& ARQUITETURA AÇO
AÇO
Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 54 dezembro de 2019
RETROFITS E AMPLIAÇÕES EM OBRAS DE REMODELAÇÃO OU AMPLIAÇÃO, O AÇO SURGE COMO PARCEIRO ESSENCIAL PARA VIABILIZAR SOLUÇÕES INOVADORAS E EFICAZES
O Centro Brasileiro da Construção em Aço – CBCA, entidade sem fins lucrativos gerida pelo Instituto Aço Brasil, procura ampliar e promover a participação da construção em aço no mercado nacional por meio de ações de incentivo ao conhecimento, divulgação, normalização e apoio tecnológico. Conheça o CBCA!
Principais ações do CBCA
Cursos online e presenciais
Desenvolvimento de material técnico e didático, como as videoaulas e os manuais de construção em aço, disponibilizados gratuitamente em seu site
Pesquisas anuais junto aos fabricantes do setor, traçando um panorama da evolução e expectativas para o futuro desse sistema no País
Promoção de palestras e Road Shows por diversas cidades brasileiras
Realização dos Concursos CBCA para Estudantes de Arquitetura e de Engenharia, que anualmente incentiva a investigação das possibilidades da construção em aço e a manifestação criativa de alunos de arquitetura e engenharia de todo o Brasil
Acesse o site
www.cbca-acobrasil.org.br e descubra tudo que o CBCA tem a oferecer!
EDITORIAL
RENOVAR E VALORIZAR COM AÇO EM UMA TRADUÇÃO SIMPLES, o termo retrofit significa colocar o antigo em boa forma. Na arquitetura, muito além de reforma, seu uso remete a obras que envolvem a recuperação, atualização e requalificação de construções, tanto para atender à necessidade de restaurar e preservar edifícios com alto valor histórico e cultural como para dar um melhor aproveitamento a prédios que podem ser modernizados, adaptados a novos usos e valorizados com a incorporação de modernos itens de conforto, segurança, sustentabilidade e outras exigências. Essas soluções são cada vez mais demandadas em nosso mercado, seja pelo crescimento das cidades, com saturação das áreas centrais e redução de espaços livres para construção, seja pela existência de um grande número de edifícios que oferecem boas oportunidades para valorizá-los com obras de requalificação. Apresentamos, nesta edição de A&A, uma seleção de projetos com diferentes portes e tipologias, nas quais o aço aparece como aliado essencial, contribuindo com sua flexibilidade, leveza, praticidade e precisão na montagem, para viabilizar a renovação de instalações destinadas aos mais variados usos. Assim, em São Paulo, para criar o Shopping Jardim Pamplona, um antigo supermercado recebeu novas estruturas em aço e teve seu visual completamente transformado, além de ampliar o espaço destinado às compras e ao lazer. Já no Rio de Janeiro, o edifício de 1906 que abrigou o Hotel Bragança, tombado pelo Patrimônio Histórico municipal e em péssimo estado de conservação, foi recuperado com auxílio do aço e recebeu um anexo, também em aço, para dar lugar a um novo hotel, moderno e com capacidade de atendimento ampliada. Trazemos casos em que as intervenções foram realizadas em edifícios de escritórios e comércio, em hospitais, em centros culturais, hotéis, escola, e até mesmo em obras de infraestrutura, como na ponte do BRT Transbrasil, sobre o Rio Acari, no Rio de Janeiro, que foi alargada com uso de estruturas em aço em apenas uma semana de obras. Em todos eles, o aço tem papel destacado, atuando no reforço ou substituição de estruturas, na reconfiguração das plantas e na ampliação e modernização dos espaços. Em entrevista, o arquiteto Nelson Dupré, autor de vários projetos de retrofit, nos conta sobre sua experiência e sua preferência pelo uso do aço em obras desse tipo, destacando a liberdade projetual que o material propicia. Para finalizar, uma boa nova: inauguramos nessa edição o uso de um recurso para ampliar o conteúdo oferecido a nossos leitores. Em algumas matérias, inserimos um QR Code que possibilita acesso a vídeos com mais informações sobre o tema e sobre as obras apresentadas. Esperamos que apreciem e aproveitem. Boa leitura!
ARQUITETURA&AÇO
1
04.
08.
12.
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32.
35.
Daniel Ducci
sumário Arquitetura & Aço nº 54 dezembro 2019
ENTREVISTA
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Arquiteto Nelson Dupré fala sobre seus projetos de retrofit e a contribuição do aço nessas obras ACONTECE
Foto da capa: Shopping Jardim Pamplona, São Paulo/SP
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Hospital Oncomed, Belo Horizonte, MG: com estrutras em aço, antiga instalação hospitalar dobra de tamanho e é transformada em moderno hospital CONTATOS
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16.
18.
38.
40.
24.
44.
04. Pátio Maria Antônia, São Paulo, SP: requalificação em importante prédio histórico da cidade 08. Shopping Jardim Pamplona, São Paulo, SP: uso intensivo do aço confere identidade e viabiliza novo centro de compras 12. Casa Marília, São Paulo, SP: solução com exoestrutura em aço 16. Hospital Nove de Julho, São Paulo, SP: ampliação realizada com todas as operações em funcionamento 18. Wish School, São Paulo, SP: reforma cria espaços compatíveis com a filosofia pedagógica da escola 24. Cinemateca Brasileira, São Paulo, SP: estruturas em aço atuam harmoniosamente na requalificação de antigo matadouro 28. Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ: com intervenções em aço, sobrados históricos são recuperados e podem atender a novas demandas 32. Glória 122, Rio de Janeiro, RJ: solução inovadora com estrutura em aço para preservar fachada art decó 35. Thyssenkrupp, Porto Alegre, RS: aço viabiliza escritórios modernos para empresa alemã 38. Hotel Selina Lapa, Rio de Janeiro, RJ: prédio em ruínas é recuperado para dar origem a novo hotel 40. Fábrica de Gaiteiros, Barra do Ribeiro, RS: antiga fábrica é remodelada para preservar tradição das gaitas-ponto 44. Ponte no BRT Transbrasil, Rio de Janeiro, RJ: aço permite alargar a ponte com apenas uma semana de obras
REQUALIFICAÇÃO COM ARTE E CULTURA Aço possibilita recuperação de edifícios históricos com diferentes níveis de degradação no Centro Universitário Maria Antônia, da USP
O RETROFIT NO CONJUNTO de edifícios his-
tóricos do Centro Universitário Maria Antônia, em São Paulo, tinha a missão de requalificar construções com diferentes níveis de degradação, possibilitando novos usos para os espaços. O aço foi empregado de forma marcante em elementos estruturais e de fachada, cumprindo a função adicional de evidenciar as intervenções contemporâneas no complexo. Marco na vida cultural e política da cidade de São Paulo, os prédios que compõem o Centro Universitário Maria Antônia, na região central, são repletos de história. Construídos na década de 1930, os edifícios Rui Barbosa e Joaquim Nabuco abrigaram o Liceu Nacional Rio Branco e, entre 1949 e 1968, foram ocupados pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP). A necessidade de preservar e requalificar esse conjunto arquitetônico, estabelecendo uma nova relação com a cidade, foi o ponto de partida para o projeto de reforma e restauro, realizado pelos arquitetos do escritório UNA. O objetivo foi adaptar os edifícios às novas necessidades do Centro Universitário Maria Antônia, do Teatro da USP e do Instituto de Arte Contemporânea. As fachadas foram restauradas e a volumetria dos edifícios foi mantida. Nas faces voltadas para a Rua Maria Antônia, chama a atenção a preservação das linhas art déco, típicas dos anos 1930. A área livre entre os dois prédios deu origem alargamento natural da calçada, evidenciando o aspecto público do conjunto. No nível inferior, a praça serve de acesso ao teatro implantado 4
ARQUITETURA&AÇO
Nelson Kon
a uma praça. “No nível da rua, essa praça é o
O aço compôs elementos estruturais dos prédios recuperados. A fachada lateral do edifício foi valorizada, assumindo nova identidade, com painel de sombreamento em aço inox e uma varanda
ARQUITETURA&AÇO
5
no subsolo do edifício Rui Barbosa, bem
alta capacidade de suporte de cargas, uma
como aos novos espaços de café, foyer, sala
exigência do programa que previa uma série
de música e dança”, explica a arquiteta Fer-
de espaços expositivos. O aço possibilitou,
nanda Barbara.
também, preencher a área demolida e con-
Elegância discreta
formar a nova volumetria com um processo construtivo mais respeitoso com o conjunto
No edifício Rui Barbosa, tombado pelo
preexistente. Além disso, permitiu dar forma a
patrimônio histórico estadual, a organiza-
uma varanda junto à fachada, com vista para
ção espacial original foi mantida, com uma
a rua e para a nova praça.
>
Projeto arquitetônico: UNA Arquitetos
>
Área construída: 6.198,68 m²
>
Aço empregado: perfis
escada central. No entanto, uma parte da
Com a utilização da estrutura metálica
edificação, com estrutura de madeira, teve
foi possível, ainda, estabelecer uma distinção
soldados PS e perfis
de ser demolida em função do mau estado
marcante, mas muito delicada, entre a inter-
tubulares de seção retangular
de conservação em que se encontrava. Em
venção contemporânea e o conjunto histórico.
em aço estrutural com maior
seu lugar, foi erguida uma estrutura com-
“O projeto revela os diversos tempos dos edifí-
resistência à corrosão; brises
posta por pilares e vigas de aço e laje de
cios e o conjunto de transformações que acom-
em aço inox
concreto, dimensionados para suportar altas
panharam suas distintas ocupações”, comenta
>
Volume de aço: 25 t
cargas pontuais e viabilizar a exposição de
a arquiteta.
>
Projeto da estrutura de aço:
esculturas pesadas.
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Acima, a passarela em aço vence grande vão e conecta a praça ao nível da rua
Mantida aparente, a estrutura é composta
Engebrat Consultores
Barbara conta que, nesse caso, a estru-
por pilares de aço do tipo H, que suportam
>
Execução da obra: Gafisa/lk2
tura de aço respondeu bem a algumas con-
as cargas de uma viga de transição e de uma
>
Local: São Paulo, SP
dições importantes. Uma delas foi garantir
laje protendida.
>
Conclusão da obra: 2017
ARQUITETURA&AÇO
Abaixo, área de exposições com proteção do painel de sombreamento em aço mantém permeabilidade do espaço e iluminação natural. Na sequência, visão da fachada do prédio, em estilo art decó, tombado pelo patrimônio histórico da cidade
Véu de aço
A intervenção realizada no Centro Universitário Maria Antônia fica evidente na fachada lateral do edifício. Anteriormente inexpressiva, ela assumiu linhas marcantes e industriais, voltadas ao novo espaço público. Essa face ganhou a proteção de um painel de sombreamento de aço inox, material escolhido principalmente pela alta durabilidade e por demandar baixa manutenção. “Semelhante a um véu, esse painel é composto por filtro industrial de fios de aço inox. Adaptado para uso na construção civil, o produto foi entregue em módulos que foram parafusados na estrutura metálica”, detalha Barbara. Neste caso, o painel translúcido exerce duas funções simultâneas. A primeira delas é garantir sombreamento às áreas de exposição, deixando entrar uma luz suave e difusa. Ao mesmo tempo, em função da sua transparência, o painel permite visibilidade dos interiores, mantendo a relação do edifício com o espaço externo e com a cidade. Outro elemento em aço importante no conjunto do Centro Maria Antônia é a passarela em aço que vence um vão generoso, atravessa toda ar livre, conectando o nível da rua à praça inferior. “O aço permitiu que esse fosse um elemento esbelto, quase que uma linha que atravessa o vazio”, complementa Fernanda Barbara. (J.N.) M
Fotos Nelson Kon
a área da praça e permite criar um caminho ao
ARQUITETURA&AÇO
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Daniel Ducci
INTEGRADO AO BAIRRO Com estrutura em aço, retrofit converte antigo hipermercado em um moderno centro de compras conectado com a cidade, em São Paulo
Novo shopping tem estruturas metálicas aparentes e visual inspirado nas galerias paulistanas da década de 1950
LOCALIZADO EM UMA ÁREA NOBRE da capital paulista, o Shopping Jardim Pamplona foi inau-
gurado em 2017 após passar por um profundo processo de retrofit, que transformou um antigo hipermercado em um dinâmico centro de compras, mais antenado às demandas da população que vive naquela região. Responsáveis pelo projeto de revitalização, os arquitetos do L35ACIA Arquitetura procuraram resgatar a importância que aquele centro tinha para o comércio da região. O plano não se limitou a reativar a atividade no interior, a intervenção previu, também, medidas de requalificação, estabelecendo novas conexões com o entorno. Uma referência adotada pela arquitetura foram as elegantes galerias comerciais paulistanas dos anos 1950 e 1960. “A ideia foi criar uma espécie de extensão do comércio do bairro, preservando o dinamismo das ruas e incentivando a convivência e a diversidade”, revela o arquiteto Fábio Aurichio. O resultado é um edifício contemporâneo e transparente, com um design de linhas puras e visual leve, baseado em estruturas de aço mantidas expostas e em grandes superfícies envidraçadas. Por conta das soluções arquitetônicas adotadas, o retrofit venceu o Prêmio Prix Versailles, na categoria centro comercial, em 2017.
ESTRUTURA EM AÇO
O programa do Jardim Pamplona se distribui sobre quatro pavimentos, além de um subsolo. Um supermercado ocupa o térreo e parte do primeiro andar. O segundo pavimento recebeu um mix de lojas. No terceiro nível, foi implantada uma grande academia e mais algumas lojas. Dedicado à gastronomia, o quarto pavimento conta com restaurantes cercados por uma praça externa de convivência, que oferece uma bela vista para o bairro. Para viabilizar a transformação, a estrutura original do antigo hipermercado em concreto armado e protendido precisou ser reforçada. ARQUITETURA&AÇO
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>
Projeto arquitetônico: L35ACIA Arquitetura
>
Área construída: 43.500 m²
>
Aço empregado: ASTM A572 GR50
>
Volume de aço: 1.000 t
>
Projeto estrutural: Grupo Dois e Quadrante Engenharia
>
Execução da obra: Consplan e RR Compacta
>
Fornecimento da estrutura de aço: Tibre
O aço está presente, além das estruturas, em marquises, mezaninos, passarelas e na cobertura da praça de alimentação, que tem vão de 21 m
10 ARQUITETURA&AÇO
O aço foi amplamente utilizado como elemento estrutural. No novo centro de compras,
>
Local: São Paulo, SP
>
Conclusão da obra: 2017
MAPEAMENTO 3D
Para atender ao cronograma de obras enxuto,
é ele que dá forma a marquises, mezaninos,
a estrutura metálica do Jardim Pamplona foi
fechamentos de vãos, passarelas, pavimento
concebida com todas as ligações parafusadas.
técnico, caixas de escada e caixas de elevado-
“Para aumentar a precisão da estrutura, foram
res. “Algumas áreas da estrutura de concreto
executados mapeamentos 3D com nuvens de
que não puderam ser reforçadas foram demo-
ponto em algumas áreas da construção. Isso
lidas e reconstruídas com estrutura em aço”,
permitiu uma perfeita integração com o pro-
conta o engenheiro Renato Pompéia Gioielli,
jeto 3D elaborado com tecnologia BIM”, expli-
diretor da Grupo Dois Engenharia. Segundo
ca Renato Gioielli.
ele, na execução dessas estruturas, o aço con-
O engenheiro da Grupo Dois lembra que,
tribuiu com velocidade de execução e leveza,
quando o projeto do shopping paulistano foi
permitindo o acréscimo de área construída. O
desenvolvido, as tecnologias de mapeamento
material também foi decisivo para viabilizar
3D com nuvens de pontos eram mais limitadas
a cobertura do último pavimento, que vence
em relação às informações geradas. “Hoje, essas
um vão livre de 21,4 m sobre a praça de ali-
soluções estão muito mais acessíveis, poden-
mentação.
do ser usadas em grande escala, uma vez que
“Foram utilizados os perfis laminados e de
proporcionam uma obra muito mais precisa,
abas paralelas (W e H), bem como perfis sol-
rápida e econômica”, diz Gioielli, ressaltando
dados e perfis compostos por chapa dobrada
que o mapeamento 3D é indicado para obras de
em volume menor”, explica Gioielli. Ele revela,
diferentes portes e é especialmente interessan-
ainda, que o projeto da estrutura metálica
te para construções com soluções estruturais
adotou, em sua maior parte, a mesma modu-
mistas, que combinam aço e concreto, como é o
lação da construção original, de 10 x 10,7 m.
caso do Jardim Pamplona. (J.N.) M
ARQUITETURA&AÇO
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Fotos Daniel Ducci
Exoesqueleto de aço permitiu reconfiguração completa da antiga casa de alvenaria, suportando novos pavimentos
AÇO À VISTA Estrutura em aço aparente permite transformação de casa do início do século XX, na região da Avenida Paulista, em coworking contemporâneo
12 ARQUITETURA&AÇO
LOCALIZADA A POUCOS METROS do coração
financeiro de São Paulo, a Casa Marília tem 450 m2, modestos quando comparados aos casarões que habitaram a Avenida Paulista. Para acompanhar as transformações pelas quais passa a cidade, essa sobrevivente – cuja primeira planta tem registro de 1915 – passou por um amplo retrofit, em que uma estrutura em aço aparente ampara novos usos e pavimentos adicionais. Embora a necessidade do cliente não fosse clara de início, Lula Gouveia, arquiteto e engenheiro, sócio do SuperLimão Studio, responsável pela obra, explica que o projeto desde o começo já previa flexibilidade para diferentes usos do espaço. “Focamos em um
Nova planta conta com espaços amplos sustentados por estrutura metálica, servidos por iluminação e ventilação naturais
projeto que poderia ser um escritório mono ou multiusuário e também ser adaptado para voltar a ser uma casa”, completa. Atualmente, o imóvel abriga um escritório de coworking – local de uso compartilhado, conectado a espaço coletivo maior. Revitalizar o imóvel sem danificar a estrutura existente foi o maior desafio da obra na Casa Marília. Áreas sem aproveitamento foram demolidas, permitindo o surgimento de dois novos andares e o acesso direto de todos os ambientes do imóvel a generosos terraços. Na obra, o aço cumpre função estrutural e estética. Um exoesqueleto formado por perfis em aço do tipo W (também conhecido como perfil estrutural) chama a atenção pelo contraste com os tijolos à vista e destaca a justaposição do antigo e do moderno. A estrutura em aço permitiu transferir parte das cargas dos tijolos autoportantes e dos pavimentos adicionais para as novas fundações, que foram executadas abaixo da casa existente e com certa distância das antigas paredes. Para complementar, criou-se uma cinta de coroamento em concreto armado, já que assoalhos e telhados foram retirados para abrir espaços que podem ser fechados de acordo com a necessidade do proprietário. Partes comprometidas da estrutura antiga ligados por tirantes, de maneira a impedir deformações nas paredes. Para evitar a formação de trincas devido às vibrações causadas pelos trens do metrô, as passagens do aço entre os tijolos receberam vedação em elastômero.
Fotos Maíra Acayaba
foram reforçadas com perfis metálicos externos
ARQUITETURA&AÇO
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>
Projeto arquitetônico: SuperLimão Studio
>
Área construída: 450 m²
>
Aço empregado: perfis laminados
>
Volume de aço: 18 t
>
Projeto estrutural: SuperLimão Studio e Ricardo Zulkes
>
Execução da obra: SuperLimão Studio
>
Local: São Paulo, SP
>
Conclusão da obra: 2014
te”, a estrutura em aço, cuja leveza e resistência foram determinantes para a sua escolha, conta com grande parte das peças em 10 polegadas e teve sua montagem cuidadosamente planejada para evitar soldagem in loco, atendendo a uma
Fotos Maíra Acayaba
Comparada por Gouveia a um “lego gigan-
solicitação do proprietário do imóvel. O compromisso com a sustentabilidade norteou diversas etapas da obra. As peças do assoalho de madeira, as vigas do telhado, os batentes, as portas e janelas originais e resultantes de reformas anteriores foram restaurados e reciclados de acordo com a função original ou remodelados para a criação de mobiliário. As paredes removidas para abrir espaços tiveram seus materiais reaproveitados nos fechamentos dos novos andares, sendo os superiores executados com caixilhos de correr, aliados a basculantes que permitem o controle da ventilação natural e otimizam a entrada de luz solar. As largas paredes originais aliam-se à ventilação cruzada e garantem conforto térmico, criando um ambiente agradável e minimizando o uso de ar-condicionado. Para finalizar, o uso da estrutura em aço permitiu menor geração de entulho, reduzindo, dessa forma, os gastos energéticos e a emissão de CO2 com o transporte. (M.P.) M 14 ARQUITETURA&AÇO
Elevação frontal
A solução estrutural adotada viabilizou a criação de dois novos pavimentos, além de terraços e acesso direto a todos os ambientes. Nos pavimentos superiores, os fechamentos são em caixilhos de correr, que permitem entrada de luz e ventilação
Assista à entrevista do arquiteto e engenheiro Lula Gouveia, sócio do SuperLimão Studio, na série Transformadores da Construção. Para acessar, basta apontar a câmera do seu celular ou tablet para o código acima e abrir o link com o conteúdo.
ARQUITETURA&AÇO
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CRESCIMENTO PLANEJADO
Fotos Construtora Afonso França
Para ampliar hospital em São Paulo, sem interrupção das suas atividades, novo edifício em aço é construído em cima de prédio existente
EM 2016, TEVE INÍCIO a elaboração do pro-
Sobre os novos pilares, que se estendem
jeto de remodelação de um dos prédios do
até o nível da cobertura do edifício antigo,
hospital Nove de Julho, em São Paulo. O gran-
foram então montadas grandes treliças de
de desafio apresentado para os projetistas foi
transição, inteiramente em aço, para vencer
fazer a ampliação do edifício que comporta
o vão entre eles e funcionar como base para
um centro cirúrgico sem que as atividades
os novos pavimentos. “São duas treliças sobre
– fundamentais para a instituição – fossem
27 m de vão e duas treliças secundárias sobre
interrompidas. A audaciosa solução encontra-
17 m. Elas foram instaladas sobre aparelhos
da por arquitetos e calculista foi construir os
de apoio tipo Rudloff, de forma a evitar que
novos pavimentos sobre o prédio existente,
surgissem esforços horizontais nos pilares de
lançando mão do aço como material funda-
concreto”, explica o engenheiro Juliano Lanza,
mental da nova estrutura.
da Codeme, empresa que forneceu e montou
Conforme explica o engenheiro de estru-
a estrutura em aço.
turas César Pereira Lopes, responsável pelo cál-
As treliças metálicas, descreve Lanza, for-
culo estrutural do projeto, o hospital dispunha
mam uma espécie de piso de transição, sobre
de edifício com quatro subsolos e apenas dois
o qual nascem todos os pilares do novo prédio,
pavimentos acima do nível da rua – este era o
em perfil I. “Fizemos a montagem em fábrica,
prédio que precisava ser ampliado sem gran-
de maneira a garantir o perfeito encaixe na
de impacto em suas operações. “Decidimos
obra. Como o canteiro era pequeno e a rua
implantar quatro pilares de concreto, com fun-
apertada, tínhamos de nos assegurar de que
dações novas em estaca-raiz, e executamos a
não haveria necessidade de realizar ajustes
ampliação com apoio apenas nestes”, descreve.
no local”, afirma Lanza.
16 ARQUITETURA&AÇO
As limitações de espaço no canteiro de obra e na própria Rua Peixoto Gomide, onde fica o prédio, exigiram esquema logístico especial, com descarregamento das peças em aço à noite e depósito provisório em nível elevado
Divulgação/Hospital Nove de Julho
Da planta da Codeme em Juiz de Fora
estabilizadora. Nos pavimentos, executamos
(MG), as treliças foram levadas ao canteiro
juntas de dilatação entre o núcleo de concre-
de obra e arqueadas in loco para atingirem a
to e as vigas”, explica Lanza.
flecha determinada em projeto.
Segundo Cássia Cavani, arquiteta res-
>
Projeto arquitetônico: Cavani Arquitetos
> >
Área construída: 3.800 m² Aço empregado: chapas:
Como explica Lanza, as duas treliças princi-
ponsável pelo projeto de remodelagem e
Civil 350 e laminados: ASTM
pais avançam do piso de transição até os pavi-
ampliação do edifício hospitalar, foi o aço que
572 GR50
mentos superiores como se fossem uma grande
viabilizou a intervenção – que seria quase
>
Volume de aço: 330 t
estrutura metálica de seis andares. “Isso exi-
impossível se empregasse outro material.
>
Projeto estrutural: Escritório
giu sequências construtivas combinadas. Não
"Pelas características do projeto e a necessi-
poderíamos concretar as lajes sem que tivesse
dade de manter o hospital com suas ativida-
sido efetuado o torqueamento das treliças.”
des normais, era fundamental que fosse uma
Para a execução da estrutura dos pavi-
obra limpa e com grande rapidez, de modo
mentos – constituída de pilares e vigas metá-
a interferir sobre a menor área e no menor
licos e lajes tipo steel deck –, a equipe de obra
tempo possível”, define.
construiu um nível provisório de 5 m de altu-
Com todas as restrições espaciais e o prazo
ra, onde as peças eram descarregadas à noite
exíguo, a obra exigiu a interdição de uma
e depois transportadas verticalmente para os
única sala do centro cirúrgico, aponta Cavani.
locais de montagem, conta Lanza.
Concluídos os novos pavimentos, a equipe
Completou a estrutura um núcleo de con-
realizou a renovação do prédio antigo. “Nada
creto que abriga os elevadores e integra tam-
parou de funcionar”, completa a arquiteta.
bém o prédio antigo. “Mas ele é independen-
A montagem da estrutura metálica foi reali-
te da estrutura metálica e não tem função
zada em apenas três meses. (E.C.L.) M
Técnico César Pereira Lopes >
Fornecimento da estrutura de aço: Codeme
>
Execução da obra: Afonso França
>
Local: São Paulo, SP
>
Conclusão da obra: 2018
ARQUITETURA&AÇO
17
Pedro Napolitano Prata
SALAS DE AULA EXPANDIDAS Abertura e contiguidade dos espaços, possibilitadas por estruturas em aço, nortearam a transformação de um galpão em sede de escola bilíngue em São Paulo
PARA TRANSFORMAR UM GALPÃO de tipo
industrial na sede da Wish Bilingual School, em São Paulo (SP), a equipe responsável pelo projeto planejou diversas ações de demolição, reconfigurando todo o espaço. O aço aparece em diferentes elementos estruturais e imprimiu mais leveza ao conjunto, facilitando a ventilação e a iluminação naturais. A escola adota uma proposta de educação holística, e o novo espaço da Wish School deveria refletir sua filosofia pedagógica servindo como catalizador para as atividades educacionais, que em grande parte ocorrem fora da sala de aula. “A partir disso, abordamos a sala de aula como um ponto de encontro”, conta Erico Botteselli, sócio-arquiteto do Garoa. Há salas fixas, com transparência nas vedações, e salas móveis, com painéis pivotantes. A ideia é estimular que as atividades pedagógicas se expandam para as áreas contíguas. Em consonância com a proposta, o pavimento inferior, que antes era “ermo e sem iluminação”, segundo Botteselli, foi transformado por cortes nas lajes existentes, nos quais foram instalados sheds de iluminação zenital. “Os cortes só foram possíveis com a utilização de aço laminado”, explica o arquiteto. A escolha do aço para a execução dos reforços estruturais deveu-se, como descreve o arquiteto, à sua praticidade e maior resistência. “Uma vez instalado o reforço, a laje existente já poderia começar a ser demolida. Se utilizássemos concreto, demoraríamos 27 dias para desenformar as vigas de reforço”, compara. Além disso, o aço viabilizou o uso de vigas mais esbeltas, liberando altura para o pé-direito, completa Botteselli.
Fotos Pedro Napolitano Prata
de reforços estruturais metálicos, com vigas
A planta do antigo galpão foi completamente transformada com o auxílio de estruturas em aço que viabilizaram a criação de espaços flexíveis, com iluminação natural e uso múltiplo
O arquiteto explica que foram utilizados quatro chumbadores UR de 16 mm na fixação das vigas de aço. “As vigas foram cortadas in loco e foram efetuados furos na laje existente para a passagem da corrente das talhas e içamento das vigas. Quando na posição correta, ARQUITETURA&AÇO
19
>
Projeto arquitetônico: Grupo Garoa
a alma das vigas era soldada às esperas metálicas chumbadas
Arquitetos Associados
na viga de concreto existente”, descreve.
>
Área construída: 1.166 m²
>
Aço empregado: ASTM A572
>
Volume de aço: 4 t
>
Projeto estrutural: Telecki Arquitetura de Projetos
Um pilar em V, também em aço, foi adotado para sustentação da rampa de acesso ao pavimento superior. O edifício já dispunha de cobertura metálica, com treliças conformadas por perfis de cantoneiras de abas iguais. O escritório buscou inspiração em referências internacio-
Execução da obra: Grupo Garoa
nais com o objetivo de entender a possibilidade de circulação
Arquitetos Associados
infinita e a conformação de espaços flexíveis, de uso múltiplo
>
Local: São Paulo, SP
– como no complexo Fukuoka Housing, projetado por Steve
>
Conclusão da obra: 2016
Holl na cidade de Fukuoka, Japão – para moldar o espaço de
>
acordo com o seu uso, por meio de paredes móveis. “A proposta encara os alunos como sujeitos ativos, agentes Desenhamos todos os espaços de forma que eles sejam propícios, cada um do seu jeito, à assimilação de conhecimento”, destaca Botteselli. (M.P.) M
Fotos Pedro Napolitano Prata
O aço foi um aliado essencial no projeto da Wish School e aparece tanto em elementos estruturais, como no pilar em V que suporta a rampa de acesso, nas vigas de reforço das lajes e na cobertura, como em escadas, guarda-corpos, esquadrias e outros elementos
capazes de compreender e moldar o espaço que lhes envolve.
20 ARQUITETURA&AÇO
Paulo Barros
AÇO PARA PROJETOS DE RETROFIT
O arquiteto Nelson Dupré visitou as instalações da Cinemateca Brasileira com a equipe de A&A, onde nos apresentou as intervenções ali realizadas e nos contou sobre sua atuação em diferentes obras de retrofit.
Para Nelson Dupré, arquiteto desde 1973 e professor de Projetos na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo (SP), obras de retrofit devem ter como princípio a demonstração evidente das intervenções realizadas, de maneira que as características originais do edifício não se confundam com os novos materiais empregados em sua recuperação. À frente do escritório que leva seu nome, foi o responsável pelo premiado projeto da Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, instalada onde havia sido a antiga Estação Ferroviária Júlio Prestes. Dupré é autor, também, de outras importantes obras de retrofit, como a da sede da Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), recentemente concluída, em São Paulo, e a da Cinemateca Brasileira, onde nos concedeu a entrevista a seguir, em que fala do seu trabalho e da sua visão sobre a construção em aço.
Arquitetura&Aço – Em seus projetos de retrofit, como se dá a decisão pelo uso do aço? Para assistir, basta apontar a câmera do seu celular ou tablet para o código acima e abrir o link para o vídeo.
Nelson Dupré – A escola de restauro em que acredito preconiza que toda intervenção seja clara no processo de restauração, para garantir que, visualmente, tudo aquilo que for incorporado à construção original possa ser bem identificado. Assim, há diálogo entre os materiais e podemos mostrar a intenção, as características do prédio restaurado e da nova intervenção. Quando se trata de um prédio executado em concreto, por exemplo, trabalho com aço. Além disso, geralmente é mais fácil trabalhar com aço porque ele permite que façamos montagens com mais simplicidade. ARQUITETURA&AÇO
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Fotos Nelson Dupré Arquitetura
Acima, prédio da Amazul, que recebeu envelopamento em aço patinável e um novo mezanino em aço em retrofit recentemente concluído. Na obra da Sala São Paulo, na página ao lado, importante obra de retrofit conduzida por Nelson Dupré, o aço teve um papel central, presente na estrutura do forro móvel, nos balcões, no mezanino, acessos e na cobertura
AA – Considerando as propriedades físicas do
o prédio inteiro é envelopado em aço patinável,
uso em retrofit?
tela de tecido em aço inox.
truir, de alguma maneira, elementos originais
AA – Quais foram os maiores desafios do pro-
aço, quais são as principais vantagens do seu ND – Qualquer intervenção que possa des-
da obra, eu procuro evitar. Por isso, preciso trabalhar com materiais que ofereçam flexibilidade e sejam bastante adaptáveis em
com proteções solares, em alguns lugares, em
jeto? Como o aço contribuiu para vencê-los?
ND – As questões determinantes eram o
custo e um prazo de execução muito curto.
diferentes situações. Esse tipo de facilidade
Tínhamos limitação de altura no prédio exis-
me convida a usar o aço. Além disso, com o
tente. Nas lajes e pisos novos de mezanino,
aço conseguimos soluções mais leves, não só
só poderíamos trabalhar com uma estrutura
fisicamente como visualmente.
metálica delgada, de forma que sobrasse um pé-direito adequado. Todos os forros foram
AA – Pensando em outros tipos de projeto,
executados em colmeia de aço galvanizado
soluções com estruturas em aço?
as instalações e elas sejam acessíveis através
que benefícios o senhor associa à opção por
para permitir que na parte superior estejam
ND – Os principais benefícios que enxergo
da própria grade. Precisávamos garantir que
no uso do aço na arquitetura estão em sua
o prédio tivesse custos de operação e manu-
sustentabilidade e capacidade de reciclagem.
tenção reduzidos.
Ele também propicia limpeza na construção. Outro aspecto importante é a esbeltez, a leveza do material, que possibilita lidar com os elementos de maneira dimensional com muito mais liberdade. O aço é muito maleável e per-
AA – No projeto da Sala São Paulo, o aço também foi utilizado?
ND – Sim. A construção do mezanino e aces-
sos, por exemplo, se dá com estrutura em aço
mite que nós tenhamos uma certa fantasia
e piso de madeira. No interior, o aço supor-
em relação às soluções que podemos adotar.
ta os balcões que adentram a sala. Na parte superior, a estrutura que suporta a movimen-
AA – Como aparece o aço em seu proje-
tação do forro é formada por treliças metá-
concluído?
da sala. Os painéis do forro móvel são em aço
to de retrofit para a Amazul, recentemente
22 ARQUITETURA&AÇO
licas grandes, apoiadas nas colunas internas
ND – A Amazul tinha um edifício pré-fabri-
revestidos em madeira e o piso técnico é em
cado. O reforço estrutural e mezanino foram
steel deck. A cobertura também é metálica,
integralmente executados em aço. Além disso,
com fechamento parcialmente em aço.
AA – Considerando sua experiência na área acadêmica, o senhor avalia que os temas rela-
cionados aos sistemas construtivos em aço já estão adequadamente inseridos na grade curricular dos cursos de arquitetura?
ND – Na universidade em que leciono, a Mackenzie, temos preocupação muito grande de não carimbar a arquitetura com o concreto aparente. E diversificamos bastante o uso de materiais. Procuramos trabalhar com estrutura metálica, estrutura de madeira e vidro, mostrando como esses materiais são bastante adequados ao uso, dependendo do tipo de construção. AA – Há disciplinas voltadas especificamente
AA – Ao longo da sua carreira, o senhor notou
ND – Na disciplina de Materiais e Técnicas,
ra? O senhor acredita que projetistas e cons-
normalmente escolhemos em cada semestre
um tipo de material – e um deles é o aço.
Fotos Divulgação/ Dario de Freitas
Ao mesmo tempo, utilizamos esses materiais
mudanças na cultura da construção brasileitrutores estão mais abertos ao uso do aço?
ND – Eu acho que estamos mudando de patamar. A construção no Brasil se fez com con-
na cadeira de Projetos, de modo que todos os
creto, basicamente, porque se julgava mais
projetos do semestre devem utilizar o mate-
fácil trabalhar com ele e a mão de obra dis-
rial selecionado em Materiais e Técnicas. Não
ponível não tinha muita qualificação. Hoje,
há disciplina específica de retrofit, mas tam-
esse quadro começa a se alterar. Conseguimos
bém cuidamos do assunto. Levo grupos para
trabalhar com o aço de forma mais intensa
fazer visitas a obras realizadas e que tenham
e seu uso decorre muito mais de uma opção
linguagem diferente daquela com que estão
construtiva e não limitada por variáveis de
lidando na escola.
custo. (E.C.L.) M
“ Os principais benefícios que enxergo no uso do aço na arquitetura estão em sua sustentabilidade e capacidade de reciclagem.
“
à construção em aço?
ARQUITETURA&AÇO
23
Fotos Dario de Freitas/Dupré Arquitetura
INTEGRAÇÃO TEMPORAL PELO AÇO Estruturas metálicas e vidro trazem galpões do século XIX para a contemporaneidade na sede da Cinemateca Brasileira, em São Paulo
O COMPLEXO DE GALPÕES onde funcio-
“Nós entendemos que o edifício traz mar-
nava, desde 1884, o matadouro municipal na
cas do tempo que são importantes de serem
Vila Mariana, em São Paulo, passou a abrigar,
preservadas. Elas dão identidade e uma certa
na década de 1990, a Cinemateca Brasileira.
vida ao prédio”, define Dupré. Todos os com-
Elementos de aço e vidro foram fundamentais
ponentes do prédio que exigiram reforços ou
para recuperar os prédios tombados e possibi-
recuperações apresentam as marcas da inter-
litar os novos usos.
venção com clareza, de acordo com a filosofia
Os edifícios do antigo matadouro eram inteiramente de alvenaria, com coberturas
Estrutura em aço suporta a nova cobertura na sala de cinema e criou novo pavilhão entre colunas em ruína
de trabalho do arquiteto.
de estrutura de madeira. Após uma primeira
Na sala Cinemateca BNDES e em seu amplo foyer, com mais de 500 m2 de área,
intervenção nos anos 1990, o complexo passou
o aço aparece nos batentes instalados nas
por um abrangente retrofit, coordenado pelo
aberturas em arco, com largura 2,5 cm maior
arquiteto Nelson Dupré, professor da Univer-
do que a espessura das paredes, de forma
sidade Mackenzie.
que eles ficassem afastados dos parâmetros ARQUITETURA&AÇO
25
Fotos Dario de Freitas/Dupré Arquitetura
externos delas. “Como os vãos foram executados em tijolo aparente, apresentavam variação dimensional. Calandramos os batentes metáli-
Com elementos estruturais em aço visíveis, o projeto buscou evidenciar intervenções contemporâneas, seguindo padrão internacional para obras de restauro e recuperação
cos no local para permitir perfeito alinhamento com cada vão”, descreve o arquiteto.
>
Barras de neoprene aplicadas entre os
Projeto arquitetônico: Nelson Dupré; restauro: arquiteta Maria Luiza Dutra
tijolos originais e o aço garantem o isolamen-
>
Área construída: 1.818,44 m²
to acústico do novo espaço. O vidro instalado
>
Aço empregado: perfis W, H em aço
nas aberturas, insulado, completa a prote-
ASTM-A 572 GR50; perfis em chapa dobrada
ção contra vazamento de ruído – ao mesmo
ASTM 570 GR50; chapas e elementos
tempo em que permite iluminação e trans-
de ligação em MR250
parência até então inexistentes no conjunto
>
Volume de aço: 11,5 t
como um todo.
>
Projeto estrutural: Cia. de Projetos
>
Fornecimento da estrutura
A cobertura do galpão, cuja estrutura original de madeira, em condições precárias, não
de aço: Construmet
estava documentada, foi refeita em aço. “Optei
>
Execução da obra: Sfera Engenharia
por uma estrutura metálica poliarticulada, que
>
Local: São Paulo, SP
garantiu a mesma configuração morfológica,
>
Conclusão da obra: 2007
26 ARQUITETURA&AÇO
O desenho da cobertura metálica foi inspirado por solução utilizada em estação de bondes de 1870
mas de forma mais requintada e moderna”, explica Dupré. A inspiração para o desenho das tesouras veio de uma solução aplicada em uma estação de bondes carioca de 1870. Em uma pequena área ao lado da sala BNDES, havia colunas de alvenaria em concomo o espaço era utilizado. Ali, o arquiteto optou por estruturar uma caixa metálica com fechamento em vidro, cercada pelos antigos pilares, “que são elementos que indicam o que poderia ter sido aquele espaço”. O pavilhão novo assim formado funciona como sala de reuniões. Os blocos haviam sido tombados nas condições em que estavam em 1921, quando eram
Fotos Dario de Freitas/Dupré Arquitetura
dições de ruína, sem nenhuma indicação de
interligados por uma cobertura. “Em respeito à configuração de tombamento, tínhamos de preservar aquela indicação de cobertura comum”, lembra Dupré. A solução foram passarelas metálicas, com esbeltas vigas vagão e cobertura de vidro, partindo das entradas da Cinemateca e conduzindo até os acessos de cada prédio. A estrutura da cobertura é parcialmente sustentada por tirantes instalados nas paredes de alvenaria. “Deixamos um espaço de 1,8 m de cada lado, de modo que os prédios fossem de fato separados da cobertura.” Passados 12 anos do fim das obras de retrofit, a Cinemateca Brasileira ainda guarda o aspecto de espaço renovado e contemporâneo, algo propiciado pela combinação de aço e vidro. “Nossa maior preocupação quando elaboramos um projeto é apresentar a solução de menor custo operacional e de manutenção. Esses materiais que utilizamos aqui permitem limpeza e ganho de longevidade sem grandes necessidades de intervenção por um bom tempo. Quando visito a Cinemateca, parece que estou de volta à época em que as obras foram concluídas”, comenta Dupré. (E.C.L.) M ARQUITETURA&AÇO
27
28 ARQUITETURA&AÇO
FACHADAS HISTÓRICAS, USO CONTEMPORÂNEO No centro do Rio de Janeiro, aço permite transformar sobrados históricos em modernos espaços comerciais
Fábio Fernandes
O RETROFIT DE EDIFÍCIOS HISTÓRICOS
Autores do projeto de retrofit, os arqui-
normalmente envolve a superação de uma
tetos Celso Rayol e Fernando Costa, do Cité
série de desafios, seja em função do estado de
Arquitetura, contam que a estrutura metálica
conservação das construções existentes, seja
permitiu isolar as fachadas da estrutura, o que
pela necessidade de preservar e adaptar as
trouxe ganhos em duas frentes. Em primeiro
estruturas às novas demandas dos usuários.
lugar, a medida garantiu maior liberdade para
Não foi diferente durante a revitalização
a recuperação das fachadas, submetidas a um
de um conjunto de sobrados contíguos na
processo de restauro minucioso que envolveu
Rua Miguel Couto, no centro da capital flumi-
toda a parte de ferro e cantaria. A construção
nense. Nesse caso, o objetivo era converter as
de uma estrutura independente também faci-
edificações de estilo arquitetônico típico do
litou as intervenções no interior da edificação,
final do século XIX e começo do século XX em
incluindo a implementação de halls de acesso
um empreendimento com quatro lojas e sete
para as circulações verticais e a construção de
salas comerciais. Também era preciso ampliar
um mezanino.
a área útil e preservar as fachadas de alto valor
As estruturas metálicas se conectam com
histórico. Tudo isso sem causar impactos na
a fachada apenas por um rebaixo da laje na
estrutura existente e no entorno, sobretudo na
nova estrutura. “Mantivemos um trecho de
vizinha igreja matriz de Santa Rita, tombada
aproximadamente 3 m das alvenarias origi-
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-
nais perpendiculares à fachada e fizemos uma
tico Nacional.
ligação com ela utilizando chapas metálicas
Para viabilizar o projeto, foram combi-
e chumbadores. Concluída a montagem da
nadas técnicas de construção e de restauro.
nova estrutura interna em aço, executamos
A mais impactante delas foi a utilização da
as ligações por solda”, revela o engenheiro
estrutura em aço, que atuou como redutor de
Cândido Magalhães, responsável pelo projeto
esforços físicos incidentes nas fachadas.
estrutural.
A estrutura metálica isolou a fachada durante a obra, dando mais liberdade para o trabalho de restauro ARQUITETURA&AÇO
29
As pequenas dimensões das peças estruturais em aço permitiram uso otimizado dos espaços e plantas flexíveis
Harmonia nos contrastes
A revitalização concebida pelos arquitetos do Cité procurou valorizar a estética dos materiais, contrapondo, sempre que possível, o novo e o antigo. Nesse sentido, a estética do aço estabeleceu um contraste interessante com as formas clássicas da fachada e com a rusticidade dos materiais preexistentes. Fotos Fábio Fernandes
De acordo com Magalhães, a estrutura metálica agregou, ainda, outros benefícios para a intervenção. “O aço permitiu que usássemos vigas menores, resultando em uma arquitetura mais elegante”, comenta o engenheiro. Ele lembra que o material também foi importante para viabilizar a escavação de um novo pavimento de subsolo, onde antes ficavam os antigos baldrames, sem >
Projeto de arquitetônico: Cité Arquitetura; consultoria em Restauro: Quorum Rio
danificar as fachadas originais da edificação. O conjunto de sobrados na Miguel Couto rece-
>
Área construída: 3.660,06 m²
beu novas fundações em aço, capazes de suportar
>
Aço empregado: perfis laminados ASTM A572 GR50
as cargas da edificação. Os baldrames originais,
Volume de aço: 230 t
contudo, foram parcialmente mantidos e adqui-
>
Projeto estrutural: Abilitá Projetos Estruturais
riram um novo status, ora apoiados em pilares
>
Fornecimento da estrutura de aço: Campanha de Moraes
de aço, ora acondicionados em invólucros no piso
Engenharia
e expostos como fragmentos do passado. Uma
>
Execução da obra: Campanha de Moraes
parte desmontada dos baldrames foi reaprovei-
>
Local: Rio de Janeiro, RJ
tada, ainda, para compor novas paredes aloca-
>
Conclusão da obra: 2018
das estrategicamente para adicionar uma textura
>
nova e, mais uma vez, remeter ao passado. 30 ARQUITETURA&AÇO
No canteiro de espaços restritos, a estrutura em aço colaborou para prover uma obra mais limpa e íntegra, com menos vibrações no entorno. No entanto, exigiu um esforço logístico das equipes, principalmente em função da pequena dimensão dos vãos para a passagem de pilares e vigas. “Em alguns momentos, foi necessário particionar as estruturas para conseguir colocar todos os elementos no canteiro”, revelam os arquitetos.
Conjunto ampliado
O projeto realizado no centro do Rio permitiu que o conjunto edificado passasse dos dois pavimentos de um sobrado típico para um prédio com três andares e um subsolo, com plantas flexíveis que abrem diferentes configurações de layout. Além da preservação, o retrofit teve como uma das suas preocupações otimizar os espaambientes generosos com farta luz natural e uma materialidade que traduzisse a passagem do tempo. Nesse sentido, ajudaram bastante os grandes vãos das esquadrias, que favorecem a entrada de iluminação natural, e a construção de uma claraboia para ventilação. (J.N.) M
Fotos Fábio Fernandes
ços. A ideia, segundo Rayol e Costa, era obter
ARQUITETURA&AÇO
31
Imagens Divulgação/Glória 122
MEMÓRIA PRESERVADA Demolido para dar lugar a um edifício de lajes corporativas, prédio art déco dos anos 1940 tem fachada original mantida com adoção de estrutura provisória em aço
32 ARQUITETURA&AÇO
O PROJETO do empreendimento Glória 122,
o prédio existente. As imprecisões dimensio-
no Rio de Janeiro, conseguiu combinar o arrojo
nais na edificação antiga precisavam ser trata-
dos edifícios comerciais contemporâneos com
das em nosso projeto”, analisa Capaz.
o visual art déco da primeira metade do século
Inicialmente, o engenheiro de estruturas
XX. A fachada original do edifício E. G. Fontes
Francisco Graziano previu construir a nova
foi inteiramente preservada e conjugada à
estrutura por dentro da antiga para, posterior-
nova edificação – algo que só foi possível com
mente, demoli-la de cima para baixo. “Seria
o uso de uma estrutura provisória em aço ao
uma solução mais conservadora, mas tería-
longo do processo construtivo.
mos problema com o prazo”, afirma.
Conforme explica o arquiteto Charbel
Foi aí que surgiu a ideia de criar uma
Capaz, do escritório De Fournier e Associados,
estrutura provisória, inteiramente metálica e
a ideia inicial era demolir totalmente o edifício
assentada em fundação específica para ela,
dos anos 1940 existente na Rua da Glória. “Não
que pudesse estabilizar a fachada enquanto
havia tombamento, mas a Prefeitura optou,
o novo edifício fosse construído. “Concluída
durante o processo de licenciamento, por pre-
a nova estrutura metálica, que passaria por
servar as características da fachada. Então,
dentro do prédio existente, poderíamos iniciar
alteramos o projeto, preservando-a enquanto
a demolição”, lembra Graziano.
o novo edifício era construído por trás”, explica.
Conforme detalha o engenheiro Fábio
Com a nova concepção, a equipe de projeto
Campos, da construtora RFM, os perfis metá-
passou a trabalhar na perspectiva de transfor-
licos perfuravam as lajes do prédio antigo e
mar um prédio residencial em um edifício de
eram criadas chapas de ligação com os pila-
lajes corporativas. “O primeiro passo foi fazer
res. “Abraçávamos os pilares com uma chapa
um projeto as built muito preciso, de forma a
metálica, criando uma grande treliça nas
reunirmos todo conhecimento possível sobre
costas da fachada até a cobertura”, descreve.
Por trás da fachada histórica, há um edifício de linhas contemporâneas. Uma passarela em aço liga o prédio a um restaurante, também executados em aço
ARQUITETURA&AÇO
33
Imagens Divulgação/Glória 122
No trabalho de demolição, as ligações entre fachada e estrutura antiga foram cortadas. “Sacadas da fachada, pórticos de entrada, marquise, platibanda da cobertura e um trecho de 1 m de laje da fachada: tudo isso ficou preservado”, completa Campos. De acordo com Cláudio Cardoso, da Eleve – empresa que forneceu e montou a estrutura em aço –, a grande treliça metálica foi desmontada à medida que as novas lajes eram grampeadas à fachada. “Foi um trabalho desafiador, que durou cerca de dois meses. Tínhamos conhecimento desse tipo de solução, mas nunca havíamos executado algo assim”, afirma Cardoso. Para Fábio Campos, não seria possível conceber essa solução sem o emprego do aço.
Solução inovadora, com estrutura provisória em aço, possibilitou preservar a fachada original do antigo edifício
“Além de permitir a desmobilização posterior, a estrutura em aço possibilitou adequarmos as medidas entre os componentes novos e a fachada antiga. Havia muita imprecisão e
>
>
>
Fornecimento da
variações, por se tratar de edificação de mui-
De Fournier e Associados
estrutura de aço: Eleve
tas décadas atrás”, analisa.
Área construída:
– Comércio e Montagem
O novo edifício conta com um restaurante
20.865,16 m²
de Estruturas Metálicas
em área lateral, instalado sobre um platô de
Execução da obra: RFM
rocha e totalmente estruturado em aço, com
Construtora
fechamentos em vidro. Uma plataforma tam-
Projeto arquitetônico:
Aço empregado:
>
>
ASTM A572 GR50 >
Volume de aço: 380 t
>
Local: Rio de Janeiro, RJ
bém metálica, com os perfis aparentes, liga
>
Projeto estrutural:
>
Conclusão da obra: 2016
o espaço a um pavimento intermediário do
Pasqua & Graziano
edifício. “A construção em aço permitiu leveza e transparência, dando a impressão de que o restaurante flutua sobre a pedra”, aponta o arquiteto Capaz. (E.C.L.) M
34 ARQUITETURA&AÇO
INDUSTRIAL E FLEXÍVEL
Marcelo Donadussi
Com o apoio de estruturas metálicas, retrofit em Porto Alegre cria escritórios modernos e amplos em área com pequeno edifício e galpão
ARQUITETURA&AÇO
35
Marcelo Donadussi
A THYSSENKRUPP é uma organização alemã
que atua globalmente em diferentes negócios no setor industrial. Quando os arquitetos do estúdio Arquitetura Nacional assumiram a tarefa de criar os novos escritórios adminis-
trativos para a companhia, em Porto Alegre (RS), os objetivos eram muito claros. Antes de tudo era necessário assegurar a um grande número de colaboradores conforto e praticidade. Também era desejável obter um visual industrial e sóbrio, que comunicasse valores defendidos pela multinacional, como inovação e tecnologia. Por fim, mas não menos importante, era necessário gerar espaços flexíveis, de modo a garantir uma ocupa-
Um mezanino em aço no espaço do galpão amplia a área para estações de trabalho e o conecta ao segundo andar do outro edifício
>
Projeto arquitetônico: Arquitetura Nacional
>
Área construída: 1.707,53 m²
>
Aço empregado: ASTM A572 GR50
>
Volume do aço: 23,5 t
>
ção planejada em duas etapas: inicialmente,
Projeto estrutural: Carpeggiani Projetos Estruturais e Cótica Engenharia
seriam abrigados cerca de 100 funcionários;
>
Fornecimento da estrutura de aço: Imezza
na segunda fase, as instalações seriam preen-
>
Execução da obra: Cótica Engenharia
chidas com até 240 pessoas.
>
Local: Porto Alegre, RS
>
Conclusão da obra: 2016
O ponto de partida foi uma área de 1.763 m2 na movimentada Avenida Sertório, na zona norte da cidade. No local de implan36 ARQUITETURA&AÇO
tação, havia um edifício de dois andares na parte frontal e um pavilhão de armazenamento nos fundos. O edifício preexistente tinha estrutura de concreto e fechamento de alvenaria. Já o pavilhão era composto por estrutura de concreto e cobertura metálica. “Como ambas edificações possuíam estrutura e paredes em alvenaria de ótima qualidade, foi decidido mantê-las e destacá-las, diferenciando-as de todas as novas intervenções, que foram pintadas em preto”, explica o arquiteto Lucas Pessatto. Entre os volumes existentes, havia algumas construções em alvenaria que foram demolidas, o que viabilizou a criação de uma conexão direta entre as edificações por meio de uma nova construção central. Esse módulo adicional, inteiramente estruturado em aço, exerce múltiplas funções. Ele abriga novos conjuntos de sanitários necessários para atender ao número de usuários e amplia a área técnica. A nova edi-
contratante optou por uma solução mais eco-
ficação permitiu, ainda, deslocar a entrada
nômica, com lajes compostas por vigas pré-
principal do escritório para uma rua lateral,
-moldadas de concreto e fechamento de blo-
de menor movimento, e criar uma cone-
cos vazados de concreto.
xão contínua entre o edifício existente e o
Bastante leve, a estrutura em aço utilizada
mezanino recém-erguido, aproveitando o pé-
no projeto gaúcho empregou fundamental-
-direito generoso do pavilhão. “Uma futura
mente conexões soldadas. Tanto o mezanino
duplicação deste mezanino já foi planejada
como o volume central foram fixados à estru-
para tornar possível a ocupação máxima do
tura de concreto por meio de interfaces como
espaço”, conta Pessatto.
chapas de aço, de fácil execução, mas que exi-
Estrutura mista
giram um minucioso estudo prévio. Segundo Pessatto, o ponto mais crítico do
O aço foi decisivo para viabilizar o retrofit
cálculo se deu no volume dos banheiros, espe-
na capital gaúcha. Ele permitiu, por exemplo,
cialmente porque eles precisavam abrigar dois
atender ao prazo de 90 dias para a execução
reservatórios superiores de água. “Toda essa
das estruturas adicionais. “Esse foi um desa-
estrutura acrescida à estrutura de concreto
fio, ainda mais diante das condições apre-
exigiu a inserção de vigamento extra”, lembra
sentadas. Havia pouca informação sobre a
o arquiteto.
construção original e muitas restrições aos
Sobre todo o conjunto da Thyssenkrupp
acessos à obra”, comenta a arquiteta Mariana
foram instaladas telhas metálicas. Para
Cótica, diretora da Cótica Engenharia.
melhorar o desempenho termoacústico nos
O projeto estrutural inicial, elaborado
escritórios, sobre a ampla área do galpão
pela Carpeggiani, previa a combinação da
foram especificadas telhas do tipo sanduíche,
estrutura metálica com lajes em painel wall.
sustentadas por vigas e treliças de aço em
No entanto, por uma questão de custos, o
arco. (J.N.) M ARQUITETURA&AÇO
37
DUPLA SOLUÇÃO EM AÇO
André Nazareth
Após anos abandonado, hotel do início do século XX recebe reforço e edifício anexo em aço para reiniciar operação no Rio de Janeiro
APÓS DÉCADAS DE ABANDONO, os edi-
trução de uma nova edificação nos fundos.
fícios que um dia abrigaram o Grande Hotel
O conjunto foi reinaugurado como hotel 55/
Bragança no centro histórico do Rio de Janeiro
RIO, e, neste ano, passou a sediar o Selina Lapa,
foram inteiramente restaurados e remodela-
primeiro hotel da rede panamenha no Brasil.
dos para ser uma das opções de hospedagem
De acordo com a arquiteta e sócia do A+,
para o público da Olimpíada de 2016. O uso do
Bianca Bruno, o uso do aço foi fundamental para
aço em reforços estruturais e na construção de
entregar a obra a tempo dos jogos olímpicos.
>
Projeto arquitetônico: a + arquitetura
>
Área construída: 5.577,57 m²
>
Aço empregado: edifício antigo: perfis laminados,
um novo edifício contíguo foi determinante
Conforme explica Danny Shpielman, dire-
para que a obra fosse concluída a tempo de
tor da Gerpro Engenharia, empresa responsá-
chumbadores de aço ASTM
receber os turistas.
placas de base e
vel pelo gerenciamento da obra, a maior parte
A572 GR50; edifício novo:
A recuperação de um patrimônio histó-
da estrutura antiga era de madeira e estava
ASTM A572 GR50 e ASTM
rico sem manutenção durante tanto tempo
muito danificada pela ação do tempo. “Barrotes
A36, chapas de ligação
ficou a cargo do escritório A+ Arquitetura,
e assoalhos de madeira, comidos por cupins,
ASTM A36, steel deck mf-50
que projetou o retrofit do estabelecimento
foram inteiramente removidos. Mantivemos
e=0.8mm ASTM A653 GR40.
fundado em 1906, perto dos arcos do boêmio
apenas as paredes periféricas. Todos os ele-
>
Volume de aço: 72,8 t
bairro da Lapa.
mentos internos, incluindo o poço de elevador
>
Projeto estrutural: Martifer
e escadas, foram executados em aço”, relembra.
>
Execução da obra:
O projeto incluiu restauro e recuperação de dois prédios existentes – bens preservados
As duas edificações antigas com quatro
pelo Patrimônio Municipal por meio da Lei do
pavimentos receberam uma nova estrutura
>
Corredor Cultural do Rio de Janeiro – e a cons-
em aço com perfis laminados e placas de base.
>Conclusão
38 ARQUITETURA&AÇO
Concrejato Local: Rio de Janeiro, RJ da obra: 2016
Montada no local, a estrutura foi fixada às paredes existentes com chumbadores metálicos. “Em um primeiro momento, pensou-se em reforçar as paredes externas existentes com concreto, mas o embasamento das edificações é composto por belas paredes de pedra aparente. Uma intervenção em concreto traria um impacto grande”, complementa Bianca. De acordo
Rua Visconde de Maranguaoe nº 09 Edificação onde funcionou o antigo Hotel Bragança. As fachadas, cúpulas e telhado foram restaurados preservando a volumetria da construção. As cores da fachada e das esquadrias foram escolhidas visando destacar a beleza da ornamentação e valorizar o conjunto arquitetônico, patrimônio cultural da cidade Pátio de Conexão com jardins e pérgolas em aço e vidro
com a arquiteta, a estrutura em aço permitiu uma intervenção mais discreta e elegante. O engenheiro Shpielman confirma o acerto na opção pelo aço. “Tínhamos um espaço bastante limitado no edifício histórico. O aço propiciou uma obra mais limpa, com canteiro
Edificação nova em linhas simples e cores neutras, estruturada em aço
reduzido e menor geração de entulho”, avalia. O principal desafio durante a execução, segundo Shpielman, foi garantir a estabilidade das paredes históricas durante o delicado
Rua Visconde de Maranguaoe nº 13 Sobrado existente. A fachada foi restaurada e recebeu pintura com cor semelhante à original
processo de limpeza e demolições parciais. “Enquanto removíamos os materiais danificados, era preciso escorar as paredes com cuidado. As vigas de aço instaladas cumpriram a função de travar a estrutura como um todo”, define. Internamente, foram realizadas modificações na planta, as quais permitiram a instalação de 14 quartos, de um bar no pavimento térreo e de uma área comum no terraço, de onde é possível observar a paisagem da Lapa e as duas belas cúpulas que coroam a edificação.
Contraste de blocos
Com objetivo de ampliar a capacidade do hotel
Ao lado, pérgolas instaladas no pátio que conecta os edifícios antigos ao novo prédio. Abaixo, à esquerda, montagem da estrutura em aço da nova edificação erguida para ampliar a capacidade do hotel; à direita, pilar e vigas em aço utilizados no reforço estrutural do prédio histórico
dimento, um nova edificação foi construída no terreno ao fundo dos prédios restaurados, com oito pavimentos e 106 novos quartos. O anexo foi totalmente estruturado em aço, explica Danny Shpielman, com pilares metálicos e lajes em steel deck. “As peças metálicas
Fotos André Nazareth
e dar viabilidade econômica ao empreen-
do novo prédio foram todas parafusadas no local. A solução com estrutura metálica viabilizou uma obra leve, com menor exigência de fundações. Também permitiu que a montagem fosse realizada de modo simples, com canteiro reduzido, em área de trânsito intenso e difícil acesso para caminhões”, acrescenta o engenheiro. (M.P.) M ARQUITETURA&AÇO
39
TRADIÇÃO PRESERVADA E RENOVADA Intervenções metálicas transformam galpão dos anos 1930 na Fábrica de Gaiteiros, projeto de educação na arte das gaitas-ponto no Rio Grande do Sul
UM PAVILHÃO DE 1932 às margens do Rio Guaíba,
na região metropolitana de Porto Alegre (RS), já
havia abrigado diferentes manufaturas ao longo da sua história, de estaleiro a uma fábrica de farinha. Em 2014, tornou-se sede de um projeto inusitado, o da Fábrica de Gaiteiros, idealizado pelo músico gaúcho Renato Borghetti. Para assumir a nova atividade, o edifício passou por uma renovação que procurou, a um só tempo, manter as características originais e permitir os novos usos. A contribuição do aço foi fundamental no projeto. A ideia de criar uma fábrica de gaitas-ponto e ensinar crianças e adolescentes a tocar o instrumento surgiu para Borghetti há cerca de 11 anos. Há mais ou menos sete anos, formou-se a primeira turma de jovens estudantes do instrumento. Atualmente, a iniciativa está presente em diferentes municípios gaúchos e catarinenses. Na fábrica, na cidade de Barra do Ribeiro, são produzidas todas as gaitas usadas nos cursos, conforme explica Emily Borghetti, filha de Segundo Emily, o prédio estava sem uso havia algum tempo, com sinais de deterioração. “Pintamos e tratamos as paredes externas, mas resolvemos não intervir no frontão. A ideia é que as pessoas perce40 ARQUITETURA&AÇO
Marcelo Donadussi
Renato e arquiteta que assina o projeto da Fábrica.
Do mezanino, áreas de fabricação das gaitas no térreo são visíveis por abertura da estrutura metálica conjugada com vidro
ARQUITETURA&AÇO
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O frontão do galpão fabril dos anos 1930 foi mantido parcialmente sem restauro, marcando a passagem do tempo. A entrada contrasta com o espaço interno moderno e funcional, repleto de elementos em aço
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Projeto arquitetônico: Emily Borghetti
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Área construída: 877,33 m²
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Aço empregado: ASTM A36
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Volume de aço: 4,7 t
>
Projeto estrutural: Poolmak Estruturas Metálicas
Fotos Marcelo Donadussi
>
42 ARQUITETURA&AÇO
Fornecimento da estrutura de aço: Poolmak Estruturas Metálicas
>
Execução da obra: Genaro Vladimir Santos Rodrigues
>
Local: Barra do Ribeiro, RS
>
Conclusão da obra: 2014
mentos da estrutura podem ser vistos pelos frequentadores do edifício, já que as paredes foram descascadas de modo a deixar aparentes os materiais empregados na construção. “Tudo está bruto para que se cumpra uma
Fotos Marcelo Donadussi
bam a ação do tempo no prédio”, afirma. Ele-
função didática”, analisa a arquiteta. As alterações no pavilhão tiveram o aço como principal elemento estruturante. “A cobertura tinha estrutura de madeira e estava muito comprometida. Demolimos e refizemos completamente, empregando estrutura e telhas em aço”, lembra o engenheiro Genaro Santos Rodrigues, responsável pela obra. Segundo Rodrigues, as paredes do galpão são de alvenaria, compostas por tijolos antigos de grande dimensão e sem outros elementos estruturantes. A empresa que forneceu a estrutura metálica da cobertura, a Poolmak, aconselhou que se fizessem reforços para que as novas tesouras fossem instaladas sobre elas. “A construtora abriu coxins na alvenaria, com amarração em aço e concreto. A nova estrutura da cobertura foi fixada diretamente sobre os coxins”, esclarece Maykon Dalberto, gerente comercial da Poolmak. Emily Borghetti lembra que a disposição das tesouras da cobertura, que cortavam significativamente o pé-direito do galpão, fez surgir a ideia de um mezanino, inteiramente executado em aço. Nele, foram instaladas uma área de exposição com a história do pré-
Antiga estrutura da cobertura, em madeira, não pôde ser recuperada e foi substituída por tesouras metálicas. Uma grande janela, aberta no fundo do auditório do piso superior e estruturada em aço, dá vista para o lago Guaíba
dio e do projeto da Fábrica de Gaiteiros e, ao fundo, um auditório com 85 lugares, onde os alunos podem apresentar o que aprenderam no projeto. No térreo, uma ala compreende os espaços para as diversas etapas de fabricação das gaitas e a outra abriga as salas de aula e uma biblioteca. Ao fundo, uma área de convivência faz a conexão com a margem do Guaíba. Todas as divisórias entre os espaços são igualmente estruturadas em metal, bem como uma grande janela instalada na face do prédio voltada ao lago. Segundo Dalberto, da Poolmak, a montagem de toda a parte metálica levou somente 30 dias. (E.C.L.) M ARQUITETURA&AÇO
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Fotos Consórcio TransBrasil
PONTE ALARGADA EM PRAZO CURTO Inteiramente montada na fábrica e levada pronta para instalação, ponte do BRT Transbrasil, no Rio de Janeiro, teve estrutura em aço concluída em uma semana QUANDO CONCLUÍDO, o corredor expresso
do BRT Transbrasil ligará o bairro de Deodoro, na Zona Oeste, ao centro do Rio de Janeiro, seguindo o trajeto da Avenida Brasil, uma das principais vias da cidade. A implantação da calha exclusiva exigiu diversas intervenções na avenida, com a construção de pontes e viadutos, muitos deles em aço – o que possibilitou obras aceleradas em alguns trechos. Conforme explica Wagner Diniz da Silva, engenheiro da Coba Engenharia, empresa responsável pelos projetos da parte viária e de obras de arte especiais, as dimensões e características básicas de cada trecho foram determinantes na escolha do material a ser utilizado em cada ponte ou viaduto. “Definimos que para vencer vãos de até 30 m usaríamos concreto 44 ARQUITETURA&AÇO
Estrutura metálica alargou ponte existente e criou novas faixas na avenida
usaríamos estrutura metálica”, afirma Silva. Uma das intervenções em aço foi o alargamento da ponte sobre o Rio Acari, na Zona
Consórcio TransBrasil
protendido. Para vãos maiores ou em curva,
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Projeto arquitetônico: Coba Brasil e Serpen
>
Área construída: 856 m²
>
Aço empregado: USI SAC 350
Norte. Como explica Adriano Joslin, enge-
>
Volume de aço: 94 t
nheiro da Brafer – empresa responsável
>
Projeto estrutural:
pelo fornecimento e montagem das estru-
Coba Brasil
turas metálicas –, a ponte já existente sobre
>
o curso d’água precisava ser ampliada para
Fornecimento da estrutura de aço: Brafer
receber a faixa exclusiva do BRT, sem que
>
se perdesse espaço para os outros veículos.
Execução da obra: Consórcio Transbrasil
“Uma nova ponte metálica, contígua à ponte
>
Local: Rio de Janeiro
já existente, cumpriu a função de alargar a
>
Data do projeto: 2017
via”, descreve Joslin. Com 40 m de comprimento, as vigas da ponte foram transportadas inteiramente montadas para o local de implantação. “A nossa fábrica no Rio de Janeiro localiza-se em área próxima ao trecho da intervenção e, por isso, decidimos fazer a montagem completa em nossa planta e levar as vigas em transporte especial. As vigas chegavam prontas e nós só precisávamos tirá-las do caminhão e
Diversas pontes e viadutos em aço foram instaladas no BRT Transbrasil, como neste trecho no bairro do Caju, onde um viaduto de 50 m de comprimento, executado em treliças metálicas, recebeu lajes em steel deck para minimizar o período de fechamento da Avenida Brasil
instalá-las na posição final”, acrescenta Joslin.
Wagner Diniz Silva confirma que o uso
Conforme recorda o engenheiro Wagner
do aço nas pontes e viadutos da Transbra-
Silva, a falta de pontos de apoio para a realização dos trabalhos no trecho foi um dos desafios na execução da ponte, uma vez que há
vencimento de vãos sem escoramento cen-
comunidades nos dois lados da pista e o próprio rio limitava as possibilidades da equipe de obra. A solução, explica, foi empregar um
leveza”, completa Adriano Joslin.
guindaste com capacidade de 500 toneladas.
Projeto arquitetônico: Coba Brasil e Serpen
sil propiciou mais velocidade na execução e
>
Área construída: 856 m²
leveza estrutural, além de ter possibilitado o
>
Aço empregado: aço estrutural Civil 350
tral. “Conseguimos fazer uma obra limpa, sem
>
Volume de aço: 94 t
agressão ao ambiente e com mais esbeltez e
>
Projeto estrutural:
Em outro trecho da Transbrasil, no bairro
“Inicialmente, posicionavam-se as vigas
do Caju, Zona Portuária do Rio de Janeiro, um
principais, depois as transversinas e, então, iniciava-se a concretagem”, descreve Silva. Segundo o engenheiro, ao contrário de alguns
de maneira planejada, de modo a requerer
dos viadutos executados na Avenida Brasil, na
o fechamento da Avenida Brasil pelo menor
ponte de Acari não foram empregadas fôrmas
tempo possível.
do tipo steel deck.
>
Coba Brasil >
Fornecimento da estrutura de aço: Brafer
grande viaduto estruturado em treliças metá-
>
Local: Rio de Janeiro, RJ
licas, com 50 m de comprimento, foi montado
>
Conclusão da obra: 2016
“Nesse viaduto, as lajes em steel deck favo-
De acordo com Joslin, o processo todo foi
receram a celeridade da execução, porque a
concluído em apenas uma semana. “Sem a
estrutura já foi içada com as fôrmas e, logo a
necessidade de soldagem, conseguimos ace-
seguir, fizemos a concretagem”, lembra Silva.
lerar o cronograma e reduzir as interferências
A Secretaria Municipal de Transportes do
na própria via e nas comunidades vizinhas,
Rio de Janeiro prevê que trechos do BRT Trans-
evitando, por exemplo, o tráfego ampliado de
brasil comecem a operar no segundo semestre
caminhões com insumos de obra”, define.
de 2020. (E.C.L.) M ARQUITETURA&AÇO
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Hospital em Belo Horizonte tem sua área duplicada e passa por completa transformação
Com 38 mil m² de área construída, a nova unidade da Oncomed em Belo Horizonte (MG) exigiu a completa transformação de um hospital oftalmológico dos anos 1970, com ampliação da área total e readequação das plantas. O aço tem sido um grande aliado dos profissionais envolvidos no processo de retrofit. Previsto para ser inaugurado em julho de 2020, o Instituto Oncomed de Saúde e Longevidade será um centro médico-hospitalar voltado para a oncologia, cardiologia, oftalmologia e outras especialidades. O novo prédio abrigará 200 leitos hospitalares e apresentará diversos diferenciais arquitetônicos, como o maior telhado verde da América Latina, espaços de convivência e relaxamento para pacientes e familiares e o cuidado com sua forma, os materiais e a inserção em um sítio com fortes 46 ARQUITETURA&AÇO
envolventes ambientais, ao pé da Serra do Curral, símbolo da cidade de Belo Horizonte. “As instalações do antigo hospital eram insuficientes em área e qualidade para as novas necessidades. Sua planta foi inteiramente modificada, substituindo-se os pavimentos muito profundos com insuficiência de ventilação e iluminação anteriormente existentes. Houve ainda demolição de andares técnicos incompatíveis com as exigências técnicas e tecnológicas atuais e substituição de formas e materiais em desarmonia com a paisagem local”, afirma a arquiteta Fernanda Verdolim Cancherini, coordenadora de projetos no Instituto Oncomed. Com estrutura de concreto armado, o edifício sofreu diversas intervenções em aço. Novas vigas e pilares metálicos foram instalados para suportar cargas distintas em cada região do
“ Outro aspecto importante foi a questão da esbeltez das peças estruturais em aço, sem as quais não conseguiríamos superar as limitações de pé-direito, vãos e alturas exigidas pelos órgãos reguladores.
“
AMPLO E MODERNO
ACONTECE
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Projeto arquitetônico: Campi Consultoria em Arquitetura Ltda. (Fases 1 e 2), Quattromani Arquitetos Associados Ltda. (Fase 1) e MOA Arquitetura (Fase 2)
>
Área construída: 36.844 m²
>
Aço empregado:
- Perfis I soldados de alma plana: aço estrutural Civil 350 - Perfis I laminados: ASTM-A572 GR50 - Demais perfis laminados: ASTM-A36 >
Volume de aço: 1.350 t
>
Projeto estrutural: Codeme Engenharia e Bedê Engenharia de Estruturas
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Fornecimento da estrutura de aço: Codeme Engenharia
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Execução da obra: GND Construções
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Local: Belo Horizonte, MG
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Conclusão da obra: 2020
A concepção do prédio em bandejas lineares escalonadas remete ao perfil da serra e contribui para sua integração à paisagem do entorno. Na página ao lado, fachada com o revestimento em aço patinável reforça a harmonia do conjunto
Fotos cedidas pelo Instituto Oncomed
hospital, como foi o caso dos reforços pontuais nas áreas que receberão equipamentos de imagem, tratamento e cirurgia. De acordo com a arquiteta, a opção pela estrutura em aço garantiu rapidez de execução e facilidade de adaptação à edificação preexistente. “Outro aspecto importante está relacionado à esbeltez das peças estruturais em aço, que permitiram superar as limitações de pé-direito, vãos e alturas exigidas pelos órgãos reguladores”, acrescenta ela, que ressalta, ainda, a facilidade para ligação das peças metálicas com o concreto e com equipamentos e esquadrias. Fernanda acrescenta que a ligação das peças metálicas com o concreto – e com equipamentos e esquadrias – foi outro aspecto positivo da adoção do aço no projeto. O aço também aparece nos terraços-jardins que atendem à concepção patrimonial e ambiental que norteia todo o projeto, instalados sobre lajes em steel deck. E, na fachada, o revestimento em aço patinável confere apelo estético e marca a identidade do conjunto. O projeto da nova unidade, conforme resume a arquiteta Fernanda Cancherini, tem três aspectos centrais: sua adaptação ao local, com fortes exigências patrimoniais e ambientais; sua concepção inteiramente baseada em princípios de sustentabilidade e eficiência energética; e a busca de tecnologias de ponta na área hospitalar, tanto em relação aos equipamentos e práticas como ao conceito do empreendimento, que vai além de uma instalação hospitalar convencional. Desde a distribuição espacial até definição dos acabamentos, mobiliários e iluminação, tudo foi pensado para criar um ambiente que siga conceitos modernos, como um um espaço de cura, alinhado às mais atuais tendências e com a certificação do Planetree, a acreditação que é referência mundial nos aspectos de humanização e cuidados centrados no paciente. (D.S.P.) M
ARQUITETURA&AÇO
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CONTATOS > ESCRITÓRIOS
Nelson Dupré www.duprearquitetura.com.br
Codeme Engenharia www.codeme.com.br
a+ arquitetura www.amaisarquitetura.com.br
Serpen www.serpen.com.br
Cótica Engenharia www.cotica.com.br
Arquitetura Nacional www.arquiteturanacional.com.br
SuperLimão Studio www.superlimao.com.br
Cavani Arquitetos www.cavaniarquitetos.com.br
Quattromani Arquitetos Associados (31) 3235-8700
Escritório Técnico César Pereira Lopes www.etclp.com.br
Cité Arquitetura www.citearquitetura.com.br/
UNA Arquitetos www.unaarquitetos.com.br
De Fournier e Associados www.defprojetos.com
> PROJETO ESTRUTURAL
Emily Borghetti emilyborghetti.arq@gmail.com
Abilitá Projetos Estruturais projetos@abilitaprojetos.com.br
Grupo Garoa Arquitetos Associados www.grupogaroa.com
Bedê Engenharia de Estruturas www.bede.com.br
L35ACIA Arquitetura www.l35.com
Carpeggiani Projetos Estruturais www.carpeggiani.eng.br
MOA Arquitetura www.moa-arq.com.br/wordpress/
Cia. de Projetos www.companhiadeprojetos.eng.br
DE ARQUITETURA
Coba Brasil www.coba.com.br
Engebrat Cons Eng e Projetos www.engebrat.com.br Engenheiro Ricardo Zulques www.brzengenharia.com.br Grupo Dois www.grupo2.com.br Martifer www.martifer.com Pasqua & Graziano www.pasquaegraziano.com.br Poolmak Estruturas Metálicas www.poolmak.com.br Telecki Arquitetura de Projetos www.telecki.com.br/obras.php
> ESTRUTURAS EM AÇO
Brafer www.brafer.com.br Codeme Engenharia www.codeme.com.br/ Construmet www.construmet.wordpress.com Eleve – Comércio e Montagem de Estruturas Metálicas c.cardoso@eleve.eng.br Imezza www.imezza.com.br Poolmak Estruturas Metálicas www.poolmak.com.br Tibre www.tibre.com.br
Concrejato www.concrejato.com.br Consplan www.consplan.com.br Cótica Engenharia www.cotica.com.br Gafisa / lk2 www.gafisa.com.br Genaro Vladimir Santos Rodrigues genarors@terra.com.br GND Construções www.gndconstrucoes.com.br RFM Construtora www.rfm.com.br RR Compacta www.rrcompacta.com.br
> EXECUÇÃO DA OBRA
Afonso França www.afonsofranca.com.br Campanha de Moraes www.campanhademoraes.com.br
EXPEDIENTE Revista Arquitetura & Aço é uma publicação semestral do CBCA (Centro Brasileiro da Construção em Aço) produzida pela Roma Editora CBCA: Rua do Mercado, 11 – 18º andar, Centro 20010-120 – Rio de Janeiro/RJ Tel.: (21) 3445-6332 cbca@acobrasil.org.br www.cbca-acobrasil.org.br
Roma Editora Rua Barão de Capanema, 343, 6º andar CEP 01411-011 – São Paulo/SP Tel.: (11) 3061-5778 cbca@arcdesign.com.br
GESTOR: INSTITUTO AÇO BRASIL
Edição de Textos Eduardo Campos Lima
Conselho Editorial Gerência Executiva – CBCA Rosane Beviláqua – Gerdau Humberto Bellei – Usiminas Silvia Scalzo – ArcelorMittal Tubarão
Redação Deborah Peleias, Eduardo Campos Lima, Juliana Nakamura e Mônica Pileggi
Revisão Geral Comissão Executiva do CBCA Publicidade Ricardo Werneck: (21) 3445-6332
Edição de Arte Cibele Cipola
Direção Cristiano S. Barata
Revisão Ortográfica Deborah Peleias
Endereço para envio de material: Revista Arquitetura & Aço – CBCA Rua do Mercado, 11 – 18º andar, Centro 20010-120 – Rio de Janeiro/RJ Tiragem: 5.000 exemplares Distribuídos para os principais escritórios de engenharia e arquitetura do país, construtoras, bibliotecas de universidades, professores de engenharia e arquitetura, prefeituras, associações ligadas ao segmento da construção e associados do CBCA. É permitida a reprodução total dos textos, desde que mencionada a fonte. É proibida a reprodução das fotos e desenhos, exceto mediante autorização expressa do autor.
Agradecemos a todos aqueles que contribuiram para a produção desta edição, fornecendo imagens, informações e comentários sobre as obras publicadas e os processos construtivos.
NÚMEROS ANTERIORES Os números anteriores da revista Arquitetura & Aço estão disponíveis para download na área de biblioteca do site: www.cbca-acobrasil.org.br A&A nº 01 - Edifícios Educacionais A&A nº 02 - Edifícios de Múltiplos Andares A&A nº 03 - Terminais de Passageiros A&A nº 04 - Shopping Centers e Centros Comerciais A&A nº 05 - Pontes e Passarelas A&A nº 06 - Residências A&A nº 07 - Hospitais e Clínicas A&A nº 08 - Indústrias A&A nº 09 - Edificações para o Esporte A&A nº 10 - Instalações Comerciais A&A nº 11 - Retrofit e Outras Intervenções A&A nº 12 - Lazer e Cultura A&A nº 13 - Edifícios de Múltiplos Andares A&A nº 14 - Equipamentos Urbanos A&A nº 15 - Marquises e Escadas A&A nº 16 - Coberturas A&A nº 17 - Instituições de Ensino II A&A nº 18 - Envelope A&A nº 19 - Residências II
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A&A nº 20 - Indústrias II A&A Especial - Copa do Mundo 2014 A&A nº 21 - Aeroportos A&A nº 22 - Copa 2010 A&A nº 23 - Habitações de Interesse Social A&A nº 24 - Metrô A&A nº 25 - Instituições de Ensino III A&A nº 26 - Mobilidade Urbana A&A nº 27 - Soluções Rápidas A&A nº 28 - Edifícios Corporativos A&A Especial - E stação Intermodal de Transporte Terrestre de Passageiros A&A nº 29 - Lazer e Cultura A&A nº 30 - Construção Sustentável A&A nº 31 - Construções para Olimpíadas A&A nº 32 - Instalações Comerciais II A&A nº 33 - Hotéis A&A nº 34 - Shopping Centers A&A nº 35 - Hospitais e Edificações para a Saúde
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Projetos e detalhamento de construção em aço
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Guia Orientativo da Construção em Aço
Disponível nas lojas Google Play Store e Apple Store
O Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA) acaba de lançar o Guia Orientativo da Construção em Aço, aplicativo que tem o objetivo de orientar investidores, construtoras, arquitetos, engenheiros, fabricantes, montadores e clientes finais para as boas práticas em relação à construção em aço, com critérios mínimos recomendados para as etapas de concepção à execução de projetos, fabricação, transporte e montagem de suas estruturas e interfaces.
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