Revista ARC DESIGN Edição 31

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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

ÁLVARO SIZA: ENTREVISTA E PROJETOS R$ 12.50 2003 Nº 31 QUADRIFOGLIO EDITORA

ARC DESIGN

Nº 31

2003

ALVARO SIZA: INTERVIEW AND PROJECTS

DESIGN NA MODA DESIGN AND FASHION

MINIARQUITETURAS À MESA TABLE MINI-ARCHITECTURES

UMA CASA EM SÃO PAULO A HOUSE IN SÃO PAULO

DESIGN GRÁFICO: TYPO BERLIN 2003 GRAPHIC DESIGN: TYPO BERLIN 2003

FULL TEXT IN ENGLISH


Foto Carlo Lavatori

As peças que ilustram a capa desta edição foram criadas pelo arquiteto Massimiliano Fuksas e sua esposa, a designer Doriana Mandrelli, para a empresa Alessi. Nascido em Roma em 1944, Fuksas começou a pintar aos 14 anos e aos 16 tornou-se aluno do pintor e escultor surrealista Giorgio de Chirico. Estudou também filosofia, antes de entrar para a escola de arquitetura da Universidade La Sapienza (Roma), onde se formou em 1969. Em 1967 inaugurou seu estúdio em Roma, ao qual se seguiram, em 1989 e 1993, os estúdios de Paris e de Viena, respectivamente. Entre 1998 e 2000 foi curador da VII Bienal Internacional de ArquiteAcima, imagem da capa: conjunto de chá desenhado por Massimiliano Fuksas e Doriana Mandrelli para a Alessi

tura de Veneza, com o tema “Menos Estética, mais Ética”. Desde janeiro de 2000 é responsável pela coluna de arquitetura do jornal semanal “L’Espresso”, fundada por Bruno Zevi. Dentre os prêmios recebidos, destacam-se o “Vitruvio International a la Trayectoria” (Buenos Aires, 1998),

Foto Raymond Prat

Abaixo, interior da loja Emporio Armani em Hong Kong: uma grande fita vermelha em fibra de vidro auxilia na definição dos espaços e assume novas funções em cada ambiente, como no restaurante, onde faz as vezes de balcão. No pé da página, projeto do novo pólo da Feira de Milão, ainda em construção

o Grand Prix d’Architecture Française (1999) e a condecoração pelo Honorary Fellowship do American Institute of Architects (2002). Sua prática profissional está centrada na realização de obras públicas, que incluem edifícios universitários e grandes complexos urbanos. Entre seus projetos mais importantes podemos citar o plano urbanístico da Praça das Nações Unidas (Genebra), o Centro da Paz (Israel), a Agência Espacial Italiana – ASI (Roma), a renovação da zona às margens do Rio Sena em Clichy-sur-Seine e o plano urbanístico para uma área de 1.000 hectares do Aeroporto Charles de Gaulle (Paris), além das Torres Gêmeas (Viena) – complexo de prédios para escritórios com 150 metros de altura e 160 mil metros quadrados de área construída, e do Pudong International Trade Center (Shangai, China), com uma área de 4 milhões de metros quadrados. Dentre as obras mais recentes pode-se citar a megastore da Emporio Armani em Hong Kong (também em parceria com Doriana Mandrelli), inaugurada em novembro de 2002, e o novo pólo da Feira de Milão, ainda em construção.

Studio Massimiliano Fuksas Architetto

Fuksas, cuja metodologia projetual baseia-se em modelos tridimensionais, provou sua habilidade em “esculpir” e realizar edifícios em diversas escalas, como o Museu do Grafite em Niaux, França, e as Torres Gêmeas em Viena. Seus projetos são caracterizados pelo uso de materiais inovadores, pela grande importância dada ao contexto e pela relação estreita com a arte – muitas vezes, fonte de inspiração. Há muitos anos dedica atenção particular ao estudo dos problemas urbanos nas grandes áreas metropolitanas. Atualmente vive e trabalha em Roma e Paris. A parceria com Doriana Mandrelli data de 1985. Nascida em Roma, Mandrelli estudou História da Arte e Arquitetura na Universidade La Sapienza, onde também já foi professora. Atualmente dirige a seção de design do estúdio de Fuksas. Seus projetos refletem a pesquisa constante de novos materiais e novas técnicas produtivas à qual a designer se dedica.


Ar qui te tu ra. Tema da mai or im por tân cia em nos sa cul tu ra, ga nha es pa ço permanente em ARC DE SIGN. Se até hoje temos mostrado projetos arquitetônicos de for ma es po rá di ca, a par tir des ta edi ção sua pre sen ça – seja a ar qui te tu ra em si, seja a de pro je tos de in te ri o res – será cons tan te. Inau gu ra mos essa nova se ção com o gran de mes tre Álvaro Siza, um dos mais im por tan tes ar qui te tos con tem po râ ne os, au tor do pro je to para o Mu seu Ibe rê Ca mar go, em Por to Ale gre. Além de Siza, pu bli ca mos o me lhor da ar qui te tu ra, em pro je tos re ais, pro jetos ex pe ri men tais e tam bém me ta fó ri cos. O Bra sil está mu i to bem re pre sen ta do por Ha ron Co hen; o ex pe ri men ta lis mo, no cam po in ter na ci o nal, é exer ci do em pro je tos de di men sõ es re du zi das, XS, ou Ex tra Small; a me tá fo ra com pa re ce na co le ção Tea & Cof fee To wers – be lís si ma. Exis te uma coin ci dên cia, uma iden ti da de de pro pó si tos en tre a moda e o de sign de pro du tos? De te nha-se nas rou pas e nas idéi as de Nan ni Stra da e você terá a res pos ta. Typo Ber lin 2003, im por tan te conferência de de sign grá fi co, es co lheu este ano o tema “hu mor”: apro vei te a qua li da de do tra ba lho e ria... se pu der. No ca pí tu lo Pro du tos, te mos re ló gios su í ços e uma co le ção bra si lei ra de móveis. Os relógios são criação do famoso designer Hannes Wettstein; os móveis pro vam que uma an ti ga re a li da de co me ça a ser in ver ti da, quan do in dús tri as bra si lei ras de gran de por te já vêem o de sig ner como “o seu me lhor ami go”. Boa lei tu ra! Maria Helena Estrada Editora


A roupa como habitáculo e a moda como projeto. Conheça a obra de Nanni Strada, designer

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Arquitetos de todo o mundo exploram os limites entre arquitetura e design na última coleção lançada pela empresa italiana Alessi, em edição limitada

Acreditando no design, uma grande empresa do sul do país se destaca no setor do mobiliário

NEWS

Winnie Bastian

RIGOR NA FORMA E NO TRAÇO

O DESIGN E A GRANDE INDÚSTRIA

Daniele Rissi

Winnie Bastian

RAROS E CAROS

NANNI STRADA MODA DESIGN

Maria Helena Estrada

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30

Residência paulistana projetada por Haron Cohen combina formas rigorosas e espaços generosos, fiel ao estilo do arquiteto

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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

CADERNO DE ARQUITETURA

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nº 31, julho/agosto 2003

MUNDO TECH

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Projetos experimentais mostram exemplos de arquitetura mínima, “extra small”. Inter venções urbanas anunciam novas formas construtivas e novos materiais na arquitetura

Entre vis ta ex clusi va com Siza ilustrada por três obras recentes do arquiteto em Por tugal e uma no Brasil

PUBLI FORMA

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MATERIAL CONNEXION

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EXPEDIENTE

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Novidades no universo dos relógios? Veja alguns lançamentos que incorporam design e tecnologia

*

ENGLISH VERSION

TYPO BERLIN 2003

Maria Cristina Dresler

COMO BATEM AS HORAS?

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Maria Helena Estrada

Maria Helena Estrada e Winnie Bastian

ÁLVARO SIZA E O MODERNO PORTUGAL

Artigo publicado na revista Case da Abitare, Itália

EXTRA SMALL

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Acompanhe conosco os destaques da 8ª edição da conferência de design gráfico que acontece todos os anos na capital alemã

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PRINTER OF THE YEAR

DESIGN BRASILEIRO NO PRÊMIO IF, ALEMANHA

Principal produtor mundial de papel revestido de alta qualidade,

Promover o reconhecimento internacional do design brasileiro é

a Sappi produz as marcas Magno, HannoArt, Presto, Voltage e Royal,

o objetivo do Design & Excellence Brazil, lançado em São Paulo

presentes em mais de cem países. Com o intuito de reconhecer

no final de junho. O projeto, uma parceria da Câmara do Comércio

a excelência da indústria gráfica, a empresa promove competições

e Indústria Brasil–Alemanha de São Paulo com a APEX-Brasil e o

mundiais que ocorrem em todos os continentes. Este ano, a ceri-

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Ex terior,

mônia de entrega dos prêmios da América Central e América do

tem o apoio da Hannover Fairs do Brasil e duração prevista de

Sul foi realizada em São Paulo, tendo como grande premiada a

dois anos. A primeira iniciativa foi o incentivo à par ticipação de

gráfica chilena Ograma, que recebeu medalha de ouro pelo traba-

empresas brasileiras no concurso IF Design, um dos mais impor -

lho “Memória Viña San Pedro 2001”

tantes da área em todo o mundo – e “por ta de entrada” dos pro-

(foto), da designer Ximena

dutos brasileiros na comunidade européia e internacional.

Ureta. O Brasil foi represen-

A intenção é que o Brasil deixe de ser apenas expor tador de

tado pela gráfica Burti, que

“commodities” e passe também a expor tar produtos acabados

levou duas medalhas de prata

para a Alemanha (atualmente, apenas 20% das expor tações para

pelos trabalhos “Livro Volkswa-

a Alemanha são de produtos acabados, informa o vice-presiden-

gen”, desenvolvido

te de marketing da Câmara Brasil–Alemanha, Thomas Timm).

pela agência Almap

Os classificados na primeira fase do IF serão notificados no final

BBDO, e “Calendário

de outubro e os finalistas serão revelados na segunda quinzena

Burti”, criado por Alex

de dezembro. A cerimônia de premiação acontece em Hannover,

Chacon.

Alemanha, em março de 2004.

www.sappi.com

www.debrazil.com.br www.ifdesign.de

SAMSUNG DESIGN AWARDS 2003 Um concurso de design para estudantes da América Latina, que

PROMOSEDIA 2003

se realiza nos países onde a Samsung atua: Brasil, Argentina,

De 12 a 15 de setembro de 2003,

Chile, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela e Panamá. Podem par-

acontece em Udine, Itália, a 27ª edi-

ticipar alunos de cursos técnicos e superiores de design gráfico,

ção da Promosedia, única feira em

design industrial, web design ou publicidade, nas categorias

todo o mundo dedicada exclusiva-

Design Interativo (banners, pop ups, bottoms), Design Eletrônico

mente à exposição e comercialização

(fotografia digital), Publicidade (propaganda e display de produ-

de cadeiras. Vale conferir a qualidade

tos) e Design Industrial (design de produto). O vencedor do Sam-

da produção, aproveitar os preços,

sung Design Awards 2003 ganhará uma bolsa de estudos no

conhecer projetos inovadores e saber

valor de 5 mil dólares. Escolas e professores envolvidos nos

a quantas anda o mercado internacio-

projetos finalistas serão contemplados com produtos da marca.

nal. O tema deste ano, a própria his-

Segundo Gisela Turqueti, diretora de marketing, “a iniciativa visa

tória da Promosedia, será apresentado nas mostras institucionais

dar apoio e oportunidades de mercado para a próxima geração de

promovidas pelos organizadores da feira, começando pela exposição

profissionais”. As inscrições, gratuitas, podem ser feitas até 20

“SediaClassica”, dedicada a cadeiras de diversas épocas em estilo

de agosto. A grande final será realizada no dia 23 de setembro,

clássico. Para mais informações, visite o site www.promosedia.it.

em São Paulo. www.samsung.com.br/designawards2003


ARQUITETURA BRASILEIRA NO CANADÁ A Embaixada do Brasil em Ottawa, Canadá, chefiada pelo embaixador Henrique Valle, está realizando um programa de divulgação do país no exterior com a distribuição do mini-CD-ROM “Brasil: Arquitetura Contemporânea”. O conteúdo engloba imagens e comentários sobre obras recentes de arquitetos brasileiros ou estrangeiros, em diversas áreas. Nomes como Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha e Roberto Burle Marx estão entre os destaques. Outros tópicos relatam projetos brasileiros no exterior e as Bienais de Arquitetura de São Paulo. Para ter acesso ao conteúdo do CD, visite a página da Embaixada do Brasil em Ottawa: www.brasembottawa.org.

DAUM INVESTE NO BRASIL A tradicional vidraria francesa Daum, reconhecida mundialmente pela alta qualidade dos cristais que produz, acaba de lançar no

TRANSPARÊNCIAS

Brasil o concurso internacional “Arte & Design”, para promover

A Vidrotil acaba de lançar a coleção Transparências. Trata-se das já

sua marca e a produção do cristal em “pâte de verre”.

conhecidas pastilhas em vidro para revestimentos e mosaicos,

Estudantes de arquitetura, desenho industrial, artes plásticas e

antes translúcidas e agora disponíveis também em dez cores,

design de interiores que quiserem ter seu projeto editado pela em-

com transparência.

presa – que já conta em suas coleções com peças de Salvador Dali

O processo artesanal de fabricação garante impermeabilidade

e Philippe Starck – precisam desenvolver um centro de mesa ou

total, o que facilita a limpeza e impede a formação de manchas;

uma luminária em cristal “pâte de verre”, inspirando-se no tema

além disso, a superfície irregular das pastilhas faz com que a luz

Natureza, e enviar o material (desenhos artísticos, técnicos e pro-

reflita em várias direções, assegurando um brilho inconfundível.

tótipo – este último opcional) até 15 de dezembro de 2003, para

Essa combinação de fatores torna o Vidrotil um revestimento ver-

a França. O primeiro colocado irá a Paris e a Nancy para visitar a fá-

sátil, capaz de ultrapassar as “áreas úmidas” para ganhar outros

brica da Daum, além de ter sua peça produzida pela empresa e ex-

ambientes da casa, além de espaços comerciais e do uso em pai-

posta nas lojas de Paris e São Paulo. Os interessados que residi-

néis decorativos. Confirmando esta tendência, nove ambientes

rem em São Paulo devem retirar até 30 de novembro o regula-

utilizaram Vidrotil na última Casa Cor São Paulo, dentre eles o

mento e a ficha de inscrição na loja Grifes & Design (Al. Gabriel

Fumoir (fumódromo), de Marcelo Ronsenbaum, e a Sala do Bem-

Monteiro da Silva, 795). Participantes de outras cidades devem

estar, de Shênia Nogueira, além do grande painel de Siegbert Zanettini

enviar um e-mail para daum@grifesedesign.com.br, com nome e

(foto), na entrada do prédio.

endereço para receber as informações necessárias.

www.vidrotil.com.br

Na mesma ocasião, a Daum apresentou na loja Grifes e Design, em São Paulo, a coleção “Mémoire d’une Fleur” (foto), projeto do designer italiano Enzo Mari. O designer buscou inspiração na natureza para criar as peças, mas ressalta: “procuro captar a essência da natureza, não representá-la”. Composta por quatro peças (dois vasos, um centro de mesa e uma fruteira) em cristal “pâte de verre”, a coleção terá edição limitada – serão produzidos apenas 350 exemplares de cada modelo. Mais informações pelo e-mail daum@grifesedesign.com.br, com Raquel. www.daum.fr


PRÊMIO BERTA LEITCHIC Nos dias 20 e 21 de agosto de 2003, o Rio Design Center – shopping que reúne lojas de decoração e design, restaurantes e áreas de lazer, além de promover eventos culturais, como cursos e mostras – receberá as inscrições para o Prêmio DescoBerta de Design na sede do Shopping do Leblon, no Rio de Janeiro. Arquitetos, designers de interiores, desenhistas industriais, decoradores e estudantes com trabalhos inéditos – nas categorias Mobiliário Residencial, Utensílios Domésticos, Iluminação, Têxteis e Revestimentos – estão convidados a participar do concurso em homenagem à engenheira e decoradora Berta Leitchic, que participou do projeto do Aterro do Flamengo e da idealização do Rio Design Center. O objetivo é estimular a adoção de novas soluções em design, revelando novos talentos e propiciando o contato entre profissionais e empresas para a formação de parcerias. Os três primeiros colocados receberão prêmios em dinheiro e os trabalhos dos 20 finalistas serão expostos em novembro, no Rio Design Center. O regulamento completo do concurso está disponível na página principal do site www.riodesign.com.br.

MOSTRA ARTEFACTO BOSCH Acontece em São Paulo até abril de 2004 a mostra Artefacto. São 24 ambientes assinados por arquitetos, decora-

PRÊMIO MUSEU DA CASA BRASILEIRA

dores e paisagistas de todo o Brasil. Living, escritório-

As inscrições para a 17ª edição do Prêmio Design Museu da Casa

biblioteca, quar to de casal, estúdio, espaço gourmet,

Brasileira devem ser entregues nos dias 7 e 8 de agosto de 2003.

lounge, home office, sala de almoço, cober tura e lofts

Criado em 1986 pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, o

são alguns dos 19 espaços decorados com os móveis da

concurso acontece todos os anos e premia o trabalho de profissionais

marca, além de uma cer ta overdose de complementos.

e estudantes de desenho industrial, nas categorias Mobiliário, Uten-

No miniloft (foto), projeto de Cilene Monteiro Lupi, desta-

sílios, Têxteis e Revestimentos, Iluminação, Equipamentos Eletroele-

cam-se o sofá Sade II, com pés de cedro castanho reves-

trônicos, Equipamentos de Construção e Ensaios

tido em couro sintético branco, e a poltrona Panay, de

Críticos. Podem participar, individualmente ou em grupo, pessoas físicas brasileiras ou

A Mostra Ar tefacto surgiu em 1992 em São Paulo e, devi-

estrangeiras residentes no país

do ao seu sucesso, hoje é realizada nas lojas do grupo

há mais de dois anos.

São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Belo Horizonte,

Av. Brigadeiro Faria Lima,

Brasília, Maceió e Curitiba).

Tel.: (11) 3032-2564. www.mcb.sp.gov.br

Na foto, linha de mesas Tribo, design Ilse Lang, um dos projetos ganhadores da edição 2002

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em todo o país (já aconteceram 35 mostras nas lojas de

Museu da Casa Brasileira: 2.705, São Paulo.

ARC DESIGN

fibra natural impor tada da Ásia.

Mostra Ar tefacto Bosch: Rua Haddock Lobo, 1.405, São Paulo. Tel. (11) 3061-5855. www.ar tefacto.com.br


CASAS DE GIO PONTI A coleção Prontuario, da editora italiana Abitare Segesta, dirigida por Enrico Mor-

VENDENDO TENDÊNCIAS

teo, acaba de publicar o livro “Gio Ponti:

O bairro dos Jardins, em São Paulo, acaba de ganhar mais um

Tre Ville Inventate”, de Michele Porcu e

espaço dedicado à arquitetura e à decoração. Trata-se da Vieira

Attilio Stocchi. Edição cuidadosa, traz ras-

Santos, loja idealizada pelas arquitetas Ana Maria e Camila Vieira

cunhos, fotos, desenhos, plantas e

Santos, que comercializa móveis e acessórios selecionados em

maquetes das residências Planchart,

viagens pela Ásia, África, Europa e pelos Estados Unidos.

Arreaza e Nemazee, projetadas por Ponti entre 1953 e 1964.

O projeto arquitetônico explora a neutralidade do branco e a

“Três famílias, três desejos, três casas belíssimas como em

transparência do vidro, fazendo com que os olhares se voltem

um sonho, em cores”, lemos no início do livro. “Vivenda, belís-

para as peças expostas. Também chama atenção na proposta o

sima palavra dos espanhóis para dizer casa, é humano, muito

uso da luz natural, combinada a um jardim de inverno que estru-

humano”, prossegue o texto, citando Ponti, “não é a casa do

tura o espaço da loja. Como destaque, a escada em mármore

homem – é a mesma coisa mas diversa – é a casa para as

(foto) sem polimento com desenho geométrico – prova de que

crianças, as mulheres, os velhos, o sono, os sonhos, o repouso,

ousadia e rigor formal combinam, sim!

a indulgência, o abandono, a dor, a preguiça, o ócio, as paixões,

Vieira Santos: Rua Joaquim Antunes, 184, São Paulo.

o amor, o nascimento e a morte...” Um livro poético? Segura-

Tel.: (11) 3062-0660.

mente. E também informativo, ilustrativo da obra desse grande ar quite to ita lia no, precur sor do design contemporâ neo. O livro pode ser adquirido no site da distribuidora Hoepli. E-mail: orders@hoepli.it / www.hoepli.it

NOSSO NOVO SITE O site de ARC DESIGN está renovado: ágil, informativo e coerente com a revista. As novidades incluem ferramentas de busca abrangentes, matérias de capa na íntegra, a agenda de eventos em novo formato, links úteis e a versão integral do website em inglês (com formulário para pedidos de assinatura fora do Brasil). Visite a homepage, cadastre-se para receber informativos e envie e-mail para sabermos a sua opinião sobre a nova versão. www.arcdesign.com.br 7 ARC DESIGN


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8/7/03

12:42

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MUSEU IBERÊ CAMARGO. O PROJETO JÁ É UMA HOMENAGEM À IMAGINAÇÃO. O Museu Iberê Camargo, projeto do arquiteto Alvaro Siza Vieira, de Portugal, será construído em Porto Alegre usando cimento Cauê Branco. Desde já considerado um espaço de arte de classe internacional, o projeto do Museu Iberê Camargo, ao escolher o cimento Cauê Branco, mostra sua opção pela inovação. Em sua próxima obra, tome este partido arquitetônico como referência. Use a imaginação. Use Cauê Branco.

Ilustração a partir da maquete de Alvaro Siza Vieira.

futura

www.cimentocaue.com.br. Central de Atendimento Cauê 0800 703 9003


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MUSEU IBERÊ CAMARGO. O PROJETO JÁ É UMA HOMENAGEM À IMAGINAÇÃO. O Museu Iberê Camargo, projeto do arquiteto Alvaro Siza Vieira, de Portugal, será construído em Porto Alegre usando cimento Cauê Branco. Desde já considerado um espaço de arte de classe internacional, o projeto do Museu Iberê Camargo, ao escolher o cimento Cauê Branco, mostra sua opção pela inovação. Em sua próxima obra, tome este partido arquitetônico como referência. Use a imaginação. Use Cauê Branco.

Ilustração a partir da maquete de Alvaro Siza Vieira.

futura

www.cimentocaue.com.br. Central de Atendimento Cauê 0800 703 9003






ARC DESIGN

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Foto Michael Scott

reaviva os conceitos – atualíssimos – de Nanni Strada sobre a “pele do corpo” Maria Helena Estrada

ha bi tar”, afir ma Nan ni Stra da. Uma ex po si ção na Tri e nal de Mi lão, du ran te o Sa lão do Mó vel,

“Pen so, de se nho, vi su a li zo, vivo a rou pa como um ob je to, ou como o pri mei ro es pa ço onde

NANNI STRADA: moDA DeSIgN


Foto Giovanni Rondina

Na página ao lado, a imagem da capa e a capa do livro “Moda Design”, sobre o trabalho de Nanni Strada (Editoriale Modo, Milão), com o Torchon em linho. Nesta página, à esquerda, Torchons montados sobre o corpo, em foto e desenho; abaixo, outra das muitas possibilidades de uso do Torchon

O Instituto Politécnico de Milão tem hoje um Laboratório de Desenho Industrial para a Moda, com 48 alunos que se exercitam em torno aos temas ligados ao design do vestuário enquanto produto industrial. É esta a nova paixão de Nanni Strada, que dirige o laboratório. Irreverente, ignorando códigos, projetando novas linguagens, rebelando-se nos anos de 1970 contra o padrão máximo e indiscutível na moda, o do “fio reto”, de alfaiate, no corte das roupas, Nanni Strada em menos de dez anos de atuação profissional faz a passagem – ou a ultrapassagem – fundamental: da moda ao fashion design. Qual a sutil diferença? A despreocupação do fashion design em relação à moda, à efêmera gratuidade da moda, e o fato de adotar conceitos que se baseiam na metodologia projetual própria ao design. Quando afirmou que “a moda é o que passa de moda”, Coco Chanel instaurou a grande confusão em torno a essa não tão sutil diferença. A obra de Nanni Strada mostra os pontos de encontro, denuncia as diferenças, traça os pontos de união entre design e moda. “Se o design é o projeto do mundo, a moda representa as estações”, escreve Almerico de Angelis e acrescenta, “... o design da moda é a capacidade de dar forma aos comportamentos, exatamente a mesma tare-

Nanni Strada. Um livro gostoso, que se lê como um romance de aventuras, no qual a designer também

F o to M ic h a e l S c o tt

fa do design”, no prefácio do livro “Moda Design”, de

15 ARC DESIGN


diz “a que veio” e deixa claro seu pensamento projetual. “Sempre pensei na roupa para viajar, para pessoas que como eu vivem em uma dimensão de grande mobilidade, de curiosidade, de precariedade, de aventura”, diz Nanni Strada sobre seu trabalho. “A roupa é um objeto capaz de provocar novas linguagens.” Foto Harri Peccinotti

O “abito giù dal corpo”, roupa descendo pelo corpo, de 1972, foi a primeira oportunidade para Nanni Strada aplicar suas pesquisas sobre a vestimenta oriental e suas teorias sobre a geometria da roupa, à realidade industrial. Convidada pela empresa italiana Max Mara, ela desenha peças geométricas, chatas, sem cortes, sem

Acima, foto da Coleção Etnológica, publicada na revista inglesa Nova, em 1972; ao lado, meias em tecido stretch, da mesma coleção, lançadas em 1971; abaixo, à esquerda, Pantysol, roupa sem costura, apresentada no filme “O Manto e a Pele”, em 1974; à direita, capa da revista Casabella, 1974, apresentando “O Manto e a Pele”

forro, sem reforços e, principalmente, com costura soldada, como as usadas apenas nas malharias. Para a produção dessa nova roupa, a indústria de máquinas de costura foi solicitada a criar outros dispositivos, fato que passou a ocorrer, com frequência, a cada

Em 1972 nasce a Coleção Etnológica, camisetas com mangas longuíssimas e meias stretch, sem pés, também fora de medida, que se usavam arregaçadas. “É o conceito de liberdade do corpo, da decomposição e da redução das peças de vestuário, que assumem formas e medidas inusitadas”, escreve Raimonda Riccini,

Fotos do filme “O Manto e a Pele”

Foto Davide Mosconi

nova “invenção” da designer.


curadora da recente mostra de Nanni

À esquerda, desenho de Nanni Strada para a sequência do filme “O Manto e a Pele”; abaixo, à esquerda, esquema da roupa Pantysol, sem costura, e à direita, a roupa vestida, em foto publicada no jornal inglês Observer

Strada na Trienal de Milão. Para a Coleção Etnológica, criada em Londres, onde morava na época, Nanni Strada precisava de editores de moda corajosos, e a revista Nova, inglesa, era o alvo desejado. Foi assim que, com a “conspiração” da redatora responsável Caroline Baker, surgiu o primeiro editorial de moda com close-ups de segmentos do corpo e o enfoque no objeto, e não no comportamento. O uso difuso da minissaia fez com que as meias passassem a ocupar posição de protagonistas, vestindo mais de um terço do corpo, ganhando listas, quadrados, desenhos. Um fenômeno que propicia, também, a inovação no campo das máquinas para produzi-las. A partir dessa realidade, estender o mesmo processo industrial a todo o vestido, em malha tubular, foi o lampejo de um sonho. E a criação de um projeto que antecede décadas a meia-vestido de Philippe Starck (veja ARC DESIGN N. 7).

es Wed g e Fo to Ja m

Este novo vestido é a pele, o hábito infinito, uma só

17 ARC DESIGN


Fotos do filme “O Manto e a Pele”

Acima e abaixo, o Manto, a “roupa chata”, de 1973, com costuras e soldas funcionais e decorativas, que permitem a sobreposição das diversas partes da roupa; na sequência acima, o esquema de dobradura para embalagem; fazem parte do metaprojeto para o filme “O Manto e a Pele”, que recebeu o Compasso d’Oro em 1979

peça sem costuras. A pesquisa foi sintetizada no filme “O Manto e a Pele”, criado para apresentação na seção internacional da Trienal de Milão de 1974, cujo curador foi Ettore Sottsass. Sempre partindo de pesquisas sobre roupas e costumes tradicionais em diversas partes do mundo, Nanni Strada participa, ainda em 1974, do concurso instituído pelo governo da Líbia para definir o hábito moderno islâmico. Concurso e intenções anulados, dessa experiência, no entanto, surgem as sucessivas versões do hábito-painel, uma peça única que, dobrada, parecia já vir embrulhada. É o caso da Coleção Oriente China, de 1975 a 1979, roupas sofisticadas em tecidos pobres, criadas para a loja de mesmo nome, em Milão. Outro projeto precursor, apresentado em 1988, e uma das grandes revoluções em nosso modo de vestir – que poderia ter-se transformado em uma grande questão judicial (se assim Nanni Strada tivesse decidido) –, foi a criação dos Torchon, o mesmo Pleats Please que Issey Miyake apresentaria quatro anos depois! Pensado para conviver com o nomadismo real e mental, um objeto autônomo em relação ao corpo, este é o Torchon. “Apaixonada como sempre pela matéria, vivendo naquele tempo na ‘ponte-aérea’ Milão–Lisboa, 18 ARC DESIGN


Fotos Manfredi Bellati

Acima, sandálias em verniz com tornozeleiras e salto em perspex, na coleção para Pandiani, 1967; à direita, detalhe da coleção URSS, de 1983, que se insere em uma campanha do governo russo para diminuir a distância entre a qualidade do produto russo e aquele estrangeiro, com uso de máquinas superautomáticas que permitiam produção em larga série, com qualidade e facilidade de produção

Acima e ao lado, a roupa árabe islâmica. O abandono da tridimensionalidade, o geometrismo, a flexibilidade e a criação de novos hábitos são as marcas fortes do trabalho de Nanni Strada, presentes nessa renovação da vestimenta para a mulher islâmica

19 ARC DESIGN


Fotos Giovanni Cabassi

Foto Domenico D'Erasmo

Acima, esquema de corte e uso da roupa da Coleção Oriente e China; ao lado, cintos da Coleção Portuguesa; abaixo, Crespati, exemplo de pesquisa sobre tecidos, na coleção para o Japão, 1986-1993

comecei a ‘experimentar’ com minhas saias de linho, a torcê-las, querendo transformá-las em roupa de viagem. A tela de linho, com sua seca energia, me permitia gestos liberatórios, me permitia vestir a roupa como os nômades ‘vestem’ as tiras nas quais carregam seus filhos, sem maiores cuidados. Essa foi também a primeira vez que se tratou um tecido depois da roupa já pronta.” Na linha dos Torchon em linho, Nanni Strada produziu também peças para o inverno, em seda ou em tecidos sintéticos e também em tecidos de lã, nos quais se inseria um sutil fio de elastômero, gerando uma espécie de crepom, entre a malha e o tecido. O que é a roupa de Nanni Strada? A roupa design, um projeto de desenho industrial portador de inovações tecnológicas. Continuando suas pesquisas baseadas nas roupas

20 ARC DESIGN

Foto Francesco Radino

tradicionais de cada país ou cultura, surgiram a Coleção Rússia e a Coleção Portugal, esta uma experiência exercida em toda a extensão da cadeia produtiva e de distribuição. No Japão, com roupas que iam ao encontro da


Fotos Balestrini

Acima, projeto realizado durante seminário, com os alunos da “Futurarium, Escola Estética de Design, Arquitetura e Arte”, Milão: roupa “multi wear”, realizada com máquinas circulares computadorizadas, retomando a temática do “sem costura”, ou seja, sem pontos de solda; abaixo, Pli Pla, 1993, roupas modulares comprimíveis que se abrem ou fecham como um leque: à esquerda a saia e à direita o vestido

Mostra Abitare l’Abito Trienal de Milão, abril a julho 2003 Curador: Raimonda Riccini Projeto: Italo Lupi

cultura japonesa do vestir, seu sucesso era enorme. Em 1988, na frente de 300 jornalistas (!), apresenta a coleção Torchon. Em 1990 inaugura sua loja em Tóquio, a Nanni Strada Shop. A Coleção Pli-Pla, de 1993, apresenta roupas-objeto, flexíveis, que se abrem e se fecham como um leque. “Minha intenção é a de desvincular, descolar a roupa de seu original corte de alfaiataria, e da submissão que esta sempre teve em relação ao corpo e à moda.” Coerente com seu espírito curioso, nos últimos anos Nanni Strada tem se dedicado ao ensino. Habitar o

de; hábito performático; formal & flexível; sedução controlada; moda e arte são os sete temas por ela propostos, atualmente desenvolvidos pelos alunos do

Foto Luciano Soave

hábito (a roupa); hábito e ritualidade; o hábito da saú-

Politécnico de Milão. ❉ 21 ARC DESIGN


no vos ca mi nhos para o de sen vol vi men to do de sign de ob je tos do més ti cos

Alessandro Mendini, art director da empresa italiana, com o intuito de buscar

recente ousadia da Alessi. Tea and Coffee Towers é um “metaprojeto” criado por

Uma coleção que promove a contaminação entre arquitetura e design é a mais

RAROS E CAROS

À di rei ta, pro je to do es cri tó rio aus tra lia no Den ton Cor ker Mars hall. Em pra ta e com bicos e al ças re ves ti dos em resi na ter mo plás ti ca, o con jun to é com pos to por bu les para chá e para café, lei tei ra, açu ca rei ro, vaso e ban de ja. Na página ao lado, à esquerda , cria ção do arqui te to ja po nês Toyo Ito; em ce râ mi ca, o con jun to é for ma do por seis xíca ras de café com pi res, cre mei ra, açu ca rei ra, por ta-co lhe res, seis co lhe res e ban deja. Na se quên cia, con jun to cria do pelo es tú dio ho lan dês MVRDV em cola bo ra ção com Duzan Do e pel. Bule (peça in fe ri or) em pra ta re ves ti da com re si na ter mo plás ti ca, lei tei ra (peça central) em ce râ mi ca com re ves ti men to em resi na ter mo plás ti ca e açu ca rei ro (peça su pe ri or) em resi na ter mo plás ti ca

22 ARC DESIGN


Winnie Bastian / Fotos Carlo Lavatori Uma história de microarquiteturas de mesa, de microurbaní stica de apartamento. Assim o designer italiano Alessandro Mendini define a coleção Tea and Coffee Towers, último lançamento da Alessi. Mendini convidou 22 arquitetos – renomados e em ascensão – de diversos paí ses para criarem conjuntos de chá e café. Em comum entre eles, o fato de terem se expressado pouco, até então, na dimensão do design. Os profissionais tiveram total liberdade de projeto, desde que não se distanciassem do objetivo da coleção: explorar novas maneiras de incorporar aspectos da arquitetura ao design. “A interação entre disciplinas afins é um método muito útil para a oxigenação do seu desenvolvimento. Em particular entre a arquitetura (o grande) e o design (o pequeno). A idéia era trabalhar sobre o paradoxo entre os limites, a mudança vertiginosa de escala e o cruzamento de funções distantes entre si”, acrescenta Mendini. Neste projeto, os limites normalmente impostos quando se inicia um projeto de design foram esquecidos: “ao contrário, solicitou-se aos designers que apresentassem livremente sua linguagem e visão de mundo”, explica Alberto Alessi. Também não foram impostos limites na escolha de materiais ou métodos: a única indicação da companhia foi a preferência pelo uso da prata, material tí pico de conjuntos de chá e café. Mas, claro, como os 22 autores da coleção Tea and Coffee Towers são muito diferentes entre si, foi impossí vel uniformizar os objetos em um só material. O metal de base empregado para a maioria das peças é a prata, com exceção dos conjuntos de Greg Lynn (em titânio), Juan Navarro Baldeweg (em aço inoxidável) e do grupo inglês Future Systems (com bandeja em alumí nio anodizado). Outros materiais utilizados (de suporte) são: cerâmica, vidro resistente ao calor e madeira. Para os acessórios, foram empregadas resinas termoplásticas, porcelana e argila chinesa.

23 ARC DESIGN


Abai xo, con jun to em pra ta cria do pelo ar qui te to es love no Tom Kovac (com a par ti ci pa ção de Jo na than Pod bor sek, David Mo ri son e Jack Ha na ne), com pos to de bu les para chá e café, lei tei ra, açu ca rei ro e ban de ja. No pé da pá gi na, pro je to do fran cês Jean Nou vel (em co la bo ra ção com Au ré li en Barbry), em pra ta com in te ri or dou ra do e tam pas em pra ta de co ra da e resi na ter mo plás ti ca

Nesta coleção atí pica, os refinamentos formais e produtivos que normalmente não existem na produção em massa são parte integrante do briefing. Serão produzidos somente 99 exemplares de cada conjunto, além de três provas de autor. O resultado são conjuntos de chá que conciliam o senso da construção e da composição arquitetônica e a simbologia e o ritual domésticos. As utopias de cada autor também se refletem em cada conjunto. Enquanto o francês Dominique Perrault propõe um conjunto modernista e neoclássico em prata e porcelana, o norte-americano Greg Lynn concebe objetos que remetem a formas da natureza. Ao mesmo tempo que os italianos Massimiliano Fuksas e Doriana Mandrelli apresentam um conjunto de formas esculturais (como se fosse uma folha de papel enrolada em torno de si mesma), o estúdio australiano Denton Corker Marshall (John Denton, Bill Corker e Barrie Marshall) elevou uma torre oblí qua, emergente de uma plataforma (a bandeja) cortada em diversas direções por segmentos amarelos (as alças das peças) – uma linguagem seca e nervosa que prenuncia uma intenção não-ortodoxa de uso, segundo Mendini. Se o francês Jean Nouvel propõe cilindros espelhados em metal polido e brilhante, dourados no interior (como em sua torre utópica para a última Bienal de Veneza), o escritório holandês MVRDV (Winy Maas, Jacob van Rijs e Nathalie de Vries) explora, em seu projeto, a superposição de objetos – cafeteira, açucareiro e leiteira – , resultando em uma forma plástica e fluida. E estes são apenas alguns exemplos. Expostos na Trienal de Milão durante o último Salão do Móvel, os conjuntos de chá e café “contracenavam” com oito torres em escala 1 : 100, idealizadas por oito dos 22 arquitetos, também expostas na última


Aci ma, con jun to cri a do pelo fran cês Domi ni que Per rault. Em pra ta e por ce la na, é for ma do por bule para café, leitei ra, açu ca rei ro, seis xí ca ras de café com pires, seis co lhe res de café e ban de ja. Abai xo, à es quer da, pro je to dos ita lia nos Mas si mi li a no Fuk sas e Do ri a na Man drel li, com pos to de qua tro xí ca ras de café com pi res, bule para café e ban de ja, em pra ta e por ce la na

Aci ma, cri a ção do nor te-ame ri ca no Greg Lynn em co la bo ra ção com Claus Dol de, Ele na Man fer di ni, Pa trick McE ne any e Nuri Mil ler. Em ti tâ nio, é for ma do por bu les para chá e café, lei tei ra, açu ca rei ro e ban de ja. Abai xo, o con jun to ge o mé tri co cria do pelo ar qui te to e ar tis ta in glês Wil liam Al sop (em co la bo ra ção com Fe de ri co Graz zi ni), no qual cada peça é trans for ma da em um cubo. Em pra ta de co ra da, é com pos to por bu les para chá e café, lei tei ra, açu ca rei ro du plo com co lher e pin ça, cai xa para do ces e cin zei ro

Bienal de Veneza. O objetivo era indicar a sutil ligação que une as linguagens da arquitetura e do design. Mendini sintetiza: “Se eu tivesse de aventurar uma definição sob uma única forma, chamaria estes autores de ‘ arquitetos virtuais’ . De uma virtualidade que prenuncia, também no mundo do interior doméstico, atitudes antropológicas e rituais de calma, de responsabilidade e de consciência do viver”. ❉

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O DESIGN E A GRANDE INDÚSTRIA A Saccaro investe em design para fortalecer sua marca, apresenta novas linhas e mantém a tradição ao fabricar móveis de fibra natural

Daniele Rissi Fotos Joel Jordani

O maior pólo moveleiro do Brasil está na região serrana do Rio Grande do Sul, concentrado nas cidades de Bento Gonçalves e Caxias do Sul. São empresas de grande porte, especializadas em armários e cozinhas, pouco diversificando em direção a outras tipologias, como as cadeiras. Nesse contexto se destaca, com acentuado diferencial, a Saccaro. Dedicando-se desde sua fundação ao móvel residencial, nas mais diversas tipologias, a empresa fez, desde a década de 1980, a opção pelo design. Um longo caminho percorrido, desde a produção inicial de cestos e berços de vime. Uma escolha arriscada, naquele tempo, que precisou de paciência e perseverança para ser implantada. A empresa despertou nossa atenção pelo número e pela qualidade dos designers que assinam a nova coleção. “O design é imprescindível para a empresa que deseja

No alto da pá gi na e acima, ca dei ras em pi lhá veis para áre as exter nas Mo Bo Ma, estru tu ra em alu mí nio e en costo em per cin tas de lá tex, design Alain Blat chè. À di rei ta, linha Luc ca, pol tro na e puff (que se en cai xa sob o assento) em cou ro re cons ti tu í do tran ça do, cri a ção Stu dio Sac ca ro

26 ARC DESIGN


fazer de sua marca uma referência no mercado da decora-

Instalada em uma área de 100 mil metros quadrados, a fá-

ção. É a única maneira de tornar visível seus valores e

brica produz, em média, 60 mil peças por ano. Para alcan-

conceitos para um público com muitas opções”, afirma

çar a qualidade final de seus produtos, a empresa traz

João Saccaro, diretor da empresa.

suas matérias-primas de diversas partes do mundo, espe-

É esta mesma origem artesanal que, hoje, garante a extre-

cialmente da Ásia, e conta com habilidosos artesãos para

ma qualidade dos produtos apresentados pela Saccaro.

o acabamento final. Apenas um de seus sofás, realizado

Uma coleção com mais de cem produtos.

em fibra trançada, consome 20 horas de trabalho!

Outra característica que nos chamou a atenção nesta nova

Uma produção exportada para os mercados da Argentina,

coleção de mobiliário foi seu “acento” regional, traduzido em

da Bolívia, do México e dos Estados Unidos, e vendida no

uma linguagem brasileira. Na verdade, pouco se fala no Rio

Brasil por meio de 12 lojas exclusivas nas principais cida-

Grande do Sul e em suas peculiaridades em outras partes do

des brasileiras, além de 27 pontos-de-venda multimarcas.

Brasil, pouco se conhece do design gaúcho, e pesquisas

“É nesse ritmo que a Saccaro pretende continuar”, confessa,

como as realizadas pelas designers Tina e Lui, com a Sacca-

entusiasmado, João Saccaro, “investindo em design, sem-

ro, que exploram o mobiliário dos imigrantes italianos, vêm

pre com mais seriedade para valorizar o conceito da marca.

nos mostrar o potencial desse universo pouco explorado.

Tudo com o intuito de garantir sua longevidade”. ❉

Ao lado, mesa de cen tro Lavo ro em mul ti la mi na do com aca ba mento em im bu ia po mel le, desenhada por Roque Frizzo. No alto da página, apa ra dor da li nha Te laio, ins pi ra do na arqui te tu ra das ca sas de imi gran tes do Rio Gran de do Sul. Em ma dei ra, possui tam po de vi dro e mó du los mó veis de jun co com fun çõ es de gave tei ro e por ta-gar ra fas, design Tina Aze ve do Moura, Lui Lo Pumo e De bo ra Ei chen berg

27 ARC DESIGN


À es quer da, mesa de jan tar da li nha Te laio, com oito ban de jas mó veis sob o tam po de vi dro, ser vin do como jogo ame ri ca no

À di rei ta, mesa Bor bo le ta, design Dia na Ca be za, com base em ma dei ra e tam po em vi dro; no pé da pá gi na, li nha San Ba bi la, com pos ta de pe ças em fi bra de ba na nei ra, pro je to Stu dio Sac ca ro


CADER

NO DE ARQUI TETUR A E IN TERIO RES

apoio:

ARC DESIGN

1


RigoR no tRaço e na FoRma

Acima, croqui do arquiteto Cohen mostrando a fachada frontal da residência. Na página ao lado, a amplitude do espaço é refor çada pelo vão central e pela escada em balanço – destaque para o corrimão metálico e para o guarda-corpo do piso superior, também desenhados pelo ar quiteto

30 ARC DESIGN

Unificando exterior e interior, o projeto do arquiteto Haron Cohen valoriza sensações e sentidos, sempre mantendo o foco na simplicidade e na ausência de decorativismo

Winnie Bastian Fotos Fernando Chaves

Um edifício completamente vazado, sem paredes que obstruam a visão e, principalmente, a integração com o exterior: assim o arquiteto Haron Cohen imaginou a residência construída recentemente em São Paulo. E esse foi seu ponto de partida. Cohen propôs espaços bem-definidos, mas fluidos e livres de qualquer interferência física (pilares) ou visual (paredes), o que só foi possível graças à estrutura nada convencional utilizada na residência. Quatro pilares robustos – externos ao edifício – e diversos tirantes respondem pela sustentação das lajes do pavimento superior e da cobertura, liberando completamente a planta. A interligação entre espaço interno e externo (que acontece tanto pelo desenho da planta como pela escolha do vidro para o fechamento) é a tônica do projeto, no qual os únicos ambientes “confinados” – se é que assim os podemos chamar – são as áreas de serviço e os quartos, para manter a funcionalidade e a privacidade, respectivamente. No piso térreo, uma circulação bem-definida conduz o visitante desde o portão de entrada e interliga os quatro espaços principais: duas salas de estar, o bar e a sala de jantar. Toda essa grande área é fechada por painéis – fixos ou móveis – de vidro, com exceção dos locais escolhidos para expor as obras de arte, que são suportadas por paredes de alvenaria. No pavimento superior, uma longa bancada percorre todo o espaço e desempenha a função de home-office. Ao final da bancada situa-se a biblioteca, aberta, mas com porta escamoteável – cujo desenho com recortes encaixa-se perfeitamente na bancada,



À es quer da, vis ta da en tra da so cial: a cir cu la ção ul tra passa o es pa ço in ter no e se es ten de pela área ex ter na, con vi dan do o vi si tan te – e os mo ra do res – a en trar. Abai xo, vista par cial do estar, ten do ao fun do pai nel em con cre to de Ma ria Bo no mi, a par tir do qual surge uma cas ca ta, que ter mi na em um es pe lho d’água; o pre do mí nio do vidro nos fe cha mentos e a pro posta de cai xi lhos am plos fa zem com que as áreas ex ter nas “pe ne trem” na casa

No alto da pá gi na ao lado, vis ta da fa cha da pos te ri or e do ane xo jun to à pis ci na, uti li za do como es tú dio de mú si ca pelo fi lho do ca sal. No pé da pá gi na ao lado, vis ta par cial da fa cha da su do es te: des ta que para a ge o me tria har mô ni ca ex plo ra da por Co hen, que tira par ti do dos pi la res de gran des pro por çõ es

32 ARC DESIGN DESIGN ARC


33 ARC DESIGN


LEGENDA 01 - Entrada veículos 02 - Entrada social 03 - Jardim 04 - Espelho d’água 05 - Painel Maria Bonomi 06 - Garagem 07 - Hall 08 - Sala de estar 09 - Sala de jantar 10 - Bar 11 - Lavabo 12 - Cozinha 13 - Dormitório empregada 14 - Banheiro 15 - Circulação serviço 16 - Lavanderia 17 - Entrada serviço 18 - Plano de apoio da cozinha 19 - Deck madeira 20 - Piscina 21 - Sala de ensaio

PLANTA PAVIMENTO TÉRREO

A arquitetura limpa e sem ornatos de Cohen é complementada por clássicos do mobiliário racionalista e obras de artistas plásticos renomados. Abaixo, vista da área social, no primeiro pavimento: em primeiro plano, ambiente de estar com poltronas LC1, design Le Corbusier, e mesa Noguchi, design Isamu Noguchi; à esquerda, bar com bancada em concreto e cadeiras Diamante, design Harry Bertoia; ao fundo, outro ambiente de estar, com poltronas Barcelona, design Mies van der Rohe. Os quadros que aparecem nas duas páginas são de autoria de José Roberto Aguilar

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LEGENDA 01 - Vazio 02 - Área de estúdio 03 - Escritório 04 - Sala de televisão 05 - Banheiro serviço 06 - Depósito 07 - Rouparia 08 - Dormitório 09 - Banheiro 10 - Dormitório casal 11 - Closet 12 - Banheiro casal

PLANTA PAVIMENTO TÉRREO

À di rei ta e abai xo, vis tas da sala de jan tar, com ca dei ras MR50, design Mies van der Rohe; des ta que para a ban ca da de apoio (abaixo), dese nha da por Co hen e exe cu ta da em con cre to. Note-se o pre do mí nio inten ci o nal de tons neu tros (bran co, cinza e preto) na construção, fazendo com que os objetos e obras de arte ganhem destaque

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À es quer da, vis ta par cial do ba nhei ro do ca sal a par tir do acesso pelo clo set: espa ços ge ne ro sos e ilu mi na ção na tu ral per mei am to dos os am bi en tes da casa. Na se quên cia, vis ta do vão cen tral que une vi sual men te os dois pi sos; des ta que para o pai nel de vi dro lei to so (no alto da foto, à di rei ta), que cria uma circu la ção iso la da para os quar tos

permitindo o fechamento total do espaço e possibilitando o uso alternativo do

FICHA TÉCNICA

ambiente como quarto de hóspedes. Apenas um dos muitos detalhes inteligentes

Ainda no piso superior, uma circulação alternativa – definida por um painel de vidro

Projeto de Arquitetura Arquitetos: Haron Cohen, Marcelo Nepomuceno, Rodrigo Velasco Colaboradores: Dennis Ishii, Emerson Húngaro

leitoso – interliga os três quartos, garantindo privacidade aos moradores.

Projeto Estrutural: Benedicts Engenharia Ltda.

A escada social também merece atenção especial: foi projetada com o intuito de

Projeto Hidráulico: PHE Projetos Elétricos e Hidráulicos Ltda.

e precisos do projeto de Cohen.

transmitir a sensação de amplitude coerente com o espírito da casa, embora utilizando uma área compacta. Os “segredos” de tal proeza? O volume “solto” da escada, o corrimão sutil (também desenhado pelo arquiteto e existente somente no segundo

Projeto Elétrico: Keeping Serviços Ltda. Projeto Paisagismo: Arquiteto Koiti Mori

lance) e a planta-baixa idealizada por Cohen, que define a largura de 1,40 metro para

Construção: CPA – Engenharia e Construções Ltda.

a entrada e a saída da escada – largura que cai para apenas um metro no patamar.

Esquadrias: Tecnofeal Esquadrias de Alumínio

Soluções como essa – sutis na percepção, fortes no significado – são “marca registrada”

Painel em concreto: Maria Bonomi

de Haron Cohen, um arquiteto capaz de realizar projetos de alta complexidade a

Marcenaria: Tokizo Ono Marcenaria Ltda.

partir de formas extremamente puras e simples. ❉

Cozinha: Kitchens

Ao lado, estante de apoio à área da pis ci na, um exem plo da uti li za ção do con cre to no “mo bi li á rio”, re cur so ampla men te ex plo ra do por Co hen. À ex tre ma es quer da, vis ta da cir cu lação al ter na ti va de ser vi ço cria da na facha da nor deste. Na pá gi na ao lado, vis ta par cial do se gundo pavimento: uma grande bancada de trabalho (também em concreto, sempre fi níssi mo) per cor re o es pa ço até che gar à bi bli o te ca, ao fun do. A gran de pa re de vinda do tér reo (à es quer da) é, na ver da de, um pi lar que per passa o vão e con ti nua até a co ber tu ra, onde sus ten ta a cai xa d’água

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Nesta página, abrigo portátil Rotation Pneu, design Dominik Baumüller. Um “frisbee” gigante, flexível e que se sustenta no ar sem qualquer apoio. Inflável, feito em membrana dupla de polietileno, usa a força centrífuga para manter-se aberto: durante a rotação (impulsionada por um pequeno motor central de 300 watts), o ar entra por orifícios próximos do centro e circula no interior das membranas. Pesa 18 quilos e tem 6 metros de diâmetro. Na página ao lado, banheiros públicos criados por Shuhei Endo na cidade de Hyogo, Japão. As formas sinuosas das chapas de aço sugerem diversas entradas

EXTRA SMALL novas formas construtivas Pro je tos de di men sõ es mu i to pe que nas, ca pa zes de ca ber no bol so. In ter ven çõ es ur ba nas que va lo ri zam a ex pe ri men ta ção e anun ciam no vas for mas cons tru ti vas e no vos ma te ri ais na ar qui te tu ra

ARC DESIGN e CASE DA ABITARE, conhecida revista italiana, estabeleceram um acordo de intercâmbio de matérias e artigos. Case da Abitare publica em sua próxima edição o artigo “Porque Eles se Permitem...”, sobre os irmãos Campana. Arc Design inicia esse intercâmbio com uma resenha do livro “XS: Big Ideas, Small Buildings”, permitindo-se pequenas interferências no texto original

O pequeno é belo. É o que prova a pesquisa de Phyllis Richardson, publicada no livro “XS: Big Ideas, Small Buildings”, lançado pela Thames & Hudson. Uma visão panorâmica sobre tudo que já foi produzido na arquitetura de pequena escala, das intervenções urbanas às paisagísticas, nos últimos anos. O pequeno tornou-se não apenas sinônimo de arquitetura amigável, mas de experimentação de novas maneiras de habitar, de exploração dos detalhes e do uso dos materiais, além de atento estudo de seu impacto psicológico e ambiental. Inicialmente, vemos os refúgios para meditação, ou seja, aqueles espaços sacros e profanos que parecem descender dos antigos templos, arquiteturas filosóficas para as quais a escolha do lugar se torna parte ativa do projeto. A superfície metálica e espelhada do Kelder Belvedere realizada pelo Softroom, na Inglaterra, reflete como um diamante a floresta que circunda o Kielder Water, o maior lago artificial do norte da Europa. É também um lago, dessa vez austríaco, a paisagem para a meditação do Gucklhupf Mobile Lookout, de Hans Peter Wörndel, em Mondsee, Áustria:

podem ser totalmente abertos, de tal modo que quem está dentro é capaz de modificar seu ponto de visão. Quem está do lado de fora, no entanto, vê uma Fotos Dominik Baumüller

escultura em constante transformação. A pequena escala permite qualquer loucura. Pura experimentação que leva o fazer arquitetônico para perto do território da escultura. Em Copenhague, Dinamarca, vários arquitetos, como Mario Botta, Dominique Perrault, Richard Meier, Alvaro Siza, Michael Graves, Mikko Heikkinen e

Fotos Yoshiharu Matsumura

um cubo de madeira, cujas paredes são painéis corrediços e giratórios, que



Fotos Despang Architekten

Markku Komonen, inseriram em um parque algumas variações sobre o tema da

Aci ma, pa ra das de me trô em Han nover, Ale ma nha, cria das pelo es cri tó rio Des pang Ar chi tek ten. Com es tru tu ra em aço, seus pla nos ver ti cais po dem ser re ves ti dos com di ver sos ma te riais. Abai xo, es ta ção al pi na mó vel Ski Haus, cria da pelo ar qui te to Ri chard Hor den com es tu dan tes de Mu ni que. Se gue o prin cí pio do design de he li cóp te ros. No alto da pá gi na ao lado, três possí veis con fi gu ra çõ es do mi ran te Guckl hupf, no Lago Mond, Áustria. Cria da por Hans Pe ter Wörndl, suas aber tu ras mu dam con for me a von ta de do vi si tan te. No pé da pá gi na ao lado, tor re com es tru tu ra pi ra mi dal, cria da pelo ar qui te to Ralph Ers ki ne

cabana, essa construção humilde e ingênua que, reelaborada, se transformou em um castelo em miniatura, um refúgio e, mesmo, um metafórico espaço transparente pousado em uma velha árvore. Experimentação pura, mas não apenas. Esse tipo de radicalismo projetual pode intervir concretamente nas ruas, em qualquer cidade, e uma prova são as estações de trem e os boxes para bicicleta com projetos de Shuhei Endo, em Fukui, Japão: um longo corredor composto de minigalerias onduladas, construídas com chapas metálicas ancoradas ao terreno; as paradas do metrô de Hannover, Alemanha, projetadas pelo Despang Architekten: blocos modulares realizados com diversos materiais, da madeira à pedra, incluindo-se os painéis metálicos coloridos. Projetar o pequeno pode ser um modo de tratar o espaço urbano de forma inteligente. Shuhei Endo realizou também os banheiros públicos no parque de Hyogo, utilizando chapa metálica ondulada. O resultado é uma doce onda metálica que transforma a funcionalidade incômoda e antiestética desses locais em presença agradável. Existem também projetos que levam a consequências extremas a idéia do mínimo espaço. Um exemplo é a casa que pode ser colocada no bolso como um

Foto Richard Horden

lenço (Basic House, de Martin Ruiz de Azúa), ou que, como a Icons Treetop Observation Structure, de Giles Ebersolt, vagueia como um asteróide pelo céu até “pousar” nos ramos de uma árvore; temos ainda a Balule, uma esfera transparente que gira e pára sobre qualquer superfície; a estação alpina portátil Ski Haus, de Richard Horden, ou ainda a Rotation Pneu Shelter, de Dominik Baumüller, esta uma espécie de “frisbee” gigante e flexível, que pesa apenas 18 quilos e se abre como um fungo. “XS: Big Ideas, Small Buildings” já pode ser encontrado no Brasil na Livraria Cultura, na edição inglesa da Thames & Hudson e na versão espanhola da Gustavo Gili 40 ARC DESIGN

Na verdade, como escreve o próprio autor, este livro pretende ser a celebração das pequenas coisas da vida, demonstrando que raciocinar em pequeno pode ser também um maravilhoso e construtivo exercício mental. ❉ Matéria publicada na revista Case da Abitare 52, Editora Abitare Segesta, Itália.


Foto Christian Richters

ARC DESIGN

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Fotos Paul Ott


ARC DESIGN

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ÁLVARO SIZA E O MODERNO PORTUGAL


Neste primeiro artigo sobre Portugal, que percorremos seguindo o roteiro de suas novas edificações, apresentamos Álvaro Siza, figura fundamental na arquitetura contemporânea, que também nos introduz a esse novo país – familiar e estranhamente curioso para nós –, que se equilibra entre dois mundos. Como afirma o próprio Siza, “a tradição é um desafio para a inovação” Maria Helena Estrada e Winnie Bastian

Álvaro Siza Vieira nasceu em 1933 na pequena Matosinhos (vizinha à cidade do Porto), Portugal. Desde muito pequeno, começou a desenhar e ainda hoje desenha muito. “Uns jogam golfe, eu desenho. Liberta-me o espírito”, disse certa vez em entrevista ao arquiteto Eduardo Khol de Carvalho. Entre 1949 e 1955, estudou arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto (ESBAP), sendo que sua primeira obra foi construída em 1954. Durante o curso, aproximou-se do professor Fernando Távora, importante arquiteto português, do qual foi assistente (1955-1958) e com quem realizou projetos conjuntos. Ensinou na ESBAP entre 1966 e 1969, tendo reingressado em 1976. Foi professor visitante na Escola Politécnica de Lausanne, na Universidade de Pensilvânia, na Escola de Los Andes, em Bogotá, na Graduate School of Design, na Universidade de Harvard, como Kenzo Tange Visiting Professor, e no Instituto Universitário de Arquitetura de Veneza; hoje continua a lecionar na Faculdade de Ar qui te tu ra do Por to, ci da de onde vive. Siza é re co nhe ci do internacionalmente como um dos mestres da arquitetura contemporânea e tem obra realizada em diversos países além de Portugal, como Espanha, Alemanha, Itália, Holanda e Japão. Recebeu em 1992 o Prêmio Pritzker e, também, a medalha de ouro da Fundação Alvar Aalto.

ARC DESIGN visitou Portugal a convite da TAP Air Portugal.

Na pá gi na ao lado, Siza dese nha um cro qui do edifício da Fundação Iberê Ca margo, em seu es cri tó rio, du ran te en tre vis ta con ce di da a ARC DE SIGN. Nes ta pá gi na, uma das ima gens tí pi cas de Siza, tam bém dese nha da du rante a entre vista


FACULDADE DE ARQUITETURA DO PORTO

3

LEGENDA 1 – Ala Norte 2 – Ala Sul 3 – Pavilhão Carlos Ramos 4 – Antiga Casa da Quinta da Póvoa

1

2

N

4 Fa culda de de Ar quite tu ra do Por to: à es quer da, planta de implantação; abaixo, vista dos edifícios principais (à esquerda, a Ala Sul, e à direita, a Ala Nor te). Na página ao lado, vista da fachada sul, voltada para o Rio Douro (destaque para a harmonia existente entre os edifícios novos e a antiga Casa da Quinta da Póvoa), e, abaixo, vista interna de um dos prédios da Ala Sul

A nova sede da Fa cul da de de Ar qui te tu ra do Por to, uma das obras mais co nhe ci das de Siza, si tua-se nos ter re nos da ex tin ta Quin ta da Pó voa, à mar gem da Via Pa no râ mi ca so bre o Rio Dou ro. Os edi fí ci os prin ci pais, cons tru í dos en tre 1987 e 1993, es tão di vi di dos em duas alas dis tin tas, que con ver gem em di re ção ao oes te, mar can do a en tra da prin ci pal do con jun to no “vér ti ce” des se tri ân gu lo ima gi ná rio. Nes te pro je to per ce be-se cla ra men te o par ti do oblí quo ado ta do pelo ar qui te to na im plan ta ção dos edi fí ci os, nes se caso res pal da do pela topo gra fia do ter re no. Na Ala Norte (secretaria, diretoria, anfiteatros e biblioteca), os volumes con tí nu os for mam uma bar rei ra, pro te gen do a es co la do ba ru lho vin do da estrada limítrofe ao terreno e de uma vista pouco interessante. Na margem sul (salas de aula, salas de desenho, gabinetes dos professores), Siza definiu quatro volumes cúbicos – servidos por uma galeria contínua –, com

es pa ça men to su fi ci en te en tre eles para man ter a bela vis ta para o Rio Dou ro a partir do pátio da escola. Do con jun to ar qui te tô ni co fa zem par te, além das no vas cons tru çõ es que abrigam o núcleo central da escola, a antiga casa da quinta (reabilitada por Siza en tre 1984 e 1986, e que hoje abri ga o cur so de mes tra do), os ane xos da casa an ti ga (onde fun ci o na a As so ci a ção de Es tu dan tes) e o Pa vi lhão Car los Ra mos (com salas de projeto). Este úl ti mo, cons tru í do en tre 1986 e 1996, se in te gra aos jar dins da casa an ti ga e sua im plan ta ção foi fei ta de modo a res pei tar as ár vo res pre e xis ten tes. A inserção do conjunto respeita a topografia e as edificações do entorno, como descreve Brigitte Fleck em seu livro sobre o arquiteto: “Siza – que não gosta de construir edifícios dominantes na paisagem, mas prefere tornálos parte integrante de uma composição – repete a largura dos edifícios da antiga quinta e alinha a altura das novas construções segundo a topografia”.


Entrevistamos Álvaro Siza em seu escritório no Porto, um prédio próximo à reurbanizada zona portuária, com vista para o Rio Douro. ARC DESIGN – A primeira impressão sobre sua arquitetura, e que nos

público, com impacto por toda a cidade, e esse edifício pode e deve se

chamou a atenção, foi o enorme respeito pelo espaço que circunda a

sobressair aos outros, é um marco na cidade. Agora, quando se faz

obra, a grande atenção dedicada ao ambiente e às pessoas.

uma casa, um edifício comercial, não se está a ombrear com uma cate-

ÁLVARO SIZA – Bem entendido. Uma obra não é bela isoladamente,

dral, um estádio, ou o edifício da Câmara, e tal. Tem de haver um sen-

existe a convivência; quase não há construções isoladas na cidade.

tido de proporções, e não só no que se desenha, tem de haver propor-

E, portanto, uma das fontes de decisão do projeto vem do que envol-

ções no sentido de que uma casa tem um valor na cidade e, portanto,

ve esse projeto, que determina certas opções para umas coisas dialo-

uma representatividade que exige uma expressão diferente do que o

garem com as outras, senão na cidade, muitas vezes, passa a haver

edifício da Câmara, ou uma igreja, um edifício institucional, uma univer-

uma cacofonia no ar, e está tudo aos gritos, ninguém se entende.

sidade etc. Aí tem de haver proporções, não vamos estar a ombrear.

AD – Parece-nos também um traço característico de sua obra o uso da

AD – No início de sua carreira falava-se de sua arquitetura como bru-

perspectiva, dos planos oblíquos, dos volumes que, embora de certa

talista. O que o senhor pensa a respeito?

forma desconstruídos, não abandonam a harmonia das proporções;

AS – Por volta dos anos de 1950 e tal apareceu essa corrente arqui-

não é uma desconstrução agressiva, caótica, como em Gehry ou Hadid.

tetônica que chamavam de brutalismo, que se caracterizava pelo uso

AS – Exato. E é claro que as obras são muito diferentes umas das ou-

dos materiais à vista, um pouco expressionista. Desde minhas primei-

tras, até porque o contexto é sempre muito diferente. E o desempenho

ras obras trabalhei com o concreto aparente.

possível na cidade também é muito diferente. Aqui se faz um edifício

AD – O senhor, hoje, é o maior representante da famosa Escola do


PAVILHÃO DE PORTUGAL O Pavilhão de Portugal na Exposição Mundial de 1988 (Expo’98) – realizada à beira do Rio Tejo, em Lisboa – é formado por dois elementos opostos que se equilibram: o vazio/simbólico e o cheio/funcional. O primeiro compreende uma ampla praça (50 x 60 metros) formada por dois pórticos robustos interligados por uma cobertura de espessura sutil, uma espécie de “tenda” de concreto, com pé-direito variando entre 10 e 13 metros. O segundo corresponde a um edifício de dois pisos e subsolo, com relativamente poucas aberturas, que se organiza em torno de um pátio de 22,5 x 20 me tros. Na fa cha da les te, vol ta da para o Rio Tejo, uma cobertura apoiada em esbeltos pilares forma um enorme alpendre lateral. No período de projeto, não havia um uso definido para o Pavilhão, o que

exigiu um espaço flexível e versátil, mas que mantivesse o papel simbólico que o edifício solicitava. Na fase de utilização pela Expo’98, o edifício se dividia longitudinalmente em duas áreas: Poente (área expositiva, em grande parte com piso duplo) e Nascente (voltada para o rio, abrigava as áreas VIP, no 1º piso, e restau ran te, no 2º piso). No sub so lo, es tão as áre as de ser vi ço (com co mu ni ca çõ es ver ti cais in de pen den tes e aces so prin ci pal pela ram pa). Além da bem-resolvida conciliação entre carga simbólica e funcionalidade, chama a atenção a reinterpretação de elementos tradicionais da arquitetura portuguesa – como os azulejos que revestem os pórticos e a estruturação do edifício em torno do pátio interno – em um edifício indiscutivelmente contemporâneo. Coisas do “mestre” Siza.

Pavi lhão de Por tu gal: aci ma e abai xo, des ta que para a co ber tu ra da pra ça de even tos – uma fi níssi ma ca ma da de con cre to en vol ve ti ran tes em aço ino xi dá vel fi xa dos aos dois pór ti cos. Nas duas pá gi nas, cro qui de Siza evi den cia o equi lí brio en tre os dois vo lu mes (o cheio e o va zio)

Nota: o “Pavilhão de Portugal” foi comprado do Parque Expo pelo Estado para nele funcionar, após a Expo'98, a Presidência do Conselho de Ministros. Permanece sem uso definido até hoje.

46 ARC DESIGN


Porto. A que se deve o enorme sucesso dessa escola e o grande

movimentação nesse sentido – obrigatório que as construções

reconhecimento internacional?

sejam feitas por arquitetos. E, portanto, as oportunidades eram muito

AS – Eu não sei se há um extraordinário sucesso da Escola do Porto.

poucas. E a qualidade também depende alguma coisa da quantidade.

Bom, eu diria que arquitetos que frequentaram a Escola do Porto,

Embora a quantidade também possa produzir tristes coisas.

naturalmente, receberam muito da instituição e da sua estrutura,

Mas não há dúvida de que se abriram muitas oportunidades de

organização etc., mas às vezes, também, alguns arquitetos mais ve-

trabalho fora de Portugal e passou a haver a divulgação do que se

lhos se destacam, como Joaquim Távora, que é bem conhecido no

fazia, a percepção de contemporaneidade. Já não era preciso ir a

Brasil, e novos, o arquiteto Souto de Moura, o arquiteto Soutinho,

Paris ou a Londres para ter certas informações.

uma série de arquitetos que estudaram na Escola do Porto e que

AD – E o outro lado do mundo...?

têm dado boas provas e, então, são reconhecidos. Mas não existe,

AS – O outro lado do mundo tem se aguentado muito bem... No Brasil

no sentido de um estilo ou de uma expressão, uma Escola do Porto.

houve um surto de arquitetura que teve muita influência em Portugal

Há boa e má arquitetura, como em toda a parte. Ao falar na Escola

e, um pouco, por toda a Europa. Nos anos da minha formação,

do Porto, não há dúvida de que a Escola produziu e educou um

exatamente, na década de 1950.

número significativo de arquitetos que têm dado boas provas, mas

AD – Como o senhor vê essa arquitetura brasileira, dos

isso se deve não só ao ensino prestado como, e muito, pela aber-

anos de 1950 e hoje?

tura das pessoas e pelo entusiasmo que se segue à queda de uma

AS – Hoje também há grandes arquitetos no Brasil.

ditadura tão longa. Esse foi um grande fator de influência. Como

AD – E quem são?

consequência, a abertura de novas possibilidades de trabalho, que

AS – Bom, já que vocês são de São Paulo,

eram reduzidas, porque se fazia pouco. Edifícios públicos como os

vou citar como exemplo o Mendes da

que se faziam não primavam pela qualidade. Quem os fazia eram

Rocha, grandíssimo arquiteto que aliás

aqueles da confiança do regime. Só depois houve a abertura das

veio cá diversas vezes.

oportunidades para gente nova... Em todas as cidades do interior,

AD – O que primeiro capta

praticamente, não havia um arquiteto, estes eram sempre do Porto

a atenção, principalmente

ou de Lisboa e, em geral, em Lisboa é que se faziam as obras pú-

de

blicas – uma ou outra no Porto também – e havia pouquíssimos

acostumado a ou-

arquitetos. Não era, e julgo que ainda não é – apesar de haver

vir histórias

um

bra si lei ro,


MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE SERRALVES

O Mu seu de Arte Con tem po râ nea de Ser ral ves cons ti tui o mai or cen tro cul tu ral do nor te de Por tu gal. Inau gu ra do em ju nho de 1999, o mu seu si tua-se no Par que de Ser ral ves, con si de ra do mo nu men to na ci o nal des de 1966, e a in te gra ção com este en tor no ma jes to so foi uma das con di ci o nan tes do pro je to. O mu seu lo ca li za-se na par te mais alta do par que, cer ca do de be los jar dins, e acom pa nha o des ní vel do ter re no (de apro xi ma da men te 9 me tros), in se rin do-se na pai sa gem. Ou tros dois fa to res de fi ni ram a lo ca li za ção do mu seu: a pro xi mi da de em rela ção a uma im por tan te ave ni da da ci da de (fa ci li tan do o aces so dos vi si tan tes) e a ine xis tên cia de ár vo res. O pro je to pre viu es pa ços al ta men te fle xí veis – uma ne ces si da de quando se tra ta de arte con tem po râ nea em vir tu de da di ver si da de de ti po lo gias e ta ma nhos que as obras apre sen tam. As sim, o edi fí cio pos sui cer ca de 4.500 me tros qua dra dos em sa las de ex po si ção com di fe ren tes ca rac te rís ti cas de es ca la e pro por ção, que com bi nam ilu mi na ção na tu ral e ar ti fi ci al, per mi tin do abri gar ex po si çõ es das mais di ver sas áre as. A luz na tu ral é uti li za da por Siza para de fi nir a na tu re za dos es pa ços; cer tas sa las de ex po si ção apre sen tam aber tu ras em pon tos es tra té gi cos – ras gan do as pa re des, com ge o me tri as di ver sas, ca rac te rís ti cas da obra do ar qui te to –, de modo a cap tar de ter mi na do enqua dra men to da pai sa gem, ele van do-a ao sta tus de obra de arte.

Mu seu de Arte Con tem po râ nea de Ser ral ves: acima, plan ta de im plan ta ção; abai xo, à es quer da, vis ta da fa cha da fron tal do edi fí cio prin ci pal e, na sequên cia, de ta lhe tí pi co da ar qui te tu ra de Siza, no qual um vo lu me se pro je ta. Na pá gi na ao lado, de ta lhe e lo ca li za ção do pré dio, des ta can do-se seus di ver sos vo lu mes, em meio ao jar dim da Fun da ção Ser ral ves, um dos mais be los do Por to

Foto Egídio Santos

Acervo ARC DESIGN


Foto Luís Ferreira Alves

sobre Portugal, a ter muito presente a imagem do Portugal da época colonial, é a grande mudança verificada no país. Hoje vemos uma transformação muito grande nas cidades, principalmente no que diz respeito à arquitetura. Parece ter sido tudo muito rápido. Na verdade, foram duas revoluções: a política e a econômica, com a entrada da Comunidade Européia, do dinheiro da Comunidade Européia. Como é que vocês vivenciam essas mudanças? AS – A grande mudança é mais uma grande mudança política. E, em consequência, uma grande mudança social. Além disso, uma abertura grande em relação às fronteiras, aumentada quando na Espanha tam-

Acervo ARC DESIGN

bém desapareceu o caudilho. Passou a haver muito mais intercâmbio cultural, e também econômico. A Comunidade Européia, para a qual

com aspectos negativos. E embora se fale muito, existam muitos

Portugal entrou, gerou uma modificação enorme: houve a construção

programas de conservação do patrimônio, também há degradação,

de novas auto-estradas, que aproximaram muito o interior, gerando

não tanto do patrimônio, dos edifícios, mas do ambiente das cidades.

um grande desenvolvimento e a criação de muitas cidades. E houve

E estão a se alastrar pela periferia, porque em relação ao centro histó-

também uma afloração da construção de equipamentos, que faltavam

rico há, de uma maneira geral, cuidados com a preservação e, às ve-

sobretudo no interior: bibliotecas, centros culturais etc. Com base nos

zes, até um exagero, não se pode tocar em nada, não pode aparecer

apoios comunitários, com a supervisão da Comunidade Européia,

nada de novo. Agora, os aspectos positivos foram as condições de

houve também uma grande alteração nas universidades, em certos

vida, mais comunicação, menos isolamento. Neste momento, Portugal

aspectos muito positiva e em certos aspectos muito negativa.

aceita imigrantes no lugar de enviá-los. E não só isso, há melhores

AD – Quais os aspectos negativos?

condições para os trabalhadores, portanto maior consumo, maior

AS – As mudanças foram muitas vezes negativas do ponto de vista da

qualidade do ponto de vista econômico.

qualidade da urbanização e da qualidade da arquitetura em cidades

AD – O senhor venceu o concurso promovido pela Fundação Iberê Ca-

preciosas do interior, onde este surto de desenvolvimento se alastrou,

margo para a construção do museu. O projeto está em andamento?


FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO

Em bre ve a ar qui te tu ra de Álvaro Siza será in cor po ra da ao ce ná rio brasi lei ro com a cons tru ção de sua pri mei ra obra no Bra sil: o mu seu da Fundação Ibe rê Ca mar go, na ci da de de Por to Ale gre. A localização do edifício não poderia ser mais representativa: seu terreno está si tu a do na Ave ni da Pa dre Ca ci que, às mar gens do Rio Guaí ba (um dos sím bo los de Por to Ale gre), e per mi te vis ta pri vi le gia da do cen tro da ci da de – vis ta que foi ex plo ra da pelo ar qui te to por meio de aber tu ras dis cre tas e es tra té gi cas. Con ce bi do para abri gar e ex por a obra do ar tis ta plás ti co gaú cho, o mu seu tam bém terá a fun ção de cen tro cul tu ral, se di an do ex po si çõ es tem po rá ri as e dan do lu gar a cur sos, mos tras e se mi ná ri os. Este pro jeto ren deu a Siza o Leão de Ouro da 8ª Bi e nal de Ar qui te tu ra de Ve ne za (2002), um dos mais im por tan tes prê mi os in ter na ci o nais de ar qui te tura. O edi fí cio se de sen vol ve rá em cin co pa vi men tos in ter li ga dos por um siste ma de ram pas, to ta li zan do 8.250 me tros qua dra dos de área cons tru í da. No tér reo, um gran de es pa ço de 1.300 me tros qua dra dos irá expor a mos tra per ma nen te de de se nhos, gra vu ras e pin tu ras de Ibe rê Ca mar go, en quan to os três pa vi men tos su pe ri o res abri ga rão nove sa las de ex po si ção – com di men sõ es va ri a das, per mi tin do a fle xi bi li za ção do espaço –, destinadas às mostras temporárias. O subsolo combina diversas fun çõ es de apoio: um au di tó rio para 125 pes so as, sa las para cur sos e ofi ci nas, cen tro de do cu men ta ção e pes qui sa so bre a obra de Ibe rê, além de dois ate li ês – um para ex por os equi pa men tos de tra ba lho do ar tis ta gaú cho e ou tro para ati vi da des di ver sas. Sob a ave ni da, Siza pro je tou um es ta ci o na men to para cem veí cu los; uma pas sa re la sub ter râ nea fa ci li ta rá o aces so dos vi si tan tes. O re le vo do ter re no, re cor ta do ao fun do por uma gran de es car pa, le vou o ar qui te to a em pre gar nes ta obra um ma te ri al de in tro du ção re cen te no Bra sil: o con cre to bran co, es co lhi do por Siza “para que o mu seu se des ta que com mais ni ti dez do fun do ver de da es car pa”. Se gun do o enge nhei ro Dil mar Ca sel la, da Cauê – em pre sa que for ne ce rá o ci men to bran co para a obra –, as van ta gens do con cre to bran co em re la ção ao con ven ci o nal não se li mi tam ape nas à es té ti ca, em bo ra este seja o mai or apelo do produto. A facilidade de manutenção – o concreto branco apa ren te eli mi na a ne ces si da de de pin tu ra e a sim ples la va gem é su fi ci en te para re no var sua apa rên cia – e a me nor ab sor ção de ca lor são duas gran des van ta gens des se ma te ri al, uti li za do há dé ca das em ou tros paí ses e in tro du zi do no mer ca do bra si lei ro há ape nas três anos.

50 ARC DESIGN

Museu Iberê Camargo: acima, croqui evidencia a complementaridade das cur vas da escarpa e da parede ondulada do museu; abaixo, maquete mostrando as relações do edifício com o entor no (ao fundo, a escarpa, e à frente, o Rio Guaíba). Na página ao lado, o cor te (no alto) evidencia a independência entre as salas de exposição e as rampas, cujo volume se destaca na par te ex ter na do edifício; na planta do subsolo, destaque para o estacionamento, situado sob a Avenida Padre Cacique


01

5

10m

Veja mais desenhos técnicos no site de ARC DESIGN: www.arcdesign.com.br

AS – O Museu Iberê Camargo tem corrido muitíssimo bem, é uma

o contraponto à curva da paisagem. Depois há uma série de edifícios

grande empreitada, há um grande apoio, muito estimulante, por parte

baixos, tudo é construído em volta. Afloram alguns volumes, onde estão

da viúva em relação aos trabalhos. Isto me deu conforto, confiança.

zonas do programa, como os ateliês, uma cafeteria, e tal. Para o acesso ao mu-

Temos como interlocutor técnico, estreitamente ligado, o engenheiro

seu a partir do estacionamento, há um elevador, uma escada e uma rampa.

José Luiz Canal, eu mesmo fui lá duas ou três vezes, mas para o pros-

Nas galerias, há aberturas para a luz e um grande espaço e em toda a

seguimento do trabalho tem ido mais o engenheiro Jorge Silva,

volta, com uma grande altura, são as salas de exposição, basicamente. Há

responsável pela parte estrutural. Enfim, mantemos o contato por

uma rampa, metade no exterior e metade lá dentro... o percurso é sempre

meios, hoje, tão práticos – e-mails, fax, fotos.

esse, por onde andam as pessoas, e tal... Há, de vez em quando, uns “olhos”

AD – Podemos ter um desenho à mão livre do Museu Iberê Camargo?

para ver o rio. Tudo construído em concreto branco.

AS – Ah, posso dar... Fazer assim de cor é um caminho difícil mas,

AD – E o que está acontecendo com o Pavilhão de Portugal?

em linhas gerais... há uma escarpa... e uma depressão de altura muito

AS – O Pavilhão está abandonado e está a se arruinar.

grande, junto à estrada e há uma depressão a pique. Portanto, era o

AD – Por quê?

local onde eu tinha de encaixar o edifício. Havia o grande problema

AS – A construção, depois das comemorações da Expo 98, era

das cargas e descargas, porque o terreno não é muito largo e tinha

para ser o Palácio do Governo, mas desistiram de fazê-lo e está

de criar acesso aqui para um caminhão, para o monta-cargas e para

abandonado. E o mais grave é que recebi uma car ta para que

a saída para a estrada. Também o problema do estacionamento, que

rescindisse o contrato. O que eu prevejo é que se trata de despa-

será feito com acesso pelas rampas e com ligação direta com o museu. A

char-me para depois fazerem o que quiserem. E eu vou reagir. Há

forma do museu corta-se contra o verde da encosta e é praticamente

uma coisa que se chama direitos do autor.


COMO BATEM AS HORAS? Já houve tempo em que um só relógio deveria servir uma cidade inteira. Caríssimo, era colocado na torre mais alta da cidade. Hoje se dá o inverso: muitos relógios para uma só pessoa... Para quê? Por quê? O relógio varou os limites do simples objeto utilitário. Ele agora define seu usuário

Maria Helena Estrada Única presença visível, constante, em nosso corpo, o relógio de pulso serve a Deus e ao diabo, à tecnologia e à moda, à função e à forma. Alguma coisa mudou – e muito – ao longo de sua história: se antes ele passava de uma geração a outra, hoje é bem descartável – ou um valor guardado no fundo de uma gaveta ou cofre. São vendidos, atualmente, um bilhão de relógios por ano! A indústria suíça, tradicional líder do mercado relojoeiro, tem de ligar o “sempre alerta” para essa avalanche que, seguramente, não prima pela qualidade. A mais recente iniciativa é uma exposição itinerante da federação suíça dos relojoeiros, “Think Time, Think Swiss Excellence”, que estará em São Petersburgo no mês de julho. Foco de interesse cultural – qual o designer que ainda não se aventurou nesse campo? Até Max Bill, famoso artista suíço, desenhou sua série, em 1962. Mas o relógio é também um daqueles objetos capazes de ilustrar as diversas metodologias projetuais de abordagem ao design. Além de ter se tornado um vasto campo experimental para novos materiais e novas ligas metálicas. Hannes Wettstein, famoso designer de mobiliário, encara o relógio como microarquitetura. “Chega-se a um bom projeto muito mais graças à qualidade do conceito, do que de forma empírica”, afirma Wettstein. Com Pierre Nobs, da empresa suíça de relógios Ventura,


Nas duas pá gi nas, re ló gios da co le ção Sparc, design Hannes Wettstein para a Ventura. O Sparc fx é o primeiro relógio digital automático do mundo: os movimentos da mão transformam a massa centrífuga em rotação; por meio de um minigerador essa energia se transforma em corrente que alimenta o mecanismo do relógio. Como se não bastasse, um condensador armazena a energia em ex cesso, tornando o uso da bateria supér fluo. Horário, data e for ma to das in di ca çõ es se ajustam com a co roa gi ra tó ria. Primeiro relógio digital na categoria luxo, recebeu o Prêmio Good Design, Chicago, EUA, 2001/02

Na pá gi na ao lado, par te pos te ri or do Sparc fx; à di rei ta, o mos tra dor do Sparc fx: lei tu ra cla ra, mos tra dor em safi ra, anti-ris cos em alto grau, à prova d’água e fe cho do brá vel em ti tâ nio na pul sei ra de bor ra cha. Aci ma, Sparc fx e abai xo, Sparc px: fun ci o na li da de, ergo no mia e me lhor leitu ra das ho ras nestes re ló gios pro du zidos em aço ma ci ço e à prova d’água


ele diz que exerce uma “co-laboração”. Indústria e designer trabalham em uníssono, tentando estabelecer novos padrões de linguagem para os relógios – um dos mais poluídos universos no mundo do design. E o que é Ventura? É marca sem passado, sem compromisso com modelos históricos, sem pretensões a assumir a volatilidade da moda, portanto livre para “inventar” novos parâmetros de qualidade e de tecnologia, como o uso do titânio, por exemplo, e outras bem fundadas exigências. Mestre no uso de materiais, Wettstein sabe como combinar a prata do mostrador com o aço dos ponteiros e o titânio da caixa. Por outro lado, segundo a dupla de criadores, precisão é um estado de espírito e um prérequisito da perfeição. O que deseja Nobs? Fazer com que o objeto relógio e a máquina relógio readquiram a sua seriedade, perdida em meio ao servilismo à moda e a tantos gadgets do consumo. Assim foram concebidas, com a utilização de um software avançado 3-D, as linhas V-matic e V-tronic, a primeira se desdobrando em versões como o Master, o esportivo, o EGO, o sub e o quartzo. Todos têm caixas e pulseiras em titânio endurecido, mecanismos certificados pelo COSC (Controle Officiel Suisse des Chronomètres) e são resistentes à água. Falando em tecnologia, não podemos deixar de citar o modelo Sparc, também design de Hannes Wettstein e fabricado em aço maciço, o primeiro relógio digital automático do mundo, que recebeu o Prêmio Good Design 2001, em Chicago, EUA. Os movimentos da mão se transformam em rotação no relógio e, por meio de um minigerador, esse movimento é transformado em energia; como se não bastasse, essa energia pode ser armazenada, o que dá ao relógio uma grande liberdade de funcionamento enquanto fora de uso. E, além da sofisticação tecnológica, a ambição de qualidade nesses relógios chega ao extremo! Assim como o vermelho Ferrari é prova do prestígio e visibilidade da marca, surge agora – como total exigência de perfeição – o preto Ventura! ❉

54 ARC DESIGN


Nas duas pá gi nas, os mo de los da li nha V–ma tic, da Ven tu ra. Na pá gi na ao lado, o cro nô me tro, um dos clássi cos da re lo joa ria mo der na. Au to ma tic, Glo be, Chro no graph Large, Me di um e Loga são as ver sõ es da li nha, to dos com pon tei ros lu mi no sos e cai xa em for ma cô ni ca, que re ce beu di ver sos prê mi os de design. Acima e nos dois detalhes abaixo, modelo Loga, o mais complexo do ponto de vista tecnológico, incorpora uma escala rotativa e logarítmica de ordenação para conversão relâmpago de valores, de milhas, de polegadas, de onças etc., além de multiplicações e divisões. Abai xo, à di reita, cro nô me tro Ego, rea li za do em 1998 em edi ção limita da em ouro e pla ti na, é hoje um pro du to de li nha que intro du ziu o ro tor in vi sí vel, me re ce dor do Prê mio de Inova ção Chro nos

Os relógios da marca Ventura podem ser encontrados nas lojas H. Stern.

55 ARC DESIGN


Objeto síntese da alta tecnologia em som e imagem, o DVD é o hit do momento. A seguir, uma amostra da pluralidade de DVD players com seus modelos, recursos e propostas. Em busca da máxima eficiência, selecionamos também outros objetos “tech” para or ga ni zar, co nec tar, ves tir e inte ra gir

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rion é similar a outros aparelhos de som para carro. Acionan-

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gens separadas para outros monitores, permite que os

ção de 240 x 320 pixels, display de cristal líquido transflec-

passageiros da frente assistam a um DVD, enquanto os de

tivo (com bom nível de visualização tanto em ambientes in-

trás joguem videogame ou assis-

ternos como externos) e slot de expansão Secure Digital

tam à TV. Com potência de saída

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lar manualmente alguns efeitos, tirando melhor proveito da

pletas de música WMA e MP3, além de arquivos e

tecnologia digital. Com definição de 5 megapixels, a E-20

imagens. Tem capacidade para armazenar 64 MB e

produz imagens com resolução de 2560 x 1920 pixels. Pos-

é composto por duas partes, sendo uma delas es-

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pecífica para se conectar à porta USB do computador,

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patível com dois tipos de cartão de memória (Smart

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cria um desenho com o perímetro do local onde fará a lim-

frisar). Macio e com temperatura agradável ao to-

peza e começa do mais perto para o mais longe, calculando

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de não amassar, além de não poder – nem preci-

de altura e 35 cm de diâmetro, passa por baixo de camas,

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parceria entre as empresas Cargill e Dow

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Caso a bateria descarregue, o Trilobi-

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te se dirige à base de recarga

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e retorna posteriormente

sintéticos a partir do milho e de outras

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forma-padrão dos aparelhos de DVD. Reproduz CD-R/RW,

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verificar a montagem do aparelho e o desempenho de cada

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menu inicial), Digital Picture Zoom (para ampliar qualquer

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modelo MD20FL1 possui 21”, tela plana, controle remoto

modelo 213T da Samsung, com resolu-

unificado, sintonia automática para 181 canais, som ste-

ção de 1600 x 1200 pixels e tela de

reo, tecla SAP e entrada para fone de ouvido.

cristal líquido 21,3”, pode ser facil-

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mente ajustado: basta regular a altura na parte inferior do monitor e travá-lo na posição vertical. Um software específico faz a conversão dos programas. Compatível com todos os sistemas operacionais, possui ângulo de visão de 270 graus, tempo de resposta de 0,025 segundos e consumo de 75 w. Além da entrada analógica, comum a todos os monitores, uma interface digital possibilita a conexão de outro computador, a ser utilizado em momentos diferentes. Com borda inferior a 2 centímetros, o monitor pode ser utilizado para compor um painel de grandes proporções. Disponível a partir de setembro. Samsung: 0800-12-4421 www.samsung.com.br 58 ARC DESIGN

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Um best-seller do tamanho de uma cader-

tipos de programa diretamente em um DVD.

EP (até 12 horas), além de reproduzir as mídias

neta? É o que propõe a E-Ink Corporation, que desenvol-

DVD, DVD-R/RAM, CD-R/RW e VCD.

veu juntamente com a Philips o protótipo de uma espécie de li-

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vro eletrônico. A diferença é que além de ser o primeiro livro vir-

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tual de alta resolução feito com componentes de valor acessível, este proporciona sensação de leitura similar ao papel, principalmente pela tonalidade branca do fundo. São dois displays de fina espessura com resolução de 160 pixels. O acesso às informações poderá ser realizado por conexões wireless e USB. Disponível a partir de 2004. www.eink.com

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preferidos. O modelo DC-596B permite gravar diretamente do

líquido de 10”, som Dolby Digital e bateria com duração de 3

DVD para o videocassete, reproduzir CD, VCD e MP3. Com a fun-

horas, além de controle remoto e duas saídas para fone de

ção Marker, pode-se selecionar até cinco cenas no DVD para

ouvido. Pode ser instalado no teto do carro. A entrada para

vê-las novamente ao término do filme com acesso direto.

cartão Memory Stick permite a visualização de fotos digitais

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e a reprodução de músicas em

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59 ARC DESIGN


PUBLI EDITORIAL

FORMA Sérios ou irreverentes? Não importa a época, podem ser de 1920, 1950 ou mesmo de 2003: são contemporâneos. Os conceitos da Bauhaus revolucionaram os padrões burgueses da Alemanha na década de 1920 em busca de formas racionais. A coleção tubular de Mies Van der Rohe – um dos clássicos disponíveis na Forma – continua atual e tornou-se símbolo de formalismo e elegância. Isto prova que o papel do objeto se transforma com o passar do tempo, mas a qualidade do projeto permanece. A ar qui te ta nor te-ame ri ca na Flo ren ce Knoll criou, na década de 1950, o layout básico de escriAci ma, mesa de reu ni ão 2480, pro je ta da por Flo ren ce Knoll na dé ca da de 1950; abai xo, chai se-longue da co le ção tu bu lar, design Mies Van der Rohe, dé ca da de 1930. Na pá gi na ao lado, pro du tos da Kar tell com design de Phi lippe Starck: no alto, à es quer da, ca dei ras Lou is Ghost em po li car bo na to; à di reita, ca dei ra Eros; no pé da pá gi na, li nha Plo of, com en cos to em po li e ti le no e pés em alu mí nio

tórios que adotamos até hoje nas salas dos executivos das grandes corporações: a mesa de trabalho, a disposição das cadeiras e o armário lateral. No início dos anos de 1960, a empresa italiana


Kartell realizou a façanha de tirar o plástico da cozinha e trazê-lo para a sala, chamando designers de prestígio e talento, como Vico Magistretti e Joe Colombo. O aprimoramento constante na qualidade dos materiais plásticos empregados e propostas de design sempre na vanguarda foram os responsáveis pela imagem que a Kartell possui hoje, sinônimo de irreverência e experimentalismo. A parceria com o designer francês Philippe Starck tem resultado em móveis

bem-humorados,

resistentes e bonitos. Um FORMA Av. Cidade Jardim, 924 São Paulo, SP – Tel.: (11) 3816-7233 Rua Farme de Amoedo, 82A Rio de Janeiro, RJ – Tel.: (21) 2523-2949 www.forma.com.br

exemplo é o recente projeto da cadeira Louis Ghost, que surpreende por reinterpretar em policarbonato a cadeira da época de Luís XVI.


TYPO BERLIN 2003 8ª Conferência Internacional de Design Gráfico Humor. Este foi o tema escolhido para a Typo Berlin 2003, uma das mais importantes manifestações do design gráfico internacional

Maria Cristina Dresler Por si só o tema parecia ser um contra-senso ou uma piada. Num cenário de conjuntura econômica recessiva, onde o nível de desemprego deve atingir até setembro a casa dos 5 milhões, não há muitos motivos para o riso. Mas quem subiu ao palco procurou tirar partido da situação. A identidade visual deste ano vinha, de certa forma, de encontro à realidade. A “pílula do humor”, metáfora comum na cultura alemã, procura exprimir algo como um antídoto contra os males do dia-a-dia. Comprovadamente, o humor possui efeito positivo na psique e na saúde humana, provocando uma grande capacidade de superação. E embora possa não prolongar o tempo de vida, o riso tem um incontestável poder de nos fazer parecer mais jovens e vitais. Dentro de um cuidadoso conceito de identidade visual, a conferência foi representada por um consultório médico, com tudo aquilo a que o paciente tem direito: o programa equivalia à receita médica etc. Se por um lado a sequência de analogias é interessante e revela fantasia (vale conferir: www.typo-berlin.de), por outro a imagem asséptica poderia parecer estranha nesse contexto. A concepção da Typo enfocava o tema sob os mais diversos ângulos e coube aos ouvintes opinarem sobre o que deveria ser considerado mais engraçado: o palestrante em si, seu trabalho, a encenação da palestra ou, em determinados casos, até mesmo a mais completa falta de familiaridade com o próprio tema humor. A verdade é que não é fácil ser bom comediante: havia de tudo um pouco e, entre os altos e baixos, vale comentar o principal. Uma das palestras iniciais coube a Pippo Lionni, sem dúvida uma das personalidades mais interessantes e versáteis desse 62 ARC DESIGN


Nesta pá gi na, à di reita, tre chos do li vro “Facts about Life”, de Pippo Li on ni; abai xo, o desig ner durante sua pa lestra na Typo Ber lin 2003. No alto e no pé da pá gi na ao lado, ele men tos da iden ti da de vi su al da Typo Ber lin 2003, cri a dos por Ste fa nie Giers dorf, Mag nus Heng ge e Jo achim Buh row, do Es tú dio Ad hoc

“...Sua própria vida já era relativamente caótica. Nada de trágico, apenas o de costume: estresse excessivo, meio ambiente agressivo, sentimentos fora do lugar, ambiguidade, relacionamentos selvagens... em resumo, crise da meia-idade, não a primeira e provavelmente também não a última.”

“...A vida da humanidade também estava uma confusão: bombas caindo, a Bolsa caindo, gente andando na direção errada, superaquecimento global, congelamento ideológico, secas e dilúvios, enfim... um verdadeiro inferno.“

“...Para começar a se preparar ele foi a uma conferência sobre a morte. Lá conheceu Ursula e suas 11 virgens, discutiu sobre a antropofagia, sobre cartazes predizendo o fim, sobre verdades mórbidas, transcendência atômica, experimentou os melhores aperitivos e a culinária de um designer maluco, mas não achou a menor graça.“

63 ARC DESIGN


universo. Pippo vem de outras áreas: estudou matemática e filosofia na Portland State University e na New York University e tem na música (saxofone) uma paixão. Hoje vive e trabalha em Paris. Sua filosofia de vida é baseada em imagens e seu universo é representado por meio de pictogramas e, com essa

humorada da sociedade e do comportamento humano tem sido publicada em uma série de livros entitulados “Facts about Life”. O primeiro deles, de 1999, gira em torno do relacionamento entre o homem e a mulher. Em seu terceiro livro, apresentado este ano na Typo Berlin, Pippo aborda os problemas existenciais e as ansiedades de um homem de meia-idade na sociedade moderna. Seu “Falling Man” é um personagem que vive intensamente as angústias do nosso mundo. Apesar da linguagem reduzida, própria dos pictogramas, cada página do livro possui grande densidade narrativa e é interessante observar como as figuras anônimas das placas de sinalização podem ganhar vida e transmitir emoções. Armin Reins, redator publicitário com carreira em algumas das maiores agências internacionais, teceu considerações a respeito de como o humor pode promover ou arruinar determinada marca. Com exemplos de filmes publicitários que se valem do humor ingênuo, passando pelos de gosto duvidoso, até brilhantes exemplos da publicidade, Reins corroborou sua tese. “O humor baseia-se em clichês. O bom texto publicitário é aquele que retrata uma situação na qual o consumidor enxerga a si mesmo, gerando identificação”, afirma. Estudos sustentam que em 85% dos filmes publicitários exibidos na televisão alemã o espectador não associa o comercial à marca. O que equivaleria a dizer que cerca de 1,8 bilhão de euros em verbas publicitárias é jogado fora. Dos 15% restantes, dois terços das propagandas têm como trunfo o humor. Um filme comercial que provoca risos é memorizado mais facilmente e não tem de ser repetido com tanta frequência quanto os outros. Ponto para o humor. 64 ARC DESIGN

Nes ta pá gi na, exem plos do tra ba lho do gru po eBoy: acima,à esquerda, o han gar dos fo gue tes e, à direi ta, ilus tra ção para a re vista nor te-ame ri ca na FAC; no centro, o gru po du ran te sua apre sen ta ção; no pé da página, duas de suas “bi bli o te cas”, atua li za das a cada novo tra ba lho

linguagem minimalista, procura retratar a vida e o cotidiano. Sua visão bem-


de móveis, autor da frase-conceito “think simple, live simple”, fazia numa conferência sobre design gráfico. Humor como filosofia caracteriza o estilo de trabalho de Moormann, marcado também pela irreverência e uma fina sensibilidade. Moormann tem como ponto forte a tendência a romper com as regras e a buscar o inusitado em seus produtos. Depois de mostrar uma visão de seu universo de trabalho e de seus produtos, Moormann falou de um tema que durante muito tempo lhe rendera dores de cabeça e poderia tê-lo levado à ruína: a briga judicial contra a cadeia de móveis sueca IKEA, que plagiou um de seus projetos, passando a comercializá-lo em uma versão mais barata. Depois de ganhar o processo, Moormann comemora a vitória editando um pequeno livro em estilo de caricatura narrando a história por meio de metáforas: o gigante IKEA simbolizado por um alce, animal típico da Suécia, e a firma Moorman por um pastor tirolês. A publicação foi proibida. Foi liberada uma segunda versão, mas esta obedecendo aos cortes impostos, inclusive com um lacre sobre os olhos do alce, para não ser reconhecido! Steffen Sauerteig, Svend Smital, Kai Vermehr e Peter Stemmler formam o grupo eBoy. Como anunciava Erik Spiekermann antes da subida do grupo ao palco, eles só fazem aquilo que lhes agrada, não se preocupam com a obtenção de novos clientes e ainda assim conseguem ter clientes como Nike, Adidas e MTV. Tudo teve início com o website www.eboy.com, criado em 1993. Os quatro trabalham em cidades distantes umas das outras, como Potsdam, Wedding e N. York, e permanecem ligados por meio da internet e de “livecams”. O contato contínuo e uma boa divisão de trabalho fazem com que tudo funcione: “um de nós está quase sempre envolvido em pesquisa, ou seja, testa novos programas e novas técnicas enquanto os outros trabalham junto aos clientes”. Dos Estados Unidos a Tóquio eles já conquistaram admiradores fiéis.

No alto da pá gi na, à es quer da, os desig ners En ric Jar dí e Laura Mese guer; no pé da pá gi na, os qua tro desig ners do gru po: Lau ra Me se guer, José Ma nu el Urós, Joan Bar jau e En ric Jar dí

Nes ta pá gi na, exem plos de fon tes cria das pe los desig ners do Type-o-To nes e dis tri bu í das pelo FontS hop (veja mais fon tes cria das pelo gru po es pa nhol em www.type-o-to nes.com)

Muitos, a princípio, se perguntavam o que Nils Holger Moormann, designer


vez mais pedras – ou seja, pixels – completam esses mundos urbanos. As obras se assemelham às ilustrações onde se procura encontrar uma agulha no palheiro. O trabalho, no entanto, tem método: eles colecionam tudo o que criam. Conseguiram montar um banco de dados – ampliado constantemente –, uma espécie de “matchbox”, como eles mesmos o denominam. Sempre que precisam de determinada figura vão ali buscar e assim vão montando novos cenários. “Já conseguimos realizar um grande sonho, que era ir parar no verso de uma embalagem da Kellogg’s.” EBoy-2 corrige: “Foi da Nestlé.” Design do sul da Europa: os Montes Pirineus formam as frontei-

tinente, mas... onde se situam as fronteiras culturais? Pouco depois de anunciar o grupo de designers tipográficos de Barcelona Type-o-Tones, Erik Spiekermann fez o seguinte comentário: “o design do sul da Europa tem, aos olhos dos nórdicos, um to-

que diferente, algo que chama a atenção... algo de engraçado, mais precisamente no sentido de ‘strange-funny’, muito comum, aliás, aos países latinos”. Humor é parte do trabalho do grupo, que se especializou em fontes “engraçadas”, com caráter ilustrativo, de fontes caligráficas a dingbats. “A ausência de critérios severos é também um fator presente no nosso trabalho e acreditamos que ela seja quase uma necessidade para que uma fonte pareça autêntica.” Naturalidade e espontaneidade são, sem dúvida, seu diferencial. Os famosos passos falsos visuais e textuais, que acabam resultando no humor não-intencional, foram o tema de Jörg Willich. A proposta foi ilustrada, entre outras coisas, com exemplos dos conhecidos cartões de instruções de

Tipógrafo alemão

G.B. Bodoni

tipógrafo mortal

ras naturais que separam a “Europa Latina” do resto do conmortal normal

No alto da página, Jörg Willich e os desenhos dos folhetos de instruções de segurança de bordo, que ilustraram, em sua palestra, a discrepância entre imagens e mensagens de comunicação. À esquerda, ilustração da companhia alemã Hapag Lloyd e no destaque uma faca (proibida nos vôos); na se quên cia, natação em grupo (da companhia britânica Exel Airways); à direita, destaque para a erro na ilustração (a pessoa aparece gorda no primeiro quadro e magra no segundo) do passa gei ro no dese nho da em presa Air Fran ce. No centro da pá gi na, dese nhos de Alessio Le o nar di. Abai xo, se quên cia ilus tran do as di fe ren ças en tre os cro mosso mos do in di ví duo nor mal, do ti pó grafo ale mão e de Gian ba tis ta Bo do ni Indivíduo normal

Suas cidades e seus cenários coloridos crescem em todas as direções; cada


aviões. Quantas pessoas realmente lêem este folheto não se sabe, mas a comparação entre o texto e a mensagem transmitida pelas respectivas ilustrações já seria suficiente para garantir boas risadas durante o vôo. Pelo menos foi o que aconteceu no auditório. Uma interessante combinação de cartões de “safety on board” foi dividida em temas como natação em grupo, onde os náufragos bóiam em círculo de mãos dadas em suas vestes de salva-vidas, enquanto a aeromoça de pé na porta do avião – ou dos destroços dele – acena a eles tranquilamente. Willich estudou Design em Krefeld, Alemanha, e no Royal College of Art, em Londres. Após a gra-

Uma ques tão que pre o cu pa as pessoas nor mais: o que fazer nas fé rias? Para um ver da dei ro ti pó gra fo, não há dúvi da: ti po gra fia! O ca der no de ras cu nhos de Le o nar di (abai xo) é um exem plo desse fe nô me no

À di rei ta e abai xo, o brinde ofe re ci do por Le o nar di aos par ti ci pan tes: um di ver ti do ma nual para a vida di á ria, incluin do re ceita de pão e, cla ro, ti po gra fia. No pé da pá gi na, o desig ner du ran te sua con fe rên cia

segurança de bordo, que todo passageiro está acostumado a encontrar nos

duação trabalhou na Design Bridge (Londres) e depois na Peter Schmidt Studios (Hamburgo). Em 1997 ajudou a montar o grupo Landor, que hoje dirige. Um dos destaques do encontro foi o designer tipográfico italiano Alessio Leonardi. Em sua apresentação, ironizou a figura do tipógrafo: suas expectativas, seu cotidiano, suas neuroses. Ciência, família e religião foram as metáforas – método, paixão e fanatismo – nas quais ele apoiou sua teoria sobre esta espécie peculiar e fora dos padrões normais, mostrando ao mesmo tempo o próprio trabalho. O tipógrafo, segundo Leonardi, possui cromossomos diferentes dos outros seres humanos, mais precisamente 26 pares – assim como as letras do alfabeto –, e em forma de letras! No capítulo 67 ARC DESIGN


everything I do always comes back to me Nas duas pá gi nas, ima gens re fe ren tes à pa les tra de Ste fan Sag meis ter. Aci ma e no pé das duas pági nas, a mensagem inequívoca de Sagmeister: “Every thing I do always co mes back to me” (tudo o que eu faço sem pre vol ta para mim)

68 ARC DESIGN


À direita, con vi te para um jan tar de gala orga ni za do pela Gay and Les bian Task For ce, o qual é acom pa nha do por uma ba na na e uma amei xa, em um sim bo lis mo bas tan te ób vio (mos tra do na ca te go ria “meus pi o res tra ba lhos”); abaixo, o desig ner du ran te sua apresen ta ção

dedicado à religião, Leonardi descreve – nos moldes da “Divina Comédia”, de Dante – a “Comédia tipográfica”, na qual o tipógrafo passa pelo céu, inferno e purgatório, descrevendo as agruras e a sina da profissão. No último dia, Stefan Sagmeister, austríaco radicado em N. York e presença constante entre os palestrantes na Typo Berlin (segundo Spiekermann, aquele que não precisa ser anunciado), subiu ao palco com uma torta de creme na mão. Dividiu sua palestra em quatro partes, as quais ele mesmo denominou: “engraçadinho”, “engraçado”, “muito engraçado” e “engraçadíssimo”. Dentro da primeira categoria falou sobre os piores trabalhos de sua carreira, dando destaque a uma capa do álbum “Nine Lives”, do grupo de rock Aerosmith. Outro destaque ficou para um folheto da Cathay Pacific Airlines e também o da Associação de Lésbicas e Gays. Para a categoria “engraçadíssimo”, afundou a cara na torta de creme! Enquanto os restos da torta secavam em seu rosto, falou de seus projetos atuais, dedicando especial atenção ao “True Majority Project”, que pretende incentivar mais norte-americanos a participar dos processos decisórios em vez de deixar que uma elite política abuse de seu poder. Sua mensagem final – uma sequência de fotos num misto de instalação e colagem, onde a tipografia se integra ao fundo – não deixa dúvidas quanto à interpretação, principalmente levando em conta a direção na qual os objetos voadores se deslocam: do Oriente para o Ocidente. Muita informação em pouco tempo, e pouco tempo para monotonia. A próxima Typo Berlin já tem data marcada: 13 a 15 de maio de 2004, voltando ao tema de partida – Escrita/Tipografia. ❉

A Typo Ber lin, pro mo vi da e or ga ni za da pelo FontS hop, co me çou como uma con fe rên cia so bre ti po gra fia e ain da con ser va uma ên fa se mu i to for te nes ta área. De vi do ao su ces so al can ça do, o le que de te mas foi am pli a do con for me as ten dên ci as vi gen tes. Em 2002, o tema foi “In for ma ção – Es tru tu ra e Pro ces sos” e, no ano an te ri or, “Bran ding”. Em 2004, re to ma-se o tema de par ti da, sob o tí tu lo “Es cri ta”.


O mate rial para esta seção foi for ne ci do pelo Material ConneXion. Tradução: Winnie Bastian

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Persianas decorativas em tecido de bambu, produzido a partir de finas tiras de bambu (na trama) e monofilamento natural (no urdume), revestidas com verniz arbóreo natural. Variações no índice de transmissão de luz (entre 50 e 70%) ocorrem conforme o número de tiras de bambu por polegada. Atualmente disponíveis em duas cores (âmbar e ébano) e duas larguras (61 e 91,5 cm), em comprimentos de até 27,5 metros. O tecido é tratado com pesticidas, mas não é retardante de chamas. Aplicações incluem persianas, divisórias, revestimento para paredes, componentes de mobiliário etc.

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Cascas de coco são combinadas com resina vegetal 50% natural para criar ladrilhos para interiores. Variações disponíveis incluem o uso de cascas de arroz, cereais, nozes, coco-babaçu, coco-dendê e castanha-do-pará. O tamanho padrão do ladrilho é 20 x 20 x 0,5 cm, com outras opções de tamanho sob encomenda. Aplicações incluem piso e mobiliário

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Chapas poliméricas feitas com materiais reaproveitados. Sobras e materiais descartados como copos de café, CDs, sobras industriais, cédulas antigas e escovas de dente são utilizadas para criar diversos padrões de chapas plásticas poliméricas coloridas. A espessura das chapas varia entre 2 e 25 mm e as dimensões padrão são 1 x 2 metros. Cada tipo de resíduo confere uma cor distinta e não-uniforme à chapa. Aplicações atuais: mobiliário e displays em pontos-de-venda

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Composto por agregados e aglutinados de pedra, mas sem areia, esse produto para pisos externos é misturado e despejado de modo semelhante ao concreto. A superfície pode ser limpa como o concreto (com escova e/ou água) e também tem um tempo de vida similar. É imune à maioria dos produtos químicos e apresenta alta resistência à compressão. A permeabilidade do produto à água evita possíveis danos causados por inundações. Dois tipos estão disponíveis: um com base de cimento e outro com base de resina que permite mostrar a cor natural do composto

71 ARC DESIGN



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Uma Publicação Quadrifoglio Editora / A Quadrifoglio Editora Publication ARC DESIGN n° 31, Julho/Agosto 2003 / July/August 2003

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Diretora Editora / Publisher – Maria Helena Estrada Diretor Comercial / Marketing Director – Cristiano S. Barata Diretora de Arte / Art Director – Fernanda Sarmento Redação / Editorial Staff: Editora Geral / Editor – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico / Graphic Design Editor – Fernanda Sarmento Chefe de Redação / Editor in Chief – Winnie Bastian Equipe Editorial / Editorial Staff – Daniele Rissi (Redatora) Jô A. Santucci (Revisora) Tatiana Palezi (Produtora) Traduções / Translations – Paula Vieira de Almeida

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Arte / Art Department: Designer – Cibele Cipola Estagiária / Trainee – Helena Salgado Participaram desta edição / Contributors in this issue: Jairo da Rocha Maria Cristina Dresler Departamento Administrativo / Administrative Department: Fabiana Ferreira da Costa Departamento Comercial / Advertising Department: Ivanise Calil Elinée Hisgail Departamento de Circulação e Assinaturas / Subscriptions Department: Denise Toth Gasparotti Conselho Consultivo / Advisory Council: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta (Fundação Padre Anchieta’s director); arquiteto (architect) Julio Katinsky; Emanuel Araujo, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pinacoteca do Estado de São Paulo’s director); Maureen Bisilliat, curadora do Pavilhão da Criatividade do Memorial da América Latina (curator of Memorial da América Latina’s Pavilhão da Criatividade); João Bezerra, designer, especialista em ergonomia (designer, expert on ergonomy); Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de Arc Design para assuntos internacionais (expert on European culture and design, Arc Design consultant for international subjects) CTP: Takano Editora Gráfica Ltda. Impressão / Printing: Takano Editora Gráfica Ltda. Papel / Paper: Suzano Papel – Couchê Reflex Matt (miolo – 150 g) Supremo Duo Design (capa – 250 g) Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito. The rights to photographs and articles signed by ARC DESIGN contributors are property of the authors. Photographs for publicity were provided by the companies, institutions or professionals referred to in the articles. Total or partial reproduction of any part of the magazine is only permitted with prior, written consent by the publishers.

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Architecture, theme of major importance in our culture, receives a permanent space in ARC DESIGN. If nowadays we have still been showing architectonic projects in a sporadic way, from this edition on its presence will be constant (be it architecture itself or architecture of interior design). We inaugurate this new section with the great master Álvaro Siza, one of the most important contemporary architects, author of the Iberê Camargo Museum’s project, in Porto Alegre. Besides Siza, we publish the best of architecture, in real experimental and also metaphorical projects. Brazil is very well represented by Haron Cohen. Experimentalism in the international field is applied in projects of reduced dimensions, XS, or Extra Small. The metaphor takes part in the collection Tea & Coffee Towers – absolutely beautiful. Is there a coincidence, an identity of purposes, between fashion and design products? Grasp Nanni Strada’s clothes and ideas and you will have the answer. This year, Typo Berlin 2003, an important graphic design conference, chose “humor” as a theme. Enjoy the quality of the work and laugh… if you are able to. In the Products chapter, there are Swiss watches and a Brazilian furniture collection. The watches are famous designer Hannes Wettstein’s creation; the pieces of furniture prove that a former reality starts being inverted, when Brazilian big industries already see the designer as “its best friend”. Enjoy your reading! Maria Helena Estrada

NANNI STRADA FASHION DESIGN – page 14 “I think, visualize, design and experience clothing not only as an object, but also as the primary space inhabited by the body,” Nanni Strada states. During the Milan Furniture Fair, an exhibition at the Triennale revives Nanni Strada’s extremely recent concepts on “the body skin” Maria Helena Estrada Nowadays, Milan’s Polytechnic Institute has an Industrial Design Laboratory for Fashion, which is run by Nanni Strada, who has a passion for it. The lab has 48 students working on themes connected to the design of garments as an industrial product.

Irreverent, ignoring codes, projecting new languages and standing up in the 1970’s against the unquestionable and maximum pattern of fashion (the typical tailored one of straight cuts in garments) Nanni Strada, in less than ten years working as a professional, has reached, or better, outreached a limit that opens a passage from fashion to fashion design. What is the subtle difference between the former and the latter one? Fashion design is not really concerned about fashion and its ephemeral gratuitousness. Besides, there is also the fact that fashion design adheres to concepts based on the design’s methodology of projecting. A great confusion around such not-so-subtle difference was started by Coco Chanel when she claimed that “fashion is what is not in fashion anymore.” Nanni Strada’s work exposes the differences, shows the points of convergence and outlines the links between design and fashion. On its preface, Almerico de Angelis writes: “If design is the project of the world, fashion represents the seasons” and also adds, “fashion design is the capacity of shaping behaviors, which is exactly the same task belonging to design.” It is a pleasant book to read, as free-flowing as an adventure novel, in which its purpose is made clear, as well as the designer’s projecting thought. “I have always thought about which clothes to wear when traveling, for people who live in a dimension of great mobility, curiosity, precariousness and adventure, like me” – Strada talks about her work. “Clothes are objects capable of provoking new languages.” The 1972 “abito giù dal corpo” (a garment that falls through the body) was Nanni Strada’s first opportunity to have her researches on the oriental clothing and her theories on the geometry of clothing applied on the industrial reality. She designed clothes for the Italian company Max Mara, such as geometrical pieces with no cuts, lining or reinforcement and, specially, with welded seam, like the ones used only on knitwear products. For the production of such new garment, the industry of sewing machines was requested to create new mechanisms, which started happening frequently each time a new “invention” was conceived by the designer. In 1972 the Ethnological Collection was created in London, where Nanni Strada used to live at that period. Its products consisted of sweatshirts with considerably long sleeves and stretch stockings with no footing or a precise size, normally worn tucked up. Raimonda Riccini, curator of Nanni Strada’s recent exhibition held at the Milan Triennale, wrote, “It’s the concept of the body’s freedom, of the reduction and decomposition of garments, which assume unusual shapes and sizes.” However, daring fashion editors were needed. Strada’s desired target was the British magazine Nova. With the “conspiring” help of editor in chief Caroline Baker, the first fashion editorial came up, with close-ups on body segments and focalization on the object – not on the behavior. Due to the diverse use of mini-skirts, stockings started acting as the main characters of fashion, dressing more than 1/3 of the body, acquiring stripes, squares and drawings. Such phenomenon also propitiated innovation in the machines field to have them produced. With the existence of such reality, extending the same industrial process through the whole dress (made of tubular knitwear) was the sudden inspiration of a dream and the creation of a project that preceded decades of stocking-dress by Philippe Starck (see ARC DESIGN N.7). This new dress, also made of one single seamless piece, represented the skin: the infinite garment. Nanni Strada’s research was summarized into the film The Cloak and the Skin, which was created for a presentation in the international section of the 1974 Milan Triennale, with Ettore Sottsass as its curator.

English Version

EDITORIAL


Always proceeding from researches about traditional clothing and customs in several parts of the world, Nanni Strada, also in 1974, took part in a contest instituted by the Libyan government, to decide on the modern Islamic garment. Even though both the contest and its intention had been canceled, succeeding versions of the panel-garment came up. It was a single piece that seemed to be gift-wrapped when folded. Likewise, the Orient China Collection created sophisticated garments in very simple fabrics for a Milanese store with the collection’s name from 1975 to 1979. In 1988 another precursory project was presented. One of the greatest revolutions in our dressing manners was the creation of the Torchon, which was the same Pleats Please that Issey Miyake presented four years later! Such revolutionary fact could have turned into a vast legal case if Nanni Strada wanted so. The Torchon is an autonomous object in relation to the body and was designed to cohabit with the real and mental nomadism. “Having a passion for the subject, as always, and at that time living by the airlift that connected Milan to Lisbon, I started to twist my linen skirts, trying to turn them into traveling clothes. The linen texture with its dry energy allowed me to free my gestures and wear my clothes just like the members of nomad tribes, who carelessly wear waistbands to carry their children. That was the first time a cloth was handled when the garment had already been produced.” By following the same pattern of the linen Torchon, Nanni Strada also produced winter clothes made of silk, synthetic fabrics and wool. A delicate elastometric yarn was inserted in them, which created a type of crepe resembling knit and cloth. What exactly does Nanni Strada’s clothing represent? It’s an industrial design project full of technological innovations. The Russia Collection and the Portugal Collection were also a result of her researches. They represented an experience practiced in the whole extension of the productive and distributive chains. Their success was huge in Japan considering that the garments met the Japanese dressing manner. In 1988, the Torchon Collection was exhibited in front of 300 journalists! In 1990 Strada inaugurated her store in Tokyo, called Nanni Strada Shop. The 1996 Pli-Pla Collection presented object-clothes, which were flexibly opened and closed like a fan. “My intention is to divest the garment from its original tailored cut and from its submission in relation to the body and to fashion.” In the latest years Nanni Strada has been devoting to teaching. Inhabiting the Garment; Habit and Rituality; The Habit of Health; Performative Habit; Formal & Flexible; Controlled Seduction and Fashion and Art are the seven themes proposed by Nanni Strada that are currently being developed by the students of the Milan’s Polytechnic Institute.

ALESSI, TEA AND COFFEE TOWERS – page 22 Alessi’s most recent daring experiment is a collection that refers to a certain contamination between architecture and design. Tea and Coffee Towers is a “metaproject” created by Alessandro Mendini, art director of the Italian company, whose intention is to search for new paths for the development of domestic objects 80 ARC DESIGN

Winnie Bastian A history of table’s micro-architectures, of apartment’s micro-urbanistics. That is how Italian designer Alessandro Mendini defines the collection Tea and Coffee Towers, Alessi’s latest novelty. Twenty-two notable emerging architects from several countries were invited by Mendini to create tea and coffee sets. All of them had something in common – they had not expressed themselves very much in the design’s dimension, until then. As long as they would not take distance from the collection’s objective, which was to explore new ways of incorporating aspects of architecture into design, the professionals had total freedom for projecting. “The interaction between similar disciplines, in particular architecture (the big one) and design (the small one), was a very useful method for the oxygenation of its development. The idea was to work over the paradox among the limits, the vertiginous change in scale and the crossing of functions that are distant from one another,” Mendini adds. The limits that are normally imposed when a design project is started were forgotten in such project. “On the contrary, the designers were requested to present in a spontaneous way their language and outlook on the world”, explains Alberto Alessi. Limits were also not imposed on the choice of materials or methods. The preference for the use of silver, which is the typical material for tea and coffee services, was the only indication of the company. However, once the 22 authors of the collection Tea and Coffee Towers were very different from each other, it obviously became impossible to unify the objects into one single material. The basic metal used for most pieces was silver, apart from the sets by Greg Lynn (made of titanium), Juan Navarro Baldeweg (made of stainless steel) and the English group Future Systems (whose tray was made of anodized aluminium). Ceramics, heat resistant glass and wood were also used. As for the accessories, thermoplastic resin, porcelain and Chinese clay were applied. In such atypical collection, the formal and productive refinements that usually do not exist in the mass production make part of the briefing. Only 99 exemplars of each set will be manufactured, apart from three author samples. Tea services that connect symbology and domestic rituals with the sense of fabrication and architectonical composition are the result. It is also possible to note each author’s utopias reflected in each set. While French Dominique Perrault suggests a modernist and neoclassic set in silver and porcelain, American Greg Lynn conceives objects that refer to forms of the nature. Italian Massimiliano Fuksas and Doriana Mandrelli present a set of sculptural forms, resembling a sheet of paper wrapped around itself. At the same time, the Australian studio Denton Corker Marshall (John Denton, Bill Corker and Barrie Marshall) raised an oblique tower, emerging from a platform – which is the tray – cut by yellow segments in several directions – the handles of the parts. According to Mendini, such work represents a rough and nervous language that predicts a non-orthodox intention of use. While French Jean Nouvel presents sleek cylinders in polished and bright metal, golden on the inner side (as in his fanciful tower for the latest Venice Art Biennale), Dutch office MVRDV (Winy Maas, Jacob van Rijs and Nathalie de Vries) explores in its project the superposition of objects – such as coffeepot, sugar bowl and milk jug – which resulted in a plastic and fluid form. And those are just a few examples! The tea and coffee sets exhibited at the Milan Triennale during the latest Furniture Fair interacted with eight towers in 1/100 scale, which were idealized by eight of the 22 architects and also exhibited at the latest Venice Biennale. The objective was to indicate the subtle connection that combines the language of architecture with that of design.


Mendini summarizes, “If I had to risk one definition under a single form, I would call these authors ‘virtual architects’, for they have a virtuality that predicts, also in the domestic interior world, anthropological attitudes and rituals of calmness, responsibility and consciousness of living.”

RIGIDITY IN FORM AND IN LINE – page 30 By unifying exterior and interior, architect Haron Cohen’s project values sensations and senses, always keeping the focus on simplicity and on the lack of decorativeness

DESIGN AND THE BIG INDUSTRY page 26 Saccaro invests in design to make its brand strong, presents new lines and keeps tradition when manufacturing furniture made of natural fiber Daniele Rissi / Photos by Joel Jordani The greatest furniture pole of Brazil is in the mountain-ranged region of Rio Grande do Sul, concentrated in the towns Bento Gonçalves and Caxias do Sul. They are big companies specialized in closets and kitchens, diversifying a bit in direction to other typologies such as chairs. In such context, Saccaro is highlighted with a stressed differential. Devoting since its foundation to residential furniture in the most varied typologies, the company has opted, since 1980, for design. A long path gone through, since the initial production of wicker baskets and cradles. A risky choice, at that time, that needed patience and perseverance to be established. The company called our attention for the amount and quality of the designers who sign the new collection. “Design is essential for the company that wishes to make of its brand a reference in the decoration market. It is the only way to make its values and concepts visible for a public with a lot of options,” João Saccaro, the company’s director, claims. It is exactly this handcrafting origin that, nowadays, assures the extreme quality of the products presented by Saccaro. A collection with more than one hundred products. Another characteristic that caught our attention in this new furniture collection was its regional “accent”, which was translated into a Brazilian language. In fact, not much is talked about Rio Grande do Sul and its peculiarities in other parts of Brazil, and not much is known about its local design. Researches such as, for instance, the ones held by designers Tina and Lui, for Saccaro, that exploit the Italian immigrants’ types of furniture, come to show us the potential of such not very much exploited universe. Settled in an area of one hundred thousand square meters, the factory manufactures an average of sixty thousand component parts a year. To reach the final quality of its products, the company brings its raw materials from several parts of the world, especially from Asia, and counts on skillful craftsmen for the final touch. Just one of its couches, made of plaited fiber, consumes twenty hours of work! It’s a production that is exported to the Argentinean, Bolivian, Mexican and American markets, and sold in Brazil through branches located in the main Brazilian cities, besides 27 franchises. “It is with this rhythm that Saccaro intends to go on,” João Saccaro confesses enthusiastically, “investing in design, always with more seriousness to value the brand’s concept. Everything made with the intention of assuring its long-life.”

Winnie Bastian A completely hollow building, with no walls to block the vision and, especially, the integration with the exterior: that is how architect Haron Cohen imagined the recently built residence in São Paulo. And that was his starting point. Cohen proposed well-defined spaces, but also flowing and free of any physical or visual interference (pillars or walls), which only became possible thanks to the definitely non-conventional structure that was applied in the residence. Four vigorous pillars – outside the building – and various tie bars are responsible for sustaining the ground plates of the top floor and of the roofing, completely discharging the floor plan. The interconnection between internal and external space (which occurs through both the floor-plan’s drawing and the choice of the glass for the closure) is the project’s highlight, in which the only “confined” environments – if we can call them like that – are the laundry room and the bedrooms, to keep the functionality and the privacy, respectively. On the ground floor, a well-defined circulation conducts the guest from the entrance gate and interconnects the four main areas: two living rooms, the bar-room and the dining room. The whole big area is enclosed by fixed or moveable glass panels, except for the places that were chosen to expose the works of art, which are sustained by masonry walls. On the top floor, a lengthy workbench covers the whole space and acts as a home-office. By the end of the workbench, there is a library, which is open but has a pilfered door, of which cut-drawings perfectly fit into the workbench, allowing the total closure of the space and making it possible to alternatively use the environment as guests’ room. That is only one of the innumerous intelligent and precise details of Cohen’s project. Further on the top floor, an alternative circulation, which is defined by a panel made of lactescent glass, interconnects the three rooms, certifying privacy to the residents. The social stairs also deserve a special attention: they were projected with the intention of transmitting the largeness sensation that is coherent with the house’s spirit, although with the use of a compact area. The “secrets” of such prowess? The “loose” volume of the stairs, the subtle handrail (which was also designed by the architect and exists only on the second floor) and the floor-plan idealized by Cohen, which defined the 1.40-meter width for the stairs’ entry and exit. Such width is reduced to one meter on the platform. Solutions like that one – subtle in the perception and strong in the meaning – are Haron’s Cohen trade mark; he’s an architect able to consummate high complexity projects from extremely pure and simple forms. 81 ARC DESIGN


EXTRA SMALL NEW CONSTRUCTIVE FORMS – page 38 Projects of very small dimensions, capable to fit into one’s pocket. Urban interventions that valorize the experiment and announce new constructive forms and new materials in architecture ARC DESIGN and CASE DA ABITARE, a famous Italian magazine, have established an agreement of exchanging news and articles. Case da Abitare publishes in its next edition the article: “Why do they allow themselves…” about the Campana brothers. ARC DESIGN starts such exchange with a review on the book “XS: Big Ideas, Small Buildings,” with small interferences in the original text

Small is beautiful. That is what Phyllis Richardson’s research proves, which was published in the book “XS: Big Ideas, Small Buildings”, released by Thames & Hudson. A panoramic view about everything that has already been produced in small scale architecture, from the urban interventions to the landscaping ones, in the last years. Small became synonymous not only to friendly architecture, but also to experiments of new ways of inhabiting and exploiting the materials’ details and use, besides an attentive study of its psychological and environmental impact. Initially, we see the refuges for meditation, that is, those sacred and profane spaces that appear to descend from the old temples, philosophical architectures to which the place’s choice becomes an active part of the project. Kelder Belvedere’s metallic surface smooth as a mirror, carried out by Softroom, in England, reflects like a diamond the forest that surrounds Kielder Water, the largest artificial lake of northern Europe. It is also a lake, but this time from Austria, that forms the landscape for the GucklHupf Mobile Lookout’s meditation, by Hans Peter Woerndl, in Mondsee, Austria: a wooden cube, of which walls are sliding and rotating panels, which can be totally opened, in such a way that who is inside is able to have his point of vision modified. However, who is outside sees a sculpture in constant transformation. Small scale allows any extravagant possibility. A pure experiment that takes the architectonical production closer to the sculpture’s territory. In Copenhagen, Denmark, several architects as for instance Mario Botta, Dominique Perrault, Richard Meier, Alvaro Siza, Michael Graves, Mikko Heikkinen, Markku Komonen, introduced in a park some variations of the cottage’s theme, this humble and innocent construction that, when re-elaborated, was transformed into a miniature castle, a refuge and even a metaphorical transparent space placed on an old tree. Pure experiment, but not only that. That type of projectual radicalism may interfere in a concrete way in the streets, in any city, and a proof of it are the train stations and the bicycle sheds with Shuhi Endo’s projects, in Fukui, Japan: a long corridor consisting of wavy mini galleries, constructed with metal plates firmly fixed to the ground. The subway stops of Hannover, Germany, were projected by Despang Architekten with blocks built of modules with several materials, from wood to stone, including colorful metallic panels. Projecting small may be a way of treating the urban space intelligently. Shuhi Endo projected also the public lavatories of the Hyogo Park making use of metallic wavy plate. The result is a sweet metallic 82 ARC DESIGN

wave that transforms the disturbing and anti-esthetic functionality of such places into a pleasant appearance. There are also projects that lead the idea of minimum space to extreme consequences. An example is the house that can be put in the pocket like a handkerchief (Basic House, by Martin Ruiz de Azúa), or wanders like an asteroid through the sky until it “lands” on a tree’s branches (like Icons Treetop Observation Structure by Gilles Ebersolt). There is also Balule, a transparent sphere that spins and stops on any surface; the portable alpine station Ski House, by Richard Horden, or even the Rotation Pneu Shelter, by Dominik Baummuiller, which is a type of gigantic and flexible Frisbee that weighs only eighteen kilos and opens itself like a fungus. In fact, as the author himself writes, this book intends to be the celebration of small things in life, showing that reasoning small might also be a marvelous and constructive mental exercise. “XS: Big Ideas, Small Buildings” can already be purchased in Brazil at Livraria Cultura, in the english edition of Thames and Hudson and in the Spanish version of Gustavo Gili.

ÁLVARO SIZA AND MODERN PORTUGAL page 42 In this first article about modern Portugal, where we roamed about by following the itinerary of its new constructions, we introduce Álvaro Siza, a primordial figure in contemporary architecture who also introduces us to such new Country, which is familiar and strangely curious to us Brazilians and maintains itself in balance between two worlds Maria Helena Estrada and Winnie Bastian Álvaro Siza Vieira was born in 1933 in the small town Matosinhos (located next to the city of Oporto), in Portugal. He started drawing when he was a very young child and has drawn a lot ever since. “Some play golf, I draw. It sets my spirit free,” he once told architect Eduardo Khol de Carvalho in an interview. From 1949 through 1955, he studied architecture at the Higher School of Fine Arts of Oporto (ESBAP), considering that his first project was built in 1954. During the course, he got closer to Professor Fernando Távora, an important Portuguese architect, whom he assisted (1955-1958) and worked together with on the accomplishment of combined projects. He taught at ESBAP from 1966 to 1969 and returned to teach in 1976. He was a visiting professor at the Polytechnic School of Lausanne, at the University of Pennsylvania, at the School of Los Andes, in Bogotá, at the Graduate School of Design, at the University of Harvard (as a “Kenzo Tange Visiting Professor”) and at the University Institute of Architecture of Venice. Nowadays, he continues to teach at the Architecture School of Oporto – which is the city where he lives. Siza is worldwide recognized as one of the masters of contemporary architecture and has works accomplished in several countries besides Portugal, such as Spain, Germany, Italy, Holland and Japan


ARCHITECTURE SCHOOL OF OPORTO

SERRALVES MUSEUM OF CONTEMPORARY ART

The new seat of the Architecture School of Oporto, one of Siza’s most known projects, is located on the extinct Quinta da Póvoa’s grounds, aside the Panoramica Road over the Douro River. The main buildings, constructed between 1987 and 1993, are divided into 2 distinct wings, which converge westwards, determining the main entrance of the complex in the “vertex” of such imaginary triangle. In this project, it is possible to notice the oblique partition that was used by the architect for the buildings’ implantation, which was, in this case, determined by the area’s topography. In the north wing (office, direction room, amphitheatre and library), the continuous volumes shape a barrier, protecting the school from the noise that comes from the area’s bordering road and from a not very interesting view. However, on the southern boarder (classrooms, drawing-rooms, and teachers’ study) Siza defined four cubic volumes, interconnected by a continuous gallery, with enough spacing between each one of them to keep the beautiful view that faces the Douro River and is visible from the school’s internal courtyard. Besides the new buildings that cover the central essential part of the school, what also make part of the architectonical complex are the outbuildings of the Quinta’s old farm house (where the Students’ Association acts) and the Carlos Ramos Pavilion (with project rooms). The latter one, built between 1986 and 1996, is integrated to the old house’s garden and had its implantation made so as to respect the pre-existent trees. The insertion of the complex respects the surroundings’ edifying and topography, as Brigitte Fleck describes in her book about the architect, “Siza – who does not like constructing buildings that command the scenery, but prefers to make them an integrant part of a composition – repeats the width of the old farm’s buildings and lines up the new buildings’ height in conformity with the topography.”

The Serralves Museum of Contemporary Art constitutes the biggest cultural center of northern Portugal. Inaugurated in 1999, the museum is located at Parque de Serralves, which is considered a national monument since 1996. The integration with such majestic surroundings was one of the influencing aspects of the project. The museum is situated on the higher part of the park surrounded by unbelievable gardens, and follows the ground’s difference in level (of approximately 9 meters), inserting itself in the scenery. Two other aspects determined the museum’s location: the proximity in respect to an important avenue in the city (making the access easy for the visitors) and the inexistence of trees (avoiding possible falls). The project supposed highly flexible spaces – a necessity when it comes to contemporary art in view of the diversity of typologies and sizes presented by the artistic creation. As a result, the building holds around 4,500 square meters in exhibition rooms with different characteristics of scale and proportion, which combine natural and artificial lighting, allowing expositions of the most diverse areas to be held. Natural light is used by Siza to define the nature of the spaces; certain exposition rooms have openings in strategic spots – dispersing the walls with various geometries, which are characteristics of the architect’s artistic work. In that way, the openings catch a specific framing of the landscape, increasing it to the status of “piece of work”.

PORTUGAL’S PAVILION The Portugal’s Pavilion at the World Exhibition (Expo’98) – held on the bank of the Tagus River, in Lisbon – is formed by two opposite elements that maintain one another in equilibrium: the empty/symbolic one and the full/functional one. The former consists of an extensive square (50 x 60 meters) formed by two vigorous porticos interconnected by a roofing of a subtle thickness, a type of “tent” made of concrete with ceiling-height varying from 10 to 13 meters. The latter corresponds to a two-floor building with an underground-floor and relatively few openings, which is organized around a courtyard of 22.5 x 20 meters. On the east façade, which faces the Tagus River, a roofing leaned on slender pillars constitute a huge side-porch. In the projecting period, no use in specific had been defined for the Pavilion, which demanded a flexible and versatile space that would still keep the symbolic performance requested by the building. In the period of occupation by Expo’98, the building was longitudinally divided in two areas: Occident (expository area, mostly with double floor) and Orient (facing the river, covering the VIP areas on the first floor and Restaurant on the second floor). On the underground, there are the service areas (with vertical independent communications and main access through the ramp). Besides the well-resolved conciliation between symbolic charge and functionality, the reinterpretation of traditional elements from Portuguese architecture attracts attention – as, for instance, the porticos’ floored tiles and the building’s structuring around the inner courtyard – in a certainly contemporary building. “Master” Siza’s mysteries.

IBERÊ CAMARGO MUSEUM Soon Álvaro Siza’s architecture will be incorporated into the Brazilian scenery with the construction of his first work in Brazil: the Iberê Camargo Museum, in the city of Porto Alegre. The building’s location could not be more representative: its ground is situated at Padre Cacique Avenue, on the banks of the Guaíba River (one of the symbols of Porto Alegre), and consents a privileged view of the city’s center – which was exploited by the architect through strategic and discrete openings. Conceived to shelter and exhibit the work of the plastic artist from Rio Grande do Sul (where the locals are called “gaúchos”), the museum will also act as a cultural center, giving place to temporary exhibitions, courses, shows and seminars. Such project awarded Siza the Golden Lion of the eighth Venice Biennale of architecture (2002), one of the most important international prizes of architecture. The building will have stories interconnected by a system of ramps, totalizing 8,250 square meters of constructed area. On the ground floor, a large space of 1,300 square meters will exhibit the permanent show of drawings, engravings and paintings of Iberê Camargo, while the three higher stories will be occupied by nine exhibition rooms (with varied dimensions allowing flexibility of the space) meant for the temporary exhibitions. The underground floor combines several supporting functions: an auditorium for 125 people, rooms for courses and workshops and a center of documentation and research about Iberê’s work, besides two studios – one for exhibiting the working equipment of the “gaucho” artist and the other for varied activities. Under the avenue, Siza projected a parking lot for one hundred vehicles; an underground footbridge will make the visitors’ access easy. The terrain’s relief, cut on the background by a big slope, led the architect to apply in such work a material recently introduced in Brazil: white concrete, chosen by Siza “so that the museum is highlighted more clearly from the slope’s green background.” According to engineer Dilmar Casella, who works for the company Cauê – which will supply white concrete for the construction – the advantages of white concrete in relation to conventional concrete are not limited only to esthetics, although it is the product’s greatest appeal. White concrete apparently eliminates the need for painting, and the simple washing is enough to renew its appearance, therefore the maintenance facility and the smaller absorption of heat are the two great advantages of such material, which has been used in other countries for decades and was introduced in the Brazilian market only three years ago. 83 ARC DESIGN


WE INTERVIEWED ÁLVARO SIZA IN HIS OFFICE IN OPORTO, IN A BUILDING THAT FACES THE DOURO RIVER. ARC DESIGN: The first impression on your architecture, which caught our attention, was the huge respect for the area that surrounds the construction, the great attention devoted to the environment and to people. ÁLVARO SIZA: Well understood, a work is not beautiful isolated; there is the sociability. But there are almost no isolated constructions in the city. And, therefore, one of the project’s sources of decision comes from what involves such project, which determines certain options for some things to dialogue with others. Otherwise in the city, many times, a cacophony starts happening in the air, and everything screams, nobody understands one another. A.D.: It seemed to us that also a peculiar feature of your work was the use of perspective, of oblique plans, of volumes that, although deconstructed in a way, did not leave the proportions’ harmony; it is not an aggressive, chaotic, deconstruction, as in Gehry or Hadid. A.S.: Exactly. And of course the constructions are very different from one another, even because the context is always very different. The possible performance in the city is also very different. Here a public building is constructed with impact through out the city, and such building can and must stand out in relation to the other buildings; it is a landmark in the city. Now, when a house, a commercial building, is constructed, there is no comparison with a cathedral, a stadium or the town hall’s building. There has to exist a sense of proportions, and not only in what is designed: there has to exist proportion in the meaning that a house has a value in the city and, therefore, it has a representativeness that requires an expression which is different from the one requested by the town hall’s building, or a church, an institutional building, a university etc. Proportions have to exist; we ought not to make comparisons. A.D.: In the beginning of your carrier your architecture was talked of as being brutalist. What are your thoughts on it? A.S.: Around 1950 that architectonic tendency named brutalism came up, of which specific qualities were pointed out by the use of materials at sight, a little expressionist. Since my first works I have worked with apparent concrete. A.D.: Nowadays, you are the greatest representative of the famous School of Oporto. Its huge success and big international recognition is due to what specifically? A.S.: I am not sure if the School of Oporto has an extraordinary success. Well, I would say that architects who have attended it, naturally, received a lot from the institution and its structure, organization etc. However, sometimes, it also happens that some old architects are highlighted, like Joaquim Távora, who is well known in Brazil, and new ones, such as Souto de Moura, architect Soutinho, a series of architects who studied at the School of Oporto and are recognized for the good proofs they have given. But it does not exist, in the meaning of a stile or an expression, a School of Oporto. There is good and bad architecture, as in everywhere. When we talk about the School of Oporto, there is no doubt about the fact that it has produced and educated a considerable number of architects who have given good proofs, but that is due to not only the education given, but also to the people’s opening and to the enthusiasm that results from the decline of a very long period of despotism. That was a great influence. As a result, there were new possibilities of work, which were reduced because not much was done. Public buildings like the ones that used to be constructed did not give primordial importance to quality. The individuals who projected them were entrusted by the political system. Only afterwards there was an opening of opportunities for new people… In almost every country84 ARC DESIGN

side-city there was not one single architect; architects were always from Oporto or Lisbon and, in general, it was in Lisbon that public constructions used to take place (one or two also in Oporto) and there were very few architects. It was not - and I suppose it still isn’t – obligatory for the constructions to be carried out by architects (although there have been discussions around the subject). And quality also depends, somehow, on quantity; although quantity may also produce sad things. But undoubtedly, many job opportunities have been opened outside Portugal and a disclosure on what used to be constructed has become constant. That is the perception of comtemporaneity. It was already not necessary to go to Paris or London to receive certain pieces of information. A.D.: How about the other side of the world…? A.S.: The other side of the world has been standing pretty well… In Brazil there was an outbreak of architecture that was very influent in Portugal and, a little, all around Europe… It was exactly when I was graduating, in the 1950’s. A.D.: How do you see that Brazilian architecture from the 1950’s, and how do you see architecture nowadays? A.S.: Nowadays there are also great architects in Brazil. A.D.: And who are they? A.S.: Well, since you are from São Paulo, I will mention as an example Mendes da Rocha, an extremely great architect who, by the way, has been here several times. A.D.: What first attracts attention, especially of Brazilians (who are used to listening to stories about Portugal, to having Portugal’s image always present in the colonial period) is the big change noticed in the country. Nowadays we see a very big transformation in the cities, especially when it comes to architecture. Everything seems to have happened very quickly. In fact, there were two revolutions: the political and the economical one, with the introduction of the European Community, of its currency. How do you experience such changes? A.S.: The big change is one more big political change. And, consequently, a big social change. Besides that, there is also a great opening relating to the frontiers, which was increased when the military dictator also disappeared in Spain. Many more cultural and also economical relations started happening. The European Community, to which Portugal joined, created a huge modification: new railroads were constructed, and they brought the countryside closer, resulting into a great development and the creation of many cities. There was also the leveling of the equipments’ construction, which were mostly missing in the countryside: libraries, cultural centers etc. Based on communitarian supports, with the European Community’s supervision, there was also a big alteration in the universities, which was, in certain aspects, very positive and in other aspects very negative. A.D.: Which are the negative aspects? A.S.: The changes were, many times, negative on the point of view of the quality of the urbanization and of the architecture used. In precious cities on the countryside, where such developing outbreak was spread, there were negative aspects. Although there is a lot being talked about it and there are many programs of patrimony’s preservation; there is also degradation, not much of the patrimonies, the buildings, but of the cities’ environment. And they are being spread through the suburbs, because in relation to the historical center there are, in a general way, precautions with the preservation and, sometimes, there is also an exaggeration, nothing can be touched, nothing new can appear. Now, the positive aspects were the qualities of life, there was more communication, less isolation. Currently, Portugal accepts immigrants instead of sending them; and not only that, better working conditions, therefore more consuming, better quality on the economic point of view.


A.D.: You won the contest sponsored by Fundação Iberê Camargo for the museum’s construction. Is the project in process? A.S.: The Iberê Camargo Museum’s construction has been going pretty well. It is a good taskwork, there is a big support, very stimulating due to the relict in relation to the works, anyway. That gave me comfort, confidence. We have as a technical interlocutor, closely connected, engineer Canal. I myself was there some two or three times, but for the work’s carrying-on engineer Jorge Silva has been taking part, for he’s responsible for the structural part. Anyway, nowadays we keep in touch through very practical means – emails, fax, photographs. A.D.: Could we have a freehand sketching of the Iberê Camargo Museum? A.S.: Oh, I could give it… It is difficult to make it by memory but, in general… there is a slope…and a very big height’s depression by the road, and there is a sinking depression. Therefore, that was the place where I had to place the building. There was the big problem of loading and unloading, because the terrain is not very wide and had to create an access for a truck, for transporting equipment and for the entrance and the exit. There was also the problem of parking place, which will be constructed with an access through the ramps with a direct connection to the museum. The museum’s shape is cut athwart the hillside’s green and it is practically the counterpoint towards the landscape’s curve. Then there is a series of low buildings, everything is constructed around them. Some volumes are brought to the same level, where there are the program’s areas, such as studios, a coffee shop and so on. For the museum’s access through the parking lot, there is an elevator, a ramp and stairs. In the galleries, there are openings for light and the exhibition rooms are located all around a big area. There is a ramp, half on the outside and half on the inside and that is always the same way that people walk through… Once in a while, there are some “eyes” to see the river. Everything constructed with white concrete. A.D.: And what is happening with the Portugal’s Pavilion? A.S.: The Pavilion is abandoned and being brought to ruin. A.D.: Why is that? A.S.: After the celebrations of Expo’98, the construction was supposed to become the Government’s Palace, but they gave up building it and it is abandoned now. The most serious aspect is that I received a letter requesting the contract to be relapsed. What I foresee is that it is about sending me away so that they can do whatever they want with it. And I will react. There is something called copyright. A.D.: Besides architecture, your activity also involves design, but in minor scale. Would you say you have a scarce design production? A.S.: Design? Yes. I design in my spare times. I design furniture and objects for my projects. There are pieces designed by myself at the Italian companies Reggiani and Fontana Arte, and at the Spanish company 114; I’ve also created a watch. A.D.: Which company was the watch created for? A.S.: For Swatch. An Expo’98 celebrative watch, of which edition is sold out because it was only sold here, in the year that Oporto was the capital of culture. I design when I have nothing to do. The activity of architecture is very demanding; it takes a lot of time.

HOW DO CLOCKS STRIKE HOURS? page 52 There was a time that one single clock should serve an entire city. Extremely expensive, it used to be located on the highest tower of the city. Nowadays, it is the opposite: many clocks for one single person… What for? Why? Clock has surpassed the limits of the simple practical object. Now it defines its user Maria Helena Estrada A single visible, constant, presence in our bodies, the wristwatch serves god and devil, technology and fashion, function and form. Something has changed – a lot – through out its history: if formerly it used to pass from one generation to another, nowadays it is quite disposable – or a value kept on the bottom of a drawer or a safe. Currently, one billion watches are sold per year! The Swiss industry, a traditional leader in the watchmakers market, has to turn on the “stand by mode” for such avalanche that, with sure, does not give primordial importance to quality. The most recent initiative is an itinerant exhibition of the Swiss federation of watchmakers, “Think Time, Think Swiss Excellence”, which will be held in Saint Petersburg in July. A center of cultural interest – which designer has not ventured in that field yet? Even Max Bill, a famous Swiss artist, designed his series, in 1962. But watch is also one of those objects which are capable to illustrate the several projectual methodologies of approaching design. And it has also become a vast experimental field for new materials and new metallic alloys. Hannes Wettstein, a famous furniture designer, sees the watch as a micro-architecture. “You achieve a good project thanks to the concept’s quality, way more than to in an experimental way,” Wettstein states. With Pierre Nobs, from the Swiss company of watches Ventura, he claims to exercise “collaboration”. Industry and designer work in unison, trying to establish new language patterns for watches – one of the most polluted universes of the world of design. And what is Ventura? It is a brand with no past, without a commitment with historical standards, nor intentions to assume the volatility of fashion, thus free to make up new parameters of quality and technology as, for instance, the use of titanium, and other well-founded demands. Expert at the use of materials, Wettstein knows how to combine the silver display with the steel hands and the titanium box. On the other hand, according to the two designers, preciseness is a state of mind and a pre-requirement of perfection. What does Nobs wish? To make the object watch and the machine watch reacquire their seriousness, which was lost among the servility towards fashion and among so many sale gadgets. That is how the lines V-matic and V-tronic were conceived, with the utilization of an advanced 3-D software, considering that V-matic was displayed in versions such as: Master, sportive, EGO, sub and quartzo. All of them have boxes and wristbands made of hardened titanium, mechanisms certified by COSC (Controle Officiel Suisse des Chronomètres) and are water resistant. Talking about technology, we must not forget to mention the Sparc model, also designed by Hannes Wettstein and manufactured in massive steel, the first digital watch of the world, which received the Good 85 ARC DESIGN


Design Award 2001, in Chicago, USA. The hand’s movements are transformed into rotation in the watch and, through a mini-generator, such movement is transformed into energy. As if it was not enough, the energy can be stored, which gives the watch a great freedom of running when it is out of use. Besides the technological sophistication, the quality’s ambition of those watches reaches its utmost limits! Just like the Ferrari red is a proof of the brand’s reputation and visibility, now what emerges is the Ventura black – as a complete demand of perfection. [The Ventura watches are sold at H. Stern]

PUBLI EDITORIAL: FORMA – page 60 Serious or irreverent? The period does not matter; they can be from 1920, 1950 or even 2003: they are contemporary. The Bauhaus concepts caused a radical change in the bourgeois standards of Germany in the 1920’s in search of rational forms. The tubular collection of Mies van der Rohe – one of the classics available at Brazilian store Forma – is still up-to-date and has become a symbol of formalism and elegance. That proves that the objects’ function changes along the years, but the project’s quality remains. American architect Florence Knoll created in the 1950’s the basic offices’ layout that is still used nowadays in the executive rooms of big companies: the work desk, the chairs’ disposition and the side closets. In the beginning of the 1960’s the Italian company Kartell achieved the prowess of taking away plastic from the kitchen and bringing it to the living room requesting talented prestigious designers like Vico Magistretti and Joe Colombo. The constant improvement of the applied plastic’s quality and leading design proposals were responsible for Kartell’s current image, which is synonymous to irreverence and experimentalism. The partnership with French designer Philippe Starck has resulted into witty, resistant and beautiful furniture. An example is the recent project of the Louis Ghost chairs, which are surprising for re-interpreting the chair of Louis XVI period in polycarbonate.

TYPO BERLIN 2003 The 8th International Graphic Design Conference – page 62 Humor. The theme chosen for Typo Berlin 2003, one of the most representative manifestations of the area, could not be more contradictory considering the European crisis, more specifically in Germany Maria Cristina Dresler The theme, of its own accord, seemed to be nonsense or a joke. In a scene of recessive economic conjuncture, where the level of unemployment might reach five million by September, there are not many reasons for laughter. But the ones who made use of it tried to make the best of the situation. 86 ARC DESIGN

The visual identity of this year was, in a certain way, contrary to reality. The “humor pill”, a usual metaphor in the German culture, is studious to express something like an antidote against the daily evils. As already proved, humor has a positive effect on the psyche and on the human health, provoking a great capacity of overcoming. And, although it may not lengthen the period of life, laughter has an unquestionable power of making us look younger and more vital. Within a careful concept of visual identity, the conference is represented by a doctor’s office, including everything the patient has the right of having: the program is equivalent to the medical prescription etc. If on the one hand the sequence of analogies is interesting and reveals fantasy (it’s worth checking www.typoberlin.de), on the other hand the aseptic image might seem odd in such context. The Typo’s insight focalized its theme under the most varied angles and it was up to the listeners to opine on what should be considered funnier: the lecturer himself, his work, the lecture’s simulation or, in specific cases, even the most complete lack of familiarity with the theme itself, humor. The truth is that it is not easy to be a good comedian: there was a little bit of everything and, among the ups and downs, it is worth commenting the main aspects. One of the initial lectures was entitled to Pippo Lionni, undoubtedly one of the most interesting and versatile personalities of that universe. Lionni comes from other areas: he has studied mathematics and philosophy at the Portland State University and at the New York University, and also has a passion in music (the saxophone). Nowadays he lives and works in Paris. His philosophy of life is based on images and his universe is represented through pictograms. With such minimalist language, he endeavors to portray life and quotidian. His witty outlook on society and on the human behavior has been published in a series of books entitled “Facts about Life”. The first of them, from 1999, follows a course around the relationship between man and woman. In his third book, presented this year at Typo Berlin, Lionni refers to the existential problems and the anxieties of a middle-aged man in the modern society. His “Falling Man” is a character that intensely experiences the afflictions of our world. Despite the reduced language, proper of the pictograms, each page of the book has a large narrative density and it is interesting to observe how the anonymous figures of the traffic signs can gain life and transmit emotions. Armin Reins, editor-adman with a carrier in some of the biggest international agencies, has made some considerations concerning how humor is able to promote or ruin a certain brand. With examples of advertising films that avail themselves of innocent humor, passing through the ones of doubtful enjoyment, until brilliant examples of publicity, Reins has corroborated his thesis. “Humor is based on clichés. The good advertising text is the one that retracts a situation in which the consumer sees himself, creating identification,” he claims. Studies sustain that in 85% of the advertising films exhibited on the German television the spectator does not associate the commercial with the brand – which is the same as saying that around 1.8 billion euros spent in advertising budgets is thrown away. Of the 15% remaining, 2/3 of the advertisements have humor as a trump card. A commercial film that provokes laughter is more easily memorized and does not have to be repeated with as much frequency as the others. A credit for humor. At first, many were wondering what Nils Holger Moormann, furniture designer and author of the concept-sentence “Think simple, live simple”, was doing in a conference about graphic design. Humor as


a philosophy characterizes the work style of Moormann, marked also by irreverence and a fine sensibility. Moormann has the tendency to break the rules and search for the unusual in his products as a strong point. After showing an outlook on his work universe and on his products, Moormann talked about a theme that for a long time had caused him headaches and could have brought him to ruin: a judicial dissension against the Swedish furniture chain IKEA, which plagiarized one of his projects, starting to commercialize it in a cheaper version. After winning the cause, Moormann celebrated the victory by editing a short book in caricature style narrating the story through metaphors: the giant IKEA symbolized by an elk, a typical Swedish animal, and the company Moormann by a Tyrolese shepherd. The publication was forbidden. A second version was released, but this one obeying the imposed exclusions, included with a sealing wax over the elk’s eyes, so that it would not be recognized! Steffen Sauerteig, Svend Smital, Kai Vermehr and Peter Stemmler constitute the group eBoy. As Erik Spiekermann announced before the group’s coming up to the stage, they only do what they like; they do not worry about acquiring new clients and yet they get to have clients such as Nike, Adidas and MTV. Everything started with the website www.eboy.com, created in 1993. The four of them work in cities that are distant from one another, like Potsdam, Wedding and New York, and remain in contact through the Internet and live cams. The continuous contact and a good division of work make everything work: “one of us is often involved with researches, which means he tests new programs and new techniques while the others work together with the clients.” From the United States to Tokyo they have already achieved loyal admirers. Their cities and colorful stages grow in every direction; more and more stones – that is, pixels – complete those urban worlds. The works are similar to the illustrations where a needle in a haystack is looked for. However, the piece of work has a method: they compile everything they create. They got to set up a database – constantly enlarged –, a kind of matchbox, as they call it. Every time they need a specific figure they go there to get it and that is how they set up new stage settings. “We have already got to achieve a big dream, which was to appear on a Kellogg’s box.” Eboy-2 corrects, “It was Nestlé.” Design from the south of Europe. The Pyrenees Mountains form the natural boundaries that separate Latin Europe from the rest of the continent, but… where do the cultural boundaries are situated? A while after announcing the group of typographic designers from Barcelona Type-o-Tones, Erik Spiekermann made the following comment: “The design from the south of Europe has, to the eyes of the Nordic people, a different touch, something that calls attention… something funny, more precisely in the meaning of strange-funny, which is, by the way, very common to the Latin countries.” Humor is part of the group work, which has specialized in funny fonts, with an illustrative character, from calligraphic fonts to dingbats. “The lack of severe criteria is also an issue that is present in our work and we believe that it is almost a necessity for a font to look authentic.” Naturalness and spontaneity are, undoubtedly, its differential. The famous visual and textual false steps, which achieve a result in the non-intentional humor, were the theme proposed by Jörg Willich. The proposal was illustrated, among other things, with examples from the known instructions cards of safety on board that every passenger is used to find in the airplanes. It is not known how many people read such leaflet; the comparison between the texts

and the message transmitted by the respective illustrations would already be enough to assure good laughter during the flight. At least that was what happened with the audience. An interesting combination of safety-on-board cards was divided into themes such as: swimming in groups (where the castaways float in a circle of holding hands wearing their lifesaver vests while the flight attendant is standing by the airplane’s door – or its wreckage – and calmly waves to them), hairdressing etc. Willich studied Design at Krefeld, in Germany, and at the Royal College of Art, in London. After graduating, he worked for Design Bridge (London) and, afterwards, for Peter Schmidt Studios (Hamburg). In 1997, he helped set the group Landor, which he currently manages. One of the prominences of the meeting was Italian typographic designer Alessio Leonardi. In his presentation, he spoke ironically about the typographer’s figure: his expectations, his day by day, and his “neurosis”. Science, family and religion were the metaphors – method, passion and fanaticism – in which he supported his theory about such peculiar species with out-of-the-normal patterns, showing, meanwhile, his own work. The typographer, according to Leonardi, holds chromosomes that are different from the other human beings, more precisely 26 pairs – just like the letters of the alphabet –, and in form of letters! In the chapter that is dedicated to religion, Leonardi describes – following the molds of the “Divine Comedy” by Dante – the “Typographic Comedy”, in which the typographer passes through heaven, hell and purgatory, describing the roughness and the fate of the profession. On the last day, Stefan Sagmeister, an Austrian radicated in New York and a constant presence among the lecturers at Typo Berlin (according to Spiekermann, the one that does not need to be announced), came up to the stage with a cream pie on his hand. He divided his lecture in four parts, which he denominated: “smoothly funny”, “funny”, “very funny” and “extremely funny”. Within the first category he talked about the worst works of his carrier, highlighting a cover of the album “Nine Lives”, from the rock band Aerosmith. Another prominence was entitled to a leaflet by Cathay Pacific Airlines and, another one, by the Association of Lesbians and Gays. For the “extremely funny” category, he dug his face into the cream pie! While the rest of the pie was drying up on his face, he talked about his current projects, devoting special attention to the “True Majority Project”, which intends to motivate more Americans to participate of the decisive projects instead of letting a political elite abuse on its power. His final message – a sequence of photographs in a mixture of installation and paste-up, where typography completes itself to the bottom – does not leave doubts concerning the interpretation, specially considering the direction in which the flying objects are moved: from East to the West. Too much information in such short time, and not enough time for monotony. Next Typo Berlin already has an appointed date: from 13 to 15 May 2004, returning to the starting-theme – Writing/Typography.

Typo Berlin, sponsored and organized by FontShop, started as a conference about Typography and still keeps a very strong emphasis in this area. Due to the success attained, the set of themes was increased as according to the present tendencies. In 2002, the theme was “Information – Structure and Processes” and, one year before that, it was “Branding”. In 2004, the starting theme will be recaptured, under the title ‘Writing’. 87 ARC DESIGN




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