Revista ARC DESIGN Edição 29

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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

R$ 12.50

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RÁFICO EM N.Y .

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MARÇO/ABRIL

2003

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Nº 29

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QUADRIFOGLIO EDITORA

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ARC DESIGN

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U LT U R A R E VA LO R C A IZ A : UM DA A W I •B N A EA B I TA L I A N A S E S IR A E L SI

N A L D

2003

NEW! FULL TEXT IN ENGLISH


A imagem da capa é o detalhe do sofá Sushi, construído com diversos rolinhos, ou “california rolls”, feitos de tiras de feltro, EVA, carpete, PVC e tela emborrachada. Criar um novo material a partir de materiais existentes – esta é a base dos novos projetos com assinatura Campana. Criar tecnologias possíveis, ou modos de fazer independentes, que prescindem de um aporte industrial é, sem dúvida, uma das grandes contribuições dos irmãos Campana para a viaAcima, imagem da capa, fotografada por Cristiano Sérgio. Abaixo, detalhe da construção do sushi. No pé da página, Fernando e Humberto no sofá Sushi

bilização do design brasileiro. Criar projetos locais, que expressem os diferenciais positivos do “ser brasileiro” – um projeto livre, leve, solto –, falando ao mesmo tempo uma linguagem internacional, é a razão do grande sucesso de Fernando e Humberto Campana, em todo o mundo.


ARC DES IG N bilín gue. A par tir desta edi ção, que será lan ça da no Salão do Móvel, em Milão, ARC DES IG N ini cia uma nova etapa. Ao mesmo tempo que esta rá diri gin do seu foco para o cres ci men to da dis tri bui ção em todo o Brasil – sem pre em pon tos-de-venda qua li fi ca dos –, abre cami nho para a divul ga ção do design, da arqui te tu ra e da cul tu ra bra si lei ras em novas para gens. O que mos trar em uma pri mei ra edi ção bilín gue? Selecionamos três belas expres sões da cul tu ra bra si lei ra: uma pri mi ti va, indí ge na, mara vi lho sa opor tu ni da de de rece ber, intac ta, a men sa gem incon ta mi na da de uma tribo nati va; a segun da, voca bu lá rio de van guar da, que des vela um pecu liar espí ri to da cria ção bra si lei ra, pelas mãos de Fernando e Humberto Campana. Finalmente a arte na cria ção grá fi ca com Bea Feitler, uma bra si lei ra que viveu – e fez muito suces so – em N. York. Ainda sobre o Brasil, o arqui te to Paulo Mendes da Rocha e sua Paulistano, “uma cadei ra com memó ria” – final men te aces sí vel, com prá vel – cria da em 1957 e ainda não igua la da. Depois, o inu si ta do, o des co nhe ci do, no design do Congo, da Turquia, da Coréia, de Madagáscar, do Senegal pre sen tes na Bienal de St. Étienne. Para con cluir, luzes – do obje to ilu mi na do à lumi no téc ni ca –, como não pode ria fal tar, nesta aber tu ra de uma nova fase de ARC DES IG N.

Maria Helena Estrada Editora




IRREVERÊNCIA NO BANHEIRO Dedicando-se a criar produ-

DESIGN DE A a Z

tos de design desde 1920 e

Recebemos como cortesia da Editora Umberto Allemandi & C.

reconhecida mundialmente

o importante lançamento “Il Design in Italia – Dell’Arredamen-

por seus acessórios para

to Domestico”. Uma seleção de obras e biografias – quase 500

cozinha, a empresa italiana

nomes listados de A a Z – com inúmeras fotos dos principais

Alessi acaba de lançar pela

designers italianos dos últimos 50

editora Electa o livro “Vedi

anos. Lançado há pouco tempo, o

alla Voice: Bagno”, que apre-

livro tornou-se raridade devido a

senta ILBAGNOALESSI: uma linha para banheiros em estilo con-

um incêndio que destruiu a edi-

temporâneo, com lavabos, vasos sanitários, bidês, duchas,

tora italiana no último Natal, sal-

banheiras e metais. Mostrada pela primeira vez no Salão do

vando-se apenas 178 de seus 321

Móvel de Milão em 2002 (veja ARC DESIGN 25), a linha foi cria-

títulos. Para quem se interessar, a

da em parceria com as empresas Inda, Laufen e Oras, que uni-

dica é procurar na Itália os exem-

ram suas especialidades à irreverência da Alessi. A publicação,

plares que escaparam do fogo.

organizada por Rafaella Poletti, traz ilustrações e terminologias sobre o tema a partir dos códigos materno, paterno, erótico e infantil. O livro pode ser adquirido na Livraria Cultura, pelo telefone (11) 3170-4033 ou site www.livrariacultura.com.br.

MOBILIÁRIO URBANO

O endereço da Alessi na internet é www.alessi.com

A partir de 2004 Curitiba vai receber um novo mobiliário urbano, totalizando mais de 8.500 equipamentos, entre abrigos de ônibus e táxis, bancas de jornal, lixeiras, quiosques, totens informativos e relógios eletrônicos. A concepção, instalação e

MON TRÉ AL IN TER NATIONAL INTERIOR DE SIGN SHOW

mos 20 anos. Para desenvolver equipamentos exclusivos,

Acontece entre os dias 22 e

identificados com a paisagem local, a empresa contratou o

24 de maio de 2003, a 15ª

arquiteto paranaense Manoel Coelho, que utilizou o forte ele-

edição da Feira de Design de

mento sígnico da Araucária e seu fruto, o pinhão – que deram

Montreal (SIDIM), no Canadá.

origem ao nome de Curitiba – para nortear o design das peças.

Serão 300 expositores de

www.adshel.com.br

mobiliário e acessórios para interiores: iluminação, artesanato e revestimentos, entre outros. A exposição é uma boa oportunidade para conhecer o design canadense. Um dos destaques locais é a designer têxtil Elyse De Lafontaine, do Quebec, com seus objetos de decoração feitos de plumas, crinas de cavalo e fios metálicos. Mais informações sobre o SIDIM podem ser consultadas no site www.sidim.com 4 ARC DESIGN

conser vação serão realizadas pela Clear Channel Adshel, que investirá aproximadamente 15 milhões de dólares nos próxi-


A R T E S A N ATO BRASILEIRO EM MILÃO

TOK&STOK NA LINHA DE FRENTE DA ECOLOGIA

Os consumidores da

grandis), com chaise-longue, mesa retangular, poltrona e sofá

Idea Con cept Com-

de dois lugares, desenvolvidos para uso ao ar livre. A Teca tem

pany, rede de lojas

como suas principais características a durabilidade e a estabi-

de ar tigos para casa

lidade dimensional, apresentando propriedades mecânicas

com franquias na Itália e no Japão, já podem encontrar em

equivalentes às de madeiras de grande valor comercial. A certi-

Milão produtos exclusivos de ar tesanato brasileiro. Prove-

ficação – única via possível para a exploração e uso da madei-

nientes de Minas Gerais e da Paraíba, os produtos de tear

ra – é um processo que ainda engatinha no Brasil. A Tok&Stok

manual e cestaria correspondem a cerca de 40% dos itens

vem aumentando, gradativamente e na medida do possível,

da loja I.C. Company & Transformar te. A iniciativa de Giada

sua coleção de produtos ecologicamente corretos. Para o

Ruspoli, responsável pela loja e idealizadora do Projeto

desenvolvimento do Programa Madeira Certificada, contou com

Transformar te, representa um impor tante passo rumo à

o auxílio do Instituto de Manejo e Certificação Florestal Agrícola

consolidação do ar tesanato nacional no mercado europeu.

(IMAFLORA) e dos Amigos da Terra.

Estendendo sua imagem, a exposição “As Marias”, de Renato

Tel. 0800-701-0161

Imbroisi, cujos produtos fazem par te da coleção, será apre-

www.tokstok.com.br

Dando continuidade ao Programa Madeira Cer tificada, a Tok&Stok lançou a linha Botanic em madeira Teca (Tectona

sentada em março na Puglia e na Sicília. Interessados em patrocinar as ações ou enviar trabalhos para avaliação podem entrar em contato pelo e-mail: transformar te@transformar te.art.br www.transformar te.art.br

GESTÃO DO DESIGN O SEBRAE-SP elaborou mais um título da série Sistema de Gestão Empresarial. “Gestão do Design” foi criado com o objetivo

DO VIRTUAL AO DIGITAL

de permitir ao pequeno empresário, tanto do comércio quanto

Qual o papel do design na era digital? Como utilizar as ferra-

de indústria e de ser viços, tirar o máximo proveito da aplica-

mentas para uma melhor compreensão do vir tual? Essas

ção do design no cotidiano de seus negócios.

são algumas das questões abordadas no livro de Alvaro

Este curso de capacitação básica, elaborado pelas professoras

Guillermo, “Design: do Vir tual ao Digital”. Repleto de referên-

Cyntia Malagutti e Marcia Auriani, é composto de 20 horas,

cias, o livro apresenta uma retrospectiva dos processos uti-

com os temas: Inserir o Design no Gerenciamento da Empresa,

lizados no design, do material à tecnologia digital, salientan-

Planejar a Marca da Empresa, Gerenciar o Desenvolvimento de

do a impor tância de se apro-

Novos Produtos, Planejar o Ponto-de-Venda e Implantar o Pro-

fundar no assunto.

grama de Gestão do Design.

Informações: Tel. (11) 5507-

O SEBRAE-SP está com um edital aberto para credenciar inte-

7278 – www.riobooks.com.br

ressados em ministrar esse curso. Basta acessar o site http://www.sebraesp.com.br/editais/facilitadores_down.asp Mais informações pelo e-mail: regulamentouoedce@sebraesp.com.br 5 ARC DESIGN


DESIGNER BRASILEIRO EXPÕE NO SALÃO SATÉLITE O designer carioca Carlos Alcantarino fará uma exposição de seus melhores trabalhos no próximo Salão Satélite, que acon-

O BRINQUEDO DOS AMIGOS

tecerá de 9 a 14 de abril em

Design de brinquedos é uma atividade pouco desenvolvida no

Milão. A seleção dos produ-

Brasil, já que a indústria prefere aplicar fórmulas aprovadas

tos, em estanho, resina,

internacionalmente que investir no projeto de brinquedos de

vidro, latão cromado, laca e

qualidade, sintonizados com a criança brasileira. Disposto a

quartzo, privilegiou traba-

mudar esse panorama, o designer Bernardo Luiz – que traba-

lhos recentes, como a ban-

lhou na campanha Natura Criança, realizada em 2000 pela

deja Cripton (foto) e os va-

Tátil Design – abriu recentemente o próprio escritório, IGO

sos Mondrian. Alcantarino

Design, que apresenta agora seu primeiro produto 100% nacional

pretende apresentar peças

e certificado pelo INMETRO: IGO, um brinquedo de montar em

experimentais. Dentre os destaques está o produto Lego, for-

que todas as peças se encaixam. Luiz explica que “IGO vem de

mado por elos que, ao serem colocados uns sobre os outros,

amigo, como se cada peça fosse uma pessoa e a união entre

dão origem a torres com diversas utilidades, como pés de

elas representasse o coletivo. O brinquedo estimula a interati-

mesa e castiçais.

vidade e a sociabilidade das crianças”. Em três versões com

www.alcantarino.com

cores diferentes, as embalagens de IGO também se encaixam, facilitando a organização. À venda no site: www.karacol.com.br. O designer pode ser contatado pelo telefone (21) 9849-7763 ou pelo e-mail igo@mundoamigo.com.br

O PET NA TINTA Demonstrando inúmeras qualidades, o PET está sendo usado também na composição de resinas alquídicas, matéria-prima para produção de vernizes e esmalte sintético, representando uma economia para a BASF de 3 milhões de reais em 2002. Nas marcas Suvinil e Glasurit, a substituição proporcionou a retirada de cerca de 50 milhões de garrafas tipo PET, que estariam poluindo o ambiente. Para o biênio 2003/2004, estão previstos 24 mil toneladas por ano de resinas, consumindo cerca de 60 milhões de garrafas/ano. As vantagens da utilização de garrafas PET, previamente processadas pela recicladora, são inúmeras: melhoria na performance do produto, redução de custo e consumo de matérias-primas não-renováveis, geração de empregos, além da diminuição em 40% da quantidade de água com resíduos, resultante da reação química que ocorre durante a produção de resinas. A expectativa é de que outras empresas passem a utilizar materiais recicláveis na elaboração de seus produtos. SAC: 0800 117558 www.suvinil.com.br 6 ARC DESIGN


PRÊMIO ECODESIGN Foram anunciados os vencedores do 3º Prêmio Ecodesign,

AMAZÔNIA: BELEZA E PATRIMÔNIO

organizado pela FIESP. O ventilador Spirit, do designer carioca

Toda a singularidade e diversidade

Guto Índio da Costa (veja ARC DESIGN 24), ganhou o primeiro

de uma das regiões brasileiras

lugar na categoria Produto no Mercado; o prato Acqua, de Ivo

mais exóticas e interessantes. “O

Roman Pons, recebeu menção honrosa. Na categoria Projeto,

Vale Amazônico no Futuro do Mun-

Bernadete Brandão venceu com a cadeira e poltrona Scopo; e

do”, escrito em 1950, apresenta o

o cartaz “Preser ve... ou fique sozinho”, de Danny Haiduk Mo-

primeiro estudo socioeconômico

rais, ganhou o prêmio de Design Gráfico.

da Região Amazônica: uma reflexão de Antônio Espírito Santo

O ventilador Spirit já se tornou referência no mundo do design,

sobre sua vivência, visão e fé em relação ao futuro da Amazô-

tendo conquistado prêmios como o International Forum

nia dentro do contexto mundial. Em sua quarta edição, a obra

Design Award, de Hannover, e o segundo lugar no Prêmio Design

ganhou belas imagens no ensaio fotográfico de Leonide Prínci-

Museu da Casa Brasileira. A pequena indústria que contratou o

pe. A INFRAERO, patrocinadora do projeto, apresentará a mos-

projeto passou a vender tanto que despertou o interesse de

tra fotográfica em 2003 nos principais aeroportos do país.

distribuidores europeus. "A oportunidade é grande, mas ainda

Editora Instituto Cultural Eco-Econômico Espírito Santo:

não conseguimos exportar o produto porque sempre falta

Tel. (11) 5535-3769

alguma certificação técnica exigida", conta Índio da Costa. Pensando em vencer essa barreira, os criadores do Spirit estão fazendo as adaptações necessárias, tendo inscrito o produto no Programa de Apoio Tecnológico à Exportação (PROGEX),

ARRIVEDERCI, MESTRE

uma parceria entre a Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial

Achille Castiglioni foi capa do primeiro

(NUTEC), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a Finan-

número de ARC DESIGN, em julho de

ciadora de Estudos e Projetos (FINEP) e o SEBRAE-SP.

1997, na oportunidade e coincidência de sua única visita ao Brasil. Ao longo de alguns dias de convívio, em São Paulo, SP, e em Ouro Preto, MG, fomos

PRÊMIO IF DESIGN 2003 VAI PARA O BRASIL

construindo uma entrevista feita de conversas e obser vações.

Desenvolvido pelo escritório carioca NCS Design, de Angela

Todos o chamavam de mestre – e se consideravam devedores

Carvalho e Alex Neumeister, o tesoureiro eletrônico Pertoteller,

de alguma sutil sabedoria, como se lê na publicação do Cos-

da Perto (empresa gaúcha que atua nas áreas de automação co-

mit, Milão, “Alla Castiglioni”, com depoimentos famosos,

mercial e bancária), venceu o Prêmio IF Design – Industrie Fo-

como o de Ettore Sottsass: “Você me ensinou a não parar de-

rum Design Hannover, na Alemanha. O equipamento, para sa-

pressa, a não acreditar depressa, a não olhar apenas “a fren-

ques e depósitos, diminui o contato dos operadores de caixas

te” das coisas que se vêem, mas a girar em volta delas, a

com valores em dinheiro, aumen-

olhar a par te de trás, porque quase sempre o espetáculo não

tando a segurança das agências.

é belo, ao contrário, muitas vezes é tão tenebroso que não

O Prêmio IF Design 2003 recebeu

resta nada a fazer além de sorrir, justo como você faz, quan-

1.500 produtos de 32 países. A

do desenha”; “... o teu modo de pensar ‘puronaturalsingelo-

cerimônia de entrega acontece

espontâneogenuínolímpido’, que nasce da beleza de seu co-

em março durante a Feira de

ração”, são palavras de Ingo Maurer; e Philippe Starck escre-

Tecnologia de Hannover.

ve, em forma de poesia, “caro Achille, obrigado pelo amor,

www.ifdesign.de

obrigado pelo humor, sem você não seríamos nada”. 7 ARC DESIGN












Nas duas páginas, peças apresentadas na exposição “Campanas”, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. Ao lado, Humberto Campana e a poltrona Banquete, uma divertida criação que explora a maciez da pelúcia e os sons emitidos por cada brinquedo. No pé da página, no mesmo conceito lúdico, poltrona Multidão, cujo “estofamento” são bonequinhas de pano. No centro da página, fruteira Sushi: centro em carpete, EVA e tela emborrachada e franjas em carpete

Porque eles se permitem... Enrolar panos, inventar nós, colocar papéis picados e tintas na massa que irá formar os painéis de OSB, traduzir favelas, utilizar materiais impensados – – da raspa do coco aos galhos de jabuticabeira e aos restos de qualquer tipo – experimentar texturas, aceitar as formas resultantes, sempre reinventando objetos... Maria Helena Estrada Fotos Cristiano Sérgio

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Pensava, não nos designers, mas nas pessoas – Fernando e Humberto – quando a figura de Castiglioni, a lembrança de Achille Castiglioni, reavivada nas páginas de Domus, quase sem querer começa a uni-los em uma única imagem. Absurdo? Com todo o respeito pelo que o mestre italiano representa – e consciente das grandes diversidades –, alguns “modos”, alguma raiz de inspiração, a leitura de comentários sobre Castiglioni começam a reforçar essa inusitada associação. As diversidades? Inúmeras e fundamentais: de tempo, de lugar, de cultura, de resultados projetuais. “Aqueles que descem os mesmos rios recebem águas sempre novas”, é uma verdade tão antiga quanto Heráclito. Mas há um mesmo impulso, uma anima operandi, esse mesmo rio... que os identifica. Na forma de brincar, por exemplo, sobre assuntos seríssimos, quando sobem ao palco. Castiglioni veio a São Paulo e reuniu perto de mil pessoas, em duas ocasiões sucessivas. Era uma criança carismática no palco, jogando com seus objetos: suas conferências eram espetáculo, assim como o divertido e não ensaiado jogral que assistimos nas palestras dos irmãos Campana. Como Castiglioni, que colecionava objetos encontrados ao acaso,

Acima, cadeira Sushi III, em feltro, EVA, tela emborrachada, PVC e carpete com estrutura metálica. Os rolinhos metodicamente dispostos na parte de trás da cadeira transformam-se em retalhos – propositalmente desordenados – que compõem a parte frontal (assento e encosto)

Fernando e Humberto são atraídos por objetos e materiais cotidianos que, de uma forma ou de outra, são motes de inspiração. Nos dois casos – e isto é o mais importante – olhar para o

Nesta página, duas peças que exploram a “linguagem Sushi”, na qual diversos materiais são unidos em pequenos rolos, que podem ou não se abrir em um dos lados. Ao lado, poltrona Sushi IV, em feltro, EVA, tela emborrachada, PVC e carpete com estrutura metálica

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objeto é perceber a alma por trás do traço. “Achille sempre projetou afeto e inteligência”, é uma citação de Italo Lupi. Mas estas são apenas divagações. Castiglioni projetava objetos que, de tão lógicos e essenciais, nos parecem óbvios. Os Campana são tropicais, em sua criação percebe-se a exuberância, o bom barroco que perpassa o espírito criativo brasileiro. “... o trabalho de Fernando e Humberto nos ajuda a delinear um possível cenário para a futura arena do design mundial que deve realmente, pela primeira vez, conseguir conviver com uma transmissão instantânea das informações, com um conhecimento icônico em tempo real, embora conservando a expressão e a força poética individual de cada povo. De modo que o máximo particularismo (da criatividade) se conjugue com o máximo internacionalismo (da permuta, da informação, da irmandade). Só assim o mundo se enriquecerá de obras, evitando a incorreta e suicida estética do plágio. Somente por meio do desenho da diferença se poderá chegar a uma real e paritária democracia do projeto”, escrevia Marco Romanelli em artigo publicado na revista

Domus,

de

fevereiro de 1994: “Fernando e Hum berto Campana: Projetos entre 1991 e 1994”. Passados dez anos, a obra “by Campana” comprova as previsões. Com seus objetos surge uma nova semântica, que hoje influencia os caminhos do design em diversos cantos do mundo. E quando ouvimos Castiglioni em uma de suas poucas postulações sobre o design, afirmar que “o objetivo do designer não é o de ideologizar, mas o de comunicar mensagens de curiosidade, divertimento e afetividade”, parece que estamos olhando para o Nesta página, banquetas Vitória Régia em dois tamanhos: 50 cm e 80 cm de diâmetro. Também mesclam feltro, carpete, EVA, tela emborrachada e PVC sobre estrutura metálica

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vaso Galho, no qual o vidro se derrete sobre um galho de jabuticabeira, para a cadeira California Rolls, ou para toda a liberdade das diversas Sushi.


Ao lado, sofá Sushi: os rolos coloridos de EVA conferem, além do conforto, um aspecto leve e lúdico ao móvel. Tubos de ensaio (vidro Pyrex) deformados com calor, e um galho de jabuticabeira formam o vaso Galho (abaixo), que inspirou uma série de vasos com o mesmo princípio, como a outra versão mostrada no pé da página

SOBRE A CADEIRA FAVELA O gesto de pregar ripas sobre a estrutura rígida de um protótipo que não se resolveu é realmente semelhante a construir casas de madeira, barracos, favelas. Mas muito mais que a semelhança do processo construtivo, o resultado final da cadeira Favela, dos irmãos Campana, nos fala muito de arquitetura. Vista como um todo, lêem-se quatro grandes planos, um horizontal e três verticais, apoiando-se sobre (e sendo ao mesmo tempo) quatro sólidas pernas/pilares. Dando um “zoom”, aproximamo-nos de seus detalhes: pequenas paisagens construídas; escadas, rampas, frontões, patamares; enfim, quase todo o vocabulário arquitetônico primário vai surgindo dentro e ao redor da cadeira. Uma vez, por acaso, tive de colocá-la de cabeça para baixo para bater-lhe um prego solto. Eis que quatro grandes torres surgem apontando para o alto sobre a base piramidal, convergindo em remoto ponto de fuga.

À esquerda, a cadeira Favela, criada pela dupla em 1991 a partir do acúmulo de restos de madeira. Abaixo, cadeira da linha Célia, que será produzida a partir de 2003 pela empresa gaúcha Schuster por iniciativa da Masisa; utiliza OSB com interferência de Fernando e Humberto Campana durante o processo de produção da chapa

Mas realmente sinto “sua arquitetura” quando a luz vai batendo cada vez em um novo ângulo. Sombras, arestas, “chiaro-scuro”, frente/fundo, o tal do “... sábio jogo da luz...” de Le Corbusier. A mudança da incidência mes, fazendo da arquitetura sempre uma grande surpresa até para o próprio criador. E, acredite se quiser: é muito confortável. Arq. Gianfranco Vannucchi Titular da Königsberger Vannucchi Arquitetos Associados Autor de mais de 400 projetos residenciais e comerciais, como os premiados edifícios Terra Brasilis, Stadium e Condominium Club Ibirapuera.

Foto Pierre Yves Refalo

Acervo ARC DESIGN

da luz a cada instante transforma o espaço e seus volu-

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Nas duas páginas, vistas da exposição Campanas, realizada no CCBB, Brasília. Abaixo, banquetas Vitória Régia, vasos Buriti, fruteira Sushi, poltrona Multidão e poltrona Banquete. Na página ao lado, mesas Sushi: rolinhos de EVA, tela emborrachada, feltro, carpete e PVC envoltos por uma “caixa de vidro” compõem o tampo da mesa (em primeiro plano), que possui estrutura em aço inox

Exposição "Campanas" Centro Cultural Banco do Brasil - Brasília, DF 18 de fevereiro a 30 de março de 2003 Curadoria: Nicola Goretti Arquitetura/Montagem: Caetano Xavier de Albuquerque e Lígia de Medeiros Cenografia: Adriano e Fernando Guimarães e Nicola Goretti


As peças que ilustram esta matéria – com exceção das páginas 24 e 25 e da cadeira Favela – foram apresentadas ao público em uma grande mostra, que ocupou os dois andares do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, em fevereiro de 2003. A exposição mostrava o dia e a noite. O conceito era o da paisagem desértica, habitada pelos objetos, sem nenhum tipo de suporte capaz de quebrar essa relação. Criada pelos cenógrafos Adriano e Fernando Guimarães, a proposta era brechtiana, ou seja, a do ressecamento da linguagem, chegando à essência, à paisagem primordial, aqui recriada com 20 toneladas de PET moído. Nesse solo instável, os relevos da paisagem criavam níveis diferentes de observação, gerando deslocamentos dos sentidos, deslocamentos de significados.


Fotos Fernando e Humberto Campana

Nas duas páginas, momentos do workshop realizado em 2002 pela empresa Vitra, na cidade de Boisbuchet, França, e “comandado” por Fernando e Humberto Campana. Durante os cinco dias do workshop, os designers propuseram a exploração do mobiliário e da arquitetura infláveis, passando da escala micro (trabalho com bexigas d’água) à macro (arquitetura inflável feita de pneus de caminhão) no decorrer dos dias. Na sequência acima, poltrona inflável e cenas da colocação da “casa flutuante” no rio pelos participantes do workshop, que ocuparam esta arquitetura efêmera durante várias horas. Ao lado, Fernando Campana com uma das bexigas utilizadas no primeiro dia de workshop para criar objetos; na sequência, luminária de bexigas e plástico. Abaixo, câmaras de diferentes tamanhos foram transformadas em uma confortável espreguiçadeira

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VERDADE E CRIATIVIDADE Logo que cheguei ao Brasil procurei os Campana. Hoje tenho peças exclusivas na agência e em casa. Por quê? Acho que vi naquelas peças a expressão da própria vida, eram objetos verdadeiros, cuja idéia surgia da natureza, para além da “folha branca” que aguarda o desenho. Agradam-me porque representam o Brasil e a América do Sul, com uma inspiração que surge espontânea, sem interferências – o que não temos mais na Europa – e que faz com que essa parte do mundo esteja muito avançada em termos de criatividade. Poderíamos pensar em um fenômeno como ocorreu na literatura, há algumas décadas, com o realismo fantástico. Mas os objetos desses irmãos falam da realidade palpável, material, neles não há nada de mágico ou sobrenatural. O universo de Fernando e Humberto é belo, de uma beleza que se poderia traduzir nas seguintes palavras: “qualquer coisa que se faça com o coração, mesmo sendo pobre, tem em si nobreza”. Stefano Zunino Presidente da agência de publicidade Lowe no Brasil Colecionador de peças com design Campana

À direita, dois integrantes do workshop exibem, orgulhosos, suas cria ções. Os designers tinham à sua disposição, para a criação das peças, somente as câmaras de ar e materiais encontrados nas redondezas, como galhos de árvore, ferragens e palha: a intenção era desafiar os participantes a construir com poucos recursos

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BABEL DE SIGNOS E EXPRESSÕES

BIENAL DE ST. ÉTIENNE

Na pequena cidade de Saint-Étienne, França, realiza-se a cada dois anos uma grande manifestação do design internacional, reunindo profissionais e estudantes. Este ano foi dedicado um espaço a ARC DESIGN, que teve sua estréia internacional

Da Redação Visitada e fotografada por Fernanda Sarmento, nossa editora de arte, deparamo-nos ao seu retorno com um puzzle do mundo, geografia desconstruída no conjunto de fotos e na diversidade das mostras organizadas para esta 3ª Bienal de Saint-Étienne, também publicadas no catálogo editado pela revista Azimuts. Escolhemos o desconhecido e o inusitado dentre as variadas, desencontradas exposições que reuniram 68 países, criando intencionalmente uma “justaposição cultural”, nas palavras de Céline Savoye, Comissária Geral da Bienal. África, Oriente, um pouco de Europa e, na República Tcheca, um nome que surge com força – Jíri Pelcl. Do Senegal, escolhemos o brutalismo poético, a força expressiva de Baay Kaaly Sene e o design ingênuo e colorido, encontrado na mostra “Fantastique Plastique”; da Etiópia, as peças em cerâmica das “mulheres do fogo”, que expressam uma ancestral sacralidade; quase sempre, privilegiamos o design artesanal, que deixa transparecer a cultura, a evolução, os modos de cada país. “Se foram as palavras que inventaram o pensamento (e não o contrário), foi a aptidão a fabricar que fundou a história das civilizações. Os objetos não são apenas um simples corolário das culturas humanas: assim como as palavras na sua materialidade sonora, eles constituem seu fundamento”, afirma Jacques Bonnaval, diretor-geral desta bienal. Encontramos esse mesmo partido conceitual em Pelcl, para quem “os objetos deveriam poder contar sua história, transmitir o que há no ar”. Idéias que compartilhamos, ao falar do design no Senegal, por exemplo, e no trabalho de dois personagens – Nicolas Cissé e Baly Kaaly Sene. Cissé, empenhado em combater o exotismo étnico ou tribal na criação africana, retomando contato com as fontes culturais como processo criativo, na procura de uma linguagem compreensível a todo mundo; Sene, que vê suas criações como o fruto de uma reflexão sobre a África de hoje (gestão dos recursos, meios de produção, adaptação ao ambiente). O encontro entre uma artista, Etiyé Dimma, e as herdeiras de uma tradição artesanal milenar é expresso na exposição “mulheres do fogo”, as quais desde sempre fabricam seus potes de barro. Design e artesanato unidos na criação, como uma via de expressão que prescinde do aporte industrial – e assim funda uma nova (velha) estética –, também foi a contribuição

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Na pá gi na ao lado, aci ma, apresenta ção da moda do Togo, cria ção Nini Ni coue; no centro, vista ge ral da Bi e nal; no pé da pá gi na obje tos em plásti co do Se ne gal. Nesta pá gi na, pe ças da Cia. do Se ne gal e da África do Oeste, por Xaaly Seen, cuja ma té ria-pri ma são tri lhos me tá li cos mar te la dos – ma te rial usa do pelos norte-ame ri ca nos du rante a guer ra para fa zer de co lar seus avi õ es nas areias do Se ne gal, e que hoje é su ca ta. O bar é fei to de res tos de bar ris de pe tró leo

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de Madagáscar, da Coréia do Norte, do Líbano e da Hungria. Zoarivino Razakaratrimo, designer de Madagáscar, comenta: “minha criatividade baseia-se no casamento de todas as matérias animais, vegetais, minerais recicláveis”. Chegando ao extremo do minimalismo, o Líbano traz a poesia e a essencialidade da pedra rolada, transformando-a em peça utilitária. O design tcheco, representado por Jíri Pelcl, conserva ainda uma das formas de expressão com a qual o grupo de Pelcl começou a se destacar no cenário internacional – a ironia. Hoje o designer defende o valor simbólico da produção em massa. Citando artigo de Michaela Kadnerova, “os trabalhos de Pelcl são incrivelmente diversificados. Não é difícil entrever dinâmicas poderosas emanando da matéria, do material, da técnica ou, simplesmente, da forma. O valor mais forte, segundo ele, reside no impacto visual do objeto”. Estaremos retornando ao valor simbólico dos objetos nas culturas primitivas? Fon te: to das as ci ta çõ es são do ca tá lo go da Bi e nal, edi ção da re vis ta Azi muts.

Aci ma, lu mi ná ria em di ver sos ma te ri ais te ci dos em tear, de sign Ra za ka tri mo, de Ma da gás car, im pres si o na pela atu a li da de do con cei to; abai xo, design Lee Myung-Sa, da Co réia do Sul, lu mi ná ri as em pa lha e te ci do, ma te ri ais de uso co mum no Bra sil, mas que nes ta lu mi ná ria, ime dia ta mente nos re me tem a uma es té ti ca ori en tal

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Ao lado, pe dras para moer sal e pi men ta, cria ção Raed Ab bi la ma e Ka rim Cha ya, do Lí ba no; abai xo, pra to em te ci do e ma dei ra ex pos to na mos tra de es tu dan tes, Hun gria

Abai xo, jar ros da co le ção cria da por Etiye-Dimme Poul sen, pe ças que dei xam trans pa re cer a an cestra lida de desse ofí cio; no de ta lhe, uma das “mu lhe res do fogo”, da provín cia de Ketch ne, na Eti ó pia, com a desig ner

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UMA CANNES DO DESIGN DE TODOS OS CONTINENTES Ethel Leon

“Saint-Éti en ne será para o de sign, em bre ve, o que Can nes re pre sen ta para o ci ne ma.” O pre fei to Mi chel Thiol li è re de fi niu des sa for ma imo des ta seu pro je to para a ci da de que go ver na no se gun do man da to. A re fe rên cia é Can nes e não Holly wo od por mo ti vos ób vi os. Fin ca da na re a li da de do euro, a ci da de de Saint-Éti en ne de fi ne seu novo pa pel no de se jo de ele var a Co mu ni da de Eu ro péia a bas ti ão da glo ba li za ção, cujas fron tei ras abra çam o mun do todo e não ape nas sua par ce la rica. Daí a Bi e nal de di car gran des es pa ços a mos tras afri ca nas cuja re la ção de sign e ar te sa na to po pu lar sal ta aos olhos, o de sign fa zen do as ve zes de um pro gra ma Ro bin Hood, em que os po bres apren dem como ven Aci ma, em ba la gem para uma re fei ção du ran te via gens aé re as, na mos tra “De sign & eco lo gia”, em pa pel-car tão pa ra fi na do, fa bri ca do a par tir de resi nas na tu rais e fi bras re ci cla das, com base de ape nas 11 cm de di â me tro

der caro para os ri cos. Amé ri ca La ti na, Eu ro pa Cen tral, Ori en te Mé dio e Ásia tam bém se fa zem re pre sen tar na Bi e nal, en quan to os Es ta dos Uni dos re e di tam sua já an ti ga ex po si ção “Re(f)use”, um li be lo eco ló gi co con tra os des per dí ci os do mun do ges ta do pelo Ame ri can Way of Life. Um apar te: o Bra sil, que foi tão or ga ni za do e bem re pre sen ta do em 2000, mos trou, na úl ti ma edi ção, uma se le ção aca nha da e ex tre ma men te de si gual. A ci da de, an tes ofus ca da pela pro xi mi da de de Lyon, vem-se pre pa ran do

Aci ma, do desig ner e ar qui te to tche co Jíri Pelcl, xí ca ra de café em por ce la na. Pro du ção No vi to; ao lado, tam bém de Pelcl, es tan te Bal van, em MDF

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para as su mir o novo pa pel, di ta do pela ne ces si da de de cons tru ir uma

Gran des em pre sas es tão cada vez mais pre sen tes em ex po si çõ es e no

alter na ti va à de sin dus tri a li za ção que pas sou a so frer nas úl ti mas dé ca -

fó rum de de ba tes. (Um es cân da lo: a Du Pont usou qua se toda uma

das. Logo após a Se gun da Guer ra Mun di al fe cha ram-se as mi nas de

manhã para apre sen tar ma te ri ais tão ve lhos quan to de sin te res san tes

car vão e o adeus a esse ver da dei ro em ble ma da pri mei ra Re vo lu ção

de for ma pu bli ci tá ria e su per fi ci al.)

Indus tri al se fez trans for man do as ve lhas mi nas em mu seu.

Pe que nas lo jas, ga le ri as e res tau ran tes ren de ram-se ao even to que

Com um projeto de renovação assinado por Jean-Michel Wilmotte, Museu

traz mais e mais tu ris tas de todo o mun do para a ci da de. Ba se a do

da Arte e da Indústria, as minas são agora ocupadas por um acervo

sem pre em pa lá ci os e cas te los, o tu ris mo his tó ri co na Fran ça ga nha,

permanente de 1.600 armas, por uma grande exposição de bicicletas

em Saint-Éti en ne, a me mó ria da in dús tria. O Cen tro de De sign da re -

(a cidade sediou indústrias famosas desde o fim do século 19) e por

gião (Rhô ne-Al pes), cada vez mais en vol vi do com a Bi e nal, tem in cen -

várias exposições temporárias, entre elas a do presidente do Museu do

ti va do as em pre sas a in ves tir em de sign – fa bri can tes de ócu los

Design de Lisboa e colecionador de moda português Francisco Capelo,

(Lunet te rie du Jura), de pro du tos es por ti vos de vá ri os ti pos, de equi -

que mostrou peças de John Galliano, Thierry Mugler e outros estilistas.

pa men tos mé di cos vêm-se ren den do ao ape lo e apre sen ta do no vos pro -

O Mu seu de Arte Mo der na (pro je to ar qui te tô ni co de Di di er Gui chard)

du tos em áre as cada vez mai o res da ex po si ção.

tem aber to ge ne ro sas por tas para o de sign, pro mo ven do gran des

Um belo palácio acaba de ser destinado ao Saint Étienne Métropole Design,

expo si çõ es, não só pelo vo lu me de itens que abri ga, mas pe las dis cus -

obra que de ve rá ser con clu í da em 2005, mas que já deve fun ci onar

sõ es que pro põe.

par ci al men te na pró xi ma Bi e nal. Seu ob je ti vo é tor nar-se “um pólo

Des se modo, os es for ços do po der pú bli co (pre fei tu ra, Es co la de Be las

úni co na Fran ça de va lo ri za ção cul tu ral do pa tri mô nio ma te ri al, abri -

Ar tes de Saint-Éti en ne, mi nis té ri os da Cul tu ra e dos Ne gó ci os Es tran -

gan do com pe tên ci as tec no ló gi cas, trei na men to e pes qui sa eco ló gi ca”,

gei ros) co me ça ram a dar re sul ta dos. Em pre sas e ins ti tu i çõ es da ci dade

nas pa la vras do pre fei to Thiol li è re.

en vol ve ram-se com o tema de sign. Um fa bri can te de cho co la tes de alta

Esse pólo está baseado na Escola de Belas Artes como local de referên-

ca te go ria, a em pre sa Weiss, par ti ci pou da II Bi e nal, in cen ti van do estu -

cia; na Bienal como raio internacional de ação; e ainda nos museus e no

dan tes da Es co la de Be las Ar tes a de sen vol ver em ba la gens es pe ci ais

complexo arquitetônico projetado por Le Corbusier na cidade vizinha de

para seus pro du tos. A atu a ção, em prin cí pio pe ri fé ri ca, in va diu a plan-

Firminy (centro cultural, unidade de habitação, estádio e Igreja, que de-

ta da fá bri ca e hoje a Weiss tem ta ble tes re de se nha dos por de sig ners.

verá ser concluída) dinamizado com exposições e programas culturais. ❉

Ethel Leon, jornalista, e Fernanda Sarmento, diretora de arte de ARC DESIGN, viajaram a convite da Bienal de Saint-Étienne.

Ao lado, mesa para TV da co le ção Stri pe, design Jíri Pelcl, de 1999, em fitas me tá li cas

41 ARC DESIGN


Fotos Nelson Kon

Nas duas pá gi nas, Ho tel Uni que: ar qui te tu ra de Ruy Oh ta ke e pro je to lu mi no téc ni co de Guin ter Pars chalk. Acima, à es quer da, vis ta da fa cha da fron tal; na se quên cia, o ter ra ço: a pis ci na é ilu mi na da com fi bras óti cas ocul ta das por pas ti lhas Vi dro til trans lú ci das. No pé da pá gi na, vis ta do lobby: des ta que para a ilu mi na ção in di re ta, efi ci en te e não-ofus can te

A LUZ EM DOIS TEMPOS luminotécnica e luminárias Winnie Bastian

42 ARC DESIGN


Foto Nelson Kon

Foto Guin ter Pars chalk

Aci ma, à es quer da, o cor re dor de acesso aos quar tos: ilu mi na ção co me di da e in di re ta in di ca o ca mi nho e cria uma aura de mis té rio, pre pa ran do o hóspede para a en tra da no quar to. Na se quên cia, de ta lhe do sis te ma cria do por Pars chalk para ilu mi nar um ni cho do lobby: pla cas qua dra das com bi nam alu mí nio ace ti na do ver me lho a pe que nos es pe lhos con ve xos, tam bém qua dra dos, que atuam na dis tri bu i ção da luz

Lampiões, velas, bulbos: é sempre a fonte luminosa que irá definir a luminária e a luz que dela emana. Hoje uti li za da como uma das fer ra men tas de va lo ri za ção do es pa ço, a luz está de fi ni ti va men te as sociada à tecnologia. Confira conosco dois momentos distintos: o audacioso projeto luminotécnico que valoriza a arquitetura do Hotel Unique, em São Paulo, e luminárias selecionadas pela equipe de ARC DESIGN dentre os lançamentos do mercado nacional

Com um projeto arquitetônico de forte apelo visual, o Hotel

subjetivas, como a interpretação e o significado da luz) –

Unique, projeto de Ruy Ohtake inaugurado em 2002 na

permitiu que a área do lobby fosse iluminada pelo Werfer

capital paulista, teve como premissa diferenciar-se de to-

System. Trata-se de uma tecnologia nova no Brasil, que

dos os outros pela ousadia de suas formas.

consiste na utilização de espelhos côncavos para a distri-

Tal premissa também se evidencia no projeto luminotécni-

buição da luz, com isso criando uma iluminação uniforme,

co, desenvolvido por Guinter Parschalk e sua equipe: a

eficiente e não-ofuscante. Esse sistema está sendo produ-

busca de soluções poéticas e a técnica apurada proporcio-

zido no Brasil (com novo nome: Spiegel System) pela Lumi-

naram um resultado que extrapola o convencional.

ni, sob licença do Bartenbach L’chtLabor.

A singularidade da proposta de Parschalk reflete a forma

Com esse mesmo know-how, Parschalk criou para o Uni-

como o designer interpreta as questões relativas à luz:

que um sistema com a utilização de rebatedores para ilu-

“para mim, a luz é um suporte para a percepção visual,

minar um nicho do lobby. Durante o dia, a luz natural atra-

uma forma de organizar o espaço para a apropriação visual

vessa a cobertura de vidro; à noite, esse efeito é reprodu-

de quem irá ocupá-lo. Assim, tudo o que é visível faz parte

zido pelos rebatedores.

do repertório que entendo como luminotécnica”, explica.

A fachada também é iluminada por luz refletida: um espe-

Parschalk projetou a iluminação de todas as áreas públicas

lho d’água de aproximadamente 1,5 x 1,5 m recebe luz de

do hotel (fachada, jardim, lobby, bar, restaurante, corredo-

três holofotes e reflete-a para o prédio.

res, piscina) e prestou consultoria na iluminação dos apar-

O Unique situa-se em um importante eixo comercial de

tamentos e suítes.

São Paulo, no qual a grande maioria dos edifícios é “over”-

A parceria existente entre Guinter Parschalk e o escritório

iluminada. Por isso, escolheu-se iluminar a fachada de

austríaco Bartenbach L’chtLabor – reconhecido mundial-

forma sutil: a idéia era buscar o destaque por meio da

mente como um dos mais sofisticados em termos de tec-

diferença. Uma escolha coerente com a filosofia de traba-

nologia e de psicologia (sua equipe une profissionais de

lho de Guinter Parschalk, que persegue a inovação em

tecnologia a uma equipe de estudiosos de características

cada projeto que desenvolve. 43 ARC DESIGN


Nas duas pá gi nas, pla fo ni ers e aran de la da linha Con cre ta, design Jac que li ne Ter pins, Gil ber to Fran co e Car los For tes para a Lu mi ni. O uso do vi dro pla no la mi na do, ma te rial in co mum na in dús tria da ilu mi na ção, per mi tiu a cria ção de uma peça de gran de ri gor ge o mé tri co

44 ARC DESIGN


E NO MERCADO NACIONAL... A dramaticidade encontrada em certos projetos lumi-

um “castiçal hi-tech”: sua luz – suave e relaxante, com

notécnicos também é perseguida pelo consumidor resi-

a potência de uma vela – provém de 8 LEDs brancos,

dencial, que procura – de forma simplificada, sem a

que utilizam a energia de três pilhas alcalinas peque-

sofisticação de um projeto especializado – obter efeitos

nas. O LED (diodo emissor de luz) é um semicondutor

semelhantes em sua casa, utilizando as luminárias

que emite luz por um processo eletrônico/atômico.

disponíveis no mercado.

Como esse processo de emissão de luz não gera des-

Isso é possível graças às novas tecnologias incorpora-

gaste, um LED não queima nunca. O LED branco é o

das pela indústria da iluminação, as quais permitem a

mais sofisticado de todos, pois é uma combinação dos

produção de peças eficientes e, ao mesmo tempo, pro-

LEDs azul, verde e vermelho.

porcionam maior liberdade formal aos designers. Nor-

Já a luminária Plana, design Fabio Falanghe e Gior-

malmente as inovações tecnológicas estão associadas à

gio Giorgi, traz uma nova forma de utiliza-

introdução de novos tipos de lâmpada ou fonte de luz.

ção para a lâmpada fluorescente

Um bom exemplo é a linha Concreta de plafoniers e

comum, que recebe um fil-

arandelas, design Gilberto Franco, Carlos Fortes e

tro colorido em

Jacqueline Terpins. Lançada em novembro de 2002,

sua parte

utiliza lâmpadas do tipo Halopin: são halógenas que, além de possuírem tamanho reduzido, funcionam em tensão de rede (110/220 v), dispensando o uso de transformadores. Outro fator que chama a atenção: a construção dessa luminária baseia-se em um material provavelmente inédito no campo

Fotos Andrés Otero

da iluminação: o vidro plano laminado. Rigorosamente geométrica, Concreta é composta basi-

in fe ri or; este

camente por duas placas de vidro laminado, de tama-

conjunto (lâmpada + filtro)

nhos diferentes, sobrepostas. A placa maior, ao fundo,

é envolto por um tubo de policarbonato

é colorida e translúcida, enquanto a menor, sobreposta,

cristal. Uma chapa de policarbonato de 1 mm de es-

é preta e opaca.

pessura recebe aplicação de película Solar Tech,

Um espaçador transparente – também de vidro – entre

atuando na difusão da luz. A combinação entre a pelí-

as placas dá a sensação de que ambas estão flutuando.

cula Solar Tech (no difusor) e o filtro de cor (na lâm-

A laminação em resina permitiu que os designers

pada) permite ampla gama de cores e efeitos. A Plana

tirassem partido da permeabilidade à luz, caracterís-

foi premiada na última edição do Prêmio Design

tica natural do vidro, e também possibilitou a intro-

Museu da Casa Brasileira.

dução de uma nova componente: a opacidade total –

O interesse de arquitetos e designers pelo setor de ilu-

explorada na placa preta. Dessa forma, toda a luz é di-

minação tem aumentado sensivelmente, e esse fato

recionada para o teto (no caso do plafonier) ou para a

está relacionado – entre outros motivos – à disponibili-

parede (no caso da arandela), de modo que a ilumi-

dade, em nosso país, de novos tipos de lâmpada que,

nação gerada é totalmente difusa – ou seja, o ambiente

embora produzidas na Europa ou nos Estados Unidos,

não recebe luz “lavada”.

são importadas para o Brasil pelas filiais brasileiras de

Um novo tipo de fonte de luz é o principal atrativo da

grandes empresas, como Philips e Osram.

luminária Star Led, design Alberto Meda. Trata-se de

Um estímulo a mais para nossos designers. ❉ 45 ARC DESIGN


À esquerda, Johnny B. Good, design Ingo Mau rer e Ber nhard Dessec ker. Nova men te Mau rer ex plo ra a plas ti ci da de do bul bo, que apa re ce “nu e cru”, ape nas com uma fai xa bran ca de te flon ocul tan do a fon te lu mi nosa de modo a evi tar o ofus ca men to. No pé da página, Star led, design Al ber to Meda para a Lu ce plan; oito LEDs brancos uti li zam a energia de três pi lhas al ca li nas pe que nas, dis pen san do fios e plu gues

NOTÍCIAS DE INTERESSE PARA DESIGNERS E PRODUTORES: A Lighting Academy Villa La Sfacciata é uma associação sem fins lucrativos que promove a pesquisa, o intercâmbio de idéias e a atualização relativa aos produtos, em cursos e workshops. O website da academia, criado há mais de um ano, é utilizado por arquitetos e designers de todo o mundo. Vale a consulta! www.lightingacademy.org

Foto Leo Torri

O Lyon Lighting Festival é organizado pela cidade de Lyon – a primeira cidade européia dotada de um plano luminotécnico – para celebrar a luz. A cada ano, no mês de dezembro, arquitetos e designers de todo o mundo são convidados a dar demonstrações práticas de como eles vêem a cidade à noite. Arquivo PDF com informações detalhadas pode ser obtido em www.mairie-lyon.fr/fr/focus/fetelumieregb.pdf FONTES: Revista Abitare n. 422: Itália, novembro de 2002. Prefeitura de Lyon: www.mairie-lyon.fr ONDE ENCONTRAR: CONCRETA Lumini Rua Ferreira Viana, 786, São Paulo, SP. Tel.: (11) 5522-1988 Rua da Alfândega, 90, cj. 601, Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2221-8006 www.lumini.com.br Firma Casa Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.487, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3068-0377 Av. das Américas, 7.777, lj. 165 (Rio Design Barra), Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2438-7586 www.firmacasa.com.br Estúdio Jacqueline Terpins Rua Gustavo Teixeira, 374, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3872-4497 www.terpins.com JOHNNY B GOOD FAS Rua Joaquim Antunes, 190, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3062-0864 fastrade@uol.com.br PLANA E 27 Rua Paulo IV, 259, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3755-0490 www.e27.com.br STAR LED Dominici Al. Lorena, 1.835, São Paulo, SP. Tel.: (11) 3064-1110 Av. das Américas 7.777, lj. 155 (Rio Design Barra), Rio de Janeiro, RJ. Tel.: (21) 2438-7512 www.dominici.com.br 46 ARC DESIGN


Fotos Fernando Perelmutter

Nes ta pá gi na, lu mi ná ria Pla na: uma cha pa de po li car bo na to su por ta e di fun de a luz da lâm pa da flu o res cen te co mum. O uso de um fil tro aco pla do à lâm pa da e a apli ca ção de pe lí cu la na cha pa de po li car bo na to possi bi litam di versas op çõ es de co res e efei tos. Re ce beu o 1º Prê mio na Ca te go ria Ilu mi na ção no 16º Prê mio Design Mu seu da Casa Bra si lei ra


Fotos Gama Jr. / Produção Arq. Heloísa Maia Campos

Quem vibra com objetos de design não abdica de uma cozinha com “sabor italiano”; e quem já sofreu um ataque de cupins paga pela qualidade, sem titubear. Dentre as novas soluções e conceitos, motivos não faltam para conhecer os mistérios que se escondem por trás das novas cozinhas tecnológicas. A cozinha ultrapassou os limites do funcional para transformarse em espaço de sutilezas e múltiplas atividades. Deixá-la à mostra, bela e convidativa é uma tendência, assim como torná-la dinâmica e fácil de se deslocar e recompor. Divulgada pela publicidade, a cozinha ideal, principalmente aquela italiana (comer é ritual sagrado!), passou de sonho feminino a ambição unissex. O resultado? Um ambiente onde prevalece o minimalismo exterior e um detalhismo cada vez mais exacerbado, nas prateleiras giratórias e gavetas com lugar marcado para cada utensílio – meandros colocados à vista por obra das so-

so fis ti ca do tem pe ro des se ban que te

A co zi nha ago ra é ter ri tó rio lú di co dos chefs bis sex tos! Sa bo reie com ARC DE SIGN o

Design, modernidade e conforto são as regras desse ambiente repleto de novos detalhes.

Evolução na cozinha

Daniele Rissi

fisticadas ferragens e dobradiças. Móveis de linhas retas com acabamento externo em vidro, combinado à madeira ou ao alumínio – o luxo! –, formam uma dupla infalível de semibrilhos e translucidez. O glamour em torno dos “gourmets” serve de inspiração para novas linhas de produtos e acessórios. A idéia é profissionalizar o local de trabalho, para dar a seu dono o status de verdadeiro “chef”. Tamanha é a exigência dos consumidores, convictos do que querem, que é crescente a corrida do mercado por novidades – como também é alto o preço para se obter uma cozinha inteligente, que contemple qualidade, beleza, durabilidade e, ainda, que esteja na moda. Porque moda, no design de cozinhas, também significa a incorporação da mais recente tecnologia. Mas... quanto vale uma cozinha? A que se compara esse novo objeto de desejo? Qual a diferença entre produtos e marcas? Existem diversos nicho de mercado, que oferecem a todo o tipo de consumidor acesso à boa qualidade. Levando-se em conta que a estrutura em MDF e a garantia de cinco anos são comuns a todas as marcas de primeira linha, e que, pensando em madeira, o cupim é inevitável, nosso bom MDF (um dos melhores do mundo) é a perfeita solução. Artigo de luxo repleto de opcionais – de organizadores e ferragens a kits de

Nesta página, produtos Alessi para cozinhas: galheteiros Zenit (design Marc Newson), balança Molly (design Stefano Giovannonni) e abridor de garrafas Diabolix (design Biagio Cisotti). Na página ao lado, co zi nha For ma plas com es tru tu ra em com pen sa do e aca ba men to la mi na do Dou glas Pine. Nesse es pa ço, a ilha cen tral é par te in te grante de um la yout que re me te à co zi nha pro fissi o nal. Li nhas re tas e tons neu tros são ele men tos em sin to nia com o desejo de uma co zi nha atem po ral

manutenção –, hoje não se vende apenas um produto, mas um serviço. Ou, como dizia Olgivy, vende-se a sedução. Vale investir o equivalente a um carro importado para mobiliar um único ambiente da casa? Não chega a ser necessário, mas para quem pode a resposta parece ser afirmativa. Escolhemos duas marcas no mercado nacional: a italiana Valcucine, que atesta a liderança da indústria italiana no setor – não só no design como na produção e no acabamento das peças – e a brasileira Formaplas, considerada por ARC DESIGN a melhor cozinha produzida no Brasil, em termos de qualidade de projeto, matéria-prima e processo produtivo. ❉



Foto Divulgação

Nas duas pá gi nas, co zi nhas da em presa bra si lei ra For ma plas. Aci ma, de ta lhe da por ta da li nha Ma ple Cof fee, com sis te ma de aber tu ra que oti mi za es pa ço e traz mai or se gu ran ça. Abai xo, a co zi nha com pac ta re ves ti da com fór mi ca Oro Ma dei ra traz acessó ri os em aço inox, ti ran do par ti do do con tras te en tre ele men tos “quen tes” e “fri os”


Foto Divulgação Foto Divulgação

Nes ta pá gi na, orga ni za do res da li nha Leg no Va len za. De cima para bai xo: ga ve tõ es para aco mo dar com pras (evi tam o des con for to do em pi lha men to), di vi são in ter na em aço inox para ta lhe res e fru tei ra em acrí li co


Foto Heloísa Maia Campos

52 ARC DESIGN

Nas duas pá gi nas, co zi nhas da mar ca ita lia na Val cu ci ne, com es tru tu ra em alu mí nio. À es quer da, li nha Ri ci cla, um es ti lo al ter na ti vo com o uso de co res cí tri cas e li nhas orgâ ni cas: des ta que para a in cor po ra ção da lavalou ças ao ar má rio (imperceptível), tra zen do uni for mi da de ao con jun to. Abai xo, ban ca da vol ta da para a área de tra ba lho do gour met, pro por ci o nan do in te ra ção com os con vi da dos. Divi din do os am bi en tes, uma co lu na de ser vi ço (so lu ção in te li gen te, que aprovei ta o es pa ço por onde passa a tu bu la ção de água)


Abai xo, a trans lu cidez dos ar má ri os e o cu i da do com a ilu mi na ção sa li en tam o con ceito de am bi ente “de estar” da li nha Ar te ma ti ca; à direita, de ta lhe do bal cão, com gave tas es pe ciais para aco mo dar as lou ças. À es quer da , gaveta com supor te em madeira para organi zar os inúmeros utensílios do gourmet; acessório disponível para a mai o ria das li nhas Val cu ci ne Foto Divulgação

Foto Heloísa Maia Campos


O objeto é uma notícia sobre nós Cadeira Paulistano, dentre as mais belas do design brasileiro. Seu autor? O arquiteto Paulo Mendes da Rocha, em 1957

Seu destino? Uma longa história de esquecimentos

Paulistano de 1957. Estrutura perfeita, vestida como

e relembranças.

uma luva, incrivelmente brasileira. Chique, como diria

Criada para os espaços do ginásio do Clube Paulistano,

seu autor. Mas muito mais. A Paulistano é precursora

que o arquiteto havia projetado na época da grande

de um caminho que se mostrava, nítido, como indican-

descrença em relação ao design brasileiro, época tam-

do rumos para o design brasileiro.

bém da primeira invasão do “designed elsewhere”, a

Fui responsável pela pesquisa de conteúdo para o

Paulistano ficou restrita aos poucos exemplares originais.

lançamento da coleção dos Mestres Brasileiros.

Em 1985 a Nucleon-8, empresa dos sonhadores

Naquela época entrevistei, conversei com Paulo

arquitetos e designers Adriana Adam e Paulo Milani, a

Mendes da Rocha e, relendo hoje as anotações feitas, o

relançou na coleção Mestres Brasileiros, que incluía

desejo é apenas o de reproduzir as palavras do Paulo,

peças de Lina Bo Bardi e Flavio de Carvalho, entre ou-

sem nada acrescentar.

tros. Mas ainda dessa vez a vida foi curta.

“A razão do desenho é o outro, ao projetarmos

Agora a Paulistano renasce: atualíssima, em seu per-

nossa própria visão e articulação da realidade, numa

feito conforto. Uma cadeira com memória, como afirma

intriga de seduções entre o conhecimento e o que se

seu autor: utilizando o aço mola, criamos curvas que

materializa na forma. A cadeira é uma letra, uma lin-

retornam sempre à sua posição original.

guagem – projeção do próprio ser. O objeto é uma

Agora é definitivo. A Firma Casa está lançando a mesma

notícia sobre nós...”

Na página ao lado, versão original da Paulistano com a concha em couro sola; as novas versões da cadeira levam uma capa inteira, dupla, em couro ou lona. Nesta página, desenhos de Paulo Mendes da Rocha

Foto Andrés Otero

Maria Helena Estrada



BRASIL DESIGN DIVERSIDADE NEGÓCIOS Nos dias 2 e 3 de dezembro, aconteceu no Hotel Unique, São Paulo, o seminário “Brasil Design Diversidade Negócios”, organizado pelo Sebrae com a curadoria de Ethel Leon

Apostando no design como importante ferramenta para a

marketing, tendo a embalagem como único recurso para

exportação de produtos brasileiros, o Sebrae promoveu

promover o próprio produto.

um seminário internacional de design, que teve a curadoria

O terceiro painel, “Design e Produtos Globais”, reuniu Paul

da jornalista Ethel Leon, especialista na área.

Brunato, da Frog Design, e o arquiteto e designer curiti-

Dirigido a profissionais do design e empresários, o semi-

bano Manoel Coelho.

nário contou com importantes nomes do cenário brasileiro

Brunato, diretor de Relações Públicas da Frog Design,

e mundial, abordando temas diversificados e pertinentes

mostrou o “poder de fogo” da empresa no crescimento da

ao atual momento do design brasileiro.

vendagem dos produtos por ela desenvolvidos. Marketing

No primeiro painel, “Design com Cara Brasileira: a Plurali-

bem-feito: se a Frog possuísse uma filial no Brasil, certa-

dade que Dá Certo”, Guto Indio da Costa (veja ARC DESIGN

mente teria amealhado muitos clientes nessa apresen-

n. 24) e os irmãos Fernando e Humberto Campana mostra-

tação. Será que era este o objetivo?

ram suas criações, em dois universos diferentes – o do de-

Já Manoel Coelho mostrou sua participação no desenvolvi-

senho industrial e o do design nem tão industrial (aquele de

mento do mobiliário urbano da cidade de Curitiba, enfati-

base artesanal) –, ambos reconhecidos internacionalmente.

zando o aumento da qualidade de vida da população curi-

“Imaginação e Criatividade na Gestão do Design” foi o tema

tibana a partir do momento em que a prefeitura passou a

do segundo painel, que trouxe o designer canadense Ale-

investir em design – obviamente aliado ao planejamento

xander Manu, fundador da Axis Group International, e o

urbanístico da cidade.

designer gráfico Gilberto Strunck. Em uma apresentação

O diretor do VIA (programa francês para a valorização do

conceitual e bem-humorada, Manu falou da importância

design no mobiliário), Gerard Laizé, abriu o quarto painel,

da imaginação no processo criativo e de sua relação com

“Pequenas Empresas Ganham com o Design”. Laizé apre-

o divertimento no trabalho. Em suas palavras: “sem o

sentou o VIA, agência de fomento ao design que tem con-

divertimento, a imaginação morre; sem a imaginação, a

tribuído para a descoberta de novos talentos em toda a

criatividade morre”.

França. Dentre as atividades desenvolvidas pela insti-

Strunck, por outro lado, se concentrou na importância da

tuição, destacamos os Appels Permanents – uma comis-

marca e da embalagem como instrumento de venda e res-

são permanente analisa mais de mil projetos por ano e

saltou seu valor para as pequenas e micro-empresas, que

financia os protótipos daqueles que mais se destacam – e

normalmente não possuem verba para promoções de

a Carte Blanche, que anualmente escolhe um designer já

Aci ma e ao lado, dois pro du tos cri a dos por Enzo Mari para a em pre sa ita li a na Da ne se. Aci ma, ca len dá rio per ma nen te Bi lan cia (1959), em ma dei ra; à es quer da, traves sa Pu trel la (1958), em me tal (na ver da de, um per fil me tá li co cur va do)

56 ARC DESIGN


Ao lado e no pé da pá gi na, à di rei ta, dois resul ta dos do Pro gra ma de Ar tesa na na to im ple men ta do pelo Se brae com a ori en ta ção dos desig ners Fa bí o la Berga mo e Lars Di e de rich sen. Ao lado, em ba la gens de sen vol vi das para o ar te sa na to de Ron dô nia; no pé da pá gi na, bowl em ce râ mi ca com mo ti vos em bai xo-re le vo, pro du zi do em Ron dô nia; am bos ori en ta dos por Lars Di e de rich sen

razoavelmente conhecido e financia o desenvolvimento de seus projetos. O VIA também promove o de-

Katinsky fez uma reflexão histórica sobre o design, enquanto o mestre italiano Enzo Mari (veja

sign francês, na França e no exterior – principalmente na

ARC DESIGN n. 13), sempre na contracorrente, surpre-

Europa –, com exposições frequentes. Seu show-room em

endeu a todos com um discurso passional, no qual afir-

Paris (29-35, avenida Daumesnil) tem sempre uma exposi-

mava: “odeio aqueles que trabalham por profissão. Traba-

ção com os últimos produtos desenvolvidos, além de mos-

lho por paixão, para trazer alegria à minha vida. (...) Traba-

tras temáticas.

lho pelo direito de pensar”, afirma o designer, do alto de

Em seguida, Fábio Mestriner, presidente da Associação Bra-

seus 50 anos de profissão.

sileira de Embalagem (ABRE), abordou o tema das embala-

Mari, o mais radical dos designers, é famoso por tirar par-

gens como suporte de mídia, ressaltando que “as pequenas

tido do essencial em seus projetos, “eliminando tudo o que

empresas, muito mais do que as grandes, podem ousar”.

é inútil ou falso”, ele próprio afirma. Porém, não admite ser

O quinto painel trouxe à discussão um tema identificado

considerado minimalista.

com a atual situação do design brasileiro: “design e artesa-

Sua postura anticonsumista – apesar de seus 1.800 proje-

nato, encontro promissor”. O primeiro conferencista,

tos! – se evidencia a cada momento: os objetos por ele de-

Jesús-Angel Prieto – professor da Escola Massana, Centro

senhados ganham longevidade. Mari esclarece: “70% dos

Municipal de Arte e Design da cidade de Barcelona –, falou

objetos que desenhei 30 anos atrás ainda são produzidos

sobre o surgimento do artesanato como meio de linguagem

hoje: este é o meu modo de me opor à moda”.

e afirmou: “o futuro do design é o artesanato”.

O que se esperava de Enzo Mari, a grande estrela do semi-

Os designers brasileiros Fabíola Bergamo e Lars Diede-

nário? Que nos concedesse o prazer de uma visão de seus

richsen, por sua vez, relataram suas experiências em di-

projetos, que comentasse o seu trajeto projetual – o que te-

versas comunidades de artesãos por todo o Brasil, um pro-

ria sido de extrema importância e utilidade para todos na

jeto subsidiado pelo Sebrae. Nessas comunidades, Berga-

platéia. Muito pertinente com os objetivos do seminário se-

mo e Diederichsen não atuam exatamente como designers,

ria o relato de suas experiências junto a pequenas indús-

mas como facilitadores, procurando fortalecer a identidade

trias – da porcelana, por exemplo – na Itália com a ênfase

local por meio do resgate do fazer tradicional da região e

no trabalho artesanal.

adequando essa produção às demandas de mercado.

Mais do que explosões de seu temperamento radical, nos-

No painel de encerramento, o arquiteto e designer Júlio

sa expectativa era a de ouvir o que Enzo Mari não disse. ❉

À esquerda, cadeira Very Nice, design François Azambourg, selecionada para o programa Appels Per manents (VIA) no Sa lão do Mó vel de Pa ris, 2003. Em ma dei ra balsa com estrutura treliçada, pesa menos de 700 gramas. O revestimento pode ser em seda ou em filme de poliéster termoadesivo

57 ARC DESIGN


PUBLI EDITORIAL

FORMA

Kartell, um universo presente em todo o mundo. Importada no Brasil pela Forma, a sofisticada marca italiana proAo lado, fotografia de Ellen Von Unverth, com a cadeira Mauna Kea (design Vico Magistretti) em primeiro plano; no pé da página, cadeira FPE (Fantastic Plastic Elastic), design Ron Arad, fotografada por Bill Silano Na página ao lado, a plasticidade das peças criadas por Philippe Starck. Em sentido horário: sofá Bubble Blub, em foto de Tim Walker; cadeira La Marie, clicada por Helmut Newton; poltrona Dr. No, registrada por Jonathan De Villiers

duz mais do que ousados móveis em plástico, produz interatividade com o mundo real, displicente, imprevisível e disperso em múltiplas culturas. “kARTell – 150 items, 150 artworks”, apresentado em Milão, registra a universalidade da marca e a performance de seus produtos deslocados do contexto habitual: o auge do objeto fora do show-room. Concebido por Franca Sozzani, diretora da Vogue Itália, “kARTell” é livro, exposição e evento. Design, moda, arte


e fotografia se misturam na coleção de 150 imagens registradas por fotógrafos como Helmut Newton, Bruce Weber, David Lachapelle e Mario Testino. Os textos foram escritos por personalidades das áreas artística, esportiva e jornalística. Todos os itens produzidos pela Kartell, dos anos de 1950 até hoje, aparecem no projeto, definido por Sozzani como “uma inacreditável sequência de objetos re-observados em um código que é ao mesmo tempo fantástico e abstrato, com uma funcionalidade real”.

FORMA Av. Cidade Jardim, 924 São Paulo, SP - Tel.: (11) 3816-7233 Rua Farme de Amoedo, 82A Rio de Janeiro, RJ - Tel.: (21) 2523-2949 www.forma.com.br


À es quer da, Bea Fei tler du ran te via gem ao Bra sil; na pá gi na ao lado, a desig ner faz pose ao lado dos ope rá ri os em pré dio na Av. Vi ei ra Sou to, 324. Abai xo, ca der no pessoal da desig ner: con ti nha ano ta çõ es, dese nhos e co la gens. No pé da pá gi na, capa da re vis ta Se nhor n.16, de ju lho de 1960, com ilus tra ção de Bea Fei tler

BEA FEITLER maestria brasileira em N.Y. Bea Feitler nasceu no Rio de Janeiro em 1938. Na década de 1950, iniciou seus estudos na Parsons School of Design, N. York, onde se graduou em 1959. No ano seguinte, de volta ao Brasil, integrou a editoria de arte da revista Senhor, chefiada por Carlos Scliar. Em 1961, retornou a N. York, onde foi convidada por Marvin Israel, um antigo professor da Parsons, para ser sua assistente na revista Harper’s Bazaar. Em 1963, foi promovida a co-diretora de arte (juntamente com Ruth Ansel), permanecendo no cargo até 1972, quando deixou a Bazaar para assumir a direção de arte da revista feminista Ms. A partir de 1974, passou a se dedicar a projetos diversificados, como livros, capas de discos, pôsteres, campanhas publicitárias (para empresas como Christian Dior e Calvin Klein) e até mesmo figurino para apresentações de balé. Faleceu em 1982, aos 44 anos. Em 1989, seu nome entrou para a relação dos principais designers norte-americanos, elaborada pelo American Institute of Graphic Arts (AIGA)

Pesquisa: Fernanda Sarmento, Cibele Cipola e Gabriela Morand. Agradecemos a colaboração da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), Rio de Janeiro

60 ARC DESIGN



Nes ta pá gi na, ca pas da re vis ta Har per’s Ba zaar di ri gi das por Bea Fei tler em par ce ria com Ruth An sel. Aci ma, três capas que exploram graficamente a si lhueta do rosto; publicadas em outubro de 1968, janeiro de 1969 e fevereiro de 1966 (da esquerda para a direita). Abai xo, capa da Ba zaar de maio de 1967: des ta que para o efei to fun do-fi gu ra, ex plo ra do de for ma mag ní fi ca nessa fo to mon ta gem Na pá gi na ao lado, pá gi nas inter nas de di versas edi çõ es da Har per’s Ba zaar. No alto, pá gi nas com edito rial de sa pa tos: se guin do o exem plo dos mestres Bro dovitch e Henry Wolf, Feitler brin ca com al te ra çõ es de es ca la na com po si ção da pá gi na du pla. Abai xo desta, ar tigo pu bli ca do em 1967: desta que para a li ber da de na com po si ção do blo co de tex to, que dia lo ga com a for ma do pente. Na se quên cia, ma té ria de ja nei ro de 1969 e ar tigo pu bli ca do em 1967: uma das ca rac te rís ti cas do tra ba lho ti po grá fi co re a li za do por Bea Fei tler era ex plo rar as po ten ci a li da des das le tras ca pi tu la res na com po si ção da pá gi na

62 ARC DESIGN


Winnie Bastian Exuberante, incansável, ativa, conquistadora de desafios, e com uma incontrolável força criativa, ela podia ser encantadora e exigente ao mesmo tempo. “Seus padrões de excelência no design não eram negociáveis”, diz o crítico norte-americano Philip Meggs, em artigo publicado em 1990 pelo American Institute of Graphic Arts (AIGA). Esta é Bea Feitler, a carioca que obteve um incrível reconhecimento no disputado mercado gráfico norte-americano e quase nenhum no Brasil. Talvez isto se deva ao fato de ter falecido jovem, aos 44 anos. Ou talvez seja devido ao nosso pouco conhecimento do mercado editorial norte-americano na época em que a designer atuou. Ou porque o reconhecimento em relação ao design gráfico ainda é algo recente em nosso país. Mas o anonimato de Bea Feitler no Brasil é, provavelmente, uma combinação desses três fatores. Feitler atingiu o sucesso nos Estados Unidos. Mas antes trabalhou no Brasil, na revista Senhor – um marco no design editorial brasileiro – e no Estúdio G, aberto em parceria com Jaguar e Glauco Rodrigues. O estúdio, no entanto, não foi adiante. Ainda não havia no Brasil, naquela época, clientes capazes de entender a criatividade dos três artistas gráficos. A experiência obtida no Brasil – principalmente na Senhor, trabalhando com Carlos Scliar e outros profissionais de talento – tem reflexos na obra posterior de Feitler, realizada nos Estados Unidos. A experimentação característica da revista, por exemplo, continuou a ser utilizada pela designer em seus trabalhos. A influência de Scliar também se faz presente em relação à dinâmica do projeto gráfico. Em entrevista à revista Graphis Today, em 1977, Bea Feitler sintetiza essa vertente de seu trabalho: “Uma revista deve fluir. Deve ter seus altos e baixos. Deve ter um começo e um fim. Não deve ser desenhada como um conceito dupla-após-dupla. A coisa mais próxima da ação é o design editorial”. Na Senhor, havia grande preocupação com o ritmo da sequência das páginas, como afirma Luiz Lobo, editor-assistente executivo da revista até 1960: “O Scli ar fa zia uma mi ni a tu ra das pá gi nas e co lo ca va a re vis ta toda, como se fos se ci ne ma, na pa re de. Via-se, en tão, que a re vis ta ti nha um mo vi men to de al tos e bai xos que era ab so lu ta men te pro po si tal, e vol ta e meia ele di zia: ‘Eu pre ci so de uma pá gi na pe sa da aqui’; aí ía mos ima gi nan do o que era uma pá gi na pe sa da (...).”*


Nesta dupla, pá gi nas in ter nas de di fe ren tes edi ções da Har per’s Ba zaar. Aci ma, da es quer da para a di rei ta, duas ma té rias pu bli ca das em 1965 (des ta que para a uti li za ção de mon ta gens fo to grá fi cas) e edi to rial de san dá lias de abril de 1969, no qual co res cha pa das fo ram apli ca das so bre a fo to gra fia. Abai xo, ma té ria pu bli ca da em 1964: har mo nia en tre tex to e fo to gra fia. No pé da pá gi na, ar ti go de 1967: va ria ção no ta ma nho das le tras gera as pec to tri di men si o nal no tex to

Assim, na Senhor alternavam-se “páginas vazias com grandes títulos, fotografias com cortes inusitados, textos, desenhos, espaços brancos e fundos pretos.”* Após o fechamento do Estúdio G, Bea Feitler voltou a N. York e começou a trabalhar como assistente de Marvin Israel na direção de arte da Harper’s Bazaar. Nesse período (1961 a 1963), Feitler procurou absorver a influência do lendário Alexey Brodovitch, designer gráfico russo radicado nos Estados Unidos responsável pela direção de arte da Bazaar até 1958. “A Bazaar da década de 1960 era um relato dinâmico de seu tempo. Sequências fotográficas vivas, ritmo cinemático, incríveis mudanças de escala, pop art e op art frequentemente preenchiam suas páginas desinibidas. A revista recebeu prêmio após prêmio em grandes exposições de design”, escreve o crítico Philip Meggs em seu artigo. Sua desenvoltura para trabalhar com fotografias também contribuiu para o seu sucesso como designer gráfica. Hábil, ganhava a confiança dos fotógrafos, que confiavam em sua capacidade de julgamento e em sua habilidade para selecionar e “desenhar” com suas fotos. Experimentando (sempre!), Feitler analisava as fotos e escolhia o melhor ângulo e o corte mais adequado para se chegar a um resultado estimulante. Sua agilidade criativa foi citada pelo fotógrafo Richard Avedon, em artigo da revista Graphis, em 1968. Avedon recordou a elaboração da capa da Bazaar de abril de 1965. O deadline já havia passado, eram mais de 11 horas da noite, e as fotografias de Jean Shrimpton em um capacete espacial criado por um dos mais famosos estilistas de chapéus de N. York não estavam funcionando. “Ruth começou a explicar que poderíamos

64 ARC DESIGN


recortar o contorno do capacete espacial”, escreveu Ave-

a qual teve seu formato redesenhado por Feitler duas ve-

don, “mas ela nunca terminou, porque Bea já estava recor-

zes: em 1977, para a edição de 10º aniversário da publica-

tando o capacete. (...) 1/8 de polegada entre o capacete rosa

ção, e em 1981, quando a revista passou de tablóide ao

e o fundo cinza. Não, 1/16. (...) Tudo aconteceu em minu-

seu formato atual.

tos... aquele momento foi absolutamente mágico”. Esta

Em 1978, atuou como “consulting art director” para a

capa ganhou a medalha do New York Art Director's Club e

Condé Nast Publications, onde desenvolveu o projeto

foi muito reproduzida como símbolo da década de 1960.

gráfico da revista Self.

Mais tarde, já na revista Ms., Bea Feitler continuou a expe-

Seu último projeto, também para a Condé Nast, foi a pri-

rimentar no design gráfico: misturou fotografia com ilus-

meira edição da revitalizada Vanity Fair, lançada após

tração – prática bastante utilizada pela equipe de arte da

sua morte, em 1982.

Senhor –, empregou tintas fosforescentes, entre outras

Além de profissional talentosa, Feitler era excelente pro-

inovações. A sensibilidade para trabalhar as cores, aliás,

fessora. Seu curso de Design Editorial era o mais dispu-

era uma de suas características mais marcantes. E, talvez,

tado da School of Visual Arts, de N. York, onde lecionou

fosse uma herança de sua vida no Brasil.

entre 1974 e 1980. O contato com os estudantes a estimu-

Paralelamente ao trabalho em grandes revistas, Feitler de-

lava e inspirava, segundo a própria designer.

senhou diversos livros e projetos externos que aumenta-

Trecho de um texto escrito por Carlos Scliar para a revista

ram sua reputação. Bons exemplos são os livros “Diaghi-

Visão, em 1989:

lev and the Ballets Russes” (1970) e “Cole” (1971). Em 1974,

“No 3º ou 4º número [da Senhor], recebi a visita de uma

Feitler deixou a Ms. para dedicar-se a outros projetos e, em

moça que trazia uma enorme pasta com trabalhos feitos

1976, abriu a própria empresa em N. York. São dessa épo-

em um curso de arte gráfica em N. York. Ela tinha visto a

ca: “White Woman” (1977) – do fotógrafo Helmut Newton

revista e queria trabalhar conosco. Contratei-a incontinen-

–, “Windows” (1977), “Vogue Book of Fashion Photography

te, sem consultar meus patrões Nahum [Sirotsky] e Simão

1919-1979” (1979) e “The Beatles” (1980).

[Weissman]. Bea Feitler trabalhou comigo até o meu últi-

Os livros desenhados por Bea Feitler estampavam seu nome

mo dia [na Senhor]. (...) Ela era fantástica, cheia de imagi-

na capa, e a designer recebia royalties sobre as vendas.

nação, surpreendente, nos enriqueceu a todos. Digo com

Afinal, se o livro atraía os leitores, o designer gráfico era tão

vaidade que fui eu quem a descobriu.”*

responsável por isso quanto o autor e/ou o fotógrafo. A partir de 1975, a designer passa a trabalhar para a revista Rolling Stone – uma parceria que durou seis anos –,

* Citações extraídas da dissertação “Design Editorial no Brasil: Revista Senhor”, apresentada por Fernanda Sarmento à Universidade de São Paulo (USP), no ano 2000. 65 ARC DESIGN


À ex tre ma es quer da, capa da pri mei ra edi ção da re vis ta Ms., pu bli ca da em ju lho de 1972. Na se quên cia, capa da edi ção de de zem bro de 1972: co res fos fo res cen tes eram mu i to uti li za das na re vis ta. Ao lado, ilus tra ção de Bea Fei tler, pu bli ca da na Ms. em 1973. No alto da pá gi na ao lado, à es quer da, as pá gi nas in ter nas da Ms. de ju nho de 1973. Na se quên cia, ain da na Ms., se ção sa tí ri ca com en fo que fe mi nis ta em pre ga co la gens fei tas com di ver sos ta blói des

TRECHO DA ENTREVISTA REALIZADA POR ROBERT PROPPER, PUBLICADA NA REVISTA GRAPHIS TODAY, n. 4, vol. 2, Julho/Agosto de 1977

não funciona ou não vende, a culpa é sempre do aspecto visual. Sem-

GRAPHIS TODAY – Como você se sente trabalhando para a Harper’s Bazaar?

meios visuais... Mas isso não o torna bom. Acredito que se você servir

BEA FEITLER – Sempre sonhei em trabalhar lá; sempre pensei na Ba-

o seu leitor com conteúdo interessante, e torná-lo bonito, você terá seu

zaar como uma revista muito bonita e com um visual criativo... Nos úl-

leitor para sempre.

timos 11 anos, desfrutei de certa liberdade que a revista proporcionava.

GT – Como você começa a desenhar as páginas de uma revista?

GT – Quais eram as suas limitações?

BF – O artigo vai me dizer, “eu quero ser desenhado assim”, então eu

BF – Fomos pressionados quando a revista perdeu parte de seus leito-

tentarei expressar visualmente o tema, com um título que “pare” o lei-

res; nossa capacidade de fazer coisas bonitas e inventivas ficou limitada.

tor, uma ilustração básica ou um grupo de fotos. Com tantas revistas

GT – Você acha que isso foi justificado?

circulando, não acho que uma publicação bem-desenhada seja um

BF – Acho que é um exemplo clássico. Quero dizer que se alguma coisa

luxo, mas uma necessidade.

pre achei que se o conteúdo não é bom, você ainda pode salvá-lo pelos

Abai xo, pri mei ra edi ção da re vis ta Va nity Fair após a re es tru tu ra ção de seu pro je to grá fi co por Bea Fei tler; foi pu bli ca da após a mor te da desig ner, em 1982. Na se quên cia, nú me ro es pe cial da re vis ta Look so bre os Be a tles, pu bli ca do em ja nei ro de 1968

66 ARC DESIGN


GT – Com que tipo de editores você tem trabalhado?

parte do nosso trabalho conhecer as limitações que entram em jogo.

BF – O melhor trabalho que eu já fiz como dire-

GT – Como você vê o papel das mulheres no design, a partir de sua

tora de arte de uma revista foi com editores com-

perspectiva atual?

preensivos, que acreditaram no meu ritmo e que

BF – Se eu posso julgar a partir do número de mulheres que assistem

sentiram que aquilo que eu fazia era o certo para

às minhas aulas no SVA, acho que há um interesse maior do que nun-

o produto deles. Pat Carbine, da Ms., foi esse tipo

ca por parte das mulheres pelo design como profissão. Por causa do

de diretor. Contudo, muitos escritores e editores não são pessoas visuais.

movimento feminista, acho que a mulher tem permanecido no merca-

A maioria dos seres humanos não é visual. Os designers vão sempre

do em vez de aceitar a rejeição inicial e “sair fora”.

se esforçar: cada página de belo layout é uma luta. O editor insistirá

GT – Qual foi a maior influência na sua vida profissional? Há tantos

que esse sapato só pode ser mostrado de frente, mas a sua experiên-

livros aqui. Quais são os livros que você lê?

cia diz que essa fotografia ficará feia. Você irá lutar e argumentar... Faz

BF – Antes de me envolver com o design, eu era interessada por arte,

Aci ma, capa da re vis ta Rol ling Sto ne de de zem bro de 1977 (edi ção co me mo ra ti va do 10º ani ver sá rio), a pri mei ra após o re design da re vis ta por Fei tler. Abai xo, pá gi na du pla da mes ma edi ção, mos tran do Keith Ri chards em en saio fo to grá fi co de An nie Lei bovitz

67 ARC DESIGN


música, teatro, pintura, história. Todos os meus projetos têm essa raiz. Meus interesses culturais realmente enriqueceram minha vida e são a base de qualquer criatividade que eu possa ter. GT – Você estaria talvez dizendo que não é suficiente apenas ir à escola de artes – você precisa trazer algo ao seu trabalho e isso exige muito mais aprendizado? BF – Sim. Olhe para o passado. Os maiores bailarinos não eram apenas pessoas que dançavam, que conheciam as técnicas; eles eram mulheres e homens interessados em arte. Eu tento utilizar o que sei em todos os meus projetos. Em um projeto de livro, não estou tão interessada em desenhar os livros. Eu quero dar a eles uma alma. GT – Eu adoraria ouvir algumas de suas experiências trabalhando com pessoas famosas e suas influências no que você faz. BF – Diana Vreeland era editora de moda na Harper’s Bazaar quando comecei a trabalhar lá. Ela é uma mulher memorável. Lembro quando entrei em seu escritório pela primeira vez: uma sala verde com a parede coberta, de um canto a outro, por centenas de fotografias, pinturas renascentistas, Marlon Brando próximo a Coco Chanel. Via-se como tudo interessava àquela mulher, como ela procurava no passado por qualquer referência que fosse de bom gosto e ela tinha verdadeiros insights sobre o que seria a “grande sensação” no futuro. Eu herdei seu hábito de recortar coisas não-usuais e interessantes e preencher as paredes com elas... Richard Avedon me inspirou; trabalhei com ele até 1965, quando deixou a Bazaar. Quem mais? Há tantos escritores interessantes... Brendan Gill sobressaía-se como uma pessoa notável para se trabalhar. GT – Seria difícil não perguntar a você sobre o papel que a pessoa de criação – artista, designer – pode ter no lançamento de tendências... BF – Bem, esse é um papel adequado, porque eles estão envolvidos com a mídia de massa... estão acostumados a quase “farejar” o que irá acontecer. No meu caso, eu estava “certa” sobre o livro do Cole Porter, que ajudou a iniciar uma tendência nostálgica. Naquele caso, procurei em volta por algo que me interessasse. GT – No caso da Mulher Maravilha você também “farejou”...

No alto da pá gi na, à es quer da, capa do li vro “The Bea tles”, es crito por Ge of frey Sto kes, 1980: o cré dito ao trabalho de Feitler foi dado com desta que na pá gi na de rosto (no alto, à di reita). Aci ma, car taz (33,5 x 50 cm) para a peça “Dona Ro sita, a sol tei ra”, de Gar cia Lor ca, apresen ta da no te a tro Ta bla do em 1960

À es quer da, dois anún ci os para a grif fe Cal vin Klein, am bos de me a dos da dé ca da de 1970; fo tos de Ir ving Penn (es quer da) e Chris Von Wan ge nheim. À di rei ta, car taz da sé rie para a apresen ta ção da com pa nhia de dan ça Al vin Ai ley, 1971. Na pá gi na ao lado, da es quer da para a di rei ta: capa do li vro “Win dows”, es cri to por Mi chael Emory, 1977; capa do dis co “Black and Blue”, dos Rol ling Sto nes, 1975

68 ARC DESIGN


BF – Isto é curioso sobre tendências e moda. Quando me trouxeram a tira de história em quadrinhos, eu nunca havia ouvido falar na Mulher Maravilha, mas tinha um sentimento de que ela era boa para ser o símbolo do movimento crescente (feminista). Você pode imaginar como fiquei encantada quando os leitores e depois os fabricantes corresponderam, embora pessoalmente eu não gostasse da capa tanto assim. GT – Uma questão sobre os seus livros: você sempre consegue um crédito proeminente a seu trabalho, na capa. O que você faz para conseguir esse tipo de posição importante? BF – Aconteceu assim: quando desenhei meu primeiro livro, “Diary of a Century”, editado por Richard Avedon, havia muito pouco dinheiro para o projeto. Dediquei cerca de dois anos a ele, mil páginas. Era um trabalho por amor e o que eu queria era o crédito. Daí em diante insisti que cada livro que eu desenhasse deveria ter um crédito na página do título. Eu não apenas recebo o crédito, mas também recebo um royalty que é único entre designers de livros. GT – Em um artigo na W, no qual você diz diversas coisas maravilhosas sobre o seu trabalho, você também diz que às vezes fica deprimida porque não há retorno suficiente, que os editores ganham dinheiro, mas o artista com frequência é copiado. BF – Isso é verdade até certo ponto. A menos que eu esteja excitada com o tema, não vou fazer algo apenas para ser comercial e às vezes ganhar menos dinheiro porque eu amo o trabalho. O preço para um design de livro está entre US$ 3.500 e US$ 5.000 e eu acho que deveria ser o dobro. GT – O que você vê no seu futuro? BF – Bem, no que diz respeito a meus livros, espero ir mais em direção ao papel do autor, não apenas desenhar o livro, mas também achar um escritor e pesquisador que me ajude a executar as minhas idéias. Acho que os livros modernos devem ser 50-50 em termos de recursos visuais e palavras. Finalmente, gostaria de publicar os meus livros. São muitas as minhas áreas de interesse, até catálogos, os quais as pessoas chamam “comercial” e nos quais uma boa concepção para a edição de arte pode ser aplicada para torná-los realmente bonitos. ❉

No alto da pá gi na, à es quer da, capa do li vro “Cole”, es cri to por Ro bert Kim ball e Bren dan Gill, 1971. À di rei ta, no alto, capa do li vro “Di ag hi lev and the Bal lets Rus ses”, es cri to por Bo ris Ko chi no, 1970; na se quên cia, capa do li vro “Tal lu lah”, de Bren dan Gill, pu bli ca do em 1972

ARC DESIGN


O mate rial para esta seção foi for ne ci do pelo Material ConneXion. Tradução: Winnie Bastian

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Correias feitas de Neoprene, uretano moldado, uretano soldado, borracha, silicone, Mylar® e outros materiais; são fornecidas com ou sem dentes, reforço ou elasticidade. Aplicações incluem automação para escritórios (copiadoras, leitores de cartão), equipamento bancário (contadores de cédulas e de moedas), equipamento de impressão (impressoras a laser, processadores de fotografias, intercaladores e dobradeiras) e equipamentos industriais (trabalho em madeira/carpintaria, trituradores, enroladores de tubo)

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71 ARC DESIGN



EDITORIAL

A bilingual ARC DESIGN. Starting with this edition, which will be launched at the Salone del Mobile, in Milan, ARC DESIGN begins a new phase. At the same time that it is directing focus at growing distribution throughout Brazil – always through appropriate points of sale –, it is opening the way for increasing awareness of Brazilian design, architecture and culture in new points. What to show in the first bilingual edition? We selected three beautiful expressions of Brazilian culture: one primitive, indigenous, a marvelous opportunity to receive, intact, an uncontaminated message from a native tribe; the second, vocabulary in the vanguard, which reveals the singular spirit of Brazilian creativity, through the hands of Fernando and Humberto Campana. Finally, the art of graphic creation with Bea Feitler, a Brazilian lady who lived – and was very successful – in New York. Still, further on Brazil, the architect Paulo Mendes da Rocha and his Paulistano, “a chair with a memory ” – finally accessible, commercially available – created in 1957 and still not equaled. After, the unusual, the unknown, in design from the Congo, from Turkey, from Korea, present at the Bienal of St. Étienne.

could not be absent, in the opening to this new phase for ARC DESIGN. Maria Helena Estrada

English Version

In conclusion, lights – from the illuminated object to lighting techniques –, which


WHY THEY ALLOW THEMSELVES... page 18 To roll-up cloths, invent knots, place paper strips and paints in the medium which will be used to form the OSB panels, translate shanty towns, use unthought-of materials - from coconut shavings to jabuticabeira tree branches and to waste material of any type - to experiment with textures, accept the resulting forms, always reinventing objects ... Maria Helena Estrada of the the designers, designers, but but the the persons people – Fernando and I thought, not of Humberto – when the figure of Castiglioni, the remembrance of Achille Castiglioni, resurrected resurrected ininthe thepages pagesofofDomus, Domus,almost unitedwithout them, wantingwithout but uniting themininaasingle singleimage. image.Absurd? Absurd? almost wanting, With all respect for what the Italian master represents – and conscious of the broad differences and –, some “fads”, some inspirational roots, reading the comments on Castiglioni began to reinforce this unusual association. The differences? Innumerable and fundamental: of time, of place, of culture, of projects' results. “You can not step twice into the same river; for other waters are ever flowing on to you" is a true saying as old as Heraclitus. But there is the same drive, an anima operandi, this same river... which identifies them. In the way of playing, for example, with the most serious subjects when they go on to the stage. Castiglioni came to São Paulo and assembled close to 1000 people, on two successive occasions. He was a charismatic child on stage, playing with his objects: his conferences were a spectacle, like the entertaining and unrehearsed troubadour’s show which we see at presentations by the Campana brothers. Like Castiglioni, who collected objects found by chance, Fernando and Humberto are attracted by everyday objects and materials which, in one form or another, are seeds of inspiration. In both cases - and this is the most important - looking at the object is to perceive the soul behind the outline. “Achille always projected affection and intelligence”, is a quotation from Italo Lupi. But these are mere digressions. Castiglioni created objects which, because they were so logical and essential, seemed obvious to us. The Campana are tropical, one sees the exuberance in their creation, the good Baroque which transcends the Brazilian creative spirit. “... the work of Fernando and Humberto helps us to delineate a possible scenario for the future arena of world design, which really should, for the first time, be able to coexist with the instantaneous transmission of information, with iconic knowledge in real-time, although preserving each individual people's expression and poetic strength. Such that the maximum particularity (of creativity) will be of of informajoined with with aa maximum maximuminternationality internationality(of(ofinterchange, interchange, infortion, or fraternity). OnlyOnly a personal worldcan canbebeenriched enriched by by works, mation, or fraternity). the world 74 ARC DESIGN

avoiding the incorrect and suicidal suicidal aesthetic aesthetic ofof plagiarism. plagiarism. Only by means of designing the difference is it possible to arrive at the real and balanced democracy of the project”, wrote Marco Romanelli in an article published in the magazine Domus, of February 1994: “Fernando and Humberto Campana: Projects between 1991 and 1994”. After ten years, the work “by Campana” fulfils these predictions. A new semantic arises with their objects, which today influences the directions of design in various corners of the world. And when we hear Castiglioni in one of his few axioms on design, state that “the designer's objective is not to create an ideology, but communicate messages of curiosity, entertainment and affection", it appears that we are looking at a Galho vase, in which the glass melts over the jabuticabeira branch , at the California Rolls chairs, or at all the freedom of the various Sushi. The pieces which illustrate this article – with the exception of those on pages 24 18 and 25 19 and the Favela chair – were presented to the public in a major show, which occupied two floors at the Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) in Brasília, during February 2003. The exhibition showed day and night. The concept was of a desertified landscape, inhabited by objects, without any type of support which was able to break this relationship. Created by the scenographers Adriano and Fernando Guimarães, the proposal was Brechtian or, that is, that of desiccation of the language, arriving to at its essence, the primordial landscape, here re-created using 20 tons of crushed PET plastic. On this unstable surface, the contours in the landscape created different levels of observation, causing a shift in the senses, shifts in meanings.

ABOUT THE FAVELA CHAIR The gesture of nailing slats over the rigid structure of an unsolved prototype is really similar to building wooden houses, cabins, favelas (shanties). But even more than the similarity in the building process, the final result of the Campana's brothers Favela chair tells us a great deal about architecture. Seen as a whole, four large planes can be read, one horizontal and three vertical, which are supported on (and are at the same time) four solid legs/pillars. Zooming in, we approach its details: small constructed views; stairs, ramps, pediments, baselines; in the end, almost the whole primary architectural vocabulary begins to arise within and around the chair. Once, by chance, I had to turn it upside down to hammer in a loose nail. Thus, four large towers emerge, pointing upwards on a pyramid base, converging in a remote point of escape. But I really feel its “architecture” when each time the light begins to fall on a new angle. Shadows, edges, light and dark, front/back, the same “... wise interplay of light...” of Le Corbusier. The change in the incidence of the light at each instant transforms the space and its volumes, always turning the architecture into a huge surprise, even for the creator himself. And, believe it or not: it's very comfortable. Gianfranco Vannucchi – Architect Arq. Gianfranco Vannucchi Titular partner at Königsberger Vannucchi Arquitetos Associados Created over 400 residential and commercial projects, such as the award-winning buildings Terra Brasilis, Stadium and Condominium Ibirapuera, in São Paulo city. Club Ibirapuera.


TRUTH AND CREATIVITY Soon after arriving in Brazil, I sought out the Campanas. Today I have exclusive pieces in the agency and at home. Why? Because I believe I saw an expression of life itself in those pieces, they were true objects, the idea for which arose from nature, from beyond the "unsullied page" which awaits the drawing. They please me because they represent Brazil and South America, with an inspiration which arises spontaneously, without interferences – which is something that we don't have any more in Europe – and which makes this part of the world very much more advanced in terms of creativity. We could think of a phenomenon such as occurred in literature, in past decades, with magical realism. But these brothers' objects speak of palpable, material reality, there is nothing in them that is magical or supernatural. The universe of Fernando and Humberto is beautiful, a beauty which could be represented by the following words: “anything that is done from the heart, even if poor, has nobility within it”. Stefano Zunino President of the Lowe advertising agency in Brazil Collector of Campana-designed pieces

BANIWA ART CULTURAL EXPRESSION – page 26 Thousand year-old drawings on stones, botanical knowledge gained from living in the bush, manual dexterity, revalued culture. These are the ingredients for Baniwa art. The obstinacy of anthropologists, sociologists, educationalists, ethno-botanists and agronomists meeting together within organizations dedicated to working together with indigenous communities, gave value and dignity to indigenous art and provided a means of sustainable development for this ethnic group, making it possible to sell their artifacts

Maria Helena Estrada The upper Rio Negro, the Rio Içana Basin, the border with Colombia and Venezuela. It is in this piece of the Amazon Forest that a population of 12,000 Indians is found, of which about 4,000 are in Brazil where they occupy the greater part of an area of 100.000 km2 (poor and arid soils, discontinuous strips of dry land, separated by igapós), in the State of Amazonas. It is the Baniwa ethnic group, part of the aruak linguistic group. One knows: the indigenous populations, in this region and throughout Brazil, were forced into slavery, catechized and decimated. Submitted to white domination, the Indians began to doubt the value of their own culture.

Having lived for centuries in the extreme north-east of Brazil, the Baniwa people existed traditionally by cultivating wild manioc and by fishing. Their artifacts, used only for the tribe's consumption, little by little and in limited quantities, began to be exchanged for consumer goods, or even – a custom started by the Catholic missions – "paid for" with used clothing. But this reality began to change. "Over the last five years Baniwa handicraft production became a means to economic autonomy and self-determination", writes Lucia Peixoto Calil in her monograph. This change has been guided by three organizations: the Rio Negro Federation of Indigenous Organizations (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN), Içana Basin Indigenous People’s Organization (Organização Indígena da Bacia do Içana – OIBI) and the SocioEnvironmental Institute (Instituto Socioambiental – ISA), each in its specific function, details of which are given at the end. What is Baniwa art? How does it manage to remain true to its millennial characteristics? Why is this handicraft seen as art? The Baniwa man gathers the arumã, collects the plants which will provide the dyes and fix the colors, prepares and cuts the straw, plaits the braid for the sieves, for the baskets and the "tipitis" (cylindrical manioc baskets). The Baniwa woman grates, squeezes the grated manioc paste in the tipiti, dries it in the sieve, and processes the manioc: she makes flour and "beijus",(manioc cake) in the artifacts created by her man. It has been thus always. Apart from the sieve and tipiti, the Baniwas weave the "urutus" (ooloda, in the Baniwa tongue) baskets, which are used to store flour, beiju or clothing, and also manioc, before or after extraction in the tipiti. The arumã tree (Ischnossiphon) grows in groves, in damp or semiflooded land, and sprouts after being cut. Apart from the arumã, the Baniwas also use the jacitara, the caranã and the javari. And, reading these Brazilian plant names, we see how little we know about our country! When geometric colored designs appear, these “graphic syllables" have a specific symbolic significance, with clear references to this ethnic group’s rich mythology and religiousness. A basket or sieve, which may appear an elementary article to us, takes on its shape in a highly sophisticated process. "To make arumã baskets elegantly is to become an adult, testifying how to survive in the world ", writes the anthropologist Beto Ricardo, Coordinator for the Rio Negro Program (ISA), in the book "Arte Baniwa". In the initiation ritual, the Baniwas boys in reclusion learn how to make arumã basket ware, pieces of which will be offered to the "kamarara", ritual lady friend. Today in São Paulo, original pieces of Baniwa art are available commercially and frequently one doesn't know what there is in one's hands: originals pieces of Baniwa art. And when we talk about originals, we want to say that they are pieces in which there is not a trace of white or "modern" hands in the way they are made. But until they arrive here, their odyssey is one of the hardest! The artisan, generally, works on the basket ware in his free time, after performing his duty in agriculture, hunting, fishing, in manufacturing wooden strainers, canoes and oars and, possibly, in building houses. And you still believe the myth about the Indian being lazy? For basket ware, the arumã is cut, trimmed, bound into bunches and taken to the village; the bark (which will be used) is separated from the kernel (part of which is used for braiding the packaging); the 75 ARC DESIGN


strips are cut, millimetrically, and the artisan may decide to use the arumã with its bark, or scrape and scour the stems in an igarapé. When working with colored graphics, the stems are dyed before cutting the strips. Time-consuming work, the red dyes are obtained from plants (urucu, carajuru, bignoniáceas) and, the black, from the black soot from kerosene or diesel oil, or even from ashes in the ovens. The fixing agents are viscous juices extracted from the sap of the ingá or some other tree, fine splinters removed using a machete, which are pulverized and squeezed in the tipiti. And this is the simplest step! After this, the braiding begins. Today, this tradition is being passed on by masters, chosen by the communities themselves from amongst the best craftsman, who teach young Indians in the schools. But what is unbelievable is the transportation of the urutus, hampers, ewers and sieves – all suitably packaged in the carrying panniers –, which starts with loading the bongos (boats). Each bongo holds eight people and one hundred dozen urutus. Laden boats come down the river and at each rapid the cargo has to be unloaded and portaged overland, on arms and shoulders, both baskets and boats; calmness on the river, everything is reloaded, until the next rapids – there are at least ten (!) on the route from the village, on the upper reaches of the Rio Içana, to São Gabriel da Cachoeira, on a trip which can last a week. At this point, the basket ware travels a further 30 km to be re-embarked in the port of Camanaus; another three days to Manaus, and then, by ferry and by truck, via Belém, there are another 2,120 km to São Paulo. And how can this production be coordinated when a chain of shops such as Tok & Stok, for example, places an order? Quantities by design, delivery dates, quality-control, correct packaging, labeling, are basic conditions to be able to have continued sales. How to ensure that the orders arrive at the craftsmen, who frequently live in isolated communities? How to set up a productive chain? The process appears to be unviable, if we think of the distance and precarious nature of the means of transport to reach the "production locations". But the gears have meshed and precisely. The company or store, at the moment of ordering, contacts ISA, in São Paulo, which informs FOIRN, in São Gabriel da Cachoeira; this organization relays the details of the order to OIBI, which then reaches its contact in the Tucumã-Rupitã village. By radio, the communities are made aware of the volume and delivery date and a program prepared for each individual. The craftsmen adjusts his daily routine and reserves a day, at least, to cut arumã, harvesting from 100 to 200 stalks, which will produce two half-dozen urutus on the fitted system or, that is, with decreasing heights and diameters, in two weeks of work. Fifty-five days after divulging the order, the journey to collect the production in each community begins, on which quantity and credit is noted. After this, would you say when you choose a Baniwa basket in a store in São Paulo, or any other city in the south, that you bought a simple wastepaper or storage basket? At this point one of the questions which arise relates to the trade in artifacts by the Baniwa tribe, Baniwa art. Viewed as utilities in multiproduct shops, in obedience to marketing principles, each type would go to a separate department: Baniwa baskets with plastic baskets, Baniwa sieves with metal sieve. How can this disintegration be 76 ARC DESIGN

avoided? How can the enormous cultural and environmental wealth of these pieces, which translate our most remote culture, be kept intact? Considerations of this type are part of ISA's concerns. Returning to the origin of the process, we see that the choice of basket ware activities as a pilot experience of the alternative means of generating income has shown a viable route, after some experiments of another nature. This choice has proved itself with the orders such as those from Tok & Stok and corporate sales, such as the two thousand units of urutus for the launching of the Ekos line, by the Natura company. But enhancing basket ware’s value and commercial attractiveness is only one of the links in the chain of a larger project. The Regional Program for Sustainable Indigenous Development on the Rio Negro (Programa Regional de Desenvolvimento Indígena Sustentável do Rio Negro) is a long-standing partnership between ISA, FOIRN and the affiliated indigenous peoples associations. This program includes a vast "menu" of integrated actions in the areas of demarcation and inspection of lands, rights, communication, transportation, school education, enhancing the value of the culture and of agricultural biodiversity, health and food safety.

ORGANIZATIONS INVOLVED IN THE ARTE BANIWA PROJECT: Içana Basin Indigenous Organization (Organização Indígena da Bacia do Içana – OIBI). Responsible for managing the whole process, until the stage of delivery to the purchaser. Socio-Environmental Institute (Instituto Socioambiental – ISA). Identifies potential markets and provides advice on commercial contracts. An institutional advisor, defining development strategies for the project, political liaison and acting as spokesman for OIBI with other indigenous, governmental and domestic and international co-operation institutions. Federation of Rio Negro Indigenous Associations (Federação das Associações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). Communication and logistics support in São Gabriel.

SOURCES: Baniwa Art : Basketwork in arumã. Beto Ricardo. São Gabriel da Cachoeira – São Paulo, 2001. Being Artistic and Inventing New Traditions: The Experience of Selling Baniwa Art. Lúcia Peixoto Calil. Photocopied text.

The St. Etienne Bienal A HODGEPODGE OF SIGNS AND EXPRESSIONS – page 36 In the small town of St. Étienne, France, every two years a large display of inter na tional design is held, which brings together professionals and students. This year ARC DESIGN was given space and had its international debut


ARC DESIGN When our art editor Fernanda Sarmento returned from visiting and photographing at the 3rd St. Étienne Bienal, we were faced with a world puzzle, deconstructed geography in the set of photographs and the diversity of the organized exhibits, which were also published in the catalogue edited by the magazine Azimuts. We chose the unknown and unusual within the varied, contrarian exhibits which brought together 68 countries, intentionally creating a "cultural juxtaposition", in the words of Céline Savoye, the Bienal’s General Commissioner. Africa, the Orient, a little of Europe and, from the Czech Republic, a name that is coming forward strongly – Jíri Pelcl. From Senegal, we chose poetic brutality, the expressive strength of Baay Kaaly Sene and ingenuous and colorful design, found in the exhibit “Fantastique Plastique”; from Ethiopia, the ceramic pieces by the “fire women”, which express an ancestral sacredness; almost always, we favored craft design, which reveals the culture, evolution, the manners of each country. “If it were words that invented thought (and not the other way round), it was the ability to manufacture which founded the history of civilizations. Objects are not merely a simple corollary of human cultures: as words are its sonorous materiality, they constitute its foundation”, stated Jacques Bonnaval, the general director of this Bienal. We find this same conceptual point of departure in Pelcl, for who “the objects should tell the story, transmit what is in the air”. Ideas which we share, when talking about design in Senegal, for example, and about the work of two personalities – Nicolas Cissé and Baly Kaaly Sene. Cissé, engaged in fighting ethnic or tribal exoticism in African creation, renewing contact with cultural sources as part of the creative process, in the quest for a language that is comprehensible to the whole world; Sene, who sees his creations as the fruit of a reflection on Africa today (management of resources, means of production, adaptation to the environment). The encounter between an artist, Etiyé Dimma, and the heirs of a millennium art tradition is expressed in the exhibit of the "women from the fire ", who have made their own clay pots since time immemorial. Design and craftsmanship united in creation, as a means of expression which dispenses with the need for industrial input – and thus found a new (old) aesthetic –, was also the contribution by Madagascar, by North Korea, by Lebanon and by Hungary. Zoarivino Razakaratrimo, the designer from Madagascar, commented: “my creativity is based on the marriage of all recyclable materials, animal, vegetable, mineral". Reaching the extreme of minimalism, Lebanon brings the poetry and essentiality of a rounded stone, transforming it into a useful piece. Czech design, represented by Jíri Pelcl, still conserves one of the forms of expression for which the Pelcl group began to gain prominence in international circles – irony. Today the designer defends the symbolic value of mass production. Quoting an article by Michaela Kadnerova, “works by Pelcl are incredibly diversified. It is not difficult to perceive powerful dynamics emanating from the matter, from the material, from the technique or simply from the form. The strongest value, according to him, resides in the object's visual impact”. Are we returning to the symbolic value of objects in primitive cultures?

SOURCE all quotations are from the Bienal catalogue, Azimuts magazine edition.

A CANNES FOR DESIGN FROM ALL THE CONTINENTS Ethel Leon "Saint-Étienne, shortly, will be to design what Cannes represents for the cinema". The mayor Michel Thiollière used this immodest form to define his project for the city he governs in his second mandate. The reference is to Cannes and not Hollywood, for obvious reasons. Planted in the reality of the euro, the city of St. Etienne defines its new role in the desire to raise the European Community as a bastion of globalization, whose frontiers embrace the whole world and not merely its wealthiest part. This is why the Bienal dedicates large spaces to African exhibitions in which the relationship between design and popular handicrafts hits the eye, design at times playing the part of the Robin Hood program, in which the poor learn how to sell expensively to the wealthy. Latin America, Central Europe, the Middle East and Asia are also represented at the Bienal, while the United States re-edits its already old exhibition, "Re(f)use", an ecological libel against waste in the world engendered by the American Way of Life. An aside: Brazil, which was so organized and well-represented in 2000, in the last edition, showed a timid and extremely spotty selection. The city, previously overshadowed by the proximity of Lyon, has been preparing to assume this new role, imposed by the need to construct an alternative to the deindustrialization which it began to suffer over the last decades. Shortly after the Second World War, the coalmines closed and a farewell was made to this true emblem of the first Industrial Revolution, by transforming the old mines into a museum. With a renovation project signed by Jean-Michel Wilmotte, the Art and Industry Museum, the mines are now occupied by a permanent collection of 1,600 arms, a large exhibition of bicycles (the city was home to famous manufacturers from the end of the 19th century), various temporary exhibits, among which that by the president of the Lisbon Design Museum and collector of Portuguese fashion, Francisco Capelo, which shows pieces by John Galliano, Thierry Mugler and other stylists. The Modern Art Museum (an architectural project by Didier Guichard) has generously opened doors to design, promoting exhibitions that are important, not only for the number of items which they contain, but for the discussions which they provoke. In this way, efforts by the public authorities (the municipal authority, Fine Arts School of St. Étienne, ministries of Culture and of Foreign Affairs) began to bear fruit. Companies and institutions from the city became involved with the design topic. A manufacturer of fine chocolates, the Weiss company, participated in the II Bienal, providing an incentive for students from the Fine Arts School to develop special packaging for its products. This activity, initially peripheral, penetrated the factory and today Weiss chocolate bars have been redesigned by designers. Large companies are present in ever-increasing numbers at exhibitions and at the debates. (A scandal: Du Pont used almost a complete morning to present material that was both old and uninteresting, in a superficial manner and as an advertisement). Small stores, galleries and restaurants succumbed to the event which brings in more and more tourists to the city from around the world. Historical tourism in France, always based on palaces and castles, gains an industrial memory. The region's Design Center (RhôneAlpes), progressively more involved with the Bienal, has given incentive to the companies to invest in design – manufacturers of 77 ARC DESIGN


eyeglasses (Lunetterie du Jura), of sporting goods of various types, of medical equipment have yielded to the appeal and presented new products in ever-increasing areas of the exhibition. A beautiful palace has just been made available for the Saint Étienne Métropole Design, a work which should be concluded in 2005, but should be operating partially at the next Bienal. Its objective is to become "a unique centre in France for enhancing the cultural value of material wealth, housing technological competencies, training and ecological research", in the words of the mayor Thiollière. This centre is based on the Fine Arts School as a reference location; on the Bienal for an international radius of action; and further, on the museums and the architectural complex designed by Le Corbusier in the neighboring city of Firminy (a cultural centre, a unit for living, a stadium and church, which still have to be concluded), invigorated with exhibitions and cultural programs. Ethel Leon is a journalist and traveled as an invited guest of the St. Étienne Bienal.

LIGHT IN TWO MOMENTS: LIGHTIN G TECHNIQUE AND ILLUMINATION – page 42 Oil lamps, candles, bulbs: the source of luminosity will always define the lamp and the light which comes from it. Light, which today is used as a tool to enhance the value of space, is definitely associated with technology. Let's look at two distinct moments: the bold project in lighting technique which valorizes the architecture of the Hotel Unique, in Sao Paulo, and the lamps selected by the ARC DESIGN team from those launched on the domestic market

Winnie Bastian The Hotel Unique, Ruy Ohtake's strong, visually appealing architectural project, inaugurated in 2002 in the Sao Paulo state capital, was based on the premise of being different from all others, because of his daring use of forms. This assumption is also evident in the lighting technique project, developed by Guinter Parshalk and his team: the quest for poetic solutions and refined technology afford a solution which transcends the conventional. The singular nature of Parschalk's proposal reflects the manner in which the designer interprets questions related to light: "to me, light is a support for visual perception, a form of organizing space for the 78 ARC DESIGN

visual appropriation of whoever is going to occupy it. Hence, everything which is visible is part of the repertoire which I understand as lighting technique ", he explains. Parschalk designed the lighting for all the hotel's public areas (facade, garden, lobby, bar, restaurant, corridors, swimming pool) and also acted acted as as aaconsultant consultantfor of the the lighting rooms and of thesuites. rooms and suites. The ongoing partnership between Gunter Parschalk and the Austrian office of Bartenbach L'chtLabor – recognized worldwide as one of the most sophisticated in terms of technology and of psychology (its team melds technology professionals with a group studying subjective characteristics such as the interpretation and significance of light) – allowed the lobby area to be illuminated by the Spiegel/Werfer System. This refers to a new technology in Brazil, which consists of using concave mirrors to distribute the light, thereby creating a uniform, efficient and non-dazzling illumination. This system is being produced in Brazil by Lumini, under license from Bartenbach L'chtLabor. Using the same know-how for Unique, Parschalk created a system using reflectors to illuminate a niche in the lobby. During the day, the natural light traverses the glass covering; at night, this effect is reproduced by the reflectors. The facade is also illuminated by reflected light: a sheet of water approximately 1.5 m x 1.5 m is illuminated by three spotlights and reflects it on to the building. The Unique is located on an important commercial axis in Sao Paulo, on which the large majority of buildings are over-illuminated. For this reason, he chose to illuminate the facade in a subtle manner: the idea was to seek conspicuousness through difference. A choice that is coherent with Guinter Parschalk's philosophy of work, which is to pursue innovation in each project he develops.

AND ON THE DOMESTIC MARKET... The drama found in certain lighting technique projects is also pursued by residential consumers, who seek – in a simplified form, without the sophistication of a lighting technique project – to obtain similar effects in their homes, using lighting available on the market. This is possible thanks to new technologies that the lighting industry has absorbed, which at the same time allow the production of efficient units while giving designers greater formal freedom. Normally, technological innovations are associated with the introduction of new types of lamps or sources of light. A good example is the "Concreta" line of plafoniers and sconces, designed by Gilberto Franco, Carlos Fortes and Jacqueline Terpins. Launched in November 2002, 2002, itit employs employ Halopin-type lamps: these are halogen lamps which, apart from being small-sized, function at normal circuit voltage (110/220 v), eliminating the need for transformers. Another factor which calls attention: this lighting fixture's construction is based on material which is probably unknown in the lighting field: laminated flat glass. Precisely geometric, "Concreta" is basically composed of two superimposed sheets of laminated glass, of different sizes. The larger sheet, on the bottom, is colored and translucent, while the smaller, superimposed, is black and opaque. The transparent spacer – also glass – between the sheets gives the sensation that both are floating. The resin lamination allows the designers to take advantage of the light permeability, a natural feature of glass, and also made it


possible to introduce a new component: total opaqueness – exploited in the black sheet. In this way, all the light is directed towards the ceiling, (in the plafonier's case) or at the wall (in the sconce's case), such that the illumination generated is totally diffuse – or, that is, the ambience does not receive "washed" light. A new type of light source is the principal attraction for the Star Led lighting designed by Alberto Meda. This is a "high-tech candlestick": its light – soft and relaxing, with the power of a candle – is provided by 8 white LEDs, which use the energy from three small alkaline batteries. The LED (light emitting diodes) is a semiconductor which emits light through an electronic/atomic process. As this lightemission process does not cause wear, a LED never burns out. The white LED is the most sophisticated of all, as it is a combination of blue, green and red LEDs . The Plana lighting, designed by Fabio Falanghe and Giorgio Giorgi, shows a new way of using the common fluorescent lamp, which is fitted with a colored filter on its lower part; this set (lamp + filter) is surrounded by a polycarbonate crystal tube. A 1 mm-thick polycarbonate sheet is given a Solar Tech coating, which causes light diffusion. The combination of the Solar Tech coating (on the diffuser) and color filter (in the lamp) allows a wide range of colors and effects. The "Plana" received an award in the last edition of Brazilian House Museum Design Award (Prêmio Design Museu da Casa Brasileira). Architects and designers interest in the lighting field has increased significantly and this fact is related to – among other reasons – the availability of new types of lamps which, although produced in Europe or in the United States, are imported by the Brazilian subsidiaries of large companies such as Philips and Osram. A further incentive for our designers.

INTERESTING NEWS FOR DESIGNERS AND MANUFACTURERS: The Lighting Academy Villa La Sfacciata is a non-profit association which promotes research, and exchange of idea and updating with regard to the products, in courses and workshops. The Academy's Web, created over a year ago, is used by architects and designers throughout the world. It's worth consulting www.lightingacademy.org www.lightingacademy.org The Lyon Lighting Festival is organized by the city of Lyon - the first European city to have a lighting technique plan - to celebrate light. Each year, in the month of December, architects and designers from all over the world are invited to give practical demonstrations of how they see the city at night. A PDF file with detailed information can be obtained from the site www.mairie-lyon.fr/fr/focus/fetelumieregb.pdf www.mairie-lyon.fr/fr/focus/fetelumieregb.pdf

SOURCES: The magazine "Abitare" n. 422: Italy, November 2002. Lyon Municipal Authority: www.mairie-lyon.fr

EVOLUTION IN THE KITCHEN page 48 Design, modernity and comfort are the rules in this ambience which is filled with new details. The kitchen is now the playground of the occasio nal chef. Together with ARC DESIGN, try the sophisticated seasoning at this banquet

Daniele Rissi Whoever is thrilled by design objects, will not relinquish an "Italian flavor" kitchen; and whoever has suffered a termite attack will pay for the quality and won’t hesitate. Among the new solutions and concepts, there is no lack of reasons to get to know the mysteries which hide behind the new technological kitchens. The kitchen has surpassed the limits of functionality and been transformed into a subtle and multiple activities space. There is a tendency to leave it on show, beautiful and attractive, as well has to make it dynamic and easy to move around and reconstitute. The ideal kitchen, shown in advertisements, specially that Italian ones (eating is a sacred ritual!), has been transformed from a feminine dream into a unisex ambition. The result? An environment in which the minimalist exterior and ever-more pronounced details prevail, in rotating shelves, drawers with places marked for each utensil, meanders made visible through the work of sophisticated fittings and hinges. Straight-line furniture finished externally in glass, combined with wood or aluminum – what a luxury! –, form an infallible semibrilliant and translucent pair. The glamour surrounding the “gourmets” provides the inspiration for new lines of products and accessories. The aim is to make the workplace more professional, to give its owner the status of a true “chef”. So great are the demands of consumers, convinced of what they want, that there is a growing race in the market for novelties – as well as an increase in prices to obtain an intelligent kitchen, which includes quality, beauty, durability and, further, that it should be fashionable. Because fashion, in kitchen design, also means incorporation of the most recent technology. But... how much is a kitchen worth? To what can this new object of desire be compared? What are the differences between products and brands? There are various niches in the market, which offers all types of consumers access to good quality. Bearing in mind MDF's structure and that five-year warrantees are common to all the first-rate brands, and that, considering wood, termites are inevitable, our good MDF (one of the best in the world) is the perfect solution. A luxury article bulging with optionals – from organizers and hardware to maintenance kits –, today you don't merely sell a product, but a service. Or, as Olgivy used to say, you sell seduction. Is it worth investing the same amount as an imported car to furnish a single ambience in the home? It's not really necessary, but for whoever can afford it, the reply appears to be affirmative. 79 ARC DESIGN


THE OBJECT IS A ABOUT US – page 52

NOTICE

Paulistano Chair, among the most beautiful in Brazilian design.

Its

creator?

The

architect Paulo Mendes da Rocha, in 1957 Maria Helena Estrada It’s destiny? A long history of being forgotten and remembered. Created for the spaces in the Paulistano Club's gymnasium, for which the architect had drawn up plans during a period when there was great lack of belief regarding Brazilian design, a time also of the first invasion of “designed elsewhere”, the Paulistano was restricted to the few original examples. In 1985 Nucleon-8, a company of architect and designers dreamers, Adriana Adam and Paulo Milani, relaunched it in the Brazilian Masters' collection, which included pieces by Lina Bo Bardi and Flavio de Carvalho, among others. But this time the chair’s life was still short. Now the Paulistano is reborn: completely up-to-date, in its perfect comfort. A chair with a memory, as its creator claims: using soft steel, we create curves which always return to their original position. Now it is definite. The Firma Casa is launching the same 1957 Paulistano. A perfect “upholstery”, fitting like a glove, incredibly Brazilian. Chic, as its creator says. But much more. The Paulistano is a forerunner on the road which clearly indicates directions for Brazilian design. I was responsible for content research to launch the Brazilian Masters' collection. At that time I interviewed and talked to Paulo Mendes da Rocha and today, re-reading the notes that I made, my only desire is to reproduce Paulo's words, without adding anything. “The reason for design is the other, when we project our own view and expression of reality, in an intrigue of seductions between knowledge and what materializes in form. The chair is a lyric, a language – a projection of its own self. The object is notice about us...”

BRASIL DESIGN DIVERSITY BUSINESSES – page 54 On December 2 and 3, the seminar "Brazil Design Diversity Businesses", organized by Sebrae under the curatorship of Ethel Leon, was held at the Hotel Unique, São Paulo

Betting on design as an important tool for exporting Brazilian products, Sebrae held an international design seminar, under the curatorship of the journalist Ethel Leon, a specialist in the field. Aimed at design professionals and businessmen, the seminar included important names in Brazilian and world design, and 80 ARC DESIGN

covered topics that were diversified and relevant to the present moment in Brazilian design. In the first panel, “Design with a Brazilian Face: Successful Plurality”, Guto Indio da Costa (see ARC DESIGN n. 24) and the brothers Fernando and Humberto Campana showed their creations, in two different universes – that of industrial design and that not-so industrial design (based on handicrafts) –, both of which are recognized internationally. “Imagination and Creativity in Design Management” was the topic of the second panel, which presented the Canadian designer, Alexander Manu, founder of Axis Group International, and graphic designer Gilberto Strunck. In a conceptual and amusing presentation, Manu spoke of the importance of imagination in the creative process and his relationship with entertainment in work. In his words: “without entertainment, imagination dies; without imagination, creativity dies”. Strunck, on the other hand, concentrated on the importance of the brand and packaging as a sales tool and stressed their importance for small and micro-companies which normally do not have funds available to promote marketing, and in packaging have the only resource for promoting their product. The third panel, “Design and Global Products”, united Paul Brunato, from Frog Design, with the Curitiba architect and designer, Manoel Coelho. Brunato, Public Relations Director for Frog Design, showed the company's “firepower” in the growth of sales of products which it had developed. Marketing well done: if Frog had possessed a branch in Brazil, it would have certainly collected many clients in this presentation. Could this have been the objective? Then Manoel Coelho showed his participation in the development of urban furniture in the city of Curitiba, emphasizing the increased quality of life for people there from the moment that the Municipal authority began to invest in design – obviously in conjunction with the city's urban planning area. The director of VIA (a French program to enhance the value of furniture design), Gerard Laizé, opened the fourth panel, “Small Companies Gain with Design ”. Laizé presented VIA, an agency for promoting design which has contributed to discovering new talents throughout France. Among the institute's activities, we highlight the Appels Permanents – a permanent commission which analyses over 1000 projects a year and provides financing for the prototypes that are most outstanding – and Carte Blanche, which every year chooses a designer who is already reasonably well-known and finances the development of his projects. VIA also promotes French design, both in France and abroad – mainly in Europe – through frequent exhibitions. Its showroom in Paris always has an exhibition of the latest products developed with VIA's assistance, as well as exhibitions focused on specific themes. Subsequently, Fábio Mestriner, president of the Brazilian Packaging Association (Associação Brasileira de Embalagem – ABRE), addressed the topic of packaging as support for media, stressing that "small companies, much more than large ones, can be more daring". The fifth panel brought up for discussion a topic that is connected with the current situation in Brazilian design: “design and handicrafts, a promising encounter”. The first speaker, Jesús-Angel Prieto – an instructor from the Escola Massana, the Municipal Centre for Art and Design in the city of Barcelona –, spoke about the rise of handicrafts as a language medium and stated: “the future of design is handicrafts”. Following this, the Brazilian designers, Fabiola Bergamo and Lars


Diederichsen gave an account of their experiences in various handicraft communities in 12 States in Brazil – a project which was sponsored by Sebrae, and which generated about 800 products. In these communities, Bergamo and Diederichsen did not act exactly as designers, but more as facilitators, seeking to strengthen the local identity by means of rescuing what was traditionally done in the region and adjusting this production to market demands. In the final panel, the architect and designer Júlio Katinsky gave a historical reflection on design, while the Italian master Enzo Mari (see ARC DESIGN n. 13), always in the counter-flow, surprised everybody with a passionate speech in which he stated: "I hate those who work for a profession. I work for passion, to bring happiness to my life. (...) I work for the right to think”, said the designer, from the height of his 50 years in the profession and almost 1,800 projects. Mari is famous for taking advantage of the essential in his projects, “eliminating everything which is useless or false”, he says However, he does not accept being considered a minimalist. His anti-consumerist posture – in spite of his 1,800 projects! – is evident at every moment: the objects he designed gain longevity. Mari explains: “70% of the objects which I designed 30 years ago are still produced today: this is my way of opposing fashion”. What was expected of Enzo Mari, the seminar's great star? That he grant us the pleasure of a vision of his projects, that he comment on the trajectory of his projects – which would have been extremely important and useful to the audience. An account of his experiences with small industries – porcelain, for example – in Italy, with emphasis on hand work would have been very relevant to the seminar's objectives. More than the explosion of his radical temperament, we expected to hear what Enzo Mari did not say.

BEA FEITLER: BRAZILIAN MASTERY IN N.Y. page 60 Bea Feitler was born in Rio de Janeiro in 1938. During the Fifties, she began her studies at the Parsons School of Design, N. York, where she graduated in 1959. The following year, back in Brasil, she joined the art editorial staff of the Senhor magazine, headed by Carlos Scliar. In 1961, she returned to New York at the invitation of Marvin Israel, a former professor at Parsons, to be his assistant at Harper's Bazaar magazine. In 1963, she was promoted to be the art co-director (together with Ruth Ansel), and she remained in the job until 1972, when she left the Bazaar to take over art direction of the feminist magazine Ms. Starting in 1974, she began to dedicate herself to diversified projects, such as books, record sleeves, posters, advertising campaigns (for companies such as Christian Dior and Calvin Klein) and even costumes for ballet presentations. She died in 1982, at 44 years of age. In 1989, her name was included on the list of principle North American designers,

PUBLI-EDITORIAL FORMA page 56

prepared by the American Institute of Graphic Arts (AIGA)

Kartell, a universe present throughout the world. Imported into Brasil by Forma, the sophisticated Italian brand produces more than daring plastic furniture, it produces interaction with the real world, discourteous, unpredictable and dispersed through multiple cultures. “kARTell – 150 items, 150 artworks”, presented in Milan, registered the universality of the brand and the performance of its products outside the usual context: the height of an object outside the showroom. The conception of Franca Sozzani, the director of Vogue Italia, “kARTell” is a book, exhibition and event . Design, fashion, art and photograph are blended in the collection of 150 images reported by photographers such as Helmut Newton, Bruce Weber, Stephane Sednaoui and Mario Testino. With texts by personalities from the artistic, sporting and journalistic areas, proceeds from the book will be donated in favour of needy children. Items produced by Kartell, from the years of the 1950's until today, appear in the project, defined by Sozzani as “an incredible sequence of objects re-observed in code, which is at the same time fantastic and abstract, but has real functionality”.

Winnie Bastian Exuberant, tireless, active, a conqueror of challenges, and with unrestrained creative strength, she could be both charming and demanding at the same time. "Her standards of excellence in design were nonnegotiable", said the North American critic, Philip Meggs, in an article published in 1990 by the American Institute of Graphic Arts (AIGA). This is Bea Feitler, the Rio native who won incredible recognition in the competitive North American graphic art market and almost none in Brazil. Perhaps this is due to the fact that she died young, at 44 years old. Or perhaps it is due to our limited knowledge of the North American editorial market at the time in which the designer was active. Perhaps it is because recognition regarding graphic design is still something relatively recent in our country. But Bea Feitler's anonymity in Brazil, probably, is the combination of these three factors. Feitler achieved success in the United States. But previously she worked in Brazil, on the magazine Senhor – a milestone in Brazilian editorial design – and at Estúdio G, opened in partnership with Jaguar and Glauco Rodrigues. The studio, however, did not take off. In Brazil at that time, there were still no clients who could understand the creativity of these three graphic artists. The experience obtained in Brazil – principally at Senhor, working with Carlos Scliar and other talented professionals – is reflected in 81 ARC DESIGN


with Feitler's Carlos laterScliar work,anddone otherin talented the United professionals States. The – isdesigner, reflectedfor in example, Feitler's later continued work,todone use the in the magazine's United States. characteristic The designer, experimenfor tation example, in her continued work. to use the magazine's characteristic experimenScliar's tation in influence her work.is also present in relation to the graphic project's dynamics. Scliar's influence In an isinterview also present with inThe relation Magazine to theofgraphic Corporate project's and Commercial dynamics. InArt, an ininterview 1977, Bea withFeitler Graphis summarized magazine,this in side 1977,of Bea her work: Feitler "A summarized magazinethis should side flow. of her Itwork: should "Ahave magazine high and should lows. flow.It should It shouldhave havea high beginning and lows. and Itanshould end. Ithave should a beginning not be designed and an on end.a double-after-double It should not be designed concept. on aThe double-after-double closest thing to the concept. actionThe is editorial closest thing design to the ". action is editorial design ". At Senhor, there was great concern with the rhythm of page sequence, as Luiz Lobo, the magazine's assistant executive editor until 1960, states: "Scliar made a miniature of the pages and placed the whole magazine on the wall, as if it were cinema. One then saw that the magazine had a movement of highs and lows which was completely intentional, and now and then he would say: 'I need a heavy page here', and then then we we would tried totryimagine to imagine whatwhat a heavy a heavy page page waswas (...)."* (...)."* Thus, "empty pages with large titles, photographs with unusual cuts, texts, drawings, blank spaces and black backgrounds"* alternated at Senhor. After Estúdio G closed down, Bea Feitler returned to N. York and began working as an assistant to Marvin Israel in art direction at Harper's Bazaar. During this period (1961 to 1963), Feitler tried to absorb the influence of the legendary Alexey Brodovitch, the Russian graphic designer living in the United States who was responsible for the Bazaar's art until 1958. "The Bazaar of the Sixties was a dynamic account of its time. Vivid photographic sequences, cinematographic rhythm, incredible changes in the scale, Pop Art and op art frequently filled its uninhibited pages. The magazine received award after award, in major design exhibitions ", writes the critic Philip Meggs in his article. Her facility in working with photography also contributed to her success as a graphic designer. Adroit, she won the trust of photographers, who had confidence in her judgmental capacity and her ability to select and "design" with their photographs. Experimenting (constantly!), Feitler analyzed the photographs and showed the best angle and most suitable cut to arrive at a stimulating result. Her creative agility was mentioned by the photographer, Richard Avedon, in an article in the magazine Graphis, in 1968. Avedon recalled preparing a cover for the Bazaar of April 1965. They were already over the deadline, it was past 11 o'clock at night and the photographs of Jean Shrimpton, in an astronaut's helmet which had been created by one of the most famous millinery stylists in New York, were not working. "Ruth began explaining that we could cut out along the curve of the astronaut’s helmet", Avedon wrote, "but she never finished because Bea was already cutting away. (...) 1/8 of an inch between pink helmet and the grey base. No, 1/16. (...) everything happened in minutes... it was an absolutely magical moment". This cover won a medal from the New York Art Director's Club and was widely reproduced as a symbol of the Sixties. Later, already at the magazine Ms., Bea Feitler continued experimenting in graphic design: she mixed photography with illustration – a practice which was widely used by the art team at Senhor –, she used phosphorescent inks, among other innovations. The sensitivity in working with colors, really, was one of her more notable characteristics. And, possibly, was an inheritance from her life in Brazil. 82 ARC DESIGN

In parallel with her work on major magazines, Feitler designed various books and external projects which increased her reputation. Good examples are the books "Diaghilev and the Ballets Russe" (1970) and "Cole" (1971). In 1974, Feitler left Ms. to give herself fulltime to other projects. In 1976, she opened her own company in N. York. "White Woman" – by the photographer Helmut Newton – (1977), "Windows" (1977),"Vogue Book of Fashion Photography 1919-1979" (1979) and "The Beatles" (1980), are from this period. Books designed by Bea Feitler had her name stamped on the cover, and the designer received a royalty on the sales. Because, if the book attracts readers, the graphic designer was as responsible for this as were the author and/or photographer. From 1975, Feitler began working for the magazine Rolling Stone – a partnership which lasted six years –, and she twice completely redesigned its format: in 1977, for the edition celebrating its 10th anniversary of publication, and in 1981, when the magazine evolved from a tabloid into its present form. In 1978, she acted as "consulting art director" to the Condé Nast Publications, where she developed the graphic project for the magazine Self. Her last project, also for Condé Nast, was the first issue of the revitalized Vanity Fair, launched after her death in 1982. Apart from being a talented professional, Feitler was an excellent teacher. Her course in Editorial Design was one of the most popular at the School of Visual Arts, in N. York, where she taught between 1974 and 1980. Contact with the students stimulated and inspired her, according to the designer. A scrap of the text written by Carlos Scliar for the magazine Visão, in 1989: "In the 3rd or 4th number [of Senhor], I was visited by a girl who was carrying an enormous file of work done in a graphic arts course in New York. She had seen the magazine and wanted to work with us. I hired her then and there, without consulting my bosses Nahum [Sirotsky] and Simão [Weissman]. Bea Feitler worked with me until my last day (...) she was fantastic, full of imagination, surprising, enriching us all. I say with pride that I discovered her.”* *Quotations taken from the dissertation "Design Editorial no Brasil: Revista Senhor", presented by Fernanda Sarmento to the Universidade de São Paulo (USP), in 2000. Research: Fernanda Sarmento, Cibele Cipola and Gabriela Morand. We thank the Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), in Rio de Janeiro for their collaboration

A FRAGMENT OF THE INTERVIEW BY ROBERT PROPPER, PUBLISHED IN THE MAGAZINE, GRAPHIS TODAY, n. 4, vol. 2, July/August 1977

GRAPHIS TODAY – How do you feel working at Harper's Bazaar? BEA FEITLER – I always dreamed of working there; I always thought of Bazaar as the most beautiful magazine and with a creative appearance ... Over the last 11 years, I enjoyed a certain freedom which the magazine afforded. GT – What were your constraints?


BF – We came under pressure when the magazine lost part of its readers; limits were placed on our ability to make beautiful and inventive things. GT – Do you think that was justified? BF – I think it's a classical example. What I mean is if something doesn't work or doesn't sell, the appearance is always to blame. I always thought that if the content wasn't good, you could still save it by visual means ... But that doesn't make it good. I believe that if you provide your reader with interesting content, and make it attractive, you will have a reader for ever. GT – How you begin to design the pages in a magazine? BF – The article will say to me, "I want to be designed like this", so then I'd try to express the topic visually, with a title that "stops" the reader, a basic illustration or a group of photographs. With so many magazines in circulation, I do not believe that a well-designed publication is a luxury but a necessity. GT – With what sort of editors have you worked? BF – The best work that I have done as a director of art for a magazine was with understanding editors, who believed in my rhythm and felt that what I was doing was right for their product. Pat Carbine, of Ms., was this type of director. However, many writers and editors are not visual people. The majority of human beings are not visual. Designers are always going to have to make an effort: each page of a beautiful layout is a struggle. The editor insists the visual can only be shown from the front, but your experience tells you that this photograph will be ugly. You fight it and argue ... It is part of our job to know the limitations which come into play. GT – How do you regard the role of women in design, from your present point of view? BF – If I can judge this based on the number of women who attend my classes at SVA, I believe that women are more interested than ever in design as a profession. Because of the feminist movement, I think women have stayed in the market instead of accepting the initial rejection and "getting out". GT – What was the greatest influence on your professional life? There are so many books here. What books do you read? BF – Before I became involved with design, I was interested in art, music, theatre, painting, history. All my projects are rooted in this. My cultural interests really enriched my life and are the foundation of any creativity that I might have. GT – Possibly Possibly what what you youare aresaying sayingisisthat thatit is it is enough to to goart to notnot enough to go art school – need you need to something bring something yourthat work this school – you to bring to yourtowork this that requires requires longer apprenticeship? a longer aapprenticeship? BF – Yes. Look at the past. The greatest ballerinas were not merely those people who danced, who knew the techniques; they were men and women interested in art. I'd try to use what I know in all my projects. In a book project, I'm not so interested in designing the books. I want to give them a soul. GT – I would love to hear your experiences of working with famous people and their influence on what you do. BF – Diana Vreeland was the fashion editor at Harper's Bazaar when I began working there. She was a memorable lady. I remember when I went into her office for the first time: a green room with the wall covered from side to side, with hundreds of photographs, Renaissance paintings, Marlon Brando next to Coco Chanel. One could see how everything interested that woman, how she searched

the past for any reference which was in good taste and she had keen insight for what would be a "huge sensation" in the future. I inherited her habit of cutting out unusual and interesting things and filling the walls with them ... Richard Avedon inspired me; I worked with him until 1965, when I left the Bazaar. Who else? There are so many interesting writers... Brendan Gill stands out as a special person to work with. GT – It would be difficult not to ask you about the role a creative person – artist, designer – may play in launching trends... BF – Well, this is a suitable role, because they are involved with mass media... they are accustomed to almost smelling what is going to happen. In my case, I was "right" about the Cole Porter book, which helped to begin a nostalgic trend. In that case, I looked around for something that interested me. GT – In the Wonder Woman case, did you also “smell”... BF – That's what is curious about trends and fashion. When they brought me the comic strip, I’d never heard of Wonder Woman, but I had the feeling that she would be good as a symbol for the growing movement (feminist). You can imagine how enchanted I was when the readers and then the manufacturers wrote in, although personally I didn't like the cover that much. GT – A question on your books: you always are able to get prominent credit on the cover for your work. What do you do to get this type of important position? BF – It happened like this: when I designed my first book, "Diary of a Century", published by Richard Avedon, there was very little money for the project. I spent almost two years on it, a thousand pages. It was a labor of love and what I wanted was the credit. From then on, I insisted that each book that I designed should have a credit on the title page. I don't only receive the credit, but I also receive a royalty which is unique among book designers. GT – In an article in W, in which you say a number of wonderful things about your work, you also said that you sometimes get depressed because there is not enough feedback, that the publishers make money but the artist is frequently copied. BF – That's true up to a certain point. Unless I am turned on by the subject, I won't do something just to be commercial and sometimes take less money because I love the work. The price for a book design is between $3,500 and $5,000 and I think it should be double that. GT – What do you see for the future? BF – Well, as far as my books are concerned, I hope to move more toward the role of an author, not just designing the book, but also finding a writer and a researcher who help me to execute my ideas. I think that modern books should be 50-50 in terms of visual resources and words. Ultimately, I would like to publish my books. I have many areas of interest, even catalogues, which people refer to as "commercial", to which a good concept of art editing could be applied to make them really beautiful. ❉

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Uma Publicação Quadrifoglio Editora / A Quadrifoglio Editora Publication ARC DESIGN n° 29, Março/Abril 2003 / March/April 2003

Apoio / Support:

Diretora Editora / General Editor – Maria Helena Estrada Diretor Comercial / Commercial Director – Cristiano S. Barata Diretora de Arte / Art Director – Fernanda Sarmento Redação / Editorial Staff: Editora Geral / General Editor – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico / Graphic Design Editor – Fernanda Sarmento Chefe de Redação / Editor in Chief – Winnie Bastian Equipe Editorial / Editorial Staff – Daniele Rissi Jô A. Santucci Tatiana Palezi

Apoio Institucional / Institutional Support:

Arte / Art: Designer – Cibele Cipola Estagiária / Trainee – Helena Salgado Participaram desta edição / Participants in this issure: Ethel Leon Cristiano Sergio Gama Junior Departamento Administrativo / Administrative Department: Fabiana Ferreira da Costa Departamento Comercial / Commercial Department: Gerente Comercial / Manager – Flavia Jorge Departamento de Circulação e Assinaturas / Circulation and Subscriptions Department: Denise Toth Gasparotti Conselho Consultivo / Advisory Council: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta (Fundação Padre Anchieta’s director); arquiteto (architect) Julio Katinsky; Emanuel Araujo, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo; Maureen Bisilliat, curadora do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina (curator of Memorial da América Latina’s Pavilhão da Criatividade); João Bezerra, designer, especialista em ergonomia (designer, expert on ergonomy); Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de Arc Design para assuntos internacionais (expert on European culture and design, Arc Design consulting for international subjects) CTP: Takano Editora Gráfica Ltda. Impressão / Printing: Takano Editora Gráfica Ltda. Papel / Paper: Suzano Papel – Couchê Reflex Matt (miolo – 150 g) Supremo Duo Design (capa – 250 g) Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito. The rights to photographs and articles signed by ARC DESIGN contributors are the property of the authors. Photographs for publicity were provided by the companies, institutions or professionals referred to in the articles. Total or partial reproduction of any part of the magazine is only permitted with prior, written consent by the publishers. Cromos e demais materiais recebidos para publicação, sem solicitação prévia de ARC DESIGN, não serão devolvidos. Chromes and other materials, received for publication, but unsolicited by ARC DESIGN, will not be returned.

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Design. Faz o seu produto fic ar bem mais atraente O Sebrae sabe como o design pode criar um diferencial tornando seu produto ainda mais atrativo. Por isso, desenvolveu o Programa Sebrae Design, que orienta pequenas empresas a ganharem competitividade absorvendo conhecimento e técnicas de design gráfico, de produto, embalagem e de ambientes. Informações procure o Sebrae mais próximo ou acesse www.sebrae.com.br


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