Revista ARC DESIGN Edição 27

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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

R$ 12.50 2002 Nº 27 QUADRIFOGLIO EDITORA

ARC DESIGN

Nº 27

SETEMBRO/OUTUBRO

2002

DESIGN BRASIL 2000+2

RAÍZES BRASILEIRAS NO DESIGN: BORDADOS E RENDAS MATERIAIS DA AMAZÔNIA ARTESANATO NO RECIFE

DESIGN YEARBOOK POR ROSS LOVEGROVE

DESIGN GRÁFICO: A REVISTA


“Onde tem rede, tem renda”, diz o ditado popular. É verdade. A renda da rede de pescar é o filé, também chamado “rede de nó”, trabalho característico das mulheres rendeiras nas comunidades de pescadores. Não se sabe muito bem como uma técnica milenar, difundida entre os egípcios e os persas, disseminada na Península Ibérica, tenha chegado ao Brasil. De acordo com Alessandra Vieira, em “A Arte e o Filé do Pontal da Barra”, “em 1816, mulheres de pescadores de um vilarejo alagoano observaram que as imigrantes holandesas traziam em suas vestes uma renda muito Acima, toalha com barrado em renda filé simples e bordada, de Vera Lúcia e Cynthia dos Santos Miranda. Na imagem da capa, detalhe deste trabalho fotografado por Fernando Perelmutter

parecida com a rede de pescar de seus maridos. Inspiradas nessa semelhança, começaram a tecer e bordar, adaptando a renda européia à vida simples da população praieira”. Rendas e bordados, que podem ser vistos apenas como fricotes medievais, são hoje a forma de artesanato de melhor qualidade dentre as praticadas no Brasil. O trabalho com o barro, com a madeira, com o couro, com a palha, não conseguiu atravessar o tempo do abandono, e apenas agora, um ou outro projeto nessas áreas procura resgatar nosso antigo fazer.

Abaixo, pescadores tecem as redes de pesca, em frente à igreja de Entremontes. À esquerda, no centro, detalhe de um dos diversos pontos do filé, que remete à idéia de rede; embaixo, o bastidor utilizado para a confecção da renda


O design brasileiro, consciente de sua importância, se encontra em um novo momento: o da necessidade de criar com o olhar voltado para as próprias raízes e peculiaridades, o de tornar possível a expansão de um mercado interno e, sobretudo, de exportação. Ou então continuar fazendo sua pequena (ou não) aventura pessoal, com produtos que podem se assemelhar a quaisquer outros produzidos no mundo. Exportação é a nova palavra de ordem – com o design fortemente agregado a essa nossa emergência. Na verdade, deixando de lado as commodities, não há possibili dade de exportação sem recurso ao design, industrial ou não. Se para o desenho industrial temos necessidade, principalmente, de maior desenvolvimento tecnológico, não há possibilidade de um design com características diferenciadas, brasileiras, sem a utilização de materiais nacionais ou de um novo e original olhar. ARC DESIGN encampou esta bandeira – para estar mais perto de nossa realidade, de nossos sonhos e desejos. Para ser útil. O que iniciamos na edição anterior com o título “A inversão do olhar” terá seguimento, mostrando o que existe e o que poderia existir no design brasi leiro, projetos que tanto podem utilizar nossas maté rias-primas quanto nosso específico fazer. Vamos continuar publicando tudo o que de importante acontece fora de nossas fronteiras, vamos continuar centrando nossa atenção no que o mercado oferece, nas empresas que produzem e/ou comercializam, no Brasil, produtos de design brasileiro ou internacional. Mas nosso olhar e atenção também estarão voltados para fazeres ainda pouco conhecidos, traçando um panorama do Brasil que possa falar a linguagem do design. Um panorama sem metodologias de abordagem predeterminadas, que apenas segue o fluxo de novas descobertas. Boa viagem!

Maria Helena Estrada Editora


ARC DESIGN visitou as comunidades da região do Xingó, em Alagoas, e do bair ro do Pontal, em Maceió, pes qui sando bordados e rendas, uma tradição revigorada

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A fibra de coco impregnada com látex foi o material explorado em um works hop de Fer nando e Humber to Campana em Belém do Pará. Confira os resultados

A Fei ra Nacional de Ar tesa nato, orga nizada pelo governo de Pernambuco, reflete alguns bons resul ta dos da in ter fe rên cia do desig ner na criação ar tesa nal

NEWS EXPEDIENTE REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

nº 27, setembro/outubro 2002

Winnie Bastian

DESIGN BRASIL 2000+2: A CAMINHO DA MATURIDADE?

VALOR, PRESTÍGIO E FUTURO

Maria Helena Estrada

Da Redação

DA AMAZÔNIA SURGE UM NOVO MATERIAL

Maria Helena Estrada

RESGATANDO A QUALIDADE

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O design brasileiro está em pleno desenvolvimento; a qualidade dos produtos tem melhorado visivelmente. Quando seremos competitivos no mercado internacional?

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Continuando na trilha de “Design Brasil 2000+2”, abrimos um capítulo à parte para o desenvolvimento do design no Paraná

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Editor convidado para o Design Year bo ok de 2002, o de sig ner galês é responsá vel por uma mudança profunda nesta publicação, que passa a falar a linguagem dos materiais

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Objetos do dia-a-dia ganham nova – e diver tida – conotação com o projeto criado por dois designers alemães, em conjunto com o Instituto dos Cegos de Berlim

PUBLI-EDITORIAIS: Forma: sistema Resolve, design Ayse Birsel

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Giroflex anuncia o surgimento do grupo Aurus

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Lançamentos Firma Casa: poltrona Sushi e sofá Boa

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Flexiv apresenta a Linha Leve

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Da Redação

AUDACIOSA E EXPERIMENTAL: A REVISTA

MANUFATURA IMAGINÁRIA

Winnie Bastian

Maria Helena Estrada

ROSS LOVEGROVE: ÉTICA E ESTÉTICA

CRIAÇÃO PARANÁ E UNIVERSIDADE TUIUTI

Winnie Bastian

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To das as pro ezas possí veis nas ar tes gráficas é o desejo de A Revista, que ARC DESIGN re vela em entre vis ta com seus criadores


TELEFONE MULTIMÍDIA A LG Electronics acaba de ser premiada com o Presidential Award da Good Design Awards 2002 – realizado pelo Korea Institute of Design Promotion – pelo design inovador do aparelho de telefone celular LG KH 5000. O aparelho apresenta, além dos recursos de um celular comum, uma câmera fotográfica digital acoplada, e tem como principal diferencial a tela LCD (liquid crystal display) que pode girar a um ângulo de 270 graus, permitindo que o usuário visualize melhor a imagem e o enquadramento escolhido. Além disso, as imagens captadas podem ser enviadas por e-mail ou diretamente para ou tro apa relho celu lar. Atendimento ao consumidor: 0800 707-5454. www.lge.com.br

DESIGNED IN BRAZIL Se por aqui obser vamos atentos e entusiasmados o desenvolvimento do design e da arquitetura brasileiros, fatos significativos mostram que lá fora a atenção à nossa produção não é menor. A revista Interni, umas das mais importantes publicações italianas da área de design e arquitetura, dedicou sua

CASA COR CARIOCA

edição de número 523 ao “made in Brazil”. Um acontecimento

Uma chance imperdível de conhecer de perto uma casa

notável, já que esta é apenas a segunda vez, em 48 anos de

projetada por Oscar Niemeyer: trata-se da 12ª edição da

existência, que esta revista dedica uma edição inteira a outro país.

Casa Cor Rio, que abriu suas portas no dia 18 de setembro.

Entre os brasileiros destacados estão os arquitetos Oscar

O cenário será uma residência no Leblon, com 2 mil m2 de

Niemeyer, Isay Weinfeld, Marcio Kogan e Claudio Bernardes, o

área construída, projetada por Niemeyer em 1952. O evento

paisagista Roberto Burle Marx e os designers Fernando e

reúne 70 profissionais – 59 arquitetos decoradores e 11

Humberto Campana, Guto Índio da Costa, Pedro Useche e os

paisagistas – e se estende até o dia 27 de outubro.

jovens do No Tech. Além disso, a publicação dedica 19 páginas

“O grande desafio da Casa Cor deste ano será a adequação

aos endereços mais representativos da cidade de São Paulo

do estilo de cada profissional às características da arquite-

na área da decoração, incluindo Firma Casa, Atrium, Dominici,

tura moderna brasileira que alcançou repercussão inter-

House Garden e La Lampe.

nacional”, explica Patrícia Mayer, uma das sócias da 3Plus.

O reconhecimento do design brasileiro por uma publicação como

Casa Cor Rio 2002: Av. Visconde de Albuquerque, 1.225, Rio

a Interni é mais uma evidência do grande interesse pela criativi-

de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2259-7585.

dade e originalidade da produção brasileira no cenário mundial. www.internimagazine.it 4 ARC DESIGN


DIVERSÃO... E UTILIDADE! Para alegria de pais e filhos, a Suvinil acaba de lançar a linha Suvinil Magic, um sistema de pintura de paredes magnetizado (com o uso de uma tinta base) que permite que magnetos sejam aderidos às paredes, substituindo o velho papel decorativo e os quadros metálicos. Ideal para quartos, escolas e buffets infantis (na concepção de marketing da empresa, que produziu uma série de magnetos Disney e com número e letras) ou escritórios e estúdios, para adultos desmemoriados. Atendimento ao consumidor: 0800-194-500. www.basf.com.br

CONFIANDO NO PRÓPRIO JOGO Trocar de nome durante quatro meses e ainda assim continuar a ter seu produto reconhecido – e comprado – pelo público consumidor. Esta é a última ousadia da grife paulistana A Mulher do Padre, que agora passa a se chamar A Mulher do Parque. O nome alternativo permanecerá até o lançamento de sua nova coleção, no início de 2003.

LIGHT PERFORMANCE

“A mudança de nome, muitas vezes imperceptível, tira a importân-

A Arno acaba de lançar o grill Performio, que, por dispensar

cia da marca e tenta provar que é possível sobreviver sem logotipo,

o uso de gordura, é ideal para o preparo de alimentos e

logomarca e sem nome, mantendo a identidade por meio da comu-

receitas light. A grelha revestida de material antiaderente e

nicação”, explicam os responsáveis por A Mulher do Padre.

com sistema Contact System (a resistência se ajusta per-

Irreverência ou jogada de marketing? Provavelmente os dois.

feitamente à grade), além de garantir a distribuição homo-

A Mulher do Padre: Galeria Ouro Fino , Rua Augusta, 2.690,

gênea do calor, impede que os respingos de gordura provo-

ljs. 3, 4, 9 e 11, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3088-2153.

quem fumaça. Um termostato regulável oferece controle

amulherdopadre@uol.com.br

de temperatura, enquanto as paredes externas e as alças de transporte permanecem frias mesmo quando o aparelho estiver em funcionamento, podendo ser levado diretamente à mesa. Aten di men to ao consumidor: 0800 119-933. www.arno.com.br

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PRÊMIO MAX FEFFER DE DESIGN GRÁFICO Atenção, designers gráficos! A Cia. Suzano de Papel e Celulose está lançando um prêmio de design gráfico de grandes proporções. Trata-se do Prêmio Max Feffer, que contemplará trabalhos desenvolvidos em papel Reciclato e papel-cartão Supremo Duo Design. O prêmio é aberto a diretores de arte, de criação, designers, produtores de agências e da indústria gráfica, e outros profissionais que tenham desenvolvido peças gráficas impressas em um desses dois papéis. Serão premiados o primeiro e o segundo colocados (12 mil reais e 5 mil reais, respectivamente) em cada uma das categorias do Supremo Duo Design (Editorial, Embalagem,

PRATA DA CASA

Promocional e Miscelânea) e do Reciclato (Corporativo,

Inaugurada em Curitiba a LinBrasil, loja que conta com uma

Editorial, Promocional e Miscelânea).

coleção exclusiva e diversificada de móveis, luminárias e

O prêmio tem curadoria de Ethel Leon e o júri será com-

objetos de importantes designers brasileiros. Entre os no-

posto por nomes conceituados no universo do design grá-

mes representados estão Pedro Useche, Jacqueline Ter-

fico: Gilber to Strunck, Helga Mietke, Ricardo Ohtake, Rico

pins, Marcus Ferreira, José Antônio Marton, Luciana Martins

Lins e Ronald Kapaz.

e Gerson de Oliveira, além do mobiliário de Sérgio Rodri-

As inscrições podem ser feitas até 8 de novembro de 2002.

gues, com peças dos anos de 1950 e 1960 que voltam a ser

Regulamento, ficha de inscrição e mais detalhes do con-

produzidas, e são comercializadas com exclusividade em

curso podem ser encontrados no site www.suzano.com.br

Curitiba pela LinBrasil. Lin Brasil: Al. Dr. Carlos de Car valho, 2.053, Curitiba, PR. Tel.: (41) 342-1850

MÍNIMO MÚLTIPLO

RECORTES

Acaba de chegar ao Brasil a multi-

Chega ao mercado a Tesoura Multiuso, design Seragini

ferramenta Victorinox Voyager, o

Farné para Merheje. Seus cabos são confecciona-

tradicional canivete suíço, que

dos em santoprene e náilon com fibra de vidro,

agora conta também com as fun-

garantindo melhor aderência e confor to às

ções de relógio, desper tador e

mãos; a forma com cur vatura em onda

timer, além de outras 18 ferra-

induz a empunhadura adequada para o

mentas, incluindo lâmina, saca-

ma nuseio. Dispo ní vel em quatro

rolhas, abridor de latas e tesoura. Ideal para viajantes e

cores diferentes.

nômades aventureiros. O Victorinox Voyager pode ser en-

Merheje: (11) 4195-4499.

contrado em tabacarias, lojas de ar tigos espor tivos e de

www.merheje.com.br

presentes, em todo o Brasil. Atendimento ao consumidor: (11) 5584-8188. www.victorinox.com.br 6 ARC DESIGN


TRANSPARÊNCIAS Vidro e alumínio, matérias-primas de alta qualidade e que até pouco tempo eram utilizadas apenas em construções e na indústria, hoje marcam presença também no design de interiores, em por tas, divisórias e armários. Enquanto o vidro confere o equilibrado limite entre o interior e o ex terior que separa, o alumínio garante sustentação, deslizamento suave dos grandes painéis e acabamento refinado.

ALTA-FIDELIDADE

A Cinex, empresa com sede em Bento Gonçalves, RS,

A Samsung acaba de lançar o monitor cristal líquido de 15

produz desde 1998 por tas de alumínio e vidro para mó-

polegadas, modelo 152T, que além de proporcionar imagens

veis e divisórias de ambiente, além de ser licenciada ex-

de alta-definição possui o sistema flicker-free, para elimi-

clusiva para a América Latina da empresa italiana Rima-

nar oscilações de imagem, e entrada para sinais de vídeo

desio. As por tas das linhas Ghost (acima) e Siparium

analógico ou digital. A base bi-ar ticulada possibilita o posi-

(abaixo) são alguns lançamentos da empresa.

cionamento da tela em diferentes alturas e angulações.

Atendimento ao cliente: 0800-70-44-900.

Atendimento ao consumidor: 0800-124-421.

www.cinex.com.br

www.samsung.com.br

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DIVANO FREUD DESIGNER TODD BRACHER ZANOTTA | ITÁLIA A VITRINE DO MUNDO DO DESIGN


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Coloque seu talento no

p a p e l.


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The Marketing Store

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Ainda há tempo para você inscrever seus impressos em papelcartão Supremo Duo Design® ou papel Reciclato® e concorrer a até R$12 mil para os primeiros colocados de cada categoria do Prêmio Max Feffer de Design Gráfico. Supremo Duo Design®, o papelcartão que apresenta excelente qualidade de impressão e aplicação de recursos gráficos também no verso ou em Reciclato®, o primeiro papel offset 100% reciclado produzido em escala industrial no Brasil.

O quê, você ainda não se inscreveu? Acesse o site www.suzano.com.br para consultar o Regulamento e preencher sua ficha de inscrição. Ganhar o primeiro Prêmio Max Feffer vai causar uma ótima impressão no mercado. Os trabalhos vencedores ficarão expostos durante 20 dias no Instituto Tomie Ohtake. Data limite para inscrições: 08/11/2002 Júri: Gilberto Strunck, Helga Miethke, Ricardo Ohtake, Rico Lins e Ronald Kapaz. Apoio:




RESGATANDO A QUALIDADE Re den dê, Boa Noi te, Bil ro, Filé, La bi rin to. Você co nhe ce es sas pa la vras? Vi e ram de Por tu gal, da Es pa nha, da Ho lan da, da Ir lan da. As pa la vras fo ram se trans for man do com o tem po, mas não a tra di ção que de sig nam

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Maria Helena Estrada

A Região do Rio São Francisco, no trecho que divide os Estados de Alagoas e Sergipe, próximo à Hidrelétrica de Paulo Afonso, tem um nome acolhedor – Xingó. E nesta região o rio preguiçoso vai plantando povoados de um lado e outro de sua margem. Mas é do lado de Alagoas que se encontram as bordadeiras e rendeiras, que conservam intacta uma tradição vinda com a colonização, ou melhor, com os colégios de freiras que educavam moças da sociedade para as prendas domésticas – entre elas, o bordado. Esta, de acordo com Lia Mônica Rossi, designer e engenheira de produção dedicada à pesquisa da tradição do bordado no Brasil, é a origem das comunidades de bordadeiras e rendeiras do Norte e Nordeste brasileiros, que não é tão antiga quanto se poderia pensar. “As comunidades dedicadas ao bordado e à renda não têm mais do que meio século”, afirma a designer, embora na verdade não se saiba com certeza quando as populações ribeirinhas e do litoral nordestino começaram a exercer essa atividade de forma continuada. “As nossas rendas vieram de Portugal, que as recebera de Flandres, da França e da Itália, centros já notáveis desde meados e fins do século XV.

Na pá gi na ao lado, bor da dei ra de En tre mon tes com bas ti dor. No alto, da esquerda para a direita: a Casa do Bordado de Entremontes; vista da cidade com a igreja e, ao fundo, o Rio São Francisco. Acima, Cabeça de Frade, cac tus da região, do qual se faz o famoso doce de Piranhas. À direita, detalhe de toalha com pontos típicos do redendê, corruptela de renda de dedo, ponto nórdico com mais de 500 anos, denominado originalmente hardanger


(...) Vemos, nas gravuras do Brasil holandês, o gosto pelas rendas nos trajes femininos e masculinos”, escreve o antropólogo Luis da Câmara Cascudo em seu “Dicionário do Folclore Brasileiro”. Visitando dois pequenos povoados alagoanos, Entremontes e Ilha do Ferro, vendo como vivem as bordadeiras, isoladas em suas comunidades, ofício passando de geração em geração, pode-se perceber a riqueza resultante desse viver parado no tempo. Sentadas na porta das casas – até há bem pouco tempo –, de mãe para filha elas aprendem e bordam o mesmo ponto, criando os panos de mesa, as toalhas, os lençóis em linho ou panamá, ou fazendo a renda de almofada, que é como chamam a renda de bilro. Até há bem pouco tempo, também, um forasteiro podia levar por “um menos que nada” o resultado de dias e semanas de trabalho. Hoje essa realidade mudou. Como em cada canto do Brasil, o Programa Artesanato Solidário (muitas vezes em parceria com o Sebrae) e o próprio Sebrae vêm resgatando nosso fazer arcaico, nos brinquedos do agreste paraibano, nos santeiros de Ibimirim (PE), na cerâmica de Rio Real (BA), entre outros. Por que, em uma revista de design, falar em “bordados do Brasil”? Na verdade, esse bordado pode ter uma dupla função, ou sentido: o bordado característico do litoral norte e nordeste desenha um futuro para as populações carentes e, ao mesmo tempo, o resultado desse trabalho abre mais uma via brasileira de acesso à exportação. Em Entremontes, vilarejo onde vivem cerca de 200 famílias, o Programa Artesanato Solidário traçou, há três anos, um projeto que incluiu, sob a coordenação de Verônica Paiva, a compra de uma casa, a visita de um especialista em associativismo e também

Ao lado, bor da dei ra da Casa com mos tru á rio de toa lhas na sala onde fa zem as ven das. No alto da página, de ta lhe de can to em re den dê: como sem pre, uma gran de di ver si da de de pon tos ca rac te ri za as pe ças bor da das em En tre mon te


a assistência de uma designer, Lia Mônica Rossi, que sistematizou a produção ajudando a organizar os modelos de bordados e de produtos. Os pontos do bordado retratam, de forma ingênua e poética, a realidade local: olho de pombo, carocinho de arroz, testa de touro, estrela, bolachinha, casinha de aranha, rosa de um, rosa de cinco, estrela. Em pequenos detalhes, a colorida e delicada presença do ponto de cruz, o bordado mais popular em todo o Brasil. “Onde há rede há renda”, diz o ditado popular. Enquanto os maridos pescam, as mulheres bordam, aumentam a renda familiar sem ferir a tradição, sem sair de casa. Mas hoje as bordadeiras saem de casa para trabalhar, apesar dos veementes protestos iniciais dos maridos. A Casa do Bordado de Entremontes é a sede onde produzem e comercializam seus trabalhos. Sessenta mulheres, em uma comunidade com pouco menos de 500 habitantes, que vendem para o Nordeste, para lojas elegantes de São Paulo (a Bianco su Bianco, por exemplo, na Al. Gabriel Monteiro da Silva), para a Alemanha e a Itália. Os 600 jogos americanos para o restaurante Rubayat, de São Paulo, foram produzidos pelas 60 bordadeiras da Casa em menos de um mês! Entremontes sempre viveu do bordado e da costura. Situada na região do cangaço, as mulheres costuravam para Lampião, “cabra” vaidoso. Mas como se deu a revalorização desse trabalho que já estava ameaçado

No alto da página, flor em pon to de cruz no cen tro do re den dê. No centro, de ta lhe da casa de abe lha, um dos pon tos do re den dê. Ao lado, bor da do no bas ti dor e de ta lhe da es tre la de quatro pon tas

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de extinção? “Tudo começou com a visita do presidente do Sebrae, Sérgio Moreira, que é alagoano”, conta uma das bordadeiras. Hoje elas se valem da colaboração externa apenas na hora de encomendar o tecido e as linhas, que vêm de São Paulo, mas são pagos pela comunidade. Nesta região a renda de bilro está desaparecendo. Uma tradição açoriana, em Entremontes apenas duas senhoras, já idosas, manejam os bilros (bastões de madeira presos em pequenos cocos de ouricuri), dois em cada mão, e sobre uma almofada vão traçando os desenhos do pique, pedaço de papelão com furinhos que compõem os meandros da renda, e é preso ao tecido com espinhos de mandacaru. Esses papéis envelhecidos são guardados como tesouros por cada família de rendeira. “A renda tem a ver não só com mulheres, mas sempre com mulheres apaixonadas, sofrentes de amor”, como lemos em “Nísia Floresta: A Arte de Rendar”, precioso trabalho publicado pelo Museu do Folclore Edison Carneiro, RJ, sobre a renda no Rio Grande do Norte. Talvez não haja mais mulheres apaixonadas, ou sofrentes, o fato é que as rendeiras estão desaparecendo, como na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, e apenas no Ceará, Rio Grande do Norte e em algumas localidades de Alagoas ainda é possível encontrar a renda de bilro. Próximo a Entremontes, 15 minutos em um barquinho a motor, está a Ilha do Ferro, que na verdade não é uma ilha. Uma formação rochosa no meio das águas do Rio São Francisco dá seu nome à vila. Na Ilha do Ferro o bordado é o boa noite – flor típica da região –, uma variante do redendê criada na própria localidade. E o motivo dos bordados é sempre a mesma flor amarela. Também na Ilha do Ferro encontramos uma comunidade

No alto, o boa noite da Ilha do Fer ro, ca rac te ri za do pela bar ra re cor ta da e o mo ti vo da flor que dá nome ao bor da do. À es quer da, o boa noite co lo rido, mais raro de ser en contra do. Aci ma, ban qui nho de mestre Fer nan do feito com restos de ma dei ra cai bre ra ou im bu ra na de chei ro, com os pés, sem pre, em pe rei ra


semelhante à de Entremontes, com 40 bordadeiras que mal levantam o olhar do bastidor quando chega um visitante. Devem preparar encomendas de lençóis para a Alemanha, engomar uma toalha de mesa para banquetes, bordada a quatro mãos, em dois meses. Trabalhos como esses custam 90 reais o metro quadrado. Na Ilha do Ferro há ainda alguns personagens famosos, como o Fernando e o Aberaldo, que trabalham com o que encontram na natureza, e o Nan, que constrói violões e rabecas. Na casa-oficina de Fernando descobrimos um universo onírico, bichos imaginários feitos de galhos e restos de árvores encontrados ao acaso, com os quais ele, sem grandes retoques, faz nascer uma cabeça de cachorro com rabo de jacaré, ou bichos que o seu olhar é que dirá “que bicho é esse”. Mas não se pode falar dessas comunidades à beira do São Francisco sem trazer

No alto da página, na Ilha do Fer ro, a margem do São Fran cis co, a bor da dei ra e o boa noi te. À esquerda, o boa noite no bastidor, com a bar ra que no fi nal será re cor ta da

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Piranhas para a conversa. Arraial fundado no século XVIII, hoje é uma cidade com vocação para o turismo, limpíssima (como tudo, em toda a região), preservada, poética, são apenas oito ruas, com a antiga estação de trens transformada no Museu do Sertão, que tem peças de cangaceiros, e o Palácio D. Pedro II, onde dormiu o imperador. Piranhas tem praias e tem o cânion, tem pitu, tem uma pousada, e de lá partem os barcos para se chegar a Entremontes ou à Ilha do Ferro. Voltando para Maceió encontramos mais um pólo de artesanato, o Pontal, que se dedica à renda de filé, construída em grandes bastidores quadrados, fazendo surgir em pontos largos uma colorida variedade de saias e panos. Casas de bordadeiras, uma atrás da outra, lojinhas onde se vende a cadeira de coqueiro e móveis de cipó, objetos feitos da casca do coco e toalhas bordadas, coloridas, em tecido feito da fibra do coco. Algumas coisas ainda com ares de um antigo kitsch, como as rosas bordadas no tecido de fibra de coco, outras, sobretudo aquelas por onde já passou o olhar do designer, prontas para concorrer Acima, colcha de filé mostrando a diversidade de motivos e cores; abaixo, bordado de filé no bastidor, ambas no Pontal, Maceió, Alagoas. Na página ao lado, vira de bilro e, no detalhe, almo fada com os bilros e uma das últimas rendeiras de Entremontes

com o melhor artesanato em todo o mundo. Um antigo fazer, de origem européia, o secular trabalho de rendeiras e bordadeiras, conservado por mãos que tocam a própria terra, e que o mundo industrializado vem agora buscar. ❉

Aci ma, o Bon go cô, qual quer bi cho, fi gu ra em mu lun gu, ma dei ra leve en con tra da na bei ra do rio, obra de mes tre Fer nan do, da Ilha do Fer ro

BIBLIOGRAFIA CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Belo Horizonte: Itatiaia, 5a edição, 1984. Entremontes: um Olhar sobre o Patrimônio, o Artesanato, a Escola. Programa Artesanato Solidário, Conselho da Comunidade Solidária, 2001 GAMA, Márcia Silveira; TORRES, Maria Helena. Nísia Floresta: A Arte do Rendar. Rio de Janeiro: Funarte, 2001. HARARI, Caroline. O Barro e a Renda. São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 2002 PAIVA, Verônica; LODY, Raul. Vivendo o São Francisco: Bordados de Entremontes. Rio de Janeiro: Funarte, 2001. 26 ARC DESIGN


ARC DESIGN visitou o p贸lo de artesanato do Pontal, em Macei贸, a cidade de Entremontes e a Ilha do Ferro, ambas em Alagoas, com o apoio do Sebrae Alagoas e do Programa Artesanato Solid谩rio do Conselho da Comunidade Solid谩ria


DA AMAZÔNIA SURGE UM NOVO MATERIAL

“Amazônia br Design”, exposição e painel de discussões realizados no SESC Pompéia, São Pau lo, de 15

Foto Gabi Bernd

de ju lho a 18 de agos to, com o apoio do PPD, PO E MA, FI E PA E PO E MATEC. Coor de na ção ge ral de De bora Laruccia, Tania de Paula e Christian Ullmann

À es quer da, va sos em fi bra de coco im preg na da com lá tex, que subs ti tui o xa xim, já em ex tin ção. À di rei ta, chi ne los, um dos pro du tos resul tan tes do works hop com os ir mãos Cam pa na. Aci ma, a trans lu ci dez de uma fina amos tra do ma te rial

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Fo

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Aci ma, alu nos do works hop na ten ta ti va de mo de lar uma pol tro na. À direita, bol sa com alça fei ta com peça plás ti ca exis ten te no mer ca do

Da Redação brutalista, que

que irão guiar o novo design brasileiro?

no entanto é

Exportar para sobreviver é uma afirmativa comum a

capaz de ser-

políticos e empresários e nós, na ARC DESIGN, procu-

vir a objetos

ramos minimamente colocar, sempre, novas semen-

extremamente delicados. Trouxe

tinhas no processo que une os caminhos do design

também o resultado do workshop realizado durante

brasileiro aos da exportação. Garimpamos, bisbilho-

três dias, em Belém do Pará, por Fernando e Humberto

tamos, vamos atrás de indícios, checamos sua validade

Campana, com estudantes e profissionais locais.

e importância e divulgamos toda nova descoberta, toda

“Nossa motivação maior foi a de nos aproximar de

possibilidade de um novo fazer.

culturas manuais, com as quais nos identificamos.

Chegamos assim a essa fibra de coco impregnada com

Além disso, poder trabalhar com materiais de extração

látex natural, já conhecida e usada pela Mercedes-

natural é extremamente estimulante”, comentam os

Benz, por exemplo, que molda nesse material os assen-

irmãos Campana, que já pensam em criar produtos a

tos do carro Classe A, e que é também usada para

partir do aglomerado de coco e látex, material de apa-

substituir vasos de xaxim, já em extinção.

rência rude e áspera, mas de toque macio, capaz de

A exposição “Amazônia br” trouxe para o público de

suportar o peso do corpo sem se deformar, ou de atingir

São Paulo o conhecimento desse estranho material,

espessuras mínimas, translúcidas. ❉

Foto Gabi Bernd

Serão os caminhos da ecologia e dos materiais naturais

Ao lado e aci ma, fase de pro du ção e o assento molda do do mo de lo do au to mó vel Classe A


VALOR, PRESTÍGIO E FUTURO Fotos Gabi Bernd

“Meu objetivo, no início, que hoje se tornou verdadeira ambição, é o de dar valor, prestígio e futuro ao mundo do artesanato. Um mundo que devemos cuidar para que ele continue a existir; um mundo que é preciso usar e estimular para que ele prolongue suas experiências.”

Michele De Lucchi

Maria Helena Estrada Esse pensamento do designer italiano Michele De Lucchi, um dos fundadores do grupo Memphis, nos serve de ponto de partida para algumas considerações sobre a atividade artesanal no Brasil, sempre ligada às raízes da cultura popular. Uma cultura que já foi, e em alguns lugares ainda o é, muito bela e rica. Hoje, no entanto, visitar uma feira de artesanato no Brasil ou em qualquer parte do mundo é um exercício de árduo garimpo. Em meio a peças híbridas, sem origem ou história, sem qualidade, despontam aqui e ali, em meio a tudo, as maravilhas do fazer manual. Na Feira Nacional de Artesanato organizada pelo governo de Pernambuco em julho último não foi diversa a experiência, mas já se podia sentir a mão do designer, interferindo sem anular ou descaracterizar a criação do artesão. Uma figura importante no universo da arte popular e do artesanato do Nordeste brasileiro é a arquiteta Janete Costa. Encarregada de montar um estande institucional na feira, seu objetivo foi o de incentivar decoradores e arquitetos a introduzir peças da cultura popular nos ambientes por eles decorados. Mas sua atuação se desenvolve, também, junto às comunidades de bordadeiras, orientandoas no sentido de tornar seu trabalho mais próximo às demandas do mercado. Governos estaduais e municipais, Sebrae, Comunidade Solidária, depois de passada uma primeira fase, na qual o desejo era apenas o de proporcionar uma melhoria da qualidade de vida às comunidades mais pobres pelo interior


Leonardo Costa e Denilson Machado

À direita, espaço institucional criado por Janete Costa para a Feira de Ar tesanato vendo-se, em fotos, ambientes projetados por decoradores e valori zados pela utili zação de peças de ar tesanato e, à direita, cor tina de bolinhas de cerâmica de Tracunhaém (PE), com um leve toque de modernidade sugerido pela ar quiteta. No destaque, cadeira feita em madeira de coqueiro, característica do litoral de Alagoas

do Brasil – o que vem acontecendo –, hoje sabem que essa ambição é pequena e sem futuro. Qualidade é a palavra de ordem, além de uma discreta interferência em direção ao mercado e, muito importante, a viabilização de canais de distribuição capazes de manter viva essa semente. Na área de exposição do Sebrae, a Embrapa mostrava o algodão que já nasce colorido: do cru ao marrom, o fio não necessita tingimento. Novidade? Não. Antes da chegada dos portugueses ao Brasil, já havia em nosso país – de acordo com a designer e engenheira de produção da Paraíba, Lia Mônica Rossi – esta espécie de algodão; por mutações genéticas, desapareceu, e agora foi recuperado pela Embrapa. Li Edelkoort, designer holandesa, consultora de tendências, além de editora da revista View on Colour, afirma, quando se refere à produção, seja ela ou não industrial: “Forma e função são atributos implícitos; o que não está implícito, porque muda constantemente, é a carga afetiva e semântica do objeto. E, na paralela, alguma coisa de quase eterno”.

jas qualidades são íntimas e profundas. Calma, preguiça, tempo correndo solto, uma certa religiosidade são valores que estão ganhando importância em nosso pensamento, em nossos gestos, e que nos levam de volta ao tranquilo fazer artesanal e à sua valorização. No mundo do design, há a necessidade de uma nova semântica, um vocabulário renovado. Se por muito tempo “east meets

Foto Gabi Bernd

Machado Leonardo Costa e Denilson

Forma, função e poesia. É a lógica do sensível, da dimensão afetiva, cu-

west” era o charme explícito de decoradores em todo o mundo ocidental, o mote está se deslocando para “o norte encontra o sul”, encontra o exótico (para eles) mundo do design e da cultura popular. Esse diferencial Brasil, que tem sua raiz fincada no artesanato, é sequiosamente procurado por profissionais do design e da decoração, principalmente vindos da Europa. O Brasil está na moda e, com ele, nosso velho e caipira fazer. ❉ ARC DESIGN visitou a Feira Nacional de Artesanato de Pernambuco a convite da Agência de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco

Acima, mala em tecido bordado e pintado, apresentada na exposição de ar tistas na Feira de Ar tesanato. Ao lado, prato em cerâmica pintada com motivos característicos da Serra da Capivara, Piauí. Na página ao lado, o bumba-meu-boi e jogos americanos em fibra de caroá com tingimento natural, trabalhados pela comunidade remanescente de quilombo, Conceição das Crioulas, ser tão de Pernambuco, com a colaboração da Uni versidade Federal de Pernambuco

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ARC DESIGN

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A sensação de otim ismo predomina ap ós selecionarmos os produtos para que amadurecer, essa edição. Aind mas o design bras a há muito ileiro já nos dá m otivos para acredi tar no seu sucess o

A caminho da maturidade?

2 + 0 0 0 2 L I S A R B N DESIG


O design brasileiro vai bem, obrigado. Esta é a impressão geral que nós, de ARC DESIGN, tivemos após a seleção das peças publicadas nesta matéria. Acima, lixeira da linha Lâmina, em chapa de PVC expandido e haste de alumínio natural, design Regina Sigmaringa. Na página ao lado, luminária de piso Andreas, em alumínio escovado, com interior da cúpula disponível em três cores: amarela, azul e branca. Design Ana Galli e Dino Galli

Este clima de otimismo se deve, em grande parte, à melhora visível na qualidade – projetual e principalmente física – dos produtos. Se antes a pressa de colocar o produto no mercado e a falta de condições econômicas para desenvolver sucessivos protótipos prejudicavam o resultado final, hoje os designers

Abaixo, fruteira Disco, em alumínio polido com verniz colorido eletrostático, design Maurílio de Freitas Jr. e Caco Zavaglia, da Obra Criada Design, de Araraquara

Foto Andrés Otero

Winnie Bastian

parecem ter percebido que existe um tempo necessário para se chegar a um bom produto, que seja funcional, ecologicamente correto, competitivo e te nha tam bém ape lo for mal. A consciência de que entre o primeiro protótipo e o produto final há um longo caminho a ser percorrido parece começar a se tornar presente. Notamos também, com alegria, a crescente busca por novos materiais (ou materiais já conhecidos, trabalhados com maior perícia): corian, PVC flexível, alumínio, acrílico, laminados plásticos, entre outros, passam a dividir espaço com a madeira, nossa velha e discutível conhecida. E mesmo quando a madeira é

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Nesta página, banquinhos Bate-Papo, design Flavia Pagotti Silva. Competente releitura do banquinho caipira, possui estrutura metálica tubular, à qual se articulam quatro discos de compensado, ligados por uma manta de borracha, que garante o movimento independente mas coordenado dos discos, que assim se adaptam aos contornos do usuário

34 ARC DESIGN


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o material eleito, já podemos – felizmente – constatar que está sendo utilizada de modo mais racional: as estruturas estão mais leves e já não predomina a “estética do desperdício”. A essa evolução positiva, porém, contrapõe-se outra, inversa. Grande parte do design feito no Brasil – espe-

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design brasileiro depende não só da qua-

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desenvolvimento do design nacional é, a nosso ver, a pesquisa. Embora os designers afirmem que ela faz parte de seu processo de criação,

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Por quanto tempo essa “fórmula” funcionará?

essa pesquisa normalmente se limita ao que já existe disponível no mercado. Inovação significa a

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ARC DESIGN

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Foto Gabi Bernd

Nesta página, vasos em acrílico Lego: seu formato, com encaixes geométricos, permite a composição de várias peças (no detalhe) ou o uso individual (acima); disponível nas cores vermelha, preta e branca. Design Luiz Pedrazzi


novas propostas formais ou, ainda, produtos que induzam a novas formas de viver. Trata-se de todo um sistema que precisa ser desenAcima, caixa de luz Amapá, em MDF, madeira amapá e papel artesanal com raspas de madeira. Design Lígia de Medeiros

volvido, no qual uma componente fundamental é a ampliação do mercado consumidor. O caminho é exportar e a ferramenta, o design. Esta é uma longa questão, mas já podemos ver o resultado das pri-

Abaixo, luminária Luneta, em PVC flexível e película de policarbonato. Design Tereza Sandes

meiras ações conjuntas entre órgãos governamentais e entidades privadas. Enquanto a produção industrial não decola, o designer brasileiro parte para o processo semi-industrial (quando não artesanal) e assume duplo papel: o de criador e o de empresário. Criando, promovendo, distribuindo e até vendendo diretamente o próprio produto, percorre sozinho quase todo o “sistema design”. Nesse contexto, a correta visão de mercado é essencial: há designers, por exemplo, que ampliam sua área de atuação com a diversificação de marcas, atendendo a nichos de mercado diversos. Não nos arriscamos a prever o futuro, mas vemos, de todos os lados, surgirem iniciativas, como as do Sebrae, concursos – Museu da Casa Brasileira, Masisa, Movelsul – e parcerias de escolas com indústrias. Acho que já podemos ficar otimistas!

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Foto Gabi Bernd

Acima, o sistema integrado Morcheeba (protótipo) reúne óculos de sol, MP3 player (com até três horas de música digital), fones de ouvido e porta serial USB. Com corpo em ABS e lentes fixas em policarbonato transparente, o produto é acompanhado por três pares de lentes (amarela, fumê ou com transparência zero), trocadas conforme a vontade ou necessidade do usuário. Design Jaime Taiacol Junior; projeto de graduação em Desenho Industrial da Universidade Bandeirante de São Paulo, 2001

introdução de novos materiais, novas tecnologias,

37 ARC DESIGN


PROJETO CRIAÇÃO PARANÁ DESIGN BRASIL 2000+2

Nas próximas páginas, ARC DESIGN traz uma amostra do design paranaense. Ao contrário do design semi-industrial ou artesanal mostrado

nas

páginas

anteriores

predominante no cenário brasileiro –, vemos aqui o design intimamente ligado à indústria Acima, HitcHicker, fi chá rio em po li pro pi le no com es tojo em bu tido na lom ba da, cria ção de Cassia no Za net ti para a Za net ti Design. Abai xo, sis te ma Link: di vi só rias mó veis para es cri tório, com es tru tu ra em aço e pa re des em po li pro pi le no tex tu ri za do; uma das di vi só rias possui es pa ço inter no para guar dar objetos pessoais. Design Adria no Moro para a Fun ci o nal Mó veis


Abai xo, lu mi ná ria pú bli ca Lu mi nova, em ter mo plás ti co in je ta do, de sign Alceu Mu niz (Mor pho Design) para o Ins ti tu to de Tec no lo gia para o Desen vol vi men to – LAC TEC

Iniciativa exemplar que promove o encontro do designer com a indústria – principalmente pequena e média – e fornece apoio durante todo o processo de desenvolvimento do produto. Trata-se do Programa Criação Paraná, desenvolvido pelo Centro de Design do Paraná, sob a direção de Geraldo Pougy, a partir de uma parceria entre o Governo do Estado do

to do Extremo Sul (BRDE), o Sebrae-PR, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e o Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR). O objetivo inicial do programa era estimular e apoiar a indústria a desenvolver 20 produtos de bom design até o estágio de protótipo. Foram desenvolvidos 42 protótipos, superando em 110% a meta estabelecida. O trabalho contou com a consultoria do designer Bruce Wood, diretor do programa escocês Glasgow Collection. Em 2001, o projeto teve início com visitas da equipe do Centro de Design do Paraná a indústrias que poderiam ter interesse em participar do programa. Das 270 visitas realizadas em todo o Estado do Paraná, 100 empresas se interessaram em conhecer melhor o programa; 43 assinaram um termo de adesão. Em seguida, a equipe do Centro de Design acompanhou todo o processo, auxiliando as empresas na definição do briefing, na apresentação de designers adequados ao projeto, na sugestão de locais qualificados para a construção dos protótipos, na solução de problemas de engenharia. O resultado deste projeto estará exposto no Moinho Paranaense, em Curitiba, até o dia 13 de outubro (mais informações no site www.centrodedesign.org.br/criacaoparana.html).

À di rei ta, res pi ra dor ci rúrgi co Pe li ca no: uma atua li za ção for mal e tec no ló gi ca do res pi ra dor mo de lo E-250, traz inova çõ es nos pro cessos ele trô ni cos e me câ ni cos e tam bém nos ma te riais. De sign Car los Au gus to Du ar te (ASA Design) para a En gesp In dús tria de Equi pa men tos Hos pi ta la res. Na se quên cia, Ro des, ca dei ra de ro das em aço car bo no e te ci do de náilon/po li és ter: um sis te ma de acu mu la ção de for ça per mi te ao usu á rio ficar em pé sem es for ço me câ ni co pró prio. Cri a ção Ino ve Design para a em pre sa Or to me tal

ca ro) a li da de, ma s mu i to po r ta do (d e alta qu im to du pro o tre n to e fle xã o; ch er a la cu na en tes tes de ci sa lha me , cria do pa ra pre en no . i sa de ma te riais e Ac i ma , sk a te Cis co qu s pe giu i ti do co m po li u re ta ex s a ve ch re n e roda em ná i lon se m pe nh o) . A pra no de ta xo i re u ba li m po co de s co m ba se ço ac essí ve l, ma eix o em alu mí nio e o na ci o na l (d e pre Sk a te board ing Fly a ra s ta pa Desig n Fa brí cio Co

Paraná e quatro instituições: o Banco Regional de Desenvolvimen-

39 ARC DESIGN


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O go ver no do Es ta do do Pa ra ná, con si de ran do todo o Brasil, tal vez seja o que mais se em pe nha a fa vor do design. O Fundo Paraná dedica 2% da receita do Estado a pro je tos e pro gra mas de de sen vol vi men to ci en tí fico e tec no ló gi co. “O design pas sou a fa zer par te da vida em Cu ri ti ba”, afir mou o go ver na dor Jaime Ler ner (recém-eleito presidente da UIA - União Internacional de Arquitetos), du ran te a inau gu ra ção da mos tra do Cen tro de Design. “Em 21 de no vem bro será Acima, Relógio Ponto, para pequenas e médias empresas, com funções simplificadas. A parte eletroeletrônica já estava sendo desenvolvida, mas a Pró-Digital, empresa responsável pelo produto, queria um gabinete diferente e inovador, criado pela Morpho Design. O uso do plástico injetado – no lugar da chapa metálica, pensada no início – gerou vantagens de custo e melhoria na forma e no acabamento

inau gu rado o Mu seu de Arte e Ar qui te tu ra (uma obra de Oscar Ni e me yer), de di can do um gran de es pa ço ao design. Além do mais, es ta mos cri an do um fun do de fi nan ci a men to para o jo vem desig ner, es cri tor ou ar tis ta, para o desen vol vi men to da ‘1ª Cri a ção’, nome pro vá vel do pro je to.”

40 ARC DESIGN


Acima, cadeira Diz, design Sérgio Rodrigues para a LinBrasil: valorizado pelo design e pelo uso de matérias-primas alternativas (no caso, eucalipto maciço e compensado moldado de eucalipto). Na sequência, maleta para transporte de órgãos Vitalle: um sistema de refrigeração elimina a necessidade do gelo; a caixa é lacrada e a temperatura é constante durante todo o período do transporte, reduzindo a possibilidade de infecção e rejeição para o transplantado. Abaixo, Smart Ice, dispositivo para manter bebidas geladas mesmo fora da geladeira. Todas as peças, em plástico injetado, agregam um componente colorido, transmissor do frio. Desenvolvido por Patrick Speck e Luís Fernando Zeni para Electrolux, que ainda decidirá se o produto entrará ou não em produção. Deve-se ressaltar que este produto explorou uma aplicação nova para uma tecnologia que a empresa já dominava

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No a l u l a r to e a b aixo em aço , c o m ca r r i n h o pa pint ra j cujo O co ura el ard s e i na g m tr o s c que abo par e t á ti s sã ti m pod ca o m E l fo ent o pr e se , em o tr u ep es o r f ix as ó plás sà a da ferr es tr e i r o a c x i . ti c o ou d ame u tu o r o to m e s ta o da ra p n ta mol ca d s con o a r da d s m a da u ma ferr eno form oe ame r es es tr f i ta ea l o na e n u c nec t t a o , co a u m c s r ess a ess ma i velc me ório ida d o s tr u r r o; es , s sã e do tu r a o usu aco ário mod . De ado sign s na Gla u ma l e ta co R de l anc o na ia r o ,

postos nestas duas páginas. Esses produtos – protó-

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

A componente industrial é evidente nos produtos ex-

tipos, na verdade –, pensados para a produção em larga escala, evidenciam a existência de uma formação direcionada para o desenho industrial. Desenvolvidos pelos alunos de graduação da Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, inovam com soluções originais, resultantes de pesquisa autêntica e do conhecimento dos processos produtivos disponíveis. Pesquisa e experimentação embasaram grande parte dos trabalhos, mas chamaram especial atenção na churrasqueira de papelão (isso mesmo!) Fire Box, projetada por Alessandro Nakashima. Um trata-

DESIGN BRASIL 2000+2

mento especial com resina – cuja fórmula é segredo industrial –, somado à vermiculita, mineral com

No alto da página, Co bag, bol sa para car tei ros. Em lona en ce ra da e im per me a bi li za da com para fi na, tem fe chos em nái lon e fi tas em poliés ter, per mi tin do que o car teiro possa en fren tar a chu va sem molhar as cor res pon dênci as. A divi são bi la te ral do peso (su por ta até 10 kg em cada lado) re duz o im pac to na colu na do usu á rio. Design Regina Lúcia Brenner Barreto


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p a ra m o n ta n h a s tr o p que não i ca is , e e n c o s ta m n á i lo no chão n 10 0 % (a únic p o lia m i a p a r te da e es d e c o n ta tr u tu ra A lé m d is d e a lu m to c o m s o, a es o s o lo é í n io . S e fa ze m c tr u tu ra u d i fe re o c o r po do u om que em arc n c ia l é s os que u á ri o ) , res is ta o p is o , s e c ru z e v i ta n d a v e n to am em o a e n tr s s u p e ri c in c o p a da d e o res a 1 o n to s e á g ua p e 0 0 K m/ o s is te lo s ca n h . D es ig ma d e a to s . n Ja c k s n c o ra g o n Ro c h e m in te r a na

propriedades isolantes, torna a churrasqueira de papelão resistente ao fogo. Apenas uma regra deve ser observada: o churrasco deve ter duração máxima de duas horas.

À esquerda, Bri que ta gem, má qui na para com pac ta ção de resí du os de madei ra, para uso em mi cro e pe que nas empresas. Uma ati tu de eco ló gi ca e ren tá vel: os resí du os, que nor mal men te são um pro ble ma para as em presas, passam a ser uma fon te de ren da alter na ti va. Design Car los Co e lho

A liberdade de criação de que dispunham os estudantes, que não precisaram

Os contatos dos designers publicados nesta matéria estão disponíveis no site www.arcdesign.com.br

se submeter a imposições mercadológicas, certamente contribuiu para o bom resultado dos trabalhos. Mas é importante ressaltar que a inovação que tanto perseguimos poderia ser obtida também em produtos comerciais. Seria necessário apenas definir a ambição de cada projeto. ❉

À direita, chur ras quei ra des car tá vel Fire Box. Em pape lão com tra ta mento antifogo, é por tá til e de fácil montagem (en cai xe). A ban deja onde é co lo ca do o car vão é tra ta da com ver mi cu li ta e re si na antifogo; ori fí ci os frontais e la te rais fa ci litam a cir cu la ção do ar quente, em “efeito cha mi né”. O “kit”, pro posto para ven da em lo jas de con ve ni ên cias e su per mer cados, é com posto por uma cai xa que se trans for ma em chur ras quei ra (e de pois em li xei ra), uma gre lha me tá li ca, es pe tos de ma dei ra, car vão, ál co ol em gel, fós fo ros, saco de lixo e um pa co te de ma te rial antifogo. Design Alessandro Nakashima

43 ARC DESIGN


Ross Lovegrove: ética e estética 44 ARC DESIGN

Uma seleção de peças tão acurada e rica quanto nenhuma ex po si ção ou fei ra in ter na ci o nal é capaz de mostrar, além de um singular conceito de vida e de mundo. Esta é a edição do Design Yearbook 2002, assinada por Ross Lo ve gro ve

Ao lado, Blushing (ruborizando), o primeiro vaso de Ingo Maurer, em vidro perfurado; produção Salviati, Itália, 2002. No alto da página, cadeira Non, design Komplot, 2000, em borracha PUR rubber; produção Kallemo AB, Suécia


Maria Helena Estrada Um International Design Yearbook temático. Editor? Ross Lovegrove. Tema escolhido? Claro, os materiais, uma vez que o responsável pela seleção está entre os mais sérios e competentes designers em todo o mundo. Já temos enfatizado, em ARC DESIGN, que o projetista, hoje, primeiro desenha a matéria, ou procura conhecer a fundo o material escolhido, verifica suas potencialidades, para então partir para o projeto e a produção. Nas páginas desse Yearbook, design, tecnologia e produção artesanal falam a mesma língua: a do respeito aos materiais. Edições anteriores do Yearbook, mesmo se assinadas por designers famosos, não nos deixavam perceber uma linha condutora na seleção. Ross Lovegrove, ao contrário, nos aponta alguns dos caminhos possíveis para o design contemporâneo. Resumindo as idéias de Lovegrove no editorial, destacamos sua concepção da inteligência urbana, traçando um paralelo entre a linguagem da arquitetura e a da indústria automotiva: ambas utilizam os mesmos materiais, ambas são responsáveis pela nossa paisagem urbana. Já há algum tempo é constante a preocupação de Lovegrove com o futuro do carro que, segundo ele, deveria ser pensado como uma ferramenta prática para a vida urbana e, assim,

Acima, luminária suspensa Light Club, projeto de Nexus Design e Stiletto Design, com led vermelho, tira expansível de borracha e bateria de 6V, produzida pela Stilleto Design Vertreib, Alemanha. Abaixo, de Ann Pamintuan, broche Eyelet Leaf (folha natural revestida em ouro ou prata) e poltrona Cocoon, em fios de ferro martelados e soldados à mão, ambos produzidos nas Filipinas

produzido em plástico, quase semelhante a uma valise, sem o brilho dos metais, e portador de “very cool status symbol” – e, de preferência, “que possa ser estacionado na posição vertical”, conforme comentário durante uma de suas conferências. “Monitorar a evolução dos carros nos dará uma forte indicação do estado da humanidade como um todo, de uma perspectiva social, tecnológica e ética”, escreve. A importância fundamental dos materiais é clara na divisão dos capítulos – metais, vidro, tecidos, madeira, plásticos – e nos exemplos escolhidos. A valorização da componente artesanal é o terceiro elemento de destaque na seleção, já visível nas fotos de abertura: a nova cadeira de Marcel Wanders, Flower Chair, e o broche Eyelet Leaf, da designer filipina Ann Pamintuan, que descreve suas obras como “a expressão da rude elegância da vida”. No outro extremo da metalurgia, mas de igual beleza, a tecnologia no molde de cadeira para a BMW, de Tokujin Yoshioka, autor da cadeira Honey Pop (veja ARC DESIGN 25). 45 ARC DESIGN


Acima, a partir da esquerda: da coleção Aura, exemplo de tecnologia indossável, com objetos de moda, em polipropileno, incorporando chips para funções diversas; Flower Chair, de Marcel Wanders, em aço cromado, na coleção Mooi, Holanda; vaso Ovalinder2, em prata, design David Huycke, série limitada. Abaixo, Sedia 2001, de Michele De Lucchi, em madeira e couro, da Produzione Privata, Itália

O segundo capítulo, dedicado ao vidro, fala desse material não apenas em seus aspectos decorativos, mas em todo o seu desempenho na tecnologia de precisão. Um dos materiais vitais no mundo, afirma Lovegrove, possui propriedades mágicas, cujas aplicações e potencialidades crescem a cada dia, como o vidro autolimpante da Pilkington, sem falar da importância desse material na arquitetura, que permitirá cidades integradas, menos densas, mais leves e mais holísticas. Os exemplos vão da lúdica bola de gude no banco Come a Little Bit Closer, de Nina Farkache, apresentado pela Droog Design no Salão do Móvel de 2001, aos novos vasos de Marcel Wanders e de Johanna Grawunder à bela surpresa, o vaso Blushing, de Ingo Maurer. Há ainda o Mind Room, de Yves Behar, criado com um painel de vidro e um display de cristal líquido. “A tecelagem começou, claro, com os materiais orgânicos, mas hoje há um uso crescente de materiais não-orgânicos, artificiais ou suas combinações – de carbonos compostos a poliamidas –, que aumentaram substancialmente nosso potencial criativo”, escreve Lovegrove na abertura do capítulo “Tecidos”. Aqui ele nos expõe mais uma vez, sua óbvia, inteligente, utópica(?) visão de mundo: “... se houvesse uma perspectiva mais ampla quanto ao valor de se cultivar gramados ou plantas utilizando a engenharia genética em combinação com polímeros e resinas, visando criar características físicas, esta seria uma área capaz de se expandir em várias direções. Talvez, também, os objetos industriais, que crescemos vendo-os perfeitos e polidos, poderiam se tornar

46 ARC DESIGN


Acima, a partir da esquerda: decanter Mickey em boro-silicato soprado, design Takahide Sano, produção Massimo Lunardon, Itália; Fil de Fer, luminária em alumínio pré-moldado com lâmpada halógena de 12 volts, design e produção de Cattelan & Smith, Itália; tênis Air Woven, da Nike, em trama estática e elástica feita à mão, com sola em phylon, edição limitada da Nike, EUA. Abaixo, da Yamaha Product Design Laboratory, baixo em maple, abeto, mogno, faia, ébano e alumínio. Produção japonesa

mais terrenos e tácteis e, assim, produzir uma mudança radical em nosso sistema de valores.” Também nesse capítulo Lovegrove nos apresenta a Yoshiki Hishinuma, um dos mais importantes designers de tecidos, descrevendo alguns de seus processos criativos, sempre renovados, e citando um de seus textos. “É importante que o primeiro conceito cresça e se modifique livremente; eu não sou um artista conceitual, o conceito é só o ponto de partida.” Filmes e tubos plásticos completam o panorama dos têxteis e estão representados pelas cadeiras de Flavia Alves de Souza e dos irmãos Campana (veja ARC DESIGN 19). Mas como será a madeira vista pelos olhos de um galês, com o pensamento sempre no futuro? Nos parece que, para ele, é um material estranho, assim como o papel, a cortiça e, mesmo, a borracha, incluídos no capítulo “Madeira”. “Designers e produtores continuam a ver uma grande relevância cultural na tentativa de alargar os limites poéticos e estruturais desses materiais humanistas.” Essa é a seção na qual há a maior concentração de objetos experimentais nesse Yearbook”, comenta Lovegrove. E observamos que não há nenhum exemplo de utilização da madeira maciça! Finalmente os plásticos. “Há cem anos, carros, aeroplanos e máquinas fotográficas eram feitos de madeira. Há 50 anos eram predominantemente de metal. Atualmente são feitos de algum tipo de plástico (...) Hoje seria impossível remover o plástico de nosso entorno e ainda restar alguma espécie de existência civilizada”, escreve Lovegrove. “Questões ecológicas permanecerão apenas se encorajarmos a proliferação de objetos de baixa qualidade e desnecessários – dos brinquedos aos bens de consumo –, que de forma inconsciente exploram nossas preciosas fontes de recursos”, conclui. ❉

47 ARC DESIGN


MANUFATURA IMAGINÁRIA Uma bela iniciativa de dois designers alemães, em conjunto com o Instituto para Cegos de Berlim, traz um novo olhar a objetos banalizados pelo uso cotidiano. A coleção fabricada na DIM é instigante e bem-humorada: perfeita união entre design, relevância social e eficiência econômica

Winnie Bastian Velhos utensílios ganham formas inusitadas; objetos inovadores refletem formas arcaicas. Essa aparente contradição é a essência do projeto “Die Imaginäre Manuafktur – DIM” (Manufatura Imaginária), criado pelos designers Oliver Vogt e Hermann Weizenegger e realizado em parceria com o Instituto de Cegos de Berlim. O instituto tem ensinado aos deficientes visuais o ofício da fabricação de escovas e vassouras há mais de 120 anos. As mãos hábeis dos cegos e daqueles que vêem muito pouco transformam a madeira, o arame, as fibras vegetais, o pêlo e a crina animal em escovas e vassouras reconhecidas por sua qualidade. Um breve parêntesis: até alguns anos atrás, instituições de apoio a deficientes visuais em São Paulo e no Rio de Janeiro vendiam nas ruas vassouras feitas por eles. Hoje esse trabalho desapareceu: o manuseio da piaçava – explicam instituições contatadas por ARC DESIGN – diminui a sensibilidade dos dedos, dificultando a leitura em braile. Os materiais usados pela DIM – crina de cavalo, cerdas de polipropileno, PVC e náilon, pêlo de cabra – são inofensivos e nos mostram que a retomada desse trabalho é possível, bastando utilizar matérias-primas adequadas. A proposta dos criadores da DIM foi empregar o processo da confecção de vassouras e escovas para materializar novas idéias. Assim, os objetos são construídos a partir

No alto da pá gi na, à es quer da, Mrs. Brus hshoe, es co va para sa pa tos em faia la quea da e cri na de cava lo; de sign Mats The se li us. No cen tro, mini-es co va Poc ket-Brush, em aço e cri na de cava lo; de sign Mar ti Gui xé. Aci ma, por tajói as Be box, em faia, nái lon e cri na de cava lo; de sign Ma ta li Cras set

48 ARC DESIGN


À extrema esquerda, porta-trecos B-board, em compensado de bétula e crina de cavalo; design Judith Seng. Na sequência, cabide Brush Hanger, em pinho e pêlo de cabra; design Tim Parsons. Abaixo, Butler, acessório para mesa (porta-papéis, cartões e canetas) em compensado de bétula e crina de cavalo; design Wolfgang Schurmann

das técnicas tradicionais e dos materiais com os quais os

transformou-os em “transmissores de imagem”, mostrando

deficientes visuais aprenderam a trabalhar, mas são, ao

que uma oficina para deficientes pode assumir um lugar de

mesmo tempo, retirados de seu contexto cotidiano.

destaque na sociedade, graças à qualidade dos produtos.

Vogt e Weizenegger convidaram designers jovens e renoma-

Além do indiscutível papel social, essa iniciativa também

dos para ir a Berlim criar objetos de consumo inusitados,

possui importante função econômica para o Instituto para

mas baseados nas possibilidades de fabricação da oficina.

Cegos de Berlim. Por terem grande aceitação da mídia, dos

Como etapa preliminar, a dupla inspecionou cada ateliê do

profissionais da área e do público em geral, os produtos são

instituto, verificando os métodos de processamento dos

procurados não apenas pelos consumidores locais, mas por

materiais. “Levamos seis meses para conhecer todas as ofi-

compradores de todas as partes do mundo. “Eles vêm com

cinas e as pessoas que nelas trabalhavam; todo o potencial

um pedaço de jornal nas mãos ou porque viram uma reco-

e todas as limitações”, explica um dos designers, em entre-

mendação em algum guia de viagem ou no website do insti-

vista à revista Domus Nº 819.

tuto (www.blindenanstalt.de). Ficam admirados com o que

O resultado é uma coleção de escovas e acessórios domés-

encontram e, normalmente, compram muitos produtos da

ticos “sui generis”, que agora são produzidos paralelamen-

DIM”, diz Roswitha Hensel, atual diretora do instituto. Hen-

te aos modelos tradicionais. Alguns objetos são apenas es-

sel complementa: “o projeto existe há cinco anos e superou

covas com formas diferentes, enquanto outros têm tam-

seu caráter experimental; é agora uma parte indispensável

bém a sua função modificada, como o acessório de mesa

da nossa produção”.

Butler, design Wolfgang Schurmann, no qual as cerdas ser-

Os artefatos produzidos pela DIM não têm um preço ex-

vem como suporte para lápis e canetas.

cessivo: a grande maioria dos 45

Mas os produtos fabricados na DIM são mais do que objetos de

produtos custa entre 5,95 e

consumo. O reconhecimento que tiveram em todo o mundo

132,4 euros. ❉

Ao lado, por ta-CDs em faia e cer das cur vas de po li pro pi le no; design Mi chael Mar ri ott

49 ARC DESIGN


PUBLI EDITORIAL

FORMA

Que o trabalho ultrapassou as fronteiras fixas dos escritórios já sabemos, mas como integrar suas diferentes manifestações numa solução que seja ao mesmo tempo única e versátil? Para responder a essa questão, a designer Ayse Birsel criou o sistema Resolve, da Herman Miller, importado e distribuído no Brasil pela Forma, que agora inicia – sob licença da empresa norte-americana – a produção de algumas partes do Resolve no país. O conceito do sistema parte de movimentos e hábitos humanos, e sua forma é inspirada nos engenhosos favos das colméias, modulações simples com abertura de 120 graus (e não mais o confinado ângulo reto!), que permitem a livre circulação de pessoas e idéias e o melhor aproveitamento do espaço. As possibilidades de configuração contemplam tanto o trabalho individual quanto o

Nas duas páginas, imagens do sistema Resolve, design Ayse Birsel para a Herman Miller. Acima, em primeiro plano, detalhe dos tubos estruturais, por onde passam os fios e cabos; ao fundo, destaque para o tecido impresso personalizado, utilizado nas coberturas


trabalho em grupo, e vão das estações

Textile. O programa permite ao usuário

abertas às mais privativas. Essas confi-

escolher entre inúmeras opções ou

gurações podem ser alteradas de acor-

mesmo criar uma estampa para ser

do com o ritmo e as necessidades do

impressa sobre a divisória, personali-

usuário, pois o sistema é estruturado

zando o ambiente do trabalhador inde-

em torres centrais, nas quais outros

pendente ou consolidando a identidade

componentes são facilmente encaixados.

corporativa da empresa.

Acessórios como gabinetes apresentam

Além de toda a funcionalidade, Resolve

número variável de prateleiras ou ga-

foi desenvolvido de modo sustentável,

vetas, arquivos têm abertura pelo topo

utilizando o equivalente a um terço do

para o rápido acesso ao material guar-

material de uma estação de trabalho

dado, enquanto fios e cabos “escondem-

comum, com boa parte dos compo-

se” de maneira organizada na parte

nentes originais feita de materiais reci-

superior das torres, longe dos olhos

clados e... recicláveis!

mas ao alcance prático das mãos.

Por sua inovação conceitual, o sis-

Outro destaque de Resolve são as telas

tema Resolve recebeu os mais impor-

divisórias, feitas em tecido translúcido

tantes prêmios do design internacio-

que pode ser personalizado com o

nal e integra a coleção permanente do

exclusivo programa DOT, Design On

MoMA, N. York.

FORMA Av. Cidade Jardim, 924 São Paulo, SP - Tel.: (11) 3816-7233 Rua Farme de Amoedo, 82A Rio de Janeiro, RJ - Tel.: (21) 2523-2949 www.forma.com.br

Nas fotos inferiores, duas das inúmeras possibilidades de disposição do Resolve. Na página ao lado, espaços lineares, resultantes da configuração Zig Zag, são separados por telas móveis, permitindo maior flexibilidade de uso. Nesta página, três ambientes independentes – com abertura de 120 graus cada – são concentrados na disposição Delta, uma espécie de “ilha”


PUBLI EDITORIAL

GIROFLEX A Giroflex acaba de dar um importante passo para seu crescimento e sua consolidação no mercado internacional. A recente fusão com o Grupo Aceco – expoente no setor de arquivamento e pisos elevados – fez surgir a Au rus par ti ci pa çõ es, for ma da pe las em pre sas Giroflex, Forma, Aceco e Tate. Com a fusão, as companhias esperam crescer no mercado de soluções para escritórios, além de ampliar a soma das exportações isoladas de cada empresa. Segundo o presidente da Aurus, Thomas Lanz, entre as razões que levaram à fusão dos dois grupos estão a complementação dos parques fabris (a Giroflex destacase na injeção de plástico, enquanto a Aceco possui excelente maquinário de estamparia); a otimização da rede de vendas (a da Giroflex abrange todo o Brasil, enquanto a da Aceco é pulverizada por toda a América Latina); a maior capacidade de pesquisa e desenvolvimento das Nesta página, Sistema K de estações de trabalho, um best-seller da Giroflex: suas unidades independentes permitem di versas possibilidades para a configuração do escritório; design Tomas Berlanga


empresas. Juntas, essas companhias terão melhores condições de atender os mercados brasileiro e internacional, além de maior competitividade diante das empresas estrangeiras presentes no Brasil. A Aurus fará, em 2002 e 2003, investimentos pesados em novos produtos, em pontos de distribuição, em treinamento e em exportações, principalmente para os países que fazem parte do Mercosul. As quatro marcas de propriedade da nova holding – Giroflex, Forma, Aceco e Tate – continuarão a existir como companhias independentes, até mesmo no que diz respeito à comercialização. Embora as empresas pos sam com par ti lhar um mes mo pon to-de-ven da, cada uma delas continuará a ter vendedores exclusivos, para que, no momento da compra, o consumidor possa contar com o auxílio de especialistas em cada uma das marcas.

Nesta pá gi na, ar qui vos des li zantes 3000 Me ca tron, que pro por ci o nam até 70% de eco no mia de es pa ço. Pro du zidos pela Ace co, em presa lí der no se tor de ar qui va men to, que aca ba de se unir ao Gru po Gi ro flex

GIROFLEX Rua Dr. Rubens Gomes Bueno, 691 Santo Amaro – São Paulo, SP Tel.: 0800-112580 www.giroflex.com.br


PUBLI EDITORIAL

FIRMA CASA

Organics. Eis o nome da nova ousadia da empresa italiana Edra, lançada no último Salão do Móvel de Milão, em abril. O destaque que essa coleção obteve na mídia deve-se, além da parceria com designers internacionalmente reconhecidos, ao ineditismo da proposta: abolir as estruturas rígidas dos estofados. Sin to ni za dos com esse es pí ri to, os de sig ners Fernando e Humberto Campana apresentaram duas propostas nas quais revestimento e estrutura fundem-se na concepção dos estofados: a poltrona Sushi e o sofá Boa. Na Sushi, tecidos de natureza diversa, naturais e artificiais, lã, feltro, carpete, borracha, são enrolados todos juntos e envoltos por um cilindro de tecido elástico. A parte deixada livre se abre em coroa, formando o assento. Não há estrutura e o objeto ganha forma pela manipulação da matéria têxtil. Boa, por sua vez, surge a partir do entrelaçamento de 90 metros de tubos em veludo recheados com poliuretano. Sofá sem estrutura, nasce da lógica do fa zer, sem um de se nho pre de ter mi na do. Essa espontaneidade projetual e construtiva aproxima o Boa do grande ícone da obra de Fernando e Humberto Campana: a cadeira Vermelha. Os próprios Nas duas pá gi nas, pe ças cria das por Fer nan do e Hum ber to Cam pana para a em presa ita lia na Edra, lan ça das no úl ti mo Sa lão do Mó vel de Milão. No alto, sofá Boa: 90m de tu bos en tre la ça dos abri gam – com mu i to con for to – até seis pes so as

designers descrevem-no como “uma Vermelha vista com lente de aumento”. Boa, Sushi e outros produtos que integram a linha Organics já estão disponíveis nos show-rooms Firma Casa, em São Paulo e no Rio de Janeiro.


Abaixo, Fer nan do e Hum ber to Cam pa na e a Sus hi. A au sên cia de estru tu ra rí gida tam bém é o ponto de par tida dessa pol tro na, que surge do “en ro la mento” de ti ras de di versos ma te riais. Os desig ners se ins pi ra ram em uma “tra di ção pobre”, co mum nas fave las bra si leiras: o aproveita mento de to dos os ma te riais dis po ní veis para a constru ção de obje tos do dia-a-dia

FIRMA CASA Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.487 São Paulo, SP – Tel.: (11) 3068-0377 Av. das Américas, 7.777, Rio Design Barra, Rio de Janeiro, RJ – Tel.: (21) 2438-7586 www.firmacasa.com.br


PUBLI EDITORIAL

FLEXIV

FLEXIV OFFICE STORE Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.984 São Paulo, SP – Tel.: (11) 3086-0068 Rua Nilo Peçanha, 420 Curitiba, PR – Tel.: (41) 322-9006 www.flexiv.com.br

O tempo passa, o trabalho modifica-se e com ele nossos hábitos e nosso comportamento se transformam. Atenta a todas as questões relacionadas ao ambiente de trabalho e ao que ele representa, a Flexiv acaba de lançar a Linha Leve de mesas, armários e gaveteiros: módulos que compõem um verdadeiro sistema integrado e têm na ergonomia e na funcionalidade seus principais destaques. Com design de Ronaldo Duschenes, a Linha Leve é a solução para quem procura flexibilidade e, lógico, leveza; pessoas que, sem pensar duas vezes, deram um adeus à rigidez nas relações de trabalho. Os móveis que integram a Linha Leve apresentam opções de acabamento em cinza, argila ou preto, nos padrões madeirados haya, nogal, arce e wengê e vidro, e já estão disponíveis nos show-rooms Flexiv Office Store, em São Paulo e Curitiba. Há 16 anos a Flexiv desenvolve móveis para escritórios e ambientes profissionais, apoiada em conceitos fundamentais como design, tecnologia e qualidade. Uma empresa brasilei ra, fun da da pelo ar qui te to e de sig ner Acima, mobiliário da Li nha Leve, lan ça men to da Fle xiv. Es ta çõ es de traba lho em BP ma dei ra do com aca ba men to em pa drão haya, su por ta das por le víssi mas es tru turas me tá li cas com pin tu ra epó xi

Ronaldo Duschenes, instalada no município de Pinhais, no Paraná.


Ao lado, ou tra possi bi li da de da Li nha Leve: tam po em vi dro ja te a do e pés me tá li cos cro ma dos. Abaixo, uma foto que ilus tra bem os con cei tos que em ba sam a pro du ção da Fle xiv: es cri tó ri os ágeis e di nâ mi cos, to tal men te in te gra dos, respon den do às ne cessi da des do tra ba lho con tem po râ neo; ao fun do, mesa exe cu ti va Luc ca e, em pri mei ro pla no, mó du los da li nha Open Of fi ce


A REVISTA: AUDACIOSA E EXPERIMENTAL Nes te nú me ro, ARC DE SIGN en tre vis ta os cri a do res de A Re vis ta, pu bli ca ção bra si lei ra que aca ba de re ce ber a mais im por tan te pre mi a ção in ter na ci o nal na área grá fi ca: o prê mio Best of Ca te gory (tam bém co nhe ci do como Benny), cuja ce ri mô nia de en tre ga acon te ce rá em ou tu bro, na ci da de de Chi ca go, EUA

Da Redação Um canal de comunicação entre a empresa e seu público: esse foi o intuito de Marcos Weinstock, diretor executivo do Instituto Takano, ao idealizar A Revista, o mais recenAci ma, capa da edi ção 5, com foto de Lei la Di niz. Pu bli ca da no

te – e já premiado – projeto do grupo. A publicação é diri-

ve rão, ex plo ra o con cei to de im per me a bi li da de: as pá gi nas são re ves ti das com ver niz UV bri lho e a so bre ca pa se trans for ma em sa co li nha para trans por te. À di rei ta, capa da edi ção 1, com ima gem de Tom Jo bim. Na pá gi na ao lado, capa da edi ção 6, em ho me na gem aos anos de 1950: de se nho apli ca do em Hot Stam ping pre to so bre car tão Orly cin za, lem bran do a cor do con cre to. A capa é re cor ta da se guin do a si lhue ta fe mi ni na, de se nha da por Ni e me yer

gida aos criadores gráficos e potenciais clientes da Gráfica Takano e revela as proezas de que a empresa é capaz, ao mesmo tempo que resgata o patrimônio imaterial brasileiro: pessoas, fatos, épocas. Ou seja, a memória. Marcada por seu caráter experimental, A Revista traz uma proposta inovadora: um projeto gráfico bem-definido, mas que apresenta variações inusitadas.

58 ARC DESIGN



Nenhuma edição é igual à outra, embora a identidade da publicação esteja claramente estabelecida. Fernanda Sarmento, autora do projeto gráfico e responsável pela concepção visual de cada número, esclarece: “Cada edição é completamente diferente da anterior, mas o projeto gráfico foi pensado com uma série de elementos fixos capazes de criar uma identidade. Por exemplo, o grid e as seções fixas apresentam sempre a mesma estrutura”. O mesmo ocorre com a encadernação, que não obedece a um único padrão. Segundo Aci ma, uma das duas ver sõ es fei tas para a capa da edi ção 2, com ima gem de Nel son Ro dri gues quan do jovem e, na ore lha da capa, foto mais re cen te. Esta edi ção foi toda im pressa com tin tas da es ca la lu mi set (po pu lar men te co nhe ci das como fos fo re cen tes). No alto, per fil de Was hing ton Oli vet to, pu bli ca do no nú me ro 2; o lo go ti po dessa edi ção e os tí tu los da ma té ria são tra ba lha dos com a fon te OCR-A e B

60 ARC DESIGN


Fernanda, “desde que a solução empregada na lombada

Segundo Regina Echeverria, diretora de redação, o conteú-

permita a conservação da publicação sem dificultar o

do de A Revista não guarda qualquer semelhança com as

manuseio, todo acabamento é válido”.

revistas institucionais de gráfica. Apenas um artigo em

Além do Benny, A Revista também recebeu dois prêmios na

cada edição é dedicado a matérias técnicas, relacionadas à

última Bienal da ADG, nas categorias periódico e direção de

tecnologia gráfica. Todo o restante da publicação trata de

arte (ver ARC DESIGN n. 25). Fernanda Sarmento credita

assuntos variados, conduzidos por uma linha temática –

esse reconhecimento ao ineditismo da proposta, tanto do

os números 6 e 7, por exemplo, relembram períodos da

ponto de vista gráfico quanto conceitual. E relembra a famo-

história do Brasil. O aumento do número de páginas (28,

sa frase de Carlos Scliar: “Não existe planejamento gráfico

no primeiro número; 84, no número 7) revela como a par-

capaz de tornar interessante uma publicação sem conteúdo”.

te editorial de A Revista vem ganhando força.

No pé da pá gi na ao lado, à ex tre ma es quer da, capa da edi ção 3, traz Glau ber Ro cha quan do me ni no: im pressão em fle xo gra fia so bre fil me BOPP cristal com la mi na ção me ta li za da. Na se quên cia, aber tu ra de ma té ria so bre José Min dlin, tam bém pu bli ca da no nú me ro 3: a fonte Didot, uti li za da no lo go ti po, é apresenta da como uma es pé cie de ca tá lo go nas ma té rias prin ci pais dessa edi ção. Nesta página, matérias publicadas na edição 6; no alto, matéria sobre Juscelino Kubitschek explora impressão em quatro cores das fotos preto e branco

61 ARC DESIGN


ENTREVISTA REALIZADA EM AGOSTO DE 2002: ARC DESIGN – Como surgiu A Revista? MARCOS  WEINSTOCK  – Percebi que a empresa necessitava de

um canal de comunicação institucional com a sua cadeia de público. O Instituto Takano é uma unidade ligada à indústria gráfica, com uma ação definida na área cultural, na de projetos sociais e educacionais. Assim, propus uma publicação de caráter experimental, uma revista com a finalidade de se comunicar com seu público-alvo. Uma gráfica não busca trabalho diretamente com o cliente, mas com a agência de publicidade, o diretor de arte, o produtor gráfico. Ao editarmos uma publicação como A Revista, estamos exercendo uma influência sutil sobre o cliente. AD - O que significa “ser experimental”? FERNANDA  SARMENTO  – Esse experimentalismo baseia-se no

uso de novas tecnologias gráficas e em variações na tipografia e no tratamento das imagens. A idéia era experimentar ao máximo e, de maneira clara, mostrar ao público, em cada página da revista, a tecnologia utilizada na publicação (a maioria das páginas apresenta a “bula” – indicação das fontes e dos recursos utilizados). Cada edição explora uma vertente, mostrando diversas soluções gráficas possíveis de serem executadas. Quando recebi o briefing, me disseram para “pintar e bordar”.

À es quer da, no alto, se ção de Bra sí lia de Ar ru da Bo te lho, mostra a so ci e da de brasileira nos anos de 1950. Publicada na edição 6, trabalha com a aplicação de cores sobre as fotos, parodiando trabalhos de pop art. No centro, manifesto gastronômico de Manoel Beato, edição 5. Na sequência, páginas da seção Estilo, ideali zada por Gloria Kalil, na edição 3. Abai xo, capa e contra ca pa da edi ção 4: as três ima gens mostram mo mentos di fe rentes de Elis Re gi na. O lo go ti po dessa edi ção uti li za fonte Fu tu ra Bold Obli que

62 ARC DESIGN


Aci ma, aber tu ra de ma té ria so bre a Man guei ra (edi ção 5), cu jos tex tos, as sim como o lo go ti po dessa edi ção, uti li zam a fon te Ma trix Script. É in te ressan te ob ser var, no lado di rei to da pá gi na, tex tu ra que si mu la con fe tes cain do, a qual é ob ti da va zan do a ca ma da de ver niz UV so bre o pa pel cou chê fos co. Abai xo, pos tais dese nha dos por Mar ce lo Ci pis, dis tri bu í dos com a re vis ta em cada edi ção. No pé da pá gi na, aber tu ra do per fil so bre a fo tó gra fa Anna Ma ria ni. No de ta lhe, à di rei ta, que bra-ca be ças fei tos a par tir de fo tos ti ra das por Ma ria ni

Aci ma, de ta lhe da so bre ca pa uti li za da na edi ção de ve rão (edi ção 5), que se trans for ma em sa co la im per me á vel. No mes mo es pí ri to, um par de san dá lias havaia nas acom pa nhava a pu bli ca ção, fa zen do re fe rên cia, ao mes mo tem po, às co res da Man guei ra. Em cada edi ção de A Re vis ta, ar tis tas e desig ners são con vi da dos para criar a ima gem da em ba la gem. Abai xo, en ve lo pes em BOPP me ta li za do que en vol vem as edi çõ es 1 (es quer da) e 6 (di rei ta), cria das por Luiz Stein e Hé lio de Al mei da, res pec ti va men te. No pé da pá gi na, à di rei ta, se ção Cul tu ra Ge ral, pu bli ca da na edi ção 4, que uti li zou uma faca es pe cial que acom pa nha a si lhue ta da mu lher na ba nhei ra

63 ARC DESIGN


Assim, em cada edição usamos uma fonte diversa nas matérias

trabalhos anteriores. Diretores de arte e profissionais da área são

principais e o logotipo, embora tenha uma estrutura fixa, também

entusiastas de A Revista, mas a grande vibração está entre os em-

acompanha essa variação. Outra novidade de A Revista é incor-

presários, que pela primeira vez têm aces so a informações rela -

porar no próprio logotipo o crédito para as fontes e o corpo utili-

cionadas ao universo das artes gráficas.

zado no mesmo. E não apenas fornecemos o nome da fonte, mas

AD – Qual é a equipe que realiza esse trabalho?

também seu autor, a data de criação e a história dessa fonte, jun-

FS – A equipe é composta pela jornalista Regina Echeverria, Gisele Dias,

tamente com o sumário da revista.

com quem divido a direção de arte – que tem grande participação na

AD – Qual a repercussão que A Revista está alcançando?

qualidade gráfica de A Revista –, Raquel Margini (produtora), Melissa

MW  – Eu me cer quei de pes so as com pe ten tes, com uma nova

Roviriego e Rogério Alves (designers assistentes) e Daniela Guimarães

ma nei ra de pen sar a ques tão grá fi ca e editorial, que ti ves sem

(produtora gráfica). Também contamos com diversos colaboradores –

in quie ta çõ es. De vi do a essa com pe tên cia da equi pe, A Re vis ta

tanto na área gráfica quanto na editorial –, dentre os quais se destaca a

está al can çan do uma re per cus são como eu nun ca ha via tido em

fotógrafa Nellie Solitrenick, presença constante em todas as edições. ❉

No alto, duas páginas duplas do per fil sobre Millôr Fer nandes (edição 5). Em cada dupla, a silhueta de uma letra do nome de Millôr (com fonte criada por ele) vazava no ver niz UV brilho. Acima e ao lado, da edição 6, matéria de tecnologia gráfica com imagens de filmes BOPP da Votocel. Nesta matéria, trabalhou-se com tecnologia ainda inédita no Brasil: imprime-se em quatro cores sobre super fície na qual foi aplicado Hot-Stamping metali zado

64 ARC DESIGN


RECURSOS GRÁFICOS UTILIZADOS EM CADA EDIÇÃO: N. 1 (ju nho 2001). En saio com tons me ta li za dos que va ri am do pra ta ao ouro seco. Na capa, ver niz tex tu ri za do. N. 2 (ju lho 2001). En saio com tin tas lu mi set, apli ca ção de ver niz de má qui na com re ser va nas pá gi nas in ter nas. N. 3 (agos to 2001). Capa e pá gi nas in ter nas im pres sas so bre fil me BOPP – ma te ri al uti li za do em em ba la gens, e im pres so em fle xo gra fia. A téc ni ca e o ma te ri al ha vi am sido uti li za dos, até en tão, ape nas na in dús tria de em ba la gens. Usou-se BOPP pe ro li za do e cris tal no mi o lo e com la mi na ção me ta li za da na capa. N. 4 (no vem bro 2001). Esta edi ção foi toda tra ba lha da com fol ders e fa cas es pe ci ais. Lom ba da com es pi ral wire-o. N. 5 (ja nei ro 2002). Edi ção de ve rão. O tema es co lhi do foi o Rio de

Ja nei ro, com Lei la Di niz na capa. O con cei to de im per me a bi li da de é tra ba lha do em toda a re vis ta. A so bre ca pa – fei ta com uma es pé cie de ace ta to re a pro vei ta do dos res tos das pro vas match print – foi pen sa da como uma bol sa com du pla fun ção: ga ran tir o “trans por te” da re vis ta e ser usa da na praia. O ver niz UV tam bém foi tra ba lha do de for ma di fe ren ci a da: o usu al é apli cá-lo so bre a si lhue ta das ima gens; aqui o ver niz foi apli ca do so bre toda a pá gi na, va zan do pe que nas áre as ou si lhue tas que in te ra gem com o as sun to tra ta do. Lom ba da qua dra da fi xa da por pa ra fu sos plás ti cos. N. 6 (abril 2002). Anos de 1950: fo ram usa das so lu çõ es grá fi cas an ti gas com lei tu ra mo der na. As fo tos em bran co e pre to re ce be ram tra ta men to di fe ren ci a do, mo di fi can do suas to na li da des. No mi o lo, im pres são em qua tro co res so bre hot stam ping me ta li za do. O brin de des se nú me ro foi uma edi ção fac si mi lar, em ta ma nho re du zi do, da re vis ta O Cru zei ro.

No alto, à esquerda, aber tura da matéria sobre a agência Carillo Pastore (edição 5). Na sequência, matéria de tecnologia gráfica, mostrando a empresa Takano em ensaio fotográfico de Gal Oppido (edição 1); aplicação de tintas metali zadas e lumiset. Acima e ao lado, páginas da matéria sobre os anos de 1950, publicada na edição 6

65 ARC DESIGN


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Apoio: Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN n° 27, setembro/outubro 2002 Diretora Editora – Maria Helena Estrada Diretor Comercial – Cristiano S. Barata Diretora de Arte – Fernanda Sarmento Redação: Editora Geral – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico – Fernanda Sarmento Chefe de Redação – Winnie Bastian Revisora – Jô A. Santucci Produção – Tatiana Palezi

Apoio Institucional:

Arte: Designers – Adriana Lago Cibele Cipola Estagiária – Helena Salgado Participaram desta edição: Angélica Valente Denilson Machado Fernando Perelmutter Gabi Bernd Leonardo Costa Departamento Administrativo: Cassio Toledo Fabiana Ferreira da Costa Departamento Comercial: Gerente Comercial – Flavia Jorge Departamento de Circulação e Assinaturas: Denise Toth Gasparotti Conselho Consultivo: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Maureen Bisilliat, curadora do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de Arc Design para assuntos internacionais CTP: Takano Editora Gráfica Ltda. Impressão: Takano Editora Gráfica Ltda.

Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito.

Arc Design – endereço para correspondência: Rua Lisboa, 493 - CEP 05413-000 São Paulo – SP Telefones: Tronco-chave: (11) 3088-8011 FAX: (11) 3898-2854 e-mails: Administração Assinaturas Comercial Direção de Arte Editora Redação

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