Revista ARC DESIGN Edição 34

Page 1

REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

HERZOG & DE MEURON: PRADA TOKIO R$ 14.00 2004

VANGUARD SETS THE TABLE

Nº 34

Nº 34 ARC DESIGN

A VANGUARDA PÕE A MESA

QUADRIFOGLIO EDITORA

2004

HERZOG & DE MEURON: PRADA TOKIO

BRASIL NO IF DESIGN AWARDS • BRAZIL AT THE IF DESIGN AWARDS BRASIL: JOVENS NA ARQUITETURA • NEW BRAZILIAN ARCHITECTURE INTERIORES: CITY HALL, SÃO PAULO • INTERIORS: CITY HALL, SÃO PAULO


Fotos Marcus Hausser

O mais elementar, primordial, desenho talvez seja o da colher – da folha arrancada da natureza para se beber na fonte de água ao mais radical design. Não há muito o que inovar em uma colher: a Aci ma, ima gem da capa: co lher para sa la da da li nha Taika, de sign Haa ta ja & Kor pi jaak ko para a em pre sa alemã WMF. Exem plo de bom de sign, fun de vi su al men te gar fo e co lher em uma só peça. Foto Mar cus Haus ser. No alto, à di rei ta, to dos os com po nen tes da li nha Tai ka.

mais simples é a melhor. Cabos com maiores ou menores cuidados ergonômicos ou mesmo escultóricos, profundidades variando de acordo com a função...

Abaixo, talheres da coleção Manuela, design e produção da empresa gaúcha Riva. No fundo das duas páginas, detalhes da mesma linha

mesmo assim a colher conserva sua imagem de objeto arquetípico. Talheres históricos e contemporâneos se confundem na qualidade de seus desenhos, na radicalidade de suas linhas. Considerados em sua origem como elementos de dissolução da família (que antes comia, com as mãos, no mesmo prato), os talheres partiram de formas rebuscadas, complicadas, para chegar à síntese contemporânea. O Bra sil sem pre foi um pro du tor de ta lhe res de qua li da de e, em dé ca das pas sa das, uma in dús tria da Re gião Sul pro du zia e ex por ta va para a Ales si ita li a na os ta lhe res dos ir mãos Cas ti gli o ni! Hoje os mai o res pro du to res con ti nu am no Sul, como Tramontina e Riva, de Ca xi as do Sul, in cor po ran do di ver sos pro je tos con tem po râ ne os à sua co le ção.


“Da Colher à Cidade” foi o tema proposto para o Congresso do IC SID realizado em Milão, em

1983. Design e arquitetura sempre – e naturalmente – ligados.

Diferença de escala, de metodologia projetual, mesmo que possuindo caminhos e finalidades pró-

prios e diversos, ambos dialogam. E desse diálogo tiram proveito tanto arquitetos quanto designers.

Nas duas áreas, o ponto de partida é o impulso criativo que, muitas vezes, faz o projetista atuar

tanto como designer quanto como arquiteto – de Hoffmann e Mackintosh a Oscar Niemeyer, o

qual acaba de desenhar equipamentos urbanos para uma cidade na Espanha.

Assim, “da colher à cidade”, tudo que habita nosso cotidiano é um bom assunto para ARC DE SIGN,

que no próprio nome abrange as duas disciplinas: arquitetura (ou architectura) e design.

Nos sa propos ta é trazer a público, sempre, a melhor expressão nas três áreas de criação –

arquitetura, design e design gráfico –, publicadas com clareza, generosidade de espaço e riqueza

de tex tos, sob uma visão conceitual e perspectiva crítica.

Um caminho no qual acreditamos e que desejamos compartilhar com vocês.

Ah! Esta edição está repleta de artigos mais do que interessantes. Aproveitem!

Maria Helena Estrada Editora


Talheres, desafiando limites do design e da tecnologia

Angélica Valente

A ILUMINAÇÃO NO PAPEL PRINCIPAL

ARQUITETURA HOJE II: URBIS ET ORBIS

Pôla Pazzanese

Da Redação

DESIGNED IN BRAZIL

Da Redação

DIGA-ME COM O QUE COMES... E TE DIREI DE ONDE VENS

16

24

30

38

Dezoito produtos brasileiros serão premiados com o IF Design Awards, no mês de mar ço, em Hannover. Confira

Continuando a série sobre a nova arquitetura brasileira, ARC DESIGN traz o trabalho de quatro escritórios, com projetos residenciais e culturais

Conheça o poder do “lighting design” no Hotel Enterprise, Milão, projeto de Christopher Redfern

NEWS

8

REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO

RETORNO À ORIGEM

28

nº 34, janeiro/fevereiro 2004

MUNDO TECH

58


A arquiteta Brunete Fraccaroli tira par tido da neutralidade dos ambientes no projeto de interiores para uma casa de shows em São Paulo

A Movelsul Brasil, em Bento Gonçalves, RS, e a expansão do design na grande indústria moveleira do sul do país

PUBLI FORMA

62

EXPEDIENTE

70

64

A força dos car tazes cubanos que, tendo superado diversas dificuldades – técnicas, inclusive –, provam que “a escassez é capaz de gestar grandes idéias”

*

ENGLISH VERSION

Winnie Bastian

MESTRES DA ARQUITETURA HERZOG & DE MEURON

O VIGOR DA ESCASSEZ

Francisco Homem de Melo

Maria Helena Estrada

MOVELSUL BRASIL E UM CASTELO DE EVENTOS PARALELOS

RETRATO EM BRANCO E PRETO

Angélica Valente

50

RADIOGRAFIA DE UM PROJETO

42

SUPLEMENTO ESPECIAL

O projeto da mais nova loja Prada, em Tóquio, é o destaque do primeiro suplemento especial sobre mestres da arquitetura contemporânea internacional

73






INOVAÇÃO EM ALUMÍNIO Anunciados os resultados da 2ª edição do Prêmio Inovação em Alumínio, promovido pela Alcoa, que teve 363 trabalhos inscritos. Na categoria “Projeto”, ganhou Anael Silva Alves, aluno do Centro Universitário da Cidade (Rio de Janeiro), pela criação do Sistema Individual de Transporte de Compras, um carrinho dobrável feito em alumínio e nylon, que auxilia no transporte de compras do supermercado para casa. Os premiados na categoria “Projeto e Planejamento de Gestão” foram Renata de Souza, João Gabriel de Oliveira Nora e Silvia Helena Lindsy, alunos da Universidade Mackenzie (São Paulo). A equipe desen-

ES CULTURAS EM CRISTAL

volveu “Cleaning Station”, uma estação de trabalho móvel para pro-

Com o intuito de mostrar o processo de criação de suas peças

dutos de limpeza que acompanha a dona de casa em suas tarefas.

e de desvendar a curiosidade do público, a designer Jacqueline

“Os alunos conseguiram criar outras aplicações para o alumínio,

Terpins apresentou recentemente em São Paulo a exposição

metal com características excepcionais de leveza, resistência e reci-

1440ºC – uma referência à temperatura de fusão do cristal.

clabilidade”, conclui Josmar Verillo, presidente da Alcoa.

As 11 esculturas livres, feitas com a técnica do cristal mani-

A próxima edição do concurso será divul-

pulado e soprado, são peças únicas. Para formar os tendões

gada a partir de março de 2004.

internos, a designer abriu caminho para a cor com ferramen-

Alcoa: 0800-15-9888.

tas especiais em madeira, desenvolvidas por ela. Jacqueline

www.alcoa.com.br

Terpins explica que se trata de um trabalho que envolve uma parceria: “enquanto um está soprando o vidro, o outro traz a cor para compor a peça”. Denominadas “Ar”, as formas orgânicas com colorações internas mostram a simbologia do cristal, como elemento que transmite vida, unidade e transparência. “Quanto menos o material for desviado de sua fluidez natural, mais perto o objeto estará da expressão original da matéria”, conclui Terpins.

NOVOS TALENTOS NA CASA COR SÃO PAULO

Estúdio Jacqueline Terpins: Rua Gustavo Teixeira, 374, São Paulo.

Arquitetos, decoradores e paisagistas do Estado de São Paulo, com

Tel.: (11) 3872-4497 www.terpins.com

experiência mínima de três anos, que já tiveram trabalhos publicados em veículos de comunicação, podem participar da seleção de novos talentos da Casa Cor 2004. Os profissionais têm até 20 de fevereiro para enviar seus portfolios aos cu idados de Rober to Dim bé rio, para o seguinte endere ço: Av. Brig. Faria Lima, 1.461, conjunto 54 – Torre Sul, CEP 01452-002, São Paulo. O telefone de contato é (11) 3819-7955.

8 ARC DESIGN


PRO JE TANDO COM PVC A Braskem, maior empresa petroquímica da América Latina, produtora de materiais como polipropileno e polietileno, está lançando o por tal “Projetando com PVC” (www.projetandocompvc.com.br), para divulgar as vantagens do uso deste material na arquitetura e na construção civil. O PVC, antes restrito às instalações hidráulicas, hoje está presente em todo o edifício: portas, janelas, esquadrias, divisórias, revestimentos, forros e papéis de parede. “O PVC é um componente importante na construção civil, mas muitos arquitetos desconhecem todas as possibilidades de suas aplicações”, afirma Luciano Rodrigues,

CONCUR SO VOLKS WAGEN

gerente de produtos da Braskem.

Foram anunciados os nomes dos estudantes que estágia-

No site, há links que explicam a origem do material, suas aplicações,

rão no Centro de Design da Volkswagen, em São Bernardo

sua relação com o meio ambiente e dicas de publicações.

do Campo, SP. O concurso realizado em 2003 recebeu 197

Dentre as vantagens do material está seu excelente custo-benefício,

propostas para o tema “Como Será o Golf no Ano 2053?”.

comportamento antichama e isolamento térmico e acústico.

Gustavo Souza Motta, da Universidade Estadual Paulista (Bauru-SP), um dos três vencedores, desenhou o carro com inspiração no golfinho. Segundo ele, “o animal é a combi-

JANTANDO NO PARQUE

nação perfeita de graça, agilidade, beleza e inteligência pre-

O St. James’ Park, no coração de Londres, é o cenário do primeiro pro-

sente na natureza”. Yuri Hayek, também aluno da Unesp de

jeto de interiores do designer britânico Tom Dixon, o restaurante Inn

Bauru, projetou um veículo movido a energia solar 100%

the Park. Uma proposta audaciosa, que pretende refletir o melhor da

renovável. Já Marcos Lima Nogueira Costa, da PUC-RJ, criou

culinária britânica contemporânea e se tornar um dos principais atra-

o Spot, veículo conceitual que pretende discutir materiais,

tivos do belo parque projetado em 1828 pelo arquiteto John Nash.

estilos de vida e o esportivo daqui a 50 anos.

“Inn the Park trará outra dimensão ao uso que as pessoas fazem do

Os projetos foram avaliados por um júri formado por designers,

parque”, prevê Oliver Peyton, restauranteur encarregado de coman-

jornalistas especializados e executivos da montadora, consi-

dar a casa. Será “um café britânico descontraído que, à noite, se

derando o conceito, a identidade com a marca, a relação com

transformará em restaurante”, explica Peyton.

o tema e a apresentação do trabalho.

Tom Dixon projetou todo o interior, mobiliário e os acessórios do restaurante, localizado onde antes havia a antiga Cake House da década de 1960, com uma belíssima vista para

ERRAMOS!

o lago e todo o entorno do parque.

A cadeira Aço Couro, design Pedro Useche, publicada na maté-

“Este é um projeto único, a primeira

ria “De Mãos Dadas com a Indústria” (ARC DESIGN 33), não é

vez que eu posso imaginar gastro-

vendida na Dpot, como havia sido informado, mas sim no ate-

nomia superior, arquitetura desafia-

liê do designer. A Dpot comercializa outras variantes da

dora e design inovador reunidos em

mesma linha. Mais informações pelo telefone (11) 5182-3999

um parque público”, afirma Dixon,

ou pelo e-mail useche@useche.com.br.

que elaborou um espaço radical-

Na mesma edição, saiu incorreto o nome do designer do

mente contemporâneo com mate-

ban co Tangeri ne, publicado na maté ria “Con cur so de

riais “antigos”, como a pedra. Mais

Design Masisa”, que na verdade se chama Marcos Junker, e

detalhes sobre o projeto nas próxi-

não Kunker.

mas edições de ARC DESIGN. 9 ARC DESIGN


DE OLHO NO CONSUMIDOR FINAL Confiando na repercussão do design brasileiro entre o público em geral, Andréa Elage, proprietária da Zona D, abriu uma nova loja no Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo. As outras duas estão localizadas em endereços-chave em design e decoração da cidade: Shopping D&D e Alameda Gabriel Monteiro da Silva. “Fomos surpreendidos pelo interesse das pessoas em conhecer os produtos. É muito gratificante saber que estamos contribuindo para formar uma cultura de valorização do design brasileiro”, conta Elage. Peças em aço, vidro, resina e madeira, de designers brasileiros, como Luiz Pedrazzi, irmãos Campana, Elizabeth e Eduardo Prado são

LINHA SPAZIO: MÓVEIS PLANEJADOS

alguns dos objetos comercializados pela Zona D. O design inter-

A nova coleção da Bontempo, empresa gaúcha com 25 anos

nacional se faz presente em peças das marcas Magis e Alessi.

de mercado, apresenta inúmeras possibilidades em móveis

Zona D: (11) 3823-2374 www.zonad.com.br

planejados para quartos, closets, home-offices, salas de estar e cozinhas. Desenvolvida pelo departamento de design da empresa, a linha Spazio marca uma nova fase da Bontempo,

SUPER DENSIDADE

apresentando móveis com linhas contemporâneas e várias

A Duratex apresenta ao mercado

opções em cores, sistemas internos e acabamentos.

uma nova chapa de madei-

Entre os destaques da linha Spazio estão os modelos e os

ra, o SDF (Super Density

sistemas de abertura de portas: clássico, deslizante, articu-

Fiberboard), que consumiu

lado e piso-teto. Com estrutura em alumínio, não “roubam”

cerca de oito anos em pes-

espaço dos ambientes. As portas translúcidas, de painéis de

quisas e desenvolvimento.

metacrilato e vidros com acabamento “acidato”, importados

Com o nome comercial de

da Itália, conferem modernidade ao mobiliário.

Eco Panel, o SDF é indicado principalmente para

A Bontempo possui lojas em todos os Estados do Brasil. Mais

a aplicação em embalagens, portas e pisos laminados,

informações pelo telefone (11) 3822-3032 ou no site

fundos de móveis, revestimento de partes internas de veículos e

www.bontempo.com.br

placas de sinalização localizadas em áreas externas, dentre outros. Apesar da fina espessura (3 mm), o SDF é resistente, possui alta densidade (1.200 kg/m2) e as duas faces lisas, o que garante o bom acabamento. Segundo Renata Braga, gerente de produto da Duratex, a densidade é o que realmente diferencia o Eco Panel das demais chapas de fibra de madeira comercializadas pela empresa. “A densidade do MDF é de 780 kg/m2”, exemplifica. Ecologicamente correto, o Eco Panel é produzido pelo processo seco, no qual a fibra de madeira é amolecida por ar quente e com adição mínima de resina – para a consolidação da chapa é utilizada a lignina, substância própria do eucalipto. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone 0800-55-7474 e no site www.duratex.com.br



LINHA THE SI UP

ARCHITECTURE NOW!

Empresa italiana presente em 60 países, a BTicino destaca-se

Dando sequência ao já conhecido “Architecture Now”, a Taschen

pelo design de seus produtos para sistemas elétricos. A

lança o segundo volume da série, no qual o crítico Philip Jodidio

nova linha Thesi up é totalmente modular, possibilitando a

apresenta as obras mais recentes de mais de 60 arquitetos, alguns

renovação de placas e molduras sempre que houver neces-

mundialmente famosos, como Rem Koolhas, Tadao Ando, Richard

sidade ou desejo de mudança. A Thesi up tem opções de

Meier, Jean Nouvel e também de jovens arquitetos, “certamente as

cores pastéis, neutras e metalizadas

estrelas da nova geração”, afirma o autor.

(foto), que acompanham as tendências

O livro traz plantas e fotografias dos edifícios – reais e virtuais –, além

do design de interiores.

de notas biográficas e endereços dos arquitetos. Um guia de refe-

BTicino: 0800-16-0316.

rência sobre os últimos acontecimentos da arquitetura internacional.

www.bticino.com

Disponível nas grandes livrarias de todo o Brasil. Para mais informações, entre em contato com a Distribuidora Pai-

POR TUGAL: DE SIGN INTERNACIONAL

sagem, pelo telefone

A Sátira, empresa precursora no desenvolvimento do design

(21) 2501-3996.

contemporâneo por tuguês, apresenta em sua recéminaugurada loja na cidade do Por to novidades em mobiliário, iluminação e objetos de marcas como Vitra, Zanotta, Living, Luceplan, Flos, Ar temide, Ingo Maurer e Stelton. Recentemente, lançou as últimas peças da coleção “minimalanimal” (veja ARC DESIGN 32), completando os 21 projetos executados em três etapas. As novas peças de mesa em porcelana foram criadas por designers reconhecidos internacionalmente, como Paolo

RUMO A MILÃO

Deganello, Piero Lissoni e a dupla Perry King/Santiago Miranda.

O próximo Salão do Móvel de Milão acontecerá entre 14 e 19 de abril.

A coleção “minimalanimal” projeta a indústria portuguesa de

A organização da feira espera receber cerca de 185 mil visitantes de

cerâmica tanto na Europa como também na Oceania e na

160 países.

América do Nor te, onde há lojas comercializando as peças.

Além dos lançamentos das grandes marcas, a 26ª edição inter-

Sátira: Rua Dta. das Campinas, 327, Porto, Portugal.

nacional do Salão do Móvel contará também com as feiras Eimu –

www.satira.pt

mostra internacional de móveis e acessórios para escritórios – e Eurocucina – apresentando novidades em mobiliário e soluções para cozinhas. No pavilhão 9, jovens designers apresentarão seus trabalhos no Salone Satellite. A grande novidade fica por conta da presença de estudantes de escolas do Brasil e de diversos países da América do Sul e do México, vencedores de um concurso internacional. Para amenizar o corre-corre dos dias – e noites – do Salão, será criado o Dining Design, que promete reunir o que há de melhor em gastronomia, moda e mobiliário: um restaurante projetado por importantes designers internacionais, e comandado por chefs consagrados. Mais informações sobre o Salão do Móvel de Milão estão disponíveis no site www.cosmit.it


VER É COMPREENDER Poderia ser mais um livro de arte com sofisticados recursos de impressão, mas a proposta de “Ver é Compreender – Design como Ferramenta Estratégica de Negócio” é tornar-se uma referência para designers e profissionais de marketing e comunicação. Publicado pela Editora Senac Rio, o livro foi organizado pelo escritório carioca Pós Imagem Design, sob a coordenação de Ricardo Leite. “Ver é Compreender” apresenta uma linguagem irreverente, com textos e imagens que insti-

VALORIZANDO O DESIGN GRÁFICO NACIONAL

gam o leitor a refletir sobre a importância do

Em sua segunda edição, o Prêmio Max Feffer, promovido pela

design na formação da imagem e conceitos

Cia. Suzano, consolidou-se como um dos principais concur-

de marcas e produtos.

sos de design gráfico do país, reforçando a qualidade, o

Textos do sociólogo Domenico de Masi, do

talento e o potencial dos designers brasileiros.

filósofo Ber trand Russel, de designers,

Foram inscritos 450 trabalhos, divididos em categorias

publicitários e empresários de sucesso complementam a discussão

conforme o tipo de papel utilizado.

sobre o impacto do design no mundo dos negócios.

Os projetos vencedores com Supremo Duo Design (papel car-

Editora Senac Rio: (21) 2240-2045 www.rj.senac.br

tão que permite impressão de qualidade também no verso), que conquistaram o 1º lugar, foram: “Primavera”, design Edu-

BRASILEIRA NA DIRETORIA DO ICOGRADA

ardo Takao Sinzato (Promocional); “A Revista” edição especial

Entidade não-governamental fundada em 1963, em Londres, o

nº 3, de Fernanda Sarmento – diretora de arte de ARC DESIGN

Icograda (International Council of Graphic Design Associations)

–, e Gisele Dias (Editorial); “Novo Endereço”, de Luciano Abreu

representa mundialmente os profissionais de design gráfico,

de Paula (Miscelânea); e “Todo Caetano Veloso”, de Eduardo

agregando 80 associações e milhares de membros em cerca de 56

Varela, Nako, João Marcelo e Ricardo Bezerra (Embalagem).

países. O Icograda também é entidade consultiva de organizações

Já os projetos feitos com Reciclato (offset 100% reciclado)

internacionais, como Unesco e ISO.

foram: “Kimi Nii”, de Ruth Klotzel e Ana Paula Leone (catego-

A designer Ruth Klotzel, eleita uma das quatro vice-presidentes do

ria Promocional); “A Luta contra o Dragão da Pobreza”, de

Icograda, em recente assembléia que ocorreu em Nagoya, Japão, é a

Wagner Alves (Corporativo); “De Coração para Coração”, de

primeira brasileira a fazer parte da diretoria da entidade. Klotzel é

Letícia Moura (Editorial); e “Nós Senão Nós 3 Telas”, de André

professora do Senac, diretora do Estúdio Infinito, em São Paulo, e

Stolarshi, Juca Machado, Lívia Flores, Marcelo Pereira e Sônia

ex-diretora da Associação dos Designers Gráficos (ADG).

Barreto (Miscelânea). A lista completa dos premiados está

Durante o mandato, que vai até outubro de 2005, Ruth Klotzel espera

disponível no site www.suzano.com.br

promover ações que fortaleçam a comunicação entre os profissionais da América Latina e o Icograda, para que haja reflexo na sociedade e nos órgãos governamentais, conscientizando-os sobre o papel do designer na melhoria da qualidade de vida das pessoas e na economia. O primeiro evento do Icograda no Brasil em 2004 acontecerá entre os dias 23 e 30 de abril, em São Paulo, paralelamente à Bienal de Design Gráfico. Com o apoio da ADG, o Icograda Design Week SP apresentará workshops e fóruns de discussão voltados a profissionais e estudantes. Para saber mais sobre a entidade, escolas e associações internacionais, ou acessar o calendário de eventos, visite o site www.icograda.org












DE SIG NED IN BRA ZIL A edição 2004 do IF Design Awards premiou 18 produtos brasileiros, um número quase dez vezes maior do que no ano anterior

Foto Iatã Cannabrava

Da Redação

Ao lado e no alto da pá gi na, as duas edi çõ es es pe ciais de A Re vista pre mia das na ca te go ria Design de Co mu ni ca ção – Design Edito rial. Edita da pela Ta ka no Edito ra Grá fi ca, a pu bli ca ção é um ca nal de comu ni ca ção entre a em presa e seu pú bli co (cria do res grá fi cos e po ten ciais cli entes), ra zão pela qual pro cu ra desta car as “proezas” das quais a empresa é ca paz, ex plo ran do di ver sas so lu ções e tecno lo gias grá fi cas a cada edi ção. Design: Fer nan da Sar men to e Gise le Dias com Me lis sa Ro vi ri e go, Carla Arbex e Rogério Alves

24 ARC DESIGN


Fotos Divulgação

Um feito inédito para o design brasileiro: 18 produtos projetados e produzidos no Brasil foram premiados na edição 2004 do IF Design Awards, um dos mais importantes concursos de design no cenário mundial. O alto índice de premiações reflete o aumento da qualidade do design nacional, sendo também resultado de uma iniciativa conjunta da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, da APEX e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: o projeto Design Excellence Brazil. Lançado em junho de 2003, o projeto surgiu para ampliar a visibilidade do produto brasileiro de maior valor agregado no mercado externo. A idéia é que passemos a exportar, além de commodities, produtos acabados. “O Brasil é um grande exportador de commodities, e não há nada errado nisso; só que commodities não envolvem emoção nenhuma, o comprador nem sequer vê o produto, pois um padrão é definido pela Bolsa. (...) Nós podemos exportar emoção”, afirmou o ministro Luiz Fernando Furlan, na solenidade de lançamento do Design Excellence Brazil. O projeto ofereceu um apoio de 50 a 90% em todas as fases do Fotos Divulgação

concurso conforme o porte da empresa e cuidou de todos os detalhes da participação brasileira. Segundo o diretor do IF em Hannover, Ralph Wiegmann, o Brasil foi o primeiro país a propor uma participação coletiva. O Design Excellence Brasil recebeu 310 inscrições de projetos candidatos a participar do prêmio IF. Após a avaliação do Comitê Consultivo, 123 atenderam aos requisitos e foram inscritos no concurso. Destes, 97 se tornaram finalistas pelo comitê de seleção do IF, sendo que 18 foram finalmente premiados. “Este é um momento histórico para o design brasileiro”, afirmou Cyntia Malaguti, consultora técnica do projeto, ao anunciar o resultado no auditório da FIESP, no dia 10 de dezembro de 2003. Acreditamos que este pode ser o primeiro passo para o fortalecimento da “marca Brasil” no exterior. A premiação oficial será realizada em Hannover, no próximo dia 18 de março. ❉

Nes ta pá gi na, dois pro du tos pre mia dos na ca te go ria Design de Co mu ni ca ção – Design Grá fi co. No alto, pro gra ma ção vi sual do CD de Fer nan da Por to e li vro en car te, design Si mo ne Dra go Kail. Aci ma, Book Tá til, port fo lio im presso do es critó rio Tá til Design, pro je to de Fer nan da Sa bóia, Fre de ri co Gel li e Ana Laet

25 ARC DESIGN


Foto Paulinho Silva

No alto da página, à esquerda, as peças em estanho da linha Santa Fé resgatam o valor de um material “fora de moda” no Brasil; design Carlos Alcantarino, produção John Sommers (categoria Design de Produto – Casa/Metais). Na sequência, lavatório com vál vula oculta, de Edison Luiz Anho lon para a Deca (ca te go ria Design de Pro du to – Vida/Mo ra dia). Ao lado, injetora de plástico P-200: elimina calços ni veladores e parafusos aparentes, comuns na maioria das máquinas, e substitui a gra xa por uma película de ar comprimido na lubrificação; design Eliseu Waterloo para a Storck do Brasil (categoria Design de Produto – Indústria/Máquina). Abai xo, “Perfume do Brasil”, design Fi lo me na Pa dron para a Na tu ra (ca te go ria Design de Em ba la gem)

Foto Divulgação

Foto Divulgação

Fotos Marcelo Magalhães

26 ARC DESIGN


Foto Jorge Solari

Foto Tiago Moraes e Gilson Domingues

Foto Leonardo Luz

Foto Divulgação

Acima, à es quer da, fil tro para água: além do design di fe ren cia do, des ta ca-se o fato de base e tam pa se rem pe ças iguais in ver ti das, eco no mi zan do fer ra men tal; design Ro ber to Bra sil e Oswal do Sol la (Dap Design) para a Ce râ mi ca Ste fa ni (ca te go ria Design de Pro du to – Casa). No alto da página, venti la dor Spi rit (veja ARC DE SIGN 24), em nova versão com o lustre em bu tido, pro je to da Índio da Cos ta Design para a Pla jet (ca te go ria Design de Pro du to – Vida/Mo ra dia). Na se quên cia, lu mi ná ria +Viva, um re dese nho da lu mi ná ria Viva, de 1997 (veja ARC DE SIGN 3), para sim pli fi car a ma nu ten ção e des mon ta gem, re du zin do o ta ma nho da em ba la gem em cin co ve zes; de sign An dré Wag ner; pro du ção Stu dio E27 (ca te go ria De sign de Pro du to – Ilu mi na ção). Ao lado, Mini Cash, ter mi nal de auto-aten di men to ban cá rio, design Ed son Dan ta para a Itau tec Phil co (ca te go ria Design de Pro du to – Co mu ni ca ção e En tre te ni men to). Abai xo, pren de dor de rou pas mul tiuso (veja ARC DE SIGN 28), design Mar ce la M. A. de Al bu quer que e Ta cia na de Abreu e Sil va, pro du ção Plas va le (ca te go ria Design de Pro du to – Casa)

Foto Taciana de A. e Silva

Confira a relação completa dos produtos brasileiros premiados no site www.debrazil.com.br

27 ARC DESIGN


do ensino do design no Brasil e nos instiga a outras breves divagações

Uma loja inaugurada no Rio de Janeiro nos traz à memória os fundadores

RE TOR NO À ORI GEM

Nes ta pá gi na, em sen ti do ho rá rio: vaso Es fe ra, em alu mí nio fun di do, design Fran cis ca Jun quei ra (SP); ban co Sô nia, em ma dei ra ma ci ça de re flo res ta men to (eu ca lip to ou taua ri), design Sérgio Ro dri gues (RJ), pro du ção Lin Bra sil; es cor re dor de ar roz em aço inox, design José Luiz Pe rei ra de An dra de (SP) para a Me ri di nox


Maria Helena Estrada / Fotos Sidney Waissman A primeira, fundamental, escola superior de desenho industrial do Brasil – sendo fiel ao próprio nome – foi a ESDI. Em 1962 dois jovens, formados pela Escola de Ulm, Suíça, então herdeira dos ideais da Bauhaus, chegaram ao Brasil trazendo um novo conhecimento, uma “nova verdade”. Eram eles Karl Heinz Bergmiller e Alexandre Wollner. A eles se uniram Goebel Weyne e Aloísio Magalhães, formando o primeiro corpo de professores da ESDI e escolhendo o recém-inaugurado Museu de Arte Moderna do Rio como sua sede. Hoje o MAM, retomando sua vocação, abriga a loja Novo Desenho. São 42 as escolas de design de produto no Brasil. No entanto, o que sobra em quantidade falta, em maior ou menor grau, em exercício dialético, em diálogo com a indústria, grande ou pequena, sem o qual não se cria uma cultura do design. No âmbito da seleção proposta pela Novo Desenho, observa-se que os designers saídos do anonimato, aqueles que se destacam, alguns já famosos e premiados, optaram pelo caminho da industrialização. Não vejam aqui uma negação do novo artesanato, que tanto admiramos e do qual sempre falamos, mas olhando a coleção como um todo e respondendo à indagação “como é o design carioca?”, a resposta foi flagrante. Temos procurado responder a essa pergunta há mais tempo, mas parece existir um abismo entre o Rio e São Paulo, sendo mais comum receber projetos de São Luís do Maranhão ou de Goiânia, por exemplo, do que da cidade vizinha, principalmente no que diz respeito aos jovens designers. Mas se São Paulo, com seu parque industrial bem mais amplo, não abre espaço para os jovens, e muitas vezes competentes designers, o que dizer do Rio de Janeiro? O que se tem assistido é a expansão do projeto brasileiro em parceria com as indústrias do sul do país.

No alto da pá gi na, su por te para mo lhei ras Ori on, design Guto Indio da Cos ta (RJ) para a For ma Inox. Na se quên cia, por ta-CDs Vi nil, design Sergio Fa bris (RJ). Abai xo, cha lei ra Etna, design Vicen te Fa da nel li (RS) para a For ma Inox

Sergio Rodrigues, Guto Indio da Costa, citando alguns, já encontraram nichos nos quais desenvolver seus produtos. Termino sugerindo aos designers, àqueles dedicados à criação de objetos, que vejam na revista Abitare, italiana, dezembro, um artigo do arquiteto, designer e crítico Marco Romanelli, que trata do “objeto problemático”, ou seja, daquele “que é desenhado com intensidade, e não apenas uma gota para se somar a outras no oceano. (...) Quando os objetos conquistam poder e se apressam a invadir as casas, vale recordar como mesmo na escolha do pequeno é necessário selecionar e encontrar uma possibilidade poética”. Romanelli vai além, e divide os objetos em categorias conceituais que facilitam sua interpretação e “restituem a densidade problemática ao atual universo dos objetos”. Um bom filão interpretativo que pode ajudar o designer a se mover nesse vasto e preciso campo do design. ❉ 29 ARC DESIGN


AR QUI TE TU RA HOJE II: ur bis et or bis Essa é para ler ouvindo Tom Jobim, no disco ‘Stone Flower’. Sente-se e relaxe: nós também somos aquilo ali. Só andamos meio esquecidos, mas vamos lembrando rapidamente. É só uma ques tão de nos dei xar mos ser, um pou co mais, o nos so po ten ci al como povo ou so ci e da de. É esse o barulhinho do país funcionando direito

Montagem Fernando Maculan

ARQUITETOS URBANISTAS ASSOCIADOS

Pôla Pazzanese

Incrivelmente, o Brasil vive hoje uma espécie de renascimento. Não para nossos olhos, cansados de mazelas, mas defronte o mundo. Não só no futebol, mas na política, nas artes, coisas que nos acostumamos a desvalorizar, por cansaço de nós mesmos. E ao olhar estrangeiro são soluções inusitadas, pela eficácia, economia e, principalmente, sua elegância tropical. Não é todo dia que se engendra uma contribuição à vida da metrópole contemporânea da dimensão de um estádio para festejos populares, como a Passarela do Samba (vulgo Sambódromo). E com uma Escola Pública dentro. Holandeses, por exemplo, operaram sistemático e feliz intercâmbio na área do artesanato. E, recentemente, recebemos a visita, na Bienal de Arquitetura e Design, de uma delegação sul-africana de Johannesburgo. O curador nos afirmou categoricamente o empenho deles no estudo da nossa arquitetura “moderna”, pois é a melhor referência de síntese cultural e técnica, tropical, que têm notícia. E o problema lá é grave: como integrar um povo inteiro, com seus valores, histórias, artes, formas de trocas tão contraditórias? Não é a partir de pressuposto formal, “estilo” ou

30 ARC DESIGN


CIA DE DAN ÇA 1º ATO – BAL LET EM MI NAS É DAN ÇA E SUA CE NO GRA FIA, A PAI SA GEM A lo ca li za ção entre um shopping center e uma zona residen cial da cida de de Nova Lima (MG), assim como o acli ve acentua do do ter re no, ori entou o par ti do ado ta do. O pro je to tem ori gem em uma gran de laje gra ma da ni ve la da pela rua de acesso ao fun do do ter re no (li mí trofe à área resi den cial). Todo o pro gra ma (es co la, sa las, ga le ria de arte e te a tro) está lo ca li za do sob esta pra ça; um gran de va zio cir cu lar inte gra os es pa ços. Desta que para o tra ta mento di verso – oposto – das duas testa das: en quanto o fun do é tra ta do como uma conti nua ção do bair ro (uma pra ça pú bli ca “ocul ta” o edi fí cio), a fren te exi be um blo co ho ri zon tal de presen ça mar can te, vol ta do para o shop ping. Au to res do pro je to: Fer nan do Ma cu lan, Pe dro Mo rais e Ro ber ta Vas con cel los Co la bo ra do res: Pe dro Pe der nei ras, Gus ta vo Bra si lei ro, Le o nar do Co luc ci, Mar ta Gal lart, Ri car do Cor dei ro Montagens Fernando Maculan


ARQUITETOS ASSOCIADOS

“composição de volumes”, que desenham sua nova

Comecemos pela casa, em Minas Gerais e em São Paulo,

sociedade. Na urgência social contemporânea, a arqui-

que explicita esse diálogo sobre o país, mesmo aten-

tetura atua como insumo para a atividade econômica,

dendo a demandas específicas do morar individualizado

não pela “forma”, mas pela articulação estratégica de

e regional, onde os arquitetos souberam apurar sua

meios materiais para a viabilização da riqueza potencial

abordagem usando de elementos estruturadores sim-

de um povo. E disso decorrem formas, para as coisas

ples: a valorização das características do sítio em que

que não são uma apreensão literal da realidade preexis-

estão, compreensão acurada do co-habitar da família

tente, posto que são ordenadas para a liberação das

brasileira contemporânea, infra-estruturas de fácil exe-

amarras da pobreza, e não o elogio dela.

cução, mas que permitem variedade espacial. E luz,

Em Johannesburgo não estão estudando nossas formas,

desenhada em pormenor e generosamente natural.

mas nossas estratégias, das quais aquelas decorrem.

A geomorfologia de São Paulo é, em muitas situações,

Vamos ver algumas conversas sobre essas questões,

similar à de Minas, belas ambas em suas ondulações. Daí

entre tantas, imaginando que nos fazendo melhores

a implantação se organizar a partir da busca por liberar as

estamos ajudando outros povos a fazê-lo também.

vistas privilegiadas das paisagens. E segue explorando os

CASA BM – GEN TI LE ZA NÃO É FRA QUE ZA: O UR BA NO SE SABE NATU RAL

Fotos Carlos Alberto Maciel

Esta re si dên cia, tam bém na re gião mon ta nho sa de Nova Lima (MG), ex plo rou as ca rac te rís ti cas na tu rais do ter re no de di ver sos mo dos. Pri mei ra men te, a in ser ção do edi fí cio pre ser va a to po gra fia ori gi nal do sí tio e mi ni mi za os cor tes de ár vo res na mata do Jam bei ro, preser van do as es pé ci es de mai or por te; essa in de pen dên cia en tre ter re no e edi fí cio (sa li en ta da no cor te da pá gi na ao lado) tam bém pro por ci o na qua li da de aos es pa ços in ter nos da re si dên cia, pois evi ta o con ta to di re to com a umi da de do ter re no e da mata. Além disso, a va lo ri za ção da pai sa gem na tu ral faz-se pre sen te em toda a casa: os es pa ços de per ma nên cia (in ter nos e ex ter nos) vol tam-se para a

32 ARC DESIGN


Fotos Carlos Alberto Maciel

mon ta nha, en quan to os per cur sos são ex plo ra dos para en fa ti zar ao má xi mo a pre sen ça da mata e a fru i ção da pai sa gem. À ge ne ro si da de vi su al/es pa ci al alia-se a ra ci o na li da de cons tru ti va, que ori gi na a mo du la ção ri go ro sa (5 x 5 me tros) da ma lha es tru tural, resul tan do em eco no mia na es tru tu ra de con cre to ar ma do. Au tor do pro je to: Car los Al ber to Ma ci el. Co la bo ra do res: An dré Pit ta, Pa trí cia Naves, Ju li a na Bar ros, Sil via Ma ci el, Fe li pe Cou ti nho, Manoe la Bene ti, Dél cio da Mata, Bre no New man Vei ga, Car los Al ber to de Oli vei ra

33 ARC DESIGN


Fotos SPBR Arquitetos

SPBR ARQUITETOS

CASA EM CA RA PI CU Í BA – TU BOS NO SURFE TAM BÉM SÃO UM DE SE NHO HU MA NO Ou tro ter re no aci den ta do, mas com tra ta men to di ver so. En quan to no pro je to an te ri or (Casa BM) casa e ter re no eram in de pen den tes, a se gun da “flu tu an do” so bre o pri mei ro, nes se pro je to a casa as sen ta-se so bre o ter re no, se apro vei tan do de sua to po gra fia. O pla no da rua e o pla no in fe ri or do lote são se pa ra dos por um de cli ve de 6 me tros, o qual ori en tou a pro pos ta dos ar qui te tos para o edi fí cio que deve ria fun dir ha bi ta ção (casa) e tra ba lho (es cri tó rio). O úni co vo lu me vi sí vel a par tir da rua é o do es cri tó rio, en quan to os vo lu mes da casa fo ram im plan ta dos nos

34 ARC DESIGN


“Na ur gên cia so ci al con tem po râ nea, a ar qui te tu ra atua como in su mo para a ativi da de eco nô mi ca, não pela ‘for ma’, mas pela ar ti cu la ção es tra té gi ca de mei os ma te ri ais para a vi a bi li za ção da ri que za po ten ci al de um povo.”

pla nos in fe ri o res, ga ran tin do a pri va ci da de dos mo ra do res (o en tor no é re la ti va men te den so) e per mi tin do a aber tu ra da re si dên cia para os fun dos do ter re no, onde se lo ca li zam um bos que e um cór re go. Es tru tu ral men te, os ar qui te tos opta ram por li mi tar os pon tos de fun da ção ao me nor nú me ro possí vel: me nos apoi os, mais pro fun dos, atin gin do a par te mais fir me do solo. Au to res do pro je to: An ge lo Buc ci e Al va ro Pun to ni. Co la bo ra do res: Ib sen Pul leo Uvo, Mau ro Ro dri gues

fortes desníveis dos terrenos em favor de torná-los

por meio de estratégias similares de trato da questão.

deleite espacial, agora construído, aos usuários. Como

Aqui aparece algo que tem sido pouco tratado nas

se flutuássemos pelos vários níveis delas.

discussões sobre regionalismo no Brasil. Apesar de

Em São Paulo, o escritório, o trabalho, é que marca a

fortes e presentes bases geográficas e culturais típicas

presença da casa na rua, num “tubinho” que se esgueira

de cada lugar, o desenvolvimento do país vem desve-

na paisagem como um Garrincha numa defesa de

lando um pano de fundo, socioambiental e econômico,

“joões”. E na planta de Minas, um pormenor delicioso:

relativamente homogêneo. O Brasil inteiro é, em si, uma

a cozinha faz parte da sala. Hoje, além do “trem de cozi-

região coerente do mundo.

nha” ser desenhado para fruição visual, e com eficiência

No Rio Grande do Sul, o programa urbanístico deman-

desenvolvida em pormenor brasileiro como sua culi-

dava mistura de funções para recuperar um lugar degra-

nária, mudaram as relações de trabalho doméstico, daí

dado, o Mercado Público de Itaqui. Em Minas, um espaço

não ter mais sentido a cozinha separada da sala.

especializado, uma Companhia de Dança. E consegui-

E, no entanto, porque não são desenhadas a partir

ram, ambos, aquela mescla de funções que enriquece o

de pressupostos formais e sim pela estratégia descri-

pedaço de cidade onde estão. Nos dois contextos, um

ta antes, as duas casas não são iguais. Daí conversa-

espaço central, um pátio, sugere às respectivas urbes

rem animadamente.

uma convivência social possível, num momento em que

Do mesmo jeito, os dois projetos de edifícios com finali-

a mesma se vê em crise nas nossas grandes cidades.

dade cultural, mesmo de Estados distantes como Minas

Em Minas, o pátio integra atividades próprias a um cen-

Gerais e Rio Grande do Sul, transpõem suas divisas

tro de ensino e prática da dança: cursos, ensaios etc., e 35 ARC DESIGN


ESPAÇO SIDERAL

Cafeteria

Pátio coberto

Rua das carroças

Cinema

MER CA DO DE ITA QUI – HISTÓRIA DES CON GE LA DA NUM “VOCÊ-QUE-SE-SER VE” DE CULTU RA Pro je to ven ce dor do Con cur so Pú bli co Na ci o nal para a Re a bi li ta ção do An ti go Mer ca do Pú bli co de Ita qui, orga ni za do pelo IAB/RS. A nova es tru tu ra com bi na ati vi da des de co mér cio, cul tu ra e ser vi ços, e é com pos ta pela an ti ga “cas ca” do mer ca do (que abri ga a mai or par te do pro gra ma) e por novas cons tru çõ es jun to à Rua das Car ro ças (ci ne ma/au di tó rio, sa las mul ti u so e fun çõ es de apoio). “A preser va ção foi de ter mi nan te em qua tro pon tos prin ci pais: o cor po ori gi nal do mer ca do, só li do e ma ci ço, a es tru tu ra me tá li ca cen tral, leve e per me á vel, os dois pá ti os la te rais, aber tos e are ja dos, e a Rua das Car ro ças, útil e es tru tu ra do ra”, ex pli cam os ar qui te tos. A pra ça cen tral, for ma da pelo pá tio co ber to e pe los aber tos la te rais, co mu ni ca e or de na: para lá con vergem to das as fun çõ es do con jun to. A Rua das Car ro ças, antiga passa gem de ser vi ços, ga nha im por tân cia ao ligar os ex tre mos do edi fí cio, a pra ça central e as novas edi fi ca çõ es de eventos (cinema/auditório e salas multiuso). Restaurante e Biblioteca recebem mezaninos, destinados a área de mesas ex tra, além de depósito, no primeiro, e sala de lei tu ra, na se gun da; as co ber tu ras con tí guas a es tes dão lu gar a dois ter ra ços com acesso pú bli co por escadas ex ter nas. Passa re las pro pos tas ar ti cu lam as fun çõ es: es pa ços an tes iso la dos ago ra se re la ci o nam ho ri zon tal e ver ti cal men te. Au to res do pro je to: Na tha lia C. F. de Oli vei ra, Ana Clau dia Vet to ret ti, An dré Ma fra, Bian ca Ri bol di, Cris tia no Kun ze, Már cia Heck, Mi cael Ec kert, Nau í ra Za nin, Ra fael Car nei ro

LEGENDA Comércio e Serviços N

Apoio / Administração Espaços culturais

36 ARC DESIGN


edifício original.

galeria de arte, conseguindo estruturar um espaço onde

Cada componen-

naturalmente se dará a sinergia de áreas tão comple-

te do edifício que

mentares das artes, como as do corpo e as dos objetos.

remete à função original, e que possa ser associado fru-

O projeto ainda integra a mata serrana vizinha do modo

tiferamente às atuais, é cuidadosamente deixado à luz;

mais gentil, ao transformar a cobertura do edifício em

assim propondo ao usuário a ocasião de “cerzir” o tecido

uma praça, obtida pela adequação dos níveis do edifício

da memória coletiva, até então esgarçado e, por isso

e suas entradas principais ao desnível do terreno.

mesmo, passível de manipulação mal-intencionada.

No Rio Grande do Sul o pátio é protegido por uma co-

Em um a história não é fetiche, no outro a cultura não

bertura preexistente, e posto aberto pela retirada de

é enfeite: conversa inteligente, não?

suas paredes. Conforma o centro vivo dos ambientes

E ainda estamos no começo do desenho da nossa cul-

de comércio e cultura do entorno, e é assim tornado

tura democrática contemporânea. Belo começo, como

um estar urbano, uma praça abrigada pelo abraço do

se vê. E o mundo espera ansioso pelos resultados. ❉

Maquete eletrônica Cristiano Lindenmeyer Kunze

a ele foi agregado teatro para apresentações diversas e

37 ARC DESIGN


A ILUMINAÇÃO NO PAPEL PRINCIPAL Angélica Valente / Fotos Santi Caleca

Logo à primeira vista ela se anuncia: na

com po si ção do En ter pri se Ho tel, em

Milão, a luz é a protagonista – e como

tal, chama atenção por onde passa. Da

fachada ao interior, ora sutil, ora indis-

creta, ela assume a responsabilidade pela

at mos fe ra de cada am bi en te no pro je to

de ligh ting de sign de Chris to pher Red fern E a luz se fez: a ima gem aci ma evi den cia o pa pel pro ta go nis ta da ilu mi na ção logo na fa cha da do En ter pri se Ho tel. Na pá gi na ao lado, Gar den Bar, no pátio interno do edi fí cio: as lu mi ná rias con fe rem ares ori en tais e ins pi ram har mo nia, ele men tos presen tes em to dos os am bi en tes do ho tel

38 ARC DESIGN



A fachada é discreta, como convém à elegância milanesa. Toda a decoração transmite sobriedade, e é apenas a observação de cada detalhe – e de cada fonte de luz – que irá confirmar o Enterprise como um Hotel Design. Este não é um hotel-espetáculo-feérico, como parece estar na moda, no entanto oferece o “discreto charme da burguesia”. Cores e tons sensuais, muito vermelho, materiais exclusivos e a mão certeira do arquiteto, capaz de aproximar móveis chineses a uma clássica coleção de muranos Venini. E o simples acender de luzes é suficiente para surpreender: cuidadosamente desenhadas, elas mostram toda a sua desenvoltura – e poder! – na composição de um ambiente. Nesse caso específico, de todos eles. Christopher Redfern fez da iluminação o elemento unificador, o elo entre os objetos e os espaços do hotel, projetados por Cristina di Carlo. No saguão, ela preenche a amplitude e suaviza a atmosfera. Ao lado dos elevadores, sugere outro caminho para os andares superiores. No quarto, surge discreta, acima da cama. No banheiro, envolve a imagem no espelho, como em um convite à vaidade. Nem mesmo na escada passa despercebida. Nas duas páginas, exemplos da iluminação do hotel, design de Christopher Redfern e Cristina di Carlo. Acima, no detalhe, a leveza futurista da luminária do lobby. No alto da página ao lado, à esquerda, o balcão da recepção recebe o toque da luz da famosa luminária Fucsia, de Achille Castiglioni – nem mesmo o elevador escapa da composição iluminada; na sequência, a sutileza das lâmpadas ao redor do espelho do banheiro. Embaixo, as colunas luminosas do restaurante e a ousadia do balcão do Pri ve Bar

As peças, desenhadas especialmente para o projeto, devem integrar a coleção Flos Contract. O que, para Redfern, não abala a personalidade do hotel. Pelo contrário. “A cadeira Egg, de Arne Jacobsen, foi feita para mobiliar o lounge do SAS Hotel, em Copenhague (veja ARC DESIGN 24, pág. 46), para se tornar um clássico do design, até hoje produzida pela Fritz Hansen”, comenta, com convicção. Quanto à mistura de referências culturais da decoração, Redfern afirma que a intenção era criar um ambiente em que cada hóspede, de onde quer que venha, pudesse encontrar algo com o que se identificar. Uma tentativa que, levando em consideração a diversidade de pessoas que frequentam a cidade, poderia soar pretensiosa. Mas que, com maestria, tem na iluminação sua principal aliada.

ENQUANTO ISSO, NO BRASIL... No mercado brasileiro, o lighting design parece ensaiar a saída desse lugar ainda obscuro que ocupa, com raríssimas exceções, seja entre profissionais, lojas ou fabricantes. Tome-se como exemplo a Rua da Consolação, em São Paulo, famosa por suas inúmeras lojas de luminárias, lâmpadas e luzes. Ali, em meio a projetos mal resolvidos, pode-se encontrar uma peça que comunica, que tem algo mais a dizer, ou mais avançada do ponto de vista tecnológico: resta ao consumidor encarar o papel de garimpeiro. Pelo menos até que surja um caminho mais claro! ❉ 40 ARC DESIGN




RADIOGRAFIA DE UM PROJETO

RETRATO EM BRANCO E PRETO Inaugurada em novembro de 2003, a casa de shows City Hall trouxe o charme dos espaços intimistas para a eclética noite paulistana. ARC DESIGN conversou com a arquiteta Brunete Fraccaroli, responsável pelo projeto, e mostra, nesta primeira radiografia, os bastidores de sua realização

Angélica Valente / Fotos Tuca Reinés, cedidas pela arquiteta Pelas imagens, registradas em plena luz do dia, parece difícil imaginar que o City Hall seja uma casa noturna. A luz entra farta pelos vidros laterais e encontra eco na neutralidade do espaço branco com a sutil intervenção do preto. Mas essa aparente ousadia em assumir a claridade como o tom da noite esconde um jogo que se revela ao anoitecer: ela se transforma no suporte para a iluminação. Azul, vermelho, verde, lilás: as luzes tomam seus lugares, é dado início ao show. “O contraste é o ponto de partida deste projeto”, explica a arquiteta Brunete Faccaroli. “Meu desafio era transformar aquele espaço mínimo em uma casa de shows com uma acústica perfeita, iluminação perfeita, que recebesse cerca de 200 pessoas e oferecesse conforto para dançar, para comer, para a noite.” Um lugar discreto, intimista, feito para quem quer ver um show de boa música ou curtir o relax ao final do dia. O primeiro passo para a transformação? Paredes abaixo. Era preciso deixar a área livre e encaixar os diversos ambientes de forma adequada. Hall de entrada, lounge, bar, palco, camarotes e pista de dança encontram

Nas duas pá gi nas, ima gens dos es pa ços cen trais do City Hall. À di rei ta, vis ta do pal co, que pode mu dar de con fi gu ra ção e de ta ma nho con for me a ne cessi da de. Na pá gi na ao lado, des ta que para o bar, com te lão e fun do em acrí li co trans lú ci do

43 ARC DESIGN


O es pa ço do City Hall é com pos to por am bi en tes de na tu re zas di ver sas: loun ges, mesas e ca ma ro tes. Aci ma, à es quer da, vista da pista de dan ça a par tir do loun ge 3; na se quên cia, a área de mesas e, ao fun do, o loun ge 1 e a ga le ria. Es to fa dos Fir ma Casa (em pri mei ro pla no) e Eva Mo dia no (ao fun do); ca dei ras Tar si la, em ma dei ra, design An dré Cruz. Na pá gi na ao lado, o loun ge 1: o pre do mí nio do bran co em to dos os am bi en tes per mi te que o es pa ço assu ma nova “per so na li da de” con for me a ilu mi na ção uti li za da

LEGENDA 01 – Entrada 02 – Bar 03 – Galeria 04 – Adega 05 – Lounge 01 06 – Lounge 02 07 – Lounge 03 08 – Lounge 04 09 – Camarote 01

N 0 1

44 ARC DESIGN

3

5

10

10 – Camarote 02 11 – Pista de dança 12 – Palco 13 – Sanitários 14 – Caixa 15 – Cozinha 16 – Sala DJ 17 – Camarim 18 – Saída de emergência



seu espaço nos poucos 650 metros quadrados de área. Uma distribuição pensada de forma a garantir um lugar privilegiado a todos, seja à mesa, no balcão do bar, ao pé do palco. A escolha dos materiais – couro ecológico, madeira e acrílico – mistura beleza plástica e funcionalidade. Os painéis acústicos não se limitam a receber o som e aparecem como ornamento, em tons laranja e prata, encaixados pelas paredes, pelo teto. Suas formas orgânicas e cores fortes são mais uma referência de contraste, agora com a linearidade do mobiliário. Na entrada – uma espécie de túnel, único ambiente escuro da casa –, a intervenção do néon reproduz skylines cosmopolitas: Paris, N. York, Londres. E São Paulo, claro. De frente para o palco, ao fundo, uma surpresa: o bar, imponente, se estende pelos 9 metros de altura do pédireito, exigência do cliente, realização da arquiteta. As luzes ao fundo refletem garrafas e copos, enquanto um telão centralizado, no alto, oferece outros ângulos da mesma paisagem sonora. Os banheiros também reservam uma brincadeira para os sentidos. No masculino, as portas internas trazem imagens de seios femininos. E no feminino, um nu masculino se exibe. “Imagino que isso gerará confusão FICHA TÉCNICA Projeto: Casa de espetáculos City Hall Arquitetura: Brunete Fraccaroli Colaboradores: Marina Chede, Camila Valentini, Luciana S. Barreiro, Márcia Nogueira, Vanessa Contesini, Margareth Kemechian, Carolina Molinari, Daniela Albuquerque, Luis Antonio Landi, Luiz Henrique Whitehead, Olívia Malfatti, Priscila Tossano, Thales Drummond, Vivian Garcia. Acústica: Acústica & Sônica Cenotécnica: Cineplast Iluminação: DL Sonorização: Loudness e Luciano Julião

FORNECEDORES Acrílicos: Acriresinas e Dicopesa Carpete: Santa Mônica Esquadrias, espelhos e vidros: Penha Vidros Imagens: Tergoprint Louças e Metais: Deca e Vallvé Mobiliário: André Cruz Design, Fernando Jaeger Design, Eva Modiano, Firma Casa, Mythos Design, Estalagem, Brunete Fraccaroli Essencial. Revestimento Cerâmico: Gail Tecidos: Formatex

na cabeça de quem abusar da bebida, mas a intenção é mesmo essa: a de provocar”, admite Brunete. Provocação maior talvez tenha sido a ousadia de realizar o projeto em si. Do início da obra até sua finalização, foram pouco mais de 30 dias. “Claro, com direito a atropelos, dificuldades gerais e mudanças mil no meio do caminho. Mas, sem dúvida, o resultado final me surpreendeu.” A inauguração, no melhor estilo noite paulistana, contou com a presença de figurinhas carimbadas do show biz e a voz marcante de Maria Rita, a explorar o espaço recém-criado. ❉

No alto da pá gi na, vis ta par cial do ba nhei ro mas cu li no, mos tran do a “provo ca ção” pro pos ta por Bru ne te Frac ca ro li. Na pá gi na ao lado, o tú nel de entra da, que re pro duz em néon o skyli ne de di ver sas ci da des: em um am bi en te es cu ro e pe que no, a ar qui te ta tira provei to das lu zes e dos es pe lhos na com po si ção do es pa ço

46 ARC DESIGN



ARC DESIGN inaugura uma nova rubrica: Mestres da Arquitetura – o projeto contemporâneo visto através das obras dos mais importantes arquitetos da atualidade. O formato de suplemento especial destacável permitirá colecionar as edições. Cada volume trará projetos recentes de um arquiteto, dentre os quais uma obra recém-concluída tratada em detalhes: plantas baixas, cortes, imagens, partido conceitual adotado e aspectos técnicos. Herzog & de Meuron foram os escolhidos para inaugurar a série: em destaque, a nova loja Prada em Tóquio. Boa leitura!


SU PLE M E NTO ESPEC IAL ARC DESIG N Nยบ34

MESTRES DA ARQUITETURA

Herzog & de Meuron


Uma Publicação Quadrifoglio Editora / A Quadrifoglio Editora Publication Diretora Editora / Publisher – Maria Helena Estrada Diretor Comercial / Marketing Director – Cristiano S. Barata Diretora de Arte / Art Director – Fernanda Sarmento Redação / Editorial Staff: Editora Geral / Editor – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico / Graphic Design Editor – Fernanda Sarmento Chefe de Redação / Editor in Chief – Winnie Bastian Equipe Editorial / Editorial Staff – Daniele Rissi (Redatora) Jô A. Santucci (Revisora) Tatiana Palezi (Produtora) Tradução / Translations: Paula Vieira de Almeida Arte / Art Department: Designers – Cibele Cipola Milena Codato Gerente de Publicidade / Advertising Manager: Ivanise Calil Foto da Capa / Cover Photo: Nacása & Partners

English version available on the last pages of ARC DESIGN 34

www.arc de sign.com.br

apoio


HERZOG & DE MEURON

REINVENTANDO A MATÉRIA Nascidos em Basel (Suíça) em 1950, Jacques Herzog e Pierre de Meuron formaram-se na Universidade Técnica Federal de Zurique em 1975 e três anos mais tarde fundaram seu escritório em Basel. Vencedores do Prêmio Pritzker em 2001, Herzog & de Meuron têm projetos na Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Espanha, no Japão e, é claro, na Suíça. Além da sede principal, em Basel, o escritório possui filiais em Londres, Munique e São Francisco, empregando cerca de 120 pessoas. O entendimento entre ambos supera a simples parceria para assumir um caráter simbiótico: “os lados fortes de Jacques são as minhas fraquezas, e as suas fraquezas são os meus fortes”, afirma Pierre de Meuron. Além disso, a dupla se caracteriza pela frequente colaboração com outros profissionais, especialmente artistas plásticos, na concepção dos projetos. Um as pec to for te do tra ba lho de H&dM é a ex plo ra ção da “pele” do edi fí cio, de formas as mais di ver sas, sem pre ti ran do pro vei to das no vas tecno lo gias, seja na obtenção de novos materiais ou na aplicação inovadora de um material já conhecido. Aliado a esse fato está o desenvolvimento de uma abordagem conceitual específica para cada trabalho. “Isso nos dá a liberdade de reinventar a arquitetura em cada novo projeto em vez de consolidar nosso estilo. Também significa que estamos constantemente intensificando nossa pesquisa com materiais e superfícies, às vezes sozinhos, outras em colaboração com diversos fabricantes e laboratórios, com artistas e até mesmo com biólogos”, revelam. Herzog completa: “Pesquisamos intensamente os materiais e as superfícies. (...) Procuramos materiais que sejam tão inteligentes, virtuosos e complexos quanto os fenômenos naturais; que encantem não apenas a retina do crítico de arte, mas que sejam realmente eficientes e apelem a todos os nossos sentidos”.

“A arquitetura vive e sobrevive por causa de sua beleza, porque seduz, anima e até inspira as pessoas, porque é ma té ria e por que pode – mes mo que ape nas al gu mas ve zes – transcender a matéria.” Jacques Herzog


Arquitetura: Herzog & de Meuron. Arquitetura Esportiva e Engenharia: ARUP e CAG

NATIONAL STADIUM – PEQUIM, CHINA Será o prin ci pal es tá dio dos Jo gos Olím pi cos de 2008. Duas par tes dis tin tas com põ em o es tá dio: as ar qui ban ca das pos su em es tru tu ra em con cre to, en quan to a co ber tu ra des li zan te é su por ta da por uma es tru tu ra me tá li ca que en vol ve todo o es tá dio, sen do res pon sá vel pela sua vo lu me tria fi nal. A con cep ção des ta se gun da es tru tu ra ba se ou-se nos ni nhos dos pás sa ros: os “ga lhos” me tá li cos su por tam-se uns aos ou tros em uma espé cie de “gre lha es pa ci al”, que in te gra fa cha das, es ca das e co ber tu ra. As sim como os pás sa ros pre en chem os es pa ços en tre a tra ma de ga lhos de seus ni nhos com um re cheio ma cio, os es pa ços na es tru tu ra me tá li ca se rão pre en chi dos com ma te ri al leve: duas ca ma das de membranas. Na co ber tu ra, a ca ma da ex ter na tor na o te lha do re sis ten te às in tem pé ri es, en quan to a ca ma da in ter na atua como um for ro acús ti co den tro da es tru tu ra da co ber tu ra. Nas fa cha das, as membranas se rão mon ta das no in te ri or da tra ma me tá li ca so mente onde for ne cessá rio, preser van do a venti la ção na tu ral do está dio. Ao ingressarem, os vi sitantes ul tra passam a estru tu ra externa e entram na es pa ço sa passa re la que cir cun da o es tá dio, de onde po dem acessar as es ca das para atin gir as três fi lei ras de ar qui ban ca das. A cons tru ção teve iní cio em de zem bro de 2003 e deve ser con clu í da em de zem bro de 2006


© Herzog & de Meuron

FORUM 2004 BUILDING AND PLAZA – BARCELONA, ESPANHA Cen tro do Fó rum Uni ver sal das Cul tu ras, que acon te ce rá em maio des te ano, o edi fí cio se lo ca li za no fi nal da Ave ni da Di a go nal, onde esta en con tra a cos ta Me di ter râ nea, e tem à sua fren te uma pra ça de 6 hec ta res. O pro gra ma in clui um au di tó rio com 3.200 lu ga res, áre as de ex po si çõ es, es cri tó ri os e um res tau ran te. O edi fí cio se dis tin gue dos ou tros pela al tu ra: as cons tru çõ es do en torno são mu i to al tas, en quan to o pré dio de Her zog & de Meu ron é bai xo, uma gran de pran cha que “flu tua” so bre um es pa ço onde as pes so as po dem se en con trar e ca mi nhar por en tre os tu bos só li dos e trans pa ren tes que formam a es tru tu ra. A pro pos ta de uma plan ta tri an gu lar ex pres sa a loca li za ção es pe cí fi ca en tre as ruas pe ri fé ri cas do pla no Orto go nal de Cer dà e a Ave ni da Di a go nal

PHILARMONIC HALL – HAMBURGO, ALEMANHA O pro je to de Her zog & de Meu ron er gue-se so bre um gran de edi fí cio pre e xis ten te, O Kais pei cher, pro je ta do por Wer ner Kall mor gen e cons tru í do en tre 1963 e 1966, usa do como de pó si to para grãos de ca cau até o fi nal do sé cu lo XX. Sua es tru tu ra ro bus ta re ce be rá ape nas peque nos re for ços: a car ga an tes su por ta da no in te ri or foi trans fe ri da para o topo do prédio. O novo edi fí cio lem bra uma ten da sus pen sa so bre o an ti go de pó si to – “suas on das evo cam o mo vi men to da mú si ca”, ex pli cam os ar qui tetos – e abri ga rá não só sa las de mú si ca, mas todo um com ple xo re si den ci al e cul tu ral. Os dois es pa ços cen trais – uma sala de con certo para 2.400 pes so as e uma sala de mú si ca de câ ma ra para 500 pes so as – se rão “em bru lha dos” por um ho tel cin co es tre las com 200 quartos, res tau ran tes e áre as para con ven çõ es, as sim como 31 lu xu o sos flats. Uma dra má ti ca sé rie de es ca das ro lan tes, for man do uma di a go nal que per pas sa todo o de pó si to, trans por ta rá os vi si tan tes até a pra ça no alto do de pó si to, o prin ci pal es pa ço pú bli co do novo com ple xo. Res tau ran tes, ba res e o lobby do ho tel são con tí guos a essa pra ça, que tam bém pro por ci o na aces so às duas sa las de con cer to. Os flats se con cen tram no li mi te oes te do com ple xo e são aces sa dos a par tir da rua e de suas ga ra gens ©Herzog & de Meuron


HERZOG & DE MEURON - PRADA TÓQUIO

O CONSUMO COMO PARTIDO No edifício da Prada, inaugurado há poucos meses em Tóquio, Herzog & de Meuron combinam alta tecnologia, firmeza conceitual e... atmosferas fictícias, que fazem o visitante “viajar” enquanto consome

Fotos Nacása & Partners

Winnie Bastian

Aci ma, o in te ri or de um dos an da res da loja vis to de fora do edi fí cio, através dos vi dros cur vos: os pai néis côn cavos atraem a atenção para o in te ri or, en quan to os con ve xos pre ten dem di re ci o nar a aten ção dos cli en tes para o en tor no do pré dio. Na pá gi na ao lado, a pra ça de acesso e as fa cha das prin ci pais do edi fí cio, que pa re ce res pi rar gra ças à al ter nân cia de for mas entre as 840 placas de vi dro, das quais 205 são con ve xas, 15 côn cavas e 620 pla nas



Um prédio que “respira”, cuja estrutura se assemelha à

prédio está respirando. A grelha de aço, contudo, não

de uma árvore e que utiliza musgos em seu revestimento

serve apenas a um efeito óptico ou plástico; ela é parte

externo: quase um “organismo vivo”. Assim poderíamos

efetiva da estrutura.

definir brevemente o mais recente projeto dos arquitetos

Aliado ao vidro e ao aço vê-se um elemento estranho ao

suíços Jacques Herzog & Pierre de Meuron.

universo da arquitetura: o musgo, que H&deM utilizam

Conhecidos mundialmente pela maestria de suas obras,

em parte do revestimento externo do prédio.

entre elas a Tate Modern (Londres), inaugurada em

Uma declaração de Herzog durante a entrega do Prêmio

2001, Herzog & de Meuron costumam lançar mão de

Pritzker, em 2001, esclarece a intenção de explorar o

soluções construtivas nada usuais, explorando de modo

uso dos materiais: “O mundo material é com o que tra-

surpreendente materiais antigos (ou já conhecidos) ou

balhamos. Tentamos entender o que é a matéria, o que

utilizando novas técnicas para transformar a superfície

ela significa e como podemos usá-la para acentuar suas

desses materiais.

qualidades específicas. Os métodos que utilizamos para

No caso do edifício da Prada, H&deM optaram pelo uso

imprimir em concreto, por exemplo, são resultado das

vigoroso de materiais intensamente utilizados na cons-

nossas pesquisas. (...) Também estamos interessados

trução civil, como o vidro e a estrutura metálica, mas

nos musgos e liquens que crescem na superfície das

com um tratamento nunca visto: as cinco fachadas são

pedras; eles são um indicador da qualidade do ar e sua

compostas por uma grelha metálica rombóide preenchida

cor é espetacular, tão brilhante e bonita que quase cega”.

com placas de vidro planas, côncavas e convexas. Essa

O partido conceitual do projeto para a loja Prada em

alternância de formas transmite a impressão de que o

Tóquio foi delineado pelo entorno do edifício, densamente

Foto Marcelo Aflalo


construído e bastante heterogêneo. Essa heterogeneidade libertou os arquitetos de qualquer exigência contextual, permitindo-lhes optar por um edifício estreito e alto, extremamente visual, com uma forma escultórica facilmente reconhecível. Além disso, o terreno escolhido para o edifício situava-se em Omotesando, o “distrito da moda” na capital japonesa, onde se concentram as principais grifes internaFoto Marcelo Aflalo

cionais, com prédios projetados por arquitetos reconhecidos mundialmente, como Tadao Ando, Kenzo Tange, Kazuyo Sejima e Toyo Ito. Nesse contexto, era vital que o edifício se destacasse, o que justifica seu “impacto imediato e visceral” (Herzog) junto ao visitante. Por outro lado, a alta densidade do entorno levou à decisão de manter uma área aberta, uma espécie de praça, que “vaza” a densa massa construída ao redor do edifício. Uma atitude generosa – se considerarmos o preço estratosférico do metro quadrado em Tóquio, especialmente nessa região –, mas também racional, pois o

Aci ma, de ta lhe da “cau da” de mus gos que con tor na a pra ça de acesso. Abai xo, em pri mei ro pla no, mesa-dis play em fi bra de vi dro trans lú ci da, tam bém cria da pe los ar qui te tos, que, para não in ter fe rir na flu i dez do es pa ço, op ta ram por ex por os pro du tos em mesas bai xas e es tan tes loca li za das jun to às pa re des dos ele men tos es tru tu rais ou jun to aos pla nos in cli na dos dos tu bos. Na pá gi na ao lado, de ta lhe do pór ti co de acesso à loja a par tir da pra ça. O pré dio tam bém pode ser aces sa do di re ta men te da rua, pe las esca das lo ca li za das no fi nal da “cau da”, as quais con du zem ao sub so lo

Foto Marcelo Aflalo


grande potencial da praça como ponto de encontro torna o edifício ainda mais atrativo. Uma “cauda” revestida de musgos sai do prédio e contorna a

6º pavimento

praça, “protegendo-a” do entorno. Assim, enquanto o edifício fica mais exposto e visível, a praça é um espaço mais reservado. 5º pavimento

Com conexões visuais entre os andares, o interior do prédio é fluido, o que faz com que visitantes o percebam como um

4º pavimento

espaço contínuo. Todos os pavimentos são “cortados”, em diferentes posições, por grandes tubos horizontais, elemen-

3º pavimento

tos importantes na organização espacial e estrutural do projeto. Esses tubos são como cavernas, com um “relevo” inten2º pavimento

cionalmente projetado para criar uma atmosfera íntima e despreocupada. Os provadores localizam-se nas pontas dos Térreo

tubos, entre paredes de vidro que alternam a transparência Subsolo

com a total opacidade. Os tubos também atuam como “telescópios”, uma vez que nesses espaços o vidro da fachada é translúcido, com pequenas seções transparentes que direcionam a atenção das pessoas para pontos específicos da cidade ao redor do prédio. É interessante notar que este é o primeiro edifício de Herzog & de Meuron em que estrutura, espaço e fachada formam uma só unidade. Isso significa que, com exceção do vidro, cada parte visível do edifício é estrutura, espaço e fachada ao mesmo tempo. Outro aspecto que mereceu atenção no projeto foi o uso de tecnologia da informação, resultando em duas aplicações principais: nas projeções realizadas sobre os “tubos” – para diferenciá-los dos outros espaços – e nos Snorkels, elementos que transportam imagens, som e luz. Como podem ser usados para diversos propósitos, cada Snorkel tem características, forma e/ou tamanho de tela específicos. Os Snorkels também funcionam como injetores de som nos tubos, gerando um espaço intimista, acusticamente isolado de todo o ambiente restante, e com uma atmosfera completamente diferente à do resto do edifício. Perfeito para o consumidor relaxar... e embarcar nas compras. Afinal, uma loja é uma loja, e esta deve servir ao seu objetivo primeiro: vender. Mesmo que o cenário seja a espetacular arquitetura criada

Foto Marcelo Aflalo

por Herzog & de Meuron. ❉

No alto da pá gi na, à es quer da, o cor te ex pli cita a im por tân cia dos tu bos como ele mentos que estru tu ram o es pa ço e for ta le cem a co ne xão vi sual entre os pavi mentos. À noite, (ima gem ao lado), o edi fí cio se acen de e se trans for ma em uma gran de vitri ne; desta que para a com po si ção es ca da/fa cha da. Na pá gina ao lado, inte ri or dos tu bos, que com bi nam prova do res e es pa ços de estar

Fotos Nacása & Partners

Cobertura



Enquanto as lojas tradicionalmente dão pre ferência a espaços hori zontais, a loja projetada por Her zog & de Meuron tem seus 2.860 metros quadrados distribuídos por sete andares. Nesta página, plantas do térreo ao 5º pavimento, principais espaços da loja: destaque para a forma dos tubos (salientados em verde), que “rasgam” a planta em pontos diversos e se projetam em direção ao pavimento inferior. No subsolo estão locali zados o estoque, um café e par te da loja, enquanto o 6º pavimento consiste em um espaço li vre, destinado à reali zação de eventos. (Todas as plantas, inclusi ve as do subsolo e do 6º pavimento, estão disponíveis no site de ARC DE SIGN: www.arc design.com.br) N

Térreo 0 1

3

5

10

FICHA TÉCNICA: Projeto: Prada Aoyama Epicenter Cliente: Prada Japão Arquitetos: Herzog & de Meuron Arquitetos associados: Takenaka Corporation (Japão) Consultoria para a fachada: Emmer Pfenninger Partner AG (Suíça) Con sul to ria para ilu mi na ção: Arup Ligh ting (Grã-Bre ta nha)

2º pavimento

3º pavimento

Consultoria para engenharia estrutural: WGG Schnetzer Puskas (Suíça) Consultoria para aquecimento, ventilação e ar condicionado: Waldhauser Engineering (Suíça)

4º pavimento

5º pavimento

Foto Nacása & Partners

Fotos: Nacása & Partners Inc. (Japão)





81724_197x280 22/01/2004 20:39 Page 1

HOJE, DÊ UMA PARADINHA PARA VER SÃO PAULO. S ã o P a u l o n ã o p o d e p a r a r. S ã o P a u l o c r e s c e u . S ã o P a u l o n ã o t e m j e i t o . São Paulo é tudo. Aos 450 anos, São Paulo é, mais do que nunca, uma cidade apaixonante. Com todos os defeitos que o crescimento desenfreado provocou. Com todas as virtudes que fazem dela uma cidade do mundo. São Paulo t e m a l m a . É p r e c i s o s e n t i r. S ã o P a u l o t e m c o r a ç ã o . É p r e c i s o p a r a r p a r a v e r. P a r a a C a u ê , q u e f o r n e c e s o l u ç õ e s p a r a a c o n s t r u ç ã o c i v i l , c o m produtos que acompanham a evolução das cidades e facilitam a vida de quem constrói, São Paulo é mais que uma cidade. É uma síntese.

d e

A t e n d i m e n t o

C a u ê

0 8 0 0

7 0 3

9 0 0 3

-

w w w . c a u e . c o m . b r

futura

C e n t r a l

FUTURA

REVISTA

81724

81724_197X280

22/01/2004

095


101538_anun.wallworks:101538_anun.wallworks 10/6/11 11:12 AM Page 1

10153 anun.


MOVELSUL BRASIL e um castelo de eventos paralelos Bento Gonçalves, situada na serra gaúcha, é a cidade sede da Movelsul Brasil, a mais importante feira de mobiliário da América Latina, que também abriga o prestigiado Salão Design – concurso e mostra de design, com igual abrangência

Maria Helena Estrada / Fotos Luis Barboza


Na pá gi na ao lado, a pai sa gem da ser ra gaú cha se con tra põe ao cres ci men to ace le ra do da ci da de (no de ta lhe). Ben to Gon çal ves é bo ni ta, se expan de em di re ção às co li nas, e lá se res pi ra um ar de Itá lia, mis tu ran do o per fu me do vi nho aos aro mas da ma dei ra. Aci ma, vis ta da sede da Movel sul Bra sil, uma cons tru ção que vem sen do sem pre am plia da. Abai xo, to néis de vi nho

A região de Bento Gonçalves se destaca por duas principais atividades, a produção de vinho e o trato da madeira, herdadas diretamente de seus colonizadores – gente séria, dedicada ao trabalho, perseguindo seus ideais, orgulhosa daquilo que produz. Os imigrantes italianos de Bento Gonçalves vieram da região do Vêneto, com uma arraigada tradição de vinicultores... e algumas sementes no bolso. Encontraram um microclima semelhante ao da terra de origem, dando início à produção do melhor vinho do país – o único a receber a denominação DOC, de origem controlada. Por analogia e justiça, pode-se dizer que é também DOC o mobiliário produzido nessa região. Por tradição e vocação, Bento Gonçalves produz móveis em madeira. Sua história, no entanto, é diversa daquela de São Bento do Sul, SC, por exemplo, cuja produção 51 ARC DESIGN


Aci ma, à es quer da, as cha pas de ma dei ra pron tas para usi na gem nas mo der níssi mas má qui nas de con tro le nu mé ri co; à di rei ta, de ta lhe de uma das má qui nas. Na pá gi na ao lado, a be le za da ma dei ra em suas di ver sas co lo ra çõ es

52 ARC DESIGN

começou sendo valorizada por importadores atraídos pelo

13ª edição, em 2002, organizada pelo Sindmóveis de

preço e pela qualidade, sem que se agregasse valor ao

Bento Gonçalves, esse número cresceu para 414 em-

produto final, pois o desenho era trazido pelo comprador.

presas, em uma área de 50.282 metros quadrados! Par-

A indústria moveleira de Bento Gonçalves nasce em

ticiparam 12 Estados brasileiros e o volume de negócios

torno de 1967, é direcionada para o mercado brasileiro,

foi de 32.500 milhões de reais, com importadores de

e apenas no início da década de 1980 começa a exportar.

53 países. Até o fechamento desta edição, 381 empre-

É quando surge a consciência de que, sem o concurso

sas haviam confirmado participação na Movelsul 2004.

de designers que atualizassem e dessem personalidade

De acordo com dados do Sindmóveis de Bento Gonçal-

a seus produtos, os preços continuariam aviltados.

ves, a indústria moveleira local teve um faturamento de

Uma vez conscientizados da importância e da necessi-

866 milhões de reais em 2002 e, em 2003, até o mês de

dade do design como fator de valorização do produto, a

novembro, esse faturamento foi de 852 milhões de reais.

indústria moveleira da região assume a liderança que

Na feira, vemos lançamentos nos quais a cada ano

hoje a distingue.

nota-se maior influência de designers colaborando

A Movelsul é um espelho dessa realidade.

diretamente com indústrias, designers no “chão de fá-

A primeira edição da Feira, que é bienal, foi realizada

brica”, determinando linhas retas, leves, adequadas a

em 1977, com 24 expositores e muita coragem. Em sua

ambientes contemporâneos. São cadeiras, salas de jantar,




Nas duas pá gi nas, o me tal mos tra do em suas di ver sas apli ca çõ es: na pá gi na ao lado, fios de aço en ro la dos que serão empregados na produção de aramados. Nes ta pá gi na, em sen ti do ho rá rio, peça em fase de acabamento; fer ra gens pron tas para uso; ex tru sõ es de alu mí nio; ara ma dos que irão com por o in te ri or de por tas e gave tas

escritórios, copas, cozinhas, estofados, móveis para

duzidas em alumínio com vidro ou acrílico. O Salão De-

banheiros, quartos completos, camas, beliches, estantes,

sign, em sua 9ª edição, com mais de mil projetos inscri-

racks, linha infantil e complementos. Há também a presen-

tos neste ano, muito contribui para essa evolução.

ça de indústrias de ferragens – a grande descoberta, que

A Movelsul Brasil edição 2004 se desdobra, se estende

colaborou para um “up grade” definitivo nos armários.

até o Castelo da Destilaria Brunello, uma construção de

Que diferença para a mesma feira de anos passados, da

1963, mas fincada em raízes longínquas, na terra natal

velha madeira mal envernizada, dos recortes decorativos!

dos antepassados de seus proprietários, em Conegliano,

Hoje é um prazer visitar a Movelsul, mesmo que alguns

norte da Itália. O Castelo é uma réplica do Castello

fabricantes ainda insistam em capitonês e franzidos,

Vecchio, daquela cidade.

mesmo que uns poucos não acreditem que já chegamos

Transformado no Castelo Movelsul com 20 mil metros

ao século XXI.

quadrados de área para cultura e divertimento, o Cas-

Outro fenômeno que se observa na indústria gaúcha é

telo terá auditório, restaurante, espaço para degustação

a gradativa diversificação no uso único da madeira,

de queijos e vinhos da região, e um túnel do design,

principalmente nos armários e nas portas, também pro-

que exporá produtos nacionais e internacionais, mos-

55 ARC DESIGN


Aci ma, vis ta la te ral e in te ri or do Cas te lo Bru nel lo, que está sen do to tal men te res tau ra do para re ce ber to das as ati vi da des fora-Sa lão du ran te a Movel sul, de 8 a 12 de mar ço 2004. Na pá gi na ao lado, área com to néis de whisky, no sub so lo do Cas te lo, que fi cou fe cha da por 15 anos, e tam bém será re es tru tu ra da para abri gar even tos

56 ARC DESIGN

trará tendências e abrigará peças do Salão Design. A

Serão três os temas abordados, cada um por um con-

estimativa é a de que por lá passem 13 mil pessoas.

ferencista italiano e um brasileiro. Da Itália virão o

Nas palavras de César Cini, presidente da feira, “é

designer Marco Ferreri; o economista Aurelio Volpe,

fundamental que tratemos o design com a devida aten-

um dos fundadores do Csil; o empresário, especialista

ção. A Movelsul Brasil tem o compromisso de fazer

em internacionalização no setor moveleiro, Rodrigo

avançar não apenas as discussões em torno da matéria,

Rodriquez. Como representantes do Brasil, o seminário

mas também de criar espaços para que a criatividade

também terá figuras de destaque no setor.

dos profissionais de design e a qualidade de seus proje-

O Castelo, situado a 2.500 metros da sede da feira,

tos se encontrem com o setor moveleiro nacional”.

terá ainda shows de música, tornando-se um epicentro

No Castelo Movelsul, que funcionará das 18 às 24

que servirá não só à cultura, ao lazer e à gastronomia,

horas, será realizado o seminário internacional Design,

mas permitirá que os empresários, vindos de todas as

Distribuição, Internacionalização: Três Fatores do Su-

partes do mundo, e os designers brasileiros se encon-

cesso na Indústria Moveleira.

trem criando uma nova sinergia. ❉



Em breve iremos conhecer novidades em brinquedos, eletrônicos e outros “gadgets” feitos com a tecnologia dos “músculos artificiais”. Patenteados pelo Laboratório SRI International (www.sri.com), na Califórnia, os “electroactive polymers” (EAPs) são polímeros que se movimentam em resposta à eletricidade – algo semelhante à força muscular –, podendo acionar dispositivos para os quais é difícil (e caro) construir motores elétricos minúsculos. O objetivo é substituir uma parcela substancial desses motores por produtos menores, mais leves e baratos. Enquanto isso, surgem por aqui produtos “made in Brazil”, soluções inteligentes e acessíveis que contribuem para melhorar a qualidade de vida, como o computador de mão Tungsten E, da Palm, o notebook ThinkPad T41, da IBM, e o refrigerador Turbo Ice, da Electrolux

RESFRIAMENTO A JATO O refrigerador DFW45 Frost Free da Electrolux inova com a função Turbo Congelamento, que permite resfriar ou congelar os alimentos com maior rapidez sem aumentar o consumo de energia. O sistema é ideal para situações em que a pessoa se esqueceu de colocar o produto para resfriar em tempo hábil para servir. Nesse caso, o refrigerador emite um alarme quando o alimento atinge a temperatura adequada, evitando o congelamento indesejado. O modelo também possui dispenser de água externo e gaveta extra para frutas. Electrolux: 0800-78-8778 www.electrolux.com.br

58 ARC DESIGN


MONITORAMENTO ÁGIL

VAI-E-VEM

Pesando apenas 28 gramas, os ócu-

O celular Image, da Samsung, incorpora uma

los especiais da MicroOptical trazem

câmera fotográfica digital embutida que gira

um monitor colorido acoplado à haste que permi-

em até 180 graus, além de enviar as fotos por

te ao usuário visualizar duas imagens: a real e a projetada,

e-mail. Também realiza conexão por infra-

transmitida a par tir de um computador ou sistema de vídeo.

vermelho com notebooks e PDAs para aces-

Durante uma cirurgia, por exemplo, o médico pode checar informações dos

so à internet, e com o PC para transmissão de imagens.

sinais vitais ou outros dados importantes sem desviar sua atenção do

Pesando 85 gramas, o Image possui gerenciador de

paciente. Em outro caso, os seguranças de uma loja podem monitorar bens

dados pessoais, campainhas polifônicas de 40 canais,

de valor e a movimentação de pessoas em vários locais simultaneamente.

roaming mundial nas três bandas de rede GSM, trans-

O monitor é ligado por um fio a uma pequena caixa de controle, a qual é

missão de dados em alta velocidade com tecnologia

conectada aos equipamentos; para mais mobilidade, recomenda-se o

GPRS (General Packet Radio Ser vice) e SIM Card, cartão

uso junto a um notebook ou handheld.

que evita a perda de dados armazenados na memória

Os óculos possuem modelos com aplicações para vídeo (RCA, com

quando o usuário trocar de aparelho.

resolução de 320 x 240 pixels e 16 bits de cor) ou para PCs (VGA, com

Samsung: 0800-12-4421

resolução de 640 x 480 pixels e 18 bits de cor).

www.samsung.com.br

Absolut Technologies: (71) 379-4113 www.abs-tech.com

RECURSOS E MEMÓRIA Com performance de alto nível e ótimo custo-benefício, o

SUPERPROTEÇÃO

palm Tungsten E pesa apenas 130 gramas e opera com o novo

Depois de vender 20 milhões de notebooks em todo o mundo, a IBM

sistema Palm OS 5.2. Possui 32 MB de memória, que podem

Brasil começa a fabricar os portáteis no país. O novo ThinkPad T41 possui

ser expandidos com o uso de cartões SD (Secure Digital) ou

o Sistema de Proteção Ativa, tecnologia de proteção automática para

MMC (MultiMediaCard).

disco rígido, que evita a perda de informações em caso de acidentes

Com processador de 126 MHz, o handheld conta com a versão

como a queda da máquina.

atualizada do programa Documents To Go 6, que possibilita

Similar à tecnologia utilizada em automóveis para acionar os airbags, o

abrir documentos de Word, Excel e PowerPoint sem a neces-

notebook possui um microchip na placa-mãe que detecta a aceleração

sidade de conversão. O usuário pode efetuar alterações nos

do sistema, isolando a cabeça de gravação do disco rígido até que o

arquivos e reenviá-los ao PC via infravermelho, sincronização

aparelho retorne à posição estável.

ou e-mail (por meio do celular).

Outras funções: Rapid Restore Ultra (recuperação fácil e segura de

O PDA da Palm possui recursos multimídia, como tocador de

backups após paralisação acidental do software) e Access Connections

músicas em formato MP3 e o aplicativo QuickTime, que trans-

2.7 (permite rápida alternância entre as redes wireless e por fio).

fere e roda vídeos, trailers de filmes e outros materiais dispo-

Com cerca de 2 quilos e gabinete reforçado com

níveis para download na internet.

composto de titânio, o ThinkPad T41 possui

A tela colorida anti-reflexo, com

tela de 14” TFT (Thin Film Transistor). IBM: 0800-707-1426 www.ibm.com/br/shop

mais de 65 mil cores e de alta resolu ção (320 x 320 pi xels), impede o cansaço dos olhos sob luz intensa ou em espaços escuros. Palm: 0800-701-1776 www.comprepalm.com.br


DIRE TO PARA O DVD A grande vantagem da filmadora Sony

ALTA CAPACIDADE

DCR-DVD200 é gravar as imagens di-

Uma caneta com USB Flash Memory capaz de armazenar até

retamente em mini-DVDs (8 cm de

512 MB. Leve, a Thumdo Q da AVC pesa menos de 40 gramas e

diâmetro), que podem ser reprodu-

possui design similar ao de outras canetas usadas por executi-

zidos na maioria dos aparelhos de

vos, com a vantagem de comportar mais de mil fotos digitais

DVD e em computadores com drive

em alta resolução.

DVD-ROM. O vídeo também pode

Compatível com várias versões do Windows e também com o

ser transferido ao desktop por meio

sistema operacional Mac OS 9.0, a caneta conta com um pro-

de conexão USB. Facilidades para quem já aposentou o videocassete!

grama para criptografar dados, garantindo a segurança das

Funciona também como câmera fotográfica, com definição de 1 mega-

informações armazenadas.

pixel e três configurações diferentes de exposição.

A Thumdo Q vem acompanhada de carga extra de caneta e cabo

A DCR-DVD200 possui lentes Carl Zeiss Vario-Sonnar, display giratório

de extensão, para ser usado em gabinetes que não possuem

de cristal líquido de 2,5”, zoom óptico de 10x e zoom digital de 120x.

entrada frontal de USB.

Apresenta as funções NightShot, com sistema infravermelho para fil-

AVC: www.avcbr.com.br

magens à noite, e Super SteadySot, que diminui consideravelmente os “tremidos” resultantes da falta de prática dos usuários. Sony: www.sony.com www.importexpress.com.br

TÊNIS ANFÍBIO O tênis Pro Amphib da Salomon, marca francesa adquirida pela Adidas, promete segurança em qualquer piso. Indicado para esportes outdoor, como rapel, rafting, canoagem, trilhas e escaladas, foi construído para não reter umidade. No cabedal, aberturas em locais estratégicos permitem a ventilação, enquanto a língua integrada evita a entrada de sujeira

TELA PREMIADA

e pedregulhos. Uma tira ajustável na região do calcanhar prende o cal-

Ideal para ambientes bem iluminados, o monitor de cristal

çado aos pés mesmo quando estão úmidos.

líquido L2320A da LG pode estar conectado a vários equipa-

Além disso, o sistema Quick Fit permite amarrar o tênis apenas com

mentos ao mesmo tempo, como computador, DVD e TV a cabo.

uma puxada, conferindo rapidez e precisão no ajuste; um pequeno bolso

A tela widescreen de 23 polegadas possui resolução de 1920

na língua acomoda a fivela. A palmilha, com tratamento Agion, evita a

x 1200 pixels e baixa emissão de radiação. Com o recurso

proliferação de microrganismos causadores de mau cheiro, e o solado

PIP, é possível visualizar duas apresentações diferentes: o

Water Contagrip maximiza a tração em pisos molhados.

usuário pode trabalhar em um arquivo enquanto assiste a

SAC: (11) 3046-2925

um filme, por exemplo.

www.salomonsports.com

A caixa multimídia concentra os cabos e as conexões do monitor, evitando o emaranhado de fios. Acompanha controle remoto. Em 2003, o L2320A recebeu dois importantes prêmios internacionais de design: Prêmio IF e Prêmio Red Dot. LG: 0800-707-5454 www.lge.com.br ARC DESIGN



PUBLI EDITORIAL

FORMA

Como serão os espaços de trabalho nos próximos anos? Na tentativa de encontrar soluções que combinem produtividade, alta tecnologia e conforto, 17 escritórios de arquite-

FORMA Av. Cidade Jardim, 924 São Paulo, SP – Tel.: (11) 3816-7233 Rua Farme de Amoedo, 82A Rio de Janeiro, RJ – Tel.: (21) 2523-2949 www.forma.com.br

tura foram convidados a apresentar suas propostas na mostra Escritórios do Futuro. Ocupando 1.600 metros quadrados em dois andares de um edifício comercial em São Paulo, os ambientes da mostra foram adequados ao perfil e às atividades de seus potenciais usuários, reproduzindo espaços tradicionais de trabalho, como recepção, sala de videoconferência, recursos humanos, presidência e home office, além de locais destinados à descontração e ao convívio dos colaboradores, como clube, box de idéias e circuito motivacional. Projetos lúdicos e formais contaram com o design inteligente e o acabamento impecável do mobiliário contemporâneo comercializado pela Forma: diversas opções de estações de trabalho, gaveteiros, armários, mesas de apoio, divisórias, sofás, cadeiras e poltronas. Pensando no profissional que trabalha de forma criativa e aberta, o escritório Sidonio Porto projetou a Sala da


Presidência com estofados Brigadier, gabinete Plano, aparadores e mesas Bont, cadeira de escritório Aeron e as poltronas Swan e Eros para tornar mais dinâmico o ambientesímbolo do poder dentro da organização. Free Address, projeto de Rocco Associados, é uma sala com estações de trabalho que podem ser compartilhadas por diversos profissionais em momentos diferentes, quando precisam efetivamente estar na empresa para resolver algumas questões. Junto às bancadas, as poltronas LC2 fazem frente às banquetas e ao couch da linha Barcelona, favorecendo o diálogo. Na Sala de Videoconferência, projeto do arquiteto Arthur Casas, também é perceptível a predominância de tons neutros. Destaque para as poltronas giratórias Zapf, design anos 1970, nos quais a tônica é o conforto. Os escritórios “do futuro” caracterizam-se pela flexibilidade e pela mobilidade, com o auxílio da tecnologia, podendo até mesmo abrir mão de uma sede com endereço fixo. Porém, conforto, ergonomia, organização e praticidade sempre es-

Fotos Paulo Brasil

tarão na pauta de prioridades dos profissionais do futuro.

Aci ma, Sala de Vi de o con fe rên cia ide a li za da pelo ar qui te to Ar thur Ca sas: des ta que para as pol tro nas Zapf, design Otto Zapf (1976). Abai xo, Free Ad dress, pro je to de Roc co As so ci a dos, uti li za ban que tas e couch da li nha Bar ce lo na, design Mies van der Rohe (1929), e pol tro nas LC2, de Le Cor bu si er (1928). Na pá gi na ao lado, ima gens da Sala da Presidên cia, pro je to do es critó rio Si do nio Por to: no alto, poltrona Swan, de Arne Jacobsen (1955), esto fados Brigadier, design Cini Boeri (1971), e mesas Saa ri nen, de Eero Saa ri nen (1956); no pé da pá gi na, pol tro nas Eros, design Phi lippe Starck (2001), apa ra do res e mesas Bonte, design Cini Bo e ri (1980), pol tro na Ae ron, de Don Chad wick e Bill Stumpf (dé ca da de 1990), e ga bi ne te Pla no, cria do pela Pe li kan Design na dé ca da de 1980


O VIGOR DA ESCASSEZ Militância, solidariedade, lirismo, ironia, bom humor. Longe de ser um bloco monolítico, a gráfica cubana mostra-se multifacetada e cheia de nuances, superando a luta cotidiana pela sobrevivência, e até tirando partido dela

Francisco Homem de Melo O saudoso geógrafo Milton Santos, cidadão do mundo, acreditava que a escassez é capaz de gestar grandes idéias. Os cartazes cubanos são um bom exemplo de sua crença. Superando décadas de dificuldades de toda ordem, esses cartazes exibem um vigor incomum, especialmente para olhos acostumados a uma certa linguagem gráfica internacional que circula na esfera de influência das nações do chamado Primeiro Mundo. Isso não quer dizer que os cubanos estejam ilhados – talvez geográfica e economicamente sim, mas não do ponto de vista cultural e político. Aliás, os cartazes transpiram política. Nós, brasileiros, não estamos habituados a tantas manifestações de solidariedade internacional: Venezuela, Coréia, Síria, Porto Rico, Guiné-Bissau e Cabo Verde, é longa a lista de países que mereceram cartazes de apoio. Neles, chama a atenção a recorrência da imagem da arma na mão, com os mais diversos tratamentos gráficos. Se, para nós, imagens de armas na mão estão diretamente associadas à violência urbana, para os cubanos elas ainda traduzem as esperanças de libertação dos povos. Ainda no território da política, Che Guevara é figura obrigatória na paisagem

Acima, à direita, um lá pis cu ba no anun cia a ex po si ção ocor ri da em São Pau lo, em cartaz de auto ria de Nelson Ponce Sánchez (2003). Um povo de ar mas na mão, pron to a ma ni fes tar sua so li da ri e da de às lu tas con tra a opressão: essa é a men sa gem que se de pre en de dos três car ta zes à es quer da – de Faustino Pérez (década de 1970), Eduardo Muñoz Bachs (1975) e de autor desconhecido (1969) – e do car taz-ban dei ra, na pá gi na ao lado, de Jane Norling (década de 1970)


65 ARC DESIGN


cartazística cubana, apesar de

aprenderam a tirar partido de toda e qualquer técnica

seu uso como suvenir de expor-

artesanal de impressão, do carimbo à pichação de mu-

tação ser vez por outra motivo de

ros. Dentre elas, destaca-se a serigrafia. No início da

ironia. Mas o culto à memória do

década de 1960, nos primeiros anos pós-revolução,

herói revolucionário predomina,

tratava-se de uma serigrafia impressa em uma ou

como no belo cartaz de Alfredo

duas cores; mais tarde, à medida que o controle da

Gonzáles Rostgaard, no qual as

técnica era aprimorado, tornaram-se frequentes peças

imagens de Che, da estrela e das

impressas em 5 ou 6 cores, chegando a casos de im-

luzes coloridas fundem-se para

pressão em surpreendentes 30 cores.

indicar o caminho a ser trilhado.

Um desafio análogo ao imposto pela carência de tecno-

Mas não só de armas na mão e de Che Guevara vivem

logia gráfica se manifestou em relação à mensagem

os cartazes em Cuba. Em virtude da carência de equipa-

e ao público que se pretendia atingir. Os cartazes

mentos e materiais gráficos, os designers insulares

cumpriram importante papel na disseminação de ideais

No alto das duas páginas, dois olha res dis tin tos so bre o mes mo Che Gue va ra, mo ti vo re cor ren te da car ta zís ti ca cu ba na: à es quer da, a fu são Chees tre la-luz, de au to ria de Al fre do Gon zá les Ros tgaard (1969); à di rei ta, um Che an da ri lho-con tra cul tu ral, de Fabián Muñoz (1989). Abai xo, dois cartazes criados por Al fre do Gonzá les Rostgaard: à es quer da, destaque para a ní tida in flu ên cia da pop art (1969); à di reita, a me tá fo ra agressi va e de lei tu ra ime dia ta (1967)


revolucionários e culturais. Para que isso ocorresse de

particular da escola polonesa,

fato, eles deveriam ser claros em suas mensagens, sem

país no qual vários designers

com isso tornarem-se óbvios ou burocráticos, pois nes-

de Cuba tiveram oportunidade

se caso sua eficiência estaria tão comprometida quanto

de estudar, e da qual é exem-

se fossem excessivamente sutis. Assim, as metáforas

plo o cartaz Las Doce Sillas.

procuram combinar apreensão imediata, de modo a

Mas podemos encontrar tam-

facilitar sua assimilação, com inventividade, de forma a

bém referências à pop arte

estimular a curiosidade do público.

norte-americana, como no car-

Voltando ao tema do insulamento, os cartazes cubanos

taz comemorativo dos dez

estão recheados de referências à linguagem gráfica

anos do instituto de cinema

internacional, ao contrário do que poderíamos esperar.

cubano, e até afinidades insuspeitadas com o desenho

Nos cartazes de cinema e teatro, é possível identificar

de figuras do Nordeste brasileiro, como no cartaz de

com nitidez a presença de influências estrangeiras, em

solidariedade à Venezuela.

Abai xo, à es quer da, a pro fu são de co res do jar dim cha pli ni a no, de au to ria de Eduardo Muñoz Bachs (1968); à di rei ta, o im pac to da man cha verme lha so bre o bran co-e-pre to da ima gem fo to grá fi ca em alto-contraste, de René Azcuy (1970). A se rigra fia ain da é mu ito usa da pe los cu ba nos e foi se tor nan do mais e mais re quin ta da à me di da que o do mí nio so bre a téc ni ca foi sen do apri mo ra do


Se, para nós, o computador e a linguagem comercial são uma espécie de ambiente natural, os cubanos olham para eles com certo distanciamento. O cartaz da Semana del Diseño Grafico é exemplo dessa postura mordaz. O mouse desenhado à mão, com um pincel no lugar do rabo, revela a presença do computador, porém visto com reservas e uma ponta de ironia. A tipografia gestual confirma: o computador está aqui, mas não abandonaremos nossas trincheiras tão facilmente. E, por falar em abandonar trincheiras, o cartaz Está Seguro que Desea Salir? exibe o mesmo tom irônico, nesse caso usando o computador para comentar as seduções do ‘mundo exterior’. As tecnologias digitais nos obrigaram a repensar preO computador dá o mote para os dois car tazes: acima, de Carlos José Nuñes (1999), a pretensa objeti vidade da linguagem da máquina é subver tida, fazendo com que a pergunta banal ganhe um duplo sentido; abaixo, de Eduardo Muñoz Bachs (2001), o mouse com um pincel como rabo dei xa cla ra a con vi vên cia das vá ri as lin gua gens no de sign cu ba no

missas há muito estabelecidas, como a de que design gráfico está indissoluvelmente ligado à produção em série. Atualmente, é possível produzir peças em tiragens baixíssimas, podendo até chegar a peças únicas – sem falar na mídia eletrônica, que coloca outra ordem de fatores a serem equacionados. O engraçado é que a tecnologia digital se impôs de maneira tão absoluta que, até mesmo nessas baixas tiragens, ninguém ousa explorar possibilidades manuais perfeitamente viáveis. Aí estão os cartazes cubanos para nos dar algumas lições. Paradoxalmente, são eles que, em sua simplicidade tecnológica, nos ensinam sobre as possibilidades oferecidas pelos recursos artesanais, quando combinados com os poderosos recursos eletrônicos. Desse encontro, ambos saem ganhando. ❉ Agradecimentos: Alécio Rossi (Senac), Alfredo Gonzáles Rostgaard, Nelson Ponce Sánchez e Ruth Klotzel.

Na página ao lado, em sentido horário: no alto, à esquerda, car taz Las Doce Sil las, de Fernando Bencomo (1999), que incorpora co men tá rio me ta fó ri co fei to por meio da ilus tra ção, ca rac te rís ti co da es co la po lo nesa de design, onde vá ri os cu ba nos es tu da ram; já no Novo Ci ne ma Cu ba no, de Eduardo Muñoz Bachs (1985), a afi nida de de lingua gem é com o Push Pin, de Nova York. No car taz da peça El Pa dri ño, de Antonio Pérez Ñico (1974), a or na men ta ção ressoa o bar ro co da tra di ção es pa nho la e, para não per der a opor tu nida de, até o an ji nho está de ar mas na mão. Por fim, no car taz de Daniel Cruz (1997), o “axé” vira “aChé”, numa brin ca dei ra com a tra di ção afri ca na

68 ARC DESIGN


69 ARC DESIGN


Uma Publicação Quadrifoglio Editora / A Quadrifoglio Editora Publication ARC DESIGN n° 34, Janeiro/Fevereiro 2004 / January/February 2004

Apoio / Support:

Diretora Editora / Publisher – Maria Helena Estrada Diretor Comercial / Marketing Director – Cristiano S. Barata Diretora de Arte / Art Director – Fernanda Sarmento Redação / Editorial Staff: Editora Geral / Editor – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico / Graphic Design Editor – Fernanda Sarmento Chefe de Redação / Editor in Chief – Winnie Bastian Equipe Editorial / Editorial Staff – Daniele Rissi (Redatora) Jô A. Santucci (Revisora) Tatiana Palezi (Produtora) Traduções / Translations – Paula Vieira de Almeida

Apoio Institucional / Institutional Support:

Arte / Art Department: Designers – Cibele Cipola Milena Codato Participaram desta edição / Contributors in this issue: Angélica Valente Francisco Homem de Melo Luis Barboza Marcus Hausser Pôla Pazzanese Departamento Administrativo / Administrative Department: Fabiana Ferreira da Costa Departamento de Publicidade / Advertising Department: Ivanise Calil Rosana Guido Departamento de Circulação e Assinaturas / Subscriptions Department: Cristiane Aparecida Barboza Conselho Consultivo / Advisory Council: Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta (Fundação Padre Anchieta’s director); arquiteto (architect) Julio Katinsky; Emanuel Araujo; Maureen Bisilliat; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia (designer, expert on ergonomy); Rodrigo Rodriquez, especialista em cultura e design europeus, consultor de Arc Design para assuntos internacionais (expert on European culture and design, Arc Design consultant for international subjects) CTP: Takano Editora Gráfica Ltda. Impressão / Printing: Takano Editora Gráfica Ltda. Papel / Paper: Suzano Papel – Couché Reflex Matte (miolo – 115 g) Suzano Papel – Couché Reflex Matte (miolo – 150 g) Supremo Duo Design (capa – 250 g) Os direitos das fotos e dos textos assinados pelos colaboradores da ARC DESIGN são de propriedade dos autores. As fotos de divulgação foram cedidas pelas empresas, instituições ou profissionais referidos nas matérias. A reprodução de toda e qualquer parte da revista só é permitida com a autorização prévia dos editores, por escrito.

Arc Design – endereço para correspondência / mailing address: Rua Lisboa, 493 – CEP 05413-000 São Paulo – SP Brazil Telefones / Telephone numbers: Tronco-chave / Switchboard: +55 (11) 3088-8011 Fax: +55 (11) 3898-2854 e-mails: Administração / Administration: administarc@arcdesign.com.br Assinaturas / Subscriptions: assinearc@arcdesign.com.br Comercial / Marketing: comercial@arcdesign.com.br Direção de Arte / Art Direction: artearc@arcdesign.com.br Editora / Editor: editoraarc@arcdesign.com.br Produção / Production: producao@arcdesign.com.br

The rights to photographs and articles signed by ARC DESIGN contributors are property of the authors. Photographs for publicity were provided by the companies, institutions or professionals referred to in the articles. Total or partial reproduction of any part of the magazine is only permitted with prior, written consent by the publishers.

Redação / Editorial Staff: redacaarc@arcdesign.com.br

Cromos e demais materiais recebidos para publicação, sem solicitação prévia de ARC DESIGN, não serão devolvidos.

Internet Site:

Chromes and other materials received for publication, but unsolicited by ARC DESIGN, will not be returned.

www.arcdesign.com.br


Assine ARC DESIGN: www.arcdesign.com.br Nome

Data de nascimento

Empresa

Ramo de atividade

Endereço

Comercial

Bairro DDD

CEP Fone

Cidade Fax

Estado

e-mail

I.E./RG

CNPJ ou CPF

Data

Assinatura

ASSINATURA ANUAL 6 números da revista 1 PAGAMENTO DE R$ 80,00 2 PAGAMENTOS DE R$ 40,00 FORMA DE PAGAMENTO:

Residencial

ASSINATURA BIANUAL 12 números da revista 1 PAGAMENTO DE R$ 160,00 2 PAGAMENTOS DE R$ 80,00

Depósito em conta corrente*

Cheque

Cartão de Crédito

*Somente à vista. O comprovante de depósito deverá ser enviado com esta ficha preenchida para o fax (11) 3898-2854. Depósitos: Banco Itaú (341) - Agência 0068 C/C 56762-7

CARTÃO DE CRÉDITO:

American Express

Diners

Mastercard

Visa

Nº do cartão Validade / Para adquirir números anteriores, consulte-nos por e-mail (assinearc@arcdesign.com.br) ou por telefone (11 3088-8011) Quadrifoglio Editora: Rua Lisboa, 493 – CEP 05413-000 – São Paulo – SP – Tel.: +55 (11) 3088-8011. Fax: +55 (11) 3898-2854.

You can also subscribe to ARC DESIGN through our website www.arcdesign.com.br


EDITORIAL “From the Spoon to the City” was the theme proposed for the ICSID

in their function and to the eating habits of each culture. In the middle

Congress held in Milan in 1983. Design and architecture always – and nat-

ages, for instance, forks were flat pieces with two long dents (used only

urally – linked. Differences in scale, in projectual methodology. Even when

for cutting up) that, when started to be used at tables, had their dents

holding specific and diverse ways and purposes, both dialogue with each

reduced in size and increased in quantity, in adjustment to their new

other. And both architects and designers take advantage of such dialogue.

function. Therefore, in the 17th century, forks started to have three

In both areas the starting point is the creative impulse that, many

dents, until they reached their current shape, with four dents (around

times, makes the projector act as a designer and as an architect (from

1750), when their slight curve between the handle and the dents

Hoffmann and Mackintosh to Oscar Niemeyer, who has just designed

became a pattern. Such curve was strategic for the good table man-

urban equipments for a city in Spain...).

ners, besides allowing a better sight of what was being cut.

Therefore, “from the spoon to the city ;” everything that inhabits our

Although the shape of cutleries has been keeping its basic unaltered

quotidian is a good subject for ARC DESIGN, which contains in its own

outline, subtle variations occur according to the local culture of each

name both subjects: architecture and design.

manufacturer. The shape of spoons is a good example: in Italy, to eat

Our proposal is to always bring to the public the best expression in the

minestrone and other soups, they are deeper and have an oval shape,

three areas of creation – architecture, design and graphic design –

while Scandinavian cutlery became famous for being almost totally flat.

published with clearness, generosity of space and abundance of texts,

It is worth quoting here a sentence by Achille Castiglioni, who shows

with a conceptual view and critical perspective.

very well such cultural contrast: “Oh, the tragic little spoons from

A road in which we believe and wish to share with you.

Scandinavia, they are so positively incapable of holding up the broth!”

Oh! This issue is full of more-than-interesting articles.

Another example of a direct influence of culture in the shape of cutleries is

Enjoy it!

the Rundes Modell set, designed by Josef Hofmann in 1906. In it, there was a specific spoon for consommé, which inverted the meaning of the “shell” Maria Helena Estrada Publisher

in order to make the bringing of the liquid towards the mouth easier. Cutleries offer a large range of experimentation for designers, who may challenge their limits (and the limits of technology) and explore their sculptural aspect. The Strelka collection, designed by Marc

BIRDS OF A FEATHER FLOCK… AND EAT TOGETHER – page 16 They broach, cut, hold and pour. The design changes, but not the function. They define cultures, since their origins. Furthermore, just like chairs, they fascinate designers By the Editorial Staff

There is an Arabian saying that quotes “on mange avec la main droite,

Newson for Alessi, with double asymmetric handles, demands high technology and “a type of technical-productive virtuosity” that, on the one hand, allows the designer to explore at most his known “sculptural” style and, on the other hand, gives each cutlery piece an amazing balance when handled,” Alessi explains in its 2003 catalogue. They are not the most expensive cutlery sets of the company by coincidence; they are a series of “jewels” in stainless steel… Even the traditional Japanese chop sticks (hashi) have a luxury version!

on ... avec la gauche” (we eat with our right hand and... with the left exclaim, while an unfortunate left-handed person reached his left hand towards the salad bowl around which the Moroccan hosts were sitting. Meanwhile, in the Occident... There were hundreds of forks, knives and spoons in several sizes, with diverse functions and varied prices, and the left-handed person continued to feel unprotected, although cutleries

DESIGNED IN BRAZIL – page 24 The 2004 edition of the IF Design Award conferred prizes for eighteen Brazilian products, a number that is almost ten times higher than the one referring to awarded products last year

had more and more sophisticated designs!

By the Editorial Staff

In the medieval Europe, the silver cutlery was the center of the attention at

An unprecedented fact for the Brazilian design: eighteen products designed

the noble dinners, having even an exclusive table, so that they would not

and manufactured in Brazil were awarded at the 2004 edition of the IF

be “mixed” with other utensils. But the function continued to be neglected

Design Award, one of the most important worldwide competitions.

in behalf of the “style:” refined cutlery, hand-made by skilful goldsmiths,

The high number of awards reflects the increase of the quality of the

was considered almost a jewel to ornament the tables of the nobility.

national design and is also a result from an initiative of the Brazil-

It was only after the Industrial Revolution that cutlery became accessi-

Germany Chamber of Commerce in partnership with APEX and the

ble to a higher number of people, having their design pretty much

Ministry of Development: the Design Excellence Brazil project.

“purified” – meaning clear – in order to be suitable to the new pro-

Released in June, 2003, it was created to enlarge the visibility of the

ductive techniques and to the spirit of the time.

Brazilian product with the highest value aggregated into the external

The evolution of the shape, however, is directly linked to the changes

market. The idea is that we start exporting, besides commodities, finished

English Version

one), and that was the expression that the French people hurried to


products. “Brazil is a great exporter of commodities, and there is

question for a longer time, but there seems to exist an abyss between

nothing wrong with it; though commodities do not involve any emo-

Rio and São Paulo. It is more common to receive projects from São

tion, the customer does not even see the product, since a pattern is

Luís do Maranhão or from Goiânia, for instance, than from the neigh-

defined by the stock market. (...) We can export emotion,” minister

boring city, specially when it comes to young designers.

Luiz Fernando Furlan said, at the release solemnity of the Design

Yet, if São Paulo, with its industrial park a lot larger, does not open

Excellence Brazil project.

room to the young professionals who are, many times, competent

The project offered a support of 50 to 90% in every phase of the com-

designers, what should we say about Rio de Janeiro? What has been

petition, in conformity to the size of the company, and took care of all

observed is the expansion of the Brazilian project in partnership with the

the details of the Brazilian participation. According to director of IF in

industries from the south of the country. Sergio Rodrigues, Guto Indio da

Hannover – Ralph Wiegmann – Brazil was the first country to propose

Costa, among others, have already found niches in which they can

a collective participation.

develop their products.

The Design Excellence Brazil Project received 310 enrollments of projects

I shall end this article by suggesting the designers, those devoted to the

applying for the IF Award. After the evaluation by the Consultive

creation of objects, to read in the Italian magazine Abitare issued in

Committee, 123 projects met the requirements and signed up to the

December an article by architect, designer and critic Marco Romanelli.

competition. From those, 97 became finalists through the IF Selection

It talks about the “problematic object,” that is, the one “designed with inten-

Committee, among which 18 were awarded at last.

sity, and not only as a drop to be added to the ocean. (…) When objects

“This is a historical moment for the Brazilian design,” stated Cyntia Malaguti

achieve power and rush into the houses, it is worth recalling that even in the

– technic-consultant to the project – when she announced the result at the

choice of the small it is necessary to select and find a poetical possibility.”

FIESP auditorium, on December 10, 2003. We believe this might be the first

Romanelli goes beyond and divide the objects in conceptual categories

step towards the strengthening of the “Brazilian label” abroad.

that make their interpretation easier and “restitute the problematic den-

The official awarding will be held in Hannover, on March 18.

sity to the current universe of objects.” It is a good interpretative source that may help the designer move in this vast and accurate field of design.

BACK TO THE ORIGINS – page 28

the founders of the design education in Brazil and instigates

ARCHITECTURE TODAY II: URBIS ET ORBIS page 30

us to other brief divagations

This text is to be read while listening to Tom Jobim in his

A store inaugurated in Rio de Janeiro makes our minds recall

Maria Helena Estrada

album ´Stone Flower.’ Sit down and relax: we also are that

The first, fundamental, superior school of industrial design in Brazil –

thing. We have only been a little absent-minded, but we will

being loyal to its own name – was ESDI (Superior School of Industrial

remember quickly. It is just a matter of letting ourselves

Design). In 1962 two young men, graduated from the Ulm School, in

experience, a bit more, our potential as a nation or society.

Switzerland, which was by then an heir to the ideals of the Bauhaus

This is the low noise of the country working correctly

School, arrived in Brazil bringing a new knowledge, a “new truth.” They were Karl Heinz Bergmiller and Alexandre Wollner. Goebel

Pôla Pazzanese

Weyne and Aloísio Magalhães joined them, forming the first group of

Incredibly, Brazil experiences nowadays a type of revival. Not for our

professors of ESDI and choosing the newly-inaugurated Museum of

eyes, tired of blemishes, but face-to-face with the world. Not only in

Modern Art (MAM) of Rio de Janeiro as its headquarters.

football, but also in politics, in arts, things that we are used to depre-

Nowadays, recovering its vocation, the MAM shelters the Novo Desenho store.

ciate, for being tired of ourselves. And the eyes of foreigners see unfa-

Today there are forty-two schools of product design in Brazil. However,

miliar solutions, produced by efficacy, economy and, mainly, Brazil’s

the great quantity contrasts, in a higher or lower degree, with the lack

tropical elegancy.

of dialectic exercise (which is indispensable for creating a culture of

It is not everyday that a contribution is given to the life of a contem-

design) dialoguing with the industry – be it big or small.

porary metropolis of the size of a stadium for popular festivities, such

Concerning the selection proposed by Novo Desenho, it is possible to

as the Samba Parade venue (commonly known as Sambódromo). And

observe that the no-longer anonymous designers – the ones who stand

with a Public School inside it.

out, some already famous and awarded – opted for the road of indus-

Dutch people, for instance, have produced a systematic and fortunate

trialization. This must not be seen as a denial of the new handcraft,

interchange in the craft area.

which we admire so much and talk about frequently, however, when

We have recently been visited, at the Biennial Exhibition of Architecture

we observed the collection as a whole and attempted to answer the

and Design, by a South African delegation from Johannesburg. Its cura-

question “how does the design from Rio de Janeiro look like?” the

tor categorically asserted their effort in the study of our “modern” archi-

answer was notorious. We have been searching the answer for this

tecture, once it is the best reference of cultural and technical tropical


synthesis that they know about. And the problem there is very serious:

functions to recover a degenerated place, the Public Market of Itaqui.

how to integrate an entire nation, with its so contradictory values, his-

In Minas Gerais, a specialized space: a Dance Association. And they

tories, arts and exchange methods? It is not starting from a formal pre-

both got to reach the mixture of functions that enrich the piece of city

supposition, “style” or “composition of volumes” that they design their

where they are. In both contexts a central space, a courtyard, suggests

new society. In the social contemporary urgency, architecture acts as

a possible social acquaintance to the respective cities, at a moment

an input for the economic activity, not by the “form”, but by the stra-

when such acquaintance faces a period of crisis in our big cities.

tegic articulation of material means for the feasibility of the potential

In Minas, the courtyard integrated own activities to an educational

wealth of a nation. And it is from there that the forms for things come

dance center with courses, rehearsals and so on. An art gallery and a

up, which are not a literal apprehension of the things in the preexis-

theater for diverse presentations were built in it, producing the struc-

tent reality, supposing they are organized for the release of the support

ture of a space where the synergy of such complementary areas of art

for poverty, and not a compliment for it.

(such as the body arts and the object arts) will happen.

In Johannesburg they are not studying our ‘forms,’ but our strategies,

Yet, it integrates the contiguous mountainous forest in the gentlest way,

from which the forms come up.

while transforming the top of the building into a square, achieved by

Let us observe some conversations, among so many, about those

the adjustment of the levels and the main entrances with the unlevel-

issues, imagining that, by improving our skills, we are offering help for

ling of the ground.

other nations to improve their skills too.

In Rio Grande do Sul, the courtyard is protected by a preexistent top

We will start by the house in Minas Gerais and in São Paulo which

and opened by the withdrawal of its walls. It conforms the live-center

emphasizes this dialogue on the country, even responding the specific

of the commercial and cultural environments of the surroundings,

demands of the individualized and regional living, where the architects

and so is it transformed into an urban place, a square sheltered by

were able to find out its approach by using simple structural elements:

the embrace of the original building. Each component of the building

the appreciation of the features of the place where they are (an accu-

that refers to the original function and that may be beneficially asso-

rate understanding of the co-habiting of the contemporary Brazilian

ciated to the current ones is carefully exposed to light; which pro-

family, easily executable infrastructures that allow, however, spatial

poses to the user the occasion of “mending” the tissue of the collec-

variety). And the light, generously natural, designed with details.

tive memory, which had been shredded and, therefore, subjected to

The geomorphology of São Paulo is, in many occasions, similar to the

bad-intentioned manipulations.

one of Minas Gerais. Both are beautiful with their undulations.

In one of them History is not a fetish, in the other one Culture is not an

Therefore, the implantation is organized in search of the release of the

ornament: intelligent talk, isn’t it?

privileged views of the landscapes. And it continues to explore the

And we are still in the beginning of the design of our contemporary

strong unevenness of the grounds in order to transform them into a

democratic culture. Great beginning, as we may notice. So the world

spatial delight (now constructed) to the users. As if we could float

anxiously awaits the results.

through their several levels. In São Paulo, the office is what determines the presence of the house on the street, in a “small tube” that sneaks out the landscape like a Garrincha defending “johns.” On the grounds of Minas, there is a delicious detail: the kitchen makes part of the living room. Nowadays, besides the ‘kitchen train’ being designed for visual pleasure and effi-

THE LIGHTING AS THE PROTAGONIST – page 38 Right at first sight it announces itself: in the composition of the Enterprise Hotel, in Milan, the light is the protago-

ciently developed in a particular Brazilian way as its culinary, the rela-

nist – and as such main character, it calls attention every-

tions of domestic work were changed, and that is why it does not make

where. From the façade to the interior, at times subtle, at

any sense to separate the kitchen from the living room.

other times indiscrete, it assumes responsibility through

And, however, because they are not designed considering formal pre-

the atmosphere of each environment in the lighting design

suppositions but through the strategy already mentioned, both houses

project by Christopher Redfern

are not the same. That is why they dialogue excitedly. Likewise, the two projects of buildings with cultural intention, even

Angélica Valente

though coming from distant Brazilian states, such as Minas Gerais and

The façade is discrete, as it is suitable to the Milanese elegancy. The

Rio Grande do Sul, transpose their boundaries through similar strategies.

whole decoration transmits sobriety, and it is only the observation of

Something that has been not much regarded in the discussions on

each detail – of each source of light – that will confirm the Enterprise

regionalism in Brazil appears here. Although there are strong and

as a Design Hotel.

existent geographical and cultural bases that are typical from each

This is not a fairy-like-spectacle hotel, as it seems to be fashionable; it

place, the development of Brazil has been revealing a relatively uni-

offers, however, the “discrete charm of the bourgeoisie:” sensual colors

form social-environmental and economic background. Brazil itself is an

and tones, lots of red, exclusive materials and the accurate hand of the

entire coherent region of the world.

architect, able to approach Chinese pieces of furniture to a classical

In Rio Grande do Sul, the urban program demanded a mixture of

collection of Venini muranos.


And the simple switching-on of the lights is enough to surprise: care-

space into a music hall with perfect acoustics and illumination that

fully designed, they show all their nimbleness – and power! – in the

would host about two hundred people and offer comfort for dancing, for

composition of an environment. In this specific case, of all the envi-

eating and for the night.” A discrete intimate space made for the ones

ronments. Christopher Redfern and Cristina di Carlo made of the light-

who want to watch a concert of good music or just enjoy relaxing

ing the unifying element, the link between the objects and the spaces

moments by the end of the day.

of the hotel. In the entrance-hall, it fulfills the amplitude and smoothens

The first step towards the transformation? Walls down. It was neces-

the atmosphere. Next to the elevators, it suggests another way towards

sary to clear the area and fit the several environments in a suitable

the higher floors. In the rooms, it discretely comes up, above the beds.

way. Entrance hall, lounge, bar, stage, box seats and dancing floor find

In the bathrooms, it embraces the image in the mirror, as in an invita-

their spaces inside the quite small 650-meter square area. A distribu-

tion for vanity. Not even on the stairs it skips its presence.

tion thought over so that it would assure a privileged spot to everyone,

The pieces, especially designed for the project, might integrate the Flos

be it at the table, at the counter of the bar or by the stage.

Contract collection, which is a fact that, for Redfern, does not affect the

The choice materials – ecological leather, wood and acrylic – is a mix-

personality of the hotel. On the contrary: “The Egg chair, by Arne

ture of plastic beauty and functionality. The acoustical panels feature as

Jacobsen, was designed to furnish the lounge of the SAS Hotel, in

an ornament in orange and silver tones and are settled throughout the

Copenhagen (see ARC Design 24, page 46), in order to become a clas-

walls and ceiling. Their organic forms and strong colors are one more

sic piece of design, manufactured until nowadays by Fritz Hansen,” he

reference of contrast, now with the linearity of the furniture pieces.

comments, with a certain irony.

At the entrance, which is a type of tunnel (the only dark environment of

As for the mixture of cultural references of the decoration, Redfern

the music hall), the interference caused by the neon reproduces cos-

states that the intention was to create an environment in which each

mopolitan skylines: Paris, New York, London. And São Paulo, of course.

guest, no matter where he or she came from, could find something to

Opposite the stage, at the background, a surprise: the imposing bar-

identify with. An attempt that, considering the diversity of people that

room extends itself through the nine meters of ceiling-height, a client’s

normally visit the city, could sound pretentious. Yet with perfection the

request, an architectural deed. The background lights reflect bottles and

lighting is its partner.

glasses, while a centralized big screen, on the top, offers other angles

Meanwhile, in Brazil...

from the same sonorous scenery.

On the Brazilian market, lighting design seems to be at the edge of

Also the restrooms set apart a riddle for the meanings. At the male

leaving the still dark place it occupies. As an example, there is Rua da

one, the inside doors hold images of female breasts. At the female one,

Consolação, in São Paulo, famous for its innumerous stores of chan-

the picture of a naked male is exhibited. “I imagine this will confuse the

deliers, lamps and lights. There, among badly resolved projects, it is

ones who drink too much, but the intention is indeed this one: to tease”,

possible to find a piece that communicates, that has something more to

Brunete admits.

say, though it is up to the costumer to feature the role of prospector. At

Maybe an even more mischievous provocation might have been the

least until someone else risks indicating a clearer way!

daringness to carry out the project itself. It took a little more than 30 days from the beginning of the work until its conclusion. “Of course, considering the rush, general difficulties and a thousand changes in the

BLACK-AND-WHITE PORTRAIT – page 42

middle of the process. But, undoubtedly, the final result has astonished me.” The inauguration, in the best São Paulo night style, figured on the

Inaugurated in November 2003, the music hall City Hall

presence of famous showbiz personalities and of the remarkable voice

brought the charm of the intimate spaces to the eclectic night

of singer Maria Rita, who explored the newly-created space.

of São Paulo. ARC DESIGN interviewed architect Brunete Fraccaroli – responsible for the project – and shows, in this first “inspection,” the settings of its creation

STAFF Project by City Hall – Performance Venue

Angélica Valente / Photography by Tuca Reinés

Architecture by Brunete Fraccaroli

By looking at the images, registered in bright daylight, it seems diffi-

Contributions by Marina Chede, Camila Valentini, Luciana S. Barreiro,

cult to imagine that City Hall is a nightclub. The light enters through the

Márcia Nogueira, Vanessa Contesini, Margareth Kemechian, Carolina

side glasses and reflects itself in the neutrality of the white space with

Molinari, Daniela Albuquerque, Luis Antonio Landi, Luiz Henrique

subtle interferences of black. But this apparent audacity in assuming

Whitehead, Olívia Malfatti, Priscila Tossano, Thales Drummond and Vivian

clearness as the tone of night hides a riddle that is revealed by night-

Garcia.

fall: it is transformed into the support for the illumination. Blue, red,

Acoustics by Acústica & Sônica

green, lilac: the lights take their places and the show begins.

Stage Setting by Cineplast

“The contrast is the starting point of this project,” architect Brunete

Lighting by DL Sounds by Loudness and Luciano Julião

Faccaroli explains. “My challenge was to transform that very little


MOVELSUL BRASIL AND A CASTLE OF PARALLEL EVENTS page 50 The city Bento Gonçalves, situated in the mountaineous region of Rio Grande do Sul, is the headquarters of Movelsul Brasil, the most important furniture fair in Latin America, which also

kitchens, upholsterings, bathroom furniture, complete bedrooms, beds, bunk beds, shelves, racks, children’s line and complements. There is also the presence of hardware industries – the great discovery, which contributed for a definitive upgrade of the wardrobes and cupboards. What a difference to the same fair of past years, from the badly-varnished old wood, from the decorative cuts! Today it is a pleasure to visit Movelsul, even though some manufacturers still insist on upholsterings and pleats,

shelters the prestigious Salão Design – a contest and exhibi-

and some do not believe that we are already in the 21st century.

tion of design with the same approach

Another phenomenon that may be observed in the industry from Rio

Maria Helena Estrada

The region of Bento Gonçalves stands out for two main activities, the production of wine and the treatment of wood, which are direct heritages from its colonizers – serious people, devoted to work, in search of their ideals, proud of what they produce. The Italian immigrants of Bento Gonçalves came from the region of Veneto with a stablished tradition of viniculturists... and some seeds in their pockets. They found a microclimate that was similar to the climate of their native land, giving scope to the production of the best wine in the country – the only one to receive the name DOC, of a controlled origin. By analogy and justice, it may be said that the furniture produced in that region is also DOC. By tradition and vocation, Bento Gonçalves produces wooden furniture. Its history, however, is distinct from the one of São Bento do Sul (situated in the Brazilian state of Santa Catarina), for instance, whose production started to be appreciated by importers attracted by the price and quality, without having a specific amount added to the final product, because the design was brought by the buyer. The furniture industry of Bento Gonçalves was founded in 1967, directed to the Brazilian market. It only started exporting in the beginning of the ‘80s. That was when it understood that, without the contest of designers, which updated and gave personality to its products, the prices would continue to be unsatisfactory. Once it was aware of the importance and necessity of design as an aspect of appreciation of the product, the furniture industry of the region took hold of the leadership that makes it remarkable nowadays. Movelsul is a mirror of that reality. The first edition of the fair, which is a biennial exhibition, was carried out in 1977, with 24 exhibitors and a lot of courage. In its 13th edition, in 2002, organized by Sindmóveis from Bento Gonçalves, that number increased to 414 companies, in an area of 50,282 square meters! Twelve Brazilian states participated of it and the volume of business was exactly R$32,500, with importers from 53 different countries. By

Grande do Sul is the increasing diversification in the unique use of wood, especially for closets and doors, also produced in aluminum with glass or acrylic. The Salão Design, in its 9th edition, with over 1,000 projects signed-up this year, contributes a lot to such evolution. This year Movelsul Brasil extends until the Castle of the Brunello Destillery, built in 1963, but settled on faraway roots, at the native land of its owners’ ancestors, in Conegliano, northern Italy. The Castle is a facsimile of the Castello Vecchio, situated in that city. Transformed into the Movesul Castle, with twenty thousand square meters of culture and entertainment area, it will have an auditorium, a restaurant, a space for tasting cheese and wine from the region, and a tunnel of design, which will exhibit national and international products, show trends and shelter pieces of the Salão Design. There is an estimation of thirteen thousand people to visit it. In the words of César Cini, president of the fair, “It is essential to approach design with the attention it deserves. Movelsul Brasil is committed with not only giving scope to the discussions on the subject, but also with creating spaces for the creativity of the professionals of design and for the quality of their projects to meet up with the national furniture sector.” The Movesul Castle, which will be open from 6:00 to 24:00 pm, will carry out the international seminar Design, Distribution, Internationalization: Three Success Factors in the Furniture Industry. Three themes will be approached, by Italian and Brazilian lecturers. From Italy, there will be designer Marco Ferreri; economist Aurelio Volpe, one of the founders of Csil ; and etrepreneur Rodrigo Rodriguez, who is an expert in furniture internationalization. From Brazil, there will be designers Guto Indio da Costa and Charles Bezerra, among others. The Castle, situated 2,500 meters from the fair’s headquarters, will also present music shows, becoming an epicentre that will not only serve the culture, entertainment and gastronomy, but also allow the entrepreneurs coming from all over the world and the Brazilian designers to meet one another, creating a new synergy.

the end of this issue, 381 companies had confirmed their participation at Movelsul 2004. According to the information provided by Sindmóveis from Bento

PUBLI FORMA – page 62

Gonçalves, the local furniture industry profited R$ 866.00 million in

How will the working spaces look like in the next years?

2002 and, in 2003, the profit was R$852.00 until November.

Attempting to find solutions that combine productivity, high technology

The fair exhibits releases that each year have a bigger influence of

and comfort, seventeen architecture offices were invited to present their

designers collaborating directly with the industries, factory-floor design-

proposals at the exhibition Escritórios do Futuro (Offices of the Future).

ers, determining straight smooth lines that are suitable to contemporary

Occupying 1,600 square meters in two floors of an office-building in

environments. There are chairs, dining rooms, offices, pantries,

São Paulo, the exhibition environments were fit to the profile and activities


of their potential users, reproducing traditional working spaces, such

Alfredo Gonzáles Rostgaard, in which the images of Guevara, of the

as reception, videoconference room, human resources, presidency and

Cuban star and of the colorful lights are mixed in order to indicate

home office, besides specific places for the acquaintance and relaxation

the road to be followed.

of the contributors: clubhouse, box of ideas and motivational circuit.

But not only hands holding guns and Che Guevara feature in Cuban

Ludic and formal projects counted on the intelligent design and the impec-

posters. Due to the lack of equipment and graphic materials, the insu-

cable finishing of the contemporary furniture commercialized by the store

lar designers learned how to take advantage of each and every print-

Forma: several options of work stations, built-in chests of drawers, cabi-

ing craft technique, from the stamps to the walls painted with graffi-

nets, supporting tables, partitions, couches, chairs and armchairs.

ti. Among them, serigraphy stands out. In the early 1960’s, in the

It was thinking of the professional that works in a creative and open

first post-revolution years, there was a type of serigraphy printed in

way that the office Sidonio Porto projected the Presidency Room with

one or two colors. Later, as the control of the technique was

Brigadier upholstering, Plano cabinets, Bont sideboards and tables,

improved, what started being used with frequency were printed

Aeron office-chairs and Swan and Eros armchairs to assure dynamism

pieces in five or six colors, which lead to cases of printing in sur-

to the environment-symbol of the power inside the company.

prising thirty colors.

Free Address, designed by Rocco Associados, is a room with worksta-

Likewise, a challenge imposed by the lack of graphic technology was

tions that may be shared by several professionals at different

manifested in relation to the intended message and to the aiming

moments, when they effectively need to be at the company to solve

audience. The posters played an important role in the dissemination

some issues. Next to the workbenches, the LC2 armchairs are opposite

of revolutionary and cultural ideas. In order for that to really happen,

the Barcelona stools and couch, making the conversation easy.

they should be clear in their messages, without becoming obvious or

At the videoconference room, a project by architect Arthur Casas, the

bureaucratic, for in this case its efficiency would be as exposed as if

predominance of neutral tones is also perceptive. The sliding chairs

they were excessively subtle. Therefore, the metaphors aim at com-

Zapf, designed in the 1970’s (in which comfort was the main aspect),

bining immediate apprehension, in a way that it facilitates their

may be highlighted.

assimilation, with inventiveness, in a way that it incites the curiosity

The offices “of the future” may be characterized by their flexibility and

of the audience.

mobility, with the help of technology, being able to even renounce

Returning to the insulation subject, Cuban posters are full of refer-

headquarters with a fixed address. However, comfort, ergonomics,

ences to the international graphic language, unlike what we could

organization and practicalness will always compose the priority guide-

expect. In theaters and movie posters it is possible to clearly identi-

lines of the professionals of the future.

fy the presence of foreign influences, especially coming from the School of Poland (where several Cuban designers had the opportunity of studying), whose poster “Las Doce Sillas” is a good example.

CUBAN POSTERS SCARCITY VIGOR – page 64

But we may also find references to the North American pop art, as

Francisco Homem de Melo

in the poster that celebrated the ten years of the Cuban cinema insti-

Nostalgic geographer Milton Santos, a citizen of the world, believed

tute, and also countless unsuspicious aspects with the drawing of figures

that scarcity is able to conceive great ideas. Cuban posters are a

from the Northeast of Brazil, as in the poster of solidarity with Venezuela.

good example of his belief. Overcoming decades of all types of diffi-

While, for us, computer and commercial languages are a type of nat-

culties, such posters exhibit an uncommon vigor, specially for eyes

ural environment, the Cuban look at them with a certain distance. The

used to a certain international graphic language that is diffused in the

poster of the Semana del Deseño Grafico (Graphic Design Week) is

influence area of the nations belonging to the so-called First World.

an example of such mischievous attitude. The hand-designed mouse,

This does not mean that Cuba is isolated – maybe only geograph-

with a brush placed on its tale, reveals the presence of the computer,

ically and economically, but not from the cultural and political point of

though seen with specific details and a little bit of irony. The gesture

view. By the way, such posters emit politics. We, Brazilians, are not

typography confirms: the computer is here, but we will not abandon

used to so many manifestations of international solidarity: Venezuela,

our shelters so easily. And, by the way, the poster “Está seguro que

Korea, Syria, Puerto Rico, Guinea-Bissau and Cape Verde make part

desea salir?” (Are you sure you wish to leave?) exhibits the same

of the long list of countries that deserved posters of support. What

ironic tone, in this case with the use of the computer to comment on

draws the attention in them is the reappearing of the hand-holding-a-

the seductions of the “exterior world.”

gun image, with the most varied graphic treatments. If, for us, images

Digital technologies oblige us to rethink about premises that have

of hands holding a gun are directly associated with urban violence, for

already been long established, like the one that says that graphic

Cuba they still translate the people’s hope for freedom.

design is indissolubly linked to mass production. Nowadays, it is pos-

Still in the political range, Che Guevara is an obligatory figure in the

sible to manufacture pieces with very low productions, which may

Cuban poster landscape, although its use as an exportation souvenir

also include unique pieces – not to mention the electronic media,

is occasionally a reason for irony. But the veneration of the revolu-

which adds another range of aspects to be considered. The funny

tionary hero’s memorial predominates, as in the beautiful poster of

thing is that digital technology has imposed itself in such an absolute


way that even in those low productions nobody dares to exploit per-

NATIONAL STADIUM – BEIJING, CHINA

fectly feasible manual possibilities. Cuban posters are there to give

It will be the main stadium of the 2008 Olympic Games.

us some lessons. Contrarily, they are the ones that, with technologi-

Two different parts compose the stadium: the stands are structured in

cal simplicity, teach us on the possibilities offered by the craft

concrete, while the sliding roof is supported by a metallic structure that

resources, when mixed with the powerful electronic resources. From

involves the entire stadium, being responsible for its final volumetry.

such mixture, both take advantages.

The conception of this second structure was based on a bird’s nest: the metallic “branches” support one another in a type of “spatial grate” that integrates façades, stairs and roofing.

HERZOG & DE MEURON REINVENTING THE MATTER

Just like birds stuff the spaces between the woof of twigs of their nests with a soft filling, the spaces in the metallic structure will be fulfilled with soft material: two layers of translucent membranes. On the roof,

Born in Basel (Switzerland) in 1950, Jacques Herzog and

the external layer makes the ceiling resistent to bad weather, while the

Pierre de Meuron graduated from the Federal Technical

internal layer works as an acoustic ceiling inside the roofing’s struc-

University of Zurich in 1975 and, three years later, founded

ture. The translucent membranes of the façades will be assembled in

their office in Basel.

the interior of the metallic woof only where necessary, preserving the natural ventilation of the stadium.

Winners of the 2001 Pritzker Architecture Prize, Herzog &

At the entrance, the visitors will pass over the metallic structure and

de Meuron have projects in England, France, Germany, Italy,

enter the wide ambulatory that surrounds the stadium, from where

Spain, Japan and, of course, Switzerland. Besides the main

they may access the stairs to reach the three stand rows.

headquarters, in Basel, the office holds brenches in London,

The construction started in December 2003 and will probably be con-

Munich and San Francisco, with about 120 employees.

cluded in December 2006.

The understanding between one another overcomes the simple partnership to assume a symbiotic aspect :

FORUM 2004 BUILDING AND PLAZA – BARCELONA, SPAIN

“Jacques’s strengths are my weaknesses, and his weak-

Center of the Universal Forum of Culture, which will be carried out in

nesses are my strengths,” Pierre de Meuron says.

May this year, is a building located at the end of Diagonal Avenue where it meets the Mediterranean coast and faces a 6-hectar plaza.

Furthermore, they are characterized by the frequent col-

The program includes an auditorium with 3,200 seats, exhibition

lab oration with other professionals, especially plastic

areas, offices and a restaurant.

artists, in the conception of the projects.

The building is distinguished from others by its height: the surround-

A strong aspect of H&dM’s work is the exploration of the

ing constructions are very high, while Herzog & de Meuron’s building

“skin”of the building in the most varied ways, in conformity

is flat, a large board that “floats” over a space where people may meet and walk through the solid transparent tubes that form the structure.

with the project, always taking advantage of new tech -

The proposal of a triangular plan expresses the specific localization of

nologies, be it in the obtainment of new materials or in the

this place between the peripherical streets of the orthogonal plan of

innovative applying of a material that is already known.

Cerdà and Diagonal Avenue.

Associated with that fact is the development of a new conceptual approach that is specific for each work. “It gives

PHILARMONIC HALL – HAMBURG, GERMANY

us the freedom to reinvent architecture with each new pro-

The project by Herzog & de Meuron rises over a large preexistent

j ect rather than consolidating our style. It also means that

building - The Kaispeicher - designed by Wener Kallmorgen and built

we are constantly intensifying our research into and with

between 1963 and 1966, used as a warehouse for cocoa beans until

materials and surfaces, sometimes alone, sometimes in

the end of the 20th century. Its strong structure will receive only small reinforcements: the load that the warehouse once carried inside will

combination with various manufacturers and laboratories,

now rest on top.

with artists and even with biologists,” they reveal.

The new building resembles a tent suspended over the old warehouse

Herzog complements: “We research materials and surfaces

– “its waves evoke the music’s movement,” the architects explain – and

with intensity. (...)We look for materials that are as intelligent,

will shelter not only music halls, but also an entire residential and cul-

as virtuoso, as complex as natural phenomena; materials that

tural complex building. The two central spaces – a concert hall for 2,400 people and a chamber music hall for 500 people – will be

not only tickle the retina of the astonished art critic, but that

“packaged” by a 5-star hotel with 200 rooms, restaurants and con-

are really efficient and appeal to all of our senses.

vention areas, as well as 31 luxurious flats.


A dramatic series of escalators, forming a diagonal thrust through the

Besides that, the area chosen for the building was located in

entire warehouse, will transport the visitors up to the plaza at the top

Omotesando, the “fashion district” of the Japanese capital, where the

of the warehouse, the main public space of the new complex building.

main international brands are, with buildings designed by famous

Restaurants, bars and the hotel lobby are next to this plaza, which also

architects around the world, like Tadao Ando, Kenzo Tange, Kazuyo

provides acess to the two concert halls. The flats are located on the

Sejima and Toyo Ito. In such context, it was extremely important that

west border of the complex building and are accessed from the street

the building would stand out, which explains its “visceral and immedi-

and from the building’s parking lots.

ate impact” (Herzog) towards the visitor. On the other hand, the high density of the surroundings yielded the decision of keeping an open area, a type of square, which “punches”

CONSUMPTION AND PERFORMANCE

the dense constructed mass around the building. A generous attitude – if we consider the enormous price of the square meter in Tokyo, espe-

In the Prada building, inaugurated a few months ago in Tokyo,

cially in this region – but also rational, once the great potential of the

Herzog & de Meuron combine high technology, conceptual

square as a meeting point makes the building even more attractive.

accuracy and… fictitious atmospheres, which make the visi-

A “tail” covered by moss leaves the building and surrounds the square,

tors “indulge” while they are consuming

“protecting it” from the surroundings. In that way, as the building is more exposed and visible, the square is a more reserved space.

Winnie Bastian

With visual connections between the floors, the inside of the building is

A building that “breathes,” has a structure that resembles a tree, and

fluid, which makes the visitor percept it as a continuous space. All the

is externally covered by moss: almost a “living organism.” That is how

pavements are “cut”, in different positions, by large horizontal tubes,

we could briefly describe the latest project designed by Swiss architects

important elements in the spatial and structural organization of the

Jacques Herzog & Pierre de Meuron.

project. These tubes are like caves, with a “relief” that was intention-

Famous throughout the world by the mastery of their works, like Tate

ally designed in order to create an intimate and light atmosphere. The

Modern (London), inaugurated in 2001, Herzog & de Meuron usually

dressing rooms are at the edge of the tubes, between glass walls that

make use of uncommon constructive solutions, exploring in a surpris-

alternate transparency with total opacity.

ing way old (or already known) materials or utilizing new techniques

The tubes also work as “telescopes,” once in such spaces the window

to transform the surface of these materials.

of the façade is translucent, with small transparent sections that draw

In the case of the Prada building, H&dM opted for the vigorous use of

the attention of people to specific points of the city around the building.

materials that are intensely used in the civil construction, such as glass

It is interesting to note that this is the first building by Herzog & de

and metallic structure, but with a never-seen handling: the five façades

Meuron in which structure, space and façade form one single unity,

are composed by a metallic rhomboid grate completed with plain, con-

which means that, except for the glass, each visible part of the build-

cave and convex glass plates. Such alternation of forms transmits the

ing is structure, space and façade at the same time.

impression that the building is breathing. The steel grate, however,

Another aspect that deserved some highlight was the use of informa-

does not work only as an optic or plastic effect; it is an effective part

tion technology, resulting into two main applications: on the projections

of the structure.

carried out over the “tubes” – to differ them from the other spaces –

Along with glass and steel, there is a strange element to the architec-

and on the Snorkels, elements that transport images, sound and light.

tural world: the moss, which H&dM utilize as a part of the external

As they may be used for different purposes, each Snorkel has specific

covering of the building.

screen characteristics, form and/or size. The Snorkels also work as

A statement of Herzog during the delivery of the 2001 Pritzker

injectors of sound in the tubes, causing an intimate space, acoustically

Architecture Prize makes the intention of exploring the use of the mate-

isolated from all the rest of the environment, and with an atmosphere

rials clear: “The material world is what we deal with - we try to under-

completely different from the atmosphere of the rest of the building. It is

stand what matter is. What it means and how we can use it in order

perfect for consumers’ relaxation... and willingness to shop around. After

to enhance its specific qualities. The methods we use to print on con-

all, a store is a store, and it must aim at its first goal: to sell. Even if the

crete, for example, are a product of our research. (...) We are also

scenery is the spectacular architecture created by Herzog & de Meuron.

interested in the mosses and lichens that grow on the surfaces of stones. They are an indicator of the air quality and their color is spectacular, so bright, so beautiful that it almost blinds you.” The conceptual aspect of the project for the Prada store in Tokyo was outlined by the surroundings of the building, densely constructed and very heterogeneous. Such heterogeneousness freed the architects from any contextual demand allowing them to opt for a narrow and tall building, extremely visual, with a sculptural form that is easily recognizable.


Não é hora de arriscar! Pavilhão da Bienal

São Paulo | SP

Mais de 1.500 Expositores | Mais de 300.000 Visitantes Mais de R$ 1 bilhão em negócios realizados!

Junte-se à Liderança! Só falta você!

OBRIGADO

73% da Feira já vendida

SONEX

* Logos somente das empresas participantes que autorizaram.

Abril de 2004

Participe do evento que há 10 anos lhe garante o melhor resultado

BRASIL!!

Apoio Oficial

Realização

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR

www.flexeventos.com.br comercial@flexeventos.com.br (11) - 3266-5988




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.