Sr. Murdock. —Fala Richard, que aparentemente finalmente cresceu um par de bolas para me desafiar. —Tenho todas as provas de que preciso, amigo. Também sei que é contra a lei abrigar um fugitivo. E não informar seu paradeiro. Também é contra a lei que você dê a esse homem uma moeda de dez centavos quando todas as provas que você precisa de que Cora deveria ser sua cliente e não ele, estão bem na sua frente. O que diabos está errado com você? É a sua parte do dinheiro? —Digo, Fervilhando. —É por minha causa. —Minha espinha endurece ao som da voz de Tyson, a porta batendo atrás dele quando entra na sala. Giro, meus olhos tentando encontrar os seus. Ele não está olhando em minha direção. Seus olhos escuros estão brilhando para Richard, que levantou tão abruptamente que sua cadeira caiu no chão. A vadia ao lado dele suspira em choque absoluto. —O que você quer dizer com por sua causa? —Perguntei, confuso como o inferno por ele estar aqui quando disse que não queria nada com esse interrogatório, na época eu não pensei em nada. Imaginei que ele sabia que esse era o meu negócio, então ele me permitiria destilar uma raiva que está presa dentro de mim, ao fazê-lo sozinho. —Richard. completamente.
—Ele
aborda
calmamente,
me
ignorando
—Filho da puta. Como você se atreve? —Richard ataca. Olho aturdido de um para o outro enquanto eles se encaram com raiva. Está muito intenso aqui.
—Que porra é essa, Tyson? —Direciono esta guerra para o lado em que deveria estar, o meu, maldição, me movo para ficar diretamente na frente da linha de fogo de Tyson. —Ele é o pai de Lynne. Tyson dirige sua atenção para mim, concentrando-se na minha reação enquanto tropeço para trás como se ele tivesse me dado um soco. O que no meu mundo, com certeza ele acabou de fazer. —Que porra é essa? Jesus Cristo. Digo alto, perdido em suas palavras que fazem minha cabeça rodar. Tudo faz sentido. Bem, na verdade não. É uma maldita novela. Os dias das nossas fodidas vidas são o que são. Não é de admirar que Tyson reagiu dessa maneira. Não é de admirar que ele tenha estado distante desde que Jude encontrou o nome do advogado e o disse em voz alta em minha casa. Rapidamente me recomponho. Tyson me deve uma explicação. Eu pretendo consegui-la. Não hoje, no entanto. Qualquer que seja a merda que aconteceu, todos aqueles anos atrás não serão arrastados para cá. Talvez eu esteja chocado no momento, mas isso é muito mais importante do que uma guerra que deveria ter terminado há anos. —O que aconteceu entre nós não tem nada a ver com isso. Se você está segurando informações por causa de mim e meu envolvimento nesta investigação, então você é o filho da puta que sempre soube que você é. Há um menino de onze anos envolvido nisso, Richard. Aquele que acabou de descobrir que seu pai está vivo. Leve isso em consideração, vire a mesa e me diga como você se sentiria se estivesse no lugar de Riddick. Se fosse Lynne e seu filho. Sei melhor do que ninguém o quanto você ama sua filha. Por uma vez na sua maldita vida patética, faça o que é certo. Pela primeira vez desde que conheci o homem, Tyson fica ali olhando para este idiota e derrama mais informações do que já disse sobre Lynne antes. Minha mente está se recuperando disso, mas nenhuma
maldita palavra faz sentido. Especialmente a parte de Richard sendo o pai dela. —Ela está feliz, seu filho da puta. Mantenha distância dela. Você está me ouvindo? Agora, tire esse filho da puta da minha vista. Richard ajusta sua gravata, ergue sua cadeira e senta-se calmamente como se Tyson nunca tivesse entrado na sala. A porta se fechou com a partida de Tyson sem ele dizer outra palavra. A sala enche-se de silêncio enquanto encaro o lugar desocupado onde meu amigo estava de pé, perguntando-me sobre o que acabei de ver e o que, em nome de Deus, ele escondeu de mim.
*** —Onde está Tyson? —Pergunto sobre o ruído alto de cada maldito policial nesta delegacia. Preciso encontrá-lo, agora, porra. Quero agradecê-lo e aliviar suas preocupações. Suas breves palavras devem ter surtido efeito, porque no momento em que ele partiu, Richard confirmou que Jesse realmente tinha começado a conversar com ele. No entanto, eles não estavam se encontrando em seu escritório, como ele confirmou que eles estavam na última vez. Eles estavam se encontrando na casa de Richard, o que ele achou estranho. No entanto, com certeza, nós não achamos. Porque ele está mentindo. Jesse pode ter contatado ele. No entanto, ele sabe que uma merda está vindo para minha família mais cedo do que eu pensava. Posso senti-lo no fundo do meu ser, mas agora não há uma maldita coisa que eu possa fazer, além de levar meu traseiro para casa. Aposto minha vida que esse bastardo está chamando Jesse agora, dizendo a ele que sei cada um de seus malditos passos. Toda mentira que ele contou. E aqui estou eu, tentando encontrar meu
amigo para me dar algumas malditas respostas, porque esse merda desse advogado que nós tivemos que soltar, uma vez que não há evidências suficientes para prendê-lo aqui, está tão envolvido nisso quanto Jesse. Jesse não quer ser visto em público. Ele planeja pegar esse dinheiro e desaparecer. Sei disso. Vou lhe dar crédito por tentar jogar isso de forma inteligente. Ele sabe que está marcado para morrer. —Eu não sei, irmão. O que diabos está acontecendo? —A voz de Jude soa preocupada. Ele para de digitar em seu computador, tira os óculos e me olha seriamente. —Não tenho certeza. —Informo-o. Não estou a ponto de me preocupar com uma situação que não tenho certeza. —Vou atualizá-lo, Jude. Você vai para casa, Riddick. Cuide da sua família. Quero dizer isso. Não quero ver seu rosto até que tenhamos algo. Você me entende? —McGraw me examina e responde a pergunta de Jude. —É melhor eu ser a primeira pessoa que você chamará se aquele filho da puta levá-lo a ele. —Falo com sinceridade. —Você será. —Encontre-o, Jude. —Seguro o olhar de McGraw, levando em conta que, uma vez que Jude for informado, ele não vai deixar este lugar até que tenha rastreado Jesse antes dele tentar encontrar uma maneira de chegar a Cora. Todas as pistas levaram a um beco sem saída até agora. Jude está nisso há dias. O esgotamento está escrito por todo o seu rosto. Pego meu capacete na cadeira da minha mesa, elevo o maxilar, ando pelo corredor e desapareço na porta lateral antes que alguém possa me parar fazendo perguntas ou oferecendo ajuda.
—Eu sabia que você sairia por aquela porta. —Tyson informa, seu corpo grande ao lado de nossas motocicletas. Braços cruzados sobre o peito, os olhos brilhando como se fosse ele quem acabou de receber o choque de sua vida. Paro diretamente na frente dele, e meu maldito coração fica apertado, a raiva que eu tinha já desapareceu. A tristeza em seus olhos mostra o oposto de sua estatura. As lágrimas não derramadas estão implorando para cair de um homem que eu pensava conhecer. Um homem que detém mais segredos do que aqueles que estiveram voando para mim, à esquerda e à direita, como as balas no Afeganistão fizeram todos aqueles anos atrás, quando ficamos lado a lado, prontos para queimar aqueles que prejudicaram nosso país e transformá-los em cinzas. Para misturálos com a areia do deserto seco. —Se você vai me explicar, você poderia fazer isso rápido? Preciso chegar em casa. —Entendo o quão machucado ele está. Já passei por isso, mas agora não é o momento para isso. —Devo a você e a Jude uma explicação, e você entenderá. A única coisa que você precisa saber agora é que o filho da puta não é confiável. Seja qual for à porra que ele disse a você, pode ou não ser uma mentira. Ele é uma cobra que vai atacar a qualquer momento, especialmente quando se sentir encurralado e, irmão, estou aqui para te contar, ele me ver vai foder tudo isso. Ele quer se vingar pelo que pensa que eu fiz. —Suas palavras incomodam-me. Todas as vértebras na minha coluna rangem e estalam, me deixando imóvel. Nós ficamos lá por Deus sabe quanto tempo olhando um para o outro, minha mente fodida tentando processar tudo. Especulando o que ele pensa que Tyson fez enquanto observo esse homem na minha frente. Ele pode ter guardado segredo de mim, mas não há como ele ter mentido sobre ela para mim. Ela o deixou. Ela o quebrou. Despedaçou-o. Amigos tão próximos quanto nós, não têm motivos para mentir sobre merdas assim. Não temos motivos para mentir um para o outro. Especialmente quando cada passo que
demos poderia ter sido nosso último. Todo maldito suspiro sangrento que tomamos poderia ter sido nosso último. —Ele disse que estavam se encontrando na casa dele. Deu-nos um endereço, e o horário. —Digo com seriedade. Não tenho que reconhecer o que ele precisa me contar sobre Lynne. Ele irá contar quando o que estou lidando acabar. Quando pudermos fazer de sua situação uma prioridade e ajudá-lo, se for o que ele quiser. —Qual endereço ele lhe deu? —Ele ergue as sobrancelhas, descruza seus braços e tira o papel com o endereço da minha mão estendida. —Sim. É aí que eles moram. Estou lhe dizendo, cara, ele está envolvido nisso. —Tyson devolve o papel, como se ele estivesse pegando fogo. —Vamos para casa. Irei te seguir. Você pode me dizer tudo quando chegarmos lá. —Tyson. —Digo, espero que minhas palavras saiam do jeito que quero dizê-las. —Não sei como tudo isso vai acabar, mas, irmão confio a vida deles á você. Se Jesse não tentar chegar até ela antes de sábado, vou precisar de você para vigiar a casa dele. Você está bem com isso? —Sei muito bem que ele está. Não importaria se Lynne estivesse de pé na porta da frente, ele faria seu trabalho antes de reconhecer sua presença. Nós sempre tivemos o sexto sentido de perceber o que o outro está pensando, o próximo passo, o fato de um proteger as costas do outro. Tudo faz parte da união que você tem com a família que você faz quando seu próximo passo poderia custar a você ou ao homem ao seu lado á vida. Está na boca do estômago, o sentimento de que colocaria a minha vida em risco por você que o envia de joelhos com o conhecimento de que você não está sozinho. Que todos sentem o mesmo. Sorrio quando essas palavras tropeçam em uma melodia e um riso sai de sua boca seguido do meu codinome. —Eu sempre estarei ás suas costas, Murdock. Agora, pegue essa moto e leve sua maldita bunda para casa. Além disso, você me
conhece, cara. Cortarei a cabeça de uma cobra antes do primeiro silvo sair da sua boca.
*** Depois de estacionar, tirei meu capacete e passei as mãos pelo meu rosto. —Merda. Hora de conhecer a mãe dela. —Não estou preparado para conhecê-la. Não quando tudo que quero fazer é pegar minha família e trancá-la em algum lugar. Tem sido vários dias infernais. Vários dias de breves encontros com Cora e uma grande manhã conversando com Ethan sobre pássaros e as abelhas. Graças a Deus, esse garoto é inteligente. Tudo que precisei foi perguntar a ele como se sentia sobre nós compartilhando um quarto, e o revirar de olhos começou a aparecer. Junto com o "Merda, agora você também está preocupado comigo", fluindo livremente de sua boca. Zombei e fui direto para o meu discurso improvisado para ele, porque eu precisava. Disse-lhe que ele era a melhor coisa que aconteceu com sua mãe e comigo, e que tudo acontece por um motivo. Foi a primeira conversa séria que tive com meu filho. Uma que muitas pessoas odeiam ter. Com certeza não era o meu tópico favorito, mas era necessário, e espero que ele ouça. Dei a Cora e Ethan o tempo que eles precisavam para conversar depois disso, depois subi as escadas para dizer-lhes adeus, e agora, antes do pôr do sol, estou passando por minha porta, pronto para vê-la, para vê-lo. Congelo, assim como todos os outros na sala. Meu sangue fervente solidifica. Meu coração lentamente cai em um leito da morte. Algo está errado.
Entrei em uma reuniãozinha familiar, exceto que nenhum deles está conversando. Todos estão olhando fixamente para o espaço. —Oh meu Deus, Riddick. —Vivian percebe-me primeiro. Seu olhar amedrontado me pega desprevenido quanto ela tira as mãos de sobre os olhos inchados e vermelhos. —Papai. —Ethan corre do amontoado direto para mim. Seus braços estão voando pela minha cintura, agarrando-me com força. Ele parece perdido, confuso com seus olhos inocentes, rasgando os meus num pedido silencioso de ajuda. E Dane, ele parece culpado, envergonhado e com remorso. Sou incapaz de falar enquanto olho ao redor da sala procurando pela pessoa que preciso desesperadamente ver. Ela não está aqui para me receber em casa. Não há "Como foi o seu dia?" Ou "Ei, o jantar estará pronto em breve". O único lembrete de que ela estava aqui é a persistência do seu cheiro, exceto hoje que o cheiro está fraco, enquanto o cheiro do medo supera todas as malditas coisas nesta casa. —Jesse... Ele a tem. Ele pegou minha... Porra. Ele a pegou! —Ron grita antes de cair de joelhos no chão e meu coração o segue. Enquanto permaneço lá com as mãos do meu filho segurando minha camisa, seus soluços estendendo-se por toda a sala, todo o seu corpo tremendo de medo, todo o meu ser está tentando descobrir como diabos isso poderia ter acontecido. Como diabos ele chegou até ela e para onde vamos a partir daqui? É como se os meus anos de treinamento tivessem se dissipado junto com ela. Ela foi levada novamente. Não só de mim, mas de um garoto, que, por sinal, está me agarrando como se eu fosse tudo o que ele tem, que poderia perder sua mãe nas mãos de homens que a torturarão antes de matá-la. Não há um jeito em que Jesse a
mantenha viva. Não quando ele sabe que nos encontramos, e definitivamente não quando o bastardo descobriu o que sabemos. —Dane, como diabos isso aconteceu? —Tyson se aproxima de mim fazendo a pergunta que não consigo expelir da minha boca. Passo minhas mãos em volta de Ethan tão forte quanto posso. Verdade seja dita, eu preciso dele tanto quanto ele precisa de mim. Talvez mais, porque enquanto eu permaneço aqui com pernas trêmulas, olhando para os olhos de três pessoas que estão olhando para mim como se eu tivesse todas as respostas, meu coração colapsa dentro deste pesadelo que parece nunca acabar. —Nós saímos para pegar a correspondência, então ela subiu as escadas para tomar banho. Não sei quanto tempo passou antes que eu percebesse que ela não havia voltado. Fui verificar e encontrei isso. Liguei para a delegacia, mas vocês dois já haviam saído. Eles devem estar chegando a qualquer momento. —Ele entrega para Tyson o que parece ser um cartão. Fecho meus olhos, respiro fundo e leio as palavras que são como uma mão gelada agarrando meu coração. Mantenho-me firme enquanto ondas de choque percorrem meu cérebro e sangro silenciosamente por dentro. Algo estala. A realidade me bate forte quando leio que ele exigiu que ela levasse Ethan com ela. —Maldito seja. —Quebro o silêncio em minha mente perturbada. Ethan se empurra nos meus braços. Eu o sinto levantar a cabeça para me encarar. Se eu me atrever a olhar para ele, vou desmoronar no chão. Não posso aguentar, então me recomponho por todos nós. Suas palavras devem ter algum tipo de relevância à medida que as sirenes começam a disparar a distância. Tirando uma mão de Ethan, vasculho o bolso da frente para recuperar meu celular, e com certeza, há três chamadas perdidas. Porra, como diabos eu não percebi?
—Ethan, amigo, você tem que me deixar ir. Preciso pegar a sua mamãe. —Me mata tirar suas mãos da minha cintura, mesmo quando ele não diz uma palavra. Ele está em estado de choque, o que até um certo ponto é bom, porque ele pode não se lembrar da metade da merda que acontecerá quando todos chegarem aqui. Sei exatamente o que ele está passando agora. Exceto que eu não pude fazer nada para salvar minha mãe. Mas com certeza como a porra, levarei até meu último suspiro para trazer sua mãe para casa, para ele. —Eu fico com ele. —Vivian chega, leva-o pela mão e o guia para o sofá. O seu olhar me entristece. Ele pode não ser capaz de falar, mas com certeza está me enviando sinais através desses olhos vermelhos pelo choro. Ele confia em mim. Um olhar confiante dele é o que grita no meu ouvido alto o suficiente para me fazer subir as escadas para encontrar a cama perfeitamente arrumada. Seu cheiro em todos os lugares. Não há provas de um crime. Ela saiu por vontade própria, como ele pediu. Exceto que ela não levou Ethan. Minha garota sabia o que aconteceria se ela fizesse. Seu irmão o teria matado. E aqui estamos novamente, com ela bem ao lado. A história se repetindo, até certo ponto. Não tenho ideia do que diabos Jesse está pensando por tê-la bem ao lado. Ou o lunático quer que eu arrombe a maldita porta para que ele possa começar atirando em mim, ou quer que eu a ouça gritar com medo. Para viver o resto da minha vida sabendo que ela estava ao meu alcance, mas com um movimento errado, poderia matá-la. —Eu posso bater em sua linda bunda por não me ligar, anjo. —É quando percebo o criado mudo aberto. —Caralho! —Rosno. Ela encontrou a velha pistola calibre quarenta e cinco do meu pai. —Porra. —Encontrou algo? —Tyson entra no quarto. Seus olhos estão observando cada centímetro do espaço aberto.
—Ela pegou a arma do meu pai, cara. Aquilo vai explodir seu pulso se ela atirar. —Não me importo com o fato de que, se ela usar a arma, certamente virá à tona que ele é meu pai. O que me importo é que Cora não tem ideia de como usar o que ela provavelmente pensa ser uma pistola comum. É uma rara pistola de cano duplo que explodiria a cabeça de um maldito urso. —Vou entrar lá. Foda-se com essa merda. —Viro o rosto para ele, meus olhos flamejando com o ódio que sinto pelo filho da puta que deve ter contatado Jesse no instante em que o bastardo deixou nosso prédio. Estragamos tudo, deixando o fodido sair livre. Embora ele tenha sido seguido, o que ele com certeza sabia, não poderíamos tê-lo segurado mais sem provas adequadas ou teríamos mandado toda esta investigação para o inferno. Em vez disso, ele nos fodeu de uma forma que pagará com sua própria vida. —No momento, não dou a mínima para quem Richard Chapman é. Quero que o filho da puta seja trazido de volta. Você diz a McGraw que o bastardo é meu. —Cuspo o nome dele junto com as palavras mentirosas que aquele idiota enfiou em mim. —Riddick, espere. Você deve fazer isso certo. Você não pode... —Eu o cortei com um olhar que faria uma cobra baixar a cabeça. —Foda-se. Eu posso e vou. Não estou esperando que eles venham aqui e me questionem ou me digam para ficar de fora porque estou pessoalmente envolvido. Eles podem brincar com esse trabalho. Minha vida está ali. Tudo o que desejei se tornou realidade em pouco mais de uma semana. E serei amaldiçoado se ficar aqui e deixar algum agente que não possa sequer começar a entender a história que tenho com ela me parar. Então, você leva sua bunda lá para dizer o que eu disse, ou você escala aqueles pilares comigo e me ajuda a trazer Cora de volta para nosso filho. —Disparo de volta. Suas sobrancelhas estão tão elevadas. Que juro que começaram a se misturar com seus cabelos.
CAPÍTULO VINTE E UM Cora —Quando foi à última vez que alguém recebeu nossa correspondência? —Examino as contas, folheando-as uma a uma enquanto converso com Dane como se ele tivesse uma resposta. O homem não saiu de perto de mim o dia todo. Ele é um grande cara e tudo, mas, pelo amor de Deus, tudo que tenho feito é ficar sentada na praia ou ir e voltar da minha casa para a de Riddick o dia todo. Estou com uma necessidade desesperada de um tempo sozinha, um copo de vinho e um longo banho quente. —Pela aparência dessa pilha em suas mãos, eu diria que já faz um tempo. —Ele ri ao meu lado enquanto entramos na casa de Riddick. —Quer saber, por quê? A última coisa em que estou pensando é em correio, Dane. —Levanto minhas sobrancelhas enquanto o atraio com um sorriso astuto. Ele sequer se incomoda com meu comentário provocador. Responde com um grunhido sólido. Vejo o quão sério ele é. Sim, agradeço que ele estivesse na minha casa, em todos os cantos nos últimos dias, mas o homem precisa relaxar. Jesse seria extremamente estúpido se tentar qualquer coisa com a segurança que temos aqui. Estou surpresa por não termos tido nenhum dos nossos vizinhos perguntando por que parece que um rei da máfia vive no bairro. Suspiro em absoluto contentamento quando olho para meu pai e Ethan quando atravessamos a porta da frente. Eles estão absorvidos em um filme, que atrai a atenção de Dane, então faço meu caminho de volta para a cozinha imaculada para ajudar mamãe e Vivian com o jantar.
—O pagamento do seu carro venceu e olhe, aqui está um cupom da bestvibrators.com. Você pode querer isso já que desistiu dos homens. —Eu provoco Vivian, depois jogo as correspondências dela na mesa em sua frente. —Oh, você é tão engraçada. —Ela sorri, depois pega o cupom e arremessa para mim como se estivesse soltando um Frisbee7, seus olhos colados ao frágil pedaço de papelão, pois mal o sinto na minha cabeça e o papel cai no chão. Ela ri. É ótimo ouvi-la rindo. Ela ficou sombria desde o dia seguinte a sua noitada, quando, depois de encher muito sua paciência, descobri que ela nunca saiu. Ela foi trabalhar, foi o que ela fez. Pegou mais um turno. —Oh, eles mudaram nossos uniformes em nossos contratos desde que fui embora? —Perguntei-lhe provocativamente. —Vai se ferrar. —Foi a resposta com os lábios comprimidos. —Certo. Isso foi o que pensei. Levantei as sobrancelhas, apertei os olhos e fiquei de pé com as mãos firmemente plantadas na minha cintura, esperando que ela se abrisse e me contasse o que diabos se passava em sua cabeça. Ela saiu, foi dormir com nossos pais, e depois de várias chamadas telefônicas breves, ela me disse "Foda-se" e "Ele pode ir para o inferno", então agora está sentada com uma atitude de puta, olhando em todas as direções apenas para ver se Jude passará pela porta. Mesmo que minha querida irmã se recuse a admitir, sei muito bem que ela vestiu aquelas roupas por apenas um motivo naquele dia. Vivian estava esperando encontrar Jude. Não tenho ideia do que ele está fazendo ou se ele vai aparecer. Eu disse a ela. Também repeti que ela está sozinha nessa. Que Riddick e eu não iremos nos envolver, ela também pode arrancar a venda que está envolvida em
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cães.
É um esporte que consiste em lançar o disco e pegá-lo ainda nos ares. Geralmente é feito com
torno de sua cabeça e resolver as coisas com ele de uma vez por todas. —Quando você desistiu dos homens? —Mamãe olhou por cima do ombro, do balcão onde ela estáva cortando vegetais para a salada. Pensei em surpreender Riddick com uma refeição familiar agradável e confortável. Deixá-lo relaxar com uma cerveja na mão enquanto todos nos sentamos e conversamos. Todos precisamos de uma pausa das nuvens de tempestade que estão ao nosso redor, mesmo que seja por uma noite. —Desde que decidi que todos os homens, exceto papai e Ethan, são idiotas. —Sua língua afiada mente. Ela estará de volta lá, assim que superar ser evitada e envergonhada. Talvez. Eu não sei. Acho que ela realmente gostou dele ou ainda gosta. Quem diabos sabe pela forma como ela tem agido? —Eu vejo. —Mamãe revira os olhos para a explosão dramática de Vivian. —Vou tomar banho antes que Riddick volte. Eu cheiro a suor, oceano e coco. —É verdade, mas essa não é a razão pela qual realmente quero escapar. É porque sei que mamãe vai pressionar Vivian e não quero ouvi-la choramingando por algo que fez para si mesma. —Ok. —Ambas dizem em uníssono. Virei minha cabeça ao chegar a esquina para gritar pelo longo corredor para Dane, então ele saberia onde estou. Quando ele grita de volta para me dizer que Riddick está a caminho, eu praticamente corro até as escadas com minhas correspondências ainda nas mãos. Dou uma rápida folheada nos envelopes brancos para garantir que não haja nada importante e paro quando percebo a caligrafia familiar num envelope. Um grito silencioso rasga meu corpo inteiro. As quatro paredes do quarto espaçoso parecem se fechar sobre mim, e meu sangue para de correr em minhas veias.
—Você está uma semana adiantado, Jesse. Você sabe, não é? —Eu sussurro. Permaneço lá, permitindo que o resto da correspondência caia no chão, sabendo em minha mente que deveria esperar até Riddick chegar para abrir o que parece ser um cartão. Minhas mãos começam a tremer enquanto deslizo meu dedo sob o selo. Depois de tudo o que passamos e tudo o que sabemos, talvez haja uma pista para o seu paradeiro. Não sou detetive. No entanto, se houver algo aqui que pudermos usar contra meu irmão, chamarei Riddick imediatamente. Contudo, considero altamente suspeito. Nem uma vez em todos os anos que ele tem feito isso, ele ficou fora de sincronia com suas cartas. Ele sempre se certificou de que elas fossem entregues no meu aniversário, independentemente do dia da semana em que caiu. Mesmo no ano que caiu no domingo, foi entregue por um mensageiro. —Então, por que agora, Jesse? Você está com medo de mim agora? Com medo do que eu poderia fazer? —Tomo uma respiração longa e profunda antes de deslizar o cartão, olhando brevemente sua frente com notas de dólares desiguais em todos os espaços e direções possíveis. —Idiota. Como uma roda de carroça velha e desgastada, minha cabeça gira, minhas palmas estão úmidas e meu sangue ferve com tanto medo que temo nunca me libertar disso. Nunca.
Você sairá pela porta e irá diretamente para sua casa com aquele seu filho inútil, trinta minutos depois de abrir isso, Cora, ou vou lavar o seu deck com o sangue de Vivian depois que eu foder a boceta dela. Sem policial, sem Riddick. Só você e ele.
—Meu Deus. Ele está na minha casa? —Há quanto tempo ele esteve lá? Eu tremo. Meu corpo explode com um suor frio. Deus, ele poderia estar escondido nas poucas vezes que fomos lá hoje. Ele poderia ter matado Ethan quando eu o levei para reunir todos os seus videogames ou quando fomos buscar sua cera para que pudesse limpar sua antiga prancha de surf após sua competição. Fecho meus olhos e respiro fundo quando lembro do olhar no rosto de Ethan quando Riddick lhe deu a nova prancha que comprou quando passamos o nosso dia juntos. Nunca vi esse menino com um sorriso tão largo no rosto em sua vida, como quando ele ganhou o que os dois chamaram de melhor prancha do mundo. Esse sorriso é minha graça salvadora agora. Que preciso segurar enquanto pego essa situação maldita em minhas próprias mãos. Confusão e pânico começam a correr através da minha mente e corpo. Meu irmão pode ir direto para o inferno, se pensa que vou levar meu filho a algum lugar perto dele. Me recuso a deixá-lo em qualquer lugar perto de meu filho. Vou matá-lo primeiro se ele pensa que não vou proteger Ethan de nunca ter o desagrado de estar na mesma sala que ele. Além disso, o que ele fará comigo se eu não o levar? Me matar? Sua mente egocêntrica planeja tentar de qualquer maneira. Então foda-se ele. Não vou levar meu filho comigo. Em vez da minha mente desligar e entrar em pânico, eu deixo o cartão como prova enquanto examino ao redor do quarto, procurando uma arma. Riddick tem que ter algo aqui. Retiro todas as gavetas de sua mesa de cabeceira, procurando freneticamente, puxando os itens até eu congelar quando minhas mãos pousam no cano de uma arma. Respiro profundamente e preciso puxá-la lentamente da gaveta, antes de jogá-la na cama. Então ando pelo quarto até meus olhos pousarem na única calça de malhar que eu trouxe. Dispo-me rapidamente, visto a calça, pego a arma e enfio nas minhas costas, o aço frio apoiando contra minha bunda. Pego
uma das antigas camisas de Riddick para esconder o volume e corro, porque sabendo o quão louco Jesse é, ele aparecerá aqui para dar esse último golpe e finalmente tirar meu filho de mim. Não tenho ideia de quanto tempo se passou desde que peguei as correspondências ou quando ele colocou o cartão lá. Deus, o pensamento dele na minha casa me faz querer queimar tudo. Desço pelas escadas externas tão silenciosamente quanto consigo, minha respiração errática, minha mente rezando, porque sinto em meu interior que estou prestes a ficar cara a cara com meu medo mais profundo. Só que não é ele quem vejo primeiro, após chegar ao degrau mais alto do deck e caminhar até a cozinha quase escura num ritmo apressado que causou calafrios em minha pele, meus olhos começando a lacrimejar se arregalam a cada passo que o leva para mim. Cutter. —Seu bastardo. —Me lanço contra ele. Minha mão está voando para dar uma bofetada em seu rosto. A vibração do tapa na sua pele começa na minha palma e se espalha até as pontas dos meus dedos. —Sua puta, você cresceu. É uma pena que nunca tenha conseguido tocar em sua doce boceta antes de finalmente nos livrarmos de você. —Cutter me puxa para o seu corpo pela minha nuca. Ele ainda cheira a merda para mim. Apenas anos depois, está enrugado e destruído. —Vá se foder. —Digo, não há um pingo de medo em meu tom. —Com prazer, puta. Não tenho tempo para golpeá-lo novamente ou avaliar seus olhos antes dele se endireitar, me agarrar pelos cabelos e me arrastar, ainda mais para dentro da cozinha, onde mãos familiares se apertam na minha garganta, arrancando-me de um cheiro ruim para outro.
Ele aperta até que minhas pernas cedam, me arrasta pelo chão com seus olhos enlouquecidos olhando para os meus aterrorizados. —Olá, Cora. —Jesse rosna quando suas mãos geladas me agarram, suas unhas arranhando na minha pele. Meus pulmões começam a queimar, minhas mãos instintivamente indo para suas bochechas, onde cavo minhas unhas em seu rosto envelhecido. —Vadia estúpida. —Ele rugi, apertando-me mais até minha visão escurecer e aqueles horríveis pontos sombrios nublarem minha visão. —Você nunca irá se safar disso. —Suspiro. Meus pulmões estão se expandindo para a capacidade máxima antes que os pontos escuros tentem me puxar para a escuridão. —Ah, mas já consegui me safar antes. O dinheiro muda tudo. Não é mesmo, Henley? O choro mais horrível e estrangulado sai da minha garganta quando o homem que ensinou meu filho por meses, aparece no meu campo de visão com um olhar sujo em seu rosto. Uma vez pensei que este homem era bonito. Agora ele não é nada, senão um feio filho da puta que merece morrer ao lado desses dois. —Seu canalha. Vou matar você. —A mãe primitiva e protetora em mim fala. —Foda-se. Você é uma hipócrita esnobe. Você tem muita sorte que sua pequena criança de merda não está morta até agora. — Ele diz maliciosamente. Seu comportamento mudou completamente do homem que levou Ethan sob suas asas por meses para um assassino maléfico e sádico. Como suas palavras disseram, ele poderia ter facilmente matado Ethan em qualquer momento. —Vocês todos vão pagar por isso. Você especialmente. Como você pode fazer isso com uma criança que adora você? Como você pode acreditar em Jesse? Você realmente é estúpido, não é? —
Estreito meu olhar para Henley, colocando o merda em seu lugar. Ele lambe os lábios e me despe com os olhos desonestos. A bile ácida sobe pela minha garganta com o pensamento de um dia eu ter achado que esse homem era doce e gentil. Ele nos enganou. —Ela precisa de uma boa e forte foda antes de morrer. Você deveria me deixar levá-la pela praia e foder seu traseiro enquanto soco minha mão na boceta dela. Vocês dois podem ficar aqui e acabar com o garoto e com esse maldito namorado policial dela. —Oh meu Deus, ele perdeu a cabeça? —Nah, cara, você não levará minha irmã a lugar nenhum, na verdade. —Jesse está de pé, gira tão rápido que fico tonta acompanhando a cena que se desenrola diante de mim. Cutter se esgueirou por trás de Henley, enquanto meu irmão cobre sua boca, silenciando o violento grito que sai dela. O som da carne sendo rasgada e ossos quebrados atravessam a sala. Estou testemunhando um homem sendo morto, e não me importo. Pode começar com ele e terminar com eles. —Não se atreva a desmaiar, sua cadela idiota. Ele era um peão. Eu só precisava de alguém para ficar de olho em você nos últimos meses até eu sair. Ele cumpriu seu propósito. Agora lido com você. Esperei muito tempo para você se foder para que eu pudesse quebrar minha promessa. —Jesse observa antes de me dar um chute forte na barriga que me envia a uma posição fetal. Suspiro freneticamente enquanto tento recuperar o fôlego quando todo o ar do meu peito foi forçado a sair repentinamente. —Meu Deus. Vocês dois são loucos! —Gritei. Estou com tanta dor que mal posso respirar. Meu peito está sobrecarregado. Meus pulmões tentando inalar o ar. Encontre uma oportunidade para pegar essa arma, Cora. Merda, tomara que esteja carregada. Foi estúpido da minha parte não verificar isso antes em primeiro lugar. Preciso aguentar, fazer e dizer o que precisar até que percebam que eu sumi e Riddick possa vier aqui e matar a ambos.
—Proteja a porta, Cutter. Atire em qualquer um que tente entrar aqui. Se for Murdock, tenha certeza que a bala estilhace seu coração. E você, sua prostituta estúpida, eu disse para você trazer aquele seu filho. Mais uma vez você me desobedeceu. Você é como ela, não é? A satisfação rasteja sobre meu rosto num sorriso lento e tortuoso quando o olhar no rosto de Jesse fica claro. —Não tenho certeza de a qual ela está se referindo, e, francamente, não me importo. O que me importa é o fato de você nunca colocar as mãos no meu filho, seu filho da puta. Você realmente pensou que uma vez que eu descobrisse o que você tinha feito, entregaria meu filho para você? Riddick vai te matar, Jesse. Ele vai arrancar seu coração. Me encolho com a dor na garganta e no peito. Juro por Deus que ele colapsou um pulmão meu. A dor é insuportável. Me recuso a ceder a ele, no entanto. Não vou pedir-lhe que poupe minha vida. Não dessa vez. Vou fazer o que for preciso para distraí-lo para que eu possa matá-lo antes que alguém me encontre. —Não me surpreende porque você nunca na sua vida fez o que lhe disseram. Confie em mim quando as palavras tocarem suas malditas orelhas, desta vez vou colocar uma bala direto na cabeça de Riddick no momento em que ele ficar na minha frente. Você se fodeu, irmãzinha. Agora, seu pobre e precioso menino viverá sem qualquer um de vocês. Terei a certeza de que ele saiba que você poderia ter salvado não só a vida de seu pai, mas também a de todos os outros. Vou colocá-los todos no chão. Cada filho da puta. Tudo por sua causa. —Ele responde. Então ele se levanta do chão da cozinha e começa a andar. Estou agradecida por ter vestido a legging e a camisa. Posso estar sentada em uma arma, mas está segura e presa as minhas costas.
Olho em volta da sala e rio alto quando vejo que ele tem as cortinas da janela da cozinha fechadas, não permitindo a entrada de luz. Jesus, esta história é material perfeito para Hollywood. —Você acha isso engraçado? Ele se inclina na minha frente. Eu congelo instantaneamente pelos olhos sem emoção estreitandose bruscamente. Mas não vou me acovardar. Não vou parar até que um de nós esteja morto. De preferência, ele. Sua mão agarra a minha nuca, puxando-me para a frente até seu nariz tocar o meu. —Foda-se, Jesse. Você é tão estúpido. Tão desesperado para acabar comigo que está disposto a morrer ao lado da irmã que você odeia. Aposto que Riddick está aqui ao lado agora. Não ficaria surpresa se Cutter estiver morto em menos de um minuto. Você está morto, Jesse. Você me ouve? Riddick vai atravessar essa porta e explodir sua maldita cabeça, e então eu vou rir. Rir tanto que a minha família que me ama pensará que enlouqueci. Mas você vê, a única coisa que eu perderia é um merda de irmão que cavou sua própria sepultura. Não tenho mais medo de você. Digo maliciosamente, Revidando, como um martelo pronto para por o primeiro prego em seu caixão. —Você acha que só porque ele é um policial significa que estou com medo dele? Quero ele aqui. Por que diabos você acha que estou sentado nessa elegante cozinha? Inferno, Cora, eu não poderia ter planejado melhor a morte de vocês dois, nem se eu tentasse. No instante que descobri que você estava se mudando para o lado daquele idiota, eu ri pra caramba sobre quão fácil você tornou isso para mim. Você é tão idiota que se eu não te odiasse como eu odeio, poderia sentir pena da estupidez que se infiltra em sua mente e faz morada lá. Você não poderia esperar para abrir suas pernas para esse imundo, não é? Então, sim, irmãzinha, deixe ele entrar aqui, porque no momento que ele entrar será a hora em que me verá explodir seu cérebro por todo esse lugar. —Ele zomba. Minha visão desaparece quando ele bate uma arma que eu nunca soube que ele
estava segurando ao lado do meu rosto. Reviro meus olhos enquanto a dor irradia pelo meu pescoço num ritmo lento e tortuoso. —Esse homem fará qualquer coisa por você. O motivo não tenho ideia. Você nunca foi nada além de um lixo, uma pequena boceta mimada e intocada, desde o dia em que nasceu. Você pensa honestamente que vou ficar de pé e deixá-la herdar todo esse dinheiro? Dinheiro que deveria ter sido meu? Você não se interessou por qualquer coisa que pertencesse à gangue de nossos pais. Então foda-se você e seu amante hipócrita. Se eu não ficar com esse dinheiro, você também não ficará. Fico deitada ali, minha boca aberta, minhas palavras presas na ponta da minha língua. Me esforço para sentar, e quando faço, uma dor feroz em meus braços faz meu sangue ferver. Estou cansada de ter medo desse lunático que pensa que o mundo deve a ele, quando, na realidade, eu quem fui abandonada para cuidar de mim mesma. Sobrevivi, mas serei condenada se permitir que ele continue a respirar. —Eu teria dado tudo isso a você, se tivesse sido simplesmente meu irmão. Meu protetor, como deveria ter sido. Em vez disso, você me odiou. Uma menina que estava perdida, uma criança sem ninguém. Você não é a vítima aqui, Jesse. Eu sou. Sou aquela cuja vida você destruiu. Sou aquela a quem nossos pais lhe confiaram, eu. Você está certo sobre uma coisa em seu pequeno discurso doente. Eu não queria nada com qualquer besteira ilegal que nossos pais faziam. Não é uma droga. Tudo o que eu queria era meu irmão. Extravaso minhas palavras violentamente a esse estranho na minha frente. O odeio mais do que ele me odeia, e o mais triste é que nenhum de nós se importa. —Veja, isso me mostra que você é exatamente como nossa mãe. Sempre querendo. Uma cadela carente que não vai parar até conseguir o que quer. Bem, não desta vez. Desta vez, você vai
morrer em vão. Você vai sofrer de maneiras que nunca imaginou. Eu protegi você quando você mais precisava. Eu poderia ter te matado facilmente naquela noite, mas não, deixei você ir com uma estipulação, e você me traiu. Você correu para esse filho da puta na primeira chance que você conseguiu. Então não fique sentada ai e diga que não a protegi quando ambos sabemos que, com um estalar de dedos, Cutter teria fodido você como ele queria. Então teria cortado você em um milhão de pedaços. E então tudo me atinge de uma só vez. Aquilo a que se referia sobre nossa mãe. Meu Deus, ele realmente é delirante. —Oh Deus. Foi você, não foi? Você matou nossos pais e tentou acusar o pai de Riddick, não foi? —Grito tão alto que minha garganta queima. A parede fria atrás de mim não faz nada para esfriar minha pele aquecida. Meus pais, eu mesma, o seu chamado amigo, Cutter. Todos nós fomos pequenos gatinhos na caixa de traição de Jesse. Ele planejou tudo. —Uau! —Ele retrocede bruscamente. —Você está finalmente entendendo. —Suspeitava que pudesse ter sido você a matá-los. Não foi até que Riddick me contou sobre o testamento e o gosto pelo meu sangue que minhas suspeitas foram confirmadas. Não preciso de uma explicação sobre por que você fez isso. Eu já sei. E mais uma coisa, você fede a coisa ruim, não é uma boa desculpa para um ser humano. Tenho orgulho de ser como nossa mãe, porque ao contrário de mim, nossos pais devem ter odiado você. Odiado tanto que deixaram você com apenas um grupo de idiotas fracos, patéticos e drogados, que estão lá fora para matá-lo agora, porque aposto que você também os fodeu. Você não é nada além de um homem morto, Jesse. Segurei o nome dele como um veneno de víbora, minha voz trêmula, cheia de toda confiança que eu pude reunir para encarar meu irmão. Ele está indo direto ao inferno pelo que fez.
Sua cabeça inclina-se para o lado, atordoado de que tive a coragem de enfrenta-lo uma vez na vida. Meu coração não se afasta de nada enquanto olho para ele e revivo a morte dos meus pais. Deus, como ele poderia tirar a vida das duas pessoas que o trouxeram ao mundo? Como eu gostaria de poder me sentar aqui e inventar uma triste desculpa de que Jesse tenha batido a cabeça quando criança. Esse incidente sozinho que o fez perder a substância da normalidade que deveria possuir. Ele é tão delirante que é surreal. —Bem, então, acho que não há mais nada a dizer, exceto adeus verdadeiro desta vez. —Sua observação sarcástica termina em uma inclinação de lábios que assustaria até o Diabo. Exceto que meu irmão é o Diabo. Ele deve criar essa fantasia em sua cabeça fodida. Onde você está, Riddick? —Você pode me matar, Jesse, mas você nunca colocará suas mãos nesse dinheiro. Muitas pessoas sabem disso. Sua morte seguirá a minha. —É aí que você está enganada. Os únicos que morrerão aqui hoje serão você e aquele idiota que se chama de herói. Você me fodeu desde o dia em que nasceu. Não tenho nada, puta, nem uma maldita coisa por causa de você. Então, se tiver que passar o resto da minha vida atrás das grades, pelo menos sei que você não está vivendo aqui usufruindo do dinheiro que deveria ter pertencido a mim. Matar você é um prazer, um desejo que meu corpo precisa, e você sabe que nem é a melhor parte do meu plano? A melhor parte é que você nunca estará livre de mim. Sua preciosa alma vai chorar por um filho que você nunca mais verá. Todo o meu corpo treme ouvindo esse homem delirante criar sua própria história em uma mente tão fora de controle que realmente acredita no que está dizendo. Ele pode me destruir, mas nunca chegará a Riddick ou Ethan.
—Você nunca colocará suas mãos em Ethan, seu louco fodido. —E você, irmãzinha, nunca vai saber se eu fizer ou não. Fecho meus olhos porque o impacto de seu primeiro soco no meu rosto deixa uma trilha de líquido quente e vermelho no lado da minha boca. Minha cabeça instantaneamente vira de lado. Ele me ergue pelos cabelos. Aqueles olhos amortecidos me encaram quando suas mãos seguram meu cabelo tão apertado que parece que ele está arrancando-os. Eu deveria pegar a arma, mas Jesse é rápido em seu assalto ao meu corpo quando me levanta do chão, me balança e me joga pela na cozinha, fazendo com que minha cabeça bata com força no lado da geladeira de aço inoxidável. Me recuso a lhe permitir a satisfação que ele quer ao saber que está me causando dor. Que meu coração está se fragmentando em pedaços que nunca poderão ser substituídos. Minha mente fica confusa e, no entanto, tomo golpe após golpe em todas as partes do meu corpo que ele quer destruir. E mantenho minha boca fechada. Meus olhos permanecem fechados, enquanto ele vomita sua calúnia de faz de conta com cada golpe brutal de seus punhos. Ethan vai viver. Riddick vai viver. Eles viverão sem mim, mas posso morrer pacificamente sabendo que estarão juntos. Isso é o suficiente para eu ceder. Para entregar minha vida. É mais que suficiente saber que, mesmo que minha vida acabe aqui, o desejo de Jesse também. —Diga a mamãe e papai, olá por mim. —Ele diz antes de gritar tão alto que meus olhos se abrem enquanto o sangue respinga por todo o meu rosto. Sinto sangue escorrer pelo meu pescoço, mas seu grito não foi o que me assustou. Foi o grito que saiu da minha própria boca. Um grito tão alto que remontou há vinte anos atrás, ao dia em que meus pais morreram. Estou gritando, porque acabei de matar meu irmão! —Vivian. —Eu engasgo enquanto encaro o chão, meus olhos ardendo com as lágrimas de agonia que se misturam com o sangue.
Um soluço sufocado que começou nas profundezas da minha alma sai dos meus lábios feridos. —Vivian. —Digo seu nome em um grito estrangulado. Eu a vejo no chão pela porta. Sei que é ela. Deitada em uma poça de sangue. Não lembro de nada depois disso. Absolutamente nada!
CAPÍTULO VINTE E DOIS Riddick —Jesus! Porra, não! —Grito depois de ouvir três disparos. Sua cadência rítmica ecoa pelas minhas paredes. Começo a correr em direção a porta deslizante, descendo as escadas até meus pés baterem no chão. —Riddick, tenha cuidado! —Tyson grita atrás de mim enquanto corremos pela cerca que separa nossas casas e no espaço aberto de seu quintal. Pego minha arma rapidamente, diminuo a marcha e subo as escadas iluminadas. Ouço um grito ensurdecedor e depois silêncio enquanto caminho para a porta. Meus olhos se alargam, meu coração se recusa a cooperar de forma eficiente, meu fluxo de sangue atinge minhas extremidades superiores quando vejo Vivian caída no chão. Dane está ajoelhado ao lado dela, uma grande poça de sangue debaixo do corpo dela. —Maldito inferno. Ligue para 911! —Grito para Tyson enquanto abro a porta, aponto minha arma e dou uma parada quando vejo Jesse de joelhos rastejando em direção a Cora, que está de costas no chão com a arma de meu pai agarrada em sua mão. Cutter está contra a parede com um buraco de bala no lado da cabeça, os olhos arregalados. Que porra é essa? Este é Henley deitado com as costas fatiadas? O que aconteceu aqui? Jesus Cristo, tudo isso aconteceu debaixo do meu nariz em questão de minutos. —É melhor ela estar respirando, seu louco fodido. Agora, pare. —Eu gripo para o pedaço de merda, que está ofegando por ar. Há uma trilha de sangue atrás dele. Eu não sei o que diabos aconteceu aqui ou como Vivian escapou sem que Dane chegasse a
ela primeiro, mas com certeza, parece que todos atiraram uns contra os outros. —Ela está bem? —Pergunto para os caras atrás de mim enquanto entro mais para dentro da cozinha, com os olhos alertas e minha arma treinada apontada para a cabeça deste homem narcisista, que logo estará morto. —Ela tem pulso. Está fraco. —Meus lábios franzem. Os ruídos vindos de trás de mim se elevam quando ouço o silvo de Jude em voz alta "Que porra é essa?", bem como o sussurro das vozes dos homens, me ordenando que abaixe a arma. Ignoro todos eles enquanto mantenho meu olho dominante treinado em Jesse e meu outro alerta em Cora. Exalo alto quando vejo que suas costas estão subindo e descendo devagar. Preciso ir até ela. Para tocá-la, segurá-la e me assegurar de que esteja bem. Há tanto sangue nesta sala que parece ter ocorrido um massacre aqui. Eu sinto o cheiro, vejo, e isso me faz querer extrair mais, ao fazer a única coisa que eu deveria ter feito anos atrás. Matar este animal. Não tenho tempo para torturá-lo. Não quando a mulher que amo precisa de mim mais do que a necessidade de torturar esse homem até ele me pedir uma bala na sua cabeça. Quero que ele viva sabendo que ele não ganhou. Quero que possamos enviar-lhe um cartão de Natal com a foto da minha família todos os anos, enquanto ele se corrói com um lembrete de que estamos vivendo. Que ele nos roubou por anos, mas no final, foi sua irmã que saiu vitoriosa. Que sobreviveu. —Foda-se, Riddick. Isso não é sobre você. Isto é entre ela e eu. —Jesse para seu lento rastejar de caranguejo, empurra-se lentamente com sangue derramando de seu peito, tentando recuperar a arma. —Você está errado, seu bastardo. Tudo sobre ela tem a ver comigo. Agora, me dê uma razão para acabar com você. Pegue isso,
filho da puta. Eu te desafio. —Digo apressadamente, Jesse está atrasando minha chegada até Cora. Ela precisa de mim tão urgentemente que posso sentir. —Abaixe a arma, Murdock. —Exige McGraw. Solto uma risada carregada de amargura. Uma forte, sem humor algum. Uma que não é dirigida a McGraw, já que sei que sua arma está apontada pelas minhas costas, pronta para disparar contra esse fodido que pensa que está escrito nas malditas estrelas que é direito dele colocar uma mão sobre uma mulher. E não apenas qualquer mulher. A minha. Aquela que ele tão diabolicamente afastou de mim. —Isto —Jesse reflete, franzindo as sobrancelhas, as mãos trêmulassubindo para apertar o peito —é épico. Você não pode atirar em mim, você pode seu porco fodido? Eu sempre soube que você era péssimo. E agora olhe para você, você quer desesperadamente puxar esse gatilho, mas você não pode. Estou desarmado. —Ele tosse, os olhos começam a vagar, aperta os dentes enquanto tenta sugar o pouco de ar que deixou escapar ao tentar me intimidar para atirar nele. Abaixei minha arma sem lhe dar a satisfação de ouvir minha voz. Ou as palavras que esperei muito tempo para dizer a ele. Cora precisa de mim mais do que a necessidade de livrar a terra dessa pilha de escória. Não vou tomar a liberdade de solidificar sua morte, não quando meu interior me diz que de alguma forma foi Cora quem atirou nele. Ela merece o crédito, a recompensa por matá-lo por ter tido a petulância de tocá-la novamente. —Tire-o da minha vista. —Exijo, meu corpo dobrando na direção da minha mulher caída no chão. Uma onda de bile sobe pela minha garganta quando olho bem para ela. Há tanto barulho acontecendo ao meu redor com os paramédicos e Jesse gritando que todas as malditas palavras que eles
dizem são como um inibidor a minha capacidade de pensar claramente. Minha única preocupação é ela. Levar Cora ao hospital e longe dos olhos curiosos do nosso filho. Só posso rezar para que Rony e Sylvia escondam seus olhos inocentes da devastação, da tristeza e da cena diante de mim que o marcariam para a vida toda. Caio de joelhos, meu queixo abaixado em meu peito. Sua boca está ligeiramente aberta e ela respira superficialmente. Está tão pálida em seu estado frágil que me assusta pra caralho. No entanto, sei que ela é uma lutadora. Cora demonstrou dez vezes o que realizou aqui. Ela atirou em seu irmão. Rezo com tudo que há dentro de mim que ele morra sabendo que foi ela quem o levou a dar seu último suspiro, que foi ela quem o mandou apodrecer. —Eu te amo, anjo. —Digo, colocando minha mão levemente nas suas costas. Tenho medo de movê-la, e o dano que ele causou ser demais para seu corpo suportar. —Riddick. —Uma mão firme pousa no meu ombro. Olho para Ron de pé atrás de mim, seus olhos vidrados. —Eu cuido dela daqui em diante. Deixe-a entrar na ambulância. Prometo que não a deixarei. —Ele diz de forma compreensiva. —Obrigado. —É a minha resposta simples. —Vivian? —Minha mente faz a pergunta necessária. —Ela ficará bem. Agora, vá buscar o seu filho. Ethan precisa ver que você está bem. Ele precisa do pai dele.
EPÍLOGO Cora Uma semana depois —Está pronto, papai? —O doce som da voz de Ethan me tira dos meus pensamentos adormecidos. Estive sentada nesta cadeira de rodas maldita, sob este horrível guarda-sol amarelo por mais de uma hora, com gesso no meu braço, um chapéu na minha cabeça e óculos de sol sobre os meus olhos enquanto Ethan e Riddick se registraram para esta competição. Sozinha. Sem Vivian que estaria saltando para cima e para baixo com entusiasmo. Sem meu pai que deveria estar aqui assistindo seu neto competir. Eles estão no hospital, onde deveriam estar. Com ela. Toda esta semana me concentrei em uma pessoa. Vivian. Minhas feridas eram menores em comparação com a que Cutter fez na mulher que salvou minha vida esgueirando-se de Dane, então, correndo para nossa casa com uma arma que eu nunca soube que ela possuía e deu um tiro na cabeça de Cutter ao mesmo tempo que ele atirou nela. Somente seu objetivo era perfeito. Ela o matou, enquanto ele atirou no seu ombro. Um soluço escapa da minha garganta quando penso no dano que ele causou a ela. Os filmes fazem com que o tiro no ombro ou no braço seja simples. É como se eles precisassem do personagem para levar essa bala no lugar em que a maioria das pessoas sobrevive quando, na realidade, pode ser uma ferida fácil de tratar se uma pessoa tiver a sorte da bala penetrar diretamente. No caso de Vivian, ela despedaçou. Atravessou sua artéria subclávia, que alimenta o feixe de nervos no braço de uma pessoa. Ela estará fora de ação por muito tempo. Existe até a possibilidade de outra cirurgia para lidar
com a perda de vasos sanguíneos, dor ou o pior de tudo, para que ela possa usar o braço novamente. Não me importo com o que ninguém tente me dizer. É tudo culpa minha. Se tivesse ficado e esperado que Riddick voltasse para casa. Mesmo que eu possa ter agido como um tipo de heróina ao pensar que poderia proteger minha família e amigos do mal que estava escondido em minha casa, nunca me perdoarei por estar tão fora de controle, não importa o quanto Riddick tente me convencer de outra forma. Em minha opinião, Vivian é quem deve ser considerada a heroína nesta história fodida chamada minha vida. Se não fosse por ela correndo pela porta dos fundos quando minha mãe foi ver se os caras queriam uma cerveja, eu poderia estar morta agora. Então não, não sou heroína. Sou uma pessoa egoísta que pensou que poderia lidar com isso sem ninguém que amo se machucar. —Estou pronto, amigo. Deixe-me ver sua mãe um pouco mais de perto. Por que você não espera por Aaron e seus pais? Estarei lá em alguns minutos. —Diz Riddick, sua voz baixa e suave. —Você está bem, mãe? —Oh Deus, esse garoto passou pelo inferno e voltou, e aqui está ele com preocupação por mim estampada em todo o seu rosto, quando este é o dia que ele esteve esperando por tanto tempo. Quero chorar, cobrir meu rosto ainda ferido com minhas mãos e pôr tudo para fora. Tentei, Deus sabe que tentei chorar. E ainda não há lágrimas. Me sinto vazia, tão vazia por dentro que agora ele pode sentir. Não permitirei isso. Talvez amanhã, mas definitivamente não hoje. —Eu estou bem, Ethan. Agora, por favor, pare de se preocupar comigo? —Eu sorrio e vejo ele me dar um de seus surpreendentes sorrisos de volta. Aquele que me deixa tão orgulhosa de ser sua mãe. Aquele em que ele ri levemente, e sem perda de tempo se harmoniza em uma risada completa, que é música para meus ouvidos.
—Vou tentar. —Ele repete minhas palavras, como eu repetia as dele quando estava preocupada que ele não fosse capaz de lidar com tudo o que estava acontecendo quando Riddick apareceu inesperadamente em nossas vidas. —Boa sorte. E lembre-se, não é sobre a vitória, é sobre saber que você fez o seu melhor. —Digo. Não quero que ele fique desapontado se perder. Ele não treinou desde a última vez que saiu com Henley, que descobrimos ser um ex-presidiário da Carolina do Sul. Dizer que Ethan estava chateado ao ouvir sobre ele é um eufemismo. Ele me espionou para aquele idiota. E nunca em um milhão de anos suspeitaria que ele estivesse trabalhando para meu irmão. Nunca confiarei em outro homem para levar meu filho para dentro da água novamente. —Eu sei, e lembre-se que essa onda é para você, mãe. —Ele se inclina e me beija na bochecha. Seguro meu soluço, aquele que quer sair das profundezas da minha alma quebrada que este menino praticamente curou com essas palavras. —Eu amo você garoto, agora vá mostrar a eles o que você sabe. —O vejo correr tão despreocupado com os cabelos amarrados, a prancha em suas mãos. Ele merece tanto isso, que meu coração quase se quebra ao vê-lo ir. —Você fez um bom trabalho em mentir para ele, mas não se atreva a mentir para mim. Se você me disser mais uma vez que isso é culpa sua, juro por Deus que no momento que você estiver completamente curada, vou amarrar você na nossa cama e minha boca ficará permanentemente agarrada em sua boceta até me contar a verdade. Riddick equilibra-se em um dos joelhos na minha frente, tira os óculos de sol, ergue-se e faz o mesmo com o meu quando levanta meu queixo para me olhar profundamente nos olhos. Eu zombo dele.
—Ainda te devo um retorno, lembra? —Digo com uma pitada de sarcasmo. —Você pode tê-lo se prometer parar com essa merda. Você me entendeu? Porra, Cora. Eu poderia me culpar por deixá-la sozinha. Eu poderia culpar Dane, e no entanto, foda-se essa merda. Jamais farei isso. Você está livre. Nenhuma acusação foi levantada contra você por matar aquele filho da puta em legítima defesa. Vivian não culpa você, então por que diabos você está se culpando? —Odeio quando ele me olha com olhos que podem enxergar através de mim. —Sinto muito. Não consigo evitar. Estou preocupada com ela. Também estou preocupada com você. —Suspiro e tento afastar minha cabeça dele, mas ele não permite. —Cora. Vou dizer isso mais uma vez, e você precisa ouvir, droga. Eu não me importo, está me ouvindo? Certo, eles descobriram quem era meu pai. Na época, pensei que tanto ele quanto eu precisássemos esconder isso. Eu precisava manter minha identidade segura de seus inimigos, além de mantê-lo seguro. Parece que meu chefe sabia quem eu era o tempo todo. Se ele tem inimigos lá fora, então deixe-os tentar chegar até mim. Vou levar cada um desses filhos da puta para a cova. O importante é, o que você fez foi corajoso. A coisa mais inteligente a fazer? Foda-se, não. Todos sabemos que não, mas porra, a pessoa culpada por tudo isso está morta. Você o matou. Você não pode deixá-lo arruinar este dia para você. Eu simplesmente não permitirei isso. Ele se foi. Profundamente enterrado. Você entende o que estou dizendo? Um homem que te torturou toda a sua vida, um filho da puta podre, que nunca poderá chegar a você novamente, está morto. Olho de Riddick para o local onde Ethan está parado na praia. De costas para nós. Mesmo que ele pudesse ver, eu ainda iria inclinar meu corpo para a frente. O gesso por todo o meu braço por disparar uma arma que eu não tinha o direito de empunhar me impede de ser
capaz de tocá-lo com as duas mãos. O seguro pela cintura, quase o derrubando e choro. Choro pela perda de meus pais, a perda de um irmão que realmente nunca tive, os anos de estar sem este homem, a dor que Vivian está passando, meu filho. Eu choro por tudo isso. Mas acima de tudo, choro por mim. —Ei. —Ele ergue a minha cabeça ligeiramente e passa o polegar nas minhas bochechas manchadas de lágrimas. —Você, meu anjo, está viva. Você, Ethan, eu, mesmo Vivian, estamos vivos. Tenho o meu paraíso na terra. Isso é tudo que importa.
FIM