REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
2002
MATALI CRASSET: OUSADIA NO DESIGN FRANCÊS
Nº 28
R$ 12.50
PROMOSEDIA, A FEIRA DA CADEIRA ITALIANA
CADEIRA BRASILEIRA BY CAMPANA
QUADRIFOGLIO EDITORA
ARC DESIGN
Nº 28
NOVEMBRO/DEZEMBRO
2002
100% DESIGN: AS NOVIDADES DO DESIGN INGLÊS
PRÊMIO MUSEU DA CASA BRASILEIRA
A imagem da capa mostra a cadeira Fresh Fat Chair, criada pelo designer inglês Tom Dixon, e lançada na última Feira 100% Design, em Londres (veja matéria na página 16). Tom Dixon iniciou sua carreira como designer no começo dos anos de 1980, trabalhando com metal reciclado. Desde então, tem utilizado diversos materiais, sendo particularmente conhecido pela S Chair – lançada pela empresa italiana Cappellini em 1989 – e pela luminária Jack, em plástico rotomoldado, a qual recebeu o Prêmio Millenium Mark em 1998. Na 100% Design, além de anunciar a criação de uma empresa própria – que leva seu nome –, Tom Dixon apresentou novos produtos que continuam a enfocar a inovação nos plásticos. Destaque para as peças executadas com a técnica Fresh Fat Plastic, desenvolvida pelo designer, que consiste em torcer, tramar e modelar manualmente o plástico extrudado, enquanto este ainda está quente. Os objetos da série Fresh Fat são produzidos em Provista, um plástico transparente de aparência molhada, com o brilho do vidro, mas muito mais resistente. Outro lançamento foi o Extendable Screen (biombo extensí vel), apresentado como protótipo em abril de 2002, no Salão do Móvel de Milão. Para o desenvolvimento desses produtos, Dixon conta com a colaboNo alto da página, a Fresh Fat Chair, que ilustra a capa desta edição. Na sequência, o designer Tom Dixon, criador da cadeira e da técnica Fresh Fat, utilizada para executar diversas outras peças, como a Fresh Fat Bowl (abaixo), também lançada na última 100% Design
ração da Eastman Specialty Plastics, o que permitirá o rápido desenvolvimento, prototipagem e produção de uma gama de produtos nos próximos 12 meses.
Acima, o processo de execução: a máquina extruda os fios de plástico, que são trabalhados manualmente enquanto quentes
Inglaterra, França, Itália, Holanda e República Tcheca, em todos esses países ARC DES IG N foi buscar informações. Some-se ainda o Brasil. Selecionando e analisando novos produtos, apresentamos nesta edição um repertório bastante amplo do design nos principais pólos criadores do mundo. O resultado dessa análise nos trouxe algumas conclusões interessantes e a primeira delas – importante e agradável – foi o conjunto de bons projetos de desenho industrial presentes no concurso do Museu da Casa Brasileira, contra o fraco – e desolador – painel dos produtos semi-industriais ou artesanais. Outra conclusão, que parte da ausência de bons projetos de alunos ou novos gradua dos pelas escolas de design (acrescida por outras observações que se encontram re gistradas ao longo desta edição), é o baixo resultado que essas escolas – e falamos principalmente de São Paulo – vêm alcançando. Em Londres, a Feira 100% Design apresentou dois belos exemplos da união entre artesanato e design, com as cadeiras de Marcel Wanders, de Ross Lovegrove e de Tom Dixon: todas nos fazendo lembrar os Campana e o próprio Wanders, precursores deste novo fazer. Ainda de Marcel Wanders, ARC DES IG N publica as novas bolsas da Madarina Duck (também aqui, tecnologia em sintonia com artesanato) em artigo que inclui a coleção de malas e bolsas de Starck para a Samsonite. Materiais vindos da indústria, mas trabalhados em baixa tecnologia: esta é hoje uma vertente bastante explorada no design contemporâneo. Matali Crasset, uma das mais novas representantes do design francês, é outro bom exemplo: os mais recentes produtos de sua grande mostra retrospectiva estão publicados nessa edição, que inclui a coleção de jogos Magis, criada por designers internacionais, inclusive os nossos FHC (Fernando e Humberto Campana). Por fim, temos a Bienal de Design Gráfico de Brno, na República Tcheca, visitada por Marcelo Aflalo, designer gráfico, que relata o que está acontecendo no universo dos cartazes, da publicidade e da identidade corporativa. Boa leitura!
Maria Helena Estrada Editora
Passeie pelo maior evento londrino dedicado ao design e acompanhe as novidades apresentadas por grandes empresas, jovens designers e estudantes
24
30
Na edição deste ano, o grande vencedor foi o desenho industrial. Compare as duas vertentes do design presentes no concurso
Acompanhe os lançamentos e as exposições da Promosedia, única feira no mundo dedicada à cadeira, e que vem crescendo a cada ano
NEWS
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
nº 28, novembro/dezembro 2002
POST COMPUTER GAMES
Angélica Valente
Maria Helena Estrada
DESIGN OU QUALIDADE: QUAL A SUA ESCOLHA?
Winnie Bastian
O DESIGN E SEUS PROBLEMAS 16º PRÊMIO DESIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA
100% DESIGN
Maria Helena Estrada
16
34
Designers de diversas partes do mundo, incluindo o Brasil, criaram releituras de jogos antigos, provando que a diversão “nãoeletrônica” é possível – e prazerosa!
4
PANORAMA BRASIL
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EXPEDIENTE
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A nova linha de barware lançada pela Christofle é geométrica, obra de arquiteto, mostrando que é possível ser chique e rigoroso ao mesmo tempo
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Excêntrica e irreverente, a outrora “enfant de Starck” cresceu e hoje tem sua obra exposta em museus de diversas partes do mundo
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Com abordagens bastante diversas, Marcel Wanders e Philippe Starck desenham coleções de malas e bolsas para as empresas Mandarina Duck e Samsonite
PUBLI-EDITORIAIS: Forma apresenta o novo sistema B3
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Giroflex na Office Solution
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Firma Casa lança mobiliário em vidro
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Arredamento: linha Curva, design Campana
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Marcelo Aflalo
XX BIENAL INTERNACIONAL DE DESIGN GRÁFICO DE BRNO 2002
Da Redação
MODA TECNOLÓGICA... MAS MUITO SOFT
Da Redação
MATALI CRASSET: DESIGN FRANCÊS ABANDONA A DECORAÇÃO
DESIGN NA MESA
Da Redação
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62
Em sua 20ª edição, a Bienal de Brno é a mais importante mostra de pôsteres do cenário mundial. Conheça alguns dos cartazes premiados
OUTRAS IMPRESSÕES Há seis anos a empresa paulista Tergo Print empenha-se em reinventar a impressão digital de imagens, extrapolando a lona e o papel para se aventurar por superfícies diversas, como chapas acrílicas, madeira, ladrilhos e vidro, um novo conceito da aplicação da fotografia na decoração de ambientes, em sinalizações, cenografias e vitrines. A novidade agora é o Laminato, resultado de um ano de pesquisa desenvolvida em parceria com a Formica, que incorpora a imagem à chapa do produto durante o processo industrial, protegendo-a de riscos e outras agressões externas e garantindo sua longevidade. E as inovações não param por aí: a empresa já anuncia para o final do ano o lançamento da cerâmica vitrificada com aplicação de imagem digital. Tergo Print: Rua Ministro de Godói, 109, São Paulo. Tel.: (11) 3871-1998. Piso Laminato, em projeto da arquiteta Desireé Caldeiras
ILUMINAÇÕES ITALIANAS Chegam ao Brasil duas consagradas luminárias da empresa italiana Ar temide. Integrante da co-
RENOVAÇÃO AOS 80
leção permanente do MoMA N. York e do Musée
Para comemorar seus 80 anos de vida, a Helios Carbex, especializa-
des Arts Décoratifs de Paris, a coluna de chão
da na fabricação e na comercialização de produtos e suprimentos
Tolomeo Floor (foto acima), design Michele de
para escritório, escola e informática, resolveu ousar. A empresa
Lucchi e Giancarlo Fassina, possui braços ar ticu-
acaba de renovar toda a sua identidade visual, agora mais moderna
láveis em alumínio polido, supor te em alumínio
e objetiva. As mudanças par tiram do logotipo, passando pelas cer-
brilhante, roldanas na base e no difusor, que pos-
ca de 400 embalagens de seus diversos produtos, pontos-de-ven-
sibilitam diversos posicionamentos da luz. Outro
da e website e tiveram como principal objetivo dinamizar e diferen-
recém-chegado ao território brasileiro é o lustre Lo-
ciar a marca da empresa. A façanha ficou a cargo da Fabra Quintei-
gico, design Michele de Lucchi e Gerhard Reichert,
ro Comunicações.
de de senho orgâ nico, que permite inú meras
Atendimento ao consumidor Helios Carbex: 0800-701-1922
composi çõ es de luz e efeitos lu mi nosos. Possui
www.helioscarbex.com.br
es tru tu ra me tá lica e cú pu la em vidro opa li no soprado com acaba mento ace ti nado. Disponí veis nos show-ro oms La Lampe. Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.258, São Paulo. Tel.: (11) 3082-4055. www.lalampe.com.br
4 ARC DESIGN
GÊNIOS DO DESIGN Com propostas diversificadas para o mesmo conceito – bom design a preço acessível e pronta-retirada –, importantes nomes brasileiros do design assinam projetos exclusivos para a Tok&Stok, que já estão à venda em todas as lojas da rede e integram a exposição Gênios do Design. Entre as novidades, Fernando e Humberto Campana apresentam a Estante Labirinto, uma “estante-escultura”; Pedro Useche traz a Linha TAK, móveis
ORGÂNICOS E GEOMÉTRICOS
em madeira Lyptus e MDF; Betina Lafer lança o Pufe Fom em diversas
Capellini Sistemi (foto acima) e mesa Org são as novidades da italiana
cores, cuja forma se altera de acordo com a maneira de sentar, mas,
Capellini no Brasil. Primeiro sistema a adotar portas de correr e compo-
suspenso, retorna à forma original. Desmontável, pequena e sem um
sições desarticuladas, em constante mudança desde seu lançamento,
único parafuso, a Estante Torta, design Bernardo Senna, é feita para
há 20 anos, Capellini Sistemi, design Piero Lissoni, apresenta agora no-
caber em qualquer canto e pode ser reduzida a uma pequena caixa.
vas cores, tamanhos e acabamentos em seus módulos para armários,
Ana e Dino Galli apresentam a Luminária Zelda, em acrílico termomol-
prateleiras e móveis. A outra novidade é a mesa lateral Org, design Fa-
dado nas cores amarela, laranja e branca, enquanto André Cruz e Ri-
bio Novembre, com tampo em vidro extra-light sustentado por diver-
cardo Umada esbanjam contemporaneidade nos sofás Cliff de dois ou
sas pernas feitas de cordas, seis delas com interior metálico.
três lugares.
Disponíveis na Espaço Tecer: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 785, São
Tok&Stok: Av. Eusébio Matoso, 1.231, São Paulo. Tel.: (11) 3813- 2800.
Paulo. Tel.: (11) 3064-6050.
www.tokstok.com.br
TUPIGRAFIA Foi lançado recentemente o número 3 da revista Tupigrafia, editada
ISH FRANKFURT 2003: “A VIDA COM ÁGUA, CALOR E AR”
por Claudio Rocha e Tony de Marco.
Acontece de 25 a 29 de março de 2003, em Frankfurt, a ISH, a mais
Esta edição dedica um grande espaço ao livro e à sua história. Vale
importante feira internacional especializada em tecnologias para a
a pena conferir as matérias, dentre as quais destacamos: “Os Tesou-
casa e energia (com destaque para os ambientes de banho). Or-
ros do Dr. José” e “A Sereia É um Antiquário”. A primeira traz uma se-
ganizado pela Messe Frankfurt, o evento deve contar com cerca
leção de livros da coleção de José Mindlin, que possuem um sofis-
de 2.300 expositores do mundo todo, das áreas de engenharia,
ticado trabalho tipográfico, abrangendo obras desde o século XV até
design e arquitetura. A feira estará dividida entre o “Fórum Tecno-
os dias de hoje. A segunda trata das “preciosidades” encontradas no
logias Casa e Energia”, que reunirá expositores relacionados a sis-
antiquário de José Luiz Garaldi, es-
temas de aquecimento, energias regenerativas e ventilação; “Air-
pecializado na comercialização de li-
contec”, que irá apresentar novas tecnologias e alternativas de re-
vros antigos sobre Arte, História e Li-
frigeração de ar; “Destaques Casa de Banho”, com as inovações
teratura Brasileira.
para banheiros e áreas molhadas; e “Mundo da Técnica e da Insta-
Por enquanto, a revista só pode ser
lação”, englobando as diversas tecnologias. Além disso, a ISH tam-
adquirida na própria editora Book-
bém lançará o Prêmio “Design Plus”, em reconhecimento às solu-
makers: Rua Topázio, 661, São Paulo.
ções da área que aliem estética e funcionalidade; e o “Prêmio de
Tel.: (11) 3341-5505.
Inovação Arquitetura e Técnica”, que premiará o melhor resultado
www.tupigrafia.com.br
da cooperação entre empresa e arquiteto. Mais informações pelo site: www.ish.messefrankfurt.com 5 ARC DESIGN
ATÉ TU, STARCK?
CRESCIMENTO E RECONHECIMENTO
Phi lippe Starck acaba
Inaugurados recentemente dois novos show-rooms Marelli, no Rio de Ja-
de se render às graças
neiro e em Mossoró, RN, totalizando agora 24 unidades espalhadas pelo
do design de interiores
Brasil e Mercosul, oferecendo uma completa linha de móveis para escri-
residencial. Depois de
tório. Outras três novas regiões já estão definidas no programa de expan-
recusar inúmeros pedi-
são da rede Marelli, com inauguração prevista para os próximos meses.
dos, assumindo apenas
Para manter o ritmo de crescimento sem abrir mão da atualização, uma
grandes proje tos co-
“comitiva” da empresa participou da Orgatec 2002, em Colônia, Alemanha,
merciais, o designer as-
e aproveitou a viagem para visitar indústrias do setor em busca de intercâm-
sina, em parceria com o
bio tecnológico. Com sede na cidade gaúcha de Caxias do Sul, a Marelli é
grupo YOO, o design das
uma das marcas citadas na categoria móveis do livro “As Marcas do Rio
áreas co muns e dos
Grande – a História dos Símbolos e da Identidade Empresarial dos Gaúchos”,
289 apar ta mentos do condomí nio de luxo ICON, em
pela Editora Plural, um reconhecimento ao desempenho da empresa no
Mia mi Beach. Para os apar tamentos, Starck desen-
mercado nacional e internacional.
volveu quatro temas de acabamentos a serem esco-
www.marelli.com.br
lhidos pelos compradores: “nature”, em que predominam madeiras e pedras rústicas; “classic”, com ele-
COM QUANTAS GARRAFAS SE FAZ UMA VASSOURA?
mentos dos castelos franceses e escoceses; “cultu-
Uma bela iniciativa está acontecendo na favela da Rocinha, no Rio de
re”, de cores for tes e ares barrocos; e “minimal”, de
Janeiro, e no município de Três Rios, RJ. Um programa da ONG Mora-
espaços brancos e tonalidades neutras. Mas o mora-
dia e Cidadania combina a reciclagem de garrafas tipo PET à geração
dor que estiver disposto a pagar poderá ter a decora-
de renda para populações carentes. As garrafas, coletadas nas vias
ção completa “sugerida” pelo designer. De acordo
públicas, são transformadas em vassouras com o auxílio de um ma-
com declarações de Starck ao The Wall Street Journal,
quinário específico. Em oito horas de trabalho, cada fábrica produz
ele entra para a área apenas para ser vir de guia, sem
300 vassouras, utilizando 5.400 garrafas. Cada vassoura é comercia-
inter vir no estilo pessoal de cada morador. “Penso
lizada por R$ 2,50 (atacado) e R$ 3,50 (varejo).
que se desenhar diretamente seus apar tamentos, eu
Atenção, prefeituras! Enquanto a vassoura de piaçava dura no máxi-
não ajudo as pessoas. Aqui eu deixo as sugestões e
mo dez dias sendo utilizada nas ruas, a vassoura em PET dura entre
elas então imprimem suas marcas pessoais”, afirma,
4 e 6 meses!
e assegura que não irá indicar apenas móveis de sua
Atenção, designers! A ONG
autoria para seus futuros clientes. Ah! Bom...
Moradia e Cidadania deseja desenvolver novos produtos utilizando material re-
ERRATA
ciclado. Os designers inte-
O respirador cirúrgico Pelicano, publicado na página
ressados podem contatar
39 de ARC DESIGN 27, foi projetado pela equipe da
Regina Felice, responsável
ASA Design – Alexandre Gomes Rocha, Daniela Ferro
pelo projeto, pelo telefone
Gil e Izabel Cristina Ferreira –, com o auxílio de Esoline
(21) 2202-3307.
Helena Cavalli para a Engesp Indústria de Equipamentos Hospitalares.
6 ARC DESIGN
ESCOLAS DE DESIGN II O OBJETO EM SEU TEMPO E ESPAÇO O Shopping D&D, em São Paulo, abriga habitualmente exposições em seus corredores. Qual o tema? Qual o nível de qualidade? Não importa. Eventos são ferramentas de marketing. Em outubro o D&D apresentou trabalhos de alunos de diversas escolas de design: que horror! Quanto tempo e dinheiro de jovens aspirantes a designer gastos, para se chegar a um resultado tão absurdamente medíocre quanto o apresentado, principalmente pelas escolas de São Paulo!
ESCOLAS DE DESIGN I PRÊMIO DE DESIGN EM MILÃO
Uma delas parece ter se especializado no gigantismo, espe-
Marcela de Albuquerque e Taciana de Abreu e Silva, estudantes de
parece surgido de algum outro tempo (ou civilização?), e ca-
Desenho Industrial da PUC-RIO, acabam de conquistar o Prêmio
deiras de papelão que ignoram a leveza com que esse mate-
Macef Design, International on Line Competition for Young Designers
rial pode ser trabalhado, está o grande prêmio de pior produ-
(designers até 40 anos), realizado em Milão.
to: uma espreguiçadeira namoradeira em madeira, medindo 1
A competição recebeu mais de 260 projetos – provenientes de 26
metro de altura, com 1 m x 1,90 m de largura e comprimento!
países –, divididos em quatro categorias: Casa, Cozinha, Mesa e
Professores, orientadores, o que é isto?
Presentes. As brasileiras ganharam o 1º Prêmio, vencedor absolu-
Exceção, mais uma vez, para as escolas de Curitiba, para um
to dentre todas as categorias.
projeto do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia e para o projeto
O projeto premiado foi um pregador de roupas que inova na forma
“Arquitetura Histórica de Porto Alegre como referencial de Es-
e no uso: uma única peça em termoplástico injetado, cuja forma
tamparia têxtil” (fotos abaixo), de Adriana de Oliveira, da Uni-
simétrica permite duplo uso: prende a roupa no varal por pressão
versidade de Santa Maria, RS.
e ser ve de gancho para pendurar roupas delicadas e de alças.
Como última observação, aproveitamos a presença na mostra de
O projeto foi desenvolvido no primeiro semestre de 2002, duran-
peças em diversas cores de madeira (projeto Senac do Acre com
te a cadeira Projeto de Produto III, na qual o desafio lançado pelo
a Escola de Belas Artes, de São Paulo) para questionar a difusão
professor Alexandre Teixeira era repensar o “pregador de roupas”:
do que poderíamos chamar de estética de mostruário (design
objeto anônimo, jamais atualizado em seu desenho (a única mu-
para turistas?) – tão sem critério nas combinações, tão óbvias.
dança foi a substituição da madeira pelo plástico de má qualida-
Esta mostra nos leva a tristes reflexões e, entre elas, a de que já
de). As indústrias investem em tecnologia para as máquinas de
está na hora de as escolas de design exercerem – à parte o ensi-
lavar e os ferros de passar, mas não há investimento no produto
no – o papel de verdadeiros orientadores dos futuros profissio-
que vai lidar diretamente com a roupa no final do processo.
nais para que estes olhem – para além do projeto em si – o en-
O enfoque quase minimalista de Marcela e Taciana tira proveito da
torno e o tempo em que vivem.
cialmente em madeira. Entre um porta-sapatos Oriental, que
propriedade de memória do plástico e assim dispensa a mola metálica – sujeita à oxidação e que encarece e dificulta a produção. “Um objeto puro, preciso e inteligente, agradável e fácil de ser usado”, no parecer do júri. As designers já depositaram a patente para a peça e estão à caça de possíveis produtores (os contatos podem ser feitos por e-mail: tacianasilva@aol.com e marcha_Br@yahoo.com). Mais informações nos sites www.aedo-to.com e www.fmi.it/macef 7 ARC DESIGN
100% DESIGN O grande evento anual do design em Londres. Perceba as semelhanças com o design brasileiro, as vias de atuação encontradas por seus profissionais e a importância das escolas que, na paralela ao currículo formal, sabem liberar a criatividade de seus alunos
Depois das primeiras experiências com a máquina de extrudar plásticos apresentada no Salão do Móvel de 2001 (veja ARC DESIGN 19), vemos o avanço dessa tecnologia na cadeira de Tom Dixon, produzida em um novo plástico, Provista (marca registrada da Eastman Specialty Plastics). Conhecido como Fresh Fat Plastic, sua versão atual é transparente como o vidro, com a resistência do plástico; nessa linha Dixon já desenvolveu diversos objetos e uma mesa, todos com os “fios” torcidos, tramados e moldados ainda quen tes, manualmente
16 ARC DESIGN
Maria Helena Estrada Móveis, luminárias, tapetes, tecidos, talheres, roupas, maçanetas, da grande cozinha ao mínimo objeto, das escolas britânicas ao jovem designer japonês estreante e às grandes estrelas da Inglaterra, tudo se encontra no grande evento londrino – 100% Design. Tom Dixon (agora com empresa própria), os designers da Inflate, da SCP e, este ano, Ross Lovegrove com a Moooi (empresa holandesa cujo diretor artístico é Marcel Wanders) e sua Lovenet, poltrona que parte de um trançado, o da cadeira Gwapa, de Wanders, e o diversifica: belíssimos exemplos da união entre artesanato e indústria! A ambição de toda feira design é a de se transformar no grande evento da cidade, na grande mídia do momento. A 100% Design está conseguindo essa proeza em Londres com o roteiro 100% Garanteed, organizado, ao contrário de Milão, com o apoio institucional do próprio evento. Unindo a feira, no pavilhão de Earl’s Court, às diversas mostras espalhadas pela cidade, tem-se um panorama abrangente do processo de evolução do design na Inglaterra. Na feira, a presença de grandes empresas italianas, escandinavas, inglesas – à procura do mercado inglês –, além de pequenos expositores mostrando sua nova boa idéia; nas mostras paralelas, espaço para a experimentação e para designers ainda pouco conhecidos, como o grupo de Praga e sua revista Blok, bilíngue. Na Con tem po rary Ap pli ed Arts, acima, fru teira de Ane Cris ten sen em co bre pa ti na do cor ta do e “aber to” ma nual men te: “sem pre uma só fo lha de me tal, do só li do ao aber to, do pla no ao tri di men si o nal, tal vez da cal ma ao caos”, es cre ve a desig ner. Ao lado, tam bém no show-room da Ap pli ed Arts, vaso em por ce la na da mos tra de Ta kes hi Ya su da; seus mé to dos são pessoais, como a se ca gem das pe ças que são presas pela base, vi ra das de cima para baixo e, como afirma o crítico David Whi ting, “Ya su da não se gue pro cedimentos ‘corretos’, suas peças fa zem do aci den te uma vir tu de”
100% Design é um campo fértil para novas expressões e novos experimentos. As escolas de design estão presentes, seja em instalações coletivas no espaço da feira, seja nas exposições do Designers Block – e é este o fermento que está ajudando a descobrir novos caminhos para o projeto dos objetos cotidianos. Uma feira que deveria ser frequentada por designers brasileiros, jovens ou não, até mesmo pela similaridade de condições de trabalho, ou seja, a falta de indústrias interessadas no design.
Ao lado, Leef, sis te ma de es tan tes de Ken Mi chi da com es tru tu ra em retângulos de aço que são encaixados em ranhuras das prateleiras em madeira, permitindo a montagem e desmontagem com um sim ples to que de mão, sem fer ra men tas, e em di versas medidas ou composições
Mas serão exatamente os países pouco industriali-
perceber a evolução do trabalho de grupos e de
zados aqueles capazes de traçar novos rumos para
designers independentes: se antes procuravam
o design, livrando-nos da insípida e monótona
produzir por conta própria, sempre em condições
homogeneização global? Menos compromissados e,
difíceis e precárias, os profissionais que obtiveram
assim, com maior leveza de espírito, criam objetos
nos últimos anos algum destaque hoje se organi-
irônicos, lúdicos, sensíveis.
zam em estúdios ou escritórios, atendendo clientes
É o caso da já conhecida Inflate com seus projetos,
que comissionam um projeto específico. É o caso
infláveis ou não – mas sempre pensados para a vida
do grupo Jam, com um conjunto de móveis, lumi-
contemporânea –, que projetou o design inglês na
nárias e objetos para a empresa de automóveis
mídia e no mundo.
Audi, utilizando os próprios componentes dos carros.
Visitando em anos consecutivos essa feira londrina,
É também o exemplo do El Ultimo Grito, apresen-
como tem feito ARC DESIGN, torna-se possível
tando este ano uma bela luminária para a Mathmos.
Ao lado e aci ma, Con ver ted Skin ned Ta ble, em Pers pex pe ro la do com so bretam po em cou ro, na mostra Mar ria ge of Ma te rials, que visava estimular o uso desse acrílico de última ge ração “casado” com inúmeros materiais. Design Nick Gant e Tan ya Dean da Bobo Design
188 ARC DESIGN
Aci ma, ca dei ra Cher ner, em ma dei ra la mi nada é um clássi co norte-ame ri ca no de 1958 re e di ta do pela in gle sa Twentyt went yo ne; design Nor man Cher ner, faz par te do Mu seu Vi tra. No alto, à direita, Ball Seat, pol tro na em plás ti co pro du zida em ro tomoldagem, da In fla te em cola bo ra ção com Us hi da Fin dley Arqui te tos e uma forte lembrança de Gae tano Pesce anos 1960. Ao lado, pol tro na da em presa di na mar quesa Kvist em ma dei ra lami na da, como exem plo do design es can di navo e, na se quên cia, pol tro na Nemo, design Jane Dil lon e Tom Gri e ves em Lo omtex (pa pel tran ça do com material exclusivo, Flax), na co le ção da em pre sa in gle sa Lloyd Loom of Spal ding
Ao lado, Lovenet, design Ross Lovegrove utili zando trançados de tiras de polietileno sobre malha de aço gal va ni za do, cria dos por Mar cel Wan ders para a em pre sa ho lan de sa Mo o oi: arte sa na to cri an do pos si bi li da des para a di ver si fi ca ção no design
Aci ma, lu mi ná ria Spin City, em alu mí nio ano di za do, design El Ul ti mo Grito para a Math mos
No alto, à direita, Lem mi, lu mi ná ria de Fe de ri co Rossi para a Zaap Design, Itá lia, com pai néis di fu so res removí veis em si li co ne e em bor ra cha sin té ti ca (so la do de sa pa to) em co res pá li das. Na sequência, lu mi ná ria da in glesa Dif fu se, em por ce la na
Ao lado e abaixo, “Travel ling Light” Aduki, na co le ção Math mos Mo bi les, por tá teis, car re gáveis como um ce lu lar, em zinco polido com le ve cobertura termoplástica, podendo mudar de tonalidade ou ser “congelada” em uma só cor
São diversas as empresas que organizam concurso e utilizam o espaço da feira para mostras e premiações. O concurso da Dalsouple (borracha sintética), já tradicional; a Associação dos Produtores Europeus de Plásticos (APME), com os classificados no concurso “Plastics Design Competition”, envolvendo estudantes da Dinamarca, França, Alemanha, Itália e Inglaterra, com resultados excelentes; também a Perspex, marca registrada de uma empresa de acrílico, esteve presente com uma coleção que mostrava a extraordinária qualidade e versatilidade de seu produto, capaz de novas prestações no campo do design, como foi visto na mostra “Marriage of Materials”. Visitando as mostras paralelas fomos ao show-room do Contemporary Applied Arts, que reúne trabalhos em vidro, cerâmica, tecidos, ouro ou metais diversos, de qualquer parte do mundo. Imperdível! Outros destaques? O Designers Block, evento que a cada ano coloca novos nomes no mercado. Oslo, Estocolmo, Berlim, Viena,
Aci ma, Ken Yo ko mi zo, e sua “wea ra ble light”, ja que tas com leds fa cil mente aci o ná ves, ocupava um dos pequenos estandes, assim como diversos outros jovens estreantes
Helsinque, Copenhague, Amsterdã, Tóquio, Manchester, Liverpool, Londres estavam representados por designers, muitos deles com mestrado no Royal College ou em outras escolas inglesas. Se a qualidade nem sempre é a desejável, a extensão desse panorama, de enorme diversidade, faz com que cresça em importância. Uma empresa britânica, a Mathmos (sua primeira luminária, a Jet, muito conhecida, foi copiada no Brasil e desclassificada em concurso), começa a diversificar seus produtos. Depois da Bubbles (veja ARC DESIGN 17), a Mathmos lançou este ano a Aduki e a Spin City, esta assinada por El Ultimo Grito. Além da Mathmos, que desenvolveu tecnologia própria, o setor de iluminação é pouco significativo na feira, notando-se como tendência as luminárias com cúpula em porcelana leitosa. Outra empresa que desponta, direcionada para produtos em plásticos inovadores, é a do já famoso designer Tom Dixon. Este ano vimos o Extendable Screen, cujo protótipo
Acima, ca dei ra Del fi na, prê mio Com passo d´Oro em 1979, ago ra em novas co res, design Enzo Mari para a Ro bots ita lia na. À esquerda e abai xo, Scri bo man, mesa com tam po em blo co de pa pel desta cá vel, pro je to de Deja na Ka bil jo (Áustria) no De sig ners Block
Aci ma, pro je tos se le ci o na dos no con cur so Dal sou ple: à es quer da, de Ing ve Hol mung (In gla ter ra), Drum bell, cam pai nha de por ta per so na li za da – cada vi si ta pode ba ter no tam bor como dese jar – e à di rei ta, Help, tam pa para pia, da Pro pa gan dist Com pany (Tai lân dia)
A designer Keiko Oko, estudou e vive no Japão, com mestrado na Domus Academy, Itália. Trabalhou com gel de poliuretano criando pufes ou utilizando placas auto-adesivas para deco ração de parede e pisos
Acima, es pre me dor de li mão em PVC Squee ze-me, criado pelo gru po in glês J-me. Idéia simples, porém altamente funcional: o desenho do bico, além de direcionar o líquido, retém as sementes; na sequência, saleiro & pi menteiro Flesexi Compact, também do grupo J-me: lú di co, trans for ma-se em uma mini-es cul tu ra. À esquerda, Yogi Fa mily, design Mi chael Young para a Magis, em po li e ti le no rotomoldado
Por ta-pa pel hi giê ni co e lu mi ná ria, de sign Jam com com po nen tes dos car ros da li nha Audi; a coleção inclui cadeira, mesas e diversos outros objetos: marketing servindo ao design ou vice-versa?
havia sido apresentado em Milão, e diversos objetos, além da cadeira Fresh Fat Plastic, em plástico extrudado, moldado ou tramado manualmente enquanto ainda quente. Hoje o cenário do design internacional é formado por alguns franceses – os filhos de Starck –, poucos espanhóis, uma dupla brasileira, raros italianos, sendo que estes em vertentes “marketing oriented”. Os herdeiros de Munari, Castiglioni, Sottsass, Pesce não estão na Itália, mas na Inglaterra e na Holanda. É também nesses países que estão as melhores escolas de design. Estaria explicada a ausência - até hoje - de um design brasileiro de qualidade? ❉ ARC DESIGN visitou a 100% Design a convite do British Council
Acima, ao lado e no cen tro da página, ven ce do res do con curso da APME, Plastics Design Com pe titi on: Drip BA SE, apa re lho para ad mi nis tra ção de soro ou me di ca men tos por via in trave no sa, ajus tá vel ao cor po, pro je to Holm So ren sen (Dinamarca); mala com ro dí zi os e pa ti ne te, de sign Ire ne Zin ga rel li (Itália); pé-de-pato com sa pa to aco pla do, design Mar ti na Car pe lan (Finlândia)
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XVI PRÊMIO DESIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA
O DESIGN E SEUS PROBLEMAS Tra di ci o nal e res pei ta do na cena do de sign bra si lei ro, o con cur so che ga à sua 16ª edi ção. Os pre mi a dos? Bem, ve ja mos... Winnie Bastian
No alto da pá gi na, car taz ven ce dor, cria do por Roberto Godoy. Ao lado e aci ma, li nha de mesas em pi lhá veis Tri bo: tam po em MDF com aca ba men to em laca co lo ri da ou ma dei ra la mi na da e pés em aço inox ma ci ço; design Ilse Lang
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Só para relembrar: vigoram, lado a lado, duas vertentes do design: aquele industrial, e o que nos habituamos a chamar design, “tout court”, designando ao longo do tempo e do uso o produto que, mesmo com sofisticado desenvolvimento industrial – ou não –, é portador de forte carga semântica. Analisemos o concurso do Museu da Casa Brasileira sob essa ótica. Um concurso anual, que se repete há 16 anos. Jurados competentes, análise criteriosa. Mas... um resultado que sempre deixa a desejar. E nesta edição? Há bons produtos, sem dúvida, mas no conjunto o resultado de-
Aci ma e ao lado, Art Col lec ti on, con jun to de bor ra chas com em pu nha du ra er go nô mi ca (pon tos azu is); de sign Nel son Pet zold, José Car los Bor nan ci ni e Pau lo T. Mul ler para a Mer cur
cepciona, e com mais razão. Voltando um pouco no tempo: em 1999, diversas categorias não foram premiadas. Nos anos seguintes, 2000 e 2001, assistimos com satisfação à melhora no nível dos produtos inscritos. Agora, em 2002, surpreende a queda da qualidade dos projetos em relação aos anos anteriores, principalmente os residenciais, dos quais se exige melhor qualidade formal, maior grau de inovação. Inclui-se aqui o segmento iluminação. Dentre as ausências deste ano estão as indústrias, mesmo muitas daquelas que em anos anteriores já haviam concorrido; estudantes e designers recém-formados, jovens de todo o Brasil que poderiam estar propondo novas linguagens ao design brasileiro. Quais seriam as razões do declínio do design semi-industrial, dos projetos para a casa? Difícil afirmar, mas poderíamos levantar algumas questões. Produtos e protótipos desenvolvidos com pressa não são novidade em concursos de design no Brasil, mas têm se tornado mais frequentes. Partem de uma boa idéia,
Aci ma, ca dei ra Mola: es tru tu ra cen tral em aço mola com pin tu ra ele tros tá ti ca; assen to e en cos to em cou ro sola; design Pe dro Use che. Ao lado, má qui na de cos tu ra por tá til Nep tu né: em plás ti co in je ta do, com es tru tu ra in ter na em ma te rial ter mo fi xo resis ten te “GRC” e tam pas (tipo con cha) em ABS, pesa 8,38 Kg; design Al fre do Far né e Ri car do Schwab Schir mer para a Sin ger
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mas – por pressa ou falta de condições financeiras – são levados ao concurso prematuramente, dando a impressão de estarem “no meio do caminho”... Fica a pergunta: o concurso precisa ser anual? Um concurso bienal não daria mais tempo aos designers – e também às indústrias – para desenvolverem melhores produtos? Por outro lado, aumentando a distância entre uma edição e outra do prêmio – e, assim, o número de inscritos – não aumentaria também a participação de bons produtos? Mas, claro, não é apenas a questão da periodicidade da premiação que influi na qualidade. Falta tornar acessíveis os materiais tecnológicos, aqueles que permitem maior liberdade de expressão ao designer. Dupont, Bayer, ou outras, onde estão vocês? Não é hora de dar uma contribuição ao design deste país instituindo, digamos, um concurso para o uso do Corian, do Technogel, de um simples metacrilato de qualidade? Apesar de condições realmente adversas, cresce o número de designers no mercado. De onde surgem? Serão formados pelas mais de 90 escolas em todo o país? E o que se aprende na escola? O ensino é bem direcionado? Libera-se a expressão criativa? Estariam as escolas direcionando seus alunos apenas para a retaguarda, para “seguir as tendências do mercado”, em vez de estimularem sua
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À direita, mo bi li á rio in fan til Jo ker, em po li e ti le no de mé dia den si da de ro to mol da do, design Hei tor Gil ber to Éc ke li e Cé lio Te o do ri co dos San tos (Pa ra design). Na página ao lado, no alto e no de ta lhe, ta pe te Eti le no, feito a partir da reutilização de mangueiras de água e arrefecimento automotivo, design Ma ria Re gi na Margini Marques. No pé da pá gi na, lava tó rio com vál vu la ocul ta para o es coa mento da água, design Edi son Luiz Anho lon para a Deca; exe cu ta da em ce râ mi ca Fire Clay, massa de bai xa de for ma ção e bai xa re tra ção to tal, que per mite a pro du ção de pe ças com li nhas re tas e de di men sõ es mai o res que o usual
criatividade ? Os currículos são adequados e suficientes? Parece que não. Já é hora de termos, minimamente, um designer por escola (a cada ano?) com produtos de qualidade. Não é exigir – ou querer – muito. Seria mera obrigação, pelo tempo e dinheiro gasto na formação de um profissional. Por outro lado, se as indústrias já têm consciência do papel do designer para seu crescimento, como uma ferramenta de competitividade e redução de custos produtivos, qual a razão dessa ausência no concurso, exceção feita à linha branca e aos metais? Seria o caso de haver maior divulgação do concurso entre as indústrias? Ou será que o “selo MCB” já não representa um diferencial importante para essas indústrias? O que ARC DESIGN premiou no concurso deste ano? Na categoria dos semi-industriais, as mesas componíveis de Flavia Pagotti Silva, as borrachas Art Colection, de Bornancini e Petzold para a Mercur, a linha Tribo, design Ilse Lang, e a cadeira Mola, de Pedro Useche, quase ótima. Mas qual o verdadeiro destaque da premiação 2002? Fabio Falanghe e Giorgio Giorgi, Angela Carvalho, Alfredo Farné e Ricardo Schwab Schirmer, Heitor Éckeli e Célio dos Santos foram os autores dos bons projetos nos quais a tecnologia e a indústria se fazem presentes. O grande vencedor é o desenho industrial – uma promissora e agradável surpresa. ❉
À es quer da e aci ma, por ta-sa co las para re ci cla gem em po li pro pi le no in je ta do: do brá veis, são uma idéia sim ples e efi ci en te para a se pa ra ção do lixo em am bi en tes que não dis põ em de mu i to es pa ço, po den do ser fa cil men te ar ma ze na dos quan do não es tão em uso; design Sergio Ja que ri Cor dei ro
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TRABALHOS PREMIADOS (POR CATEGORIA) MOBILIÁRIO RESIDENCIAL 1º lugar: mobiliário infantil Joker (design Heitor Gilberto Éckeli e Célio Teodorico dos Santos) 2º lugar: prateleiras infantis Prat-Kids (design Ricardo Takeda) Menção honrosa: banquinho Bate-Papo (design Flavia Pagotti Silva) Prêmio Protótipo: banco Twins (design Paulo Alas Rossi)
ELETROELETRÔNICOS 1º lugar: máquina de costura Neptuné (design Alfredo Farné e Ricardo Schwab Schirmer) 2º lugar: Mini Terminal de Múltiplas Funções – TMF-1100 (design Angela Carvalho) Prêmio Protótipo: ventilador Eolis (design Henrique Maurer Wolter)
EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO 1º lugar: torneira Link (design Ana Lúcia de Lima Pontes Orlovitz); lavatório com válvula embutida (design Edison Luiz Anholon); sifão Slim (design Mauro Aparecido de Souza) 2º lugar: linha de torneiras Amalfi (design Ângela Rosito Becker, Andréa Borges Becker e Juliano Ferraz da Silva) Prêmio Protótipo: Serra Fácil (design Richard Pereira Meneses)
UTENSÍLIOS DOMÉSTICOS 1º lugar: coletor para reciclagem (design Sergio Jaqueri Cordeiro) 2º lugar: triciclo Samba (design Alfredo Farné e Sandra Nishida) Menção honrosa: cinzeiro Ploft (design Cláudio Roberto C. Brandão)
TÊXTIL E REVESTIMENTO 1º lugar: tressê de couro (design Zeco Beraldin) 2º lugar: tapete Cabeludo (design Claudia Alves de Araújo) Prêmio Protótipo: tapete Etileno (design Maria Regina Margini Marques)
ILUMINAÇÃO 1º lugar: luminária Plana (design Fábio Falanghe e Giorgio Giorgi Jr.) 2º lugar: luminária Nwar (design João Luiz de Souza) Menção honrosa: luminária Moonlight (design Marco Antonio de Mello Dias) Prêmio Protótipo: luminária Foca (design Thiago Augusto Moreira Toniolo e Felipe Martins Ferreira Grosso
ENSAIOS CRÍTICOS 1º lugar: “Móveis Artísticos Zanine”, por Alexandre Penedo B. de Melo 2º lugar: “O Design do Móvel Contemporâneo Brasileiro: da Diversidade à Especificidade”, por Virgínia Pereira Cavalcanti Menção Honrosa “Projetar o Popular: o Fator Local”, por Jorge Montana Cuellar
Ao lado, Mini Ter mi nal de Múl ti plas Fun çõ es – TMF 1100, que se pro põe a ser uma ex ten são da agên cia ban cá ria, para ser ins ta la do em sa guões de edi fí ci os re si den ci ais ou em ou tro lu gar de uso co mum dos mo ra do res; de sign An ge la Car va lho
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Aci ma e na pá gi na ao lado, mesas em di versos for ma tos, que ex plo ram di fe rentes situa çõ es con for me o po si ci o na mento das pessoas na mesa: janta res for mais (frente a frente), des contraí dos (a 90 graus), introver tidos (lado a lado); po dem ser uti li za das iso la das ou com bi na das, como na foto aci ma. Na mesa la ran ja estão em bu tidos, no pró prio tam po (em ma dei ra com pen sa da e la mi na do Co lor Co re), os acessó ri os: sa lei ro, pi mentei ro, ve las etc.; design Flavia Pa got ti Sil va. (Aten ção, fa bri cantes! A desig ner está à pro cu ra de uma in dústria para ini ciar a pro du ção das mesas...)
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DESIGN OU QUALIDADE: PRO MO SE DIA, a úni ca fei ra no
Maria Helena Estrada
mun do de di ca da à ca dei ra, re a li -
Uma imperatriz que permite e estimula seus súditos a cortar árvores durante o inverno... para fazer cadeiras!
zou-se de 14 a 17 de se tem bro em Udi ne, Itá lia, mo vi men tan do o
Essa a remota origem de um dos mais importantes pólos moveleiros da Itália, na região do Friuli. Comercializando hoje cerca de 44 milhões de cadeiras
mer ca do in ter na ci o nal.
por ano, cumpre-se uma tradição que vem de longe, desde o século XVI, quando esta parte da Itália pertencia à Áustria, sendo governada pela imperatriz Maria Tereza. “O início da sedimentação da indústria da cadeira na região do Friuli data da Idade Média. Séculos mais tarde, de 1400 a 1700, vê-se a influência da vizinha cidade de Veneza – um dos centros irradiadores do Renascimento –, onde os marceneiros friulanos começam a adquirir experiência, inicialmente imitando os modelos
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À es quer da, pol tro nas Big Air, da em presa Cal li ga ris: le ve za for mal e eco no mia de ma te riais; abai xo, prê mio Top Ten, mesa ou ca dei ra, mó vel re ver sí vel da em presa búl ga ra Ort, design Il lian Mi li nov; no ro da pé, da mos tra Best Sel lers, ca dei ra Do nald (aber ta e fe cha da), de Pí er lu i gi Cer ri, edi ta da pela Pol tro na Frau em 2000
Na pá gi na ao lado, ca dei ra VK001, design San der Mul der, Ho lan da. Es tru tu ra da com tu bos re don dos de RVS que é do bra do e sol da do, tem con cha em ma te rial cria do es pe cial men te, um la mi na do de cou ro de 2 mm uni do por uma ma lha de co bre. À me di da em que vai sen do usa da, vai assu min do a for ma do cor po, tor nan do-se peça úni ca, mes mo que pro du zi da em sé rie
QUAL A SUA ESCOLHA? ‘nobres’, depois dando vida à cadeira de palha, hoje parte da história do mobiliário”, lembram os organizadores da Promosedia. O conhecimento da madeira – única matéria-prima usada na região até há bem pouco tempo – e da própria construção do móvel atesta a qualidade desse mobiliário. Também os preços que conseguem oferecer ao mercado são resultado da maestria da indústria local. É por razões como essas que a Promosedia cresce a cada ano – mesmo com a crise econômica mundial –, trazendo 126 jornalistas de 31 países, mais de 15 mil visitantes de 71 países, muitos deles distribuidores que visitavam a feira pela primeira vez, ficando impressionados com a qualidade da produção. 31 ARC DESIGN
Ao lado, ban que ta Less (en tre a ma dei ra da es tru tu ra do as sen to e a fo lha do re ves ti men to há uma es pu ma ex pan di da). No alto, à es quer da, ca dei ra 45 da sé rie Fo glia (es tru tu ra em ma dei ra e as sen to em “leg no cu oio”, mar ca re gis tra da, que o tor na ma cio e mol dá vel), am bas com de sign Mar co Fer re ri para a Bil li a ni; acima, Ta ma go, da Arr met (representada no Brasil pela Douek & Prado), re for çan do a es té ti ca do “look ali ke”
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Mas, e o design? Na Itália já se fala na crise econômica
A cadeira de Mulder é o resultado da “low technology”
mundial como responsável pelo aparecimento de uma
a serviço de uma idéia original, “a personalização de
nova categoria estética, a do “look alike”. A inovação
um produto de massa”. Uma orientação que vem sen-
exige um processo bastante dispendioso, e se mudar-
do seguida por algumas excelentes escolas em países
mos um detalhe aqui, uma curvinha ali, não estaremos
da Europa. Uma idéia válida para o Brasil.
copiando (palavra execrável no mundo do design), ape-
Mudando o registro viajamos no tempo, encontrando a
nas fazendo o possível, ou seja, o semelhante.
bela mostra da coleção original Thonet, desde o primei-
Nesse cenário, no qual apenas qualidade e preço são
ro modelo em madeira curvada, de 1853, criada por
fatores relevantes, chamam a atenção as exposições
Adolf Loos para o Museum Café de Viena, até o protó-
paralelas, organizadas pela direção da feira. Na mostra
tipo do próximo lançamento, que será a nova versão da
“Idéia para o Projeto de uma Cadeira Européia”, con-
cadeira mais famosa da coleção, a 14, com assento em
curso anual para estudantes, encontramos uma ótima
madeira trabalhada em baixo-relevo. Criada em 1855
e original cadeira, design de Sander Mulder, da Design
(quando custava 3 xelins, o correspondente a 36 ovos),
Academy Eindhoven, Holanda.
a 14 havia vendido, até 1930, 50 milhões de cadeiras! A
A escola de Eindhoven, já conhecida dos leitores de
Thonet hoje pertence à empresa italiana Poltrona Frau,
ARC DESIGN, parece eliminar nos alunos qualquer
que promete belas surpresas para os próximos anos.
idéia pré-existente, qualquer verdade estabelecida, como
Na mesma exposição, “Best Sellers”, estavam “best
se criasse um total vazio a ser livremente estimulado.
sellers” da Poltrona Frau, fundada em 1912, com um
Aci ma, design Ma rio Bot ta para a mesa Bel lo, da Horm: sé rie de mesas aco plá veis em ma dei ra com pé gi ra tó rio em aço. Na sequência, design Bru no Rai nal di na ca dei ra Ma riah da Sin tesi (representada no Brasil pela Novorumo), que, quan do uni da a ou tras, pode for mar um sofá ou con ver sa dei ra. Abai xo, ca dei ra Tho net criada pelo arquiteto Adolf Loos, em 1853
dos primeiros produtos da empresa, a poltrona “Fumoir”, de 1929, e a clássica capitoné, marca registrada dessa empresa. Se muitas das empresas que expõem na Promosedia não conseguiram ultrapassar o estágio do “look alike”, a direção da feira, por meio de exposições e concursos, procura incutir no setor a noção do design, do projeto inovador, como uma necessidade básica no mundo, seja ele globalizado ou não. Magis, Montina, Billiani são algumas indústrias da região que sabem que é necessária uma postura propositiva quanto aos aspectos formais e tecnológicos de seus produtos, ou seja, que é necessário adotar uma postura “design oriented”. Resta às outras a coragem de dar um passo avante contratando designers, arriscando para criar produtos inovadores. O que também vale para o Brasil. ❉
ARC DE SIGN vi si tou a Pro mo se dia a con vi te da or ga ni za ção da fei ra. 33 ARC DESIGN
AM
ES
P
O
ST
COMP
R E UT
G
Na contramão das "tendências” e em direção ao futuro, a empresa italiana Magis lança os Post Computer Games, série de jogos que fazem uma releitura de tradicionais brincadeiras de criança...
PETECA, DESIGN FERNANDO E HUMBERTO CAMPANA Brasileiríssima, já fazia a diversão dos indígenas e continua popular até hoje em todo o Brasil. Além disso, é exportada para outros países, principalmente para a França. As regras? Não são fixas e podem ser reinventadas conforme o gosto e a imaginação dos jogadores
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Acima, imagens do Superstudio, Milão, onde a Magis apresentou os Post Computer Games, durante o Salão do Móvel, em abril de 2002. Da esquerda para a direita: Lippa e Lawn Bowls; Kubb; Horse Shoes e Hring Bol
Angélica Valente Resgatar antigas diversões, salvá-las da extinção, conectar passado e presente pelo design. Essa é a proposta da empresa italiana Magis, que convidou designers de diversas partes do mundo para criar uma coleção de jogos infanto-juvenis (o que não impede que sejam jogados por adultos...). Os Post Computer Games surgem em plena era da tecnologia da informação, em meio a games 3D, realidade virtual e outras “parafernálias” que fascinam cada vez mais crianças, jovens e adultos e fazem parecer impensável o mundo do entretenimento sem a intermediação eletrônica. São jogos para brincar na rua, num campo, ou mesmo em um apartamento, de preferência em equipe e com objetivos coletivos. Jogos de interação tátil, que tomam como base antigos
LAWN BOWLS, DESIGN ROSS LOVEGROVE É similar à bocha italiana. Cada participante recebe quatro bolas que devem ser arremessadas para que se aproximem da “bola mestra”. Ganha quem chegar mais perto. Apesar de parecer elementar, o grande segredo do jogo é fazer com que as bolas se movam de maneira correta, pois embora pareçam círculos perfeitos, têm formato irregular. A nova versão pode ser encaixada num suporte para facilitar o transporte
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KUBB, DESIGN BJORN DAHLSTROM Re mon ta ao tem po dos vi kings. Com pos to por seis bas tõ es, dez pe õ es bran cos e dois ver me lhos, deve ser jo ga do por duas equi pes de um a seis in te gran tes, em um cam po de gra ma, areia ou neve. Os pe õ es de cada equi pe são en fi lei ra dos e os bas tõ es ar re messa dos em di re ção a eles. O ob je ti vo é der ru bar to dos os bran cos sem atin gir os ver me lhos
HRING BOL, DESIGN MICHAEL YOUNG
2
3
1
4
LIPPA, DESIGN BJORN DAHLSTROM É jo ga do por dois ad versá ri os. Uma es pé cie de dis co de ma dei ra deve ser le va da, por meio de “ta ca das”, ao centro de um cír cu lo dese nha do no chão, en quanto o ad versá rio tenta levá-lo o mais longe possí vel. Isso mes mo: o bastão ser ve para gol pe ar o “lippa”, de ma nei ra que o mova do lugar
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É uma ver são sim pli fi ca da do bei se bol que pode ser jo ga do por crian ças a par tir dos 5 anos; devem participar pelo me nos dois jo ga do res
arquétipos originários de diversos países, agora reprojetados – claro! – em computadores: mantêm-se os conceitos originais, inovam-se os materiais e a tecnologia de produção. A coleção inclui sete jogos simples, vindos de tradições brasileiras, norte-americanas, suecas, italianas, inglesas e islandesas. Vão desde a nossa conhecida peteca, passando por uma versão simplificada do beisebol, uma espécie de tiro ao alvo sem dardos, um boliche em que as bolas são substituídas por bastões, as velhas ferraduras dos desenhos animados norte-americanos e ainda a bocha italiana. Acrescenta-se a borracha para garantir mais segurança e menos “galos” nas testas, aperfeiçoa-se a empunhadura dos bastões e eles já não escapam mais tão facilmente das mãos,
HORSESHOES, DESIGN JEFFREY BERNETT Nada mais é do que o ve lho jogo de ar re messo de fer ra du ras, ago ra em ver são em bor ra cha da, para se gu ran ça dos jo ga do res
acrescentam-se cores: as mudanças são simples, mas os resultados extravasam as diferenças formais. Os Post Computer Games foram criados para fazerem sentido no cotidiano de seus jogadores, apostando em um design contemporâneo que não abre mão de raízes e tradições – pelo contrário, as toma como ponto de partida. Como a empresa afirma: “o design deve buscar fazer do mundo um lugar mais fácil e agradável de se viver, tanto em favor de causas científicas como da diversão infantil. Para isso é preciso (e saudável!) voltar às origens e lembrar que é possível ser a um só tempo simples, inocente, sério e inteligente”. ❉
RING AND PIN, DESIGN JEFFREY BERNETT É uma es pé cie de tiro ao alvo para ser jo ga do no chão. Os “pins” de vem ser lan ça dos ao cen tro do cír cu lo de mar ca do; quem acer tar mais per to do cír cu lo cen tral ga nha a par ti da
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Misturando tradição e modo de vida contemporâneo, a empresa francesa Christofle lança a Collection 3000, uma refinada coleção de utensílios para bar, e mostra que é possível ser moderno sem perder a pose
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Da Redação A Christofle acaba de lançar em Paris a Collection 3000, uma série completa para bar e coquetel, assinada pelo norte-americano Adam D. Tihany, um dos mais renomados designers de hotéis e restaurantes do mundo. Fundada na França em 1830, a empresa é símbolo de refinamento em utensílios de prata e cristal e conta, desde o final do século XIX, com a parceria de importantes designers e artistas plásticos para a criação de muitas de suas peças. A profissão de seu fundador – Charles Christofle era joalheiro – talvez explique o cuidado que a empresa tem na manufatura das peças: as máquinas participam de uma parte pequena do processo, sendo que as mãos de hábeis artesãos são as responsáveis pela qualidade impecável dos produtos (que são acompanhados de um certificado de autenticidade). Entre os lançamentos mais recentes, destaque para a coleção Party, criada por Christian Lacroix – porcelanas, cristais e toalhas que receberam o traço marcante do estilista –, e para o jogo americano em trançado metálico na coleção Metropolis, design Gae Aulenti. Dessa vez, Tihany foi o convidado da empresa para desenvolver a Collection 3000, um processo que levou anos de pesquisa e testes nos bares, restaurantes e hotéis por ele desenhados, espalhados por diversos países no mundo. By the way, o arquiteto foi o curador da mostra Grand Hotel Salone (publicado em ARC DESIGN 25), realizada em abril deste ano no Salão do Móvel de Milão. O resultado é uma coleção completa para bar dedicada à arte de receber, traduzindo o conceito Christofle. São 13 peças de linhas fluidas, de volumes e proporções cuidadosamente desenhados. Além das formas simples, uma série de detalhes gráficos gravados em “guillochage” tira proveito do contraste entre superfícies transparentes e opacas, foscas e brilhantes, pontuando todo o conjunto. Com o lançamento da Collection 3000, a Christofle – que teve entre seus primeiros clientes o imperador Napoleão III – celebra o modo de vida contemporâneo e luxuoso – hélas! – sem abrir mão de um aceno ao design. ❉ A Collection 3000 deve chegar às lojas Christofle do Brasil em meados de 2003. Pavillon Christofle: R. Haddock Lobo, 1.702, São Paulo. Tel. (11) 3081-7763
À direita, de cima para baixo: garrafa, balde de gelo e resfriador para vinho. Na sequência, coqueteleira, copos, dosador e bandeja. À direita, resfriador de garrafa e copos para champanhe: equilíbrio entre cristal e prata. Na página ao lado, prato, saca-rolhas, colher para coquetel e dosador, Collection 3000: o brilho da prata recebe a intervenção fosca da gravação em “guillochage”, no design de Adam D. Tihany para a Christofle
MATALI CRASSET design francês abandona a decoração “Matali Crasset é um logotipo vivo. Sua marca não é nem decorativa nem funcional. Suas criações são situacionais. Mas como pode um objeto ser situacional? (...) As criações de Matali iniciam sempre um diálogo no qual os objetos não são respostas às questões, mas as próprias questões, que assumem a forma de objetos.” Oliver Vogt Da Redação Há 15 anos Matali Crasset recria e expõe objetos que partem de uma reflexão e, principalmente, de uma atitude, de uma forma muito própria de ser no mundo. E de um olhar lúcido em relação ao seu entorno. Dentre as diversas exposições de 2002 sobre sua obra, sobressai a do Musée de Design et des Arts Appliqués/Contemporains, o mu.dac, em Lausanne, Suíça, com projetos de 1991 a 2002. Um catálogo acompanha a mostra. Generosidade, reivindicação, autonomia, interstício, desobediência, rito e ritual, travesti, objeto vivo, modéstia foram as palavras que surgiram da conversa entre Matali e Chantal Prod’Hom, curadora do museu e que, de alguma forma, a apresentam. À primeira vista os objetos de Matali sugerem a vida nômade, o cotidiano de pessoas múltiplas e mutáveis, em suas diversas circunstâncias e em permanente evolução. Mais do que qualquer outra sensação, o que nos toca é o despojamento formal e conceitual visível em seu trabalho, a ausência total da estética do automonumento. Cada peça apela imediatamente para uma situação de vida, o que é reforçado pelos nomes que recebem: W at Hôm (trabalho em casa), Quand Aci ma, Su nic 2002, di fu sor de per fu me em cris tal da Bo ê mia, so pra do, é um pro je to re a li za do com o apoio da AFAA, Pa ris e da Ga le ria Gandy, Pra ga. À di rei ta, peça da co le ção Home Wear 2000, um aque ce dor de água sem fio, para o gru po Te fal, resul ta do de dois anos de pes qui sa so bre o tema “brunch”. A co le ção in clui uma ca fe tei ra e um tos ta dor de pão ou piz za
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Jim Monte à Paris (coluna da hospitalidade: colchonete, despertador e luminária), Il Capriccio di Ugo (poltrona com mesinha acoplada), Permis de Construire (licença para construir: sofá infantil feito com blocos de espuma), Mother and Child (dois tamboretes acoplados), Nextomechair (cadeira com porta revistas). Em seus projetos, Matali Crasset desenvolve uma reflexão sobre os ritos domésticos e a domesticação da
Aci ma, m12, co le ção Di ges tão, fei ta com as sa co las en con tra das em qua se to dos os mer ca dos do mun do (em po li e ti le no e es pu ma de po li u re ta no); ban de ja em po li me ta cri la to de me ti la, pro du ção Edra; os pu fes fi ze ram par te da ex po si ção “L’Ob jet Deso ri en té au Ma roc”, no Mu sée des Arts Dé co ra tifs, Pa ris, e de pois fo ram ex pos tos no es tan de da Edra no Sa lão do Mó vel, Mi lão, 2000. Abai xo, “Up da te/Three Spa ces in One: Energi zer”, 2002, pro je to pros pec ti vo de ba nhei ro com ba nho de luz (energi zan te), para o pro gra ma Dorn bracht, divisão banheiros. Completam a instalação mais dois “ambientes”: banho de clorofila e de frescor
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Abai xo, Quand Jim Mon te à Pa ris, 1995, co lu na de hos pi ta li da de, pro du zi da pela empresa fran cesa Do me au et Pe rès: col cho ne te, lâm pa da e des per ta dor que po dem ser en ve lo pa dos quan do fora de uso
tecnologia, atribuindo grande importância aos projetos experimentais e prospectivos. Interrogada sobre a globalização, Matali responde. “É preciso, antes de mais nada, refletir sobre nosso ambiente próximo. Saber observar, se inquietar com o outro, saber se dar o tempo, agir, colocar suas idéias à prova em relação ao concreto, e aceitar, em seguida, que aquilo que criamos possa viver de forma autônoma. (...) Pensar em micro, não em mega. Insuflar um pouco de generosidade, de hospitalidade... na vida de todos os dias.” ❉ Matali Crasset nasceu em 28 de julho de 1965 em Châlons-en-Champagne, França. Seus pais eram agricultores. Passou a infância em um vilarejo de 80 habitantes, com sua irmã gêmea e outros irmãos. Mudou-se para Paris para estudar. Diplomou-se na E.N.S.C.I, Les Ateliers, em 1991, e expôs seu trabalho de conclusão de curso na Trienal de Milão – A Trilogia Doméstica – três difusores: de calor, de rumor e intimidade; de luz, de imagens e memória; de água e de perfumes. Trabalhou com Denis Santachiara, com Philippe Starck e foi responsável pelo Tim Thon, o centro de design da Thomson. Para informações completas: http://www.matalicrasset.com
Abaixo, à esquerda, Artican, 2000, cesto de lixo para papéis em polimetacrilato, alumínio e polipropileno, na Peyroulet & Cie., Paris. Na sequência, Flat-flat, mesa cujo tampo se desmembra em bandejas ou prateleiras; estrutura metálica com pintura epóxi e tampo em madeira laqueada. Na página ao lado, Casaderme, 2002, cenografia de casa prospectiva, em tecido sensível Dupont, produzido por Eurojersey, e pétalas em metal, para a Pitti Immagine Uomo, Florença
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Moda tecnológica... mas muito soft “Um dia acordei cedo, com tempo para olhar meu rosto no espelho, e vi riscas vermelhas em minha pele. Nessas cicatrizes temporárias vi a revitalização do meu corpo adormecido, revelando mensagens crípticas de meus sonhos secretos. Entendi que cada ruga é um signo de sabedoria e deveria ser conservada como um tesouro. Cada linha em minha mão ressoa em minha vida, é minha, e representa partes de quem eu sou. Cada linha em minha face ressoa em minha vida e representa partes de quem eu me tornei. Outro dia acordei tarde e tomei o barco expresso para Murano, onde excelentes sopradores de vidro me esperavam. (...) Nunca havia visto um material como aquele, que guiava a respiração dos sopradores e falava com eles, ao mesmo tempo.” Marcel Wanders
“Produtos do amanhã: 20% matéria, 80% serviço”. Philippe Starck
Nas duas páginas, peças cria das por Philippe Starck para a Samsonite. Acima, mochila Zab (28 x 45 x 15 cm) ou Yap (28 x 39 x 11 cm): o mesmo modelo, em dois tamanhos; ao lado, maleta de viagem Obok (60 x 45 x 26 cm)
Na página ao lado, a mochila aberta (no alto), desenho em fase de projeto e vista frontal: note-se a sofisticação das ferragens, inclusive das terminações do zíper. No pé da página, mala com rodízios Yesa: pequena (possui apenas 55cm de altura), pode ser transportada na cabine do avião
44 ARC DESIGN
Da Redação
46 ARC DESIGN
A frase de Starck, que resume sua filosofia projetual, se-
em nosso país”, como afirma a assessoria de imprensa
jam os produtos malas, cadeiras, objetos, interiores ou
da Samsonite no Brasil – é realmente irresistível a qual-
um novo condomínio em Miami, é a mais perfeita previ-
quer olhar “design oriented”.
são do futuro do design: “20% matéria, 80% serviço”.
Ao contrário da coleção de Wanders, na qual se presu-
Esta afirmação também abre o catálogo das novas bol-
me, ao primeiro toque, que exista uma tecnologia ino-
sas e malas Samsonite, design Philippe Starck, que as-
vadora por trás de um produto de aparência tão famili-
piram à leveza, à desmaterialização, à tecnologia invisí-
ar, a coleção Starck “esconde” sua vertente tecnológica.
vel. “Um dia vocês verão, as malas se carregarão sozi-
Objetos de um nômade habitante do planeta, todas as
nhas”, conjetura Starck. São bolsas que se constituem
experiências vividas por Starck estão presentes em
no mais absoluto objeto de desejo, por mais “usada”
suas maletas e bolsas: daquela espaçosa, para quem
que a expressão esteja.
carrega o próprio escritório nos ombros ou parte para
Tendo como chamadas publicitárias “um novo tipo de
pequenas viagens – com os bem-pensados rodízios
elegância” e “o direito de se parecer com Cary Grant ou
ocultos – à 007 (que horror!) agora desestruturada e
Audrey Hepburn”, a nova coleção Starck – que, por in-
com discreto apoio suplementar; da mala de cabine à
crível que pareça, “não tem previsão de ser distribuída
mochila rígida – elegantésima –; à bolsa convencional,
Na página ao lado, Gaoua, maleta de viagem (67 x 40 x 26cm) com rodízios, dois pequenos pés de supor te, empunhadura para carregá-la na posição ver tical e, no desenho, com o zíper lateral aber to; embaixo, detalhe das ferragens e das alças, sempre uma cur ta e uma longa, permitindo duas variantes de uso
de alças. Mas o verdadeiro toque de classe são as fer-
A coleção Murano utiliza material exclusivo termo-sensí-
ragens: em aço acetinado, traduzem a inconfundível
vel, e a tecnologia é inspirada nos sopradores de vidro de
marca Starck.
Murano. Depois de costuradas, as bolsas são colocadas
As bolsas da coleção Murano, de Marcel Wanders para
em um forno a 180 graus, tornando-as elásticas. Em se-
a Mandarina Duck, são, à primeira vista, normais – al-
guida injeta-se ar comprimido por meio de uma válvula
guns modelos até um pouco “caretas”. Mas é aí que se
metálica, símbolo da coleção. A ação do ar infla a bolsa e
esconde a magia de Wanders, que faz com que uma ca-
lhe dá, ao mesmo tempo, uma aparência singular, enru-
deira de macramé se mantenha em pé e sustente um
gada, uma vez que a forma é solidificada. O processo faz
corpo sentado; que faz um prato ou um vaso em espon-
com que cada peça tenha sua aparência personalizada.
ja natural embebida em porcelana e a esponja desapare-
Desenho conciso, minimalista, funcional, como con-
ce na queima, ficando a sua forma na porcela-
vém a um “container” a ser transportado, seja bolsa,
na; que inventa trançados com fita plástica em sua nova cadeira, unindo sempre o artesanato à tecnologia.
seja mala, define o projeto de Philippe Starck. Low-tech e a consciência da importância das raízes artesanais do fazer, referências constantes na obra de Marcel Wanders. ❉
Nesta página, bolsas da coleção Murano, de Marcel Wanders, vendo-se a vál vula para injeção de ar, símbolo da coleção
47 ARC DESIGN
PUBLI EDITORIAL
FORMA Oito anos depois de ser lançado pela primeira vez
Além das telas de fechamento, as estações tam-
no mercado, o sistema de mobiliário para escritó-
bém podem ser divididas por tampas metálicas
rios Forma B3 volta à cena incorporando, ao seu
perfuradas, entre as quais é colocado – no interior
conceito inicial, diferenciais técnicos atualizados.
da estrutura – um material acústico para absor-
As principais mudanças propostas ao sistema,
ção de ruídos.
que a Forma apresentou durante a 9ª Office So-
Os fios e cabos para alimentação elétrica e de da-
lution, em São Paulo, foram as telas divisórias
dos passam pelo interior de painéis com estrutu-
que podem trazer imagens digitalizadas impres-
ra em alumínio e aço. Cada painel suporta, confor-
sas, a adoção de ângulos de abertura de 120
me sua altura, entre 3 e 9 vias de passagem, sen-
graus para as estações de trabalho e a organiza-
do que cada via suporta até 50 cabos de 0,5 mm
ção facilitada de fios e cabos.
de espessura.
A utilização de telas foi pensada para liberar as es-
Outro diferencial incorporado ao sistema: os
truturas do fechamento até o piso, favorecendo a
perfis do painel agora permitem inúmeras mon-
circulação do ar condicionado, a integração da
tagens e desmontagens e ajustes de altura pelo
equipe e a livre circulação de idéias.
simples encaixe de uma estrutura à outra.
As estações com angulação de 120 graus são ou-
Com essas mudanças – pequenos detalhes que fa-
tro fator que contribui para a comunicação entre
zem a diferença –, a Forma atualiza um produto
as diferentes equipes de trabalho, pois, além de
que partiu do conceito introduzido pela empresa is-
representarem um ganho de área de cerca de
raelense Finish, que há cerca de dez anos determi-
15%, liberam o usuário do confinamento causado
nou os rumos a serem seguidos pelos escritórios
pelo ângulo de 90 graus.
no mundo todo, desde seu lançamento até hoje.
FORMA Av. Cidade Jardim, 924 São Paulo, SP - Tel.: (11) 3816-7233 Rua Farme de Amoedo, 82A Rio de Janeiro, RJ - Tel.: (21) 2523-2949 www.forma.com.br
Nas duas pá gi nas, vis tas do es tan de da For ma na Of fi ce So lu ti on 2002. O sis te ma B3, no lado di rei to da foto aci ma, foi re cém-atua li za do pela For ma se gun do con cei tos lan ça dos pelo Sis te ma Resol ve, à es quer da na foto. Abai xo, em pri mei ro pla no, o sis te ma B3 atual – com ple men ta do por ca dei ras Fre e dom – e, ao fun do, o Resol ve, design Ayse Bir sel para a Her man Mil ler. Na pá gi na ao lado, chai se LCP, design Maar ten van Se ve ren para a Kar tell. Ao fun do, pol tro nas Swan e Egg, design Arne Ja cob sen para a Fritz Han sen
PUBLI EDITORIAL
GIROFLEX A Giroflex, empresa brasileira líder no mercado de móveis para escritórios, apresentou seus lançamentos durante a 9ª Office Solution, no mês de setembro, em São Paulo. Entre as novidades, destaque para o Sistema DA de mobiliário, que traz soluções práticas e flexíveis para o aproveitamento do espaço, sem abrir mão da ergonomia. Projetado para ser utilizado em conjunto com outros produtos Giroflex ou isoladamente, o Sistema DA é composto por painéis, armários e porta-acessórios e tem como diferencial a alocação de fios, cabos e conectores em um espaço de apenas 6,6 cm de espessura. Com estrutura em aço e assento e encosto em polipropileno, a cadeira Giroflex 12, design Ton Haas, foi outro destaque da feira. Consagrada pela ergonomia e praticidade, a cadeira recebe agora acabamento em tecido, em diversas opções de cores. Versátil, pode ser utilizada em escritórios, hotéis e restaurantes e permite empilhamento sem contato entre assentos, preservando-os do desgaste. Atualmente produzido no Brasil com exclusividade pela Giroflex, o Sistema EVO, da empresa suíça Svoboda, também marcou presença na feira, com sua bela estrutura modular desenvolvida para se adequar aos mais diversos espaços, em configurações leves e minimalistas. Fundada em 1951 com o lançamento da primeira cadeira giratória fabricada no Brasil, a Giroflex conta hoje com 16 linhas de cadeiras, cinco sistemas de móveis, armários, gaveteiros e divisórias para escritórios comerciais e residenciais, auditórios, salas de cinema e teatros, presentes em seus showrooms e representantes nas principais capitais e cidades do país.
GIROFLEX Rua Dr. Rubens Gomes Bueno, 691 Santo Amaro – São Paulo, SP Tel.: 0800-112580 www.giroflex.com.br
Nas duas páginas, vistas do estande da Giroflex na última Office Solution. Nesta página, no alto, estação de trabalho do Sistema EVO, complementada por cadeiras 33 fixas (em primeiro plano) e giratória (em segundo plano). Embaixo, escritório aberto composto por estações de trabalho e divisórias do Sistema DA. Na página ao lado, estações de trabalho do sistema K Radial, design Tomas Berlanga: espaço generoso e adequação ergonômica
PUBLI EDITORIAL
FIRMA CASA
Fotos Andrés Otero
Nesta página, linha Valentina, design André Cruz. Abaixo, mesa lateral; no pé da página, mesa de centro
Pureza formal. Eis o denominador
A linha Pi, por sua vez, é forte e mar-
comum entre as novas linhas de me-
cante, apesar da neutralidade intrín-
sas comercializadas pela Firma
seca ao vidro; explora os grafismos
Casa. Reafirmando sua aposta no de-
gerados pelo jogo de planos que dão
sign brasileiro, a empresa lança as li-
forma às peças, as quais remetem à
nhas Valentina, design André Cruz,
letra grega Pi quando vistas de fren-
e Pi, design Jacqueline Terpins.
te. Compõem a linha aparadores e
Ambas as linhas, executadas em vi-
mesas laterais, de centro e de jantar,
dro, destacam-se pela leveza e tiram
em vidro opaco ou transparente.
proveito da transparência, cada uma
As peças transparentes possuem
a seu modo.
um aspecto lúdico: conforme o po-
A linha Valentina é formada por lâ-
sicionamento do observador, as lâ-
minas de vidro de 12 a 15 mm, co-
minas de vidro parecem desapare-
nectadas por pequenas peças em
cer, dando origem a um jogo entre
alumínio polido. São mesas laterais
as peças e o observador, explica a
e de centro totalmente desmontá-
designer Jacqueline Terpins, reco-
veis, que se adaptam aos mais di-
nhecida por seus projetos em vidro
versos ambientes – independente-
(soprado ou plano).
mente do estilo adotado –, “mimeti-
Despojadas, mas com design impe-
zando-se”, justamente em função
cável, as linhas Pi e Valentina refle-
de sua transparência absoluta e
tem, com muita classe, a filosofia
ausência de detalhes.
da Firma Casa.
FIRMA CASA Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.487 São Paulo, SP - Tel.: (11) 3068-0377 Av. das Américas, 7.777, Rio Design Barra, Rio de Janeiro, RJ - Tel.: (21) 2438-7586 www.firmacasa.com.br
Fotos Andrés Otero
Nesta página, peças da linha Pi, design Jacqueline Terpins. Acima, mesa de jantar em vidro laminado (8 mm + 8 mm) opaco preto; ao lado e abaixo, aparador em vidro transparente 15 mm
PUBLI EDITORIAL
ARREDAMENTO Uma cadeira cujo desenho se resumisse a duas linhas.
escolhido por sua resistência, flexibilidade – permitia o
Esse foi o conceito inicial da cadeira Curva, design
ângulo desejado pelos designers – e translucidez. Os
Fernando e Humberto Campana para a Arredamento.
irmãos Campana acompanharam de perto o desen-
O projeto da cadeira nasceu em 1995, mas ficou um
volvimento do projeto em todas as suas etapas, visi-
bom tempo “na gaveta” por falta de uma empresa que
tando a fábrica – para se certificarem das tecnologias
o produzisse. Coube à Arredamento, que desde a déca-
disponíveis para a produção da cadeira – e analisando
da de 1960 vem acreditando no design nacional, a
os sucessivos protótipos até a definição da forma final
materialização da idéia.
do produto.
O projeto teve início em 2000 – ano do primeiro conta-
Tecnologia, aliás, é um dos pontos fortes da empresa.
to da Arredamento com os designers – e levou aproxi-
Segundo Sonia Colapietro, diretora de marketing da
madamente dois anos para ser desenvolvido. Diversos
Arredamento, o investimento em tecnologias de
materiais foram testados (entre eles o policarbonato
ponta iniciou-se na década de 1990 e vem ganhando
alveolado), até a decisão pelo metacrilato, material
cada vez mais força dentro da empresa. Isso permite
a fabricação de produtos capazes de competir com os produtos importados. É justamente a qualidade de acabamento – aliada ao design, é claro – que permite que os móveis produzidos pela Arredamento atendam às expectativas dos consumidores mais exigentes – como aqueles acostumados aos produtos importados do “Primeiro Mundo”. Sonia Colapietro finaliza: “os irmãos Campana e nós, da Arredamento, ficamos muito satisfeitos em podermos produzir uma cadeira criada por esses designers – que até pouco tempo atrás eram prestigiados somente por produtores italianos – com a mesma qualidade e tecnologia encontradas no ‘país do design’”.
Nas duas páginas, cadeira e poltrona Curva, design Fernando e Humberto Campana para a Arredamento: estrutura em aço inox com assento e encosto em metacrilato translúcido. Disponíveis também nas cores azul e branca
ARREDAMENTO Al. Gabriel Monteiro da Silva, 903 São Paulo, SP – Tel.: (11) 3062-1188 Av. das Américas, 7.777, Rio Design Barra, Rio de Janeiro, RJ – Tel.: (21) 2348-7560 www.arredamento.com.br
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58 ARC DESIGN
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61 ARC DESIGN
XX Bienal Internacional de design gráfico de Brno 2002 Aconteceu entre 18 de junho e 20 de outubro de 2002 a mostra de pôsteres e design gráfico de maior relevância no cenário mundial: a Bienal de Brno. A seguir, os destaques da 20ª edição do evento Marcelo Aflalo Brno, sinônimo de Mies Van der Rohe, da elegante
das discussões em Brno, com três edifícios abrigando a
Tuguendhat Villa e também da não menos elegante poltro-
mostra principal e as secundárias, de assuntos correlatos.
na Brno. Segunda cidade da República Tcheca, não tem a
Desde 1963, ano da primeira bienal, o evento vem se des-
incrível diversidade e história de Praga, mas tem suas qua-
tacando como o mais duradouro e significativo do gênero,
lidades. O centro histórico medieval cercado por constru-
com representatividade global (42 países) e grande número
ções de inspiração totalitária soviética resume bem a traje-
de inscritos (814).
tória dessa cidade.
O maior número de inscrições em 2002 foi dos japoneses,
Para o mundo gráfico, Brno é também, há 40 anos, palco de
seguidos pelos tchecos, confirmando a tradição dessas
uma das mais importantes mostras de cartazes e design de
duas regiões e o domínio que exercem sobre o veículo. O
que se tem notícia. Usualmente acompanhada por um sim-
Extremo Oriente (China, Coréia, Taiwan e Malásia) e o
pósio de discussão de assuntos gráficos, nesse verão euro-
Leste Europeu enviaram também um expressivo contin-
peu a Bienal integrou-se a um pacote mais complexo,
gente de cartazes com cores locais e temática universal.
fazendo parte do encontro do Icograda – órgão máximo do
Estados Unidos, França, Itália e Suíça concentraram a maior
design gráfico no mundo.
parte dos cartazes de temática cultural e promocional.
Mídia quase inexistente no Brasil, o cartaz ocupa o centro
Neste ano, a organização da bienal escolheu enfatizar os
Abaixo, três pôsteres culturais. Da esquerda para a direita: “An Inter national Conference of Philosophy of Art” (2001), de Reza Abedini (Irã); “The Trio of Asia Poster Exhibition” (2001), de Wing Kei Leslie Chan (Tai wan), premiado com The Mayor of the City of Brno Award; e “Korean Image” (2001), de Leo Lin (Tai wan)
Aci ma, o pôs ter so ci al “@” (2001), de Ken-Tsai Lee (Tai wan). Abai xo, à es quer da, o pôs ter eco ló gi co “We Kil ling Na tu re”, de Sung-Eic Bae (Co réia). Na se quên cia, dois pôs te res cul tu rais: “Tou lou se-Lau trec” (2001), de Mi eczys taw Wa si lewsky (Po lô nia) e “Rain” (2001), de Ca the ri ne Zask (Fran ça), pre mi a do com o Grand Prix
63 ARC DESIGN
Aci ma, três pôs te res cul tu rais, da es quer da para a di rei ta: “Vi trail by An ta bi” (2000), de Eh san An ta bi (Sí ria); “Ru, tuò, huò” (2001), de Ima ya Wong (Ma lá sia); “Car te les de Me xi co” (2000), de Be ni to Ca ba ñas (Mé xi co). No pé da pá gi na, à es quer da, o pôs ter so cial “Help Blind men” (2002), de Shenguang Ma (Chi na); na se quên cia, dois pôs te res cul tu rais: “Life” (2001), de Hung Lam (Chi na); e “Fu si on” (2001), de Zhen Dong (Chi na)
cartazes com temáticas sociais que abordassem os gru-
malabarismos gráficos ou arquitetônicos, com os países
pos marginalizados do desenvolvimento social e econô-
agrupados em ordem alfabética numa sequência de
mico, em sintonia com a crescente preocupação com os
salas, salões e nichos.
efeitos funestos da globalização e que, por isso, dificil-
O formato dominante dos cartazes é o chamado “folha in-
mente conseguem exposição e patrocínio.
teira”, aproximadamente 1,00 x 0,70 m, com os japoneses
Dividida em dois locais – a mostra européia ficou no Mu-
extrapolando essas medidas e raríssimos representantes
seu de Artes Aplicadas e o “resto do mundo” foi agrupa-
do microformato (meia folha ou menos), quase todos do
do no térreo do palácio do governo – separados por al-
Brasil (Ana Luisa Escorel, Heloísa Faria, Felipe Taborda
guns quarteirões no charmoso centro histórico de Brno,
e, a exceção, Paulo Moretto).
um grande calçadão repleto de atividades.
Para comemorar: a volta da tipografia econômica e legí-
A exposição em si teve montagem bastante direta, sem
vel, cheia de significados, a ilustração também cheia de
64 ARC DESIGN
Acima, à esquerda, o pôster ecológico “Fishes in the Sea are Nur tured by the Forest” (1998), de Norito Shinmura (Japão). Na sequência, dois pôsteres culturais: “Japan” 2001 (2001), de Yoshiteru Asai (Japão) e “Ikko Tanaka 1930-2002” (2002), de Vladimir Cajka (Rússia). No pé da página, três pôsteres culturais, da esquerda para a direita: “David Murray” (2001), de Niklaus Troxler (Suíça); “Festi val Café Théâtre & Cie.” (2001), de Alain le Quernec (França), premiado com The BEDA (Bureau of European Designers’ Associations) Award; “István Orosz” (1998), de István Orosz (Hungria)
valores e associada à tipografia e, por fim, os temas sociais e
passou despercebida, não merecendo nem mesmo área
ecológicos com ar de denúncia lembrando a década de 1960.
dedicada no catálogo da mostra.
Como sempre, a premiação dificilmente reflete o conjun-
Na avaliação independente e também subjetiva deste
to e fica por conta da subjetividade do júri, que deu o
repórter, os destaques ficaram por conta do conteúdo, da
Grand Prix à francesa Catherine Zask e as medalhas na
objetividade e do impacto do conjunto com algumas
categoria Cartazes a Melchior Imboden, da Suíça, Seiji
peças acima das demais.
Toda, do Japão, e Niklaus Troxler, também suíço.
O iraniano Reza Abedini capitaneou o contingente do
Em tempo, a bienal também premiou Identidade Corpora-
Oriente Médio com uma mistura ilustrativa e tipográfica
tiva, impressos gráficos e promocionais, que nem de lon-
auxiliada pelos expressivos caracteres arábicos. Do Ja-
ge rivalizam com a mostra de cartazes. Perdida nos mean-
pão, destaque para Yoshiteru Asai e Norio Fujishiro com
dros da montagem principal, a mostra de ID corporativa
um pôster duplo de temática político/social, Kyoji Kotani e o
65 ARC DESIGN
minimalista Norito Shinmura com um peixe-folha comen-
com imagens poderosas, reminiscentes da xilogravura.
tando sobre a interdependência dos mares e das flores-
Da Europa, representando o Leste, Bóris Bucán com um
tas. De Taiwan várias surpresas, com produção gráfica
dos muitos comentários sobre o 11 de setembro; o russo
sofisticada para a mídia como o trabalho de Wing Kei
Vladimir Cajka, emulando a alma japonesa; da República
Leslie Chan e a Op Art, de Ken-Tsai Lee e Leo Lin. A Chi-
Tcheca o soco poderoso de Jirí Hanek; da Hungria a ilus-
na, depois de quase uma vida longe desse tipo de evento,
tração premiada de István Orosz; e a pincelada tipográfi-
surgiu como uma das grandes potências com um misto
ca do polonês Mieczystaw Wasilewsky.
de imagens que se equilibrava entre o Naïf e o espiritual
Injustiças à parte, o saldo que fica para um olhar estran-
na visão de Zhen Dong, Hung Lam e sua sequência de
geiro é o de uma enorme diversidade temática e gráfica
“balões metáforas”, e o econômico Shenguang Ma.
com grande intimidade com a mídia.
O israelense Yossi Lemel costurou dois filés de carne
A pergunta que não quer calar: o que eles têm que nós
crua para falar do conflito árabe/judeu, com efeito cho-
não temos? Basicamente, prática.
cante e pouco sutil, entretanto necessário.
Avaliando a bienal com olhar minucioso, vemos que
Entre os norte-americanos de sempre, o destaque foi a série
grande parte dos projetos é de demanda interna, ou seja,
de cartazes da recém-transplantada búlgara Luba Lukova,
autopromocionais ou fruto de uma necessidade interna
Abai xo, à es quer da e no cen tro, dois pôs te res po lí ti cos: “Seam Line” (2001), de Yossi Le mel (Is rael), pre mia do com The Cri tics’ Award e “Cec na” (2000), de Jirí Ha nek (Re pú bli ca Tche ca). Na se quên cia, o pôs ter cul tu ral “Zvu kons truk cii” (2001), de Igor Gu rovic (Rússia)
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Ao lado, o pôs ter cul tu ral “In ters chwei zer Küns tler 2000” (2000), de Mel chior Im bo den (Su í ça), pre mia do com Me dal for the Best Design in the Ca te gory of Pos ters. No alto da pá gi na ao lado, à es quer da, pôs ter eco ló gi co “Wa ter” (2001), de Luba Lu kova (EUA). Na se quên cia, pôs ter so cial “Co e xis ten ce” (2002), de Ste pán Ma lovec (Re pú bli ca Tche ca), pre mia do com The Al phon se Mu cha Pri ze for Pos ter
de comentar, denunciar ou opinar. Em uma atitude pró-
metáforas e sutilezas gráficas dos cartazes pré-abertura.
xima às artes plásticas, alguns cartazes são peças únicas
Outro fato relevante é o ambiente controlado em que esses
ou feitos em baixíssima tiragem, pois mesmo nos países
cartazes são exibidos, sem os excessos e a selvageria que te-
com tradição em cartazes, os suportes são raros e dispu-
mos por aqui, onde os outdoors são considerados pequenos
tados. Em Zurique e Londres, os cartazes têm suportes
e transbordam informações inúteis, além de seus limites.
públicos que são loteados em rodízio e convivem com a
Falta aqui o exercício da indignação com as mazelas dos
sinalização urbana e os mapas.
tempos modernos. Estamos habituados aos exageros e
Nos países do Leste Europeu o cartaz sempre foi o veícu-
contrastes sociais e econômicos e também nos falta um
lo ideal de auto-expressão nos fechados e autoritários re-
perfil mais solidário, capaz de estimular uma criatividade
gimes políticos a que eram submetidos.
desinteressada e altruísta.
Sintomaticamente, durante o evento do Icograda, um
Os suportes e a divulgação são decorrência da produção
designer húngaro comentava que os grandes mestres
e vêm com o tempo.
do cartaz haviam perdido parte da motivação por conta
Precisamos, antes de mais nada, de conteúdo gráfico e
da abertura política. Esse mesmo designer acredita que
conceitual, enquanto descobrimos uma fórmula não-po-
a temática explícita dos cartazes de hoje carece das
luente de mostrar e divulgar nossos trabalhos. ❉
Abaixo, três pôsteres culturais. Da esquerda para a direita: “Kenny Wheeler Quar tet” (2001), de Niklaus Troxler (Suíça), premiado com Medal for the Best Design in the Category of Posters; “Leather Jacket for Soul” (2001), de Seiju Toda (Japão), premiado com Medal for the Best Design in the Category of Posters; “Museo de Tequila em Tequila Jalisco” (2000), de Kveta Pacovská (República Tcheca), premiado com The Ministry of Culture of the Czech Republic Award
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Uma Publicação Quadrifoglio Editora ARC DESIGN n° 28, novembro/dezembro 2002
Apoio:
Diretora Editora – Maria Helena Estrada Diretor Comercial – Cristiano S. Barata Diretora de Arte – Fernanda Sarmento Redação: Editora Geral – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico – Fernanda Sarmento Chefe de Redação – Winnie Bastian Revisora – Jô A. Santucci Produção – Tatiana Palezi
Apoio Institucional:
Arte: Designers – Adriana Lago Cibele Cipola Estagiária – Helena Salgado Participaram desta edição: Angélica Valente Marcelo Aflalo Departamento Administrativo: Fabiana Ferreira da Costa Departamento Comercial: Gerente Comercial – Flavia Jorge Departamento de Circulação e Assinaturas: Denise Toth Gasparotti Conselho Consultivo: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquiteto Julio Katinsky; Emanuel Araujo, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Maureen Bisilliat, curadora do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de Arc Design para assuntos internacionais CTP: Takano Editora Gráfica Ltda. Impressão: Takano Editora Gráfica Ltda. Papel: Suzano Papel – Couchê Reflex Matt (miolo – 150 g) Supremo Duo Design (capa – 250 g)
Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito. Cromos e demais materiais recebidos para publicação, sem solicitação prévia de ARC DESIGN, não serão devolvidos.
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