Revista ARC DESIGN Edição 32

Page 1

REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

SUÉCIA, INOVAÇÃO E DESIGN EM EXPOSIÇÃO

R$ 12.50 2003 Nº 32 QUADRIFOGLIO EDITORA

ARC DESIGN

Nº 32

2003

SWEDEN, INNOVATION AND DESIGN IN EXHIBITION

PETER COOK, ZAHA HADID E A BIENAL DE ARQUITETURA PETER COOK, ZAHA HADID AND THE BIENNIAL EXHIBITION OF ARCHITECTURE

DESIGN EM PORTUGAL DESIGN IN PORTUGAL

ALEXANDRE WOLLNER MESTRE DO DESIGN GRÁFICO ALEXANDRE WOLLNER, MASTER OF GRAPHIC DESIGN


Foto Daniel Hertzell

A imagem da capa é do vaso Host (outono), criado pelo designer sueco Vicke Lindstrand em 1955 e produzido pela famosa empresa Kosta. Escultor autodidata, Lindstrand foi contratado pela Orrefors aos 24 anos (1928), tendo sido o responsável pela introdução de peças de corpo espesso na coleção dessa vidraria. Suas criações tinham design robusto para permitir a decoração em baixo-relevo, como é o caso dos vasos Pearl Fisher (1930/1931) e Shark Killer (1937). Lindstrand também trabalhou com vidros coloridos em escala monumental, criando diversas esculturas, além de uma fonte para o pavilhão sueco na Exposição Internacional de N. York em 1939. O designer deixou a Orrefors em 1940 para ingressar na empresa de cerâmica Uppsala-Ekeby e, em 1950, tornou-se diretor de design da vidraria Kosta (hoje Orrefors Kosta Boda), criando projetos com vidro gravado em padrões abstratos e figurativos.

Aci ma, ima gem da capa: vaso Host, de Vic ke Linds trand para a em pre sa su e ca Kos ta (1955), fo to gra fa do por Da ni el Hert zell. Ao lado, va sos Cir cus (1931) e Pe arl Fis her (1930/1931), cri a dos pelo de sig ner su e co para a Or re fors


Esta edição de ARC DE SIGN está densa, plena de conteúdo, de assuntos totalmente novos e muito interessantes na arquitetura e no design. Ao mesmo tempo, é um prazer para o olhar, com um ma te ri al fo to grá fi co da mai or im por tân cia. Para começar, a Suécia, esse país que nos assombrou. Não percam uma só linha das 16 páginas sobre a tecnologia e o design baseados na inovação. E não deixem de visitar a exposição que a Suécia está trazendo para o Brasil. Pedindo desculpas pela velha frase – é o admirável mundo novo! Arquitetura, essa nova seção de ARC DE SIGN, prossegue com dois grandes nomes internacionais, Peter Cook e Zaha Hadid, e um excelente texto crítico – desconstruído – do arquiteto Pôla Pazzanese. E mais, um ótimo arquiteto brasileiro, Héctor Vigliecca, e seu projeto para o Grand Egyptian Museum. O Brasil ainda comparece com seu mais sensível designer-artesão, Renato Imbroisi. As raízes brasileiras cuidadosamente pesquisadas e reelaboradas para o mercado contemporâneo, mostradas com igual sensibilidade pela arquiteta Janete Costa no Museu da Casa Brasileira. Graças ao Sebrae, esse Brasil tem chegado até o público de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Sul. Esse movimento não pode ser interrompido. É dele que vai nascer o vocabulário brasileiro no design. E temos ainda o design em Portugal e o exemplo do lighting design levado à sua máxima con se quên cia, o pro je to Luz Cor nas pa la vras da ar qui te ta de ilu mi nação Es ther Stil ler. Numa edição como esta não poderia faltar o grande designer gráfico brasileiro Alexandre Wollner. Um ótimo proveito!

Maria Helena Estrada Editora


Veja em ARC DESIGN a mostra “Melhorando a Vida: o Design das Ino vaçõ es Sue cas”, que acontece em outubro no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo

Em Por tugal, a indústria já desper tou para a impor tância do design. Conheça iniciativas que revigoram dois setores distintos, ambas tendo o design como força motriz

36

A cor é relativa: depende da luz que sobre ela incide. A arquiteta de iluminação Esther Stiller esclarece as inter-relações entre luz e cor, tema de um ciclo de palestras que acontece em todo o Brasil

NEWS

Daniele Rissi

DESIGN E ARTESANATO MENINAS GERAES

LUZ E COR

30

Da Redação

Daniele Rissi

DESIGN EM PORTUGAL VIDRO E CERÂMICA

Maria Helena Estrada

DESIGN, INOVAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA

14

40

O trabalho de Renato Imbroisi junto às ar te sãs do Vale do Jequitinhonha, do município de Carmo do Rio Claro e do povoado do Muquém, em Minas Gerais, am bi en ta do por Ja ne te Cos ta

4

REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

nº 32, setembro/outubro 2003

MUNDO TECH

60


O arquiteto Pedro Cury, um dos curadores da 5ª BIA, fala sobre a ex po si ção, com ex clusi vidade para ARC DESIGN

Consideraçõ es sobre ar quite tu ra contemporânea a par tir da análise das obras recentes de Peter Cook e Zaha Hadid

PUBLI FORMA

64

EXPEDIENTE

78

54

O escritório paulistano Vigliecca Associados conseguiu uma proeza: foi o único estúdio de arquitetura não-europeu premiado no concurso para o Grand Egyptian Museum. Veja o projeto

*

ENGLISH VERSION

Francisco Homem de Melo

OBSTINADO RIGOR

PROJETO E CONCEITO

46

Winnie Bastian

Arq. Pôla Pazzanese

DESCONSTRUINDO HARRY, ZAHA, PETER E, PRINCIPALMENTE, O RESTO

Da Redação

UMA BIENAL PARA TODOS

44

66

Impor tante per sonagem do design gráfico brasileiro, Alexandre Wollner publica sua biografia e reúne seus principais projetos no livro “Design Visual 50 Anos”, recém-lançado pela Cosac & Naify

79


GIROFLEX TERESINA

ORNARE E LIPPARINI

Em setembro foi aberto o novo show-room da Giroflex, em

O arquiteto italiano Mauro

Teresina, Piauí. No espaço estão expostas as principais

Lipparini assina a nova linha

linhas de cadeiras, poltronas, móveis e divisórias fabricadas

de armários da Ornare. Com-

pela empresa, além das soluções de arquivamento, pisos

posta por prateleiras, gavetei-

elevados e revesti mentos da marca Aceco. Mar kus

ros suspensos e portas sem

Schmidt, vice-presidente da Giroflex, explica: “A expansão

puxadores, a linha Squadra

em Teresina é reflexo do bom resultado de nossas vendas

apresenta estilo minimalista e

no Nordeste do país. Obser vamos um crescente interesse

seu diferencial está na monta-

na aquisição de um pacote completo de soluções de ambi-

gem: sem fundo ou laterais, as

entes corporativos. Mesmo não sendo fabricadas pela Giroflex,

por tas são fixadas às prate-

as soluções Aceco têm o mesmo comprometimento com

leiras internas. Esse é o primeiro

qualidade e supor te que oferecemos”.

lançamento da Ornare em parceria com Lipparini, que veio ao Brasil

Giroflex Teresina: Av. Dom Severino, 1.258.

para verificar os protótipos e acompanhar a finalização das peças.

Tel.: (86) 232-6443 www.giroflex.com.br

Ornare: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.101, São Paulo. Tel.: (11) 4703-4144 www.ornare.com.br.

PEÇAS ASSINADAS NA DPOT Apostando em novos designers ou privilegiando o trabalho de profissionais consagrados, a Dpot contribui para valorizar o design brasileiro. Dentre os lançamentos da nova coleção, destaque para a produção nacional: a mesa de centro Hanna (foto), criação das designers mineiras Márcia Paiva e Marley Gerab, e as peças do designer André Marx, produzidas com madeira certificada. A Dpot apresenta também design internacional: a cadeira The Chair/HW, do designer dinamarquês Hans Wegner, hoje de domínio público, está sendo produzida no Brasil. Criada em 1949, essa cadeira se tornou ainda mais famosa nos

PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN DE INTERIORES

anos de 1960, quando foi utilizada nos debates para as eleições

Estão aber tas as inscrições para a segunda turma do

presidenciais nos Estados Unidos, na disputa entre Nixon e Kennedy.

novo curso de pós-graduação “Lato sensu” em Design de

Dpot: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.250, São

Interiores, oferecido pelo SENAC São Paulo, com início em

Paulo. Tel.: (11) 3082-9512.

fevereiro de 2004. Voltado a arquitetos, designers de pro-

www.dpot.com.br

duto e de interiores, engenheiros e ar tistas plásticos, o curso se destaca por preparar os profissionais para a realização de ambientes com múltiplas funções. A idéia é dar ênfase ao estudo de espaços flexíveis. O curso é composto de aulas teóricas, palestras e laboratórios experimentais. Informações pelo telefone (11) 3662-2152. www.sp.senac.br/interiores


FINALISTAS DO CONCURSO MASISA

VALLVÉ CASA EM BH

Já foram anunciados os 12 finalistas do Concurso Masisa de

Atuando há mais de 40 anos

Design, dentre os 201 trabalhos inscritos. O júri, composto

no mercado de acessó rios e

pelos designers Fernando e Humberto Campana, Sérgio

complementos para banheiros,

Rodrigues, Ivens Fontoura, Naotake Fukushima, pelo arqui-

e com lojas em São Paulo, Belo Hori-

teto Ronaldo Duschenes, pela jornalista Maria Helena Estrada

zonte e Brasília, a Vallvé fez sua estréia internacional em

e por Ítalo Rossi, diretor da Masisa do Brasil, selecionou os

março, com a aber tura do show-room Vallvé Banheiros em Miami.

seguintes projetos: Banquinho Sanduíche, de Mariana Atem

Em agosto, a empresa inaugurou uma nova loja, a primeira com a

Sassamori e Enólia Munhoz da Cunha, da Universidade Tuiuti

marca Vallvé Casa, em Belo Horizonte, apresentando mesas de

do Paraná; Berço Regulável, de Eurico Fernandes Figueiredo

centro, pufes e complementos como almofadas, bandejas, vasos e

Neto, da Escola de Design da UEMG; Mesa Jardim Suspenso,

jogos americanos. Todas as peças da marca são assinadas pelo

de Ricardo Augusto Albanese, das Faculdades Integradas

Estúdio Vallvé, sob o comando da designer Juliana Sedó. Segundo

Interamericanas Oswaldo Cruz (SP); Módulo Favo, de Caroline

Pedro Sedó, diretor da empresa, “em 2004 a Vallvé Casa provavel-

Ribeiro e Lucas Cuer vo de Azevedo Moura, do Centro Univer-

mente estará presente também em São Paulo e no Rio de Janeiro”.

sitário Ritter dos Reis, Porto Alegre; Móvel Infantil Dubix, de

Vallvé Casa: Av. Olegário Maciel, 2.209, Belo Horizonte.

Ana Carolina Canezin Rodrigues, do Mackenzie, São Paulo;

Tel.: (31) 3292-4796 www.vallvé.com.br

Móvel Personna, de João Paulo Correia Pardal, José Armando Sanguinetti Lucca e Ronaldo Jacinto, da Universidade Norte do Paraná; Móvel Tangerine, de Marcos Junker, da Universidade da Universidade do Vale do Itajaí (SC); e duas curiosas coinci-

A HISTÓRIA DO DESIGN BRASILEIRO COMEÇA A CHEGAR ÀS LIVRARIAS

dências: Móvel Xis, de Clécio Roque Zeithamer, do CEFET-PR, e

O balanço da obra de Alexandre Wollner

Xis, de Wilson José Garbelini Filho, da Universidade Norte do

(ver matéria página 66) é publicado

Paraná; e Mesa Trama, de Paulo Alas Rossi, da FAU-USP, e Mesa

simultaneamente ao de Aloísio Maga-

Trama, de Cristian Fernandes Vargas, do Centro Universitário

lhães, seu colega de geração, falecido

Franciscano, Santa Maria (RS). A entrega dos protótipos

precocemente em 1982 (“A Herança do

acontece em outubro e, em novembro, serão divulgados os

Olhar: O Design de Aloísio Magalhães”,

nomes dos três vencedores. Em abril de 2004, acontecerá em

publicado pela Artviva e Senac/Rio).

Milão a fase internacional, com a par ticipação dos ganha-

Finalmente a história dos pioneiros do

dores do Brasil, da Argentina, do Chile, do México e do Peru.

design moderno brasileiro começa a vir

www.masisa.com.br

à luz, na forma de livros bem cuidados e

Regional de Blumenau (SC); Wallchaise, de Ângela Faversani,

documentados. O próprio Wollner, em

TECNOLOGIA DO COBRE NA ARQUITETURA

entrevista concedida a um jornal, ao ser

O Instituto Brasileiro do Cobre (PROCOBRE) está disponibi-

questionado se esses livros não haviam demorado demais para

lizando na internet o livro “Tecnologia do Cobre na Arquitetura”,

serem publicados, respondeu que não: “Esse é o momento certo, pois

do arquiteto e professor João Roberto Leme Simões. Trata de

agora há público para eles”. Wollner tem razão: o público somos nós e

temas como especificações técnicas para coberturas, ele-

temos de tirar proveito desse privilégio.

mentos construtivos, tipos de cobertura em cobre, calhas,

Editora Senac Rio: (21) 2240-2045 www.rj.senac.br

condutores e acessórios, coloração e sobre os aspectos eco-

(Por Francisco Homem de Melo)

nômicos das coberturas de cobre. A obra está disponível para download no site: www.procobrebrasil.org (link “publicações”). 5 ARC DESIGN


RIGOR NA FORMA E NO TRAÇO

CARLTON ENCONTRO COM A ARTE

Na matéria “Rigor na Forma e no Traço”, pu-

Acompanhando as edições da Casa Cor, a marca de cigarros Carlton

blicada na edição 31 de ARC DESIGN, a ficha

apresenta o projeto cultural “Encontro com a Arte”, que visa promo-

técnica omitiu dois fornecedores: Forma

ver debates e apresentações sobre a produção contemporânea das

(móveis) e Vidrotil (mosaico de vidro). Em

ar tes plásticas no Brasil.

vez de uma simples errata, pedimos ao

Depois da Casa Cor São Paulo, Belo Horizonte e Por to Alegre, os pró-

arquiteto Haron Cohen, autor do projeto, que

ximos encontros serão no Recife, de 3 a 6 de novembro, e no Rio de

nos dissesse a razão de suas preferências.

Janeiro, entre 1 e 4 de dezembro de 2003. Com curadoria da consul-

“Embora o Vidrotil seja um material mile-

tora de arte Evangelina Seiler, e par ticipações da jornalista Márcia

nar, não encontro outro similar ou superior

Peltier, do arquiteto e cenógrafo Mario Santos, dos designers Ana

na arquitetura contemporânea. O material

Laet e Fred Gelli, e da chef de cuisine Flávia Quaresma, os encon-

presta-se tanto para pisos quanto para paredes, aceita

tros, aber tos ao público, acontecem no espaço Fumoir da Casa Cor.

intempéries das mais variadas e tem grande resistência nos

Os interessados em par ticipar

ambientes mais adversos”, revela Cohen.

podem fazer o cadastro no site

Recentemente, para executar um projeto de arquitetura de

www.encontrocomar te.com.br

interiores em Barcelona (fotos), o arquiteto pesquisou as pastilhas disponíveis no mercado espanhol – espanholas, italianas e chinesas. Após tal pesquisa, convenceu-se de que nenhuma delas lhe daria o efeito desejado, pelas cores disponíveis e, principalmente, pela superfície regular desses produtos. No

NOVA LOJA BENEDIXT

caso de Vidrotil, “todas as suas cores, claras ou escuras, con-

A Benedixt acaba de inaugurar sua nova loja, na Alameda Gabriel Mon-

seguem dar ao ambiente uma luz que nenhum outro material

teiro da Silva, em São Paulo. O projeto arquitetônico foi realizado pelos

proporciona. Seu formato irregular cria texturas visuais, tanto

irmãos Fernando e Humberto Campana a convite do empresário

nas paredes quanto nos pisos, nos remetendo aos grandes

Marcos Sancovsky. A relação dos designers com a Benedixt é de longa

mosaicos pictóricos da Idade Média”, explica Cohen.

data: há dez anos várias de suas peças já eram vendidas na loja da

Assim, o arquiteto decidiu-se a enviar quase uma tonelada

Praça Benedito Calixto. Contando com a consultoria de Marisa Ota, a

dos mosaicos Vidrotil em um contêiner para Barcelona, jun-

nova loja apresenta design nacional, objetos e têxteis, com destaque

tamente com diversos clássicos do design de móveis, todos

para o mobiliário – produtos criados por Ilse Lang, Marton & Marton,

comprados na Forma, como mesa e cadeiras Saarinen

Marcenaria Trancoso (foto) e até mesmo peças produzidas pelo

(design Eero Saarinen), cadeira Ber toia (design Harry

“mestre” José Zanine Caldas. Outra novidade é o espaço reser vado

Bertoia), sofá e poltronas LC2 (design Le Corbusier) e a

para exposições, cuja idéia é reunir vários designers e artistas tendo

cama Strip (design Cini Boeri).

como tema as diversas matérias-primas possíveis no campo do design. Benedixt: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 663, São Paulo. Tel. (11) 3061-9003.


GRANDE MOSTRA VILANOVA ARTIGAS

MARCA E MEUS PERSONAGENS

Acontece em São Paulo até o dia 2 de novembro, no Institu-

O designer e publicitário Francesc Petit, o

to Tomie Ohtake, a exposição sobre o arquiteto paulista

“P” da DPZ Propaganda, apresenta em seu

João Batista Vilanova Ar tigas. Com curadoria do professor

livro “Marca e meus Personagens” histórias

Júlio Katinsky, a mostra interpreta os três períodos de

de marcas famosas, algumas com logotipos

produção do grande mestre, apresentando documentos,

criados por ele, como a do Banco Itaú, a da

croquis, ampliações fotográficas inéditas e de arquivo

Sadia e a da vodca Orloff, além de comen-

(FAU-USP e Fundação Ar tigas), novas maquetes de seus

tários sobre cases internacionais, como

projetos mais impor tantes – FAU-USP, Cecap, Casa Elza

Alessi e Caterpillar. Editora Futura, e-mail: futura@siciliano.com.br

Berquó, Ginásio de Guarulhos, Garagem de Barcos do Santapaula e Vestiário do Estádio do Morumbi –, além de desenhos, cadeiras e brinquedos projetados para o neto. Grandes nomes da arquitetura paulista se reunirão em outubro no Instituto Tomie Ohtake para debater a produção

CONGRESSO DNA TIPOGRÁFICO

de Ar tigas: dia 9, Eduardo de Almeida, Ubyrajara Gilioli e

Entre 22 e 24 de outubro de 2003 acontece em São Paulo o 1º Con-

Fabio Valentim; dia 14, Julio Katinsky; dia 21, Ruy Ohtake; e

gresso Brasileiro de Tipografia, uma realização da revista Tupigrafia e

dia 23, Paulo Mendes da Rocha, Carlos Lemos e Álvaro

da Faculdade SENAC de Comunicação e Artes. O evento vai discutir a

Puntoni. Na ocasião, estará à venda o recém-lançado livro

produção e o uso da tipografia no Brasil, colocando estudantes e pro-

sobre Artigas, que acompanha um DVD. O instituto também

fissionais do design gráfico em contato com a prática tipográfica, nos

organizará visitas guiadas a obras do arquiteto em São Paulo,

aspectos técnicos, artísticos e mercadológicos. Estão previstas apre-

aos sábados, dias 4 e 25 de outubro. A exposição está aber -

sentações de projetos de fontes digitais produzidas por designers

ta para visitação de terça a domingo, das 11 às 20 horas.

brasileiros, entre eles Luciano Cardinalli, Priscila Farias, Gustavo

Instituto Tomie Ohtake: Av. Brig. Faria Lima, 201, São Paulo.

Piqueira, Tony de Marco, Lain e Dui (ex-Burritos), Billy Bacon, Elesbão

Tel.: (11) 6844-1900.

e Haroldinho, Fernanda Martins, Fabio Lopez, Rodolfo Capeto, Buggy, Crystian Cruz e Cláudio Rocha. Como convidado internacional, Akira Kobayashi, diretor tipográfico da Linotype Library. Complementando

O MUNDO GRÁFICO DA INFORMAÇÃO

o programa, haverá uma apresentação do software FontLab, utilizado

O autor Dario Pimentel

para gerar arquivos no formato de fontes

apresenta um guia prático

digitais e uma mesa-redonda com

sobre editoração eletrô-

Alexandre Wollner, Guto Lacaz, Cláudio

nica, com dicas sobre

Ferlauto e Jimmy Leroy, dentre outros,

equipamentos, produção

que irá discutir o uso da tipografia.

gráfica, softwares, cur-

Durante o evento, será lançado o Catá-

sos, uso de banco de ima-

logo Brasileiro de Fontes Digitais, uma

gens e remuneração pro-

edição conjunta ADG-Rosari, e a edição

fissional. Para estar infor-

nº 4 da revista Tupigrafia. O congresso

mado sobre uma ativida-

será realizado na Faculdade SENAC de

de cujos processos estão em constante mutação, sob a res-

Comunicação e Ar tes: Rua Scipião, 67,

ponsabilidade de poucas pessoas, ou, em alguns casos, de

São Paulo. Informações e inscrições:

apenas uma. Editora Futura, e-mail: futura@siciliano.com.br

Editora Bookmakers. tel.: (11) 3341-5505. 7 ARC DESIGN


DM9DDB

77597 11/09/2003 20:25 Page 1

Se a vista da sua casa for esta, a gente concorda que a decoração não precisa ser tão linda.

D&D Decoração e Design Center

Av. Nações Unidas,12555 Brooklin Novo - 3043 9000 www.dedshopping.com.br Aberto aos domingos

Sua casa como você gostaria que fosse.

DM9

REVISTA

77597

77597

11/09/03

113


DM9DDB

77597 11/09/2003 20:25 Page 1

Se a vista da sua casa for esta, a gente concorda que a decoração não precisa ser tão linda.

D&D Decoração e Design Center

Av. Nações Unidas,12555 Brooklin Novo - 3043 9000 www.dedshopping.com.br Aberto aos domingos

Sua casa como você gostaria que fosse.

DM9

REVISTA

77597

77597

11/09/03

113




100110_P016_017

11/7/03

14:04

Page 16


100110_P016_017

11/7/03

14:04

Page 17


Nas duas pá gi nas, al gu mas das an ti gas e das re cen tes in ven çõ es su e cas: fós fo ro de se gu ran ça (acen de so men te se fric ci o na do con tra a lixa da cai xa), chave in glesa, em ba la gem te tra pack, mou se, as pi ra dor de pó, te le fo nia ce lu lar e zí per

DESIGN, INOVAÇÃO e Qualidade de Vida Quer sa ber como será o fu tu ro, ao me nos aque le dos paí ses ricos? Visite a Suécia. Inovação, tecnologia e design têm um forte ob je ti vo co mum: trans for mar o país em uma su per po tên cia, com al tís si ma qua li da de de vida. Mas se não for pos sí vel ir à bela Es to col mo, vi si te a mos tra que a Su é cia traz a São Pau lo e as sis ta aos se mi ná ri os pro gra ma dos

Maria Helena Estrada Um país de longo longo inverno, inverno, sem muito muito sol, é um país de arquitetura arquitetura colo colorida. rida. E assim assim é Estocolmo, Estocolmo, um presente presente para o olhar. Linda, Linda, plantada plantada sobre 16 ilhas –– em em um um ar arquipélago quipélago de deou outras tras 25 25mil milque quefor formam mam aatotota talilidade dade do doter território ritório su sueco eco –,–, com com uma uma ar arquitetura quitetura que que al alterna terna an antigas tigas e estreitas estreitas ca casas, sas, mu muitas itas de de um umquen quente te ama amarelo relo ou oude deum umfor forte te ver vermelho, melho, a a pré prédios dios gogovernamentais, vernamentais, como comoooPa Palácio, lácio, em emes estilo tilo ro romano, mano, ou grandes grandes hotéis hotéis e outras outras construções construções de forte forte influência influência francesa. francesa. A cidade cidade velha, velha, Gamla Gamla Stan, construída construída nos sé séculos culos XII e XIII, é o grande grande ponto ponto turístico, turístico, com suas suas ru ruelas elas esestreitas treitas e pra e praças ças florifloridas das – ao– me aonos menos no veno rão.verão. EstoEstocolmo colmo é char é charmosa, mosa, como como char charmoso moso e fas e fascinante cinante é éseu seuan antigo tigo mer mercado, cado, repleto repleto de per perfumes, fumes, das das flo flores res aos aos mag magníficos níficos sal salmões mões de defumados. fumados. Mas oo que quemais maisimimpressiona pressiona é aécons a consciência ciência socisocial al desse desse povopovo e sua eenor suaenorme me vocação vocação para para a inven a inventividade. tividade. Na mostra mostra Design “Melhoran e Inovação do a Vida: para o De a Qualidade sign das Ino deva Vida, ções aSu Suécia, ecas”, ao mesmo tempo tempo que expõe expõe novos novos produtos, produtos, traça traça um perfil perfil das ambições ambições do país em termos termos bastante bastante objetivos: objetivos: tecnologia tecnologia e inovação, inovação, aliados aliados ao design, design, em busca busca de uma antiga antiga liderança, liderança, e o anseio anseio pela mais perperfeita feita e adequada adequada qualidade qualidade de vida. Na ver verdade, dade, um país que teve 14 ARC DESIGN



Ao lado, sa té li te por tá til para trans missão ve loz de da dos (2 Mbps) em qual quer lugar do mun do; em ba la do numa pe que na “va li se” em fi bra de car bo no e alu mí nio, pesa cer ca de 35 kg. Cria ção de Tor Bon ni er e Lars Hofs jö (Re load Design) e desen vol vi do pela em pre sa Swe-Dish; fá cil de usar, a “cú pu la” vem como um puzz le: de pois de mon ta da, bas ta aper tar um bo tão. Abai xo, bule para café cujo es tu do ergo nô mi co de ter mi nou um jogo de pesos ide al; não res pin ga, é de fá cil ma nu seio, e qua se to das as com pa nhias aé re as o ado ta ram. No pé da pá gi na, as pi ra dor de pó Tri lo bi te, design Inese Ljung gren para a Elec tro lux: equi pa do com ul tra-som, faz um ma pe a men to do am bi en te e exe cu ta a lim peza; uma base de apoio, lo ca li za da onde o usu á rio es co lher, per mi te car re gar a ba te ria e des car re gar a su jei ra

no último inverno a temperatura média em torno a 22 graus negativos precisa realmente de todo cuidado e conforto. Mas não é apenas dessa qualidade que falam as instituições suecas encarregadas de promover o design e o desenvolvimento tecnológico do país. Produtos de altíssima tecnologia, como o satélite portátil, o telefone celular, o mouse, o aspirador de pó automático, o sensor para funcionamento do “airbag”, o implante dentário em titânio ou o capacete para soldadores com visor em cristal líquido, já são sinais de uma crescente liderança. É sueco, também, o fenômeno Ikea, a grande cadeia internacional de lojas para a casa: o sonho da beleza acessível a todos, obedecendo aos preceitos do país. Mas a tradição sueca no campo da inovação vem desde a época pré-industrial: em 1888 surgiu a conhecida chave inglesa, uma invenção sueca; assim como o zíper, patenteado em 1914; além do fósforo de segurança, da hélice propulsora dos navios, entre outros, não esquecendo que a Suécia é também a pátria do inventor da dinamite, o famoso Sr. Nobel! Um dentre os muitos institutos visitados nos deu a dimensão exata das preocupações e das ações do governo sueco, em um programa elaborado pela Fundação Sueca para o Desenho Industrial, e cujo título é “Proposta para um programa nacional para o design utilizado como força para o desenvolvimento nos setores público e privado”. E, como um subtítulo: “Sweden: innovative caring society”. Em décadas recentes essa vocação para a inovação passou a ser bem administrada pelo governo, tendo sido criados alguns organismos, como a referida Fundação, que incentivam e direcionam novas invenções. “Crianças a partir de 6 ou 7 anos começam a ser introduzidas no mundo da tecnologia”, explica seu diretor. “É assim que se forma a mentalidade de um país: mente aberta e a necessidade de ter o que ainda não existe.” É o caso da invenção do satélite portátil ou, como explica Torr Bonnier, do estúdio Reload Design, “mais do que invenções, o que ocorre são aperfeiçoamentos de idéias existentes, levando a novos produtos”. 16 ARC DESIGN


Foto Tobias Sjödin

Ino va ção, esta é uma exi gên cia tão fun da men tal quan to qua li da de e uti li da de. Isto nos leva a ou tros fa to res do mi nan tes, na cul tu ra e no de sign su e co con tem po râ ne os, como a cre di bi li da de, a sin ce ri da de, seu ca rá ter de mo crá ti co, ou seja, a cren ça de que pro du tos de bom de se nho, bo ni tos, de vem ser aces sí veis a to dos

No alto, à es quer da, Brain ball, jogo que re gistra a ati vida de ce re bral dos jo ga do res (ven ce o me nos estressa do); constru í do com sen so res EEG, um com pu ta dor e um siste ma me câ ni co, é um pro je to do Smart Stu dio com o Pe e ka boo Design. Na se quên cia, tra ma de “ar qui pe ló gi cos”, am bi en te au di ovi sual in te ra ti vo com mais de 100 mó du los plás ti cos sus pen sos, com fon tes de luz in te gra das e uma ins ta la ção de som em 3D. O vi si tan te in te ra ge com o es pa ço na me di da em que se move: ao ca mi nhar, os fa chos de luz e o som movem-se com a pessoa. Cria ção Smart Pro ject do In te rac ti ve Ins ti tu te. Abai xo, jogo de per fei tas e be las chaves de pa ra fu so, um dos mu i tos pro du tos da Ergo nomi Design para Bah co To ols; cada cor no topo do cabo cor res pon de à di men são da chave

17 ARC DESIGN


Com o satélite portátil, ideal para o jornalismo, já que pode ser utilizado facilmente em qualquer lugar perdido do mundo, aconteceu uma “feliz” coincidência: apenas começou a ser produzido pela empresa Swe-Dish, explodiu a guerra no Iraque – a CNN comprou imediatamente 30 satélites e, entre outros canais de televisão, foram vendidos mais 16. O preço? Cem mil dólares cada! Dedicado aos aspectos ergonômicos do design, o Ergonomi Design Group é um dos mais famosos estúdios da Suécia. “O que o design significa para nós? Vida”, declara John Grieves. No estúdio, o processo de trabalho é o de testar novas idéias baseadas na observação de como as pessoas usam os instrumentos e encontrar soluções que respeitem o usuário. “Be best in test” é o lema do estúdio. Parece simples, mas é da observação acurada que surgem produtos como o prato e a colher para a alimentação infantil; o conjunto de escovas e de pentes para pessoas idosas ou que sofreram cirurgias, reduzindo o movimento dos braços; ou a linha de chaves de fenda e facas, como aquela especial para cogumelos. “Design é estética, identidade e função”, afirmam. Os rapazes do Smart Design trabalham no Interactive Institute, criado para pesquisar a interação e as possíveis consequências do mundo virtual sobre o mundo real, ou seja, “web world x real world”. Dessa pesquisa, surgiram jogos divertidos como o “the catcher”, o pegador, uma exibição on-line, como se alguém no espaço físico pudesse atingir outra no espaço virtual. Mas há ainda, entre outras experiências, o “brainball”, como um pingue-pongue comandado pelas ondas cerebrais: uma pequena bolinha gira de uma ponta a outra da mesa, indo em direção a um ou a outro jogador. Vence aquele menos estressado. O “brainball” fará parte da exposição, podendo medir nosso grau de estresse! Em razão de seu avanço tecnológico, os designers suecos têm hoje a possibilidade de criar e desenvolver produtos de aparência simples, mas de industrialização sofisticada. O que é o design sueco, hoje? Com toda a certeza é o reflexo do comportamento de um povo e, também, da consciência de seus profissionais em relação ao próprio ambiente e a cada indivíduo ou coletividade. O desenvolvimento do design sueco contemporâneo também representa o esforço conjunto – governo, empresas, profissionais – para introduzir no país, e também exportar, o mais alto padrão de qualidade de vida. Finalmente, todo esse esforço conjugado visa restabelecer a antiga liderança do design sueco, e do escandinavo em geral, retornando aos padrões de prestígio e qualidade das décadas de 1940 a 1960. E é espantoso ver o resultado dessa operação muito bem dirigida e melhor orquestrada! Inovação, esta é uma exigência tão fundamental quanto qualidade e utilidade. Isto nos leva a outros fatores dominantes, na cultura e no design sueco contemporâneos, como a credibilidade, a sinceridade, seu caráter democrático, ou seja, a crença de que produtos de bom desenho, bonitos, devem ser acessíveis a todos. 18 ARC DESIGN


“Al guns pro je tos po dem ter mai or dose de má gi ca do que de ci ên cia”, co men tam na Ergo no mi Design: é o caso da faca para cor tar e lim par co gu me los (no alto da pá gi na ao lado), “uma boa idéia que faz as pessoas sor ri rem”. No cen tro da pá gi na ao lado, ca pa ce te com fil tro, que au to ma ti ca men te es cu re ce quan do a luz é mu i to for te; o pri mei ro pro tó ti po, com bi nan do cé lu las de cris tal lí qui do, fil tros po la ri zan tes e ele trô ni ca, foi desen vol vi do em 1976 por Ake Hor nell; a con tri bu i ção do Ergo no mi Design deu a for ma fi nal. Cli en te: Hor nell In ter na ti o nal Nes ta pá gi na, cria çõ es do Ergo no mi Design. Aci ma, es covas e pen tes para ca be lo e es pon ja para ba nho que po dem ser usa dos sem que a pessoa pre cise le van tar os bra ços, e lixa de unhas. “Pro du tos bo ni tos e na tu rais re fle tem o res pei to ao usu á rio au men tan do sua auto-es ti ma e con for to.” Pro du zi dos pela em presa su e ca Etac. Abai xo, as ma gias da ergo no mia bem apli ca da. À es quer da, pra to in fan til: não der ra pa e suas cur vas tornam mais fá cil pe gar o ali men to; há ain da co lher de cabo lon go, per mi tin do que a mãe tam bém o se gu re, ori en tan do a di re ção. Na se quên cia, o per feito – e pre mia do – “baby car ri er”, pro je to de 1991: resul ta do de sete anos de ex pe ri ên cias e tes tes, foca dos no con for to e na se gu ran ça para mãe e bebê. A em presa su e ca BabyB jörn fa bri ca o pro du to, que tem um mi lhão de pe ças ven di das por ano, sen do a me ta de nos EUA


Nes ta pá gi na, pro du tos cria dos por Mo ni ca Förs ter. Aci ma, à es quer da, Cloud, um es pa ço por tá til e in flá vel, lu mi no so, pro du zi do em nylon re for ça do como o uti li za do pela NASA. À prova de som, mede 4 x 5 me tros; ide al para so li tá ri os, neu ró ti cos, via jan tes, so nha do res, e para to dos que al mejam estar em um mun do à par te. Pode ser usa do como es pa ço para re la xa mento, en contros, con centra ção. Leva 3 mi nu tos para ser monta do e é leve e fá cil de ser trans por ta do. Pre ço mé dio: 2.500,00 dó la res. Na se quên cia, tam po de pri va da lu mi no so; pro du zi do em plás ti co in je ta do com cor fo to lu mi nes cen te, re car re ga da com a luz, pode bri lhar por dez ho ras. Útil para crian ças, pessoas ido sas ou de fi ci en tes... além de provo car um sor ri so. Abai xo, Skruf, va sos e ti ge las em cris tal in co lor e ple xi glas co lo ri do

20 ARC DESIGN


Nes ta pá gi na, pro du tos da Blå Sta ti on, em presa que tem uma das mais sim pá ti cas lo jas do bair ro an ti go. Aci ma, sofá L Con nec ti on, for ma do por pol tro nas iso la das que po dem ter um me ca nis mo de co ne xão; design Fre drik Matsson. À di rei ta, Small Is land, design Tomo yu ki Matsu o ka. Es tru tu ra em aço, do brá vel e ar ti cu lá vel. Usa do como ban co, tem base em bé tu la la mi na da e co la da, com es to fa men to re ves ti do em te ci do ou cou ro; na fun ção de mesa, o la mi na do de bé tu la é re ves ti do na pró pria bé tu la ou ou tro la mi na do. Abai xo, In nova ti on C, design Fre drik Matsson: um tra ço, dese nho ges tual que assu me as mais di ver sas possi bi li da des de uso

21 ARC DESIGN


Nas duas pá gi nas, pro du tos cri a dos por Anna von Schewen. À es quer da, ban cos Buss, pro du zi dos pela em presa su e ca Gärs näs; em ma dei ra la mi na da cur va da, po dem ser uti li za dos iso la dos ou em con jun to

Ao lado e aci ma, ca dei ra Hug e pol tro na Big Hug, prê mio Svensk Design em 2002. Es tru tu ra em bé tu la ma ci ça, uti li zou má qui nas de úl ti ma ge ra ção e des per tou meu dese jo de ver um dia a ma dei ra bra si lei ra ser tra ba lha da por nossos desig ners com essa maes tria. Pro du zi da pela em presa Gärs näs

22 ARC DESIGN


Aci ma, lu mi ná ria Zí per, com es tru tu ra em plás ti co re for ça do e fle xí vel, usa do em ve las de bar co, e te ci do stretch preso com zí per. Ao lado, “tra ba lho ma nual para re la xar, de pois do pro je to da ca dei ra Hug”, co men ta a desig ner: co pos em pi lha dos e co la dos, en vol tos por um fi níssi mo te ci do de nylon stretch

Aci ma, sofá Lat ta, pro je to de for ma tu ra de Anna von Sche wen, pro du zi do com as has tes de plás ti co rí gi das (mas fle xí veis) das ve las de bar co, en tre me a das com te ci do stretch; o com pri men to pode ser cor ta do na me di da do dese jo do cli en te

23 ARC DESIGN


Nas duas pá gi nas, pro du tos cria dos por Björn Dahls tröm. Ao lado e abai xo, ca dei ra BD 6, em ma dei ra mol da da por com pressão; pro du zi da pela em presa su e ca CBI. No pé da pá gi na, Roc king Rab bit, em ma dei ra, cria do em 1989 com pe ças bi di men si o nais apa ra fu sa das; foi com brin que dos como es tes que o desig ner grá fi co Dahls tröm se ini ci ou no design de pro du tos

Parece ingênuo como proposta? Muito pelo contrário. A Suécia sabe exatamente o alcance do papel que pode vir a ter como nação, por meio do estímulo à tecnologia de ponta, ao design e à inovação. E é essa ambição que se traduz no orgulho sueco, visível a cada momento. Outro aspecto importante: a Suécia, pode-se dizer, já esgotou todas as formas possíveis de criação baseada na própria tradição cultural, ou seja, o chamado “blond design”. Hoje os designers se dizem mais interessados na função do que na aparência e preferem descobrir novas soluções para os problemas cotidianos em vez de “vender velhas idéias embrulhadas para presente”. E é essa ausência de “embrulho para presente” que vemos por quase toda parte. Ao primeiro olhar, nós no Brasil, seguidores fiéis da estética italiana, de seus show-rooms esplendorosos, ficamos chocados com a aparente pobreza das lojas em Estocolmo. Mas é só ajustar a perspectiva para que essa “pobreza” se transforme em essencialidade e inteligência. Um detalhe curioso também nos chamou a atenção nas visitas aos diversos institutos e estúdios: em cada um deles, sobre uma das mesas, ao lado da bandeja em aço inox – o mais puro design escandinavo – com café e água, xícaras e copos, havia uma bela peça (também em aço) com frutas frescas! Quem são os profissionais que habitam esses estúdios? Quem são os novos talentos do design sueco? Além de desenhistas industriais e engenheiros, de grandes experts em tecnologia, uma nova e brilhante geração de designers, formada em ótimas escolas, começa a surgir. Monica Forster, vinda da longínqua e estranha (para nós) região da Lapônia, já faz parte do cenário internacional, com sua nuvem (Cloud), espaço portátil e inflável (veja ARC DESIGN 25); também sua coleção Skruf, de vasos e tigelas em cristal e plexiglas, que integram luz e cor, dois elementos naturais ausentes da Lapônia, já se encontra à venda. O mais recente produto de Monica Forster, ainda em fase de protótipo, é uma tampa de privada que brilha no escuro (sempre um pensamento na utilidade!). Espírito inovador e uma delicada sensibilidade podem definir outra jovem designer, Anna von Schewen. Formada em 1995, seu trabalho demonstra a ruptura dos criadores contemporâneos com a tradição sueca do “blond design” e do “design grace”. Para seu trabalho de formatura, a designer criou um sofá que pode ser cortado na hora e vendido na medida desejada pelo cliente. Partindo de uma reflexão sobre o que está mais perto de nosso corpo, Anna pensou na roupa íntima feminina, no antigo “corselet”, ou corpinho, criando uma estrutura flexível, muito leve, em tiras de “latta”, ou seja, a haste que estrutura as velas em um barco, e tecido. 24 ARC DESIGN


Aci ma e ao lado, a char mo sa ben ga la foi pen sa da como apoio para es ca lar mon ta nhas; em po li pro pi le no e fi bra de vi dro com lan ter ni nhas em bu ti das, é pro du zi da pela em presa ita lia na Ma gis. Abai xo, Su pers truc tu re, ca dei ra em ma dei ra ma ci ça tor ne a da, não es con de o dese jo de gra fis mo ine ren te a toda a obra de Dahls tröm

25 ARC DESIGN


Foto Nobuo Yano

Nas duas pá gi nas, pro du tos cria dos pelo es cri tó rio Claesson Koi vis to Rune, de Mar ten Claesson, Eero Koi visto e Ola Rune. À es quer da, mesa bai xa Bra sí lia para a em presa ita lia na Cappel li ni; em ma dei ra lami na da, de monstra a ex tre ma ha bi lida de e know-how dos su e cos no tra ba lho com este ma te rial: ex pe ri men tem cri ar uma an gu la ção como a do tam po desta mesa e adi vi nhem o se gre do/re cur so da so lu ção. Abai xo, Peb bles, es to fa do em dois pla nos que pode assu mir di ver sas con fi gu ra çõ es e fun çõ es; pro du ção Cap pel li ni

"A vida co me ça quan do a per so na li da de do ocu pan te pode se de sen vol ver no en ve lo pe que ele ha bi ta" Eero Koivisto

De ní ti da in flu ên cia ja po ne sa, o as sen to gira tó rio Dodo (na pá gi na ao lado) é mul ti fun ci o nal, de pen den do da po si ção assu mi da: de jo e lhos, a par te su pe ri or do en cos to se trans for ma em apoio para lap top ou outro. Pro du zi do pela em presa ja po nesa E&Y

26 ARC DESIGN


27 ARC DESIGN


Seu projeto mais famoso, no entanto, é a cadeira Hug, e a versão estofada Big Hug. O conhecimento e a intimidade com a madeira, além do uso de máquinas sofisticadas, permitiram a produção dessa cadeira com uma delicadíssima estrutura em bétula maciça. Outro jovem que já ultrapassou as fronteiras da Suécia é Bjorn Dahlstrom. Designer gráfico, “passei de duas para três dimensões fazendo peças planas aparafusadas”, explica. Até hoje sua postura frente ao design de produtos, embora com projetos bastante complexos, é a de um designer gráfico. De seu estúdio saem cadeiras, bicicletas com tecnologia inovadora, brinquedos em madeira, uma linda bengala para subir montanhas (veja ARC DESIGN 22). O estúdio de design e arquitetura mais famoso internacionalmente é, sem dúvida, Claesson, Koivisto, Rune, o grupo que se formou quando os três integrantes eram ainda estudantes. A porta de entrada internacional aconteceu há seis anos, quase de improviso, com a visita de Giulio Cappellini e Piero Lissoni à procura do novo design sueco. Mas como afirma Eero Koivisto, “não me preocupo em ser sueco, preciso apenas de espaço na mente para criar”. Hoje o grupo desenha para cerca de 30 diferentes empresas, em todo o mundo. Como referência do Brasil, Koivisto pensa em nosso mais famoso arquiteto: “Niemeyer acredita no futuro.” Dentre os trabalhos do grupo estão a casa do embaixador sueco em Berlim, a sede da Sony Music e diversas outras lojas em Estocolmo. O projeto mais recente é o de um prédio espetacular para uma casa de cultura em Kyoto, Japão. “O humor e o rigor, excelentes propulsores”, como publicado na revista francesa Intramuros, “já permitiram que eles atravessassem as próprias fronteiras” e, acrescenta a revista, “a vida começa quando a personalidade do ocupante se desenvolve no envelope que ele habita”. Finalmente o arquiteto Thomas Sandell, sócio da Sandell & Sandberg, escritório com 46 profissionais (enorme, para a escala sueca) que se dedica a arquitetura, interiores, design e comunicação gráfica. É seu o projeto da loja de moda de sua esposa, a famosa fashion designer Anna , que tanto nos surpreendeu pela sobriedade quase franciscana. É seu também o projeto do magnífico restaurante e do bar do imponente teatro da Ópera. Tudo isto, é claro, em meio a um belo jardim, quase de frente para o encontro das águas do Lago Malaren com o Mar Báltico! ❉ A ex po si ção “Me lho ran do a Vida: o De sign das Ino va çõ es Su e cas” acon te ce de 1 a 29/10 no Mu seu da Casa Bra si lei ra, Av. Brig. Fa ria Lima, 2.705, São Pau lo. Para mais de ta lhes so bre em pre sas, ins ti tu i çõ es e de sig ners ci ta dos, aces se nos so site: www.arc de sign.com.br ARC DE SIGN vi a jou a Es to col mo a con vi te da Em bai xa da da Su é cia no Bra sil. 28 ARC DESIGN

Fotos Daniel Hertzell

À es quer da, loja da desig ner de moda Anna Holt bläd, pro je to de Tho mas San dell. A apa rente po breza, eviden cia da no piso de gra nito e na au sên cia de or na mentos e ou tros re cur sos ce no grá fi cos, é na ver da de um cla ro si nal da essen cia li da de do design su e co. No pé da pá gi na, o mais in te ressan te es pa ço in te ri or em Es to col mo: o res tau ran te do pré dio do te a tro da Ópera, no qual con vi vem tra di ção e con tem po ra nei da de; pro je to de Tho mas San dell. Na pá gi na ao lado, no alto, vi tri ne do show-room As plund, que reú ne mo bi li á rio e ob je tos su e cos e ita lia nos; pro je to de Claesson Koi vis to Rune. Em bai xo, Goc cia, o mais mo der no e sim pá ti co bar e restau rante de Esto col mo. Ape nas inaugu ra do, foge a qual quer es te re ó ti po do “swe dish style”, com suas di vi só rias em acrí li co la ran ja e lu mi ná rias da Mo o oi ho lan desa


29 ARC DESIGN


vidro e cer창mica

DESIGN EM PORTUGAL


Dois projetos diversos com o mesmo objetivo: a revitalização de pequenas indústrias portuguesas de cristal e de cerâmica, introduzindo o design como valor agregado

Daniele Rissi Visando dinamizar o setor da cristalaria portuguesa, a Vitrocristal – uma associação de empresas produtoras de artefatos de vidro surgida em 1994 – reuniu diversas indústrias da região do vidro da Marinha Grande (onde estão localizadas também as cidades de Leiria e Alcobaça) e lançou em 1997 a marca internacional Marinha Grande Mglass. Ao mesmo tempo que investia em ações de marketing e em tecnologia, a Vitrocristal preocupou-se com a qualidade física e formal dos produtos, contratando designers internacionais, como James Irvine, Bjorn Dahlstrom e Christophe Pillet, além de jovens designers portugueses para projetar peças para a marca. Incentivando o design nacional desde o início do projeto, a empresa seleciona, em parceria com o Centro Português de Design, novos talentos para criar suas coleções, lançadas duas vezes ao ano. Os projetos são entregues às 18 indústrias que integram a Vitrocristal – algumas com mais de 250 anos de tradição na arte vidreira –, que os realizam conforme suas capacidades técnicas e a tipologia do produto. Posteriormente, muitas empresas contratam os designers que se destacam para dar continuidade às suas produções independentes. O projeto conquistou rapidamente o mercado nacional e hoje Fotos Angel Ordeales e João Kendall

as peças da Mglass são exportadas para Espanha, França, Itália, Inglaterra, Holanda, Bélgica, Japão e Estados Unidos – onde há um show-room em N. York. A conquista de novos mercados e a consolidação dos existentes são as principais metas do projeto, que conta com uma série de ações definidas até o final de 2004. 31 ARC DESIGN


Fotos Angel Ordeales e João Kendall

Acima, peças Infinite Line, de Paula Iomelino, fabricadas pela Vicriarte. Na página ao lado, tigelas Lux em três versões, design Pedro Dias Vieira, fabricação Canividro

Fotos Acervo ARC DESIGN

Acima, linha Sexto Sentido, design Rita Melo, executada pela Marividros. No pé da página, peças da Atlantis Crystal: à esquerda, decanter para whisky da linha Bar; à direita, centro-de-mesa da linha Tableware

32 ARC DESIGN



Nas duas páginas, peças em cerâmica da coleção “minimalanimal”. À direita, jarra Trousers, surgida a partir de uma forma simples que, ao receber um corte vertical, deu origem à “alça”; design Sebastian Bergne. Abaixo, Jarra 4 – inspirada no pescoço do ganso, revela a presença do lado “animal” (orgânico) no projeto; design Álvaro Siza

Outra iniciativa interessante foi a da Sátira, no

“minimalanimal” propôs a criação de peças de mesa

Porto, que realizou um workshop a distân-

em porcelana. Segundo Sottomayor, o tema foi

cia, utilizando a internet. Dessa experiên-

interpretado de diferentes formas, sendo o material

cia, resultaram 21 projetos desenvol-

– com grande tradição na indústria portuguesa – o

vidos

por

renomados

designers

único elo entre os projetos, que se desenvolveram

europeus: Álvaro Siza, Eduardo

entre o racional (minimal) e o instintivo (animal).

Souto de Moura, Pedro Sotto-

Em 2000, foram apresentados os 21 desenhos e,

mayor, Ross Lovegrove, Se-

no ano seguinte, começaram a ser produzidas as

bastian Bergne, Perry King e

primeiras peças, que já se encontram à venda.

Santiago Miranda, dentre

No final de 2003, a coleção “minimalanimal”

outros, materializaram suas

estará completa e será distribuída a 200 lojas

idéias na cerâmica.

espalhadas pela Europa, América do Norte e

Organizado pelo designer

Oceania. Enquanto isso, a exposição dos traba-

Pedro Sottomayor a pe-

lhos realizados percorre vários países, apresen-

dido da Sátira – empresa

tando o design europeu e a cerâmica portuguesa.

que comercializa mobi-

Dando continuidade ao projeto, o workshop

liário, iluminação e obje-

“minimalanimal” entrará em uma nova etapa e

tos, além de promover a

outros designers serão convidados a inter-

edição industrial de pro-

pretar o tema. Um belo projeto que poderia ser

dutos –, o workshop 34 ARC DESIGN

“copiado” no Brasil! ❉


Abaixo, bases Knot para pratos quentes, componíveis e reversíveis, criação de Pedro Sottomayor, designer português curador do workshop. À direita, New Nature, design Ross Lovegrove – segundo ele, suas peças são transferências da natureza. No pé da página, Mão Aberta, vaso que parece inspirado na “mão” de Le Corbusier em Chandigarh, Índia; design Eduardo Souto de Moura

Fotos Divulgação

Veja mais: www.vitrocristal.pt www.satira.pt/minimalanimal www.vistaalegre.com.br

35 ARC DESIGN


LUZ E COR Funcional ou cenográfico, um bom projeto luminotécnico envolve fatores complexos. ARC DESIGN inicia, nesta edição, uma série de três artigos relacionados à iluminação, à luminotécnica e às cores. Entrevistando alguns dos melhores profissionais da área, tentaremos “desvendar” a comple xi da de do as sun to, que com bi na de ter mi nan tes ob je ti vos e sub je ti vos Da Redação Lâmpadas cada vez menores e mais potentes, dos mais variados tipos, atendendo a necessidades específicas: a tecnologia relacionada à iluminação evoluiu enormemente nos últimos anos. Com essa evolução – muito bem-vinda –, surgem profissionais especializados em iluminação, uma vez que o tema em questão envolve conhecimentos técnicos específicos. O conhecimento de conceitos básicos de iluminação e dos efeitos gerados por cada tipo de lâmpada, contudo, torna-se indispensável aos profissionais que trabalham com espaços sujeitos à luz artificial (arquitetos, decoradores, designers de interiores, cenógrafos). Aos poucos essa realidade torna-se conhecida e os profissionais passam a se preocupar com a interferência da iluminação artificial na criação de cada ambiente. Cursos introdutórios à luminotécnica têm sido realizados pela Philips no intuito de orientar o profissional para o correto uso de suas lâmpadas. Agora Philips e Suvinil se unem para promover um ciclo de palestras que, mais do que explicar o efeito luminoso, visa esclarecer a relação simbiótica entre luz e cor.

36 ARC DESIGN


Nas duas páginas, espaços com iluminação projetada por Esther Stiller para a Companhia Athletica, Rio de Janeiro. A escolha das cores também teve a participação de Stiller, que busca, para seus projetos, inspiração em situações ou momentos da natureza. Um claro exemplo é a sala de lutas (acima e abaixo), na qual foram empregadas cores fortes – estimulantes, condizentes com a atividade que o espaço abriga –, inspiradas em uma situação da natureza (no alto da página ao lado)

37 ARC DESIGN


A idéia central é simples: as cores são percebidas de for-

onde as cores poderiam ser visualizadas com a lâmpada

mas diferentes conforme a fonte de luz a que são expostas.

que será empregada no ambiente. Segundo Stiller, uma

“A cor aplicada em uma parede, por exemplo, absorve

boa opção para quando não se tem essa possibilidade

parte da luz recebida e reflete outra parte, que é o que

são as lâmpadas de “full spectrum”, que reproduzem os

vemos. Então essa é a ‘mágica’ que tentamos passar: a

comprimentos de onda da luz natural e assim garantem

combinação de conceitos da física óptica sobre a química

uma reprodução mais fiel das cores.

das tintas”, explica a arquiteta de iluminação Esther

Em seus projetos, Stiller costuma buscar inspiração na

Stiller, palestrante do seminário Luz Cor.

natureza, nas variações de luz conforme as estações e a

Segundo a arquiteta, as palestras também servirão para

hora do dia. A arquiteta acredita que o uso da cor deve

esclarecer o risco de não-conferência da cor (quando a

trazer “a riqueza da natureza para dentro do espaço cons-

cor escolhida no catálogo não se comporta da mesma

truído”, mas alerta sobre certos cuidados necessários ao

forma no ambiente) e sobre conceitos pouco conheci-

empregar a cor: “é preciso cuidado na utilização de cores

dos, como luz refletida, luz incidente etc.

sobrepostas, para evitar combinações vulgares”, afirma.

“Em determinadas situações – e o uso da cor é uma

Além disso, Esther Stiller ressalta um fator psicológico:

delas, pois cor é luz, assim como luz é cor –, o desconhe-

a escolha das cores e o projeto de iluminação são os

cimento dos conceitos da física impede o profissional de

principais responsáveis pela impressão emocional do

atingir os resultados esperados”, declara Esther Stiller.

usuário em cada espaço, tornando ainda mais impor-

Além disso, a arquiteta acredita que todas as lojas de

tante um projeto que combine os dois elementos de

tintas deveriam disponibilizar uma cabine de teste,

forma adequada. ❉

Nas duas páginas, ambientes da sede do Bank Boston, projeto de Skidmore, Owings & Merril e Julio Neves (2002), com iluminação de Esther Stiller. À esquerda, o coffee shop, que utiliza cores “frescas” para remeter ao período da manhã; à direita, o auditório. No alto da página ao lado, jardins e entrada do edifício: as marquises de acesso são destacadas pela iluminação, feita a partir do piso

As próximas palestras do projeto Luz Cor serão em Belo Horizonte (16 de outubro) e São Paulo (13 de novembro). Mais informações sobre o projeto no site www.ricardobotelhoweb.com.br/luzcor

38 ARC DESIGN


Esther Stiller formou-se em 1969, pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie. Em 1967, in gres sou no es cri tó rio de Lí vio Levi, um dos pre cur so res da lu mi no téc ni ca no Bra sil. Projetos como a iluminação da Catedral de Brasília e do Parque Anhembi, em São Paulo, foram realizados durante a permanência da arquiteta naquele escritório. Em 1973, com o falecimento de Levi, Esther Stiller passou a dirigir o escritório e a se dedicar a projetos de iluminação para aeroportos, hotéis, museus, colégios, centros esportivos e culturais, lojas, residências, hospitais e edifícios empresariais, comerciais, institucionais e religiosos. Dentre seus inúmeros projetos de iluminação, podemos destacar a sede da Companhia Athletica, no Rio de Janeiro, e, em São Paulo, o Edifício Faria Lima Financial Center, a Maternidade Professor Edmundo Vasconcelos, a Biblioteca Municipal de São Paulo, o Terminal TPS3, do Aeroporto Internacional de São Paulo, o foyer principal e o teatro principal do Te a tro da Uni ver si da de Ca tó li ca (TUCA) e a reur ba ni za ção da Ave ni da Pau lis ta (em an da men to).

39 ARC DESIGN


ARTESANATO E DESIGN Meninas Geraes Daniele Rissi

“Quem são essas meninas que habitam as montanhas verdes e os vales da Mantiqueira, ou então se escondem nas trilhas secas do Cerrado deste sertão de Guimarães Rosa? ...São todas meninas com o dom da magia: transformam fios e fibras em pano, coberta, tecido, cortina, flores, sem medo de usar o que sua terra lhes dá – a palha do milho, a fibra de taboa, o vermelho das sementes olhos-de-cabra, o branco triste das lágrimas-de-nossa-senhora” Maria Emília Kubrusly

Entre 18 de julho e 10 de agosto aconteceu em São Paulo a exposição “Meninas Geraes”, no Museu da Casa Brasileira. A cenografia, criada por Janete Costa, apresentou estruturas em cartão kraft, permitindo destacar a riqueza das tramas e os detalhes das peças – produtos de tecelagem, cestaria, crochê, tricô e bordado –, uma amostra do trabalho desenvolvido pelo designer têxtil Renato Imbroisi junto às artesãs do Vale do Jequitinhonha, no município de Carmo do Rio Claro e no pequeno povoado de Muquém, em Minas Gerais. O envolvimento de Renato Imbroisi e de Janete Costa com artesanato se deu por caminhos inversos: ele, um artesão carioca, tornou-se designer por decorrência de seu trabalho; ela, formada em arquitetura, foi influenciada pela riqueza cultural de Pernambuco, Estado onde nasceu. Na década de 1970, quando Imbroisi iniciava seu trabalho com tecelagem manual, Janete Costa se engajava em ações que contribuíam para fazer do artesanato uma atividade rentável para populações nordestinas carentes. Mas seu intuito principal era o de conscientizar a sociedade da importância Nas duas páginas, fotos da exposição “Meninas Geraes”, no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, com trabalhos orientados por Renato Imbroisi, no programa Sebrae; montagem da exposição realizada pela arquiteta Janete Costa. Acima, almofadas e tecidos com aplicações manuais. Na página ao lado, bolsas de palha com cores fortes e trabalhos em crochê

do artesanato para a formação de identidades culturais. Hoje, Imbroisi faz a ponte entre o rural e o urbano. Como consultor do Sebrae desde 1996, percorre o país e suas regiões mais pobres e desconhecidas, realizando oficinas para artesãos que se utilizam de diversas matérias-primas. A exposição “Meninas Geraes" nos convida a discutir sobre o papel do designer em uma pequena comunidade, como alguém que vem de fora para orientar o trabalho de

40 ARC DESIGN



Fotos Andrés Otero

Acima, diversos tecidos para cortina utilizando pequenas flores em crochê, sementes ou outros materiais. No pé da página, cestos de palha trançada e panos saídos de teares manuais

pessoas que, com suas técnicas, tradições e culturas

Além disso, os grupos recebem instruções para que sejam

enraizadas, precisam produzir artigos de qualidade e sufi-

capazes de gerenciar o negócio de maneira independente,

ciente originalidade para um mercado exigente e competitivo.

coordenando a contratação de mão-de-obra, a produção, as

O designer deve oferecer um projeto, ficando apenas a

vendas, a entrega e também a administração do dinheiro.

execução por conta dos artesãos? Para Imbroisi a resposta

Outro desafio é encontrar canais diretos de comercialização,

é negativa: sua função não é interferir nas técnicas ou

para que recebam por seu trabalho um valor justo.

apresentar um desenho pronto, mas estimular a criati-

Uma tarefa nada fácil: ajudar a fazer do artesanato regional

vidade dos artesãos para que busquem referências

uma atividade de subsistência para as comunidades, ao

próprias, seja no ambiente que os rodeia ou mesmo a par-

mesmo tempo que sejam preservadas a tradição e a cultura

tir de suas histórias pessoais. Quando necessário, orienta

de cada região. Porém, muito gratificante: para Renato

sobre os métodos utilizados, no sentido de agilizar a pro-

Imbroisi, quando vê, por exemplo, a admiração dos

dução para que atenda ao dinamismo do mercado. “O

japoneses pelo artesanato brasileiro; e para Janete Costa,

artesanato perde seu valor se quem o realiza não se iden-

quando se orgulha de ter realizado vários projetos de inte-

tifica com o objeto que está produzindo com suas mãos.”

riores com peças feitas pela população local. ❉


CADER

NO DE ARQUI TETUR A E IN TERIO RES

apoio:


UMA BIENAL PARA TODOS

Da Redação

A metrópole, simplesmente, como tema. “Metrópole”, sem qualquer especificação ou conotação predeterminada. Com esta aparente imprecisão, o arquiteto Pedro Cury pretende ampliar o leque de discussões em torno da metrópole, uma vez que, a seu ver, um tema específico poderia restringir a discussão e prejudicar o debate. O grande desafio que a organização da 5ª BIA se impôs é o de atingir o grande público e não apenas profissionais e estudantes da área. Para isso, a forma de expor os projetos será radicalmente diferente do que aconteceu nas edições anteriores da mostra. “A idéia é fazer uma exposição inovadora, utilizando maquetes, audiovisual, informática, som. É importante que o leigo possa entender a exposição e, principalmente, possa compreender os problemas da cidade e quais são as propostas que os arquitetos estão fazendo para solucioná-los. Assim, o cidadão comum poderá se ‘equipar’ e, então, ser capaz de participar mais diretamente das discussões dos problemas do seu bairro, da sua rua – coisa que o brasileiro não tem muito o hábito de fazer, costumando ficar de fora. Com maior capacidade de compreensão, ele poderá cobrar do poder público as melhores soluções”, segundo Cury. Por isso, esta bienal propõe-se a não somente atrair a população, mas motivá-la a assistir a toda a exposição, do

44 ARC DESIGN

A 5ª Bienal Internacional de Arquitetura é organizada pela Fun-

início ao fim. A mostra ocupará os três andares do edifício

dação Bienal e pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e pode

projetado por Oscar Niemeyer e também parte do entorno.

ser vi si ta da até o dia 12 de no vem bro, das 9h30 às 23 ho ras.

Estão previstos nove módulos: Exposição Metrópoles,

Mais in for ma çõ es no site http://bi e nal sao pau lo.ter ra.com.br

Representações Nacionais, Exposição Geral de Arquitetos,


Com aber tu ra em 14 de se tem bro, a 5ª edi ção da Bi e nal In ter na ci o nal de Ar qui te tu ra (BIA) deve reu nir tra ba lhos de al guns dos mais im por tan tes ar qui te tos bra si lei ros e estran gei ros. Nes ta edição, a no vi da de é a con cep ção da mos tra, como ex pli ca o arqui te to Pe dro Cury, um de seus cu ra do res

Mostras Especiais, Mostras de Design e Tecnologia, Mos-

reza dos espaços habitados em torno de si”, segundo Siza.

tras Institucionais, Concursos Internacionais de Escolas de

Ainda nas mostras especiais, arquitetos brasileiros e es-

Ar qui te tu ra, Mos tras In ter na ci o nais, Fórum de De ba tes.

trangeiros foram convidados a expor obras que estejam

Na Exposição Metrópoles, serão apresentados projetos

ligadas ao tema “metrópole”. Os brasileiros são: Assis

para solucionar problemas inerentes às grandes cidades,

Reis (BA); Botti & Rubin, Joaquim Guedes, Jorge Wilheim,

como trânsito, poluição e segurança. Sete metrópoles par-

Marcelo Ferraz / Francisco de Paiva, Marcos Acayaba,

ticiparão da exposição: Berlim, Johannesburgo, Londres,

Miguel Juliano, Ruy Ohtake, Sidônio Porto (SP); Carlos

N. York, Pequim, Tóquio e São Paulo.

Fernando Pontual (PE); Carlos Fayet (RS); João Diniz (MG);

Quanto às Representações Nacionais, 11 países já confir-

Manoel Coelho (PR); Paulo Casé (RJ); e Sérgio Parada (DF).

maram presença: Argentina, Áustria, Bélgica, China,

Dentro das Mostras de Design e Tecnologia, destaque

França, Holanda, Itália, México, Noruega, Portugal e Suíça.

para a exposição “Matéria”, idealizada para “mostrar a

A Exposição Geral de Arquitetos mostrará 320 projetos

revolução que prometem os novos materiais que podem

enviados por arquitetos do Brasil e do exterior, executa-

ser aplicados nas áreas de design e arquitetura”.

dos ou não, todos tendo passado por uma pré-seleção dos

Esta, aliás, é a primeira vez que a BIA dedica espaço ao

curadores. Além disso, “há projetos de intervenções na

design. “Introduzimos o design no sentido de complemen-

metrópole feitos especialmente para a Bienal”, ressalta

tar a Bienal de Arquitetura. A idéia inicial era mostrar o

Cury. Com isso, os curadores esperam levantar polêmica,

design de mobiliário urbano, mas acabamos expandindo;

abrindo espaço para a discussão. Durante a primeira

porém, todo objeto de design apresentado terá alguma

semana da BIA, os trabalhos serão avaliados e premiados

relação com a cidade, mesmo que esta não seja tão

por um júri internacional.

direta quanto a do mobiliário urbano”, diz Pedro Cury.

No segmento Mostras Especiais, obras de arquitetos de

Outro ponto que diferencia esta bienal das anteriores é

re no me in ter na ci o nal, como Nor man Fos ter, En ric

a es cas sez de re cur sos. Se gun do Cury, foi gran de a

Miralles, Sverre Fehn, Angelo Mangiarotti, além de Peter

difi cul da de para vi a bi li zar a ex po si ção em vir tu de da

Cook e Zaha Hadid (veja matéria nesta edição). A exposi-

situação do país e, con se quen te men te, da di fi cul da de

ção “Desenhos nas Cidades”, com curadoria de Álvaro

na obtenção de patrocínio. “Será uma ‘Bienal da Escas-

Siza, deverá trazer projetos de arquitetos portugueses,

sez’ – pois está sendo feita com uma escassez enorme

mostrando “os mecanismos transformadores do tecido ur-

de recursos –, mas que, espero eu, será a mais bonita

bano que as arquiteturas induzem, identificando a natu-

de todas”, conclui Cury. ❉ 45 ARC DESIGN


Imagine um estudan-teen brasileiro(a) recém-entrado(a) na faculdade de arquitetura. De escola boa, família cultivada, indo a uma exposição de arquitetura, a V Bienal Internacional de Arquitetura. Coisa que jamais deve ter vis to: ex po si çõ es, ar qui te tu ra? Uma, quan tas? Bra sil 500 Anos etc. E ela(e) vê esses painéis de arquitetos estrangeiros, em meio a centenas de outros. Imagine a confusão “d’Elae”

Desconstruindo Harry, Zaha, Peter Arq. Pôla Pazzanese No caso do Car Park and Terminus Hoenheim-Nord, na França, projeto de Zaha Hadid – uma estação de bondes feita para as pessoas não irem de carro ao centro da cidade –, em meio àquela planura, o recurso da arquiteta é fazer o volume torto do edifício “se mesclar ao solo”, se espraiando pelo estacionamento, por meio do material do piso, o mesmo de sua estrutura. E vaza a cobertura em lâminas que se abrem para o céu, na mesma estratégia de abraço e mescla. É muito provável que “Elae” vá acabar olhando o conjunto, na foto: “como é bonitinha a cidade, toda arrumadinha, com canalzinho, as casas gramadinhas em volta da estação. P’ro meu condomínio só faltava a estação...”. “Elae” vai ver a estação, ela está no meio da foto. Um mundo ordenado, coisa que “Elae” nunca teve aqui. Mas o pro vá vel é que “Elae” vá ra char ao meio a pró pria aten ção... A geração é dispersiva. “Elae” vai achar um tédio: “Ah, bom, é tudo tão certinho que só quebrando tudo.”... Como fazer para “Elae” penetrar o pop e o desconstrutivismo?

No alto da página, o inglês Peter Cook. Acima, à esquerda, desenho de Cook para o projeto de expansão do setor sudoeste de Pinto (Es pa nha), cida de com 33 mil ha bitantes, co nhe cida pela alta qua lida de de vida. Desen vol vido em con junto com o arquiteto es pa nhol Sal va dor Pé rez Ar ro yo, o pro je to en vol ve 3,5 mi lhõ es de me tros qua dra dos. Principais focos da proposta: baixa densidade populacional e amplos terrenos destinados a áreas industriais e lo gísti cas, per mitin do manter o bai xo desem pre go e a boa ren da per ca pita do mu ni cí pio. Tam bém estão pre vistas zo nas co mer ciais e de ser vi ços, insta la çõ es es por ti vas e de la zer, ho téis, um hos pital e es co las da área da saú de. Na página ao lado, Zaha Hadid e o terminal intermodal Hoenheim-Nord, em Strasbourg, França; concluído em 2002, rendeu à ar quiteta o Prêmio Mies van der Rohe 2003. O par tido do projeto são as matri zes de movimento geradas por carros, bondes, bicicletas e pedestres; conver tidos em linhas, esses vetores aparecem em todo o projeto, desde a estrutura, passando pelo mobiliário e pelos cor tes para iluminação no forro, até o es ta ci o na men to para 800 car ros, com pos tes de luz li ne a res e va gas de li mi ta das por li nhas em um úni co sen ti do

46 ARC DESIGN


Foto Roger Rothan

Foto Helene Binet

e, principalmente, o resto Foto Helene Binet

47 ARC DESIGN


Foto Harry Schiffer/www.bix.at

O primeiro comentário da vinda de Peter Cook e Zaha Hadid ao Brasil é a curiosidade de ambos estarem aqui: somos uma espécie de contrário deles, ou melhor, mais ou menos o somos há cerca de 60 anos. Desde 1939 até hoje, europeus e norteamericanos não digeriram por completo a Pampulha (Belo Horizonte) e o MEC (Rio de Janeiro), essas tabas improváveis. O Brasil já é algo do que eles pretendem: uma torção da razão ocidental. E com o maior prazer pela razão, afinal, por ela aqui lutamos todo dia. Em nossos surgimentos, a surpresa no meio arquitetônico foi a mesma, o interesse pela renovação dos costumes o Nas duas pá gi nas, pro je to de Pe ter Cook e Co lin Four ni er para a Kuns thaus, Graz, Áustria, des ti na da a ex po si çõ es de arte con tem po râ nea. O edi fí cio foi ba ti za do po pu lar men te de “Blue Bub ble”, já que os pi sos su pe ri o res pai ram so bre o tér reo en vi dra ça do como uma gran de bo lha de ar. Ou tros ele men tos se des ta cam: os “bi cos”, aber tu ras ze ni tais vol ta das ao nor te para cap tar a me lhor luz; a “agu lha”, es tru tu ra en vi dra ça da em ba lan ço com vis ta para o cen tro his tó ri co de Graz; e o re ves ti men to em acrí li co azul, a “pele” do edi fí cio. Sob esta “pele” está o dis play di gi tal BIX (fu são das pa lavras “big” e “pi xel”), com pos to por mil lâm pa das flu o res cen tes cir cu la res que en viam men sa gens so bre as ex po si çõ es em car taz. A des pei to de sua for te ima gem, o edi fí cio dia lo ga com o en tor no his tó ri co por meio da escala. Os ar quitetos o de finem como “um alien amigável que pousou em uma ci da de bar ro ca, res pei tan do-a e, ao mes mo tem po, provo can do-a”

mesmo: a antevisão do poder liberador da técnica, da crítica e da comunicação, contra o tacão conservador, na modernização da cultura. Talvez saibam: somos a terra de Nostromo (J. Conrad) e nunca a de Marlboro (J. Wayne)... Desconstruir, ou desmontar, como no pop, é uma crítica a como o Ocidente, no seu processo civilizatório, se engaiolou na própria Razão. Na filosofia ela tende a um relativismo absoluto (?!), mas para a arquitetura, que nada tem a ver com isso, a idéia nos interessa. Foto Harry Schiffer/www.bix.at

48 ARC DESIGN


A cultura ocidental, em sua marcha feliz, segue com o profes-

de proposição urbana, até mais intensa do que a de proje-

sor Cook e sua “herdeira” Hadid: ele foi um dos professores

tação arquitetônica.

da Architectural Association (AA), escola em que ela estudou.

Aliás, ambos passaram anos publicando textos e projetos,

O mais interessante é que se nota em ambos uma busca

até possuírem trabalho arquitetônico concreto; ao contrário

incessante: do quê?

dos arquitetos do Brasil, onde quem começa escrevendo

O Archigram, grupo de Peter Cook, surge em 1963 como

jamais vai riscar uma linha, e quem a risca não escreve. Na

uma crítica à forma eurocentrada ou “ocidentalocentrada”

Europa, desenhar, escrever e refletir são parte da ação polí-

de perceber o mundo. A Europa acabava de se reconstruir

tico-construtiva. Lá, a pesquisa é tratada como a “Libertè”,

após a Guerra, colhendo os “frutos” do Plano Marshall, e

de Delacroix, e não a “sinhazinha”, de Rugendas.

tentava criar um ambiente de cultura que sintetizasse o

Foi por estas razões que eles participaram da Architectural

mais liberal da sua história política com o capitalismo

Association, escola de arquitetura criada no século 19. E

tecnocrático da Guerra Fria.

conseguiram introduzir no debate da arquitetura as ques-

E é quando a Europa começa a dissolver características

tões da cultura de massas – sua contemporânea – no que

culturais importantes; uma boa narrativa é o “O Baile”, do

ela é ação articulada e funcionalizada sobre as vontades, ou

italiano Ettore Scola, que filma essa perda.

desejos, da sociedade.

E o Archigram – de architecture+telegram – fez de suas

Hoje temos dificuldade de compreender esses fenômenos

propostas pop delícias da irreverência inglesa, como a cidade

porque eles criam um sistema de quase completo domínio

para festivais de rock: dirigíveis com tendas colossais cobriam

da realidade.

grandes áreas equipadas para abrigar 500 mil pessoas.

É por isso que “Elae” se dispersa.

Para a cultura européia, essa mobilidade era revolucionária.

No momento em que Peter Cook estava articulando sua

Esses dois arquitetos têm uma importante trajetória teórica

ação, a cultura de massas ainda estava se organizando para

49 ARC DESIGN


o que vemos hoje, o que deu a ele tempo de usá-la a seu

porque antecipa o pós-modernismo e o desconstrutivismo.

favor, dignamente.

E assim Peter Cook pode ser compreendido como a pessoa

E este foi um grande passo, pois sua questão essencial era

que serve de chave para se entender o discurso e a ação de

avisar – como quem alerta – o que, e o quanto, na organi-

Zaha Hadid. Para perceber como ela engendra o discurso e

zação da vida das pessoas, principalmente na emocional e

a ação de fraturação da realidade, e com essas quebras

cultural, no caráter interindividual da sociedade, a cultura

mostra o que a realidade esconde, uma vez que se organiza

de massas e a indústria cultural estavam moldando a vida

segundo um sistema funcional muito bem-acabado, e só

das pessoas.

aparentemente caótico.

E que – enquanto e por isso mesmo – estava se engendrando

Hadid, observada no conjunto do desconstrutivismo na

novas formas de se comportar e agir socialmente.

arquitetura, tem questões próprias: ela não apenas frag-

O que isso significa? Que estavam chamando a atenção,

menta o objeto material, as paredes, a estrutura, mas

com novas indagações para o conjunto da cultura, que não

ondula esse espaço.

podiam ser desqualificadas.

Iraquiana, de educação cosmopolita, aluna de Rem Koolhas

E eles, nesse contexto, alertavam para o fato de que você,

– apreciador da arquitetura brasileira –, Hadid reúne a

percebendo isso, poderia elaborar outras formas de orga-

peculiaridade de ser parte oriental e parte ocidental, o que

nizar as coisas, os hábitats e os estabelecimentos humanos,

lhe dá características que a aproximam do Brasil e nos

também a partir desse novo contexto.

permite uma condição particular de compreensão.

Dessa forma, a idéia de cidade modifica-se, o que é interessante

Nessa curvatura do espaço, o aspecto sensorial da arquitetura

Abai xo, Sci en ce Cen ter Wolfs burg, Ale ma nha. O sí tio pe cu liar – o ter re no lo ca li za-se en tre edi fí ci os his tó ri cos, de um lado, e a nova Volks wa gen Car Town, de ou tro – pe dia “uma cai xa pre ta e um es ta ci o na men to”, se gun do Wal ter Nae ge li, di re tor do júri do con cur so que ele geu o pro je to de Ha did. A so lu ção de

50 ARC DESIGN


se torna evidente e também sensual. E sendo como é,

Isso leva à colocação dos debates que aqui aportam, como

Hadid articula uma crítica à margem, de certa forma, da

literais totalizações da realidade.

cultura ocidental. Com isso ela “a-borda” o programa, a

E assim tenta-se transplantar automaticamente as questões

estrutura do edifício, a constituição dos espaços e os

– peculiares e pertinentes aos seus contextos – que esses

materiais, na sua arquitetura. Fragmenta seus volumes

arquitetos estão se colocando.

físicos e cria uma continuidade de fluxos muito interes-

Elas acabam sendo falhas, é claro, porque hoje acontece

sante. E aí ela se define melhor, quando fala da própria

algo muito interessante: o que se chama de globalização é,

arquitetura, em cruzamento de percursos, programas,

na verdade, uma etapa intermediária do processo de mun-

visualidades: ela as funde num todo.

dialização das questões e urgências da humanidade. É

Da análise crítica do programa, Hadid extrai esse confronto

assim que se tenta anular seu potencial crítico: a arquite-

de circunstâncias para constituir seus espaços, os quais

tura de Hadid e Cook se transforma em um perigo para

têm, assim, transparência e luminosidade.

países como o Brasil – que têm uma estruturação cultural

Dada a característica européia, há grande diferença nas

obscura para si próprios –, já que passa a ser tratada

condições de fatura de projetos e obras. Enquanto lá fazem

como fetiche, dentro da lógica de um mercado equivocado

projetos com longo planejamento e obras em prazos

em seu desenvolvimento.

adequados, aqui quase nada disso ainda é possível. Nossa

Se observarmos seus desenhos, veremos todo um processo

confusa organização econômica e política, que já dificulta a

preexistente de organização da produção, de desenho da

pesquisa, nos fragiliza a reflexão e a ação críticas.

produção material da sociedade, que nós ainda não temos.

Ha did, diz ele, foi le van tar a cai xa, co lo can do-a so bre co lu nas, e abrir a área sob ela ao pú bli co. “Ela en ten deu o lu gar e seu con tex to”, dis se Nae ge li. Em cons tru ção des de 1999, o edi fí cio deve ser con clu í do em 2005

51 ARC DESIGN


Exemplos disso são o projeto para a Kunsthaus, na Áustria, de Cook, e o da fábrica da BMW, de Hadid, na Alemanha. Hadid e Cook questionam a produção material porque esta já está muito bem constituída e absolutamente determinada, colocando em xeque essa hiperdeterminação da realidade. Quando Hadid projeta em ângulos, isto só é possível graças à existência de uma mão-de-obra altamente ordenada e qualificada. Ora, aqui no Brasil ainda há muito por definir, o que fazer aqui, antes de que possamos aplicar acriticamente o desconstrutivismo. É preciso indagar o que temos de construir aqui antes, que civilização nós somos, ou como lembrava o Artigas, “que catedrais tendes no pensamento”. E a transposição meramente formal desses projetos entra em choque frontal com nossas demandas concretas. Foi o que se tentou fazer no pós-modernismo dos anos de 1980, aqui no Brasil, e que resultou na mais “bocó” degenerescência das questões mais pertinentes que tinham se desenvolvido na Europa, um entulho que poluiu tremendamente o que já era uma realidade perversa. Sempre fomos um tanto ecléticos na constituição das coisas da realidade. E a aceleração da indústria cultural numa cultura alienada de si cria uma espécie de superecletismo da dimensão de “exterminadores do futuro”. E então aquele pós-modernismo, importado na marra, criou cerca Nas duas páginas, vistas do recém-concluído Rosenthal Center for Contemporary Art, em Cincinnati, Estados Unidos. O terreno compac to, locali zado na es qui na mais movi menta da do centro da cida de, re presentou um for te desafio a Hadid, que costuma utili zar linhas hori zontais em seus projetos. “O terreno é muito compac to, (...) então a idéia do piso térreo, do lobby, se tor na muito impor tante. O térreo deve ser vibrante e ati vo”, explica a ar quiteta. Três es co lhas pro je tuais lo gra ram o efei to “ati vo” dese ja do por Ha did. A pri mei ra de las é o que a ar qui te ta cha ma de “ur ban car pet” (na pá gi na ao lado): a cal ça da da rua aden tra o edi fí cio, atravessa o lobby e, com uma cur va es cul tó ri ca, sobe a pa re de dos fun dos até o úl ti mo an dar, uma ana lo gia ao movi men to re a li za do pelo vi si tan te. O se gun do fa tor é a imen sa altu ra do átrio, fa zen do pe ne trar no lobby a luz na tu ral das cla ra bóias. Por fim, no lobby está o ele men to mais dra má ti co do pro je to: enor mes vi gas me tá li cas em zi gueza gue con ten do as es ca das que li gam os seis an da res. Essas es ca das, que pa re cem flu tuar – apesar de cada uma pesar 15 toneladas –, remetem a uma rua ver tical: se o terreno aper tado não permitia fazer ga le rias es pa lha das, Ha did ti rou par ti do dessa li mi ta ção, crian do um in te ri or que tem o di na mis mo da ci da de. Nada no pro je to é gra tu i to: no ex te ri or do mu seu (foto abai xo), blo cos sobre pos tos em vi dro, alu mí nio es cu re ci do e con cre to liso re fle tem as propor çõ es das ga le rias e dos es cri tó ri os do lado de den tro

52 ARC DESIGN

de dez anos de uma verdadeira bagunça em nossa cultura (note-se como é parecido com a corrupção econômica e política até a era Collor). E acabou naturalmente suscitando uma reação, que foi o surgimento de uma geração de novos criadores, profundamente interessada na cultura brasileira, que voltou a fazer um desenho mais limpo, mais construtivo e mais reflexivo. É na continuidade do espaço, em sua integração com a cidade, na maneira de organizá-lo com a estrutura, na apropriação dos materiais, que eles vêm refletindo, criticamente, na arquitetura desconstrutivista. Porém, com a história da arquitetura brasileira na cabeça, fazem-no como interlocutores adultos e não mais como imitadores pueris. ❉ Pôla Pazzanese é arquiteto e professor da Escola da Cidade.


Fotos Helene Binet

ARC DESIGN

53


PROJETO E CONCEITO Destacando-se em grandes concursos internacionais, o escritório Vigliecca Associados é uma prova de que o Brasil produz, sim, boa arquitetura e, o principal, que aqueles que dão forma a essa arquitetura são mais do que simples projetistas, mas pensadores. Confira um dos projetos que colocou o escritório paulistano em evidência no cenário da arquitetura mundial Winnie Bastian


No alto da página ao lado, vista parcial da fachada principal do museu (cerca de 700 metros de extensão), voltada para a Cairo-Alexandria Road. Nesta página, à direita, acesso pelo eixo monumental (uma grande “avenida” que atravessa o museu) a partir da estrada, e o grande espelho d’água que resgata a memória do Nilo; em segundo plano, quatro “caixas de vidro” marcam a circulação vertical de acesso à exposição permanente

No pé das duas páginas, em primeiro plano, o acesso ao eixo monumental a partir do platô; em segundo plano, a “cobertura-praça” do museu, vendo-se, ao fundo, a Cidade do Cairo

Tendo à sua frente os arquitetos Héctor Vigliecca e

Museum (GEM), organizado pelo Ministério da República

Luciene Quel, o escritório paulistano Vigliecca Associados

Árabe do Egito, com o apoio da União Internacional de

acaba de obter reconhecimento internacional.

Arquitetos (UIA) e patrocínio da Unesco. Inscreveram-se

Concursos não são uma novidade na carreira do arquiteto

1.557 equipes de 83 países, das quais 20 foram selecionadas

Vigliecca, que já participou de mais de 150 concursos

para a segunda fase e, finalmente, foram estabelecidos três

nacionais, obtendo cerca de 35 prêmios.

prêmios (1º, 2º e 3º lugares) e sete menções honrosas. O

Para Vigliecca, os concursos contribuem para o amadureci-

projeto vencedor, do escritório irlandês Heneghan Peng

mento de sua arquitetura cotidiana. Contudo, somente agora o

Architects, deve começar a ser construído em 2004.

arquiteto – que possui aguçada autocrítica – se sentiu prepara-

O projeto de Vigliecca concorreu com grandes nomes da

do para participar de concursos internacionais. Os resulta-

arquitetura mundial, como Eric Owen Moss (Estados

dos obtidos recentemente comprovam o acerto dessa atitude.

Unidos), Arata Isozaki (Japão), Zaha Hadid (Inglaterra), Hans

O primeiro bom resultado internacional foi a menção

Hollein (Áustria), Mecanoo e MVRDV (Holanda). Detalhe: o

honrosa recebida no concurso para o Grand Egyptian

escritório de Vigliecca foi o único não-europeu premiado.


Ao lado, a Galeria do Nilo. No pé da página, a vista aérea noturna evidencia a relação entre o museu e as pirâmides; o novo edifício emite uma “radio grafia de luz”, nas palavras de Vigliecca; todos os pontos de entrada de luz natural durante o dia emanam luz artificial à noite

No alto da página ao lado, à esquerda, vista do eixo monumental a partir do acesso pela Cairo-Alexandria Road. Na sequência, a grande “caixa de vidro” translúcida que abriga os laboratórios, situada junto ao eixo monumental (à direita de quem entra pela avenida)

O atual Museu do Cairo, construído em 1902, foi projetado

presença das pirâmides, as quais, mesmo localizadas a 2 qui-

para receber 200 mil visitantes por ano e expor 35 mil

lômetros do museu, dominam a paisagem do platô. A saída

peças. Hoje o museu recebe 2 milhões e meio de visitas ao

para tal impasse foi tratar a cobertura do edifício como uma

ano e possui mais de 140 mil peças, a maioria estocada por

extensão do platô – o que foi possível graças ao grande desní-

falta de espaço. O novo museu deverá receber 5 milhões e

vel existente entre este e o terreno do museu, que margeia a

meio de visitas por ano e sua área construída será em

estrada que liga a Cidade do Cairo a Alexandria. Estando

torno de 90 mil metros quadrados.

cerca de 25 metros acima da avenida, a cobertura funcionaria

A área destinada ao museu situa-se no limite entre a Cidade

como uma grande praça e permitiria a visão de todo o Cairo.

do Cairo e o platô de Gizé, onde estão as pirâmides de

A localização entre a cidade e o deserto fez com que a

Quéops, Quéfren e Miquerinos. Inicialmente, a equipe

equipe de Vigliecca concebesse o museu como um ele-

deparou-se com uma dualidade: o edital do concurso

mento de ligação entre a cidade e as pirâmides.

determinava que o novo museu deveria ser um grande

Ou seja, não se trata de um edifício tradicional, isolado no lote,

monumento urbano, mas Vigliecca estava convencido de que

com apenas um ponto de entrada e saída, mas sim de uma

o edifício não poderia, de modo algum, “competir” com a

estrutura urbana que pode ser acessada de diversos pontos.


Essa decisão projetual reflete as convicções de Vigliecca, para

locais no projeto, como na escolha dos materiais e técnicas

quem “o projeto surge de uma leitura local insubstituível.

construtivas. A estrutura foi concebida em concreto armado,

Conhecer profundamente o lugar e as condições que o tornam

técnica muito utilizada no Egito, assim como no Brasil. “A

especial é, para nós, o grande ponto de partida”, diz o arquiteto.

estrutura é relativamente simples, apenas tivemos certos

Outro aspecto que merece atenção é o uso de “metáforas”

cuidados porque essa área está sujeita a movimentos sísmi-

no projeto. A Cairo-Alexandria Road, via paralela à fachada

cos”, explica Vigliecca. O interior do edifício é revestido por

principal do museu, é parte de um vale que no século XIX

arenitos e granitos, pedras utilizadas desde a época faraôni-

ainda era atingido pelas cheias do Rio Nilo. Para preservar essa

ca, e que os trabalhadores do Egito sabem utilizar muito bem.

memória, Vigliecca propõe um grande espelho d’água que

Quanto à distribuição dos espaços internos, um zonea-

“invade” o interior do edifício. A topografia local é alvo de outra

mento bem-definido facilita o deslocamento dos visitantes.

metáfora: onde o edifício encontra as dunas, o declive é

Uma “avenida” atravessa o museu transversalmente,

preservado – o talude é revestido com arenito na cor areia –,

conectando os dois principais pontos de acesso e dividin-

refletindo a presença das dunas no espaço interno do museu.

do o edifício em duas partes: uma dedicada às exposições

Também se destaca a incorporação de aspectos culturais

(temporárias no nível térreo, permanente no primeiro piso)


Ao lado, a maquete mostra a continuidade existente entre o platô e a cobertura do edifício proposto por Vigliecca e equipe. Um detalhe interessante: toda a área do estacionamento situa-se sob o grande espelho d’água, o qual é suportado por uma laje craquelada, projetada para romper em caso de explosão, de modo que a própria água do espelho agiria no combate ao fogo. No alto da página ao lado, o corte explicita a “penetração” do sítio no edifício Stepan Norair Chahinian

e outra aos serviços e funções complementares (bibliotecas,

México, organizado pelo Consejo Nacional para la Cultura

escritórios, salas de convenções, teatro/cinema, auditórios,

y las Artes (Conaculta). O escritório de Vigliecca foi um

restaurantes, lojas). Na intersecção entre essa “avenida” e a

dos sete finalistas, escolhidos entre 592 projetos.

fachada frontal, um grande volume de vidro translúcido

Infelizmente, não poderemos entrar em mais detalhes,

abriga os laboratórios e sua infra-estrutura de tecnologia.

pois o concurso está em andamento e os projetos são con-

Uma novidade é a inexistência de um percurso predefinido

fidenciais até que o resultado seja anunciado, o que deve

para a exposição permanente. Pode-se visitar o museu de

acontecer no início de outubro.

duas formas: a partir de um assunto (por exemplo, a

O arquiteto ressalta a excelência da organização do con-

religião através dos tempos) ou a partir de uma época

curso: “o júri internacional foi muito equilibrado, as dis-

determinada (percorrer todos os aspectos de certo período).*

cussões sobre apresentação e os acordos realizados foram

Vigliecca e equipe estão agora participando de um concur-

muito bem conduzidos. Na nossa América Latina, às vezes

so para a construção de uma megabiblioteca na Cidade do

as coisas são bem-feitas”. ❉

04

07 03

01

06

05 08

09

07

58 ARC DESIGN

N

0

ESCALA GRÁFICA (m)

50

100

150

200

PLANTA PISO TÉRREO


AUTORES Arquiteto Héctor Vigliecca Gani Arquiteta Luciene Quel

EQUIPE Arquitetos Ana Carolina M. Damasco Penna André Luque Fábio Farias Galvão Lilian Hun Mario Rodríguez Echigo Ronald Werner Fiedler Ruben Otero Multimídia Flávio Coddou Renderizações Fernando Leal de Lima Henrique Blutaumuller

Museólogo e Historiador de Arte Pieter Thomas Tjabbes Crítica e Historiadora de Arquitetura Sophia Telles Historiador Dr. Charles Villiers Estagiários Fabio Andres Ayerra Muzikantas Fabio Manoel Pereira de Bem Indiana Santos Marteli Maíra Paes de Barros Carrilho Gerenciamento Eng. Paulo Eduardo de Arruda Serra

LEGENDA 01 – Exposição temporária 02 – Exposição permanente 03 – Laboratórios 04 – Galeria do Nilo 05 – Galeria Arqueológica 06 – Restaurante 07 – Serviços 08 – Conferências 09 – Teatro 10 – Pesquisas/Auditórios

Administração Luci Tomoko Maie

*Confira mais detalhes em entrevista exclusiva de Vigliecca para ARC DESIGN: www.arcdesign.com.br

COLABORADORES Engenheiro de Estruturas Eng. Paulo de Mattos Pimenta Eng. Elivaldo Elenildo Silva Ar Condicionado Eng. José de Araújo Neto Maquete Kenji Maquetes Tradução e Revisão Peter Musson Esther Horowitz

LEIA MAIS: Concurso para o Grand Egyptian Museum, na Cidade do Cairo: http://www.gem.gov.eg/index/main.htm Concurso para a Biblioteca José Vasconcelos, na Cidade do México: http://azteca.conaculta.gob.mx/biblioteca/

Nas duas páginas, as plantas-baixas dos pavimentos principais. No térreo situam-se a entrada principal, a área de exposições temporárias e os múltiplos acessos à exposição permanente (quatro elevadores localizados na Galeria do Nilo, três escadas rolantes que saem da Galeria Arqueológica e uma escada rolante que conduz às salas de Tutancamon); grande parte do piso superior abriga a coleção principal do Grand Egyptian Museum. A configuração do interior do museu assemelha-se – guardadas as proporções – à de uma cidade: uma “avenida” principal (eixo monumental) atravessa o edifício e conecta a ruas intermediárias e a grandes praças que dão acesso a lugares específicos

10

03

02 09

08

PLANTA PRIMEIRO PISO

0

ESCALA GRÁFICA (m)

50

100

150

200

N

59 ARC DESIGN


Identifique-se: você é sua senha, não precisa mais memorizar tantos códigos e números! Pelo

SEU OLHO É A SUA SENHA O LG Iris Access 3000, à esquerda, libera acessos em portas e catracas, como também pode reconhecer o correntista de um banco, por exemplo, ou registrar o horário de entrada e saída de funcionários em uma empresa. Basta que a pessoa posicione

reconhecimento da impressão

o olho na direção do visor, em uma distância entre 7 e 25 centímetros, para que o aparelho comece a leitura; o resultado é

digital ou da íris do olho, portas são abertas, transações bancárias são efe-

apresentado em menos de 1,5 segundo. O aparelho é ligado a um sistema informatizado e um software capta e processa a imagem da íris de cada pessoa, identificando todos os pontos

tuadas e a entrada em sistemas de infor-

dos olhos e formando um banco de dados que armazena centenas de milhares de informações, até que sejam requisi-

mática é permitida. Tudo por conta da tecnologia biométrica, que dispensa senhas,

tadas para uma identificação. O Iris Access 3000 reconhece 100% dos registros mesmo que a pessoa esteja de óculos claros ou escuros, lentes de contato ou com os olhos irritados.

cartões, chaves e outros objetos utilizados

A tecnologia não causa nenhum problema aos olhos.

para liberar acessos

www.lgsecuritysystem.com.br

LG Security: (11) 3885-8788

TUDO SOB CONTROLE A conveniência da tecnologia wireless (sem fio) traz conforto e praticidade ao dono da casa digital, com uma interface que integra entretenimento, informação e controle remoto universal. O iPronto da Philips é uma tela LCD “touchscreen” de alta resolução que permite controlar sistemas de iluminação, segurança, climatização e aparelhos de home theater e som. Acessa a internet e pode apresentar, por exemplo, informações sobre a programação da TV e notícias. Está preparado para futuros “upgrades”: microfones e altofalantes inclusos permitem a adição posterior de aplicativos, como telefonia e reconhecimento de voz. Possui entrada para cartões de memória e permite conexão USB para a inclusão de acessórios ou aplicativos futuros. Por enquanto, o iPronto está disponível apenas nos Estados Unidos e na Europa. Philips: 0800-701-0203 www.pronto.philips.com

60 ARC DESIGN


CLICK COM O CELULAR

DISCMAN GRAVADOR

O Motorola T720i possui tela colorida, rádio FM, MP3 player e

Além de reproduzir músicas

câmera digital acoplável giratória, com capacidade para

em MP3, CDs e de fazer

armazenar até 48 fotos em baixa resolução no formato

a leitura de DVDs

JPEG. Possibilita o envio das fotos para celulares

(quando conectado

compatíveis e e-mails, com a opção de inserir

ao computador), o MPD-AP20U da

comentários. Com toques polifônicos, vibracall,

Sony grava CD-R (gravável) e CD-RW

acesso à internet em alta velocidade (GPRS) e

(regravável), possibilitando a realização

mensagens MMS (Multimedia Message Service),

de backup ou a criação de álbuns de fotos ou músicas. Com

o Motoclick também possui facilidades como

design compacto, pesa cerca de 350 gramas, possui con-

chat e memória para aplicações e jogos em

trole remoto, entrada para leitura de cartão Memory Stick,

linguagem Java. O celular pode ser personali-

conexão USB e sistema anti-impacto, que inibe interrupções

zado com a escolha do protetor de tela, ícones

no som quando o usuário está em movimento. Utiliza bateria

de menu, papel de parede e cor de capa.

Infolithium, que possibilita o uso contínuo do aparelho por

Motorola: 0800-701-1244

dez horas, e adaptador para pilhas comuns.

www.motorola.com.br

Sony: 0800-888-4444 www.sonystyle.com.br

SEM DOR NAS COSTAS

DISCOTECA PARTICULAR

Uma mochila que se adapta ao usuário, possibilitando car-

Quem gosta de música sempre encontra um novo CD para

regar vários volumes sem prejudicar a coluna. Assim é a

fazer parte de sua coleção. Pensando nisso, a Bang &

Epic da Nike, com um painel lombar ajustável em “S”, que

Olufsen simplificou o armazenamento das canções ao

transfere o peso da mochila para a região de apoio da coluna.

lançar o BeoSound 3200, aparelho com capacidade de

Na hora de fechar, o sistema em fole comprime ou expande

40GB, que além de tocar rádio grava som digital a partir de

automaticamente seu interior para que os volumes não

CD, CD-R ou CD-RW. O BeoSound 3200 armazena até 400

fiquem soltos, forçando a coluna. Com base

CDs, divididos em quatro pastas, nomeadas conforme a pre-

rígida emborrachada e ex terior em

ferência do usuário, por meio do controle remoto ou direta-

material termoplástico e fibra de vi-

mente no painel. O aparelho não possui bandeja para CDs e

dro (materiais resistentes), a Epic

sim portas em vidro com sensor infravermelho, que se

possui um ponto de flexão em bor-

abrem automaticamente com a aproximação

racha, proporcionando maior liber-

das mãos. Além disso, pode

dade de movimentos. As alças em

ser ligado a até dez pares de

“S” acompanham o contorno dos

caixas de som, em outros am-

ombros e possuem articulação de

bientes, ou ao computador.

35 graus para um melhor ajuste.

Bang & Olufsen: (11) 6693-1086

Nike: 0800-703-6453

www.bang-olufsen.com.br

www.nikeevoce.com.br

61 ARC DESIGN


GAME CELULAR

MELHOR VISUALIZAÇÃO

Não se trata de um telefone

Inovação: a câmera digital Kodak

celular com joguinhos, mas sim

LS633 possui visor de diodo emissor

de um aparelho com design ergo-

de luz orgânico (OLED), uma tecnologia que melhora a nitidez

nômico, específico para jogos, e que

na hora de visualizar as fotos, já que podem ser vistas de pra-

funciona também como um telefone GSM (Global

ticamente qualquer ângulo, mesmo sob luz direta. O visor de

System for Mobile Communications). O N-Gage da Nokia possui

56 milímetros apresenta amplo ângulo de visão de 165 graus.

cerca de 13 centímetros de largura, 7 centímetros de compri-

A LS633 possui lente profissional Schneider-Kreuznach

mento e pesa 137 gramas. Integra rádio FM estéreo e gravador

Variogon, resolução de 3,1 megapixels, zoom óptico de 3x,

MP3, além de oferecer aos usuários uma nova experiência em

zoom digital avançado de 3,3x (com tecnologia que permite

jogos interativos, possibilitando a realização de partidas entre

um resultado melhor na impressão devido à compressão da

vários jogadores por meio de uma rede local (interface Bluetooth),

imagem sem a perda de pixels), vídeo contínuo com áudio,

ou remotamente, via celular. Os jogos podem ser adquiridos por

além de permitir impressões em até 28 x 36 centímetros. Pelo

downloads ou no formato de cartões MMC (MultiMediaCard).

sistema EasyShare, o usuário pode armazenar até 32 e-mails

Com tela de 176 x 208 pixels e 4.096 cores, o N-Gage também

na memória da câmera. Quando ela estiver em sua base,

envia e recebe e-mails. Disponível a partir de dezembro de 2003.

conectada ao computador, as fotos poderão ser enviadas para

Nokia: (11) 5681-3333

os endereços de e-mail desejados.

www.nokia.com.br

Kodak: 0800-15-0000 www.kodak.com.br

SINTONIA COM SATÉLITES Com o relógio Ironman Timex Bodylink, é possível controlar a performance pessoal em atividades físicas. Acompanha um equi-

MÚSICA SEM PARAR

pamento – para ser usado no braço – com tecnologia GPS (Global

Um MP3 player de 30GB, que armazena 7.500 músicas ou o

Positioning System), capaz de informar precisamente a que

equivalente a duas semanas ininterruptas de som sem

distância e em qual velocidade a pessoa está. Além disso, um

repetição. O iPod da Apple é mais leve que dois CDs (pesa

sensor de monitoração cardíaca digital registra os batimentos

160 gramas) e tem autonomia de uso de oito horas. Com a

cardíacos e transmite-os ao relógio, mostrando a média por ativi-

função Auto-Sync, é possível sincronizar a lista de canções

dade e o cálculo automático da frequência mínima e máxima,

do computador (Macintosh e Windows) com a lista do iPod,

com base na idade do praticante. Caso a pessoa esteja abaixo ou

realizando atualizações automaticamente a partir do toque

acima do recomendado, o alarme soa. Possui cronômetro, timer

de um botão. O iPod possui base com

regressivo de até 100 horas, resistência à água em até 50 me-

saída de áudio para conexão a

tros de profundidade, duas zonas horárias (qualquer país) e

aparelhos de som ou ao compu-

função Night-Mode, que acende uma luz pelo aciona-

tador, acompanha fones de ouvido

mento de um botão. O relógio está habilitado

e está disponível também nos

para transmitir dados ao equipamento Data

modelos de 10GB e 15GB.

Recorder (opcional), que os repassa ao

Apple: 0800-12-7753

computador por meio de conexão USB.

www.apple.com.br

Timex: 0800-703-8787 www.timex.com.br

62 ARC DESIGN


DISCRIÇÃO NO AMBIENTE Nas cores madeira e metálico (foto), e com 137 milímetros de

MOUSE LIBERA O ACESSO

espessura, o split Art Cool da LG pode tranquilamente compor a

Notebooks e computado-

decoração de um ambiente, pois não causa ruídos “visuais” ou

res em rede geralmente

sonoros. Com saída de ar em três direções, possui controle remoto

contêm informações valio-

com tela LCD, timer de 24 horas para programação da hora de

sas e confidenciais, neces-

ligar e desligar, reinício automático e função adormecer (após

sitando de meios mais

uma hora a temperatu ra

seguros que a digitação de

sobe 2 graus, aumentando

senhas para barrar o acesso de pessoas não-autorizadas.

o confor to térmico). Dispo-

O SCUA FingerTrue (www.scua.com.br) é um sistema de

nível nas versõ es frio e

autenticação biométrica que possibilita identificar uma

quente/frio.

pessoa a par tir de sua impressão digital. O software

LG Eletronics: 0800-707-5454

acompanha o periférico Siemens ID Mouse, que possui um

www.lge.com.br

sensor que compara, a par tir de diversos ângulos, as impressões digitais com os dados registrados no computador. O sistema é capaz de reconhecer um usuário mesmo que seu dedo tenha alguma sujeira ou arranhão. Siemens: 0800-11-9484 www.siemens.com.br

CELULAR PARA NEGÓCIOS Com design fino e anatômico, o MIT i330 é ideal para

KIT COMPLETO

profissionais que usam o celular como ferramenta de trabalho, pois possui funções de PDA e sistema ope-

A câmera digital PowerShot

racional Palm. Com display colorido “touchscreen"

SD100 da Canon tem como

(160 x 240 pixels), reconhece a escrita e apresenta

novidade o uso do cartão de memória SD (Secure Digital), do

funções como agenda de telefones e compromissos,

tamanho de um selo postal, com capacidade de 16 MB.

lista de tarefas, bloco de notas, calculadora e jogos. Para

Compacta, a câmera possui 3,2 megapixels, zoom óptico de

quem viaja bastante, há a possibilidade de fazer roaming digital,

2.0x, zoom digital de 3.2x e resolução de 2.048 x 1.536 pixels.

em países que utilizam o padrão de telefonia CDMA (Code Division

Com sensibilidade selecionável entre ISO 50, 100, 200, 400

Multiple Acess). Com menu em inglês, o PDA funciona mesmo que

e AUTO, usa bateria de lítio recarregável. Para imprimir as

o telefone esteja desligado. O MIT i330 permite discagem por

fotos imediatamente, basta conectar à impressora CP300,

comando de voz, navegação na internet e transmissão de dados

que utiliza o método de sublimação térmica com verniz e

em alta velocidade (144 Kbps), bem como envio e recebimento

imprime no tamanho máximo de 10 x 15 centímetros, com

de e-mails e mensagens de texto SMS (Short Message Ser vice).

resolução de 300 x 300 dpi.

Possui campainhas polifônicas, alerta vibratório e secretária ele-

Canon: (11) 5070-7200

trônica, além de 16 MB de memória para armazenar aplicativos

www.canon.com.br

Palm compatíveis. Acompanha duas baterias, carregador de mesa com cabo USB acoplado, capa de couro, canetas "stylus”, CD com programa para sincronismo de dados e fone de ouvido com microfone para viva-voz. Samsung: 0800-12-4421

www.samsung.com.br

63 ARC DESIGN


PUBLI EDITORIAL

FORMA

Peças funcionais, versáteis e elegantes, para decorar ambientes residenciais ou corporativos. Desenvolvida por George Ciancimino, a linha Kent está sendo produzida no Brasil pela Forma, sob licença da Acerbis International, empresa presente no mercado italiano desde 1870. Um dos destaques da linha Kent é o sistema de encaixe: as mesas podem crescer tanto em largura quanto em extensão, ao serem acopladas, por exemplo, para compor estações de trabalho ou mesas de reunião, como se fossem peças de um jogo “Lego”. Com estrutura em alumínio e pés extrudados formando desenhos aparentes, as peças possuem tampos em vidro jateado ou em madeira (freijó, andiroba, louro-escuro e marfim). Uma linha completa, composta de mesas altas e baixas – quadradas e retangulares –, escrivaninhas e aparadores. As escrivaninhas têm como grande diferencial a flexibilidade. Sua estrutura suporta um sistema de corrediças que permite o deslocamento, sob o tampo, de gaveteiros e porta-CPUs, com apoio para impressora Acima, detalhe do encaixe estrutura/base da linha Kent: o sistema permite acoplar facilmente diversos tampos, como em um jogo “Lego”, de acordo com as necessidades do usuário. No alto da página ao lado, escrivaninha com gaveteiro e módulos para CPU e impressora, sustentados pelo sistema de corrediças; embaixo, aparador, escrivaninha e mesa baixa com tampos em madeira e vidro

e outros equipamentos. Além da resistência e da praticidade, a linha Kent apresenta desenho contemporâneo, limpo e racional, em peças que se complementam.

FORMA Av. Cidade Jardim, 924 São Paulo, SP – Tel.: (11) 3816-7233 Rua Farme de Amoedo, 82A Rio de Janeiro, RJ – Tel.: (21) 2523-2949 www.forma.com.br



OBSTINADO RIGOR Foto Gui von Schmidt

Francisco Homem de Melo

Em 1950, aos 22 anos, Alexandre Wollner viu no jornal um pequeno anúncio do MASP abrindo inscrições para um curso no Instituto de Arte Em 1959, o time do Forminform (abaixo) inicia suas atividades: Ruben Martins, Geraldo de Barros, Walter Macedo e Wollner. Este últi mo acabara de retornar de Ulm, onde carregava a carteira de estudante nº 132. À direita, fragmento da assinatura do designer na capa do volume recém-editado que narra sua trajetória e mostra sua obra

Contemporânea (IAC). Esse anúncio mudou a vida do até então errático estudante. Do curso do IAC, Wollner foi indicado para estudar na célebre Escola de Ulm, sucessora da Bauhaus. A partir desse contato com a cultura de vanguarda da época, Wollner fez incursões pela pintura, pela fotografia e pelo design, onde se fixou definitivamente. Em 1958, no retorno ao Brasil, fundou o Forminform, junto com Geraldo de Barros e Ruben Martins, primeiro escritório brasileiro de de sign. Se guiu-se uma im pres si o nan te sé rie de pro je tos de iden -

Reprodução

ti dade cor po ra ti va para al gu mas das prin ci pais em pre sas bra si lei ras. Além da intensa atividade profissional, Wollner dedicou-se sempre à difusão do design, seja como professor, integrando Abai xo, no iní cio dos anos de 1950, Pi e tro Ma ria Bar di e Lina Bo Bar di la deiam Bia e Max Bill, em uma das vi si tas ao Bra sil do ar tis ta su í ço, en tão di re tor da Es co la de Ulm. No pé da pá gi na, à di rei ta, vis ta da sala de aula do IAC, no mes mo pe rí o do. Na pá gi na ao lado, a ex pressi va reu ni ão de tra ba lhos de Woll ner, em car taz de 1977

a equipe que fundou a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro, seja participan do de en ti da des pro fis si o nais. Aos 75 anos, con ti nua em ple na ati vi da de como de sig ner e como di vul ga dor in can sá vel da cul tu ra do de sign.

Reprodução


67 ARC DESIGN


Alexandre Wollner é uma figura polêmica no cenário do design gráfico brasileiro: para uns, mestre definitivo; para outros, pregador convicto dos princípios da Escola de Ulm. No entanto, em um aspecto todos concordam: não se pode escrever uma história do design nacional sem que ele ocupe lugar de relevo. A Cosac & Naify acaba de publicar “Design Visual 50 Anos”. O livro, escrito e projetado pelo próprio Wollner, mescla biografia, reflexões sobre design e relatos dos principais projetos realizados ao longo de cinco décadas de atividade incessante. Trata-se de um panorama que permite ao leitor conhecer a amplitude de sua atuação, a qualidade de sua obra e os princípios de coerência projetual que nortearam sua trajetória.

DESIGN CORPORATIVO No território do design, Wollner fez de tudo um pouco: Nas duas pá gi nas, dia gra mas cons tru ti vos dos si nais da Eu ca tex (aci ma), da Prob je to e da Me tal Leve (na pá gi na ao lado), e apresen ta ção resu mi da do sis te ma da iden ti da de vi sual da Ul tra gaz (abai xo): a pre o cu pa ção constante com o ri gor e a nor ma ti za ção das men sa gens

cartazes culturais, embalagens, livros, sinalização de ambientes, até mesmo publicidade. Contudo, a partir do balanço apresentado no livro, fica claro que o foco de sua atuação foi de fato o design corporativo. Nesse campo, a cultura projetual brasileira está apoiada em três pilares: Wollner, Aloísio Magalhães e o escritório Cauduro/Martino. Esses nomes são responsáveis pela formação de várias gerações de designers. A partir dos anos de 1960, foi de suas pranchetas que começaram a sair os mais importantes programas de identidade visual do país. Wollner foi o único desse grupo que cumpriu um período formal de estudos na matriz do pensamento projetual racionalista, a Escola de Ulm. Em uma época em que as pessoas e as informações não circulavam com a facilidade atual, essa experiência pessoal talvez explique sua militância obstinada na defesa do ideário ulmiano. E qual é esse ideário? Ele principia por uma compreensão abrangente do processo de projeto, produção e recepção de produtos e mensagens. O flerte do discurso é com a ciência: a ação do designer seria balizada por critérios objetivos e procedimentos sistêmicos, a partir dos quais derivaria a solução visual capaz de responder à miríade de fatores que têm de ser combinados pelo projeto. Naqueles anos de desbravamento de território, algumas das premissas desse ideário eram explicitadas nos textos

68 ARC DESIGN


de apresentação dos projetos. Ou seja, além de projetar, o objetivo era também o de persuadir o empresário da então incipiente indústria nacional. Décio Pignatari, poeta concreto, teórico da comunicação e parceiro de Wollner em diversos trabalhos, era o autor desses textos. Um deles apresenta o projeto da Probjeto. A data, acredite, é 1964. Basta citar dois trechos para entender a abrangência conceitual e cultural que embasava as propostas: produtos e objetos são processados na indústria como os dados num computador eletrônico (...) quantidade é qualidade o belo é o significado o significado é o uso o uso é a comunicação (...) Na sucessão de casos que Wollner relata no livro, ainda que a insistência nas teses defendidas possa soar repetitiva, as soluções de desenho exibem sofisticação e talento incomuns. Aí estão os projetos da própria Probjeto, da Eucatex ou da Metal Leve, para não deixar dúvidas em ninguém.

A PERSPECTIVA WOLLNERIANA O fato de a atuação de Wollner inscrever-se fundamentalmente no campo do design corporativo ajuda a compreender algumas de suas generalizações conceituais. Se lembrarmos que todo discurso traz as marcas do lugar a partir do qual ele é enunciado, muitas das teses defendidas por Wollner derivam na verdade dessa sua vasta experiência com o design corporativo. Ao ignorar a produção de design brasileiro que não se pautava ou não se pauta pelos mesmos princípios que regem o design de raiz racionalista, corremos o risco de deixar escapar combustível precioso para realimentar a cadeia da linguagem. No caso de Wollner, acima do discurso está sua obra. E ela é maiúscula. Em sua breve apresentação do livro, Décio Pignatari lembra o “ostinato rigore” que, para Leonardo da Vinci, caracteriza o trabalho do artista. Esta talvez seja a expressão que melhor traduza a postura e a trajetória do mestre do design brasileiro Alexandre Wollner. 69 ARC DESIGN


À es quer da, no alto, car taz cria do com Ge ral do de Bar ros; no cen tro, car taz ven ce dor do con cur so para a 3ª Bi e nal de São Pau lo; na se quên cia, car taz para o Ins ti tu to Cul tu ral Itaú, 1988. Aci ma, à es quer da, lo go ti po e em ba la gem para pro du to da Fia tlux de 1970; na se quên cia, o logo ti po cria do para o Mu seu de Arte Con tem po râ nea da USP, tam bém de 1970

ENTREVISTA REALIZADA EM AGOSTO DE 2003 ARC DESIGN – Qual foi o ensinamento mais importante da Escola de Ulm? ALEXANDRE  WOLLNER – O processo da gestalt, a metodologia científica e técnica, a consciência de inovar o seu processo criativo e construtivo a cada novo projeto, não se repetindo mas evoluindo, evitando se manifestar como estilo (style), executando sempre a mesma coisa, ser moda. A.D.  – Na sua opinião, por que as instituições brasileiras não incentivaram a pesquisa de novos signos que representassem uma identidade nacional? A.W. – Pelo simples fato de que as nossas instituições governamentais, econômicas, culturais, educativas e produtivas não estão interessadas e não investem na produção de uma definição dessa identidade. O que é curioso é que a nossa economia sente que não temos nada para expor tar, a não ser matéria-prima mineral e produção agrícola, que já é bem avançada (a agrícola financiada pelos próprios agricultores), a industrial não existe, nem como política, nem como investimento, nem como planejamento. A curto prazo, neste segmento, é impossível planejar, ninguém se mexe. Então não há o aproveitamento dos designers nacionais, que têm nível internacional. Esta pergunta, preferivelmente, deve ser dirigida às nossas instituições, se é que elas têm consciência disso. A.D. – Alguns profissionais norte-americanos têm afirmado que uma parte do trabalho das agências de publicidade está sendo transferida para os estúdios de design gráfico. Como seria esse processo? A.W. – Ao contrário, os designers, com preparação técnica e administrativa adequada, estão assumindo uma posição de respeito profissional junto às agências de publicidade globais – que atualmente atravessam uma grande crise – e, por serem mais objetivos e menos efêmeros, desenvolvem projetos mais consistentes e reais. O problema é que, ao reunir publicitários, merchandisers e designers, todos tenham consciência da função

Globo Terrestre

70 ARC DESIGN

Globo Terrestre Ponto emissor


Seja em car ta zes, seja em em ba la gens ou em si nais, a he ran ça cons tru ti va está sem pre pre sen te. As la tas das sar di nhas Co quei ro (aci ma) são um exem plo de lon ge vi da de da lin gua gem grá fi ca: pro je ta das em 1958, só fo ram al te ra das pela em pre sa em 2000. No pé da pá gi na, a iden ti da de vi su al da In fo glo bo, um exem plo do ra ci o cí nio vi su al em pre ga do com fre quên cia por Woll ner na con cei tu a ção dos si nais que pro je ta

de cada um e respeitem a responsabilidade do trabalho em grupo, participando de forma integrada, evitando lideranças que visem somente poder formal e financeiro. Naturalmente, a formação desses profissionais deve ter como objetivo essa nova realidade. Isto está se tornando normal na Inglaterra e nos EUA e logo estará entre nós. Que as escolas de publicidade, de marketing e de design tomem consciência desta nova situação. A.D. – A gráfica televisiva nem sequer existia quando você começou a trabalhar com design. Hoje, ela ocupa um espaço enorme na construção da visualidade gráfica contemporânea. Você já atuou nessa área? O que acha do que foi e do que é feito no Brasil? A.W.  – A Rede Globo é um exemplo do alto nível e evolução do design televisivo brasileiro reconhecido em todo o mundo. Como sou mais conhecido e solicitado para desenvolver design corporativo, e a cultura brasileira divide as profissões em especialidades, não sou especificamente solicitado nesta área. É incrível, design é uma atividade ampla e a sua formação exige o conhecimento técnico de todas as áreas do campo visual. Vejam o título do meu livro: Design Visual ao invés de design gráfico; é porque hoje desenvolvemos também projetos visuais nas empresas que atendemos, viabilizando a possibilidade de uso no veículo televisivo. A.D. – Nos últimos anos, a internet vem absorvendo cada vez mais designers. O que muda com ela? Já dá para afirmar que há um design consistente projetado para a internet? A.W. – Exis te ain da a pro cu ra de uma lin gua gem da in ter net. Pes-

Globo Terrestre Ponto emissor Pontos receptores

soalmente acredito que nem a televisão encontrou a sua linguagem. A influência dos nossos hábitos dificulta o descobrir de novas linguagens ainda incompatíveis com a velocidade da tecnologia. Com paciência chegaremos lá. A.D. – Que projeto profissional você sonha realizar? A.W. – O design gráfico e visual de um jornal diário nacional: veículo perfeito para resgatar a identidade brasileira depois de tanta influência estranha à nossa cultura. Estamos no ponto ideal de começar esse processo. O atual Jornal da Tarde, de Murilo Felisber to, é um exemplo dessa conquista. Outro exemplo foi, no final da década de 1950, o desenvolvimento do Jornal do Brasil, por Amílcar de Castro, outra referência. Agora por que não tentar desenhar um novo jornal brasileiro por meio do Estadão ou do Jornal do Brasil, verdadeiros meios da nossa cultura, assim como é o New York Times para os nor teamericanos ou o Süddeustche Zeitung para os alemães. Integrado como veículo de informação jornalística, editorial, publicidade, merchandising e design! A.D. – Para encerrar, voltemos ao design corporativo, sua principal área de atuação. Como você vê a tendência recente de falar em “branding”? Quem faz branding faz mais do que quem faz (ou fazia) programas de identidade visual? A.W. – Esta atual tendência de branding nada mais é do que abocanhar um velho mercado. O branding foi desenvolvido a partir dos anos de 1960 em todo o mundo, até mesmo aqui no Brasil. Para quem é desinformado, como os nossos barões, está na moda e custa caro. ❉

Globo Terrestre Ponto emissor Pontos receptores Especificação de emissão Identidadde do emissor

71 ARC DESIGN


De 7 de novembro a 7 de dezembro 3ª a domingo das 13h00 às 18h00

design

Venha conhecer o resultado do mais conceituado prêmio de design de produtos no país

17

17º PRÊMIO DESIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA

MOBILIÁRIO, UTENSÍLIOS, TÊXTEIS E REVESTIMENTOS, ILUMINAÇÃO, EQUIPAMENTOS ELETRO-ELETRÔNICOS, EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO E ENSAIOS CRÍTICOS realização

SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA

patrocínio

produção cultural

apoio

Av Brigadeiro Faria Lima 2705 São Paulo SP • |11| 3032 3727 • http://www.mcb.sp.gov.br Ingressos: R$ 4,00 e R$ 2,00 |estudantes e pessoas com mais de 60 anos de idade| Aos domingos entrada gratuita


linha giro

Linha de projetores em alumínio injetado para lâmpadas PAR 30, AR 111, CDMR ou CDMR 111, com aplicação em trilho, laje, forro de gesso ou pendentes Possibilita o uso de filtros coloridos, translúcidos, escultural, ou grelha honeycomb Para informações sobre dimensões e demais critérios de especificação acesse www.lumini.com.br Design Fernando Prado

foto andrés otero design dárkon vr


Uma Publicação Quadrifoglio Editora / A Quadrifoglio Editora Publication ARC DESIGN n° 32, Setembro/Outubro 2003 / September/October 2003

Apoio / Support:

Diretora Editora / Publisher – Maria Helena Estrada Diretor Comercial / Marketing Director – Cristiano S. Barata Diretora de Arte / Art Director – Fernanda Sarmento Redação / Editorial Staff: Editora Geral / Editor – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico / Graphic Design Editor – Fernanda Sarmento Chefe de Redação / Editor in Chief – Winnie Bastian Equipe Editorial / Editorial Staff – Daniele Rissi (Redatora) Jô A. Santucci (Revisora) Tatiana Palezi (Produtora) Apoio Institucional / Institutional Support: Traduções / Translations – Paula Vieira de Almeida Arte / Art Department: Designers – Cibele Cipola Milena Codato Participaram desta edição / Contributors in this issue: Francisco Homem de Melo Pôla Pazzanese Departamento Administrativo / Administrative Department: Fabiana Ferreira da Costa Departamento de Publicidade / Advertising Department: Ivanise Calil Departamento de Circulação e Assinaturas / Subscriptions Department: Cristiane Aparecida Barboza Denise Toth Gasparotti Conselho Consultivo / Advisory Council: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta (Fundação Padre Anchieta’s director); arquiteto (architect) Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia (designer, expert on ergonomy); Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de Arc Design para assuntos internacionais (expert on European culture and design, Arc Design consultant for international subjects) CTP: Takano Editora Gráfica Ltda. Impressão / Printing: Takano Editora Gráfica Ltda. Papel / Paper: Suzano Papel – Couché Reflex Matt (miolo – 150 g) Supremo Duo Design (capa – 250 g) Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito. The rights to photographs and articles signed by ARC DESIGN contributors are property of the authors. Photographs for publicity were provided by the companies, institutions or professionals referred to in the articles. Total or partial reproduction of any part of the magazine is only permitted with prior, written consent by the publishers. Cromos e demais materiais recebidos para publicação, sem solicitação prévia de ARC DESIGN, não serão devolvidos. Chromes and other materials received for publication, but unsolicited by ARC DESIGN, will not be returned.

Arc Design – endereço para correspondência / mailing address: Rua Lisboa, 493 – CEP 05413-000 São Paulo – SP Brazil Telefones / Telephone numbers: Tronco-chave / Switchboard: +55 (11) 3088-8011 Fax: +55 (11) 3898-2854 e-mails: Administração / Administration: administarc@arcdesign.com.br Assinaturas / Subscriptions: assinearc@arcdesign.com.br Comercial / Marketing: comercial@arcdesign.com.br Direção de Arte / Art Direction: artearc@arcdesign.com.br Editora / Editor: editoraarc@arcdesign.com.br Produção / Production: producao@arcdesign.com.br Redação / Editorial Staff: redacaarc@arcdesign.com.br

Internet Site:

www.arcdesign.com.br


VISITE O NOVO SITE DE ARC DESIGN

• ferramentas de busca abrangentes • índice por assunto • matérias de capa na íntegra • agenda atualizada de eventos e concursos • assinaturas e renovações on-line • design links

www.arcdesign.com.br Para assinar ou renovar sua assinatura de ARC DESIGN, você pode optar pelo site ou contactar diretamente nossos representantes em todo o Brasil: Bahia: (71) 341-0122 Minas Gerais: (31) 3463-7427 Paraná e Santa Catarina: (41) 352-6444 Rio de Janeiro: (21) 2295-1391 Rio Grande do Sul: (51) 3346-5639 São Paulo: (11) 3088-8011




TEL – +55 (11) 3088-8011 FAX – +55 (11) 3898-2854 SITE – www.arcdesign.com.br e-mail – assinearc@arcdesign.com.br Nome

Data de nascimento

Empresa

Ramo de atividade

Endereço

Comercial

Bairro

CEP

DDD

Fone

Cidade Fax

Residencial Estado

e-mail

I.E./RG

CNPJ ou CPF

Data

Assinatura

ASSINATURA ANUAL 6 números da revista 1 PAGAMENTO DE R$ 75,00 2 PAGAMENTOS DE R$ 38,00 FORMA DE PAGAMENTO:

ASSINATURA BIANUAL 12 números da revista 1 PAGAMENTO DE R$ 150,00 2 PAGAMENTOS DE R$ 76,00

Depósito em conta corrente*

Cheque

Cartão de Crédito

*Somente à vista. O comprovante de depósito deverá ser enviado com esta ficha preenchida para o fax (11) 3898-2854. Depósitos: Banco Itaú (341) - Agência 0036 C/C 50948-7 ou Banco BBV (641) - Agência 0739 C/C 01.00000804

CARTÃO DE CRÉDITO: Nº do cartão

American Express

Diners Validade

Mastercard /

Visa

Para adquirir números anteriores, consulte-nos por e-mail (assinearc@arcdesign.com.br) ou por telefone (11 3088-8011)

Você também pode assinar ARC DESIGN pelo website www.arcdesign.com.br

Name / Company Occupation Address Zip code

City

Telephone

Date

State

Country

e-mail

Signature

ANNUAL SUBSCRIPTION (6 issues) North and Latin America US$ 70,00 Europe and Africa US$ 75,00 Asia and Oceania US$ 83,00 Credit card number

METHOD OF PAYMENT: Mastercard Visa Diners American Express

Expiring date

/

Selected past issues are available for sale (e-mail us for more information: assinearc@arcdesign.com.br) Delivery period: about 35 working days.

You can also subscribe to ARC DESIGN through our website www.arcdesign.com.br Quadrifoglio Editora: Rua Lisboa, 493 – CEP 05413-000 – São Paulo – SP – Tel.: +55 (11) 3088-8011. Fax: +55 (11) 3898-2854.


EDITORIAL This issue of ARC DESIGN is dense and full of con-

DESIGN, INNOVATION AND QUALITY OF LIFE – page 14

tents and totally new subjects that are very interesting in architecture and in design. At the same time, it is

Would you like to know how the future will be

also a pleasure for the sight, with a photographic

like - at least in the rich countries? Visit Sweden. Innovation, technology, design and behavior have

material of major importance.

a strong objective in common: to trans-

As a starting point, there is Sweden, a country that

form the country into a very powerful nation with an extremely high quality of life.

has perplexed us.

Yet, if it is not possible to go to beautiful

Do not skip even one line of the pages on technology

Stockholm, you can visit the exhibition

and design based on innovation. And do not miss the

brought from Sweden to São Paulo and

exhibition brought by Sweden to Brazil. We apologize

attend to the scheduled seminars

brave new world!” Architecture, the new section of ARC DESIGN, proceeds with two great international renowned personalities, Peter Cook and Zaha Hadid, and an excellent deconstructed critical text by architect Pôla Pazzanese. And there is more: a very good Brazilian architect, Héctor Vigliecca, with his project for the Grand Egyptian Museum. Brazil also appears with its most sensible designerhandicrafter. The Brazilian roots carefully researched for the contemporary market are presented with the same sensitivity by architect Janete Costa at the Museu da Casa Brasileira. Thanks to Sebrae, this Brazil has reached the public from São Paulo, Rio de Janeiro and the south of the country. Such movement cannot be interrupted; the Brazilian vocabulary in design is going to be originated from it. We also present design in Portugal and the example of lighting design taken to its major consequence, the project Luz Cor, based on lighting architect Esther Stiller’s words. In an issue like this, great Brazilian graphic designer Alexandre Wollner could not be missing. Enjoy it! Maria Helena Estrada

Maria Helena Estrada A country with a long winter season, without much sunshine, is a country with colorful architecture. That is how Stockholm looks like: a gift for your sight. It is beautiful, settled over sixteen islands in an archipelago with other twenty-five thousand ones, forming the whole Swedish territory. It also has an architecture that alternates old narrow houses (many painted in hot yellow or strong red) to governmental buildings like, for instance, the Roman-style Palace, or big hotels and other French-like buildings. The old town, Gamla Stan, built in the 12th and 13th centuries, is the famous touristic spot, with its narrow little streets and flowery squares (at least in the summer). Stockholm is charming, just like its fascinating old market – which is full of scents of the most varied types coming from flowers until smoked salmon. But this people’s social conscience and huge talent for inventiveness are indeed the most impressive aspects. In the exhibition Design and Innovation for Quality of Life, Sweden exposes new products while outlining its ambitions in quite objective terms: technology and innovation, allied to design, in search of an old leadership, and the longing for the most perfect and suitable quality of life. In fact, a country that reached minus twenty-two degrees Celsius in the last winter really needs all the care and comfort it can get. However, the Swedish institutions in charge of promoting design and technological development for the country do not mention about only that type of quality. Products of an extremely high technology like the portable satellite, the mobile telephone, the mouse, the automatic vacuum cleaner, the airbag sensor, the dental titanium implant or the welders’ helmet with liquid crystal display already indicate a growing leadership. The phenomenon Ikea is also Swedish; the international chain of stores for homes represents the dream of the accessible beauty for every one, in compliance with the country’s principles. Yet, the Swedish tradition in the innovations field dates from the preindustrial times: in 1888 the famous monkey-wrench was created – a Swedish invention, just like the zipper, patented in 1914; besides the safety match, the ships propeller, among others, not forgetting to mention that Sweden is also the nation of the dynamite’s inventor: famous Mr. Nobel! One of the many visited institutions gave us the exact dimension of the Swedish government’s concerns and actions, in a program elaborated by the Swedish Industrial Design Foundation, whose title is “Proposal for a national program for design applied as an impulse for the development

English Version

for making use of the old expression, but it is “the


in the public and private sectors.” Its subtitle is: “Sweden: innovative caring society.” In recent decades, such calling for innovation has started being well administrated by the government, with the creation of some structures that motivate and conduct new inventions, like the referred Foundation. “Children from 6 or 7 years old on are starting to be introduced in the technology world,” its director explains. “That is how the mentality of a country is formed: with the use of an open mind and the need for acquiring what still does not exist.” It is the same case of the portable satellite’s invention or, as Torr Bonnier (who works at the Reload Design studio) explains, “More than inventions, improvements of existent ideas are what occur, leading to the creation of new products.” Along with the portable satellite, which is ideal for journalism (once it may be easily used in any lost place in the world), a “fortunate” coincidence happened: it only started being produced by the company Swe-Dish when the Iraq war suddenly emerged – CNN immediately bought thirty satellites and, among other television channels, other sixteen were sold. The price? One thousand US dollars each! Devoted to the ergonomic aspects of design, the Ergonomi Design Group is one of the most famous studios in Sweden. “What does design mean to us? Life,” John Grieves states. In the studio, the work process is to test new ideas based on observing how people make use of the tools and to find solutions that respect the user. “Be the best in test” is the studio’s slogan. It sounds simple, but it is through the accurate observation that products come up, like the plate and spoon for children’s meals, the set of combs and hairbrushes for old people who have undergone a surgery – which reduces the arms movements; or the line of screw-drivers and knives, like the special one for mushrooms. “Design is aesthetics, identity and function,” they assert. The young men of Smart Design work at the Interactive Institute, which was created for researching on the interaction and the possible consequences of the virtual world over the real world, that is, “web world X real world.” As results from that research, there are the fun games, such as “the catcher”, which is an online exhibition, as if someone in the physical space could reach someone else in the virtual space. But, among other experiences, there is also Brainball, which acts as a pingpong controlled by the brain waves: a tiny ball spins from one edge of the table to the other one, moving in direction to one or another player. The winner is the one who gets less stressed. Brainball will take part in the exhibition, having the ability of measuring our stress level! Due to the country’s technological advance, Swedish designers currently have the possibility of creating and developing products with a simple appearance but sophisticated industrialization. What is Swedish design nowadays? As sure as it can be, it is the reflex of the nation’s behavior and of its professionals’ conscience in relation to the environment itself and to each individual or community group. The development of contemporary Swedish design also represents the combined effort – from the government, companies, and professionals – to introduce in the country, and also export, the highest quality of life standard. At last, all this united effort aims at reestablishing the old Swedish design leadership, as well as the one belonging to the Scandinavian in general, coming back to prestigious and qualified standards from 1940 until 1960. And it is astonishing to see the result of such operation – very well conducted and better arranged. Innovation. This is a demand as primordial as quality and utility. It 80 ARC DESIGN

takes us to further commanding aspects in culture and in contemporary Swedish design, like credibility, honesty and its democratic feature, that is, the conviction that well-designed good-looking projects must be accessible to every one. Does this proposal sound naive? On the far contrary: Sweden knows exactly the role it might achieve to play as a nation, by stimulating the latest technology, design and innovation. That is the ambition enraptured in the Swedish pride, which is visible every time. Another important aspect: it is possible to mention that Sweden has already run out of possibilities of creation based on its own cultural tradition, that is, the so-called “blond design.” Nowadays, designers claim to be more interested in function than in appearance and prefer to find out new solutions for everyday problems instead of “selling old ideas wrapped as a gift.” Likewise, such lack of “gift wrapping” is exactly what we see almost everywhere. At first view, we Brazilians, followers of the Italian aesthetics and its splendid showrooms, get astonished at the apparent poor aspect of the shops in Stockholm. But we just have to adjust our perspective for such “poverty” to be transformed into essentiality and intelligence. A curious detail has also drawn our attention when we visited the several institutions and studios: in each one of them, over one of the tables, next to a tray made of stainless steel (purest Scandinavian design) with coffee and water, cups and glasses, there was a beautiful piece (also made of steel) with fresh fruits! Who are the professionals inhabiting those studios? Who are the new talents of Swedish design? Besides industrial designers and engineers, who are great experts on technology, a new brilliant generation of designers, graduated from excellent schools, starts to emerge. Monica Forster, who comes from Lapland – a distant and strange region (for us) – is already a constituent of the international scenery, with her Cloud, a portable and inflatable room (see ARC DESIGN 25); and also with her collection Skruf of vases and bowls made of crystal and Plexiglas that integrate light and color (two missing elements in Lapland), which is already for sale. Monica Forster’s latest product, which is still in prototype phase, is a toilet seat that glows in the dark (always thinking of utility!). An innovative mind and a delicate sensitivity can define another young designer, Anna von Schewen. She graduated in 1995 and her work shows the contemporary creators’ rupture with the “blond design” and “design grace” Swedish traditions. For her graduation project, she created a couch that can be cut and sold on the size desired by the client. Considering a reflection on what is closer to our body, Anna thought of women’s underwear, of the old “corselet” (or “small body”), creating a flexible light structure in bands made of “latta”, that is, the pole that supports the sail in a boat, and also a fabric. However, her most famous project is the Hug chair and the Big Hug upholstered version. Her knowledge and familiarity with wood, besides the use of sophisticated machines, consented an extremely delicate structure made of massive birch to the chair’s production. Another young person who has already surpassed Sweden’s frontiers is Bjorn Dahlstom. As a graphic designer, “I have passed from two to three dimensions producing plain screwed pieces,” he explains. Until now, his attitude towards design products, although having created pretty complex projects, is one of a graphic designer. There are chairs, bicycles with innovative technology, wooden toys, and a beautiful walking stick for walking up mountains (see ARC DESIGN 22) coming out from his studio. The most internationally famous design and architecture studio is, undoubtedly, Claesson, Koivisto, Rune - a group that was formed when


its three members were still students. Six years ago, the entrance door for the international universe came about almost as an improvisation, with Giulio Cappellini and Piero Lissono’s visit looking for the new Swedish design. But Eero Koivisto claims, “I do not worry about being Swedish, I only need space in my mind for creating.” Currently, the group designs for about thirty different companies from all around the world. As a Brazilian reference, Koivisto thinks of our most famous architect: “Niemeyer believes in the future.” Among the works accomplished by the group there are the Swedish ambassador’s house in Berlin, the seat of Sony Music and several other stores in Stockholm. Their latest project is a spectacular building for a culture house in Kyoto, Japan. “Humor and rigidity, excellent driving elements,” as published in the French magazine Intramuros, “have allowed them to cross their own boundaries.” “Life begins when the occupier’s personality is developed inside the envelope he/she inhabits,” the magazine adds. Finally, there is architect Thomas Sandell, partner of Sandell & Sandberg, which is a huge office (considering the Swedish scale) with 46 professionals devoted to architecture, interiors, design and graphic communication. His wife, famous fashion designer Anna von Schewen, has surprised us with the her fashion store’s project (designed by Sandell) due to its almost Franciscan restraint. The project of the magnificent restaurant and bar of the imposing Opera Theater is also one of his works. And, of course, everything surrounded by a beautiful garden, almost facing the convergence point of Lake Malaren with the Baltic Sea! The exhibition “Improving Life: the Design of Swedish Innovations” is going to be held from October 1st to October 10th at the Museu da Casa Brasileira, Av. Brig. Faria Lima, 2.705, São Paulo. For further details on the companies, institutions and designers mentioned in this issue, access ARC DESIGN’s website: www.arcdesign.com.br ARC DESIGN travelled to Stockholm on an invitation from the Swedish Embassy in Brazil.

DESIGN IN PORTUGAL: GLASS AND CERAMICS – page 30 Two different projects with the same objective: the revitalizing of small Portuguese crystal and ceramics industries,

project, the company selects – together with its partner Centro Português de Design (Portuguese Design Center) – new talents to create its collections, which are released twice a year. The projects are delivered to the 18 industries that integrate Vitrocristal, of which some hold over 250 years of tradition in the glass art. The projects are then conceived corresponding to each industry’s technical capacities and to each product’s typology. Afterwards, many companies hire the outstanding designers to give continuity to their independent productions. The project quickly overcame the national market and, nowadays, Mglass’s pieces are exported to Spain, France, Italy, England, Holland, Belgium, Japan and the USA – where there is a showroom, in New York. There are pieces imported from Atlantis – one of the 18 companies that integrate Vitrocristal - already in Brazil, and they are sold at the shop Vista Alegre, in São Paulo. Sátira, in Oporto, also took an interesting initiative. It carried out an online workshop, through the Internet. Such experience resulted 21 projects developed by renowned European designers: Álvaro Siza, Eduardo Souto de Moura, Pedro Sottomayor, Ross Lovegrove, Sebastian Bergne, Perry King and Santiago Miranda, among others, who made their ideas concrete with the use of ceramics. Upon the request of Sátira – a company that commercializes furniture, lighting and objects, besides promoting the industrial edition of products – the “minimalanimal” workshop was organized by designer Pedro Sottomayor and proposed the creation of table pieces made of porcelain. According to Sottomayor, the theme was interpreted in different ways, with the material – of great tradition in the Portuguese industry – being the only link among the projects, which were developed between the rational (minimal) and the instinctive (animal). In 2000, 21 drawings were presented and, in the following year, the first pieces started being produced (which are already for sale). The “minimalanimal” collection will be complete by the end of 2003; then it will be distributed to 200 stores throughout Europe, North America and Oceania. In the meanwhile, the exhibition of the accomplished works performs in several countries, presenting the European design and the Portuguese ceramics. The “minimalanimal” workshop will continue with the project by meeting a new stage and other designers will be invited to interpret the theme. A beautiful project that could be “reproduced” in Brazil! www.vitrocristal.pt www.vistaalegre.com.br www.satira.pt/minimalanimal

introducing design as an aggregate value

Daniele Rissi Aiming at giving dynamism to the Portuguese crystalware sector, Vitrocristal – an association of companies that produce glass artifacts and was founded in 1994 – gathered several industries in the glass region of Marinha Grande (where the cities of Leiria and Alcobaça are also situated) and introduced on the market, in 1997, the international trademark Marinha Grande Mglass. At the same time that Vitrocristal was investing in marketing shares and in technology, it was concerned about the physical and formal quality of its products. It hired international designers like James Irvine, Bjorn Dahlstrom and Christophe Pillet, besides young Portuguese designers, to design pieces for the trademark. Estimulating national design since the beginning of the 81 ARC DESIGN


LIGHT AND COLOR – page 36 Whether it is functional or scenographical, a good lighting design project involves complex elements. In this issue, ARC DESIGN inaugurates a sequence of three articles related to lighting, lighting design and colors. By interviewing some of the best professionals in the area, we will attempt to resolve the complexity of the topic, which combines objective and subjective determinative aspects

By the Editorial Staff Lamps of the most varied types get smaller and smaller, and more and more powerful to meet specific requirements. The lighting-related technology has vastly evolved in the latest years. Along with such extremely welcome evolution, professionals specialized in lighting appear, once the subject implies specific technical acquirements. However, knowing basic concepts of lighting and the effects that each lamp produces becomes indispensable for professionals who work with spaces that are subject to artificial lighting (architects, decorators, interior designers, scenographers). This fact becomes known little by little and professionals start being concerned about the interference of artificial lighting in the creation of each environment. Philips has been carrying out courses that are introductory to lighting design in order to orientate professionals on the correct use of its lamps. Now, Suvinil and Philips are gathered to promote a circle of lectures that, more than explaining the luminous effects, aim at clarifying the symbiotic relation between light and color. The main idea is simple: colors are perceived in different ways as according to the light source to which they are exposed. “The color applied on a wall, for example, absorbs a part of the received light and reflects another part, which is what we see. Therefore that is the ‘magic’ we try to transmit: a combination of optical physics concepts on the chemistry of paints,” lighting architect Esther Stiller, lecturer of the Luz Cor seminar, explains. According to the architect, the lectures will also explain the risk of nonmatching color (when the color chosen from the catalogue does not behave the same way in the environment) and the not-so-known concepts, such as reflected light, incident light etc. “In certain situations – as, for instance, the color use (because color is light, just like light is color) – the unfamiliarity with physics concepts prevents professionals from achieving the expected results,” Esther Stiller states. Furthermore, the architect believes that every paint store should have a testing room, where the colors could be visualized together with the lamp that would be used in the environment. According to Spiller, when there is no such possibility, full spectrum lamps are good options for they reproduce the natural light wavelengths assuring a more loyal reproduction of the colors. In her projects, Stiller usually searches for inspiration in nature, more specifically in the light variations corresponding to the seasons and to the time of the day. The architect also believes that the color use should bring “the nature’s riches into the constructed space.” Yet, she warns about certain necessary cautions when making use of colors: “caution 82 ARC DESIGN

is indispensable when using superimposed colors, in order to avoid common combinations,” she claims. Moreover, she points out a psychological aspect: the choice of colors and the lighting project are the main elements responsible for the user’s emotional impression of each space, giving even more importance to a project that combines both components in a suitable way. Esther Stiller graduated from the Architecture and Urbanism School of Universidade Mackenzie in 1969. In 1967, she started working for Lívio Levi’s office, one of the pioneers of lighting design in Brazil. Projects like the illumination of the Brasília Cathedral and the Anhembi Park, in São Paulo, were carried out during her stay in the office. When Levi died in 1973, Stiller started running the office and devoting to lighting projects for airports, hotels, museums, schools, sport and cultural centers, shops, residences, hospitals, and institutional, religious, commercial and office buildings. Among her several lighting projects, we can stress out the seat of Companhia Athletica, in Rio de Janeiro, and, in São Paulo, Faria Lima Financial Center Building, Professor Edmundo Vasconcelos Maternity, Biblioteca Municipal de São Paulo, Terminal TPS3 (in the international airport of São Paulo), the main foyer and the main theater of Universidade Católica (TUCA) and Paulista Avenue’s reurbanization (which is in process). The next lectures of the Luz Cor project will be held in Belo Horizonte (the capital of Minas Gerais, on October 16) and in São Paulo (on November 13). More information on the project at http://www.ricardobotelhoweb.com.br/luzcor

HANDICRAFT AND DESIGN: MENINAS GERAES – page 40 “Who are these girls inhabiting the green mountains and the valleys of Serra da Mantiqueira, or hiding on the Cerrado’s dry trails of this arid interior described by Guimarães Rosa? (...) They are all the girls with the magic gift of transforming yarns and fibers into cloths, blankets, fabrics, curtains, flowers; without being afraid of using what their land provides – corn husk, bamboo fiber, red color from the ‘olhos-de-cabra’ seeds, sad white color from the ‘lágrimas-de-nossa-senhora’.” Maria Emília Kubrusly

Daniele Rissi The exhibition Meninas Geraes* was held at Museu da Casa Brasileira, in São Paulo, from July 18 to August 10. The scenography, created by Janete Costa, presented structures made of kraft paper, pointing out the wefts’ riches and the pieces’ details – weaving products, basketmaking, crochet, knitting and needlework. It was a sample of the work created by textile designer Renato Imbroisi along with the handicrafters from Vale do Jequitinhonha, from the municipal district of Rio Claro and from the village of Muquém, in Minas Gerais. Imbroisi and Costa’s involvement with handicrafting happened in opposite ways: he was a handicrafter from Rio de Janeiro and became a designer because of his work; she was an architecture graduate and became influenced by Pernambuco’s cultural riches, which is the state


where she was born. In the 1970’s, when Imbriosi was starting to work with manual weaving, Costa was engaged in activities that contributed to turning handicrafting into a profitable occupation for the destitute population from the northeast. However, her main intention was to make the society aware of the handicraft importance for shaping cultural identities. Nowadays, Imbroisi establishes a connection between what is rural and what is urban. He roams about the country and its poorest unknown regions as a Sebrae’s consultant since 1996, carrying out workshops for handicrafters who make use of several raw materials. The exhibition Meninas Geraes invites us to discuss about the designer’s role in a small community, as someone who comes from abroad to orientate people who, with their skills, traditions and inveterate cultures, need to manufacture quality products that have sufficient originality for a competitive existent market. Should the designer offer a fully designed project, leaving its execution for the handicrafters? The answer is no for Imbriosi: his/her function is not to interfere with the techniques or to present a finished design. The designer should motivate handicrafters to search for their own references, be it in the environment where they are or even coming from personal experiences. When necessary, he/she should also orientate on the utilized methods, in order to accelerate the production for reaching the dynamism required by the market. “Handicrafting becomes worthless if the one who performs it does not identify him/herself with the object being produced by his/her own hands.” Furthermore, the groups are instructed to be able to run the business independently, coordinating labor requirement, production, sales, delivery and also income administration. Another challenge is to find direct commercial means, so that it is possible to receive a fair amount for the work. It is a pretty difficult task: to help transforming the regional handicrafting into a subsistence activity for the communities, while preserving each region’s tradition and culture. Yet, it is very gratifying: for Imbroisi when he sees, for instance, the Japanese admiration for the Brazilian handicraft; and for Costa when she is proud of having created many interior projects with pieces manufactured by the local population. * The name Meninas Geraes (General Girls) is a parody of the name Minas Gerais based on a word pun, and was created in order for the exhibition to establish intertextuality with the state of Minas Gerais (which, translated, means General Mines).

A BIENNIAL EXHIBITION FOR ALL PEOPLE – page 44 Opening on September 14, 2003, the fifth edition of the International Biennial Exhibition of Architecture (BIA) should gather works created by some of the most important Brazilian and foreign architects. As architect Pedro Cury explains, the novelty in this edition is the exhibition’s conception. He is one of its curators, together with Ricardo Ohtake By the Editorial Staff The metropolis, plainly, as a theme. “Metropolis” – without any specifications or predetermined connotations. It is with such apparent inexactness architect Pedro Cury intends to enlarge the set of discussions about the metropolis, once, in his opinion, a specific theme could restrict the discussion and impair the debate.

The great challenge taken by the fifth BIA is to affect the extensive public and not only the professionals and students in the area. In order for that aim to be reached, the way of exhibiting the projects will be extremely different from what happened in the previous editions of the exhibition. “The idea is to carry out an innovative exhibition, with the use of maquettes, audiovisual resources, informatics, sound. It is important that the outsider is able to understand the exhibition and, especially, the city problems, as well as which the solutions being proposed by architects to solve these problems are. Therefore, ordinary citizens will be able to “equip” themselves and, afterwards, participate more closely of discussions on the problems of the neighborhoods and streets where they live – which is not a frequent Brazilian habit, once Brazilians usually prefer to stay out of such debates. Having a better understanding capacity, they will be able to charge from the public power the best solutions,” according to Cury. That is why this exhibition aims at not only attracting the population, but also motivating it to attend to the complete exhibition, from the beginning up till the end. It will occupy the three floors of the building projected by Oscar Niemeyer and also part of its surroundings. There are nine scheduled modules: Metropolises Exhibition, National Representations, General Exhibition of Architects, Special Exhibitions, Design and Technology Exhibitions, International Competitions of Architecture Schools, International Exhibitions and Debates Forum. At the Metropolises Exhibition, projects to solve problems in big cities, like traffic, pollution and security, will be presented. Seven metropolises will take part in the exhibition: Berlin, Johannesburg, London, New York, Beijing, Tokyo and São Paulo. As for the National Representations, eleven countries have already confirmed their presence: Argentina, Austria, Belgium, China, France, Holland, Italy, Mexico, Norway, Portugal and Switzerland. The General Exhibition of Architects will introduce 320 projects sent by Brazilian and foreign architects, of which some have already been carried out and others haven’t. All the projects went through a pre-selection by the curators. Furthermore, “there are projects of intervention in the metropolis that were specially designed for the Exhibition,” Cury points out. The curators hope to raise polemics with such especially developed works, which will create opportunities for discussion. During the first week of the fifth BIA, the works will be appraised and rewarded by an international jury. In the Special Exhibitions section, there are works created by internationally renowned architects, like Norman Foster, Enric Miralles, Sverre Fehn, Angelo Mangiarotti, besides Peter Cook and Zaha Hadid (check the relating article in this issue). The Drawings in the Cities exhibition, whose curator is Álvaro Siza, should present projects of Portuguese architects, showing “the transforming mechanisms of the architecture-induced urban texture, identifying the nature of the inhabited spaces around oneself,” as Siza says. Further on the special exhibitions, Brazilian and foreign architects were invited to expose works that are connected to the theme “metropolis”. The Brazilian architects are: Assis Reis (BA); Botti & Rubin, Joaquim Guedes, Jorge Wilheim, MarceloFerraz / Francisco de Paiva, Marcos Acayaba, Miguel Juliano, Ruy Ohtake, Sidônio Porto (SP); Carlos Fernando Pontual (PE); Carlos Fayet (RS); João Diniz (MG); Manoel Coelho (PR); Paulo Casé (RJ) and Sérgio Parada (DF). At the Design and Technology Exhibitions, the exposition “Matter” gains highlight. It is idealized to “show the revolutions promised by the new materials that may be applied in the areas of design and architecture.” By the way, this is the first time BIA has involved design. “We have introduced design with the purpose of complementing the Biennial Exhibition of Architecture. The initial idea was to present the urban 83 ARC DESIGN


furniture design, but we got to expand it. However, every design object exhibited will be related to the city, even if such relation is not so direct as it is with urban furniture. Another point that differs this biennial exhibition from the previous ones is the lack of resources. According to Cury, it was very difficult to make the exhibition feasible due to the Brazil’s current situation and, consequently, to the difficulty in obtaining sponsorship. “It will be a ‘Scarceness Exhibition’ because it is being carried out with a huge scarceness of resources. But it will also be the most beautiful of all – I hope,” Cury concludes. The Fifth International Biennial Exhibition of Architecture is organized by Fundação Bienal and by the Brazilian Institute of Architects (IAB), and it may be visited until November 12, from 9:30 am to 11:00 pm. More information at http://bienalsaopaulo.terra.com.br

DECONSTRUCTING HARRY, ZAHA, PETER AND, ESPECIALLY, THE REST – page 46 Imagine a Brazilian “studenteen” who has just entered Architecture School. One that goes to a good school, has a cultivated family and is going to an architecture exhibition, the Fifth International Biennial Exhibition of Architecture. These are some things she or he has probably never seen: exhibitions, architecture? One, how many? Brasil 500 Anos etc. He or she sees these panels made by foreign architects, among hundreds of others. Imagine her or his confusion. What can he or she really see about all those things?

Pôla Pazzanese In the case of Car Park and Terminus Hoenheim-Nord, in France, which is a project designed by Zaha Hadid (a tram station built for people not to go to the city center by car), on such flat ground, the architect’s resource was to “mix” the building’s distorted volume with the ground, overflowing along the parking lot, through the floor’s material: the same of its own structure. And it pours out the roofing made of foils that are open to the sky with the same strategy of embrace and mixture. Quite probably, he or she is going to look at the whole set in the picture and say, “what a cute city, so tidy, having a little canal and grassy houses around the station. For the complex where I live there is just the station missing…” She or he is going to look at the station; it is in the middle of the picture. An ordered world, something he or she has never had here. But it is likely that she/he is going to have her/his own attention split by half... Our generation is dispersive. He or she is going to be bored and think, “Oh, well, everything is so correctly organized that it must be all broken in pieces…” What should be done for her/him to penetrate into pop and deconstructivism? The first comment on the coming of Peter Cook and Zaha Hadid to 84 ARC DESIGN

Brazil is the curiosity about their stay here: we are kind of the opposite of what they are or, even better, we sort of have been their opposite for around sixty years. From 1939 until now, Europeans and North Americans have not completely digested Pampulha (Belo Horizonte) nor MEC (Rio de Janeiro): such improbable settlements. Brazil already is something of what they intend it to be: a twisting of the occidental good sense. And it is so with a great pleasure in good sense; after all, we strive for it every day. In our uprisings, the surprise in the architectonic field was the same, as well as the interest in the renovation of habits: the foresight of the technique’s liberating power, of the criticism and communication, against the conservative narrow mind, in the modernization of culture. Maybe you know: we are the land of Nostromo (J. Conrad), and never the land of Marlboro (J. Wayne)… Deconstructing, or taking to pieces, as in pop, is a criticism on how the Occident, in its civilizational process, got imprisoned in its own Sense. According to philosophy, it tends to an absolute relativism (?!) but, for architecture, which has nothing to do with it, the idea is interesting. The occidental culture, in its glad progress, proceeds with professor Cook and his “heir” Hadid: he was one of the professors of the Architectural Association (AA), where she studied. The most interesting is that we can notice in them an incessant search: for what? Archigram, Peter Cook’s group, came up in 1963 as a criticism towards the Euro-centered or occidental-centered way of perceiving the world. Europe had just recovered from the War and was enjoying the results from the Marshall Plan and also trying to create a culture environment that would synthesize the most liberal aspect of its political history with the technocratic capitalism of the Cold War. And that happened right when Europe started dissolving important cultural features; a good narrative that reproduces such loss is “The Prom”, by Italian Ettore Scola. And Archigram – which stands for architecture+telegram – made of its pop proposals real delicacies of the English irreverence, such as the city for rock festivals: which were controllable with huge tents covering big areas equipped to shelter five hundred thousand people. For the European culture, such mobility was considered revolutionary. Those two architects have an important theoretical trajectory with an urban proposition, which is even more intense than the architectonical projecting. By the way, both of them spent years publishing texts and projects until they would achieve a concrete architectonical work; unlike architects in Brazil, where the ones who start writing will never cross out one single line, and the ones who cross lines out do not get to write. In Europe, drawing, writing and reflecting are part of a political-constructive action. There, researches are seen as the “Libertè”, by Delacroix, and not as the “little mistress”, by Rugendas. Those were the reasons that took them to participate of the Architectural Association, the Architecture School founded in the nineteenth century. And they got to introduce in the architecture debate issues on the massculture – their contemporary – which is the articulated action functionalized over the wishes, wills or desires belonging to society. Nowadays we find it difficult to understand such exceptional events because they create a nearly thorough control over reality. That is why he or she gets dispersed. At the moment Peter Cook was articulating his action, the mass-culture was still organizing itself to what we see today, which gave him time to use it in his favor, deservingly. That was a big step, once his primordial intention was to notice – or better, to warn – how, and how much, the mass-culture and the cultural industry were shaping people’s lives, affecting their organization, especially


their emotions and culture, in the inter-individual aspect of society. And his point was also to warn that new forms of behaving and acting in a social way were being produced. What does this mean? It means that they were drawing attention, with new questions towards the culture set that could not be disqualified. And, in such context, they were alerting for the fact that you, by realizing that, would be able to elaborate other forms of organizing things, habitats and human establishments, also starting from this new context. In this manner, the idea of city is modified, which is interesting because it anticipates post-modernism and deconstructivism. And that is how Peter Cook can be understood as a person who works as a key for understanding Zaha Hadid’s speech and action, and realizing how she originates the speech and action of fracturing the reality, as well as showing what it hides with such breakage, once it is organized according to a well-finished functional system that is only apparently chaotic. Being observed in the set of architecture’s deconstructivism, Hadid has her own points: she does not only break the material object to little pieces, the walls, the structure, but she also waves such space. Hadid, who is from Iraq, has had a cosmopolitan education and been Rem Koolhas’s student (a professor who appreciates Brazilian architecture), meets the peculiarity of being half oriental and half occidental, which is something that gives her features that approximates her to Brazil and also provides us with a particular condition of understanding. In such curvature of space, the sensorial aspect of architecture becomes evident, and also sensual. And, being the way she is, Hadid articulates a criticism aside the occidental culture in a way. Like that, she approaches the program, the building’s structure, the formation of the spaces and materials, to her architecture. She fragments the physical volumes and creates a very interesting continuity of flowing aspects. Then she is better defined, when she talks about her own architecture, by crossing courses, programs, visualities: she unites them all forming a whole. Hadid extracts this confront of circumstances from the critical analysis of the program in order to compose her spaces, which have, in this manner, transparency and luminosity. There is a big difference in the conditions of projects and works’ invoice given to the European profile. While projects are performed with a long planning and works are built within suitable deadlines there, nothing like that is possible here. Our confusing economical and political organization, which already makes the research difficult, weakens the critical actions and reflection. This condition leads to the placement of the debates present in here as a literal totalization of reality. And so it is attempted to automaticaly transfer the issues being proposed by those architects – which are peculiar and pertinent to their contexts. They end up being imperfect, of course, due to the fact that something very interesting happens nowadays: what we call globalization is, in fact, an intermediate phase of the process of making the humanity’s issues and urgencies worldwide. That is how it is attempted to nullify the critical potential: Hadid and Cook’s architecture turns into a hazard for countries having a cultural structuring that is unintelligible for themselves – like Brazil – once it starts being treated as a fetish, within the reasoning of a market that is being developed in error. If we observe their designs, we will see a whole preexistent process of the production’s organization and of the society material production’s design, which we still do not have. Some examples are Cook’s project for Kunsthauss, in Austria, and Hadid’s project for BMW’s factory, in Germany. Harassing this hyper determination of reality, Hadid and Cook question

the material production because it is already very well established and absolutely determined. When Hadid projects in angles, it only becomes possible thanks to the existence of a highly organized and qualified performance. Well, here in Brazil there is still a lot to be defined and done before we can uncritically apply deconstructivism. It is necessary to investigate what we have to construct here previously, what type of civilization we are or, as Artigas recalled, “which cathedrals we have in mind.” And the merely formal transposition of such projects collides with our concrete requirements. That was actually an attempt in the post-modernism of the 1980’s here in Brazil, which resulted into the most “ridiculous” degeneration of the most pertinent issues developed in Europe, a waste material that awfully defiled what was already considered a perverse reality. We have always been a little eclectic in composing the aspects of reality. And the accelerating of the cultural industry’s rhythm in an alienated culture creates a type of super eclecticism in the dimension of terminators (of the future). Then, such forcedly imported post-modernism caused about ten years of a real mess in our culture (note how it resembles the economical and political corruption until the period of ex-president Collor). Naturally, it produced a reaction, which was the emerging of a new generation of new creators who were deeply interested in the Brazilian culture and returned to conceiving a clearer more constructive and more reflexive design. It is in the continuity of space, in its integration with the city, in the way of organizing it with the structure and in the appropriation of materials that they have been critically reflecting on deconstructive architecture. However, having the history of Brazilian architecture in mind, they do it as mature interlocutors, not as childish imitators any longer. Pôla Pazzanese is an architect and a professor at the Architecture School Escola da Cidade.

PROJECT AND CONCEPT – page 54 Being highlighted in great international competitions, the office Vigliecca Associados proves that Brazil does have great architects and that – most of all – these are more than ordinary projectors: they are thinkers

Winnie Bastian Having architects Héctor Vigliecca and Luciene Quel as its representatives, the office Vigliecca Associados, located in São Paulo, has just achieved international recognition. Competitions are not a novelty in the career of architect Vigliecca, who has already participated of 150 national contests, winning over 35 prizes. For Vigliecca, competitions contribute for the maturity of his quotidian architecture. However, the architect – who makes use of an intense self-criticism – felt ready to take part in international contests. The recently obtained results prove the prudence of such attitude. The first good international result was the honorable mention received 85 ARC DESIGN


in the competition for the Grand Egyptian Museum (GEM), organized by the Arab Republic of Egypt, supervised by the International Union of Architects (UIA) and sponsored by Unesco. There were 1,557 teamentries from 83 countries, of which 20 were selected for the second phase. Finally, three prizes (1st, 2nd and 3rd places) and seven honorable mentions were established. The winning project, of the Irish office Heneghan Peng Architects, should have its construction started in 2004. Vigliecca’s project competed with notable architects from all around the world, such as Erik Owen Moss (USA), Arata Isozaki (Japan), Zaha Hadid (England), Hans Hollein (Austria), Mecanoo and MVRDV (Holland). Just a little remark: Vigliecca was the only non-European office that received a prize in such competition. The existing Cairo Museum, built in 1902, was projected to receive two thousand visitors a year and exhibit 35 thousand pieces. Nowadays, the museum receives 2.5 million visitors annually and contains over 140 thousand pieces – most of them are stocked due to the lack of space. The new museum should receive 5.5 million visitors every year, and its constructed area will totalize around 400 square meters. The area that was determined for the museum site is situated between the city of Cairo and the Giza plateau, where the Pyramids of Cheops, Chephren and Mykerinus are located. At first, the team came across a dualism: the competition brief determined that the new museum had to be a large urban monument, but Vigliecca had a notion that the building could not, in any circumstance, “compete” with the presence of the pyramids – which dominate the plateau’s landscape, even being 2 km distant from the museum. The key for such dilemma was to deal with the building’s roofing as an extension of the plateau – which became possible due to the difference of elevation between the large flat area and the museum’s ground, which borders the road that links the city of Cairo to Alexandria. The roofing would work as a large square of 25 meters above the avenue allowing the view of the entire city of Cairo. The localization between the city and the desert led Vigliecca’s team to conceive the museum as a linking element between the city and the pyramids. In other words, it is not about a traditional building, which is isolated on the lot and has only one point of entrance and exit, but and urban structure that can be accessed from various spots. Such projectual decision reflects the convictions of Vigliecca, who says, “The project is originated from an irreplaceable local reading. For us, getting to know the place thoroughly, as well as the conditions that make it special, is the great starting point.” Another feature that deserves some attention is the use of “metaphors” in the project. The Cairo-Alexandria Road, which is parallel to the main façade of the museum, makes part of a valley that used to be flooded by the Nile River in the 19th century. In order to preserve this reminiscence, Vigliecca suggests a large water mirror that “invades” the building’s inside. The local topography is a target for another metaphor: where the building reaches the dunes, the declivity is preserved – the slope is covered by sandstone in beige color – reflecting the presence of the dunes on the inside of the museum. The incorporation of cultural aspects in the project is also outstanding, as well as in the choice of materials and constructive techniques. The structure was conceived in reinforced concrete, which is a technique used a lot in Egypt, just like in Brazil. “The structure is relatively simple; we were just cautious about certain aspects because the area is exposed to seismic movements,” Vigliecca explains. The building’s inside is covered by sandstones and granites, which have been utilized since the pharaonic period and are skillfully applied by Egyptian workers. Concerning the inner spaces distribution, a well-defined zoning makes the walking easy for visitors. An “avenue” crosses the museum transversally, connecting the two main accessing points and splitting the 86 ARC DESIGN

building in two parts: one devoted to exhibitions (which are temporary on the ground floor and permanent on the first floor) and another dedicated to services (libraries, offices, conference rooms, theater/cinema, auditoriums, restaurants, shops). At the intersection between such “avenue” and the frontal façade, a large volume of translucent glass shelters the laboratories and its technology infrastructure. The inexistence of a predefined trajectory for the permanent exhibition is a novelty. There are two ways for visiting the museum: starting from a theme (like, for instance, religion through the times) or starting from a determined period (to go through all the aspects of a certain period).* Vigliecca and his team are currently taking part in a competition for the construction of a mega library in Mexico City, organized by the Consejo Nacional para la Cultura y las Artes (Conaculta – National Council for Culture and Arts). Vigliecca’s office was one of the seven finalists, chosen among 592 projects. Unfortunately, we cannot add more details due to the fact that the competition is still in progress and the projects are confidential until the result is announced – which must happen in the beginning of October 2003. The architect highlights the excellent organization of the competition: “The international jury was quite balanced; the discussions about the presentation and the agreements were pretty well conducted. In our Latin America, sometimes things are well-done.” *Check further details in an interview with Vigliecca for ARC DESIGN: www.arcdesign.com.br Read more: Competition for the Grand Egyptian Museum, in the city of Cairo: http://www.gem.gov.eg/index/main.htm Competition for the José Vasconcelos Library, In Mexico City: http://azteca.conaculta.gob.mx/biblioteca/

PUBLI FORMA page 64 Functional versatile and elegant pieces for decorating residential or corporative environments. Developed by George Ciancimino, the collection Kent is being produced in Brazil by the manufactory store Forma, under the license of Acerbis International, which is a company that has been in the Italian market since 1870. One of the highlights of the collection Kent is the mortise system: tables may be enlarged in width and extension when joined, for instance, to compose workstations or meeting desks, as if they were parts of a “Lego” toy. The pieces are structured in aluminium and their extruded feet form apparent drawings. The tops are made of etched glass or wood (jennywood, crabwood, laurel or ivorywood, which are types of hardwood). It is a complete collection, composed of high and low squared and rectangular tables, writing desks and sideboards. The writing desks have a great differential, which is flexibility. Their structure supports a sliding system that allows built-in chests of drawers and a CPUs’ rack with a stand for printers and other equipments to be handled below the top. Besides its resistance and practicalness, the collection Kent also presents a contemporary design, which is clear and rational, in pieces that complement each other.


PERSISTENT RIGIDITY In 1950, when Alexandre Wollner was twenty-two years old, he saw in the newspaper a short advertisement for a course at the Institute of Con temporary Art (IAC) offered by the São Paulo Museum of Art (MASP). Up to that time, he was a wandering student, but that ad changed his life. After attending to the IAC’s course, he was designated to study at the famous Ulm School, a successor to the Bauhaus School. Through that contact with the vanguard culture of that period Wollner got involved with painting, photography and design – which is the area where he

matrix of the rationalistic projectual thought: the Ulm School. In a period when it was not as easy as it is nowadays for people to travel and have access to information, such personal experience may explain his persistent practice in defending the set of ideas from the Ulm School. And what is that set of ideas? It begins with an extensive insight on the projecting process, production and reception of products and messages. The flirtation of the speech refers to the science: the designer’s action would be marked by objective criteria and systemic procedures, resulting into the visual solution able to respond to thousands of aspects that have to be combined by the project. In those years of territory taming, some of the premises belonging to this set of ideas were made explicit in the projects’ presenting texts. In other words, besides projecting, the goal was also to persuade the entrepreneurs of the national industry, which was incipient at that time. The author of those texts was Décio Pignatari, a concrete poet, a communication theorist, and Wollner’s partner in various works. One of the texts presents Probjeto’s project. The year was 1964, believe it or not. In order to understand the conceptual and cultural general approach on which the proposals where based, it is enough to cite two passages:

definitively remained working in. When he came back to Brazil, in 1998, he founded Forminform along with Geraldo de Barros and Rubens Martins. It was the first Brazilian design office. From then on, an impressive series of projects with a corporative identify started coming up for some of the leading Brazilian companies. Besides having an intense professional activity, Wollner has always devoted to diffusing design as a professor – integrated to the founding team of the Superior School of Industrial Design (ESDI), in Rio de Janeiro – and participating of professional entities. Now, at the age of 75, he is still a completely active designer and a restless propagator of the design culture Francisco Homem de Melo Alexandre Wollner is a polemic character in the Brazilian graphic design scenery: for some, he is a definitive master; for others, he is a persuasive lecturer on the principles of the Ulm School. However, there are no doubts about one aspect: it is not possible to write a story on national design without pointing him out. Cosac & Naify has just published his book, named “Design Visual 50 Anos.” Wollner himself wrote and designed it. There is a mixture of his biography, reflections on design and reports on his main projects accomplished along five decades of continuous activity. It is a set of ideas that allows readers to get to know the amplitude of his performance, the quality of his work and the principles of projectual coherence that have guided him into his way.

CORPORATIVE DESIGN In the design area, Wollner has already worked a little in every field: cultural posters, packages, books, signaling, and even publicity. Yet, through the book’s examination, it becomes clear that his performance’s focus was, indeed, corporative design. In such field, the Brazilian projectual culture is based on three strong pillars: Wollner, Aloísio Magalhães and the office Caudro/Martino, responsible for shaping several generations of designers. From the 1960’s on, the most important programs of visual identity for the country started coming out from their drawing board. Wollner was the only one from the group who completed the formal studying period at the

products and objects are processed in the industry just like the data in an electronic computer (...) quantity is quality beauty is meaning meaning is use use is communication (...) In the succession of cases mentioned by Wollner in the book, even though the persistence in the justifications of the propositions might sound repetitive, the drawing solutions display an uncommon sophistication and talent. Right there is where the projects accomplished by Eucatex, Metal Leve or even Probjeto itself are included – not to leave anyone in doubts!

THE WOLLNERIAN PERSPECTIVE The fact that Wollner’s performance fits fundamentally into the field of corporative design helps us understanding some of his conceptual generalizations. If you remember that every speech brings impressions on the place where it is enunciated from, many of Wollner’s propositions are derived in the truth of his vast experience with corporative design. By ignoring the Brazilian design production, which was not – or is not – guided by the same principles that guide the rationalist-based design, we run the risk of letting a precious fuel go – one that could refuel the language chain. In Wollner’s case, his work stands above his speech. And it is certainly important. In his brief presentation of the book, Décio Pignatari recalls the “ostinato rigore” (persistent rigidity), which, for Leonardo da Vinci, characterizes that artist’s work. That is maybe the best expression that translates the attitude and trajectory of the master of Brazilian design, Alexandre Wollner. 87 ARC DESIGN





Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.