R EV I STA B I M E S T R A L D E D E S I G N A R Q U I T E T U R A I N T E R I O R E S C U LT U R A
R$ 9,80 2001
Design gráfico
Nº 21 QUADRIFOGLIO EDITORA
Nº 21 ARC DESIGN
Containers
Artesanato
ISSN 1415-0271
2001
Escritórios
Novos Tênis
Foto Fernando Perelmutter
Elemento fundamental na construção do tênis, o sistema de amortecimento neutraliza as forças de impacto com o solo. Essas forças variam conforme o esporte jogado, o tamanho do atleta, o tipo de terreno, a distância a ser percorrida, a velocidade e a direção dos movimentos. Após o salto na quadra de basquete, por exemplo, a pressão ao “aterrissar” é superior a dez vezes o peso do jogador. Conheça alguns sistemas:
DMX – Reebok Sistema de amor tecimento ativo. O fluxo de ar circula entre seis ou dez câmaras interligadas, localizadas na entressola do calçado. Normalmente é usado em associação com o DMX Lite, uma palmilha acolchoada com ar, localizada acima da entressola, que traz confor to, amor tecimento e leveza.
Imagem da capa: detalhe da sola do tênis Reebok Miramar
De um lado, a moda; de outro a tecnologia. No meio, o tênis. Objeto contemporâneo, definitivamente incorporado ao nosso cotidiano, é parte
Air – Nike Uma bolsa (membrana de uretano) recebe ar pressurizado, formando a “unidade Air”. Essas unidades são encapsuladas na entressola (abaixo do calcanhar, na par te frontal do pé ou em ambas as posições). No momento do impacto, a unidade se comprime, amor tizando-o e voltando à forma e ao volume originais em seguida. O sistema Air possui diversas variações, mas sempre com este princípio: ar comprimido amor tecendo impacto.
importante da nossa cultura material. Design de moda e design de produto se en con tram nes ta com plexa “peça do vestuário”, cujo projeto requer cada vez mais conhecimento específico. Tecnologia agora é palavra de ordem. O tênis é escolhido por seu desempenho e não apenas por sua aparência: deve ser uma bela “máquina” esportiva. Hoje os sintéticos assumem o lugar de materiais no bres, como o couro. O novo tênis é leve, resistente, indeformável, moldável, transpirável: tudo pela performance esportiva. Ou pela elegância no asfalto.
Shox – Nike Consiste em quatro colunas de espuma elástica, o mesmo tipo que é utilizado nos sistemas de suspensão para automóveis. As colunas – que funcionam como molas, se contraindo ao absorver o impacto do calcanhar e depois voltando à forma original – são interligadas por placas que garantem a estabilidade no momento do impacto, quando ocorre a máxima deformação.
ARC DE SIGN, em suas edi çõ es mais re cen tes, tem con ta do um pou co da his tó ria, e da atu a li da de dos “sa té li tes da moda”: ca ne tas, re ló gios, jói as, ócu los, e ago ra o tê nis. Ob je to de moda, di ta do pelo com por ta men to, mas im pos sí vel de re a li zar sem o de sign e a tec no lo gia. San to do Pau Oco en con tra-se no ou tro ex tre mo do de sign: fala do ar te sa na to, in clu in do uma nova for ma do fa zer, aque la do ar te são ex-ur ba no, que fu giu da ci vi li za ção, mas não se li vrou de sua ba ga gem cul tu ral. Ou tra for ma de pen sar o de sign e, tam bém, o sig ni fi ca do das pa la vras sur giu quan do pen sa mos em pu bli car um ar ti go so bre con tai ners. Ob je tos que con têm ou tros ob je tos. Guar dar ou em ba lar. Pes qui san do, en con tra mos es tra nhos sig ni fi ca dos. Vale a pena mer gu lhar. Os múl ti plos as pec tos do de sign tam bém se des do bram em dois ou tros ar ti gos: os úl ti mos lan ça men tos do mo bi li á rio para es cri tó ri os e as ra zõ es de sua evo lu ção; a Ita ti aia, mai or in dús tria de co zi nhas de aço do Bra sil, e seu novo lan ça men to, o I.nova System, de sign e tec no lo gia de sen vol vi dos por An ge la Car va lho e pela equi pe da Ita ti aia. Para nós, com cer te za, po der fa lar de in dús tri as bra si lei ras de gran de por te e qua li da de é um gran de pra zer. Na se ção de De sign Grá fi co es co lhe mos mais uma das fi gu ras im por tan tes da atu a li da de. Swip Stolk, de sig ner grá fi co ho lan dês, nos é apre sen ta do pela re vis ta fran ce sa Éta pes Gra phi ques, em ar ti go que tra du zi mos. Va ri e da de e di ver si da de de as sun tos nes ta edi ção, os quais en con tram seu pon to co mum na abran gên cia do de sign.
Ma ria He le na Es tra da Edi to ra
ARC DESIGN
Tec no lo gia, com pa nhei ra in se pa rá vel do de sign. E, hoje, tam bém da moda.
26
18
Acessórios esportivos que migraram para o nosso cotidiano, peça obrigatória no “look” dos “fashionables”. Conheça os últimos lançamentos, que esbanjam tecnologia
Cresce a necessidade de conforto, aumenta a velocidade no trabalho: os escritórios e seus móveis acompanham essas mudanças. Confira conosco os últimos lançamentos na Office Solution 2001
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES CULTURA
Nº 21, agosto/setembro 2001
Maria Helena Estrada
CONTAINERS
Nádia Fischer
OFFICES DO OFÍCIO
Winnie Bastian
TÊNIS, O SAPATO UNIVERSAL
ÍNDICE ÍNDICE ÍNDICE ÍNDIC
34
Onde guardar pequenos ou grandes tesouros? Na caixa, no vaso, na bolsa? Guardar uma coisa não é escondê-la ... mas olhá-la, fitá-la, mirá-la, diz o poeta Antônio Cícero. Guardar é embalar, diz o ideograma japonês, na caixa, no ovo, no útero
Imagem da capa: detalhe da sola do tênis Reebok Miramar. Foto: Fernando Perelmutter
42
uma paixão bem desenhada
p. 42
estratégia e design
p. 44
50
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Uma nova expressão no artesanato brasileiro: o fazer nativo, ingênuo, se contrapõe à expressão culta dos exurbanos, todos reunidos em uma loja de Trancoso, Bahia
Designer gráfico holandês, Swip Stolk é responsável pela direção artística e por toda a comunicação do Museu Groniger e também pela do estilista Jan Jansen; colabora com a revista Dutch e com o Museu Rembrandt, na Holanda. Inventar, se renovar, se confrontar, são suas principais diretrizes
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Algumas indústrias brasileiras podem ser comparadas às melhores do mundo, em cada setor. Nesta edição apresentamos a Itatiaia, líder no mercado em seu segmento, que encontrou no design a ferramenta para solidificar seu prestígio, reposicionando-a no mercado
4
NEWS MATERIAL CONNEXION
46
FATOS SEM FOTOS
49
CADERNO DE DESIGN GRÁFICO
57
QUEM INVESTE NO DESIGN? EXPEDIENTE
publi-redacionais
Da redação
I.NOVA SYSTEM, A NOVA COZINHA DA ITATIAIA
Sophie Rocherieux para Étapes Graphiques
ATUALIDADES
SANTO DO PAU OCO
SWIP STOLK, LIVRE E BARROCO
CE ÍNDICE ÍNDICE ÍNDICE ÍN
67 86
NEWS.NEWS.NEWS.NEWS FLOR DE HIROSHIMA Não é a primeira vez que a ceramista Kimi Nii expõe no Japão. Filha de Hiroshima, mas radicada no Brasil desde os 9 anos, Kimi, que mantém um ateliê no Morro do Querosene, no bairro do Butantã, em São Paulo, expôs desta vez na Embaixada do Brasil em Tóquio, no Espaço Cultural Manabu Mabe,
PANELAS SAUDÁVEIS
entre 11 e 27 de julho. Concebidos com formas
A Ceramarte, maior exportador de cerâmica artística do
orgânicas, os trabalhos apresentados nesta ex-
Brasil, pesquisou durante 30 anos a massa básica de
posição são delicados, lembram flores, cactus,
preparo que, quando queimada a 1.3000C, gera um
sementes, sempre em tons elaborados, que vão
material sem porosidade, com dureza superior ao vidro
do azul ao terracota.
e 100% atóxico, isto é, não libera chumbo, alumínio ou
As peças de Kimi Nii podem ser encontradas na
cádmio, substâncias que podem provocar sérios prejuí-
Via São Paulo: Rua Mateus Grou, 597, São Paulo,
zos ao organismo. Por esse resultado a Ceramarte rece-
SP. Tel.: (11) 3034-0421.
beu o Prêmio Master de Ciência e Tecnologia (2000), concedido pelo Instituto de Pesquisa da Qualidade (IPQ) em Campinas. “O que as pessoas desconhecem é que as panelas podem interagir quimicamente com os alimentos, provocando liberação de substâncias – processo chamado de lixiviação – que podem ser absorvidas pelo corpo e causar malefícios”, afirma a Dra. Késia Diogo Quintaes, nutricionista da Unicamp. A partir daí a empresa ampliou sua linha de produtos e lançou a marca Ceraflame, com 25 itens. São panelas, assadeiras, mini-assadeiras, chaleiras, caçarolas, bules e conjunto para feijoada, nas cores preta e marrom, com design moderno, tampas de vidro e cabos removíveis. Todos os itens são refratários e resistentes a choques térmicos. Podem ser levados ao fogão a gás, elétrico, forno de microondas e tradicional, geladeira e lava-louças. Outros mercados-alvo são a indústria automobilística, mecânica, eletromecânica, cosmética e de embalagem em geral, para as quais a cerâmica refratária pode significar soluções consideradas inviáveis anteriormente. Ceramarte: Rua Rudolfo Turek, 66, Rio Negrinho, SC. Tel.: (47) 644-3222. Site: www.ceramarte.com.br
4 ARC DESIGN
S.NEWS.NEWS.NEWS.NEW SEM FRONTEIRAS PROVOCANDO A IMAGINAÇÃO
Joëlle Nasser reabriu sua loja Joële, agora
Promovidos pelo Sindicato das Indústrias da
na Alameda Gabriel Monteiro da Silva,
Construção e do Mobiliário do município, o
com uma nova proposta: uma loja con-
Salão Design e a 8º edição do prêmio para
ceitual, onde se pode encontrar o que é
design de móveis são algumas das instigan-
tendência, estilo, design. São mais de 500 itens, num
tes atrações da 13ª Movelsul Brasil, maior
espaço de 750 m2, com conceitos estéticos já consagrados em
feira profissional do setor moveleiro da
lojas de cidades como Londres, Paris e N. York. Antigo, con-
América Latina.
temporâneo, étnico, brasileiro ou sul-americano, em roupas,
As inscrições para a premiação estão abertas
aromas, mobiliário, objetos de design, livros, CDs e coleções de
até o dia 9 de novembro. A feira, dirigida a
cama, mesa e banho. Todos com a preocupação de contextua-
profissionais, estudantes e empresários do
lizar o produto e recontextualizar seu uso. “A proposta é fazer
setor, acontecerá em Bento Gonçalves (RS),
de cada peça um objeto de desejo”, enfatiza Joëlle.
de 11 a 15 de março de 2002.
Uma das novidades na loja é a linha de móveis e objetos
Com a participação de trabalhos da maioria
Vintage, design dos anos de 1950 aos 1980, criado por gran-
dos países latino-americanos, a premiação –
des nomes como Charles Eames, Verner Panton e Sérgio
considerada atualmente a mais importante do
Rodrigues, entre outros. Além disso, os vendedores podem
setor no país – se dará entre as categorias Prê-
sugerir múltiplos usos para cada produto ou contar históri-
mio Indústria, Prêmio Nacional de Design de
as interessantes sobre cada objeto e seu país de origem.
Mobiliário, Prêmio Ibama/Movelsul Madeiras
Joëlle: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 934, São Paulo, SP.
Alternativas e Prêmio Internacional de Design
Tel.: (11) 3062-4708 e 3083-6912.
do Mobiliário. No júri, representantes da área
e-mail: joelle@globo.com
de quatro países latinos: Brasil, Uruguai, Argentina e Espanha. Todos os projetos de móveis selecionados es-
NOVOS CLÁSSICOS
tarão expostos durante a Movelsul Brasil 2002,
Mesas, luminárias, bufês e biombos em listras de acrílico
para promover mais uma vez a utilização de
colorido formam a coleção Entrelinhas, design José Antonio
tecnologias e inovações para o mercado.
Marton, recém-lançada pela Casa 21. A loja, surgida em
Informações pelo telefone (54) 452-3067 e
1998, é referência no que diz respeito ao design brasileiro,
pelo site www.movelsul.com.br.
comercializando peças de John Graz, Oscar Niemeyer, Jacqueline Terpins, Gerson de Oliveira e Luciana Martins, Álvaro Wolmer, Fernando e Humberto Campana. Os clássicos internacionais também estão representados na Casa 21: nomes como Charles e Ray Eames, Isamu Noguchi e George Nelson têm lugar garantido na loja, que tem como diretora de arte a designer Delia Beru. Casa 21: Av. Europa, 385, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3088-9698. 5 ARC DESIGN
NEWS.NEWS.NEWS.NEWS NOTECH Uma nova geração de designers – alunos do curso/workshop realizado por Fernando e Humberto Campana – começa a surgir no mercado, apresentando-se como grupo, nos meses de julho e agosto, com a exposição NoTech, no MUBE, onde o curso foi realizado, e no showroom da Tok & Stok, empresa que sabe descobrir, valorizar e estimular jovens designers talentosos. Design sem tecnologia, ou design possível para o jovem que ainda não encontrou seu espaço na indústria ou que, por opção, quer atuar à margem do processo industrial, NoTech é uma tomada de posição. Uma nova estética, muito brasileira, um modo de “fazer
DESIGNDEBOLSO
design” que nasce da dificuldade de meios e se desenvolve com
De periodicidade semestral, acaba sair pela
exuberância formal e uma grande força expressiva.
distribuidora “muitasmão” mais um número da revistinha (12 cm X 10 cm) Designdebolso, publicação da dupla Elesbão e Haroldinho (José Bessa Nogueira e Cláudio Sá Reston). Este pequeno mostruário, impresso em uma só cor, mas recheado de bom gosto e irreverência, é um meio eficaz para a divulgação do trabalho desta dupla de designers cariocas. Prazerosa ao folhear, a Designdebolso mostra um trabalho experimental de qualidade: poemas visuais, textos ilustrados e irreverência no humor que faz pensar. O nonsense e o escracho remetem à mesma ênfase contestatória utilizada no Pasquim, em temas como sexo, política e crítica a congêneres. As tiradas
UM QUÊ DE PRIMAVERA
deixam transparecer a intensa busca pela
Em acrílico transparente, com nove tubos de ensaio que com-
união de palavras e imagens, com referências
portam o mesmo número de flores, o vaso Jardim, assinado
à poesia concreta.
por Luiz Pedrazzi, tem algo de ikebana. Pode combinar várias
A Designdebolso tem tiragem de 8 mil exem-
flores ou uma única. Ideal para mesas
plares e já está no número 7, mas com seis
de centro ou de jantar, sugere um clima
edições: “pulamos uma para ver se o público
de primavera. Disponível nas cores
reclamava – e reclamou!”, conta José/Elesbão.
branca, preta, vermelha e transparente,
Não há exemplares antigos em estoque, mas
pode ser encontrado – já com as flores –
em breve todas as edições estarão dis-
na Flor em Vaso: Av. Lavandisca, 334,
poníveis no formato pdf no site da dupla.
São Paulo, SP. Tel.: 5051-0026.
www.elesbaoeharoldinho.com
www.floremvaso.com.br
6 ARC DESIGN
S.NEWS.NEWS.NEWS.NEW N DESIGN Este ano a identidade visual do Encontro Nacional de Estudantes de Design (N Design) se traduziu em um liquidificador onde se pode ler “Vitamina D11”, uma analogia à maneira como os brasileiros preparam suas vitaminas – cada um à sua maneira, mas com os mais inesperados ingredientes. E foi assim que o 11º N Design aconteceu, de 15 a 21 de julho, desta vez no Recife, com debates, palestras, exposição de trabalhos de alunos e oficinas que promoveram a base para uma ampla circulação de idéias. Os convidados para as palestras e oficinas foram nomes reconhecidos do design nacional, como Gringo Cardia, Rafic Farah, Fernanda Sarmento, Elesbão e Haroldinho, entre outros. A cada ano o evento é realizado em diferentes capitais brasileiras, sempre organizado pelos próprios estudantes. Cerca de 1.300 participantes partici-
LINDAS E ECÔNÔMICAS
param de 44 oficinas – realizadas simultaneamente no período
A Arno mirou no racionamento de energia
da manhã –, além de visitas a centros de artesanato da cidade.
e acertou em dois modelos novos para a
A Universidade Federal de Pernambuco além de acolher o even-
sua linha de cafeteiras elétricas. Ambas
to, incorporou-o ao currículo: “Os alunos estavam usando o seu
com potência de 800 W, são tão bonitas
tempo letivo na organização do Encontro, então decidimos criar
que podem ser levadas à mesa. A Petit Per-
a ‘Vitamina D11’, uma atividade acadêmica de gestão do De-
forma faz de quatro a dez cafés, tem o sis-
sign”, explica Solange Coutinho, coordenadora da Pós-Gradua-
tema corta-pingos – que permite tomar o
ção. Os alunos trabalharam duro durante um ano, na estrutura-
café enquanto ele está sendo coado –, é fá-
ção, formato, organização da programação, convidados, espaço
cil de manusear na colocação do pó de café
físico etc. “E já fizeram a avaliação crítica deste evento, para que
e também na limpeza. Já a Performa Timer,
o próximo saia ainda mais perfeito”, conta orgulhosa a mestra.
além de fazer até 20 cafés e ter as mesmas
www.vitaminad11.com.br
características da Petit Performer, permite programar o início da preparação do café com até 24 horas de antecedência. De acordo com dados da tabela desenvolvida pelos técnicos da Arno, utilizandose a cafeteira Performa Timer no preparo de 20 xícaras de café, durante 8 minutos o consumo por atividade é de 0,10667 kWh, o que representa um gasto de apenas R$ 0,019237, tendo como base de cálculo o consumo pela maior tarifa praticada em São Paulo. Já dá para relaxar um pouco. Arno: SAC 0800.119933 - www.arno.com.br
TĂŞn is,
o sa pato univers al
Winnie Bastian Fotos Fernando Perelmutter
Artigo esportivo ou acessório fashion? Ambos. O tênis para esportes deixou de ser usado apenas nas quadras e academias para ganhar espaço nas ruas – com muito estilo O tênis nasceu no século XIX, precisamente em 1832, quando uma indústria norte-americana patenteou um método para fixar solas de borracha a sapatos e botas. Durante muito tempo não houve mudanças significativas, até que, em 1971, o técnico norte-americano Bill Bowerman, um dos fundadores da Nike, teve um “insight” e preencheu uma fôrma de waffle com borracha líquida: surgia uma sola mais leve. Outra revolução aconteceu em 1979, quando chegou ao mercado o sistema de amortecimento Air, da Nike, criado pelo engenheiro espacial Frank Rudy. Desde então, a inovação tecnológica tem sido perseguida pelas indústrias do setor. Hoje os tênis modernos incorporam as mais avançadas tecnologias e materiais, apresentando elaborados sistemas de amortecimento e impulso que contribuem para melhorar o desempenho de atletas, profissionais ou bissextos. Mas o que levou o tênis esportivo, antes confinado a quadras e academias, para as ruas? Talvez uma greve do metrô de N. York, ocorrida em 1980, quando milhares de mulheres saíram para trabalhar de tailleur e tênis. Ou terá sido febre da aeróbica responsável pela “ascensão urbana” do tênis? A busca pelo corpo perfeito levou milhões às academias, transformando o sportswear em estilo de vida. O tênis passou a ser objeto de desejo a partir do final da década de 1980, quando
Na página ao lado, Air Pippen V, da Nike: tênis para basquete for ma do por duas par tes, uma bota interna e uma “casca”. A bota interna concentra quase toda a tecnologia: feita em náilon muito leve e respirável, possui sistemas de amortecimento e contra torções. A “casca” é fechada com zíper para diminuir a resistência do ar; sua sola possui desenho “espinha de peixe” para melhor tração. Um material aderente da 3M fixa a bota interna à casca. Nesta página, acima, Adidas Iridescent: possui amortecimento dianteiro e traseiro aliado ao sistema Torsion, que garante estabilidade e previne torções. Usa o tecido sintético Climalite, que transporta a umidade para fora do calçado. Ao lado, Reebok Sky, tênis para corrida, com sistema de amortecimento DMX 10 (10 câmaras de ar interligadas localizadas na entressola do calçado) e 3D Ultralite (a sola e a entressola são substituídas por uma única peça em borracha e EVA, diminuindo o peso final) 19 ARC DESIGN
as grandes empresas firmaram acordo com atletas famosos, elevando-os à condição de ícones da moda. O contrato de Michael Jordan com a Nike, firmado em 1985, foi um dos primeiros, e marcou época. Desde então, o mesmo tênis utilizado por atletas profissionais é calçado por todos, seja pela influência dos ídolos do esporte, pela intenção de transmitir uma imagem jovem e moderna ou pela vontade de usar um calçado Nesta página, modelos da Teva, tradicional marca norte-americana de calçados para “outdoor adventure sports”, recém-chegada ao Brasil e à América Latina. Acima, sandália Trail Wraptor: um “tênis aberto”, possui sistemas para garantir estabilidade e amortecimento, ao mesmo tempo que deixa o pé livre. O “bico de Aladim” protege os dedos de pedras e outros obstáculos. Abaixo, North Rim, bota para montanhismo e trekking: em microfibra hidro-repelente e camurça natural, é ideal para terrenos úmidos ou alagadiços; solado com zonas de tração positiva (para subida) e negativa (para descida). Ambos possuem sistema de amarração Wraptor, no qual tiras internas cruzam sobre o peito do pé e passam por dentro da sola, proporcionando melhor ajuste: o pé não se desloca dentro do calçado, evitando o surgimento de bolhas, comuns aos esportes de longa duração
mais confortável no dia-a-dia – desejo óbvio, uma vez que o homem caminha cerca de 3 mil quilômetros por ano! A difusão do tênis esportivo fez com que o design se aprimorasse. Os modelos “desengonçados” de outros tempos evoluíram e ganharam estilo: seguem de perto as tendências da moda mundial. Após ganhar as ruas, o tênis partiu para as passarelas. É cada vez mais frequente a parceria entre as indústrias líderes e designers – como Yohji Yamamoto e Marcelo Sommer – na criação de modelos “fashion”. Mas no caso dos tênis destinados à prática de esportes, não basta seguir a moda: a aparência de cada modelo precisa expressar toda a tecnologia nele contida. Hoje, a escolha de um tênis é prova de conhecimento, e a sofisticação é tanta que os vendedores têm de frequentar cursos específicos com os fabricantes sobre novos materiais utilizados para poder satisfazer à “sede tecnológica” dos consumidores. Muito mais evoluídos que seus ancestrais – os sapatos para críquete, criados em 1860, tinham sola de borracha e parte superior em lona com amarração –, os tênis contemporâneos atingiram tal complexidade construtiva que um par pode ser formado por até 200 peças e levar até três anos para chegar ao mercado. Há casos em que esse prazo é ainda maior: o Shox, lançamento recente da Nike, exigiu 16 anos de desenvolvimento! A extrema especialização dos sapatos esportivos atuais também chama a atenção. A tendência de produzir calçados específicos para cada modalidade de esporte surgiu em 1925, quando Adi Dassler, fundador da Adidas, construiu tênis diferentes para cada distância de corrida. Mas apenas há poucos anos esta especialização se tornou mais evidente. “Novas máquinas capazes de fazer materiais mais delicados e resistentes e recortes minimalistas intensificaram esse processo”, explica
20 ARC DESIGN
À esquerda, Teva Neutron, botas em neoprene 2 mm; possuem um exclusivo sistema de amarração duplo, que cruza o peito do pé e o tornozelo, proporcionando melhor ajuste e evitando que o velcro ceda sob a ação da água Abaixo, detalhe do Reebok Miramar, cujo solado ilustra a capa desta edição. O Miramar possui sistema de amortecimento DMX, 3D Ultralite e cabedal em malha tridimensional transpirável e refletiva
Abaixo, Nike Air Presto Faze: para triatletas, pode ser vestido com rapidez. Fabricado em malha elástica, se adapta a qualquer tipo e formato de pé; uma “gaiola” de TPU (uretano termoplástico) garante um ajuste firme. Entressola em Phylite (combinação de solado e entressola). Zona de impacto adicional na lateral do calcanhar em Phylon, para maior durabilidade e amortecimento. Solado com placa de borracha de carbono no calcanhar proporciona resistência à abrasão
21 ARC DESIGN
À esquerda, Nike Shox BB4, tênis para basquete com alta performance de amortecimento e impulsão. Combina os sistemas Air (frontal) e Shox (calcanhar). O sistema Nike Shox é formado por quatro colunas de espuma elástica (o mesmo tipo de uretano utilizado nos sistemas de suspensão de automóveis), que funcionam como molas, se contraindo ao absorver o impacto do calcanhar e depois voltando à forma original
Abaixo e à direita, Adidas Pingora, para terrenos montanhosos. Em couro sintético, tem sistema duplo de fechamento (cadarço seguido de zíper), evitando que o calçado se prenda a galhos ou outros objetos presentes na trilha. Solado com sistema Traxion, cujas travas centrais atuam na aceleração e subida, enquanto as laterais aumentam a tração nas curvas ou corrida em círculos
Ana Rita Fernandes, gerente de produto da Adidas. Se no início do século XX os jogadores de futebol americano e de beisebol usavam praticamente o mesmo sapato, hoje as necessidades dos atletas têm merecido estudos intensos e minuciosos, que resultam em calçados altamente especializados. O tênis para o salto em altura sem vara, por exemplo, tem um pé diferente do outro, pois o atleta necessita de diferentes respostas de cada pé em função do movimento que realiza. Enquanto isso, incorporamos ao nosso cotidiano toda a tecnologia desenvolvida para a prática de esportes, transformando o tênis – efêmero e coloridíssimo – num mito urbano. Hoje, cerca de 90% das compras de tênis não são feitas para a prática esportiva à qual o calçado se destina. ❉
Acima, Adidas Quicklite, em tecido elástico com reforço de couro sintético na biqueira. Sola em borracha compacta. Abaixo, Reebok Fusion: tênis para corrida com cabedal em couro e malha de náilon, que dá respirabilidade ao calçado. Possui sistema de amortecimento DMX 10 e 3D Ultralite
Na página anterior, modelos da Adidas. No alto, Neftenga, para corrida: leve e ventilado, possui cabedal em nylon com Climalite, além de sistemas para estabilidade e amortecimento; zíper encobrindo o cadarço melhora a aerodinâmica. Embaixo, Precision X-TRX SG: chuteira para gramados altos e molhados; solado com travas removíveis leves e resistentes à abrasão
Nesta página, à esquerda, Scalar; acima, Tenet, ambos de Yohji Yamamoto para a Adidas. Yamamoto retirou os tênis de seu contexto original e reinterpretou-os utilizando materiais característicos de suas coleções, como gabardine, feltro e seda. Uma combinação de características aparentemente opostas: design poético com forte apelo esportivo funcional: o Mangostin, um dos tênis dessa coleção, para corridas, é considerado o mais leve do mundo: pesa apenas 110 gramas. Abaixo, Adidas Kobe, desenvolvido pela equipe de design da Audi, na Califórnia, faz referência ao automóvel esportivo Audi TT. Em couro sintético sem emendas nem costuras, possui sola em borracha de grande aderência e recortes anatômicos que garantem leveza e flexibilidade
25 ARC DESIGN
OFFICES DO OFÍCIO
An ti ga men te as pa la vras-cha ve que de sig na vam a qua li da de dos es pa ços de tra ba lho eram: pri va ci da de, hie rar quia e sta tus. Hoje elas não cor res pon dem mais à re a li da de dos es cri tó ri os – ago ra vis tos como lu gar de en con tro en tre ge ra do res de idéi as – e fo ram subs ti tu í das por pro du ti vi da de, tra ba lho em gru po e mo bi li da de. Con cei tos em con tra po si ção que de ter mi nam os no vos es pa ços de tra ba lho, e re fle tem a fi lo so fia das em pre sas.
26 ARC DESIGN
Nádia Fischer
Luz, forma, conforto e funcionalidade representam elementos fundamentais na hora de compor os novos escritórios, e quem trabalha todos os dias entre quatro paredes sabe muito bem como as condições do ambiente de trabalho influenciam a qualidade e o rendimento pessoal. Em tempos de globalização, os sistemas administrativos das grandes corporações têm como premissa a redução de custos operacionais e o acompanhamento dos avanços tecnológicos. Mas como resolver essas duas questões conflitantes? Para o arquiteto Marcel Monacelli, os espaços hoje são menos compartimentados, reduzindo-se o número das paredes divisórias altas. A antiga estrutura empresarial passou por uma transformação gradual, abandonando a hierarquização dos espaços, nos quais os funcionários passam agora a compartilhar as mesmas áreas e, muitas vezes, os mesmos postos de trabalho. Este é o resultado direto, o melhor exemplo de como o tipo de organização das empresas influencia o layout dos ambientes de trabalho. O arquiteto lembra que há cerca de dois anos, as mesas com planta em “L” representavam a linguagem habitual das estações de trabalho. Hoje, no entanto, ganham destaque as composições com ângulos mais abertos ou, mesmo, retilíneas. “A madeira e, muito menos, a peça única já não prevalecem nos escritórios, dando lugar a novos materiais e a
Na página ao lado, Cadeira Ypsilon. Design Mario e Claudio Bellini para a Vitra, é distribuí da no Brasil pela Dotto. Produto escolhido como o Best Design do ano pela revista norte-americana ID. Abaixo, superfí cies do sistema ArxStudio, da Escriba. Quando justapostas, formam grandes mesas para seminário; isoladas, podem ser usadas para trabalho, reunião, ou ainda, como mesa de jantar em ambiente residencial ou restaurante. Desenho e construção sintéticos e acabamento diferenciado garantem a sofisticação do sistema ArxStudio. Poltronas Picto, da Wilkhahn, também comercializadas pela Escriba
Ao lado, Reasons, sistema de painéis caracterizado pela alta flexibilidade na instalação, graças aos encaixes perfeitos e à intercambiabilidade dos painéis. O sistema permite total versatilidade na configuração de divisórias, que têm capacidade ilimitada em seus canais de cabeamento. Projeto da Kimbal multinacional, produzido e distribuído no Brasil pela Marelli
móveis produzidos em série. O novo padrão reflete diretamente a imagem da corporação”, afirma Monacelli. O arquiteto explica que novas divisórias – como as de vidro – já são bastante aplicadas nas estações de trabalho. O vidro curvo é também utilizado para quebrar a sensação de rigidez. A linha Kiva, da Herman Miller, é um exemplo da nova configuração. Assinada pelo designer Eric Chan, a coleção é composta por seis peças multifuncionais, dentre as quais a mesa Kiva, que será apresentada na Office Solution 2001 pela Forma. Trata-se de um modelo com linhas arredondadas e extensões laterais móveis que, por meio de um deslocamento angular, podem ser abertas, aumentando a superfície de trabalho. Outro exemplo da resposta do design às novas formas de trabalho é o assento Lean Too, da Steelcase. Nada convencional, destina-se às pessoas que trabalham ora em pé, ora sentadas, e necessitam de mobilidade. O produto, pensado a partir da idéia do banquinho, foi desenvolvido para manter uma postura alternativa, permitindo que o usuário permaneça com o tronco ereto. Existe, sempre, uma busca por peças versáteis, tanto para o home-office quanto para o trabalho na empresa. O modelo Hula Hoop, da Vitra, assinado por Philippe Starck, é um bom exemplo. Starck propôs uma cadeira pouco convencional para escritórios, em formato côncavo, sem a tradicional divisão entre braços e encosto, cujo aspecto formal remete a um móvel que pode ser usado em outros ambientes, além do escritório. Este ano, uma das estrelas dentre as cadeiras tecnológicas é a Ypsilon, de Mario e Claudio Bellini, produzida pela Vitra e apresentada pela Dotto. Um equilíbrio perfeito entre a posição de trabalho e a de relax é garantido por um mecanismo revestido em alumínio que 28 ARC DESIGN
Abaixo, o rack Ergomóbile, da Flexiv, design Ronaldo Duschenes, foi pensado para minimizar os efeitos causados pelo uso contí nuo do computador. Tampo para o teclado com 55 centí metros permite o apoio dos cotovelos, evitando desgaste fí sico e oferecendo conforto aos digitadores
Nesta página, Hula Hoop: cadeira de Starck para a Vitra, distribuí da pela Dotto. Giratória e basculante, tem também um ligeiro movimento lateral. A Hula Hoop não tem ajuste dos braços, encosto nem mecanismo sincrônico. No entanto, é de um conforto absoluto. Concha em polipropileno nas cores laranja, amarela e cinza, e almofada em tecido no assento
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Acima, cadeira Leap Coach, da Steelcase, que além da alta tecnologia do design tem sua versão sofisticada com o uso do revestimento em couro da empresa Coach, que se associou à Steelcase. À direita, Lean Too, banco de apoio, também da Steelcase. Abaixo mesa Kiva, design Eric Chan e Jeff Miller, para a Herman Miller. Distribuí da no Brasil pela Forma. Em duas versões: Kiva Wing, mesa articulada, com tampos retrácteis, e Kiva Pebble, mesa menor, para uso isolado
No pé da página ao lado, a linha de cadeiras Giroflex 63, com novo sistema de mecanismo sincronizado, possui várias versões: giratória com rodí zios, com ou sem braços; duas versões de base fixa, cada uma com ou sem braços. Projetada pela Zemp+Partner Design, é ideal não apenas para escritórios tradicionais, como para home-offices e call centers. Um rack opcional permite que as cadeiras sejam empilhadas para armazenagem
30 ARC DESIGN
permite um ângulo de abertura maior que o habitual. A Ypsilon foi pensada a partir da nova realidade das formas de trabalhar, inclusive nos escritórios, e prevê um tempo praticamente igual entre a posição ereta e a de relax. A aplicação de tecnologia sofisticada na produção de peças confortáveis é a principal característica da cadeira Emotion, da Sitag, introduzida no Brasil pela Remantec. Partindo de um conceito ergonômico, a Emotion foi projetada para se adequar aos movimentos do usuário. Tem estrutura em alumínio injetado e encosto em tela especial – desenvolvida em conjunto com indústrias que fabricam produtos aeroespaciais –, que ajuda a regular a temperatura do corpo. Outro diferencial da Emotion é a série de acessórios que incluem uma pequena bolsa em couro, um porta-casaco e também, como “optional”, um apoio para a cabeça. Para o consultor de ergonomia João Bezerra, é importante que não sejam adotadas soluções únicas. “Vale lembrar que para cada tipo de atividade existe um móvel adequado do ponto de vista ergonômico”, diz Bezerra. “Seja para as organizações rígidas ou para aquelas menos formais, o layout sempre deve representar o sistema”, acrescenta. As diversas tipologias de assentos de trabalho recebem
Acima e ao lado, cadeira Emotion, da Sitag, distribuí da no Brasil pela Remantec. Apresenta um novo sistema de ajuste automático e um sofisticado conceito de ergonomia, reforçado pela utilização de um novo tecido desenvolvido por uma empresa suí ça juntamente com empresas aeroespaciais. Possui também uma sessão dupla na área do assento, o que permite a variação de sua profundidade
Versatilidade é marca registrada da Tok & Stok. O sistema modular de mesas, estantes e armários Izy (abaixo), design Lars Mathiesen, é próprio para locais onde há necessidade de mudanças frequentes de layout. O novo sistema combina estruturas em metal, chapa de aço com acabamento em pintura epóxi-pó, além de tampos em madeira e acabamentos em resina poliuretânica texturizada. As mesas têm regulagem para pisos e ajuste da altura do monitor. A proposta da linha Izy é proporcionar menos divisões fí sicas dos espaços e possibilidade de mudanças frequentes
inúmeras variantes que são definidas com o intuito de ampliar as opções de conforto, seja em casa ou no escritório. As cadeiras desenvolvidas com alta tecnologia são sempre o destaque em qualquer feira ou exposição. Empresas como Giroflex, Marelli e Alberflex têm presença marcada durante a Office Solution. Algumas participam pela primeira vez e já apostam em um mercado segmentado, como é o caso da Arredamento, que durante a feira deve apresentar poltronas e sofás para recepção, assinados por Betty Birger, especialista em arquitetura de interiores na área institucional. “Hoje grandes transformações estão ocorrendo nos locais de trabalho, principalmente graças à evolução das tecnologias da informação. Se bem dirigidas, elas podem afetar não apenas o progresso econômico e tecnológico, mas também, e principalmente, trazer melhorias no modo como tratamos a nós mesmos e ao ambiente”, escreve Paola Antonelli na introdução ao livro “Workspheres”, que acompanhava a exposição de mesmo nome (vide ARC DESIGN 19). ❉
No alto da página, o novo Programma para escritórios Florense tem projeto do estúdio italiano SI Design, de Lorenzo Negrello. Tampos, conexões, bases, gaveteiros, armários e paredes divisórias podem ser combinados, formando diversas configurações, como escrivaninhas, mesas de reunião, estações de trabalho e balcões de atendimento. Diversos acessórios opcionais completam esse sistema de máxima operacionalidade
ONDE ENCONTRAR BY DESIGN Al. Gabriel Monteiro da Silva, 958, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3064-9600 www.bydesign.com.br DOTTO Av. Eng. Luís Carlos Berrini, 716, 1º andar, São Paulo, SP. Tel.: (11) 5102-7000. spaulo@dotto.com.br Rua Lauro Muller, 116, cj. 1.105, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 3873-7000. rio@dotto.com.br ESCRIBA Av. Europa, 715, São Paulo, SP. Tel.: (11) 4787-3800. www.escribanet.com.br FLEXIV Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1984, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3086-0668. Rua Nilo Peçanha, 420, Curitiba, PR. Tel.: (41) 322-9006. www.flexiv.com.br Nesta página, Arcobellini, cadeira multifuncional de Mario e Claudio Bellini, concebida para uso em ambientes comerciais, institucionais ou residenciais, sejam internos ou externos. Prática, suporta até 26 unidades empilhadas. Em polipropileno estruturado com fibra de vidro, está disponí vel nas cores vermelha, amarela, verde, azul, violeta e prata. Produzida pela empresa norte-americana Heller e distribuí da no Brasil pela By Design
FLORENSE Av. Nove de Julho, 5.569, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3167-1068. Av. Alvares Cabral, 725, Belo Horizonte, MG. Tel.: (31) 201-0686. www.florense.com.br FORMA Av. Cidade Jardim, 924, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3816-7233. Rua Farme de Amoedo, 82A, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2523-2949 www.forma.com.br
GIROFLEX Av. Brig. Faria Lima, 2.750, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3031-4111. Av. Rio Branco, 311, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2262-2211 www.giroflex.com.br MARELLI Av. Júlio de Castilhos, 2.951, Caxias do Sul, RS. Tel.: (54) 225-2655. pontualm@zaz.com.br Rua Antônio Albuquerque, 4, Belo Horizonte, MG. Tel.: (31) 3225-7667. marellibh@uai.com.br Av. Europa, 927, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3088-9711 marellisp@uol.com.br REMANTEC Rua da Mooca, 914, São Paulo, SP. Tel.: (11) 278-2833. Av. das Américas, 1.917, loja S, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 439-8585. remantec@remantec.com.br STEELCASE Rua Helena, 235, 8º andar, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3845-9009. Rua Lauro Muller, 116, sala 2.703, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2543-5090. www.steelcase.com.br TOK & STOK Av. Eusébio Matoso, 1.231, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3813-2800. Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1.417, loja 10, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 3523-3948. www.tokstok.com.br
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containers
containers
GUAR DAR
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em um cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela. Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro Do que um pássaro sem vôos. Trecho de poema de Antônio Cícero, publicado em 1998 na revista alemã LAB
Fotos Roberto Stelzer
No alto da página, a evolução que originou o ideograma embalar. À esquerda, por ta-ovo Cico, de sign Stefano Gio van no ni para a Ales si. Tira o boné, põe o ovo. Pro por ob je tos lú di cos, de fá cil lei tu ra, foi a ma nei ra en con tra da pela Ales si para atin gir tam bém as clas ses B e C do mer ca do e in tro du zir o plás ti co em lo cais mais no bres que a co zi nha
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Container, objeto que contém outro objeto. Aquilo que guarda, protege, embala. O ideograma japonês que designa em ba la gem – nos in for ma Jo Ta ka has hi, da Fun da ção Ja pão – é de ri va do de um de se nho de mu lher grá vi da. A mãe em ba la a cri an ça ain da em seu úte ro. Em ba la e aca len ta; em ba la e con tém. Também aqui permanece essa duplicidade de sentidos, não encontra da
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outro idioma latino. Embalar e guardar: no container, no úte ro, na cai xa, no ovo, nos braços. Maria Helena Estrada
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Marrakesh, reproduz os “hominhos” de Stefano
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PMMA, PP e po li a mi da pela Ales si
Copettes, design italiano produzido pela
On du la, fru tei ra de Achil le Cas ti gli o ni, que pode ser usa da dos dois la dos. Co le ção Ales si
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empresa gaúcha Coza, em polipropileno texturizado
Ship-Sha pe, por ta-patê. De sign Ste fa no Gio van no ni; pro du zi do em
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Giovannoni, presentes em di versas peças da coleção Alessi
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“Ho mi nhos” ver são ge la da. Gi ro ton da, for ma de gelo
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pro du zi do em PMMA pela Ales si
em goma de si li co ne, de Gio van no ni para a Ales si
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Mi a mor, con tém e ex põe. De sign En ri ca Zan zi,
37 ARC DESIGN
zin co, é en con tra do na Hou se Gar den
Por ta qual quer coi sa, pode con ter fer ra men tas para o jar dim,
Arte e embalagem unidas na
tradição japonesa. Foto de capa do livro “Traditional Japanese Packaging”, de Hideyuki Oka
men sa gens, ape tre chos de de se nho em um es tú dio. Pro du zi do em
eita em P almas, no Toc ado f anti do ur ns, im cap de Renato Imbrois abalho i jun em m tr to lsa de u Bo do enda na House a Gard ult ai s. À v s loc en res esã art às
decorativo. House Garden Porta-água ou regador, tanto pode
regar plantas como servir de vaso
Copos em alumínio anodizado em
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diversas cores. Um revival dos anos de 1950,
encontrados na Benedixt
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Vaso em plás ti co, da Sturm und Plas tic
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39 ARC DESIGN
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para a Alain Mi kli
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de qualquer ambiente de trabalho
Porta-CPU da Escriba:
protege o computador e contribui para a estética
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O ve lho puxa-saco em de sign mo der no.
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En con tra do na Tok & Stok
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ONDE ENCONTRAR:
Design Ligia Medeiros, à venda na Via São Paulo
ALESSI Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.903, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3064-8297. Shopping Ponteio Lar: Rodovia BR-356, 2.500, Belo Horizonte, MG. Tel.: (31) 3264-0032 BENEDIXT Praça Benedito Calixto, 103, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3064-1438. benedixt@uol.com.br EMPÓRIO BERALDIN Rua Mateus Grou, 604, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3030-3956. Rio Design Center: Av. Ataulfo de Paiva, 270, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 239-9391. Bahia Design Center: Praça dos Tupinambás, 2, Salvador, Bahia. Tel.: (71) 326-7377. beraldin@beraldin.com.br
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fer ro, pro je to do ar qui te to Aldo Ros si. Uma das
in e r s conta três , M il ã o m o c H i- T e c o a ã j ç lo lu so ada na f á c il ncontr Uma v e l? id é ia e lá a o ic B c re dos. L ix o a c o p la
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a t u a l i d a d e s
umapaixãobemdesenhada “Ge ral men te es co lho as pes so as com as quais vou tra ba lhar usan do a intu i ção. Me in te res sa mais a pes soa do que sua ha bi li da de no de sign. Gos to de tra ba lhar com pes so as que te nham uma vi são de mun do in te res san te e que es te jam an te na das com o fu tu ro.” Rolf Fehl baum
Rolf Fehlbaum, presidente da Vitra, indústria de móveis com sede na Suíça, tem no design e na arquitetura a sua paixão. Situada em Weil am Rhein, na Charles Eames Stras se, a sede da Vitra GmbH e o Museu Vitra reúnem, nes ta rua de nome famoso, as personalidades mais importantes da arquitetura e do design. “Ninguém quer se sentar em um monumento, mas viver em um monumento é interessante”, comentou Fehlbaum em sua recente visita a São Paulo. Este pensamento deve ser a origem do projeto do Museu Vitra, que teve como núcleo inicial a coleção particular de Rolf Fehlbaum. Hoje a sede de
Weil am Rheim reúne prédios com projetos de Frank Gehry (museu), Zaha Hadid (sede do corpo de bombeiros), Tadao Ando (pavilhão de conferências), Alvaro Siza (ateliê de fabricação). Em meio aos prédios, “Balancing Tools”, grande escultura de Claes Oldenbourg. “A arquitetura traduz a imagem de uma empresa”, lemos no site da Vitra. A em pre sa foi fun da da em 1950 por Wil li Fehl baum, pai do atu al pre si den te. O Mu seu Vi tra foi inau gu ra do em 1989 e pos sui hoje mais de 3 mil pe ças. No Bra sil co nhe ce mos as fa mo sas ca dei ras da co le ção do mu seu gra ças a uma ex po si ção de suas mi ni a tu ras or ga ni za da pela Dot to,
Foto Thomas Dix
À es quer da, mesa e ca dei ra Ply, em la mi na do de ma dei ra. De sign Jas per Mor ri son. Aci ma, pré dio para a pro du ção, de Al va ro Siza, inau gu ra do em 1994, e a es tru tu ra em arco, na pas sa gem en tre dois pré di os, da qual des ce um teto, em dias de chu va 42 ARC DESIGN
n Hanse Hans Fotos
Foto Thomas Dix
re pre sen tan te ex clu si va da Vi tra no Bra sil e que co mer cia li za to dos os seus pro du tos. “O mu seu é uma co le ção do pen sa men to mo der no e diz res pei to à tec no lo gia e à pro du ção. Não é uma co le ção de arte”, afir ma Fehl baum. A qua li da de do pro je to é o pon to de uni ão en tre a co le ção do mu seu e os pro du tos lan ça dos anu al men te pela Vi tra. Se o museu reúne cadeiras criadas desde o final do século XIX, peças nas quais já se prenunciava a fabricação em série, a empresa Vitra lança, a cada ano, produtos que poderíamos chamar de “cult” e que estão na vanguarda absoluta do design. Os ingleses Ron Arad e Jasper Morrison; o belga Maarten Van Severen, o mais mínimo dos minimalistas; os italianos Mario Bellini, Alberto Meda e Antonio Citterio são alguns dos designers que projetam para a Vitra. Dentre as reedições, temos o mobiliário de Charles Eames e a célebre Panton Chair. Todos são encontrados no showroom da Dotto. “Cada época tem o design que merece”, afirma Fehlbaum quando lhe perguntamos sobre suas preferências em relação ao design das diferentes décadas. “O design tem de satisfazer a duas regras básicas, que são a expressão pessoal e as necessidades coletivas. Um designer nunca trabalha para a Vitra, mas para ele mesmo”, conclui Fehlbaum. Em sua vi si ta ao Bra sil, ele dei xou en tre ver a pos si bi li da de da exis tên cia de um Mu seu Vi tra no Bra sil. A exem plo do Gug ge nheim, tam bém o Vi tra Design Museum co me ça a se ex pan dir, ten do inau gu ra do uma se gun da sede em Ber lim, pu bli ca da em ARC DE SIGN 14. “Design Addicteds”, alerta! Se não for possível possuir uma cadeira Vitra em tamanho natural, escolha a miniatura que mais lhe agrada, dentre as inúmeras criadas nos séculos XIX, XX ou XXI! ❉
À es quer da, ca dei ra Tai no, de Ja kob Ge bert, em la mi na do de ma dei ra, que con tém uma gran de ino va ção: o as sen to da ca dei ra, em vez das nove lâminas de ma dei ra ha bi tu ais, uti li za duas con chas de cin co lâ mi nas cada, sen do que en tre elas é co lo ca da a cruz em alu mí nio, que ser ve de base para a ca dei ra. Acima, arquitetura de Tadao Ando para o pavilhão de conferências. O projeto previu um andar subterrâneo para que a altura do prédio respeitasse aquela da cerejeira à sua frente. Abaixo, a já famosa cadeira Tom Vac, de Ron Arad
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estratégiaedesign Uma das mai o res fa bri can tes de mó veis e equi pa men tos para es cri tó ri os do mun do, a Ste el ca se lan çou re cen te men te a li nha Quid. Pro du zi do ori gi nal men te na uni da de es pa nho la da em pre sa, o sis te ma foi to tal men te adap ta do ao mer ca do sul-ame ri ca no – em es pe ci al, aos usu á ri os bra si lei ros – sob uma úni ca vi são: es tra té gias de de sign aju dam a re a li zar es tra té gias em pre sa ri ais
Acima, superfícies de trabalho componíveis da linha Quid: ideais para espaços de reunião
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Desde a introdução dos escritórios panorâmicos na década de 1970, os espaços de trabalho foram desenvolvidos com um tipo de padronização que está sendo reformulada. Em seu lugar, a personalização do espaço é cada vez mais difundida. Há alguns anos, todo funcionário almejava ter uma sala fechada: um local separado do resto do ambiente era sinal de status. Hoje, isso não é mais regra – valoriza-se mais a comunicação, a flexibilidade e, claro, o conforto. Diversidade de cores, acabamentos, configurações de superfícies e altura de painéis podem oferecer espaços de trabalho menos monótonos e mais produtivos, sem deixar de lado os aspectos ergonômicos e organizacionais. A tendência é fazer com que o usuário se sinta em casa: um lugar onde ele tenha comodidade, identificação e até momentos de lazer. Os esforços das empresas de móveis para escritório em atender a essa demanda têm sido consideráveis. A linha de estações de trabalho Quid, da Steelcase, é um exemplo. Facilmente adaptáveis, seus painéis podem ser montados em várias alturas e composições, alternando materiais como vidro, tecido ou placa de alumínio – que permite a instalação de acessórios. Com as variações, uma estação de trabalho com altura de 1,10 metro pode ganhar uma ou duas placas, passando para 1,40 metro. Se inicialmente os avanços da tecnologia não interferiam no espaço de trabalho, hoje são de extrema importância no ambiente físico das empresas, inclusive nas tipologias e dimensões do mobiliário. Passagens ocultas
de cabos e fios de instalação e manutenção são uma necessidade inegável: “É impossível projetar um bom escritório sem prever as calhas de passagem de cabos, assim como outros equipamentos que facilitam a vida do usuário”, diz Fernando Maroniene, gerente de marketing da Steelcase no Brasil. Para se manter como empresa de ponta (quem não se lembra da cadeira Leap, que, há dois anos, revolucionou a maneira de sentar?), a Steelcase abriga, em sua sede em Grand Rapids, nos Estados Unidos, laboratórios de pesquisa interdisciplinares que estudam o universo do trabalho. Em um deles, a designer brasileira Izabel Barros coordena uma equipe que, fundamentada no conceito Community Based Planning, analisa empresas de diversos portes e culturas. Usando conhecimentos como psicologia, sociologia e antropologia, a análise busca identificar todas as características – objetivas e subjetivas – de cada empresa, a partir de cinco pontos principais: inovação, comunicação, aprendizado, processos de trabalho e processos de decisão. A partir das observações feitas, elabora-se um diagnóstico e, então, propõe-se um remanejamento espacial capaz de criar melhores condições de trabalho. Muito se discute a respeito das transformações no modo como trabalhamos. A era do conhecimento, o nomadismo, novas tecnologias, horários alternativos... As mudanças são velozes e há quem afirme que, no meio do turbilhão, o homem precisa de algum elemento que o faça se sentir seguro. Em plena idade digital, esse elemento ainda parece ser a superfície de trabalho. ❉
Nesta página, diversas possibilidades de composição e acabamento das estações de trabalho Quid: painéis divisórios, baixos ou altos, em vidro, aço, tecido ou Slatwall (placa de alumínio modular e componível que permite acoplar acessórios diversos). Ao lado, destaque para o suporte de teclado e mouse com altura ajustável por mecanismo pneumático
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O mate rial para esta seção foi for ne ci do pelo Material ConneXion. Tradução: Winnie Bastian
ALULIGHT®
Painéis de alumínio aerado, de baixa densidade, com uma estrutura porosa que pode ser produzida com ligas de alumínio forjadas ou fundidas. É um material isotrópico (possui as mesmas propriedades em todas as direções), isolante acústico, amortecedor de vibrações, resistente ao calor, protetor contra interferência eletromagnética e altamente resistente a impactos. Pode ser usinado como madeira, embora possua maior estabilidade térmica do que a madeira ou plásticos
POAL
MATERIAL CONNEXION
mc# 1495-01
mc# 1049-02
Material poroso fabricado com fibras de alumínio prensadas entre duas malhas metálicas e então enroladas e pressionadas em uma folha rígida aderente. Possui a porosidade (inclusive o tamanho dos poros) e a espessura controladas. É durável, não-inflamável e atua como isolante acústico. Disponível em diversos tamanhos, pode receber revestimento de tintas ou Teflon. Pode ser cortado e instalado, in loco, ou fornecido na forma de painéis pré-fabricados
ALUCOBOND® MATERIAL
mc# 1627-03
Laminado de alumínio leve, rígido e resistente à corrosão. Composto de duas folhas de alumínio (0,051 cm de espessura) que revestem um cerne de polietileno, pode ser trabalhado com as mesmas ferramentas utilizadas para metal e madeira. Aplicações incluem revestimento de fachadas externas de edifícios, paredes internas e colunas; isolamento acústico; sinalização
ARCHITECTURAL WIRE MESH
mc# 3488-01
Malha industrial feita com fios de aço inoxidável ou de latão. Disponível em diversos padrões geométricos e diâmetros de fio, é utilizada em esteiras transportadoras, displays e aplicações arquitetônicas
3DL
mc# 3474-01
Técnica de fabricação para modelar e formar um filme composto (neste caso um filme Mylar estruturado com fio aramid) em fôrmas pré-fabricadas de modo a que o filme praticamente não possua emendas, sendo, assim, menos suscetível a estiramentos. Originalmente desenvolvidas para velas de barcos, essas membranas flexíveis compostas estão sendo testadas para utilização em pára-quedas e balões
ACRYMAX
mc# 2652-01
Sistema protetor composto por múltiplas camadas de revestimentos acrílicos elásticos combinados com um tecido estrutural reforçado, que forma uma membrana composta, dimensionalmente estável, que permanece flexível mesmo quando exposta a temperaturas muito baixas. Durável, o material resiste ao ozônio, aos raios ultravioleta, à chuva ácida e a outros contaminantes transportados pelo ar. Indicado para preservar e proteger telhados, paredes e outras superfícies
SHIELDING TEXTILES
mc# 3821-01
Têxteis flexíveis, tecidos com um fio composto por algodão e um fio metálico muito fino, revestido com prata, que protege contra campos elétricos de 50/60 Hz e também contra campos eletromagnéticos. Disponível em oito cores, na forma de um tecido leve e transparente para cortinas ou em uma versão mais resistente para roupas de proteção e capas de utensílios elétricos e eletrônicos
FLEX-GUARD
mc# 4104-01
Uma ampla gama de fibras poliméricas (como polipropileno, poliéster, fibra de vidro, náilon, fluoropolímero etc.) é trançada, resultando em cilindros de fibras tecidas que se expandem até três vezes seu tamanho nominal. Produzidos em diversas cores, tamanhos e configurações, são utilizados como capas que protegem cabos e fios contra a abrasão
SHIELDING FABRIC
mc# 3962-01
Tecido decorativo de fibra de vidro, permeável ao vapor, com um revestimento (à base de cobre) – flexível e resistente à corrosão – na parte posterior, para proteger contra radiação eletromagnética na frequência de 60 dB. Disponível também com revestimento em cobre de 620 g/m para proteção na frequência de 70 dB ou mais
TWINTEX®
mc# 3837-01
Folhas de polipropileno estruturadas com fibras de vidro entrelaçadas (60% a 70% da composição), que possuem alta firmeza e resistência a impactos. O trançado das fibras de vidro proporciona flexibilidade e reforço ao mesmo tempo. As aplicações incluem a indústria automotiva (como um substituto mais leve para o aço e como revestimento para reboques de carga pesada) e a indústria da construção e de tubulações
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caderno
design grรกfico
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SWIP STOLK livre e barroco Na Ho lan da, país na van guar da das idéi as li be rais, Swip Stolk de sen vol veu um es ti lo, ou di ver sos es ti los pró pri os. In de pen den te e an ti con for mis ta, fi cou à mar gem das cor ren tes clás si cas, dos mo dos e das ten dên ci as. Mais que um pes qui sa dor, ele é um in ven tor.
Sophie Rocherieux para a revista Étapes Graphiques, Paris Tradução Maria Helena Estrada
Talvez por negligência, Swip Stolk não responde, ou pouco, aos convites que lhe são feitos. Fiel a seu princípio de liberdade e a suas convicções, ele se recusa a ser assimilado por um movimento. Porque o aspecto artístico de uma obra e sua mensagem intrínseca são essenciais, Stolk se mantém, deliberadamente, longe. Captar o olhar, tocar os espíritos, sugerir, provocar uma reação: esta é uma definição do que Stolk considera um bom visual. “Gostar” ou “não gostar” não são problemas seus. De qualquer modo, trata-se de uma proposição. Longe dele a idéia de fazer o papel do anticonformista provocador e primário. “O suporAcima, auto-retrato (1995). À direita, logotipo de Swip Stolk. Na página ao lado, cartazes para o Museu Groninger (1988-1991)
te deve ser considerado, em si, como um meio de comunicação”, afirma Stolk. A forma é um utensílio a
Nas ci do em 1944, Swip Stolk vive e tra ba lha em
co lhe pro du zir e con ti nu ar a avan çar so zi nho.
Zaan dam, Ho lan da; dá seus pri mei ros pas sos
Fiel às suas idéi as, ele re a li za lo gos, car ta -
no mun do das ar tes vi su ais com 15 anos. As
zes, ma que tes de li vros, tim bres, ca len dá ri os,
es co las, ele as ten ta sem con vic ção. Au to ri da -
ce no gra fi as para ex po si çõ es; tra ba lha tam -
de, ri gi dez, os en si na men tos o es fri am. Ini bem
bém com o VARA – so ci e da de ho lan de sa de te -
mu i to, para seu gos to. Ele tra ba lha em uma
le vi são. De pois de 1988, este “ho mem de 100
agên cia de pu bli ci da de e, de pois em ou tra,
es ti los” é en car re ga do de toda a co mu ni ca ção
nada es ti mu lan tes. Ele pre fe re a li ber da de.
vi su al do Mu seu Gro nin ger e, mu i tas ve zes, do
A bre ve pas sa gem no mun do do en si no nos
Mu seu Rem brandt, am bos na Ho lan da.
anos de 1970 e de 1980 foi um modo de con -
Re co nhe ci do, mas pou co co nhe ci do, ele é
fron tar suas idéi as. Mas Swip Stolk não tem li -
con si de ra do um dos ar tis tas mais ori gi nais e
mi tes e, dan do sem pre o me lhor de si, ele es -
con tro ver sos. In clas si fi cá vel.
serviço do conteúdo, um modo de reforçar a mensagem. “Eu detesto os designers gráficos que se utilizam do brilhante para chamar a atenção, criando uma ilusão estética que não tem nada a ver com o conteúdo.” Assim, Swip Stolk experimenta os materiais, as formas e as técnicas de impressão, ao mesmo tempo que confronta suas idéias a fim de desenvolver e enriquecer seu ponto de vista. Stolk é um homem determinado, que acredita nas próprias idéias, mas, mesmo assim, aberto. Cada linha, cada imagem, cada desenho, cada composição tem sua função, e um só objetivo: criar um sentido. Unir o significado ao significante. Ser criativo, ter idéias, expô-las: isso não se aprende. A técnica, sim. “Lembro-me que um dia Crouwel (importante figura do movimento formalista holandês e fundador do grupo holandês Total Design) disse: ‘Seja o menos barulhento possível em todas as suas realizações’. Isto é verdade em alguns casos, mas penso que não se deve, de modo algum, fazer disso uma regra.” Nesse estado de espírito, a obra de Swip Stolk se situa no lado oposto do sentido objetivo e do minimalismo veiculados por Crouwel. Uma tendência ao barroco? Certamente. Alguns toques de 60 ARC DESIGN
Na página ao lado, no alto, cartaz para a exposição Acceten, Museu Groninger (1998) e cartaz para a exposição Plastic, Museu Groninger (1998); embaixo, tíquete de entrada para o Museu Groninger (1998), com desenho feito pelo ateliê Mendini, Milão. Nesta página, acima, capas dos números 19 (1998) e 26 (2000) da revista Dutch. Abaixo, cartazes para o Museu Groninger (1988-1991)
kitsch também. Sem contar a utilização de elementos vindos diretamente dos anos de 1970, que ele sabe recolocar no gosto atual sem perder um grama de contemporaneidade. Nos anos de 1960, e ainda hoje, Swip Stolk colabora com a agência de design gráfico De Boer e Vink. A confiança que merece do diretor, Piet Vink, o encoraja a fazer sempre uma proposição honesta, mas não desinteressada: calendários. Sua idéia é provar que esses objetos de nosso cotidiano não precisam ser, necessariamente, aborrecidos, e que há outras pistas a serem exploradas, além daquelas que todos usam. De qualquer forma, este é um álibi para satisfazer seu desejo de inovar. Proposição aceita, Stolk se lança em uma série de experimentações entre 1969 e 1975. A cada ano, os conceitos, as técnicas, os conteúdos são diferentes. Os calendários tornaram-se referências. Simbólicos – pois sua tiragem é de 500 exemplares –, mas determinantes. Na verdade, eles permitirão a Stolk encontrar 61 ARC DESIGN
Nesta página, calendários realizados para a Gráfica De Boer En Vink (1971). Na página ao lado, em sentido horário: identidade visual criada para a VARA, empresa de rádio e teledifusão holandesa; selos não homologados para o PTT, agência dos correios holandesa, realizados para exposição no Museu Groninger; embalagem para cartões postais à venda no Museu Rembrandt (1998)
o estilista Jan Jansen, além de Anthon Beeke e Frans Haks. Para a criação de um logo, Jansen chama Wim Crouwel. Insatisfeito com o resultado, ele dá o pro je to para Stolk: paixão à primeira vis ta, do pon to de vis ta hu ma no e p r o fissional.
Stolk
encarrega-se,
desde
e s s e m o mento, e ainda hoje, de toda a comunicação visual de Jansen. Paralelamente, nos anos de 1970, ele se coloca ao lado de Jan van Toom e de Anthon Beeke, dois designers gráficos influentes. Juntos, aspiram a ultrapassar os limites da profissão. Eles acreditam que o designer gráfico deve se interessar, se engajar, atuar de modo a que cada obra explique seu próprio contexto. Jan van Toorn é o primeiro a atacar o formalismo de Crouwel. Com Anthon Beeke, Stolk realiza, entre outras, toda a campanha de comunicação da Citroën, em 1971. Finalmente Frans Haks, que é também uma figura essencial no percurso de Stolk, e diretor do Museu Groninger – espaço inédito onde convivem arte antiga, arte decorativa e criações de vanguarda –, lhe confia, desde 1988, a direção artística do museu. Haks é um homem que não hesita em desestabilizar princípios estabelecidos e, claramente, esta atitude cria ligações. “Haks gostava de se arriscar, mas ele nunca me fez imposições e sempre me encorajou a seguir minha intuição.” Swip Stolk pertence a uma geração que se opôs violentamente ao capitalismo e às estruturas de poder que aniquilam qualquer individualismo. A consequência? Um desprezo total pela publicidade. Ao mesmo tempo, Stolk nunca se nega a um trabalho quando a pessoa é interessante, o produto, honesto e o cliente lhe dá carta branca. As últimas realizações de Swip Stolk são para o Museu Groninger e para a Dutch, revista de moda e suporte para a expressão visual, que agrupa os mais criativos designers gráficos da atualidade. Sendo um artista antes de ser designer gráfico, Stolk permanece um marginal da criação visual. Popular na Holanda graças às suas criações para o Museu Groninger, ocupando-se especialmente de projetos políticos, sociais ou culturais, Stolk tem mil idéias em efervescência. O bastante para poder usar por muito tempo. ❉ 63 ARC DESIGN
I.nova System, a nova cozinha da Itatiaia “Qualidade, seu lugar é na cozinha.” O lema da Itatiaia está explícito em seu ótimo – e mais ousado – lançamento: o sistema I.nova. Essa indústria mineira, líder no mercado nacional de cozinhas em aço, acreditou no design como ferramenta competitiva e investiu dois anos no desenvolvimento deste produto, um projeto de Angela Carvalho em conjunto com a equipe de design da empresa.
Tradição de 37 anos de uma das maiores indústrias do Brasil, na liderança do segmento das cozinhas em aço: esta é a Itatiaia. Instalada em uma área de mais de 350 mil metros quadrados, com área total construída de 60 mil metros quadrados, a empresa tem capacidade de produção média de 4.500 peças diárias, ou seja, 130 toneladas de aço por dia. Um potencial de produção que atende uma rede de mais de 3.200 lojistas. “O conceito de mudança, para nós, parte do princípio de que esta deve ser obtida por meio da inovação e da busca pelo diferencial. Tendo como ponto de partida o design e a qualidade, poderemos definir novos conceitos no mercado, conquistando a confiança, o respeito e a fidelidade dos consumidores”, afirma Lincoln Cesar Penna Costa, diretor-presidente da Itatiaia. Graças a essa filosofia, a empresa foi capaz de acreditar no projeto proposto pela designer Angela Carvalho para o desenvolvimento de um produto que colocaria a Itatiaia em um outro patamar em relação ao mercado. Este novo produto é o sistema I.nova, que foi desenvolvido pela NCS Design, de Angela Carvalho e Alex Neumeister, com a equipe de projetistas da Itatiaia. A empresa, com o lançamento do sistema de cozinhas I.nova, não abandona as faixas de mercado C e D a que sempre se dedicou, mas atinge também as faixas B e A, para as quais ainda não havia a oferta de uma cozinha em aço com a qualidade que esse mercado exige. Qual o grande diferencial do sistema I.nova? No início, as cozinhas de aço eram soldadas: vinham prontas da fábrica. Algumas empresas começaram, depois, a fabricar cozinhas desmontáveis, mas estas não tinham a mesma resistência e durabilidade das antigas cozinhas soldadas. No I.nova, os armários são desmontáveis e têm flexibilidade de modulação sem perder a principal qualidade do aço, que é a durabilidade. Como foi resolvida essa questão? As paredes dos armários são duplas, o sistema utiliza conectores plásticos e não possui nenhum parafuso aparente, os encaixes são precisos.
Conectores plásticos e parafusos não aparentes Encaixes precisos Paredes duplas Prateleira com paredes duplas Regulagem para altura de prateleira
Portas de aço, MDF ou vidro serigrafado Isolamento acústico Dobradiças metálicas reguláveis interior sem frestas
Acima, vista aérea da fábrica. Abaixo, cozinha Essencial branca, produzida com a mais sofisticada tecnologia de fabricação em aço, é um exemplo da flexibilidade na combinação de módulos, da sofisticação dos acabamentos. À esquerda, desenho explodido de um módulo-padrão
Aci ma, ar má ri os su pe ri o res com por tas em vi dro se ri gra fa do dão le ve za ao con jun to, ar má ri os in fe ri o res com por tas em aço no aca ba men to Li nea, tam pos em gra ni to e pu xa do res de se nha dos es pe ci al men te para o sis te ma. Abai xo, ar má ri os in fe ri o res com aca ba men to das por tas na va ri an te Li nea e ar má ri os su pe ri o res com por tas em MDF e em vi dro se ri gra fa do. Va ri a ção nas co res e aca ba men tos, ri que za de de ta lhes in te li gen tes e fun ci o nais
66 ARC DESIGN
Além disso, há um isolamento acústico em espuma nas paredes e portas; as dobradiças metálicas são reguláveis; as prateleiras têm paredes duplas com regulagem para altura; as portas são produzidas em aço, em vidro serigrafado ou em MDF. “A opção das portas em madeira permite trazer a cozinha para o ambiente da sala”, comenta Denise Botelho, gerente de marketing, pesquisa e desenvolvimento da Itatiaia. Os conceitos básicos que orientam o projeto desse sistema são: inovação, flexibilidade, versatilidade, funcionalidade, tecnologia, resistência, robustez. “Trata-se de uma cozinha desmontável com a qualidade de uma cozinha de alto nível”, diz Angela Carvalho. Para possibilitar o desenvolvimento e a produção do novo sistema, a Itatiaia fez grande investimento em maquinário, demonstrando a postura de empresa que acredita no design como ferramenta para a competitividade. O projeto da I.nova prevê um grande número de variantes de acabamento, o que a caracteriza como um produto personalizado. As portas em aço, por exemplo, podem ser encontradas em três versões: Essencial (lisa), Pontual (estampada com pontos) e Linea (estampada com linhas horizontais). Os mesmos padrões se repetem nas portas de vidro, serigrafadas; aquelas em MDF são recobertas por uma película de PVC. O acabamento de laterais e portas em aço, por outro lado, é texturizado, de modo a anular a sensação de frieza do aço. As cores amarela, branca, prata, verde e mel permitem a harmonia total entre o aço, o vidro e a madeira. A competência no design e a tecnologia empregada pela Itatiaia fazem do I.nova System um marco na história das cozinhas no Brasil.
Q
Quem investe no design?
forma
firma Casa Giroflex
V o ko esCriba 1 ARC DESIGN
Fo r m a
Uma nova marca de prestígio internacional passa a fazer parte da coleção Forma: a empresa dinamarquesa Fritz Hansen. O que faz de uma cadeira um clássico atemporal? Seu desenho? Sua perfeita resolução formal? Uma nova tecnologia? A Forma talvez possa responder a essa pergunta, pois reúne alguns dos mais famosos clássicos contemporâneos em sua coleção, que agora se completa com a Fritz Hansen. A história da Fritz Hansen começa em 1872, quando seu fundador obteve a patente de mestre de marcenaria, em Copenhague, Dinamarca, especializando-se na fabricação de componentes de móveis. São 129 anos de crescimento constante, durante os quais a marca Fritz Hansen se consolidou, lançando cadeiras famosas como a Dinamarquesa, de Arne Jacobsen, e a coleção de Poul Kjaerholm, cujos direitos foram adquiridos em 1982. Na década de 1990, a VicoDuo, de Vico Magistretti, é lançada com grande sucesso. Com a inclusão dos móveis da Fritz Hansen, a Forma amplia sua coleção de móveis residen-
Acima,VicoDuo,designVicoMagistretti.Aconcha,emma-
ciais, oferecendo também opções para auditóri-
deiralaminadamoldadanaturaloucolorida,poderece-
os, estúdios e escritórios.
berumacapafechadaporzíper;osbraçospodemseres-
A Forma possui representantes nas principais ci-
tofadoserevestidospormaterialsintéticopreto.
dades do Brasil.
FORMA Av. Cidade Jardim, 924 São Paulo, SP - Tel.: (11) 3816-7233 Rua Farme de Amoedo, 82A Rio de Janeiro, RJ - Tel.: (21) 2523-2949 www.forma.com.br
Nestapágina,cadeirasSérie7,designArneJacobsen.OmodelooriginaldaSérie7,conhecidanoBrasilcomo Dinamarquesa,foicriadoem1955ÉproduzidapelaFritzHansen,naDinamarca,edistribuídanoBrasilpela Forma,emsuasdiversasversõesdecoroudemadeiranatural,ouaindarevestidaemcourooutecido.
Nopédapáginaanterior,EggChaire Swan Chair, criadas por Arne Jacobsen no final dos anos de 1950. Conchaemplásticoestofadacomespuma de poliuretano e revestida em tecido oucouro;baseemalumínio
Firma Casa
Acima, mesa Ufo, design Ferruccio Laviani, na coleção Emmemobili. Base em compensado curvado, trabalhado segundo as normas ecológicas da Comunidade Européia. Acabamento em verniz acrílico, que possui uma alta resistência à luz, garantindo a permanência da cor natural da madeira
Ao lado e acima, Cadeira 130, design G. Harcourt para a Emmemobili, produzida em laminado curvado com uma mínima espessura. Os acabamentos utilizados pela Emmemobili são o verniz acrílico ou a cera sem solventes químicos. Na cera são utilizados apenas componentes naturais, como o óleo da casca da laranja. Todos os produtos da Emmemobili são ecologicamente corretos
apresentado vários designers brasilei-
lidade, capaz de permitir um mix perfeito
ros, com produtos exclusivos, como
com o design italiano? A Firma Casa res-
Francisco de Almeida, Jacqueline Ter-
ponde de modo afirmativo a esta pergun-
pins, Luciana Martins e Gerson de Oli-
ta e abre, cada vez mais, espaço em seu
veira e André Cruz.
show-room para essa nova proposta.
Se estilos de épocas ou culturas diver-
Representando, desde a abertura de sua
sas podem ser agradavelmente mistu-
loja, as empresas italianas Moroso e
rados, desde que as peças sejam origi-
Zanotta, a Firma Casa incorporou a
nais e de qualidade, o mesmo se pode
Edra, que produz o mobiliário de Fer-
dizer do design, europeu ou brasileiro,
nando e Humberto Campana, e, por úl-
se o projeto tem qualidade.
timo, a Emmemobili.
A Firma Casa, abrindo um espaço efetivo
Se o design dos irmãos Campana pode
para o designer brasileiro, está se colo-
fazer parte de uma coleção italiana,
cando na vanguarda do mercado.
muitos outros designers brasileiros
Além do mais, se importar já foi uma
vêm, nos últimos dois ou três anos,
resposta competitiva, hoje procurar
completando a coleção internacional
bons designers e colaborar no desen-
da Firma Casa.
volvimento de novos produtos brasilei-
Além dos Campana, o show-room tem
ros é a resposta moderna e inteligente.
FIRMA CASA Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.487 São Paulo, SP - Tel.: (11) 3068-0377 www.firmacasa.com.br
Foto Andrés Otero
Já temos um design brasileiro com qua-
As mesas laterais Balanço, nesta página, fazem parte da coleção dos designers brasileiros. Criada por André Cruz, a Balanço tem base em aço e tampo em madeira curvada Foto Andrés Otero
Vo ko
Os biombos são o maior diferencial
“engate rápido” na montagem, dis-
guração dos cabos muito mais rápida.
da linha Physio, lan ça da re cen te -
pensando o uso de parafusos.
De acordo com o designer Paulo
men te pe la Voko. Além de di vi dir
Mobilidade: a conexão universal uti-
Germani, os biombos Physio tra-
e or ga ni zar o es pa ço, os bi om bos
lizada nos biombos Physio facilita as
zem a solução para um dos maio-
Physio atu am co mo con du to res
reconfigurações de layout.
res problemas no que diz respeito
de tec no lo gia. Pro je ta dos pelo
Fa ci li da de de ma nu ten ção: nor -
ao planejamento dos escritórios –
bra si lei ro Pau lo Ger ma ni, apre -
malmente o cabeamento atravessa
o elevado número de cabos que
sen tam um sis te ma de mon ta gem
os perfis verticais (que têm furos
precisam ser distribuídos nos es-
ex clu si vo, que ga ran te pre ci são
específicos para esse fim); no caso
paços de trabalho –, pois sua ca -
cons tru ti va, mo bi li da de e fa ci li da -
do sistema Physio, os cabos são
pa ci da de é pra ti ca men te ili mi ta da.
de de ma nu ten ção.
presos no biombo por fora da es-
Os bi om bos po dem ser re ves ti dos
Precisão construtiva: a estrutura
trutura (percorrem o espaço entre
em te ci do, la mi na do me la mí ni co,
dos biombos é produzida totalmente
o quadro e o painel externo), tor-
com bi na çõ es de te ci do com la mi -
em alumínio e utiliza o sistema de
nando a manutenção e/ou reconfi-
na do me la mí ni co e vi dro du plo.
Além de atuarem como condu-
superior) e laminado melamíni-
tores de cabos, os biombos po-
co (inferior).
dem estruturar a superfície
Abaixo, destaque para a es-
de trabalho. À esquer da,
trutura do biombo e para
estação de trabalho e biombo
o
re ves tido em tecido (par te
dos cabos
sis tema
de
passagem
VOKO Av. das Nações Unidas, 12.995 - Mezanino Brooklin - São Paulo, SP Tel.: (11) 5507-3730 - vendas@voko.com.br
Giroflex
Desenhar uma nova cadeira, eis a grande ambição de todo arquiteto. Se em outros tempos pensava-se no que acrescentar ao arquétipo da cadeira, à cadeira essencial – assento e encosto em ângulo reto e quatro pernas verticais –, hoje a idéia é subtrair. A Giroflex 12, que está sendo lançada no Brasil pela Giroflex, é um bom exemplo do novo minimalismo, que não reduz o de-
GIROFLEX Rua Dr. Rubens Gomes Bueno, 69 Santo Amaro - São Paulo, SP www.giroflex.com.br
Nas duas páginas, cadeira Giroflex 12: minimalismo e design amigável no projeto de Ton Haas. Produzida no Brasil, é um dos lançamentos da Giroflex na Office Solution 2001
se nho por mera ques tão es té ti ca,
di re to, evi tan do as sim que so fram
mas obedece às exigências do mobiliá-
qual quer des gas te.
rio contemporâneo.
Ton Haas explica que “o desenho da ca-
De sign ami gá vel, a ca dei ra de Ton
deira é uma combinação de formas geo-
Haas pode ser usa da de for ma avul -
métricas e orgânicas”. A leve estrutura
sa ou aco pla da, em es cri tó ri os, au di -
em aço serve de suporte ao assento e ao
tó ri os ou mes mo em sa las de reu nião
encosto em polipropileno, este formando
e restaurantes. Projeto sofisticado, a
uma curva fechada, concebida de modo a
Gi ro flex 12 pos sui um me ca nis mo
permitir um apoio para os braços.
que im pe de que as ca dei ras, ao se -
Como toda a coleção Giroflex, o projeto
rem em pi lha das, en trem em con ta to
é europeu, produzido no Brasil.
O fato de a Giroflex 12 ser empilhável e acoplável torna-a versátil, permitindo seu uso em escritórios, auditórios ou até mesmo em restaurantes
Escriba
A estante ArxStudio da Escriba é mais um produto que expressa a multifuncionalidade e sofisticação de um sistema que inclui superfícies de trabalho e reunião, além de outros componentes, que tanto podem integrar espaços específicos do escritório como compor a decoração de residências. A qualidade de seus acabamentos confere adequação natural a áreas representativas, como gabinetes de diretoria. Disponível em diferentes alturas, a estante ArxStudio permite a livre organização de prateleiras,
ESCRIBA Tel (11) 4787 3800 www.escribanet.com.br SHOWROOM Av. Europa, 715 São Paulo-SP
podendo ainda ser dotada de uma prateleira auxiliar que, junto à superfície de trabalho, pode ser utilizada como apoio à execução de tarefas. Respeitando os princípios básicos de modulação arquitetônica, a estante da linha ArxStudio é composta de quadro confeccionado em madeira maciça, complementado por placa em madeira aglomerada, revestida em laminado melamínico ou em madeira, freijó, marfim linheiro ou mogno. As prateleiras são
ArxStudio : design J R Calejo
disponíveis nestes mesmos materiais.
Apoio: Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN nº 21, agosto/setembro 2001 Diretora Editora – Maria Helena Estrada Diretor Comercial – Cristiano S. Barata Diretora de Arte – Fernanda Sarmento Redação: Editora Geral – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico – Fernanda Sarmento Chefe de Redação – Winnie Bastian Revisora – Jô A. Santucci Produção – Tatiana Palezi Arte: Designers – Adriana Lago Anita Cortizas Cibele Cipola Participaram desta edição: Andrés Otero Emilia Brito Ethel Leon Fernando Salles Fernando Perelmutter Nádia Fischer Roberto Stelzer Sophie Rocherieux Sueli Ortega
Apoio Institucional:
Departamento Administrativo: Cláudia Hernandez Vivian Camões (secretária) Departamento de Circulação e Assinaturas: Thais Gameiro Conselho Consultivo: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Maureen Bisilliat, curadora do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, presidente da Federlegno-Arredo, Itália, consultor de Arc Design para assuntos internacionais
Arc Design: endereço para correspondência Rua Lisboa, 493 - CEP 05413-000 São Paulo – SP
Fotolito: Relevo Araújo Impressão: Litokromia Print Papel: Suzano Papel – Couchê Reflex Matt (miolo – 150 g) Papel Reciclato (caderno especial - 120g) Supremo Duo Design (capa – 250 g)
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