R$ 14.00
MILANO DESIGN WEEK
Nº 36 QUADRIFOGLIO EDITORA
ARC DESIGN
Nº 36
2004
2004
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
NORMAN FOSTER TORRE DA SWISS RE E MAIS... NORMAN FOSTER THE SWISS RE TOWER AND MORE...
ESCRITÓRIOS DO FUTURO NO BRASIL E NO EXTERIOR OFFICES OF THE FUTURE IN BRAZIL AND ABROAD
EVENTO INTERNACIONAL DE DESIGN GRÁFICO: FRONTEIRAS INTERNATIONAL EVENT ON GRAPHIC DESIGN: FRONTIERS
Romântica e nostálgica, mas fortemente expressiva, essa parece ser a alma de Tord Boontje, designer holandês radicado em Lon dres. Um nome novo no Acima, imagem da capa: detalhe de luminárias criadas pelo designer Tord Boontje (no alto, à direita). Abaixo, diversos momentos da instalação de Boontje no showroom Moroso, durante a Semana do Design de Milão. No pé da página, detalhe de tecido cortado a laser
de sign internacional, seu trabalho se realiza na fronteira entre o design e o artesanato – e o resultado de suas pesquisas tem alguma si mi la ri dade com o fazer brasileiro. Seu processo criativo, no entanto, utiliza recursos tecnológicos mais sofisticados. Boontje nasce em 1968 e, em 1986, entra para a Design Academy, em Eindhoven, Holanda, onde se forma em 1991. Em 1990, trabalha em N. York e, em 1991, no Studio Alchimia, em Milão. Em 1992, muda-se para Londres onde cursa o master do Royal College of Arts, até 1994, tornando-se, em 2000, professor nessa escola. Em 1992, conhece a artista Emma Woffenden, sua parceira desde então. Seus projetos mais conhecidos são a coleção TranSglass, de 1997, copos e jarras feitos a partir de garrafas reaproveitadas; o mobiliário Rough and Ready, de 1998, feito com ripas de madeira; a luminária Wednesday, de 2001, na qual uma guirlanda de aço inox cortada a laser envolve uma lâmpada; projetos de lustres para a Swarovski. Atualmente, trabalha no projeto Inflorescence, no qual um computador é programado para produzir, de modo aleatório, desenhos florais. Está também adaptando seus objetos produzidos em séries limitadas para uma produção em larga escala, que será distribuída pela Habitat. Durante uma exposição de design brasileiro na loja Selfridges, em Londres, a convite do British Council, Boontje apresentará uma luminária feita com flores fixadas em um suporte de crochê e realizadas pelas artesãs da Coopa Roca, cooperativa da favela da Rocinha, RJ.
Edição anual do Salão do Móvel de Milão, que hoje, em virtude de seu enorme crescimento, passou a se chamar Milano Design Week. “O que você achou do Salão este ano?”, é a pergunta geral. Bem, é uma triste verdade, mas achei menos rico de idéias... e de investimentos por parte das empresas. O sistema design, na Itália, continua imbatível, mas o país parece estar produzindo menos criadores de talento e mais temeroso, como o mundo todo, parece claro. A hora e a vez do design brasileiro? De nos aventurarmos com mais qualidade e coerência no cenário internacional, visto que já o influenciamos tanto? Em contrapartida, graças à força do setor moveleiro na Itália, a Semana do Design está cada dia mais interessante, seja pela contaminação com outros segmentos, como o da moda e o da gastronomia, seja principalmente pela organização dos diversos seminários, sempre ricos em conteúdo. No cômpito geral, um Salão, como sempre, imperdível. Norman Foster, sua obra também é imperdível nas páginas de ARC DE SIGN! Com destaque para o Swiss Re, Londres, seu projeto mais recente, e uma visão geral de sua arquitetura. Es cri tó ri os. Co nhe ça tudo o que o fu tu ro nos re ser va, das idéi as aos mó veis, com des ta que es pecial para um artigo do famoso sociólogo Domenico De Masi. Nesta edição, da capa à mostra realizada em São Paulo, torna-se flagrante o avanço do design inglês, mesmo que nem sempre produzido no próprio país. Seus criadores estão se tornando a vanguarda criativa no mundo. No campo do design gráfico, o Brasil também sediou a Design Week realizada pelo Icograda (International Council of Graphic Design Associations). O tema escolhido – fronteiras – orientou os debates e as palestras de designers de diversas nacionalidades. Aproveitem.... e boa leitura. Maria Helena Estrada Editora
Como todos os anos, ARC DESIGN esteve em Milão, Itália, para o Salão do Móvel, maior e mais importante evento do gênero no mundo. Leia – e veja – tudo sobre os lançamentos da feira, nos quais destacaram-se as transparências e o decorativismo
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Pouca tecnologia e muita criatividade marcam os projetos dos jovens designers no Salão Satélite e nas mostras “fora-salão” durante a Milano Design Week
DESIGN PARA COMUNICAR
Winnie Bastian
UMA LIVRE CIRCULAÇÃO DE IDÉIAS
Maria Helena Estrada
DAS JÓIAS AOS FALSOS BRILHANTES
Maria Helena Estrada
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O jovem Sam Buxton revela o novo design inglês em exposição organizada pelo British Council no Museu da Casa Brasileira, São Paulo
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
NEWS
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nº 36, maio/junho 2004
PUBLI HP
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Premiado no Concurso de Arquitetura Corporativa da 10ª Office Solution, o novo escritório da Alcoa destacase por soluções espaciais eficientes e uso criativo do alumínio
Coletânea de ar tigos
ESCRITÓRIOS EM PERSPECTIVA
Winnie Bastian
MESTRES DA ARQUITETURA NORMAN FOSTER
ICOGRADA
Paulo Moretto
AS VÁRIAS FACES DO ALUMÍNIO
Da Redação
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SUPLEMENTO ESPECIAL
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Sociedade e economia influenciando o design. Na Icograda Design Week, palestrantes de di ver sos paí ses ex põ em suas obras e discursam sobre o tema “Fronteiras”
Com cerca de 260 prêmios e citações por excelência, a impor tância do escritório Foster and Partners é indiscutível. Aprecie o traba lho desses profissionais, criadores de novos paradigmas na arquitetura contemporânea
Os espaços de trabalho não são mais os mesmos. Nem poderiam. Domenico De Masi, Charles Bezerra, Izabel Barros, Giorgio Giorgi e Maria Helena Estrada falam dos novos tempos
PUBLI GIROFLEX
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EXPEDIENTE
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ENGLISH VERSION
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ACERBIS
ACERBIS
arq_design dupla2
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S.C.A. Ambientes Planejados.
CASA COR RS 2003 - ARQ. EDGAR CASAGRANDA - FOTO ROALI MAJOLA
Mรณveis que combinam com o seu estilo
Fรกbrica: [54] 2102 2200 | RST 470 Km 220 | Bento Gonรงalves | RS | www.sca.com.br
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PARECE ALUMÍNIO Quem olha de cer ta distância pensa que é alumínio de verdade. O laminado decorativo Metalic, lançado pela Formica durante a Feicon 2004, tem finalidade de uso exclusivo em revestimentos verticais. Pode ser encontrado nas linhas Formica Standard e Formiwall. Na linha Formica Standard, o Metalic apresenta grande resistência ao desgaste, ao calor, ao impacto e às manchas. Ideal para revestir móveis residenciais e comerciais, além de poder ser aplicado em por tas e divisórias, ele possui super fície não-porosa, facilitando a limpeza e manutenção. O Formiwall no padrão Metalic foi desenvolvido especialmente para o revestimento de paredes, permitindo a elaboração de projetos diferenciados para residências, shoppings, hospitais e construção civil em geral. Altamente resistente e antialérgico, pode ser utilizado sobre alvenaria, azulejos, gesso acartonado, compensado e chapas metálicas, entre outros materiais. Formica: 0800-193-230 www.formica.com.br
AS CORES DA MODA Após uma cuidadosa análise sobre as tendências das cores em diferentes áreas (arquitetura, design, moda, tecnologia, natureza, cultura popular e associações de cores), um grupo de profissionais da Tintas Coral desenvolveu o Colour Futures
VARIEDADE DE MATERIAIS
2004 – Tendência Internacional de Cores.
Depois de analisar os desejos e as preferências de seus clientes,
Divididas em oito famílias – vermelhos, laranjas, amarelos,
com base em resultados de pesquisas internas e externas, a Saccaro
neutros, verdes, azuis, violetas e frios –, sem contar a famí-
estréia sua coleção 2004/2005. O grande diferencial é o mix de pro-
lia dos brancos, exclusiva da versão brasileira, as cores do
dutos que promete agradar a diferentes perfis de consumidores.
estudo ajudarão a decorar ambientes internos e externos,
Assinadas pela equipe de profissionais do Studio Saccaro e por
conforme as tendências do período e as sensações deseja-
designers convidados, como Ana Revello
das. O azul-turquesa, por exemplo, tom escolhido para este
Vazquez, Renato Sólio, Roque Frizzo e Lúcio
ano, representa vitalidade e espiritualidade, proporcionando
Cabral de Albuquerque, as novas linhas
calma e conforto.
destacam-se pela diversidade de materiais
Nos livros de consulta disponibilizados nos principais pon-
empregados: madeira maci-
tos-de-venda do país, encontram-se, além do Language of
ça, fibra natural ou sintética,
Colors (sistema tintométrico que permite a criação de mais
aço, alumínio, vidro e couro,
de 6 mil tonalidades para o tingimento de tintas, esmaltes e
entre outros.
vernizes), materiais de sinalização que informam a presença
À esquerda, a cadeira Soma,
do Colour Futures 2004. Dessa forma, não há mais desculpas
em madeira e fibra natural,
para pintar a casa inteira de branco...
design Studio Saccaro.
Tintas Coral: 0800-11-7711 www.tintascoral.com.br
Saccaro: (11) 3043-9136 www.saccaro.com.br
UM OLHAR INÉDITO SOBRE TENDÊNCIAS
LANÇAMENTOS ROCA
Como é possível pretender que São Paulo e Rio de Janeiro
Cada vez mais a cerâmica tem
sejam pólos internacionais de moda se continuam a depender
sido utilizada como acabamen-
das tendências lançadas por outros centros? Situações assim
to, inclusive em ambientes so-
contraditórias fizeram o sociólogo Dario Caldas refletir sobre
fisticados. A Roca aposta nessa
o tema “Tendências” e concluir uma obra que promete virar
tendência trazendo novidades
referência na área de design, moda e beleza: “Obser vatório
como a metalização e a repro-
de Sinais – Teoria e Prática
dução de pedras brutas e poli-
da Pesquisa de Tendências”,
das. A linha Hércules (acima), produzida em porcellanato tuttomassa
recém-publicado pela Editora
(técnica empregada para que a peça permaneça com a mesma
Senac Rio.
coloração na base e na superfície), lembra a pedra lavrada, caracte-
Segundo o autor, esse é um
rizada por sua rusticidade. Disponível nas cores areia, ocre e telha,
assunto estratégico, já que o
seu uso é aconselhado em banheiro, lavabo, copa, cozinha, salas,
Brasil precisa firmar uma iden-
áreas comerciais internas, churrasqueiras, lareiras, além de escadas
tidade própria para seus pro-
e acabamentos especiais como rodapés, pois possui ampla variedade
dutos e bens culturais. “Estudar
de acessórios, trabalhados especialmente em formato 31 x 31 cm.
as tendências somente pelo
Já o revestimento Elda, com textura acetinada e decoração espatu-
viés mercadológico é uma forma de análise equivocada.
lada, é indicado para banheiro, lavabo, copa e cozinha. Está sendo
Deve-se considerar uma aproximação concreta com os in-
comercializado nas cores amarela, azul, branca e verde.
divíduos, seus gostos e valores culturais. Criatividade,
Roca: 0300-789-6700 www.incepa.com.br
identidade e desejo fazem parte desse processo. A moda reflete a evolução da mudança desses valores”, afirma. Autor de outros dois títulos também no campo da moda (“Homens” e “Universo da Moda”), Dario Caldas traz novos pontos de vista, discutindo, entre outros itens, a responsabilidade dos meios acadêmicos na formação e perpetuação de conceitos equivocados. www.rj.senac.br
QUALQUER ESTILO Chega ao mercado de cama, mesa e banho a nova coleção Novatis, produzida pela Karsten. São três linhas com características peculiares. A Lounge, com presença marcante do linho, lembra o artesanal e apresenta-se em cores neutras e clássicas. Na Loft, o urbano preva-
DE ESTUDANTES PARA ESTUDANTES
lece em tons cáqui, vermelho e preto (como no jogo de cama abaixo).
Disponibilizar a universitários e recém-formados da área de
Por fim, as rendas e
design uma revista eletrônica com assuntos pertinentes à
transparências mar-
profissão. Essa é a proposta da revista virtual criada por
cam a linha Mariage.
Barbara Formagio e Thiago Mano, estudantes de Desenho
Karsten: 0800-47-3737
Industrial da UniverCidade, no Rio de Janeiro.
www.karsten.com.br
Com a ajuda de alguns colaboradores, a dupla comemora a segunda edição da De2ign, que traz matéria sobre fotografia, entrevista com os irmãos Campana, discussão a respeito da ética no design e dicas de profissionais, entre outras notícias interessantes. www.revistadesign.com.br
ARTESANATO E DESIGN O artesão Pedro Petry utiliza a madeira desprezada pela natureza para esculpir vasos e outras peças. O designer Francisco de Almeida é conhecido por suas luminárias com linhas orgânicas. O casamento entre os dois trabalhos deu origem à nova coleção da Orro & Christensen: Luzes da Floresta. Os vasos ser viram de inspiração
VESTINDO O DESIGN
para a linha Pyrus (palavra em
Parece não haver limites para as criações de Fernando e
latim que significa pêra), cujo
Humberto Campana. Profissionais respeitados e valorizados
destaque é o pendente Pyrus Peneira (acima), um “vaso” de madeira
tanto no mercado nacional como no internacional, os irmãos
repleto de pequenos furos, por onde vazam fios de luz. Nesse modelo,
estão começando a desbravar outro território promissor:
foram usadas lâmpadas de flúor compactas, adequadas ao material.
moda! Abusando da criatividade e do talento característicos,
Outra novidade da Orro & Christensen é a inauguração da Oficina de
os designers lançam a linha Campanas: Para Vestir.
Projetos. Sob a coordenação de Nagib Orro e suporte técnico de uma
Composta por camisetas e diversos acessórios femininos, a
equipe especializada, talentos do design – desde iniciantes até
novidade é inspirada nas aclamadas coleções Ninho e Sushi.
arquitetos e decoradores sem uma estrutura produtiva – têm a
Remetendo à Ninho, o alumínio anodizado trançado aparece
oportunidade de desenvolver produtos ambientalmente corretos.
em chaveiros, pulseiras e colares. A originalidade da Sushi
Se a execução de um projeto for viável, é desenvolvido um protótipo.
fica evidente nas camisetas; a mistura de cores e materiais
Se este for aceito, inicia-se sua comercialização no Brasil e no exterior
– canutilhos, contas e linhas de diferentes texturas – recria
pela Orro & Christensen.
movimentos espirais.
A Oficina de Projetos funciona no terceiro andar da loja, localizada na
Esse é apenas o início. Até o final do ano, as camisetas de-
Rua Mateus Grou, 613, São Paulo. Tel.: (11) 3819-2933.
vem ganhar outras estampas e, em breve, poderemos conferir uma nova versão da sandália Melissa! Os produtos, feitos artesanalmente por uma cooperativa de bordadeiras mineiras e artesãs paulistas, podem ser encon-
LAVATÓRIO E ARMÁRIOS DE PAREDE
trados na loja Conceito: Firma Casa, localizada na Al. Gabriel
Marcada pela praticidade, a linha Módula, recém-lançada pela Inter-
Monteiro da Silva, 1.522. Tel.: (11) 3068-0380.
bagno, combina painéis de MDF revestidos com melamina, alumínio e tampo de vidro com cuba em cristal 19 milímetros termomoldada. A partir desses componentes, será desenvolvida uma linha completa com módulos independentes, que incorporam gavetas e prateleiras, solucionando necessidades diversas. Interbagno: (11) 3078-2666 www.interbagno.com.br
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isto sim é uma verdadeira e s t r u t u r a o r g a n i z a c i o n a l.
Estação Trevo Branco/verde-néon A 96,5 F 157,2 P 93,2
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além da função ar frio com tecla de acionamento rápido. A
esse tema, ninguém
entrada de ar localizada na parte superior do secador torna
melhor que Rem Koo-
o motor mais potente. A segurança é garantida com a forma
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cônica de seu cabo que, junto com a borracha sobre-injetada,
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permite melhor firmeza manual.
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atende às expectativas do usuário de maneira ágil, eficiente e segura. Com design de Alexandre Scartezini,
arquitetura moderna. Autor de dois títulos importantes – “Delirious New York, a Retroactive Manifesto for Manhattan” e “S, M, L, XL” –, Koolhaas acaba de finalizar sua mais recente obra: “Content”, disponível nas versões inglesa, francesa e alemã. O livro oferece uma visão valiosa sobre os processos criativos do OMA (Office for Metropolitan Architecture) – um dos escritórios de arquitetura mais famosos do mundo – nos últimos sete anos. Com conteúdo bem trabalhado e formato leve, típico de revista, “Content” traz ar tigos de diversos colaboradores, como jornalistas, escritores médicos e críticos culturais, propiciando ótima oportunidade de reflexão sobre as mudanças na geopolítica mundial, especialmente desde o fatídico 11 de setembro. Ao longo das páginas, Koolhaas envolve o leitor, misturando arquitetura com política, história, tecnologia e sociologia. Co-fundador do OMA, Rem Koolhaas venceu, em 2000, o Pritzker Prize, uma recompensa justa a seu talento, sua visão e seu comprometimento em construções que contribuíram significativamente para o desenvolvimento da arquitetura contemporânea. Recém-chegado ao Brasil, o livro “Content” pode ser adquirido diretamente com a Distribuidora Paisagem. Tel.: (21) 2501-3996. www.taschen.com
ILUMINAÇÃO BRASILEIRA Criado com o objetivo de estimular e promover o desenho nacional para a indústria de iluminação do país, o Prêmio Abilux Empresarial de Design, realizado anualmente pela Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), acaba de concluir sua quarta edição. Ao todo, 89 projetos – 29 a mais do que no ano passado – disputaram troféus nas categorias Iluminação Comercial, Iluminação Residencial, Iluminação Pública e Inovação Tecnológica. Foram premiados os produtos que se destacaram nos seguintes aspectos: concepção formal, funcionalidade, inovação tecnológica, ecologia, aplicação, eficiência e qualidade. Em abril, durante a IX Feira Internacional da Iluminação – Expolux 2004, evento organizado pela Abilux no Expo Center Norte, São Paulo, foram expostos os projetos primeiros colocados de cada categoria, como a luminária Vega (abaixo), dos designers Celso Tissot e Fernanda Tissot, vencedora na categoria Iluminação Comercial. www.abilux.com.br.
ARCDPOT
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DASJÓIAS AOS FALSOSBRILHANTES NestaSemanadoDesignemMilão,demodoespecial,haviaopçãoparaqualquersabor,gostooutendência.Poesia,tecnologia,minimalismo,decorativismo,humoreironiabarroca,gastronomia,teorias, cultura,semináriosricosempensamentocrí tico,excitação,crençaedescrençanofuturododesign Maria Helena Estrada
Fotos Tom Vack/DuPont
Nes ta pá gi na, dois mo men tos de Lo-rez-do lo res-ta bu la-rasa, mos tra de Ron Arad na Gal le ria Giò Mar co ni. Um fil me cria do pelo es tú dio lon dri no The Light Surge ons surgia, como por en canto, de dentro de uma pa re de de 4 x 8 me tros e de mesas bai xas (foto abai xo) em Co rian. À es quer da, com o au tor, pol tro na Oh-Void, exe cu ta da em Co rian no es tú dio/la bo ra tó rio do ga le ris ta bel ga Er nest Mour mans, tam bém res pon sá vel pela con cep ção da mos tra, a qual abre uma nova perspec ti va para o uso do Corian: o material transformase em in ter fa ce de co mu ni ca ção. “Um dos as pec tos mais inte ressantes do Co rian é a possi bi lida de de tor nar as li nhas de jun ção im per cep tí veis ao olho hu ma no uti li zan do um adesi vo da Du Pont da mes ma cor da cha pa. Op tan do por um adesi vo de cor contrastan te, se ob tém um efei to lis tra do”, ex pli ca Arad
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Foto Divulgação
À direita, cadeira Meridiana, de Christophe Pillet para a Driade. O po li car bo na to trans pa rente da con cha tor na visível a trama me tá li ca que sustenta o assento. Estão previstas versõ es em po li car bo na to flu o res cen te e em bran co bri lhan te
Quandoostempossãodecrise,soltam-sefogosdeartifí cio, chama-seaatençãoparaosupérfluoeobanal.Venceodecorativismo.Eéestaaprimeirasensação,amais imediata,quesetemdesteSalãodoMóvel. Astransparênciassãomuitas,mastodasdevidamenteserigrafadas,desenhadas, tatuadas. Mesmo a madeira ou as chapas melamí nicas recebem hot stamps, sublimações e outros recursos gráficos ou cenográficos.Ostecidostêmtexturas,astramassãoevidentes. Nessa ênfase dada aos aspectos decorativos agregados aos objetos não predomina o projeto, a mais-valia está nosapelosemocionais. Oladopositivo?Aliberdade.Nãoexistemmaisverdadesabsolutas,códigosintransponí veis.Valeacriatividadecapazde Acervo ARC DESIGN
ofereceronovo. Nesselivrefazer,encontramosforteinfluência deraizbrasileiraparaaqualmuitocontribuí ram os irmãos Campana. E mais de uma vez, durante o Salão,nosquestionamosemfrenteamóveiseobjetosperguntando:masporquenãofomosnós(brasileiros)queosfizemos? Pelos caminhos da inovação tecnológica, por outro lado, foram poucos os que avançaram. Se ainda não há, no momento, uma crise econômica severa, sente-se um medo difuso no ar. Melhornãoinvestir! Masestenãoéocasodedoispersonagensquemaisumavezsedestacaram:EugenioPerazzi,proprietáriodaMagis,eRonArad.OSr.Perazzi, industrialdaregiãodeUdine,háexatos20anosapostounodesign– com mão segura e aguda sensibilidade. Nesta Feira, a Magis apresentou uma coleçãodedeliciososmóveisinfantis,chamandodesignersque“soubessem
Aci ma, mesa Éventail, cria da em 1972 por Char lot te Per riand para seu cha lé em Ma ri bel (Fran ça) e re e dita da pela Cassi na. À di reita, ca dei ra e mesi nha Flo, em fibra natural tran ça da com es tru tu ra em aço en ver ni za do; de sign Pa tri cia Ur quio la para a Dri a de
Foto Divulgação
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Nas duas páginas as mais belas instalações do Salão.
pensarcomacabeçadascrianças”.MeToo,EuTambém,“éavozfortedacriança
Acima, as luminárias em polietileno L’uovo, de
quereclamaporseusobjetos,namedidadeseumundo”.
Shigeru Uchida. Na sequência, delicada instalação com vasos em prata presos a diversos painéis con-
Um show de tecnopoesia foi a mostra de Ron Arad na Galleria Giò Marconi.
secutivos de plástico transparente. No pé das duas
Entreomaravilhamentoeoespanto,suas“invenções”acadaanosesuperame
páginas, vistas parciais do estande da Edra. Da
contribuemparaoavançodenovastecnologiasprodutivas.Esteanoomaterial
esquerda para a direita: poltronas Sponge, design Peter Traag; estante da linha Paesaggi Italiani (agora
aserexperimentadofoioCorian,daDuPont– logicamente,reinventado.
com muitas curvas), de Massimo Morozzi; sofás On
Emmeioà“tendênciavintage”nemtudoerafalsobrilhanteeláestavamasduas
The Rocks, design Francesco Binfaré. No centro da
maisbelaspeçasdoSalão– ambasdeCharlottePerriand.AmesaÉventail,de
página ao lado, também da Edra, poltronas Corallo, design Fernando e Humberto Campana:“cadeiras de
1972,quemaisdoqueumlequesugereumquimono,eafamosachaise-longue,
ar sólido”, como sonhava Marcel Breuer.
produzida no Japão, em bambu, quando a arquiteta esteve ali retida durante a
No alto da página ao lado, vista parcial da instalação
guerra.Esta,infelizmente,nãoserá– ouaindanãofoi– colocadaemprodução.
de Ingo Maurer no Spazio Krizia, com painéis em vidro
Ejáquefalamosem“vintage”,chegamosàstendências!Égrandeapreocu-
e LEDs, criados para a Galerie Lafayette (Paris). Na sequência, objeto luminoso Sapphire & Tonic, design
paçãonoBrasilcomessafuturologia.Oquenosparece,noentanto,équeas
Paul Cocksedge, em instalação de Maurer.
famosastendências,infelizmente,sãoencaradasnãocomofenômenoduradouro,
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Acervo ARC DESIGN
baseadoemexigênciasconcretas,emnovoscomportamentos,mascomomodismos que, quanto mais gratuitos, mais óbvios e evidentes, mais velozmentesãopassageiros. É o caso, nos parece, da nova “floricultura” que permeava os móveis; do novo barroco,emborabem-humorado;docultoindiscriminadoadécadaspassadas. Quantoaosmateriais,oplásticocedeumpoucodeseuespaçoao alumí nio,afibradecarbonoaparececommaisfrequência,enos estofados– maisdoqueasformas(generosí ssimas!)– ostecidose suastexturassãopostosemevidência. UmaSemanadoDesigncommuitosnovosnomes,jovensdesigners,ummixde nacionalidadescadavezmaior– eapresençadosveteranos,comoMagistretti,Mari, Sottsass,semprecommãosdemestre,distantesdemodasoutendências. “Um forte e puro design vertebrado... pronto para cumprir seu dever”, são palavrasdeTomDixonque,esperamos,sejamproféticas. ❉
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Acervo ARC DESIGN
Foto Donato Di Bello
Foto Divulgação
Aci ma, pol tro na Gap, design Ilk ka Suppa nen para a Fer lea, em presa da Tos ca na (Itá lia), que in te gra o pro je to Con sor zio Casa Tos ca na de pro du ção eco lo gi ca men te cor re ta. À di reita, col chão de emergên cia Q-let to, de De nis Santa chia ra para a Cam peg gi: com siste ma in flá vel em bu tido, quan do desin fla do trans for ma-se em uma pe que na al mo fa da. Abai xo, sofá/chai selongue/cama Ma gel la no, design Vico Ma gistret ti para a Cam peg gi: desta que para o ta pe te in cor po ra do à estru tu ra do mó vel
Foto Divulgação
Aci ma, à es quer da, cama To ge ther or Se pa ra ted?, novo pro je to de Gae ta no Pes ce em resi na de po li u re ta no para a Ze ro di seg no, na co le ção No body’s Per fect: duas par tes dis tin tas com põ em a ca be cei ra, man ten do a iden ti da de de cada parceiro; há também versões “single”. Na sequência, banco/sofá Dou ble Up, com pos to por ele men tos em po li u re ta no ex pan di do; al gu mas par tes do assento podem ser levantadas para transformarem-se em encosto; cria ção The Design La bo ra tory para a Sturm und Plas tic
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Acervo ARC DESIGN
À esquerda, cadeirinha Julian (ou seria uma personagem de car toon?) e contêi ner El Baul, am bos de Javi er Ma ris cal. Na se quên cia, car ri nho Agma, para a crian ça car re gar seus brin que dos (ou ser car re ga da); design Sat yen dra Pa kha lé
Acervo ARC DESIGN
Nes ta pá gi na, pro du tos da li nha Mee Too: a em pre sa ita li a na Ma gis con vi dou desig ners a criar pro du tos que “pro movam o desen vol vi mento so cial e inte lec tual” das crianças. À esquerda, Nido, minimundo criado por Javier Mariscal. À direita, cachorrinho Puppy, de Eero Aarnio. Abai xo, Ru e da (em pri mei ro pla no), mis to de ca dei ra de ba lan ço e “cáp su la es pa cial”, e Pu pi tre, es cri va ni nha mó vel e com en cos to cu i da do sa men te pla ne ja do con for me a ergo no mia in fan til, ambos também de Mariscal. Ao fundo, camisetas de El Ultimo Grito e, à direita, cadeiras Pop, em polipropileno expandido, design Enzo Mari
Acervo ARC DESIGN
À es quer da, lu mi ná ria de Gae ta no Pes ce exposta na Galleria Nilufar. Abaixo, mesas bai xas Flo wer, design Christi ne Schwar zer para a Swe dese Col lec ti on. No pé da pá gi na, à es quer da, pol tro na Blo omy, design Pa tricia Ur quio la para a Mo ro so; na se quên cia, es tan te Anna Morph, em me la mi na es tam pa da com base em aço inox, design Matt Sin dall para a Sa wa ya & Mo ro ni
MILANO DESIGN WEEK 2004
Fotos Divulgação
O gran de even to da ci da de está cada vez mais rico, en glo ban do ou tros se to res, como a moda e a gas tro no mia. Este ano o pró prio Sa lão cau sou mais im pac to e teve mai or sig nifi ca do que o con jun to dos pro du tos apre sen ta dos. A Itá lia con ti nua aten ta às es tra té gias se to ri ais para con ser var a li de ran ça e a he ge mo nia de que des fru ta há tan tas dé ca das. Como metodologia, en fa ti za modelos temáticos, que este ano, nos eventos institucionais criados pelo Cosmit, pri vi le giou a hos pi ta li da de – o que, para os ita li a nos, é si nô ni mo de gas tro no mia. As sim, ha via o even to Di ning De sign, no re cin to da fei ra, com uma sé rie de am bi en tes res tau ran te cri a dos por alu nos de es co las de de sign; o Stre et Di ning De sign, na Tri e nal, com dez es tan des pro je ta dos por de sig ners fa mo sos e que ser via da piz za “em cone” ao “fo o dlo o se” e ao cham pa nhe. Ha via ain da, no Cor so Como, os bis coi tos de au tor e, na mais ele gan te con fei ta ria da ci da de, os bo los cri a dos por de sig ners fa mo sos! Um mis to de fes ta e uma bem pen sa da es tra té gia de pro mo ção do “con tract”.
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Acervo ARC DESIGN
No alto, vis tas da ins ta la ção de To ord Bo ont je no show-room Mo ro so da via Pon tac cio. As pe ças cri a das pelo de sig ner re pro du ziam de se nhos de flo res em pa pel (cor ta do com gui lho tina), feltro, organza, algodão e chiffon (cor ta dos a la ser). À direita, mesa-escri vaninha Sangirolamo, criada por Achille Castiglioni e Michele De Lucchi em 1991 e reeditada pela Pol tro na Frau; tam po em ma dei ra e per nas em liga de fer ro e car bo no
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Além da EIMU e da Eu ro cu ci na (que será pu bli ca da em nos sa pró xi ma edi ção), acon te ce ram di ver sos se mi ná ri os e pre mi a çõ es. O mais ins ti gan te, De sig ning De sig ners, Se mi ná rio In ter na ci o nal das Es co las de De sign, em sua 5ª edi ção, ti nha como tema o de sign da hos pi ta li da de: vi sõ es, ce ná ri os, sis te mas, ser vi ços, es pa ços e pro du tos. Im por tan te pai nel de dis cus sõ es, con tou com a pre sen ça de Ron Arad en fo can do o tema a par tir de sua pró pria ex pe ri ên cia como professor no Ro yal Col le ge of Arts, Lon dres. A Fei ra do Mó vel 2004 teve a par ti ci pa ção de 189.655 vi si tan tes pro fis si o nais, sen do pre su mi vel men te mais de mil bra si lei ros, como em 2003, e a me ta de do pú bli co vin da de 165 paí ses. O au men to de pú bli co foi de 15%. A fei ra re ce beu ain da 3.752 jor na lis tas, vin dos de 68 paí ses, além da Itá lia, isto ape sar de não con vi dar em sen ti do ple no ne nhum de les, ape nas ofe re cer uma hos pe da gem por duas noi tes! A pró xi ma Mi la no De sign Week 2005 será re a li za da de 13 a 18 de abril 2005.
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Aci ma, lu mi ná ria Evo lu te, design Ma ta li Crasset para a Da nese; é ven di da em um pa co te pla no e de pois mon ta da, “se guin do os passos de Mu na ri ou No gu chi”, nas pa lavras da desig ner. À di rei ta, Tun nel Light, ins ta la ção em pa pel e gesso de Kris Ruhs na Gal le ria Car la Soz za ni
Abai xo, ca dei ra Car bon, design Mar cel Wan ders e Bert jan Pot para a Mo o oi: tra ma em fi tas de fi bra de car bo no com bi nam tec no lo gia (no ma te rial) e ar tesa na to (na exe cu ção)
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À di reita, lu mi ná ria de Mar cel Wan ders para a Mo o oi: com duas cú pu las, é uma brin ca dei ra do designer com a escala. Abaixo, lu mi ná ria Bour gie, de sign Fer ruccio Laviani para a Kar tell: barroco reinventado em po li car bo na to trans pa ren te
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Aci ma, cu bos, mesa/ban co e sofá em resi na pra ta in te gram a co le ção Frank Gehry, da Heller. À esquerda, capa para cadeira Dummy, em polietileno expandido e tecido termosoldado, design Konstantin Grcic para a Moroso. Abai xo, chai se-lon gue de Sat yen dra Pa kha lé, ex pos ta em ins ta la ção da em presa de re ves ti men tos ce râ mi cos Bi saz za
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Abaixo, poltrona Mari, design Luigi Baroli para a Baleri: encosto flexível e apoio para os braços em resinas de poliuretano (dois tipos – rígida e flexível). Estrutura e per nas em aço; revestimento em couro natural, sintético ou materiais tecnológicos. À direita, cadeira Airy, em alumínio com base giratória, design Piergiorgio Cazzaniga para a Acer bis
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À di rei ta, re ló gio To:ca, de sign Kou ji Iwa sa ki; abai xo, à es quer da, mesa Bar rin ger, design Atil la Kuzu; am bos para a em presa ja po nesa Con de Hou se. Abai xo, à di rei ta, sofá com pufe aco plá vel Ad di ti o nal, design Mar co Ro ma nel li e Mar ta Lau da ni para a Mon ti na
Fotos Divulgação Foto Gideon Hart
Aci ma, à es quer da, vis ta do es tan de da nova em pre sa ja po ne sa IXC; na se quên cia, sofá Bo o me rang, de sign Wa ter Stu dio para a IXC. Abai xo, ca dei ra em pi lhá vel da sé rie Wire, design Tom Di xon: as duas tra mas me tá li cas cro ma das que com põ em assen to e en cos to são so bre pos tas e sol da das em um só ele men to pla no que, en tão, é do bra do, dan do a for ma fi nal da ca dei ra
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Uma livre circUlação de idéias reunimos ao salão satélite a diversidade das exposições de jovens designers – na feira ou espalhados pela cidade – ansiosos por fazer parte desse carismático mundo dos objetos
Maria Helena Estrada Foto Kolchi Aoyama
a livre circulação do design. Jovens vindos de toda a europa, Fotos Isamu Uehara
de israel, do Japão, da coréia e até latino-americanos, eram portadores de idéias simples e originais. materiais pobres, ausência de tecnologia e boas idéias, poderiam ser o resumo da “safra jovem” 2004. dentre eles, alguns nomes já conhecidos, como o francês alexis Tricoire, o alemão markus Benesh, o japonês Koichiro Kimura. mas a maioria ainda está para ser descoberta. dentre os destaques, as belas luminárias feitas pelo processo de prototipagem rápida, já publicadas em arc desiGN 33,
rialise, empresa belga, que emprega tecnologia ainda mais sofisticada, como o sls, selective laser sintering ou a estereolitografia, e novos materiais. Para a vida jovem, quase sempre em pequenos espaços, chamou nossa atenção a coleção attachments, de Karen olza e Gilza Wilkens, de Berlim, projeto que sugere novas formas de guardar ou expor, utilizando a parede, as portas e as janelas.
Nes ta pá gi na, Ja pão: Ala (acima), design Yoji Ishii, recria a tipologia da caneta; no alto, à direita, Pack Lamp, design Yoji Ishii e Junichi Kijima, na qual a própria embalagem em plástico é par te da luminária; ao lado, tigelas e vasos com acabamento em laca fosforescente, criados por Koichiro Kimura e produ zidos pelo Atelier Art Craft Japan
Na pá gi na ao lado, Ale ma nha: co le ção Co lor fla ge, “um ins tru men to fle xí vel que de se nha os es pa ços em modo novo e es ti mu lan te”, design Mar kus Be nesh, de Mo ney for Mi lan. Na co le ção, pa pel de pa re de cu jos dese nhos se ba seiam na grá fi ca tri di men si o nal, ban cos Fo omy, em es pu ma de EVA, e lu mi ná rias Bum ble bee com se ri gra fia so bre plás ti co fle xí vel ou PET. To dos na Ga le ria In ter Nos
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mas agora criadas pelo grupo mGX e produzidas pela mate-
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Acervo ARC DESIGN ão lgaç Divu Foto
Aci ma, cor re dor de en tra da do Sa lão Sa té li te em plás ti co reci cla do da em presa DKR (Ale ma nha), e ro bôs cons tru í dos com pe ças das em presas Alessi, Kar tell, Ma gis e Dria de (Itá lia). À es quer da, Fran ça: Sli ce, ca dei ra da Tri coi re Design, em PMMA Dacryl do bra do a quente, no estan de do VIA. Abai xo, Ale ma nha: a par tir da es quer da, por ta-CD Co ve ral lo ver e Floatinggreens, vasos de flores presos às janelas com magnetos, ambos da At tach ments
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Acervo ARC DESIGN Foto Katja Kristoferson
Is rael: So nic Gar den (aci ma), design Gil In bal e Roy Roth, ins ta la ção nos cor re do res do Sa lão Sa té li te, na qual o som é ati va do quan do os ele men tos es to fa dos são abai xa dos. À es quer da, Su é cia: mesa fei ta sob pres são com ga lhos de ár vo res, cria da pela Design Front, um dos mais inte ressantes gru pos do Sa lão Sa té li te
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Abai xo, a par tir da es quer da, Amé ri ca La ti na: resul ta do de con cur so para es tu dan tes, uti li zan do pai néis de MDF e de OSB Ma si sa, ven do-se se em pri mei ro pla no a Men ção Hon ro sa para o Bra sil com o ban qui nho San du í che, de Enó lia Mu nhoz e Ma ri na Sassa mo ri e, ao fun do, a Sil la S, design Giu lia na Re ba glia ti (Peru), ven ce do ra do con cur so; Di na mar ca: Kids Pa per Chair, da Story tel ler, design Char lot te Fri is, que à me di da em que vai sen do usa da, a par te do rolo que ser ve de assen to vai au men tan do e, assim, cres cen do com a crian ça; Ja pão: por ta-CD, design Jun Ta ka gi, da Park Plus, ca bi de em bor ra cha de po li u re ta no
Foto Zinoo Park
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Fotos Zinoo Park
Foto Divulgação
com ênfase no trabalho artesanal, a mesa construí da com sutilí ssimos galhos moldados e prensados era a peça mais atraente do salão satélite. estande do estúdio Front, grupo de quatro jovens suecas, incluí a a série design by animals, com papel de parede desenhado com as pegadas de ratinhos, vasos de cerâmica cuja textura é obtida pelas pisadas de cachorro na neve, luminária cujo desenho parte da filmagem do vôo de uma mosca em torno de uma lâmpada sendo depois reproduzida no metal. Ingla ter ra: Re a ding Light (aci ma), com estru tu ra em zin co e pro te tor em po li pro pi le no, design Dan Black e Mar tin Blum, da Black+Blum. Bélgi ca: K-bench (abai xo), ban co ex ten sí vel e mo du lá vel em po li pro pi le no que, fe cha do tem 30 cm de es pessu ra e, aber to, 3 me tros de comprimento, design Charles Kaisin para Vange Éditi on
de modo geral, a tônica deste ano recaí a em um design
Japão: 5 Minutes Candle (acima e abaixo), ve li nhas de bol so, cada uma sol tan do es tre li nhas por cin co mi nu tos, design Zi noo Park
irônico, bem-humorado, de fácil leitura, de comunicação imediata e, principalmente, que dessacralizava os objetos e fazia de sua função, de sua relação com o homem, seu principal objetivo. objetos que davam uma resposta afirmativa às expectativas em relação à nossa cultura material, visto que dela se espera que circule e prospere em suas diversidades.
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Aci ma, à es quer da, Litu â nia: ber ço Cra dle for a Genius, em lápis de cor (não-tóxicos), design Ieva Ara ja. Na se quên cia, Inglaterra: Oculas, câ ma ra em plás ti co com som e ví deo, design Lee McCor mack no Desig ners block. No alto da pá gi na ao lado, à es quer da, Alemanha: papel de parede Preciousmess, que ser ve de pendurador, da Attachments. Na sequência, balcão-bar refrigerado gelava as gar ra fas ar ma ze na das em seu inte rior em evento Tutto Bene na Via Paolo Sarpi Ho lan da: design Gu drun Gunn laugs dot tir (à direita e acima), pol tro na da qual é re ti ra do o es to fa men to, re ves tin do-se as mo las e o en cos to em lã; na mos tra da Design Aca demy Eind hoven. Bél gi ca: MGX (abai xo), lu mi ná ri as ob ti das pelo pro cesso de pro to ti pa gem rá pida; a par tir da es quer da: Lo tus, design Jan ne Kytta nen, Pa lea, design Dan Yef fet (am bas em epó xi) e con jun to de lu mi ná rias em epó xi ou nylon
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DESIGN PARA COMUNICAR Produtos criados por Sam Buxton destacam-se em recente exposição sobre o novo design inglês, realizada em São Paulo pelo British Council
Winnie Bastian
Aci ma, Mi kro-Hou se (2002); no alto da pá gi na, Bux ton e o re ló gio Ti me pi e ce (2001). Na pá gi na ao lado, à es quer da, Mi kro-Man on Mars (2002), um dos seis per so na gens da “fa mí lia” Mi kro (www.mi kro world.com); na se quên cia, pro tó ti po para mesa ele tro lu mi nes cen te (2002), da sé rie SIO (Sur fa ce In tel li gent Ob jects)
“O trabalho que não se comunica com as pessoas não
em um painel sem números, com diversos campos que
tem significado.” Essa declaração resume a essência da
se acendem e apagam conforme as horas passam.
obra do jovem designer inglês Sam Buxton, um dos qua-
A experimentação é um dos pontos fortes do trabalho
tro indicados ao Prêmio Designer do Ano, realizado pelo
de Buxton. Assim como na série SIO, seus projetos
Design Museum, Londres, e cujo resultado será divul-
exploram o uso de materiais industriais e técnicas de
gado em 13 de junho no site www.designmuseum.org.
fabricação de modo inovador, abrindo mercados.
Ao lado dos designers Tord Boontje (veja matéria sobre o
É também o caso da série Mikro, que tem como prin-
Salão do Móvel, nesta edição), Mathias Bengtsson e Daniel
cipal componente a delicadeza. São peças que apon-
Brown, Buxton teve seus produtos expostos na mostra
tam nova direção para um processo de produção em
“Design Britânico x 4”, que aconteceu de 18 de março a
massa utilizado na indústria de eletrônicos: o recorte
18 de abril no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo,
com ácido. Placas de aço inox são milimetricamente
com curadoria de Emily Campbell e Alice Rawsthorn.
recortadas e, ao serem dobradas, formam pequenas
Em seus últimos trabalhos, Buxton utiliza-se da tecnolo-
esculturas tridimensionais.
gia para permitir a interação entre o móvel/objeto e seu
A série, hoje sucesso de vendas, nasceu de forma
usuário. Um bom exemplo é a série SIO (Surface Intelligent
curiosa: o designer buscava um cartão de visitas diferen-
Objects), que propõe novos usos para a tecnologia da
ciado. Resolveu, então, fazer um cartão que o repre-
eletroluminescência (EL), até então restrita a um papel
sentasse trabalhando ao computador. Hoje, a “família”
“coadjuvante”: a iluminação de displays de celulares e re-
Mikro já possui seis personagens e a Mikro House,
lógios. A EL gera luz sem calor: trata-se de um plástico
que conta com detalhes como a cadeira Victoria and
flexível e ultrafino impresso com pigmentos químicos,
Albert, de Ron Arad.
que se iluminam ao serem estimulados eletronicamente.
Atualmente, Buxton está envolvido em diversos projetos,
O primeiro integrante da série SIO é uma mesa que
como mobiliário para a empresa inglesa Habitat, cujo di-
aplica a EL de forma didática e divertida: no tampo, 66
retor de arte é Tom Dixon, e um lustre para a Swarovsky,
áreas de iluminação indicam o correto posicionamento
além de dar seguimento às séries SIO e Mikro.
de pratos e talheres.
“Comunicação, intriga, alegria, provocação são valores,
Bem menos direto – e mais poético – é o relógio Timepie-
a meu ver, legítimos e que devem ser incluídos na ava-
ce, que se “descola” da imagem cíclica do relógio conven-
liação do design”, afirma Buxton. E é esta a impressão
cional. Buxton buscou “representar a atividade do tempo”
deixada pela mostra “Design Britânico X 4”. ❉
Fotos Olegário Vasconcelos
AS VÁRIAS FA CES DO ALUMÍNIO Da Redação
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Premiado no Concurso de Arquitetura Corporativa da
em área de gerenciamento, sala de videoconferência,
10ª Office Solution (categoria Escritórios – Interiores),
salas de reunião, salas de diretoria, 40 postos de tra-
o projeto destaca-se pelas soluções espaciais inteli-
balho e outras dependências.
gentes, que driblaram a planta irregular e com espa-
Um fator interessante é a ausência de recepção for-
ços residuais, e pelo uso intenso, mas sem excessos,
mal. Existe apenas a sala de espera, onde um “ras-
de chapas de alumínio – um dos principais produtos
go” na parede permite a vista geral do escritório,
da Alcoa – em diversos ambientes.
trazendo uma “paisagem interna” a um ambiente
Ocupando meio andar do Centro Empresarial Nações
normalmente confinado.
Unidas, em São Paulo, o escritório acolhe duas im-
A sala de espera liga-se a duas pequenas salas de
portantes divisões administrativas da Alcoa, ambas
reunião contíguas. “Dessa forma o público externo
focadas em negócios: a de laminados e a de matérias-
não precisa circular entre o staff; o visitante pode ser
primas. Os 450 metros quadrados foram divididos
conduzido diretamente para as salas de reunião ou
No alto da página ao lado, à esquerda, a sala de espera; destaque para o “rasgo” na parede preta revestida em alumínio liso Alurevest, que permite a visão geral do escritório. No pé da página ao lado, em primeiro plano, o balcão da secretaria/gerência e, ao fundo, as salas da diretoria; os dois monitores na parede mostram indicadores do mercado de alumínio, noticiário e informativos internos. Na sequência, vista geral das estações de trabalho, tendo, ao fundo, painel fotográfico com imagens da área de primários e laminados
Inaugurada no início do ano e já premiada, a nova sede da Alcoa em São Paulo, projeto dos arquitetos Marcio Mazza, Marcelo Couto, Miriam di Matteo e Olegário Vasconcelos, destaca-se pela funcionalidade da planta e pelo uso criativo do alumínio
para as diretorias”, revela o arquiteto Mazza.
As paredes e divisórias exibem o alumínio de diversas
O lounge, espaço de descontração normalmente pre-
formas. Algumas laterais foram revestidas com cha-
sente em agências de publicidade e criação, foi in-
pas lisas, como o painel fotográfico de 11 metros no
corporado ao projeto. Nada mais adequado para um
salão principal com imagens dos produtos do cliente.
ambiente onde o trabalho está sujeito às constantes
Em outros locais, preferiu-se o tipo perfurado, como
alterações da bolsa de valores – e aos riscos e des-
na sala de espera, na divisória entre as diretorias e na
gastes humanos que elas representam. Conectado a
sala de videoconferência. “A obra serve inclusive
ele está o cibercafé, onde os funcionários podem
como show room”, comenta Mazza.
combinar a “hora do recreio” ao divertimento na In-
Ao que tudo indica, o novo escritório recebeu aprova-
ternet. Unificando os dois espaços, a cor vermelha
ção não apenas dos diretores, mas também dos funci-
em tons vibrantes na parede e no piso, e o uso de
onários. “Agora, as pessoas trabalham com mais mo-
materiais “quentes”, como o piso de madeira.
tivação”, conclui Marcio Mazza. ❉
LEGENDA 1. Espera 2. Reuniões 3. Secretaria/gerência 4. Diretoria 5. Escritório 6. Videoconferência 7. Lounge 8. Cibercafé
A OFFICE SOLUTION E O PRÊMIO DE ARQUITETURA CORPORATIVA Cerca de 35 mil pessoas compareceram à 10ª Office Solution, realizada de 12 a 16 de abril, no Pavilhão da Bienal, em São Paulo. Mais de 120 empresas estiveram presentes, expondo mobiliário e equipamentos para escritórios, hotéis, escolas e hospitais. Foram promovidos 20 cursos e 40 palestras técnicas, em conjunto com a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – ASBEA, a Associação Brasileira de Arquitetos de Iluminação – ASBAI, a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas – ABAP e outras instituições. Mereceu atenção a exposição dos 115 trabalhos selecionados para o Prêmio de Arquitetura Corporativa, nas categorias Comercial, Saúde, Obras Públicas, Indústria, Residencial, Escritório, Hotel e Educação. Dentre os projetos premiados, destacamos: Cia Athletica (Batagliesi & Associados), Restaurante Yabany (Brunete Fraccaroli), Headging Griffo (Dante Della Manna Arquitetura), Hotel Tropical Manaus (Roberto Candusso Arq. Associados) e o Escritório da Alcoa, aqui publicado.
Foto Vando Oliveira
Acima, planta baixa do novo escritório da Alcoa em São Paulo. Abaixo, vista parcial do lounge (à esquerda) e do cibercafé (à direita): destaque para o tratamento diferenciado dessas duas áreas em relação ao restante do escritório
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ICOGRADA: FRONTEIRAS Na última semana de abril, o Memorial da América Latina, em São Paulo, abrigou a Icograda Design Week, promovida pelo Conselho Internacional de Associações de Design Gráfico – ICOGRADA, em parceria com a Associação O Con se lho In ter na ci o nal de As so ci a çõ es de De sign Grá fi co – ICO GRA DA – foi cri a do em 1963 em Lon dres. Tra ta-se de uma representação não-governamental que congrega 80 associações de classe em 56 países, incluindo a ADG-Brasil, e organiza anualmente quatro encontros internacionais, as Design Weeks. Pela pri mei ra vez no Bra sil, o even to fez par te da 7ª Bi e nal de De sign Grá fi co e con tou com um works hop para es tu dan tes, um se mi ná rio la ti no-ame ri ca no de de sign grá fi co (que tra çou um pa no ra ma da pro fis são na Amé ri ca La ti na), um en con tro re gio nal (que reuniu designers, promotores, educadores e a mídia especializada em de sign grá fi co) e a con fe rên cia in ter na ci o nal “Fron tei ras”.
dos Designers Gráficos – ADG Brasil. Entre os dias 23 e 30, profissionais e estudantes, brasileiros e estrangeiros, participaram de workshops, palestras e debates, com o tema central “Fronteiras”
Foto Henrique Nardi
Paulo Moretto
O in dia no Kur nal Ra wat (acima, à direita) bus ca suas re fe rên cias na pro du ção grá fi ca ver na cu lar de Mum bai (an ti ga Bom baim). O exem plo mais in tri gan te é o es que ma de en tre ga de mar mi tas (no alto des ta pá gi na e na pá gi na ao lado) cria do es pon ta ne a men te e que en vol ve um com ple xo sis te ma de có di gos vi suais para a iden ti fi ca ção de ori gem, des ti no, pro du tor e en tre ga dor de cada uni da de. Após a de co di fi ca ção do sis te ma grá fi co, Ra wat usou par te do mes mo na si na li za ção das es ta çõ es de trem da ci da de. Em pa ra le lo a esse pro je to, o desig ner re a li za o le van ta men to ico no grá fi co dos or na men tos dos tá xis lo cais (acima, à es quer da) e pre ten de, em bre ve, apli cá-lo em suas cria çõ es
A constatação de que a atividade profissional
na área, relatou a diminuição das equi-
dos designers gráficos frequentemente os
pes (devido aos altos custos para manter
leva a trabalhar entre as fronteiras socioeco-
os escritórios) e a difícil relação com os cli-
nômicas motivou a organização do evento a escolher o tema e a convidar palestrantes de diferentes países, como Índia e Estados Unidos. Durante os dois dias de conferência, os convidados, além de mostrarem seus trabalhos, debateram e defenderam diferentes pontos de vista
entes, muitas vezes mais preocupados em discutir orçamentos e em ditar soluções do que em permitir que o designer resolva os problemas de suas empresas. As mesmas dificuldades foram constatadas por Ronald Shakespear, da Argentina. O veterano
a respeito do papel do design gráfico na sociedade,
designer, responsável por importantes projetos, como
tanto na sua economia, quanto na sua cultura.
a sinalização do metrô de Buenos Aires, acredita que
Uma das primeiras a se apresentar foi Ellen Shapiro,
as diferenças entre clientes e designers devam ser
que, para a surpresa de muitos, descreveu um quadro
superadas em benefício dos usuários que, para ele,
da situação profissional do designer gráfico nos Estados
são os seus verdadeiros clientes. Com vários trabalhos
Unidos bastante semelhante ao de tantos outros países,
implantados no ambiente urbano, Shakespear defende
até mesmo ao do Brasil. A renomada designer norte-
a idéia de que os projetos de design gráfico devam ser-
americana, que tem inúmeros livros e artigos publicados
vir à memória, à cultura e às pessoas do lugar.
O argentino não foi o único a tra-
sempre usadas como forma de integração das comuni-
balhar nessa linha de pensa-
dades. O trabalho coletivo, o fortalecimento da identidade
mento. Alison Joy Page, aus tra -
cultural, a valorização do meio ambiente e a remune-
li ana de ascendência aborígine, apresentou seus
ração dos indivíduos da comunidade envolvidos nos
projetos multidisciplinares desenvolvidos junto
projetos são alguns dos diferenciais da proposta de Page.
às comu ni da des na ti vas de seu país. O pro ces -
Dois outros palestrantes mostraram projetos que tiram
so desses projetos é, segundo Page, muito mais im-
partido das singularidades culturais das comunidades
portante do que os resultados finais e, por isso,
para as quais trabalham: o sul-africano Garth Walker e
ela valoriza as etapas iniciais, nas quais busca a inte-
o indiano Kurnal Rawat. O primeiro apresentou o dese-
gração com seus “clientes”, identificando suas caracte-
nho de uma família tipográfica de uso exclusivo da
rísticas, seus rituais e anseios que implicarão uma
Nova Corte Constitucional da África do Sul, que teve
maneira particularizada de trabalhar e de projetar
suas portas abertas para o público em abril, na cidade
para determinada comunidade.
de Johannesburgo. Após um longo trabalho de levanta-
A maioria de seus projetos é subsidiada pelo governo
mento iconográfico, Walker criou uma fonte que mistura
australiano e revela muita sensibilidade na tentativa de
a caligrafia dos documentos assinados por ocasião do
manter vivas a cultura e a espiritualidade dos povos
fim do regime de apartheid, as grafites urbanas e as pi-
aborígines. Nesses projetos, as atividades artísticas são
chações nas celas do edifício que agora abriga a Corte.
Ro nald Sha kes pe a r di ri ge, jun to com seus três fi lhos, a Di se ño Sha kes pe a r e é res pon sá vel por im por tan tes pro je tos de si na li za ção, prin ci pal men te na ci da de de Bu e nos Ai res. Den tre es ses pro je tos, des ta cam-se a si na li za ção vi á ria (1971, no alto da pá gi na) e a das es ta çõ es do me trô (1975) da ca pi tal argen ti na. Em 1999, cri ou a iden ti da de vi sual e a si na li za ção do Zo o ló gi co Te mai kén (aci ma), onde ex plo ra, de ma nei ra lú di ca, as pos si bi li da des de co mu ni ca ção com o pú bli co
Foto Feijão Costa
Kurnal Rawat, por sua vez, desenvolve um projeto de documentação da tipografia encontrada em Mumbai, o Typocity, que registra, entre outros, os letreiros das fachadas do comércio, a sinalização viária e, em especial, a decoração dos táxis feita com papel adesivo, uma manifestação gráfica típica dessa cidade. Em um de seus projetos de sinalização, Rawat, após decodificar o sistema gráfico usado pelo serviço de entrega de marmitas, que engloba toda a cidade, aplicou o mesmo código para a identificação das estações de trem locais. Mais preocupado em conceituar o tema proposto, o ho-
riam as fronteiras do design gráfico, situando essa atividade profissional num campo ambíguo, entre os negócios e a cultura. Para ele, todo design é desenho de interfaces, o que faz com que este passe a ser encarado também como conteúdo. Nesse novo contexto, que
Max Bru ins ma (aci ma) es pe cu lou o sen ti do do de sign grá fi co e da co mu ni ca ção nos dias atu ais, con si de ran do, en tre ou tras, as mu dan ças tra zidas pela in for má ti ca. Já Ali son Joy Page (no pé da pá gi na, à di rei ta) apre sen tou re fle xõ es a par tir de sua ex pe ri ên cia com as co mu nida des abo rí gi nes da Austrá lia, com as quais cri ou, por exem plo, a cal ça da de um Hos pital em Wil can nia, Austrá lia (abai xo, à es quer da), e a ga le ria in dí ge na per ma nen te Ba ya gul, no Po we rhou se Mu seum de Sidney (abai xo)
Foto Henrique Nardi
landês Max Bruinsma especulou a respeito do que se-
é a “sociedade da informação”, o designer assume a
experiência ao projetar um bairro para imigrantes em
função de editor de conteúdos, determinando, assim, a
San Diego, no qual as referências iconográficas das
forma da cultura contemporânea.
Filipinas foram trabalhadas. Seabra descreveu a pro-
Fumi Masuda, de Tóquio, abordou a questão da susten-
posta ecologicamente consciente de sua empresa de
tabilidade. Segundo o designer, estaríamos dando um
cosméticos, enquanto Martinelli, num ensaio fotográfico,
grande passo se incorporássemos a “memória” no pro-
denunciou a realidade miserável das comunidades
cesso de design, considerando, por exemplo, a história
indígenas e caboclas da Região Amazônica com a qual
de determinado material ao estudarmos as possibilida-
tem convivido nos últimos anos.
des para reciclá-lo. Um dos projetos apresentados por
O evento mostrou que os designers se encontram num
ele – um dos desenvolvidos por seus alunos – foi o hashi
momento de redefinição de sua atividade profissional,
(pauzinhos usados como talher pelos japoneses) feito
compelidos a desempenhar novas funções no mundo
com sobras de arroz e, portanto, biodegradável, so-
das comunicações e a rever sua atuação, abrindo mão
lução para o desperdício de alimento e para o
de ações pontuais para tentar agir de maneira mais in-
enorme número de hashis descartáveis jo-
tegrada a outros profissionais, a seus clientes e a seu
gados fora todos os dias no Japão.
público. Mais do que grandes planejamentos estraté-
O evento contou ainda com a participação de Bennett Peji, dos Estados Unidos, e dos brasileiros Luiz Seabra e Pedro Martinelli. O norte-americano, de origem filipina, narrou, de maneira emocionada, sua
gicos, espera-se que o designer gráfico possa inteirar-se das culturas locais com que trabalha e exercer seu papel de interface entre os vários agentes socioculturais contemporâneos. ❉
Ao fa lar de sus ten ta bi li da de, Fumi Ma su da con se guiu, com pro je tos pau ta dos em idéias sim ples, mos trar o pa pel es tra té gi co do design, tan to em termos econômicos quanto ambientais. A proposta de se plantar hor taliças em canteiros nas janelas dos grandes arranha-céus cria uma imagem mais ani ma do ra para o fu tu ro de me ga ló po les como Tó quio, além de constituir uma alternativa, já que o Japão importa 70% dos alimentos que consome (abai xo, à di rei ta). Ou tro exem plo são os has his bi o de gra dá veis, fei tos com sobras de ar roz (abai xo, à es quer da)
Acima, tipografia criada por Garth Walker para a Nova Cor te Constitucional da África do Sul. No lugar onde hoje há a Cor te, havia uma prisão onde ficavam detidos sul-africanos por ocasião do regime apar theid. Durante o processo criati vo, mais do que se preocupar com questões de legibilidade, o designer procurou incorporar ao desenho o processo histórico da instituição e do edifício, que reflete a própria história do país. Abaixo, à esquerda, par te da pesquisa iconográfica feita por Walker, mostrando escritos dos presos nas paredes. Na sequência, a fachada da Cor te, escrita nos 11 idiomas vigentes na África do Sul
SU PLE M E NTO ESPEC IAL ARC DESIG N Nยบ36
MESTRES DA ARQUITETURA
Foster and Partners
Uma Publicação Quadrifoglio Editora / A Quadrifoglio Editora Publication Diretora Editora / Publisher – Maria Helena Estrada Diretor de Marketing / Marketing Director – Cristiano S. Barata Diretora de Arte / Art Director – Fernanda Sarmento Redação / Editorial Staff: Editora Geral / Editor – Maria Helena Estrada Editora de Design Gráfico / Graphic Design Editor – Fernanda Sarmento Chefe de Redação / Editor in Chief – Winnie Bastian Equipe Editorial / Editorial Staff – Vanessa Domingues (Redatora) Tatiana Palezi (Produtora) Jô A. Santucci (Revisora) Tradução / Translations: Paula Vieira de Almeida Arte / Art Department: Designers – Cibele Cipola Milena Codato Estagiária – Isabelle Carramaschi Gerente de Publicidade / Advertising Manager: Ivanise Calil Ilustração da Capa / Cover Rendering: Foster and Partners
English version available on the last pages of ARC DESIGN 36
Foto Grant Smith
www.arc de sign.com.br
FOSTER AND PARTNERS
ARQUITETURA É SÍNTESE Norman Foster graduou-se na Manchester University School of Architecture and City Planning em 1961 e ganhou uma bolsa de estudos para a Yale University, onde obteve seu mestrado. Em 1963, fundou o Team 4, com Richard Rogers, e em 1967 estabeleceu o escritório Foster Associates, hoje conhecido como Foster and Partners, com matriz em Londres e filiais em Berlim e Hong Kong. Na unidade londrina, mais de 400 pessoas – incluindo Foster – trabalham em uma única sala ampla, com vistas espetaculares para o Rio Tâmisa. Foster e os sócios Spencer de Grey, David Nelson e Graham Phillips já receberam mais de 260 prêmios e citações por excelência e venceram mais de 55 concursos internacionais. O estúdio ganhou reputação internacional com edifícios como a sede do HSBC (Hong Kong, 1979-1986), a sede do Commerzbank (Frankfurt, 19911997), o Novo Parlamento Alemão (Berlim, 1993-1999) e o Great Court do British Museum (Londres, 1994-2000). A produção global do escritório inclui edifícios, planos urbanísticos e design de produto, design gráfico e de interiores. Os projetos mais recentes de Foster são pioneiros em soluções com fontes de energia totalmente renováveis. Alguns buscam inspiração em tecnologias de ponta, mas também em esquecidas tradições: é o caso da nova torre Swiss Re, que “torce” o tradicional pátio interno, lhe dando nova dimensão. Outro elemento constante em seus trabalhos é a luz natural, que o arquiteto utiliza como ferramenta poética (luz/sombra) e ecológica (para reduzir o consumo de energia). Ao longo de 35 anos de carreira, Foster recebeu cerca de 165 prêmios, destacandose a Royal Gold Medal for Architecture do Royal Institute of British Architects (RIBA), em 1983, a Médaille D’Or da Académie d’Architecture, Paris, em 1991, a Gold Medal do American Institute of Architects (AIA), em 1994, e o Prêmio Pritzker em 1999. Na publicação do Prêmio Pritzker, o arquiteto resume sua filosofia de trabalho: “Acredito que a melhor arquitetura é uma síntese de todos os elementos que separadamente compreendem um edifício – a estrutura que o suporta; os serviços que o permitem funcionar; a ecologia do edifício (se é naturalmente ventilado, se você pode abrir as janelas, a qualidade da luz); os materiais utilizados, sua massa ou leveza; o caráter dos espaços; o simbolismo da forma; a relação do edifício com o skyline ou o entorno; e a forma como o edifício assinala sua presença no campo ou na cidade”.
SWISS RE – LONDRES, INGLATERRA
FOSTER AND PARTNERS – SWISS RE e CLARK CENTER
NOVOS PARADIGMAS Um dos grandes nomes da arquitetura contemporânea, Norman Foster sempre esteve na vanguarda da tecnologia e seu trabalho ultrapassa o rótulo banal de “high-tech”. Descubra por que conhecendo duas obras recentemente concluídas por seu escritório, Foster and Partners
Winnie Bastian Com 180 metros de altura e um contorno instantaneamente reconhecível, a recéminaugurada torre da Swiss Re destaca-se no skyline de Londres. O apelo formal do edifício projetado pelo escritório de Norman Foster é, no entanto, o aspecto menos relevante do projeto. Mais do que audaz em sua forma, o prédio projetado por Foster and Partners para a companhia resseguradora suíça Swiss Re subverte a concepção da torre de escritórios. O edifício desenvolve idéias exploradas inicialmente no Climatroffice, um projeto teórico desenvolvido por Norman Foster e Buckminster Fuller no início dos anos de 1970. A idéia era criar um edifício que tivesse seu próprio microclima. Naquela época, sua geometria complexa, com curvas em dois sentidos, teria sido de difícil construção. Trinta anos depois, tecnologias digitais – como a “parametric modelling”, originalmente desenvolvida nas indústrias aeroespacial e automotiva – facilitam o projeto e a construção de edifícios como o da Swiss Re. A forma da torre serve à sua proposta ambientalmente correta, maximizando a quantidade de luz e ventilação naturais para reduzir de forma significativa o consumo de energia no edifício – comparado às torres tradicionais de escritórios, essa redução pode significar até 50%. A planta circular sofre um afunilamento na base do edifício, o que reduz reflexos, melhora a transparência e aumenta a penetração da luz natural nos pavimentos inferiores. O perfil aerodinâmico faz com que o vento circule ao redor da torre, minimizando cargas de vento na estrutura e no fechamento. O vento não é desviado para o nível do solo – como acontece em edifícios retangulares –, melhorando o conforto dos pedestres na base do edifício. O afinamento do perfil da torre no térreo também ajudou a abrir espaço para uma praça, cujo espaço é demarcado por muros baixos de pedra,
Foto Grant Smith
Na página ao lado, a torre da Swiss Re, inaugurada em 27 de abril no centro financeiro de Londres. Com mais de 46 mil metros quadrados de área de piso, o edifício acomodará cerca de 4 mil pessoas (800 delas, funcionários da Swiss Re), além de outros inquilinos. Acima, operários finalizam a montagem da estrutura da cúpula, que abrange os andares 39 e 40
Foto Nigel Young/Foster and Partners
que também fazem as vezes de assento. Acessível ao público, o nível térreo da torre será ocupado por lojas e um edifício separado abrigará um restaurante e um café ao ar livre que “transborda” para a praça. Mas a solução mais interessante do projeto são os poços de luz, que percorrem em espiral o prédio de 40 andares, algumas vezes combinados a jardins. Esses poços conduzem naturalmente o ar fresco e a luz natural para os interiores dos escritórios, minimizando a dependência de sistemas artificiais de aquecimento e resfriamento e também de iluminação artificial. A função desses espaços vai além: do ponto de vista social, eles servem para adicionar diversidade ao edifício – os balcões no eixo de cada poço de luz permitem conexões visuais entre os andares. Os átrios internos são expressados externamente por meio de faixas espirais de vidro cinza. Outra solução ecologicamente correta é a “pele” do edifício, formada por 5.500 painéis de vidros duplos, cujas cavidades atuam como zonas de amortecimento da temperatura externa (reduzindo a necessidade de aquecimento e resfriamento) e são ventiladas com o ar extraído dos escritórios por exaustão. O fechamento dos poços de luz é feito por painéis duplos de vidro que podem ser
Abaixo, sacada se abre para os átrios, que funcionam como poços de luz e ventilação e percorrem o prédio de forma espiral. Cada andar rotaciona 5 graus em relação ao andar inferior (veja detalhe no pé da página ao lado, à esquerda), e essa torção promove diferenciais de pressão que estimulam a circulação natural do ar. No pé da página ao lado, à direita, vista noturna do pórtico de entrada do edifício, definido pela própria estrutura, apenas sem a “pele” de vidro Foto Nigel Young/Foster and Partners
abertos e fechados, combinados a um vidro tingido e um revestimento de alta performance que reduz a penetração da radiação solar. Para combinar ventilação natural e artificial, o edifício se abre e fecha em resposta às mudanças no tempo, comandado por um sistema inteligente de gerenciamento, que verifica temperatura, velocidade do vento e intensidade do sol, entre outros fatores. Em virtude de sua geometria triangulada, a grelha de aço que forma a estrutura externa é inerentemente forte e leve, permitindo um espaço interno flexível e livre de colunas. Coroando o edifício, há uma cúpula envidraçada de 18 metros de altura, cuja estrutura se inicia no 39º andar e é formada por uma série de armações feitas de um aço mais leve que o do restante do edifício. O ápice dessa cúpula, apelidado de “aranha”, possui uma lente central, feita de uma peça de vidro com 2,4 metros de diâmetro (!). No 39º andar, um restaurante oferece uma vista espetacular da St. Paul’s Cathedral e, logo acima, no 40º andar, a cerca de 180 metros de altura, um mezanino permite vista panorâmica de Londres em 360 graus. Um paradigma da prática ambientalmente responsável construído com tecnologia avançada, a torre da Swiss Re serve também como um “lembrete” aos tecnocratas de que a arquitetura deve levar em conta o elemento humano.
FICHA TÉCNICA – SWISS RE Arquitetura: Foster and Partners (Londres, Inglaterra) Engenharia estrutural: Arup (Londres, Inglaterra) Engenharia ambiental: BDSP Partnership (Londres, Inglaterra)
Engenharia mecânica e elétrica: Hilson Moran Partnership (Hampshire, Inglaterra) Acústica/Audiovisual: Sandy Brown Associates (Londres, Inglaterra) Iluminação: Speirs and Major (Londres, Inglaterra)
Foto Nigel Young/Foster and Partners
Foto Grant Smith
Foto Robert Canfield/Foster and Partners
CLARK CENTER – CALIFÓRNIA, ESTADOS UNIDOS
Acima, vista do pátio interno do Clark Center: destaque para o movimento da fachada, obtido graças à planta curva. Na página ao lado, duas vistas dos laboratórios: espaços amplos e abertos, com a estrutura necessária (energia elétrica e cabeamento de dados, por exemplo) disponível pelo teto em toda a área do laboratório
O caráter humanista da arquitetura de Foster é igualmente visível no James H. Clark Center, um centro de pesquisas da Universidade Stanford, Califórnia, Estados Unidos, projetado em colaboração com o escritório MBT Architecture, de São Francisco. O edifício foi construído para abrigar o Bio-X, um programa interdisciplinar de pesquisa que reúne bioengenharia, biomedicina e biociências. A construção deveria encorajar encontros eventuais e reuniões informais entre 700 pesquisadores de 23 departamentos da universidade, fomentando a troca de conhecimento. Não se tratava de um edifício típico de pesquisa. Inaugurado no final de 2003, o centro abriga, em três andares, laboratórios, escritórios, salas de aula, auditório, restaurante e coffee-shop, organizados em torno de um pátio, que é o “coração” do projeto: uma grande sala pública, sem portões, que funciona 24 horas por dia. O conjunto é composto de três edifícios que se associam em “U”: enquanto o exterior é formado por ângulos retos – para adequar-se ao plano piloto da universidade, que data de 1880 –, o pátio central revela uma combinação de curvas. Os dois edifícios mais longos ondulam um em direção ao outro, conectando-se, no ponto mais estreito, por finas passarelas. Unificando os três prédios, um grande dossel metálico – suspenso a cerca de 1,20 metro da cobertura do terceiro pavimento por discretas colunas em aço. Os laboratórios, fechados por grandes paredes de vidro, voltam-se para o pátio central, assim como a circulação dos três pavimentos, que acontece em corredores abertos: o projeto do edifício intencionalmente coloca as pessoas em exibição. Os espaços dos laboratórios são amplos e abertos, sem paredes ou fileiras de balcões que interrompam a continuidade. O mobiliário, com rodízios, pode ser deslocado quando algum projeto exigir um espaço de trabalho diverso. Todas as necessidades técnicas – água, gases, exaustores, energia elétrica, eletrônica – são fornecidas pelo
Fotos Robert Canfield/Foster and Partners
ser reconfiguradas para se ajustar às necessidades de diferentes projetos. A circulação externa contribui para essa adaptabilidade dos espaços internos, ao mesmo tempo que permite um pátio mais amplo e mais aberto do que se houvesse corredores convencionais e reduz os gastos de energia em 15%. Para a circulação vertical, duas opções: elevadores nos lobbies de cada prédio ou as amplas escadas externas que interligam os corredores abertos. Os escritórios individuais, situados dentro dos laboratórios, podem estar na zona de espaços fechados, “flutuar” no espaço aberto, ou voltar-se diretamente para o pátio. Em todos os casos, há privacidade acústica e a possibilidade de privacidade visual, para os poucos momentos em que a interação – linha condutora do projeto – não for desejada. ❉
Acima, corte transversal destaca a relação do edifício com o pátio interno, a interligação entre os blocos pelas passarelas e os corredores externos de circulação, assim como a concentração das estruturas de serviços entre os andares. Abaixo, a planta-tipo. Na página ao lado, vista do pátio interno a partir da circulação do último pavimento coloca em evidência o grande dossel metálico que unifica os três blocos do conjunto
FICHA TÉCNICA – CLARK CENTER Arquitetura: Foster and Partners (Londres, Inglaterra) Arquitetos associados: MBT Architecture (São Francisco, EUA) Engenharia estrutural: Middlebrook & Louie (São Francisco, EUA) Engenharia elétrica: Cupertino Eletric (Cupertino, EUA)
Engenharia hidráulica: Therma (San Jose, EUA) Engenharia mecânica e hidráulica: Alfa Tech (Santa Clara, EUA) Acústica: Charles Salter & Associates (São Francisco, EUA) Paisagismo: Peter Walker (Berkeley, EUA) Iluminação: Claude Engle (Washington, EUA)
Foto Robert Canfield/Foster and Partners
teto e podem ser obtidas em qualquer ponto do laboratório. Assim, amplas áreas podem
THE SAGE – GATESHEAD, INGLATERRA Lo ca li za do na margem sul do Rio Tyne, o edi fí cio reu ni rá três au di tó ri os: uma gran de sala de con cer to (1.650 lu ga res), uma sala para mú si ca de câ ma ra (400 lu ga res) e um es pa ço para en sai os, to dos co nec ta dos a um enor me sa guão en vi dra ça do com vis ta para o rio. Tam bém fa zem par te do pro gra ma uma es co la de mú si ca (si tua da sob o sa guão) e um cen tro de in for ma ção so bre mú si ca, além de lo jas, ba res e ca fés, to ta li zan do 12 mil me tros qua dra dos de área cons tru í da. Ge o gra fi ca men te, o com ple xo pre en che rá uma la cu na no que diz res pei to a es pa ços para con cer tos, já que as al ter na ti vas mais pró xi mas es tão a mais de 3 ho ras de dis tân cia (Ga tes he ad tem cer ca de 200 mil ha bi tan tes e si tuase no nor te da In gla ter ra). Uma co ber tu ra úni ca, com pos ta por 3 mil pai néis de aço inox e 250 pai néis de vi dro, abar ca todo o con jun to. Os pai néis, com cer ca de 1 x 4 me tros cada, fo ram pro je ta dos para pre ve nir ru í dos em caso de chu va for te. Com cus to es ti ma do em 70 mi lhõ es de lib ras, o edi fí cio já está em cons tru ção e deve ser con clu í do até o iní cio de 2005. Foster and Partners
Richard Davies/Foster and Partners
Fotos Nigel Young/Foster and Partners
SCOTTISH GAS (CENTRICA) – EDIMBURGO, ESCÓCIA Inau gu ra da em novem bro de 2003, a sede da com pa nhia Scot tish Gas tem um pro je to ba se a do na fle xi bi li da de: a lon go pra zo, pode ser di vi di da e re con fi gu ra da in ter na men te para aten der a novos usos. O edi fí cio possui cer ca de 10.500 me tros qua dra dos, que aco mo dam 1.800 pessoas em dois tur nos: um “es pa ço de tra ba lho fun ci o nal de alta den si da de”, como de fi ne Fos ter. O tér reo reú ne sa las de reu ni ão, ad mi nis tra ção, tec no lo gia de in for ma ção, saú de ocu pa ci o nal e res tau ran te para o staff. Os ou tros três an da res, in ter li ga dos por ele va do res e es ca das em ba lan ço, são ocu pa dos pelo call cen ter da em presa. Com plan ta em U, o edi fí cio orga ni za-se em tor no do átrio cen tral, co ber to com uma cla ra bóia em vi dro bran co, pelo qual a luz na tu ral di fu sa pe ne tra no es pa ço. Nos an da res su pe ri o res, es pa ços de des con tra ção se abrem para o átrio e para passa re las que li gam os dois la dos do pré dio. Bri ses ho ri zon tais em alu mí nio dis pos tos de for ma rit ma da cer cam o edi fí cio, tra zen do movi men to à fa cha da en vi dra ça da.
Foster and Partners
ESTAÇÃO AV – FLORENÇA, ITÁLIA Pri mei ra obra de Fos ter na Itá lia, essa es ta ção de trens de alta ve lo ci da de será o pon to fo cal do novo sis te ma fer rovi á rio de Flo ren ça, com 7 quilômetros de li nhas sub ter râ ne as. As pla ta for mas es ta rão a 25 me tros abai xo do solo e a câ ma ra da es ta ção será um vo lu me úni co com 454 me tros de com pri men to e 52 me tros de lar gu ra, com uma gran de co ber tu ra en vi dra ça da, sus ten ta da por uma es tru tu ra leve em aço. A co ber tu ra ide a li za da por Fos ter é ar ti cu la da em di a frag mas, cuja es tru tu ra va ri á vel ga ran te o con tro le am bi en tal e acús ti co, a ilu mi na ção na tu ral e a re no va ção do ar. De vi do ao gran de vo lu me de trá fe go, o pro je to uti li za rá ma te riais com alta resis tên cia e fa ci li da de de ma nu ten ção: con cre to, aço ino xi dá vel e vi dro. A es ta ção terá uma “dis tri bu i ção ver ti cal”, com o es pa ço in ter no aber to a toda a al tu ra, dei xan do os trens vi sí veis des de a su per fí cie. Es tei ras in cli na das e es ca das ro lan tes e ele va do res li ga rão as pla ta for mas ao tér reo (onde es ta rão con cen tra dos to dos os ser vi ços da es ta ção), às saí das para o ter mi nal de ôni bus, à pa ra da do bon de, aos tá xis, aos es ta ci o na men tos e às pla ta for mas dos trens re gio nais. Com mais de 45 mil me tros qua dra dos, a es ta ção cus ta rá cer ca de 240 mi lhõ es de eu ros. A cons tru ção está pre vis ta para ter iní cio em 2005 e ser con clu í da em 2009.
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O CIMENTO BRANCO CAUÊ ABRE NOVOS CAMINHOS PARA SEUS PROJETOS. PARA ALCANÇÁ-LOS, SIGA A SUA IMAGINAÇÃO. A ponte Irineu Bornhausen, localizada na cidade de Brusque, Santa Catarina, é um novo marco na arquitetura brasileira. Toda construída em concreto branco, a ponte é o resultado de mais de 2 anos de pesquisas realizadas pela Cauê, líder no mercado nacional de cimento branco, para produzir o Concreto Branco Cauê, que abre novos caminhos para o uso do concreto na sua forma aparente. Estaiada, com 100 metros de extensão, a ponte de Brusque utilizou em sua construção cimento branco Cauê e sílica ativa Silmix. A primeira ponte de concreto branco do Brasil é uma homenagem do Cauê Branco à sua imaginação e uma defesa apaixonada da liberdade de criação. www.caue.com.br. Central de Atendimento Cauê 0800 703 9003
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Embalagens com 50 e 25kg. Cimento Portland Branco de Alta Resistência.
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O CIMENTO BRANCO CAUÊ ABRE NOVOS CAMINHOS PARA SEUS PROJETOS. PARA ALCANÇÁ-LOS, SIGA A SUA IMAGINAÇÃO. A ponte Irineu Bornhausen, localizada na cidade de Brusque, Santa Catarina, é um novo marco na arquitetura brasileira. Toda construída em concreto branco, a ponte é o resultado de mais de 2 anos de pesquisas realizadas pela Cauê, líder no mercado nacional de cimento branco, para produzir o Concreto Branco Cauê, que abre novos caminhos para o uso do concreto na sua forma aparente. Estaiada, com 100 metros de extensão, a ponte de Brusque utilizou em sua construção cimento branco Cauê e sílica ativa Silmix. A primeira ponte de concreto branco do Brasil é uma homenagem do Cauê Branco à sua imaginação e uma defesa apaixonada da liberdade de criação. www.caue.com.br. Central de Atendimento Cauê 0800 703 9003
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Embalagens com 50 e 25kg. Cimento Portland Branco de Alta Resistência.
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III Prêmio Cauê de Arquitetura.
Apareça. O Círculo Cauê de Arquitetura, uma iniciativa da Camargo Corrêa Cimentos, e o IAB promovem a terceira edição do Prêmio Cauê de Arquitetura que visa premiar arquitetos e urbanistas que utilizam produtos à base de cimento branco em seus projetos. Os vencedores receberão 34 mil reais em dinheiro e terão seus projetos divulgados nas melhores revistas de arquitetura e decoração do país. Não perca a oportunidade de colocar o seu trabalho na melhor vitrine do mercado. Participe. A arquitetura brasileira agradece. Inscrições de 12/04/2004 a 14/06/2004 Informações e consultas até 28/06/2004 Entrega dos trabalhos até 26/07/2004 Tel.: (11) 3259-6866 www.caue.com.br www.iabsp.org.br
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AMARELO
PRETO
ESCRITÓRIOS Tendências e Mercado
7D X 24H: JÁ ALCANÇAMOS A Razão x Sentimento; é nessa polarização que se debatem, há 30 anos, todas as teorias sobre o projeto de escritórios. O escritório como local de encontro e troca ou de isolamento e privacidade? Quem é o novo habitante dos locais de trabalho? Maria Helena Estrada
En co ra jar a co mu ni ca ção e que brar bar rei ras fí si cas é a pro posta da Vitra com o siste ma Joyn (aci ma), com posto por mesas li nea res com pe que nas di vi só rias mó veis. No pro je to dos ir mãos Bou roul lec nada é im posto e o siste ma pre dis põe ao tra ba lho iso la do e em gru po, lo cais onde “os mu ros fí si cos e mentais são aba tidos”. Ilhas de pri va cida de fa zem par te da co la gem de ele men tos di ver sos per mi tin do ce ná ri os adap tá veis às ne cessi da des de cada ti po lo gia de tra ba lho. Na página ao lado, mesa e cadeira em madeira criadas por Álvaro Siza para a Unifor, premiadas na categoria Human Touch da EIMU
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Sete dias x 24 horas, segundo Rolf Fehlbaum, presidente da Vitra, é a equação de nossa vida. Se a revolução da informática iria nos levar ao ócio, a verdade mostrou ser seu avesso. Trabalhamos mais, muito mais, procurando atingir a velocidade das máquinas. A informação na palma da mão. A razão no comando. E a emoção? Foi exatamente esse o tema do seminário desenvolvido em Milão durante o Salão do Móvel, neste mês de abril. “Trabalho e Emoção”, analisados em três sessões: o toque humano; “no stress”; espaços inteligentes – cada uma delas mostrando a dimensão humana versus a dimensão técnica. Desde o aparecimento do primeiro escritório de planta aberta, há mais de 30 anos, que a dúvida martiriza designers, teóricos e industriais: quais as soluções capazes de gerar maior produtividade? É claro que a pergunta se coloca sob outro matiz: como tornar confortáveis, apetecíveis, os locais de trabalho? Privacidade ou convívio? Espaços amplos ou espaços bem-equipados? As grandes indústrias de mobiliário fazem pesquisas incessantes, “afinam” informações que possam levar à solução perfeita. Na literatura resultante, encontramos algumas idéias esclarecedoras, tentativas de uma futurologia do trabalho. Os “Cinco Mitos do Local de Trabalho” podem ser resumidos, por exemplo, de acordo com especialistas da Knoll International, em cinco idéias básicas... que ainda persistem na memória e na vontade de muitos. • O ES CRI TÓ RIO ESTÁ DE SA PA RE CEN DO. É a miragem do escritório virtual, coqueluche dos anos 1990. Pro me tia li ber da de, fo to gra fa va exe cu ti vos em pai sa gens idílicas, sempre com seus equipamentos sem fio. A realidade ficou aquém das expectativas. Hoje o número de funcionários que passam a maior parte do tempo fora dos escritórios é de apenas 7%.
VELOCIDADE DAS MÁQUINAS?
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Abai xo e no pé da pá gi na, as “bo lhas” presentes no estan de da Yca mi apresentavam os pro du tos da mar ca e sugeriam atmosferas por meio de sons, per fumes, imagens e música, enfati zando as emoções, conforme o tema da EIMU 2004: Work & Emotion. No cen tro da pá gi na, à es quer da, Po wer desk, mesa ins pi ra da no dese nho do Ap ple Po wer mac G5. Design Jas par Jan sen e Je ro en Del len sen para a em presa ho lan desa i29
• TECNOLOGIA É UM “MUST”: quem se importa com o espaço? Na última década a maior parte das empresas investiu muito mais em tecnologia do que na ampliação dos espaços. A verdade é que apenas 34% dos empregados em escritórios acreditam nesse mito – e todos reclamam por mais espaço. já aboliu o papel? Conhece alguém que o • O ESCRITÓRIO SEM PAPEL. Pura ficção. Você Nes ta pá gi na, sis te ma A3 de es ta çõ es de tra ba lho: fle xí vel, per mi te di tenha feito? A realidade desmente o mito, e con o con mo de pa pel pare au men ver sas fi gusu ra çõ es das es ta çõ es, emce con jun to outar de for ma in de pen te; pai néis pro du zi dos em ma lha trans lú ci da ofe re cem pri va ci da de na razão direta da sofisticação tecnolóden gica. sem “iso lar” o usu á rio. Design As ympto te para a Knoll
• O STATUS MORREU. Será que já se foi o tempo em que mais espaço significava maior status? Na década atual, diminuição dos espaços, reengenharia, colaboração e trabalho em grupo fizeram com que as empresas pensassem em uma nova abordagem das estratégias de promoção. Espaço = status, noção não de todo superada, perde adeptos em favor da obtenção do máximo de equipamentos necessários ao desempenho de cada função. • UM SÓ TAMANHO SERVE PARA TODOS. Este é o mais velho dos mitos, surgido nos anos 1970: o mesmo espaço e o mesmo layout para todos. No entanto, a possibilidade de personalização dos espaços foi citada por 73% dos trabalhadores em escritórios como sendo capaz de aumentar a produtividade e a satisfação pessoal. Satisfação pessoal? Esse é um dado novo, idéia típica dos hedonísticos anos 2000, nos quais as teorias do ócio criativo divulgadas pelo sociólogo do trabalho Domenico De Masi ganham força. Uma reação às pressões cotidianas, às inseguranças, ao estresse. 52 ARC DESIGN
Aci ma, La yout, sis te ma mo du lar de ar má ri os em alu mí nio ex tru da do, design Mi chel le De Luc chi para a Alias. Abai xo, sis te ma A3 de es ta çõ es de tra ba lho: fle xí vel, per mi te di ver sas con fi gu ra çõ es das es ta çõ es, em con jun to ou de for ma in de pen den te; pai néis pro du zi dos em ma lha trans lú ci da ofe re cem pri va ci da de sem “iso lar” o usu á rio. Design As ympto te para a Knoll
Nesta página, cadeira Mirra, design estúdio 7.5, Berlim, para a Herman Miller. Dispensando ajustes, o supor te do encosto em TriFlex dá apoio à coluna e se adapta ao tamanho, postura e movimentos do usuário; a cur vatura levemente abaulada apóia a par te in fe ri or da co lu na. A sus pen são do assento, em elastô me ro, distri bui a pressão. Uma ca dei ra que rea ge aos movi mentos do cor po, “como uma se gun da pele, ou como a som bra do cor po senta do”, di zem os desig ners. Na pá gi na ao lado, no alto, siste ma Caddy, design To más Ber langa e Car la Risto ris para a Gi ro flex; ba seia-se na apli ca ção dos mes mos com po nentes em di fe rentes ce ná ri os (a mesa de reu ni õ es pode ser uti li za da como posto de tra ba lho de um exe cu ti vo, por exem plo), re du zin do custos. Em bai xo, ca dei ra do brá vel Com passo, design Luc ci e Or lan di ni para a Lamm; estru tu ra em alu mí nio, assento e en costo em po li pro pi le no ou ma dei ra com aca ba mento em ver niz po li u re tâ ni co
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EIMU 2004 Uma área não muito grande, se a compararmos com aquela dedicada ao mobiliário residencial, mas repleta de conteúdo. Era o espaço dedicado à EIMU, Feira Bienal Internacional de Escritórios. Com 20.500 metros quadrados, a feira de mobiliário e acessórios para escritórios, bancos, companhias de seguro, ofícios postais e instituições comunitárias era completada por dois importantes eventos: Academy e Work & Emotion. Academy, de caráter educacional, mapeava as direções para a indústria e contava com a participação de engenheiros e designers, além de representantes das comunidades acadêmica e de negócios. Os três temas abordados foram “Human Touch”, “No Stress” e “Intelligent Space”. Work & Emotion, macrotema que deu o talho da mostra em 2004, enfocava o espaço de trabalho como “playground” da imaginação, um local multidimensional onde o humano e o corporativo convivem. A próxima edição da EIMU será realizada em 2006.
Reforça-se a certeza de que o atual milênio é mais complexo, e as soluções não podem se restringir aos aspectos técnicos: o emocional ganha destaque e pede respostas e produtos não apenas para o mercado global, mas para o homem global, mescla de razão e sentimentos. São nos escritórios que envolvem atividades criativas que vamos encontrar os pioneiros do escritório dessacralizado, sem paredes ou símbolos de poder, onde soluções variadas e não-ortodoxas prevalecem. Mesas simples, lineares, com limites levemente demarcados, painéis leves e flexíveis, em formato de tenda ou de guarda-sol, individuais, entre outras soluções e, principalmente, muitos locais de reunião e convivência, de relax e de leitura. Em um universo complexo, a diversidade de tarefas exige diversidade de escolha nas formas de trabalho. Complexidade de problemas levando à simplicidade de soluções: esta é a abordagem para fazer frente à necessária flexibilização dos espaços. As transformações nos escritórios – embora lentas – são evolutivas, não sofrem retrocessos como no mobiliário para a casa, sujeito a modismos, a “vintages”, a releituras. A modificação nos conceitos e no desenho do mobiliário e do layout dos locais de trabalho, pelas grandes somas em dinheiro exigidas, é sempre resposta inadiável a uma nova situação econômica ou social. Nossa era é a da economia do saber: crescente virtualidade, capacidade de controlar cada vez mais informações, gerenciar uma crescente necessidade de mobilidade, gozar de maior liberdade. Características que atingem os valores subjetivos, que geram uma profunda modificação social e cultural, e que estão levando os “pensadores” dos novos locais de trabalho a reinventar o escritório como “sítio”, local metropolitano, com suas ruas e praças, seus locais de encontro e de isolamento, capazes de tornar felizes e produtivos os novos e exigentes habitantes dos locais de trabalho. Um investimento que não permite erros. ❉ 55 ARC DESIGN
LINHA RETA, LINHA CURVA
Reprodução fotográfica da coleção “Nosso Século” vol. 4, editada pela Abril Cultural
A convite de ARC DESIGN, o sociólogo italiano Domenico De Masi anuncia as novas realidades do trabalho e sua influência na organização dos espaços destinados a essa função Domenico De Masi
OS ES PA ÇOS DO TRA BA LHO IN DUS TRI AL
O LU GAR DO NÃO-TRA BA LHO PÓS-IN DUS TRI AL
A literatura da época industrial, de Dickens a Engels, a
Felizmente, todo esse mundo industrial entrou em declí-
Zola, descreve com grande crueza o local de trabalho
nio irreversível: as fábricas se automatizaram, grande
nas fábricas, verdadeiras fossas infernais nas quais não
parte das novas atividades desenvolvidas pelos seres
havia higiene, o clima era frígido ou em brasa, os ritmos,
humanos é de natureza intelectual e pode ser realizada
selvagens. No entanto, os trabalhadores procuravam
em qualquer lugar, bastando um telefone celular e um
humanizar seus postos de trabalho com fotos de belas
computador portátil. Muitos trabalhos em grupo não ne-
garotas, de santos, de paisagens. E a solidariedade de
cessitam de contiguidade física. O tempo e o espaço de
classe oferecia uma atmosfera amigável e cúmplice, ha-
trabalho se desestruturaram. O escritório, quando se faz
via o orgulho de fazer parte de um grupo, a coragem de
necessário, pode se reduzir a um pequeno local transi-
lutar por um objetivo comum.
tório para reuniões rápidas e tarefas mutantes. Parte do
Sociedade industrial é sinônimo de racionalismo. Como
escritório está se deslocando para a casa e assume a for-
na fábrica tudo devia ser inspirado pela cadeia de mon-
ma discreta de um “cantinho-cozinha”; outra parte não
tagem racional, linear, previsível, assim também na cida-
serve mais para tarefas repetitivas e burocráticas, mas
de, na casa, no escritório, tudo devia ser esquematizado,
para aquelas criativas, nas quais o trabalho, o estudo e
mantido sob controle. Em seu famoso livro de 1923, Le
a diversão se alternam e entrecruzam.
Corbusier escreve: “A vida da cidade moderna é toda
Mesmo que o trabalho tenha mudado tão profunda-
implantada, praticamente, na linha reta... A curva é cansa-
mente, que a maioria dos trabalhadores não seja mais
tiva, perigosa, funesta, tem um verdadeiro efeito parali-
constituída por operários, mas por funcionários, geren-
sante... A estrada em curva é arbitrária, fruto do acaso, do
tes, dirigentes, os arquitetos e os designers continuaram
descuido, de um fazer puramente instintivo. A estrada re-
a considerar o trabalho como se estivéssemos no tempo
tilínea dá resposta a uma solicitação, é fruto de uma pre-
de Henry Ford, e a projetar os escritórios de acordo com
cisa intervenção, de um ato da vontade, um resultado al-
velhos critérios industriais, como se ainda devessem
cançado com plena consciência. É uma coisa útil e bela”.
acolher os proletários descritos por Owen ou o exército
Por 200 anos, os escritórios das grandes empresas ado-
de burocratas de Gogol.
taram fielmente a ideologia linear de Le Corbusier: para-
As sedes das empresas, em tijolos de vidro, nuas e re-
lelepípedos de tijolo até a metade do século XIX, depois
petitivas como penitenciárias predispostas a vigiar e
em vidro e cimento; longos corredores paralelos; sepa-
punir, são deslocadas para zonas cada vez mais peri-
ração clara das funções organizativas sublinhada pela
féricas e isoladas. Onde antes havia fábricas, hoje,
diversidade das cores e do mobiliário. Tudo em função
com mínimos retoques arquitetônicos, são instalados
de um trabalho “full time”, também linear, minuciosa-
escritórios que repetem o mesmo aspecto esquálido,
mente programado, desenvolvido do nascer ao pôr-do-
sem conservar a vitalidade.
sol e da juventude à aposentadoria, sem interrupção, em
É verdade que há mais higiene, mas os ambientes são
nome de um taylorismo que tendia a medir cada gesto
ascéticos espaços sem subjetividade, projetados em sé-
dos trabalhadores, enredando-os na cadeia de monta-
rie como os velhos galpões industriais, mas privados de
gem das oficinas e na cadeia burocrática dos escritórios.
alma, construídos e mobiliados suprimindo a solidão,
Tudo em função da hierarquia, onde cada um era chefe
sem dar a companhia. As formas são sempre elementa-
de algum dependente e dependente de algum chefe.
res, de manual de arquitetura; os corredores são retos, 57 ARC DESIGN
vazios, neutros na cor; os escritórios são salinhas de pa-
Enfim, é sempre mais necessário que o trabalho, o es-
redes móveis que diminuem a cada dia, ou são “open
tudo e o divertimento se entrecruzem de forma sóli-
spaces” fervilhando de funcionários. Se excluirmos as
da; que operem naquele feliz estado da mente e do
salas das secretárias, geralmente alegradas por plantas
corpo que, de modo provocatório, eu chamo de “ócio
e fotos familiares, todo o resto é anônimo, sem apelo
criativo”. Assim, os locais em que se desenvolve a ati-
para a fantasia ou estímulo para a mente. Só na alta di-
vidade humana devem ser capazes de auxiliar, ao
retoria são retoricamente reservados espaços propor-
mesmo tempo: a atividade de trabalho, com a qual
cionais ao cargo, com mesas monumentais, poltronas
produzimos riqueza; a atividade reflexiva, com a qual
complicadas e tristíssimos fícus. Mesmo assim, tudo em
produzimos conhecimento, arte, saber, invenções; e a
série, previsível, masculino, despersonalizado.
atividade lúdica, com a qual produzimos alegria e sensações de bem-estar.
ÓCIO CRI ATI VO
No entanto, até agora a arquitetura e o design não ofere-
É óbvio que tudo isso é a tumba da criatividade, ou seja,
ceram ao trabalho intelectual os espaços capazes de
da síntese vital entre fantasia e realidade, entre a esfera
evoluir no mesmo ritmo com o qual muda o próprio tra-
racional e a emotiva: aquela criatividade que, para de-
balho. Por outro lado, não é fácil perseguir as infinitas
senvolver-se em toda a sua potência inovadora, tem ne-
formas que este está assumindo e adequar, de forma
cessidade de liberdade, cor, ironia, jogo, amizade, amor,
tempestiva, os locais de trabalho às novas, mutáveis
introspecção e cordialidade. Qualquer separação entre
funções que neles se desenvolvem.
trabalho e vida é hoje puramente fictícia, artificial, não-
Fazer com que se ajustem novamente o trabalho e seus
natural. Assim como não é natural a separação entre a
espaços é um desafio para a empresa, para os arquitetos,
esfera emotiva e a racional, do momento que estas ocor-
para os designers. Disso depende a motivação dos traba-
rem inteiras e juntas para fecundar nossa criatividade
lhadores intelectuais, a sua capacidade de produzir
de operadores da mente.
idéias, de serem criativos. E disso depende, em boa parte,
Para incrementar a criatividade, que é a única fonte irre-
a eliminação do estresse, das neuroses, da superexcitação
nunciável do homem pós-industrial, é necessário deses-
que ameaçam nosso equilíbrio. Como dizia Heráclito, “é
truturar o espaço e o tempo de trabalho. Cada um deve
nas transformações que as coisas se repousam”.
trabalhar onde e quando quiser: em casa, no bar, na
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praia, em um jardim público. Os locais de trabalho devem
LI NHA RETA, LI NHA CUR VA
confundir-se sempre mais com outros lugares de vida,
Depois de terem produzido por 100 anos ambientes re-
porque o trabalho intelectual não admite segmentações.
petitivos como infinitas variações sobre o tema raciona-
Por outro lado, é necessário que os espaços, as instala-
lista da linha reta, arquitetos e designers são desafiados
ções e os complementos capazes de auxiliar o fluxo dos
por exigências inéditas: fornecer o suporte e a forma a
pensamentos individuais sejam completados por outros
um trabalho pós-industrial que se torna sempre mais
que facilitem o trabalho em grupo sem constrangê-lo e
flexível, abstrato, nômade, transitório, ubíquo e criativo.
sem o rarefazer.
Terminada a era da linha reta, cara a Le Corbusier, co-
A necessária harmonia e o indispensável entusiasmo
meça aquela da linha curva, preferida do grande Oscar
podem se realizar entre grupos de pessoas que traba-
Niemeyer: “Não é o ângulo reto que me atrai”, confessou
lham lado a lado em um mesmo escritório, e também
suavemente, “nem a linha reta, dura, inflexível, criada
com um time de pessoas que estão a milhares de quilô-
pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a
metros de distância, mas ligadas telepática e emotiva-
curva que encontro nas montanhas do meu país, no
mente. O isolamento físico não se opõe ao trabalho em
curso sinuoso de seus rios, nas nuvens do céu, nas on-
grupo. O teletrabalho permite conciliar a solidão do indi-
das do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é
víduo criativo com a colaboração da equipe.
feito todo o Universo, o universo curvo de Einstein”. ❉
ESPAÇOS PARA MENTES Cada vez mais nosso trabalho se resume em lidar com informações. Consumimos informações, produzimos informações. Precisamos de filtros quando temos informação em excesso, precisamos de sistemas de busca quando temos escassez. Afinal de contas, vivemos na onda do conhecimento, como já anunciava Alvin Toffler anos atrás. Tudo isto tem causado revoluções não só na maneira que trabalhamos, mas também onde trabalhamos
Charles Bezerra e Izabel Barros
Avanços em nossa tecnologia e processos nos permitem trabalhar em praticamente qualquer lugar e a qualquer hora, tornando nebulosa a linha que antes definia o trabalho e a vida privada das pessoas. Até a noção de produtividade nas empresas vem mudando, o que antes era medido em tempo nas estações de trabalho, vem sendo substituído por outros critérios, como a motivação dos funcionários. A complexidade dos problemas nas empresas também tem aumentado, com que o trabalho em grupo cada vez mais utilizado, produzindo alterações nos escritórios para responder às necessidades por áreas de trabalho colaborativo. Toda essa adaptação do espaço físico a uma nova forma de trabalho explica o que há por trás de várias tendências em escritórios, assim como pode nos fornecer pistas de como planejar os novos espaços. Estamos passando por uma transição – saindo de configurações rígidas e modulares para outras mais orgânicas e fluidas; de mobiliário pesado para mobiliário leve; de tecnologia fixa para tecnologia portátil e sem fio; de planejamento de espaço baseado nas necessidades do corpo para um planejamento de espaço baseado também nas necessidades cognitivas das pessoas. Para acompanhar essa revolução do conhecimento, o planejamento e design dos espaços de trabalho também precisam de mudanças fundamentais. Não dá mais para desenhar de dentro para fora, baseando-se apenas em critérios estéticos e em idéias de egos elevados. São necessários humildade e métodos para completar os quatro estágios do processo de desenvolvimento, que incluem: pesquisa – para se entender o contexto; análise – para se ter insights; síntese – para gerar idéias; só então chega-se à realização. 60 ARC DESIGN
Na maioria das vezes, esse processo de desenvolvimento é feito pela metade: inicia-se na idéia e logo se parte para a realização. Não temos muita cultura de pesquisa nas atividades de design em nosso país. Planejar um espaço de trabalho eficiente e que inspire seus usuários requer muita pesquisa, principalmente sobre a cultura e o comportamento das pessoas que irão utilizar esse espaço. Sai muito caro o resultado de um projeto malfeito, assim a pesquisa tem de ser vista como investimento e não como custo adicional. O foco do planejamento tem de sair do designer e ir para o usuário, ainda que sob o comando do designer.
Aci ma e abai xo, es cri tó rio da agên cia de pro cessa men to di gi tal para fil mes, Das Werk, Ber lim. Pro je to do es cri tó rio Mar ti ni, Mei er, que tem como lema “olhar para o ób vio de for ma in co mum”
NOVAS METODOLOGIAS DE PLANEJAMENTO DE ESPAÇOS DE TRABALHO Nesse contexto de mudanças, as empresas vêemse cada vez mais pressionadas a enfrentar desafios impostos por um cenário de mercado em evolução e repleto de mudanças constantes. Atrair e reter os funcionários mais qualificados, utilizar melhor seus conhecimentos, facilitar a comunicação, otimizar os processos de trabalho, facilitar o processo de decisão, e – mais do que tudo – inovar, são os principais desafios. Para lidar com esses problemas, as empresas têm de ser capazes de descobrir e utilizar o capital intelectual que reside na mente de seus trabalhadores que se conectam por meio de redes de interação informal. Utilizando análise de redes sociais, observação e co-design, a empresa norte-americana Steelcase desenvolveu e está patenteando um processo que permite às organizações descobrir e entender suas redes de interação informal, identificar e codificar seu conhecimento tácito e mapear seus processos informais de trabalho. A partir desse processo focado no usuário, desenvolve-se uma estratégia holística para o ambiente de trabalho, que irá direcionar o desenvolvimento do projeto de arquitetura e design de modo a reforçar o capital intelectual da empresa. Essa nova maneira de abordar a concepção de espaços de trabalho vem sendo testada e aprovada por empresas em nível global. NCR, Boeing e Profuturo AFP são apenas alguns exemplos dessa nova maneira de abordar a questão do espaço de trabalho. Na NCR, em Dundee, Escócia, foi concebido e implantado um centro de pesquisas e desenvolvimento de máquinas automáticas para retirada de dinheiro, com capacidade para 500 pessoas, gerando aumento do nível de satisfação dos funcionários, de produtividade, e uma economia de mais de 6 milhões de dólares em custos. Na Boeing, em Seattle, Estados Unidos, a nova área dos times que trabalham nos jatos 737 e 757 foi implementada com o objetivo de reduzir a frequência e o tempo de paradas de produção e, como consequência, otimizar os custos de produção, trazendo um aumento significativo dos níveis de satisfação dos funcionários e melhoria no clima organizacional. Já na Profuturo AFP, em Lima, Peru, o entendimento dos processos de trabalho informal e do capital intelectual desta empresa de gerência de fundos de pensão norteou a escolha de novos edifícios para implantação de sua sede e de sua agência central, influenciando a distribuição de áreas nos dois No alto da pá gi na, es que ma de lay-out que rea fir ma o com pro misso de manter o mais bai xo custo com o mai or aprovei ta men to dos es pa ços e dos en tre-es pa ços. Aci ma, à di rei ta, a di nâ mi ca do time em um mo men to de tra ba lho mos tra a fle xi bi li da de de se passar da ati vi da de in di vi dual para aque la em gru po, den tro ou fora das sa las de reu ni ão
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edifícios e auxiliando na redefinição do próprio organograma da empresa. Essa habilidade em estabelecer conexões entre o capital intelectual das empresas e o ambiente de trabalho surge como um modelo essencial e positivo para a criação de layouts focados no usuário, que permitem às empresas encarar os desafios de um mundo de negócios em constante mutação. Assim, os espaços de trabalho deixam de ser o pano de fundo decorativo e estático das empresas, para se transformar em cenário dinâmico facilitador dos processos nele realizados.
OS INDICADORES PARA O FUTURO Mudanças na composição demográfica da população de trabalhadores, aumento do trabalho baseado no conhecimento e uso intensivo de tecnologias vêm alterando as necessidades coletivas e pessoais nos locais de trabalho. Estamos presenciando a chegada de novas tecnologias, mais inteligentes e adaptáveis às nossas necessidades, cada vez mais direcionadas a facilitar nossos processos cognitivos. Como resultado, o foco da mente empresarial vem evoluindo, da noção simplista de que tudo há de ser “mais rápido, melhor e mais barato” visando uma posição diferenciada no mercado, para o entendimento das pessoas e sua importância na geração e manutenção do capital intelectual da empresa – seu conhecimento coletivo e sua experiência. Assim, o futuro da atividade de planejar escritórios irá envolver a pesquisa e a identificação dos tipos de raciocínio que os usuários do espaço empregarão para realizar seus trabalhos. O espaço será então configurado com mobiliário e tecnologia capazes de suportar esses raciocínios. Da mesma forma que as ferramentas tecnológicas, o espaço de trabalho terá de ajudar seus usuários a criar, guardar, utilizar e modificar seus conhecimentos. Talvez, cada vez mais, “ espaço de trabalho” irá significar a mesma coisa que “espaço para mentes”. ❉ Charles Bezerra, Ph.D., é diretor da DSR/Brasil – Design, Strategy & Research. Izabel Barros, Ph.D., é gerente de planejamento em design da Steelcase Workplace Strategies Group
Aci ma, ti mes de alta per for man ce se reú nem. Ar qui te tu ra, mo bi li á rio e equi pa men tos atuam em sin cro nia para a cria ção de áre as onde pen sar me lhor, fora da mesa de tra ba lho. No alto da pá gi na e na aber tu ra da ma té ria, por ta-cli pes e por ta-lá pis Se bas tia no, pe ças ain da iné di tas da nova co le ção Alessi. Design CSA Ma xi mo Gia con
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PONTO. O ponto de luz. Luz focal x luz ambiental, difusa. A cada uma o seu papel? Conheça a raiz dos problemas neste sério – e bem-humorado – artigo de um especialista do setor Giorgio Giorgi
Um dos pontos de fuga da revolução eletrônica é a superação do paradigma mecânico da série de idênticos. Em vários setores da indústria contemporânea (a gráfica digital, por exemplo) já é viável a produção serializada de diferenças, programadas ou aleatórias. Em ritmo alucinante em seu percurso da matéria para a informação, a heterogeneidade eletrônica vai contaminando a homogeneidade mecânica. A mesma heterogeneidade que áreas não tão recentes do conhecimento identificam como fundamental para a percepção e compreensão humanas. No mundo do trabalho, não poderia ser diferente. O salto qualitativo (sem juízo de valor) a que foram submetidas as mais variadas atividades profissionais, expressão dessa mudança, não tem precedente histórico. Tenebrosos subprodutos desse impacto: o desemprego e sua contrapartida, a feroz competição. O aumento do repertório dos sobreviventes e a sofisticação dos mecanismos de troca e processamento da informação obrigam as empresas a abandonarem paradigmas homogeneamente rígidos de organização física. Flexibilidade e abertura a doses crescentes de personalização do local de trabalho passam a ser fatores impositivos. Altos teores de complexidade seguros por um fio: o cabo elétrico. Nesse contexto em constante metamorfose, uma gloriosa exceção: a iluminação da imensa maioria dos nossos escritórios. Impávida, perdulariamente segura, homogeneamente geral, a tudo e a todos igualando em seu equívoco. No alto da pá gi na, lu mi ná ria Kel vin, design An to nio Cit te rio para a Flos. Em alu mí nio e po li car bo na to, tem versão com haste ar ti cu lá vel ou fixa. Per mite a es co lha da fonte de luz: in can des cente, flu o res cente ou LED. À di rei ta, Kaio, design Ernesto Gismonti para a Artemide, incorpora lâmpada flu o res cen te de nova geração. Na pá gi na ao lado, lu mi ná ria Flat, design Mi chael Young para Ar te mide. Luz ma ni pu lá vel e ori entá vel gra ças a três ar ti cu la çõ es re co ber tas por uma “luva” em bor ra cha. Bra ço e ca be ça em alu mí nio en ver ni za do, lâm pa da ha ló ge na
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Acima, Tolomeo Flu, a nova versão do grande clássico das luminárias. Estrutura e difusor em alumínio anodizado, polido e acetinado. O desenho do difusor cria uma luz assimétrica que permite o uso a uma distância razoável, resultando em maior liberdade de movimentos. Design Michele De Lucchi e Giancarlo Fassina para a Artemide; à venda nos show-rooms La Lampe. Abaixo e no pé da página, luminárias Pixel, projeto de Giorgio Giorgi e Fabio Falanghe. Em versões para mesa ou divisórias, têm dupla articulação. Corpo e acessórios em metal usinado cortado a laser, pintura eletrostática na cor alumínio e filme de policarbonato serigrafado em diversas cores. Utiliza lâmpada fluorescente compacta. À venda na E27, tel. (11) 3755 0490 / e mail: e-mail@e27.com.br
Um único funcionário estica o expediente e todo o andar resplandece. 500 lux até para os ácaros! Apagão? Foi só um susto. Já passou… Pausa. Em competente dissertação de mestrado*, com a segura orientação do Prof. João Bezerra de Menezes, a arquiteta Ana Paula Scabello de Mello analisa, sob o ponto de vista da Ergonomia, aspectos da iluminação em ambientes de trabalho informatizados. Prá ti cas con sa gra das são pos tas em ques tão. Nor mas téc ni cas re ve lam-se ina de qua das. De fato, quando se pensa em termos de conforto visual, ou seja, de qualidade do ambiente de trabalho informatizado, a iluminação geral talvez deva contentar-se em desempenhar um papel de coadjuvante no processo. Preferencialmente indireta (a partir de pendentes ou colunas voltados para o teto), a modo de evitar reflexos e consequentes ofuscamentos, e com níveis sensivelmente discretos de iluminância, à iluminação geral cabe ocupar-se, basicamente, da circulação e da localização no ambiente de trabalho. Fontes pontuais encarregam-se de levar a luz ao plano de trabalho, e só até ele. Cada usuário liga e ajusta a luz que julga adequada para o desempenho de suas atribuições. Parte integrante do posto de trabalho, a fonte de luz migra com ele, sem prejuízo da flexibilidade do ambiente. Nada de muito original, Europa e EUA que o digam. Apenas conforto visual, eficiência, flexibilidade e economia, ao alcance da mão. ❉
(*) MELLO, Ana Paula Scabello. O projeto de iluminação em ambientes de trabalho informatizados: uma abordagem ergonômica. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FAU/USP, 2002.
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PUBLI EDITORIAL
GIROFLEX
CRESCENDO PELA INOVAÇÃO Nos últimos cinco anos, a Giroflex investiu 60 milhões de reais no desenvolvimento de novos produtos. Como consequência, lançamentos não param de chegar aos consumidores. Durante a 10ª Office Solution, realizada entre 12 e 16 de abril no Pavilhão da Bienal, em São Paulo, a empresa exibiu ao público o maior pacote feito em uma década de participação na feira. Em um estande de 600 metros quadrados, foram apresentadas 15 novidades em linhas da Giroflex, Forma, Aceco e Tate – empresas que compõem o grupo. Dentre elas, pelo menos três merecem atenção especial. A poltrona Mirra, da Herman Miller, comercializada pela Forma, alcançou a perfeição após quatro anos de pesquisa. Design do estúdio 7.5, Berlim, ela é ideal para qualquer tipo físico, independente de peso e altura. O encosto em TriFlex dá apoio à coluna, adaptando-se conforme o corpo e a movimentação do usuário. A parte lombar encontra suporte com a curvatura levemente abaulada no local. Vale mencionar que 96% do material utilizado na produção da Mirra pode ser reciclado. Outro destaque é o sistema Caddy, da Giroflex, design Tomás Berlanga
Quinze lançamentos, entre eles a poltrona Mirra, com design aperfeiçoado, o sistema Caddy, que pos si bi li ta for mas au tô no mas de la yout, e o piso ele va do em gra ni to estruturado da Tate marcam a participação da Giroflex na Office Solution 2004
e Carla Ristoris. Adequando-se à realidade dos ambientes de trabalho – redução nos custos de ocupação, flexibilidade de horários e comunicação rápida –, o sistema Caddy oferece soluções inteligentes ao possibilitar a criação de diferentes layouts com os mesmos componentes, ou seja, a mesa utilizada para reuniões pode servir também para os funcionários fazerem refeições. Portátil, multiuso e de fácil
Aci ma, o Pro gra ma For ma B3 com cha pa per fu ra da nas laterais,
armazenamento, o sistema vai ao encontro das necessidades dos
ago ra em li nha de pro du ção. Abai xo, o siste ma Caddy, que traz
escritórios modernos.
mesas do brá veis e mul ti u so; os ar má ri os (ao fun do) com ro dí zi os po dem se trans for mar em uma esta ção de tra ba lho mó vel.
A Tate, uma das maiores fabricantes de piso elevado no Brasil, trouxe o piso elevado em granito com várias opções de acabamento: polido, levigado, apicoado, flameado. Suas placas modulares possuem estruturação especial em malha de nylon para instalação interna ou exter-
No alto da pá gi na ao lado, Gi ro flex Ca ris ma, da Pe li kan Design, com pe ças de en cos to e assen to in de pen den tes. Na mes ma ima gem, à di rei ta, piso ele va do em gra ni to es tru tu ra do, da Tate; nas ins ta la çõ es in ter nas, o re jun te fle xí vel im pe de a in fil tra ção de água no ca be a men to; nas ex ter nas, a fol ga en tre
na. No caso de montagens internas, as placas de aço com enchimen-
as pla cas é man ti da, evi tan do po ças e possi bi li tan do que o
to em argamassa de cimento são substituídas por placas de granito es-
sis te ma de es coa men to seja ins ta la do sob o piso. No pé da
truturado, utilizando-se um adaptador específico para o material.
pá gi na ao lado, em pri mei ro pla no, pol tro na Mir ra, re fe rên cia de per for man ce e er go no mia: o me ca nis mo op ci o nal Flex
A Giroflex possui show rooms e representantes nas principais cidades do país. Visite uma das lojas e confira você mesmo!
Front faz o ajus te do com pri men to do assen to, pre en chen do o es pa ço en tre este e o en cos to
WALL WORKS O grande diferencial das divisórias da linha Easy Move, da Wall Works, é sua “construção” – uma persiana encapsulada por duas placas de vidro –, que proporciona ao usuário a escolha da opacidade ou da transparência total. Com estrutura metálica, as divisórias da linha Easy Move também podem receber tecidos lisos e telas semitransparentes entre os vidros. Além disso, a base com rodízios permite fácil deslocamento em caso de reconfiguração de layout. www.wallworks.com.br
NO MERCADO BRASILEIRO... ESCRIBA Lançada em março pela Escriba, a linha S500 de sofás e poltronas faz parte de uma família de produtos multifuncionais, que englobam residências e áreas de trabalho (recepção, salas da alta direção). Os sofás e as poltronas possuem corpo em madeira, natural ou com acabamento em pintura poliuretânica, apoiado em estrutura metálica. Dotada de percintas elásticas, a estrutura do assento amplia a sensação de conforto para o usuário. As almofadas, em espuma de poliuretano, podem ser revestidas em diversas cores e padrões de tecido ou couro. www.escribanet.com.br
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TOK & STOK Criada pelo designer Guilherme Bender, a linha Orbi acaba de ser lançada pela Tok & Stok. As estações de trabalho são complementadas por elementos laterais que cumprem dupla função: estante e divisória. Os móveis, que permitem diversas configurações, incorporam passagens para fios. Estrutura em tubo de aço com acabamento em pintura expoxi-pó; tampo com miolo em madeira maciça, superfície superior em MDF com acabamento em resina poliuretânica tex turizada e superfície inferior em chapadura laqueada; divisórias e laterais da estante em vidro acetinado acidato. www.tokstok.com.br
JACQUELINE TERPINS Uma linha de mobiliário em vidro para escritório, home-office e home theater. A proposta só poderia partir da designer Jacqueline Terpins, conhecida pelo uso desse material em suas diversas formas (soprado, moldado, plano). A concepção do design da linha Leve busca solucionar um “mal necessário” comum a escritórios e home theaters: o excesso de fiação. A solução está na combinação de placas de cristal transparente (que compõem a maior parte da peça) a duas camadas de vidros opacos pretos, limitados ao plano vertical do fundo. Os fios são ocultos e organizados no interior destas camadas de vidro preto. A linha é formada por quatro módulos para escrivaninhas e três módulos para rack, que podem ser combinados conforme a necessidade. www.terpins.com
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MARELLI Flexibilidade foi o alvo da empresa gaúcha Marelli ao produzir o Sistema Z. Formado por um conjunto de tampos, estruturas e módulos de arquivamento intercambiáveis, o sistema pode compor desde mesas de reunião e diretoria até complexas estações de trabalho. Apoiados em estruturas metálicas, os tampos oferecem excelente desempenho no uso autoportante (mesas individuais). Integrados a outras linhas Marelli, como os painéis divisórios Reasons (100 mm) e Division (50 mm), podem compor estações de trabalho adequadas aos diferentes espaços e projetos. Módulos de arquivamento também integram a coleção: gaveteiros, armários baixos, médios e altos. www.marelli.com.br
FLEXIV A linha Leve, design Ronaldo Duschenes para a Flexiv, é composta por móveis acopláveis e modulares: mesas de trabalho, de reunião, armários e gaveteiros. Apoiados em estrutura preta ou cromada, os tampos das mesas podem ter acabamentos em MDF nas cores preta, cinza, argila, ovo, natural e tabaco, além de dois padrões madeirados (Haya e Wengê) e também em vidro (transparente ou jateado). www.flexiv.com.br
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influências casa outono-inverno 2004/2005 3-7 de Setembro de 2004 Paris-Nord Villepinte influências casa primavera-verão 2005 28 de Janeiro - 1 de Fevereiro de 2005 Paris-Nord Villepinte
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Uma Publicação Quadrifoglio Editora / A Quadrifoglio Editora Publication ARC DESIGN n° 36, Maio/Junho 2004 / May/June 2004
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Project1
3/5/2004
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The annual edition of Milan Furniture Fair is now called Milano Design Week due to its enormous growing. “What did you think of the exhibition presented this year?” is the general question. Well, it is a sad truth, but I thought it was less rich of ideas… and investments from the companies. The design system in Italy continues to be invincible, but the country seems to be producing fewer creators of talents, besides acting more fearfully, like the whole world, it appears to be clear. The time and turn of Brazilian design? Of us adventuring with more quality and coherence on the international scene, once we have already influenced it so much? Nevertheless, thanks to the strength of the Italian furniture sector, the Design Week is always more and more interesting, be it through its intersection with other segments, such as fashion and gastronomy, be it mainly through the organization of several seminars, always full of content. In a general way, an unmissable fair, as always. Norman Foster’s work is also unmissable in ARC DESIGN’s pages! Swiss Re, in London, is his latest project and also our highlight, with a general view on his architecture. Offices. Get to know everything the future awaits to show us, from ideas to furniture pieces, with a special highlight on an article written by famous sociologist Domenico De Masi. In this issue, from the cover to the exhibition held in São Paulo, the progress of English design is evident, even though it is not always produced in its own country. Its creators are composing the world’s creative avant-garde. In the area of graphic design, Brazil also hosted the Design Week, carried out by Icograda (International Council of Graphic Design Associations). The chosen theme – Frontiers – guided debates and seminars presented by designers from all over the world. Enjoy it... and have a nice reading! Maria Helena Estrada Publisher
FROM JEWELRY TO FAKE BRILLIANTS – page 16 This year in Milan Design Week, there were options for all kinds of tastes, likings or tendencies. Poetry, technology, minimalism, decorativism, humor and baroque irony, gastronomy, theories, culture, lectures full of critical thought, excitation, belief and disbelief in the future of design Maria Helena Estrada
When we are in a period of crises, fireworks are shot and the attention is called towards what is superfluous and banal. Decorativism wins. And that is the most immediate first impression on the Furniture Fair. The transparencies are many, but all of them are properly printed by the silkscreen process, designed and tattooed. Even wood and melamine plates receive hot stamps, sublimations and other graphic or scenographic resources. Fabrics have textures; wefts are evident. In this emphasis given to the decorative aspects added to the objects, the project is not predominant; the most valuable aspect is the emotional appeal. The bright side? Freedom. There are no more absolute truths, unbridgeable codes. What counts is the creativity able to offer what is new. In this free deed, we find a strong Brazilian influence to which the Campana brothers have contributed a lot. And, more than once, during the Fair, we questioned ourselves in front of furniture pieces and objects: but why weren’t we, Brazilians, the ones who made them? On the other hand, very few individuals have made progress through the path of technological innovation. If a severe economic crisis is not occurring at the moment yet, a certain fear is certainly felt. Better not to invest! However, this is not the case of two characters that, once more, were outstanding: Eugenio Perazza, owner of the company Magis, and Ron Arad. Mr. Perazza, an industrialist in the region of Udine, invested in design, exactly
twenty years ago, with assertive confidence and intense sensibility. In this Fair, Magis exhibited a line of delightful children’s furniture, whose designers were selected for “knowing how to think as if being on a child’s shoe.” The collection Me Too “is the strong voice of children claiming for their objects accordingly to their own world.” A show of technopoetry was Ron Arad’s exhibition at the Giò Marconi gallery. Between amazement and astonishment, his “inventions” are better and better each year, and contribute for the progress of new productive technologies. This year, the material to be experimented was Corian, by DuPont – obviously, reinvented. Amongst the “vintage tendency”, not everything was fake diamonds and the most beautiful pieces of the Furniture Fair were there – both designed by Charlotte Perriand. They were the Éventail table, from 1972, which, more than a hand fan suggests a kimono, and the famous bamboo chaise-longue, produced in Japan when the architect was restrained there during the war. Unfortunately, that last one will not be produced – or has not been manufactured yet. And since we have mentioned “vintage,” let us mention the tendencies! Brazil has great concerns on this futurology. It seems to us, however, that the famous tendencies, unfortunately, are faced not as enduring phenomena, based on concrete demands, on new behaviors, but like trends that, the more gratuitous, obvious and evident they are, the more simply transitory they become. It appears it is also the case of the new “floriculture” that permeated the furniture pieces; of the new baroque style, though good-humored; of the indiscriminate cult up to the past decades. As for the materials, plastic was not much used in order to be replaced by aluminum, the carbon fiber appeared more frequently and, in the upholstered furniture – more than the forms (pretty generous!) – the fabrics and textures were evident. A Design Week with a lot of new names, young designers, a bigger and bigger mixture of nationalities – and the presence of veterans, such as Magistretti, Mari and Sottsass, always with the hands of masters, distant from trends or tendencies. “A strong and pure vertebrate design... ready to perform its duty” were the words of Tom Dixon which are, hopefully, prophetical.
MILANO DESIGN WEEK 2004 The great event of Milan has been more and more productive by including other sectors, such as fashion and gastronomy. This year, the International Furniture Fair itself has caused more impact and been more significant than the entirety of the products presented. Italy keeps attentive to the strategies in the sectors in order to sustain the leadership and supremacy it has been enjoying for so many decades. Its main strategy is to emphasize thematic patterns which, this year, during the institutional events created by Cosmit (the organizing body of the fair), have privileged hospitality – what, for Italians, means gastronomy. Therefore, there was the event Dining Design at the fairgrounds with a series of restaurant environments created by students from design schools; Street Dining Design, at the Triennial Exhibition, with ten stands projected by famous designers, served from pizza cones to “foodloose” and champagne. There were still, at Corso Como, author biscuits and, in the most elegant sweetshop of the city, cakes created by renowned designers! A mixture of party and a well thought promotion strategy of the “contract.” Besides EIMU and Eurocucina (which will be published in our next issue), several lectures and awards were carried out. The most inciting performance was Designing Designers, the International Seminar of Design Schools, in its fifth edition, whose theme was design of hospitality: visions, sceneries, systems, services, spaces and products. The important panel of discussions counted on the presence of Ron Arad focusing the theme according to his own teaching experience at the Royal College of Arts, in London. The Furniture Fair 2004 received 189,655 professional visitors, presuming that, from those, there were over a thousand Brazilians (just like in 2003) and half of the public came from 165 countries. The increase of audience was 15%. The fair also received 3,752 journalists coming from 68 countries, besides Italy, despite the fact that none of them was exactly invited,
English Version
EDITORIAL
but offered a two-night accommodation! The next Milano Design Week, in 2005, will be held from Abril 13 to 18.
A FREE FLOW OF IDEAS – page 28 At Salone Satellite 2004 we have comprised the diversity of exhibitions by young designers – at the fair and spread through out Milan –, eager to make part of this charismatic world of objects Maria Helena Estrada
The free flow of design. Young professionals from all over Europe, Israel, Japan, Korea and even Latin America were conceivers of simple and original ideas. Absence of technology, poor materials and good ideas could be the summary of the “young harvest” 2004. Among them, there were some well known personalities, like Alexis Tricoire from France, Markus Benesh from Germany and Koichiro Kimura from Japan. But the biggest part is still to be discovered. Among the highlights, there were the beautiful lamps manufactured with the process of quick prototyping, already published in ARC DESIGN 33, but now created by MGX and produced by Materialise, a Belgian company that makes use of an even more sophisticated type of technology, such as SLS (Selective Laser Sintering) or stereolithography and new materials. For the young life, frequently in small spaces, the line Attachments (by Karen Olza and Gilza Wilkens, from Berlin) called our attention for being a project that suggests new ways of keeping or exposing objects, with the use of wall, doors and windows. With emphasis on handcraft work, the table constructed with extremely subtle molded and pressed twigs was the most attractive piece of Salone Satellite. The stand of studio Front, a group of four young Swedish women, showcased the Design by Animals series, with a wallpaper showing footprints of mice, ceramics vases with textures obtained by footsteps of puppies in the snow, and a lamp whose design was inspired by the video of a fly’s flight around a light bulb, reproduced in metal afterwards. In general, this year’s stress was on an ironic good-humored design of easy interpretation, immediate communication and, especially, a design that desecrated objects and made of its function, of its relationship with men, its main objective. Objects that gave an affirmative answer to the expectations in relation to our material culture, considering that it is hoped to flow and become successful in its diversities.
DESIGN FOR COMMUNICATION – page 34 Products created by Sam Buxton stand out in a recent exhibition on the new English design, carried out in São Paulo by the British Council Winnie Bastian
“A work that does not communicate with people does not have meaning.” This statement summarizes the essence of the young English designer Sam Buxton’s work, one of the four professionals nominated for the Designer of the Year Award, carried out by the Design Museum in London. The results will be divulged on June 13 on the website www.designmuseum.org. Along with designers Tord Boontje (see article on the Furniture Fair, in this issue), Mathias Bengtsson and Daniel Brown, Buxton had his products displayed at the exhibition “British Design X 4”, which was held from March 18 to April 18 at the Museu da Casa Brasileira, in São Paulo, with Emily Campbell and Alice Rawsthorn as its curators. In his latest projects, Buxton makes use of technology to allow integration between furniture/object and its user. A good example is the SIO (Surface Intelligent Objects) series, which proposes new uses for EL (Electroluminescent Technology), which, until then, was limited to a “supporting” function: lighting
displays of watches and cellular phones. EL generates light without any heat: it is a flexible ultrafine plastic layer printed with chemical pigments, which are lightened when stimulated electronically. The first integrating piece of the SIO series is a table that applies EL in a didactical and fun way: on the top, 66 lighting areas indicate the correct position of plates and cutleries. Much less direct – and more poetic – is the Timepiece watch, which is “detached” from the cyclic image of a conventional watch. Buxton endeavored to “represent the activity of time” in a numberless panel, with several fields that are lighted while the hours pass by. Experimentation is one of the strongest features of Buxton’s work. Just like in the SIO series, his projects explore the use of industrial materials and manufacturing techniques in an innovative way, what helps open markets. It is also the case of the Mikro series, whose main component is frailty and softness. They are pieces that indicate a new direction for a mass production process utilized in the electronics industry: acid-cutting. Stainless steel plates are millimetrically cut and, when folded, form small three-dimensional sculptures. The series, which is nowadays a selling success, was created in a curious way: the designer was searching for a totally different business card. Then he decided to make a card that would represent himself working in the computer. Nowadays, the Mikro “family” has already six characters and the Mikro-House, which includes details such as the Victoria and Albert chair, by Ron Arad. Recently, Buxton has been working on several projects, such as furniture pieces for the English company Habitat, whose art director is Tom Dixon, and a lamp for Swarovsky, besides continuing to expand the SIO and Mikro series. “Communication, intrigue, joy and challenge are assets that, in my opinion, are legitimate and must be included in the evaluation of design,” Buxton says. And that is the impression caused by the exhibition “ British Design X 4.”
THE SEVERAL FACES OF ALUMINUM – page 36 Inaugurated in the beginning of 2004 and already awarded, Alcoa’s new headquarters in São Paulo, a project by architects Marcio Mazza, Marcelo Couto, Miriam di Matteo and Olegário Vasconcelos, stands out for the functionality of its plan and for the creative use of aluminum By the Editorial Staff
Awarded at the tenth Office Solution Corporative Architecture Prize (under the Offices – Interiors category), the project stands out for the intelligent spatial solutions, which coped with the irregular plan (and with residual spaces), and for the intensive use, though without abuse, of aluminum plates – one of Alcoa’s main products – in several environments. Occupying half a floor of the office-building Centro Empresarial Nações Unidas, in São Paulo, the office encompasses two important administrative divisions of Alcoa, both focused on business: laminates and raw materials. The 450 square meters were divided into management area, directors’ rooms, videoconference room, meeting rooms, over 40 office places and other rooms. An interesting aspect is the absence of formal reception. There is only the waiting room, where a “cleft” on the wall allows the general view of the office, bringing an “internal landscape” to a normally confined environment. The waiting room is connected to two small meeting rooms. “In this manner, the external public does not need to walk amongst the staff; visitors can be directly conducted to the meeting rooms or to the directors’ offices,” reveals Mazza. The lounge, a space of distraction normally existent in publicity and creation agencies, was incorporated to the project. Nothing more suitable for an environment where work is subjected to constant stock alterations – and to the human risks and consuming they represent. Connected to it is the cybercafe, where the employees can combine “break time” with internet entertainment. Unifying the two spaces are the red color in vibrant tones on the wall and floor, and the use of “warm” materials, such as wood flooring. The walls and partitions exhibit aluminum in several forms. Some side walls
were re-covered by smooth plates, like the 11-meter photographic panel at the main hall with images of client products. In other areas, the perforated style was preferred, like in the waiting room, in the partition between the directors’ offices, and in the videoconference room. “The whole area actually works as a show room,” Mazza comments. It appears the new office received the approval not only of the directors, but also of the employees. “Now, people work with more motivation,” concludes Marcio Mazza.
OFFICE SOLUTION IS THE CORPORATIVE ARCHITECTURE PRIZE Around 35,000 people attended the tenth Office Solution exhibition, carried out from April 12 to 16, at the Pavilhão da Bienal (Biennial Pavilion Exhibition), in São Paulo. More than 120 companies were present, exhibiting furniture and equipment for offices, hotels, schools and hospitals. Twenty courses and forty technical lectures were promoted, along with the Brazilian Association of Architecture Offices – ASBEA, the Brazilian Association of Lighting Architects – ASBAI, the Brazilian Association of Landscape Architects – ABAP and other institutions. The exhibition of the 115 projects selected for the Corporative Architecture Prize deserved special attention, under the following categories: Commerce, Health, Public Works, Industry, Residence, Office, Hotel and Education. Amongst the awarded projects, we highlight: Cia Athletica (Batagliesi & Associados), the Yabany restaurant (Brunete Fraccaroli), Headging Griffo (Dante Della Manna Arquitetura), Hotel Tropical Manaus (Roberto Candusso Arq. Associados) and the Alcoa’s office, published here.
ICOGRADA FRONTIERS – page 40 In the last week of April, the Memorial da América Latina (Latin America Memorial), in São Paulo, carried out Icograda Design Week, promoted by the International Council of Graphic Design Associations – Icograda, in partnership with the Brazilian Association of Graphic Designers – ADG Brasil. From April 23 to 30, Brazilian and foreign professionals and students participated of workshops, lectures and debates on the central theme “Frontiers” Paulo Moretto
The conclusion that the professional activity of graphic designers leads them to work among the socioeconomic frontiers motivated the event’s organizers to choose the theme and invite lecturers from different countries, such as India and the USA. During the two-day conference, besides showing their works, the guests debated and defended different points of view on the role of graphic design in society, both in its economy and in its culture. One of the first presenters was Ellen Shapiro, who, surprisingly, described a panorama of the professional situation of graphic designers in the USA pretty similar to many other countries, including Brazil. The renowned North American designer, who has already had several books and articles published in the area, talked about the decrease of teams (due to high costs to maintain their offices) and the difficult relationship with clients, many times more concerned about discussing budgets and editing solutions than allowing designers to solve their companies’ problems. The same difficulties were verified by Ronald Shakespear, from Argentina. The veteran designer, responsible for important projects, such as the signalization of the subway in Buenos Aires, believes the differences between clients and designers should be overcome to the benefit of the users who, in his opinion, are his real clients. With several works implemented in the urban environment, Shakespear defends the idea that graphic design projects should serve the memory, culture and people of the place. The Argentinean designer was not the only one to work in this line of thought. Australian Alison Joy Page, descended from aborigines, presented her multidisciplinary projects developed along with native communities of her country.
According to Page, the process of these projects is much more important than the final results and, therefore, she appreciated the initial phases, in which she searches for integration with her “clients”, identifying their characteristics, rituals and wishes that will concern a particular manner of working and designing for a certain community. The greatest part of her projects is sponsored by the Australian government and reveals much sensitiveness in the attempt of keeping alive the culture and spirituality of aborigines. In these projects, the artistic activities are always used as a way of integrating the communities. Group work, strengthening of cultural identity, valorization of the environment and remuneration of the individuals of the community involved in the projects are some of the differentials of Page’s proposal. Two other lecturers exhibited projects that concern the cultural singularities of the communities for which they work: South African Garth Walker and Indian Kurnal Rawat. The former presented the design of a typographic family used exclusively by the New Constitutional Court of South Africa, which opened to public in April, in Johannesburg. After a long work of iconographic survey, Walker created a font that mixes the calligraphy of the documents signed due to the end of the apartheid regime, the urban graffiti and the graffiti in the cells of the building that now shelters the Court. The latter, Rawat, developed a project of typographic documentation found in Mumbai (former Bombay), called Typocity, which registers, among others, the posters of the commerce façades, traffic signalization and, especially, the decoration of taxis performed with stickers, a graphic manifestation typical of the city. In one of his signalization projects, after decoding the graphic system utilized by the tinned lunch delivery service, which encompasses the whole city, Rawat applied the same code for the identification of the local train stations. More concerned about appraising the proposed theme, Max Bruinsma, from the Netherlands, speculated on what the frontiers of graphic design would be, situating this professional activity in an ambiguous field, between business and culture. For him, every design is a design of interfaces, which allows it to be seen also as content. In this new context, which is the “information society”, the designer assumes the work of content editor, determining, therefore, the form of the contemporary culture. Fumi Masuda, from Tokyo, approached the subject of sustainability. According to the designer, we would be progressing considerably if we incorporated “memory” in the design process, considering, for instance, the history of a certain material when studying the possibilities to recycle it. One of the projects he presented – developed by his students – was a hashi (Japanese chopsticks used as cutlery) made of rice leftovers and thus biodegradable, solution for the waste of food and for the high amount of disposable hashis thrown away every day in Japan. The event also counted on the participation of Bennet Peji, from the USA, and Luiz Seabra and Pedro Martinelli, from Brazil. The North American, descendent from Philippines, narrated in an emotional way his experience while designing a district for immigrants in San Diego, in which the iconographic references of the Philippines were developed. Seabra described the ecologically wise proposal of his cosmetics company, while Martinelli, during a photographic essay, denounced the miserable reality of the Amazon indigenous and cabloco communities, with which he has been cohabiting in the latest years. The event showed that designers are in a moment of redefining their professional activity, compelled to perform new functions in the communication world and pound their actions, disregarding accurate activities in order to try to act more in combination with other professionals, their clients and their audience. More than great strategic projections, graphic designers are hoped to inform on the local cultures with which they work and perform their interface function among the several sociocultural contemporary agents. The International Council of Graphic Design Associations – ICOGRADA – was founded in 1963 in London. It is a non-governmental representation that comprises 80 class associations in 56 countries, including ADG-Brasil, and organizes annually four international meetings: the Design Weeks. For the first time in Brazil, the event was part of the seventh Biennial Exhibition of Graphic Design, and counted on a workshop for students, a Latin American graphic design seminar (which presented a panorama of the profession in Latin America), a regional meeting (which gathered designers, promoters, educators and specialized graphic design media) and the international conference “Frontiers”.
7D X 24H: HAVE WE REACHED THE SPEED OF MACHINES? – page 50 Reason X Emotion; it is on this polarization that, for over 30 years, all theories on the design of offices have been discussed. Offices as places of meeting and exchange or as areas of isolation and privacy? Who are the new inhabitants of workplaces? Maria Helena Estrada
Seven days X 24 hours, according to Rolf Fehlbaum, Vitra’s president, is the equation of our life. If the informatics revolution would take us to idleness, the truth itself showed to be the contrary. We work more, much more, in search of reaching the speed of machines. Information at hand. The reason in command. What about emotion? It is exactly this theme that was the center of the seminar carried out in Milan during the Furniture Fair, in April, 2004. Work and Emotion, analyzed in three sections: the human touch, stress and intelligent spaces – each one showing the human dimension versus the technical one. Since the appearance of the first open-planned office, over 30 years ago, this doubt has been afflicting designers, theorists and industrialists: which are the possible solutions capable of generating larger productivity? Of course the question has another tendency: how to make workplaces comfortable and desirable? Privacy or daily acquaintance? Wide spaces or well equipped ones? Big furniture industries make incessant researches, “refine” information that may lead to the perfect solution. In the resultant literature, there are some clarifying ideas, which are attempts of a type of work futurology. The “Five Myths of Workplace” may be summarized, for instance, accordingly to specialists who work at Knoll International, in five basic ideas… which still persist in the memory and willingness of many individuals. - The office is disappearing. It is an optical illusion of the virtual office, a fad of the 90’s. It promised freedom, photographed executives in idyllic landscapes, always holding their wireless devices. The reality was left below the expectations. Nowadays, the number of employees that spend most part of their time out of their offices is just 7%. - Technology is a must: who cares about the space? During the last decade, the greatest part of companies invested more in technology than in the extension of spaces. The truth is that only 34% of the employees working in offices believe in this myth – and all of them complain of lack of space. - The office without paper. Pure fiction. Have you suppressed the sheet of paper? Do you know anyone who has already done it? The reality belies the myth, and the consumption of paper seems to increase in the direct reason of technological sophistication. - Status is dead. Is the period in which more space meant a bigger status gone? This decade, reduction of spaces, reengineering, collaboration and group work made the companies think of a new approach towards promotion strategies. Space = status, an idea not completely overwhelmed, loses followers due to the obtainment of the greatest deal of equipment necessary for the performance of each function. - One single size fits all. This is the oldest myth, originated in the 70’s: the same space and layout for everyone. However, the possibility of personalizing spaces was mentioned by 73% of the employees who work in offices as being able to allow productivity and personal satisfaction. Personal satisfaction? This is new information, a typical ideal of the hedonistic 2000s, in which the theories on the creative idleness, divulged by work sociologist Domenico De Masi, are strengthened. A reaction towards daily pressure, insecurity, stress. The conviction of the actual millennium being more complex is reinforced, and the solutions cannot be limited to technical aspects: the emotional feature gains prominence and requires answers and products not only for the global market, but for the global man, a mixture of reason and emotions. It is in the offices that involve creative activities where we will find the pioneers of the defiled office, without walls or symbols of power, where varied and unorthodox solutions prevail. Simple and linear desks, slightly delimited; light and flexible panels, in form of a tent or parasol, individual, among other
solutions and, mainly, many places of meeting and daily acquaintance, of relaxation and reading. In a complex universe, the diversity of tasks demands diversity of choice in the ways of work. Complexity of problems leading to the simplicity of solutions: this is the approach entitled to the necessary flexibility of spaces. The transformations in offices – although slow – are evolutionary, do not suffer retrocession like in the home furniture, for instance, subjected to trends, vintages and reinterpretation. The change in the furniture concepts and design, and in the layout of workplaces, considering the great sums of money required, is always an unavoidable answer to a new economic or social situation. We are in the knowledge economy age: growing virtuality, capacity to control more and more information and to manage an increasing necessity of mobility, and enjoyment of more freedom. Features that regard subjective values generate a deep social and cultural change, and are leading the “thinkers” of the new workplaces to reinvent the office as a site, a metropolitan area, with its streets and squares, meeting spots and places of isolation, able to make the new demanding inhabitant of workplaces happy and productive. An investment that does not allow mistakes.
EIMU 2004 A not so big area, compared to the one devoted to the exhibition of residential furniture, but full of content. It was the space occupied by EIMU (International Biennial Fair of Office Furniture). With 20,500 square meters, the furniture and accessories fair for offices, banks, insurance companies, post services and communitarian institutions was completed by two important events: Academy and Work & Emotion. Academy, an educational event, listed the directions towards industry and counted on the participation of engineers and designers, besides representatives of academic and business communities. The three themes approached were “Human Touch,” “No Stress” and “Intelligent Space.” Work & Emotion, a macro-theme that shaped the 2004 exhibition, focused on the work space as a “playground” for the imagination, a multidimensional place where both human and corporative endeavours coexist. The next edition of EIMU will be held in 2006.
STRAIGHT LINE, CURVE LINE – page 56 On ARC DESIGN’s invitation, Italian sociologist Domenico de Masi announces the new realities of work and its influence in the organization of work spaces Domenico De Masi
INDUSTRIAL WORK SPACES The literature of the industrial period, from Dickens to Engels and Zola, describes workplaces in factories with great roughness, real infernal depressions, where there was no hygiene, the environment was indifferent or extremely stressful and the rhythms were brutal. However, workers endeavored to humanize their workplaces with pictures of beautiful girls, saints and landscapes. And the class solidarity offered a friendly shared atmosphere; they were proud of making part of a group and had the courage of fighting for an objective in common. Industrial society is synonym of rationalism. Just like in the factory everything had to be inspired by the rational assembly chain, which was linear and predictable, also in the city, in the residence and in offices, everything had to be schematized and kept under control. In his famous book published in 1923, Le Corbusier wrote: “Life in the modern city is practically thoroughly planned in the straight line… The curve is tiring, dangerous, doleful, and has a true paralyzing effect… The curved road is arbitrary, resulted from chance, from carelessness, from a purely instinctive deed. The rectilinear road answers a request; it is the product of an accurate intervention, of a willingness act, a result achieved with absolute conscience. It is a useful and beautiful thing." For two hundred years, the offices of big companies have reliably adopted the linear ideology of Le Corbusier: brick parallelepipeds until the middle of the
nineteenth century, later in glass and cement; long parallel corridors; clear separation of organizational functions outlined by diversity of colors and furniture. Everything due to a “full time” work, also linear, minutely programmed, developed from the sunrise and youth to retirement, without interruption, because of a certain tailorism that tended to measure each gesture of the workers, entangling them in the assembly chain of the factory and in the bureaucratic chain of the offices. Everything due to hierarchy, in which each one was the boss of dependents, though also dependent on another boss.
THE SITUATION OF POST-INDUSTRIAL INACTIVITY Fortunately, that whole industrial world collapsed irreversibly: the factories were automatized, and now a great part of the new activities developed by human beings is intellectual and possible to be performed in any place, with only a mobile phone and a portable computer. Many group works do not need physical contiguity. Work time and space have lost their structure. When an office is necessary, it may be reduced to a small transitory spot for quick meeting and mutant tasks. A part of the office is being transposed for the residence and assumes the discreet form of a “kitchen cubbyhole;” another part is no longer used for repetitive and bureaucratic chores, but for creative tasks in which work, study and entertainment are altered and reciprocally intersected. Even considering that work has changed so intensely and the greatest part of workers is no longer consisted of laborers, but of employees, managers and directors, architects and designers continue to consider work as if we were in Henry Ford’s time and to design offices accordingly to old industrial criteria, as if they still should shelter the proletarians described by Owen or the army of bureaucrats cited by Gogol. The companies headquarters, built in glass bricks, repetitive and bare like prisons ready to watch and punish, are transposed to more and more peripheral and isolated areas. Where there used to be factories, nowadays, with some very little architectonical retouching, are offices that repeat the same squalid aspect, without preserving vitality. Indeed, there is more hygiene, but the environments are ascetic spaces without subjectivity, designed in series like old industrial hangars, but lacking soul, constructed and furnished with suppression of solitude, without offering fellowship. The forms are always elementary, based on architecture manuals; the corridors are straight, empty, and neutral in the color; the offices are very small rooms with movable walls that are more and more reduced, or are “open spaces” crowded with employees. If we exclude the secretaries’ rooms, which are normally cheered up by plants and familiar pictures, the remaining is anonymous, with no appeal towards fantasy or mind stimulation. Only for important directors spaces are rhetorically reserved in proportion to the occupation, with monumental desks, complicated armchairs and extremely sad ficus. Even so, everything designed in series, predictably, manly and depersonalized.
group work. Telework allows conciliation of the creative individual’s loneliness with the team’s collaboration. Anywise, it is always more important that work, study and entertainment become reciprocally intersected in a solid way, and that they work together in the happy state of mind and body which I call, in a provocative way, “creative idleness”. Therefore, the places in which human activities are developed must be capable of assisting, at the same time: the work activity, with which we produce wealth; the reflexive activity, with which we produce knowledge, art, learning, inventions; the playful activity, with which we produce joy and wellbeing sensations. However, up to now architecture and design have not offered to intellectual work appropriate spaces to evolve in the same rhythm with which it changes the work itself. On the other hand, it is not easy to pursue the countless forms it has been assuming, nor to adequate, in a well-timed way, workplaces to the new, changeable function developed in it. To adjust again work and its spaces is a challenge for companies, architects and designers. The intellectual employees, their capacity to produce ideas and be creative are dependent on that. And, also mostly dependant is the elimination of stress, neuroses and super excitation, which threat our balance. As Heraclites said, “It is in the transformations that things rest themselves.”
STRAIGHT LINE, CURVE LINE After having produced repetitive environments as infinite variations on the rationalist theme of the straight line for one hundred years, architects and designers are challenged by totally new demands: to provide support and form to a post-industrial work that becomes more and more flexible, abstract, nomad, transitory, ubiquitous and creative. Once the period of the straight line, so precious to Le Corbusier, was over, the time of the curve line, preferred by great Oscar Niemeyer, started: “It is not the straight angle that attracts me,” he confessed pleasantly, “nor is it the straight tough line created by men. What attracts me is the free and sensual curve, the curve I find in the mountains of my country, in the sinuous course of its rivers, in the sky clouds, in the sea waves, in the body of the preferred woman. The whole Universe is made of curves, the curved universe of Einstein.”
SPACES FOR MINDS – page 60 Our work is more and more summarized into coping with information. We consume information, we produce information. When having too much information, we need filters; when lacking it, we need search systems. After all, we live according to knowledge,
CREATIVE IDLENESS
as American writer Alvin Toffer already mentioned years ago. All
Obviously everything already mentioned is the tombstone of creativity, that is, of the vital synthesis between fantasy and reality, between rational and emotive spheres: the creativity that, in order to develop in its whole innovative potency, needs freedom, color, irony, play, friendship, love, introspection and cordiality. Any separation between work and life is now purely fictitious, artificial, unnatural. Likewise, the separation between the emotive and the rational sphere is not natural, from the moment they occur thoroughly and together in order to conceive our creativity of mind operators. To augment creativity, which is the only abdicated source of the post-industrial man, it is necessary to break the structure of work spaces and time. Each one should work wherever and whenever he feels like: at home, at the bar, at the beach, in a public park. Workplaces should more and more be mistaken by places of life, because intellectual work does not admit segmentations. On the other hand, it is necessary that spaces, installations and complements capable of assisting the flow of individual thoughts be completed by others that facilitate group work without constraining nor rarefying it. Necessary harmony and indispensable enthusiasm can be accomplished among groups of people that work next to one another in the same office, and also with a team of people that are miles away from one another, though telepathically and emotionally linked. Physical isolation is not opposed to
that has been causing revolutions not only in the manner we work, but also in the environment we work Charles Bezerra and Izabel Barros
Progresses in our technology and processes allow us to work practically in any place at any time, dimming the line that used to define people’s work and private life. Even the idea of productivity in companies has been changing; what used to be measured in time at work stations has been substituted by other criteria, like, for instance, the motivation of employees. The complexity of problems in companies has also been increasing with group work more and more utilized, producing alterations in offices in order to respond to the needs by areas of collaborative work. All this adaptation of the physical space to a new type of work explains what really exists behind several tendencies in offices, just like it may provide us hints on how to plan them into new spaces. We are going through a transition – leaving rigid and modular configurations to other more organic and fluid ones; heavy furnishings to light ones; fixed technologies to portable and wireless ones; space planning based on body needs to a space planning based also on people’s cognitive needs. In order to follow this revolution of knowledge, the planning and the design of
work spaces also need fundamental changes. It is no longer feasible to design from inside out, being based only on aesthetic criteria and on ideas of strong egos. Humbleness and methods are necessary in order to complement the four stages of the development process, which include: research – to understand the context; analysis – to have insights; synthesis – to generate ideas; and only then, the accomplishment is reached. Most of the times this development process is performed by half: it is started with the idea and the next step is the accomplishment. In Brazil, we are not used to doing researches in the activities of design in Brazil. To plan an efficient work space that inspires its users requires a lot of research, specially on the culture and behaviour of the people who will make use of such space. The result of a badly-performed project is too expensive, thus research has to be seen as an investment and not as an additional cost. The planning focus has to move from the designer to the user, even though it remains under the designer’s command.
NEW METHODOLOGIES OF WORK SPACE PLANNING In this context of changes, companies are more and more compelled to face challenges imposed by a market scene in evolvement and full of constant changes. To attract and keep the best employees, make better use of knowledge, improve communication, optimize the work processes, make the decision processes easier and, above all, to innovate are the main challenges. In order to cope with these problems, companies have to be able to find out and utilize the intellectual assets that dwell in the mind of their employees who communicate through chains of informal interaction. By making use of social chains analyses, observation and co-design, the American company Steelcase has developed, and is now patenting, a process that allows organizations to discover and understand their chains of informal interaction, identify and codify their reserved knowledge and delineate their informal work processes. Through this process focused on the user, a holistic strategy is developed for the work environment, and it will guide the development of the architecture and design project by reinforcing the intellectual assets of the company. This new way of approaching the conception of work spaces has been tested and approved by companies in a global level. NCR, Boeing and Profuturo AFP are just some examples of this new way of dealing with the work space issue. At NCR, in Dundee, Scotland, a center of researches and development of automatic withdrawal machines with capacity for 500 people was conceived and established, generating an increase in the employees’ satisfaction level, in the productivity, and saving over six million dollars in expenses. At Boeing, in Seattle, USA, the new area of the teams that work in jets 737 and 757 was implemented with the objective of reducing the frequency and time of production stops and, consequently, optimizing production costs, originating a significant increase in the employees’ satisfaction level and improvement in the organizational environment. At Profuturo AFP, in Lima, Peru, the assistance of informal work processes and of intellectual assets of this pension funds management company led the choice of new buildings for the implantation of its headquarters and its central agency, influencing the distribution of areas in both buildings and assisting in the redefinition of the company’s organogram. This ability of establishing connections between the intellectual assets of the company and the work environment emerges in an essential and positive standard for the creation of layouts focused on the user, which allow companies to face the challenges of a business world in constant mutation. In this manner, work spaces are no longer the decorative and static background of companies, but the dynamic scenery that facilitates the processes performed there.
THE INDICATORS FOR THE FUTURE Changes in the demographic composition of the employees’ population, increase in the work based on the knowledge and intensive use of technologies have been altering the collective and personal needs in work environments. We are witnessing the arrival of new technologies, more intelligent and adaptable to our necessities, more and more directed to the facilitation of our cognitive processes. As a result, the focus of entrepreneurs’ minds has been evolving, from the simplistic notion that everything will be “quicker, better and cheaper”, aiming at a differentiated position on the market, for people’s under-
standing and its importance in the generation and maintenance of the company’s intellectual asset – its collective acquaintance and its experience. Therefore, the future of the activity of planning offices will involve research and identification of the types of reasoning that the space users will apply in order to perform their works. The space will be then configured with furniture and technology able to sustain these reasonings. Just like technological tools, work spaces will have to help their users create, keep, utilize and modify their knowledge. Perhaps, more and more, “work spaces” will mean the same as “spaces for minds.” Charles Bezerra, PhD, is the director of DSR/Brasil – Design, Strategy & Research. Izabel Barros, PhD, is the manager of Design Planning at Steelcase Workplace Strategies Group.
POINT – page 64 The point of light. Focal light X environmental, diffuse light. Does each one have its own function? Get to know the root of the problems in this serious – and good-humored – article written by a specialist in the area Giorgio Giorgi
One of the consequences of electronic revolution is the overcoming of the mechanical paradigm of the series of identical items. In several sectors of contemporary industry (digital graphics, for example), the serial production of differences, programmed or at random, is already feasible. In an extraordinary rhythm in its trajectory from matter towards information, electronic heterogeneity is contaminating mechanic homogeneity. The same heterogeneity is identified by not-so-recent areas of knowledge as essential for the human perception and understanding. In the working world things could not be different. The qualitative progress (without judging its value) to which the most varied professional activities (expressions of such change) were submitted does not have a historical precedent. Frightful subproducts resulted from this impact: unemployment and its counterpart, a threatening competition. The increase of the survivors’ repertory and the sophistication of exchange mechanisms and information processing oblige companies to homogeneously disregard rigid paradigms of physical organization. Flexibility and opening towards growing proportions of workplace personalization have become imposing aspects. High meanings of complexity attached to a matter of touchand-go: the electric wire. In this context in continuous metamorphosis, a glorious exception: the lighting of the greatest part of our offices. It is intrepid, wastefully safe and homogeneously general, making everything and everyone equal in its wrongness. A single employee extends his working hours and the whole building floor brightens up. 500 lux even for the acari! Blackout? No, it was only a startle. Everything is fine now... Pause. In a competent mastership dissertation (*), reliably orientated by Professor João Bezerra de Menezes, architect Ana Paula Scabello de Mello analyses, through an ergonomic point of view, aspects of lighting in computerized work environments. Consecrated practices are questioned. Technical norms are revealed to be inadequate. Indeed, when it comes to aspects of visual comfort, that is, of quality in the computerized work environment, maybe the general lighting should be satisfied with performing a secondary auxiliary role in the process. Preferentially indirect (hanging or fixed on pillars directed towards the ceiling), in a way it avoids reflexes and consequent obfuscation, with slightly discrete lighting levels, the general lighting is supposed to, basically, be responsible for the surrounding and localization of the work environment. Punctual sources are in charge of providing light exclusively for the workplace. Each user switches on and adjusts the light that he considers most suitable for
the performance of his tasks. Being an integrated part of the workplace, the light source works along with it, without affecting the environment flexibility. Nothing very original, Europe and the USA could prove it. It is only visual comfort, efficacy, flexibility and economy, right at hand. (*) MELLO, Ana Paula Scabello. The lighting project in computerized work environments: an ergonomic approach. Mastership dissertation. São Paulo: FAU/USP (University of Architecture and Urbanism of the University of São Paulo), 2002.
GROWING THROUGH INNOVATION – page 68 Fifteen releases, amongst which are the Mirra armchair, with improved design, the Caddy system, which allows autonomic forms of layout, and the raised floor in structured granite by Tate marked the participation of Giroflex at Office Solution 2004 In the last five years, Giroflex has invested sixty million reais in the development of new products. As a result, releases do not stop reaching consumers. During the tenth Office Solution, carried out from April 12 to 16 at the Pavilhão da Bienal (Biennial Pavilion Exhibition), in São Paulo, the company exhibited the biggest package made during one decade of participation in the fair. On a 600-square-meter stand, Giroflex, Forma, Aceco and Tate – companies that compose the group – presented fifteen collection novelties. Amongst them, at least three deserve special attention. The Mirra armchair, by Herman Miller, commercialized by Forma, reached perfection after four years of research. Designed by studio 7.55, Berlin, it is ideal for any physical shape, no matter the weight or height. Its back in TriFlex supports the back of the body, adapting itself according to the user’s shape and movements. The loin part finds support with the slightly incurved bend. It is worth mentioning that 96% of the material utilized in the production of Mirra is recyclable. Another highlight is the Caddy system, by Giroflex, designed by Tomás Berlanga and Carla Ristoris. Adjusting itself to the reality of work environments – reduction in occupation costs, time flexibility and quick communication – the Caddy system offers intelligent solutions by enabling the creation of different layouts with the same components, that is, the desks utilized for meetings can also function as meal tables for employees. Portable, multiuse and easy to store, the system meets the requirements of modern offices. Tate, one of the biggest manufacturers of raised flooring in Brazil, developed the raised floor in structured granite with several options of finish: polished, levigated, forged and flamed. Its modular plates hold a special structure in nylon for indoor or outdoor assembly. In the case of indoor assembly, the steel plates with stuffing in cement mortar are substituted by plates of structured granite, making use of a specific adaptor for the material. Giroflex promotes show rooms and has representatives in the main cities of Brazil. Visit one of the stores and check it by yourself!
FOSTER AND PARTNERS ARCHITECTURE IS SYNTHESIS Norman Foster graduated from the Manchester University School of Architecture and City Planning in 1961 and was granted a Yale University scholarship, where he earned his master’s degree in architecture. In 1963, he founded Team 4 along with Richard Rogers and, in 1967, he established Foster Associates, now known as Foster and Partners, with headquarters in London and branches in Berlin and Hong Kong. At the main studio in London, over 400 people – including Foster – work in a single wide room, with spectacular views facing the River Thames. Foster and partners Spencer de Grey, David Nelson and Graham Philips have already received over 260 awards and citations for excellence and have won
more than 55 international competitions. The firm has gained international reputation with buildings such as the headquarters for HSBC (Hong Kong, 1979-1986), the Commerzbank headquarters (Frankfurt, 1991-1997), the new German Parliament building (Berlin, 1993-1999) and the Great Court for the British Museum (London, 1994-2000). The office’s global production includes buildings, urbanistic plans and design products, graphic design and design of interiors. Foster’s most recent projects are pioneers in solutions with totally renewable energy sources. Some search inspiration in state-of-the-art technologies, but also in forgotten traditions: it is the case of the new Swiss Re tower, which “twists” the traditional internal yard, giving it a new dimension. Another constant element in the architect’s works is natural light, which he uses as a poetical (light/shadow) and ecological tool (in order to reduce the consumption of energy). Throughout his 35-year career, Foster has received about 165 awards, of which the highlights were the Royal Institute of British Architects (RIBA) Royal Gold Medal, in 1983, the Gold Medal of the French Academy of Architecture (Médaille D’Or by the Académie d’Architecture), in Paris, 1991, the American Institute of Architects (AIA) Gold Medal, in 1994, and the Pritzker Architecture Prize, in 1999. In the publication of the Pritzker Prize, the architect summarized his work philosophy: “I believe the best architecture comes from a synthesis of all the elements that separately comprise a building: the structure that holds it up; the services that allow it to work; the ecology of the building (whether it is naturally ventilated, whether you can open the windows, the quality of natural light); the materials used, their mass or lightness; the character of the spaces; the symbolism of the form; the relationship of the building with the skyline or the streetscape; and the way in which the building distinguishes its presence in the city or the countryside.”
FOSTER AND PARTNERS SWISS RE AND CLARK CENTER NEW PARADIGMS One of the greatest personalities of contemporary architecture, Norman Foster has always been in the technology avant-garde and his work overcomes the trivial “high-tech” label. Find out the reason by getting to know two works recently concluded by his office, Foster and Partners Winnie Bastian
With 180 meters high and an instantly recognizable outline, the just-inaugurated Swiss Re tower stands out on the London skyline. The formal appeal of the building designed by Norman Foster’s studio is, however, the least relevant aspect of the project. More than audacious in its form, the building designed by Foster and Partners for the Swiss reinsurance company called Swiss Re subverts the conception of the office-tower. The building develops ideas initially explored in the Climatroffice design, a theoretical project developed by Norman Foster and Buckminster Fuller in the beginning of the 70’s. The idea was to create a building that would have its own microclimate. At that time, its complex double-curved geometry would have been difficult to build. Thirty years later, digital technologies – such as parametric modeling, originally developed in aerospace and automotive industries – facilitate the project and construction of buildings like Swiss Re. The form of the tower serves its environmentally correct proposal, maximizing the amount of natural light and ventilation in order to reduce, in a significative way, the consumption of energy in the building – compared to traditional office-towers, such reduction can be of up to 50%. The circular plan slims the base of the building, reducing reflections, improving transparency and increasing daylight penetration at ground level. The aerodynamic form encourages wind to flow around the tower, minimizing wind loads on the structure and cladding. Wind is not deflected to ground
level – as it happens to rectilinear buildings – what improves pedestrians’ comfort at the base of the building. The slimming of the tower’s profile on the ground floor also helped the opening of a space for a plaza, contained within low limestone walls, which also act as benches or seats. Accessible to the public, the tower’s ground level will be occupied by shops and a separate building will shelter a restaurant and an outdoor café, which “overflows” towards the plaza. But the most interesting solutions of the project are the lightwells, which spiral up the 40-storey building, sometimes combined with gardens. Such wells conduct fresh air and natural light to the interior of the offices in a natural way, reducing reliance on artificial systems of refreshment and heating and also of artificial lighting. The functions of these spaces go beyond: from a social point of view, they add diversity to the building – the balconies on the edge of each lightwell allow visual links between the floors. The internal halls are expressed externally through spiral stripes of gray glass. Another ecologically correct solution is the “skin” of the building, formed by 5,500 double glazed panels, with cavities that lessen the impact of external temperature (reducing the need of heating and air conditioning) and are ventilated by the used air drawn from the offices by exhaustion. The lightwells cladding consists of double glazed panels – which can be opened or closed –, combined with tinted glass and a high-performance coating to reduce the penetration of solar radiation. In order to combine natural and artificial ventilation, the building opens and closes in response to weather changes, controlled by an intelligent management system, which verifies temperature, wind speed and sun intensity, besides other aspects. Due to its trigonal geometry, the steel grid that forms the external structure is inherently strong and light, allowing a flexible internal space free from columns. Crowning the building is an 18-meter-high glazed dome, whose structure starts on the 39th floor and is formed by a series of interlocking elements made of lighter steel than the rest of the building. The dome apex, nicknamed “spider,” has a central lens, made of a piece of glass with 2.4 meters of diameter (!). On the 39th floor, a restaurant offers a spectacular view of St. Paul’s Cathedral and, right above, on the 40th floor about 180 meters high, a mezzanine allows a panoramic view of London in 360 degrees. A paradigm of the environmentally responsible practice constructed with advanced technology, the Swiss Re tower also works as a “reminder” for technocrats that architecture must consider the human element. Foster’s humanist character is similarly visible at the James H. Clark Center, a research center at Stanford University, California, USA, designed in collaboration with the firm MBT Architecture, from San Francisco. The building was constructed to shelter Bio-X, an interdisciplinary research program that comprises bioengineering, biomedicine and biosciences. The construction should encourage eventual meetings and informal gatherings among 700 researchers from 23 departments of the university, promoting the exchange of knowledge. It was not a typical research building. Inaugurated at the end of 2003, the center encompasses, on three floors, laboratories, offices, classrooms, an auditorium, a restaurant and a coffee shop, organized around a yard, which is the core of the project: a wide public room, without gates, open 24 hours a day. The complex is composed by three buildings associated in “U:” while the exterior is formed by straight angles – in order to be suitable to the pilot plan of the university, which dates from 1880 – the central yard reveals a combination of curves. Both longest buildings undulate one in direction to the other, being connected, at the narrowest point, through tenuous footbridges. Unifying the three buildings is a great metallic canopy – suspended about 1.20 meters from the roof of the third floor by discrete steel columns. The laboratories, enclosed by big glazed walls, are turned to the central yard, just like the circulation of the three floors, which happens in open corridors: the building’s project exposes people intentionally. The spaces of the laboratories are wide and open, without walls or counter rows that would interrupt the continuity. The furniture, with sliding wheels, can be moved when a project requires a diverse work space. All the technical needs – water, gas, exhausters, electric and electronic energy – are provided
by the roof and may be obtained virtually by any spot of the laboratory. In that way, wide laboratory areas may be reconfigured in order to be adjusted to the different needs of each project. The external circulation contributes for this adaptability of the internal spaces, while it allows a wider yard that is more open than if there would be conventional corridors, besides reducing energy consumption by 15%. For the vertical circulation, two options: elevators in the lobbies of each building or wide external stairs that interconnect the open corridors. The individual offices, situated inside the laboratories, can be in the area of closed spaces, “float” in the open space, or turn directly to the yard. In all cases, there is acoustic privacy and possibility of visual privacy, for the few moments in which interaction – the conducting line of the project – might not be desired.
OTHER WORKS: RAILWAY STATION – FLORENCE, ITALY This high speed train station, Foster’s first work in Italy, will be the focus of the new railway system of Florence, with 7 km of underground lines. The platforms will be located 25 meters below the ground level and the station chamber will be a single volume 454 meters long and 52 meters wide, with a big glazed covering, sustained by a light steel structure. The roof idealized by Foster is articulated in diaphragms with a variable structure that assures the environmental and acoustic control, natural lighting and air renewal. Due to the great volume of traffic, the project will make use of materials with high resistance and maintenance facility: concrete, stainless steel and glass. The station will have a “vertical distribution,” with an internal space open on the entire height, making trains visible from the surface. Elevators and sloped moving sidewalks and escalators will link the platforms to the ground level (where all the station services will be located), to the exits to bus terminals, to tram stops, to taxis, to parking lots and to platforms for local trains. With over 45,000 square meters, the station will cost around 240 million euros. The construction is due to begin in 2005 and be completed in 2009.
THE SAGE – GATESHEAD, ENGLAND Located on the south bank of the River Tyne, the building will encompass three auditoria: a wide concert hall (1,650 seats), a chamber music hall (400 seats) and a space for rehearsals, each one connected to a huge glazed entrancehall facing the river. Also parts of the program are a music school (situated below the entrance-hall) and a center of information on music, besides shops, bars and cafés, totalizing 12,000 square meters of constructed area. Geographically, the complex will fill “the gap on the map” for concert spaces, once similar alternatives are available in an over-three-hour distance (Gateshead has around 200 thousand inhabitants and is located in the north of England). A single roof, composed by 3 thousand stainless steel panels and 250 glass panels, encloses the whole construction. The panels, measuring about one meter wide and four meters long each, were designed to reduce glare in case of strong rains. With a cost estimation of 70 million pounds, the building is already being constructed and should be completed until the beginning of 2005.
SCOTTISH GAS (CENTRICA) - ENDINBURGH, SCOTLAND Opened officially in November 2003, the Scottish Gas headquarters have a project based on flexibility: in the longer term, it can be partitioned and reconfigured internally for another use. The 10,500-square-meter building accommodates 1,800 people in two shifts: it is a “functional high-density workplace”, according to Foster’s definition. The ground floor comprises meeting rooms, administration, technology of information and occupational health facilities, besides a staff restaurant. The other three floors, interconnected by elevators and cantilevered staircases, are occupied by the company’s call center. With an irregular “U” shape footprint, the building is organized around the central atrium, covered by a skylight in white glass, through which diffuse natural light penetrates in the area. On the top floors, relaxation spaces are open towards the atrium and the ramps that link the two sides of the building. Horizontal brise-soleil tubes in aluminum disposed in a rhythmic way surround the building, adding movement to the glazed façade.