Revista ARC DESIGN Edição 33

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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

ESPECIAL DESIGN BRASILEIRO 2003

R$ 12.50 2003

ARQUITETURA HOJE: UMA NOVA GERAÇÃO ARCHITECTURE TODAY: A NEW GENERATION

Nº 33 QUADRIFOGLIO EDITORA

ARC DESIGN

Nº 33

2003

SPECIAL: BRAZILIAN DESIGN 2003

PHILIPPE STARCK: KONG RESTAURANT, PARIS PHILIPPE STARCK: KONG RESTAURANT, PARIS

VILANOVA ARTIGAS: A MOSTRA VILANOVA ARTIGAS: THE EXHIBITION

TENDÊNCIAS EM FRANKFURT TRENDS IN FRANKFURT


Fotos Fabio Del Re

Renato Imbroisi trabalha com tecelagem manual desde 1977. Sem sequer perceber, tornou-se designer: pela originalidade de suas abordagens em relação ao artesanato, pelo seu processo de pesquisa e criação. Em 26 anos de carreira, abriu loja e ateliê, onde deu aulas e realizou exposições; orientou crianças Acima, imagem da capa: tecido Gaita, xale ou almofada em organza 100% algodão com bordados em fio de seda, criando plissados que remetem à gaita de fole; os pequenos detalhes aplicados são em crochê. Abaixo, Camoatin, ponto de bordado cujo nome é o de uma espécie de abelhas da região Sul. Em tecido 100% algodão, pode ser usado como xale ou almofada. Na sequência, organza de algodão com ponto Marimbondo, ou seja, o tecido é bordado nos dois sentidos, criando vários efeitos

e adolescentes da Associação Comunitária Monte Azul, em uma favela de São Paulo; realizou palestras e exposições em várias cidades do Brasil e do exterior; e, mesmo agora, quando suas atividades estão bastante diversificadas, mantém produção de peças feitas à mão, utilizando diferentes técnicas têxteis artesanais, como tecelagem, tricô, crochê, renda, cestaria, costura, bordado. Hoje, Renato Imbroisi divide seu tempo com a consultoria de design para comunidades artesanais, desenvolvendo pesquisa, criação e produção de peças junto a grupos de artesãos da área têxtil em diferentes regiões do Brasil, sempre buscando as melhores soluções no design das peças – com atenção de mão dupla: a origem cultural e o mercado –, com cuidado no acabamento, certificado de procedência e valor agregado, possibilitando a geração de renda familiar e a preservação da atividade artesanal. Participou, entre outras, da exposição coletiva “Panorama da Arte Têxtil Brasileira Atual” (Museu Rundertärn, Copenhague, Dinamarca, 1995) e tem realizado várias individuais no Brasil e na Europa: "Nó" (Museu de Arte de São Paulo, 1996), “Natureza e Arte no Brasil Central” (Espaço Cultural BNDES, Rio de Janeiro, 2002), “As Marias” (Milão, 2002 e 2003), “Meninas Geraes” (Espaço Cultural BNDES, Rio de Janeiro, e Museu da Casa Brasileira, São Paulo, 2003).


Atra ves sa mos o ano que, se gun do mu i tos, não exis tiu. ARC DE S IG N che ga à edi ção de n. 33 com o mes mo en tu si as mo com que co me çou. E com mais co ra gem. A co ra gem de am pli ar sua pau ta, de abran ger – com mu i ta

con vic ção – a ar qui te tu ra, das edi fi ca çõ es e de seus in te ri o res. Se o país em que vivemos não ajuda muito, com suas eternas crises, os leitores de ARC DE SIGN, com suas opi ni õ es e seus co men tá ri os, nos tor nam or gu lho sos e ain da mais co ra jo sos. Bem, fin do o de sa ba fo e com o país – pa re ce – ago ra an dan do para a fren te, apro vei tem esta edi ção. A se ção de ar qui te tu ra está in crí vel. Em es tréia mun di al na im pren sa, “Ce re jei ras de Ti tâ nio”, o belo pré dio do es tú dio su e co Claes son Koi vis to Rune; no Bra sil, uma nova

ge ra ção de ar qui te tos, apre sen ta da por Pôla Paz za ne se, e a me mó ria do mes tre Ar ti gas , nas pa la vras de Ju lio Ka tinsky. No de sign, mu i to Bra sil, o me lhor da sa fra 2003 , com o re sul ta do de dois con cur sos e o me lhor da pro du ção na ci o nal, na opi ni ão de ARC DE SIGN. E ain da, o em pre sá rio que, meio sem pres sen tir, se tor nou peça im por tan te na trans for ma ção do gos to , na mo ra dia bra si lei ra.

Phi lip pe Starck nos traz o Kong, res tau ran te em Pa ris, me tá fo ra mo der na do an ti go kitsch, mu i to bem tem pe ra do. Finalmente, o gaú cho , esse des co nhe ci do do Bra sil, ga nha a capa de ARC DE SIGN na trans po si ção re a li za da por Re na to Im broi si com as bor da dei ras de São Bor ja, a par tir da clás si ca in du men tá ria dos pam pas – a bom ba cha.

Boa vi são... e lei tu ra!

Ma ria He le na Es tra da Edi to ra

P.S.: Que ria di zer aqui o quan to me en tris te ce que não haja mais An drea Car ta. Foi aten den do a um con vi te seu – da que les con vi tes re ple tos de con vic ção – que co me cei a pu bli car ma té ri as so bre de sign. “Você tem cara de quem es cre ve”, me dis se ele um dia, a par tir do nada. Obri ga da, An drea.


DESIGN EM TEMPOS DE CRISE

Maria Helena Estrada

CONCURSO DE DESIGN MASISA

Da Redação

Winnie Bastian

DE MÃOS DADAS COM A INDÚSTRIA

XVII PRÊMIO DESIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA

DESIGN BRASIL 2000 + 3

Maria Helena Estrada

DESLOCAMENTOS

Da Redação

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Pesquisa realizada por Renato Imbroisi nos pampas gaúchos permite deslocar um fazer tradicional, refinando-o, para uso em outras tipologias de produto

Resenha do design – do artesanal ao industrial – durante o ano de 2003 e as questões que essa amostragem pode suscitar

O que mais influencia uma premiação no campo do design? O repertório das peças enviadas ou o júri escolhido? Nesse XVII Prêmio os dois fatores se uniram, tendo como resultado a valorização dos aspectos industriais da produção

O segundo concurso promovido pela Masisa promete ser o início de um processo que ampliará as fronteiras do projeto brasileiro, confrontando-o com o design sulamericano e submetendo-o a um júri internacional

Promosedia, a mais importante feira internacional no mercado de cadeiras, se ressente da crise econômica global e cria outras armas de sobrevivência ancoradas no design

NEWS

REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

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DEMOCRATIZANDO O DESIGN

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NOVA BENEDIXT: UM FINO FARO

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DESIGN & MEMÓRIA: COLEÇÃO ADOLPHO LEIRNER

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nº 33, novembro/dezembro 2003


A Tendence, na Messe Frankfurt, é uma feira para todo gosto e opção. Artigos de alta qualidade dividem espaço com propostas do jovem design internacional – do cristal à cerâmica, do brinco à bolsa

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O primeiro de uma série de artigos focalizando a nova geração de arquitetos, em todo o Brasil. Uma análise dos partidos escolhidos, dos conceitos e dos materiais responsáveis pela nova configuração de nossas cidades

MUNDO TECH

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PUBLI WALLWORKS

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PUBLI GIROFLEX

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ALDA LAMP, GAETANO PESCE

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A mais completa exposição já realizada sobre a obra do arquiteto Vilanova Artigas, nas palavras de seu curador

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Um prédio em Kyoto, Japão, projeto do estúdio sueco Claesson Koivisto Rune utiliza o símbolo da cerejeira em suas paredes de titânio

ENGLISH VERSION

RESTAURANTE KONG, PARIS

Da Redação

Winnie Bastian

CEREJEIRAS DE TITÂNIO

Entrevista com o arquiteto Julio Katinsky

VILANOVA ARTIGAS REVISITADO

Arq. Pôla Pazzanese

ARQUITETURA HOJE UMA NOVA GERAÇÃO

TENDÊNCIAS E ESTILO DE VIDA

Maria Helena Estrada

FEIRA DE FRANKFURT

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Philippe Starck e suas “mil e uma noites” em Paris no ambiente povoado de gueixas, “kawais” e jovens européias elegantes, pinturas no teto e paredes, piso decorado e um inacreditável bar. Tudo isto sem perder a categoria...

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Fotos Merlin Hendy e Martyn Rose http://www.epo-online.com

DE VOLTA À NORMALIDADE Um belo espaço e a releitura de décadas passadas. Assim é a nova Teto, inaugurada apenas em São Paulo. Seu conceito? Oferecer qualidade em peças selecionadas. O arquiteto Marcelo Rosenbaum, diretor de estilo e criação da marca, é o responsável pela seleção e criação das peças.

A “TATE MODERN” DA DANÇA

Com uma linguagem descon-

Os arquitetos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron

traída, a Teto apresenta ver-

acabam de ser premiados com o Stirling Architecture Prize

satilidade, estimulando o

2003, mais prestigioso prêmio de arquitetura do Reino Unido,

cliente a montar combinações

pelo projeto do edifício do Laban Dance Centre, em Londres.

diferentes: como exemplo, as

Organizado pelo Royal Institute of British Architects, o

frentes de gavetas vendidas separadamente. Outra política da loja é

prêmio está em sua oitava edição e é concedido anualmente

oferecer produtos a preços acessíveis e pronta-entrega.

aos arquitetos do edifício que tenha dado a maior contribuição

Confiante no sucesso, o empresário Sérgio Fix planeja: “a idéia é abrir

à arquitetura britânica no ano anterior.

outras duas lojas no início de 2004 e franquear a marca, espalhando

De acordo com o júri, o edifício, localizado à margem da

por todo o país o conceito da Teto”.

enseada de Deptford, deu à região um novo e significativo

O endereço da Teto é Rua Melo Alves, 184, São Paulo.

ponto de referência. “Laban fará pela dança o que Tate Modern

www.tetomc.com.br

fez pela arte”, anuncia uma grande tela na entrada do prédio. A construção é um contêiner simples e regular, com uma parede dupla, constituída de uma membrana externa de pai-

OS SANTOS ESTÃO NA MODA!

néis de policarbonato colorido com uma camada interna de

Basta prestar atenção em bijuterias e enfeites que começam a circular

isolamento térmico e painéis de vidro translúcidos. As cores

para confirmar essa “tendência”!

dos painéis de policarbonato – tons de limão, turquesa e

Em comemoração ao centenário de Nossa Senhora da Conceição Apa-

magenta – foram escolhidas em colaboração com o artista

recida, padroeira do Brasil, o Sebrae promove um concurso nacional

visual Michael Craig-Martin e também são utilizadas para criar

de design, em parceria com a Associação de Joalheiros e Relojoeiros

um efeito vibrante nos corredores, ou ruas, do interior do

do Noroeste Paulista (Ajoresp) e o Santuário Nacional de Aparecida.

prédio. Um mural de Craig-Martin foi colocado nas paredes

Ar tistas plásticos e designers de nacionalidade brasileira podem

externas do teatro (300 lugares), que é, literal e metaforica-

par ticipar da criação da jóia, uma coroa em prata e pedrarias que

mente, o coração do edifício. Mais informações: www.riba.org

será fixada na imagem da santa durante celebração especial na Basílica de Nossa Senhora, em Aparecida, São Paulo. Na primeira fase, serão avaliados os desenhos e o memorial descritivo para a seleção de cinco finalistas que, na fase seguinte, deverão desenvolver os protótipos com matéria-prima fornecida pela Ajoresp. O vencedor será contemplado com uma barra de ouro pesando meio quilo e uma passagem aérea para visitar Roma, na Itália. As inscrições podem ser realizadas até 30 de janeiro de 2004. O regulamento do concurso está disponível nos sites www.santuarionacional.com e www.sebraesp.com.br. Mais informações pelo telefone (12) 3104-1000

8 ARC DESIGN


MOSTRA SALAS DE BANHO NO SHOWROOM DECA CURSO DE DESIGN DO MÓVEL Estão abertas as inscrições para o Curso de Design do Móvel, que acontece no primeiro semestre de 2004 na Oficina Arte e Design, em São Paulo. O curso tem como objetivo introduzir conceitos de design na produção moveleira e tornar o aluno apto a desenvolver produtos direcionados a diversos segmentos de mercado e processos produtivos – do ar tesanal à fabricação em série. Também serão aprofundados conhecimentos sobre tecnologias, materiais e técnicas construtivas, sistemas estruturais e de conexão. O módulo intensivo de férias ocorre em período integral, entre 27 de janeiro e 2 de fevereiro. O curso semestral pode ser realizado à noite, duas vezes por semana, com duração de

A Deca, que acaba de ser premiada no concurso do Museu da Casa

quatro meses, ou aos sábados, no período de dois meses.

Brasileira, apresenta até 2004 os novos ambientes da Mostra Salas

Oficina Arte e Design: Rua Lisboa, 309, São Paulo.

de Banho, projetados pelos arquitetos Débora Aguiar, Carico, Gui

Tel. (11) 3061-3972. E-mail: oaed@terra.com.br

Mattos e Léo Shetman.

www.oficinaartedesign.com.br

Os temas, direcionados para pessoas com hábitos e estilos distintos, foram desenvolvidos, respectivamente, para um casal maduro, um garoto de 18 anos, uma executiva por volta dos 30 anos e um jovem casal. Na proposta do mineiro Carico (foto), o banheiro do adolescente apa-

ACESSÓRIOS ITALIANOS PARA BANHEIRO E COZINHA A Punto, empresa carioca que importa e distribui maçanetas, puxadores, metais e acessórios para banheiro e cozinha dos melhores fabricantes italianos, dentre eles Zucchetti, Open Kristallux, Oli vari, RDS e Kleis, agora também atende os profissionais de São Paulo em seu novo showroom, na Alameda Gabriel Monteiro da Silva. Designers como Matteo Thun, Vico Magistretti, Giò Ponti, Roberto Sambonet, Franco Albini, Massimo Iosa Ghini, Enrico Baleri, Philippe Starck, F.A. Porsche e Richard Sapper assinam produtos comercializados pela empresa. A torneira Isy (foto), projeto de Matteo Thun para a Zucchetti, é um dos destaques.

rece como continuidade do quarto, com a TV de plasma como atração: “O rapaz fica muito tempo no quarto, no banho e vendo TV, por isso a coloquei de maneira que ele pudesse assisti-la de todos as partes do banheiro”. O arquiteto também utilizou produtos Cinex para compor o ambiente, aplicando em um armário suspenso as Prateleiras Iluminadas, uma solução prática e discreta, na qual os parafusos de fixação ficam praticamente invisíveis, valorizando o efeito da luz no vidro. Showroom Deca: Av. Brasil, 1.589, São Paulo. Tel. (11) 3088-2744 www.deca.com.br

Punto: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.896, São Paulo. Tel. (11) 3088-0030 www.punto.com.br 9 ARC DESIGN


LOJA DE DESIGN NO MAM-RJ

EM SINTONIA COM AS TENDÊNCIAS

O local não poderia ser me-

Uma casa com toque oriental é o desejo de muitas pessoas, princi-

lhor: de um lado, os jardins

palmente agora, que tecidos e estampas, louças e outros ar tigos

de Burle Marx e o prédio do

com motivos chineses estão “in”. Aproveitando o momento, a loja

Museu de Arte Moderna

L’Oeil, pioneira na comercialização de móveis e objetos do Oriente e

(MAM), projetado por Afon-

da Europa em São Paulo, abastece suas prateleiras e vitrines com

so Reidy, um dos maiores no-

peças étnicas e contemporâneas.

mes da arquitetura brasileira;

Há dez anos, Judith Rosenhek abriu sua primeira loja com o intuito

de outro, a Baía de Guana-

de disponibilizar no Brasil objetos encontrados em lugares distantes,

bara e o Aterro do Flamengo.

países com tradição em ar tesanato, cada qual com técnica e estilo

A loja Novo Desenho, inaugurada em outubro no Rio de Janeiro,

próprios – Portugal, França, China, Coréia, Nepal, Indonésia, Filipinas,

espera receber os visitantes do MAM. Dedicada exclusiva-

Tailândia, Vietnã, Índia e Japão.

mente ao design brasileiro, apresenta produtos de várias

Dentre as novidades, há mesas de mosaico, vasos e pratos de cerâmica,

gerações, como os recentes projetos dos irmãos Campana,

chaise-longue e cadeiras

a banqueta Onda, de Ilse Lang, e o ventilador Spirit, de Guto

em madeira, tapetes de

Índio da Costa, além de peças criadas por Sergio Rodrigues,

palha “seagrass” e bambu,

Lina Bo Bardi, Nelson Ivan Petzold, Paulo Mendes da Rocha e

aparelhos de chá em por-

Maurício Klabin.

celana, jarros de cristal e

O curador do museu, Fernando Cocchiarale, confirma a sintonia

muito mais.

entre o espaço de exposições e a loja de design: “Desde sua

L’Oeil: Praça Benedito

origem, o MAM sempre foi muito próximo ao design brasileiro,

Calix to, 182, São Paulo.

inclusive porque a Escola Superior de Desenho Industrial

Tel. (11) 3088-3143

(ESDI) começou a ser desenvolvida no bloco Escola do Museu.

www.loeil.com.br

Além do mais, é indispensável que o MAM e outros museus abram espaço para áreas como o design, a arquitetura, a fotografia e o cinema”. Novo Desenho: Av. Infante Dom Henrique, 85, Parque do

GUIA DE INFORMAÇÃO SOBRE DESIGN

Flamengo, Rio de Janeiro. Tel. (21) 2524-2290.

Dúvidas sobre onde estudar no Brasil e no exterior? O “Guia de Informação sobre Design”, organizado por Sylvio de Oliveira e publicado pela 2AB Editora , apresenta sites, endereços e textos explicativos sobre quase 700 instituições de classe e de ensino. Fornece também dicas de leitura, eventos nacionais e internacionais, endereços de bancos de imagens, de websites sobre tipografia e tutoriais. Um guia imprescindível para todo profissional que deseja ter em mãos as melhores fontes de pesquisa. 2AB Editora: tel. (21) 2535-1997. www.2ab.com.br


DNA TIPOGRÁFICO A ambição de realizar um congresso de tipografia no Brasil foi finalmente realizada. A nova meta é a organização de um evento internacional, após a experiência do 1º Congresso Brasileiro de Tipografia, realizado em outubro pela revista Tupigrafia e pela Faculdade Senac – divulgado no News de ARC DESIGN 32. As condições foram criadas porque houve um visível amadurecimento do mercado: já existem bons cursos de tipografia em várias faculdades pelo Brasil e temos alguns títulos sobre o assunto editados em português. Mas o principal é o interesse e a receptividade demonstrados por muitos estudantes e profissionais presentes nos dois dias de conferências, no auditório da Faculdade Senac de Comunicação e Artes, em São Paulo. A apresentação do convidado internacional Akira Kobayashi, diretor de tipografia da Linotype Library, se encaixa no tema geral do evento: DNA Tipográfico. Akira veio da cultura oriental, com uma escrita radicalmente diferente da latina e, também, distante do eixo EUA--Europa, tradicional na produção tipográfica. Sua trajetória, que une disciplina, dedicação e rigor técnico, deve servir de exemplo para os designers brasileiros, que se ressentem da falta de tradição nesse campo. A montagem do programa procurou cruzar experiências distintas, como a produção de fontes para texto e tipografias corporativas com projetos experimentais de tipografia em movimento e fontes display. Isso foi possível porque já temos “massa crítica tipográfica” no Brasil (a ser conferida no catálogo “Fontes Digitais Brasileiras: de 1989 a 2001”, publicado pela ADG Brasil em parceria com a Edições Rosari). OS PLANOS DA LINOTYPE NO BRASIL Desde julho de 2003, a Linotype Library tem uma representação no Brasil. Cláudio Rocha, por meio da NowType, está trazendo o catálogo de fontes digitais da empresa alemã, com condições de pagamento especiais para designers e estudantes brasileiros. São fontes que fazem parte das história da tipografia, à venda em pacotes ou em fontes individuais. A obra tipográfica completa de Adrian Frutiger, por exemplo, está no CD Frutiger`s Life, com versões digitais que aparecem apenas nesse CD. Também está na pauta a produção de um CD destinado a estudantes de design gráfico, com preço subsidiado, que contenha a compilação de versões básicas de fontes históricas. A idéia é que, ao se formar, o aluno adquira as famílias completas das fontes para aplicá-las em seus trabalhos profissionais. C.R. Para contatar a NowType, o e-mail é: nowtype@neobox.com.br

Acima, a nova versão da fonte Zapfino, de Hermann Zapf, que inclui uma opção “bold”. Na sequência, Hermann Zapf e Akira Kobayashi durante os trabalhos de digitali zação da Zapfino, no estudio da Linotype Library. Abaixo, composição utilizando a fonte Samba, criada por Tony de Marco a partir das letras desenhadas pelo cartunista, caricaturista e artista gráfico J. Carlos no início do século 20


DESIGN DE TRANSPORTES Uma dica para apai xonados por car ro e ou tros meios de transporte é o livro “Design de Transportes: Arte e Função da Mobilidade”, da 2AB Editora. A obra apresenta em 200 páginas informações sobre teoria, estudo da forma, materiais, engenharia automotiva, definição e classificação dos meios de transporte, ecodesign e mercado. Atenção leitores: não esperem encontrar ilustrações, pois o texto privilegia a linguagem verbal.

BANCO TUKANO: PATRIMÔNIO CULTURAL O Instituto Socioambiental (ISA) é uma organização sem fins

Uma publicação útil, no momento em que o concurso anual de design da Volkswagen recebe cada vez mais inscrições! 2AB Editora: tel. (21) 2535-1997. www.2ab.com.br

lucrativos que assessora contatos comerciais, cujo lucro reverte para as comunidades indígenas por meio do Programa Rio Negro. Identificando mercados potenciais para produtos

PONTO DE INTERSECÇÃO DO DESIGN NACIONAL

como a cestaria Baniwa (veja ARC DESIGN 29), lança um

A Zonazero posiciona-se como uma editora de design, cuja proposta é

novo projeto, dessa vez sobre o Kumurõ, banco esculpido

fazer a interface entre designers, fornecedores de matérias-primas,

pelos índios tukanos.

indústrias e lojistas. Pretende apoiar os designers desde a produção

Os principais objetivos do projeto são a valorização do patri-

de protótipos até a distribuição dos produtos no mercado nacional e

mônio cultural dos povos indígenas, a geração de renda para

internacional; ao mesmo tempo que processa as demandas do mercado,

os artesãos indígenas e suas associações, o uso sustentá-

qualificando-as e repassando aos criadores.

vel dos recursos naturais e a formação de uma associação

Andréa Elage, sócia da Zonazero, também proprietária da loja Zona D, em

de ar tesãos que possa gerir a produção, transpor tá-la e

São Paulo, lança novos designers no mercado há 13 anos. Elage explica

coordenar as relações com os compradores. O projeto será

a diferença entre as duas empresas de nomes parecidos: “ao contrário

apresentado em São Paulo, por ocasião do lançamento do

da Zona D, a Zonazero não é uma loja, e sim uma empresa que agrega

livro que conta a história do banco Kumurõ.

sua marca a produtos de design assinado, que podem ser comerciali-

Segundo a tradição dos povos tukanos, habitantes da região

zados em diversos pontos-de-venda, tanto no Brasil como no exterior”.

do alto Rio Negro, no noroeste da Amazônia, o banco Kumurõ

Dentre as primeiras propostas, estão os objetos para escritório desen-

esculpido em quartzo foi oferecido pelo “Avô do Universo” a

volvidos pela designer paulistana Carol Gay, como o revisteiro (foto)

seus ancestrais. Sua importância origina-se da crença de

em PVC Alklear, costurado por solda eletrônica.

que o banco e outros instrumentos sagrados transmitiram

Zonazero: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 147, São Paulo.

poder ao Avô do Universo quando ele criou o mundo. Kumurõ

Tel. (11) 3088-0399. www.zona0.com.br

significa o assento do Kumu, o benzedor. Hoje, esculpido em madeira sem emendas ou encaixes, o banco “Tukano”, como é mais conhecido, possui assento em plataforma côncava com grafismos impressos com um fixador vegetal tingido por corantes naturais. Mais informações no site www.socioambiental.org ou pelo telefone (11) 3660-7949.


Salone Internazionale del Mobile / Eurocucina, Salão Internacional de Móveis para Cozinha / Eimu.2004 Work & Emotion, Exposição Internacional de Móveis para Escritório / Salone Internazionale del Complemento d’Arredo, Salão Internacional de Complementos da Decoração / SaloneSatellite - Feira de Milão, 14/19.04.04 Cosmit spa, Foro Buonaparte 65, 20121 Milano, Itália, +39/02725941 télefono, +39/0289011563 fax, e-mail info@cosmit.it, www.cosmit.it


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DESLOCAMENTOS


São Bor ja, Rio Gran de do Sul. Os pam pas, ter ra do es tan ci ei ro e do gaú cho, ho mens vai do sos, orgulhosos de sua in du men tá ria, que bor dam a bom ba cha, tran çam o cou ro do re ben que, imprimem de se nhos na pra ta da co lher e na ca ba ça de suas in se pa rá veis cui as de chi mar rão

Da Redação / Fotos Fabio Del Re Renato Imbroisi aventura-se pela primeira vez na fronteira

fronteira, valentes e “despachadas”, as bordadeiras, cujo

do Brasil com a Argentina e descobre um universo ainda

ofício vinha se diluindo, perdendo prestígio e qualidade.

estranho aos habitantes do “norte”, o das tradições gaúchas.

Ali ainda mora a costureira de Getúlio Vargas, que até hoje

É bem verdade que o Rio Grande do Sul já foi separatista

usa um seu casaco, e outras, que foram se agrupando,

e que, principalmente nas regiões da fronteira, a influência

atendendo ao chamado.

castelhana é maior do que a brasileira. Mas ainda é Brasil.

Renato Imbroisi é a mais sábia mão – ou cabeça – no ofício e

A convite da prefeitura de São Borja e da Associação

no esforço de recuperação do artesanato brasileiro: mão

Comercial da cidade, com a parceria do Sebrae-RS , Imbroisi

forte, sensibilidade certeira, e a marca da qualidade vem

começa sua pesquisa sobre o bordado das bombachas e

impressa. Mas seu trabalho de “tradutor” só começa

sobre as referências que a este se somam. Um fazer meticu-

depois de horas de conversa fiada, de ouvir os casos, de

loso, delicado, observando cada detalhe, das grades de ferro

tomar chimarrão ou comer pão de queijo, dependendo da

das casas ao penteado das mulheres e meninas. O tecido, o

região, de saber as histórias de família, o passado e o pre-

couro trançado, o “pelego”, ou pele de carneiro, valorizados

sente das pessoas com as quais trabalhará.

para formar um quadro dessa cultura tão pouco familiar a

É assim que se criam, pacientemente, os novos repertórios

quem vinha recriando o artesanato em Minas Gerais.

de objetos e de recursos que vão formando um grande

Estabelece-se uma nova intimidade com as mulheres da

painel, o da raiz cultural brasileira. ❉

No alto das duas páginas, as referências para o trabalho de transposição do bordado em colméia, próprio das bombachas; da esquerda para a direita: a bombacha, o laço em couro trançado, a sanfona, a cinta de couro tramado, a cuia de chimarrão e o penteado das moças em dias de festa. Abaixo, da esquerda para a direita, alguns pontos de bordado tradicionais: ponto Lichiguana (nome de uma espécie de abelha), feito à máquina; ponto Abelha, também à máquina; cachecol Favo, em crochê; tecido totalmente em crochê, com aplicações de favos, também em crochê. Todos os tecidos são em 100% algodão e podem se transformar em almofadas, colchas de cama, echarpes ou cortinas. Na página ao lado, tecido de cambraia de algodão com bordados em colméia

Saiba mais: www.renatoimbroisi.com.br


DESIGN BRASIL 2000 + 3 Há quase seis anos, publicamos resenhas sobre o design brasileiro. Parece-nos que já é tempo de colocarmos algumas perguntas para as quais não encontramos respostas. Surgiram novos nomes no design? Eles vieram das escolas? O projeto, industrial ou não, evoluiu? Pode-se perceber os rumos que norteiam o design no Brasil? Mercado e profissionais especificadores exercem alguma influência na decisão projetual?

Maria Helena Estrada

Orro e Chris ten sen é uma das pou cas em presas do Bra sil que traba lha ape nas com ma dei ra cer ti fi ca da. Sua nova co le ção in clui a cadei ra Fle xa (aci ma), de Car los Mot ta, com es tru tu ra em Lyptus e assen to/en cos to em tran ça do de couro. No pé da pá gi na ao lado, espre gui ça dei ra 2, design An dré Marx, também, para a Orro & Chris ten sen. Por sua pre o cu pa ção com o uso da ma dei ra re ce beu em 1999 o Selo FSC, Fo rest Ste wars hip Coun cil. À di rei ta, na li nha Con go, mesa de cen tro com di ver sas op çõ es de aca ba men to. Es tru tu ra em ma dei ra ma ci ça e re bai xo do tam po reves ti do em cou ro ou ma dei ra. À ven da na Ar re da men to

20 ARC DESIGN


Tentando responder a algu-

Somente agora, no Brasil, co-

mas questões que me foram

meça a vingar o pensamento

propostas sobre quais seriam as raízes do design no Brasil,

de Lina Bo no que se refere à valorização da cultura brasileira.

deparei com duas realidades: a primeira fala de uma

Em seu livro “O Design no Impasse”, lemos: “Nem

história fragmentada, interrompida a cada década, de

todas as culturas são ricas, nem todas são herdeiras

seus diversos momentos de ruptura, sendo impossível

diretas de grandes sedimentações. Escavar profunda-

encontrar uma raiz, ou mesmo um mínimo processo de

mente em uma civilização, a mais simples, chegar às

sedimentação que narre a evolução do design em

suas raízes populares, é entender a história de um país.

nosso país. A segunda constatação é que, finalmente,

E um país em cuja base há a cultura do povo, é um país

começamos a olhar para nossa cultura popular, para

de grandes possibilidades”.

nossos fazeres e saberes, traduzindo-os em um voca-

Hoje, graças ao trabalho de alguns designers e ao grande

bulário contemporâneo, utilizando-o na criação de um

mapeamento realizado pelo Sebrae, principalmente,

repertório local.

podemos começar a percorrer os caminhos da cultura

Pesquisando, reencontrei Lina Bo Bardi e suas idéias

e do artesanato popular, valorizando os velhos “artefatos

de 40 anos atrás, tão combatidas em tempos de ditadu-

para a sobrevivência”. A cultura popular, nesse novo

ra. Dizia-se, naquela época, nas esferas oficiais, que

momento, perpassa, impregnando, o design brasileiro,

cultura popular era coisa de comunista, subversão pura.

sobretudo aquele destinado à casa.

“O design e a arquitetura de um país, quando baseados no nada, são nada”, escrevia Lina Bo Bardi, nos anos de 1950.

A Marcenaria Trancoso, da Bahia, entrou no mercado paulistano trazendo uma coleção coerente, na qual predominam produtos ar tesanais, originais e de ótima qualidade física. No alto da página, pratos pinta dos de Sil via Me coz zi, quei ma dos pelo siste ma de fogo for te a 1.300 graus. Podem ser lavados na máquina e utili zados no microondas. No centro da página, fru tei ra em fi bra de vi dro, design Flavio Ver di ni, à ven da na Zona D e na Be ne dixt. Aci ma, design Lina Bo Bar di com a co la bo ra ção de Mar ce lo Fer raz e Mar ce lo Su zu ki, a fa mo sa ca dei ra Gi ra fa, de 1987, um dos úl ti mos pro je tos da ar qui te ta, que nessa épo ca desa cre di tava do design que, se gun do ela, “ser via ape nas aos ide ais bur gue ses”. Pro du zi da em pi nho-dopa ra ná, é em pi lhá vel de três em três. Co le ção Mar ce na ria Ba raú na

21 ARC DESIGN


Foto Calazans Estúdio

Aci ma, da es quer da para a di reita, lu mi ná ria Bu cha, design Thais Stoc klos, uti li zan do bu cha na tu ral e manguei ra de luz, que atravessa os con du tos natu rais da bu cha. Um pro du to da L+T Design, nas co res ama re la, ver me lha ou bran ca. Na se quên cia, sé rie Re flex, design Baba Va ca ro para a Do mi ni ci; lumi ná ria de teto ou mesa, é pro du zi da com fil me re fle ti vo mi cro pris má ti co, fle xí vel, sol da do ele tro ni ca men te. O po der re fle ti vo des te fil me é 250% mai or que o de ou tros ma te riais re fle ti vos, como mi cro es fe ras de vi dro, o que ga ran te o efei to óti co de mul ti pli ca ção da fon te lu mi no sa. Base em aço ino xi dá vel. Utilizam lâm pa da in can des cen te cla ra até 100 watts ou até 40 watts, nas ver sõ es teto e mesa, res pec ti va men te

À direita, Think Pink, pren de dor de rou pas pre mia do na fei ra Ma cef, Milão, à ven da na Casa da Alessa, estú dio da cria do ra do site www.think pink.com.br. As desig ners Mar ce la de Al bu quer que e Ta cia na de Abreu e Sil va (veja ARC DE SIGN 28) “ban ca ram” o mol de com o di nhei ro do prê mio e os tes tes, a produção e a distribuição ficaram a cargo da Plas vale, indústria de plásticos. Pa ra béns à in dús tria! Abai xo, pol tro na Jo ker, design Cé lio Te o do ri co. Em po li e ti le no mol da do com sis te ma de ilu mi na ção in ter na, in cor po ra a lu mi no si da de de uma lâm pa da flu o res cen te bi volt. Prê mio Design Mu seu da Casa Bra si lei ra em 2002, à ven da na Tok & Stok

Acima, cadeira Cantù, design Sérgio Rodrigues, 1958, reeditada pela Dpot. Estrutura em paumarfim nas cores castanha ou preta, assento revestido em tecido ou couro

22 ARC DESIGN


Aci ma, ban cos G e P e lu mi ná ria Po ro ro ca , pro je tos de Flá via Pa got ti Sil va e Flá vio Ver di ni, que par tem de um mes mo prin cí pio e unem dois pro du tos di fe ren cia dos e duas for mas di ver sas de cria ção. Os ban cos G e P têm ar cos me tá li cos in ter nos e tubo de lycra re moví vel, mu dan do de con figu ra ção com o uso; mul ti u so, são ban co, mesa la te ral, por ta-coi sas, por ta-brin que dos ou cesto de rou pa suja. A lu mi ná ria Po ro ro ca uti li za lâm pa da fria, tem base ar ti cu la da e capa de lycra, in ter cam bi á vel, po den do assu mir di ver sos forma tos. Exemplos da pes qui sa ra ci o nal de Flá via Pa got ti e do mé to do in tu i ti vo de Ver di ni

À di reita, TES, ter mi nal emissor de se nha para vá ri os ser vi ços. Possui ga bi ne te em cha pa de aço, pai nel em po li car bo na to e te clas em plás ti co ABS; de sign de Ed son Dan ta Dias para a Itau tec

Aci ma, lustre Ex plo são, da desig ner gaú cha Ilse Lang, para a nova loja Be ne dixt. Pro du zida com pas ti lhas de chi fre de boi, fi na men te la mi na das, e fios de aço inox. Uti li za lâm pa da ha ló ge na de 250 watts À di rei ta e abai xo, lu mi ná ria San fo na, de sig n Te re za San des, de Goi â nia. Pro du zi da com o san fo na do uti li za do para a passa gem do ar em sis te mas de ar con di ci o na do; di â me tro de 8 a 29 cm, ex ten são até 4 me tros. A luz é a das man guei ras lu mi no sas

23 ARC DESIGN


Fotos Iris Roberto da Silva

Aci ma, ban co e ta pe te Kom bi, design Clau dia Du cat ti. Ta pe te em nylon com pla cas de bor ra cha, sofá em cou ro. Brin ca dei ra que re me te a ve lhas idéias, como o en costo do brá vel e a uti li za ção de pe ças de au to mó vel. Vale como idéia, ain da não desen vol vida, pelo desejo de fugir da mes mi ce

Acima, ca dei ra Aço Cou ro, design Pe dro Use che, faz par te de uma co le ção que in clui di versas ti po lo gias, como a banqueta alta, a pequena poltrona e a cadeira de espaldar alto, além de uma cadeira de balanço. Estrutura em aço mola com acabamento em pintura eletrostática, assento e encosto em couro sola. À venda na Dpot

Acima, mesa Mediterrânea e módulo Listrado, em madeira com resina. Design Daniela Ktenas para a Conceito: Firma Casa. Na Ofi ci na Têx til, Por to Ale gre, en con tra mos as pe ças de Cho Dor ne les (à esquerda), em “pa pi er ma ché”, com um tra ba lho que sub ver te as re gras dessa téc ni ca e se apresenta com co res e tex tu ras da ce râ mi ca

24 ARC DESIGN


Foto Pierre Yves Refalo

À di rei ta, lu mi ná ria de mesa Tri ple Argo la, design Isa de Pau la San tos, à ven da na Mar co 500. Es tru tu ra e argo las em alu mí nio com re ba te dor de luz em po li es ti re no. Abaixo, ca dei ra Cé lia, design Fer nan do e Hum ber to Cam pa na, faz par te da li nha de sala de jan tar. Pro du zi da em OSB Masisa mo di fi ca do pe los desig ners. À ven da na Dpot

Fotos Carlos Guerreiro

Acima, à esquerda, fruteira Ivi longa, em aço inox e vidro, da Kiokawa Design. Na sequência, Garrafa Térmica, design Gisele Lei va e Daniel Taino; novo conceito de garrafa térmica, descontraída e alegre, que foge ao estereótipo dessa tipologia. “Um objeto lúdico que possibilita a interati vidade e o relaci o na mento mais ínti mo com o usu á rio.” Cor po e su por te da gar ra fa em po li pro pi le no, al ças em PVC cristal fle xí vel, bul bo de vidro em for ma to de gota

25 ARC DESIGN


Fernando Risério, em seu livro “Avant Garde na Bahia”,

das bombachas gaúchas. E, em todo o Brasil, há muito

escreve: “A contaminação recíproca entre o artesanato e o

mais, cada vez mais.

design provoca uma reação – ‘transfaz-se’. O olhar que

As novas gerações formadas pelas escolas de design,

olhava o outro retorna transfigurado para incidir em cheio

no entanto, ainda parecem alheias a esse novo “ingre-

sobre o mesmo (...) e é nessa contaminação que vamos fla-

diente” cultural.

grar toda a riqueza – diálogo e dialética – de um encontro”.

No que diz respeito às escolas de design de produtos

Alguns designers brasileiros já intuíram essa nova

– quando nos perguntamos sobre os objetivos a que se

vertente no design: no projeto para a casa, os pioneiros

destinam os currículos das escolas de design no Brasil –,

Fernando e Humberto Campana; o Rio Grande do Sul,

vale lembrar que durante o Salão do Móvel de Milão, na

que sempre pareceu tão distanciado do Brasil, nos dá

Itália, acontece a cada ano o seminário Designing

bons exemplos de recuperação e transposição do arte-

Designers (desenhando os designers), o qual reúne

sanato tradicional – em Porto Alegre, reelaboram-se as

professores e designers de todo o mundo para discutir

tradições dos imigrantes italianos e alemães com um

e compreender que formação deverá ter o profissional

trabalho estimulado pelo Ateliê de Tecelagem de Maria

desta área, que se torna a cada dia mais complexa. São

Rita e, ainda, “transfaz-se”, pelo olhar de Heloisa Crocco,

discussões periódicas, úteis e necessárias para definir

o velho banquinho de madeira; também no Sul, na região

currículos, em todo o mundo. (Mais informações:

da fronteira, Renato Imbroisi “viaja” a partir do bordado

www.cosmit.it, link “events”)

CRÉDITOS DESIGN BRASIL 2000 + 3

26 ARC DESIGN

Arredamento Tel.: (11) 3062-1188 www.arredamento.com.br

Cláudia Ducatti Tel.: (62) 242-0805 / 278-3614 casamix@brturbo.com

Benedixt Tel.: (11) 3086-0782 benedixt@uol.com.br

Dominici Tel.: (11) 3064-1110 www.dominici.com.br

Casa da Alessa Tel.: (21) 2287-9939 www.alessa.com.br

Dpot Tel.: (11) 3082-9513 www.dpot.com.br

Itautec Philco S.A. SAC 0800-121444 edsdanta-cpt@itautec.com.br www.itautec.com.br

Marco 500 Tel.: (11) 3662-5530 marco500@marco500.com.br

Cho Dorneles Tel: (51) 9118-4163 chodorneles@hotmail.com

Flávia Pagotti Silva Tel.: (11) 3758-5553 flaviapsilva@hotmail.com

Kiokawa Design Tel.: (11) 4067-7766 www.kiokawa.com.br

Orro & Christensen Tel.: (11) 3043-9930 – Shopping D&D www.orrochristensen.com.br

Flávio Verdini verdini@terra.com.br Gisele Leiva e Daniel Taino Tel.: (11) 3107-4331 www.ivitrii.cjb.net

Marcenaria Baraúna Tel.: (11) 3813-3972 www.barauna.com.br Marcenaria Trancoso Tel.: (11) 3816-1298 www.marcenariatrancoso.com.br


Por outro lado, é crescente o número de lojas que

Não será este o momento – quando as culturas emer-

pesquisam, que procuram o design brasileiro, onde quer

gentes são tão necessárias ao design europeu – de

que ele se encontre. Nunca se viram tantos produtos

romper o círculo vicioso do “não temos” – possibilidade

brasileiros à venda – de maior ou menor qualidade –,

de trabalhar com novas matérias-primas, tecnologia,

sejam eles industriais, sejam artesanais ou já elaborados

incentivo, preparo ...?

na linguagem do novo artesanato.

Nós, para quem a matéria-prima é a palavra, diríamos aos

Já é evidente que um novo “gosto” se faz presente. As

designers que – assim como para quem escreve – o ato

escolas de pós-graduação em design de interiores,

criativo envolve sempre um projeto, uma idéia inovado-

como a do Senac, por exemplo, formando especificado-

ra, uma intuição ou um pensamento, um conceito que

res que agem como interface entre o mercado e o pú-

será o próprio início desse projeto. É também necessá-

blico, passam a exigir, além de coerência e da qualida-

rio tocar a matéria – assim como nós, profissionais da

de, maior aderência – em nossas casas ou outros espa-

escrita, “tocamos” a palavra –, conhecê-la, experimentan-

ços – ao país e à época em que vivemos.

do todo o seu potencial, descartando aquelas que já foram

Mas exemplos de produtos excelentes ainda são pou-

muito usadas, escolhendo a única expressão justa, sem

cos. Salvo as exceções de regra, nossa produção é quase

sinônimos, que seja capaz de traduzir o nosso pensa-

sempre banal e pouco corajosa e ainda lhe falta o valor

mento, o nosso projeto.

maior no design contemporâneo – inovação.

Não é um método infalível... mas costuma funcionar! ❉

À di rei ta, li xei ra Pata, em plás ti co, usa da em áre as pú bli cas para co le ta de ma te riais re ci clá veis. Pro je to de Ma ria Ca ro li na Me dei ros, for ma da em Dese nho In dus trial em 2002 pela Fa cul da de de Arqui te tu ra, Ar tes e Co mu ni ca ção da Unesp, Bau ru, SP. Na pá gi na ao lado, à es quer da, pla ta for ma de ár vo re para ob ser va ção da na tu re za. Uma fi na li da de prá ti ca: dar se gu ran ça a quem tra ba lha com ma ne jo flo res tal ou ou tro; uma fi na li da de pra ze ro sa, para uso em qual quer mo men to. Uti li za per fis de fi bra de vi dro pul tru da do e pesa apenas 11 kg. Projeto de Alexandre Cardoso Canella, da Uni versidade Tuiuti, Curitiba, PR. Na sequência, bol sas Cni dá rias, pro je to de Ju lia na Ber to li ni da Uni ver si da de Mac ken zie, São Pau lo. Em plás ti co e lycra, com diver sas va rian tes, sen do cada uma com fi na li da de es pe cí fi ca. Fo ram ins pi ra das nas for mas dos cni dá ri os, ani mais aquá ti cos (me du sa e água-viva)

Abaixo, óculos Hai, em policarbonato, inspirado na figura do tubarão (hai, em alemão) e têm como inovação o não-apoio na superfície nasal: este apoio se dá na parte posterior da cabeça e nas orelhas. Design Katia Minoreli, estudante do 5º semestre da Escola de Belas Artes, São Paulo

Pedro Useche Tel.: (11) 5182-3999 www.useche.com.br

Tok & Stok SAC: 0800 70 10 161 www.tokstok.com.br

Renato Imbroisi Tel.: (11) 3825-6399 renatoimbroisi@terra.com.br

Zona D Tel.: (11) 3085-6588 www.zonad.com.br

Thais Stocklos – Espaço LT Design Tel.: (11) 3675-8587 www.espacoltdesign.com.br

ESCOLAS:

Tereza Sandes Tel: (62) 224-8755 terezasandes@yahoo.com.br

Centro Universitário Belas Artes de São Paulo Tel.: (11) 5576-7300 apsdesign@uol.com.br www.belasartes.com.br

UNESP Universidade Estadual Paulista Tel.: (14) 221-6054 www.unesp.com.br Universidade Presbiteriana Mackenzie Tel.: (11) 3236-8634 www.mackenzie.com.br Universidade Tuiuti do Paraná Tel.: (41) 329-4534 lab.design@utp.br www.utp.br

27 ARC DESIGN


Ao lado, ca bides Mos quito, design Edi son Ba ro ne: além de for ne cerem su por te ade qua do às rou pas, si mi lar aos ca bides de abas largas já existentes, possuem um es pa ço para cintos ou grava tas; seu pro je to ra ci o na li za o uso do plásti co (po li esti re no in je ta do), resul tan do em um pro du to mais leve e ba ra to do que os já dis po ní veis no mer ca do. Pro du zidos pela Re plas mac, de Ame ri ca na, (SP), e co mer cia li za dos pela Tok & Stok. No pé da página, poltrona Pelicano, design Michel Arnoult: estrutura em eucalipto maciço (de reflorestamento); assento e encosto em lona de algodão. A fa bri ca ção sim ples per mite bai xo custo; des montá vel, pesa ape nas 9 kg

XVII PRÊMIO DESIGN MUSEU DA CASA BRASILEIRA

DE MÃOS DADAS COM A INDÚSTRIA Winnie Bastian O design está tomando corpo na produção industrial brasileira. Esta é a forte impressão que tivemos ao ver o resultado do último Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, o principal do gênero no país, agora em seu 17º ano. Após uma edição fraca em produtos industriais, observamos a volta dos produtos desenvolvidos para a produção mais variada, praticamente o dobro em relação a 2002. Coincidência ou não, nossos designers estão ousando utilizar outros materiais, além da madeira: polipropileno, poliestireno, PVC rígido e flexível, aço, alumínio, EVA,

Foto Andrés Otero

santoprene, lycra, cordura, resíduos de couro e outros. A alta qualidade de fabricação de quase todos os produtos finalistas também chama a atenção, assim como a qualidade formal e conceitual de grande parte das propostas. Nesta edição, o prêmio ultrapassa os limites do eixo Rio–São Paulo, tendo produtos selecionados também do 28 ARC DESIGN


Fotos Andrés Otero

O XVII Prêmio Design Museu da Casa Brasileira retoma a parceria com a indústria e traz resultados consistentes, com produtos bem resolvidos, tanto do ponto de vista formal quanto funcional

Rio Grande do Sul, de Goiânia e da Bahia. Um bom resultado, que tende a se intensificar no próximo ano, segundo a nova diretora do Museu, Adélia Borges: “A idéia é que o prêmio espelhe a diversidade do Brasil. E queremos intensificar isso mais ainda no próximo ano, por meio de uma divulgação mais eficiente” (veja box no fim da matéria). Outro aspecto particular é a presença de profissionais no concurso. Este ano nenhum produto – premiado ou não – selecionado para a exposição foi apresentado por estudantes. Alguns dos fatores que certamente contribuíram para essa nova realidade foram o surgimento e o fortalecimento de prêmios voltados especificamente aos estudantes, como o Concurso Masisa de Design, surgido em 2002. Nesses, suas possibilidades de classificação aumentam, pois seus protótipos não terão de competir

No alto da pá gi na, Jac que li ne Ter pins passa do vi dro à ce râ mi ca: ma te riais di versos, mes ma qua lida de pro je tual. Ui é uma co le ção de pe ças para a mesa – xí ca ras, pra tos e tige las – que têm como tô ni ca o “en cai xe/desen cai xe, sur presa, brin ca dei ra de es con de-apa re ce”. À ven da no estú dio da desig ner. Aci ma e à es quer da, res pec ti va mente, ban qui nhos cai pi ras e xí ca ra da Co le ção São João, design He loi sa Croc co para a Tok & Stok. Desta que para a pes qui sa desen vol vida pela desig ner, que en fo ca o re per tó rio bra si lei ro das festas ju ni nas a par tir do ban qui nho cai pi ra

29 ARC DESIGN


Foto Joel Jordani

Acima, cadeira Levita, design Manuel Bandeira, de Sal vador (BA): estrutura com molejo, em aço inox; encosto e assento em cordura (tecido fabricado pela DuPont). Na sequência, Mo Bo Ma, cadeira empilhável para áreas externas: estrutura em alumínio e encosto em per cintas de látex, design Alain Blatché para a Saccaro. Ao lado e abai xo, por tatre cos Bu ra co Ne gro, de sign Mar cio Gia nel li, Le o nar do Car do so, Flavio Di Sar no, Pa blo Ca sas e Da ni el Are nas (Nó Design). Com es tru tu ra cir cu lar em aço mola e re ves ti men to em Lycra e Tac tel, pode ser com pac ta do e ar ma ze na do em uma pe que na bol sa

com produtos acabados, já em produção e, muitas vezes, aperfeiçoados durante o processo industrial. Além disso, houve intensa divulgação junto aos profissionais, que agora parecem estar mais dispostos a competir para ter a qualidade de seu design reconhecida pelo “selo” MCB. “Muitos designers já premiados voltaram. Esta edição atraiu grandes nomes, a começar por Michel Arnoult. A intenção é utilizar o prêmio para o reconhecimento da excelência no design de produto”, afirma Adélia Borges. Entre os premiados, destaque para a pol-

Foto Ioran Finguermam

trona Pelicano (simples, funcional e com uso racional da madeira), o mancebo Clip (solução inovadora, com grande capacidade de compactação), o cabide Mosquito (além do uso otimizado, barateia custos


Foto Kico Freire

Ao lado, man ce bo com pac tá vel Clip, em aço com pin tu ra epó xi, design Ca mi la Fix. Três has tes idên ti cas são li ga das a um eixo cen tral trian gu lar, que per mi te a ro ta ção e o trava mento das mes mas; cada haste é fi xa da em uma face do tri ângu lo, gi ran do pa ra le la mente a esta para aber tu ra e fe cha men to. Abai xo, mesa 2ku kos, design Su per li mão Stu dio: tam po em vi dro e es tru tu ra em pa pe lão on du la do re vestido com PVC ex pan dido. Assim como os pu fes Miss Gana (p. 33) e Ban co 41 (p. 32), é um exem plo da “es co la Cam pa na”

Acima, mesa lateral Oscar, em MDF lamina do, design Beto Sal vi e Tut ti Giorgi, de Por to Ale gre, para a Dpot. À direita, espreguiçadeira de jardim Anelí deos, em EVA com estrutura de alumínio; uma boa idéia, um tanto “over sized”, ganha em escala e ressalta sua plasticidade em espaços externos muito amplos. Design Eulália Anselmo

31 ARC DESIGN


Aci ma, à es quer da, li nha Ma lo te Flux, design Fre de ri co Gel li, Bru no Vers chleisser e Fá bio Gas par (Tá til Design). Na sequência, mesa Pé de Chi ne lo, design Ro dri go Ba les tra e Si mo ne Borges Oli vei ra, de Goi â nia. Abai xo, à es quer da, Ban co 41, tem no re a provei ta men to de gar ra fas PET seu prin ci pal atra ti vo: para a es tru tu ra, as gar ra fas são cor ta das e encai xa das sob pressão; para o en chi men to, são cor ta das em ti ras – o conjunto é revestido por manta de PVC transparente, com a intenção de dei xar o ma te rial à vista, re co nhe cí vel. Design Lu cia na Al ves de Aze ve do

de ferramental e utiliza menos plástico do que os cabides comuns), o lavatório Slim (une pia e bancada em uma só peça), a luminária Giro (versatilidade e sofisticação no uso do spot) e o “tecido” Construk (propõe um novo sistema para a construção do tecido, otimizando seu tempo de produção). Entre os não-premiados, destacamos o porta-trecos Buraco Negro (solução divertida e uso inteligente do material, aproveitando sua propriedade elástica) e as xícaras Ui (lúdicas, o elemento-surpresa aparece à medida que se esvaziam). O resultado do XVII Prêmio Museu da Casa Brasileira

Foto Arnaldo Degasperi da Cunha

de Design nos mostra a crescente conscientização dos designers brasileiros diante do projeto: não se trata simplesmente de dar boa aparência a produtos banais, mas de investir em novas propostas, que incentivem mudanças de comportamento e proporcionem melhor qualidade de vida a seus usuários. Aguardamos a próxima edição... i­


Foto Kako Hubner Foto Andrés Otero Foto Kako Hubner

Aci ma e ao lado, três pro du tos que uti li zam resí du os in dus triais como ma té ria-pri ma. No alto, à es quer da, pro je to Cons truk, design Fer nan da Vi ta le: pro põe o uso de en cai xes, agi li zan do a pro du ção do te ci do, fei to com re ta lhos de cou ro. Na se quên cia, pufe Miss Gana, pro du zi do a par tir de ti ras de EVA; design Ka rin Witt mann Wils mann, de Dois Ir mãos (RS). Ao lado, Pano Gueto, também de Karin Wilsmann: produzido com restos de couro, aproveita a mão-de-obra e a técnica disponíveis na Região Sul

Aci ma, ca dei ra Mimo, design Tho maz Ri bei ro Bon di o li. Assento e encosto em EVA com bi nam duas co res, per mitin do di versas versões; estru tu ra em aço. O en costo possui so mente a al tu ra ne cessá ria para dar su por te a uma boa postu ra. À es quer da, lu mi ná ria Lu mi ná, design Flavio Ver di ni, a par tir de lixei ra cria da pela Ber tussi Dese nho In dus trial para a Mar ti plast: em po li pro pi le no, uti li za lâm pa da de luz fria

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Foto Paulo Santos da Silva

SEM CARTAZ Em 2003, o Museu da Casa Brasileira não promoveu concurso de cartaz para divulgar o Prêmio Design. A decisão, segundo Adélia Borges (que assumiu a diretoria do Museu em maio deste ano), foi tomada porque não seria possível realizar o concurso com o padrão mínimo de qualidade que ele requer, devido ao pouco tempo disponível. A diretoria do Museu planeja, para 2004, um concurso maior, para toda a identidade visual do prêmio (edital, convite para a inauguração, cartaz, banner e peças promocionais). “Este concurso No alto da pá gi na, à direita, lava tó rio Slim, em Fine Fire Clay (lou ça sa ni tá ria de bai xa de for ma ção); design Edi son Luiz Anho lon para a Deca. Na se quên cia, fo gão GE Pro fi le Di gi tal, com ti mer di gi tal cor ta-gás (no detalhe); design Mar co An to nio M. Fon se ca, Guto In dio da Cos ta, Eduar do Aze ve do e Au gus to Sei bel. Aci ma, lu mi ná ria Giro: em alu mí nio in je ta do, pode ser apli ca da em tri lho, laje, for ro de gesso ou pen den te e pos sui con tro le an ti o fus ca men to; de sign Fer nan do Prado Lo pes para a Lu mi ni. À di rei ta, spot da li nha Kro no 2003, design Iva na Rosa para a La Lam pe: em alu mí nio ex tru da do, foi desen vol vi da para ofe re cer ver sa ti li da de de usos, po den do re ce ber di ver sos acessó ri os (ca no pla, adap ta dor para tri lho, por ta-fil tros cro má ti cos)

34 ARC DESIGN

deve ser realizado em abril e não no final do processo, como acontecia até hoje, para que possamos utilizar o projeto vencedor com antecedência suficiente para uma divulgação efetiva do Prêmio Design, em suas várias etapas”, explica Adélia Borges. O lançamento do concurso está previsto para março e deverá ser anunciado no site do Museu da Casa Brasileira.

a la z a F o to C

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Foto Andrés Otero

c ia Fo to Le tí

To sc a n o

R e m iã o

Acima, va rais para cal ci nhas Se qui nha, design Ma nu el Ban dei ra (Ul tra design); em cha pa de po li pro pi le no com ven to sas para fi xa ção, per mi tem a se ca gem de até três pe ças por vez. Na sequência, tapetes multiuso em PVC flexível injetado, design Walter Bahcivanji para a Coza. À direita, Arco de Ser ra 145, em alu mí nio in je ta do com pin tu ra epó xi e in je ção de san to pre ne na re gião da pega; design Sid ney Ruf ca para a Star rett. No pé da página, ventilador pulmonar Inter Plus VAPS/GMX, design Levi Girardi. Para uso neonatal, pediátrico e adulto

A ex po si ção do XVII Prê mio De sign acon te ce até 07 de de zem bro no Mu seu da Casa Bra si lei ra: Av. Brig. Fa ria Lima, 2.705, São Pau lo. www.mcb.sp.gov.br MOBILIÁRIO 1º Lugar: poltrona Pelicano, design Michel Arnoult. 2º Lugar: cadeira Levita, design Manuel Bandeira. Menções Honrosas: mancebo Clip, design Camila Fix, e coleção São João, design Heloisa Crocco para a Tok & Stok. Prê mio Pro tó ti po para Mo bi li á rio: cadeira Mimo, design Thomaz Ribeiro Bondioli. UTENSÍLIOS 1º Lugar: varal de roupas íntimas Sequinha, design Manuel Bandeira. 2º Lugar: cabide Mosquito, design Edison Barone para a Tok & Stok. Menções Honrosas: Jogo de Mesa, design Márcia Cirne Lima; linha Malote Flux, design Bruno Verschleisser, Fábio Gaspar e Frederico Gelli (Tátil Design). TÊXTEIS E REVESTIMENTOS 1º Lugar: Pano Gueto, design Karin Wittmann Wilsmann. 2º Lugar: projeto Construk, design Fernanda Vitale.

ILUMINAÇÃO 1º Lugar: luminária Giro, design Fernando Prado Lopes para a Lumini. 2º Lugar: linha Krono 2003, design Ivana Rosa para a La Lampe. EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS 1º Lugar: ventilador pulmonar Inter Plus VAPS/GMX, design Levi Girardi para a Intermed. 2º Lugar: fogão GE Profile Digital, design Marco Antonio M. Fonseca, Guto Indio da Costa, Eduardo Azevedo e Augusto Seibel para a General Eletrics. EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO 1º Lugar: lavatório Slim, design Edison Luiz Anholon para a Deca. 2º Lugar: Arco de Serra 145, design Sidney Rufca para a Starrett. Prêmio Protótipo para Equipamentos de Cons tru ção: pai néis acús ti cos Silence, de Flávia Riccó para a Riccó. ENSAIOS CRÍTICOS 1º Lugar: “O Móvel na Casa Popular Brasileira”, de Rosana Rita Folz. 2º Lugar: “Design: o Saber e a Gramática”, de João de Souza.

35 ARC DESIGN


Foto Daniel Katz

Abai xo e ao lado, dois pro du tos que ex plo ram ba si ca men te a mes ma idéia: uma es tru tu ra em “X”, que pode re ce ber di fe ren tes com ple men tos. Abai xo, mó vel X, design Clé cio Ro que Zei tha mer (Cu ri ti ba – PR): es tru tu ra em MDF e cubo em OSB. À di rei ta, Xis, design Wil son Gar be li ni Fi lho (Cam bé – PR): es tru tu ra em OSB tin gi do na cor ta ba co e com ple men tos (ni cho, mó du lo com por ta ou duas gave tas) em MDF com aca ba men to po li u re tâ ni co na cor bran ca

Abaixo, Tangerine: um mesmo per fil de MDF repete-se em tor no de um eixo central imaginário, formando um conjunto que é ancorado por dois discos centrais tor neados (o “assento” do banco e o “tampo” da mesa); design Marcos Kunker (Blumenau – SC)

CONCURSO DE DESIGN MASISA

DESIGN & INDÚSTRIA


Fotos Daniel Katz

O Concurso de Design Masisa chega à sua segunda edição com muito maior abrangência e repercussão. Além do Brasil, participam estudantes da Argentina, do Chile, do Equador, do México e do Peru. O julgamento final será realizado em Milão

Da Redação A empresa Masisa e seu diretor, Italo Rossi, começaram a aparecer no cenário brasileiro, vindos do Chile, com ações rápidas, úteis e diretas, apoiando e patrocinando não apenas eventos de qualidade, em Curitiba e em São Paulo, como se interessando pelas atividades acadêmicas e também as do Centro de Design do Paraná. Atitude pouco usual entre os empresários brasileiros, a empresa torna-se, em pouco tempo, também promotora do design, instituindo um concurso para estudantes que, em sua segunda edição, expandirá os limites do design da América Latina até o famoso Salão Satélite, evento milanês dedicado ao jovem profissional ou estudante. Será durante o Salão do Móvel de 2004 o julgamento final do Concurso Masisa. Mas estimular o design sem a contrapartida da indústria de nada serviria. O grande mérito desse concurso – que

No alto da página, módulos Favo, design Caroline Ribeiro e Lucas Cuer vo de Aze ve do Mou ra (Por to Ale gre – RS). Em MDF (com es tru tu ra va za da) ou OSB, po dem ser uti li za dos iso la da men te (como ban co ou ban de ja) ou agru pa dos (mesas, es tan tes ou ba ses de mesa) pelo sis te ma de en cai xes em bor ra cha dos do tipo ma cho-fê mea lo ca li za dos na base de cada mó du lo. Acima, mesa Trama, design Cristian Fer nandes Vargas (Santa Maria – RS): em MDF cur va do, sua monta gem é feita por meio de pi nos, dis pen san do co las e pa ra fu sos

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Aci ma, ber ço re gu lá vel, design Eu ri co Fer nan des Figuei re do Neto (Belo Ho ri zonte – MG). Dis pen sa o uso de pa ra fu sos ou fer ra mentas, fa ci litan do e re du zin do o tem po da tro ca de al tu ra do es tra do (três op çõ es); o re cor te com ple xo das la te rais tira pro vei to da fa ci li da de de usi na gem do MDF. Abai xo, mesa Tra ma, de sign Pau lo Alas Ros si (São Pau lo – SP): for ma da por ape nas qua tro ti pos de per fil, vi a bi li za a pro du ção in dus tri al e ra ci o na li za o uso e cor te das cha pas de MDF. Mon ta da com sis te ma sim ples de en cai xe, que dis pen sa o uso de cola, cavi lhas ou pa ra fu sos

promete repetir-se e crescer a cada ano – é a oportunidade de propiciar aos jovens futuros designers a prova dos nove, o “chão de fábrica”, e à indústria moveleira o envolvimento necessário para comprovar que o projetista pode, sim, ser portador de qualidade e gerar lucro para as empresas. A especificidade do Concurso Masisa – talvez mesmo a razão da boa resposta encontrada nos projetos – é a limitação quanto ao material. O estudante, precisando ater-se a um material predeterminado – no caso o MDF e o OSB –, tem a possibilidade de aprofundar seu conhecimento e de pensar em um produto adequado em relação à matéria-prima escolhida. O que já é um passo positivo em direção à qualidade do projeto. ❉

38 ARC DESIGN


À di reita, mesa Jar dim Sus pen so, design Ri car do Augusto Al ba nese (São Pau lo – SP). Em MDF e va sos em PET pré-for ma do, aproveita o cor te cen tral do tam po como su por te para re vis tas

Foto Daniel Katz

Aci ma, ban qui nho San du í che, de sign Ma ri a na Atem Sas sa mo ri e Enó lia Mu nhoz da Cu nha (Cu ri ti ba – PR): pla cas su pe ri or e in fe ri or em MDF; gave ta em OSB; al mo fa das em es pu ma e flo cos de si li co ne. Abai xo, Du bix, sis te ma de mo bi li á rio in fan til pré-es co lar, que per mi te di ver sas op çõ es de ar ran jo en tre as me sas, con for me a ati vi da de a ser de sen vol vi da. Lú di co, as so cia as di ver sas con fi gu ra çõ es as su mi das a bi chos – como a cen to péia, a jo a ni nha e a bor bo le ta – e a for mas ge o mé tri cas. De sign Ana Ca ro li na Ca ne zim Ro dri gues (São Pau lo – SP)

39 ARC DESIGN


DEMOCRATIZANDO O DESIGN Modelo de sucesso no ramo da decoração, a Tok & Stok completa 25 anos seguindo a fórmula design + preço acessível + variedade + pronta-entrega

Foto Cibele Cipola

Da Redação

40 ARC DESIGN

Vinte e quatro lojas, 600 fornecedores, 8 mil itens no

Arnoult, irmãos Campana, Guilherme Bender, Marcelo

catálogo, 8 designers em seu departamento de desen-

Rosenbaum e Heloisa Crocco, para citar nomes já

volvimento de produtos, 12 perfis de público, 1.500

famosos. Há ainda um bom número de jovens designers

funcionários: esta é a Tok & Stok. E mais: soluções

de todo o Brasil, selecionados por uma equipe interna.

rápidas e práticas, qualidade e design com preços a

A Tok & Stok não produz, apenas (!) gerencia e revende

partir de R$ 1,20.

produtos, sob a orientação de seu Departamento de

O design sempre foi uma premissa para essa rede de

Apoio Técnico e Tendências (DAT), localizado em

lojas que introduziu em 1978, no Brasil, um novo

Tamboré, São Paulo, o “cérebro” da organização.

conceito de comercialização em seu mercado específico.

Os designers do departamento, divididos por tipologia

Fundada pelo francês Régis Dubrule (leia entrevista), a

de produtos, são responsáveis pelas orientações aos

Tok & Stok quebrou um paradigma – os padrões estéticos

fabricantes e fornecedores, testando e posicionando os

da classe média, que passou a assimilar o design contem-

protótipos, e raciocinando em termos de 12 perfis de

porâneo e suas linhas retas, a madeira clara, a sobriedade.

público ou estilos de vida. As 12 coleções correspon-

Peças de design brasileiro e internacional formam o

dentes são lançadas aos poucos, mês a mês, mas alguns

mix da Tok & Stok. Dentre os europeus, a empresa

produtos estão em linha há 20 anos! A previsão é de que

sueca Innovator e seu designer, Johan Huldt, a holan-

os temas durem um ano e meio, em média.

desa Pelikan, além dos primeiros projetos de Philippe

Como exemplo de novas coleções, a Urban Fusion e a

Starck na coleção da Disform, espanhola.

Eletrocidade, cujo desafio é adaptar os efeitos do néon ou

O design nacional está presente nas criações de Michel

outros a materiais mais econômicos, de olho no preço final.


Foto Milena Codato

Nas duas páginas, fotos de produtos em exposição nas lojas Tok & Stok, nas cores da tendência Fusion: verde, azul e laranja. Acima, linha Leds, inspirada em circuitos eletrônicos: estudos de estampas (à esquerda) e sua aplicação nas peças jogo americano e avental (à direita)

“O desenho não pode tornar um produto mais caro que

cor res ponde a um por cento da população, estão na mídia, fazem muito

outro semelhante. Não podemos justificar um preço

“barulho”, mas não condizem com a realidade do país onde vivemos.

mais elevado por causa da forma”, afirma Ademir

A.D. – Como as pessoas interagem com as propostas da Tok & Stok?

Bueno, gerente de Apoio Técnico e Tendências.

R.D. – Propomos tendências, ao mesmo tempo que recebemos sugestões. Podemos dizer que adivinhamos os desejos latentes de

ENTREVISTA REALIZADA EM SETEMBRO DE 2003

nossos clientes, mas existe um diálogo, adaptamos suas necessi-

ARC DESIGN – O que é o Brasil para um empresário francês e

dades de acordo com as possibilidades da linha de produção.

por que a escolha de nosso país?

Cerca de 25% a 30% das idéias vêm de clientes.

RÉGIS DUBRULE – Sou fã do Brasil, é um país muito criativo,

A.D. – A Tok & Stok possui uma área de cerca de 70 mil metros

que precisa apenas abrir mão de seus complexos. Há diversida-

quadrados se somarmos todas as lojas. Qual o segredo para manter

de no design e profissionais bastante conscientes, que buscam al-

a qualidade em relação ao volume?

ternativas para o mundo real, direcionando seus projetos para

R.D. – Muito de nosso sucesso se deve ao comprometimento de

uma grande parcela de brasileiros. Esse é o mundo no qual a Tok

nossos funcionários com a cultura da Tok & Stok. Oferecemos trei-

& Stok está inserida. Vejo o design como resultado da equação

namento e envolvemos os colaboradores nos processos, para que

que soma modernidade, produção em escala e preço.

se sintam motivados e preparados para os novos desafios.

A.D. – A Tok & Stok está completando 25 anos e segue na con-

A.D. – O que é um bom produto Tok & Stok em termos de volu-

tramão de empresas que associam o design ao luxo. Qual a sua

me de vendas?

opinião sobre essa imagem que ainda é muito forte no Brasil?

R.D. – Sofás artesanais vendem cerca de 10 a 25 unidades/mês. Um

R.D. – Os pro du tos e even tos des ti na dos à clas se alta, que

best-seller da Tok & Stok pode vender até 1.500 unidades/mês! ❉ 41 ARC DESIGN


NOVA BENEDIXT: UM FINO FARO Pioneira na comercialização de produtos de design nacional em São Paulo, a Benedixt acaba de inaugurar sua nova loja na Alameda Gabriel Monteiro da Silva Daniele Rissi

Nas duas pá gi nas, fo tos da loja Be ne dixt na Ala me da Ga bri el Mon tei ro da Sil va, pro je to dos ir mãos Cam pa na. Aci ma, à es quer da, área ex ter na, pro je to paisagístico de Gisela Heuchert e Dora Celidonio, reali zado pela empresa Flora Liz; à direita, vista do interior da loja e pavimento superior com dois ambientes dis tin tos. Na pá gi na ao lado, de ta lhe da passa gem que per mi te acesso ao ane xo

A rua – ou alameda – de maior concentração de marcas de

Pedrazzi, Duílio Ferronato, Juliana Bolini e Daniela Cecchini.

design internacional do país hoje divide espaço com o

Marisa Ota foi a consultora desta seleção. “Pedimos aos

design brasileiro.

designers para desenvolverem peças exclusivas para a

A novidade é a Benedixt, que inaugurou sua primeira loja há

Benedixt”, explica Marisa.

dez anos, na Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, revelando

Uma das boas surpresas encontradas na loja é também a

nomes como Fernando e Humberto Campana. “Tudo o que

presença da coleção Magis, marca italiana que havia desa-

havia de design de ponta no Brasil era extremamente caro.

parecido do mercado brasileiro.

Senti a necessidade de montar algo que pudesse estar dispo-

O projeto da nova loja Benedixt, assinado pelos irmãos

nível e acessível ao público que procurava peças contempo-

Campana, foi realizado especialmente a convite do amigo

râneas”, lembra Marcos Sancovsky, proprietário da Benedixt.

Marcos Sancovsky. Os Campana abriram mão das cores

A nova loja é um mix de design brasileiro e internacional,

fortes e vibrantes para criar ambientes neutros e revelar

de móveis e de objetos, assinados por designers de todo o

transparências. O uso de vidros piso/teto em toda a fachada

país, alguns já conhecidos do público e outros estreantes – da

possibilita um “diálogo” cordial entre as peças e o mundo

gaúcha Ilse Lang à Marcenaria Trancoso, passando por Aris-

exterior. O projeto coloca em evidência os objetos, expostos

teu Pires, Caroline Harari, Liana Bloisi, Cacá Alvarez, Jacque-

em estantes gigantes ou sobre tablados, sem criar as famosas

line Terpins, Marcelo Kiokawa, Pedro Emílio Petry, Luiz

e duvidosas sugestões de ambientes. ❉

Benedixt: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 663; Praça Benedito Calixto, 103; Praça dos Omaguás, 100; e Instituto Tomie Ohtake: Rua Coropés, São Paulo. Informações: (11) 3088-1045


ARC DESIGN

Fotos Andrés Otero


DESIGN EM TEMPOS DE CRISE No Brasil, não suportamos mais falar em crise, principalmente nos setores que dizem respeito ao design. Mas talvez saber que a importante indústria italiana do mobiliário atravessa uma pro fun da cri se nos leve a re fle tir so bre de sa fi os e opor tu ni da des que esta si tu a ção ofe re ce

Foto Benvenuto Saba

Maria Helena Estrada


Foto Benvenuto Saba

Na página ao lado, a lâ mi na de ma dei ra em sua mí ni ma es pes su ra na ca deira Fo glia, par te de uma sé rie em di ver sas ti po lo gias. À direita, Tesa, com as sen to e en cos to em fo lha de ma dei ra elás ti ca, ten si o nada graças a mo las de aço. As duas ca dei ras são de Mar co Fer re ri para a Nove cen toun di ci. No pé da página, ca dei ra Ten der To, de sign Wer ther Tof fo lo ni para a Pro design, tam bém com uso mí ni mo da ma dei ra

Mas vamos começar com uma nota positiva: a Promo-

Este ano, além da seleção das Top Ten – um dos prêmios

sedia, haja crise ou não, está sempre atenta à necessi-

mais almejados pelas empresas produtoras que se em-

dade de introduzir – de forma competente – o design

penham na pesquisa formal e tecnológica, com as me-

como fator essencial ao desenvolvimento do projeto.

lhores cadeiras apresentadas no ano –, havia a 7ª edição

Os organizadores da Feira Internacional da Cadeira,

do Prêmio Ernesto Caiazza e, como complemento a este,

que se realiza anualmente em Udine, Itália, não que-

a apresentação de três jovens designers selecionados pelo

rem mostrar apenas uma liderança quanto ao preço ou

arquiteto, designer e crítico Marco Romanelli, respon-

à qualidade física do mobiliário, mas o valor de um

sável pela editoria de design da revista italiana Abitare.

projeto original – os industriais da região do Friuli-

“O design é uma irrenunciável linfa vital. Na verdade,

Venezia-Giulia começam a entender a mensagem.

a ‘Juventude’ deveria ser parte mesma da noção de

Por essa razão, a cada edição da Promosedia – e essa é

design, entendido como superamento, como recusa”,

a sua característica realmente estimulante – são organi-

escreve Romanelli. E, sendo assim, nos apresenta

zadas importantes mostras culturais e temáticas, que

três jovens: Lorenzo Damiani (Itália, 1972), Stefan

têm no design seu ponto de força.

Diez (Alemanha, 1971) e Renaud Thiry (França, 1968).

45 ARC DESIGN


Fotos Vicente Grecco

Aci ma, três exem plos da se le ção Top Ten 2003: da es quer da para a di rei ta, Gaia, de sign Robby Can ta rut ti para a Air no va; Bala, de sign Adri a no Tolo mei para a Sin te si; Bo o me rang Avan gar de, de sign Ric car do Ri no li para a Me terc Ric car do. Abai xo e no pé da página, SeatTable, o con jun to cadei ra/mesa, de sign Ili an Mi la nov, se le ci o na do para o Top Ten de 2002, é ago ra pro du zi do pela Ort, da Bul gá ria, em inú me ras va ri an tes de cor

46 ARC DESIGN

“Três maneiras diversas de tratar a madeira, demons-

coube ao público italiano, sendo que subiu o número

trando possibilidades e potencialidades no âmbito do

daqueles vindos de outros países.

design contemporâneo,” conclui Romanelli.

Por outro lado, o comparecimento à feira se profissio-

Como tem acontecido nas últimas três edições da

naliza a cada ano, trazendo um maior número de com-

Promosedia, ARC DESIGN, e este ano mais 164 jorna-

pradores especificadores, tendendo a ver

listas, compareceu à feira. Pela primeira vez vimos a

desaparecer o público apenas curioso e

sombra da crise rondando um dos mais vitoriosos

leigo. Como resultado final, um saldo

pólos produtivos da Itália. Houve, sim, um pequeno

positivo nessa 27ª Promosedia.

decréscimo no número de expositores, o que fatalmen-

“Nós nos dedicamos profundamente à

te recai sobre o número de propostas inovadoras, seja

organização dessa edição”, explica Fa-

em termos de design e/ou de tecnologia. O menor núme-

brizio Mansutti, presidente da Promosedia,

ro de visitantes, de acordo com a organização da feira,

“porque é em momentos de dificuldade


Aci ma, da esquerda para a direita, prê mi os no Con cur so Caiaz za e pa re ce res do júri: ca dei ra LTO, de Chris Jack son e Pe ter Mac Cann, in gleses, “uma ca dei ra que se tor na bas cu lan te pelo sim ples movi men to do cor po”; ca dei ra Foo-Shaa, da es tu dan te in glesa Sa ku ra Ada chi, “in ter pre ta em chave con tem po râ nea a tra di ção orien tal”; Sep pe, mó vel para pos tu ras in for mais, da es tu dan te bel ga Inge Van Ghe el, “ti po lo gia inova do ra e fe liz asso cia ção de ma dei ra com te ci do”

designer que aposta na inovação e na experimentação.

ideal de comunicação, desenvolvimento e de aumento

Muitos perguntavam: para onde vai o design? “Na ver-

das exportações para as pequenas e médias empresas”.

dade a cena mudou”, escreve o crítico Almerico de

Dentre os expositores, destacamos a indústria Snaidero,

Angelis, na revista da Promosedia. “Mudaram os parâ-

com uma bela retrospectiva da história das cadeiras

metros de referência do design, mudou seu papel na

para cozinhas, as quais acompanhavam as diversas

sociedade. (...) Superando qualquer contraposição entre

tendências da cozinha contemporânea.

formalismo e função, o design é apenas a correta sín-

No que diz respeito aos lançamentos, havia propos-

tese de prestação/significado.” Será? De toda a forma,

tas interessantes nas indústrias Sintesi, Airnova e

este é um tema que pode suscitar grandes discussões.

Novecentoundici, esta última mostrando o desdobra-

A Promosedia 2004 acontecerá de 10 a 13 de setembro

mento da cadeira Foglia, de Marco Ferreri, além da

de 2004. Uma boa dica para os industriais do setor. ❉

Tesa, em folha de madeira elástica, também de Ferreri,

ARC DE SIGN vi si tou a Pro mo se dia a con vi te da di re ção da fei ra.

Fotos Vicente Grecco

econômica que uma feira precisa se tornar o veículo

À direita, ca dei ra Friday: “gosto das ca dei ras em ma dei ra cur va da”, ex pli ca Stefan Diaz, “qua se não têm jun tas, a quan ti da de de ma dei ra uti li za da é mí ni ma, são fle xí veis mas es tá veis”. Acima, ca dei ra Udi ne, de Lo ren zo Da mia ni que, re ce ben do a so li ci ta ção de de mons trar o uso pa ra dig má ti co da ma dei ra em uma cadei ra, pro põe de modo po lê mi co um ob je to me tá li co no qual se re cu pe ram frag men tos, o des car te, qua se a po ei ra da ma dei ra, usa da como assen to. Ambas ex pos tas a con vi te, se le ci o na das pelo desig ner e crí ti co Mar co Ro ma nel li

47 ARC DESIGN


Cama mul ti u so Saa ri, pro je to do desig ner ale mão Jens Pau lus, na se ção de di ca da aos jo vens. Esto fa men to com ras gos di vi só ri os, per mi tin do o en cai xe das lâ mi nas de ma dei ra

TENDÊNCIAS E ES TI LO DE VIDA A tra di ci o nal fei ra Ten den ce, em Frank furt, ago ra agre ga a seu nome – e di re ci o na seus es pa ços – ao “li fes tyle”, es ti lo de vida. E são di ver sos os es ti los ou com por ta men tos que encon tra mos na edi ção de agos to de 2003

48 ARC DESIGN


Maria Helena Estrada Foram 3.825 exibidores de 85 países e cerca de 100 mil compradores vindos do mundo todo. Dentre os expositores o Brasil, que compareceu com nove empresas, como a Saint Gobain e a Nadir Figueiredo, de produtos em vidro, e a cerâmica Oxford. E, como não poderia deixar de ser, o Sebrae patrocinava os dois espaços com produtos artesanais. A feira divide-se em quatro temas: vida moderna, emoção, alegria e função. Não chegamos a perceber muito bem como separar a emoção da alegria, ou a vida moderna da função, mas a verdade é que essa é a feira que reúne produtos da mais alta qualidade,

No alto da pá gi na, S+TARK, re ló gio de Phi lip pe Starck desen vol vi do pela Ore gon Sci en ti fic. Em três ta ma nhos, den tre seus va ria dos re cur sos, é ca paz de pro je tar a hora no teto e in clui dis play de cris tal lí qui do, ca len dá rio, ba rô me tro, ter mô me tro, fa ses da lua, rá dio di gi tal AM/FM, di ver sas me lo di as para des per tar, alar me que vai au men tan do sua in ten si da de. Aci ma, li nha de ta lhe res Mono Clip, da li nha “flatwa re” da Mono. Chá, be bi da que surgiu aci den tal men te na Chi na, no ano de 2737 a.C.! Abaixo, Melior, da Bodum, lançamento da nova linha de equipamentos para o chá, usan do fil tro e um pro cesso que mantém o chá na co lo ra ção deseja da

representando a indústria de alta gama. Além de ser muito chique, mesmo! Interessante, também, é a Tendence Lifestyle abrir espaço para mostras de estudantes e para empresas como a Side by Side, por exemplo, com produtos muito simples e bem pensados, que utiliza apenas mão-de-obra de deficientes mentais. Tendências? A China e o Oriente em geral. Luxo, lado a lado com a simplicidade da cestaria tramada, que tem em países como a Indonésia sua grande riqueza. E aqui nos perguntamos: por que a China, assim de repente, vinda do nada, invade também as lojas de decoração e de moda no Brasil? Mistério das tendências! Nunca descobri quem as impõe. A editora da nova revista 49 ARC DESIGN


“Lighting Units and Lighting Objects from Corian” é um projeto da Corian (DuPont) com três modelos selecionados: acima, à esquerda, luminária Lampa em dois momentos, design Petr Holub; à direita, Stem, design Vladimir Pesek. No pé da página, mesa Eat Me, design Darja Podboj

Acima, Blimp, da empresa inglesa Mathmos, em vidro soprado, utili za LEDs com a mesma tecnologia das luminárias “Travelling Light” Aduki – coleção Mathmos Mobiles (veja ARC DESIGN 28). A Blimp pode assumir qualquer cor do espec tro

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Aci ma, pro je to de es tu dan tes da Re pú bli ca Tche ca des ti na da aos mo ra do res de rua (ho me less). Da es quer da para a di rei ta, “ar má rio” mó vel com chave para guar dar per ten ces do usu á rio; ces to no qual po dem ser de po si ta das rou pas ou ou tros uten sí li os e dos quais o usu á rio po de rá re ti rar o que lhe for ne cessá rio; a pra ti ci da de dos dois equi pa men tos

Decorate Life (publicação da própria feira), Nicolette

de castiçais, candelabros e porta-incensos. É forte tam-

Naumann, comenta que “tendências nascem da noite

bém a presença da joalheria, que ocupa uma das grandes

para o dia, de um conjunto de idéias espontâneas,

áreas expositivas.

‘sacadas’ criativas e longos processos de elaboração”.

Há alguns exageros, sem dúvida, como o assim chamado

De toda forma, um assunto instigante.

“Bollywood Style”, literalmente “a mistura de Bombaim

Uma tendência pobre – e muito visível – é o feltro, usa-

com Hollywood, transportada para a

do de brincos a sofás, passando por suportes para

Europa em filmes norte-america-

revistas, por bolsas e afins.

nos”. Enfim, ninguém é perfeito!

Mas a Tendence também inclui a sofisticação nos deta-

Mas à parte a brincadeira e a ironia,

lhes, que vão do cuidado com o corpo ao requinte na

encontramos em Frankfurt o bom pro-

mesa e na casa, não só visuais como também olfativos

jeto europeu e as melhores empre-

e, nessa linha, encontramos a mais incrível variedade

sas de artigos para a casa.

Fotos Lorenzo Barassi

À direita e abai xo, Ken Yo ko mi zo, ago ra com sede em Mi lão, aper fei çoa sua idéia da rou pa com LEDs (veja ARC DE SIGN 28) em nova co le ção

51 ARC DESIGN


Uma iniciativa interessante e provei-

Mono, com talheres do clássico ao mais moderno design,

tosa do serviço de impren-

além de apetrechos para a cozinha. A Mono destaca-se

sa da feira foi proporcio-

no mercado por sua política de perfeita produção, aliada

nar aos jornalistas uma

ao design, sem obedecer a modismos, mas interessada

visita guiada, tendo con-

na qualidade emotiva do produto. “Desenhada para ser

vidado Hans Maier Aichen (fundador da

parte da vida” é o seu lema. Peter Raacke criou há 40

empresa Authentics) para ser o nosso guia!

anos a primeira linha de talheres da empresa.

Assim visitamos o estande de empresas de porte como

Mas o que realmente nos chamou a atenção foi o projeto

a Bodum, célebre por suas cafeteiras, que agora invade

dos estudantes da República Tcheca para os habitantes

os domínios do chá – até mesmo com suas misturas –,

de rua, pela dignidade e eficácia com que o problema foi

ocupando um enorme espaço com um “tea bar”, onde

tratado, nas diversas propostas apresentadas.

todos usavam camisetas com dizeres divertidos, como

Como impressão final, vemos que Tendence é uma

“teashirt” ou “thirstea”. A Bodum, segundo um de seus

feira de contrastes, diversificada, na qual cada visitante

diretores, exerce total controle sobre seu marketing, o

descobre um novo modo de vida, cada comprador

que ajuda a tornar sua marca uma das mais fortes no

encontra seu nicho. A próxima edição está marcada

mercado europeu.

para 27 a 31 de agosto de 2004. Vale a visita! i

Outra grande empresa selecionada por Aichen foi a

ARC DESIGN visitou a feira a convite da Messe Frankfurt.

Abaixo, luminárias feitas pelo sistema de prototipagem rápida, que permite a produção de formas complexas sem emendas aparentes e dispensa o uso de moldes: o produto final é gerado em um software 3D e enviado diretamente para a máquina produtora, que derrete a laser os grãos de poliamida e dá forma à peça. Projeto dos holandeses Alex Gabriel e Willeke Evenhuis


Os pro du tos da Side by Side são o resul ta do da coo pe ra ção de jovens desig ners com ins ti tu i çõ es que cu i dam de pessoas com de fi ci ên cia men tal, as quais se en car re gam de toda a pro du ção. No alto da pá gi na ao lado “has hi”, design Chris Ko hens, com fer ra gem se me lhan te à do pren de dor de roupa; à esquerda, por ta-facas, design Jorg Gatjens

Acima, à direita, da Ozgen, estúdio e empresa de Paris, que se encarrega do projeto, da produção e da distribuição de seus produtos (veja ARC DESIGN 25): caneca com lugar para o açúcar; na sequência, canecas cuja cor varia de acordo com a quantidade de leite que se deseja no café. Abaixo, Leave The Light On, design Júlia Thesenfitz para a empresa alemã Anthologie Quartett. Um cubo de porcelana, um “fósforo” de latão, um pavio e óleo: uma lamparina que pode ficar acesa por várias horas


COLEÇÃO ADOLPHO LEIRNER

DESIGN E MEMÓRIA

Dois momentos na história do design no Brasil: Gregori Warchavchik e Flavio de Carvalho. Duas décadas específicas e dois nomes que marcaram seu tempo reunidos em uma coleção que resgata, e acaba de propor em exposição realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo, um mobiliário que se considerava perdido Da Redação / Fotos Rubens Chiri Falamos da paixão de Adolpho Leirner, colecionador, por suas peças, de um acervo que se constitui como a própria raiz do design no Brasil. A coleção Leirner abrange o período dos anos de 1920/1930 a 1950: Warchavchik, Tenreiro, Flavio de Carvalho, Zanine Caldas, entre outros. Esses nomes – cada um deles tendo introduzido uma vertente estética e trabalhado com materiais diferenciados – podem ser considerados o início do modernismo e da modernidade no Brasil; períodos de forte vigor intelectual na arquitetura e na cultura em geral, momentos que antecederam o grande silêncio (final de 1960 a 1990). Uma raiz eclética, formada por um arquiteto russo, por um escultor português e por dois brasileiros – um engenheiro/artista plástico e um genial maquetista, que se torna arquiteto e designer por força do hábito. Em meio a estes, a vertente decorativista iniciada pelo artista suíço John Graz e pela brasileira Regina Gomide. Todos formam o painel, o pano de fundo do início de nossa trajetória no design. Ambos participantes da Semana de 1922: se Warchavchik introduz no Brasil idéias européias e a estética bauhausiana, numa linguagem substantiva, linear, Flavio de Carvalho é o contestador por excelência, desafiando regras, usos e costumes, destruindo tabus. Foi com a sala de estar de Warchavchik, pensada para a Casa Modernista, e que havia sido depois presenteada a seu amigo Geraldo Ferraz – e era considerada perdida –, que Leirner montou sua exposição, trazendo ao conhecimento público um mobiliário que estava oculto há 75 anos! i No alto da página, Adolpho Leirner em um dos ambientes da mostra na Pinacoteca do Estado: poltronas e mesa central em madeira, com pintura a duco em prata, design Gregori Warchavchik; os estofados e revestimentos ainda são os originais. À esquerda, cadeira emblemática de Flavio de Car valho, em madeira pintada, anos de 1950. À di reita, ar má rio-bar, pre to e pra ta, tam bém de War chav chik


CADER

NO DE ARQUI TETUR A E IN TERIO RES

apoio:


ARQUITETURA HOJE: uma nova geração Ao ler este ar ti go, ache uma pa re de bran ca para re pou sar o olhar e ima gi ne a se guin te cena proje ta da: o per fil do Pão de Açú car (RJ), que some en quan to sur ge a Igre ja da Pam pu lha (MG) na beira de seu lago. Veja um “cha péu” de Pelé, o mo ver da bola acom pa nha a cur va do mor ro, da igre ja. Aí, fun din do-se às ima gens, sur ge um tra ço de giz ris can do uma pa rá bo la, a fi gu ra ge o mé tri ca que nos co mo veu todo o tem po, numa aula de Cé sar Lat tes. Como pode a Fí si ca nos cau sar emo ção...?

Pôla Pazzanese


NÚCLEO DE ARQUITETURA

Fotos Milena Codato

TERMINAL DA LAPA (SPTRANS) – BELEZA PARA TODOS: ESTRUTURA ENTREGA-SE À PRAÇA Di a lo gan do com seu en tor no ime di a to, o edi fí cio pro pos to con fi gu ra de fi ni ti va men te a Pra ça Mi guel Dell’ Erba. Os flu xos de pe des tres exis ten tes fo ram re co nhe ci dos e re or ga ni za dos: há um aces so na ala me da dos fun dos, pró xi mo à fer ro via, no ca mi nho que une es ta ção ao mer ca do, e ou tro jun to à pra ça. Res pei tan do o des ní vel exis ten te no ter re no, os am bi en tes de aten di men to aos usu á ri os – pla ta for mas e apoi os – lo ca li zam-se no ní vel de bai xo e os ope ra ci o nais no ní vel de cima. O in te ri or re ce be luz na tu ral de for ma in di re ta e di fu sa; abas ho ri zon tais cor ri gem a in ci dên cia so lar no en con tro en tre es tru tu ra me tá li ca e as vi gas lon gi tu di nais. Os ar cos me tá li cos le ves re me tem às an ti gas ga res e trans mi tem com efi ci ên cia os es for ços trans ver sais da es tru tu ra para as gran des vi gas Au to res do pro je to: Lu ci a no Mar got to So a res, Mar ce lo Luiz Ur si ni e Sér gio Luiz Sal les Sou za Co la bo ra do res: Ale xan der G. Mi yos hi, Ana Vir gi nia Ita li a ni, An dré Y. Ci am pi, Luis Clau dio M. Dias, Le ti cia Cam pa nel li e Li li an Mar tins da Sil va


Fotos Nelson Kon


“Só se é ar qui te to quan do se tra ta com se re ni da de o enor me in ves ti men to huma no que é um es pa ço edi fi ca do. E se cu i da da his tó ria com o de vi do respei to, para não trans for má-la em um cir co, cujo pi ca dei ro so mos nós”

RESIDÊNCIA NO MORUMBI – LUZ DESVELADA: IMPLANTAÇÃO E TÉCNICA LIBERAM A VISTA

Este pequeno percurso do olhar, cinemático e constru-

bas andam juntas – uma operação conceitual belíssima:

tivo, simplifica um Bem maior, das mais belas realiza-

uma parte daquele grupo propunha um novo conceito

ções estéticas do breve século 20. Um grupo de intelec-

crítico sobre nosso passado, organizando a recupera-

tuais e artistas, jovens numa terra jovem, começou a

ção física de nosso patrimônio histórico e cultural (no

refletir sistematicamente sobre seu significado, vivendo

que seria o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico

nela; e o dela, vivendo neles: o Brasil, o próprio mundo.

Nacional - SPHAN), enquanto outra parte digeria o senti-

E tanto amadureceram essa reflexão que, quando o di-

do, para nós, do movimento de arquitetura que animava

tador Vargas precisou de gente qualificada para cuidar

o debate no mundo, o Moderno. Foi o que animou mes-

da Cultura, era quem havia para o fazer. Como ditador,

tre Lúcio a atualizar o ensino na UFBA, no que foi recha-

quis modernizar – tudo nesse país é ordenado às aves-

çado durante cerca de um ano... Tempos difíceis aqueles.

sas – da administração pública à organização do traba-

Seu objetivo era simples: quando se moderniza o ensi-

lho, e até a Cultura. E como essa lhe era uma área estra-

no superior, qualificando-o com o que há de melhor e

nha, mas de grande visibilidade, os bravos rapazes e

mais substantivo, formam-se melhores quadros, gente

moças, então já homens e mulheres, tiveram oportuni-

com responsabilidade intelectual e social, mais madura

dade de colocar em prática anos de reflexão e ensaios.

a seu respeito e papel.

Foi quando a nossa Arquitetura amadureceu.

A elite acadêmica de então não gostou. Foi aí que

Lúcio Costa foi designado, em 1930, para modernizar o

começou parte do problema urbano do Rio de Janeiro

curso de arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes,

de hoje: na fal ta de uma re fle xão sis te má ti ca no

já se arquitetando então – ou engenhando, que aqui am-

seu en si no su pe ri or, pois ela só hou ve no âm bi to

ANDRADE MORETTIN ARQUITETOS ASSOCIADOS

En cai xa da em um lote ur ba no no bair ro do Mo rum bi, São Pau lo, a re si dên cia pos sui o tér reo de sobs tru í do, dan do con ti nu i da de ao solo da via públi ca. Re for çan do esse po ten ci al, um pris ma de vi dro fun ci o na como “in je tor de luz na tu ral” no in te ri or da casa; está ins ta la do de for ma que pode se ele var (como uma grua), li be ran do com ple ta men te o ní vel de aces so Pro je to: Vi ní ci us An dra de, Mar ce lo Mo ret tin – Co la bo ra dor: Pe dro Nits che

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Ma que te ele trô ni ca Cló vis Cu nha

ES CO LA DO FDE CAM PI NAS F1 – SA BER É SA BOR: ECO NO MIA ELE GAN TE ELO GIA O EN SI NO

MMBB ARQUITETOS

O projeto desta escola pública de educação fundamental tem como premissa o uso de estrutura pré-fabricada, para experimentar novos padrões para projetos de escolas da Fundação para o Desenvol vimento do Ensino (FDE), da Secretaria da Educação do Governo do Estado de São Paulo. O edifício situa-se em uma “ponta” de um conjunto habitacional, tendo à sua frente a área de lazer do conjunto e, atrás, um pátio ensolarado (no alto, à esquerda), per tencente ao terreno da escola. Os espaços do edifício estão distribuídos ao longo de uma grande quadra de espor tes; nos dois primeiros pavimentos, somente um dos lados da quadra é ocupado, enquanto o outro lado é tratado como um espaço de transição entre a quadra e o pátio ex terno; no terceiro pavimento, as oito salas de aula ocupam as duas laterais da quadra e são interligadas por passarelas. No térreo, locali zam-se administração e ser viços e, no primeiro andar, as salas especiais. A construção da escola, que possui 3 mil metros quadrados, já foi iniciada Au to res do pro je to: Fer nan do de Mel lo Fran co, Mar ta Mo rei ra e Mil ton Bra ga Co la bo ra do res: Ja ques Ror dorf, Ma ri na Sa bi no e Re na ta Vi ei ra

60 ARC DESIGN

de al guns grupos, até os anos de 1960. Mas Lúcio

anos de 1960 desenhou seu novo edifício e o plano do

Costa deixou lá suas idéias em um grupo de estudan-

curso, juntos. Enquanto desenhava o estádio do Mo-

tes, cuja inteligência sorvia tudo e mais um pouco. E

rumbi, entre outras coisas.

que, além disso, conhecia muito bem o seu país.

Sua atualidade e abrangência de investigações, aliadas à

Juntaram-se todos no projeto do edifício do Ministério

sua capacidade de síntese entre ensino, prática profis-

da Educação (e agregando Cultura ao nome) em 1936,

sional e ação pública, influenciam toda a reflexão séria

quando, convidando Le Corbusier para o desenho, e

sobre tais assuntos, 18 anos após sua morte. Ao definir

refazendo depois o risco de Corbu, combinaram inteli-

um ensino de viés tecnocientífico e artístico, e ao mes-

gentemente história e projeto, numa proposta para as ci-

mo tempo público, abriu uma senda que ainda se revela

dades e a cultura do país. Daí o nome novo no ministério.

de perfeita precisão para o desenvolvimento do país.

Criamos nossa arquitetura mais bela definindo onde era

Foi professor de vários dos melhores professores atuais

de fato seu berço, como era de fato feita, com quem e o

que – recuperados todos para a universidade pela aber-

que devia ela se ver: nós e nossos nós.

tura democrática –, por seu turno, vêm formando as

O MEC é de 1936-42, e no final desses anos de 1940, no

novas gerações.

mesmo impulso se criam as duas primeiras escolas supe-

É aqui onde entra esse pequeno grupo de jovens profis-

riores autônomas de arquitetura de São Paulo fora dos

sionais – representando um Bem maior – arquitetos e

cursos de engenharia: Mackenzie (1947) e FAU-USP (1948).

urbanistas brasileiros.

É quando se apresenta Vilanova Artigas, um dos res-

Só se é arquiteto quando se trata com serenidade o enor-

ponsáveis pela criação da FAU-USP, que, sendo um dos

me investimento humano que é um espaço edificado. E

maiores arquitetos da história do país, foi um de seus

se cuida da história com o devido respeito, para não a

mais brilhantes professores. Tão educador era que nos

transformá-la em um circo, cujo picadeiro somos nós.


ESTAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA – TÉCNICA E PAIXÃO: UM MÓDULO AMPLIÁVEL DESENHA A CIDADE

Ou se sabe o quanto a técnica nos liberta da tola idéia

democráticos; do que precisamos, cultural e operativa-

de que somos feitos de caos, do qual nunca saímos.

mente, para nos realizar como tal.

Arquitetura é massa, cargas estáticas e dinâmicas, físi-

O que lhes impõe uma re-simbolização da idéia de demo-

ca e trabalho coletivo, flexão e reflexão, e como todo

cracia, da noção de urbanidade, do porquê das cidades.

objeto inserido e dialogante na paisagem, hoje sempre

Em cada um, ou uma – já que há diversas mulheres –,

construída e coletiva, tem certa responsabilidade

todo pormenor de projeto tem uma abordagem técnica

pública, urbana e por isso, estética e econômica:

com viés de invenção e, no entanto, de fácil leitura. São so-

arquitetura sempre foi uma “arte de massa” (Grécia,

luções feitas para serem compreendidas e multiplicadas.

Sambódromo, Hobsbawn), mais do que cultura de

Material de construção e estrutura são tratados como

massa, como provou – no auge de um pós-moder-

suportes da memória humana, mas sem fetichismo, e

nismo “maroto” que confundia as duas – Mitterrand,

com um preciso, e degustado, desenho de sua produ-

com os grandes projetos de Paris.

ção, ou montagem, no canteiro da obra. Realizado por

Destarte o termo "Desenho", para tais arquitetos, se

meio de um acerto coerente do sistema construtivo com

torna “o projeto poético do desejo de um povo”, e não

o partido adotado para a estrutura, sempre inventivo e

apenas simples gesto do gosto: desígnio, intenção

desbastado de excessos. Limpo como quem inventa um

(Blutteau, Artigas).

novo drible – um “chapéu” –, só pelo prazer do ofício.

É isso que torna a Física um campo da emoção.

São, por isso mesmo, projetos para serem refletidos

Os arquitetos aqui mostrados têm em torno de 10 a 20

existencialmente. Ambientes para se estar e se vivenciar,

anos de ofício, com projetos em áreas que vão da habi-

mais do que ser olhados: para se ver a vida plena. Es-

tação individual ao edifício público e infra-estrutura

paços sempre ordenados, liberando os fluxos visuais e

urbana. Fizeram-se pensando que país seríamos, se

físicos, abrindo novas perspectivas em vez de ocupá-las,

BARBOSA & CORBUCCI ARQUITETOS ASSOCIADOS

Essas estações de transferência serão utili zadas no Sistema Integrado de Transpor te da Prefeitura de São Paulo, no qual o usuário utili za o mesmo bilhete para tomar até três ônibus: de seu bairro até um eixo estrutural e deste até o trabalho, por exemplo. Todos os abrigos obedecem a uma modulação mínima de 8 metros; destaca-se, no projeto, a ex tinção das “escadinhas” que a junção destes módulos em ruas inclinadas costumava criar. Como as estações se localizam em canteiros centrais de avenidas ou em passeios públicos (com comércios adjacentes), optou-se por um desenho limpo, que interferisse o mínimo com os elementos ur banos preexistentes. A estrutura, em aço, foi pensada para produção em série; as peças vêm prontas da fábrica e só são insta la das no lo cal. Além disso, per mite fle xi bi lida de na largu ra e no com pri mento das esta çõ es, adaptan do-as con for me o local e a de man da Au to res do pro je to: Ju pi ra Cor buc ci, Mar ce lo Bar bo sa, He ral cir Cesa ri, An tô nio Car los Rossi Jr., Car los Ri ve ra, Luiz F. Cre pal di, Fa bio Mo sa ner Co la bo ra do res: Lia M. B. Oli vei ra, Mar ce la R. Ba tis ta, Ana Ce cí lia Mel lo

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UNA ARQUITETOS

ATELIÊ ACAIA – MENOS NÃO É MENOR: A BELEZA ABRAÇA O SOCIAL Em 1997, uma ar tista plástica convidou crianças carentes para frequentar seu ateliê, visando aproximar pessoas de uni versos distintos por meio do aprendi zado, da convi vência e do lazer. A iniciati va deu cer to e, em pouco tempo, o espaço físico tor nou-se pequeno. No terreno ao lado do ateliê, construiu-se o novo conjunto do Instituto Acaia, que hoje organi za ati vidades de marcenaria, costura, tecelagem, teatro, vídeo, música, capoeira e dança. Este “ateliê múltiplo” é frequentado por cerca de cem crianças, durante o dia, e por suas mães, à noite. “O projeto para a nova sede mantém a idéia de galpão aber to como espaço principal e preser va o clima despojado das antigas instalações”, explicam os ar quitetos. A cober tura do galpão, em estrutu ra de ma dei ra, esten de-se so bre um blo co longi lí neo de al ve na ria, que aco mo da ofi ci nas, vesti á ri os, co zi nha e uma pe que na área ad mi nistra ti va Co or de na do res do pro je to: Cris tia ne Mu niz, Fá bio Va len tim, Fer nan da Bar ba ra, Fer nan do Vi é gas Colaboradores: André Ciampi, Carolina Nobre, Clóvis Cunha, Fernanda Nei va, Guilherme Petrella, Gustavo Pimentel, José E. Baravelli, Márcio Wanderley

fazendo-os suportes à vida humana, em vez de seus

cado e o entorno são compreendidos em termos de

“shows da vida”.

volumes, vazios e contextos profundamente relaciona-

As empenas são objetos tridimensionais, a serem trata-

dos, jamais como simples planos superpostos: as

dos por meio de vãos de tal dimensão que os tornam

dimensões econômico-estrutural, socioambiental, urba-

divisórias invisíveis, de pura luz e movimento. Propõem

na e paisagística, sempre estão presentes.

uma relação plástica e funcional atenta com o mundo à

Tais projetos são, portanto, como porções do mundo,

volta, e não simples planos de papel e “bits” diagramados

tratadas com precisão não para se tornar furtos ao am-

para “decoração de fachada” ou o “destaque na avenida”.

biente humano/urbano geral, mas, como definido com

Nas implantações, vê-se nítido como se faz um desenho

precisão por um deles, e valendo para todos, conce-

singelo em sua geometria, ser tão polidimensional no

bidos como gentil e discreto “presente para a cidade”.

espaço como no uso – já que o Tempo é fator de sua

A tal singeleza, como se vê, é engenho complexo, de

articulação. E assim se torna a técnica um modo de

articulação atenta entre o exeqüível e o desejável, nunca

“inquirição” à natureza, ao desenhar tais implantações

um exibicionismo “nouveau riche”. Algo como conside-

com cortes precisos que assentam os edifícios no ter-

rar um ninja tendo tanta “tecnologia embarcada” quanto

reno e seus componentes no espaço, sejam eles quais

um caça Stealth norte-americano.

forem. Concebem, assim, lugares de uma generosidade

Veja com atenção, pois no Brasil estamos plenos desse novo

espacial peculiar, posto que econômica, por estar estra-

tipo de discretos “ninjas democráticos”, realizando essa

tegicamente ordenada com o meio (S. Telles).

película sutil e improvável que só aqui se poderia fazer. ❉

Do mesmo modo, em suas plantas notamos como são estas também tratadas como os cortes. O espaço edifi62 ARC DESIGN

Pôla Pazzanese é arquiteto e professor da Escola da Cidade. Veja plantas dos projetos publicados no site www.arcdesign.com.br


Fotos Bebete Viegas


Arquivo José Moscardi

VILANOVA ARTIGAS REVISITADO Uma gran de mos tra, que res sal ta a no ção exa ta da im por tân cia de Vi la no va Ar ti gas para a ar qui te tu ra pau lis ta e bra si lei ra. As sim foi a ex po si ção re a li za da re cen te men te no Ins ti tu to To mie Oh ta ke, com cu ra do ria de Ju lio Ka tinsky e di re ção de Ruy Oh ta ke e Rosa Ar ti gas


Foto Nelson Kon

Entrevista com o arq. Julio Katinsky Nascido em Curitiba, mas residente e atuante em São Paulo, João Batista Vilanova Artigas foi figura-chave na arquitetura moderna paulista e teve seu trabalho reconhecido em todo o Brasil – e também fora dele: a primeira exposição abrangente sobre sua obra foi realizada em Portugal no ano 2000. Mas o que o torna tão especial? A obra de Artigas combina o alto respeito pela construção – formado pela Escola Politécnica de São Paulo, era construtor cuidadoso e extremamente inventivo – a preocupações culturais e artísticas. Desde jovem participa do grupo de artistas plásticos conhecido como Família Paulista, do qual também faziam parte Volpi, Clóvis Graciano, Mario Zanini e Rebolo. A preocupação com os aspectos sociais também estava

Acima, vista parcial do Edifício Louveira, em São Paulo (1946): destaque para o uso de cores fortes e vibrantes, incomuns na arquitetura moderna daquele período. Na página ao lado, detalhe dos pilares da Rodoviária de Jaú, SP (1973), que se abrem para a entrada da luz natural: “é preciso fazer cantar os pontos de apoio”

bastante presente no cotidiano do arquiteto e reflete-se em sua declaração de 1952: “Surge afinal a questão: onde ficamos? Ou o que fazer? Esperar por uma nova sociedade e continuar fazendo o que fazemos ou abandonar os misteres de arquiteto e nos lançarmos na luta revolucionária completamente? Nenhum dos dois unicamente”. “Artigas tratava a arquitetura como um fenômeno de arte que deve pesar na construção de uma nova sociedade”, afirma o arquiteto Julio Katinsky, curador da recente exposição. A mostra aborda os três períodos da obra do arquiteto: Procura, Consolidação e Arquiteto-artista. “Havia um mito afirmando que a obra de Artigas teria dois períodos: o período Frank Lloyd Wright e o período Le Corbusier. Não é verdade”, desmente Katinsky. Arquivo José Moscardi

Na primeira fase, que corresponde ao início de sua carreira (do final da década de 1930 até 1945), Artigas percorre diversos caminhos: “experimenta tudo, faz arquitetura de todo o tipo, até neocolonial”, segundo o curador.

No centro da página, espaço central do Ginásio Estadual de Utinga, Santo André (1962): Artigas retoma as preocupações de Guarulhos e da FAU /USP, criando topografias artificiais. Ao lado, ves ti á ri os do São Pau lo Fu te bol Clu be (1961): des ta que para os pi la res dese nha dos e re cua dos em re la ção à fa cha da

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Fotos Cristiano Mascaro

ARC DESIGN


Arquivo Biblioteca FAU/USP

Já na segunda fase, assume características mais definidas, coerentes com o movimento moderno carioca, embora com diferenças marcantes, como o uso de cores intensas, resultado de sua vivência junto ao Família Paulista. Segundo Katinsky, “Artigas começa a se aproximar do grupo do Rio antes desse grupo explodir no mundo todo; aproxima-se primeiro pela arquitetura, que era muito forte, e depois por convicções ideológicas (eles eram de centro-esquerda)”. Essa fase inicia-se em 1946, com o projeto do Edifício Louveira, em São Paulo, e se estende até 1952, quando Artigas inicia um longo período de introspecção e estudos teóricos. Em 1960, o arquiteto volta a projetar, mas já com outras características. A mais visível é o tratamento singular que dá aos pilares, os quais passam do simples pilotis corbusiano para elementos de formas geométricas elaboradas, como se pode observar no Ginásio Estadual de Guarulhos (1960), na garagem de barcos do Santa Paula Iate Clube (1961), no Anhembi Tênis Clube (1961)

Acima, edifício do Santa Paula Iate Clube (1961), em São Paulo, um dos exemplos do cuidado construti vo de Ar tigas: os pilares de forma não-conven ci o nal são ar ti cu la dos, em sua base, por ró tu las me tá li cas de aço. Abai xo, de ta lhe de pi lar do Anhem bi Tê nis Clu be (1961), em São Pau lo

e na Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo (1961), sua obra mais conhecida. “O pilar não é mais uma forma fixa; a descarga acontece do jeito que ele acha mais adequado para valorizar o espaço”, revela Katinsky. Ainda segundo o curador, “nessa fase, Artigas afirmará certos pontos essenciais da arquitetura do século 20. E o primeiro deles é que a beleza não é privilégio de classe, tem de ser de todos. E a arquitetura é por ele tratada como um meio de transferir para toda a população aquilo que foi privilégio de poucos. E é por essa razão que não se trata de pegar a lição de Artigas na forma, e isso vários dos arquitetos que participaram da exposição, por serem seus ‘discípulos’, fizeram questão de ressaltar: não é questão de forma, mas de conteúdo”. i

Na pá gi na ao lado, vis tas in ter na e ex ter nas do pré dio da Fa cul da de de Ar qui te tu ra e Ur ba nis mo da Uni ver si da de de São Pau lo (1961). Obra em ble má ti ca de Ar ti gas, cha ma aten ção pela rica com po si ção do es pa ço, orga ni za do em ní veis des con tí nu os, e pela ine xis tên cia de ca mi nhos obri ga tó ri os: cada ocu pan te deve cons tru ir o seu per cur so. “Pen sei-o como a es pa cia li za ção da de mo cra cia, com es pa ços dig nos, sem por tas de en tra da, por que os que ria como um tem plo, onde to das as ati vi da des são lí ci tas”, sin te ti zava o ar qui te to

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Cerejeiras de Titânio Um misto de tradição e modernidade. Assim é a cidade de Kyoto, no Japão, e também a essência do Sfera Building, o mais novo projeto do escritório su e co Claes son Koi vis to Rune, que ARC DE SIGN pu bli ca em pri mei ra mão

Winnie Bastian / Fotos Ricordi & Sfera Co. O Sfera Building destaca-se por sua “pele” – uma lâmina de titânio microperfurado que cobre as duas fachadas principais do edifício. O terreno ocupado possui duas frentes e situa-se às margens do passeio Seseragi e do rio Kamo, em Gion, distrito tradicional de Kyoto. Coerente com a natureza do edifício, um centro cultural privado, a inspiração para a fachada surge de dois aspectos fortemente presentes na cultura japonesa. O primeiro, o hábito de “cultivar” – leia-se “dominar” – a natureza com ikebanas e bonsais, como observa Eero Koivisto: “falamos sobre o modo japonês de vivenciar a natureza, que é mantê-la sob controle”. O segundo aspecto diz respeito às estruturas construídas com papel-arroz, bambu e/ou madeira para filtrar a luz, presença constante na arquitetura tradicional japonesa. Assim, as duas fachadas principais recebem uma finíssima placa de titânio (0,6 mm), perfurada na forma de uma “estampa” criada a partir da junção das folhas de cerejeira em diversos tamanhos. A “pele” de titânio filtra a luz natural, projetando, no interior do edifício, sombras semelhantes às geradas pelas árvores (e aí vemos a natureza “cultivada” de Claesson Koivisto Rune). Acima, a transparência noturna da fachada em titânio torna o Sfera Building um marco visual junto ao Rio Kamo. Na página ao lado, uma das fachadas do edifício durante o dia: cerca de 1,5 milhão de furos com desenho gerado em sucessivas etapas, desde a montagem manual das folhas até a edição em programas informatizados

Em recente visita ao Brasil, Eero Koivisto resumiu o processo criativo da fachada: “certo dia, estando próximos ao prédio, reparamos na sombra das árvores no chão e tivemos a idéia de explorar esse efeito, com uma fachada que filtrasse a luz do sol. Reunimos, então, algumas folhas de diversos tamanhos e as espalhamos, criando uma espécie de ‘estampa’”. Com o auxílio de programas computadorizados, a “estampa” de folhas foi transformada em um conjunto de pontos, impressos em placas de 1,5 x 3 metros (com cerca de 10 mil pontos cada), que compõem a “pele” do edifício, montada em uma estrutura distante 2 metros da fachada “efetiva”. Essa solução permite um interessante jogo entre interior/exterior: embora a camada de titânio tenha uma aparência monolítica quando vista de fora

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LEGENDA 1. Entrada 2. Restaurante 3. Entrada principal 4. Design shop 5. Livraria 6. Galeria 7. Escritórios 8. Restaurante 9. Restaurante

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7

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0 1m

5m

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1

2

do edifício, é visualmente permeável para quem está do lado de dentro. Além disso, quando a iluminação é acesa à noite, as placas se tornam “transparentes”, revelando o interior do edifício e destacando-o na paisagem. Tamanho é o impacto visual do Sfera Building que é impossível suspeitar que o projeto tenha sido desenvolvido com base em uma estrutura de concreto reaproveitada de uma antiga construção existente no terreno. Kyoto localiza-se em uma região sujeita a terremotos e o reaproveitamento dessa estrutura robusta e resistente a abalos sísmicos – com lajes de cerca de um metro (!) de espessura – representou grande economia na execução do projeto. No entanto, os espaços internos – galeria de arte, loja de design, loja de livros de arte e CDs, escritórios, restaurante e café – foram completamente alterados, tendo sido reconstruídos de forma a gerar espaços contínuos e fluidos. Classificado frequentemente como minimalista, o escritório Claesson Koivisto Rune mostra, neste projeto, exatamente o oposto: um trabalho “maximalista”, como definiu Eero Koivisto em entrevista a ARC DESIGN. Trata-se da síntese de diversos fatores, concretos e abstratos, em um projeto de formas limpas, que prima pela clareza dos espaços. A exploração da luz natural, por sinal, é uma característica comum à grande Acima, vista a partir da entrada principal: destaque para a fluidez dos espaços internos. No alto da página, o corte longitudinal evidencia a distribuição dos espaços e chama atenção para a robustez da estrutura

maioria dos arquitetos escandinavos e aparece em diversos outros projetos de Claesson Koivisto Rune. “A luz é como se fosse um dos materiais que temos para trabalhar, como a madeira ou qualquer outro. E não pensamos muito nisso, apenas acontece dessa forma”, revela Koivisto. Seria o que o designer milanês Piero Lissoni chama de “a capacidade de dissolver e controlar o branco, transformando-o quase em um líquido no qual se poderia nadar; um uso magistral da luz profunda do norte”. ❉

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Acima, à esquerda, a luz filtrada pela “pele”: a sombra das “folhas” penetra no edifício. Na sequência, vista interna mostra composição entre luz e geometria característica dos projetos de Claesson Koivisto Rune. À direita, o restaurante combina mesas ocidentais e orientais; as cortinas em PVC e algodão cortado a laser reproduzem o mesmo padrão da fachada. Abaixo, vista parcial da “design shop”: seguindo a tradição escandinava, os móveis do Sfera Building também foram projetados pelos arquitetos

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RESTAURANTE KONG, PARIS A mais nova e irônica brincadeira de Philippe Starck e a marca registrada francesa: a decoração – com tudo que tem (ou não) direito Da Redação / Fotos Patricia Bailer

Aci ma, o bar do restau rante com o fla mejante bal cão, ca dei ras de Starck e pra te lei ras re che a das de kitsch ori ental. Na pá gi na ao lado, vista ge ral do restau rante com ca dei ras Lou is Ghost, design Starck para a Kar tell, em versão es pe cial se rigra fa da e esto fa dos tam bém de Starck; pintu ra da gran de guei xa no teto de Cake Design e, ao fun do, Pa ris e o Sena, Rue du Pont Neuf, em frente à sua mais ve lha ponte. Ao pré dio, sede da Kenzo, foi in cor po ra da a cú pu la, do ar quite to Jean Jac ques Ory: o Kong ocu pa o 5° e o 6º an da res. “Dois an da res e um só es pí rito”, afir ma seu pro pri e tá rio, Lau rent Tai et, “eu que ria fa zer um restau rante mu ito pa ri si en se, para os pa ri si en ses”

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Tendências? Quanto mais gratuitas, mais Starck “deita e rola”. Mas, diga-se a verdade, quase sempre ainda vemos traços de sua antiga e consagrada maestria. O novo restaurante Kong, com Paris a seus pés, se desdobra em constantes contrastes, da harmonia luminosa do conjunto a detalhes do mais puro kitsch-design – um dos “originais” exercícios de Starck desde os famosos anões-conto-de fadas. Bem-humorado, o Kong desmistifica o luxo e derruba fronteiras entre os rígidos limites do “bom” e do “mau gosto”. De certa forma, adota como partido e – ao mesmo tempo – ri do tradicional espírito decorativista francês. Esta, entre outras, é uma das razões do sucesso desse irreverente universo starckiano. No Kong, Starck não esqueceu de nada – nem das típicas bonequinhas chinesas, nem do teto “figurativista”, nem do recurso aos vistosos materiais tecnológicos no balcão vermelho, ultrabrilho no bar. Como sempre, a receita perfeita, o equilíbrio entre a surpresa, o humor, a inteligência refinada e a expressão do mais autêntico espírito parisiense, essa mescla de ironia e desdém pela humanidade, pelo estabelecido e pelos vulgares modismos. Assim, Starck tudo se permite – e cada vez mais. O resultado? Ironia: produtos que, rendendo muita fama e royalties, se tornam, de imediato, moda. E, a longo prazo, o mais absoluto “comme il faut” – desde o tempo dos Luíses. i

Abaixo, à direita, detalhe com luminária Archimoon, design Philippe Starck para a Flos, cadeiras Louis Ghost e nem um cantinho sequer sem decoração. Em que lugar do planeta estamos? Em um jogo de ilusões muito próprio a Starck, a ar quitetura parisiense está dentro e fora da cenografia Oriente-Ocidente. Mesmo vazio, o restaurante é povoado. Na página ao lado, a gueixa clássica sorri para a alegoria de cadeiras, para os painéis luminosos e “se encontra com a ‘kawai’ de Omotesando (Tóquio) e a elegante européia”. Haverá espaço para mais alguém?

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CD caem subitamente, os DVDs dão suporte às

MEMÓRIA NO PESCOÇO, MÚSICA NOS OUVIDOS

gigantes do entretenimento. Pensando em

de comprimento e menos de 1,5 centímetro

estratégias para potencializar as mídias, a

de espessura, o player @udio Key pertence à

Novidades para 2004? Enquanto as vendas de

Leve e compacto, com apenas 8 centímetros

Warner Music e a Sony uniram-se na produção

linha Infotainment da Philips, que une informática e entretenimento em aparelhos por-

de um novo formato, o “dual disc”, que de um

táteis. Possui 128 MB de memória, com a

lado toca músicas de um CD convencional e, de

vantagem de reproduzir músicas digitais nos formatos MP3 e WMA.

outro, transmite vídeo. Falando em entretenimento, destacamos nesta “pocket-section” os portáteis @udio Key da

Como não utiliza pilhas, é recarregado por meio de conexão USB: para uso durante seis horas e meia, precisa ser carregado durante cinco horas. Está disponível nos modelos KEY005, com controle remoto

Philips, a TV de bolso da Sony e o notebook

integrado ao fio do fone de ouvido, e KEY006, em que os

Sharp que transmite imagens em 3D. Divirta-se!

comandos são combinados à tira de supor te no pescoço, acionada por leves toques. Philips: 0800-701-0203 www.philips.com.br

ESTOJO DE IMAGENS Para muitos nômades, acompanhar a programação da TV não é uma tarefa simples. Pensando na mobilidade e na satisfação pessoal – quem nunca discutiu com alguém pela preferência por atrações diferentes? –, a Sony lança no Japão a TV portátil MSV-A1, que pesa cerca de 120 gramas e mede 10 centímetros de comprimento. O aparelho pode gravar até duas horas de vídeos a partir da televisão ou de mídias externas – como DVD e videocassete – em cartões de memória de 128 MB. Também possibilita visualizar fotos gravadas em cartões MemoryStick. O MSV-A1 apresenta um recurso que inicia a transmissão do filme de onde havia parado quando o aparelho foi desligado pela última vez. Com tela de cristal líquido de 2,5” e resolução de 560 x 220 pixels, possui antena incorporada e fones de ouvido. www.sony.com


DESKTOP SUPER RÁPIDO

PORTA-TECNOLÓGICOS Uma solução para quem detesta carregar bolsas ou pastas,

A Apple e a IBM, parceiras há mais de uma déca-

mas não consegue “desplugar” um só minuto, é a jaqueta ver-

da, desenvolveram o Power Mac G5, considerado

são 3.0 da ScotteVest. Funcional, acomoda palms, celulares,

o computador pessoal “mais rápido do mundo”

discmans, máquinas digitais e outros itens, liberando as mãos

no momento. O G5 possui o processador

e distribuindo o peso uniformemente.

PowerPC da IBM de 64 bits – até então só exis-

A jaqueta possui o dispositivo Personal Area Network (PAN),

tiam os de 32 bits –, que possibilita o uso de até

que permite a conexão dos equipamentos em vários “canais”,

8 gigabytes de memória.

evitando que os cabos fiquem aparentes.

É bom que se esclareça, para os não-iniciados,

Também comporta objetos pessoais, como

que isso não significa que o computador tenha o

garrafas de água, documentos,

dobro da potência. “Se 32 bits equivalessem a um copo d’água, 64 bits

revistas e chaves. Há modelos

equivaleriam a 500 piscinas olímpicas”, explica Tiago Ribeiro, engenheiro

com até 30 bolsos, em micro-

de sistemas da Apple. Na prática, significa que o computador pode exe-

fibra, couro, tecidos imper-

cutar até dez operações simultaneamente.

meáveis e flanelados.

Disponível em velocidades de até dois processadores de 2GHz, o Power

www.scottevest.com

Mac G5 utiliza o novo sistema operacional Mac OS X e faz com que programas de 32 bits rodem mais rápido. Dentro do gabinete, não há cabos, tudo é encaixado. Isso foi possível pelo uso de um circuito ultrafino (cerca de 800 vezes mais fino que um fio de cabelo). Apple: 0800-12-7753 www.apple.com.br

SCANNER PORTÁTIL

3D SEM ÓCULOS ESPECIAIS

Para quem precisa constantemente levar o scanner de um lado a

Imagens em 3D já podem ser visuali-

outro, em viagens ou na casa de colegas para a realização de

zadas neste notebook da Sharp sem o

trabalhos, uma boa opção é o Scanjet 4670 da HP. Com design

uso de óculos especiais. A tecno-

inovador, possui menos de 2 centímetros de espessura, pesa

logia da tela de cristal

1,4 quilo e mede 41 centímetros de largura por 36 centímetros

líquido TFT (Thin Film Tran-

de comprimento. Além da portabilidade, o scanner libera espaço

sistor) de 15”, do Actius RD3D, permite que se mude o modo de exibi-

na superfície de trabalho, pois pode ser usado/guardado na posi-

ção de 3D para 2D, e vice-versa, apenas pelo acionamento de um botão.

ção “vertical”. Realiza funções padrão e digitaliza slides, positivos

Quando está no modo 3D, a tela divide-se ao meio verticalmente, envian-

e negativos, em formato 35 milímetros.

do imagens diferentes para o olho esquerdo e o direito. A compreensão

Com resolução ótica de 2400 dpi, 48 bits de profundidade de

dessas imagens aguça a percepção de profundidade, resultando na

cores e OCR profissional para reconhecimento de caracteres,

experiência tridimensional.

opera conectado ape-

Com o recurso, é possível usufruir experiências 3D em games e DVDs, por

nas à porta USB, não ne-

exemplo, ou criar conteúdo tridimensional (por meio de softwares inclusos).

cessitando de corrente AC.

O Actius RD3D possui processador Pentium 4, gravadores e leitores

Disponível em dezembro

de CD e DVD, entrada para car tões de memória Stick, SD, SmartMedia

de 2003. HP: 0800-13-0999

e CompactFlash. Acompanha o sistema operacional Windows XP

www.hp.com.br

Professional. Desenvolvido na Europa, o notebook foi lançado em outubro nos Estados Unidos e no Japão. www.sharpsystems.com


PUBLI EDITORIAL

W A L LW O R K S

WALLWORKS Toll Free Brasil: 0800 223-050 Toll Free Estados Unidos: 1 866 706-4785 www.wallworks.com.br info@wallworks.com.br

80 ARC DESIGN


“Elegância e sofisticação de detalhes como diferencial de projeto.” Com essa frase, a Wallworks resume sua filosofia de trabalho. Especializada em sistemas de divisórias, a empresa estabeleceu-se no Rio de Janeiro em 1998 e hoje atua em todo o país, além de comercializar seu produto – inteiramente desenvolvido por sua equipe de design – em toda a costa leste norte-americana e, em breve, também na Europa. Segundo o diretor Dario Franco Filho, a Wallworks surgiu com o intuito de desenvolver uma divisória inigualável, que contemplasse, em seu projeto, diversos fatores apontados em estudos internacionais sobre o assunto. “Não há nenhuma divisória igual às nossas no Brasil. Há outras que possuem uma ou outra característica, mas nenhuma reúne todas elas no mesmo produto”, afirma Franco Filho. Assim, em 1998, a Wallworks lançou a Classic Line, com as seguintes características: • sistema telescópico de piso, teto, saídas e portas: possibilita correções de desníveis e prumos de até 40 mm em cada ponto, permitindo que o produto chegue ao local da obra na medida exata, dispensando cortes “de ajuste” no momento da instalação; • estrutura interna independente: antecipa o prazo de entrega, pois permite o início da montagem durante a execução da obra, sem a necessidade dos acabamentos, que assim têm sua preservação garantida; • encaixe dos perfis com camuflagem dos cortes: acabamento perfeito; • sistema de modulação independente: facilita acréscimos ou remoções posteriores à instalação do produto; • transformação de módulos sem a necessidade de remover a estrutura ou adicionar perfis e acabamentos, o que permite, por exemplo, a rápida

No alto da pá gi na ao lado, di vi só ria mó vel da li nha Easy Move com per sia nas in cor po ra das. Em bai xo, des ta que para a di vi só ria da li nha Cle an Light e o efeito trans lú cido do te ci do en tre vi dros

substituição de um módulo de vidro por um painel ou até mesmo a mudança de cores dos painéis e perfis; • uso de borrachas duplas isolantes no piso, no teto, na saída e nas portas, além do preenchimento opcional entre painéis: proporciona excelente isolamento acústico – item normalmente deficiente em divisórias. A linha Clean Light, último lançamento da empresa, conserva as características acima e incorpora tecidos expansivos entre os vidros, em padrões semitransparentes e translúcidos, de diversas cores. Duas linhas de divisórias móveis complementam a coleção Wallworks: Easy Move e Light Leaves, ambas com rodízios traváveis. A primeira é formada por perfis metálicos que podem receber painéis e vidros simples ou duplos, com ou sem persianas ou tecidos em seu interior. A linha Light Leaves, perfeita para situações que exigem agilidade na mudança de layout, consiste em biombos leves, com painéis em tecido semitransparentes ou translúcidos. A Wallworks possui, por enquanto, escritórios em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Curitiba e em Brasília.

No alto da pá gi na, por tas de can to com ple men tam a li nha Clean Light, permitindo maior flexibilidade no layout. Acima, bi om bos mó veis da li nha Light Le aves. Abai xo, as per sia nas in cor po ra das às di vi só rias Classic Line per mi tem op tar en tre a trans pa rên cia e a to tal opa ci da de dos mó du los


PUBLI EDITORIAL

GIROFLEX

Bons projetos de arquitetura e urbanismo exigem mobiliário de qualidade, principalmente em áreas públicas e ambientes de grande circulação, como salas de espera e saguões de aeroportos, estações ferroviárias ou metroviárias, hospitais, clínicas e agências bancárias. O Sistema SE da Giroflex é ideal para essas situações. Composto por bancos em aço e alumínio para três, quatro, cinco ou seis lugares, possui fácil manutenção e possibilita combinações personalizadas. As conchas individuais para assento e encosto em chapa de aço, curvadas e perfuradas, facilitam a circulação de ar e o escoamento de água, caso os bancos estejam em áreas descobertas. Nos ambientes internos, as conchas podem receber estofamentos para assento e encosto revestidos em vinil ou couro sintético. Mais conforto! Para aumentar a resistência às intempéries, os bancos do Sistema SE possuem base e apoios em alumínio fundido, impedindo a oxidação. Além disso, as conchas e as longarinas em aço são submetidas a um tratamento de superfície antes de receberem pintura

Fotos Ary Diesendruck

com tinta epóxi em aplicação eletrostática, o que lhes dá proteção até mesmo em espaços altamente agressivos. Outro diferencial são as superfícies de apoio, em chapa metálica ou aglomerado melamínico, que podem ser instaladas tanto nas extremidades como intercalando os assentos, auxiliando na composição do layout. Os bancos Giroflex SE dispensam sua fixação no solo, pois sob as bases há sapatas reguláveis em polipropileno, que servem para corrigir eventuais desníveis do piso. GIROFLEX Rua Dr. Rubens Gomes Bueno, 691 Santo Amaro – São Paulo, SP Tel.: 0800-112580 www.giroflex.com.br

Nas duas pá gi nas, ban cos do Sis te ma SE Gi ro flex: er go no mi ca men te cor re tos e re sis ten tes, po dem fi car ao ar li vre ou em áre as co ber tas, com op ção de es to fa men tos para as sen to e en cos to em vi nil ou cou ro sin té ti co



ALDA LAMP, GAETANO PESCE “Ser, hoje, significa viver de uma infinidade de maneiras. Ser alguém é viver uma realidade incoerente, ser contraditório, responder a múltiplas características, contrastantes, opostas... diversas.” Gaetano Pesce, anos de 1970

Da Redação Aci ma, con vi te para o lan ça men to da Alda Lamp, o mais re cen te pro je to de Gae ta no Pes ce, em 22 de novem bro, na Ga le ria Moss, N. York. Abai xo, Alda Lamp, pro du zi da em resi na e me tal, em dois ta ma nhos: 70,6 cm de al tu ra x 25 cm de di â me tro, pesan do 3,8 kg e 47,5 cm x 16 cm, com peso de 1,8 kg

Arquiteto e designer, Gaetano Pesce desde sempre atuou na extrema vanguarda, seja pelo uso dos materiais – sempre sintéticos (“amo tudo que é artificial: é a metáfora humana por excelência... Não nos comparamos à natureza; seríamos os perdedores”) – seja, principalmente, por seu pensamento. “Alda é o nome de minha mãe. Ela criou três filhos fazendo música, seu instrumento era o piano. Meu papel era o de virar as páginas. A música era presença forte em minha vida. Essa lâmpada também me lembra o mar, suas criaturas, a água-viva. Sua maior qualidade é não ter forma específica e a habilidade de mudar seu volume, dependendo do ambiente. A importância dessas características ainda não foi bem compreendida pela maior parte dos arquitetos e designers de hoje. Basta tocá-la e emite sons diversos, que me fazem lembrar a música da realidade. O ser humano encontra-se a meio caminho entre o instinto e a razão. Alda Lamp deseja trazer uma pequena contribuição a esse diálogo.” A Alda Lamp, assim como diversos projetos experimentais de Gaetano Pesce, é produzida – literalmente “feita” – por ele mesmo. Seu material, desde algum tempo, é a resina de poliuretano, com características que ele próprio ajudou a desenvolver. Na Alda Lamp, essa resina faz com que a luminária tenha mobilidade e flexibilidade. A coleção Alda tem três versões, em dois tamanhos e várias cores: a luminária; a luminária equipada com som de sinos; ou equipada com chips eletrônicos, contendo vários sons, incluindo pássaros, água, florestas, calçadas e... o “happy birthday”. Na obra de Gaetano Pesce, não se pensa em minimalismos e a forma é o próprio significado – ou intenção – de seus projetos. “Toda criação é uma metáfora social, um gesto público e político.” ❉

Foto Claus Eggers




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11/7/03

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Uma Publicação Quadrifoglio Editora / A Quadrifoglio Editora Publication ARC DESIGN n° 33, Novembro/Dezembro 2003 / November/December 2003

Apoio / Support:

Diretora Editora / Publisher – Maria Helena Estrada Diretor Comercial / Marketing Director – Cristiano S. Barata Diretora de Arte / Art Director – Fernanda Sarmento Redação / Editorial Staff: Editora Geral / Editor – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico / Graphic Design Editor – Fernanda Sarmento Chefe de Redação / Editor in Chief – Winnie Bastian Equipe Editorial / Editorial Staff – Daniele Rissi (Redatora) Jô A. Santucci (Revisora) Tatiana Palezi (Produtora) Traduções / Translations – Paula Vieira de Almeida

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Arte / Art Department: Designers – Cibele Cipola Milena Codato Participaram desta edição / Contributors in this issue: Claudio Rocha Pôla Pazzanese Departamento Administrativo / Administrative Department: Fabiana Ferreira da Costa Departamento de Publicidade / Advertising Department: Ivanise Calil Rosana Guido Departamento de Circulação e Assinaturas / Subscriptions Department: Cristiane Aparecida Barboza Conselho Consultivo / Advisory Council: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta (Fundação Padre Anchieta’s director); arquiteto (architect) Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia (designer, expert on ergonomy); Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de Arc Design para assuntos internacionais (expert on European culture and design, Arc Design consultant for international subjects)

Arc Design – endereço para correspondência / mailing address: Rua Lisboa, 493 – CEP 05413-000 São Paulo – SP Brazil Telefones / Telephone numbers: Tronco-chave / Switchboard: +55 (11) 3088-8011 Fax: +55 (11) 3898-2854 e-mails: Administração / Administration: administarc@arcdesign.com.br Assinaturas / Subscriptions: assinearc@arcdesign.com.br

CTP: Takano Editora Gráfica Ltda. Impressão / Printing: Takano Editora Gráfica Ltda. Papel / Paper: Suzano Papel – Couché Reflex Matte (miolo – 115 g) Suzano Papel – Couché Reflex Matte (miolo – 150 g) Supremo Duo Design (capa – 250 g)

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Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito.

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We have gone through a year that, according to many, has not existed. ARC DESIGN publishes its 33rd issue with the same enthusiasm it had when it was first published. And with more courage. The courage for increasing its range of subjects, for approaching – with so much conviction – architecture, buildings and their interiors. If the country where we live does not help much, with its eternal crises, our readers, with their opinions and comments, make us proud and even more courageous. Well, once we have opened our heart, and considering the country is apparently developing now, we hope you enjoy this issue. The architecture section is incredible. Published for the first time in the world press, “Titanium Cherry Trees”, the beautiful building developed by the Swedish studio Claesson Koivisto Rune. In Brazil, a new generation of architects, presented by Pôla Pazzanese, and the memorial of master Artigas, in the words of Julio Katinsky. As for design, there are many Brazilian features: the best 2003 results in two contests and the best outcome from the national production, in ARC DESIGN’s opinion. Furthermore, there is the entrepreneur who, without suspecting, became an important piece in the transformation of the taste at the Brazilian residence. Philippe Starck brings us Kong, a restaurant in Paris, a modern metaphor of the old kitsch, very well tempered. Finally, the gaúcho, this unknown Brazilian character, features the cover of ARC DESIGN in the transposition developed by Renato Imbroisi along with the embroiderers from São Borja, with the classic garment typical from the pampas – the bombacha. Have a good sight… and reading! Maria Helena Estrada Publisher

TRANSPOSITIONS – page 18 São Borja, Rio Grande do Sul. The pampas: land of ranchers and gaúchos, proud men of their art of dressing, who embroider bombachas, weave leather quirts, imprint drawings on silver spoons and on the bottle of their inseparable gourds of chimarrão By the Editorial Staff

Renato Imbroisi ventures, for the first time, at the border of Brazil with Argentina and discovers a universe that is still strange to the northern inhabitants: the world of traditions from gaúchos (name given to the locals from Rio Grande do Sul). It is quite true that Rio Grande do Sul has already been separatist and that, specially in the regions at the border, the Spanish influence is larger than the Brazilian one. But it is still Brazil. Invited by the City Hall of São Borja and by the Commercial Association of the city, Imbroisi starts his research on the embroidery made on bombachas (typical loose and comfortable pants worn especially for farming tasks) and on the references added to such needlework. A meticulous delicate deed, with the observance of each detail, from the iron palings of houses until the hairstyles of women and girls. It is the appreciation of fabrics, weaved leather pieces and pelegos (or sheep skins) in order to portrait such non-familiar culture to the ones who had been recreating handicraft in Minas Gerais. A new approach to the women living at the border is established; they are the brave and resolved embroiderers, whose occupation had been disappearing, losing reputation and quality. Former President Getúlio Vargas had a tailor who, until now, still wears one of his jackets and lives there – as well as many other tailors and dressmakers, who started gathering in response to the clothing demands on the market. Renato Imbroisi is the wisest hand – or head – in the performance and attempt for recovering and translating the Brazilian handicraft: a strong hand

with accurate sensitivity and visible quality. His work of “translator”, however, only starts after: chatting for hours; hearing gossips; drinking chimarrão (a typical southern Brazilian drink made of strong herbal tea) or eating pão de queijo (the famous Brazilian delicious cheese roll) and, depending on the region, getting to know the people with whom he will work – hearing their family stories and their past and present personal life events. That is how the new repertory of objects and resources are created, patiently, forming a great panel – one belonging to the Brazilian cultural root.

BRAZILIAN DESIGN 2000 + 3 – page 20 “The design and the architecture of a country, when based on nothing, are nothing,” Lina Bo Bardi wrote in the 1950’s . Almost six years ago, we published abstracts on Brazilian design. It seems to us it is about time to ask some questions for which we have not found answers yet. Have new names come up in design? Have they come from schools? Has the project, industrial or not, evolved? Is it possible to percept the course design is taking in Brazil? Do specifying markets and professionals play any influences on the projectual decision? Maria Helena Estrada

Attempting to reply some of the questions I was asked on which roots of design there would be in Brazil, I came up to two realities: the first one talks about a fragmented history, interrupted every decade, and about its several moments of rupture, making it impossible to find a root or even a slight process of sedimentation able to narrate the evolution of design in our country. The second evidence is that, finally, we start to look at our popular culture to achieve our performances and know-how, translating them into a contemporary vocabulary and applying it on the creation of a local repertory. While researching, I found again the ideas of Lina Bo Bardi written 40 years ago, which were so conflicting in the despotism period. At that time, it was said in the official areas that popular culture was something typical of communists, pure subversion. Only now, in Brazil, Lina Bo’s thought starts developing on what is related to the appreciation of Brazilian culture. In her book “Design at an Impasse,” we read: “Not all the cultures are rich, not every culture is a direct heir to great sedimentations. To deeply dig into a civilization, the simplest one, to get to its popular roots, means to understand the history of a country. And a country whose base includes its people’s culture is a country of great possibilities.” Nowadays, thanks to the work of some designers and to the great mapping especially performed by Sebrae, we are able to start examining the courses of popular culture and handicraft, acknowledging the old “artifacts for survival.” The popular culture, at this new moment, passes by the Brazilian design (especially the one directed to homes) impregnating it. Fernando Risério, in his book “Avant Garde in Bahia,” writes: “The reciprocal contamination between handicraft and design provokes a reaction – it transforms itself. The eyes that glared at the other ones are returned in a transfigured way to fall upon themselves (…) and it is exactly in such contamination that we will find all the wealth – dialogue and dialectics – of a meeting.” Some Brazilian designers have already intuited this new diffusion in design: pioneers Fernando and Humberto Campana did it in the project for homes; Rio Grande do Sul, which has always seemed to be so distant from Brazil, gives us good examples of recovery and transposition of the traditional handicraft: in Porto Alegre, the traditions of the Italian and German immigrants are elaborated again with a work stimulated by the Weaving Workshop of Maria Rita and, moreover, the old wooden bench transforms itself, through the eyes of Heloisa Crocco. Also in the South, at the border, Renato Imbroisi creates new insights through the embroidery on the bombachas (loose and comfortable pants worn by the locals of Rio Grande do Sul – see related article in this issue).

English Version

EDITORIAL


And, through out Brazil, there is more and more. The new generations formed by design schools, however, still appear to be contrary to such new cultural “ingredient.” Concerning the Design Products schools – when we ask ourselves about the objectives to which the design schools in Brazil are directed – it is worth remembering that during the Milan Furniture Fair, in Italy, the seminar Designing Designers is presented every year, and it gathers professors and designers from all over the world to participate of discussions and to understand the degree professionals in this constantly complex area should have. They are periodical, useful and necessary discussions to define curricula all over the world. (Further information at: www.cosmit.it, link “events”) On the other hand, the number of shops in search of Brazilian design (no matter where it may be found) is increasing. There have never been so many Brazilian products for sale – having a higher or lower quality – being industrial, handmade or already elaborated in the language of the new handcraft. It is already evident that a new “taste” is present. The post-graduation Interior Design schools (such as the Senac one, forming specifiers interacting as interfaces between the market and the public) start to demand, besides coherence and quality, better adhesion – in our homes or other places – towards the country and time we live. But examples of excellent products are still few. Apart from the exceptions, our production is almost always trivial and not so courageous; it still lacks the greatest value in contemporary design – innovation. Wouldn’t this be the moment – when the emerging cultures are so necessary to European design – to break the vicious circle of “we do not have it” (possibility to work with new raw-materials, technology, motivation, preparation…)? I, who am not a designer, would tell designers, just like I would tell writers, that the creative deed always involves a project, an innovative idea, an intuition or a thought, a concept that will be the right starting-point of this project. It is also necessary to touch the material, just like us, writing professionals, “touch” words in order to get to know them, experimenting all their potential, rejecting the ones that have already been too much used, choosing the only fair expression, without synonyms, one that is able to translate our thought, our project. It is not an infallible method… but it usually works!

17th MUSEU DA CASA BRASILEIRA DESIGN AWARD

HAND-IN-HAND WITH THE INDUSTRY – page 28 The 17th Museu da Casa Brasileira Design Award retakes partnership with the industry and shows consistent results, with well-resolved products from both the formal and the functional points of view Winnie Bastian

Design is growing consistently in the Brazilian industrial production. This is the strong feeling we had when we saw the result from the latest Museu da Casa Brasileira Design Award, the most important design prize in Brazil, now in its 17th year. After a poor edition on industrial products, we observed the return of products developed for the large-scale production, which were practically doubled in relation to 2002. Be it a coincidence or not, our designers are daring to make use of other materials besides wood, such as polypropylene, polystyrene, rigid and flexible PVC, steel, aluminium, EVA (ethylene vinyl acetate), santoprene, Lycra, Cordura, leather residues and others. The high manufacturing quality of almost all the finalist products was also impressive, just like the formal and conceptual quality of most proposals. In this edition, the award went beyond the region of Rio–São Paulo with products selected also from Rio Grande do Sul, Goiânia and Bahia. It was a good result, tending to be intensified next year, according to the new director of the museum, Adélia Borges: “The idea is that the award gets to reflect the diversity in Brazil. And we want to intensify this even more next year, through a more efficient divulgation” (see box at the end of the article).

Another particular aspect was the participation of professionals at the contest. No products selected for the exhibition – awarded or not – were presented by students in this edition. Some of the elements that certainly contributed for such new reality were the appearance and the encouragement of prizes created specifically for students, such as the Masisa Design Contest, originated in 2002. In this type of contests, the possibilities of classifying products created by students are higher because the prototypes will not have to compete with products that have been finished, are already being produced and, many times, have also been improved during the industrial process. Furthermore, there was an expressive divulgation along with the professionals who appeared to be now more willing to compete in order to have the quality of their design acknowledged by the “MCB seal”. “Many awarded designers have returned. This edition has attracted great personalities, starting by Michel Arnoult. The intention was to use the award for the acknowledgement of the excellence of design products,” Adélia Borges states. Among the awarded ones, we highlight the Pelicano armchair (simple and functional, allowing a rational use of wood), the Clip clothes-hanger (an innovative solution with a great compacting capacity), the Mosquito hanger (besides its optimized use, it makes the costs with tools less expensive and utilizes less plastic than usual hangers), the Slim lavatory (which joins the washbasin with the counter in one piece), the Giro lamp (versatility and sophistication in the use of the spotlight) and the Construk fabric (which proposes a new system for fabricating the cloth, optimizing its time of production). Among the non-awarded ones, we highlight the Buraco Negro gadget-keeper (a fun solution with an intelligent use of the material, taking advantage of its elastic property) and the Ui cups. The result from the 17th Museu da Casa Brasileira Design Award shows an increasing awareness of Brazilian designers towards the project: it is not about simply giving a good aspect to trivial products, but about investing in new proposals that incite behavioral changes and promote a better quality of life to its users. We await the next edition... The 17th Design Award Exhibition is being held until December 27 at the Museu da Casa Brasileira: Av. Brig. Faria Lima, 2.705, São Paulo. www.mcb.sp.gov.br

NO POSTER In 2003, the Museu da Casa Brasileira did not promote a contest for a poster to advertise the Design Award. According to Adélia Borges – who started running the museum this year in May – the decision was made because it would not be possible to carry out the exhibition with the minimum quality pattern it requires due to the short available time. The direction of the museum is planning for 2004 a bigger contest for the whole visual identity of the award (edict, invitation for the opening day, poster, banner and promotional pieces). “This contest must be carried out in April and not by the end of the process, as it used to happen until nowadays, so that we may use the winner project in advance for an effective divulgation of the Design Award in its several stages,” Adélia Borges explains. The release of the contest is to happen in March and will probably be announced on the Museu da Casa Brasileira’s website.

MASISA DESIGN CONTEST

DESIGN & INDUSTRY – page 36 The Masisa Design Contest reaches its second edition with much more amplitude and repercussion. Besides Brazil, students from Argentina, Chile, Ecuador, Mexico and Peru participate of it. The final judgment will be held in Milan By the Editorial Staff

The company Masisa and its director, Italo Rossi, started featuring on the Brazilian scene, coming from Chile, with rapid, useful and direct actions, not only supporting and sponsoring quality events, in Curitiba and São Paulo, but also growing interested in the academic activities and also in the activities


carried out at the Design Center of Paraná. Having a not much usual attitude among the Brazilian entrepreneurs, the company became, in a short period, also a design promoter, instituting a contest for students that, in its second edition, will expand the boundaries of design in Latin America towards the famous Milan International Furniture Fair – Salone Satellite, which is an event devoted to young professionals or students. The final judgment of the Masisa Contest will be held during the 2004 Furniture Fair. But stimulating design without the industry’s counterpart would be worthless. The great merit of this contest – which promises to happen again and grow each year – is the opportunity for propitiating the evidences, the “rustic ground”, to the future young designers and, to the furniture industry, the necessary involvement to prove that designers are indeed able to produce quality and profit for the companies. The specialty of the Masisa Contest – or maybe even the reason for the good answer found in the projects – is the limitation of materials. The student, in need of relying on a predetermined material – MDF and OSB, in this case – has the possibility of deepening his/her knowledge and thinking of a suitable product in relation to the chosen raw material, which is already a positive step towards the quality of the project.

DEMOCRATIZING DESIGN – page 40 Tok & Stok – an ideal of success in the field of decorations – has been on the market for twenty-five years following the formula: design + price + variety + prompt delivery Daniele Rissi

Twenty-four stores, six hundred suppliers, eight thousand catalogued items, eight designers in its department of products development, twelve types of public and 1,500 employees: this is Tok & Stok. And there is more: quick and practical solutions, quality and design with prices from R$1.20 on. Design has always been a premise for such chain of stores that introduced in 1978, in Brazil, a new trade concept in its specific market. Founded by French Régis Dubrule (read the following interview), Tok & Stok broke a paradigm – the aesthetical patterns of the medium social class, which started assimilating contemporary design, its straight lines, its light wood, its sobriety. Pieces of Brazilian and international design form the mixture of Tok & Stok. Among the Europeans, there are the Swedish company Innovator and its designer Johan Huldt, and the Dutch company Pelikan, besides the first projects by Philippe Starck in the collection for the Spanish company Disform. National design features in the creations by Michel Arnoult, the Campana brothers, Guilherme Bender, Marcelo Rosenbaum and Heloisa Crocco – already famous personalities. There is still a good number of young designers from all over Brazil, selected by an internal team. Tok & Stok does not produce; it only (!) administrates and resells products, under the orientation of its Department of Technical Support and Trends (DAT), located in Tamboré, São Paulo, the “brain” of the organization. The designers working at such department, divided by typology of products, are responsible for the orientations given to the manufacturers and suppliers, testing and positioning the prototypes and rationing in terms of twelve types of public or lifestyles. The twelve correspondent collections are released little by little, month by month, but some products are circulating on the market for twenty years! As an average perspective, the themes are to last for one year and a half. Urban Fusion and Eletrocidade are examples of new collections, whose challenge is to adapt neon effects or other types of impressions to more economical materials, giving importance to the final price. “The design of a product must not make it more expensive than another similar one. We can’t justify a more expensive price just because of the product’s shape,” says Ademir Bueno, manager of the Technical Support and Trends department.

INTERVIEW CARRIED OUT IN SEPTEMBER 2003 ARC DESIGN – What is Brazil for a French entrepreneur and what was the reason for choosing our country? RÉGIS DUBRULE – I am an admirer of Brazil, it is a very creative country, which just needs to leave its complexes apart. There is diversity in its design, as well as very conscious professionals in search of alternatives for a real world, directing their projects towards a great number of Brazilians. This is a world where Tok & Stok is inserted. I see design as a result of the equation that sums modernity, scale production and price. A.D. – Tok & Stok has been on the market for twenty-five years and it goes on acting exactly the opposite from the companies that combine design and luxury. What is your opinion on this image that is still very strong in Brazil? R.D. – The products and events destined to the high social class, which corresponds to one per cent of the population, are on the media, make a lot of “fuss”, but are not coherent to the reality of the country where we live. A.D. – How do people interact with the proposals made by Tok & Stok? R.D. – We propose trends at the same time we receive suggestions. We may say we guess the hidden desires of our clients, but there is a dialogue; we adapt their needs according to the possibilities in the production line. Around 25% to 30% of the ideas come from clients. A.D. – Tok & Stok holds an area of around seventy thousand square meters if we consider all the stores. What is the secret to keep the quality in relation to the volume? R.D. – Much of our success is due to the commitment of our employees to the culture of Tok & Stok. We offer trainings and involve the collaborators in the processes, so that they feel motivated and prepared for new challenges. A.D. – What is a good Tok & Stok product in terms of sales extent? R.D. – About ten to twenty-five pieces of handcrafted couches are normally sold per month. A Tok & Stok best seller may sell about 1,500 pieces per month!

NEW BENEDIXT: A SUBTLE SAGACITY – page 42 Benedixt, the pioneer company in the commercialization of Brazilian design products in São Paulo, has just inaugurated its new store at Alameda Gabriel Monteiro da Silva Daniele Rissi

The street – or the avenue – with the largest concentration of international design brands in the country shares now a space with Brazilian design. The novelty is Benedixt, which inaugurated its first store ten years ago, at Praça Benedito Calixto, in Pinheiros, São Paulo, revealing names such as Fernando and Humberto Campana. “Everything relating to the latest design releases available in Brazil was extremely expensive. I felt the need to develop something that would be available and accessible to the public looking for contemporary pieces,” recalls Marcos Sancovsky, owner of Benedixt. The new store is a mixture of Brazilian and international design, of furniture and objects, developed by designers from all over the country, some already known by the public and others new, such as gaúcha Ilse Lang, the cabinet and joinery manufacturer Marcenaria Trancoso, Aristeu Pires, Caroline Harari, Liana Bloisi, Cacá Alvarez, Jacqueline Terpins, Marcelo Kiokawa, Pedro Emílio Petry, Luiz Pedrazzi, Duílio Ferronato, Juliana Bolini and Daniela Cecchini. Marisa Ota was the consultant to this selection. “We asked the designers to develop exclusive pieces for Benedixt,” she explains. One of the good surprises of the store is also the presence of the Magis collection, an Italian brand that had disappeared from the Brazilian market. The project of the new Benedixt store, signed by the Campana brothers, was especially designed on an invitation by their friend Marcos Sancovsky. The Campana brothers left the vibrant and strong colors apart in order to create neutral environments and reveal transparencies. The use of glass flooring/roofing through out the façade allows a cordial “dialogue” between


the pieces and the external world. The project emphasizes the objects – exposed on huge shelves or raised platforms, without creating the famous and doubtful environment suggestions. Addresses: Benedixt: Al. Gabriel Monteiro da Silva, 663; Praça Benedito Calixto, 103; Praça dos Omaguás, 100; and Instituto Tomie Ohtake, Rua Coropés, São Paulo. Further Information: +55 11 3088-4045

DESIGN IN A PERIOD OF CRISIS – page 44 In Brazil, we cannot bear talking about crisis, specially when it comes to areas involving design. Yet knowing that the important Italian furniture industry is going through an intense period of

retrospective on the history of chairs for kitchens, which followed the several tendencies of contemporary kitchen. As for the releases, there were interesting proposals at the industries Sintesi, Airnova and Novecentoundici. This last one showed the evolution of the Foglia chair, by Marco Ferreri, besides the Tesa chair, made of elastic wood also by Ferreri – a designer who believes in innovation and experimentation. Many were asking: to which stage is design leading? “In fact, the scene has changed,” critic Almerico de Angelis writes for the Promosedia magazine. “The reference patterns of design have changed; its role in society has changed. (...) Overcoming any opposition between formalism and function, design is just the correct synthesis of contribution/meaning.” Should it be true? In any way, this is a theme that may incite great discussions. Promosedia 2004 is going to be held from September 10 to 13, 2004. It is a nice tip for the manufacturers in the sector. ARC DESIGN visited Promosedia on an invitation by the direction of the exhibition.

crisis might lead us to a reflection on challenges and opportunities offered by this situation

TRENDS AND LIFESTYLE – page 48 Maria Helena Estrada

Let us, however, start with a positive note: whether there is a crisis or not, Promosedia is always alert towards the necessity of introducing design – in a competent way – as an indispensable element for the project’s development. The organizers of The International Chair Exhibition, which is held every year in Udine, Italy, do not want to show only a leadership relating to the price or to the physical quality of the furniture, but also the value of an original project, so that the manufacturers of the region of Friuli-Venezia Giulia start to understand the message. For this reason, important cultural and thematic exhibitions having design as their main feature are organized in each edition of Promosedia – which is its really stimulant feature. This year, besides the selection of the Top-Ten exhibitions, one of the most desired awards disputed by the manufacturing companies striving at the formal and technological research with the best chairs exhibited during the year, there was also the seventh edition of the Ernesto Caiazza Award and, complementing it, three young designers were presented, selected by Marco Romanelli, architect designer and critic, who is in charge for the design editing section of the Italian magazine Abitare. “Design is a vital lymph that cannot be renounced. Actually ‘Youth’ should make part of the notion of design, understood as a surpassing element, as a refusal,” Romanelli writes. In such case, three young professionals are presented: Lorenzo Damiani (Italy, 1972), Stefan Diez (Germany, 1971) and Renaud Thiry (France, 1968). “Three different ways of handling wood, demonstrating possibilities and potentialities in the field of contemporary design,” Romanelli concludes. Just like at the three previous editions of Promosedia, ARC DESIGN was present at the exhibition together with, this year, 164 journalists. For the first time we noticed a slight indication of crisis around one of the most victorious productive poles in Italy. There was, indeed, a small decrease in the number of exhibitors, which inevitably affectedthe number of innovative proposals, be it in terms of design and/or in terms of technology. According to the organization of the exhibition, the Italian public totalized the lowest number of visitors, considering that the number of visitors coming from other countries increased. On the other hand, the attendance to the exhibition is given a professional feature every year, attracting a higher number of specifying consumers, tending to the disappearance of only the curious and unprofessional public. As a final result, there is a credit balance in this 27th Promosedia. “We are intensely devoted to the organization of this edition,” Fabrizio Mansutti, president of Promosedia, explains, “because it is exactly at moments of economic difficulties that an exhibition needs to become the ideal vehicle of communication, increase and development of the exportations for the small and medium companies.” Among the exhibitors, we highlight the industry Snaidero, with a beautiful

The traditional fair Tendence, in Frankfurt, now aggregates its title – and directs its spaces – to lifestyle. And the styles or behaviors found in its 2003 edition, in August, were various Maria Helena Estrada

There were 3,825 exhibitors from 85 countries and about 100 thousand consumers coming from 108 different countries. Among the exhibitors, Brazil appeared with nine companies and, along with great European names, the large stand of Tramontina was outstanding. Besides that one, there were five Brazilian companies of glass products, such as Saint Gobain and Nadir Figueiredo, besides the ceramics manufacturer Oxford. As predictable, Sebrae sponsored the two halls with handicraft products. The fair was divided into four themes: modern life, emotion, joy and function. We did not get to realize very well how to distinguish emotion from joy, or modern life from function, but the truth is that this was the fair that gathered high quality products, representing the industry with a great range of products. Besides being indeed very chic! It is also interesting the fact that Tendence Lifestyle gave scope to student exhibitions and companies such as, for instance, Side by Side, with very simple and well-thought products made by exclusively mentally disabled individuals. Trends? China and the Orient in general. Luxury side by side with the simplicity of weaved basketry, whose largest income is produced in countries such as Indonesia. Then we ask ourselves: why is it exactly China the country that invades, just in a sudden, coming from nowhere, also the decoration and fashion stores in Brazil? Trends mysteries! We have never found out who actually imposes them. The editor of the new magazine Decorate Life (published by the fair), Nicolette Naumann, comments: “Trends are originated from one day to another, from a set of spontaneous ideas, creative insights and long processes of elaboration.” In any way, it is an inciting subject. A poor and quite visible trend is the felt, a material used in earrings, couches, magazine racks, handbags and articles alike. But Tendence also includes sophistication on the details, which are present in body care products until the table and home refinements, not only visible but also sensed in scents and, in this collection, we found the most incredible variety of candlesticks, chandeliers and incense holders. The presence of jewelry was also strong; it occupied one of the largest exhibition areas. Undoubtedly, there were some extravagances as, for instance, the so-called Bollywood Style, which is literally the mixture of Bombay with Hollywood transposed to Europe in American movies.” After all, nobody is perfect! Leaving jokes and irony apart, we find in Frankfurt the good European project and the best companies of home articles. An interesting and advantageous initiative taken by the press services of the


fair was a tour provided for the journalists guided by Hans Maier Aichen (founder of the company Authentics). Through that tour we visited the stands of big companies, such as Bodum (famous for its coffee pots), which is now also producing tea-service pieces) occupying a huge stand with a tea bar, where everyone was wearing t-shirts with comical words printed on them, like “teashirt” or “thirstea.” Bodum, according to one of its directors, has total control over its marketing, which helps turn its trademark into one of the strongest on the European market. Another big company selected by Aichen was Mono, exhibiting cutlery with designs from classic to modern aspects, besides devices for kitchens. Mono is pretty outstanding in the market because of its policies of perfect production combined with design, without following ephemeral fashion tendencies, but interested in the emotive quality of its products. “Designed to make part of life” is its slogan. Peter Raacke created, forty years ago, the first collection of cutlery for the company. Yet what really drew our attention was the project developed by the students from Czech Republic for individuals living on the streets; they used dignity and efficacy to cope with the problem in the several proposals presented. As a final point of view, we note Tendence is a diversified fair of contrasts, where each visitor discovers a new way of life and each consumer finds his “niche.” The next edition of the fair is going to be held from August 27 to 31, 2004. It is definitely worth visiting! ARC DESIGN visited the fair on an invitation by Messe Frankfurt.

DESIGN AND MEMORY

ADOLPHO LEIRNER COLLECTION – page 54 Two moments in the history of design in Brazil: Gregory Warchavchik and Flavio de Carvalho. Two specific decades and two personalities that marked their time joined in a collection that recalls – and, in an exhibition at the Pinacoteca do Estado de São Paulo, has just proposed – a furniture style that was considered lost By the Editorial Staff

We have just mentioned the passion of Adolpho Leirner, compiler of a collection constituted as the root of design in Brazil. The Leirner collection encloses the period from the 1920’s and 30’s to 1950: Warchavchik, Tenreiro, Flavio de Carvalho, Zanine Caldas, among others. Those names – each one of them having introduced an aesthetic diffusion and worked with differed materials – may be considered the beginning of modernism and modernity in Brazil: periods of intense intellectual vigor in architecture and culture in general, moments that preceded the great silence (end of 1960 to 1990). An eclectic root, formed by a Russian architect, a Portuguese sculptor and two Brazilians: an engineer/plastic artist and an ingenious maquette maker, who became an architect and designer due to his professional habits. Among those, there is also the decorative diffusion initiated by Swiss artist John Graz and Brazilian Regina Gomide. All of them shape the background of the beginning of our trajectory in design. Both Warchavchik and Flavio de Carvalho participated of the famous modernist Week of 1922 and, if the former introduces in Brazil European ideas and the Bauhausian aesthetics in a linear substantive language, the latter is the contester by excellence, challenging rules, uses and habits, destroying taboos. Leirner carried out his exhibition with the pieces of furniture designed by Warchavchik (which were thought for the living room of the Modernist House and had been later given to his friend Geraldo Ferraz as a gift, though considered lost) bringing to the public a furniture set that had been hidden for seventy-five years!

ARCHITECTURE TODAY – page 56 When reading this article, find a white wall to glaze at and imagine the following projected scene: the profile of Pão de Açúcar (or “Sugar Loaf”, a 400-meter high mountain, famous landmark in Rio de Janeiro), which disappears as the Igreja da Pampulha (a famous Brazilian church designed by Oscar Niemeyer in 1951) arises at the border of its lake. Visualize a chip kick by Pelé, the moving of the ball shaping the curve of the hill, of the church. Then, mixing up to the images, a stroke of chalk emerges scratching out a parabola, the geometric figure that has touched us all the time, in a lesson by César Lattes.” How can Physics cause us emotion...? Architect Pôla Pazzanese

This short trajectory of the eyes, cinematic and constructive, simplifies a greater Benefit, of the most beautiful aesthetic accomplishments in the brief twentieth century. A group of intellectuals and artists, young on a young land, started to think systematically on their meaning, living on it; and on its own meaning, living on them: Brazil, the world itself. And they grew so mature in such systematic thought that, when dictator Vargas needed a qualified staff to take care of the Culture, they were the existent ones to do so. As a dictator, he wanted to modernize (everything in this country is organized upside-down) the public administration, the work organization, and also the Culture. And once this was an unknown area of work to him, though with great visibility, the brave boys and girls (then already men and women) had the opportunity of putting into practice years of reflections and essays. That was the moment when our Architecture grew mature. Lúcio Costa was designated, in 1930, to modernize the architecture course of the Belas Artes National School of Fine Arts, already using architecture – or engineering (which are both developed together in Brazil) – for a beautiful conceptual operation: a part of that group proposed a new critical concept on our past, organizing the physical recovering of our historical and cultural patrimony (which would be the Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN), while another part digested the meaning, for us, of the architecture movement that encouraged the debate in the world: the Modern movement. That was what encouraged Lúcio to update the teaching at UFBA, though he was repulsed for about one year… Those were difficult times. His goal was simple: when the superior course is modernized, qualified with the best and most substantive available resources, better individuals are created, with intellectual and social responsibilities, more mature towards their own respect and duty. However, the academic elite of that time did not like it. That was when part of the current urban problem of Rio de Janeiro started: when there was a lack of systematical thought on the superior course, since it only happened in some groups, until the 1960’s. But Lúcio Costa left his ideas there for a group of students, whose intelligence absorbed everything and even more. They also knew their country very well. So they gathered in the project for the building of the Ministry of Education (and adding Culture to the name) in 1936, when, inviting Le Corbusier for the design, and re-sketching his drawings, they combined History and Project in a smart way, in a proposal for the cities and the culture of Brazil. That is how the new name for the ministry came up. We have created our most beautiful architecture by defining where it was really born, how it was really done, with who and what should it reflect: our own selves. MEC (Ministry of Education and Culture) was built between 1936 and 1942. By the end of those years of 1940, with the same impulse, the two first autonomous superior schools of architecture in São Paulo were created: the


Mackenzie University (1947) and the School of Architecture and Urbanism of the University of São Paulo (FAU-USP, 1948). And they had nothing to do with the engineering courses. That was exactly when Vilanova Artigas introduced himself. He was one of the professionals in charge of the creation of FAU-USP, as well as one of its most brilliant professors and one of the greatest architects in the history of Brazil. He was such a good educator that in the 1960’s he designed its new building together with the syllabus of the course. At the same period, he also designed the Morumbi stadium, among other things. His updating and researching on inquiries, combined with his capacity of synthesis among teaching, professional practice and public action, influenced all the serious reflections on such subjects, eighteen years after his death. When he defined an askew techno-scientific and artistic teaching method, which was also public, he opened a narrow path that still reveals itself efficiently for the development of the country. He was the professor of many of the best current professors who – all recovered for the university through the democratic opening – have been creating the new generations. So here the small group of young professionals come in – representing a greater Benefit – Brazilian architects and urbanists. It is only possible to become an architect when dealing calmly with the great human investment, which is an edified space. And also when taking care of the history with proper respect, in order not to transform it into a circus where we actually are its ring! Or when knowing how much the technique frees us from the silly idea of us being made of chaos, of which we never get out! Architecture is mass, static and dynamic charges, physics and team work, flection and reflection and, just like every object dialoguing with and inserted into the landscape (nowadays always constructive and collective) it has a certain public urban responsibility, and that is why it is also aesthetic and economical: architecture has always been a “mass art” (Greece, Sambódromo, Hobsbawn), more than a mass culture, as Mitterrand proved, in the highest point of a confusing and playful postmodernism period, with great projects in Paris. Therefore the word “Design”, for such architects, becomes “the poetic project of a people’s desire,” and not only a simple gesture of the taste: purpose, intention (Blutteau, Artigas). That is exactly what turns Physics into a field of emotion. The architects mentioned here have about ten to twenty years of profession, with projects for areas from individual residences to public buildings and urban infrastructure. They did everything thinking about which country we would be, if being democratic; and what we need – culturally and operatively – in order to reach such point (which imposes on them a re-symbolization of the idea of democracy, of the notion of urbanity and of the reason for the existence of cities). In each one of them, every project detail holds a technical approach relating to invention and, however, to an easy interpretation. Those are solutions created in order to be understood and multiplied. Structure and construction materials are handled as brackets for the human memory, but without fetishism, and with an accurate and tasteful design of their production, or assembly, in the building site. A project developed through the coherent skill of the constructive system used for the structure, always inventive and having its excesses cut off. A clean one, as if it had been invented like a dribble is invented – a chip kick – exclusively for the pleasure in the profession. That is exactly why they are projects developed to be existentially reflected. Environments built for being dwelt and experienced deeply, more than being looked at: for watching the full life. Spaces that are always organized, releasing visual and physical flow, inciting new perspectives instead of occupying them, making them supports for the human life, instead of their “life shows”. The roof rafters are three-dimensional objects, to be handled through spans of such a dimension that they become invisible partitions, of pure

light and movement. They propose a plastic and functional relation concerned with the world outside, and not simple paper projects and diagramed “bits” for the “façade decoration” or the “highlight of the avenue.” At the settlements it is visible how to make such a simple drawing in its geometry be poly-dimensional both in the space and in the use – once Time is an aspect of its articulation. And therefore the technique becomes a way of “inquiry” towards the nature, when it designs such settlements with accurate cuts that settle the buildings on the ground and its components in the space, no matter what they are. In that way, they conceive places of a peculiar special generosity, which is economical for being strategically ordered with the environment (S. Telles). Therefore it is possible to note on the floor plans how they are handled with the cuts. The edified space and the surroundings are comprehended in terms of volumes, emptiness and deeply related contexts, never as simple superposed projects: the economical-structural, social-environmental, urban and landscapist dimensions are always present. Such projects are, consequently, like portions of the world, handled with accuracy – not to become thefts from the general urban/human environment, but, as precisely defined by one of them (which is useful for all of us), conceived as a gentle and discrete “gift for the city.” Such simplicity, as it may be noted, is a complex ability with articulations applied between what is executable and what is desirable; it is never a “nouveau- riche” exhibitionism. It is something related to considering a ninja with as much incorporated technology as an American Stealth jet fighter. Check carefully, because in Brazil we are full of this new type of discrete “democratic ninjas,” developing this subtle and improbable movie that would only be filmed here. Pôla Pazzanese is an architect and a professor at the Architecture School Escola da Cidade.

VILANOVA ARTIGAS REVISITED – page 64 A great exhibition pointing out the exact notion of the importance of Vilanova Artigas for the architecture in Brazil and São Paulo. That is how the exhibition has been, recently carried out at the Institute Tomie Ohtake, with Julio Katinsky as its curator and Ruy Ohtake and Rosa Artigas as its directors Interview with architect Julio Katinsky

Born in Curitiba (capital of Paraná, in the south of Brazil), but living and working in São Paulo, João Batista Vilanova Artigas has been a key-figure in the modern architecture of São Paulo and has had his work appreciated all over Brazil – and also abroad: the first exhibition about his work was held in Portugal in 2000. But what makes him so special? The work of Artigas combines his intense respect for construction with cultural and artistic concerns. He graduated from the Polytechnic School of São Paulo and was a careful constructor, besides extremely inventive. Since he was young, he has been a constituent of the group of plastic artists known as Família Paulista, along with Volpi, Clóvis Graciano, Mario Zanini and Rebolo. His concern with social aspects has also been constantly featuring in his daily life, and this is a reflection on his declaration of 1952: “After all, we come up with the question: where do we stand? Or what should we do? Should we wait for a new society and keep doing what we do, or abandon the architect tasks and throw ourselves completely into the revolutionary struggle? None of them uniquely.” “Artigas regarded architecture as a phenomenon of art that has to have a certain importance in the construction of a new society,” says architect Julio Katinsky, curator of the current exhibition. The exhibition approaches the three periods of the architect’s work:


Search, Consolidation and Architect-artist. “There used to be a myth claiming that the work of Artigas would have two periods: the period of Frank Lloyd Wright and the period of Le Corbusier. That is not true,” Katinsky disproves. During the first phase, which refers to the beginning of his career (from the latest 1930’s up to 1945), Artigas goes through several ways: “he experiments everything, makes all types of architecture, even neocolonial,” according to the curator. During the second phase, he assumes more defined characteristics, which are coherent to the modern movement from Rio de Janeiro, though with remarkable differences such as the use of intense colors: a result from his acquaintance with Família Paulista. According to Katinsky, “Artigas starts approaching the group from Rio de Janeiro before it becomes successful around the world; he firstly approaches it by architecture, which was really strong, and then by ideological convictions (they were leftist).” Such phase started in 1946, with the project for Edifício Louveira, in São Paulo, and extended up to 1952, when Artigas initiated a long period of introspection and theoretical studies. In 1960, the architect returned to projecting, but with other characteristics. The most visible one was the singular treatment given to pillars, which are transformed from simple Corbusieran stilts into elements with elaborated geometric forms, as it is possible to observe at the gymnasium Ginásio Estadual de Guarulhos (1960), at the boat garage of the clubhouse Santa Paula Iate Clube (1961), at the tennis clubhouse Anhembi Tênis Clube (1961) and at the Architecture School of the University of São Paulo (1961) – his most famous work. “The pillar is not one more fixed form; the discharge happens the way he believes to be more suitable in order to appraise the space,” Katinsky reveals. Also according to the curator, “during this phase, Artigas asseverates certain essential points of the 20th-century architecture. The first one is that beauty is not a social-class privilege; it has to belong to everyone. And he regards architecture as a way of transferring to the whole population what once was a privilege of few individuals. It is for such reason that this is not about taking the lesson of Artigas in the form. Several architects who participated of the exhibition for being his ‘disciples’ insisted to stress this out: it is not a matter of form, but of contents.”

TITANIUM CHERRY TREES – page 68 A mixture of tradition and modernity. That is how the city of Kyoto – in Japan – is. And so is the essence of the Sfera

In that way, both the main façades receive an extremely slender blade of titanium (0.6mm), perforated in the form of a pattern created from the junction of cherry-tree leaves in several sizes. The titanium “skin” filters natural light, projecting, on the inside of the building, shadows similar to the ones produced by trees (and that is when we see the “cultivated” nature of Claesson Koivisto Rune). In a recent visit to Brazil, Eero Koivisto summarized the creative process of the façade: “One day, when we were close to the building, we noticed the shadow of the trees on the floor and had the idea of exploring such effect with a façade that would filter the sun light. So we gathered some leaves of several sizes and spreaded them, creating a pattern.” With the help of computed programs, the pattern of leaves was transformed into a set of spots, printed on 1.5m X 3m plates (with about ten thousand spots each), composing the “skin” of the building, settled in a structure 2 meters distant from the “effective” façade. This solution allows an interesting play between interior/exterior. Although the titanium layer has a monolithic appearance when seen from the outside, it is visually permeable for who is inside the building. Furthermore, when the illumination is on at night, the titanium blades become “transparent”, revealing the interior of the building and stressing it out on the landscape. The visual impact of the Sfera Building is so strong that it is impossible to suspect of the fact that the project was carried out based on a structure made of concrete reused from an old construction at the terrain. Kyoto is located in a region subjected to earthquakes, and the reusing of such vigorous structure and resistant to seismic commotions – with tiles of about one meter thick (!) – represented great savings in the execution of the project. However, the internal spaces – art gallery, design store, art books and CDs shop, offices, restaurant and café – were completely altered, rebuilt in a way to produce continuous and flowing spaces. Often classified as minimalist, Claesson Koivisto Rune shows, in this project, exactly the opposite: a “maximalist” work, as Eero Koivisto defined on an interview for ARC DESIGN. It is about a synthesis of several aspects, concrete and abstract, in a project of clear forms, giving absolute importance to the clearness of its spaces. The exploration of natural light, in fact, is a common characteristic of most Scandinavian architects and also features in several other projects developed by Claesson Koivisto Rune. “Light is like one of the materials we have for working, like wood or any other. And we don’t think much of it, it just happens in that way,” Koivisto reveals. It would be what Milanese designer Piero Lissoni calls “the capacity to dissolve and control white, transforming it into a strong, dense presence, almost a liquid in which one might swim; a magisterial use of the profound light of the north.”

Building, the latest project developed by the Swedish office Claesson Koivisto Rune, published at first hand by ARC DESIGN

KONG RESTAURANT, PARIS – page 72 Winnie Bastian

The Sfera Building is outstanding for its “skin” – a large microperforated titanium blade covering both the main entrances of the building. The occupied area holds two façades and is situated at the borders of the Seseragi promenade and the Kamo river, in Gion, traditional district of Kyoto. Coherent with the building’s nature, a private cultural center, the inspiration for the façade came up from two aspects intensely present at the Japanese culture. The first one is the habit of “cultivating” – which should be read as “dominating” – the nature with ikebanas (flower settings that emphasize form and balance) and bonsais (plotted plants – as trees – dwarfed and trained to artistic shapes by special methods of culture), as Eero Koivisto notes: “We talk about the Japanese way of experiencing nature, which means keeping it under control.” The second aspect is related to the structures constructed with rice paper, bamboo and/or wood in order to filter light, which is constantly present in the traditional Japanese architecture.

The freshest and most ironic play by Philippe Starck and the French trademark: decoration – including everything it has (or not) the right to have By the Editorial Staff

Trends? The more gratuitous they are, the more Starck enjoys himself. But, to tell the truth, we hardly see marks of his old and renowned mastery. The new restaurant Kong, in Paris, is constantly displayed with contrasts, from the luminous harmony of the whole set until the most pure kitschdesign details – one of the “original” practices of Starck since the famous fairy-tale dwarves. Good witted, Kong demystifies luxury and breaks barriers between the rigid limits of “good” and “bad” tastes. In a way, it is based on and, at the same time, laughs at the traditional French decorative spirit. This is,


among others, one of the reasons for the success of such irreverent universe developed by Starck. At Kong, Starck did not forget about anything – not even the typical little Chinese dolls, not the “figurativist” roof, nor the resources used with goodlooking technological materials on the ultra bright red counter, in the bar. As always, the perfect recipe, the balance among surprise, humor, refined intelligence and expression of the most authentic Parisian spirit, this mixture of irony and disregard for humanity, for the establishment and for the so common ephemeral fashion trends. In that way, Starck allows himself everything – more and more. The result? Irony: products that, by yielding a lot of fame and royalties, immediately become fashion. And, at long term, the most absolute “comme il fault” – from the period of the Louis kings.

PUBLI WALLWORKS – page 80 “Elegance and sophistication of details as a project differential.” With that phrase, Wallworks summarizes its philosophy of work. Specialized in partition systems, the company was founded in Rio de Janeiro in 1998 and currently features all over Brazil, besides commercializing its product – entirely developed by its design team – through out the west coast of the United States and, soon, also in Europe. According to Dario Franco Filho, director of Wallworks, the company was created in order to develop a unique type of partition, which would comprise, in its project, several aspects cited in international studies on the subject. “There are no partitions like the ones in Brazil. There are others that have one or two characteristics, but none of them combine all the features in the same product,” Franco Filho asserts. Therefore, in 1998, Wallworks launched the Classic Line, with the following characteristics: • telescopic flooring, roofing, exit and door system: enables up-to-40mm adjustments in ground-unlevelling and plumb bobs, allowing the product to arrive at the construction place in the right size, exempting adjusting cuts during the installation; • independent internal structure: advances the time of delivery, for it allows the beginning of the assembly to happen during the work execution, without the need for finishings, which therefore have their preservability assured; • mortise system with camouflage of the cuts: results into a perfect finishing; • independent modulation system: facilitates additions or removals after the product’s installation; • modules transformation without the need for removing the structure or adding finishings and outlines, which allows, for example, the quick substitution of a glass module by a panel or even the change of the panel colors and outlines; • use of double-isolating rubber on the floor, roof, exit and doors, besides the optional fillings between panels: provides an excellent acoustic isolation – a normally deficient item in partitions. The Clean Light collection, latest release of the company, preserves the characteristics above and incorporates expansive fabrics between the glasses, in semitransparent and translucent patterns, in several colors. Two other lines of movable partitions complement the Wallworks collection: Easy Move and Light Leaves, both with swivel lockable wheels. The first one is formed by metallic outlines that may gather panels and simple or double glasses, with or without blinds or fabrics in its interior. The Light Leaves line, perfect for situations that demand agility in changing the layout, consists of light screens, with panels made of semitransparent or translucent fabrics. Wallworks has, so far, offices in São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba and Brasília. Wallworks – Toll Free (Brazil): 0800 223-050 Toll Free (USA): 1 866 706-4785 www.wallworks.com.br info@wallworks.com.br

PUBLI GIROFLEX – page 82 Good projects of architecture and urbanism demand quality furniture, specially in public areas and frequently attended environments, such as waiting rooms, airport halls, railway or subway stations, hospitals, surgeries and banks. The SE System of Giroflex is ideal for those situations. Composed by seats in steel and aluminium for three, four, five or six places, it has an easy maintenance and allows customized combinations. The individual steel-plated seat/back shells are curved and drilled, allowing easy circulation of air and flowing of water, in case the seats are exposed to open areas. Internally, upholstered seats and backs in vinyl or synthetic leather may cover the shells. Much more comfort! In order to increase the resistance to bad weather, the SE System seats have bases and supports made of die-cast aluminium, preventing oxidation. Besides, the shells and the steel stringers receive a surface treatment before being painted with epoxy paint in electrostatic application, which offers them protection even when exposed to highly aggressive spaces. Another differential are the supporting surfaces, metal plated or made of melaminic resins, which may be installed on the extremities but also interspersing the seats, contributing for the layout composition. The Giroflex SE seats do not need to be attached to the ground because under the bases there are adjustable brackets in polypropylene, which are there to correct eventual unlevelling problems on the ground.

ALDA LAMP, GAETANO PESCE – page 84 “To be, nowadays, means to live in infinite different ways. To be someone means to experience an incoherent reality, to be contradictory, to respond to multiple characteristics, contrasting ones, opposed to each other… diverse ones.” - Gaetano Pesce, 1970’s By the Editorial Staff

Architect and designer, Gaetano Pesce has always featured in the extreme vanguard of his areas, be it by the use of materials – always synthetic (“I love everything that is artificial: it is the human metaphor by excellence… We do not compare ourselves with the nature; we would be losers”) – be it, mainly, by his thought. “Alda is the name of my mother. She raised three children by making music; her instrument was the piano. My role was to turn the pages. Music was a strong presence in my life. This lamp also reminds me of the sea, its creatures, the medusa. Its biggest quality is not having a specific quality and the ability of changing its volume, depending on the environment. The importance of those characteristics has still not been well understood by most of the architects and designers of nowadays. It is enough to touch it in order for it to emit diverse sounds – which remind me of the reality music. The human being finds himself halfway between instinct and reason. Alda Lamp wants to add a small contribution to such dialogue.” Alda Lamp, just like several experimental projects by Gaetano Pesce, is produced, or better, literally “made”, by himself. Its material, for some time, has been polyurethane resin with characteristics that he himself helped develop. This resin makes the lamp have mobility and flexibility. The Alda collection has three versions, in two different sizes and several colors: the lamp itself; the lamp equipped with sounds of bells; and the lamp with electronic chips containing various sounds, including birds, water, forests, sidewalks and... the “happy birthday” song. In Gaetano Pesce’s work, there is no thinking on minimalisms, and the form is the meaning itself – or intention – of his projects. “Each and every creation is a social metaphor, a public and political gesture.”




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