Revista Inox N° 44

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Associação Brasileira do Aço Inoxidável

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Set./Dez. de 2013

ENTREVISTA

CLOVIS TRAMONTINA, PRESIDENTE DO CONSELHO, DESTACA INVESTIMENTO EM COZINHAS PROFISSIONAIS

APLICAÇÃO

O USO DO INOX NA PRODUÇÃO DE PRODUTOS MÉDICO-HOSPITALARES

MERCADO

INOX É AMPLAMENTE EMPREGADO NA INDÚSTRIA DE TRANSPORTES RODOVIÁRIOS E FERROVIÁRIOS

CONGRESSO

EVENTO APONTA ALTERNATIVAS PARA CONSUMO DO INOX



sumário

entrevista ........................................... 6

Mais de 100 anos em inovação Clovis Tramontina, presidente do Conselho da Tramontina, conta como a empresa faz parte da vida dos brasileiros com produtos desenvolvidos em aço inox para equipamentos de uso doméstico. Também apresenta o recente investimento no mercado de cozinhas profissionais.

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6 congresso ................................ 11

Abinox realiza sexta edição do Congresso do Aço Inox (Coninox) As possibilidades de novos negócios nas indústrias de Papel e Celulose e Automotiva foram alguns dos temas do evento. Entre as conclusões apontadas está a customização do aço inox.

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OPORTUNIDADES NO MERCADO DO AÇO INOX Nesta última publicação do ano, trazemos a cobertura completa da sexta edição do Coninox – Congresso do Aço Inox e da Feinox – Feira do Aço Inox promovidos pela Abinox e realizados, em outubro, durante a Tubotech, no Centro de Exposição Imigrantes, em São Paulo. Para análise do setor e cenário da siderurgia no país, a Abinox convidou para o Congresso Albano Chagas Vieira, Presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, que apresentou um mercado em crise mas com um futuro promissor. Do debate, participaram representantes de segmentos de indústrias em expansão dos setores automotivo e papel e celulose. Apontando um mercado em evolução e com saídas e oportunidades, Fernando Scucuglia, Diretor de Vendas da Metso Paper América do Sul, citou como exemplo o setor de papel e celulose e destacou que se constrói a cada um ano e meio uma fábrica no país e desta se consome 25 mil toneladas de aço inox, de um total de 65 mil toneladas de aço. É bastante representativo! Apresentar mercados promissores brasileiros que investem no aço inox é um dos objetivos da Revista Inox e para isso procuramos mostrar a cada edição onde estão

estas oportunidades. Para isso, fomos verificar como andam os segmentos de transportes e o de equipamentos médico-hospitalares. E qual nossa surpresa! Em franco crescimento. Segundo Edson Mainieri, Diretor Corporativo de Engenharia e Manufatura da Marcopolo, maior fabricante brasileira de veículos rodoviários, “em todos os ônibus são utilizados peças de aço inox – dos mecanismos de abertura das portas, tanques de combustíveis às peças de sanitários”. Isso sem citar aqui os exemplos de transporte ferroviário e de implementos e da área hospitalar. Constatem nas matérias! E, para finalizar, fomos comemorar com a Tramontina o investimento da empresa no setor de cozinhas profissionais e conversarmos com o presidente do Conselho e fundador da empresa, Clovis Tramontina. Ícone do aço inox no Brasil e presente em todos lares brasileiros, a Tramontina é uma das empresas que mais investem nesta matéria-prima aprimorando e explorando ao máximo suas qualidades. Boa leitura e Feliz 2014! Arturo Chao Maceiras, diretor executivo da Abinox


aplicação................... 16

Inox no ambiente hospitalar O segmento de fabricação de instrumentos e equipamentos médicos, odontológicos e hospitalares é composto majoritariamente por pequenas e médias empresas. Todas elas utilizam o aço inox na produção dos produtos.

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mercado......................................... 20

Transportes rodoviários e ferroviários impulsionam demanda de aço inox A indústria de ônibus rodoviários utiliza peças de aço inoxidável que vão de mecanismos de abertura das portas, tanques de combustíveis, fixadores mecânicos a peças de sanitários como pia, bacia e mictório. Já os trens ferroviários têm relevância no uso do material em vagões de passageiros e graneleiros a gôndolas.

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24 SET / DEZ 2013

Notícias Inox Aperam constrói barreira acústica em inox; vídeo apresenta as vantagens e aplicações do inox em telhados; curso on-line para especialistas em inox treina equipes na Feital; lei determina uso do inox em mão francesa de suporte de ar-condicionado, no RJ

Publicação da Associação Brasileira do Aço Inoxidável – ABINOX Avenida Brigadeiro Faria Lima, 1234 – conjunto 141 – CEP 01451-913 São Paulo-SP – Telefone (11) 3813-0969 – Fax (11) 3813-1064 abinox@abinox.org.br; www.abinox.org.br Conselho Editorial: Celso Barbosa, Jorge Durão, Roberto Guida, Osmar Donizete José e Maria Carolina Ferreira Coordenação: Arturo Chao Maceiras (diretor executivo) Circulação/distribuição: Liliana Becker Edição e redação: Ateliê de Textos – Assessoria de Comunicação Rua Dr. Alberto Seabra, 1010, Conj. 12, Alto de Pinheiros, São Paulo-SP, telefone (11) 3675-0809; atelie@ateliedetextos.com.br; www.ateliedetextos.com.br Diretora de redação e jornalista responsável: Alzira Hisgail (MTb 12326)

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entrevista Foto: Divulgação

Clovis Tramontina, presidente do Conselho da Tramontina, conta como a empresa, ao longo dos 102 anos de mercado, tem estado presente na vida dos brasileiros com equipamentos para cozinhas e utilidades domésticas em aço inox. Sempre inovando, ele destaca o lançamento das Cozinhas Profissionais em aço inox que chegam com uma linha de produtos diferenciados, com qualidade, tecnologia e praticidade.

Tramontina simboliza inox A Tramontina é uma das principais empresas brasileiras que simbolizam o inox. Como a empresa vem explorando esta matéria-prima tanto em design como em características e qualidades? O investimento em altas tecnologias e o controle de qualidade garantem a credibilidade que a Tramontina conquistou com o uso do aço inox como principal matéria-prima. A empresa é equipada com aparelhos avançados onde os produtos passam por processos de criação precisos, que tratam de cada detalhe, desde o aço puro a sua forma final, com acabamentos que priorizam a segurança do usuário, a precisão necessária ao uso e a aparência com design. Todo o processo de desenvolvimento das peças está comprometido com a responsabilidade de fazer o melhor e atender a diversas demandas em diferentes segmentos. 6 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2013

Em quais produtos é adotado o inox, e por que a escolha deste material? O aço inox é uma matéria-prima muito rica, que tem como forte atributo a alta durabilidade e a fácil higienização, característica que se estende a todos os produtos da Tramontina, junto à aparência elegante adaptável a todos os ambientes. No segmento empresarial, por exemplo, a Tramontina lançou recentemente o projeto Cozinhas Profissionais, com diversas peças para composição de restaurantes, confeitarias, escolas, hospitais, entre outros locais, que exigem uma estrutura prática e resistente. O mercado brasileiro, na sua opinião, reconhece o valor agregado em produtos de aço inoxidável? A Tramontina faz parte da vida dos brasileiros com muitos produtos desenvolvidos a partir desta


matéria-prima, principalmente em equipamentos para cozinha e utilidades domésticas. A qualidade é primordial para a empresa, por isso o aço inox faz referência à marca, pela durabilidade, resistência, higiene e visual clean com um toque de sofisticação. Produtos trabalhados com esta matéria-prima têm vida longa como, por exemplo, a panela Solar produzida pela Tramontina há 30 anos. Esta linha de panelas possui 25 anos de garantia e apresenta recorde de vendas. Também, os talheres da Tramontina em aço inox marcam presença em bares, restaurantes, hotéis e clubes, pois atendem com qualidade no uso frequente. O visual permanece o mesmo sem a necessidade de muitos cuidados. O aço inox contribui para o desenvolvimento de projetos diferenciados e exclusivos? Sim, como um exemplo atual a Tramontina tem seu novo projeto de Cozinhas Profissionais, com produtos feitos totalmente em aço inox. As características da matéria-prima são aliadas na elaboração de produtos de qualidade e atendem com perfeição às necessidades de ambientes como confeitarias, pizzarias e restaurantes, além da rotina do chef, que exige um espaço planejado, resistente e prático de limpar. Quantas fábricas a Tramontina possui no Brasil e quais delas demanda o aço inox? Atualmente a Tramontina produz mais de 18 mil itens em dez fábricas no país – oito no Rio Grande do Sul, uma em Belém (PA) e outra em Recife (PE). Cada unidade fabril tem a sua matéria-prima específica e segmento de peças para produção, porém, todas utilizam o aço inox na composição ou mesmo nos detalhes das peças. A unidade Farroupilha, localizada na serra gaúcha, tem o aço inox como principal matéria-prima para a produção de talheres finos e econômicos, utensílios para cozinha, travessas, pratos, bandejas, chaleiras, bules, jarras, potes, serviços para bar e hotel, panelas em aço inoxidável com fundo triplo, entre outras peças. Esta produção é exportada? Para quais países? A Tramontina expandiu sua tradição para mais de 120 países com utensílios para cozinha, ferramentas para agricultura, jardinagem, manutenção industrial e automotiva e construção civil, mate-

“As Cozinhas Profissionais da Tramontina chegam ao mercado para oferecer uma linha de produtos diferenciados, com qualidade, tecnologia e praticidade” riais elétricos e até mesmo móveis em madeira e plástico. Hoje a marca tem presença em todos os continentes, exportando uma variedade significativa de produtos, fazendo com que a marca seja internacionalmente conhecida. A Tramontina tem planos de expansão no Brasil e no exterior? De que maneira? Fora do país a Tramontina possui escritórios de vendas localizados na Argentina, Equador, Panamá, Honduras, Alemanha e Letônia. A empresa já conta com centros de distribuição próprios no Chile, Peru, Colômbia, México, Estados Unidos e Emirados Árabes. Em 2014, serão abertos dois novos escritórios, na África do Sul e Cingapura. Durante a Equipotel, a Tramontina apresentou a linha para cozinhas profissionais. Descreva esta nova estratégia mercadológica. A Tramontina atua no segmento empresarial, atendendo hotéis, bares, restaurantes com linhas de panelas, talheres, cubas e outros itens em aço inoxidável. Agora conseguiu como parceiro um fabricante Italiano para atender este mercado de forma mais ampla, com as Cozinhas Profissionais. Desta maneira, firmou parceria para a compra da tecnologia e processo de produção dos equipamentos feitos 100% de aço inoxidável, material que a marca aposta e detém um vasto conhecimento. As Cozinhas Profissionais da Tramontina, então, chegam ao mercado para oferecer uma linha de produtos diferenciados, com qualidade, tecnologia e praticidade. Há quanto tempo a empresa vem investindo no desenvolvimento destas linhas? Estamos trabalhando há mais de dois anos para entender os processos, o tipo de investimento que SETEMBRO/DEZEMBRO 2013 • INOX 7


necessita, estrutura de equipe, assistência técnica para atuar no mercado atendendo as necessidades e expectativas de um consumidor exigente, que busca qualidade e serviço. Quanto deste mercado representará no negócio da Tramontina. É um mercado competitivo? É altamente competitivo. Existem muitos fabricantes de pequeno, médio e grande porte com variações de preço, qualidade e serviço. Para a unidade fabril da Tramontina, a chegada das Cozinhas Profissionais vem complementar a ampla cartela de pro-

dutos e passa a atender uma necessidade grande de um mercado específico. A Tramontina estima que esse projeto venha a representar 1⁄4 do negócio. O aço inox está sendo amplamente utilizado nestes produtos? O aço inox é usado amplamente em todos os produtos destinados ao uso profissional, que exige eficiência contínua e alto desempenho. O aço inox se caracteriza pela resistência mecânica e higiênica e atende às normas internacionais HACCP - Hazard Analysis and Critical Control Points - Análise de Peri-

TRAMONTINA INVESTE NO MERCADO DE COZINHAS P

Referência na fabricação de produtos para uso doméstico e empresarial, com utensílios e equipamentos para cozinha, ferramentas para agricultura, jardinagem, manutenção industrial e automotiva e construção civil, materiais elétricos e até mesmo móveis em madeira e plástico, a Tramontina investe na produção de peças

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para a composição de cozinhas profissionais em aço inox. O projeto Cozinhas Profissionais da Tramontina está dividido em três segmentos: Mobiliário, denominado Neutro, com padrão GN ou padrão Confeitaria, que são pias, balcões com portas-gavetas, prateleiras, mesas e móveis suspensos; Refrigeração: supercongeladores


gos e Controle de Pontos Críticos. Os produtos da Tramontina se caracterizam pela utilização maciça do aço AISI 304 e, em alguns equipamentos mais solicitados, até o tipo AISI 316 (aço com maior resistência à corrosão). A construção dos produtos é valorizada pelo design, pela manufatura que privilegia a rigidez e o acabamento das dobras e pela robustez dos mesmos devido às espessuras das chapas utilizadas. Qual a expectativa da empresa neste segmento? Por se tratar de uma linha completa para cocção, refrigeração e neutro e com extremos níveis

de qualidade associado a uma marca consolidada, a Tramontina pretende nos próximos cinco anos ser uma das melhores opções de compra nesse segmento. A empresa tem como meta para os próximos dois anos a inauguração de uma fábrica, em Farroupilha (RS), para produção especificamente de cozinhas profissionais. Este objetivo está no planejamento da empresa. Hoje, a empresa importa da Itália mas deseja iniciar a montagem e já conta com o aterramento para a instalação de uma fábrica própria destes produtos, tornando-se assim referência 100% nacional.

Fotos: Divulgação

ROFISSIONAIS

e câmara de fermentação; Cocção: onde destaca-se o produto “Pasta Concept” que é pioneiro na preparação de massas, inclusive com modelos automáticos que permitem programação de tempos de cozimento adequado ao tipo de massa e os balcões refrigerados com respectivas vitrines refrigeradas para a linha de Pizzarias. A cocção

se complementa com a gama de equipamentos a gás e elétricos também na modalidade à indução. Todos os produtos do projeto Cozinhas Profissionais da Tramontina são feitos em aço inox pela durabilidade, resistência e higiene do material, que acompanha com qualidade a rotina corrida dos chefs.

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Foto: Osires Bernardino

congresso

CONINOX: CUSTOMIZAÇÃO DO AÇO INOX PARA SAIR DA CRISE s possibilidades de novos negócios formatados para segmentos de indústrias em expansão, como a de Papel e Celulose e Automotiva, e a crise da indústria de Siderurgia Brasileira, foram os assuntos debatidos no VI Coninox, Congresso do Aço Inox, realizado pela Abinox (Associação Brasileira do Aço Inox) em outubro, nos três dias da Feinox (Feira do Aço Inoxidável), durante a Tubotech (VII Feira Internacional de Tubos, Válvulas, Bombas, Conexões e Componentes), no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.

As palestras de Fernando Scucuglia, Diretor de Vendas da Metso Paper América do Sul, sobre o uso do inox na indústria do papel e celulose; e de José Lepore, Diretor de Programas no Mercosul da Faurecia, quanto à aplicação do material na indústria automotiva, apontaram que a cadeia produtiva pode conseguir bons resultados com uma análise detalhada do funcionamento das indústrias e o fornecimento customizado e mais competitivo do inox brasileiro frente ao chinês. Já Albano Chagas Vieira, Presidente do Con-

Evento mostra que o fornecimento para nichos de mercado pode ser alternativa

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Foto: Divulgação

Debate sobre os desafios da cadeia produtiva do aço inox aquece o início do congresso

Fernando Scucuglia, Diretor de Vendas da Metso Paper América do Sul, fala sobre o potencial da Indústria de Papel e Celulose no Brasil e afirma que “a previsão do mercado é que em dez anos seremos a 3ª maior indústria de papel e celulose do mundo”

selho Diretor do Instituto Aço Brasil, expôs o cenário de crise da siderurgia no país, com a desvalorização no mercado das grandes empresas siderúrgicas nacionais e multinacionais, como o caso da Gerdau, CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e ArcelorMittal. O congresso mostrou que as alternativas existem, mas é necessário buscar a aproximação entre as cadeias produtivas e ampliar o sentido de cooperação entre as empresas de diferentes setores e o governo. OPORTUNIDADES PARA O INOX NA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE Fernando Scucuglia, Diretor de Vendas da Metso Paper América do Sul, afirmou durante sua explanação que uma indústria de grande porte de papel e celulose construída no Brasil exige, em média, um nível de investimento de 5 bilhões de reais. E que uma fábrica desse segmento, com o modelo de engenharia atual, consome cerca de 65.000 toneladas de aço, sendo que desse total 25.000 toneladas são de aço inox. Esse número pode representar grandes oportunidades para a indústria do aço brasileira, pois o setor prevê a construção de uma nova unidade a cada um ano e meio no país. Segundo Scucuglia, nos últimos anos o aço chinês tomou espaço por causa do preço e vem sendo utilizado em 55% do total do inox consumido por essa indústria. “Para se ter uma ideia, um tanque de aço inox de 700m3, em AISI 304L, 12 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2013

de 22 toneladas, fabricado com o aço importado, chega a ser 17% mais barato do que o fabricado no Brasil”, afirma o executivo. Por esse motivo, Scucuglia levantou o seguinte questionamento: como fazer para que compras esporádicas se tornem negócios de relacionamento? “Talvez um contrato de fornecimento de aço inox para equipar uma fábrica inteira, assim como se faz com o concreto para a construção do prédio, poderia ser uma alternativa”? Como exemplo, o executivo da empresa finlandesa citou um caso onde o aço inox brasileiro já está fazendo frente ao produto importado – o da montagem da linha 2 da fábrica da Celulose Riograndense, que faz parte do grupo chileno CMPC, em Guaíba, no Rio Grande do Sul. “Nessa planta, 70% do aço inox especificado para os equipamentos são provenientes do Brasil e 30% da China e Escandinávia”, afirma. A Metso é a única no mercado brasileiro que, além de fornecer insumos para indústria, como a madeira, ainda possui e disponibiliza tecnologia própria para montar um parque produtivo da cadeia de papel e celulose. O aço inox é utilizado na indústria de celulose em tanques de armazenagem, torres e reatores, vasos de pressão, equipamentos rotativos (filtros, prensas, bombas, etc.), dutos e tubulações. Para Scucuglia, essa indústria ainda pode evoluir na forma de consumo do inox. “Às vezes compramos um aço inox de uma qualidade elevada por um preço alto, sendo que po-


INDÚSTRIA AUTOMOTIVA E AUTOMOBILÍSTICA Na apresentação de José Lepore, Diretor de Programas no Mercosul da Faurecia – empresa francesa do setor automotivo, com presença em autopeças e em outras atividades em vários países do mundo, o executivo contou a história da evolução da tecnologia de motores de veículos pesados. Afirmou que a legislação ambiental, criada para a diminuição da emissão de poluentes por veículos automotores, é fator motivador para a evolução da tecnologia e da utilização de metais nobres nessa indústria, como o aço inox. Lepore explicou que, conforme aumenta a exigência ambiental, é necessário melhorar os processos de filtragem do gás emitido pelos veículos, muitas vezes tendo que elevar a temperatura dos catalisadores e equalizar a injeção de ureia para realizar o processo químico que elimina gases poluentes. Segundo ele, para garantir a eficiência e a durabilidade das peças, com um nível tão avançado de tecnologia, é necessário que a composição do equipamento seja feita com materiais mais resistentes a altas temperaturas e à corrosão. E é nessa evolução que o inox consegue o melhor desempenho para estar presente nos novos sistemas acústicos, filtros de partículas e coletores de exaustão. “A tecnologia de motores e escapamentos aplicada no Brasil já está bastante evoluída e é bem parecida com as utilizadas na Europa, onde nasceram as legislações que deli-

Foto: Divulgação

“Até 2020 a indústria automotiva pretende zerar a emissão de poluentes”, declarou

A utilização do aço inoxidável em veículos pesados e as tendências futuras foi tema da palestra de José Lepore, Diretor de Programas no Mercosul da Faurecia

Foto: Osires Bernardino

deríamos comprar um material inferior e obter um melhor desempenho ou o contrário”. Scucuglia ainda apresentou um panorama sobre o mercado de papel e celulose no Brasil e no mundo e mostrou como é a atuação da empresa finlandesa no país, que trabalha também nas áreas de plantas de energia, óleo e gás, mineração e construção. “O Brasil é um dos países com maior potencial para essa indústria. Hoje é o 4o maior produtor do mundo de papel e celulose, graças ao grande número de terras disponíveis; à excelente adaptação do eucalipto ao clima brasileiro e à alta produtividade das plantações, devido à evolução genética da planta”, concluiu.

VI Coninox - Congresso do Aço Inox reúne participantes da cadeia produtiva do material

mitam os níveis de emissão de poluentes na atmosfera”, explica Lepore. Chamada pelas montadoras de Euro 1,2,3,4 e a última Euro 5, a tecnologia promete, até 2020, zerar a emissão de poluentes. No Brasil ela foi chamada de P1 – Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores – e foi implantada em 1987. “Hoje, os veículos pesados novos já saem de fábrica com a tecnologia P7, que corresponde a Euro 5. A indústria trabalha para colocar esses motores na ativa para todos os veículos até 2020”, finaliza Lepore. SETEMBRO/DEZEMBRO 2013 • INOX 13


Foto: Divulgação

Albano Chagas Vieira, Presidente do Conselho diretor do instituto Aço Brasil, apresentou um panorama sobre a indústria do aço no Brasil e no Mundo Para o executivo, “o aço bruto vive um momento sem perspectiva de crescimento, o que é muito preocupante”

OS NÚMEROS DA CRISE A cadeia produtiva brasileira do aço possui um impacto de 4% sobre o PIB e corresponde a 12,8% do saldo da balança comercial do país. Tem capacidade instalada para produzir 48,4 milhões de toneladas ao ano e possui um dos mais modernos parques fabris do mundo. Além disso, tem um dos melhores minérios de ferro e mão de obra qualificada mas, infelizmente, opera de forma geral com uma capacidade ociosa de 69,3%. Esta realidade do setor foi colocada no Coninox, por Albano Chagas Vieira, Presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil. “O valor de mercado de grandes empresas como a CSN, Gerdau, Usiminas e da maior do mundo, ArcelorMittal, vem caindo de forma expressiva”, afirma Vieira. Segundo ele, a desvalorização mais impressionante no país foi a da CSN. Em 2009, a empresa alcançou o valor de 42,3 bilhões de reais e hoje vale apenas 13,6 bilhões. Para o executivo, as dificuldades brasileiras são enormes. Com um custo de mão de obra cinco vezes maior que a maioria dos outros países; um alto custo de produção, na média de 40% (energia e gás natural); câmbio valorizado; e obras de infraestrutura que não avançam para impulsionar a economia, o governo brasileiro só contribui para reduzir a força competitiva do aço brasileiro frente ao chinês. “Enquanto isso, 65% do aço chinês está nas mãos de empresas estatais, que atuam com 14 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2013

o fluxo de caixa negativo. Lógica de atuação essa que nenhuma empresa privada no mundo resistiria”, reitera Vieira. Só a produção da China em 2012 corresponde à produção acumulada dos 16 países que estão abaixo dela no ranking de produção mundial. Segundo Vieira, para a indústria brasileira do aço crescer é necessário aumentar o consumo interno, e isso só ocorre quando a economia do país cresce. “Quando o PIB brasileiro cresce acima de 4%, as vendas crescem menos de 1%. Se o PIB fosse de 6%, as vendas do aço teriam um crescimento de 15%. Com um PIB girando em torno de 1% ou menos, o mercado do aço brasileiro trabalha no negativo”. Para o executivo do Instituto Aço Brasil, o setor do aço bruto vive um momento sem perspectiva de crescimento, o que é muito preocupante. Em 2012, a Turquia ultrapassou o Brasil em produtividade. Segundo ele, o Brasil não consegue exportar e as importações diretas estão em um patamar de 4 milhões de toneladas. Apesar de todos esses números traduzirem um cenário de preocupação e projeção de um futuro não muito promissor, em curto prazo, Vieira deixou o seguinte recado: “Não adianta olhar para fora e acharmos que vamos resolver os nossos problemas. A solução para a cadeia do aço está aqui no Brasil”. Eduardo Gomes



Fotos: Divulgação

aplicação

Golgran produz diversos instrumentais, entre eles, cinzéis, curetas e descoladores

O AÇO INOXIDÁVEL NO AMBIENTE HOSPITALAR Instrumentais, implantes e mesas cirúrgicas predominam a produção em equipamentos médicos

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setor de fabricação de instrumentos e equipamentos médicos, odontológicos e hospitalares faturou em 2012 perto de R$ 4,8 bilhões, conforme dados da Abimo - Associação Brasileira de Fabricantes de Equipamentos e Instrumentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e Laboratoriais. Especialistas do mercado prevêm que o setor deverá crescer perto de 7% este ano, muito acima do crescimento projetado para a economia brasileira, em 2,5%, em 2013. Este segmento é composto majoritariamente por pequenas e médias empresas e todas elas utilizam o aço inox na produção de seus produtos. Embora

haja setores específicos de atuação, geralmente as empresas fornecem mais de uma linha de produtos. Entre elas, destaca-se a Golgran. Instalada em uma área de 4 mil m2, na cidade de São Caetano do Sul, a Golgran tem em seu portifólio de produtos cerca de 400 itens, a maioria fabricados em aço inoxidável. O extenso catálogo contém calcadores, cinzéis, cortantes, curetas, deslocadores, espátulas, gengivotomos, limas e sondas e uma vasta lista de outros instrumentais. Só no ano passado, a empresa forneceu em torno de 1,5 milhão de produtos. O gerente de processos Marcos Bolonhez conta que a principal vantagem de


Ortosintese autocalve5.psd

utilizar aço inox é a resistência à corrosão, pois os instrumentais cirúrgicos e odontológicos são utilizados em condições de exposições a umidade. O gerente destaca que o material possibilita acabamento muito polido e essa característica é adequada para o processo de higiene e limpeza. Os produtos da Golgran são fabricados a partir de barras de aço AISI 430, com diâmetros de 3 mm e de 5/16” e de tubo de aço AISI 304 de 8 mm de diâmetro. A produção é totalmente voltada para o mercado nacional. IMPLANTES E EQUIPAMENTOS CIRÚRGICOS Com 40% da produção exportada para mais de 40 países, outra empresa do setor é a Ortosintese. Com importantes certificados nacionais e internacionais de todos os produtos e processos de fabricação a empresa é formada por duas divisões na cidade de São Paulo: a de ortopedia e a de equipamentos. A Ortosintese fabrica anualmente mais de 3900 próteses e 420 equipamentos. As próteses são utilizadas em cirurgias de joelho, quadril, ombro,

Ortosintese fabrica de próteses a equipamentos cirúrgicos

coluna, fixador externo, prego intramedular, fios, pinos e placas. A linha de equipamentos é composta por autoclaves (equipamentos de esterilização), mesas cirúrgicas, iluminação cirúrgica, termodesinfectoras, lavadoras ultra-sônicas e estações de trabalho. Sessenta por cento da produção dos implantes são feitos em aço inoxidável e, nos equipamentos, 80% dos componentes utilizam o material. De acordo com o gerente de qualidade Edson Raposo, uma das mais importantes propriedades do inox em instrumentos e produtos médicoshospitalares é a biocompatibilidade e, por esse motivo, são muito usados em implantes. Ele ainda destaca que o inox tem características não contaminantes e são resistentes à corrosão. Resistência mecânica é outra qualidade importante avaliada por Raposo na fabricação de equipamentos médicos. Nos implantes, são utilizados o aço inox ASTM F 138, F139 e F621, entre outros. Nos instrumentais, são usados o ASTM F 899, AISI 304, 316, 420, 420 b. Nos equipamentos, aço inox ASTM A240 – 340, ASTM A 240 – 316 L.

“Uma das mais importantes propriedades do inox em instrumentos e produtos médicoshospitalares é a biocompatibilidade”

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O material corresponde por mais de 70% dos componentes na montagem dos esterilizadores e das termodesinfectoras da Baumer

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Outro destaque no segmento é a Baumer, que fornece ampla linha de produtos nas áreas de implantes, de equipamentos de desinfecção e de produtos e acessórios para centros cirúrgicos. A empresa produz a linha Stic, que é composta por equipamentos de esterilização e de termodesinfecção, cujas funções são de lavagem, enxague, desinfecção por temperatura, secagem automática de instrumentais, utensílios cirúrgicos e de laboratório. Há, também, geradores de vapor para sistemas térmicos, tratamento de água e esterilizadores hospitalares. De acordo com o engenheiro Rildo Ribeiro Paulo, responsável pela divisão Stic, o aço inox está presente tanto na parte externa, quanto na parte estrutural, interna. Ele explica que estes equipamentos geralmente são instalados em áreas controladas e a prevenção contra a oxidação é necessária para que não haja contaminação no processo de lavagem, secagem, esterilização e desinfecção. Outro quesito importante é a facilidade

Equipamentos de esterilização da Baumer, cujas funçòes vão da lavagem, enxague, desinfecção e secagem de instrumentais

de higienização e limpeza que o material proporciona. O engenheiro destaca que, conforme o pedido do cliente, os carros de transporte de esterilizadores e instrumentos, os racks e os mobiliários também podem ser fabricados em aço inoxidável. “Um dos principais motivos é a facilidade de limpá-los”, analisa. O engenheiro de produtos salienta que as conexões por onde circulam água ou vapor no processo de funcionamento dos equipamentos também são feitos em inox. O material corresponde por mais de 70% dos componentes na montagem dos esterilizadores e das termodesinfectoras. MESAS CIRÚRGICAS As possibilidades e a extensão do uso do aço inoxidável no setor de equipamentos médicos e hospitala-


Divulgação Cimitarra

res são amplas, como destaca Vitor Sander, gerente de marketing da Sismatec, empresa especializada em centros cirúrgicos. Sander observa que o ambiente cirúrgico demanda cuidados excedentes e é exigido resistência nos materiais que compõem instrumentais e equipamentos, sobretudo nos materiais de assepsia. Ele acrescenta que o inox pode ser conformado em formatos e desenhos variados, é facilmente limpo e esterilizado por métodos químicos e térmicos, tem elevada resistência e proporciona excelente polimento. Devido a grande resistência mecânica, consegue cortes extremamente finos em cirurgias especificas e, por causa disso, pode ocasio-

nar menor perda óssea. A biocompatibilidade é outra importante característica estabelecida em normas de fabricação, porque todo o material que tenha contato direto com o paciente precisa ser biocompativeis. A qualidade e a tecnologia da indústria brasileira no segmento hospitalar é reconhecida mundialmente. A Ortosintese, a Baumer e a Sismatec exportam seus produtos para mais de trinta países nos cinco continentes. De acordo com a Abimo, a indústria brasileira de produtos médicos, odontológicos, hospitalares e de laboratórios supre 90% do mercado nacional e exporta para 180 países.

A Sismatec é especializada em centros cirúrgicos. Acima, serra-osso e perfuradora. Abaixo: detalhes de mesas eletro-hidráulica e mecânica.

Gilberto Tavares SETEMBRO/DEZEMBRO 2013 • INOX 19


Fotos: Divulgação

mercado

A DEMANDA DE AÇO INOX NO SETOR DE TRANSPORTES Cargas rodoviárias e ferroviárias, bem como trens e carros de passageiros, impulsionam o setor indústria de ônibus rodoviários produziu no ano passado 6626 unidades, conforme dados da Fabus, entidade representativa das montadoras de carrocerias de ônibus. Destes veículos, cerca de 60% foram feitos nas fábricas da Marcopolo, a maior fabricante brasileira. Atualmente a empresa possui três fábricas no Brasil e onze no exterior: Argentina, Austrália, China, Colômbia, Egito, Índia e México. Conforme o diretor corporativo de engenharia e manufatura da Marcopolo, Edson Mainieri, em 20 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2013

todos os ônibus são utilizados peças de aço inoxidável: nos mecanismos de abertura das portas, nos tanques de combustíveis, nos fixadores mecânicos, nos itens de acabamentos. Nos sanitários dos ônibus rodoviários, o material está presente na pia, na bacia e no mictório. O executivo avalia que os principais motivos do inox ser amplamente empregado nessas peças são os aspectos estéticos, de facilidade de higienização e a resistência à corrosão. “Assim, apresenta excelente acabamento e mantem as características originais por longo tempo”, analisa. Mainieri ressalta que algumas dobradiças são produzidas no processo de microfusão ou no de estampagem e têm como matéria-prima o aço inox. Por terem atritos nos movimentos funcionais e estarem muito expostas às ações do tempo, é necessário que sejam feitas com materiais resistentes à


corrosão. Fixadores mecânicos, como parafusos e abraçadeiras, também podem ficar muito expostos a agentes corrosivos do ar e da água e por isso são feitos em inox. Outras aplicações especiais podem ser feitas nos tanques de combustíveis, “que são produzidos em aço inoxidável, de acordo com o pedido do cliente”, destaca o diretor. “Isso se deve a necessidade de conformá-los de maneira diferente, com geometria desigual da convencional. Quando o veículo é submetido às condições severas de rodagem, o material que compõe a peça precisa ter maior resistência mecânica”, conclui. IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS Segundo dados da Anfir, entidade representativa dos fabricantes de implementos rodoviários, a produção de tanques em inox em reboques e em semirreboques, neste ano, já superou a produção total do ano passado. De janeiro a setembro de 2013, foram produzidos 1304 unidades, acima do total de 906 feitos em 2012. A entidade registra o crescimento de 108,31% em comparação ao mesmo período de sete meses do ano anterior. A maior empresa do setor é a Randon, que produz tanques semirreboques para o transporte de substâncias químicas, para a indústria de alimentos e tanques para vagões ferroviários. O diretor comercial Vanei Geremia comenta que os tipos de aços inoxidáveis são utilizados em tanques cujos produtos que transporta são corrosivos ou não podem ter contaminação. Estes transportam adequadamente acetona, benzeno, tolueno, xileno e solvente. “No setor de agronegócios, especificamente no segmento

de alimentos, para conformidade das normas e exigências sanitárias, são adequados para transportar leite, glicose, glucose, maltose, cerveja, suco de laranja, vinho e aguardente”, avalia. Na Randon, são produzidos três tanques em inox diariamente. Segundo Geremia, projetos especiais também são realizados pela empresa a pedido dos clientes como, por exemplo, semirreboques basculantes rodoviários. Os tipos de aço utilizados nos tanques são 304, 304 L e 316 L.

Em todos os ônibus da Marcopolo são utilizadas peças de aço inox: dos tanques de combustíveis a itens de acabamentos

SETOR FERROVIÁRIO Localizada na cidade de Cruzeiro, no interior paulista, a Amsted Maxion é uma das maiores fabricantes de vagões e demais implementos ferroviários

Semirreboques da Randon em inox transportam substâncias químicas corrosivas

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Amsted Maxion atua no setor de transporte ferroviário fabricando vagões, gôndolas e chapas lisas de revestimentos em inox

no país. A empresa utiliza aço inox em vagões graneleiros, gôndolas ferroviárias e em chapas lisas de revestimentos. O engenheiro de produto, Paulo Maurício Rosa Furtado, comenta que o material é aplicado nos vagões em que a resistência à corrosão é essencial. Os carros ferroviários são destinados a transportar fertilizantes e substâncias como ureia, enxofre, rocha fosfática e minérios muito úmidos. Exemplo disso, foi a recente entrega de 66 vagões gôndolas com caixas compostas de chapas de aço inoxidável 410 D para empresa de logística ferroviária que atua no país e transporta commodities agrícolas e minerais. A fabricante também utiliza na produção de seus vagões o aço inox 304 L. Apesar das empresas de cargas rodoviárias e ferroviárias impulsionarem a demanda de aço inoxidável no setor de transportes, a fabricação de trens ferroviários de passageiros também têm relevância no uso do material. Já a Alstom – especialista global em fabricação de trens urbanos, sistemas e infraestruturas ferroviários – mantém no bairro paulistano da Lapa o seu centro mundial de excelência em projetos e fabricação de carros de passageiros em aço inoxidável. A fábrica tem capacidade de construir 36 estruturas e 28 carros mensais. O diretor de engenharia, Vanderlei Bueno, e o superintendente técnico, Luiz Cano, expõem as solu-

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Amsted Maxion: produção de rodas ferroviárias

ções e os benefícios que o aço inoxidável oferece em aplicações de construção de carros ferroviários. Apontam que a resistência à corrosão e a menor perda de propriedades mecânicas do inox fazem os custos de durabilidade e manutenção praticamente inexistirem, principalmente na parte estrutural dos carros – onde são utilizados os tipos austeníticos AISI 301 L/LN. Analisam ainda as vantagens do uso dos tipos austeníticos na fabricação dos trens e explicam que na composição dos carros, o inox evita aplicação de massa para nivelamento de superfície, pois, no processo de solda por resistência, feita com menor aporte de calor, causa menor deformação residual. Segundo eles, os produtos de aço austenítico não


demandam uso de pintura no acabamento e isso evita o descarte de resíduo de tinta, tornando o material amigo do meio ambiente (eco friendly). Eles ressaltam, também, que mesmo com uma maior densidade em relação a ligas de alumínio o inox apresenta vantagens por ter melhores características mecânicas, propiciando redução de espessura e maior resistência à corrosão. Para outras soluções são utilizados os ferríticos do tipo AISI 430. O centro de excelência e desenvolvimento de projetos em aço inoxidável da Alstom está desenvolvendo estudos para a fabricação completa de estruturas neste material, incluindo as extremidades, que são tradicionalmente fabricadas em aço carbono de baixa liga e alta resistência. Além disso, já exportou carros ferroviários (trens urbanos ou metrôs) para a Argentina, Chile, Estados Unidos (Virgínia, Nova York, Chicago e California) e, atualmente, está fabricando produtos para a Índia e a África do Sul.

Centro mundial de excelência da Alstom desenvolve projetos e fabrica carros de passageiros em inox

Gilberto Tavares SETEMBRO/DEZEMBRO 2013 • INOX 23


Dreamstimes

derarmos que outras prefeituras de cidades em áreas litorâneas, onde a corrosão é grande, poderão seguir o exemplo do Rio”, comenta.

Inox nas janelas cariocas No Rio de Janeiro, lei determina uso do inox em mão francesa de suporte de ar-condicionado um país onde, a maior parte do ano, as temperaturas ficam abaixo de 20 graus, é difícil abrir mão do conforto proporcionado pelo ar-condicionado. Em construções nas quais os projetos não o levaram em consideração, uma das maneiras mais corriqueiras de prover os ambientes de trabalho são os equipamentos posicionados na área externa das edificações. Porém, nem sempre esses aparelhos - dos tipos splits - são instalados de forma segura aos pedestres que transitam por ruas e calçadas. Parte desse risco deve-se ao material adotado nas bases e nos elementos de fixação dos aparelhos às paredes. Pelo menos no Rio de Janeiro, essa situação começa24 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2013

rá a mudar, pois, em junho desse ano, o prefeito Eduardo Paes sancionou a lei (5598/2013) que trata do assunto. De autoria do vereador Rafael Aloísio Freitas, a lei determina que aparelhos splits – instalados em posição elevada nos edifícios comerciais e residenciais na altura superior a 1 m – deverão possuir, na fixação da unidade externa onde fica o compressor, mão francesa em aço inoxidável capaz de receber e suportar o peso do conjunto. Depois de constatar que não havia nenhuma regulamentação a respeito e que ficava sob responsabilidade do fabricante produzir um suporte para o equipamento, Freitas resolveu propor a lei. “A intenção é dar maior segurança e regulamentar o uso do equipamento”, justifica. Para o diretor executivo da Abinox, Arturo Chao Maceiras, a obrigatoriedade de usar o inox nos suportes tem potencial de consumo. “Especialmente se consi-

TIPOS DE INOX INDICADOS Maceiras argumenta que, para os consumidores, a determinação do uso do aço inoxidável representa garantia de durabilidade e segurança em função da alta resistência do material à corrosão na presença de cloretos – condição que é acentuada em ambientes marinhos. Com relação à lei sancionada pela prefeitura carioca, o diretor da Abinox adianta que a entidade está se colocando à disposição dos órgãos municipais responsáveis pela regulamentação. “Pretendemos assessorá-los na especificação do tipo de inox adequado em que o suporte vier a ser utilizado, bem como nos elementos de fixação, que deverão ser de aço inox para assegurar a integridade”, pondera. Em áreas litorâneas, os aços inoxidáveis indicados são os tipos 316 e o 444. Em áreas distantes do litoral, o adequado é o 304. Como a lei cita apenas aço inox de forma geral, há risco potencial de algum fabricante utilizar um aço ferrítico (como o 430 ou até mesmo o 304) numa área sujeita a ação direta da maresia, o que resultaria na corrosão do suporte e risco de queda do equipamento. O mesmo pode ocorrer, caso seja utilizado um fixador, por exemplo de aço carbono que, em pouco tempo, poderá sofrer os efeitos da corrosão, aumentando os riscos de queda. Freitas acredita que outras leis serão editadas pelo Brasil permitindo manter a segurança, principalmente nas grandes cidades onde “é comum ver edifícios altos e equipamentos pesados, expostos ao tempo, sem os cuidados necessários”. Adilson Melendez

Divulgação Jan

notícias inox


notícias inox Telhados em aço inox, do sonho à realidade Com qualidade e clima de cinema o ISSF – International Stainless Steel Forum (associação dos produtores mundiais de aço inox) produziu um filme com um pouco mais de 8 minutos de duração para mostrar como os avanços da indústria mundial tornaram viável a especificação de telhas de aço inox em projetos de arquitetura, na concepção de telhados que podem se tornar ultrarresistentes. No vídeo, disponível no site da Abinox (www.abinox.org.br/ biblioteca-tecnica-videos.php), especialistas em inox falam sobre as vantagens da utilização da liga na construção civil; sobre as propriedades de resistência à corrosão e durabilidade; e chamam a atenção para o que eles denominam de “processo mágico”, uma propriedade misteriosa do metal que faz com que o aço inox se auto proteja das intempéries da natureza e comparam esse poder com o da regeneração da pele humana.

Filme apresenta vantagens e propriedades do inox em telhados

Um telhado feito com telhas de aço inox pode durar para sempre, é o que afirma um dos entrevistados do vídeo. Além de se tratar de um material reflexivo, o que pode ser uma vantagem estética para a arquitetura, pois o telhado muda de aparência de acordo com as estações do ano.

Mais do que um aparato para delimitar até onde vai o terreno da usina e onde começa a rua, o objetivo da Aperam South America, em uma das unidades da empresa localizada em Timóteo, no estado de Minas Gerais, é gerar maior conforto acústico à população da cidade. Para isso, construiu um muro de 300 metros de extensão e 3,5 metros de altura, com 21 toneladas de aço inox. A estrutura é inovadora e funciona como uma barreira acústica. Além do uso de chapas de inox, o muro ainda possui uma camada de lã mineral, feita para absorver com eficácia os ruídos da atividade da usina. A composição se chama barreira sanduíche.

Aperam

Barreira acústica de inox

Uma das chapas é perfurada do lado incidente do som para beneficiar a absorção pela lã mineral. Para o gerente de projetos da empresa, André Damasceno Gonçalves, “o de-

senvolvimento de novas ideias e aplicações para o inox é um importante valor para o Grupo Aperam. Este projeto evidencia, na prática, a aplicação da inovação”, enfatiza.

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Divulgação Aguz Marine

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Feital treina equipes com o curso on-line Especialista em Aço Inox Ferramenta é disponibilizada gratuitamente em português pela Abinox ara melhorar a capacidade das equipes comercial, operacional e técnica o Grupo Feital deu início, no primeiro semestre desse ano, ao treinamento do curso on-line Especialista em Aço Inox. Desenvolvida pelo ISSF – International Stainless Steel Forum (associação dos produtores mundiais de aço inoxidável), esta ferramenta é disponibilizada pela Abinox em seu site na versão em português para todas as empresas associadas à entidade. “Queríamos melhorar a capacitação dos envolvidos no atendimento aos clientes”, afirma Luiz Antonio Salles, responsável pelo departamento comercial da Inox-Tech Comércio de Aços Inoxidáveis, um dos braços do Grupo Feital. 26 INOX • SETEMBRO/DEZEMBRO 2013

Participaram do treinamento, conforme a metodologia disponibilizada pela Abinox, vendedores internos, representantes, assistentes técnicos, administrativos e comerciais. Embora a Inox-Tech não tenha estabelecido metodologia formal para avaliar os resultados, Salles diz ter percebido melhora significativa nos conhecimentos técnicos sobre o material nos integrantes das equipes que lidera. Vanessa Cagnini, vendedora interna da Inox-Tech, foi uma das que realizou o curso. Para ela, um dos pontos positivos do treinamento é o fato de poder ser realizado no horário comercial. Ela considera, porém, que o curso poderia ser mais bem aproveitado se dúvidas e dificuldades fossem imediatamente esclarecidas. “O treinamento deveria ter acesso fácil na consulta da apostila e um canal para correção on-line”, opina. Foi para dar mais apoio aos clientes que Fagner da Cruz se tornou especialis-

ta em aço inox, seguindo a metodologia do ISSF/Abinox. Cruz, que, como Vanessa, é vendedor interno da Inox-Tech e tem intenção de retomar os estudos na faculdade de administração no próximo ano, afirma que o treinamento o ajudou bastante em termos de conhecimento de cada liga, dos acabamentos e das maneiras de usar e conservar o material. Para ele, poder fazer o curso na própria residência é positivo, mas ele considera que o treinamento deveria oferecer suporte on-line. Cruz conta ainda que, a partir do treinamento, já teve oportunidade de orientar vários clientes sobre como comprar e usar o material mais adequado para as necessidades que eles precisavam. O objetivo da publicitária Talita Giovanni, que também atua em vendas internas da Inox-Tech, ao inscrever-se no treinamento era aumentar o conhecimento sobre o material e poder esclarecer com mais segurança as dúvidas dos clientes. Embora tenha conseguido sua meta, Talita diz que faz falta não contar com uma apostila/slide para fazer as consultas na hora de responder às questões. “O ponto positivo do treinamento on-line é que podemos fazer na hora que quisermos. A flexibilidade de horário ajuda muito”, afirma. Mas observa que, quando se tem alguma dúvida, não se pode contar com ajuda imediata. “Acho que poderíamos ter acesso aos slides na hora de responder as questões. Por exemplo, conseguir gerá-los em PDF, pois trata-se de um assunto complexo e cheio de detalhes que precisam ser pesquisados no momento da respostas”, sugere. O curso on-line Especialista em Aço Inox está estruturado em cinco módulos e permite esclarecer dúvidas sobre onde o inox pode ser aplicado e quais os tipos indicados em diferentes situações. Adilson Melendez




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