plurale em revista ed.23

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AÇÃO | CIDADANIA | AMBIENTE www.plurale.com.br

ESTREIA: CONEXÕES PLURALE

ESPECIAL MEIO AMBIENTE

RUANDA: 17 ANOS DEPOIS DO GENOCÍDIO, A VIDA HOJE

FOTO DE SIDNEY GOUVEIA/ FLOR NO MORRO DO PAI INÁCIO, CHAPADA DIAMANTINA, LENÇÓIS (BA)

ano três | nº 23 | maio / junho 2011 | R$ 10,00



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Conte xto

14.

CONEXÕES PLURALE

20.

ESPECIAL MEIO AMBIENTE: PELO BRASIL

32.

36 PELAS EMPRESAS

48

CHAPADA DIAMANTINA: UM OLHAR NA BIODIVERSIDADE

PELO MUNDO

56 CINEMA VERDE

65

64.

BAZAR ÉTICO

58.

RUANDA: A VISITA DE PLURALE, 17 ANOS APÓS GENOCÍDIO 4

PLURALE EM REVISTA | Maio/Junho 2011


A GENTE QUERIA UM RELATÓRIO TÃO CLARO QUE UM DOS PRIMEIROS CUIDADOS FOI NÃO ESCREVER COM LETRA DE MÉDICO. Todas as informações sobre o desempenho da Unimed-Rio e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável, você encontra no Relatório de Sustentabilidade 2010, GRI nível A. Uma maneira transparente de se comunicar com a sociedade. Acesse www.unimedrio.com.br e veja o Relatório de Sustentabilidade 2010 completo.

0800 025 5522

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Editorial

Uma edição muito especial

Q

uando uma edição termina e a outra começa a ser pensada, nem sempre há a certeza que, apesar de todo o planejamento, o resultado final será satisfatório para os leitores. Tínhamos um desafio adicional desta vez: a Edição 22, Especial sobre Água foi um retumbante sucesso de público. Basta conferir a seção de cartas para confirmar. Humildemente, como é nosso estilo, procuramos “costurar” pautas e artigos capazes não só de prender a atenção, mas que também trouxessem novidades ao amplo diálogo sobre Sustentabilidade. Estreamos a seção “Conexões Plurale”, com uma profunda reflexão assinada pela Professora Patrícia Almeida Ashley, uma das maiores especialistas do país em Responsabilidade Social Corporativa. Neste novo espaço, com quatro páginas, esperamos, a cada número, abordar um tema relevante e inédito. Trazemos também artigo inédito de Regina Migliori, outra graduada expert no tema Sustentabilidade. Não é só. A correspondente de Plurale na Irlanda, a engajada Vivian Simonato (foto), esteve recentemente na África, em Ruanda, 17 anos após o genocídio que dizimou gerações e assustou o mundo. Vivian, estudante de Mestrado da Trinity College Dublin, foi conhecer a realidade de um povo ainda sofrido, mas repleto de esperanças de dias melhores.

Carlos Franco e Sônia Araripe, Editores de Plurale em revista e Plurale em site

Do coração da Amazônia, a também aguerrida Marina Guedes nos relata como é conhecer a floresta do alto das árvores, uma experiência inesquecível e segura. Do Ceará, o jornalista Flamínio Araripe, apresenta o esforço coletivo de autoridades e sociedade civil para salvar a biodiversidade do Maciço de Baturité, manancial de água para a região metropolitana de Fortaleza. Apresentamos ainda o projeto que preserva o palmito juçara na Mata Atlântica, em reportagem de Lenina Mariano. Da capital paulista, o ativo Paulo Lima nos conta como foi o evento Viva a Mata, que tem cumprido papel de Educação Ambiental em um dos maiores centros urbanos do planeta. É isso e muito mais. Sempre em busca de novidades no Terceiro Setor, nossa Nícia Ribas esteve no Instituto Benjamin Constant (RJ) e descortina o trabalho sério desenvolvido com alegres deficientes visuais. Luiza Martins, especial para esta edição, mostra o projeto da Casa da Arte de Educar; Letícia Koeler revela o esforço de restaurantes ecológicos e a sempre emocionante Maria Helena Malta traz as novidades em termos de bossa nova, num emocionante perfil de bela jovem cantora. Sem falar nas colunas repletas de novidades e um lindo ensaio de fotos do biólogo Sidney Gouveia direto de Lençóis, da Chapada Diamantina (BA). Esperamos que apreciem a leitura tanto quanto nós curtimos preparar mais esta edição!


Central de Atendimento BB 4004 0001 ou 0800 729 0001 • SAC 0800 729 0722 • Ouvidoria BB 0800 729 5678 Deficiente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088 ou acesse bb.com.br

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Quem faz Diretores Carlos Franco carlosfranco@plurale.com.br Sônia Araripe soniaararipe@plurale.com.br Plurale em site: www.plurale.com.br Plurale em site no twitter: http://twitter.com/pluraleemsite Comercial comercial@plurale.com.br Arte SeeDesign Marcos Gomes e Marcelo Tristão Fotografia Luciana Tancredo e Eny Miranda (Cia da Foto); Agência Brasil e Divulgação Colaboradores nacionais Ana Cecília Vidaurre, Geraldo Samor, Isabel Capaverde, Isabella Araripe (estagiária), Nícia Ribas, Paulo Lima e Sérgio Lutz Colaboradores internacionais Aline Gatto Boueri (Buenos Aires), Ivna Maluly (Bruxelas), Vivian Simonato (Dublin), Wilberto Lima Jr.(Boston) Colaboraram nesta edição Eduardo Faustini, Fabiano Ávila, Flamínio Araripe, Jéssica Lipinski, Lenina Mariano, Leonide Príncipe, Letícia Koeler, Lília Gianotti, Luiza Martins, Maria Helena Malta, Marina Guedes, Marina Guzman, Marisa Beatriz Pereira, Mônica Pinho, Newton Medeiros, Patricia Almeida Ashley, Paulo Lima, Regina Mamede, Regina Migliori, Sidney Gouveia e Ticiana Azevedo. Plurale é a uma publicação da SA Comunicação Ltda (CNPJ 04980792/0001-69) Impressão: WalPrint

Revista impressa em papel reciclável Rio de Janeiro | Rua Etelvino dos Santos 216/202 CEP 21940-500 | Tel.: 0xx21-3904 0932 São Paulo | Alameda Barros, 122/152 CEP 01232-000 | Tel.: 0xx11-9231 0947 Os artigos só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores © Copyright Plurale em Revista

Cartas c a r t a s @ p l u r a l e . c o m . b r Plurale em revista, Edição 22 “Prezada Senhora Sônia Araripe, A Presidenta Dilma Rousseff encarregou-nos de informa-lhe que recebeu o exemplar número 22 de Plurale em revista, Especial Água, e agradece o carinho e a gentileza. Cordialmente.” Claudio Soares Rocha, Diretor, Diretoria de Documentação Histórica, Presidência da República, Gabinete Pessoal da Presidenta da República Dilma Rousseff, Brasília (DF) “Além de bela e com conteúdo consistente como sempre, a edição 22 da Plurale, especial sobre água, ficou muito interessante pela diversidade e qualidade da abordagem do tema principal. Como presidente da Fundação Proamb, de Bento Gonçalves, e responsável pela Qualidade na empresa Meber (metais sanitários) bato palmas para materiais como esses, tanto pela preocupação contida, que é de todos nós - o melhor uso de um bem tão fundamental – quanto por aproximar do público médio uma discussão tão necessária. No dia-a-dia da nossa entidade e das empresas com as quais mantemos contato é forte a inquietação pela produção e pelo desenvolvimento sustentável. Evitar o desperdício, reutilizar e tratar adequadamente são quesitos fundamentais nesses sentidos. Parabéns à Plurale por colocar na pauta coletiva essas questões.” Juliana Ferrari Dal Piaz Presidente Fundação Proamb, Bento Gonçalves (RS) “Gostaríamos de cumprimentar toda a equipe e colunistas pelo trabalho apresentado na Edição 22, Especial Água, com grandes matérias e entrevista com o Professor Eneas Salati.” Miriam Leitão e Sérgio Abranches, jornalistas, Rio de Janeiro (RJ) “A Comissão Organizadora do V Simpósio Brasileiro de Oceanografia (V SBO agradece pela contribuição de Plurale em revista e Plurale em site.” Comissão Organizadora do V SBO, Departamento de Oceanografia Biológica, Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo, São Paulo (SP) “Como é importante a existência de Plurale em revista! É uma publicação que atende aos anseios de quem ama e se preocupa com o ambiente. As matérias abordadas são diversificadas, interessantes e atuais.” Eliane Navarro, estudante do Curso de Bacharelado em Ciência Ambiental da UFF, Niterói (RJ) “Recebemos as revistas da Edição 22. A matéria na seção Bazar Ético sobre a Cooperativa Modelarte ficou ótima e a revista é melhor ainda. Em nome das

artesãs e da diretoria gostaríamos de agradecer o apoio voluntário na divulgação de nossas atividades. Estaremos sempre acompanhando também as matérias pelo portal, na internet. Obrigado pelo apoio. Abraço em todos, ” Valter Nunes, Coordenador da Cooperativa Modelarte, São Gonçalo (RJ) “Adorei a Edição 22 de Plurale em revista e também o site. Quantos assuntos interessantes! Está linda e profissional demais.” Deolinda Saraiva, jornalista e dona da Pousada D`Amoras, Conservatória, RJ “Ficou linda, e com excelente conteúdo, a edição 22 de Plurale em revista! Vocês estão se superando a cada edição.” Graziele Cher, Editora Wal Print, Rio de Janeiro (RJ)

Edição 21 “Prezada Sônia, Em nome do Padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., Reitor da PUC-Rio venho agradecer a remessa da Edição 21 de Plurale em revista. Parabéns pela excelência dos artigos. Cordialmente, “ Ivone de Figueiredo Santos ,Assessora do Reitor da PUC-Rio (RJ) “Prezada Sônia Araripe. Recebi e agradeço o envio da edição número 21 da Plurale em Revista. Enquanto coordenador do Curso de Jornalismo da PUC-Rio, devo destacar que fiquei muito contente com a participação de nossa aluna Isabella Araripe no referido número e da ótima entrevista por ela realizada. Cabe destacar a excelente qualidade jornalística da revista e a importância social de um veículo que tenha, em sua linha editorial, prioridade para os assuntos relativos ao ambiente e a cidadania. Cordialmente, “ Leonel Aguiar, Coordenador do Curso de Jornalismo, Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio “Prezada Sônia, Parabéns a toda equipe Plurale em revista pela edição número 21 e, especialmente, pela bela entrevista de Isabella Araripe com o blogueiro do Complexo do Alemão, Rene Silva dos Santos.” Marco Simões, vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, Rio de Janeiro (RJ) “Prezada Sônia, Muito obrigada pelo envio da Plurale em revista, edição 21, mencionando o TEDx Rio e em especial a minha palestra, entre outras matérias. É muito bom ver o trabalho da Associação Saúde Criança, que já ajudou mais de 36.000 pessoas, reconhecido. Um abraço, Vera Cordeiro, Fundadora e Superintendente Geral da Associação Saúde Criança, Rio de Janeiro (RJ)


Sustentabilidade é a energia que motiva nossas certificações!

Nossa responsabilidade com o Meio Ambiente se comprova com nossas certificações. Trabalhamos com um Sistema Integrado de Gestão nas áreas Ambiental, de Qualidade, de Saúde e Segurança.

Certificações

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Frases

A coluna desta edição buscou frases sobre o Meio Ambiente

“Digo que minha música vem da natureza, agora mais do que nunca. Amo as árvores, as pedras, os passarinhos. Acho Frases medonho que a gente esteja contribuindo para destruir essas coisas.” TOM JOBIM

“Ambiente limpo não é o que mais se limpa e sim o que menos se suja. CHICO XAVIER

“Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.”

MAHATMA GANDHI

“Só jogue no rio (ou no mar) o que o peixe pode comer. “ ZIRALDO

“Se você tem metas para um ano. Plante arroz Se você tem metas para 10 anos. Plante uma arvore Se você tem metas para 100 anos então eduque uma criança Se você tem metas para 1000 anos, então preserve o meio Ambiente.” CONFÚCIO

“Se soubesse que o mundo se acaba amanhã, eu ainda hoje plantaria uma árvore.” MARTIN LUTHER KING


Para quem tem espírito empreendedor, a vida está cheia de oportunidades para realizar mais.

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O Grupo Boticário tem uma história de empreendedorismo. Tudo começou com O Boticário, que, em 34 anos, se tornou a maior rede de franquias de cosméticos do mundo e continua se expandindo rapidamente. E a história do Grupo Boticário ganhou um novo capítulo: Eudora. A primeira empresa de cosméticos no Brasil que já nasce no sistema multicanal, com venda direta, lojas-conceito e comércio eletrônico integrado às redes sociais. É assim que o Grupo Boticário segue realizando cada vez mais.

Empresas do Grupo Boticário

www.grupoboticario.com.br

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Estante

Por Carlos Franco, Editor de Plurale em Revista

SAGA BRASILEIRA, A LONGA LUTA DE UM POVO POR SUA MOEDA

Miriam Leitão, Grupo Editorial Record/ Editora Record, 476 págs, R$ 49,90 Da hiperinflação ao Plano Real, passando pelos congelamentos, planos que não duraram um verão, o confisco do governo Collor, Miriam Leitão mostra, em Saga brasileira, a longa luta de um povo por sua moeda, como os brasileiros sofreram e resistiram até a estabilização da economia. Neste livro fundamental sobre a história econômica recente do país, Miriam lança mão de sua vasta experiência jornalística aliada a uma sensibilidade ímpar para traçar um painel único da relação do brasileiro com sua moeda. Com histórias humanas e análise econômica, este livro revela como os esforços sucessivos pela estabilidade ajudaram a construir, nas últimas décadas, o perfil da sociedade brasileira como conhecemos. Saga brasileira, a longa luta de um povo por sua moeda acaba de sair da gráfica da Editora Record.

GABRIEL E A FRALDINHA

de Ivna Chedier Maluly, Escrita Fina Edições, 15 págs, R$ 19,00 “Gabriel e a Fraldinha” é o primeiro livro de uma série para bebês que Ivna está escrevendo. A obra também foi baseada na experiência de Ivna com seu filho Elias. Ele tinha um ano quando começou a surpreender sua mãe em não querer colocar a fralda e sim correr pela casa peladinho. As ilustrações dos dois livros são de Camila Carrossine, uma jovem e criativa artista de São Paulo, que faz pinturas, fotografias, ilustrações e animações. Ivna nasceu em Petrópolis (RJ). Trabalhou como repórter para os jornais Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil. Em 202, mudou-se para a França foi correspondente internacional do O Globo e revista Época. Atualmente, vive em Bruxelas com o marido Christophe e Elias, onde dá aulas de português para estrangeiros e colabora com várias publicações, como Plurale em revista.

12 PLURALE EM REVISTA

| Maio/Junho 2011

CONVERSAS COM LÍDERES SUSTENTÁVEIS

Ricardo Voltolini, Editora SENAC São Paulo, 252 págs, R$ 50,00 Quem são os líderes da sustentabilidade, como agem e pensam, em que valores acreditam? Foi justamente tentando responder a essas perguntas que o jornalista e consultor Ricardo Voltolini escreveu o livro Conversas com Líderes Sustentáveis, que acaba de ser lançado pela editora Senac-SP. Além de fazer um apanhado teórico da discussão da liderança, contextualizando-a a partir dos desafios atuais da sustentabilidade e com base em ideias de pensadores como Peter Drucker, Charles Handy, Peter Senge, John Naisbitt e Waine Visser, Voltolini entrevistou 10 presidentes de empresas já consagrados no tema. Foram retratados no livro Fábio Barbosa (Santander), Guilherme Leal (Natura), Luiz Ernesto Gemignani (Promon), Franklin Feder (Alcoa), José Luciano Penido (Fibria), Kees Kruythoff (Unilever), Paulo Nigro (Tetra Pak), Miguel Krigsner (O Boticário), Héctor Núñes (ex-Walmart) e José Luiz Alquéres (ex-Ligth).

BICHOS, PLANTAS E SEUS PARENTES: CRÔNICAS AMBIENTAIS Luiz Eduardo Cheida, Editora Aymará, 160 págs, R$ 34,00

O livro “Bichos, plantas e seus parentes: crônicas ambientais”, do Luiz Eduardo Cheida, foi selecionado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) para fazer parte do catálogo oficial da Feira de Bolonha de 2011. Lançado em 2010 pela Aymará Edições e Tecnologia, o livro será a única obra paranaense presente neste que é o principal evento internacional dedicado à literatura infanto-juvenil. O livro tem prefácio da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, e traz uma abordagem diferente em relação aos desafios ambientais atuais enfrentados em todo o mundo. A obra é um conjunto de crônicas que, dando voz a animais e plantas, debate o impacto das ações do homem sobre o equilíbrio ambiental e faz com que o leitor reflita sobre o tema de cada um deles.


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CONEXÕES

PLURALE

Responsabilidade social no Brasil: Tecendo os fios desatando os nós PATRICIA ALMEIDA ASHLEY bRasil, 1999: tecendo Fios. Em tempo de buscas por conhecimento científico em ‘organizações responsáveis’, me deparei com o termo “business social responsibility”, traduzido para o Brasil como responsabilidade social empresarial ou responsabilidade social corporativa. Na época, em buscas no Yahoo e no Altavista sobre o tema no Brasil, dois sites apareciam: o do IBASE, em torno do tema do Balanço Social; e o do Instituto Ethos, em torno dos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social. A pesquisa durante o Doutorado no IAG, PUC-Rio, contribuiu para conhecer e divulgar que havia diversas perspectivas e entendimentos, tanto no Brasil como no exterior, sobre o que significava e como se exercia a responsabilidade social empresarial. A pesquisa gerou um mapeamento de perspectivas brasileiras e estrangeiras em um meta-modelo para a responsabilidade social empresarial, publicado no Brasil e, mais recentemente, no exterior. Em síntese, os resultados mostraram que há entendimentos de que a responsabilidade social empresarial é uma ação pós-lucro, não inserida nos processos de negócio, bem similar ao que se propagava no Brasil nos fins do século XX. Alternativamente, há as perspectivas pré-lucro em que se concebe a responsabilidade social nos processos de negócio, requerendo novas competências, modelos e tecnologias ambientais, sociais e econômicas

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para a inovação empresarial. Em ambas as vertentes pós-lucro e prélucro da responsabilidade social empresarial, variando conforme o contexto legal, econômico, ambiental, social e cultural, dependendo do tipo e porte do empreendimento, podemos contemplar três níveis de desafios éticos nas relações empresa-sociedade. O primeiro nível de desafio ético é o cumprimento da lei, incluindo as de abrangência local, nacional e internacional, como são os acordos internacionais em órgãos multilaterais. O segundo

O Brasil não tem limites, somos invasivos, somos intrometidos, somos curiosos e não suficientemente ‘limitados’ a formatos préestabelecidos, inovando e articulando ideias com pessoas de vários segmentos nível de desafio ético é ir além da lei no contexto temporal e espacial em que a empresa está operando, produzindo e comercializando, já atendendo a novas expectativas sociais nesse contexto e avançando políticas e práticas em relação ao

que a lei determina. O terceiro nível de desafio ético é atuar de forma coerente com a aspiração a ideais éticos, que nem o contexto de operação, produção e comercialização da empresa demanda ainda, muito menos é exigido em lei, mas emerge da consciência diferenciada de líderes que possam influenciar decisões na empresa. bRasil, 2011: tecendo Fios. Um novo retrato sobre responsabilidade social. Encontra-se, neste país, uma impressionante quantidade de prêmios, certificados, cartas de princípios, códigos de ética, marcas e selos de responsabilidade social, relatórios de sustentabilidade, índices de ações de empresas selecionadas pela política de responsabilidade social, uma lista enorme de sites e links, de artigos, reportagens, eventos, cursos, livros, vídeos. bRasil a paRtiR da Holanda, 2009, 2010 e 2011: tecendo Fios. A partir de lá, como representante da América Latina em pesquisas sobre responsabilidade social empresarial, me deparo com perguntas sobre: Como é que o Brasil conseguiu tantos casos de repercussão em políticas e práticas de responsabilidade social empresarial, a exemplo da premiação de relató-


rios de sustentabilidade promovida pela Global Reporting Initiative e pela grande números de candidatos brasileiros a esta premiação? Respondo ao renomado especialista, ex-presidente de empresa na área de finanças e com grande influência internacional: “o Brasil não tem limites, somos invasivos, somos intrometidos, somos curiosos e não suficientemente ‘limitados’ a formatos pré-estabelecidos, inovando e articulando ideias com pessoas de vários segmentos (governo, políticos, membros do judiciário, empresários, consultores, educadores, agentes da sociedade civil, donas de casa, jornalistas...). É essa a minha visão”. bRasil, daQui e agoRa em diante: desatando nÓs. O que nos falta caminhar nesse terreno do discurso e da prática da responsabilidade social, no contexto brasileiro? Respondo que é lidar com a inconsistência, a incoerência e a incongruência de responsabilidades sociais entre acionistas, diretores, empregados, especialistas consultores, fornecedores, compradores, financiadores, isso no âmbito das empresas. E mais, com a inconsistência, a incoerência e a incongruência de responsabilidades sociais entre Poder Público Executivo, Judiciário e Legislativo (federal, estadual e municipal), instituições de educação, famílias e detentores de capital e agentes financeiros. Os resultados das pesquisas que venho me envolvendo desde 1999 mostram que as perspectivas e práticas de responsabilidade social empresarial podem ser compreendidas como relacionadas com as culturas e os contextos institucionais em que as empresas estão situadas. Neste sentido, cultura se forma e se transforma com o desenvolvimento da cidadania em todas as esferas sociais (política, econômica, doméstica, comunitá-

ria, governamental, entre outras), sendo que a educação para a responsabilidade social coletiva é inerente ao desenvolvimento de uma cultura cidadã. A Lei é uma expressão do grau de desenvolvimento de uma sociedade, pois não aceitamos mais aquilo que foi lei no passado (escravidão, por exemplo) e que não é mais coerente com o presente e com o futuro que queremos. Entretanto, a memória cultural desse tempo ditatorial, escravagista está efetivamente fora de nosso tempo atual nas práticas domésticas, nas

São inelegíveis: os inalistáveis e os analfabetos”. Hummm.... quer dizer que não precisa estudar para ser elegível...!!! práticas empresarias, nas práticas e modelos de políticas públicas, nas compras, investimentos e financiamentos públicos e privados? Como mudar uma cultura em que a informação e cultura divulgadas nos grandes meios de comunicação reproduzem lógicas de dominação, violência, exclusão social, sejam em novelas, reportagens, seriados e propagandas? E os lançamentos de novos produtos e linhas de produtos, insistentemente efêmeros, de curta durabilidade ou fruto de modismos, mesmo que já anacrônicos em meio a uma mobilização social pelo ambientalismo, pela qualida-

de social e pela viabilidade econômica em padrões ecológicos? Será que não temos leis ultrapassadas para construirmos uma sociedade sustentável, seja no nível local, regional, nacional ou internacional? Será que não temos uma cultura em nossos tempos que não se mostra coerente com os discursos e exemplos de políticas e práticas orientados para a responsabilidade social? Como um Conselho de Administração deve incorporar de forma integral uma ética da responsabilidade social em seu processo decisório? Como agir assim diante de investidores, financiadores, diretores, compradores, fornecedores e de governantes que não pensam, não valorizam e nem planejam agir dessa forma? Como criarmos um ambiente empresarial e institucional coerente com organizações socialmente responsáveis? Para exemplificar incoerências do contexto institucional e cultura brasileiros, começo lendo o art. 14 da Constituição Federal, Capítulo IV – Dos Direitos Políticos, no Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais, em especial o parágrafo 4°: “São inelegíveis: os inalistáveis e os analfabetos”. Hummm.... quer dizer que não precisa estudar para ser elegível...!!! Então vamos conhecer os que são elegíveis na Carta Magna, como nos determina o § 3º do mesmo Art. 14 e que aponta uma ênfase: na diferenciação da faixa etária para determinados cargos; ter nacionalidade brasileira; ter pleno exercício dos direitos políticos; ter domicílio eleitoral na circunscrição; ter realizado o alistamento eleitoral; além da necessária filiação partidária. Ou seja, de fato, há uma incoerência, por um lado, nos critérios para elegibilidade e, por outro lado, em uma enorme e longa caminhada das políticas públicas e empresariais brasileiras no sentido da escolarização da população, seja para fazer concursos públicos, para trabalhar nas empresas, para ser

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CONEXÕES empreendedor. Entretanto, sinto muito, não precisa estudar para ser eleito membro do Poder Legislativo ou Chefe do Poder Executivo nos 5.565 municípios, nos 27 estados e na União. É esta incoerência que pessoalmente encontrei como professora, pesquisadora e extensionista, em várias ocasiões em que testemunhei o despreparo dos eleitos para vereador e para prefeito, não conseguindo nem compreender ou menos ainda, dar valor, aos cursos de capacitação da universidade para agentes públicos e da sociedade civil em torno de planejamento governamental, políticas urbanas, orçamento público e outros tópicos. A boa e interessada audiência dos cursos girava em torno de alguns membros de conselhos municipais, quase sempre os mesmos ativistas de sempre, em sua minoria, ou de lideranças de organizações da sociedade civil. Nos bastidores que conheci em reuniões com secretários municipais, vereadores e prefeitos, sempre a mesma história: alguns consultores, com reserva de mercado por vínculos pessoais e de longa data, prestando serviços que o serviço público deveria ter competência e quadro qualificado de agentes públicos para prestar; e, de outro lado, os bloqueadores e sabotadores da atuação e difusão de conhecimento público e gratuito oferecido pelas universidades federais a partir de professores e estudantes cidadãos e estudiosos nos avanços do tema de extensão e de pesquisa. Passamos para exemplos de grandes empreendimentos públicos, em que empreiteiras e consultores entram no ‘mercado de negócios’ e em nenhum momento são deles exigidos requisitos de padrões de qualidade nas condições de trabalho, ética e transparência na gestão das empresas que atuam nos empreendimentos públicos, algo que é tão ensinado

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PLURALE

e propagado por universidades, pelo SEBRAE, pelo SESI, entre outras instituições de conhecimento. Ou seja, o governo, pelo orçamento público, é efetivamente um poderoso promotor de modelos e práticas empresariais, seja em um sentido ou em outro sentido. Qual é o sentido que se propõe para os contratados e financiados com recursos públicos quanto à responsabilidade social nos processos de negócios, nas políticas de compensação ambiental, social

os bastidores desses projetos de lei, mesmo algumas associações empresariais e ONGs que se classificam publicamente como promotoras da responsabilidade social, fazem lobby para que não haja avanços no marco legal pró-responsabilidade social e sustentabilidade brasileira. Fica a questão: quem perde e quem ganha em não termos avanços no campo institucional e marco legal brasileiro que o torne mais coerente e consistente com modelos de desenvolvimento sustentável? Será

e econômica no território que estejam atuando? Se considerarmos as condições de transparência e diálogo com os diversos atores que participam de um empreendimento, não vemos também exigência de modelos de governança e relatórios de transparência empresarial ou de sustentabilidade pelo Poder Público e nem mesmo pelas próprias empresas contratantes ou pelos agentes financiadores do projeto. Há diversos projetos de lei na Câmara Federal que contribuem nesse sentido de uma responsabilidade social multi-atores, ou seja, em empresas, governo e na sociedade civil, mas todos emperrados em determinadas comissões parlamentares, em especial as que lidam com interesses ‘econômicos’. Quando olhamos

porque estaríamos criando um empoderamento de competências institucionais e sociais nacionais que excluiria a necessidade de importarmos modelos e ferramentas de gestão, de consultoria e de dependência intelectual, caríssimos e acessíveis somente a uma elite econômica de famílias e empresários? Será que não temos aqui no Brasil conhecimento suficiente para desenvolvermos um pacto social visando uma reforma institucional pró-responsabilidade social no marco legal brasileiro e nas políticas públicas, com possa repercutir positivamente nos processos decisórios públicos e privados sobre investimentos, empreendimentos, tributação, construção civil e comércio?


Passamos para o contexto do mercado da moda, um segmento tão propagado como um indutor de cultura ou de reprodutor de tendências e ainda vemos membros de conselhos de administração ou de diretores de empresas aprovarem contratos de publicidade e linhas de produto com riscos ambientais e sociais. Como se dá a qualificação dos que estão imbuídos de poder de decisão nos investimentos e nas políticas e práticas de gestão? Que escolas de nível superior, no Brasil e no exterior, são essas em que se formam os Administradores, Engenheiros, MBAs e Especialistas e que não incluem a sustentabilidade, a ética da responsabilidade social de forma transversal no currículo e nos objeti-

Precisamos enviar para instituições de educação no exterior para formarmos os nossos decisores de Conselhos de Administração e Diretores de Empresas no Brasil? vos de formação (não apenas em uma disciplina isolada preferencialmente optativa ou eletiva)? Precisamos enviar para instituições de educação no exterior para formarmos os nossos decisores de Conselhos de Administração e Diretores de Empresas no Brasil? Que livros estão lendo, que modelos de negócio estão aprendendo ou reproduzindo? Que contexto institucional estão situados os casos (cases) que es-

tudam em suas escolas made in fora do Brasil? O que as Diretrizes Curriculares no Brasil, para a educação básica, profissional e superior, estão propondo para a formação cidadã? O que os exames nacionais e de seleção avaliam em termos de capacidade de interpretação, reflexão e posicionamento crítico para um profissional cidadão? Passamos agora para as políticas tributárias do governo federal, estadual e municipal, que indicam e influenciam as decisões das famílias, dos empreendedores, dos proprietários, dos agentes financeiros, dos profissionais, de todos. São também instrumentos que carregam uma mensagem, uma pedagogia econômica e cultural para ir seja em um ou em outros caminhos, influenciando as decisões que tomamos e os limites que temos no exercício de contribuintes cidadãos ou não. Vejamos o tamanho da base tributária, a incoerência, a desigualdade na tributação, a aposta no ônus tributário sobre o trabalho, o fluxo dos produtos e rendas da economia, ao invés de tributar o estoque, a retenção, a apropriação, a desigualdade, o patrimônio, a acumulação. Não se diferencia, no atual marco legal tributário, o grau de cuidado social, ambiental e econômico do contribuinte, nem se premia com descontos no imposto de renda os que investem em educação e livros para os seus filhos, em comparação com os que temem a doença (sem limites para despesas com planos de saúde) como condição sine qua non de sua existência cotidiana. Tudo acima, combinado, entre outros possíveis exemplos das reformas brasileiras que precisamos refletir e nos pactuar socialmente, nos ensina que ainda temos, no contexto brasileiro, uma desvalorização social, econômica e política da Educação (com letra maiúscula). Como recomendação, todos os pontos acima levantados caminham em uma direção: educação para a liberdade com alteridade e responsabilidade social, para o sentido coletivo, para o território em que vivemos, o qual não é só meu, só seu, só nosso, mas de todos que o fizeram, viveram, vivem e viverão, seja no rural ou no urbano.

As instituições de educação infantil, básica e superior, além das profissionalizantes, são concebidas na Carta Magna do Brasil diante de seus fins de interesse público. Apelo para que a reforma tributária, reforma política e novos rumos nas políticas públicas incluam esta reflexão, pois a Educação beneficia não apenas o indivíduo, mas a sociedade, a natureza, a política, a coletividade, o ambiente. Contem com meu desejo, minhas possibilidades, meu dever, minha crença e minha ação cidadã, como também de tantos brasileiros e brasileiras, em especial dos que educam em família, na comunidade, nas escolas, nas empresas, na sociedade civil e no governo.

Patricia Almeida Ashley Brasileira, mãe, professora, contribuinte e eleitora. Holanda: Prince Claus em Desenvolvimento e Eqüidade 2009/2011 International Institute of Social Studies of Erasmus University Rotterdam www.iss.nl – A Haia - Holanda Brasil: Professora Adjunta do Departamento de Análise Geoambiental do Instituto de Geociências/ Universidade Federal Fluminense/ www.uff.br Niterói / Rio de Janeiro – Brasil Email: patriciaalmeidaashley@ gmail.com

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Artigo

Regina Migliori

Sustentabilidade:

utopia à estratégia do negócio

H

á poucas décadas, os conceitos que embasam a noção de sustentabilidade eram “coisa de doido”, uma utopia fora da realidade. Depois passou a ser universo dos “alternativos”. Há pouco tempo transformou-se em tendência nas empresas, e hoje é cenário de negócios. Em uma perspectiva histórica, deixamos para traz o tempo da filantropia, cujo foco eram os problemas, uma forma da empresa usar parte de seus recursos

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para ajudar aqueles que precisavam de auxílio. Passamos pela época da responsabilidade corporativa, com foco em projetos de caráter socioambiental, constituindo mais uma pauta entre as outras tantas do contexto empresarial, muitas vezes tratada de forma desvinculada do negócio, ou como oportunidade para melhorar a sua imagem. Tem gente que estacionou por aí. Porém, sustentabilidade não é sinônimo de preservação ambiental, e está deixando de ser compre-


endida somente como pauta de alguns projetos. Começa a ser abordada como estratégia de negócio. Uma transformação muito rápida. Tão rápida que muitos aspectos ainda estão nebulosos. Seja por convicção ou por conveniência, hoje em dia ninguém defende um processo poluidor, ou uma iniciativa que não promova equanimidade entre diferentes stakeholders. É também impensável acolher o sucesso desvinculado de valores éticos, ou propor ações que maculem a reputação do negócio. Torna-se cada vez mais comum a noção de que “ninguém vai bem em um mundo que vai mal”. Pouco a pouco este discurso se torna universal, e desvela inúmeras dificuldades práticas. Um dos maiores desafios da atualidade consiste em formular estratégias de fato sustentáveis. Consequentemente, é também desafiador dispor de mecanismos para colocá-las em prática. Há inúmeros modelos de indicadores proliferando no contexto empresarial, mas na sua grande maioria, sugerem o que deve ser monitorado, e pouco esclarecem sobre as possíveis formas de obter dos resultados esperados. Mesmo assim, quase todo mundo sai criando métricas, publicando relatórios, muitas vezes com informações pouco significativas para demonstrar a aderência do negócio a uma estratégia de sustentabilidade. Em primeiro lugar, é preciso definir o que é sustentabilidade na empresa. Não há uma definição genérica, que sirva para todos. Trata-se de uma etapa de reflexão interna, que pode resultar em revisão da natureza do negócio, de sua missão, seus valores, propondo as adequações que as exigências da atualidade impõem. Para não correr o risco de reduzir a estratégia a um discurso bem intencionado, esta noção de sustentabilidade precisa ser institucionalizada, traduzida em políticas, normas, processos, procedimentos, e atributos mensuráveis. Seja qual for o estilo de gestão, é preciso deixar claro que é “prá valer”. Porém não basta definir como devem ocorrer as ações. Elas de fato precisam acontecer. Esta execução requer o alinhamento em torno de três vetores: instrumental (o que fazer?), relacional (como inserir a ação em determinado contexto?) e filosófico (por que e para que realizar essas ações?). Foi-se o tempo em que era suficiente fazer bem feito, ter qualidade de produto e processos. Além destas competências de caráter instrumental, é preciso manter altos níveis de excelência relacional, saber inserir as ações do negócio em seus diferentes cenários de atuação. Mais ainda, sob o ponto de vista filosófico, a ação empresarial não pode ser desprovida de propósito, isso exige clareza a respeito de “por que” e “para que” as ações são executadas. É quando a estratégia se transforma em uma “causa”, algo que move as pessoas e o negócio.

Mas como diz a voz do povo, de boa intenção o inferno está cheio. Às vezes a gente faz tudo direitinho, e os resultados ficam aquém das expectativas. Sem falar das vezes em que pode até parecer que deu certo, mas só para alguns ou só em alguns poucos aspectos. Portanto, não basta definir a noção de sustentabilidade, institucionalizá-la, e manter o alinhamento da execução. É altamente relevante identificar os impactos resultantes do negócio. No mínimo, sob a ótica econômica, ambiental e social. Lembrando que a noção de impacto envolve as dinâmicas internas e externas à empresa, sob a ótica tangível e intangível. Complicou? Não se assuste, tem jeito. Sustentabilidade como estratégia exige um modelo de gestão sistêmico, orgânico, em que seja possível lidar com três eixos de ações simultâneas: a) Operação do negócio em todos os seus aspectos de execução: desde insumos, opções tecnológicas, até as entregas finais e seus desdobramentos. b) Cultura e desenvolvimento humano: com foco em mudança de mind set, reformulação de competências, processos de formação, avaliação e reconhecimento. c) Comunicação e relacionamento com stakeholders: visando coerência e consistência das mensagens, processos de branding, e manutenção de relações e diálogos relevantes. Além disso, como o desafio é geral, e ninguém tem um manual com instruções universalmente validadas, é fundamental instalar um modelo de governança da sustentabilidade, com uma arquitetura de indicadores adequada ao negócio, identificar responsabilidades, e viabilizar um permanente processo de aperfeiçoamento, aprendizagem e evolução, envolvendo todos os stakeholders relevantes. Se um dia sustentabilidade foi coisa de doido, hoje é doido quem não está se ocupando disso. Não se trata de moda passageira. Como o nome diz, trata-se de encontrar estratégias de sustentação. Mas sustentar o que? A vida, ora bolas. A minha, a sua e de quem mais vier.

Regina Migliori dedica-se a desenvolver o potencial ético e sustentável das pessoas, organizações e comunidades. Vem implantando modelos de governança da sustentabilidade em empresas, governos e instituições do terceiro setor. É Consultora em Cultura de Paz da Unesco; Professora da Fundação Getúlio Vargas; há mais de 20 anos vem aplicando sua metodologia para o desenvolvimento de uma inteligência sustentável; é autora de livros, programas de e-learning, e articulista em diversos meios de comunicação. www.migliori.com.br e twitter:@reginamigliori

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Amazônia

Sintonia com a natureza nas alturas Escalada vertical rumo ao topo das árvores da Floresta Amazônica é lazer para turistas Texto: Marina Guedes, Especial para Plurale em Revista, Manaus AM Fotos: Leonide Principe

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aminhar pela floresta é um dos passeios mais tradicionais para quem visita a Amazônia e se hospeda em um hotel de selva. É ali que a pessoa se depara e surpreende com imponentes espécies locais da fauna e flora. O que poucos conhecem, entretanto, é a possibilidade de ir além e escalar o topo de uma alta árvore samaúma. A prática hoje é possível com a empresa Tropical Tree Climbing (TTC, Escalada em árvores tropicais). Criada pelo casal Leonide Principe e Vanessa Mariño em 2007, a TTC está instalada no Hotel de Selva Ariaú Towers, nas proximidades de Manaus, Amazonas. O site, como conta Vanessa, ainda é a principal ferramenta para divulgação desta modalidade que tem como

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Fotos: Leonide Principe

seus 78 anos, ele sentiu na pele a emoção. “É um projeto que está sendo desenvolvido pelo Leo. Uma ideia dele, que tem como objetivo chamar as pessoas para viver uma emoção incrível. Você está a 30, 40 metros em cima de uma árvore, dentro da Floresta Amazônica, e tem a oportunidade de observar os animais e os pássaros no seu habitat natural. Inesquecível”, resume ele. Nas duas ocasiões em que subi, optei pelo esforço físico. Outras pessoas, no entanto, o fizeram da mesma forma que Bernardino. Em todos os casos, a alegria e bem estar pósatividade foram o denominador comum. “Teve gente que, ao subir, começou a declamar poesias. Outros cantaram. A escalada desperta uma reação incrível nas pessoas”, descreve Leonide

TREEBOAT: rede especial, com mosqueteiro embutido e cobertura para chuva

pano de fundo a interação diferenciada com a natureza. “Muitos estrangeiros de perfis variados nos procuram dos mais diversos locais, como Estados Unidos, Japão, Europa e também do Brasil, bastante de São Paulo e Rio de Janeiro”, destaca ela. Conheci o casal há quase um ano, quando me hospedei no Ariaú durante um feriado. Desde então, fiz duas escaladas e confesso que vontade não me falta para subir novamente. Quem sabe até dormir numa rede especial (chamada treeboat), com mosqueteiro embutido e cobertura para chuva. Isso mesmo, uma rede em que a pessoa continua clipada com o equipamento de escalada e desfruta seu pernoite nas alturas, em total segurança e conforto. Está difícil imaginar esta façanha? A foto nesta matéria, com certeza, vai ajudar a esclarecer. Na escalada em árvore (não confundir com arvorismo, que envolve o deslocamento horizontal pelas o começo árvores), a TTC possibilita diferentes modalidades de subida. O participante pode optar em fazer esforço, Radicado na Amazônia há mais de 20 anos, o pé ante pé com auxílio de cordas, sentado em uma franco-italiano Leonide Principe teve acesso à escalada em árvore cadeirinha, ou suspenso por meio de uma máquina, em função de sua profissão de fotógrafo. Na época, ao ser conquase como um guincho. Neste caso (denominado vidado a produzir um livro sobre Orquídeas e Bromélias na copa escalada em árvore assistida), não há necessidade das árvores, pelo Governo do Estado do Amazonas, percebeu que de esforço algum, porque o sistema de polias nas seria fundamental escalar para obter as melhores imagens. “Não cordas reduz consideravelmente o peso de quem falei nada, mas ficou essa questão dentro de mim: terei que aprenestá subindo. der. Comecei logo a ver como se fazia a escalada e onde encontrava Foi este aparato que permitiu, por exemplo, a material para o trabalho”, recorda. subida do proprietário do Hotel Ariaú, Francisco “Desde que conheço o Leo, ele sempre me falou sobre essa vontaRitta Bernardino, há poucas semanas. Do alto de de de criar um lugar onde as pessoas pudessem aprender técnicas de

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Amazônia Foto: Marina Guszmán

escalada para os diversos objetivos e interesses: fotografia, pesquisa, contemplação ou para a pura recreação. Decidi entrar em contato com a empresa norte-americana TCI para saber quem poderia nos dar o curso profissionalizante. Encaminharam-me ao Tim Kovar, especialista que viaja pelo mundo todo formando escaladores”, detalha Vanessa. A parceria com a TCI (Tree Climbers International) e seu fundador, Peter Jenkins, que atua no ramo há quase 30 anos; e também com a TCNW (Tree Climbing Northwest) selou o início da empreitada. “Fundamos a TTC, montamos um grupo para realizar os primeiros cursos com a TIM, em Presidente Figueiredo, fizemos o curso básico, avançado e de formação de guias. Atualmente, estamos no programa para facilitadores de escalada em árvores. A ideia é trazer este certificado para o Brasil e poder implantar os cursos da TCI para simpatizantes e ou empresários brasileiros da área do ecoturismo e turismo de aventura com preços acessíveis ao mercado”, complementa Vanessa. Resgate de emoções O conceito que move os idealizadores da TTC, Leo e Vanessa, gira em torno da sintonia com o meio ambiente. Ou, como define Leo, a possibilidade de perceber a árvore como um ser vivo e a importância em valorizar o momento, sem pressa, redescobrindo sensações esquecidas por nós mesmos. “A gente pode teorizar, mas o prático mesmo é isso, o brilho dos olhos e a euforia, o entusiasmo das pessoas que participam”.

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“Todo mundo, quando criança, deve ter escalado uma árvore, uma mangueira, jaqueira. Há muitas lembranças sobre isso em cada um de nós. O ato de escalar uma árvore, já adulto, serve para reativar esta memória e as lembranças. É neste momento que podemos perceber a árvore em que estamos como um ser vivo. Estudamos Biologia na escola, mas, de repente, estar lá em cima, vendo, sentindo, vivenciando, resulta numa experiência direta com a natureza”, afirma Leo. O que mais apreciamos, continua Leo, “é essa reaproximação com a natureza. Nosso momento histórico, social, econômico, político pede que as pessoas redescubram que a natureza é viva, que existe, está aqui. Não se trata apenas de um estoque de carbono, de um bem econômico, vai além. O que desejamos é conseguir passar esta mensagem, além das experiências sensoriais, que são particulares. Faz parte de nosso trabalho o empenho ambientalista, de preservação da natureza”, finaliza. Variedade em pacotes Além das escaladas de 1 dia no Hotel Ariaú Towers, a TTC faz tours que incluem escaladas em árvores de diversas espécies, como Castanheiras, Angelim, Samaúmas de até 50 metros pela Floresta Amazônica. Alguns pacotes são com hospedagem no Hotel Ariaú Towers, local onde a TTC tem parceria, e utilizam a estrutura do empreendimento para a realização das atividades. A Tropical Tree Climbing também realiza expedições com acomodação em barco confortável, destinado a três tipos de públicos: amantes da natureza, famílias e escaladores profissionais. Este último chama a atenção de muitos escaladores do


aRiaÚ toWeRs, décadas de Va pioneiRismo em Hotéis de sel Outro projeto do casal Leo e Vanessa é o livro pode sobre o Hotel de Selva Ariaú Towers, que . o.com ardin bern .ritta ser adquirido pelo site www de dor Gera ers Intitulado Ariaú Amazon Tow eEmoções, Sugestivo, Direcionado e Comprom de te resga o é onal tido com o Sentimento Regi nto décadas de pioneirismo do empreendime do texto e ide Leon amazônico. Com fotos de ser vai rial mate o o, proprietário, Ritta Bernardin O lilançado na capital do Amazonas em breve. ncia evide e as, idiom vro foi produzido em nove cons todo , local do não somente a arquitetura nto lvime envo o o com truído na copa das árvores, cacom as comunidades locais e a realidade do boclo amazonense. “O Ariaú chama as autoridades, os estadistas, ecer as pessoas de um modo geral, para vir conh m torna se i, daqu o a Floresta Amazônica. Saind anihum da resto o defensoras naturais perante coisa dade. Uma coisa é você defender alguma uma fazer é coisa que você já viu, sentiu, e outra nunviu, a nunc você defesa de alguma coisa que sta ca viveu. O Ariaú permite que você viva a Flore li“O lui: conc E o. Amazônica”, declara Bernardin a”. orest fl da tas vro contém as fotos mais boni

Atividade segura em fam ília: A escalada está praticamen te enraizada na família de Leo e Vane ssa, que tem três filhos. Os pequen os Kinan (9 anos) e Kena (4 anos) são os primeiros a pedir para subir. A familiaridade entre eles impressiona e encanta. Os cuidados com a seguranç a dos filhos, assim como aos turistas, é regra básica e fundamental entre tod os os que decidem desfrutar da exp eriência.

Foto: Marina Guzman

an, mundo inteiro, principalmente de Japão, Taiw ibiliposs a Outr ça. Fran e Itália Estados Unidos, cífica dade de pacote inclui dormir na rede espe de ce chan a ter e e árvor da copa (treeboat) na ros. pássa dos canto acordar com o a Hoje, a Tropical Tree Climbing é a únic treiente cialm ofi guias com leira empresa brasi a nados pela TCI - organização mundial que trein e a ranç segu de os rígid colos pessoas com proto de ensina as técnicas necessárias para a realização e vel onsá resp eira man de es árvor escaladas em lhan traba estão TTC da rios rietá segura. Os prop icas técn as norm das ão antaç impl do, também, na o no do programa Aventura Segura, assim com este r, entra para a ranç Segu de ão Sistema de Gest . cação fi certi para da roda ano, na próxima iTodo o cronograma de atividades da Trop site no el onív disp está TTC bing cal Tree Clim exwww.tropicaltreeclimbing.com. A próxima para ista prev está o regiã da rios s pedição pelo o mês de agosto.

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Meio Ambiente

A revitalização do Maciço de Baturité Prefeitos e sociedade civil se unem em defesa do saneamento da bela região do Ceará, que guarda o principal manancial de abastecimento hídrico de Fortaleza Texto e Fotos: Flamínio Araripe, Especial para Plurale em Revista d ­ e Fortaleza (CE)

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região do Maciço de Baturité, no Ceará, parte do Complexo Florestal da Mata Atlântica, tem a maioria dos 13 municípios sem saneamento ambiental urbano. Os dejetos em esgoto aberto são lançados no Rio Aracoiaba, afluente do Rio Choró, que deságua no açude Pacajus, o principal manancial de abastecimento hídrico de Fortaleza. No platô acima de 600 metros de altitude, a região, a 90 Km de Fortaleza, sedia unidade de conservação estadual, a maior e mais antiga Área de Proteção Ambiental (APA) com 32.690 hectares. Com temperatura amena, a serra possui cobertura vegetal complexa, refúgio ecológico da uma diversificada fauna e flora. Fazem parte da APA os municípios de Baturité, Pacoti, Guaramiranga, Mulungu, Redenção, Palmácia, Aratuba e Capistrano. Prefeitos de sete dos municípios do Maciço de Baturité, - Guaramiranga, Aratuba, Mulungu, Baturité, Aracoiaba, Re-

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denção e Capistrano – por onde passa o Rio Aracoiaba, articulam um Projeto de Revitalização do curso d’água, para ser executado com o saneamento ambiental das cidades. A ação deverá ser estendida a todos os 13 municípios da região, uma vez que alguns possuem afluentes do Rio Aracoiaba. O primeiro encontro aconteceu no início de maio. De acordo com a Superintendência de Meio Ambiente do Ceará (Semace), “a APA apresenta um dos mais importantes enclaves da mata úmida do Estado do Ceará. Representa um ambiente de exceção do bioma caatinga, sendo o principal centro dispersor de drenagem do setor norte ocidental do Estado. Três sistemas fluviais têm suas nascentes na área serrana. O mais importante é formado pelo Rio Pacoti. Na vertente oriental úmida, a superfície é drenada pelo subsistema do Rio Aracoiaba, integrante da bacia do Rio Choró”. A Associação do Maciço de Baturité, organização que congrega os prefeitos da região, reuniu no dia 6 de maio Marilene Campelo, de Aracoiaba; Claudio Saraiva, de Capistrano; Cláudio Mota Martins, de Palmácia, os deputados fe-


derais Ariosto Holanda (PSB) e João Ananias (PCdoB) e o reitor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Paulo Speller, para dar solução política aos problemas ambientais da região. Na ocasião, Márcia Soares Caldas, coordenadora do Núcleo de Gestão das Bacias Metropolitanas da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) apresentou o Projeto de Revitalização do Rio Aracoiaba, elaborado com Berthyer Peixoto Lima, gerente de Bacias Metropolitanas da Cogerh, também presente. “O foco da nossa luta é o saneamento”, disse a prefeita de Aracoiaba, Marilene Campelo. Em março, na 8ª Semana das Águas, liderada pelo Sindicato de Trabalhadores Rurais do município, um mutirão de limpeza do Rio Aracoiaba retirou em duas horas plástico e outros poluentes do manancial que encheram muitos sacos para reciclagem. Os movimentos sociais, segundo ela, reivindicaram uma intervenção de saneamento na região. “Precisamos do nosso meio ambiente sadio para melhorar os municípios do maciço do Baturité, que tem serras, turismo, hotéis e fazendas e estão muito próximos da Região Metropolitana de Fortaleza”, afirmou. Sustentáculo da Região Metropolitana de Fortaleza “Pensar no maciço Baturité é pensar na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF)”, assinala Berthyer Peixoto Lima. Os municípios da região não têm esgoto e lançam os dejetos no Rio Aracoiaba, afluente do Rio Choró que deságua no açude Pacajus, o pulmão da RMF, para o qual convergem os esgotos, alerta. Para ele, um projeto de saneamento para os 13 municípios do Maciço “é o grande sustentáculo de toda RMF”. O deputado Ariosto Holanda ponderou que, pela gravidade do problema ambiental na região, o projeto é para ser colocado na alçada da bancada federal do Ceará. Ele aconselhou os prefeitos dos 13 municípios a contatar os deputados mais votados de cada município para que recebam cópia do Projeto de Revitalização do Rio Aracoiaba, orçado em R$ 1.747.736, 00 e coloquem emenda da bancada para a ação, além de recursos para a elaboração do projeto de saneamento dos 13 municípios. Ariosto Holanda aconselhou colocar no Ministério da Educação os recursos da emenda ao orçamento da União carimbados para a Unilab. “Este é o caminho mais rápido”, propôs. O órgão federal dá execução ágil, sem a morosidade de pulverizar o valor nas 13 prefeituras, comparou. Caberia à Unilab congregar a Cogerh, Semace, Secretaria das Cidades e prefeituras para a execução do projeto de saneamento urbano e revitalização do rio.

A emenda de bancada financia projeto para investimento, não para custeio, explicou o deputado. Ele sugeriu aos prefeitos a criação da Região Metropolitana do Maciço de Baturité, que poderá receber emenda de bancada. No Ceará, existem duas Regiões Metropolitanas – de Fortaleza e do Cariri -, e o projeto do Vale do Jaguaribe. “O caminho para aprovação é a Assembleia Legislativa”, indicou. Reitor propõe levar Projeto ao Ministério do Meio Ambiente Paulo Speller, reitor da Unilab, informou que fez reunião com os prefeitos da região para conversar sobre saneamento. “Quando uma Universidade se instala, tem por obrigação trazer contribuição para a região. Este projeto nos afeta e traz um desafio”, disse ele, e mencionou a existência de um Plano de Desenvolvimento Regional do Maciço, de 2001. O projeto é da Secretaria das Cidades. O reitor recomendou atualizar o estudo com a Secretaria das Cidades, e governo do Estado, prefeituras e BNB que manifestara interesse de apoiar a realização. O reitor disse que fez contato com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, relacionado ao projeto de saneamento dos municípios do Maciço, e com a equipe técnica do ministério. Speller propôs o apoio da bancada para retomar o projeto e sugeriu levar os deputados e prefeitos a tratar do assunto em audiência com a ministra. Ele propôs realizar um projeto alternativo de tratamento do lixo urbano no campus e em Acarape e Redenção baseado no modelo de Barcelona com seletiva coleta automatizada, de menor custo. “O sistema de coleta do lixo é caríssimo e ineficiente. Tem que achar uma alternativa”, recomendou. Conforme Ariosto Holanda, “a Uninab vem para aglutinar, ser um ponto de convergência”. A Universidade começou a funcionar este ano com cursos de agronomia, engenharia de energia, administração, enfermagem e licenciatura de formação de professores em ciências da natureza e matemática. O deputado apontou o potencial do curso de tecnologia da informação, com a demanda de 150 mil profissionais no Brasil. O reitor assinalou que está prevista para o dia 25 de maio a aula inaugural da Unilab a ser dada pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Ariosto propôs para a data a assinatura do convênio entre a Unilab e dos prefeitos que integram o consórcio da Amab.

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Meio Ambiente Estudo indica ações para reverter os impactos negativos da ocupação do entorno da bacia Em Guaramiranga, na altitude de cerca de mil metros, ocorrem as principais nascentes do Rio Aracoiaba, que forma bacia hidrográfica de 591 Km² e abastece os municípios de Aracoiaba e Baturité. O Projeto de Revitalização do manancial faz a análise da bacia, constata o desmatamento das matas ciliares, manejo inadequado dos solos e recursos hídricos, causas de assoreamento e erosão, e aponta alternativas de intervenção técnica e ambiental. A marca da ação do homem na bacia levou ao desaparecimento de fontes perenes e sazonais, principalmente em Guaramiranga. “A aplicação das leis ambientais, que rezam para a preservação e manutenção das Áreas de Preservação Permanentes (APP) referentes aos corpos hídricos, são condições sine qua non para que o projeto de revitalização do Rio Aracoiaba seja realizado”, propõe o documento elaborado por Berthyer Peixoto Lima e Márcia Soares Caldas. O estudo tem como objetivo reverter os impactos negativos da ocupação na bacia hidrogáfica e entorno, promovida pela urbanização desordenada e poluição do reservatório pela agricultura mas principalmente pela precariedade

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do saneamento básico nos municípios da bacia de drenagem que lançam nos riachos esgoto bruto ou tratado de forma inadequada. São propostas ações de promoção da melhoria de qualidade da água por meio de práticas conservacionistas e de educação ambiental nos municípios da bacia. As medidas incluem a difusão de conhecimentos de agricultura orgânica compatíveis com o relevo, sistema de tratamento de esgotos ecológicos, com educação ambiental para a população mudar práticas de destinação final do lixo e reflorestamento. O estudo preconiza também o monitoramento da qualidade da água com coleta e análise físico-química e bacteriológica em diversos pontos ao longo da execução do projeto em conjunto com a sociedade, a ser realizado no laboratório de águas residuárias do campus Maracanaú do IFCE. O projeto propõe buscar modificar o hábito das comunidades do entorno de lançar resíduos sólidos no rio como se este fosse lixo. Outra preocupação do projeto é incentivar a substituição de agrotóxicos nas lavouras por agricultura orgânica, e o incentivo e implantação de fossas biodigestoras para redução do lançamento indiscriminado de fossas domésticas. O estudo recomenda o uso de fossas verdes e intercâmbio com os técnicos da Fundação Brasil Cidadão, que emprega plantas que agem como filtradoras e bactérias que decompõem resíduos. A Cogerh constatou o alargamento do leito do rio pelo assoreamento e formação de bancos de areia e esgoto a céu aberto despejados no manancial. É proposta a difusão e incentivo à coleta seletiva do lixo em parceria com prefeituras, com destinação de resíduos sólidos e ações de capacitação com minicursos e oficinas, formação de grupos de reciclagem para geração de renda complementar e usina de reciclagem.


Educação Ambiental

A festa da floresta Ambientalistas, artesãos e especialistas se encontram em São Paulo para celebrar a Mata Atlântica Texto e Fotos: Paulo Lima Especial para Plurale em revista, de São Paulo

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cenário é o Parque do Ibirapuera, numa fria manhã de sextafeira. Marfran Gomes Pechin manipula em silêncio um punhado de bagaço de cana. Ele é um dos participantes da edição do Viva a Mata 2011, evento em defesa da Mata Atlântica organizado pela Fundação SOS Mata Atlântica que acontece sempre no mês de maio. Como num amplo bazar, expositores dos quatro cantos do país divulgam seus projetos em estandes temáticos. Especialistas discutem os temas mais urgentes sobre sustentabilidade. E os visitantes, formados principalmente por ruidosos grupos de estudantes, completam a festa. Indiferente ao burburinho que vai tomando conta do ambiente, Marfran prossegue em sua atividade solitária. Mineiro, 45 anos, morando há 15 em São Paulo, ele aparenta bem mais idade. O material que tem em mãos será transformado em luminárias. A atividade faz parte de um projeto de reciclagem de bagaço de cana criado pela Pastoral do Povo da Rua, ligado à Arquidiocese de São Paulo. Quem teve a ideia foi a agente da pastoral Hedwig Knist, alemã que mora há 21 anos no Brasil. A proposta é de capacitar o moradores de rua, dando-lhes uma rotina diária de trabalho. “Não apenas um trabalho, mas a permanência nele”, explica Hedwig, num português quase sem sotaque.

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Educação Ambiental É difícil acreditar que aquelas luminárias com diferentes cores foram um dia bagaço de cana, de tão perfeitas. “Só não pode molhar, e dura anos”, diz Hedwig. “Se fosse papel machê, estragaria bem mais fácil”. Trabalhar os restos da cana é algo que está ao alcance da mão, porém, conforme nota Hedwig, as pessoas tomam o caldo e não têm ideia disso. Marfran está no projeto há três meses e tem sua visão da importância daquilo que está fazendo. Para ele, a retirada do bagaço evita aumentar a sujeira da rua. Além disso, “não junta mosca nem mosquito”. O trabalho da Pastoral reúne grupos de até 12 pessoas. Hedwig diz que já chegou a trabalhar com até 30 participantes, mas 20 parece ser o número ideal. Pelo trabalho diário, cada morador de rua recebe R$ 5 como incentivo financeiro. Os restos da cana percorrem quatro etapas até se transformarem em belas peças. Primeiro é preciso montar uma estrutura de tela de arame que irá moldar a luminária. Depois vem o preparo da cana: procurar o bagaço, retirar a fibra e cozinhar. Aí a fibra é batida em liquidificador com cola. Em seguida, tem-se o acabamento: a instalação da parte elétrica. E por fim ocorre a venda do produto e o controle do estoque. Tudo passa pela coordenação de Hedwig. Luminárias - As luminárias são vendidas em lojas sociais mantidas em parceria com outras instituições. Uma dessas lojas funciona na Secretaria de Assistência da Prefeitura de São Paulo. A renda obtida com as vendas é reinvestida no projeto, que irá completar 10 anos em agosto. É uma forma de transformar não apenas um tipo de material, mas vidas humanas. “Estou aprendiz, mas tenho que aprender mais alguma coisa”, diz Mafran. Percorrer os estandes do Viva a Mata é se deparar com uma surpresa atrás da outra. Numa sociedade em que tudo – absolutamente tudo! - é descartável, ideias simples nos ensinam que menos pode ser mais, que aquilo sem aparente utilidade pode se metamorfosear em algo absolutamente novo e com valor social. Reciclagem - Pense numa embalagem de molho, suco ou leite, feita para conservar alimentos. Você usa o conteúdo e joga a caixinha fora. Será mais uma entre milhares, milhões a poluir o ambiente, a aumentar a produção de lixo global. Mas alguém tem a ideia de retrabalhar esse material feito à base de tetra pak. Daí surge um projeto, uma atividade que contribui para desenvolver produtos sustentáveis. Eis o objetivo da empresa Studio Tetra, de São Paulo, cujo estande no Viva a Mata exibe alguns produtos elaborados a partir daquele material. Tatjana Lorenz é quem está à frente do estande naquela manhã.

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Durante quatro anos, ela morou numa comunidade de permacultura, buscando o ideal de uma arquitetura ecológica. “A experiência foi muito legal”, ela explica, “mas o trabalho precisava ser replicado nas grandes cidades”. Deixou então a comunidade e voltou para a cidade. O importante para Tatjana é “redesenhar o espaço urbano”, “cuidar das relações entre as pessoas”. Ela mostra algo que se assemelha a uma pequena maquete no chão, feita com restos de vegetação e terra. É o protótipo de um teto verde, algo a que pretende se dedicar. A fala de Tatjana é de natureza humanista, sensível, sintonizada com os dilemas da convivência urbana, em especial em metrópoles como São Paulo. “As pessoas nem se relacionam de forma adequada nas cidades”, diz. Cita um exemplo do qual tomou conhecimento: o caso de duas senhoras que eram vizinhas de bairro há 15 anos e não se conheciam. Voltando ao assunto do tetra pak, Tatjana aponta alguns produtos elaborados a partir desse material. Capas de caderno. Bolsas. Agendas. Lixeiras. Ecobags. O Studio Tetra tem parceria com o comércio e residências para coleta de embalagens usadas. No estande, um cartaz com a informação: de todo o material que jogamos fora, 35% podem ser reciclados. Tetra pak aí incluído, sem dúvida. A criatividade dos projetos de reciclagem mostrados no Viva a Mata parecem atualizar um velho bordão sobre a fertilidade da Terra Brasilis. Em se reciclando, tudo dá. Tudo pode ser retrabalhado, transformado, multiplicado, reutilizado. Os projetos “Virando do avesso” e “Nem tudo acaba em pizza” são exemplos disso. Você poderia imaginar que as embalagens da massa italiana, fabricadas e descartadas a granel, podem servir de tela de pintura? Aha! É o que explica Morgana Cruz, voluntária do Instituto Mais, da capital paulista, que abriga os projetos. Ela explica: o projeto da pizza conta com oito artistas. É como se fosse um artista para cada fatia. O repórter ainda está matutando para entender de que forma o prato italiano vira arte. Morgana mostra então uma pintura com flores, algo variando entre o pictórico e o naïve. Foram desenhadas sobre a tampa de uma caixa de pizza. A distância, poderíamos imaginar que se tratava de uma tela de tecido. Ficou bonitinho, um tanto surpreendente, sobretudo por ser feito a partir da embalagem de um produto gerado em escala industrial. Descartável. Fast food.. A velocidade do consumo versus a suposta perenidade da arte.


Morgana passa uma informação que serve de endosso luxuoso. O pioneiro nesse negócio de desenhar em caixas de pizza foi o pintor Aldemir Martins - falecido em 2006 -, de grande renome no Brasil e no exterior. Desenhar gatos era uma marca registrada do artista. Dois desses trabalhos foram pintados tendo as caixas como tela. Pegando aleatoriamente uma caixa, Morgana mostra o outro lado do material para ilustrar o princípio do projeto “Virando do avesso”. As embalagens podem ser reutilizadas de maneira criativa. Todas as técnicas de aprendizagem são ministradas em oficinas pela própria Morgana, que atua como psicóloga, arteeducadora e ambientalista. Em família - O Viva a Mata revela atividades que são desenvolvidos em família. É o caso do projeto de Ângela e Severino Righetti, casal do Espírito Santo. Juntamente com a filha Emanuelle, eles labutam na produção de papel reciclado com diversas finalidades. Na verdade, trata-se de um triplo projeto. Além de fabricar papel, o casal administra uma RPPN (área protegida particular) e uma pousada rural voltada para turismo pedagógico,

situadas em Divino de São Lourenço. “O que veio primeiro?”, pergunto a Severino. “O embrião foi o projeto de papel”, responde. Tudo começou por acaso. Segundo Ângela, quando a primeira neta do casal nasceu (hoje ela tem nove anos de idade), a família organizou um álbum com motivos infantis. Foi um sucesso. A partir daquele momento, surgiu uma demanda espontânea. As pessoas queriam saber: “Não dá pra fazer um igualzinho?” Nesse meio tempo, uma empresa de publicidade pegou um serviço grande e repassou parte dele ao casal. Foi o impulso para que o casal começasse a ampliar a atividade, que hoje funciona num sítio, que é uma reserva particular protegida, e a pousada. Todo o “corpo a corpo”, como a parte comercial e o desenho dos projetos em papel, ficam a cargo de Emanuelle, cujo escritório é em Vila Velha. Aliás, foi graças à filha que o negócio vicejou. Ela fez um curso no Museu de Arte Moderna, em Salvador, e adquiriu expertise no processo de reciclagem de papel. A base do material é fibra natural, e serve para toda uma gama de produtos: brindes corporativos, capas e monografias, cartões, pastas, álbuns. O trabalho é feito por cinco artesãs que acompanham o casal Righetti desde o início. “Mas quando a coisa aperta, são chamadas outras pessoas”, diz Severino. Ele mostra ao repórter uma frase atribuída a Richard Bach, que serve de filosofia ao trabalho da família. “Nunca lhe dão um

desejo sem também lhe darem o poder de realizá-lo. Você pode ter de trabalhar por ele, porém”. Cordel - Como se fossem dois reversos da mesma medalha, o Viva a Mata reúne interesses corporativos voltados para a preservação do meio ambiente, como o da Fundação Bradesco, e ações individuais de pertinácia e dedicação. Um exemplo, que vem do Nordeste, é o de Manoel Elielson Cordeiro de Jesus, um ambientalista que criou a RPPN Dona Benta e seu Caboclo. A área está localizada em Pirambu, no litoral de Sergipe. Pelo segundo ano, Elielson leva o projeto de sua reserva ao Viva a Mata. Ao chegar ao estande, este repórter surpreende Elielson recitando versos de cordel para um grupo de estudantes. Pela algazarra das crianças, foi um sucesso. Esse é um diferencial do projeto de conservação de Elielson: unir literatura de cordel e meio ambiente. “O cordel sensibiliza, a comunicação é mais fácil que palestra”, explica. O próprio Elielson escreve os versos. Ao todo, já produziu 64 folhetos de cordel. Fui presenteado com três títulos. Um deles é específico sobre a história de Dona Benta e seu Caboclo, que dá nome à reserva. Este ano Elielson teve a companhia da filha Poliana Deusa, de 16 anos. “Todos da família trabalham na reserva - esposa, filho e filha”, explica. “E quem nasceu primeiro, o ambientalismo ou o cordel?”, indaguei. “O ambientalismo veio antes”, disse. Ele tem no currículo uma especialização em Ecologia da Conservação de Ecossistemas Costeiros. É um caso de ambientalista que decidiu unir a teoria à prática. Da atividade, não obtém benefício financeiro. Ganha a vida com o negócio de uma gráfica e com consultoria em administração de empresas. Enquanto conversa, Elielson batuca um pandeiro, que usa para marcar suas intervenções como cordelista. Num dos versos do folheto A peleja do homem com a natureza, ele escreveu: Brincou com a natureza Agrediu e abusou Desmatou e poluiu Extraiu e degradou Hoje colhe amargos frutos Da semente que plantou Com as respostas catastróficas que a natureza vem dando à ação humana, é o caso de perguntar: alguma dúvida quanto à verdade dos versos de Elielson?

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Natureza

Projeto Juçara recupera palmeira na Mata Atlântica

Por Lenina Mariano De Ubatuba, SP Especial para Plurale em revista Fotos da Equipe do Projeto Ipema

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Projeto Juçara se fundamenta na utilização dos frutos da palmeira juçara (Euterpe edulis) para produção de polpa alimentar e consolidação desta cadeia produtiva, por meio da difusão do seu manejo sustentável, visando geração de renda, associada a atividades de recuperação da espécie e da Mata Atlântica, além da reconversão produtiva de áreas, contribuindo com a fixação de carbono. É fruto da construção conjunta com as comunidades rurais e tradicionais com apoio de parceiros locais, sendo essas comunidades o foco deste projeto. Desenvolve suas ações em Ubatuba, São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra, no estado de São Paulo. Iniciado em março de 2010, tem a coordenação do IPEMA (Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica) em parceria com a AKARUI, sendo realizado em áreas do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), nos Núcleos Picinguaba e Santa Virgínia e seu entorno. O projeto tem os objetivos de consolidação, recuperação e monitoramento da espécie, fundamentado em metodologias participativas e na articulação em rede, além de diversas ações de divulgação e comunicação do projeto e seus resultados.

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A consolidação da cadeia produtiva da polpa de juçara em Ubatuba, São Luiz e Natividade da Serra, vem se dando por meio de diversas ações, baseadas na expectativa de produção de quatro toneladas de polpa de juçara em quatro safras durante os dois anos de projeto (2010/2011). A iniciativa de recuperação dos estoques naturais da palmeira acontece através de plantios de sementes que são resultado da despolpa dos frutos, além de mudas de juçara e outras espécies nativas, que já vem sendo produzidas pelas comunidades em viveiros domiciliares. A área total a ser recuperada é de 177,6 hectares. Diversas ações de plantio de sementes já aconteceram em vários locais, dentro do Parque Estadual e seu entorno. O plantio é feito a lanço e por abertura de covas. Parte das sementes é destinada a ações com visitantes dos Núcleos Picinguaba e Santa Virgínia, contribuindo para a divulgação do projeto junto ao público em geral.

como resultado, ao final do projeto, um mapa georreferenciado com as áreas repovoadas e de reconversão implantadas. O projeto tem o patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Ambiental, é realizado pelo IPEMA (Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica) em parceria com a AKARUI e diversas comunidades tradicionais e de produtores dos 3 municípios envolvidos. Conta com o apoio das prefeituras de Ubatuba e São Luiz do Paraitinga, da Fundação Florestal,

através dos Núcleos Picinguaba e Santa Virgínia, além das universidades de Taubaté (UNITAU) e da Universidade de São Paulo (ESALQ). Dentro do Projeto Juçara, já houve duas safras e a terceira está em curso. A primeira safra em Ubatuba, nos meses de fevereiro a maio de 2010. A segunda foi nos meses de setembro a dezembro, em São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra. E a terceira, de fevereiro a maio de 2011, em Ubatuba. No monitoramento previsto, será realizado o levantamento de dados e avaliação da fixação de carbono pela floresta associada e pelo desenvolvimento das mudas e sementes plantadas nas áreas. A pesquisa científica acontece através da parceria com a UNITAU (Universidade de Taubaté) e ESALQ (Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz) e terá

comunidades celebRam colHeita de 2011 na iii Festa da juçaRa Foi realizada nos dias 14 e 15 de maio, a terceira edição da Festa da Juçara, que celebrou a safra deste ano. O evento aconteceu no Quilombo da Fazenda e reuniu as comunidades quilombolas do Cambury, Campinho e Fazenda, caiçaras do Sertão do Ubatumirim e Corcovado.

No cardápio, diversas comidas feitas à base da polpa de juçara, além de pratos tipicamente quilombolas. As novidades gastronômicas deste ano foram o “Strogonoff” e o “Risoto de Lula com Juçara”. Mas as delícias não pararam por aí, teve torta, pastel, tapioca, todos com recheio da juçara, e ainda o delicioso bolo de mandioca com coco e juçara. As atrações culturais integraram comunidade e visitantes, em danças folclóricas como o jongo e o fandango, samba de roda, maracatu e capoeira, entre outros. Durante os dois dias de programação, mostraram a riqueza cultural dessas comunidades e garantiram a alegria do público presente. Conheça mais através do site www.projetojucara.org.br.

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E n s a i o

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MORRO DO PAI INÁCIO: CARTÃO-POSTAL DA CHAPADA DIAMANTINA

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biólogo, doutorando em Ecologia e Evolução pela Universidade Federal de Goiás, Sidney Gouveia, cruzou as estradas de um lado a outro, deixando a cidade natal Aracaju para chegar até Goiânia, em companhia do amigo de pesquisas, Ricardo Dobrovolski. Apesar de não estarem, desta vez, a passeio, os dois não resistiram e acabaram parando para apreciar a exuberância da biodiversidade da Chapada Diamantina, em Lençóis. Como um dia narrou o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, no caminho havia uma pedra. Uma gigantesca formação rochosa. “É magnífico subir a Pedra do Morro do Pai Inácio e avistar a deslumbrante Chapada”, conta Sidney. A 1.120 metros de altitude, o Morro do Pai Inácio descortina a mais bela vista panorâmica da Chapada Diamantina. São 360 graus de paisagem de tirar o fôlego, ainda mais na hora do pôr-do-sol. Uma subida de 300 metros, vencida em cerca de vinte minutos, leva ao topo do cartão-postal, que fica em Palmeiras, a 22 quilômetros do centro de Lençóis. Entre as paisagens vistas lá de cima estão a Serra do Sincorá, o Morrão e o Morro do Camelo. Os nativos contam que o escravo Inácio, experiente conhecedor da região, levou a Sinhá que insistira muito em conhecer as redondezas para um passeio. Acabaram se apaixonando. Um dia foram vistos e o Coronel, furioso ao saber, ofereceu alforria a quem o entregasse. Inácio refugiou-se no morro. Mais uma vez foi visto e delatado. O Coronel acompanhado de vários escravos que lhe mostraram o caminho subiu o morro e disse para ele se entregar. Então Inácio falou: “Se é para morrer pelas mãos dos meus irmãos, prefiro morrer pela natureza”. Em seguida abriu uma sombrinha e pulou, mas jogou a sombrinha e se escondeu numa pedra. Enquanto todos acreditavam que ele morrera, Inácio sequestrou a Sinhá e os dois sumiram juntos. Ouvir essa história contada pelos guias é emocionante. Sidney, no caminho ao topo do Morro, parou algumas vezes para fotografar diferentes espécies, agora compartilhadas com os leitores de Plurale. “É um colorido fantástico”, resume. Como as flores de diferentes tonalidades que enfeitam este ensaio e também, bromélias, cactos e outras plantas típicas da Caatinga. O passeio deixou gosto de quero-mais. O biólogo se programa para voltar à região da Chapada Diamantina com mais calma. Construída nos tempos áureos do garimpo na região, numa época de muita riqueza, Lençóis era conhecida como a Capital do Diamante. Tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional desde 1973, a cidade preserva o casario colonial do final do século XIX. Com o término da mineração e a criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina, o ecoturismo tornou-se uma nova fonte de desenvolvimento para a região. Vários sites da região dão todos os detalhes para quem quiser organizar uma visita ao Parque.

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Fotos:

Sidney Gouveia

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P e lo B rasi l Na trilha dos felinos

Por Carlos Franco, Editor de Plurale em revista

O carro que é orgulho dos ingleses, usado pela rainha Elizabeth II na cerimônia de coroação e nos momentos de lazer da monarquia, o Land Rover, irá abrir caminho, a partir do dia 15 e até o dia 27 de maio para uma expedição que busca reconhecer o corredor usado por felinos na Serra do Mar paranaense. É o quarto ano consecutivo que a Land Rover apoia o programa internacional de conservação ambiental ONG Biosphere Expeditions, que, no Brasil, pesquisa a ocorrência de onça-pintada e outros felinos. O anúncio da expedição foi feito no início de maio, em São Paulo, e contou com a participação do cônsul-geral britânico John Doddrell, que destacou os compromissos com a sustentabilidade da montadora, que produz todos os carros da linha na Inglaterra. A parceria com o Projeto Puma permitirá que a expedição adentre a floresta na região de Guaratuba, na Serra do Mar paranaense, para medir a integridade ambiental desse ecossistema por meio da ocorrência de espécies indicadoras como são as onças e as jaguatiricas, cujo habitat exige a mínima interferência humana. “É uma parceria sólida, que a Land Rover mantém globalmente com a Biosphere Expeditions. A iniciativa permite que qualquer interessado no assunto participe das atividades como voluntário nas pesquisas em campo”, informa Flávio Padovan, diretor-presidente da Jaguar Land Rover Brasil. Segundo o executivo, os veículos cedidos pela Land Rover para o grupo durante o tempo de pesquisa no local possibilita chegar a áreas remotas e de muito difícil acesso, que de outra maneira poderia impedir a ação. O Projeto Puma existe no Brasil há mais de quatro anos em parceria com a Biosphere Expeditions, que atuam no chamado Corredor do Tigre ─ uma referência à necessidade de um corredor ecológico protegido, e ao nome empregado pelos primei-

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ros colonizadores para a onça-pintada. Entretanto, outros animais como pacas, antas, gambás, tatus, cervos e várias espécies de aves também são estudados. Neste ano, as pesquisas acontecerão de 15 a 27 de maio. Marcelo Mazzolli é o cientista da expedição no Brasil. Ele é professor doutor em Ecologia e supervisor de pesquisas da Biosphere Expeditions em outras parte do mundo. Mazzolli é também diretor do Projeto Puma e coordenador do curso de Pós-Graduação de Desenvolvimento Sustentável e Manejo Ambiental da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), em Lages, SC, além de ser membro do Grupo de Especialistas em Felinos da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). “No último ano, foi possível registrar vários animais, entre eles a jaguatirica e o puma. O último registro de onça-pintada que obtivemos foi em 2008, um indício de raridade. Esse tipo de registro científico nos permite avaliar a área de ocorrência dos felinos na região da Serra do Mar paranaense e das presas das quais dependem”, explica Mazzolli. O pesquisador avisa, entretanto, que apesar de os registros da onça-pintada serem esporádicos não significa que o habitat estudado não seja importante para sua conservação. “A Serra do Mar é o maior refúgio dessa espécie na Mata Atlântica, e mesmo assim poucos indivíduos ainda persistem. Nós trazemos essas informações em primeira mão, para que sejam tomadas medidas imediatas para reverter esta situação de declínio populacional”, relata. Ainda assim, comparada com outras áreas próximas ao local de estudo, são encontradas várias espécies raras que atestam tratar-se de um dos melhores remanescentes da Serra do Mar no Paraná. De acordo com os cientistas esse é um dos poucos locais onde as antas são registradas facilmente, além de grupos de porcos-do-mato e da jacutinga, ave endêmica da Mata Atlântica que, como as outras espécies citadas, desapareceu de grandes extensões de sua distribuição original e encontra-se atualmente isolada em poucas áreas da floresta. O projeto comunica seus resultados ao órgão ambiental estadual (Instituto Ambiental do Paraná, IAP) e federal (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, ICMBIO), além de registrá-los em publicações científicas e congressos internacionais, auxiliando a subsidiar planos concretos de conservação. “Pudemos localizar pela primeira vez, por exemplo, conexões entre cadeias de montanhas próximas e o Parque Nacional Saint Hilaire/Lange, que merecem especial atenção de proteção para manter a continuidade do habitat da onçapintada e de outras espécies que exigem grandes áreas para sobreviver. Sem estas conexões, a onça-pintada desaparece imediatamente”, relata o professor Mazzolli. Para a Land Rover trata-se de uma vitória o fato de o grupo ter localizado pontos críticos para conservação de espécies tão raras, e trabalharem intensamente para protegê-las. “Ficamos muito satisfeitos com um retorno positivo como esse e com certeza nos anima a permanecer com a parceria”, conta Padovan. O grupo de cientistas da Biosphere Expeditions, em parceria com a Land Rover, avança também com atividades anuais em lugares como Omã, Austrália, Açores, Namíbia, Honduras, entre outros.


Usina de Belo Monte começarå a funcionar em 2015, garante Lobão

Por Alex Rodrigues e Yara Aquino Da AgĂŞncia Brasil

BrasĂ­lia - O ministro de Minas e Energia, Edison LobĂŁo, garantiu que a Usina HidrelĂŠtrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), entrarĂĄ em funcionamento em 2015, conforme o previsto. Ao comentar a concessĂŁo da licença de instalação para o empreendimento, dada no Ăşltimo dia 1Âş de junho, LobĂŁo afirmou que, embora o governo federal desejasse que a autorização tivesse sido concedida hĂĄ mais tempo, a demora nĂŁo acarretarĂĄ qualquer prejuĂ­zo ao cronograma da obra. “NĂŁo haverĂĄ nenhum atraso. DesejĂĄvamos que essa licença tivesse sido concedida hĂĄ mais tempo, pois isso seguramente nos daria mais folga para a construção da obraâ€?, disse LobĂŁo. “Sem dĂş-

Abertas as inscriçþes para o 13° Encontro Nacional de RI e Mercado de Capitais

13Âş De 11 eSĂŁo 12 de Paulo julho de 2011

Realização

Informaçþes e Inscriçþes

Patrocinadores Ouro

Encontro o presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA), Antonio Castro; o presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Relaçþes com Investidores (IBRI), Luiz Fernando Rolla; o presidente executivo do IBRI, Ricardo Florence e o vice-presidente da ABRASCA, Alfried PlÜger. O programa completo e demais orientaçþes podem ser vistas nos sites www.abrasca.org.br e www.ibri.com.br. Inscriçþes poderão ser efetuadas pelo email nilsonjunior@abrasca.org.br ou pelos fones (11) 3107.5557 (ABRASCA) e (11) 3106.1836 (IBRI).

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O maior evento de Relaçþes com Investidores da AmÊrica La,%5, ZZZ DEUDVFD RUJ EU ZZZ LEUL FRP EU tina abre as inscriçþes. Neste ano o 13° Encontro Nacional de Relaçþes com Investidores e Mercado de Capitais, acontecerå entre os dias 11 e 12 de julho, em São Paulo. Autorregulação Ê o tema predominante e jå estão confirmadas as presenças dos presidentes da Comissão de Valores Mobiliårios (CVM), Maria C Helena Santana e do National Investor Relations Institute (NIRI), Jeffrey Morgan. Estarão tambÊm presentes ao 6KHUDWRQ 6mR 3DXOR :7& +RWHO $Y GDV 1Do}HV 8QLGDV 3LVR & %URRNOLQ 1RYR 6mR 3DXOR 63

vida, a primeira mĂĄquina haverĂĄ de estar funcionando na data prevista, que ĂŠ 2015â€?, acrescentou o ministro durante a entrevista coletiva em que foram anunciadas medidas socioambientais para reduzir o impacto das obras nas comunidades vizinhas. De acordo com LobĂŁo, nenhuma hidrelĂŠtrica no mundo foi precedida de tantos cuidados e de tantos estudos como a de Belo Monte. Ele destacou que a iniciativa jĂĄ vem sendo estudada hĂĄ 35 anos e que nos Ăşltimos anos foram realizadas 30 audiĂŞncias pĂşblicas sobre o assunto. O ministro ainda garantiu que nenhuma das 11 comunidades indĂ­genas da regiĂŁo serĂĄ afetada. “Nenhuma das reservas indĂ­genas existentes em torno da ĂĄrea do empreendimento serĂĄ alagada. A mais prĂłxima delas fica a 31 quilĂ´metros da franja [margem] do lago que serĂĄ criado. Nenhum dos cerca de 1,6 mil Ă­ndios terĂĄ que sair de onde se encontra hojeâ€?, disse LobĂŁo. Ao falar sobre a importância da futura usina para garantir o suprimento de energia elĂŠtrica de que o Brasil precisa, o ministro destacou que o desafio ĂŠ duplicar, em apenas 13 anos, a geração energĂŠtica a fim de atender Ă s necessidades do paĂ­s e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente e estimular o desenvolvimento sustentĂĄvel das regiĂľes onde novas usinas serĂŁo construĂ­das. Somente no ano passado, lembrou LobĂŁo, o consumo de energia aumentou 7,8% em comparação a 2009. Quando estiver funcionando plenamente, a Usina de Belo Monte deverĂĄ gerar 11 mil megawatts de energia, o que corresponde a quase 10% de toda a produção atual. “Trata-se de um empreendimento de grande importância que garantirĂĄ a segurança energĂŠtica brasileiraâ€?, destacou o ministro.

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P e lo B rasi l Divulgação, Sebrae-RJ/ Sandra Moraes

Painel debate oportunidades para comunidades pacificadas Por Regina Mamede, da Agência Sebrae de Notícias Rio de Janeiro

Como levar progresso, inclusão e justiça social para os territórios cariocas até pouco tempo atrás dominados pelo crime organizado? Esse foi o tema do painel ‘UPP – Oportunidade para os Empreendedores de Comunidades Pacificadas, realizado no dia 13 de maio , encerrando os três dias de atividade do III Encontro Internacional de Comércio Justo, promovido pelo Sebrae no Rio de Janeiro. A pacificação é vista como um passo importante, mas apenas o primeiro para que essas comunidades, antes completamente dominadas pelo tráfico e pelas milícias, possam se inserir de forma plena no cotidiano da cidade. ‘É preciso considerar o que já existe nestes territórios, e os modelos de negócios devem promover a circulação interna da riqueza, como forma de promover o bem estar comum. Ao fortalecer o papel do morador como protagonista, o conceito de comércio justo e economia solidária não será apenas mais uma sopa de letrinhas, mas uma forma consciente de viver dentro e fora destes locais”,

PLURALE EM REVISTA | Maio/Junho EM REVISTA | Julho/Agosto 2010 2011 38 PLURALE

advertiu o secretário municipal de Economia Solidária, Marcelo Costa. O presidente do Instituto Pereira Passos, economista Ricardo Henriques, foi na mesma direção e defendeu um “amplo processo de escuta” para que as autoridades saibam exatamente os anseios e metas das comunidades. A formalização e programas de capacitação foram citados como exemplos de ações concretas que podem ajudar neste processo de mudança, mas é preciso repensar a abordagem, de forma a refletir a realidade dos moradores, com suas aspirações e necessidades. “O objetivo da UPP não é acabar com o narcotráfico, não é a solução da segurança pública e nem vai resolver todos os problemas da comunidade. Nosso trabalho é retomar territórios e isso se sustenta na parceria e confiança construída com os moradores. Mas o sucesso deste projeto depende de todos”, reforçou o comandante da UPP do morro do Borel, zona norte da cidade, capitão Bruno Amaral. . O gerente da agência do Banco do Brasil no Complexo do Alemão, também na zona norte, Alberto Stassen, avalia que o contato direto é que vai permitir o acúmulo de experiências e refinar o aprendizado tanto dos moradores, como das instituições e empresas. “Para a concessão de micro crédito também é fundamental estabelecer um vínculo mais profundo com os clientes para conhecer suas reais necessidades e dar a melhor orientação. Muitas vezes, alguém quer comprar máquinas e pede recursos de capital de giro, que tem taxas mais altas, apenas porque não sabe que existem outras linhas de financiamento”. Já o superintendente de Relacionamento com as Comunidades da Light, Mário Guilherme Romano, falou sobre o programa de eficiência energética nestas regiões, com a troca de geladeiras e lâmpadas mais econômicas. O debate foi moderado pela jornalista Sônia Araripe, editora de Plurale em site e Plurale em revista Neli Ferreira da Rocha, moradora da comunidade do Morro da Coroa, em Santa Tereza, zona sul do Rio, onde foi instalada uma UPP há cinco meses, avaliou positivamente o debate. “Isso ajuda a entender e conhecer melhor as mudanças. Antes, o morro era pobre em tudo. A UPP vai trazer um monte de coisa e não só a pacificação, mas também empreendimentos para a comunidade”.


Áreas pacificadas: sem cultura e educação, não vai rolar rias. Entusiasmado com o momento de euforia do Rio pós UPPs, o CEO da Telefônica Brasil, que se orgulha de ser carioca da gema, também gostou de conversar com Rene Silva, o garoto de 17 anos, morador da comunidade que, aos 11, começou a se conectar pela Internet e a relatar fatos da sua comunidade. Ele foi destaque na Edição 21 de Plurale em revista: acabou criando o portal Voz das Comunidades e hoje forma outros jovens que querem se conectar e participar de projetos sociais. O Educativo Cine Tela Brasil. consiste na montagem de uma sala de cinema que, durante três semanas, funcionará como um centro de cultura e educação, com sessões Da esquerda para a direita: A cineasta Laís Bodanzky, o presidente da Telefônica Brasil, Antonio Carlos Valente e o também cineasta Luiz Bolognesi exclusivas de filmes, workshops e debates sobre audiovisual nas escolas. No primeiro dia, foi exibido o filme Desenrola Por Nícia Ribas, de Plurale em Revista - Fotos Divulgação para um público vibrante de jovens das comunidades, enquanto, numa tenda ao lado, poder público e privado, Em linha com o pensamento do secretário estadual de associações, educadores e classe artística celebravam a Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que alerta sobre a união de suas forças pela melhoria da qualidade de vida necessidade de se fazer investimentos sociais nas áreas pacino Complexo do Alemão, composto de 14 bairros e cerficadas, a Fundação Telefônica e a CCR levaram ao Complexo ca de 200 mil habitantes. do Alemão, nesta segunda-feira, sua contribuição para a perenização do ambiente de paz recém implantado pela ação da UPP. Trata-se do projeto Educativo Cine Tela Brasil, idealizado pelos cineastas Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi, com patrocínio das duas empresas. Durante a solenidade de inauguração da sala de cinema no pé do morro, o cantor Eddu Grau, morador e líder comunitário, bradava: “Sem invasão cultural e educacional todo esse trabalho vai por água abaixo! ” Feliz da vida, a secretária municipal de Educação, Claudia Costin, concordava com ele, informando que 210 escolas do Município já possuem cineclubes, exibindo películas, conscientizando professores sobre a importância dessa mídia na educação e ensinando os alunos a fazer cinema. “Estamos formando uma parceria com o Cine Tela Brasil para a formação dos nossos professores das Escolas do Amanhã, que trabalham com cineclube”, informou em primeira mão para a Plurale. Em conversa com o presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, com quem já trabalhara anteriormente, no serviço público, a Secretária também acertou futuras parce-

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Educação

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e d e t ar ar

educ

Com prêmios, o Casa da Arte, do Rio, ajud projeto a jovens que moram em ár a formar eas de risco

Ninguém educa ninguém, ninguém se educa sozinho, os homens se educam em comunhão.” A frase do educador pernambucano Paulo Freire, considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, resume a essência da proposta da Casa da Arte de Educar, que há doze anos atua nas favelas da Mangueira e Morro dos Macacos. Do encontro de educadores populares da Mangueira com um grupo de professores oriundos da educação formal de universidades nasceu, em 1999, a Casa da Arte de Educar. Desde então, é dirigida por moradores das favelas com a contribuição pedagógica de fora, sob o objetivo comum de reduzir o quadro de desigualdade na educação brasileira. A solução educacional proposta por essa turma nasce da pesquisa e da prática de diferentes experiências que juntas se fortalecem. A partir do exercício de entender a educação e a cultura como dois lados de uma mesma moeda, este grupo de educadores desenvolveu a Mandala dos Saberes,

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Texto: Luiza Martins, Especial para Plurale em revista Fotos: Divulgação

que ressalta o diálogo entre conteúdos escolares e a cultura popular, colabora para o diálogo entre escolas e comunidades, valorizando a integração entre os saberes locais e os saberes acadêmicos. A metodologia recebeu o prêmio Itaú/Unicef em 2009, foi selecionada pelo MEC para servir à Educação Integral do Programa Mais Educação e hoje é disseminada em mais de 10 mil escolas em todo o Brasil. “Nós entendemos que não é só a comunidade em si que resolve seus problemas, nem somos nós de fora que vamos trazer as soluções prontas. Precisamos construí-las juntos”, diz a educadora Sueli de Lima, que coordena o trabalho desde o início das atividades. “As diferenças são fundamentais e complementares para a formulação de uma didática intercultural capaz de transformar as diferenças em vantagens pedagógicas”. O trabalho realizado pela Casa se organiza em duas frentes: 1) Ações Pedagógicas nas unidades da Mangueira e do Morro dos Macacos, através da realização de oficinas com diversas práticas educati-

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vas; e 2) Pesquisas Pedagógicas que aprimoram a formação dos educadores, com o objetivo de aperfeiçoar e monitorar a Mandala dos Saberes. Neste contexto, são trabalhadas a Educação Integral, com crianças e jovens, além da Educação de Jovens e Adultos (EJA). sabeRes comunitáRios À frente da Casa da Arte de Educar desde o início das atividades da ONG, Sueli de


Lima falou à Plurale em revista sobre o papel do professor, do aluno e dos saberes comunitários no aprendizado, e da importância da educação para o projeto de um país mais justo. Sueli explica que a metodologia Mandala dos Saberes é fundamentada no envolvimento do professor da escola local e do educador comunitário. “Na maioria dos casos, as ONGs, as universidades ou grupos que trabalham com educação formulam métodos para aplicar junto aos alunos, que geralmente são teorias assertivas, mas não estão adequadas ao contexto daquela comunidade. A educação precisa estar contextualizada, ela não pode ser só reproduzida, pois vai esbarrar em cenários diferentes”. Na filosofia da equipe da Casa, os professores, em seus distintos cenários, precisam se apropriar da autonomia para a construção de um processo pedagógico. O que significa dizer que o professor não deve só receber uma cartilha e aplicá-la, mas ser capaz de construir o seu próprio método pedagógico, de acordo com as necessidades, os interesses e a realidade do grupo de alunos para o qual ele ensina. É ele quem sabe quais são os problemas enfrentados em sala de aula e como poderá vencê-los. O trabalho da Casa se inicia pelos princípios que ajudem o professor a ganhar autonomia, que estimulem e facilitem a dimensão pesquisadora do professor para com a sua própria prática. “O profissional de educação se forma em uma instituição acadêmica e na maioria das vezes quer aplicar no aluno este conhecimento que recebeu. Mas, infelizmente, ele não conhece a realidade do aluno, que por sua vez não se interessa por aquele conhecimento, posto daquela forma. É preciso entender o currículo como uma dimensão de debate, como um ponto de partida para a construção do conhecimento. A escola tem que transmitir conhecimento historicamente sistematizado, mas sempre refazendo esses conteúdos, trazendo-os para as realidades de cada grupo de alunos”. A Casa trabalha em parceria com escolas municipais e precisa, constantemente, dialogar com o espaço formal da educação para então construir um diálogo pedagógico. “A gente tenta mostrar que aquele aluno que aparentemente não apresenta nenhum valor em termos de aprendizado pode se portar de forma diferente quando está em outro espaço de educação. Mas essa tarefa é difícil. Ainda há preconceito por parte dos professores para com seus alunos, para com os educadores populares, preconceito da escola para com a sua comunidade”. Segundo Sueli, o problema da educação é sistêmico e não pode ser tratado como uma questão isolada. Os bons alunos não querem seguir a carreira de educador, pois os salários do professor são baixos, as condições que as escolas apresentam para os profissionais de educação não são favoráveis, há problemas de ordem material e administrativa, além dos muitos gargalos de ordem pedagógica. “É preciso que se valorize a profissão de educador. Essas questões não podem ser desassociadas umas das outras. Eu entendo educação como contexto, portanto, o profissional faz parte desta nossa realidade. Não dá para se pensar em um professor em separado do contexto da escola dele”. A formação continuada do professor é um dos grandes desafios do país em termos de educação de qualidade. É

importante que esses profissionais sejam incentivados a continuar estudando. Também é um desafio nacional a reformulação do currículo, adaptando-o aos saberes locais, envolvendo as comunidades, as regiões, os diferentes conhecimentos e realidades dos alunos, país afora. “O fato de a educação ser muito subjetiva agrava o abismo entre o que já se faz e o que realmente precisa ser feito ainda. Mas há um esforço enorme de muita gente em torno das nossas questões educacionais”. Sobre a simbiótica relação entre educação e cultura, que fundamenta o trabalho da Casa, Sueli é categórica: “acredito que educação e cultura são uma só. Porque cultura não é só o que a gente aprende nos museus, nas universidades ou nos livros, mas é também a forma como a gente anda, come, conversa e principalmente como a gente estabelece as relações com as outras pessoas. Nosso entendimento é que a cultura não se adquire, mas se constrói, assim como o conhecimento. Por este motivo, procuramos associar o currículo escolar às práticas formais de educação e os desafios que a ciência enfrenta ao cotidiano das crianças e dos adolescentes. Do contrário, fica mesmo muito chato estudar”. Ainda segundo a educadora, a sociedade deve ficar atenta para não deseducar a criança, porque normalmente ela aprende que uma coisa é a vida e outra coisa é a escola. “Essa é a pior lição que a escola pode ensinar. O aluno pensa: tenho que agir assim e fazer desta forma porque estou na escola, isso aqui é só pros livros, só pra prova. Mas quando estou lá fora eu posso pensar de outra forma, porque lá é diferente. E este é um cenário comum à educação de alunos pobres e ricos, de escolas públicas ou particulares”. noVa sede no moRRo do são caRlos “A gente trabalha há doze anos e por aqui já passaram mais de cinco mil crianças, beneficiadas diretamente. E não vamos parar. O que a gente quer é avançar na questão didática e pedagógica, para garantir que nossas crianças gostem de aprender e nós professores também tenhamos prazer em trocar e construir conhecimento”, diz Sueli. E não vão parar mesmo. Com inauguração prevista para o segundo semestre de 2011, a terceira unidade da Casa da Arte de Educar

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Educação

vai funcionar no Complexo do São Carlos, comunidade da Zona Norte do Rio de Janeiro, nos bairros do Estácio e Cidade Nova. Graças à doação casada da SulAmérica por meio do Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (FUMCAD), o novo centro de atendimento para crianças e adolescentes prevê atividades de educação integral para até 250 crianças e adolescentes no contra-turno escolar visando o melhor aproveitamento e a redução da evasão escolar. Esse projeto segue a metodologia da Mandala dos Saberes. Segundo Adriana Boscov, gerente de Sustentabilidade Empresarial da SulAmérica, a decisão de investir na criação da terceira unidade da Casa da Arte de Educar foi tomada a partir dos resultados apresentados pelo projeto e de acordo com o novo posicionamento da empresa. “Entre 2007 e 2009, apoiamos o projeto Casa nos morros da Mangueira e dos Macacos, por meio de leis de incentivo. Há dois anos, a SulAmérica criou a área de Sustentabilidade Empresarial e desenvolveu uma nova política de apoio a projetos sociais, que sugeriu a implantação da metodologia da Mandala dos Saberes no Morro do São Carlos, comunidade vizinha à sede da seguradora no Rio de Janeiro. O projeto foi elaborado em parceria com as associações de moradores da comunidade e com a escola Canadá, que terá seus alunos beneficiados pela ação”

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Desde a mudança da SulAmérica para a sede na Cidade Nova, a política de investimento social privado prioriza apoio a projetos nas comunidades do entorno e aposta na educação. “Com a Casa no Morro do São Carlos as crianças e adolescentes terão uma oportunidade de melhoria do desempenho escolar e passarão a ter uma alternativa de lazer e cultura. Atualmente a maioria delas sai da escola e fica nas ruas. Apostamos na educação, mas nosso papel como ator do setor privado não deve ser o de substituir a escola ou o poder público, mas sim agregar conhecimento e desenvolver competências. Pessoas com mais informação e formação tornam-se cidadãos melhores, capazes de cobrar seus direitos e transformar a sociedade em que vivem”, finalizou Adriana Boscov.

Prêmio Itaú-Unicef fortalece ONGs que trabalham com educação integral no Brasil

m 2011, a Fundação Itaú Social e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançaram a 9ª edição do Prêmio ItaúUnicef. Criado em 1995, com coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), o prêmio é pioneiro ao estimular experiências de educação integral no Brasil. O objetivo da iniciativa é reconhecer e estimular o trabalho de organizações sem fins lucrativos que contribuam – em articulação com políticas públicas de educação e assistência social – para ampliar a aprendizagem de crianças, adolescentes e jovens. Experiências que transformam é o mote desta edição, que quer estimular a reflexão sobre ações educativas que transformaram a vida das comunidades. O processo de premiação do Prêmio ItaúUnicef é feito nos anos ímpares. Nos pares, são realizados encontros presenciais para que as organizações participantes do prêmio ampliem o debate sobre educação integral, socializem as práticas que empregam com seus respectivos públicos e formem redes sociais.

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A essa formação presencial somam-se os cursos à distância, dos quais participam especialistas, agentes públicos, educadores e gestores de projetos envolvidos com as questões da educação integral e inclusão social de crianças e adolescentes. “A educação, no sentido mais amplo, ultrapassa a sala de aula e envolve um conjunto de saberes diversos desenvolvidos em outros espaços socioculturais. Crianças e adolescentes precisam de muitas oportunidades de aprendizagem para desenvolver plenamente o seu potencial humano e viverem bem na sociedade contemporânea. Por isso, a discussão da educação integral está cada vez mais na agenda nacional. O Prêmio Itaú-Unicef contribui para que os espaços educativos da comunidade e da escola e os vários atores responsáveis pela formação das crianças e adolescentes brasileiros se articulem estreitamente em prol de uma educação de qualidade e do direito de aprender”, diz Valéria Riccomini, diretora da Fundação Itaú Social. As inscrições podem ser feitas até 15 de junho. O regulamento está disponível no site www.premioitauunicef.org.br.


Valéria

foto: Christina Rufatto/ Divulgação

Entrevista

Riccomini Não há modelo único para “a implantação da educação integral no país ”

Diretora da Fundação Itaú Social fala sobre os 16 anos do Prêmio Itaú-Unicef, que premia projetos de Educação Integral exemplares

Por Sônia Araripe, Editora de Plurale em Revista

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remiar bons projetos de Educação Integral. Este é o principal objetivo do Prêmio Itaú-Unicef, que, em 2011, completa 16 anos de história. Mais do que premiar, os organizadores também tomaram lições e puderem acompanhar a trajetória de transformação pela Educação nos rincões mais distantes deste Brasil continental e de tantas diferenças. Em entrevista à Plurale em revista, Valéria Riccomini diretora da Fundação Itaú Social, conta esta trajetória e também fala sobre a sua visão sobre Educação no Brasil. Ela é psicóloga pós-graduada em RH pela Universidade de São Paulo (USP) e em Inteligência Empresarial e Gestão de Conhecimento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O tema desta 9ª edição é “Educação Integral: experiências que transformam”, que destaca a importância de oferecer diferentes oportunidades de aprendizagem para crianças, adolescentes e jovens. Na entrevista ela destaca a relevância da Educação Integral: "O que não pode deixar de ser considerado se quisermos de fato oferecer uma educação de qualidade é o aproveitamento de todos os espaços educativos da comunidade e o envolvimento dos vários atores da sociedade. É preciso ter clareza de que a educação integral não compartimenta intencionalidades nem fragmenta os aprendizados e pode compartilhá-los com organizações da sociedade civil e demais serviços públicos como o de cultura, esporte, meio ambiente." Acompanhe a entrevista. Plurale em revista- O Prêmio Itaú-Unicef completa 16 anos. Que resultados e lições podem ser tiradas destes anos? Valéria Riccomini - Há 16 anos o Prêmio tem o objetivo de reconhecer, estimular e dar visibilidade ao trabalho de ONGs, que contribuem, em articulação com as políticas públicas de educação e de assistência social, para a educação integral de crianças, adolescentes e jovens brasileiros em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Foi criado num contexto de mudanças sociais significativas e vem,

ao longo de suas edições, se aperfeiçoando e incluindo no escopo de sua proposta agentes públicos ligados à causa dos direitos das crianças e adolescentes, de modo a construir diálogo e sinergia com as políticas públicas. Em cada edição, promove ações que se conjugam e vão muito além da premiação. O Prêmio Itaú-Unicef assumiu um compromisso com o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens e para isso trabalha na mobilização social pela educação integral e formação de agentes públicos e ONGs. Várias experiências bem sucedidas foram desenvolvidas nesse percurso. Ao olharmos criticamente para essas experiências, observamos que há elementos importantes a serem considerados por aqueles que desejam aprimorar suas práticas. Entre eles estão a valorização dos saberes das comunidades, a abrangência de várias áreas do conhecimento na formação que é oferecida e a articulação entre vários setores da sociedade para o desenvolvimento dos projetos. É preciso também ter um currículo mais flexível, que consiga fazer composições entre diversos campos do conhecimento, criando oportunidades para o diálogo entre saberes. Outro ponto fundamental para o desenvolvimento de um bom programa de educação integral é o monitoramento contínuo, a construção de indicadores e avaliações periódicas de todas as suas etapas, que orientem as mudanças e adaptações necessárias. Plurale em revista - Alguma novidade para este ano? Qual é a expectativa? Valéria Riccomini - O tema desta 9ª edição é “Educação Integral: experiências que transformam”, que destaca a importância de oferecer diferentes oportunidades de aprendizagem

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Entrevista para crianças, adolescentes e jovens. As experiências vivenciadas na família, na comunidade, na escola, na ONG e em outros espaços trazem múltiplos saberes que se complementam e possibilitam o seu desenvolvimento integral, numa sociedade em constante processo de mudança. Fizemos oito lançamentos regionais (São Paulo, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Fortaleza, Rio de Janeiro, Belém, Curitiba e Goiânia) e, em cada uma dessas cidades, promovemos debates sobre o tema com a participação de ONGs, especialistas e representantes do poder público. Nossa expectativa é mobilizar, cada vez mais, a sociedade para o tema e chegar a duas mil inscrições de projetos. Plurale em revista - Os exemplos apresentados no Prêmio - tanto os premiados ou não - indicam que o Brasil está mesmo no caminho certo da Educação integral? Valéria Riccomini - No Prêmio, temos a oportunidade de conhecer projetos socioeducativos de todo Brasil cujo principal objetivo é proporcionar regresso, acesso, permanência e sucesso escolar a crianças, adolescentes e jovens marcados pela exclusão. Muitas dessas iniciativas emergem na sociedade civil decorrentes de uma percepção coletiva sobre a atual situação da educação do nosso país e mobilizam diferentes segmentos da sociedade para a causa. Dessa maneira, transformam a educação integral em tema prioritário e o incorporam à agenda da política pública de educação. O Plano Nacional de Educação, que tramita no Congresso, tem como uma de suas metas que 50% das escolas públicas do país tenham jornada de tempo integral em dez anos. Hoje cerca de 10.500 escolas públicas no Brasil realizam atividades de educação integral, ampliando a jornada dos alunos com atividades culturais e esportivas. Neste ano, o programa Mais Educação do governo federal pretende chegar a 15 mil escolas. A ampliação da jornada escolar com atividades socioeducativas é uma tendência recente que com certeza está ganhando corpo nos municípios e estados, mas ainda há um longo caminho a percorrer até que seja universalizada na rede pública de ensino. Um aspecto importante que deve ser considerado é que não basta ampliar a jornada escolar. É preciso que as atividades oferecidas tenham uma clara intencionalidade pedagógica e favoreçam o desenvolvimento de habilidades e competências fundamen-

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tais para o enfrentamento das demandas de uma sociedade cada vez mais exigente. Plurale em revista - O que ainda falta, na sua opinião, para que este resultado seja plenamente atingido? Valéria Riccomini - Não há modelo único para a implantação da educação integral no país. Lançamos recentemente, em parceria com o Unicef e Cenpec, a publicação “Tendências para Educação Integral” que mapeou 16 experiências de educação integral desenvolvidas por redes municipais e estaduais de ensino e organizações da sociedade civil no Brasil. Com essa pesquisa, percebemos que a noção de educação integral se renova, instigando a ação conjunta entre escolas, demais espaços da co-

“A Fundação Itaú Social acredita que investir em educação é o caminho para o desenvolvimento do Brasil. Queremos contribuir com a formação integral das novas gerações” munidade e organizações socioculturais e esportivas. O que não pode deixar de ser considerado se quisermos de fato oferecer uma educação de qualidade é o aproveitamento de todos os espaços educativos da comunidade e o envolvimento dos vários atores da sociedade. É preciso ter clareza de que a educação integral não compartimenta intencionalidades nem fragmenta os aprendizados e pode compartilhá-los com organizações da sociedade civil e demais serviços públicos como o de cultura, esporte, meio ambiente. Enfim, utilizar a educação integral como estratégia para a garantia de direitos, proteção e inclusão social para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Plurale em revista - Qual tem sido o papel da Fundação neste sentido e também em outros eixos de atuação? Valéria Riccomini - A Fundação Itaú Social é pioneira no estímulo à educação integral no Brasil desde 1995, quando criou o

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Prêmio Itaú-Unicef, em parceria com o Unicef. Tem se firmado como pesquisadora e produtora de conhecimento na área, com várias publicações já concluídas sobre esse tema, que são referências para as políticas públicas no Brasil. Além do reconhecimento das ONGs, por meio da premiação, nos anos pares as organizações participam de encontros de formação. Com as ações de formação, as participantes do prêmio têm a chance de ampliar o debate sobre educação integral, socializar as práticas que empregam com seus respectivos públicos no contraturno escolar e formar redes sociais. Essa iniciativa envolveu até o momento 13,7 mil educadores que participaram de encontros de formação, seminários e dos cursos gratuitos à distância. Somente em 2010 foram capacitados 1.013 educadores. Além disso, ainda em 2010, ocorreram quatro encontros regionais de formação realizados em São Paulo, Curitiba, Salvador e Rio de Janeiro. Mais de 500 gestores debateram o tema educação integral. Além disso, foi organizado um Colóquio de Educação Integral que contou com a presença de mais de 100 integrantes de ONG’s e especialistas. Outros focos de atuação da Fundação são Gestão Educacional, Avaliação de Projetos Sociais e Mobilização Social. Plurale em revista - Em que direção a Fundação Itaú Social caminha nos próximos anos? Valéria Riccomini- A Fundação Itaú Social acredita que investir em educação é o caminho para o desenvolvimento do Brasil e por este motivo todas as atividades desenvolvidas têm foco na formulação, implantação e disseminação de metodologias voltadas à melhoria de políticas públicas na área educacional. Queremos contribuir com a formação integral das novas gerações. Entendemos que só por meio da parceria com as três esferas de governo (federal, estadual e municipal), com o setor privado e com organizações da sociedade civil é possível realizar essa contribuição de forma consistente e duradoura. É nessa direção que queremos continuar nos próximos anos; fortalecendo cada vez mais projetos e iniciativas nas áreas de Educação Integral e Gestão Educacional que, efetivamente, tragam bons resultados na melhoria da educação pública do nosso país.


13ยบ 11 e 12 de julho de 2011

Realizaรงรฃo

Informaรงรตes e Inscriรงรตes $%5$6&$ ,%5, ZZZ DEUDVFD RUJ EU ZZZ LEUL FRP EU

6KHUDWRQ 6mR 3DXOR :7& +RWHO $Y GDV 1Do}HV 8QLGDV 3LVR & %URRNOLQ 1RYR 6mR 3DXOR 63

Patrocinadores Ouro

C

Patrocinadores Prata

Apoio e Participaรงรฃo

Organizaรงรฃo

Divulgaรงรฃo

Educaรงรฃo Financeira e Investimentos

RI

RELAร ร ES COM INVESTIDORES

Apoio Institucional

ABRAPP | ABVCAP | AMEC | ANBIMA | ANCORD | ANEFAC | APIMEC NACIONAL | APIMEC-SP | IBEF-SP | IBGC | IBRACON | INI | INSTITUTO CHIAVENATTO | IBRADEMP


Inclusão

Um no

grito escuro

Texto: Nícia Ribas, do Rio Fotos: IBC/Divulgação

aqueles que frequentam o Centro de Convivência apenas para conversar e atualizar-se sobre as novidades do país e do mundo.

ducação e profissionalização de cegos. Com estes objetivos, o imperador D. Pedro II criou o Instituto Benjamin Constant, em 1854. Na época, foi ressaltada a importância da instituição para derrubar o preconceito. Mais de 150 anos depois, os alunos e frequentadores do IBC ainda sentem a discriminação da sociedade, mas a atribuem ao desconhecimento de como lidar com deficientes visuais e ao estado de espírito das pessoas nos tempos atuais. “A maior deficiência do ser humano é o mau humor”, garante Manoel dos Anjos, cego desde 1985, vítima de acidente de trânsito, quando dirigia em alta velocidade depois de beber umas cervejas. Levar uma vida normal é o que buscam os frequentadores do IBC. Aqueles que nasceram cegos ou perderam a visão na primeira infância são alfabetizados na Escola Fundamental, que hoje tem mais de 300 alunos. Formados, são encaminhados para o Ensino Médio do Colégio Pedro II. Os reabilitandos, que perderam a visão na idade adulta, por doenças ou acidentes, valem-se das oficinas de arte e dos cursos profissionalizantes oferecidos pelo Instituto. Há ainda

Pioneiros em inclusão Recentemente a mídia veiculou notícias sobre a provável desativação das escolas do IBC e do INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos, alegando que os deficientes poderiam perfeitamente frequentar a escola regular, e que isso até ampliaria e facilitaria a sua inclusão na sociedade. Porém, o Ministro Fernando Haddad ouviu as diretorias das duas instituições e os apelos dos pais de crianças deficientes em prol da manutenção das escolas especializadas e se comprometeu a mantê-las. Para a professora Maria da Glória de Souza Almeida, chefe de gabinete da Direção Geral do IBC, o Ministro fez a coisa certa. Cega, ela sempre estudou lá, é professora há 31 anos, e hoje integra a Diretoria. Maria da Glória, com toda razão, não aceita ser considerada segregadora. Na verdade, o IBC é o grande berço da inclusão no Brasil, oferecendo há muitas décadas, cursos de capacitação de professores, capacitação técnica e produção de material didático e metodológico para todo o País, através do seu Departamento Técnico Especializado. Já o Departamento de Estudos e Pesquisas Médicas e

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Deficientes visuais que frequentam o Instituto Benjamim Constant mostram muita disposição e garra em desfiles, aulas de artes e teatro

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de Reabilitação do IBC mantém oficinas de teatro, artes, cerâmica, música e o curso de massoterapia. Tudo de graça e com excelentes professores. Teatro do improviso No final de 2005, a psicóloga clínica, com especialização em Psicologia Transpessoal, e professora de Ioga, Lígia Feijó, foi assistir a uma apresentação de Natal do grupo de teatro do IBC, então sob a coordenação de Fernando Gutman, e por lá ficou. “Os esquetes utilizando as técnicas de improvisação de Viola Spolin e textos de Augusto Boal interpretados por esse grupo são maravilhosos”, emociona-se Lígia, atual diretora do grupo. Em 2006, eles participaram do Salão Carioca de Humor, na Casa de Cultura Laura Alvim, conquistando o oitavo lugar entre mais de 30 grupos. “Na época enfrentamos uma séria adversidade, pois um dos atores, o Gedeão, adoeceu e teve que ser substituído a toque de caixa”, lembra Lígia. O ator substituto foi Manoel dos Anjos. Ele aproveita a citação de seu nome para interromper a entrevista e lembrar de um fato ocorrido quando integrava a equipe de cegos do Jardim Sensorial do Jardim Botânico: “Uma das visitantes, quando percebeu que éramos cegos, afastou-se, com medo, pensando que cegueira pegava..” diverte-se. Mas Manoel afirma que essa confusão começou realmente a acontecer depois do sucesso do livro e filme de José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira. Cegueira não pega, mas mau humor pode ser. Vírgínia Fortunato Antunes Marins, 33 anos, cega há 10 devido à hidrocefalia, conta que é comum nos ônibus a disputa pelos lugares reservados para idosos e deficientes físicos. “Às vezes, um velhinho não percebe que sou deficiente e vai mandando sair que o lugar é dele.” No palco, Virgínia recupera sua autoestima e ganha autoconfiança. Roferreira é o nome artístico de Rosângela Ferreira da Silva, que chegou ao IBC no ano 2000, inconformada com a perda da visão, numa depressão profunda, que durou dois anos. “A assistente social daqui cuidou de mim, me levou para ser atendida por uma junta de psicólogos do Pinel e graças a eles fui superando,” lembra ela. Seu ingresso no grupo de teatro também foi tumultuado porque estavam justamente montando a peça Amélia que era mulher de verdade, e ela se sentia a própria, pois passara a vida servindo ao marido. Irritada, abandonou o teatro, mas acabou voltando e pedindo desculpas ao grupo. Compositora, em 2009, Roferreira lançou CD de MPB, em parceria com Lúcia Teles. É delas o samba-enredo denominado Samba do Louis (Braille), do Bloco Beijamim no Escuro, que todo Carnaval sai desfilando pelo bairro da Urca, Zona Sul do Rio. A rainha da bateria do Beijamim é Marilza dos Santos Pereira, que também integra o grupo de teatro. Elegante, Marilza confessa que adora moda e costuma desfilar nos eventos promovidos pelo curso de estilista. Formada em massoterapia pelo IBC, vive da sua profissão. Já a boliviana Marina Mérida Magalhanes, que veio para o Rio trabalhar na casa de diplomatas do Consulado Americano, como governanta, sofreu muito com a perda da visão. “Eu tinha vergonha da bengala, queria morrer.”, lembra ela, que hoje participa das improvisações no palco com a maior desenvoltura.

Oficina de cerâmica Pelo projeto IBC-Cerâmica, atualmente 60 reabilitandos desenvolvem sua capacidade criadora, sob orientação de professores experientes como a coordenadora Clara Fonseca. “Aqui, eles não usam bengalas; familiarizam-se com o ambiente e circulam por aí sem problemas”, explica a professora, idealizadora do projeto. Importante meio de conhecimento, cultura e realização pessoal, a atividade é muito adequada ao deficiente visual porque explora o tato, sentido bastante desenvolvido por eles. O aluno Alexandre Carlos Barel, que há cinco anos teve degeneração da retina, trabalha no torno com destreza e “com prazer”. Seus colegas Leanderson Correia Leandro e Maria Ivoneide Soares Silva dão o acabamento nas peças recém criadas e garantem: “é uma terapia, faz a gente relaxar, é bom para o corpo e a mente.” Massoterapia, profissionalizante Além de perder a visão, quase sempre a pessoa perde também o emprego. Não foi o caso de Manoel dos Anjos, que permaneceu por 15 anos trabalhando na Rio Park Estacionamento, hoje Estapar: “Eles me deram a maior força”. Mas em geral, o reabilitando luta por sua sobrevivência financeira e um curso profissionalizante, como a massoterapia do IBC, tem ajudado muito. São 225 horas de aulas teóricas e mais 225 de práticas, durante dois anos, com um total de seis disciplinas. Hoje, há 22 alunos no primeiro ano e 15 no segundo.O físioterapeuta e massoterapeuta Thiago Sandenberg, coordenador do curso, garante que o mercado de trabalho costuma absorver todos os seus formandos. Eles oferecem também cursos paralelos e de extensão, como Shiatsu Terapia, Reflexologia Podal e Drenagem Linfática. Todo o material utilizado nas aulas é adaptado para cegos. Formada no IBC e com curso de fisioterapia, Sirlene dos Santos Ribeiro hoje é professora ao lado de Thiago.. Quem passa uma tarde no IBC, sente que o belo prédio do Séc XIX abriga pessoas felizes. Pessoas que souberam superar uma séria adversidade na vida e seguir em frente, através do estudo e da busca de uma formação profissional. Afinal, eles só desejam levar uma vida normal.

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P e las Em pr esas

ISABELLA ARARIPE

Petrobras lidera ranking latinoamericano de sustentabilidade A Petrobras obteve a melhor nota no estudo sobre sustentabilidade com as maiores empresas de energia da América Latina. O ranking foi elaborado pela consultoria espanhola Management & Excellence (M&E) em parceria com a revista LatinFinance, publicação internacional especializada no mercado latino-americano. Segundo a consultoria, a classificação deste ano levou em conta não só o grau

de adesão, mas se as companhias estavam de fato implementando políticas de sustentabilidade. Neste item, atingimos uma marca muito superior à nota das demais empresas na categoria de desempenho em sustentabilidade. O método utilizado para a preparação do relatório deste ano incluiu cerca de 200 atributos relacionados à sustentabilidade, responsabilidade social, governança corporativa, práticas ambientais e financeiras.

Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social

Foto de Cristina Lacerda/ Divulgação

Estão abertas as inscrições para o Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social e podem participar instituições sem fins lucrativos, de direito público ou privado. Serão nove prêmios no valor de R$ 80 mil cada - cinco serão para as categorias regionais (um para cada região do País) e um para cada categoria especial: “Direitos da Criança e do Adolescente e Protagonismo Juvenil”;

Coca-Cola realiza Semana Otimismo que transforma com o objetivo de apoiar projetos sociais

Da esquerda para a direita: O economista Sérgio Besserman; Marco Simões, vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil e Tião Santos, presidente da Associação de Recicladores de Jardim Gramacho (Baixada Fluminense) De 22 a 29 de maio, o Sistema Coca-Cola Brasil realizou a quinta edição da Semana Otimismo que Transforma, durante a qual cada produto da Coca-Cola Brasil vendido no País reverterá quase três centavos aos programas do Instituto CocaCola Brasil. Em 2010, foram arrecadados R$ 5,8 milhões para os projetos nas áreas de Meio Ambiente e Educação. São mais de 150 produtos do portfólio da CocaCola Brasil que gerarão recursos para os programas “Reciclou, Ganhou”; Água das Florestas; Coletivo; Valorização do Jovem e Educação Campeã.

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“Gestão de Recursos Hídricos”; “Participação das Mulheres na Gestão de Tecnologias Sociais”; e uma nova categoria: “Tecnologia Social na Construção de Políticas Públicas para a Erradicação da Pobreza”. As inscrições podem ser feitas por meio do portal www.fbb.org.br/tecnologiasocial até o dia 30 de junho e o Prêmio conta com o patrocínio da Petrobrás e o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, da Unesco e da KPMG Auditores Independentes.

Neste ano, os consumidores puderam aumentar sua participação na Semana. Além de comprar produtos para contribuir diretamente para os projetos, puderam enviar suas fotos no momento do consumo para o site, entrando, assim, no “Mural dos bons”. No dia 20 de maio, o Dia do Otimismo, funcionários da empresa, de forma voluntária, visitaram pontos de venda para divulgar a Semana e explicar a iniciativa aos consumidores. Segundo Marco Simões, vice-presidente de Comunicação e Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, “a Semana Otimismo que Transforma une representantes do Instituto, nossos colaboradores, clientes, consumidores e outros parceiros em torno de uma causa muito especial, representando perfeitamente a visão que temos de um mundo melhor”.


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Estudo da PwC: setor elétrico paga duas usinas de Belo Monte em impostos

Foto: Gustavo Ribeiro/ Divulgação

De acordo com recente estudo concluído pela consultoria PricewaterhouseCoopers, a carga tributária total atingiu 45,08% do total das receitas do setor elétrico brasileiro. O levantamento mostra que as 54 empresas pesquisadas (geradoras, transmissoras e distribuidoras) desembolsaram R$ 46,2 bilhões em impostos de uma receita bruta de R$ 102,5 bilhões em 2008. Este valor equivaleria à construção de duas usinas de Belo Monte por ano. A divulgação foi feita na Folha de S. Paulo, na coluna Mercado Aberto, por Maria Cristina Frias.

Projeto socioambiental das Casas Bahia destina mais de 30 mil t de materiais para reciclagem

O Amigos do Planeta é um programa socioambiental que tem como objetivo engajar os mais de 57 mil colaboradores da rede para que atuem na preservação do meio ambiente, não só dentro da Casas Bahia, como também nas suas respectivas comunidades. O programa está baseado no conceito dos 3R’s (redução, reutilização e reciclagem de materiais) e inclui ações de conscientização e de mobilização e projetos de ecoeficiência para redução do consumo de recursos naturais e energia elétrica. Implementado em 2008 em um grupo piloto, hoje o projeto já envolve todo o complexo da matriz em São Caetano do Sul (SP), mais de 100 lojas de São

Paulo, o maior centro de distribuição da rede, localizado em Jundiaí (SP) e a empresa de relacionamento do grupo, CB Contact Center. Desde então, já encaminhou mais de 30 mil toneladas de materiais para reciclagem, contribuindo para que se economize mais de 27,5 mil m3 de área nos aterros sanitários. O volume diário de recicláveis ajuda a poupar do meio ambiente, o equivalente ao lixo gerado/dia por uma cidade de mais de 30 mil habitantes.

Unimed-Rio apoia Música cidadã O projeto Receita do Bem permitiu que os médicos cooperados da Unimed-Rio doassem parte de seu Imposto de Renda devido para projetos sociais e culturais. Uma das ações beneficiadas foi a Escola de Música e Cidadania da Cidade de Deus, iniciativa desenvolvida pela ONG Agência do Bem. A Escola iniciou suas atividades, com o apoio da cooperativa, em março de 2011, atendendo 300 crianças e jovens da comunidade. A metodologia de ensino, que utiliza a música como meio de inclusão social, já era desenvolvida pela instituição em comunidades de Vargem Grande e Vargem Pequena. São ministradas aulas de flauta (doce e transversa), clarineta, violino, violoncelo, viola de corda e conto para crianças entre 8 a 17 anos.

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Atitude

Restaurantes politicamente corretos

A

Exemplos de responsabilidade social e ambiental

Texto: Letícia Koeler Especial para Plurale em revista Fotos de Divulgação

conscientização da necessidade de implantação de políticas de desenvolvimento sustentável e ações sociais chegou ao setor gastronômico brasileiro. Adotar o uso de lâmpadas LED que consomem menos energia, optar pela madeira certificada no projeto, pintar as paredes com tinta atóxica, reciclar resíduos e solicitar a coleta seletiva de lixo são algumas ações que vêm sendo adotadas por alguns restaurantes. E o objetivo dos empresários não é o lucro, pois a maioria dessas práticas custa caro. A ideia é envolver a população em ações sustentáveis para atingir um resultado mais imediato. Para manter uma coleta seletiva de lixo, por exemplo, o custo nem é tão elevado. O maior gasto – e a maior dificuldade – é treinar, organizar e conscientizar os funcionários. Por isso, cursos e palestras promovidos pela organização não governamental WWF-Brasil são solicitadas pelo empresário Ricardo Stern, dono do restaurante ViaSete, no Rio de Janeiro. “A ideia é que o funcionário leve essa consciência ambiental adquirida nos encontros para a sua comunidade, ampliando o engajamento nas ações ambientais”, conta Ricardo.

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Parceiro da WWF-Brasil desde 2007, o ViaSete sugere a doação de R$ 1 na conta de cada cliente.

Parceiro da WWF-Brasil desde 2007, o ViaSete sugere a doação de R$ 1 na conta de cada cliente. O restaurante, que faz gestão de resíduos, utiliza o jogo americano de papel reciclato nas mesas. “Esse papel é elaborado com papel que já foi reciclado. Devolvemos o papel para a reciclagem na separação do lixo. O custo é cerca de 20% a mais que o papel comum, mas acredito que temos que fazer a nossa parte”, conta Ricardo. O ViaSete separa também o óleo da cozinha para reciclagem. A parceria com uma empresa certificada garante que o produto seja transformado em sabão ou biocombustível. A prática chamou atenção dos vizinhos que levam garrafinhas com óleo ao restaurante. “É muito bom saber que nossas ações estimulam a população a fazer o mesmo pela natureza.”, comemora Stern que sonha em criar postos de coleta de óleo de cozinha. Servir alimentos orgânicos também é um luxo. Segundo Ricardo, sai cerca de 30% mais caro utilizar esses produtos. Para servir alimentos frescos e com qualidade, o Delírio Tropical foi além. O restaurante mantém plantação própria e segue todos os cuidados para que os produtos sejam mantidos longe de qualquer inseto. Nenhum produto químico que agride a natureza é utilizado na lavoura. O De-

lírio Tropical serve mate elaborado com erva orgânica, livre de conservadores, edulcorantes artificiais, antioxidantes e aromas artificiais. A frutose é utilizada no lugar do açúcar refinado. Sueli Gama, do restaurante Casarão 1881, que funciona no Centro Histórico do Rio de Janeiro, reformou todo o casarão de 1881 para preservar a fachada original. Ao modernizar o interior do restaurante, percebeu que poderia adotar uma prática sustentável. Foi assim que resolveu refazer os cardápios, utilizando papel reciclado. “Se cada uma fizer a sua parte, tenho certeza que será benéfico ao meio ambiente”, diz Sueli. As sócias Simone Rau e Carla Noronha do Salitre também mostraram preocupação com o meio ambiente ao implantar o sistema de captação de energia solar na casa em que funciona o restaurante em Ipanema, no Rio de Janeiro. “Toda água quente utilizada na cozinha vem desse sistema. A reforma era inevitável, então nós decidimos adotar um sistema que fosse bom para nós e para a natureza”, conta Carla. Os banheiros possuem válvulas de descargas ecológicas que garantem uma economia de aproximadamente 60% do volume de água. Como o restaurante possui uma loja de vinhos, as sócias decidiram adotar sacolas de papelão em vez de sacos plásticos.

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Atitude do Planet Sierra Tenat Award foi o restaurante Giovannetti, em Campinas, por suas práticas ambientais. Um júri avaliou itens como consumo racional de água e energia, qualidade do ar, emissões de ruído e odores, separação de lixo e limpeza de diversas lojas dos shoppings da empresa. A premiação acontece a cada dois anos. O chef Eric Thomas, famoso pela sua gastronomia de qualidade do restaurante Tantra, em São Paulo, decidiu criar um espaço sustentável quando notou a agitação durante uma festa infantil e se perguntou se seria possível transformar aquela movimentação em energia. E então, em 2010 a EcoHouse foi inaugurada, o primeiro local ecologicamente correto da América Latina. Uma das principais inovações do projeto da EcoHouse é justamente o sistema de geração de energia. As pegadas das pessoas geram a luz da cozinha, restaurante, bar e pista de dança. A sustentabilidade também chegou à cozinha, onde qualquer sobra de alimento é transformada em adubo. Inclusive, o cliente pode visitar o telhado verde para selecionar frutas e legumes que farão parte do menu do evento.

Atenção aos clientes especiais também faz parte do projeto do restaurante. Apesar de haver uma legislação que pune estabelecimentos que não seguem as normas técnicas de acessibilidade, poucos restaurantes no Rio de Janeiro oferecem livre acesso para quem necessita. As sócias decidiram, então, instalar um elevador especial na entrada do Salitre. O custo com o elevador e sua instalação foi de mais de R$ 20 mil. Outro investimento social das empreendedoras foram os cardápios em braile. Elaborado com a ajuda do Instituto Benjamin Constant, a produção da versão do menu para os deficientes visuais teve um custo aproximado de R$ 5 mil. “Apesar de não haver incentivo algum para que os estabelecimentos comerciais sigam normas de inclusão social, fizemos questão de proporcionar maior comodidade aos nossos clientes, sem qualquer preconceito”, diz Simone. O Delírio Tropical também possui um trabalho social interessante. O restaurante apoia o Instituto Compartilhar, ONG criada pelo treinador de voleibol Bernardinho que visa o desenvolvimento humano e social de jovens através do esporte. A atenção social também é voltada aos funcionários. O empreendimento foi contemplado com o Prêmio Ser Humano da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro em 2010, um reconhecimento às práticas de sucesso em gestão de pessoas com resultados quantitativos e qualitativos. Para incentivar ações ambientais, o grupo Sonae Sierra Brasil, de shopping centers, premia lojistas. Este ano o vencedor

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A casa também possui sistema que capta e armazena a água da chuva, utilizada para limpeza e manutenção do jardim. Plantas dispostas nas paredes da casa, além de decorar o ambiente, garantem uma boa acústica e o controle da umidade. Segundo Eric, o custo da obra custou cerca de 20% mais caro do que o de uma obra convencional. “Minha intenção com a EcoHouse é mostrar que é possível construir e administrar com sustentabilidade. Após cada evento, enviamos um relatório ao cliente para mostrar o quanto ele deixou de consumir de energia. E as pessoas sempre têm uma reação positiva, pois ficam contentes ao saber que, de certa forma, ajudaram a preservar o meio ambiente”, conta Eric.


VIDA Saud á vel Fundação Grupo O Boticário patrocina Gastronomia responsável De Curitiba

O site do Gastronomia Responsável tem espaço aberto para o envio de receitas que aliem gastronomia a princípios de conservação da natureza. O movimento foi lançado em setembro do ano passado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza em Curitiba (PR) com a curadoria do renomado chef Celso Freire. Hoje, o Gastronomia Responsável conta com a participação de treze restaurantes da cidade. Internautas de todo o Brasil podem participar. Basta compartilhar no site do Gastronomia Responsável (www.gastronomiaresponsavel.com.br) as receitas criadas que sigam a, pelo menos, um dos quatro princípios apregoados pelo movimento: uso de ingredientes orgânicos, não-utilização de espécies ameaçadas de extinção, uso de produtos de fornecedores locais para evitar emissão de gás carbônico no transporte, e utilização integral de alimentos para evitar o desperdício.

Embrapa Hortaliças

A super cenoura Por Eduardo Pinho Rodrigues, da Embrapa Hortaliças

Rústica e com excelente qualidade de raízes, a cenoura BRS Planalto, desenvolvida pela Embrapa Hortaliças e comercializada pela Embrapa Transferência de Tecnologia – unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –, vem conquistando cada vez mais os produtores brasileiros, especialmente os orgânicos. O cultivo da hortaliça é indicado para o verão, mas sua tolerância ao florescimento precoce permite um maior período de plantio. Além disso, a cultivar apresenta resistência a queima-das-folhas e nematóides. Outra característica é a coloração alaranjada intensa, o que indica alta concentração de beta-caroteno, antioxidante que é convertido pelo organismo em vitamina A. A cultivar apresenta ainda duas vezes mais carotenoides pró-vitamina do que a cenoura Brasília, de polinização aberta (não híbrida) mais plantada atualmente no País. O preço das sementes também é uma vantagem da BRS Planalto: bem mais baixo do que o de materiais híbridos.

Apoio:

Alimentos saudáveis

Juliana Martins, enfermeira da Área de Gestão de Saúde da Unimed-Rio explica que alimentos saudáveis são aqueles que além de fornecer energia possuem nutrientes ou compostos que irão desenvolver alguma função benéfica no nosso organismo. “Os alimentos podem fornecer energia através das proteínas (também com função construtora e reparadora de tecidos do corpo), carboidratos e gorduras (função energética) e também através do álcool”, diz. A “chave”, ensina, é descobrir se o alimento também é rico em fibras, vitaminas e minerais (com função reguladora de todas as reações químicas do organismo) ou compostos bioativos com função protetora. Exemplo — A enfermeira cita como exemplos desses compostos o licopeno (encontrado na coloração do tomate, melancia e goiaba), a clorofila (alimentos verdes), o resveratrol (vinho tinto, suco de uva), as catequinas (chá verde) entre tantos outros. Quando o alimento não tem quantidades significativas de nutrientes e apenas é rico em calorias (energia) ou possui grande quantidade de produtos químicos (corantes, conservantes, agrotóxicos, aromatizantes) costumamos classificá-los como não saudáveis. Juliana lembra que “uma alimentação saudável beneficia todas as funções do nosso organismo”. Desde funções gástricas, intestinais, imunológicas, metabólicas, cardiovasculares, sanguíneas, hormonais até neurológicas como a melhora e preservação da função da memória. E reforça que não podemos esquecer que nossas células são compostas por nutrientes que precisam ser recompostos periodicamente através da alimentação.

Nova estrela O hit do momento nas lojas de produtos naturais é o pólen apícola, vendido em pequenos potinhos. O pólen retarda o envelhecimento, é regenerador das funções orgânicas e psíquicas, catalisador de energia e saúde e como se não bastasse tudo isso ainda ajuda na prevenção e tratamento de doenças degenerativas e infecciosas. Os especialistas recomendam apenas uma pequena dose diária de uma colher de chá.

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Cultura

Alexia abre baú do exílio de Caetano Texto: Maria Helena Malta Especial para Plurale em revista Fotos de Marcelo Faustini/Divulgação

I am lonely in London without fear (...) Oh Sunday, Monday, Autumn pass by me And people hurry on so peacefully (London, London, Caetano Veloso/Londres, 1971)

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lguns talvez se lembrem da prisão de Caetano e Gil no quartel de Marechal Deodoro, no Rio, no longínquo mês de dezembro de 1968 — algo que renderia um cinzento (mas produtivo) exílio em Londres, a partir do ano seguinte. Mas ainda que não se recordem de toda a história, devem ter percebido a saudade contida nas entrelinhas de London, London, uma das faixas mais cantaroladas entre as que aportaram no Brasil. Quarenta anos depois, na voz clara e suave de Alexia Bomtempo (uma carioca de 27 anos, nascida em Washington DC), serão resgatadas outras músicas compostas por Caetano nos tempos de exílio — incluindo You don’t know me, A little more blue e, claro, a deliciosa London, London,, entre outras que saíram em discos como Caetano Veloso,, de 1971, e Transa, de 1972. O novo CD solo de Alexia, Nine out of ten (título provisório), está prestes a ser lançado. O convite foi de Felipe Abreu e o disco também conta com produção de Dé Palmeira e participação especial de músicos como Dadi, Vinicius Cantuária, Kassin, Charles Gavin (ex-baterista dos Titãs), Roberto Frejat, Rodrigo Campello, Domenico Lancellotti, Jr. Tostoi e Bernard Ceppas, além do americano Jesse Harris, vencedor do Grammy. O próprio Caetano gostou da ideia e se diz “curiosíssimo” a respeito do resultado. A pesquisa foi árdua e, além dos arquivos de praxe, envolveu leituras de dezenas de cartas do baiano, enviadas do exílio, e entrevistas ao Pasquim. “Estou juntando dois lados da minha vida: a língua materna, que é o inglês, com músicas de um compositor absolutamente brasileiro. O denominador comum é a emoção da época: ele estava exilado e eu conheço a saudade, sei o que é estar num lugar onde você não queria estar”, comenta

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Alexia, carinhosamente observada por Tom Zé, seu pequeno buldogue francês. Boa parte da vida da carioca Alexia Bomtempo, hoje formada em Letras pela PUC-Rio, foi vivida nos aviões de carreira. Aos sete anos, veio morar no Rio com o pai, o produtor e agitador cultural Renato Bomtempo, que revitalizou a cena em Petrópolis (RJ) na virada do século, com shows, festivais e peças de teatro. Foi a grande chance de circular pelos bastidores, onde assistiu a shows de Gil, Adriana Calcanhotto, Titãs e Zizi Possi, e até ganhou colo de Caetano, quando tentava pedir-lhe que autografasse uma fita cassete. Na adolescência, passou uma temporada com a mãe, a escritora e cantora Monica Nagle, nos Estados Unidos, e lá descobriu o talento, ainda nos corais da High School. Chegou a pensar em ser atriz e frequentou os cursos do Teatro Tablado, no Rio. Mas, numa das estadias americanas, ganhou o incentivo do professor de música da Universidade de New Hampshire, cujas aulas iam do lírico ao jazz. Alexia era sempre convidada a “puxar” o Hino Americano em aberturas e finais


dos campeonatos de hóquei, diante de cerca de 10 mil pessoas. Além disso, gravava composições próprias, que eram bem recebidas na casa do pai carioca. Numa dessas ocasiões, Alexia fez os primeiros contatos com Dadi, com quem se apresentou em um show no Mistura Fina — um evento que chamou a atenção do produtor Sergio Carvalho e permitiu, de quebra, o primeiro encontro com o também músico Pierre Aderne. Ele logo viraria namorado e, meio de brincadeira, compôs os primeiros versos de “Mina do condomínio”, hoje uma das faixas mais aplaudidas na voz de Seu Jorge.

cd lançado em 2005, no ‘WoodstocK’ poRtuguÊs, conQuista também o japão Em 2005, Alexia vendeu o carro, devolveu o apartamento americano e decidiu ficar de vez por aqui. Começou a compor com Dadi, a partir de letras que Pierre havia cedido, e ganhou a admiração de Paulo Junqueiro, diretor artístico da EMI, que deu seu aval ao talento da dupla. Afinal, ao longo de um ano, Alexia e Dadi haviam composto nada menos de 10 melodias. Basta dizer que o CD Astrolábio (EMI, 2008) — que também incluiu parcerias com Arnaldo Antunes e André Carvalho, além de faixas de outros autores, como Sting — foi lançado não apenas no Brasil, mas também no Japão e em Portugal, no Festival Sudoeste, uma espécie de Woodstock português, instalado “no meio do nada”, como lembra a cantora — isto é, num local chamado Zambujeira do Mar, em plena região do Alentejo. No Japão, Astrolábio fez enorme sucesso em 2009 e foi o segundo disco brasileiro mais vendido no país, logo depois do álbum Zii e Zie, de Caetano Veloso. Mas por que no Japão? “Porque eles amam a música brasileira e se identificam com a nossa suavidade”, diz Alexia. “A música é feita no quarto, na sala, no grama-

do ou na areia. Mas levá-la aos ouvidinhos de 190 milhões de brasileiros são outros quinhentos”, completa o parceiro Pierre Aderne. E acrescenta: “O mais difícil é saber esperar e conviver com as frustrações. O segredo é desencanar, tocar o barco, navegar, sair plantando por aí. De repente, você acorda e a água ferveu: as árvores nasceram e você já pode viver à sombra delas...” O fato é que Astrolábio acabou rendendo uma turnê por várias cidades japonesas em 2010. E, em julho do mesmo ano, Alexia e Pierre voltaram a fazer as malas e se apresentaram no Festival de Verão do MoMA, em Nova York, que lotou os novos jardins internos do mais simpático museu da cidade. doces caRiocas: o VeRão Que ViRou inVeRno na seRRa do Rio Na virada de 2006 para 2007, a ideia era curtir um réveillon com Pierre e amigos como Mú (ex-Cor do Som) em Araras, área serrana do Rio, onde seria possível aproveitar um calor mais ameno, talvez esvaziar os dois barris de chope à beira da piscina, e tudo isso sem desprezar a ideia de alguma inspiração. Mas a natureza surpreendeu: o tempo fechou, a chuva foi intermitente, o friozinho temperou os espíritos e a cerveja foi dignamente substituída por garrafas de vinho ao lado da lareira. Dormia-se e acordava-se em torno do violão. Em resumo: ali nasceram as 10 composições de Doces Cariocas, um projeto especial que reuniu Pierre e Alexia no CD que abocanharia o Prêmio da Música Brasileira 2009 (exTim), na categoria Melhor Grupo. A banda, aliás, também gravou um DVD no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, que ainda está em fase de edição. Para Alexia, toda essa parceria foi (e é) emocionante: “Melhor ainda quando se faz, ao mesmo tempo, a letra e a música.” A inesquecível atmosfera criada na serra, aliás, levou a inúmeros saraus no apartamento de Ipanema, no Rio, com Domenico Lancellotti, Maria Gadú, Wilson Simoninha, Edu Krieger, Madeleine Peyroux e muitos outros colegas e amigos. uma mpb contempoRânea e dionisÍaca, “com caRinHo de inFância” e amigos em toRno do VinHo A marca principal é a alegria, a carioquice, a natureza (como na velha Bossa Nova) e o amor. E não por acaso. Afinal, como não se emocionar com versos que dão “um abraço apertado no sol” ou falam da “paisagem/atrás dos ombros/lá de cima da colina”? Como não se encantar com “Cromologia”, onde “Djavan é lilás”, “Carlinhos é Brown”, “o barão é vermelho”, “Caetano é camaleão”, “verde e rosa é Mangueira” e “preto com branco dá brasileiro”? De uma briga de amor, podem restar “um abraço, um beijo e um mapa/o argumento do livro e o desenho da capa/ uma intenção ilícita/uma página não escrita...” Até as crianças adoram as letras de seus discos, que Alexia define com uma deliciosa visão dionisíaca: “Acho que podemos falar numa despretensiosa MPB contemporânea, com carinho de infância e de amigos que tocam juntos, em torno do vinho e ao lado da fogueira...”

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P e lo Mundo Um gerador mais leve que o ar

Por Wilberto Lima Jr., Correspondente de Plurale nos EUA, De Boston

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famoso Massachussets Institute of Technology (MIT), localizado em Boston (EUA), está completando 150 anos de vida. Ele é uma das mais importantes instituições geradoras de ideias e de avanços no mundo tecnológico. Inúmeras empresas surgiram e prosperaram a partir de suas pesquisas e de seus alunos dos cursos de graduação, mestrado e doutorado. Uma delas é a Altaeros Energies Inc., fundada por ex-alunos do seu Departamento de Aeronáutica e Astronáutica. Em recente reportagem, foi mostrado a público o projeto que a companhia está desenvolvendo. trata-se de um blimp (balão especial), tecnicamente chamado de aerostat, já que estará conectado ao solo. Para manter-se em suspensão, será utilizado gás hélio e conterá uma turbina eólica (movida a vento) no seu centro oco (vejam a foto do modelo). Ele será mantido a uma altura de 2000 pés (um pouco mais de 600 metros) e assim, vai

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captar ventos e produzir energia que será transmitida através do seu cabo a uma estação em terra. Logicamente, esta é ainda é uma fase de estudos para que daqui a alguns poucos anos possa passar para a etapa de comercialização, mas alguns dados demonstram otimismo quanto aos resultados: - hoje em dia as turbinas eólicas são montadas em torres que se projetam de 100m a 140m de altura; - cerca de 30 a 50 % do custo delas é referente à construção civil das torres que sustentam as turbinas; - os ventos nesta altitude (600m) são mais fortes e constantes; - o sistema poderá gerar de duas a cinco vezes mais eletricidade que uma turbina eólica montada a pouco mais de 100 metros de altura; - o custo da eletricidade produzida será menor que a de um gerador a diesel. O protótipo com a turbina já estará pronto para ser testada neste verão ame-

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ricano, possivelmente em alguma localidade remota como uma unidade militar, campo petrolífero ou mesmo uma ilha. Nestea fase vai conter uma turbina capaz de gerar apenas 2,5 kilowatts, ou seja, o mesmo que um gerador usado para suprir uma residência. Algumas limitações já estão estabelecidas, tais como, não estar nas proximidades de aeroportos ou ainda acima dos 2000 pés de altura. O uso da energia eólica vem despertando cada vez mais interesse e ainda que várias proposições pareçam estranhas o assunto está evoluindo. Cerca de seis empresas no mundo estão estudando sistemas para geração de energia usando a força dos ventos. Os moinhos de trigo são uma prova de séculos de tentativa do uso dessa força. Na Califórnia, por exemplo, outra empresa criada por ex-aluno do MIT, a Makani Power Inc. recebeu suporte do Google (U$ 15 milhões) e do Departamento de Energia (U$ 3 milhões) para o desenvolvimento de um projeto que usa um avião preso ao solo por um cabo e que voa em círculos largos. Três rotores colocarão e manterão o avião em voo, agindo como propulsores. A partir daí as asas, como uma pipa, vão captar e transmitir a energia gerada pelos ventos. No projeto atual, a custo de U$ 500 mil, o gerador poderá abastecer de 30 a 50 residências. Em ambos os casos os custos de manutenção são baixos. Futuristas demais? Inviáveis? Sonhadoras? Quantas ideias ao longo do tempo passaram pelos mesmos questionamentos? Nos dias de hoje, com os suportes tecnológicos disponíveis está ficando difícil ser cético quanto às possibilidades de avanços da tecnologia em todos os campos da presença humana. A luta pela busca de fontes alternativas, renováveis e viáveis de energia é uma realidade mundial e aqui nos EUA, tanto o Governo quanto empresas privadas se esforçam cada vez mais.


Facilidades nas ruas e na vida dos deficientes visuais Por Mônica Pinho, de Perth, Austrália - Especial para Plurale em revista

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ma das coisas que mais impressiona na Austrália, e certamente em muitos outros países de primeiro mundo, é a acessibilidade na cidade para os deficientes visuais. O planejamento urbano por aqui é extremamente respeitado e a reboque está a valorização do bem-estar para todos, sem nenhum tipo de discriminação e de

acordo com seus princípios universais. Reparei que por onde ando encontro calçadas com rampas de acesso para os portadores de deficiência física, piso podotátil (pavimentação especial para deficientes visuais) e sinais sonoros junto aos sinais de trânsito na travessia de ruas e avenidas (o deficiente pressiona o botão e aguarda soar o som de permissão de travessia).

Ban Ki-moon tentará a reeleição De Nova York secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, de 66 anos, admitiu, em meados de maio, que vai tentar a reeleição para se manter no comando do órgão. O mandato dele acaba em setembro deste ano. Desde 2007 no cargo, o coreano foi o sétimo a assumir o comando das Nações Unidas. O secretário-geral é nomeado pela Assembleia Geral da ONU, depois de ter sido recomendado pelo Conselho de Segurança. A escolha pode ser vetada por qualquer um dos 15 representantes do conselho.

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De acordo com diplomatas, não há exigências específicas para desempenhar a função de secretário-geral. Mas, normalmente, a indicação para o cargo segue um sistema de rodízio geográfico. Os antecessores de Kimoon eram da Birmânia, Suécia, do Egito, da Áustria, do Peru e de Gana. “A minha posição é que se os Estados-Membros acharem que os meus serviços são úteis e necessários, então estou disponível”, disse Ki-moon, referindo-se aos representantes dos 192 países que integram a ONU. “Isso depende da vontade dos Estados-Membros. Trabalho duro todos os dias para tentar resolver todas as crises do mundo. Preciso do apoio dos Estados-Membros.” De acordo com vários diplomatas das Nações Unidas, Ki-moon tem chances de ser reeleito. As informações foram divulgadas pela agência pública de notícias de Portugal, a Lusa, e da ONU.

FAO alerta para a influência dos incêndios no clima Por Fabiano Ávila, do Instituto CarbonoBrasil, com informações da FAO

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) está preocupada com um novo ciclo vicioso que pode ter sido criado nas últimas décadas devido às transformações no clima. Em um estudo divulgado no dia 10 de maio, a entidade apontou que o aquecimento global está multiplicando o número de grandes incêndios e que as emissões de gases do efeito estufa resultantes dessas queimadas são significantes e podem estar acelerando o aumento das temperaturas no planeta.

“Grandes incêndios são causados principalmente pela ação do homem e têm ficado mais frequentes por causa das mudanças climáticas. O que nós suspeitamos é que estamos vivendo um novo e perigoso ciclo vicioso, que pode resultar em prejuízos gigantescos para a economia e para a vida”, explicou Pieter van Lierp, oficial de Florestas da FAO. O relatório, intitulado “Findings and Implications from a CoarseScale Global Assessment of Recent Selected Mega-Fires” (algo como “Descobertas e Implicações da Avaliação Global de Grandes Incêndios Recentes”), traz informações sobre incêndios na Austrália, Botsuana, Brasil, Indonésia, Israel, Grécia, Rússia e Estados Unidos.

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Especial África

Ruanda Uma vez em

u 800 mil pessoas, o at m e qu io d cí o n ge 17 anos após o mo está hoje este co ra st o m le ra lu P e correspondente d r para os jovens so is m ro p s ai m ro tu esperança e um fu povo que sonha com Texto e fotos: Vivian Simonato Especial para Plurale, de Ruanda Africa (*)

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ma jovem esguia de sorriso tímido acenou para nosso grupo. O recibo número 08418919, de US$ 60 para o visto, era o passe-livre que recebi em Kigali, capital de Ruanda, para os próximos vinte dias. A missão de cada um de nós, profissionais de diversas áreas que agora se viam estudantes do curso de mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento, era costurar toda a teoria recebida nos últimos meses no prédio do Museu da Trinity College Dublin, na Irlanda, à realidade dequele país, que poderia caber sem o menor problema em um dos muitos estados brasileiros. Seraphine, a jovem de sorriso fácil e nossa anfitriã, logo resolveu me ajudar com a mala, que não era uma das menores, e o que prontamente recusei já que o fardo de ter levado muita coisa deveria ser todo meu. Posso até tentar explicar que foi desde esse momento que simpatizei com ela, mas seria mentira, porque antes mesmo de se oferecer para dar uma mãozinha com as malas, aquele sorriso de boas-vindas já tinha me feito sentir em casa. “Seu nome é nome de anjo, você sabia?“, eu disse, puxando conversa. Só ouvi ela repetindo a palavra “anjo” e abrindo outro sorriso da-

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queles bons como se nunca ninguém tivesse dito isso. A partir desse momento vi que algo mais forte talvez ligasse a gente e estava feliz em ter a oportunidade de ver com meus olhos aquele país pequeno, que tinha conhecido muitos anos antes, quando assisti o filme Hotel Ruanda, sem ter ideia que um dia estaria sentada ao lado da piscina azul do sofisticado Des Mille Collines (o hotel Ruanda!), só para beber uma cerveja e pensar como a vida é uma infinita descoberta. assim como uganda Uma vez li no livro The lnvisible Cure (A Cura Invisível), de Helen Epstein, que em Uganda (ali pertinho) assim como o vírus HIV surgiu de uma maneira feroz, matando pais e mães de familía, com inúmeros lares ficando a Deus dará nos anos 70, foi nessa mesma região que, sem motivo aparente (mas que os países do hemisfério Norte teimaram em achar uma explicação racional) os níveis de transmissão também foram os primeiros a cair. Muito mais tarde, isso foi atribuído à mobilização da comunidade, que a seu modo combatia as consequências da AIDS e trabalhava para diminuir as transmissões do vírus de uma maneira bem caseira aos olhos dos cientistas. Era mais uma questão de solidariedade, esclarecendo sobre como a contaminação talvez pudesse ser evitada e também estar presente para aquilo que


o doente precisasse, mais do que qualquer pacote mirabolante, ou drogas antiretrovírais (que não eram disponíveis) ou camisinhas. A isso, Epstein deu o nome de a cura invisível. Estando em Ruanda, que faz fronteira com Uganda ao norte, pensei que essa predisposição em ajudar podia não ser somente uma exclusividade de Uganda, também, podia não ser somente em casos extremos. Nesse momento eu entendi que o que me ligava à Seraphine e, mais tarde, ao seu povo, era um sentimento de solidariedade compartilhada. Também vinha de um país que hoje é emergente, mas que por muito tempo tinha aquele rótulo cinzento, gasto e mal-quisto de Terceiro Mundo, ou, para os mais fashionistas, Países Menos-Desenvolvidos. Sabia o que era a situação de Seraphine e seu povo não pelos vários artigos científicos que tinha na ponta da língua, mas porque éramos iguais, nossas realidades eram mais próximas do que muitas pessoas daquele grupo de americanos, canadenses, irlandeses. Aquela solidariedade compartilhada aconteceu porque, assim como Seraphine, senti que éramos agradecidas por aqueles que iam estudar os problemas dos nossos países, mas, a maior esperança de mudar a realidade morava em nós, e essa interconectividade também me faziam sorrir fácil para Seraphine, e fiquei feliz em saber que ela seria nossa companhia certa a maior parte do tempo. Ruanda das mil colinas e do genocÍdio Os ruandenses fazem questão de lembrar que Ruanda é o país das mil colinas. Mas, o que não dá para esquecer também é que lá é o país onde a tribo de Hutus matou mais de 800 mil pessoas da tribo rival, Tusis, e de Hutus moderados, em 1994. É difícil não encontrar uma pessoa que não tenha perdido um familiar naquela época ou, até mesmo, a família inteira. O esforço de não esquecer para não fazer igual é visto nos muitos memoriais, como o de Murambi, em Butare; Nyamata, na região Bugesera; e Gisozi, no centro de Kigali. O primeiro, onde mais de 55 mil pessoas morreram, uma exposição permanente (e chocante) de mais de 800 corpos mumificados dão uma ideia do tamanho da tragédia, Imagens: Google

retratada no filme Operation Turquoise, difícil de achar, mas imperdível. No Memorial de Nyamata, a 35 quilômetros de Kigali, uma imagem de Nossa Senhora logo na entrada denuncia que o mesmo lugar aonde mais de 10 mil pessoas morreram era também uma igreja, aonde Tutsis se refugiavam tentando sobreviver. Em Gisozi, no centro de Kigali, foi aonde chorei pela primeira vez em Ruanda e, para minha tristeza, vi Seraphine chorando também. É lá, em uma das muitas valas coletivas, que seus pais estão enterrados, achei ruim dela ter ido e não fazia ideia da sua história de vida. Hoje, Ruanda não é mais um país de Tutsis e Hutus, mas de ruandenses e sobre o genocídio eu aprendi que a gente ouve muito e pergunta pouco, porque nunca se sabe qual foi o tamanho da dor que aquela mesma pessoa que te sorri pode ter passado.

muzungu O desafio da Ruanda de profundas cicatrizes é colocar o país no compasso do desenvolvimento. No caminho para Ruhengueri, na divisa com a República Democrática do Congo, nunca os dados sobre uma população 90% rural e altamente dependente da agricultura ficaram tão claros. Casinhas que passariam desapercebidas aos olhares menos atentos, espremidas no meio de babanais e plantações de batata irlandesa, denunciavam a preciosidade de cada pedaço de terra. Também a luta pela água foi uma realidade que já esperava, mas que é amarga de se ver. Crianças, mulheres e homens de todas as idades disputavam encher seus galões ama-

Cenas do genocídio, há 17 anos

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Especial África relos em riachos, que mais eram filetes de água na beira da estrada, me fazendo sentir muito mal por ter condições de comprar minha garrafa de água mineral por 1000 francos ruandenses, ou pouco mais de US$ 1,50, o que também é um dia de trabalho de um pai de família na roça, quando tem trabalho. Mas, nem a falta de trabalho, nem a luta que parece ser eterna pela água, nem a pobreza, nem o genocídio, nem quantas vezes essas pessoas passaram fome (o que eu nunca deixava de me perguntar olhando seus rostos) parecia ter importância quando passávamos em nosso ônibus branco e velho pelas estradas empoeiradas e instintivamente eles já vinham correndo só para acenar para gente, e nós para eles. Perdi a conta de quantas crianças pelas vilas de

Bisate ou Arusha me chamavam de Muzungu (palavra em Swahili para homem branco) até saberem meu nome para daí, felizes, fazerem uma festa com um gritando para outro como eu me chamava, que era do Brasil (do Brasil do futebol), que estava estudando... Aliás, essa posição de estudante, de detentora de conhecimento, me incomodava muito, porque aquelas pessoas, sim, que eram experts em lidar com situações que só estando lá para saber. Mas, a recompensa vinha quando essa sensação de “intruso” acabava e logo percebia que estávamos mais próximos, muitas vezes com inúmeras mãozinhas miúdas segurando as minhas, me acompanhando aonde quer que fosse, mexendo no meu cabelo, me fazendo sentir bem-vinda e arriscando falar o que quer que fosse em inglês, o que

me encheu de um orgulho infinito. Foi na Vila de Bisate que chorei a segunda vez em público. Visitando uma das classes, aquelas mesmas crianças que um dia antes já estavam enturmadas, que já sabiam meu nome, cantaram uma música “de boas-vindas para amigos” (amigos!), em kinyarwanda, a língua tradicional, como o professor fez questão de falar. Chorei, mas dessa vez foi de felicidade. Há sempre uma oportunidade “Há uns anos não tinha nada disso, mas depois que aprendemos a aproveitar melhor a terra você pode ver aonde estou hoje”, falava com satisfação, do meio da plantação de abacaxis, o agricultor Felicién, que é morador da Vila do Milênio de Ruanda, em Mayange, distrito de Bugesera. A área, conhecida por sofrer pela falta de chuva, baixa fertilidade do solo, pobreza crônica, alto índice de doenças – como a malária - e falta de oportunidades de negócios, viu tudo mudar depois de uma das secas que mais judiaram o país em 2005. Naquela época o cenário para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, em 2015, pareciam muito aquém da realidade, até que em janeiro de 2006 o Projeto Vilas do Milênio foi implantado (no total são 12 em toda África). A iniciativa, resultado do esforço de do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, The Earth Institute e Millennium Promise, também trabalha com entidades privadas e ONGs, além dos próprios governos locais. No início, o projeto atendia 5 mil pessoas em Kagenge, uma das cinco subdivisões de Mayange, mas hoje já são mais de 20 mil ruandenses que recebem orientações sobre melhores práticas na agricultura, tem melhor acesso à educação, saúde e infraestrutura, além de serem

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incentivados a começarem pequenos negócios. Apesar das críticas sobre replicabilidade, o que vi no maior Umudugudu (assentamento) da Vila do Milênio em Ruanda não foram milagres, mas o suporte às pessoas comuns que se tornam vibrantes, cheias de iniciativas quando são empoderadas. Descobri em Mayange uma Ruanda do futuro, me descobri também 100% humanista e 0% cientista, sem saber ainda as consequências disso, aprendi que o mínimo de iniciativa pode fazer a maior diferença para aquela Ruanda esteriotipada ficar no passado de uma vez por todas, e voltar a ser lembrada apenas como o país das mil colinas, ou, para mim, dos infinitos sorrisos.

Agradecimentos: a todos os ruanden ses que me fizeram uma pessoa melhor ao dividirem comigo suas experiências; à Seraphine, que nunca tere i as palavras certas para agradecer por tamanha ajuda; Lau rent Nizeyimana, nosso facilitador; à equipe do Projeto Vila do Milênio de Ruanda, Mayange, em especial à Jane te Mukabalisa e Donald Ndahiro; ao Sr. Felicien Vugabagab o, agricultor da Vila do Milênio; aos professores David Tay lor e Andrew Jackson, do Departamento de Geografia da Trinity College Dublin, organizadores da viagem à Ruanda ; e Jack Jackson, pai de Andrew e professor de Biologia na Escócia, que abrilhantou nosso trabalho em campo e esta va sempre disposto a dar conselhos e ouvir nossas opin iões.

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CARBONO NEUTRO

SÔNIA ARARIPE

s o n i a a r a r i p e @ p l u r a l e . c o m . b r

CONSULTA PÚBLICA DA NOVA CARTEIRA DO ISE Já está disponível no endereço eletrônico www.isebvmf.com.br o questionário-base de avaliação das empresas candidatas a ingressar no processo de seleção da sétima carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). Formulado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP), o questionário

passa por audiência pública online até o dia 24/06 e também será avaliado em audiência presencial no dia 14/06, das 8h30h às 18h, no salão nobre da Fundação Getulio Vargas (Rua Itapeva, 432). O objetivo é estimular a participação de agentes do mercado e da sociedade nas discussões que envolvem o Índice.

GUIA INCENTIVA A BOA GOVERNANÇA DOS RECURSOS FLORESTAIS Jéssica Lipinski, do Instituto CarbonoBrasil, com informações da FAO

Em mais um esforço para orientar os países a combater as mudanças climáticas, o órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Banco Mundial e a Chatham House desenvolveram um guia para auxiliar na governança – criação e gerenciamento de leis, instituições, políticas e convenções – para o manejo florestal sustentável. O documento, intitulado Quadro para análise e monitoramento de governança florestal, oferece uma lista que identifica e abor-

da problemas de governança dos recursos florestais, e pode também ser utilizado para ajudar a garantir que os esforços para reduzir as emissões de desmatamento em países emergentes sejam administrados corretamente. De acordo com os autores, “o quadro facilita a descrição, o diagnóstico, o monitoramento, a avaliação e o reporte no estado de governança no setor florestal de um país. O guia pode ser usado por qualquer um envolvido em governança florestal. E pode assistir atores governamentais e não-governamentais interessados nas características e qualidade da governança florestal em um país particular”.

PROAMB COMEMORA 20 ANOS LANÇANDO LIVRO Há 20 anos, a questão ambiental não era nem tão disseminada, nem item essencial de gestão. À frente das tendências, foi nessa época que um grupo de empresários de Bento Gonçalves (RS), se reuniu e passou a buscar soluções viáveis, sustentáveis e adequadas para a destinação dos passivos produzidos pelas indústrias da região. Esse é, resumidamente, o fio da meada da história de duas décadas da Fundação Proamb. Para registrar e aproximar do público essa vanguardista trajetória de sucesso a entidade acaba de lançar o livro em que estão narradas algumas das principais passagens desse trabalho.

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Na obra 20 Anos – Fundação Proamb, foram reunidas as histórias e decisões que permitem a Proamb operar com três unidade de negócio centradas nas necessidades do mercado e baseadas nos pilares da sustentabilidade. A obra é uma iniciativa da diretoria da entidade, presidida atualmente por Juliana Ferrari Dal Piaz. 20 Anos – Fundação Proamb foi escrito pela jornalista Marisa Pereira, que também editou o trabalho em parceria com Jô Santucci. O prefácio da obra ficou a cargo da senadora Ana Amélia Lemos.

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ESTUDANTES GANHAM APOIO TÉCNICO DO INPE PARA LANÇAR SATÉLITE Do INPE/ De São José dos Campos

Estudantes da quinta série de uma escola municipal de Ubatuba, no litoral paulista, formam o grupo mais jovem do mundo a construir e lançar um satélite. Com o apoio de engenheiros do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 108 meninos e meninas de 11 anos de idade estão empolgados com a perspectiva de montar o UbatubaSat, um pequeno satélite de aproximadamente 750 gramas que orbitará a Terra numa altitude de 310 quilômetros. O lançamento está previsto para novembro. Professores de várias disciplinas da Escola Municipal Tancredo Almeida Neves se envolveram no projeto, liderado pelo professor de matemática Cândido Oswal-

do de Moura, que no início do ano passado teve a ideia ao ler numa revista de divulgação científica sobre a empresa americana que desenvolveu os chamados TubeSats. “Procurei a empresa e logo soube que precisaria de suporte técnico especializado”, conta o professor, que encontrou apoio na Coordenação de Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE) do INPE. “É uma iniciativa fantástica, um incentivo e tanto para a formação de novos profissionais para a área, algo que precisamos muito”, elogia Mário Quintino, coordenador da ETE/INPE. Os professores de Ubatuba estiveram em maio no Instituto, em São José dos Campos, aprendendo a montar peças do satélite para depois ensinar aos alunos.


Empresas

Murilo Ferreira assume a presidência da Vale defendendo maior diálogo e preocupado com a Sustentabilidade

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Texto: Sônia Araripe, Editora de Plurale em revista Fotos: Luciana Tancredo/Divulgação, Vale

rescimento, diálogo e sustentabilidade. Estes são, na visão do próprio novo diretor-presidente da Vale, o mineiro Murilo Ferreira, os pontos fortes do seu estilo de liderança. Com a experiência de quem já ocupou outros cargos relevantes na estrutura do grupo - presidente da Albrás, diretor da área de Alumínio e presidente da Inco (no Canadá) - o executivo de 57 anos assumiu no dia 20 de maio o comando de uma dos maiores mineradoras não só do Brasil, mas a nível global. “Relacionamento com os stakeholders é muito importante”, disse o novo diretor-presidente, ocupante agora do lugar antes de Roger Agnelli. O executivo paulista - egresso do Bradesco, estava na direção desde a privatização da empresa, ocorrida há 14 anos, e apesar de ser reconhecido pelo mercado por ter transformado a empresa em uma das mais lucrativas e fortes mineradoras do mundo, sofreu um desgaste intenso nos últimos tempos com o governo, acionistas e outros grupos. Ferreira confirmou a atual DiretoriaExecutiva, indicando ainda a engenheira Vânia Somavilla, que ocupava o cargo de Diretora de Sustentabilidade e, antes de Energia, para o cargo de Diretora-Executiva de Gestão de Pessoas e Serviços Compartilhados. Vânia assume a vaga de Carla Grasso, a única da equipe de Roger Agnelli que não foi mantida. O relacionamento com o Governo, comunidades, empregados, imprensa e a sociedade será, segundo Ferreira, “sempre aberto e ainda mais valorizado”. E fez questão de mostrar uma característica de seu temperamento: a busca pelo consenso, sempre pronto para dialogar e ouvir. “Os amigos me chamam de Murilo-san”, brincou Ferreira, ao explicar que o consideram quase um japonês. Sobre sua maneira de administrar, respondendo à pergunta de Plurale,

resumiu: “Tenho grande entusiasmo pela palavra crescimento. A Vale tem vocação para crescer. Continuar a ter um bom relacionamento com todos os nossos colaboradores será minha outra prioridade. Tenho ideia fixa em relação a isso.” Com mais de 30 anos de experiência no setor de mineração, Murilo Ferreira ingressou na Vale em 1998 como Diretor da Vale do Rio Doce Alumínio – Aluvale, tendo ocupado vários cargos relevantes. Infartou, desgastou-se na administração de Agnelli e acabou pedindo demissão. Perguntado porque saiu naquela época e agora está aceitando voltar, Ferreira explicou que “lá era o fim de um ciclo e agora é o início de outro. Não sou uma pessoa intempestiva. Não sairia por divergências.” Acompanhado do presidente do Conselho de Administração da Vale, Ricardo Flores, e de representante da trading japonesa Mitsui (também acionista), Oscar Camargo, Murilo Ferreira fez questão de elogiar Agnelli, logo no

início da coletiva. “Gostaria de manifestar o meu enorme respeito por Roger Agnelli, com quem tive a honra de trabalhar. Ele foi de uma intensa dedicação à empresa”, afirmou. Ferreira esteve acompanhado de sua Diretoria-Executiva, sentada na primeira fila do auditório da sede da mineradora.

Belo Monte e siderurgia - Ricardo Flores confirmou que o planejamento estratégico e os investimentos da Vale , de U$ 24 bilhões, estão mantidos. “Nada muda neste sentido”, disse, frisando que a meta é agregar cada vez mais valor para a companhia. Ele também destacou o compromisso da Vale de participar do desenvolvimento do país. Flores assegurou que a Vale “continuará a trilhar o caminho do sucesso” e que os acionistas continuarão tendo “bons dividendos”. Os jornalistas questionaram se não haverá maior influência política, do governo, na companhia. “A Vale é uma empresa privada”, frisou Flores. Durante a coletiva ficou claro que as palavras-chave agora da nova gestão serão a busca do consenso e do diálogo. O novo diretor-presidente da mineradora anunciou ainda que irá procurar prestigiar a indústria nacional sempre que puder. “Eu acho que estas coisas (buscar lucros e desenvolver o País) não são incompatíveis. Ao optar por adquirir bens no País, a empresa estará gerando empregos e impostos”, afirmou. “Existem situações e situações, mas essas (comprar bens e serviços fora do Brasil) são exceções”. Na gestão de Agnelli, a empresa fez compra de navios de grande porte fora do Brasil, desagradando o governo. Sobre o recente investimento na usina de Belo Monte - a Vale entrou no lugar do grupo Bertin - o diretor-presidente disse que chegou a acompanhar a análise do relatório técnico elaborado pelos especialistas e que considera este um investimento bastante relevante. “Os estudos técnicos indicaram que a Vale deveria entrar. A Vale precisa de energia para o seu crescimento e a pior coisa seria não ter a certeza desta disponibilidade”, afirmou, respondendo à pergunta de Plurale. Os investimentos em Siderurgia também serão mantidos, assegurou o executivo, citando projetos no Pará e Ceará. “Fazem sentido para a Vale e é extremamente importante para a empresa que o Brasil tenha um parque siderúrgico”, explicou. Falou aos funcionários, revelando que a sua meta é transformar a Vale em uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil em termos de clima. E também para as comunidades próximas de instalações e projetos do grupo. “Estaremos sempre abertos ao diálogo.”

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Bazar ético Oficina Toque de Mão

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etalhos e material publicitário já utilizado se transformam, nas habilidosas mãos de artesãs, em bolsas, carteiras e chaveiros. A produção da Ofi Oficina Toque de Mão caiu nas graças de grifes cariocas e no gosto de consumidoras encantadas com o charme das peças. Moradoras das favelas de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, as mulheres do projeto tiveram as vidas transformadas há quatro anos, após se integrarem ao projeto, mantido pelo Instituto Marquês de Salamanca (IMDS), iniciativa do empresário Olavo Monteiro de Carvalho, que foi criado há 13 anos para dar vida aos programas sociais da família. As artesãs conquistaram a chance de costurar a própria história de vida por meio da uma arte que transforma lixo em moda. Aos 53 anos, Vilma de Souza garante a renda da família com a venda das bolsas. A artesã lembra, emocionada, do seu primeiro Natal na Oficina Toque de Mão. “Eu nunca ganhei tanto dinheiro na vida. Naquele ano, todo mundo estava desempregado na casa. Não teríamos nada na nossa ceia, mas com o dinheiro da venda das bolsas a noite de Natal foi inesquecível”, orgulha-se. A mudança não é só financeira. A maior parte das integrantes tem baixo nível de escolaridade e poucas opções de carreira. Com o novo ofício, a principal mudança foi na autoestima. Coordenadora da Oficina Toque de Mão, Monica Iglesias acompanha de perto a evolução e o empenho das integrantes do grupo. Ela lembra que no início do projeto os trabalhos eram muito simples, como pintura em sabonete, e rendiam centavos. Mas com o tempo elas foram se profissionalizando. “Com a parceria das empresas, elas tiveram aulas de corte, costura e bordado e foram ganhando confiança, melhorando a qualidade dos produtos. O Sebrae ofereceu cursos de empreendedorismo. Essas mulheres souberam aproveitar a oportunidade e hoje são independentes”, explica Monica. Os produtos podem ser encontrados nas lojas Alfaias, Corpo e Alma e Missiza, ou através do telefone (21) 2242-9440/ 2221-7475 ou pelo site do Instituto Marquês de Salamanca: http://www.imds.org.br/

Este espaço é destinado à divulgação voluntária de produtos étnicos e de comércio solidário de empresas, cooperativas, instituições e ONGs.

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CINEMA

Verde

ISABEL CAPAVERDE

i s a b e l c a p a v e r d e @ p l u r a l e . c o m . b r

Filme: Terra deu, Terra come

Filme: Semeador urbano

Selecionados do XIII FICA

Para ver e rever

O XIII Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, o FICA, que acontece de 14 a 19 de junho, na Cidade de Góias, já divulgou os selecionados para a Mostra Competitiva, todos com temas pautados nos mais recentes debates sobre as questões ambientais que ameaçam a vida no planeta. São 30 produções entre sete longas-metragens, seis médias-metragens, 14 curtas e três séries de TV. A maioria dos títulos - 25 deles - são documentários, seguidos de três animações e duas ficções. Há filmes não só do Brasil, mas também da França, República Tcheca, Itália, Holanda, Chile, China e Armênia. O FICA é um dos mais importantes festivais do calendário cinematográfico mundial e possui a maior premiação da América Latina no gênero.

Fórum Ambiental e cursos na programação do FICA O XIII FICA vai incentivar ainda o debate sobre aspectos cotidianos, históricos e culturais da preservação do meio ambiente. O Fórum Ambiental, parte da programação do Festival, traz às mesas “Rio + 20: Avanços e Desafios”, “Consequências climáticas na conservação do Patrimônio Histórico” e “História e cultural ambiental no Brasil”. Os temas serão abordados por especialistas e o público poderá participar, fazer perguntas e tirar dúvidas. Além de debater assuntos relevantes na área ambiental, o Fica vai oferecer três cursos: Cultivo de plantas do Cerrado; Recuperação de nascentes e Gestão de resíduos sólidos em pequenas comunidades.

Eles por eles mesmos A periferia retratada por ela mesma tem ganho o circuito comercial brasileiro e conquistado público fora dos festivais. O mais recente lançamento é Bróder, do estreante Jefferson De, que conta a trajetória de três amigos de infância na periferia de São Paulo. Na mesma linha está o badalado 5XFavela-Agora por Nós Mesmos que figura entre os finalistas do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2011. Premiação que é aberta ao voto popular. Quem quiser participar e votar basta acessar http://academiabrasileiradecinema.com.br.

Desde 2009, o Festival Cinesul, Festival Íbero-Americano de Cinema e Vídeo, tem em sua programação uma mostra chamada Cinesul Ambiental com exibições no Jardim Botânico, no Rio. Uma boa oportunidade de rever filmes premiados em outros festivais como o curta Semeador Urbano (foto), que estará na próxima edição do Cinesul, em junho. O diretor do curta,Cardes Amâncio, criou uma lenda urbana para explicar como as plantas crescem nas trincas do concreto, valorizando a natureza de forma muito criativa. Esse é um dos 14 filmes prometidos na Mostra.

Radioatividade em foco Depois do desastre na usina nuclear japonesa de Fukushima Daiichi, os investimentos em centrais nucleares passaram a ser discutidos e repensados em todo mundo e o assunto foi parar nas telas brasileiras. Urânio em Movi(e)mento foi o nome dado ao 1º Festival Internacional de Filmes sobre Energia Nuclear que acontece de 16 a 28 de maio,no Rio de Janeiro. O festival pretende informar a sociedade e estimular produções independentes audiovisuais sobre o tema e todo o ciclo nuclear, os riscos da radioatividade, a exploração, mineração e o processamento de Urânio. Haverá uma mostra itinerante que passará por São Paulo (3 a 5 de junho), Recife, João Pessoa, Natal e Fortaleza (agosto) e Salvador (setembro) . Mais informações pelo site http://www.uraniumfilmfestival.org.

Cinema Nosso está com tudo O pessoal do Cinema Nosso - ONG que oferece cursos em linguagens e tecnologias associadas à produção audiovisual para jovens e estudantes da rede pública de ensino nos municípios do Rio de Janeiro e São Gonçalo – está de parabéns. O curta Pac Bros, desenvolvido pelos alunos da Turma de Animação 2010/02 recebeu os Prêmios de Melhor Animação da Categoria Médio Fundamental (júri profissional e júri popular) na X Edição do Festival Anim!Arte 2011, realizado no Rio. Além disso, três seus curtas de animação – o mesmo Pac Bros, O Rato que Vê e Um Dia na Vida - foram selecionados para participar da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, que será de 23 de junho a 10 de julho.

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I m a g e m Foto: Paulo

Lima/Jardim Botânico do Rio de Janeiro - RJ

Santuário ecológico urbano e centro de pesquisas de ponta

Q

uem atravessa o bairro do Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, não passa incólume às palmeiras imperiais que guardam as preciosidades do parque que abriga espécies da biodiversidade. Encravado em pleno território urbano, o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro não é só um local para passeio e descanso. Por lá estão sendo desenvolvidas pesquisas de ponta, em um celeiro de inovação. O local, fundado por D. João VI, em 1808, no período de moradia da Família Real Portuguesa no Rio de Janeiro, abriga coleções raras, como de orquídeas, bromélias, além de um incrível jardim sensorial. Aberto à visitação pública após 1822, o Jardim teve muitos visitantes ilustres: Einstein, a Rainha Elisabeth II do Reino Unido e muitos outros. Vários naturalistas e administradores contribuíram para a trajetória do Jardim Botânico, como: Frei Leandro, Serpa Brandão, Cândido Baptista de Oliveira, Custódio Serrão, Karl Glasl, João Barbosa Rodrigues, Pacheco Leão, Campos Porto, João Geraldo Kuhlmann e o atual presidente Liszt Vieira. Em recente visita ao Brasil, em maio, a Rainha da Suécia, Silvia, se deslumbrou com o que viu por lá. O jornalista Paulo Lima nos descortina uma vista deslumbrante, enquadrando o chafariz, tendo o Cristo Redentor ao fundo. “É um dos meus locais prediletos no Rio”, confessa o sergipano, com alma de carioca. Visite o portal do Jardim Botânico e confira as novidades: http://www.jbrj.gov.br/

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PLURALE EM REVISTA | Maio/Junho 2011




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