R EV I STA B I M E S T R A L D E D E S I G N A R Q U I T E T U R A I N T E R I O R E S C U LT U R A
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Promosedia: a cadeira italiana
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ISSN 1415-0271
Nº 22 ARC DESIGN
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Bikes & Bicicletas
Prêmio Museu da Casa Brasileira
“Chairs in Contemporary Art”, mostra com curadoria de Agnes Kohlmeyer, promovida pela Promosedia e pela prefeitura da cidade de Udine, foi realizada de 8 a 11 de setembro em Udine, Itália.
R EV I STA B I M E S T R A L D E D E S I G N A R Q U I T E T U R A I N T E R I O R E S C U LT U R A
“A possibilidade de que uma cadeira de artista produza pensamentos, idéias, associações, que, de algum modo, tenham relação com nossa vida, com nosso eu profundo, nosso corpo e nossa alma, com nossos hábitos cotidianos, nossa solidão e nossa sociabilidade, com a nossa fantasia, a ironia e o divertimento, e também com nossos medos e nossos problemas”, es-
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QUADRIFOGLIO EDITORA
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ta podem ser tudo isso, e ainda mais: a elas é permitido abrir
transformar em seu exato contrário todas as certezas que tí-
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nhamos até hoje”, conclui.
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Promosedia: a cadeira italiana
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terrogações e ao mesmo tempo respostas. As cadeiras de artis-
nossos olhos e ouvidos, alargar nosso horizonte e, mesmo,
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Bikes & Bicicletas
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Nesta página, obras de Tony Cragg; imagens gentilmente cedidas pela Galeria Bernd Klüser, Munique, Alemanha. Acima, imagem da capa: "Unschaerfelation", 1991; madeira, 160 x 115 x 85 cm. Foto Mario Gastinger
Tony Cragg nasceu em Liverpool, Inglaterra, em 1949. Hoje vive e trabalha em Wuppertal, Alemanha. Um dos mais impor-
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tantes artistas ingleses contemporâneos, iniciou seus estudos no Gloucester College of Art cursando, depois, o Royal College of Art, em Londres, numa época na qual estavam no auge os movimentos minimalista, conceitualista e a “arte povera”. Cragg define-se materialista, “porque todas as conotações e referências de meu trabalho são tiradas da matéria”. As metáforas presentes em seus trabalhos, comenta Agnes Kohlmeyer, curadora da mostra “Chairs in Contemporary Art”, “convidam à percepção e ao respeito às qualidades materiais dos elementos que utiliza (pratos quebrados, garrafas, instrumentos metáli-
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ARC DESIGN
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creve Kohlmeyer na introdução do catálogo da mostra. “São in-
cos, móveis etc). É uma linguagem clara e material”. Tony Cragg, desde 1978, é professor da Academia de Belas Artes de Dusseldorf, Alemanha. “Acho que os objetos são importantes, pois são capazes de fornecer informações válidas sobre nós mesmos”, afirma Cragg. Além de suas exposições individuais realizadas a partir de 1977, como na Royal Academy of Arts, Londres (1999), e, nos anos seguintes, em diversas galerias da Alemanha, da Itália e na Henry Moore Foundation em Halifax, na Inglaterra, partici-
Prêmio Museu da Casa Brasileira
pou também da Documenta de Kassel (1982 e 1987), Bienal de Veneza (1988 e 2001).
Acima, African Culture Myth, 1984; fragmentos de plástico preto; 320 cm de altura
brasileiro para a casa, nos últimos dois anos. Essa coletânea, que inclui o prêmio anual do Museu da Casa Brasileira, foi publicada em separata e distribuída durante a cerimônia de premiação no museu. As matérias inéditas dessa separata são publicadas nesta edição. O design internacional, as grandes exposições e feiras têm sido assunto constante em ARC DESIGN. Acreditamos que é conhecendo e confrontando nossas idéias com o que está sendo produzido no mundo (ao menos no mundo ocidental) que poderemos absorver novas idéias, processá-las e gerar uma produção de personalidade, ao mesmo tempo brasileira e internacional. Empresas e profissionais brasileiros já aparecem, a cada edição da revista, ligados ao universo internacional. Na Cersaie, feira de revestimentos cerâmicos, em Bolonha, Itália, havia seis empresas brasileiras; no desenvolvimento de uma bicicleta de bambu pelo estúdio de Ross Lovegrove há um designer brasileiro na equipe; a Magis, empresa italiana de vanguarda, convidou Fernando e Humberto Campana para desenvolverem um novo produto; McLaren, o genial cineasta canadense, teve em sua equipe o brasileiro Marcos Magalhães, que assina a matéria “McLaren, Designer do Movimento”, publicada nesta edição. Escolhemos nossa capa, um objeto de Tony Cragg, porque nos remete a todas as questões que, mesmo de modo subliminar, temos procurado passar. “As cadeiras de artistas abrem nossos olhos e ouvidos, alargam nosso horizonte e, mesmo, transformam em seu exato contrário todas as certezas que tínhamos até hoje. As metáforas presentes no trabalho de Tony Cragg convidam à percepção e ao respeito às qualidades materiais dos elementos que utiliza”, escreve Agnes Kohlmeyer, curadora da mostra “Chairs in Contemporary Art”. E Tony Cragg acrescenta, “acho que os objetos são importantes porque são capazes de fornecer informações básicas sobre nós mesmos.” Boa reflexão! Maria Helena Estrada Editora
ARC DESIGN
Design Brasil 2000 + 1 é o título de uma série de artigos que resenham o projeto
4
Me, coleção-conceito, é o novo lançamento de Issey Miyake, que também gerou o projeto de um novo espaço de exposição e vendas no Japão
18
O resultado do XV Prêmio Museu da Casa Brasileira mostra uma das vertentes do design para a casa no Brasil: aquela que namora a indústria, mas ainda não está inserida em seu contexto
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES CULTURA
Nº 22, novembro/dezembro 2001
22
Uma nova geração de designers vem modificando (mas só um pouco) o panorama dos produtos para a casa. Jovens designers com um trabalho solitário e NoTech, coleção coerente de objetos que parte da sensibilidade em relação aos materiais
Winnie Bastian
BIKES & BICICLETAS
Maria Helena Estrada
DESIGN BRASIL 2000 + 1 NOVOS JOVENS ESTÃO CHEGANDO
Maria Helena Estrada
PRÊMIO DESIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA: O DESIGN POSSÍVEL
Da redação
ISSEY MIYAKE
ÍNDICE ÍNDICE ÍNDICE ÍNDIC
28
Mais de 200 anos foram necessários para transformar a velha e capenga bicicleta nas ultraperformáticas bikes contemporâneas. Confira conosco
Imagem da capa: “Unschaerfelation”; Tony Cragg, 1991. Foto: Mario Gastinger
36
A arte imita a vida? O design, seguramente, imita a natureza. Entre a tecnologia e a tradição, a feira Cersaie em Bolonha, Itália, mostra que os novos revestimentos cerâmicos vão buscar suas cores e texturas nas pedras naturais
44
50
Uma feira anual só de cadeiras, em Udine, Itália. Evento altamente comercial, mostra a força da indústria moveleira italiana e agrega valor trazendo referências ao design e à arte. Na Promosedia encontramos a obra de Tony Cragg que ilustra nossa capa
Empresa italiana, a Magis reúne os melhores designers internacionais criando não apenas novas formas, mas novas tipologias, sempre com a mais moderna tecnologia
54
Animar é decodificar o tempo. Este é um conceito que define a obra de Norman McLaren, realizador de grandes filmes de animação, como “Neighbours”, talvez o mais conhecido no Brasil
6
NEWS CADERNO DE DESIGN GRÁFICO
53
MATERIAL CONNEXION
62
QUEM INVESTE NO DESIGN?
Publi-redacionais
Marcos Magalhães
MCLAREN, DESIGNER DO MOVIMENTO
Da redação
RIGOR E TÉCNICA: A IDÉIA MAGIS
Maria Helena Estrada
PROMOSEDIA: O SALÃO INTERNACIONAL DA CADEIRA
Maria Helena Estrada
TECNOLOGIA E TRADIÇÃO
CE ÍNDICE ÍNDICE ÍNDICE ÍN
65
EXPEDIENTE
82
ASSINATURAS
83
a t u a l i d a d e s
umagrandevendingmachine Issey Miyake lança outra nova abordagem do vestir. A inovação, agora, também se estende ao modo de comprar a roupa, com Me. Marca-conceito e conceito-espaço. Interação total entre consumidor e produto, no projeto do escritório japonês Curiosity para a primeira loja, lançada recentemente em Tóquio.
4 ARC DESIGN
Agilidade, dinamismo, praticidade. Uma obsessão japonesa? Talvez. A verdade é que Me, nova marca de Issey Miyake, incorpora um novo conceito de loja, possível graças a um detalhe: vende apenas partes superiores (tops, camisetas, blusas), que, por serem altamente elásticas, são oferecidas em tamanho único. A roupa, nesse contexto, é tratada como um produto de massa: já sai da fábrica embalada em um tubo plástico transparente – projetada especialmente para esse fim – e é disposta na loja em “vending machines”. As cli en tes con fe rem a for ma da blu sa em um ca bi de e se le ci o nam a cor e a tex tu ra de se ja da na má qui na. Ao re ti rar o tubo pela fren te do dis play, au to ma ti ca men te ou tro tubo apa re ce. Não há ne ces si da de de uma em ba la gem ex tra; o com pra dor re ce be o tubo, que pode ser reu ti li za do mais tar de. Este, com sua tam pa ros quea da, é trans pa ren te e tem o logo em re le vo na par te fron tal. Am bos, tubo e logo, tam bém fo ram pro je ta dos pela Cu ri o sity. Apesar de pequena – menos de 20 metros quadrados –, essa loja introduz uma nova abordagem no design de interiores. Nela, o produto é realmente o elemento que domina o espaço interno.
Paredes em perspex transparente, como uma grande “vending machine”; tubos em PET transparente; roupas stretch, brilhantes, coloridas; o provador, um cubículo com rodízios. É Me, a loja-conceito das novas roupas para consumo de massa de Issey Miyake 5 ARC DESIGN
NEWS.NEWS.NEWS.NEWS VANCEVA Uma nova geração de vidros. Assim a Solutia, empresa norte-americana líder na produção da película PVB (Polivinil Butiral, utilizada na fabricação do vidro laminado), define os produtos da Vanceva, marca recém-lançada pela empresa. Além dos benefícios do PVB (segurança, proteção contra os raios UV, controles solar e acústico, variação de cores), os novos vidros irão oferecer diversos padrões geométricos. A Vanceva dividirá seus pro du tos cin co
em
VISUAL FUTURISTA
linhas:
A nova linha de óculos de sol Sunwear 2001, da Calvin Klein,
Color,
prioriza o acetato, tem tons dégradé e estilos techno e aviador.
Solar, Acústico e
Uma das opções, para homens e mulheres, é o modelo 2008
Secure. As duas
(acima, à esquerda), que reedita o estilo aviador, com formato
primeiras já es-
Wrap em metal e borracha, e tem hastes tipo “headphone”, que
tão no mercado
se ajustam melhor e garantem mais conforto. As lentes são em
e as demais de-
dégradé em diversas cores. Ousado, o modelo 3017 (acima, à
vem ser lan ça -
direita), possui lentes de policarbonato, borda de borracha me-
das em 2002.
tálica e hastes com uma alça lateral elástica. As cores? Arma-
Na linha Color,
ções cinza-chumbo, marrom e gelo; lentes laranja, rosa e cinza.
o destaque são
As linhas CK e Calvin Klein são importadas pela Marchon Bra-
as mais de 600
sil. Mais informações pelo telefone 0800 - 243218 ou pelo e-mail
cores
sao@marchon.com.br
Design,
transpa-
rentes ou translúcidas que podem ser obtidas pela combina-
SHOW-ROOM DA PLANCORP
ção de filmes PVB em diversas tonalidades. A
A Plancorp, que já importava as cozinhas alemã Gaggenau, apre-
linha Design, por sua vez, permite a combina-
senta em seu novo show-room outras duas marcas: a alemã Miele
ção de cores e desenhos (atualmente são ofe-
(fornos, fogões vitro cerâmicos) e a italiana Lofra (fornos e fogões).
recidos nove padrões, que incluem bolinhas,
Além destes, estão sendo importadas as luminárias do Centro Design
listras, quadrados e ponto de cruz). Segundo a
italiano, que inclui La Murrine, a Ilti-Luce, a Lucifero e a Alva-Line.
empresa, em breve será possível aos arquite-
No show-room do empresário Antonio de Queiroz Neto, um espaço
tos e decoradores definir desenhos personali-
gastronômico foi projetado especial-
zados para projetos específicos.
mente para promover encon-
Mais in for ma çõ es e so li ci ta ção de amos tras
tros, workshops, cursos, lança-
pelo site www.van ce va.com, pelo e-mail
mentos de produtos e serviços rela-
ar qui te tu ra@so lu tia.com ou pelo te le fo ne (11) 3365-1806.
cionados ao setor alimentício e gastronômico. Plancorp: Rua Lopes Amaral, 98, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3845-0240.
6 ARC DESIGN
S.NEWS.NEWS.NEWS.NEW PRÊMIO ABILUX DESIGN EMPRESARIAL
GUGGENHEIM, POR ENQUANTO, SÓ NO PAPEL
A Associação Brasileira da Indústria da Ilumi-
Recife, Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador... enquanto aumenta a po-
nação, Abilux, anuncia a nova edição de seu
lêmica em torno da cidade brasileira que deverá abrigar uma filial do
prêmio, destinado às empresas produtoras de
importante museu norte-americano no país, o arquiteto canadense
luminárias e equipamentos para iluminação.
Frank Gehry visitou o restaurante Trapiche, em Salvador, em no-
Podem ser apresentados produtos que já se en-
vembro de 2000, e fez no cardápio o esboço do que seria o museu
contrem no mercado e serão três as categorias,
numa encosta em uma área vizinha. Placas metálicas (as figuras re-
segundo os tipos de iluminação: comercial/in-
tangulares sobre a inclinação) seguem a descida, que, do ponto mais
dustrial; residencial/decorativa; pública. As
alto até o nível do solo, soma 42 metros. O restante da construção fi-
inscrições e entrega de produtos deverão ser
caria 5 metros acima do solo. O museu desembocaria no mar, que é
feitas no período de 7 a 31 de janeiro de 2002.
indicado na extremidade direita: a linha que representa a superfície
Ótima a iniciativa da Abilux no sentido de ele-
da água termina num barquinho, toque lúdico em um croqui que, à
var a qualidade não só física como, principal-
primeira vista, pode parecer apenas um rabisco.
mente, formal, das luminárias brasileiras. Excelente se o concurso servir também para estimular a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias mais avançadas que permitam ao designer realizar um bom projeto. Mas um detalhe nos chamou a atenção: pagase para inscrever um produto para a premiação, mas não se recebe um prêmio em dinheiro! Acreditamos que seja difícil, e talvez inútil, um prêmio em dinheiro para a empresa, mas não para os designers responsáveis pelo projeto, aos quais não servirá nem o troféu, nem o diploma ou selo. E a publicidade, certamente, dará ênfase à indústria. O Prêmio Abilux talvez seja o único no Brasil com a intenção explícita de estímulo à indús-
ECOS DE ARC DESIGN
tria, mas sem o designer não nos parece que
“(...) Prefere algo que possa fazer em casa, digno do que há de melhor
muita coisa possa ser realizada.
no mundo, mas visto com olhos brasileiros? Compre um exemplar da
Mais informações no site www.abilux.com.br
revista ARC DESIGN. Posso afirmar que ingleses, norte-americanos e
ou pelo telefone (11) 251-2744.
italianos têm de tirar seus chapéus encardidos do ranço ‘Uó Paper’, para admirar esta publicação brasileira sobre arte (design, n.d.r.), design gráfico e arquitetura, de beleza e sofisticação reconfortantes”. Paulo Lima (editor da revista Trip), Jornal da Tarde, em 2 de outubro de 2001 “(...) que texto gostoso, Maria Helena. Suas palavras são embalagens para belíssimas idéias. Mensagem para todo o pessoal da redação e arte: a revista continua refinadíssima, e em sintonia com um design lúdico, tendência mundial.” E-mail de Jo Takahashi, diretor de projetos culturais da Fundação Japão 7 ARC DESIGN
NEWS.NEWS.NEWS.NEWS CATÁLOGO ANUAL
PACOTE COMPLETO
A Tok & Stok lançou seu Catálogo
A Giroflex, líder no mercado de móveis para escri-
2001: são 200 páginas com toda a
tório, e a Avanti acabam de firmar um acordo para
coleção de móveis e peças da loja.
que a Giroflex passe a distribuir a linha de carpetes
O conteúdo traz informações pre-
institucionais Avanti com exclusividade.
cisas, apresentadas de maneira
Dessa forma, ambas passam a oferecer soluções in-
sugestiva para o comprador, bem
tegradas para espaços empresariais. “Observamos
de acordo com o espírito da Tok
um interesse crescente entre nossos clientes na
& Stok: praticidade e dinamis-
aquisição de um pacote completo de soluções para
mo. O catálogo pode ser adquiri-
ambientes corporativos, mantendo a qualidade e o
do em todas as lojas da rede.
suporte que oferecemos”, explica Markus Schmidt,
Mais informações no site www.tokstok.com.br
diretor de marketing da Giroflex. A Giroflex possui cerca de 87 show-rooms em 73 cidades do Brasil. www.giroflex.com.br
MOVELSUL, O PODER DA INDÚSTRIA MOVELEIRA A Movelsul, feira de móveis que se realizará em Bento Gonçalves, RS, de 11 a 15 de março de 2002, se transforma, a cada edição, em um evento mais interessante para industriais, distribuidores, decoradores e designers. Além do interesse pela própria feira, o Salão Design Movelsul, evento paralelo, revela novos talentos vindos de todos os países do Cone Sul. A exposição com os produtos vencedores do Salão Design tem mostrado que a proximidade das grandes indústrias de móveis em MDF é muito proveitosa. Para a feira de 2002, a Movelsul introduz mais uma novidade, o Salão Vende Design, que constará de rodadas de negócios com os próprios fabricantes. Uma realidade das mais importantes no Brasil. Vale a pena conferir! www.movelsul.com.br
PRODUÇÃO E INSTALAÇÃO NOTA 10 A Escriba acaba de receber a certificação ISO 9002 pelo sistema de qualidade empregado na fabricação de suas linhas de móveis para escritório. Foram adotadas uma série de medidas para obter excelência em todas as fases da produção que, segundo o vice-presidente da empresa, José Roberto Calejo, além de obedecerem aos princípios ambientais, estendem esse respeito a seus clientes, fornecedores,
Chaise Chronos, premiada com menção honrosa no Salão Design Movelsul 2001. Design Josiane Leite e Juliana Treis de Oliveira, alunas da PUC de Curitiba, Paraná. Este ano a cadeira é o símbolo da feira, mostrada em todo o seu material gráfico
8 ARC DESIGN
fun ci o ná ri os e co mu ni da de. Escriba: Av. Europa, 715. Tel.: (11) 4787-3800. www.escribanet.com.br
S.NEWS.NEWS.NEWS.NEW DECORAÇÃO EM ALTA Importantes
marcas
NOVA COLEÇÃO DPOT como
Subitamente, abre-se a grande oportunidade para os designers
Daum, Sévres, Bulgari,
brasileiros de móveis: crise versus cotações do dólar, e eis
Versace e Rosen-
que surge uma nova realidade. A famosa Gabriel Montei-
thal em 650 me-
ro da Silva, ex-reduto italiano, nacionaliza-se.
tros quadrados
A Dpot, que já fazia algumas incursões no design nacional,
nos fazem visitar
lança uma nova coleção – coerente e articulada –, da qual fa-
diversos séculos
zem parte o mestre Sérgio Rodrigues, os jovens gaúchos Tuti
ao mesmo tempo
Giorgi e Beto Salvi (boa surpresa!), Nido Campolongo, Marieta
na Grifes & Design, show-room inaugurado recentemente.
Ferber (com uma ótima cadeira), além de Pedro Useche, An-
Durante a apresentação à imprensa especializada, a Daum
dré Cruz, e da dupla Gerson de Oliveira e Luciana Martins.
demonstrou a “quebra do molde”, uma técnica antiquíssi-
Todas as peças são exclusivas, a qualidade de produção e
ma de fabricação. Antes de tudo é feita a reprodução tridi-
acabamento é impecável e pode ser acrescentado ainda o
mensional do desenho num molde de gesso em escala 1: 1.
“plus” ecológico, com as peças de Sérgio Rodrigues, todas
A seguir esse molde é coberto de cera para que seja feito
em reedição e agora produzidas em Lyptus, madeira obti-
o contramolde. Este é preenchido com elastômero para
da de plantios florestais renováveis e ambientalmente con-
que se obtenha o molde definitivo. O molde é então reco-
trolados. Dpot: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.250, São
berto por pedras de cristal. A peça toda é fechada numa
Paulo, SP. Tel.: (11) 3082-9513.
caixa de gesso e levada ao forno a 1.000 graus centígrados, temperatura que vai decrescendo num período médio de 15 dias. Depois desse período, o gesso é quebrado cuidadosamente para que a peça não trinque. Em geral, 50% das peças são aproveitadas; as restantes, com pequenas imperfeições, são descartadas. Grifes e Design: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 795, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3062-1251.
Biblioteca Fresh, formada por módulos em madeira que podem ser agrupados nas mais diversas formas. O sistema Fresh é composto por elementos vazados, com gavetas e portas em diversas medidas e formatos. São produzidos em MDF e o acabamento pode ser em carvalho, tauari ou laca. O sis te ma de fi xa ção é fei to pela par te pos te ri or dos mó veis
MASISA A exposição XV Prêmio Design Museu da Casa Brasileira tem
Ecologicamente correta, a Masisa, sete meses antes da inau-
projeto do arquiteto Pedro Mendes da Rocha, executado com
guração de sua fábrica em Ponta Grossa, Paraná, iniciou um
matéria-prima da Masisa – empresa chilena com filial no Bra-
programa florestal com investimento de 20 milhões de dóla-
sil –, produtora de painéis de MDF (me di um den sity fi ber -
res e previsão de plantio de 2 mil hectares/ano. A empresa
bo ard) e OSB (ori en ted strand bo ard). A empresa, uma das líderes no setor, é a primeira no país a fabricar o OSB, material de grande resistência mecânica e versatilidade, muito difundido em outros países, em diversos setores: construção civil, arquitetura de interiores, embalagens e indústria moveleira.
produz os painéis com Pinus Elliottii e Pinus Taeda; sua fábrica é a primeira na América do Sul a utilizar um sistema fechado de tratamento de água, cuja maior virtude é a redução dos resíduos gerados pelo processo. Além disto, a fabricação de diferentes tipos de painéis garante o aproveitamento máximo dos insumos.
www.masisa.com.br
XV Prêmio Design Museu da Casa Brasileira
O DESIGN POSSÍVEL Maria Helena Estrada
O resultado do concurso de design promovido pelo Museu da Casa Brasileira expõe, ao lado de nomes já conhecidos, uma segunda geração de profissionais. Muitos dos designers já reconhecidos, com penetração no mercado, não mais se submetem à apreciação de um júri (inclusive porque, de um modo ou de outro, este já foi objeto de controvérsias quanto à sua capacidade), abrindo espaço
O XV Con cur so De sign Mu seu
para aqueles que estão chegando. Há poucas peças selecionadas para a mostra? Sim. Mas depois de
da Casa Bra si lei ra vê nas cer a se gun da ge ra ção de de sig ners
tomarmos conhecimento dos trabalhos apresentados e da seleção do júri, não vimos outras com o mínimo suficiente de qualidade possíveis de serem expostas. Parabéns ao júri pelo critério e pela
con tem po râ ne os. De sign Pos sí vel – que não é um ju í zo
escolha: impecáveis. Na tentativa de colaborar com concursos futuros, a jornalista Ethel Leon, membro da comissão julgadora, endereçou ao museu o do-
qua li ta ti vo – tal vez seja a ex -
cumento “Alguns Comentários”, do qual extraímos o texto a seguir. “O que parece faltar ao Prêmio MCB é um sentido, uma voca-
pres são que me lhor de fi na os pro je tos apre sen ta dos
ção específica. Falou-se no júri da ausência de empresas maiores que investem em design. São elas que o prêmio pretende laurear, entendendo que o esforço de design não se faz sem a indústria? Ou o prêmio pretende mostrar a empresários que existe um gran-
Fotos Andrés Otero
de time de designers ávido para criar na indústria, mas até agora no banco de reserva? Seria papel do museu promover o tal encontro de oferta e demanda que os programas oficiais vivem falando em fazer? O papel do museu seria o de um banco de negócios? Ou o museu se propõe a uma tarefa cultural, aquela de identificar nas áreas afins ao grande tema do museu (a Casa Brasileira) aqueles produtos e serviços (entendendo design de forma ampla como projeto não apenas de coisas, mas de informação e de serviços) que mostram um avanço, originalidade, novas concepções com papel cultural relevante? Dessa definição pode decorrer um prêmio, um concurso de idéias com um ou mais objetivos específicos.” ARC DESIGN publicou em março de 2001 o primeiro artigo de No alto, fruteira Eira em alumínio repuxado em torno e acabamento em verniz acrílico, de Anette Ring e Sara Rosemberg. A espessura finíssima do alumínio (1.25 mm) garante beleza, leveza e – preocupação ainda rara no Brasil – economia de matéria-prima. Objeto reciclável e com possibilidade de ser produzido em escala industrial. Ao lado, cadeira Giro, design Lars Diederichsen. Concha em chapa de policarbonato recortada e dobrada, estrutura em aço carbono com pintura epóxi. Duas configurações possíveis, de acordo com o “giro” do material: cadeira com encosto alto, poltroninha com braços
uma série sobre o design brasileiro 2000 + 1. Falava-se das idéias que giram em torno ao design, bem como da situação da produção e do mercado que os profissionais encontram. Analisavam-se as bases do design brasileiro contemporâneo, quase sempre originário de uma estética que poderemos chamar de “estética do possível”. Por quê? As razões já são bem conhecidas e vão da falta de formação, à falta de apoio da indústria, às dimensões reduzidas de um mercado que ainda não é “export oriented”. Um círculo vicioso? Talvez. Mas muitas tentativas e ações já estão sendo realizadas para quebrá-lo. Diversos órgãos e instituições, governamentais ou não, têm um discurso insistente: exportação. Vamos agregar a nossos produtos o valor design para podermos exportar em condições competitivas. Mas, acreditamos, sem uma base sólida para este desenvolvimento – que começaria com
É um prazer ver os trabalhos de Heloisa Crocco. Pesquisa, preocupação com a ecologia, acabamento perfeito, e mais. Acima, caixa em pinus elliotti tratado (30 anos de garantia contra danos biológicos) para utensílios domésticos, produzida pela Durapine. Louça da Porcelana Vista Alegre do Brasil
uma reforma curricular – qualquer esforço é inútil. E o pobre resultado de todos os últimos concursos de design, sejam do museu ou não, é uma prova concreta de que a maioria dos jovens designers não tem a formação necessária para lançar no mercado (e aqui falamos de adequação, de idéias inovadoras e do marketing do projeto, para fazê-lo aceito pela indústria) um pequeno objeto nem, muito menos, assumir seu posto na indústria. Quais, entre outras, seriam as questões que deveriam ser discutidas antes de se dar o “start” para um estímulo à produção e à exportação? Definição da identidade? É a madeira maciça o material que reflete a identidade brasileira? Qual a prioridade: capacitação artesanal ou tecnológica (o “exótico” de nossa produção artesanal tem grande aceitação em mercados europeus)? Qual o padrão de qualidade física a ser atingido? É suficiente esse “design possível” que estamos praticando? Por outro lado, uma discussão sobre design deve necessariamente ser
a liário, a Mes io para mobi m ê pr ro ei de a m i po em m Acima, pr ewers, tem tam Si an Iv de to carbono; pinFina, proje ntação em aço te s su e m m versas cores fibra de 20 turizada em di x te o cr i m ta tura em tin
19 ARC DESIGN
Foto divulgação
À esquerda, cadeira Coringa, design Flavia Pagotti Silva, vencedora do prêmio para protótipo na categoria Mobiliário Residencial; desenvolvido durante o curso de mestrado no Royal College of Arts, Londres cadeira...
Os prin ci pais ele men tos es tru tu rais da pol tro na Eno ra, de sign Jor ge Mon ta na, ba sei am-se na jan ga da nor des ti na (foto à direita). Es tru tu ra em ma dei ra cer ti fi ca da com aca ba men to em laca po li u re ta no, as sen to em pa lhi nha e en cos to em te ci do de al go dão. Ofe re ce três po si çõ es de re gu la gem para en cos to e as sen to
poltrona
girando...
antecedida por outra questão: de que design estamos falando? Se nos ativermos ao design de mobiliário, iluminação, objetos, mesmo assim temos antagonismos: aquele praticado pelos grandes pólos moveleiros – que já exportam, e muito, mas sem um real valor agregado; o da pequena indústria; o do “pássaro solitário” que deve descobrir, garimpar suas próprias saídas, do fornecedor de matéria-prima ao ponto-de-venda. No concurso do Museu da Casa Brasileira é este último que encontramos. Analisando a seleção feita pelo júri do museu, podemos separar uma boa idéia de um produto desenvolvido visando a produção industrial. Um trabalho delicado em madeira do uso indiscriminado da madeira maciça. O prêmio deveria ser sempre dado ao produto com melhor qualidade de acabamento? E as “inspirações por proximidade”, como ficam? A madeira, essa velha heroína/vilã de nosso design, concorreu com um grande número de “já vistos”, sempre na ótica de derrubar uma árvore para construir um móvel. Todos desclassificados. Parabéns ao júri! Foi selecionado o trabalho da designer e pesquisadora gaúcha Heloisa Crocco. Uma boa idéia: a transposição de uso do melhor produto brasileiro produzido em larga escala: a sandália havaiana. Resultou um simpático revisteiro, ainda um primeiro estudo, acreditamos, ou apenas uma divertida ironia de Pedro Useche. A qualidade física, que quase sempre é precária nos objetos apresentados para julgamento, está repre-
Madeira laminada e percintas de algodão: um projeto inteligente, que aproveita o mesmo molde para curvar todas as peças de madeira. Espreguiçadeira Piscis (acima), design Michel Scarano. À direita, gaveteiro Sanfona, em borracha de PVA dobrada e pressionada, servindo como elemento de sustentação e fixação de prateleiras e gavetas em acrílico. Design Ilse Lang
sentada pela fruteira Eira, de Sara Rosemberg e Anette Ring e pelo primeiro prêmio, a mesa Fina, de Ivar Siewers. A inovação matérica chegou com a embalagem em resina para uma coleção de jóias, de Fernando e Humberto Campana. No que diz respeito à indústria, estão presentes a Brasmotor e a Deca, esta com um bom chuveiro, o Aquamax, que sofistica a moda do “panelão”. Quinze anos ininterruptos de realização e, a considerar o objetivo expresso no edital, “incentivar a revelação de novos talentos”, o museu pode considerar sua missão comprida.
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Foto Fernando Silveira
Acima, poltrona e banqueta Pop Up, em chapa de acrílico com pigmento de fósforo, parafusos em latão, assento e encosto em filme de PVC cristal de 35 mm, pneumáticos. Design Vilmar Pellisson. No pé da página, escorredor de pratos desmontável D´Agua. Projeto de Renata Costa Mendes. Uma única peça de polipropileno injetado, é desmontável, podendo ser embalada na forma plana
Acima, revisteiro Havaianas, um projeto divertido de Pedro Useche. Usa a marca registrada brasileira como elemento irônico e perfeitamente funcional. Estrutura em metal, fixação com ventosas
PREMIADOS NO XV PRÊMIO DESIGN, NAS CATEGORIAS: • MOBILIÁRIO RESIDENCIAL 1º lugar: Mesa Fina (design Ivar Siewers) 2º lugar (empate): Linha Painel (design Flávio Borsato e Maurício L Nunes) e Sofá Ninho (design Marcus Ferreira) Menção honrosa: Poltrona Enora (design Jorge Montana) 1º lugar de protótipo: Cadeira Coringa (design Flávia Pagotti Silva)
• UTENSÍLIOS DOMÉSTICOS 1º lugar: Vaso Dois Irmãos (design Eduardo Lopes Malot) 1º lugar de protótipo: Escorredor de Pratos (design Renata Costa Mendes) Prêmio Incentivo ao Design: Caneta Surf (design Guto Índio da Costa e Martin Birtel)
• PRÊMIO ESPECIAL POR DESIGN INOVADOR Estojo de Jóias (design Roberto Stern, Fernando e Humberto Campana)
• TÊXTEIS E REVESTIMENTOS 1º lugar: Vassourinhas (Kelley Brian White)
• ILUMINAÇÃO 1º lugar: Arraia (design Daniel Lafer) Prêmio Incentivo à Produção do Design: Linha Led Point (design Ricardo Monteiro e Adriano Andrade) 1º lugar de protótipo: Movediça (Paulo Biacchi e Aleverson Ecker)
Acima, em ba la gem em re si na fle xí vel para jói as. Pro je ta da para uma co le ção es pe cí fi ca (veja ARC DE SIGN nº 20), é moldada internamente segundo o desenho da jóia, permitindo sua perfeita acomodação e sua visualização externa. Design Roberto Stern, Fernando e Humberto Campana
• EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS 1º lugar: Centrífuga (design Gustavo Chelles e Míriam Romi Hayashi) 2º lugar (empate): Ventilador de Teto (design Guto Índio da Costa e Martin Birtel) e Linha de Refrigeradores e Freezers (design Newton Gama Jr.)
• EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO 1º lugar: Chuveiro Aquamax (design Ana Lúcia de Lima Pontes Orlovitz) 2º lugar (empate): Lavatório de Tampo Redondo e Lavatório de Semi-Encaixe Quadrado (ambos design Edison Luiz Anholon) Menção honrosa: Maçaneta Lisa da Linha Design (design Luciano Deviá)
• ENSAIOS CRÍTICOS 1º lugar: Hot-dog no Fogão à Lenha: Inovações Transformando o Gosto Carioca (autora: Luciana Montenegro)
A montagem da exposição, projeto do arq. Pedro Mendes da Rocha, foi realizada com o MDF e o OSB da empresa Masisa
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DESIGN BRASIL 2000 + 1 Novos jovens estão chegando Maria Helena Estrada “Adaptar nunca foi problema. E a nossa tradição de autenticidade é aquela de aceitar criativamente a experiência dos outros. Pegamos o que temos, aproveitamos idéias dos antepassados, misturamos tudo num caldeirão de etnias generoso, com muito
nã
o
caldo de galinha gorda”, escreve Nina Horta na coluna gastro-
nômica da Folha de S. Paulo de 27 de setembro. da ud ain a Abstraindo-se o caldo, chama nossa atenção essa visão sutil am es u s m o m de nossa identidade. No design, não acontece o mesmo? no utr o, s o ã o e ç , d it a A cada nova geração aperfeiçoa-se o projeto, introos o cri Mu d cid e je duz-se mais algumas pitadas de tecnologia com a sua nh ob am co o r s d a novos materiais, e novas idéias surgem no ar. de no en um pa o g r rec l i o Mas não saem da lembrança de nossos dee e a sil m a a s s r i d sig ners os cin co sé cu los cons tru í dos com io b ma ór n s g a s i madeira (são suficientes, não?). Que tal olhar para s s ce de , a a s os lados e descobrir as fibras, o bambu, a borracha? id to ios c e Caminha-se, é verdade, mas os vícios permanecem. Retorna a pr cada nova geração a falta de pesquisa e a pressa, que faz confundir o primeiro protótipo com o produto final; a aceitação fácil da primeira solução encontrada; a perigosa folha de poliestireno, ou similares de outra natureza, capazes de reduzir esforços e aspirações;
Foto Andrés Otero
o conformismo diante do já citado “design possível” (veja artigo sobre
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À direita, luminária Linha Pop, da empresa Marton Marton, concorreu ao Prêmio MCB, não foi selecionada pelo júri, mas recebeu o voto de ARC DE SIGN. Acrílico listado em várias cores (sistema de montagem das listas patenteado), fechamento com sistema de ímã; lâmpada PL fria
Fotos Andrés Otero
Acima, luminária Tetraedro, de Valentina del Nero. Um círculo repetido nas quatro faces, em acrílico translúcido leitoso. Montagem por meio de encaixes. Ao lado, miniforno Cuca aquece, cozinha, assa, tosta, descongela graças ao seu material, a cerâmica, e à sua forma. Bonito e elegante, pode ser levado à mesa. Utilizado na chama do gás. Design Paula Dib
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Fotos Andrés Otero
Foto Andrés Otero
Com es tru tu ra em fer ro pin ta do e per cin tas plás ti cas trans pa ren tes, o re vis tei ro PVC (foto acima), de Guto Marcondes, é exemplo bem-sucedido do “design possível”: simples e bem-resolvido
Ao lado e acima, mesa Ozônio: com estrutura em ferro pintado (branco ou preto) e tampo em acrílico e vidro, é uma boa surpresa encontrada por ARC DESIGN na Benedixt. Design Guto Marcondes
Um detalhe prático com apelo formal: a mesa de centro Send (acima e ao lado) traz uma bandeja embutida no tampo. Pés e puxadores em aço inóx polido; tampo em MDF revestido com composto zebrano; bandeja revestida em couro. Design Marcus Ferreira
o concurso do MCB), que seguramente não é o design desejável. As escolas de desenho industrial, pelo menos algumas delas, estão tendo um papel fundamental para a inserção do designer no processo industrial. Na opinião de Cyntia Malaguti, designer, professora e consultora da FIESP, “hoje há um entendimento muito maior por parte dos empresários em relação aos designers e destes em relação à realidade industrial. Já se caminhou muito e a parceria está começando a acontecer. Nesse processo, as próprias escolas conduzem os acordos com as empresas”. Na verdade, quando recebemos na redação um projeto de
faculdade, este imediatamente se faz notar. É o caso do forno cerâmico, de Paula Dib (FAAP), e da patinete motorizada, de Fabio Fernandes, aluno da Universidade Federal do
Foto Andrés Otero
aluno ou de ex-aluno, de um designer saído de alguma boa
Paraná. A falta de formação acadêmica deixa transparecer a grande fragilidade de muitas soluções e projetos. Boas idéias, sim. Surgem sempre. Com essas boas idéias, poderíamos formar a base de uma nova estética. Mas sem
Acima, luminária S1, em chapas de polipropileno. Design Sauê Ferlauto, desenvolvido para o sistema Clic, da Securit. Abaixo, patinete com motor elétrico, tem autonomia de 25 km e 6 horas. Estrutura em alumínio, carenagem externa em ABS injetado. Projeto de Fabio Fernandes
os instrumentos adequados, as idéias são lançadas como pipas ao vento: chamam a atenção, sobem e desaparecem.
ONDE ENCONTRAR
Foto Andrés Otero
F e li p e
F o u to u
ra
Estúdio Mut - tel.: (11) 3801-1639 Benedixt - tel.: (11) 3064-1438 Decameron Design - tel.: (11) 5641-1884 Fábio Fernandez - tel.: (11) 3085-2017 Marton (Casa 21) - tel.: (11) 3088-9698 Paula Dib - tel.: (11) 287-0127 Sauê Ferlauto - tel.: (11) 255-3969 Valentina Del Nero - tel.: (11) 5579-9190
F o to s
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Abaixo e à esquerda, chaveiro Qui!, design Rodrigo Leão, do Estúdio Mut. Uma peça inteiriça em borracha que, embora de simples leitura, vem acompanhada de bula
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Foto Andrés Otero
N o Te c h
Acima e ao lado, luminária Nebulosa, design Mariana Dupas e Rosa Berger. Desenvolvida a partir da mangueira conhecida como corda luminosa, revestida por uma rede de polietileno (saco de laranja). Pode ser executada em qualquer comprimento, pendurada ao teto ou no chão
Se nossa garimpagem, nesta edição, mostra muitos exemplos Foto Andrés Otero
isolados de projetos, tivemos a alegria de ver nascer o NoTech, movimento ou coleção, com projetos de um grupo de designers. Como surge o NoTech? Com um curso que teve início de forma despretensiosa, aulas quase sempre ao ar livre, nas escadarias do MUBE, em São PauAbaixo, luminária Victor: protótipo em poliestireno, criado a partir de dobras. O desenho tira proveito do material elétrico, que contribui na fixação das partes. Em duas versões: mesa e piso (foto), este com um metro de altura. Design Tetê Knecht
lo, com dois “mestres”, que se queriam mais interlocutores, ou atiçadores de idéias – Fernando e Humberto Campana –, e um grupo de jovens dispostos a fazer design com as mãos. O fato novo é que há muitas décadas não víamos o que se poderia chamar de “escola” ou “movimento” (mesmo nas artes), ou seja, um grupo de pessoas, quase sempre jovens, reunido em torno de idéias comuns. Na verdade, no design brasileiro, temos registro apenas do movimento “Branco e Preto” nos anos de 1960, formado por um grupo de arquitetos, também projetistas de móveis, que se uniam em torno dos mesmos conceitos estéticos ou formais. À parte esse exemplo, não se “criou escola”, nin-
Foto Andrés Otero
guém fundou as bases de uma estética brasileira.
Foto Andrés Otero
Ao lado, difusor, design Cristina Janstein. Fixado ao soquete para reduzir o ofuscamento causado pela lâmpada fluorescente compacta, é também um elemento decorativo. Em tela sintética colorida e velcro; há também versões em chapa de polipropileno e papel japonês, entre outras
Acima, luminária Bóia Fria, design José Machado. Bóias transparentes, nas cores azul, verde ou rosa, com 70 cm de diâmetro e 20 cm de espessura, acomodam perfeitamente, apenas pela pressão sobre o raio interno da bóia, uma lâmpada fluorescente circular. O designer comenta que, mais que um projeto, “é uma coincidência industrial”. Em nossa opinião, é um ótimo produto
Um grupo de jovens, agora, quase sem perceber, realizou a façanha. Tudo começou com as aulas, ou melhor, oficinas. Os irmãos Campana trouxeram da memória caipira esse fazer com as mãos, pegando qualquer sobra ou galho que houvesse por perto; um olhar que atravessa a matéria e redefine seu destino. Uma atitude própria do ir fazendo, experimentando, entrando na alma de cada material para entender o que este quer dizer. Foi esse saber intuitivo que contaminou seus alunos e permitiu que, dessas aulas, surgisse uma coleção de objetos com linguagem própria, coerentes entre si, expressando uma idêntica intenção. Uma estética brasileira? Talvez. Não se inventou nada. A transposição de uso dos materiais é usada por diversos designers – em outros países. O novo é o olhar brasileiro – livre, leve, solto, colorido, delicado e bem-humorado. Nova, e muito velha, é essa receita de alma brasileira da qual fala a “food designer” ou quituteira Nina Horta, no início dessas reflexões sobre o design brasileiro. ❉
À direita, tapete Pirulito, design Carla Tennenbaum, “tecido” em argolinhas de PVA (descarte de outro produto) e arame, com um incrível resultado
Foto Andrés Otero
Os produtos da NoTech estão à venda no Santo do Pau Oco, rua Cônego Eugênio Leite 1.152, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3518-9104
Utilizando a reciclagem, a designer Teresa Sandes, de Goiânia transformou uma lata para material fotográfico de uso hospitalar em uma bolsa “up-to-date” (foto acima). Teresa Sandes não participou da mostra NoTech, mas a prioridade dos conceitos nos fez colocá-la neste artigo
Bikes e Bicicletas Qua dros em fi bra de car bo no e liga de ti tâ nio, múl ti plos sis te mas de mar cha e ci clo com pu ta do res para me dir a dis tân cia per cor ri da são ape nas al guns dos mu i tos avan ços pe los quais a bi ci cle ta pas sou, até se trans for mar na “bike” con tem po râ nea Winnie Bastian
Na pá gi na ao lado, de ta lhe da bi ci cle ta Su per 8, pro du zi da pela em pre sa nor te-ame ri ca na San ta Cruz. Acima, pôster da empresa The Quadrant Tricycle Co., 1885. A propaganda mostra um triciclo com pneus de borracha compacta: o pneu inflável seria inventado dois anos depois. À direita, Draisiana, construída em madeira com assento em couro. Abaixo, Ariel, primeira bicicleta alta produzida na Inglaterra (Smith, Starley & Co.Coventry, 1872)
Quadro “butted-tube”, garfos telescópicos, catracas, molas pneumáticas ou de elastômeros, coroas, engrenagens, sistemas de transmissão, manetes, sapatilhas, pernitos, manguitas, são alguns itens que compõem o complexo universo dos “bikers”. Mas não foi sempre assim. Duas rodas ligadas por uma viga de madeira e movidas por impulsos alternados dos pés sobre o solo, sem direção móvel (andava em linha reta): era o celerífero – criado pelo conde francês Mede de Sivrac, avô torto da bicicleta –, primitivo demais, segundo alguns historiadores, para ser considerado seu antecessor. Em 1817, o barão alemão Karl Friedrich Drais von Sauerbronn instala o guidom no celerífero e cria a Draisiana. O veículo passa a despertar o interesse dos nobres, que pretendiam usá-lo para substituir o cavalo em seus passeios. Algumas draisianas traziam, em sua parte frontal, uma cabeça de animal, provável
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Aci ma, bi ci cle ta para bom bei ros, Grã-Bre ta nha, 1905: o qua dro foi pro je ta do para in cor po rar uma man guei ra en ro la da. À di rei ta, dois anún ci os de 1890, am bos pro du zi dos pela Fre de rick Dan ger fi eld Lith. Abai xo, Kan ga roo, pro du zi da em 1884 pela Hill man, He bert & Co o per. Ape sar de alta, era mais fá cil de mon tar do que as ou tras, gra ças à im plan ta ção de uma en gre na gem na roda dianteira, que permitiu a redução do diâmetro. Primeira a implantar este mecanismo com sucesso, a Kangaroo foi copiada por muitos fabricantes. Acima dos pedais, descansos para os pés
analogia à substituição do cavalo pelo novo veículo, que passou a ser conhecido como “hobby-horse”. Esse entusiasmo, porém, durou menos de dois anos. A ineficiência do aparelho e a falta de praticidade – cada viagem custava um par de botas! –, além da péssima condição das estradas, contribuíram para o fim da moda do “hobby-horse”. Somente com a colocação de manivelas e pedais pelo escocês Kirkpatrick McMillan, em 1840, esse veículo – agora chamado velocípede – passou a atingir um público maior. O “pedal” de McMillan consistia em duas bielas, ligadas ao eixo traseiro por barras de ferro, que eram acionadas pelos pés: agora o ciclista podia mover seu veículo sem colocar os pés no chão; no entanto, a pedalada era desconfortável e havia dificuldade de equilíbrio. O aperfeiçoamento do pedal e sua transferência para a roda dianteira, na década de 1860, aumentam a popularidade do velocípede, que se tornou moda internacional. Em Paris, a prefeitura começa a construir vias específicas para bicicletas em 1862! Dez anos depois, os velocípedes
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perdem espaço para uma nova invenção: as “bicicletas altas”, cujas rodas dianteiras chegavam a atingir diâmetros de 1,50 m, enquanto as traseiras diminuíam proporcionalmente para estabilizar o quadro e facilitar a subida e descida do “motorista”. Esse novo modelo não apenas permitia velocidades maiores,
No alto, à es quer da, “Tan dem”, bi ci cle ta para duas pes so as. Aci ma, Spa ce lan der, pro je ta da por Frank Bow den em 1956 e pro du zi da em 1960 pela in dús tria nor te-ame ri ca na Bo mard. O anún cio des te mo de lo pro cla ma va: “Não é um jato! Não é um Cor vet te! Não vem do es pa ço!” Abai xo, mo de lo Ex cel si or, para cor ri da; pro du zi do em 1889 pela Bay liss, Tho mas & Co., Lon dres
como maior conforto: os longos raios da roda dianteira auxiliavam, juntamente com os pneus compactos de borracha, a diminuir as sacudidas causadas pelas estradas de terra ou paralelepípedos. O aumento, porém, fez surgir máquinas perigosas: os ciclistas perdiam completamente o contato com o solo enquanto estavam pedalando. Uma inovação permitiu, por volta de 1876, a criação de um modelo mais seguro e que, salvo os aperfeiçoamentos, é o que usamos até hoje: os pedais foram deslocados para o centro da bicicleta e a tração passou para a roda traseira por meio de uma corrente de transmissão. No final da década de 1870, James Starley introduziu um dispositivo que multiplicava o giro da roda por meio de duas correias dentadas ligadas ao pedal e ao eixo traseiro, o que permitiu diminuir o diâmetro da roda dianteira sem perder a velocidade das bicicletas altas. Já era um alívio não ter de “subir às alturas” para alcançar o selim. Logo depois, o pneu inflável – criado pelo inglês John Dunlop em 1887 e aperfeiçoado poucos anos depois pelos irmãos Michelin – adicionou conforto e eficiência. A reação pública à nova máquina foi 31 ARC DESIGN
As bicicletas de bambu, acima, têm sido um sonho recorrente. A
surpreendente até mesmo para os fabricantes. Não se
da direita foi produzida em 1894 pela Bamboo Cycle Co.; a da
tratava mais de uma moda passageira.
esquerda é um protótipo que está sendo desenvolvido pelo estúdio
“Em 1896, o New York Jounal of Commerce estimava que
de Ross Lovegrove (com a colaboração do designer brasileiro
a febre da bicicleta havia causado uma perda anual aos ou-
Flavio Deslandes) para a empresa britânica Biomega. A diferença
tros negócios de cerca de 112.500.000 dólares. Joalheiros
entre ambas? A tecnologia existente nas conexões metálicas. O
e relojoeiros reclamavam que as pessoas não estavam
aspecto formal, porém, não reflete os 107 anos que as separam
mais economizando para comprar seus produtos. Os vendedores de piano tiveram suas vendas reduzidas pela me-
Abaixo, da esquerda para a direita, mo de los Mas ter Kro no Re cord e Fer ra ri, am bos fa bri ca dos pela Col na go, uma das em pre sas pre fe ri das pe los cor re do res do Tour de Fran ce, tradicional prova ciclística, que acon te ce des de 1903. A Mas ter Kro no Re cord é um mo de lo de 1986, uti li za do por ci clis tas pro fis si o nais em pro vas de ve lo ci da de e pos sui ro das com dis cos de fi bra de car bo no
tade, pois podia-se comprar duas bicicletas pelo preço de um piano”, afirma o historiador Pryor Dodge em seu livro “The Bicycle”. A década de 1890 ficou conhecida como a “Época de Ouro” da bicicleta: havia cerca de 3 milhões de bicicletas nos Estados Unidos, um milhão na França e na Inglaterra e meio milhão na Alemanha! No final da década de 1890, quando os preços ficaram bastante reduzidos, a classe trabalhadora passou a ter acesso à bicicleta, utilizando-a como meio de transporte e lazer. Com isso, os membros da elite retornaram aos seus cavalos, e as classes mais abastadas passaram a utilizar o automóvel. Assim, a bicicleta usada como meio de transporte se tornou obsoleta, e os fabricantes passaram a se preocupar mais com a forma do que com a função.
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Acima, Enduro Expert FSR, fabricada pela empresa norte-americana Specialized. Quadro executado com tecnologia de moldagem TransForm, que possibilita a execução de desenhos mais elaborados, permitindo quadros mais leves com a mesma a resistência. Abaixo, Speed 5200, produzida pela norte-americana Trek: para corrida, é o modelo escolhido pelo campeão Lance Armstrong. Leve (pesa apenas 7 quilos), possui quadro em alumínio e fibra de carbono sem emendas aparentes, o que representa melhor aerodinâmica, também favorecida pela menor quantidade de raios nas rodas
Fotos Fernando Perelmutter
Aci ma, mo de lo Su per 8, para Dow nhill. Pro du zi do pela em pre sa ca li for ni a na San ta Cruz, pos sui qua dro re for ça do em alu mí nio; um ver da dei ro “tan que”: pesa 23 quilos. À direita, detalhe da suspensão
Por volta de 1920, surge nos Estados Unidos a “motorbike”, uma bicicleta desenhada para se assemelhar às primeiras motocicletas. Diversos modelos seguiram esse padrão, influenciados, além do automóvel, pelo avião, como o Bowden Spaceland, fabricado em 1960. Era uma bicicleta comum com uma “capa” em fibra de vidro, disponível em sete cores. Mesmo com o declínio do uso da bicicleta, seus componentes continuaram a ser produzidos e, ironia, usados na construção de automóveis e aviões – tubos leves de aço, raios metálicos, correias dentadas, câmbios diferenciais e variáveis, pneus infláveis, freios seguros etc.
Foto Fernando Perelmutter
Curiosidade: a idéia da primeira cadeira com estrutura tubular curvada, criada por Marcel Breuer, partia do próprio guidom da bicicleta que pedalava! O surgimento do mountain bike, na década de 1970, deu grande impulso ao desenvolvimento tecnológico da bicicleta. O esporte ganhou popularidade instantânea e, lógico, se especializou: hoje, modalidades bem-definidas exigem tipos específicos de bicicleta. Em provas de velocidade, a leveza da “magrela” pode ser determinante na classificação do atleta; para uma pedalada de longa duração, conforto (leia-se “full suspension”) é
À esquerda, modelo Carve, para Cross Country. Produzido pela canadense Rocky Mountain, possui “full suspension” e quadro em alumínio; pesa apenas 12 quilos. No pé da página ao lado, modelo Octane, produzido pela norte-americana Scott. Para Free Ride, possui “full suspension” (dois amortecedores: dianteiro e traseiro) e freio a disco (mais eficiente). Reforçada, possui quadro em alumínio com dupla espessura e pesa cerca de 14 quilos 34 ARC DESIGN
Ao lado, mo de lo Ra ven, da em pre sa nor teame ri ca na Can non da le; para Free Ride, ex tre ma men te re sis ten te e leve (12 quilos). Qua dro com pos to por “es pi nha dor sal” em mag né sio (que ab sor ve as car gas li nea res) e car ca ça ter mo plás ti ca de fi bras de car bo no ori en ta das (re sis tem à fle xão); os rebaixes côncavos maximizam a rigidez do quadro (excelente resistência às car gas de tor ção ge ra das ao pe da lar)
fundamental; em outros casos, como no “Downhill” (percurso que inclui só descidas), a palavra-chave é resistência: a bicicleta precisa ser um verdadeiro “tanque”. Todas essas exigências levaram os fabricantes a intensificar as pesquisas para otimizar a performance da bicicleta nos mais diversos terrenos. Materiais leves e resistentes, avançadas tecnologias de suspensão e de controles de marcha são o resultado dessa busca: a bicicleta, assim, se transforAs bicicletas publicadas nas páginas 14, 15, 16 e 17 podem ser encontradas nas seguintes lojas: Bike Tech: Rua da Consolação, 3.344, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3088-1922. www.biketechjardins.com.br Pedal Power: Rua Gomes de Carvalho 541, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3845-6997. www.pedalpower.com.br
ma em race bike, mountain bike, com “full suspension” ou “hard tail”, selins sofisticados, ciclocomputadores. Tal “máquina” tornou-se tão complexa que um modelo top de linha pode ser composto por até 150 peças! Era uma vez duas rodas e uma viga de madeira... ❉
Imagens das páginas 29 a 32 extraídas dos seguintes livros: The Bicycle; Pryor Dodge. Flammarion, 1996. Bicycle: Le Biciclette; Fermo Galbiati e Nino Ciravegna. Chronicle Books, 1994.
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Tecnologia e Tradição
A maior feira internacional de revestimentos cerâmicos e de equipamentos para o banho, Cersaie, realizou-se em Bolonha, Itália, de 2 a 7 de outubro. Dividindo-a em seus dois setores, na próxima edição publicaremos os maravilhosos equipamentos para o banho, que certamente não despertarão saudades de nossa singela banheira nem do velho chuveiro
Maria Helena Estrada ARC DESIGN visitou a Cersaie a convite do ICE, Instituto Italiano para o Comércio Exterior
“Liderança e Inovação Hoje” é o título do seminário que inaugurou a Cersaie. “Investir é arriscar, e arriscar é olhar sempre à frente. A tecnologia está ao alcance de todos, pode ser comprada. A capacidade do empresário fará a diferença”, afirma Sergio Sassi, presidente da Assopiastrelle, associação dos produtores de revestimentos cerâmicos. Uma afirmação ousada, mas natural na Itália, país que construiu seu prestígio graças à visão e à ousadia de seus empresários. Se no Brasil a tradição para o revestimento de pisos é a madeira, na Itália fala-se na pedra, no vidro, na cerâmica. Uma tradição de raiz longínqua, mas ainda hoje de forte presença: o mosteiro de Monreale, em Palermo, construído no século XII, e a nova loja Swatch, no centro de Milão, usam o mesmo ladrilho de vidro, ou mosaico; o “cotto”, ou lajota de cerâmica, vem da tradição etrusca, dos séculos VII a IV a.C. – na cidade de Viterbo ainda se podem ver as ruínas de um cemitério etrusco, e em Siena, ou em toda a Toscana, a memória do barro está presente. Mas os novos usos do “cotto” na arquitetura são um bom exemplo de sua contemporaneidade: feitos de barro, como na tradição milenar, ou criados pela transformação da argila, graças às novas tecnologias. “A filosofia é simples”, afirma um dos empresários do setor, “temos como ponto de referência a natureza e reproduzimos na fábrica aquilo que já está faltando, e que é
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Fotos Guido Barba Gelata
Na página ao lado, detalhe do estande da Bizazza, uma das maiores indústrias italianas de mosaico de vidro. Projeto do arquiteto e designer Fabio Novembre, as paredes apresentavam sugestões de combi na ção dos mo sai cos. Na foto, modelo Tartan
Acima e ao lado, mosaicos de vidro da Vitrum, uma divisão da Ceramgres. Com acabamentos metalizados e mosaicos em diversas dimensões, a empresa mostrou as tendências em revestimentos com pastilhas de vidro
Ao lado, composição em gres porcelanado, uma sugestão decorativa da Iris, Fabbrica di Marmori e Graniti para ser aplicada em grandes revestimentos com lajotas do mes mo ma te ri al. Abai xo, lajota decorada da Flavinker. No pé da página: à esquerda, proposta da Incepa, empresa brasileira presente na Cersaie; à direita, mosaico de gres com desenho para compor motivos decorativos em pisos ou paredes, produção Marca Corona
cada vez mais difícil encontrar nas condições naturais.” “Cotto” e “gres” são hoje produzidos a partir da argila,
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usando-se o processo do cozimento único, como o da por-
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celana, o que fez nascer a denominação: porcelanados.
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No entanto, se hoje a tecnologia é a mesma, comum a todos que a possam comprar, como diversificar, como distinguir uma empresa de outra, onde está a qualidade do produto? A grande arma para a liderança, como afirma o título do seminário inaugural da Cersaie, é a inovação. Inova-se com base em novas tecnologias e maquinário, e a velocidade na inovação precisa ser cada vez maior: basta pensarmos que, a cada máquina para a produção de revestimentos cerâ-
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transfere-se o mais atualizado know-how. Assim, inovar é a principal tarefa das empresas líderes. Inovações
Foto Guido Barba Gelata
Foto Guido Barba Gelata
micos vendida pela Itália,
que, no ano seguinte, serão as tendências vigentes, comuns a todo o setor. Inova-se na qualidade, nas características estéticas ou formais. Inova-se no mercado a ser atingido; nos usos que se faz do produto; nas dimensões das lajotas, que hoje alcançam medidas de até 3 x 3 metros, o que é condição essencial para as novas aplicações da indústria. Um mercado extremamente competitivo, no qual o Brasil ocupa o terceiro posto, depois da Itália e da Espanha (excluindo-se a China). A Cersaie é seu evento máximo, do qual também participam nossas principais empresas: encontramos Portobello, Cecrisa, Sant’Anna, Eliane, Ceusa e Incepa. Mas na Cersaie predominam as empresas italianas, quase todas da região da Emilia Romagna, e os números dão uma idéia do que é este mercado para o país: mais de 630 milhões de metros quadrados por ano (produzidos por cerca de 250 empresas), o que corresponde a 20% da produção mundial e 43% da produção européia e, em termos de exportação, a 70% das vendas totais. A tecnologia hoje é comum a todos? Parece que sim. Todas as empresas produzem o gres porcelanado, ou seja, uma mistura de argilas e pós minerais processados como a porcelana: queima única (e não mais dupla) a temperaturas muito altas – em torno de 1.250 graus. Este é o produto que dominava a feira, em todas as suas novíssimas variantes cromáticas e de texturas. Um processo que se inicia com a trituração da argila, do caolim, do quartzo, dissolvidos na água; segue-se a atomização, ou eliminação da água; depois, a prensagem (e hoje já se pratica a dupla prensagem, que otimiza os desenhos em relevo), quando também se acrescentam os corantes – pós minerais – que impregnam toda a matéria, fazendo surgir as variações cromáticas,
seguida faz-se a queima em fornos de mais de 120 metros de comprimento; por fim, o acabamento das bordas e a eliminação das peças imperfeitas. Assim, “argilas doc” são embelezadas, metamorfoseadas,
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tudo rigorosamente programado no computador; em
Ao lado, um bom exem plo das ten dên ci as em re ves ti men tos ce râ mi cos: de si gual da de nas to na li da des, com bi na ção de di ver sas me di das de la jo tas for man do de se nhos: uma pro pos ta da Lea Ce ra mi che 39 ARC DESIGN
Foto Guido Barba Gelata
transformando-se em artigos de grande prestígio. A produção diária de uma empresa, como a Iris, é de 15 mil metros quadrados de lajotas! Vantagens da nova tecnologia? Maior resistência à abrasão e ao desgaste, às quebras, maior possibilidade de variações cromáticas e, hoje, com as novas pesquisas e sofisticação do maquinário, a inserção das texturas das pedras naturais. Tendências? Claro! Permanece a vontade de recriação da natureza, ou seja, o gres porcelanado em suas diversas “versões” da pedra natural, cada peça revelando todas as nuances da natureza. Tons predominantes? Os beges, os azuis, e o cinza, mesclados com o ferrugem, envelhecidos, irregulares em sua coloração, rugosos, enriquecidos pelas mais diversas texturas. Um sabor de artesanato. Uma sensação de coisa sólida, perene. Essa a novidade, e quase unanimidade na feira – as texturas da pedra, mimetismos perfeitos da natureza. Mas, surpresa: soubemos que o mercado brasileiro, principalmente nas faixas mais populares, não aceita o belo resultado desse avanço tecnológico, ou seja, a irregularidade cromática e, principalmente, de texturas. Visitamos Del Conca, indústria que, inovando a produção de painéis para revestimento de pisos elevados, combinou o gres porcelanado com uma laje de cimento armado; outra inovação diz respeito às paredes ventiladas, cuja tecnologia vem sendo usada por arquitetos como Norman Foster e Renzo Piano. Tecnologia e tradição, com o valor agregado do artesanato “quebrando” a grande escala industrial. Artesanato como sinônimo de calor e autenticidade é uma característica muito presente na indústria italiana – e não apenas naquela cerâmica. Na mesma indústria Del Conca, ao lado dos grandes fornos lineares de alta temperatura, das esteiras para resfriamento, dos robôs – presenças fantasmagóricas – que circulam por toda a fábrica, vimos caixinhas de papelão com ladrilhos pintados à mão. Explicaram que são comprados de uma empresa vizinha e que serão combinados com as lajotas de revestimento e propostos ao mercado, como uma forma de decoração. Um retorno ao artesanato presente também no Brasil, como propõe o estúdio Pacha Mama, de Criciúma, Santa Catarina.
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Foto Guido Barba Gelata
Foto Guido Barba Gelata
Uma tecnologia avançada é capaz de ditar tendências, introduzindo as novas lajotas que reproduzem quase à perfeição o aspecto de determinadas pedras, seja na coloração ou na textura. Na página ao lado, o gres em diversas cores contrastantes, do tijolo ao cinza. Ao lado, lajotas da cerâmica Fenicia em uma composição que mescla peças em tons azulados com outras avermelhadas. Acima, propostas da Del Conca: gres porcelanado rugoso e ladrilhos pintados à mão, possibilitando personalizar a oferta
Acima, detalhe de cerâmica da Portobello, empresa brasileira que adota a tendência dos "barrados" produzindo desenhos especiais que serão propostos aos clientes 41 ARC DESIGN
Ao lado do gres e do cotto, encontra-se outra belíssima tradição italiana, o ladrilho de vidro, ou mosaico. De origem veneziana, o mosaico de vidro segue uma história diversa da cerâmica e procura, em cada detalhe, retomar a tradição. Um exemplo é o mosaico Oro, da empresa Bisazza – uma das maiores da Itália –, no qual uma folha de ouro de 24 quilates é colocada entre dois vidros, podendo ser usado tanto em paredes quanto em pisos. Remontando à tradição veneziana, a empresa também está lançando a Avventurina, pedra de síntese que era produzida em Veneza no século XVII, e que dá ao mosaico um brilho especial. Outra empresa de mosaicos, a Vitrum, do grupo Ceramgres, apresentou como novidade o mosaico de aparência metálica, produzido de forma artesanal, além de versões em A lajota de barro, presente não apenas na tradição italiana (sobretudo na toscana) mas também na brasileira, retoma sua função de revestimento da arquitetura. A empresa Sannini Impruneta expôs na Cersaie vários exemplos não apenas de revestimentos mas também de "venezianas" verticais móveis. Acima, exemplo de revestimento; ao lado detalhe do início da montagem da cerâmica sobre as barras de aço ; abaixo, fachada de fábrica em Teramo, Itália. Na página ao lado, uma das fachadas do showroom da B.P.Studio, Companhia da Lã e do Algodão, em Florença, Itália
grandes dimensões. Alessandro Mendini, artista plástico de formação, arquiteto e designer, é um dos amantes do mosaico de vidro, e o utiliza em quase todas as suas obras, como nas estações do metrô de Nápoles, na Torre da Paz em Hiroshima, Japão, e no Museu Groningen, na Holanda, onde tradição e modernidade... regadas a muita tecnologia, se encontram. ❉
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PROMOSEDIA Salão Internacional da Cadeira
Com um olho vol ta do para o mer ca do e ou tro para o de sign, realizou-se de 8 a 11 de setembro em Udine, Itália, a única feira internacional dedicada à cadeira
Nesta página, Waves, primeiro prêmio entre as Top Ten, as dez cadeiras selecionadas entre os lançamentos de 2001. Design Bursch, para a Natison
Maria Helena Estrada Convidada pela organização da Promosedia
Região de Friuli-Venezia-Giulia, norte da Itália. Envolta por montanhas quase sempre com seu pico nevado, está Udine, cidade-sede da Promosedia, feira que reúne as indústrias moveleiras da região. Produção: 44 milhões de cadeiras por ano, o que significa 80% da produção italiana e 30% da produção mundial. Do total desta “safra” anual, 80% das peças são exportadas. Até no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, estão as cadeiras da região friulana! A Promosedia 2001 realizou-se de 8 a 11 de setembro, com a presença de mais de 230 empresas, o que não é muito expressivo como número, se pensarmos que a região possui 1.200 pequenas e médias indústrias. Mas o grau de internacionalização da feira é dado pelo número de países participantes como expositores, da China aos Estados Unidos. Visitaram a feira 15.007 operadores de 73 países: um crescimento de 2% em relação ao ano anterior. Jornalistas presentes: 123,
Acima, cadeira Iuta, lançada no último Salão do Móvel de Milão pela B&B, Itália. Design Antono Citterio recebeu o prêmio CATAS pelo uso inovador da rede metálica. Abaixo, cadeira da empresa Horm a qual participará da Movelsul, Bento Gonçalves, RS, em março de 2002
sendo mais de 70 vindos de fora da Itália. Como se pode observar, este é um pólo moveleiro que não enfrenta grandes crises, graças à sua forma organizacional, que, além de trabalhar no sistema dos “grappoli d’imprese” (empresas fornecedoras ou associadas que produzem componentes), mantém um estoque zero e desloca as primeiras fases da produção para países com mão-de-obra mais barata, como aqueles do Leste Europeu. Não é pela vanguarda do design que se destacam as empresas da região, embora algumas já venham surgindo com força no cenário internacional graças, exatamente, ao design: Magis (totalmente “design oriented”, veja matéria nesta edição), Montina, Snaidero (esta última com um braço no pólo moveleiro de Uberlândia), seguidas pela Sintesi e pela Horm. Os pontos altos são preço e qualidade. “É preciso investir cada vez mais na inovação, na pesquisa e no marketing de qualidade”, afirma Fabrizio Mansutti, presidente da Promosedia. A vocação para o design, no entanto, é transparente na escolha dos temas para as exposições e para os 45 ARC DESIGN
Acima, série de cadeiras Victoria da empresa ITF, acabamento em madeira acetinada, sempre com pequenas variantes. À esquerda, cadeira Lord Jim, design Paolo Rizzato para a Montina
eventos paralelos. A cada nova edição é consignado
A grande mostra deste ano, belíssima – Chairs in
o Prêmio Ernesto Caiazza, Idéias para o Projeto de
Contemporary Art –, teve curadoria de Agnes Kohl-
uma Cadeira Européia; prêmio à seleção Top Ten e
meyer e reuniu no Castelo de Udine 60 peças de au-
para a melhor cadeira do ano, que privilegia as no-
tores como Claes Oldenburg, Sol LeWitt, Tony Cragg,
vidades formais e tecnológicas; prêmio CATAS, que
Andy Warhol, Michelangelo Pistoletto, entre outros.
distingue, no projeto, o valor do produto em termos
Os produtos? Rigorosamente seguindo tendências,
de segurança e resistência.
têm preço convidativo e qualidade excepcional, pois
Ao lado, estante Funcubo, formada pela justaposição de estruturas em plástico. Um produto Natison 46 ARC DESIGN
À esquerda, cadeira Gum, com assento e encosto em plástico, da Picotti. Um dos melhores preços encontrados: dez dólares cada, para um lote de 50 ca dei ras. Ao lado e à direita, estante em plástico, com encaixes simples e inteligentes, na coleção Sintesi
embora muitos componentes sejam produzidos fora da Itália, o acabamento é italiano. Assim, a qualidade é a do Made in Italy. Mas essa região de moveleiros exporta tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos e, em volume
Ao lado, poltrona pensada para o contract. Com assento giratório, é um produ to da Mon do, de sign Gemini e Romanello
bastante alto, para a China e para os países árabes. Como decorrência, o que vemos na feira confunde um
À direita, ca dei ras Fun ta sia, pro du zi das pela Natison, em laminado de madeira
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Abaixo, de Tony Cragg, Unschaerferelation, em madeira (6 elementos). Ao pé da página, de Claes Oldenburg, Prototype of the HouseBall, 1985, e, de Bob Wilson, Bamboo Chair, 2001, parte do cenário da ópera Madame Butterfly, sob sua direção
46 ARC DESIGN
Acima, de Michelangelo Pistoletto, Quadro de Almoço, em madeira. Ao lado, de Ayse Erkmen, Sacco, em alabastro e pigmento pouco o olhar pela diversidade de estilos e, como em um túnel do tempo, mudamos de século e de milênio em um único pavilhão. A modernidade, no entanto, vence o exotismo retrógrado dos compradores orientais. Na feira predominam tendências inovadoras, como o plástico ou o alumínio associados à madeira e os estofados destinados ao contract. A grande afluência à Promosedia e a aceitação de seus produtos têm como uma das principais razões a competitividade de seus preços. A cadeira Gum da empresa Picotti, por exemplo, com encosto e assento em plástico e estrutura em alumínio é cotada em cerca de 9 dólares para um pedido a partir de 50 peças; uma poltrona estofada da Frag, revestida em couro da melhor qualidade, com braços, custa em torno de 235 dólares, na fábrica. A Promosedia, Salão Internacional da Cadeira, completou 25 anos. Em 1977, sua primeira edição teve 89 ex-
Obra de Ingeborg Luscher na mostra Chairs in Contem po rary Art. Ca dei ra Thonet com restos de cigarro colados
positores e 540 visitantes, quase todos italianos. Um crescimento significativo quando se pensa que ela até bem pouco tempo englobava apenas a produção de uma pequena região do Norte da Itália. Em 2002 a Promosedia será realizada, de 14 a 17 de setembro, sempre em Udine. ❉ 49 ARC DESIGN
a t u a l i d a d e s
RiGORetÉCNiCa:aidÉiaMaGis
Vocabulários, linguagens e dialetos diversos, como elementos de surpresa: a Magis se coloca diante do designer como o diretor de cinema, que escolhe os atores imaginando a melhor expressão de suas personalidades
Nesta página, Pebbles, banqui nho-cai xa-de-guar da dos, com rodízios. Design Marcel Wanders, em polipropileno injetado, na coleção 2001
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Bom, ótimo design. E alta tecnologia. São esses os pressupostos para a criação de um produto Magis. Ponto de referência no design italiano, a Magis, criada em 1976, alcançou o que muitas outras empresas perseguem: a capacidade de oferecer produtos com boa qualidade formal por um preço adequado – resultado da quantidade e velocidade de produção, possíveis graças à alta tecnologia empregada. Outro razão? A Magis trabalha com os melhores designers internacionais e oferece produtos com alto rigor de qualidade – mas não possui uma fábrica. Desde sua fundação, toda a produção é terceirizada.
Isso é possível graças à rede internacional de designers que a empresa formou ao seu redor e à colaboração com empresas que, mesmo pequenas, possuem sistemas produtivos muito avançados. Um deles é o “gas moulding”, método que utiliza um gás (geralmente nitrogênio) para distribuir uniformemente a massa nas paredes do molde enquanto mantém as partes internas ocas. O processo, além de permitir um resultado perfeito, é extremamente rápido: a Air Chair, design Jasper Morrison, leva apenas 3 minutos para ser produzida! Esta tecnologia permite, ainda, melhor uso do plástico do ponto de
“A tecnologia está à disposição de todos, basta ter dinheiro e comprá-la. O importante é a técnica, ou seja, a nossa maneira de fazer funcionar a tecnologia.” Eugenio Perazza
vista estrutural, em comparação ao processo tradicional de injeção, ao mesmo tempo que economiza material. Conforme entrevista do diretor comercial da Magis, Alberto Perazza, à revista Domus, em abril de 2001, o desenvolvimento de um produto Magis envolve quatro etapas. Na primeira, a empresa desenvolve um briefing, que inclui decisões sobre tecnologia dos materiais e valores aproximados para revenda. O briefing então é destinado a um designer. A terceira etapa consiste no desenvolvimento do projeto pelo designer e, ao mesmo tempo, pelo parceiro de produção, que nesse momen-
to atua como consultor técnico. No final desse processo, o protótipo é produzido e comercializado. Se no início a Magis produzia apenas mobiliário, hoje seu catálogo engloba diversas tipologias: mobiliário, objetos complementares à decoração (como o porta-guarda-chuvas e o cesto de lixo), outros que parecem banais (como a vassoura e o capacho) e objetos poéticos. Em todos eles, um denominador comum: a busca pela essencialidade. Em entrevista à ARC DE SIGN (setembro de 2001), Eugenio Perazza, presidente da empresa, revelou que o desejo atual da Magis é consolidar a posição dos objetos
Acima, cabideiro Bridge, design Stefano Giovannoni. No pé da página, à esquerda, escorredor de louças Dish Doctor, design Marc Newson. Abaixo, cadeira de Marc New son pro je ta da em ma dei ra para o restaurante Coast, em Londres. Versão produzida pela Magis com estrutura em polipropileno e fibra de vidro, em “air moulding”; assento e encosto em lã ou couro
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À esquerda, Bombo, design Stefano Giovannoni, na versão para assento público: cadeiras e mesinhas em injeção de ABS; base em aço inox. No pé da página, à esquerda, Lizard, lagartixa porta-chaves, design Dagmar Trinks. Abaixo, design Bjorn Dahlstrom, bengala em polipropileno e fibra de vidro com a tecnologia “air moulding”, nas cores branco e cinza escuro, com pequenos refletores na cabeça
no território do design. Para isso, a empresa se direciona a duas ações especiais. A primeira refere-se à edição de produtos inusitados, objetos poéticos, como a Magis Dog House (design Michael Young), a Bird Table (design Jasper Morrison) e a bengala Joystick (design Björn Dahlström). A outra ação, à qual Perazza se refere como “pos-computer games”, busca resgatar e revisitar jogos criados há cerca de 200 ou 300 anos. Esse projeto possui duas frentes principais – uma européia e outra americana –, que estão pesquisando o tema para o desenvolvimento de novos produtos. O designer Enzo Mari coordenará o trabalho na Europa, enquanto na América Karim Rashid e Jeff Bennett conduzem uma pesquisa que enfoca os jogos utilizados pelos índios norte-americanos. No Brasil, Fernando e Humberto Campana foram convidados para resgatar um pouco de nossa memória lúdica. É a ló gi ca do “pen sar di fe ren te” que deu à Ma gis per so na li da de pró pria e ex clu si va no ce ná rio do de sign in ter na ci o nal. ❉
A Magis é distribuída no Brasil desde 1995 pela Douek e Prado, que também importa os produtos das seguintes empresas italianas: Casamania, Plank, Arper, Arrmet, Armet, Midj e Altek. Douek e Prado: Praça Benedito Calixto, 96, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3061-1351 52 ARC DESIGN
d
caderno
design grรกfico
G
DESI G
N E R DO M O V I M E N TO
Marcos Magalhães
Norman McLaren é um artista inclassificável, um fenômeno de criação. Seu estilo é justamente o não-compromisso com o estilo ou a técnica. Foi um dos poucos autores do cinema experimental a conhecer, durante praticamente toda a vida, o sucesso e o reconhecimento, mesmo sem tê-los como objetivo ou motivação. Trabalhando quase sozinho por mais de 40 anos, realizando filmes de baixíssimo orçamento, conquistou uma centena de prêmios e distinções internacionais, incluindo um Oscar da Academia de Hollywood. A animação, para McLaren, é mais do que uma linguagem: é quase uma filosofia. De fato, o mundo ganha uma outra dimensão quando o tempo se torna o elemento principal. Animar é decodificar o tempo, e isto McLaren fez à exaustão. Se o tempo é a essência, a matéria é mutável. Daí a multiplicidade de veículos materiais usados por McLaren em sua obra.
A suavidade de Norman McLaren camuflava um homem rebelde e inquieto. Nascido na Escócia em 1914,
PA S D E D E U X
COR REI OS ANI MA DOS
ainda jovem se filiou ao Partido Comunista escocês. Sua timidez extrema, porém, levou-o a militâncias mais artísticas. A principal revolta, que determinou sua carreira, foi contra a natureza estática do desenho. Na escola de artes, passou a faltar às aulas para fazer cinema. Seus primeiros trabalhos foram feitos com sobras de filmes que ele recolhia em laboratórios e mergulhava numa banheira com água sanitária para dissolver a emulsão. Então ele podia desenhar em cada fotograma e fazer o filme sem custo algum. Com esses trabalhos acabou sendo descoberto por John Grierson, futuro fundador do National Film Board of Canada, na época diretor do departamento de cinema do correio inglês (General Post Office). Um dos mentores de McLaren no GPO foi o cineasta brasileiro Alberto Cavalcanti, que o incentivou a realizar seu primeiro filme profissional, “Love on the Wing”.
NATI O NAL FILM BOARD OF CA NA DA Em 1941, John Grierson convoca McLaren para integrar o recém-fundado National Film Board of Canada. Para manter a atenção do público, as exibições de documentários de guerra e filmes educativos precisavam ser entremeadas por mensagens curtas, leves e vibrantes. A animação era a solução perfeita. Nor man McLa ren co me çou a trei nar ou tros ani ma do res, en tre eles Ge orge Dunning, que anos depois iria revolucionar os longas-metra-
McLaren inventava mil possibilidades gráficas a partir do movimento, usando personagens feitas de pedaços de papel recortado (“Le Merle”, 1958, no alto da página ao lado), o desenho direto no filme transparente (no pé da página ao lado) ou a silhueta de bailarinos em fotogramas superpostos (“Pas de Deux”, 1967, nesta página) 55 ARC DESIGN
B LI N K I T Y B L A N K
Desde então, ne”, dos Beatles. ri a m b Su w lo el “Y com o fantástico sob a influência gens animados cia ên formaram no N FB qu se se 5, s re 95 (1 do a k” m i an an Bl s Em “Blinkity de renomado várias gerações gr av ou co m um iginais. ac im a) , M cL ar en do em técnicas or n za a li a ul ci líc pe pe es a e se um ulava a ens sobr de McLaren, cada , McLaren estim estilete as imag de da vi tin ti m du co o s pr re a r aplicou co custos e aumenta velada e depois mo marioneodo a baixar os ide. As exm ló lu De ce ao rsonagens são co s pe te as e qu tas aderen em s, te eito, técnica de recor s têm grande ef equipe a usar a plosões de core as am gr o cenário. to fo r eadas po a-quadro sobre odr a qu s pois são entrem da vi o ens s de movimentes de papel, m m a reter as imag ssantes os efeito re te in s ai m negros que ajuda , ns o um consples as personage pectador, criand Quanto mais sim na retina do es ssaro dançante se pá um al qu no ”, ico. mo em “Le Merle efeito estroboscóp transformação, co e a, imagens em eit to es. dir à o, lad ao ométricas simpl Na página tir de formas ge r kity Blank” pa lin a “B ói na qual de tr s ns ída co tra s trói e de negativo ex de papel-cartão, la te a um s na e usa ap Grise”, McLaren as alterações Em “La Poulette animadas entre es sõ fu z fa ra e m stel oleoso. A câ morfoses. desenha com pa o de suaves meta sã s ce su a um o, criando e recebeu da feitas no desenh aças ao Oscar qu gr , so s ce su or ai o seu filme de m interior “Neighbours” foi rman estava no No , do a ci un an i êmio fo 53. Quando o pr viou sem urAcademia em 19 ao telegrama, en ta s po s re Em . do u a ser encontra tou muida Índia e custo dá. Ela dizia: “Es na Ca ao is po de anas que chegou sem gência uma carta scar’?” que quer dizer ‘O o ), l xo na i ai af ab as cia m ên a, tíci 5, sequ animados to feliz com a no Em “Mosaic” (196 objetos a serem os m , ra ca fo ni c os té ad sa im s icos an do “pixilation”. Ne os padrões gráf adro podem fade película me foi a estréia fil as O tir de o ei m gem quadro-a-qu a r m fil à s obtidos po ça a gr gu rne e osso, que a sua extensão (al cnica ansão atores de ca riscadas em toda ns testes com a té gu s, al re to rio i te fe an a vi es m ha n s a fil possíveis. McLare mas pertencente Lá presenciou, r movimentos im e “Lines-Horize ” al tic er dático na China. -V di es in to en m na como “L ei tr foto uma missão de m superpostos tes de partir para zontal”), que fora ter optical prin graficamente no
. Ao onde trabalhava conta da aldeia ar m to ta s ni u m revolução co cLaren se sencom simpatia, a ra da Coréia e M er Gu a do n ce te nadá, estava acon a “pixilavoltar para o Ca Resolveu utilizar s. ta o i tr pa m co seus ção contrária à de em um parque tia em uma posi e foi todo rodado m fil O . ra er gu sar o absurdo da tida era a tion” para expres . O ponto de par do gi rí ro i te ro m um de improviso, se animação perem Ottawa, quase e a partir daí a s, sa ca as du e tr flor que nasce en disputa de uma violência. caricaturando a , do r su ab de o mensagem somitia todo o tip , por conter uma do ri fe e pr e m fil va ser este o seu McLaren declara to de sua obra. uito sutil no res m a m r fo de ce só aconte cial clara, o que PÉTUA M U DA NÇA emplo, na técniA ARTE DA PE R lo a mais. Por ex u m tí es um o m va os desafios co lícula limMcLaren encara fícil manter a pe di é , te n re pa s e tran reto sobre o film as soluções disca do desenho di ema, encontrou du bl o pr se es r ve l dura. Para reso a imperpa e livre de gor rava a sujeira e po r co in e el ”, re ll Ca como “Begone Du de fotogramas, tintas: em filmes rando a divisão no Ig . co ti ás pl s como recurso , recebenfeição das tinta secar ao relento ra pa a nh pu as e me ilongas tiras de fil e melhor se enca McLaren pintava ição as cenas qu ed na ia lh co es poeira. Depois do partículas de sonora. , riações da trilha a película velada xavam com as va foi riscar sobre , k” an Bl ty ki lin adotada em “B m guias de A outra solução, o, seria animar se tã en a, m e bl o pr O aparecia menos. na qual a sujeira
MOSAIC
57 ARC DESIGN
NEIGHBO
URS referênc
ia, já que não havia nas em transpar alguns fo ência. M cLaren r tograma esolveu s , nhos, us deixando desenha ando seu vários e r apespaços n magistra egros en l senso rega de de ritmo tr sugerir e os dese. No s s a as posiç própria ões inter tiginoso r e m ti na se en ediárias . O filme , e o efe car, genial, ito estro chega a ses em p b oscópico ser peri essoas c é vergoso, po om tend is pode ências e A resistê d e s p e i n léticas. cadear c ncia de riMcLaren ao uso d quando a lingua foi conv idado a gem fala participa da cheg Montrea r ou ao m d a l. Em ve abertura áximo z de um d e u m fe d iscurso, stival de –, no qu preparou al o ped cinema e estal do um film m microfon e – “Ope deixa o e toma v ning Spe próprio id ech” a por me McLaren io da “pi terminar “A Chair xilation”, a sua fa y Tale” – e não la. Idéia uma cad similar fo eira se r sicadas i utilizad evolta co pela cíta a em ntra o s ra de Ra eu dono vi Shank McLaren , e a m ações r. descobriu mutambém Grant M som ótic v á rias form unro (ac o, criand ima), um a s “N de dese o padrõe eighbour dos ator nhar so s”, é tam s que lh o uso de es de b r bém um ta e e ntes anim permitir a trilha instrume dos imp adores fo am faze de ntos. Co orr r fo m música i colabo m este s ados no inclusive rador de sintética N F B. Gra istema s “Neighbo M nt s s o c e e L norizou u s fi lm m aren em urs”. es, com vários d vários d o “A n i m e seus fi e (1978), a te d M uma sér lmes, o ti o n ” ie didá des tica que cobertas ilustra a de McLa s pios bás ren sobr icos do c e o s princíinema d e animaç ão
LA POUL ETTE GRI SE
58 ARC DESIGN
“Neighbo urs” (19 52) é o cada vez filme ma mais abs is popula urdas. C cia ou m r de McL om uma esmo vo aren, um técnica b ar, num a fábula atizada efeito es pacifista de “pixil pecial sim . Po r c a u a ti on”, os a ples e cr sa de um tores – iativo a flor, do filmados is vizinh quadro-a os se en -quadro frentam – podiam em situa fazer tod ções o o tipo de acrob a-
Abaixo, o s desenh os de “L (1947) fo a Poulett ram tod e Grise” o s feitos tela, com sobre a camadas mesma sucessiv oleoso. A as de p câmera astel r egistrav cação em a cada m lentas fu o difis ões, cria suave de ndo um transfor e fe m ito ação. À direita , “A Cha ir y bem-suc Tale” (19 edida ex 57) é ou periência tra com “pix ilation”
59 ARC DESIGN
FIDDLE-DE-
DEE
A dança era outra paixão de McLaren. No premiado “Pas de
EN CON TRO COM MCLA REN
Deux”, utiliza o “optical printer” (projetor de cinema de alta
Estava ali, numa edição do “Seleções do Reader’s Digest”
precisão acoplado a uma câmera quadro-a-quadro, que
de 1972, o último lugar onde eu esperava encontrar algo
pode copiar várias vezes os fotogramas desejados), multi-
sobre cinema de animação: um cineasta original fazia seus
plicando as imagens de um balé ao vivo e criando belíssi-
filmes sem utilizar uma câmera, ou filmando pessoas reais
mos padrões gráficos de movimento.
como se fossem bonecos animados. Na época eu tentava
“Narcissus”, seu filme-testamento, quase não possui ani-
fazer meus primeiros filmes de animação usando uma câ-
mação. Conta, também por meio do balé, a história do mito
mera Super-8, quebrando a cabeça para descobrir a ma-
de Narciso. O cineasta, que raramente expunha suas an-
neira “certa” de trabalhar – não havia livros ou escolas
gústias pessoais em seus filmes, declara aqui corajosa-
disponíveis. Ao me mostrar que experimentar também “va-
mente a sua solidão, o seu aprisionamento pela imagem.
lia”, McLaren se tornou uma referência vital.
SPHERES
“Spheres” (1969) pode nos dar hoje a impressão de ter sido feito com o computador. Mas trata-se da animação de círculos de papel de diferentes tamanhos, pintados com aerógrafo e dispostos cuidadosamente sob a câmera para dar a ilusão de profundidade 60 ARC DESIGN
Em filmes como “Fiddle-de-dee” (1947), McLaren desenvolveu milhares de variações de texturas e cores para ocupar o espaço mínimo de cada fotograma, usando todo o tipo de tinta e ferramenta de desenho. O filme era usado como tela, às vezes de forma totalmente intuitiva, ignorando a divisão de quadros. O sincronismo com a música podia ser cuidadosamente planejado ou puramente acidental
Algum tempo depois conheci os tais filmes, em sessões na
canto do estúdio, como a máquina que construiu, com len-
Cinemateca do MAM do Rio de Janeiro. O efeito foi arreba-
tes e prismas especiais, para facilitar o desenho sobre o
tador. Não eram apenas experimentos: tinham drama, hu-
minúsculo fotograma de cinema. E, para minha alegria,
mor, contavam histórias de maneira bem diferente. Trans-
mos trou-se en tu si as ma do com o re sul ta do do fil me que
formaram a minha visão do que podia existir além de um
re a li zei lá.
simples desenho animado.
Alguns anos mais tarde, em 1986, voltei ao NFB, agora
Finalmente, conheci McLaren pessoalmente quando estive
como responsável pelo Núcleo de Animação de um convê-
no National Film Board of Canada em 1981 fazendo meu
nio Brasil/Canadá. Eu levava para a avaliação do mestre os
filme “Animando”. O “ídolo” era uma pessoa extremamente
primeiros filmes produzidos aqui e decidi gravar em vídeo
tímida, solícita e gentil. Pôs à minha disposição algumas
a nossa conversa. Foi esta, talvez, uma das últimas entre-
de suas ferramentas há vários anos abandonadas num
vistas de McLaren, que faleceu em 1987.
Os cenários ao fundo eram desenhados com pastel oleoso, filmados separadamente e depois compostos com o plano das esferas por superimpressão fotográfica. Os movimentos eram matematicamente calculados para dar a impressão de movimento em perspectiva
Colaboração: Consulado Geral do Canadá. Imagens cedidas pela Biblioteca Visual do National Film Board of Canada © National Film Board of Canada Todos os direitos reservados 61 ARC DESIGN
O mate rial para esta seção foi for ne ci do pelo Material ConneXion. Tradução: Winnie Bastian
METAL MESH FABRICS
Malha metálica produzida em diversos padrões: malha altamente flexível em latão achatado polido; malha leve de alumínio tecida em forma de teia ou em círculos, para roupas e tecidos em geral; malha de aço inox altamente flexível (pode ceder em ambas as direções) em forma de círculos e com círculos soldados para torná-la mais resistente, disponível em diversos tamanhos e estilos para jóias, vestuário e acessórios. Versões: natural ou com laqueamento metálico (ouro, prata, bronze, platina)
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Tecido de poliéster, linho e acetato, com quadrados de linho sobrepostos rusticamente aparados; urdidura listrada em preto e branco e uma textura horizontal criada pela trama que combina fibras sujeitas ao encolhimento com outras que não encolhem. Fabricado na Itália
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Painéis de vidro isolantes e difusores de luz que são compostos por tubos capilares ocos entre camadas de tecido de fibra de vidro, hermeticamente seladas com lâminas de vidro. Eles proporcionam luz sem sombra, com interpretação real das cores e são isolantes contra calor e barulho. Aplicações incluem clarabóias, telhados envidraçados inclinados, edi fí ci os co mer ci ais e in dus tri ais
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Folhas não-tóxicas feitas de polietileno de baixa densidade para proteção de coberturas de todos os fins, e de pisos light-duty. Retardador de chamas, não-estático e estabilizado quanto às radiações ultravioleta (UV), está disponível em rolos de 4 metros de largura
WICK DRAIN
mc# 3568-01
Dreno usado para consolidar argila e areia fina. Forte, durável e resistente a produtos químicos, microrganismos e bactérias. É constituído de um cerne central de propileno, que age como um canal de drenagem, rodeado por um filtro geotêxtil fino de polipropileno que tem alta permeabilidade à água ao mesmo tempo que retém as partículas mais finas do solo
POROUS PAVING
mc# 3889-01
Sis te ma de pa vi men ta ção que re duz a mi gra ção do cas ca lho, ao mes mo tem po que man tém a po ro si da de e mi ni mi za a ma nu ten ção. É com pos to de uma es tru tu ra de plás ti co in je ta do, fei to de 95% de plás ti cos pós-con su mo, su por ta dos por um te ci do po ro so para man ter as pe que nas par tí cu las de agre ga dos no lu gar. As apli ca çõ es in clu em áre as de es ta ci o na men to de veí cu los, ca mi nhos para car ros de gol fe, ruas re si den ci ais, ca mi nhos de pe des tres, con tro le de ero são
NATURAL RAW LINEN
mc# 3771-03
Tecido macio, rígido, forte e durável (147,32 cm de largura), 100% linho cru, absorve até 20% de seu peso em umidade sem parecer úmido. Antialérgico, funciona como repelente de insetos. Usado para painéis de janelas em virtude de sua capacidade de reter umidade
ISOBORDT
mc# 3657-01
Painéis fortes e usináveis, feitos de fibras de palha e resinas não-tóxicas, não dilatam com umidade; tem boa elasticidade, vínculo interno e densidade; sem emissões nocivas. Retardador de chamas, está disponível em espessuras de 6,35 mm a 38,1 mm. As aplicações incluem mobiliário, armários, portas, laterais de gavetas, pisos laminados e estantes
COLORED CONCRETE
mc# 4038-01
Con cre to pig men ta do uti li za do para ar qui te tu ra de in te ri o res e ex te ri o res, além de apli ca çõ es em mo bi li á rio. É co lo ca do em mol des e en tão tra ta do para apre sen tar vei os e para re fi nar a cor
FORMETAL®
mc# 3810-01
Folha de metal com recortes, desenvolvida para copiar formas tridimensionais. Pode ser moldada à mão e permite produzir, copiar, corrigir ou projetar formas complicadas e muito pequenas. Uma vez moldada, pode permanecer no objeto e ser revestida com tecidos, fibra de vidro, gesso ou reboco, ou ser remodelada para voltar à sua forma original e ser reutilizada. Disponível em alumínio e também em outros metais como cobre, aço inoxidável ou galvanizado, em folhas de 100 x 100 cm ou 100 x 200 cm, em diversas espessuras. Usuários em potencial incluem engenheiros, arquitetos, designers, artesãos, maquetistas, artistas, restauradores e ortopedistas
63 ARC DESIGN
Q
Quem investe no design?
FIRMA CASA V O KO
GIROFLEX FORMA 11 ARC ARC DESIGN DESIGN
Firma Casa
“A madeira sempre foi associada a
madeira, tendo apenas os pés em ma-
metal, que podem ser movimentadas
meu trabalho”, diz Claudia Moreira
deira maciça. “Uso a madeira onde é es-
por meio de um ímã. O vidro inferior é
Salles, designer que integra o elenco
sencial”, explica, “acho que é um mate-
revestido com tela de aço, criando um
de profissionais brasileiros na coleção
rial para ser usado, mas não esbanjado.
“moiré” na superfície da mesa.
da Firma Casa.
É muito precioso.”
“Na coleção que apresentei à Firma
Formada pela Escola Superior de Dese-
Há uma idéia lúdica, e ao mesmo tempo
Casa, pensei os móveis como um traba-
nho Industrial, a famosa ESDI – quando
rica em detalhes, que acompanha essas
lho de arquitetura, para que pudessem
Bergmiller, orientador de muitas gera-
novas peças da Firma Casa. Nas mesas
se integrar ou ‘sumir’ no espaço.”
ções de designers, ainda era professor –,
Maria e Vai com as Outras, o tampo é
Com as peças de mobiliário de Claudia
Claudia Moreira Salles deixa claro em
um sanduíche de vidro e tela de aço,
Moreira Salles, a Firma Casa amplia a
seu trabalho essa formação rigorosa.
mas com um espaço entre as placas, no
sua já famosa coleção de design brasi-
As peças criadas pela designer para a
qual são colocados cavacos ou peque-
leiro: objetos que convivem em harmo-
Firma Casa são em MDF folheado de
nas esferas de ferro, ou de qualquer
nia com o design internacional.
Fotos Andrés Otero
Nesta página, mesa Vai com as Outras, design Claudia Moreira Salles. Em MDF revestido com nogueira, possui pequenas esferas metálicas que podem ser movimentadas com um ímã. O mesmo ocorre com a mesa Maria, na página ao lado, na qual as esferas são substituídas por limalha de ferro. Ambas fazem parte da nova coleção criada pela designer para Firma Casa, que inclui o aparador Joatinga e a mesa Joá
FIRMA CASA Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.487 São Paulo, SP - Tel.: (11) 3068-0377 Av. das Américas, 7777, Rio Design Barra, Rio de Janeiro, RJ - Tel.: (21) 2438-7586 www.firmacasa.com.br
Voko
Em 1976, a Voko chegou ao mercado
VOKO Av. das Nações Unidas, 12.995 - Mezanino Brooklin - São Paulo, SP Tel.: (11) 5507-3730 - vendas@voko.com.br
N e s t a p á g i na , c a d ei r a S ita.
Estrutura
em
tubo de aço (25 mm d e d i â me t r o ) e e n c o s t o e as s e n t o e m po l i propil eno c o n e x ão
injetado;
en t r e o e n -
co s t o e a e s t r ut u r a t u b u l ar
em
al u m í ni o
flexibilidade na acomodação interna de
brasileiro trazendo o melhor do design
cabos e fios elétricos.
alemão. Finalmente em 2001 um proje-
Provando ainda sua sintonia com a van-
to inteiramente concebido no Brasil é
guarda do design europeu, a Voko
lançado pela Voko: o sistema Physio de
passa, com exclusividade, a comer-
móveis para escritórios, uma criação
cializar no Brasil assentos e estofados
do designer Paulo Germani, levou dois
para escritório da empresa espanhola
anos para ser concluído e se caracteri-
Franch, também expostos na última
za sobretudo pela mobilidade que pro-
Office Solution. A linha de poltronas e
porciona aos novos ambientes de tra-
cadeiras Duo chamou a atenção pela
balho. O sistema inclui biombos e
diversidade de modelos, todos com
divisórias montados por meio de
design clássico, mas adaptado à reali-
“encaixes” que dispensam ferramentas
dade contemporânea dos escritórios; a
e parafusos, proporcionando maior
linha Nela, por sua vez, destacou-se pela
descontração de suas cores e formas, intimamente ligadas ao conceito de conforto. As duas linhas foram idealizadas levando em consideração padrões rígidos de ergonomia, que visam melhores condições físicas para os usuários e maior produtividade para as empresas. Outra novidade da Franch trazida pela Voko é o programa Sita de cadeiras e poltronas destinadas às áreas coletivas. Resistentes, empilháveis e disponíveis nas mais variadas versões, permitem uma “desorganização positiva” constante nestes tipos de ambiente.
i n j e t a d o No alto e ao lado, c a dei ra e pol tro nas Nela; per mi tem re gu l a gem de al tu ra de bra ços e en cos to, e mo vi men ta ç ão sin cro ni za da de en cos to e as sen to. Dis po ní veis nas ver sõ es fix a ou c om ro dí zi os ( em po li a mi da ou al u mí nio po li d o) , c om
ou sem apóia-bra ços ( em
tu bos de aço e po l i u r e ta no)
Giroflex
Duas linhas de cadeiras inteligentes
GIROFLEX Rua Dr. Rubens Gomes Bueno, 691 Santo Amaro - São Paulo, SP Tel.: 0800 112580 www.giroflex.com.br
se caracteriza pela introdução do sis-
e um novo sistema de mesas para
tema de mecanismo sincronizado
es critórios. Estes foram os produ-
para cadeiras, sejam elas com ou sem
tos, presen tes na 8ª Office Solution,
braços, giratórias ou não.
que cele braram os 50 anos da
A linha Evo, projetada por Nick
brasileira Giro flex.
Butcher para a Svoboda, também está
A linha Giroflex 12, do designer Ton
sendo produzida pela Giroflex no
Haas, combina formas geométricas e
Brasil, com autorização da empresa
orgânicas, resultando em cadeiras
austríaca. Projetadas para espaços de
funcionais, sofisticadas e com grande
uso comum, mas também para inte-
variedade de modelos. Já a linha 63,
grar estações de trabalho, as mesas
projetada pela Zemp+Partner Design,
Evo dinamizam o ambiente e possuem
estrutura metálica com tampos em diferentes materiais. Outros detalhes da linha são o formato, concebido para usuários que passam muito tempo em seus escritórios, e a procura pela mobilidade máxima, independentemente da configuração do espaço. Com essas linhas de móveis e tantas outras, a Giroflex prova ser líder num mercado em constante evolução. Evolução esta promovida, sobretudo, pela própria empresa.
Acima, vista parcial do estande da Giroflex na Office Solution 2001, projeto do arquiteto Fernando estações
Bran dão. de
Ao
lado,
trabalho
combi-
nadas, em exposição no estande, melhoram o aproveitamento do espaço; superfícies de trabalho do sistema Radial, divisórias DA e cadeira Giroflex 33
Na página ao lado, linha EVO, da empresa austríaca Svoboda, um dos lançamentos da Giroflex na Office Solution 2001. As estações de trabalho possuem tampo em madeira e pés – com altura regulável – em alumínio ou fibra de carbono.
À
direita,
destaque
para a integração entre os estandes da Giroflex (na foto, à esquerda) e da Forma, ambas do Grupo Giroflex
Apoio: Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN nº 22, novembro/dezembro 2001 Diretora Editora – Maria Helena Estrada Diretor Comercial – Cristiano S. Barata Diretora de Arte – Fernanda Sarmento Redação: Editora Geral – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico – Fernanda Sarmento Chefe de Redação – Winnie Bastian Revisora – Jô A. Santucci Produção – Tatiana Palezi Arte: Designers – Adriana Lago Anita Cortizas Cibele Cipola Participaram desta edição: Alexandre Rocha Andrés Otero Felipe Fontoura Fernando Salles Fernando Perelmutter Guido Barba Gelata Marcos Magalhães Sueli Ortega
Apoio Institucional:
Departamento Administrativo: Cláudia Hernandez Departamento de Circulação e Assinaturas: Maurício Grazzini Conselho Consultivo: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Maureen Bisilliat, curadora do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, presidente da Federlegno-Arredo, Itália, consultor de Arc Design para assuntos internacionais Fotolito: Relevo Araújo Impressão: Litokromia Print Papel: Suzano Papel – Couchê Reflex Matt (miolo – 150 g) Supremo Duo Design (capa – 250 g) Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições, ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito.
Arc Design: endereço para correspondência Rua Lisboa, 493 - CEP 05413-000 São Paulo – SP Telefones Tronco-chave: (11) 3088-8011 FAX: (11) 3898-2854 e-mails Assinaturas Redação Direção de Arte Administração Editora
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