& ARQUITETURA AÇO
ARQUITETURA AÇO Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 46 junho de 2016
jogos olÍMPIcos rio 2016
O Centro Brasileiro da Construção em Aço – CBCA, entidade sem fins lucrativos gerida pelo Instituto Aço Brasil, procura ampliar e promover a participação da construção em aço no mercado nacional por meio de ações de incentivo ao conhecimento, divulgação, normalização e apoio tecnológico. Conheça o CBCA!
Principais ações do CBCA
Cursos online e presenciais
Desenvolvimento de material técnico e didático, como as videoaulas e manuais da construção em aço, disponibilizados gratuitamente em seu site
Pesquisas anuais junto às principais empresas do setor, traçando um panorama da evolução e expectativas para o futuro desse sistema no país;
Promoção de palestras e Road Shows gratuitos por diversas cidades brasileiras
Realização do Concurso CBCA para Estudantes de Arquitetura, que anualmente incentiva a investigação das possibilidades da construção em aço e a manifestação criativa de alunos de arquitetura de todo o Brasil
Acesse o site
www.cbca-acobrasil.org.br e descubra tudo que o CBCA tem a oferecer!
editorial
Soluções em aço para garantir o legado Servir de sede para os Jogos Olímpicos, o maior evento do mundo, envolve muito mais do que receber as competições, com atletas e torcedores de muitos países, ou mesmo a enorme oportunidade de divulgar a cidade para uma audiência global de bilhões de pessoas. Como se pode verificar no Rio de Janeiro, a ocasião também surge como um catalisador para grandes investimentos em obras que, se bem direcionados, podem beneficiar de forma duradoura as populações residentes e fazer valer os esforços empenhados para sediar o evento. Nesta edição da revista A&A, apresentamos os principais equipamentos esportivos construídos ou reformados para abrigar as competições, destacando um aspecto essencial dos projetos: sua preocupação com a utilização após o término do evento. Hoje, não podemos aceitar que se produzam novos “elefantes brancos”, construções enormes – ainda que belas e inovadoras – que se tornam ociosas em pouco tempo, como tantos exemplos que conhecemos. Assim, assumindo uma nova lógica projetual, vários estádios olímpicos do Rio de Janeiro foram pensados para responder à necessidade permanente dos locais, adicionando adaptações para atender à maior demanda temporária do período dos Jogos, o que significa uma inversão na abordagem que predominava até recentemente. E é exatamente nesses projetos que o aço se destaca e aparece como a melhor solução para viabilizar construções com características de uma “arquitetura nômade”, que propõe estruturas concebidas para serem desmontadas e reutilizadas posteriormente, dando origem a novas instalações. Trazemos, nesta edição, casos como a Arena do Futuro e o Estádio Aquático, que são bons exemplos dessas soluções. E, ainda, uma entrevista com o engenheiro João Luis Casagrande, que nos conta sobre as características e benefícios da “arquitetura nômade”. Mas os diferenciais da construção em aço também ficam evidentes em outras obras olímpicas. A capacidade do material para vencer grandes vãos foi essencial, por exemplo, na construção do Velódromo e das Arenas Cariocas. No conjunto Maria Lenk, o aço contribuiu para reduzir o impacto ambiental, viabilizando uma obra rápida e limpa. Já na Arena da Juventude, foi a solução para assegurar flexibilidade para atender a múltiplos programas de utilização. Velocidade, resistência, flexibilidade – o aço já mostrou seu valor nessas Olimpíadas. Confira! Boa leitura.
ARQUITETURA&AÇO
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30.
Divulgação
04.
sumário Arquitetura & Aço nº 46 junho 2016
entrevista
Foto da capa: Interior da Arena Carioca 1 no Parque Olímpico, Barra da Tijuca
30
João Luis Casagrande, engenheiro e diretor da Casagrande Engenharia, relata os desafios do Rio 2016 e fala sobre o uso do aço em projetos de arquitetura nômade contatOS
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16.
20.
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32.
38.
42.
04. Cidade Olímpica e Maravilhosa região Barra da Tijuca
10. Centro Olímpico de Esportes Aquáticos 14. Arena Olímpica do Rio 16. Arena do Futuro 20. Arenas Cariocas 1, 2 e 3 24. Velódromo Olímpico 26. Parque Aquático Maria Lenk 28. Centro Olímpico de Tênis
região copacabana
32. Marina da Glória 36. Arena de Vôlei de Praia Região Deodoro
38. Arena da Juventude 42. Centro Olímpico de Hóquei 43. Centro Olímpico de Hipismo
Olímpica E MARAVILHOSA Palco das Olimpíadas deste ano, a Cidade Maravilhosa é totalmente reestruturada do ponto de vista urbanístico para atender aos espectadores dos Jogos e oferecer um legado à população
A paisagem do Rio de Janeiro já não é
transporte, a requalificação da região portuá-
mais a mesma. O boom de obras para aten-
ria e investimentos em cuidados com o meio
der às exigências dos Jogos Pan-Americanos
ambiente e com questões sociais e culturais.
de 2007, a Copa de 2014 e, recentemente, a
Durante a inauguração da nova Marina da
Olimpíada de 2016, contribuíram não só para
Glória, em abril deste ano, o prefeito do Rio
uma intensa revitalização esportiva na cida-
de Janeiro, Eduardo Paes, comparou os avan-
de, mas, principalmente, para uma importante
ços ocorridos na cidade aos observados em
transformação urbana, marcada por projetos
Barcelona, na Espanha, quando a mesma
de infraestrutura que incluem os sistemas de
sediou os Jogos de 2012 e passou a ser referência
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Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
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Parque olímpico 1. MPC (Centro Principal de Mídia) 2. IBC (Centro Internacional de Transmissão) 3. Centro Olímpico de Tênis 4. Velódromo Olímpico 5. Arenas Cariocas 1, 2 e 3 6. Arena do Futuro 7. Centro Olímpico de Esportes Aquáticos 8. Arena Olímpica do Rio 9. Parque Aquático Maria Lenk
cidade olímpica
Divulgação
No sistema de BRTs (Bus Rapid Transit), foram implantados quatro corredores de ônibus que ligam as áreas extremas da cidade. As estações de paradas, também construídas em aço, receberam atenção especial para assegurar conforto e segurança aos usuários. Na foto ao lado, estação do BRT Transoeste (veja mais na edição nº 38 de A&A)
Divulgação
VLT e BRT Cariocas O VLT Carioca (Veículo Leve sobre Trilho), abaixo, com 30 quilômetros de extensão, oferece uma alternativa de mobilidade urbana moderna e confortável, transformando a região central do Rio de Janeiro. Contará com 42 estações de parada feitas em aço
ARQUITETURA&AÇO
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Flávio D'Alambert / Divulgação
Porto Maravilha O programa de requalificação da região portuária, porta de entrada de quem desembarca no Rio de Janeiro pelo mar, será um importante legado para a cidade. O projeto, que previu a transformação de 5 milhões de m², incluiu a reurbanização de ruas da Gamboa e da Saúde, do histórico Morro da Conceição e a demolição do elevado da Perimetral, cujas estruturas metálicas foram reaproveitadas nas tampas dos piscinões usados na contenção de enchentes na Grande Tijuca, entre outras obras. Com a reforma, o Porto Maravilha também passou a contar com novas vias expressas, mergulhões e túneis conectados ao restante da cidade, e ganhou dois novos museus, o Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) e o Museu do Amanhã
quanto à revitalização de áreas degradadas. Os investimentos mobilizados para o feito justificariam a comparação. Segundo dados do Brasil 2016, portal oficial do Governo sobre os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, para realização das obras pelos Governos municipal, estadual e federal, em parceria com a Autoridade Pública Olímpica
Museu do amanhã Projetado pelo espanhol Santiago Calatrava, o escultural Museu do Amanhã, espaço que permite aos visitantes um vislumbre do futuro nos próximos 50 anos, conta com 3.800 toneladas de aço em suas estruturas
(APO) e o Comitê Rio 2016, cerca de R$ 24,6 bilhões foram investidos na execução de 27 projetos que se estendem, também, à área de
Thales Leite / Divulgação
cultura e educação. Deste montante, R$ 10,6 bilhões foram financiados pelo setor privado. Entre as principais obras de infraestrutura destacam-se aquelas destinadas à melhoria da mobilidade na cidade, como a implantação do VLT Carioca, a construção dos corredores BRT, a ampliação do sistema de metrô e a duplicação do Elevado do Joá. A revitalização da área portuária, com o grandioso projeto Porto Maravilha, assim como o Controle de Enchentes da Grande Tijuca e a requalificação do entorno do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, e de Deodoro, também aparecem como melhorias urbanas 6
ARQUITETURA&AÇO
Maracanã e Maracanãzinho Apesar do Maracanã não precisar passar por reformas expressivas para receber os Jogos de 2016, o Maracanãzinho, que abrigará as competições de vôlei, precisou de melhorias. O local teve sua cobertura recuperada, para suportar um placar eletrônico mais pesado do que o anterior e, também, teve duas de suas quadras de aquecimento reformadas para a competição
Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
cidade olímpica
RioTur
Centro Internacional de Transmissão (IBC) Localizado no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, o edifício que abrigará as emissoras de rádio e televisão durante a Olimpíada ocupa uma área de 68 mil m². Construído em aço e concreto, com 21 m de altura, dois andares e 12 pavilhões, o complexo conta com 33 mil m² de paredes em LSF (Light Steel Frame) para delimitar os estúdios e fazer o fechamento externo do edifício. A cobertura, por sua vez, recebe telhas de aço do tipo sanduíche, com espessura de 50 mm cada
Divulgação
para favorecer à população em legado dos Jogos; além das escolas que serão construídas a partir da reutilização das estruturas em aço usadas em instalações como a Arena do Futuro (veja matéria na página 16 desta edição). Já na esfera ambiental, a reabilitação da Bacia de Jacarepaguá e o saneamento da AP 5 (Bacia do Marangá) merecem destaque. E como era de se esperar, o aço tem papel relevante em muitas delas. No mapa ilustrativo, nas páginas 8 e 9, indicamos algumas das principais obras esportivas e, também, não esportivas que juntas contribuíram para a transformação da Cidade Maravilhosa, que ficou ainda mais bela, oferecendo mais serviços e comodidade para a população e a todos que a visitam. Nesta edição, abordaremos, exclusivamente, as principais construções destinadas às competições olímpicas, destacando a contribuição do aço para a viabilização dos projetos. Nas próximas edições de Arquitetura & Aço, publicaremos outras obras realizadas para os Jogos Rio 2016, porém não diretamente relacionadas à prática esportiva. (E.Q.) M
Sede do Comitê Organizador Rio 2016 Inaugurado em 2013, o edifício-sede do Comitê Organizador Rio 2016 foi a primeira instalação entregue para as Olimpíadas. O prédio de três andares ocupa 21 mil m² e foi construído em apenas cinco meses a partir de estruturas em aço pré-moldado, que conferiram flexibilidade ao layout da edificação. Com a tecnologia modular, as estruturas poderão ser facilmente desmontadas e reutilizadas em outras obras após os Jogos deste ano ARQUITETURA&AÇO
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Deodoro 1. Parque Radical do Rio 2. Centro Olímpico de Tiro Esportivo 1
3. Arena da Juventude 4. Arena de Rúgbi e Pentatlo Moderno (Estádio de Deodoro) 3
5. Centro Olímpico de Hóquei
5
6. Centro Aquático de Deodoro
2
7. Centro Olímpico de Hipismo 6 4
BRT
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Barra da Tijuca 8. Centro Olímpico de Tênis 9. Velódromo Olímpico do Rio 10. Parque Aquático Maria Lenk 11. Arena Olímpica do Rio 12. Arenas Cariocas 1, 2 e 3 16
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9 15
13. Arena do Futuro 14. Estádio Olímpico de Esportes Aquáticos
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15. IBC/MPC 16. Hotel de Mídia
13 14
17. Rio Centro - Pavilhões 2, 3, 4 e 6 18. Vila dos Atletas 19. Campo de Golfe
BRT
20. Comitê Olímpico Brasileiro
17 18
19 BRT BRT
20 M
cidade olímpica
Aeroporto Antonio Carlos Jobim BRT
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Porto Maravilha
M
Museu do Amanhã
M
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M
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VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) 23
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Aeroporto Santos Dumont
VLT
29 M
Maracanã
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19. Estádio Olímpico João Havelange – Engenhão 20. Praça do Trem 21. Maracanã 22. Ginásio Gilberto Cardoso (Maracanazinho) 23. Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016
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24. Sambódromo 25 M
M M M
M
Ciclovia Tim Maia
M
26
Copacabana 25. Estádio de Remo da Lagoa Rodrigo de Freitas
M
BRT
VLT
Para melhoria da mobilidade urbana, além do VLT, foram implantados quatro corredores de BRT e construída uma nova linha do Metrô, ligando Copacabana e Ipanema à região da Barra da Tijuca. Indicamos com os símbolos acima apenas algumas estações do Metrô e BRT próximas as instalações olímpicas
26. Forte de Copacabana 27. Arena de Vôlei de Praia 28. Parque do Flamengo 29. Marina da Glória
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Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
estáDIO NÔMADE Considerada uma das maiores instalações esportivas desmontáveis já construídas no mundo, o Centro Olímpico de Esportes Aquáticos terá parte de suas estruturas em aço reaproveitadas após os Jogos
Concebido como uma construção
obras esportivas com estruturas desmontáveis
Olímpico de Esportes Aquáticos, localizado no
Nas Olimpíadas e Paraolimpíadas 2016, o
Parque Olímpico da Barra da Tijuca, no Rio
estádio aquático com capacidade para 18 mil
de Janeiro, impressiona por sua magnitude
pessoas abrigará as disputas de natação e
e estruturas em aço, que serão parcialmen-
polo aquático em duas piscinas, uma de com-
te desmontadas e reaproveitadas em outras
petição e outra de aquecimento, que, após
obras após o Rio 2016.
os Jogos, serão desmontadas para assegurar
temporária e de caráter nômade, o Centro
Pilares em aço com 45,6 m de altura partem do interior da edificação, onde cumprem a função de sustentar as arquibancadas, cruzam as treliças da cobertura e, por fim, já do lado externo da obra, firmam a cobertura em balanço a partir de estruturas atirantadas
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já erguidas no mundo.
A instalação de formato retangular, que
novos usos às instalações. O plano da Prefei-
externamente se assemelha a uma grande caixa de aço, ocupa uma área de 35 mil m2 e
tura do Rio de Janeiro prevê que tanto as pis-
com quase 30 m de altura é uma das maiores
remanejadas para outros locais e que apenas
cinas como as arquibancadas em aço sejam
Acervo Dagnese divulgação
Barra da tijuca
a superestrutura e cobertura metálica sejam
ção, que dispensa o uso de ar-condicionado
mantidas no projeto, que passará a acomo-
na edificação. Ao todo, 492 canos verticais,
dar as áreas administrativas e de pesquisa do
espaçados a 1 m de distância um do outro,
Centro Olímpico de Treinamento (COT), pro-
permitem a circulação do ar por meio de furos
grama voltado a atletas de alto rendimento
dispostos nos degraus – o sistema foi testado
após a competição.
em maquetes submetidas a túneis de vento.
Estruturalmente, o Centro Olímpico de
“Na arquibancada, temos perfis parafusados
Esportes Aquáticos é marcado pela presença
e vigas treliçadas em seu contorno. As vigas
de quatro grandes pilares em aço com 46,5 m
são responsáveis pelo travamento das estru-
de altura e 2 m de diâmetro cada. As colunas
turas principais, que, por sua vez, sustentam
metálicas estão dispostas dentro da arena e
os perfis dobrados que formam os degraus da
cumprem a função de sustentar as arquiban-
arena”, explica o engenheiro Giovani Toscan,
cadas e a cobertura. No projeto original, a
da Dagnese Soluções Metálicas. O acesso do
disposição dos pilares estava prevista para o
público se dá pelas laterais do edifício por
lado externo da instalação, mas foi alterada
meio de plataformas, passarelas e escadas
no decorrer da implantação do projeto para
metálicas com piso em madeira naval apoiado
conferir independência às estruturas no caso
em fôrmas de steel deck.
de desmonte.
Na fachada, uma estrutura de perfis em aço com revestimento em poliéster permeável de alta tenacidade e PVC recebe a obra “Celacanto Provoca Maremoto”, da artista plástica Adriana Varejão, retratada em 66 painéis com 27 m de altura. O revestimento também ajuda a amenizar as temperaturas no interior da construção
A presença do aço também é marcante na
Partindo do solo, as arquibancadas execu-
fachada da construção e na cobertura. Os fecha-
tadas em perfis de aço soldados e laminados
mentos são formados por perfis laminados
contam com um sistema especial de ventila-
e dobrados a frio e, na fachada principal, ARQUITETURA&AÇO
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Fotos Acervo Dagnese divulgação
recebem uma espécie de lona em poliéster permeável de alta tenacidade e PVC, onde a obra “Celacanto Provoca Maremoto”, da artista plástica Adriana Varejão, está estampada. Já na cobertura, que leva telhas metálicas com proteção termoacústica, as estruturas que fazem a sua sustentação interna são formadas por quatro vigas de transição em perfis soldados, laminados e dobrados a frio; duas delas têm altura de 2,7 m e vencem 83 m de vão. “Elas estão localizadas entre os pilares, que também suportam o conjunto de tesouras e o sistema secundário de terças piramidais do tipo joist”, detalha Toscan. Os pilares em aço também executam um papel importante no lado externo do edifício, acima da cobertura, onde avançam por 16 m para auxiliar na distribuição das cargas estruturais. Neste ponto, as colunas recebem quatro tirantes tubulares cada uma para suportar os esforços do balanço de 30 m das
Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
Pilares em aço avançam por 16 m acima da cobertura, onde recebem quatro tirantes tubulares cada um para suportar os esforços do balanço de 30 m
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Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
Barra da tijuca
A ventilação natural no interior do estádio aquático é assegurada por meio de elementos metálicos perfurados dispostos nos degraus das escadas
“
“ Na cobertura, a estrutura em aço vence vãos de mais de 80 m
>
>
>
Segundo o arquiteto alemão Ralf Amman, da GMP Design e Projetos do Brasil, a prioridade do escritório foi projetar um edifício belo e, ao mesmo tempo, funcional. A praticidade das estruturas é reforçada, ainda, pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que ressalta a “arquitetura nômade, sem luxo e exagero” como o principal destaque do projeto. (E.Q.) M
Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
especificadas.
Aço empregado: perfil I laminado de abas paralelas ASTM A-572 GR50 e perfis soldados e chapas de aço estrutural com LE=350 MPa
tentar os oitões da obra, para os quais vigas por perfis laminados e dobrados a frio foram
Área construída: 30.490,56 m2 (Aqua1) e 5.407,95 m2 (Aqua2)
laterais da cobertura. Também ajudam a sustreliçadas de alturas variadas e formadas
Projeto arquitetônico: GMP Design e Projetos do Brasil Ltda., SBP do Brasil Projetos Ltda., Sustentech Desenvolvimento Sustentável Ltda. e Aecom (estudos preliminares)
>
Projeto estrutural: Casagrande Engenharia
>
ornecimento da estrutura F de aço: Dagnese Soluções Metálicas
>
Execução da obra: Consórcio Onda Azul
>
Local: Barra da Tijuca,
>
Data do projeto: 2014-2016
Rio de Janeiro, RJ >
Conclusão da obra: março de 2016 ARQUITETURA&AÇO
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Bruno Carvalho Ministério do Esporte
Divulgação
OCTÓGONO DA GINÁSTICA Construção remanescente dos Jogos Pan-Americanos de 2007, a Arena Olímpica do Rio é concluída em pouco mais de um ano graças ao uso de soluções em aço
Uma das instalações construídas para
usuários, na repintura externa, na adequa-
os Jogos Pan-Americanos de 2007 e que será
ção das instalações elétricas e estação de
reaproveitada no Rio 2016, a Arena Olímpica
energia, bem como na revisão do sistema de
do Rio, também chamada de Arena Multiuso,
exaustão da subestação elétrica. Contudo, é
passou por adaptações para receber os Jogos
na concepção original, de autoria dos escri-
Olímpicos em agosto. As intervenções no
tórios Lopes, Santos & Ferreira Gomes Arqui-
espaço, que sediará as competições de ginás-
tetos, Carlos Porto Arquitetura e Paulo Casé
tica artística, rítmica e de trampolim, na Barra
Planejamento Arquitetônico, que se encon-
da Tijuca, foram uma exigência do Comitê
tram as soluções em aço mais interessantes.
Olímpico Internacional (COI) para as provas e, também, para que o local pudesse receber o torneio de basquete em cadeira de rodas
Desafio estrutural
Datada de 2006, a construção da Arena foi
na Paraolimpíada, que acontece em setembro
idealizada para ser versátil, ou seja, servir
deste ano.
de abrigo não só às competições olímpicas,
Sob responsabilidade da Empresa Olím-
mas, também, para receber eventos de outras
pica Municipal (EOM), as obras de melhorias
naturezas, tais como os que ocorrem nas are-
se concentraram na construção de uma nova
nas multiuso norte-americanas, modelos nos
rampa de acesso para otimizar o fluxo dos
quais foi inspirada.
14 ARQUITETURA&AÇO
Arquibancadas retráteis constituídas por pórticos metálicos interligados por guias oferecem mais assentos aos visitantes nos eventos de maiores proporções
Divulgação
Barra da tijuca
A Arena foi construída a partir de estruturas híbridas em concreto e aço. Na cobertura, pórticos de aço treliçados vencem um vão livre de 96 m e foram atirantados para suportar o grid central que traz o placar e outros equipamentos
Por essa razão, a equipe responsável pela
tos. “O generoso pé-direito livre, com 29 m,
construção de formato octogonal precisou
pré-requisito para a prática de esportes e mon-
superar uma série de condicionantes para a
tagens de diferentes apresentações, levou à
conclusão da obra; uma delas foi contornar um
necessidade de atirantar as tesouras da cober-
exíguo prazo de execução, de pouco mais de
tura”, acrescenta Santos.
um ano, conforme explica o arquiteto Gilson
Visando a durabilidade e a redução com os
Ramos dos Santos, um dos autores do projeto.
custos de manutenção, toda a estrutura metá-
“Optamos por soluções industrializadas e de
lica foi protegida por jateamento com grana-
ágil execução, como é o caso do concreto pré-
lha de aço padrão Sa 2½ e pintura de epóxi com
-moldado associado à estrutura metálica, para
100 micras de espessura de película seca.
>
>
>
O cumprimento dos requisitos olímpicos,
ponto crítico em instalações multiuso como a
>
que incluía padrões exigentes para a circulação
Arena Olímpica, foi resolvido com a utilização
dos torcedores, sem abrir mão da flexibilidade
de um sistema composto por duas camadas de
de uso, também foi determinante no projeto,
telhas metálicas intercaladas com uma manta
cujas estruturas foram desenvolvidas pelos
de lã mineral – a camada superior é zipada e
engenheiros Luís Cláudio Dagnese e Romano
a inferior, perfurada para evitar reverberação. Outra particularidade interessante da
Na Arena, as estruturas em aço treliçadas
Arena diz respeito à presença de arquibanca-
se encontram apoiadas em pilares metálicos
das retráteis constituídas por pórticos metá-
e de concreto, enquanto vigas em aço com
licos interligados por guias e montados sobre
perfis soldados do tipo I sustentam as arqui-
rodas para o seu deslocamento. A ideia é que,
bancadas. Já na cobertura, pórticos metálicos
em eventos de maiores proporções, o gavetei-
treliçados formados por perfis dobrados a frio
ro metálico sob as arquibancadas de concre-
vencem um vão de 96 m e suportam o grid
to seja aberto para oferecer mais assentos e,
central para equipamentos e placar, além das
assim, acomodar um número maior de visitan-
plataformas laterais de apoio de equipamen-
tes no interior do ginásio. (J.N.) M
Aço empregado: aço patinável de maior resistência à corrosão com limite de escoamento = 300 MPa
>
Martini, da Dagnese Soluções Metálicas.
Área construída: 58.100 m²
O isolamento acústico, por sua vez, um
atender ao cronograma enxuto da obra.”
Projeto arquitetônico: Lopes, Santos & Ferreira Gomes Arquitetos, Carlos Porto Arquitetura e Paulo Casé Planejamento Arquitetônico
Volume do aço: 1.965 t Projeto estrutural: Dagnese Soluções Metálicas – Luis Cláudio Dagnese e Romano Martini
>
ornecimento da F estrutura de aço: Dagnese Soluções Metálicas e Benafer
>
Execução da obra: Tecnosolo Engenharia S/A e Damiani Engenharia
>
Local: Barra da Tijuca,
>
Data do projeto:
Rio de Janeiro, RJ 1º trimestre de 2006 >
Conclusão da obra: novembro de 2007
>
Conclusão das obras de readequação: 2º trimestre de 2016 ARQUITETURA&AÇO
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LEGADO SUSTENTÁVEL Palco das competições de handebol, a Arena do Futuro, feita a partir de estruturas em aço, será desmontada após a competição para construir escolas no Rio de Janeiro
Gabriel Heusi / Heusi Action
Ao todo, 18 pilares metálicos dispostos junto à fachada do edifício, acomodam as vigas treliçadas planas e tridimensionais que cumprem a função de sustentar a cobertura também em aço – feita a partir de telhas do tipo sanduíche
16 ARQUITETURA&AÇO
Barra da tijuca
A Arena do Futuro foi concebida para atender a todas as necessidades dos Jogos e depois ser desmontada, sendo suas estruturas reaproveitadas para construir quatro escolas na cidade. O aço é o único material que poderia viabilizar este projeto
O Centro Olímpico de Handebol, bati-
zado de Arena do Futuro, tem capacidade para abrigar 12 mil torcedores e é uma das construções que compõem o Parque Olímpico do Rio, na Barra da Tijuca. A estrutura, que também receberá as competições de golbol nos Jogos Paraolímpicos, teve a arquitetura projetada pelo consórcio Rioprojetos 2016 com uma característica muito particular. Ao fim dos dois eventos, o edifício de 24 mil m2 construídos será desmontado. A ideia é reaproveitar a sua estrutura na concepção de quatro escolas públicas, cada uma com capacidade para 500 alunos e 17 salas de aula, implantadas em áreas distintas da capital fluminense. Para atingir esse objetivo, o projeto de arquitetura e as soluções construtivas empregadas se pautaram na necessidade de atender aos dois projetos simultaneamente: a Arena, com caráter temporário, e as escolas, que serão permanentes. O desafio era garantir um equipamento que atendesse aos requisitos estabelecidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e que, ao mesmo tempo, se transformasse em um legado para a cidade. O desenho da instalação esportiva apoiou-se em dimensões e modulações que serão reproduzidas nas escolas. Há convergência entre os vãos de lajes, vigas principais e secundárias, pilares e pé-direito. Além disso, o projeto de estruturas priorizou o uso do aço com ligações parafusadas para viabilizar a desmontagem e a remontagem dos componentes. O material encontrou aplicação marcante em vigas, pilares, contraventamentos e cobertura. “A escolha da estrutura em aço ARQUITETURA&AÇO
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André Motta / Heusi Action
se deu em função da necessidade de garan-
>
tir versatilidade para os dois usos distintos, além da alta velocidade de montagem, des-
Projeto arquitetônico: Rioprojetos 2016 – Lopes Santos & Ferreira Gomes, Oficina de Arquitetos e Paulo Casé Planejamento
montagem e remontagem”, conta o arquiteto
>
Área construída: 24 mil m²
Gilson R. Santos, do escritório Lopes Santos
>
Aço empregado: ASTM A572 GR50
& Ferreira Gomes Arquitetos. Para facilitar a
>
Volume do aço: aproximadamente 2.700 t (cobertura, arquibancada, escadas e rampas)
remontagem, cada peça metálica recebeu uma numeração, que ajudará a remontar a arena no
>
formato de escolas.
Engenharia de Estruturas
Um desafio especial foi viabilizar o vão livre superior com 85 m, necessário para garantir que a quadra de 40 x 20 m pudesse ser vista de todos os assentos nas arquibancadas, sem obstáculos visuais. Responsável pelo projeto de estrutura metálica, o engenheiro Flávio D’Alambert, do escritório Projeto Alpha, conta que a saída foi recorrer a uma sequência de vigas treliçadas com mais de 5 m de altura, constituídas por perfis laminados. “As vigas da arquibancada estão fixadas nos pilares dos pórticos e pendu-
do e foram projetadas para serem parafusadas na estrutura metálica”, revela o projetista. 18 ARQUITETURA&AÇO
Divulgação
radas nas vigas de cobertura. As arquibancadas e lajes de concreto são do tipo pré-molda-
Projeto estrutural: Projeto Alpha
>
Fornecimento da estrutura de aço: Brafer Construções Metálicas S/A
>
Execução da obra: Dimensional Engenharia Ltda.
>
Local: Barra da Tijuca,
>
Início da obra: abril de 2014
Rio de Janeiro, RJ >
Conclusão da obra: novembro de 2015
Barra da tijuca
Telhado: oito placas pré-fabricadas
Ar-condicionado
Agência Estado
Estrutura: 18 pilares metálicos sustentam o ginásio
Escadas: seis conjuntos permitem acesso às arquibancadas superiores e inferiores
Rampa sul
Paredes: parafusadas e encaixadas, maioria é de gesso e drywall Rampa norte
Estrutura da Arena do Futuro será reaproveitada na construção de quatro escolas públicas com 17 salas de aula e capacidade para 500 alunos cada. O projeto adotou soluções construtivas que permitissem atender às duas propostas simultaneamente: a Arena, com caráter temporário, e as escolas, que serão permanentes. O uso do aço com ligações parafusadas garantiu a versatilidade necessária, além de alta velocidade e facilidade nas operações de montagem, desmontagem e remontagem dos componentes. Para facilitar a remontagem, cada peça metálica recebeu uma numeração, que ajudará a remontar a arena no formato de escolas
Temporário sim, simplório jamais
De grande impacto estético, a face exter-
O caráter efêmero da Arena do Futuro em
na é composta por painéis de fechamento
nada lembra as precárias e corriqueiras ten-
compondo um sistema de fachada ventilada
das ou galpões provisórios. O edifício distri-
e que contam com aberturas retangulares
bui-se por três níveis principais. No térreo,
e aleatórias para favorecer a conexão entre
por onde o público entra, fica o campo de
interior e exterior. A fachada também se des-
jogo e áreas operacionais de apoio (vestiários,
taca pelo uso de brises de madeira, que enri-
cozinha etc.). Escadas, rampas ou elevadores
quecem a volumetria e formam uma espécie
garantem o acesso nível intermediário da
de pele que possibilita o aproveitamento de
Arena, a 4,72 m de altura. Esse local funcio-
luz e ventilação naturais, ao mesmo tempo
na como uma grande área de circulação, dá
em que filtra a iluminação excessiva. As
acesso às arquibancadas e possibilita vistas
peças foram fabricadas a partir de um com-
generosas para o Parque Olímpico. Também
posto de madeira reciclada e polímero, dis-
abriga as áreas operacional, esportiva e de
postas em módulos e fixadas à estrutura por
imprensa/mídia.
meio de perfis de alumínio. (J.N.) M ARQUITETURA&AÇO
19
TRIO POLIESPORTIVO Estruturas em aço asseguram versatilidade à maior instalação do Parque Olímpico, as Arenas Cariocas, que receberão mais de dez modalidades esportivas entre agosto e setembro
20 ARQUITETURA&AÇO
Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
Barra da tijuca
Uma das construções mais emblemá-
Arena Carioca 2, com 10 mil assentos, sediará
ticas dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio
as disputas de judô, luta greco-romana e estilo
2016, as Arenas Cariocas foram erguidas para
livre, além das competições de bocha da Parao-
receber dez modalidades esportivas. O con-
limpíada. A Arena Carioca 3, que também tem
junto de design arrojado é composto por três
10 mil lugares, por sua vez, abrigará as compe-
edifícios circulares conectados entre si, que
tições de tae kwon do e esgrima nas Olimpía-
somam 400 m de comprimento e estão dis-
das, além das disputas de judô paraolímpico.
postos de forma paralela ao eixo central do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca.
Treliças metálicas viabilizaram grandes vãos da cobertura e ampla visibilidade para o público
Para a concepção do projeto, tanto o partido arquitetônico como a tomada de decisões foram
Com 16 mil assentos, a Arena Carioca 1
influenciados pela preocupação de garantir uma
receberá as competições de basquete e, tam-
infraestrutura adequada para o torneio e, tam-
bém, rúgbi e basquete em cadeira de rodas. A
bém, deixar um legado para a cidade. Concluídos
ARQUITETURA&AÇO
21
Fotos divulgação
Versatilidade estrutural
Celso Girafa, arquiteto e sócio do escritório Arqhos, revela que o maior desafio do projeto foi chegar a um dimensionamento que cum-
Instalações recebem, ao todo, 62 treliças metálicas. Na Arena Carioca 1, 18 treliças em aço, apoiadas em 26 pilares, vencem um vão de quase 100 m
prisse às exigências operacionais dos Jogos Olímpicos, sem deixar de atender às necessidades das construções permanentes. Para solucionar essa questão, a estrutura em aço se mostrou uma grande aliada, “por viabilizar a redução do peso da estrutura e facilitar sua remoção posterior”, comenta. As arenas possuem especificidades de pro-
>
grama, mas todas contam com dois níveis de arquibancadas, além de quatro núcleos de circulação vertical. Os elementos estruturais peros Jogos, as Arenas 1 e 2 serão unificadas para
manentes foram construídos em concreto. Já
se transformar em um centro de treinamentos
os que serão desmontados após as competições
para atletas de alto rendimento, o primeiro da
são em aço e independentes, como é o caso das
América Latina. Já a Arena 3 será adaptada para
arquibancadas das Arenas 2 e 3, de parte da
servir de ginásio-escola para estudantes da rede
arquibancada da Arena 1 e de algumas lajes que
municipal de ensino.
serão retiradas para a flexibilização do layout.
Para atender aos múltiplos programas de
O aço tem, ainda, presença marcante na
uso, que exigiram a presença de estruturas tem-
cobertura construída com alturas variadas,
porárias na concepção das arquibancadas e de
deixando claro a distinção entre cada arena.
parte das lajes das Arenas 2 e 3, o aço foi essen-
“Uma exigência era manter o longo vão sem
cial. Também foram instaladas algumas rampas
interferências visuais. Isso foi possível com
e escadas metálicas provisórias, para assegurar
o uso de treliças metálicas paralelas, apoia-
maior fluidez à circulação dos visitantes.
das em pilares de concreto que ficam atrás
22 ARQUITETURA&AÇO
Projeto arquitetônico: Aecom (preliminar) e Arqhos Consultoria e Projetos (executivo)
>
Área construída: 84 mil m²
>
Aço empregado: ASTM A572
>
Volume do aço: 2.805 t
>
Projeto estrutural: Casagrande Engenharia (projeto básico) e Consórcio Rio Mais
>
ornecimento da estrutura F de aço: Martifer Construções Metálicas
>
Execução da obra:
>
Local: Barra da Tijuca, Rio
Consórcio Rio Mais de Janeiro, RJ >
Data do projeto: abril de 2013
>
Conclusão da obra: março de 2016
Barra da tijuca
das arquibancadas”, explica Girafa. Além da estrutura em aço, a cobertura é composta por telhas metálicas preenchidas com lã mineral, placas de poli-isocianurato (PIR) e membrana termoplástica para um melhor desempenho térmico e resistência às intempéries. A cobertura conta, ainda, com tubos de alumínio (solatubes) que captam a luz solar e a refletem para dentro da arena, diminuindo os custos de operação local. Ao todo, nas três Arenas, foram instaladas 62 treliças, de acordo com o Consórcio Rio Mais (formado pelas construtoras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Carvalho Hosken). Só na Arena 1 foram empregadas 18 treliças metálicas sustentadas em 26 pilares, e que vencem um vão livre de quase 100 m. Inspirada nas montanhas da cidade, a fachada das Arenas Cariocas tem formato orgânico e é composta por pilares de madeira de pinho tratada em autoclave. O fechamento entre os pilares se dá por telas metálicas, que conferem certo grau de transparência e
O aço tem presença marcante na cobertura das Arenas, vencendo vãos de até 100m
viabilizam a entrada de luz natural à área de transição localizada no entorno do conjunto Fachada das Arenas traz pilares de madeira tratada que conferem um aspecto orgânico à concepção arquitetônica e estrutural. O fechamento entre os pilares, feito a partir de telas metálicas, viabiliza a entrada de luz natural e confere esbeltez ao conjunto
Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
arquitetônico. (J.N.) M
ARQUITETURA&AÇO
23
Miriam Jeske / HeusiAction
SEM OBSTÁCULOS Treliças em aço de grandes dimensões vencem vão de 104 m no Velódromo Olímpico do Rio de Janeiro, e deixam a pista de competições livre para o ciclismo Completamente remodelado após os
pista interna em pinho siberiano e cobertura
Jogos Pan-Americanos de 2007, o Velódromo
em aço, cujo formato lembra o capacete de
Olímpico do Rio de Janeiro, localizado ao lado
um ciclista. O design da cobertura foi con-
da Arena Olímpica e das Arenas Cariocas
cebido pelo arquiteto João Pedro Backheu-
1, 2 e 3, receberá as disputas de ciclismo de
ser para conferir uma identidade marcante à
pista nas Olimpíadas e Paraolimpíadas deste
instalação e, também, para atender algumas
ano. A obra será entregue em julho, quando
necessidades técnicas em função das exigên-
o paisagismo, pavimento e a instalação de
cias do projeto.
placas metálicas que envolvem a fachada serão concluídos.
Segundo o profissional, a cobertura do Velódromo foi projetada em formato oval com
Assinada pela B|AC – Backheuser Arquite-
estruturas em aço de diferentes dimensões,
tura e Cidade, em parceria com a Casagrande
sobre pilares de concreto nas extremidades
Engenharia, que responde pelo projeto estru-
da edificação, para cumprir as especificações
tural, a instalação permanente que integra-
do Comitê Olímpico Internacional (COI) para
rá o Centro Olímpico de Treinamento (COT),
o esporte, que exigia uma pista de competição
voltado para atletas de alto rendimento após
livre de interferências. “A forma da cobertura
os Jogos, tem base em concreto pré-moldado,
foi uma decorrência direta da geometria da
24 ARQUITETURA&AÇO
A Arena com 5 mil lugares fixos e 800 temporários foi desenvolvida para, após os Jogos, servir de centro de treinamento para atletas profissionais. A instalação permanente, que atende às exigências do Comitê Olímpico Internacional (COI), também permitirá ao Rio Janeiro sediar competições mundiais da modalidade
Renato Sette Câmara Prefeitura RJ
Barra da tijuca
planta do edifício, somada à solução estrutural
ao centro por conta de particularidades da
que nos pareceu a mais adequada para alcan-
pista feita com madeira da Sibéria e mon-
çarmos o grande vão demandado pelo projeto,
tada por profissionais brasileiros e alemães.
que não deveria receber pilares em seu centro.”
“Premissas técnicas e específicas demanda-
O sistema adotado para a sustentação da
vam uma mínima interferência externa pos-
cobertura é formado por treliças de perfis em
sível, e por isso tanto a luminosidade como a
aço do tipo I, soldados e dobrados a frio, para-
incidência de ventos e as temperaturas foram
fusadas e de diferentes tamanhos capazes de
considerados”, detalha Backheuser.
vencer um vão central de 104 m. “O tamanho
Assim, foram instalados sheds para a favo-
das treliças varia de acordo com o vão entre os
recer a luminosidade e ventilação natural no
pilares, alcançando até 8 m de altura”, expli-
interior da arena. A tecnologia de modelagem
ca o engenheiro Giovani Toscan, da Dagnese
BIM, por meio do método de elementos finos,
Soluções Metálicas, que reforça que a mon-
foi utilizada para garantir o dimensionamen-
tagem das estruturas metálicas seguiu sem
to mais preciso da cobertura e das demais
entraves e foi concluída em apenas seis meses
estruturas do Velódromo.
com a ajuda de dois guindastes com capacidade para 500 toneladas cada.
Desafios extras
Para Backheuser, “a assimetria da pista de ciclismo, não percebida em um primeiro olhar,
Projeto arquitetônico: B|AC – Backheuser Arquitetura e Cidade
>
Área construída: 12 mil m2
>
Aço empregado:
(cobertura) perfis laminados ASTM A-572 GR50 e soldados e dobrados a frio de aço estrutural com LE=300 MPa >
Projeto estrutural: Casagrande Engenharia
>
ornecimento da estrutura F de aço: Dagnese Soluções Metálicas
>
Execução da obra: Tecnosolo Serviços de Engenharia e Engetécnica Serviços e Construções Ltda.
>
Local: Barra, Rio de Janeiro, RJ
coloca interessantes questões para a malha
>
Data do projeto: 2014-2016
estrutural”. Além disso, em sua opinião, as
>
Conclusão da obra: 2016
Por sua alta complexidade, o projeto do
demandas técnicas para a manutenção da
Velódromo também impôs outros desafios à
pista, assim como os rígidos requisitos olímpi-
equipe; um deles, garantir uma boa ilumi-
cos, fazem de todo o projeto um grande desa-
nação interna e uma ventilação adequada
fio arquitetônico e estrutural. (E.Q.) M
Acervo Dagnese divulgação
>
Treliças em aço de diferentes dimensões, apoiadas apenas nas extremidades, formam a estrutura da cobertura seguindo o formato oval do Velódromo e evitam a presença de obstáculos na área da pista de competição
ARQUITETURA&AÇO
25
SALTO NAS ALTURAS
Fotos Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
Alongada e curvilínea, a cobertura do Parque Aquático Maria Lenk faz referência, do ponto de vista estético, a uma imensa plataforma de saltos onde o aço é protagonista
26 ARQUITETURA&AÇO
Barra da tijuca
Palco das disputas olímpicas de nado
rência de cargas para os pórticos que contêm
sincronizado e saltos ornamentais, o Parque
mastros externos. Lá, temos seis vigas treli-
Aquático Maria Lenk, localizado no Parque
çadas de seção trapezoidal, apoiadas inter-
Olímpico da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro,
namente na viga de concreto armado que
chama atenção pelo desenho de sua cober-
compõe a arquibancada e que, externamen-
tura. A estrutura construída em aço para os
te, são integradas aos mastros tubulares de
Jogos Pan-Americanos de 2007, do ponto de
21 m em aço e de 18 m em concreto armado.
vista estético, é marcada por uma geometria
O binário trouxe equilíbrio ao sistema", deta-
particular e única, que corroboram a identida-
lha D'Alambert.
de do complexo esportivo. Tal como uma “imensa plataforma de saltos”, alongada e curvilínea, a cobertura
A opção pelo aço e os sistemas de construção industrializada reduziu o impacto ambiental da obra, localizada em área repleta de lagoas e vegetação nativa. A montagem das estruturas em aço foi feita de forma rápida e sem necessidade de grande espaço para canteiros, contribuindo para cumprir os prazos e as exigências ambientais
Montagem eficiente
A montagem das estruturas metálicas foi
metálica foi projetada por três escritórios de
realizada sem entraves. Os banzos em perfis
arquitetura e contou com projeto estrutural
do tipo tubo quadrado (200 x 200 x 80 mm)
do engenheiro Flávio Correia D'Alambert, da
e as ligações de obra foram parafusados para
Projeto Alpha Engenharia de Estruturas, rece-
garantir rapidez e precisão no canteiro. Já as
beu perfis tubulares em aço para atender ao
vigas treliçadas, por sua vez, foram prepa-
exíguo prazo do projeto, que foi concluído em
radas no chão e içadas até a posição final,
menos de um ano. A escolha do material tam-
sobre a viga de concreto armado na parte
bém levou em conta o impacto ambiental no
interna do estádio, com a ajuda de guindas-
entorno da obra. “Como o local é repleto de
tes de 150 toneladas. Os escoramentos só
lagoas, mangues e vegetação nativa, optamos
foram retirados quando a montagem total
pelo sistema industrializado tanto para as
do setor foi finalizada.
arquibancadas, que receberam pré-fabricados
Apesar de já ter sido idealizado para abri-
de concreto, como para a cobertura, na qual
gar as competições dos Jogos Pan-Americanos
os perfis tubulares em aço nos ajudaram a
de 2007 e para receber as provas do Rio 2016, a
cumprir os prazos e exigências ambientais do
instalação do Maria Lenk passou por algumas
município”, explica D'Alambert, ressaltando
adaptações para as Olimpíadas deste ano. As
que a montagem das estruturas em aço requer
melhorias foram relativamente simples e não
menos espaço para canteiros, além de ser uma
envolveram adequações estruturais de gran-
obra limpa e rápida.
de porte, conforme relata o arquiteto Gilson
Estruturalmente, a cobertura simétrica do
Ramos dos Santos, do Lopes, Santos & Ferreira
Maria Lenk foi dimensionada nos dois blocos
Gomes Arquitetos. “Elas consistiram, basica-
do complexo. Cada bloco tem sete vigas tre-
mente, na construção de uma nova piscina
liçadas, de 29,50 m de comprimento, e duas
de aquecimento; no reforço e resiliência na
também em aço nas extremidades da cobertu-
alimentação de energia; e nova iluminação
ra, que têm 10 m em balanços. A interligação
para atender às necessidades de transmissão
entre as tesouras principais se dá por meio
do evento”, pontua o arquiteto. Uma sala com
de 13 vigas treliçadas secundárias (joists), que,
tanque seco para o treinamento de atletas, a
além de suportarem as telhas da cobertura,
reforma do posto médico e a criação de novos
travam e estabilizam as vigas principais. “Os
banheiros para pessoas com deficiência tam-
joists têm uma função especial nas tesouras
bém fizeram parte da renovação do Maria
laterais e central proporcionando a transfe-
Lenk para o Rio 2016. (E.Q.) M
>
Projeto arquitetônico: Lopes, Santos & Ferreira Gomes Arquitetos, Carlos Porto Arquitetos e Paulo Casé Planejamento Arquitetônico
>
Área construída: 42 mil m²
>
Aço empregado: aço estrutural com LE=300 Mpa e ASTM A572 GR42
> >
Volume do aço: 750 t Projeto estrutural: Projeto Alpha Engenharia de Estruturas
>
ornecimento da estrutura F de aço: CPC Estruturas Metálicas
>
Execução da obra: Delta
>
Local: Barra da Tijuca, Rio
>
Data do projeto: 2006-2007
>
Conclusão da obra: 2007 (readequação em 2016)
Construções de Janeiro, RJ
ARQUITETURA&AÇO
27
Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
TÊNIS PARA O FUTURO Mix de estruturas temporárias e permanentes contribuem para a adoção de soluções sustentáveis em aço no Centro Olímpico de Tênis. O complexo esportivo, na fase de legado, receberá atletas de projetos sociais
Implantado em local privilegiado,
cidade. A instalação terá capacidade para rece-
logo na entrada do Parque Olímpico da Barra
ber um torneio ATP 500 e servirá para o trei-
da Tijuca, o Centro Olímpico de Tênis chama
namento de atletas de alto rendimento, para
a atenção por sua arquitetura e porte. O com-
atender a jovens de projetos sociais ligados ao
plexo ocupa uma área de 9 hectares e é com-
esporte e, ainda, para a realização de eventos.
posto por três arenas com capacidade para 10 mil, 5 mil e 3 mil torcedores cada. Também conta com sete quadras com arquibancadas
Arena central
Batizada com o nome de Maria Esther Bueno,
para 250 lugares e seis áreas de aquecimento.
tenista brasileira que foi sete vezes campeã de
Durante os Jogos, será a sede do torneio de
torneios do Grand Slam, a arena principal do
tênis. Já nas competições paraolímpicas, abri-
Centro de Tênis foi construída pelo Governo
gará as provas de tênis em cadeira de rodas e
Federal em parceria com a Prefeitura do Rio
de futebol de 5.
de Janeiro. O complexo esportivo tem 120 m
De toda essa estrutura, duas arenas e
de diâmetro em planta, cobertura a 23,5 m
outras sete quadras de competição permane-
acima do solo e três níveis com arquibancadas
cerão após o megaevento como legado para a
e áreas destinadas à circulação.
28 ARQUITETURA&AÇO
Fachada da arena principal, com 120 m de diâmetro e cobertura a 23,5 m acima do solo, conta com brises metálicos coloridos que ajudam a controlar e filtrar a luz do sol
Barra da tijuca
A presença marcante da arena se deve muito à fachada composta por brises em aço revestidos em alumínio-zinco que ajudam a controlar a incidência dos raios solares sem comprometer a ventilação natural. As lâminas possuem um aspecto de sistema contínuo e são fixadas por meio do porta-painel parafusado Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
a uma subestrutura auxiliar, também em aço. Como em outras instalações do Parque Olímpico, a necessidade de garantir o prazo de execução enxuto, bem como o partido arquitetônico que privilegia uma linguagem leve e esguia, induziu à utilização de sistemas construtivos industrializados. O engenheiro Giovani Toscan, da Dagnese Soluções Metálicas, conta que para a sustentação das telhas da cobertura foram empregados perfis de aço soldados, do tipo I, em pilares e vigas. O conjunto conta com um sistema auxiliar de apoio com tirantes formados por tubos retangulares, que sustentam um balanço de
Perfis soldados do tipo I foram usados nos pilares e vigas que fazem a sustentação da cobertura do complexo esportivo. A estrutura é composta, ainda, por tirantes feitos a partir de tubos retangulares que suportam um balanço de 20 m sobre as arquibancadas Divulgação
20 m sobre as arquibancadas. As vigas em aço também foram utilizadas para os travamentos das arquibancadas em conjunto com os pilares em aço que fazem o contorno da arena. É nessa estrutura que se apoia todo o sistema de iluminação. “Há, ainda, quatro rampas de acesso ao público que combinam vigas de apoio em perfis metálicos retangulares, além de pilares constituídos por perfis tubulares em aço fixados no piso de concreto”, revela Toscan. A estrutura metálica recebeu a proteção passiva contra o fogo, com pintura intumescente monocomponente com resistência de 60 minutos. Outra necessidade foi, ainda, reduzir os impactos causados no meio ambiente ao longo da vida útil do complexo esportivo.
>
Para isso, foi estipulado como objetivo a conquista da certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) na categoria Gold. Nas instalações permanentes, isso se traduziu na busca por soluções para
Projeto arquitetônico: Aecom (estudos preliminares) e Consórcio 2016 – Especialistas em Eventos Esportivos (GMP Design e Projetos do Brasil, Lumens Engenharia, e Sustentech Desenvolvimento Sustentável)
diminuir custos operacionais, reduzir o con-
>
Área construída: 50 mil m²
sumo de água e energia, além da prevalência
>
Aço empregado: aço estrutural
pelo uso de materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental. (J.N.) M
com LE=300Mpa e ASTM A572 GR50
>
Projeto estrutural: Casagrande Engenharia
>
ornecimento da estrutura F de aço: Dagnese Soluções Metálicas
>
Execução da obra: Consórcio Ibeg/Trangan/Damiani e Volume Construções
>
Local: Rio de Janeiro, RJ
>
Data do projeto: 2012
>
Conclusão da obra: 1º trimestre de 2016 ARQUITETURA&AÇO
29
Casagrande Engenharia/ Divulgação
AA – Algumas instalações esportivas do Rio
de Janeiro, o Parque Aquático Maria Lenk e o
arquitetura nômade baseada em sistemas
dos esportes aquáticos, e por isso, baseado no
para os projetos?
uma construção 100% desmontável e em aço,
2016 foram norteadas por um conceito de
Julio de Lamare já atendiam às necessidades
estruturais em aço. Por que essa escolha
conceito de arquitetura nômade, optamos por
João Luis Casagrande – A construção de uma
para o Centro Olímpico de Esportes Aquáticos.
arena esportiva envolve muitos custos que
Esse mesmo princípio norteou a execução da
nem sempre são justificáveis, especialmente
Arena do Futuro, que não é de nossa autoria e
quando falamos de instalações provisórias.
abrigará as competições de handebol. Se o Rio
Na Olimpíada deste ano, por exemplo, a
já tinha o Maracanãzinho e a Arena Olímpica
Prefeitura do Rio de Janeiro teve um cuidado
HSBC para a modalidade esportiva, qual a
muito grande ao direcionar os arquitetos e
necessidade de outra instalação permanente
engenheiros envolvidos nos projetos para
desse porte?
evitar a construção de ginásios que, após os Jogos Olímpicos, caíssem em desuso se tornando verdadeiros “elefantes brancos” para a cidade. Não queriam repetir o legado de Atenas, que abrigou a competição em 2004 e que, só recentemente, encontrou um uso para o seu Parque Olímpico, com
AA – O senhor mencionou que o custo é um
fator importante a ser considerado em uma construção esportiva, mas é correto afirmar que apenas ele?
JLC – O custo para uma construção esportiva
permanente é de 30%, sendo 70% o valor gas-
a chegada de refugiados. Essa é a razão de
to para a sua operação e manutenção. Com
termos muitas obras na Olimpíada deste ano
isso, é claro que as instalações temporárias
concebidas para serem temporárias. No Rio
se mostram mais atrativas, mas apenas
30 ARQUITETURA&AÇO
“ Não conheço um projeto temporário em outro material que não o aço. Ele é o que melhor atende à arquitetura nômade, sem dúvida
“
INSTALAÇÕES NÔMADES E EM AÇO
Formado em engenharia civil pela Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, João Luis Casagrande responde, desde 1997, por mais de 400 projetos de grande porte, como pontes, universidades e indústrias, além de importantes obras esportivas, tais como o Maracanã, as Arenas Cariocas 1,2 e 3, o Velódromo e a concepção da cobertura do Centro Olímpico de Tênis – que receberão os Jogos Olímpicos no Rio 2016. À frente da Casagrande Engenharia, é conhecido por sua atuação no desenvolvimento estrutural de construções temporárias, como o Centro Olímpico de Esportes Aquáticos, feito totalmente em aço e considerado um caso de destaque para o setor
entrevista
“ As instalações temporárias se mostram mais atrativas quando o projeto original já contempla o uso posterior das estruturas para evitar perdas consideráveis de material. Saber o destino da estrutura torna tudo mais fácil
quando o projeto original já contempla o uso
considerável de elementos pré-moldados,
posterior das estruturas para evitar perdas
temos perdas de materiais na demolição.
consideráveis de material. A Arena do Futuro,
Isso, entretanto, não ocorre com as estrutu-
por exemplo, desde o início foi projetada para
ras feitas unicamente em aço, em que tudo
ter parte de suas estruturas desmontadas e
é reaproveitado. No Centro Olímpico de
reutilizadas na construção de escolas públicas
Esportes Aquáticos até mesmo as lajes podem
do Rio de Janeiro. Já no Centro Olímpico de
ser recicladas, pois foram executadas em steel
Esportes Aquáticos, esse direcionamento não
deck e em madeira, e não em concreto como
nos foi passado; não sabíamos qual seria o
tradicionalmente são feitas. Além disso, nesse
destino das estruturas após os Jogos Olímpi-
projeto, priorizamos uma estrutura principal
cos. Ainda assim, projetamos as mesmas em
que cumpre a função de sustentar a cober-
aço para que tivessem 100% de reaproveita-
tura, de forma independente das arquibanca-
mento. Essa é uma tendência mundial.
das. Queríamos facilitar o desmonte da obra. Até mesmo as piscinas do estádio aquático
AA – Não saber, então, o destino das es-
foram estruturadas em aço para minimizar as
truturas pode dificultar a adequação dos
perdas e garantir o seu reaproveitamento.
JLC – Sim, pois a adequação exige um maior
AA – Hoje, no país, temos outras obras es-
obra e, dependendo dos materiais usados no
cenário nacional quanto ao uso do aço nesse
projetos?
desafio para os profissionais envolvidos na
projeto, as perdas acabam sendo inevitáveis. Saber o destino da estrutura torna tudo mais fácil. Na demolição do elevado da Perimetral,
portivas de caráter temporário? Qual o atual tipo de construção?
JLC – O cenário é positivo, mas as estrutu-
ras temporárias ainda são mais usadas por
no Rio de Janeiro, por exemplo, consegui-
aqui nos circuitos de vôlei de praia e na
mos garantir o reaproveitamento de boa
infraestrutura de shows, para os quais as
parte das estruturas em aço do projeto, que
exigências são menores do que as de uma
foram destinadas para obras públicas de in-
instalação olímpica.
fraestrutura urbana na própria cidade, caso das tampas dos piscinões usados na contenção de enchentes. Essa experiência acabou contribuindo, ainda, para o cuidado que tivemos com o projeto do Centro Olímpico de Esportes Aquáticos. Nele, salvo os parafusos, todas as estruturas em aço foram pensadas para serem reaproveitadas. AA – Podemos afirmar que o aço surge como
AA – O senhor acredita que, com as Olimpíadas, esse tipo de construção ganhará
mais notoriedade para ser mais explorado no território nacional? O que deve mudar
na visão dos empreendedores que buscam
arquitetos e engenheiros para a construção de instalações desta tipologia?
JLC – Caminhamos para melhorias e para evi-
tar a construção de “elefantes brancos”, assim
um grande aliado estrutural para as instala-
como em outros países, mas ainda é preciso
JLC – Não conheço um projeto temporário
tores públicos de que esse tipo de estrutura é
ções nômades?
que haja um maior entendimento pelos ges-
em outro material que não o aço. Ele é o que
mais adequado, principalmente para suprir as
melhor atende à arquitetura nômade, sem
necessidades de eventos importantes e tem-
dúvida. Quando temos estruturas mistas,
porários, como a Copa do Mundo, as Olimpía-
em concreto e aço, ou que tenham um uso
das e para abrigar exposições. (E.Q.) M
ARQUITETURA&AÇO
31
“
NÁUTICA E CONTEMPORÂNEA Palco das competições de vela, a Marina da Glória passa a contar com novas instalações em aço para beneficiar o lazer e incentivar o turismo durante e após os Jogos
32 ARQUITETURA&AÇO
copacabana
A Marina da Glória não é mais a mesma,
isso, descaracterizar o projeto original. “A nova
ela ficou melhor e mais completa desde abril
Marina da Glória foi pensada para ser mais efi-
deste ano, quando as obras de revitalização
ciente e funcional, mas igualmente charmosa,
do porto náutico foram concluídas na Cidade
convidativa e lúdica para contemplar o espor-
Maravilhosa para receber as disputas de vela
te, o lazer e o turismo em um só local”, explica
olímpica e paraolímpica no Rio 2016.
o arquiteto Eduardo Mondolfo, que manteve
Na adaptação assinada pelo Eduardo Mon-
as características arquitetônicas e conceituais
dolfo Arquitetos, o escritório buscou não só
do projeto datado de 1976, do arquiteto Amaro
atender às exigências do Comitê Olímpico
Machado, na atualização. “Também foi um
Internacional (COI), que desejava melhorias
desafio da intervenção preservar a visão de
na infraestrutura local, bem como o aumento
monumentos naturais, como o Pão de Açúcar e
de vagas secas e molhadas para as embarca-
o Corcovado, e de elementos icônicos da arqui-
ções, mas, também, procurou dar cara nova
tetura moderna brasileira, como o Museu de
às instalações já existentes, sem precisar, com
Arte Moderna do Rio de Janeiro.”
Adaptação da Marina da Glória foi pensada para não intervir na paisagem natural e urbana da cidade do Rio de Janeiro. O porto náutico encontra-se em uma região estratégica, próxima ao centro e ao lado do Aeroporto Santos Dumont, tendo como pano de fundo dois importantes símbolos cariocas, o Pão de Açúcar e o Corcovado Pilares metálicos inclinados sustentam a cobertura e dão movimento às colunas, que lembram os mastros de veleiros ao mar Enquanto as lojas foram remanejadas para a parte posterior do pavilhão de eventos, a fachada do edifício debruçada sobre a grande esplanada frontal (praça náutica) ganhou uma série de restaurantes para atender o público
BrMarinas / Divulgação
O novo projeto da Marina da Glória contemplou a revitalização da pavimentação existente, rampas e a valorização do setor náutico, com o aumento de garagens para barcos e a redução do número de lojas. As vagas para as embarcações na água subiram de 167 para 415, já as garagens secas passaram de 73 unidades para 240 Nos hangares 1 e 2, estruturas metálicas esbeltas e de aparente leveza marcam as duas edificações projetadas para o armazenamento &AÇO 33 de embarcações ARQUITETURA de até 40 pés (12 m) fora d’água
BrMarinas / Divulgação
O novo projeto da Marina da Glória contemplou a revitalização da pavimentação existente, rampas e a valorização do setor náutico, com o aumento de garagens para barcos e a redução do número de lojas. As vagas para as embarcações na água subiram de 167 para 415, já as garagens secas passaram de 73 unidades para 240
No programa, a renovação da estrutura do
Nos limites, a partir do nível térreo, pilares em
pavilhão de eventos, a criação de um novo espa-
aço oblíquos e esbeltos transferem a carga da
ço para abrigar um restaurante e também a
superfície para o solo e conferem um visual
ampliação do hangar destinado às embarcações
contemporâneo ao projeto. “Os pilares de incli-
fora d’água foram o alvo. Os locais receberam, ao
nações variadas apresentam um design que
todo, 500,705 toneladas de aço em suas estru-
lembra os mastros dos veleiros e trazem certo
turas para atender ao exíguo cronograma dos
movimento às colunas”, diz Mondolfo.
Jogos Olímpicos, que determinavam a conclu-
Segundo Raimundo Calixto de Melo Neto,
são da reforma no período de apenas um ano. “A
diretor técnico da RCM Engenharia de Estru-
opção pela estrutura metálica foi natural e moti-
turas, a estrutura da cobertura é apoiada em
vada pela leveza estética, facilidade e velocidade
quatro colunas, sendo as frontais em perfis
construtiva do material”, afirma Mondolfo.
tubulares de seção circular; as posteriores, em
No pavilhão de eventos, a transformação
perfis laminados H; e as internas, em perfis
principal se deu na cobertura, com a substi-
tubulares de seção circular e em concreto pré-
tuição da antiga superfície em tensoestrutu-
-moldado. “São as frontais, de inclinações variá-
ra por uma nova metálica e “verde” (sistema
veis, que simulam o efeito de ‘onda’ desejado
green roof), composta por peças híbridas em
pelos arquitetos”, esclarece o engenheiro.
madeira e aço.
>
Projeto arquitetônico: Eduardo Mondolfo Arquitetos
>
Área construída: 9.240 m² (cobertura do pavilhão de eventos); 1.830 m² (hangar) e 1.450 m² (restaurante)
>
Aço empregado: chapas de aço estrutural com LE=300MPa; perfis laminados ASTM A572 GR50 e tubos ASTM A36
>
Volume do aço: 372 t (cobertura do pavilhão de eventos); 99 t (hangar) e 30 t (restaurante)
>
Projeto estrutural: RCM Engenharia de Estruturas
>
ornecimento da F estrutura de aço: CPC Estruturas Metálicas
>
Execução da obra: Renta Engenharia
Além da melhoria estética, a nova cober-
>
Local: Rio de Janeiro, RJ
A estrutura da cobertura leva perfis sol-
tura também permitiu aos autores do projeto
>
Data do projeto: 2015-2016
dados do tipo I e treliças nas extremidades.
reorganizar o interior do edifício, deslocando
>
Conclusão da obra: 2016
34 ARQUITETURA&AÇO
copacabana
Pilares em aço inclinados sustentam a cobertura e dão movimento às colunas, que lembram os mastros de veleiros ao mar Nos hangares 1 e 2 (na foto abaixo e à direita), estruturas em aço esbeltas e de aparente leveza marcam as duas edificações projetadas para o armazenamento de embarcações de até 40 pés (12 m) fora d’água
as lojas náuticas para o fundo da construção e trazendo para a frente da mesma uma série de restaurantes com varandões para o lazer e a contemplação da paisagem pelo público. No entorno do pavilhão, o “Badejão”, apelido dado ao restaurante cuja cobertura em aço confere identidade ao local, é quem ganha os olhos do público por seu formato inusitado que lembra a “espinha” de um peixe. A construção de caráter orgânico, no segundo nível da edificação-ponte, é coberta por uma casca de concreto, com jardim do tipo green roof e laterais envidraçadas, mas sem caixilharia. “Ela está localizada em uma área com muitas árvores e foi projetada para ser um novo ponto turístico e gastronômico na cidade; sua geometria se assemelha a um grande peixe verde”, Fotos divulgação
conta Mondolfo.
Vagas triplicadas
Na área oposta ao “Badejão”, dois setores para o estacionamento de embarcações em locais secos, os hangares 1 e 2, também levam estruturas em aço e podem ser avistados por quem visita a Marina. A exigência do COI para a ampliação do local, que deveria receber 240 barcos de até 40 pés (12 m) e não mais 73, foi um dos fatores que guiaram o uso das estruturas metálicas nos quatro níveis das edificações, que têm 13 m de altura. “Cada uma delas é composta por pórticos dispostos paralelamente a cada 10 m, interligados por vigamentos horizontais e contraventamentos verticais, que conferem estabilidade ao conjunto”, explica Melo Neto. (E.Q.) M ARQUITETURA&AÇO
35
copacabana
arena de vôlei de praia Estruturas em aço desmontáveis estão sendo empregadas na arquibancada, tendas, edifícios modulares, cercamento, pisos externos, corrimões e contêineres marítimos da instalação esportiva
Quase pronta para ser inaugurada no
Rio de Janeiro, a Arena de Vôlei de Praia Olímpica, construída entre as praias de Copacabana e do Leme, será a maior do Brasil. A instalação temporária, ergui-
da em aço, ocupará 61.130 m2 e terá 21 m de altura – exigência do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a competição, que será realizada em uma quadra de 16 x 8 m, com recuos de 6 m do lado interno e 5 m do externo. A arena também abrigará cinco outras áreas de treinos e duas para o aquecimento dos atletas, e não só pelo tamanho deverá impressionar: o local terá 12 mil >
Projeto arquitetônico: Rio 2016
>
Área construída: 61.130 m²
>
rojeto estrutural, P fornecimento do aço e execução da obra: Consórcio Fast Engenharia e Montagens S/A e Rohr S/A Estruturas Tubulares
>
Soluções metálicas foram locadas para, posteriormente, serem desmontadas e devolvidas e não caírem em desuso pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016
>
Conclusão da obra: julho de 2016
dras de vôlei que recebem, normalmente, entre 2 mil e 5 mil pessoas na praia. Segundo o Comitê Organizador dos para assegurar a temporalidade da obra,
Janeiro, RJ
Data do Projeto: 2015
ao Maracanãzinho e, também, demais qua-
Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016,
Local: Copacabana, Rio de
>
lugares para o público, capacidade superior
que será desmontada ao término do torneio olímpico, o aço foi o elemento escolhido para a estrutura. O material foi especificado tanto para a arquibancada como para as tendas, edifícios modulares, cercamento, pisos externos, corrimões e contêineres marítimos que servirão de apoio à arena. Em prol da ventilação natural, a construção não terá fechamentos significativos para amenizar a sensação térmica em seu inteFotos divulgação
rior. A equipe do Rio 2016, que idealizou o
36 ARQUITETURA&AÇO
projeto arquitetônico, também informa que a estrutura usada na areia será locada para que, posteriormente, seja retirada e não fique sem utilidade para o Comitê. (E.Q.) M
HANGAR DO ESPORTE Treliças metálicas de grandes dimensões vencem vão de 66,50 m e permitem à Arena da Juventude, em Deodoro, abrigar múltiplas competições
Conceber uma arena que abrigasse múl-
te, abrigará a prova de esgrima de cadeira de
tiplas modalidades do esporte e que, ao mesmo
rodas na Paraolimpíada. “Precisávamos criar
tempo, tivesse uma arquitetura elegante e gran-
um espaço que comportasse a esgrima do Pen-
diosa para fazer jus ao caráter das competições
tatlo, na qual os duelos acontecem simultane-
olímpicas foi o principal desafio da equipe do
amente e, também, o basquete, que ocuparia
Vigliecca & Associados ao projetar a Arena da
apenas um quarto dessa mesma área”, conta o
Juventude, no Parque Olímpico de Deodoro,
arquiteto uruguaio Héctor Vigliecca, que con-
localizado em uma das regiões mais carentes de
cebeu o ginásio como uma espécie de bowl para
áreas esportivas do Rio de Janeiro.
proporcionar uma atmosfera de espetáculo ao
A instalação, que segue o conceito de hangar
público e aos jogadores durante o megaevento. Para adaptar o local às modalidades e
no e esgrima, nas Olimpíadas, e, posteriormen-
ainda torná-lo útil em legado, foram criadas
Fotos divulgação / Leonardo Finotti
esportivo, sediará disputas de basquete femini-
Membranas translúcidas na fachada conferem transparência e permitem que, do interior da Arena, o público possa contemplar outros pontos do Parque Olímpico de Deodoro
38 ARQUITETURA&AÇO
deodoro
instalações temporárias dentro da permanente
recursos naturais. “Esses recursos serão usa-
e, neste conceito, o aço teve papel crucial. “A
dos apenas durante os Jogos, pois o edifício foi
maior parte da estrutura foi concebida em aço
criado para, posteriormente, funcionar apenas
por sua velocidade construtiva e capacidade de
com ventilação natural e iluminação zenital”,
vencer grandes vãos. Tentamos trabalhar com
conta Vigliecca.
os menores possíveis para reduzir os custos,
Além do sombreamento especial garantido
mas, ainda assim, temos vãos de grande enver-
pela extensão da cobertura, em policarbonato,
gadura para atender aos padrões olímpicos.”
os eixos norte e sul da fachada contam com
O maior vão da construção, de 66,50 m, foi
fechamentos em painéis pivotantes compostos
vencido com a ajuda de sete treliças metálicas
por armação e telha metálica termoacústica do
de 4,30 m de altura e 2,80 m de largura. Elas
tipo sanduíche, que asseguram a entrada de ar
estão apoiadas sobre dez pilares metálicos nas
no interior do ginásio – os demais fechamentos
fachadas leste e oeste e sobre 32 pares de pila-
foram feitos em PVC. “O aço foi utilizado para
res ao norte e sul. No entorno, 36 colunas em
criar a grelha de policarbonato que contorna
aço posicionadas de forma harmônica impri-
a obra, fazendo a função estrutural e de filtra-
mem leveza ao conjunto.
gem da luz. O uso da estrutura metálica asso-
Apesar da exigência do Comitê Olímpico
ciada às membranas permeáveis e translúcidas
Internacional (COI) por sistemas de ilumina-
favoreceu, também, a criação de grandes vãos
ção artificial e de ar-condicionado, a Arena foi
nas fachadas leste e oeste, que colaboraram
projetada para o melhor aproveitamento dos
para otimizar as estruturas do fechamento.”
Nas fachadas norte e sul, painéis pivotantes em telha metálica fazem o fechamento da edificação, que tem 19,60 m de altura e ocupa uma área de 14.300 m²
ARQUITETURA&AÇO
39
Gabriel Heusi / Heusi Action
Cobertura, que tem acabamento liso na face externa, recebeu telhas metálicas onduladas com proteção ISO e manta do tipo TPO
Norte
Captação de águas pluviais para reuso Cobertura com isolamento térmico e manta termoplástica TPO Sombreamento e resfriamento da fachada Sistema de ventilação e iluminação natural tipo lanternim Painéis pivotantes de telha metálica entrada de ar para ventos predominantes
>
Para a cobertura, que tem acabamento liso
>
na face externa, telhas metálicas onduladas com proteção ISO e manta do tipo TPO foram especificadas para a melhor eficiência térmica e energética do edifício. O sistema recebe, ainda, lanternins, que operam tanto para a exaustão do ar quente como para a entrada de luz natural. 40 ARQUITETURA&AÇO
Projeto arquitetônico:
>
Volume do aço: 1.845 t
Vigliecca & Associados
>
Projeto estrutural: Focus
Área construída: 14.300 m²
>
Group >
Aço empregado: perfis laminados, soldados e chapas ASTM A572 GR 50; perfis laminados ASTM A572 GR42; perfis de chapa dobrada ASTM A36; tubos ASTM A501 GRB e barras redondas SAE-1020
ornecimento da F estrutura de aço: Brafer Construções Metálicas S/A
>
Execução da obra: Queiroz Galvão
>
Local: Rio de Janeiro, RJ
>
Data do projeto: 2013-2014
>
Conclusão da obra: 2016
Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
deodoro
O edifício é marcado por 36 colunas de aço que, de forma harmônica, imprimem leveza à concepção
Temporárias e em aço
Abrigar diferentes competições em um curto espaço de tempo também obrigou a equipe de arquitetura a pensar em uma estratégia para receber e acomodar o público com flexibilidade. A solução veio com a criação de arquibancadas temporárias em aço, com capacidade para 3 mil pessoas e que serão usadas de acordo com as necessidades de cada evento. Para as disputas de basquete feminino, primeira semana das Olimpíadas, três arquibancadas provisórias serão usadas junto com uma fixa, em concreto, para receber 5 mil pessoas. Já na esgrima do Pentatlo Moderno, apenas uma das arquibancadas metálicas será montada para acomodar 4 mil torcedores – ela contará com o auxílio da estrutura permanente. A configuração será mantida até o fim da Paraolimpíada para a esgrima em cadeira de rodas e, posteriormente, será alterada para servir de legado olímpico. (E.Q.) M
Renato Sette Câmara Prefeitura do Rio de Janeiro
que demandarão uma quadra de 28 x 15m na
ARQUITETURA&AÇO
41
LEVEZA PARA O HÓQUEI Pilares metálicos intercruzados sustentam a estrutura e conferem identidade marcante à única arquibancada permanente do Centro Olímpico de Hóquei sobre Grama, em Deodoro
As disputas de hóquei deverão movi-
gem forte, elegante e leve”, conta o arquiteto
Olimpíadas, mas, a beleza da competição não
Na construção, os apoios estruturais são
será restrita ao campo de jogo. É ao lado de
compostos, cada um, por três pilares metálicos
uma das quadras, a principal delas, que a estru-
na diagonal que se cruzam para aliviar as car-
tura de uma arquibancada permanente chama
gas das vigas da arquibancada.
mentar o Parque Olímpico de Deodoro nas
Héctor Vigliecca, do Vigliecca & Associados.
a atenção. Posicionada a oeste do campo prin-
Segundo Jackeline Munike dos Santos, da
cipal, ela conta com 20 conjuntos metálicos
Brafer Construções Metálicas, as tríades foram
que sustentam a estrutura, também em aço, e
feitas a partir de tubos redondos em aço e as
imprimem leveza à instalação. “Trabalhamos
vigas, em perfis soldados e laminados. A solu-
os elementos estruturais como também arqui-
ção também trouxe agilidade à obra que levou
tetônicos para criar uma composição de ima-
somente 45 dias para ficar pronta. (E.Q.) M
Arquibancada principal, que ocupa uma área de 2.100 m², recebe 20 conjuntos de pilares metálicos compostos, cada um, por três hastes diagonais que se cruzam para aliviar as cargas das vigas da instalação permanente
>
Projeto arquitetônico: Vigliecca & Associados
>
Área construída: 4 mil m²
>
Aço empregado: perfis laminados, soldados e chapas ASTM A572 GR50, perfis em chapa dobrada SAE 1020 e tubos ASTM A501 GRB
> >
Volume do aço: 239 t Projeto estrutural: Focus Group
>
ornecimento da estrutura F de aço: Brafer Construções Metálicas S/A
>
Execução da obra:
Brafer / divulgação
Queiroz Galvão
42 ARQUITETURA&AÇO
>
Local: Rio de Janeiro, RJ
>
Data do projeto: 2014-2016
>
Conclusão da obra: 2016
AndreMotta / Heusi Action
deodoro
AÇO NO HIPISMO Estábulos do Centro Olímpico de Hipismo, em Deodoro, ganham cobertura em aço em prol da ventilação natural
No Centro Olímpico de Hipismo, as
melhorias se concentraram na ampliação
dos estábulos, na construção de uma nova sede veterinária, na adequação da pista do circuito de cross country e na infraestrutura
Acima, arquibancada da Arena Central do Hipismo, onde se destaca a cobertura em aço, com 20 m de balanço
>
>
>
com 300 baias para os cavalos, tiveram sua estrutura anterior demolida e receberam
>
Volume de aço: 163,64 t
>
Projeto estrutural: Focus Group e Globsteel Soluções em Aço (Pan 2007)
>
Fornecimento da estrutura de aço: Dagnese
coberturas metálicas desenhadas para favorecer a ventilação natural. A arena central de hipismo é marcada pela presença de uma arquibancada para
SoluçõesMetálicas e Globsteel Soluções em Aço (Pan 2007)
1.200 pessoas, onde se destaca a cobertura
>
rinários e tratadores que atuarão na competição. (E.Q.) M
Dagnese / divulgação
em aço, com 20 m de balanço.
habitacional com 72 moradias para os vete-
Aço empregado: perfis laminados, soldados e chapas ASTM A572 GR50; perfis de chapa dobrada ASTM A36; tubos ASTM A501 GRB e barras redondas SAE-1020
Os estábulos, que passaram a contar
melhorias como a construção de uma vila
Área de intervenção: 1 milhão de m²
Os estábulos, na foto abaixo, receberam coberturas estruturadas em aço, projetadas especialmente para favorecer a ventilação natural
da arena central.
O conjunto recebeu, ainda, outras
Projeto arquitetônico: Vigliecca & Associados
Execução da obra: IBEG Engenharia e Construções, Zadar Construtora e Construções e Comércio Camargo Corrêa (Pan 2007)
>
Local: Rio de Janeiro, RJ
>
Data do projeto: 2013-2015
>
Conclusão da obra: 2016 ARQUITETURA&AÇO
43
contatos > Escritórios
SBP do Brasil Projetos Ltda www.sbp.de
Globsteel Soluções em Aço www.globsteel.com.br
Globsteel Soluções em Aço www.globsteel.com.br
Aecom www.aecom.com
Lumens Engenharia www.lumensengenharia. com.br
Projeto Alpha Engenharia de Estruturas www.projetoalpha.com.br
Martifer Construções Metálicas www.martifer.com
Sustentech Desenvolvimento Sustentável Ltda www.sustentech.com.br
RCM Engenharia de Estruturas rcm@rcmproj.com.br
Rohr S/A Estruturas Tubulares www.rohr.com.br
Vigliecca & Associados www.vigliecca.com.br
Rohr S/A Estruturas Tubulares www.rohr.com.br
> EXECUÇÃO DA OBRA
> PROJETO ESTRUTURAL
> ESTRUTURA METÁLICA
Construções e Comércio Camargo Corrêa www.camargocorrea.com.br
Casagrande Engenharia www.cagen.com.br
Benafer www.benafer.com.br
Consórcio Onda Azul www.gruporiwa.com.br
Consórcio Rio Mais www.riomais.net
Brafer Construções Metálicas S/A www.brafer.com.br
Consórcio Rio Mais www.riomais.net
de Arquitetura
Arqhos Consultoria e Projetos www.arqhos.com.br B|AC - Backheuser Arquitetura e Cidade www.blac.com.br BCMF Arquitetos www.bcmfarquitetos.com Eduardo Mondolfo Arquitetos www.ema-arq.com.br GMP Design e Projetos do Brasil Ltda www.gmp-architekten.de Lopes Santos & Ferreira Gomes www.lsfgarquitetos.com.br Oficina de Arquitetos www.oficina.arq.br Paulo Casé Planejamento Arquitetônico www.paulocase.com.br
Dagnese Soluções Metálicas www.dagnese.com.br
CPC Estruturas Metálicas www.cpcestruturas.com.br
Fast Engenharia e Montagens S/A www.fastengenharia.com.br
Dagnese Soluções Metálicas www.dagnese.com.br
Focus Group www.focusgroup.pt
Fast Engenharia e Montagens S/A www.fastengenharia.com.br
Damiani Engenharia www.damiani.com.br Delta Construções www.deltaconstrucao.com.br Dimensional Engenharia Ltda. www.dimensionalengenharia. com.br
Engetécnica Serviços e Construções Ltda. www.gruporiwa.com.br Fast Engenharia e Montagens S/A www.fastengenharia.com.br IBEG Engenharia e Construções www.ibeg.com.br Queiroz Galvão www.grupoqueirozgalvao. com.br Renta Engenharia www.renta.com.br Rohr S/A Estruturas Tubulares www.rohr.com.br Tecnosolo Engenharia S/A www.tecnosolo.com.br Volume Construções www.volumeconstrucoes. com.br Zadar Construtora www.gruporiwa.com.br
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