Plurale em Revista

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ano dez | nº 57 | maio / junho 2017 R$ 10,00

AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE

CRIAÇÃO DE MAIS UMA RESERVA PARTICULAR NO

CERRADO

MODA SUSTENTÁVEL E PREMIAÇÃO DE CIENTISTA BRASILEIRA ARTIGOS INÉDITOS

FOTO DE LUCIANA TANCREDO – PLURALE – RESERVA LEGADO VERDES DO CERRADO, NIQUELÂNDIA (GO)

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grupoboticario.com.br


GRUPO BOTICÁRIO. BELEZA É CONSTRUIR O FUTURO TODOS OS DIAS.

Tão importante quanto desenvolver, produzir e distribuir produtos de qualidade é trabalhar para que cada um desses processos se torne cada vez mais sustentável. Por isso, nós do Grupo Boticário implementamos práticas que visam promover o crescimento contínuo do negócio, o desenvolvimento da sociedade e a redução do nosso impacto no meio ambiente. Aplicadas em nossos produtos, operações e canais de venda, essas práticas reforçam nossa crença de que pensar no futuro é agir no presente.


LUCIANA TANCREDO

Contexto

26.

Nova Reserva Particular no Cerrado, por Luciana Tancredo

Bazar ético

20

DIVULGAÇÃO

16.

ARTIGOS INÉDITOS:

por Liliana Tinoco Bäckert e Luiz Antônio Gaulia NÍCIA RIBAS

56.

Canais de Amsterdã, por

Nícia Ribas

FIOCRUZ - PE

Ecoturismo, por Isabella Araripe

60 Cinema verde, por Isabel Capaverde

62 Pelas empresas

64 4

42.

Cientista brasileira está entre as cem pessoas mais influentes do mundo

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2017


E ditorial

Plurale em ação: A Editora de Fotografia de Plurale, Luciana Tancredo, esteve em Niquelândia (GO), no lançamento da mais nova Reserva do Cerrado; a repórter especial Nícia Ribas (a terceira da esquerda para a direita, de blusa cinza e calça preta) integrou comitiva de jornalistas em visita à investimentos de energia sustentável em quatro estados, a convite da Cooperação Brasil Alemanha e a colaboradora Fernanda Cubiaco participou da limpeza da Praia de Copacabana.

Uma edição bem variada Moda Sustentável, artigos inéditos, expedição ao Cerrado e o reconhecimento para cientista brasileira que trabalhou em pesquisa sobre o Zika Vírus são alguns dos temas em destaque Por Sônia Araripe, Editora de Plurale

Nas palestras que participamos, volta e meia surge a pergunta sobre a origem do nome Plurale. A explicação é bem simples: pensamos em um nome que representasse a proposta de ser plural, diversificada. Ficamos felizes quando conseguimos apresentar uma edição que siga exatamente esta proposta. Trazemos aqui um leque bem variado de reportagens, entrevistas e artigos. A começar por duas entrevistas bem interessantes. A primeira da nossa lavra, com o cientista político e jornalista Sérgio Abranches, que acaba de lançar mais um livro relevante – “A era do imprevisto”. Vale conferir. Também uma conversa dos parceiros

da IHU On-Line com a cientista social Ludmila Costhek Abílio sobre a “uberização” das relações de trabalho. Também artigos inéditos – de Liliana Tinoco Bäckert e Luiz Antônio Gaulia – ajudam a refletir sobre os tempos hipermidiáticos atuais. Não é só. Paula Guatimosim apresenta a cor e vibração da moda sustentável da marca Green.Co e ainda mostramos a garra de voluntários na limpeza da Praia de Copacabana, em matéria da ativista Fernanda Cubiaco. Pelas estradas do Brasil e do mundo, a Editora de Fotografia, Luciana Tancredo, esteve na inauguração da Reserva Legado Verdes do Cerrado, em Goiás, enquanto a Repórter Especial, Nícia Ribas, fez um tour com jornalistas por quatro estados para visitar

empreendimentos de energia sustentável que tiveram apoio da Cooperação Brasil Alemanha. Algum tempo antes, de férias, a mesma Nícia visitou Amsterdã e nos apresenta a delícia de seus canais que entrecortam a cidade. Você sabia que uma cientista pernambucana foi citada pela Revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo este ano, ao lado do jogador de futebol Neymar? Da Agência Brasil, uma entrevista incrível com Celina Turchi, que ganhou o título de influenciadora mundial pelo papel que desenvolveu na investigação dos casos de microcefalia e a relação com o vírus Zika. Sem falar nas Colunas Cinema Verde, de Isabel Capaverde, Ecoturismo, de Isabella Araripe e muito mais. Boa leitura!

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Quem faz

Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no twitter e no facebook: http://twitter.com/pluraleemsite https://www.facebook.com/plurale Comercial

ano dez | nº 56 | março / abril 2017 R$ 10,00

AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE

Fotografia Luciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação Colaboradores nacionais Ana Cecília Vidaurre, Isabel Capaverde, Isabella Araripe, Lília Gianotti, Nícia Ribas e Paulo Lima. Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição: Alana Gandra (Agência Brasil), Álvaro Duarte, Ana Luiza Prudente e Mônica Angeleas (Galeria Oriente), Ana Petrik (Nuni Acessórios), Carla Paes Leme e Antônio Augusto Brito (Curta Botafogo), CEBDS, Chico Cerchiaro, Fernanda Cubiaco, Fernanda Ligabue (Greenpeace Brasil), Fernanda Nazaré, Liliana Tinoco Baekert (da Suíça), Luiz Antônio Gaulia, Nelson Tucci, Paula Guatimosim, Ricardo Machado e Edição João Vitor Santos ( IHU On-Line) e Sumaia Villela (Agência Brasil). Os artigos são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.

Impressa com tinta à base de soja Plurale é a uma publicação da SA Comunicação Ltda CNPJ 04980792/0001-69 Impressão: WalPrint

Plurale em Revista foi impressa em papel certificado, proveniente de reflorestamentos certificados pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais. Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932 Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista

O ENGAJADO JOSÉ CARRERAS E A TERAPIA PELOS SONS

ARTIGOS INÉDITOS

FOTO DE ANDRÉ DIB/ FUNDAÇÃO GRUPO BOTICÁRIO DE PROTEÇÃO

Arte Amaro Prado e Amaro Junior

À NATUREZA - SERRA DO TOMBADOR (GO)

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comercial@plurale.com.br

c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b r

“Querida Sônia Araripe e equipe da revista Massagem de Som Peter Hess nessa “CaraaSônia, Plurale. Nós da Fundação Grupo Botirevista tão bacana e diferenciada como é cário agradecemos a prestigiada revista É sempre a Plurale. Gostei muitoreceber da Louesta Fernandes uma grata satisfação Plurale por sempre destinar espaço para e da forma como conduziu a entrevista, publicação que há oito anos abre espaço para a divulgação da causa da conservação da e do resultado final, com o olhar dela, tão entre empresas, especialistas e a natureza. A divulgação da Expedição de o diálogo especial.” comSantos, o objetivo Massagem de promover osde Som Biodiversidade na Reserva Natural Serra sociedade, Regina bons exemplos de preservação do meio do Tombador, na Edição 56, foi ainda Peter Hess, do Rio de Janeiro (RJ), mais especial para nós, por disseminar a ambiente. por Parabéns e-mail a todos os profissionais riqueza do Cerrado brasileiro, bem comoenvolvidos e votos de uma vida longa e a importância de sua proteção e da reali-sustentável “Sônia, amiga querida: à Plurale em revista.” zação de pesquisas Só agora, no fim de semana, pude ler, científicas que gostosamente, o novo número, Edição Miguel Krigsner – Fundador do Grupo possibilitem melhorBoticário 56 deePlurale. Que tem duas matérias da Fundação Grupo conhecer as espéespecialmente tocantes para mim neste Boticário de Preservação Natureza, cies de fauna e flora momento. Uma é a dodaHélio Rocha, Curitiba (PR), por e-mail que vivem ali.” sobre o sertão mineiro de Guimarães Malu Nunes, Rosa, que atravessei tantas vezes, indo Associação dos Analistas e quando diretora executi-“Em nome para da Brasília, nos anos sessenta, va da FundaçãoProfissionais eu era de deputado e tinha medo dedeavião. Investimento do Mercado Grupo Boticário,Capitais Ia de carro,SP), revezando a direção (Apimec parabenizo toda a com a de Curitiba (PR),equipeminha esposa Eliana. Conheci de Plurale por seus oitos anos deaquele por e-mail sertão aindade deserto, original -- hoje atividades e, acima tudo, pela seriedade e está A BIODIVERSIDADE DA SERRA DO TOMBADOR tododo plantado! E duasàvezes paramos em qualidade serviço prestado sociedade, “Ter apoio da Cordisburgo, a terra do grande romancisao tratar de temas tão relevantes quanto Plurale na divulgação da campanha Adote ta, para visitar a Gruta de Maquiné, um sustentabilidade e meio ambiente. Quede Guimauma Espécie na recente Edição 56 na espanto de beleza, e a casa venham muitos outros anos!” seção Bazar Ético foi muito especial, prinrães Rosa, nosso ídolo daqueles dias, Tadeu Martins , Presidente cipalmente por sabermos da importânciaRicardo depois de ler o Grande Sertão. Outra é a SP, São Paulo (SP),José por Carreras, que seus leitores dão à biodiversidade da Apimec de Maurette Brandt, sobre brasileira e do potencial dos mesmos eme-mail o tenor preferido de Eliana, embora eu nos ajudar a superar os desafios que ela gostasse mais do Pavarotti, reconhecenenfrenta. Mais uma vez, agradecemos “Deslumbrante do, entretanto, quedaCarreras a natureza Serra do tinha Cipó ,uma fortemente o espaço dado para a causa retratada vozpela mais delicada, belaVidaurre, neste sentido. Ana Cecília eeArtur na socioambiental! ” Gostei daprestigiosa matéria de Rafael edição 49 desta revista queDuarte da Paula Piccin, Comunicação do IPÊ trilha Transcarioca que, faz uns meses, Parabéns à toda - Instituto de Pesquisas Ecológicas,recentemente percorriconheci. no pequeno trecho que atravessa equipe de Plurale! Como mineiro nunca havia Nazaré Paulista (SP), por e-mail a Floresta da Tijuca, imaginando que, se dado tivesse a devidaaimportância, apesarorganizaria de ter visto um sua juventude, aulaspara de geografia nos anos 60em sobre “Bom e atual artigo sobre Compliance falar em grupo fazer a trilha toda, uma ambiental; como de Nelson Tucci na Edição 56, haja vista esse parque semana, que deve sertemos uma belezas beleza! Bem, em nosso país e desconhecemos, que hoje mesmo a Telefónica e hospitais naturais o Cabo Roca apaixona qualquer um que ingleses foram hackeados, mostrando que vejaque asestá fotos e o texto de Tom Correia. E situação sendo resgatada por esta os crimes virtuais serão cada vez mais coSerra doao Tombador, ainda hei de visitar, revistaadedicada meio ambiente e ecologia. muns. Algumas séries como Black MirrorParabéns depois que vi na Obrigado, por do abraçarem tãoPlurale. nobre missão e podem exagerar, mas apontam o risco pelos amiga! Mais umegrande gol vocês fize8 anos de edição sucesso. Agradecido de uma sociedade digital. Que o poder por vislumbrar ram. Carinho, amizade e admiração, ” tão bela revista. ” público fique atento...basta ver o cenário Roberto Saturnino Braga, escritor, em Brasília e Curitiba.” ex-senador, do Rio de Janeiro (RJ), Ari Lisboa, engenheiro, São Professor Archimedes Pessoni, de Benedito por e-mail José dos Campos (SP), por e-mail São Paulo (SP), pelo site “Para mim, muita emoção na Plurale, “O artigo sobre `Teoria U´, de Giuliana “Letícia Edição Com muita sensibilidade, Spiller56. tornou-se a “embaixadora” da a jorPreziosi, na Edição 56 de Plurale em nalista Maurette Brandt a matéria campanha Desmatamento Zero,escreveu do revista, traz um ponto extremamente “José Carreras, voz pela arte e pela Greenpeace Brasil. Em uma entrevista na Edição relevante “não basta ler sobre o assunto, 50 deesperança”.Uma matéria que nos Plurale em revista, comemorativa de mostra tem que vivenciar”. Apesar do conteúdo oito anos, vida,aesperança e transformações. Desatriz revelou que sua preocupação ser apaixonante, a verdadeira transformacreve momentos mágicos, transformando causas Ela e do tenor. ção acontece no sentir e no fazer. Em umcom as vidas peloambientais exemploéeantiga. superação outras atrizes e atores falam sobre o mundo com excesso de boa informação, Grata Maurette Brandt, pela sensibilidade nas causas sociais eeambientais. a diferença está em vivenciar a metodolo-engajamento de perceber sentimentos pela sensibiliSônia Araripe e equipe gia. Para você sair melhor e consequen- Parabéns dadeà querida em descrevê-los. pela matéria pelos oito anos de Plurale!” temente fazer intervenções, nos mais GuidaeDe Finis, de São Paulo (SP), variados campos, com mais qualidade.” Annapor e-mail Maria Ramalho, jornalista, do Rio Rafael Maretti, empreendedor de Janeiro (RJ), por e-mail social e presidente da Base Cola“Parabéns pela matéria de Hélio Rocha borativa, de Sâo Paulo (SP), pelo sobre as ameaças às veredas retratadas “Sônia: viva, amiga querida! Eu sei que não é Facebook por Guimarães Rosa e também ao ilustrafácil; parabéns, para você e todos os quetrabalho.” fazem dor Rafael Dantas. Belíssimo essa bela revista! A matéria dos oito anos “Quero agradecer, mais uma vez, a oporVerônica Couto, jornalista,édo Rio de histórica; fiquei orgulhoso de me ver tunidade de divulgar o meu trabalho comantológica, Janeiro (RJ), pelo Facebook 6

Diretores Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Carlos Franco carlosfranco@plurale.com.br

Cartas



UM PROGRAMA

Se você tem fome de ajudar, faça parte da nossa rede de solidariedade. No Rio de Janeiro desde 2000, o Banco Rio de Alimentos atua no combate à fome e ao desperdício utilizando uma receita de sucesso: recolhe produtos alimentícios não comercializáveis nas empresas doadoras parceiras e entrega em instituições sociais, que os utilizam no preparo de suas receitas. Uma verdadeira rede de solidariedade unindo doadores, instituições sociais, voluntários e apoiadores, que dividem o mesmo ideal para multiplicar a esperança, a cidadania e o desenvolvimento social.

Eu contribuo com minha ação voluntária e o Banco Rio de Alimentos me proporciona a alegria e a satisfação por estender a mão ao meu próximo com a oportunidade de doar algumas horas em prol daqueles que estão em vulnerabilidade social. As instituições recebem também a minha dedicação, o meu amor e respeito, impregnados nos alimentos que manipulo. Anneti de Oliveira Cavalcanti, há 9 anos voluntária do Banco Rio de Alimentos.

Para ser um voluntário ou doador do Banco Rio de Alimentos, ligue 0800 022 2026.


PESSOAS ATENDIDAS

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ANOS DE SOLIDARIEDADE

900

TONELADAS DE ALIMENTOS DISTRIBUÍDOS

305

INSTITUIÇÕES ATENDIDAS EM 33 MUNICIPIOS DO ESTADO

Empresas doadoras

Pessoas atendidas

Voluntários

Instituições sociais

www.sescrio.org.br/banco-rio-de-alimentos

Números de 2016.

50 mil

+ DE


Entrevista

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A era do

Sérgio Abranches, cientista social, jornalista e cientista político

“O SÉCULO 21 TEM TUDO PARA SER O SÉCULO DO SALTO BRASILEIRO, NÃO COPIANDO ESTADOS UNIDOS, JAPÃO OU COREIA, MAS BUSCANDO UM CAMINHO PRÓPRIO E NOVO. MAS, PARA ISSO, PRECISAMOS NOS LIVRAR DOS VELHOS MODELOS SEJA OS NEOLIBERAIS, SEJAM OS DA ESQUERDA NACIONAL-ESTATISTA”, 10

N

Por Sônia Araripe, Editora de Plurale

unca antes. Esta poderia ser, daqui a algumas décadas, um resumo da sucessão de fenômenos e transformações pelas quais estamos vivenciando hoje. Verdadeiras revoluções que são relatadas por um dos mais relevantes pensadores da atualidade brasileira, a, o cientista social, jornalista e cientista político, Sérgio Abranches. Em seu mais recente livro – “A era do Imprevisto – A grande transição do Século XXI “(Editora Companhia das Letras, 411 págs), o autor fala de três revoluções: a socioestrutural, que atinge todo o planeta e tem efeitos sobre a estrutura social, econômica e política das sociedades; a científica e tecnológica, que se dá com o surgimento de novas fontes de energia e com a digitalização da sociedade; e a climática, associada ao aquecimento global. O livro, ao contrário do que possa parecer, é de leitura fácil e atrai até mesmo um leitor menos habituado com os temas abordados: Abranches dialoga com alguns dos principais pensadores contemporâneos, como Zigmunt Baumann e Edgar Morin, como também com os

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2017

brasileiros, como o Professor Eduardo Giannetti e o jovem Ronaldo Lemos, especialista em tecnologias, que participaram de roda de diálogo no lançamento, no Rio. Nesta conversa com Plurale, o escritor contou que a ideia do livro é antiga e que alguns dos temas abordados fazem parte de seu “estoque de preocupações intelectuais ao longo do tempo”, como a democracia representativa e outros foram sendo somados com o turbilhão de acontecimentos dos últimos tempos. Os desafios climáticos, a urgência da questão da migração e o potencial de protagonismo do Brasil são alguns dos assuntos abordados no livro e que trazemos aqui nesta entrevista. “O século 21 tem tudo para ser o século do salto brasileiro, não copiando Estados Unidos, Japão ou Coreia, mas buscando um caminho próprio e novo. Mas, para isso, precisamos nos livrar dos velhos modelos seja os neoliberais, sejam os da esquerda nacional-estatista”, destaca Sérgio Abranches. Abranches é Mestre em Sociologia pela UnB e PhD em Ciência Política pela Universidade de Cornell, faz comentários na Rádio CBN, edita o portal Ecopolítica em português e inglês (www.ecopolitica. com.br) e está sempre sendo convidado para dar palestras. O cientista político também é autor de Copenhague: Antes e Depois (Civilização Brasileira, 2010), sobre a política global do clima e do romance “Quem mistério tem Clarice” (Biblioteca Azul, 2014). Quando a concorrida agenda permite, nos fins de semana, viaja em família, pilotando ume off-road, enveredando por alguma região preservada para recarregar energias ou aproveita para descansar com a família na Reserva Particular em Minas Gerais. Plurale - Como surgiu a ideia do livro? Era um projeto antigo? Sérgio Abranches - A ideia desse livro é antiga. Comecei a refletir e ler sobre as questões de que trato nele, há mais de cinco anos. Ele também se tornou o ponto para o qual convergiram várias questões, algumas que sempre foram meu objeto de estudo, outras que fui agregando ao meu estoque de preocupações intelectuais ao longo do tempo. A mais antiga das questões, talvez seja a da democracia representativa. Comecei, tentando mostrar, em textos, alguns bem


imprevisto GREENPEACE BRASIL

antigos, do final dos anos 1980, início dos 1990, que não se tem um momento final em que a democracia atinge a plenitude e não se pode avançar mais. Democracia é um processo que tem um alvo móvel, não um alvo final. Na grande transição da qual trato no livro, o problema central é o esvaziamento do processo representativo, o descolamento de todos os partidos tradicionais da sociedade, todos são afetados, de esquerda, centro e direita por esse distanciamento e pelo que chamo de oligarquização dos partidos. Entre as questões novas, duas são centrais no meu argumento. A digitalização da sociedade, com formação de um sistema de relações sociais virtuais, a ciberesfera, que se conecta cada vez mais com a socioesfera, o sistema fisico, digamos, analógico, de relações sociais. Dou alguns exemplos simples que ilustram essa interação entre a ciberesfera e a socioesfera. Um é o crowdfunding de campanha, que foi importante na campanha de Obama e, agora, na campanha de Macron. O candidato se financia na ciberesfera, para se eleger na socioesfera. O segundo é a uberização de serviços, contratados digitalmente na ciberesfera e prestados fisicamente na socioesfera. Mas já há serviços contratados e prestados virtualmente e a ciberesfera vai se expandir e abrigar, cada vez mais,

relações sociais, econômicas e políticas puramente virtuais. A segunda, é a crise de transição ambiental, com a grande extinção de biodiversidade e a mudança climática. Trato pela primeira vez do tema da digitalização em A Era do Imprevisto. O da mudança climática eu já havia analisado em parte no livro Copenhague Antes e Depois. E há um nexo entre todos esses processos que é a nova revolução científica e tecnológica, que está mudando radicalmente nosso modo de vida. Plurale- Já lemos o livro, adoramos. Mas como traduzir para quem ainda vai ler o que você chamada da “era do imprevisto”? Sérgio Abranches - Esses processos sintetizam-se em grandes mudanças sociais, políticas e econômicas, que desestabilizam nosso mundo, enquanto o novo mundo ainda não está dado, não foi descoberto. As grandes mudanças sociais, políticas e econômicas desestabilizam nosso mundo, enquanto o novo mundo ainda não está dado, não foi descoberto, há apenas vestígios de que ele existe e está logo adiante. Somos navegantes em mares tempestuosos, sem mapa, bússola e direção clara para os novos mundos nos quais viveremos em breve. Estamos diante de duas situações históricas, uma que se esgota e a outra que ainda está em for-

mação. A era do imprevisto é esse intervalo, esse interregno, entre dois mundos. No movimento que nos afasta do mundo que conhecemos e nos aproxima cada vez mais dos novos mundos à frente, teremos cada vez mais surpresas, eventos inesperados, imprevistos, porque são eventos tão novos que não temos condições de prever. Estão fora do escopo de nossos modelos de análise e previsão. Plurale - Este modelo de dialogar com outros pensadores /escritores como Zygmunt Bauman, Milan Kundera e Edgar Morin - ajuda a falar/explicar esta transição do século XXI? Sérgio Abranches - O diálogo com autores de mente aberta, que também se preocupam com os mesmos temas é essencial. Eles me ajudaram e ajudam a refletir sobre essas questões, examinando-as por ângulos diferentes do meu e que complementam meu processo analítico. Da mesma forma que autores de ficção são minhas fontes, porque tratam o mundo real com enorme liberdade, sem as limitações, por exemplo, do trabalho acadêmico, ou mesmo dos ensaístas. Por exemplo, encontrei algumas pistas que me levaram longe, em Kurt Vonnegut e em Isaac Asimov.Vonnegut me inspirou a pensar da perspectiva daqueles que estão fora dos paradigmas, na periferia dos modelos convencionais, de onde se pode ver coisas que aqueles que estão no centro dos modelos não conseguem ver. Em Asimov, encontrei inspiração para desenvolver a interação entre velocidade da mudança e o volume de apoio social necessário para promove-la. Em O lobo da estepe, de Herman Hesse, encontrei a melhor descrição do sentimento de insegurança e desconforto dos tempos de transição radical, quando se está prisioneiro entre dois mundos, um que se esvai e outro que nasce. Plurale - Você é especialista em sustentabilidade/clima. Quanto da crise climática e do aquecimento global contribuem para esta transição, seja pelo lado positivo ou negativo? Sérgio Abranches - Não me entendo como especialista em sustentabilidade ou mudança climática. Sou um sociólogo político, minha especialidade é a sociologia política. Antes de minha pós-graduação em sociologia, fui repórter. Quando trato na CBN, ou em posts, de mudança climática ou sustentabilidade, estou combinan-

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Entrevista

do jornalismo e sociologia. Uso métodos de apuração do jornalismo e de análise de tendências e de dados, da sociologia. Foi desse cruzamento da observação sociológica, com a apuração jornalística, que verifiquei que a mudança climática havia passado a ser uma variável indispensável a qualquer análise de tendências sociais, políticas e econômicas de médio e longo prazo. Outra variável que se impôs foi a grande extinção de biodiversidade, a sexta. Ambas ameaçam gravemente a biosfera e nós fazemos parte integrante dela. Se não enfrentarmos essas duas ameaças, estaremos contratando cenários futuros mais sombrios e, no limite, a solidão humana em uma biosfera semimorta, sem vida biológica além da nossa. Aqueles cenários distópicos de ficção científica, de humanos vivendo em domos, isolados em um mundo desértico, com a atmosfera irrespirável. A grande transição do século 21 tem essa singularidade, quando comparada às transições do século 20. No século anterior, todas as mudanças nasceram de relações sociais entre pessoas, grupos e classes. No século 21, elas nascem de relações sociais e de relações entre a sociedade humana e a biosfera, o mundo natural, sobre cujas forças não temos controle. Só podemos tentar controlar nosso impacto na biosfera e na atmosfera. Por outro lado, esses desafios climáticos e de preservação da biodiversidade incentivam o avanço do conhecimento científico e da tecnologia, dando-nos mais instrumentos, ao longo do processo, para retificar nossos modos de produção, consumo, geração de energia e disposição de nossos resíduos que devem ser drasticamente reduzidos. Plurale - No livro, você cita que “marchamos rumo a descontinuidades radicais , a rupturas estruturais”. Estamos fadados a um cenário pessimista? Sérgio Abranches - Significa que teremos rupturas, transformações radicais, emergência e dominância crescente do inteiramente novo, desconhecido, inédito. Não necessariamente nos leva a um cenário pessimista. Haverá rupturas negativas, que produzirão crises graves, sociais, econômicas e políticas. E rupturas positivas, que promoverão avanços científicos, tecnológicos, sociais, econômicos e políticos. Haverá incerteza, medo, desconforto, porque o mundo está se tornando cada vez mais instável. Mas haverá epifanias, descobertas, avanços, que nos darão os meios para sermos mais felizes no futuro. Plurale - Outro tema também muito abordado no livro é a questão da tecnologia, da rede e do surgimento de uma nova sociedade, embora destaque que este momento ainda não chegou. Quan-

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to que há de positivo neste processo, a exemplo da visibilidade nunca antes vista para boas ações e ONGs e quanto há de negativo, como no caso dos boatos? Sérgio Abranches - A emergência da sociedade digital é um processo radical, sem volta e auspicioso. Como tudo na vida, tem seu lado sombrio, violento, desanimador. Mas, na minha visão, nos proporciona um grau de interatividade global, de transparência, de capacidade de mobilização, circulação de informações em tempo real. Essa interatividade e agilidade da informação já tem aplicações importantes na prevenção de desastres, na medicina. Promoveu a completa globalização do mercado de capitais, para o bem e para o mal, a constituição de redes de suprimento globais, a cooperação científica. Tudo isso tem levado a avanços espetaculares, desestabilizado regimes políticos opressores, criado redes globais de solidariedade, permitido articulações globais de ONGs ambientais, de A defesa e promoção dos direitos humanos. Ao mesmo tempo, como vimos recentemente, hackers promovem sequestros globais de dados e pedem resgate em bitcoins, uma ação que se dá inteiramente na ciberesfera. O uso de linguagem do ódio, a disseminação de boatos, a difamação, o uso político de milícias digitais mercenárias, contra os adversários, às vezes têm mais visibilidade que os eventos positivos propiciados pelas redes. Mas o lado positivo é muito maior do que o negativo. Plurale - Brasileiros são fascinados por celulares e mídias sociais, sendo dos mais ativos do mundo. Mas pouco desta “energia” é transformada realmente em conexões na boa direção. O que está faltando? Sérgio Abranches - Educação, melhor infraestrutura, conectividade de boa qualidade gratuita. Tudo isso virá, inclusive se aproveitando dos avanços digitais. Mas acho que os brasileiros têm usado cada vez de modo mais positivo essa energia. Grupos de pais resolvendo problemas das escolas. Grupos de moradores, resolvendo questões coletivas no condomínio, na vizinhança. Grupos na área de saúde. Na educação e na pesquisa. Estamos muito atrasados na política. Mas a maioria dos países do mundo não avançou muito na digitalização da política, que continua analógica. Plurale - É possível pensarmos em novas representatividades políticas a partir deste novo modelo tecnológico conectado? O modelo político atual está irremediavelmente condenado ao fracasso? Sérgio Abranches - Eu penso que só é possível pensar em novas formas de re-

PLURALE EM REVISTA | Maio / Junho 2017

presentação política com a digitalização da política e da democracia. Promovendo novas e mais ricas conexões entre a socioesfera e a ciberesfera. Esses nexos políticos entre essas duas dimensões das relações

Teremos rupturas, transformações radicais, emergência e dominância crescente do inteiramente novo, desconhecido, inédito. Não necessariamente nos leva a um cenário pessimista. Haverá rupturas negativas, que produzirão crises graves, sociais, econômicas e políticas. E rupturas positivas, que promoverão avanços científicos, tecnológicos, sociais, econômicos e políticos. Haverá incerteza, medo, desconforto, porque o mundo está se tornando cada vez mais instável. Mas haverá epifanias, descobertas, avanços, que nos darão os meios para sermos mais felizes no futuro.”


SÔNIA ARARIPE

Sérgio Abranches (esq) com o Professor Eduardo Giannetti da Fonseca, no diálogo de lançamento do livro, no Rio

sociais permitirá a constituição de um espaço público, não estatal, de conversação, transparência e representação, uma polis digital, uma cidadania digital, que possa se manifestar no mundo das relações físicas, na socioesfera, de modo inovador, ainda que complementar, enriquecendo e ampliando o espaço democrático. O modelo atual, no sentido da democracia representativa analógica, com partidos oligarquizados, está fadado ao fracasso. Mas o modelo de democracia vislumbrado na modernidade, com as críticas da pós-modernidade, acrescido das ferramentas digitais de mobilização e participação, não está. Ao contrário, penso que o revigoramento da democracia, levando em consideração as críticas democráticas ao modelo iluminista, preservadas as suas virtudes e ampliadas as suas possibilidades de incrementar a soberania popular, ao contrário, é a grande promessa dessa transição. Plurale - Temos visto uma verdadeira crise de ética no Brasil - na política, nas empresas, nos modelos antes existentes de representatividade política. O que podemos esperar daqui para a frente, no “day after”? Sérgio Abranches - Em cada país, a transição se manifesta em configurações locais específicas. No caso do Brasil, vivemos uma grave crise econômica, social, política, urbana, ambiental e moral que é endógena e suas causas são predominantemente locais. Essa crise local, junta-se às manifestações globais da transição que se apresentam, primeiramente, como crise. O quadro se agrava bastante. Mas, também, amplia as possibilidades de solução. Precisamos mudar e, com todo o mundo em mudança, em um contexto muito afetado por fatores imprevisíveis, as oportunidades de redefinir o posicionamento global do país se ampliam muito. É possível usar a globalização a nosso favor e romper todos os nexos de dependência formados no século 20. Nossa democracia, mostrou tanto seu lado disfuncional, quanto seu lado vigoroso. Os mecanismos de controle e fiscalização

nunca funcionaram tanto e tão bem. Os exageros e excessos são mais resultado da leniência e da impunidade que sempre prevaleceram em nossa sociedade, do que disfuncionalidades que possam prejudicar o processo democrático. Com a crise atual, as empresas talvez sejam forçadas a abandonar sua dependência do estado, a voragem por subsídios e a inclinação a buscar a via, antes facilitada, da corrupção. Se canalizarmos todo o conflito de ideias e percepções, que hoje interdita uma conversação democrática, para a busca de linhas alternativas de fortalecimento da democracia, ao invés de cair na sedução mais fácil da via autoritária, da desqualificação do que pensa diferente, da censura, e não estou falando de censura do estado, mas de censura ideológica, interditando o pensamento de oposição, podemos avançar muito e rápido. As oportunidades para o Brasil nunca foram tão boas. O século 21 tem tudo para ser o século do salto brasileiro, não copiando Estados Unidos, Japão ou Coreia, mas buscando um caminho próprio e novo. Mas, para isso, precisamos nos livrar dos velhos modelos seja os neoliberais, sejam os da esquerda nacional-estatista. Temos que lançar mãos de novos modos e nos libertar dos grilhões que nos acorrentaram ao patrimonialismo, à energia fóssil, ao extrativismo irresponsável, ao nacionalismo que enriquece incompetentes e aumenta as desigualdades, à ilusão de que desenvolver a sociedade é crescer muito e rápido, não importam os custos e as consequências. Se é para termos quimeras, que sejam futuristas e não os dinossauros de sempre. Plurale - O atual modelo é exclusivo e ainda gera muitas distorções de classe. Por outro lado há muito de inclusão, compartilhamento, de coworking surgindo, de novos modelos econômicos. É possível imaginar que a transição poderá trazer também boas notícias? Sérgio Abranches - O que a transição nos trará, depende de nossas escolhas presentes e futuras. Há muita gente experimentando saídas, mais na economia, na sociedade e na cultura, do que na política. Principalmente no Brasil, o que apresentam como novo na política é muito velho. Mas, uma transição dessa radicalidade, nunca será um processo fácil. É um processo tumultuoso e cheio de perigos. Por isso quis me alongar no livro no sentido da transição. Não basta pensar no ponto de chegada que desejamos. É preciso cuidar da qualidade da travessia. Ao fim e ao cabo, o que contará mesmo para a maioria será a qualidade da caminhada. Mais do que nunca o caminho se faz no caminhar. Plurale - O livro fala muito também

do impacto destas mudanças e migração na Educação. Favor detalhar o que deveríamos olhar na Educação. Sérgio Abranches - Na educação, é preciso nos livrarmos também, rápido e radicalmente, dos modelos analógicos. A escola hoje é ruim e chata. Pouca, ruim e discriminatória. Aqui mais, em outros lugares um pouco menos. Mas os modelos educacionais tradicionais estão em crise e ajudando muito pouco os jovens nessa grande travessia. É um desafio enorme, educar em um mundo que está perdendo seus paradigmas. Mas é tentador. Ensinar a aprender, sem fechar modelos, sem impor conceitos, dar a liberdade de aprender. É como treinar alguém para fazer uma longa e árdua caminhada por terreno desconhecido e fazer isso com o máximo de proveito, prazer e alegria. Plurale - Gostaria de acrescentar algo mais? Sérgio Abranches - Talvez um ou dois pensamentos sobre a imigração. Primeiro, precisamos diferenciar os refugiados, que precisam de asilo e abrigo, fugitivos da violência, da mudança climática, do fracasso de seus estados nacionais, dos imigrantes voluntários, em busca do sonho de se realizar em um novo país, uma nova cultura. A globalização e a sociedade digital encorajam a mobilidade global. Rumamos para o que Morin chama de miscigenação global. Ela cria contingentes sociais que não pertencem mais inteiramente à sua cultura de origem, nem se integraram totalmente à nova. Mais ainda, quando falamos de casais transculturais. São entidades típicas da transição, deslocados, porém conscientes de que desejam dar seguimento e ter espaço assegurado para realizarem integralmente, com felicidade e liberdade a escolha que fizeram. O crescimento desses setores sociais novos criam reações de intolerância, rejeição e racismo incompatíveis com a democracia e os valores humanos. Preservar o lugar e a liberdade dessas pessoas é parte do que chamo de qualidade da travessia.

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Green Bonds, os investimentos sustentáveis Por Dominic Schmal* Há uma nova onda “verde” no mercado de capitais. Os investidores demostram maior interesse em investimentos sustentáveis. Eles não querem apenas saber em quem investir, mas também querem saber o que acontece com o seu dinheiro no longo prazo. Esta preocupação não é recente. Várias iniciativas de sustentabilidade foram criadas nas últimas décadas. Por exemplo, os princípios de investimentos responsáveis das Organizações das Nações Unidas (ONU) ou os fundos de investimentos socioambientais criados por instituições financeiras. A novidade agora são os green bonds, ou títulos verdes. Como outros títulos de dívidas, os green bonds podem ser emitidos por entidades financeiras e não-financeiras. O objetivo é financiar ativos com características sustentáveis. Há também um enquadramento desses títulos para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Nesse caso, eles são chamados de climate bonds. A principal característica dos títulos verdes é que o emissor declara para os públicos de interesses que o objetivo dele é financiar projetos destinados a atender aspectos de sustentabilidade e atributos ambientais. Temas como aquecimento global e a escassez de recursos naturais ganham espaço no mercado de capitais – e ativistas engajados na resolução desses problemas. O crescimento da demanda de green bonds pode impulsionar a criação de novos instrumentos de investimentos em projetos sustentáveis.


Os critérios formais para classificação um título denominado “verde” foram estabelecidos em 2014 pela iniciativa “Green Bond Principles” e foram já aderidos por importantes instituições. No Brasil, há diversos instrumentos financeiros que potencialmente podem ser utilizados como green bonds. Entre eles, o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Esse título é emitido por companhias securitizadoras do agronegócio, e os projetos se estendem à recuperação florestal, manejo sustentável ou desenvolvimento de cadeia de valor.

Incertezas e expectativas Os executivos dos mercados de capitais deparam com incertezas e ainda procuram atributos necessários para classificar um título como “verde”. Há, por exemplo, uma dúvida sobre as principais extensões de impactos financeiros e reputacionais de longo prazo após a emissão de um título. Os critérios de avaliação e os mecanismos de monitoramento sobre a destinação correta e eficaz de um capital financeiro tendem a ser aperfeiçoados com os próximos ciclos de discussões. O mercado de capitais poderá ser uma parte importante no engajamento e promoção de projetos de investimentos responsáveis. Será um grande avanço para os investidores. * Dominic Schmal é especialista da área de Sustentabilidade da PwC Brasil

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Colunista Luiz Antônio Gaulia

CUIDE DOS CLIENTES ANTES DE SALVAR O PANDA

“S

atisfação garantida ou seu dinheiro de volta” era um slogan conhecido dos brasileiros entre 1970 e 1985. Quem lembra da marca Sears, maior cadeia de lojas de varejo daqueles tempos, mas que não sobreviveu diante da concorrência explosiva dos shoppings centers, sabe que podia confiar naquela promessa. A frase era verdadeira, funcionava. Hoje a Sears não está mais no Brasil, mas continua uma empresa global com uma cultura baseada no servir, encantar e engajar clientes. Quando as promessas são feitas para serem cumpridas e estão alinhadas com as práticas reais das empresas, a tendência é que os clientes e os consumidores fiquem felizes, satisfeitos e fiéis. Mas mesmo assim, nem sempre cuidar bem do cliente é suficiente para evitar uma crise de imagem e de reputação. Um desvio de conduta da alta liderança ou um incêndio numa instalação são exemplos que podem gerar crises de imagem e reputação e afetar a opinião dos clientes e da sociedade sobre a empresa. Por isso, buscar a excelência no atendimento ao cliente deveria ser primeiro passo de qualquer negócio, pequeno ou grande. No atual universo de públicos com os quais as organizações estão interagindo, a antiga “freguesia” mudou de cara e de comportamento. Um público-alvo não é mais um alvo fixo num plano de marketing. O antigo e pas-

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sivo consumidor ganhou mais espaço pela força de leis criadas em sua defesa e pela sua capacidade de opinar, reclamar, elogiar e influenciar o mercado através das multifacetadas mídias sociais. A chamada geração Y nasceu no mundo digitalizado e possui forte senso de crítica e uma impaciência capaz de se transformar em uma crise real diante de uma experiência ruim. Cuidar para que o “momento da verdade” do cliente na loja, no restaurante, nos contatos comerciais oferecendo um atendimento de excelência, simpatia e atenção tornam-se obrigatórios. Essa regra é tão velha quanto óbvia. Mesmo que muitos empreendedores, vendedores, balconistas, garçons, taxistas, recepcionistas e

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até executivos de empresas de grande porte ainda não façam isso acontecer de fato. Não existe empresa pública ou privada que escape dessa premissa, mesmo porque nenhuma delas coloca em sua missão alguma coisa do tipo “Nossa razão social é atender mal a clientela e destruir valor no final do expediente”. Contudo, é um fato impressionante que continuam existindo profissionais desatentos, descuidados, sem qualquer tipo de cortesia ou empatia ou de mal com a própria vida, lidando com clientes e consumidores. Outro slogan que já circulou muito era “O cliente tem sempre razão”. Lembram? Exageros à parte, nem sempre um cliente pode ter razão pois existem pessoas desonestas


e de má fé tentando obter todo tipo de vantagem dos empresários, muitas vezes empreendedores visionários que estão criando produtos e serviços com propostas de valor compartilhado desde a sua concepção. A questão maior neste texto é simplesmente ressaltar que se a empresa não faz o seu feijão com arroz, seu trabalho básico bem feito ela não vai conseguir dar passos maiores nem cumprir promessas nas áreas de responsabilidade social ou mesmo de filantropia empresarial. Estou falando de coerência entre o discurso e a prática. Entre aquilo que se deseja como um sonho e a realidade do dia a dia e que deve ser acompanhada de um modelo de gestão, de mérito tangível

e comprovado com bons exemplos, atitudes e experiências permanentes de encantamento e de uma cultura organizacional voltada para tornar cada stakeholder um cliente satisfeito. É por isso que não adianta tentar salvar o panda na China ou a floresta tropical no Amazonas se na lojinha aqui na esquina ou numa página de compras on line o consumidor levou gato por lebre, ficou a ver navios e foi vítima de um péssimo atendimento. Isso vale também para clientes B2B, corporativos, ok? E vale para todos nós como indivíduos. Se nos imaginarmos lidando o tempo todo com clientes em nossas relações diárias, como seria o nosso atendimento? O nosso cartão de visitas teria a promessa de respei-

to, educação, cordialidade e gentileza? Uma promessa cumprida? Tenho pensado muito nisso. Afinal, tratar mal as pessoas próximas e tentar salvar causas distantes, mesmo que sejam justas e encantadoras com um filhote de panda, não me parece uma atitude muito coerente. (*) Luiz Antônio Gaulia, jornalista e publicitário, é Colunista colaborador de Plurale. É Diretor da Talk the Walk Comunicação Sustentável, Mestre em Comunicação e Sustentabilidade pela PUC-Rio, especialista em Comunicação Empresarial. Trabalhou com marcas e empresas de grande porte como CSN, Light, Votorantim, Alunorte, Vale, O Boticário e Ajinomoto.

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Artigo Liliana Tinoco Bäckert

A INFLUÊNCIA DA CULTURA NA RELAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE

A

cultura guia o comportamento dos povos e ajuda a diferenciar os grupos, funcionando como um marcador importante das sociedades. Valores culturais são tão arraigados que passam despercebidos pela maioria dos indivíduos; geralmente não se pensa no assunto até a primeira viagem internacional, quando o cidadão se depara com uma multidão incomum, que se veste, fala e se porta de outras maneiras. O famoso iceberg da cultura, desenvolvido por Edward Hall em 1976, é uma analogia que explica a profundidade dos traços culturais, implícito em cada ato escolhido. O modelo mostra que apenas 20% desses traços são perceptíveis, acima da linha do mar no iceberg. Esses seriam mais facilmente identificáveis, como a comida, a língua ou o clima. Entretanto, 80% das evidências encontram-se submersas e constituem a parte mais complexa e genuína de um grupo social, como por exemplo a noção de modéstia, as formas de liderança e de comunicação. Não se consegue, à primeira vista, avaliar e entender essas diferenças; mas não se engane, elas cumprem um importante papel e irão influenciar como as pessoas tomarão determinadas atitudes e não outras. Consequentemente, a preocupação e o cuidado de alguns grupos com a qualidade do ar que respiram ou com a participação efetiva em medidas diárias que contribuam para a preservação de uma espécie de animal não podem ser totalmente descartadas de um traço cultural. É preciso incluir, claro, decisão e vontade política, leis vigentes, situação econômica etc. Mas essas não estariam também conectadas com os traços culturais? Estudo de 2013, dos economistas George Halkos e Nickolaos Tzeremes, publicado no Journal of Environmental Economics and Policy Studies, avaliou a influência na relação entre as principais dimensões culturais e a eficiência ecológica e detectou

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uma correlação interessante. Durante os últimos dez anos, os esforços para quantificar o desempenho ambiental de um país foram conduzidos através de Índices de Desempenho Ambiental (EPIs) - formalmente reconhecidos como “scorecards” desenvolvidos em resposta aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e usados​​ para classificar as políticas ambientais de um país em diferentes categorias. Foram examinadas a relação entre as emissões de dois grandes gases de efeito estufa (dióxido de carbono e dióxido de enxofre) e quatro das categorias mais amplamente reconhecidas da cultura, utilizando o modelo de Dimensões Culturais de Hofstede: que divide as culturas entre as categorias masculinidade versus feminilidade, distância de poder, individualismo versus coletivismo e evitamento da incerteza. Geert Hofstede é holandês e especialista em estudos Interculturais. Na análise, uma sociedade masculina é definida como aquela que valoriza o sucesso e o progresso material, enquanto a mais feminina prioriza a modéstia e o cuidado com os outros. A distância de poder representa pontos de vista sobre a desigualdade: a alta distância de poder traduz-se na crença de que os poderosos têm privilégios e podem herdar sua posição por meio de força; as sociedades com baixa distância de poder acreditam que a pujança poder deva ser distribuída igualitariamente. Os povos coletivistas valorizam os interesses dos grupos em relação aos interesses individuais e permitem que o Estado desempenhe um papel importante no sistema econômico, enquanto as sociedades individualistas esperam que seus membros cuidem de si mesmos. Por fim, evitar a incerteza significa o grau de tolerância da sociedade para situações desconhecidas. As sociedades de alta evasão lutam contra a incerteza com muitas leis e regras precisas e geralmente reprimem os protestos dos cidadãos. Com exceção da masculinidade e feminilidade, cada fator teve um efeito esta-

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tisticamente significativo nas métricas de desempenho ambiental. A hipótese prioritária ao estudo era a de que as sociedades femininas exibiriam alta pontuação de ecoeficiência devido a uma forte identidade e atenção da comunidade não se comprovou. As categorias distância de poder e o individualismo foram que a mais exerceram influência sobre o resultado. Embora os autores tivessem levantado a hipótese de que a mentalidade de pensamento coletivo dos países coletivistas encorajaria a competência ecológica, verificou-se que os países individualistas prevalecem, talvez por imbuírem em seus cidadãos um maior senso de dever e autoempoderamento. Nessas sociedades, há uma maior tendência ao comportamento consciente em relação ao meio ambiente, enquanto a maioria dos países de baixa eco-eficiência é caracterizada por noções coletivistas e um papel dominante do governo. Não se sabe se o Brasil foi avaliado na


ARQUIVO PESSOAL – POR LILIANA TINOCO BÄECKERT

pesquisa, mas ao dirigir a análise para o país e comparar com modelo de cultura de Hofstede, pode-se dizer que integramos a lista das nações com grande distância de poderes, alta tolerância à incerteza e características coletivistas. Algumas questões desse assunto, entretanto, precisam ser comentadas: infelizmente não há muita literatura sobre o tópico; e é tendencioso atribuir a nações determinados estereótipos por integrarem uma ou outra categoria cultural. No entanto, conectando os pontos do estudo com observações diárias entre as culturas brasileira e suíça, comparadas com a literatura do antropólogo Roberto DaMatta, leva-se a crer que o conteúdo se interconecta. Saindo da teoria para o lado prático, é importante mencionar que o aspecto hierárquico brasileiro do “sabe com está falando” leva a uma interpretação diferenciada da lei: a de que alguns têm mais direitos que outros. Afinal, quem se acha com poder de desrespeitar uma regra porque se sentir em posição superior aos demais está praticando a hierarquia de poderes, quebrando um protocolo que deveria ser seguido. Essa premissa não nos remete a alguns personagens brasileiros, que acreditam poder lançar mão de determinados privilégios por serem quem são? As categorias culturais avaliadas por Halkos e Tzeremes têm suporte nos estudos do antropólogo brasileiro Roberto DaMatta que, consequentemente, respalda a Pesquisa Social Brasileira, relatada no livro A Cabeça do Brasileiro, de Alberto Carlos

Almeida. O autor mostrou que DaMatta no Brasil: os brasileiros lidam mal com a estava certo: “o Brasil é hierárquico, fami- igualdade. E brilhantemente o autor exemlista, patrimonialista e se encaixa em vários plifica o país igualitário com a frase “Quem outros adjetivos que significam arcaísmo, você pensa que é? Quem você acha que é atraso. De acordo com Almeida, a chave para poder estacionar nesse lugar”. Ideia do abismo que coloca o Brasil na direção que irrita muitos estrangeiros aqui na Suído atraso é a baixa escolaridade. E como a ça, quando querem cometer uma pequena maior parte da população sofre desse mal, infração e são chamados atenção pelo suíço os erros se repetem. Como o próprio livro comum, que passa casualmente no mocita o estudo empírico de Ronald Inglehart mento e presencia a transgressão. e Christian Welzel, mais riqueza e educação Exatamente o contrário dos povos indilevam as pessoas a rejeitar a autoridade su- vidualistas, que acreditam menos no Estaperior, relações sociais verticais em benefí- do, mas mais no seu poder de atuação para cio de relações de poder mais horizontais e modificação da sociedade. Voltando ao esa buscar formas de “autoexpressão”, tudo de Halkos e Tzemeres, que verificou Portanto, tomo emprestado o pensa- a prevalência da competência ecológica em mento de Almeida, ao relatar em seu livro nações individualistas, é possível conectar a análise da sociedade brasileira e a compa- novamente com os achados de DaMatta e ração com a americana por DaMatta. No de Almeida. Se em sociedades individualisBrasil, onde a sociedade é hierárquica, no tas, a escola é valorizada, provavelmente há qual a posição e a origem social são funda- enfraquecimento da religião, tornando as mentais para definir o que se pode e o que pessoas mais céticas, menos tolerantes com não se pode fazer; para saber se a pessoa o abuso, cientes do seu papel e mais aptas a está acima da lei ou se terá de cumpri-la. É lutarem por seus ideias e destinos de uma Edward Hall – Iceberg of culture forma sustentável. assim que a herança escravista se manifesta A minha proposta, ao escrever esse texto, não é afirmar uma verdade, mas a de Bandeiras estimular a reflexão sobre como alguns traços culturais podem estimular o retrocesso Vestimenta Idioma brasileiro. Pequenos atos e crenças, repetiFestas dos há gerações, têm o poder de levar uma Música Comida Literatura nação inteira a repetir erros que não cabem mais no século XXI, num mundo em que Visão sobre como Conceito de os recursos naturais já apresentam falência. criar uma criança amizade E se cultura é fluida e se modifica o tempo Regras de Valores Noções de todo, vale a pena entender para tentar muetiqueta modéstia dar o que não está bom. Papel dos

música

Estilos de liderança

gêneros

Conceito de tempo

Expectativas

Noções de limpeza

(*) Liliana Tinoco Bäckert é jornalista e treinadora intercultural, com mestrado em Comunicação pela Universidade de Lugano. Radica na Suíça há 12 anos, dirige a empresa de Treinamento Adapte-se.

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Bazar ético |

“E

ACESSÓRIOS MARCA PRESENÇA NA MODA CARIOCA

sta peça foi feita com tanto amor, que cada vez que você usar, algo fantástico irá te acontecer! E então, você vai querer usar todos os dias!”. São esses os dizeres que você encontra ao comprar uma peça da Nuni Acessórios, nova marca de acessórios e bijoux da designer Ana Petrik. A Nuni começou no início de 2017, mas já faz parte da vida da Ana desde que ela é criança: “sempre gostei de fazer bijoux, é uma terapia pra mim. Faço bazares na casa da minha mãe desde adolescente”, conta. Os bazares, que sempre fizeram sucesso, começaram a falar mais alto, assim como a paixão pelo hobbie. Há nove anos trabalhando como assessora de imprensa, sempre atendeu muita marca de moda – mais um dos motivos que inspiraram Ana a largar o emprego e se dedicar 100% ao que ama. Sempre antenada com o lado ecológico e social, Ana tem usado sementes, material eco e bambu nas suas criações. O brinco verde com continhas é costurado por artesã da ONG Pipa Social e a ideia é expandir ainda

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mais nessas parcerias para ajudar a gerar renda para artesãs cariocas de baixa renda. “O que mais gosto é de misturar materiais: cordas, resina, metal, acrílico…”. O resultado são brincos e colares coloridos, leves e cheios de autenticidade. Afinal, muitos desses utensílios são retirados de lugares não habituais para as bijuterias, como peças de cortinas ou achados pelas andanças da Ana. Cada viagem é uma inspiração: a última minicoleção foi inspirada em Matisse e Mondrian – brincos e colares cheios de cor feitos de acrílico. Além de todas as peças serem feitas por ela, a identidade visual também é uma produção da Ana. Tudo indo de vento em popa: já está à venda uma coleção exclusiva na Via Flores. O site também promete ficar pronto nesta semana, com o e-commerce funcionando. Enquanto isso, você pode comprar pelo instagram, email ou pelo celular da Ana – que em breve também aceitará visitas em seu ateliê. nuniacessorios@gmail.com | (21) 98836-4050 | Instagram: nuni_acessorios

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Pelo Brasil

CEBDS apresentou estudo sobre oportunidades econômicas da NDC brasileira Do Rio de Janeiro

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) lançou o estudo Oportunidades e Desafios da NDC brasileira para o Setor Empresarial. O documento levanta as possibilidades de negócio que se abrem com a implementação dos compromissos que o Brasil assumiu no Acordo de Paris (NDC brasileira) e também as barreiras que podem limitar o seu pleno aproveitamento. “A atual estrutura produtiva do país, em conjunto com atributos naturais, dão ao Brasil vantagens comparativas e posição privilegiada em um contexto de esforços globais pela mitigação. E nosso estudo demonstra que o atingimento da NDC não somente é economicamente viável como também é financeiramente lucrativo. A constituição de uma economia de baixo carbono impulsionada pelo Acordo de Paris, embora tenha múltiplos desafios, é uma oportunidade inédita de requalificação do desenvolvimento do país em bases realmente sustentáveis”, afirma a presidente do CEBDS, Marina Grossi. De acordo com o estudo, os investimentos em ações de mitigação, que reduzem as emissões de gases de efeito estufa (GEE), podem ter efeito positivo sobre as receitas futuras das atividades

produtivas. Ou seja, a mitigação nestes casos tem um custo negativo, aumentando o lucro esperado dos agentes econômicos quanto menor for a emissão. Além de fazer uma avaliação das metas assumidas pelo Brasil sob uma perspectiva macroeconômico, a publicação lançada pelo CEBDS também destrincha

as oportunidades e desafios colocados para os cinco setores contemplados na NDC: florestal, energia, agropecuário, industrial e de transportes. A íntegra está disponível no link: http://cebds. org/noticias/cebds-apresenta-estudo-sobre-oportunidades-economicas-da-ndc-brasileira/#.WQuUENLyuUl

Brasileiro trabalha, em média, mais de 25 dias para comprar um smartphone, segundo Instituto Akatu De São Paulo

No Dia Internacional do Trabalhador, comemorado em 1º de maio, o Instituto Akatu, ONG que atua há 16 anos pelo consumo consciente, promove a reflexão sobre quanto tempo consumimos do nosso trabalho para comprar coisas que muitas vezes são desperdiçadas ou adquiridas por impulso. Por isso, o Instituto realizou algumas estimativas do tempo gasto, em média, pelo brasileiro para trabalhar e comprar alguns itens. Por exemplo, para adquirir um smartphone de R$ 1.500, um brasileiro que tem uma renda média trabalha 193 horas ou 25 dias e meio de trabalho.

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“Queremos incentivar que o consumidor reflita sobre suas compras e evite fazê-las por impulso, o que representa um desperdício não só em termos do gasto do seu dinheiro e de recursos naturais, mas também do uso de um precioso tempo de sua vida. Tempo livre é algo muito precioso para todos nós e não devemos dedicá-lo ao trabalho para comprar o que não precisamos”, afirma Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu. É claro que é necessário usar parte do tempo para trabalhar, ganhar dinheiro, e adquirir bens de consumo que são úteis e necessários. No entanto, nem sempre os

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bens comprados caem nessas categorias. Basta dizer que, mais de um terço dos consumidores (33%) no Brasil compram bens que não são necessários, motivados basicamente por promoções do comércio, de acordo com um levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Nas classes C, D e E, esse percentual sobe para 35%. Outra pesquisa do SPC Brasil, divulgada em 2015, revelou que mais da metade dos consumidores brasileiros (53%) admitem ter realizado pelo menos uma compra por impulso nos últimos três meses.


Miguel Krigsner recebe mais alta condecoração do Batalhão Polícia Ambiental do Paraná

DIVULGAÇÃO

De Curitiba

O Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde, unidade especializada em meio ambiente da Polícia Militar do Paraná, homenageou, em maio, Miguel Krigsner, fundador e presidente do Conselho Curador da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, com a medalha de Mérito Ambiental. A condecoração, entregue pelo Major Neto, atual subcomandante do Batalhão da Polícia Ambiental do Paraná, e pelo Major Havila, ex subcomandante do Batalhão da Polícia Ambiental do Paraná, é o mais alto reconhecimento para

civis dentro do batalhão e foi concedido a Miguel Krigsner pelos 26 anos em prol

da conservação da natureza e proteção do meio ambiente.

Sustentabilidade na prática: Plataforma Papelada ajuda a processar documentos O Brasil processa, anualmente, cerca de 4 bilhões de faturas, segundo dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Para imprimir essa quantidade de dados em folhas de papel são gastos todo ano cerca de 1,5 bilhão de litros d’água e 70 milhões de KW/h de energia. E estamos aqui falando apenas de faturas. Temos ainda extratos, circulares, catálogos e muitas outras correspondências em papel que recebemos mensalmente em nossas casas. Diante desses números alarmantes, o empreendedor Leonardo Moraes, que já atua há cerca de 25 anos no mercado de processamento de documentos, resolveu virar a mesa. Moraes lançou no final do ano passado uma plataforma que pretende dar fim às faturas em papel. O papelada substitui a caixa de correios tradicional por uma digital que, pode oferecer ao usuário uma série de serviços que vão muito além do recebimento de uma conta, como, por exemplo, lembretes de vencimentos, pagamento pela solução e uma análise detalhada de gastos. A ideia é muito simples: o usuário cria seu perfil, inclui seu número de CPF e o sistema busca, entre os emissores parceiros, aqueles que emitem documentos para o CPF, permitindo que as duas partes se conectem através da plataforma. A partir de então o usuário passa a receber seus documentos através do papelada. Mas que fique claro: essa conexão entre usuário e emissor

só acontece se a empresa que emite a fatura for parceira do papelada. Segundo Moraes, a solução tem sido muito bem recebida pelo mercado. “Um dos nossos desafios é atrair os grandes emissores, que veem valor na solução, mas são mais lentos na adoção, o que já era esperado, devido à complexidade das grandes empresas. Atualmente, temos pilotos importantes em andamento com diversos emissores. Em breve teremos novidades!”, comenta, lembrando que atualmente já são parceiros do papelada cerca de 100 prefeituras, instituições de ensino, planos de saúde, operadoras de TV, provedores de Internet e imobiliárias. A solução, que tem congêneres em países como EUA, Canadá, Austrália, Noruega e Dinamarca, também permite a inclusão de faturas e documentos recebidos por email ou até mesmo os que chegaram em papel, possibilitando ao usuário uma nova

experiência na gestão de suas faturas, tudo de forma centralizada. Assim, todas as contas podem ser gerenciadas em um único lugar, numa plataforma integrada aos apps e sites dos principais bancos permitindo ao usuário pagar suas contas diretamente a partir do papelada, evitando a manipulação de papéis ou digitação de códigos de barras. “O que estamos vivenciando em todas as áreas é uma mudança radical de paradigmas. Não há mais espaço para desperdícios e há grande demanda pela sociedade para que os emissores reduzam seu impacto ambiental. É preciso integrar inteligência para reduzir custos, ser mais ágil e principalmente resolver de verdade os problemas e demandas de usuários e consumidores. Quem ficar parado na zona de conforto vai sumir do mapa em pouco tempo”, analisa Moraes. E ficar parado não é mesmo algo que o niteroiense de 46 anos consiga. Além de já ter empreendido em diversas outras empresas, colocou o papelada na última fase do movimento 100 Open Start-ups, que seleciona as start-ups mais atraentes do momento, e foi selecionado para o FINTECH. Rio, projeto de aceleração criado e financiado pelo Sicoob Empresas RJ e pela CAAP— empresa de consultoria idealizadora e responsável pela constituição do Sicoob Empresas RJ. Quer saber mais? Então acesse www. papelada.com.br

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Pelo Brasil

Especial

Celebridades usam o mesmo vestido em campanha publicitária para Santa Casa de Misericórdia de São Paulo De São Paulo

As estações do ano mudam, mas a necessidade de doadores de sangue nos Hemocentros em todo o país não. Com a chegada do outono, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo teve uma queda de 35% no número de doações voluntárias. Para sensibilizar a população e mudar este cenário, a campanha criada pela agência Y&R, lançada em abril, contou com a participação de sete personalidades, influencers dentro e fora da internet – Mariana Rios, Fernanda Souza, Thaila Ayala, Sabrina Sato, Vera Viel, Ana Paula Siebert e Fabiana Justus – e usou um único vestido para fazer o alerta: uma única doação pode salvar aproximadamente sete pessoas.

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Segundo a Dra. Cárlei Heckert Godinho, responsável pelo Hemocentro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, a queda nas doações de sangue está afetando de forma dramática o atendimento das urgências no Pronto Socorro, Centro Cirúrgico e os demais pacientes da instituição. “Necessitamos de doadores de sangue para suprir a demanda transfusional de adultos e crianças; além das urgências, atendemos pacientes clínicos e oncológicos”, acrescenta Dra. Cárlei. Segundo ela, uma única doação de sangue pode ajudar aproximadamente sete pessoas com diversas enfermidades e idades, uma vez que o sangue coletado é separado

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em diferentes hemocomponentes – concentrado de hemácias, plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado – que podem ser fracionados quando destinados a crianças. De acordo com Rafael Pitanguy, vice-presidente de Criação da Y&R, o propósito da ação é justamente despertar a curiosidade das pessoas e gerar o debate sobre o tema, de uma forma inusitada. Para completar, o modelo do vestido revelado na campanha, criado exclusivamente pela Pop Up Store, será produzido em larga escala com 100% do lucro das vendas repassado para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. DIVULGAÇÃO


Em nove anos, dobra parcela de brasileiros que frequenta cinemas e teatros Por Alana Gandra, Repórter da Agência Brasil/ Do Rio

Pesquisa nacional divulgada hoje (24) pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) sobre os hábitos culturais dos brasileiros revela que 56% dos entrevistados – o correspondente a cerca de 86 milhões de pessoas – frequentaram pelo menos uma atividade cultural no ano passado, com avanço de três pontos percentuais em comparação a 2015. Em relação a 2008, o resultado mostrou incremento de 13 pontos percentuais. A sondagem foi feita em parceria com o Instituto Ipsos, entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro de 2016, com uma amostra de 1.200 pessoas, em oito capitais (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília) e em mais 64 cidades do país. A principal atividade mencionada foi a leitura de livros, revelando a prática por 37% dos entrevistados e aumento de seis pontos percentuais comparativamente ao início da série histórica, em 2007. Cinema foi a segun-

da atividade citada, com 34% das respostas e o maior aumento comparativamente à pesquisa de 2007: 17 pontos percentuais. Pelo menos 29% dos entrevistados revelaram frequentar shows musicais, mostrando a expansão de nove pontos percentuais ante 2007 na prática. Os frequentadores de peças de teatro aumentaram 11%, com crescimento de cinco pontos percentuais. Os que assistem espetáculos de dança aumentaram 11%, um crescimento de quatro pontos percentuais; e os que vão a exposições de arte, passaram a 11%, com aumento de três pontos percentuais em relação a 2007. No caso de museus, que começaram a ser pesquisados em 2015, as respostas totalizaram 10%, mostrando avanço de três pontos percentuais. Avanços O gerente de Economia da Fecomércio-RJ, Christian Travassos, disse que são avanços significativos em relação à série histórica. “Há dez anos temos acompanhado os hábitos de lazer e culturais dos brasileiros. Não

há ruptura de um ano para outro mas, gradualmente, vemos uma melhora significativa. Então, aos poucos, percebemos uma melhora na frequência de ambientes culturais por parte do brasileiro”, disse o economista. Desde o primeiro ano da pesquisa, a maior adesão a bens culturais continua sendo a leitura de algum livro ou e-book (livro digital). “É mais acessível, a gente toma emprestado. Na listagem, é o mais representativo, disse Travassos. Ele atribuiu a maior expansão do hábito de ir ao cinema nesta década (de 17% para 34%) não só ao desenvolvimento da linguagem visual, mas também ao boom (explosão) de filmes 3D. Em paralelo, ocorreram promoções e parcerias de salas de cinema com empresas de telecomunicações e bancos, que contribuíram para facilitar o acesso do consumidor, com ingresso mais em conta. A internet, também ajudou a dar maior visibilidade aos programas culturais. “É um complemento da atividade de lazer”, disse Christian Travassos.

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Conservação

Nova Reserva Particular no

Cerrado

Legado Verdes do Cerrado foi inaugurada em Niquelândia, Goiás, com modelo inovador de gestão, que permite aliar a conservação com exploração sustentável

A

Texto e Fotos de Luciana Tancredo (*) De Niquelândia (GO)

presentado ao público em abril, em evento, que marcou também o início de suas atividades, o Legado Verdes do Cerrado é uma Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável, com 32 mil hectares, no município de Niquelândia, em Goiás. Esse é um modelo inovador de gestão, que permite aliar a conservação com exploração sustentável. O modelo, criado pela Votorantim em 2012 , quando foi instituída a reserva de Mata Atlântica, Legado das Águas, com 31 mil hectares, localizada na região do Vale do Ribeira, no sul do Estado de São Paulo, tem mostrado bons resultados. A nova reserva foi criada pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) em parceria com o Governo de Estado de Goiás. E o projeto conta com parceiros de peso: o Instituto Votorantim, a Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Goiás (UFG), a Universidade Estadual de Goiás (UEG), a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a Embrapa Cerrado, a Conservação Internacional e a FAPEG. O Governador de Goiás, Marconi Perillo, e várias autorida-

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des locais compareceram ao evento em Niquelândia. A área já era protegida pela Votorantim há mais de 40 anos. A área de cerrado ocupada pela reserva é próxima ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e é constituída por duas fazendas. A Fazenda Engenho possui áreas dedicadas à pecuária, produção de soja e silvicultura, e onde se encontram as nascentes de três rios: Peixe, São Bento e Traíras, dos quais é captada toda a água de abastecimento público de Niquelândia. Já a Fazenda Santo Antônio Serra Negra possui pequenas áreas para criação de gado extensivo e é localizada nas proximidades do reservatório da hidrelétrica Serra da Mesa. “O Legado Verdes do Cerrado será uma área para a prática de atividades relacionadas à economia verde, que promovam o desenvolvimento econômico para a região, além de fomentar a pesquisa da flora e fauna do cerrado, o segundo maior bioma da América do Sul, de grande importância hidrográfica e de biodiversidade”, explicou Ricardo Carvalho, diretor-presidente da CBA. Dentre as atividades já desenvolvidas no legado, está a produção de aproximadamente 60 mil mudas de espécies nativas

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do Cerrado, entre frutíferas e árvores para reflorestamento, em seu viveiro de mudas. Segundo David Canassa, Diretor das Reservas Votorantim, a pesquisa na área da Biotecnia, em parceria com várias Universidades locais , também já é uma realidade e alguns acordos nesse sentido já foram assinados. Já existem propostas de pesquisas direcionadas para agricultura, sendo avaliadas, como a de agentes polinizadores de soja na região do cerrado. Outra aposta, de Canassa, para o Legado é a Trilha do Rio Traíras, onde a educação ambiental e o ecoturismo poderão ser estimulados. A Trilha tem um percurso de 1000 metros, margeando parte do rio Trairas, descortinando belas paisagens e várias pequenas cachoeiras. Este ano serão investidos pela companhia cerca de R$ 17 milhões no Estado de Goiás, entre iniciativas de preservação ambiental, como o Legados Verdes do Cerrado: a manutenção de nascentes em cursos d`água; e o programa de promoção do desenvolvimento local de Niquelândia, voltado para o fomento de novas cadeiras produtivas, empoderamento de comunidades e empreendedorismo, melhoria da qualidade da educação pública e apoio à gestão pública.


E n s a i o

FOTOS: LUCIANA TANCREDO DA RESERVA LEGADO VERDES DO CERRADO (GO)

O RICO CERRADO BRASILEIRO

Considerado o segundo maior bioma da américa latina, o cerrado brasileiro merece um olhar especial. Ele guarda em seus 22% do território nacional quase 12mil espécies de plantas nativas catalogadas, 200 mamíferos conhecidos, 850 espécies de aves, 1200 de peixes, 180 de répteis e mais 150 de anfíbios. É a savana mais rica do mundo. Além da importância ambiental de sua preservação, existe também um fator social que não pode ser deixado de

lado. Nele vivem inúmeras populações que sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras e vazanteiros. Tudo isso fazendo parte do imenso patrimônio histórico e cultural do Brasil. Mas o Cerrado sofre e a cada dia a ação humana vai destruindo um pedacinho desse bioma. Estudos recentes mostram que essa destruição já superou mais da metade da área ori-

ginal do Cerrado Brasileiro. Já são mais de 20% de espécies de plantas que não são encontradas nem nas áreas protegidas e 137 espécies animais ameaçadas de extinção. Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, o Cerrado é o bioma que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral. (*) A Editora de Fotografia de Plurale viajou a convite da Votorantim.

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Conservação

E n s a i o

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FOTOS: LUCIANA TANCREDO DA RESERVA LEGADO VERDES DO CERRADO (GO)



Conservação


E n s a i o

FOTOS: LUCIANA TANCREDO DA RESERVA LEGADO VERDES DO CERRADO (GO)

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Moda

Moda com pegada

100% Sustentável Por Paula Guatimosim, Especial para Plurale

A

Fotos da Agência Fotosite, Fernanda Nazaré e Fred Vianna

A trilha da sustentabilidade levou a Green Co., criada em 2006 pelo engenheiro ambiental Cassius Silva Pereira, até a passarela do São Paulo Fashion Week deste ano. O empurrãozinho final veio através do Sebrae, que numa ação conjunta com o Instituto Nacional de Moda e Design (In Mod) selecionou cinco pequenas empresas brasileiras para estrearem no SPFW, a principal vitrine da moda brasileira. Iniciado em 2014 e batizado de ‘Top Five’, o projeto pretendia promover a aceleração de empresas inovadoras. Foram escolhidas mais de uma centena, e das 20 pré-selecionadas, foram eleitas as cinco com melhor desempenho. A Green Co. foi uma delas, e assim como as demais recebeu consultoria gratuita em três áreas distintas: desenvolvimento de produto, capacitação comercial e branding, além de desfilar no SPFW. “Foi uma experiência maravilhosa. Quero repetir, adoro isso”, comemora Cassius Pereira, impressionado com a grande exposição na mídia e com a repercussão do desfile. Foram apresentados 10 looks que definem bem o DNA Eco Friendly da marca, produtos que estarão disponíveis para venda em até dois meses. Pioneirismo A Green Co. é uma das grifes pioneiras na moda ecologicamente correta e sustentável do Brasil. Sua linha de produtos 100% ecológicos de moda feminina, masculina, acessórios e, mais recentemente, infantil só utiliza matérias-primas naturais, orgânicas,

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recicláveis, reutilizáveis e biodegradáveis. A terceirização é criteriosa. Um questionário desenvolvido pela marca serve como uma espécie de certificação do fornecedor, para que todos compartilhem dos mesmos princípios e valores. Algodão orgânico, linho, cânhamo, bambu, tencel e lyocel estão entre as matérias-primas de origem natural e orgânica. Cassius explica que o lyocel, por exemplo, é uma nova fibra 100% natural, proveniente de polpa de madeira de áreas de reflorestamento, obtida por meio de um processo totalmente biodegradável, à base de solvente orgânico, que é reciclado e recuperado em mais de 99%. Entre os tecidos provenientes de reapro-

veitamento de materiais descartados estão o algodão pet, que agrega fios de algodão e de PET; o algodão reciclado, que reaproveita os resíduos da linha de produção e o eco pet, um fio de poliéster desenvolvido a partir da reciclagem de garrafas PET. O tingimento e a estamparia das pecas também são obtidos através de pigmentos naturais, extraídos de vegetais e minerais. Cascas de árvores, folhas, sementes, raízes e até chá-mate proporcionam uma cartela de até 25 cores. Já o resíduo de minério-de-ferro imprime os diversos tons terrosos. Tratamentos especiais também resultam em maior conforto e maciez do tecido, como os produtos da linha Ecologic, amaciados com manteiga de cupuaçu. Nas tinturas não

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Moda

orgânicas, o resíduo é tratado antes do descarte para não causar impacto ambiental. Os calcados, bolsas e mochilas são em látex vegetal ou de câmara de ar reciclada. Tudo pela sustentabilidade Os modelos masculinos que desfilaram no São Paulo Fashion Week entraram na passarela levando placas com mensagens como “seja curioso”, “descubra”, “faça algo”. Foi a forma da Green Co. apoiar sua parceria com o Fashion Revolution, um movimento global que visa a melhoria das condições na cadeia produtiva da moda, aumentando a conscientização sobre o seu verdadeiro custo e impacto em todas as fases do processo de produção e consumo. Uma campanha que tem a bandeira do comércio justo e processos produtivos limpos que envolvam toda a cadeia na criação de um futuro mais sustentável e transparente. Cassius Pereira já havia participado

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do Ethical Fashion Show, em Paris, de 2007 a 2011. Esse compromisso total com a sustentabilidade vai do desenvolvimento e confecção dos produtos, seu destino final após sua vida útil (logística reversa), e a interação com comunidades carentes. Os pontos de venda utilizam energia alternativa, reaproveitam a água e são construídos com material reciclado e/ou certificado. Tudo conforme o lifestyle Green Co. de “promover as boas práticas diárias, valorizando o respeito ao próximo, solidariedade, bem-estar, qualidade de vida e conservação da natureza, aspectos formadores de uma personalidade ética, saudável e sustentável”. Linha de produtos Inicialmente focada na reprodução da diversidade da fauna e flora brasileira em suas estampas, hoje a marca traduz em suas linhas Clothing, Denim, Shoes, Recicle,

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Ocean Riders e Kids – denominadas The Green Lines – mais do que as belezas naturais do país. Uma moda alegre, descontraída, confortável, que traduz os significados e símbolos que as pessoas adotam quando optam por uma vida saudável e conectada a natureza. A revisão do modelo de negócio no último ano levou a Green Co. a focar suas vendas no e-commerce. “Estamos digitalizando a marca. Vimos que o nosso público está muito concentrado nas compras pela internet, pois nosso conceito atrai consumidores de toda parte do Brasil”, explica Cassius, que dessa forma também se livrou do alto custo dos alugueis de lojas. Estão nos planos da grife criar um novo espaço de varejo sustentável, que agregará outros produtos de pegada verde, além da moda. “Precisamos proporcionar novas experiências para o consumidor”, justifica Cassius.


Plantas usadas para corantes Nome vulgar

Nome em latim

Partes utilizadas

Guia Geral de cor

Amieiro

Alnus spp

Casca

Amarelo / marrom / preto

Alkanet

Anchusa tinctoria

Raiz

Cinza

Maçã

Malus spp

Casca

Amarelo

Amora preta

Rubus spp

Frutos, gomos

Rosa, Roxo

Noz de bétele

Areca catechu

Noz

Rosa escuro

Salgueiro negro

Salix negra

Casca

Vermelho, marrom

Sanguinaria

Sanguinaria canadensis Raiz

Vermelho

Buckthorn

Rhammus cathartica

Galhos, frutos, cascas

Amarelo, marrom

Cereja (selvagem)

Prunus spp

Casca

Rosa, amarelo, marrom

Dália

Dahlia spp

Pétalas

Amarelo bronze

Dog’s mercury

Mercurialis perennis

planta inteira

Amarelo

Dyer’s broom

Genista tinctoria

Floração parte superior Amarelo

Elder

Sambucus negra

Folhas, bagas, casca

Amarelo, cinza

Eucalipto

Eucalyptus

Folhas

Dourado escuro, cinza

Tatajuba

Chloropho-ria tinctoria

Serragem

Amarelo

Amendoim

Arachis hypogea

Pele das sementes

Roxo, marrom, rosa

Hena

Lawsonia inermis

Folhas

Dourado

Hypogymnia lichen

Hypogymnia psychodes Líquen inteiro

Dourado, marrom

Índigo

Indigofera

Folhas

Azul

Hera

Hedera helix

Bagas

Amarelo, verde

Madder

Rubia tinctora

Planta inteira

Laranja, vermelho

Bordo

Acer spp

Casca

Tan

Malmequer

Calendual spp

planta inteira, inflorescencia

Amarelo

Urtiga

Urtica dioica

Folhas

Bege, verde amarelado

Cebola

Allium cepa

Cascas

Amarelo, laranja

Carvalho

Quercus spp

Entrecasca

Dourado, marrom

Ochrolech-ina lichen

Ochrolech-ina parella

Líquen inteiro

Laranja, vermelho (quando fermentado na urina e depois cozido)

Ligustro

Ligustrum vulgare

Folhas, frutos

Amarelo, verde, vermelho, roxo

Ragwort

Senecio

Flores

Amarelo escuro

Cártamo

Carthamus tinctoria

Pétalas

Amarelo, vermelho

Sloe-Blackthorn

Prunus spinosa

Sloe berries, bark

Vermelho, rosa, marrom

Chá

Camelia sinensis

Folhas

Bege

Curcuma

Circuma longa

Raiz

Amarelo

Mangostão selvagem

Diospyros peregrina

Fruta

Cinza, rosa

Solda (resedá selvagem) Reseda luteula

Planta inteira

Azeitona verde

Pastel

Planta inteira

Azul

Isatis tinctoria

FONTE: HOWTOPEDIA.ORG

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Mobilização

Projeto Conhecer para Preservar: apoio de outros movimentos ajudou a tornar um sucesso o primeiro Clean Up na Praia de Copacabana Por Fernanda Cubiaco Especial para Plurale Fotos de Álvaro Duarte

Foi impressionante e lindo! Quem passou de manhã, no último dia 25 de março, entre os Postos 5 e 6 da Praia de Copacabana, encontrou vários voluntários vestidos de camisa amarela por todo lado, misturados aos banhistas e na companhia de garis da COMLURB e catadores da Cooperativa Transformando, atuando em uma verdadeira limpeza nas areias e no mar. Além da limpeza, eles não perderam a oportunidade de puxar conversa com banhistas para informar o quanto a poluição está prejudicando esse ambiente e que todos têm uma parcela de responsabilidade no cuidado para sua preservação e para que ele nos permita continuar vivendo. Aconteceu assim Em menos de 30 dias foi possível “fechar a rede” e realizar o evento que contou com vários apoios e parceiros: da Prefeitura do Rio de Janeiro e da Companhia Municipal de Limpeza Urbana da Cidade – COMLURB e sob uma convocação geral, Instituto Lixo Zero, Colônia de Pescadores Z13, Verde Mar, G BioTra, Jornal Posto 6, Revista Plurale, Meu Copo Eco, Projeto Aruanã, BG 500, Eco Eduque, Rio Eu Amo eu Cuido, Da Selva Sup, A2Fotografia, Natação no Mar, Equipe 15, Praia para Todos, De Loys Arquitetura, X-Can, Clube Carioca VA´A, Clube Carioca de Canoagem, Street Runners, EcoSurf, O Pirata do Arpoador, Águas Prata, Venga Chiringuita e Biscui (restaurantes), Cooperativa Transformando, Colégio Percepção, do Irajá, Instituto Dor, Clean Up The World e o Ins-

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tituto Evento Ambientais – IEVA. Todos atenderam ao chamado dos articuladores da ação e, juntos, arregaçaram as mangas. Por meio da divulgação boca-a-boca e das redes sociais, foi feita a convocação de seus grupos para participar voluntariamente da primeira ação do Projeto Conhecer para Preservar, do Instituto Mar Adentro que conta com o apoio da WWF - World Wildlife Fund – Brasil. O resultado foi sensacional Com a hastag #conhecerparapreservar, publicamos imagens e vídeos nas redes sociais. Foram retirados do mar e das areias mais de 350 quilos de material. Resíduos do tipo recicláveis, lixo e microlixo foram acondicionados na Colônia dos Pescadores Z13 para triagem e gravimetria. 4600 guimbas de cigarro, 800 canudos e 600 tampas de plásticos foram retiradas de um trecho de 6000m², que tiveram destino ambientalmente adequado graças a COMLURB e a empresa Sanatto, parceira na parte de

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logística do Movimento Lixo Zero. Além da catação, também rolou muito educação ambiental. “In loco” o projeto Remolda, da Cooperativa Anfitriões do Cosme Velho, pode mostrar à sociedade como itens plásticos, como os copos de água doados pela empresa Águas Pratas se transformam em miniaturas do Cristo Redentor, gerando uma economia circular através da venda do novo produto criado, que deixou de ir para o lixo. E para falar da fauna e flora marinha e quanto a poluição está os sufocando, os mas de 100 alunos do Colégio Percepção, do Irajá, e demais crianças que estavam na praia, contaram com os voluntários do Projeto Aruanã, do Projeto BG500. Para finalizar, e para sentirmos o quanto todo esse trabalho, de um verdadeiro exército do bem, foi produtivo, os voluntários, que já tinham recebidos coordenadas pelas redes sociais, reuniram-se à beira-mar, em frente ao Posto 6. De mãos dadas e em voz alta, lançaram novo grito


de ordem: #conhecerparapreservar, dando em seguida uma salva de mais de 500 palmas em agradecimento aos presentes e ao ambiente marinho que em sua maior parte proporciona lindos momentos. As 500 camisetas que vestiram o exército do bem foram um presente da organização do evento. Meu Copo Eco presenteou com 500 copos, o Movimento RioeuAmo doou 300 porta-guimbas que foram distribuídas para os banhistas fumantes e o movimento Clean Up the World, com o IEVA, doaram 500 sacolas e luvas para a ação de limpeza. Assim o projeto “Conhecer Para Preservar” foi apresentado à sociedade que seguirá realizando, apoiado por equipes técnicas, voluntários e entidades; cursos livres; ações de limpeza de praia e apresentações em escolas públicas da peça “Um passeio Mar Adentro”, assim como da exposição itinerante do Projeto Ilhas do Rio contemplando com conhecimento crianças, professores, estudantes e o público em geral.

Cronograma de Ações: Limpeza do Ambiente Marinho: serão duas ações nas Ilhas Cagarras: dias 10 e 11 de Junho e, no segundo semestre, com data a ser definida. Os Cursos Livres, no Barra World, são destinados a todos que queiram saber mais sobre a preservação dos animais e ambientes marinhos e as inscrições podem ser feitas em http://maradentro.org.br/cursos-livres Peixes Recifais e Introdução a Foto Sub - 20 de Maio Biologia, Ecologia e Conservação de Mamíferos Marinhos - 3 de Junho Educação Ambiental em Eco Sistemas Costeiros - 15 de Julho Biologia e Conservação das Tartarugas Marinhas - 21 e 28/10

Tubarões e Raias, do Conhecimento ao Fascínio: Ecologia, Comportamento e Biologia - 11/11 Para o público das escolas públicas, no segundo semestre, haverá a exibição da peça de teatro “Um Passeio Mar Adentro” e da Exposição Itinerante do Projeto Ilhas do Rio. Todas essas atividades serão registradas e compartilhadas pelas redes sociais. Para mais informações acesse: www.wwf.org.br www.maradentro.org.br/ www.facebook.com/projetoconhecerparapreservar (*) Fernanda Cubiaco é jornalista ambiental, Presidente do Instituto Lixo Zero e atuou na coordenação dessa ação.

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Renovável

ENERGIA LIMPA Brasil e Alemanha no mesmo time

Repórter de Plurale participa de tour por quatro estados para visitar diferentes iniciativas e empreendimentos envolvendo energia renovável, todos com o apoio da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável

Por Nícia Ribas, do Rio, Brasília, Curitiba e Fortaleza Fotos de Divulgação- GIZ/ Soninha Vill

Durante quatro dias, oito jornalistas especializados em energia e sustentabilidade visitaram projetos nas áreas de energias renováveis desenvolvidos com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável através da (quase impronunciável) Deutsche Gesellschaft für Internazionale Zusammenarbeit (GIZ). São muitos milhões de euros e muita troca de experiência nessa parceria de sucesso entre Brasil e Alemanha, em busca da preservação ambiental e da melhoria da qualidade de vida das pessoas. O interesse do governo alemão no gigante tupiniquim tem lá suas razões. “O Brasil é o quinto maior emissor de gases de efeito estufa no mundo e tem um potencial enorme para reduzir esse índice graças

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a sua matriz energética limpa e a uma legislação avançada em termos ambientais”, disse aos jornalistas o presidente da GIZ Brasil, Wolf M. Dio. Ele considera aqui o lugar ideal para realizar investimentos e formar parcerias, principalmente porque na Conferência das Partes (COP 21), em Paris, o Brasil foi o país que mais se comprometeu a reduzir as emissões de gases: 37% até 2025 e 43% até 2030 com base nos índices de 2005. Além disso, 40% da energia gerada no país é oriunda de fontes renováveis, média bem acima da mundial, que é de 13%, segundo o Balanço Energético Nacional de 2016, publicado pela EPE – Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia. O montante em euros mostra bem a importância dessa parceria, que também engloba projetos pela proteção da biodiversidade das florestas: 46 milhões em 2016

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e outro tanto previsto para este ano. Com forte sotaque, a jovem representante do banco alemão KfW, Tabea von Frieling de Valencia estava em Brasília para responder às perguntas dos jornalistas brasileiros. A parceria na área de energia ocorre desde 2008, com pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), plantas eólicas e plataformas solares. Mais recentemente, partiram para


a exploração de outra fonte, o biogás. Para demonstrar o uso desse recurso renovável oriundo de matéria orgânica de origem animal ou vegetal, a GIZ levou o grupo de jornalistas para visitar a Sanepar e uma usina de transformação bioenergética, a CS Bioenergia, em Curitiba. Nada se perde, tudo se transforma Na cidade em que se pode beber água da torneira sem medo, o lodo resultante do tratamento do esgoto já é, há mais de 20 anos, reutilizado como fertilizante na agricultura. Agora, após passar por processos físicos, químicos e biológicos, o alto poder calorífico do metano gera energia. “Com o Projeto Brasil – Alemanha de Fomento ao Aproveitamento Energético de Biogás (Probiogás), trouxemos para cá a experiência alemã e passamos a transformar lodo e resíduos orgânicos em energia”, disse Gustavo Possetti, gerente de pesquisa da Sanepar. O Centro de Tecnologias Sustentáveis da Empresa participa dos estudos e das pu-

blicações sobre o tema, muito novo e ainda pouco conhecido. A CS Bioenergia, prestadora de serviços e geradora de energia a partir da biodigestão do lodo, utilizará também compostos orgânicos dos resíduos coletados de grandes geradores, como shoppings e restaurantes. Será implantado um complexo industrial para tratamento dos resíduos no município de São José dos Pinhais, na periferia de Curitiba. Entusiasmado com o potencial do biogás, o presidente da ABiogás (Associação Biogás), Alessandro Gardemann garante que essa fonte energética causará uma verdadeira revolução no setor: “Seu custo é baixo, a estocagem é fácil, tem flexibilidade de geração, não é intermitente e o potencial brasileiro de biometano é imenso. Se a Ale-

manha já gera uma Belo Monte com biogás, nós poderemos gerar uma Itaipu”. Para ele, biogás não é biomassa, pois é viável a partir diversos resíduos. Revela que já usou mais de 50 tipos para gerar biogás e que o Brasil gera 500 mil m3 por dia de matéria orgânica. “As indústrias de processamento de alimentos, por exemplo, geram resíduos em quantidade; poderemos substituir o diesel por biogás, só precisamos valorizar e divulgar essa fonte tão rica”, diz ele. Segundo o diretor da Copel, André Zeni, no Paraná o emprego do biometano quase dobrou de 2016 para 2017: “No mesmo período, a energia solar bombou, enquanto a eólica estacionou.” Ele condena o subsídio no setor energético,” pois no futuro o benefício acaba virando malefício.”

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Renovável

Na ETE Belém, primeira estação de tratamento de esgoto ligada ao sistema elétrico nacional, os jornalistas puderam acompanhar todo o processo de transformação, desde a chegada do efluente até a saída de energia. O projeto exigiu um investimento de R$ 62 milhões, sendo 40% da Sanepar e 60% da Cattallini e quase toda a energia gerada abastecerá a própria ETE Belém, sobrando pouco para comercialização. “Ainda este ano, os biodigestores da CS Bio começam a operar e a gerar energia pelo processo anaeróbico do lodo e resíduos orgânicos em forma sólida, semi sólida e líquida”, disse o diretor técnico da empresa, Luciano Fedalto, que acompanhou os jornalistas. Sol, uma fonte importante Entusiasta da energia hidráulica – “é mais barata e só depende de chuva”, o diretor da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, André Pepitone, reconhece a importância da energia fotovoltaica para um país ensolarado como o Brasil: “Nosso pior sol (no Paraná) é superior ao melhor sol da Alemanha”. Para o país parceiro, que se comprometeu a zerar sua fonte de energia nuclear pelo bem do planeta, migrar para as renováveis é fundamental. Além disso, na Europa essas novas fontes chegam para substituir as antigas, enquanto por aqui a demanda é crescente. “No Brasil, o consumo de energia cresce 5% ao ano, uma realidade bem diferente da europeia” disse o presidente da EPE, Luiz Augusto Barroso. Em relação à Geração Distribuída (GD), ou seja, a geração de energia pelos próprios consumidores, que inclui todas as fontes de energia renováveis utilizadas no Brasil, entre os meses de julho e setembro de 2015, existiam 1.148 instalações registradas na ANEEL. No mesmo período de 2016 foram registradas 5.040 instalações. Um aumento de aproximadamente 440% em relação ao

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ano passado. Já o setor de energia fotovoltaica teve aumento de 300%, considerando apenas os dados oficiais da ANEEL, sem contar as instalações não registradas. Segundo a Agência, até 2024, cerca de 1,2 milhão de geradores de energia solar deverão ser instalados em casas e empresas em todo o Brasil, representando 15% da matriz energética brasileira. Até o ano 2030 o mercado de energia fotovoltaica deverá movimentar cerca de R$ 100 bilhões. A Cooperação Brasil-Alemanha já desenvolveu diversos projetos na área de energia fotovoltaica no Brasil, como a usina solar instalada no estádio Mineirão, em conjunto com a Cemig, em Belo Horizonte. A visita técnica de jornalistas incluiu dois projetos de energia fotovoltaica, o Fundo Verde, no Rio de Janeiro e a Casa Solar, em Brasília. Fundo Verde Há três anos começou a parceria da GIZ com o Fundo Verde de Desenvolvimento e Energia para a Cidade Universitária da UFRJ. O estacionamento solar fotovoltaico lá instalado gera 99kW (pico) com 400 painéis interligados ao sistema de energia. Suzana Kahn, coordenadora executiva do Fundo Verde, explicou aos jornalistas que os recursos do Fundo só podem ser utilizados em projetos que beneficiem o campus, cuja área equivale a uma cidade média. A parceria alemã engloba também os painéis fotovoltaicos na cobertura do hospital pediátrico e várias ações para redução de consumo de energia, água e combustível. Para melhorar com qualidade e sustentabilidade a mobilidade urbana, dentro do campus circulam três jardineiras e automóveis elétricos. Casa Solar Em junho do ano passado, a parceria

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com a GIZ permitiu que o Senai de Taguatinga, em Brasília, adquirisse as placas fotovoltaicas para a Casa Solar do seu Centro de Treinamento. Desde então, o Senai pode formar profissionais capacitados na operação do sistema no Distrito Federal, com a vantagem de estar conectado à rede da Companhia Energética de Brasília (CEB). Entre os estudantes que se especializam na área, está Rebecca Valle, técnica em eletrônica, que cursa paralelamente engenharia elétrica, na universidade, e o curso de instalação de sistema fotovoltaico, no Senai. Única mulher da turma, ela demonstra grande entusiasmo pelo curso: “Energia fotovoltaica é o futuro!” Ela garante à Plurale que “logo, logo muita gente vai querer gerar sua própria energia”. Rebecca planeja abrir uma empresa especializada em fazer esse tipo de instalação. A parceria permite disponibilizar para os alunos aulas práticas e o acesso às informações sobre a compensação de energia elétrica com a solar. Para o diretor regional do Senai, Marco Seco, o principal objetivo é criar a base de educação profissional e capacitação de especialistas para energia fotovoltaica: “Até 2050, o Brasil poderá ser 100% de energia renovável”. A força do vento Para demostrar sua aposta nos ventos brasileiros, a GIZ levou o grupo de jornalistas à praia de Taíba, no Ceará, onde a Queiroz Galvão Energia instalou 27 aerogeradores com capacidade para gerar 56,7 MW. Desde o primeiro leilão, ocorrido em 2009, a energia eólica tem se mostrado uma fonte energética importante, principalmente para abastecer o nordeste brasileiro. “Nesse período de seca que vivemos, com o rio São Francisco baixo, é a geração eólica que tem garantido energia para a Região”, disse o diretor de engenharia da Gal-


vão, Luciano Freire. Ele considera a eólica “mais confiável do que a hidrelétrica porque dá segurança de abastecimento e tranquilidade para o futuro”. E informa: “Com ventos constantes na mesma direção, diferente dos ventos europeus que ocorrem em rajadas, o nordeste já é abastecido em 67% com energia eólica”. A Empresa já mantém em operação quatro complexos eólicos na região, totalizando 343,4 MW; e está construindo mais dois em Caldeirão Grande, Piauí, que vão gerar 367,2 MW. “Temos que conhecer bem o histórico do vento, olhar para o passado para poder projetar o futuro”, diz Luciano. As medições são feitas desde 2009 e a troca de experiência com os alemães tem sido importante. A contrapartida sócio ambiental – 0,5% do valor do contrato – tem sido revertida para projetos como construção de estradas, programas de saúde bucal e melhorias em escolas: “Acabamos abrindo uma nova perspectiva de vida para pessoas que só conheciam bode e mandioca”, diz Luciano. E as equipes de trabalho demandam produtos e serviços, movimentando o comércio local. Além disso, os donos das terras onde são espetadas as torres com os aerogeradores recebem um aluguel no valor de 1,5% do resultado da geração, o que tem arrumado a vida de muita gente: “É como se eles descobrissem em suas terras um poço de petróleo”, brinca Luciano. Ele só se queixa da burocracia para poder trabalhar: “Temos que obter 56 licenças; empreender no Brasil é para quem tem sangue nas veias”. Na matriz elétrica brasileira, a energia eólica chegou ao fim de 2016 com 10,75 GW de capacidade instalada em 430 parques, o que representa 7% da capacidade energética total. Houve um crescimento de 55% em relação ao ano anterior.

Do carvão ao biogás e muito mais Nove ministérios estão envolvidos com o Plano Nacional de Eficiência Energética (2011), para que possam traçar suas políticas públicas de acordo com as metas de eficiência. Nos últimos anos, o governo brasileiro e a GIZ têm acompanhado de perto todos os projetos na área de energia, sempre combatendo os gases de efeito estufa. “Buscamos usar menos energia para obter o mesmo nível de conforto”, disse aos jornalistas, em Brasília, o diretor do Departamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Carlos Alexandre. Ele acredita que a estratégia mais sensata para a planta brasileira é a diversificação das fontes: “Não devemos colocar todos os ovos na mesma cesta”. A previsão para 2050 é que a geração maciça atingirá 118 GW. Durante o encontro, o coordenador geral de tecnologias setoriais do ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, Eduardo Soriano, anunciou a aprovação naquela semana de

projeto para purificação do biogás para uso mecânico, no montante de U$ 50 milhões. “Com isso, pretendemos disseminar biometano como combustível”, informou. Entre as novidades para um futuro próximo, Soriano apresentou estudos em curso com a parceria alemã. A redução de emissões na aviação, através de combustíveis renováveis é um deles: “Estamos construindo um biocombustível aeronáutico”. Outro, é um projeto de geração de energia heliotérmica, que utiliza espelhos planos para potencializar o calor do sol, gerando altas temperaturas, direcionadas para turbinas elétricas. E também vem aí a maré motriz, que vai utilizar a força das marés do extenso litoral brasileiro. Ao final do programa de visitas, os jornalistas saíram satisfeitos com tanto material para suas reportagens, mas convidados pela assessora de comunicação da GIZ, Catharina Vale, a pronunciar corretamente o nome da Deutsche Gesellschaft für Internazionale Zusammenarbeit (GIZ), declinaram.

Em sustentabilidade, somos todos tricolores O Fluminense Football Club é o primeiro clube da América a ter preocupação com a preservação do meio ambiente. Tanto na sede de Laranjeiras como na de Xerém, eles têm autonomia de energia, graças ao sistema fotovoltaico instalado com a cooperação da GIZ. “Após o último jogo contra o Santos, pelo brasileirão, no Maracanã, encaminhamos 100% da coleta de lixo para reciclagem”, informou o diretor de Desenvolvimento Sustentável, Luiz Carlos Rodrigues. Na sede de Laranjeiras, a ilu-

minação já utiliza lâmpadas led. E na lavanderia do alojamento de atletas em Xerém, é coletada água da chuva, aquecida com energia solar. O presidente do Clube, Pedro Assad contou aos jornalistas que até o cônsul alemão, quando conheceu o projeto, ficou tão entusiasmado que passou a torcer pelo time das Laranjeiras. A repórter de Plurale viajou em grupo de jornalistas a convite da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável

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Ciência A pesquisadora Celina Turchi foi citada na lista de 100 pessoas mais influentes no mundo pela Revista Time. Ela trabalhou com o grupo de cientistas que descobriu a relação entre casos de grávidas com Zika e o nascimento de bebês com

Cientista brasileira está entre as cem pessoas mais influentes do mundo Por Sumaia Villela, Correspondente da Agência Brasil/ De Recife

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Foto de Divulgação/ Ascom Fiocruz PE

ntre as 100 pessoas mais influentes do mundo escolhidas este ano pela revista norte-americana Time figuram dois brasileiros. Um deles é o mundialmente conhecido jogador de futebol Neymar Jr. A outra é a médica epidemiologista Celina Turchi, de 64 anos, cientista brasileira nascida em Goiás que atua como pesquisadora convidada na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco. Citada na categoria Pioneiros, Celina, é professora aposentada da Universidade Federal de Goiás (UFG) e ganhou o título de influenciadora mundial pelo papel que desenvolveu na investigação dos casos de microcefalia e a relação com o vírus Zika. Foi ela a responsável por formar uma rede, com cerca de 30 de profissionais de diversas especialidades e instituições, reunidos no Merg – Microcephaly Epidemic Research Group (Grupo de Pesquisa da Epi-

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demia de Microcefalia). O grupo de pesquisadores conseguiu identificar como o vírus Zika e a microcefalia estavam associados em apenas três meses – em janeiro de 2016 os estudos começaram e em abril já havia fortes indícios da relação. No fim do ano passado, Celina Turchi foi citada na lista dos dez cientistas mais importantes de 2016 da revista Nature (uma das publicações científicas mais importantes do mundo), pelo mesmo motivo. Apesar da notoriedade no meio científico, a pesquisadora se considera apenas uma “representante” do setor, que até hoje trabalha em conjunto para responder as tantas questões ainda em aberto sobre o vírus Zika e suas consequências. Em entrevista à Agência Brasil, a cientista fala sobre o reconhecimento que recebeu em abril, no Lincoln Center, em Nova Iorque, defende a manutenção de recursos para o meio científico, opina sobre o setor público de saúde no Brasil, além, é claro, de comentar sobre o assunto que lhe rendeu fama internacional: o vírus

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Zika e a síndrome congênita causada por essa arbovirose. Agência Brasil: Você foi um dos destaques da revista Nature em 2016 e agora está entre as 100 pessoas mais influentes do mundo, segundo a revista Time. O que passa pela sua cabeça ao ser reconhecida dessa forma? Até pensando de outro jeito: uma mulher cientista é uma das representantes brasileiras em listas de pessoas que fazem a diferença no mundo. Celina Turchi: Eu gosto quando você coloca “representante”. É isso que eu me sinto, uma representante do grupo de investidagores e profissionais de saúde brasileiros que se empenharam tanto, desde o início dos acontecimentos extraordinários, do ponto de vista científico, que ocorreram no Brasil no segundo semestre de 2015 e que estamos acompanhando até agora. Agência Brasil: E para o meio científico brasileiro como um todo, esse reconhecimento influencia? Celina Turchi: Eu acho que todo o reconhecimento de algum dos pa-


FIOCRUZ – PE

res é bem-vindo, porque traz à tona essa possibilidade de visibilidade. Normalmente o grupo de cientistas almeja, quando muito, o reconhecimento entre os próprios cientistas. Dificilmente existe esse reconhecimento social. Mas eu acho que esse

reconhecimento é importante principalmente em momentos onde se há menção de retirada de recursos para a pesquisa. Para que se entenda que a manutenção e o aprimoramento de instituições de ensino e pesquisa públicas, não só no Brasil,

mas no mundo, são essenciais para dar respostas a ameaças em saúde, como essa que ocorreu. Agência Brasil: Você é pesquisadora convidada da Fiocruz e, em outras entrevistas, falou que tem consciência do investimento feito pelo Estado brasileiro na formação da sua carreira, já que teve bolsa para estudar no exterior, trabalhou na Federal de Goiás. Seria possível avançar tão rápido nas descobertas com o seu grupo, o MERG, sem que o Brasil tivesse uma estrutura pública na área de saúde que tem atualmente? Como você avalia o setor público de saúde no país? Celina Turchi: Eu acho que as evidências que tivemos nessa epidemia é que o setor público de saúde do Brasil, não só de atendimento, como de pesquisa, ele têm áreas de excelência. Basta lembrar que os primeiros casos foram notificados por neurologistas, a doutora Ana Van der Linden e a doutora Vanessa Van der Linden, que trabalhavam em hospitais públicos do Recife. Também teve a contribuição enorme do doutor Carlos Brito, um médico infectologista que formulou essa primeira hipótese, da possibilidade de que uma epidemia [de Zika] pudesse estar causando microcefalia. E a quantidade de pesquisadores que tinham uma experiência, um trânsito internacional muito grande com laboratórios produzindo antígenos, testes laboratoriais que pudessem ser aplicados. Então, eu vejo que a manutenção de institutos de saúde públicos, de centros de excelência no país, isso é parte esssencial até de uma estratégia de segurança. Porque as epidemias, principalmente de saúde pública, são uma ameaça local e podem ser uma ameaça global, como foi essa, que ainda persiste. E também por uma de redução do impacto econômico

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Ciência

que as epidemias causam, acho que a gente tem que no mínimo manter e reforçar essas instituições e a formação de pessoal. Agência Brasil: O setor privado não conseguiria substituir essa rede? Celina Turchi: As estruturas que eu conheço de pesquisa no mundo inteiro são – principalmente em áreas de doenças infecciosas – de responsabilidade e considerada estratégicas para o país. Os Estados Unidos têm uma rede, um Centro para Controle e Prevenções de Doenças, o CDC [na sigla em inglês], que é quem dá as diretrizes e normativas, que é uma instituição pública gerenciada pelo governo, porque isso faz parte da segurança do país. Agência Brasil: Você falou sobre a epidemia de vírus Zika como uma ameaça que ainda persiste. Como ela está se configurando atualmente? A gente pode considerar que houve um pico no passado e existem menos casos de fato, ou ainda não chegou o tempo de uma nova epidemia? Celina Turchi: Acho, sim, que houve uma redução de casos, em relação ao Nordeste. As epidemias virais se traduzem por aumentos e depois reduções do número de casos, então essa redução pós epidêmica é esperada. Mas como isso vai evoluir, se a gente vai ter outros picos epidêmicos, só vamos saber com um monitoramento. Nós não temos ainda todos os elementos para fazer uma predição: população infectada, introdução de outros vírus que podem potencializar a ação deste, quantidade de vetores, como as pessoas se mobilizam. Agora, eu não tenho dúvida nenhuma de que as arboviroses [como a dengue e a zika] passaram a ser uma ameça nas cidades pela desigualdade, por esse mosaico que a gente tem nas nossas cidades, de ilhas de riqueza rodeadas por extrema pobreza e habitação muito pre-

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Eu não tenho dúvida nenhuma de que as arboviroses [como a dengue e a zika] passaram a ser uma ameça nas cidades pela desigualdade, por esse mosaico que a gente tem nas nossas cidades, de ilhas de riqueza rodeadas por extrema pobreza e habitação muito precária, o que facilita a proliferação de vetores em áreas urbanas.”

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cária, o que facilita a proliferação de vetores em áreas urbanas. Agência Brasil: Essa seria uma das questões para entender como foi o surgimento da microcefalia em diferentes regiões do país? Porque o Nordeste foi mais afetado, registrou mais casos. Celina Turchi: Nós não temos ainda muita clareza... esse parece ser um dos fatores, mas não temos ainda evidências muito sólidas. Temos alguns estudos que mostram que existem diferenças intraurbanas na distribuição dos casos da síndrome de zika congênita, sendo que os locais com mais casos têm piores condições socioeconômicas. Isso ficou muito claro pra cidade do Recife. Agência Brasil: Quais as outras questões que o grupo que você coordena estão tentando responder atualmente? Existe alguma resposta nova? Por exemplo: por que o vírus afeta alguns bebes e outros não?


Celina Turchi: Atualmente tem um grupo coordenado pelo doutor Ricardo Ximenes [professor da Universidade Federal e da Universidade Estadual de Pernambuco] que está acompanhando um grupo grande de gestantes para responder perguntas em relação a que semestre ou trimestre gestacional a infecção viral afeta mais o bebê. Essas crianças nascidas de mães infectadas durante a gestação, independente de ter ou não microcefalia, estão sendo acompanhadas em outros projetos. Esses projetos são grandes consórcios internacionais. Um deles é o Zika Plan, com 25 universidades e instituições de pesquisa públicas do mundo. Outro grupo - o CNPQ junto com o Ministério da Saúde e a Capes - também fez um grande esforço colaborativo para projetos que estão sendo coordenados em diferentes áreas por outros membros desse grupo, que estão investigando o que acontece com essas crianças

nascidas de mães infectadas, independentemente se apresentam alterações ou não no momento do nascimento, para saber se, a longo prazo, serão afetadas. Agência Brasil: As descobertas feitas pelo grupo que você coordena ajudaram os serviços de saúde do mundo e, no Brasil, a gente teve um momento de expansão de serviços do SUS para atender gestantes e bebês que não estavam somente na capitais. Mas ainda há limitações. Mães que entrevistei este ano falam da dificuldade de encontrar serviços especializados no interior, por exemplo, ainda mais porque novas consequências do vírus são descobertas na medida em que os bebês vão crescendo. Celina Turchi: Exatamente. Agência Brasil: Que resposta o Estado brasileiro, pensando em governo federal, estadual e municipal, devem dar daqui pra frente?

Qual o grande desafio da organização do atendimento? Celina Turchi: Eu acho que é inserir o atendimento às crianças não só com infecção congênita por zika, mas também por sífilis. Um programa de atendimento que tenha continuidade, que seja adequado e entenda também essa necessidade de apoio aos familiares. Essas crianças são um impacto de grande monta na vida das famílias, principalmente das mulheres. Agência Brasil: E uma pergunta para inspirar pessoas, especialmente mulheres fora do eixo Rio-São Paulo, que queiram seguir carreira científica: como foi sua trajetória até se deparar com esse desafio histórico? Celina Turchi: Eu diria que a vida das mulheres da minha geração não foi diferente. Eu casei, tive filhos, tive que em algum momento interromper a minha formação. Contei, durante a minha trajetória acadêmica, com o apoio incondicional dos meus familiares e dos meu filhos. Fui bolsista do CNPq na London School como o que eles chamam de “mature student”, um estudante não tão jovem. Então eu diria para os mais jovens e, especialmente para as mulheres, que embora as carreiras femininas possam não parecer às vezes tão linerares quanto às masculinas, por causa da gestação, de alguns anos de menor produtividade, que a vida é sempre surpreendente. É isso, não sei se... não me sinto exemplo, mas sinto muito orgulho de fazer parte desse grupo de pessoas que trabalha, na maioria das vezes no anonimato, e que vez por outra se veem em situações extraordinárias. Poder contribuir numa situação extraordinária, do ponto de vista científico, e numa situação trágica, do ponto de vista social, e se sentir fazendo parte dos eventos, acho que é tudo que a gente pode almejar de uma trajetória profissional.

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Cidades

ANTÔNIO AUGUSTO BRITO

Site Curta Botafogo traz opções sobre bairro carioca rico em convivência, encontros e diversidade

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bairro de Botafogo ganhou um meio para integrar moradores, frequentadores, comerciantes e todos os que circulam, promovem eventos ou oferecem serviços na sua área. É o site CURTA BOTAFOGO (www.curtabotafogo.com), criado para que todos possam aproveitar melhor a multiplicidade do bairro rico em convivência, encontros e diversidade. CURTA BOTAFOGO traz reportagens, flagrantes, histórias e curiosidades do amistoso bairro carioca, além de servir como um guia de atrações culturais, opções de lazer, comércio e serviços.

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teja aqui só de passagem, mas que, verdadeiramente, CURTA BOTAFOGO.

Mais do que mapear, CURTA BOTAFOGO quer revelar o bairro e seus personagens. Afinal de contas, o que seria de um bairro sem a sua gente? É para essa gente que mora, trabalha e frequenta o bairro que foi criado este espaço virtual. Para que a gente não es-

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Quem somos CURTA BOTAFOGO é um projeto idealizado, criado e produzido por Antonio Augusto Brito – jornalista formado pela UFRJ, designer, artista plástico, artista gráfico e ilustrador – e Carla Paes Leme – também jornalista formada pela UFRJ, radialista, revisora e professora de Português. Ambos são moradores e curtidores de Botafogo, claro! * Siga também CURTA BOTAFOGO no Facebook (@curtabotafogo).


VIDAS a u d á v e l 52% dos trabalhadores brasileiros estão acima do peso A obesidade é um dos principais fatores de risco para a saúde na vida moderna. Está relacionada a doenças cardiovasculares, osteomusculares, diabetes e até alguns tipos de câncer, como o de mama e de intestino. As organizações de saúde ao redor do mundo estão obtendo sucesso no combate a outros fatores de risco, como o tabagismo, mas os índices de obesidade não param de crescer. A consultoria e corretora de seguros Aon realizou um estudo com 54 mil funcionários de 52 empresas no Brasil e descobriu que 52% estão acima do peso. O sedentarismo é uma das principais causas: 72% desses trabalhadores disseram que raramente praticam atividade física ou fazem apenas uma a duas horas de exercício por semana.

Shakes caseiros Há várias opções de shakes nas prateleiras de lojas de produtos naturais, bem práticos e nutritivos para o dia-a-dia corrido. Mas também é possível fazer a sua própria vitamina caseira, com a ajuda de fibras como chia, linhaça, aveia ou farinha de banana verde, e ainda uma fruta in natu ra, como frutas vermelhas (foto), garantindo um aumento da saciedade e evitando ter que fazer mais uma refeição, além de deixá-lo ainda mais rico e nutritivo. Os nutricionistas advertem, no entanto, que estas opções não devem substituir refeições como almoço ou jantar, muito menos se transformar em “falsa-salvação” para emagrecer. Neste caso, podem ser apenas ilusão que estão garantindo emagrecimento. DIVULGAÇÃO

Hotel Serra da Estrela receberá o VegFest 2017 DIVULGAÇÃO

Coleção Ubuntu na Trama Casa

O Hotel Serra da Estrela, localizado em meio a esta exuberante natureza na cidade de Campos do Jordão (SP), sediará o Vegfest 2017, de 30 deVENHA agosto a 3PASSAR de setembro de 2017. Chegando à sua DIAS DE CLIMA sexta edição, o Vegfest BrasilEM (que CAMPOS antes era denominado Congresso AGRADÁVEL DO JORDÃO Vegetariano Brasileiro) é um grande evento vegetariano nacional promovido pela SVB desde 2004, a cada dois anos - que já passou por São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Recife. Com tradução simultânea, a sala principal de palestras contará com Ingrid Newkirk (presidente da famosa ONG Peta) , Nathan Runkle (presidente do Mercy for Animals) e outras personalidades. Localizado no centro da Vila Capivari, o Serra da Estrela oferece conforto e beleza característicos de Campos, com o profissionalismo e excelência presentes em cada detalhe. Dentro do Hotel Serra da Estrela está localizado o Restaurante Alquimia, que segue a tendência mundial, propondo um menu vegetariano/vegano, sendo o primeiro neste segmento na cidade, mantendo a sofisticação local. No período do Vegfest, o café da manhã será 100% vegano. Café da Manhã incluído na diária

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O lançamento da Coleção Ubuntu na Trama Casa, inspirada na estética africana, marcou um novo estilo de trabalhar a marca, explorando uma forma original – e inovadora - de lançar uma coleção no universo da decoração. Com a curadoria de Simone Raitzik, que idealizou o projeto, o showroom em Ipanema, especializado em estofados, cortinas e enxoval, se transformou em uma verdadeira Concept Store, com uma seleção de produtos exclusivos, que dialogavam com o tema África. A decoração mudou completamente o visual da loja e ficou ao encargo da Garimporio – que caprichou também no estilo de expor as peças - e, entre as novidades, muitas estampas desenvolvidas especialmente, almofadas, cestarias, roupas, quadros, tapetes, cerâmicas... “Essa ideia de pensar uma coleção coordenada, que tomasse conta de toda a loja, é muito comum no segmento da moda. Há grandes transformações de uma estação para a outra. Mas em decoração, os lançamentos são mais discretos. Por isso o evento foi tão surpreendente: escolhemos um tema e fizemos todos os parceiros pensarem, criarem e dialogarem com ele. O processo foi longo, mais de seis meses de planejamento. Quando começamos a arrumar o espaço, vimos que que tínhamos algo novo, muito bacana, que trouxe um grande retorno para marca. Um suspiro criativo”, conta Simone. DIVULGAÇÃO

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no período do Veg Fest 31/08 a 03/09 o café será 100% vegano

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Sustentabilidade

Conferência discute como superar desafios e tornar países e organizações mais sustentáveis

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De São Paulo

esafio foi a palavra de ordem no evento internacional “Construindo Conexões para um Futuro Sustentável”, realizado no dia 4 de maio, conjuntamente pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA) e o CDP-Driving Sustainable Economies, em São Paulo. Depois de listar os desafios dos novos tempos, Guilherme Setubal (diretor da ABRASCA) pregou a inserção da sustentabilidade nas estratégias empresariais. Susan Howells (CDP) definiu a situação atual como “um momento criticamente urgente” e discorreu sobre água e florestas. O físico Shigeo Watanabe falou sobre precificação de carbono, definindo-a como “importante instrumento de transição, mas que certamente não é algo inerente ao mercado”. “A sociedade, de forma geral, vive um momento desafiador, de constantes questionamentos e transformações no modo de pensar, de agir, e na forma como faz suas escolhas e toma decisões. No mundo dos negócios, não é diferente. Atualmente temos que lidar com situações que até pouco tempo não precisávamos - como a escassez de recursos, o aquecimento global e o aumento da desigualdade social e do desemprego”, disse Guilherme Setubal, na abertura da 3ª Conferência Internacional ABRASCA-CDP. De acordo com o executivo, que é também diretor de Relações com Investidores, Riscos e Compliance da Duratex, as demandas de mercado são cada vez mais exigentes em busca de alternativas que ajudem a ultrapassar os desafios dessa nova economia “e as empresas devem estar preparadas para discutir e promover ações que ajudem na solução desses problemas, além de ampliar a sua gestão com cada vez mais transparência e ética”. E completou: “Nesse contexto, inserir de fato a sustentabilidade na estratégia das companhias, levando o tema em conta nas tomadas de decisão, tem contribuído para iniciarmos a superação desses desafios”. Depois de lembrar que nas econo-

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mias do Brasil, China e Índia a divulgação ambiental ainda não é uma norma, Susan Howells (Global operations CDP Worldwide) destacou o desafio hídrico e a destruição de florestas tropicais. Para o Brasil ela recomenda investimentos em energias renováveis. Na visão de Mário Monzone, do Centro de Estudos de Sustentabilidade da FGV, a curva mudou. “Vamos viver esse novo cenário com mais intensidade e as experiências que nós temos mostram a precificação como um complemento”. E aduziu: “Poluir tem que se tornar bem mais caro e isso vai estimular os investimentos na mitigação”. Já o seu colega de painel Shigeo Watanabe (CO2 Consulting) falou que a precificação do carbono é uma transição para prever como viveremos sem os recursos que temos hoje. Destacou que 68% das emissões estão ligadas ao uso da terra (criação de gado e desmatamento) e que nesta transição é preciso precificar as emissões de carbono. A embaixadora da Noruega, Aud Wiig,

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disse ter se sentido encorajada, pois o evento promoveu um rico debate entre academia, governo e o setor privado. “Naturalmente temos papéis diferentes, mas são os governos que precisam incentivar e caberá ao setor privado entregar os projetos”. Luis Fernando Laranja (Kaeté Investimentos) e Humberto Matsuda (Performance Investimentos) discorreram sobre Projetos na Amazônia, mostrando que o nativo precisa de renda e se lhes forem dadas alternativas, como criação de “galinha, porco e peixe”, eles cuidarão da preservação ambiental. “A lógica é apoiar empresas agroindustriais que tenham investimento em agricultura familiar, uma real alternativa ao desmatamento para esses pequenos agricultores”, acentuou Laranja. Matsuda destacou que o Brasil precisa gerar valor/riqueza. E não deverá fazê-lo pela via da exploração dos recursos naturais e tampouco da exploração de mão de obra. “O ideal é a geração de produtos e serviços sustentáveis e investimentos em energia renovável”. Evento ainda reuniu outros players do mercado, como Maíra Rezende (Apex), Denise Pavarina (Task-Force on Climate Related Financial Disclosure), Karen Tanaka UL EHS Sustainability) e Vânia Borgerth (BNDES e Comissão do Relato Integrado), Emir Boravac (ESG specialist Nordea), Chris Fowle (PRI), William Cox (M&E) e Raquel Castelpoggi (Fundação Real Grandeza). Durante todo o dia o evento reuniu mais de 100 pessoas no Teatro Vivo, na capital paulista.


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Trabalho

Uberização traz ao debate a relação entre precarização do trabalho e tecnologia Para Ludmila Costhek Abílio, a lógica do Uber expõe algo obscurecido: as novas tecnologias atualizam uma deterioração das relações trabalhistas iniciada há tempos

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Por Ricardo Machado | Edição João Vitor Santos, da IHU On-Line ​

avia expectativa de que a revolução tecnológica traria mais tempo e liberdade ao trabalhador. De fato, hoje, há quem acredite que isso ocorre. Entretanto, a cientista social Ludmila Costhek Abílio alerta que é uma ilusão, vide a lógica do trabalho no Uber. A realidade é que esses usos das tecnologias vêm precarizando as relações de trabalho através da sedução de, por exemplo, uma ilusória ideia de liberdade por não ter patrão. “Ao mesmo tempo em que se livra do vínculo empregatício, a uberização mantém, de formas um tanto evidentes, o controle, gerenciamento e fiscalização sobre o trabalho”, adverte. Para ela, a perspectiva é ainda inteiramente aliada com a ideia de empreendedorismo de si. “Trata-se então da consolidação da transformação do trabalhador em um nanoempreendedor de si próprio”, pontua. A pesquisadora salienta que a precarização do trabalho não é novidade. A lógica do capital globalizado não combina com direitos e vínculos empregatícios sólidos. Daí as tentativas de reorganização dessa relação, de modo que o grande favorecido seja o empregador capitalista. Para Ludmila, o que há de novo é o uso das novas tecnologias a serviço dessa lógica. “A uberização deixa muito evidente uma relação facilmente obscurecida, entre desenvolvimento tecnológico e precarização do trabalho”, completa, na entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line. “O que é fundamental para a compreensão da uberização, é tirar um olho da inovação tecnológica para olhar o que há de mais precário e socialmente invisível no mundo do trabalho”, aponta. Ludmila Costhek Abílio é doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas –Unicamp. Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo – USP e mestrado em Sociologia pela mesma instituição. Fez seu Pós-doutorado (USP) sobre a constituição dos discursos sobre a chamada “nova classe média” brasileira, tratando da relação entre exploração do trabalho e acumulação capitalista, com estudo sobre o trabalho dos motofretistas na cidade de São Paulo. Atualmente é pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho – Cesit,

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na Faculdade de Economia da Unicamp. Entre suas publicações, destacamos Sem maquiagem: o trabalho de um milhão de revendedoras de cosméticos (São Paulo: Boitempo, 2014). Confira a entrevista. IHU On-Line – Como a senhora compreende a ideia de “uberização do trabalho” ? Como ela ajuda a entender o mundo do trabalho na atualidade? Ludmila Costhek Abílio – A uberização do trabalho se refere a uma série de transformações do trabalho, que em realidade estão em curso há décadas. A empresa Uber deu visibilidade a uma nova forma de organização, controle e gerenciamento do trabalho, que está assentada nestes processos. É preciso compreender a economia digital como um campo poderoso de reorganização do trabalho, mas não perder de vista que ela realiza uma atualização de elementos que estão em curso no mundo do trabalho, e que, sim, estão fortemente ligados com o desenvolvimento tecnológico, mas não só isso. Trata-se da relação das reconfigurações do papel do Estado – seja na eliminação de direitos do trabalho, seja na eliminação das barreiras ao fluxo do capital, trata-se do desemprego e de uma perda de formas do trabalho, além de mudanças na subjetividade do trabalhador. Além disso, a uberização está relacionada com a crescente imbricação da esfera do consumo na esfera do trabalho, assim como com o encontro contemporâneo entre vigilância, coleta de dados, gerenciamento e exploração do trabalho, e a esfera do consumo. Por fim, a uberização deixa muito evidente uma relação facilmente obscurecida, entre desenvolvimento tecnológico e precarização do trabalho, e nos possibilita hoje ver como elementos recorrentemente considerados periféricos, desimportantes, por vezes até mesmo definidos como “pré-capitalistas” em pleno século XXI, estão hoje no centro desta forma de exploração. Centro em duplo sentido, pois o que a uberização deixa explícito é que os países do “centro” já sabem bem o que é viração, o que é trabalho informal, o que é trabalho amador, sob o nome “globalizado” para isso (ou seja, cunhado no centro), a Gig economy. Portanto, a empresa Uber deu visibilidade aos elementos centrais desse processo e de como operam agora de forma extremamente bem articulada, além de deixar evidente que ele ocorre de forma global.

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Uberização: conceitos e reflexos Podemos então começar destacando os principais elementos que tecem a uberização e fazem dela uma definição relevante. Primeiramente, a questão da eliminação do vínculo empregatício. O trabalhador é um nanoempreendedor, e a empresa não é uma empregadora, mas uma parceira, não há qualquer tipo de contrato de trabalho, nem mesmo de prestação de serviços. Este trabalhador passa a ser definido como um microempreendedor, que tem liberdade sobre seu próprio trabalho, que não tem patrão, que administra sua própria vida para sobreviver. Um trabalhador que arca ele próprio com os riscos, com uma série de custos, e não conta com os direitos que vinham associados à exploração de seu trabalho. O professor Ricardo Antunes refere-se à sociedade da terceirização total, é isto que está em jogo. A empresa aparece e se legitima como uma mediadora que fornece a infraestrutura para a realização do trabalho. Há muito tempo o trabalhador foi, no discurso do mercado, transformado em “colaborador”. A uberização parece consolidar esta perspectiva, que, em realidade, é mais uma forma de obscurecer a exploração e tornar ainda mais precária a condição do trabalhador. Empresas como a Uber se afirmam como mediadoras entre consumidores e estes


trabalhadores que se tornam ofertadores de serviços. Só falta lembrar que nesta mediação elas definem os ganhos do trabalhador, definem e detêm os instrumentos de avaliação sobre o seu trabalho, criam regras e formas de estímulo ao trabalho que se confundem e operam como controles da produtividade do trabalhador. Ao mesmo tempo em que se livra do vínculo empregatício, a uberização mantém, de formas um tanto evidentes, o controle, gerenciamento e fiscalização sobre o trabalho. Trata-se então da consolidação da transformação do trabalhador em um nanoempreendedor de si próprio. E da empresa como uma simples provedora dos meios de trabalho. Em segundo, esta transformação não é meramente discursiva. É como se a flexibilização finalmente chegasse ao resultado almejado que está em processo há décadas: o de transformar o trabalhador em trabalhador just-in-time, ou seja, um trabalhador disponível ao trabalho e que pode ser utilizado na exata medida das demandas do capital. A empresa Uber deu visibilidade a este padrão, mas, como diz o professor Marcio Pochmann , é possível pensar que seja generalizável por todos os setores econômicos. O capital conta com a disponibilidade do trabalhador, e não paga por ela. A eliminação de vínculos também quer dizer então que o tempo de não trabalho já não entra na conta do capital. Este nanoempreendedor torna-se responsável pelo gerenciamento de si próprio nesta disponibilização cambiante e instável de seu trabalho. Além de estar disponível para o trabalho quando demandado, ele tem de estabelecer suas próprias estratégias que garantam sua reprodução no tempo em que não é necessário, afinal ele está vivo independentemente das demandas do capital... O que estamos vendo em ato é a demanda pela capacidade do trabalhador em administrar a própria vida sem as redes de proteção mínimas – e que, é bom sempre lembrar, nunca se consolidaram de forma generalizada em países como o Brasil. Trata-se do savoir-faire que permita ser um motofretista que trabalha para uma empresa e dois aplicativos ao mesmo tempo, ser um engenheiro e motorista Uber, ser uma secretária e revender produtos da Natura. O que está em jogo na uberização – e novamente é preciso salientar que isto não é uma novidade – é esta utilização – agora de forma organizada e racionalizada pelo capital, isso sim uma novidade – da capacidade do trabalhador de gerenciar seu próprio trabalho, intensificar seu trabalho, estender seu tempo de trabalho. Até isto é passível de terceirização, uma constatação que em realidade está no cerne do que convencionamos chamar de flexibilização do trabalho. Autogerenciamento e transformação do trabalhador em trabalhador just-in-time andam juntos. Mas não podemos esquecer que isto envolve uma enorme disputa em torno das determinações do trabalho, envolve o Estado em

diferentes frentes, envolve os movimentos organizados e novos movimentos que já começam a tomar forma. Por exemplo, recentemente a justiça de Belo Horizonte assim como a da Inglaterra reconheceram o vínculo empregatício dos motoristas com a empresa. Esta luta é permanente, e com ela germinam novas formas de resistência e organização. Recentemente, na Inglaterra, trabalhadores – motoboys e ciclistas – do aplicativo de entrega de comidas Deliveroo, organizaram-se e enfrentaram a companhia. A organização se deu por meio das redes sociais, dos grupos de whatsapp. O meio de resistência foi a greve. Qual greve? Os nanoempreendedores evidenciam a sua condição de trabalhadores, e paralisam a distribuição. Como? Desligando o aplicativo. Durante um dia inteiro, centenas de trabalhadores recusaram-se a fazer entregas. Concentrados em frente a empresa, o diretor desce para conversar com os grevistas. Ele diz: “quero falar com vocês individualmente, nós vamos ouvir a demanda de cada um”. Mas os trabalhadores já compreenderam ali seu poder enquanto movimento. Não teve jeito, a empresa teve de ceder, ao menos em parte. Qual era o mote do protesto? Trabalhadores da Deliveroo ganham por hora, e as horas não são fixas (algo que não é novo na legislação inglesa). Esta semana a empresa diz que você vai trabalhar 70 horas, chega o verão ela diz que só precisa de você por 50. (A solução? Recorrer a outro aplicativo). Já estavam então na condição de just-in-time, mas ela pode piorar. A Deliveroo queria fazer algo muito simples, transformar o pagamento por hora em pagamento por entrega, eliminando assim os custos sobre tempo de não trabalho. É um cabo de guerra. Em terceiro, temos que entender por que essa subordinação se realiza por uma nova forma de gerenciamento do trabalho. As terceirizações, o empreendedorismo, os elementos da flexibilização do trabalho vêm há tempos envolvendo esse esfacelamento de vínculos que dão garantias e algum tipo de segurança e proteção ao trabalhador. Já sabemos há tempos que a flexibilização do trabalho foi um veículo poderoso para a intensificação do trabalho, para a extensão do tempo de trabalho, assim como para formas contemporâneas de engajamento do trabalhador. A novidade da uberização reside na forma como tudo isso opera. Temos um novo gerenciamento do trabalho, que muitas vezes passa a ser executado na esfera do consumo. Se a avaliação é um elemento chave no mundo do trabalho neoliberal, agora a sua execução pode ser terceirizada para uma multidão de consumidores ativos e confiantes no seu papel certificador. O motorista se sabe permanentemente avaliado, é disto que depende seu acesso às “tarefas” oferecidas; o consumidor, ao mesmo tempo em que avalia, também se fia na avaliação da multidão de consumidores. Isto é muito interessante, porque a certificação sobre o trabalho sai da mão do Estado e de procedi-

mentos publicamente estabelecidos e passa a se dar na relação entre gerenciamento da multidão de consumidores e o cultivo da força da marca. Iludidos pelo capital Entretanto, a multidão de consumidores apenas executa o gerenciamento. O poder de estabelecer as regras, as formas de controle sobre o trabalho, além dos ganhos do nanoempreendedor, seguem nas mãos do capital, ou seja, da empresa que é a “mediadora” da relação entre oferta e procura. Estas mãos estão plenamente automatizadas nos softwares e algoritmos que são propriedade destas empresas. Ou seja, a intangibilidade deste controle e da relação de subordinação é desafiadora: a empresa é um aplicativo, o trabalhador é um parceiro, o gerenciamento é programado por um software, o gerente é uma multidão. Mas essa imaterialidade ao mesmo tempo que é central, também é frágil, ela pode se desfazer rapidamente, quando os trabalhadores utilizam os instrumentos da uberização para sua própria organização, como no caso dos trabalhadores do Deliveroo. Quando os trabalhadores paralisam seu trabalho, usam as suas redes para se organizar, e demonstram que são centenas, milhares, enfrentando uma empresa, aí toda aquela intangibilidade cai por terra. Fica evidente que são trabalhadores, fica evidente que a empresa não é meramente uma mediadora, mas uma companhia que controla e explora o trabalho, e que os trabalhadores têm poder de se organizar dentro dessa lógica. Por fim, outro elemento central: a uberização expressa uma crescente adesão ao trabalho que vai perdendo suas formas socialmente reguladas e estabelecidas que lhe conferem a concretude de ser trabalho. Temos aí de recorrer à categoria de trabalho amador, ou seja, um trabalho que é trabalho, mas que não confere identidade profissional, que não tem alguns dos elementos socialmente estabelecidos que envolvem as regulações do Estado, que envolvem elementos que estruturam a identidade do trabalhador enquanto tal. O motorista de táxi é um motorista profissional, já o motorista Uber tem uma identidade flexível. Ele pode ser um desempregado fazendo um bico, ele pode ser um trabalhador que complementa a renda, são milhares de exemplos. O que a categoria de trabalhador amador (utilizada por Marie Anne Dujarier ao pensar no trabalho do consumidor) tem enquanto força explicativa é essa ideia de que o mundo do trabalho vai sendo tecido por uma série de atividades que não têm um estatuto de trabalho bem definido, e isto lhes confere uma enorme maleabilidade. Esta maleabilidade na prática se traduz em mais exploração para o trabalhador. Em qual sentido? No sentido de que são atividades que se combinam com outras ocupações, que permitem formas informais de extensão do tempo de trabalho e de intensificação do trabalho. O que é muito importante reter é que esta perda da forma trabalho

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Trabalho pode ser extremamente lucrativa e utilizada de maneira produtiva pelo capital. Em realidade, está sendo utilizada de forma racionalizada e centralizada pelo capital. IHU On-Line –A uberização do trabalho é resultado de um processo da economia digital ou de uma complexidade maior das dinâmicas de trabalho? Do que se trata essa complexidade? Ludmila Costhek Abílio – Esta pergunta é muito boa para pensarmos dialeticamente na uberização, e então nos interrogarmos por uma perspectiva “dos debaixo” sobre a novidade de todos esses elementos que apresentei. Trata-se de nos desfazermos de uma perspectiva recorrente, que segue invisibilizando uma série de processos e contradições históricas ao jogar uma luz excessiva e ofuscante no desenvolvimento tecnológico. O subsolo da uberização está em processos que estão em jogo há décadas, mas além disso, realiza uma espécie de globalização de elementos constitutivos de mercados de trabalho recorrentemente definidos como “periféricos”, “semiestruturados”, de baixa produtividade, permeados pelos “serviçais pré-capitalistas”. A uberização é um processo novo, entretanto os seus elementos centrais são uma espécie de atualização de características constitutivas do mercado de trabalho brasileiro, por exemplo. E características centrais à acumulação capitalista, mas que são facilmente invisibilizadas. A viração é um termo muito expressivo e que poderia ser mais utilizado para compreendermos o mundo do trabalho brasileiro. Na década de 1990 foi utilizado pela professora Maria Filomena Gregori para analisar a trajetória de meninos de rua e suas formas de sobrevivência, assim como pela professora Vera Telles , para definir a trajetória entre trabalho formal e informal, atividades lícitas e ilícitas, empregos, bicos, trabalhos sem forma trabalho que constituem a sobrevivência na periferia. A economia digital deu visibilidade e, podemos dizer, subsumiu de forma organizada, racionalizada e produtiva, a viração. O que isso quer dizer? Primeiramente que o trabalho sem lastro, o trabalho que se realiza sem a forma socialmente estabelecida – que passa por regulamentações do Estado, que confere uma identidade profissional, que oferecia uma estabilidade que tem também dimensões subjetivas (como dizia Castel , a “possibilidade de planejar o futuro”) – agora torna-se uma fonte evidente da exploração do trabalho que conta com alto desenvolvimento tecnológico, uma atuação predatória sobre o mercado da mobilidade urbana no caso do Uber, e de dimensões globais. As dualidades entre trabalho formal e informal, entre trabalho produtivo e improdutivo, e outras linhas divisórias que acabam desembocando na separação entre os que estão dentro e os que estão fora dos circuitos da acumulação acabam por obscurecer o papel

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que diversos trabalhos têm no ciclo global do capital, sua importância, seja como fonte de trabalho produtivo não pago, seja como fonte de eliminação de custos e riscos para o capital. O que é fundamental para a compreensão da uberização, e até mesmo para considerá-la uma definição cabível ou relevante, é tirar um olho da inovação tecnológica para olhar o que há de mais precário e socialmente invisível no mundo do trabalho. Em realidade, a combinação entre precarização e desenvolvimento tecnológico está no cerne do desenvolvimento capitalista, é isto que a uberização deixa evidente. Entretanto, a novidade de ter uma multidão de trabalhadores “prestando serviços” para uma única empresa, a qual terceiriza o controle e gerenciamento do trabalho ao mesmo tempo que detém a propriedade sobre eles e extrai lucro desta relação, não é assim tão nova. Por exemplo, o exército de 1,4 milhão de revendedoras de cosméticos da empresa Natura, mulheres que combinam as revendas com diversas outras ocupações e atividades, que gerenciam seu próprio trabalho, em um trabalho que nem mesmo tem a forma trabalho bem definida. Para o lado de dentro da fábrica, o trabalho desta multidão é muito bem administrado, informalidade se torna informação, em uma fábrica que praticamente tem sua produção sob encomenda – feita por esta multidão de trabalhadoras. Economia digital e sombras de desemprego e do subemprego Em realidade, quando pensamos em Economia digital, temos de pensar no seu solo, do exército de trabalhadores que vivem entre a ameaça do desemprego, o rebaixamento do valor da força de trabalho, os bicos, as duplas jornadas de trabalho. Tudo isso também é parte do campo da economia digital, mas vai para além dele, e em realidade o precede. Um bom exemplo, quando o governo de Michel Temer aprovou em outubro de 2016 a invisibilizada lei “salão parceiro-profissional parceiro”, deixou evidente que a uberização vai para muito além do campo da economia digital. Pode estar lá, naqueles desimportantes (para muitas abordagens) centros de trabalho e consumo feminino, que são os salões de beleza. Tornar o salão um provedor de infraestrutura para que suas “parceiras” trabalhem, nada mais é do que apresentar e legalizar o modelo que tem muito potencial para se generalizar pelo mundo do trabalho (mesmo que nos interroguemos sobre os limites dessa generalização). IHU On-Line – Que configurações a exploração do trabalho humano assumiu no século 21? Ludmila Costhek Abílio – Essa pergunta dá pano para muita manga. Falando em manga, podemos começar por uma empresa como a Zara . A exploração do trabalho nas últimas décadas do século 20 e no século 21 se realiza nesse encontro produtivo entre precarização

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A uberização deixa muito evidente uma relação facilmente obscurecida, entre desenvolvimento tecnológico e precarização do trabalho, e nos possibilita hoje ver como elementos recorrentemente considerados periféricos, desimportantes, por vezes até mesmo definidos como “pré-capitalistas” em pleno século XXI, estão hoje no centro desta forma de exploração.” do trabalho e desenvolvimento tecnológico, o que, como já dito, em realidade está no cerne do desenvolvimento capitalista. Mas temos uma empresa que já nem sabemos bem dizer o que produz. Roupas? Onde estão as fábricas da Zara? Não existem enquanto tais. Ela é responsável pela concepção – a qual provavelmente também deve contar com seu exército de trabalhadores de alta qualificação transformados em pessoas jurídicas, ela conta com os setores responsáveis pelo cultivo da marca, conta com a organização da logística – e para tudo isso teríamos que pesquisar até onde vai sua terceirização. Sua produção está assentada nos sweatshops, no trabalho escravo, nas redes que organizam a exploração do trabalho imigrante, nas zonas de livre processamento que fomentam as piores e mais horríveis formas de


exploração do trabalho. Sua atuação é global e difícil de mapear. A exploração do trabalho humano hoje está assentada numa enorme mobilidade do capital. Esta mobilidade conta com a desregulamentação de fluxos financeiros e de investimentos, conta com formas extremamente eficazes de espraiar cadeias produtivas sem perder o controle sobre elas, conta com essa combinação perversa entre desenvolvimento econômico (obviamente teríamos de nos interrogar sobre qual desenvolvimento) e progressiva eliminação de direitos e proteções do trabalho. O trabalhador hoje pode ter vários estatutos, além da permanência e crescimento do trabalho escravo, o de trabalhador formal, o de trabalhador informal, o de pessoa jurídica, o de micro e nanoempreendedor. Ficou difícil mapear os nós das cadeias produtivas, reconhecer as relações de trabalho. A situação toda se complica frente às ameaças do desemprego, que se tornam um vetor da banalização das formas de exploração, afinal, salve-se quem estiver empregado ou se tornando um proprietário de si próprio na “parceria” com as empresas. Conquistas históricas vão se tornando coisa do passado. Novos proletários Vemos também uma imensa proletarização de trabalhadores intelectuais e de alta qualificação. Basta olhar para as lógicas que regem o trabalho nas universidades, para os médicos que têm de atender seis pacientes por hora para cumprir as metas do convênio, para os trabalhadores Pessoa Jurídica - PJ de Tecnologia da Informação - TI, como demonstrou a professora Bárbara Castro , que não tiram férias, não podem ficar doentes, têm jornadas extensas. Esta conversa é longa, e teríamos também de adentrar os debates sobre o trabalho imaterial e sobre as formas de exploração e gerenciamento sobre a subjetividade do trabalhador que ficaram evidentes com o Toyotismo . A transformação do trabalhador em um empreendedor de si próprio, cada vez mais responsável em gerenciar seu trabalho, mas um gerenciamento que não deixa de ser subordinado, permeado por novas formas de promoção da

intensificação do trabalho, por novas formas de eliminação de garantias, de direitos, permeado por diversos mecanismos que garantem a transferência de riscos e custos ao trabalhador, é algo que atravessa o mercado de trabalho de cima a baixo. Além disso, é preciso olhar para as transformações do mundo do trabalho na sua relação com a dominância financeira da valorização, ou seja, como bem nos mostram François Chesnais e Leda Paulani , para olhar para o mundo do trabalho na contemporaneidade é preciso olhar para as transformações da acumulação capitalista. A precarização do trabalho está intimamente ligada às pressões da valorização financeira. Por fim, vale ainda lembrar, como bem nos mostra Cristophe Dejours , que depressão, suicídios e uma série de adoecimentos psíquicos também são parte das configurações que a exploração do trabalho tem no século 21. IHU On-Line – Como compreender o paradoxo de que as formas de controle e expropriação do trabalho com a uberização são, ao mesmo tempo, evidentes, mas por outro lado, difíceis de mensurar? Ludmila Costhek Abílio – As formas de controle e expropriação de empresas como a Uber, a Loggi, a Amazon Mechanical Turk ou mesmo das revendedoras Natura, são evidentes, mas ao mesmo tempo é difícil localizá-las, mapear sua fonte e delimitar a forma como operam. Em realidade, elas estão assentadas no informal. E informal aí quer dizer de fato uma perda de formas socialmente estabelecidas e predeterminadas, o que em outras palavras quer dizer, de regulações que em alguma medida são publicamente constituídas. Esta perda de formas é tanto do lado do trabalho como do lado do controle, se é que podemos de fato pensá-los separadamente. Transformar o trabalhador em nanoempreendedor quer dizer que as mediações que regulam seu trabalho não terão mais essa dimensão pública que podem – ou não – estabelecer alguns freios à exploração. No cabo de guerra do capital-trabalho, este é um elemento em permanente disputa. Quando se diz que o “acordado estará acima do legislado”, por exemplo, estamos vendo esta disputa em ato (e para que lado a balança da desigualdade vai despencando seu peso). Esta perda de formas do trabalho confere uma maleabilidade, uma flexibilidade, uma potencialidade de adaptação surpreendentes. Veja bem, isso não quer dizer que o trabalhador não reconhece o seu trabalho como trabalho, ele sabe muito bem do que se trata. Mas o trabalho que ele desempenha está mais para um trabalho amador. Ser motorista uber, ser revendedora natura, ser um cientista amador do site Innocentive, só é possível porque este trabalho é trabalho sem um estatuto estável e publicamente estabelecido. Nesta perda de formas fica difícil definir o controle sobre o tra-

balho. Você não passa propriamente por uma seleção – adere quem quer, cumprindo critérios mínimos; você trabalha quando quer, você para de trabalhar quando quiser, você estabelece sua própria forma de trabalhar; se parar de trabalhar, é um número desativado em um cadastro, entre centenas que virão. Onde está o controle, quando parece que não se exige nada do trabalhador? Bom, mas este trabalhador é avaliado pelos consumidores, ele é ranqueado permanentemente, e sabe da competição que só tende a aumentar. Mas ele não tem certeza sobre como esse ranqueamento opera, as regras não são claras, ainda que permanentemente operantes. A competição é um elemento permanente como forma de controle sobre o trabalho. Não se trata da tensão entre ser empregado ou ser parte de um exército de reserva, se trata da tensão permanente em ter acesso às tarefas em um universo cada vez mais concorrido. No caso dos aplicativos, o trabalhador também pode receber um “log off” da empresa. O controle opera permanentemente, e a sua falta de clareza é o que lhe confere ainda mais eficácia. Já a expropriação é mais reconhecível. De saída, são aqueles 20 ou 25% que a empresa abocanha a cada tarefa por fazer a “mediação” entre consumidor e trabalhador. Mas, como disse antes, toda esta imaterialidade se desfaz quando a resistência vem à tona. IHU On-Line – Estamos diante do fim da era do trabalho salarial? E agora, para onde vamos? O futuro do trabalho é o da gig economy ou ainda temos alternativas? Ludmila Costhek Abílio – Essa é uma questão complexa, e que, em realidade, interroga quais são os limites da uberização. É possível pensar em trabalhadores uberizados em todos os setores? Ela é mais típica e possível no setor de serviços? Estas são questões que não estão respondidas, e que talvez nem devam ser ainda, temos de aventar sobre as tendências e possibilidades. Para complicar mais a questão, ao mesmo tempo temos de nos perguntar: “é possível um operário uberizado?”. Temos de lidar com a perspectiva sobre possíveis transformações qualitativas que vêm por aí, quando o desenvolvimento da inteligência artificial já deixa claro a possibilidade de realmente eliminar massivamente uma série de postos de trabalho e profissões. O que, de saída, está claro é que a uberização, ao mesmo tempo em que é uma novidade, em realidade confere materialidade a processos em cursos nos mais diversos setores do mundo do trabalho há um bom tempo. Intuitivamente faz sentido rapidamente pensar em professores, médicos, profissionais de limpeza, segurança, engenheiros, advogados, uberizados. A uberização subsume de forma mais clara o trabalho de profissionais liberais, transforma empregados em nanoempreendedores, transforma fazedores de bico em tra-

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Trabalho

balhadores amadores bem subordinados. Em resumo, é disto que se trata. Mas também poderíamos complexificar mais ainda o debate. Se olharmos para o Brasil, alcançamos a “era do trabalho salarial” de fato para podermos dizer que ela chegará ao fim? São questões difíceis que nos desafiam a pensar nos nossos horizontes, nas nossas referências, nas nossa persistentes invisibilizações. O que está mais do que claro é que os freios postos ao capital em determinados países com mais clareza e efetividade, durante um período bem determinado do século XX, estes freios estão em jogo, e o que vemos é uma luta em dimensões globais pela eliminação destes limites. A flexibilização do trabalho, o neoliberalismo e a globalização, por essa perspectiva, têm de ser compreendidos nesta chave. Direitos sociais se tornam custos sociais, mediações publicamente constituídas na relação capital-trabalho são postas em xeque, a tendência a tornar o trabalhador um trabalhador-empreendedor just-in-time é evidente e já está em ato. No caso brasileiro, os elementos que em realidade são constitutivos da vida de grande parte da classe trabalhadora, em outras palavras, que são estruturais em nosso mercado de trabalho, agora passam a ter visibilidade. Mas mais do que isto, passam a ser elementos importantes em uma forma de expropriação do trabalho que se apropria deles de forma racionalizada e centralizada. É neste sentido que faço a provocação, de que a uberização realiza a subsunção real da viração. Gig economy Quando vemos o termo gig economy, entendemos: ah sim, agora a viração tem visibilidade social. Por quê? Porque ela ultrapassou as fronteiras dos países “periféricos”, porque ela já não é mais “pré-capitalista”, porque ela chegou ao “centro”. Enfim, são relações de poder que hierarquizam e definem a nossa própria compreensão sobre nossa realidade e nosso lugar no mundo. É difícil se desvencilhar dessa engrenagem, e das dualidades que organizam pensamentos dominantes e obscurecem uma série de relações que em realidade estão no cerne do desenvolvimento capitalista. Então é bom não perder de vista essas hierarquizações quando pensamos em uma espécie de globalização da viração. Podemos sim falar em globalização, contanto que isso não signifique reafirmar uma perspectiva que pensa em um movimento como o que vai das “margens” para o “centro”. O que está em jogo, talvez pensando mais simplesmente, é que os freios à exploração do trabalho que aqui pouco se consolidaram, agora também estão sendo postos à baila nos países do... “centro”.

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Caminhos e perspectivas Para onde vamos? Não tenho ideia, mas não me parece uma perspectiva muito animadora. Pelo simples fato de que as forças do trabalho são atacadas em dimensões cada vez piores. Entretanto, o capital está cada vez mais centralizado, e os mesmos meios que hoje possibilitam a dominação e a exploração também são os meios que propiciam formas de resistência que ainda estão por vir. Por exemplo, quando olho para os aplicativos, eu me lembro do professor Paul Singer . Logo teremos figuras high tech que atualizarão perspectivas sobre a economia solidária, movimentos em busca de formas de organização que resistam e rompam com a exploração e a desigualdade no campo da Economia digital. Claro que com elas virão os limites, as capturas etc. O fato é que as contradições estão muito evidentes, e às vezes parecem beirar o insuportável. O que virá daí, felizmente, é o imponderável. IHU On-Line – Afinal de contas, a Multidão se tornou um bom negócio? De que forma? Ludmila Costhek Abílio – Sem dúvida que sim. Já temos nome para isso. O crowdsourcing . Sobre tudo que já conversamos, me parece que é importante salientar que a exploração do trabalho hoje dá conta de transferir trabalho, riscos, custos para uma multidão, sem perder o controle sobre o trabalho. E a exploração neste caso está assentada justamente no fato da multidão operar como multidão. A esfera do consumo também é parte disto, quando a multidão de consumidores se torna executora do gerenciamento sobre o trabalho. Tudo está misturado, e não dá para separar sem enfraquecer a análise. A multidão é feita de nanoempreendedores cadastrados, que concorrem entre si de forma ilocalizável, que se sabem parte de uma multidão. Motoristas Uber se enfileiram em um terreno ao lado do aeroporto de Guarulhos, e aguardam na fila, “você é o número 200 na lista de espera”, em busca da corrida mais lucrativa (e estar na fila não lhe garante em realidade nada). O crowdsourcing é algo novo, e que desafia nossa compreensão. Borra as fronteiras entre consumo e trabalho. Borrar as fronteiras entre o que é trabalho e o que não é. O que

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é a multidão ativa e engajada de usuários do Facebook? Como a atividade dessa multidão é fonte de valorização para a empresa? Podemos colocar os usuários do Facebook e os cientistas do site Innocentive sob uma mesma categoria de análise? Não tenho isto claro. Mas o que está claro é que as empresas entenderam que podem agir como mediadoras entre a multidão de trabalhadores e outras empresas, entre a multidão de trabalhadores e a multidão de consumidores. Só que esta mediação é também uma forma de subordinação dos trabalhadores, e reorganiza consideravelmente o mundo do trabalho. Por fim, o que nos mostra a multidão de motoristas Uber (quantos são pelo mundo?)? O que nos mostra a multidão de revendedoras Natura? O que nos mostra o fato de que empresas que hoje dominam o mercado como a Procter e Gamble tenham estendido seus departamentos de pesquisa e desenvolvimento para os laboratórios caseiros da multidão de cientistas amadores? Podemos ver o engajamento do trabalhador em formas informais de intensificação de seu trabalho, em extensão do tempo de trabalho. Podemos ver que o trabalhador tem o savoir faire para trabalhar cada vez mais, e temos de nos interrogar sobre suas motivações, as quais são também muito pouco compreendidas. Trata-se apenas de complementar renda? Sabemos que os sentidos do mundo do trabalho, do lado do trabalhador, vão para muito além de garantir sua própria reprodução. IHU On-Line – Deseja acrescentar algo? Ludmila Costhek Abílio – Apenas acrescentaria esta dimensão de que em realidade tenho pouco a dizer, e isto é um problema. Quando entrevisto um motoboy, ele me diz da liberdade de passar 14 horas por dia sobre uma moto e não ter patrão. Ele conta da satisfação em decidir que entrega fazer ou não, se quer trabalhar 7 dias por semana ou apenas 5. A uberização está diretamente ligada ao empreendedorismo, à flexibilização do trabalho. Isto já compreendemos bem, mas será que compreendemos de fato o engajamento produtivo do trabalhador? Suas motivações? Para além das ameaças do desemprego?


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Amsterdã N

Texto e fotos de Nícia Ribas, de Amsterdã

em só de sexo e drogas é feita a fama de Amsterdã. E não pense o turista de primeira viagem que os 120 canais – cerca de 100km - que permeiam toda a bela capital holandesa são apenas uma atração turística. Sempre tiveram importância comercial para a cidade. Mas é verdade que navegar por eles ao entardecer, quando o céu está azul-noite e as luzes brancas das margens refletem nas águas, os edifícios do século XVII parecem dourados. E aquele visual valeu a viagem. No entanto, os canais têm outras funções além de embasbacar turistas. Construídos há 400 anos, com profundidade média de dois a três metros, eles são uma importante e muito utilizada via de transporte. Desde pequenos botes até os grandes barcos, com capacidade para 200 passageiros, sem falar nos cargueiros. As bicicletas são outro meio de transporte muito bem aproveitado pelos holandeses. Circulam pela cidade cerca de 350 mil magrelas. Casas flutuantes Alguns dos 800 mil habitantes de Amsterdã moram em barcos flutuantes, que ficam atracados sempre no mesmo local e são ligados à rede de água, eletricidade e gás. Hoje são mais de 2.500 casas flutuantes, a maioria ligadas também à rede de esgotos municipal. Por lei, elas devem ter também aquecimento para se protegerem dos dias gelados do inverno. É proibido jogar qualquer coisa no canal, muito menos lixo. No entanto, como em todo lugar, há os transgressores que afogam até bicicletas.


Quanto à limpeza da água dos canais, há muita discussão. As casas-barco que ainda não dispõem de encanamento de esgoto lançam degetos ali. Mas para a funcionária da agência municipal, Monique Jacobs, em entrevista ao The New York Times “a água é mais limpa do que parece”, referindo-se à sua cor amarronzada. Ela explicou que os canais são purificados através da abertura das comportas do rio Amstel duas vezes por semana: “os pequenos peixes estão voltando e também os pássaros que se alimentam deles; no passado, a água era muito mais suja e tinha mau cheiro.” A empresa pública Waternet, responsável pela qualidade da água nos canais, man-

tém cinco barcos navegando diariamente por eles para recolher o que é lançado nas águas, cerca de 3.500 quilos de lixo, incluindo bicicletas enferrujadas. Eles também já encontraram geladeiras, carrinhos de bebê, móveis e até animais mortos. A Prefeitura planeja instalar a rede de esgoto ao longo dos canais, conectando todos os barcos, obra prevista para 2017. Boa parte do território holandês fica abaixo do nível do mar, exigindo muito cuidado com os diques, que impedem a invasão do oceano. Devido à escassez de terra e às muitas áreas alagadas, os imóveis são super valorizados e a opção pelos canais se torna ainda mais atraente. Depois da Segunda Guerra, famílias da classe ope-

rária decidiram morar na água porque não havia moradia em terra e as barcas velhas estavam à venda por preços bem acessíveis, uma vez que a Holanda queria renovar sua frota. Nos anos 60 e 70, os hippies escolheram as casas flutuantes para morar. Hoje, aquele tipo de moradia está se sofisticando, inclusive com projetos especialmente criados por arquitetos. Entre os problemas que os moradores dos barcos enfrentam, está a obrigação de, a cada quatro anos, levar sua casa para o estaleiro a fim de verificar se o casco ainda está em bom estado. Além disso, a água dos canos que ficam expostos ao ar entre o barco e a parede do canal, costuma congelar no inverno.

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Cultura

Ateliê Oriente alia arte, audiovisual e sustentabilidade Do Rio de Janeiro Fotos de Divulgação

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m dos espaços que está dando o que falar no Rio de Janeiro mescla arte, audiovisual, e sustentabilidade. O Ateliê Oriente é um hub de fotografia que atua desde 2010 no Rio de Janeiro e recentemente, em julho de 2016, trocou Santa Teresa pelo bairro da Glória para expandir sua atuação. Ocupando um espaço privilegiado em um prédio histórico e super charmoso, construído em 1925, o ateliê inaugurou em agosto do ano passado a Galeria Oriente, um projeto que há muito estava nos planos dos sócios Ana Dalloz, Kitty Paranaguá, Paulo Marcos e Thiago Barros. Além dos sócios completa o porfólio da Galeria os artistas Walter Carvalho, Anna Kahn, Ana Carolina Fernandes e Fábio Seixo e Marco Antônio Portela. Mas a mudança não parou por aí. Junto com os workshops, imersões, debates, ampliações e mostras sobre a fotografia contemporânea, agora quem for no Orien-

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te vai encontrar outras atividades além das relacionadas à fotografia. São propostas de trabalho diferentes que coexistem num ambiente estimulante deste que se tornou um grande coworking criativo. “O Ateliê Oriente virou um movimento. Mais do que ser uma escola e ter uma galeria, o ateliê hoje exerce um papel de provocador de ideias e de acolhedor de sonhos,” conta Paulo Marcos. Na sala 401 do edifício Lage, funcionam também os escritórios da Vintepoucos Filmes, uma agência de audiovisual, da Nozes da Comunicação, uma produtora cultural e artística e do Muda Tudo (www. mudatudo.com.br), um site de notícias construtivas. “Mostramos as mudanças que estão transformando o mundo para melhor e falamos das pessoas que estão protagonizando esta mudança de era que estamos vivendo. Indivíduos que transformam seu entorno, impactando positivamente a sociedade. Jogando uma luz nas pessoas e notícias que inspiram uma nova atitude, queremos ajudar a criar um futuro sustentável para


todos, planeta e seres humanos” diz Ana Luiza Prudente, uma das fundadoras do site. E foi com a ideia de uma nova atitude que o Ateliê Oriente decidiu reunir pessoas com diferentes metas e visões mas movidos por um grande desejo. “Todos que frequentam e trabalham no Ateliê Oriente são movidos por uma paixão, seja ela fotográfica ou não. A partir do convívio com outras formas de se trabalhar, criamos uma interseção de ideias e propostas, ampliando as possibilidades das nossas atuações na indústria criativa. No final, um potencializa o outro,” conclui Ana Luiza. A partir de abril, o Ateliê Oriente abriu outras portas. O evento chamado “Ateliê Aberto” dá oportunidade para pessoas de diferentes backgrounds mostrarem suas ideias. O endereço é Rua do Russel, 300 / 401, na Glória. Para saber mais, visite o site www.atelieoriente.com e, caso haja alguma dúvida, ligue para (21) 34953800 que alguém da equipe vai atender e explicar tudo!


Ecoturismo

Litoral Norte de Maceió deve ganhar área de conservação marinha O trecho entre os bairros Garça Torta e Ipioca, no Litoral Norte de Maceió, é uma região onde a conservação da fauna e da flora deve ser ampliada nos próximos meses. Após levantamento técnico, o Instituto Biota propôs a criação da unidade de conservação denominada Arie [Área de Relevante Interesse Ecológico] Costeiro Marinha das Tartarugas. O projeto está sendo apoiado e contará com a participação da Prefeitura de Maceió na execução, por meio de intervenções em parceria com a equipe da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Semds). De acordo com a proposta técnica, a Arie Costeiro Marinha das Tartarugas se estende por uma área de 50,056 km². Segundo o estudo, o trecho é extremamente relevante para a proteção de espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção, de ocorrência comprovada na localidade, tais como tartarugas marinhas, aves marinhas e mamíferos aquáticos, além de diversos tipos vegetacionais do bioma Mata Atlântica.

Corrida em uma das 7 novas maravilhas da natureza Para os amantes de corrida e da natureza, a 10ª Meia Maratona das Cataratas, que acontecerá no dia 4 de junho em Foz do Iguaçu, está com inscrições abertas. Elas podem ser feitas até o dia 26 de maio em http://www.meiamaratonadascataratas.com.br/. A décima edição do evento fará parte das atividades da unidade de conservação federal em comemoração à Semana Mundial do Meio Ambiente. Este ano, a meia maratona oferece aos participantes uma novidade: o percurso de 8 quilômetros, além dos tradicionais 21 quilômetros.

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Portugal ganha mais quatro praias com certificação Quatro novas praias da região do Alentejo, em Portugal, receberam a certificação Bandeira Azul, símbolo de qualidade ambiental atribuído anualmente às praias costeiras e fluviais, portos de recreio e marinas. No total, o destino possui agora 31 praias qualificadas pelo programa. Entre os destinos adicionados neste ano estão Malhão, Alteirinhos e Santa Clara, localizados em Odemira e a praia fluvial da encantadora cidade de Monsaraz, a beira do lago Alqueva. A certificação é uma iniciativa da Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), com apoio da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e outras entidades públicas e privadas. As cerimônias oficiais de hasteamento das Bandeiras Azuis de 2017 estão previstas para o início do mês de junho.

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Rota 174 – uma experiência repleta de magia na Amazônia

O roteiro da Rota 174 liga a cidade de Manaus, Amazonas, à cidade de Pacaraima, Roraima, ao longo de 1.100km pela BR-174, sendo que ao final da expedição, o trecho total será de quase 3.000km rodados. O passeio vai até a Comunidade Paraitepuy, na Venezuela, de onde se avista o místico Monte Roraima: um dos lugares mais antigos da Terra. É uma viagem repleta de atrativos naturais, culturais, culinários, sem falar na exuberante biodiversidade da Amazônia, passando pela maior floresta do mundo, cruzando a Reserva Indígena Waimiri-Atroari (com boas possibilidades de ver alguns indígenas durante o trajeto, além de pássaros e animais livres na Natureza). Depois de entrar nos cerrados de Roraima, tem-se a oportunidade de conhecer uma região com forte influência indígena e cabocla. Para mais informações sobre o roteiro da Roraima Adventures Turismo adventures@roraima-brasil.com.br

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Estante Conversas de Botequim: 20 contos inspirados em canções de Noel Rosa, Organizadores: Henrique Rodrigues e Marcelo Moutinho, Editora Mórula Editorial, 192 págs, R$ 39 Antologia com 20 contos inspirados em canções do Poeta da Vila, o livro Conversas de Botequim: 20 contos inspirados em canções de Noel Rosa foi lançado pela Mórula Editorial, livro é organizado por Henrique Rodrigues e Marcelo Moutinho. Foram convidados autores e escritores de diferentes partes do país, com estilos igualmente distintos, de nomes já consagrados pela crítica aos que buscam o merecido espaço: entre os autores, os jornalistas Fernando Molica e Sergio Léo. 20 canções de Noel Rosa, 20 contos inspirados em sua obra. 20 autores, 20 olhares sobre letras que cantam a aldeia, mas que são absolutamente cosmopolitas. 20 escritores de diferentes regiões, origens e experiências, 20 releituras de um tempo que não se perdeu e que é reencarnado em personagens e situações contemporâneas.

Traços de Koeler, por Flávio Menna Barreto Neves e Eliane Marchesini Zanatta, 240 págs As futuras gerações de arquitetos, urbanistas, geógrafos e historiadores poderão contar com um precioso documento histórico em suas pesquisas que, por anos, sofreu com a falta de conservação adequada. A Planta de Petrópolis, considerada pelo historiador Pedro Calmon (1902-1985) como um marco para o urbanismo no Brasil, estava em avançado estado de deterioração e foi totalmente recurada graças a um criterioso projeto de restauração, realizado quando o documento completou 170 anos de existência, em 2016. O trabalho minucioso de restauro foi todo documentado e se transformou no livro ‘Traços de Koeler’, que traz ainda uma detalhada pesquisa histórica sobre o contexto em que a planta foi criada e a origem da Cidade Imperial. Lançada em março deste ano, a publicação foi adotada pelo Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), nas aulas de história e turismo realizadas no Campus Petrópolis. Com 240 páginas e versão para o inglês, o livro ‘Traços de Koeler’ é dividido por capítulos histórico e técnico. A publicação não está à venda, mas apenas distribuída a bibliotecas públicas de todo o Brasil, além de institutos históricos, escolas, centros de pesquisa, universidades e centros federais de educação.

Carlos Franco – Editor de Plurale em revista

Transformações urbanísticas, de Washington Fajardo e Patrícia Pamplona, ID Cultural, 284 págs, R$ 100,00 A evolução urbana pela qual o Rio de Janeiro passou, antes de tornar-se uma cidade, foi alvo de minucioso e detalhado trabalho de estudos e descobertas da pesquisadora Patricia Pamplona e do arquiteto e urbanista Washington Fajardo. O resultado de toda essa análise e pesquisa é o livro Transformações Urbanísticas, da ID Cultural. Nesse primeiro livro em parceria, Patricia e Fajardo buscaram documentos históricos, registros fotográficos antigos, mapas, jornais da época e depoimentos de ilustres moradores e visitantes do Rio de Janeiro para produzir um material indispensável para quem quer conhecer e entender as transformações urbanísticas da antiga capital do Brasil. A obra é mais um panorama da história urbana da cidade, com destaque para os principais planos urbanos desde o século 19 ao 21. Para cada região, um bairro foi escolhido para ser o personagem a contar a história daquele cenário.

Em nome dos pais, por Matheus Leitão, Editora Intrínseca, 448 págs, R$ 49,90 Desde pequeno, Matheus Leitão ouvia as expressões “perseguição”, “prisão” e “porão” sussurradas por seus pais, os jornalistas Marcelo Netto e Míriam Leitão. A assustadora palavra “tortura” apareceu bem mais tarde. Movido pela curiosidade de compreender o passado, o jovem perguntador passou a recolher retalhos de uma história dolorosa, que se iniciou em 1972, no Espírito Santo, quando os pais militavam no PCdoB. Delatados por um companheiro, foram presos e torturados. Na ocasião, Míriam estava grávida de Vladimir, o primeiro filho do casal. Matheus também seguiu a carreira de jornalista, dedicando-se a reportagens sobre direitos humanos e ditadura. Em nome dos pais é resultado de suas incansáveis investigações, que começam pela busca do delator e seguem com a localização dos agentes que teriam participado das sessões de tortura de seus pais. Passado e presente se entrelaçam nessa obra, que reconstitui com rigor eventos do início dos anos 1970 e, ao mesmo tempo, apresenta a emocionante peregrinação do autor pelo Brasil atrás de respostas. Uma história sobre pais e filhos, sobre reconciliação e responsabilidade, sobre encontros impossíveis. É também uma história sobre um país que ainda reluta em acertar as contas com um passado obscuro.

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CINEMA

Verde

ISABEL CAPAVERDE

i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r

Livro e web documentário “Urbanas” DIVULGAÇÃO

São Paulo foi a cidade escolhida para ser palco e cenário do primeiro livro brasileiro street style e documentário sobre a questão feminina contemporânea. Assim como já aconteceu em cidades como Londres e Nova York, “Urbanas” mostra a diversidade da mulher brasileira que habita ou transita por São Paulo. Cerca de 180 mulheres contemporâneas, entre 2008 e 2016, tiveram seus looks registrados por fotógrafos. Como desdobramento audiovisual do projeto surgiu o web documentário “Urbanas” que elegeu nove das retratadas no livro para um bate papo informal. Além de documentar o genuíno espírito da moda de nosso tempo, “Urbanas” traça paralelos, a partir de uma abordagem antropológica cultural, sobre questões vinculadas a trajetória das mulheres na luta por independência e realização. O projeto é de autoria de Ricardo Feldman, fundador da Livre Conteúdo, editora e produtora de conteúdo e projetos culturais.

“Baixada Nunca Se Rende” DIVULGAÇÃO

Este é o nome do documentário de 65 minutos, dirigido pelo italiano Christian Tragni e pela brasileira Juliana Spinola, que mostra o potencial da música e das artes para transformação da realidade da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, uma das regiões metropolitanas mais violentas do mundo. O filme conta a história do primeiro coletivo de artistas e músicos das periferias apoiado pela ONU, que participa de um projeto pioneiro do PNUD com o objetivo de transformar o conceito do desenvolvimento sustentável em ações concretas, no nível local. “Baixada Nunca Se Rende” foi produzido em janeiro e fevereiro de 2017 em Belford Roxo, Nova Iguaçu e Duque de Caxias, algumas das 13 cidades que compõe a Baixada e será exibido em todos os países em desenvolvimento em que o PNUD opera e disponibilizado a veículos internacionais de notícias como RAI Italia, Al Jazeera, BBC, AFP e CNN. O trailer está disponível no YouTube: http://bit.ly/2oV18KA

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“Fonte da Juventude” discute a alimentação do brasileiro O documentário “Fonte da Juventude”, uma iniciativa dos Novos Urbanos com produção da Pindorama e direção de Estevão Ciavatta, exibido no canal GNT e simultaneamente à plataforma digital Video Camp (www.videocamp.com/pt/)- que conecta filDIVULGAÇÃO mes transformadores a espectadores ao redor do mundo – pretende promover a conscientização e ampliar a discussão do ambiente alimentar no Brasil. Sem restringir dietas o documentário entrevista, entre outros, José Graziano, diretor-geral da ONU para Agricultura e Alimentação Gisela Solymos, psicóloga responsável pelo Centro de Recuperação e Educação Nutricional, Maria Eduarda, nutricionista do INCA, o chefe de cozinha Alex Atala, a culinarista e apresentadora Bela Gil revelando exemplos de como a biodiversidade aliada ao resgate da nossa identidade cultural alimentar é o melhor caminho para a longevidade.

Mostra gratuita de filmes australianos Teve início em março a 6ª Mostra de Filmes da Austrália, evento organizado pela Embaixada da Austrália em parceria com o Banco do Brasil e a Karoon Oil & Gas. Nesta edição serão duas semanas de filmes australianos sendo exibidos gratuitamente em 6 cidades: Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Fortaleza, e, pela primeira vez, Belo Horizonte. A edição de 2017 representa bem o país, e a diversidade marca a seleção de títulos.

Indigenista é homenageado em mostra de cinema ambiental DIVULGAÇÃO

Vincent Carelli foi homenageado na 6ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, que aconteceu em junho em São Paulo. Antropólogo, indigenista e premiado documentarista Vincent é autor dos longas-metragens recentes (os elogiados “Corumbiara” e “Martírio”), e de títulos marcantes como o do projeto Vídeo nas Aldeias, dos anos 1980. A Mostra Ecofalante é consagrada por exibir em sessões gratuitas produções inéditas de todas as partes do mundo e promover debates sobre temas socioambientais.



Pelas Empresas

ISABELLA ARARIPE

Grupo Boticário cresce 7,5% e fatura R$ 11,4 bi em 2016

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Grupo Boticário, controlador das marcas O Boticário, Eudora, quem disse, berenice? e The Beauty Box, registrou faturamento de R$ 11,4 bilhões no varejo em 2016. O crescimento foi de 7,5% na comparação com 2015. Além da boa performance financeira, mesmo em meio a um cenário econômico bastante difícil, o Grupo Boticário também aumentou seu número de lojas físicas, com a abertura de 100 novas lojas em 2016 – o dobro do previsto -, totalizando 4.063 lojas das quatro marcas. Outro destaque da companhia no ano é o número de postos de trabalho. A empresa fechou 2016 com 8

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mil colaboradores diretos, 1.000 a mais do que o apresentado no balanço de 2015. “Este resultado é fruto de apostas importantes que fizemos na nossa organiza-

ção nos últimos anos. Criamos outras três marcas, abrimos novos canais de relacionamento com o consumidor, modernizamos e fortalecemos nossa rede franqueada. Investimos em inovação, sustentabilidade e principalmente em pessoas quando fizemos um redesenho na organização que, além de reconhecer nossos talentos, trouxe mais agilidade para os nossos negócios. Estamos no caminho certo para proporcionar a melhor experiência de consumo para as nossas milhões de clientes, oferecendo a qualidade do que há de melhor no mundo em produtos de beleza”, explicou Artur Grynbaum, CEO do Grupo Boticário.

Líderes do setor de tecnologia estão otimistas com o crescimento dos negócios no próximo ano, aponta estudo da PwC O setor de tecnologia se tornou um componente vital para todas as demais indústrias do mundo. Por isso, os líderes globais da área estão otimistas com o crescimento da receita de suas empresas nos próximos 12 meses. Quarenta por cento dos CEOs de tecnologia afirmam que estão muito confiantes com esse aumento (ante 38% na média global) e 47% estão um pouco confiantes. Para os próximos três anos, as perspectivas crescem ainda mais: 57% estão muito confiantes e 34% estão um pouco confiantes. Os dados são da 20ª Pesquisa Global com CEO, da PwC. Esse otimismo é explicado pelas transformações no setor de tecnologia

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nos últimos 20 anos, principalmente em função da onipresença da computação móvel, da computação em nu-

vem e do avanço da internet. “Atualmente, uma nova onda de transformação provocada pelos avanços da inteligência artificial, da realidade virtual e da robótica avançada impulsiona o setor. Com isso, as oportunidades de crescimento dos negócios são maiores”, diz Sérgio Alexandre Vieira, sócio da PwC Brasil e especialista em Digital. Além do otimismo com o aumento da receita, 32% dos CEOs de tecnologia acreditam que o crescimento econômico global vai melhorar nos próximos 12 meses. Desse total, metade está confiante de que, pelo menos, permanecerá igual ao ritmo do ano passado.

Grupo Bradesco Seguros lança “Cadernos de sustentabilidade” O Grupo Bradesco Seguros lançou, no mês em que é celebrado o Dia da Terra (22 de abril), o “Cadernos de sustentabilidade”. A publicação – disponível, em versão on-line, no endereço www.bradescoseguros. com.br/sustentabilidade – mapeia as iniciativas e inovações do Grupo Segurador nessa área, em um registro inédito de sua ligação com o tema. “Cadernos de sustentabilidade” é dividido em seis capítulos – “Seguro e sustentabilidade”, “Longevidade”, “Convivência no trânsito”, “Gestão de recursos naturais”, “Inovação sustentável” e “Depoimentos”. A publicação apresenta histórias

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que evidenciam o papel estratégico que uma seguradora pode desempenhar em um mundo cada dia mais necessitado de segurança e proteção. - Com esta publicação, o Grupo Bradesco Seguros reafirma a todos que a sustentabilidade está na essência do mercado segurador e que a oferta de produtos e serviços capazes de agregar eficiência e compromisso com práticas sustentáveis não é mais um diferencial, mas uma condição, pois o que está em jogo é trabalhar para assegurar o futuro comum – afirmou Eugênio Velasques, diretor de Sustentabilidade do Grupo Bradesco Seguros.

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FIRJAN lança calendário para auxiliar empresas no cumprimento de obrigações ambientais A indústria fluminense precisa cumprir anualmente uma série de obrigações ambientais, que vão desde prazos para solicitação de renovação de licenças até a entrega de relatórios e formulários demandados pelos órgãos ambientais. Para ajudar as empresas a cumprir todas as exigências, sem riscos de sanções ou multas, o Sistema FIRJAN lançou o “Calendário de obrigações ambientais 2017”. O objetivo da publicação, disponível online, é facilitar a visualização dos prazos e contribuir para um maior entendimento sobre o que cada instrumento legal exige. “Obrigações ambientais são de cumprimento compulsório para empresas potencialmente poluidoras, ou seja, aquelas que são regularmente licenciadas pelos órgãos ambientais, independente do seu porte, localização ou atividade”, explica o gerente de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho do Sistema FIRJAN, Jorge Peron. Caso não atendam às exigências, as empresas podem sofrer diversas sanções ou multas. “Todas as obrigações legais são

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revestidas de algum nível de complexidade. “As ambientais não são diferentes e, por

isso, trabalhamos para simplificar o dia a dia do empresário”, completa Peron.

Ambev lança água e reverte 100% do lucro para levar acesso à água potável à população do semiárido brasileiro A Ambev acaba de lançar seu mais novo produto: a água mineral AMA, uma grande inovação no mercado de bebidas nacional. Isso porque 100% do lucro das garrafas de água vendidas serão revertidos a projetos de acesso à água potável no semiárido brasileiro. A AMA já está à venda nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e online pelo Emporio.com. Até o fim do ano, chegará em todo o país. “Estamos muito felizes de lançar a AMA. Essa é uma inovação única no mercado brasileiro porque, quando alguém compra uma garrafa de AMA, 100% do lucro vai para projetos que ajudam quem mais precisa de água”, destaca Bernardo Paiva, presidente da Ambev. “A AMA é a tradução perfeita do nosso sonho grande, de unir as pessoas por um mundo melhor ”, completa Bernardo. Três comunidades, que reúnem juntas cerca de 3 mil pessoas no interior do

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Ceará, estado que atualmente mais sofre com a seca no Brasil,inauguraram projetos de acesso à água potável no Dia Mundial da Água, 22 de março. As

comunidades ficam nas cidades de Aiuaba, Jaguaruana e Capistrano. Todas elas se localizam em áreas rurais de grave escassez hídrica.

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I m a g e m FOTO DE FERNANDA LIGABUE / DIVULGAÇÃO DO GREENPEACE BRASIL

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Rainbow Warrior 3, o mais famoso navio do Greenpeace, esteve atracado no Pier Mauá, no Rio de Janeiro no começo de maio, recebendo milhares de visitantes. Durante o passeio, com duração média de 40 minutos, os visitantes passaram por uma exposição de imagens dos melhores momentos e campanhas do Greenpeace no Brasil para, na sequência, entrarem no navio e percorrerem o navio de proa à popa, incluindo a cabine de comando e o heliponto. O Rainbow Warrior 3 foi construído em 2011, a partir do zero, e seu custo de 32 milhões de dólares foi financiado exclusivamente com a doação de mais de 100 mil pessoas em todo mundo. Até hoje, é considerado um dos maiores cases de sucesso de crowdfunding e um exemplo do poder de união das pessoas. Marcando as comemorações dos 25 anos da ONG Greenpeace no Brasil também acaba de ser lançada nova campanha pela agência Y&R uma das centenas de empresas voluntárias da instituição no país –, para reiterar sua missão: atuar de forma independente para proteger o meio ambiente. O Greenpeace está presente em 43 países, em todos os continentes, e conta com o apoio de mais de quatro milhões de colaboradores em todo o mundo. A organização chegou ao Brasil no mesmo ano em que ocorreu no país a Eco-92, quando representantes de 108 países se juntaram para debater e decidir medidas para diminuir a degradação ambiental e garantir a existência das futuras gerações. De lá para cá, o Greenpeace consolidou sua presença no Brasil e atualmente desenvolve campanhas para proteger a floresta amazônica e lutar contra as mudanças climáticas.


“Onde estão os... carros solares?” - CNN 22 de julho de 2006

“Avião solar faz história após completar volta ao mundo.” - CNN 26 de julho de 2016

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