Associação Brasileira do Aço Inoxidável Maio/Agosto de 2013
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APLICAÇÃO
INOX, SOBERANO NA INDÚSTRIA NÁUTICA ENTREVISTA
O ARQUITETO MARCOS PERAZZO FALA SOBRE A APLICAÇÃO DO INOX NOS RESTAURANTES DO GRUPO RUBAIYAT
MERCADO
SETOR DE PESCADOS APONTA USO INTENSIVO DO INOX
CRESCIMENTO INOX É ALIADO NO AGRONEGÓCIO
sumário
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artigo ................ 10
O desempenho do inox AISI 317L para colunas de sulfitação A Aperam apresenta neste artigo um estudo sobre a aplicação do aço inox em usinas sucroalcooleiras. No caso, mais especificamente, na etapa de clarificação do caldo, que é o sistema de sulfitação
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O ECLETISMO DO AÇO INOX Em 2010, durante o Congresso do Aço Inoxidável, realizado na Feinox – Feira do Aço Inoxidável, o engenheiro Mário Antônio Porto Fonseca discorreu sobre as oportunidades para o aço inoxidável no agronegócio e concluiu que o material exerce papel de protagonista – e não de coadjuvante – quando se trata das possíveis aplicações nesse segmento. “O aço é um importante vetor para o aumento da competitividade dos diversos atores que participam dos múltiplos elos das cadeias produtivas do agronegócio”, afirmou ele. E foi exatamente isso que verificamos ao entrevistar diversas empresas desse setor para a matéria que mostra o grande aliado que é o inox nas áreas de alimentos, nas atividades da pecuária, na produção de grãos, hortaliças e frutas, na indústria de laticínios, no setor de óleo comestível e bebidas. Também fomos constatar como andam as plantas industriais de processamento de pescados espalhadas pelo País e tivemos a confirmação de que “a indústria do peixe não vive sem ele (o aço inox)”, palavras do diretor industrial da Gomes da Costa – líder brasileira em processamento de atum –, Adão Pereira, que adota o material do recebimento à limpeza, congelamento e descongelamento até o produto ser encaminhado para ser enlatado. Ficamos inspirados e fomos conhecer um mercado
bem mais charmoso e de alto luxo, as embarcações que fazem parte da indústria náutica brasileira. E qual nossa surpresa! A utilização do aço inox, na maioria o tipo 316 L, se destaca como o material escolhido pelos projetistas e construtores náuticos para compor quase 90% das peças de metais utilizadas em embarcações. Segundo Alexandre Cianciulli, diretor e projetista da Maxima Yachts, um dos entrevistados na matéria, o aço inox representa uma enorme evolução para a indústria náutica, por se tratar de um material que possui grande desempenho na modelagem de peças, pela resistência à corrosão e por proporcionar um visual moderno e esportivo. E para você ficar com água na boca, visitamos as cozinhas dos restaurantes do Grupo Rubaiyat, mundialmente conhecido pela alta qualidade e sabor de suas carnes. Quem nos recebeu e nos concedeu a Entrevista desta edição foi o arquiteto Marcos Perazzo, que confirmou o que conferimos: as cozinhas do grupo são 100% em inox atingindo desde as áreas de produção, bancadas de recebimento, áreas de preparo e limpeza como a parte final do processo, que é a cozinha aparente aos clientes. Bom apetite! Arturo Chao Maceiras, diretor executivo da Abinox
A importância do inox no setor de pescados Amplamente presente nas plantas industriais de processamento de pescados espalhadas pelo País, o aço inoxidável se tornou nas últimas décadas um elemento essencial para a sobrevivência e para o crescimento do setor
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Divulgação Frigmann
mercado ........................ 12
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aplicação ...................... 21
Indústria náutica adota o inox em lanchas, veleiros e iates A utilização do aço inox, na maioria o tipo 316 L, se destaca como o material escolhido pelos projetistas e construtores náuticos para compor quase 90% das peças de metais utilizadas em embarcações
MAI / AGO 2013
Publicação da Associação Brasileira do Aço Inoxidável – ABINOX Avenida Brigadeiro Faria Lima, 1234 – conjunto 141 – CEP 01451-913 São Paulo-SP – Telefone (11) 3813-0969 – Fax (11) 3813-1064 abinox@abinox.org.br; www.abinox.org.br Conselho Editorial: Celso Barbosa, Francisco Martins, Marco Aurélio Fuoco, Maria Carolina Ferreira e Osmar Donizete José Coordenação: Arturo Chao Maceiras (diretor executivo) Circulação/distribuição: Liliana Becker Edição e redação: Ateliê de Textos – Assessoria de Comunicação Rua Dr. Alberto Seabra, 1010, Conj. 12, Alto de Pinheiros, São Paulo-SP, telefone (11) 3675-0809; atelie@ateliedetextos.com.br; www.ateliedetextos.com.br Diretora de redação e jornalista responsável: Alzira Hisgail (MTb 12326)
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Notícias Inox Estádios brasileiros adotam o inox em diversas aplicações; curso gratuito de especialistas em inox; Abinox participa de Congresso da ABM; a associada Âmplia é escolhida para executar peças em inox para o novo MIS-RJ Repórteres: Adilson Melendez, Eduardo Gomes, Leandro Costa e Renata Rosa Comercialização: Sticker MKT Propaganda Alameda Araguai, 1293, conjunto 701 – Centro Empresarial Alphaville Barueri - SP – CEP 06455-000 – www.sticker.com.br Diretor: Antonio Carlos Pereira - caio@sticker.com.br Para anunciar: (11) 4208-4447 / 4133-0415 - Dulce Josias Nery Junior (11) 9178-0930 - junior@sticker.com.br Edição de arte/diagramação: Vinicius Gomes Rocha (Act Design Gráfico) Capa: foto divulgação Aguz Marine Impressão: Van Moorsel A reprodução de textos é livre, desde que citada a fonte.
Foto: Grupo Rubaiyat
entrevista
A tradição do uso do inox no Grupo Rubaiyat O arquiteto Marcos Perazzo, diretor da Perazzo Associados & Arquitetura, fala sobre a tradição que o Grupo Rubaiyat tem na adoção do aço inox em suas cozinhas e de sua experiência há três anos com os projetos de arquitetura nos restaurantes de Brasília, Rio de Janeiro, México e Chile. Para Perazzo, “o desafio de trabalhar para o Rubaiyat é conseguir projetar um restaurante que esteja a altura de sua comida, mundialmente conhecida pela alta qualidade e sabor de suas carnes”. 6 INOX • MAIO/AGOSTO 2013
Na gastronomia o uso do aço inox já se consagrou. No caso do Grupo Rubaiyat o aço inox tem sido um grande aliado? No Grupo Rubaiyat, hoje, todas as cozinhas dos restaurantes são 100% em inox. Optamos pelo material por motivos estéticos e higiênicos. É uma especificação, inclusive, para todas as futuras casas. Desde quando fazem uso do material em sua rede de restaurantes? Já usamos o material há muito tempo. O restaurante Figueira, por exemplo, inaugurado há 15 anos, foi concebido desde o início com uma cozinha e toda a área de produção em inox. Eu trabalho para o Grupo Rubaiyat, tanto na reforma das atuais casas como no desenvolvimento do projeto das novas há três anos. Desde que presto serviços tenho observado que o Grupo é adepto do uso do aço inox. A utilização do aço inox se restringe às cozinhas ou excede às áreas frias? Como já disse, a utilização do inox excede a cozinha que é aparente ao cliente. Os restaurantes utili-
Grupo Rubaiyat usa o inox em todas as áreas de produção – das bancadas de recebimento até a parte final do processo
zam equipamentos em inox em todas suas áreas de produção, desde as bancadas de recebimento, áreas de preparo e limpeza como na parte final do processo, que é a cozinha aparente aos clientes. Hoje todos os restaurantes são contemplados? E o de Brasília, recém-inaugurado, de que maneira foi explorado a utilização do inox? No restaurante de Brasília, buscamos esse mesmo conceito de 100% inox em todos os equipamentos onde há contato com o alimento – do recebimento até o preparo final. Em Brasília, nosso parceiro na parte de equipamento de cozinhas foi a empresa Alfatec, cujo representante comercial no estado de São Paulo é o Leco Goes. Ele foi nosso parceiro desde a concepção da cozinha até execução na obra, nos auxiliando em compras de equipamentos de empresas parceiras, como a Forno Flex.
Qual o tipo de inox que é utilizado nos equipamentos? Todo o aço inox de nossos equipamentos é o AISI 304, o melhor do mercado. Quais são as qualidades do aço inoxidável em ambientes de alimentação? No grupo Rubaiyat, temos um padrão de qualidade que deve ser alcançado em relação aos equiMAIO/AGOSTO 2013 • INOX 7
legislações higiênica e sanitárias federal, estadual e municipal sem perder a qualidade ou durabilidade. Bancadas de outros materiais, como pedras, já não são mais aceitas em alguns estados para áreas de preparo de alimentos devido ao grau de porosidade.
“Ao escolher os materiais, buscamos a qualidade do inox, grau máximo de pureza e espessura – marcas que garantam qualidade e durabilidade do equipamento” pamentos de nossas cozinhas. Pois para chegarmos na qualidade máxima de nossos pratos, não basta termos as melhores carnes ou os melhores chefes, precisamos também ter os equipamentos que atendam nossas demandas. Então ao escolher os materiais, buscamos a qualidade do inox, grau máximo de pureza e espessura – marcas que garantam qualidade e durabilidade do equipamento. Existe alguma dificuldade que você observe para a utilização desse material nessas áreas? Muito pelo contrário. Trabalhar com o inox só traz vantagens. Suas infinitas possibilidades dão mais maleabilidade ao projeto, sem contar que atendem todas as exigências da vigilância sanitária. As áreas de alimentação devem obedecer às legislações higiênica e sanitária federal, estadual e municipal. Como vê o uso do inox para atender a estes requisitos? Praticamente é o único material que não traz problemas quanto à vigilância sanitária. Em questão de higiene, ele atende todas as exigências de 8 INOX • MAIO/AGOSTO 2013
Os equipamentos em inox utilizados na rede são fornecidos por fabricantes brasileiros? Se sim, como se comparam com os produtos de fabricantes que fornecem para os restaurantes no exterior (Espanha, Argentina, México etc.)? Buscamos sempre trabalhar com fornecedores locais, para termos a assistência por algum eventual problema que possa aparecer. No caso de Brasília, optamos pela Alfatec. No México, estamos negociando com algumas empresas, porém muito dos equipamentos nesses países são importados da Europa ou dos Estados Unidos e revendidos localmente com a assistência de seus representantes. A aplicação do aço inox em cozinhas profissionais não se restringe à armazenagem e ao preparo dos alimentos. Onde mais ele é adotado? Como disse, ele pode ser aplicado em todas as áreas dos restaurantes, tanto no preparo, na cozinha final como no recebimento, em carrinhos de transporte. As possibilidades são infinitas. A Perazzo é responsável por quais projetos dos restaurantes do Grupo Rubaiyat? A Perazzo Associados & Arquitetura é responsável pela reforma do Baby Beef Rubaiyat Faria Lima, pelo projeto do Baby Beef Rubaiyat Brasília e dos futuros projetos dos restaurantes nessa nova expansão: México, Chile e Rio de Janeiro. Nos negócios agropecuários do grupo, como nas fazendas, o aço inox é especificado? Em que aplicações ele é utilizado? Seguimos o mesmo padrão de rigor de qualidade, tanto nas fazendas como nos restaurantes. O inox é utilizado em todas as áreas de produção das carnes. Um dos lemas do restaurante é “da fazenda ao prato”. E, para conseguirmos obter a qualidade pela qual o Rubaiyat é mundialmente reconhecido, seguimos rigorosamente todos os padrões máximos de qualidade exigidos pela vigilância sanitária.
Fotos: Aperam
artigo
Figura 1 – vista geral do interior das colunas de sulfitação em 316L(E) e 317L(D)
Figura 2 – vista detalhada do interior das colunas de sulfitação em 316L(E) e 317L(D)
AÇO INOXIDÁVEL AISI 317L PARA COLUNAS DE SULFITAÇÃO:
DESEMPENHO SUPERIOR REDUZINDO A MANUTENÇÃO Aperam South America(ex-Acesita/ArcelorMittal Inox), vem há mais de 10 anos promovendo o desenvolvimento de aplicações em aços inoxidáveis voltadas às usinas sucroalcooleiras visando a otimização de diversas etapas de produção, sem abrir mão da competitividade necessária a todas as indústrias. Os principais benefícios da substituição dos materiais tradicionalmente empregados nestes processos por aços inoxidáveis são refletidos principalmente em maior vida útil, redução significativa de manutenção e, consequentemente, mão-de-obra – cada vez mais escassa e onerosa, além da possibilidade de redução de peso devido às propriedades mecânicas e elevada resistência à corrosão dos aços inoxidáveis, não haven10 INOX • MAIO/AGOSTO 2013
do necessidade de aplicar sobrespessura ou pintura. O mais recente desenvolvimento foi realizado na etapa de clarificação do caldo, no sistema de sulfitação, que é muito empregado nas unidades produtoras de açúcar branco. De forma muito simplificada, neste equipamento o enxofre é queimado em fornos rotativos onde o próprio calor da combustão funde este elemento, sendo oxidado predominantemente a dióxido de enxofre(SO2) que, por sua vez, segue em fluxo ascendente pela garrafa onde é resfriado para temperaturas inferiores a 200 oC para evitar a formação de trióxido de enxofre(SO3). Em seguida, o SO2, muito solúvel em água, entra em contato com o caldo em contra corrente, ocorrendo então a sulfitação.
Figura 3 – vista detalhada do interior da coluna sulfitação em aço carbono
A fase úmida deste processo é sem dúvida a mais agressiva aos materiais ali empregados: além das altas temperaturas das etapas anteriores, que normalmente funcionam como catalisador para reações que levam à oxidação e corrosão, estão presentes os ácidos sulforoso e sulfúrico, extremamente corrosivos, principalmente ao aço carbono convencional – muito aplicado neste sistema. Sabendo das condições extremas deste processo e visando aumento de vida útil e redução de manutenção, muitas usinas alteraram a especificação destas colunas para aços inoxidáveis, principalmente o AISI 316L, que possui desempenho muito superior ao aço carbono. Visando aumentar ainda mais o ganho nesta aplicação, em 2011 foi instalada na Usina Alta Mogiana uma coluna de sulfitação fabricada em aço inox AISI 317L produzido pela Aperam South America, que por sua composição química – maiores de cromo níquel e molibdênio – possui resistência à corrosão, superior até mesmo ao 316L, conforme Tabela 1. Paralelamente, uma coluna em 316L e outra em aço carbono foram instaladas neste mesmo período. Após uma safra em operação, foi possível comparar o desempenho de ambos os aços inoxidáveis, conforme Figuras 1 e 2. Analisando-se o comparativo mostrado na Figura 1, é possível notar uma superfície interna mais uniforme e de menor rugosidade na coluna em 317L em comparação ao 316L. A área demarcada pela linha pontilhada laranja indica o local onde se inicia o contato do meio ácido com a parede da tubulação. Esta diferença fica mais acentuada na figura 2, onde é possível ver de forma mais clara a superfície do aço 317L mais preservada, onde não é possível
Tabela 1 - Composição química dos aços 316L e 317L Aço
%C
%Cr
%Ni
%Mo
317L
0,03
18
11
3
316L
0,03
16
10
2
Tabela 2 – Comparativo de perdas de espessura nas colunas de sulfitação Aço
Espessura Espessura após Perda inicial (mm) 1 safra (mm) (mm)
317L
11,5
10,7
0,8
316L
12,5
10,9
1,6
Carbono
12,7
9,5
3,2
observar o mesmo ataque ocorrido no aço 316L. Nesta mesma aplicação, o aço carbono está sendo utilizado. A Figura 3 mostra sua parede interna após a safra. O aspecto superficial observado nos três aços é condizente com a resistência à corrosão dos mesmos, bem como a perda de espessura registrada após uma safra em operação, conforme tabela 2. Analisando-se as perdas de cada material após uma safra em operação, fica evidente a superioridade do aço inoxidável 317L frente ao 316L e ao aço carbono. Em comparação a este último, a perda registrada no 317L foi 4 vezes inferior, possibilitando ganhos potenciais com mão de obra e manutenção, o que vai de encontro à nova realidade das unidades produtoras de açúcar e álcool. Artigo concedido pela Aperam South America MAIO/AGOSTO 2013 • INOX 11
Fotos: Divulgação
mercado
Fornos de cozimento de atum em alto vácuo, da Gomes da Costa
A IMPORTÂNCIA DO AÇO INOX PARA O SETOR DE PESCADOS
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mplamente presente nas plantas industriais de processamento de pescados espalhadas pelo País, o aço inoxidável se tornou nas últimas décadas um elemento essencial para a sobrevivência e para o crescimento do setor no Brasil, apontam membros do segmento. “A indústria do peixe não vive sem ele”, afirma o diretor industrial da Gomes da Costa (líder brasileira em processamento de atum), Adão Pereira. Segundo ele, nas unidades de processamento da empresa todos os equipamentos que entram em contato com os peixes são de aço inoxidável. “Desde o recebimento, passando pelo processo de evisceração, limpeza, congelamento e descongelamento até o produto ser encaminhado para ser enlatado, tudo é feito em equipamentos de inox”, explica o diretor. O mesmo ocorre no frigorífico da Colpani Pescados, que processa mais de 5 toneladas de tilápia por semana, que são vendidas como filé e também empanados. “Trata-se de um ambiente muito úmido, muito agressivo e propício à corrosão. Então, do pon-
Lavabotas duplo manual, da Frigmann
Lavador 10HP, da Frigmann
Túnel de Congelamento Helicoidal, da Brusinox
to de vista operacional e econômico tudo precisa ser de aço inoxidável para não haver riscos de contaminação do pescado”, salienta o sócio-proprietário da empresa, Martinho Colpani. A opção pelo aço inox deve-se, sobretudo, a questões sanitárias, explicam os fabricantes de máquinas. Apesar de a legislação brasileira, que estabelece regras para o setor (Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal – Riispoa, do Ministério da Agricultura e Abastecimento, e a Resolução RDC no 216, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvi-
sa), não fazer menção direta ao aço inoxidável, as exigências legais em relação à higienização e aos cuidados contra a contaminação dos alimentos fazem dele o único material com características adequadas a essas exigências. “Hoje, 100% dos equipamentos que fabricamos para o setor são feitos com aço inoxidável”, diz o gerente de Marketing da Brusinox, Daniel Bacca. Segundo ele a adoção do material começou a ser feita há quase 50 anos, na década de 1970. “Além de ser resistente à corrosão (o que na indústria de peixe é essencial, dado que o sangue e vísceras do pescado, mesmo de água doce são altamente corrosivos) o inox é de fácil higienização e de grande durabilidade”, destaca. O mesmo salienta o gerente de aplicação da Frigmann Hermann, empresa com 70 anos de experiência na fabricação de equipamentos para o setor de pescados, Marcos Pedroso. “A questão da higienização é central para a indústria, que não pode correr riscos de ter seu produto contaminado. Nesse sentido o inox se encaixa muito bem, pois é um material MAIO/AGOSTO 2013 • INOX 13
Filetadora de pescado, da Brusinox
que não altera o gosto do produto e não retém bactérias. Porém, a durabilidade é também outro grande apelo do inox”, explica. MELHOR IMAGEM Apesar das condições favoráveis em termos de clima e disponibilidade de água para a produção do pescado, tanto continental (água doce) quanto marítimo no Brasil, o País hoje ocupa apenas a 18a posição no ranking mundial de produção de peixes, concentrando 0,86% da produção mundial, de acordo com dados do Ministério da Pesca e Agricultura. Além disso, ainda de acordo com o ministério, o nível de consumo per capita daqui ainda é muito baixo se comparado à média mundial. Ao passo que em Portugal, por exemplo, registra-se um consumo de 60 quilos de carne de peixe por ano, aqui esse número não chega a 10 quilos. Para a indústria, o País reúne condições de melhorar substancialmente esses resultados. “Temos terra, água e clima para isso”, afirma Colpani, da Colpani Pescados. “Com o apoio que o governo tem dado nos últimos anos, com o programa de alimentação saudável, o consumo tem crescido”, completa Pereira, da Gomes da Costa. Segundo ele, nos últimos anos a produção da empresa tem crescido em média 15% a cada ano. 14 INOX • MAIO/AGOSTO 2013
Descamadora de pescado por meio de jato de água, da Brusinox
Melhorar a imagem do pescado diante dos olhos do consumidor é um dos pontos chave para ampliar o consumo e a produção. “No Brasil o pescado ainda é visto com muita desconfiança, como um produto sem muita garantia de origem”, avalia Colpani. Para ele, investir em equipamentos que garantam a qualidade do pescado que chega às gôndolas dos supermercados é fundamental para quebrar essa resistência. “As empresas precisam investir mais nesse sentido, pois ainda há quem processe peixe de forma não adequada.” Dentro deste contexto, tanto Colpani quanto Pereira enxergam o aço inoxidável como elemento importante na missão de tornar a carne de peixe mais atrativa aos olhos do público consumidor. Leandro Costa
Divulgação Jan
crescimento
NO AGRONEGÓCIO, INOX É ALIADO DA PRODUTIVIDADE Fábricas de implementos e máquinas agrícolas recorrem ao material para melhorar desempenho de equipamentos
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estudo Projeção do Agronegócio 2012/13 a 2022/23, que foi divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no final de junho, estima que a produção anual de grãos no Brasil vá alcançar 222,3 milhões de toneladas/ano – o potencial de produção, porém, conforme registra o estudo, chega a 274,8 milhões de toneladas. São números superlativos de um segmento da economia brasileira que responde por mais de 20% do total do Produto Interno Bruto, no qual os recordes de produção vêm sendo sucessivamente ultrapassados. Na ocasião em que a pesquisa desenvolvida pela Assessoria de Gestão Estratégica do ministério foi apresentada, o atual ocupante do cargo, Antônio Andrade, ressaltou que, além de indicar a produtores e governo os rumos do
agronegócio no país, o documento sinalizava que o crescimento se dará, sobretudo, devido ao aumento da produtividade, uma vez que a alta na produção de grãos (que, em termos percentuais irá variar entre 20,7% e 49,2%) irá ocorrer com expansão menor na área de cultivo – nesse caso os percentuais variam entre 8,2% e 30,3%. O estudo também previu que o mercado interno será o responsável pelo crescimento do agronegócio – de acordo com a pesquisa, daqui a uma década, 51% da produção nacional de soja serão comercializadas dentro do país, enquanto que, da safra de milho, 67% serão vendidas no mercado interno. Com relação à carne, a projeção é de que o consumo interno será de 75% do total da produção de bovinos e de 82,3% de suínos. Ainda assim, haverá também a elevação nas
exportações e – como já ocorre atualmente – a China continuará a ser a principal compradora mundial de soja. INOX: PRESENÇA HISTÓRICA São múltiplos os fatores que contribuíram para que o país se tornasse uma das maiores potências mundiais no agronegócio e o aço inoxidável tem a sua parcela de contribuição em vários dos segmentos dessas atividades. Na indústria sucroalcooleira, por exemplo, – uma das áreas que está atrelada ao agronegócio – o metal começou a ser utilizado nas usinas de álcool, ainda que de maneira tímida, desde o início do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) na década de 1970 e, nos últimos anos, sua especificação nos equipamentos tem crescido em razão do bom desempenho e vantajosa relação custo-benefício que o material apresenta em diversos processos industriais. Em 2010, quando participou da quarta edição do Congresso do Aço Inoxidável, realizado durante a Feinox - Feira do Aço Inoxidável, o engenheiro Mário Antônio Porto Fonseca discorreu sobre as oportunidades para o aço inoxidável no agronegócio e concluiu que o material exerce papel de prima dona – e não de coadjuvante – quando se trata das possíveis aplicações nesse segmento. “Ele [o aço inoxidável] é um importante vetor para o aumento da competitividade dos diversos atores que participam dos
Detalhes da aplicação em inox, nas carretas abastecedoras e plantadeiras da Jan
múltiplos elos das cadeias produtivas do agronegócio”, afirmou Fonseca. Apenas na área de alimentos, o engenheiro citou como potenciais campos para a especificação do aço inoxidável, as atividades da pecuária, a produção de grãos, hortaliças/frutas, a indústria de laticínios, o setor de óleo comestível e a apicultura. Na área de bebidas, mencionou o processo de industrialização de sucos, vinhos, cerveja e cachaça, destacando ainda que em várias dessas atividades, o inox pode estar presente tanto na forma de insumos como no processo de fabricação, além de no comércio atacadista ou varejista. MÁQUINAS AGRÍCOLAS INOXIDÁVEIS Embora Fonseca não tenha mencionado individualmente os “atores” que participam dos elos da cadeia produtiva do agronegócio, a fabricação e montagem de máquinas e implementos agrícolas têm participação importante neste “elenco”, no qual o aço inoxidável tem sido parceiro ativo e constante dessas indústrias.
Estão instalados no Rio Grande do Sul, dois importantes fabricantes desse tipo de equipamentos que, há alguns anos, incorporaram o aço inoxidável à sua linha de produção – quando não na totalidade, o material está presente ao menos em algumas partes dessas ferramentas. Uma dessas empresas é a Implementos Agrícolas Jan, que tem sua base na cidade de Não-Me-Toque, no interior do estado. Fundada há mais de meio século, a Jan fabrica e fornece equipamentos e componentes para todo o Brasil e os exporta a partir de quatro unidades – a quinta está prevista para ser inaugurada ainda esse ano – para a Europa, África e América Latina. Há aproximadamente quatro anos a empresa intensificou o uso de aço inoxidável nos seus produtos. Claudiomiro dos Santos, gerente comercial da Jan, informa que hoje o aço inoxidável é empregado em praticamente todos os distribuidores de corretivos e fertilizantes. “Temos produtos desenvolvidos quase que totalmente em aço MAIO/AGOSTO 2013 • INOX 17
Divulgação Stara
A Stara utiliza o inox em distribuidores de fertilizantes, carretas agrícolas e pulverizadores
inoxidável”, ele afirma, citando como outro exemplo da aplicação do inox as carretas abastecedoras de plantadeiras. Santos diz que, em geral, todas as peças dos equipamentos da Jan que entram em contato com adubos e fertilizantes são produzidas em aço inoxidável. “Isso, porque esses compostos estão cada vez mais fortes e corrosivos”, justifica. PIONEIRISMO DA JAN Antes de fazer uso do inox, a empresa empregava o polietileno para fabricar esses componentes. Porém, dado a fragilidade desse material – um polímero de baixa resistência a impactos e às intempéries – a alteração foi efetuada. De acordo com o relato de Santos, foi o próprio mercado que “empurrou” a Jan a trocar de material. “A substituição só não tinha sido feita antes, porque, até então, os valores do inox eram
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proibitivos”, ele observa, acrescentando que, ao fazer uso do inox nos seus equipamentos a Jan conseguiu vantagens competitivas. O executivo da indústria gaúcha conta que, no Brasil, a Jan foi precursora no emprego em alta escala (e em equipamentos de grande porte) do aço inoxidável na área de máquinas e implementos agrícolas. “Depois da Jan, outros fabricantes passaram a utilizar o mesmo material”, ele destaca, lembrando que, com isso, o empresário do agronegócio passou a contar com máquinas e equipamentos de maior durabilidade. “Atualmente o investimento em maquinário é bem alto. E, se puder aliar o alto investimento com qualidade e durabilidade, fica bem melhor”, observa. Embora não encontre dificuldades em trabalhar o material para aplicá-lo nos equipamentos, a Jan emprega ferramentais específicos para produzi-los. “Temos também que administrar os estoques de trabalho que precisam ser maiores para compensar as compras em escala”, detalha Santos. Ele acrescenta que talvez o uso do aço inoxidável pudesse ser ainda maior no segmento de máquinas e implementos agrícolas se esse tipo de metal fosse também mais resistente ao atrito.
INOX NA STARA DESDE OS ANOS 90 Fica também na mesma cidade sul rio-grandense (Não-Me-Toque) outro importante fabricante de máquinas utilizadas na agricultura. Trata-se da Stara Indústria de Implementos Agrícolas, empresa que, em 2013, completou 60 anos de fundação – a denominação Stara é a junção de partes dos sobrenomes (Stapelbroek e Rauwers) dos fundadores, que a constituíram como uma ferraria. No início, a principal atividade era a montagem e a manutenção de máquinas e implementos agrícolas que, vindas da Europa, começavam a chegar à região. Da pequena ferraria, a empresa transformou-se – como ela se autodenomina – na detentora da maior e melhor linha de máquinas agrícolas produzidas no Brasil. Carretas agrícolas, distribuidores de sementes e fertilizantes, niveladores
Tanques em inox da Ricefer: entre as vantagens, higiene e resistência à corrosão
nharia da Stara, o inox foi incorporado aos equipamentos na segunda metade da década de 1990, no momento em que a empresa começou a fabricar distribuidores de fertilizantes. O engenheiro é econômico nas palavras ao explicar as vantagens que a empresa observou a partir do momento em que passou a fazer uso do inox (a Stara emprega os aços AISI 201 e AISI 304) Divulgação Recifer
de solo, pulverizadores, plantadoras e semeadores são alguns desses equipamentos. De sua ampla linha de máquinas e implementos, a Stara emprega atualmente o aço inoxidável em distribuidores de fertilizantes, nas carretas agrícolas e nos pulverizadores autopropelidos. De acordo com o engenheiro Cristiano Paim Buss, diretor de gestão de enge-
na produção de seus equipamentos: “o material é mais resistente à corrosão metálica”, sintetiza Buss, que recorre ao mesmo argumento para explicar ao usuário final (agricultor) o mais importante aspecto a ser avaliado no momento de realizar a compra de máquinas e implementos agrícolas. Para conformar o aço inoxidável, a Stara utiliza ferramentas especiais. “Possuímos prisma e cunho de dobradeiras, laser e aparelhos de solda com gases especiais para inox”, detalha o engenheiro, explicando que o aço inoxidável é empregado, sobretudo, nas áreas das máquinas que entram em contato com fertilizantes e agrotóxicos. “Grande parte de nossos produtos poderiam utilizar o inox, mas se isso ocorresse teríamos custos mais elevados”, ele justifica. SUCO DE UVA E INOX Também no Rio Grande do Sul, na cidade de Garibaldi, na região da serra gaúcha, ficam as instalações de outra empresa cujos produtos em aço inox estão presentes em vários segmentos do agronegócio. Trata-se da Ricefer Inovação em Aço Inox, que foi fundada 1985 e, já no ano seguinte, começou a manufaturar o item que se tornaria seu principal produto: tanques de aço inoxidável. No início, esses equipamentos eram comercializados com as vinícolas da região mas, hoje, são enconMAIO/AGOSTO 2013 • INOX 19
Divulgação Reafrio
trados em todo o Brasil e no exterior. Sempre explorando as características do aço inoxidável – como a alta resistência à corrosão, durabilidade, facilidade de limpeza e estética e não transmissão de cor e sabor –, a Ricefer ampliou a sua linha de máquinas e equipamentos e hoje atende aos setores de bebidas, alimentos e laticínios. Entre esses produtos, um que a empresa classifica como direcionado para as atividades do agronegócio é um equipamento para a produção de suco de uva integral. “Trata-se de um sistema contínuo cuja produção supera os 5 mil litros/hora”, informa o gerente comercial da Ricefer, Alexandre de Freitas. Fabricada com os aços inox AISI 304 e 316 L, a máquina para a produção de suco de uva integral (assim como os outros da linha da empresa) tem no moderno processo de soldagem automática adotada pela Ricefer um fator adicional de qualidade. Esse atributo, a empresa garante, também, estará presente no sistema de estocagem asséptica para suco de uva, cuja capacidade será superior a 6 milhões de litros. De acordo com o gerente comercial da Ricefer, o sistema (que está sendo desenvolvido em parceria com uma empresa de tecnologia da Itália) deve ser concluído e lançado até o final de 2013. LEITE COM INOX As exigências dos laticínios pela melhor qualidade do leite, atendendo a uma exigência do mercado levou a Reafrio a 20 INOX • MAIO/AGOSTO 2013
introduzir o aço inoxidável na sua linha de produtos. “No início da empresa, existia apenas um produto fabricado internamente em fibra de vidro e, na parte externa, em aço carbono com chapa pré-pintada e com isolamento térmico em poliuretano e isopor”, recorda o engenheiro Rodrigo Borella, responsável pela gerência de engenharia e qualidade da Reafrio. No decorrer dos anos, a linha se ampliou e hoje o inox é empregado nos tanques resfriadores de leite a granel (em vários modelos e tamanhos), ordenhadeiras, tanques de estocagem e rodoviários para transporte. Em todos os produtos a empresa, que fica na cidade de Maravilha, no interior de Santa Catarina, emprega o aço inoxidável AISI 304 – “quando solicitado pelo cliente, utilizamos o AISI 430 somente no revestimento dos tanques rodoviários e em partes estruturais das ordenhadeiras”, detalha Borella. Para o engenheiro
Nos tanques resfriadores e rodoviários para transporte da Reafrio predomina o inox
da Reafrio, trabalhar com o inox significa poder desenvolver produtos com acabamento sanitário, com maior e mais frequente possibilidade de higienização, resistentes à ação do tempo e nobre na sua apresentação. “Para o usuário final, o inox apresenta facilidade na higienização, resistência a produtos químicos e à corrosão e, principalmente, durabilidade”, complementa. Tecnologia para o leite é o slogan da empresa que foi fundada em 2000 e fornece diversos equipamentos para o setor leiteiro. Seu processo produtivo – bem como os seus produtos – está enquadrado dentro do que determinam as normas sanitárias e de segurança do trabalho. Adilson Melendez
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aplicação
ALTO LUXO: O INOX NA INDÚSTRIA NÁUTICA Quase 90% das peças de metal de lanchas, veleiros e iates são de aço inoxidável om o crescimento do mercado de alto luxo no Brasil e a disseminação da cultura de esporte e recreio náuticos no país, o processo de produção de embarcações nacional demanda cada vez mais a utilização de equipamentos, componentes e acessórios especificamente desenvolvidos para essa finalidade. Nesse contexto, a utilização do aço inox, na maioria o tipo 316 L, se destaca como o material escolhido pelos projetistas e construtores náuticos para compor quase 90% das peças de metais utilizadas em embarcações. Nesse segmento, os fabricantes devem consi-
A utilização do inox se destaca como material escolhido pelos projetistas e construtores náuticos
derar vários aspectos da vida útil dos produtos. De acordo com a Acobar (Associação Brasileira dos Construtores de Barcos), as exigências em termos de qualidade – inclusive aparência – e durabilidade em condições extremas de temperatura, umidade, exposição à radiação solar, vento e água salgada fazem com que a produção desses bens seja cercada de cuidados e processos que envolvam matériasprimas e insumos especialmente desenvolvidos para essas finalidades. Segundo Alexandre Cianciulli, diretor e projetista da Maxima Yachts, estaleiro paulista localizado na cidade do Guarujá, o aço inox representa uma enorme evolução para a indústria náutica, por se tratar de um material macio, que possui grande desempenho na modelagem de peças, pela resistência à corrosão e por proporcionar um visual moderno e esportivo. MAIO/AGOSTO 2013 • INOX 21
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Para Cianciulli, “o inox já vem com todos esses valores agregados e, muitas vezes, com custo mais acessível que outros metais”, afirma. A gerente de marketing, Martina Freitag, do estaleiro Cimitarra, localizado na cidade de Vera Cruz, no Rio Grande do Sul, afirma que toda a parte de “guarda-mancebo”, “pega mão”, cunhos e as escadas das embarcações, produzidas pela empresa, são feitas de aço inox. A empresa compra o material bruto e produz as próprias peças. Ela explica que o inox é aplicado em muitos equipamentos de segurança e afirma, “sem estes itens, a lancha perderia valor agregado”. De acordo com a Acobar, no Brasil esse segmento industrial começou a tomar forma ao mesmo tempo em que surgiam os primeiros estaleiros especia-
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As oficinas do estaleiro Cimitarra produzem as peças em inox usadas em suas embarcações
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lizados em embarcações de esporte e recreio. As primeiras velerias organizadas empresarialmente e especializadas em equipar embarcações de esporte e recreio surgiram na década de 1960. Os estaleiros se viam obrigados a adaptar soluções a partir de peças e equipamentos desenvolvidos para outras aplicações ou recorriam a indústrias – principalmente, metal-mecânicas e de termoplásticos – para a produção de itens sob encomenda para equipar as embarcações. Com o passar dos anos, linhas de produtos específicas foram desenvolvidas por indústrias de diversos setores, as quais também podiam ter aplicações náuticas. Para Rogério Amodio, diretor de marketing, vendas e novos negócios do estaleiro paulista, Aguz Marine, as vantagens são imensas quando se usa o inox do tipo correto em peças e utensílios para embarcações. Uma das características, segundo ele, é que o componente permite polimento e em casos mais drásticos de danos podem ser corrigidos com boa solução. Além disso, a limpeza e a higiene são facilitadas e se tornam bastante simples. Para ele, em relação aos cuidados contra a corrosão, o inox é o principal aliado da indústria náutica. “As embarcações, mesmo quando não estão na água do mar, permanecem próximas a ela e, portanto, sempre em ambiente bastante agressivo”. Segundo a Acobar, o crescimento da demanda turística externa projetada para os próximos anos,
Divulgação Maxima Yachts
O inox nas embarcações da Maxima Yachts proporciona um visual moderno e esportivo
alavancada principalmente pela Copa do Mundo de 2014 e pelas Olimpíadas de 2016, tende a fomentar a expansão de serviços de turismo náutico, como a locação de lanchas e veleiros (charters) e a atracação de embarcações estrangeiras. A segunda edição do Plano Aquarela 2020, elaborado pelo Ministério do Turismo e pela Embratur em 2009, projeta um crescimento de 113% na demanda turística externa para 2020, em comparação com 2010, totalizando 11,1 milhões de turistas estrangeiros e gerando uma receita de mais de U$17 bilhões.
A pesquisa da Acobar, publicada em 2012, mostra que a indústria náutica brasileira, nos últimos sete anos, apresentou as maiores taxas de crescimento em todo o mundo. De 2005 até o ano passado, foram criados mais de 20 estaleiros que produzem, na maioria, lanchas de 16 pés, com um valor de mercado que varia de 60 a 120 mil reais, a unidade. Mas, dependendo do modelo, os valores podem ultrapassar a casa dos R$ 20 milhões, sem mencionar os valores de veleiros e iates. A frota brasileira de embarcações de esporte e MAIO/AGOSTO 2013 • INOX 23
Divulgação Aguz Marine
Para a Aguz Marine as vantagens do inox são imensas nas embarcações
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recreio acima de 16 pés compreende um conjunto de aproximadamente 70.000 embarcações, entre lanchas e veleiros. Em média, os brasileiros gastam R$ 28,60/pé/mês para a locação de vagas em marinas, o que significa que uma lancha custa R$ 457,60 por mês, a um proprietário. Em um mercado ainda bastante inexplorado e que sofre com a carência de infraestrutura e de um marco regulatório para novas instalações de abrigo náutico, a indústria náutica brasileira, mesmo assim, ainda enxerga boas perspectivas de crescimento futuro, apoiadas na confiança de retomada de crescimento do PIB e em pesquisas, como a da consultoria de investimentos imobiliários Knight Frank, em parceria com o Citi Private Bank. Estas apontam, que até 2016, o Brasil será o país com maior crescimento no número de pessoas que concentram capital individual avaliado em mais de US$ 100 milhões, perfil dos consumidores do segmento. Eduardo Gomes
notícias inox O aço inoxidável também entrou em campo na Copa das Confederações realizada no Brasil no mês de junho. Em muitos estádios, construídos ou reformados para sediar o evento, o aço inox está presente em várias aplicações como, por exemplo, no revestimento da fachada do estádio Castelão (foto), em Fortaleza; em corrimãos, grades de proteção e em partes dos banheiros do Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro; e do Mané Garrincha, em Brasília. Beleza, durabilidade e custo do ciclo de vida foram fatores decisivos para a escolha do aço inoxidável por parte dos projetistas destes estádios.
Foto: Divulgação
Uso do aço inoxidável em estádios do Brasil
Cursos de especialistas em aço inoxidável online A Abinox está disponibilizando por meio de seu site a versão em português do curso de especialista em aço inoxidável do ISSF - International Stainless Steel Forum, associação dos produtores mundiais de aço inoxidável. Composto por cinco módulos, o curso é gratuito e a inscrição é feita no site da Abinox (www.abinox.org.br).
O curso é dividido nos seguintes módulos: 1. Introdução ao aço inoxidável – aços inoxidáveis austeníticos, ferríticos, duplex, martensíticos e endurecidos por precipitação; 2. Aço inoxidável x corrosão: como o aço inoxidável é afetado pela corrosão e como resiste a ela – processo de corrosão, passividade, corrosão geral, corrosão galvânica, erosão/abrasão, corrosão intergranular, corrosão por pites, corrosão em frestas e corrosão sob tensão fraturante; 3. Propriedades mecânicas do aço inoxidável – propriedades mecânicas, aços inoxidáveis austeníticos, ferríticos, martensíticos, duplex e endurecidos por precipitação; 4. Trabalho com aços inoxidáveis e resistentes à corrosão – resistência à corrosão, armazenagem, manuseio, conformação, corte, soldagem, fabricação e passivação; 5. Metalurgia dos aços inoxidáveis – história, classificações e características dos aços inoxidáveis.
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Âmplia é escolhida para atuar na obra do novo MIS-RJ Indicada pela Abinox, a Âmplia foi escolhida pela MUSE – Museums & Expo, sob o comando do arquiteto Gilberto Bellino, entre diversas empresas do setor, para executar as peças em aço inoxidável da nova sede do Museu da Imagem e do Som (MIS), do Rio de Janeiro. O museu está sendo construído num dos principais cartões postais da cidade, a Avenida Atlântica, em Copacabana. “Estamos muito honrados em participar desta obra tão importante, já que o novo MIS-RJ deve se tornar um dos principais pontos turísticos e culturais da cidade, inclusive durante a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos”, afirma Jorge Durão Henriques, diretor geral da Âmplia. Criado há 47 anos e pioneiro de todos os museus de imagem e som do país, o MIS carioca, vinculado à Secretaria Estadual de Cultura, hoje se divide em duas sedes, ambas em antigos prédios da região central do Rio de Janeiro. O novo MIS-RJ tem projeto do escri-
Fotos: Divulgação
notícias inox
Perspectivas artísticas do projeto da Diller Scofidio + Renfro para o MIS RJ
tório americano Diller Scofidio + Renfro, que foi escolhido em 2009 por meio de um concurso de ideias. Com 9,8 mil m2 de área construída, o prédio será dividido em oito pavimentos, além de hall de entrada, subsolo e terraço, e seis níveis expográficos com diferentes experiên-
cias. A conclusão das obras da nova sede está prevista para o segundo semestre de 2013. Com custo orçado no valor de R$ 44 milhões, o projeto está sendo realizado pelo governo do Rio de Janeiro em parceria com a Fundação Roberto Marinho.
Abinox no 68o Congresso da ABM A Abinox – representada por seu diretor executivo, Arturo Chao Maceiras – participou do 68o Congresso da ABM - Associação Brasileira de Metalurgia de Materiais e Mineração, durante a Expominas, em Belo Horizonte. Na ocasião, Maceiras proferiu palestra sobre o uso do aço inoxidável na arquitetura e construção, dentro do Painel Tecnológico da Construção Metálica que abordou de que maneira os materiais podem ser aplicados no projeto
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da nova sede da ABM. Estiveram presentes representantes do setor de alumínio, estrutura metálica, inox, aço, nióbio, gal-
vanização e cobre. O debate foi coordenado pelo arquiteto Gustavo Penna, autor do projeto da nova sede da ABM.
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